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DESEMPENHO COMPARATIVO DO MOTOR DE COMBUSTÃO ALIMENTADO COM DIESEL, B50 E B100. Fábio Moreira da Silva, Professor Adjunto DEG-UFLA, [email protected] Afonso Lopes, Professor Doutor, DER-FCAV-UNESP/Jaboticabal, [email protected] Pedro Castro Neto, Professor Titular DEG-UFLA, [email protected] Miguel J. Dabdoub, Professor Adjunto DQ-USP/Rib. Preto, C Nilson Salvado, Professor Adjunto DEG-UFLA, [email protected] Rouverson Pereira da Silva, Professor Doutor, DER-FCAV-UNESP/Jaboticabal RESUMO: O modelo energético brasileiro recomenda a diversificação de fontes energéticas, fato este que se torna mais importante a cada dia face ao aumento do custo do petróleo e sua tendência de escassez irreversível. Assim, fontes alternativas, renováveis, de custo acessível e ecologicamente corretas de energia devem ser buscadas a qualquer pretexto, sendo o biodiesel uma alternativa promissora para o Brasil. Neste trabalho, avaliou-se o desempenho de um motor de ignição por compressão, alimentado com diesel mineral, biodiesel puro (B100) e mistura de igual volume de diesel mineral e biodiesel (B50). A potência média foi de 94% e 96,5% daquela obtida com o uso do diesel mineral, respectivamente com o uso do B100 e do B50 e o torque 93,8% e 97,1%. O consumo do B100 foi praticamente o mesmo do diesel mineral (99,7%), e do B50 um pouco maior (107,6%). PALAVRAS-CHAVE: motor, biodiesel, B50, B100, biogás, desempenho 1 INTRODUÇÃO A crise de petróleo nos anos 70 despertou o mundo para a busca de formas alternativas de energia, sendo que no Brasil, determinou a criação do Pró-Álcool nos anos 80 e outros programas de incentivo ao uso de combustíveis alternativos como óleos vegetais, gasogênio, gás natural, biogás e outros. Considerando os atuais custos do barril de petróleo, os combustíveis alternativos passam a ser competitivos do ponto de vista econômico, devendo-se considerar sobretudo que, no futuro próximo, as reservas de petróleo tendem à escassez e o desenvolvimento mundial dependerá da tecnologia e infra-estrutura para utilização de formas energéticas alternativas. As possibilidades de aproveitamento da biomassa com finalidade de conversão energética deveriam ser consideradas com maior atenção a partir do Plano de Ações da Agenda 21 da Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento, realizada em 1992, que estabelece a substituição de 20% das fontes energéticas, por renováveis até o ano 2000 e 50% até o ano 2020. Assim, observa-se que os combustíveis alternativos e renováveis oriundos da biomassa vêm à tona, como uma das soluções para o desenvolvimento auto-sustentado. Uma das opções que se tem estudado para a substituição do diesel para os motores de combustão por compressão é o biodiesel, que resulta da transesterificação de óleos vegetais e pode ser obtido a partir do óleo de girassol, amendoim, algodão, soja, mamona e diversas outras plantas oleaginosas. Os primeiros estudos com biodiesel começaram, segundo PETERSON et al. (1999), com o uso de óleo de colza, em 1979, como combustível alternativo. De lá para cá diversos outros trabalhos foram realizados, com diferentes tipos de óleos vegetais puros ou misturados com diesel. O estudo do uso de 12 combustíveis alternativos, produzidos pela mistura de óleos vegetais com óleo diesel tipo 2, em um motor diesel, realizado por ALI et al. (1996), em bancada dinamométrica, mostrou que o desempenho do motor foi similar ao obtido com óleo diesel. Mediante ao exposto o objetivo deste trabalho foi de avaliar o desempenho comparativo do motor de combustão alimentado 100% com biodiesel, 100% com diesel e com a mistura de 50% de biodiesel e diesel. 3 MATERIAIS E MÉTODOS Para a realização dos ensaios foi utilizado o motor de um trator VALMET, modelo MWM-4TVA, diesel, de 4 tempos, refrigerado a água, com 4 cilindros em linha, cilindrada total de 3778 cm3 e taxa de compressão 18:1, com potência nominal segundo o fabricante de 78 cv a 2300 rpm. Trator este destinado a serviços gerais, próprio para pequenas e médias propriedades agrícolas. Os ensaios foram realizados nas seguintes condições de alimentação do motor: 100% com biodiesel, 100% com diesel e com a mistura de 50% de biodiesel e diesel. O díesel utilizado nos ensaios foi obtido na rede de abastecimento automotiva, com densidade de 0,8186kg/L e poder calorífico inferior de 42.500kJ/kg e o biodiesel utilizado foi produzido no LADETEL-USP de Ribeirão Preto, caracterizado como biodiesel de óleo residual, com densidade de 0,8959kg/L. Para a medida do consumo de diesel ou biodiesel pelo motor do trator, foi utilizado o medidor volumétrico descrito por GAMERO et al (1986), que trata de uma proveta graduada, com válvulas solenóides que controlam o fluxo de entrada e saída do combustível, permitindo sua medida por diferença de nível em função do tempo. O dinamômetro utilizado nos ensaios de torque e potência consta do modelo NEB 200, marca AW DYNAMOMETER, que transforma energia mecânica em calor por meio de um freio hidráulico, onde o calor gerado no freio é dissipado por água de arrefecimento. O torque e a potência do motor foram mensurados através da TDP do trator, em regime de plena carga para as rotações equivalentes no motor de 2200, 1889, 1700 e 1500 rpm, correspondendo a 700, 600, 540 e 476 rpm da TDP. 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO Os resultados dos ensaios dinamométricos estão apresentados nas Tabelas 1 a 3, para as diversas rotações na TDP e para cada combustível utilizado, assim como a relação percentual dos resultados obtidos entre o biodiesel/diesel e biodiesel B50/diesel. Em média, a potência do motor ensaiado com biodiesel puro foi 94% da potência do mesmo motor ensaiado com óleo diesel mineral. Para o biodiesel B50, a potência média apresentada foi 96,5% da potência com óleo diesel mineral. Comportamento semelhante foi observado para as mensurações do torque do motor, encontrando-se percentuais médios de 93,8% e 97,1% do torque encontrado para óleo diesel mineral, respectivamente para B100 e B50. TABELA 1. Ensaio dinamométrico do motor – Comparação da Potência (KW) utilizando-se plena carga alimentado com 100% à Diesel e 100% e 50% à Biodiesel. Rotação da TDP (rpm) 476 540 600 700 MÉDIA Diesel (100%) 25,76 28,55 29,84 31,22 28,84 Potência (KW) Biodiesel (100%) 24,71 26,06 27,32 30,04 27,03 Biodiesel (50%) 24,71 27,70 28,39 30,63 27,86 Relação (%) Biodiesel/Diesel 100/100 50/100 95,9 91,3 91,6 97,2 94,0 95,9 97,0 95,1 98,1 96,5 Praticamente, não foram observadas diferenças na média do consumo quando se comparou a utilização de óleo diesel mineral com o biodiesel puro (B100), porém, o consumo do B50 foi, em média, 7,6% superior ao do diesel mineral. TABELA 2. Ensaio dinamométrico do motor – Comparação de Torque Rotação da TDP (rpm) Diesel (100%) 517 505 475 426 480,75 476 540 600 700 MÉDIA Torque (N.m) Biodiesel (100%) 496 461 435 410 450,50 Biodiesel (50%) 507 490 452 418 466,75 Relação (%) Biodiesel/Diesel 100/100 50/100 95,9 91,3 91,6 96,2 93,8 98,1 97,0 95,2 98,1 97,1 TABELA 3. Ensaio dinamométrico do motor – Comparação do consumo (L/h) utilizando-se plena carga alimentado com 100% e 50% à Biodiesel. Rotação da TDP (rpm) Consumo (L/h) Biodiesel 100% 8,65 9,10 9,63 10,65 9,50 Diesel 100% 8,60 9,30 9,95 10,28 9,53 476 540 600 700 MÉDIA 110 Biodiesel 50% 9,21 10,09 10,74 11,01 10,26 Relação (%) Biodiesel/Diesel 100/100 50/100 100,6 97,8 96,8 103,6 99,7 107,1 108,5 107,9 107,1 107,6 B100 108 106 104 Diesel 102 % 100 98 96 94 92 90 450 500 550 600 Potência rpm 650 700 Torque 750 Consumo Figura 1: Curvas das relações percentuais de potência, Torque e Consumo de biodiesel puro em comparação com o diesel mineral. 110 B50 108 106 104 Diesel 102 % 100 98 96 94 92 90 450 500 550 600 Potência rpm 650 700 Torque 750 Consumo Figura 2: Curvas das relações percentuais de potência, Torque e Consumo de biodiesel B50 em comparação com o diesel mineral. 5 CONCLUSÕES Os resultados obtidos permitem as seguintes conclusões: - A utilização do biodiesel reduziu a potência do motor a 91,3% e 97% da potência quando se utilizou diesel mineral, respectivamente para o uso do B100 e do B50; - Da mesma forma, o torque do motor foi reduzido a 93,8% e 97,1% respectivamente com o uso do B100 e do B50 em relação do torque produzido quando se utilizou o diesel mineral; - O consumo do B100 foi praticamente o mesmo do diesel mineral, verificandose um consumo de 7,6% maior quando se utilizou o B50. 5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALI, Y., HANNA, M. A. & BORG, J. E. Effect of alternative diesel fuels on heat release curves for Cummins N14-410 diesel engine. Transactions of the ASAE, Am. Soc. of Agric. Engin., v. 39, n. 2, p. 407-414, 1996. ALI, Y. & HANNA, M. A. Durability testing of a diesel fuel, methyl tallowate, and ethanol blend in a Cummins N14-410 diesel engine. Transactions of the ASAE, Am. Soc. of Agric. Engin., v. 39, n.3, p. 793-797, 1996. BRANDINI, A.; FINCH, E. O.; SILVA, J.G.; SHUNK, S.P. Fontes alternativas de energia para máquina agrícolas. In: SIMPOSIO DE ENGENHARIA AUTOMOTIVA, 1, 1983, Brasília. Anais... Brasília: STI/CIT, 1983, p.283-98. GAMERO, C.A.; BENEZ, S. H.; FURLANI Jr., J. A. Consumo de combustível em diferentes tipos de mobilização do solo. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA AGRÍCOLA, 15, 1986, Botucatu. Anais... Botucatu: Sociedade Brasileira de Engenharia Agrícola, 1986, p.1-9. MITZLAFF, K.Van, Engines for biogas. Viesbaden, Veiweg, 1988, 133p. ORTIZ-CAÑAVATE, J.; HILLS, D.J.; CHANCELLOR, W.J. Diesel engine modification to operate on biogas. Transactions of the ASAE, St. Joseph.808-13, 198l. PETERSON, C. & REECE, D. Emissions characteristics of ethyl and methyl Ester of rapeseed oil compared with low súlfur diesel control fuel in a chassis dynamometer test of a pickup truck. Transactions of the ASAE, Am. Soc. of Agric. Engin., v. 39, n.3, p. 805816, 1996. RIO 92. Plano de ação da declaração do Rio, Rio de Janeiro, 1992. SILVA, F. M. Sistema de alimentação de motores com duplo combustível - metano e diesel. São Carlos: EESC/USP, 1995, 121p. (Tese de Doutorado).
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