Intenções urgentes x passos lentos
Transcrição
Intenções urgentes x passos lentos
33º ENCONTRO ANUAL DA APHES “Economia, sociedade e mercados num mundo global” Intenções urgentes x passos lentos: um confronto entre políticas econômicas da Primeira República e a rotina produtiva da fronteira agrícola no Estado de São Paulo – Brasil (1889-1930). Lélio Luiz de Oliveira Departamento de Economia FEA-RP - Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto USP – Universidade de São Paulo BRASIL [email protected] Com a proclamação da república e os encantos oriundos do movimento político pregava-se a dissolução da velha ordem imperial. Esta vista, naquela altura, como um marasmo da economia. Era preciso esquecer o escravismo e disseminar com maior vigor o trabalho assalariado, notadamente através da mão de obra imigrante. (BRITO, 2004). Segundo boa parte dos integrantes do movimento republicano o Brasil precisava participar da ordem econômica internacional vigente à época, beneficiar-se da circulação de capitais, absorver novas tecnologias e industrializar-se. (BARBOSA, 1892) As políticas a serem adotadas originavam-se de ideias econômicas que seriam parte do comportamento integrante da modernidade. Entretanto, no Brasil, permaneciam as controvérsias entre valorização e estabilidade da moeda versus câmbio flutuante. Este era o centro do debate sobre os entraves para o desenvolvimento. Na prática, em 1890, transcorria a desregrada ampliação do crédito e das emissões de moeda. Tudo aos solavancos. Às decisões intempestivas do novo governo, geradoras de especulações financeiras, somavam-se as crises cíclicas internacionais. Em 1891, diante da piora do contexto econômico internacional, o capital estrangeiro antes fluente tornou-se escasso nas praças brasileiras. “A brusca redução das entradas de capitais no Brasil está bem documentada e seus efeitos sobre a crise cambial de 1891 parecem indiscutíveis, de modo que é legítima a dúvida se o país viu-se abandonado por volúveis capitais estrangeiros assustados com eventos ocorridos em outros países (...) ou se a crise foi exclusivamente causada por seus próprios excessos.” (FRANCO, 2012:183) As políticas econômicas adotadas na primeira década da jovem república resultaram em um imbróglio composto de tudo um pouco: emissões desenfreadas da moeda, crédito frouxo, inflação, mexidas no câmbio, quebradeiras e salvamento de empresas e bancos, agravamento fiscal (TAUNAY, 1971), empréstimos internacionais (Fundig loan) e, mais adiante na virada do século, tentativas de adoção da ortodoxia econômica. Tudo parecia muito complexo no círculo do poder, na cúpula da oligarquia cafeicultora e mais ainda nos livros contábeis. Um país que pretendia ser moderno continuava dependente da exportação de produtos primários, notadamente o café, evidenciando o frágil controle da balança comercial. (FURTADO, 1985) O dito “marasmo” e as possíveis “certezas” das ações econômicas do Império tinham mesmo ficado para trás, o tempo parecia correr com agilidade num zigue-zague contínuo, sobre o qual frutificavam as críticas apuradas nos periódicos do Rio de Janeiro. (FRANCO, 2008) Por outro lado, nas fronteiras agrícolas da região sudeste, o cotidiano econômico do interior do país era regido – ao mesmo tempo – pelas atividades de subsistência, de abastecimento dos mercados internos e de produtos tropicais de exportação. Um exemplo é o município de Franca, situado no nordeste do Estado de São Paulo, ao norte do rio Sapucaí, muito próximo das fronteiras de Minas Gerais (Figura 1), cujo ritmo econômico parcialmente destoava dos centros de decisão do país. A região de Franca, durante boa parte do século XIX sustentada na produção de alimentos para o mercado interno, era tida como fronteira e às vezes aceiro aos avanços da cafeicultura. No município francano, a chegada da ferrovia – Companhia Mogiana –, em 1887, impulsionou os proprietários de terras a plantarem lavouras de café em escala maior do que até então era comum. Alguns produtores, daí em diante, formaram suas lavouras não somente para atender o consumo da população local, mas direcionavam os excedentes à exportação. (TOSI, 2003) No nordeste paulista, nos últimos anos do império aos primeiros da república a cafeicultura vai além do gasto da população – como era dito – e passou a ocupar os vagões da ferrovia a caminho da exportação. A dinâmica da cafeicultura ligou a região ao mercado externo, e, ao mesmo tempo, promoveu a retroalimentação dos setores destinados ao abastecimento interno, como a pecuária e a agricultura de alimentos. (OLIVEIRA, 2006) O ingresso gradativo do município de Franca ao complexo cafeeiro deveu-se, entre outros fatores, aos preços crescentes da rubiácea no mercado internacional nos primeiros anos da república (DELFIM NETO, 2009), aos custos menores do transporte (MATOS, 1974; MILLIET, 1941), somados à disponibilidade de terras. Além disso, deve-se levar em conta o crescimento vegetativo da população (basicamente rural) e a agregação de estrangeiros. (OLIVEIRA, 2006:172-214; FALEIROS, 2009) Foi somente a partir de 1870 que as notícias sobre o café ganharam espaço nos jornais da cidade (LIMA, 1973), bem como as anotações nos inventários post-mortem. Na década de 1880, os maiores proprietários de terras ainda não tinham se aventurado a plantar grandes lavouras de café, mantendo a pecuária como atividade principal (somando-se os derivados e a agricultura). Os fazendeiros francanos preservavam, em boa medida, o perfil tradicional das propriedades. A habitual auto-suficiência das fazendas, que trazia segurança aos proprietários, teria sido importante fator da manutenção das práticas econômicas arraigadas. Houve resistência dos fazendeiros em fazer investimentos vultosos em uma nova lavoura – o café -, cujos resultados dependiam: das oscilações dos preços internacionais, das políticas governamentais (incluindo as manipulações do câmbio) e das espertezas dos atacadistas e comissários. Assim sendo, foram miúdos os passos dados em direção à cafeicultura, se comparado ao município vizinho de Ribeirão Preto (MARCONDES, 2007; LOPES, 2008). Nos inventários post-mortem do município de Franca, entre 1890-1900, foram quantificados de 188.199 pés de café, o que resulta em uma média de 8.179 pés por inventário (moda e mediana: 4.000 pés) (Tabela 1). Caso típico é o de Ana Ludovina da Assunção. Em 1897, consta no seu inventário 9.700 pés de café, que representava 10% do valor de seus bens, enquanto os animais (bovinos, equinos e suínos) correspondiam a 7,72% e as terras e benfeitorias constituíam a parte mais representativa da riqueza (82,28%, totalizando 155:089$000 (cento e cinquenta e cinco contos e oitenta e nove réis). 1 A Tabela 2 demonstra os principais cafeicultores da última década do século XIX (1890-1890). Uma grande lavoura – considerando a região – somava 210.000 pés de café, o que certamente era uma exceção. As demais variavam em torno da média acima citada. Percebe-se que os investimentos seguiram crescendo, haja vista as quantidades de arrobas embarcadas na ferrovia 2 (Tabela 7). Mas, os passos eram dados com certa parcimônia, diante da conjuntura propícia os preços da exportação e da disponibilidade de créditos. Isso tudo sem prejuízo da saída – também via ferrovia – dos produtos destinados ao mercado interno (alimentos, animais, toucinho, fumo: ver Tabelas 8, 9, 10 e 11). Na virada do século XIX para o XX eram paupáveis os danos (e os bônus menos visíveis) decorrentes das estripulias implementadas pelos republicanos. “O panorama econômico do novo regime, especialmente em vista dos sonhos e promessas que havia produzido, parecia trazer apenas perplexidade e desalento”. (FRANCO, 2012:182) “... a situação geral da economia não era nada boa, sobretudo em São Paulo (...): o excesso de crescimento no plantio de café expandia demasiadamente a oferta e fazia cair os preços, com isso depreciando ainda mais o câmbio e fazendo crescer a inflação. A produção de café tinha aumentado de uma média de cerca de 2,8 milhões de sacas em 1890-1896 para 6 milhões entre 1897 e 1900, deixando evidente que havia um desequilíbrio ‘estrutural’ no mercado de café, com uma tendência à superprodução apenas agravada pela depreciação progressiva do mil-réis.” (FRANCO, 2012:183) Havia um desequilíbrio entre a crescente oferta do café brasileiro e a capacidade de absorção do mercando internacional. Somado a isso a adoção de políticas governamentais (influenciadas pela miopia da elite cafeeira), entre elas as depreciações 1 AHMF – INV. – Inventariado: Ana Ludovina da Assunção. Inventariante: João Diogo Garcia Martins. Processo 68, 1º Ofício, 1897. 2 Os dados referentes aos carregamentos da ferrovia – Companhia Mogiana – foram gentilmente cedidos pelo Prof. Dr. Pedro Geraldo Tosi, docente da UNESP-Universidade Estadual Paulista. exageradas do câmbio, visando a manutenção das exportações. Na prática incentivava novos investimentos no complexo cafeeiro. “A coincidência de uma queda mais rápida do câmbio do que dos preços do café criou condições para a expansão da cultura cafeeira quando o mercado já não podia absorver a quantidade de café produzida a não ser a níveis ínfimos de preços. (...) Se tomarmos a média da produção entre as safras de 1900-01 e 1903-04, quando todo o cafezal se tornou adulto, encontraremos 12,7 milhões de sacas. A elevação dos preços havia, portanto, dobrado a produção brasileira em menos de 10 anos.” (DELFIM NETO, 2009:35) Era preciso um ajuste no sistema bancário, no controle inflação (vista aqui como o aumento dos preços dos importados decorrentes das desvalorizações do mil-réis), do problema fiscal, tudo somado à superprodução cafeeira que derrubava os preços deste importante produto de exportação. Resultado: adoção de uma política deflacionária e saneamento das finanças pelos ministros da Fazenda Rodrigues Alves e Joaquim Murtinho, a partir dos diagnósticos: “(...) conforme trechos clássicos de relatórios da Fazenda [de Joaquim Murtinho], [os problemas] tinham a ver com o ‘excesso de emissões’, que produziu ‘uma pseudoabandância de capitais’ e, como resultado disso, o ‘estabelecimento de indústrias artificiais e a organização agrícola para a produção exagerada de café.”(LUZ, 1980:21 apud FRANCO, 2012:190) As possíveis soluções viriam do chamado “darwinismo econômico”: “tratava-se de deixar perecer essas indústrias e de operar uma redução na produção de café, de modo a promover ‘a concorrência entre os diversos lavradores, produzindo por meio de liquidações a seleção natural, manifestada pelo desaparecimento dos inferiores e pela permanência dos superiores.” (LUZ, 1980:21 apud FRANCO, 2012:190) Juntamente com os ajustes parcialmente alcançados com a política recessiva calhou a melhora do contexto internacional entre 1902-1906 – Rodrigues Alves presidente e Leopoldo Bulhões ministro da fazenda – facilitando a captação de empréstimos e investimentos externos. Mas, ampliavam os desafios da cafeicultura, resultando no famoso Convênio de Taubaté (1906) – “política de aquisição financiada e retenção de estoques excedentes de café, visando a sustentação dos preços”. (FRANCO, 2012:194) Flagrante contradição entre a política ortodoxa do governo e o poder dos cafeicultores. Destarte as polêmicas e análises econômicas e históricas sobre o Convênio, fato é que até 1913 os preços do café exportado foram crescentes. As grandes negociatas que visavam a proteção da cafeicultura, nas duas décadas iniciais do século XX – 1900-1920 -, influenciaram de forma parcial os investimentos na fronteira agrícola. No município de Franca, os investimentos continuaram gradativos (e não desenfreados), sendo que os principais cafeicultores não faziam frente aos grandes produtores de outros municípios do estado, como Ribeirão Preto, Sertãozinho (ver Tabela 6) e Casa Branca (FONTANARI, 2012). Em Franca, na década de 1901-1910, constatava-se 340.858 cafeeiros registrados em inventários post-mortem. Nesse período, a média de pós por inventário, passou para 13.109 unidades (lembrando que na década de 1890-1900 a média era de 8.179 pés) (Tabela 1). Maria Baldasari era uma cafeicultura de padrão médio nos anos 1901-1910. Possuía 14.000 pés de café, avaliados em 3:500$000, que correspondia a 18,45% do total de seus bens. O restante era composto de imóveis (13:863$000), benfeitorias (400$000), estoques de café e cereais (1:099$470) e objetos pessoais (100$000). 3 Na outra década -1911-1920 – o total de pés de café registrados nos inventários aumentou para 1.870.270 unidades. No entanto, a média de pés de café por inventário passou a ser de 30.165. Um produtor com lavoura corresponde à média, entre 1911-1920, era Theodoro Martinês Tristão que possuía 31.423 cafeeiros, avaliados em 35:000$000. Além da lavoura possuía em suas propriedades 50 bovinos e 2 equinos (5:475$000). Contudo, o valor dos seus bens concentrava-se em imóveis rurais e urbanos, que somavam 3 AHMF – INV. – Inventariada: Maria Baldassari. Proc. 779, 2º Ofício, 1908. 127:900$000. O proprietário também possuía 12:100$000 em dinheiro. Os cafezais tinham o peso de 19,33% no total da riqueza. 4 Há que se considerar havia alguns poucos proprietários rurais concentravam boa parte das lavouras o que certamente destorce os valores médios. A realidade era que a predominância das lavouras – cálculo da moda – ficava em torno de 4.000 pés, e a mediana 4.500 (Tabela 1). Conforme a Tabela 5, no período 1890-1920 a maioria dos proprietários (53,12%) eram pequenos plantadores de café, que possuíam até 5.000 pés. Em contrapartida, alguns poucos produtores concentravam as grandes lavouras: 5,4% tinham entre 100.000 e 400.000 pés. Percebe-se, então, uma pulverização não equitativa do número de pés de café entre pequenos, médios e grandes proprietários. E mesmo entre os grandes donos de terras os investimentos não eram focados somente na rubiácea. Ou seja, a continuidade da produção de alimentos para o mercado interno permaneceu frequente, conforme os dados da ferrovia até 1918 (Tabelas 7 a 11). Ao retornar à conjuntura, após o fim da Primeira Guerra a economia brasileira sofreu um vai-e-vem de situações entre expectativas favoráveis e necessidades de ajustes frente o novo panorama internacional que visava a estabilização e a modernização dos setores financeiros e produtivos. Ora a prioridade era a continuidade da proteção da cafeicultura mesmo diante de safras cada vez maiores, o que tornava um círculo vicioso: novos empréstimos internacionais para financiar estoques e a chegada de safras volumosas que requeriam a ampliação desta política. Ora “empreender soluções possíveis na ausência de apoio externo [como] uma violenta contração de crédito, especialmente durante 1925 e 1926, apenas comparável à empreendida por Joaquim Murtinho na virada do século.” (FRANCO, 2012:216) Conforme as estatísticas do governo do estado de São Paulo sobre o número de cafeeiros produzindo na década de 1920 (Tabela 6) – comparando-se com outros municípios – no caso de Franca o crescimento foi gradativo a exemplo das décadas anteriores. Muito provavelmente grande parte das lavouras de café já estavam formadas e os novos investimentos não teriam sido muito vultosos, mesmo ainda havendo terras disponíveis. A “concorrência” com os investimentos tradicionais e o comedimento dos proprietários fazia da região um aceiro à expansão desregrada da cafeicultura paulista 4 AHMF – INV. – Inventariado: Theodoro Martinês Tristão. Inventariante: Maris Christina de Jesus. Proc. 969, 2º Ofício, 1919. (infelizmente aqui faltam comparações com estudos sobre o lado mineiro da fronteira – Minas Gerais). Pelo exposto, é notório que, durante o período tratado 1889-1930, a cafeicultura ganhou importância considerável no município de Franca. Mas, os proprietários continuaram a partilhar suas terras em investimentos diferenciados, como sempre fizeram desde longa data. Os negócios com o gado bovino, ramo mais tradicional ao norte do rio Sapucaí (Município de Franca e arredores), servia como uma atividade mais segura diante dos possíveis reveses do mercado. A produção de cereais abastecia as famílias dos proprietários, dos empregados (agregados, colonos) e gerava lucros com os excedentes. O café servia como uma atividade rentável, porém, sensível às variações de preços e de produção decorrentes do clima como as geadas. Dois exemplos típicos podem dar boa noção sobre as estratégias adotadas pelos proprietários de terras. O primeiro exemplo, a fazenda Sapucahy (Tabela 12), que em 1916, pertencia a Dominiciano José da Silva e dona Maria Hipólita Nogueira, localizada no município de Patrocínio Paulista (divisa com Franca), à oeste da Serra da Cubiça – Latitude 20º e Longitude 47º - era uma vasta extensão de terras, sendo 160 alqueires de cultura e 1ª sorte, 1.284 alqueires de 2ª sorte, 210 alqueires de 3ª sorte, e, mais 300 alqueires de serrado (4.781.92.00 hectares). Tudo somava 141:530$000. Conforme as técnicas de plantio da época, 1.000 pés de café ocupava 1.00.00 (um) hectare de terra. Entre um pé de café e outro a distância seria de 3 metros. Entre as leiras 4 metros (mais ou menos). Assim, Domiciano José da Silva que tinha uma lavoura considerada grande para a região – 197.000 pés – ocupava consequentemente 197.00.00 hectares, ou, apenas 4,12% das terras em cafezais. Ao realizar o cálculo somente sobre as terras de 1ª sorte – 441.40.00 hectares – a utilização era de 44,67% destas. A lavoura estava em fase crescimento. Os investimentos não eram feitos de uma só vez. Em torno de 90.000 pés de café já estavam formados e em produção (45,68%). A outra parte, composta de 66.000 pés (54,32%) estava em formação, entre 1 ano e meio e 2 anos. O mesmo proprietário investia em gado de criar, de corte e de “lida” (trabalho). O rebanho era composto por 250 vacas criadeiras, 190 bezerros, 440 garrotes de 2 a 3 anos, 60 bois de carro, 40 burros e 4 poltros em amançamento (estes animais novos). Boa parte da dinâmica da fazenda estava na produção de queijos e criação de animais para o corte. O segundo exemplo, seria o proprietário Joaquim Garcia Lopes da Silva dono das fazendas Santa Amélia, Jaguarão e Buritys (Tabela 13), no município de Franca Na primeira – Santa Amélia – localizavam-se as lavouras de café, num total de 193.000 pés. Ou seja, dos 295.24.00 hectares 65,42% era ocupado pela cafeicultura. As demais áreas desta fazenda (34,58%), como das demais fazendas – Jaguarão e Buritys – destinavam-se ao gado de criar e de corte. O mesmo proprietário, em 1911, tinha em estoque: café, milho, arroz e feijão. Ao conhecer os dados sobre as fazendas espalhadas pelo município de Franca e arredores (Tabelas 14 e 15) percebe-se a convivência de grandes e pequenas propriedades que conjugavam pequenas plantações de café e a criação de poucos animais. Para os donos das menores partes de terras (conforme Tabelas 14 e 15) a decisão de permancer somente na pecuária e na produção de alimentos ou ampliar as atividades com a cafeicultura não resultava propriamente da qualidade do solo que possuía. Para estes as práticas tradicionais de subsistência ou destinadas ao mercado interno garantia a sobrevivência básica. As moitas de café ou pequenas lavouras resultavam, ao fim e ao cabo, da somatória das atividades econômicas. Ou seja, havia as rendas regulares e as esporádicas e variáveis. Estas vinham da cafeicultura, que demandavam o uso da mão de obra familiar, da troca de dias de trabalho entre vizinhos, das parcerias com arrendatários ou meeiros. Os roceiros utilizavam o solo que tinham, sem muitas opções, a necessidade falava mais alto. Derrubavam o mato, a capoeira ou o serrado, ou seja, a terra disponível e virgem para as pequenas plantações. Os maiores produtores de café, além de possuírem terras em maior quantidade – ou de melhor qualidade – dispunham de recursos financeiros próprios oriundos dos ganhos da criação de gado de corte (por exemplo), de créditos disponíveis no mercado e controle da mão de obra via colonado. Como não havia grandes diferenças brutais da qualidade do solo e das demais condições geográficas, os proprietários utilizavam suas terras ao norte do rio Sapucaí priorizando a sobrevivência e as práticas tradicionais de longa data empreendidas na região (especialmente a pecuária e a produção de alimentos), dando passos gradativos em direção à cafeicultura, sem serem atraídos pela monocultura. Boa parte dos solos férteis permaneceram “reservados” ou serviam de pasto para o gado. Enfim, a adoção das políticas econômicas adotadas pelo governo brasileiro (boa parte influenciadas pelo contexto internacional) vis à vis à rotina econômica da região de Franca mostraram-se em boa parte desconexas. Os ritmos temporais dos incentivos e/ou intervenções sofreram um misto de aceitações e resistências quanto aos investimentos na cafeicultura (economia de exportação), nas conveniências em sustentar a produção para o mercado interno, na permanência de pequenas e médias propriedades rurais paralelas aos latifúndios, além dos investimentos comedidos com integração parcial ao complexo cafeeiro implantado no sudeste brasileiro. ANEXOS Tabela 1 Número total, média, mediana, moda e taxas de crescimento pés de café nos inventários post-mortem - 1890-1920 Total Tx. Média Tx. Mediana Tx. Moda Cresc/to Cresc/to Cresc/to 1890-1900 188.119 100,00 8.179 100,00 4.000 100,00 4.000 1901-1910 340.858 181,13 13.109 160,28 4.500 112,50 3.000 1911-1920 1.870.270 993,84 30.165 368,82 7.000 175,01 2.000 1890-1920 2.399.227 21.614 5.000 2.000 Fonte: AHMF - Arquivo Histórico Municipal de Franca HMF – Inventários post-mortem. Tabela 2 - Maiores cafeicultores de Franca (1890-1900) Proprietário Valor das Nº de propriedades cafeeiros rurais 1893 Manoel Claudiano Ferreira Martins 771:678$000 210.113 1898 José Guerner de Almeida 60:500$000 160.000 1897 Joaquim Valim de Melo 50:000$000 45.000 1898 João Alexandre Dias 120:000$000 80.000 1897 Joaquim Correa Leite 1:850$000 65.625 1898 Álvaro de Lima Guimarães Garcia 19:500$000 87.000 1899 Pacífico da Silva Diniz 24:700$000 47.000 1893 Saturnino Dias Telles de Castro 98:200$000 61.000 1896 Amélia Augusta Garcia Lopes 111:650$000 60.000 1895 José Gil Pedroso da Silva 15:170$000 ? 1896 Anna Rosa de Jesus 1:355$680 9.700 1896 Joaquim Alves da Fé 33:800$000 1.500 1897 Ezequiel Cláudio Moreira 20:000$000 4.500 1896 Vicenzo Sgarbi 11:500$000 23.800 1898 Flausina Custódio da Conceição 12:000$000 10.000 1897 Anna Ludovina da Assumpção 100:000$000 9.700 Fonte: FALEIROS (2008) – Inventários 1º e 2º Ofício Cível, 1890-1900. Ano Tx. Cresc/to 100,00 75,00 50,00 - Valor dos cafezais 130:583$000 80:800$000 73:800$000 69:933$000 45:800$000 45:800$000 44:000$000 43:275$000 42:000$000 22:280$000 19:400$000 14:500$000 12:000$000 11:690$000 10:000$000 8:000$000 Tabela 3 Maiores produtores de café – Franca(SP) - 1901 Cafeicultor João de Faria (Dr.) Cândido Cyrino de Oliveira Hygino de Oliveira Caleiro Brandão & Irmão João T. Pinto de Carvalho Affonso de Lima Guimarães José Alves Guimarães Júnior (Dr.) João M. Alves Nepomuceno Leopoldo Pilares Martiniano Francisco da Costa Manuel Dias do Prado Vicente de Carvalho (Dr.) Gastão de Souza Mesquita (Dr.) André Martins & Andrade Vilella Antonio Flávio Martins Ferreira Francisco Ultramar Vallim Joaquim Garcia Lopes da Silva José Pereira Leite da Silva Antônio da Costa Valle Andrade Silva & Cia. Aristides da Silva Belém Candido Ramos Ferreira de Abreu Elias Antonio Elizeu Moreira Francisco Gomes dos Reis Gabriel A. Costa & Irmão Luciano Vieira Santiago José Christiano Barreto José Diniz de Medeiros Ordem 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 Total Fonte: M. Franco (org.). Almanach da Franca (1902). p. 177-84. Pés de café 185.000 170.000 130.000 100.000 90.000 80.000 80.000 70.000 70.000 70.000 70.000 70.000 65.000 60.000 60.000 60.000 60.000 52.000 52.000 50.000 50.000 50.000 50.000 50.000 50.000 50.000 50.000 50.000 2.044.000 Tabela 4 Maiores produtores de café de Ribeirão Preto(SP) - 1914 Ordem Cafeicultor Pés de café Arrobas 1 Cel. Francisco Schimidt(*) 6.075.500 405.700 2 Cia. Agrícola Dumont(*) 3.999.990 301.000 3 Dr. Martinho Prado Júnior (herdeiros) 2.112.700 160.000 4 D. Francisca do Val 977.000 60.000 5 Cel. Manoel Maximiano Junqueira 696.000 50.000 6 D. Iria Alves Ferreira 693.000 48.000 7 Cel. Joaquim da Cunha Diniz Junqueira 650.000 50.000 8 Cel. Joaquim Firmino Diniz Junqueira 634.400 50.000 9 Cel. Francisco Maximiano Junqueira 624.859 43.000 10 Macedo & Cia. 600.000 42.000 11 Uchôa & Irmão 500.000 40.000 Total 17.563.449 1.258.700 (*) inclui Sertãozinho. Fonte: Almanach Ilustrado de Ribeirão Preto. Ribeirão Preto: Sá Manaia & Cia, 1914 apud Luciana Suarez Galvão Pinto. Ribeirão Preto: a dinâmica da economia cafeeira de 1870 a 1930, p.84. Tabela 5 Distribuição do número de pés de café por inventário 1890-1920 Pés de café Número de inventários % de inventários 30 - 1.000 17 15,31 1.001 a 2.000 17 15,31 2.001 a 3.000 09 8,10 3.001 a 4.000 07 6,30 4.001 a 5.000 09 8,10 5.001 a 10.000 19 17,11 10.001 a 15.000 10 9,00 15.001 a 20.000 03 2,70 20.001 a 30.000 05 4,50 30.001 a 40.000 03 2,70 40.001 a 50.000 02 1,80 50.001 a 100.000 04 3,60 100.001 a 200.000 04 3,60 200.001 a 300.000 01 0,90 300.001 a 400.000 01 0,90 Totais 111 100,00 Fonte: AHMF - Arquivo Histórico Municipal de Franca HMF – Inventários post-mortem. Tabela 6 Número de cafeeiros produzindo – Nordeste do Estado de São Paulo - 1909-1930 Anos/Municípios Franca Patrocínio Pta. Batatais Ribeirão Preto 9.737.200 31.394.365 Sertãozinho 15.620.000 1919-1920 11.727.800 2.502.000 1920-1921 11.730.000 2.502.000 9.737.200 31.394.365 15.620.000 1921-1922 11.730.000 2.500.000 7.243.000 31.395.000 15.620.000 1922-1923 9.438.200 2.500.000 7.243.000 31.395.000 15.620.000 1923-1924 12.000.000 2.500.000 6.831.000 31.395.000 15.620.000 1924-1925 12.000.000 2.500.000 6.831.000 31.395.000 15.620.000 1925-1926 12.364.000 2.500.000 6.831.000 29.427.000 17.674.000 1926-1927 14.895.000 2.690.350 7.500.000 29.427.000 17.674.000 1927-1928 14.895.000 2.690.350 7.800.000 29.427.000 17.674.000 1928-1929 15.265.400 2.392.250 9.253.360 31.202.345 15.260.500 FONTE: SECRETARIA DA AGRICULTURA, INDÚSTRIA E COMMÉRCIO DO ESTADO DE SÃO PAULO. DIRECTORIA DE INDÚSTRIA E COMMÉRCIO. O CAFÉ. ESTATÍSTICA DE PRODUÇÃO E COMÉRCIO, 1929. SÃO PAULO: Escolas Profissionais do Lyceu Corações de Jesus, 1930. Tabela 7 Taxa de crescimento – Café embarcado na Mogiana (Estação Franca) – Ton. 1890-1917 – (Ano 1890 = base 100) Período Tonelada % Tx. Crescimento 1890 285,31 285,31 100 1891 780,26 173,48 273,48 1892 654,55 -16,11 229,42 1893 842,35 28,69 295,24 1894 912,31 8,31 319,77 1895 2238,96 145,42 784,78 1896 3772,49 68,49 1322,28 1897 4998,92 32,51 1752,15 1898 4784,91 -4,28 1677,16 1899 4784,91 0 1677,16 1900 7284,55 52,24 2553,31 1901 8565,03 17,58 3002,18 1902 9755,31 13,9 3419,48 1903 8389,06 -14,01 2940,41 1904 6923,3 -17,47 2426,72 1905 5490,61 -20,69 1924,63 1906 8469,1 54,25 2968,74 1907 11007,52 29,97 3858,47 1908 6625,63 -39,81 2322,41 1909 9663,6 45,85 3387,23 1910 5297,32 -45,18 1856,88 1911 5692,22 7,45 1995,22 1912 5935,37 4,27 2080,42 1913 7188,41 21,11 2519,6 1914 5873,35 -18,29 2058,77 1915 8745,98 48,91 3065,71 1916 4852,44 -44,52 1700,86 1917 6315,16 30,14 2213,5 Fonte: RCM – Relatórios da Diretoria da Companhia Mogyana de Estradas de Ferro. Tabela 8 Taxa de crescimento – Alimentos embarcados na Mogiana (Estação Franca) – Ton. 1890-1917 – (Ano 1890 = base 100) Período Tonelada % 1900 2.149,94 2.149,94 1901 2.433,95 13,21 1902 1.987,06 -18,36 1903 1.981,02 -0,30 1904 2.062,99 4,14 1905 2.604,45 26,25 1906 1.786,72 -31,40 1907 2.911,94 62,98 1908 3.455,57 18,67 1909 2.939,67 -14,93 1910 1.448,38 -50,73 1911 1.578,18 8,96 1912 1.622,74 2,82 1913 2.520,66 55,33 1914 2.270,99 -9,90 1915 2.501,39 10,15 1916 3.347,75 33,84 1917 2.999,15 -10,41 Fonte: RCM – Relatórios da Diretoria da Companhia Mogyana de Estradas de Ferro. Tx. Crescimento 100,00 113,21 92,42 92,14 95,95 121,14 83,10 135,44 160,73 136,73 67,37 73,41 75,48 117,24 105,63 116,35 155,72 139,51 Tabela 9 Taxa de crescimento – Animais embarcados na Mogiana (Estação Franca) – Ton. 1890-1917 – (Ano 1890 = base 100) Período Tonelada % 1890 2556 2556 1891 3174 24,18 1892 3179 0,16 1893 8933 181 1894 4731 -47,04 1895 3659 -22,66 1896 696 -80,98 1897 1285 84,63 1898 483 -62,41 1899 483 0 1900 1141 136,23 1901 817 -28,4 1902 2190 168,05 1903 6931 216,48 1904 4400 -36,52 1905 6527 48,34 1906 5541 -15,11 1907 5235 -5,52 1908 3564 -31,92 1909 1875 -47,39 1910 2405 28,27 1911 2299 -4,41 1912 6923 201,13 1913 3452 -50,14 1914 3781 9,53 1915 2887 -23,64 1916 1598 -44,65 1917 1057 -33,85 Fonte: RCM – Relatórios da Diretoria da Companhia Mogyana de Estradas de Ferro. Tabela 10 Taxa de crescimento – Toucinho embarcado na Mogiana (Estação Franca) – Ton. 1890-1917 – (Ano 1890 = base 100) Período Tonelada % 1890 135,47 135,47 1891 37,96 -71,98 1892 90,16 137,51 1893 127,71 41,65 1894 82,99 -35,02 1895 10,89 -86,88 1896 73,18 571,99 1897 38,02 -48,05 1898 16,03 -57,84 1899 16,03 0 1900 60,18 275,42 1901 28,17 -53,19 1902 44,206 56,93 1903 30,25 -31,57 1904 21,18 -29,98 1905 26,9 27,01 1906 68,57 154,91 1907 87,29 27,3 1908 58,03 -33,52 1909 30,53 -47,39 1910 29,43 -3,6 1911 33,25 12,98 1912 63,2 90,08 1913 120,51 90,68 1914 43,88 -63,59 1915 48,35 10,19 1916 19,8 -59,05 1917 28,32 43,03 Fonte: RCM – Relatórios da Diretoria da Companhia Mogyana de Estradas de Ferro. Tx. Crescimento 100 124,18 124,38 349,51 185,1 143,16 27,23 50,27 18,9 18,9 44,65 31,97 85,7 271,22 172,17 255,4 216,81 204,84 139,46 73,37 94,11 89,96 270,9 135,07 147,94 112,97 62,53 41,36 Tx. Crescimento 100 28,02 66,55 94,27 61,26 8,04 54,03 28,07 11,83 11,83 44,41 20,79 32,63 22,33 15,64 19,86 50,63 64,45 42,85 22,54 21,73 24,55 46,66 88,97 32,39 35,69 14,62 20,91 Tabela 11 Taxa de crescimento – Fumo embarcado na Mogiana (Estação Franca) – Ton. 1890-1917 – (Ano 1890 = base 100) Período Tonelada % 1890 13,52 13,52 1891 7,58 -43,93 1892 2,18 -71,24 1893 11,49 427,06 1894 4,11 -64,23 1895 8,27 101,22 1896 10,82 30,83 1897 15,94 47,32 1898 14,74 -7,53 1899 14,74 0 1900 5,92 -59,84 1901 6,91 16,72 1902 9,44 36,61 1903 23,45 148,41 1904 18,95 -19,19 1905 12,54 -33,83 1906 16,98 35,41 1907 33,25 95,82 1908 39,72 19,46 1909 15,54 -60,88 1910 15,99 2,9 1911 24,18 51,22 1912 31,39 29,82 1913 54,7 74,26 1914 31,5 -42,41 1915 35,4 12,38 1916 37,28 5,31 1917 44,48 19,31 Fonte: RCM – Relatórios da Diretoria da Companhia Mogyana de Estradas de Ferro. Tabela 12 Fazenda Sapucay (Cubiça) – 1916 Alqueires Hectares Qualidade da terra 170 441.40.00 Cultura de 1ª sorte 1.284 3.107.28.00 Terras de 2ª sorte 210 508.20.00 Terras de 3ª sorte 300 726.00.00 Serrado 6 14.52.00 ? 3 7.26.00 Terras de campo ? ? Uma gleba de terras Nº de pés de café Condições do cafezal 41.000 Pés de café de 2 anos 40.000 Pés de café formados 66.000 Pés de café de 1 ano e meio 50.000 Pés de café formados em bom estado Gado 60 Bois de carro 250 Vacas criadeiras 190 Bezerros 440 Garrotes de 2 a 3 anos 45 Burros 4 Poltros (em amansamento) Fonte: AHMF – INV. Tx. Crescimento 100 56,07 16,13 85,01 30,41 61,19 80,05 117,93 109,05 109,05 43,79 51,11 69,82 173,44 140,16 92,74 125,58 245,91 293,76 114,92 118,25 178,82 232,14 404,53 232,97 261,81 275,71 328,95 Valor (1.000 réis) 51:600$000 60:480$000 16:800$000 9:000$000 450$000 200$000 3:000$000 Valor (em 1.000 réis) 16:800$000 32:000$000 17:200$000 40:000$000 4:800$000 12:000$000 3:040$000 17:600$000 5:400$000 320$000 Tabela 13 FAZENDAS Santa Amélia, Jaguarão e Buritys Fazendas Sta. Amélia Sta. Amélia Sta. Amélia Sta. Amélia Sta. Amélia 30 2 7,5 18 44 72.60.00 4.84.00 19.36.00 43.56.00 106.48.00 Sta. Amélia 20 48.40.00 155 80 3 50 350 193.60.00 193.60.00 7.26.00 121.00.00 847.00.00 Jaguarão Jaguarão Jaguarão Buritys Buritys Fazenda Faz. Sta. Amélia Faz. Sta. Amélia Faz. Sta. Amélia Faz. Sta. Amélia 68 15 2 59 20 96 39 55 28 4 1 6 4 9 42 70 500 100 12.000 Fonte: AHMF – INV. Terras de cultura Terra de cultura (arados) Terras emparelhadas Terras de cultura em pasto Terras de campo (em campim gordura) Terras de campo (em capim gordura) Terras de cultura Terras de campo Terras c/benfeitorias Terras de cultura Terras de campo 760 1.839.20.00 Nº pés de café Condições do cafezal 95.000 Pés de café 19.000 Pés de café com 2 anos 60.000 Pés de café c/terreno 19.000 Pés de café c/ terreno GADO Bois de carro Bois velhos Touros Vacas Bezerras Bezerros Garrotes Novilhas Burros Bestas Jumento Cavalos Poltros Éguas Porcos ESTOQUES Carros de milho Sacos de arroz em casca Sacos de feijão Arrobas de café 6:000$000 500$000 1:125$000 1:440$000 2:200$000 500$000 21:550$000 4:000$000 3:500$000 4:500$000 11:250$000 56:565$000 Valor (1.000 réis) 85:500$000 3.800$000 42:000$000 2:850$000 6:120$000 1:050$000 140$000 3:235$000 315$000 5:280$000 780$000 1:920$000 3:680$000 500$000 350$000 500$000 200$000 390$000 975$000 1:920$000 5:500$000 200$000 60:000$000 Proc. 1º Tabela 14 Fazendas produtoras de café e gado (Cartório 1º Ofício) Ano Nome da Fazenda Café Gado Ofício 63 112 297 411 466 569 572 574 580 582 586 588 1891 1894 1891 1896 1897 1890 1891 1891 1892 1892 1893 1893 Ribeirão da Pinguela Capão Comprido Ribeirão Corrente Tamboril Fazenda Salgado Casa Seca Matta do Jacob Bom Jardim Ribeirão Corrente Fazenda Alegria Boa Vista Fazenda dos Christaes 705 754 760 787 799 805 811 813 823 849 850 1904 1895 1908 1908 1909 1910 1911 1911 1911 1913 1912 856 861 875 887 1912 1914 1915 1916 Fazenda Retiro Fazenda Matta Canta Galo Fazenda Chapadão Pouso Alto Faz. Jm. Camilo Leite Borda da Mata Ressaquinha Pouso Alegre Faz. das Goiabas Faz. Pitangueiras (margem direita do córrego Buritys Capão do Açude Córrego da Onça Faz. Salgado Faz. dosChristaes 926 957 969 969 970 1916 1919 1919 1919 1920 Fazenda Macahúbas Lageado Sítio Bom Jardim São Roque Mata da Palestina 1158 1192 1195 1916 1920 1920 Paraíso / Barra Corrego Fundo Vaca Morta Fonte: AHMF – Inventários post-mortem – 1890-1920. 14.000 Moita de café Café empreitado 5.000 200 10.000 Cafés velhos 3.000 800 3 9 4 39 8 19 52 18 14 10 17 261 28 5 20 49 35 7 22 17 20 110 Cafezal 13.000 6.000 Vários pés de café 3.800 2.000 54.000 Lavouras de café 11.000 5.000 290 283 24 44 26 52 62 95 8 Proc. 2º Ofício Tabela 15 Fazendas produtoras de café e gado (Cartório 2º Ofício) Ano Nomes das Fazendas Café 83 90 19 1900 1916 1900 Brejo Grande Cachoeira Capão Comprido 66 79 100 103 107 108 116 131 137 148 150 166 178 186 207 221 262 295 321 323 368 1918 1912 1909 1917 1917 1891 1896 1896 1918 1918 1920 1914 1892 1899 1919 1892 1910 1911 1904 1916 1916 Matinha / Queiroz Bordas da Mata Cotia São Tomé Pitangueiras Chapadão Buritys Monjolo Alto da Palestina Fazenda das Almas Cabeiceira do Salgado Córrego das Almas Córrego D’água Mamão Pitangueiras Quilombos Cabeceira dos Coqueiros Bela Vista Potreiro Taquaral Córrego da Onça Fonte: AHMF – Inventários post-mortem – 1890-1920. Cafezal Velho 40.000 Estoque de café 25.000 15.000 2.000 7.000 Gado 21 17 21 12 70 3 2 26 190 1.500 1.000 14.000 7.000 Cafezal 4.000 12.000 7.000 Cafezal 118.000 4.750 74 55 8 20 43 6 50 27 37 40 32 FONTES MANUSCRITAS AHMF - Arquivo Histórico Municipal de Franca Capitão Hypólito Antônio Pinheiro - 750 Inventários – INV. (Partilhas) post-mortem – 1º e 2º Ofício Cível FONTES IMPRESSAS SECRETARIA DA AGRICULTURA, INDÚSTRIA E COMMÉRCIO DO ESTADO DE SÃO PAULO. DIRECTORIA DE INDÚSTRIA E COMMÉRCIO. O CAFÉ. ESTATÍSTICA DE PRODUÇÃO E COMÉRCIO, 1929. SÃO PAULO: Escolas Profissionais do Lyceu Corações de Jesus, 1930. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BARBOSA, Rui. Finanças e política na República, discursos e escritos. Rio de Janeiro: Companhia Impressora, 1892. BRITO, Fausto. Crescimento demográfico e migrações na transição para o trabalho assalariado no Brasil. Revista Brasileira de Estudos Populacionais, Campinas, v.21, n.1, p.5-20, jan./jun. 2004. DELFIM NETO, Antônio. O problema do café no Brasil. 3.ed. Campinas: UNESP; FACAMP, 2009. FONTANARI, Rodrigo. O problema do financiamento: uma análise sobre o crédito no complexo cafeeiro paulista – Casa Branca, 1874-1914. São Paulo: Unesp/Cultura Acadêmica, 2012. FRANCO, Gustado H. B. A economia em Machado de Assis: o olhar oblíquo do acionista. Rio de Janeiro: J.Z.E., 2008. FRANCO, Gustavo H. B.; LAGO, Luiz Aranha Corrêa do. O processo econômico. A economia da Primeira República, 1889-1930. In: SCHWARCZ, Lilia Mortiz. História do Brasil nação: 1808-2010. A abertura para o mundo, 1889-1930. Rio de Janeiro: Objetiva, 2012. V.3. FURTADO, Celso. Formação econômica do Brasil. 20.ed. São Paulo: Nacional, 1985. LIMA, Sílvia Maria Jacintho. Transformações na pecuária bovina paulista: o exemplo da região de Franca. Franca: 1973. Tese (Doutorado em Geografia)- Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Franca, 1973. LOPES, Luciana Suarez. Café, riqueza e famílias. Ribeirão Preto na segunda metade do século XIX. História e Economia Revista Interdisciplinar, v.4, p.133-156, 2008. MARCONDES, Renato Leite. O café em Ribeirão Preto (1890-1940). História Econômica & História de Empresas, v. 10, p.171-192, 2007. OLIVEIRA, Lélio Luiz de. Heranças guardadas e transições ponderadas. História econômica do interior paulista, 1890-1920. Franca: UNESP-FHDSS; Uni-FACEF, 2006. MATOS, O. N. Café e ferrovias. São Paulo: Alfa-Ômega. 1974. MILLIET, Sérgio. Roteiro do café e outros ensaios. 3.ed. São Paulo,1941 TOSI, Pedro Geraldo. Capitais no interior: Franca e a história da indústria coureirocalçadista (1860-1945). Franca: UNESP, 2003. TAUNAY, Visconde de (Heitor Malheiros, peseudônimo). O Encilhamento: cenas contemporâneas da Bolsa do Rio de Janeiro em 1890, 1891 e 1892. Belo Horizonte: Itatiaia, 1971.