tratamento com acupuntura em portadores de
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tratamento com acupuntura em portadores de
1 UNIVERSIDADE MOGI DAS CRUZES CARMEN MARIA DAS GRAÇAS MARTINS LEME TRATAMENTO DE ACUPUNTURA EM PORTADORES DE HEMIPLEGIA COM DOR NO OMBRO Mogi das Cruzes, SP 2011 2 UNIVERSIDADE MOGI DAS CRUZES CARMEN MARIA DAS GRAÇAS MARTINS LEME TRATAMENTO DE ACUPUNTURA EM PORTADORES DE HEMIPLEGIA COM DOR NO OMBRO Monografia apresentada ao Programa de Pós Graduação da Universidade de Mogi das Cruzes, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Especialista em Acupuntura. Orientadores: Profa. Bernadete Nunes Stolai e Prof. Luiz Bernardo Leonelli Mogi das Cruzes, SP 2011 3 CARMEN MARIA DAS GRAÇAS MARTINS LEME TRATAMENTO DE ACUPUNTURA EM PORTADORES DE HEMIPLEGIA COM DOR NO OMBRO Monografia apresentada ao Programa de Pós-Graduação da Universidade de Mogi das Cruzes, como parte dos requisitos para obtenção do título de Especialista em Acupuntura. Aprovado em: .................................... BANCA EXAMINADORA: _________________________________________ Prof. Bernadete Nunes Stolai UNIVERSIDADE DE MOGI DAS CRUZES _________________________________________ Prof. Luiz Bernardo Leonelli UNIVERSIDADE DE MOGI DAS CRUZES ________________________________________ Prof. Romana de Souza Franco UNIVERSIDADE DE MOGI DAS CRUZES 4 DEDICATÓRIA Dedico este trabalho ao meu marido Otacílio e aos meus queridos e amados filhos, Guilherme e Renata, pelo amor, carinho, compreensão por horas ausentes, incentivo em me fazer acreditar que não importa para onde estamos indo, mas sim onde queremos chegar! AMO VOCÊS!!! 5 AGRADECIMENTOS Agradeço ao Pai Eterno pelo milagre da vida e pela oportunidade do aprendizado, em permitir através do conhecimento tornar-me capaz e útil em auxílio ao próximo. Agradeço minha nova amiga, Karina Cruz, estendeu-me suas mãos, seu tempo e seu carinho e a todos os amigos que fiz nas turmas IV e V, estarão sempre em meu coração. Agradeço aos meus queridos professores Bernadete, Luiz Alfredo, Luiz Leonelli e Romana, pela dedicação , amizade, profissionalismo, competência e tornarem possível transpor mais uma etapa em minha vida. Deus os abençoe e ilumine seus caminhos, sempre!! 6 RESUMO A dor no ombro é comum após o Acidente Vascular Encefálico (AVE), doenças de base, eventos subseqüentes e complicações podem interferir no tratamento de reabilitação, e uma das complicações é o ombro doloroso, que pode acarretar em diminuição da funcionalidade, aumentando o grau de dependência. As metas da terapia são focadas no controle da dor, redução da reação inflamatória e preservação da mobilidade e função. Os métodos de tratamento podem ser medicamentoso, fisioterapia, cirurgia e Acupuntura. A Acupuntura é a técnica mais tradicional da Medicina Oriental que consiste na inserção de agulhas, além de outras técnicas como eletroAcupuntura, laser, moxa; são aplicações em pontos específicos que quando estimulados são capazes de aliviar e tratar diversas patologias, desde dores músculo-esquelética até patologias do Sistema Nervoso Central. A Acupuntura, tem se mostrado eficaz e aceita nesse tipo de tratamento, baseada em um grande número de ensaios clínicos, que referem um efeito potente para o tratamento da dor, além de não produzir nenhum efeito colateral e de fácil manuseio. Logo, o objetivo deste estudo foi verificar a eficácia do tratamento de Acupuntura no ombro doloroso do hemiplégico, além de verificar os benefícios da Acupuntura para o tratamento de algias. Para isso, foi realizado um levantamento da literatura científica, em bibliotecas públicas e privadas. Por fim, na conclusão desse trabalho após revisão da literatura observou-se que vários estudos mostraram resultados positivos quanto a eficácia do tratamento. Porém um dos problemas encontrados que torna o resultado dos trabalhos científicos discutível em torno de sua eficácia é a substancial variação da maneira como é aplicada. A metodologia foi fator determinante nos resultados aferidos. Os estudos de melhor qualidade metodológica mostraram resultados positivos menores, enquanto estudos com baixa qualidade metodológica mostraram maiores resultados positivos no tratamento da dor. Palavras-chave: Acupuntura, Ombro Doloroso, Hemiplégico, dor. 7 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO................................................................................ 08 2 METODOLOGIA............................................................................. 11 3 MECANISMO DA DOR NO OCIDENTE........................................ 12 3.1 Aspectos Somato-Sensorial E Visceral Da Dor.................... 3.2 Teoria Do Portão Da Dor......................................................... 3.3 Processo Inflamatório.............................................................. 3.4 Ombro Doloroso....................................................................... 3.5 Acidente Vascular Encefálico (Ave)...................................... 13 13 14 14 16 4 ACUPUNTURA ........................................................................... 17 4.1 Mecanismos Da Dor Na Terapia Tradicional Chinesa 4.1.1 Etiologia e patologia da dor ....................................................... 18 19 4.2 Teoria Do Yin-Yang................................................................... 4.3 Teoria Dos Cinco Movimentos.................................................. 4.4 Conceito Do Qi Na MTC............................................................ 4.5 Síndrome dos Seis Fatores ..................................................... 4.6 Bases Fisiológicas Para Os Efeitos Da Acupuntura............... 4.7 Hemiplegia Na MTC.................................................................. 4.8 Acupuntura na reabilitação do Acidente Vascular Encefálico.. 19 19 20 5 TRATAMENTO DE ACUPUNTURA EM PORTADORES DE HEMIPLEGIA COM DOR NO OMBRO ............................................. 24 5.1 Dor no ombro............................................................................ 5.2 Acupuntura Para Dor Crônica.................................................... 27 29 6 CONCLUSÕES............................................................................... 31 REFERÊNCIAS................................................................................. 32 20 21 22 23 8 1 INTRODUÇÃO A dor no ombro é extremamente comum após o Acidente Vascular Encefálico (AVE), ocorrendo em 70 a 80% dos casos. Em geral, existe dor relacionada ao movimento e, em casos graves, ao repouso (O’SULLIVAN, 2004 p. 538). Doenças de base, eventos subseqüentes e complicações podem interferir no tratamento de reabilitação de um paciente pós-AVE. Uma das complicações é o ombro doloroso, que pode acarretar em diminuição da funcionalidade em relação às atividades básicas e prática da vida diária, aumentando assim, o grau de dependência (BATISTA et al., 2008). Plavsic et al. (2009), descrevem que a ocorrência desta síndrome em pacientes com AVE é o resultado de mais fatores. De acordo com uma investigação recente, a base é um distúrbio estático da articulação do ombro como uma conseqüência da redução do tônus nos músculos do ombro, da subluxação da articulação do ombro e do estiramento da cápsula do ombro. Isto causa dor na região do ombro e perda de amplitude de movimento. De acordo com alguns autores, a incidência de dor no ombro hemiplégico varia de 16% a 84%, dependendo do estágio da síndrome (flácido, espástica ou sinérgica), enquanto o estudo conduzido por Wanklyn et al. (1996), também encontrou uma associação entre os movimentos ativos e passivos reduzidos (especificamente a rotação externa) e a dor no ombro hemiplégico, com uma incidência de até 66%. Lin et al. (2006), em seus estudos referem que o tratamento da dor envolve intervenções biológicas e psicossociais que visam à minimização do desconforto, à melhora da função e à adaptação do indivíduo para o desempenho das atividades. Isto significa que é a melhora da qualidade de vida e não apenas o alívio da dor o objetivo da equipe interdisciplinar que assiste os doentes com dor; a completa eliminação da sensação dolorosa, possível na maioria dos casos de dor aguda, não é a preocupação primordial da maioria das intervenções realizadas em doentes com dor crônica. A presença de dor na hemiplegia/hemiparesia é devastadora para o paciente e torna o movimento de reeducação difícil. A dor do ombro é a queixa mais freqüente pós-AVE (UMPHRED, 2004 p. 801). 9 Dor no ombro e no braço é uma queixa freqüente em pacientes em reabilitação na fase pós-aguda do derrame. A dor tende a se desenvolver cedo, de algumas semanas até meses após o derrame e podem afetar até 72% dos indivíduos, principalmente aqueles com hemiplegia grave (DELISA, 2004 p.1247). As metas da terapia em curto prazo são focadas no controle da dor, na redução da reação inflamatória e na preservação da mobilidade, enquanto a meta em longo prazo é a normalização completa da função do ombro. Os métodos de tratamento usados são vários (exemplo: medicamentos, procedimentos de medicina física, terapia de exercícios, Acupuntura, cirurgia) (PLAVSIC et al., 2009). Esse mesmo autor relata ainda que a Acupuntura está entre uma das técnicas que podem ser utilizadas; consiste na inserção de agulhas em pontos específicos que quando estimulados são capazes de aliviar e tratar diversas patologias, desde dores músculo-esquelética até patologias do Sistema Nervoso Central. Lin et al. (2006), descrevem ainda que a Acupuntura clássica, a eletroacupuntura e a Acupuntura a laser são empregadas no tratamento da dor decorrente da Síndrome da Dor Miofacial, traumatismos de partes moles, neuralgias, alterações neurovegetativas, distrofia simpático-reflexa e afecções oncológicas. Os mesmos autores descrevem ainda que a Acupuntura clássica emprega agulhas acionadas por movimentos manuais de inserção e rotação; a eletroacupuntura consiste da estimulação elétrica dos pontos de Acupuntura com agulhas metálicas; a Acupuntura a laser apresenta mecanismo de ação incerta. A estimulação dos pontos localizados nos dermatômeros onde a dor é localizada ou em pontos onde a impedância elétrica do tegumento é reduzida e, não necessariamente, nos pontos dos meridianos clássicos, proporciona resultados favoráveis. A aplicação de estímulos de Acupuntura em pontos distantes dos dermatômeros acometidos pela dor também pode ser eficaz, graças à dispersão e convergência das informações nociceptivas no sistema nervoso. Não há contraindicações formais para a execução da Acupuntura, exceto a ocorrência de infecções cutâneas ou uso de eletroacupuntura em doentes com marca-passo cardíaco de demanda. As complicações representadas por pneumotórax, infecções pela hepatite B e vírus HLTV2, quebra da agulha, lesões nervosas periféricas e perfuração de vasos sanguíneos são raras. A Acupuntura está associada a analgesia por apresentar mecanismos biológicos relacionados à teoria de portão de controle de endorfina e relaxamento 10 reflexo por estimulação ou por inserção de agulhas a nível miofacial. Contudo, parece ter capacidade de melhorar a oxigenação, aumentar o aporte sanguíneo e inibir o ciclo espasmo-dor que associado simultaneamente a cinesioterapia (técnica ocidental de exercícios manuais utilizadas por fisioterapeutas) potencializa a higidez da estrutura direta no fuso muscular (SENNA-FERNANDES et al., 2003). Esses dados corroboram com Medeiros e Saad (2009), quando descrevem que a ação antiinflamatória da Acupuntura ocorre devido ao aumento na liberação de beta-endorfinas que interagem com citocinas, algumas das quais modulam o componente inflamatório de doenças e ainda, é capaz de inibir a permeabilidade vascular, limitar a aderência leucocitária ao endotélio vascular e suprimir a reação exsudativa de modo similar ao processo antiinflamatório. Atualmente, inúmeras são as comprovações da ciência contemporânea em relação à capacidade real da Acupuntura como mantenedora e promotora da saúde (SIDORAK, 1984 p.16). A documentação sobre Acupuntura afirma que este procedimento é eficaz e seguro. É uma alternativa vantajosa em inúmeras condições clínicas onde o tratamento convencional pode ser ineficaz ou produzir efeitos colaterais indesejáveis (SAAD e ALMEIDA, 2005). Pesquisadores têm obtido melhor compreensão da Acupuntura e de seus efeitos terapêuticos. Até esta data, algumas teorias são rapidamente desconsideradas nas mais sérias discussões sobre terapias. Primeiro, ela não é “mágica”. A maioria dos cientistas concorda que a Acupuntura não age como a hipnose; eles citam que ela alivia a dor nos animais, que não podem ser hipnotizados. A comunidade científica agora aceita amplamente que a Acupuntura produz mudanças fisiológicas no corpo humano. Essas mudanças incluem alterações na pressão sanguínea, nas atividades elétricas cerebrais e no tálamo (MENEZES et al., 2010). O uso da Acupuntura como um método de alívio da dor está baseado num grande número de ensaios clínicos e não há dúvida de que a Acupuntura tem um efeito potente e confirmado no tratamento da dor (ONETTA, 2005). Visando maior conhecimento cientifico esse trabalho faz uma revisão da literatura científica com o objetivo de verificar a eficácia do tratamento de Acupuntura no ombro doloroso do hemiplégico, além de verificar os benefícios da Acupuntura para o tratamento de algias. 11 2 METODOLOGIA Foi realizada uma busca por artigos científicos em bases de dados e bibliotecas públicas e privadas, localizadas na Internet e nas cidades de São Paulo e Mogi das Cruzes, por ser locais que contêm maior concentração de artigos científicos da América Latina. As bases de dados utilizadas foram: Bireme, Scielo, Lilacs, Medline, Scirius, Capes, Pubmed, entre outras. E as bibliotecas visitadas foram a da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) e da Universidade de Mogi das Cruzes (UMC). Esses artigos foram coletados tanto no idioma português, quanto nos idiomas inglês e espanhol. Essa pesquisa foi realizada através do método de busca booleana, que significa buscar palavras-chave empregadas para localização deste tema. Através desses artigos obtidos, foram realizados análise e desenvolvimento baseando-se nos estudos de diferentes autores, onde se pôde chegar a uma conclusão para essa revisão bibliográfica. 12 3 MECANISMOS DA DOR NO OCIDENTE A dor é o tipo de ocorrência que aniquila o bom humor de qualquer pessoa. Mesmo que apenas seu ombro esteja doendo, parece que tudo mais “dói” junto. Esse mal generalizado, além de comprometer o corpo, afeta a mente: a dor aguda, aquela que sentimos ao esmagar o dedo na porta, gera uma intensa agulhada no cérebro ou a dor em queimação, que como a perder de vista. Já a dor crônica que tem fôlego para nos acompanhar o tempo todo, costuma desencadear depressão, entre outros transtornos psíquicos. Em ambos os casos, o resultado é parecido: noites sem dormir, compromissos adiados, respostas invertidas e até um desesperador sentimento de impotência (GUSMAM et al., 1997). A dor é um fenômeno inerente ao ser vivo, considerada um mecanismo de alerta e de defesa. É definida para fins didáticos pela Associação Internacional de Estudos da Dor (IASP) como uma experiência sensorial e emocional desagradável associada ou descrita em termos de lesão tecidual real ou potencial (LIANZA, 2007 p.148). Dor é uma sensação com mais de uma dimensão. Para o indivíduo, ela é uma experiência tanto objetiva quanto subjetiva. A dimensão objetiva é o tecido fisiológico que causa a dor e a subjetiva inclui um componente perceptivo, um afetivo, um cognitivo e um comportamental. Todos esses comportamentos juntos constituem a experiência individual de dor (UMPHRED, 2004 p.937). A dor é o principal motivo que leva o indivíduo a procurar um médico, especialmente quando se torna insuportável. É uma experiência muito pessoal e diversificada, variando segundo as aprendizagens ligadas à cultura, atenção, significado da situação e outros processos cognitivos. A dor é, primeiramente, um mecanismo protetor do organismo, sinaliza a lesão de algum tecido corporal, porém, pode persistir anos depois da lesão tecidual e da recuperação dos nervos lesados. Se uma pessoa concentra a atenção numa situação potencialmente dolorosa, tende a sentir dores mais intensas do que o normal. Em contraste com o efeito amplificador da atenção sobre a dor, a distração pode diminuí-la ou aboli-la (OLIVEIRA et al., 1997). O autor acima relata que não haver uma relação constante e previsível entre dor e lesão. Diversos estudos psicológicos e antropológicos demonstram que a dor 13 não depende exclusivamente da lesão orgânica, pelo menos nas espécies superiores. Em vez disso, que a intensidade e o caráter da dor que se sente são influenciados pelas experiências anteriores, as recordações que delas temos e a capacidade de compreender suas causas e conseqüências. 3.1 ASPECTOS SOMATO-SENSORIAL E VISCERAL DA DOR A pele, devido à sua grande sensibilidade dolorosa, permite uma percepção mais nítida da dor. A sua sensibilidade cutânea flutua, provavelmente, em virtude da circulação do sangue ou doutras modificações ao nível da pele e a informação que transmitem através de todo o sistema nervoso central, é ela própria modificada pelas mensagens que descem do cérebro. Este recebe impulsos projetados por vários receptores, estes impulsos combinam-se para formar uma síntese que produz as atividades neurais, finalmente percebidas e decodificadas no cérebro como DOR. O tecido visceral é nitidamente deficiente de inervação dolorosa em comparação com a pele normal. É insensível aos estímulos nocivos, como a laceração ou a queimadura, mas sensível à dilatação e ao estiramento. É evidente que a dor depende, em grande parte, das propriedades do tecido lesado (GUSMAM et al., 1997). 3.2 TEORIA DO PORTÃO DA DOR A teoria do portão foi elaborada, por Melzack e Wall (1965), para explicar a influência da estimulação cutânea tátil no alívio da dor. Gusman et al. (1997), explicou em seu estudo: 1- A transmissão dos impulsos nervosos é modulada por um mecanismo de controle espinhal, funcionando como um portão, situado nos cornos posteriores; 2- A atividade nas fibras grossas tende a inibir a transmissão, ao passo que nas fibras finas tendem a facilitá-la; 3- O mecanismo de controle espinhal sofre a influência dos impulsos nervosos que descem do cérebro propriamente dito; 4- Um sistema especializado de fibras grossas de condução rápida ativa processos seletivos cognitivos, os quais influencia por meio de fibras descendentes, as propriedades moduladoras do mecanismo de controle espinhal; 5- Quando o fluxo das células de transmissão da medula 14 ultrapassa um nível crítico ativa o Sistema de Ação, isto é, aquelas regiões neurais responsáveis por esquemas complexos e seqüenciais que se associam ao comportamento e experiência característicos do fenômeno doloroso. Figura 1: Via de modulação da dor. Fonte: Disponível em: http://www.medicinageriatrica.com.br/wp-content/uploads/2008/03/dor.JPG 3.3 PROCESSO INFLAMATÓRIO A princípio, independente de sua causa, o processo inflamatório se caracteriza por uma série de reações de células e tecidos a uma agressão, seguindo um modelo básico e estereotipado que se repete em muitas espécies diferentes. (SCOGNAMILLO-SZABÓ e BECHARA, 2001). 3.4 OMBRO DOLOROSO Gonzalez et al. (2003), descreveu em seu estudo que cerca de três quartos dos pacientes sofrem de dor no ombro durante o primeiro ano após AVE, aproximadamente 20% deles a dor pode surgir na primeira ou segunda semana. 15 Essa dor é progressiva, as causas e os fatores de riscos são desconhecidos, entretanto, pode ocorrer devidos aos mecanismos de desalinhamento do ombro, movimentação incorreta, imobilidade, manuseio e posicionamento inadequado do braço acometido. No estágio inicial (flacidez), os danos reduzem a sustentação e ação normal, assim ligamentos e cápsulas tornam-se os únicos sustentáculos do ombro. No estágio espástico, o tônus muscular anormal contribui para a má posição escapular (depressão e rotação com depressão) e para a subluxação e restrição dos movimentos. A lesão do plexo braquial e a capsulite aderente são fatos potencialmente complicadores. Finalmente o manejo e posicionamento deficientes do braço hemiplégico foram implicados na produção de microtraumas articulares e de dor, devido a problemas secundários na cápsula, bolsa ou tendões (STOKES, 2000 p. 45). Esse mesmo autor descreve que o padrão característico do portador de seqüela de AVE pode provocar o aumento da tensão capsular e ligamentar, o que poderia favorecer o processo de capsulite adesiva, característico dessa patologia. É compreendido como capsulite adesiva, caracterizada por dor e limitação concêntrica de todos os movimentos (flexão, extensão, abdução, adução e as rotações), por perda de flexibilidade da cápsula articular. Além disso, a realização dos movimentos do ombro de maneira indevida, sem haver a redução da cabeça umeral e reposicionamento adequado da escápula, poderia acentuar a tensão nas estruturas cápsulo-ligamentares e favorecer a capsulite adesiva. Essa situação pode ocorrer principalmente durante as sessões de fisioterapia. A imobilização absoluta de um segmento leva à fraqueza e hipotrofia muscular por desuso, contraturas musculares, diminuição da massa óssea e degeneração articular. Em especial, o músculo perderá de 10% a 15% de força por semana e 50% de trofismo em três semanas de imobilização. Diminuição do tônus muscular durante o período flácido leva a depressão e báscula medial da escápula, que compromete a estabilidade articular do ombro por aumento da tonicidade dos músculos latíssimo do dorso, rombóides, elevadores da escápula e evolui para escoliose funcional. Estas alterações representam fatores causais do ombro doloroso (O’SULLIVAN, 2004 p. 542). 16 3.5 ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO O acidente vascular encefálico (AVE) é o surgimento agudo de uma disfunção neurológica devido a uma anormalidade na circulação cerebral, tendo como resultado sinais e sintomas que correspondem ao comprometimento de áreas focais no cérebro (O’SULLIVAN, 2004 p.520). Nitrini e Bacheschi (1999 p. 98), referem-se ao AVE, como sendo um súbito comprometimento da função cerebral provocado por uma variedade de alterações histopatológicas. Envolvendo um (focal) ou vários (multifocal) vasos sanguíneos intra ou extracranianos. O Fluxo Sanguíneo Cerebral (FSC) varia de acordo com a potência dos vasos. O estreitamento progressivo devido à aterosclerose diminui o fluxo sanguíneo. Assim como acontece na doença cardíaca coronariana, as alterações sintomáticas geralmente decorrem de uma restrição superior a 80% do fluxo. A sintomatologia do AVE depende de vários fatores como (1) o local do processo isquêmico, (2) o tamanho da área isquêmica, (3) a natureza e as funções das estruturas envolvidas e (4) a disponibilidade do fluxo sanguíneo colateral. A sintomatologia pode depender da velocidade da oclusão, pois oclusões lentas podem permitir que os vasos colaterais assumam a função, ao passo que os episódios súbitos não o permitem (O’SULLIVAN, 2004 p.523). Clinicamente, há uma série de déficits possíveis, como alterações do nível de consciência e comprometimentos nas funções de sentidos, motricidade, cognição, percepção e linguagem. Para serem classificados como AVE, os déficits neurológicos focais devem persistir por pelo menos 24 horas. Os déficits motores caracterizam-se por paralisia (hemiplegia) ou fraqueza (hemiparesia), tipicamente do lado do corpo oposto da lesão (O’SULLIVAN, 2004 p.520). O paciente com acidente vascular cerebral apresenta-se ao fisioterapeuta com um conjunto de problemas físicos, psicológicos e sociais. O inicio de acidente vascular cerebral é súbito, com déficit máximo no inicio, de modo que o choque para o paciente e seus familiares pode ser devastador. A prevalência é de aproximadamente dois em 1000, sendo que o resultado final é óbito nas primeiras três semanas em aproximadamente 30% dos casos, recuperação total em 30% e incapacidade residual em 40% (STOKES, 2000 p. 49). 17 4 ACUPUNTURA A Acupuntura é o conjunto de conhecimentos teórico-empírico da Medicina Chinesa Tradicional que visa à terapia e à cura das doenças por meio da aplicação de agulhas e de moxas, além de outras técnicas (WEN, 2006 p.09). A Acupuntura, técnica curativa milenar, originária da China, tem nas últimas décadas despertado grande interesse nas comunidades científicas do ocidente (SIDORAK, 1984 p.15). A partir do século XVII, passaram a elaborar, na própria China, obras com o intuito de objetivar e facilitar o uso e a difusão da Acupuntura. Em 1798, foi publicada a obra “Estudo Facilitado das agulhas e moxas” e sucessivamente outras foram sendo elaboradas a partir dos textos antigos (SIDORAK, 1984 p.13). A Medicina Tradicional Chinesa (MTC) é um sistema terapêutico desenvolvido e praticado na China há milhares de anos. As referências mais antigas da literatura datam da dinastia Han, século II a.C. A teoria da MTC afirma que existem condutos no nosso corpo, chamados meridianos, por onde circulam uma influência sutil denominada Qi. O Qi, na visão chinesa, é à base das funções fisiológicas e psicológicas do ser humano e quando a sua circulação normal sofre bloqueio ou obstrução ocorrem às desarmonias nos órgãos internos, podendo gerar quadros de excesso ou deficiência desta influência sutil (ALMEIDA, BOFE e BONFÁ, 2009). Segundo a teoria da Acupuntura, todas as estruturas do organismo se encontram originalmente em equilíbrio pela atuação das energias Yin (negativas) e Yang (positivas). Por outro lado, um desequilíbrio gerará a doença. A arte da Acupuntura visa, através de suas técnicas e procedimentos, estimular os pontos reflexos que tenham a propriedade de restabelecer o equilíbrio, alcançando-se, assim, resultados terapêuticos (WEN, 2006 p.10). O conceito Yin-Yang, juntamente com o do Qi, tem permeado a filosofia chinesa há milênios, sendo radicalmente diferente de qualquer idéia filosófica ocidental (MACIOCIA, 2007 p. 3). Para Rebelo, Costa e Vasconcelos (2006), o Yin e o Yang são duas energias distintas, que se complementam entre si e ambas precisam estar em perfeita harmonia para o corpo estar em perfeita saúde. Quando há uma patologia, essas energias ficam estagnadas, não percorrendo todo o organismo como deveriam. 18 Os meridianos são canais de fluxo de energia vital Qi do corpo humano. Quando o fluxo permanece constante a temperatura dos órgãos se mantém, ocorrendo o equilíbrio e mantendo o corpo saudável. Quando ocorre um bloqueio deste fluxo de energia, a temperatura dos órgãos internos se adultera e automaticamente inicia-se um processo de desequilíbrio, ocasionando uma deficiência de nutrientes. Estudos da MTC afirmam que esse desequilíbrio é energético e que o indivíduo somente atinge a cura de seu estado de saúde após o re-equilíbrio do organismo com o meio externo. Já a medicina ocidental em geral, explica que os desequilíbrios se dão devidos aos maus hábitos de vida das pessoas (GONZÁLEZ et al., 2003). 4.1 MECANISMOS DA DOR NA TERAPIA TRADICIONAL CHINESA A dor é uma das manifestações clínicas mais freqüentes. É um sintoma que surge toda vez que ocorre uma agressão física, química, mecânica ou psíquica contra nosso corpo. Dentro da concepção energética, esses fatores promovem concentração maior de polaridade positiva (Yang) ou negativa (Yin) que estimulará os diferentes tipos de receptores da dor espalhados pelo corpo, principalmente nas camadas superficiais, mas também presentes em tecidos mais internos, como Periósteo, cápsulas e ligamentos articulares e paredes arteriais. A dor pode ser classificada em três diferentes tipos dependendo dos fatores energéticos causais: Fator Yang, que apresenta a polaridade positiva: provoca o aparecimento de dor aguda, intensa, localizada, do tipo pontada. Pode manifestar-se por dor latejante, sensação de choque elétrico ou de cólica; Fator Falso-Yang, que também aumenta a polaridade positiva, mas partindo de deficiência do Yin Qi. Manifesta-se por dor tipo queimação e ardor. É uma algia com características intermediárias entre o tipo Yin e o Yang; Fator Yin, que aumenta a polaridade negativa conseqüente à presença de Frio e Umidade. Provoca o aparecimento de dor contínua, insidiosa, de localização pouco nítida que é sentida não na superfície, mas sim no interior do corpo, sendo profunda com graus variáveis de intensidade. A esse grupo pertence à dor tipo em peso, constritiva ou em aperto (YAMAMURA, 2001 p. 764 e 765). A dor também pode ser classificada segundo critérios qualitativos – descreve variações de acordo com o fator patogênico; quantitativos – definem deficiência ou 19 excesso (Qi Ortodoxo versus fator patogênico). No caso de excesso, deve-se: distinguir entre estagnação do Qi ou estase do sangue; identificar as causas do excesso; topográficos – situam o processo doloroso, como relacionado aos órgãos internos (Zang Fu), ou ao sistema musculoesquelético (Jing Luo); e de acordo com os fatores patogênicos (CAPILI et al., 2010). 4.1.1 ETIOLOGIA E PATOLOGIA DA DOR De acordo com Maciocia (2007 p.264) a dor pode ser decorrente das seguintes condições: Excesso: Invasão de fatores patogênicos exteriores; Frio ou Calor interior; estagnação de Qi ou Sangue (Xue); retenção de alimento; obstrução pela Fleuma, todos eles levam a obstrução para a circulação do Qi nos canais e, conseqüentemente, dor. Deficiência: Deficiência de Qi e Sangue (Xue); consumo dos Fuidos Corpóreos decorrentes de deficiência de Yin, essas condições causam subnutrição dos canais e, consequentemente, dor. As causas mais comuns de dor crônica em condições internas são estagnação de Qi, estase de Sangue, subida do Yang do Fígado e Frio. 4.2 TEORIA DO YIN-YANG Na China antiga, as primeiras observações efetuadas levaram à conclusão de que a estrutura básica do ser humano era a mesma do universo. Então, todos os fenômenos da natureza foram classificados em dois pólos opostos: o Yin (negativo) e o Yang (positivo). Aqueles que apresentam como características força, calor, claridade, superfície, grandeza, dureza, peso etc. pertence ao Yang. Ao contrário, os que apresentam características opostas às mencionadas pertencem ao Yin (WEN, 2006 p.20). 4.3 TEORIA DOS CINCO MOVIMENTOS Constitui o segundo pilar da filosofia e da Medicina Tradicional Chinesa. A concepção dos Cinco Movimentos baseia-se na evolução dos fenômenos naturais, 20 como os vários aspectos que compõem a Natureza geram e dominam uns aos outros. Desse modo, o Movimento Água gera o Movimento Madeira, este gera o Movimento Fogo, o qual gera o Movimento Terra, este o Movimento Metal, e por sua vez, gera o Movimento Água (YAMAMURA, 2001 p.46). 4.4 CONCEITO DO QI NA MTC O Qi é um estado constante de fluxo em estados variáveis de agregação. Quando o Qi se condensa, a energia se transforma e se acumula em forma física; quando se dispersa, o Qi origina as formas mais sutis de matéria. O Qi é uma energia que se manifesta simultaneamente sobre o nível físico e espiritual (MACIOCIA, 2007 p.36). 4.5 SÍNDROMES DOS SEIS FATORES OU SEIS EXCESSOS Há seis fatores que, em determinadas circunstâncias, podem provocar ou desencadear doenças. São eles: Vento, Frio, Calor , Umidade, Secura e Fogo. A) Síndrome do Vento, pertence ao Yang, e se associa, aos fatores: Frio, Umidade e Fogo, causando doenças; B) Síndrome do Frio é mais grave durante o inverno e causa doenças mais complexas que podem começar exteriormente e ir, gradualmente, se interiorizando no organismo, passando do Frio para o Calor; C) Síndrome do Calor freqüentemente se associam aos fatores Vento e Umidade; D) Síndrome da Umidade. Há Umidade externa e interna. A Umidade externa tem relação com os fatores climáticos e a Umidade interna está relacionada com a função dos Rins e do Baço-Pâncreas; E) Síndrome da Secura ocorre no outonoinverno, desencadeada pela secura do meio ambiente que rouba água do organismo e F) Síndrome de Fogo, divide-se em excesso e deficiência. (WEN, 2006 p.49-54). 21 4.6 BASES FISIOLÓGICAS PARA OS EFEITOS DA ACUPUNTURA Em um estudo histológico dos pontos de Acupuntura, verificou-se uma concentração fibrilar neural, uma rede capilar bem desenvolvida e uma concentração aumentada de mucopolissacarídeos. Esses dados demonstram a diferença na estrutura dos pontos de Acupuntura, postulando sua especificidade no tratamento (MEDEIROS e SAAD, 2009). O estímulo por Acupuntura pode induzir o óxido nítrico endógeno no núcleo grácil, que desempenha um papel importante na regulação de dor e homeostase cardiovascular. Essa é a primeira descoberta de uma substância endógena, contribuindo para sinalizar a transmissão de informação da Acupuntura desde a descoberta de efeitos mediados por peptídeos opióides (USICHENKO e XING, 2004). Umas das explicações é que Acupuntura agiria como um estímulo nociceptivo, estimulando a fibra A delta, cujos impulsos trafegam mais velozmente do que os estímulos de dor carregados pelas fibras C não mielinizadas, e através de conexões neuronais dentro do mesencéfalo, gerariam um impulso inibitório descendente gerando analgesia. Isso em parte explicaria por que uma agulha espetada em um local longe do sítio de dor poderia levar a analgesia do mesmo (LIN et al., 2006). A Acupuntura também estimularia a liberação de opióides endógenos e neurotransmissores como serotonina, o que explicaria o mecanismo de controle da dor aguda e crônica, além de possíveis ações em distúrbios depressivos. Outros estudos demonstraram que níveis de endorfina e encefalina no líquor são influenciados pela Acupuntura e cujos efeitos são bloqueados por naloxone. Por outro lado, a presença de uma agulha pode ser interpretada como um estímulo imunomodulador, ativando a liberação de fatores mediadores de inflamação localmente, além da elevação de ACTH e conseqüentemente corticosteróide endógeno (SIERPINA e FRENKEL, 2005). Lin et al. (2006), descreve que a Acupuntura clássica, a eletroacupuntura e a Acupuntura a laser são empregadas no tratamento da dor. Atua via estimulação de estruturas nervosas discriminativas dérmicas, sub-dérmicas e musculares que ativam o sistema supressor de dor na medula espinal e no encéfalo, promovendo 22 analgesia e relaxamento muscular. A Acupuntura da elevada amplitude e baixa freqüência (Acupuntura clássica) apresenta propriedades aditivas, atuam no sistema endorfinérgico e encefalinérgico e induz liberação de ACTH pelo hipotálamo. Esse mesmo autor completa, a Acupuntura de baixa amplitude e elevada freqüência atua em vias noradrenérgicas e serotoninérgicas e não apresenta efeito aditivo. A integridade do sistema nervoso sensitivo periférico e central e a estimulação das fibras do tipo II que veiculam a sensibilidade proprioceptiva e melhoram o resultado da Acupuntura. A Acupuntura clássica emprega agulhas acionadas por movimentos manuais de inserção. A aplicação de estímulos de Acupuntura em pontos distantes dos dermatômeros acometidos pela dor também pode ser eficaz, graças à dispersão e convergência das informações nociceptivas no sistema nervoso central. 4.7 HEMIPLEGIA NA MTC A hemiplegia é causada pela obstrução dos canais por ação do Vento e da Fleuma. A rigidez pronunciada das articulações e a contração muscular indica estagnação de Sangue. Os fatores patogênicos obstruem os canais contra um fundo de deficiência de Qi, sangue ou Yin. O Golpe de Vento é principalmente proveniente de deficiência de Sangue e Fleuma. A hemiplegia é resultante da Fleuma (em geral); se o lado esquerdo for afetado, é resultante de deficiência e estagnação de Sangue; se o lado direito for afetado, é resultado de Fleuma, Fogo e deficiência de Qi (MACIOCIA, 2009 p.986). Segundo Carnello (2004), o AVE na MTC ocorre pelo vento ativo, surgindo da hiperatividade do Fígado, ou pelo vento endógeno causado pela fleuma, isto é, calor após dieta adiposa e uso de bebidas alcoólicas. O AVE ocorre muitas vezes pela deficiência constitucional do Qi e do Sangue e do desequilíbrio de Yin e Yang entre os órgãos: Coração, Fígado e Rim. Confirmando o estudo de Maciocia (2009), quando descreve que a hemiplegia é decorrente da fleuma, do golpe de vento e da deficiência de Sangue. 23 4.8 ACUPUNTURA NA REABILITAÇÃO DO ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO Furlan et al. (2006) após revisão sistemática no período de 1990 a 2006 descreve que o tratamento de reabilitação pós-AVE do Conselho Sueco de Avaliação de Tecnologia em Saúde (Acupuncture treatment for stroke) de 2000 concluiu que há moderada evidência científica para o uso da Acupuntura no Acidente Vascular Encefálico, porém os achados dos estudos são divergentes e as conclusões são incertas. Portanto, a Acupuntura não deveria ser utilizada rotineiramente na reabilitação pós-AVE até que estudos randomizados mostrem resultados benéficos. Se fosse assumido o resultado dos estudos positivos, haveria economia de milhões, pela redução de cuidados institucionais dos pacientes pósAVE. Por outro lado, se fossem considerados os resultados dos estudos negativos, haveria um gasto importante por ano, sem benefício para os pacientes. Smith et al. (2009) avaliou a evidência de efetividade da Acupuntura na reabilitação do AVE e concluiu que não há estudos de boa qualidade sobre o uso da Acupuntura na reabilitação do AVE mostrando benefícios. Zhang et al. (2006) descreve que a Acupuntura parece ser segura, mas sem clara evidência de benefício. O número de pacientes é muito pequeno para que se possa afirmar que a Acupuntura seja efetiva no tratamento de reabilitação do acidente vascular cerebral hemorrágico ou isquêmico. Entretanto Plavsic et al. (2009), descreve que na Medicina Tradicional Chinesa, em uso no Ocidente, uma série de variações pode ser encontrada no tratamento de Acupuntura em AVEs. O tratamento pode começar uma semana após o acidente, mas é mais comum iniciar o tratamento entre duas a quatro semanas após. A literatura científica inclui vários relatórios sobre os efeitos positivos da Acupuntura nas habilidades motoras, na fala, e funcionalidade em pacientes afetados por AVE. Há também dados que a Acupuntura elétrica pode aliviar a dor no ombro em pacientes que sofreram um ataque cerebrovascular. 24 5 TRATAMENTO DE ACUPUNTURA EM PORTADORES DE HEMIPLEGIA COM DOR NO OMBRO A Acupuntura, na aplicação da ciência ocidental, funciona em caso de dor porque ela ajuda o cérebro a liberar endorfina, o analgésico natural do organismo. Isto foi comprovado experimentalmente mediante a punção de amostra sangüínea de um sujeito após tratamento de Acupuntura, a qual evidenciou presenças de endorfinas (OLIVEIRA et al., 1997). Plavsic et al. (2009), descrevem um estudo no qual os pacientes foram tratados com Acupuntura tradicional nos mesmos acupontos indicados para ombro congelado são eles: VB21(Jianjing), IG15(Jianyu), IG14(Binao), IG11 (Quchi), ID9(Jianzhen), TA5(Waiguan), IG4(Hegu), IG1(Shangyang), E38(Tiakou), VB34(Yanglingquan) e também em pontos específicos geralmente usados após um AVE - Du20(Baihui), Du19(Houding), Du21(Gianding), VB7(Qubin), VB20(Fengchi), Du14(Dazhui), Ren14(Juque), Ren6(Qihai), Ren12(Zhongwan) e E25(Tianshu) – e um ponto na orelha com retenção, o ponto Shenmen. O tratamento de Acupuntura foi aplicado cinco vezes por semana, por 20 minutos, durante quatro semanas e os resultados foram positivos quanto à melhora da dor e a funcionalidade, e confirmou a hipótese de que a Acupuntura e a terapia de exercícios são úteis no tratamento e que os efeitos ainda estão presentes após seis meses. Corroborando com o autor acima, Taffarel e Freitas (2009), descreve em seu estudo para o tratamento de dor os seguintes acupontos: IG4 (Hegu) é indicado para tratamento da dor e paralisia do membro superior, dores de dente e mandíbula, dores oculares, cefaléia, paralisia facial, artrite temporomandibular, dor abdominal. Associado ao M-MS-30 (Bizhong) e IG11 (Quchi) para paralisia de membro superior ou neuralgia do antebraço; e segundo Silva et al., (2005), ainda promove a liberação de endorfinas. Esse mesmo autor cita o ponto VB34 (Yanglingquan), para o tratamento de edemas faciais, dores na articulação do joelho e membro inferior, lombalgia, dor na face lateral da perna, dores torácicas, periartrite de ombro. Montenegro et al. (2010), verificou que com TENS Acupuntural aplicado na área que envolve os acupontos TA5(Waiguan), e CS6(Zhigou) é eficaz em aumentar 25 a latência do limiar de dor em indivíduos saudáveis, sugerindo que os mecanismos centrais para o alivio da dor foram ativados. Além dos acupontos, o ombro doloroso pode ser tratado através dos canais tendinomusculares (TM) de cada meridiano, que correspondem especificamente: TM Pulmão é indicado para contraturas musculares no trajeto do canal, associadas aos sinais de opressão torácica e ansiedade, ombro doloroso com limitação de abdução e dor na região do hipocôndrio, o tratamento consiste em tonificar P11 (Shaoshang), sedar VB22 (Yuanye) e o ponto de tonificação é o P9 (Taiyuan) (YAMAMURA, 2001 p. 571-572). TM Intestino Grosso é indicado para dores, contraturas e câimbras musculares no trajeto do canal, cefaléias com irradiação da dor “em faixa”, quando o membro superior não realiza o movimento de abdução, limitação do pescoço nos movimentos de rotação, dor na região da escápula e próximas ao VG14(Dazhui), o tratamento consiste em tonificar IG1(Shangyang), sedar VB13(Benshen) e o ponto de tonificação é o IG11(Quchi) (YAMAMURA, 2001 p. 579). TM Bexiga indicado para dores lancinantes e edema doloroso no 5° dedo do pé e na região do calcâneo, contratura dos músculos da região posterior do membro inferior, sensação de dor semelhante à de fratura na coluna vértebra, contratura dos músculos ao longo da coluna vertebral e do pescoço, impossibilidade de levantar o braço e de movimentar o ombro, dor lancinante localizada na escápula e na região da fossa supraclavicular, hemicrania e nevralgias faciais, o tratamento consiste em tonificar B67(Zhiyin), sedar ID18(Quanliao) e o ponto de tonificação é o B67(Zhiyin) (YAMAMURA, 2001 p. 561). TM Triplo Aquecedor indicado para dor no 4° dedo da mão, dificuldade de mover o braço, principalmente para flexão e abdução, impossibilidade de realizar rotação do pescoço, dor ocular irradiada para região frontal, o tratamento consiste em tonificar TA1(Guanchong), sedar VB13(Benshen) e o ponto de tonificação é o TA3 (Zhongzhu) (YAMAMURA, 2001 p. 578). 26 Figura 2: Pontos utilizados para o tratamento da dor no ombro. Fonte:Disponível:http://www.google.com.br/imgres?imgurl=http://www.kyokushinkaikan.com.br/v2007/ fotos/terapia/Acupuntura %2520010.jpg&imgrefurl=http://www.kyokushii. Entretanto, Plavsic et al. (2009), descreve ainda que os resultados sem dúvida confirmam a tese de que a Acupuntura é significante para o tratamento do ombro congelado em pacientes com AVE, estão cientes de que o pequeno número de pacientes é uma das principais restrições para uma verificação final. No entanto, estão encorajados a continuar os estudos. Ainda, Senna-Fernandes et al. (2003), em seus estudos avaliaram dor, amplitude articular, tônus e o percentual de melhora dos quadros ficou em média de 50-100% para um tempo de recuperação muito abaixo da média de um tratamento convencional de reabilitação. Foi observado que a Acupuntura é um excelente recurso pré-cinético na fisioterapia por apresentar quesitos favoráveis à inibição do ciclo espasmo-dor. Assim, a Acupuntura potencializa a ação da cinesioterapia levando a uma reabilitação mais eficaz. Segundo Maciocia, (2009 p.470), não se pode deixar de enfatizar a importância da escollha dos pontos locais de acordo com o canal envolvido (identificado mediante inspeção da sensibilidade mediante pressão) e não de acordo 27 com idéias pré-concebidas acerca de um determinado ponto. Sugere os seguintes como pontos principais locais para cada canal, sendo para Intestino Grosso: IG15 (Jianyu), IG 14(Binao); para Intestino Delgado: ID9 (Jianzhen), ID10 (Naoshu), ID11 (Tianzong), ID12 (Bingfeng), ID13 (Quyuan), ID14 (Jianwaishu) e ID15 (Jianzhongshu); para Triplo Aquecedor: TA14 (Jianliao), TA13 (Naohui), TA15 (Tianliao); para Vesícula Biliar: VB21 (Jianjing); para Pulmão: P2 (Yunmen) e para Coração: C1 (Jiquan). Kozu et al. (2000), mostraram que o ponto de Acupuntura E 37 (Shangjuxu) no tratamento de ombro doloroso teve resultado significativo comparando-se o pré e pós tratamento. Segundo a Medicina Tradicional Chinesa, existe relação entre o ponto E 37 (Shangjuxu) e o ombro, pois este é regido pelo canal de energia principal do Da Chang (Intestino Grosso), de modo que a estimulação deste ponto, situado na face lateral da perna pode influir na fisiologia energética do ombro por meio do sistema Yang Ming. Os movimentos de abdução, flexão e rotação externa do ombro melhoram significantemente com a aplicação de Acupuntura no E37 (Shangjuxu), enquanto os movimentos de extensão e de rotação interna melhoram parcialmente. Certo grau de mobilidade maior da articulação do ombro (abdução passiva e ativa), com significativa melhora da dor no grupo com Acupuntura, nos faz concluir que o efeito analgésico da Acupuntura é ao menos parcialmente “responsável” por melhores resultados (PLAVSIC et al., 2009). 5.1 DOR NO OMBRO Green et al. (2005), avaliou a eficácia e segurança da Acupuntura no tratamento de adultos com dor no ombro. Foram selecionados ensaios clínicos randomizados e quase-randomizados, e excluídos os estudos com duração da dor no ombro menor que três semanas, artrite reumatóide, polimialgia reumática, dor cervical referida e fratura. Foram selecionados nove estudos clínicos de qualidade metodológica variada. Não houve diferença significativa a curto prazo na melhora com Acupuntura quando comparada com placebo. A Acupuntura foi mais benéfica que o placebo para melhora funcional em quatro semanas, porém em quatro meses era improvável que esse benefício fosse substancial. Devido ao pequeno número de estudos e a variação metodológica, pouco se pode concluir dessa revisão. As evidências são fracas para confirmar ou refutar o uso da Acupuntura para dor no 28 ombro, embora possa haver benefício a curto prazo em relação à dor e à função. São necessários mais estudos bem desenhados. Hodges e Maskill (2002), em uma revisão sistemática, avaliaram a efetividade da Acupuntura no tratamento e reabilitação de doenças músculo-esqueléticas relacionadas a acidente, entre elas a tendinite do manguito rotator. Dos ensaios clínicos randomizados que preencheram os critérios de inclusão desta revisão, três avaliaram o papel da Acupuntura na tendinite do manguito rotator. Dado o pequeno número de estudos encontrados e sua heterogeneidade, não foi possível obter nenhuma conclusão sobre a efetividade da Acupuntura no tratamento e reabilitação de doenças músculo-esqueléticas. Em estudos sobre Acupuntura, há grandes dificuldades metodológicas para se realizar ensaios clínicos randomizados cegos controlados por placebo. Embora haja muitos estudos sobre sua utilidade potencial, muitos desses levaram a resultados não conclusivos devido ao desenho do estudo, tamanho das amostras, uso de controles inapropriados e outros fatores. Apesar disso, a literatura médica fornece dados suficientes para se afirmar que a Acupuntura age por mecanismos fisiológicos independentes do efeito placebo. Há evidência suficiente do valor da Acupuntura para expandir seu uso e encorajar mais estudos de sua fisiologia e potencial clínico (MEDEIROS e SAAD, 2009). São necessários mais estudos para compreender os mecanismos de ação desta técnica milenar que apresenta resultados práticos satisfatórios, mas que para ciência ainda tem muito a explicar, mesmo o porquê abordam conceitos interdisciplinares relativos à Física, Anatomia, Embriologia, Genética, Neurofisiologia, Farmacologia, Endocrinologia e fatores ambientais (MENEZES et al., 2010). Green et al. (2006), em sua meta análise no uso da Acupuntura para a dor no ombro, concorda que há um pequeno número de testes clinicamente e metodologicamente diferentes, portando existe pouca evidência para apoiar ou refutar o uso da Acupuntura para dor no ombro. Entretanto, Levitt (1975) já demonstrava o resultado com uma diminuição da dor logo nas primeiras sessões, em média 50%, porém com a necessidade de um tratamento mais prolongado para melhor resultado. Quanto aos efeitos colaterais ou a piora das dores, os resultados foram baixos. 29 Contudo, Silva et al. (2008), referem que a Acupuntura mesmo não fazendo parte das recomendações da Sociedade Brasileira de Reumatologia, deve ser medida a ser considerada no tratamento da dor. O suporte para seu uso é dado por estudo multicêntrico de 26 semanas, coordenado pelos Institutos de Saúde dos Estados Unidos, utilizando como instrumentos de avaliação Western Ontário and McMasters Osteoarthritis Index (WOMAC) para dor e função, que ao final mostrou um desempenho favorável da Acupuntura Tradicional Chinesa contra Acupuntura simulada. Tanto que Yeng et al.(2001), relataram que alguns trabalhos meta- analíticos sobre a eficácia da Acupuntura no tratamento da dor crônica mostraram também que os resultados foram superiores ao do placebo. 5.2 ACUPUNTURA PARA DOR CRÔNICA A revisão sistemática de Ezzo et al. (2001), avaliou a efetividade da Acupuntura como um tratamento para dor crônica no contexto de estudos com boa qualidade metodológica. Cinqüenta e um estudos foram selecionados, sendo que a heterogeneidade impediu a realização de uma metanálise. Os resultados foram positivos em 21 estudos, negativos em três e neutros em 27. Setenta e cinco por cento dos estudos receberam um escore de baixa qualidade e estavam significantemente associados com resultados positivos (p=0,05). Os mesmos concluíram que as evidências são limitadas de que a Acupuntura seja mais efetiva do que o não tratamento para dor crônica e as evidências são inconclusivas de que a Acupuntura Sistêmica seja mais efetiva do que o placebo. A revisão sistemática da Tait (2002), também encontrou evidências insuficientes para recomendar a Acupuntura para dor crônica. No entanto Menezes et al. (2010), em sua revisão da literatura com o objetivo de ascender à questão do tratamento das dores crônicas pela acupuntura, constatou que o método é qualificado como útil e adequado na terapêutica da dor crônica, porém ainda não está bem resolvida essa questão por motivos de estudos mais desenhados. Em seus estudos Onetta (2005), também observou que muitos estudos foram realizados com pequeno número de pacientes, prejudicando a aplicação de testes de significância estatística. Em muitos casos, os critérios para a seleção inicial dos 30 pacientes a serem incluídos no estudo são imprecisos ou mal definidos; em outros, os critérios para a definição do que deve ser considerado sucesso ou falha do tratamento não foram bem estabelecidos desde o início do estudo. Levitt (1975) descreveu que a Acupuntura já vinha evoluindo muito nas últimas décadas, principalmente através do interesse científico dado ao assunto na tentativa de desmistificá-la e usá-la como mais uma arma terapêutica em benefício do paciente. Hoje se evolui bastante em entender as bases neurofisiológicas da analgesia pela Acupuntura, mas compreende-se que não é apenas isto, e que o tratamento pela Medicina Tradicional Chinesa é muito mais que a simples colocação de agulhas. De acordo com Furlan et al. (2006) um dos problemas da decisão baseada em evidências na Acupuntura é a substancial variação da maneira com que é aplicada, principalmente em relação aos sítios de punção, profundidade da punção (superficial ou profunda), duração da estimulação (30 segundos a 30 minutos), tipo de estimulação (manual ou elétrica), e quantas sessões de tratamento são necessárias. Além disso, não é possível saber se o tipo de Acupuntura utilizada nas pesquisas que mostraram resultados positivos está disponível em nossa realidade local. Há um viés de publicação dos estudos de Acupuntura. Dos estudos publicados na Ásia oriental, 100% mostram resultados positivos com a Acupuntura, enquanto 50% dos estudos publicados na América do Norte mostram esses resultados. Outra tendência é que os estudos de melhor qualidade metodológica fornecem resultados negativos, enquanto que os estudos de baixa qualidade tendem a relatar resultados positivos. 31 6 CONCLUSÃO Através da revisão da literatura, observou-se que embora muitos estudos mostrem resultados positivos quanto à eficácia do tratamento através da aplicação da técnica de Acupuntura no ombro doloroso e os benefícios da mesma para tratamento das algias, as evidências são fracas para afirmar ou refutar o uso da Acupuntura para dor no ombro como único tratamento, embora possa haver benefício a curto prazo em relação à dor e à função, deve ser utilizada em conjunto com outras alternativas. A Acupuntura parece ser segura, mas sem clara evidência de benefício. Um dos problemas encontrados que torna os resultados dos trabalhos científicos discutível em torno da sua eficácia é a substancial variação da maneira como é aplicada, principalmente em relação aos sítios de punção, profundidade da punção (superficial ou profunda), duração da estimulação (30 segundos a 30 minutos), tipo de estimulação (manual ou elétrica), e quantas sessões de tratamento são necessárias. Além disso, não é possível saber se o tipo de Acupuntura utilizada nas pesquisas que mostraram resultados positivos está disponível em nossa realidade local. Há uma diferença considerável variando em função do local e da metodologia utilizada nas pesquisas, contudo a tendência é que os estudos de melhor qualidade metodológica fornecem menores resultados positivos, enquanto que os estudos de baixa qualidade tendem a relatar maiores resultados positivos. A Acupuntura vem evoluindo muito nas últimas décadas, principalmente através do interesse científico dado ao assunto na tentativa de desmistificá-la e usá-la como mais uma arma terapêutica em benefício do paciente. Serão necessários mais estudos bem desenhados, com amostras significativas e metodologias mais bem definidas para que se possam ter evidências mais aceitáveis no meio científico. 32 REFERÊNCIAS ALMEIDA, H.J.; BONFÁ, X.F.; BOVE, C. A Acupuntura como um recurso Fisioterapêutico. 2009. 28f. Trabalho de Conclusão de Curso – Universidade de Mogi das Cruzes, Mogi das Cruzes, 2009. BATISTA, M.M; CARAVIELLO, E.Z; PICCOLOTO, P; FERREIRA, M.S; MASIERO, D; CHAMLIAN, T.R. O uso da terapia por ondas de choques radiais no ombro doloroso por subluxação após um acidente vascular cerebral – série de casos. Acta Fisiatr. São Paulo, v.15, n. 2, p.122-126, 2008. CAPILI, B; ANASTASI, J.K; GEIGER, J.N. Adverse event reporting in acupuncture clinical trials focusing on pain. Clin J Pain. 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