junho de 1879.

Transcrição

junho de 1879.
r
JUNHO DE 1879.
jp»»lWW'iJW*lWWW"yW^'A'__^
tãta^t;a-^vs^-^a-^-vv-w^a-^-^a-^a-'?^^^^
^
_,x^>„/k>&^A,»l.^..i;.AAA.A^A,.^/-.^^^
O NOVO MUNDO—PERIÓDICO BRAZILEIRO.
REVISTA INDUSTRIAL.
\
H
Junho, 1879
, A
\
AGRICULTURA,
MINAS,
MANUFACTURAS,
CONTEÚDO
MECHANICA,
DO
MEIOS
NUMERO
DE
PARA
TRANSPORTE
COMMERCIO.
E
JUNHO.
Pagina
1'r.glnn
An. inlii. mechanico a Cavallo ffliistnaâo)
161
Conservação de Fractas e Vegctaes
161
. Sertiim Paliuarum
161
O Aço Bessemer na Europa e na America
O Maior Martinete a Vapor do Mundo
Novas Ligas metallicas
'..
A Wehvistcliia Miiabilis
162
162
Conservação das Florestas
Decreto sobre Locação de Serviços
163 .
164
Colonisação Ilusso-Alleman
164
Os Melões
164
Que Patriotas!
Prensas tle Algodão (Hlustrailo.)
165
Constituição do Mel de Abelhas
165
Vegctaes produzindo Doenças
Drenagem do Lago Tecino
As Obras publicas nos Estados Unidos
Lavagem das Fibras vegctaes
Fabricação do Papel alastrado.)
Utilização do Graphito
Preservação da Madeira contra o (insano
Exploração de Carvão de Pedra e outros Mineraes... 185
Novo Contracto com a Companhia do Gaz
185
E. de F. do Sobral
185
E. de F. para Matto-Gfrossò
185
106
166
167
171
172
177
177
E. de F. em Guatemala
Caminhos de ferro aéreos
Telegraphos subterrâneos
185
186
186
Cravar Postes telegraphicos
Trabalhos hydraulicos na Barra de Cabo Frio
Conservação do Ferro
178
Estanlio phosphorado
Eleetro-plate de Zinco
178
178
Commercio americano com o Japão
Banco do Brazil
178
Annuncios
178
índice do Vol. IV
Dvnamita nas Pedreiras de Ardosia
'.
DE
Publicado
Bellas-Arte
*
mensalmente
em New York, E.stadps Unidos.
PREÇO, 15#000
O.
AGENTE
Esoriptorio,
'*•
JPOR AJNTVO.
m>JSkmm,MM.\^2
"t.
_SP
G. E It, A. I_.
__Flx___ Direita
ISO
186
186
191
llfrrobuü Jlhtstntbo
e
186
187
178
Litteratura
186
187
187
O NOVO M UNDO
olitica,
179
179
Gaz Globo
180
Apparellios e Ferramentas de Sondagem
180
Patentes de Privilegio
184
Raça Cavallar no Brazil
185
Progresso do Systema métrico
185
Barra do Rio Grande
Systema Monetário internacional
Concessões de Privilegio
Economista Brazileiro
179
B __________ __ 11__,
___T__>. 417, __=-_.!<__ c_l© Janeiro.
Junho, 1879.
O NOVO MUNDO—PERIÓDICO BRAZILEIRO.
ORÇAM
BEATTY
0 MELHOR QUE HA.J-l^JH^-^B 0
PIANO
jpj 0 MELHORQUE HA.
Orgam de $375 com 13 registos, por só $97.
~—^¦
^mW
mmm^mmm'^m^^aÍYmmlÍAmW
$97.00
^^~—""——
WI?;ji
«¦^»*i»»*m»*m*»mW»l»»mjI»»»-»)
^mmv9»M BVfll
¦', j_ii.i'ilg
¦..¦¦¦
JB^iHiimfBBi
/»8l^^»&'»l»»»^''BffSlí^ll
^3sjM^jp^B"^»^gj^^^^^^Hp||»Bg^
>J i |Bss5Br»Z]31BH BIBWwMBMtir
3a II r^XIiH
i^m»
il
Hl ' ! VV Si' flVKff
mWtMmmmllW ¦ ¦*?#'»?
fiD ¦///ABalm ¦'!¦ nilMI
'JhS
//At A ^vi >i
P35f
K'¦
Ciliar illustrafln, sobre o custo tle Orgams o Pianos.—Dirijum-se aj
O preço por que em geral
se vende este bello Orgam 6
de 37S dollar». O meu ultimo
preço tx.r atacado tom sitio de
105 dollar». Mas toudo resolvido a fazer todos ver me..»
instrumentos celebre» para
que p-ssam fazer juizo seguro
n »••.. respeito, oflbreço esto
modelo lindo nos leitores deste
(ornai uo preço de
SO* l»T IHll.l.AKN.
I3F* Kl» a descripção deite
Instrumento mnirnilti-o: Or*
gama de ItViitl),raivlo
No. 91 OO. Obolloèítylo
Olli.-o do nrchitectura da
cnixn n recom.neudn loco ft
primeira vista nos entendidos
nn matéria. Dimensões: Alturn, 71 pollegadns; Largura,
48 pol.j Fundo, 21 pol.j Pest.,
enciixotiido, mais tle 350 Ibs.
Tres (.i) joifois «it- vozc». 4'iii<o.;">)Oilnviia.
Treze (13) rogiaioN,
(I)Orwnni iiramle. (t|)
Porte principal; l.'|) Duloett;
(4) Diiipnsão; (f»; Oboó; (6)
Prltioipal; (7) Voz humnnn;
(fc) Fra.ita; (O)ltabeca; (IO)
Diilclann-, (II) Ecbo; (Ir*)
Vosr. celcmet (13) Clnrineta Válvula do crescendo
tle Beatty, operada com o joell.o, e a celebre válvula nova
e aperfeiçoada de crescendo,
de acção dupla, de Beatty,
• •per.idu.-.iii-. o joelho. A caixa
é do nogueira massiça, folheada, e acabada no melhor
eoljrl* dn une. o ultimo
,preço deste instrumento, que
garanto por G annos, 6
yC3r*
Me $97. Não tenl.o agentes,
o por Isso o posso vender a
preço tão dimin.it».
Mandem as ordens .mmediatamente.
Nossos
pianos dt;
_
jacarandá a $ 1 t>r>.
íM íií>. !? I .lõ e miais.
K.mettu a quem n pedir, com
o porte pago, unia grande cir-
DANIEL 1? RE ATT Y, Washistgton, JVetc Jersey, E. V. .1.
ry MOSTREM ESTA
OFFBRTÀ AOS VISINHOS. ^j
BEATTY
E o homem ne negocio iiiai» bom »ucaedido no inundo.
0» celebre» PIANOS o ORGAMS de BEATTY são
reconhecidos corno o» iustriimento» inelliore» e mal»
perfeito»que no no mundo, odiimnta os ultimo»
mezes o numero dos que ollo vendeu foi quasi quatro
egunl
ao do* que quaii todo» os outros fabricante» Junntnconseguiram
vender. Ha oito anno» Mr. Ileattv
...
mente
°n0.e\V..0
•em
e h°Je ,UM vcndn" rhe'*»m ft ¦nlInnM» do contos por anno, e em?ftp,,al il]9nm<
VT'"1? quelxam-ie
n?,™,?
qiin.it o» oulrti»2°rfabricante»
do pouco quo teem que fazer, Mr. Beatty «noontra multa
•n«,t*Vnondn» H»" fecobe. Este 6 o resultado da attenção quo presta a seu negocio, .to difflouldnde
sou lyitema
HkLSi Io Judiciou»
iw u Ií" do diinnunolni-o,
liberal
a sua energia, e, sobro tudo, da qualidade superior de seus Pianos e Owarn»,
que vende a retalho pelos preços de atacado direotamente no publico, sem empregar nenhuns agente» Uaterme'
Lei;i;»e B g,m '•flort* "«"> c#T"»l. lelta por um t*m|>o llmitndo.-Extrataido do Star.
i^ü'.. n,i,'"ire'1
,,e r*»ioM "M'u P*»'* « na Europa em cuja» família» usam do» celebre* urgam» e Plano» de
Beattv
r^MBndem vir desde ja umu longa serie tio recoramendnçõe» destes Instrumento».
"ti"1* •m l"" f,>,rel" onMmmendado* dou» ou mais Orgam» ou Plano» no mesmo tempo
f«rií^i^-.7.Vi-,~„ • *f
cm
al*um "I"1 *****»> »°»'ro um só Instrumento. Aquelles que o
T,0
<0, ftM
1 ,i.^. ,? í',f
con. o Instrumento também uma linda cadeira paro pedirem
piano o
Li™ deílKcjKA* Bwttt r"«e"eriío
GRANDE PIANO DE 3IEZA, DE $1,000, <'0M TREZ CORDAS, POR $255.
10 ^1
^^^
uk
I ~^*mm»
Este produeto lindode pureza iricomparavel ó muito
saudável, delicioso e econômico, e 6 superior a outro
qualquei- fubá ou farinha de milho.
AIAIZILLA É 0 ÚNICO PRODUCTO
deste gênero que 6 usado e
APPROVADO
PELOS MELHORES COSINHEIROS DA FRANÇA,
e esses fuzem com ella seus
HKmVHH.sH Of I M
CELEBRES PRATOS DE SOBREMEZA.
TSSL alzilla.
Os 8u. H. A. (írtiber, do Rio de Janeiro; F. Olivieri,
da Bahia;, le Lailhacar e Cia., de Pernambuco, e Alineiila e Fialho; do Parti, darão amo trás
gnituitiuiiente e acceitarap encornmèiidãs.
PRELOS
ig
^ RH
u tí|
^^
^^
iWM
cJflB-*»^¦«f *¦—
KJâ^^LW^Sr '~v*^:''' z::?ffpZ~jj^-' ~ " -*
Sm
U
vi
DANIEL 1^. BEATTX.
mm
WÊ
d
^h bb
^Êm
&
'?•-- |WS^K^SsWVvHsBfl»HsS9jr^ fsj
Wasl.inglou, New.íersey, EIVA.
MATADORES e CONSERVADORES de CARNE de VACCA
EM LATAS.-OARNE DE VACCA CONCENTRADA E ASSADA.
187
Também Carne de Vacca salgada sem Ossos, Línguas e Tartaruga em Latar
CONGRESS STREET, BOSTON, Mass., E. Ú. A
uoS,s?on„^
escolhido d„s grandes manadas doS campos
E acon.lic.o..a,l.i com o maior cuidado e.n lnta»s de iblhn, contendo duas libras,
seis librns e quatorze
* «f"1^ <1,,e 6 8ftn e 8nudave1' 8e,1(l0 oo»«enrada sem que se* lhe ajunete
nenhuma
subsian^cSm.
6
1*,nrB- ° de «?08t0 superior no da carne de
„„
uCl,"í',SK'lm
i?'Je ?nlt0
gado que loi transportado vivo pára o meroado.
E aeondicionuda
sem ossos oa cartilfiy;em, e 6 coshla
por um processo do nSênt?
e t0d° ° SUCC° Uft C"r,ie Sfl° -nservadol.
Estft semp^Sa^
llflMuf^o1^1^0
Para .Ilustrar a economia deste alimento servira este facto : Uma lata de
duns libras contém
«nta carne como um pedaoo.de seis libras e uma terçja comprado nos
açotígue Fe^a»
« us tatus
hiuis maiores
«luantuladcs em proporção. CADA LATA B' GARANTIDA
"V"»»•««,
cá^r^t^^nZÍ^t "• A> Gn,ber' U,U ' e •r,lneÍrü: ^ °UVÍerÍ' B'lhin= De Lailh«c- •
Composição americana para rolos.
DA
APPARELHO PARA IMPRIMIR.
Para conveniência daquelle» que não tiverem typo», tineta e muis material
imprimir ,emo8
lmPnmlr'
temos ""nP™
semnrn
promptos quatro diversos npparelhos sortidos, que servem para qualquer do» prelos!para
Mo. 1»
Mo-
30 dollars.
No'í' I W
• »aBliii^mv' '.'''ri rr» Ir" ':
l mmmvIHmW'1 ií
"
I
ASHiBai''.!-1!1!1'!! fJ1'¦': f
V.mmrmnW
[DIIIIH
i lii'ÍD»B
|H
lamm
1*m
mmmWw^ZÍ^M mmW*—iWmmm\lm\.' ! Kl. »mmmm ^mmmrmmml
i^jmjlj
VWWgmj^Miiwim
wm
0 Prelo "Young Ameica. "
60 dollars.
Consta de 12 Jogos de typos, gabinete de oaixa»«nota» preta, roxa, azul o verde,
cortador
trelinhas, escova de prova», bronze de ouro ede en,
prata
e o mais material do No. 2 em grande variedade.
No»
:..
ioo dollars.
Consta de 20 jogosde typos, caixas o estante
e ias, don» componedores, trez galeras, tinota»para
de
dlverja» cores, bronze», colla de ouro, entrelinha»,
guarnição eto. em variedade maior ainda.
PAPEL
110
175
No. 1, rama, 2J x 4 pol'g.; "
No. 4, rama, 7 x 10 pul'g.j peso, 135 Ibs. 45 dollars
peso, 22 Ibs." 15 dollars
" 4 x 6
" 2,
"
" 5,
"
"
45
20 "
V 8 xl2
200 " 60
" 110 " 35
" 6 x 9i
" 3,
"
" 9Jxl4} "
" 6,
•' 320 " 90
"
Um dollar regula ISOOOréis. com o cambio a 27d.
Com oada prelo vão duas ramas, dous jogos de sabugo de rolos, nm rolo de mão, um molde para rolos e uma
chare de parafuso. Estas peças são incluittas nos preços acima. Ramas de sobresalente fornecemos aos seguiute* preços: para Prelos "United States," No. 1, 75 centavos; No. 2, 81.25; No. 3, $1.50; para PreloB "Young
Amerioa,"No. 1 30 centavos; No. 2, SücentavoB; No.3, 75 centnvos; No. 4, §1.00; No. 5, $1.25; No. 6, gl.50.
A e«te» preços entregamos os prelos em New York, encaixotados e promptos para embarcar.
dollars.
Consta de 8 jogos de typos,
de caixa»,
tinotas preta e roxo, entrelinhas, gabinete
regreta» ornamentae», oomponedor, regreta» de latão, tarja,
galera,
pinças, maço, aplainador, guarnição, eto,
No. 1, rama, 16 x 91 polg.; peso 267 Ibs. 80 dollars
345
700
15
Consta de 4 Jogo» de typos,
de caixa»,
tinota preta, entrelinha», regretasgabinete
ornamentaes,componedor, regretas de latão, tarja, galera, pinça*,
maço, aplainador, bandulho e guarnição.
LISTA DE PREÇOS.
O Prelo "United States."
O Prelo "Young America,"
m%mW
Orande lr*inno de Mezft, de Beatty, Estylo Xo. 202:i.
mar/nifloa
"'"
de Jacnrnndé
Ele<mntemente acabada. CORDAS TRÍPLICES. Peso, encaixotado, mais Caixa
de 1.00Cm
Septe oltev™» e íma S
Escala plena . e Rgrnfle. Ca.xa de jacarandá, quinas arredondadas,
peruas e lyra ent. ll.t.d.is li ulL ente ser
I>«nt.n., e molduras pesadas todo uo redor da caixa, as costas acabadas como frente. SernwtlM nova Sm
armação a mais moderna de Beatty, barras e traves de amparo extra, escala anova melhorada,
basso cruzado
grande acçao franoewi, pedal entalhado, molduras de Jacarandá mnssiço, teclas de marfim, martelos coberto»
t.plo de agraíP^todps os aperfeiçoamentos que de qualquer modo
melhorar
o instrumen o 4o Planou
podem
magniílcos. t^Oarant... plena por seis nnnos. O preço a retalho,
geralmente podido por um ins rumento
com,, estes pelos «gentes monopolisatlorcs 6 de 1,000 dollars.
Venderei
estes
instrumentos
magnífico" en"
caixotados e entregues a bordo da vaguo tle estrada tle ferro, (l &•
razão de 255 dollar» por cida um. Podei* fazer
a ençommenda por carta ou pelo tolegrapho. CiTNovos Orgams dn Gabinete
n $65 .475- ?85 a ?410 Remette.
'"" ^"^ mmtm,hl Cünten,lü í?"lm,e ^P1" d« it»for..„.ção sobre o custo de
Or^nst^iaüos.'1 D^rn-Fe a'
1 mI^^Sk^WI
8x12
10x15
¦ w°
w
mm^mw
^*m^Mmam^B^m^mWWr--lz^^"^'"~'''-^^~^^
o
C0Dserva-8e P°r annos em lunlouer clima e podo ser refundida muitas veze». Preço,
50 centovos8r"r°í>bnP0BÍÇri"
35, MURRAY STREET. NEW YORK, E. U.
3,
^
-»
AMERICANOS.
Chama a attenção do publico para os grandes melhoramentos
Que introduziram nos prelos,
simplificuram muito a sua construcção que
e reduziram
o seu preço. Além dos prelos mencionados
neste annuncio fabricamos lambem outros,
dos quaes achar-se-ha uma descripção
talhada na Circular illustrada que distribuimos degratiiitamente. Os que se acham representados nestas
^m>»ms»Mi!.»»l
»m\ JM
.gravuras foram escolhido» por serem o» que são mais
adaptados as necessidades do publico em
geral. O seu
módico preço e sua simplicidade o* reoommendam
não
so ao typographo como tombem aos negociantes, ás
instituições publica», as associaçõe» particulares, ás
famílias e aos indivíduos, oomo fonte de lucro, instruo
wt/tk,'mT^vmm\ Mmlr-M
H
çaoou divertimento.
Sendo negociantes de toda a casta de material para
I (»»w»r^»l<S^9
typographins, inclusive typos, tinta e
m¥0l V^»»»\
papel, podemos
sapprir aquelles que o quizerem aos preços
mais baixos
do mercado. Com enda prelo empacotamos, a pedido,
um sortiuiento de typos, tinota e outro material necessario para operar o prelo com bom resultado. Quando assim nos for pedido, mandaremos os typos com
os
accentos portnguezes.
jggggg*'- Os prelos exportados vão encaixotados
,ga—" . cuidadosamente, oom as partes expostas ao
enforr"gttiar-se bem
S^saiUIperigo<ie
s^s^^Psebo, e fazemos o que nos fòr cobertas de '
posshrel para
¦*'"¦•
QUO os prelos cheguem a seu destino
feg^.-^^S:. ptomptos para uso immediato.
0 Prelo •'United States."
«M*V
""^AJÉH»»»fc.- ""~-^==^
at> aives rassss Oo.
\»»\ ^jJJtillliMI
Lm~»
m
vIA^
í^B^^v
. .^jps«ã--* >^- ~-
A YOUNG AMERICA PRESS CO.
SUCCE880RA
¦wZ'>jSI1>!1BIh1SK4SV
-
HOSTON BÊEF PACKBG COMPANY.
Oljaolxxxxati, Olxio>, si; XJ-
^SsflsOVlíSHswVfliisl
iH^fe
mkw
K 5535
cc g Bi
A. ERKENBRECHER,
II
111
DE
IMPRIMIR E CARTÕES
EM BRANCO.
Temos sempre em ser
de papel de imprl
mir. de diversas espécie»,pacote»
a 10, 20 e 30 dollar» po
Pacotes
gortido» de Cartões de annuncio
pacote.
de endereço e do visita, tanto de
como
ordinários, para se imprimirem, phantasia
contendo oada
59
diversos
pacote
padrôe», a 5 e 10 dolior» por
lote.
r
Instrucções completas accompanham oada Prelo
e sortimento.
A YOUNG AMERICA PRESS CO., 35, MURRAY ST., NEW YORK.
Para mais informações dlrijam-se fi Agencia do' 'NovoMundo," 47, rua Primeiro de Março,
Rio de Janeiro.
»
0 <AW0 MUNDO—PKRlODICO li R A/.! LEI RO.
IV
CAZ-CLOBO
PRIVILRUIADO
Para todo o Imptriu. l'or Decreto N
s»
1
XAROPE PEITORAL DE CEREJA
DB
A.819.
EYEM ter vlrtudet uiali
que ciiiiiiount aqutltat
priiion* pre|>uraçòe* uiedlclmie» que teem gaulio a Oonfiança frenil e te tornaram
c<>iiioqiie Instituições cateimi, mio $6 n'uin paiz Inteiro
como* cm multo*.
Nessa»
jr.^.jirjti,."'."» talvez nenhuma
tem opntegujdo manter n
lua alta reputação |»>r tanto
t.'in|». como u XAKOPK
PKITORAI. DE CEREJA
IR A vkh que lia quarenta
> um iiiim.» coniccutlroí
tem provado, por uma limita sério de ciirat ndiniraveit,
que e o remédio dente ireneni que tem ((rangendo rtials
credito. Coino#sempre elle eontiudn n curar ai Totitê,
CVíufijxif.Vj t Dtjiuiãn <3o efllcaamonte como o pode
conseguir a perícia médica. Na verdade, o XAKOPK
PEITORAL tem, até certo poneto, tirado n uuí moItttlat o teu caracter aterroritndor e, tomado em tampo
opportuno, dtaot pacientei privilegio do exempção de
teu» effeitot futue». Por isso é que esto remédio deve
ettar not armários de toda» h> eatot de família: e desta
maneira |x>der -se-ha evitar a estas ultimni inultot sof
frimentot e até a morte. Ter sempre em cata o X A RO
PE PEITORAL é apenas uma medida de prudência
}.iveaçoo.
.•
r
MAHCA
IIKfilmiUIiA.
A substancia emprejada
.regai
*i» paru o fabrico do €jtnxí «lobo 6 ¦ Xiiplitli com «qual tacha-M orei«t
ratorló collocado na |«rto eateriordo Lampclo; d'ahl
date. paru o interior por um tubo munido da tora*Irn «
na extremidade enroatrn-teoappartluo quo mil Gaz.
0 preceito para formar o <»H/-f*loho è simples:
o calor dispo* o a axometro a receber a N'i»| ih t lui
que
em ma pmtagem ¦• converta «m vapor, •> ar atino»aniraado
no
apparelbo
phcrleo
doue pe<iuenot oriflflui, converte ata* ru\<or mu umporirti egual,
ítalo tunarlor no brilho a aa
qualidade, ao O AZ l)K CARVÃO.
A chamam 6 regulada
torneira,
uma
altunda na
por
extremidade luperior do bico, qttn te gradria a capricho,
dando uma lua eliirm, brilhante• intenta. I"m litro dt
PREPARADO 1-KI.o
Nnpbtam é suftloiania para 18 homt, dando uma
cbamuia da Intensidade de M vclat, podendo «tu
tldade duinr mala tempo reduzlndose a forçadn li quanz.
LAMPE0B8, I.ANTEItNAS de toda* at formai
Cuimico* pnetico* e analyticw,
para 1CIA.S,
JARDINS,
I.owell, Mhss., E. U. A.
FAZENDAS,
renda nas principaes drogariate pharmaclaanoDrazIl.
OPFICINA8, A
W. R. CASSELLS & CIA.
ESTAÇÕES DB ESTRADAS DE FEKKO.
Aventei geraes no Itrtt7.il
Pr. }. p. ^YER 8f fo.,
Cciumnaa e braços dt ferro fundido.
«iKA.MUi NORTI9IKNTO dt appnrelhot
completos mira u interior dn habituo» «. Rira» Arnndclliie, I.) raia, Fraideailra de 1, 2 e 3 luxe», etc.
1NIC0S
POSSUIDORES
II. UU1MAKÃES& SILVA,
1. RUA DO SACRAMENTO, 1.
RIO DE JANEIRO.
AGENTES NAS PROVÍNCIAS:
PARÁ
ilòumo, Perro 4; Co.
PKHNAMUUOO Antônio José .1 Azevedo
I1AHIA
S. PAULO
Kableu .fc Cia.
. K. 0. Soaret da Silva.
OÜRO-PRBTO
REZKNDB
li
t i , ei
i.
i
Sierra Pereira
DA IClt \-M WSA
.1. J. da Cotia Silva.
CORITJBA
S. ilouçiilve» .In Silva.
MACAilfl..
J. Item ív Co.
0 A M f 08
.1.
DE
VAPORES
ENTBE
KHTAIMM INID08 E O llll\/.ll.
Para exactidSo, e perfeição de seu trabalho não ha machina superior â*"
"DOMESTIC"
DE
<L
Nilo fatiga,
FÁCIL.
OPERAÇÃO
I
Ai
A Mnoblna DOMESTIC
cuidad6tamente
Nao excita os Nervos.
é
fabricada do
melhor material; fax ponato de
doiit potpoatos; tem a ttentuo
Precisa de pouco ajuste
automática que te regula a ai
mesma e o tomador, com. tup-
Produz os melhores
KesuItadOs.
portei conleos de aço e eixo
Faz o menor itorulho.
Precisam-se de
compensador.
Agentes
E* a Machina a mais
em todas as Cidades.
DIRMAM-SE Á
simples,
^DO.HESTIC" 8EWING MACHINE COMPANY,
ESCRIPTORIO, BROADWAY & 14th SfKEET, NEW YORK, E. U. A.
ESTABELECIDO
EM
lb2y.
IVERMIFUGO DE BAFAHNESTDCK
Para St, Tboma», Para, Pernambuco, líio de Janeiro,
fazend i connÚSa em St. Tlmina» rum os vupuret para
Porto Rico. Jamaica e as ilhas e paizes vizinhos.
0 nuvu va |>or de ferro de primeira classe,
COLOR-A.IDO,
24, Praça da Constituição.
'
INHA
'
A MACHINA DE COSTURA DA ÉPOCHA.
AYER
Para as moléstias da Qaryanta e dos Pidmôes,taes como Tosses, tíefluxõtts, Corjue(uc/ie, lironchites, Asthmà e Tísica.
Junho, 1879.
Commamlante U0LOKH,
saliirs para oi portos supra-menoloaadot na terça
feiro, .'> da Junho, us 3 i.orns da tarde,
Recebe enr^a até o dia 3 na Koberft Dock, de
mas .6 com ordem do étoriptorio cm New
Brooklyn,
'
Vork.
Para oí que o quizerem nos meimos nos encarregara'
mos do eOeottiar o létruro sobre os gêneros reinottidos.
Vendem-se liillietes de pastagem pura Iodos os portos
aloànçadol pelos vapores intercoloniaes da Coiiipnnhia
Real, 0 para Montevlueo e Itnenos Ayres.
O frete 6 preciso pairar adiantado
Pará frete ou
liiissageio. havendo nccommodações olegnntei para pai
«Hgeiros, dirijam se a
O uniro remédio eflienz para lombrigas em crianças e adultos. Falta de appetite alternando
com um excesso delle, somno dessocegado, gemidos e ranger dos dentes durante o somno, são
ndicioi da presença de lombrigas, e as crianças estão muitas vezes pallidas c de mau humor só
por esse mesmo motivo.
iíote-se em particular que os iniciaes são » B. A.," para impedir assim que o reme dio legitimo
seja substituído por imitações baratas e incfllcazes.
Acha-se a venda em todas as Pharmacias e Boticas.
C H. M.ILJLORY X CO., Agentes,
Ksrriptorio,
New Vork.
1'ier 00, E. H., perto do Eerri Kultoh,
tt,. T O jit, Wt JE M
WORCESTER, Mass, E. ü, A.
'
M
FRENCH
«-
LADIÉS'AND<
1878.
EXPOSIÇÃO DE PARIZ.
1878,
¦SATIM
PRÊMIO MAIOR E UXICA MEDALHA
Concedidos por nina
PREPARAÇÃO PARA SAPATOS.
r CHÍLDTR3EK?
Wl\- ttoits
B. F. BROWN ^c CO.,
jaipa»a»|BppiaMa^»^»^^j^^^^^^^^»»*iy^*^^^^-*H»^,j_^^_M<-jkij-_^i
liotttoii, Mass.,
Pabrlcanteí dos melliores, mais finos ò mais baratos Ássuntadores de Nayallia nos HsUtdoa !
Unidos. A graudo ropntaçío de nossa flrma 6 urra garantia dn Qualidade.de nossos produnios;
Nqstaa amoslnia nélinin-sc expostas oin casa de H. A. GRUBER, No. 00 Rua do Hospiclo, Rio dó
Janeiro, onde bo podem obter circtilares iHu-tTadas o ii-tns do preços.
l/OI ti ba«»i)c.
¦•-• •' ,g
li.-11
^g
y* %~~
K. Ü. A.
Preparação francesa c Polidura de Setim. K**+-
j
A Preparação universal para Botinas e Sapatos ; tair.
liem para Malas de Couro, Cobertas do Carruagens, etc
E' n melhor que ha cm qualquor parte.
tDréíONJASi
JHHI
l|TI«UNMS«<*'
Estabelecida em 1349.
M.
HEMINWAY & SONS
SILK CO»,
TS Rendo &: 99 Cluwcli St., New Yoi-li
Fabricautes
Seda$ de Co*er
e Sedas
de
Torcida»,
Fio de Seda da melhor
para
Selleiros,
Jftachina» de
ft mfM^nTrn' llSít tN1TI:1)STATE8!fcíll
WjajWp/ \l<% CENTENNIAL VÇl]]
qualidade,
Costura
e Sedas
para
Bordar.
OornmlliflO Centenária d.'* Bttadot Unldnt concedeu o primeiro premiu nette rnmo a HKMIN'VAY 4: SONS em raitto dn tuperioridade dot teui artigos sobre oi outroa expostos.
Cliama-se attenção especial doi
commercianlet para a notta Hrán dr CnrrrlH e Mrdat Uabrnda de qualidade tuperlor, de oomprlmento e peto garantidos, especialmente adaptada á Machlnas de cottu-ra.
0 Melhor Remédio Caseiro do Século.
FABRICADO POR PERRY DAV1S & SON,
PAIN KILLER.
Usado Interna elExternamente.
PROVIDENCE, R. I., E. ü. A.
Este remédio m deve ter sempre á nulo, porone poupar-vos-lia muitos dias de doença, muito tempo e muito dinheiro. O Pain-Kitler é agora conhecido e estimado em toda parte do mundo. Os
Médicos o recoinuiendani em suas receitas, o todas as classes da sociedade teem achado nelle allivio e consolo. Faça-se com eila ama experiência.
E' preparaçilo puramente vegetal que se pode ter e usar som nenhum perigo em qualquer familia. Sendo muito simples o modo do usal-o, muito grande o numero das diversas doenças
que
ollo cura radicalmente, e lambem muito grande a somma de dores e soffnmentos que
com elle ser alliviada, é obrigaçfto de todos supprir-se deste remédio valioso e guardais sempre á mao.
pode
Pain-Killer «" o remédio maia certo para o Cholera que a sciencia medica jamais produziu.—Pain-BÜller, como remédio para a Diarrhea e a Dysenteria, raras vezes, ou nunca, falha.—
Pain-KÜler cura Oilimbras ou Dores em qualquer parte do corpo. Uma só dose geralmente effectúa uma cura.—Pain-Killer lem-se provado ser Remédio soberano para Sezões e Maleitas,
o tem ourado casos os mais rebeldes.—Pain-Killer como loçjio é sem egual para Mordedurns, Queimaduras, Feridas, Machucaduras, Torceduras, etc.—Pain-Killer tem curado casos dê
Rheumatismo e de Nevralgia quo já haviam durado auuos.—Pam-Killer destruirá Apostemas, Panaricios, Unbeiros, Chagas antigas, etc, dando allivio immediato depois da primeira applicaçfto.— Pain-KÜler oura Dores da Cal>eça e dos Dentes. -Cuidado com as ItíiUaçòes e Falsificações. —Acha-se á venda em todas as Drogarias e Pharmacias.
W. J. WILCOX
sfc OO.,
41 Broad Street, New York.
BANHA DE PORCO DE PRIMEIRA QUALIDADE,
Preparada para Exportação para todos os Paizes.
AFAMADA
E 31
T O ü O
Kecebcu o maior Prêmio sobre todas os concorrentes u n unien Medalha
Qualidade, e Superioridade de seu Preparo parn Exportação.
de Ouro
O
na
ML U IST T> O .
Exposição de Pariz
cm 1878,
pela Uniformidade na Côr o
a
^^H to**-,
^^B
^^^
*
,
^^^^B,^^^F jB
_ ^^B
^^B ^^BsS^I ^^B^l
^V^^Vpr
i^^^L^B
^^B^B
^^L^^^L " ^^1 ^^^^^B
~Mm\Yàm^m\\~^Mm^m\mJ^m)
~"^^B
^^^.
-~-
.^^B
I
'*i^^B
^^r
^»<^^^BZ\ rMm^m^mw
Enttred according to Act of Congress, tn the Year 1872, i> J. C. RODRIGUBS, »'« M.; £"#»« <>////.• L/brarian of Congress, at Washington.
NEW YORK, JUNHO DE 1879.
VOL. IX.
New York,
i° de Junho.
WILLIAAf LIO VD GARRISON
GRANDE Republica americana perdeu a 24 do
A passado um dos seus cidadãos mais distinctos na
historia do seu segundo meio século. E' ainda muito
cedo para se aquilatar bem a posição de William
Llovd Garrison nesse período. Mas com o correr
dos annos o seu nome realçará cada vez mais brilhante pelos serviços que prestou á seu paiz, á raça
negra e á humanidade.
Por mais solida que tivesse sido a conquista da
liberdade exarada na Declaração da Independência
deste paiz, que foi o precursor da emancipação politica dos povos modernos, a Constituição dos Estados
Unidos n'um poneto essencial estava em contradicEsse instrumento organisando a Reção com ella.
a escravidão dos homens de raça
tolerou
publica
Essa distineção, porém, era consagrada
africana.
pela moral do tempo. Os espíritos que mais claramente reconheciam que sagrados não eram os direitos do homem perante o Christianismo e o ensino da
naturesa, não podiam applicar aos descendentes do
Africano os seus princípios, que com tanta firmesa
mantinham em relação aos do Caucasiano. O espirito geral do paiz não só mantinha a escravidão mas
a julgava até instituição divina.
No decurso do tempo, as condições climatericas
do paiz e o gênero de cultura apropriada ao solo fez
naturalmente duas grandes divisões,—uma, de cultura extensiva e outra de intensiva. O negro foi
sendo ali necessidade de primeira ordem. As riquesas que desenvolveu o seu trabalho e a concentração
de capitães nas mãos de poucos foi criando uma especie de olygarchia que a seu tempo tornou-se intolerante e cada vez foi ficando mas sequiqsa de comCom o crescimento da
pleto commando político.
foram vendo, mas mui
espíritos
alguns
Republica
mal duplo, pois
escravidão,
mal
da
confusamente, o
também
como
não só opprimia o escravo
punha cada
á
vez em maior perigo as instituições,
proporção que
se tornavam mais poderosos os interesses materiaes
e políticos, supportgdos pelo escravo. Alguns pediam
a emancipação gradual e ao mesmo tempo o transEm 1824,
porte dos emancipados para a África.
efuando no Brazil nos davam uma Carta constitucional, aqui na União ninguém se lembrara ainda de
attacar a escravidão por ser contrária ao Evangelho,
muito mepor ser um peccado e um crime; ninguém
a
emancipação
exigir
em
cogitava
nos
prompta dos
como
empregado
estava
anno,
Nesse
escravos.
porem,
Newburyport,
de
typographia
numa
compositor
onde nascera, um rapaz de vinte annos, filho de
pais mui pobres e que já escrevia de vez em quando
algum communicado aos jornaes sobre tópicos do
Esse moço, dous annos depois, devia começar
dia.
no Vermont um periódico que resoou no paiz a primeira nota da emancipação peremptória. Era elle W.
L. Garrison.
Filho de pais mui pobres, a mãe sendo, porém,
mulher muito superior e religiosa, Wii.ua.m Llovd
adquiriu na pobresa, no trabalho e sobretudo na
Bíblia aquellas qualidades que depois o deviam tornar a principal figura no movimento emancipador,—
o propheta ungido que denunciou o crime da escravidáo. Os requisitos que poderíamos divisar apriori
1,'um reformador desta ordem Garrison os reunia
em notável harmonia. Muito diverso dos paladinos
ou por uma
políticos que trabalham por um partido
este
social,
idéa de conveniência
propheta pouco se
sociaes: inconveniências
abalava com as chamadas
spirado, imbuído nos verdadeiros princípios do Christianismo, para elle só era conveniente o que se conformava com esses principios, por maiores sacrifícios
emprestava-lhe a
que infligisse. Esta fé immensa
fascinação que sempre teem os que se acham convictos de uma idéa, e o denodo que é o cunho das
Garrison viu desde o principio
convicções fortes.
t[ue não era o Sul que precisava convencer e vencer,
mas o próprio Norte. l)edicou-se, pois, inteiramente
á causa da emancipação dos seus conterrâneos negros.
Sua missão, como dissemos, foi encetada no Verínont, onde talvez havia menos interesses ligados áescravatura do tpie em outro qualquer Estado da União.
O Journal of the Times começou a agitação com
tamanho suceesso (pie um Mr. LuNi>v,de Baltimore,
attrahido por ella, chamou Garrison a seu lado
como co-redactor do seu periódico Genius of Universai Emancipatiou, dedicado á emancipação gradual. O novo escriptor, porém, reconhecera desde
o principio que a libertação gradual era illusoria e
achou-se brevemente em completa discordância com
o principal redactor. Um dia soube que uma barca,
cujo proprietário era do Massachusetts, seu próprio
Estado natal, ia levar um carregamento de escravos
de Baltimore á New Orleans. O Genius denunciou
O dono da barca
o acto como " pirataria interna."
chamou-o ao tribunal por injuria e Garrison foi
condemnado a ioo§ de muleta e ás custas. No processo civil da satisfacção foi condemnado a pagar
2,000$ por damnos, e não tendo esse dinheiro foi
N° 109mandado para a prisão de onde só ao cabo de dous
mezes foi solto graças á liberalidade de um cidadão
Da prisão reiterou
de New York, Mr, A. Tappan.
ao juiz que consagrar-se-hia para sempre á causa do
escravo. " Estou apenas no alphada minha tarefa,"
"o tempo ha
de aperfeiçoar um trabalho
escreveu;
útil.
Envergonho-me de ter feito tão pouco em
Sim, humilho-me perante
prol da gente de côr.
tão
frio
e de ter uma linguagem
sentir
de
me
Deus
E' preciso o sacrifício de uma victima
tão fraca.
branca para abrir os olhos da nação e mostrar a tyranhia de nossas leis. Espero e até desejo ser perseguido, posto em prisão e atado por advogar os direitos de meus conterrâneos de côr escura; e eu
mereceria ser escravo si recuasse diante aquelles
perigos."
Tal era o espirito que animava o nosso propheta
ao sahir da prisão, quando lhe oceorreu fundar um
jornal seu, na capital nacional. Garrison, porém,
reconheceu que devia ir mais para o Norte.
Era na
Inglaterra
Nova
capital
da
que precisava
própria
derreter as montanhas de gelo da incredulidade.
Antes de seguir para Boston, quiz fallar em publico:
debaldc procurou salas: todos lh'as recusavam.
O PRÍNCIPE ALEXANDRE DE BATTENBERG, ALEXANDRE I, DA BULGÁRIA.
L3°
Mesmo cm Moston só obfeve uma, onde se reuniam
os infiéis.
Fundando a sua propaganda na Biblio era natural
que tivesse procurado o auxilio do clero protestante.
Este, porém, recebeu o moço como um energúmeno
e revolucionário.
Desde esse tempo o agitador sede
parou-se
quaesquer organisações religiosas. Ellè
viu a diffcrença que existia entre a Bíblia, que diziam professar, e a practica da verdade como ellas
interpretavam.
Kntretanto a sua fé na Palavra divina nunca foi abalada.
Até os últimos dias de sua
vida era a Bíblia a fonte de sua inspiração e de suas
consolações.
Desde O seu primeiro discurso em Boston, alguns
homens proeminentes presentiram «pie esse moço
obscuro e pobre estava destinado a revolucionar o
pai/.. A sinceridade e a força impetuosa de suas
convicções, o modo simples è irresistível por (jue as
apresentava, altrahirain-Ilie poucos, mas sólidos,
amigos. Afinal no 1". de Janeiro de 1831 appareceu
o primeiro numero doLiàerator que William Lloyò
Gakrison redigiu até seu ultimo numero publicado
no iu. de Janeiro de 1866, depois de proclamada a
emancipação e de ter realisado em vida a sua gloriosa tarefa.
A historia do I.ibemtor nesses trinta e
cinco annos é até certo poneto a do próprio paiz. O
periódico começou bem humilde. O redactor pagava
o uso do typò com o seu trabalho diurno de composiçflo: á noite escrevia e compunha seus artigos, e
muitas vezes os compunha em typo sem escrevèl-os.
Sua cama era o chão da typographia e seu repasto
consistia de leite, pão, bolachas e fruetas. Mas esse
moço obscuro tinha fé indomável n'uma causa sagrada e os typos: de «pie" mais precisava ? No seu
I will be heard."
E foi
numero inicial escreveu
ouvido logo. Seu jornal ganhou rápido favor e excitou-lhe os mais acerbos inimigos. Lm dos Estados
sulistas ofFereceu dez contos de prêmio a «piem o
capturasse dentro de seus limites.
A corporação de
Georgetown, perto de Washington, impôz a muleta
de 40$ e prisão por trinta dias ao homem de côr
Tudo isso, poque fosse achado lendo o I.iberator.
rétti, apenas animava Gakrison, mostrandò-lhe a
natureza do inimigo com (pie tinha de contender.
Foi continuando seu jornal desassombradamehte.
Entretanto não desprezou <> que podia alcançar
com
pela palavra e pela organisação tios poucos (pie
"
elle pensavam. No anuo de 1832 fundou a AntiSlavery Society," com outros onze indivíduos,—verdadeiro apostolado de nma causa sublime ! Por mais
de trinta annos foi presidente dessa histórica sociedade.
A Inglaterra nesse tempo já estava muito interessada na abolição da escravatura e estava animando
a sociedade colonisadora «pie propunha a emancipaNa opinião de (', ARR1SÓN esse apoio
ção gradual.
retardava, em vez de ajudar, o resultado.
A sociedade colonizadora era para elle um mau palliativo
que impedia a bôa obra. Resolveu, pois, ir á fnglaterra e conferenciar com os mais distinetos philanthropos dali, entre elles, com WlLRERFORCE, BUXTON
e D. O/Çonnel, Garrison ganhou o seu poneto.
Todos esses homens denunciaram como illttsorio o
plano da sociedade colonisadora dá Libéria. Garrison voltou a Boston mais forte, e o seu jornal cada
vez excitava mais a furia de seus inimigos,pela língua"
gem desabrida com «pie characterisava a pirataria
interna." Elle escapou a muitos perigos. Lima vez
"
depois de uni "meeting
o privaram de sua roupa e
a policia teve de consignal-o á prisão para livral-o da
furia da gente "respeitável" que procurava pinclal-o
com ai cairão. Outra vez para escapar teve de tingir
andar elle mesmo á procura de Garrison com um
bando que queria enforcal-o. Felizmente não era
então muito conhecido ainda.
^\Ir. Garrison era tão coherente nas suas idéas,
lão intransigente na sua defesa, tpie nem siquer respeitava a União, por ter como elemento a escravidão.
"
Não
Para elle a União dos Estados estava morta.
viajar
chamados
Estados
Unidos,"
por estes
podemos
dizia elle, " gozando dos direitos que a Constituição
professa assegurar a todos os cidadãos. Nós hoje
estamos trabalhando para estabelecer justiça, assegurar Iranquillidade domestica e promover o bem
geral da nação." Elle gradualmente foi declarando
que 0 laço de União devia ser dissolvido, a menos
deque não se acabasse com a escravidão. Annos"um
Constituição
era
a
declarar
(pie
a
chegou
pois
contracto com a morte, um pacto com o inferno."
E entretanto a gente do Sul foi mostrando melhor
a sua ousadia e a ambição de estender a área de Kslados com escravos para lhe dar augmentado poder.
Em 1845 a tentativa da annexão do Texas por ella
excitou os ânimos dos liberaes do Massachusetts.
Houve uma immensa reunião popular d que estavam
presentes Gàrkison, SuMNER, Wknoki.l-PhÍllips,
Hu 1 ,\ki> e outros. Sumnkk, que ouvira Garrison
pela primeira vez. ficou captivo de seu fogo e da sua
idéa, Desde então a causa emancipadorà foi obtendo adhesõçs entre muitos homens Íntelligentes e
influentes.
Alongaríamos por demasiado este artigo referindo
O NOVO MUNDO—PERIÓDICO
BRAZILEIRO.
ainda que fosse em geral, as vicissitu.les desses vinte
annos. Basta-nos dizer que a politica do Sul crescia
de altivez, que a causa do negro ganhava no Norte e
que Garrison era sempre o grande apóstolo da
emancipação.
Mrs. FTarriet BEECHER STOWE deajudou
muito á causa appellando ás sympathias
pois
do Norte com os sofrimentos do negro escravisado.
Gakrison, porém, fulminava sempre o raio da maldicção contra os (jue o escravisavam. Elle nunca titubeioU um só dia; nunca transigiu e é raro na historia
politica de qualquer paiz achar-se um homem mais
coherente, com um propósito mais lixo e definido do
que este, (jue agora desce á sepultura, tendo tido a
felicidade de ver coroada do mais feliz êxito a obra
(pie começara na sua juventude.
A União não se
dissolveu; a Constituição não é mais o pacto com
as trevas e perto de cinco milhões tle captivos recebem a emancipação de chõfre e abençoam todo o
sempre a memória do grande lidador.
Uma das virtudes, «pie lhe dava como orador immenso poder magnético, era o consubstanciar-se elle
com os opprimidos, «pie queria livrar, em pensa"amigo
mento e em sentimento.
Garrison não era
theorico" da emancipação—dos que tanto abundam
lá no Brazil.—Os negros eram para elle realmente
eguaes, e os que encontrava sentiam-se eguaes ao
receberem o franco aperto de sua mão.
Quando em 1866 Garrison despediu-se de seus
leitores e cessou o Uberator estava quasi tão pobre
como quando começara,
Elle não tivera tempo de
ajunetar havères.
Seus admiradores fizeram-lhe um
presente de sessenta contos, assegnrando-ihe assim
a paz de espirito á que de certo havia adquirido direito.
Elle morreu aos 74 annos cercado de seus
cinco filhos que, rodeando seu leito, liam e cantavam
os hymnos christâos, e os capítulos da Biblia por
que sempre mostrara mais predilècção. Morreu com
um sorriso de felicidade nos lábios, com uma fé inabalavel na Palavra sagrada e com a salisfacção que
não tinha vivido em vão, mas combattêra os sanetos
cornbattes do Senhor.
O SR.
DR. MENDONÇA.
Segue pelo Colorado para o Rio de Janeiro no gozo
de uma licença o Sr. Dr. Salvador de Mkndonça,
Cônsul Geral do Brazil nos Kstados Unidos. Nestes
trez annos e meio «pie tem oecupado esse logar, o
nosso Cônsul tem grangeiado não só o respeito e a
estima do seu Governo pela escrupulosa attenção
que tem dado aos interesses < ommerciaes do Brazil
neste paiz, cr mo também tem ganho vivas sympathias dos Americanos pelo talento e constância com
«pie tem procurado estreitar cada vez mais as relações eommerciaes delles com os Brazileiros. Os
Americanos «pie são o melhor freguez do nosso paiz
'teem direito á maior
crêem que
quota do seu commercio de importação, principalmente boje «pie os
O Dr. Mkndonça
preços estão abi tao baixos.
abunda nessas idéas e tem procurado apertar mais
os laços .entre os dous maiores paizes da America.
Seus amigos aqui desejam, ;í elle e á sua esposa
«•pie o accompanha. a mais prospera viagem.
NOTAS AMERICANAS.
Si oh DemocraUis tivessem simplesmente approvado as trez
leis annuaes «me não passaram na sessão ordinária e que tornou
necessária a convocação «Ia extraordinária, o, feito isto, se retirassem á suas vocftçÇes onliuarias, o sen partido estaria hoje
muito mais forte, pois os seus erros repetidos nestes trez mezes
não podem deixar de desgostar a muitos quo, também desgostohoh com os Republicanos, estavam proniptos a seguil-os n'iuna
politica moderada e prudente.
No mez passado já referimos o veto que o Presidente oppôz á
tentativa que o Congresso fez para forçal-0 a opprovar legislação
politica onxertadn trama lei financeira. O veto fez muitos atuigos ao Presidente. Mas 08 Democratas, quo pouco aprendem,
repetiram este mez o mesmo erro exertaudo legislação politica
no projecto de lei do credito para despe/.is legislativas e judiciarias. Desta vez quizeram abolir virtualnioute ou supervisões
do eleição,-auetoridados essas que são nomeadas pira fisoalisar
as eleições de membros do Congresso o senadores. O Presidente
negou sauccional-o, primeiro, por ser a matéria extranh 1 ao oredito o, segundo, porque a União tem o perfeito direito constitucioual de velar nas eleições de seus representantes, o a practica
tem mostrado que as leis em vigor são excellentes, no próprio
couceito de Democratas influentes, que o Presidente cita. O
projecto não p«"«lo passar a despeito do veto.
Do outro lado os Democratas não deixam só as finanças do
paiz e procuram perturbar a confiança publica. Na Câmara
o
passou tun projecto do um Mr. W.utNiai declarando qne dollar
de pnita terá apeuas 112. grãos de prata; que qualquer pessoa
(jue possua prata em barra poderá depositnl-a no Thezouro para
ser cunhada em dollars; que quem receber certidões de depo•sito d,- prata no Thezouro poderá usar dessas certidões em pagameuto de todas as dividas, inclusive direitos de importação.
Este projecto não passará no Senado, mas ainda «pie pudesse
ser ali approvado, o Presidente negar-se-hia 11 saneeioual-o.
Dos MO membros da Câmara que votaram pelo projecto os listados do Sul contribuíram com 09,—mais de dous terços,—o
Junho,
1879.
do Meio, o do Leste só deram 17 11 favor contra 101 «pie votaram
pela rejeição.
—Km Maio chegaram a New York 1,460 immigrantes,
—A nova Constituição da Califórnia, curioso instrumento em
(pie ao pur com muitas idéas boas, ha medidas do todo oommuuista", foi ratificada pelo povo. Ella virtualmente expulsa os
Chius do território do Estado. E' crença gemi, poróm, que a
Constituição será em bravo reformada «« qne o Sttprumo Tribumil declarara inconstituoionaes, no poneto do vista federal,
muitas de suas novas idéas, sobre propriedado e taxa.
—Os ltepublicauos do Ohio nomearam como sou candidato á
eleição para Governador a Mr. C. Fosteu. membro do Congrosso.
—A cathedral catholica de New Yorii foi consagrada a 25 na
presença do 6,000 pessoas. Estavam reunidos quarenta bispos
*• arcebispos. Entre os últimos coutava-se o octogenário arcebispo do Ciuciuuati «pie falliti ultimamente por fi.OOO contos.
—A 17 do Maio fallecou em Philadelphia Mr. Asa Packek.
Da mais humilde extracção ello conseguira galgar a uma das
posições mais invejáveis pelo seu saber, tino commercial, riipiesos e meio por que dellas utilisava em prol do progresso da sua
terra. Possuía imineiisas minas de carvão mineral e parto considi-ravel de uma estrada de ferro. Fundara a Uuiversidade de
Lebigh, em Betbleaem, Pennsylvania, que dotara com 1,200
contos. Agora deixou em testamento mais 1,000 contos a esto
estabelecimento, além de 000 coutos a tun hospital e GO contos á
nma egreja, ambos em Maucli Chtiuk. Era filho do Counectieut o contava 72 annos.
—O Presidente declarou que sondo preciso o Governo federal
protegerá os negros que estão emigrando de alguns Estados do
Sul para o Kansas e que ás vezes teem soffrido violência dos
que desejam retel-os onde estão. Essa emigração, porem, já
vai diminuindo muito.
—O paquete Colorado que hoje segue para o Brazil pertence á
casa Mai.i.oiiy que o encoinniendou para a sua linha da Florida.
]¦]' um excellente vapor de cerca «lt« 3,000 toneladas e dezeseis
câmaras de passageiros de primeira classe.
MR. NOBLE- 1IEATH JR.
Este nosso amigo, «jue talvez siga no Colorado, vai pela primeira
vez visitar o Brazil a cujo Governo consta-nos que apresentará
uma proposta do «pie resultará muito beneficio ií instrucção popular. Mr. Heath Ju. é um cavalheiro que fará amigos de quantos teverem de com elle tractar. Elle gere ha mais de vinte annos uma das casas mais fortes desta praça e tem tido a seu cargo
a liquidação de falleucias importantes. Ha cerca de trez annos
teve a honra de ser escolhido tutor e curador de um indivíduo,
cujos haveres foram oilieialmente avaliados em 18,000 contos.
Não sendo residente fdo Estado «lo seu proposto cnratellado, o
Juiz não continuou a escolha da família, que aliás mal o coubecia pessoalmente, mas que o escolhera depois de stibjeitar sua
reputação á mais rigorosa investigação.
Este incidente mostra em que conceito é aqui tido nosso
amigo, que tem a própria alma da honestidade. Mr. Heatu Jiu
é bem conhecido da maior parte dos Brazileiros que se teem
graduado neste paiz nestes últimos auuos. E' com o mais vivo
prazer que o reeommeudamos á proverbial hospitalidade de nossos patrícios.
(1 BKAZIL E OS ESTADOS UNIDOS.
Considerando-se o trafego importante que existe aqui em pro
duetos do Brazil, é quasi inexplicável o menos preço que oscapitalistas e os commeroiantes Americanos teem dado ao assuinpto de estreitar mais as relações dos dous paizes. Apezar
da enorme exportação de café para os Estados Unidos, os negociantes daqui teem feito muito pouco para demandarem os
mercados brazileiros para consumidores de seus múltiplos produetos e inanufactunis. No Rio de Janeiro, por exemplo, é
rara a urina americana (pie esteja hem versada uão só nos arügos de exportação como também nos de importação; ao passo
qno entre as duas grandes praças eommerciaes, do Norte o do
Sul da America, nem teem aiuda havido facilidades bancarias.
E', pois, com sincero prazer que chamamos a attenção dos
leitores para o annuncio que em outro logar deste periódico
publicam Messrs. C. McCui.loch Beeoheii & Co. Mr. Bebchee
ha alguns mezes, como nossos leitores sabem, originou o plano
"Banco Americano" no Rio de
para o estabelecimento de um
Janeiro, idéa que foi bem acolhida do Governo do Brazil, a
quem os iuiciadores estão presentemente solicitando a compotento auetorisaçáo. O estabelecimento, podemos assegnral-o,
será dirigido por cavalheiros mui distinetos, entre elles o exMinistro da Fazenda, Hon. Huoil McCullocu, que é hoje o
chefe do uma iniportaute casa bancaria de Eoudres e New York.
O gerente nesta cidade será Mr. C. T. Chiustensen, que por
muitos auuos fez parte da grande casa importadora de café de
G. B. Arnolij it Co., desta cidade, e que mais recentemente
geriu a caixa filial do Banco da Nevada, de São Francisco.
Com a cooperação destes elementos o proposto Banco nãopoderá deixar de ser mui útil. Entretanto Mr. Beeciiek já se
acha prompto a transigir todos os negócios bancários e de commissão geral. Os negociantes do Brazil não deixarão do aprociar as conveniências que no cambio offerece esta nova casa, á
«pie desejamos a mais prospera carreira.
A CHINA E OS (JIIINS.
INTERESSE especial que a China deve excitar no Brazil
0 agora que o Governo deste estuda u conveniência da colonização parcial de Chins, nos leva a fazer um pequeno retróspecto da civilização chineza. Nossa auetoridade é de viajantes
iuteirigeutes que couhtcem o paiz por experiência e estudos
especiaes, sobretudo o Dr. (1. GlBBON que ali viveu muitos
annos como missionário. Seriamos deshonestos si, tractando-se
Junho,
1.S79.
O NOVO MUNDO—PERIÓDICO
da verdade dos faotos, procurássemos ou encobrir os muitos dofeitos «In OIlina o «los Ohiupzes on só enxergar ali o que o* m tu.
como o fazem o.s nossos chinôphobos.
A civiliziçilo do Império chiuez è a mais antiga na historia.
Ao passo «pie outras nações e impérios su vão indo derrocando a
Ohiua tem conseguido reter sob o mesmo governo não só um
vastíssimo patrimônio, mas também a maior população subjeito
a um mesmo sceptro. Theoricameute patriarohal mas nu realidade corrupto, o Governo é comttldo fórto bastante para conter
dentro de ordem comparativa a immenso massa de ipiatrocentos
e vinte milhSes de s-res humanos. Para oonsegulr-se isto, é
evidente que torua-su pr-cisa summa habilidade; talento especiai de organizar <* governar. Diga-se o que se disser do povo,
facto é «pie as nlasses que dirigem os negócios na Ohiua não são
inferiores em talento ás «Ias nações mas adiantadas «Ia Christandade. O povo, porem, e* iutensamoute conservador. O (pie foi
bom para os antepassados deve também s«>l-o para a ger.u/ão
presente :—-tal a máxima do politica daquella gente curiosa, qno
ainda hoje lê e estuda nas eseholas os mesmos livros do OoNFüuio e Mexcio, que serviram ha centenas do annos.
Ora Oonfooio não tendo sido um mest.ro do sciencia, nem até
de religião, mas de economia politica opolicovel á forma patriar¦chal do seu Governo, o seu ensino estampa um cunho commum
a todo o povo. O.s seus escriptós discutem de vários modos os
deveres relativos entre pais o filhos, irmãos mais velhos o mais
moços, maridos e esposas, magistrados e o povo, o imperador e
os magistrados. Esses livros são estudados e decorados em
todas as eseholas do Império, empregando em toda a parto o.s
mesmos characteres escriptós e impressos, porém pronunciados
differentemente, segundo os vários dialeçtos das diversas localidades. Assim quem u'nma secção do Império lê alto a copia
manuscripto de algum dos escriptós de Contucio uão seria entendido pelo filho de outra secção do paiz, que entretanto poderia estar ouvindo a leitura do próprio manuscripto que tivesse
preparado.
Demais, esta língua escripta, cotumtim a todas a.s partes do
Império não é fallada em parte alguma do paiz, excepto sol) a
fôrma de citações, e estas não raro precisam de explicação uo
dialecto local, para serem entendidas. Esses dialeetos fatiados
são quasi tão numerosos como as grandes cidades ila China e
differem quasi, si não tauto como as dillV-rentes línguas da
Europa.
Esta differeuça dos dialeetos combinada com outras oausos dá
logar a forte bairrismo entre o.s Chins de diversos ponetos; e si
bem que om todas as secções do Império se usem os mesmos
compêndios de estudos, haja uma litteratura commum, e todo o
povo esteja subjeito a nm mesmo governo geral o o choracterisem as mesmas feições geraes, o /acto é que o.s Chius de uma
localidade não sympathisoin absolutamente eom o.s das outras.
Ha tinta athuidade entro os Chius do Foo Cltow e o.s dè Cantão
como a que existe entre os Chius em geral e osHrlondeses de
São Francisco du.California.
0 homem educado da China, em regra geral, sabe pouco ou
nada de geographia, mathematicas, physica, chimica e astronomia. Seus conhecimentos de historia limitam-se a um resumo
da de seu próprio paiz; e só sabe a sua mesma língua. Entretauto a sua memória é maravilhosa, e o seu conhecimento dós
relações e deveres entre os homens e o povo e os governantes 6
verdadeiramente admirável; ao passo que ua diplomacia o.s
Chius teem poucos rivaes.
Ha limitas eseholas ua China, o desse facto tem-se concluído
que toda a geute ali sabe ler e escrever. Não ha, porém, tal.
Talvez apenas a quinta parte da população reòeba o que possamos chamar uma educação regular. As massas do po«. o sabem
que characteres escriptas representam os principaes artigos de
alimentação e o vestuário, sem poderem ler uma sô pagina de
litteratura. N'um paiz com tamanha população seria impossivel que as massas fossem bem educadas.
Nas artes que tocam de perto a mais ^elevada civilização, os
Chius não teem progredido por muitos séculos. A fabricação
«ia pólvora, a do vidro, a arte de imprimir e o uso da bússola
pertencem originariamente á China, como é bem sabido; mas
nenhuma melhora se-; tem ali feito nas invenções primitivas e
por muitas centenas o paiz nada tem inventado de novo. Em
matéria de sciencia, governo e religião tudo ali é fixo e imniiitavel, tudo corre nos mesmos canaes de séculos passados.
A religião da gente educada é o mais cego fatalismo;a religião das massas uma idolatria supersticiosa, cruel. A sua civilização, está visto, é baixa porque é axiom.i que "um povo
nunca se eleva acima do nivel das divindades que adora."
Toda a China está coberta de Ídolos e todo o povo eivado de
Toda a civilização tem estudo parada
superstições idolatras.
como que um grande pântano. Para
se
séculos
e
tornou
por
mister
mòvel-a
e rèmoyel-a do centro á ciretuua
seria
purificai
fereucia, pelo eoutueto com as noções e idéas da Europa e
America.
Occupando um dos maiores domínios do mundo; gozaudo de
•um clima salubre, teudo em abundância todos os produetos e
mineraes da terra; satisfeitos e orgulhosos com a sua litteratura,
civilização e religião, o.s Ch ms desde époi-liiis immemoraes
adoptaram a politica do mais severo exclusivismo.
Elles teem sempre desanimado a emigração de suas praias e
se teem opposto eoustautemente a todos as tentativas de noções
estrangeiras para t-e eotabelcten m no seu sem. Mesmo hojemdia os Chius só estão de relações travadas com outras eações
obrigados. A expre&sào " muralhas de exuluporque são a isso
"
sivismo chinez é bem apropriada a sua política.
Vivendo sem quasi coutado com os costumes, as línguas, a
politica do Governo e as religiões de outros povos, os Chius são
geralmente muito presumidos : para elles, a sua raça é superior
â de todas as demais na terra. Seu prejuízo contra os outros
povos é tamanho que, a menos que não estejam sob alguma coacção, nunca deixauí de manifestar o seu desprezo de um modo
ou d'outro. Por mais absurdo, porém, que purtça este absurdo,
não é muito estranbavel que os Chius estejam cheios delle. Por
séculos immemoriaes, a civilização chinesa t«.m t-ido superior á
das nações adjacentes ao seu paiz, e as únicas com que teem
tido algum coutncto. Não é de admirar, pois, que, com um
povo mais numeroso, um Governo mais cehtralisado e forte,
uma hi oria de maior antigüidade, uma litteratura mais extensa
BRAZI/.EiRO.
e culta, um systoma pbilosophioo muito melhor, um ideal moral
mais elevado, uma civilização, «>m summa, muito mais adiantada do que a desses povos, quo tem conhecido, não «'«<1«« udntirar que o Chim se julgue á fronte da raça humana. Elles teem
eseholas o collegtos : entendem economia politica ; teem tuna
costa imineusa o vasto comniercio interno. O seu BYStoma do
canaes «'- um dos mais admiráveis uo mundo. Fazem tinas sedas,
setins e algodões. Silo os grandes mestres do trabalhos finos do
íiiarlim e madeira. Seus l.rouzcs são imitados pelos mais cultos
artistas du Europa o a sua porcellaua >¦ uma das maravilhas
(farto,
0 systema de moral confuciana «pio em theoria é acceito de
toda a nação, é comparativamente puro o edificante ; mas ua
practica a degradante influencia da idolatria abaixa o diapasão
moral, de modo .pie a massa do povo é egoísta, cruel e nada
amiga da verdade. Nas Ir.insacçòes connnerciaes, todavia a honestidade do Chim é egual á das nações com quem mantém trafego. O.s negociantes inglezes o americanos na China e os baú«pie os nequeiros e importadores «1<* San Francisco concordam
"sua honestidade
.não
chins
da
soIVrem
na
comparação
gociantes
commercial com a de qualquer outro povo «lo mundo.
A relação matrimonial é reconhecida o respeitadajna China.
E' permittida a polygamia, mas esta não ó practicaila geralmente. Um homem «pio tom meios ais vezes toma uma segunda
mulher para ter delia o herdeiro e filho macho que não podo
haver da primeira. Os negociantes «pu* são obrigados a viajar,
de ordinário deixam em casa suas familias o tomam unia
" mulher secundaria " ou coucubiua no logar de sua residência
temporária. Nesse caso, o.s filhos que tiver são legitimados
pela lei.
Com os Chins o casamento é antes um contracto civil do «pie
uma ceremouia ou rito religioso. Não ha registros, nem quem
dê certidões, de casamento. Não se invoca a presença «lo notario
ou escrivão nem a do sacerdote. As partes contractantes ellas
mesmas preenchem todas as formalidades «'om cálices de vinho
e innumeras mesuras e cumprimentos aos céos o aos peiiates da
familia. Segundo a posição dos contractantes, ha mais ou menos ceremouia, mus as prostrações e as promessas mutuas são
sempre a parte principal do casamento. Quando um marido
toma uma mulher secundaria ou concubina, pôde omittir todas
as formos : a segunda mulher oecupa na familia o seu logar com
a mesma ceremouia com que entra uma creada do servir. ,
Em certas circumstancias pi-rmittein-.se divórcios ua China, o
os homens podem mandar embora suas esposas por causas mui
triviaes. Por exemplo, uma das septe causas justificativas para
divorvio é "o habito persistente da luquueidiidede parte da mulher." Todavia, o divorcio é uma raridade na China; o homem
pobre que enriquece não pôde descartar-so da mulher quo com
elle partilhou aimos de pobreza.
Na China não consideram respeitável a viuva quo casa novãmente. A própria donzella, «pie perdeu seu noivo, quasi
sempre fica virgem toda a vida. Não é raro o suicídio «lessas
raparigas, depois da morto de seus futuros maridos: ellas matam-su para assegurarem-SQ perpetua viuvez, para oo porem
acima «Ia tentação de se casarem.
A fidelidade das Chinez is a seus maridos se compara muito
favoravelmente com a das mulheres da Europa e America. O.s
maridos não são tão castos como as mulheres. Entretanto existe
a prostituição em toda a parte do império, sobretudo nas cidades do littorol. Essa classe é restricta a uma secção de cada
cidade ou á população que vive em juncos u'agua. O.s pobres
muitas vezes vendem suas filhas crianças a esta classe de barpias da dopravaçãò humana, e as pobresinhas ficam ligadas
perpetuamento á vontade de seus senhores.
Em totlos o.s ângulos da China practica-se o infanticidio.
Muitas vezes os magistrados publicam prpclámações, lembrando
ao povo não só quo o infanticidio é um crime severamente punivel mas também que as raparigas estão ficando tão raras o
custosas que os pobres uão podem mais casar-se, e ii moral publica vai indo solapaudo-se cada vez mais. O infanticidio é só
do meninas. Oi machos são sempre poupados.
0 povo da China é uotavt-1 por'sua iudustria o fr.galidade.
Todo homem faz alguma cousa. As ruas das cidades e povoados estão sempre repletas do geute; mas todos acham que fazer;
poucos passeiam só por amor do exercício, ou divertimento. E
todavia as ruas ua China apresentam de ordinário o espectaculo
do vida e trabalho, sem parallelo. Não ha ali estradas de ferro
nem bonds uem omuibus. Todo o transporte por terra, especialmeute uo niil e uo centro ila China fuz-se por meio no osso e
Mércodorius, mobília, matérias
do músculo de seres humanos.
de construcção, tudo ali e carregado ao lióuibro de homens.
Nos seus hábitos do vida o Chim é geralmente muito ecouomico e frugal. No centro e uo sul do império o arroz é o principal artigo do alimentação. Arroz o outros legumes, peixe,
porco e aves, compõem sua mesa. 0 custo da vida não é muito
caro nem -muito barato. O comuium dos Chius pode viver b.in
com 150 a 300 réis por dia. Com isso obtém todo o arroz e legumes que. pó le. comer, com uma margem para algum peixe ou
aves. O preço «pio obtém por seu trabalho corresponde á burateza da vida. Trezentos òu quatrocentos réis por dia é bom
salário para um trabalhador commum. Homens educados,
retirados babeis cur>imim o quo babuii por ordenados de 12$ a
2(1$ por uhz, e comem u sua custa. Um cri.uio de servir eutre
os Chins recebe de -1$ a 8$ por mez, sem comida e sem casa. Os
criados de famílias euro cau nos portos abertos de Hong-Kong,
Cantão, Amóy, Tu Chóo e Xúiigái, recebem de seis a dozeinil
réis segundo om meios do patrão e a qualidade do criado. Os
mechauico.s, o.s mehtrespeilreiros, etc, ganham de 100 a 800
réis por dia. O custo do pasbadio na China e o preço do trabalho é o mesmo que «ui n i.itn.- partes da Europa,mus é de trez a
cinco vezes menos do que uos E-tados Uuidos.
A circulação numeraria do paiz é adoptada.a esta vida barata
e ao baixo preço ilo trabalho. A moeda de todas as partes do
império consisti «le p. çaá de In tão, do tamanho de uma «lo nossas moedas «le 500 téis, mas mais tina e com um buraco quadrado no centro. Ebt>us moedas i-áo enfiadas por um cordão ás
centenas e ven.ndu . ni porções «le quatrocentos, seiseentos,
* oito centos e mil. Um
peso un xionuo de prata vai cerca de mil
«leslus moedas, e como o pe»o vai '2$ cada moeda, chinesa éqtiivai a dous réis. Tal é a circulação para as trausacções miúda
i
131
do todos os dias.. Também ciroulam os pesos o dollars do
.México o Estados Unidos, mas.é difiicil reconhecei.os. O primeiro negociante chim quo 08 possue grava ou abro seu nome,
lirma ou sigual na moeda, o o processo, que é repetido por todos os possuidores suceessivos, a desfigura de modo que om
pouco tempo nada resta do cunho primitivo: a moeda fica depreeiada o é retirado do negocio miúdo. Os bancos, quando a
trocam por moedas de latão, a recebem por peso, não pelo sou
numero. Nas grandes transacçòes mercantis os pagamentos são
elléctuados com praia em burra, lingotes ou massas, com o
cunho da casa «pie fez o pagamento. /
Na China ha uni costumo digno do imitação; é o costumo
universal de ajustar-se contas no liui de cada 0UXO. A regra ú
qne toda o qualquer divida é paga no fim «lo anuo. No caso de
ser impossível uma liquidação, o devedor tem do fazer novo
arranjo para a continuação da obrigação por outro anno mais.
A inilueucia deste costume é tão forto «pie uão é raro o devedor
connnetter suicídio, por não ter podido fazer arranjo satisfactorio on por ver-so humilhado. A morto, quo salda todos as dividas, o salva tombem da sua.
Não se pode dizer qtiu os Chins, em geral, são muito acniados
nu sua casa e hábitos pessoaes. Aos brancos caucasianos elles
parecem mui tnalaceiados em algumas cousas o mui particulares
em outras O estômago de um Chim se revolta oo simples cheiro do queijo. Entretanto não recebe com desfavor o peixe em
estado de quasi total putrefacção.
Quasi toda a geute do certa posição baulia-sequotidianamente
em água morna ou quente. Em caso algum o Chim usa da
ngua fria para banho geral. Elle nunca favorece com sua fregnesia o.s estabelecimentos hydrotherapicos. Sua roupa, sobretudo no verão, é lavada freqüentemente. Eutrebiuto o Chim
depois do lavar o.s pés n'um balde «Vagua, despeja essa anua, e
colhe outra de «pio bebe iiumediatamenle depois. Elle lavará
os dentes o a bocea da mesma água em quo lavou o rosto e euxugurá o rosto na mesma toalha com que enxuga os pratos. Suas
idi-as de aceio são por extremo peculiares.
A.s classes pobres são muito sujas e cobertas do bicho. Nisto,
todavia, não são peiorés que a.s classes correspondentes.de
Cork, na Irlanda, e de Roma. Nas minas da Nevada o Califoruia o Chim é mais limpo do que o commum dos Irlandezes.
Justamente como a euibringez é a maldicção «Ia sociedade
americana e ingleza, o jogo e a luxuria da sociedade brazileira,
o ópio é a dos Chius. O.s homens iutelligeutes e o Governo da
China sabem que maldicção é essa, como o consumo do ópio
conduz á ruína o povo do paiz. O ópio produz monos crime ilo
«pie as bebidas alcoólicas, mas não menos pobreza, desgraça e
ruína.
Mr. Wm. 11. Sewahd, o grande ministro de Lincoln durante
a guerra, o que. depois de se retirar da vida publica, fez uma
"Viagem ao Redor do Mundo," cujo resultado vemos u'uui
livro muito curioso e solido, r«;sume em traços geraes a civili*
zação chineza desta maneira
"Posto «pie não pertençam ú ruça caucasiuna os Chius teem
toda a sua adaptabiliilade^inoral e social. Ha muito tempo elles
attingiram o um grau muito elovado de civilização, «pie a
maior parte das nações européas só attingiu séculos depois. As
nações do oceideute tlesde então teem subiilo áciuiu deste nivel,
Posto que o China esteja
o.s Chins não se teem adiautado
longe de ser um Estiulo bárbaro, cada systema ou instituição
ali é inferior á correspomleute uo Oeste. Quer se tracto das
sciencias abstractas, como a philosopbia o a psychologio, ou das
formas practicas das sciencias naturaes, como a astronomia, a
goologiu, a geographia, a historia natural e a chimica ; ou as
idéas concretas do governo 3 leis, de moral e de costume,—tudo
no Ohiua está antiquado. A educação chinesa rejeita a sciencia.
As industrias chinesas proscrevem a iuveução. A moral chiuesa uão appella á conseioucia mas á conveniência. A architectura e a navegação chinesa repellem toda e qualquer melhora.
A. religião chinesa é materialistica,—nem até é inystica e menos
aindu espiritual. Si indagarmos porquo é quo esta inferioridade
suecedeu ,o um passado tão glorioso, e a um povo que tem
tamanha aptidão a conseguir ainda maiores triumphos no futuro, chegutnos á conclusão que em conseqüência de algum erro
no seu systema social, a faculdade inventiva deste povo está
sustada uo seu exercício e deteriorada por isso."
Alem disso, a causa da estagnação está no falso systema theológico. O espirito de um povo constantemente entregue oo
èbtúdo e á practica de ceremouias sem tini e ao ritual de deuses
sem couta, não pôde eleyar-se acima desses mesmos deuses :
fica necessariamente entorpecido.
0 1MUNC11.ÍU ALEXANDRE DIS BATTKNI.ERG.
A 29 do Abril foi aberta em Tirnowa, capital do novo listado
de Bulgária, a primeira sessão do Câmara dos Deputados cuja
primeira tarefa, imposta pelo tractado tle paz du Berlim «pio
creura esse Estado, foi a de escolher um soberano. Trez foram
os candidatos propostos: o Priucipo VValdemab, filho mais
moço do Rei da Dinamarca, o irmão do Rei «l.i Grécia; o Principe Reuss, genro do Grão Duque de Weimar; e o Príncipe
Alexandre de Battenbehg, sobrinho do Imperador da Rússia,
e, ao tempo em quo tevo logar o eleição do soberano da Bulguria, segundo tenente no exercito prusso. A eleição como
Priucipo da Bulgária recahiu unouimameuto sobre este ultimo
candidato, e a estas horas já terá entrado uo exercício tio elevado cargo para o qual foi nomeado. E' filho do Priucipe Auíxàndke «le llesse, irmão do Grão Duque Luiz III, do Uesse
Ddimstadt, que falleceu em 1877. A Czariua, ou Imperatriz
russa, é irmau do pai de Ai/EXANüKEdeBattanberg; e esto, como
Príncipe da Bulgária, tomará o nome de Alexàndbe I. Nasceu
a 5 de Abril de 1857, e cousta que é moço muito intelligeute.
Serviu primeiro uo guardo montada do exercito do grão dueudo
de II sse, depois pelejou uo exercito russo na recente guerra
eutre a Rússia e a Turquia, o então entrou na guarda prusso, oude foi feito seguudo teueuto ua guarnição de Potsdão.
Cumo soberano da Bulgária acha-se estendido deante do
Priucipe Alexandue um campo ímmeuso em que pode sor útil
<
á noção «pio o elegeu com seu chefe.
O NOVO M UN DO—PERIÓDICO BRAZILEIRO.
«32
Junho,
0 DK, CAKTANO FUIIQUIM DE ALMEIDA.
'^BPv; N^.
______________ Wtr^"J*-** "
__T^
lk___4
•
1.
As parede» estreitos e frios do túmulo acabam de eu.
cerrar para sotnpro os restos do nm homem que possuirá
um dos mais uohros espirito, do Hrazil. Como Tava-
vi
BKS
Kl
l.AHTOH,
COmO
FBI.IX
DA
CUNHA.
COIIIO
l__K_àívv
_r_iv ~--~ ___________
fgí^:-'^-^;*^
__•-
Iíraoa, 0 pensamento nunca lhe irradiou pelo plenitude
do poder, dondo-lho esta o direito fle executor os suus
idéas. A esphoru do iniciativa individual teve sempre
do limitar-se, mus alii mesmo manifestou em actos brillianl.-H a generosidade, altivez, o largo osphera de sua
natnreza intellectuál. Homem consentanoo com suas
iili'¦u.i. nunca desmentiu na practica o que nas opiniões
o escrlptos aventurara. Porque desceu ao túmulo sem
ter iissuinido o elevada posição directora que lho compolia? Repetiremos; |oomo Tavaubs Bastos, Fkux
DA Cunha o Gentii. Braoa, corno outros nobres ospiritos do nosso tempo, OU por concurso das circumstancios, ou por impropriodadt. da épocha social, o Dr.
Caetano EVii Qü__ DE Almeida nunca chegou a ter posição publica em quo lho fosse po-.iiv.-l oxocutar kous
pensamentos.
E' preciso convir que a modéstia do sua iudolo, a teudenota pam os afTeiç.es do familia, pois era pai extro111010 o dedicado, o afastavam natiinilmouto de cargos
em ipio julgava do antemão achar mais o fausto das
exterioridades do (pie a facilidado do executar seus pianos ou conservar a iutegridodo moral «pio elle levava
ao extremo dos consoquencins.
Como oh seus congêneres de espirito, o Dr. Caetano
Fuiiquim não ora homem appropriado a uma épocha do
transição. Não havia nollo o consórcio da iudolo e
idéas da sociodado moderna com os preconceitos e
hábitos inveterados da é|>oclia colonial. Arrimo firme
o decidido, baptisado om todas as opiniões progressivas
o sVn .dai da oschola uuglo suxouicu, era uma nova ordom intellectuál a (pio ello aspirava uo Kru/.il, o só
acreditava nos grandes meios industriaes e na mais
completa educação do povo. E' esta o razão por que
ou seus actos achavam appluuso e acolhimento om todos
os partidos, e em todos contava o Dr. FüHQülM grandes
o dedicados amigos, quo mediam a admiração do seu talento
pela immeiiHÍdailo da vontade que nelle respeitavam.
Para elle, esta épocha en; apenas de transição. Em vão ltictovum os poderes públicos para conservar as instituições, as
tradições, os preconceitos da épocha colonial, apenas moditicados pela leve tinetura do constitueioualismo francez. Esta
Imperfeita imitação do systema britanuico, vasada nos moldes
da imitação fruneezo. da eschola de Be nma min Con.itant e Guizot, não pódio crear uma nacionalidade vigorosa e odnptada a
entrar no concurso das grandes nações da ultima parte do secalo. Era mister quebrar os moldes antigos, divorciar se com os
proconcoitos do religião O de nacionalidade, sacrificar a idéa
anetoritaria, caduca já nos últimos tempos do regimen de ultra-
________________
¦•"-¦" •••-.'
^_«_JB_BV_t.
M¦
- :--¦ *____!_ _¦_*»
_ã _________________bí__ A___fi___i
GENTIL
_p^______rf_Pri
•-r-'?í-r_ __r~*^_»«».
._..•-•—.* - :^•¦--____mÃ^_.;..^^_^-..:^"
"ái^.
%^
v '•TEP" ¦
>* __M____II___^A______1-"'':„.-¦ _____VV.
flL ¦ ¦
(__.';.¦ _._«•'¦
'-.^._______P«-_________-v*._í_M_rIv_
_*•.
¦____1->i*t±_ií_____.'*fc
__*•-.'.
________________*__?—"__""'¦*-"¦"•a--"-_¦__.'-'--¦ fi___i______________r : n__v^_________Lv "'¦*•»_¦?.
' ^mÊÊÊÊkmA_______ ___^______l Sr ________ Üíüií:_;
\m\^ V ________¦! fc
1879.
Para o Dr. Caetano Fuiiquim a monarchia brazileira
era nma nova concepção social, filha da evolução natural da humanidade. Sem precedentes no systema romano, nas tradições catbolico-feudaes, nem mesmo na
organização aristocrática da Inglaterra, era o Império
brazileiro nma elevada arbitragem em complexa organiração federal. Si o nome pôde bem corresponder á idéa,
o Império brazileiro é uma monarchia federativa, uniudo a possibilidade do maior desenvolvimento democratico
estabilidade das tradições administrativas o o
alto poder interpretativo da vontade nacional. Isto
explica a singeleza dos seus costumes democráticos,
negando-se a receber qualquer baptismo nobiliario, e o
profundo respeito quo tributava ao actual im perante,
que considerava como o fundador da unidade nacional.
Puru elle a evolução dessa grande idéa ainda não estava
completa: ainda havia diques que a continuam, preçonceitos que o combatiam; mas regenerado o paiz intellectualmente, o Império federativo sahiria victorioso e
seria uma das grandes formulas políticas da sociedade
•nova.
Da mesma maneira, o Dr. Fuiiquim era não só espiritualista como christão o càtholico convencido. Si
admiüia a separação do Estado _ da egreja, nãe era debaixo do poneto de vista mesquinho da subjeição dos
cultos. Desejava a mais completa liberdade de acção o
todas as crenças, mas não queria peias ao cotholicisnío,
que não julgava útil nem efflcaz sinão deixando-lhe a
mais plena liberdade de acção e respeitando o desenvolvimento oílicial e logitimo de suas instituições. O
paiz era bastante vasto para | acolher a população dos
mais diversos cultos, sem antepor-lhe a timidez do regimeu secreto, mas ao lado dessa plenitude de liberdade
religiosa devia haver eguaes e completos direitos para o
desenvolvimento do catholicismo. O seu nobre espirito
não acreditava nas crpudas applicações da doctriua positivista, que é uma utilissima formula scieutifica, mas
que só promove o riso quando quer obter as honras de
um culto. Uni dos maiores lampejos de alegria foi
para o Dr. Caeiano Fuiiquim a leitura, nos últimos
annos de vida, dos bellos trabalhos do professor Flint,
acerco do progresso dos estudos históricos. Lisongeou-o extremamente a idéa justa e philos opliicamente fundada de (pie o catholicismo pôde perfeitamente combinar-se
com o maior desenvolvimento das instituições políticas e com o
aperfeiçoamento illimitado da sciencia. O christiauisino é antes
o resultado do mais elevado espiritnalismo philosophico do quo
a barreira opposta pelas tradições mysticas ao progresso da
intelligencia e das instituições humanas.
18-*^B^r^^^^^^^^^^MBr
Q Jmm\m\\\\\\WÊmWlHHft^
'¦^1
i_J
O PALLECIDO DR. C. FÜRQUIM
DE ALMEIDA.
mar, á iniciativa individual, ao impulso enérgico da população,
á completa regeneração intellectuál do paiz. Houve um moinento, de 18(50 a 181,7, em que as escholás doctriuarias apparecer.un no Brazil, o (pio os homens mais distinetos tiveram de
escolher o seu caminho. Tavaiies Bastos foi o iniciai.or desse
movimento, e foi a elle que se ligou o Dr. Caetano Fobqdim,
não por Kyinpathio vaga e inefficaz, mas no campo da acção,
couseqnento sempre em seus actos, intransigente nas idéas economicas. .
Entretanto, como o seu saudoso amigo, o Dr. Fuiiquim foi
sempre inonarchista sincero e convencido. Entrando em certos
porinenores, pedimos licença para fazer uma franca exposição
dos doctriuos do nosso distiucto hiographado, sem comtudo nos
pronunciarmos, nem eniittirmos opinião própria.
Cy."¦-'?r.-ffflB.'"'.-.'.-W.~"
"'"^f^mr^ u ••'¦ «v*. " •• úZfl
' '*___.
vwl
.?.__.
y__B
_.-'- ¦ _¦_____¦_.^-ürfalV-t1.'....-:'^f_i^_B_t__-^^_-gg___P^' '
—'"¦»-?_rff_~>^'MjffJy__i__,
_l-*ffi^
!!i(ifF::'
•¦' !> ': - ''^_i_l_W^wi^_»^;/',v ' '
II.
Em um rápido esboço da sua vida, encontramos sempre o Dr.
C. F. de Almeida conseqüente e firme em seus princípios. E'
esta qualidade tão difficil de encontrar nas épochas de transição
que, a não ser por um ideiiilismo social preconcebido, difficil
será explicar o phenomeno.
*
BíS^-^"^^"-BH Bi /li ____B__t -~_>^"-_*
9hj B . ¦ ____í''--S-»»^_B
*____¦"
—____ffB9___B_____BB__r
11 ___B_______L
31 il B fwf^^-'r
^_3f_=____tv-^. ____________
_____
__P"~**H
____Ui
.' -"--"
-t àes^Í'
__
__M_^3B^B^^^^^^^^B_______-a»yB^flfl^^M^^B^^Bl^M_--^j^WB_M-^^lWfll^BJiM*^jf
fa.*¦ ;»**-'^aQB,^__l_HTJl F BB__H*rfTTf_____-___________________aa-_____-_-____-l-nf____«- Jf __ffp_l I ^^^ *~"' ^^\L —---¦---•••^'^¦¦¦«¦¦¦¦«¦¦¦Mfl.M
'_s_8flwWi)B|HnraiKj-^^fl
r^_______. _____t_M
i ní :
i it.' i
Í_
r ívSê
ÍJ ií_l
it _b
1
B __ I
¦ _f JT P__t
I________L
L? B' _ l_t_v
=J|fl
. _«iiB_H-i___B BB __¦ _BI BH 5hl i _n ' __ ____! ____»¦_______í Ml B1 l___L EB
. _IKk Mi iUI iw __E _H1 II Li I il Jl 'J__J_I__ ^_E==-=_E
LUBaUl
IB_l__a______i____________E________M___3(-=^---__l
'~^7_____/k
Bata,
"
ML
h
H_BfllBl B^n
!5fi
His Uk
AUSTRÁLIA:—O
NOVO
PALÁCIO
DO
H£^Bi_
IH
ma II» ______________B___I
Ul li
.»v j£^mmm\mmm\\\ià
PARLAMENTO
NA
HbB
U^l
aaa»____-ntafl
i I J__
N_ _____
\ M ^M ^^^ ^____
VICTORIA.
K
__^*
BIBfHfilHIHl^RI
¦¦¦
iI_mHHI
Hl
i^^l
¦¦¦
¦_¦_¦
SF^^^^fl
-^" lâ^^^^^^_"^__W^^^_F_^^^^_PB_|
¦>¦¦¦*^•¦••_____________.cJ^^^i - * "-* __M_____/_- --r4______—.. Ft__B _ lín . I '*¦—*> ^mmmmW I *^"__S_L_
m\
^_M mkvJJP'
^^_J___._________B_______Bfl_M__ ____________________¦_¦ -mm\\
0^»i-*•. vt".?"^
mmv L^»* ¦»¦»»•"
I
__H__U__h
\mí
n
Ba'
P_________Mt I
''~^-T^Smmm
m\S
_______ I i^___B ___________B_ll_n__PI________R_l)
Junho, 1879.
O NOVO MUNDO—PERIÓDICO
BRAZILEIRO
'33
V___ilM
'••¦'
1 'li|<0&
_f
I_ r»>
I
M.MS __________ _.* 3_fT' : >V/'1 S-^_Jüw \l¦W^|H
¦¦
¦
'^HHu
Hh
__*~ff^^V
* ffil
.fiíh IMHu
^tSI _j_j*^^^';^-^_m^^^^S__HB_________\''
MENINOS
PARA
fc i
ESCHOLA.
Joven ainda, o Dr. Fürquim foi forçado a ir á Europa buscar
lenitivo á doença de coração, que mais tardo o fez succunibir. A
epocha brilhante do Império não o deslumbrou, ao passo (pie o
tornou admirador fervente do prog.esso material.
Na volta ao Brazil, recolheu-se a Vassouras, cidade campestre
a que pertenecia a illustre familia Teixeira Leite, com queui o
Dr. Fürquim se alUara. Era então aquella pequena e louçau
povoação o centro de grandes transacções bancarias e commerciaes, e tombem a residência de homens notáveis não só pela
influencia política como pela cultura intellectual.
Bastará apouctar os Srs. visconde de AiuxÁ, Dr. Joaquim
Teixeira Leite, Dr. Alexandre de Siqueira, Dr. Manoel
Joaquim da [Silva, barão de Vassouras, João Evangelista
Teixeira Leite e muitos outros cidadãos notáveis, para todos
reconhecerem que era um núcleo de illustrnção e iniciativa
patriótica.
Foi d'ali que sahiu o primeiro movimento a favor da decretação das estradas de ferro. 0 iusuecesso das diligencias do Dr.
F. Coohbane, a quem pertence a iniciativa da idéa, havia indisposto os homens de Estado contra um ensaio, que julgavam
prematuro.
0 núcleo de Vassouras, em grande parte ligado aos chefes do
partido conservador, e principalmente aos notáveis estadistas
Marquez de Paraná e Euzebio de Queiroz, glorias iucontestaveis do segundo reinado, divergia delles na questão de iuopportunidade das estradas de ferro. Levantaram, por tanto,"ajeruzada a favor de sua decretação, e nessa patriótica diligeucia,
coroada do maior êxito, distinguiram-se os Drs. Joaquim Teixeira Leite e Caetano Fürquim de Almeida pelos sacrifícios o
\WHÊÊÊÊa\mm.
I i_B__________P___! jfll * lí <' ''':,'I^H________L'l'r wkam '\ ' 1 Pi I I ' LI 1'!'
esforços quo fizeram. A instituição da companhia da estrada
de ferro D. Pedro II é-lhes em grande parte devida, sendo a
familia Teixeira Leite quem contribuiu com o mais avultado
numero do acções.
Pouco depois da iniciação desta compauhia, houve outra
manifestação não menos louvável do núcleo de Vassouras, tomando nella saliente parte o Dr. Caetano Fürquim. Iteferimonos á representição popular contra modificação da liberdade de
imprensa o das pnrantias da instituição do jury.
Hoje estão esvaecidos os rancores contra Napoleão III. Ninguem negam a este soberano decaindo e extineto nos amargores
do oxilio as mais elevadas qualidades de ostadista. Iucontestavelmeute, si elle aproveitou-so do embate que a revolução de
18-18 dera de encontro ao insustentável regimen burguez da mouarebia de Julho, comtndo é-lhe devida a esclarecida direcção
que deu ao espirito publico para romper com as tradições iuveteradas do velho regimen, favorecer a liberdade industrial, a
incorporação das grandes nacionalidades europeus e o progresso
do., estudos experimentaes em historia e sciencias naturaes. O
mundo andou muito de 18-18 a 1870, o não coube pe pieua gloria
ao illustre soberano o dictador da França. Si appar< cem criticas desapiedadas o nieuospreço nas cartas do Príncipe Uismarck,
é antes a emulação quem as dieta; é o despeito de ver que a sua
obra não tem futuro, e que a influencia de Napoleão III perdura ua rigião elevada das idéas.
Entretanto, esto sábio estadista tiuha muitos lados moraes
fracos e o mais sensível era o uão ser um mouarcha verdadeiramente nacional. Allemão pela educação, pelas idéas, pela liugua qne preferia, e italiano pelos laços de familia e pelo cousorcio nos movimentos revolucionários do uuitarismo peuinsular
de 1830 a 1840, Napoleão III rompeu com a política tradicional da França e foi o primeiro soberano dessa nação que so
elevou na practica ás couceasões do cosmopolitismo político.
Esta grandeza de espirito, que será o primeiro titulo de gloria
para a historia pliilosophica, obrigou-o a couservar a dictadura
durante o seu reinado e cahir com ella no dia em que abdicou.
Muitos estadistas se illudiram de 1851 a 18G0 com a eflicacia
das formulas napoleouicas e o Marquez de Paraná achou não
poucos adherentes ua tentativa de restringir as liberdades publicas, imitando o império francez. O núcleo de Vassouras,
oppondo-se energicamente a esta errada imitação, e o Dr. Caetano Fürquim, sendo um dos chefes do movimento constitucional, tornaram-se dignos do respeito publico, tanto mais que o
illustre estadista Honorio Heumeto cedeu ante esta manifestação, e dahi data a nova epocha liberal do paiz.
Pouco depois realizaram-se as nossas eleições por círculos e
Vassouras enviava ao parlamanto o Sr. Mautinho Campos, que
foi sempre o susteutaculo das idéas mais judiciosas do verdadeiro regimen popular. Já anteriormente fora Vassouras, uniudo-se ao iUustrado município de Campos, que pela primeira vez
levara á câmara dos deputados um dos mais illustres estadistas
^amW:mÊ*i\i
i_,«>_____-HS;Ç___
'RI
H_r-Vf_H
r^^ 1
__Píl
ili"1"-'
¦ma
Kfflül
__n___ifC^i iiP-
I Üil
¦
'
*!-_______ ______I^^^i^__r]
^tÉWt •'•'• '
__B--*__H H
chama-me de madrugada.
CFFI.C.^,-<
ITICüCT
.. ...
\ i_____Ms_5B Ir*^ _fl HPnfflni'! i '
|M|
** '%__Í!i__l____L -_»«^* —-- ***
^wíc*. *l\lil^____F_fl__n ________!
Kr'
JKwlÉM^I
DBMDN4 _»
_____Fl__________________ln--'^'''
y '«m__3_r^" J'_^^Bf______PfTl ____k.iJH E91H^r
'il' >^_^B mvrlill
^ i C- ' |ny
Br/V///r__t_ií."
• _Bfu__S^è____i. ¦ Br- a "W^IBfiH
MENSAGEIRO LEVANDO
ll) »___> * »V'
h_t
V n'
'^^HfkEvVf^
¦^¦^'AI
'•
1 «ki IiE--x '
Ato
íi l: ___í7*a>s __¦___¦
_>^
MENSAGEIRO UR11ANO EMPREGADO COMO AMA.
da geração presente, o Sr. Conselheiro Francisco OotaviaNg
de Almeida Rosa, destinado a presidir aos mais enérgicos eusaios da regeneração iutellectual do paiz.
Mudaudo-se mais tardo para a corto, o Dr. Caetano Fürquim
foi chamado a um dos logares da direcção da Associação Commercial, o ahi deu provas do integridade de espirito, favoreceudo todas as liberdades econômicas, distinguindo-se principalmente no apoio á liberdade de cabotagem. Em um só poneto
pareceu o digno economista separar-se de suas crenças, quando
na questão da emancipação da escravatura se pronunciou contra o projecto do Sr. Visconde do Rio Branco. Entretanto o
Dr. de Almeida foi sempre abolicionista, mas era da eschola
practica o moderada, e parecia-lhe que o ventre livre não era
uma solução, pois nada havia no paiz preparado para substituir
o braço africano.
Sem o accompanhar nesse poneto, sempre o vimos adverso á
euiaucipação immediata, tendo por corollario a colonização
africana on asiática. Respeitando a sua preferencia pela exclusiva colonização ouropéa, sentimos não o poder accompanhar
nesse poneto, por nos parecer contrario ás condições especiaes
da civilização no Brazil.
Quando tractou-se da edificação da nova praça do commercio,
e o humildo signatário deste artigo iniciou como redactor do
Diário do Rio a campanha a favor de um plano mais vasto, que
concentrasse na rua Primeiro de Março todas as repartições necessarias ao commercio e desse o exemplo de edificações com
proporções dignas da capital do Império, si houve da parte do
Jornal, da Republica e de todo o jornalismo o mais generoso
apoio á idéa, é ao Sr. Dr. Caetano Fürquim, secundado pelos
Srs. Visconde de Tocantins, Visconde de Mauá o Visconde
HMviLET
_f^_m^^mmff^^iC^W^aaam T n^_â26'' IGHT5
SffsJKgÊ -____¦-i_ /IfklCHP i vmw °Am3Sa\\ Y
•L / ____)¦. _f|//.j ii'_i-*^^^--l ¦" í__-*"*"" rnm*Êam\aw ^ÊSmaaaaa. '
H?: WaVÈmi <9u_laJv
m» saFÊÊàtíliu. iikSSrY
'¦' *C^ _B
____k
mjinw ___m __¦__. ___fi___THVINI
i' ¦ .,iL|.'-,_S____i ____ rfflH •• ¦
llf_______. - ,:Jaa\maWjàí
;Hpyn Mm
I
~maMmòi
1
lim
'¦ Ml
-MÊimM
'wWMl/Êm .lll
"
mMm ILÍJm\
11m ¦ i
H W ____¦''
iial^t ___¦
mSÍ
Jrfll ttèíwJxVí/ Y^7A/AilR_n/^ll^___í _____RI^_i 1 k^^I
_________
SJÊommm
/Arai'nlIVI
IHÍB B
' /^AB»///w)V_vs.t_lIi*'"Tírí
_H_r^_VII w____________B___r
'¦mJIW:WWl%Maa\
mMmm\
___
Ül llllffii
patrulha de serviço.
PATRULHA
ACCOMPANHANDO SENHORAS.
O SERVIÇO DE MENSAGEIROS URBANOS DE NEW YORK.
MENSAGEIRO LEVANDO
PARA- CASA UM BÊBADO.
'.-•'
du 8. 8ai.vj.ooh ne Mattumnhoh, que indubitavelmente «e deve
11 execução.
No pctuamento do Dr. Cakt.ino PouqoiM ligava-se a esso
unindo mtlhoramouto O plano «Ia reforma g«-ral «Ia capital do
Império, abrindo mt&s rum e derrubando barreirai», qae a torliam iiiMilnlir»' < in«l« bit.iv» I.
A fftiw generosas aspirações, que traziam'o cunho «Ia paliolophin moderna, e "pie Receitavam o conourso de Iodas o* voutatues e diligencias estranhas na grande obra «1«> progresso naciouai, nuía o l»r. FoiiQOiM o mais extremado patriotistisrao, qne
ant'puiihi a todas us questões de lntere»e pessoal, como o
provou em sons actos do abnegação durante todu a guerra do
Paraguay. Este nobre complexo de gouorosas qualidades é
digno do st»T Imitado o encerra em si iw sementes «lo verdadeiro
desenvolvimento e progream» «lo Império.
Nilo entraremos na apreciação de sons grandes trabalhos na
exploração da estrada «le ferro estratégica de Uruguayana, nem
da reforma da estrado de ferro Leopr.ldiua, em «pie prestou o
mais valioso auxilio aos Km. Dr. MKLLO BaMIETO e coiuiiieiidador Antônio Oablos Tkixkira Lkitk, porque são questões
ainda pendentes e envolvem interesses que nâ«> podem ser «lisnítidos em um simples esboço biographlco. Dlromosafómonte
«pie o Dr. FonQora apoiava energicamente todas as emprezas
«lo viação férrea ua Província de Minas e antevia no seu êxito
não mi uma questão de interesse provincial como o luturo «lu
lavoura o do trabalho livre em todo o Império.
Estes simples traços, ctcripli s á ]>re.-su e roubados ú vigília,
babtam pura charaoterlrai o homem illustreqaeoBmzil perdeu,
sem uuncn tel-o aproveitado. Desejaríamos promover por este
meio uniu estatua, um quadro, uma lembrança perduravtl, qno
no seio «lu Associação CómmerciiU da corte recordasse a nacionacs «• estrangeiros «> generoso espirito que os uniu tva sua ompia sympathia, o que mais esforços empregou pelo progresso
eeonomico «lo paiz.
Porto Novo, 25 de Março de 1*70.
Hi.iNAi.m.' Carlos Montóro.
*JH de Março.)
(Do Cruzeiro, «lo Rio, do
• LEVANTAMENTO DE CAPITÃES EM
LONDRES.
E' bem sabido que, sol) a pressão tias deputações
das pequelias Províncias, consentiu o Governo im24 de Seppenal que se votasse a lei N". í,45o de
x7.>»
conhecida
témbró de 1
geralmente pela denòmiEsperava-se
nação de Lei de Garantia de furos.
ouro,
garantidos aos camique, com os 7 p. C. em
phòs de ferro dás pequenas Províncias, conseguissem
ellas, afinal, ter viação a vàppr, como as grandes
Províncias de Pernambuco, Bahia, Rio de Janeiro e
S. Paulo. Mas, por fatalidade, cm 1873 e 1874, soffria o Brazil da mania dos grandes empréstimos em
Londres, e o (íoverno tinha interesse em affastar
daquella praça tomadores de dinheiro sob sua gaDahi proveio a extraordinária demora do
rantia.
Regulamento da Lei de Garantia de Juros, que.só
foi dado pelo Decreto N". 5,561 de jS de Fevereiro
.
ll" 1874.
,
Ksse regulamento de vinte e seis artigos, ainda
subdivididos em grande numero de paragraphos,
passará á posteridade como um triste speçimeh do
Domina-o o
prurido fiscal do (loverno imperial.
¦preconceito
de estarem os capitalistas de Londres
anhelando os 7 p. c imperiaes; parece temer uma
invasão, do ouro inglez A caça de tão boa renda.
Dolorosa desillusão!
Os 7 p. c. em ouro foram para Londres, accompaA
nhados de tantas argucias «pie ninguém os quiz.
Regulamento.
fatal
foi
esterilisada pelo
lei
Ha mais de cinco annos trabalham os concessionarios, em Londres e em Pariz, para obter capita),
Apenas a Comsem conseguir o menor resultado.
de
Janeiro, graças a esforpanliia de S. Paulo e Rio
cos e compromettimentes pessoaes do Director J0À0
Fkkdkkico Russell e do Emprezario Domingos
Mor 1 iNiio, conseguiu levantar capital para terminar
as obras, assim mesmo hypolhecando toda a porção
Aa estrada de ferro já feita.
Afinal o Governo envergonhou-se da esterilidade
da sua lei e dos seus regulamentos Os concessionarios, comprometiidos por grandes despezas, feitas
com estudos e explorações, com advogados C commissarios em Londres, com imiteis viagens de ida e
volta, exigiam que se desse um regulamento practico
A lei de garantia de juros, boi, então, «pie o Governo resolveu fazer o «pie devia ter feito, logo que o
Parlamento votou a lei; mandar abrir um inquérito cm
Londres sobre os meios praéticos de obter capital para
vias férreas com sua garantia de Juros.
Este inquérito foi feito sob a direcção do Ministro
dp Brazil en. Londres, infelizmente àcciisado na unprensa, e até no Parlamento, de contrariar a organizaçáo das companhias em Londres, por só querer
um grande empréstimo com o capital de.^ 10,000,000, ou de todos os cem mil contos de réis da lei de
24 de Septembro de 1873.
inquérito
Os depoimentos deste interessante
actual
Relatório
do
do
os
annexos
acham-se entre
o
durante
mez
foram,
de
e
Ministro da Agricultura,
editocolumnas
nas
reproduzidos
Fevereiro de 1879,
riaes do Jornal do Commercio.
Paia nada omittir neste rápido histórico da infeliz
lei de garantia de juros, devemos dizei (pie o De-
O NOVO MUNDO-r-PERIODlCO BRAZILEIRO
creio N" 6,995 de 10 de Agosto de 1S7H deu-lhe segundo Regulamento; por miséria tão imperfeito que
as companhias e os concessionários das estradas de
ferro, já garantidas, preferiram, quasi todas, ficar
com as suas primitivas concessões, feitas segundo o
retos
primeiro Regulamento, e modificadas por Deu
posteriores de conformidade com as exigências dos
capitalistas de Londres.
Assim, pois, o tristíssimo estado das eousas pôdese resumir na e.sterilisaçào da lei de garantia de
juros nos caminhos de ferro dás pequenas Províncias
de
por dous regulamentos, feitos por empregados
secretaria, talvez por demais versados nas mímicas
da rotina, mas desconhecendo absolutamente os
meios practicos de levantar capital-em Londres para
estradas de ferro.
Acha-se ainda, sem solução o momentoso problema da importação de capital para construcçào das
vias férreas das pequenas províncias do paiz; serão,
pois, lidas, com interesse, as seguintes condições,
para levantamento de capital em Londres, formuladas por um velho amigo do Brazil. «pie. por sua
posição, conhece perfeitamente os segredos do StockExchange, e o modo especial pelo «piai os capitalistas
inglezes encaram os negócios financeiros do Brazil:
1.—A concessão da garantia de juros ás estradas
de ferro só terá logar, como ordena a lei de 24 de
Septembro de 1S73, quando se demonstrar «pie o
trafico da estrada em projecto será sufliciente para
o caproduzir a renda liquida de 4 por cento sobre
Neste
empreza.
da
realisação
á
necessário
pitai
calculo as despezas de custeio serão avaliadas em 50
por cento dà receita bruta, e a extensão da linha
será fomecida"por um estudo preliminar, ou por outro
qualquer dado da confiança do Governo imperial.
11. —Serão concedidos 18 mezes, a contar da data
do Decrero de garantia de juros, para a preparação
dos estudos definitivos e dos orçamentos, «pie comprehèndérão os mesmos documentos, actualmente
exigidos pelo Governo imperial.
(111 segundo Decreto approvará estas plantas delinitiVas e fixará o capital garantido á vista dos orcameti tos.
III.—-O capital, assim fixado, depois da deducção
de 10 por cento para pagamento das despezas preli[ninares, será dividido em quotas, correspondendo
approximádamente ao custo das secçoes successivas
da linha, que serão menores de 20 kilometros de extensão.
O concessionário, ou a companhia á (piai. com o
consentimento do Governo imperial, houver translerido a concessão, procederá então ao levantamento
do capital em Londres, necessário para construcçào
das duas primeiras secçoes da via férrea.
Para o levantamento do capital serão concedidos
doze mezes; mas si o (íoverno, depois delles esgotados, «piizer declarar caduca a concessão, previnirá
o concessionário ou a companhia, permittindo-Uies
ainda um praso de seis mezes.
I Y. — Xo caso de ser declarada caduca a concessão, depois de esgotados os prasos da cláusula precedente, o (íoverno imperial pagará ao concessionario, ou á companhia, os estudos definitivos leitos,
com todos os documentos exigidos, á razão de 5"oo$
para cada kilometro.
V.—A taxa dos juros garantidos pelo (íoverno
imperial, será de 6 por cento ao anno, livre de todas
as dedúcçõès feitas sobre o capital, fixado de conformidade com a cláusula II. Quando a linha férrea
tiver já sido garantida por qualquer Governo provinciai, o Governo geral affiançará essa garantia, tornando-se o único responsável perante os capitalistas
em Londres.
Os pagamentos dos juros sobre qualquer quota do
capital, levantado com auetorisação do Governo imperial, serão sempre feitos a contar da data das entradas.
VI. — A estrada de ferro deverá ser aberta ao tráfego por secçoes suecessivas ; mas as obras de construcção poderão ser executadas em duas secçoes ao
mesmo tempo.
Logo que a primeira secção fór aberta ao trafego,
O Governo permiltiiá levantar o capital para ateiceira secção ; logo.ipie a segunda estiver em trafego
secção, c
permittirá levantar o capital para a quarta
assim em diante até que a penúltima secção esteja
aberta ao trafego.
Chegada esta épocha, será nomeada uma coinmissão de quatro engenheiros, dous pelo (íoverno, e
dous pela companhia; os quaes darão seu parecer
sobre a probabilidade de completar-se ai suada de
ferro com o capital garantido, e, na negativa, fixarão
o capital addicional necessário ; ao qual o Governo
só garantirá juros de 5 p. c. ao anno, livres de quaesquer deducções. .
O mesmo processo será seguido quando o capital
garar.tido esgotar-se antes de terminada a penúltima
secção.
VIL— O Governo imperial exercerá, por meio de
engenheiros-inspeclores, a líscalisaçào das obras, de
sorte «pie seus empreiteiros cumpram fielmente as
condiçpes da concessão,
Junho,
1879.
Antes de dar começo ás obias, o concessionário, 011
a companhia da estrada de ferro, deverá plenamente
provar ao (íoverno imperial «pie firmou contractos
com empreiteiros de reconhecida capacidade para a
execução de iodas as obras da Unha. nos limites do
orçamento da companhia, previamente approvado
pelo Governo impei ial, de sorte (pie a excesso de
capital só possa resultar de causas imprevistas e perfeiiainente justificáveis.
VIU.—Ernquantò a renda liquida da companhia,
derivada do trafico da linha, não attingir 6} j p. <:.
sobre o capital nella empregado, o Governo imperial,
além de completar os dividindos de 6 p. c, pagará
1j
p. c. sobre o capital, para a formação de um fundo
de reserva, destinada a oceorrer ás despezas de renovação da linha e de concertos extraordinários.
Logo epie a renda liquida exceder a 6!_- p. c, de
todo excesso, qualquer que elle seja, será dado -3 ao
Ooverno imperial e }i á companhia, até que esta lhe
tenha pago todas as sommas recebidas a titulo de
garantia de juros; terminado esse pagamento, toda a
renda pertencerá á companhia.
IX.—As condições relativas á terminação da garantia de juros, ao direito de resgate da concessão
pelo (íoverno imperial, e ao pagamento dos juros,
garantidos ao cambio-par de 27 pence por milréis,
serão as mesmas actualmente estabelecidas; a ultima
"
dellas. porém, será assim expressa : Xo caso de ser
a companhia organisada fora do Brazil, o capital
garantido será fixado na moeda do paiz de sua organisação, e regulará o cambio par entre os dous
paizes.
A
UNIVERSIDADE DE BERLIM.
A Universidade de Berlim foi fundada definitivamente por Frkukrico Guilherme III. Rei da
Prússia, em Agosto de 1809: mas já anteriormente
havia existido de faeto desde o invernode 1807-1808,
quando FlCHTE pronunciou esses discursos tonantes
dirigidos á nação alleman. sob o titulo de Rede// au
die Deutsche Nation. Berlim naquella épocha estava
ainda no poder dos Fraucezes; nas suas ruas faziam
parada os granadeiros dessa nação, e o rufo de seus
tambores ouvia-se na própria aula em qüe o intrepiProcurou, por
do professor fazia suas prelecções.
allemão
da apathia a
o
meio destas, despertar
povo
todas
suas meappelou
para
que se havia entregue;
seu ore
seu
mórias mais charas, pata
patriotismo
gulho, e em toda parte suas palavras produziram
effeito e despertaram um enthusiastno indizivel pela
boi FiGHTE «piem preparou o
libertação da pátria,
paiz para a guerra daemancipação do jugo francez.
Quando havia publicado suas philippicas recebeu
Mas o professor
lembrete do ministro Von Begme.
" Bem sei
respondeu com orgulho:
que uma bala de
chumbo me pode matar a mim assim como matou a
Palm; mas não estou com medo; por amor daquillo
que me tenho proposto como o fim de meus trabalhos estou prompto a dar a minha vida." Nem eram
estas palavras uma* bravata com pouca significação,
porque naipielles dias a vida de um offensor allemão
não tinha muito valor aos olhos dos conquistadores
fraucezes.
A Universidade foi aberta em Octubro de 1810.
A sua organização era mui pouco diversa da das
outras universidades allemans. A constituição academica que foi approvada pelo Governo depois de
estudar cuidadosamente a operação dos systemas das
universidades de Leipzic e Gcettingen, contém as
seguintes disposições:
Os professores da universidade serão repartidos
em trez graus; professores ordinários, extraordinarios, e particulares {privatdocènteii).
" Os
professores serão nomeados pelo Estado, e
teem por dever fazer um certo numero de prelecções
durante o anno acadêmico.
"Tambem os membros da Academia Prussa das
Sciencias terão o direito de fazer prelecções na Univeisidade, si o cpiizerem.
"Todo
piofessor poderá fazer prelecções sobre
(pie quizer, comtanto que esteja
assumpto
qualquer
dentro da sua faculdade; poderá fazer prelecções
tambem sobre assumptos fora da sua faculdade, si
provar que tem a necessária proficiência e capacidade pára isso.
" Todo
professor ordinário tomará parte nas deliberações da sua faculdade,* a cuja testa achar-se-ha
um decano.
"O
primeiro ollicial da Universidade será o rector
magnificus, que será eleito annualmente pelos professores" ordinários de dentro de sua própria corpo-
ração.
* As
quatro faculdades do uma universidade alleman são as
de Ihèologia, medicina, jurisprudência e pbilosophia. Os professores que representam estas Bèççõefi constituem um corpo
outros paizes é
governador «pie eorrespoudt) áquelle que em
eliamailo a faculdade. Esta palavra e íU vi/.th empregiidu neste
artigo 110 seu sentido allemão, pnra significar, por cXtiiiulo, a
secçAO ttieolfigica, mi unia dns outras, e lis vezes para de iguar
o cor]io régeiitf». Mns a connexão mostra sempre qual o sentido
em (pie é empregada.
Junho,
1879.
" Os decanos das
quatro faculdades, com o reitor,
o pro-reitor (isto é,'o reitor do anno anterior), eo
juiz da Universidade, constituirão o senado academico. a cuja jurisdicção pertencerá tudo quanto diz
respeito á Universidade em geral.
"
Em suas sessões o reitor será o presidente, e todas as questões serão decididas poi maioridade de
votos.
'*
Em actos de insubordinação de pouca importancia, o reitor poderá infligir castigos sem consultar
o senado. Castigos de mais de quatro dias de prisão
poderão ser ordenados unicamente pelo senado."
Não é uma exaggeração dizer tpie (piasi nfto ha
agora instituto no mundo que tenha em suas factildades tantos homens proeminentes como se contam
na faculdade de Berlim; pois nella se acham Momm-
SEN; CüRTIUS, HeLMHQLTZ, GRIMM, YlRCHOW, LeO-
poli» von Ranke, Lepsius, Gneist, e Zeller,—
nomes estes que representam um fundo immenso de
Cada um destalento, força e vitalidade espiritual.
ses homens abriu um caminho para si e alargou a
Não se conesphera dos conhecimentos humanos.
sideram como simples mestres de moços; sua hohieE o Gonagem principal prestam á sua sciencia.
vernc também olha para sua posição do mesmo
poneto de vista, e lhes concede lazer e fundos para
ipie possam aprofundar-se mais e mais em investigações originaes e independentes.
E' certo que ninguém pode agora conseguir fazerse professor na Universidade de Berlim si não fôr
homem de extraordinária força intellectual e energia,
E não pode deixar de ser assim, porque segundo o
systema de escolha adoptado, sú os que sobrepujam
muito a seus competidores podem reter os seus logares. E' bem sabido (pie, além dos professores ordinarios é permittido a um grande numero de instructores particulares {privatdocenten a fazer prelecções
n;is universidades állemans. Estes são homens que,
tendo ganho distineção no seu curso acadêmico e
tomado grau de doctor, aspiram a honras profissionaes. Não percebem ordenado regular, mas ganham
sua vida dando instrucção em particular aos estudantes e escrevendo" artigos para os jornaes scien ti ficos.
O facto de se acharem seus nomes no catalogo da
universidade é olhado como espécie de recómmendação ofncial e é uma garantia da sua capacidade.
Dedicam grande parte ele seu tempo ao estudo de
algum ramo especial de sciencia. e a experiências de
investigação independente e original em qualquer
campo em «pie houver ainda logar para descobertas
importantes e (pie assim olíerecer oceasião ao invésti.rador para se. tornar afamado. Os trabalhos desses
homens são conscienciosos e ás*vezes de grande valor,
factos minuciosos
principalmente pela multidão de
sem
deixarem de ser
mas
notam,
e
observam
que
Assim, e isto
muitas vezes de experiências ousadas.
alieas
universidades
nota,
de
digno
especialmente
é
um
exercito
constantemente
estão
preparando'
maris
de trabalhadores que, levados pela ambição ou até
á sciencia, dedicam
pelo amor verdadeiro que teem
sua vida. A sua
da
maior
a
desta
ao serviço
parte
intellectual
da nação é imvida
a
influencia sobre
teem
se
fim
o
proposto,(píer
que
mensá,quèr ganhem
deixem de ganhal-o, e mui particularmente porque o
numero delles é muito maior do que dão a conhecer
os catálogos das universidades. .Segundo estes o
numero desses instruetores particulares em Berlim é
actualmente de cerca de oitenta, emquanto o corpo
inteiro dos instruetores na universidade desta cidade
é actualmente de mais de duzentos (1877-1877, duzentos e quatorze). Destes cento e cinco constituem
a faculdade propriamente dieta, e teem o titulo de
e trez professores ordinaprofessor, sendo sessenta
Os privatdoccnten
ajudantes.
e
dous
sessenta
rios e
nas
deliberações
do sevoto
nem
assento
não teem
nado acadêmico.
O resultado practica deste systema é muito boa.
a entregar-se á
Quando um professor está disposto
aos
mais
satisfaz
não
e
que vão ouvir
vida commoda
de assistir a
deixam
estudantes
os
suas prelecções
um
dos
ás
de
privatdocenten (pie
estas e vão assistir
E desde
assumpto.
mesmo
o
fizer prelecções sobre
em
depende
grande
que a renda dos professores
os estudantes, quanesportulas
pagam
das
que
parte
do estes o desemparam perde as esportulas, e assim
a diminuição operada na renda do professor será um
forte incentivo para «pie se esforce por conservar-se
na altura que deve oecupar. Aos estudantes não se
impõe a dever de assistir ás prelecções de qualquer
e cada um delles está livre para
professor especial,
necessários de qualquer
conhecimentos
os
adqtiirir
(pie
os examinadores no
de
Aquillo
seja.
modo que
se oecupam
acadêmico
curso
do
ou
fim do semestre
se
apresenta
estudante
si
o
pari
que
é de averiguar
os
conhecimentos
tem
tomar
grau
o exame ou para
elles adquiridos como
sejam
exame,
fazer
para
os
forem. Durante
primeiros annos depois de estabelecer-se a Universidade de Berlim alguns dos professores procuraram regular a assistência dos estltdantes. Para esse fim mandavam fazer circular entre
elles, depois de aberta a aula, um papel sobre que os
epie estivessem presentes deviam escrever seus no-
O NOVO
MUNDO—PERIÓDICO
BRAZILEIRO
mes. Mas aconteceu que os (pie se achavam presentes escreveram sobre o papel não só seus próprios
nomes mas lambem os dos ausentes e além distio
também os de Sknkca, Sócrates, Cícero, e outros
homens distinetos da antigüidade.
•
Na Universidade de Berlim é em geral muito
limitado o numero dos estudantes que assiste ás
prelecções doiprivatdocenten, provavelmente porque
a capacidade e a fama de (piasi todos os professores
regulares e ordinários são tão conspicuns (pie bem
poucos ha que se podem comparar com elles. O (pie,
por exemplo, poderia um doctor com pergaminho
comparativamente novo dizer sobre a historia romãna que fosse tão 'interessante ou tivesse em grau remoto a auetoridade de uma preleeção de Mommskn
sobre esse mesmo assumpto ? Qual o physico que
poderia lazer os estudantes preferir suas prelecções
ás de HelíUHOLTZ ? A palavra de (piem sobre as
antigüidades da Grécia; teria o peso da de Ernst
Curtius, o exeavador de Olympia ? Em outras universidades, porém, onde não está extineto ainda o
typo antigo de professores pedanticos, muito instruidos mas também muito seccos, ás vezes os privaidocenten tornam inteiramente supérfluos os professores ordinários.
No decurso do tempo muitos dos privatdocenten
nas universidades se tornam professores; mas não ha
obrigação da parte dos (pie nonieam estes a escolheiMuitas vezes o Governo, com
os de entre aquelles.
o consentimento ou mesmo a pedido do senado academico, convida algum distineto sábio estrangeiro
Mas, a julgar das estapara acceitar o logar vago.
tisticas da Universidade de Berlim, a maior parte de
seus professores foram escolhidos dos .privatdocenten-.
Practicamente a escolha está rias mãos do senado
acadêmico.
Logo (pie ha logar vago, o reitor, em
senado,
envia ao Governo uma lista dos
nome do
nomes de trez candidatos especialmente dignos de
consideração. Cada nome é accompanhado de uma
recommcndação, e a pessoa preferida pela ç.òrpòra(> ministro
ção acadêmica é também mencionada.
do culto riorriêa então um desses candidatos, e quasi
sempre aquelle que foi indicado como ò preferido
0 Governo não tem obrigação
pela corporação.
alguma, imposta por lei, de acceitar o candidato preferido pela universidade, mas practicamente os precedentes bem estabelecidos eqüivalem uma lei.
Seria uma cousa nunca vista na Prússia si o Governo
se desviasse desse modo de préhèncher os logares
vagos.
Si rejeitasse todos os nomes apresentados
acadêmico, seria considerado como um
senado
pelo
desafio formal lançado em rosto á universidade, e
sendo esta instituto muito poderoso, muitos de seus
membros tendo assento tanto no parlamento prusso
como no (Jo Império allemão, o ministro que isso
fizesse teria sem duvida em pouco tempo de arrepender-se de sua temeridade.
O poder (pie exerce a Universidade de Berlim é
devido principalmente ao facto de pertencerem á
sua faculdade tantos homens grandes e afamados.
Entre estes não ha nenhum que seja mais conspicuo
do que Hermann Ludyvig Helmholtz, actual rector magniftcus, professor de physica, a respeito de
(piem se diz com toda justiça que estabeleceu uma
epocha em todos os ramos da sciencia a'qtie se dedicou. E' homem de cerca de cincoenta e septe annos
Seu
de edade, baixinho, e um tanto corpulento.
rosto é bello; sua fronte em particular é muito alta e
larga, e todas suas feições são bem modeladas e teem
Seus olhos escuros e sérios
as devidas proporções.
são indicio de observação calma e penetrante; são
um tanto frios e provavelmente julgam os homens
com a mesma exactidão desapiedada e mathematica
com que observam outros phenomenos naturaes. E'
quasi impossível imaginar um rosto menos sentimental e mais livre de paixão, nem um rosto (pie com
Sentemais certeza indique um homem scien ti fico.
se logo tpie a gente olha para o professor Hklmholtz que sua atmosphera mentai deve ser clara e
estimulante, e não escurecida pelas nevoeiras do
Também nas rodas soeiaes elle tem a
sentimento.
reputação de homem interessante, mas frio e aquém
Os estudantes, porém, que
não se pode appròximar.
trabalham no seu laboratório e assim chegam a ter
contacto mais intimo com elle teem para com elle o
Explica tudo com facimaior respeito e admiração.
lidade e clareza admiráveis, e (piando se suscita
qualquer poneto interessante de discussão, acontece
ás vezes que gasta até uma hora ou mais com um só
estudante para elucidar para elle qualquer cousa que
Sua linguagem é sempre de prelhe pareça escura.
a theoria mais abstrusa e invole
cisão mathematica,
torna simples como
explicações,
com
suas
vida elle,
multiplicação.
a tabeliã de
As descobertas de Helmholtz em todos os diversos*ramos da sciencia são conhecidas universalmente.
Sua fama data da publicação de seu tractado sobre
"A Conservação da Força,"
que não foi sinão o precursor de uma longa serie de publicações egualmente
brilhantes sobre a óptica, a acústica e a physiologia.
Si ha alguma especialidade a que se dedique com
Nesta
preferencia é a physiologia dos sentidos.
'35sua profundidade philosophica, combinada com a
exactidão mathematica de seus pensamentos, teem
produzido resultados o.s mais significativos. Os leitores lembrar-se-hão que fi>i elle (piem conseguiu averiguar quaha velocidade com (pie as "sensações são
communiçadas ao miolo por via dos nervos dos
homens e dos animaes; foi lambem elle quem, por .
meio ele experiências acústicas, explicadas em seu
livro sobre " Die Lebre der Toneniplindungen," estabeleceti a prova scientificá da theoria musical da
harmonia; e foi elle quem, sobretudo, inventou o
ophthalmpsçopio, apparelho «pie lança a luz sobre o
fundo do olho, de modo (pie se pode observar distinc.tamente a retina com todos seus nervos e vasos
sangüíneos.
Assim se pode averiguar (piai seja a
doença de que soffra o olho c é conservada a vista a
milhares de pessoas que, si não houvesse sido irivénlado esse apparelho, seriam forçosamente as victimas
de conjecturas mais ou menos duvidosas, e talvez de
experiências feitas ás apalpadellas.
Não será necessário dizer que Helmholtz é professor excellente e (pie suas prelecções são tudo o
(pie se pode desejar.
Não procura ser eloqüente,
mas é claro e conciso, e faz impressão.
Entre os homens scientificos da Universidade de
Berlim, Rudolf Virchow, professor de pathologia
geral e therapheutica oecupa provavelmente o primeiro logar depois de Helmholtz.
E'homem desassocegado e enérgico que extende sua actividade
em muitas diversas direcções, e tem trabalhado
muito com resultados valiosos e importantes. Como
physiologista tornou-se conhecido especialmente por
sua grande obra sobre pathologia cellulai {Cellular
Ultimamente dirigiu sua attenção para
patl/ologic).
estudos anthropologicos e sobre os resultados alemçados publicou uma obra voluminosa.
A carreirajpoliticado professor Virchow estende-se sobre muitos annos e lhe tem trazido muitos
desgostos. Parece que sempre defendeu com intrepidez aquillo que julgo 1 ser de justiça e que muitas
vezes se recusou a guardar silencio quando a prüdehçiá ou o respeito devido a uma auetoridade maior
lhe deviam ter aconselhado a deixar de fallar.
Em
conseqüência dessa sua intrepidez resoluta elle, com
muitos outros homens excellentes e patrióticos, ficou
in volvido nos movimentos políticos de i848-'4g, e
_
e foi deposto do professorado pelo Governo reaccionario ; foi, porém, reinstaurado ei»i 1856. Desde
então teoe assento no Laudlag, ou Parlamento prussiano, c tem desempenhado papel' muito importante
como um dos chefes do partido do progresso ' Fortschrittspartei.)
Não é de modo algum orador eloqüente, mas é
uma encyclopedia de factos e estatísticas, e muitas
vezes adduz argumentos que parecem muito melhor
nos jornaes do que quando são por elle apresentados á viva voz no parlamento. Diz-se que suas prelecções sobre assumptos médicos são excellentes e
que por meio dellas muitas vezes inspira os estadantes com seu próprio enthusiasmo por esse ramo
da sciencia. E' devido especialmente a seus esforços e trabalhos tpie o Instituto Pathologico de Berlim ficou tão admiravelmente munido como se acha
de tudo quanto é necessário para os médicos fazererh nelle investigações scientificas independentes.
Outro professor da Universidade de Berlim, que,
como Virchow, teve de soffrer por amor da sua
independência politica, é Theòdor Mommskn, auctor de uma celebre historia de Roma. Oecupa logar
proeminente no parlamento prussiano como um dos
chefes mais hábeis e honrados do partido nacional
liberal.
O professor Hkkmann Grimm, filho de Wiliielm
Grimm, o mais moço dos dous irmãos afamados, é
homem mui diverso de Mommskn. Em sua mocidade suas affiliações litterarias estavam com os Romanticos, cuja atmosphera respirava e que deram
côr á sua ambição. Mas no decurso dos annos affastou-se de mais a mais das tradições da eschola romantica, e agora sente-se, pois não se pôde dizer
que se vê, um vestigiò muito fraco de romantismo
quando se lé as suas pagina-;. Como novellista avantaja-se pela delicadeza co.u que traça as disposições
as mais evanescentes e impalpaveis, e as meias cores
mais delicadas de character.
Mas foi principalmente á sua proeminencia como
critico nas artes que Grimm deveu sua nomeação
como professor na Universidade de Berlim. Seus volumes de "Ensaios," em que tracta de assumptos que
dizem respeito ás artes e á litteratura, já se tornaram
clássicos, e sem elles nenhuma bibliotheca alleman
está completa. " Sua " Vida de Miguel Ângelo" é
realmente uma historiada Renaissance com Miguel
Ângelo como figura principal e central. E' um livro
singularmente attractivo, e está cheio de vitalidade.
Outra celebridade da Universidade é o egyptologo
ICarl Richard Lepsius. E' homem de apparencia
notável, mas apezar de sua vasta erudição suas pre.-r
lecções são um tanto seccas e enfadonhas. Possue
um fundo tão immenso de factos.—Do ScribneFs
Mon/hlv.
ü
Junho, 1879.
O NOVO MUNDO—PERIÓDICO BRAZILEIRO.
'3^
\\
i' \
I ^_t-_á_^_g^__^__^__^__i__^_B__^__^__^__^__^__^__^__^__^__^__^__^__j
^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^BMjtfj</ill^^^^^^^^^^^^i^^^^^s^-^^_j^__^_'_!S—^;j::
_M__H
B|_P_>;-^_$rl_Í____gl_^_3
'
' B_^__^l ^^i^i________________________________________________
».'^__ ^^3_^___B_^^
^^1^1
"" '*
'
_¦__!
-"
**tr--j;-^_
*_H IB_?W
^rS?~^^
^¦3 ^1 _Fíl I/ "5_j—
- .r ijj ^T —__^
__^^M(^^
HA _ _L/
_¦
fl____F
'¦¦^f-~ú
%
^^^^ V^-
S x
^s=_§_s|=&__§__%;
-_!
_l
v."
*%5&0^^í _M__\te'-^^^^___wW__Km___IIKI
Wí&&0zim W^^"M?Êm Hl liliMPii
|_ÍB
BF^^^ff^^^^^^ol
F ^^^^_l
1P_I
É_Íl
I
I
I *;¦
s
M
II*-
"A
VOTRE
SANTÉ,"
Ol;adko de Henry G. Plumb.
T
O NOVO MUNDO—PERIÓDICO
Junho, 1S79.
BâBt^MEfaBWBi: -;*-.«> -i-A-.-. .?.T;->.--.>^Mg-=.;
¦
B
B
"¦
-M
Hk
" -ÍVv^H»*^
- •
-' •3Hii»r-'^*-~ifh-dM
'--'áPiíP^^i HIP1
-'-1
¦
I
p-*vtS^tfW^';JÁl
«k
•
;*íB
E*z^.^^jr^yji^^!ipi--,av.-*-B LK
"' *^B^B^B^B^B^B^B^B^B^iB^B^Br,^^?^r'\>^^.'l^^^^^^^^^^^^i^^^
x!£i£jJL-jil.'i i*lifiOZ^fJfB.iat^
ur^iJBl^^BBBBBBBBl
Be&jfeKí'
*flBI^^^SL^r^t^a^iBBB^B^B^B^B
BliÉÉttí^^fcí^^^^^^iit^^-H
'¦•'•'
^¦U^H^ú ¦¦-*
B
¦bÉ':.''-''
'37
BRAZILEIRO.
ml»
^b1
aB.
.BB
As»:
¦
"""^^Bl
¦
B^pfc*.**
^^^ív.-'c ¦
«^rW- A^^t?^^áBSa<ietf^B!y£^ig3MaB^»^' rctpf^^^^S^3iBla^^^w.B^^^^^^M^^^^^^^^^Bi»^iBWBB
'- ¦'-iv\'s-íS^^^^^ái^^^SvBJB^j^^B
--^--^-'¦¦¦^'^
BB
K**^^
Kl
«L§sS^;:-\-...,^:-^ ¦ -^áPpfcft'-.
B
:^eSÊmSlÊSsÊÈm
laYflYflYflTflYBYflYflYflYflYflYflYflYflYfllB^^^^^I^^^Í^^H
>¦
y8BB^BHBB8WWÕr^t*^M>iiJ^SttEw
LAKE, NO WISCONSIN.
ESTADOS kUNIDOS^" A ÇATHEDRAL,"-DEVIL'S
Composição de S. Johns.
I
'38
O NOVO
1)0 CASAMENTO ACÀTHOlilCÜ,
A- bis «pio tomos sobro ettfi oustimptesão de dillleil intorpretaçào, devido no pensamento obscuro o aoanliadó «lo legislador
«
quo os confeccionou,
Este mal »õ poderio ser sanado por meio de unia medida de
grando alcance social, «pio .'• o casamento civil. A legislação
nosso so tornaria mais systomatica e uniforme, o que é um
grande melhoramento em legislação, estatuindo uma lei geral
sobre o eo.ioiii.-n to, sem distincçàn de crenças ou seitas, qno reguiasse os efleitos civis, ou jurídicos, tpio emanam naturalmente
il(.s contr.ictos (tenta ordem, como u stiocessAo, o pátrio pf>der,
etc, etc.
E' vei«lado tpie o pátrio poder procede nào só do ciiHaniento
¦^ oelebriido segundo as leis tio Império, como também dos odebni.loH entro os ocotliolieos, «pior no Império, quer nos
paizes
estrangeiros.
As leis .V 1111 do 11 de Scptembro do 1801, e Regnlomentos
N°30C0 de 17 de Abril de 18(hJ, e N« õGÜ» de 25 de Abril de
1874, firmam as n-gros jurídicas, qne dominam a matéria, e estabelecem o processo «la celebração dos casamentos aca^holicos.
Segundo á lei tle :i .lo Novembro «le 1x27 ha no casamento além
«lo eontrocto, o socilmerito, e como este prepondorfl, diz a lei,
«pie abmçon a theoria tio coiifiliotridentino. deve ser olwervmlo
paru validade fio enlace matrimonial. -Mas esta theoria acaabada e mesmo absurda nào foi açoito pela nossa Constituição,
qne f«>i feita por homens àe vistas mais largas <• ninis liberaes,
tanto que facultou nos citliulàos seguirem u religião «pie «piizesBem, nào obstante tor ádoptado uma religião «lo listado, «pio ó
um grande mal. e «pio demanda unia reforma ímmedjata e
prompta.
O Brazil é um paiz novo, precisa «le braços, houions «lo trabalho, morig. nulos e intelligentes: é mister pois, garantir os direitos dos aeatholieos, tanto políticos, como oh que procedem
das relações de fouiiliti. Destes últimos é quê tractainos: cnmpre que os casamentos aeatholieos produzam efleitos jurídicos
o destarte estatuo o Art. 1'- tia lei citada os tli versos modos ou
bypotheses em «pie so podem «lar aquelles casamentos.
E' assim qne o casamento, quando celebrado fora do Império,
segundo o rito religioso do paiz onde se achavam os contralientes, dovo ser provado por meio do certidão legnUsada pelos
Cônsules brazileiros ahi residentes.
Si o casamento foi feito no Império antes da lei, a certidão
tio pastor «pie celebrou constituo prova sufliei.nte; si porém, foi
celebrado depois da lei deve ser provado por certidão extrabida
do Registro a «piose referem os Regulamentos N*30GD de 17 de
Abril tle 181'';! t 5(50*1 de 25 de Abril de 1871, acima citados.
Si o casamento foi celebrado «lepois da lei, porém antes do
primeiro Regulamento N' Md'J o uão foi registrado dentro de
ti. z u)t-z.-s[parn a Província do Kio de Janeiro, e nove pura as
® outras, como recoinmenda ti lei X' 11(1, então
qualquer interessi.tlo pôde impuguar, o só produz efleitos civis tia data da inscripçAo; mas io «lepois dos Regulamentos «> registro deve ser
folto rio prazo improrogavel «le nm mez.
Estatuindo o legislador o casamento acatholien por este modo
era mister tumbem cogitar dos impedimentos derimentos ou
absolutas o rola ti vos.
Os primeiros são públicos, nnllificom o casamento. Os segnndos, ainda quo possam Hiinular, si totlavia não sào nltegados
dentro de trez mezes, o casamento tien valido, excepto si a parte
.'- menor: pois, neste caso pode nllcgnr até nm auno depois tia
maioriãade. Pode-se firmar a regra «pie o.s impedimentos sito
os mesmos tanto no casamento eatbolico como no aeatholico.
Si.o impedimento •'¦ publico, os cônjuges, ou promotor, ou
qualquer interessado na tinlliricaçAo, uo tempo da celebração do
casamento, poderá allegar a nullid.ide.
O juiz .1». direito é o competente, como determinam os Regulamentos; o processo 0 ordinário e amplo, a argniçãòdeve ser
feita com prova cabal.
Quando, pois, o casamento «• celebrado fora do Império, é neoessorio que os documentos sejam legalísados pelos agentes consolares.
Qoando, porém, dentro do Império, é mister certidão do pastor ou ministro da religião respectiva, quo «levo ser sacerdote
competente, ou extrabida dos registros, para tpie o cosam eu to
produza efleitos jurídicos.
Entre os casamentos inixtos ou do catholicos com aeatholieos
tia pelo que respeita á prova pouca diffioulâade, o paro sua ceiebroçào é mister a observância das Solemnidades das religiões
respectivas, e certitlAo ánlbentica para que produzam os efleitos
civis.
Mas e-oiuo os casamentos celebrados «lepois tio Regulamento não
podem ser provados sinòo por certidão extrabida dos regi-tros,
determinam os mesmos Regulamentos, que sejam registrados
nos secretarias das Câmaras Municipaes tia residência tios conjuges, Art. IU o tõ, o mus colônias onde não houver auetoridades, pelos respectivos directqres) ou pela auetoridade designada
pelo Presidente «lo Província, Cm que se odiarem; ó assim quo'
depois dos Regulamentos só a certidão extraindo do ngistroé
tpie faz provn.
O Regulamento Xo 3,009 conformou se ainda em outros
ponetos com o ipie se practico nos casamentos catholicos, Os
impedimentos dos matrimônios catholicos também o são nestes,
como tirmii o Art. 1 §'4 da lei citada X" 1,111 de 11 do Septembro de 18t>l. mos si estes nos easnnientos catholicos estão subjeitos oo poder competente paro as dispensas, no casamento dos
aeatholieos silo competentes para as dispensas na Província tio
Kio, o ministro do Império, e uas demais Províncias os seus
respectivos Presidentes.
Si o pastor da respectiva religião celebrou o casamento sem a
publicação dus banhos, ou sem estar dispensado o impedimento,
incorre nos mesmas penas, a que estão snbjeitos os sacerdotes
catholicos, «pie silo as declaradas uos artigos 217 e 213 do Cod.
Cr. segundo o Art. '25 do Regulamento X-' 30G9. Os impedimentos notórios ou públicos nào podem ser dispensados, e tornam
o casamento nullo; porquanto os próprios cônjuges on qualquer
Interessado pôde íirgnir a nullidode, bem como o promotor pnblico.
AI UN DO—PERIÓDICO
BRAZILEIRO.
A allegaçAo dos impedimentos relativos prescreve-se no tini
de trez mezes, conlotlfis da data da celebmçào do aoto religioso
(Art. 16) salvo si a porto c menor, visto nosto caso poder allegar
até nm anno depois do itiaioriilode
0 Regulamento procurando barmonisar as cláusulas do matrimonio uatholioo com as d«»s que profetsão religião diverso,
differe todavia, quando estatue ipie o casamento celebrado sem
a dispensa do impedimento, niio tem precisão de revalidação, o
que não acontece no eatbolico, onde é sempre mister a revoliilação quaudo feito sem v devida dispensa.
Mas como oh causas tle nullitliule são sempre de grande importando, porque involven. interesses tle ordem elevada, o RegulamentO exige «pie sejam discutidas em processo ordinário,
«pie os juizes de direito sòç competentes para julgarem «lo nullidade em qualquer questão relativa a taes casamentos, com
appelliiçoo para a Relação «lo Dislrícto, que Unto na primeira
corno ua segunda instância, será noineodo um cur.itlor pnro tlefender os casamentos sob peno de nullidade ; devendo mais no
segunda instância ser ouvido o Procurador da Coroa e soberania
nacional; assim temos o conciliação dos interesses Hocioes tanto
tle ordem publica como privada, os quaes no caso contrario
seriam profundamente prejudicados.
-•
Diz mais o Regulamento que ern todo o processo de oeções
de nullidodes ho observarão os leis vigentes ó respeito do inatrimonio. eatbolico, o os costumes o prescripções das religiões respeetivas, unia vez tpie nào sejam oppostos ás disposições do loi
de Í8G1 e Regulamentos do 18<i3 o 1871, de maneira que o legislador, embnido en. superstições e fanatismo, ainda neste pondo
pautou iiquellas disposições, que regem os relações jurídicas do
casamento acatliolico segundo os solemnidades e ritos da religiào catbolica romana.
O Regulamento não foi providento sobre o coso em que o
casamento posso ser celebrado sem a iuterferencia da religião,
porquanto dassuas disposições apenas se conclue, que toes cosaineiitos nào podem ser proctieodos no Império. Si os contrabentos em seu paiz nào podem recorrer oo pastor de sua religião
para contraliireni o matrimônio, como é que em paiz estrongriro hão de controhü-o celebrado por modo diverso, «piando o
estatuto pessool nceoinpanlia o cidadão para qualquer logar para
onde se dirija ! E' certo que dizem os com montadores da lei,
que, si o pastor ou ministro da religião nà<» é competente uo
seu paiz, no Império ticaauetorisado; mas si a religiàoe os ritos
respectivos são mandados observar, e ella não regula as solemnidades tio contracto matrimonial, «pie são exigidas pelo Regulamento, é evidente que o casamento não poderá ser pradicado,
porquanto só ooh casamentos em que iuterveem o rito e prescripções religiosas, é qne a lei extende os efleitos civis do casamento
eatholieo. Tudo devido ao pânico inexplicável, «pie inspira o casamento Civil aos legisladores brazileiros.
Determino o Art. I do Regulamento que aquelles casamentos
rep.itntii-sc provados pelas certidões passadas pelos pastores
que celebrarem, e excluo qualquer outro gênero de prova, até
mesmo a escriptura publica ou particular do contracto de casomento, salvo si o.s livros dos registros se perderam, ou destruirom no todo ou na parte em que se achava o registro do casamento (Art. I), caso em que São acceitas outras provas, nino vez
que haja certeza de que o casamento foi celebrado.
Além das solemnidades internas e externas, qne devem ser
observadas, é mister a competência do pastor : conipeteucioque
o Regulamento estatue exigindo que seus titulos de eleição ou
nomeação sejam registrados no Secretaria do Império, ou do
respectiva Provincio, oiurc residir, sem o que nào pode celebrar
esses actos religiosos.
Destarte qualquer sacerdote torna-se competente desde quo
apr.-sente certidão do registro. Si o nomeação fyr feito fora do
Império, deve ser legiilisada pelo Cônsul brazileiro residente no
paiz ein que tiver sido feita, ou outhonticada pelo Cônsul desse
paiz residente no Brazil afim de «pie possa ser registrada.
São estas os condições para que o.s casamentos aeatholieos
produzam o patrio-pòder, e totlos os mais efleitos civis.
Revestidos de todas ns solemnidades, [os casamentos, ainda
que sejam erguidos de nullidade, emquanto uão passar em julgado a sentença de nullidade, produzem todos os efleitos júridicos, de maneira que com justiça se lhes pode applicar a doetrina estabelecida acerco do matrimônio putativo, (pie produz
todos 08 efleitos civis, emquanto não é ammlodo por sentença
passada em julgado. E' mister acabar com estes embaraços
todos, com a adopçáo dr, lei tio casamento civil entre nós,
Entre as grandes idéas de reforma, que preoecupom o espirito
esclarecido do mais eminente estadista brazileiro, o Conselheiro
Saldanha Maiuniio, se acha o do casamento civil, e com tão
illustre patrono é licito abrigar-se a doce esperança de um
futuro melhor para esta vasta zona do solo americano.—Do
Reze lulense.
GKNK1ÍAÍJSvrÃo
DD K.NSIXO DO DESEMÜ
Em continuação aos artigos com esto rubrica, publicados em
0 Novo Mundo nos mezes de Novembro e Dezembro de 1878,
transcrevemos o seguinte carta :
Rio de Joueiro, 7 de Fevereiro de 1S79.
Illino. Sr. Dr. Aim.io Cesaii BoitOES.
Meu choro amigo,
Saúde, etc.
«
Recebi e li, com a maior satisfação, o bello livrinho que euviou-me com o titulo—Desenho Linear ou Elementos de Geometria
Praclica Popular, seguido tle algumas noções ele Agriniensura,
Stereometria e Arclutectura.
•
O AxDRK.siNiro já apoderou-s.- delle, e está fazendo na lonsn
exercícios de desenho linear com esse soneto entlinsiasmo characteristieo da infância.
Principiei a sympathisar com o sen livrinho logo na Iutroflucçõo. Encontrei ahi idéas tpie, desdo limito propago no ensino «la Eschola Polytèchnica e nas oolumuas do Novo Mundo o
do Revista Industrial Meus artigos E-lucação Technica, do Aoi-o
Mundo do Octubro* de 187õ. e Gèneraüsáçàó dn Ensino do Desenho em 0 NOVO Mundo de Novembro e Dezembro de 1878 restituir-lhe-hào o prazer, qno me deu com a leitura do Prefacio dos
seus Elementos de Geometria Practico Popular. Sabe perfeitamente quanto é grato reconhecer que não st está isolado.no
combate .contra a désidia e a rotina.
Junho,
1S79.
Antes do fundação do Lyceu dé Art-s o Offirios por Bethbncourt i»a Silva, a mocidado brazileira não tinha eusino algum
popular do Mello. O Lyceu esforça-se poro supprir esl. oeficiência ;io Rio de Janeiro; seu livrinho vai ext«ll(l»r a
propaganda a totio o Brazil, a principiar pela escliol i primaria.
O desenho linear d «» A, B. 0 d«» bsllo. Evi lentemente otimpre .pio seja ensino lo nas escholas primarias Pessoa algnina
deve ignorai o. Paliar, escrever e desenhar todo o numera «levo
saber; sào os trez meios do comraunicnr i.léos. Ser incapaz do
transinittir as formas que viu on qne imaginou, «'• uma deficiência fatal.
Educar .'• proparai o Criança no bom. no justo e no bello. Em
seus coraçOesiubos aobam-se obllocadas os sementes dessas trez
sublimes arvores; mas, ppr certo, a semente qrie primeiro germino e a de mais fácil cultura, éa do bello.
A criança tem horror o tudo «pie é feio, disforme ejasyniraotricô.
O qualifleativo/eío «'• para os meninos o peíor de todos.
Com a educação nos habituamos o encanir, sem mostras «lo
repugnância, pessoas feios e defeituosas; mas aos meninos istoé
impossível; oo ver qúalqer deformidade seu instineto do bello
revolta-se immediatamente.
O seu livrinho é excellente pira propaganda. Ensina símultoneaineiite ao mestre o ao oluinuo. As series de perguntas o
os quadros syuoptícos, om seguida :í cada lição, mostram ciornniento aos professores como devem ensinar. Será indispensovei tpie os escholos primorinH tenham series de modelos
preparados para todas as lições. Os Estados Unidos, a Suissa, a
Bélgica, a Trança o a Allemanha fornecem hoje collocções ntilisiimis e por preços insignificantes.
Uma dos grandes vantagens dos seus Elementos de Geometria
Practica Popular é o riqueza em figuras bem regularmente lithngraphodoH. A collecção final 6 principalmente preciosa.
Nesta primeiro edição escaparam alguns enganos (pie será
fácil li mo remediar no segunda; algumas definições poderão
tombem ser aperfeiçoados poudo-as de accordo con. o ensino do
geometria superior.
E' este o oitavo livro, de (pie faz doação á mocidade brazileiro; com certeza é o mais importante e o que vai produzir
maiores benefícios á educação popular.
Necessitamos educar esta nação paro o trabalho;estamos cansados de ouvir discursos. Já vai passando o periodo de verbiagem, necessitamos restituir á sciencia positivo, ií agricultura e ã
iudusirin os talentos, que no. esterilisavam nas egoisticas luctas
que denominam politica.
»
Seu livrinho seni nm grande guia da infância parn as proviincias da industria «• do trabalho om geral. Faço cordin.-s vot os
paro que os Elemeiüos de Geometria Praclica Popular ainda teuhaiii muitos irmãos eguilniente úteis á mocidade brazileira.
(pie já tanto lhe deve.—Creio-me sempre—Seu ottento Patrício e
Amigo.—Anlm.í'. Rebouças.
#
0 CELIBATO CLERICAL
PELO
DEPUTADO
DIOGO
ANTÔNIO
FEIJO.
(Continuação.)
Éisaqui como uma lei imprudente acostuma os
subditos á desobediência, e ao desprezo; e introduz
a imoralidade. Mas se a lei do Celíbato tem este inconveniente comum com as outras leis irhprudentes, ela tem além disto um caracter privativo de dosmoraíizasão da mais alta trascendencia, como paso a
mostrar.
Ao Padre, principalmente Cura d'almas, desde o
infélis momento, em que cede á inclinasão ao sexo,
a nào ser por um acazo, onde cesada a paixão tem
lugar o arrependimento, necesariamente se antolhão
dois abismos, dos quaes um é inevitável . é vem a
ser, a apostazia, ou o cumulo da perversidade.
Por«pianto, ou o Padre continua á dar credito á Religião, e então os princi pios da Moral Cristã o fazem
reo, e reo de nefandos sacrilégios todas as vezes, «pie
eizercita o seu Ministério manxado de um tal crime.
A vergonha, ou o intere.se. no principio; vence os remorsos; pouco a pouco o abito se contrac; cem
breve a transgresão de tantas, sagradas leis o abilita
para tragar toda a sorte de crimes, e é quando tem
iugar o adagio—A um perdido tudo fas conta.—Ou o
Padre não pode rezistir aos remorsos ; e então lansa
mão do Deismo, onde a seu arbítrio organiza uma
Religião a seu gosto : ou para maior desgrasa sua, e
da sociedade, adota o tenebroso, e mirrado sistema
do Materialismo. ou Ateismo; e com a mascara da
ipocrizia continua a perceber os cômodos, e vantagens, que lhe oferece o Sagrado Ministério. Apelo
para a experiência. Deponhão os Observadores imparciaes.
O Clérigo cazador, negociante, ou jogador: o Cierigo negligente, ambicioso, ou avarento : o Clérigo
murmurador, soberbo, ou uzurario, encontra mil preteiztos, que diminuão a culpa aos olhos da sua conciência ; ele se pode iludir; e na suposta boa fé eizercer ainda com proveito dos fieis o seu Ministério.
Outro tanto não acontece ao Clérigo incontinente.
A Moral Cristã lhe ensina, que neste gênero de
pecado não á parvidade : tudo é grande, tudo é
mortal. A fraqueza, e a paixão podem dobrar sua
vontade; mas não podem seduzir sua razão, em(pianto não renunciar os princípios Religiòzos, que
profesa. Por iso a incohtinencia estende, e propaga
o vicio, a todas as asões do Padre; as quaes lição
necessariamente envenenadas, como nacidás d'um
agente criminozo; pois tal é a doutrina Crislà. Lis a
catiza porque será íarisimo encontrar um Padre incontinente, (pie não seja perverso. Eis a cauza, porque o Clero Grego, e Protestante é tão gabado pela
maior parte dos Istoriadores imparciaes; quando
Junho, 1879.
comparao a sua moralidade com a dos Padres Catolicos em geral. (74S)
A imoralidade do Padre injlue tí uma maneira
parti, cular na imoralidade publica.
Certos de «pie o Celibato é a origem, e causa
principal da imoralidade do Clero, convém ainda
observar, como esta imoralidade inllue «ruma maneira particular na imoralidade publica.
A Religião consta de duas partes, especulativa, e
pratica : a primeira é relativa ao Dogma, objecto de
crénsa : a segunda dis respeito á doutrina, objecto
da Moral. Ora, sendo a Moral publica ligada com a
religião, ou parte esencial dela: sendo os Padres
os seus Mestres; encarregados pelo sagrado do seu
Ministério da reforma dos costumes, è para iso recebendo quazi todos ordenado, ou elementos públicos;
porque razão não aparecem os rezultados, tpie erão
de esperar? E' por que sua conducta está em contradisào com suas opiniões; seus eizemplos não se
conformão com seus conselhos; e siuis palavras são
destituídas de unsão, e de vida; é porque o seu Ministerio é preenxido d'tima maneira futil, e aparente : porque suas vistas, e suas intensões não estão
de acordo com os fins da Instituisão. O Pároco batiza, prega e confesa; mas como desempenha ele tão
importantes ofícios ? uma eisterioridade van, muitas
vezes ate despida de decência, é o «pie se oferece
pela maior parte aos olhos do serio Observador. E
porque isto acontece? Porque sua conciencia conderia todos os seus actos; e os condena, porquê
um vicio radical os envenena, a incontinencia. Eis
como o Ministério sagrado não só se torna inútil,
como demais a mais o Padre dezacreditando, com a
sua conducta, 011 pelo menos fazendo suspeitosa a
Moral, que ensina, multiplica o numero dos perversos.
Uma objecsitb, fraca sim, mas mil vezes repetida,
se costuma opor a todos estes argumentos; e vem a
ser—Ia. que não é a incontinencia, (pie torna o Cierigo viciozo; 2a. «pie se bastante razão fose a transgrésúo d'lima lei para ser ela revogada, nenhuma lei
ainda a mais •justa devia ser conservada, porque não
Objecsões miseráveis,
deixa de ser transgredida.
1". porque não obstante (pie muitos sejão os vícios a
tpie estão sugeitos os Ecleziasticos, temos com tudo
nionstrado, que a incontinencia é dentre eles o mais
próprio; e d'nnia tendência necesaria á desmoralizar
2°, Porque é uma verdade ino Clero, e o povo.
contestável, que toda a lei umana, que longe de condÜzir o Ornem ao fim pertendido, pelo contrario mais
o afasta dele, é por iso mesmo injusta, e indigna de
continuar em vigor; o que dando-se na lei do Celibato, e outras semelhantes, não acontece com aqueIas leis necesarias, que não tem outro fim, «pie eizeIndependente de legislação
cusão da lei natural.
alguma, será sempre proibido o roubo, o asasino, a
calunia, a traisão, &c. e por iso o Legislador jamais
deve césar de impor pena á taes delictos. São sempre um mal; não á cazo, em que posão ser concediNão sucede outro tanto com a incontinencia;
dos.
ela é somente má, por que a lei a proibc; ç desde
que esta lei, bem longe de conduzir os Padres á perfeisao, pelo contrario os leva pela maior parte á perdisão, é de prudência; é de justisa, que o Legislador
a revogue.
Concordamos em que o Padre pode ser um perverso: pode pizar as leis as mais sagradas; pois é
ornem: «pie ainda cazado pode ser um adúltero, um
deboxado; mas nese cazo seja corrigido com toda a
severidade das leis; ou incorrigivel seja demittido de
Mas se o seu mal, a origem
tão elevado Ministério.
da sua desgrasa é a incontinencia, então o único remédio é o cazamento: não he infalível, mas é o unico. (79)
Suponhamos porem, que a lei do Celibato é justa,
e incapas de ocazionar a imoralidade; ainda assim é
inútil; e eis o que nos propomos demonstrar.
A lei do Celibato ê inútil.
Xão sendo em geral pesoa alguma obrigada a cazar-se; sendo alias o Celibato um estado menos pensionado a todos os respeitos, vemos em toda a parte
e em todos os tempos grande -numeio de Celibatarios; e nos diversos sexos, principalmente entre os
Católicos, muitos vivendo castamente independente
de lei, que a iso os obrigue. O calculo das vantagens na ordem temporal para uns, e na ordem espiritual pars outros, é a busola, que a todos guia no
abrasar este estado; e por iso mesmo que não são
proibidos de contrair matrimônio, nele se conservão,
mw que novos cálculos de felicidade temporal ou
(78) S. Pedro D.imião descrevendo a vida liceueiosa dos Padres; pagando pelo Bispado de Torim, refere, que axou os
Eclez. daquele lugar muito ouestos, e bem instruídos— satii honesli, e decentur inslructi—moB sabendo, que erão casados, por
permisão de Couiberto seu Bispo, dis o mesmo Santo, que imechatamente a lus se lhe tornou em trevas, e a alegria em tristeza. Tanta forsa tem o prejuízo; mas a verdade aparece a quem
a quer ver. Disert. 2*. Opus. 18.
(79) Na Ep. 1. aos Cor. cap. 7. v. 2. dis—Mas pura evitar a
fornicação cada um tenlia a sua mulher, e cada uma tenha seu marido. Pereira.
0 NOVO
MUNDO—PERIÓDICO BRAZILEIRO
139
¦-,,,•
espiritual lhes aconselhem p contrario; e todos sabem a dificuldade de contcntarse o ornem com um
estado, qüe lhe parece contrario á sua natureza,
desde tpie pasá a ser forsado.
Ora, se isto é assim, qual a vantagem da lei do
^
Celibato?
Nenhuma.
Sáo continentes pela lei os
que o serião sem ela; ou para dizer melhor, o numero
dos continentes seria maior na auzencia da lei. E se
at azo é crivei, que á algum continente em virtude
da lei, que o não seria sem ela; pode tãobem afirmarie, (pie esc ornem, (pie tem de lutar freqüentemente com sua natureza, que tem de lansar mão
de todos os recursos necesarios para domar suas
inclinasões; (porque na ipoteze ele se inclina ao cazamento) perde sem duvida os melhores momentos
da sua vida em um combate, cuja victoria é nenliuma; momentos, (pie devião aliás ser empregados no
dezempenho de deveres importantes, que a natureza,
e a Religião lhe prescreve; pois (pie o mérito da
continência não está só na privasão dos prazeres,
mas na dispozisáo apropriada, que por ela se adquire
para fins de mais alta importância, como nos ensina
S. Paulo. So)
Não devendo o Legislador prender, nem coartar
inutilmente a liberdade dos subditos, é evidente (pie
a lei do Celibato deve ser abolida, por iso mesmo
que dela nenhum bem rezulta.
// abolisão do Celibato e o voto dos Omens prudentes.
A necesidade da abolisão da lei do Celibato forsado tem sido prevista por muitos espíritos illustrados,
ardentemente dezejada pelos Omens de bem, que
não olhão com indiferensa pam. as desgrasas dos seus
semelhantes: e pedida com instância por Monarcas,
que ignorantes dos seus direitos, ou escravos da superstisáo de seu século, tiverão recurso a Auctoridade, tpie estava então na pose de pôr, e tirar impedimentos do Matrimônio a seu arbítrio.
O Imperador Sigismundo suplica no Concilio geral de Constansa a abolisão do Celibato.
Nos Concilios de Piza, e de Bazilea fizerão-se iguaès instancias; mas razões políticas as inutilizarão. (Si
No Concilio de Trento foi quasi unanime o acordo
dos Príncipes Católicos em requerer a abolisão do
Celibato. O Duque de Baviera desprende nesa ocaziáo uma inergia admirável na deinonstrasão da sua
necesidade, eispondo as razões políticas, e moraes,
em que esta se fundava.
Alem de outras, ele dis—
Padres
entre
apenas
averia um, que não fose
jo
que
notoriamente coneubinado: que não erão somente os Padres que requerido a abolisão do Celibato, mas tãobem os
leigos, e Padroeiros das Igrejas, j/ue não querião mais
dar Benefieios, senão a Omens Cazados: que era melhor
abrogar a lei do Celibato, que abrir o porta d um Celibato impuro; e que era um absurdo recuzar a entrada
de Omens cazados na C/ericalura, e tolerar Clérigos
concubinados: que em fun, se se quAria absolutamente
obrigar os Padres d Castidade: se ordena sem só os Ve'Tal
foi mais ou menos a lingòagem
llios.— Sj)
d-outroã Príncipes Católicos.
O Cardeal Zaburelà no Concilio de Constansa. O
Bispo de Sàlábürgo, e outros em seus,-Sinodos; o
Cardeal de Lorena no de Trento, bem (/orno o Àr.éebispo de Granada, cujo discurso se dis estar ainda
conservado na Livraria da Companhia de Jezus daquela Cidade, fizerão grandes esforsos pela abolisão
do Celibato; e o Arcebispo de Praga, e o Bispo das
5 Igrejas ate sequizerão oporá votasão; mas forãò
dezatendidos. 83
Pio 2". quando era Eneas Silvio olhava a proibisão
do Cazamento dos Padres como origem fecunda da
condenasão de maior numero, «pie alias de salvaria
pelo uzo de um legitimo Matrimônio. 84)
Polidoro Virgílio asegurava—que não avia Instituisão, que mais tivese dezacreditado a Ordem Ecleziastica; «pie tivese cauzado mais males á Religião,
e mais dor aos Omens de bem &c. (85)
(80) 1 aos Cor. Cap. 7. v. 152 - (lue.ro pois que vivaes sem inquietàção. 0 que está sem mulher eslá cuidadozo das coizas, que
são do Senhor, de agradar a Deos.—Pereira.
(81) Lanfaui. Ist. do Cone. de Base.
(82) Fleuri Ist. Eclez.—neste Século.
(83) Fleuri—Hernaudo do Ávila— Curayer—Vargas, o outros.
— Apezar de que os Padres do Concilio bem couheeiào, quo o
Celibato era objeto de dicipliua, e quo a podião dispensar, como
dizia Pio 4''. na conferência com Atnulio Embaixador de Veueza; comttido julgarão mais prudente não tratar desta matéria
no tempo, em que os Eroges reuunciavão á continência por
julgada indigna de Deos, e oposta á natureza; o que nós não
avansiamos, quando a cousidemtnos voluntária. A eisperieucia
porém tem mostrado quanto mais prudente seria feixar ti boca
aos Eregcs, e Libertinos, concedeudo desde logo aos Padres o
único remédio ti incontinencia, e providenciar a felicidade dos
mesmos por, úa maneira natural, solida, e dociziva. E' provavel, que um Concilio geral em o Século 19 pousase bom difereutemente, longe da rivalidade «jue iuspirío as contestasõas, e
tendo diante dos olhos o «piadro permanente das fraquezas dos
Padres.
(81) Anual. 10. L. 11.
(85) D-.trer. iuveut. L. 59. c. -i9. Sei quo muitos são os defensores do Celibato. Vemos entre outros um Goti, encarregado
de eizaltar a antigüidade, e eicelencia do Celibato, bem como o
dominio Universal dos Papas; mas em ultima analize, eles nada
mais provão, do que a eicelencia da continência, o a antiguidade da lei do Celibato; o que ninguém lhes disputa; mas eles se
acautelão em não dizer palavra sobre os bens, e males, que tem
Demonstrada a necesidade da abolisão do Celibato, ou do impedimento da Ordem, para tpie o Padre
posa legitimamente cazar, resta ainda satisfazer as
consciências timoratas das pesoas,
que sem reflecionar, e somente apoiadas no prejuízo, 011 falsa doutrina dos que se aproveitão da sua credulidade
para
lhes incutir terror, e prevenilas asim contra a verdatle, julgáo que o Celibato dos Padres é tuna ordem
do Ceo, que nenhum Poder umano tem direito de
revogar.
Eu demonstrarei pois pela Istoria da Igreja, e
pela
autoridade de Varjes respeitáveis: que o Celibato
dos Padres não é de Instituisão Divina, e nem mesmo Apostólica: (pie tem origem nos princípios do 40.
século: que esta Dicipliua não se fes geral na Igreja
do Ocidente senão depois do 12". século: e que a
Igreja do Oriente" ate oje conserva os seus Padres
cazados, sem que jamis a Igreja Latina se atrevese
a censurarlhe esta pratica; antes pelo contrario a tem
autorizado, e até permitido aos que se tem encorporado á ela modernamente.
O Celibato dos Padres não e de Instituisão Divina.
Lancemos os olhos para o Evangelho: não vemos
uma só palavra, da (piai se colija, já não digo claramente, porem ainda com o mais forsado torcimento,
(pie I. C. éizigire, é nem mesmo recomendase aos
Padres o celibato. O único teisto, donde se (píer a
martelo eistrair esta doutrina, é este.—Se alguém vem
a mim, e não aborrece a seu pai, e mãi, e mulher, e filhos
e irmãos, e irmãs, e ainda a sua mesma vida não pode
ser meu Dicipulo.—(S6) Mas é tão absurda a perterisão de descubrir nesta máxima e outras semelhantes
o preceito do Celibato; quando seria pertender, que
o Divino Mestre eizige abandonar, ou aborrecer pai,
mãi, filhos &c. para poder ser seu Dicipulo. Não
devo cansar o Leitor em refutar semelhante despropozito. Todo o Cristão sabe quanto é obrigado a
respeitar, e amar a seu pai, e mãi; e que entretanto
o mesmo Deos determina que pela mulher sejão eles
deixados; e «pie J. C. com aquelas palavras nada
mais quis ensinar, do que a necesidade de estarmos
resolvidos a deixar as coisas ainda as mais caras,
quando elas forem obstáculo á salvasão. Nem é só
o Cristão, «pie deve prpfesar estes princípios; o bom
Cidadão não deve pôr em duvida o abandono destas
pesoas, e até da própria vida, quando a pátria eizija
um tal sacrifício.
Isto é clarisimo: o contrario é 11111
absurdo, e até uma impiedade, e é a maior prova da
sem razão o ter recurso a semelhantes leistos.
.Mil vezes fala o Evangelho em Virgens; mas uma
só não aconselha a virgindade e. quando dis—que
muitos se caslrão por amor do Reino dos Ceos,—é evidente? «pie J, C, respondendo aos Discípulos, que
julgavão dura a condisão do Ornem cazado, que se
separa da mulher adultera, mas sem poder contrair
novo Matrimônio; não teve por fim mais, do que
mostrar, «pie muitas são as circunstancias; em que
o Ornem se vê na necesidade de se castrar voluntariameiV.e para poder alcansar o Ceo. Mas deixemos
A Igreja tem decidido, fundandose
este objecto.
nadóutrinà de S. Paulo, e na pratica dos primeiros
Cristãos, que o Celibato é um estado mais perfeito,
e por iso preferível ao Matrimônio, por ser mais proprio, para nele o Ornem se aplicar aos negócios do
Ceo.
Mas porque o Celibato é um estado mais perfeito,
deve por iso ser necesario e indispensável ao Padre?
Não é a pobreza uma perfeisão mui claramente dezignada no Evangelho, e acazo já se fes dela um
preceito ao Padre? Qual será pois a razão porque
se deixa esta á seu arbítrio, e se fas doutra um preceito? O certo é, (pie nem uma, nem outra foi por
J. C. determinada aos Padres.
O Celibato dos Padres não ê de Instituisão Apostólica.
S. Paulo, único dos Apóstolos, que trata exprofesso
das qualidades que devem ter os Diaconos, e-Presbiteros, ou Bispos, dis—Importa, que o Bispo seja irrepPeinsivel'; espozo (fuma só mulher, sóbrio, prudente,
concertado, modesto, amador da ospitalidade capas de ensinar.—(87) E quando recomenda a Timóteo, que
a ninguém ponha ligeiramente as mãos, para não sefazer participante dos pecados de outrem; conclue dizendo
—Conservate a/i mesmo
puro.—Tal é a fiel tradusão
do noso Pereira, tpie não pode ser suspeito, por iso
mesmo que ele é um dos defensores do Celibato.
Nem outra podia ser a inteligência do Casto, e contiuenle, que traz o teisto latino; porquanto querendo
S. Paulo (jue os Bispos e Diaconos fosem maridos
d'uma-só mulher (88), claro está, que a continência,
constantemente rezultado d'uma lei, qne tem estado sempre em
déziizo por impraticável. Eis o noso trabalho. Mostraremos
a verdadeira crigom do Celibato, o suas conseqüências: o nunca
negaremos que aquele, a quem é dado o dom da continência,
seja mais felis, do que o Ornem cazado. S. Paulo o ensina, e a
eisperiencia o comprova; e tanto basta.
(8G) S. Lucas cap. 14. v. 2G.—Pereira.
(87) Ep. 1. a Timot. cap. 3. v. 2.—Pereira.
(88) Sabese, que entre os Judeos era permitida a poligamia,
e que entre os Romanos se toleravão as Concubinas, como mulhere3 de 2a. ordem; e que entre uns, e outros era permitido o
repudio, cazandose com outras, ainda em vida das repudiadas;
I
I
Bk_ ¦••
^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^Bt^^^^^^BL -^^^^^T-T^^^r^-^
.^B
r^^J
HW
--~viris.Jfcflk
Í£^aBSseIq
-
¦¦"iitii'¦(gtt|--.:.--
i al"<te^^£Í£lÉIÍCÍaatta»lHHlaf.EaBZ
i.^C^a!
3S«B
IsS^M
¦rrrr
.ZuB
é»hb.H
^jwets—
*T*
_~~7í.tt ^*
1
•
A
'^
ÜInPÍ
Filrallll
lBJHaJlll*aaaaaCÍa»3laÍW_lTCTtil l~r"S^C^
.iaEtjJ^B
arlá?^
^A^iltl.iS
Ba
^mrm^BÊÍmU^^m^r^^mm
BüHnl
^^M^H
Bt^Ss?3
I
b
s
IV
i^^l
G
VISTA DE ANGRA DO HEROÍSMO NA ILHA TERCEIRA, NOS AÇORES,
oo
I
Junho, 1S79.
0 NOVO MUNDO—PERIÓDICO BRAZILEIRO.
141
O NOVO MUNDO—PERIÓDICO
I.|_t
•e castidadc cizigid.-i é aquela,
que se dá entre os Cazados; pois . indubitavel, que entre estes dAose mil
impurezas reprovadas pela razão, e muitos eiceSOS
justamente conde 11 a d os.
S. Paulo na Ep. 1. aos Cor. nos ensina ..ver incontinem ia no mesmo Matrimônio, S. Clemente de
Alexandria declara o que nos Cazados se xam.i con*> tineiuia. .Siy)
Pafnucio dis iiiui claramente, que o acto conjugai
-é cast idade. 90
S. Agostinho, S. Ambrozio, .S. João Crizostomo, e
outros provão, como dasecastidade entre os mesmos
Cazados; e tal h_ é a lingoagem da Igreja. 91 E
tanto assim entendeu a antigüidade Cristã, que em
inumeráveis Cânones, em que se proibe o matrimoj.tíniú aos Padres, fazendose ménsilo de outras razões,
nunca se les do preceito de S. Paulo; o qué certamente não escaparia aos legisladores, que tanto inieresse mo-.trav.lo em inculcar o Celibato aos Padres,
até como de tradisílo Apostólica. (92
Demonstrado, que nem J. C, nem os Apóstolos
determinarão o Celibato aos Padres, e que nem se
quer lhes aconselharão privativamente; i.93) resta
mostrar a origem,'e progreso do mesmo Celibato.
Isloria do Celibato.
Escasos são os documentos a este respeito té os
fins do 3". século, mas o que devemos comtudo afirmar é, que não nos poupando á trabalho algum para
os descubrir, somente os encontramos a favor da
liberdade, que então avia, dos Padres cazarense, ou
viverem maritalmente com suas mulheres; e não deseu b rim os um só em contrario.
Si Inácio, dicipulo dos Apóstolos repreende e ate
ameasa de conde/iasõo aquele, que por profesar castidade
se julgar maior que o Bispo: 94) desta passagem se
inlere naturalmente, que uma tal pre-zunsão da parte
do Celibatario não podia ser fundada, senão em que
profesando fim estado perfeito, se julgava por isso
superior ainda ao Bispo, que tinha uma vida ordinaria; isto é, a de Cazado.
S. Clemente de Alexandria, este Padre que ainda
alcansou os dicipulos dos Apóstolos, este Ornem celebre por sua erudição sagrada, e profana, escolhido
para presidir a mais respeitável escola da Religião,
que então eizistia, é terminanté nesta matéria; e tanto
mais digno de ser acreditado, quando e.x professo
dele trata.
Blè teve de combater a dois adversários;
uns, que detestaváo o Matrimônio, outros, queador taváo, como licito, todo o
gênero de deboxes.
últimos, que pretendiâo
combate
a
estes
Quando
autorizàrse d-uma eispresão mal entendida de S. Nicoláo, um dos 7 Diacònos do tempo dos Apóstolos;
ele asegura, que Nieotdo nunca usara de outra mulher,
eieeto da própria, com quem casara.—Eis a prova do
uzo do Matrimônio, e por quem ? Por S. Nicoláo.
Quando combate os inimigos do Matrimônio, que
alegavão em sco favor o eizémplo de J. C, que se não
cazara; ele responde,— que o Salvador não tinha necesidade de adjutorio; e que nem o seu destino era ter fio . neste sentido qne S. Paulo eizigo qne o Padre soja marido
(1'iiiua só mulher. Ásim o entendeu Teodoret. in. Ep. 1. ad
Tini. Frnne. Roce. lnst. L. :). Tit lfi Ac—Os Gregos persuademso porem, ipio S. Paulo oisolao os higamos em razão da
incoatlnencia, ipie mnnifestão por cauza da repetisfto do cazamonto; e os Latinos por qne já nilo podem reprez.ntur o Simbolo de •). 0. com a Igreja suu nnica espòza.
(80) Euni, qui uxorem ducit, pro liberorum proeroatione, exerecre oportol conttuouliam, at no suam quinem cououpiscat
uxorem, (piam dehet diligerc. lionc.tute, et moderato vohuitate
operam daus liberis Ac. Str. :t'.
(í)0) Opugressum viri oum axore legitime castitatem esse adsoreus ("ve. Selvogio Lib. 1'-'. Tit. de Pufn.
(.1)1) Ilomil. 26 tn .Muth. sicut crudelis, et iníquos est, qui
.astuta iliuiitit uxorem Ac. Li., de bom conj ifcc.
(.2. F.tu 1071 mini Concilio do Uorna por Gregorio 7'. no
Can. 1"», d. 10 <• a primeira ves, segunda a minha lombràhsa,
ipiu no perteinleu entender 0 S. 1'uulo no sentido, ém que oje os
l)ef «nsoros do Otílibato o querem entender; e se eicetuormos a
S. -fer. não sei que mala S. Padre se serrisedá quela»Bp. paru
provar o preceito do Celibato. Mus o rigor deste Podre quo até
quis aplicar á qnestilo o dito do 8. Podro—Xás deixamos tudo por
vós .Vc. o que •*>(' refere claramente aos bens, e não ás mulheres;
pois é do QUO tratava .1. C.: 0 o Século undecinio, om quo teve
lugar este Concilio, e prezidido por tlreg. 7 . nos dispensão de
ultenor refleeilo,
(98) Eis como so eisplicào os mesmos Autore , Defensores do
Celibato, quando eutenaeiii da matéria. Perpetua lex oontinon.
li tu neo a Õhristó, uec ab Apostolis, Bacris Ministris imposita
fuit. Natal, Alex Prop. li". Diss. ad 1 sec.
Qiiainqnaiii primis seculis ClericiH coutinentiic lex iudicta
non fuerft, consuetudine tamen moribusque jam obtinebat Ac.
8ilv. Antig. Clir.
. ...Nullo autetu juro biviuo, neo natunili, uec positivo eam
Cldriois pricooptam esse sutis cortam est. Higer.Tpm. 3' Tit. 3'
Pouco importo, quo algum S. Padre, ou particular Concilio:
*¥. g. o 3' de Cartago, dô a entender,
que o celibato vem de tmdisÜO Apostólica: sabem os que.tein lisão du Istoria da Igreja
ser este o costumo ordinário dos Antigos, o muito mais dos modernos Escriptores, que julgão Sagrado, o Divino tudo quanto
aXilO estabelecido antes deles. Assim xauiavão preceito Divino
os impedimentos do matrimônio constantes do Lovitlco: asiui o
13 Cone. geral de Latram xoiuoii o dizimo de preceito Divino
Ac. __. Em (im asini se xamilo os Cânones Sagrados—apezar
do coisas não só profanas, como barbaras, e injustos què neles
se contem: bosta ver o que neles se determina contra os mizeraveis Judeus, o Erejes paru orrorizar. Devemos por Uuito dar
Btensao ú_ coisas, o não aos nomes, que se lhes quer dar.
(1)4) Stqoi. poteet in eastitate manero ad honorom carnis Doiniiii__, iu buuiilitato maueat.... Bi gloriatur, periit. Etsi se
luaioreui Episcopo couset., iuteriot. Ad. Poly. Nv 5.
BRAZILEIRO,
/lios pois que Ele era Espozo da Igreja.
Ataca seus
ádversahOS com o eizémplo de S. Pedro, e S. Felipe.
que tivçffto íilhos. Ora, nào pode atribuirse a S.
Clemente a inépcia, e absurdo de querer convencer
os Ereges com o facto destes Omens quando pagílo**;
ou simples Judeos; logo é necessário supor, que S.
Clemente sabia, que estes Apóstolos ainda depois
de xamados ao Apostolado tiverão filhos; o que nem
é posivel, quando pelo mesmo Evangelho se sabe,
qüe muitas vezes deixarão os discípulos de estar na
companhia do Divino Mestre, e que nesse tempo é
natural estivessem na de suas famílias. 95)
0 mesmo Sinto pertende confundir os Ereges com
a doutrina de S. Paulo, que admite até para o Episcopado o cazàdo, cpm tanto que uze do matrimônio de
um modo irrepreensível; ajuntando ainda mais—que
ele se salvaria pela proereação dos filhos—Eu rogo ao
Leitor _»e digne l_r toda Estruma 3' deste Santo que
necesariamente ficará convencido; que até entfio não
só não havia proibisão dos Padres cazaremse; como
avia pelo contrario plena liberdade de o fazer, como
mui claramente asevera o mesmo Santo. 96)
Notese mais, que este Santo no seu Pedagogo e
Verdadeiro Gnostieo propõem as máximas da virtude
a mais apurada; e que té oje é a fonte da moral a
mais perfeita que se conhece reduzida a compêndio;
e por iso nã_ pode ser suspeito de relaxasão.
Tertuliano este ornem eicesivo, que até xegou a
condenar as primeiras nupsias, descubrindo nelas a
matéria da ibmicasão; e que se atreveu a censurar
S. Pa'ulo por permitir as segundas; ainda assim já
mais se servio do grande argumento da proibisão dos
Padres cazaremse; o que era imposivel lhe não lembrarse para prova do seu paradoxo, se tal pratica pelo
menos eizistisé; entretanto que quando ele eizorta á
continência lembra que muitos eisemplos avião dela entre
os Eclesiásticos. 97)
Qrigenes, este Padre que levou a tal eiceso o amor
da continência, que fizicamente se castrou, apenas
fazendo o paralelo entre os sacrifícios da antiga, e
nova lei, opina,—que se naquela os Sacerdotes devido
abster se do uzo do matrimônio, quando ti nhão de saeri/icar, que nesta igualmente só podia oferecer seguidamente
sacrijicios, o que se de dica se perpetua mente d castidade—
digo. que era isto uma opinião sua—videtur mil/i—por
quanto ela confesa,—que não sabia eisplicar a razão,
porque admiti//do a Igreja para Bispo o cazado com uma
sô mulher apezar dê talvez em todu a sua vida nunca se
ter cizercitado na castidade e continência, recusava faselo ao biga/no; quando alias este podia ser casto, e eontinente.
Eis o uso de seu tempo. 98)
Desde o principio do Cristianismo se teve em
'
grande estima a continência; e grande foi o numero
Atenagoras, S. Justino, Minuciò
dos Celibatarios.
Felis, e outros o dizem claramerrite.
Os Padres escolhidos d'entre os pais de familia, como récomendava S. Paulo; anciãos, como indica o nome de Presbiteros, davão o edificante ei/.c.v.plo de toda a sorte
de virtudes. Quando porém um Celibatario por motivo de pèrfeisãò entrava para o Ministério Ecleziastico, nada mais natural do que olharse com uma especie de surpreza o sèü cazamentò, tal como ainda
oje acontece entre nós a respeito dà donzela, que se
retira diiín recolhimento para cazar-se;oü d'uni relitanto nenhum desgioso serio,que se seculariza; entre"decerii
tes comete~u"m crime: mas como
de perfeisão
ordinário,
não
estado
o
deixar
de produpode
para
/.ir novidade, e até para muitos estranheza.
Eis o
é
dado
conjeéturar,
acontecer
que principiava
que
nos fins do 3." século.
O primeiro facto que refere a Istoria relativo á lei
do Celibato é o de Pinito Bispo de Cnosa, que em
171 se lembrou de a impor; porém S. Djoriizió Bispo
de Corinto. este Prelado tão sábio, como zelozo, que
vigiava sobre as Dioce/es vizinhas,lhe escreve eizortando, q//e não imfuzese o jugo pesado da continência a
seus irmãos; e que tivese a tensão d j raqueza do com 1111/
dos Ome/is. 99
E em 300 pela primeira vez, (pie aparece um Conciliò proibindo o uzo do matrimônio aos Padres cazados. 100
Em 315 o ('one1. de iSVocczarea no Can. i.° deter(95) Str. :. K^o uutem áudio Nicolaum quideni uuuquam
alift, quáin t-11. qute ei nupserat, uxore usum esse.
Ibid. An eliiini reprobaut Apóstolos? Petrus ouim, et Philipus filios procrenrunt. E quando fala de S. Paulo, dis—Et
1'aulus quidem certo nou verètur iu quadam Epístola suam
apellare conjugein, quam (N. B.) non circumferebat, quod non
magno ei esset opus ministério, .te. Sei, que alguns Padres do
¦1" Século duvidão do cosam eu to de S. Paulo; mas não soi a
quem so deve acreditar, se a S. Clemente dicipulo dos dicipulos
dos Apóstolos combatendo adversários, quo lhe podião negar
este facto; se uos que dai a 200 anosquizerâo pôr em duvida um
facto, SÓ porque ele uão favorecia as suas opiniões.
(9G. lindem. Quin ei uuiiis uxoris viruin utique admitit
(Apostolus) seu sit Prosbyter, sou Diaconus, seu laicus, uteus
matrimônio citru repiebenslonem. Servubitur uutem per tiliorum proercationem.
Ibidem. Sed uuusquisque uostruin habet, si velit protestatem ducendi legitimam uxorem, iu primis, inqnam, nuptiis.
(',17) Lib. de Exort. Cust. cap. õ— e 13 Quanti et quantic iu
Ecclesiasticis Ordiuibus de coutiuentia consentiu, ciui Deo nubere maluerunL t.e.
iinpeditur &c.
(08) Kom. 21 iu Num. Certuui est, quia
'23.
(98) Euseb. Ist. Eclez. Lib. 1 cap.
(100) Cone. de Elvira C. 33 Placuit in totum &c.
Junho,
i H79.
mina a depozisâo do Padre que caza, e no Can. 8."
manda suspender ò que coabitar com a própria 11111lher, se esta for adultera.
'Em
319 ó Concilio de Ahcira no Can; 9.0.oncede
ainda aos Diacònos o cazaremse depois de Ordenados
se no acto dà Ordenasão o protestarem assim querer.
Em 325 celebrase o 1." Concilio geral em Nicea: á
nele (piem se lembre de impor aos Clérigos a lei da
continência; mas as reflexões de Pafnucio são ateudidas.
Este Santo Prelado entre outras coisas dis—
que bastava, que o Concilio se contentase com o antigo
costume de não cazaremse os Padres que se avião
ordenado solteiros. (1) O resultado foi o Concilio
deixar as coizas como estavfio; isto é, ao arbítrio de
cada um.
Os Escritores deste século apezar de serem arraslados pelo espirito dele, confesáo com tudo, ou que
ainda não havia lei da continência, 011 que pelo menos ela não era geral na Igreja .
S. Atanazio na sua Carta o Draconcio refere que
avião muitos Bispos solteiros e muitos Monges que tinhão
filhos .-donde concluía; que em qualquer estado se podião
fazer as abstineucias, que se quisesse: Isto prova liberdade e não lei.
S. Bazilio no fim do mesmo século Can. 19 falando
de continência profesa, dis, que ainda não estava em
uzo, eieeto entre os Monges, que paredão tacitamente
avela abrasado.
Eusebio dii, que-o Evangelho não proibe o matrimonio; e que S. Paulo .; que desejava somente era, que o
Bispo não tivese sido cazado mais d'uma vez a eizémplo
de Noc e-Y., e acrescenta; que todavia convém; que os
que são elevados ao Sacordocio, se abstenhão do comercio
com suas mulheres: mas isto é uma opinião sua—decet
—ele não se refere á lei alguma.
(2)
Sócrates con tempo raneo de muitos Padres (pie
asistirão ao Concilio de Nicea, refere,. (pie no seu
tempo ainda não avia lei geral do Celibato, posto que
o uzo, mais freqüente era o da continência, porém
por mero arbítrio; apontando muitos lugares, em que
os Bispos ainda tinhão filhos. (3)
O mesm^ S. Jeronimo, que levado da austeridade
monastica de seus costumes, e do rigor de suas ideas
a este respeito ao ponto, que se vio na nècestdaae
¦ de defenderse da imputasão de aver condenado o
Matrimônio, com tudo, combatendo a Vigilancio,
que negava o mérito da continência, apenas aponta
o eizémplo, ou o costume das Igrejas de Aritioquià,
do Egipto, e de Roma: as quaes escolhião para Cierigos os solteiros 011 cagados, que deixavão de ser
maridos: o que prova, que as mais Igrejas tinhão
uma diciplina diferente. (4)
O Concilio de Cartago em 348 bem longe de impor o preceito do Celibato, somente manda aos que não
querem casar e que escolhem a perfeisão da continência
q/te deixem de abitar com mulheres estranhas; como já
o avia determinado o Concilio geral de Nicea. (5)
S. Ambrozio apenas dis, que quando os cazados
erão admitidos ao Sagrado Ministério, se tinha espera 11sa,de que eles se absterião de suas mulheres; e íratandose
dos solteiros, ele confesa, que estes não erão obrigados
a se ordenarem taes. (6)
S. Cirilo ja avia dito antes, (pie os que quefião eu///firir dignamente, isto é de um modo mais perfeito! o
seu Ministério, vivião 1/0 Celibato. 7)
No que ainda hoje concordamos, sendo porém o
Celibato casto verdadeiro.
Parece que em alguns lugares se tinha comtudo
levado o eiceso da continência ao p irilo de abandoriar as propias mulheres, entendendo-se o Evangelho
ao pé da letra, ou materialmente, como ao depois se
fes, o que deu motivo ao Can. 6 dos Apóstolos, pelo
qual se proibe com eiseoinuiihão, e ate depozizão abandoi/ar a mulher porpreteisto de Religião; e ao Can. 51,
e na qual se manda depor o Clérigo que se abstiver do
matrimônio, não por espirito de mortijicasão, mas por
julga/o mau. (8)
(1) Clioasi—Ist. Eclez. no á'> século.
(2) Demonstr. Lib. 1. Cap. 9.
(3) Cuni iu Oriente cuneti, sua sponte, etiam Episcopi, ab
uxoribus abstineaut, nulla tamen legeaut necessitafe odètricti id
faciuut. Multi eniin illorum Episcopatus etiam sui tempore
liberas ex legitimo coujugio susceperunt. . . eadem cousuetudo
TbessalonicíL", et in Mucedonia atque Acbaia observatur. Lib.
5 Cap. 22. Ist. Eclez.
(4) Quid facicut Orientis Ecclesii.? (isto é o Patriarcado de
Antioquia, segundo Fleuri) quid Egipti, et Sedis Apostolic.u,
quie aut Virgines Clericos nccipiuut, aut continentes, aut si
uxores bubuerint, nlariti esse desistuut? Adv. Vig.
(5) Can. 3'' Qui uolunt nubere, et pudicitiii. meliorem eliguut
partem, liu; evitare debeut, Ac.
(ü) N011 quó exsortem excludat canjugis, non hoc supra legem
pracoepti est, sed ut conjuguli castímonia ferret ablutionis suae
gratiam.
(7) Catecb. 12.
(8) Mil torcinientoB se procura dar a estes Cânones para tirarlbes a forsa; mas comparese com as Constituis.es Apostólicas, e
o Concilio in Trullo; e se conhecerá, que nós lhe damos o verdadeiro sentido. Can. (5. Episcopus, aut. Presbiter uxorem propriam uequaquam sub obtentu religiouis abjiciat, etc.
Can. 51; Siquis Episc. Presb, aut D. aut oninino ex uumero Clericorum ú nuptiis, e carne &c. non propter exercitationes, sed propter detestatiouem abstinuerit; oblitus, quod
omnia valde sunt bona, e quod mosculum, et feminam Deus
fecit hoininem, sed blasphemans acusaverit creationem, vel corrigat se, vel deponatur.
JU.NHO,
1S71).
Concordando os críticos que tanto os Cânones
Apostólicos, como as Constituições Apostólicas,,são
o resumo da disciplina mais geral do 4., e
5. século
deve notarsea maneira, por que se axa cor.cebido.o
Can. 27. e Cap. 17 do Lib. 6, pelos quaes se conhece,
que a proibisâo do Cazamento dos Padres era uma
nova Lei, e não reiterasão de anterior. (9)
Nesta variedade de disciplina, n'uma parte cazando-se ôs Padres, iVoutia só permitindo-se o matrimonio aos Diaconos; n'outra só aos Leitores, e Cantores; n'umas prohibindo-se aos ja cazados o uzo
do matrimônio : n'outros pelo contrario punindose
os que abandonaváo as mulheres: por outra parte
crecendo q n.° das Virgens, e Monges, sendo maior
parte dos BispoS tirada da clase destes, ou pelo menos dos ipie profesaváo a vida Acetica, era cònséguinte, «pie os povos se fosem acostumando a olhar
com indiferensa para os Padres cazados, por terem
uma vida ordinária á vista dos leigos (pie profesavão
a perfeição da continência. F o contraste, (pie oferesiáo os Padres solteiros com a eisterioridade da perfeisão comparados com os (pie erão casados, ou se
cazavão necesariamènte, lhes devia acarretar uma
espécie de desprezo. 10) Fis com efeito o que aconteceu em alguns lugares, onde muitos não queriáo
asistir a Misa dos Padres «pie se cazavão : e até sustentavão, que as mulheres dos Padres não podiáo
Os que profesavão continência insulsalvarse. (11
tavão os ([tie se cazavão, Are. o (pie deu o«:asião ao
Celebre Concilio de Gangres em 3S0 anatematizalos;
e de/arar que com /so não reprovava a continência, mas
ti arrogância dos que por esa causa se elevarão contra
aqueles que adotarão um gênero de vida simples e ardim?
na ria. \i
A igreja Latina é a «pae mais tem insistido no
celibato dos Clérigos, mas nós ja tivemos ocaziào de
observar quanto foi desprezada esta Lei, e ate esquecidá na sua mesma origem (13 , nos lugares em que
ela foi decretada.
Fm 390 ainda um Concilio de Cartago estabelece
como de novo a lei da continência. (14)
O Concilio de Toledo em 400 congregado de toda
a Espanha ainda se não atreve a castigar os Clérigos,
(pie uzarem do matrimônio antes da proibisâo do anterior Concilio; e çontenta-se em determinar «pie não
sejão promovidos ás Ordens superiores.
A mesma determinação se encontra no Cone. de
Turim composto dos Bispos das Gaulias e da Itália.
Fm 402 uni Concilio em Roma no Can. 3." obriga
os Sacerdotes e Diaconos ao Celibato, não dando
outra razão mais do que serem estes obrigados a
oferecer e batizar, fundandose não eni leis anteriores,
mas no eizemplo dos Padres da antiga lei.
No de Telipta em 418 Can. 4." se ordena como
pela primeira vez o Celibato aos Bispos Sacerdotes,
e Diaconos, e até sem pena alguma.
No de Orange em 441 Can. 22 revogase o Cone.
de Ancira, obrigandose os Diaconos a votarem castidade na sua Ordenasão, e no Can. 4." se declara que
os Ordenados te ahi serião promovidos ás Ordens
superiores, não obstante o comercio ávido com suas
mulheres'.
No de Turs em 461 Can. 1. são eizortados os Padres á continência, para que melhor se áppliquém á
orasão &c., e mòderase o rigor dos Cânones, consentindo no uzo de suas Ordens os Padres, que coabitárém com suas mulheres, e somente proibindolhes a
promosão ás Ordens superiores.
No de Agda em 506 Can. 1. e seg. se manda somente suspender, sem depor os Padres «pie fosem
bigamos, ou cazados com viuvas.
(U) Can. 27 Iunuptis antem, qni ad Cleruni provecti shufc,
prieeipiiiius, nt, si voluerunt, uxores accipiant, sed Lectores,
Cántoresque tántumòdo.
Const. Ap. Lib. 6. cap. 17. In Hpisc. Preso. A Diac. coustitui priecipimus viròs unius matrinionii, sive vivant eoruni
uxores, sive obieriut : 11011 licere auteni illis post ordinationem,
si uxores non babent, niatriiiiouiuni eoutralicre; ant si uxores
habeunt, eum aliis copnlari, sed contentos esse ea, quam babentes, ad ordinationem venerunt.
(Kl) Tale o forsa doprejuizo, que ainda eutre nós grande
parle do povo ignorante'menos estrauba ver uni Padre notóriamente coucnbinado celebrando a Misa &c. do que estranharia
velo fazer um Padre cazado reconhecidamente virtuoso. Tanto
a esterioridade da perfeisilo impõem aos olhos do necio vulgo.
Mas iKJs devemos querer a verdade, e não a impostura.
(11) Cone. de Gangres. Can. -i.Siquis, de Presbitero, qui uxorem duxit, contendant, non oportere eo sacra celebrante, oblationi coniinunicare, sit anatlienm.
Can. V seg. Grat. Dist. HO. Can. 12.
No Can. Siquis eortim, qui suut virgines propter Domiuum,
insultet in eos qui uxores duxerunt; auatliema Bit.
0 S. Greg. Nauc. censura igualmente a delicadeza dos que
não querião ser batizados pelo Padre cazado, ou que não prolesava a continência. Baptizet me presbiter &c. Orat. <10.
S. João Crizost. na Ep. ad Tit. dis que o matrimônio é tão
Ònrozo que se pode ligar ás funsòes às mais ÀügüslÜS, e não impeite mesmo subir ao trono do Altar &c.
(12) Can.21. H;ec auteni scribimus non eos abscindeutes, qni
in Dei Eclesia volunt seciiudum scripturas in coiitiuentiii, et
pietate exerceri; sed eos, quLpretextuin exercitatiouis ad arrogantiaiu iissumiint adversus eos, qui shiiplicius vivuut se eflerentes, et prffitêr scripturas, Eclesiásticos (pie Cânones novitates
inducunt.
•
(13) V. Desd. Not. 58.
(14) Can. 2« Ab universis Episcopis dictum est: Omnibus
placet, ut Episcopi, Presbiteri, et Diaconi vel qui Sacramenta
oontractant, pudicitimcustodés, etiarnab uxoribusseabstineant
O NOVO
MUNDO—PERIÓDICO
BRAZILEIRO
No de Gerona em 517 Can. 6, e 7 manda se, que o
Bispo, Sacerd. Diac. e Subd. cazados virão separados
de suas mulheres, ou ten/ião em sua companhia um confrade para testemunha de sua continência. Contra o
determinado no Can. 6 dos Apóstolos.
Justiniano no principio do 6 século na Lei de Epis.
et Cler. proíbe o cazamento dos Padres; mas em 580,
com pouca diferensa, ainda S. Creg. Mag. por ocaziáo de Pelagio obrigar os Subdiaconos a separafemse
de suas mulheres dis, que.julgn duro sujeitalos á uma
lei, (pie eles não prometarlío gardar; e que só para
o futuro sejão obrigados a prometer castidadé quando se ordenarem.
S. Agostinho, Apóstolo de Inglaterra, tanto ignorava esta lei, ou axava impraticável, ipte consulta a
S. Gregorio se os Padres, que nilo pbdiao ser co/itinentes, ti nhão liberdade de casar: e continuaro Miaisferio Sagrado. (15;
Tal era a confusão, e variedade da disciplina á
este respeito té o 7" século. Cada Dioceze tem o seu
uzo : cada Concilio determina o que lhe parece;
mas o que se não deve perder de lembfansa são as
vexasões. e despotismos praticados para porse em
execução uma lei mais filha das ideas particulares
dos que a decretavão. do que da utilidade que dela
podia rezultar, como já observámos (16), bem como
da insuficiência de todos os meios empregados á esc
li m.
Celebrase o 6. Concilio geral, mas nele não se fazem Cânones disciplinares; entretanto a necèsidáde
reclamava dar uniformidade á disciplina, è firmar
vários pontos deles, taes. como o Celibato, ou a continencia dos Clérigos; «pie em muitos lugares estava
em contradisao. Onze annos depois, á instância da
maior parte dos bispos que asistiráo naquele Concilio, Justiniano convoca outro, que devia servir de
suplemento ao antecedente.
Reunemse portanto
mais de 200 Bispos no Paliéió do [mperadorsó com
o dezignip de reformar, e pôr em armonia a disciplina em toda a Igreja. Vemos então pela primeira
vez decretando um Concilio geral a lei de continéncia; mas como ? Fis o objecto das seguintes observações (17).
Dis o Concilio—"Como nos Cânones dos Apostolos senão axa permitido o cazamento senão aos Leitores, e Cantores, nós o defendemos daqui èmdiante
aos Suhditos Diaconos, e Presbiteros debaixo da pena
de depozisão; e todo aquelle, que quer viver «azado
fasaó antes de entrar nestas ires Ordens.
''
Nós sabemos, (pie na Igreja de Roma se proibe
aos Padres cazados o comercio com suas mulheres;
mas nós, seguindo a pèrfeisão do antigo Canon Apóstolico, quertímos, «pie os cazamentos dos Padres
subzistão, sem privalos da companhia de suas mulheres nos temp is convenientes. De sorte, que se algum
Ornem cazado for julgado digno do Sagrado Ministerio, não será dele eiscltiido por ser cazado; nem na
sua Ordenasão se fará prometer absterse de sua muIhé.r, para nãodezonrar o Matrimônio, (pie Deus tem
instituído, e abensoado com sua prezensa.
"Todo aquelle
pois, que com desprezo dos Canones Apostólicos, se atrever a privar o Sacerdote,
Diacono ou Subdiacono do comercio legitimo com
siia mulher, seja deposto.
"Aos «pie crem
dever elevarr-se acima do Canon
dos Apóstolos, que defende deixar sua mulher por
preteisto de Religião, e fazer mais do que lhes é
ordenado, sepárandosè de suas mulheres de comum
consenso; proibimos morar com elas,para nos mostrar
que sua promesa é efectiva &c," 18
Todos asentem ao Concilio; o Papa Sérgio porem
recuza aceitalo; mas não admira; porque Roma tendo
sempre pertensões a ser não s«'> Mãe e Mestra, como
Senhora das mais [gre"ja?, não tolerou jamais, «pie se
Não obstante o Concilio
censurasem os seus actos.
in Trullo foi adoptado pela Igreja do Oriente debaixo do nome de Quii/iseis/o—como suplementar ao
Kp e 6."; e até oje lhe serve de Regra na sua diciplina.
Reflexões sobre o Jacto t/o Pafiutcio: e sobre o Valor
e legitimidade do Concilio Quiniscisto.
Os Defensores do Celibato encarão estes dois factos, como o escolho, onde naufragão todos os seus
argumentos; e por iso procurão por todos os meios
Mas apezar
torcer, desfigurar, e até duvidar deles.
de toda a xicana, com que se tem «pierido envolver
factos tão públicos, e incontestáveis, eles são reconhecidos por verdadeiros.
O faeto de Pafnucio tem sido narrado por Socrates, «pie ainda conversou com muitos Padres que
asistirão ao Concilio de Nicea; por Sozomeno, escritor ipiasi coevo: por Gelazio de Cizico, escrevendo
no 5." século as Actas deste Concilio: por Suidas, c
outros; e Dupin dis; qüe os (pie duvidão deste faeto
(15) V. em S. Greg. nas Eesp. dadas a 8. Agostinho.
V. Not. 64, 65, e GO.
(16) Fleuri Ist. Eel uo 7? sec.
(17) Consultese a Fleuri 110 7° .Século da sua ístoria Eclesiat-tica sobre este Concilio, e nele se encontrará tudo quanto
dizemos a respeito do mesmo, c deve advertirso, que Fleuri não
é suspeito nesta parte, por ser um dos defensores da decíplina
da Igreja Latina tocante ao Celibato.
(18) Const. :i [mp. Leon.
143
o fazem antes pelo temor do golpe, que ele dá á diciplina prezente, do «pie pela forsa das Razões, (pie
Na verdade Fleuri o não conpertendem alegar.
testa: é o mesmo Bergier não se atreve a negalò.
0 concilio in Trullo foi convocado pelo Imperador Justiniano, e a rogos da maior parte dos Bispos,
«pie asistirão ao 6," Concilio geral, formalidade cpte
precedeo a todos os Concilios anteriores: foi numerozo, constando demais de 200 Bispos, entre os quaes
se axarão os 4 grandes Patriarcas por si, e o Papa
por seus Legados: ouve plena liberdade na votação:
nele não se tratou de difinir Dogmas, mas somente
de regular a diciplina geral naqüelles pontos, em que
ela não tinha uniformidade, ou se apartava do verdadeiro espirito da Igreja: ora para similhante objecto
200 Bispos, e das principaes Igrejas, erão mais, (pie
suficientes para referirem os diferentes uzos, e pratieasde suas Diocezes, para delas se escolher a diciplina mais geralmente recebida, e a mais conforme
ás necesidades da mesma Igreja. Todos subscrevem
aos Cânones deste Concilio, e até os mesmos Legados do Papa apezar de que ao depois se fez dizer á
estes; que o fizeráo por surprezai em fim o Impera'.confirma.
dor os aceita, ou
O Leitor julgue agora
(piem teve mais razão, sabedoria, e prudência, se a
Igreja do Oriente adotando, e seguindo inteiramente
a diciplina decretada neste Concilio, tido como geral,
sem repugnância d'um só dos asistentes; ou se Roma,
recuzando sugeitarse á ele, porque o Papa Sérgio o
não «piis ásinar, por conter em alguns dos seus Canones uma diciplina contraria á então uzada na sua
Igreja.
A' vista disto como será tolerável a opinião
dos que por uma cega devosão aos Papas qualificãb
de Conciliabulo este Concilio respeitado pela aritiguiaade, e até encorporado pelo j." Concilio geral
no 6." como parte suplementar do mesmo ? Verdade
é, que os Romanos ainda se não quizerão sugeitár á
esta declarasão do 7." Concilio geral; mas que importa para a generalidade d'uni Concilio o reconhecimento da Igreja de Roma ?
S. Antonino, Caetano, Sandero, Clemangis, e outros xamão Conciliabulo o Concilio de Piza, porque
Roma não «píer reconhecer sua legitimidade: entretanto Roma ao principio, e ainda oje muitas igrejas
o numerão entre os geraes.
O Concilio de Constansa foi tido por geral pelos
Papas Martinho 5"., Eugênio 4"., e Pio 20.; mas
desde que Roma não julgou conveniente ás suas
pertensões, deixou de o reconhecer, como tal: entretanto a maior parte das Igrejas Católicas o contào
ainda entre os geraes.
O Concilio de Bazilea é geral para uns, particular
para outros; e algumas de suas Sesões são regeitadas
por alguns. Fm fim á 5 opiniões diferentes relativas
á sua Fucttmenicidade.
O 5". Concilio geral de Latrão é tido como tal sómente pelos Ultramontanos; e o de Florensa té oje
a Kransa não conta entre os geraes.
A' vista destes factos, quando só a Igreja da
França, e a de Roma pode sem crime reconhecer, ou
dci.xar de reconhecer como geral um Concilio, em
matérias Dogmáticas, como se poderá disputar á
Igreja do Oriente o direito de sustentar a generalidade do Concilio in Trulio, e em matérias puramente
disciplinares, e no tempo em que ela fazia a parte
mais considerável da igreja Católica? Roma conheceu tanto esta verdade, (pie contentou-se em não*
mudar a sua diciplina; porém jamais condenou a do
Oriente fundada neste Concilio.
Concilios geraes
ao depois se celebrarão, reunidas ambas as Igrejas;
e nunca neles se tratou de revogara diciplina decretada no Concilio in Trullo.
Continuação da fstorià do Celibato depois do f.° século
té íwsos dias.
A Igreja do Oriente firmou a. sua diciplina a resAli o Padre «pie, cazando se orpeito do Celibato.
dena, cazado vive até a morte; mas se profesando
castidadé, solteiro se ordena não pôde mais cazarse
sem perder o emprego: é um castigo da falta de sua
E como a continência é uma pèrfeisão
promesa.
nos Bispos, ela é requerida; mas como estes-são poueos em numero; de idade avansada, tirados dos
Mosteiros, onde abitos inveterados lhes tornão fácil,
e constante esta virtude, eis porque no Oriente é a
lei observada, e sem inconveniente.
Não Obstante o decretado neste Concilio, pouco a
pouco se foi introduzindo o costume dos Padres torriarem um como Noviciado de dois annos, dentro
do qual ainda se podião cazar sem ser demitidos.
O..Imperador Leão, o Filozofo, abolio esta pratica,
como abuziva. (19) •
A Igreja do Oriente descansou de lutar contra a
natureza, e de pôr inutilmente barreiras á inclinasão ao sexo. Seu Clero adquirio a confiansa publica
pela considerasão, que lhe grangearão suas virtudes;
e uma só lei prudente proporcionada á natureza
umana, e á dignidade Ecleziastica, pós termo aos
males, «pie em vão a Tgreja Latina em mil Concilios,
Bulas, e Decretos pertende ainda oje evitar.
(19) Fleuri Bist.
Eccl. no 11° Sec.
{Coiiti/iiía.)
O NOVO MUNDO—PERIÓDICO
i-M
ANNUNCIOS.
".I
BIBUOTHECA PARA TODOS
FERREIRA
FELIX
Rua de S.José
110
—m
•
C,B.
REPRODUC<;«">ES PERPE1TAS
110
.i i——
COMPRAM O vendem livros era totlos os liuguos e sobre todos oh niuios dos conhecimeut"S llUUlIllloH.
VENDEM popol, pounos.tinta o demais objectos (le escriptorio.
EXCARREOAM-SE de impressões garantindo
a mais cuidadoso revisão o nitidez de trnbiilli...
EXCADERXAM toda o qualquer obra o restounitn livros.
TRADUZEM paro o portuguez escriptos em
franco/., inglez, italiano o iillemtlo ou para
q abpier distas línguas o port. g.loz.
REDIÍJEM oniuincioH, correspondências, rolatorios ou qualquer outro trabalho litterario.
MANDAM vir da Europa e dos Estados Unidos qualquer encomenda do livros, popol,
o jornaes.
REMETTEM para o interior qualquer oucommeutlo que lhos si-ja feita de livros, papel,
jornaes otc.
N. B.—Os podidos do vom ser endereçados ua
coso acima Indicada, acompanhada da respectivo importância em corto registrada com
declaração de Valor.
MO
*
OBRAS PRIMAS DA ARTE,
O Processo dolleliotvpio reproduz Onivuras com oxactidAo perfeita o com uma belleza
quo às vezes excedo o do gravura original.
Estes Heliotypos Dão são imitações baratas
ou imperfeitos, o sim copiaH absolutamente
oxnctos; e sendo impresHOH com tincto, são
dunidotiroH como as melhores groviinis.
Entro os Heliolypos agora offerecidos oo
Publico acham-se' os melhores obras dos
mostres antigos, comprobendendo cerca do
osHUinptoH, tinidon da celebro
quinhentos
"Collecção Gniy," da UniverHidodo de Harvord, que ó umo das mais ricas o mais compistas collocções que bo na America, e coutèm as melhores e mais valiosas provas do
muitos dos melhores obridora^. Os niellio-
'[."*
:«*nl» fft-[~\r*^
•mr'j*Kk\y:'
I sftyJXJS
*~.M\ ¦\,tt*mm\'v>vv
/TI —-*• -i ; »'¦) -J v
^
Coiiihinaçilo nílo Explosiva privilegiada
de West.
FOGÂO-LAMiPEÂO,
«4 —
"^
W
NP*AisU^v^
ESTABELECIDA EM 1838.
A "NONOTUCK SILK COMPANY,"
X© Meroer Street, Kre^ir "STorls.-
O.S FABRICANTES MAIS EXTENSOS NA AMERICA DE FIO DE SEDA E
RETRO/ PARA COSTURA DE MÃO OU Á MACHINA.
sã
3
»
Receberem os maiores Prêmios na Exposição Centenária de 1876,
e também Medalha na de Paria, de 1878.
-so
o
o
u
o
r*m- ís-íSfSt^*
Kíto Fojriio trabalha |>erf..ltameyt«- e 6 muito superior
n qt.nW|ii«T outro, «ejn fabricado ondo for. E' econômico,
.ib».l»..i«iento m'«iipi... iletuiftVie qucoi.troii do inouno
preço lho fuçiim concorrência. Podo »cr visto em opernA. GRUBER, 9.1 Kun do Hospício,
çilo em caga do H.
Itio do Janeiro, ondo se podetn obter circulares illustrndas e listas tle preços
Amostras e Listas de Preços acham-se em casa de
II. A. Ortibcr. Kio de Janeiro,
P. Oüvltri, Babia,
De Lailliacar e Cia., Pernambuco,
Almeida o Fialho, Pari.
at^B8t»li^j\
PETER SCHUTTLEP,
^w
CHICAGO, lll., E. U. A.
TABER ORGAN COMPANY,
Os Magníficos Paquetes o Vapor do
STAR
LINE,
WORCESTER, Mass.,
Estos paquetes são notáveis pelos seus oconehegos luxuosos, pela suo rápida marcha e pelo 08crupulo coni 'l110 i"*to navegados. Para passagem
o frote tnictiitte com
R. 1. COR TIS. Agente.
York.
37, Broodwoy.Xew
J. C. GUIMARÃES Jr.
E.
U. A.
RECEBERAM
Estou Or^itms tíío 08 inclli.ir.-s fabrlofldos nos Estudos
Unidos, o os garantimos, Paternos Orgams no preço de
G5dollarspuriici.ini. Desconto liberal para os Negodantes.—Catálogos lllustrtldoso l.islusdc Preços |HKlem
ser obtidos em casa de II. A. <K It I'III-: It. No. 115
Rim .Io lloapi. i<>, Itio «Ir Jiin.-iro.
Fninclico Ollvlerl, üaliia. F. J. Martins, Parti.
COM MOLA DE PATENTE,
Espeolallninn «le Ferramentas para Lavoura,Oarpln»
t<iln*, Ferreiros, Pedreiros, Marceneiro», cio., tio todoê
01 fifnmntloi. uiietore.f fimorlcnriO», liiRlesos n flranoeiei
OS ÚNICOS AGENTES
X03
ESTADOS UNIDOS
Pnrn receber
ANNÜN€IOS
PARA
Transparentes,
DE
HAETSHOEIf,
K
A
"REVISTA INDUSTRIAL"
SAO
MESSRS.
JfIITCIIEL,L J. .ISCII St CO.
93 U*illiasn Street,— J\*ete York.
St Nicholas Hotel,
BROADWAY,
NEW YORK.
D<» primeira classe a todos os respeitos.
NA
EXPOSIÇÃO DE PARIZ.
SAMUEL S. WHITE,
Fabricante, Importador e Negociante, por
Atacado e a Varejo, de todos os artigos
Empregados por Dentistas.
Dentes de pobcelana.— Um completo sortiuieuto de todos os tamanhos e formas para toda
sorte do dentaduras artiticioes.
Inhthumentos Uentaiuos.—Forceps, Excavadores, Chumbadores, Brunidores, Brocas, eto.
Folha de Oubo e Estanho.—Amálgamas e Composições para Chumbar.
Machina dentaria e Cuumbadoii automático dk S. S. WHITE.
Mobília Dkntaiua.—Cadeiras, Banquinhos de Operação, Escabellos, Descansos portatis para
a Cabeça, Sustentodores.-Cuspideiras, Commodas, Estojos para Instrumentos, etc.
Feiihamentas e AiTAiiELnOB Dentários.—Tornos, Vulcanizadores, Rodas de Corundo, Esoovas
circulares, Fniscos, Molinetes, Tornilhos, Limas, etc.
EsrEcuLiDADEH PARA a Bocoa.—Pós, Águas, Massas e Sabões Dentriflcios, Escovas para os
Dentes, etc.
Especialidades para Médicos.—Caixas de Instrumentos paro Tirar, Seringas para Abscessos,
Seringos Hypoderm.cas, Espelhos Laryngaes, Algodilo Absorvente, Papel Bibulo, e diversos outros artigos usados por Médicos e Cirurgiões.
1'tirti Lojas, Casas de Morada, Oarrua"eus i Yagões. Sem Cordas ou Pesos.
SIMPLES,
EK FICA/ES,
DURÁVEIS.
E LABORATÓRIO,
Rccebernni 03 Primeiros Prêmios em trez PREPARAÇÕES PARA USO NO GABINETE
PREPARAÇÕES ANA TOAIICAS,
EXPOSIÇÕES INTKRNACIONAES.
LI VROS AI EDI COS E DENTÁRIOS.
Atnostros acham-se expostos em coso de
pa a \ o
«Novo jVIvinclo9
PRÊMIO
àmÊtít ^mWm\mr^mmw9miWímmmVmmm\
AUTOMÁTICOS,
V
GRANDE
frIOS FAIá
GUIMARAKS.Ir., ALBUQUERQUEEC'«.
^-^
DE
Circulares illustrados e Listas de Preços podem ser obtidas em casa de
AZULAY, ASCH & Ca, no Rio de Janeiro.
Sucoessor tio
117 lttio do» Ouvlve», ltlodo Janeiro.
CARROÇAS PARA CMDUCÇAO
TODOS OS ESTYLOS;
As melhores e mais baratas do Mundo.
Portadores
dos malas dos Estados
Unidos,
largam de Now York
todas os semanas.
$80 em ouro.
Passagem delW
"
(lo Proa aos preços mais baixos.
Os principaes paquetes entre New York e I.lver
pool são:
RRITANNIC,
CHIIMANIC,
BALTIO, 0ELTI0, ADRIATIC,
S
-í JL. ..'v máftsiWfr 't-^WMtMwe,
.- -.IV
;1 ;X»j
X%Sit.*%'»{)-(*W±j&-m
.TANEIRO.
DE
WHITE
DAS
1879.
res artistas modernos são também represoutodos por Gravuras á Heliotypla de suas
obras mais populares e cbarocterísticas. A
lista compreiieudo aB obras primas de Corleggio, Miobael Ângelo, Raphnel.Renibmndt,
TitiBuo, Dürer, Vau D.vck, Reynolds, Bouguereau, Landseer, Millois, Schcifer, Zamacois, o dezenas do outros pinctores afaiiiados.
Estas Gravuras ti Heliotypla estão improsros sobre popd de primeira (pialidade, muito grosso, do tamanho uniforme do 19 por
21 pollegudiis, e se vendem ao preço uuiforme do 3$000 cada uma, emquanto as gravuras originoes custam do 25SO00 a 30S000.
Os ceutonares de gravuras tiradas por meio
deste processo e (pio so acham a venda
abrangem assumptos clássicos, inythologicos,
históricos e românticos, Madouuos, Venus,
Cupidos, etc.
Amostras acham-se expostas nos escríptorios do AZULAY. ASCH »t CO., e O. CJAMES, no Rio do Janeiro, que sAo agentes
ospeciaes poro o venda de gravuras do héliotypia ua America do Sul.
'
HEIilOTYPIA
DF
«6
>4S^\J^^mmmm.
I.K
Junho,
PRAZILEIRO.
KIO
Azulny, Asch <**. Co.
Í>E JAlN-EIltO.
HOTEL WESTMIJÍSTEE,
SEPTENTA E DOUS PRÊMIOS MAIORES RECEBIDOS,
inclusive um de cada uma das grandes Exposições Universaes de Londres,
SYSTEMA AMERICANO,
"ES *EJ
New York, Vienna. Chile, Philadelphia e Ia e 2"- de Pariz.
T ,
ST H.
18lh.
a Leste de Union Sq.iare, NEW YORK.
SITUAÇÃO
CENTRAL,
Do primeira Classe a todos os respeitos.
EDWARD A. GILSON, Proprietário.
FRBNCM1» HOTELi
EM FRENTE A* CASA DA CÂMARA
MUNICIPAL, E PARK ROW,
NB"W
TC
Catálogos em Hespanhol ou Inglez enviados livre de despeza a pedido.
Inglez, Hespanhol ou Allemlo.
A correspondência pode ser escrípto em Portuguez, Francez,
Londres ou Pariz, ou saques
sobre
cambio
de
Os pagamentos podem ser feitos por lettras
Philadelphia.
ou
Boston
sobre New York,
FABRICA E DEPOSITO PRINCIPAL
Chestr\ut Street, Comer Twelftt\ Street,
PHILADELPHIA,
KSTADOS XJNI*DOS.
M
'45
O NOVO MUNDO—PERIÓDICO BRAZILEIRO
Junho, 1879.
'"''
H-G-KNAPP
^^^>
/áy"
!<
\
•
;'-
®f
Ifesssga
"...
t~^
Jkd^^l-^»
^____d
l=M
_=;¦.•-¦¦¦!
11
I
____2Z___
EZZZZg^jU___-.
,_.
bi
h_0
®
h^WW/WeeM«eee«ee««y\
^^
(-—ia
l==r
WMMã
\
®
V2ZB02Zlà\
I
^M/Wrr-^^Wrrrrrrrrtt
WMWM—E=E__zl
/
IT
•
X
-.
@
t_^zzz_r_r-__áil
_=__
_l
*
<___
E__z___
yvwssTTTTV&rA
_____Z|
rW_
iJR
U.
j y
¦
|=a
_ _ j. _ . ||zg___
E8
,
ymmmmufitilNWtWMim
'
!
®
^y/vam
KÉ
1®
a
.
-U
I ^
^z^_____a
©
V-^fe__^___________J
!4
NYACK -«-NEW—YORK
^ÜHITErjTQl
/
MODELO DE UMA RESIDÊNCIA AMERICANA.
.
\
\
\
xi—
\
I
O NOVO MUNDO—PERIÓDICO
I.»u
RÉNAN E A A ALEMANHA.
Ernest Rbnan, cuja eleição A Academia Franceza
foi <» assumpto de conversação nos círculos luteranos
u
de 1'ariz no mez passado, é também* o assumpto da
gravura á página deste numero dé nosso jornal.
Nossos leitores já viram provavelmente o discurso
de recepção que elle pronunciou ao tomar assento
entre os iminortaes e sabem que nelle referiu-se o
.«/.acadêmico á Allemanha de um modo tal (pie excitou
as mais vivas cesuras da imprensada outra banda do
Klit-no.
Em resposta a essa critica, ás vezes muito
M. RÉNAN publicou no Journal des
injusta
áspera,
e
tf
Débats uma extensa e brilhante carta tpie desejariamos publicar integralmente, não fosse ella tão longa.
Hasta dizer tpie essa réplica tem causado profunda
impressão, pois exprime com eloqüência o que soffrem os verdadeiros amigos da Allemanha quando
contemplam o mallogro de suas esperanças quanto
ao que faria, em prol da civilização, a Allemanha
unida.
M. RÉNAN não pretende encobrir a divida de gratidfio de «pie ao mundo civilizado é credora a Aliemanha de sessenta annos passados, quando o gênio
de Güi-.TiiK representava a maravilliasa reunião de
poetas, philosophos, historiadores, escriptores e pensadores;quando ella ensinava o idealismo por FlCHTE,
a fé na humanidade por Herder, a poesia do .senso
moral por SCHILLER, e o dever abstracto por K.ANT.
Em 1848 a França desejava a unidade desse grande
pai/, um elemcnto.de razão amadurecida na direcção
dos negócios cia Europa, um elevado sentimento de
humanidade «pie lhe applicasse as atailtir.is nas feriOs liberaes da
das feitas pela resolução franceza.
França, porem, nào cogitaram «pie essa unidade ia
apparecer de sob a humilhação e desastres de sua
Consolaram-se, porém, com a
própria mãe-patria.
idéa que Ia grandenr oblige, e que a Allemanha, agora
oninipotente na Europa, plantaria bem alto a bandeira da civilização.
Com effeito, uma nação victoriosa, di/. M. Rknan,
tem grandes opporlunidades e deveres: não pode
isolar-se apenas nos cuidados de seus interesses individuaes e recusar-se á perigosa gloria de tomar papeis
humanitários neste grande drama do progresso. Todo
o inundo olha para ella como um guia e si acontece
que falha no que delia se espera, é punida pelo tpie
deixa de fazer,—pelas exigências (pie não satisfez,
pelas expectativas tpie não preencheu e, sobre tudo,
pelo estrago de forças (pie não empregou, e de tensão que ficou sem resultado. Além disso, unia nação
victoriosa tem o direito de achar na pátria recorripensas para seus esforços heróicos,—aconchegos, riquesa, contentamento, a reciproca estima das classes
sociaes. a alegria de um paiz glorioso e pacifico. Em
matéria de politica tem direito ao primeiro dos beneficios,—aquelias liberdades fuiulainentaes de exprimir seus pensamentos por palavra oral ou escripta,—
«pie são perigosas somente em Estados fracos, e só
Uma nação victoriosa
possíveis em Estados fortes.
usa do prestigio da gloria, para impor, sobre todos,
concessões, aninistia, sacrifícios. Assim a Allemanha
tinha o dever,—e i-ru também sua salvação,—de dar
poz a Europa continental, tanta paz quanta é possiElla devia fundar na pátria o govel neste inundo.
vemo representativo, e encarar com franqueza os
problemas sociaes; elevar as (lasses inferiores sem
inspirar-lhes ciúmes de superioridade; diminuir a
somma de soiírimento e supprimir a miséria desnecessaria e não merecida; resolver «> problema delicado da situação econômica da mulher e, por um
grande exemplo, mostrar a possibilidade de confrontar ao mesmo tempo necessidades políticas de character diverso.
O «pie é que a Allemanha tem feito para realisar
Estão os
este programma? pergunta M. RÉNAN.
Allemãcs mais moraes, mais felizes, mais comentes
No dia secom a sua sorte ? Certamente «pie não.
annos
havia
sessenta
de
triumphos,
como
ao
güinte
não tinha presenciado; acha-se a Allemanha perante
um descontentamento profundo,e preoccupa-scconstantemente de medidas repressivas da liberdade.
Seus estadistas consideram o Estado como uma cadêá pesada e não como uma força benéfica. Fizeram
a Allemanha um paiz òrganisado para guerra e se
acabrunham esmagados pelo seu armamento, como
os cavalheiros do 16o século. Ora não se pode esperar «pie um povo (pie assim geme tenha a versatilidade necessária para as artes de paz.
M. Kí.nan indaga em (pie tenha progredido o govemo constitucional na Allemanha. Em vez de mais
liberdade só vê ali medidas restrictivas. Ao passo
(pie os estadistas pêam a liberdade, o camponio francez, com o seu senso commum, suas economias; e sua
tosca politica vai indo em caminho de fundar uma
republica regular.
M. Rênan attaca o frigido egoismo da eschola dos
estadistas da- Prússia que se dispensam de agradar o
mundo e se envolvem em cálculos sêcios, ostentando
despreso pelo jui/.o ,tios otttios e da posteridade. A
gente dessa eschola não representa," como elles pieEste é grande e
tendem, o gênio da Alkmanha.
BRAZILEIRO
gracioso, e é 11111 dos mais essenciaes do espirito
humano; mas vós;" concilie elle. " vós o collocastes
n'uma bigorna e por conseqüência solíre."
O PIA NEVA
VENUS.
As bellas noites da primavera, em tpie entramos,
nos permittem ver a olho mi, do lado do poente, e á
hora do crepúsculo, uma estrella brilhante que, sendo a primeira a apparecer, resplandecerá com brilho
admirável.* Esta estrella é o planeta Venus, a rainha
das bellesas do céo.
Em Dezembro ultimo passou
atraz do Sol e desde entào se demora mais e mais
depois do astro do dia.
Em Abril ella recolheu-se
ás 10 horas da noite,— trez horas depois do sol. Até
Agosto irá augmentando em brilho, reinando como
soberana no céo da noite.
Maio. Junho, Julho e
Agosto serão os mezes mais favoráveis á sua observaçào: o planeta apresentará então phases análogas
ás da Lua.
Pode até tornar-se visivel. sem lentes,
Depois de Agosto ella approximarem pleno yia.
se-ha insensivelmente do Sol até tpie, a 23 de Septembro, passará mui perto do seu disco.
Desde então será Venus estrella matutina.
A 12
de Oetttbro-estará duas horas adiantada ao Sol; a 6
de Novembro, trez horas, e a 4 de Dezembro,—dia
de sua máxima elongaçáo—trez horas e um quarto.
Depois irá outra vez approximando-se dos raios solares, e levantando-se mais tarde.
Este poneto luminoso não passa realmente do tamanho e dopeso da terra.
O diâmetro deste globo
é de 12,000 kilometros. Elle resplandece como lim- «
pido diamante e attráe a attenção dos mais indifferentes pela vivacidade de sua luz e puresa de sua
brancura.
Essa, em certas circumstancias, chega a
ser tanta que a Venus faz sombra.
Em 1797 o General Bonaparte, que então voltava
em triumpho da campanha da Itália, admirou-a muito. O povo associava a sua appanção ás victorias
da Republica franceza^e ao bom-sueeesso, tão rapiTalvez ao futuro imperador,
do, do joven soldado.
elle mesmo, não reluctastem similhantes associações:,
talvez que essa menina coincidem ia fosse a origem
da fé que sempre teve na sua "estrella."
Não é tão moderna, como a principio poder-sehia suppôr, a observação de Venus em dia claro e
á vista mia. Com effeito conta O historiador VArrão
que Enéas, na sua viagem, na Itália, tinha constantemente esse planeta em vista, apezar da presença
do Sol acima do horizonte.
E elle é de certo um
dos (pie teem sido observados lia mais tempo. Os
antigos o deviam ler visto, primeiro, em razão do
seu brilho, e, depois, por causa do seu movimento.
(guando elle se desprende á noite dos raios do Sol
poeme. delle desvia-se cada dia um pouco mais, até
uma certa distancia no oriente, parecendo dirigir-se,
como a Lua, para a esquerda do observador.
Ao
cabo de alguns mezes tem-se affastádó do astro do
dia á uma distancia angular que pode chegar a 48
Neste caso o planeta recolhe-se trez horas
graus.
depois do Sol. Estrella precursora da legião celeste,
diamante brilhando sçintillante na abobada dos céos,
E' por
ella domina o coro das bellesas superiores.
isso (pie, em todos os tempose entre todos os povos,
ella foi saudada com o titulo de Estrella da noite por
VI o unico planeta de .pie fáljou Hoexcellenciá.
E com
MERO, que o designa por Kallistos. a bella.
effeito, não é a mais bella das estrellas?
As phases de Venus apresentam aos «pie não se
acham bem versados 110 estudo da astronomia um
interesse muito vivo. Basta um óculo de potência
mediana para poder-se reconhecel-as. Quando a
observamos pela primeira vez não é raro nos illudirmos, crendo que é a Lua que estamos vendo. As
melhores horas para a observação por óculo são as
do dia. I >e noite, a irradiação produzida pela brilhanie luz deste bello planeta não permttte que distingamos bem o contorno de suas phases.
A medida exacta do tamanho apparente de Venus,
combinada com a sua distancia, mostra «pie este pianeta é, pouco mais ou menos, do mesmo vulto real
do que o em que habitamos. Si representarmos por
1,000 o diâmetro da Terra, ode Venus serárepresentado por 954. Como se vê, é apenas um pouco
menor. Seu diâmetro é de 12,000 kilometros, ea
sua circumferencia mede por conseguinte 9,500
léguas. Seu volume é egual a 87 centésimos do da
'Terra,
ao passo «pie a sua superficie excede os 90
centésimos, isto é, quasi é a mesma da do nosso
planeta. Nenhum outro globo no systema poderia
ser mais parecido com o nosso, do que é este.
'Todos
os cálculos feitos demonstram que este pianeta pesa menos do «pie o nosso. Representando por
1,000 a massa cia Terra,j| de Venus será representada por 7S7. O conluítrnfento de seu volume nos dá
os meios de concluir delle a densidade media dos
materiaes que o compõem : ella é um pouco mais fraca
do tpie a do nosso globo cerca de nove-decimos).
Emlim, o peso dos corpos é também mais leve nesse
1,000 a
planeta do «pie no no^so : designando por
'Terra,
na
inienstdade do peso
superficie da
esta
Junho,
1879.
mesma força é representada em Venus por 864. Os
habitantes desse mundo são, pois, mas leves do tpie
nós.
Pelos estudos das phases de Venus chegou-se á
conclusão (pie esse globo gyra sobre si mesmo em
23 horas, 2i minutos e 24 segundos. Os dias e as
noites são, por tanto, um pouco mais curtos do cpie
os nossos.
O anno desse mundo só compõe-se de 231 dias.
Como o nosso divide-se em ipiatro estações, muito
mais marcadas do que as nossas, e de que cada uma
não dura mais que 5S dias. Este mundo visinho
gyra sobre 11111 eixo ainda mais inclinado do que o
nosso, o ipie causa uma intensidade mais forte das
estações. A inclinação da terra é de 23 graus e a de
Venus é de 55.
O poeta Milton diz que a inclinaeixo
nosso
do
do
ção
planeta foi produzida depois da
falta de Adão por anjos enviados pela cólera divina
para castigar a desobediência de nossos primeiros
pais. Si isto foi assim, o primeiro casal do mundo
de Venus deve ter corhmettido peccado ainda mais
grave,—além dos limites do perdão,—pois o eixo do
seu mundo tem uma inclinação ainda mais forte do
que a do patrimônio de Adão e Eva.
Resulta dahi (pie esse mundo'está mui longe de
ser calmo e trahquillo, pois passa ao mesmo tempo
pelos extremos de calor e frio, por todas as alternativas da mais desordenada paixão.
A inclinação do mundo de Venus sendo mais de
duas vezes superior á do nosso, basta que tomemos
um globo terrestre e «pie o inclinemos na proporção
desejada para vermos os climas e estações que dahi
resultam.
A zona torrida estende-se até á glacial e,
reciprocamente, a zona glacial até invade a torrida,
de modo que não ha Togar para a zona temperada.
Em Venus, pois, não ha clima temperado; todas as
suas latitudes são ao mesmo tempo tropicaes e
areticas.
Mas nós sabemos que nos trópicos o Sol dardeja
duas vezes por anno os seus raios perpendicularmente
acima de nossas cabeças, ao passo que nas regiões
areticas dias ha errT que elle nào se recolhe. Quaes
devem ser, pois, as vicissitudes em paizes simultâneaN"uma certa épocha do
mente árcticps e tropicaes?
anno o Sol fica um ou muitos dias sem levantar-se:
em outras épochas ha dias em que não se deita, e
entre essas duas estações levanta-se verticalmente
acima da cabeça.
O contraste entre a temperatura
estação
da
privada do Sol e os fogos ardentes
glacial
daquella em que o Sol de Venus, duas vezes maior c
mais quente do que. o nosso, derrama no solo o seu
calor ardente, não cónstitue de certo uma perspectiva
muito agradável.
Com effeito é difiicil dizer-se em
Venus
será mais agradável habitar.
que parte de
Não ha mais vantagem em chegar-se a gente ao
equador do (pie appioximar-se dos pólos.
De todas essas circumstancias resultam estações
e «limas mais violentos e variados do (pie o.s nossos.
As agitações dos ventos, das climas e furacões de'Terra
vem exceder a tudo que aqui na
vemos; as
estações desse planeta não se parecem com as nossas ou as do Marte: sua atmosphera e seus mares
estão continuamente passando por evaporação e precipitação de chuvas torrenciaes, e seu céo está coberto de nuvens que só raramente deixam perceber a
natureza do solo geographico do planeta.
A julgar por nossas*proprias impressões nós teriamos muito menos prazer em habitar essas regiões do
que temos aqui em residir na Terra; e é muito pro-:
vavel tpie a nossa organização physica, por mais
elástica e complacente (pie seja, não poderia acelimar-se a similhantes variações da temperatura. Mas
nem por tal se conclua dahi que esse mundo seja
inhabilavel e inhabitado. Ao contrario, não é difiicil
suppôr (pie os habitantes de Venus., organizados especialmente para viver no meio delia, achem-se felizes, como peixes n'agua, e julguem até que a Terra
seja por demasiado monótona e fria para ser habitada
por entes intelligentes.
Si não houvesse communicação entre os differentes
paizes do nosso globo, os indígenas de todos os
paizes da terra teriam bastantes argumentos para
mostrar uns aos outros que suas pátrias respectivas
são as melhores do mundo e (pie lhes seria impossivel viver noutro paiz. Por exemplo, «si não soubessemos que as regiões polares, boreal e austral, são
habitadas, teríamos difficuldade em conceber como
se pudesse viver onde reina um frio intensissimo em
logares inteiramente privados dos raios do sol e que,
mesmo no âmago do verão, são mais frios do que os
invernos dos paizes frios. Do outro lado estes habitantes custariam a crer, si não vissem e soubessem
do contrario, como se pudesse viver na zona torrida,
nos calores do Peru e da Colômbia. Entretanto os
indígenas desses paizes gélidos e torridos, estão bem
satisfeitos e não desejam mudar-se.
Demais, segundo as medidas feitas nas iiiegularidades da linha do crescente, que Venus fôrma, temse verificado a existência de montanhas muito elevadas. Os cumes são illuminados pelo sol-nascente
antes de o serem as planícies que se estendem a seus
pés; e o contrario oceorre ao oceaso do Sol. E' o que
Junho,
1879.
acontece com a lua ao longo dos meridianos causados pela illuniinação solar, Na verdade um dos mais
bellos espectaculos da astronomia practica é vêr-se
com o telescópio o astro argentado em alguma noite
bella (pie preceda o «piano crescente. Este, parece
ser de prata fluida e contemplai*o arrebata-nos o pensamento acima das cousas deste mundo.
Entretanto ao passo que temos conseguido medir
a altura dé todas as montanha-; da Lua com e.xactidão bastante approximada, só podemos distinguir as
altas chapadas espalhadas no solo do planeta, como
acontece na Terra com os Hynialayas, os Andes, os
Alpes,—mas ali em escala ainda maior. As medidas
que se tem feito dessas irregularidades concordam
todas em provar (pie o mundo de Venus, ainda (pie
das mesmas dimensões do nosso, possue montanhas
mais elevadas, de que as mais colossaes attingem a
44,000 metros acima do nivel mais baixo.
Ainda que Venus receba do Sol o duplo do calor
¦qne recebemos, as cumiadas de suas montanhas e os
planaltos da sua geographia talvez sejam dotados de
uma temperatura inferior á temperatura média do
A temperatura de um mundo não
^lobo terrestre.
-depende somente de sua distancia do Sol, e da quantidade de calor que recebe delle, mas depende sobretudo do estado da átmosphera. Com effeito, si o clima
dos valles da Suissa é por extremo ameno não acontece o mesmo no cume do Monte Branco e dos Alpes,
coroados de neves eternas.
E entretanto estes dous
ponctos se _tpham á mesma distancia respectiva do
Sol e recebem a mesma quantidade de calor. Uma
átmosphera muito densa, impregnada de vapores
d'agna, condensa os raios solares e os espalha com
parsiinonia sobre o solo, como si fosse n'iuna estufa.
Pelo contrario, uma átmosphera muito rarifkada e
secea permitte que os raios do Sol se percam sem
que disso se aproveite o solo.
As medidas da átmosphera de Venus demonstram
não só (pie existe essa átmosphera mas ainda que é
mais elevada e mais densa do que a que respiramos.
A offuscante alvura da luz reflectida por Venus nos
leva a pensar, do outro lado, que essa átmosphera se
E', portanto
acha muito sobrecarregada de nuvens.
estações
rigores
das
os
tempere
provável que ella
oppostas.
Mais uma observação. Não nos deve ser desagradavel pensar que vista de Venus a Terra é uma esJrella de primeira magnitude, muito luminosa e brilhándo á meia noite no meio de suas constellações.
Emquanto nosso pensamento ancioso procura leyantar uma poneta do véq, emquanto nossas almas ar¦dentes voam para a mais modesta janella aberta sobre o infinito e se perguntam como são organizados
esses seres que habitam Venus,—nossos visinhos da
outra banda,—como elles pensam, e como nos vêem
do seu céo; sem duvida nesta mesma hora ha tambem ali almas pensadoras que se perguntam justamente do seu lado que seres habitam nosso planeta,
si nosso organismo physico se parece com o dellas,
si gozamos da faculdade de pensar, si conhecemos a
astronomia e si vemos tambenvo seumundo^de nosso
céo.
E assim contemplam-se mutuamente os mundos ao
tra vez do infinito.
Camii.lk Flammarion.
A LUZ ELECTRIC A.
Foi o anno de 1S78 talvez o mais notável deste
¦século pelo numero das'de'invenções: para celebrisal-o
Bell, o phonographo de
bastam o telephonio
Edison, o microphono de Hugiiks e a infinidade de
apparelhos derivados, que ameaçam esterilisar o jardirn das raizes gregas.
Mas, de todos os inventos de 1878, nenhum tem a
importância practica, social, econômica e financeira
A
da luz electrica, applicada aos usos domésticos.
sólidas
suas
seu simples annuncio estremeceram em
bases as poderosas companhias de illuminação a gaz.
Como os antigos Phakáos, visitados por negros
sonhos, os directores desses colossaes monopólios
mandaram chamar seus adivinhos e perguntaramlhes:
Que significa isso ?
—E' possível o fim do nosso reinado?
A mor parte, para lisongear-lhes o poderio, res-.' ....'.'¦¦',..;'' ...
_
pondeu
Não! Nada tendes a temer ! Podeis reduzir
vosso gaz a lamparina, e dormir tranquillos sobre os
fofos colchões do monopólio.
Um ou outro, olhando para esta Republica dos
Estados Unidos, onde não ha impossiveis, osou bàlbuciar :
—Quem sabe ? Esses Americanos são capazes de
tudo ! Um delles já arrancou o raio das mãos de
outro arrancar-vos o
Júpiter; é bem capaz de vir um
monopólio do gaz !
Os directores olharam-se uns para os outros attonitos ! Julgaram prudente simular (pie não acreditavam; mas mandaram desfazer-se de tantas acções
quantas lhes permittiam os estututos.
0 NOVO MUNDO—PERIÓDICO
BRAZILEIRO
E as acções a baixar!
Dia houve de baix.Vde 2,
até
libras
e
esterlinas.
4
3
E' preciso ter «_ni vista que todas as capitães do
inundo civilizado; (pie todas as grandes cidades são
illuminadas a gaz; que todo este serviço é feito por
grandes companhias, que retribuem generosamente
seus directores, e auferem ricos dividendos.
O invento da luz electrica, applicavel á .Iluminação urbana e domiciliaria, vem, pois, ferir grandes
interesses; porem perigo capitães enormes.
Ainda não se tem certeza de poder-se excluir o
gaz de todas as suas applicações actuaes; mas o primeiro passo está dado; na França, na Inglaterra, na
Allemanha, na Russia, onde está o eminente physico
Jaulociiko.t, aqui nos Estados Unidos principalmente, todos os especialistas trabalham para a resolução de um problema, (pie tem de fazer a fortuna
dos seus inventores e augmentar consideravelmente
o bem-estar da humanidade.
Está já
O reinado do gaz vai, pois, terminar.
escripto o seu—Mane Thecel Phares.
Este reinado
foi relativamente curto. A illuminação a gaz começou a ser generalisada de 1840 a 185c.
Muito provavelmente, no principio do próximo
século, olharemos para os lanipeões de gaz com o
mesmo desprezo que hoje para os obsoletos lampeões
de azeite de peixe.
A illuminação a gaz não deixará muitas saudades.
Em primeiro logar o seu enorme preço, verdadeiro
preço de monopólio. Xo Brazil esse preço é ainda
aggravado pelas baixas de cambio.
Além da exaggeração do preço, o consumidor
paga muitas vezes gaz, de que não se utilisou. Quasi
sempre os apparelhos, os lustres, os canos deixam
escapai" e perder muito gaz. Os ratos teem especial
prazer em furarem os tubos de chumbo dos eneanamentos ; d'ahi prejuízos enormes para as famílias,
além dos perigos de explosão e de incêndio.
O gaz de illuminação, misturado com o ar atmospherico, torna-se eminentemente explosivo. Muitos
casos fataes teem-se originado desse grave inconvemente do gaz de illuniinação. Todos podem observar a pequena explosão que tem logar, sempre que
se abre a torneira de um bico de gaz alguns segundos antes de encostar o phosphoro. Si unia torneira
fica aberta em um quarto ou em uma sala sem ventilação, a primeira pessoa que nella entra com uma
luz é victima de uma explosão, exactamente egual á
que produz o grisou nas minas de carvão de pedra.
As companhias purificam muito mal o gaz ; distritribuem-n'o sobrecarregado de ácido sulphydrico e
e de ammoniaco : nesse estado o gaz de illuminação
é muito prejudicial á saúde e estraga os tectos e
todas as pineturas brancas em que entra o chumbo.
O ácido sulphydrico é muito fétido; de sua comb_ stão resulta vapor d'agua e ácido sulphuroso, que é
também um gaz solíoeanle.
A luz electrica está predestinada a livrar a luiiiuinidade de todos esses inconvenientes.
Imperfeita como ainda
A economia será enorme.
se acha, em verdadeiro estado incipiente e embryonano, já produz trinta por cento cie economia nos
armazéns do Louvre, em Pariz, {Magasins du Louvre)
dando luz muito melhor do (pie a do gaz.
No Theatro do Chatelet, também em Pariz, gastava-se 30 francos de gaz por noite; a luz electrica reduziu as despezas a 14 francos !
Tudo isso significa quê elevemos fazer votos pelo
suecesso dos esforços feitos por Jaiii.ociikokk, por
Edison, por Wkrdkrmann, e por seus emulos, e
por (pie em breve a humanidade possa gozar de todos os benefícios da luz electrica !
AS MAIORES BIBLIQTIIECAS.
A maior bibliotheca do inundo é a Bibliotheca
Nacional de Pariz, (pie em i874possuia 2,000,000 de
A que se
livros impressos e 150,000 manusçriptós.
de
dizer,
lhe segue, em grandeza, é difficil
porquanto
o British Musetim e a Bibliotheca Impeiial de S.
Petersburgo tinham ambas em 1874 1,000,000 de voVem em seguida a Bibliotheca Real de Mulumes.
nioh com qoo.ooo volume-:.
A Bibliotheca do Vaticano cin Roma tem sido por
vezes erradamente considerada no numero das maiores, quando é excedida pelo numero de volumes por
mais de sessenta collccçõ-S europeas. Possue 105,000
impressos e 25.500 máiuiscriplds.
A Bibliotheca Nacional de Pariz é uma das mais
antigas da Europa, tendo sido fundada em 1350, datando o British Musetim de 1753, isto é, 400 annos
depois.
Nos Estados Unidos, a maioi é a Bibliotheca do
em 1874 continha
Congresso em Washington,
"Boston qüe
lhe acompanho,
Public"
A
261,000 volumes.
e egualmente a
260,500
cogn
imtnediatamente
quasi
"Harvard University" com 260,000.
da
A Astor e Mercantiie, de New York, possuem cada
Dos coilegios vem
uma dellas perto de 148.000.
a de Vale com
Harvard,
depois da Bibliotheca
(pie
mais
se lhe approxima
100,000. A de Dartmouth
¦4.
tem 50,000; seguem-se depois em ordem:— a de Cornell com 40,000; a da Universidade de Virgínia com
36,000; a de Bowdoin com 35,000; a da Universidade
da Carolina do Sul com 30,000; Ann Arbor, 30,000;
Prineeton, 28,000; Weslcyan, 25,500 e Columbia,
25,000.
EDUCAÇÃO DE RAPARIGAS.
No Brazil, segundo nos consta, as raparigas das
cidades estão começando a realisar que a sua sorte é
realmente bem dura si devem ser condemnadas a
esperar por um marido e a desterrar-se na ignorância
de muitos conhecimentos que illustram o espirito,
ajunetam suavidade á vida, e de que algum dia podem lançar mão quando lhes faltem outros recursos.
Esta agitação é muito saudável e, bem dirigida,
pôde produzir resultados muito benéficos á posição
da mulher qüe é infelizmente bem precária em nosso
paiz. Faltam-lhe ahi divertimentos saudáveis, e a
missão da mulher é, casada, ser escrava dos escravos
e, solteira, aprender o piano e o crochet. A mulher
precisa ahi de maior, muito maior liberdade, pois a
liberdade (píer dizer responsabilidade e esta implica
o completo desenvolvimento moral delia, de (pie
muito precisamos para a reforma dos costumes e
Essa responsabilidade
maior sanetidade da familia.
a influencia do
contra
melhor
a
lambem
é
garantia
da mulher, (pie
religioso
sentimento
O
Jesuitismo.
naturalmente
relaxa-se
á
felicidade,
é tão essencial
vontade em
sua
de
abdicação
e
na
na superstição
regula
Só
a
educação
propriamente
prol do padre.
aquelle sentimento—a educação bem dirigida.
Não desejamos ver advogadas, nem muitas medicas, nem senhoras-estadistas, .que quasi sempre são
Mas não sabemos porque as raparigas do
pedantes.
Brazil não hão de buscar uma instrueção litteraria
bastante liberal e uma educação solida que as habilite a melhor desempenharem o papel que forem
chamadas a representar.
Nós lembramos aos pais que concordam com as
nossas idéas (pie não é só os rapazes que é preciso
Uma rapariga que
mandar aos Estados Unidos.
trez
011
educar-se
aqui
.venha
quatro annos muito
por
aprenderá ao menos da sociedade americana que é a
do mundo em que a mulher é mais respeitada e acatada. Ha aqui senhoras muito habilitadas a dirigirem a educação da filha do pai mais escrupuloso.
Basta-nos por exemplo lembrar a viuva do Professor
Chaules F. Hartt, de saudosa memória. A Sra.
Haktt, (pie quando solteira ensinava no melhor
collegio particular de Brooklyn, deseja hoje receber
em sua familia trez ou quatro raparigas Brazileiras
(pie, com duas ou trez Americanas, recebam completa educação, vejam o que ha aqui de bom e voltem ao Brazil com idéas mais vastas e practicas.
Tendo vivido ahi por alguns annos e conhecendo
bem a indole dos nossos raparigas, cuja lingua não
lhe é de todo desconhecida; com um largo circulo
de amigos entre a gente da sociedade mais fina daqui, a Sra. Hartt, nos parece, offerece assim uma
opportunidade rara, que, por bem de trez a quatro
compatricias nossas, desejamos seja aproveitada.
Faremos chegar a essa senhora qualquer pedido
de informação que dahi nos vier.
BOCCHERINI.
O lindo menuetto que estampamos neste N°. do
Novo Mundo é composição de um auetor clássico
muito brilhante
que na sua epocha oecupou posição
nasceu em
Boccherini
no mundo musical. LuiGi
Beethoven,
antes
de
Lucca, na Itália, trinta annos
e foi contemporâneo de Haydn, que muito apreciaPilho de um tocador de violonccllo,
va suas obras.
Mais tarde
LuiGi aprendeu o instrumento paterno.
ainda
depois
e
percorreu a Itália dando concertos,
o
infante
foi á Hespanha onde o acolheu mui bem
D. Luiz, depois de cuja morte foi convidado a ir
estabelecer-se na Prússia onde o Rei nomeou-o para
Boccherini morreu em
compositor de sua câmara.
1805 com 65 annos de edade.
A musica deste compositor si carece de força e
contraste, tem, todavia, sobeja melodia, boiii tractamento de idéas e estylo elevado, já não fallando de
originalidade que é grande. Suas peças parecem hoje
simples demais,—talvez desenxaibidas; mas não deixani de ser clássicas e puras. Os seus quintetos e
sonatas para o violoncello (sobretudo a sonata em
lá) são obras-primas.
'
O menuetto (pie boje damos só ultimamente tem
E', como ouvirão, mui gracioso e
sido mais tocado.
delicado.
->
¦
—Um correspondente critico para o Court /ournal, de Londres, fallando da Imperatriz da Áustria,
diz que Sua Magestadeé muito bôa çavalleira e que
o modo por que maneja seu cavallo é absolutamente
sabe a
perfeito. Seus vestidos nas oceasiões em que
costuarte
da
da
milagres
cavallo, são verdadeiros
reira.
Junho, 1879.
0 Ar0K0 MUNDO—PERIÓDICO BRAZILEIRO.
M»
AS MODAS.
— .1
_^_H Bfl_______»_.
W
^¦_i^*7
i «
;(
——**
#'*
¦¦_
tlV^_H_ A y\
____i___l
_H
¦__!¦_-
fl n_ã
• ¦i'-!</--___ II
'
¦fl
H fl_
1
Eli _____
üHP i
_^___~__H
_^S^ J
It? ^
Bi
~'fl
- f' __ri_|
Bjr
_fc
.r_g:r:'--M
-*_£§£.' J|IPsB
^-Bflv-i
BB
fc
H.j
IP
Bife
—"^mWTÃ/Lfl V R_i
fl___l Bf'
Vwriliíl
!:!fifé^KWi
W;h
?W£'''
¦'.'¦:
__*.«< fl
WMMÁy.u/..'
¦ _Lt_'
flfl
fl^BV flfl
BB
^B_|
_H_M
BwvKgl
;fllwWl • '¦-
_|
_T
W5-.;!i
'
• *'-_¦_¦
flfl
r-
5-fià,
mmWf?¦£*¦£'*'
»
FlG.
*•#' ;»
I.
Considerando-se qne a estabilidade das modas é a do Tento, é
realmente de admirar como a» d«wtes trez ou quatro mezes passados
Ne teem conservado tfto firmes.
Entretanto mesmo neste período
conservador os reformadores toem
alcançado bastante para satisfazer
seus desejos. Por exemplo o panier
que, ha trez mezes, era apenas
swjgerido, desenvolveu-se agora de
modo que cada pessoa o faz do taFelizmente,
manho quo qner.
sendo feito principalmente de
ritos, dobras o pregas, nilo intervém muito com os modelos.
Vejamos o que ó que o .Yoro
Mundo dá agora á suas amáveis
leitoras (pergunta,—qnaes são as
seuhoras que não sito amáveis?)
no que diz respeito a gravuras de
modas.
Fio. 1.
A Fig. 1 representa um palctot
ou sacque para moças. E' fechada
na fronte e tem bainhas largos, que
podem consistir de uma côr correspondente de seda ou setim. A
costura das bainhas é em si mesma
um bonito oro ato, na frente e nas
costas.
As mangas silo] mui simples,
com canlifles estreitoB, mostrando,
como a frente, os pespontos da
bainha larga. 0 collarinüo é tambem do mesmo estylo, tendo as
abas bastnuto grandes. Este vestuario podo Ber feito de fazenda
escura ou clarn,—de seda preta o
de lansinhas.
/#P*í--ii4ÍiiOÍ;
'J^*^~»C''í_i
J___|____"
B_,^_l
[Fio. 2._^
A Fig. 2 mostra uma mantclota,
que bem se adapta á renda, grenaNa
dina ou musselinas Unas.
frente é atada em nó um tanto
solto. A gravura é bem clara, e
não precisará de mais explicação..
Fig. 2.
_Kt
rfll HDvVJ Hu*flHB^Bk
B_
___,
flfl
fl___í_2t___k
fll^^flV
¦¦_'__
fl\
j
¦fll
Fio. 3.
m\mm\
wB^y•.sflBBBBl
¦b_L W\
E_ Sw^£___P_ ¦_!
_f,y. ¦ffsk'.-''>i'-\*'\
_E~j_P
flH __L -**'*
Efôi_i __|
*_> _/ y±l
I \ ^valfl ___
_T
JBMBBT^PflBMBfll
Fig. 5.
Fie. 4.
_flfl^K^A''\al
Eí^ltll^fl-i
H
fc\i_fl^*
ffll
# ftW
_íj
¦fl
'flBf
%M
mmmW
^_V_i
LmW
fll
flB^^fll
bVQéI
flfl
¦_____[
^H
i_^__^___j __P__E 1
fl__
_l
E__ __ _¦ JPP^SMB
___H
»__V __ B_í>*V_t ufll
^flfl_n__r *__H
¦_¦ flV_________P^^_K
4_i___l
_B
__^___I'
wflr
B__
|h
ü
fll
_____
__L
__!___
¦___.
__l
_P^
3
âV-t-llS
Fig. 6.
Fig.
7.
Fig. S.
A " Doiíiestic Sewinií Macbino Co." de New York fornece moldes de todos os vestuários do Novo Mundo, a preço commodo.
**t \"; t_
fl
B: j4mÊ
~"—"•"T"""~ sT""^^ísKT^Ji^B*
aT^Hafl
Sív^áfl
--^ífl^
flW~<'
¦¦
flfl
Rk£
M9
O NOVO MUNDO—PERIÓDICO BRAZILEIRO.
Junho, 1879.
^yd
^«ii^H
Wa"
H
^^
"""^ST*V^S*-^ V'?í*^Ç^*Ç*v?v\t!v!ifl^^ífl(m^kl»Vx^Wfll
HC*i'
BW
> >flí
BA
Bí^im
fl
HHT
^HH
^^v^NX
*¦
fV^J
KflRi&Wi
¦¦wii*u-
efkJi
vwv
*
['¦
¦¦>.-\«.
W^.
^flflaaD™*9 Hllll nfl» ¦¦
Fio. 14.
pWS
'
.
&
^Hfl
HVf^DBjfl^fll
H^B
^ K%^\lLa\jSMai
¦ •>,.VB
InOl^ruKrV
k^HmrKS
flafliflaaUTatrla/^ "^ ffl
FlG-
*
Bi
UlXl
^^
^^^>W
¦
b7
^aaaB
Fio.
^
lIMgMt
*i^V^flaV
16.
vestuários do iVovo Mun./o, a preço commodo.
A "Domestic Sewing Machine Co.» de New York fornece moldes de todos os
a
O NOVO MUNDO—PERIÓDICO
•5<>
Km. 8.
E»*t.» dosenho de uma bosque <lo seabom é muito simples. As
peças que su acham de nula lado do proa delineio nus contos são.
como so v<" du (lgum. de fazenda mais escura do quo as nutras
partes da basque. Estos pecas ofctoudom so até a costura dos
hombros Da mesma côr escara silo também n espécie de jugo
que as gravuras mostram. « os punho _ A orla inferior 6 cortoda do modo pie s*. v_ uo figuro, e o _ fTeito do tudo »'• muito
agradável.
•>.
Fio.
I.
mas muito linda, quo
bosque
simples,
figura
é
de
outra
Esta
|
tem lido acolhida com muito favor no presente estação. As
abas nas costas l.iv.iin botões de phuntosia, o a extensão da píirte
(icntr.il em baixo dellas é dourada do iikkIo «pio faça solm-suhir
as abas «pie sobre ella descansam. Puro fazer ueintuni ajustar-se
ao corpo empregam-se duas costuras do laiu;u. A cinta de fita »"•
fechada do Indo direito, o abi leva um nó e fitas soltas, Nus
extremidades das mangas aábam-se enfeites do renda, e são ornamontadas com botões do mesmo padrão dos (pie ba na frente. *
*
Pio. 5.
A frente ornada desta busque occulta inteiramente as costuras
da parte superior ; a porto do pescoço 6 cortodo a Ia Pompadour. lio extremidodo inferior dos costas as peças prolongadas
são arranjadas om laços dobrados, (pio houcIiuiii suspensos soltos
em baixo da cintura.
Fio. 0.1
A linda bosque representada nesta figura »J do construcção
nova mas attnictiva. E' feita com dons diversos materiaes, ou
com fazenda de uma só qualidade, mas do duas diversos cores.
A fr»'iito é do domassóo pesada, guarneoiãa do modo qne se vê
na «gravura. A «riu Inferior o us extremidades dos mangas sã _
cortados do mesmo modo, como so vê na figuro.
Fio. 7.
Nesta estampa VÔ-se uni desenho novo o elegante do paletó
puro senhora, que se pode fazer do seda ou oabbemira. As
frentes dobradas .flo feição muito conspiena neste desenho. As
OOStas silo de modelo francez, a costura do centro sendo deixada
aborta por alguma distancia acima do bainha inferior, onde se
acho um lindo oruato do renda similhante á que so acha nas
orlas. A renda o obra de piissotuatioria que gnornece este paletó
são muito lindas.
Fio. H.
Entro us muitas manteletus novas o lindas desta estação uma
das mus bellas »'¦ u que so acha representada no tlguni B. E' feito
de soda ou drnp (Fiti, Nos costas é quadrada, mus o mau elfeito
ipie sua largura podia produzir é diminuído por meio do eosttiros no centro o aos Iodos, o que repartem o largura em divisões
syninietricas. Extensões compridas na frente constituem feição
notável do nionteloto, o a fôrma dos mangas é tal <pio produzem
nm elfeito muito agradável. Em cima acha-se uma golla fechado em fronte com loco de fito de sedo. A giiurnição do franjas
c obra do passamanaria é muito rica oaugmontam muito o bello
efl-ito produzido por esta peça do vestuário de uma senhora.
Fio. li.
Nesta estampa o vestuário do menina do lado esquerdo é feito
de lansinha. o é gnorneoido com entremeios bordados o seda do
côr mais cloro. A facha larga que so vê na gravura é do soda
da mesma cór do vestido.
O foto do menino quo so vô no estampa 6 tão simples que não
precisara do explicação. A calça é presa íí jaqueta por moio de
botões, embaixo da cfnta, o desses ha tombem duas linhas perpendioulares na frente da jaqueta, o dous porto da extremidade
do cada uma das mangas.
O vestido da menina do lado direito é também muito simples.
E' guariiecido de bordado o entremeio lianiburguez, o ao redor
do pescoço ho um collarinho de renda.
Fio. 10.
A basquo representadr. nesta figuni é adaptada especialmonte
pam vestuário do possoiar-so a cavallo. A frente, de fôrma de
jaqueta, é dobrada, o, quando fechado com os botões, ajusta-se
bem omciaia do collete. A golla é muito larga, o está quasi
coberto com o véo. Em baixo do collete tniz-so camisinha com
dobros o collarinho em pé. As mangas da basquo são lisas o
estreitas.
Fio. 11.
Esta ]K>loneza e uma das mais elegantes qne até agora teem
A frente é do soda
appareoido durante a presente estação.
doma. __'e, e é parte muito conspiena do vestuário. Em diversas
portos acham-se presos laços de fita do sedo, e as mangas ocabom em lindos punhos do um modo elegante
Fio. 12.
A basque illustmda nesta estampa está muito cheia nos lados,
como é 0 gosto agora. A porte contrai das costas é mnito comprido. A parto inferior do costura no meio é encordooda o ornutnentodu »lo uma linho de botões. As orlas todo oo redor são
guornecidas do uma borda do peças cortados enviezodomonte, e
também os punhos o o collarinho são feitos de poços cortados
assim.
Fio. 13.
Esta figura representa uma basque linda feita do dous divorsos materiaes. E' usada om combinação com qualquer saia simpies, e servo então muito bom poro trazer-se quando se subo na
rua. Do cada lado acha-se um bolso ; o uma cinta encordooda,
atada em frente com nó do fito do setiui realça o effeito bello
desta bosque. 0 material necessário paru a bosque é do trez metros a trez metros o tréz quartos, com US centímetros de largura.
Pam guoruição 6 necessário um metro de seda.
Fio. 11.
O lindo corpinho representado nesta estampa pode ser usado
com qualquer saio vistoso. .As extremidades compridas das peças de traz são, como se v. na figura, apanhadas duos vezes em
laços. I ma cinta, quo se estendo só até as costuras dos lados
ó fechada om freuto com fivèlla, o um nó solto de fito de seda
acha-se como ornoto sobre o peito.
URAZIIEIRO
Fio. Ifi.
Este é modelo do uma dos mais vistosas polonezos quo até
agora teem appareoido. A parte dianteira, _m feitio de collete,
o com dobrai longltudlnaes como mostra a gravara, leva forro
liso; o tambein as costas e us uiaugus são assim forradas.
Fio. 16í
A bosque representada nesta.figura é muito vistoso o 6 udoptoda especialmente pára oocosiões dei festa. As mondas oxtendem-so só at»! os cotovelos, o podem levar nas extremidades
ornato largo de renda. As extensões dos peças das costas são
arranjados om dobras ocos. 0 feitio dos outras partes a gravura
torno muito intolligivel.
"__' Votrt Sàntê'' é ;> titulo de unia
gravura chanictoristica na
deste
nosso
cosinbeiro francez ê um
numero.
136
0
pagina
typo curioso om todo o mundo. Elle ó artista e bon-vlvaiú o
não desconln-ce o que é um bom calix do vinho. 0 apreciador
de bons petiscos não pode deixar de responder a uma saúde
feito por (piem tanto tem nossa saúde em sua mão.
A BDUGAÜAO nus LÍBBRT11S".
No curto período de quatorze annos quo decorreu desde quo
se findou a guerra civil teve logar uestes Estados Unidos uma
revolução moral»' político mais admirável do quo qualquer outra com memorada na historia. Do quatro a cinco milhões de
sores humanos, uté então privados de todos os direitos naturaes,
foram subitamente libertos do escravidão e receberam os direitos do cidodãos desta republica.
Já tinha anteriormente havido casos da emvnoip.içiio súbita
de massas opprimidas, mas seus resultados haviam sido tão
terríveis que encheram de terror os espíritos réflectidos. A Revolução fraucezo oom seu suns culotlismo e seus horrores iuconcebi veis acabou por forço em uni despotismo, e não foi sem motivo<pio um pensador inglez foliasse da emancipação dos escravos
na America do Norte como uni succeSsoque era similhante a/> de
um navio que descesse as quedas do Niagara. Descemos o solto
o estornos ainda com vido e sonde. A nosso nau do Est ido possou por esses rápidos terríveis o precipitou-se por esse abysmo
abaixo, emquanto as nações pasmadas retinhaim o respiração ua
certeza quo se faria em pedaços; mos eis quo emergiu sem damn_ algum e está nroseguindo sua viagem seguro e tranquillomente. Que os passageiros foram um tinto abalados, que algumos pronebos ficaram rachados e alguns paus quebrados, que
foi preciso passar alguns redemoinhos e sofírer alguns incommodos, todos sabem. Mas nem por isso deixo de ser quasi um
milagre que a nau ainda exista em estado de contiuuor o suo
derroto, e em melhor condição do que anteriormente, porque está
alliviada do posado cargo de opprossão que era poro ello uni
ptírigo continuo, e nada mais tem de temer delle.
Para fazermos juízo seguro do estado actual da instrucção
entre os libertos nos Estados Unidos, é preciso recordormonos da condição em (pio se achavam quando eram escravos.
Um escravo uão podia possuir propriedade, uão tinha direito
algum, não podia servir de testemunho nos tribunaes, nem coutractur uni casamento legal, e não tinha direitos legues sobre
seus próprios filhos: em unia pulair.i, era um ser humano cui"legal
e sysfematicamente privado de todos os direitos
dadosa,
de humanidade.
Nos Estudos do Sul ora prohibido, sob penas severas, o eusinor aos escravos a ler on escrever; sendo mais severas as penas
infliotus contra esto crime em alguns Kstodqs, do que os iudietas coutni o crime de estropear um escravo ou cegol-o. Ao
passo que o solo em alguns dos Esbidos ficava exhausto, tornou-so industria proveitosa ahi a criação de escravos para os
Estados do Sul. e ella toruou-se urna industria systomatica que
foi tractado nos jornaes o reuniões agrícolas om termos muito
similhautes aos que oram usados quaudo se falia va sobro a criação de gado muar ou cavallar.
Nos Esbidos do Norte os negros não se podiam tornar cidadãos
e si não lhes era prohibido por lei adquirir bôo educação, havia preconceitos muito fortes contra a sua admissão nas esclioIas, sendo esses prceoucoitos apporenteniente mais fortes uo
Norte do (pie no Sul.
Em lf..'l'2 a senhora D. PbodENOE Ciiandall abriu em Cuiiterbury, no Estado de Connecticut, uma eschola de internas para
moços de cór. Já autos de se abrir a eschola o projecto foi
opposto pelo povo do logar, em uniu re- uião publica couvocudu
com o tini especial de so troctar desse assumpto. Quando a
eschola foi aberta com assistência de algumas \into meninos de
New Vork, Philadelphia, Boston o 1'rovidoiice, os logistus, coruiceiros, padeiros e até os agricultores da vishiiiauçn recusaram.
so o vender uiontimentos /í directora. o foi neoessurio muudul-os
vir de grandes distancias; As aluamos foram iusultados nas
ruas ; as portos e escudos de nm, da eschola, foram salpicadas
com todo sorte do immundieio, e desta lançaram também no
poço que suppriu o eschola de água ; o medico do villa recusouso ir visitar us alumnas doentes, e até foi-lhes prohibido ontror
no recinto da egreja. A casa em que fuuccionava o eschola foi
assaltada por uma turba de gente amotiuada, com paus, pedras
o borras de ferro, com que quebraram as jauelliis e uterrorisaram oh que nella 5e achavam. Afinal o Legislatura do Estudo
declarou por lei especial que a e-cbc-lu Ora illeg.il e em cousoqueucia disso Fu.i.eni _ Ckandall foi levada presa puro a
cadeia.
Esta sensibilidade extrema e inexplicável da gente do Norte
torna-seho intolligivel quando considerarmos quo havia alli
proprietários do escravos tão realmente como os havia no Sul.
Os escravos oram a.ÜVO com valor real nas contas de todas os
fazendas o casas do negocio do Sul ; eram a garantia eftecüvu
pelo pagamento do dividas*, _ esto era a base de grande parto
dos negócios commercioes feitos entro o Norte o o Sul. Nas
egrejas do Norte havia muitos proprietários de escravos quo
sentiam com o iustiucto vivo do interesse próprio tudo quanto
podia intervir com seus lucros, e ao mesmo tempo queriam
Junho, 1879
conservar a suo consciência tranquillo, sem que mula yiesso
perturbai-a! Em. natural, pois, que elles oriassora ódio aos
negros porque Mes eram a causa por que a sua própria consciencia muitas vez<»s os condenmava.
Os abolicionistas do Norte proclamavam que em uni poooado
contra Deus comprar, possuir ou vender, com o fim de assim
tirar lucros.uni ser humano o quo era tanto preciso nrrepen-ler-so
desso peccado e deixal-o imniediatomento, como ora necessário
arrepender-se do qualquer outro peccado o doixal-o. Quando,
pois, nm negooioute em New York recebia aviso de seu advogado no Sul que, para cobrar nina divida de cincoouta contos
por conto desso negociante, lho fora preciso acceitar cm pagamènto uma, porção do escravos, o quando então o negociante
escrevia ao advogado maiidandoalhe vender os escravos e roniotter o dinheiro, era natural qne as doctrinas proclamadas pelos
abolicionistas o irritassem o que os declarasse como fanáticas e
tendentes a amotinar os escravos. No Sul o rigor do systema
da escravidão era suavisudo em muitos casos na practica pelo
bom tractamouto que os escravos recebiam de sons sonhoros, o
muitos destes oram animados do sentimentos da maior bond ido
para com os seus escravos ; mas o proprietário do escravos no
Norte negociava em homens o mulheres que nunca viu o do
cujas separações, lagrimas e desgraças estava resolvido a uuuca
ouvir dizer palavra.
A grande doctrina consoladora que socegou a consciência dos
propriebirios dos escravos tanto no Norto como no Sul era a
idéa de que o negro não presbivo para outra sorte que não fosse
a de escravidão; que era incapaz de desenvolver-se, de educarse e dirigir-se a si mesmo, o por isso qualquer esforço feito
em qualquer parte do paiz para dar-lhe uma educação litteraria
suscitou mnito opposição especial. Um dos principaes opposicionistas íí eschola de meninas negras do Conterbury em poucos palavras exprimi* os sentimentos qno a esse respeito nutiia
todo o partido oscravagista tanto do Norte como do Sal, quando
disse: " Não é só aquella eschola que nos oppômos. E' nosso
teuçào não penuittir que em nenhum tempo so estabeleça siniilbante eschola neste Estado. Os negros nunca podem neste
paiz sahir de unia condição servil, o não se lhes deve permittir
elevar-se aqui acima da posição que lhes compete. São uma
raça inferior de homens e nunca poderão nem deverão ser reconhecidos como os eguoes dos brancos. Que voltem para a A f ri ca e se desenvolvam ahi como quizerein. Neste paiz em (pie
estamos a condição da população negra nunca pode ser esseucialniente melhorada."
Este era o poneto vital, enunciado em poucas pilovras. Os
abolicionistas propozerom-se, pois, u educar o nica ne«_;ro.
O Oberlin Colleijn, estabelecido em 1835 em Oberlin, no Estado de Ohio, foi o primeiro estabelecimento permanente de instrucção superior (pie não fez distinoção alguma, por causa de
côr, eutre os alumnos que admittia om suas aulas. tia cidade
de Washington, capital de nosso paiz, unia senhora intrépido o
heróica, I). Myii.ei.i.a Mi.neii, consagrou a sua vida uo estabelecimento de uma eschola paro os moços negras do Districto de
Colnmbia, que até então haviam sido deixodas entregues á
ignorância e ao vicio. Gostou as suns forças e encurtou a sua
vida na causa a que se havia dedicado, mas a eschola qne estabeleceu existe ainda o está fozeudo uma boa obro em Washiugtou. Soja abençoada a sua moinoria !
Em 1855 Mr. John G. Fee, filho de um proprietário de escravos no Keutucky, estabeleceu, ua villa de Berea, Condado do
Madisou, Estado de Keutucky, uma eschola em que pretendia
receber itidistiuctomoute alumnos brancos e pretos. Mas este
acto philanthropico trouxe sobre o moço enthusiusta muitos
inales e perseguições. Porque propagava a doctrina que a escrovidão era um peccado e que a emancipação dos escravos era
um dever, seu pai o desherdou. Depois gostou todo sen patrimonio particular libertando uma encrava que seu pai havia separado de seu marido e vendido paru o Sul. Essa negra pertencia
á mesma egreja de Mr. Fee. Este, depois de pagar o preço
exigido para resgato dessa escrava, quasi não tevo mais meio
algum de vido e fez-se missionário de uma sociedade religiosa
organizada sob princípios decididamente hostis á escravidão.
Por causa disso Mr. Fee, em seus trabalhos de propaganda, foi
muitas vezes exposto ú violência da fúria popular. Mais de
uma vez prenderam-u'o, surraram «á sua vista o seu ajudante
negrD, e depois pozerom uma corda ao redor do pescoço de Mr.
Fee e ameaçaram euforcal-osi não promettesse abandounr a emprezo o deixar o Estado. Com a calma de resignação christau o
moço ajoelhou-se e disse: "Posso soffrer e morrer, mas prometter isso não posso;" e hoje Berea Colleije, com doação de fnudo permanente de 100 a 200 contos é o monumento que attesta
a sua perseverança, eintrepidez.
Vemos, pois, (pie anteriormente á guerra civil a sorte da roça
africano nesta União foi, pela maior porto, o triste sorte dos que
estavam subjeitos li csciovidão perpetuo do ignorância. Os esfiirç(.s feitos para dar-lhes alguma instrucção foram como umas
poucas estrellos espalhadas espursameute om num uoito das trevas mais densas que so podem imaginar.
E' necessário, porém, que aqui façamos justiço o muitos
Cliristãos conscienciosos eutre os proprietários de escravos no
Sul, qne sentiram profaudameuto a responsabilidade que tiulmiu
para com seus escravos e trabalhavam couseienciosi. nente por
lhes dor a instrucção que a L_. permittio dar-lhes. A's vozo.
encontrava-se um indivíduo (pie se atrevia até a desobedecer ú
Lei e a ensinar a seus escravos o ler e escrever; mas esses casos
eram raros. Mos uão ba duvida que os sentimentos benignos e
até otloveis gorados uos corações dos propriebirios para com
seus escravos, o nos destes para com seus senhores e suas senhoros, em cousequeucia dos esforços quo muitos destes fizeram de
dor alguma instrucção religioso e christau a seus servos, eram a
causo de uão so declarar nenhuma insurreição entre estes e
coutro seus senhores durante a guerra civil. 0 Christiauisiuo,
mesmo quando comprehendido muito imperfeitomeute, ero um
vinculo do paz outro os senhores e seus servos.
Afinal veiu a guerra e no principio dello os melhores amigos
políticos do raça africana,0 Presidente outi-escravugista e seu Gabinete, e todos os homens importantes do Governo ofliruiaratii
do modo mais solem ne quo não so fazia guerra coui o fim de
libertar osjescravos.
Junho. 1879.
'O NO ri)
Mas, embora esse nfto fosse o lim que tivomm em vista os
homens, tornou-se em pouco tempo evidente que em o lim
d'."Aquelle qne fax tudo o que quer, tanto nas virtudes do céo
*_oino nos babitadores da terra.'' Poi Esse, quo havia dicto : "0
Semioh 00:11 iogo, o armado da sua espada, julgará discernindo
a toda a carne, o serão muitos os quo ficarão mortos pelo mesmo
Sesiioh," (pio tomou sobre si vingar a causa dos Africanos.,
O tempo chegou em que o Governo foi obrigado a decretar a
libertação dos escravos como medida do guerra, e tendo-os
liberto, acceitou-ôs como" soldados, o assim empenhou sim
honra o a da nação para proteger a rnça emanei pada, e então
seguiu-se como conseqüência natural a concessão do voto u do
todos os direitos políticos e civis du qne gozam o.s brancos.
Durante muitos annos patriotas, estadistas, hoinens conscienciosos e Christãos, tinham com muito tmbalho e auoiosamente
"Comoé
procurado solução para o problema impenetrável:
abolir a escravidão sem arruinar o paiz." Madisox,
(pie se pode "Washington,
todos tiveram seus projeotos,—o todos
Jei-I-hsox,
de (pio, depois de ellectuar-so a
na
idéa
estes eram fundados
'.
impossível
seria
para os brancos e^is negros viveemancipação,
Todos pensavam quo a
o
harmonia.
em
rem junetámente
paz
dos
escravos
traria comsigo
e
súbita
immediata
emancipação
violência ; o por isso, como
e
sangue
de
derramamento
perigo,
a ninguém oceorresse um projecto practico para preparar o
terreno para a emancipação que muitos julgavam um dever sagrado, a gente do Sul afinal veio a considerar a escravidão como
cousa que dovia sçr indefinidamente conservada o estendida.
Nós fomos obrigados a emancipar os escravos—o a emaneitempo para preparar o
pal-os subitamente, sem que tivéssemos
terreno; e a honra nacional nos obrigou a conceder aos libertos
não só a liberdade, mas também os direitos de cidadãos. Esta
foi a posição em que a guerra nos deixou. Tivemos logo uni
auguiento de quatro milhões de cidadãos desta União nos Esta. dos Unidos, que não tinham nem propriedade nem educação, e
de cujo estado moral se pode fazer idéa do modo por que foram
criados o das circunistancias em que haviam até então vivido;
achavam-se cercados de seus senhores antigos muito exasperados contra elles e de modo algum dispostos a suavisar suu caminho para a liberdade e independência.
Que em unia mudança tão súbita e radical houvesse luetis e
conflictos; que a recoustrucção dos antigos Estados esdravagistas
em condições tão novas e estranhas, fosse obra difficil e desse
logar ã manifestação de muita ira e opposição; que houvesse
contendas, erros, enganos, mau manejo dos negócios, e muitas
outras cousas desagradáveis, era de esperar. Mas, apezar de tudo,
nvinea, em tempo on logar algum, se operou uma tão profunda
revolução na sociedade humana em que houvesse acontecido
tão pouco que fosse de deplorar.
Em prova disto, sirvam as seguintes proposições que são de
muita Significação e cuja verdade neste nnno de 1878 pode ser
demonstrada.
1. A colheita de algodão desto anuo, produzida toda com
trabalho livre, ó de muitos milhões de libras maior do que a de
qualquer colheita anterior.
2. Todos os homens importantes do Sul reconhecem quo os
libertos são livres para sempre e que os direitos que lhes teem
sido concedidos nunca lhes serão tirados.
3. 0 sy .toma de instrueção livre tem sido estabelecido em
toda parto dos Estados do Sul, e os sulistas mais iatelligentes
concedem em theoria que os benefícios desse systema devem ser
applicados sem parcialidade tanto aos negros como aos brancos.
¦L Todas as grandes seitas religiosas estão esUfialecendo escholas em graude escala entre os libertos. Nos diversos Estados
do Sul acham-se espalhados, sob a direcção dos diversos corpos
religiosos, trinta e nove estabelecimentos de instrueção superior
exclusivamente para gente do côr, e para dar-lhes a educação
que necessitarem como professores, ministros do Evangelho,
; médicos, agricultores o artistas mechanicos. Além disso ha ses'
senta e novo eschola* de grau inferior, tombam exclusivamente
para os negros. Todos estes estabelecimentos de instrueção,
tanta primaria como secundaria, foram fundados por esforços
particulares, e devem a sua existapeia e o estado florescente etn
que muitos delles so acham, inteiramente á iniciativa particular
dos amigos dos libertos e dos quo tinham a peito seu desenvolviuifcuto e melhoramento iutellectual e moral; e calcula-se que,
durante os últimos dezeseis annos nada menos de quarenta mil
contos do réis foram coutuibuidos voluntariamente para esso fim
pelas egrejas e por indivíduos philaiitliropicos deste paiz.
5. Em muitos casos homens pioeuiinoutesedo muita iufluoucia no Sul favorecem abertamente esses esforços leitos uo intuito
de educar os negros. Alguns desses estabelecimentos de iustrucção receberam generosos subsídios dos Estados èm que
haviam sido fundados. Todos elles, segundo os últimos relatorios que publicaram, acham-se em estado muito florescente.
ü. A raça negra está fazendo progresso em riqueza e prosperidade materiaes.
Os limites de um único artigo são muito estreitos para citar
todas as provas que podiam ser apresentadas a favor de cada
uma destas proposições. Hei de fazer, pois, a melhor escolha
que puder, e em primeiro logar mostrarei o que ó o quo faz em
prol da eduenção dos negros o systema de escholas publicas.
Em 18(37 o Congresso creou em Washington a Eepartição
Nacional de Educação, com o fim de recolher dados a respeito
da educação e espalhar a informação que fosse útil aos cidadãos
dos EstadosJUnidos-eni seus esforços de estabelecer e manter
um systema efficaz de escholas entre os libertos.
No primeiro relatório publicado por essa Repartição, em
1870, acha-se a seguinte passagem:
"A informação contida nos papeis que acconipanhani esto relatorio a respeito da instrueção nos Estados em que os escravos
foram ha pouco libertos, contém feições mui diversas das daquelles em que hu muito não havia escravos. E' agradável
saber-se que não existe mais escravidão neste paiz para fechar
as portas contra a instrueção universal. E' agradável notar a
avidez com que ãquelles que ha pouco eram escravos teem procurado instruir-se tanto nos rudimentos como também nos ramos superiores de instrueção. E' agradável saber que o philuutliropico Mr. PjsáBÒDX e muitas sociedades benevolas fizeram
tanto para facilitar e favorecer a instrueção de todas as classes
MUNDO—PERIÓDICO
'5'
BRAZlI.EIRO,
Não foi o desejo do roubar ou de vitigar-socpieosonthustasitiou,
no Sul. IV agradável saber quo o (inverno, mediante a llepartição dos Libertos, alcançou rt-nultodos tão vastos neste sentido, . íii-nt o do entrcgur*s*.i embriaguez ou ti dissolução, mas foi o
desejo de so instruir. Nãoprooipitararam-io nas taheriniH o sim
o que pondo dizer que em Julho passado houve 140,081 alumnos
nas escholas, pediram syllabarlos como si fosso pão, e mestres
nas escholas diurnas e noclurnas, E' agradável saber (pio, sob a
como si fossem unia necessidade da vida. Esse desejo do insos
reorganizados
restaiiradora
do
Congresso,
Governos
política
truir-so dn parte dos libertos do Sul encontrou egual desejo da
dos Estados adoptaram Constituições que tornam obrigatórias a
fundação o manutenção de livres escholas publicas para todos
parto dos Christãos do Norte de dar-lhes os meios doso instruir.
os meninos o meninas de edade própria para irem na eschola,
Todas as diversas seitas lhes enviaram mestres, o estes seguiram
08 exércitos o cstabi-leeerain-se em toda parto onde havia para
quo leis teem sido feitas o postas em i-xeMtção, etn virtude das
elles seguranç i.
do'
e
onipropulos
foram
directores professores
nomeados e
quaes
escholas, construídos edifícios onde nslas fiineeioniisseiii, o in*
A uaçào acceitou os escravos emancipados conto seus pupillos,
o creou u l.epurtiçáo dos Libertos para dirigir OS negócios que
traduzidos em muitas parti s os princípios de systenias já oxpolhes diziam respeito, o sobretudo para provei-OS do escholas o
rimeutados o achados etli -azes uni outros logares."
a mestres.
O relatório em seguida entra em pormenores sobro cada um
Tenho deante de mim uni volunio dos relatórios dessa Repordos Estados do Sul, o mostra qno em todos elles so havia feito
tição, para os annos de 1 do Janeiro do 18GG a 1 de Julho do
um principio com o estibeleoimento de escholas publicas, mas
1870.
que estas estavam encontrando muita Opposição formidável. A.
idéa de dar-se instrueção aos negros era idéa nova nesses listaNo primeiro relatório diz-se: "O desejo que cs libertos teem
dos ; estes eram iodos pobres, enfraquecidos pela guerra e seus
de adquirir conhecimentos é muito graude. Sua emancipação
resultados, o por estes o outros motivos os habitantes estavam
produziu nelles uma determinação do sor bem suecedido que é
indicio do vitalidade muito proinettedora de seu futuro.''...
pouco dispostos para snbjeitur-se a novos impostos para esse
"Todas as classes, mesmo muitos dos (pu- já estão edosos, estão
fim especial; e, como de costume, nquolles mesmos que mais
necessitavam de instrueção, estavam mais oppostos á introducprincipiando a aprender o alpliabeto o vão ás escholas uoeturnas e doiiiinieaes; muitas vezes se vêem os libertos, empregados
existia
vê-so
dessas
escholas.
ainda
Do
relatório
de
1871
ção
que
o mesmo conflicto. Diz (pie os negros estavam muito anciosos
nas estrados do ferro, nos boteis o vapores, nus horas de lazer,
Os soldodos
estudando seus syllabarios com toda attenção.
por instruir-se, e que em muitas partes havia sérios preooncoitos contra sua educação. A obra de construir escholas para
negros estão procurando tombem o aprender a ler o escrever, o
os libertos e manter nellas os mestres necessários foi dividida
seus ofliciaes nierecein muito louvor pelo qno fazem cm bem da
entre a Renartiçilo Nacional dos Libertos o os diversos corpos
educação de seus soldados. Em Beaufort o regimento 128'', de
religiosos que tinham missionários entre elles.
tropas negras, foi encontrado reunido om tuna eschola de acamVemos, pois, quo as objécções feitas contra as escholas publipamento, construída pelo regimento e em quo alguns dos officiaes eram os mestres, o coronel dirigindo tudo com o maior
cas para os negros nasceram da opposição geral (pie so fazia no
interesse." No relatório faz-se menção de todos os Estados do
Sul contra o próprio systema de escholas publicas; e por isso
Sul etn particular, e ello mostra como em todos elles está nasfoi preciso, em primeiro logar, vencer esta opposição, o convenceudo um desejo geral do vulgarisar mais os meios de instruocor homens brancos, ignorantes e cheios do preconceitos, que
um systenia do escholas publicas seria uma bi-nçuii para todos.
ção. Uniu passagem em particular é digua de nota:
"Por todo o Sul a gente de côr está fazendo muitos esforços
Afinal a victoria foi ganha pelos amigos da instrueção popular,
'instruir-se <i si mesma.' Na falta de mestres os negros
o enuFevoreiro de is? _> teve logar em Atlanta, uo Estado da
para
estão com a determinação de aprender por si mesmos, e em toda
Geórgia, unia grande reunião com o tini especial de pedir ao
Congresso que auxiliasse u oducação popular. Nessa reunião
parto vê-se nas mãos delles algum livro ou parte de livro eloineutar, Um coiiiiiiiiiiica aos outros o que acaba de aprender, e
achavam-se representados por delegados os oito Estados seguiumuitos fazem so mestres com conheciinoiitos muito limitados.
tes, todos do Sul : Virgínia, Caroliua do Sul, Geórgia, [florida,
Não só encontram-se sempre indivíduos estudando nas circumAluhuum, Luizinna, Teunesseo e Missouri.
^
us mais desfavoráveis, mas também são numerosas as
stancias
No memorial que essa reunião enviou ao Congresso acha-se o
toscas muitas vezes e mal arranjados, mas sempre
escholas,
seguinte poragrapho notável :
escholas, consl ruidas pelos próprios libertos, o doutro dellas
" Resolvido, Que, desde (pio as leis dos diversos Estados
" Em Goldspor
grupos de todas as edade., procuvundo aprender.''
nós representados, não discriminam, nem em favor ii"in contra
"vi escholas
o
relator,
continua
boro, ua Caroliua do Norte,"
os meninos de qualquer classe de cidadãos, o desde que os
haviü
negros,
moços,
melhores; o ahi dous
pouco tinham
quo
que se acham encarregados da execução dessas leis procuram
haviam
cousa,
alguma
a
aprender
mesmos
elles
principiado
sempre leyal-os a elloito com toda imparcialidade, assim tamuo redor de si cento e cnicoeuta aliintuos, todos comreunido
bem nós nos comproiiietteiiios a fazer tudo o que estiver ao
port.indo-so muito bem o muito atteiitos ás suas lições." No
nosso alcance para que, si o Governo nacional nos conceder
mesmo relatório falla-se também de escholas que tinham negros
fundos para nos habilitar a espalhar mais os benefícios da
mestres, etn Òharlestoti, Savauuah e New Orleans, o diz-so
como
iustrueçi-o, todas as classjs de cidadão., tenliim parto egual
que em unia das desta ultima cidade as amostras de caligfaphio
nesses benefícios."
feitas por alguns dos alumnos eram prova de proficiência notaOutra parto do memorial diz assim :
vel, o (pie todas as classes mais antigas recitavam lições o liam
"Noestado em (pie a recente
guerra deixou nossa sociedade,
tanto em Inglez como om Francez. Esta esohola livre foi
bem
todo liomem tem direito de votar; e a segurança das instituições
inteiramente com contribuições voluntárias de gente
mantida
republicanas depende da instrueção das massas populares."
cor. 0 relator diz que iufortitou-so com miuuciosidade o
de
¦
No mesmo memorial pode-se no Governo nacional quo conceda
esso respeito e em conseqüência soube que havia escholas como
aos Estados do Sul maiores souuias, em proporção á sua popuessa etn todas us cidades maiores e que estavam sendo estabelelação, a dispender com o ramo da instrueção publica, do quo
eidas por todo o Sul. Concluo dizendo:
seriam concedidas aos listados do Norte, pela razão de qne nos
" l-_sto é um estado maravilhoso idas cousas. Acabamos de -.
do Sul havia muito.-, negros a instruir o que, em conseqüência
sahir de uma guerra terrível, a paz não está ainda declarada, a
da guerra, suas propriedades haviam diminuído muito om valor.
sociedade uo Sul quasi uão principiou ainda a reorganizar-se, e
O que é mais digno de reparo nesto niomorial é o facto de se
comtndo vê-so ahi um povo, por muito tempo embrutocido pela
reconhecer o dever da parte dos Estados de conc.-der n todos os
e o povo mais despresado da terra, procurando a
escravidão
meninos, sejam brancos ou negros, os boneficios d,' instrueção
iustrucçãoapeuosse quebram os grilhões em que estavam presos.
escholar. E é nossa firme convicção, buscada sobre titu exame
Onde, e em quo tompo houve outro povo que mostrasse tanta
dos relatórios animaes da Repartição Nacional da Educação dos
paixão pela instrueção?"
Libertos, do que em geral os sulistas quo mais fazem etfl favor
E' preciso estar-se lembrado que o relatório donde foram
da educação em seus Estados são bem dispostos para a gente de
estes paragraphos foi de 18GG, auuo em que essas omtirados
côr; quo om theoria consideram que o.s negros merecem parto
haviam principiado. Esses relatórios seinestraos
apenas
prezas
egual nos favores que o Estado estendo a sen», cidadãos em couRepartição dos Libertos couteem uma historia maravilhosa o
da
sas de educação, e que na practica teem concedido aos negros
muito interessante do progresso da raça negra no Sul na sendo
tudo o que a esse respeito os meios a seu dispor lhes periiiittiani
do desenvolvimento iutellectual e da prosperidade material.
conceder.
Segundo o relatório de 1870 dessa Repartição, 2'17,000 aluiuPassemos agora á consideração daquillo que a Egreja Chrisnos negros recebiam instrueção systematica em -1,239 escholas e
tun da America tem feito em beneficio dos libertos.
sob 9,307 mestres. No liauco do Depósitos dos Libertos, estos, |
Pouco depois do principiada a guerra foi determinado que
de ltíGO a 1870, depôs1 taram, das economias que haviam feito, o
fossem recebidos e protegidos os escravos fugidos, o os exércitos
somma de $l6,9G0,33G.(i2, ou mais de 32,000 coutos do réis.
do Norte se tornaram para elles em cidades do refugio. Ao passo
IIarriet 1_-i.i_ci_.i_k Stowk.
que avançaram reuuirau_.-so a elles muitos e .cravos de todos os
districtos ao redor. Homens, mulheres e meninos chegaram do
todas as partes, levando ás vezes uma trouxa com roupa, mas ao
mais das vezes sem mula que tivessem recebido pelos serviços
de muitos annos; mos oram livres, e esta idéa os encheu de juXIAIOCÍANTES DE
bilo e os fez proroinpor nas mais bestrepitosas demonstrações de
alegria. O anno do jubileo, havia tanto tempo esperado, chegára para elle., e quasi não cabiam om si de contentamento.
No decurso do tempo quatro milhões desses escravos foram
RIO DE JANEIRO
libertos pelo Governo. Esta min sem moradia, sem dinheiro,
sem instrueção, e eram muito improvideutes; não estavam de
modo algum preparados para os perigos ,e os devores de goute
41 & 43 Wall Street, New York.
livre. Nunca haviam sido obrigados a confiar em si', e tendo sido
entregues subitameutj a si mesmos, estavam á mercê de gatulornecem informações fidedignas a respeito dos
nos e outros desalinados, que os defraudavam de tudo quanto
produetos brazileiros mais procurados nos mercados
ganhavam. Tinham sido cri.ulo.s na eschola da immoralidade,
norte-americanos.
e por conseguinte não era de estranhar que houvesse entre olles
0.1'erecem-se como os mediarieiros únicos entre o
muitos mentirosos, ladrões e libertinos. A emancipação obrigaproduetor no Brazil e o consumidor nos Estados
da de seus escravos o outros resultados da guerra tinham deixaUnidos para, com a menor demora e despeza, disdo tão pobres seus antigos senhores que pouco podiam fazer em
porem dos produetos remettidos.
beneficio dos negros, e além disso a emancipação destes tinha
Adiantam dinheiro sobre os produetos remettidos
exasperado tanto os ânimos daquelles que menos ainda estavam
consignação a sua casa em New York.
em
elles dispostos a fazer etn beneficio de seus antigos servos.
a 6o dias d. v. e 3 dias d. v. sobre Messrs.
Saecam
Mas pobre, ignorante e simples como fosse essa massa eman ec Cd., Banqueiros, de New
T.".(Jhristknsiín
C.
cipada, havia sob um aspecto graude diffuronça entre cila e as
de Credito a Viajantes?
Cartas
e
emittem
Vork',
massas libertas pela Revolução franceza em 178_, ou outras
quaesquer massas subitamente libertas de quo lemos ua historia.
G. McCULLOCH MECHER & CO,,
EXPORTAÇÃO
E COMMISSÃO,
ÁLBUM DO "NOVO MUNDO."
. MENUETTO.
vi
Jto //? Quintetto de L. &OCCHjYXIAV.
*
Tem/w di Mtn uetto.
. JJ ¦•* — *^^,^S— -^-sm
f*
Lai"1 L
^«tj^—{^
!
una corda
Pf) un jioeo animaio
5:
—£a>-
L
I
™
I—
f-
7W.
•i5r>e;
t)
*^
^
•
U—
-^^—1^_^_—i——.—-i
^_~
Pírf.
.
At?.
¦ i ¦ a =-j—^r——^*—L^Ptã'
KJ
'
1 *¦*
-J: -3" -b- .
n—*0r
^»—-
*^j
^r
Ped.
0
_^
jO (Zwfce e leggiero.
•
1
!
í
1
%
. .£
.£
.
^7'
Aí:
1
-.
í ^'^'
\
Í^-^-g3---fc%gpr£^p^
TRIO.
l ^F
[-1— — —zzr
pp Iri^ffriiTji^^
ãÉÜBi^^^^pI)
^;gj
fü^.^t^A±
-^^—.^
-^^^^^^^
...|
Vf f ,r'" HV^ájg/3,-^,!53333.
Pe<Z.
«$
•
«...
teÉÉi^-bÊS
p«/.
*J^
Ped.
<$
r '.
'
-r^N
Ped.
«fc
Ped. ^^y<&
0
i
,
'
f *
J
. f
is
.
..tt tf
.
.
•
.
.
.
^ftfi-ír-jjrí fi f r-fezàêffe:
(^s^^^^^^^^^^iMi^^.^i^.^^a.-.^^a^
Ped.
p^ê^
Jj^
¦#
i*l
Ai.
#
'
P«/.
^ Perf. $ Ped. $ Ped.
'
«$¦
^^^^^ /r elargando.
j
""^^^fT-1^.
-J^* * '
^^
i^~
iW.
-r^L^—--^
A-^-^FW.
~
/•
?
P«á.
$
Ped.
<TMC*
"b"
«$¦ l^
~
/.
^^
'
j
' Ped.-^ P«Z.«^
Pcd.-^ Ped.

Documentos relacionados

fl - Digaai

fl - Digaai E' o resultado de estudo cuidadoso para combinar ps materiaes mais efllçasqs em sua forma mui» oonoenIrada, para USO externo. Para que um nuRuento seja utll (¦ prodTso que opere rapidamente, e por ...

Leia mais