O MERCADO DO Au: DO CAOS AOS FRACTAIS
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O MERCADO DO Au: DO CAOS AOS FRACTAIS
O MERCADO DO Au: DO CAOS AOS FRACTAIS Quero participar da discussão sobre o preço do Au e pra isso, darei minha cara a tapas. É excitante saltar em meio ao fogo cruzado, mas não estou atrás de excitação. Todos os dias escuto alguém dizer: “O ouro está caindo!” Logo me vem em mente as sábias palavras inspiradas de Salomão: “A mera opressão faz o sábio agir como louco”. Provavelmente, os stakeholders do Au, tais como gerentes e geólogos de exploração, além de tantos outros profissionais ligados à prospecção desse metal devem estar agora, à beira do colapso. É o psicológico do mercado, que faz os sentimentos como medo e ganância se transformarem no CAOS e dominar tais sentimentos muitas vezes nos leva ao extremo. O mercado é quem dita a liquidez da economia, quanto vale sua empresa e o seu dinheiro, o valor do ouro do relógio que está em seu pulso. Ele funciona com base num sistema de duas extremidades, os altistas (bulls, operam na alta dos preços) e os baixistas (bears, operam na baixa dos preços) (Elder, 2006). Isso mesmo, o mercado é uma guerra entre dois animais e os principais personagens são o touro e o urso (Figura 1). Figura 1. Lição número 1: Como o mercado funciona. Bull market é um mercado com tendência de alta nos preços, enquanto que Bear market é um mercado com tendência de baixa nos preços. Esses dois extremos são representados pelo touro e o urso. Hoje, o que não faltam são contribuições para o CAOS, como matérias de cunho baixista (Hulbert, 2014). Dois meses atrás Goldman Sachs advertiu que a onça troy (Oz – 31,104 gramas) iria terminar em $1.050. Além disso, analista de renome, como Jim Rogers, advertiu no ano passado que o Au poderia cair abaixo de $900 a Oz. No início de 2013, o “smart money” Goldman predisse um game change onde a Oz chegaria a $1600, e esse seria o preço alvo para o final do ano. O tempo passou e ficou claro o quão errado essas previsões estavam. Então, não vamos ligar muito para previsões de "experts". Assim como temos visto tantas vezes com analistas de ações e metas de preço, muitas vezes não valem o papel em que são impressos (Reeves, 2014). O CAPEX das empresas de exploração mineral é orçado com base no mercado altista e as perspectivas não são as melhores. Abro parênteses para dizer que o mercado baixista não traz só prejuízo, nem tudo é um mar de espinhos, mas poucos são os beneficiados e que ainda “riem” com os lucros aferidos desse período, pois operam vendido a descoberto desde o início da crise. Que força baixista é essa? Até quando irá durar? É o dólar? Foi o Chipre? Muitas perguntas afloram a todos os momentos. De fato, o mercado vem mostrando sinais de baixa, porém ainda existe luz no fim desse túnel e o brilho dessa luz vem do Au. Essa opinião foi formada com base na análise técnica dos fractais formados pelo preço do Au e impressos nos gráficos candlestick semanal e mensal, em especial o gráfico semanal (Figura 2). Figura 2. Análise técnica do gráfico semanal do preço do Au. Após o pico de $1900 a Oz em 2011, o yellow metal, perdeu 38% do seu valor até assentar $1200. Essa tendência assustou os investidores e parece que hoje só restam especuladores. A 1ª Consolidation deu indícios de rompimento com o cruzamento das Médias Móveis Exponenciais em Fevereiro de 2013, levando assim o preço do Au por uma longa tendência baixista. Por todo esse período, touros fizeram tímidas aparições (candles verdes). A 2ª Consolidation, lado direito do gráfico, mostra sinais de um mercado bullish. O suporte de $1180 foi testado duas vezes nos fundos 1 e 2, formando assim um fundo duplo de boa simetria. O preço do Au, a partir de Dezembro de 2010 subiu de forma desordenada. Essa oscilação brusca culminou no pico de 2011 com a Oz a $1900 (Figura 3 – A). A longa tendência de alta mostrou sinal do fim com o famoso candle “O Enforcado” (hanging man), entre Agosto e Setembro/2011 (Figura 3 – A). Parece ironia do destino, mas esse foi o preço pago pela ganância. Infelizmente não sabíamos que sairia tão caro. Após o primeiro período de queda, o preço encontrou suporte em $1529 e entrou em um estado chamado de consolidação que durou de Setembro/2011 até Abril/2013. Na consolidação ninguém sabe quem vencerá, neste caso os ursos levaram a melhor com o rompimento do suporte de $1529 (Figura 3 – B). As análises históricas de ações e commodities mostram centenas de casos como a do Au e para exemplificar, impresso na Figura 3 – C, há uma síntese da análise técnica do gráfico mensal do Ni. Após dois meses em tendência de baixa, o preço do Au entra em novo estado de consolidação com forte suporte em aproximadamente $1180 a Oz (Figura 2 – B, 2ª Consolidation). A ordem é simples: Precisamos aguardar o fim do congestionamento atual. Isso pode durar semanas, meses ou até mesmo anos. No caso do Au esse estado já dura um ano. Somente após a perda do suporte de $1180 iremos testemunhar um período realmente negro na indústria do Au. Seria como a conquista da “Terra Média pelos Orcs”. Figura 3. (A) Período de tendência de alta do preço do Au. (B) Análise da primeira consolidação do preço do Au com rompimento de suporte em $1529 a Oz. (C) A síntese da análise técnica do níquel no gráfico mensal mostra o início do mercado bearish após a o teto de 2006. Nos dias atuais, o Ni, encontra-se em fase de recuperação e que só será efetiva após o rompimento da resistência de $1329. O período pessimista, de domínio bearish, entrou com força total e em meados de 2013 os bulls começaram a reagir. A partir de Dezembro de 2013 o gráfico semanal começou a mostrar sinais de reversão da tendência de baixa e um deles foi o fundo duplo impresso na segunda consolidação (Figura 2 – B). Entretanto, a projeção para o rompimento da resistência de $1434 foi perdida, formando assim um novo topo duplo assimétrico e consequentemente uma linha de tendência de baixa (Figura 2 – B, Topo X e Y). Logo, voltamos ao estado de TENSÃO! Essa consolidação mostra uma intensa batalha entre Touros e Ursos. Quem levará a melhor? Tenho razões para acreditar que o fim da “Dinastia Bearish” pode estar prestes a chegar ao fim ou pelo menos mostrar menos domínio no controle do preço do Au. As condições macroeconômicas também dão uma pista de reversão de tendência, como: (i) o pessimismo exacerbado do preço do Au, (ii) a inquietação em várias partes do globo, (iii) separatistas pro-Russia e (iv) Tailândia mergulhada na lama podre do golpe militar, dentre outros, podem funcionar como uma engrenagem para o início de um mercado bullish onde o Au sempre será o “porto-seguro” dos investimentos. Mas não para por aí... Aqui pode estar o que nós brasileiros chamamos de “pulo do gato”, o indicador de volume OBV, On-Balance Volume, aplicado no gráfico semanal (Figura 4). O nome mais adequado para esse indicador seria aquele criado nas comunidades cariocas, “X9”. Por que? Esse indicador mostra o footprint dos insiders traders. O que é isso? São especuladores que operam com informações privilegiadas, informações essas disponíveis para poucos. Infelizmente, não foi possível fazer essa análise com o tempo gráfico mensal visto a falta do indicador OBV de uso livre. Figura 4. O indicador OBV mostra rompimento da resistência de $1434, sugerindo aumento de volume comprador. A divergência entre preço e volume é um alerta de que tendência de baixa poderá não persistir. Em caso do rompimento do suporte de $1180, o próximo suporte será $1158 e depois $1044 a Oz. Discorrer sobre os acontecimentos olhando o meio do gráfico é fácil, todos somos inteligentes depois do jogo (Elder, 2006). O desafio é identificar a nova tendência enquanto ainda no início, mas o mercado, com seu espírito contagioso, sempre vêm com um golpe de mestre para finalizar a sua interpretação. Então, vamos esperar cenas do próximo capítulo. Como dito anteriormente: Precisamos aguardar o fim do congestionamento atual. Analisar o mercado é como jogar xadrez com alguém que sabe mais que você. Bom, espero estar certo ou pelo menos parcialmente certo, pois senão, eu e meus amigos geólogos que trabalham com a exploração do Au entraremos para estatística do Ministério do Trabalho e na fila do Seguro Desemprego. Autor: Rodrigo Salles Geólogo de Exploração Mestre em Geologia e Recursos Naturais. REFERÊNCIAS: Elder, A. 2006. COME INTO MY TRADE ROOM. Elsevier, John Wiley & Sons. 316 pg. Hulbert, M. 2014. Here’s the real reason gold is falling. The Wall Street Journal. MarketWatch. Reeves, J. 2014. The case for buying gold is perfectly reasonable. The Wall Street Journal. MarketWatch.