Informativo 1 – Prof. Dinário Dutra
Transcrição
Informativo 1 – Prof. Dinário Dutra
Informativo 1 – Prof. Dinário Dutra - Geografia 'Charlie Hebdo' e a arte de provocar Revista francesa, cuja sede sofreu ataque nesta quarta-feira, adotou em diversas ocasiões posição considerada como ofensiva em relação ao islamismo Palco de um atentado cometido por terroristas muçulmanos nesta quarta-feira, a revista satírica Charlie Hebdo surgiu nos anos 1960 e há muito assegurou seu espaço na história do jornalismo francês. Descrita como anarquista, ela não poupa políticos, polícia, banqueiros ou religião. Quanto a esse último ponto, é importante ressaltar que a revista sempre foi ecumênica em suas críticas. Publicou inúmeras charges zombando da Igreja Católica — não apenas de papas, mas também da Virgem ou de Jesus — e nunca teve a religião muçulmana como alvo exclusivo. 'Não ria!' — Mas foram os radicais islâmicos que a transformaram em alvo. Em novembro de 2011, a Charlie Hebdo publicou uma edição cuja capa mostrava uma caricatura de Maomé com a frase: "Cem chibatadas se você não morrer de rir". A resposta foi uma bomba incendiária, que destruiu sua sede. Capa da edição de setembro de 2012 da revista francesa 'Charlie Hebdo' No ano seguinte, a dois dias de uma data sagrada do Islã, o periódico voltou a satirizar Maomé. A capa da edição mostrava um judeu ortodoxo empurrando uma cadeira de rodas com um homem de turbante. Ambos avisam ao leitor: "Não ria!", em alusão à publicação de 2011, A caricatura aparece debaixo do título Intocáveis 2, em referência ao filme que foi sucesso de bilheteria do cinema francês. Outras caricaturas da edição exibiam o profeta em situações embaraçosas. Em uma delas, ele está nu. O islã considera blasfêmia qualquer representação gráfica do seu fundador. Após a divulgação dessa edição, o Ministério das Relações Exteriores da França anunciou que fecharia suas embaixadas e escolas em 20 países de maioria islâmica no dia sagrado para a religião. O episódio desencadeou uma discussão intelectual e política na Europa sobre como lidar com manifestações culturais que ofendem as religiões. "Maomé não é sagrado para mim. Eu vivo sob a lei francesa, não sob a lei do Corão", disse na época o editorchefe Stéphane Charbonnie, assasinado no atentado desta quarta-feira. Histórico — A Charlie Hebdo teve origem na revista satírica francesa Hara-Kiri. Fundada nos anos 1960, essa publicação chamou a atenção ao divulgar uma manchete sobre a morte do ex-presidente da França Charles De Gaulle (1890-1970): "Baile trágico em Colombey: 1 morto". O título irônico fazia referência a uma notícia policial daquele mesmo momento, sobre a morte de 100 pessoas em uma discoteca do país. A edição fez com que a Hara-Kiri fosse banida. Em resposta, os jornalistas da publicação criaram outro periódico, agora batizado de Charlie Hebdo. A revista deixou de circular por dez anos, entre 1981 e 1991, por falta de recursos. Entre as charges mais provocativas da revista, estão a que mostra policiais segurando cabeças ensanguentadas de imigrantes, papas usando camisinha e um membro do Estado Islâmico prestes a decapitar Maomé. Fonte: http://veja.abril.com.br/noticia/mundo/charlie-hebdo-e-a-arte-de-provocar 07/01/2015 - 10:16 'Charlie Hebdo' reabre o debate sobre os limites da liberdade de expressão Massacre no jornal trouxe à tona o debate sobre o direito de ofender. Jornais de Rússia, China e Malásia disseram que o jornal cometeu um erro. O massacre da última quarta-feira (7) no jornal satírico francês "Charlie Hebdo" trouxe à tona o debate sobre os limites da liberdade de imprensa e o direito de ofender. Jornais de Rússia, China, Malásia e de outros países criticados por reprimir a liberdade de imprensa em diferentes níveis disseram que o jornal cometeu um erro ao publicar charges que podem ser interpretadas como ofensivas por muçulmanos. Ao mesmo tempo, muitas vezes no Ocidente apoiaram de forma inequívoca o "Charlie Hebdo", que não apenas ri do Islã, como também do cristianismo e do judaísmo, além dos políticos de qualquer bandeira. "A mensagem ficou clara (...) o que está em jogo não é apenas o direito que as pessoas têm de desenhar o que quiserem, e sim que, na sequência dos atentados, o que desenharem deve ser celebrado e difundido", escreveu Teju Cole na New Yorker sobre os cinco cartunistas da Charlie Hebdo mortos pelos irmãos Said e Cherif Kouachi. O escritor nigeriano-americano acrescentou que "o fato de condenar estes brutais assassinatos não significa que deva justificar sua ideologia". Em um editorial publicado pouco depois do ataque, o jornal britânico "The Guardian" disse: "A chave é a seguinte: o apoio ao direito inalienável de uma publicação formular seus próprios julgamentos editoriais não te obriga a fazer eco destes julgamentos". "Dito de outra maneira, defender o direito de alguém de dizer o que quiser não te obriga a repetir suas palavras", escreveu o The Guardian, depois que muitos militantes da liberdade de imprensa condenaram jornais ocidentais por não publicar os polêmicos desenhos do "Charlie Hebdo" sobre o profeta Maomé. O massacre de 12 pessoas no ataque à revista, unido ao assassinato de uma policial e a uma tomada de reféns em um mercado judaico onde outras quatro pessoas morreram, levaram às ruas de Paris um milhão e meio de pessoas no domingo. Entre os presentes na inédita marcha havia mais de cinquenta líderes de todo o mundo. A foto de família destes líderes não convenceu a todos. Daniel Wickman, estudante da London School of Economics, publicou uma série de tuítes muito citados na imprensa nos quais acusa muitos dos líderes presentes na manifestação de ataques à liberdade de imprensa. "Aqui estão alguns dos firmes defensores da liberdade de imprensa, participando da marcha de solidariedade de Paris no dia de hoje", escreveu o jovem com ironia, citando uma série de detenções e agressões a repórteres em muitos dos países representados na manifestação. Vários jornais asiáticos, sobretudo em países com uma ampla população muçulmana ou onde o governo exerce a censura, condenaram o massacre no Charlie Hebdo, mas argumentaram que a liberdade de imprensa tem limites. O New Straits Times, o órgão de comunicação anglófono do governo da Malásia, um país de maioria muçulmana, publicou nesta segunda-feira um editorial intitulado "Os riscos da liberdade de expressão". O artigo afirma que o Charlie Hebdo divulgou um discurso incendiário, amplificado por "sua posição de forte influência" no mundo midiático. "O Charlie Hebdo tinha seguidores e não pode difundir impunemente o que equivale a uma mensagem de ódio. O que é uma caricatura do profeta Maomé nu?", se pergunta o New Straits Times. O Global Times da China, um país acusado de reprimir sua minoria muçulmana, os uigures, argumentou em seu editorial que 'a comunidade internacional deve defender o direito dos editores da revista a sua segurança pessoal, o que não significa que deva se alinhar com suas controversas vinhetas'. Outros, por sua vez, são mais categóricos. Art Spiegelman, conhecido por sua história gráfica "Maus", sobre o Holocausto, denunciou a hipocrisia de grande parte da imprensa americana por não publicar caricaturas do "Charlie Hebdo". Fonte: http://g1.globo.com/mundo/noticia/2015/01/charlie-hebdo-reabre-o-debatesobre-os-limites-da-liberdade-de-expressao.html 12/01/2015 13h47 - Atualizado em 12/01/2015 13h47