Linfomas cutâneos - Faculdade de Medicina da USP
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Linfomas cutâneos - Faculdade de Medicina da USP
DOENÇAS LINFOPROLIFERATIVAS COM APRESENTAÇÃO CUTÂNEA PRIMÁRIA: CARACTERIZAÇÃO EPIDEMIOLÓGICA, CLÍNICA, IMUNO-PATOLÓGICA, MOLECULAR E EVOLUTIVA DE COORTE OBSERVADA NO AMBULATÓRIO DE LINFOMAS CUTÂNEOS DA DIVISÃO DE CLÍNICA DERMATOLÓGICA DO HC-FMUSP / DEPARTAMENTO DE DERMATOLOGIA DA FMUSP ENTRE OS ANOS DE 1989 E 2010 INTRODUÇÃO 1. Aspectos conceituais dos linfomas cutâneos Os linfomas constituem um grupo de neoplasias derivadas do sistema linforreticular. Eles são divididos em dois grandes grupos: os linfomas de Hodgkin e os linfomas não-Hodgkin. O linfoma de Hodgkin acomete principalmente linfonodos cervicais em indivíduos adultos. Sua incidência absoluta aparentemente não se tem modificado, em contraste com o evidente aumento da incidência dos linfomas não-Hodgkin. Estes últimos podem ser nodais, quando acometem primariamente os linfonodos, ou extranodais. Cerca de 30% dos linfomas nãoHodgkin acometem tecidos extranodais, sendo a pele o segundo órgão mais envolvido após o trato gastrointestinal, compreendendo aproximadamente 18% desses linfomas. Os linfomas cutâneos primários diferem significantemente das formas nodais equivalentes quanto ao comportamento clínico e prognóstico.(1-3) No passado os linfomas cutâneos não eram reconhecidos como entidade própria, e sim como acometimento secundário da pele por linfoma nodal. Inicialmente, apenas a micose fungóide, linfoma cutâneo de células T, era reconhecida como forma primária de linfoma cutâneo. Os primeiros relatos de linfomas cutâneos primários, não-micose fungóide, foram publicados nas décadas de 1960 e 1970. Baseado nas características imunofenotípicas das células neoplásicas, ao final dos anos 70, os linfomas foram divididos em dois grandes grupos, de células T e de células B, segundo suas origens. Nos anos 80 e 90 surgiu o conceito de linfomas cutâneos primários e secundários, e a seguir várias classificações foram descritas.(4) Recentemente, conferências de consenso entre duas importantes organizações para o estudo do câncer, a Organização Mundial de Saúde (WHO) e a Organização Européia para Pesquisa e Tratamento do Câncer (EORTC), propuseram uma classificação que confere 1 mais uniformidade ao diagnóstico e tratamento dos processos linfoproliferativos cutâneos.(5-8) Classificação (WHO-EORTC) para os linfomas cutâneos primários: Linfomas cutâneos de células T e de células NK Micose fungóide Micose fungóide – variantes e subtipos MF foliculotrópica Reticulose pagetóide Cútis laxa granulomatosa Síndrome de Sézary Linfoma/leucemia de célula T do adulto Doenças linfoproliferativas CD30+ cutâneas primárias Linfoma cutâneo primário de grande célula anaplásica Papulose linfomatóide Linfoma subcutâneo de células T, paniculite-símile Linfoma extranodal de célula T/NK, tipo nasal Linfoma cutâneo primário de célula T periférica, sem outra especificação Linfoma cutâneo primário agressivo de célula T CD8+ epidermotrópica Linfoma cutâneo de célula T γδ Linfoma cutâneo primário de pequena e média célula T CD4+ pleomórfica (provisório) Linfomas cutâneos de células B Linfoma cutâneo primário de células B da zona marginal Linfoma cutâneo primário centrofolicular Linfoma cutâneo primário difuso de grande célula B, tipo perna Linfoma cutâneo primário difuso de grande célula B, outro (não perna) Linfoma cutâneo primário intravascular de grande célula B Neoplasia de precursor hematológico Neoplasia hematodérmica CD4+CD56+ (linfoma de célula NK blástica) 2. Aspectos epidemiológicos Estima-se, para os linfomas cutâneos, incidência anual na América do Norte e Europa Ocidental compreendida entre 0,3 e 1:100.000 habitantes. Aproximadamente 75 a 80% dos linfomas cutâneos primários são linfomas cutâneos de células T (LCCT), com predomínio absoluto da micose fungóide (MF) e suas variantes. A MF caracteristicamente acomete adultos com idades compreendidas entre 55 e 60 anos na ocasião do diagnóstico, com ligeiro predomínio no sexo masculino (1,6-2:1). É raramente descrita na infância e em adultos jovens, embora seja muito provável que muitos casos se iniciem nas duas primeiras décadas de vida, mas não sejam reconhecidas como MF. A incidência 2 anual dos linfomas B, incluindo os linfomas nodais e extranodais, é muito variada. Nos EUA a incidência é de aproximadamente 15 por 100.000 habitantes, na China 1,2 por 100.000 habitantes. América do Sul, África e Japão apresentam incidências intermediárias. Os linfomas cutâneos primários de células B representam aproximadamente 20-25% de todos os linfomas cutâneos primários. Segundo estudo da EORTC, os linfomas cutâneos primários de células B apresentam discreta prevalência no sexo masculino, na proporção de 2:1 e acometem indivíduos com idade média de 59 anos.(1-3) 3. Aspectos clínicos Os diferentes tipos de linfomas cutâneos podem ter diferentes apresentações clínicas e, mesmo um único tipo de linfoma cutâneo pode se revelar sob a forma de diversas formas clínicas; assim, detalharemos os aspectos clínicos das formas mais comuns. A) Processos linfoproliferativos de célula T e NK A micose fungóide é linfoma cutâneo de pequenos e médios linfócitos T com núcleos circunvolutos que caracteristicamente apresentam epidermotropismo. Embora a recente classificação WHO-EORTC reconheça apenas sua forma clássica de Alibert-Bazin e três variantes – foliculotrópica, reticulose pagetóide e cútis laxa granulomatosa –, esse linfoma apresenta-se com muitas variações clinico-patológicas, cujas implicações epidemiológicas, terapêuticas e evolutivas devem ser consideradas. A síndrome de Sézary (SS) é variantes leucêmicas da doença, que se apresenta desde seu início com eritrodermia e cursa freqüentemente com alopecia difusa, hiperqueratose palmoplantar e linfonodos difusamente aumentados. Na forma clássica é doença progressiva, de curso indolente, que evolui a partir de lesões não infiltradas com formação de placas e tumores. Surgem inicialmente na pele da cintura pélvica, de nádegas, tronco inferior, virilhas, axilas e mamas, em número variável, disseminando-se gradativamente. Com o tempo as lesões infiltram-se, tornando-se placas elevadas eritematosas ou eritêmato- acastanhadas, de bordas bem delimitadas e contornos freqüentemente bizarros com aspecto foveolar, semi-anular e serpiginoso, e eventualmente surgem tumores sobre placas preexistentes ou não. É comum os pacientes apresentarem uma combinação de lesões não infiltradas, placas e tumores. As placas muito infiltradas e os tumores ulceram-se com freqüência, e pode surgir eritrodermia nesse processo evolutivo.(9,10) 3 Os pacientes com SS apresentam-se caracteristicamente com eritrodermia exfoliativa, edematosa com ou sem liquenificação, pruriginosa, linfadenopatia generalizada e células T neoplásicas circulantes no sangue periférico. Freqüentemente associam-se queratodermia palmoplantar, distrofias ungueais e alopecia, e há queixa de prurido intenso. Ocorre exclusivamente em indivíduos adultos.(9) O linfoma cutâneo primário de grande célula anaplásico apresenta-se na maioria dos pacientes como pápulas ou nódulos únicos que se ulceram. Mais raramente são múltiplos localizados em determinada região anatômica, podendo ser multifocais (20% dos casos). Pode ocorrer regressão espontânea parcial ou completa. A papulose linfomatóide apresentase como erupção pápulo-nodular ou pápulo-necrótica, auto-regressiva, que evolui em surtos recorrentes. Acomete adultos jovens, com idade mediana de 45 anos, sendo rara em crianças.(11,12) O linfoma subcutâneo de célula T paniculite-símile apresenta-se com placas e nódulos solitários ou múltiplos, habitualmente não ulcerados. Sintomas constitucionais como febre, fadiga e perda de peso podem ocorrer. O desenvolvimento de síndrome hemofagocítica, embora possível, provavelmente é mais comum no linfoma cutâneo de célula T gama-delta com lesões semelhantes às da paniculite. É rara a disseminação extracutânea. Esse linfoma pode assemelhar-se a paniculites benignas, tanto do ponto de vista clínico como histológico, por muitos anos.(13) O linfoma-leucemia de células T do adulto é doença linfoproliferativa associada à infecção pelo retrovírus HTLV-1. Pode-se manifestar como forma leucêmica. Lesões cutâneas surgem em cerca de 50% dos casos, representados na maioria por doença disseminada. São reconhecidas quatro variantes clínicas: aguda, linfomatosa, crônica e smoldering (indolente). A forma indolente, lentamente progressiva, tem sido descrita apresentando apenas lesões cutâneas. É doença endêmica em áreas com alta prevalência, na população, de infecção pelo HTLV-1, como sudeste do Japão, ilhas do Caribe, América do Sul, incluindo Nordeste e Sudeste brasileiros, norte do Iran e determinadas regiões da África central. O linfoma se desenvolve em cerca de um a 5% dos indivíduos soropositivos, habitualmente após mais de duas décadas de persistência viral. O vírus pode ser transmitido pelo leite materno e por exposição ao sangue e derivados. Ocorre em adultos (idade mediana de 55 anos), com discreta predominância entre homens. As lesões cutâneas 4 específicas podem apresentar-se como pápulas, placas, tumores e eritrodermia, por vezes assemelhando-se muito à MF. Xerose e ictiose adquirida freqüentemente estão presentes nos doentes, podendo ser manifestação inespecífica ou específica do linfoma.(14-16) O linfoma extranodal de célula T/NK, tipo nasal acomete mais freqüentemente a cavidade nasal e nasofaringe; entretanto, pele, partes moles e intestino podem ser afetados primariamente. Disseminação nodal é rara. As lesões do nariz e centro da face foram denominadas granuloma letal da linha média. Clinicamente apresenta-se com lesões papulosas e nodulares eritêmato- vinhosas, purpúricas, que ulceram rapidamente, formando extensas áreas de necrose.(6,16) B) Processos linfoproliferativos de célula B Clinicamente os linfomas cutâneos primários de células B apresentam-se usualmente como pápulas, placas ou nódulos. A coloração pode variar de eritematosa a violácea. As lesões podem ser solitárias ou múltiplas, disseminadas ou agrupadas em uma região corpórea, e raramente apresentam ulceração ou necrose. Quanto à localização, podem acometer qualquer área da pele, embora alguns subtipos apresentem áreas de predileção. O linfoma cutâneo primário de células B da zona marginal apresenta-se habitualmente como pápulas, placas ou nódulos; lesões únicas ou, mais freqüentemente, múltiplas agrupadas; com predileção por tronco ou membros, principalmente os membros suerpiores. O imunocitoma e a hiperplasia linfóide folicular com células plasmáticas monotípicas, assim como os raros casos de plasmocitoma não associado ao mieloma múltiplo (plasmocitoma extramedular da pele), estão incluídos nesse grupo. O linfoma cutâneo primário centrofolicular apresenta predileção pela cabeça (couro cabeludo e região frontal) e tronco. O linfoma descrito no passado como linfoma de Crosti ou retículo-histiocitoma do dorso, usualmente nódulo ou placa, corresponde ao linfoma cutâneo primário centrofolicular.(6,19,20) O linfoma cutâneo primário difuso de grandes células B, tipo perna acomete membro inferior, com freqüência um único membro, podendo apresentar, raramente, comprometimento bilateral. Afeta, sobretudo, idosos e particularmente o sexo feminino. As lesões podem ser solitárias ou múltiplas agrupadas.(6,19,20) 5 4. Aspectos patológicos e fenotípicos A confirmação diagnóstica do linfoma cutâneo não é fácil. Os exames considerados "padrão ouro" são a histopatologia e a imuno-histoquímica. O diagnóstico da neoplasia é habitualmente sugerido por patologistas experientes pela avaliação citomorfológica e pela disposição do arranjo arquitetural do infiltrado. Atualmente, para a classificação dos linfomas é imprescindível a realização do estudo imuno-histoquimico, cujo painel de anticorpos é racionalizado conforme os achados histológicos. Os linfócitos T são CD3+ e quando de memória são também CD45RO+. Os linfócitos NK são CD3- CD16+ CD56+. Os linfócitos B são CD3- CD19+ CD20+ CD79a+. Os linfócitos B do centro germinativo são CD19+ CD20+ CD79a+ CD10+, já os linfócitos B da zona marginal são CD19+ CD20+ CD79a+ CD10-. Os plasmócitos, habitualmente, são CD19- CD20- CD79a+. Outros marcadores complementares são importantes auxiliares diagnósticos ou classificatórios como o CD2, CD4, CD5, CD7, CD8, CD21, CD23, CD30, ALK, EMA, MUM1, βF1, além das moléculas relacionadas a apoptose bcl-2, bcl-6 e do indicador de proliferação celular Ki-67.(17,18,21) A pesquisa do rearranjo do gene para o TCR, demonstrando proliferação linfocitária T clonal na pele, linfonodos e ou sangue periférico, pode auxiliar no diagnóstico de determinados casos de linfomas de células T. A pesquisa do rearranjo do gene da cadeia pesada da imunoglobulina tem sido utilizada como método auxiliar no diagnóstico dos processos linfoproliferativos de células B. Estas pesquisas são realizadas por PCR ou Southern-blot.(22-26) Na micose fungóide, que é o linfoma cutâneo primário mais freqüente, os aspectos citológicos e o padrão arquitetural do infiltrado celular correlacionam-se com o estágio clínico da doença. Os critérios histológicos amplamente aceitos que falam a favor do diagnóstico da doença incluem presença de linfócitos com núcleos hipercromáticos e convolutos, rodeados por halo claro, na camada basal da epiderme com aproximadamente o mesmo tamanho dos queratinócitos, isolados ou alinhados formando configuração linear, ou intensa exocitose de linfócitos, e microabscessos de Pautrier. As células neoplásicas na MF são células com fenótipo de memória CD3+CD4+CD45RO+CD8– com negatividade para a expressão do antígeno CD7 em cerca de 70% dos casos. Raramente podem ser 6 CD3+CD4–CD8+, apresentando o mesmo comportamento clínico e prognóstico, não devendo ser consideradas separadamente. (6) 5. Aspectos evolutivos Os linfomas que se apresentam primariamente na pele, sem evidência de doença extracutânea na ocasião do diagnóstico, têm, freqüentemente, comportamento clínico e prognóstico diverso daqueles linfomas sistêmicos de subtipo histológico semelhante. Dentro da nova classificação dos linfomas cutâneos pela WHO-EORTC, eles podem ser separados de acordo com o comportamento clínico. São considerados linfomas indolentes a micose fungóide e suas variantes (MF foliculotrópica, Reticulose pagetóide, Cútis laxa granulomatosa) o linfoma cutâneo primário de grande célula anaplásica, a papulose linfomatóide, o linfoma subcutâneo de célula T, paniculite-símile, o linfoma cutâneo primário de pequena e média célula T CD4+ pleomórfica, o linfoma cutâneo primário de células B da zona marginal e o linfoma cutâneo primário centrofolicular. Os linfomas indolentes caracterizam-se por história natural prolongada. Na MF, por exemplo, os pacientes com doença limitada com boa resposta aos tratamentos tópicos apresentam expectativa de sobrevida semelhante à da população normal. Estudo recente demonstra que apenas 2% daqueles com lesões localizadas morrem após 32 anos de evolução e que somente 9% mostram progressão para placas e tumores com disseminação linfonodal e visceral. Sepse, principalmente por Staphylococcus aureus, representam uma das causas mais freqüentes de óbitos nos casos avançados. A sobrevida em 10 anos é de 97% para pacientes com lesões não infiltradas ou placas localizadas (< 10%. da superfície cutânea), 83% para pacientes com lesões generalizadas (≥ 10%. da superfície cutânea), 42% para os pacientes com tumores, e cerca de 20% para aqueles com doença linfonodal. São considerados linfomas agressivos a síndrome de Sézary, o linfoma extranodal de célula T/NK, tipo nasal, o linfoma cutâneo primário agressivo de célula T CD8+ epidermotrópica, o linfoma cutâneo de célula T γδ, o linfoma cutâneo primário de célula T periférica, em outra especificação. Estes se caracterizam por apresentar prognóstico reservado; geralmente tem curso rápido e agressivo com alta taxa de mortalidade a despeito do tratamento. Na síndrome de Sézary, por exemplo, as taxas de sobrevida de cinco anos 7 variam entre 10 e 20%; nestes casos freqüentemente se observa progressão para um linfoma de grandes células, freqüentemente associada ao evento terminal. (27-31) Entre os linfomas agressivos e os indolentes existe um grupo de linfomas com características evolutivas que não os permitem ser classificado dentro dessas duas categorias. São os linfomas de comportamento intermediário o linfoma cutâneo primário difuso de grandes células B, tipo perna, o linfoma cutâneo primário difuso de grandes células B, outro (não perna) e o linfoma cutâneo primário intravascular de grandes células B.(32-35) OBJETIVOS Este projeto visa estudar os pacientes (n=700) acompanhados no Ambulatório de Oncologia Cutânea da Divisão de Dermatologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HCFMUSP) entre os anos de 1989 e 2010, e aqueles acompanhados prospectivamente a partir da aprovação deste projeto, com os seguintes objetivos: 1. Analisar o perfil dos pacientes estudados quanto às: a. Características demográficas, clínicas e evolutivas b. Características histológicas e imuno-histoquímicas 2. Reclassificar os pacientes portadores de linfomas com apresentação cutânea primária utilizando as classificações propostas pela WHO (2008) 3. Correlacionar os subtipos de linfomas cutâneos com características demográficas, clínicas e evolutivas dos pacientes 4. Avaliar a frequencia dos diversos subtipos de linfomas cutâneos 5. Avaliar a evolução dos pacientes portadores de linfomas com apresentação cutânea primária durante o período de acompanhamento ambulatorial 6. Avaliar a sobrevida dos pacientes acompanhados ambulatoriamente, correlacionado-as com os subtipos de linfomas cutâneos. 7. Avaliar o comprometimento linfonodal e visceral na ocasião do óbito, quando ocorrer, assim como a causa mortis 8 8. Avaliar a expressão de proteínas regulatórias de proliferação, apoptose e “homing para a pele” nos linfócitos neoplásicos nas fases iniciais e avançadas da doença cutânea assim como na doença extracutânea. CASUÍSTICA E MÉTODOS Trata-se de um estudo de coorte prospectivo não concorrente. As análises serão realizadas em todos os pacientes protocolados e acompanhados no Ambulatório de Oncologia Cutânea da Divisão de Clínica Dermatológica do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HCFMUSP), no período compreendido entre os anos de 1989 e 2010 (os pacientes estão registrados em banco de dados próprio – planilha Excel), assim como nos pacientes incluídos a partir do ano de 2011. Dados clínico-demográficos Através da análise do banco de dados complementada por informações constantes dos prontuários médicos serão coletados dados demográficos (sexo, idade na ocasião do diagnóstico e cor). Informações referentes ao quadro clínico, como história, data da primeira consulta, tempo de história pregressa da doença atual, data do diagnóstico serão consideradas. Constarão, quando descritas, as co-morbidades e outras neoplasias antecedentes, concomitantes ou subseqüentes ao diagnóstico de linfoma cutâneo. As lesões da pele serão descritas quanto à sua morfologia, se lesões não infiltradas, placas ou tumores. Quanto à localização das lesões, serão descritos o acometimento de um ou mais seguimentos corpóreos (segmento cefálico, tronco e membros) e a área corpórea total afetada, em porcentagem, segundo a “regra dos nove” conforme preconizada para avaliar a extensão do acometimento cutâneo nas queimaduras. Em relação ao acometimento sistêmico, será avaliada a disseminação extracutânea do processo linfoproliferativo. Será considerado acometimento linfonodal quando a presença de linfonodo aumentado (>1,5 cm no maior diâmetro) ou endurecido for detectada ao exame físico (palpação) ou por métodos de imagem (ultra-som ou tomografia computadorizada) e confirmada histológicamente através da biópsia do linfonodo. Quanto ao acometimento visceral, será considerado positivo quando houver comprovação 9 histológica de envolvimento linfomatoso de lesão evidenciada por exame clínico ou método de imagem (ultra-som e/ou tomografia computadorizada e/ou PET/CT). Exceção faz-se a esplenomegalia, considerada envolvimento visceral mesmo sem exame histopatológico, excluídas outras possíveis causas para tal alteração. Infiltração da medula óssea (diagnosticada por exame histopatológico) será considerada envolvimento visceral. Quanto ao sangue periférico, será considerado positivo quando houver hemograma e/ou imunofenotipagem de linfócitos no sangue periférico que evidenciaram doença linfoproliferativa circulante. Quanto aos exames laboratoriais, serão avaliados, quando presentes, hemograma completo, dosagens séricas de desidrogenase lática, gama glutamiltransferase e fosfatase alcalina, sorologia para HTLV-1, pesquisa de células de Sezáry no sangue periférico, eletroforese de proteínas séricas, testes de função hepática. Exame histopatológico O material anátomopatológico, referente aos pacientes estudados, será revisado: através das lâminas com fragmentos de pele obtidos para diagnóstico e corados pela HematoxilinaEosina (HE). Serão considerados os critérios a seguir: 1. Epidermotropismo: presença discreta, moderada ou intensa de células mononucleares na epiderme ou ausência deste; 2. Características das células epidermotrópicas: presença ou ausência de linfócitos grandes, atípicos, com núcleos convolutos; 3. Espongiose: ausente ou discreta, moderada e intensa; 4. Paraqueratose: ausente, focal ou difusa; 5. Infiltrado celular dérmico: localização (superficial e/ou profundo) e densidade (discreto, moderado ou intenso); 6. Densidade do infiltrado dérmico: classificado como denso na derme superficial (mais intenso na derme superficial ou chamado top-heavy), denso na derme profunda (mais intenso na derme profunda ou chamado botton-heavy) ou acometendo igualmente derme superficial e derme profunda; 10 7. Arranjo arquitetural: classificado quanto à distribuição do infiltrado celular em difuso (células distribuídas difusamente na derme) ou nodular (células agrupadas na derme formando nódulos); 8. Esboço folicular: presente ou ausente (células agrupadas formando estruturas semelhantes aos folículos linfóides secundários); 9. Infiltração intersticial dérmica: presença ou ausência de células linfóides dissecando fibras de colágeno; 10. Reatividade endotelial: intumescimento da parede vascular, avaliada se ausente ou presente (se presente, classificada em discreta, moderada ou intensa); 11. Comprometimento de anexos e nervos: pelo infiltrado celular; quando presente será descrito se circunda ou invade a estrutura anexial e nervos; 12. Angiocentrismo: presença do infiltrado celular predominantemente ao redor dos vasos sanguíneos; descrito se o infiltrado celular circunda ou destrói o vaso; 13. Características da composição do infiltrado celular: classificado em homogêneo (formado por células semelhantes em tamanho) ou heterogêneo (formado por células diferentes em tamanho); será avaliada a presença de linfócitos pequenos e/ou grandes, plasmócitos, eosinófilos e histiócitos. 14. Outros achados: serão descritas alterações representativas presentes no fragmento de pele analisado, que não enumeradas nos itens anteriores. Imunofenotipagem As lâminas de imuno-histoquímica serão avaliadas e descritas quanto à sua reatividade (positiva ou negativa). As características das células marcadas pela reação, como tamanho (pequenas, médias ou grandes células) e distribuição preferencial dessas células (difusa, formando nódulos ou esboçando folículos) serão descritas. Serão utilizadas as lâminas já confeccionadas anteriormente durante a investigação dos pacientes no período que estes estavam sob acompanhamento ambulatorial e para os imunomarcadores faltantes, novas lâminas serão produzidas, utilizando-se o material 11 armazenado incluído em parafina, em cortes de 5μm de espessura e colhidos em lâminas histológicas tratadas com solução adesiva de aminopropyltriethoxysilane (Sigma Chemical Co, St. Louis, MO, USA, cód A3648), na concentração de 3% em acetona PA. Os cortes histológicos serão desparafinizados em xilol aquecido em estufa a 60°C por trinta minutos, seguido de dois banhos em xilol à temperatura ambiente, durante 15 minutos cada. Seguir-se-á com a hidratação dos tecidos através de cadeia descendente de etanol, sendo dois banhos em etanol absoluto, dois banhos em etanol 95% (dois minutos cada banho) finalizando em etanol 70%. Em seguida, as lâminas serão lavadas em água corrente por cinco minutos e a seguir lavadas em água destilada, por cinco minutos. Completadas essas etapas, prosseguir-se-á com as técnicas de recuperação e exposição antigênica do tecido, de acordo com as determinações especificadas pelo fabricante de cada anticorpo marcador. Os anticorpos anti CD3, CD20 e CD56 serão utilizados na definição da linhagem celular neoplásica. Na complementação diagnóstica e classificação dos linfomas serão utilizados anticorpos anti-CD2, CD4, CD5, CD7, CD8, CD10, CD20, CD23, CD25, CD45RO, CD56, CD30, CD15, βF-1. Para a avaliação dos mecanismos regulatórios de proliferação, apoptose e “homing linfocitário cutâneo” serão estudadas a expressão do Ki67, do Foxp3 e do CLA. O anticorpo primário será aplicado sobre os tecidos, procedendo-se à incubação a 4°C por uma noite. Os anticorpos serão diluídos em soro-albumina bovinos (BSA). Após a incubação com os anticorpos primários, os espécimes serão lavados em tampão TrisHCl (0,05M Tris; 0,3M NaCl), pH 7,4, por cinco minutos, por duas vezes. A seguir serão incubados com o anticorpo secundário, utilizando-se o sistema EnVision ( Dako, Denmark A/S Produktionsvej 42, DK-2600, Glostrup, Denmark): Rabbit/Mouse (Link) – Secondary reagent por 30 minutos; AP Enzyme (Enhancer) – Tertiary Reagent por 30 minutos. Serão feitas duas lavagens em tampão Tris-HCl (0,05M Tris; 0,3M NaCl), pH 7,4, por cinco minutos entre as duas incubações A seguir o material será lavado em dois banhos com tampão Tris-HCl (0,05M Tris; 0,3M NaCl), pH 7,4, por cinco minutos cada. Prosseguir-se-á com a revelação das reações com o cromógeno Liquid Permanent Red (K0640, Dako, Glostrup, Denmark), adicionando-se o bloqueador de fosfatase alcalina endógena Levamisole Endogenous Alkaline Phosphatase 12 Inhibitor (X3021, Dako, Carpinteria, CA, USA). A revelação das reações será controlada por meio dos controles positivos para cada um dos marcadores. Em seguida, o material será contracorado levemente, com hematoxilina de Carazzi, seguida de lavagem em água corrente e banho de água destilada, por cinco minutos cada. As lâminas serão secadas à temperatura ambiente e montadas com resina Permount (Fisher Scientific, Fair Lawn, NJ, USA, cód SP15-100) sob lamínulas de vidro. O material será analisado por três observadores. Avaliação da clonalidade O estudo da clonalidade para células B será realizado por meio da pesquisa do rearranjo dos genes da cadeia pesada e da cadeia leve de imunoglobulina utilizando-se método de PCR (reação em cadeia de polimerase) de acordo com protocolos descritos abaixo. A. Extração do DNA através do método crude lysate Cinco cortes de 5-10 m serão obtidos em micrótomo com lâmina virgem do material proveniente de biópsia cutânea (fragmentos de pele fixado em formalina e emblocados em parafina) dos doentes a serem estudados. O material será armazenado em microtubos (1.5 ml) de Eppendorf estéreis e livres de DNA. Os cortes serão submetidos ao protocolo para desparafinação conforme descrito a seguir: 1. Centrifugação do microtubo por 10 segundos para coleta do material depositado no fundo do tubo. 2. Adição de 1ml de xilol ao material contido no tubo, misturando-o através da utilização do aparelho vortex por 10 segundos e incubação à temperatura ambiente por 5 a 10 minutos. 3. Centrifugação da amostra por cinco minutos para formação de pellet no fundo do microtubo de Eppendorf. Remoção cuidadosa do xilol por aspiração. 4. Repetição dos itens 2 e 3. 5. Adição de 1ml de álcool etílico 100% misturando vigorosamente no vortex por 10 segundos. 13 6. Centrifugação da amostra por cinco minutos para formação de pellet no fundo do microtubo. Remoção cuidadosa do álcool por aspiração. 7. Repetição dos itens 5 e 6. 8. Manutenção do microtubo aberto e aquecido a 37oC para secagem completa do material. 9. Adição de 50-150µl de solução para lavagem contendo proteinase K (Sigma, UK), solução tampão para PCR (Sigma, UK), e água ultrapura livre de DNA para digestão do material, misturando a solução ao material para que este fique completamente imerso. Subseqüente, incubação do material por 24 horas a 37 oC e desativação da enzima proteinase K através do aquecimento a 95oC por 15 minutos. Após a realização do protocolo de extração do DNA, o produto será utilizado imediatamente para amplificação por PCR ou armazenado a temperatura de menos 20oC. B. Ampliação do DNA por PCR. Para cada reação com o volume total de 25 μl será utilizado 23 μl de solução mastermix adicionando-se 2 μl de DNA. O mastermix será composto por solução tampão II (Applied Biosystems, UK), 200 μM de cada dNTP (Promega, UK), 1.5 mM de MgCl2, 1 U da enzima Amplitaq GOLD (Taq polimerase, Applied Biosystems, UK), água ultrapura (Sigm, UK) e 5 pmol de cada primer (MWG,USA) específicos para cada reação. 14 PROTOCOLO PRIMER - SEQUENCIA (5’→3’) VH1-FR2 CTGGGTGCGACAGGCCCCTGGACAA VH2-FR2 TGGATCCGTCAGCCCCCAGGGAAGG VH3-FR2 GGTCCGCCAGGCTCCAGGGAA VH4-FR2 TGGATCCGCCAGCCCCCAGGGAAGG IgH FR2 Biomed VH5-FR2 GGGTGCGCCAGATGCCCGGGAAAGG VH6-FR2 TGGATCAGGCAGTCCCCATCGAGAG VH7-FR2 TTGGGTGCGACAGGCCCCTGGACAA JH CCAGTGGCAGAGGAGTCCATTC VH1-FR3 TGGAGCTGAGCAGCCTGAGATCTGA VH2-FR3 CAATGACCAACATGGACCCTGTGGA VH3-FR3 TCTGCAAATGAACAGCCTGAGAGCC VH4-FR3 GAGCTCTGTGACCGCCGCGGACACG IgH FR3 Biomed VH5-FR3 CAGCACCGCCTACCTGCAGTGGAGC VH6-FR3 GTTCTCCCTGCAGCTGAACTCTGTG VH7-FR3 CAGCACGGCATATCTGCAGATCAG IgH FR3 Nizet JH CCAGTGGCAGAGGAGTCCATTC FR3 CCGAGGACACGGCCGTGTATTACTG JH AACTGCTGAGGAGACGGTGACC -1 IgL kappa TCR gamma A e B -2 TTCAG(C/T)GGCAGTGG(A/G)TCTGG TTCAGTGGCAGTGGG(G/T)CAGG J 1 TTTGAT(A/T/C)TCCACCTTGGTCCC Vγ (A) GGAAGGCCCCACGCRTCTT Vγ (A) AGCATGGGTAAGACAAGCAA Vγ (B) CGGCACTGTCAGAAAGGAATC Vγ (B) CTTCCACTTCCACTTTGAAA Jγ CGAGTATCATTGAAGCGGACCATT Jγ GAGAAACCGTCACCTTGTTGTG Detalhes dos primers utilizados nos protocolos para amplificação do DNA e pesquisa da clonalidade. FONTE: van Dongen JJ et al. Leukemia 2003 Dec;17(12):2257-317 e Diss TC e col Mol Pathol. 2002 Apr;55(2):98-101. O programa utilizado pelo termociclador, aparelho de PCR (Mastercycler Gradient, CA), será o BIOMED 2 (7 minutos a 95 oC, seguido por 40 ciclos de 45 segundos a 93 oC, 45 segundos a 60 oC, 1 minuto e 30 segundos a 72 oC, e finalizando com 5 minutos a 72 oC). O programa IGTCR foi aplicado ao protocolo IgH FR3 clássico (Nizet) . Para controle da qualidade do DNA em cada amostra serão utilizados iniciadores (primers) para amplificação de housekeeping genes de 100, 200, 300 e 400 pares de base (pb). O programa utilizado no aparelho de PCR foi o BIOMED2. Considerar-se-á DNA de boa qualidade quando se demonstrar presença de seqüência de nucleotídeos com 100, 200 e 15 300pb ou 100, 200, 300 e 400pb; DNA de moderada qualidade aquele com seqüência com 100 e 200pb; e de baixa qualidade aquele com seqüência de somente 100pb. Para a pesquisa do rearranjo dos genes da cadeia pesada de imunoglobulina serão utilizados os seguintes protocolos: Protocolo IgH FR2 Biomed: os primers utilizados serão BIOMED FR2/JH reverso, o ciclo do programa BIOMED2, e o tamanho do produto pesquisado em pares de base serão de 250 – 295; Protocolo IgH FR3 Biomed: os primers utilizados serão BIOMED FR3/JH reverso, o ciclo do programa BIOMED2, e o tamanho do produto pesquisado em pares de base será de 100 -170; Protocolo IgH FR3 clássico (Nizet): os primers utilizados serão FR3 clássico/JH clássico reverso, o ciclo do programa IGTCR, e o tamanho do produto pesquisado em pares de base será de 80 -120. Para a pesquisa do rearranjo dos genes da cadeia leve kappa de imunoglobulina será utilizado o seguinte protocolo: Protocolo IgL Kappa A e B: os primers utilizados serão IgKA e IgKB/JH, o ciclo do programa BIOMED2, e o tamanho do produto pesquisado em pares de base será 130-150. Para a pesquisa da clonalidade dos processos linfoproliferativos de células T (LCCT/NK) será pesquisado o rearranjo dos genes do receptor de célula T (TCR) através do seguinte protocolo: Pesquisa do rearranjo do receptor de células T (gamma A e B): os primers utilizados serão Biomed2 TCR gamma-A e Biomed2 TCR gamma-B/JH, o programa utilizado será BIOMED2, e o tamanho do produto pesquisado em pares de base será A 145-255; e B 80-220. C. Corrida eletroforética e revelação da imagem Após a ampliação do DNA pelo aparelho de PCR, serão realizadas corridas eletroforéticas e revelação da imagem. Inicialmente adicionando-se 8µl do produto do PCR a 2µl de blue loading buffer (4% sucrose, TBE bromofenol blue e xylene cyanol, total 10µl) e depositando-se por pipeta em gel de poliacrilamida a 6 ou 8% (água ionizada, TBE, acrilogel 5, persulfato de amônia e TEMED). Realizar-se-á corrida eletroforética a 200V por 40 minutos. A seguir, as placas de poliacrilamida receberão banho de brometo de etídio por 5 minutos e revelação do padrão de bandas em imagens adquiridas por iluminação em luz ultravioleta. O registro da imagem será efetuado em arquivo digital, assim como fotografia Polaroid, obtida pelo sistema BioRad Gel Doc 2000. 16 As imagens obtidas serão analisadas e cada caso foi classificado como: Monoclonal: visualização de banda estreita e brilhante bem definida; Policlonal: visualização de banda alargada e pouco definida semelhante a esfregaço; Não definido: ausência de banda ou presença de imagem sem definição As reações serão repetidas isoladamente ou duplicadas (duas reações idênticas utilizando-se duas amostras independentes de DNA do mesmo caso) quando houve dúvida quanto à imagem e/ou para confirmação dos resultados. Classificação, evolução e prognóstico A classificação do tipo de linfoma cutâneo apresentado pelo paciente será reinterpretada, segundo os critérios atualmente propostos pela WHO, após a análise do exame histopatológico e imuno-histoquímico. Tratamentos empregados serão descritos, assim como as respostas obtidas (RC: remissão total; RP: remissão parcial; DE: doença estável; PD: progressão da doença). Serão checados dados referentes à data da última avaliação ou óbito. Quanto ao estado do paciente serão considerados: paciente vivo sem doença (VSD), vivo com doença (VCD), morto sem doença (MSD) e morto com doença (MCD). A sobrevida será estudada pelas curvas propostas pelo método de Kaplan-Meir. ANÁLISE ESTATÍSTICA Para as variáveis, demográficas serão descritas a média, a mediana e o desvio-padrão. A condição de normalidade de distribuição das variáveis será verificada pelo teste de RyanJoiner. As curvas de sobrevida serão traçadas conforme proposição do método de KaplanMeir. 17 CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO Atualização da revisão da 04/2011- 07/2011 - 01/2012 - 07/2012 - 01/2013 - 07/2013 - 01/2014- 06/2011 12/2011 06/2011 12/2012 06/2013 12/2013 06/2014 X X X X X X literatura, implementação do banco de dados Revisão do banco de dados e X prontuários médicos. Compatibilização dos bancos de dados FM & FSEADE. Revisão e complementação X histopatológica, imunohistoquímica e molecular Interpretação dos dados, X X X X análise estatística, execução das curvas de sobrevida Redação dos trabalhos oriundos do projeto, submissão para publicação 18 REFERÊNCIAS 1. Burg G, Kerl H, Przybilla B, Braun-Falco O. Some statistical data, diagnosis, and staging of cutaneous Bcell lymphomas. Dermatol Surg Oncol. 1984; 10:256-62. 2. Weinstock MA, Horn JW. Mycosis fungoides in the United States: increasing incidence and descriptive epidemiology. JAMA 1988; 260:42-6. 3. 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