MATÉRIA TÉCNICA APTTA BRASIL DICAS BÁSICAS PARA UM

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MATÉRIA TÉCNICA APTTA BRASIL DICAS BÁSICAS PARA UM
MATÉRIA TÉCNICA APTTA BRASIL
DICAS BÁSICAS PARA UM DIAGNÓSTICO BEM SUCEDIDO
Muitos técnicos mais antigos ainda lembram quando o
diagnóstico de uma transmissão automática era tudo uma
questão de definir se o problema era hidráulico ou
mecânico. Um teste simples de pressão era o procedimento
mais difícil que o reparador deveria executar para
encontrar o problema.
As transmissões complexas de
hoje, controladas por
computador, requerem procedimentos mais estratégicos para
um diagnóstico eficaz, e o sucesso de sua oficina dependerá
grandemente de quão preciso e eficiente é o diagnóstico
executado por seus técnicos. Não importa quão difícil o
problema possa ser, é importante que relembremos alguns
procedimentos
básicos
de
diagnóstico
toda
vez
que
necessitamos determinar as causas de uma falha na
transmissão.
UTILIZE
PASSOS.
O
PROCEDIMENTO
PARA
DIAGNÓSTICO
COMPOSTO
DE
6
Um procedimento básico muito importante de diagnóstico é
chamado “procedimento dos 6 passos”. Este é um termo usado
para um procedimento lógico e sequencial de resolução de
problemas que vem sendo utilizado desde os anos 1970. É
recomendado quando encaramos um problema de qualquer tipo
nos automóveis modernos a fim de evitar voltas e desvios de
diagnósticos, com consequente perda de tempo. É como segue:
1. Verifique a reclamação. Este é sem sombra de dúvida um
dos passos mais importantes de qualquer diagnóstico.
Não somente precisamos verificar se o problema existe
realmente, como também precisamos identificar como e
quando podemos duplicar o problema. Tenha certeza que
você entende as características normais de determinado
um veículo antes de tentar determinar se é mesmo um
problema.
2. Determine
os
sintomas
relacinados.
Algumas
transmissões apresentam problemas que podem ser
causados por algo que nem mesmo é relativo à
transmissão – Luzes ou interruptores de freio, por
exemplo. Neste passo, precisamos procurar por algo e
listar todos os itens que não estejam funcionando no
veículo.
3. Isole a área aonde ocorre o problema. Podem existir
múltiplos sintomas causados por um único problema tal
como um aterramento deficiente. Neste passo precisamos
desconectar e/ou testar circuitos relacionados para
determinar a fonte do problema.
4. Analise os sintomas a determine um caminho de reparo.
Uma vez que tenhamos encontrado a causa do problema,
precisamos decidir o que é necessário para reparar o
veículo.
5. Repare o problema. Execute o serviço de maneira
eficiente e completa.
6. Verifique o reparo. Embora muitas vezes estejamos com
pressa e tenhamos a tendência e pular este passo, os
retornos não são bons para a reputação da oficina.
Todos os envolvidos precisam tomar tempo para dirigir
o veículo por tanto tempo quanto for necessário para
se assegurar que o problema foi resolvido. Sempre
volte ao passo 1 e duplique as condições exatas que
produziram o problema durante o diagnóstico.
A importância de seguir estes passos simples nunca será
enfatizada o bastante. Se decidirmos pular alguns destes
passos, com certeza nosso diagnóstico sofrerá algum
revés.
Obtenha tanta informação quanto possível de seu cliente.
Um outro fator muito importante em qualquer diagnóstico
começa durante o processo de anotação dos sintomas. Se o
seu consultor técnico te enviar uma ordem de serviço
começando com, “ a transmissão está patinando” ou “ a
transmissão faz barulho”, então você precisa ter uma
conversa com ele. É imperativo que você tenha uma
informação adequada de seu cliente. Se a única
informação que você tem é que a transmissão está
patinando,
possivelmente
você
não
será
capaz
de
reproduzir a falha.
O cliente deveria ser perguntado sobre mais detalhes
para ajudar o técnico a identificar o problema. Por
exemplo: Quando a transmissão patina? É quando o motor
está quente ou frio? A que velocidade ocorre a
patinação? Qual a marcha em que ocorre a patinação?
Problemas intermitentes são muito difíceis de reparar e
algumas
vezes
impossíveis
de
reproduzir
sem
uma
informação detalhada sobre como e quando o veículo se
comporta daquela determinada maneira. Quando o técnico
possui
toda
a
informação
pertinente
ao
problema
reclamado, ele/ela mais facilmente irá localizar e
reparar o problema que o cliente reclama, em um período
de tempo razoável.
Não podemos ter todas as ferramentas e recursos
disponíveis.
Não seria o máximo se pudéssemos ter um scanner original
de cada montadora para atender os veículos que entram em
nossa oficina? Os scanners originais da montadora
oferecem um menu muito mais completo e específico do que
os scanners do mercado informal, bem como uma linha de
comunicação bidirecional e controles que não podemos
dispor em nosso dia a dia. Estas características podem
reduzir grandemente o tempo e dificuldades que se gasta
em certos veículos. Infelizmente, não é prático ou mesmo
acessível
economicamente
comprar
cada
scanner
de
montadora para nosso trabalho, porém pode-se ter acesso
à pelo menos dois scanners de alta qualidade para nossa
ajuda. Cada oficina possui a capacidade de avaliar os
scanners presentes no mercado hoje e decidir pela
aquisição ou não deles, dependendo de suas necessidades.
Desta maneira, pode-se avaliar com ferramentas de
qualidade, se o problema está ou não realmente lá.
Por falar em existência ou não de um problema, esteja
certo que você entende a teoria de operação da
transmissão que está sendo reparada antes de tentar
determinar se há mesmo o problema ou não. O pretenso
problema pode simplesmente ser uma característica de
funcionamento do veículo ou da transmissão. Um bom
entendimento da teoria de funcionamento do sistema é
vital para se realizar um bom diagnóstico.
Para resolver problemas, nós obviamente precisamos ter
acesso a diagramas elétricos e informação técnica.
Portanto, onde obter tais informações? Em se tratando de
transmissão automática, a biblioteca do SINDIREPA – SP e
da APTTA Brasil podem ser de real ajuda, porém sabemos
que nada é perfeito. Seria muito bom ter acesso a mais
de um destes recursos. Às vezes, uma informação que
encontramos em um lugar não se consegue em outro. Outras
vezes, existem informações que são conflitantes quando
comparadas umas com as outras. Eis o porque necessitamos
de mais de uma fonte de informações para nosso trabalho.
Um suporte técnico à distância também facilita muito a
busca pela causa de um defeito. Partilhar experiências
de outros técnicos pode ser de muita ajuda nestes casos.
Não se esqueça das coisas básicas.
Quando se lida com um problema elétrico complexo, é
muito fácil se envolver demais com a rotina de
diagnóstico sem considerar os fundamentos básicos da
eletricidade. Eis porque é uma boa ideia verificar
alguns itens básicos do veículo antes de iniciar seu
diagnóstico. Procure por acessórios instalados após a
venda do veículo, equipamentos adicionados ao veículo ou
reparos anteriores. Determine se o veículo se envolveu
em uma colisão. Faça um teste de carga da bateria.
Verifique seus fusíveis e aterramentos. Frequentemente
se encontra a causa de um problema enquanto se realiza
estes simples testes.
Alguns meses atrás, um NISSAN Sentra ano/modelo 2000
entrou em uma oficina com uma transmissão automática
RE4F03A que gerava códigos de falha intermitentes P0720:
Sinal do VSS e P0725: Sinal de rotação do motor. O carro
foi conduzido várias vezes em diferentes ocasiões e
ninguém conseguiu reproduzir o problema. Muito tempo foi
gasto trocando-se sensores de velocidade e rotação, bem
como circuitos relacionados. Porém, o cliente sempre
voltava com os mesmos códigos armazenados no PCM.
Finalmente, o cliente foi aconselhado a deixar o veículo
de um dia para outro na oficina, para que o mesmo fosse
testado frio. Quando o técnico funcionou o carro na
manhã seguinte, ele percebeu que o motor girava muito
lentamente no arranque, devido à uma bateria defeituosa.
Após realizar o teste de carga da bateria, ela falhou no
teste muito embora ela ainda permitisse dar a partida no
motor do veículo. O técnico observou então que os
códigos retornavam à memória do PCM toda vez que o motor
era acionado a menos que uma bateria auxiliar fosse
instalada. Uma bateria nova resolveu o problema.
Simplifique a rotina por eliminar possíveis causas.
Frequentemente é melhor começar o diagnóstico pela
famosa pergunta: O problema é mecânico ou hidráulico? Só
que, nos dias de hoje, devemos acrescentar: ou elétrico?
O problema então é elétrico, mecânico ou hidráulico? O
problema está dentro ou fora da transmissão? A resposta
à estas perguntas simples podem limitar o número de
causas possíveis. Quando você testa um circuito elétrico
é melhor dividi-lo entre problema interno e externo à
transmissão. Quebrar o circuito em dois pode simplificar
o procedimento.
Certifique-se de eliminar o que você sabe que está
funcionando. Aqui é que você posiciona os passos 2 e 3
do procedimento de 6 passos para trabalhar para você. Se
você tem um código de falha acusando um solenoide de
mudança em um veículo que possui solenoides múltiplos
alimentados pela mesma fonte, você poderá eliminar quase
50% do circuito como causa possível, desde que você
entenda que a alimentação está pelo chegando à emenda de
distribuição de alimentação dos vários solenoides. Ao
realizar o teste do circuito, procure submetê-lo à carga
total de alimentação dos solenoides em operação normal.
Por último, se você conhece o circuito sob teste e quais
componentes normalmente falham, comece por eles a fim de
agilizar o processo.
Conheça os códigos de falha (DTCs) e reaja em
conformidade.
Existem dois tipos de códigos de falha (DTCs): Elétrico
e Mecânico. Para determinar com qual tipo de DTC você
está lidando, examine a descrição do código. Um DTC com
a descrição que inclui termos como “desempenho”,
“travado ligado”, “travado desligado”, “implausível”,
“racionalidade” ou “correlação” provavelmente indica
falha mecânica. Por outro lado, uma descrição do DTC com
termos como “circuito alto”, “circuito baixo” ou “falha
no circuito de” indica um código elétrico ou problema no
circuito de um determinado componente. Se a indicação é
de circuito alto, existe mais tensão do que o esperado
(possivelmente um circuito aberto). Se o circuito for
baixo existe menos tensão do que esperado (possível
curto circuito).
Os códigos mecânicos são um pouco mais difíceis de se
isolar. Não conseguem ser apagados a menos que o veículo
seja dirigido. Códigos elétricos geralmente são apagados
com a ignição ligada somente. Um código mecânico
tipicamente significa que o computador não registrou uma
mudança de valores esperada quando um componente é
comandado a ligar ou desligar. Um código mecânico mais
frequentemente é causado por uma falha do componente, ao
passo que um problema elétrico pode também causar o
registro de um código mecânico. Neste caso, você terá
normalmente um código de falha elétrica armazenado,
relacionado ao código de falha mecânico, mesmo que isto
nem sempre seja verdadeiro. Quantos câmbios Chrysler
A604 você já não viu com códigos de falha intermitentes
de relação de marchas causados por conexões soltas nos
sensores
de
rotação
de
entrada
e
de
saída
da
transmissão? Um erro de relação de marcha é um código
mecânico que pode ter sido causado por uma falha
mecânica ou elétrica.
Evite as armadilhas do diagnóstico.
Armadilhas do diagnóstico estão lá fora e aparecem em
nosso dia a dia. Uma boa regra para evitar cair numa
delas é NUNCA PRESUMA NADA! Se você está lidando com um
código de falha de solenoide, isto não significa que o
solenoide esteja com defeito. Da mesma maneira, um
código de falha de relação de marcha não significa
necessariamente que ocorreu uma patinação, e um código
de falha de um sensor de rotação de saída da transmissão
não significa que o sensor de saída de rotação falhou.
Não seja lançado na armadilha de se PRESUMIR algo! Se
você vender ao se cliente um sensor de rotação de saída
da transmissão porque ele é um item de grande incidência
de falhas e você resgatou o código P0720, você poderá
acabar consertando um fio interrompido ou trocando um
módulo de controle de graça! A única opção neste caso
será contra ao seu cliente que você se equivocou no
diagnóstico e precisa de um pouco mais de tempo! A
palavra saída da boca é o melhor anuncio disponível. O
cliente não ficará impressionado com seu trabalho se
você não puder diagnosticar seu problema de maneira
eficiente.
Uma das maiores armadilhas de diagnóstico em que o
técnico poderá cair é seguir a árvore de diagnóstico.
Árvores de diagnóstico foram feitas somente para
referência. Um diagnóstico não pode ser conclusivo por
se seguir uma árvore de diagnóstico. É melhor estar um
passo adiante e provar que corrigir a causa da falha é o
que consertará o veículo. Um técnico reparador estava
trabalhando em um CHEVROLET Pick Up com uma caixa de
transferência eletrônica que não mudava de 4X2 para 4X4.
Ele escaneou o módulo de controle da caixa de
transferência e encontrou um código de falha relativo à
um relé de mudanças. Seguir a árvore de diagnóstico
mostrava que o módulo de controle não estava alimentando
com negativo o relé de mudanças que por sua vez fornecia
12 Volts ao motor de acionamento do garfo da caixa. Ou
seja, o diagnóstico escrito indicava que o culpado pela
falha
era
o
módulo
de
controle
da
caixa
de
transferência.
Felizmente, ele não parou por aí. Ele decidiu alimentar
manualmente o relé de controle com negativo para ver se
a caixa fazia a mudança para 4X4. A resposta foi NÃO. A
caixa de transferência não realizou a mudança mesmo
tendo sido alimentado seu relé com 12 volts. Como ficou
mais tarde demonstrado, tanto o módulo da caixa de
transferência
quanto
o
motor
acionador
estavam
defeituosos, e teria sido fácil condenar um mas não o
outro.
Uma outra grande armadilha de diagnóstico é a utilização
de um teste de resistência (ohmímetro) para determinar a
integridade de um fio simples ou uma série de fios e
conectores. Em um circuito básico de um solenoide
podemos ter um fio que está comprometido e possui apenas
um ou dois cabinhos ainda fazendo contato. Este fio
passará em um teste de resistência facilmente. O
problema é: o fio não consegue alimentar uma alta carga.
A armadilha real é que quase todos os procedimentos de
diagnóstico dos fabricantes dizem para que você execute
o teste de resistência para saber se o circuito está
integro. Se você seguir estas instruções ao pé da letra,
poderá estar cometendo o mesmo erro vez após vez.
A coisa mais certa a fazer é verificar se o fio pode
conduzir uma carga elevada. Existem dispositivos que
aplicam carga a um fio, que poderão ajudá-lo a cumprir
esta tarefa, mas alguns técnicos preferem fabricá-los
eles mesmos. Tudo o que precisamos é uma ponta de prova
de um voltímetro velho, uma lâmpada halógena, uma garra
jacaré, um pedaço de fio e um refletor velho de
lanterna. Solde a extremidade da ponta de prova a um dos
lados da lâmpada. Ligue a garra jacaré a uma extremidade
do fio, e solde então a outra extremidade do fio ao
outro terminal da lâmpada. Encaixe a lâmpada no refletor
da lanterna, e enrole tudo com fita isolante. No final,
você terá alguma coisa parecida com a figura 1.
FIGURA 1
Para
testar
um
condutor
com
este
equipamento,
certifique-se desconectar ambas as extremidades do
circuito a ser testado. Não queremos danificar nenhum
componente conectado a este circuito, não é verdade?
Também tome cuidado com emendas no circuito. Não
queremos jogar tensão em circuitos em que esta tensão
não pertence. Por isto, utilize um fio ponte com
fusível. Conecte uma extremidade do fio ponte com
fusível ao polo positivo da bateria e conecte a outra
extremidade do fio ao circuito sob teste. Conecte a
garra jacaré da ferramenta de teste descrita acima em um
bom aterramento e a outra extremidade ao circuito em que
o fio ponte com fusível estiver conectado. Se o circuito
puder conduzir uma carga, a lâmpada se iluminará, caso
contrario, você sabe que o fio está comprometido.
Não tenha medo de pedir ajuda.
Todos nós gostaríamos de dizer que sabemos tudo, mas a
realidade é que ninguém sabe tudo. Estamos continuamente
aprendendo novas coisas. Muitos dos problemas em
transmissões hoje possuem um mecanismo de falha padrão,
e alguém em algum lugar, já passou pelos mesmos
problemas que nós estamos passando neste exato momento.
Adicionalmente, ter o suporte de vários técnicos que
trabalham no mesmo problema que nós podem ajudar e muito
a soluciona-lo. Eis o porque a participação do técnico
em algum seminário ou fórum de reparadores poderá nos
ajudar de alguma forma. Fazer parte de alguma associação
de reparadores pode ser de grande valia na solução de
uma série de problemas no dia a dia da oficina. Todos
nós já passamos ou vamos passar de alguma forma pelas
mesmas espécies de problemas. É por isto que a APTTA
Brasil existe. Para ajudar em nosso desenvolvimento
técnico provendo treinamento, suporte e informação
técnica de qualidade. Informe-se agora mesmo e seja um
especialista em diagnóstico automotivo!!
Redação: APTTA Brasil – Carlos Napoletano Neto
www.apttabrasil.com

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