Plano Especial de Ordenamento Territorial
Transcrição
Plano Especial de Ordenamento Territorial
MINISTÉRIO DA ECONOMIA E FINANÇAS AGÊNCIA DE DESENVOLVIMENTO DO VALE DO ZAMBEZE MINISTÉRIO DA TERRA, AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO RURAL Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL [16-07-2015] [Julho, 2015] A informação produzida na Fase 2 da Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisão, evidenciada a azul, dá resposta aos produtos esperados no ponto CGC, 13.1 da página 37 de Contrato, conforme quadro seguinte. A Fase 2 do Plano Especial de Ordenamento Territorial, conforme CGC 13.1 do contrato, inclui: - Esquema de Modelo Territorial Proposto, com indicação das redes e sistemas principais estruturantes e da estrutura ecológica regional Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL JULHO, 2015 ÍNDICE DE TEXTO 1. Pág. ENQUADRAMENTO .................................................................................................................................11 1.1. Introdução .......................................................................................................................................... 11 1.2. Apresentação da Fase 2 do PEOT .................................................................................................... 14 1.3. Relação do PEOT com o PM e a AAE ............................................................................................... 15 2. CONTRIBUTO POLÍTICO PARA A VISÃO A 30 ANOS E PARA OS EIXOS DE DESENVOLVIMENTO .19 2.1. Visão Integrada.................................................................................................................................. 19 2.2. Visão Política dos Governantes do Distrito ........................................................................................ 21 3. PROVÍNCIAS: ORIENTAÇÕES ESTRATÉGIAS DE DESENVOLVIMENTO ............................................30 3.1. PED Tete 2012-2021 ......................................................................................................................... 30 3.2. PED Manica 2011-2015 ..................................................................................................................... 33 3.3. PED Sofala 2010-2020 ...................................................................................................................... 38 3.4. PED Zambézia 2011-2020................................................................................................................. 41 4. ENQUADRAMENTO SÓCIO-ECONÓMICO .............................................................................................48 4.1. População .......................................................................................................................................... 48 4.2. Padrões de Uso e Ocupação ............................................................................................................. 49 4.3. Tipologias dos Distritos da Bacia do Baixo Zambeze ........................................................................ 51 4.4. Actividades Económicas .................................................................................................................... 54 5. ORGANIZAÇÃO DO TERRITÓRIO E PERSPECTIVAS DE DESENVOLVIMENTO ................................58 5.1. Introdução .......................................................................................................................................... 58 5.2. Situação actual .................................................................................................................................. 58 PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] 1 | 216 CONSÓRCIO Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões 5.2.1. Agricultura e Pecuária ............................................................................................................. 58 5.2.2. Floresta ................................................................................................................................... 63 5.2.3. Pesca ...................................................................................................................................... 65 5.2.4. Mineração ............................................................................................................................... 66 5.2.5. Energia.................................................................................................................................... 68 5.2.6. Indústria transformadora ......................................................................................................... 72 5.2.7. Turismo ................................................................................................................................... 73 5.2.8. Transportes ............................................................................................................................. 75 5.2.9. Conservação ........................................................................................................................... 78 5.3. 6. Perspectivas de desenvolvimento face à aptidão do território ........................................................... 83 5.3.1. Agricultura e Pecuária ............................................................................................................. 83 5.3.2. Floresta ................................................................................................................................... 88 5.3.3. Pesca ...................................................................................................................................... 90 5.3.4. Mineração ............................................................................................................................... 92 5.3.5. Energia.................................................................................................................................... 94 5.3.6. Indústria Transformadora ........................................................................................................ 96 5.3.7. Turismo ................................................................................................................................... 98 5.3.8. Transportes ........................................................................................................................... 102 5.3.9. Conservação ......................................................................................................................... 104 EIXOS DE DESENVOLVIMENTO SECTORIAIS PARA O VALE DO ZAMBEZE ...................................107 6.1. Agricultura........................................................................................................................................ 107 6.2. Pecuária .......................................................................................................................................... 110 6.3. Floresta ............................................................................................................................................ 113 6.4. Pesca............................................................................................................................................... 116 6.5. Mineração ........................................................................................................................................ 117 6.6. Energia ............................................................................................................................................ 118 6.7. Indústria Transformadora................................................................................................................. 120 6.8. Turismo ............................................................................................................................................ 122 6.9. Transportes...................................................................................................................................... 124 6.10. Conservação.................................................................................................................................... 125 6.11. Sistemas Urbanos e Ordenamento do Território ............................................................................. 127 6.12. Síntese dos Eixos de Desenvolvimento para o Vale do Zambeze ................................................... 130 7. ZAMBEZE – 30 ANOS NO FUTURO – ESQUEMA DO MODELO TERRITORIAL PROPOSTO ............133 PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] 2 | 216 CONSÓRCIO Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões 7.1. 7.1.1. Objectivos e Enquadramento........................................................................................................... 133 Sequência do Ordenamento Territorial ................................................................................. 133 7.2. Potencialidades do Vale do Zambeze decorrentes da Visão ........................................................... 135 7.3. Problemas que o Ordenamento deve dar resposta ......................................................................... 139 7.4. Opções Estratégicas para o Vale do Zambeze ................................................................................ 143 7.5. 1ª Proposta de Modelo Territorial .................................................................................................... 146 7.5.1. Redes e Sistemas Principais Estruturantes .......................................................................... 148 7.5.2. Núcleos Urbanos................................................................................................................... 148 7.5.3. Sistema Extractivo ................................................................................................................ 149 7.5.4. Sistema Agrícola ................................................................................................................... 149 7.5.5. Sistema Florestal .................................................................................................................. 150 7.5.6. Sistema Verde - Natural e Turístico ...................................................................................... 150 7.5.7. Sistema Azul - Hídrico........................................................................................................... 151 7.5.8. Estrutura Ecológica Regional ................................................................................................ 151 7.6. Riscos .............................................................................................................................................. 163 7.6.1. Enquadramento legal ............................................................................................................ 163 7.6.2. Riscos no Vale do Zambeze ................................................................................................. 164 8. ALTERAÇÃO DO MODELO TERRITORIAL ACTUAL PARA ATINGIR O MODELO TERRITORIAL PROPOSTO ....................................................................................................................................................166 9. APROXIMAÇÃO AO PROGRAMA DE ACÇÃO ......................................................................................177 9.1. Enquadramento e Objectivos........................................................................................................... 177 9.2. Estrutura do Programa de Acção ..................................................................................................... 180 10. APROXIMAÇÃO À ARTICULAÇÃO INSTITUCIONAL PARA OPERACIONALIZAÇÃO DO PROGRAMA DE ACÇÃO .....................................................................................................................................................183 10.1. Enquadramento Institucional ........................................................................................................... 183 10.2. Organização Administrativa e Governação...................................................................................... 197 ANEXO............................................................................................................................................................201 PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] 3 | 216 CONSÓRCIO Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões ÍNDICE DE QUADROS QUADRO 1 – VISÃO POLÍTICA DO GOVERNANTE DO DISTRITO QUADRO 2 – PRINCIPAIS ESTRATÉGIAS DE DESENVOLVIMENTO ECONÓMICO DO PED TETE 2012-2021 QUADRO 3 – PRINCIPAIS ESTRATÉGIAS DE DESENVOLVIMENTO ECONÓMICO DO PED MANICA 2011-2015 QUADRO 4 – PRINCIPAIS ESTRATÉGIAS DE DESENVOLVIMENTO ECONÓMICO DO PED SOFALA 2010-2020 QUADRO 5 – PRINCIPAIS ESTRATÉGIAS DE DESENVOLVIMENTO ECONÓMICO DO PED QUADRO 6 – POPULAÇÃO PROJECTADA (2010-2021) QUADRO 7 – INDICADORES MÉDIOS POR TIPO DE REGIÃO NA BACIA DO BAIXO ZAMBEZE QUADRO 8 – GRANDES PROJECTOS HIDROELÉCTRICOS EM FASE DE DESENVOLVIMENTO QUADRO 9 – PROJECTOS TERMOELÉCTRICOS EM FASE DE DESENVOLVIMENTO QUADRO 10 – MATRIZ INSTITUCIONAL QUADRO 11 – ÁREAS DA ÁREA DE ESTUDO POR DISTRITO E POR PROVÍNCIA ÍNDICE DE FIGURAS Pág. 21 32 35 39 43 48 52 69 70 193 197 Pág. FIGURA 1 – ESTRUTURA DO RELATÓRIO DO PEOT – FASE 2 14 FIGURA 2 – AS 4 COMPONENTES INTERRELACIONADAS DO TRABALHO EM DESENVOLVIMENTO: PEOT – PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE, AAE – AVALIAÇÃO AMBIENTAL ESTRATÉGICA, PM – PLANO MULTISECTORIAL, MD – MODELO DIGITAL DE SUPORTE A DECISÕES 15 FIGURA 3 – ESQUEMA DE ARTICULAÇÃO ENTRE O PEOT, PM, AAE E MD 17 FIGURA 4 – ESQUEMA DA METODOLOGIA ADOPTADA PARA A CONSTRUÇÃO DA VISÃO INTEGRADA E CONTRIBUTO PARA O ESTABELECIMENTO DOS EIXOS DE DESENVOLVIMENTO 19 FIGURA 5 – REPRESENTAÇÃO DA VISÃO POLÍTICA DOS GOVERNANTES DOS DISTRITOS 27 FIGURA 6 – DISTRIBUIÇÃO POPULACIONAL E LOCALIZAÇÃO DOS PRINCIPAIS ALDEAMENTOS – RETIRADO DA FASE 1 DO PM 50 FIGURA 7 – TIPOLOGIA DOS DISTRITOS DAS PROVÍNCIAS DO BAIXO ZAMBEZE 53 FIGURA 8 – DESENVOLVIMENTO ECONÓMICO REGIONAL NOS DISTRITOS DA BACIA DO BAIXO ZAMBEZE 54 FIGURA 9 – ÁREAS DE MAIOR ACTIVIDADE AGRÍCOLA E ZONAS DE TERRAS DISPONÍVEIS 59 FIGURA 10 – DISTRIBUIÇÃO ACTUAL DA ÁREA FLORESTAL 63 FIGURA 11 - SITUAÇÃO ACTUAL DA PESCA 66 FIGURA 12 - SITUAÇÃO ACTUAL DA MINERAÇÃO 68 FIGURA 13 - SITUAÇÃO ACTUAL DA ENERGIA 71 FIGURA 14 - SITUAÇÃO ACTUAL DA INDÚSTRIA 73 FIGURA 15 – SITUAÇÃO ACTUAL DO TURISMO VALE DO ZAMBEZE 75 FIGURA 16 – SITUAÇÃO ACTUAL DOS TRANSPORTES NO VALE DO ZAMBEZE 78 FIGURA 17 – SITUAÇÃO ACTUAL: ÁREAS DE CONSERVAÇÃO, ÁREAS CLASSIFICADAS INTERNACIONALMENTE E DISTRIBUIÇÃO CONHECIDA DE ELEFANTE, LEÃO E MABECO 81 FIGURA 18 – PERSPECTIVAS DE DESENVOLVIMENTO – AGRICULTURA E PECUÁRIA 87 FIGURA 19 – PERSPECTIVAS DE DESENVOLVIMENTO - FLORESTA 90 FIGURA 20 – PERSPECTIVAS DE DESENVOLVIMENTO - PESCA 92 FIGURA 21 – CENÁRIO ACTUAL E PERSPECTIVAS DE DESENVOLVIMENTO - MINERAÇÃO 94 FIGURA 22 – PERSPECTIVAS DE DESENVOLVIMENTO - ENERGIA 96 PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] 4 | 216 CONSÓRCIO Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões FIGURA 23 – PERSPECTIVAS DE DESENVOLVIMENTO - INDÚSTRIA 97 FIGURA 24 – PERSPECTIVAS DE DESENVOLVIMENTO - TURISMO 102 FIGURA 25 – PERSPECTIVAS DE DESENVOLVIMENTO - TRANSPORTES 104 FIGURA 26 – PERSPECTIVAS DE DESENVOLVIMENTO PARA NOVAS ÁREAS DE CONSERVAÇÃO 106 FIGURA 27 – MODELO PROPOSTO PARA A REVITALIZAÇÃO DA INDÚSTRIA TRANSFORMADORA NO VALE DO ZAMBEZE 121 FIGURA 28 – EIXOS DE DESENVOLVIMENTO PARA O SISTEMA URBANO. 129 FIGURA 29 – EIXOS DE DESENVOLVIMENTO SECTORIAIS PARA O VALE DO ZAMBEZE 131 FIGURA 30 - SEQUÊNCIA DO PROCESSO DO ORDENAMENTO TERRITORIAL 134 FIGURA 31 - SEQUÊNCIA DO PROCESSO DO ORDENAMENTO TERRITORIAL: DA VISÃO ATÉ À PROPOSTA DE PEOT. 135 FIGURA 32 – CONTRIBUTOS PARA A DEFINIÇÃO DAS OPÇÕES ESTRATÉGICAS TERRITORIAIS E ESQUEMA DO MODELO TERRITORIAL PROPOSTO.144 FIGURA 33 – OPÇÕES ESTRATÉGICAS PARA O VALE DO ZAMBEZE 145 FIGURA 34 – COMPONENTES ESSENCIAIS DO MODELO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE: SISTEMAS ESTRUTURANTES, REDES PRINCIPAIS, PONTOS ESTRATÉGICOS, NÚCLEOS URBANOS FUNDAMENTAIS 146 FIGURA 35 – LEGENDA DO ESQUEMA MODELO TERRITORIAL PROPOSTO 154 FIGURA 36 – ESQUEMA DO MODELO TERRITORIAL PROPOSTO 155 FIGURA 37 – ESQUEMA DO MODELO TERRITORIAL PROPOSTO – REDES PRINCIPAIS 157 FIGURA 38 – ESQUEMA MODELO TERRITORIAL PROPOSTO – SISTEMAS ESTRUTURANTE 159 FIGURA 39 – PROPOSTA DE ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL PARA O VALE DO ZAMBEZE 161 FIGURA 40 – LEGENDA PARA O MODELO ACTUAL E MODELO PROPOSTO 167 FIGURA 41 – ESQUEMAS DO MODELO ACTUAL E MODELO PROPOSTO 169 FIGURA 42 – REDES PRINCIPAIS DO MODELO ACTUAL E MODELO PROPOSTO 171 FIGURA 43 – SISTEMAS ESTRUTURANTES DO MODELO ACTUAL E MODELO PROPOSTO 173 FIGURA 44 – ESTRUTURA ECOLÓGICA ACTUAL E PROPOSTA 175 FIGURA 45 – METODOLOGIA GERAL PARA A ELABORAÇÃO DO PROGRAMA DE ACÇÃO 180 FIGURA 46 – COMPOSIÇÃO DO CONSELHO DE MINISTROS DE MOÇAMBIQUE 184 FIGURA 47 – ÓRGÃOS LOCAIS DO ESTADO 199 PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] 5 | 216 CONSÓRCIO Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões ABREVIATURAS AAE – Avaliação Ambiental Estratégica ADVZ – Agência de Desenvolvimento do Vale do Zambeze AIAS - Administração de Infra-estruturas de Água e Saneamento ARA - Administração Regional das Águas AQUA - Agência Nacional para o Controlo da Qualidade Ambiental CAS – Comissão de Acompanhamento e Supervisão CENACARTA - Centro Nacional de Cartografia e Cadastro CEPAGRI - Centro de Promoção da Agricultura CDS Recursos Naturais - Centro de Desenvolvimento Sustentável para os Recursos Naturais CDS-ZC - Centro de Desenvolvimento Sustentável das Zonas Costeiras CDS Zonas Urbanas - Centro de Desenvolvimento Sustentável para as Zonas Urbanas CFP - Centro de Formação Profissional CNE - Conselho Nacional de Electricidade CONDES - Conselho Nacional para o Desenvolvimento Sustentável CPFA - Centro Provincial de Formação Agrária CPI - Centro de Promoção de Investimento CTA - Confederação das Associações Económicas de Moçambique DEP - Direcção de Estudos e Planificação DINAPOT – Direcção Nacional de Planeamento e Ordenamento Territorial DNAIA - Direcção Nacional de Avaliação do Impacto Ambiental DNC - Direcção Nacional do Comércio DNEA - Direcção Nacional de Extensão Agrária DNER - Direcção Nacional de Energias Novas e Renováveis DNGA - Direcção Nacional de Gestão Ambiental DNI - Direcção Nacional da Industria DNPDR - Direcção Nacional de Promoção do Desenvolvimento Rural DNSA - Direcção Nacional dos Serviços Agrários DNTF - Direcção Nacional de Terras e Florestas DPE - Direcção de Planificação e Estudos PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] 7 | 216 CONSÓRCIO Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões EDM - Electricidade de Moçambique ENH - Empresa Nacional de Hidrocarbonetos EP D. Bosco – Escola Profissional Dom Bosco FDA - Fundo de Desenvolvimento Agrário FEWS NET - Famine Early Warning Systems Network FGDC – Federal Geographic Data Committee FIPAG – Fundo de Investimento e Património do Abastecimento de Água FSIBA - Instituto Superior Cristão FUNAB - Fundo Nacional do Ambiente FUNAE - Fundo Nacional de Energia IAM - Instituto de Algodão de Moçambique IBAS - Important Bird Areas IFP - Instituto de Formação de Professores IIAM - Instituto de Investigação Agrária de Moçambique INAM - Instituto Nacional de Meteorologia INCAJU - Instituto de Fomento do Caju IND - Instituto Nacional de Desminagem INDR - Instituto Nacional de Desenvolvimento Rural INGC - Instituto Nacional de Gestão de Calamidades INIR - Instituto de Nacional de Irrigação INP - Instituto Nacional do Petróleo IPE - Instituto para Promoção de Exportações MAE – Ministério da Administração Estatal MD – Modelo Digital de Suporte a Decisões MEnergia – Ministério da Energia MF – Ministério das Finanças MIC – Ministério da Indústria e Comércio MICOA – Ministério para a Coordenação da Acção Ambiental MINAG – Ministério da Agricultura e Segurança Alimentar MITADER – Ministério da Terra, Ambiente e Desenvolvimento Rural PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] 8 | 216 CONSÓRCIO Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões MIREME – Ministério dos Recursos Minerais e Energia MITUR – Ministério da Cultura e do Turismo MOPH – Ministério das Obras Públicas e Habitação e Recursos Hídricos MOZPESCA – Ministério do Mar, Águas Interiores e Pescas MPD – Ministério de Planificação e Desenvolvimento MT – Ministério dos Transportes NCEA - Comissão Holandesa de Avaliação Ambiental OGC – Open Geospatial Consortium ONG – Organizações Não Governamentais PARP - Plano de Acção para Redução da Pobreza 2011-2014 PED – Plano Estratégico de Desenvolvimento PEOT – Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze PDDA - Plano Director para o Desenvolvimento do Agronegócio 2013-2020 PEDSA - Plano Estratégico para o Desenvolvimento do Sector Agrário 2011-2020 PETROMOC - Petróleo de Moçambique PM – Plano Multissectorial da Província e parte do Vale do Zambeze PPP – Processo de Participação Pública SADC – Southern Africa Development Community SAAP – Southern Africa Power Pool SIG – Sistema de Informação Geográfica UATA – Unidade de Apoio Técnico e Administrativo PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] 9 | 216 CONSÓRCIO Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL JULHO, 2015 1. ENQUADRAMENTO 1.1. Introdução O presente relatório constitui a revisão à Fase 2 da elaboração do Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze (PEOT), integrado na Prestação de Serviços de elaboração de “Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões", adjudicada pela Agência de Desenvolvimento do Vale do Zambeze (ADVZ) ao Consórcio TPF. As quatro componentes que compõem esta prestação de serviços, devem ser consideradas de forma autónoma, embora o processo da sua elaboração tenha um forte carácter de interligação, a saber: Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze – importante processo de identificação de pólos de desenvolvimento sustentável da região do Vale do Zambeze. Enquanto instrumento de ordenamento do território, estabelece normas e critérios de ocupação, clarificando os direitos e expectativas de desenvolvimento dos vários sectores e actores, sendo aplicável e vinculativo a todas as entidades públicas e aos privados. Avaliação Ambiental Estratégica do Vale do Zambeze - Instrumento de política ambiental, que tem como objectivo promover o desenvolvimento sustentável do Vale do Zambeze, através da incorporação da variável ambiental no processo de planeamento estratégico das políticas públicas sectoriais. Plano Multissectorial do Vale do Zambeze – Instrumento que caracteriza os diversos sectores existentes na região do Vale do Zambeze, suas oportunidades e constrangimentos e que visa a coordenação dos interesses dos diversos sectores envolvidos na região, tendo em vista a construção de um cenário de desenvolvimento sustentável. PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] 11 | 216 CONSÓRCIO Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões Modelo Digital de Suporte a Decisões do Vale do Zambeze - Integra os três instrumentos anteriores, criando uma interactividade entre estes, sendo dinâmico por forma a integrar dados de forma contínua no tempo e no espaço, fácil de operar e actualizar, gerando informação gráfica e alfanumérica útil para a tomada de decisões por parte do Governo. Por forma a dar resposta aos produtos esperados no ponto CGC, 13.1 da página 37 do Contrato, a informação produzida na Fase 2 do Estudo, encontra-se evidenciada a azul no quadro de correspondência, seguidamente apresentado. Parcelas Produtos Esperados Componente AAE PM 8. Cenários sectoriais alternativos e de consistência x x 9. Cenário comum e indicadores de sustentabilidade x x 1 1. Assinatura do Contrato 2 2. Relatório de Incepção PEOT 3. Relatório de Diagnóstico Ambiental (AAE/PM/PEOT) 4. Inventário dos Instrumentos legais (AAE/PM/PEOT) 3 5. Cenário de Referência e visão futura e indicadores de sustentabilidade para a zona de intervenção 6. Matriz de consistência através da sobreposição dos cenários sectoriais 7. Avaliação de impactos estratégicos do cenário de referência 4 10. Esquema de modelo territorial proposto, com indicação das redes e sistemas principais estruturantes e da estrutura ecológica regional 11. Avaliação de impactos estratégicos x x 12. Programa de Seguimento 13. Monitoria & Avaliação 14. Perfis ambientais distritais 5 15. Relatório final de AAE 16. Relatório da agenda multissectorial 17. Relatório da proposta do plano e normas orientadores para o PEOT 6 18. Versão final do Plano Especial de Ordenamento Territorial 19. Relatório de Envolvimento das partes interessadas 20. Modelo Digital e manual de uso PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] 12 | 216 CONSÓRCIO Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões Assim sendo, a Fase 2 da elaboração do Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze, inclui: Esquema de modelo territorial proposto, com indicação das redes e sistemas principais estruturantes e da estrutura ecológica regional O presente relatório constitui uma revisão ao documento submetido em Dezembro de 2014, e integra um conjunto de contributos decorrentes: do parecer da ADVZ, de Março de 2015, referente aos documentos da Fase 2, após análise e apreciação; dos 1.os Eventos Participativos (conteúdos das Fases 1 e 2) que ocorreram do mês de Março ao mês de Maio de 2015, nomeadamente as reuniões da 1.ª Audiência Pública e os Workshops Interactivos do Uso do Solo. A forma como a equipa técnica do consórcio teve em consideração todos os contributos escritos e orais, decorrentes dos 1.os Eventos Participativos (conteúdos das Fases 1 e 2), encontra-se detalhadamente evidenciada e descrita, nos quadros de Ponderação dos Contributos, apresentados no Tomo 2 do Relatório do Processo de Participação Pública, elaborado em Junho de 2015. PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] 13 | 216 CONSÓRCIO Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões 1.2. Apresentação da Fase 2 do PEOT O presente Relatório integra a Fase 2 do PEOT e é constituído por dez capítulos, de acordo com a seguinte estrutura: INTRODUÇÃO E ENQUADRAMENTO CONTRIBUTO POLÍTICO PARA A VISÃO E PARA OS EIXOS DE DESENVOLVIMENTO PROVÍNCIAS: ORIENTAÇÕES ESTRATÉGIAS DE DESENVOLVIMENTO ENQUADRAMENTO SÓCIO-ECONÓMICO ORGANIZAÇÃO DO TERRITÓRIO E PERSPECTIVAS DE DESENVOLVIMENTO EIXOS DE DESENVOLVIMENTO SECTORIAIS PARA O VALE DO ZAMBEZE ZAMBEZE - 30 ANOS NO FUTURO - ESQUEMA DO MODELO TERRITORIAL PROPOSTO ALTERAÇÃO DO MODELO TERRITORIAL ACTUAL PARA ATINGIR O MODELO TERRITORIAL PROPOSTO APROXIMAÇÃO AO PROGRAMA DE ACÇÃO APROXIMAÇÃO À ARTICULAÇÃO INSTITUCIONAL PARA OPERACIONALIZAÇÃO DO PROGRAMA DE ACÇÃO Figura 1 – Estrutura do Relatório do PEOT – Fase 2 PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] 14 | 216 CONSÓRCIO Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões 1.3. Relação do PEOT com o PM e a AAE Embora o presente documento diga respeito ao PEOT – Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze – o mesmo está em simultaneidade temporal e contextual com as restantes 3 componentes do trabalho contratado: AAE – Avaliação Ambiental Estratégica, PM – Plano Multisectorial e MD – Modelo Digital de Suporte a Decisões. PEOT AAE PM MD Figura 2 – As 4 componentes interrelacionadas do trabalho em desenvolvimento: PEOT – Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze, AAE – Avaliação Ambiental Estratégica, PM – Plano Multisectorial, MD – Modelo Digital de Suporte a Decisões Para maior facilidade de compreensão da interligação entre estas componentes e ao longo de todo o processo de trabalho, apresentam-se dois Esquemas de Articulação Metodológica, que demonstram a sua forte interrelação. Um dos aspectos fundamentais destas articulações metodológicas são - além dos próprios produtos, fases e componentes - as interacções mais fortes e processos sequenciais entre eles, representados nos esquemas por setas de relação. Toda a informação espacial e alfanumérica, compilada e produzida, vai integrando uma Plataforma de Gestão Documental online, permitindo a realização de análises em contínuo, relativas ao desenvolvimento das componentes de PM, AAE e PEOT, constituindo assim um Modelo Digital de Suporte a Decisões, sólido e flexível, que consiga dar resposta aos desafios actuais e futuros da região. O esquema a seguir apresentado traduz a interrelação e fluxos de informação entre aquelas 4 componentes e o evoluir do processo global de trabalho, incluindo as desejáveis fases futuras de avaliação e monitorização. Estas, embora não fazendo parte da presente Prestação de Serviços, devem vir a ser considerados como fundamentais para uma boa implementação dos trabalhos desenvolvidos. O esquema de articulação entre as componentes, que poderão ser interpretado de 3 formas: ‒ na vertical, dando assim a informação sobre a sequência de tarefas, por fases, de cada componente; PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] 15 | 216 CONSÓRCIO Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões ‒ na horizontal, permitindo ver as tarefas que são desenvolvidas em simultâneo e em cada componente; ‒ por último, a leitura das setas de relação entre fases, produtos e componentes, permite a visão global das relações e articulações entre os mesmos. Ainda na figura seguinte encontra-se evidenciada com contorno cinzento a fase actual do estudo. PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] 16 | 216 CONSÓRCIO Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões pp Participação Pública cp/ap MD Fase 1 – Análise de Sistemas e levantamento de Requisitos Consulta Pública / Audiência Pública PM AAE PEOT Fase 1 - Diagnóstico Estratégico Fase 1 – Definição de Âmbito Fase 1 – Caracterização Territorial e Diagnóstico Ambiental, Social e Económico Visão Geral e Objectivos dos Sectores Modelo Territorial Actual | 1ª Visão Inventariação e Valoração dos Ecossistemas (ACB1) QRE | Instituições e Responsabilidades FCD e Indicadores de Sustentabilidade FASE ACTUAL pp + cp/ap Fase 2 – Definição de Cenários Fases 2 e 3 – Desenvolvimento e Implementação do Modelo Digital de Suporte a Decisões Cenário Referência e Sectoriais Análise de Sinergias e Conflitos Análise Económica de Impactes (ACB2) Fase 2 – Avaliação da Situação de Referência Fase 2 – Opções Estratégicas e Proposta de Modelo Territorial Avaliação Ambiental, Social e Económica Eixos Estratégicos de Desenvolvimento do PEOT Perfis Ambientais Distritais 1 º Modelo Territorial Fase 3 – Cenário Comum de Desenvolvimento Fase 3 – Avaliação Estratégica de Impactes Fase 3 – Modelo Territorial Cenário Multissectorial e Alternativas Análise Económica de Impactes (ACB3) Cumulatividades e Sinergias Visão de Futuro / Análise de Cenários de Referência e de Desenvolvimento Proposta de Modelo Territorial Agenda Multissectorial Avaliação Ambiental de Cenários Referência, Multissectorial e Alternativos 1 as Normas Orientadoras e Programa de Acção Envolvimento de Partes Interessadas Fase 4 – Documentos Finais Fases 4 – Suporte e Manutenção Técnica do Modelo + Formação e Transferência de Conhecimentos pp pp + cp/ap Fase 4 – Definição do Programa de Seguimento Fase 4 – Proposta de Plano Quadro Institucional e Estratégia de Implementação Sistema Monitorização e Avaliação Sistema de Monitoria e Avaliação pp Fase 5 – Formação Fase 5 – Documentos Finais / Formação Fase 5 – Versão Final do PEOT / Formação MONITORIZAÇÃO E AVALIAÇÃO Figura 3 – Esquema de articulação entre o PEOT, PM, AAE e MD PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] CONSÓRCIO 17 | 216 Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões 2. CONTRIBUTO POLÍTICO PARA A VISÃO A 30 ANOS E PARA OS EIXOS DE DESENVOLVIMENTO 2.1. Visão Integrada Na Fase 1 do PEOT foi apresentada uma Proposta de Visão Integrada a 30 anos para o Vale do Zambeze. Na Fase 2 são integradas as Visões Políticas, apresentadas no ponto seguinte, como contributo para a definição dos eixos de desenvolvimento, de acordo com a seguinte metodologia. VISÃO TÉCNICA - FASE 1 VISÃO QRE VISÃO SECTORIAL Saúde Educação Agricultura Florestas Pecuária Pescas Turismo Recursos minerais Indústria Água Energia Transportes Telecomunicações Riscos Ambientais Mudanças climáticas Biodiversidade conservação natureza VISÃO POLÍTICA - FASE 2 Estratégias sectoriais de âmbito nacional Estratégias sectoriais de âmbito internacional VISÃO POLÍTICA e da Sistemas urbanos Planeamento territorial VISÃO INTEGRADA EIXOS DE DESENVOLVIMENTO SECTORIAL Figura 4 – Esquema da metodologia adoptada para a construção da Visão Integrada e contributo para o estabelecimento dos eixos de desenvolvimento PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] 19 | 216 CONSÓRCIO Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões A análise das 3 abordagens à Visão - institucionais nacionais, internacionais, e dos especialistas da equipa permitiu identificar as mais relevantes palavras-chave (ou ideias-força) a utilizar na definição da Visão Futura para o Vale do Zambeze, que culminou com uma proposta de Visão Integrada apresentada na Fase 1: O Vale do Zambeze pretende ser uma região onde o desenvolvimento, enquanto processo de gestão sustentável de recursos, se baseie em sistemas produtivos apoiados nas comunidades locais, visando uma economia em rede, tendo em atenção a conservação dos valores ambientais e culturais. Esta proposta de Visão Integrada foi discutida e trabalhada com os agentes envolvidos nos processos de decisão e participação pública, por forma a definir o grande enquadramento do “sonho”, ou melhor “do que queremos” que aconteça no Vale do Zambeze e que pontuará todo o caminho a seguir no ordenamento territorial do mesmo nas próximas três décadas. PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] 20 | 216 CONSÓRCIO Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões De um primeiro momento participativo, as Reuniões da 1.ª Audiência Pública (realizadas em Tete e Caia, dias 26 e 27 de Março de 2015 e 31 de Março e 1 de Abril de 2015, respectivamente), resultou a seguinte Visão a 30 anos para o Vale do Zambeze: O Vale do Zambeze pretende ser uma região onde o desenvolvimento, enquanto processo de gestão sustentável de recursos, se baseie em sistemas produtivos apoiados nas comunidades locais, visando uma economia em rede, tendo em atenção a conservação dos valores ambientais e culturais, e a melhoria da segurança e da qualidade de vida da pessoa humana. 2.2. Visão Política dos Governantes do Distrito Neste ponto apresentam-se a Visão Política dos Governantes do Distrito que a ela poderam desde já responder, representadas no quadro e figuras seguintes. Quadro 1 – VISÃO POLÍTICA DO GOVERNANTE DO DISTRITO ÁREA GEOGRÁFICA Províncias (4) Distritos (21) VISÃO Capital de Distrito Melhorias sensíveis na rede de estradas e na transitabilidade (estão a ponderar enviar o plano estratégico do distrito até 22 anos) contemplando a construção de algumas pontes para acesso a algumas localidades; Melhoria do abastecimento de água aos povoados; Incremento da expansão da electrificação rural; Produção de energia eléctrica a partir da barragem existente; Angónia Ulongué Tete Melhorar a rede escolar existente; Aumentar a formação de agentes agrícolas nomeadamente na especialização da mecanização agrícola e agro processamento; Aumentar a área de floresta protegida numa perspectiva ambiental e da floresta comercial (fonte de receitas); Incremento da aquacultura com construção de novas unidades com modelos de ciclos de 8 meses; Aproveitamento do património histórico CahoraBassa Chitima Vias de acesso e transportes públicos que dêem acesso a todos os pontos do Distrito (problema por exemplo em Chitholo, subida dos rios cortam acesso) PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] 21 | 216 CONSÓRCIO Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões ÁREA GEOGRÁFICA VISÃO Expansão da rede eléctrica TV “para todo o mundo” Mais escolas, 1 Universidade Água “é o essencial” Changara Luenha (não foi adiantada a Visão do Distrito) Passar alguma das estradas para um nível superior (i.e., para a responsabilidade da ANE) por forma a aliviar o orçamento existente; O distrito de Chifunde tem elevado potencial agrícola por explorar; É ambição do distrito captar investimento/interesses de projectos do Banco Mundial ou da ONG World Vision A existência de uma escola secundária em todos os postos administrativos; Construção de um museu da cultura Nhau; Progresso para a comunidade em virtude de uma maior exploração mineira de ouro; Aumento do número de escolas especialmente em edifícios melhorados; Melhorias ao nível da produtividade da agricultura no distrito sobretudo com o desaparecimento do desfazamento que existe entre os agricultores do norte e sul do distrito; Diminuição da dependência alimentar do distrito que se situa na ordem dos 50%; Chifunde Chifunde Tete Aumento da capacidade mercantil do distrito com melhores condições para os mercados locais; Melhoria das ligações ao Distrito, sobretudo a partir de Tete (MaladziChifunde-Tete 160 km) e a partir da Angónia ( 200 km); Instalação de uma unidade industrial para a produção de óleo de girassol, mais máquinas e alfaias agrícolas para o distrito; Mais uma ou duas concessões florestais; A criação de DUAT a preços simbólicos (idealmente “preço zero”) para as famílias mais carenciadas (existem 50 DUAT, 2 planos de pormenor); Criar uma cidade no distrito no espaço de 30 anos; Criação de mercados em todas as localidades (actualmente existem apenas dois mercados) que funcionam mal; Criação de Centros de Saúde em todas as localidades; Criação de uma infra-estrutura de ensino superior no distrito; Aumento da transitabilidade nas 54 estradas do distrito; Expansão das acessibilidades das 10 localidades nos 3 distritos no espaço de 30 anos. Chiúta Cidade Tete Chiuta de (não foi adiantada a Visão do Distrito) Tete PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] 22 | 216 CONSÓRCIO Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões ÁREA GEOGRÁFICA VISÃO Colmatar os problemas de acessibilidades entre os diferentes povoados e sedes; Melhorar os índices de abastecimento de água, nomeadamente diminuir as distâncias a pontos de água (através da construção de novos furos/poços); Macanga Furancungo Melhorar as condições ao nível da acessibilidade a escolas; Adopção de um bloco operatório; Aumentar a implantação da indústria transformadora no distrito; Construir um pólo de formação agrícola em Chidzolomundo; Revitalizar o comércio no distrito; Construção de uma fábrica de móveis. Banco comercial; Hospital com bloco operatório, análises e morgue (hospital rural); Escola secundária; Escola Técnica profissional; Hotel 3 estrelas Supermercado Magoé Mpheende Edifícios para funções governativas Estradas Água Energia (agora só em Máguè e Makumbura) Tete Residência para chefes de posto Carro-cisterna Estaleiro mecânico e de construção civil Reforço institucional – maior número de bolsas para formação técnica Melhorar ou criar florestas, nomeadamente comunitárias, amenizar a presão sobre os ecossistemas Criar ou melhorar vias de acesso, possibilitando o aumento das trocas de que produz e quem necessita (ex: há peixe a sul e milho a norte), resolvendo bolsas de fome Marávia Fingoé Construção de represas, para retenção de água pluvial para rega e abastecimento animal Sede de Chiputo em Mapango mas anteriormente em Vasco da Gama, um local de eleição a merecer ter vias de acesso capazes, podendo tornar-se um sítio de preferência turística Gerir e aproveitar bem os recursos minerais: carvão, ouro, pedras semipreciosas e ferro. Moatize Moatize (não foi adiantada a Visão do Distrito) Mutarara Nhamayabué Melhores vias de acesso e ligações pluviais (em situação de cheias a única saida é via Malawi) PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] 23 | 216 CONSÓRCIO Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões ÁREA GEOGRÁFICA VISÃO Maior cobertura da electricidade da rede nacional Novos megaprojectos Aumento da área irrigada Melhorias no Sistema de Abastecimento de Água à população Melhoria nos indicadores de saúde Maior desenvolvimento do sector agrícola Melhorias sensíveis na rede de estradas e na transitabilidade a todas as localidades; Instalação de agências bancárias em algumas zonas do distrito (rede de serviços); Tete Tsangano Tsangano Instalação de uma rede de transportes público distrital e não apenas de transporte até Tete; Instalação de um grande Centro de Melhoramento da Batata ou de outro de cariz agrícola; Cativar projectos de investimento sobretudo de ONG que actualmente se fixam no distrito vizinho da Angónia; Instalação de uma fábrica de batatas fritas Zumbo Zumbo (não foi adiantada a Visão do Distrito) Colmatar os problemas de abastecimento de água à população, sobretudo em Guro-Sede; Aumentar as oportunidades ao nível do emprego no Distrito; Aumentar os benefícios dos recursos explorados para a população; Fomentar o turismo em algures como ao longo do rio Zambeze, aproveitar as potencialidades pelo facto de existir a fortaleza de Massangano (posto administrativo de Mandie), percursos ao Monte Calinga-Mussi; Guro Guro Instalação de concessões carboníferas no Distrito aproveitando o recurso existe, bem como os recursos em ouro; Exploração florestal devidamente explorada e não nos moldes actuais; Seria interessante instalar uma área de safari (turismo cinegético); Manica A expansão da rede eléctrica aos restantes povoados do Distrito; Recuperação de algumas infra-estruturas que se encontram degradadas (p. ex., a antiga casa do Secretário Distrital, a Casa Agrária em Mandie (centro de formação agrícola futuro) Finalizada a electrificação no Distrito; Tambara Nhacolo Melhorias ao nível das infra-estruturas de conservação dos alimentos e produções (com efeito sobretudo no sector da pesca); Melhorias significativas nas acessibilidades (pontes e estradas) e no estabelecimento de equipamentos financeiros (bancos); Melhorias significativas no abastecimento de água. PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] 24 | 216 CONSÓRCIO Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões ÁREA GEOGRÁFICA VISÃO Relocalização da vila de Chemba devido à erosão provocada pelo rio Zambeze; Melhoria das infra-estruturas do Governo Distrital; Construção de um hotel de 3 pisos; A construção de uma universidade/ensino profissional; Chemba Chemba Construção do Hospital Rural; Impulso na economia e desenvolvimento do Distrito mercê da electrificação a partir da HCB; Melhorias no Sistema de Abastecimento de água no Distrito; Desenvolvimento mais acentuado no sector da pesca e do tecido industrial do Distrito. Desenvolvimento de reservas indústriais Sofala Caia Caia (não foi adiantada a Visão do Distrito) Relocalização da fábrica Sena Sugar; Reforço do dique de protecção; Desenvolver a localidade de Neusa para evoluir um dia a sede de Distrito (esta localidade está a uma cota superior); Marromeu Marromeu Redimensionar as áreas reservadas (diminuição da área de conservação da natureza e aumentar a área disponível para a população); Um maior número de escolas, pontos de água e instituições bancárias no Distrito; Melhoria do canal de descarga que alivia as cheias (na margem direita do rio Zambeze). Inclusão de um estabelecimento de ensino superior; Maior Investimento em infra-estruturas, serviços, comércio e turismo; Criação de condições para a conservação do pescado; Produção orientada para o mercado; Chinde Chinde Zambézia Turismo (iate para ligação a Marromeu; à semelhança da ligação a espécie de Inhaca em Maputo; Melhor aproveitamento dos recursos piscatórios do Zambeze (pesca do camarão); Fomento da caça cinegética; Desenvolvimento da lógica da economia de mercado “quem pode paga ”; Maior valorização económica da baia de Chinde; Maior facilidade de acesso a insumos. Aumento substancial dos principais indicadores do Distrito; Mopeia Mopeia Maior desenvolvimento ao nível da Indústria transformadora; Maior desenvolvimento associado à cultura do arroz e cana sacarina e ao regadio em geral; PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] 25 | 216 CONSÓRCIO Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões ÁREA GEOGRÁFICA VISÃO Linha férrea em direcção ao Porto de Macuse; Instalação de agências bancárias; A construção de um hospital regional; Ensino pré universitário e universitário. Criação de Novos Postos Administrativos; Aumento da extensão de estradas asfaltadas; Passagem da sede a Vila Municipal; Zambézia Morrumbala Morrumbala Maior número de barcos Aumento da produção agrícola e florestal; Desenvolvimento associado à futura Linha Férrea Moatize - Porto de Macuse. A Visão Política dos Governantes do Distrito apresentada no quadro anterior, foi um dos temas abordados nas Reuniões com os Governos Distritais, realizadas nos meses de Outrubro a Novembro de 2014, envolvendo a participação da equipa de Coordenação do Estudo. Aquando da realização destas reuniões, não estava efectivada no terreno a reorganização administrativa estabelecida na Lei n.º 26/2013, de 18 de Dezembro, que criou os novos Distritos por Província. PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] 26 | 216 CONSÓRCIO Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões Figura 5 – Representação da Visão Política dos Governantes dos Distritos PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] CONSÓRCIO 27 | 216 Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões Utilizando a ferramenta Wordle, para aferir o número de vezes que ocorre cada palavra, o resultado é o seguinte: Podemos assim sintetizar como palavras chave para a Visão decorrente do contributo Político dos Distritos, as seguintes: Rede Agrícola Água Abastecimento Estradas Construção Infra-estruturas Formação PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] 29 | 216 CONSÓRCIO Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões 3. PROVÍNCIAS: ORIENTAÇÕES ESTRATÉGIAS DE DESENVOLVIMENTO Neste capítulo serão apresentadas as principais orientações estratégicas dos Planos Estratégicos de Desenvolvimento para as 4 Províncias envolvidas no PEOT: Tete, Manica, Sofala e Zambézia. Como se poderá constatar os períodos definidos para cada província são relativamente semelhantes (2010/2-2020/21), à excepção do PED de Manica (20112015). Neste capítulo será dado especial destaque à Visão e Estratégias de Desenvolvimento definidas para cada uma das Províncias, definidas em cada Plano. De referir ainda que apesar de estar ainda em fase de conclusão, optou-se por apresentar o PED Tete 2012-2021 em detrimento do PED Tete 2007-2011. Os PED apresentam uma organização muito semelhante entre si, definindo orientações estruturantes que reflectem as diferentes estratégias de desenvolvimento, e estabelecem o seu enquadramento no contexto das diferentes províncias. São definidos Pilares, que por sua vez são constituídos por estratégias, objectivos específicos e acções estratégicas. A operacionalização dos pilares deverá ser feita à luz de um conjunto de vectores estruturantes que deverão conduzir todo o desenvolvimento socioeconómico, cultural, científico e político, e ao mesmo tempo orientar a implementação de todas as actividades ao nível das províncias. Estes pilares estão alinhados com o Programa Quinquenal do Governo, e asseguram a coerência necessária entre as acções regionais, nacionais e provinciais, sempre pensando no país como um todo. Em síntese pode-se referir que os 4 PED apontam como Estratégia para os próximos anos, o desenvolvimento sustentável baseado nos diversos sectores económicos, com destaque para o aproveitamento do potencial agrícola, florestal, recursos naturais, turismo. Em cada ponto apresenta-se um quadro onde se sintetizam os Pilares e principais estratégias de cada PED envolvidos no PEOT. Refira-se ainda que a análise a temas específicos será elaborada nos capítulos seguintes por sector de actividade. 3.1. PED Tete 2012-2021 O PED de Tete 2012 – 2021 define como Missão: “Promover o desenvolvimento da Província através da exploração sustentável dos recursos, diversificação de investimentos, parcerias público-privada em prol da criação e redistribuição da riqueza, geração de emprego para a melhoria das condições de vida da população”. Por sua vez a Visão é definida pela “A riqueza potencial da Província transformada em desenvolvimento socioeconómico integrado, sustentável e equitativo”. O Plano refere um conjunto de Princípios e Valores que deverão estar na base do desenvolvimento da Província, tais como: Cultura de trabalho e empreendedorismo, Governação participativa, transparente e responsável, PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] 30 | 216 CONSÓRCIO Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões Preservação do ambiente, Cultura de paz, tolerância e coesão social, Respeito pela dignidade humana, solidariedade e hospitalidade, Justiça social e Auto-estima e unidade nacional. O Objectivo Geral do PED Tete 2012-2021 consiste em “Promover o desenvolvimento socioeconómico integrado acelerado e sustentável da Província, com enfoque para a melhoria da estrutura produtiva e infra-estruturas sociais e económicas para o aumento da produção e da produtividade, criando um ambiente favorável ao investimento e valorizando o factor humano” e define como Objectivos Estratégicos os seguintes: a) Estimular a indústria extractiva, transformadora e a exploração dos recursos agro-pecuários e hidroenergéticos de forma sustentável, preservando o meio ambiente; b) Elevar a disponibilidade, cobertura e qualidade da provisão de serviços básicos essenciais com ênfase para saúde, educação, habitação, energia, água e saneamento; c) Promover de forma equilibrada a expansão, reabilitação e manutenção de infra-estruturas de transportes para garantir o acesso eficaz às zonas produtivas e outros destinos dentro e fora da Província (estradas, pontes, ferroviárias, aeroporto/aeródromos, acostagens fluviais e portos secos); d) Promover o capital humano, a valorização da diversidade cultural, divulgação do potencial turístico e a massificação do desporto como factores catalisadores do desenvolvimento sociocultural e económico; e) Garantir o ordenamento territorial e a organização espacial, salvaguardando a identificação de áreas para os usos preferenciais (reserva do Estado, expansão e urbanização, zonas industriais, zonas para exploração mineira e zonas para a prática da agricultura e pecuária) e a valorização da qualidade ambiental. f) Garantir o acesso aos serviços públicos de qualidade, promovendo a boa governação e descentralização. São ainda identificados factores Determinantes de Sucesso, nomeadamente: Apropriação e cometimento dos vários intervenientes no desenvolvimento económico e social (partidos políticos, Governo, assembleias locais, sociedade civil, agentes económicos, parceiros de cooperação, associações, autoridades tradicionais, conselhos consultivos e a população no geral), Orçamento da Província capaz de dar resposta ao aumento contínuo da demanda de serviços e infraestruturas básicas devido a nova dinâmica económica e social caracterizada pela realização de grandes investimentos, Estabilidade política, social, macroecómica e um bom ambiente de negócios, Elevar o capital humano através da massificação da formação técnica e profissionais viradas para as necessidades reais da Província. O PED da Província de Tete está estruturado em 5 pilares a saber: PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] 31 | 216 CONSÓRCIO Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões PILAR 1 Promoção do Crescimento Económico PILAR 2 Infraestruturas de Suporte para o Desenvolvimento Económico e Social PILAR 4 Boa Governação, Administração Pública e Gestão de Finanças Públicas PILAR 3 Acesso, Qualidade e Cobertura dos Serviços Sociais Básicos PILAR 5 Assuntos Transversais Quadro 2 – Principais Estratégias de Desenvolvimento Económico do PED Tete 2012-2021 ÁREA OBJECTIVOS Promoção do Crescimento Económico Promoção e Atracção de Investimento Agricultura, Pecuária, Floresta, Fauna Promover e atrair investimentos para o desenvolvimento da Província, com particular enfoque para a agricultura, turismo, pescas e expandir os investimentos nos sectores da indústria, recursos minerais e energia. Elevar a produtividade das actividades agrárias em toda a sua cadeia de valor e assegurar o uso sustentável dos recursos florestais Promover a actividade da pesca artesanal semi-industrial, nos centros de Pesca pesca vinculados aos mercados internos e de exportação, através da introdução de artes de pesca melhoradas, sobretudo nos distritos abrangidos pelo Rio Zambeze, bem como a piscicultura. Contribuição na melhoria da segurança alimentar e nutricional em pescado para a população Recursos Minerais Energia Recursos Hídricos Promover e assegurar a exploração sustentável dos recursos minerais, salvaguardando os interesses das comunidades abrangidas Garantir o acesso à energia e combustíveis à população, mobilizando investimentos para a sua produção, transporte e distribuição Assegurar a gestão integrada e sustentável dos recursos hídricos, promovendo a construção e manutenção de infra-estruturas hidroeléctricas que garantam a disponibilidade de água para responder as necessidades PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] 32 | 216 CONSÓRCIO Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões ÁREA OBJECTIVOS básicas da população, produção de energia eléctrica, irrigação e a mitigação dos impactos de cheias e secas. Promover o desenvolvimento sustentável e a expansão da actividade industrial para os pontos estratégicos de disponibilidade de recursos, incentivando a participação das indústrias de micro, pequena, média e de grande dimensão. Indústria e Comércio Alargar a rede comercial para o apoio ao desenvolvimento das actividades agrárias, industriais e pesqueiras. Alargar e melhorar as infra-estruturas de transportes e comunicações para as tornar competitivas, sustentáveis e atractivas ao investimento na Província. Transportes e Comunicações Promover o desenvolvimento de um turismo sustentável, bem como melhorar Turismo a qualidade da provisão de produtos e serviços turísticos, assegurando a conservação e protecção da biodiversidade. Infraestruturas de Suporte para o Desenvolvimento Económico e Social Alargar e melhorar a rede de infra-estruturas de transportes e comunicações Transportes e Comunicações Desenvolvimento de para as tornar competitivas, sustentáveis e atractivas ao investimento na Província. Infra- Estruturas Garantir a construção e reabilitação de infra-estruturas de serviços e habitacionais. Assuntos Transversais Ambiente Redução do Impacto da Vulnerabilidade às Calamidades Promover o desenvolvimento sustentável e o uso racional dos recursos naturais, através da educação e gestão ambiental. Adoptar e implementar medidas sustentáveis para reduzir a vulnerabilidade da Província às calamidades naturais e garantir uma rápida resposta às situações de emergência e reconstrução pós-calamidades, bem como proceder à reinserção social das populações afectadas. Fonte: Adaptado de PED Tete 2012-2021 3.2. PED Manica 2011-2015 O PED de Manica 2011-2015 define como Missão “Promover o bem-estar sócio-económico sustentável e participativo, através da capitalização de recursos naturais que a Província dispõe e a preservação do ambiente”. Por sua vez a Visão é definida como “Colocar Manica como um destino de referência nacional principalmente no desenvolvimento agrário e do turismo de interior pelas suas condições agró-ecológicas e paisagísticas, atraindo investimentos que contribuam para o crescimento económico equilibrado e sustentável, trazendo o progresso e melhoria da qualidade de PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] 33 | 216 CONSÓRCIO Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões vida da população da Província e do País”. O Plano refere ainda um conjunto de Valores, tais como: Coesão social e espírito de equipa; Governação inclusiva; Cultura de trabalho; Serviços centrados no cidadão; Preservação das tradições locais e define como Objectivos Gerais: Promover o clima de paz e estabilidade sócio-política; Aumentar o acesso e aproximação das infra-estruturas, serviços básicos e informação às populações; Promover um ambiente favorável para atracção de investimento, facilitando o estabelecimento de iniciativas produtivas e da intervenção do sector privado, contribuindo para a criação e aumento de emprego e receitas; Dinamizar a economia local, facilitando o uso sustentável dos recursos naturais, criação de riqueza e o crescimento económico da Província. Para o alcance dos objectivos definidos a Província em estreita colaboração com a sociedade civil e o sector privado envidará esforços para acelerar o desenvolvimento económico e social sustentável, onde prevaleça a riqueza e impera uma boa qualidade de vida. Dadas as características agro-ecológicas da Província e com todo o seu potencial por explorar o enfoque das actividades agrárias serão o catalisador principal do desenvolvimento na província. Partindo da visão, missão, valores, objectivos gerais, enfoque estratégico e com base nos problemas, potencialidades e análise das Forças, Oportunidades, Fraquezas e Ameaças (FOFA) e alinhamento estratégico com o PQG 2010 - 1014 foram definidas as estratégias sectoriais, nomeadamente objectivos estratégicos e específicos e respectivas acções prioritárias em cada um dos pilares de desenvolvimento. O PED da Província de Manica está estruturado em 4 pilares a saber: PILAR I Desenvolvimento Humano e Social PILAR 2 Desenvolvimento Económico PILAR 3 Boa Governação, Descentralização, e Combate à Corrupção e Cultura de Prestação de Contas PILAR 4 Assuntos Transversais PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] 34 | 216 CONSÓRCIO Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões Quadro 3 – Principais Estratégias de Desenvolvimento Económico do PED Manica 2011-2015 ÁREA OBJECTIVOS Desenvolvimento Económico Dotar a Província de infra-estruturas que facilitem o estabelecimento de novos empreendimentos, bem como a recuperação e expansão de empreendimentos existentes, incluindo o estabelecimento de parques industriais. Promover as potencialidades da Província para atracção de novos investimentos. Promover e atrair investimentos para o desenvolvimento rural, com particular enfoque para a agricultura, pescas, florestas e turismo, e expandir os Promoção e Atracção de Investimento investimentos nos sectores da indústria, recursos minerais e energia. Promover e desenvolver o empresariado nacional com especial atenção para o empreendedorismo juvenil, bem como o originado dos extractos populacionais mais pobres, facilitando o acesso a factores de produção e tecnologias adequadas e a associação entre investidores nacionais e estrangeiros. Promover e desenvolver o empresariado nacional com especial atenção para o empreendedorismo juvenil, bem como o originado dos extractos populacionais mais pobres, facilitando o acesso a factores de produção e tecnologias adequadas e à associação entre investidores nacionais e estrangeiros. Melhorar a segurança alimentar e nutricional familiar através do aumento da produção e produtividade agrária e diversificação da produção. Agricultura, Pecuária, Floresta, Fauna e Pesca Promover o desenvolvimento do sector agrário comercial para a produção de excedentes e de produtos estratégicos com vantagens comparativas para a sua exportação. Melhorar a administração e gestão sustentável dos recursos naturais. Prosseguir o reforço da capacidade de fiscalização, visando garantir a exploração racional dos recursos minerais. Prosseguir o apoio na mineração artesanal e de pequena escala com boas práticas ambientais tecnológicas e incentivar que os operadores mineiros artesanais se constituam em empresas. Continuar a promover e assegurar a extracção sustentável dos recursos Recursos Minerais e Energia minerais, cuja exploração seja economicamente viável. Continuar a expandir o acesso à energia a menor custo através do alargamento da cobertura geográfica de infra-estruturas e serviço de fornecimento de energia. Melhorar o estado da rede eléctrica nacional (REN) com vista ao fornecimento de energia eléctrica com fiabilidade e qualidade aceitável, reduzindo o número de interrupções. PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] 35 | 216 CONSÓRCIO Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões ÁREA OBJECTIVOS Melhorar a cobertura para aumentar a capacidade de provisão de combustíveis para o consumo na Província. Promover o desenvolvimento industrial com enfoque especial nas micros, pequenas e médias indústrias que explorem de forma eficaz os recursos e capacidades produtivas disponíveis na Província. Melhorar o quadro legal e institucional para o apoio à indústria. Indústria e Comércio Promover a valorização e aumento da produção, consumo e exportação de produtos nacionais transformados. Promover o alargamento da rede comercial, virada para o abastecimento aos distritos. Fortalecer a participação da Província nos fóruns de concertação de assuntos de desenvolvimento económico. Assegurar a qualidade dos materiais e a optimização dos sistemas construtivos garantindo o controlo dos custos de construção. Melhorar a Transitabilidade das Estradas, priorizando as que apresentam um Desenvolvimento de InfraEstruturas grande impacto no desenvolvimento sócio-económico da Província. Assegurar a gestão integrada e sustentável dos recursos hídricos desenvolvendo e mantendo as infraestruturas hidráulicas que garantam a disponibilidade de água para responder às demandas de água para necessidade básicas da população, ao desenvolvimento Sócio-económico e a mitigação dos impactos negativos das cheias e secas. Desenvolver sistemas de transportes interligados e/ou combinados seguros que sejam suficientemente competitivos, atractivos e sustentáveis para facilitar o investimento. Transportes e Comunicações Promover o desenvolvimento dos sectores postal, telecomunicações e meteorologia visando o acesso universal, num ambiente competitivo, com qualidade aceite pelos cidadãos. Melhorar a infra-estrutura, o apetrechamento e a capacitação institucional administrativa. Melhorar a qualidade da provisão de produtos e serviços turísticos, através da formação e capacitação de técnicos e profissionais da área do Turismo e da fiscalização das actividades turísticas. Turismo Desenvolver acções de promoção visando posicionar a Província como destino turístico de classe regional, através da valorização de elementos histórico-culturais, eventos desportivos e da consciencialização dos intervenientes, com o programa de Bem Servir e promoção do turismo doméstico. PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] 36 | 216 CONSÓRCIO Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões ÁREA OBJECTIVOS Promover o desenvolvimento integrado das Áreas Prioritárias para o Investimento em Turismo (APIT´s). Assegurar a harmonização das relações de trabalho com vista à paz e estabilidade social entre os trabalhadores e os empregadores. Assegurar a divulgação e a aplicação da legislação laboral. Assegurar a observância das normas de higiene e segurança no trabalho. Trabalho, Higiene e Segurança e Consolidar a Estratégia de Desenvolvimento do Sistema de Segurança Social Emprego obrigatório e a consequente garantia da sua sustentabilidade financeira. Melhorar a qualidade e a quantidade de oferta de formação profissional, visando o aumento da empregabilidade dos cidadãos, bem como a promoção de oportunidades de trabalho e emprego no meio rural com especial atenção para os jovens, mulheres, deficientes e pessoas afectadas pelo HIV e SIDA. Assuntos Transversais Desminagem Promover a localização, denúncia, remoção e destruição das minas antipessoais e engenhos não explodidos. Adoptar e implementar estratégias e medidas de prevenção e controlo à erosão, poluição hídrica, queimadas descontroladas e desmatamento. Promover o Planeamento e Ordenamento Territorial na Província com ênfase nas cidades e vilas e assegurar que as prioridades ambientais sejam devidamente integradas nos programas de desenvolvimento. Ambiente Promover a educação ambiental e difundir a pertinência da preservação do ambiente. Garantir a divulgação e implementação da legislação ambiental para o uso sustentável dos recursos naturais e manutenção da biodiversidade. Promover a qualidade ambiental e estratégia de mitigação e adaptação às mudanças climáticas. Evitar perdas de vidas humanas e destruição de propriedades provocadas por calamidades naturais. Redução do Impacto da Vulnerabilidade às Calamidades Assegurar o processo de reconstrução rápido e harmonioso nos períodos pósocorrências de calamidades. Garantir a coordenação multi-sectorial para a implementação do Plano Director de Prevenção e Mitigação de Calamidades Naturais Desenvolvimento Rural Promover a produtividade, competitividade e acumulação de riqueza nas zonas rurais. Expandir o Capital Humano, Inovação e Tecnologia. PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] 37 | 216 CONSÓRCIO Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões ÁREA OBJECTIVOS Diversificação e eficiência do capital social, de infra-estruturas e desenvolvimento institucional. Boa governação e planeamento para o mercado. Fonte: Adaptado de PED Manica 2011-2015 3.3. PED Sofala 2010-2020 O PED de Sofala 2010-2020 define como Missão: “Reduzir a pobreza, assente na promoção do Desenvolvimento Socioeconómico e na Boa Governação com vista a melhoria de condições de vida da população na Província de Sofala” e tem como Visão “Sofala próspera e referência do desenvolvimento Socioeconómico do País”. O PED tem com fundamentação dos Objectivos Estratégicos da Província o seguinte: O desafio central para a Província de Sofala, a médio e longo prazo é a redução da incidência da pobreza absoluta, que segundo o estudo IAF se situa em 58% em 2010. Tendo em conta os objectivos do plano estratégico, a visão da província para os próximos dez anos estará intimamente ligado a Agenda 2025, aos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio e aos pilares do Programa Quinquenal dos Governo. A principal meta é, reduzir o actual índice de pobreza de 58% para um nível abaixo dos 40% até 2020 sustentado por um aumento da produção e produtividade, o desenvolvimento de serviços sociais básicos e infra-estruturas públicas, associado a estabilidade política e um ambiente externo favorável tornando desta feita uma Província Próspera e Referência do Desenvolvimento Sócio-económico do País nos próximos 10 anos. O PED da Província de Sofala está estruturado em 4 pilares: PILAR I Desenvolvimento Humano e Social PILAR 2 Desenvolvimento Económico PILAR 3 Boa Governação, Descentralização, e Combate à Corrupção e Cultura de Prestação de Contas PILAR 4 Assuntos Transversais PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] 38 | 216 CONSÓRCIO Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões Quadro 4 – Principais Estratégias de Desenvolvimento Económico do PED Sofala 2010-2020 ÁREA OBJECTIVOS Desenvolvimento Económico Garantir o aumento da produção e da Segurança Alimentar no país Agricultura, Pecuária, Floresta, Fauna Incentivar o aumento da produção agrária orientada para o mercado Elevar a produtividade agrícola em toda a sua cadeia de valor Desenvolver o capital humano e a capacidade institucional do sector Promover o uso sustentável das terras, florestas e fauna Melhorar o nível de vida das Comunidades de pescadores artesanais e aquacultores de pequena escala Reforçar a contribuição do sector na melhoria da segurança alimentar e nutricional em pescado para a população Melhorar a prestação dos serviços portuários Aumentar a contribuição da pescaria semi-industrial para a realização dos objectivos nacionais e de desenvolvimento económico e social Melhoria das condições de vida das comunidades de pescadores artesanais e aquacultores de pequena escala Pescas Desenvolver uma investigação pesqueira integrada, baseada em ecossistema, através do fortalecimento e melhoramento das áreas de trabalho existente e expansão das suas actividades para novas áreas Desenvolver os serviços de apoio técnico em tecnologias de informação e modelação aos programas de investigação Incrementar os níveis de publicações científicas na instituição Aumentar a cooperação com instituições dentro do sector, e de investigação relevantes a nível nacional e internacional Aumentar contribuição líquida do sector para o equilíbrio da balança de pagamento Prosseguir a produção de cartas temáticas e a divulgação de informação geológica de base da Província para o melhoramento do conhecimento geológico e prosseguir a prospecção e pesquisa dos recursos minerais. Prosseguir a promoção do empresariado nacional na actividade geológicomineiro Garantir a existência de uma base de dados fiável sobre a ocorrência de minérios na Província. Recursos Minerais Continuar a promover e assegurar a extracção sustentável dos recursos minerais, cuja exploração seja economicamente viável. Prosseguir o apoio à mineração artesanal e de pequena escala com boas práticas ambientais e tecnológicas e incentivar que os operadores mineiros artesanais se constituam em empresa. Promover e encorajar o processamento e adição de valor, em Sofala, dos recursos minerais, como forma de promover o mercado interno e o desenvolvimento de indústria para a produção de seus derivados Prosseguir o reforço da capacidade de fiscalização, visando garantir a exploração racional dos recursos minerais PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] 39 | 216 CONSÓRCIO Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões ÁREA OBJECTIVOS Continuar a expandir o acesso à energia ao menor custo possível, através do alargamento da cobertura geográfica de infra-estruturas e serviços de fornecimento de energia. Energia Indústria Intensificar esforços no sentido de aumentar o acesso por parte das populações ao uso da electricidade. Criar capacidade de utilização de energias novas e renováveis na Província, estimulando o desenvolvimento da tecnologia para a produção e instalação de sistemas de energia solar, eólica Aumentar a capacidade de provisão de combustíveis para o consumo da província, incentivando a produção de bio combustíveis e a maximização da utilização do gás natural Promover o desenvolvimento industrial com enfoque especial nas micro, pequenas e médias indústrias que explorem de forma eficaz os recursos e capacidades produtivas disponíveis no pais Melhorar o quadro legal e institucional para o apoio da indústria Promover a valorização e aumento da produção, consumo e exportação de produtos nacionais transformados Consolidar o sistema nacional da qualidade, para melhoria da qualidade, eficiência, produtividade e competitividade dos produtos nacionais Promover o desenvolvimento industrial com enfoque especial nas micro, pequenas e médias indústrias que explorem de forma eficaz os recursos e capacidades produtivas disponíveis no pais Comércio Promover a comercialização orientada para o mercado interno e externo para a segurança alimentar e melhoria da balança comercial Alargar a rede comercial, virada para o apoio ao desenvolvimento das actividades agrícolas, industriais e a promoção da integração do sector informal no sector formal Fortalecer a participação da Província nos fóruns de concertação sobre assuntos de desenvolvimento económico e social Assegurar a qualidade dos materiais e a optimização dos sistemas construtivos, garantindo o controlo dos custos de construção. Melhorar a transmutabilidade das estradas, priorizando as que apresentam um grande impacto no desenvolvimento socioeconómico da Província Desenvolvimento de InfraEstruturas Assegurar a qualidade dos materiais e a optimização dos sistemas construtivos, garantindo o controlo dos custos de construção. Assegurar GI & SRH desenvolvendo e mantendo as infra-estruturas hidráulicas que garantam a disponibilidade de água para responder às demandas de água para as necessidades básicas da população, ao desenvolvimento socioeconómico e a mitigação dos impactos negativos das cheias e secas. Canalizar o desenvolvimento económico do País e estimular a integração regional económica Transportes e Comunicações Promover o desenvolvimento do sector postal e de telecomunicações, visando o acesso universal, num ambiente competitivo, com qualidade aceite pelos cidadãos Fortalecer a existência de uma competição sã entre os operadores de transporte aéreo e ampliar as possibilidades de escolha aos consumidores PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] 40 | 216 CONSÓRCIO Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões ÁREA OBJECTIVOS Desenvolver sistemas de transportes integrados e/ou combinados seguros que sejam suficientemente competitivos atractivos e sustentáveis para facilitar o investimento Garantir o acesso de informação meteorológica em tempo real Turismo Tornar a Província de Sofala como o destino na rota de turistas a nível mundial. Estabelecer e melhorar os mecanismos de complementaridade intersectorial no desenvolvimento do turismo. Assuntos Transversais Promover a aceleração, conclusão e destruição das minas antipessoais e engenhos não explodidos localizados. Desminagem Promover o desenvolvimento institucional e a implementação de programas de educação cívica sobre o perigo de minas Promover a implementação de programas de assistência as vítimas de minas antipessoais Reduzir a ocupação não ordenada do território. Garantir uma resposta adequada às Emergências e Epidemias na Província; Ambiente Reforçar e promover a abordagem de Participação Comunitária na conservação; Reduzir o índice de queimadas descontroladas na Província para menos 65 % até 2014. Fonte: Adaptado de PED Sofala 2010-2020 3.4. PED Zambézia 2011-2020 O PED Zambézia 2011-2012 define como Missão: “Estabelecer as bases sustentáveis para o aumento da produção e produtividade, em particular a agrária, criação de emprego e equilíbrio na distribuição da riqueza, e combate à pobreza” e define como Visão “Zambézia como referência na produção e produtividade, em particular a agrária, na criação de emprego, na distribuição equitativa da riqueza e no combate à pobreza”. Define um conjunto de Valores: Auto-estima, Unidade Nacional, Transparência, Solidariedade, Justiça Social e Equidade, Governação participativa, Cultura de trabalho e criatividade, Preservação das tradições locais e Preservação do meio ambiente, e um conjunto de Pressupostos: Manutenção dos actuais níveis de crescimento económico da província; Conjuntura internacional de recessão não se agrava, permitindo que os projectos previstos sejam implementados; Adoptadas políticas indutoras de uma maior participação dos camponeses e do investimento privado na província; Acesso a recursos financeiros continua possível para a província, mantendo-se o distrito como o foco de desenvolvimento; Papel interventivo do sector privado é reforçado no aproveitamento dos recursos naturais com maior potencial na província; O problema do PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] 41 | 216 CONSÓRCIO Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões amarelecimento dos coqueiros é mitigado, de forma que esta cultura conheça uma nova fase no processo produtivo da província; Rede de infra-estruturas continua a melhorar (estradas, água, energia, telecomunicações, rede bancária) nas zonas prioritárias; Maior integração industrial, quer a montante quer a jusante da actividade para as indústrias estratégicas da província. O PED estabelece ainda como Princípios Orientadores os seguintes: O PEDZ é um instrumento dinâmico e flexível, que poderá ser ajustado a medida em função da conjuntura de desenvolvimento da província e nacional; A estratégia e as acções previstas no PEDZ estão alinhadas com os demais instrumentos e políticas do governo e acima de tudo contribuem para combater a pobreza; O objectivo último do PEDZ é de propiciar um desenvolvimento endógeno, inclusivo, sustentável e sustentado da província, garantindo a criação de maior valor acrescentado em todos os sectores estratégicos e integrando a economia rural como o suporte do desenvolvimento; O sucesso da implantação da estratégia depende do grau de articulação e envolvimento das instituições públicas, privadas, ONGs e outras aos diferentes níveis em particular com as comunidades de base e com observância da problemática do género; O monitoramento das acções previstas no PEDZ e a avaliação regular do seu impacto são necessárias para introduzir correcções e melhorar a sua implementação; A Focalização as acções públicas nos Distritos de maior potencial agro-ecológico agindo de forma integrada em torna das áreas consideradas vitais para o desenvolvimento da província; As vantagens competitivas de cada região e da província como um todo, deverão ser determinantes para as decisões sobre as escolhas do que produzir, como produzir, quanto produzir, ou seja, das questões económicas básicas. A província não deve pretender produzir tudo pois não tem vantagens competitivas em todos os sectores; A formação e informação a todos os intervenientes no desenvolvimento provincial são fundamentais para alinhar as expectativas e melhorar os resultados; A motivação dos seus quadros e um forte papel de liderança são fundamentais para o alcance dos resultados preconizados; É imprescindível o envolvimento dos parceiros, incluindo as organizações não-governamentais na promoção de acções de desenvolvimento das comunidades rurais. PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] 42 | 216 CONSÓRCIO Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões O PED da Província da Zambézia está estruturado em 4 pilares a saber: PILAR 1 Desenvolvimento Humano e Social PILAR 2 Crescimento e Desenvolvimento Económico PILAR 3 Boa Governação, Descentralização, e Combate à Corrupção e Promoção da Cultura de Prestação de Contas PILAR 4 Assuntos Transversais Quadro 5 – Principais Estratégias de Desenvolvimento Económico do PED ÁREA OBJECTIVOS Desenvolvimento Económico Aumentar a produção, produtividade e rendimento dos produtores, particularmente agrícolas; Garantir o aumento da produção e da segurança alimentar; Elevar a produtividade agrícola em toda a cadeia de valor, privilegiando a provisão de serviços de investigação, apoio, fomento e infra-estruturas; Agricultura, Pecuária, Floresta, Fauna Incentivar o aumento da produção agrária orientada para o mercado, destacando o processamento de produtos agrícolas (arroz, sisal, algodão, copra), pecuários (gado bovino e avicultura), florestais (madeiras) e faunísticos, de forma a agregar-lhes maior valor acrescentado, e culturas de rendimento (gergelim e soja); Promover o uso sustentável das terras, florestas e fauna, destacando a necessidade de inventariar, mapear e zonear as terras, digitalizar o cadastro de terras e divulgar o quadro normativo; Desenvolver o capital humano e a capacidade institucional do sector agrário. Desenvolver a pesca industrial e semi-industrial do pescado de qualidade; Pescas Desenvolver a pesca artesanal sobretudo para segurança alimentar e abastecimento do mercado doméstico. Garantir a exploração sustentável dos recursos pesqueiros e a protecção da orla marinha; PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] 43 | 216 CONSÓRCIO Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões ÁREA OBJECTIVOS Desenvolver a aquacultura e piscicultura em condições ambientais sãs. Promover o aproveitamento do potencial de recursos minerais existente na Recursos Minerais província; Pesquisar e inventariar os recursos minerais, incluindo os hidrocarbonetos; Garantir a exploração sustentável dos recursos mineiros; Continuar a expandir a rede de energia a todos os distritos, Postos Administrativos e localidades; Efectuar a pesquisa de fontes alternativas de energia mais sustentáveis do ponto de vista económico e ambiental. Energia Continuar a expandir o acesso à energia, através do alargamento da cobertura geográfica de infra-estruturas e serviços de fornecimento de energia; Criar capacidade de utilização de energias novas e renováveis, estimulando o desenvolvimento de tecnologias para a produção e instalação de sistemas de energia solar, eólica e hídrica e priorizar a sua instalação e utilização em centros de saúde e escolas; Promover o uso produtivo e eficiente de energia, com destaque para os sectores da agricultura e indústria. Promover o desenvolvimento industrial com enfoque especial nas micros, pequenas e média empresas industrias; Promover acções de relançamento da actividade produtiva com destaque para Indústria a reactivação das fábricas de processamento existentes e criação de novas unidades de processamento na província, envolvendo o sector privado e familiar nos esforços que estão a ser empreendidos pelo governo provincial; Promover a valorização e aumento da produção, consumo e exportação de produtos locais transformados Comércio Alargar a rede comercial, virada para o apoio ao desenvolvimento das actividades agrícolas e industriais, em particular das micro, pequenas e médias empresas e a promoção da integração progressiva do sector informal no sector formal. Assegurar a protecção dos direitos do consumidor; Reforçar as relações comerciais da província com o resto do mundo; Revitalizar o sistema ferro-portuário; Potenciar a aerogare do aeroporto de Quelimane; Transporte e Comunicações Melhorar o sistema de transporte rodoviário para passageiros e cargas; Melhorar a segurança rodoviária; Estabelecer a telefonia móvel em toda a província; PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] 44 | 216 CONSÓRCIO Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões ÁREA OBJECTIVOS Promover o alargamento da rede infra-estrutural, destacando-se as infraestruturas de irrigação, de abastecimento de água e saneamento, e as estradas; Assegurar a qualidade dos materiais e a optimização dos sistemas construtivos, garantindo o controlo dos custos de construção; Melhorar a transitabilidade das estradas, priorizando as de maior impacto no desenvolvimento sócio económico da província, como é o caso da asfaltagem da estrada Mocuba-Milange, que irá facilitar a ligação com o porto de Macuse, Obras Públicas a circulação de pessoas e bens entre Moçambique e Malawi, a prática do turismo nos distritos de Mocuba e Milange, e a construção da estrada cruzamento “zero” – Morrumbala; Assegurar provisão de infra-estruturas hidráulicas que garantam a disponibilidade de água para responder às demandas de água das culturas estratégicas e para as necessidades básicas da população, Assegurar a gestão integrada e sustentável dos recursos hídricos de forma a promover o desenvolvimento socio-económico e mitigar os impactos negativos das cheias e secas; Melhorar a qualidade da provisão de produtos e serviços turísticos, através da formação e capacitação de técnicos e profissionais da área do turismo e da fiscalização das actividades turísticas; Turismo Desenvolver acções de promoção visando posicionar a Zambézia como destino turístico de classe mundial; Promover parcerias entre o sector privado e as comunidades locais na gestão das Áreas de Conservação Turística Assuntos Transversais Reduzir a degradação do ambiente físico devido a progressão da erosão de solos em muitos pontos da província, com destaque para os distritos de Chinde, Gurué, Mocuba, Nicoadala, Alto-Molócué e Pebane; Promover o planeamento e ordenamento da ocupação do solo urbano e rural, de forma a reduzir os reassentamentos informais; Ambiente Melhorar o saneamento do meio; Promover a educação ambiental e difundir a pertinência da preservação do ambiente junto das comunidades; Implementar as estratégias e medidas de combate à erosão, desmatação, queimadas descontroladas, poluição e disseminar as boas práticas de gestão ambiental; Garantir gestão sustentável dos recursos naturais; PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] 45 | 216 CONSÓRCIO Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões ÁREA OBJECTIVOS Desenvolver infra-estrutura de gestão de resíduos sólidos e saneamento do meio; Combater as queimadas descontroladas; e Garantir a avaliação de impacto ambiental de projectos de desenvolvimento. Reduzir a vulnerabilidade à fome provocada pela seca nas regiões que ciclicamente têm escassez de água e registam precipitação inferior a 500 mm por ano; Redução do Impacto da Vulnerabilidade às Calamidades Evitar perdas de vidas humanas e destruição de propriedade provocadas por calamidades naturais; Assegurar um processo de reconstrução rápido e harmonioso nos períodos pós-ocorrência de calamidades; Facilitar e criar as condições para a implementação do Plano Director de Prevenção e Mitigação de Calamidades Naturais. Promover a produtividade, competitividade e acumulação de capital nas zonas rurais, pois quanto mais sólida for a contribuição da economia rural mais sustentável será o desenvolvimento da província; Promover a gestão produtiva e sustentável dos recursos naturais e meio ambiente; Expandir o capital humano, inovação e tecnologia, através da promoção da educação vocacional e a alfabetização económica de adultos; Promover o desenvolvimento institucional e das Infra-estruturas para as zonas rurais; Promover a Boa Governação e planeamento para o mercado; Desenvolvimento Rural Melhorar a economia rural como base numa abordagem de desenvolvimento económico local com enfoque na economia distrital; Melhorar a gestão sustentável dos espaços e recursos naturais; Promover a expansão da actividade dos serviços bancários e financeiros nas áreas rurais; Monitorar e aperfeiçoar os mecanismos de gestão dos Fundos de Desenvolvimento Distrital e fortalecer o seu impacto; Incentivar o desenvolvimento das micro, pequenas e médias indústrias nas zonas rurais; Assegurar que a exploração de recursos naturais contribua para a melhoria da qualidade de vida da população rural; Promover o estabelecimento de grupos associativos de maneio comunitário de recursos naturais; PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] 46 | 216 CONSÓRCIO Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões ÁREA OBJECTIVOS Desenvolver infra-estruturas que permitam atrair investimentos para as zonas rurais, Promover a capacitação local para atracção e retenção de técnicos nas zonas rurais; Promover o auto-emprego e emprego rural através da promoção de ADE´s nos Distritos; Promover a protecção social e a redução das condições de informalidade através da actualização de registos de identificação individual; Promover o associativismo como factor impulsionador do desenvolvimento comunitário nas zonas rurais; Apoiar o trabalho de mobilização e organização dos camponeses em associações e cooperativas e promover o seu desenvolvimento profissional e técnico-científico. Fonte: Adaptado de PED Zambézia 2011-2020 PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] 47 | 216 CONSÓRCIO Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões 4. ENQUADRAMENTO SÓCIO-ECONÓMICO 4.1. População Em termos de população, os dados mais recentes do INE (2010) apontam para um crescimento da população da província de Tete dos actuais 2 050 242 habitantes, para 3 163 431 habitantes em 2021 - crescimento médio de 2,40%, o que a coloca como a 3ª província mais populosa do País. Quadro 6 – População Projectada (2010-2021) 2010 Distrito 2021 População Mulheres (%) Densidade (hab./km2) População Mulheres (%) Densidade (hab./km2) Cidade de Tete 176 978 50,0 618,8 264 908 49,4 926,3 Changara 173 153 51,8 25,7 233 455 51,5 34,34,7 Cahora Bassa 99 900 50,5 9,43 162 124 51,4 15,3 Mágoè 80 057 49,9 9,2 124 470 48,3 14,31 Angónia 329 401 51,7 95,8 444 613 51,4 129,4 Chiuta 84 216 52,3 11,8 114 002 51,9 16,0 Chifunde 122 199 50,6 13,1 225 985 50,7 24,2 Macanga 140 728 50,5 18,9 300 732 49,7 40,5 Marávia 93 219 51,2 5,7 128 033 50,9 7,8 Moatize 260 227 51,3 29,3 473 631 51,3 53,3 Mutarara 233 227 51,9 37,1 327 063 52,1 51,9 Tsangano 191 430 51,4 55,7 267 322 51,5 77,7 Zumbu 64 868 50,9 5,4 97 095 50,6 8,1 Guro 78 021 47,5 - 111 964 50,2 - Tambara 46 721 53,1 - 64 184 52,4 - Caia 128 596 52,4 - 173 009 52,0 - Chemba 70 168 46,9 - 89 620 52,9 - Marromeu 138 106 49,9 - 210 428 49,3 - Chinde 125 797 52,3 - 145 385 52,0 - Mopeia 130 782 51,6 - 188 700 51.7 - Morrumbala 397 785 51,2 - 527 977 50,9 - Fonte: INE, Projecções Anuais da População Total, Urbana e Rural (2010-2022) Retirado da Fase 1 do PM PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] 48 | 216 CONSÓRCIO Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões Como resulta da análise da informação do INE, observa-se uma elevada concentração populacional em distritos como a Cidade de Tete, Moatize, Ulongué, Tsangano, Caia ou Tambara, bem como as áreas fronteiriças ao longo de Chifunde, ou Marávia. Comparando os resultados do Censo 1997 e 2007, a província de Tete registou um aumento de 4,6% da sua população. À escala distrital, o distrito de Moatize obteve o maior aumento populacional seguido pelo distrito de Mutarara. A maior taxa média de crescimento anual (8,8 %) foi observada no distrito de Macanga. A maior taxa de crescimento natural foi observada no distrito de Angónia (7,4%) e a menor na cidade de Tete (2,7%). Angónia, com uma diferença de 5,4% e Macanga, com 5,3%, foram os distritos que tiveram maior peso na variação populacional na província. Relativamente ao anterior Censo de 1997, a província de Manica registou um aumento médio anual de 3,9%, sendo que a maior taxa de crescimento natural foi observada no distrito de Guro (4,5%). A província de Sofala registou uma taxa média anual de crescimento de 2,7%, igualando a registada a nível nacional. Observando as diferenças entre as taxas de crescimento exponencial e natural, regista-se que o distrito de Chemba, com uma diferença de 1,2% teve o maior peso no crescimento populacional. Por sua vez, na província de Zambézia verificou-se igualmente um aumento da sua população (taxa média anual de crescimento de 3.0%). 4.2. Padrões de Uso e Ocupação De entre os diferentes factores que influenciam a fixação das populações, pode-se destacar a proximidade dos cursos de água (Zambeze e demais cursos de água tributários), os hot-spots em termos de emprego (cidades e vilas; sobretudo no eixo Cidade de Tete-Moatize), as zonas com maior intensidade comercial e produtiva (zonas de fronteira com o Malawi, Zimbabwe e Zâmbia, e finalmente as áreas nos distritos atravessadas pelos principais itinerários rodo e ferroviários (nomeadamente EN1, EN7, EN8, EN9 e Linha do Sena). De facto tendo presente a distribuição dos povoamentos, observa-se uma grande acumulação na periferia da cidade de Tete, vilas de Moatize, Caia, Marromeu e Nhamayabué (ligação a Lilongwe), mas sobretudo nas zonas limítrofes ao longo da linha de fronteira com o Malawi, nos distritos de Tsangano, Angónia, Mutarara e Morrumbala. A maior parte da população do Vale do Zambeze vive em áreas rurais, com estratégias de vida baseadas em actividades de subsistência (principalmente agricultura de sequeiro), fortemente dependentes dos recursos naturais, vulneráveis a fenónemos climáticos e eventos critícos. Os povoados encontram-se dispersos no território, embora com uma maior concentração ao longo da rede viária e principais cursos de água e zonas com aptidão agrícola. Para além da cidade de Tete, os distritos com maior densidade PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] 49 | 216 CONSÓRCIO Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões populacional são Angónia e Morrumbala, o que está certamente relacionada com a aptidão agrícola e com o acesso ao mercado de países vizinhos, nomeadamente o Malawi. Figura 6 – Distribuição populacional e Localização dos principais aldeamentos – retirado da Fase 1 do PM Fonte: INGC (2011) - Retirado da Fase 1 do PM A dispersão dos assentamentos humanos e a falta de vias de acesso dificulta a cobertura dos serviços sociais de educação e saúde, assim como o abastecimento de água e saneamento, considerados vitais para a melhoria das condições de vida da população. Convém destacar o facto de a maioria dos assentamentos existentes ter um carácter mais ou menos disperso, podendo algumas localidades assinaladas terem habitações num raio de alguns quilómetros. As menores densidades encontramse em zonas montanhosas, mais áridas ou distantes das principais vias de comunicação. A questão dos assentamentos informais ainda não constitui um problema generalizado na área de enquadramento, porém, merece atenção especial nas áreas periurbanas na cidade de Tete e na vila de Moatize. De entre os factores que contribuem para os assentamentos humanos informais destaca-se a ocupação desordenada por populações afectadas por secas e inundações cíclicas (com especial incidência no Baixo Zambeze, sobretudo nas povoações ribeirinhas do rio Zambeze), pela existência de conflito ou por questões económicas (por exemplo, o crescimento económico de algumas zonas propiciado pela exploração mineira em Tete). PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] 50 | 216 CONSÓRCIO Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões 4.3. Tipologias dos Distritos da Bacia do Baixo Zambeze Com base no Censos de 2007 para as várias províncias (INE, 2007), e socorrendo das técnicas das Componentes Principais e da Análise de Clusters, é possível identificar seis tipos de distritos na Bacia do Baixo Zambeze. Sublinha-se que por razões metodológicas a área considerada na análise realizada no presente subcapítulo é mais abrangente que a área objecto deste Plano. O quadro seguinte apresenta as características específicas destas tipologias e a figura que se lhe segue apresenta o mapa dos vários tipos de distritos onde são identificáveis dois tipos de zonas não perturbadas pelo exterior e quatro tipos de zonas com maior interacção com o exterior: Zonas Urbanas: Estas zonas correspondem às capitais de distrito. Tete, Chimoio, Quelimane e Beira. Apresentam crescimentos populacionais relativamente mais reduzidos (2,5%), taxas elevadas de emigração e de imigração (4,1%, 4,1%), taxas mais elevadas de actividade (56%) e níveis mais baixos de população activa disponível (PEA) (55%) associada a população activa que não está integrada na economia formal. Estas zonas também têm uma proporção mais reduzida de habitações de colmo (24,4%), níveis mais elevados de serviços urbanos e níveis mais reduzidos de iliteracia (18,3%). Nas zonas urbanas existem todo o tipo de crenças religiosas a Esperança de vida (48,9) não é significativamente mais elevada do que em outras zonas mas a as taxas de mortalidade são inferiores. Corredor da Beira: Estes distritos estão localizados em torno da via-férrea Beira- Zimbabué. Apresentam um crescimento populacional intermédio (3,1%), e taxas de emigração e imigração também intermédia, quando comparadas com o resto da região (1,9%, 2,0%). A taxa de actividade também é relativamente alta (51%) e o mesmo acontece com a população activa que não está integrada na economia formal (67%). A proporção de palhotas é elevada (73%), verifica-se a existência de poucos serviços urbanos e uma taxa de iliteracia elevada (41,6%). Quando comparada com outras situações na região a população está envelhecida. Também têm todo o tipo de religiões, a esperança da vida é muito baixa (45,3) e a taxa de mortalidade relativamente alta (4,2%). Zona do Planalto: esta zona está localizada a Norte da Província de Tete perto das fronteiras do Malawi e da Zâmbia. Esta zona é distinta das restantes zonas rurais porque tem uma proporção mais elevada de cristãos, taxas de mortalidade elevadas (6,3%) mas também esperança de vida consideravelmente elevada (60,3). O crescimento da população é marcadamente elevado (4,7%) e a população potencialmente activa também muito alta (82%). Bacia de Cahora-Bassa: A quarta região tem uma elevada proporção da população sem religião e a esperança de vida mais elevada de todo a Bacia do Baixo Zambeze (61,2). Também têm um nível muito alto de consumo de água mineral. PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] 51 | 216 CONSÓRCIO Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões Rural Norte: a Quinta zona corresponde aos distritos rurais a norte do Rio Zambeze e que coincide grosso modo com a Província da Zambézia com excepção da sua capital, Quelimane. O crescimento demográfico (3,1%) e os fluxos migratórios (1,6%;1,4%) são mais baixos do que em outras zonas, a Esperança de vida é baixa (48,8) e existe uma taxa de mortalidade infantil muito elevada (13,9) Sul Rural: Os distritos desta zona a sul do Rio Zambeze correspondem aos distritos de Manica e Sofala fora do corredor da Beira. Estes distritos rurais são diferentes dos restantes porque têm uma proporção mais elevada de população sem religião, taxas elevadas de mortalidade (4,8%) e baixa esperança de vida (48,8). O crescimento da população é também bastante elevado (4,4%) e a população activa disponível apresenta também valores muito altos (75%). Quadro 7 – Indicadores Médios por Tipo de Região na Bacia do baixo Zambeze Demografia Zonas urbanas Corredor da Beira Zona do Planalto Bacia de Cahora Bassa Norte Rural % Habitação % Serviços % Socio Cultural % Variação: 2,5 Convencional: 6,1 Electricidade 35,2 Mortalidade: 3,3 Variação Natural: 2,1 Apartamento: 3,2 Petróleo 55,5 Mort. Infantil 10,1 Emigração: 4,1 Palhota 24,4 Água entubada 7,8 Esperança Vida 48,9 Imigração: 4,1 Melhorada: 0,5 Fonte: 31,6 Iliteracia: 18,3 Taxa Actividade: 56 Mista 36,3 Retrete: 12,0 Católica: 32,4 Potencial Activa: 55 Básica: 28,8 Nada: 32,5 Sem religião 24,1 Variação: 3,1 Convencional: 1,1 Electricidade 5,4 Mortalidade: 4,2 Variação Natural: 2,3 Apartamento: 0,0 Petróleo 72,6 Mort. Infantil 12,2 Emigração: 1,9 Palhota 72,3 Água entubada 0,7 Esperança Vida 45,3 Imigração: 2,0 Melhorada: 10,6 Fonte: 8,7 Iliteracia: 41,6 Taxa Actividade: 51 Mista 3,4 Retrete: 1,7 Católica: 13,5 Potencial Activa: 67 Básica: 0,1 Nada: 66,4 Sem religião 26,7 Variação: 4,7 Convencional: 0,2 Electricidade 1,1 Mortalidade: 6,3 Variação Natural: 5,1 Apartamento: 0,0 Petróleo 78,0 Mort. Infantil 12,2 Emigração: 0,9 Palhota 79,9 Água entubada 0,1 Esperança Vida 60,3 Imigração: 0,8 Melhorada: 0,2 Fonte: 1,0 Iliteracia: 61,0 Taxa Actividade: 50 Mista 14,3 Retrete: 0,2 Católica: 32,8 Potencial Activa: 82 Básica: 4,6 Nada: 32,2 Sem religião 17,7 Variação: 5,1 Convencional: 0,8 Electricidade 3,5 Mortalidade: 4,9 Variação Natural: 3,7 Apartamento: 0,1 Petróleo 37,2 Mort. Infantil 10,1 Emigração: 1,2 Palhota 80,7 Água entubada 0,7 Esperança Vida 61,2 Imigração: 1,3 Melhorada: 0,2 Fonte: 4,9 Iliteracia: 53,6 Taxa Actividade: 49 Mista 10,8 Retrete: 0,9 Católica: 13,0 Potencial Activa: 68 Básica: 6,9 Nada: 70,6 Sem religião 58,4 Variação: 3,1 Convencional: 0,3 Electricidade 2,2 Mortalidade: 1,8 Variação Natural: 2,9 Apartamento: 0,1 Petróleo 41,2 Mort. Infantil 13,9 Emigração: 1,4 Palhota 85,0 Água entubada 0,2 Esperança Vida 48,8 Imigração: 1,4 Melhorada: 0,6 Fonte: 3,0 Iliteracia: 63,7 Taxa Actividade: 49 Mista 11,6 Retrete: 0,3 Católica: 38,9 Potencial Activa: 74 Básica: 1,8 Nada: 80,3 Sem religião 15,6 PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] 52 | 216 CONSÓRCIO Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões Demografia Sul Rural % Habitação Variação: 4,4 Convencional: Variação Natural: Emigração: % Serviços % Socio Cultural % 0,5 Electricidade 1,2 Mortalidade: 4,8 3,1 Apartamento: 0,1 Petróleo 42,4 Mort. Infantil 12,5 1,6 Palhota 83,9 Água entubada 0,2 Esperança Vida 48,8 Imigração: 1,4 Melhorada: 0,6 Fonte: 5,1 Iliteracia: 59,4 Taxa Actividade: 48 Mista 10,6 Retrete: 0,4 Católica: 9,7 Potencial Activa: 75 Básica: 3,4 Nada: 80,7 Sem religião 44,2 Fonte: Retirado da Fase 1 do PM Zonas Urbanas Corredor da Beira NGO Area Bacia de Cahora Bassa Sul Rural Norte Rural Figura 7 – Tipologia dos Distritos das Províncias do Baixo Zambeze Fonte: Retirado da Fase 1 do PM Seleccionando as variáveis disponíveis ao nível de distritos que mais podem expressar o nível de desenvolvimento económico, designadamente a percentagem de população activa com emprego formal e o crescimento da população, verificamos (Figura anterior) que não se vislumbram zonas que indiciem processos de desenvolvimento com uma economia formal significativa e atracção de população. Na verdade as zonas urbanas têm taxas de imigração e emigração semelhantes e as pessoas que mais se movimentam – que têm literacia e actuam na economia formal – têm PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] 53 | 216 CONSÓRCIO Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões tendência a não se fixarem, sendo as cidades pontos de passagem para saírem da região. Ou seja, as cidades da região não são, ainda, pontos de atracção cumulativos. Por outro lado, olhando para o Gráfico da figura seguinte é possível registar várias situações em termos de desenvolvimento: Regiões pobres no Norte Rural e Sul Rural, com crescimento da população mas com níveis baixos de formalização da economia; Regiões dependentes no Corredor da Beira e das cidades capital de província, com níveis baixos de crescimento populacional independentemente do nível de formalização da economia; Regiões exploradas nas zonas do Planalto de Tete com crescimentos de população mais elevados mas reduzida formalização da economia; Regiões em desenvolvimento fora desta zona de estudo na Cidade de Maputo. 0,08 Angónia Crescimento da População 0,07 0,06 0,05 0,04 0,03 Chimoio Tete Quelimane 0,02 Beira 0,01 0 0,00 0,10 0,20 0,30 0,40 0,50 0,60 População Activa com Emprego Formal Figura 8 – Desenvolvimento Económico Regional nos Distritos da Bacia do Baixo Zambeze Fonte: Retirado da Fase 1 do PM 4.4. Actividades Económicas De acordo com o Censo 2007, uma média de 88% da população exerce a sua actividade na agricultura, exploração florestal e pesca, com excepção do distrito da Cidade de Tete com apenas 18%. O facto da agricultura e todas as PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] 54 | 216 CONSÓRCIO Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões actividades que gravitam na sua orla ser ainda, na maioria dos casos, muito pouco produtiva e não suprir as necessidades básicas em termos de rendimento e produtividade para a população, leva a que a população procure formas alternativas de rendimento e as zonas e actividades que oferecem melhores perspectivas de renda: exploração do carvão vegetal, actividade florestal, mas sobretudo o emprego na construção civil e na actividade mineira (especialmente na província de Tete). A própria actividade agrícola é pouco mecanizada e o recurso à força manual representa cerca de 80% da actividade agrícola. O recurso à tracção animal é mais vulgar nos distritos mais a norte como Tsangano, Angónia, Macanga, não sendo tão frequente em distritos como Chifunde e Chemba. Na quase totalidade dos distritos da área de enquadramento, o recurso à mecanização é ainda muito incipiente (ca. 5% apenas, de acordo com dados de 2012). A esse respeito saliente-se o notável papel dinamizador levado a cabo pela Agência de Desenvolvimento do Zambeze ao dotar alguns distritos de parques de máquinas modernos com utilização diversa em várias actividades (incluindo a actividade agrícola). Sobretudo na província de Tete (nomeadamente nos distritos de Angónia e Tsangano), um grande número de machambas são de tabaco e algodão, comercializado a grandes empresas de transformação, incluindo a MLT (“Mozambique Leaf Tobacco”) que possui uma unidade de grande dimensão na Cidade de Tete e a Dunavant (algodão), para o mercado mundial. A MLT está actualmente a expandir suas operações de processamento de tabaco em Tete (Corredor da Beira, 2010). Existe um investimento recente no distrito da Angónia no processamento de milho (este tema será desenvolvido com maior profundidade no capítulo da indústria). Na área de enquadramento a cadeia de valor do tabaco, algodão, soja e gergelim já apresentam algum grau de organização, em especial nos distritos mais a norte da província de Tete, e no caso da cana-de-açúcar em Marromeu. A batata-reno é outro caso de cultura que nos distritos de Angónia e Tsangano é considerada como cultura de rendimento. Numa escala mais reduzida segue-se a população abrangida na exploração agro-pecuária (bovinos, caprinos e aves), de pequena dimensão, apesar de nos distritos de Angónia e principalmente Changara, terem sido identificados produtores já com efectivos bovinos com alguma dimensão. O boom verificado no sector mineiro veio alterar decisivamente o paradigma de desenvolvimento traçado no PED Tete (2007 – 2011). O PED Tete (2007-2011) contemplava uma carteira de 180 projectos, dos quais 40 com financiamento garantido e 140 sem financiamento (2.044,1 milhões de USD no total para uma fatia de 509,14 milhões de USD, com financiamento garantido). Os últimos anos caracterizaram-se por uma mudança profunda da estrutura sectorial de produção na província, visto que o sector primário que mais contribuía para o crescimento do PIB provincial, com mais de 50% de peso, principalmente devido a contribuição da agricultura, silvicultura, pecuária e pescas, está gradualmente a ser PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] 55 | 216 CONSÓRCIO Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões ultrapassado pelos sectores secundário e terciário, devido ao desempenho do ramo da energia e serviços e da exploração mineira. No que diz respeito à população activa, no geral, com a excepção dos distritos de Moatize (63,0%), Chiuta (64,5%), Changara (64,2%), Cahora-Bassa (59,4%) e Cidade de Tete (49,0%), os restantes distritos apresentam proporções superiores ao total da província (72,4%) de população economicamente activa. Isto significa, por exemplo, que quase metade da população da Cidade de Tete não faz parte da força de trabalho. É preciso ressaltar que a maior proporção da população economicamente activa de 15 anos e mais da província de Tete regista-se no distrito de Macanga (87,8%) e consequentemente é o mesmo distrito que possui a menor proporção da População Não Economicamente Activa (PNEA). Na província de Manica, os distritos de Guro (72,0%) e Tambara (79,0%) apresentam-se na média da província em termos de população economicamente activa. Por sua vez, na província de Sofala, os distritos de Caia (78,5%), Chemba (82,5%) e Marromeu (79,6%) apresentam uma estrutura da população economicamente activa superior à média da província (69,7%). Na Província da Zambézia 81% da população é rural sendo, depois da Província de Tete, aquela que possui maior proporção de população rural. A população urbana concentra-se na sede provincial Quelimane (já fora da área de enquadramento) e em alguns municípios e vilas sede de distrito, havendo contudo vários distritos que são considerados como totalmente rurais. Os distritos incluídos na área de enquadramento, apresentam um valor de população economicamente activa acima da média provincial. Cerca de 60% da área da província de Tete encontra-se actualmente com algum tipo de título mineiro, incluindo pedidos em apreciação, concessões mineiras e, com maior ênfase, licenças para prospecção e pesquisa. A dificuldade em encontrar terra adequada (para novos reassentamentos ou para as medidas de compensação) é particularmente acentuada no distrito de Moatize, onde cerca de 80% da área encontra-se designada para títulos mineiros. Consequentemente a gestão e o planeamento territorial, nomeadamente as próprias acções de reassentamento, o equilíbrio entre as concessões mineiras e as restantes concessões (turismo, floresta, exploração agrícola) tem provocado impactos cumulativos sérios, sobretudo para as comunidades locais. O desenvolvimento de minas de carvão, a céu aberto, e a instalação de infra-estruturas relacionadas obrigaram o deslocamento de milhares de pessoas das comunidades locais. Entre 2009 e 2010, a Vale reassentou 1365 agregados familiares para a Cateme, e para um novo bairro urbano (25 de Setembro). Já a Rio Tinto e a Riversdale reassentaram centenas de agregados familiares para Mwaladzi e para áreas próximas da capital do distrito de Moatize. A Jindal Steel and Power Limited tinha nos seus planos, o reassentamento de 484 agregados familiares para Cassoca (para além de alguma agricultura, os moradores de Cassoca complementam o seu rendimento com a extracção de ouro e venda de PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] 56 | 216 CONSÓRCIO Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões fruta). Os novos assentamentos nas localidades de Cateme e Mwaladzi encontram-se localizados aproximadamente a 40 km dos mercados na capital do distrito de Moatize. Apesar da melhoria em termos de infraestrutura básica e na oferta de serviços de educação e saúde, persistem junto das populações afectadas queixas relacionadas com dificuldades de acesso à água potável, energia, transporte e sobretudo acesso aos recursos florestais e à terra com aptidão para agricultura. O aumento das distâncias e as limitações em termos de acesso a recursos naturais e ao transporte de pessoas e mercadorias reduziu a capacidade das comunidades de gerar rendimentos com a venda do excedente da agricultura de subsistência, lenha e carvão, além de ter afectado a actividade ligada a produção local em pequena escala de oleiros. PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] 57 | 216 CONSÓRCIO Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões 5. ORGANIZAÇÃO DO TERRITÓRIO E PERSPECTIVAS DE DESENVOLVIMENTO 5.1. Introdução Neste capítulo pretende-se a apresentação da situação actual para os diferentes sectores, bem como a identificação das diferentes aptidões vinculadas ao território. Esta análise servirá de base para compreender as tendências de desenvolvimento e identificar as principais linhas de força do futuro ordenamento do território, a apresentar no subponto Perspectivas de Desenvolvimento. 5.2. Situação actual 5.2.1. Agricultura e Pecuária Em termos locais, poder-se-ão isolar três grandes áreas onde a actividade agrícola existente assume especial destaque: O planalto de Angónia (A) – integrando os distritos de Chifunde, Macanga, Angónia e Tsangano, caracteriza-se pela moderada a elevada fertilidade dos seus solos (Ferralsols, Lixisols e Luvisols), pequenas e médias explorações de sequeiro e alguns regadios individuais e pela aptidão para um grande número de culturas básicas e de rendimento (milho, soja, trigo, batata comum, cana sacarina, mapira, mandioca, batata-doce, feijão, amendoim, girassol, jatropha, algodão, tabaco, café, ananás, citrinos, goiaba, manga, maçã, etc.). Na região destacam-se a produção de culturas básicas alimentares (milho, batata comum e feijão), a elevada densidade populacional e a intensa actividade comercial com o país vizinho Malawi. A envolvente da cidade de Tete (B) – integrando os distritos de Moatize, Changara, Chiuta, Chifunde e cidade de Tete, a zona caracteriza-se pela baixa a elevada fertilidade dos seus solos (Leptosols, Acrisols, Lixisols, Vertisols e Fluvisols), pequenas e médias explorações de sequeiro e um pequeno número de regadios individuais, assim como por uma aptidão variável para culturas básicas e de rendimento (milho, arroz, soja, batata comum, cana sacarina, mapira, batata-doce, feijão, amendoim, gergelim, girassol, algodão, tabaco, citrinos, goiaba, manga, etc.). Nesta área são de destacar a produção de tabaco (promovida maioritariamente pela agro-indústria Mozambique Tobacco Leaf) e de culturas básicas alimentares, dirigidas para a exportação e para o mercado local, respectivamente. O Baixo Zambeze e Chire (C) – integrando os distritos de Mutarara, Tambara, Chemba, Caia, Marromeu, Chinde, Mopeia e Morrumbala, é caracterizado pela elevada fertilidade dos seus solos (Vertisols, Fluvisols, Luvisols), pequenas, médias e grandes explorações de sequeiro e de regadio (algumas de grande dimensão PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] 58 | 216 CONSÓRCIO Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões como a Companhia de Sena, Olam, etc), assim como pela elevada aptidão para culturas básicas e de rendimento (milho, arroz, soja, cana sacarina, mapira, mandioca, batata-doce, feijão, amendoim, gergelim, girassol, jatropha, algodão, tabaco, banana, citrinos, goiaba, manga, caju, coco, etc.). Nesta região são de destacar, por um lado, as áreas agrícolas com explorações de pequenas e médias dimensões como a ilha de Inhangoma, do perímetro irrigado do Sombo, dos cocais de Chinde e Marromeu, das desembocaduras dos rios Metambe, Missongue, Musse e Zimuco com o rio Chire e, por outro, as explorações de grandes dimensões, como os já referidos empreendimentos da Companhia de Sena e da Olam Moçambique em Mopeia, assim como outros em desenvolvimento, como a Agro-Industrial de Mutarara, Agro-Industrial de Murraça, a Grown Energy Zambeze e TCO Agricultura. É também de referir a assinalável actividade agrícola existente junto às zonas fronteiriças dos distritos de Zumbo, Maravia, Chifunde e Magoé com os países vizinhos da Zâmbia e Zimbabué (D), respectivamente, muito em resultado da proximidade e facilidade de acesso à tecnologia e aos insumos, assim como de escoamento da produção para estes países. Figura 9 – Áreas de maior actividade agrícola e zonas de terras disponíveis Fonte: Retirado da Fase 1 do PM PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] 59 | 216 CONSÓRCIO Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões Como é óbvio, o foco da actividade pecuária na área de enquadramento está muito dependente do próprio desenvolvimento da actividade agrícola, dada a enorme dependência dos efectivos existentes sobe a disponibilidade de excedentes e de áreas de pastagem. A pecuária desempenha um papel vital para a população rural. A maioria das famílias rurais cria pequenos efectivos de aves, pequenos ruminantes (sobretudo caprinos), gado suíno e uma pequena percentagem possui gado bovino (utilizado como forma de rendimento e como tracção animal em alguns dos distritos visitados), ainda que não exista informação quantitativa que suporte alguma das evidências recolhidas nos contactos efectuados. Nos distritos, existem pequenos mercados (geralmente com carácter semanal) onde por vezes são comercializados animais, sobretudo aves e pequenos ruminantes, mas importa referir que os circuitos informais nas zonas rurais poderão ter um maior peso em termos de valor comercializado, ainda que não quantificado nas estatísticas. Na área de enquadramento os principais eixos de comércio são dominados sobretudo por comerciantes de gado, comerciantes ligados à venda de insumos para a actividade agrícola e intermediários ligados ao comércio da carne. A produção da região é canalizada sobretudo na rota Tete/Manica, abastecendo cidades como Chimoio, Beira e Maputo. As províncias de Nampula e Cabo Delgado são abastecidas igualmente a partir de Tete e de efectivos existentes na Zambézia. Na Cidade de Tete, existem entrepostos importantes de comercialização ligados aos comerciantes de carne (p. ex., MozBeef) que, que realizam as suas compras e vendas em matadouros ou aos fornecedores a grosso e que vendem ao público nos centros urbanos. Tal como referido para a agricultura, podemos agregar áreas onde essa actividade reveste-se de um papel importante para o desenvolvimento económico e social das populações: O zona semi-árida de Magoé até parte de Changara, esta última representa o distrito como maior efectivo e maior tradição em termos de produção bovina), em que as áreas cultivadas e as áreas de pastagem natural são relativamente grandes. Uma zona em que as famílias pobres (menos efectivos) dependem de mão de obra intra-familiar para os trabalhos de lavoura e que estão dependentes da existência de emprego sazonal nas propriedades das famílias mais abastadas. É uma zona de agricultura de sequeiro, em que os animais aproveitam sobretudo o restolho como suplemento extra. São zonas em que a venda dos animais representa uma considerável fatia do orçamento de cada agregado familiar, sendo os animais (bovinos, pequenos ruminantes, sobretudo cabras, suínos ou aves) vendidos ou trocados em pequenos mercados locais como Chitima, Pachinhanda ou Luenha), e em que os produtores com maior dimensão entregam ou vendem os seus animais animais a comerciantes que os encaminham para os principais mercados da região, para matadouros (Tete, Chimoio, ou mesmo para o mercado da Beira e Maputo) e ou pequenos talhos na região (por exxemplo Tete); PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] 60 | 216 CONSÓRCIO Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões Zona sul de Magoé até à fronteira de Mucumbura, zona com fraca densidade populacional, com forte influência ao vizinho Zimbabwe. É uma zona de povos pastores, em que as trocas comerciais ainda são efectuadas em géneros e mão-de-obra, sobretudo ao nível das famílias com menores rendimentos, em que o gado é vendido ou trocado de forma a garantir o sustento das família, sem qualquer base comercial de suporte e sem circuitos comerciais estabilizados. É uma zona com graves carências em termos de acessibilidades e infra-estruturas de suporte à produção agrícola. O cultivo das terras já é efectuado com recurso a tracção animal (bovinos ou burros) ainda de forma rudimentar, e por famílias com maiores posses; Zonas a norte dos distritos da Marávia, Chiuta, Chifunde e parte de Macanga, com uma precipitação já elevada (950-1400 mm/ano), com produções agrícolas excedentárias. Mercê da maior produção, os efectivos pecuários, bovinos, caprinos, suínos e aves são criados em sistemas de pastoreio livre extensivo, aproveitando os restolhos das culturas. Os principais mercados da região fornecem o mercado de Tete. Algumas famílias, sobretudo as com maior posse, já utilizam a tracção mecânica na preparação das terras, não sendo vulgar ainda a tracção animal; Vale do Zambeze Norte, incluindo toda a região semi-árida dos distritos de Chiuta, Moatize, Tete, parte de Changara e Mutarara, zona igualmente rica em efectivo pecuário, zona com precipitação muito distinta (maior a norte). Os efectivos pecuários são comercializados sobretudo para os mercados de Tete, Moatize e para o mercado de Mutarara. No matadouro de Tete, os animais são abatidos e as carcaças enviadas para os matadouros do Chimoio, Beira ou Maputo para serem processadas. O matadouro de Tete é fundamental para o abastecimento de carne dos grandes projectos que se desenvolvem na região; Zona do Planalto de Angónia – integrando os distritos de Chifunde, Macanga, Angónia e Tsangano, caracteriza-se pela moderada a elevada fertilidade dos seus solos, pequenas e médias explorações de sequeiro e alguns regadios individuais. Zonas com precipitação mais elevada, em que existe um elevado número de culturas básicas que tomam a forma de culturas de rendimento. É uma região onde o efectivo pecuário é mais utilizado como tracção animal. O Baixo Zambeze, integrando os distritos de Mutarara, Guro Tambara, Chemba, Caia, Marromeu, Chinde, Mopeia e Morrumbala, é caracterizado pela elevada fertilidade dos seus solos, pequenas, médias e grandes explorações de sequeiro e de regadio (algumas de grande dimensão). Uma zona em que o efectivo bovino já será menor, mas em que o efectivo caprino, suíno e sobretudo aves é mais preponderante. É uma região de vale, com extensas áreas com planícies e pradarias ao longo do vale do rio Zambeze, em que a agricultura está muito dependente da chuva e em que a preparação é quase exclusivamente efectuada com recurso a enxadas. Algumas zonas apresentam grandes problemas de acessibilidade, que são mais notórios durante a época das chuvas e que de certo modo condicionam a actividade comercial. Os principais mercados da região, PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] 61 | 216 CONSÓRCIO Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões para além de Mutarara, incluem Marromeu, Caia, Chemba e Nhamayabué. Tal como sucede noutras áreas, a venda de animais é feita sobretudo nas alturas de maior escassez alimentar. De uma forma genérica, a actividade pecuária é feita em moldes tradicionais, muito dependente das orientações estratégicas emanadas dos principais directrizes: Política Agrária e Estratégia de Implementação (PAEI), Plano de Acção para Redução da Pobreza Absoluta (PARPA); Estratégia da Revolução Verde; Plano de Acção para a Produção de Alimentos (PAPA), Estratégia de Desenvolvimento Rural (edr); e estratégia de segurança alimentar e nutricional (ESAN) e condicionada pelo sucesso das medidas previstas no Plano Estratégico para o Desenvolvimento do Sector Agrário (PEDSA). Faltam meios ao nível do controlo sanitário (meios humanos e infra-estruturais), ainda não existe uma cadeia de valor suficientemente fortalecida na região (mercê de condicionalismos vários, desde a falta de formação, falta de informação, acessibilidades, etc.), e de uma forma geral a produtividade dos efectivos é relativamente baixa (questões de ordem genética, maneio alimentar deficiente, outras). As infra-estruturas de abate (matadouros e casas de matança) são escassas, de um modo geral, muito básicas, especialmente no que diz respeito a condições de higiene e de conservação. Falta uma rede de frio que suporte a conservação das carcaças, e faltam infra-estruturas de abastecimento de água. Em termos de investimento, as principais dificuldades prendem-se com: A morosidade na obtenção dos títulos provisórios de acesso ao uso da terra e DUAT para o exercío da actividade pecuária comercial e industrial, motivada principalmente por falta de meios humanos e materiais, nas Direcções Distritais de Agricultura e Direcções Provinciais de Agricultura, para a execução das demarcações de terras, apesar de a legislação actual prever um período de tempo mais curto para os primeiros contactos com as comunidades locais até, à emissão do título de posse de terra; A morosidade e entraves de ordem diversa, para a obtenção dos documentos de residência no caso de investidores estrangeiros, embora o processo para a obtenção dos mesmos seja bastante simples; As dificuldades alfandegárias, para o levantamento dos bens importados. Em termos de investimento, as actividades, exclusivamente de criação de animais de corte, bovinos e caprinos, com pequenos efectivos, até 200 cabeças, são à partida muito pouco sustentáveis se se considerar que o retorno do investimento é a médio-longo prazo. A exploração pecuária tem sustentabilidade imediata com a introdução da componente comercialização, isto é, compra e venda de gado a terceiros, situação dificultada pelos maus acessos rodoviários na área de enquadramento. PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] 62 | 216 CONSÓRCIO Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões 5.2.2. Floresta O Vale do Zambeze é actualmente uma das áreas dentro do território moçambicano com maior aproveitamento do seu potencial florestal. Os distritos de Morrumbala e Mopeia evidenciam-se claramente dos restantes distrito que compõem a área de enquadramento no que diz respeito à área alvo de exploração florestal e de número de licenças simples e concessões florestais. Mais a norte na área de enquadramento, a riqueza da vasta floresta de Miombo que ocupa extensas áreas dos distritos de Zumbo, Marávia, Chifunde, Macanga (província de Tete) ou mesmo Guro (província de Manica) são actualmente exploradas por um reduzido número de concessões florestais e licenças simples. Outras áreas na província de Tete (área a Norte e Sul da albufeira de Cahora-Bassa, Magoé, Cahora-Bassa, parte significativa de Changara, Cidade de Tete e Moatize) apresentam extensas áreas de floresta de Mopane. No restante território encontramos as florestas secas, o Matagal de Acácia, extensas áreas de savana e maia sul, as zonas pantanosas e a sempre ameaçada área de floresta de Mangal. Figura 10 – Distribuição Actual da Área Florestal Fonte: Retirado da Fase 1 do PM PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] 63 | 216 CONSÓRCIO Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões Noutro âmbito, a exploração de madeiras preciosas e madeiras de elevado valor comercial, através de cortes selectivos que abrem novos caminhos e novas áreas para a exploração de machambas. O ritmo de degradação do coberto florestal evidenciado por todos os estudos e pela informação recolhida ao nível distrital evidenciam uma falha evidente ao nível das medidas de reflorestação consignadas na própria Estratégia de Reflorestação (2009). Há uma evidente falta de meios para fiscalização quer dos planos de maneio a que são obrigados os detentores de autorização para abate de árvores, quer para o controlo e combate dos cortes ilegais. Não obstante algumas medidas têm surtido um efeito positivo ao nível da preservação de algumas florestas comunitárias, e florestas sagradas (as únicas que se vão mantendo incólumes). De uma forma geral, a floresta está ser diariamente ameaçada quer pela prática da agricultura itinerante, pelas constantes queimadas descontroladas (muito associadas á procura de novas machambas, limpeza dos pastos e caça furtiva) e à exploração desenfreada do carvão vegetal, principal forma de energia utilizada quer pelas populações rurais mas sobretudo pela população urbana e periurbana. Ao longo das principais vias de acesso, é normal verem-se vendedores de carvão que paulatinamente têm conduzido à destruição de extensas áreas florestais colocando uma enorme pressão ao nível da floresta nativa e mesmo, sobre a própria floresta comunitária. De facto, as comunidades locais fazem uso extensivo de florestas, e apesar dos esforços levados a cabo pelas entidades e por ONG, ainda não foram encontradas alternativas válidas ao carvão vegetal. Os contractos da REDD + poderiam encaminhar as comunidades a fazer grandes mudanças nos seus sistemas de produção. Mas até ao momento, as iniciativas levadas a cabo na Zambézia não obtiveram grandes resultados. Segundo o modelo, os camponeses são pagos para plantar árvores - assim como para patrulhar e proteger áreas de conservação dos fogos, do corte ilegal e da abertura de novas machambas. O problema é que as árvores crescem lentamente, e carbono armazenado na árvore em cada ano, gera uma quantia insignificante (coloca-se ainda a questão sobre a lógica de plantar árvores para sequestro de carvão, quando a aposta actual está orientada para a instalação de centrais termoeléctricas em Tete e Moatize). A desflorestação realizada pelas comunidades está principalmente relacionada com a pobreza. Logo, os projectos de reflorestação ou outros devem ter uma quota-parte de responsabilidade social direccionada exactamente para o combate à pobreza. Estes poderão incluir o envolvimento da comunidade na protecção das florestas e plantio de árvores, o desenvolvimento de pequenos negócios através de microcréditos, a melhoria dos métodos agrícolas para reduzir a agricultura itinerante, e fogões melhorados para reduzir uso de carvão vegetal. O sucesso dos programas de reflorestação está sempre dependente da existência de vantagens óbvias em termos de aumento de rendimento. Porém, as comunidades terão de concordar em grandes mudanças nos seus padrões de produção para a REDD+ ter sucesso. Isso exige que as comunidades vejam vantagens óbvias e aumentem o seu rendimento com tais mudanças. No caso da estratégia REDD+, os ganhos obtidos pela reflorestação ou conversão de uma agricultura de subsistência para uma agricultura que suprima as carências alimentares e ainda contribua para incrementos sensíveis no PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] 64 | 216 CONSÓRCIO Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões rendimento, terá necessariamente que gerar rendimentos superiores aos providenciados actualmente pelo comércio de carvão vegetal e madeira. 5.2.3. Pesca O Vale do Zambeze possui características naturais propícias ao desenvolvimento da actividade pesqueira nos vários subsectores designadamente na pesca industrial, semi-industrial, artesanal, desportiva e aquacultura, designadamente: No Banco de Sofala, nos distritos de Marromeu e de Chinde é praticada a pesca industrial de camarão, cuja captura ronda as 10.000 toneladas por ano e constitui cerca de 85% do peixe exportado. Existe também pesca de finfish, tal como sardinha e carapau: Na Albufeira de Cahora Bassa nos distritos de Mágoè, Cahora-Bassa, Marávia e Zumbo, é praticada a pesca semi-industrial e a pesca desportiva, sendo que também existe pesca artesanal, praticada pelos naturais, e aquacultura. A captura anual é de cerca de 20.000 toneladas de peixe, dominando uma espécie exótica designada Kapenta, mas outras espécies são reportadas, tal como é o caso da Tilapia do Nilo; Ao longo do Rio Zambeze, nos distritos que lhe são confinantes, designadamente Mutarara, Zumbo, Mágòe, Marávia, Cahora Bassa, Cidade de Tete, Changara, Chiuta, Moatize, Guro, Tambara, Mopeia, Morrumbala, Chemba, Caia, Marromeu e Chinde, é praticada a pesca artesanal existindo 600 centros de pesca e uma captura anual de cerca de 34.000 toneladas, sendo em número e volume de produção a maior componente produtiva do sector pesqueiro. Os distritos com maior potencial são Magoé e Cahora Bassa (onde dominam as Tilápias e o Peixe Tigre), Zumbo e Marávia (onde dominam os Labeo, os Mormyridae e os Synodontis), Mopeia e Morrumbala (onde dominam as Tilápias, Carpas e Bagre Africano) e Marromeu e Chinde (onde dominam pequenos peixes pelágicos, as sardinhas Hilsa keele e o camarão fino); Os distritos onde actualmente já se verifica a prática de Aquacultura em água doce e com potencial para a sua exploração são Macanga (onde já existiam em 2012, 246 tanques piscícolas), Angónia (onde já existiam em Julho de 2012, 150 tanques piscícolas) e Tsangano (onde já existiam em Outubro de 2013, 136 tanques piscícolas). PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] 65 | 216 CONSÓRCIO Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões Figura 11 - Situação actual da Pesca Fonte: Retirado da Fase 1 do PM 5.2.4. Mineração Moçambique possui um enorme e diversificado potencial em recursos minerais, encontrando-se uma parte significativa do território do Vale do Zambeze registada no Cadastro Mineiro e, de alguma forma, com o uso condicionado por este sector. A maior parte dos títulos mineiros atribuídos, referem-se a licenças de prospecção e pesquisa, ainda numa fase muito preliminar de um projecto mineiro. Importa pois relativizar o real significado dessas manchas de ocupação em termos de efectiva afectação do território, no contexto do ciclo mineiro, dado que previsivelmente a maioria dessas manifestações de interesse não chegarão à fase de exploração. No entanto, estas áreas não deixam de constituir um ónus sobre o território, pelo menos no período de validade das respectivas licenças, e uma possível condicionante, ainda que transitória, para o desenvolvimento de outras actividades concorrentes. No que se refere aos projectos de carvão, em fase de exploração, os recursos existentes e os ritmos de exploração, actuais e projectados, deixam antever um horizonte da actividade de longo prazo. PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] 66 | 216 CONSÓRCIO Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões No que se refere às infra-estruturas, têm-se revelado claramente insuficientes perante as necessidades do sector mineiro, sendo que a capacidade de resposta através do investimento público, ainda não tem sido a necessária. Este aspecto é particularmente sensível no que se refere aos megaprojectos de carvão, localizados na área de intervenção, e que exigem grande capacidade de transporte em direcção aos portos do litoral, e aí, de embarque. Esta perspectiva é de resto consistente com os investimentos programados ao nível das infra-estruturas ferroviárias e portuárias, e ainda de centrais térmicas, que poderão ser aproveitadas por outros sectores da economia moçambicana. Quanto aos projectos de pequena escala ou artesanais, são normalmente de subsistência e na esfera da economia informal, sem acesso a financiamento. São levados a cabo de forma individual ou por cooperativas, de mão-de-obra intensiva, normalmente com défice de informação, formação e apoio técnico, quer nos processos de mineração, quer em áreas igualmente importantes como a higiene, a segurança no trabalho e a gestão ambiental. Os títulos para exploração existentes estão concentrados na Província de Tete, sendo respeitantes maioritariamente a carvão e ouro, abrangendo diversos outros minerais ocorrentes na região. Evidenciam-se seguidamente os distritos com explorações/prospecções de minério activas, conforme informação fornecida pelo MIREM: Os distritos de Moatize e Cahora Bassa onde estão concentrados os megaprojectos de extracção de carvão a céu aberto, em operação; Os distritos de Cahora Bassa, Changara, Cidade de Tete e Morrumbala onde se encontram explorações de recursos minerais destinados à construção civil; Os distritos de Moatize, Cahora Bassa, Chiúta e Cidade de Tete onde estão atribuídas concessões mineiras para outros projectos de extracção de carvão; Os distritos de Guro, Cahora Bassa, Marávia e Chifunde onde estão atribuídas concessões de ouro; Os distritos de Changara, Chiuta, Marávia, Mutarara, Chinde e Morrumbala onde estão atribuídas concessões mineiras para outros recursos minerais; O distrito de Chinde onde se encontra, em fase de produção experimental, um projecto de extracção de areias pesadas; O distrito de Chiúta onde se encontra, em fase de prospecção, um projecto de extracção de ferro, vanádio e titânio; Nas margens e bancos do rio Zambeze e seus afluentes, principalmente a montante da cidade de Tete, especificamente nos distritos de Cahora Bassa, Chiuta e Marávia, verifica-se a ocorrência de garimpo artesanal de ouro; Os distritos de Chinde, Marromeu e Mopeia onde se encontram registos de prospecções comerciais de hidrocarbonetos. PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] 67 | 216 CONSÓRCIO Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões Figura 12 - Situação actual da Mineração Fonte: Retirado da Fase 1 do PM 5.2.5. Energia O Vale do Zambeze é marcado no sector de energia pela presença da Hidroeléctrica de Cahora Bassa (HCB), localizada no distrito de Cahora Bassa, que com uma potência instalada de 2075 MW contribui significativamente para o produto interno da Província de Tete, da região do Vale do Zambeze e do país. Actualmente a HCB fornece energia eléctrica a Moçambique, África do Sul e Zimbabwe. O transporte para a África do Sul é realizado através de duas linhas de transporte de energia em rede contínua, que têm origem na subestação conversora do Songo, destinando-se directamente à subestação Apollo localizada na África do Sul. A subestação do Songo através de linhas de transporte em corrente alternada alimenta também a subestação de Matambo (distrito de Changara, junto à cidade de Tete) a partir da qual é fornecida energia eléctrica para as regiões centro e norte de Moçambique. A HCB aumentou consideravelmente a sua produção desde 2006, com a maior parte da produção adicional beneficiando os clientes da EDM, i.e., o mercado nacional. Esta produção adicional foi possível com a entrada em funcionamento do 5º gerador instalado na barragem de HCB, que era mantido em reserva ou “stand-by”. As vendas da HCB para EDM cresceram 14,4% ao ano em média, tendo atingido o pico em 2011 com 3.587 GWh, o que corresponde PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] 68 | 216 CONSÓRCIO Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões a 89% da energia total da EDM. Enquanto que em 2006, 75% da produção de electricidade da HCB foi exportado, em 2011 este valor decresceu para 70%, devido a problemas técnicos verificados nesta barragem, afectando a geração e conversão de energia. A HCB exportou para região austral 11.132 GWh em 2011, dos quais 88% tiveram como destino a Africa do Sul. O potencial hidroenergético do Vale do Zambeze tem sido estudado desde a década de 60, quando foi elaborado o plano geral de desenvolvimento do potencial da Bacia do Zambeze que identificou 64 potenciais locais para desenvolvimento de projectos hidroeléctricos (incluindo Cahora Bassa). Estudos adicionais realizados na década de 80 e posteriormente na primeira década de 2000 seleccionaram alguns dos locais com mais potencial. Assim, tem sido priorizado, para além da construção de uma nova central na margem norte de Cahora Bassa (Cahora Bassa Norte) o desenvolvimento de novas hidroeléctricas de fio de água, em sistema de cascata no rio Zambeze, a jusante da HCB. À data de elaboração do presente relatório, os projectos hidroeléctricos de Cahora Bassa Norte, Mphanda Nkuwa, Boroma, Lupata e Chemba já possuem estudos de viabilidade, tendo já sido aprovados contratos de concessão para a construção e produção de energia para os promotores de Mphanda Nkuwa, Boroma, Lupata, envolvendo a participação do sector privado. Adicionalmente foi desenvolvido o estudo de viabilidade do projecto hidroeléctrico de Chemba. Quadro 8 – Grandes projectos hidroeléctricos em fase de desenvolvimento Projecto Área da Rio Distritos Potencia Instalada Cahora Bassa Norte Zambeze Cahora Bassa 1245 MW - Mphanda Nkuwa Zambeze Changara, Cahora Bassa, Chiuta e Marávia 1500 MW (2250 MW na 2ª fase) 96 km2 Boroma Zambeze Changara, Moatize e Chiúta 215 MW 29 km2 Lupata Zambeze Mutarara e Tambara 610 MW 335 km2 Chemba Zambeze Mutarara, Chemba e Tambara 600 MW 300 km2 Albufeira Fonte: Retirado da Fase 1 do PM O carvão mineral presente no Vale do Zambeze constitui outra fonte de energia. Estão já em desenvolvimento quatro projectos de termoeléctricas associados às minas de carvão enquanto forma de rentabilização do carvão térmico residual da exploração do carvão metalúrgico – coque). O projecto da Vale com a potência prevista de 300 MW em fase de implementação. PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] 69 | 216 CONSÓRCIO Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões Quadro 9 – Projectos termoeléctricos em fase de desenvolvimento Designação Proponente Potencia (MW) Localização Projecto Carvão Moatize EDM, Vale, Whatana Investments 2400 (300 1ª fase) Moatize Projecto Benga ICVL 2000 (300 1ª fase) Moatize, Benga Central Termoeléctrica de Chirodzi JINDAL Moçambique 300 (42 a 1ª fase) Cahora Bassa e de Changara, Localidade de Nhatsanga Central Termoeléctrica de Ncondezi Ncondezi Coal Company 3600 (1800 a 1ª fase. Até 2017 instalados 300) Moatize, Posto Administrativo Cambulatsitsi, Localidade de Monga. Fonte: Retirado da Fase 1 do PM Há ainda, no Ministério da Energia, propostas de instalação de unidades de produção de combustíveis sintéticos, cerca de 20.000 barris por dia, envolvendo o consumo de 12 milhões de toneladas por ano. A tecnologia proposta passa pela gasificação deste carvão térmico, removendo as cinzas, os alcatrões e enxofre, segundo normas consideradas de “clean coal technology”. Para além destes grandes projectos de produção de energia, estão identificados no Atlas das Energias Renováveis de Moçambique outros 89 locais com potencial hidroenergético no Vale do Zambeze, correspondentes essencialmente a mini-hídricas que permitem a instalação de potências de 1 a 100 MW. Estes locais estão essencialmente situados na zona montanhosa e planáltica a norte do rio Zambeze, nos distritos de Zumbo (13), Marávia (12), Chifunde (12), Macanga (1), Angónia (5), Tsangano (4) e Chiuta (13), correspondendo a 73% do total de locais identificados. Está também identificado um potencial para a produção de biocombustíveis, estando já a ser desenvolvidos, nos distritos de Chemba e Mutarara, projectos de investimento em plantação de cana-de-açucar para produção de etanol. Ao nível do transporte de energia eléctrica, o Vale do Zambeze integra os Sistemas de Transporte de Energia da Concessão da Hidroeléctrica de Cahora Bassa (HCB) e, o que é denominado, Sistema de Transporte Centro da Rede Nacional de Transmissão (RNT) operada pela Electricidade de Moçambique, cujo centro de responsabilidade está situado em Quelimane. PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] 70 | 216 CONSÓRCIO Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões Figura 13 - Situação actual da Energia Fonte: Retirado da Fase 1 do PM O sistema de transporte de energia concessionado e operado pela HCB é constituído por: Duas linhas monopolares de transmissão de energia em corrente contínua a (+/-) 533 kV entre a subestação do Songo e a fronteira com a República da África do Sul, numa extensão de cerca de 900 km; Subestação de Tete (Matambo), compreendendo nomeadamente o parque de linhas com um painel de chegada de linha a 220 kV, um painel de transformação 44/22/22 MVA, 220/60/30 kV, um painel de saída de linha a 220 kV para a subestação da Chibata (EDM), localizada na Província de Manica, um painel de saída de linha a 30 kV para a subestação de Tete (EDM) e um painel de saída de linha a 60 kV para a subestação de Tete (EDM); Uma linha de transmissão a 220 kV entre a subestação do Songo e a subestação de Matambo (Tete) com um comprimento de cerca de 120 km; Uma linha de transmissão a 220 kV entre a subestação do Matambo (Tete) e a subestação da Chibata (Manica – EDM) com um comprimento de cerca de 320 km; PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] 71 | 216 CONSÓRCIO Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões A Rede Nacional de Transporte de Energia (Sistema Centro/Norte) da responsabilidade da EDM é constituída por: Uma linha de transmissão a 400 kV entre a subestação do Songo (HCB) (Tete) e a subestação de Bindura (Zimbabwe operada pela ZESA) com um comprimento de cerca de 125 km até à fronteira com o Zimbabwe. Esta linha é operada pela HCB a 330 kV; Duas linhas a 220 kV entre a subestação de Matambo (HCB) e a subestação de Caia/Chimuara (EDM), com um comprimento de 290 km; Uma linha a 220 kV entre a subestação de Caia/Chimuara (EDM) e a subestação de Mocuba (EDM), com um comprimento de 262 km, com uma derivação em Nicoadala de 20 km, a 220 kV, que alimenta a cidade de Quelimane; Uma linha a 110 kV entre a subestação de Caia/Chimuara (EDM) e Marromeu, com um comprimento de 90 km. Relativamente à rede de distribuição de energia eléctrica, actualmente todas as sedes distritais do Vale do Zambeze são abastecidas por energia eléctrica gerada na HCB, à excepção do distrito do Zumbo que é abastecido pela Zâmbia, decorrente de um acordo estabelecido entre a EDM e a ZESCO (Zambia Electricity Supply Corporation). A rede é contudo muitas vezes ainda pouco estável, requerendo reforços. 5.2.6. Indústria transformadora Actualmente o sector da indústria transformadora pode ser dividido em dois grandes grupos, a referir: Indústrias de pequena dimensão e agro processamento – em grande número e dispersas pelo território, são normalmente operados pela população local, de baixo a muito baixo nível tecnológico e normalmente para transformação de produtos agrícolas, pesqueiros e florestais. Unidades industriais de grande dimensão – na sua totalidade agro-indústrias, estão localizadas próximo dos grandes centros de produção. No interior da área de estudo poder-se-ão destacar as fábricas de descaroçamento de algodão de Morrumbala (1) e de Guro (2), a Mozambique Leaf Tobacco (cidade de Tete) (3), Companhia de Sena (distrito de Marromeu) (4) e fábrica de processamento de milho de Ulónguè (5). PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] 72 | 216 CONSÓRCIO Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões Figura 14 - Situação actual da Indústria Fonte: Retirado da Fase 1 do PM 5.2.7. Turismo A área de estudo, à semelhança de Moçambique, apresenta um grande potencial turístico, dispondo de uma extensa e variada gama de recursos turísticos, naturais, culturais e de valor histórico, que podem colocar o país como um dos destinos turísticos de referência ao nível do continente africano, contudo este potencial ainda se encontra muito pouco explorado. Os recursos naturais do Vale do Zambeze, a diversa fauna e flora, as áreas de conservação, mas também as reservas nacionais, reservas especiais e florestais, coutadas, o seu património histórico-cultural, os locais de interesse geológico (Geositios), e paisagens têm um papel muito importante na promoção e desenvolvimento do turismo. Ao longo das províncias que abrangem a área de estudo, verifica-se a presença de áreas de conservação, parques e reservas naturais, reservas especiais, coutadas, albufeiras, etc. favoráveis ao desenvolvimento de turismo cinegético, de aventura, de negócios, e histórico-cultural, entre outros. PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] 73 | 216 CONSÓRCIO Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões O desenvolvimento do turismo no Vale do Zambeze encontra-se, actualmente, centrado em duas áreas de maior interesse – Albufeira de Cahora Bassa (associado essencialmente à pesca recreativa), e o ecoturismo/safaris/turismo cinegético associados às coutadas, reservas especiais, como em áreas de gestão comunitária e outras áreas com operadores de safaris, dada a riqueza de recursos faunísticos existentes. São ainda de destacar áreas com elevado valor para a biodiversidade reconhecidas em âmbito internacional como o Complexo de Marromeu (ao abrigo da Convenção de RAMSAR1) e as Important Bird Areas (IBA) existentes na área de estudo. Actualmente verificam-se, em algumas zonas da área de estudo, locais que possuem características que podem contribuir ainda mais para o desenvolvimento do sector, face a outras regiões que pouco ou nada apresentam. O desenvolvimento de negócios na província de Tete é um claro exemplo disso. O aumento de infra-estruturas hoteleiras verificado nos últimos anos, principalmente na Cidade de Tete e na vila de Moatize, assim como a entrada em funcionamento de novas rotas aéreas nacionais, e internacionais, no aeroporto de Tete, aumentou a capacidade da região para atrair mais pessoas (principalmente ligadas a negócios). Assim, havendo já estas infra-estruturas, e com o potencial turístico que a região apresenta (pesca recreativa e passeios de barco em Cahora-Bassa, Safaris de caça e de Ecoturismo proporcionados pelos vários operadores de safari existentes na região, etc.), calcula-se que, com os devidos programas de marketing que dêem a conhecer mais e melhor as condições de turismo da região, estas pessoas aí permaneçam por períodos mais alargados de tempo de modo a poderem usufruir dos produtos e programas existentes. No entanto, são diversos os constrangimentos e ameaças que se colocam ao desenvolvimento do sector turístico nas províncias e distritos em análise, dos quais se destacam os seguintes: Fraca capacidade financeira do estado; Focos de instabilidade política e social; Infra-estruturas de hotelaria, restauração e comércio reduzidas e pouco desenvolvidas para os padrões dos turistas; sendo incipiente a construção de novos estabelecimentos turísticos na maior parte dos distritos; Insuficiência e fraco nível de desenvolvimento de infra-estruturas básicas (vias de acesso, abastecimento de água potável, unidades escolares e sanitárias, fontes de energia e electricidade e, telecomunicações) Os recursos humanos locais qualificados nas diferentes vertentes e linhas de serviço do sector são muito escassos; A vulnerabilidade às catástrofes naturais, que podem destruir infra-estruturas e afectar fortemente a mobilidade, é elevada e estas (cheias, secas, ciclones, etc.) tendem a ocorrer com uma certa regularidade; 1 Convenção de RAMSAR – Convenção sobre Terras Húmidas de Importância Internacional especialmente enquanto Habitat de Aves Aquáticas PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] 74 | 216 CONSÓRCIO Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões Alteração do regime de cheias, devido ao represamento do rio Zambeze, que pode ameaçar o equilíbrio ecológico de certos locais (como o delta do rio e o complexo de Marromeu); Os recursos naturais que utiliza sofrem a concorrência e usos de outros sectores, com potencial de afectação negativo (Indústrias extractivas, produção florestal, agricultura, etc.), bem como de assentamentos humanos (alguns estabeleceram-se dentro das áreas de conservação); Património histórico-cultural não está devidamente identificado; Ausência de postos de turismo e de divulgação turística; Conflitos na ocupação do uso do espaço. Figura 15 – Situação Actual do Turismo Vale do Zambeze Fonte: Retirado da Fase 1 do PM 5.2.8. Transportes O panorama actual da região apresenta uma preponderância exagerada do modo rodoviário com uma degradação acelerada dos pavimentos, em detrimento de modos de transporte que apostam preferencialmente na utilização de energias menos poluentes e mais adequados a uma região que tem de apostar na exportação do carvão. O modo rodoviário desempenha um papel fundamental no acesso aos restantes modos de transporte e à acessibilidade local, PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] 75 | 216 CONSÓRCIO Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões sendo deficitária em muitos locais da região, com condições de transitabilidade precárias. De referir que é a rede mais local que permite que pessoas e cargas acedam à rede estrutural, sendo condição necessária para a criação de novas oportunidades de emprego. A rede rodoviária primária, nesta fase, desempenha um papel muito importante ao garantir o acesso franco aos corredores de desenvolvimento, tornando-se responsável não só pela complementaridade dos corredores transversais mas também na consolidação de um sistema multimodal de transportes. Manter a rede rodoviária primária funcional revela-se fundamental uma vez que se pretende maximizar a performance do sistema no escoamento de produtos de modo a reduzir os respectivos custos, aumentando, desta forma, a competitividade do país. A figura seguinte apresenta-se a rede rodoviária hierarquizada, verificando-se que a rede primária representa 15% do total das vias enquanto a secundária e terciária representam 32% e 36%, respectivamente. Relativamente ao subsistema ferroviário, a situação actual lida com falta de capacidade (principalmente ao nível das mercadorias), consequência do ciclo vicioso que naturalmente toma conta deste tipo de infra-estruturas de transporte: falta de investimento → pouca fiabilidade nos serviços → procura reduzida → receitas baixas → desinteresse do investidor → falta de investimento. Quando a procura desce abaixo dos limites necessários para garantir sistemas sustentáveis constata-se uma degradação do serviço (quer na infra-estrutura como no material circulante) e um consequente declínio da procura que inviabiliza o bom desempenho do sistema, com uma incapacidade de atrair o investimento necessário para inverter a situação. O Vale do Zambeze é servido pela Linha de Nacala e Linha do Sena que ligam Tete ao porto da Beira e ao Porto de Nacala. A Linha do Sena recentemente beneficiada é actualmente a única ligação para a exportação do carvão mas prevê-se que a Linha de Nacala entre em funcionamento durante o próximo ano, reforçando a capacidade de escoamento das explorações de Tete e Moatize. Associados às linhas férreas encontram-se os portos marítimos, verdadeiros nós logísticos intermodais que lidam com as transferências das cargas e que permitem a exportação para o mercado internacional. A capacidade dos portos deverá ser compatível com o fluxo de mercadorias dos corredores ferroviários associados de modo a que não constituam pontos de constrangimento às exportações, sendo necessário melhorar o nível do desempenho do manuseamento bem como dos processos alfandegários. Actualmente o Porto da Beira, em articulação com a Linha do Sena. É responsável por toda a exportação de carvão, estando em fase de construção o Porto de Nacala de águas profundas que viabilizará um corredor logístico alternativo (via Malawi). O Porto de Quelimane encontra-se estrategicamente localizado no centro da costa moçambicana, tendo sido modernizado em 2006, operando, no entanto, com limitações devido aos assoreamentos do rio e à sua pequena dimensão. Com vocação para o serviço de cabotagem, o porto de Quelimane revela-se fundamental para o PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] 76 | 216 CONSÓRCIO Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões desenvolvimento deste tipo de serviço, tendo recentemente recebido navios de cabotagem, demonstrando o sucesso do esforço que tem sido desenvolvido pelo Ministério de Transportes e Comunicações em dotar o país de modos alternativos de transporte para as linhas de desejo Norte-Sul. O transporte fluvial apresenta-se como um subsistema com pouca expressão ao nível de tráfego sendo, no entanto, fundamental na economia local. O Rio Zambeze apresenta-se como uma fronteira natural que divide o país transversalmente, implicando investimentos avultados associados à construção das pontes que permitem o seu atravessamento. Actualmente as Pontes Rodoviárias em Tete (Samora Machel e Base Kassuende) e Armando Emílio Guebuza na EN7 (entre Caia e Chimuara) e a ferroviária D. Ana (Vila de Sena – Mutarara) permitem a transposição do Rio Zambeze, mas o modo fluvial, em barcaças, ainda é utilizado em alguns pontos do rio embora sem grande expressão a nível de passageiros e cargas transportados. De referir que até 1994, a albufeira de Cahora Bassa não era muito utilizada ao nível da sua potencialidade de navegação, tendo em atenção a instabilidade político-militar que se vivia no país. A albufeira abrange quatro distritos (Cahora Bassa, Magué, Marávia e Zumbo) sendo o meio de transporte mais rápido e eficaz na ligação dos referidos distritos. Relativamente ao transporte aéreo constata-se que o único aeródromo principal aberto ao tráfego internacional na região localiza-se em Tete, estando previsto a abertura do Aeroporto Internacional de Nacala num futuro próximo. Estas infra-estruturas aeroportuárias deverão articular com uma rede de aeródromos secundários e terciários por forma a ligar os núcleos de actividade mais relevantes aos centros de decisão. É um modo de transporte que permite captar população com maior poder económico nomeadamente para o turismo, actividade que se está a desenvolver em todo o país devido às condições naturais que possui. Apesar da região possuir uma rede de aeródromos/campos de aviação importante encontram-se em condições de funcionamento impróprias para garantir a segurança necessária à operação adequada deste modo de transporte. A figura seguinte apresenta a rede aeroportuária da região tendo em atenção a lista de aeródromos abertos que consta na circular de informação aeronáutica disponível no site da IACM. PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] 77 | 216 CONSÓRCIO Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões Figura 16 – Situação actual dos transportes no Vale do Zambeze Fonte: Retirado da Fase 1 do PM 5.2.9. Conservação Actualmente cerca de 12% da área de estudo está protegida no âmbito da Lei da Conservação (Lei 16/2014, aprovada a 20 de Junho de 2014), existindo no Vale do Zambeze os dois tipos de Áreas de Conservação (AC) previstas na Lei: Áreas de Conservação Total e Áreas de Conservação de Uso Sustentável. Neste contexto, salienta-se a presença de uma Área de Conservação Total – o Parque Nacional (PN) de Mágoè, localizado maioritariamente no distrito de Mágoè (ocupando cerca de 38,2% do distrito) e com uma pequena parte no distrito de Cahora Bassa (cerca de 3% nesse distrito). Esta é a única área de conservação na zona Norte da área de estudo. Refere-se ainda a Reserva Nacional de Búfalos de Marromeu, no distrito de Marromeu, que como não foi ainda reclassificada de acordo com as categorias da nova Lei da Conservação (Lei 16/2014) mantem a nomenclatura decorrente da Lei de Florestas e Fauna Bravia, estando actualmente incluída nas Áreas de Conservação Total. Salienta-se no entanto que é expectável que nos próximos anos seja feita uma revisão da tipologia desta Área de PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] 78 | 216 CONSÓRCIO Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões Conservação podendo por exemplo, vir a ser classificada como Reserva Especial (de uso sustentável) ou Parque Nacional. As restantes áreas de conservação presentes na área de estudo dizem respeito a Áreas de Conservação de Uso Sustentável e localizam-se essencialmente: No Delta do Zambeze: 1. em especial no distrito de Marromeu em que 88,4% do distrito são Áreas de Conservação (a Reserva Florestal de Inhamitanga, a Reserva Florestal de Nhapacué e as Coutadas Oficiais nº 10, 11, 12 e 14, e a já referida Reserva Nacional do Marromeu) 2 e no distrito de Chinde (as coutadas Oficiais do Luabo e a do Micaúne, que ocupam cerca de 18,3% do distrito). Na zona central da área de estudo, a sul do rio Zambeze, destaca-se a presença de três Coutadas Oficiais (nº 7, 9 e 15) nos distritos de Tambara (englobando 82,2% do distrito), de Guro (17,3% do distrito), de Chemba (23,5% do distrito) e de Caia (34,6% do distrito). Salienta-se no entanto que nalgumas destas coutadas é necessário redesenhar os seus limites, pois perderam já parte da sua área para machambas. Refira-se também que algumas coutadas desta região solicitaram também permissão para rever o seu território e/ou diversificar a sua exploração, de forma a incluir também a exploração florestal. Destaca-se ainda no distrito de Morrumbala a Reserva Florestal de Derre, que ocupa cerca de 11,6% desse distrito e ainda uma pequena parte do distrito de Mopeia (1.7%). Mesmo hospedando apenas uma Área de Conservação, a região norte é a que inclui os Distritos com maior número de espécies com estatuto de conservação, destacando-se os distritos de Zumbo, Mágoè, Cahora Bassa e parte de Changara, onde ocorrem por exemplo, populações importantes de elefantes, leões, mabecos, etc. Salienta-se também a presença de habitats sensíveis (florestas de miombo), nos distritos de Zumbo, Marávia, Chifunde, Macanga, Angónia e Tsangano. Refere-se também que, apesar de na maioria destes Distritos não existirem Áreas de Conservação, foi anteriormente implementado o projecto de gestão cinegética do “Tchuma Tchato”, nomeadamente em Zumbo, Marávia, Changara, Chifunde e Chiuta, no entanto, aparenta estar menos activo nos últimos anos. No que concerne às áreas importantes para o elefante, que não se encontram protegidas a nível nacional, destacam-se alguns dos principais corredores conhecidos nos distritos de Mágoè e Cahora Bassa, que não estão abrangidos no PN de Mágoè. Do mesmo modo, algumas áreas conhecidas para esta espécie nos distritos de Guro, Chemba e Caia não estão englobadas nas Coutadas 7, 9 e 15. Refere-se ainda uma área no distrito de Mutarara, que apesar de se destacar pelo número de espécies com estatuto de conservação, não está ainda abrangida por qualquer tipo de Área de Conservação. Dentro da área de estudo, existem ainda algumas zonas com estatutos de significância a nível internacional, nomeadamente um sítio Ramsar e uma Important Bird Area (IBA) no distrito de Marromeu; a IBA da Cabeceira da PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] 79 | 216 CONSÓRCIO Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões Barragem de Cahora Bassa em Mágoè e a IBA das Florestas de Furancungo entre os distritos de Macanga e Chiuta, estes últimos que se destacam pelo seu elevado valor ecológico, mas que carecem de proteção a nível nacional. Por último refere-se também a existência de uma área de elevado valor ecológico relacionado com o Grande Arquipélago de Inselbergs, que engloba parte do distrito do Morrumbala e a IBA da Serra de Chiperone (muito próxima da área de estudo), e que também não se encontra enquadrada dentro do sistema de Áreas de Conservação do país. PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] 80 | 216 CONSÓRCIO Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões Figura 17 – Situação Actual: Áreas de Conservação, Áreas classificadas internacionalmente e distribuição conhecida de Elefante, Leão e Mabeco Fonte: Retirado da Fase 1 do PM PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] 81 | 216 CONSÓRCIO Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões 5.3. Perspectivas de desenvolvimento face à aptidão do território 5.3.1. Agricultura e Pecuária a) Agricultura Relativamente ao potencial agrícola, da avaliação das diferentes características morfológicas, hidrológicas e edafoclimáticas do vale do Zambeze, isolaram-se as seguintes grandes zonas: Os Planaltos de Angónia e de Marávia (1) – que integram os distritos de Zumbo, Marávia, Chifunde, Macanga, Angónia e Tsangano, destacam-se pelos seus solos da moderada a elevada fertilidade (Ferralsols, Lixisols, Luvisols) e clima de húmido e super-húmido, assim com as extensas superfícies aplanadas, proporcionando boas condições para a prática de agricultura de sequeiro e, eventualmente, com rega suplementar de pequena e média dimensão. A região assume particular interesse para culturas básicas alimentares, como sejam os cereais, leguminosas, oleaginosas, raízes, tubérculos e diversas fruteiras. Planícies a Sul da Albufeira de Cahora Bassa (2) – que integram parte dos distritos de Magoé, Cahora Bassa e Charanga, destacam-se pelos solos de elevada fertilidade (Luvisols e Phaeozems) e planura do terreno. O clima é, no entanto, do tipo semi-árido, com pluviometria média da ordem dos 500 mm. Embora com algumas limitações, a região é propícia para a agricultura irrigada de pequena a grande dimensão (através da exploração dos aquíferos existentes e de captações directas da albufeira de Cahora Bassa) e para as pastagens melhoradas de sequeiro. Desta forma, para além das forrageiras, a região tem potencial para culturas básicas e de rendimento de regadio. Barros (Vertisols) de Moatize (3) – integrado nos distritos de Moatize e Chiuta, destaca-se a elevada fertilidade e capacidade utilizável dos seus solos (Vertisols), assim como um clima que varia de semiárido a subhúmido, à medida que a mancha se desenvolve para norte. A zona apresenta assim potencial para agricultura de sequeiro e agricultura de regadio de pequena a grande dimensão (com recurso a aquíferos localizados, pequenas e grandes barragens (como é o exemplo do proposto perímetro irrigado de Condedzi-Revuboé)). Em termos culturais, a região é propícia para culturas básicas e de rendimento de regadio, incluindo o tabaco. Planícies Aluvionares do Zambeze e Chire (4) – composto pelo troço do vale do rio Zambeze, entre garganta de Lupata e o delta, assim como o troço moçambicano das planícies aluvionares do rio Chire e afluentes, integram porções consideráveis dos distritos de Mutarara Morrumbala, Mopeia, Chinde, Marromeu, Caia, Chemba e Tambara. Esta vasta região destaca-se pela fertilidade dos seus solos (Fluvisols e Vertisols), suavidade dos declives, uniformidade climática e disponibilidade de recurso hídricos, propiciando boas condições para a prática de agricultura básica, de rendimento e agro-industriais de sequeiro e regadio de pequenas a grandes dimensões (através de captações directas dos rios Zambeze e Chire, pequenos e PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] 83 | 216 CONSÓRCIO Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões grandes barragens e aquíferos localizados). A zona, para além das culturas básicas alimentares, apresenta elevado potencial para a prática de agricultura em grande escala com fins agro-industriais, destacando-se a cana sacarina, o arroz, caju e coco, estas duas últimas na faixa litorânea do delta do Zambeze. Margem Direita do Baixo Zambeze (5) – desenvolvendo-se ao longo dos distritos de Tambara, Chemba e Caia, destaca-se pela fertilidade dos seus solos (Luvisols e Fluvisols) e uniformidade do relevo. O clima é, no entanto, de árido a semiárido e apresenta pluviometrias médias entre 500 mm e os 700 mm. Embora com limitações, a região é propícia para a agricultura irrigada de pequena a grande dimensão (através da exploração dos aquíferos localizados existentes, pequenas barragens e de captações directas a da eventual albufeira de Chemba). A zona é propícia para culturas básicas e de rendimento de regadio, destacando-se o milho, mapira, cana sacarina e o gergelim. Por outro lado, tendo em linha de conta os diversos projectos e estudos realizados para a construção de grandes regadios no rio Zambeze e enumeram-se os seguintes agrupamentos de perímetros (segundo a bacia hidrográfica): Zambeze Fase 1 – cuja 1.ª fase, com um total de 526 650 ha, é composto por 8 blocos distribuídos pelos distritos de Mutara, Mopeia, Chinde, Marromeu, Caia, Chemba e Tambara, na sua totalidade integrado na zona das Planícies Aluvionares do Zambeze e Chire, referido atrás. Mese – com um total de 15 680 ha de Fluvisols, é composto por 4 blocos, todos integrados no distrito de Zumbo. Panhame – com um total de 18 245 ha, beneficiará o Fluvisols existentes ao longo das margens do rio Penhame, por sua vez integrado no distrito de Magoé. Mavuzi – com um total de 16 300 ha, é composto por dois blocos, por sua vez distribuídos pelos distritos de Chiuta e Macanga. Revuboé – com uma área total de 14 975 ha, agrega 3 blocos, sendo que o bloco de Condédzi-Revuboé integra a zona de Barros (Vertisols) de Moatize, referido acima. Estes perímetros pertencem na sua quase totalidade o distrito de Moatize. Luia – com um total de 12 073 ha, possui 3 blocos todos localizados no distrito de Chifunde. Luenha – com um total de 38 725 ha, é composto por 3 blocos distribuídos por três distritos, ou seja, Cahora Bassa, Changara e Guro. Chire – com um total de 17 390 ha, é composto por 5 blocos localizados no distrito de Morrumbala e, à imagem do agrupamento de perímetros do Zambeze, totalmente integrado na zona das planícies aluvionares do Zambeze e Chire. PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] 84 | 216 CONSÓRCIO Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões Para além dos regadios projectados ou planeados, poder-se-ão também delimitar áreas de expansão e/ou novos regadios, tendo em conta os solos, o relevo, o clima e o respectivo acesso à água; a referir: Zambeze Fase 2 – também integrados nos estudos realizados pela empresa Hidrotécnica Portuguesa nos anos 60-70 do século passado, foi estimada uma área de expansão de 892 000 ha para ambas as margens do delta do Zambeze, sendo as captações feitas neste rio, respectivos braços aquífero existente. Zumbo – no extremo sudoeste do distrito do Zumbo, a mancha delimitada é dominada por Luvisols, de declives suaves e clima semiárido, sendo a própria albufeira de Cahora Bassa e o rio Luangwa as principais origens da água para a irrigação (sendo também de referir os rios Metamboa e Mecucoé). Cahora Bassa Sul – constituindo a faixa de terreno adjacente á albufeira de Cahora Bassa e compreendida entre o Songo e o rio Mecumbura, é caracterizada pelos Luvisols e Cambisols, clima semiárido e um relevo particularmente suave e uniforme. Também para esta zona, a albufeira do Cahora Bassa ocorre com a principal origem de água, sendo também relevante a aquífero existente entre Magoé e Chinhanda. Esta área de expansão está integrada na denominada Planícies a Sul da albufeira de Cahora Bassa, apresenta supra. Lupata – faixa de terreno a montante da garganta de Lupata, que se estende de forma perpendicular para ambas as margens do rio Zambeze, é dominada por Vertisols e apresenta clima árido e declive bastante suave (0-2%). Para além da fertilidade dos solos, esta área tem a particularidade de ser cruzada pela albufeira de futura barragem de Lupata, constituindo assim a sua principal origem de água. Por conseguinte, a sua viabilidade está dependente da construção desta barragem. Chemba Norte – localizada na zona central do distrito de Mutarara, a área é dominada por Vertisols e apresenta declives suaves e clima de árido a semiárido. O acesso à água será feito através de um importante aquífero existente na zona e/ou directamente na eventual futura albufeira/barragem de Chemba. A extensão e mesmo a viabilidade deste perímetro estará intimamente ligado à construção da barragem de Chemba, que implicará a inundação de dois dos blocos de rega (manchas 25 e 28) integrados no anteriormente referido agrupamento Zambeze Fase 1. Esta área de expansão está integrada na zona denominada Planícies Aluvionares do Zambeze e Chire, apresentada acima. Chemba Sul – integrada na zona da Margem Direita do Baixo Zambeze, esta área de expansão é dominada por Luvisols e Fluvisols e apresenta um clima predominantemente árido e declives suaves, especialmente ao longo do rio Pompué. Relativamente às origens de água, para além de um importante aquífero existente a longo deste rio, a principal origem será a eventual futura albufeira/barragem de Chemba, estando assim a sua dimensão e viabilidade dependente da construção desta barragem. Relativamente às terras classificadas como disponíveis (pelo Zonamento Agrário de Moçambique), o simples cruzamento destas com as zonas com potencial agrícola, permite-nos confirmar o potencial para a instalação de PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] 85 | 216 CONSÓRCIO Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões grandes projectos de investimento no território, sendo de destacar: os Planaltos de Angónia e de Marávia (distritos de Chifunde, Marávia e Zumbo), o agrupamento de perímetros irrigado de Mavuzi, nomeadamente o bloco 21 (distrito de Chiúta), a área de expansão de regadio de Lupata (distrito de Moatize) as Planícies Aluvionares dos rios Zambeze e Chire (distritos de Maturara, Morrumbala, Mopeia Chinde, Marromeu, Caia, Chemba e Tambara) e a Margem Direita do Rio Zambeze (distritos de Tambara, Chemba e Caia). b) Pecuária No que se refere à pecuária, o desenvolvimento futuro do sector deverá ser focalizado na resolução dos principais constrangimentos que afectam o desenvolvimento sustentável da prórpia agricutura na região. Apesar do esforço de repovoamento dos efectivos pecuários que teve inicio ainda na década de 90 do século passado, ainda existe um longo caminho a trilhar em matéria de recuperação de infra-estruturas de maneio e do melhoramento da assistência sanitária aos efectivos pecuários. Apesar do elevado crescimento na produção de carne (sobretudo bovinos, caprinos e frangos de corte) e das ligações comerciais já existentes, centralizada a partir da Cidade de Tete (eixo Tete-Manica) é possível potenciar ainda mais a produção na área de enquadramento. A visão de curto a médio prazo (até 10 anos) deverá ser fundamentada no reforço do papel do Estado (através dos seus organismo próprios) no desempenho as suas funções-chave: Reforço substantivo dos meios ao dispor do sistema de vigilância, prevenção e controlo de doenças animais; Regulação do equilíbrio entre a procura e a oferta de serviços públicos, permitindo a todos os seus actores maximizar a contribuição da pecuária para a diversificação dos meios de vida da população rural e para o desenvolvimento de agro-negócios, conduzindo á redução da pobreza e ao crescimento económico nacional. Criação de um ambiente favorável ao desenvolvimento da pecuária familiar e comercial de uma forma integrada e sustentável, através da remoção dos principais problemas que afectam os pequenos criadores nos vários segmentos da cadeia de produção, comercialização e processamento industrial dos produtos pecuários; Agilizar os processos de desenvolvimento para a instalação de investimentos com uma matriz mais empresarial, nomeadamente a obtenção dos DUAT e licenças ambientais desde que cumpridos os requisitos fixados na legislação. PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] 86 | 216 CONSÓRCIO Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões No fundo a prossecução dos Programas definidos no PEDSA garantem, à partida, as bases indispensáveis para o florescimento de uma nova pecuária e para um novo patamar em termos de desenvolvimento produtivo de todo o Vale do Zambeze. É necessário ter presente a adequação das diferentes áreas existentes, e as áreas propostas para investimento ou criação de novos DUAT para a produção agro-pecuária e eventuais incompatibilidades. Por exemplo, áreas para fazenda de bravios dificilmente poderão acomodar outra actividade como produção agrícola ou pecuária devido ao conflito Homem-Animal Bravio. Figura 18 – Perspectivas de Desenvolvimento – Agricultura e Pecuária PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] 87 | 216 CONSÓRCIO Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões 5.3.2. Floresta A aposta em termos de desenvolvimento futuro na área silvícola vai abranger várias tipologias de floresta, tal como considerado a nível da “Estratégia de Reflorestação”, a saber: áreas de florestas para indústria, energia, conservação e protecção ambiental e, plantações comunitárias. Para espacializar a abordagem, as áreas de floresta de índole mais industrial deverão ser concentradas nas áreas com maior vocação e aptidão silvícola, nomeadamente os distritos de Morrumbala e Mopeia (exactamente as áreas com maior incidência em termos de concessões florestais e licenças simples em todo o Vale do Zambeze). Nas actuais áreas de concessões florestais existentes ao nível dos diferentes distritos (algumas das quais não cartografadas na figura acima), e nas zonas sem aptidão agrícola e/ou com problemas de erosão nos distritos incluídos na grande zona do Planalto da Angónia, zonas norte dos distritos de Zumbo e Marávia, na zona norte do Distrito de Guro e Changara, no distrito de Caia. Nas zonas de terras disponíveis, por definição não se consideram como zonas aptas para a exploração florestal. O mesmo sucedendo com áreas em que a prospecção mineira efectuada ou em curso determinem que se trata de áreas apetecíveis para o início de exploração para efeitos de extracção de carvão, ferro, outros minérios ou hidrocarbonetos. Apesar de existirem evidência que algumas das áreas já concessionadas intersectam áreas com terras disponíveis para outros fins (nomeadamente para agricultura, fazendas de fauna-bravia, ou outros), a sua continuação (após término da concessão) deverá ser repensada tendo presente outro tipo de potencial. Nas restantes áreas do território considera-se importante fomentar o aparecimento de florestas de índole comunitária ou para fins energéticos, preferencialmente ao longo dos principais eixos rodoviários (por norma a população tende a fixarse numa estreita margem de 200-300 m desses eixos) e numa área em redor das principais aldeias e povoados na ordem dos 5 km. É necessário ter presente que, o que se pretende não é constituir manchas de floresta com essa finalidade a ocupar toda a área envolvente, mas antes constituírem-se zonas tampão na envolvência dos povoados com povoamentos mistos de árvores de crescimento rápido (Eucalyptus sp., Pinus sp., outras) e floresta nativa, como forma de suporte para as próprias necessidades da população. É importante que este esforço de investimento seja repartido entre as próprias comunidades (como o auxílio dos serviços do Estado) ou outras entidades como ONG, fundos de desenvolvimento ou outros. O objectivo será sempre preservar ao máximo a floresta nativa. Concomitantemente é expectável que ocorra uma mudança em termos de perfil de consumo energético, com a redução gradual da utilização do carvão vegetal (neste particular é importante o esforço ao nível do Estado nessa sensibilização e apoio às populações). Ponto importante neste esforço reside na actualização da informação cartográfica em curso ao nível dos Planos de Uso do Solo, nomeadamente o cadastro das florestas comunitárias e florestas sagradas. E a demarcação das áreas com PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] 88 | 216 CONSÓRCIO Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões potencial agrícola ou potencial para conservação. Esta situação reveste-se de alguma importância em distritos como Guro, Changara, Marávia, Chifunde, Angónia ou Tsangano, dada a importância em termos de potencial agrícola existente. Outras áreas com eventual interesse na recuperação da floresta de conservação e floresta para fins energéticos será o eixo entre Tete e Caia, ao longo do rio Zambeze, zona muito sujeita a desflorestação nos últimos anos e que importa reflorestar. Nas áreas de savana aberta, ou floresta pouco densa e zonas de floresta e mata seca, importa preservar as espécies de madeira mais nobre. Algumas zonas entretanto já exploradas (em termos de corte selectivo), zonas com algum mosaico de matagal e arbustivo com pequenas manchas de floresta onde se pode observar árvores de alturas inferiores a 15 m, após a sua exploração florestal e caso não haja intenção de serem reflorestadas com floresta natural, podem ser convertidas para outros usos (nomeadamente a agricultura ou mesmo pastagem, todavia, no caso de se tratar de zonas em risco de erosão será sempre preferível optar-se pela instalação de floresta de conservação ou floresta para fins comunitários. No restante território a opção deverá ser ponderada tendo presente as diferentes concessões que existam, dai a necessidade de existir a centralização ao nível dos pedidos de DUAT, de modo evitarem-se duplicações em termos de pedidos para a mesma área. Nas zonas interiores com maior disponibilidade de terra, a opção pela floresta deverá ter primazia quando nenhuma das restantes opções for considerada (extracção mineira, agricultura, pecuária, industria, serviços, outra). Nas zonas consideradas como corredores importantes de fauna-bravia, ou áreas de conservação da natureza (Parques naturais, Coutadas Oficiais, áreas de caça, zonas atravessadas por corredores de fauna) deve ser dada primazia à floresta de conservação. Não obstante devem ser criadas manchas com floresta de conservação e energética para atender às necessidades da população residente. Esta situação reveste-se de alguma importância nos distritos em redor da albufeira de Cahora-Bassa, e distritos abrangidos ou na proximidade de Coutadas Oficiais. Seria interessante que o MINAG através da DNTF definisse o mapeamento das zonas produtivas de exploração madeireira para as concessões, deixando as áreas menos produtivas para os regimes de licenças simples de forma que as mesmas se tornem disponíveis após exploração madeireira, e tão importante como isso áreas de exclusão de extracção de madeira. Uma das aplicações futuras em termos de área florestal poderá ser por exemplo a recuperação das áreas de extracção mineira. No entanto, estas zonas poderão ser igualmente recuperadas como áreas agrícolas. PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] 89 | 216 CONSÓRCIO Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões Figura 19 – Perspectivas de Desenvolvimento - Floresta 5.3.3. Pesca Constituindo uma das áreas prioritárias de investimento público, prevista na Estratégia Nacional de Desenvolvimento (2015-2035), o crescimento da actividade pesqueira e aquícola pode gerar inquestionáveis contributos para a segurança alimentar e nutricional da população, para a empregabilidade no sector e para a captação de divisas. Particularizando as áreas de investimento público previsto no sector da Pescas, destacam-se: a reabilitação de infra-estruturas portuárias; a criação de infra-estruturas de produção, armazenamento, transporte e comercialização; o desenvolvimento da aquacultura. Para a actividade pesqueira no Vale do Zambeze, identificam-se as seguintes perspectivas de desenvolvimento: PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] 90 | 216 CONSÓRCIO Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões nas albufeiras das futuras hidroeléctricas de Mpanda Nkuwa (com uma área inundável da ordem dos 96 Km2, que abrangerá parcialmente os distritos de Changara, Chiúta e Cahora Bassa), Boroma (com uma área inundável da ordem dos 29 Km2, que abrangerá parcialmente os distritos de Moatize, Changara e Chiúta), Lupata (com uma área inundável da ordem dos 335 Km2, que abrangerá parcialmente os distritos de Changara, Moatize, Guro, Tambara e Mutarara) e Chemba (cuja área inundável abrangerá os distritos de Chemba e Mutarara), sendo que as 3 primeiras já têm contrato de concessão aprovado e publicado em Boletim da República, a sua construção promoverá, à semelhança do que aconteceu com a Albufeira de Cahora Bassa, o incremento da pesca semi-industrial, desportiva, artesanal e da aquacultura; Ao longo do Rio Zambeze, nos distritos que lhe são confinantes, designadamente Mutarara, Zumbo, Magoe, Marávia, Cahora Bassa, Cidade de Tete, Cangara, Chiuta, Moatize, Guro, Tambara, Mopeia, Morrumbala, Cemba, Caia, Marromeu e Chinde, a pesca artesanal será potenciada, graças à existência de novas infraestruturas de produção, armazenamento, transporte e comercialização; O Vale do Zambeze constitui uma área de grande potencial para prática da Aquacultura, quer em água doce, quer em água salgada: destacam-se como distritos prioritários para o desenvolvimento da Aquacultura em água doce Macanga, Angónia, Tsangano e Moatize. No que diz respeito ao distrito de Mopeia, está prevista a construção de uma unidade de produção de alevinos e ração, bem como a construção de tanques de piscicultura e no de Morrumbala, prevê-se a criação dum Aquaparque;. Quanto à Aquacultura marinha, no distrito de Caia está previsto um investimento futuro neste subsector; Tendo em conta as Áreas identificadas com potencial para regadio, e constituindo estas áreas previligiadas para a prática da Aquacultura, destacam-se os distritos de Chiuta, Changara, Tambara, Mutarara, Marromeu e Chinde com potencial futuro para a actividade. PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] 91 | 216 CONSÓRCIO Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões Figura 20 – Perspectivas de desenvolvimento - Pesca 5.3.4. Mineração As perspectivas de desenvolvimento do sector mineração são favoráveis, prevendo-se um crescimento substancial num futuro próximo, muito dependente da evolução da conjuntura económica mundial e, em particular, da capacidade de implementar as projectadas infra-estruturas de energia, transporte e portuárias. Partindo da análise da situação actual, construído com base na informação fornecida pelo MIREM e que contempla as concessões mineiras em fase de produção, assim como outros projectos em fase de negociação, prospecção e pesquisa, o estabelecimento das perspectivas de desenvolvimento do sector tiveram ainda em conta as licenças já atribuídas e as licenças requeridas e em fase de apreciação, para a totalidade da área de intervenção. Numa análise mais atenta, baseada na frequência das diferentes matérias-primas presentes nas licenças, destacam-se para além de um claro interesse no carvão, algum enfoque também no ouro e minerais associados, cobre, chumbo, PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] 92 | 216 CONSÓRCIO Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões titânio, zinco, metais básicos, calcário, areias pesadas, minerais industriais, terras raras, platina, diamante, granadas, turmalina e água-marinha. Evidenciam-se seguidamente os distritos com licenças para exploração/prospecção de minério atribuídas, requeridas e em apreciação, conforme informação fornecida pelo MIREM: Os distritos de Moatize, Cahora Bassa, Cidade de Tete, Mágoè, Mutarara e Morrumbala onde estão atribuídas as licenças de exploração / prospecção de carvão; Os distritos de Changara, Cidade de Tete, Moatize e Morrumbala onde estão atribuídas as licenças de exploração / prospecção de recursos minerais destinados à construção civil; Os distritos de Guro, Tambara, Chemba, Caia, Chiúta, Tsangano, Angónia, Macanga, Chifunde, Marávia e Zumbo onde estão atribuídas as licenças de exploração / prospecção de ouro; Os distritos de Mopeia, Chemba, Tambara, Tsangano, Angónia, Zumbo e Mágoè onde estão atribuídas as licenças de exploração / prospecção para outros recursos minerais; O distrito de Chinde onde estão atribuídas as licenças de exploração / prospecção de extracção de areias pesadas; O distrito de Changara onde estão atribuídas as licenças de exploração / prospecção de extracção de cobre. Face à informação disponível, torna-se difícil ter uma noção clara e inequívoca do futuro mineiro do Vale do Zambeze no que se refere ao número, objecto, dimensão e localização de novos empreendimentos, e ao seu potencial contributo para a economia local e nacional. No que se refere aos projectos de carvão, em fase de exploração, os recursos existentes e os ritmos de exploração, actuais e projectados, deixam antever um horizonte da actividade de longo prazo. Esta perspectiva é de resto consistente com os investimentos programados ao nível das infra-estruturas ferroviárias e portuárias, e ainda de centrais térmicas. Refira-se ainda que os recursos minerais existentes deixam em aberto a possibilidade de satisfazer maiores volumes de produção (dependendo obviamente da verificação dos outros factores, nomeadamente os de mercado, que condicionam a viabilidade um projecto mineiro) e a já referida necessidade de reforçar as infra-estruturas. Os “projectos de média escala” poderão ser aqueles com maior margem de progressão no sector mineiro de Moçambique. De facto, se excluirmos as commodities com baixa relação peso/valor (carvão, minério de ferro, etc.) em que a escala da produção é determinante para a competitividade do projecto, é de considerar que boa parte dos restantes projectos mineiros possam evoluir, pelo menos numa fase inicial, com investimentos e meios bem mais modestos do que aqueles que são referidos para os mega-projectos. Esta é uma tendência que se vem verificando a nível mundial, com empresas júnior a investir nas fases iniciais dos projectos mineiros, tentando torná-los apelativos para a aquisição pelos grandes players globais que os levarão à plena maturidade. Foram referenciadas, como se viu anteriormente, múltiplas ocorrências de minerais PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] 93 | 216 CONSÓRCIO Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões industriais, o que se verifica é que a sua utilização para a produção de materiais de construção básicos e de commodities industriais, tem sido bastante limitada. A este nível, refiram-se os recursos minerais que alimentam os sectores da construção civil e obras públicas, e as indústrias de suporte (areias, agregados, cimentos, cerâmica estrutural e de revestimento, etc.) que poderão vir a beneficiar do momento e m que se encontra a economia de Moçambique. Quanto aos projectos de pequena escala ou artesanais, dadas as suas características, não é fácil determinar a sua real expressão, actual e futura, na área de intervenção. Figura 21 – Cenário Actual e Perspectivas de Desenvolvimento - Mineração 5.3.5. Energia Tendo em consideração todo o potencial de produção de energia do Vale do Zambeze, as actuais e futuras necessidades energéticas de Moçambique e dos países da região, bem como o quadro legal e estratégico do sector que promove o desenvolvimento de projectos de produção de energia, quer seja pelo sector público, privado ou em parceria público privado, há lugar para o desenvolvimento de um pólo de produção energética no Vale do Zambeze. PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] 94 | 216 CONSÓRCIO Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões Assim, as perspectivas de desenvolvimento do sector passam pela concretização dos grandes projectos hidroeléctricos do rio Zambeze (Cahora Bassa Norte, Mphanda Nkuwa, Boroma, Lupata e Chemba), dos rios Luia, Capoche e Revubuè, bem como, pela utilização dos subprodutos da mineração do carvão mineral, para a sua conversão em energia, quer por via da liquefacção, quer por via da queima em centrais termoeléctricas, conforme já previsto. A implementação de projectos hidroeléctricos de menor dimensão (mini-hídricas), nos locais com potencial identificado, deverão ser utilizados para alimentar a rede nacional (conforme definido no recente regulamento Regime Tarifário para Energias Novas e Renováveis) ou para fornecer energia eléctrica a assentamentos populacionais ou actividades económicas que estejam distantes da rede nacional de energia, designadamente nos distritos de Zumbo, Marávia, Chifunde, Angónia, Tsangano. A energia solar poderá complementar o abastecimento de energia, designadamente para unidades turísticas localizadas em áreas remotas (como preconizado na Estratégia de Energia). O potencial de plantação de cana-de-açúcar e mapira doce, nas baixas aluviais dos distritos de Mutarara, Tambara, Chemba, Caia, Morrumbala, Mopeia Marromeu e Chinde deve ser aproveitado para a produção de biocombustível (etanol), contribuindo para a diversificação da matriz energética do país. Ao nível do transporte de energia eléctrica terá maior destaque a implementação total do sistema de transmissão STE, que irá possibilitar a exportação da energia gerada no Vale do Zambeze, para a rede dos países da SADC (Southern Africa Development Community), para o designado Southern Africa Power Pool - SAPP. A hidroelectricidade produzida no Vale do Zambeze poderá contribuir para a diversificação da matriz energética dos países vizinhos, actualmente baseada no carvão. Deverá ainda ser promovida a ligação do bloco da SADC com o bloco da EAC (East Africa Community) o que aumentaria a possibilidade de exportação da energia gerada no Vale do Zambeze, para além de permitir uma gestão mais eficiente e (Southern Africa Development Community) e uma maior diversificação da matriz energética. Estão previstas para curto-médio prazo a conclusão da construção das seguintes linhas: Espinha dorsal eléctrica – o STE – quer em corrente contínua quer alternada, garantindo capacidade de transporte suficiente para os grandes projectos hidroeléctricos do Vale do Zambeze; Linha Chimuara – Namialo. Este projecto visa o estabelecimento de uma nova linha de transporte (400 MW) entre Caia e Nacala, para reforço da linha já existente e aumento da fiabilidade do sistema; Linha de interligação Matambo (Província de tete, Distrito de Changara) – Pombeya (Malawi). Esta interligação entre os sistemas eléctricos nacionais de Moçambique e do Malawi, como parte integrante da estratégia de cooperação de âmbito regional, permite interligar os sistemas hidroeléctricos de Cahora Bassa e os 282 MW hídricos instalados no rio Chire no Malawi. PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] 95 | 216 CONSÓRCIO Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões Figura 22 – Perspectivas de desenvolvimento - Energia 5.3.6. Indústria Transformadora O desenvolvimento da actividade industrial, sobretudo nas regiões interiores e de acesso mais difícil, é normalmente dependente da disponibilidade de matéria-prima local. O Vale do Zambeze não é excepção. Neste sentido, o potencial da indústria transformadora foi ligado ao desenvolvimento de actividades produtivas específicas do sector primário e outros, comportamento este que é dado observar na situação actual. É então nestas áreas de maior potencial produtivo que a indústria transformadora tenderá a desenvolver-se, sendo de destacar: A indústria de transformação de produtos florestais, nos planaltos de Angónia e Marávia, e as vertentes de Morrumbala e Mopeia; PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] 96 | 216 CONSÓRCIO Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões A indústria de transformação de produtos agro-pecuários, nos planaltos de Angónia e Marávia, nas planícies a Sul da albufeira de Cahora Bassa, nos barros de Moatize, nas planícies aluvionares do Zambeze e Chire e na margem direita do Baixo Zambeze; A indústria de transformação de produtos pesqueiros, ao longo de todo o vale do rio Zambeze e principais afluentes, resultante da pesca artesanal e semi-artesanal, e nos distritos de Macanga, Angónia, Tsangano, Moatize, Morrumbala e Mopeia, resultante da aquacultura; A indústria de transformação de produtos minerais, nomeadamente as indústrias de transformação do carvão mineral (como as unidade produção de combustíveis sintéticos previstas para Moatize (A) e Cahora Bassa (B)), de ferro (a siderurgia prevista para o distrito de Chiúta (C)) e de rocha calcária (para cimento no distrito de Changara (D)). Embora fora da área de estudo, a recentemente criada Zona Económica Especial de Mocuba, direccionada sobretudo para os têxteis, poderá estimular alguma actividade industrial nos distritos mais próximos (nomeadamente em Morrumbala, Derre, Mopeia e Luabo), em resultado do fenómeno de clusterização. Figura 23 – Perspectivas de desenvolvimento - Indústria PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] 97 | 216 CONSÓRCIO Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões 5.3.7. Turismo As perspectivas de desenvolvimento do sector do turismo tiveram em consideração o Plano Estratégico para o Desenvolvimento do Turismo em Moçambique (2004-2013), a Estratégia Nacional de Desenvolvimento 2015-2035 (END), assim como os Planos Estratégicos de Desenvolvimento definidos para cada uma das províncias abrangidas pela área de estudo. “Moçambique dispõem de recursos intrínsecos valiosos e uma forte vantagem comparativa no sector do turismo. Este sector tem um papel fundamental na inclusão social e no desenvolvimento socioeconómico do País pela diversidade de áreas que abrange. Assim, a necessidade de implantação de infra-estruturas para os destinos turísticos de Moçambique e a articulação intersectorial junto aos sectores responsáveis pela gestão das áreas respectivas, constitui a prioridade para o desenvolvimento do turismo em Moçambique” (END). A província de Tete oferece grandes atractivos para o desenvolvimento do interior devido ao seu património natural (áreas protegidas e de conservação de fauna e flora, exploração mineral, etc.), cultural e histórico. De facto, no contexto de tirar proveito dos seus recursos o Plano Estratégico de Desenvolvimento de Tete (2007-2011) definiu como pilares/acções estratégicas de desenvolvimento do sector na região as seguintes: Alargar a rede da indústria hoteleira com envolvimento do sector privado; Promover e divulgar o património turístico-cultural; Promover feiras turísticas; Promover o turismo cinegético, comunitário, lazer e pesca desportiva; Promover áreas de conservação para fins de ecoturismo; Promover Áreas Prioritárias para o Investimento no Turismo (APIT’s) para o desenvolvimento do turismo. A visão da estratégia de desenvolvimento da província de Manica (Plano Estratégico de Desenvolvimento da Província de Manica – PEDPM - 2011-2015) passa por “Colocar Manica como um destino de referência nacional principalmente no desenvolvimento agrário e do turismo de interior pelas suas condições agro-ecológicas e paisagísticas, atraindo investimentos que contribuam para o crescimento económico equilibrado e sustentável, trazendo o progresso e melhoria da qualidade de vida da população da Província e do País”, sendo a sua missão “promover o bem-estar socioeconómico sustentável e participativo, através da capitalização de recursos naturais que a Província dispõe e a preservação do ambiente.” PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] 98 | 216 CONSÓRCIO Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões A província de Manica, e nomeadamente os distritos pertencentes à área de estudo, possui um potencial de desenvolvimento do turismo do interior, principalmente devido ao seu património natural (mais concretamente as coutadas), mas também pelo seu património cultural, histórico e geológico. De modo a se verificar um maior desenvolvimento do sector do turismo nos distritos em análise, pertencentes à província de Sofala, foram definidas Estratégias de Desenvolvimento do Turismo, através do Plano Estratégico de Desenvolvimento da Província de Sofala. Para tornar a área de estudo como destino na rota de turistas a nível mundial, e de modo a se estabelecer e melhorar os mecanismos de complementaridade intersectorial no desenvolvimento do turismo, foram definidos os seguintes objectivos específicos: Operacionalizar a Reserva de Marromeu; Construir infra-estruturas turísticas nas margens do rio Zambeze; Criar uma coutada oficial no distrito de Chemba no âmbito da mitigação do conflito homem/fauna Bravia (algo que já se concretizou com a criação da Coutada oficial n.º 15); Fiscalizar a exploração dos recursos naturais nas áreas de conservação (de modo a reduzir a caça furtiva e queimadas descontroladas, que colocam em risco a biodiversidade destas áreas); Construir um posto fixo de fiscalização dos recursos naturais, e centros de informação turística; Reabilitação de património histórico-cultural; Impulsionar o surgimento de investimentos privados para a construção de infra-estruturas turísticas como lodges, hotéis, campos de golfe, etc., e assim ao mesmo tempo fomentar a criação de postos de trabalho. Para um maior desenvolvimento e crescimento socioeconómico da região, neste caso na área dos distritos da Zambézia, abrangidos pela área de estudo, através do sector do turismo (uma vez que o crescimento que se tem verificado tem sido concentrado sectorialmente na agricultura e pecuária, e territorialmente na capital provincial Quelimane), de acordo com o Plano Estratégico de Desenvolvimento da Zambézia (PEDZ) 2011-2020, foram definidos pilares de desenvolvimento, que se baseiam no aproveitamento dos recursos naturais, na localização geoestratégica e nas infra-estruturas estratégicas que daí possam advir, tendo sido delineadas estratégias, objectivos específicos, acções estratégicas, etc., das quais se destacam as seguintes: Promover e difundir as já criadas Zonas de Rápido Desenvolvimento no Vale do Zambeze; Dotar a província de uma rede de infra-estruturas que facilitem o estabelecimento de novos empreendimentos; Promover o uso sustentável e gestão produtiva dos recursos naturais e meio ambiente; Melhorar a qualidade da provisão de produtos e serviços turísticos, através da formação e capacitação de técnicos e profissionais da área do turismo e da fiscalização das actividades turísticas; PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] 99 | 216 CONSÓRCIO Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões Desenvolver acções de promoção visando posicionar a Zambézia como destino turístico de classe mundial; Promover parcerias entre o sector privado e as comunidades locais na gestão das Áreas de Conservação Turística; Melhorar a transitabilidade das estradas, priorizando as de maior impacto no desenvolvimento socioeconómico da província; Assegurar que a exploração de recursos naturais contribua para a melhoria da qualidade de vida da população rural; Implementar as estratégias e medidas de combate à erosão, desmatação, queimadas descontroladas, poluição e disseminar as boas práticas de gestão ambiental. Assim, de uma forma geral, as perspectivas de desenvolvimento para o sector do turismo passam por: Promoção da Albufeira de Cahora-Bassa: Turismo associado a Pesca Recreativa; Lazer e Recreio (incluindo prática de desportos náuticos); Natureza (observação de biodiversidade) - ecoturismo. Promoção do Vale do Zambeze: Turismo de Aventura, associado a descidas ao longo do rio (caiaque, canoagem, etc.) e aos rápidos aí existentes, mais concretamente ao longo dos distritos de Cahora-Bassa, Maravia, Chiuta, Moatize, Mutarara, Caia, Marromeu e Mopeia; Turismo de Natureza, através de passeios de barco onde é possível observar a Biodiversidade, como hipopótamos, crocodilos, aves, entre outros. Promoção de Áreas de Conservação (Parque Nacional, Coutadas, Reservas Florestais e Reservas Especiais) e “Áreas Comunitárias” para fins de Ecoturismo (como por exemplo a observação de aves - IBAS) através de agências de Safaris, ou outros: Parque Nacional de Magoé, no distrito de Magoé; IBA Cabeceira da barragem de Chahora-Bassa, nos distritos de Zumbu e Magoé; IBA de Furancungo, nos distritos de Macanga e Chiuta; e IBA do Delata do rio Zambeze, no distrito de Marromeu; Reserva Florestal do Derre, nos distritos de Morrumbala e Mopeia; Reserva florestal de Inhamitanga, nos distritos de Cheringoma e Marromeu, e Reserva florestal de Nhapacué, no distrito de Marromeu; Reserva Especial de Búfalo de Marromeu, no distrito de Marromeu; PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] 100 | 216 CONSÓRCIO Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões Coutadas Oficiais nos distritos de Guro, Tambara, Chemba, Caia, Marromeu e Chinde. Promoção das Coutadas Oficiais, Áreas Comunitárias (que incluem áreas especiais de caça) e Reservas Especiais para fins de Turismo Cinegético, nos distritos de Zumbo, Maravia, Chifunde Guro, Tambara, Chemba, Caia, Marromeu e Chinde Reabilitação e divulgação do património Histórico-Cultural, assim como do património arqueológico e geológico existente ao longo da área de estudo; Melhoria das infra-estruturas existentes, e construção de novas infra-estruturas (hotelaria, restauração, vias de acesso, redes de telecomunicações, etc.), através do impulso ao investimento do sector privado; Promoção da presença de operadores turísticos para garantir a sua ligação com as novas vertentes e dinâmicas de turismo, bem como a modernização da actividade turística, dariam um impulso ainda maior ao desenvolvimento dos pólos de desenvolvimento turístico; Formação e capacitação de técnicos e profissionais na área do turismo e da fiscalização das actividades turísticas, de modo a melhorar a qualidade dos produtos e serviços turísticos, assim como para haver uma fiscalização mais eficiente da exploração dos recursos naturais nas áreas de conservação (de modo a garantir a salvaguarda da biodiversidade dessas áreas); A infra-estrutura de apoio ao turismo está relacionada à área de actuação de outros sectores (como a agricultura, hotelaria, saneamento, etc.), o que demanda uma articulação intersectorial, priorizando uma acção transversal de articulação para a implementação da infra-estrutura de apoio ao turismo. PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] 101 | 216 CONSÓRCIO Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões Figura 24 – Perspectivas de desenvolvimento - Turismo 5.3.8. Transportes O grande motor da transformação do Vale do Zambeze a curto prazo será a exploração e exportação do enorme volume de carvão descoberto na região de Tete, sendo necessário dotar o país de infra-estruturas de transporte e logística que permitam absorver o fluxo de tráfego que será inevitavelmente gerado pela indústria extractiva. Através das infra-estruturas a beneficiar/construir, a componente da cadeia logística associada ao transporte deverá conseguir diminuir os custos de forma a tornar competitivos os preços de venda do carvão. Será uma oportunidade para a construção um sistema de transportes multimodal, permitindo a criação de novas oportunidades de negócio ao nível de actividades industriais e de baixo rendimento, que deverão estar associadas aos eixos de transporte estabelecidos. Com este ganho de acessibilidade pretende-se dinamizar o empreendedorismo e aumentar as oportunidades de emprego, contribuindo, desta forma, para melhorar a qualidade de vida do povo moçambicano. Para responder a estas solicitações, para além da linha entre Moatize-Nacala (via Malawi) que será inaugurada em 2015, encontra-se previsto no Plano Integrado de Investimento (PII, 2014-2017) diversas linhas ferroviárias, ligando a região de Tete e Moatize aos portos marítimos do Oceano Índico: 1) Linha Férrea Moatize - Macuse PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] 102 | 216 CONSÓRCIO Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões 2) Linha Férrea Nhamayábuè – Mutuali 3) Linha Férrea Chiúta - Nacala (via Moçambique) Associados a estes eixos ferroviários existem oportunidades únicas de potenciar a acessibilidade ao restante território através de ligações transversais e complementares, das quais a linha Nhamayabwe – Mutali é um exemplo. A construção de portos de águas profundas (Nacala e Macuse), com terminais dedicados ao carvão será fundamental para evitar constrangimentos nas cadeias logísticas de exportação. Os benefícios de acessibilidade estruturante que os referidos eixos ferro-portuários previstos no Plano de Investimento Integrado (2014-2017) deverão ser potenciados através de uma rede rodoviária complementar (com ligação das populações, centros de produção e empresas às estações ferroviárias). De facto é necessário assegurar as oportunidades que este incremento de mobilidade oferece para uma alavancagem efectiva da economia regional, permitindo um nível de acessibilidade sem precedentes às populações, bens e serviços da região. Assim, no que diz respeito ao modo rodoviário será muito importante a ligação de regiões com grande potencial florestal, agrícola e industrial à rede rodoviária primária e desta aos eixos ferroviários previstos. Resta referir que é patente uma descontinuidade na rede rodoviária uma vez que não existe ligação de uma estrada da rede primária entre Quelimane e Tete (capitais provinciais), situação irregular relativamente ao estipulado no Diploma Ministerial nº 103/2005 de 1 de Julho (Rede de Estradas Classificadas). Propõe-se a classificação para a rede primária da ligação rodoviária entre Caia e Moatize (margem esquerda do Rio Zambeze) permitindo uma conexão importante entre as duas pontes mais recentes sobre o Rio Zambeze e respectivos eixos rodoviários. No que diz respeito ao modo aéreo, os centros de actividade mais relevantes da região deverão estar preparados para o tráfego aéreo internacional, pelo que se deverá construir terminais aeroportuários em Tete e Nacala com características internacionais. Os referidos aeroportos deverão articular com uma rede de aeródromos secundários e campos de aviação por forma a promover pólos de desenvolvimento da região, nomeadamente ao nível de actividades industriais e de turismo. O transporte fluvial apresenta-se como um subsistema com pouca expressão ao nível de tráfego, sendo, no entanto, fundamental para economia local. A utilização da albufeira de Cahora Bassa para a ligação intra-distrital será a curto prazo uma importante aposta, tendo em atenção as dificuldades orográficas para implementação de uma rede de estradas eficaz, aumentando o nível de acessibilidade a um custo relativamente baixo a localidades isoladas e distantes dos centros de actividade económica. PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] 103 | 216 CONSÓRCIO Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões Figura 25 – Perspectivas de desenvolvimento - Transportes 5.3.9. Conservação Tendo por base as Áreas de Conservação existentes atualmente e áreas com elevado valor ecológico presentes na área de estudo, que carecem de proteção a nível nacional, apresentam-se as perspectivas de desenvolvimento, do ponto de vista da Conservação, o qual se baseia na manutenção das áreas existentes e eventual criação de novas áreas e/ou alargamento de áreas já existentes. Apresentam-se em seguida as 10 áreas potenciais identificadas na figura seguinte: Área 1: Área que engloba os distritos de Zumbo, Marávia e Chifunde, que incluem áreas importantes para leão, mabeco e elefante. Para esta última espécie não se conhece a maioria dos corredores/áreas mais importantes, com excepção do Rio Luía, no distrito de Chifunde, muito bem preservado e que constituí um importante corredor para a espécie. Esta área é ainda importante do ponto de vista da flora, englobando importantes florestas de miombo. Salienta-se que nesta fase se definiu uma área maior, por não ser ainda possível concretizar quais as áreas mais adequadas, propondo-se a criação de Áreas de Conservação de Uso Sustentável mais pequenas, por exemplo Fazendas do Bravio e/ou Áreas de Conservação Comunitárias, com alguma inspiração no trabalho já desenvolvido no âmbito do projeto de Tchuma Tchato. PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] 104 | 216 CONSÓRCIO Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões Áreas 2: Área muito importante para elefantes, no distrito de Magoè, que deveria ser anexada ao PN do Magoè (AC total). Salienta-se ainda a presença de outras espécies com estatuto, como por exemplo o leão e o mabeco, bem como a sua importância para aves, estando actualmente classificada como IBA. Áreas 3 - Área importante para elefantes, no distrito de Cahora Bassa, salientam-se ainda a presença de outras espécies com estatuto, como por exemplo o leão e o mabeco. Para esta área propõe-se a criação de Áreas de Conservação de Uso Sustentável, por exemplo uma Coutada Oficial ou Fazenda do Bravio, com maior envolvimento comunitário. Área 4: pequena área entre os distritos de Macanga e Chiuta, que engloba a IBA das Florestas de Furancungo (florestas de miombo intercaladas com clareiras com afloramentos rochosos e inúmeras linhas de água/escorrência). Recomenda-se a criação de uma área de uso sustentável (por exemplo Área de Protecção Ambiental) que, pela sua importância ao nível da avifauna, apresenta um bom potencial do ponto de vista do ecoturismo (birdwatching). Área 5: Área importante para elefantes e com presença de leão, no distrito de Changara, que se encontra afastada de qualquer Área de Conservação, e que também não está classificada a nível internacional. Recomenda-se a criação de uma AC de uso sustentável (por exemplo de Coutada Oficial). Área 6, 7 e 9: Áreas importantes para elefantes, que se encontram nos limites de Coutadas já existentes (coutadas 9, 7 e 15, respetivamente) e que poderiam ser alargadas, no sentido de englobar também essas áreas. Área 8: área importante para elefante e outras espécies com estatuto de conservação, que se encontram relativamente isoladas das Áreas de Conservação existentes (tendo em conta a barreira física que constitui o Rio Zambeze) e que também não tem qualquer classificação a nível internacional. Recomenda-se a criação de uma AC de uso sustentável (por exemplo de Coutada Oficial). Área 10: área de elevado valor ecológico e paisagístico, que engloba a parte sul do Grande Arquipélago de Inselbergs, e se localiza ainda na proximidade de IBA da Serra de Chipirone e Reserva Florestal de Derre. Pelo seu valor cénico, considera-se ter potencial ao nível do ecoturismo, recomendando-se a criação de uma AC de uso sustentável (por exemplo Área de Protecção Ambiental ou Reserva Especial, tendo em conta a presença das seguintes aves com Estatuto de Conservação: alete-de-cholo – “Em perigo”, e apalis-de-asasbrancas – “Vulneravel”, na IBA da Serra de Chipirone). Rio Zambeze e os tributários: considera-se ser também essencial definir um zonamento em termos de uso para o Rio Zambeze e seus tributários, nomeadamente os mais importantes do ponto de vista ecológico (por exemplo os tributários na margem esquerda daquele Rio na província de Tete, dos quais se destacam o Rio Luía, ou o Rio Chinde entre os Distritos de Morrumbala e Mutarara) no sentido de criar zonas de santuário que sejam relevantes para espécies endémicas/raras de peixes (dos quais se tem muito pouca informação de PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] 105 | 216 CONSÓRCIO Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões base) e/ou para hipopótamos (que é uma espécie chave, com um papel fundamental na regulação dos ecossistemas). Tendo em conta a importância que o rio Zambeze assume enquanto corredor migratório para a avifauna, será ainda relevante identificar na próxima fase os potenciais locais de abrigo/refúgio para a avifauna, ao longo do rio. Figura 26 – Perspectivas de desenvolvimento para novas áreas de conservação Fonte: Retirado da Fase 1 do PM PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] 106 | 216 CONSÓRCIO Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões 6. EIXOS DE DESENVOLVIMENTO SECTORIAIS PARA O VALE DO ZAMBEZE Os eixos de desenvolvimento para o Vale do Zambeze tiveram por base os principais instrumentos legais e/ou estratégias de âmbito nacional e/ou regional. São apresentados e desenvolvidos para cada um dos sectores e pretende-se que representem um contributo na definição das Opções Estratégicas para o Vale do Zambeze a apresentar no capítulo seguinte. 6.1. Agricultura Os eixos de desenvolvimento a adoptar para presente plano, focaram-se nos objectivos estratégicos adoptados para o sector agrícola que, por sua vez, reflectem o alinhamento estratégico entre o PDDA 2013-2020, PEDSA 2011-2025, PARP 2011-2014 e o Pacto para o desenvolvimento do Sector Agrário no âmbito do CAADP. Assim sendo, propõem-se os seguintes eixos de desenvolvimento: Eixo 1 - Aumentar da produção e produtividade agrícola, através da introdução e modernização das técnicas e sistemas de produção, melhoria do acesso de insumos, mecanização e ao financiamento. Eixo 2 - Facilitar o acesso ao mercado através, através do desenvolvimento das cadeias de valor e de canais de escoamento e da reabilitação e construção de infra-estruturas de apoio (comunicações, telecomunicações, etc.). Eixo 3 - Promover o uso sustentável dos recursos água e terra, através da gestão sustentável da água e da terra e adaptação da actividade agrícola às característ,icas climáticas da região. Eixo 4 - Promover o desenvolvimento do capital humano e institucional, através expansão da cobertura da extensão agrária e do apoio à criação e capacitação de associações e cooperativas de produtores. Neste sentido e à imagem supra referido, o aumento da produção e produtividade agrícola, será, em primeira linha, veiculada pela introdução e modernização das técnicas e sistemas de produção, nomeadamente pela expansão da área irrigada, em especial nas zonas com maiores défices hídricos (Pilar I - expansão da área sob gestão sustentável da terra e irrigação, do Programa Compreensivo de Desenvolvimento da Agricultura Africana (CAADP); Pilar VI – Infraestruturas, do PDDA; Pilares I – aumento da produtividade, produção e competitividade na agricultura, do PEDSA; e Objectivos 1.3 – Melhoria da gestão de recursos naturais, do PARP) e adopção de sistemas produção mais eficientes. Esta melhoria só será possível com a melhoria do acesso a insumos (Objectivo 1.1 – melhoria do acesso a insumos, do PARP; AGR 01 (subprograma dos Insumos Agrários) do Pilar I do PEDSA e programa de Culturas Alimentares e de PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] 107 | 216 CONSÓRCIO Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões Rendimento do PNISA) e à mecanização (AGR 08 (Subprograma Mecanização e Tracção Animal) do Pilar I do PEDSA; programa de apoio à Mecanização do PNISA), permitindo tomar máximo partido do potencial produtivo e ampliar a área das explorações. Esta modernização exigirá assinaláveis esforços financeiros para a esmagadora maioria dos produtores, pelo que o acesso ao crédito surge com uma ferramenta primária para o desenvolvimento do sector (acções para o aumento da produtividade – expansão do crédito à actividade Rural do ENDE; Pilar IV – Financiamento do PDDA; Objectivo 1.1 – melhoria e acesso aos factores de produção do PARP e Programa de Serviços Financeiros e da Acção de Financiamento do Programa de Apoio ao Agronegócio, da Componente 2 (Acesso o Mercado) do PNISA). O acesso ao mercado constitui uma das principais condicionantes para viabilizar actividade agrícola para fins comerciais. O seu fomento tem merecido grande atenção por parte do Estado moçambicano, nomeadamente no ENDE, onde uma das duas acções dirigidas à Transformação da Agricultura e Pesca contempla a comercialização da produção visando assegurar o escoamento da produção e o acesso ao mercado. Também são de referir o Pilar VII – Mercado, do PDDA, o Objectivo 1.2 – Facilitar o acesso ao mercado, do PARP e o Pilar II – melhorar o quadro orientador e serviços e para maior acesso ao mercado, do PEDSA. Ainda neste âmbito, o PNISA dedica os cinco programas da Componente 2 ao apoio ao Acesso ao Mercado, nomeadamente, o Programa de Gestão Pós-Colheita e Comercialização, o Programa de Serviços Financeiros, o Programa de Apoio ao Agro-Negócio, o Programa de Estradas Rurais e o Programa de Estatísticas Agrárias e Sistemas de Informação. Das medidas e acções previstas, são de destacar as dirigidas à ampliação da infra-estrutura logística, nomeadamente a expansão da malha de estradas distritais e vicinais e da capacidade de armazenamento, assim como o estímulo ao processamento da produção agrícola (ENDE). O mesmo ocorre com o Pilar VI – Infra-estruturas, do PDDA, onde se prevê o investimento em infra-estruturas e equipamento produtivo, assim como a promoção da construção de mercados abastecedores e sistemas de armazenamento e conservação; com o Objectivo 1.2 – Facilitar o acesso ao mercado, do PARP, onde se prevê a electrificação das estruturas produtivas e a requalificação e expansão das infra-estruturas e serviços de transporte; como o PNISA, onde se prevê o apoio à criação, expansão e consolidação de infra-estruturas e serviços de suporte à comercialização e à reabilitação de estradas rurais, (nomeadamente no âmbito do Programa de Gestão Pós-Colheita e Comercialização e Programa de Estradas Rurais da Componente 2 - Acesso ao Mercado). O uso sustentável dos recursos água e terra para a agricultura também tem assumido um papel de destaque num grande número de estratégias, planos e programas desenvolvidos. Neste contexto, o Pacto para o Desenvolvimento do Sector Agrário em Moçambique no Âmbito do CAADP dedicou o Pilar I para expansão da área sob gestão sustentável da terra e irrigação; o Pilar III, do PEDSA, prevê a utilização sustentável os recursos terra, água, florestas e fauna, assim como o programa de financiamento AGR 04 - água para fins agrários; e o PARP, no âmbito do seu Objectivos 1.3, prevê a melhoria da gestão de recursos naturais. No caso específico da gestão e acesso das terras, o PARP prevê a garantia do acesso sustentável dos recursos naturais e a melhoria do planeamento territorial e dos mecanismos de gestão de terras (com a realização e aprovação de planos de uso da terra), respectivamente, no âmbito do seus PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] 108 | 216 CONSÓRCIO Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões Objectivos 1.1 e 1.3. Também o PEDSA, no âmbito do Pilar III, prevê a utilização sustentável dos recursos terra, água floresta e fauna, assim como a melhoria de administração e gestão da terra. Historicamente, a região apresenta elevada probabilidade de ocorrência de situações hidrológica e meteorológicas extremas, pelo que o Estado moçambicano tem desenvolvido diversas medidas e acções de prevenção e mitigação contra as calamidades naturais. São então de destacar: no ENDE, no âmbito da acção dirigida para a comercialização da produção agro-pecuária, prevê o estabelecimento de mecanismos mitigatórios dos riscos elevados inerentes á actividade agrícola e o PARP, no âmbito da Objectivo 1.3 – Melhoria da gestão dos recursos naturais, prevê a adopção de medidas de redução de risco a calamidade naturais. Também em vigor estão os Planos Director para Prevenção e Mitigação das Calamidades Naturais (PDPMCN) e Plano de Acção Nacional de Combate à Seca e à Desertificação (PANCOSEDE). Também no âmbito das mudanças climáticas, está prevista a acção de melhoria da capacidade de resposta aos feitos das mudanças climáticas e a adaptação às mudanças climáticas, respectivamente no Pilar 3 do PEDSA e no Objectivo 1.3 do PARP. Aliada às medidas dirigidas ao sector agrícola, estão também em vigor a Estratégia Nacional de Mudanças Climáticas (ENMC) e o Programa de Acção Nacional para a Adaptação às Mudanças Climáticas (NAPA). A concretização dos três primeiros eixos de desenvolvimento está necessariamente dependente da transferência técnica e tecnológica aos agricultores e do ganho de dimensão e massa crítica, em especial para os pequenos e médios produtores. Neste sentido, o desenvolvimento do capital humano e institucional tem igualmente adquirido especial atenção por parte do Estado, nomeadamente para as entidades e instituições que veiculam esta transferência de conhecimento e que estabelecem ligação entre o mercado e os pequenos e médios produtores, ou seja, a extensão agrária e as associações e cooperativas de produtores. Neste sentido, a ENDE, no âmbito das acções para o aumento da produtividade, prevê a ampliação e dinamização dos programas de assistência técnica; o PDDA, no âmbito do Pilar III – Pesquisa e do Pilar VI – Infra-estruturas, prevê a promoção da investigação e o estabelecimento e reabilitação de centros de demonstração e tecnológica e de uma rede de laboratório; o PDDA, no âmbito do Pilar II – Desenvolvimento do Capital Humano, prevê uma articulação com o Ministério da Educação e com empresas para fomentar a formação e na área do agronegócio; o PEDSA, no âmbito do Pilar I - Aumento da produtividade e a produção, prevê o aumento da capacidade dos serviços de extensão; o PARP, no âmbito dos Objectivo 1.1, prevê o fortalecimento de capacidade dos serviços de investigação na produção de tecnologias; e o PNISA, no âmbito dos seus Programas de Investigação Agrária e de Extensão Agrária, aloca verbas para a sua implementação. Também estão em vigor o Plano Director de Extensão (PDEA) e o Programa Nacional de Extensão Agrária (PRONEA). Relativamente associações e cooperativas de produtores, o PDDA, nomeadamente no Pilar II – Desenvolvimento do Capital Humano, prevê a articulação com o Ministério da Educação e com empresas para fomentar a formação e na área do agronegócio, o PEDSA, no seu Pilar VI – Fortalecimento das organizações e instituições para o desenvolvimento agrário, prevê também o reforço das organizações de agricultores; e o PARP, no Objectivo 1.3 PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] 109 | 216 CONSÓRCIO Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões Promover as associações e cooperativas de produtores para criar economias de escala na utilização de infra-estruturas, serviços e insumos, prevê a criação e capacitação de organizações de produtores. 6.2. Pecuária Eixo 1 – Reforço dos Meios Institucionais A abordagem tradicional da extensão e apoio técnica baseia-se em três pilares essenciais: a adopção de uma estratégia política baseada em critérios técnicos ajustados à realidade, uma forte componente de investigação como suporte dos serviços de extensão e finalmente, um conjunto de centros de apoio técnico e de extensão com distribuição geográfica optimizada. Em Moçambique, as orientações políticas estão definidas e mas faltará cumprir a necessária aposta ao nível da investigação e do apoio junto dos produtores, como forma de atingir um conjunto de benchmarks ao nível da produção pecuária. Relativamente ao primeiro benchmark (legislação sobre segurança alimentar e veterinária), o País possui um quadro legal de âmbito alimentar e veterinário, que definem as autoridades nacionais responsáveis pela segurança, higiene e qualidade dos géneros alimentícios e alimentos para animais e os organismos de controlo. Os mesmos devem ser aprimorados tendo presente as melhores práticas ao nível da SACD ou mesmo o referencial na UE. O segundo benchmark (estratégia legislativa e planos sanitários), vai requer um esforço significativo dadas as carências ao nível dos serviços sanitários, e a implementação e reforço do acervo em termos de segurança alimentar, veterinária e política sanitária, assim como o plano de acção para o controlo e erradicação de um conjunto alargado de zoonoses que afectam a área de enquadramento. Relativamente ao bem-estar animal (acondicionamento animal) há todo um trabalho por produzir no terreno, o mesmo sucedendo ao nível da comercialização, armazenamento de produtos farmacológicos veterinários. O terceiro benchmark (estabelecimentos alimentares) dirá respeito á constituição e classificação dos estabelecimentos da indústria alimentar, serão necessários progressos na legislação, quer na responsabilização dos operadores de géneros alimentícios e da alimentação animal, quer no âmbito da rastreabilidade dos mesmos. O quarto benchmark (identificação e registo de animais), será o de mais difícil implementação no terreno, mas que no horizonte do Plano deverá merecer uma reflexão profunda ao nível das instituições do MINAG. PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] 110 | 216 CONSÓRCIO Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões O reforço de meios assentará em 4 componentes principais: Descentralização ao nível das competências e financiamento Contratação ou terciarização de partes ou da totalidade dos serviços de apoio e extensão com outras entidades do domínio privado (cooperadores, ONG, outros); Partilha gradual do investimento entre o Governo nacional e local e os produtores; Realização sistemática de processos de controlo e avaliação dos programas e respectivos impactos (avaliação ex post); A maioria das reformas mencionadas está a ser abordada na componente de extensão do plano estratégico do sector da agricultura do MINAG: PROAGRI II 2006-2010 e PDEA (2007-2016) e em consonância com o Programa Nacional de Extensão Agrária. A investigação em Moçambique carece de recursos humanos qualificados, dotados dos meios necessários (instalações, equipamentos, etc.). De outra forma qualquer planeamento torna-se inevitavelmente complicado de executar. A prossecução dos objectivos a longo prazo da melhoraria da segurança alimentar e redução da pobreza (alcance dos ODM) devem ser focados não só ao nível do fomento de grandes projectos âncora, mas fundamentalmente ao nível dos pequenos produtores pecuários. Não podemos ignorar que uma percentagem maioritária da população da área de enquadramento depende da agricultura e em certa medida da pecuária. Eixo 2 - Melhoria dos índices de produtividade e competitividade O denominador comum do sector familiar (de pequena escala) é a baixa produtividade, capacidade limitada dos agregados familiares em gerarem poupanças e a evidente insegurança alimentar. Estas características dominam a agro-pecuária de pequena escala, que se encontra geograficamente dispersa, culturalmente heterogénea na área de enquadramento, técnica e economicamente deficitária. Assim, perante esta situação geral, o desafio é saber como mobilizar a capacidade produtiva latente de milhares de milhares de pequenos de produtores do sector familiar e, os produtores de média e grande dimensão. “Entre as principais necessidades para o desenvolvimento sustentável da agricultura no país destacam-se: a implantação de uma infra-estrutura económica capaz de facilitar o armazenamento, o escoamento e a comercialização da produção; a introdução de novos empreendimentos baseados em conhecimento técnico-científico avançado, em especial com relação ao uso sustentável da floresta, e outras acções que permitam a agregação de valor aos produtos nacionais.” ENDE, 2013 PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] 111 | 216 CONSÓRCIO Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões A transmissão gradual do conhecimento a partir dos serviços de extensão e aconselhamento técnico, e num patamar posterior, a instalação gradual de projectos empresariais com maior dimensão introduzirão nuances e inputs de capital e conhecimento que deverão ser apreendidos e utilizados. Para tal é fundamental que se criem bases para a dispersão da informação (conhecimento) e que surjam sinergias/relações entre pequenos e grandes produtores. A base para o desenvolvimento da pecuária deverá aproveitar as sinergias criadas pelo estabelecimento de cadeias de valor mais promissoras como a exploração de arvenses (milho, trigo; bases da alimentação animal), hortícolas, arroz e soja. Ainda no tocante à exploração pecuária é de salientar o potencial em termos de áreas de pastagem, e as regiões com maior potencial de desenvolvimento agrário como o Planalto da Angónia, a região central (Caia), e todo o delta do Zambeze. Eixo 3 - Valorização social e económica das comunidades e mercados locais A melhoria progressiva da produtividade na óptica da optimização dos recursos em cada exploração deverá ser acompanhada com o fomento de pequenos mercados locais, pólos de dinamização do sector. Requer um sistema de suporte e de regulação de mercado pecuário, de informação e monitorização de preços (tarefa que pode e deve ser assegurada quer pelos serviços oficiais em conjunto com associações ou agrupamento de produtores. Esta valorização social e económica das comunidades e mercados locais é o corolários dos primeiros Eixos de desenvolvimento, e passa: Pela melhoria e desenvolvimento das infra-estruturas rurais; O alargamento do espectro e alcance dos serviços sanitários na região O desenvolvimento e diversificação das actividades económicas relacionadas com a pecuária Aumento da atractividade do sector para a implantação de projectos de índole mais profissional. A aposta na produção agro-pecuária nas comunidades locais, de acordo com uma lógica de aproveitamento das melhores condições edafo-climáticas será um factor de promoção para a fixação das populações rurais e diminuição da rarefacção que caracteriza alguns distritos na região do Vale do Zambeze. Este facto pode atenuar a necessidade de migração das zonas mais pobres para as zonas com maior poder de atractividade, como as zonas urbanas na região ou as zonas com maior actividade na exploração mineira. Eixo 4 – Migração gradual para a industrialização da Pecuária Para que muitas empresas e muitos empregos possam ser criados em regiões com predomínio da agro-pecuária familiar (Eixo 2 e Eixo 3), também é preciso que elas disponham de um mínimo de condições favoráveis em termos de comunicação e de serviços (Eixo 1), sobretudo, de condições que estimulem o "empreendedorismo". Afinal, são os PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] 112 | 216 CONSÓRCIO Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões empreendedores os principais agentes da mudança económica. Pilar fundamental dessa produção, será para além do escoamento para os mercados, o aumento do valor agregado dessa produção através da gradual industrialização do sector. O aumento sustentado da produção pecuária (familiar e empresarial), para além das óbvias vantagens ao nível do bemestar da população (crescimento da rendimento familiar, maior segurança alimentar), deverá criar uma das premissas em termos desenvolvimento nacional, i.e, a industrialização do sector agrário de um ponto de vista mais abrangente (tal como definido no ENDE 2013), tendo como pilares a agricultura e a pecuária. 6.3. Floresta Eixo 1 – Aumento da Área Florestal O aumento da área florestal fundamenta-se nos pressupostos de base descritos nas primeiras quatro componentes da Estratégia de Reflorestação (2009) que promoveu o estabelecimento, desenvolvimento e consolidação de plantações florestais de várias tipologias (industriais, energéticas, conservação e protecção ambiental e plantações comunitárias) para o território nacional. No mesmo diapasão, o incentivo ao subsector florestal já era considerado ao nível da Agenda 2025- Estratégias e Visão da Nação (documento inicial), mantendo-se a firme aposta na revisão de 2013 desse documento estratégico, bem como na recente Estratégia Nacional de Desenvolvimento (2012). De facto as “plantações florestais apresentam um potencial considerável de expansão e de maior produtividade”. “O país irá apostar em indústrias transformadoras essenciais para o processamento dos recursos agrícolas, pesqueiros e florestais, por causa do seu potencial na geração de emprego, e em indústrias intensivas em capital, na exploração e processamento de recursos minerais e energéticos, privilegiando em ambos casos o equilíbrio ecológico e a preservação do meio ambiente, através da adopção de tecnologias limpas.” Agenda 2025 O aumento da área florestal será baseado no incentivo ao investimento privado e público direccionado para a constituição de: Áreas florestais para fins comerciais e industriais (floresta de produção para a geração de alto valor agregado ao nível do território para o mercado interno e externo); PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] 113 | 216 CONSÓRCIO Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões Floresta para fins energéticos (com uma distribuição espacial em redor das zonas com maior densidade humana ou onde seja notória a necessidade de repor o stock de material lenhoso para carvão e lenha; fundamenta ao Eixo 2); Plantações de índole comunitária (em pequena escala, pra autoconsumo e para abastecimento dos mercados locais; fundamenta o Eixo 2 e 4); Plantações de conservação e protecção ambiental (conservação da biodiversidade, reabilitação de áreas degradadas e preservação do ambiente; fundamenta o Eixo 2 e apoia-se nas medidas previstas, por exemplo, nos documentos estratégicos referidos para o sector do Turismo e no Plano de Acção para a Prevenção e Controlo da Erosão de Solos 2008-2018, a Estratégia Ambiental para o Desenvolvimento Sustentável 2007, entre outros; Eixo 2 - Desenvolvimento e sustentabilidade florestal As questões da sustentabilidade da exploração dos recursos naturais e da conservação do ambiente são de grande importância considerando a expectativas criadas pela existência de grandes investimentos seja ao nível da implementação de florestas para produção, seja para investimentos em florestas de previsão de grandes investimentos mineiros, agrícolas, florestais e turísticos, com tecnologias extensivas em trabalho e a utilização intensiva da terra (uso de fertilizantes e pesticidas químicos, preparação da terra com grande desestruturação das texturas e da compactação dos solos e a possibilidade de monoculturas esgotadoras da fertilidade da terra). “Esta abordagem evidencia que a actual trajectória de desenvolvimento económico de Moçambique não é sustentável em virtude das poupanças líquidas negativas ajustadas (2005) que revelam uma maior destruição da riqueza do que a sua acumulação – pondo por conseguinte em perigo o futuro crescimento e bem-estar. Se assim for, os valores calculados contabilizados como amortização do capital produtivo, quase que anulariam o crescimento económico de Moçambique”. Agenda 2025 “A desflorestação descontrolada provoca erosão dos solos e assoreamento de bacias hidrográficas, com efeitos sobre a vida humana e faunística, assim como altera os ecossistemas.” Agenda 2025 Para além do contributo dos recursos florestais para a economia nacional (actualmente desaproveitado), a floresta desempenha um papel muito importante na preservação do ambiente e manutenção da biodiversidade. PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] 114 | 216 CONSÓRCIO Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões Eixo 3 - Incremento da capacidade de intervenção do Estado Tal como reafirmado na Agenda 2025, usurpação de terras associada aos grandes investimentos tem ocasionado a com a inobservância de direitos existentes e os procedimentos legais vigentes. Esta questão fracturante constitui hoje uma das maiores causas de tensão e insatisfação social nas zonas rurais. Dai ser fundamental o reforço das competências do Estado como garante da manutenção do equilíbrio político, social e económico. A necessidade do fortalecimento da administração e gestão florestal para as plantações florestais (Componente 5 da Estratégia de Reflorestação) surge da necessidade imperiosa de contribuir para o cumprimento cabal da lei e para o apoio técnico local. Tal como referido ao longo desta 1ª Fase, é notória a falta de meio humanos e materiais adequados ao nível das estruturas provinciais e distritais, facto que condiciona a monitorização e fiscalização necessárias, bem como a gestão da informação e transmissão do conhecimento. A título de exemplo, parte do insucesso de alguns projectos está muitas vezes relacionado com a incapacidade por parte das entidades oficiais. Noutro âmbito, a situação de descontrolo ao nível do comércio informal do carvão vegetal e a extracção ilegal de madeiras, são outras evidências da necessidade do fortalecimento do papel do Estado. “Há evidências de que, em muitos casos, a exploração dos recursos naturais não obedece ao princípio da sustentabilidade, com indícios fortes no sector florestal.” Agenda 2025 Parte desse reforço de meios deve ser canalizado para o incentivo e dinamização de centros de investigação e extensão em sintonia com o necessário reforço igualmente salientado ao nível do sector agrícola e no subsector pecuário. A fraca capacidade de gestão e a forte dependência da ajuda externa em matéria da capacidade técnica, são apontadas como causas principais para a reduzida aposta na reflorestação. O sucesso da implementação dos restantes eixos depende sobremaneira do reforço de meios e competências por parte da Entidades oficiais. Eixo 4 - Valorização social e económica das comunidades locais Do ponto de vista económico e social, todos os documentos estratégicos aprovados têm como denominador comum a necessidade de reverter os lentos progressos que se registam na redução dos níveis de incidência da pobreza. De facto, analisando os resultados do Relatório de Avaliação da Implementação do PARPA II e os Resultados da Avaliação do III Inquérito aos Agregados Familiares e o Censo Geral da População e Habitação (2007) justificam que, a par das intervenções padrão em curso, novas abordagens consistentes com os novos desafios, por forma a promover o desenvolvimento económico e social das populações. PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] 115 | 216 CONSÓRCIO Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões Nesse âmbito, o aumento da produção agrícola e pecuária em sintonia com o fortalecimento e dinamização do subsector florestal devem ser baseados na incorporação e adopção das novas tecnologias e técnicas de produção como forma de prosseguir o desidrato do aumento dos índices de produção e produtividade, a preservação e conservação do solo e da água. Com a Estratégia de Reflorestação (2009) procurou-se atenuar os estrangulamentos e encontrar soluções para os principais problemas dos territórios comunitários. Entenda-se aqui, estratégia para a valorização dos territórios comunitários como o modelo de desenvolvimento sustentado, na participação dos compartes, com vista a dar resposta às suas necessidades através da valorização dos seus recursos endógenos, assente num conjunto de prioridades e objectivos fixados a partir de um diagnóstico, privilegiando uma abordagem integrada, inovadora e com efeitos multiplicadores. O desenvolvimento sustentável das áreas comunitárias é uma questão actual com sérios reflexos no futuro que exige um plano de acção concreto que permita a sã convivência entre as vertentes, económica, ambiental e social, que constitui a essência do desenvolvimento sustentável. A argumentação teórica e os exemplos reais apontam para circunstâncias específicas em que o regime de propriedade comunitária pode ser bastante adequado à gestão dos recursos naturais. 6.4. Pesca Considerando as estratégias plasmadas nos diplomas atrás referidos, bem como os objectivos de investimento do sector na região do Vale do Zambeze, foram estabelecidos os seguintes eixos de desenvolvimento para o sector Pescas: Eixo 1 – Contributo do sector da pesca no reforço da segurança alimentar e nutricional da população Este eixo encontra-se em linha com os objectivos estabelecidos no PDP, Lei das Pescas e PARP, prevendo: A exploração sustentável do recurso mediante a captura de pescado, com qualidade e em quantidade suficientes para satisfazer de modo permanente, as necessidades actuais da população sem comprometer o acesso às necessidades futuras; A criação de infra-estruturas (de captura, armazenamento e transporte) que garantam que os alimentos conservam as características físico-químicas, microbiológicas e sensoriais padronizadas, cumprindo o preconizado para consumo. PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] 116 | 216 CONSÓRCIO Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões Eixo 2 – Aumento da produção piscícola em aquacultura O presente eixo encontra-se em linha com os objectivos estabelecidos no PDP, Lei das Pescas, PARP, PGPACB e PGPCBS, prevendo: A criação de infra-estruturas de produção, armazenamento, transporte e comercialização (p.e. tanques de produção, frigoríficos, sistema de transporte e mercados); A localização das aquaculturas, que deverão ser próximas das populações de forma a contribuir para a sua segurança alimentar e nutricional, bem como para a melhoria das condições de vida das populações (em especial nas situadas em solo rural) e o desenvolvimento económico e social da região. Eixo 3 – Utilização racional e sustentável dos recursos piscícolas Este eixo encontra-se em linha com os objectivos estabelecidos no PDP, Lei das Pescas, PGPACB e PGPCBS, prevendo: A definição de medidas a adoptar no ordenamento das actividades pesqueiras, bem como medidas de preservação e gestão dos recursos piscícolas, mediante: o zonamento das áreas de pesca; a adequação das tecnologias utilizadas na pesca; a existência de instalações de apoio às actividades; o estabelecimento de mecanismos de monitorização e de fiscalização das actividades. 6.5. Mineração Considerando as estratégias plasmadas nos diplomas atrás referidos, bem como os objectivos de investimento do sector na região do Vale do Zambeze, foram estabelecidos os seguintes eixos de desenvolvimento para o sector Mineração: Eixo 1 – Crescimento do sector mineração mediante a gestão e exploração sustentável dos recursos naturais Este eixo encontra-se em linha com o disposto na PERM e na Lei das Minas, considerando que: Moçambique possui um enorme e diversificado potencial em recursos minerais; A inventariação e a avaliação deste potencial devem ser permanentes e em continuidade; Deverá ser efectuada o zonamento das áreas com potencial para a exploração actual e futura dos recursos minerais, e estabelecidas as respectivas normativas, tendo em conta os outros usos em presença; PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] 117 | 216 CONSÓRCIO Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões Deverão ser adoptadas medidas de preservação do meio ambiente, mediante: a exploração racional dos recursos; o cumprimento das boas práticas mineiras assegurando a preservação da biodiversidade, a minimização do desperdício, das perdas de recursos naturais e dos efeitos adversos no ambiente; a implementação de programas de monitoria, inspecção e fiscalização das explorações; a reabilitação das áreas de mina, após o seu encerramento. Eixo 2 – Promover a construção de infra-estruturas de apoio à indústria mineira de forma ordenada e coordenada com outros sectores de actividade O presente eixo encontra-se em linha com o disposto no PERM e na Lei das Minas, prevendo: A criação de infra-estruturas eléctricas, de transporte, logísticas e de exportação que viabilizem o aumento da exploração e comercialização dos recursos minerais e incentivem o investimento no sector. Eixo 3 – Assegurar os benefícios decorrentes da exploração de recursos minerais, de forma equitativa, para os cidadãos moçambicanos O presente eixo encontra-se em linha com o disposto no PERM e na Lei das Minas, prevendo: O estabelecimento de disposições vinculativas sobre a partilha dos benefícios económicos e de acesso à participação no capital dos grandes projectos; O envolvimento das comunidades locais nos empreendimentos mineiros, mediante acções de comunicação, diálogo e consulta para a realização e desenvolvimento das actividades mineiras e outras associadas; O cumprimento de boas práticas nos processos de reassentamento; A criação de emprego de locais no sector mineiro e respectiva capacitação; A preservação da herança cultural das comunidades locais, onde se localizam as explorações e o respeito pelas relíquias que possam vir a ser descobertas. 6.6. Energia A definição dos eixos de desenvolvimento para o sector da energia teve por base a Estratégia de Energia (aprovada pela Resolução de Conselho de Ministros nº 10/2009 de 10 de Março para o quinquénio 2009-2013) e a proposta de revisão da Estratégia presente ao Ministério da Energia em 2014. Foi assim realizada uma reflexão estratégica destes documentos contextualizando-os com as características da Bacia do Zambeze, de que são elementos salientes a reter: PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] 118 | 216 CONSÓRCIO Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões Localização: A Bacia hidrográfica do Rio Zambeze situa-se na região central de África, entre as latitudes 10º S e 20º S. Desde as suas nascentes, a 1600 metros de altitude na Zâmbia, próximo da fronteira com a República Democrática do Congo (RDC), até à foz, o Zambeze percorre 2700 km, com cerca de 830 km em território moçambicano; Bacia Hidrográfica do Zambeze: Na região onde se insere a Bacia do Zambeze cobre uma área de 1.570.000 km 2, envolvendo oito países: Angola, Botswana, Malawi, Mozambique, Namibia, Tanzania, Zambia, Zimbabwe. Em Moçambique, a Bacia do Zambeze cobre uma área que ronda os 220.000 km2 , um quarto da superfície do País; Aproveitamentos hidroeléctricos: As principais potencialidades hidroeléctricas em território nacional, encontram-se localizadas no Rio Zambeze: Cahora Bassa, Mphanda Nkwa; Boroma; Lupata; Chemba e em três dos seus principais afluentes, nomeadamente os rios Revúboé e Luia na Margem Norte e o Luenha na Margem Sul. Tendo-se chegado aos seguintes eixos de desenvolvimento: Eixo 1 - A Bacia do Zambeze, enquanto elemento determinante na produção de energia hídrica: Insere-se a nível nacional, num contexto mais vasto, pelo que a utilização da hidroelectricidade deve permitir o desenvolvimento das várias potencialidades agrícolas, florestais e mineiras existentes com especial atenção ao meio ambiente; Deve garantir a melhor coordenação com outros utilizadores do recurso hídrico; Deve assegurar a coordenação dos regimes de produção de hidroelectricidade com a produção de termoelectricidade. Eixo 2 - O Vale do Zambeze, pela sua riqueza mineira em particular na área do carvão: Deve estudar aprofundadamente as várias etapas da cadeia de mineração do carvão e o uso a dar aos subprodutos de cada uma das etapas, em particular, a utilização dos subprodutos na sua conversão em energia, quer por via da liquefacção, quer por via da queima em centrais termoeléctricas; Avaliar de forma muito rigorosa a questão dos subprodutos do ponto de vista ambiental com o fito de demonstrar se a queima do carvão em centrais termoeléctricas ou a sua conversão em combustíveis líquidos, oferecem do ponto de vista ambiental soluções mais seguras que o seu armazenamento onde há o risco de combustões espontâneas e da produção de compostos ácidos em resultado das quedas pluviais, que sendo drenadas para o Rio Zambeze podem criar sérios problemas de natureza ecológica, afectando os ecossistemas do rio. Encetar com as empresas mineradoras, produtoras e consumidoras de electricidade e demais agentes económicos, institucionais nacionais, regionais e internacionais e governamentais, um processo de consultas sobre o uso dos subprodutos, visando compatibilizar as características da produção de energia com os padrões de consumo. PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] 119 | 216 CONSÓRCIO Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões Eixo 3 - A Bacia do Zambeze, pela sua localização geográfica realça a posição de Moçambique que, no dizer da Estratégia de Energia em vigor: “Moçambique desempenha, pela sua situação geográfica e extensão territorial, o papel de porta de entrada do hinterland africano, constituído por seis Países sem acesso ao mar. A posição geográfica de Moçambique é igualmente de charneira entre a SADC e a África Oriental, a qual inclui, para além da Tanzânia e do Quénia, os Países dos da Região dos Grandes Lagos.”, permite: Desenvolver o conceito de um pool de hidroelectricidade disponível para a região SADC (Southern Africa Development Community) e para a EAC (East Africa Community) - quer com as centrais hidroeléctricas e térmicas já existentes, n Bacia do Zambeze, em Moçambique e nos países limítrofes Zâmbia e Zimbabwe, quer com os projectos em perspectiva - que complementasse a produção predominantemente térmica a carvão da região Austral da SADC (África-do-Sul, Botswana e Namíbia), compatibilizando-se os modos e perfis de operação, assegurando reservas girantes dos sistemas interligados de modo a tirar o maior benefício possível da actual geografia eléctrica da Região; Promover a interligação eléctrica entre a SADC e a EAC, aprofundando a integração económica dos dois blocos e criando um mercado eléctrico e de telecomunicações - considerarmos que actualmente os sistemas de transporte de energia são igualmente sistemas de transmissão de dados - de grande envergadura capaz de proporcionar economias de escala muito vantajosas e permitindo a entrada na matriz energética da produção termoeléctrica a gás natural (Centrais e Ciclo combinado) usando as recentes descobertas na foz do rio Rovuma partilhadas entre Moçambique e a Tanzânia. 6.7. Indústria Transformadora No caso da indústria transformadora, os eixos de desenvolvimento a adoptar, focaram-se nas estratégias e respectivos objectivos esplanadas nos diversos planos e estratégias de desenvolvimento, nomeadamente Agenda 2025, ENDE 2015-2035, o EDR 2007-2025, Estratégia Industrial 2007 e PDDA 2013-2020. Nestes documentos, fica bem claro a aposta no subsector das agro-indústrias, tanto ao nível das pequenas unidades locais e de agro-processamento, como das grandes unidades industriais, e nos benefícios que potencialmente poderão trazer ao sector produtivo rural. PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] 120 | 216 CONSÓRCIO Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões Assistência Técnica Extensão Agrária Meio Rural Mais Valor Acrescentado Produtor Agroprocessamento Mercado Agro-indústrias (indústria de transformação de produtos agrícolas e pesqueiros) Indústria para Consumo Interno (para substituição das importações) Matéria-prima Pólos de Desenvolvimento Figura 27 – Modelo proposto para a revitalização da indústria transformadora no Vale do Zambeze Fonte: Retirado da Fase 1 do PM Assim sendo, para o Vale do Zambeze propõe-se os seguintes eixos de desenvolvimento: Eixo 1 – Promover e apoiar a pequena indústria e o agro-processamento no meio rural, através do apoio à formação de um tecido empresarial rural e da concessão da assistência técnica; e Eixo 2 – Promover o desenvolvimento de unidade industriais agregadas em pólos industriais, através da construção, infra-estruturação e promoção dos pólos de desenvolvimento. Neste sentido e à imagem supra referido, a promoção e apoio da pequena indústria e do agro-processamento no meio rural, é referida, por um lado, na Estratégia de Desenvolvimento Rural (EDR, 2007-2025), que prevê o fomento da industrialização rural, sobretudo o agro-processamento, para o desenvolvimento do tecido empresarial rural e, por outro, no Programa Nacional de Extensão Agrária (PRONEA, 2007-2014) que prevê a assessoria técnica para agroprocessamento, visando a diminuição de perdas pós-colheita nas zonas rurais. Neste âmbito, também o PNISA, 20132017 prevê o desenvolvimento e a promoção do estabelecimento de micro, pequenas e médias unidades agroindustriais para os produtos agrícolas (Subprograma de Promoção da Agro-indústria, no âmbito do Programa de Gestão Pós-colheita e Comercialização). PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] 121 | 216 CONSÓRCIO Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões A promoção e desenvolvimento de unidade industriais agregadas em pólos industriais, nomeadamente da indústria de transformação de produtos agrário (agro-indústrias), é considerada como um dos quatro sectores produtivos prioritários pela Agenda 2025, sendo por sua vez integrada num quadro de cadeias produtivas (agronegócio) e agrupadas em pólos de desenvolvimento (clusters). Também a Estratégia Nacional de Desenvolvimento (ENDE, 2015-2035) considera a Revitalização e Expansão da Indústria Transformadora como prioritária, tomando partido, por um lado, da oferta de matéria-prima nacional e, por outro, da procura do mercado interno. Das cinco frentes de expansão propostas pela ENDE, cabe-nos destacar a seguintes duas: A primeira integra a actividade agro-pecuária e a pesca e corresponde à indústria de transformação de produtos agrícolas e pesqueiros – a agro-indústria – bem como os respectivos segmentos de insumos; e A segunda pretende dar resposta à procura do mercado interno, dirigida essencialmente para a produção de bens de consumo não-duráveis (alimentos, têxteis, vestuários, calçados, etc.) e duráveis (móveis, utensílios domésticas, etc.) e focada na substituição das importações. Por outro lado, a Estratégia Industrial 2007 indica as seguintes prioridades industriais indicativas, entre outras: o desenvolvimento da indústria alimentar; o desenvolvimento e modernização da indústria de mobiliário; o desenvolvimento da indústria de materiais e instrumentos de construção; o desenvolvimento das indústrias de recolha e reciclagem de desperdícios industriais; o desenvolvimento das indústrias de engenharia mecânica, metalo-mecânica e electrotécnica; o desenvolvimento da indústria química; e a consolidação do aproveitamento industrial diversificado do potencial energético criado pela extracção de gás natural. Também a Estratégia para o Desenvolvimento do Sector Têxtil e de Confecções 2008, visando a transformação da produção nacional e o acréscimo de seu valor acrescentado, prevê o estabelecimento de indústrias de fiação, de fábricas de confecções viradas para a exportação, o fomento de empresas existentes para o aproveitamento do mercado interno e o estabelecimento da produção artesanal de produtos típicos 6.8. Turismo Considerando as estratégias do sector do turismo, bem como os objectivos de investimento do sector na região do Vale do Zambeze, foram estabelecidos os seguintes eixos de desenvolvimento para o sector Turismo: Eixo 1 – Desenvolvimento do potencial turístico associado ao Rio do Zambeze O Vale do Zambeze tem um potencial turístico associado ao rio Zambeze, à actual albufeira de Cahora Bassa e outras albufeiras que se perspectivam para o rio Zambeze (Mphanda Nkuwa, Boroma, Lupata e Chemba) que irão proporcionar a prática de pesca desportiva e recreativa, prática de desportos náuticos, e turismo de lazer e natureza. PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] 122 | 216 CONSÓRCIO Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões Tal irá requer uma articulação entre o Ministério do Turismo e as instituições com competências na gestão dos recursos hídricos e das albufeiras, como a ARA-Zambeze e os operadores das hidroeléctricas, que passará designadamente por comtemplar o desenvolvimento turístico em planos de gestão de recursos hídricos da bacia do rio Zambeze, assim como em planos de ordenamento das albufeiras, que identifiquem claramente as oportunidades de investimento no turismo. Eixo 2 – Desenvolvimento do potencial turístico associado à Natureza O Vale do Zambeze possui paisagens naturais e riqueza de biodiversidade (incluindo de recursos faunísticos), áreas praticamente virgens, principalmente nos distritos a norte e sul da albufeira de Cahora Bassa, bem como no delta do Zambeze (distritos de Marromeu e Chinde) que conferem potencial para o desenvolvimento de turismo de natureza “selvagem”, que passa pelo ecoturismo e pelo turismo cinegético. O Parque Nacional de Magoé, as coutadas (distritos de Tambara, Caia e Marromeu) e outras áreas com potencial para turismo cinegético (como as áreas onde já existem operadores de safaris – distritos de Zumbo, Marávia, Chiúta, Chifunde e Chinde) serão as áreas prioritárias para o desenvolvimento deste eixo de desenvolvimento turístico. Eixo 3 – Desenvolvimento do potencial turístico associado ao património natural (geosítios) e históricocultural Estão já identificados locais com interesse geológico (geosítios) e locais com interesse histórico-cultural, marcos da presença humana no território desde a era pré-histórica (arte rupestre, zimbabwes, aringas, fortalezas, igrejas, marcos da luta de libertação nacional) que possibilitam a criação de roteiros turísticos de cariz histórico e cultural. O património cultural imaterial, como as danças Nyau, classificadas pela UNESCO como património da humanidade constituem mais um ponto de atracção a ser desenvolvido. A valorização do património cultural e natural numa acção conjunta entre o Ministério do Turismo, o Ministério da Cultura, o Museu de Geologia e a ARA-Zambeze com o envolvimento das autoridades locais servirá de base para a promoção deste tipo de turismo da região, que irá beneficiar das infra-estruturas turísticas já existentes na cidade de Tete (aeroporto com diversos destinos nacionais e internacionais e serviços de apoio ao turismo ao nível de hotelaria, restauração e aluguer de viaturas). Eixo 4 – Marketing turístico O Marketing do turismo do Vale do Zambeze associado ao marketing do turismo do país será essencial para a atracção de investidores e turistas. PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] 123 | 216 CONSÓRCIO Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões Eixo 5 - Contributo do sector do turismo para um desenvolvimento dos recursos humanos A qualificação dos recursos humanos nas várias áreas do sector do turismo é essencial para um maior desenvolvimento do próprio sector através da melhoria da qualidade dos produtos e serviços prestados, para o desenvolvimento sócioeconómico, principalmente das populações que directa, ou indirectamente, vivam do sector, assim como para uma maior fiscalização das áreas de conservação, de modo a permitir uma exploração sustentável dos recursos naturais; Contributo para a consciencialização das populações rurais para a importância do sector no país, assim como para a informação e formação de pessoas pertencentes às comunidades locais com vista à preservação e manutenção de valores e recursos naturais. 6.9. Transportes Eixo 1 – Implementação de uma rede de transportes multimodal Implementação de uma rede de transportes multimodal capaz de servir adequadamente as linhas de desejo actuais e futuras ao nível de transporte de mercadorias (minérios, produtos agrícolas e florestais entre outros) e de passageiros (em transporte individual ou colectivo). A rede de transportes contribuirá ainda para a coesão económica e social, permitindo um desenvolvimento sustentado das indústrias ao longo dos eixos de grande acessibilidade e mobilidade. Eixo 2 – Eixos de desenvolvimento estruturantes da rede de transportes O funcionamento com segurança e fiabilidade das linhas ferroviárias associadas aos eixos de desenvolvimento de Nacala, Beira e Macuse contribuirá para a captação de carga que actualmente é transportada pelo modo rodoviário, viabilizando o transporte do carvão de Tete/Moatize para os mercados internacionais com ganhos substanciais para o ambiente. A acessibilidade do restante território aos eixos referidos (viabilização das ligações de conexão entre os eixos transversais) revela-se fundamental na medida em que permite uma estruturação equilibrada do território através da criação de uma verdadeira “rede” de transportes. Garantir a inexistência de constrangimentos na cadeia logística através da criação ou ampliação dos portos marítimos de modo a garantir a eficiência da intermodalidade das cadeias logísticas. PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] 124 | 216 CONSÓRCIO Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões Eixo 3 – Consolidar a Rede Rodoviária, complementando os eixos de desenvolvimento O acesso da população, bens e serviços às oportunidades de negócio deverá ser concretizada através da manutenção de uma rede de estradas que assegure a acessibilidade aos eixos de desenvolvimento estruturantes, promovendo a multimodalidade do sistema de transportes na coesão territorial, social e económica da região do Vale do Zambeze. Eixo 4 – Estabelecimento de uma rede aeroportuária eficiente Estabelecer uma rede aeroportuária que permita a ligação privilegiada dos centros de actividade económica mais intensa aos centros de decisão, criando linhas de acessibilidade de comunicação rápida e eficiente. Um sistema de transportes aéreo eficiente e seguro permitirá a captação de investimento em áreas turísticas do Vale do Zambeze de grande potencialidade. 6.10.Conservação A definição dos eixos de desenvolvimento para o sector da conservação da natureza/biodiversidade teve por base os princípios, objectivos e acções estratégicas definidas nos 3 documentos de referência existentes para o sector, nomeadamente: i) Estratégia e Plano de Acção para a Conservação da Diversidade Biológica de Moçambique (aprovada a 22 de Julho de 2003, pela 18ª sessão ordinária do Conselho de Ministros); ii) a Política da Conservação e Estratégia de sua Implementação (PCEI) (aprovada pelo Conselho de Ministros em 2009 através da Resolução n.º 63/2009); iii) a Lei de Conservação (Lei 16/2014, aprovada a 20 de Junho de 2014). Foi assim realizada uma reflexão estratégica destes documentos contextualizando-os com as características do Vale do Zambeze, tendo-se chegado aos seguintes 3 eixos de desenvolvimento: Eixo 1 - Manutenção do contínuo ecológico do vale do Zambeze, enquanto eixo estruturante da Biodiversidade e Conservação da Natureza nos contextos regional, nacional e internacional (ligação com países vizinhos) Deve ser garantido o uso sustentável dos recursos biológicos e hidrológicos ao longo do da Bacia Hidrográfica, visto que esta é a fonte da Biodiversidade da região; Deve ser preservado o caudal ecológico e o regime de sazonalidade do Rio Zambeze e a circulação de sedimentos finos, no sentido de garantir a conservação da biodiversidade e uma boa produtividade a jusante, nomeadamente no delta do Zambeze e banco de Sofala; PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] 125 | 216 CONSÓRCIO Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões Eixo 2 - O Vale do Zambeze, pela sua biodiversidade e importância à escala nacional, deve contribuir para o objectivo nacional de elevar a capacidade para a Conservação, através da manutenção da rede de Áreas de Conservação e respectivas zonas tampão, bem como a sua expansão e/ou estabelecimentos de novas Áreas de Conservação, de forma balançada e representativa dos valores naturais aí presentes. Deve ser avaliada a possibilidade de se estabelecerem novas Áreas de Conservação (total e/ou de uso sustentável) e respectivas áreas tampão, nomeadamente nas áreas que actualmente estão classificadas como IBAS, áreas de elevada diversidade biológica, bem como áreas importantes para elefantes e/ou para outras espécies relevantes em termos de estatuto de conservação; Devem ser revistos os limites de áreas existentes e respectivas áreas tampão, no sentido de incluírem as componentes essenciais para o funcionamento pleno do ecossistema que se pretende proteger, assim como o enquadramento de possíveis corredores ecológicos importantes existentes; No âmbito dos planos de maneio destas áreas, devem ser implementadas medidas que promovam a redução dos confrontos entre o homem e a fauna bravia, bem como a reabilitação de ecossistemas degradados e controlo de espécies exóticas; Nas áreas de conservação devem ainda ser garantida a realização de estudos de base que permitam incrementar o conhecimento local e a monitoria de indicadores biológicos, nomeadamente das espécies protegidas. Eixo 3 - O vale do Zambeze e, em particular, as suas Áreas de Conservação, deve ser gerido de modo a garantir que as populações locais usufruem dos recursos providenciados pela biodiversidade e ecossistemas locais, quer pelo seu uso directo, quer através dos benefícios económicos que estes providenciam, como é o caso do ecoturismo e do turismo cinegético entre outros (serviços dos ecossistemas e da Biodiversidade). Devem ser identificadas as actividades que permitem a geração de rendimento para as populações humanas locais, que valorizem ou adicionem valor aos recursos naturais (p.e. turismo cinegético, ecoturismo, exploração florestal sustentável); Melhorar o processo de distribuição de 20% das receitas pela população local (p.e. através de monitoria dos usos realizados); Explorar as oportunidades que a nova Lei de Conservação introduz no que respeita ao estabelecimento de iniciativas de conservação comunitária, por forma a que estas possam estar mais envolvidas e recebendo mais benefícios em assuntos de gestão de recursos faunísticos; Desenvolver mecanismos baseados nos serviços dos ecossistemas e da biodiversidade que permitam rentabilizar e financiar as Áreas de conservação (p.e. REDD+, compensações, etc.). PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] 126 | 216 CONSÓRCIO Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões 6.11. Sistemas Urbanos e Ordenamento do Território O ordenamento do território é um desígnio moçambicano, com Políticas, Lei e Regimes aprovados sobre o tema. A sua hierarquização está bem estabelecida, sendo o presente PEOT um plano de nível nacional, ao qual os planos de nível inferior terão de se conformar. O processo de ordenamento decorre das visões sectoriais e globais para a zona de intervenção, tendo de organizar e prioritizar os usos territoriais e as competências das entidades que os supervisionam, em função dos eixos de desenvolvimento decorrentes dessas mesmas visões. As aproximações ao plano final do PEOT são feitas através de modelo territoriais, que permitem a mais fácil identificação de realidades e propostas estratégicas. Os sistemas urbanos, como elementos fundamentais do território e como tal fulcrais na dinâmica do seu ordenamento, devem funcionar em rede, potenciar as trocas de informação e conhecimento entre todos e em simultâneo providenciar as condições básicas de vida para os seus habitantes. Neste contexto perspectiva-se “um sistema urbano diversificado e sinérgico, polarizado, baseado num conjunto de cidades médias, em boa distribuição espacial pelas várias zonas do território, alicerçadas numa cidade capital de Província” (da Visão proposta). Para atingir o atrás referido terão de se desenvolver níveis de serviços e equipamentos compatíveis, funcionando em rede integrada nomeadamente em termos de saúde e educação, almejando a qualidade de vida, a atracção de investimento, a inovação e uma boa interligação com as actividades produtivas e recreativas do espaço envolvente. Os eixos de desenvolvimento para o sistema urbano, que respeitam o atrás enunciado, estão explicitados através da definição dos seguintes “objectivos específicos para o âmbito urbano”, constantes na Resolução n.º 18/2007 de 30 de Maio, que aprova a Política de Ordenamento do Território. Eixo 1 - Garantia da sustentabilidade dos centros urbanos assegurando o direito, a todos os cidadãos, ao uso e aproveitamento do solo urbano, ao saneamento do meio, às infra-estruturas urbanas, ao transporte, aos serviços públicos, ao trabalho, ao lazer e a transmissão desses direitos às futuras gerações; Eixo 2 - Cooperação entre os governos municipais, o sector privado, as comunidades e as suas associações, com vista a acautelar os interesses comuns; Eixo 3 - Planeamento do desenvolvimento das cidades, da distribuição espacial da população e das actividades económicas nas áreas dos municípios, para que sejam corrigidas as actuais distorções do crescimento urbano e os seus efeitos negativos sobre o ambiente; Eixo 4 - Planeamento do desenvolvimento das cidades, da distribuição espacial da população e das actividades económicas nas áreas dos municípios, bem como as características do meio urbano; PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] 127 | 216 CONSÓRCIO Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões Eixo 5 - Ordenamento do uso do solo de forma a evitar: A utilização inadequada das parcelas e talhões urbanos; A existência de situações de indefinição de uso das parcelas e talhões; A proximidade de equipamentos sociais incompatíveis; A implementação de infraestruturas urbanas em solos inadequados; A extensão do direito de uso e aproveitamento da terra para além dos prazos legais; A aquisição de parcelas e talhões para fins especulativos; A deterioração das áreas já urbanizadas; A poluição e a degradação ambiental; A instalação de equipamentos e empreendimentos sociais, sem a previsão das necessárias infra-estruturas complementares. Eixo 6 - Integração e complementaridade entre as actividades urbanas e rurais para um equilibrado desenvolvimento sócio-económico dos municípios nas suas áreas de influência territorial; Eixo 7 - Preservação, protecção e recuperação do ambiente natural e construído e do património cultural, histórico, artístico, paisagístico e arqueológico; Eixo 8 - Participação dos municípios na definição e implantação de actividades ou empreendimentos com efeitos potencialmente negativos sobre o ambiente natural ou construído, o bem-estar e a segurança da população; Eixo 9 - Requalificação, urbanização e regularização cadastral de áreas ocupadas espontaneamente pela população de baixos rendimentos, por meio do estabelecimento de normas específicas de urbanização, para o uso e ocupação do solo e das edificações, considerando a situação sócio-económica dessa população, com o necessário respeito pelas normas ambientais; Eixo 10 - Regulamentação da actividade de registo cadastral das ocupações espontâneas e de boa fé, estimulando a sua imediata aplicação em todas as áreas urbanas. PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] 128 | 216 CONSÓRCIO Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões Figura 28 – Eixos de desenvolvimento para o sistema urbano. Com um crescimento populacional anual na zona de estudo de cerca de 3%, todos os aglomerados urbanos sofrem grandes pressões ao nível do cumprimento dos objectivos anteriores. Será difícil a concretização dos mesmo se não houver uma hierarquia da rede urbana, alicerçada na Capital de Província e nas Capitais de Distrito, nos Postos Administrativos, Povoados e Localidades. O grau de equipamentos dos constituintes dessa hierarquia e a sua estrutura em rede, nomeadamente pelas suas comunicações físicas, são os determinantes para uma efectiva resposta do sistema urbano aos eixos de desenvolvimento desejáveis. Para tal importa também equipar todas os aglomerados com dimensão autárquica de instrumentos de ordenamento de território, nomeadamente de Planos de Estrutura Urbana compatibilizados com os respectivos Planos Distritais de Uso da Terra, que sua vez se compatibilizarão com o presente PEOT. PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] 129 | 216 CONSÓRCIO Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões 6.12.Síntese dos Eixos de Desenvolvimento para o Vale do Zambeze Na figura seguinte apresenta-se uma síntese dos eixos de desenvolvimento para cada um dos sectores. PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] 130 | 216 CONSÓRCIO Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões • Eixo 1 - Aumentar da produção e produtividade agrícola • Eixo 2 - Facilitar o acesso ao mercado • Eixo 3 - Promover o uso sustentável dos recursos água e terra • Eixo 4 - Promover o desenvolvimento do capital humano e institucional Agricultura Pecuária • Eixo 1 – Reforço dos Meios Institucionais • Eixo 2 - Melhoria dos índices de produtividade e competitividade • Eixo 3 - Valorização social e económica das comunidades e mercados locais • Eixo 4 – Migração gradual para a industrialização da Pecuária Floresta • Eixo 1 – Aumento da Área Florestal • Eixo 2 - Desenvolvimento e sustentabilidade florestal • Eixo 3 - Incremento da capacidade de intervenção do Estado • Eixo 4 - Valorização social e económica das comunidades locais • Eixo 1 – Contributo do sector da pesca no reforço da segurança alimentar e nutricional da população • Eixo 2 – Aumento da produção piscícola em aquacultura • Eixo 3 – Utilização racional e sustentável dos recursos piscícolas Pesca • Eixo 1 – Crescimento do sector mineração mediante a gestão e exploração sustentável dos recursos naturais • Eixo 2 – Promover a construção de infra-estruturas de apoio à indústria mineira de forma ordenada e coordenada com outros sectores de actividade • Eixo 3 – Assegurar os benefícios decorrentes da exploração de recursos minerais, de forma equitativa, para os cidadãos moçambicanos Indústria Extractiva • Eixo 1 - A Bacia do Zambeze, enquanto elemento determinante na produção de energia hídrica • Eixo 2 - O Vale do Zambeze, pela sua riqueza mineira em particular na área do carvão • Eixo 3 - A Bacia do Zambeze, pela sua localização geográfica realça a posição de Moçambique Energia • Eixo 1 – Promover e apoiar a pequena indústria e o agro-processamento no meio rural • Eixo 2 – Promover o desenvolvimento de unidade industriais agregadas em pólos industriais, através da construção, infraestruturação e promoção dos pólos de desenvolvimento Indústria transformadora • Eixo 1 – Desenvolvimento do potencial turístico associado ao Rio do Zambeze • Eixo 2 – Desenvolvimento do potencial turístico associado à Natureza • Eixo 3 – Desenvolvimento do potencial turístico associado ao património natural (geosítios) e histórico-cultural • Eixo 4 – Marketing turístico • Eixo 5 - Contributo do sector do turismo para um desenvolvimento dos recursos humanos Turismo • Eixo 1 – Implementação de uma rede de transportes multimodal • Eixo 2 – Eixos de desenvolvimento estruturantes da rede de transportes • Eixo 3 – Consolidar a Rede Rodoviária, complementando os eixos de desenvolvimento • Eixo 4 – Estabelecimento de uma rede aeroportuária eficiente Transportes • Eixo 1 - Manutenção do contínuo ecológico do vale do Zambeze, enquanto eixo estruturante da Biodiversidade e Conservação da Natureza nos contextos regional, nacional e internacional (ligação com países vizinhos) • Eixo 2 - O Vale do Zambeze, pela sua biodiversidade e importância à escala nacional, deve contribuir para o objectivo nacional de elevar a capacidade para a Conservação • Eixo 3 - O vale do Zambeze e, em particular, as suas Áreas de Conservação, deve ser gerido de modo a garantir que as populações locais usufruem dos recursos providenciados pela biodiversidade e ecossistemas locais Conservação Sistemas Urbanos e Ordenamento do Território • Eixo 1 - Garantia da sustentabilidade dos centros urbanos • Eixo 2 - Cooperação entre os governos municipais, o sector privado, as comunidades e as suas associações, com vista a acautelar os interesses comuns • Eixo 3 - Planeamento do desenvolvimento das cidades, da distribuição espacial da população e das actividades económicas nas áreas dos municípios • Eixo 4 - Ordenamento do uso do solo • Eixo 5 - Integração e complementaridade entre as actividades urbanas e rurais • Eixo 6 - Preservação, protecção e recuperação do ambiente natural e construído e do património cultural, histórico, artístico, paisagístico e arqueológico • Eixo 7 - Participação dos municípios na definição e implantação de actividades ou empreendimentos • Eixo 8 - Requalificação, urbanização e regularização cadastral • Eixo 9 - Regulamentação da actividade de registo cadastral das ocupações espontâneas Figura 29 – Eixos de Desenvolvimento Sectoriais para o Vale do Zambeze PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] 131 | 216 CONSÓRCIO Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões 7. ZAMBEZE – 30 ANOS NO FUTURO – ESQUEMA DO MODELO TERRITORIAL PROPOSTO 7.1. Objectivos e Enquadramento A elaboração do Plano Especial do Ordenamento do Território (PEOT) do Vale do Zambeze visa a criação de um instrumento global que articule a situação existente e as perspectivas de desenvolvimento com um ordenamento e planeamento eficazes. Tratando-se de uma extensa área do território, que abrange uma vasta área do territorio nacional de Moçambique, com grande potencial para o aproveitamento de recursos naturais e incremento de infra-estruturas, torna-se urgente e necessário a criação de um instrumento de planeamento que permita a salvaguarda das várias dimensões do interesse público que lhe está subjacente, compatibilizando os vários interesses em presença. O Plano Especial do Ordenamento do Território do Vale do Zambeze definirá a estratégia de desenvolvimento num período de 30 anos, espelhando a situação actual, potencialidades, tendências de expansão física, social, económica, definindo zonas de reserva, traçado das infra-estruturas, áreas para o desenvolvimento de diferentes actividades económicas, condicionantes e ainda áreas para a protecção ambiental. A presente fase (Fase 2), traduz a VISÃO (sectorial, institucional, política e integrada) obtida na fase anterior (Fase 1) e dá-lhe tradução territorial, através da criação de um MODELO TERRITORIAL PROPOSTO. Este modelo, elaborado em simultâneo com os cenários dos processos de PM e AAE, deverá na fase seguinte (Fase 3) e com base no cenário que vier a ser preferido, ser a base para o ordenamento territorial da zona de intervenção, num horizonte temporal de cerca de 30 anos. 7.1.1. Sequência do Ordenamento Territorial A Fase 1 do PEOT visou essencialmente a apresentação da situação em termos de ordenamento territorial da zona em estudo e promover uma VISÃO para a mesma. Na presente fase – Fase 2, pretende-se construir o modelo territorial com base na discussão e aprovação dessa visão e depois a elaboração do PEOT com base no modelo territorial discutido e aprovado. Retomando o esquema apresentado na Fase anterior, verifica-se que o PEOT encontra-se na Fase 2: “Para onde vamos ?” Ou seja, na 1ª fase elaboraram-se as questões “Onde estamos ?” (análise, caracterização, modelo territorial actual) e “O que queremos ?” (visão a 30 anos) PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] 133 | 216 CONSÓRCIO Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões Nas 2 fases seguintes (2ª e 3ª) trataremos do “Para onde vamos ?” (modelo territorial prospectivo, primeiro em cenários e depois em modelo aprovado) e nas duas últimas do “Como chegamos lá?”(instrumentos de desenvolvimento e ordenamento, o PEOT consultado, aprovado e publicado) A partir da publicação e entrada em vigor do PEOT deverá realizar-se, por quem de direito, a fase do “Falta muito / já chegámos?”, ou seja a monitorização e avaliação da implementação do Plano e a preparação da sua futura revisão. Isto porque os processos de planeamento são dinâmicos por forma a acompanharem a evolução territorial e sócioeconómica subjacente e como tal, devem prever mecanismos de gestão, adaptação e revisão. onde estamos ? Fase 1 o que queremos ? como chegamos lá ? para onde vamos ? Fases 2 (cenários e alternativas) e 3 (final) Fases 4 (proposta de plano) e 5 (plano final) já chegámos ? (Fase 6) Figura 30 - Sequência do processo do ordenamento territorial O processo de ordenamento territorial tem “objectivos”, “temas” e “decisões”; neste último, e no contexto legal moçambicano, os processos decisórios são democráticos e com envolvimento de largos espectros da sociedade. Importa por isso que estes passos sejam transparentes na sua formulação e linguagem, que estejam abertos a discussão e a contributos, e que sejam motivadores de participação. Assim, no final da caminhada ter-se-á percebido o porquê do rumo, os caminhos seguidos e as lições aprendidas para o desenvolvimento de um território tão importante como o Vale do Zambeze. No esquema seguinte encontra-se representado o caminho a percorrer da Visão até à Proposta de PEOT. Tendo por base as Perspectivas de Desenvolvimento, os Eixos Estratégicos territorial e sectorial, apresentados nos capítulos anteriores é altura de apresentar o Esquema de Modelo Territorial Proposto com indicação das redes e sistemas principais estruturantes e da estrutura ecológica regional, foco desta Fase 2 do PEOT. Nas Fases seguintes o Modelo Territorial será desenvolvido e aprovado e posteriormente será traduzido na Proposta Ordenamento do PEOT. PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] 134 | 216 CONSÓRCIO Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões MT - Modelo Territorial Figura 31 - Sequência do processo do ordenamento territorial: da visão até à proposta de PEOT. Os capítulos anteriores visaram a apresentação dos traços fundamentais definidores do território do Vale do Zambeze nas suas diversas componentes na situação actual e, definiram-se os eixos de desenvolvimento para cada um dos sectores representados, por forma a obter uma caracterização das tendências e das dinâmicas sectoriais. Torna-se agora indispensável compreender os principais problemas que o Ordenamento do Vale do Zambeze deverá dar resposta, por forma a avaliar os principais constrangimentos e perspectivar-se a estratégia de desenvolvimento, para uma nova reorganização do território do Vale do Zambeze. Nos pontos seguintes apresentam-se as potencialidades de desenvolvimento decorrentes da Visão Integrada e a identificação dos principais problemas que o ordenamento deverá dar resposta. 7.2. Potencialidades do Vale do Zambeze decorrentes da Visão Neste capítulo apresentam-se as potencialidades do território do Vale do Zambeze, que decorreram na construção da Visão Integrada dos diversos sectores, dada pelo contributo dos diversos técnicos que integram a equipa multidisciplinar para a elaboração do PEOT. PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] 135 | 216 CONSÓRCIO Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões Pecuária Agricultura Potencialidades do Vale do Zambeze decorrentes da Visão Em termos agrícolas, o vale do Zambeze beneficia de uma grande diversidade de condições edafoclimáticas que lhe confere elevada aptidão para um grande número de culturas. Aliando a disponibilidade e terras, recursos hídricos e humanos ao crescente know how existente no território, é-lhe confirmada a elevada potencialidade de desenvolvimento da actividade agrícola. Enorme margem de progressão no apuramento e melhoramento das raças autóctones; Existência de uma base de crescimento sustentável na produção anual de carne, leite e ovos e um conjunto de projectos de integração vertical com sucesso na região Centro; A melhoria dos acessos aos mercados e os programas de electrificação em curso são factores que potenciam o incremento da actividade para moldes mais vocacionados para o agrobusiness e Elevada disponibilidade de terras para a exploração de floresta de produção, e conservação ou eventual reforço de áreas para floresta de protecção e conservação; O manancial de biomassa florestal da região pode ser explorado para a produção de energia eléctrica, como forma de diversificação do mix energético do país, desenvolvimento económico local, e promotor do desenvolvimento de outras fileiras de negócio; Maior aposta no turismo em áreas de floresta de conservação e áreas de caça, com eventual criação de Coutadas de caça delimitadas na província de Tete. Existência de espécies nativas e exóticas com potencial para serem cultivadas em cativeiro em água doce; Existência de espécies marinhas nativas com potencial para serem cultivadas em ambiente marinho: Camarão tigre (Penaeusmonodon), Camarão branco (Penaeus indicus) Camarão castanho Pescas Florestas eventual constituição de pólos-agroindustrais. (Metapaenaeusmonoceros) e Camarão flor (Penaeus japonicus); Existência de um número considerável de espécies de moluscos bivalves (ostras, mexilhões), de peixes e de outras espécies de crustáceos como a lagosta que têm potencial para a aquacultura Recursos minerais marinha. A Indústria Extractiva pode criar oportunidades para o crescimento e o desenvolvimento através do reforço de receitas derivadas dos impostos e das royalties, da criação de emprego, do maior conhecimento, das novas competências e da transferência de tecnologia, da criação de infraestruturas e serviços sociais (incluindo a saúde, o abastecimento de água e a educação), do fomento de clusters de indústrias laterais de apoio e indústrias de transformação a jusante e o desenvolvimento de PME locais para fornecer bens e serviços para a indústria extractiva. PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] 136 | 216 CONSÓRCIO Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões Energia Indústria Potencialidades do Vale do Zambeze decorrentes da Visão Elevado potencial produtivo na região do Vale do Zambeze, nomeadamente agrícola, pecuário, piscatório, aquícola, mineral, etc; Disponibilidade de recursos humanos, embora não qualificados; Elevada capacidade de produção energética, tanto instalados como em implementação; Elevada disponibilidade de recursos hídricos no território adjacente do rio Zambeze e principais afluentes; Ambiente político favorável para o desenvolvimento do sector. Incentivar investimentos na indústria transformadora na base da utilização da energia eléctrica e térmica para maximizar a absorção da matéria-prima agregando maior valor; Ao avaliar pelo volume de investimento que se tem vindo a verificar no Vale do Zambeze nos últimos 10 anos, perspectiva-se a continuação de grandes fluxos de investimentos a curto, médio e longos prazos, sobretudo na área da exploração mineira, agro-indústria, produção e distribuição de energia, bem como no sector imobiliário e turístico; Para os próximos anos perspectiva-se uma melhoria da economia global que se poderá reflectir positivamente na economia moçambicana, se for acompanhada pela estabilização dos preços de petróleo, cereais, metais e energia no mercado internacional, e de ganhos de competitividade na exportação dos produtos tradicionais; Possível electrificação da rede ferroviária de transporte de mercadorias, com impactos muito significativos na redução de saída de divisas; A região do Vale do Zambeze apresenta o maior potencial hidroenergético do País, estimado em 46.0 mil GWh, se forem efectivadas as barragens de M´panda Nkua, com um potencial de 1.2 GWh, Boroma (360 MWh), Lupata I (630 MWh) e Lupata II (1.170 MWh), para além da de Cahora Bassa, cuja potência permanente garantida, ronda os 1.960 MWh; Desenvolvimento de vários projectos de produção térmica a carvão previstos no Vale do Zambeze, tais como as centrais de Moatize, Benga, Chirodzi e Ncondezi, e das linhas de transmissão de energia de CESUL-Back Bone e de Caia/Chimuara–Nacala (2ª linha)- Reforço; Aumento da importância da visão territorial como processo de desenvolvimento humano e biofísico. Áreas de Conservação, Parques Nacionais, Reservas Especiais e Reservas Florestais, que Turismo proporcionam condições para o desenvolvimento do ecoturismo, de aventura, entre outros; Coutadas Oficiais, que proporcionam, principalmente, o desenvolvimento de turismo cinegético; Albufeiras, Praias, Mar e Montanha; Factores e Património Histórico-Culturais na área de estudo, que poderão proporcionar um maior desenvolvimento no turismo Histórico-cultural; Atractivos paisagísticos, nomeadamente ao longo do Vale e do Zambeze. PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] 137 | 216 CONSÓRCIO Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões Transportes Potencialidades do Vale do Zambeze decorrentes da Visão Riqueza natural do país com grande potencial para exportação (minérios, florestas, agro-negócio); Constituição de Corredores de Desenvolvimento preparados para um aumento da produtividade agrícola, florestal e de exploração de recursos naturais, funcionando como porta de entrada para os países do hinterland; Construção de infra-estruturas de transporte e logística associadas a actividades de alto rendimento (exploração de minérios) por entidades privadas, permitindo o seu aproveitamento para desenvolver projectos industriais e de baixo rendimento (agrícolas e florestais); Enquadramento legal que permite a criação de Parcerias Público-Privadas. Expansão das telecomunicações, nomeadamente, o aumento da produção, importação e Telecomunicações comercialização de equipamentos de telecomunicações e a prestação de todo o tipo de serviços de telecomunicações e informação; Maiores incentivos ao empresariado, em particular as pequenas e médias empresas, para o desenvolvimento do sector das comunicações, utilizando as telecomunicações para criar novos segmentos na economia moçambicana, gerar oportunidades de emprego nas indústrias de informação e comunicação e maximizar as oportunidades que as telecomunicações oferecem para participar na economia mundial; Melhor acesso dos cidadãos à informação, nomeadamente sobre cuidados de saúde, nutrição, educação e outros serviços públicos e procedimentos necessários para a sua participação na sociedade e na governação. Sistemas urbanos Existência actual de um conjunto de cidades e vilas com potencial de crescimento ordenado e capacidade de funcionarem como pólos locais de atracção e fornecimento de condições de boa Organização do Território qualidade de vida; População urbana em crescimento, com muita franja jovem; Recursos territoriais disponíveis. Planeamento territorial Aumento da importância da visão territorial como processo de desenvolvimento humano e biofísico; Aumento da capacidade e know-how informático; Aumento do valor da gestão versus valor de planeamento. Saúde Contribuir para a promoção da saúde da comunidade pela própria comunidade. O sector da saúde propõe-se desenvolver actividades de informação e educação em saúde de forma a melhorar os conhecimentos da população em relação aos fenómenos da natureza que estão na origem das alterações da saúde nomeadamente no aparecimento das doenças, levando a alteração de determinadas práticas e costumes e promoção de outros que conduzam á elevação dos índices da saúde da comunidade; PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] 138 | 216 CONSÓRCIO Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões Potencialidades do Vale do Zambeze decorrentes da Visão Desenvolver e promover actividades de prevenção das alterações da saúde, em particular na prevenção das doenças; Desenvolver e promover actividades de prestação de cuidados de saúde destinados a tratar as alterações da saúde, em particular as doenças; Desenvolver e promover actividades de reabilitação psico-física que permitam a reintegração do individuo na comunidade e em actividades produtivas; Maiores incentivos ao financiamento, quer públicos quer privados, destinados ao desenvolvimento Organização do Território do sector da saúde; Melhor acesso dos cidadãos à informação, nomeadamente sobre cuidados de saúde e nutrição. Educação Grande procura de mão-de-obra especializada e formada; Ambiente político favorável para o desenvolvimento do sector; Disponibilidade de apoios internos e externos, privados e públicos para o desenvolvimento de sector. Água – Recursos hídricos Aumento da garantia de disponibilidade de recursos hídricos em quantidade e em qualidade; Reforço da importância da água como factor essencial para o processo de desenvolvimento humano e biofísico; Melhoria da capacidade de aviso e controlo de cheias, aumento da capacidade e know-how informático. Água – Abastecimento de água e saneamento Potenciar o incremento actividade económica; A requalificação ambiental e beneficiação da saúde pública (diminuição de fontes contaminadas, diminuição de doenças diarreicas) da Região. 7.3. Problemas que o Ordenamento deve dar resposta A análise no presente ponto encontra-se estruturada pelos 5 Temas Essenciais para a Elaboração do PEOT, apresentados na Fase 1 e decorre essencialmente dos contrangimentos identificados nos diversos sectores de actividade. PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] 139 | 216 CONSÓRCIO Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões SECTORES ECONÓMICOS Geologia, Minas e Indústria Sobreposição de concessões com outros valores e delimitações do território Ordenamento de usos preferenciais e estruturação da lógica de concessões Implementar a legislação fiscal sobre petróleos e minas, garantindo real e equitativo desenvolvimento local Fortalecer a transparência na indústria extractiva Fragilidade institucional nas acções de controlo e fiscalização Ordenar e pensar global e estrategicamente o território como condição de desenvolvimento sustentável Reforçar mecanismos de responsabilidade civil por danos ambientais (causado por particulares e/ou no próprio ambiente) Escassez de recursos humanos com formação específica Falta de capacidade de investimento e dificuldade de obtenção de financiamento Com a excepção do sector mineiro, os sectores produtivos são pouco desenvolvidos e pouco especializados SECTORES ECONÓMICOS Exploração Florestal Complexidade institucional na gestão da terra (DUAT) e actividades económicas Morosidade e complexidade dos pedidos das delimitações comunitárias e falta de apoio e aconselhamento técnico-jurídico Reflorestação insuficiente (Estado, Comunidades Locais e Privados) e falta de sementes e plântulas, e viveiros ao serviço dos principais stakeholders Controlo ineficiente das actividades ligadas a licenças simples Inércia da população urbana e periurbana, em alterar o seu padrão de consumo energético (forte dependência da lenha e carvão vegetal) Número e impacte das concessões mineiras previstas para a província de Tete nos recursos florestais Dotações orçamentais escassas para a protecção da floresta e fauna bravia Mercado demasiado focado em países que importam produtos florestais não processados, o que torna o mercado pouco competitivo em produtos de maior valor agregado A não observância do acordo FLEGT (com a União Europeia) coloca Moçambique entre depender exclusivamente de investidores e mercados que factualmente incorrem em acções ilegais, em detrimento de investimentos que são responsabilizados pela observância de boas práticas de gestão dos recursos naturais e práticas comerciais transparentes. SECTORES ECONÓMICOS Agropecuária A actividade agrícola caracteriza-se pelo seu baixo nível tecnológico, baixo nível de especialização, e baixa produtividade A cadeia de valor está pouco desenvolvida, pouco infra-estruturada e pouco especializada, sendo que a extensão agrária existente é ainda insuficiente A actividade apresenta uma grande vulnerabilidade às ocorrências hidrológicas e climáticas extremas, assim como ao elevado nível de concorrência externa A rede de frio (para conservação de carcaças, vacinas, outros) e de armazenamento e produção de alimentos na área de PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] 140 | 216 CONSÓRCIO Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões SECTORES ECONÓMICOS Agropecuária enquadramento é insuficiente Elevado grau de insegurança alimentar e sanitário e limitam a acção de combate ás doenças com maior incidência na região Problemas de acessibilidade, o que torna extremamente difícil o transporte e comercialização dos animais, e o acesso a pontos de água Baixa produtividade dos efectivos pecuários (sobretudo ao nível das explorações familiares) Falta de perspectiva e estímulo empresarial por parte dos pequenos produtores (a riqueza é medida pelo número de cabeças e não numa perspectiva de aumento do peso dos animais, e aumento da eficiência de produção) Baixo investimento em tecnologia e I&D na pecuária SECTORES ECONÓMICOS PESCAS Ausência de um instrumento legal que regule o ordenamento das diferentes actividades desenvolvidas na zona costeira e marinha Deficiente sistema de fiscalização da actividade Dificuldades de obtenção de insumos de pesca Falta de infra-estruturas para o desenvolvimento de aquacultura de pequena escala Degradação de habitats (destruição do mangal, poluição, alteração do regime hidrológico, entre outros) Diminuição da biodiversidade e da sobrevivência dos recursos pesqueiros a longo prazo (práticas de pesca desajustadas, sobreexploração, entre outras) SECTORES ECONÓMICOS Turismo Fraca capacidade financeira do estado Focos de instabilidade politica e social Abordagem de desenvolvimento sectorial em oposição a abordagem integrada As áreas de conservação estão sob tutelas diferentes e algumas, nomeadamente as coutadas e as reservas florestais, não têm o seu estatuto claramente definido em termos da Lei de Terras Insuficiente investimento na construção de novas infra-estruturas, e na requalificação das existentes Mão de obra pouco qualificada nas diversas áreas abrangidas pelo sector Ausência de operadores turísticos de modo a garantir a sua ligação com novas vertentes e dinâmicas do sector Conflitos na utilização e conservação de recursos naturais e faunisticos Catástores naturais, que podem danificar instalações, ou impedir o acesso aos parques e reservas Elevados custos de transporte PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] 141 | 216 CONSÓRCIO Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões INFRAESTRUTURAS Infraestruturas insuficientes ou desadequadas, nomeadamente as logísticas e as energéticas Aproveitamento ineficiente dos investimentos privados em infra-estruturas para alavancar a economia do país Opção indiscriminada pelo modo rodoviário, com implicações nefastas no ambiente e na transitabilidade Falta de capacidade das infra-estruturas de transporte para escoamento da produção mineira Instabilidade política e social, sendo um dos alvos preferenciais de destruição as infra-estruturas provocando perturbações no funcionamento dos sistemas de transporte Manutenção periódica pouco eficaz, a nível geral, resultando numa rápida degradação das infra-estruturas de transporte, material circulante e equipamento logístico Redução do preço do carvão no mercado internacional Custos de transporte e operação elevados Insuficiente investimento em infra-estruturas de abastecimento de água e saneamento, coordenação interníveis de planeamento Subdesenvolvimento dos sistemas aeroportuário, portuário e ferroviário de suporte à conectividade internacional de Moçambique Reduzida extensão das cadeias de valor e insuficiente exploração das condições e dos recursos mais diferenciadores dos territórios, e correspondente debilidade das relações económicas inter-sectoriais e inter-regionais no espaço económico nacional Insuficiente investimento, nomeadamente ao nível da expansão da rede sanitária, assegurando o seu apetrechamento adequado (equipa mínima de saúde, equipamento básico, medicamentos e material médico-cirúrgico essenciais, água e energia) Insuficiente investimento em infra-estruturas de formação, informação e comunicação na área da saúde e educação Necessidade de garantir um ambiente legal e regulatório que seja capaz de responder aos interesses de todos os intervenientes do sector da saúde Deficiente acesso a água e energia eléctrica na maioria das unidades de ensino RISCOS E SEGURANÇA Insuficiente consideração dos riscos nas acções de ocupação e transformação do território, com particular ênfase para os sismos, os incêndios florestais, as inundações em leitos de cheia e a erosão Desenvolvimento de actividades em diversos sectores com riscos ambientais Falta de coordenação entre entidades e entre sectores Elevada vulnerabilidade das comunidades Recursos financeiros disponibilizáveis PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] 142 | 216 CONSÓRCIO Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões AMBIENTE, PATRIMÓNIO NATURAL E CULTURAL Acesso à informação sobre o estado da biodiversidade e ecossistemas para a tomada de decisão Território vasto e diverso com múltiplos agentes e stakeholders o que dificulta a tomada de decisão e a sua implementação de forma integrada Pressões ambientais desencadeadas pela necessidade de crescimento económico mais acelerado e de forma menos sustentável SISTEMAS URBANOS E ORDENAMENTO TERRITORIAL Ocupação desordenada das áreas urbanas Falta de controlo de planeamento territorial Carências infraestruturais e de serviços Distribuição desiquilibrada de responsabilidades e acções entre esferas públicas e privadas Insuficiência das bases técnicas essenciais para o ordenamento do território, designadamente nos domínios da informação geo-referenciada sobre os recursos territoriais, da cartografia certificada, da informação cadastral e do acesso em linha ao conteúdo Dificuldade de coordenação entre os principais actores institucionais, públicos e privados, responsáveis por políticas e intervenções com impacte territorial dos planos em vigor 7.4. Opções Estratégicas para o Vale do Zambeze Tendo por base a situação actual e as perspectivas de desenvolvimento apresentadas no presente relatório e que decorreram da Fase 1 do trabalho desenvolvido pelo PEOT, PM, AAE e MD, as potencialidade do território, a definição dos eixos de desenvolvimento que decorreram da Visão Prospectiva e da análise dos PED das Províncias e a identificação dos constrangimentos que o Vale do Zambeze enfrenta e que o ordenamento deverá dar resposta, é desejável a definição de um conjunto de opções estratégicas territoriais traduzidas no Esquema do Modelo Territorial Proposto a apresentar na presente fase, de acordo com o seguinte esquema. PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] 143 | 216 CONSÓRCIO Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões Cenário de Referência Situação Actual e Perspectivas de Desenvolvimento Visão Potencialidades do território e Eixos de Desenvolvimento PED Províncias Orientações Estratégicas Contrangimentos Problemas que o Ordenamento deve dar resposta Opções Estratégicas Esquema do Modelo Territorial Proposto Figura 32 – Contributos para a definição das Opções Estratégicas Territoriais e Esquema do Modelo Territorial Proposto. O Modelo Territorial Proposto deverá ter a ambição de contribuir de forma inovadora e duradoura para o desenvolvimento do Vale do Zambeze, por forma a: PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] 144 | 216 CONSÓRCIO Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões v Implementar a Visão Integrada de Desenvolvimento para o Vale do Zambeze E Aumentar a competitividade territorial do Vale do Zambeze com base no desenvolvimento dos principais sectores económicos R Utilizar de forma sustentável os recursos geológicos e energéticos U C P P P T T Promover o desenvolvimento dos núcleos urbanos e colmatar as carências de infra-estruturas Promover o ordenamento territorial tendo em conta os riscos e a segurança Conservar e valorizar a biodiversidade, o património natural, paisagístico e cultural Reforçar a qualidade e a eficiência da gestão territorial, promovendo a participação informada, activa e responsável dos cidadãos e das instituições Figura 33 – Opções Estratégicas para o Vale do Zambeze V – Visão T – Território E – Economia C – Conservação R – Recursos P – Participação U – Urbano PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] 145 | 216 CONSÓRCIO Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões 7.5. 1ª Proposta de Modelo Territorial Face às diversas análises, temas, problemas, potencialidades, visões, opções estratégicas, nos estudos associados do PEOT, PM e AAE e outra informação presente no MD, o modelo territorial para o Vale do Zambeze assenta nas seguintes 4 componentes estruturantes: Sistemas Núcleos Modelo Redes Pontos Figura 34 – Componentes essenciais do Modelo Territorial do Vale do Zambeze: Sistemas Estruturantes, Redes Principais, Pontos Estratégicos, Núcleos Urbanos Fundamentais O Esquema do Modelo de Ordenamento Proposto assentará naqueles 4 grandes componentes, a saber, e seguidamente explicitados: PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] 146 | 216 CONSÓRCIO Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões SISTEMA ESTRUTURANTE • Hídrico e Natural, que no seu conjunto constituem a Estrutura Ecológica Regional • Agrícola, Florestal e Extractivo que correspondem ao primado territorial de aptidão económica REDES PRINCIPAIS • Viária • Ferroviária • Fluvial PONTOS ESTRATÉGICOS • De entrada e saída: Portos, Aeroportos e aérodromos, Postos Fronteiriços • De produção de energia: aproveitamentos hidro-eléctricos NÚCLEOS URBANOS FUNDAMENTAIS • Capital de Província • Conurbação urbana • Capital de Distrito • Outras centralidades relevantes • Equipamentos diferenciados de saúde e educação PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] 147 | 216 CONSÓRCIO Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões 7.5.1. Redes e Sistemas Principais Estruturantes O planeamento do sistema de transportes fundamenta-se em dois pilares basilares: por um lado a criação de uma rede de acessibilidades estruturada, ligando os sistemas urbanos mais relevantes, e por outro, a resolução das necessidades de acessibilidade e mobilidade de cada um dos sectores. As jazidas de carvão da região de Tete obriga à construção de eixos ferroviários transversais que permitam viabilizar a indústria extractiva, aumentando significativamente a mobilidade e acessibilidade da região. Através de uma rede rodoviária permanente de acesso às estações ferroviárias será potenciado o acesso aos mercados internos e externos pelas indústrias locais, pela actividade agrícola e florestal e, de um modo geral, pelas populações, estimulando as oportunidades de negócio de uma região que, embora rica em recursos naturais, debate-se com problemas sérios ao nível social e económico. A rede rodoviária carece de uma ligação do sistema primário entre duas capitais de província, Tete e Quelimane, pelo que o modelo territorial propõe a reclassificação (de secundária para primária) da N322 entre a N1 (Cruzamento Zero) e a N7 viabilizando um eixo rodoviário internacional Lilongwé (Malawi) – Angónia – Tete – Caia – Quelimane. A aposta no modo lacustre na albufeira de Cahora Bassa através da ligação entre o Songo, Mpheende e Zumbo, permitirá, o fecho do anel de acessibilidade, complementando a N303 (a norte da Albufeira). Relativamente ao modo aéreo considera-se a abertura ao tráfego do aeroporto internacional de Tete como resposta à intensa actividade económica da região (investimento estrangeiro), permitindo uma articulação com os restantes aeródromos previstos. Em complemento com os aeródromos em funcionamento, o modelo prevê a viabilização de aeródromos em locais de acessibilidade difícil e precária, nomeadamente no Zumbo e em Chinde. 7.5.2. Núcleos Urbanos Claramente a zona de intervenção é dominada pelo centro urbano de Tete, com um crescimento acentuado na última década e com previsão para as próximas no mesmo sentido. A proximidade a Moatize e às explorações minerais associadas, com todos os seus investimentos e logísticas, deve conduzir a ser assumida a conurbação urbana entre estes dois pólos, vindo assim a ser constítuida uma grande área urbana e de serviços, de nível regional e nacional. PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] 148 | 216 CONSÓRCIO Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões Importa assim urgentemente definir um plano de ordenamento específico para orientar esta conurbação e crescimento, que guiado pelo sistema económico e não pelo sistema urbano se arrisca a comprometer funções vitais do mesmo (nomeadamente transportes, mobilidade, habitação, serviços e equipamentos colectivos). Claramente as capitais de Distrito têm de assumir um papel de maior relevância, devendo ser dotadas de serviços básicos, acessos, comunicações e equipamentos estruturantes de saúde compatíveis com o seu estato e importância social e territorial. Por último, de referir a centralidade relevante do Songo, que não sendo já capital de Distrito, é claramente um pólo urbano dinamizador e que importa continuar a ter em atenção num modelo territorial coerente. 7.5.3. Sistema Extractivo Um dos motores da actividade económica regional e nacional, merece papel primordial no modelo de ordenamento; a sua componente não renovável, implica por seu turno a sua colocação a par com outros sistemas renováveis e também fundamentais para o desenvolvimento económico e social regional: os sistemas naturais/turísticos, agrícolas e florestais. Tendo em consideração os investimentos, a localização dos centros de logística e transporte, os corredores ferroviários e a conurbação urbana proposta de Tete-Moatize, bem como a presença dos recursos exploráveis, definiu-se no modelo proposto uma grande região estruturada naquele núcleo urbano, onde se admite que a actividade da indústria extractiva seja a de uso dominante e onde as prioridades de concessão, cumpridos os normativos legais, sejam atribuídas ao sector da mineração. 7.5.4. Sistema Agrícola Nas zonas de maior produtividade e intensidade de produção agrícola na região nordeste do PEOT, nomeadamente no Distrito de Angónia deve ser criada uma zona de reserva agrícola, delimitada e com estatuto regulamentar ao nível do uso do solo e onde os mesmos tenham de ser afectos na sua grande maioria a esta actividade. Será uma das primeiras áreas nacionais afecta legalmente a esta actividade, por forma a preservar um dos recursos mais fundamentais de um País sustentável: a capacidade de produzir em quantidade e qualidade os alimentos que a população precisa e a economia valoriza. PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] 149 | 216 CONSÓRCIO Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões Neste sistema não quer dizer que só se possa fazer agricultura, mas que os usos dominantes estejam associados a esta fileira. No nosso entender isto quer dizer 90% do território. 7.5.5. Sistema Florestal Neste sistema, deve-se promover a gestão integrada das explorações e concessões, evidanciando-se a necessidade de se fazer um plano regional de gestão florestal que possa contrariar a lógica de rapina das concessões simples de controlo duvidoso e de grande dano ambiental, sem os correspondentes ganhos públicos. Neste sistema não quer dizer que só se possa fazer actividade florestal, mas que os usos dominantes estejam associados a esta fileira. No nosso entender isto quer dizer 90% do território. 7.5.6. Sistema Verde - Natural e Turístico O sistema verde, de usos naturais e turísticos associados (safaris, coutadas, caça fotográfica, agricultura e desenvolvimento comunitário, etc) é composto pelas áreas de parques, reservas e coutadas, dedicadas prioritariamente à conservação e gestão sustentável dos recursos faunísticos, à observação da natureza, à preservação de habitats e ao equilíbrio das actividades humanas com os objectivos anteriores; são áreas já delimitadas oficialmente como tal e com estatuto oficial próprio. Sendo uma das vertentes com grande potencial de exploração sustentável, em particular dado o valor ainda não explorado em termos de “marketing territorial” do nome “Zambeze”, propõem-se a constituição de duas grandes Áreas de Protecção Ambiental (APA). Uma a noroeste da zona de intervenção, essencialmente nos Distritos de Zumbo, Marávia e Mágoé, criando uma grande zona-tampão ao Parque Natural de Mágoé, envolvendo o lago de Cahora Bassa e uma zona protegida transfronteiriça com a Zâmbia. Poder-se-ia denominar de APAAlZa – APA do Alto (ou da Albufeira) do Zambeze. O seu objectivo será o de conservar recursos naturais, promover o turismo e o desenvolvimento integrado, e admitindo usos não adstritos à conservação (ex: indústria extractiva) até 10% da sua área. A outra zona, a sudoeste abrange os distritos de Chinde e Marromeu, integra todo o sistema húmido do estuário do Zambeze, cria uma zona tampão à Reserva Especial de Búfalos de Marromeu e poder-se-ia denominar de APADeZa – APA do Delta do Zambeze. O seu objectivo será o de conservar recursos naturais, promover o turismo e o desenvolvimento integrado, e admitindo usos não adstritos à conservação (ex: pesca) até 10% da sua área. PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] 150 | 216 CONSÓRCIO Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões Além destas duas áreas estratégicas para a gestão sustentável dos recursos em Moçambique, propõe-se a ampliação de algumas coutadas e a criação de uma outra área de conservação com estatuto a estudar na zona a norte do distrito de Morrumbala, pelo seu grande valor ecológico, estético e potencial turístico. Todas estas áreas, ao abrigo da legislação em vigor terão de possuir os seus planos de maneio e orgãos de gestão, assegurando a conservação da natureza como actividade económica e de suporte inter-geracional, com apoio e fundamento nas comunidades locais. 7.5.7. Sistema Azul - Hídrico O sistema azul é constítuido por grandes elementos estruturados pela presença da água, temporária ou permanente, mas sempre fundamental na forma e uso desses espaços: a grande barragem de Cahora-Bassa, o rio Zambeze e o seu delta, as zonas inundáveis circundantes. No caso do PEOT este sistema tem ainda a importância de dar coerência e conectividade às duas grandes APAs propostas e atrás descritas. Em conjunto com o sistema verde, o sistema azul constitui a base de uma estrutura ecológica para a zona em estudo, que a seguir se desenvolve. 7.5.8. Estrutura Ecológica Regional 7.5.8.1. Conceito A Estrutura Ecológica Regional deverá constituir uma estrutura que tem por suporte um conjunto de áreas territoriais e corredores que representam e incluem as áreas com maior valor natural ou com maior sensibilidade ecológica. Esta estrutura deverá permitir a manutenção da biodiversidade característica da Região e dos processos ecológicos fundamentais para a integridade dos seus ecossistemas sensíveis. Os objectivos fundamentais da Estrutura Ecológica passam, em primeiro lugar, pela manutenção e valorização dos principais recursos naturais, espaços agro-florestais e valores paisagísticos regionais mas também, pela sua articulação com os territórios envolventes, de modo a garantir o funcionamento global dos sistemas no território, numa lógica funcional e integradora das actividades. Para a definição da estrutura ecológica deverão ser analisadas as diferentes componentes biofísicas do território, de modo a identificar os sistemas ecológicos fundamentais, bem como as componentes socio-económicas mais determinantes na ocupação do solo e elaborar uma proposta de delimitação da estrutura ecológica, tendo em vista a protecção dos sistemas naturais de maior fragilidade e a salvaguarda dos espaços com elevado valor paisagístico, patrimonial e/ou cultural. PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] 151 | 216 CONSÓRCIO Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões A proposta de estrutura ecológica deverá ser orientada por princípios de protecção dos recursos e dos sistemas naturais, consciente da necessidade de ocupação e transformação antrópica do território: determinando quais os sistemas ecológicos fundamentais à sustentabilidade do território, estabelecendo, deste modo, uma diferenciação entre recursos que não deverão ser destruídos, doutros cuja apropriação não condiciona o funcionamento do território; equacionando as ocupações possíveis através da definição de novas paisagens, concebidas de acordo com critérios de sustentabilidade, critérios formais e critérios de utilidade social; integrando as áreas ecologicamente sensíveis e áreas que pelo seu coberto vegetal e ocupação, constituem valores naturais e/ou patrimoniais, cuja preservação se justifica para a manutenção da integridade, regeneração e identidade do território; caracterizando-se através de um conjunto diversificado de usos, definidos de acordo com as características e localização de cada uma das áreas consideradas (de que são exemplo usos ligados a actividades agrícolas e florestais, a espaços naturais,…); constituindo o suporte de actividades complementares às que são proporcionadas pelo tecido edificado. 7.5.8.2. Proposta de delimitação da Estrutura Estrutura Ecológica Regional do Vale do Zambeze No âmbito da elaboração do PEOT, a Estrutura Ecológica Regional integra as áreas que constituem o suporte dos sistemas ecológicos fundamentais e cuja protecção é indispensável ao funcionamento sustentável do território, bem corno os recursos naturais que, pelo seu inquestionável valor, devem ser salvaguardados de usos passíveis de conduzir à sua destruição e degradação de modo irreversível. A Estrutura Ecológica Regional do Vale do Zambeze deve constituir uma estrutura que tem por suporte um conjunto de áreas territoriais e corredores que representam e incluem as áreas com maior valor natural ou com maior sensibilidade ecológica. Esta estrutura deve permitir a manutenção da biodiversidade característica da Região e dos processos ecológicos fundamentais para a integridade dos seus ecossistemas sensíveis. Os objectivos fundamentais da Estrutura Ecológica passam, em primeiro lugar, pela manutenção e valorização dos principais recursos naturais, espaços agroflorestais e valores paisagísticos regionais mas também, pela sua articulação com os territórios envolventes, de modo a garantir o funcionamento global dos sistemas no território, numa lógica funcional e integradora das actividades. A Estrutura Ecológica Regional do Vale do Zambeze será constituída por uma rede de áreas e corredores com funções ecológicas dominantes, recursos fundamentais para a manutenção das funções ecológicas da região, interligadas de PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] 152 | 216 CONSÓRCIO Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões modo a garantir a continuidade entre espaços. Estas estruturas englobam as áreas e corredores mais sensíveis ou classificados, do ponto de vista da conservação da natureza, assim como, recursos hídricos importantes e a preservação de habitats e ecossistemas particulares. Desta forma, deverão integrar a Estrutura Ecológica Regional do Vale do Zambeze: Sistema Verde - Natural e Turístico, constituído por: Áreas de Conservação Existentes (Parque Nacional de Magoé, Coutadas (parcialmente), IBAs, Complexo de Marromeu – Convenção Ramsar, Reserva Especial de Búfalos de Marromeu) e Áreas de Conservação Propostas (Área de Protecção Ambiental do Alto (ou da Albufeira) do Zambeze e Área de Protecção Ambiental do Delta do Zambeze e novas áreas importantes para a conservação de diversas espécies). Sistema Azul - Hídrico, constituído pela albufeira Cahora-Bassa, áreas de inundação, rios principais e delta do Zambeze. Nas figuras seguintes apresentam-se as Redes e Sistemas Principais Estruturantes que integram o Esquema do Modelo Territorial Proposto, bem como a Proposta de Delimitação da Esctrutura Ecológica Regional para o Vale do Zambeze. PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] 153 | 216 CONSÓRCIO Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões Figura 35 – Legenda do Esquema Modelo Territorial Proposto PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] 154 | 216 CONSÓRCIO Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões Figura 36 – Esquema do Modelo Territorial Proposto PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] CONSÓRCIO 155 | 216 Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões Figura 37 – Esquema do Modelo Territorial Proposto – Redes Principais PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] CONSÓRCIO 157 | 216 Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões Figura 38 – Esquema Modelo Territorial Proposto – Sistemas Estruturante PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] CONSÓRCIO 159 | 216 Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões Figura 39 – Proposta de Estrutura Ecológica Regional para o Vale do Zambeze PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] CONSÓRCIO 161 | 216 Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões 7.6. Riscos 7.6.1. Enquadramento legal “Sendo Moçambique um país vulnerável às calamidades, tais como cheias, secas, ciclones e outros desastres da acção do homem, torna-se necessário estabelecer princípios e mecanismos legais visando a sua gestão eficaz e eficiente para reduzir os seus impactos na economia e nas calamidades” (Preâmbulo da Lei n.º 15/2014 de 20 de Junho, que estabelece o Regime Jurídico da Gestão das Calamidades (RJGC)). O regime jurídico da gestão das calamidades (RJGC) compreende a prevenção, mitigação dos efeitos destruidores das calamidades, desenvolvimento de acções de socorro e assistência, bem como as acções de reconstrução e recuperação das áreas afectadas. O RJGC estabelece que a execução das acções de gestão de calamidades deve ser efectuada de forma descentralizada, observando-se as competências dos órgãos de administração pública das circunscrições territoriais abrangidas, sem prejuízo do princípio de ajuda mútua entre os diversos espaços geográficos, administrativos e do apoio humano, material, financeiro e organizativo a ser prestado pelos órgãos centrais do Estado. A gestão das calamidades compreende as políticas, os planos e estratégias de prevenção e mitigação, visando impedir ou reduzir o impacto das calamidades na vida das populações ou comunidades. São estabelecidos como princípios da gestão das calamidades os seguintes: solidariedade, justiça, eficácia, participação e cooperação. As disposições constantes do RJGC são aplicáveis à globalidade do território Moçambicano, não contendo orientações específicas para o Vale do Zambeze. De acordo com o Artigo 7º - Medidas de carácter preventivo, compete aos governos provinciais e ao representante do Estado na autarquia definir, no prazo de 180 dias após a entrada em vigor da Lei 15/2014 (datada de 20 de Junho, logo este prazo deveria terminar a 20 de Dezembro de 2014), as zonas de risco de calamidades nas respectivas áreas de jurisdição, onde é interdita a construção de habitações, mercados e outras infra-estruturas, excepto mediante aplicação de tecnologias de construção adequadas. De acordo com o Artigo 14º - Demarcação das zonas de risco, o Governo garante a demarcação das zonas de risco susceptíveis de serem afectadas por calamidades, bem como as medidas de prevenção e de mitigação dos respectivos efeitos, tomando em conta a vulnerabilidade, meios de sobrevivência, padrões básicos de segurança alimentar e acordos de assistência humanitária. Ainda no RJGC, Capítulo VI é definida a Protecção especial de zonas e de pessoas. Refere o Artigo 31º – Zonas de risco: “1 - Os planos de ordenamento territorial devem definir as zonas de risco de calamidades. 2 - As zonas de risco de calamidades são classificadas em zonas de alto risco, de médio risco e de baixo risco. PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] 163 | 216 CONSÓRCIO Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões 3 -É vedada a construção de habitação nas zonas de alto risco. 4 - Colocação de placas de proibição de construção e habitação.” Importa ainda referir os Direitos dos cidadãos nas zonas de risco referido no Artigo 32º: “Os cidadãos das zonas de risco têm os seguintes direitos: a) atenção especial do Estado ou da autarquia local, que consiste na implementação de medidas de redução do risco de calamidade e na existência de sistemas de aviso prévio, realização de simulações e prioridade na criação de comités de gestão do risco; (…)” e os Deveres dos cidadãos nas zonas de risco - Artigo 33º: “1. Os cidadãos em zonas de risco têm o dever de observar o regime de construção definido especificamente para a sua zona e de obedecer prontamente às ordens de evacuação, sob pena de responsabilização criminal por desobediência.” “3. O Governo deve, progressivamente, providenciar infra -estruturas básicas em zonas de risco baixo para incentivar a fixação das populações nessas zonas”. Por fim refira-se que o artigo 43º da Lei 15/2014, de 20 de Junho, estabelece que “Compete ao Governo regulamentar a presente Lei, no prazo de 180 dias contados a partir da data da sua entrada em vigor (data de publicação – 20 de Junho), pelo que a implementaçao deste instrumento ainda se encontra numa fase inicial. 7.6.2. Riscos no Vale do Zambeze A bacia do Zambeze encontra-se exposta a riscos naturais importantes e apresenta uma vulnerabilidade significativa às alterações climáticas. Decorrente das alterações climáticas a exposição aos riscos naturais pode aumentar significativamente. Uma parte significativa da área de estudo apresenta risco significativo de ocorrência de secas, nomeadamente as áreas semi-áridas dos distritos de Cahora Bassa, Changara, Guro, Tembara, Chemba e Caia e também áreas em Mutarara e partes de Moatize, Chiúta e Chinde As cheias constituem um risco natural (ainda que condicionado pela alteração do regime hidrológico proporcionada por Cahora Bassa e, a montante, por Kariba. As zonas mais vulneráveis no baixo Zambeze situam-se nos distritos de Tambara, Chemba, Caia, Marromeu, Mutarara, Mopeia, Morrumbaia e Chinde. PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] 164 | 216 CONSÓRCIO Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões A zona da Bacia do Zambeze em Moçambique, situada perto da costa e numa grande planície propensa a cheias, é vulnerável aos efeitos dos ciclones. Entre as zonas mais afectadas no passado incluem-se os distritos de Chinde, Marromeu, Mopeia e Morrumbaia. Distritos mais para o interior da Bacia tais como Mutarara, Tambara, Guro e até Changara também têm sido afectados. A zona mais a Este da área em estudo apresenta maior risco sísmico do que a zona mais interior do território. O facto de existirem grandes barragens no rio Zambeze e de outras se perspectivarem leva a que o tema do risco de rotura de barragens deva ser salientado. Contudo, desconhece-se a existência de qualquer estudo de avaliação dos riscos de ruptura de qualquer uma dessas barragens, isoladamente ou de forma combinada (designadamente ruptura de Cahora Bassa na sequência da uma ruptura de Kariba). Como contraponto, há a salientar a existência de instrumentos de planeamento estratégico e gestão focados nas calamidades e nas alterações climáticas e antecedentes de apoio internacional nestes domínios, favorecendo o desenvolvimento e implementação de planos de acção, bem como de mecanismos formais de articulação e envolvimento comunitário para a gestão do risco de calamidades. A Lei nº 15/2014 de 20 de Junho estabelece disposições que são relevantes para complementar a Lei do Ordenamento e seu regulamento, no que se prende designadamente com as medidas de carácter preventivo, demarcação das zonas de risco e sua utilização. Os recursos hídricos, pela sua indispensabilidade para os diversos usos humanos e para o desenvolvimento de actividades económicas, bem como suporte de ecossistemas e de habitats, são uma componente essencial do ordenamento do território e uma condicionante estratégica das opções espaciais de desenvolvimento e da localização de usos e actividades. PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] 165 | 216 CONSÓRCIO Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões 8. ALTERAÇÃO DO MODELO TERRITORIAL ACTUAL PARA ATINGIR O MODELO TERRITORIAL PROPOSTO Comparando o modelo territorial actual com o proposto, verificamos as seguintes evoluções principais a merecerem intervenções e/ou planos de acção específicos: Integração e desenvolvimento dos sistemas naturais mais relevantes e em duas grandes zonas de conservação, desenvolvimento sustentável e turismo: a criação de duas APAs (Áreas de Proteção Ambiental), uma nos distritos de Zumbu, Marávia e Magoé, envolvendo o Parque Natural de Magoé; outra nos distritos de Chinde e Marromeu, para todo o estuário do Zambeze, e englobando a área Ramsar e a Reserva de Marromeu; propomos as denominações de APA AlZa (Alto Zambeze ou Albufeira do Zambeze) para a primeira e APA DeZa (Delta do Zambeze) para a segunda. Esta criação das áreas de proteção ambiental, respectivo plano de maneio e criação de corpo de gestão e fiscalização, deve ser feita antes das vias de comunicação propostas para melhorar as ligações às respectivas capitais de Distrito estarem melhoradas e/ou criadas, por forma a evitar o mais fácil acesso a zonas ambientalmente sensíveis ainda bem conservadas e como tal a sua destruição por antecipação de estatuto de protecção. Delimitação das áreas preferenciais para a indústria extractiva e actividades agrícolas e florestais; nestas duas últimas as concessões para outros fins que não os primordiais dever ser limitada a 10% do território em causa; estabelecimentos de planos de desenvolvimento sócio-económico tendo em consideração estes potenciai.. Criação do grande pólo urbano Tete-Moatize, a ser implementado com recurso a plano específico de desenvolvimento e desenho urbano integrado. Implementação de rede viária, ferroviária, fluvial e abertura de novos aeródromos de forma integrada. Dotação de qualidade de vida, nomeadamente de saúde, serviços básicos, capacidade de manutenção de sistemas essenciais, energia e acessos condignos a todas as capitais de Distrito. Revisão de planos de desenvolvimento e de ordenamento de detalhe tendo em vista a concretização do proposto no PEOT (enquanto Plano Especial e de dimensão estratégica, a ser concretizado em documentos de escala mais localizada e sectorializada). Nas figuras seguintes apresentam-se os Esquemas do Modelo Actual e do Modelo Proposto. PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] 166 | 216 CONSÓRCIO Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões Figura 40 – Legenda para o Modelo Actual e Modelo Proposto PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] CONSÓRCIO 167 | 216 Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões Figura 41 – Esquemas do Modelo Actual e Modelo Proposto PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] CONSÓRCIO 169 | 216 Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões Figura 42 – Redes Principais do Modelo Actual e Modelo Proposto PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] CONSÓRCIO 171 | 216 Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões Figura 43 – Sistemas Estruturantes do Modelo Actual e Modelo Proposto PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] CONSÓRCIO 173 | 216 Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões Figura 44 – Estrutura Ecológica Actual e Proposta PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] CONSÓRCIO 175 | 216 Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões 9. APROXIMAÇÃO AO PROGRAMA DE ACÇÃO 9.1. Enquadramento e Objectivos Neste ponto será apresentado o enquadramento e objectivos do Programa de Acção no âmbito da elaboração do PEOT. De acordo com os Termos de Referência, constituem documentos integrantes do Plano Especial de Ordenamento Territorial, uma Fundamentação das Opções do PEOT que inclui: a) Opções Estratégicas – enumeração das Opções Estratégicas de Base Territorial onde se definem os grandes eixos de intervenção – tanto territorial como sectorial – e os instrumentos de política para os concretizar, contemplando a orgânica institucional e os instrumentos operacionais. b) Modelo Territorial – identifica os principais sistemas, redes e articulações de nível regional. Deverá ser estabelecida a referência espacial para a concretização dos objectivos estratégicos definidos, consubstanciada na apresentação de uma estrutura geral de organização do território provincial e da caracterização e esquemas directores dos principais sistemas estruturantes (sistema urbano, estrutura ecológica, acessibilidades, redes, etc). No âmbito do Modelo Territorial, deverão também ser identificadas as unidades territoriais distritais e caracterizadas as respectivas estratégias específicas de intervenção, bem como ser concretizada uma abordagem da interacção entre políticas sectoriais e sua incidência territorial, com a indicação dos tipos de intervenção preconizados para cada um dos sectores relevantes para a concretização da estratégia territorial definida. c) Normas Orientadoras – incluem um conjunto de peças gráficas ilustrativas das orientações substantivas nele definidas. As Normas Orientadoras definirão princípios e objectivos para o ordenamento do território provincial, para a utilização dos recursos e para a ocupação do solo nas suas várias vertentes, devendo contemplar: a. Directivas de carácter geral especificam por domínio de intervenções específicas por unidade territorial para a adaptação de outros instrumentos de ordenamento do território existentes; b. Programa de Acção, com a indicação das acções e investimentos prioritários para a execução do plano, devidamente hierarquizados e articulados temporalmente, indicando as diferentes acções fundamentais para a implementação do plano – tanto estruturais como organizativas – analisando hipóteses alternativas e explicitando a entidade responsável por cada uma; PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] 177 | 216 CONSÓRCIO Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões c. Sistema de Monitorização e Avaliação, com regras e critérios para o controlo da implementação do PEOT. Este sistema deverá basear-se num conjunto de indicadores de referência e de avaliação continua, que permitam detectar as tendências de evolução verificadas com a implementação do PEOT; d. O relatório deverá constituir uma “ Memória Explicativa” do plano, contendo não apenas a síntese de caracterização da região, mas também a explicitação dos fundamentos, dos critérios de diagnóstico e dos cenários prospectivos formulados, bem como todos os demais elementos enumerados na legislação, incluindo um programa indicativo de execução e financiamento relativo às opções assumidas no “Programa de Acção”. Face ao enquadramento apresentado, considera-se que o Programa de Acção deve: Organizar as acções por objectivos especificos para o estabelecimento das Opções Estratégicas definidas no Modelo Territorial Proposto Equacionar as acções e investimentos estruturantes tendo em vista a concretização da estratégia de ordenamento e desenvolvimento proposto para o Vale do Zambeze Identificar as responsabilidades de implementação de cada acção, referenciado temporalmente a um período de execução que permita estabelecer uma relação directa com o sistema de monitorização e avaliação Constituir um documento-base de compromisso entre os entidades envolvidas Identificar os objectivos a alcançar, optimização dos recursos – humanos, materiais, financeiros e técnicos Indicar o QUÊ, QUANDO, ONDE, PORQUÊ e COMO o ordenamento deve ser conduzido, com que custos e pagos por quem. PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] 178 | 216 CONSÓRCIO Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões O Ordenamento do Vale do Zambeze constitui um PROCESSO e não apenas a produção de um documento legal, de acordo com o seguinte esquema: Estratégia Definição das Opções Estratégicas para o Vale do Zambeze Objectivos Construção de indicadores e metas a alcançar Acção Desenvolvimento e implementação das acções necessárias à concretização dos objectivos Acção 1 Objectivo Específico 1 Acção 2 Acção n Acção 1 Opção Estratégica Objectivo Específico 2 Acção 2 Acção n Acção 1 Objectivo Específico n Acção 2 Acção n No âmbito do presente Relatório que integra a Fase 2 apresenta-se uma aproximação ao Programa de Acção que visa essencialmente estabelecer uma abordagem metodológica para a sua concretização, apresentada no ponto seguinte. PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] 179 | 216 CONSÓRCIO Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões 9.2. Estrutura do Programa de Acção Para concretizar a estratégia de ordenamento e desenvolvimento do Vale do Zambeze, o Programa de Acção deverá fundamentar-se no diagnóstico, na cenarização e nas perspectivas e opções estratégicas desenvolvidas no PM, AAE e PEOT. O Programa de Acção será assim constituído pelo conjunto articulado das Opções Estratégicas, Objectivos Específicos e Acções que especificam respectivamente, o rumo traçado para o Zambeze – 30 anos no futuro, as principais linhas de intervenção a desenvolver para essa finalidade e as acções que permitirão a sua concretização. A elaboração do Programa de Acção deverá ser desenvolvido de acordo com a seguinte abordagem metodológica: Etapa 1 • Opções Estratégicas • Objectivos Específicos • Acções Etapa 2 • Identificar os recursos necessários • Calendarizar as acções Etapa 3 • Elaborar orçamentação • Garantir Fontes de Financiamento Etapa 5 • Revisão e/ou reformulação do Programa de Acção Etapa 4 • Monitorização Eventual alteração Figura 45 – Metodologia Geral para a elaboração do Programa de Acção PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] 180 | 216 CONSÓRCIO Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões Pretende-se a definição de um quadro lógico que consiste num conjunto de conceitos interdependentes que descrevem de um modo operacional e sob forma de uma matriz os aspectos mais importantes de uma intervenção. Lógica de Intervenção (o que é que o plano vai fazer?): As abordagens de planeamento deverão ser baseadas em logframe2 e planeamento por objectivos que trabalham com um “quadro lógico”. Uma lógica horizontal acrescenta, a um certo objectivo, indicadores objectivamente verificáveis e requisitos, recursos e pressupostos, para cada actividade/acção. Este instrumento ajuda a perceber como é que um objectivo de desenvolvimento pode ser alcançado tendo em conta os indicadores, assim como os factores externos (riscos) que podem influenciar o sucesso ou fracasso da intervenção. Para a definição dos objectivos especificos serão preferencialmente adoptados os princípios SMART, que consistem em: Princípios SMART: SPECIFIC – objectivos bem definidos MEASURABLE – mensurável e passível de confirmação ACHIEVABLE – acessível REALISTIC – realista, tem em conta os vários constrangimentos TIMED – com um prazo 2 Origem:“Logical framework” ou estrutura lógica, desenvolvida pelo Departamento de Defesa norte-americano, no final dos anos 60. PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] 181 | 216 CONSÓRCIO Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões Cada Acção deverá ser constituída, no mínimo, pelos seguintes campos: Campo Definição Opção Estratégica Designação da Opção Estratégica Objectivo Específico Designação do objectivo Específico Acção Designação da Acção Descrição Breve caracterização da acção Âmbito Territorial Local onde será implementada a acção Referência Legislativa Identicação da eventual legislação que enquadra a acção Investimento Custo de investimento total da implementação da medida Prioridade Definir curto/médio/longo prazo Entidade Responsável pela implementação Designação da entidade responsável pela implementação da acção Período de Execução Ano de início e de finalização previsto Fonte de Financiamento Identificação da fonte de financiamento para a implementação da acção Entidade Responsável pela monitorização Designação da entidade responsável pela monitorização da acção Monitorização Indicadores de acompanhamento da implementação da acção Observações Observações Na Fase 3 do PEOT será desenvolvida e apresentada a 1ª Versão das Normas Orientadoras e também do Programa de Acção, com estimativas de custo e capacidade de financiamento e uma análise de hierarquização das prioridades de execução. PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] 182 | 216 CONSÓRCIO Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões 10. APROXIMAÇÃO À PROGRAMA DE ACÇÃO ARTICULAÇÃO INSTITUCIONAL PARA OPERACIONALIZAÇÃO DO 10.1. Enquadramento Institucional Na área de intervenção são diversas as instituições governamentais com atribuições e responsabilidades nos diversos temas e sectores de actividade analisados. No presente capítulo procura-se sistematizar as instituições existentes tanto ao nível central, como provincial e dos órgãos locais, identificando as suas áreas de actuação por tema/sector de actividade e eventuais conflitos ou sobreposições de competências. Na figura seguinte apresentam-se os ministérios que compõem o Conselho de Ministros do Governo de Moçambique, directamente relacionados com o âmbito do presente trabalho. PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] 183 | 216 CONSÓRCIO Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões Ministério da Agricultura (MINAG) Ministério das Pescas (MP) Ministério da Planificação e Desenvolvimento (MPD) Ministério dos Recursos Minerais (MIREM) Ministério da Indústria e Comércio (MIC) Conselho de Ministros Ministério da Energia (ME) Ministério do Turismo (MITUR) Ministério de Transporte e Comunicação (MTC) Ministério das Obras Públicas e Habitação (MOPH) Ministério da Educação (MINED) Ministério da Saúde (MISAU) Ministério da Cultura (MICULT) Ministério da Mulher e Acção Social (MMAS) Ministério para a Coordenação da Acção Ambiental (MICOA) Ministério da Administração Estatal (MAE) Ministério do Interior (MINT) Ministério da Defesa (MD) Figura 46 – Composição do Conselho de Ministros de Moçambique Fonte: Retirado da Fase 1 do PM Estes ministérios estão representados nos Governos Provinciais através das direcções provinciais, ou delegações provinciais no caso de alguns institutos e agências. Nos quadros seguintes apresentam-se as entidades e respectivas responsabilidades nas seguintes componentes: Recursos Naturais e Património Cultural – Clima, Terras, Recursos Hídricos, Biodiversidade e Conservação, Qualidade do Ambiente, Licenciamento Ambiental, Ordenamento do Território e Património Cultural. PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] 184 | 216 CONSÓRCIO Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões Actividades Económicas – Agricultura e Pecuária, Floresta, Pesca, Mineração, Indústria transformadora, Energia, Turismo e Comércio. Infra-estruturas e Equipamentos Sociais – Educação, Saúde, Abastecimento de água, Saneamento, Transportes e Telecomunicações. RECURSOS NATURAIS E PATRIMÓNIO CULTURAL Clima O Instituto de Meteorologia, tutelado pelo MTC é a principal instituição responsável pela monitoria de fenónemos relacionados com a meteorologia. Fornece informações que são utilizadas por diversos sectores, sendo de destacar a agricultura, as pescas e a navegação. O MINAG e o MPOPH (através da ARA-Zambeze) também recolhem informação meteorológica havendo portanto aqui uma sobreposição de funções, que resulta numa complementarização na recolha de informação. Em situações de eventos climáticos severos há uma coordenação entre o Instituto de Meteorologia e o Instituto de Gestão de Calamidades – INGC (tutelado pelo MAE), incluindo com as suas delegações provinciais. O MICOA coordena aspectos relacionados com as mudanças climáticas, havendo sobre este tema uma actuação directa do INGC em planos de resposta a emergência e de diversos outros ministérios em questões relacionadas com a adaptação às mudanças climáticas. A ARA-Zambeze, tem também uma actuação nesta matéria, em termos de adaptação e resposta a cheias e secas. RECURSOS NATURAIS E PATRIMÓNIO CULTURAL Terras O MINAG é o principal órgão de tutela das terras, enquanto entidade que gere o cadastro das terras e o processo de atribuição de DUATs. Há contudo situações em que os DUATs são aprovados em Conselho de Ministros (no caso de projectos áreas superioes a 10 mil hectares), mas também situações que são aprovados pelos Governos Provinciais e Distritais, podendo surgir situações de conflito por falta de comunicação atempada. Concessões mineiras e concessões de hidroeléctricas interferem com o DUAT. O CENACARTA (MINAG) é responsável pela produção de cartografia sobre o uso da terra. O controle da degradação do solo por erosão constitui área de actuação do MICOA, mas também do MINAG (fomentando a agricultura de conservação e a redução da desflorestação), da ARA-Zambeze (gestão da bacia hidrográfica; protecção das margens) e dos órgãos locais do Estado (distritos e municípios), responsáveis nomeadamente pela implementação de sistemas de drenagem de águas pluviais. Relativamente a potenciais contaminações do solo, o MICOA tem competências na matéria (com destaque para a contaminação por deposição no solo de resíduos/efluentes e substâncias perigosos), em acção que deve ser articulada com os distritos e conselhos municipais; O AQUA do MICOA tem responsabilidades de monitoria da qualidade do solo. O MINAG tem uma acção concreta relacionada com o uso de agroquímicos. PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] 185 | 216 CONSÓRCIO Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões RECURSOS NATURAIS E PATRIMÓNIO CULTURAL Recursos Hídricos A ARA-Zambeze (tutelada pelo MOPH) é a entidade responsável pela gestão dos recursos hídricos da bacia do rio Zambeze (superficiais e subterrâneos). Entre as suas competências destacam-se: (1) atribuição de licenças de uso e concessão da água (necessidade de haver articulação com o FIPAG, AIAS e governos distritais em matéria de abastecimento de água às populações, MINAG no uso da água para a agricultura e pecuária, MIC no uso da água para indústria e comércio, ME no caso da produção de energia em hidroeléctricas e termoeléctricas, MITUR co caso de usos da água associados ao turismo, MICOA e MITUR na manutenção de caudais ecológicos) (2) atribuição de licenças de descargas de efluentes (onde há alguma sobreposição/conflito com o licenciamento ambiental emitido pelo MICOA); (3) licencia obras hidráulicas (pontes, barragens, atracadouros, diques de protecção, etc) o que implica articulação com outras direcções do MOPH, MINAG e ME (4) responsável pela protecção do dominio público (podem surgir situações de conflito com os OLE, designadamente na ocupação das margens dos rios) e com a Autoridade Marítima e o INAHINA em matéria de navegação dos rios; (5) monitoria da qualidade da água (em sobreposição com o MICOA, nomeadeamente a AQUA e o MISAU); (6) coordenação de descargas e contenção de caudais em barragens, com operadores de hidroeléctricas, como a HCB, em articulação com o INGC. A ARA-Zambeze é envolvida nas acções de adaptação às mudanças climáticas (sistema de aviso de cheias ou criação de reservas de água para situações de secas), articulando directamente com o MICOA e o INGC (do MAE), para além dos governos distritais e municipais. A contenção da desflorestação e de processos de erosão é vital para a gestão dos recursos hídricos, havendo nesta matéria necessidade de articulação com o MICOA, governos distritais e municipais. RECURSOS NATURAIS E PATRIMÓNIO CULTURAL Biodiversidade e Conservação O MICOA tem a responsabilidade de promover acções que visem a conservação da biodiversidade e a gestão sustentável das áreas sensiveis e protegidas. É a entidade responsável pela implementação da CITES 3 e pela efectivação da Convenção RAMSAR4 (onde está integrado o Delta de Marromeu). O MINAG, através da Direcção Nacional de Terras e Florestas (DNTF) é responsável pelos recursos florestais e faunísticos, designadamente pelas licenças de exploração florestal e de caça e pela respectiva fiscalização. O MITUR, através da ANAC superintende as áreas de conservação (designadamente o Parque Nacional de Magoe, a Reserva Especial de Búfalos de Marromeu e as coutadas e reservas florestais existentes no Vale do Zambeze). Os governos distritais e os municípios também têm uma intervenção a este nível, uma vez que podem definir o uso do território e consequentemente a afectação de áreas com valor para a biodiversidade, o que é realizado em coordenação com as DPCAs/MICOA havendo uma necessidade de compatibilização dos seus planos de uso da terra com as directrizes das instituições acima referidas. Há portanto alguma sobreposição de responsabilidades entre estas entidades. Já no que toca à conservação aos meios aquáticos (especificamente na Albufeira de Cahora Bassa e Banco de Sofala) o MP, juntamente com o IIP têm também uma actuação visando a gestão do stock pesqueiro, o que vai de alguma forma de encontro ao objectivos de conservação. 3 CITES - Convenção sobre o Comércio Internacional das Espécies de Fauna e Flora Silvestres Ameaçadas de Extinção Convenção RAMSAR – Convenção sobre Terras Húmidas de Importância Internacional especialmente enquanto Habitat de Aves Aquáticas 4 PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] 186 | 216 CONSÓRCIO Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões RECURSOS NATURAIS E PATRIMÓNIO CULTURAL Qualidade do Ambiente O MICOA, através da AQUA é a entidade que monitoriza a qualidade do ambiente (ar, solo e água), em colaboração com as DPCAs. Adicionalmente o MICOA é responável pela qualidade do ambiente sonoro, apesar de não haver ainda legislação que regulamente os limites admissíveis. Os governos distritais e municipais intervêm também nesta área em coordenação, podendo haver sobreposição de responsabilidades, nomeadamente no que toca a poluição sonora . RECURSOS NATURAIS E PATRIMÓNIO CULTURAL Licenciamento Ambiental Licenças ambientais relativas a projectos de actividades de montante igual ou superior a um milhão de dolares americanos são emitidas pelo Ministro para a Coordenação Ambiental, para valores inferiores, as licenças de actividades de Categoria A são emitidas pela Direcção Nacional da Avaliação do Impacto Ambiental (DNAIA) e as restantes pelas Direcções Provinciais para a Coordenação da Acção Ambiental (DPCA). Assim, o MICOA através da DNAIA ou DPCAs intervém no licenciamento de actividades de todos os sectores, quer sejam públicas ou privadas e coordena processos de reassentamento. RECURSOS NATURAIS E PATRIMÓNIO CULTURAL Ordenamento do Território O MICOA é a entidade que tutela o ordenamento do território, através da DINAPOT (Direcção Nacional de Ordenamento do Território). No entanto, o MPD tem indirectamente uma actuação nesta área, nomeadamente decorrente da criação de corredores e zonas de desenvolvimento acelerado (através do GAZEDA) ou mesmo no caso da promoção do desenvolvimento do Vale do Zambeze pela ADVZ, havendo necessidade de articulação entre as duas entidades. Os OLEs também também responsabilidades nesta área, aquando da elaboração e aprovação dos Planos Distritais de Uso da Terra ou Planos de Estrutura Municipais, havendo necessidade de articulação com a DINAPOT. O ordenamento do território é condicionado por zonas de protecção total e parcial definidas na Lei de Terras, de jurisdição de diversos sectores, sendo de destacar as Áreas de Conservação, sob a tutela do MITUR. RECURSOS NATURAIS E PATRIMÓNIO CULTURAL Património Cultural O património cultural é tutelado pelo MICULT, responsável pela classificação e protecção do património cultural, que passa por uma colaboração com os governos distritais e municípios. ACTIVIDADES ECONÓMICAS Agricultura e Pecuária O MINAG através das Direcções Nacionais e Departamentos Provinciais de Serviços Agrários e de Extensão Agrária são as entidades que tutelam as actividades agricola e de pecuária. O papel deste sector para a melhoria da nutrição é coordenado com o MISAU e mesmo com o MINED. Algumas actividades requerem licença ambiental do MICOA (conforme Dec. 45/2004). No caso de regadios há uma intervenção da PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] 187 | 216 CONSÓRCIO Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões ACTIVIDADES ECONÓMICAS Agricultura e Pecuária ARA-Zambeze, quer para o licenciamento de uso da água, como para a aprovação de obras hidráulicas. Dependendo da área a ocupar os DUATs são atribuídos pelo Conselho de Ministros, Governo Provincial ou Governos Distritais. A plantação de culturas agroenergéticas para a produção de biocombustíveis é articulada com o ME. OLES estão directamente envolvidas no desenvolvimento rural. A ligação à agroindústria é articulada com o MIND e a logística para o escoamento com o MTC. MINED e MT têm um papel importante na formação profissional em agro-pecuária em articulação com MINAG. ACTIVIDADES ECONÓMICAS Floresta A floresta enquanto actividade económica é tutelada pelo MINAG, que emite licenças e concessões de exploração florestal. O processamento de produtos florestais será matéria da responsabilidade do MIND e a logística de escoamento MTC. Tanto o MICOA como o MINAG actuam no controle da desflorestação, bem como os OLEs. ACTIVIDADES ECONÓMICAS Pesca Tutelado pelo MP, com a intervenção do IIP e do IDPE. Tem uma relação directa com a instituição responsável pela navegação (INAHINA), Autoridade Marítima, bem como com a gestão de recursos hídricos (ARA-Zambeze). Relativamente à gestão da biodiversidade e protecção de áreas ecologicamente sensíveis como mangais ou praias tem uma sobreposição com o MICOA e o MITUR (quando dentro de uma área de conservação, como na Reserva Especial de Búfalos de Marromeu). O planeamento do desenvolvimento de aquacultura em reservatórios de regadios ou hidroeléctricas irá beneficiar de uma coordenação com o MINAG e o ME, para além da ARA-Zambeze. A contribuição da pesca para o reforço da segurança alimentar merecem a atenção do MISAU . ACTIVIDADES ECONÓMICAS Mineração A indústria extractiva está sob a tutela do MIREM, embora no caso dos hidrocarbonetos haja um envolvimento directo do Instituto Nacional de Petróleos. A concessão mineira para a exploração do subsolo, atribuída pelo MIREM pode entrar em conflito com outra licença de uso da terra atribuída pelo MINAG. Na indústria extractiva é essencial a existência de uma infra-estrutura de transporte para o escoamento dos produtos (rodovias, ferrovias, hidrovias e portos), havendo necessidade de articulação com o MTC. O acesso a outras infraestruturas requer articulação com diversos ministérios ME (abastecimento de energia), MPOPH/ARA-Zambeze (abastecimento de água), MTC (telecomunicações). O MINAG intervém em questões de uso da terra e o MICOA, no licenciamento ambiental e processos de reassentamento. O MT e o MINED têm um importante papel na formação profissional. O MT define as condições de saúde e higiene no trabalho e o regime de contratação de trabalhadores estrangeiros, o que é relevante para os megaprojectos. PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] 188 | 216 CONSÓRCIO Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões ACTIVIDADES ECONÓMICAS Indústria transformadora A indústria transformadora é tutelada pelo MIND, contudo estratégias de desenvolvimento de pólos/zonas industriais são definidas pelo MPD, nomeadamente através do GAZEDA, como a recentemente criada ZEE de Mocuba, adjacente à área de estudo. Políticas relacionadas com a agroindústria deverão ser articuladas com o MINAG, a transformação de minério com o MIREM, a transformação de produtos pesqueiros com o MP, etc. ACTIVIDADES ECONÓMICAS Energia O ME tutela a produção, transporte e distribuição de energia. Comissão Interminesterial para Biocombustivies (MINAG, MCIENCIATecnologia, MICOA, ME, MIC). No caso das hidroeléctricas, dada a inundação para criação de reservatórios de água, há necessidade de articulação com o MPOPH que tutela a gestão dos recursos hídricos, nomeadamente através da ARA-Zambeze, o MINAG em questões de uso da terra e o MICOA, no licenciamento ambiental e processos de reassentamento. ACTIVIDADES ECONÓMICAS Turismo O MITUR é a entidade que tutela a actividade turística. Articula com o MINAG em matéria de floresta e fauna bravia e uso da terra, com o MICOA em termos de conservação da biodiversidade e preservação de áreas ambientalmente sensíveis, com os municipios e distritos. A valorização do património cultural é um elemento chave para o turismo (MCULT). A indústria de turismo requer transportes (principalmente rodoviário e aéreos - MTC), electricidade (ME). O MINT interfere com o turismo, designadamente no processo de emissão de vistos de entrada de turistas. ACTIVIDADES ECONÓMICAS Comércio O comércio é da responsabilidade do MCI, articulando com os distritos e municípios, bem como com o MINAG no caso de grandes mercados de produtos agrícolas. INFRA-ESTRUTURAS E EQUIPAMENTOS SOCIAIS Educação MINED é a principal entidade que tutela a educação, embora a educação da primeira infância seja tutelada pelo MMAS. A educação profissional é articulada com o MT, através da Comissão Executiva da Reforma da Educação Profissional (COREP). Ao nível da formação profissional existem diversos institutos de formação sob a responsabilidade de outros ministérios. PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] 189 | 216 CONSÓRCIO Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões INFRA-ESTRUTURAS E EQUIPAMENTOS SOCIAIS Saúde O MISAU tutela o sector da saúde. MICOA (qualidade ambiental), MOPH e governos distritais e municípios (abastecimento de água e saneamento do meio), MINAG (nutrição), MMAS (saúde maternal e primeira infância). É de destacar, que com o processo de descentralização, as unidades de saúde básica e centros de saúde dependem financeiramente dos Governos Distritais, enquanto que os hospitais provinciais dependem dos governos provinciais. INFRA-ESTRUTURAS E EQUIPAMENTOS SOCIAIS Abastecimento de água O MOPH é a entidade com competências neste sector, através do FIPAG e a AIAS, para além dos Departamentos de Água das DPOPHs e dos serviços distritais. No Vale do Zambeze, o FIPAG é responsável pelo abastecimento de água à cidade de Tete e vila de Moatize, enquanto que a AIAS é responsável pelas vilas de Ulongué, Caia, Marromeu, Nhamayabwé, Luenha, Songo Chifunde, Furancungo, Fíngoe, Tsangamo, Zumbo, Manje, Mphende Chinde, Morrumbala, Guro e Chemba. ARA-Zambeze entidade que licencia e concessiona as captações para abastecimento de água. CRA (Conselho de Regulação do Abastecimento de Água) é a entidade reguladora do abastecimento de água. INFRA-ESTRUTURAS E EQUIPAMENTOS SOCIAIS Saneamento O MOPH é a entidade com competências neste sector, através da AIAS, para além dos Departamentos de Água das DPOPHs e dos serviços distritais. No Vale do Zambeze, a AIAS é responsável pelo saneamento das vilas de Ulongué, Caia, Marromeu, Nhamayabwé, Luenha, Songo Chifunde, Furancungo, Fíngoe, Tsangamo, Zumbo, Manje, Mphende Chinde, Morrumbala, Guro e Chemba. Chemba e também por assegurar a recolha e tratamento das águas residuais de Tete e Moatize. Os municípios e os OLES são responsáveis pela gestão de resíduos sólidos domésticos, sob orientação do MICOA. INFRA-ESTRUTURAS E EQUIPAMENTOS SOCIAIS Transportes O MTC é a entidade que tutela os transportes, rodoviários, ferroviários, aquáticos/marinhos e aéreos. Para tal existem institutos e empresas estatais entre os quais se destaca o INAV (veículos rodoviários), INAHINA (navegação), Instituto Nacional de Aeronáutica, Instituto da Aviação Civil, Instituto Nacional da Marinha. O MPD tem um papel na definição de corredores de desenvolvimento, associados nomeadamente a corredores de transporte e que definem a priorização de infraestruturas de transporte. O MOPH intervêm na implementação das obras públicas, nomeadamente da rede rodoviária, o que é efectuado através da ANE (Administração Nacional de Estradas, no caso de estradas da rede nacional primária) e das DPOPH, no caso de estradas secundárias. Os Municípios e Distritos intervêm na construção e manutenção da rede rodoviária de categoria distrital, bem como no licenciamento de transportes e gestão do trânsito. O MI intervém na regulação do trânsito. PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] 190 | 216 CONSÓRCIO Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões INFRA-ESTRUTURAS E EQUIPAMENTOS SOCIAIS Telecomunicações O MTC é a entidade que tutela as telecomunicações, sendo o INCM é a Autoridade Reguladora dos Sectores Postal e de Telecomunicações. A utilização ds linhas de transporte de energia como meio de transporte para as telecomunicações, cria uma grande articulação entre este sector e o de energia (ME através da Electricidade de Moçambique) Fonte: Retirado da Fase 1 do PM A análise das tabela anteriores permite constatar que existem inúmeras instituições a actuarem na região do Vale do Zambeze, cuja actuação no geral se complementa, mas que em alguns casos gera situações de sobreposição, que podem resultar em conflitos ou falta de actuação. A título exemplificativo são de destacar os casos em que intervêm diversas instituições Gestão de recursos hídricos – para além da ARA-Zambeze responsável pela gestão dos recursos hídricos (incluindo o domínio público hídrico), a Autoridade Marítima, o INAHINA, MICOA (qualidade da água) e entidades que tutelam diversos usos da água – MOPOH, ME, MINAG, MITUR, MIND, para além do INGC. Gestão dos recursos florestais – o MINAG e o MICOA actuam em matéria de preservação da floresta, bem como o MITUR, nas áreas de conservação. Gestão da terra – MINAG é o principal órgão de tutela das terras, enquanto entidade que gere o cadastro das terras e o processo de atribuição de DUATs. O MIREME e o ME intervêm directamente em resultado da atribuição de concessões mineiras e de produção de energia em hidroelçéctricas. Os órgãos que tutelam o ordenamento do território interferem diretamente com o uso da terra. O MINAG e o MICOA em matéria de contenção da erosão. Os governos distritais e conselhos municipais têm um importante papel em matéria de gestão de terras Ordenamento do território – MICOA é a entidade que tutela esta área, embora o MPD tenha um importante papel, ao definir zonas de desenvolvimento económico ou promover o desenvolvimento económico de detreminadas zonas do país, como no caso do Vale do Zambeze através de ADVZ. Os governos distritais e conselhos municipais intervêm também nesta matéria através dos instrumentos de ordenamento do território de nível distrital e municipal, embora a sua articulação esteja definida claramente no Regulamento da Lei do Ordenamento do Território. No quadro seguinte apresenta-se uma primeira aproximação à Matriz Institucional nas diversas responsabilidades sobre o território do Vale do Zambeze. PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] 191 | 216 CONSÓRCIO Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões x x Governo Distrital x Conselho Municipal INGC Gestão de Calamidades x Governo Provincial MD Defesa Nacional (Defesa, explosivos e desminagem) MINT Interior (ordem interna, autorização de estrangeiros) MAE Administ Estatal MMAS Mulher e Acção Social MISAU Saúde MICULT Cultura MINED Educação MT Trabalho MPD Planificação e Desenvolv/ (inclui polos desenvolv/) x MOPH Obras Publicas e Habitação (inclui gestão rec hidricos, abast águas&saneamento) x MTC Transportes e Comunicação (inclui meteorologia) x MIC Indústria e Comércio Sistemas de aviso eventos críticos MEN Energia x MIREM Recursos Minerais (inclui hidrocarb.) x MITUR Turismo (inclui áreas conservação) MdP Pesca x MICOA Ambiente (inclui gestão ambiental, ordenamento do território) Meteorologia Conselho de Ministros MINAG Agricultura (inclui floresta, pecuária, cadastro de terras) Quadro 10 – Matriz Institucional x x x x x x x x x x x Clima Mudanças climáticas x x Solos Aptidão agrícola Degradação do solo x x x x x Recursos Hídricos Águas superficiais x x Águas subterrâneas x x Obras hidráulicas x Adaptação a cheias e secas x x x x x x x x x x Biodiversidade e Conservação Áreas de Conservação X x x Áreas com elevada biodiversidade x x Floresta x x x Fauna x x x x x x x x x x x Património Histórico-Cultural Material Imaterial x x x x x x Qualidade do Ambiente Qualidade da água x Qualidade do ar x x x x x x x Ruído x x x Resíduos x x x x Mitigação emissões GEE x x x x x x x x x x x x ? ? Ordenamento do Território Condicionantes de uso da terra Instrumentos de ordenamento do território x x x x x x x x x x Educação Educação pré-escolar x Educação escolar Educação profissional x Educação Universitária x x x x x x x x x x x PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] CONSÓRCIO x 193 | 216 Governo Distrital x Governo Provincial x x Conselho Municipal INGC Gestão de Calamidades MD Defesa Nacional (Defesa, explosivos e desminagem) MINT Interior (ordem interna, autorização de estrangeiros) MMAS Mulher e Acção Social x x MAE Administ Estatal MISAU Saúde x x MICULT Cultura x MINED Educação MT Trabalho MPD Planificação e Desenvolv/ (inclui polos desenvolv/) MOPH Obras Publicas e Habitação (inclui gestão rec hidricos, abast águas&saneamento) MTC Transportes e Comunicação (inclui meteorologia) MIC Indústria e Comércio MEN Energia MIREM Recursos Minerais (inclui hidrocarb.) MITUR Turismo (inclui áreas conservação) MdP Pesca MINAG Agricultura (inclui floresta, pecuária, cadastro de terras) MICOA Ambiente (inclui gestão ambiental, ordenamento do território) Conselho de Ministros Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões x x Saúde Nutrição x Materno-infantil Doenças relacionadas com água x x x Doenças transmissão sexual x Agricultura x Regadio x x x x x x x x x x x x x x Intensiva x x x Extensiva x x x Sequeiro x Pecuária x Floresta Floresta de produção x x x Floresta de conservação x x x Desflorestação x x Industrial x x x x Semi-industrial x x x x Artesanal x x x x x x x x x x x x x Pesca Recreativa x Aquacultura x x x x Industria Extractiva Minerais x x x x Hidrocarbonetos x x x x Agroindústria x x Processamento mineral x Processamento de madeira x Outras indústrias x x Indústria transformadora Construção civil x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x Comércio Mercados x Comércio grosso e retalho x x x x x x x x x x Turismo Turismo sol x Turismo cultural Turismo cinegético ? Turismo em Áreas de Conservação x x x x x x x x x x x x x PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] CONSÓRCIO 194 | 216 Governo Distrital Conselho Municipal Governo Provincial INGC Gestão de Calamidades MD Defesa Nacional (Defesa, explosivos e desminagem) MINT Interior (ordem interna, autorização de estrangeiros) MAE Administ Estatal MMAS Mulher e Acção Social MISAU Saúde MICULT Cultura MINED Educação MT Trabalho MPD Planificação e Desenvolv/ (inclui polos desenvolv/) MOPH Obras Publicas e Habitação (inclui gestão rec hidricos, abast águas&saneamento) MTC Transportes e Comunicação (inclui meteorologia) MIC Indústria e Comércio MEN Energia MIREM Recursos Minerais (inclui hidrocarb.) MITUR Turismo (inclui áreas conservação) MdP Pesca MINAG Agricultura (inclui floresta, pecuária, cadastro de terras) MICOA Ambiente (inclui gestão ambiental, ordenamento do território) Conselho de Ministros Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões Abastecimento de água e Saneamento Rural x Urbano x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x Infraestruturas resíduos sólidos Domésticos x Perigosos x Energia Produção hidroeléctrica x x Produção termoeléctrica Produção de novas energias e renováveis Produção de Biocombustiveis x x x x x x x x x x x x x Transporte de energia eléctrica x Distribuição de energia eléctrica x x Estradas x x Ferrovias x Hidrovias x Portos x Aeroportos x x x x x Transportes x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x Telecomunicações Rede fixa Rede móvel Rádio x PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] CONSÓRCIO 195 | 216 Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões 10.2.Organização Administrativa e Governação Em termos administrativos, a região do Vale do Zambeze integra a totalidade da província de Tete e alguns distritos limítrofes das províncias de Manica, Sofala e Zambézia. A província de Tete é constituída por 14 distritos (Angónia, Cahora-Bassa, Changara, Chifunde, Chiuta, Dôa, Macanga, Mágoè, Marávia, Moatize, Marara, Mutarara, Tsangano e Zumbo), dos quais dois foram criados nos anos mais recentes (Dôa e Marara) e 34 postos administrativos. A província possui também quatro municípios: a cidade de Tete e as vilas de Moatize, Nhamayábuè (Mutarara) e Ulongué (Angónia). Da província de Manica integram a área de estudo os distritos de Guro e Tambara, com os seus sete postos administrativos. Da província de Sofala, estão integrados os distritos de Chemba, Caia e Marromeu, com os seus oito postos administrativos. A área de estudo integra também o município da vila de Marromeu. Da província de Zambézia, são de referir os distritos de Chinde, Derre, Luabo, Mopeia e Morrumbala, por sua vez divididos em nove postos administrativos. De referir que aqui são de criação mais recente os distritos de Luabo e Derre. Quadro 11 – Áreas da área de estudo por distrito e por província Província Tete Manica Sofala Zambézia Distrito Angónia Cahora-Bassa Changara (e Marara) Chifunde Chiuta Cidade do Tete Macanga Magoé Marávia Moatize Mutarara (e Dôa) Tsangano Zumbo Guro Tambara Chemba Caia Marromeu Chinde (e Luabo) Mopeia Morrumbala (e Derre) Área (km2) 3259 8841 6622 9412 7119 287 7208 8585 16694 8430 6384 3670 12018 6936 4287 3982 3592 5777 4272 7678 12831 Total (km2) 98529 147884 11223 13351 24781 Fonte: Retirado da Fase 1 do PM PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] 197 | 216 CONSÓRCIO Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões Paralelamente existe uma divisão territorial da autoridade tradicional, que integra regulados e chefaturas, cujas delimitações não se encontram mapedas, mas são do conhecimento da autoridade tradicional e das comunidades em geral. O território do regulado de 1º escalão, é subdividido em territórios de chefaturas de 2º, que são por sua vez subdivididos em territórios de chefes tradicionais de 3º escalão. Moçambique tem estado a percorrer um processo de descentralização progressiva contrapondo a administração centralizada que caracterizou o período colonial e o período de pós independência. Simultaneamente há uma tendência para a promoção dum maior envolvimento e participação das populações na governação. A Constituição da República de Moçambique(CRM) de 1990 veio abrir espaço ao sistema multipartidário e à possibilidade de uma maior participação dos cidadãos na eleição dos seus representantes, ampliado em 1996 com a Adenda à CRM que consagrou as autarquias locais como pessoas colectivas públicas, dotadas de órgãos representativos eleitos pelos cidadãos. Já os restantes órgãos locais do Estado são nomeados pelo governo, conforme definido na Lei dos Órgãos Locais do Estado (LOLE). A Política e Estratégia de Descentralização e a consequente revisão da LOLE vieram reforçar a responsabilidade dos órgãos locais do Estado, atribuindo maiores responsabilidades ao nível local, por forma a promover uma governação mais participativa e próxima das populações. A Lei nº 11/2012 define as atribuições dos OLE, abrangendo o Governo da Província, Administração Distrital, Posto Administrativo, Localidade e Povoação, que passa a constituir a base territorial de Governação, conforme descrito na figura seguinte. O Distrito por outro lado, passa a ser a unidade de planificação e orçamentação. A figura seguinte representa a organização dos Órgãos Locais do Estado. PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] 198 | 216 CONSÓRCIO Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões Governo Provincial • Governador • Secretário Permanente • Diretores Provinciais Administração Distrital • Administrador Distrital • Secretário Permanente • Diretores Distritais Posto Administrativo • Chefe do Posto • Secretaria Administrativa Localidade • Chefe da Localidade • Secretaria Administrativa Povoação • Chefe de Povoação • Conselho Administrativo Figura 47 – Órgãos Locais do Estado Fonte: Retirado da Fase 1 do PM Estão legalmente definidos os organogramas tipo do governo provincial (Lei nº 8/2003), do governo distrital (Decreto nº 6/2006), assim como das secretarias administrativas do Posto Administrativo e da Localidade (Decretos nº 81/2010 e 82/2010). As autarquias, cujo quadro jurídico base foi definido pela Lei nº 2/1997, têm sido reforçadas e expandidas. Abaixo do nível base dos órgãos locais do Estado - a povoação, existem ainda aldeias e outros aglomerados populacionais, correspondentes às designadas comunidades locais. Estas possuem também uma estrutura de governação própria, assente, por um lado, no poder tradicional e, por outro, na organização partidária criada no período pós-Independência, cuja existência e/ou relevância varia entre regiões, ou mesmo entre comunidades. Em 2012, o papel das autoridades comunitárias foi reforçado, tendo sido definido no Decreto nº 35/2012, o modo de articulação com os OLE. Assim, passaram as ser oficialmente consideradas autoridades comunitárias, os chefes tradicionais, secretários de bairro ou de aldeia e outros líderes legitimados pelas respectivas comunidades locais. As autoridades locais organizam-se normalmente em 3 escalões (há o caso específico do distrito de Angónia em que existe um 4º escalão), em função das linhagens, no caso dos chefes tradicionais e da grandeza da área de jurisdição, PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] 199 | 216 CONSÓRCIO Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões no caso dos secretários. Geralmente as autoridades comunitárias são assessoradas por adjuntos e/ou assistentes e pela polícia comunitária. Abaixo das autoridades comunitárias existe ainda uma estrutura constituída por chefes de bairro, que têm sob sua tutela chefes de 10 casas (em áreas rurais) ou de quarteirão (em áreas urbanas). Na sua estrutura de governação, as autoridade locais podem ainda ter órgãos consultivos, como o Conselho de Anciãos e organizações com quem articulam directamente, como a Organização da Mulher Moçambicana (OMM), a Associação dos Médicos Tradicionais de Moçambique (AMETRAMO), Comités de Gestão de Água, Comités de Gestão de Água, entre outros. As autoridades comunitárias constituem o elo de ligação entre os órgãos locais do Estado e as comunidades, sendo responsáveis designadamente pela divulgação de leis e deliberações dos OLE, mobilização e organização das comunidades locais para a construção e manutenção de infraestruturas e equipamentos, promoção da gestão dos recursos naturais, promoção da saúde pública, entre outros. Por outro lado são responsáveis por transmitir aos OLE informações sobre as comunidades locais. As autoridades comunitárias estão representadas nos Conselhos Consultivos Distritais, órgão onde tem assento, para além do Governo Distrital, diversas forças vivas do distrito, incluindo designadamente representantes do poder judicial e da Policia da República de Moçambique, representantes partidários, religiosos, organizações da sociedade civil e representantes do sector privado. Os Conselhos Consultivos Distritais constituem um fórum de discussão e participação na governação. Ao nível da província a governação participativa tem lugar na Assembleia Provincial, onde são analisadas as propostas do governo da província e os relatórios de execução. Na Fase seguinte do PEOT, a articulação institucional será aprofundada, por forma, a explicitar claramente as competências de cada entidade, sendo imprescindível o contributo de todos os Ministérios. PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] 200 | 216 CONSÓRCIO Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões ANEXO PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE | [FASE 2 – ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO, COM INDICAÇÃO DAS REDES E SISTEMAS PRINCIPAIS ESTRUTURANTES E DA ESTRUTURA ECOLÓGICA REGIONAL] 201 | 216 CONSÓRCIO