análise de cooperação e solidariedade em parlebás

Transcrição

análise de cooperação e solidariedade em parlebás
UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO
PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU EM CIÊNCIA DA MOTRICIDADE HUMANA
INICIAÇÃO ESPORTIVA EM HANDEBOL: ANÁLISE DE
COOPERAÇÃO E SOLIDARIEDADE EM PARLEBÁS
Carlos Magno Costa Rocha
RIO DE JANEIRO
2010
UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO
PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU EM CIÊNCIA DA MOTRICIDADE HUMANA
INICIAÇÃO ESPORTIVA EM HANDEBOL: ANÁLISE DE
COOPERAÇÃO E SOLIDARIEDADE EM PARLEBÁS
Carlos Magno Costa Rocha
Dissertação apresentada à Universidade
Castelo Branco - Pós-Graduação Stricto
Sensu em Ciência da Motricidade
Humana, com vistas à obtenção do título
de Mestre em Ciência da Motricidade
Humana.
Orientadores: Profa. Dra. Vera Lúcia de
Menezes Costa
Prof. Dr. Manoel José Gomes Tubino (in
memoriam)
RIO DE JANEIRO
2010
II
III
DEDICATÓRIA
Dedico esta dissertação de Mestrado à
minha família, aos meus colegas e
amigos, fundamentais para que atingisse
o final da jornada, e, principalmente, aos
alunos, pelo empenho e dedicação ao
handebol.
IV
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus, por ter me dado força, paz, saúde e, principalmente, ânimo para
superar todas as adversidades.
Ao eterno mestre e orientador Prof. Dr. Manoel José Gomes Tubino, por ter me
aceito como orientando e ter me ajudado a trilhar o brilhante caminho da ciência.
À Profa. Dra. Vera Lúcia de Menezes Costa, por ter assumido com tanta sabedoria,
empenho e dedicação nossos trabalhos e ter se configurado não tão somente em
orientadora, mas, acima de tudo, como amiga.
A todos os amigos, colegas e conhecidos que, de alguma forma, me deram força
para superar as dificuldades e alcançar o objetivo.
Aos alunos e seus familiares, por acreditarem e colaborarem de forma empolgante
nas atividades, proporcionando uma excelente fonte de pesquisa.
Aos funcionários da Coordenação do PROCIMH, por todo carinho e atenção durante
o período de duração do curso.
V
"É
melhor
tentar
e
falhar,
que preocupar-se e ver a vida
passar;
é melhor tentar, ainda que em vão,
que sentar-se fazendo nada até o
final.
Eu prefiro na chuva caminhar,
que em dias tristes em casa me
esconder.
Prefiro ser feliz, embora louco,
que em conformidade viver..."
Martin Luther King
VI
RESUMO
ROCHA, Carlos Magno Costa. Iniciação Esportiva em Handebol: Análise de
Cooperação e Solidariedade em Parlebás. Dissertação de Mestrado). Rio de
Janeiro: PPGCMH/Universidade Castelo Branco,2010.
Neste trabalho assumiu-se a proposta de se discutir o handebol, prática surgida na
Europa e difundida com bastante ênfase na Inglaterra. O esporte ganhou espaço no
contexto social no último século, como consequência de uma série de fatores, dentre
os quais pode-se evidenciar os investimentos públicos e da iniciativa privada. Ao
mesmo tempo, houve um aumento significativo de projetos e programas,
enfatizando, em especial, a iniciação esportiva, fenômeno cada vez mais crescente,
sendo cada vez mais urgente a produção de conhecimentos para a área. O
handebol, surgido em 1911, é um esporte dinâmico que atrai a criança e se constitui
num dos jogos coletivos mais ricos e que tem merecido atenção especial por parte
de sua Confederação Brasileira, a qual, inclusive, tem implantado ações em prol de
seu desenvolvimento, dentre as quais merece destaque a de iniciação desportiva em
handebol (mini-handebol). Na pesquisa, analisou-se um projeto de iniciação
esportiva existente em Cachoeiro de Itapemirim, no qual utilizamos os conceitos da
Praxeologia Motriz de Pierre Parlebás, que caracteriza o handebol como uma rede
de comunicação e duelo, que estabelece interações de solidariedade nas equipes e
de antagonismos nos adversários, sendo que, neste sentido, para construir uma
equipe faz-se necessário fortalecer as comunicações de cooperação e solidariedade
entre os jogadores para o fortalecimento dos vínculos entre eles e favorecimento da
produtividade em jogo. Utilizou-se, na pesquisa, um questionário e, através de
entrevistas, adquirimos informações e subsídios para o auxílio na prática ora
realizada, buscando o grau de aproximação com a metodologia a que se propôs
implantar, no caso a Praxeologia Motriz, e, principalmente, a cooperação e
solidariedade entre os praticantes. Foi evidenciado na pesquisa, dentre outros
aspectos, a participação efetiva dos educandos visando à aquisição de subsídios
que permitam discutir suas inter-relações no contexto do esporte e sirvam de
parâmetros de um aprendizado contextualizado e produtivo, objetivando uma melhor
prática, numa perspectiva sociomotora na qual se priorizem a cooperação e
solidariedade, que consideramos elementos fundamentais para a nova concepção
que apresentamos, desviando-se do foco principal do antagonismo da competição,
para o prazer e, sobretudo, para adesão à prática esportiva do handebol,
independente de sexo, idade, categoria e período de adesão ao projeto ora citado.
Palavras-chave: Esporte, Handebol, Praxeologia Motriz.
VII
ABSTRACT
ROCHA, Carlos Magno Costa. Sporting Initiation in Handball: Analysys of
Cooperation and Solidarity in Parlebás. (Master Dissertation). Rio de Janeiro:
PPGCMH/Universidade Castelo Branco,2010.
In this work we have assumed the motion to discuss the handball, practice that
emerged in Europe and spread with great emphasis on England. The sport gained
ground in the social context in the last century as a result of a number of factors,
among which we highlight both the public and private initiative. At the same time,
there was a significant increase in projects and programs, emphasizing in particular
the initiation sports, phenomenon growing increasingly as ever more urgent
production of knowledge in the area. The handball, appeared in 1911, is a dynamic
sport that attracts the child and is one of the richest multiplayer games and has been
given special attention by the Brazilian Confederation, which even has implemented
actions in support of its development, among which stand the initiation of sports in
handball (mini-handball). In research, we analyzed a project sports initiation existing
in Cachoeiro de Itapemirim, where we use the concepts of Motor Praxeology by
Pierre Parlebas, featuring handball as a communication network and duel
establishing interactions in teams of solidarity and antagonism their opponents, and
in this sense, to build a team it is necessary to strengthen the communications of
cooperation and solidarity among the players to strengthen the links between them
and fostering productivity at stake. It was used in the research a questionnaire and
through interviews, acquire information and grants to aid in practice sometimes
carried out, seeking closeness to the methodology that is proposed to phase in the
case Motor Praxeology, and especially, cooperation and solidarity among the
practitioners. Was evidenced in the research, among other things, the effective
participation of students seeking the acquisition of grants to enable discuss their
inter-relationships in the context of the sport and serve as parameters in a
contextualized learning and productive, aiming at a best practice in a socio-engine
perspective on which give priority to cooperation and solidarity, which we consider
key elements for the new design presented here, bypassing the main focus of
antagonism of the competition, for pleasure and, above all, to join the sports of
handball, regardless of sex, age, category and period of joining the project now
named.
Keywords: Sports, Handball, Motor Praxeology.
VIII
LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Esquema ilustrativo para desenvolvimento do trabalho ............................. 23
Figura 2. Foto 1 - Atividades de Treinamentos - 1 .................................................... 73
Figura 3. Foto 2 - Atividades de Treinamentos - 2 .................................................... 73
Figura 4. Foto 3 - Atividades de Treinamentos - 3 .................................................... 74
Figura 5. Foto 4 - Atividades de Treinamentos - 4 .................................................... 74
Figura 6. Foto 5 - Participação em Torneios - 1 ........................................................ 75
Figura 7. Foto 6 - Participação em Torneios - 2 ........................................................ 75
Figura 8. Foto 7 - Participação em Torneios - 3 ........................................................ 76
Figura 9. Foto 8- Participação em Torneios - 4 ......................................................... 76
IX
LISTA DE QUADROS
Quadro 1. Comparativo das metodologias de ensino de handebol .......................... 37
Quadro 2. Iniciação esportiva no handebol na perspectiva sociomotriz ................... 48
Quadro 3. Quadro de análise da distribuição dos papéis no handebol, segundo
Parlebás (1998). ........................................................................................................ 51
X
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1. Classificação dos participantes da pesquisa de acordo com o gênero ..... 52
Gráfico 2. Classificação dos participantes da pesquisa de acordo com a idade ....... 53
Gráfico 3. Opinião dos participantes sobre as atividades de cooperação e
solidariedade nos treinamentos................................................................................. 53
Gráfico 4. Opinião dos alunos acerca das atividades de cooperação e solidariedade
nos jogos. .................................................................................................................. 54
Gráfico 5. Opinião sobre as atividades de cooperação e solidariedade favorecem
durante o jogo de handebol. ...................................................................................... 54
Gráfico 6. Opinião dos participantes da pesquisa sobre o projeto ............................ 55
XI
SUMÁRIO
CAPÍTULO I
1 O PROBLEMA ___________________________________________________ 15
1.1 INTRODUÇÃO
1.2 OBJETIVOS DO ESTUDO
1.3 JUSTIFICATIVA
1.4 DELIMITAÇÃO
1.5 QUESTÃO A INVESTIGAR
1.6 CONCEITOS BÁSICOS DO ESTUDO
CAPÍTULO II
2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS _______________________________ 22
2.1 TIPO DE PESQUISA
2.2 ESQUEMA E ORGANIZAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO DA PESQUISA
2.3 AMOSTRA
2.4 INSTRUMENTO DE PESQUISA E COLETA DE DADOS
2.4.1 Construção e Validação
2.4.2 Validação do questionário
2.4.3 Coleta de Dados
2.4.4 Tratamento Estatístico
CAPÍTULO III
3 REFERENCIAL TEÓRICO __________________________________________ 29
3.1 HANDEBOL __________________________________________________ 29
3.2 ESPORTE____________________________________________________ 32
3.3 INICIAÇÃO ESPORTIVA EM HANDEBOL ___________________________ 34
3.4 A PRAXIOLOGIA DE PIERRE PARLEBÁS __________________________ 37
3.41 A Lógica interna das situações motrizes _______________________ 40
3.4.2 Classificação das práticas motrizes ___________________________ 43
3.4.3 Alguns exemplos de lógicas internas _________________________ 43
3.4.4 O sistema dos esportes coletivos ____________________________ 45
CAPÍTULO IV
4 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS __________________ 47
4.1 FORMULAÇÃO E VALIDAÇÃO DO INSTRUMENTO
4.2 QUADRO DE ANÁLISE, SEGUNDO A PRAXEOLOGIA DE PARLEBÁS
4.3 APLICAÇÃO DO QUESTIONÁRIO AOS PRATICANTES
4.4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
XII
CAPÍTULO V
5 CONCLUSÕES ___________________________________________________ 56
REFERÊNCIAS ____________________________________________________ 59
ANEXOS _________________________________________________________ 64
XIII
15
CAPÍTULO I
1 O PROBLEMA
1.1 INTRODUÇÃO
A educação física moderna teve sua origem na Europa, berço das duas
grandes revoluções: a Burguesa e a Industrial, onde, no período compreendido entre
o fim do século XVII e início do século XIX, surgiram algumas das práticas que
durante muito tempo monopolizaram o cenário da educação física: os métodos
ginásticos (Alemanha, França e Suécia) e o esporte (mais enfaticamente na
Inglaterra).
Neste trabalho assumiu-se a proposta de se discutir o esporte, percebendose, então, que o homem está interligado e relacionado ao esporte desde os
primatas, quando fugiam de animais predadores, lutavam por áreas e regiões e
disputavam domínios no início das coletividades. Acredita-se que, depois da
alimentação, a mais antiga forma de atividade humana é a que hoje se conhece por
esporte. A prática esportiva teve início remoto, quando já havia documentos de
vários povos primitivos - antigos egípcios, babilônios, assírios e hebreus - com cenas
de luta, jogos de bola, natação, acrobacias e danças. Entre os egípcios, a luta corpoa-corpo e com espadas surgiu por volta de 2.700 a.C. e eram exercícios com fins
militares. Os outros jogos tinham caráter religioso, os campeonatos, torneios,
olimpíadas, recordes, títulos, medalhas, torcidas e comemorações.
A longa história do esporte ajuda a entendê-lo como um fenômeno surgido há
milênios e que se perpetuou no imaginário do homem. Inicialmente, a prática
esportiva está ligada aos exércitos e às guerras. Aprimorar e desenvolver a força
física do soldado, além de significar mais chances de vitória nas batalhas, servia
para demonstrar a superioridade de um povo. Os gregos foram o primeiro povo
europeu a atingir alto grau de civilização. A educação física, assim como a filosofia,
16
a lógica, a arquitetura e as artes em geral, está entre as principais heranças por eles
deixadas ao mundo moderno.
Mas é na Grécia Antiga que o esporte passa a ocupar um lugar de destaque
na sociedade. A educação física deixa o campo militar e se torna motivo de distinção
social. A prática esportiva é a única atividade que, mesmo gerando suor, causa
orgulho nos cidadãos. O trabalho, por exemplo, cabe ao escravo e não confere
prestígio aos homens livres. O filósofo Sócrates registra a importância do esporte
para a sociedade da época: "Nenhum cidadão tem o direito de ser um amador na
matéria de adestramento físico, sendo parte de seu ofício”. Como cidadão, deve se
manter em boas condições, pronto para servir ao Estado sempre que preciso.
O esporte ocupava lugar de destaque entre espartanos e atenienses. Na
Idade Média, com o crescimento da força do cristianismo, que pregava mais a
purificação da alma que a do corpo, o esporte entrou em uma fase de estagnação,
pois foi um período de guerras e conquistas. Na Renascença (séculos XVI e XVII),
com o surgimento do Humanismo, a educação física foi revivida. Com a conquista da
Grécia Antiga pelos romanos, em 456 a.C., os Jogos Olímpicos entravam em
declínio. A proposta de integrar os cidadãos em competições marcadas pela
cordialidade cede espaço a disputas cada vez mais violentas. A última Olimpíada da
Era Antiga acontece em 393 d.C., quando o imperador romano Teodósio I proíbe a
realização de festas para adoração de deuses.
A partir do século IV, passando por toda a Idade Média, o esporte vive um
período de estagnação, principalmente no Ocidente. O cristianismo prega a
purificação da alma; o corpo, colocado em segundo plano, serve mais às penitências
do que ao desenvolvimento de aptidões esportivas. A educação física, pelo menos
na perspectiva adotada na Grécia Antiga, desaparece ou é praticada de forma
isolada por pequenos grupos.
A retomada do esporte se dá lentamente. O Humanismo, nos séculos XVI e
XVII, redescobre a importância da atividade física. O esporte situou-se, na segunda
metade do século XX, como um dos fenômenos sociais do mundo, pela abrangência
de seu envolvimento e de suas relações. É sabido também que, nas últimas
décadas, o esporte experimentou uma mudança conceitual, deixando de
perspectivar-se apenas no rendimento, e conseguiu também incorporar os sentidos
educativos e do bem-estar social (TUBINO, 2001). Ao mesmo tempo, o esporte
passou a ser objeto de estudo de vários autores, dos quais um que merece
17
destaque é Pierre Parlebás, o qual estabeleceu uma teoria da Comunicação Motriz,
que norteava a educação física, ao tirar o foco do movimento para o ser em
movimento.
Como foco deste estudo elegeu-se o Handebol, que, pela sua história, pode
ser considerado um esporte tradicional, sendo que um jogo com bola, usando as
mãos e com passes, descrito na Odisseia, encontra-se gravado numa pedra em
Atenas. Na Idade Média os cavaleiros praticavam um jogo de bola com passes e
metas. Esse jogo, descrito no século XII por Walter Von der Vogelwide, é
considerado seu precursor.
Idealizado pelo alemão Carl Schelzens, originou-se de dois outros esportes
alemães, o Raffball e o Konigsbergerball. Este último, por sua vez, foi derivado do
Torball, jogo de bola ao gol.
O alemão Holger Nielsen adaptou o Haandbold-Spiel (jogo de handebol) para
ser levado às quadras, na cidade de Ortrup (Alemanha), em 1848. Os alemães
deram formato de esporte ao antigo jogo, definindo uma primeira versão de suas
regras em 1897, tendo à frente, nessa ação, o professor de ginástica Konrad Koch.
Em 1911, o dinamarquês Frederik Knudsen codificou o jogo. O rigor do inverno
europeu fez com que os suecos adaptassem, em 1924, o handebol de campo para
as quadras e, desde então, passou a ser muito praticado nas escolas e como lazer,
sendo incluído nos Jogos Olímpicos modernos em 1972.
Depois do exposto, chega-se ao problema, que vai da necessidade de
encontrarem-se meios efetivos para uma iniciação ao handebol, pois existem
inúmeras experiências e estudos sobre o assunto, propiciando diversidade de
contestações. A pesquisa, no sentido de buscar outros meios para a solução, se
fixou na Praxeologia de Pierre Parlebás, que pode ser usada para esta iniciação,
principalmente a sociomotricidade preconizada por este autor.
Trata-se de um estudo que é derivado da pesquisa de Sfalsin (2007),
desenvolvida no LABESPORTE na linha de pesquisa Aspectos Sócio-Políticos do
Esporte.
Um jogo esportivo como o Handebol é caracterizado como uma rede de
comunicação de duelo, que estabelece interações de solidariedade nas equipes e de
antagonismos aos adversários. Neste sentido, para se construir uma equipe faz-se
necessário fortalecer as comunicações de cooperação e solidariedade entre os
jogadores para o fortalecimento dos vínculos entre eles e favorecimento da
18
produtividade em jogo. Desse modo, busca-se compreender que procedimentos de
ensino podem favorecer, no esporte-educação, o desenvolvimento de tais aspectos.
A abordagem praxeológica de Pierre Parlebás aqui foi delimitada à
sociomotricidade que compreende as condutas motrizes, que são ações motrizes
colocadas no seu contexto. A sociomotricidade é apresentada como a dimensão
social da conduta humana.
1.2 OBJETIVOS DO ESTUDO
De acordo com o problema anteriormente introduzido, foram traçados
objetivos, tanto no contexto geral como no específico, no sentido de possibilitar
embasamento aos questionamentos propostos ao instrumento utilizado para a
efetivação da metodologia de ensino.
•
Objetivo Geral:
Analisar, na percepção dos alunos, a identificação dos procedimentos de
cooperação e solidariedade inseridos no projeto de iniciação esportiva em
handebol, desenvolvido no município de Cachoeiro de Itapemirim, sul do
Estado do Espírito Santo.
•
Objetivos Específicos:
Para que se atingisse o objetivo geral, definiram-se os objetivos específicos
da pesquisa:
1- Identificar procedimentos de ensino no handebol que manifestem as proposições
de solidariedade e cooperação encontradas na praxeologia de Pierre Parlebás
(1988).
19
2 – Verificar, na percepção dos alunos, a identificação dos procedimentos de
cooperação e solidariedade e as respectivas mudanças após serem submetidas aos
procedimentos com base na praxeologia.
1.3 JUSTIFICATIVA
Este estudo se propôs a discutir a metodologia de ensino da iniciação em
handebol, baseado na sociomotricidade de cooperação, utilizando atividades
variadas: coletivas, jogos cooperativos etc. O ponto chave do estudo foi o minihandebol, que deve ser considerado como uma filosofia cujo conteúdo é, na sua
essência, um jogo de bola para crianças.
A carência de estudos sobre o assunto, o pouco conhecimento da
sociomotricidade de Pierre Parlebás no Brasil e a falta de experiências divulgadas,
além dos próprios limites do autor, constituem-se justificativas no desenvolvimento
da pesquisa.
1.4 DELIMITAÇÃO
O crescente envolvimento de crianças no esporte, sejam eles esportes
individuais ou coletivos, como, no caso em questão, do handebol. As contribuições
proporcionadas pela prática esportiva, quando bem orientadas, atingem todas as
dimensões do desenvolvimento: social, cognitivo, afetivo, físico ou motor.
Este estudo proporcionou reflexão, análise e discussão de um Projeto de
Iniciação Esportiva em Handebol desenvolvido há seis anos numa escola pública
municipal em Cachoeiro de Itapemirim. Delimitando-se, portanto, àqueles que
participaram do Projeto.
20
1.5 QUESTÃO A INVESTIGAR:
A pesquisa ficou comprometida em fornecer subsídios teóricos e sustentação
prática de metodologia, respondendo à seguinte questão:
•
Qual a influência de um procedimento de cooperação no ensinoaprendizagem do handebol através de atividades coletivas e cooperativas
(baseada na sociomotricidade de Pierre Parlebás)?
1.6 CONCEITOS BÁSICOS DO ESTUDO
Esporte - fenômeno sociocultural que tem no jogo o seu vínculo cultural e na
competição o seu elemento essencial, e que, nas suas diferentes formas, contribui
para a formação e aproximação dos seres humanos ao reforçar o desenvolvimento
de valores como a moral, a ética, a solidariedade, a fraternidade e a cooperação, o
que o torna um dos meios mais eficazes para a convivência humana (TUBINO
2006).
Iniciação esportiva - é um processo de aprendizagem no qual crianças,
jovens, adultos e idosos começam suas experiências de práticas esportivas no
intuito de desenvolver habilidades que permitam práticas subsequentes nas
modalidades em que esses processos sejam executados (TUBINO E GARRIDO,
2007).
Mini-handebol - uma adaptação da modalidade handebol que objetiva
adequar a praticidade de uma atividade motora à criança entre os seis e dez anos
(HUBNER, 1999).
Praxiologia motriz - teoria epistemológica desenvolvida pelo sociólogo
francês Pierre Parlebás, a qual constituiu-se numa sociomotricidade que
compreende as condutas motrizes do indivíduo, que são ações motrizes colocadas
21
no seu contexto. É um processo de adaptação das condutas motoras de um ou
vários sujeitos em uma situação motora determinada (PARLEBÁS, 1981,1986,1999).
Sociomotricidade - é uma dimensão social da conduta motora que existe na
relação direta entre os participantes. Esta proposta consta da Praxiologia Motriz de
Pierre Parlebás. Ocorre quando há uma interação com os participantes, fazendo
referência a uma interação em que participa mais de uma pessoa (PARLEBÁS,
1981).
22
CAPÍTULO II
2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Neste capítulo estão relatados os procedimentos metodológicos efetuados a
partir de uma sequência lógica, a saber: tipo de pesquisa; esquema e organização
do desenvolvimento da pesquisa;amostra; os instrumentos da pesquisa.
A partir das análises e das respostas dos alunos, foram feitas algumas
correções e acréscimos às atividades propostas no método de ensino de handebol
em sua perspectiva da sociomotricidade de cooperação.
2.1 TIPO DE PESQUISA
O estudo foi desenvolvido a partir da metodologia da pesquisa descritiva. A
pesquisa descritiva é um estudo de status e é amplamente utilizada na educação,
nas ciências sociais e nas investigações comportamentais.
As pesquisas descritivas incluem uma série de técnicas de levantamento de
dados. No caso deste estudo estão técnicas de ensino do handebol, questionário
respondido pelos alunos envolvidos, pais, profissionais de outras áreas que atuam
com crianças e adolescentes.
O modelo de estudo foi o exploratório, estudo do tipo survey, no qual são
analisadas práticas presentes ou opiniões de uma população especificada através
de questionários. As atividades desenvolvidas constaram de aulas práticas, teóricas,
jogos amistosos, oficiais, viagens etc., com alunos devidamente matriculados e
frequentando a escola, mas, também, pessoas da comunidade, desde que houvesse
compromisso e frequência aos treinamentos.
A pesquisa analisou como os alunos avaliam o projeto do qual participaram e
se identificaram ou não benefícios nesta prática. Foi evidenciada na pesquisa, entre
23
outros aspectos, a participação efetiva dos alunos visando a aquisição de subsídios
que permitiram discutir suas inter-relações no contexto do esporte e servem de
parâmetros em busca de um aprendizado contextualizado e produtivo, objetivando
uma melhor prática, numa perspectiva sociomotora
2.2 ESQUEMA E ORGANIZAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO DA PESQUISA
A pesquisa foi desenvolvida através de etapas previamente estabelecidas que
permitiram uma sequência lógica. Abaixo se transcreve o esquema desenvolvido:
ESQUEMA E ORGANIZAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO DA PESQUISA
CAPÍTULO II - CAMINHOS
METODOLÓGICOS PARA O
DESENVOLVIMENTO DA PESQUISA
CAPÍTULO I - O PROBLEMA
•
•
•
•
•
•
Introdução
Objetivos do estudo
Justificativa
Delimitação
Questões a investigar
Conceitos básicos do estudo
• Tipos de estudo
• Esquema e organização do
desenvolvimento da pesquisa
• Amostra
• Instrumentos do estudo e coleta de
dados
• Construção e validação
CAPÍTULO III - REFERENCIAL TEÓRICO DA PESQUISA
•
•
•
•
•
• Handebol
• Esporte
A Praxiologia Motriz de Pierre Parlebás
A lógica interna das situações motrizes
Classificação das práticas motrizes
Alguns exemplos de lógicas internas
O sistema de esportes coletivos
CAPÍTULO IV – APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Elaboração do
modelo
sociomotor de
aprendizagem em
handebol
Aplicação do
modelo sociomotor
CAPÍTULO V
CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
Figura 1. Esquema ilustrativo para desenvolvimento do trabalho
Fonte: Elaborado pelo próprio autor.
Resultados e
discussão
24
A pesquisa foi apresentada em uma sequência de capítulos. No Capítulo I
encontra-se o problema, objetivos do estudo (geral e específicos), justificativa e
relevância do estudo, delimitação do estudo, questão a investigar.
No Capítulo II apresentaram-se os caminhos metodológicos para o
desenvolvimento do estudo, o tipo de estudo, o esquema e a organização do estudo,
as amostras, os instrumentos do estudo coletando os dados e a elaboração do
documento final.
O Capítulo III foi elaborado a partir da revisão fundamentada de conceitos e
questões básicas do estudo, em que foram obtidos dados que permitiram a
confrontação de ideias acerca do tema uma nova metodologia de ensino de
handebol na perspectiva da sociomotricidade, tendo como parâmetro o minihandebol. Nesta revisão do referencial teórico do estudo foi aplicada a teoria
Praxiológica de Parlebás.
O Capítulo IV trata da elaboração do modelo sociomotor de aprendizagem em
Handebol, no qual constam a elaboração do instrumento, a aplicação do
instrumento, validação, coleta e análise dos resultados.
Na medida do possível, os questionamentos e dúvidas que surgiram foram
registrados para posterior análise. Em seguida, foi aplicado o modelo nos sujeitos do
Projeto de Iniciação Esportiva-Escolinha de Handebol Handsul-Cachoeiro, e, a
seguir, se elaborou um instrumento para ser aplicado aos alunos, do qual se
extraíram observações sobre a eficácia do método sociomotriz desenvolvido, das
percepções dos alunos sobre as categorias cooperação e solidariedade.
As conclusões objetivando novas possíveis práticas estão expostas no
Capítulo V.
2.3 AMOSTRA
A pesquisa tem uma amostra não aleatória do tipo intencional de 24 alunos
na faixa etária que compreende dos 13 aos 18 anos, que representam 40% dos que
se submeteram ao programa. Utilizou-se como critério de inclusão a adesão de pelo
menos 80% de frequência às atividades do projeto, que esteja matriculado há no
25
mínimo 2 anos no projeto e não seja atleta federado, seja na Federação Capixaba
de Handebol ou na Confederação Brasileira de Handebol.
No segundo momento, o modelo foi aplicado para um grupo de 24 alunos na
faixa etária que compreende de 13 a 18 anos. Nas aulas, os praticantes receberam
um aprendizado técnico-tático do Handebol, contendo Fundamentos Técnicos
(passes, dribles, arremessos etc.), Fundamentos Táticos (sistemas de jogo), além
de preparação psicológica (disciplina, autocontrole etc.).
2.4 INSTRUMENTO DE PESQUISA E COLETA DE DADOS
Foi desenvolvido um modelo de ensino do handebol numa perspectiva da
sociomotricidade, tendo como referência principal a teoria Praxeológica de Pierre
Parlebás e as atividades coletivas e cooperativas. Deve-se ressaltar que,
inicialmente, a metodologia de trabalho desenvolvida era a do mini-handebol,
experiência muito difundida no Brasil, inclusive divulgada pela Confederação
Brasileira de Handebol.
Depois do início do desenvolvimento do projeto, elaborou-se um modelo de
observação no qual foram buscados subsídios que permitem um posicionamento e
uma mudança no desenvolvimento das atividades.
O instrumento de medida foi um questionário misto sob a forma de escala que
captou a opinião dos alunos submetidos ao modelo proposto, em relação à sua
satisfação, contendo oito questões referentes à nova metodologia proposta, o tempo
que participa da atividade, seus comentários e sugestões.
2.4.1 Construção e Validação
O instrumento utilizado para a coleta dos dados foi a entrevista estruturada
contendo questões direcionadas ao tema de estudo, definida por Lakatos e Marconi
(1986) como sendo aquela em que o entrevistador segue um roteiro previamente
estabelecido e as perguntas ao indivíduo são pré-determinadas. Ela se realiza, de
26
acordo com formulário elaborado e é efetuada, de preferência, com pessoas
selecionadas de acordo com um plano.
A entrevista constitui um instrumento privilegiado de coleta de informações
porque a fala pode ser reveladora de condições estruturais, de sistema de valores,
normas e símbolos e, ao mesmo tempo, ter a magia de transmitir, através de um
porta-voz, as representações de grupos determinados, em condições históricas,
socioeconômicas e culturais específicas.
Para a realização das entrevistas foi elaborado um questionário-roteiro no
qual se utilizaram as seguintes questões do tipo fechadas:
a) Perguntas fechadas dicotômicas, segundo Lakatos e Marconi (1986), são
aquelas em que o informante escolhe sua resposta entre duas opções: sim e
não. Estes tipos de perguntas serão utilizadas nos itens 1, 2, 3, 4 e 5.
b) Perguntas fechadas de múltipla escolha são perguntas que apresentam uma
série de possíveis respostas, abrangendo várias facetas do mesmo assunto
(LAKATOS; MARCONI, 1986). Este tipo de pergunta foi utilizada no item 7.
A escolha das perguntas fechadas se justifica pelas vantagens que
apresentam, uma delas é que o conjunto de alternativas de respostas é uniforme e,
portanto, facilita comparações entre os entrevistados. Outra vantagem é que a lista
fixa de possibilidades de respostas tende a tornar a pergunta mais clara para o
entrevistado. Caso ele tenha alguma dúvida sobre a pergunta ela pode ser
esclarecida pelas categorias de respostas, além disso essas categorias podem fazer
com que ele se lembre de alternativas que, caso contrário, não seriam consideradas
ou seriam esquecidas.
Foram utilizadas, ainda, perguntas de múltipla escolha nas quais, segundo
Lakatos e Marconi (1986), as respostas possíveis estão estruturadas com a
pergunta, devendo o informante assinalar uma ou várias delas.
2.4.2 Validação do roteiro do instrumento
O roteiro de entrevista e das referências teve seu conteúdo validado através
de uma análise detalhada de dois (2) juízes-validadores, considerados notórios na
educação física e no esporte, e que tenham conhecimento do handebol como
27
atividade pesquisada e desenvolvida, frisando que, em virtude da negativa por parte
de outros colaboradores, diminuiu-se o número, que seria de 3 (três).
Os valores e a percepção dos juízes-validadores escolhidos, quanto à
coerência, clareza e validade das perguntas e dos conceitos das referências
formuladas em relação à temática do estudo, serão hierarquizados em dois
formulários, que serão anexados ao questionário e às referências intituladas
“Parecer” (Anexos). Nestes formulários anexados o juiz-validador manifestou seu
parecer escolhendo entre as opções: manter, retirar ou reformular, para cada
pergunta e conceitos do roteiro de entrevista. Quando a opção reformular fosse
escolhida três (3) vezes, a pergunta e o conceito ou o item serão reformulados,
seguindo as sugestões apresentadas.
Dessa forma, foram validados o roteiro de entrevista e as referências como
instrumento do estudo, possibilitando o desenvolvimento da pesquisa.
Na oportunidade, foram convidados a participar dois juízes especialistas da
área técnica, ambos atuando há mais de dez anos com atividades de handebol:
aulas, treinamentos e competições.
2.4.3 Coleta de Dados
Após a aplicação do questionário, os dados foram coletados pelo próprio
autor, no contato direto com os indivíduos selecionados. A aplicação do instrumento
de uma forma direta se explica pelo fato de que, desta forma, existe menos
possibilidade de os entrevistados não responderem ao instrumento ou de deixarem
algumas perguntas em branco.
Assim sendo, pode-se afirmar que, no contato direto, o pesquisador pode
explicar e discutir os objetivos da pesquisa e do questionário, responder às dúvidas
que os entrevistados tenham em certas perguntas.
Para complementar a coleta de dados foram feitas entrevistas de caráter
informal com os alunos, com intuito de reforçar os resultados obtidos. Desta forma,
tentou-se eliminar possíveis tendências para ceder a sugestões no seu uso.
Em resumo, pode-se afirmar que o instrumento elaborado evidenciou ter o
seu raio de atuação suficiente para caracterizar os conjuntos de acontecimentos no
28
início deste capítulo. Notou-se que a sua estabilidade interna se mostrou aceitável,
possibilitando chegar às informações necessárias ao estudo.
2.4.4 Tratamento Estatístico
Foi realizada somente a Estatística Descritiva em função da convergência ao
tipo de pesquisa, o que encontra respaldo em Costa Neto (2002) e Bunchaft; Kellner
(1999). Aplicou-se a análise de frequência absoluta e relativa.
29
CAPÍTULO III
3 REFERENCIAL TEÓRICO
Este estudo está inserido no campo teórico do esporte e da cultura na
temática do esporte educacional. Para a compreensão do fenômeno estudado este
capítulo se organiza em quatro seções: o handebol; o esporte; a iniciação esportiva
em handebol; e a praxiologia de Pierre Parlebás.
3.1 HANDEBOL
O handebol é um esporte coletivo cuja origem é atribuída ao alemão Karl
Schelensz, citado por PRONI/LUCENA (2002), responsável por sua organização e
reformulação. Sua primeira participação em Olimpíadas se deu em 1936, na época
ainda disputada no campo. A partir daí, por várias razões, dentre as quais climáticas,
passou a ser disputado em ginásios, havendo atualização das regras e uma
massificação mundial do desporto. No Brasil, os relatos mais antigos sobre handebol
datam de 1930, tendo sido os imigrantes, em sua maioria alemães, responsáveis por
sua implantação em território brasileiro. Na cidade de Santos, já em 1954, houve o
primeiro curso internacional para professores sobre práticas específicas de
handebol. Apesar de não dispor da mesma exposição midiática dos demais esportes
coletivos, o handebol é uma das modalidades esportivas mais praticadas no Brasil, a
nível amador, principalmente entre estudantes de ensino fundamental, médio e
superior.
Dentre os fatores que facilitam sua divulgação, podem-se listar que é um
desporto de fácil aprendizado, com regras simples e que atrai a criança pelo fato de
que seu objetivo final é fazer gols, constituindo-se numa das modalidades de jogos
coletivos mais rica como meio de educação, recreação, lazer ou mesmo como
prática de alto nível. Mesmo atraindo inúmeros adeptos a nível amador, não se pode
afirmar o mesmo a nível profissional. Tendo em vista os poucos clubes que mantêm
equipes profissionais em atividade, a faixa salarial dos atletas e técnicos é
30
considerada média e as transmissões das partidas geralmente são feitas em canais
pagos de TV, merecendo destaque nas TVs abertas somente as partidas das
seleções nacionais masculina e feminina, geralmente em períodos de preparação
para eventos mundiais. Os campeonatos nacionais (ligas nacionais de handebol),
disputados pelas maiores equipes do país, transcorrem quase que despercebidos
pela grande mídia.
Neste panorama nada animador, quem assumiu o papel de não tão somente
massificar o esporte, mas, sobretudo, torná-lo vencedor, foi a CBHb (Confederação
Brasileira de Handebol), na pessoa do seu presidente Manoel Luiz Oliveira, que
destaca:
[...] nós todos os fãs de handebol temos muito o que comemorar. Os
objetivos traçados em nosso Plano Estratégico, cujo foco principal é
chegar ao final deste ciclo olímpico2005-2008 entre os três melhores
esportes olímpicos do Brasil [...]. (HANDEBOL BRASIL, 2005, p. 04).
Nas palavras do presidente encontra-se um projeto que visa não apenas
resultados expressivos, mas uma maior exposição e, consequentemente, captação
de recursos financeiros visando melhor desenvolvimento da modalidade. Constam
no projeto algumas ações, dentre as quais:
*Busca de mais parcerias na iniciativa pública e privada;
*Maior participação de todos os Estados nos campeonatos
brasileiros;
*Construção de um centro de treinamento para atletas de todas as
categorias;
*Implantação da ENAT (Escola Nacional de Árbitros e Treinadores);
*Implantação dos seguintes projetos: Caça-Talentos e MiniHandebol.
Tais ações organizacionais contemplam a perspectiva da expansão do
esporte, que consiste na dimensão pedagógica. Nosso objetivo, no presente
trabalho, é analisar um projeto social de iniciação desportiva em Handebol que
funciona há oito anos nas dependências de uma escola pública municipal em
Cachoeiro de Itapemirim (ES).
O Projeto em questão, denominado “Esporte na Escola - Escolinha de
Handebol”, contempla ações diversas, tais como palestras, debates, reuniões,
passeios, além da prática esportiva propriamente dita, seu objetivo maior. É
31
desenvolvido por dois professores de Educação Física auxiliados por funcionários da
escola, pais e responsáveis pelos alunos.
O acesso às aulas é totalmente gratuito e o único requisito para participação é
a afinidade com a prática esportiva. As atividades são mantidas por contribuições e
arrecadações diversas; por colaboradores que se interessem e queiram contribuir no
desenvolvimento das atividades de forma a custear a participação em eventos
programados e despesas diversas, além de investimentos do Poder Público, através
da Secretaria Municipal de Educação, que viabiliza transporte, material esportivo e
cessão do espaço, dentre outras.
No projeto se consolidou a prática do Handebol – preparação técnica (passes,
dribles, fintas etc.), preparação tática (sistemas de jogo), preparação física e
psicológica – através da implantação de escolinhas nas várias categorias (mini,
mirim, infantil, cadete, juvenil etc.), de acordo com cada faixa etária, compreendidas
entre 09 e 18 anos, divididas em períodos, dias e horários diferentes. Desde seu
início, foram formadas equipes das diferentes categorias em ambos os naipes
(masculino e feminino), das quais todas participam regularmente de eventos nãooficiais (amistosos, apresentações etc.) e oficiais (torneios e campeonatos) no
próprio município e em outros, nos quais são alcançados resultados satisfatórios.
Nas categorias de base – mini (09 e 10 anos) e mirim (11 e 12 anos) – são seguidos
os parâmetros do mini-handebol, difundido no Brasil pela Confederação Brasileira de
Handebol buscando-se oferecer à criança ampla liberdade e participação nas
decisões, no sentido de fomentar a sua autonomia e independência, ao ponto de ela
mesma contribuir na elaboração e estruturação de seu treinamento.
O handebol, enquanto esporte coletivo, pode ser classificado como um jogo
de cooperação e oposição ao mesmo tempo, no qual há trocas constantes no
ataque e defesa, além de que, durante o jogo, também se utilizam a comunicação
entre os companheiros de equipe, de forma que todos os jogadores possam
aprender a tomar decisões a todo instante, com ou sem a bola. Na condição de jogo
coletivo isto se faz necessário, visto que o que encontramos hoje nos treinamentos é
a ênfase na parte técnica, através de uma metodologia diretiva na qual se priorizam
os fundamentos técnicos do esporte, muitas vezes não se levando em consideração
tais aspectos.
Neste contexto, a metodologia que norteou este trabalho será a Praxeologia
Motriz.
32
3.2 ESPORTE
Para fins de estudo nos apegamos à concepção moderna de esporte de
variados autores, que surgiu no século XIX, na Inglaterra, idealizado por Thomas
Arnold (1828 e 1842), fortemente influenciado por Charles Darwin e suas
concepções evolucionistas. A concepção de esporte de Thomas Arnold se constituía
de três características principais: é um jogo, é uma competição e é uma formação.
Thomas Arnold (1828 e 1842), quando dirigia o Colégio Rugby, na Inglaterra,
incorporou as atividades físicas praticadas pela burguesia e pela aristocracia inglesa
ao processo educativo, deixando que os alunos dirigissem os jogos e criassem
regras e códigos próprios, numa atmosfera de “fair play”, que significa uma atitude
respeitosa na disputa esportiva, respeitando as regras, os códigos, os adversários e
os árbitros.
Outro marco importante no esporte moderno é o ano de 1892, quando se
iniciou o movimento de restauração dos Jogos Olímpicos, que culminou, em 1896,
com a realização dos I Jogos Olímpicos Modernos em Atenas. A partir da década de
30, Hitler percebeu que o esporte poderia, pelo seu grande apelo popular, tornar-se
um poderoso instrumento de propaganda política. Em 1950, inicia-se a disputa
ideológico-política com o uso do esporte, comprovada por três fatos: o ingresso da
União Soviética nos Jogos Olímpicos de Helsinque, em 1952, os crescentes
investimentos efetuados no esporte de rendimento, principalmente pelos EUA, e as
fortes estruturas montadas por países socialistas.
A chegada de intelectuais e pensadores no esporte, a partir da década de 60,
criou um clima de debate que permitiu muitas correções nos rumos internacionais da
área, podendo, inclusive, afirmar que aí se deu início à Sociologia do Esporte.
Dentre os pensadores de destaque pode-se citar: Pierre Bourdieu e Pierre Parlebás,
dentre outros.
Na década de 70 e início dos anos 80, o Movimento Esportivo era instável, o
Olimpismo estava em crise (terrorismo, boicotes etc.) e o ramo do Esporte Moderno,
que reconhecia como manifestação esportiva apenas as práticas esportivas de
desempenho (rendimento), estava chegando ao fim. A Carta Internacional de
Educação Física e Esporte, divulgada em 1978, viria a tornar-se um novo marco.
33
Tubino e Silva (2006) descreve as formas de Exercício de Direito ao Esporte
em uma carta:
Esporte-Educação (Esporte na Escola)
Esporte-Lazer (Esporte na Comunidade)
Esporte-Desempenho (Esporte Institucionalizado)
Havendo neles subdivisões:
Esporte-Educação: Esporte Educacional: Esporte Escolar
Esporte Lazer: Esporte Participação: Esporte Inclusão
Esporte de Desempenho: Esporte de Rendimento
Esta carta provocou uma mudança conceitual no esporte, antes referenciado
somente na perspectiva do rendimento e, depois deste documento, a partir do direito
de todos às atividades físicas esportivas (art.1), passou a compreender todas as
pessoas (idosos, portadores de necessidades especiais etc.), aumentando a
abrangência social do alcance dos fatos esportivos. A partir de então, o esporte,
passando a ser considerado fenômeno isoladamente, teve sua ruptura como
Esporte Moderno, passando a constituir-se num Esporte Contemporâneo.
O esporte, apoiado no seu preceito relacional, deve ser desenvolvido na
abrangência de uma Ética de Convivência em todas as suas manifestações de
exercício do direito de todas as práticas esportivas. No Esporte-educação, que
objetiva a formação, a Ética de Convivência se manifesta em não permitir que as
práticas esportivas do Esporte Educacional e do Esporte Escolar não estejam
relacionadas a princípios socioeducativos, que levam os beneficiários a um
desenvolvimento da cidadania. No Esporte-lazer, no qual o Princípio do Prazer é
preponderante, a Ética de Convivência não poderá prescindir deste prazer entre os
participantes. No Esporte de Desempenho (Esporte de Rendimento e Alto
Rendimento), as próprias regras e códigos de sua institucionalização demarcam a
convivência entre os participantes.
O esporte situa-se, a partir da segunda metade do século XX, como um dos
fenômenos sociais do mundo, pela abrangência de seu envolvimento e de suas
relações. É sabido, também, que nas últimas décadas o esporte experimentou uma
mudança conceitual, deixando de perpetuar-se apenas no rendimento, e conseguiu
também incorporar os sentidos educativos e do bem-estar social ao mesmo tempo.
O esporte passou a ser objeto de estudo de vários autores, como já citamos
anteriormente, dos quais quem merece destaque é Parlebás, que estabeleceu uma
34
teoria de oposição ao que norteava a Educação Física, ao tirar o foco do movimento
para o ser em movimento. O saber veiculado pelas condutas motrizes é identificado
por Parlebás como uma “revolução copernicana” que todo educador precisa
conhecer via científica – observando e pesquisando – e intervindo no contexto
investigado.
A abordagem praxeológica de Pierre Parlebás (1981) constitui-se numa
Praxiologia que compreende as condutas motrizes do indivíduo, que são ações
motrizes colocadas no seu contexto. A sociomotricidade é apresentada como a
dimensão social da conduta humana.
3.3 INICIAÇÃO ESPORTIVA EM HANDEBOL
Em linhas gerais, a iniciação desportiva deve respeitar alguns parâmetros,
dentre os quais o de que a competição é uma componente intrínseca do desporto,
qualquer que seja o escalão etário e o nível de prática considerado, constituindo o
principal fator motivador do progresso e desenvolvimento dos praticantes. Não é,
assim, adequado nem realista defender que, com base em presumíveis efeitos
negativos que as mesmas possam provocar, se exclua do desporto infantil uma
componente que, como fato cultural, influencia as crianças e jovens em todas as
suas aprendizagens e comportamentos.
O sistema de competições e a preparação desportiva constituem um todo cuja
relação de dominância depende do escalão etário considerado. No desporto infantil,
ao contrario da prática dos adultos, a preparação não deve subordinar-se à
competição. Os modelos de competição, os quadros competitivos, devem contribuir
para alcançar os principais objetivos da preparação desportiva dos jovens,
desenvolver o gosto e o entusiasmo pela prática, fomentar expectativas realistas nos
e acerca dos praticantes, promover o desenvolvimento físico e corporal harmonioso.
Moreno (1996) afirma que:
Un individuo está iniciado en un deporte cuando, tras un proceso de
enseñanza-aprendizaje y adquiere los patrones básicos requeridos
por la motricidad específica y especialidad de un deporte, de manera
tal que además de conocer sus reglas y comportamientos
35
estratégicos fundamentales, sabe ejecutar sus técnicas, moverse en
el espacio deportivo con sentido del tiempo, de las acciones y
situaciones y sabiendo leer e interpretar las comunicaciones motrices
emitidas por el resto de los participantes en el dessarrollo de las
acciones de juego (p. 4).
Em relação à instrumentalização do ensino dos esportes, mais precisamente
dos esportes coletivos, a Praxiologia Motriz, idealizada por Pierre Parlebás, vem
sistematizando importantes contribuições no processo de desvelar a lógica interna
ou essência do jogo, permitindo, assim, intervenções pedagógicas mais precisas,
claras e significativas do ponto de vista de compreensão de jogo. A Praxiologia
Motriz consiste no estudo da lógica interna dos jogos e esportes, ou seja, tal
conhecimento estabelece critérios para estudar todas as formas da cultura corporal
de movimento no sentido de desvelar a essência de cada jogo ou esporte.
No treinamento de categorias inferiores ainda se cometem os erros de realizar
um treinamento precoce altamente especializado (e geralmente unilateral) com
crianças e adolescentes objetivando chegar relativamente rápido à performance, ou
seja, a vitórias em torneios e campeonatos.
Na prática, mostra um resultado completamente diferente, pois, se por um
lado existe uma elevação da eficiência, rápida e gradativa, nas categorias infantil e
cadete, porém, tão rapidamente quanto é a ascensão, ocorre, também, uma
estagnação mais tarde, quando os mesmos praticantes alcançam as categorias mais
maduras. O treinamento precisa, então, objetivar uma estruturação de performance,
de acordo com o nível de desenvolvimento.
Parlebás 1986 insere o handebol enquanto desporto de rede exclusiva de
duelo, considerando-o dentre os:
[...] modelos que representam as estruturas básicas de
funcionamento de todo jogo esportivo. É entendido por toda situação
motriz de confronto codificada denominada jogo ou esporte pela
instância social. O autor seleciona uma série de elementos universais
para poder definir os esportes, que estão limitados pelas “regras”. (p.
43).
A Praxiologia evidencia uma “gramática” no jogo contendo gráficos, cálculos e
esquemas. Parlebás, quase que didaticamente, criou alguns modelos de análise dos
jogos, mais precisamente sete, com objetivo de delimitar ainda mais o foco para
desvendar a lógica interna dos jogos. São eles: a comunicação práxica; os
36
gestemas; os praxemas, papéis; subpapéis; o sistema de pontuação; e a rede de
interação de marca. O handebol apresenta as mesmas características do
basquetebol, consistindo no confronto (oposição) entre duas equipes que cooperam
entre si. A interação de cooperação é denominada de comunicação. Os jogadores
devem se conhecer bem uns aos outros para que, durante o desenrolar do jogo,
possam realizar o processo de decisão de forma mais eficaz, haja vista as
exigências durante as partidas.
A situação de oposição, outro elemento da comunicação práxica encontrado
no handebol, não deve ser pensada desvinculada da cooperação, e uma boa
ilustração disso é a situação de jogo, na qual o objetivo do jogo é fazer gols e
impedir que nosso adversário faça o mesmo, na situação de ataque sempre haverá
duas linhas de oposição. Uma é a do goleiro e a outra da defesa, em que, para o
atacante chegar ao gol, ele deve superar não somente a defesa, mas também o
goleiro. No handebol são sete defensores contra seis atacantes, destes, seis
encontram-se posicionados na linha de seis metros e outro defensor estará no gol,
mas nem por isso sua posição será menos importante que as demais, muito pelo
contrário, muitas defesas, e inclusive táticas coletivas defensivas, são iniciadas pelo
posicionamento do goleiro.
No projeto ora estudado, levando-se em consideração que se desenvolve a
dinâmica do mini-handebol (que pode ser descrita como uma metodologia diretiva,
na qual são apresentados, dentre outros: a prática esportiva formativa, o
desenvolvimento de capacidades e habilidades motoras globais e específicas), tais
aspectos adquirem fundamental importância nas diretrizes do planejamento das
ações a serem desenvolvidas.
Em nível de pesquisa, se apresentou à clientela do projeto, por um período de
seis meses, a metodologia da Praxeologia Motriz, e, ao final do período, houve um
levantamento sistemático das características pertinentes do jogo através de
entrevistas e observações acerca dos impactos positivos, negativos e/ou indiferentes
acerca da nova concepção e prática apresentadas.
Segue, abaixo, um quadro comparativo das metodologias desenvolvidas,
tendo em vista que a proposta do trabalho é apresentar os conceitos de
solidariedade e cooperação entre os praticantes:
37
Quadro 1. Comparativo das metodologias de ensino de handebol.
Mini–handebol
•
•
•
•
•
Praxeologia motriz
Socialização
Habilidades motoras básicas
Fundamentos técnicos
Fundamentos táticos
Jogo propriamente dito
•
•
•
•
•
Lógica interna
Comunicação práxica
Cooperação e solidariedade
Antagonismo
Jogo
Fonte: Autoria própria
Atualmente, a iniciação esportiva é tema que gera muita discussão. A
literatura preconiza que durante essa fase a criança deve praticar diversas
modalidades esportivas, principalmente para desenvolver uma base motora variada
e, posteriormente, estar apta a escolher uma delas para dedicar-se.
O handebol é uma das opções possíveis dentro desses programas, nos quais,
através do mini-handebol, no seu conteúdo é na essência um jogo de bola para
crianças, desenvolve as necessidades lúdicas das crianças (prazer, felicidade e
experiências positivas), além da experiência motora, a educação do movimento e a
coordenação,
que
são
tão
importantes
quanto
o
desenvolvimento
dos
comportamentos específicos do jogo como espírito de equipe ou o jogo limpo (fairplay).
Nesta perspectiva, o esporte vem sendo utilizado por profissionais de forma
que se entenda como algo mais complexo, que contempla a formação de um
cidadão respeitando suas particularidades e especificidades. Neste sentido, se
selecionará a sociomotricidade, que permite uma maior sustentação, para a
pesquisa em andamento.
3.4 A PRAXIOLOGIA DE PIERRE PARLEBÁS
A Praxiologia se constitui em um recente e relevante conhecimento acerca
dos jogos e esportes. Esta teoria consiste em estudar e entender a essência dos
jogos e esportes, sem levar em consideração quem faz e seu contexto. Assim, podese dizer que esta abordagem é fundamental para entender de uma forma mais
38
específica o mundo dos jogos e esportes, essenciais nesta pesquisa pela
compreensão das lógicas internas.
A Praxiologia Motriz define um objeto próprio de estudo, que é a conduta
motriz. Parlebás (1986) propõe esta terminologia no intuito de delimitar a área de
atuação do contexto escolar, de forma a que nenhuma outra área possa disputar-lhe
e tampouco definir seus rumos e objetivos. A definição de conduta motriz não está
reduzida ao conjunto de manifestações ou fatos observáveis. O autor acima entende
conduta motriz como sendo uma organização do comportamento motor, mas com
significados.
Quando acontece uma partida de um esporte coletivo, não estão ali somente
jogadores querendo a vitória, existe um sentido para tudo isso, um significado,
intenção, um motivo para a competição, história dos jogadores, enfim, uma série de
fatos que dão significados a essas ações. Dependendo do jogo, do adversário, do
tempo, da relevância da competição, do salário, da satisfação pessoal, é que será
possível determinar o grau de envolvimento e participação na partida. A
sociomotricidade faz referência a uma interação em que participa mais de uma
pessoa, especialmente nas práticas cooperativas e esportes coletivos. Nas
atividades sociomotoras, entra o processo de informação com relação aos outros.
No caso de atividade de cooperação, a leitura deverá ser previsível para seu
companheiro com objetivos comuns. As ações de jogo carregadas de significados
são entendidas, por Parlebás, como condutas motrizes.
Os jogadores participantes em um jogo ou modalidade esportiva levam a
fundo um número finito e determinado de ações de jogo, deve-se frisar que este
número não seja definido, determinado e contabilizado, já que, o contrato ludomotor,
ou melhor, as convenções pré-existentes que permeiam o jogo, estabelecem as
condições em que estas se darão necessariamente. O que nos interessa, então, é
por que se utiliza com maior frequência determinadas ações e não outras em função
dos objetivos do jogador ou jogadores, independente de função e/ou posição no
jogo.
Para
isso,
torna-se fundamental uma análise mais concentrada
e
especializada.
A estrutura do jogo pode ser comparada a de uma sinfônica, devido a ações,
dinâmicas etc., porém o que diferencia um músico de um jogador, independente de
qual modalidade esteja atuando, é que cada jogador fará uso de maior ou melhor
habilidade, precisão e êxito na hora de efetuar cada uma das diferentes ações.
39
Pode-se diferenciar a música do jogo quando as sequências temporais da primeira
estão definidas e associadas às notas, enquanto, no jogo, a distribuição das ações
nas sequências temporais nem sempre resulta em ações previsíveis, visto que,
ainda que o número de ações de um determinado jogo seja finito, é muito distinto o
uso que os jogadores fazem dessas ações. Daí gera dinâmicas diferentes em um
mesmo jogo, dependendo de quem sejam os jogadores, sem falar na própria
modalidade esportiva.
Citamos aqui as modalidades coletivas, mais precisamente do handebol, em
que os jogadores fintam, lançam, driblam, arremessam, muitas e variadas ações que
emergem do sistema praxiógico específico do handebol. Entretanto não existe
nenhum jogador que realize essas ações com a mesma habilidade, precisão,
destreza, produtividade que outros. Cada ação se impregna da personalidade de
seu protagonista, e esta evidência ontológica é a que impede que muitas pessoas
aceitem que o jogo é suscetível de ser analisado sem levar em conta os jogadores.
Uma vez conhecida a estrutura de um jogo a partir da análise prévia de suas
regras, estaremos aptos para voltar o olhar para o terreno do jogo, com o objetivo de
observar diretamente as evoluções dos jogadores. Assim, se comprovará que as
situações lúdicas, definidas anteriormente, aparecem uma depois da outra, do
mesmo modo que as ações de jogo se repetirão vez ou outra. Este será o momento
de aplicação do conhecimento praxiológico ao estudo das condutas dos jogadores,
visto que nem todos, em situações semelhantes, utilizarão as mesmas ações, nem o
mesmo grau de destreza e eficácia.
Quando os componentes de um sistema praxiológico estão explicitamente
dispostos (quadra, bola), as relações e funções entre eles estão definidas com
clareza, o sistema poderá ser colocado em funcionamento, resultando em
sequências constantes de ações motrizes.
A ação motriz surge como propriedade emergente do sistema, sua produção
constitui a unidade de análise e significação elementar da Praxiologia Motriz, e não
seus agentes intermediadores, os jogadores.
40
3.4.1 A Lógica interna das situações motrizes
A lógica interna, tida como aspecto mais importante da organização do
sistema praxiológico, permite caracterizar todos os elementos práxicos dos vários
exercícios, jogos e jogos desportivos coletivos que se implementem. Isto irá permitir
que, antes de se colocarem na prática, já sabemos qual é a lógica dominante das
atividades, o que nos permite selecioná-las de acordo com os objetivos que
pretendemos atingir e com os comportamentos e competências que queremos
desenvolver. É fundamental averiguar quais os critérios formais que se relacionam
com a estrutura interna dos jogos e modalidades desportivas, os seus aspectos
particulares comunicativos, as suas exigências e condicionalismos axiológicos, ou
seja, devemos averiguar quais as características estruturais, emoções, destrezas e
habilidades que se promovem na sua realização e qual o tipo de atitudes que tornam
os intervenientes, no sentido de ser possível programar as experiências e a
consolidação de certos hábitos e valores do grupo a que o nosso trabalho se dirige.
Parlebás (1986, p. 302) define a lógica interna como: “El sistema de los
rasgos pertinentes de uma situación motriz y de las consecuencias que entrãna para
la realización de la acción motriz correspondiente.”
Nesta definição ressalta o fato de as regras de jogo criarem um conjunto de
obrigações que os intervenientes terão que respeitar. Desta forma, são criados
modos de interação entre os vários participantes e entre estes e os espaços e o
material. Para cada situação motora são fornecidos determinados limites, quer ao
nível da interação dos intervenientes, sistema de pontuação, relações de
comunicação e contra-comunicação, estrutura do jogo etc. Por este fato, a lógica
interna prende-se igualmente com as consequências práxicas que provoca, ou seja,
dada a sua identidade própria fornecida pelas regras provoca nos participantes,
independentemente de quem sejam, comportamentos corporais precisos. Daí
concordarmos com Parlebás quando afirma que “a ação motora nasce e desenvolvese na matriz da lógica interna”, isto é, qualquer ação motora realizada num
determinado jogo é reflexo de uma atividade de concordância e aceitação do
regulamento que prescreve os limites, pois, “apesar das aparências, os
comportamentos lúdicos não são anárquicos, mas estão fortemente determinados
pela razão das regras” PARLEBÁS, 1981.
Assim, o conjunto de prescrições,
41
condições e relações que as regras de jogo estabelecem tornam a designação de
lógica interna, ou seja, o modo peculiar como as ações de jogo estão prédeterminadas.
Ribas (2008, p. 130) reitera a afirmação: “De acordo com o que comentamos
até o momento, a lógica interna de qualquer jogo nos remete a entender os
mecanismos de funcionamento de toda prática motriz ou sistema praxiológico”.
Esta é a grande contribuição da praxiologia, a sua razão de ser como
disciplina, pois, ao desenvolver a lógica interna de cada situação motora, permite a
análise prévia das consequências práxicas que o sistema possui. Desta forma, antes
que se ative, o profissional (professor, treinador ou monitor) pode selecionar e
programar as situações que geram as ações motoras pretendidas que, por sua vez,
possibilitam a exercitação dos seus objetivos.
Conhecer este padrão de organização, oculto ao mero observador da ação
motora, mas inexorável nas suas consequências, é um procedimento necessário
para o profissional que intervém diretamente na prática motora, seja qual for o seu
âmbito (ensino, treino etc.), na medida em que uma análise prévia de qualquer
situação motora lhe permite programar a sua atuação de modo coerente e eficaz. A
lógica interna dominante fará emergir ações motoras cooperativas, de oposição,
adaptativas, expressivas e de autoconhecimento. Esta é retirada das condições que
o pacto (regras) impõe, formando um sistema que é portador e gerador de ordem
lógica que todas as ações motoras devem seguir. Não devemos esquecer que pode
ser essa mesma lógica interna o fator que orienta a escolha de determinado jogo
pelos alunos, já que é esta que irá dar forma às atitudes e comportamentos
assumidos no jogo. Como afirma Parlebás (op. cit.): “podemos pensar que essa
lógica própria encontra-se em grande medida na origem das preferências de
crianças e adolescentes no momento de se orientarem”.
Um dos primeiros objetivos da praxiologia é expor a lógica interna de cada
situação motriz, é mostrar o conjunto de suas características pertinentes e como
funcionam uma partida de voleibol, um assalto de esgrima, um combate de judô ou
uma prova de esqui. O praticante tem que captar as informações e tomar decisões
no ato, ou simplesmente desligar automatismos adquiridos no momento da
aprendizagem?
O que ocorre entre os jogadores? Podemos pôr de lado o papel das
comunicações corporais? As relações entre os praticantes se estabelecem por
42
contato, já que corpo a corpo ou a distância? É, por acaso, a lógica motriz uma
lógica motriz do jogo, uma lógica de solidariedade ou uma lógica do antagonismo e
da violência? Podemos pôr em destaque o sistema de interação de cada prática?
Para responder a todas estas perguntas parece indispensável efetuar uma
radiografia de cada atividade ludoesportiva deste quanto aos objetivos de
motricidade que constituem seu arcabouço fundamental. Já não se trata de biologia
ou de sociologia, e sim de um ponto de vista totalmente novo, uma praxiologia que
tem por objeto a ação motriz em si mesma.
Podemos, sem embaraço, distinguir algumas grandes perspectivas de
trabalho que têm modificado consideravelmente a paisagem da investigação do
campo das atividades motrizes.
Um dos problemas chaves consiste em encaminhar indicadores objetivos
ligados à inteligibilidade do conjunto das atividades físicas e esportivas. Tal
inteligibilidade deveria autorizar uma classificação que identificará cada esporte por
meio de suas grandes características práticas. É importante construir uma
classificação operacional.
A relação do praticante com o meio físico é uma relação capital. Se o meio
está acondicionado e estandartizado, como para o atletismo, a ginástica e a
natação, a ação motriz se orienta para um autocentrismo repetido cuidadosamente
nos treinamentos e perfeitamente ponto a ponto. O encadeamento dos gestos
alcança uma surpreendentemente habilidade ou uma rara audácia, como no caso da
ginástica com aparelhos, mas todos eles seguindo uma sequência passada com
muitíssima anterioridade, sem que o ator tenha que recorrer à informação nem tomar
decisão no transcurso da ação.
Os outros critérios se baseiam nas relações entre os praticantes. Podemos
distinguir duas grandes categorias:
1) Segundo critério: Interação Motriz de Cooperação:
Este tipo de interação tem lugar entre companheiros; cabe falar no caso de
comunicações motrizes propriamente ditas.
2) Terceiro critério: Interação Motriz de oposição:
Este outro tipo de interação se produz entre adversários, falaremos, neste
caso, de contracomunicações motrizes.
43
3.4.2 Classificação das práticas motrizes
Estes dois últimos critérios de interação incitam a trazer uma primeira
classificação segundo quatro grandes categorias:
1) As práticas desprovidas de interação motriz. Neste caso, o ator intervém
sozinho, sem relação com o outro, como é o caso, por exemplo, do salto em
altura, salto em trampolim, esqui etc.
Este conjunto de situações desprovidas de interação motriz define a classe de
situações motrizes.
As três características seguintes se distinguem como tais por umas formas de
interação práxica e definem a classe das situações sociomotrizes.
2) As práticas em que as interações motrizes entre adversários serão
exclusivamente antagônicas. No caso dos duelos entre indivíduos, como o boxe,
luta, esgrima, tênis etc.
3) As práticas em que a interação motriz entre companheiros é exclusivamente
cooperativa, como no caso do alpinismo, de uma equipe de espeleologia, a
tripulação de um veleiro etc.
4) As práticas em que a interação motriz conjuga a oposição e cooperação, no
caso dos duelos entre equipes, tais como o basquetebol, tênis em duplas,
voleibol e handebol.
3.4.3 Alguns exemplos de lógicas internas
As questões de pedagogia se fazem conceder às intenções do aprendiz numa
importância desmesurada em relação com a realidade do que ocorre sobre o terreno
de jogo.
44
O problema que se discute não consiste em afirmar que se quer desenvolver
o espírito de solidariedade, sem pôr um destaque em situações pedagógicas que
exerçam efetivamente uma influência neste sentido. Que experiência concreta de
cooperação vamos proporcionar a nossos alunos? Por meio de que forma a ação
motriz poder favorecer as relações de solidariedade? Estas interrogações evitam
explorar a lógica interna de cada situação e a identificar seus tipos pertinentes de
ação motriz.
A lógica interna, numa primeira aproximação, considera dois componentes
estruturais de qualquer situação motora:
1) Os
protagonistas
da
ação,
atendendo
ao
critério
de
interação
relativamente à presença ou ausência de companheiros(C) e ou
adversários(A);
2) O espaço de ação, tendo em conta a presença ou ausência de incerteza
devido ao meio físico (I).
A combinação destes critérios permite caracterizar qualquer situação motora,
pois, da combinação binária dos três fatores, permite distribuir as inúmeras práticas
em oito categorias ou domínios diferentes, nas quais se fundamenta qualquer jogo
ou desporto. Estas categorias podem se distinguidas em subconjuntos.
Tendo em conta o critério de interação com os outros podemos apresentar
dois grandes grupos de situações motoras, segundo se apresente ou não interação
motora com os outros intervenientes:
1) Situações psicomotoras: o participante assume uma intervenção em
solitário, pois o objetivo motor ou a tarefa motora não requer a presença
de outros intervenientes (salto em altura, corrida de velocidade).
2) Situações sociomotoras: a tarefa motora exige a participação de outros
intervenientes. Podem ser considerados três tipos:
a) Situações de cooperação ou comunicação motora: neste tipo é visível a
cooperação com pelo menos um companheiro na tentativa de conseguir o
objetivo comum;
45
b) Situações de oposição ou contracomunicação motora: a interação é
realizada perante um adversário que se opõe ao objetivo ou tarefa motora.
Esta oposição pode ser corporal (como acontece nos desportos de combate)
ou instrumental (utilizando objetos extracorporais, como o caso do tênis,
esgrima etc.).
c)Situações de cooperação-oposição: nestas os intervenientes podem contar
com a colaboração dos seus companheiros e a oposição dos adversários.
São práticas que correspondem aos desportos de duelo coletivo (futebol,
voleibol e handebol).
Segundo o critério da incerteza promovido pelo meio físico, encontramos
novamente dois grupos de práticas:
a) Situações em meio estável: nesta categoria ou domínio de ação as práticas
realizam-se num meio sem incerteza, sendo, por isso, considerado
“domesticado”, no qual o protagonista não necessita se preocupar com as
decisões a tomar que tenham em conta o meio físico (futebol, ginástica
rítmica e handebol);
b) Situações em meio instável: neste tipo de práticas o meio físico é fonte de
incerteza obrigando o interveniente a retirar informações para o descodificar e
agir de acordo com essa leitura. Poderemos, assim, considerar um meio
“selvagem” e incerto que tem exemplos nas práticas na natureza como a
escalada, canoagem ou a prancha a vela.
3.4.4 O sistema dos esportes coletivos
Consideram-se os cinco esportes coletivos mais praticados: futebol, voleibol,
basquetebol, handebol e rugby. Vamos caracterizar cada um deles com ajuda de
indicadores, evoluindo seus principais atos de ação motriz. Logo, esses esportes se
classificam segundo suas dimensões propostas por seus indicadores.
46
1) O primeiro indicador se refere à distância de carga, ou dizer intervalo objetivo
que separa dois adversários no momento de seu enfrentamento direto.
Constata-se que há menor distância no rugby e maior no voleibol.
2) Um segundo indicador tem em conta o valor do espaço individual de
interação, quer dizer, a superfície obtida dividindo a superfície total do terreno
de jogo entre número de jogadores.
O voleibol oferece um índice mais baixo de interação motriz, seguido pelo
basquetebol, pelo handebol, rugby e, por último, o futebol. Constatamos que esta
classificação é idêntica à precedente, com uma só variação (rugby ou futebol).
3) Um terceiro indicador ordena as práticas em função de seu grau de violência.
Este nível de periculosidade é apreciado com ajuda de estatísticas de
seguradoras, relativa a milhões de jogadores. Também aí a classificação
obtida é rigorosamente a mesma que a primeira escala.
4) Por último, um quarto indicador ordena os esportes segundo a facilidade de
domínio da bola em pleno desenvolvimento. Do rugby, o mais fácil, até o
voleibol, o mais sofisticado, encontra-se outra vez o mesmo nível de
classificação.
De outro modo, se elegem quatro dimensões correspondentes aos quatro
elementos chaves da ação motriz (relações estabelecidas entre o jogador e os
outros – distâncias e contatos –, entre ele e o espaço, entre ele e a bola), os cinco
esportes coletivos se organizam de modo quase idêntico segundo quatro escalas.
Nos esportes coletivos, quanto maior é o espaço disponível mais os cercam os
adversários e mais violentos são os contatos que estabelecem entre si.
Raramente encontram-se correlações tão fortes em ciências sociais; estas
correlações denotam presença de um verdadeiro sistema de esportes coletivos. A
lógica interna destes duelos de equipes estrutura seu conjunto de forma
explicitamente coerente.
47
CAPÍTULO IV
4 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
4.1 FORMULAÇÃO E VALIDAÇÃO DO INSTRUMENTO
O instrumento de medida foi um questionário misto sob a forma de escala
que captou a opinião dos alunos submetidos ao modelo proposto, em relação à sua
satisfação, contendo oito questões referentes à nova metodologia proposta, o tempo
que participa da atividade, seus comentários e sugestões, sendo validado por
apenas dois professores vinculados à Prefeitura Municipal de Cachoeiro de
Itapemirim, que atuam com atividades de handebol por um período maior que seis
anos. Foram realizadas, por propostas dos validadores, as seguintes alterações no
questionário original: se o atleta é ou não federado e a categoria à qual pertence.
A amostra foi constituída de um grupo de 24 alunos, de ambos os sexos, com
idade variando de 13 a 18 anos, ou seja, abrange alunos incluídos em 3 categorias
diferentes de acordo com cada faixa etária (de 13 a 14 anos – categoria infantil, de
15 a 16 anos – categoria cadete, e de 17 a 18 anos – categoria juvenil).
Deve-se salientar que os sujeitos da pesquisa foram submetidos a duas
sessões de treinamentos semanais, cada uma com uma duração aproximada de 1
hora e trinta minutos, nas quais se utilizaram atividades baseadas em conceitos da
Praxiologia Motriz, que trata de um conhecimento específico o qual contempla como
objeto de estudo o grande conjunto de manifestações da cultura corporal que
empregam a ação motriz; no caso em questão, o jogo como forma lúdica
(aquecimentos, relaxamento etc.) e, mais especificamente, o esporte, que é
desenvolvido não somente na perspectiva da sociomotricidade.
48
4.2 QUADRO DE ANÁLISE, SEGUNDO A PRAXEOLOGIA DE PARLEBÁS
Quadro 2. Iniciação esportiva no handebol na perspectiva sociomotriz.
PARTE
DA AULA
Aquecimento
Manejo de
bola Manejo
de corpo
Fundamento
técnico a ser
desenvolvido
INTENÇÃO
PEDAGÓGICA
DESCRIÇÃO
DA ATIVIDADE
• Fortalecer a
• Pique corrente
rede de
• Jogo dos dez
solidariedade
passes
entre os
• Variação do jogo
participantes
dos dez passes
• Fortalecer a
capacidade
de tomada de
decisão em
ação com
reversão do
papel no jogo
(fugitivo/
pegador)
Deslocamento
Queimada
pelo espaço
Fundamento
técnico do
desporto a ser
desenvolvido
• Passe
• Recepção
• Atividades em
duplas
• Atividades em
trios
INTERAÇÃO
PEDAGÓGICA
PARA O
HANDEBOL
• Espírito coletivo
com vistas a
desestabilizar o
adversário
• Compreensão de
jogo com maior
objetividade
• Exercitar a
conduta em
relação ao
companheiro e ao
adversário
Preparar habilidades
técnicas que serão
utilizadas durante o
jogo, e, sobretudo,
aprimorar as bases
físicas e as
qualidades motoras.
Apresentar e
aperfeiçoar os
fundamentos técnicos
indispensáveis ao
desenvolvimento do
jogo.
ANÁLISE
PEDAGÓGICA
• Rede de
comunicação
motriz direta
• Interação
motriz
essencial
direta, de
contracomunicação
motriz
• Relação
antagônica
entre os
fugitivos e
pegador
Fonte: Autoria própria
No quadro acima, descrevemos a aula a ser ministrada na perspectiva
sociomotriz, cujos temas são os fundamentos técnicos do Handebol: passe e
recepção, sua análise comparativa com o mini-handebol, já citada anteriormente,
buscou-se a intencionalidade pedagógica nas atividades, sendo que, sua avaliação
consistiu na aplicação do instrumento, cujas respostas encontram tabuladas e
comentadas mais adiante.
Ressaltamos que, nos esportes de cooperação/oposição, como o caso do
Handebol,se dá interação ou comunicação práxica essencial tanto de comunicação
ou positiva, como de contracomunicação ou negativa.
49
As ações de cooperação e/ou oposição são os eixos em torno dos quais se
articula e desenvolve a ação do jogo e, dentro deles, a posse ou não da bola por
parte da equipe desencadeia, em grande maioria, o possível comportamento
estratégico da equipe, tal situação explica o porquê de situações na aula, onde se
utiliza de conceitos tais como: manejo de corpo e de bola, sem citar os fundamentos
técnicos propriamente ditos, sem os quais, não se consegue desenvolver uma
partida de Handebol, seja na metodologia do mini-handebol, ou na ora estudada
perspectiva sociomotriz.
4.3 APLICAÇÃO DO QUESTIONÁRIO AOS PRATICANTES
O questionário validado foi aplicado a 24 alunos, de acordo com a amostra.
1 – Sexo
( ) masculino
( ) feminino
2 – Idade
( ) 13 a 16 anos
(
) 17 a 18 anos
3 – Você considera que as atividades propostas auxiliaram durante os jogos?
( ) sim
( ) não
4 – Você considera que as atividades de cooperação e solidariedade em
treinamentos ajudam o espírito coletivo de equipe?
( ) sim
( ) não
5 – E durante os jogos, também fortalece o espírito de equipe?
( ) sim
( ) não
6 – Dê um exemplo de atividade de cooperação ou de solidariedade durante o jogo.
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
50
7 – Assinale, de 01 a 04, o quanto as atividades de cooperação e solidariedade
favorecem o rendimento durante o jogo.
1
nada
2
pouco
3
muito
4
totalmente
8 – Faça sua avaliação sobre o projeto.
( ) fraco
( ) regular
(
) bom
( ) ótimo
51
4.4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
O Handebol, segundo Parlebás (1986), apresenta uma rede estável, de duelo, conjugando em sua lógica os aspectos da
solidariedade, intraequipe, e do antagonismo, interequipes. Os papéis dos jogadores durante a partida são apresentados no
quadro abaixo:
Quadro 3. Quadro de análise da distribuição dos papéis no handebol, segundo Parlebás (1986/1987)
DESCRIÇÃO do JOGO
PAPÉIS
ESPAÇO
DE HANDEBOL
Duas equipes dispostas em 1. Goleiro
1. Ocupa a área de gol, devendo impedir que a
A quadra de jogo tem 40
simetria no espaço, delimitado
bola ultrapasse a linha de gol entre as traves. metros de comprimento,
por uma quadra.
2. Juntamente com o armador central efetuar denominada linha lateral,
O objetivo do jogo é fazer 2. Armador
ações, e jogadas de ataque com êxito, pelo por 20 metros de largura
(linha de fundo).
esquerdo
gols, utilizando para isto apenas
lado esquerdo da quadra de jogo.
as mãos, ao mesmo tempo em
A baliza tem 2 metros de
3. Juntamente com o armador central efetuar
que evita-se que o adversário 3. Armador
altura
por 3 metros de
ações, e jogadas de ataque com êxito, pelo
direito
os faça, para tal, recorre-se a
distância
entre as traves.
lado direito da quadra de jogo.
faltas e tomada de bola.
A
área
para atuação
4. Principal articulador e organizador das
4. Armador
Somente
ao
goleiro
é
exclusiva
do
goleiro tem 6
jogadas e movimentações em quadra.
central
permitida a utilização dos pés,
metros,
a
frente
há uma
5. Ocupa extremidade esquerda da quadra
apenas para defesas.
linha
pontilhada
distante
9
junto à linha lateral, geralmente inicia as
5. Ponta
metros
da
baliza,
local
Os praticantes podem circular
jogadas de ataque pelo lado esquerdo.
esquerda
designado
para
a
livremente pela quadra de jogo,
6. Ocupa extremidade direita da quadra junto à cobrança de tiros livres.
sendo vedada apenas a área de 6. Ponta
linha lateral, geralmente inicia as jogadas de
A ocupação do espaço
gol, que pertence ao goleiro, só
direita
ataque pelo lado direito.
expande-se na direção do
podendo ser invadida, no caso
7. Suas principais tarefas são de abrir espaço campo do adversário e
de
um
arremesso
em 7. Pivô
na defesa adversária, facilitando o arremesso retrai-se na direção do
suspensão (o atleta não pode
dos demais componentes, fazer pontos e campo de defesa.
tocar a linha de área)
posicionar-se estrategicamente para que ele
mesmo possa receber a bola e fazer o gol.
Fonte: Adaptado de Parlebás, (1986/1987).
ANÁLISES
• Rede de Comunicação
Motriz Direta;
• Interação
Motriz
Essencial
Direta
de
Cooperação entre os
parceiros;
• Rede
Exclusiva
de
Comunicação Motriz –
Modelo de Duelo;
• Relação Intergrupais de
contra-comunicação
motriz
(antagonismo)
entre as equipes que se
opõem;
• Relação Intragrupais de
comunicação
motrizes
entre
os
parceiros
(solidariedade);
• Relação antagônica em
relação ao adversário;
52
Os dados nos mostram que o modelo proposto atinge o objetivo do seguinte
modo:
Foram analisados os resultados, dentre os quais encontramos, no universo
geral de 24 alunos, de acordo com a Tabela abaixo, um total de 55% do sexo
feminino e 45% do sexo masculino, ou seja, 13 alunas e 11 alunos. Destes, por faixa
etária, encontramos dois alunos de 18 anos, quatro alunos de 17 anos, quatro
alunos de 15 e 16 anos e, finalmente, quatorze alunos com idade variando entre 13
e 14 anos. Assim, frisamos que, para fins da pesquisa, fizemos uma aproximação
matemática.
fem. 55%
masc. 45%
Gráfico 1. Classificação dos participantes da pesquisa de acordo com o gênero.
Os alunos foram divididos por faixa etária, de acordo com o período em que
frequentam as atividades, priorizando-se aqueles com maior tempo de adesão às
atividades.
53
Alunos de 13 e
14 anos 65%
Alunos de 15 e
16 anos 15%
Alunos de 17
anos 15%
Alunos de 18
anos 5%
Gráfico 2. Classificação dos participantes da pesquisa de acordo com a idade
Em relação à opinião dos sujeitos sobre considerações acerca das atividades
de cooperação e solidariedade, pode-se observar, no Gráfico 3, que para 98% dos
sujeitos, mais precisamente 22 alunos, as atividades ajudam nos treinamentos.
Ajudam 98%
Não ajudam 2%
Gráfico 3. Opinião dos participantes sobre as atividades de cooperação e
solidariedade nos treinamentos
Com relação à opinião dos praticantes sobre atividades de cooperação e
solidariedade durante os jogos, o resultado foi mais incisivo, conforme o Gráfico 4,
em que, para 99% dos sujeitos, ou seja, 23 praticantes, as atividades de cooperação
e solidariedade ajudam durante os jogos.
54
Ajudam 99%
Não ajudam 1%
Gráfico 4. Opinião dos alunos acerca das atividades de cooperação e
solidariedade nos jogos.
No Quadro 5, relativo à interação que adviria da cooperação e solidariedade
durante o jogo de handebol, encontram-se vinte e um praticantes que concordam
que auxilia totalmente, dois que acham que auxilia muito e um (1) que acha que
auxilia pouco.
Totalmente 92%
Muito 6%
Pouco 2%
nada 0%
Gráfico 5. Opinião sobre as atividades de cooperação e solidariedade que
favorecem durante o jogo de handebol.
Na análise dos alunos acerca do projeto de iniciação em que se encontram
inseridos, os percentuais pouco diferem dos anteriores, sendo que 92% acham
ótimo, 7% acham bom e 1% regular. Considera-se, então, que o projeto é entendido,
55
por sua população, como importante, haja vista a opinião dos mesmos, além do
tempo médio de adesão às atividades desenvolvidas, lembrando que tal situação
não mereceu destaque na pesquisa, na qual, a princípio, todos deveriam participar
pelo período mínimo de 2 anos nas atividades.
Ótimo92%
Bom 7%
Regular 1%
Fraco 0%
Gráfico 6. Opinião dos participantes da pesquisa sobre o projeto
Em suma, pode-se observar que no projeto houve uma quase totalidade nas
respostas acerca da nova metodologia apresentada, sendo que os alunos puderam
expressar tal aceitação nos questionários, evidenciados nos percentuais obtidos.
No que tange a Praxiologia Motriz, nesses últimos anos tem sido cada vez
mais evidente a relevância desse conhecimento na construção de uma didática para
o ensino do jogo e do esporte. Nas modalidades coletivas, e em especial do
handebol, objeto do nosso estudo, é possível perceber que a ação motriz poderá
fornecer novas diretrizes rumo a um novo aprendizado, apontando para novas
direções, possibilitando novas experiências, deixando de lado treinamentos
meramente técnicos, desarticulados do jogo, para uma técnica construída em função
da lógica do jogo, das necessidades e possibilidades de cada participante; de um
treinamento tático combinado e sequências previamente definidas, para construção
de jogadas a partir de processos de leitura do jogo e de tomada de decisão, priorizase conceitos de cooperação e solidariedade no planejamento a ser seguido.
56
CAPÍTULO V
5 CONCLUSÕES
Conclui-se que o trabalho da escolinha de handebol procura visar
especificamente, além do desenvolvimento e aprendizado da modalidade esportiva
em questão, a promoção da saúde e da condição física, a aquisição de hábitos e
condutas motoras (ampliando-se o repertório motor) e o entendimento do esporte
como um fator cultural (humano), estimulando sentimentos de autonomia e
criatividade e, acima de tudo, cooperação e solidariedade, devendo ser fomentada a
sua gestão pelos praticantes.
Assim sendo, o trabalho de iniciação com os diferentes esportes deve
consistir, na teoria e na prática, um exercício humanamente criador e responsável,
que, regido por uma pedagogia própria, transmita muito mais que o aprendizado de
gestos técnico-esportivos.
Atualmente é cada vez mais urgente a produção de conhecimentos que
venham a orientar as ações de professores, gestores e/ou coordenadores. Na
pesquisa, evidencia-se que quando acontece uma prática de um esporte coletivo
não estão ali somente intenção, filosofia de jogo, um motivo para a competição,
história dos jogadores, enfim, uma série de fatos que dão significados a essas
ações. Dependendo do jogo, do adversário, do tempo, da relevância da competição,
da satisfação pessoal, é que será possível determinar o grau de envolvimento e
participação na partida. As ações de jogo carregadas de significados são entendidas
por Parlebás como condutas motrizes.
Esta concepção pedagógica da sociomotricidade é uma das abordagens
epistemológicas da Educação Física e a Psicomotricidade atua na pessoa como um
ser suscetível de desenvolver suas capacidades mentais através do movimento.
Parlebás (1987) defende uma Ação Psicomotora quando não há interação com os
outros, mas, na existência de alguma relação, fala-se de uma Ação Sociomotora.
Nas atividades sem interação ou psicomotoras, pode-se dizer que a ênfase deverá
estar centrada na própria atividade. O praticante deverá estar totalmente envolvido
57
com sua tarefa e buscar resolver o problema ou propósito, sempre centrando a
atenção no que está fazendo.
Este estudo proporcionou reflexão, análise e discussão de um projeto de
iniciação esportiva em handebol, na qual os alunos avaliaram de forma positiva o
projeto do qual participam, além do questionamento sobre se eles identificam ou não
benefícios nesta prática. A intervenção foi considerada positiva pela quase totalidade
dos participantes do projeto (99%), evidenciando a percepção dos procedimentos de
cooperação e solidariedade como mecanismos de produtividade durante os jogos
(98%). Foi evidenciado na pesquisa, dentre outros aspectos, a participação efetiva
dos educandos visando à aquisição de subsídios que permitam discutir suas interrelações no contexto do esporte e sirvam de parâmetros de um aprendizado
contextualizado e produtivo, objetivando uma melhor prática, numa perspectiva
sociomotora na qual se priorizem a cooperação e solidariedade, que consideramos
elementos fundamentais para a nova concepção que apresentamos, desviando-se
do foco principal do antagonismo da competição, para o prazer e, sobretudo, para
adesão à prática esportiva do handebol, independente de sexo, idade, categoria e
período de adesão ao projeto ora citado.
Assim, recomenda-se que seja adotada a praxiologia motriz na iniciação
esportiva, tendo em vista que o handebol, enquanto esporte coletivo, em seu
desenvolvimento requer algumas considerações, consistindo no confronto entre
duas equipes que cooperam entre si. A interação de cooperação é denominada de
comunicação, em que quanto melhor essa relação maior será a possibilidade de
obter êxito nas ações de ataque e defesa, visto que a situação de oposição, um
elemento da comunicação práxica, não deve ser pensada desvinculada da
cooperação, além da solidariedade entre os praticantes de uma mesma equipe, que
devem interagir em função de obter vantagem sobre o adversário, seja ela na defesa
ou no ataque. Devemos ter claro em nossa prática que “o esporte enquanto
fenômeno social tema da cultura corporal, precisamos questionar suas normas, suas
condições de adaptação à realidade social e cultural da comunidade que o pratica,
cria e recria” (COLETIVO DE AUTORES, p. 71).
Finalizo frisando a importância do professor enquanto condutor desta nova
metodologia, pois cabe a ele utilizar não apenas novos conceitos, mas, também,
adotar uma nova postura, sabendo lidar com o sujeito em formação, devendo ele,
estabelecer uma prática que contemple toda a complexidade humana, a entenda
58
como o período em que o aluno inicia e adere à prática regular e orientada, respeitar
seus limites e individualidades, a necessidade de experiências para a maturação
somática e ainda tomar cuidado com traumas e/ou impactos longitudinais nos
membros da criança que está em crescimento, assim, conseguirá oferecer uma
prática bem orientada.
59
REFERÊNCIAS
BRACHT, Valter. Sociologia crítica do esporte: uma introdução. 3. ed., Ijuí: Unijuí,
2005.
BUNCHAFT, Guenia; KELLNER, Sheila R. de Oliveira. Estatística sem mistérios.
Petrópolis, RJ: Vozes, 1999.
COLETIVO DE AUTORES. Metodologia do ensino de Educação Física. São
Paulo; Crtez, 1992.
COSTA NETO, Pedro Luiz de Oliveira. Estatística. São Paulo: Edgard Blucher,
2002.
LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Metodologia do trabalho
científico: Procedimentos básicos, pesquisa bibliográfica, projeto e relatório,
publicações e trabalhos científicos. 6. ed., São Paulo: Atlas, 2006.
MORENO, J. A y Rodriguez, P L (1996) Apendizage Deportivo. Universidade de
Murcia. Murcia, 1996.
PARLEBÁS, Pierre. Contibuition à um léxique commenté em sciencie de
l’action motrice. Paris: INSEP, 1981.
______. Elementos de sociologia del deporte. Málaga (Spain); Junta de
Andalucia/ Universidad Internacional Deportiva de Andalucia, 1986.
______. Perspectivas para una educación física moderna. Espanha, PassineUnisport and Andalucia, 1987.
REVISTA HANDEBOL BRASIL – Revista da Confederação Brasileira de
Handebol, agosto de 2005.
RIBAS, João Francisco Magno (org). Jogos e esportes, fundamentos e
aplicações da Praxiologia Motriz. Santa Maria, RS: UFSM, 2008.
SFALSIN, Carlos Antônio. A natação e sua contribuição para um modelo de
ensino-aprendizagem numa perspectiva sociomotora: um estudo de caso na
cidade de Cariacica-ES. [Dissertação de mestrado], UCB, 2007.
TUBINO, Manoel José Gomes. As teorias da educação física e do esporte. 1. ed.,
Barueri, SP: 2002.
______. Dimensões sociais do esporte. 2. ed., revista. São Paulo: Cortez, 2001.
60
______; SILVA, Kenya Maynard. Esporte e Cultura da Paz. Rio de Janeiro: Shape,
2006.
______. O que é esporte. São Paulo: Brasiliense, 2006.
61
62
BIBLIOGRAFIAS CONSULTADAS
ALVAREZ, Maria Esmeralda Ballestero; BALBÁS, Marcial Soto. Dicionário
Espanhol–Português. São Paulo: FTD, 2006.
BOURDIEU, Pierre. Coisas ditas. (Trad.) Cássia R. da Silveira e Denise Moreno
Pegorin. São Paulo: Brasiliense, 2004.
BRACHT, Valter. Educação física e aprendizagem social. Porto Alegre: Magister,
1992.
GRECO, Pablo Juan. Manual de handebol: Treinamento de base para crianças e
adolescentes. Arno Ehret et al. Organizado pela Confederação Alemã de Handebol.
Tradução e revisão científica. São Paulo: Phorte, 2002.
HUBNER, Edgar Antonio. Mini-handebol (06 a 10 anos). Paraná: Hubner Sport e
Marketing, 1999.
HUIZINGA, Johan. Homo ludens: O jogo como elemento da cultura. São Paulo:
Perspectiva, 2005.
JAPIASSÚ, Hilton; MARCONDES, Danilo. Dicionário básico de filosofia. 4. ed.,
Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2006.
KASLER, Horst. Handebol: Do aprendizado ao jogo disputado. Tradução de
Siglinda Lenk da Costa e Silva. Rio de Janeiro: Ao Livro Técnico, 1978.
KROGER, Christian. Escola de bola: Um ABC para iniciantes aos jogos desportivos.
2. ed., São Paulo: Phorte, 2006.
KUNZ, Eleonor: Transformação didático-pedagógica do esporte. 7. ed., Ijuí:
Unijuí, 2006.
MELO, Victor Andrade de. História da educação física e do esporte no Brasil:
Panorama e perspectivas. São Paulo: IBRASA, 1999.
PRONI, Marcelo Weishaupt; LUCENA, Ricardo de Figueiredo. Esporte: história e
sociedade. Campinas, SP: Autores Associados, 2002.
SANTOS, Lúcio Rogério Gomes dos. Handebol: 1000 exercícios. 3. ed., Rio de
Janeiro: Sprint, 2001.
SIMÕES, Antonio Carlos. Handebol defensivo: conceitos técnicos e táticos. São
Paulo: Phorte, 2002.
SOARES, Carmen Lúcia. Educação física: raízes europeias e Brasil. 3. ed.,
Campinas, SP: Autores Associados, 2004.
63
TENROLLER, Carlos Alberto. Handebol: teoria e prática. Rio de Janeiro: Sprint,
2004.
TUBINO, Manoel, TUBINO, Fábio M. GARRIDO, F.A.C. Dicionário Tubino dos
Esportes. 1. ed., 2007.
64
ANEXOS
65
ANEXO - A
DECLARAÇÃO DO COMITÊ DE ÉTICA
66
ANEXO - B
RELAÇÃO DE VALIDADORES
Professor Willian Barros Nascimento
Possui graduação em Licenciatura Plena em Educação Física pela
Universidade Federal Rural Fluminense (1999), especialização Latu Sensu em
Ciências do Treinamento pela Universidade Federal Rural Fluminense (2001). Atuou
de 1985 a 1988 como diretor de esportes da Casa do Estudante de Cachoeiro de
Itapemirim, mesmo cargo ocupado por ocasião do mesmo estar cursando
Licenciatura em Educação Física na Universidade Federal Rural Fluminense Atuou
em arbitragem desportiva de 1996 a 1997, tendo, em 1997, atuado como
Coordenador Técnico dos XXXI Jogos da Primavera da UFRRJ. No ano de 1999
assumiu o cargo de técnico da Seleção de Handebol de Cachoeiro de Itapemirim,
afastando-se no ano de 2002 e, desde então, vem desenvolvendo atividades no
esporte, pelas escolas e clubes do município.
Atualmente é Professor da Rede Municipal de Cachoeiro de Itapemirim,
lotado na SEME (Secretaria Municipal de Educação) e na Secretaria Municipal de
Esporte e Lazer do Município de Itapemirim, ocupando um cargo técnico.
Professor Douglas Franco Espolador
Possui Licenciatura Plena em Educação Física pelo Centro Universitário São
Camilo (2007), especialização Latu-Sensu em Educação Física Escolar (linha de
pesquisa: Aprendizagem motora e Desenvolvimento Motor na Iniciação Desportiva
em Handebol) pela Faculdade de Educação da Serra (2008). Atuou de 2005 a 2006
como monitor nas disciplinas de Futsal e Handebol e, desde 2000, atua como árbitro
de handebol pela Federação Capixaba de Handebol, onde participa de oficinas.
Desenvolve a função de coordenador técnico do Centro de Treinamento de
Handebol Handsul desde o ano de 2001.
67
Atualmente é Professor da Rede Municipal de Cachoeiro de Itapemirim,
lotado na SEME (Secretaria Municipal de Educação) e na Rede Estadual de Ensino,
lotado na SEDU (Secretaria Estadual de Educação), e em ambas as redes atua
como professor de Educação Física.
68
ANEXO - C
QUESTIONÁRIO ORIGINAL (ANTES DA VALIDAÇÃO)
1 – SEXO
( ) MASCULINO
( ) FEMININO
2 – IDADE
( ) 13 A 16 ANOS
(
) 17 A 18 ANOS
3 - QUAL A CATEGORIA QUE VOCÊ PERTENCE?
(
) INFANTIL
(
) CADETE
(
) JUVENIL
4 - VOCÊ É ATLETA VINCULADO À FEDERAÇÃO CAPIXABA DE HANDEBOL?
( ) Sim
( ) Não
5 – VOCÊ CONSIDERA QUE AS ATIVIDADES PROPOSTAS AUXILIARAM
DURANTE OS JOGOS?
( ) Sim
( ) Não
6 – VOCÊ CONSIDERA QUE AS ATIVIDADES DE COOPERAÇÃO E
SOLIDARIEDADE EM TREINAMENTOS AJUDAM O ESPÍRITO COLETIVO DE
EQUIPE?
( ) Sim
( ) Não
7 – E DURANTE OS JOGOS, TAMBÉM FORTALECE O ESPÍRITO DE EQUIPE?
( ) Sim
( ) Não
8 – DÊ UM EXEMPLO DE ATIVIDADE
SOLIDARIEDADE DURANTE O JOGO.
DE
COOPERAÇÃO
OU
DE
___________________________________________________________________
9 – ASSINALE, DE 01 A 04, O QUANTO AS ATIVIDADES DE COOPERAÇÃO E
SOLIDARIEDADE FAVORECEM O RENDIMENTO DURANTE O JOGO.
1
NADA
2
POUCO
3
4
MUITO
TOTALMENTE
10 – FAÇA SUA AVALIAÇÃO SOBRE O PROJETO.
( ) FRACO
( ) REGULAR
(
) BOM
( ) ÓTIMO
69
ANEXO - D
MODELO DE QUESTIONÁRIO APLICADO
1 – SEXO
( ) MASCULINO
( ) FEMININO
2 – IDADE
( ) 13 A 16 ANOS
(
) 17 A 18 ANOS
3 – VOCÊ CONSIDERA QUE AS ATIVIDADES PROPOSTAS AUXILIARAM
DURANTE OS JOGOS?
( ) Sim
( ) Não
4 – VOCÊ CONSIDERA QUE AS ATIVIDADES DE COOPERAÇÃO E
SOLIDARIEDADE EM TREINAMENTOS AJUDAM O ESPÍRITO COLETIVO DE
EQUIPE?
( ) Sim
( ) Não
5 – E DURANTE OS JOGOS, TAMBÉM FORTALECE O ESPÍRITO DE EQUIPE?
( ) Sim
( ) Não
6 – DÊ UM EXEMPLO DE ATIVIDADE
SOLIDARIEDADE DURANTE O JOGO.
DE
COOPERAÇÃO
OU
DE
7 – ASSINALE, DE 01 A 04, O QUANTO AS ATIVIDADES DE COOPERAÇÃO E
SOLIDARIEDADE FAVORECEM O RENDIMENTO DURANTE O JOGO.
1
NADA
2
POUCO
3
4
MUITO
TOTALMENTE
8 – FAÇA SUA AVALIAÇÃO SOBRE O PROJETO
( ) FRACO
( ) REGULAR
(
) BOM
( ) ÓTIMO
70
ANEXO - E
QUESTIONÁRIO DE VALIDAÇÃO
Prezado (a) Senhor (a):
Sua colaboração é essencial no aprimoramento de um “Instrumento de Identificação
dos efeitos positivos do esporte lazer no bem-estar social na empresa” em que estou
desenvolvendo em minha dissertação no Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu
em Ciência da Motricidade Humana da Universidade Castelo Branco, com
orientação do Dr. Manoel Tubino.
O esporte representa hoje na sociedade um dos maiores fenômenos socioculturais
deste início de século. Observa-se um aumento significativo de praticantes de
esporte-lazer em diversas camadas da sociedade. O ator principal do esporte-lazer é
o próprio praticante, não existem barreiras para a sua participação. O espetáculo fica
por conta da socialização, inclusão social, do prazer lúdico e do direito de
desistência quando não houver mais vontade.
Diferente do esporte de rendimento, que prioriza a participação dos talentos, o
esporte educação tem a sua essência no prazer, na descontração, na diversão e no
bem-estar em decorrência do seu caráter desinteressado.
Este instrumento deverá ser utilizado por todas as pessoas envolvidas com o
Handebol enquanto prática esportiva, sejam pesquisadores, praticantes, e/ou
organizadores. O objetivo é produzir um instrumento prático e objetivo, sem grandes
custos e de rápido preenchimento, que dê uma visão clara dos efeitos positivos de
uma de uma metodologia baseada na sociomotricidade. Com esse instrumento,
espera-se que haja a identificação dos efeitos positivos do esporte-educação nas
escolas, e, por que não dizer, também nos clubes, tendo em vista que o panorama
hoje é de expansão do esporte através das mais variadas formas.
Sua colaboração será essencial para a validação desse instrumento. Em cada
item, caso concorde, marque um “X” na opção “MANTER”, caso discorde, marque
“RETIRAR” (um, mais de um ou todos os itens) ou “REFORMULAR”, caso acredite
que possa haver alguma dúvida no entendimento. Caso queira contribuir com
alguma
sugestão
ou
ACRESCENTAR
algum
item,
utilize
o
espaço
de
“SUGESTÕES”. Na última página há um espaço de comentários e/ou para
complementar alguma informação.
71
I - SEXO
( ) Manter
( ) Retirar Item
( ) Reformular
II – IDADE
( ) Manter
( ) Retirar
III - CATEGORIA A QUAL PERTENCE:
(
) Manter
( ) Retirar
IV - SE É ATLETA VINCULADO À FEDERAÇÃO CAPIXABA DE HANDEBOL
(
) Manter
( ) Retirar
V - SOBRE AS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS
( ) Manter
( ) Retirar Item
( ) Reformular
Sugestões:__________________________________________________________
___________________________________________________________________
72
VI – EXEMPLIFICAR ATIVIDADE DESENVOLVIDA E SUA APLICABILIDADE
DURANTE O JOGO
( ) Manter
( ) Retirar Item
( ) Reformular
Sugestões:__________________________________________________________
___________________________________________________________________
VII- AVALIAÇÃO DO PROJETO
( ) Manter
( ) Retirar Item
( ) Reformular
Sugestões:__________________________________________________________
___________________________________________________________________
Utilize o espaço abaixo para comentários ou para complementar alguma
informação
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
73
ANEXO F
FOTOS DAS ATIVIDADES DE TREINOS
Figura 2. Foto 1 - Atividades de Treinamentos - 1
Figura 3. Foto 2 - Atividades de Treinamentos - 2
74
Figura 4. Foto 3 - Atividades de Treinamentos - 3
Figura 5. Foto 4 - Atividades de Treinamentos - 4
75
Figura 6. Foto 5 - Participação em Torneios - 1
Figura 7. Foto 6 - Participação em Torneios - 2
76
Figura 8. Foto 7 - Participação em Torneios - 3
Figura 9. Foto 8- Participação em Torneios - 4

Documentos relacionados