análise de cooperação e solidariedade em parlebás
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análise de cooperação e solidariedade em parlebás
UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU EM CIÊNCIA DA MOTRICIDADE HUMANA INICIAÇÃO ESPORTIVA EM HANDEBOL: ANÁLISE DE COOPERAÇÃO E SOLIDARIEDADE EM PARLEBÁS Carlos Magno Costa Rocha RIO DE JANEIRO 2010 UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU EM CIÊNCIA DA MOTRICIDADE HUMANA INICIAÇÃO ESPORTIVA EM HANDEBOL: ANÁLISE DE COOPERAÇÃO E SOLIDARIEDADE EM PARLEBÁS Carlos Magno Costa Rocha Dissertação apresentada à Universidade Castelo Branco - Pós-Graduação Stricto Sensu em Ciência da Motricidade Humana, com vistas à obtenção do título de Mestre em Ciência da Motricidade Humana. Orientadores: Profa. Dra. Vera Lúcia de Menezes Costa Prof. Dr. Manoel José Gomes Tubino (in memoriam) RIO DE JANEIRO 2010 II III DEDICATÓRIA Dedico esta dissertação de Mestrado à minha família, aos meus colegas e amigos, fundamentais para que atingisse o final da jornada, e, principalmente, aos alunos, pelo empenho e dedicação ao handebol. IV AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus, por ter me dado força, paz, saúde e, principalmente, ânimo para superar todas as adversidades. Ao eterno mestre e orientador Prof. Dr. Manoel José Gomes Tubino, por ter me aceito como orientando e ter me ajudado a trilhar o brilhante caminho da ciência. À Profa. Dra. Vera Lúcia de Menezes Costa, por ter assumido com tanta sabedoria, empenho e dedicação nossos trabalhos e ter se configurado não tão somente em orientadora, mas, acima de tudo, como amiga. A todos os amigos, colegas e conhecidos que, de alguma forma, me deram força para superar as dificuldades e alcançar o objetivo. Aos alunos e seus familiares, por acreditarem e colaborarem de forma empolgante nas atividades, proporcionando uma excelente fonte de pesquisa. Aos funcionários da Coordenação do PROCIMH, por todo carinho e atenção durante o período de duração do curso. V "É melhor tentar e falhar, que preocupar-se e ver a vida passar; é melhor tentar, ainda que em vão, que sentar-se fazendo nada até o final. Eu prefiro na chuva caminhar, que em dias tristes em casa me esconder. Prefiro ser feliz, embora louco, que em conformidade viver..." Martin Luther King VI RESUMO ROCHA, Carlos Magno Costa. Iniciação Esportiva em Handebol: Análise de Cooperação e Solidariedade em Parlebás. Dissertação de Mestrado). Rio de Janeiro: PPGCMH/Universidade Castelo Branco,2010. Neste trabalho assumiu-se a proposta de se discutir o handebol, prática surgida na Europa e difundida com bastante ênfase na Inglaterra. O esporte ganhou espaço no contexto social no último século, como consequência de uma série de fatores, dentre os quais pode-se evidenciar os investimentos públicos e da iniciativa privada. Ao mesmo tempo, houve um aumento significativo de projetos e programas, enfatizando, em especial, a iniciação esportiva, fenômeno cada vez mais crescente, sendo cada vez mais urgente a produção de conhecimentos para a área. O handebol, surgido em 1911, é um esporte dinâmico que atrai a criança e se constitui num dos jogos coletivos mais ricos e que tem merecido atenção especial por parte de sua Confederação Brasileira, a qual, inclusive, tem implantado ações em prol de seu desenvolvimento, dentre as quais merece destaque a de iniciação desportiva em handebol (mini-handebol). Na pesquisa, analisou-se um projeto de iniciação esportiva existente em Cachoeiro de Itapemirim, no qual utilizamos os conceitos da Praxeologia Motriz de Pierre Parlebás, que caracteriza o handebol como uma rede de comunicação e duelo, que estabelece interações de solidariedade nas equipes e de antagonismos nos adversários, sendo que, neste sentido, para construir uma equipe faz-se necessário fortalecer as comunicações de cooperação e solidariedade entre os jogadores para o fortalecimento dos vínculos entre eles e favorecimento da produtividade em jogo. Utilizou-se, na pesquisa, um questionário e, através de entrevistas, adquirimos informações e subsídios para o auxílio na prática ora realizada, buscando o grau de aproximação com a metodologia a que se propôs implantar, no caso a Praxeologia Motriz, e, principalmente, a cooperação e solidariedade entre os praticantes. Foi evidenciado na pesquisa, dentre outros aspectos, a participação efetiva dos educandos visando à aquisição de subsídios que permitam discutir suas inter-relações no contexto do esporte e sirvam de parâmetros de um aprendizado contextualizado e produtivo, objetivando uma melhor prática, numa perspectiva sociomotora na qual se priorizem a cooperação e solidariedade, que consideramos elementos fundamentais para a nova concepção que apresentamos, desviando-se do foco principal do antagonismo da competição, para o prazer e, sobretudo, para adesão à prática esportiva do handebol, independente de sexo, idade, categoria e período de adesão ao projeto ora citado. Palavras-chave: Esporte, Handebol, Praxeologia Motriz. VII ABSTRACT ROCHA, Carlos Magno Costa. Sporting Initiation in Handball: Analysys of Cooperation and Solidarity in Parlebás. (Master Dissertation). Rio de Janeiro: PPGCMH/Universidade Castelo Branco,2010. In this work we have assumed the motion to discuss the handball, practice that emerged in Europe and spread with great emphasis on England. The sport gained ground in the social context in the last century as a result of a number of factors, among which we highlight both the public and private initiative. At the same time, there was a significant increase in projects and programs, emphasizing in particular the initiation sports, phenomenon growing increasingly as ever more urgent production of knowledge in the area. The handball, appeared in 1911, is a dynamic sport that attracts the child and is one of the richest multiplayer games and has been given special attention by the Brazilian Confederation, which even has implemented actions in support of its development, among which stand the initiation of sports in handball (mini-handball). In research, we analyzed a project sports initiation existing in Cachoeiro de Itapemirim, where we use the concepts of Motor Praxeology by Pierre Parlebas, featuring handball as a communication network and duel establishing interactions in teams of solidarity and antagonism their opponents, and in this sense, to build a team it is necessary to strengthen the communications of cooperation and solidarity among the players to strengthen the links between them and fostering productivity at stake. It was used in the research a questionnaire and through interviews, acquire information and grants to aid in practice sometimes carried out, seeking closeness to the methodology that is proposed to phase in the case Motor Praxeology, and especially, cooperation and solidarity among the practitioners. Was evidenced in the research, among other things, the effective participation of students seeking the acquisition of grants to enable discuss their inter-relationships in the context of the sport and serve as parameters in a contextualized learning and productive, aiming at a best practice in a socio-engine perspective on which give priority to cooperation and solidarity, which we consider key elements for the new design presented here, bypassing the main focus of antagonism of the competition, for pleasure and, above all, to join the sports of handball, regardless of sex, age, category and period of joining the project now named. Keywords: Sports, Handball, Motor Praxeology. VIII LISTA DE FIGURAS Figura 1. Esquema ilustrativo para desenvolvimento do trabalho ............................. 23 Figura 2. Foto 1 - Atividades de Treinamentos - 1 .................................................... 73 Figura 3. Foto 2 - Atividades de Treinamentos - 2 .................................................... 73 Figura 4. Foto 3 - Atividades de Treinamentos - 3 .................................................... 74 Figura 5. Foto 4 - Atividades de Treinamentos - 4 .................................................... 74 Figura 6. Foto 5 - Participação em Torneios - 1 ........................................................ 75 Figura 7. Foto 6 - Participação em Torneios - 2 ........................................................ 75 Figura 8. Foto 7 - Participação em Torneios - 3 ........................................................ 76 Figura 9. Foto 8- Participação em Torneios - 4 ......................................................... 76 IX LISTA DE QUADROS Quadro 1. Comparativo das metodologias de ensino de handebol .......................... 37 Quadro 2. Iniciação esportiva no handebol na perspectiva sociomotriz ................... 48 Quadro 3. Quadro de análise da distribuição dos papéis no handebol, segundo Parlebás (1998). ........................................................................................................ 51 X LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1. Classificação dos participantes da pesquisa de acordo com o gênero ..... 52 Gráfico 2. Classificação dos participantes da pesquisa de acordo com a idade ....... 53 Gráfico 3. Opinião dos participantes sobre as atividades de cooperação e solidariedade nos treinamentos................................................................................. 53 Gráfico 4. Opinião dos alunos acerca das atividades de cooperação e solidariedade nos jogos. .................................................................................................................. 54 Gráfico 5. Opinião sobre as atividades de cooperação e solidariedade favorecem durante o jogo de handebol. ...................................................................................... 54 Gráfico 6. Opinião dos participantes da pesquisa sobre o projeto ............................ 55 XI SUMÁRIO CAPÍTULO I 1 O PROBLEMA ___________________________________________________ 15 1.1 INTRODUÇÃO 1.2 OBJETIVOS DO ESTUDO 1.3 JUSTIFICATIVA 1.4 DELIMITAÇÃO 1.5 QUESTÃO A INVESTIGAR 1.6 CONCEITOS BÁSICOS DO ESTUDO CAPÍTULO II 2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS _______________________________ 22 2.1 TIPO DE PESQUISA 2.2 ESQUEMA E ORGANIZAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO DA PESQUISA 2.3 AMOSTRA 2.4 INSTRUMENTO DE PESQUISA E COLETA DE DADOS 2.4.1 Construção e Validação 2.4.2 Validação do questionário 2.4.3 Coleta de Dados 2.4.4 Tratamento Estatístico CAPÍTULO III 3 REFERENCIAL TEÓRICO __________________________________________ 29 3.1 HANDEBOL __________________________________________________ 29 3.2 ESPORTE____________________________________________________ 32 3.3 INICIAÇÃO ESPORTIVA EM HANDEBOL ___________________________ 34 3.4 A PRAXIOLOGIA DE PIERRE PARLEBÁS __________________________ 37 3.41 A Lógica interna das situações motrizes _______________________ 40 3.4.2 Classificação das práticas motrizes ___________________________ 43 3.4.3 Alguns exemplos de lógicas internas _________________________ 43 3.4.4 O sistema dos esportes coletivos ____________________________ 45 CAPÍTULO IV 4 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS __________________ 47 4.1 FORMULAÇÃO E VALIDAÇÃO DO INSTRUMENTO 4.2 QUADRO DE ANÁLISE, SEGUNDO A PRAXEOLOGIA DE PARLEBÁS 4.3 APLICAÇÃO DO QUESTIONÁRIO AOS PRATICANTES 4.4 RESULTADOS E DISCUSSÃO XII CAPÍTULO V 5 CONCLUSÕES ___________________________________________________ 56 REFERÊNCIAS ____________________________________________________ 59 ANEXOS _________________________________________________________ 64 XIII 15 CAPÍTULO I 1 O PROBLEMA 1.1 INTRODUÇÃO A educação física moderna teve sua origem na Europa, berço das duas grandes revoluções: a Burguesa e a Industrial, onde, no período compreendido entre o fim do século XVII e início do século XIX, surgiram algumas das práticas que durante muito tempo monopolizaram o cenário da educação física: os métodos ginásticos (Alemanha, França e Suécia) e o esporte (mais enfaticamente na Inglaterra). Neste trabalho assumiu-se a proposta de se discutir o esporte, percebendose, então, que o homem está interligado e relacionado ao esporte desde os primatas, quando fugiam de animais predadores, lutavam por áreas e regiões e disputavam domínios no início das coletividades. Acredita-se que, depois da alimentação, a mais antiga forma de atividade humana é a que hoje se conhece por esporte. A prática esportiva teve início remoto, quando já havia documentos de vários povos primitivos - antigos egípcios, babilônios, assírios e hebreus - com cenas de luta, jogos de bola, natação, acrobacias e danças. Entre os egípcios, a luta corpoa-corpo e com espadas surgiu por volta de 2.700 a.C. e eram exercícios com fins militares. Os outros jogos tinham caráter religioso, os campeonatos, torneios, olimpíadas, recordes, títulos, medalhas, torcidas e comemorações. A longa história do esporte ajuda a entendê-lo como um fenômeno surgido há milênios e que se perpetuou no imaginário do homem. Inicialmente, a prática esportiva está ligada aos exércitos e às guerras. Aprimorar e desenvolver a força física do soldado, além de significar mais chances de vitória nas batalhas, servia para demonstrar a superioridade de um povo. Os gregos foram o primeiro povo europeu a atingir alto grau de civilização. A educação física, assim como a filosofia, 16 a lógica, a arquitetura e as artes em geral, está entre as principais heranças por eles deixadas ao mundo moderno. Mas é na Grécia Antiga que o esporte passa a ocupar um lugar de destaque na sociedade. A educação física deixa o campo militar e se torna motivo de distinção social. A prática esportiva é a única atividade que, mesmo gerando suor, causa orgulho nos cidadãos. O trabalho, por exemplo, cabe ao escravo e não confere prestígio aos homens livres. O filósofo Sócrates registra a importância do esporte para a sociedade da época: "Nenhum cidadão tem o direito de ser um amador na matéria de adestramento físico, sendo parte de seu ofício”. Como cidadão, deve se manter em boas condições, pronto para servir ao Estado sempre que preciso. O esporte ocupava lugar de destaque entre espartanos e atenienses. Na Idade Média, com o crescimento da força do cristianismo, que pregava mais a purificação da alma que a do corpo, o esporte entrou em uma fase de estagnação, pois foi um período de guerras e conquistas. Na Renascença (séculos XVI e XVII), com o surgimento do Humanismo, a educação física foi revivida. Com a conquista da Grécia Antiga pelos romanos, em 456 a.C., os Jogos Olímpicos entravam em declínio. A proposta de integrar os cidadãos em competições marcadas pela cordialidade cede espaço a disputas cada vez mais violentas. A última Olimpíada da Era Antiga acontece em 393 d.C., quando o imperador romano Teodósio I proíbe a realização de festas para adoração de deuses. A partir do século IV, passando por toda a Idade Média, o esporte vive um período de estagnação, principalmente no Ocidente. O cristianismo prega a purificação da alma; o corpo, colocado em segundo plano, serve mais às penitências do que ao desenvolvimento de aptidões esportivas. A educação física, pelo menos na perspectiva adotada na Grécia Antiga, desaparece ou é praticada de forma isolada por pequenos grupos. A retomada do esporte se dá lentamente. O Humanismo, nos séculos XVI e XVII, redescobre a importância da atividade física. O esporte situou-se, na segunda metade do século XX, como um dos fenômenos sociais do mundo, pela abrangência de seu envolvimento e de suas relações. É sabido também que, nas últimas décadas, o esporte experimentou uma mudança conceitual, deixando de perspectivar-se apenas no rendimento, e conseguiu também incorporar os sentidos educativos e do bem-estar social (TUBINO, 2001). Ao mesmo tempo, o esporte passou a ser objeto de estudo de vários autores, dos quais um que merece 17 destaque é Pierre Parlebás, o qual estabeleceu uma teoria da Comunicação Motriz, que norteava a educação física, ao tirar o foco do movimento para o ser em movimento. Como foco deste estudo elegeu-se o Handebol, que, pela sua história, pode ser considerado um esporte tradicional, sendo que um jogo com bola, usando as mãos e com passes, descrito na Odisseia, encontra-se gravado numa pedra em Atenas. Na Idade Média os cavaleiros praticavam um jogo de bola com passes e metas. Esse jogo, descrito no século XII por Walter Von der Vogelwide, é considerado seu precursor. Idealizado pelo alemão Carl Schelzens, originou-se de dois outros esportes alemães, o Raffball e o Konigsbergerball. Este último, por sua vez, foi derivado do Torball, jogo de bola ao gol. O alemão Holger Nielsen adaptou o Haandbold-Spiel (jogo de handebol) para ser levado às quadras, na cidade de Ortrup (Alemanha), em 1848. Os alemães deram formato de esporte ao antigo jogo, definindo uma primeira versão de suas regras em 1897, tendo à frente, nessa ação, o professor de ginástica Konrad Koch. Em 1911, o dinamarquês Frederik Knudsen codificou o jogo. O rigor do inverno europeu fez com que os suecos adaptassem, em 1924, o handebol de campo para as quadras e, desde então, passou a ser muito praticado nas escolas e como lazer, sendo incluído nos Jogos Olímpicos modernos em 1972. Depois do exposto, chega-se ao problema, que vai da necessidade de encontrarem-se meios efetivos para uma iniciação ao handebol, pois existem inúmeras experiências e estudos sobre o assunto, propiciando diversidade de contestações. A pesquisa, no sentido de buscar outros meios para a solução, se fixou na Praxeologia de Pierre Parlebás, que pode ser usada para esta iniciação, principalmente a sociomotricidade preconizada por este autor. Trata-se de um estudo que é derivado da pesquisa de Sfalsin (2007), desenvolvida no LABESPORTE na linha de pesquisa Aspectos Sócio-Políticos do Esporte. Um jogo esportivo como o Handebol é caracterizado como uma rede de comunicação de duelo, que estabelece interações de solidariedade nas equipes e de antagonismos aos adversários. Neste sentido, para se construir uma equipe faz-se necessário fortalecer as comunicações de cooperação e solidariedade entre os jogadores para o fortalecimento dos vínculos entre eles e favorecimento da 18 produtividade em jogo. Desse modo, busca-se compreender que procedimentos de ensino podem favorecer, no esporte-educação, o desenvolvimento de tais aspectos. A abordagem praxeológica de Pierre Parlebás aqui foi delimitada à sociomotricidade que compreende as condutas motrizes, que são ações motrizes colocadas no seu contexto. A sociomotricidade é apresentada como a dimensão social da conduta humana. 1.2 OBJETIVOS DO ESTUDO De acordo com o problema anteriormente introduzido, foram traçados objetivos, tanto no contexto geral como no específico, no sentido de possibilitar embasamento aos questionamentos propostos ao instrumento utilizado para a efetivação da metodologia de ensino. • Objetivo Geral: Analisar, na percepção dos alunos, a identificação dos procedimentos de cooperação e solidariedade inseridos no projeto de iniciação esportiva em handebol, desenvolvido no município de Cachoeiro de Itapemirim, sul do Estado do Espírito Santo. • Objetivos Específicos: Para que se atingisse o objetivo geral, definiram-se os objetivos específicos da pesquisa: 1- Identificar procedimentos de ensino no handebol que manifestem as proposições de solidariedade e cooperação encontradas na praxeologia de Pierre Parlebás (1988). 19 2 – Verificar, na percepção dos alunos, a identificação dos procedimentos de cooperação e solidariedade e as respectivas mudanças após serem submetidas aos procedimentos com base na praxeologia. 1.3 JUSTIFICATIVA Este estudo se propôs a discutir a metodologia de ensino da iniciação em handebol, baseado na sociomotricidade de cooperação, utilizando atividades variadas: coletivas, jogos cooperativos etc. O ponto chave do estudo foi o minihandebol, que deve ser considerado como uma filosofia cujo conteúdo é, na sua essência, um jogo de bola para crianças. A carência de estudos sobre o assunto, o pouco conhecimento da sociomotricidade de Pierre Parlebás no Brasil e a falta de experiências divulgadas, além dos próprios limites do autor, constituem-se justificativas no desenvolvimento da pesquisa. 1.4 DELIMITAÇÃO O crescente envolvimento de crianças no esporte, sejam eles esportes individuais ou coletivos, como, no caso em questão, do handebol. As contribuições proporcionadas pela prática esportiva, quando bem orientadas, atingem todas as dimensões do desenvolvimento: social, cognitivo, afetivo, físico ou motor. Este estudo proporcionou reflexão, análise e discussão de um Projeto de Iniciação Esportiva em Handebol desenvolvido há seis anos numa escola pública municipal em Cachoeiro de Itapemirim. Delimitando-se, portanto, àqueles que participaram do Projeto. 20 1.5 QUESTÃO A INVESTIGAR: A pesquisa ficou comprometida em fornecer subsídios teóricos e sustentação prática de metodologia, respondendo à seguinte questão: • Qual a influência de um procedimento de cooperação no ensinoaprendizagem do handebol através de atividades coletivas e cooperativas (baseada na sociomotricidade de Pierre Parlebás)? 1.6 CONCEITOS BÁSICOS DO ESTUDO Esporte - fenômeno sociocultural que tem no jogo o seu vínculo cultural e na competição o seu elemento essencial, e que, nas suas diferentes formas, contribui para a formação e aproximação dos seres humanos ao reforçar o desenvolvimento de valores como a moral, a ética, a solidariedade, a fraternidade e a cooperação, o que o torna um dos meios mais eficazes para a convivência humana (TUBINO 2006). Iniciação esportiva - é um processo de aprendizagem no qual crianças, jovens, adultos e idosos começam suas experiências de práticas esportivas no intuito de desenvolver habilidades que permitam práticas subsequentes nas modalidades em que esses processos sejam executados (TUBINO E GARRIDO, 2007). Mini-handebol - uma adaptação da modalidade handebol que objetiva adequar a praticidade de uma atividade motora à criança entre os seis e dez anos (HUBNER, 1999). Praxiologia motriz - teoria epistemológica desenvolvida pelo sociólogo francês Pierre Parlebás, a qual constituiu-se numa sociomotricidade que compreende as condutas motrizes do indivíduo, que são ações motrizes colocadas 21 no seu contexto. É um processo de adaptação das condutas motoras de um ou vários sujeitos em uma situação motora determinada (PARLEBÁS, 1981,1986,1999). Sociomotricidade - é uma dimensão social da conduta motora que existe na relação direta entre os participantes. Esta proposta consta da Praxiologia Motriz de Pierre Parlebás. Ocorre quando há uma interação com os participantes, fazendo referência a uma interação em que participa mais de uma pessoa (PARLEBÁS, 1981). 22 CAPÍTULO II 2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS Neste capítulo estão relatados os procedimentos metodológicos efetuados a partir de uma sequência lógica, a saber: tipo de pesquisa; esquema e organização do desenvolvimento da pesquisa;amostra; os instrumentos da pesquisa. A partir das análises e das respostas dos alunos, foram feitas algumas correções e acréscimos às atividades propostas no método de ensino de handebol em sua perspectiva da sociomotricidade de cooperação. 2.1 TIPO DE PESQUISA O estudo foi desenvolvido a partir da metodologia da pesquisa descritiva. A pesquisa descritiva é um estudo de status e é amplamente utilizada na educação, nas ciências sociais e nas investigações comportamentais. As pesquisas descritivas incluem uma série de técnicas de levantamento de dados. No caso deste estudo estão técnicas de ensino do handebol, questionário respondido pelos alunos envolvidos, pais, profissionais de outras áreas que atuam com crianças e adolescentes. O modelo de estudo foi o exploratório, estudo do tipo survey, no qual são analisadas práticas presentes ou opiniões de uma população especificada através de questionários. As atividades desenvolvidas constaram de aulas práticas, teóricas, jogos amistosos, oficiais, viagens etc., com alunos devidamente matriculados e frequentando a escola, mas, também, pessoas da comunidade, desde que houvesse compromisso e frequência aos treinamentos. A pesquisa analisou como os alunos avaliam o projeto do qual participaram e se identificaram ou não benefícios nesta prática. Foi evidenciada na pesquisa, entre 23 outros aspectos, a participação efetiva dos alunos visando a aquisição de subsídios que permitiram discutir suas inter-relações no contexto do esporte e servem de parâmetros em busca de um aprendizado contextualizado e produtivo, objetivando uma melhor prática, numa perspectiva sociomotora 2.2 ESQUEMA E ORGANIZAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO DA PESQUISA A pesquisa foi desenvolvida através de etapas previamente estabelecidas que permitiram uma sequência lógica. Abaixo se transcreve o esquema desenvolvido: ESQUEMA E ORGANIZAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO DA PESQUISA CAPÍTULO II - CAMINHOS METODOLÓGICOS PARA O DESENVOLVIMENTO DA PESQUISA CAPÍTULO I - O PROBLEMA • • • • • • Introdução Objetivos do estudo Justificativa Delimitação Questões a investigar Conceitos básicos do estudo • Tipos de estudo • Esquema e organização do desenvolvimento da pesquisa • Amostra • Instrumentos do estudo e coleta de dados • Construção e validação CAPÍTULO III - REFERENCIAL TEÓRICO DA PESQUISA • • • • • • Handebol • Esporte A Praxiologia Motriz de Pierre Parlebás A lógica interna das situações motrizes Classificação das práticas motrizes Alguns exemplos de lógicas internas O sistema de esportes coletivos CAPÍTULO IV – APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS Elaboração do modelo sociomotor de aprendizagem em handebol Aplicação do modelo sociomotor CAPÍTULO V CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES Figura 1. Esquema ilustrativo para desenvolvimento do trabalho Fonte: Elaborado pelo próprio autor. Resultados e discussão 24 A pesquisa foi apresentada em uma sequência de capítulos. No Capítulo I encontra-se o problema, objetivos do estudo (geral e específicos), justificativa e relevância do estudo, delimitação do estudo, questão a investigar. No Capítulo II apresentaram-se os caminhos metodológicos para o desenvolvimento do estudo, o tipo de estudo, o esquema e a organização do estudo, as amostras, os instrumentos do estudo coletando os dados e a elaboração do documento final. O Capítulo III foi elaborado a partir da revisão fundamentada de conceitos e questões básicas do estudo, em que foram obtidos dados que permitiram a confrontação de ideias acerca do tema uma nova metodologia de ensino de handebol na perspectiva da sociomotricidade, tendo como parâmetro o minihandebol. Nesta revisão do referencial teórico do estudo foi aplicada a teoria Praxiológica de Parlebás. O Capítulo IV trata da elaboração do modelo sociomotor de aprendizagem em Handebol, no qual constam a elaboração do instrumento, a aplicação do instrumento, validação, coleta e análise dos resultados. Na medida do possível, os questionamentos e dúvidas que surgiram foram registrados para posterior análise. Em seguida, foi aplicado o modelo nos sujeitos do Projeto de Iniciação Esportiva-Escolinha de Handebol Handsul-Cachoeiro, e, a seguir, se elaborou um instrumento para ser aplicado aos alunos, do qual se extraíram observações sobre a eficácia do método sociomotriz desenvolvido, das percepções dos alunos sobre as categorias cooperação e solidariedade. As conclusões objetivando novas possíveis práticas estão expostas no Capítulo V. 2.3 AMOSTRA A pesquisa tem uma amostra não aleatória do tipo intencional de 24 alunos na faixa etária que compreende dos 13 aos 18 anos, que representam 40% dos que se submeteram ao programa. Utilizou-se como critério de inclusão a adesão de pelo menos 80% de frequência às atividades do projeto, que esteja matriculado há no 25 mínimo 2 anos no projeto e não seja atleta federado, seja na Federação Capixaba de Handebol ou na Confederação Brasileira de Handebol. No segundo momento, o modelo foi aplicado para um grupo de 24 alunos na faixa etária que compreende de 13 a 18 anos. Nas aulas, os praticantes receberam um aprendizado técnico-tático do Handebol, contendo Fundamentos Técnicos (passes, dribles, arremessos etc.), Fundamentos Táticos (sistemas de jogo), além de preparação psicológica (disciplina, autocontrole etc.). 2.4 INSTRUMENTO DE PESQUISA E COLETA DE DADOS Foi desenvolvido um modelo de ensino do handebol numa perspectiva da sociomotricidade, tendo como referência principal a teoria Praxeológica de Pierre Parlebás e as atividades coletivas e cooperativas. Deve-se ressaltar que, inicialmente, a metodologia de trabalho desenvolvida era a do mini-handebol, experiência muito difundida no Brasil, inclusive divulgada pela Confederação Brasileira de Handebol. Depois do início do desenvolvimento do projeto, elaborou-se um modelo de observação no qual foram buscados subsídios que permitem um posicionamento e uma mudança no desenvolvimento das atividades. O instrumento de medida foi um questionário misto sob a forma de escala que captou a opinião dos alunos submetidos ao modelo proposto, em relação à sua satisfação, contendo oito questões referentes à nova metodologia proposta, o tempo que participa da atividade, seus comentários e sugestões. 2.4.1 Construção e Validação O instrumento utilizado para a coleta dos dados foi a entrevista estruturada contendo questões direcionadas ao tema de estudo, definida por Lakatos e Marconi (1986) como sendo aquela em que o entrevistador segue um roteiro previamente estabelecido e as perguntas ao indivíduo são pré-determinadas. Ela se realiza, de 26 acordo com formulário elaborado e é efetuada, de preferência, com pessoas selecionadas de acordo com um plano. A entrevista constitui um instrumento privilegiado de coleta de informações porque a fala pode ser reveladora de condições estruturais, de sistema de valores, normas e símbolos e, ao mesmo tempo, ter a magia de transmitir, através de um porta-voz, as representações de grupos determinados, em condições históricas, socioeconômicas e culturais específicas. Para a realização das entrevistas foi elaborado um questionário-roteiro no qual se utilizaram as seguintes questões do tipo fechadas: a) Perguntas fechadas dicotômicas, segundo Lakatos e Marconi (1986), são aquelas em que o informante escolhe sua resposta entre duas opções: sim e não. Estes tipos de perguntas serão utilizadas nos itens 1, 2, 3, 4 e 5. b) Perguntas fechadas de múltipla escolha são perguntas que apresentam uma série de possíveis respostas, abrangendo várias facetas do mesmo assunto (LAKATOS; MARCONI, 1986). Este tipo de pergunta foi utilizada no item 7. A escolha das perguntas fechadas se justifica pelas vantagens que apresentam, uma delas é que o conjunto de alternativas de respostas é uniforme e, portanto, facilita comparações entre os entrevistados. Outra vantagem é que a lista fixa de possibilidades de respostas tende a tornar a pergunta mais clara para o entrevistado. Caso ele tenha alguma dúvida sobre a pergunta ela pode ser esclarecida pelas categorias de respostas, além disso essas categorias podem fazer com que ele se lembre de alternativas que, caso contrário, não seriam consideradas ou seriam esquecidas. Foram utilizadas, ainda, perguntas de múltipla escolha nas quais, segundo Lakatos e Marconi (1986), as respostas possíveis estão estruturadas com a pergunta, devendo o informante assinalar uma ou várias delas. 2.4.2 Validação do roteiro do instrumento O roteiro de entrevista e das referências teve seu conteúdo validado através de uma análise detalhada de dois (2) juízes-validadores, considerados notórios na educação física e no esporte, e que tenham conhecimento do handebol como 27 atividade pesquisada e desenvolvida, frisando que, em virtude da negativa por parte de outros colaboradores, diminuiu-se o número, que seria de 3 (três). Os valores e a percepção dos juízes-validadores escolhidos, quanto à coerência, clareza e validade das perguntas e dos conceitos das referências formuladas em relação à temática do estudo, serão hierarquizados em dois formulários, que serão anexados ao questionário e às referências intituladas “Parecer” (Anexos). Nestes formulários anexados o juiz-validador manifestou seu parecer escolhendo entre as opções: manter, retirar ou reformular, para cada pergunta e conceitos do roteiro de entrevista. Quando a opção reformular fosse escolhida três (3) vezes, a pergunta e o conceito ou o item serão reformulados, seguindo as sugestões apresentadas. Dessa forma, foram validados o roteiro de entrevista e as referências como instrumento do estudo, possibilitando o desenvolvimento da pesquisa. Na oportunidade, foram convidados a participar dois juízes especialistas da área técnica, ambos atuando há mais de dez anos com atividades de handebol: aulas, treinamentos e competições. 2.4.3 Coleta de Dados Após a aplicação do questionário, os dados foram coletados pelo próprio autor, no contato direto com os indivíduos selecionados. A aplicação do instrumento de uma forma direta se explica pelo fato de que, desta forma, existe menos possibilidade de os entrevistados não responderem ao instrumento ou de deixarem algumas perguntas em branco. Assim sendo, pode-se afirmar que, no contato direto, o pesquisador pode explicar e discutir os objetivos da pesquisa e do questionário, responder às dúvidas que os entrevistados tenham em certas perguntas. Para complementar a coleta de dados foram feitas entrevistas de caráter informal com os alunos, com intuito de reforçar os resultados obtidos. Desta forma, tentou-se eliminar possíveis tendências para ceder a sugestões no seu uso. Em resumo, pode-se afirmar que o instrumento elaborado evidenciou ter o seu raio de atuação suficiente para caracterizar os conjuntos de acontecimentos no 28 início deste capítulo. Notou-se que a sua estabilidade interna se mostrou aceitável, possibilitando chegar às informações necessárias ao estudo. 2.4.4 Tratamento Estatístico Foi realizada somente a Estatística Descritiva em função da convergência ao tipo de pesquisa, o que encontra respaldo em Costa Neto (2002) e Bunchaft; Kellner (1999). Aplicou-se a análise de frequência absoluta e relativa. 29 CAPÍTULO III 3 REFERENCIAL TEÓRICO Este estudo está inserido no campo teórico do esporte e da cultura na temática do esporte educacional. Para a compreensão do fenômeno estudado este capítulo se organiza em quatro seções: o handebol; o esporte; a iniciação esportiva em handebol; e a praxiologia de Pierre Parlebás. 3.1 HANDEBOL O handebol é um esporte coletivo cuja origem é atribuída ao alemão Karl Schelensz, citado por PRONI/LUCENA (2002), responsável por sua organização e reformulação. Sua primeira participação em Olimpíadas se deu em 1936, na época ainda disputada no campo. A partir daí, por várias razões, dentre as quais climáticas, passou a ser disputado em ginásios, havendo atualização das regras e uma massificação mundial do desporto. No Brasil, os relatos mais antigos sobre handebol datam de 1930, tendo sido os imigrantes, em sua maioria alemães, responsáveis por sua implantação em território brasileiro. Na cidade de Santos, já em 1954, houve o primeiro curso internacional para professores sobre práticas específicas de handebol. Apesar de não dispor da mesma exposição midiática dos demais esportes coletivos, o handebol é uma das modalidades esportivas mais praticadas no Brasil, a nível amador, principalmente entre estudantes de ensino fundamental, médio e superior. Dentre os fatores que facilitam sua divulgação, podem-se listar que é um desporto de fácil aprendizado, com regras simples e que atrai a criança pelo fato de que seu objetivo final é fazer gols, constituindo-se numa das modalidades de jogos coletivos mais rica como meio de educação, recreação, lazer ou mesmo como prática de alto nível. Mesmo atraindo inúmeros adeptos a nível amador, não se pode afirmar o mesmo a nível profissional. Tendo em vista os poucos clubes que mantêm equipes profissionais em atividade, a faixa salarial dos atletas e técnicos é 30 considerada média e as transmissões das partidas geralmente são feitas em canais pagos de TV, merecendo destaque nas TVs abertas somente as partidas das seleções nacionais masculina e feminina, geralmente em períodos de preparação para eventos mundiais. Os campeonatos nacionais (ligas nacionais de handebol), disputados pelas maiores equipes do país, transcorrem quase que despercebidos pela grande mídia. Neste panorama nada animador, quem assumiu o papel de não tão somente massificar o esporte, mas, sobretudo, torná-lo vencedor, foi a CBHb (Confederação Brasileira de Handebol), na pessoa do seu presidente Manoel Luiz Oliveira, que destaca: [...] nós todos os fãs de handebol temos muito o que comemorar. Os objetivos traçados em nosso Plano Estratégico, cujo foco principal é chegar ao final deste ciclo olímpico2005-2008 entre os três melhores esportes olímpicos do Brasil [...]. (HANDEBOL BRASIL, 2005, p. 04). Nas palavras do presidente encontra-se um projeto que visa não apenas resultados expressivos, mas uma maior exposição e, consequentemente, captação de recursos financeiros visando melhor desenvolvimento da modalidade. Constam no projeto algumas ações, dentre as quais: *Busca de mais parcerias na iniciativa pública e privada; *Maior participação de todos os Estados nos campeonatos brasileiros; *Construção de um centro de treinamento para atletas de todas as categorias; *Implantação da ENAT (Escola Nacional de Árbitros e Treinadores); *Implantação dos seguintes projetos: Caça-Talentos e MiniHandebol. Tais ações organizacionais contemplam a perspectiva da expansão do esporte, que consiste na dimensão pedagógica. Nosso objetivo, no presente trabalho, é analisar um projeto social de iniciação desportiva em Handebol que funciona há oito anos nas dependências de uma escola pública municipal em Cachoeiro de Itapemirim (ES). O Projeto em questão, denominado “Esporte na Escola - Escolinha de Handebol”, contempla ações diversas, tais como palestras, debates, reuniões, passeios, além da prática esportiva propriamente dita, seu objetivo maior. É 31 desenvolvido por dois professores de Educação Física auxiliados por funcionários da escola, pais e responsáveis pelos alunos. O acesso às aulas é totalmente gratuito e o único requisito para participação é a afinidade com a prática esportiva. As atividades são mantidas por contribuições e arrecadações diversas; por colaboradores que se interessem e queiram contribuir no desenvolvimento das atividades de forma a custear a participação em eventos programados e despesas diversas, além de investimentos do Poder Público, através da Secretaria Municipal de Educação, que viabiliza transporte, material esportivo e cessão do espaço, dentre outras. No projeto se consolidou a prática do Handebol – preparação técnica (passes, dribles, fintas etc.), preparação tática (sistemas de jogo), preparação física e psicológica – através da implantação de escolinhas nas várias categorias (mini, mirim, infantil, cadete, juvenil etc.), de acordo com cada faixa etária, compreendidas entre 09 e 18 anos, divididas em períodos, dias e horários diferentes. Desde seu início, foram formadas equipes das diferentes categorias em ambos os naipes (masculino e feminino), das quais todas participam regularmente de eventos nãooficiais (amistosos, apresentações etc.) e oficiais (torneios e campeonatos) no próprio município e em outros, nos quais são alcançados resultados satisfatórios. Nas categorias de base – mini (09 e 10 anos) e mirim (11 e 12 anos) – são seguidos os parâmetros do mini-handebol, difundido no Brasil pela Confederação Brasileira de Handebol buscando-se oferecer à criança ampla liberdade e participação nas decisões, no sentido de fomentar a sua autonomia e independência, ao ponto de ela mesma contribuir na elaboração e estruturação de seu treinamento. O handebol, enquanto esporte coletivo, pode ser classificado como um jogo de cooperação e oposição ao mesmo tempo, no qual há trocas constantes no ataque e defesa, além de que, durante o jogo, também se utilizam a comunicação entre os companheiros de equipe, de forma que todos os jogadores possam aprender a tomar decisões a todo instante, com ou sem a bola. Na condição de jogo coletivo isto se faz necessário, visto que o que encontramos hoje nos treinamentos é a ênfase na parte técnica, através de uma metodologia diretiva na qual se priorizam os fundamentos técnicos do esporte, muitas vezes não se levando em consideração tais aspectos. Neste contexto, a metodologia que norteou este trabalho será a Praxeologia Motriz. 32 3.2 ESPORTE Para fins de estudo nos apegamos à concepção moderna de esporte de variados autores, que surgiu no século XIX, na Inglaterra, idealizado por Thomas Arnold (1828 e 1842), fortemente influenciado por Charles Darwin e suas concepções evolucionistas. A concepção de esporte de Thomas Arnold se constituía de três características principais: é um jogo, é uma competição e é uma formação. Thomas Arnold (1828 e 1842), quando dirigia o Colégio Rugby, na Inglaterra, incorporou as atividades físicas praticadas pela burguesia e pela aristocracia inglesa ao processo educativo, deixando que os alunos dirigissem os jogos e criassem regras e códigos próprios, numa atmosfera de “fair play”, que significa uma atitude respeitosa na disputa esportiva, respeitando as regras, os códigos, os adversários e os árbitros. Outro marco importante no esporte moderno é o ano de 1892, quando se iniciou o movimento de restauração dos Jogos Olímpicos, que culminou, em 1896, com a realização dos I Jogos Olímpicos Modernos em Atenas. A partir da década de 30, Hitler percebeu que o esporte poderia, pelo seu grande apelo popular, tornar-se um poderoso instrumento de propaganda política. Em 1950, inicia-se a disputa ideológico-política com o uso do esporte, comprovada por três fatos: o ingresso da União Soviética nos Jogos Olímpicos de Helsinque, em 1952, os crescentes investimentos efetuados no esporte de rendimento, principalmente pelos EUA, e as fortes estruturas montadas por países socialistas. A chegada de intelectuais e pensadores no esporte, a partir da década de 60, criou um clima de debate que permitiu muitas correções nos rumos internacionais da área, podendo, inclusive, afirmar que aí se deu início à Sociologia do Esporte. Dentre os pensadores de destaque pode-se citar: Pierre Bourdieu e Pierre Parlebás, dentre outros. Na década de 70 e início dos anos 80, o Movimento Esportivo era instável, o Olimpismo estava em crise (terrorismo, boicotes etc.) e o ramo do Esporte Moderno, que reconhecia como manifestação esportiva apenas as práticas esportivas de desempenho (rendimento), estava chegando ao fim. A Carta Internacional de Educação Física e Esporte, divulgada em 1978, viria a tornar-se um novo marco. 33 Tubino e Silva (2006) descreve as formas de Exercício de Direito ao Esporte em uma carta: Esporte-Educação (Esporte na Escola) Esporte-Lazer (Esporte na Comunidade) Esporte-Desempenho (Esporte Institucionalizado) Havendo neles subdivisões: Esporte-Educação: Esporte Educacional: Esporte Escolar Esporte Lazer: Esporte Participação: Esporte Inclusão Esporte de Desempenho: Esporte de Rendimento Esta carta provocou uma mudança conceitual no esporte, antes referenciado somente na perspectiva do rendimento e, depois deste documento, a partir do direito de todos às atividades físicas esportivas (art.1), passou a compreender todas as pessoas (idosos, portadores de necessidades especiais etc.), aumentando a abrangência social do alcance dos fatos esportivos. A partir de então, o esporte, passando a ser considerado fenômeno isoladamente, teve sua ruptura como Esporte Moderno, passando a constituir-se num Esporte Contemporâneo. O esporte, apoiado no seu preceito relacional, deve ser desenvolvido na abrangência de uma Ética de Convivência em todas as suas manifestações de exercício do direito de todas as práticas esportivas. No Esporte-educação, que objetiva a formação, a Ética de Convivência se manifesta em não permitir que as práticas esportivas do Esporte Educacional e do Esporte Escolar não estejam relacionadas a princípios socioeducativos, que levam os beneficiários a um desenvolvimento da cidadania. No Esporte-lazer, no qual o Princípio do Prazer é preponderante, a Ética de Convivência não poderá prescindir deste prazer entre os participantes. No Esporte de Desempenho (Esporte de Rendimento e Alto Rendimento), as próprias regras e códigos de sua institucionalização demarcam a convivência entre os participantes. O esporte situa-se, a partir da segunda metade do século XX, como um dos fenômenos sociais do mundo, pela abrangência de seu envolvimento e de suas relações. É sabido, também, que nas últimas décadas o esporte experimentou uma mudança conceitual, deixando de perpetuar-se apenas no rendimento, e conseguiu também incorporar os sentidos educativos e do bem-estar social ao mesmo tempo. O esporte passou a ser objeto de estudo de vários autores, como já citamos anteriormente, dos quais quem merece destaque é Parlebás, que estabeleceu uma 34 teoria de oposição ao que norteava a Educação Física, ao tirar o foco do movimento para o ser em movimento. O saber veiculado pelas condutas motrizes é identificado por Parlebás como uma “revolução copernicana” que todo educador precisa conhecer via científica – observando e pesquisando – e intervindo no contexto investigado. A abordagem praxeológica de Pierre Parlebás (1981) constitui-se numa Praxiologia que compreende as condutas motrizes do indivíduo, que são ações motrizes colocadas no seu contexto. A sociomotricidade é apresentada como a dimensão social da conduta humana. 3.3 INICIAÇÃO ESPORTIVA EM HANDEBOL Em linhas gerais, a iniciação desportiva deve respeitar alguns parâmetros, dentre os quais o de que a competição é uma componente intrínseca do desporto, qualquer que seja o escalão etário e o nível de prática considerado, constituindo o principal fator motivador do progresso e desenvolvimento dos praticantes. Não é, assim, adequado nem realista defender que, com base em presumíveis efeitos negativos que as mesmas possam provocar, se exclua do desporto infantil uma componente que, como fato cultural, influencia as crianças e jovens em todas as suas aprendizagens e comportamentos. O sistema de competições e a preparação desportiva constituem um todo cuja relação de dominância depende do escalão etário considerado. No desporto infantil, ao contrario da prática dos adultos, a preparação não deve subordinar-se à competição. Os modelos de competição, os quadros competitivos, devem contribuir para alcançar os principais objetivos da preparação desportiva dos jovens, desenvolver o gosto e o entusiasmo pela prática, fomentar expectativas realistas nos e acerca dos praticantes, promover o desenvolvimento físico e corporal harmonioso. Moreno (1996) afirma que: Un individuo está iniciado en un deporte cuando, tras un proceso de enseñanza-aprendizaje y adquiere los patrones básicos requeridos por la motricidad específica y especialidad de un deporte, de manera tal que además de conocer sus reglas y comportamientos 35 estratégicos fundamentales, sabe ejecutar sus técnicas, moverse en el espacio deportivo con sentido del tiempo, de las acciones y situaciones y sabiendo leer e interpretar las comunicaciones motrices emitidas por el resto de los participantes en el dessarrollo de las acciones de juego (p. 4). Em relação à instrumentalização do ensino dos esportes, mais precisamente dos esportes coletivos, a Praxiologia Motriz, idealizada por Pierre Parlebás, vem sistematizando importantes contribuições no processo de desvelar a lógica interna ou essência do jogo, permitindo, assim, intervenções pedagógicas mais precisas, claras e significativas do ponto de vista de compreensão de jogo. A Praxiologia Motriz consiste no estudo da lógica interna dos jogos e esportes, ou seja, tal conhecimento estabelece critérios para estudar todas as formas da cultura corporal de movimento no sentido de desvelar a essência de cada jogo ou esporte. No treinamento de categorias inferiores ainda se cometem os erros de realizar um treinamento precoce altamente especializado (e geralmente unilateral) com crianças e adolescentes objetivando chegar relativamente rápido à performance, ou seja, a vitórias em torneios e campeonatos. Na prática, mostra um resultado completamente diferente, pois, se por um lado existe uma elevação da eficiência, rápida e gradativa, nas categorias infantil e cadete, porém, tão rapidamente quanto é a ascensão, ocorre, também, uma estagnação mais tarde, quando os mesmos praticantes alcançam as categorias mais maduras. O treinamento precisa, então, objetivar uma estruturação de performance, de acordo com o nível de desenvolvimento. Parlebás 1986 insere o handebol enquanto desporto de rede exclusiva de duelo, considerando-o dentre os: [...] modelos que representam as estruturas básicas de funcionamento de todo jogo esportivo. É entendido por toda situação motriz de confronto codificada denominada jogo ou esporte pela instância social. O autor seleciona uma série de elementos universais para poder definir os esportes, que estão limitados pelas “regras”. (p. 43). A Praxiologia evidencia uma “gramática” no jogo contendo gráficos, cálculos e esquemas. Parlebás, quase que didaticamente, criou alguns modelos de análise dos jogos, mais precisamente sete, com objetivo de delimitar ainda mais o foco para desvendar a lógica interna dos jogos. São eles: a comunicação práxica; os 36 gestemas; os praxemas, papéis; subpapéis; o sistema de pontuação; e a rede de interação de marca. O handebol apresenta as mesmas características do basquetebol, consistindo no confronto (oposição) entre duas equipes que cooperam entre si. A interação de cooperação é denominada de comunicação. Os jogadores devem se conhecer bem uns aos outros para que, durante o desenrolar do jogo, possam realizar o processo de decisão de forma mais eficaz, haja vista as exigências durante as partidas. A situação de oposição, outro elemento da comunicação práxica encontrado no handebol, não deve ser pensada desvinculada da cooperação, e uma boa ilustração disso é a situação de jogo, na qual o objetivo do jogo é fazer gols e impedir que nosso adversário faça o mesmo, na situação de ataque sempre haverá duas linhas de oposição. Uma é a do goleiro e a outra da defesa, em que, para o atacante chegar ao gol, ele deve superar não somente a defesa, mas também o goleiro. No handebol são sete defensores contra seis atacantes, destes, seis encontram-se posicionados na linha de seis metros e outro defensor estará no gol, mas nem por isso sua posição será menos importante que as demais, muito pelo contrário, muitas defesas, e inclusive táticas coletivas defensivas, são iniciadas pelo posicionamento do goleiro. No projeto ora estudado, levando-se em consideração que se desenvolve a dinâmica do mini-handebol (que pode ser descrita como uma metodologia diretiva, na qual são apresentados, dentre outros: a prática esportiva formativa, o desenvolvimento de capacidades e habilidades motoras globais e específicas), tais aspectos adquirem fundamental importância nas diretrizes do planejamento das ações a serem desenvolvidas. Em nível de pesquisa, se apresentou à clientela do projeto, por um período de seis meses, a metodologia da Praxeologia Motriz, e, ao final do período, houve um levantamento sistemático das características pertinentes do jogo através de entrevistas e observações acerca dos impactos positivos, negativos e/ou indiferentes acerca da nova concepção e prática apresentadas. Segue, abaixo, um quadro comparativo das metodologias desenvolvidas, tendo em vista que a proposta do trabalho é apresentar os conceitos de solidariedade e cooperação entre os praticantes: 37 Quadro 1. Comparativo das metodologias de ensino de handebol. Mini–handebol • • • • • Praxeologia motriz Socialização Habilidades motoras básicas Fundamentos técnicos Fundamentos táticos Jogo propriamente dito • • • • • Lógica interna Comunicação práxica Cooperação e solidariedade Antagonismo Jogo Fonte: Autoria própria Atualmente, a iniciação esportiva é tema que gera muita discussão. A literatura preconiza que durante essa fase a criança deve praticar diversas modalidades esportivas, principalmente para desenvolver uma base motora variada e, posteriormente, estar apta a escolher uma delas para dedicar-se. O handebol é uma das opções possíveis dentro desses programas, nos quais, através do mini-handebol, no seu conteúdo é na essência um jogo de bola para crianças, desenvolve as necessidades lúdicas das crianças (prazer, felicidade e experiências positivas), além da experiência motora, a educação do movimento e a coordenação, que são tão importantes quanto o desenvolvimento dos comportamentos específicos do jogo como espírito de equipe ou o jogo limpo (fairplay). Nesta perspectiva, o esporte vem sendo utilizado por profissionais de forma que se entenda como algo mais complexo, que contempla a formação de um cidadão respeitando suas particularidades e especificidades. Neste sentido, se selecionará a sociomotricidade, que permite uma maior sustentação, para a pesquisa em andamento. 3.4 A PRAXIOLOGIA DE PIERRE PARLEBÁS A Praxiologia se constitui em um recente e relevante conhecimento acerca dos jogos e esportes. Esta teoria consiste em estudar e entender a essência dos jogos e esportes, sem levar em consideração quem faz e seu contexto. Assim, podese dizer que esta abordagem é fundamental para entender de uma forma mais 38 específica o mundo dos jogos e esportes, essenciais nesta pesquisa pela compreensão das lógicas internas. A Praxiologia Motriz define um objeto próprio de estudo, que é a conduta motriz. Parlebás (1986) propõe esta terminologia no intuito de delimitar a área de atuação do contexto escolar, de forma a que nenhuma outra área possa disputar-lhe e tampouco definir seus rumos e objetivos. A definição de conduta motriz não está reduzida ao conjunto de manifestações ou fatos observáveis. O autor acima entende conduta motriz como sendo uma organização do comportamento motor, mas com significados. Quando acontece uma partida de um esporte coletivo, não estão ali somente jogadores querendo a vitória, existe um sentido para tudo isso, um significado, intenção, um motivo para a competição, história dos jogadores, enfim, uma série de fatos que dão significados a essas ações. Dependendo do jogo, do adversário, do tempo, da relevância da competição, do salário, da satisfação pessoal, é que será possível determinar o grau de envolvimento e participação na partida. A sociomotricidade faz referência a uma interação em que participa mais de uma pessoa, especialmente nas práticas cooperativas e esportes coletivos. Nas atividades sociomotoras, entra o processo de informação com relação aos outros. No caso de atividade de cooperação, a leitura deverá ser previsível para seu companheiro com objetivos comuns. As ações de jogo carregadas de significados são entendidas, por Parlebás, como condutas motrizes. Os jogadores participantes em um jogo ou modalidade esportiva levam a fundo um número finito e determinado de ações de jogo, deve-se frisar que este número não seja definido, determinado e contabilizado, já que, o contrato ludomotor, ou melhor, as convenções pré-existentes que permeiam o jogo, estabelecem as condições em que estas se darão necessariamente. O que nos interessa, então, é por que se utiliza com maior frequência determinadas ações e não outras em função dos objetivos do jogador ou jogadores, independente de função e/ou posição no jogo. Para isso, torna-se fundamental uma análise mais concentrada e especializada. A estrutura do jogo pode ser comparada a de uma sinfônica, devido a ações, dinâmicas etc., porém o que diferencia um músico de um jogador, independente de qual modalidade esteja atuando, é que cada jogador fará uso de maior ou melhor habilidade, precisão e êxito na hora de efetuar cada uma das diferentes ações. 39 Pode-se diferenciar a música do jogo quando as sequências temporais da primeira estão definidas e associadas às notas, enquanto, no jogo, a distribuição das ações nas sequências temporais nem sempre resulta em ações previsíveis, visto que, ainda que o número de ações de um determinado jogo seja finito, é muito distinto o uso que os jogadores fazem dessas ações. Daí gera dinâmicas diferentes em um mesmo jogo, dependendo de quem sejam os jogadores, sem falar na própria modalidade esportiva. Citamos aqui as modalidades coletivas, mais precisamente do handebol, em que os jogadores fintam, lançam, driblam, arremessam, muitas e variadas ações que emergem do sistema praxiógico específico do handebol. Entretanto não existe nenhum jogador que realize essas ações com a mesma habilidade, precisão, destreza, produtividade que outros. Cada ação se impregna da personalidade de seu protagonista, e esta evidência ontológica é a que impede que muitas pessoas aceitem que o jogo é suscetível de ser analisado sem levar em conta os jogadores. Uma vez conhecida a estrutura de um jogo a partir da análise prévia de suas regras, estaremos aptos para voltar o olhar para o terreno do jogo, com o objetivo de observar diretamente as evoluções dos jogadores. Assim, se comprovará que as situações lúdicas, definidas anteriormente, aparecem uma depois da outra, do mesmo modo que as ações de jogo se repetirão vez ou outra. Este será o momento de aplicação do conhecimento praxiológico ao estudo das condutas dos jogadores, visto que nem todos, em situações semelhantes, utilizarão as mesmas ações, nem o mesmo grau de destreza e eficácia. Quando os componentes de um sistema praxiológico estão explicitamente dispostos (quadra, bola), as relações e funções entre eles estão definidas com clareza, o sistema poderá ser colocado em funcionamento, resultando em sequências constantes de ações motrizes. A ação motriz surge como propriedade emergente do sistema, sua produção constitui a unidade de análise e significação elementar da Praxiologia Motriz, e não seus agentes intermediadores, os jogadores. 40 3.4.1 A Lógica interna das situações motrizes A lógica interna, tida como aspecto mais importante da organização do sistema praxiológico, permite caracterizar todos os elementos práxicos dos vários exercícios, jogos e jogos desportivos coletivos que se implementem. Isto irá permitir que, antes de se colocarem na prática, já sabemos qual é a lógica dominante das atividades, o que nos permite selecioná-las de acordo com os objetivos que pretendemos atingir e com os comportamentos e competências que queremos desenvolver. É fundamental averiguar quais os critérios formais que se relacionam com a estrutura interna dos jogos e modalidades desportivas, os seus aspectos particulares comunicativos, as suas exigências e condicionalismos axiológicos, ou seja, devemos averiguar quais as características estruturais, emoções, destrezas e habilidades que se promovem na sua realização e qual o tipo de atitudes que tornam os intervenientes, no sentido de ser possível programar as experiências e a consolidação de certos hábitos e valores do grupo a que o nosso trabalho se dirige. Parlebás (1986, p. 302) define a lógica interna como: “El sistema de los rasgos pertinentes de uma situación motriz y de las consecuencias que entrãna para la realización de la acción motriz correspondiente.” Nesta definição ressalta o fato de as regras de jogo criarem um conjunto de obrigações que os intervenientes terão que respeitar. Desta forma, são criados modos de interação entre os vários participantes e entre estes e os espaços e o material. Para cada situação motora são fornecidos determinados limites, quer ao nível da interação dos intervenientes, sistema de pontuação, relações de comunicação e contra-comunicação, estrutura do jogo etc. Por este fato, a lógica interna prende-se igualmente com as consequências práxicas que provoca, ou seja, dada a sua identidade própria fornecida pelas regras provoca nos participantes, independentemente de quem sejam, comportamentos corporais precisos. Daí concordarmos com Parlebás quando afirma que “a ação motora nasce e desenvolvese na matriz da lógica interna”, isto é, qualquer ação motora realizada num determinado jogo é reflexo de uma atividade de concordância e aceitação do regulamento que prescreve os limites, pois, “apesar das aparências, os comportamentos lúdicos não são anárquicos, mas estão fortemente determinados pela razão das regras” PARLEBÁS, 1981. Assim, o conjunto de prescrições, 41 condições e relações que as regras de jogo estabelecem tornam a designação de lógica interna, ou seja, o modo peculiar como as ações de jogo estão prédeterminadas. Ribas (2008, p. 130) reitera a afirmação: “De acordo com o que comentamos até o momento, a lógica interna de qualquer jogo nos remete a entender os mecanismos de funcionamento de toda prática motriz ou sistema praxiológico”. Esta é a grande contribuição da praxiologia, a sua razão de ser como disciplina, pois, ao desenvolver a lógica interna de cada situação motora, permite a análise prévia das consequências práxicas que o sistema possui. Desta forma, antes que se ative, o profissional (professor, treinador ou monitor) pode selecionar e programar as situações que geram as ações motoras pretendidas que, por sua vez, possibilitam a exercitação dos seus objetivos. Conhecer este padrão de organização, oculto ao mero observador da ação motora, mas inexorável nas suas consequências, é um procedimento necessário para o profissional que intervém diretamente na prática motora, seja qual for o seu âmbito (ensino, treino etc.), na medida em que uma análise prévia de qualquer situação motora lhe permite programar a sua atuação de modo coerente e eficaz. A lógica interna dominante fará emergir ações motoras cooperativas, de oposição, adaptativas, expressivas e de autoconhecimento. Esta é retirada das condições que o pacto (regras) impõe, formando um sistema que é portador e gerador de ordem lógica que todas as ações motoras devem seguir. Não devemos esquecer que pode ser essa mesma lógica interna o fator que orienta a escolha de determinado jogo pelos alunos, já que é esta que irá dar forma às atitudes e comportamentos assumidos no jogo. Como afirma Parlebás (op. cit.): “podemos pensar que essa lógica própria encontra-se em grande medida na origem das preferências de crianças e adolescentes no momento de se orientarem”. Um dos primeiros objetivos da praxiologia é expor a lógica interna de cada situação motriz, é mostrar o conjunto de suas características pertinentes e como funcionam uma partida de voleibol, um assalto de esgrima, um combate de judô ou uma prova de esqui. O praticante tem que captar as informações e tomar decisões no ato, ou simplesmente desligar automatismos adquiridos no momento da aprendizagem? O que ocorre entre os jogadores? Podemos pôr de lado o papel das comunicações corporais? As relações entre os praticantes se estabelecem por 42 contato, já que corpo a corpo ou a distância? É, por acaso, a lógica motriz uma lógica motriz do jogo, uma lógica de solidariedade ou uma lógica do antagonismo e da violência? Podemos pôr em destaque o sistema de interação de cada prática? Para responder a todas estas perguntas parece indispensável efetuar uma radiografia de cada atividade ludoesportiva deste quanto aos objetivos de motricidade que constituem seu arcabouço fundamental. Já não se trata de biologia ou de sociologia, e sim de um ponto de vista totalmente novo, uma praxiologia que tem por objeto a ação motriz em si mesma. Podemos, sem embaraço, distinguir algumas grandes perspectivas de trabalho que têm modificado consideravelmente a paisagem da investigação do campo das atividades motrizes. Um dos problemas chaves consiste em encaminhar indicadores objetivos ligados à inteligibilidade do conjunto das atividades físicas e esportivas. Tal inteligibilidade deveria autorizar uma classificação que identificará cada esporte por meio de suas grandes características práticas. É importante construir uma classificação operacional. A relação do praticante com o meio físico é uma relação capital. Se o meio está acondicionado e estandartizado, como para o atletismo, a ginástica e a natação, a ação motriz se orienta para um autocentrismo repetido cuidadosamente nos treinamentos e perfeitamente ponto a ponto. O encadeamento dos gestos alcança uma surpreendentemente habilidade ou uma rara audácia, como no caso da ginástica com aparelhos, mas todos eles seguindo uma sequência passada com muitíssima anterioridade, sem que o ator tenha que recorrer à informação nem tomar decisão no transcurso da ação. Os outros critérios se baseiam nas relações entre os praticantes. Podemos distinguir duas grandes categorias: 1) Segundo critério: Interação Motriz de Cooperação: Este tipo de interação tem lugar entre companheiros; cabe falar no caso de comunicações motrizes propriamente ditas. 2) Terceiro critério: Interação Motriz de oposição: Este outro tipo de interação se produz entre adversários, falaremos, neste caso, de contracomunicações motrizes. 43 3.4.2 Classificação das práticas motrizes Estes dois últimos critérios de interação incitam a trazer uma primeira classificação segundo quatro grandes categorias: 1) As práticas desprovidas de interação motriz. Neste caso, o ator intervém sozinho, sem relação com o outro, como é o caso, por exemplo, do salto em altura, salto em trampolim, esqui etc. Este conjunto de situações desprovidas de interação motriz define a classe de situações motrizes. As três características seguintes se distinguem como tais por umas formas de interação práxica e definem a classe das situações sociomotrizes. 2) As práticas em que as interações motrizes entre adversários serão exclusivamente antagônicas. No caso dos duelos entre indivíduos, como o boxe, luta, esgrima, tênis etc. 3) As práticas em que a interação motriz entre companheiros é exclusivamente cooperativa, como no caso do alpinismo, de uma equipe de espeleologia, a tripulação de um veleiro etc. 4) As práticas em que a interação motriz conjuga a oposição e cooperação, no caso dos duelos entre equipes, tais como o basquetebol, tênis em duplas, voleibol e handebol. 3.4.3 Alguns exemplos de lógicas internas As questões de pedagogia se fazem conceder às intenções do aprendiz numa importância desmesurada em relação com a realidade do que ocorre sobre o terreno de jogo. 44 O problema que se discute não consiste em afirmar que se quer desenvolver o espírito de solidariedade, sem pôr um destaque em situações pedagógicas que exerçam efetivamente uma influência neste sentido. Que experiência concreta de cooperação vamos proporcionar a nossos alunos? Por meio de que forma a ação motriz poder favorecer as relações de solidariedade? Estas interrogações evitam explorar a lógica interna de cada situação e a identificar seus tipos pertinentes de ação motriz. A lógica interna, numa primeira aproximação, considera dois componentes estruturais de qualquer situação motora: 1) Os protagonistas da ação, atendendo ao critério de interação relativamente à presença ou ausência de companheiros(C) e ou adversários(A); 2) O espaço de ação, tendo em conta a presença ou ausência de incerteza devido ao meio físico (I). A combinação destes critérios permite caracterizar qualquer situação motora, pois, da combinação binária dos três fatores, permite distribuir as inúmeras práticas em oito categorias ou domínios diferentes, nas quais se fundamenta qualquer jogo ou desporto. Estas categorias podem se distinguidas em subconjuntos. Tendo em conta o critério de interação com os outros podemos apresentar dois grandes grupos de situações motoras, segundo se apresente ou não interação motora com os outros intervenientes: 1) Situações psicomotoras: o participante assume uma intervenção em solitário, pois o objetivo motor ou a tarefa motora não requer a presença de outros intervenientes (salto em altura, corrida de velocidade). 2) Situações sociomotoras: a tarefa motora exige a participação de outros intervenientes. Podem ser considerados três tipos: a) Situações de cooperação ou comunicação motora: neste tipo é visível a cooperação com pelo menos um companheiro na tentativa de conseguir o objetivo comum; 45 b) Situações de oposição ou contracomunicação motora: a interação é realizada perante um adversário que se opõe ao objetivo ou tarefa motora. Esta oposição pode ser corporal (como acontece nos desportos de combate) ou instrumental (utilizando objetos extracorporais, como o caso do tênis, esgrima etc.). c)Situações de cooperação-oposição: nestas os intervenientes podem contar com a colaboração dos seus companheiros e a oposição dos adversários. São práticas que correspondem aos desportos de duelo coletivo (futebol, voleibol e handebol). Segundo o critério da incerteza promovido pelo meio físico, encontramos novamente dois grupos de práticas: a) Situações em meio estável: nesta categoria ou domínio de ação as práticas realizam-se num meio sem incerteza, sendo, por isso, considerado “domesticado”, no qual o protagonista não necessita se preocupar com as decisões a tomar que tenham em conta o meio físico (futebol, ginástica rítmica e handebol); b) Situações em meio instável: neste tipo de práticas o meio físico é fonte de incerteza obrigando o interveniente a retirar informações para o descodificar e agir de acordo com essa leitura. Poderemos, assim, considerar um meio “selvagem” e incerto que tem exemplos nas práticas na natureza como a escalada, canoagem ou a prancha a vela. 3.4.4 O sistema dos esportes coletivos Consideram-se os cinco esportes coletivos mais praticados: futebol, voleibol, basquetebol, handebol e rugby. Vamos caracterizar cada um deles com ajuda de indicadores, evoluindo seus principais atos de ação motriz. Logo, esses esportes se classificam segundo suas dimensões propostas por seus indicadores. 46 1) O primeiro indicador se refere à distância de carga, ou dizer intervalo objetivo que separa dois adversários no momento de seu enfrentamento direto. Constata-se que há menor distância no rugby e maior no voleibol. 2) Um segundo indicador tem em conta o valor do espaço individual de interação, quer dizer, a superfície obtida dividindo a superfície total do terreno de jogo entre número de jogadores. O voleibol oferece um índice mais baixo de interação motriz, seguido pelo basquetebol, pelo handebol, rugby e, por último, o futebol. Constatamos que esta classificação é idêntica à precedente, com uma só variação (rugby ou futebol). 3) Um terceiro indicador ordena as práticas em função de seu grau de violência. Este nível de periculosidade é apreciado com ajuda de estatísticas de seguradoras, relativa a milhões de jogadores. Também aí a classificação obtida é rigorosamente a mesma que a primeira escala. 4) Por último, um quarto indicador ordena os esportes segundo a facilidade de domínio da bola em pleno desenvolvimento. Do rugby, o mais fácil, até o voleibol, o mais sofisticado, encontra-se outra vez o mesmo nível de classificação. De outro modo, se elegem quatro dimensões correspondentes aos quatro elementos chaves da ação motriz (relações estabelecidas entre o jogador e os outros – distâncias e contatos –, entre ele e o espaço, entre ele e a bola), os cinco esportes coletivos se organizam de modo quase idêntico segundo quatro escalas. Nos esportes coletivos, quanto maior é o espaço disponível mais os cercam os adversários e mais violentos são os contatos que estabelecem entre si. Raramente encontram-se correlações tão fortes em ciências sociais; estas correlações denotam presença de um verdadeiro sistema de esportes coletivos. A lógica interna destes duelos de equipes estrutura seu conjunto de forma explicitamente coerente. 47 CAPÍTULO IV 4 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 4.1 FORMULAÇÃO E VALIDAÇÃO DO INSTRUMENTO O instrumento de medida foi um questionário misto sob a forma de escala que captou a opinião dos alunos submetidos ao modelo proposto, em relação à sua satisfação, contendo oito questões referentes à nova metodologia proposta, o tempo que participa da atividade, seus comentários e sugestões, sendo validado por apenas dois professores vinculados à Prefeitura Municipal de Cachoeiro de Itapemirim, que atuam com atividades de handebol por um período maior que seis anos. Foram realizadas, por propostas dos validadores, as seguintes alterações no questionário original: se o atleta é ou não federado e a categoria à qual pertence. A amostra foi constituída de um grupo de 24 alunos, de ambos os sexos, com idade variando de 13 a 18 anos, ou seja, abrange alunos incluídos em 3 categorias diferentes de acordo com cada faixa etária (de 13 a 14 anos – categoria infantil, de 15 a 16 anos – categoria cadete, e de 17 a 18 anos – categoria juvenil). Deve-se salientar que os sujeitos da pesquisa foram submetidos a duas sessões de treinamentos semanais, cada uma com uma duração aproximada de 1 hora e trinta minutos, nas quais se utilizaram atividades baseadas em conceitos da Praxiologia Motriz, que trata de um conhecimento específico o qual contempla como objeto de estudo o grande conjunto de manifestações da cultura corporal que empregam a ação motriz; no caso em questão, o jogo como forma lúdica (aquecimentos, relaxamento etc.) e, mais especificamente, o esporte, que é desenvolvido não somente na perspectiva da sociomotricidade. 48 4.2 QUADRO DE ANÁLISE, SEGUNDO A PRAXEOLOGIA DE PARLEBÁS Quadro 2. Iniciação esportiva no handebol na perspectiva sociomotriz. PARTE DA AULA Aquecimento Manejo de bola Manejo de corpo Fundamento técnico a ser desenvolvido INTENÇÃO PEDAGÓGICA DESCRIÇÃO DA ATIVIDADE • Fortalecer a • Pique corrente rede de • Jogo dos dez solidariedade passes entre os • Variação do jogo participantes dos dez passes • Fortalecer a capacidade de tomada de decisão em ação com reversão do papel no jogo (fugitivo/ pegador) Deslocamento Queimada pelo espaço Fundamento técnico do desporto a ser desenvolvido • Passe • Recepção • Atividades em duplas • Atividades em trios INTERAÇÃO PEDAGÓGICA PARA O HANDEBOL • Espírito coletivo com vistas a desestabilizar o adversário • Compreensão de jogo com maior objetividade • Exercitar a conduta em relação ao companheiro e ao adversário Preparar habilidades técnicas que serão utilizadas durante o jogo, e, sobretudo, aprimorar as bases físicas e as qualidades motoras. Apresentar e aperfeiçoar os fundamentos técnicos indispensáveis ao desenvolvimento do jogo. ANÁLISE PEDAGÓGICA • Rede de comunicação motriz direta • Interação motriz essencial direta, de contracomunicação motriz • Relação antagônica entre os fugitivos e pegador Fonte: Autoria própria No quadro acima, descrevemos a aula a ser ministrada na perspectiva sociomotriz, cujos temas são os fundamentos técnicos do Handebol: passe e recepção, sua análise comparativa com o mini-handebol, já citada anteriormente, buscou-se a intencionalidade pedagógica nas atividades, sendo que, sua avaliação consistiu na aplicação do instrumento, cujas respostas encontram tabuladas e comentadas mais adiante. Ressaltamos que, nos esportes de cooperação/oposição, como o caso do Handebol,se dá interação ou comunicação práxica essencial tanto de comunicação ou positiva, como de contracomunicação ou negativa. 49 As ações de cooperação e/ou oposição são os eixos em torno dos quais se articula e desenvolve a ação do jogo e, dentro deles, a posse ou não da bola por parte da equipe desencadeia, em grande maioria, o possível comportamento estratégico da equipe, tal situação explica o porquê de situações na aula, onde se utiliza de conceitos tais como: manejo de corpo e de bola, sem citar os fundamentos técnicos propriamente ditos, sem os quais, não se consegue desenvolver uma partida de Handebol, seja na metodologia do mini-handebol, ou na ora estudada perspectiva sociomotriz. 4.3 APLICAÇÃO DO QUESTIONÁRIO AOS PRATICANTES O questionário validado foi aplicado a 24 alunos, de acordo com a amostra. 1 – Sexo ( ) masculino ( ) feminino 2 – Idade ( ) 13 a 16 anos ( ) 17 a 18 anos 3 – Você considera que as atividades propostas auxiliaram durante os jogos? ( ) sim ( ) não 4 – Você considera que as atividades de cooperação e solidariedade em treinamentos ajudam o espírito coletivo de equipe? ( ) sim ( ) não 5 – E durante os jogos, também fortalece o espírito de equipe? ( ) sim ( ) não 6 – Dê um exemplo de atividade de cooperação ou de solidariedade durante o jogo. ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 50 7 – Assinale, de 01 a 04, o quanto as atividades de cooperação e solidariedade favorecem o rendimento durante o jogo. 1 nada 2 pouco 3 muito 4 totalmente 8 – Faça sua avaliação sobre o projeto. ( ) fraco ( ) regular ( ) bom ( ) ótimo 51 4.4 RESULTADOS E DISCUSSÃO O Handebol, segundo Parlebás (1986), apresenta uma rede estável, de duelo, conjugando em sua lógica os aspectos da solidariedade, intraequipe, e do antagonismo, interequipes. Os papéis dos jogadores durante a partida são apresentados no quadro abaixo: Quadro 3. Quadro de análise da distribuição dos papéis no handebol, segundo Parlebás (1986/1987) DESCRIÇÃO do JOGO PAPÉIS ESPAÇO DE HANDEBOL Duas equipes dispostas em 1. Goleiro 1. Ocupa a área de gol, devendo impedir que a A quadra de jogo tem 40 simetria no espaço, delimitado bola ultrapasse a linha de gol entre as traves. metros de comprimento, por uma quadra. 2. Juntamente com o armador central efetuar denominada linha lateral, O objetivo do jogo é fazer 2. Armador ações, e jogadas de ataque com êxito, pelo por 20 metros de largura (linha de fundo). esquerdo gols, utilizando para isto apenas lado esquerdo da quadra de jogo. as mãos, ao mesmo tempo em A baliza tem 2 metros de 3. Juntamente com o armador central efetuar que evita-se que o adversário 3. Armador altura por 3 metros de ações, e jogadas de ataque com êxito, pelo direito os faça, para tal, recorre-se a distância entre as traves. lado direito da quadra de jogo. faltas e tomada de bola. A área para atuação 4. Principal articulador e organizador das 4. Armador Somente ao goleiro é exclusiva do goleiro tem 6 jogadas e movimentações em quadra. central permitida a utilização dos pés, metros, a frente há uma 5. Ocupa extremidade esquerda da quadra apenas para defesas. linha pontilhada distante 9 junto à linha lateral, geralmente inicia as 5. Ponta metros da baliza, local Os praticantes podem circular jogadas de ataque pelo lado esquerdo. esquerda designado para a livremente pela quadra de jogo, 6. Ocupa extremidade direita da quadra junto à cobrança de tiros livres. sendo vedada apenas a área de 6. Ponta linha lateral, geralmente inicia as jogadas de A ocupação do espaço gol, que pertence ao goleiro, só direita ataque pelo lado direito. expande-se na direção do podendo ser invadida, no caso 7. Suas principais tarefas são de abrir espaço campo do adversário e de um arremesso em 7. Pivô na defesa adversária, facilitando o arremesso retrai-se na direção do suspensão (o atleta não pode dos demais componentes, fazer pontos e campo de defesa. tocar a linha de área) posicionar-se estrategicamente para que ele mesmo possa receber a bola e fazer o gol. Fonte: Adaptado de Parlebás, (1986/1987). ANÁLISES • Rede de Comunicação Motriz Direta; • Interação Motriz Essencial Direta de Cooperação entre os parceiros; • Rede Exclusiva de Comunicação Motriz – Modelo de Duelo; • Relação Intergrupais de contra-comunicação motriz (antagonismo) entre as equipes que se opõem; • Relação Intragrupais de comunicação motrizes entre os parceiros (solidariedade); • Relação antagônica em relação ao adversário; 52 Os dados nos mostram que o modelo proposto atinge o objetivo do seguinte modo: Foram analisados os resultados, dentre os quais encontramos, no universo geral de 24 alunos, de acordo com a Tabela abaixo, um total de 55% do sexo feminino e 45% do sexo masculino, ou seja, 13 alunas e 11 alunos. Destes, por faixa etária, encontramos dois alunos de 18 anos, quatro alunos de 17 anos, quatro alunos de 15 e 16 anos e, finalmente, quatorze alunos com idade variando entre 13 e 14 anos. Assim, frisamos que, para fins da pesquisa, fizemos uma aproximação matemática. fem. 55% masc. 45% Gráfico 1. Classificação dos participantes da pesquisa de acordo com o gênero. Os alunos foram divididos por faixa etária, de acordo com o período em que frequentam as atividades, priorizando-se aqueles com maior tempo de adesão às atividades. 53 Alunos de 13 e 14 anos 65% Alunos de 15 e 16 anos 15% Alunos de 17 anos 15% Alunos de 18 anos 5% Gráfico 2. Classificação dos participantes da pesquisa de acordo com a idade Em relação à opinião dos sujeitos sobre considerações acerca das atividades de cooperação e solidariedade, pode-se observar, no Gráfico 3, que para 98% dos sujeitos, mais precisamente 22 alunos, as atividades ajudam nos treinamentos. Ajudam 98% Não ajudam 2% Gráfico 3. Opinião dos participantes sobre as atividades de cooperação e solidariedade nos treinamentos Com relação à opinião dos praticantes sobre atividades de cooperação e solidariedade durante os jogos, o resultado foi mais incisivo, conforme o Gráfico 4, em que, para 99% dos sujeitos, ou seja, 23 praticantes, as atividades de cooperação e solidariedade ajudam durante os jogos. 54 Ajudam 99% Não ajudam 1% Gráfico 4. Opinião dos alunos acerca das atividades de cooperação e solidariedade nos jogos. No Quadro 5, relativo à interação que adviria da cooperação e solidariedade durante o jogo de handebol, encontram-se vinte e um praticantes que concordam que auxilia totalmente, dois que acham que auxilia muito e um (1) que acha que auxilia pouco. Totalmente 92% Muito 6% Pouco 2% nada 0% Gráfico 5. Opinião sobre as atividades de cooperação e solidariedade que favorecem durante o jogo de handebol. Na análise dos alunos acerca do projeto de iniciação em que se encontram inseridos, os percentuais pouco diferem dos anteriores, sendo que 92% acham ótimo, 7% acham bom e 1% regular. Considera-se, então, que o projeto é entendido, 55 por sua população, como importante, haja vista a opinião dos mesmos, além do tempo médio de adesão às atividades desenvolvidas, lembrando que tal situação não mereceu destaque na pesquisa, na qual, a princípio, todos deveriam participar pelo período mínimo de 2 anos nas atividades. Ótimo92% Bom 7% Regular 1% Fraco 0% Gráfico 6. Opinião dos participantes da pesquisa sobre o projeto Em suma, pode-se observar que no projeto houve uma quase totalidade nas respostas acerca da nova metodologia apresentada, sendo que os alunos puderam expressar tal aceitação nos questionários, evidenciados nos percentuais obtidos. No que tange a Praxiologia Motriz, nesses últimos anos tem sido cada vez mais evidente a relevância desse conhecimento na construção de uma didática para o ensino do jogo e do esporte. Nas modalidades coletivas, e em especial do handebol, objeto do nosso estudo, é possível perceber que a ação motriz poderá fornecer novas diretrizes rumo a um novo aprendizado, apontando para novas direções, possibilitando novas experiências, deixando de lado treinamentos meramente técnicos, desarticulados do jogo, para uma técnica construída em função da lógica do jogo, das necessidades e possibilidades de cada participante; de um treinamento tático combinado e sequências previamente definidas, para construção de jogadas a partir de processos de leitura do jogo e de tomada de decisão, priorizase conceitos de cooperação e solidariedade no planejamento a ser seguido. 56 CAPÍTULO V 5 CONCLUSÕES Conclui-se que o trabalho da escolinha de handebol procura visar especificamente, além do desenvolvimento e aprendizado da modalidade esportiva em questão, a promoção da saúde e da condição física, a aquisição de hábitos e condutas motoras (ampliando-se o repertório motor) e o entendimento do esporte como um fator cultural (humano), estimulando sentimentos de autonomia e criatividade e, acima de tudo, cooperação e solidariedade, devendo ser fomentada a sua gestão pelos praticantes. Assim sendo, o trabalho de iniciação com os diferentes esportes deve consistir, na teoria e na prática, um exercício humanamente criador e responsável, que, regido por uma pedagogia própria, transmita muito mais que o aprendizado de gestos técnico-esportivos. Atualmente é cada vez mais urgente a produção de conhecimentos que venham a orientar as ações de professores, gestores e/ou coordenadores. Na pesquisa, evidencia-se que quando acontece uma prática de um esporte coletivo não estão ali somente intenção, filosofia de jogo, um motivo para a competição, história dos jogadores, enfim, uma série de fatos que dão significados a essas ações. Dependendo do jogo, do adversário, do tempo, da relevância da competição, da satisfação pessoal, é que será possível determinar o grau de envolvimento e participação na partida. As ações de jogo carregadas de significados são entendidas por Parlebás como condutas motrizes. Esta concepção pedagógica da sociomotricidade é uma das abordagens epistemológicas da Educação Física e a Psicomotricidade atua na pessoa como um ser suscetível de desenvolver suas capacidades mentais através do movimento. Parlebás (1987) defende uma Ação Psicomotora quando não há interação com os outros, mas, na existência de alguma relação, fala-se de uma Ação Sociomotora. Nas atividades sem interação ou psicomotoras, pode-se dizer que a ênfase deverá estar centrada na própria atividade. O praticante deverá estar totalmente envolvido 57 com sua tarefa e buscar resolver o problema ou propósito, sempre centrando a atenção no que está fazendo. Este estudo proporcionou reflexão, análise e discussão de um projeto de iniciação esportiva em handebol, na qual os alunos avaliaram de forma positiva o projeto do qual participam, além do questionamento sobre se eles identificam ou não benefícios nesta prática. A intervenção foi considerada positiva pela quase totalidade dos participantes do projeto (99%), evidenciando a percepção dos procedimentos de cooperação e solidariedade como mecanismos de produtividade durante os jogos (98%). Foi evidenciado na pesquisa, dentre outros aspectos, a participação efetiva dos educandos visando à aquisição de subsídios que permitam discutir suas interrelações no contexto do esporte e sirvam de parâmetros de um aprendizado contextualizado e produtivo, objetivando uma melhor prática, numa perspectiva sociomotora na qual se priorizem a cooperação e solidariedade, que consideramos elementos fundamentais para a nova concepção que apresentamos, desviando-se do foco principal do antagonismo da competição, para o prazer e, sobretudo, para adesão à prática esportiva do handebol, independente de sexo, idade, categoria e período de adesão ao projeto ora citado. Assim, recomenda-se que seja adotada a praxiologia motriz na iniciação esportiva, tendo em vista que o handebol, enquanto esporte coletivo, em seu desenvolvimento requer algumas considerações, consistindo no confronto entre duas equipes que cooperam entre si. A interação de cooperação é denominada de comunicação, em que quanto melhor essa relação maior será a possibilidade de obter êxito nas ações de ataque e defesa, visto que a situação de oposição, um elemento da comunicação práxica, não deve ser pensada desvinculada da cooperação, além da solidariedade entre os praticantes de uma mesma equipe, que devem interagir em função de obter vantagem sobre o adversário, seja ela na defesa ou no ataque. Devemos ter claro em nossa prática que “o esporte enquanto fenômeno social tema da cultura corporal, precisamos questionar suas normas, suas condições de adaptação à realidade social e cultural da comunidade que o pratica, cria e recria” (COLETIVO DE AUTORES, p. 71). Finalizo frisando a importância do professor enquanto condutor desta nova metodologia, pois cabe a ele utilizar não apenas novos conceitos, mas, também, adotar uma nova postura, sabendo lidar com o sujeito em formação, devendo ele, estabelecer uma prática que contemple toda a complexidade humana, a entenda 58 como o período em que o aluno inicia e adere à prática regular e orientada, respeitar seus limites e individualidades, a necessidade de experiências para a maturação somática e ainda tomar cuidado com traumas e/ou impactos longitudinais nos membros da criança que está em crescimento, assim, conseguirá oferecer uma prática bem orientada. 59 REFERÊNCIAS BRACHT, Valter. Sociologia crítica do esporte: uma introdução. 3. ed., Ijuí: Unijuí, 2005. BUNCHAFT, Guenia; KELLNER, Sheila R. de Oliveira. Estatística sem mistérios. Petrópolis, RJ: Vozes, 1999. COLETIVO DE AUTORES. Metodologia do ensino de Educação Física. São Paulo; Crtez, 1992. COSTA NETO, Pedro Luiz de Oliveira. Estatística. São Paulo: Edgard Blucher, 2002. LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Metodologia do trabalho científico: Procedimentos básicos, pesquisa bibliográfica, projeto e relatório, publicações e trabalhos científicos. 6. ed., São Paulo: Atlas, 2006. MORENO, J. A y Rodriguez, P L (1996) Apendizage Deportivo. Universidade de Murcia. Murcia, 1996. PARLEBÁS, Pierre. Contibuition à um léxique commenté em sciencie de l’action motrice. Paris: INSEP, 1981. ______. Elementos de sociologia del deporte. Málaga (Spain); Junta de Andalucia/ Universidad Internacional Deportiva de Andalucia, 1986. ______. Perspectivas para una educación física moderna. Espanha, PassineUnisport and Andalucia, 1987. REVISTA HANDEBOL BRASIL – Revista da Confederação Brasileira de Handebol, agosto de 2005. RIBAS, João Francisco Magno (org). Jogos e esportes, fundamentos e aplicações da Praxiologia Motriz. Santa Maria, RS: UFSM, 2008. SFALSIN, Carlos Antônio. A natação e sua contribuição para um modelo de ensino-aprendizagem numa perspectiva sociomotora: um estudo de caso na cidade de Cariacica-ES. [Dissertação de mestrado], UCB, 2007. TUBINO, Manoel José Gomes. As teorias da educação física e do esporte. 1. ed., Barueri, SP: 2002. ______. Dimensões sociais do esporte. 2. ed., revista. São Paulo: Cortez, 2001. 60 ______; SILVA, Kenya Maynard. Esporte e Cultura da Paz. Rio de Janeiro: Shape, 2006. ______. O que é esporte. São Paulo: Brasiliense, 2006. 61 62 BIBLIOGRAFIAS CONSULTADAS ALVAREZ, Maria Esmeralda Ballestero; BALBÁS, Marcial Soto. Dicionário Espanhol–Português. São Paulo: FTD, 2006. BOURDIEU, Pierre. Coisas ditas. (Trad.) Cássia R. da Silveira e Denise Moreno Pegorin. São Paulo: Brasiliense, 2004. BRACHT, Valter. Educação física e aprendizagem social. Porto Alegre: Magister, 1992. GRECO, Pablo Juan. Manual de handebol: Treinamento de base para crianças e adolescentes. Arno Ehret et al. Organizado pela Confederação Alemã de Handebol. Tradução e revisão científica. São Paulo: Phorte, 2002. HUBNER, Edgar Antonio. Mini-handebol (06 a 10 anos). Paraná: Hubner Sport e Marketing, 1999. HUIZINGA, Johan. Homo ludens: O jogo como elemento da cultura. São Paulo: Perspectiva, 2005. JAPIASSÚ, Hilton; MARCONDES, Danilo. Dicionário básico de filosofia. 4. ed., Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2006. KASLER, Horst. Handebol: Do aprendizado ao jogo disputado. Tradução de Siglinda Lenk da Costa e Silva. Rio de Janeiro: Ao Livro Técnico, 1978. KROGER, Christian. Escola de bola: Um ABC para iniciantes aos jogos desportivos. 2. ed., São Paulo: Phorte, 2006. KUNZ, Eleonor: Transformação didático-pedagógica do esporte. 7. ed., Ijuí: Unijuí, 2006. MELO, Victor Andrade de. História da educação física e do esporte no Brasil: Panorama e perspectivas. São Paulo: IBRASA, 1999. PRONI, Marcelo Weishaupt; LUCENA, Ricardo de Figueiredo. Esporte: história e sociedade. Campinas, SP: Autores Associados, 2002. SANTOS, Lúcio Rogério Gomes dos. Handebol: 1000 exercícios. 3. ed., Rio de Janeiro: Sprint, 2001. SIMÕES, Antonio Carlos. Handebol defensivo: conceitos técnicos e táticos. São Paulo: Phorte, 2002. SOARES, Carmen Lúcia. Educação física: raízes europeias e Brasil. 3. ed., Campinas, SP: Autores Associados, 2004. 63 TENROLLER, Carlos Alberto. Handebol: teoria e prática. Rio de Janeiro: Sprint, 2004. TUBINO, Manoel, TUBINO, Fábio M. GARRIDO, F.A.C. Dicionário Tubino dos Esportes. 1. ed., 2007. 64 ANEXOS 65 ANEXO - A DECLARAÇÃO DO COMITÊ DE ÉTICA 66 ANEXO - B RELAÇÃO DE VALIDADORES Professor Willian Barros Nascimento Possui graduação em Licenciatura Plena em Educação Física pela Universidade Federal Rural Fluminense (1999), especialização Latu Sensu em Ciências do Treinamento pela Universidade Federal Rural Fluminense (2001). Atuou de 1985 a 1988 como diretor de esportes da Casa do Estudante de Cachoeiro de Itapemirim, mesmo cargo ocupado por ocasião do mesmo estar cursando Licenciatura em Educação Física na Universidade Federal Rural Fluminense Atuou em arbitragem desportiva de 1996 a 1997, tendo, em 1997, atuado como Coordenador Técnico dos XXXI Jogos da Primavera da UFRRJ. No ano de 1999 assumiu o cargo de técnico da Seleção de Handebol de Cachoeiro de Itapemirim, afastando-se no ano de 2002 e, desde então, vem desenvolvendo atividades no esporte, pelas escolas e clubes do município. Atualmente é Professor da Rede Municipal de Cachoeiro de Itapemirim, lotado na SEME (Secretaria Municipal de Educação) e na Secretaria Municipal de Esporte e Lazer do Município de Itapemirim, ocupando um cargo técnico. Professor Douglas Franco Espolador Possui Licenciatura Plena em Educação Física pelo Centro Universitário São Camilo (2007), especialização Latu-Sensu em Educação Física Escolar (linha de pesquisa: Aprendizagem motora e Desenvolvimento Motor na Iniciação Desportiva em Handebol) pela Faculdade de Educação da Serra (2008). Atuou de 2005 a 2006 como monitor nas disciplinas de Futsal e Handebol e, desde 2000, atua como árbitro de handebol pela Federação Capixaba de Handebol, onde participa de oficinas. Desenvolve a função de coordenador técnico do Centro de Treinamento de Handebol Handsul desde o ano de 2001. 67 Atualmente é Professor da Rede Municipal de Cachoeiro de Itapemirim, lotado na SEME (Secretaria Municipal de Educação) e na Rede Estadual de Ensino, lotado na SEDU (Secretaria Estadual de Educação), e em ambas as redes atua como professor de Educação Física. 68 ANEXO - C QUESTIONÁRIO ORIGINAL (ANTES DA VALIDAÇÃO) 1 – SEXO ( ) MASCULINO ( ) FEMININO 2 – IDADE ( ) 13 A 16 ANOS ( ) 17 A 18 ANOS 3 - QUAL A CATEGORIA QUE VOCÊ PERTENCE? ( ) INFANTIL ( ) CADETE ( ) JUVENIL 4 - VOCÊ É ATLETA VINCULADO À FEDERAÇÃO CAPIXABA DE HANDEBOL? ( ) Sim ( ) Não 5 – VOCÊ CONSIDERA QUE AS ATIVIDADES PROPOSTAS AUXILIARAM DURANTE OS JOGOS? ( ) Sim ( ) Não 6 – VOCÊ CONSIDERA QUE AS ATIVIDADES DE COOPERAÇÃO E SOLIDARIEDADE EM TREINAMENTOS AJUDAM O ESPÍRITO COLETIVO DE EQUIPE? ( ) Sim ( ) Não 7 – E DURANTE OS JOGOS, TAMBÉM FORTALECE O ESPÍRITO DE EQUIPE? ( ) Sim ( ) Não 8 – DÊ UM EXEMPLO DE ATIVIDADE SOLIDARIEDADE DURANTE O JOGO. DE COOPERAÇÃO OU DE ___________________________________________________________________ 9 – ASSINALE, DE 01 A 04, O QUANTO AS ATIVIDADES DE COOPERAÇÃO E SOLIDARIEDADE FAVORECEM O RENDIMENTO DURANTE O JOGO. 1 NADA 2 POUCO 3 4 MUITO TOTALMENTE 10 – FAÇA SUA AVALIAÇÃO SOBRE O PROJETO. ( ) FRACO ( ) REGULAR ( ) BOM ( ) ÓTIMO 69 ANEXO - D MODELO DE QUESTIONÁRIO APLICADO 1 – SEXO ( ) MASCULINO ( ) FEMININO 2 – IDADE ( ) 13 A 16 ANOS ( ) 17 A 18 ANOS 3 – VOCÊ CONSIDERA QUE AS ATIVIDADES PROPOSTAS AUXILIARAM DURANTE OS JOGOS? ( ) Sim ( ) Não 4 – VOCÊ CONSIDERA QUE AS ATIVIDADES DE COOPERAÇÃO E SOLIDARIEDADE EM TREINAMENTOS AJUDAM O ESPÍRITO COLETIVO DE EQUIPE? ( ) Sim ( ) Não 5 – E DURANTE OS JOGOS, TAMBÉM FORTALECE O ESPÍRITO DE EQUIPE? ( ) Sim ( ) Não 6 – DÊ UM EXEMPLO DE ATIVIDADE SOLIDARIEDADE DURANTE O JOGO. DE COOPERAÇÃO OU DE 7 – ASSINALE, DE 01 A 04, O QUANTO AS ATIVIDADES DE COOPERAÇÃO E SOLIDARIEDADE FAVORECEM O RENDIMENTO DURANTE O JOGO. 1 NADA 2 POUCO 3 4 MUITO TOTALMENTE 8 – FAÇA SUA AVALIAÇÃO SOBRE O PROJETO ( ) FRACO ( ) REGULAR ( ) BOM ( ) ÓTIMO 70 ANEXO - E QUESTIONÁRIO DE VALIDAÇÃO Prezado (a) Senhor (a): Sua colaboração é essencial no aprimoramento de um “Instrumento de Identificação dos efeitos positivos do esporte lazer no bem-estar social na empresa” em que estou desenvolvendo em minha dissertação no Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Ciência da Motricidade Humana da Universidade Castelo Branco, com orientação do Dr. Manoel Tubino. O esporte representa hoje na sociedade um dos maiores fenômenos socioculturais deste início de século. Observa-se um aumento significativo de praticantes de esporte-lazer em diversas camadas da sociedade. O ator principal do esporte-lazer é o próprio praticante, não existem barreiras para a sua participação. O espetáculo fica por conta da socialização, inclusão social, do prazer lúdico e do direito de desistência quando não houver mais vontade. Diferente do esporte de rendimento, que prioriza a participação dos talentos, o esporte educação tem a sua essência no prazer, na descontração, na diversão e no bem-estar em decorrência do seu caráter desinteressado. Este instrumento deverá ser utilizado por todas as pessoas envolvidas com o Handebol enquanto prática esportiva, sejam pesquisadores, praticantes, e/ou organizadores. O objetivo é produzir um instrumento prático e objetivo, sem grandes custos e de rápido preenchimento, que dê uma visão clara dos efeitos positivos de uma de uma metodologia baseada na sociomotricidade. Com esse instrumento, espera-se que haja a identificação dos efeitos positivos do esporte-educação nas escolas, e, por que não dizer, também nos clubes, tendo em vista que o panorama hoje é de expansão do esporte através das mais variadas formas. Sua colaboração será essencial para a validação desse instrumento. Em cada item, caso concorde, marque um “X” na opção “MANTER”, caso discorde, marque “RETIRAR” (um, mais de um ou todos os itens) ou “REFORMULAR”, caso acredite que possa haver alguma dúvida no entendimento. Caso queira contribuir com alguma sugestão ou ACRESCENTAR algum item, utilize o espaço de “SUGESTÕES”. Na última página há um espaço de comentários e/ou para complementar alguma informação. 71 I - SEXO ( ) Manter ( ) Retirar Item ( ) Reformular II – IDADE ( ) Manter ( ) Retirar III - CATEGORIA A QUAL PERTENCE: ( ) Manter ( ) Retirar IV - SE É ATLETA VINCULADO À FEDERAÇÃO CAPIXABA DE HANDEBOL ( ) Manter ( ) Retirar V - SOBRE AS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS ( ) Manter ( ) Retirar Item ( ) Reformular Sugestões:__________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 72 VI – EXEMPLIFICAR ATIVIDADE DESENVOLVIDA E SUA APLICABILIDADE DURANTE O JOGO ( ) Manter ( ) Retirar Item ( ) Reformular Sugestões:__________________________________________________________ ___________________________________________________________________ VII- AVALIAÇÃO DO PROJETO ( ) Manter ( ) Retirar Item ( ) Reformular Sugestões:__________________________________________________________ ___________________________________________________________________ Utilize o espaço abaixo para comentários ou para complementar alguma informação ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 73 ANEXO F FOTOS DAS ATIVIDADES DE TREINOS Figura 2. Foto 1 - Atividades de Treinamentos - 1 Figura 3. Foto 2 - Atividades de Treinamentos - 2 74 Figura 4. Foto 3 - Atividades de Treinamentos - 3 Figura 5. Foto 4 - Atividades de Treinamentos - 4 75 Figura 6. Foto 5 - Participação em Torneios - 1 Figura 7. Foto 6 - Participação em Torneios - 2 76 Figura 8. Foto 7 - Participação em Torneios - 3 Figura 9. Foto 8- Participação em Torneios - 4