a jardineira voluntária do Humaitá Muita história

Transcrição

a jardineira voluntária do Humaitá Muita história
cidadania &
sustentabilidade
A jardineira voluntária
do Humaitá
BAIRROS CARIOCAS
Muita história para
contar, do Catete
ao Cosme Velho,
passando pelo
Largo do Machado
e Laranjeiras
editorial
&
sumário
Informação
cada vez mais
rápida
4
O Rio andou fervendo com as
manifestações dos professores da
rede pública e a democracia deu espaço a todos os gritos. Nas escolas o
calendário escolar corre apressado e
as informações atualizadas chegam às
salas de aula, nos gabinetes, nos pátios
e nas casas dos alunos numa velocidade
nunca antes imaginada. A nossa matéria
de capa trata exatamente da adequação
das escolas ao novo mundo tecnológico que informa, exige e transforma.
Não se vive mais sem computadores!
Nesta edição nossos leitores vão
encontrar os colunistas de sempre
e apresentamos Mauro Giorgio, um
carioca de retorno a sua cidade, que
veio pra ficar e mete o bedelho em
tudo. Mauro escreve tudo sobre tudo.
Leia na página 11.
Na página 12 nossos leitores vão
conhecer uma cidadã que trabalha pelo
Rio. Ela faz jardins e voluntariamente
adotou uma esquina carioca.
A Folha Carioca anda pela cidade
e nesta edição começamos uma série
de reportagens com foco nos bairros
da Zona Sul. Nossas lentes e olhares
começaram com Laranjeiras, Cosme
Velho e o Catete que se fecham no
antigo e histórico Largo do Machado
e Catete. E os moradores nos contam
histórias, porque escolheram o lugar de
sua morada e os afetos, importância
e os prazeres que têm a sua volta.
Aguardem, seu bairro também será visitado. Comerciantes, fiquem atentos:
seu negócio poderá estar na próxima
edição! Anunciem conosco!
Tem muito o que ler e muita coisa
boa. Leia, divulgue, comente, sugira,
critique ou elogie. A Folha é gratuita,
carinhosa com o carioca. E carioca
gosta de opinar. Fale conosco e depois
de ler, guarde ou passe para outro.
Nunca deixe na rua; queremos uma
cidade cada dia mais limpa! Boa leitura!
colunas &
artigos
05 Arlanza Crespo
Quem é Quem
capa:
Tecnologia
nas escolas
06 Lilibeth Cardozo
07 Ana Flores
10 Samantha Quintans
Tudonovodenovo
22 Oswaldo Miranda
23 Gisela Gold
24 Carmen Pimentel
Língua Portuguesa
25 Tamas
31 Haron Gamal
33 Alexandre Brandão
Como as novas tecnologias estão mudando
o processo de aprendizagem
No Osso
cidadania &
sustentabilidade
Uma voluntária cuidando dos
canteiros do Humaitá
18
Bairros
Cariocas
12
Laranjeiras, Largo do Machado,
Catete e Cosme Velho
GASTRONOMIA
CARIOCA
A história do
pão árabe
26
14
arte &
cultura
GARIMPO CULTURAL
Cinema a céu aberto
30
NA WEB
• Galeria de imagens da região
de Laranjeiras
• Saiba como apoiar o projeto
Maré Cheia de Cinema
• Conheça o projeto Especial de
Verão da Folha Carioca
A rlanza Crespo | QUEM É QUEM
[email protected]
Um mergulho na história do Brasil
FOTO_ARTHUR MOURA
Ana Maria de la Merced Gonzalez Gaña Guimarães dos
Anjos é carioca, filha de pai português e mãe espanhola.
É casada, tem três filhas,uma neta e um neto, e mora no
Santo Cristo. No princípio não gostava muito de morar lá,
achava o lugar feio, velho e sujo. Mas depois do que aconteceu ao reformar sua casa ela passou a adorar o bairro, e
mergulhou de cabeça na história do Brasil. Figura principal
de um acontecimento incrível que daria um ótimo roteiro
de filme, aliás, Merced me contou o que aconteceu com ela
e o marido ao comprarem a casa onde moram atualmente,
na rua Pedro Ernesto.
A transformação da casa e a dona, Merced, mulher de sorte
Desde 1988 que eles tinham
interesse no imóvel, mas ele estava
alugado, e Merced queria comprar para
mudar em seguida. O tempo passou
e em 1990 a pessoa responsável pela
venda perguntou se eles ainda tinham
interesse. Na época a inflação era grande, mas resolveram comprar mesmo
assim. Usaram todo o dinheiro que tinham e quando assinaram a escritura no
dia seguinte veio o plano Collor. Foi por
um dia! Não tinham dinheiro para fazer
obra, e só começaram 6 anos depois,
em janeiro de 1996. Logo no primeiro
dia descobriram várias ossadas humanas
no terreno. Preocupada, ela imaginou
logo uma chacina no local. Ligou para
um conhecido, delegado, contou a
história e disse que tinha até ossada de
criança. O delegado a tranquilizou e ela
foi atrás de histórias antigas do bairro.
Descobriu que morava num bairro
histórico e que existia uma história de
um tal caminho de cemitério de escravos, cuja localização era desconhecida.
Pronto, estava Merced de novo dentro
da história do Brasil! Ela então foi ao
Centro Cultural José Bonifácio conversar com o presidente, que se ofereceu
para falar com o pessoal da prefeitura.
"Depois aconteceu muita coisa ruim,
a gente foi até ameaçada. De 96 a
98 a gente teve que sair de casa, não
podíamos fazer as obras que foram
embargadas por causa do achado". Mas
em 1999 eles resolveram continuar a
obra de qualquer maneira. Em 2005
compraram as casas do lado que estavam abandonadas e sendo invadidas.
Nesse espaço de tempo várias pessoas
começaram a visitar o local, entre elas
um grupo de estudantes que fez um
site. "Aí, uma pessoa do arquivo da
Cidade disse que eu não tinha que fazer
um site". Depois de muito trabalho e
muitas histórias boas e ruins, em 2009
Merced ganhou o edital de Ponto de
Cultura, e foi a melhor coisa que podia
ter acontecido. Em 2010 o Instituto dos
Pretos Novos ganha o prêmio Rodrigo
de Melo Franco, considerado o Oscar
do Patrimônio. O Rio de Janeiro não
ganhava esse prêmio há 6 anos. "Nós
ganhamos na categoria arqueologia"
conta Merced, orgulhosa. É claro, pois
o achado arqueológico no seu terreno
ajudou a desvendar mais um pedaço
da nossa história. Foram 28 ossadas
encontradas, assim como artefatos de
ferro, argolas, contas de vidro etc...
Atualmente o Memorial dos Pretos Novos é uma Instituição privada,
sem fins lucrativos, fundada em 13 de
maio de 2005 pelo casal Petrucio e
Merced, e oferece palestras, cursos,
simpósios e visitas guiadas, além de
exposições temporárias e permanentes. Hoje o INP é uma realidade,
fruto da tenacidade de uma mulher
forte, determinada, definida por ela
mesma como "uma pessoa chata,
que incomoda".
5
l
ilibeth cardozo
[email protected]
Jovens cariocas, que cidade
vocês querem herdar?
6
Temos assistido a grandes
manifestações populares contra
a corrupção, a favor do respeito
às leis, pela dignidade dos trabalhadores, por justiça social e
correta destinação dos recursos
públicos. Assistimos nas ruas,
ao vivo, ou nos vídeos e fotos
disponíveis nos jornais, revistas
escritas, faladas ou televisadas,
mas principalmente na internet.
Jovens entusiastas usam toda sua
força física e intelectual em movimentos
organizados, através das mídias sociais,
buscando alianças e disseminação de
ideias que visam uma cidade mais justa
em que seus governantes tenham mais
respeito ao mais importante ator no
cenário de nossa cidade: o cidadão. A
favor ou contra suas bandeiras de luta,
suas pacatas ou agressivas manifestações,
é indiscutivelmente visível um ódio explodindo entre manifestantes e o poder
das autoridades que, por meio de forças
policiais, dizem organizar, mas reprimem
com violência as manifestações. Onde
vai dar não sabemos, mas ficar por aqui é
que não vai! Que continuem e dentre eles
soem vozes como a do jovem da Rocinha
que gritou: “não queremos teleférico,
queremos saneamento”. O jovem da
Rocinha quer saúde, vida, qualidade de
vida por seu bairro! O povo do Rio não
quer presos políticos!
No meio de tanta informação, tanto
discurso, tantas propostas, ficamos nos
perguntando o porquê dessa juventude,
nossos filhos e netos, não participarem
também das discussões que ocorrem em
seus espaços de residência, seus bairros.
Porque será que não lutam pela herança
que seus pais construíram, gerações passadas fundaram e outras conservaram?
Em que tipo de espaços urbanos esses
jovens sonham viver? Que cidade herda-
rão? Ainda que sejam bem sucedidos em
suas carreiras, ganhem muito dinheiro e
possam ter imóveis valiosos e cercados
de seguranças, inevitavelmente estarão
inseridos em algum bairro.
As associações de bairros no Rio de Janeiro são, em sua maioria, compostas por
homens e mulheres que já tiveram filhos e
os criaram. São, pelos jovens, chamados
de velhos. Muitos têm netos, compraram
casas, construíram patrimônios (ainda
que não materiais) e bem sabem o que
significa qualidade de vida. São os que
conhecem os seus “quintais”. E eles, os
das associações, quase em maioria, são
entusiastas defensores das conquistas de
cada fragmento territorial que escolheram
para viver. Conhecem o comércio, têm
histórias vividas no entorno e são capazes
de defender o pedacinho da cidade em
que vivem. É desalentador o desprezo das
gerações de jovens que assistem impávidos
as transformações feitas pelos governos,
invasões bárbaras, que têm destruído
patrimônios públicos, prédios históricos,
reservas florestais, ambientes saudáveis e,
com a falsidade discursiva de “modernizar”,
matam o amanhã, amanhã este que será o
cenário em que jovens e crianças de agora
atuarão como cidadãos cariocas.
Onde estão os jovens herdeiros de
nossos bairros, de nossa cidade, para defenderem suas heranças que estão sendo
assassinadas pelo consumismo desenfreado, modernidades arquitetônicas “espetaculosas”, parques e florestas destruídas,
devastações ambientais irreversíveis,
aeroportos e heliportos dentro da cidade,
espécies da fauna e flora dizimadas? Que
cidade nossos filhos sonham deixar para
seus filhos? Que ar vão respirar, que sons
vão ouvir, que sonos poderão dormir,
em que ruas poderão caminhar, em que
parques, florestas ou jardins irão correr,
brincar, relaxar?
Nos mais lindos cartões postais da
cidade ainda sobrevivem poucas matas,
flores, aves, águas, peixes, répteis e mamíferos. Mas tem um, um único ser vivo,
que pode usar seu diferencial, a inteligência, para proteger seu habitat: o homem.
Bairros do Rio, todos, sem exceção,
não contam com jovens a protegê-los.
Que Rio de Janeiro herdarão? Que
jovem carioca está preocupado com a
ameaça á Urca, um bairro singular, um
recanto a ser preservado? Com o Jardim
Botânico, que troca suas árvores por
prédios imponentes? Com a Gávea, que
uma vez residencial, tem se tornado um
inferno de barulho, comércio e negócios
que só visam o lucro e enriquecimento
dos sem herança cidadã? Laranjeiras,
um bairro outrora bucólico e aprazível,
que se torna um corredor expresso para
carros velozes correndo para a morte de
mal viver? Copacabana, uma
vez princesa, colar que enfeitava o Rio, que perde suas
areias para os espetáculos de
tudo e bem viver é coisa do
passado? Por onde andarão
os pés dos jovens de hoje
de Santa Tereza que pelo
bondinho não lutam e estão
perdendo todos os bondes
da história deste bairro sem
igual? Os moços e moças de
Ipanema e Leblon, que estampam com
suas belezas as revistas de moda, onde
viverão se não lutam por seus pedacinhos
de terra carioca?
O Rio é de todos, Zona Sul, Norte,
Leste e Oeste, mas seus bairros estão
engolidos pelo comando impiedoso
de governantes que teimam em cobrir
de purpurina os espaços urbanos que
tão somente brilharão para a Copa e
Olimpíadas. Seus herdeiros, nossos
filhos e netos, se hoje jovens, viverão
dos retalhos que hão de sobrar de uma
das cidades com o mais belo e saudável
tecido urbano do país. Que façam suas
fantasias de herdeiros com os trapos que
restarem, ou lutem por algo que parecem
desconher: qualidade de vida! A cidade é
nossa, dos cariocas, dos brasileiros. Que
sejam expulsos os ilegais posseiros e os
governantes que a destroçam por dinheiro! Ocupem, jovens, as calçadas de seus
bairros com o viço e cor de sua juventude
e não deixem que o dinheiro, a cobiça,
a corrupção e ilegalidades destruam os
lugares que escolhemos morar. A cidade
fundada por Estácio de Sá, tal como ele,
está ferida de morte e sangra pelos bueiros manchando nossas praias, rios, baías e
mares. E é dessas águas que vocês, jovens
cariocas, de qualquer ponto, matarão suas
sedes! Sejam blocs coloridos pela cidade
que querem herdar maravilhosa!
A na flores
[email protected]
Desculpe, mas é que...
O médico marcou o procedimento para as 11h, no próprio
consultório, por ser uma intervenção
muito simples. Às 11h30 ligou para o
consultório pedindo à assistente que
se desculpasse comigo, mas é que
terminava uma alta para outro paciente
no hospital e já estava a caminho. Ao
meio-dia a assistente me chamou para
me preparar para o procedimento, o
médico apareceu às 12h20 para dar
um alô e só retornou às 13h, quando
então começou a pequena cirurgia,
duas horas depois da hora marcada.
A amiga combinou de passar às
15h na esquina da minha casa para
irmos ao cinema, mas só apareceu
às 15h40. Pediu muitas desculpas
pelo atraso, mas é que na última hora
recebeu uma ligação de pessoa que
não via há muito tempo e achou chato
pedir para adiar a conversa. Mas não
achou chato me deixar 40 minutos em
pé, na calçada, sem me avisar o que
se passava. E o filme dançou.
A acupunturista marcou a consulta
para as 9h da manhã, a primeira do dia.
Chegou às 9h40, pediu desculpas pelo
atraso, mas é que tinha adiado a volta
de Curitiba da véspera para aquele
dia, e se atrasou do aeroporto até o
consultório.
Atrasos acontecem e ninguém
pode se gabar de nunca ter se atrasado
para um compromisso ou ter deixado
alguém esperando, sem poder dar notícias. Mas certos atrasos podem ser
evitados. Se uma consulta é marcada
para uma determinada hora, muitas
vezes o cliente tem que reestruturar
sua agenda para poder chegar na hora
e não atrasar as consultas depois dele.
Mas se regularmente é atendido uma
hora e meia ou duas horas depois,
alguma coisa está errada. Seja em
consultório ou em salão de beleza,
agenda existe pra organizar horários.
Ninguém se atrasa porque gosta
(para algumas pessoas, sim, está no
sangue), mas quando se torna habitual, deixa de ser um simples atraso
para ser falta de educação. Ou de
respeito. Ou de consideração. Seja o
que for, é uma prática que insiste em
não sair de moda. Mas que já podia
estar se aposentando para dar lugar a
outras: educação, respeito, gentileza e
consideração. Simples assim.
7
M AURO GIORGIO
[email protected]
Tô voltando pra casa
Depois de 28 anos em São Paulo,
ainda amargando as dores de uma
8
separação
recente, me vi
diante de uma encruzilhada: ou
voltava para o Rio de Janeiro
para recomeçar a vida na minha
cidade natal ou embarcava numa
espiral descendente. Como ainda não rasgo dinheiro, escolhi
a primeira opção. Retornei
ao bairro onde nasci, à casa
que foi de meus avôs paternos.
Na mudança, muitas perguntas
passavam pela minha cabeça.
Como eu encararia a cidade? O
que teria mudado? Como seria
minha readaptação?
O fato é que a cidade recebe a todos de braços abertos.
Fui acolhido pela família
e pelos amigos, e esse
comportamento caloroso do carioca cria
um imenso conforto
para a alma. Começou a lua-de-mel do
retorno.
Mas não custou muito para que eu
notasse que o Rio continuava lindo e
com os problemas de sempre. Seria
possível que depois de tanto tempo
nada tivesse mudado?
Descobri depressa que a Urca,
meu bairro, virou point. O Tabajaras,
pé-sujo onde os motoristas de ônibus
tomavam café e cachaça, se metamorfoseou no Bar Urca, com alguns dos
melhores pastéis e empadas da Zona
Sul. A tristeza é observar do paredão
toda a sujeira na Baia de Guanabara.
Dizem que vão limpá-la a tempo
para as Olimpíadas. Vamos ver o que
acontece.
Enquanto me readaptava ao cotidiano do Rio, constatei como o trânsito havia piorado. É tão ruim quanto
o de São Paulo – não se espantem,
nem saíam por aí me xingando. A
culpa é da geografia. Se a extensão dos
engarrafamentos fosse medida no Rio,
o número seria assustador. Também
aprendi que alguns bairros passaram
por uma verdadeira transformação. A
Barra, definitivamente, tornou-se um
mundo à parte, com características
próprias. E o Leblon virou uma espécie de Manhattan carioca, com um
despojamento muito peculiar. Anda-se
de sandálias havaianas mesmo ao se
frequentar um restaurante com pratos
individuais a R$ 65. Aliás, é caro comer
bem no Rio!
Percebi também mudanças no
comportamento do carioca. Em geral,
ele me parece mais cosmopolita, menos preocupado com o próprio umbigo e mais envolvido com os problemas
da cidade. Demonstra vontade de
cuidar dela, aderindo a um movimento
ainda incipiente, ainda meio modismo,
mas muito importante.
Foi uma felicidade constatar que
os amigos de infância, de bairro, de
colégio e até os familiares são pessoas
comuns, com suas histórias de dificuldades e superações. A princípio, achei
que minha volta seria interpretada
como um atestado de fracasso. Eu
seria um peixe fora d’água, ao retornar
ao Rio em busca de sentimentos, de
minhas raízes. Longe disso. Aprendi
que a generosidade nativa é um ingrediente fundamental para a recuperação
da alma, do espírito e do corpo. Estou
no pedaço para viver momentos felizes ao lado de pessoas que me querem bem. E estou pronto para resgatar
parte de um tempo esquecido, mas
nunca perdido.
Mauro Giorgi é economista e assina o blog
Tudo sobre Tudo (http://mgiorgi06.wordpress.com)
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SAÚDE
& BEm-ESTAR
Publieditorial
A Evolução da Oftalmologia
O método mais antigo de
cirurgia da catarata é creditado aos
indianos e consistia na “reclinação”
do cristalino. Nessa técnica, o
cirurgião penetrava no olho com
uma lanceta afiada e deslocava o
cristalino opacificado para a parte
posterior do olho, de maneira a
deixar livre a área pupilar.
Os relatos sobre essa técnica chegaram aos tempos atuais
através dos trabalhos de Sushruta,
cirurgião indiano que viveu no
século V a.C.
Entretanto, os pacientes só
começaram a desfrutar de um
resultado visual verdadeiramente
satisfatório após o advento dos
implantes intraoculares. Embora a
era corrente das lentes intraoculares tenha começado, na realidade,
em 1949, esse conceito já existia há
bastante tempo.
Giácomo Casanova, o famoso
aventureiro e escritor veneziano,
em suas memórias, faz alusão ao
oftalmologista italiano Tadini que,
por volta de 1764, comentou com
ele a ideia da implantação de uma
lente artificial durante uma cirurgia
de catarata.
Casanova teria passado essa informação a Casamata, oftalmologista
da corte de Dresden que, em 1795,
tentou, sem sucesso, introduzir uma lente logo após a retirada de uma catarata.
A história moderna dos implantes
intraoculares começou com Harold
Ridley, oftalmologista inglês, que se
inspirou em um comentário feito por
um estudante de medicina que lhe chamou a atenção por haver “esquecido”
de substituir o cristalino opacificado
por um “novo”, enquanto observava
o cirurgião inglês suturar uma incisão
após a extração de uma catarata.
Durante a Segunda Guerra Mundial, observou-se que muitos dos pilotos dos aviões de guerra ingleses que
eram bombardeados apresentavam
fragmentos do material plástico das
cabines dos aviões dentro dos olhos
e que esse material (polimetilmetacrilato) não despertava nenhum tipo de
reação por parte dos tecidos oculares.
Ocorreu a Ridley que o polimetilmetacrilato que ainda apresentava a
vantagem de ser mais leve que o vidro,
poderia ser utilizado para substituir o
cristalino humano. Assim, em 29 de
novembro de 1949, ele realizou seu
primeiro implante intraocular.
Quando os primeiros resultados
dessa revolucionária técnica foram
divulgados em 1951, durante o Congresso de Oftalmologia de Oxford,
houve uma explosão de entusiasmo
que levou muitos dos maiores nomes
da oftalmologia europeia a seguirem o exemplo de Ridley.
Essa primeira fase dos implantes
intraoculares levou a resultados
péssimos, tendo sido a opacificação
da córnea a principal complicação.
Somente no final da década de
70, quando os implantes começaram a ser posicionados no mesmo
local onde o cristalino era retirado,
ou seja, atrás da íris, a técnica
começou a ter sucesso na grande
maioria dos casos.
Hoje em dia, dispomos de
lentes intraoculares dobráveis, monofocais, multifocais ou tóricas que
podem ser implantadas através de
incisões menores que três milímetros, de modo que o paciente não
precise levar pontos.
Temos a esperança de que,
no futuro, as lentes intraoculares
poderão ter as propriedades acomodativas do cristalino de uma
pessoa jovem, tendo o poder de
focalizar a qualquer distância.
Infelizmente, a história não
registrou o nome do estudante
de medicina que fez o comentário
durante a cirurgia de Ridley e que
foi decisivo no desenvolvimento do
que é considerado o maior avanço
da oftalmologia em mais de dois mil
anos de história.
EMERGÊNCIA
Dr. Almir Ghiaroni
Mestre em Oftalmologia - UFRJ,
Doutor em Oftalmologia - Escola
Paulista de Medicina (UNIFESP)
Tel.:2529-4505
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9
S
amantha quintans | tudonovodenovo
[email protected]
Reforma não
tem hora,
nem idade
10
“Estive fora uns dias, numa onda
diferente e provei tantas frutas que te
deixariam tonta...”* Fui parar longe.
Observei, absorvi, fantasiei. Alimentei-me de hábitos, línguas e dialetos, perambulei em becos entorpecida pelo
desconhecido. Comemorei a preciosa
privacidade em esquinas comumente
compartilhadas com estranhos.
Dancei ao som do que havia de
melhor no Festival PalinKa. Visitei
Reinos, palco de grandes disputas históricas. Emocionou-me o concerto de
música clássica, o violino em par com
o violoncelo que animavam a maratona sem fim e a visita ao inenarrável
Predjama Castle. Turista e sedenta,
dia e noite misturada à rotina de cada
lugar, fui testemunha de pequenas e
constantes reformas. O velho mundo
se cuida, é por isso que ele permanece
novo e sedutor. Ao cerrar das portas
do comércio, nas frias madrugadas
de outubro, a organizada Budapeste
trabalha recuperando suas praças. Já
Viena, é uma cidade de jardineiros:
toda trabalhada na poda. E quem
cuida e usufrui do velho mundo, são
muitos dos velhos que vivem nele.
Vi muitas cabeças brancas, guiando
corpos ativos e altivos, desfilando por
centros históricos e vi outras tantas,
com a mão na massa: servindo, comercializando, criando, esculpindo e
trabalhando na manutenção das ruas.
Desse precioso grupo de cabeças
brancas, as chiquérrimas damas de
fios finos e bem cortados, me fizeram
lembrar que a liberdade é branca e
não tem idade. Em algum momento
é inevitável, as raízes gritam. Se não
de dentro, gritam de fora. Abduzida
em uma cervejaria chamada St. Bernardus, assisti a animados cidadãos
que cantavam em dialeto local, o
clássico sucesso “Tristeza, por favor
vá embora...”, no “lalaiaa” da canção já
tínhamos nos apoderado da autoria da
obra, cantando em alto e claro coro a
marchinha no mais íntimo português.
Não precisava ter ido tão longe
para escrever “Reforma não tem
hora, nem idade”. De volta ao lar,
em visita aos meus pais, duas cabeças
brancas, tudo estava diferente. Em
15 dias, orquestraram uma reforma.
Ergueram e revestiram paredes, teto e
piso. Ampliaram espaço, serviço e organização. Em pleno funcionamento, a
dupla permaneceu alimentando seus
clientes com a mesma excelência e em
paralelo, foi capaz de construir seus
sonhos com foco e determinação.
Tive também a oportunidade de participar da reinauguração da imobiliária
da minha tia. Há mais de 20 anos no
mercado, e dona de invejável cabeleira
branca, comemorou no novo espaço
entre amigos e clientes, o sucesso
já alcançado e com fôlego de quem
tem muita vida pela frente, planejou
com garra o futuro. Admirável mundo
de quem não tem tempo a perder.
Quem tem tempo a perder? Existe
idade para se ter tempo a perder? A
vida não seria um eterno exercício de
reforma, reciclagem, recalibragem? Te
sugiro seguir mais cabeças brancas,
mesmo que camufladas. Te convido a
mergulhar na história das coisas e das
pessoas, aprendendo com elas. E por
fim, te conto um segredo: a vida, em
qualquer idade, é feita de escolhas e
tudo pode ser novo de novo.
Samantha Quintans é
personal organizer
* Trecho de letra de Herbert Viana
SAÚDE
& BEm-ESTAR
11
Projeto IntegrAção:
Tratamento Multidisciplinar
do Emagrecimento
www.scabora.com.br
21. 2547.0230
21. 9372.6551
Coordenação:
Mary Scabora Psicóloga clínica
CRP: 05/36742
• Orientação Psicológica com foco
no emagrecimento
• Nutricionista / Personal Diet
• Orientação para a prática de
atividade física
• Intervenção estética
Daniele Guimares Peres:
Nutricionista e Professora de educação física
Espaço Cuid´arte:
Estética e Massoterapia
cidadania
&
sustentabilidade
12
Uma
carioca
que adota
sua cidade
texto_lilibeth cardozo
Ela é miúda, ágil e apaixonada pela cidade.
Neide, 59 anos, mora em Copacabana e
é uma vendedora de doces e há mais 20
anos vem adoçando os passantes da esquina carioca da rua General Dionísio com
Voluntários da Pátria, no Humaitá
Quase todos os dias ela arma
seu tabuleiro de docinhos que vende
muito e tem licença da prefeitura.
Acostumada a ser vista todos os dias
pelos que passam por alí no Humaitá, fez amigos e conhece muita
gente. De tanto conversar com os
pedestres, conhecer comerciantes,
porteiros, moradores e os técnicos
das vizinhas Casas de Saúde São
José e Santa Lúcia, ficou sabendo
dos perigos escondidos nos canteiros abandonados naquela esquina.
Segundo Neide, bem cedinho alguns
roubos, furtos e assaltos vinham
acontecendo, praticados por pessoas
que se escondiam no que um dia
foi um jardim. Além de dormitório
para os deliquentes, os canteiros se
tornaram depósito de lixo. Neide resolveu limpar os canteiros, adubá-los
e plantar. Segundo Neide, quando
ela resolveu agir foram retirados de
20 a 30 sacos de entulho por dia e a
Comlurb exigia tudo ensacado para
levar. Ela comenta: “No meio do
mato, tinha de tudo, até um colchão.
Fiz a limpeza e ganhei, de alguns garis,
sacos para destinar o lixo. Adotei o
jardim da esquina”.
Encontramos Neide num sábado
de outubro, trabalhando incansável na
poda de algumas plantas do canteiro
de um dos prédios que fazem a esquina. Ela foi contratada pelo síndico
do edifício que a reconheceu como
uma trabalhadora ligada à jardinagem
e ofereceu o serviço. Durante a semana, a vizinhança encontra Neide
vendendo seus docinhos, sempre à
tarde. Pela manhã, como qualquer
trabalhadora comum, mas voluntariamente, a doceira e jardineira começa
às sete da manhã a fazer jardinagem.
Ela nos conta que buscou ajuda para
novas mudas de plantas em várias lojas
e quiosques nas redondezas e
não ganhou nada. “Todos olham,
admiram, mas poucos ajudam. O
síndico do edifício da esquina me
cede uma mangueira e autoriza
eu usar a água para regar. Ganhei
também as placas. Uma vizinha
daqui, vendo que eu escrevia as
placas com canetas hidrocor, se
ofereceu para fazer no computador. Assim que ela me entregou
eu montei as placas.”
As mensagens, bonitas e
carinhosas, refletem o espírito da
jardineira, pois segundo ela todos
se sentem mais responsáveis em
não sujar. Perguntada sobre o que
espera ela sentencia: “A natureza
me dá o retorno”. A carioca
Neide é um exemplo de amor ao
Rio e gente que faz a diferença.
13
G ASTRONOMIA CARIOCA
O sabor da história
Pão árabe, invenção egípcia que conquistou o paladar mundial
texto_
ERICSON KHALIL
Símbolo de fertilidade, trabalho
duro e compartilhamento, o pão tem
acompanhado a humanidade há milênios. Alguns atribuem sua invenção
aos egípcios, mas desde que ele é
14
universalmente consumido (exceto
na Ásia), muitos povos reivindicam
sua origem.
Arqueólogos norte-americanos
descobriram os restos do que deve
ser a padaria mais antiga do mundo,
usada pelos egípcios para produzir o
"pão do sol", que ainda é feito
nos dias de hoje. Encontraram-se bandejas
e ferramentas
usadas para fermentar a massa. Também foram descobertos armários
onde se armazenavam grãos. Especialistas na história do Egito disseram
que os egípcios eram bem-sucedidos
produtores de levedo durante a Antiga Dinastia (2686 a 2181 a.C.), e o
usavam para fazer bebidas alcoólicas
e 12 tipos de pães e bolos.
O que é certo e comprovado,
é que os Egípcios descobriram o pro-
cesso de Fermentação e confeccionam diversos tipos de Galette ou pão
achatado, feito de cevada. Em nosso
entendimento isso pode explicar a
propagação do pão achatado nos países orientais do mar Mediterrâneo
e entre o Egito e a Grécia e a partir
disso cada Sociedade desenvolveu o
pão achatado dando características
próprias.
No Líbano, talvez por seu clima
e sua localização geográfica, uma
enorme variedade do pão tradicional
existe diferenciando-se na forma, no
tamanho e no sabor, alguns delespersistem até hoje. Atualmente o
pão libanês é muito conhecido e
se expandiu pelo mundo inteiro,
graças aos imigrantes libaneses que
fizeram este pão se tornar parte da
culinária de cada país onde vivem.
O pão árabe tem baixo teor
calórico, sendo um dos pães com
menor teor de gordura total, é uma
excelente fonte de carboidratos.
Os carboidratos são importantes
na dieta do ser humano, pois eles
se transformam em energia para o
organismo.
15
G ASTRONOMIA CARIOCA
16
17
capa
O desafio de escolas e profissionais da área na busca do uso da tecnologia para
atualizar o processo de aprendizagem e estimular o desenvolvimento dos alunos
Texto_Fred pacífico
Fotos_Arthur moura
18
A informação está ao alcance de
todas as pessoas. Mais precisamente
na mão de todos, através de seus
smartphones, tablets e computadores
portáteis. Uma realidade cada vez mais
comum nos diversos ambientes sociais
existentes. Por isso mesmo, não poderia ser diferente em nossas escolas.
As Tecnologias de Informação e
Comunicação (TICs) estão presentes
em todos os lugares de nossa sociedade. Principalmente na vida das novas
gerações, seja em suas próprias casas,
lan houses ou aparelhos celulares. Essa
transformação impõe um novo paradigma aos educadores e instituições
de ensino de todo o mundo. Cada
vez mais é preciso integrar o conteúdo à tecnologia, e capacitar melhor
os professores. Os educadores vêm
buscando repensar as estratégias de
aprendizagem e ensino, assim como
a forma que os próprios profissionais,
instituições e alunos se relacionam com
esses aparelhos e suas possibilidades.
Se a década de 1990 foi marcada
pela preocupação e inserção gradativa
dos laboratórios de informática na
escolas, os aparelhos, atualmente, são
trazidos pelos próprios alunos, em suas
bolsas e bolsos. "Da parte das escolas,
"As novas tecnologias
possibilitam que os
professores voltem
a sua função original,
a de orientadores
na construção do
conhecimento de seus
alunos"
Mônica Araújo, professora de
tecnologia e artes digitais da
Escola Americana
mais importante do que a aquisição de
aparelhagem física é o investimento
em infraestrutura dos espaços e a capacitação dos professores. Essa é uma
tendência mundial e, gradativamente,
a mentalidade das instituições de ensino vem mudando sobre as TICs na
educação e seu caráter transdisciplinar.
Existe uma busca pela melhoria da
qualidade do encontro que acontece
em sala de aula e as tecnologias podem
potencializar a aproximação da escola
à vida dos estudantes", explica Mônica
Araújo, professora de tecnologia e artes
digitais da Escola Americana do Rio de
Janeiro (EARJ), localizada na Gávea.
A especialista explica que a instituição vem alterando a forma de lidar
com as TICs em suas dependências e,
nos últimos anos, passou a disponibilizar
rede sem fio em todo ambiente da
escola. Conteúdo pedagógico, trabalhos realizados e materiais de apoio
estão disponíveis online, podendo ser
acessados pelos estudantes, professores e responsáveis. Os alunos são
incentivados a trazerem seus próprios
computadores, recebendo no início
do ano letivo, inclusive, uma sugestão
das especificações mínimas necessárias
nos portáteis para que sejam utilizados
como ferramenta durante as aulas.
A prática tem sido bem recebida
pelos alunos. "Estudo aqui desde os
três anos e acompanhei toda essa
mudança da escola. Ter acesso wifi e
poder pesquisar online é maravilhoso.
Meus livros e cadernos estão dentro
do meu computador agora. Meus conteúdos estão na nuvem e podem ser
acessados de qualquer lugar. Até minha
mochila está mais leve. Acredito que a
escola, finalmente, se atualizou para
acompanhar os novos tempos. Toda
nossa vida passa pelo online. Então,
porque a escola vai ficar de fora?", diz
a estudante do último ano do ensino
médio, Cristina Fraga.
A função do educador
Para a professora Mônica, a transformação que a escola vem passando
nos últimos anos é muito positiva. "As
novas tecnologias possibilitam que os
professores voltem a sua função original, a de orientadores na construção
do conhecimento de seus alunos. A
informação está disponível para todos
atualmente, o que é preciso é quem
oriente o acesso e o desenvolvimento
do aprendizado dos estudantes, sabendo aproveitar as potencialidades
existentes. O aluno desta geração é
ativo e ela se sente aliviado ao ver
as TICs integradas ao seu processo
de aprendizado. Acabou o tempo da
educação ‘bancária’, conceituada por
Paulo Freire. A tecnologia possibilita a
educação ‘problematizadora’. Agora
aprendem tanto o professor, quanto o
aluno, e isso é muito saudável. É um
caminho sem volta", diz.
19
Não se engane pensando que
essa é uma realidade somente das
redes particulares de ensino. Muito
pelo contrário. Tanto escolas públicas, quanto as privadas vivem juntas
esse momento de transformação,
experimentando e construindo novos
caminhos com muita pesquisa e troca
de informação.
Novas possibilidades
Abraçada pela generosa Mata
Atlântica, quase no topo das encostas
do Alto Gávea e da Rocinha, bem
em frente à Escola Americana, fica a
Escola Municipal André Urânio, em
um prédio totalmente repensado
e adaptado para receber o Ginásio
Experimental de Novas Tecnologias
Educacionais, conhecido por Projeto
Gente (gente.rioeduca.net).
A instituição se apropria totalmente das novas tecnologias educacionais
e experimenta um novo modelo de
escola, sem, com isso, abandonar
as disciplinas essenciais. Todas as
habilidades, temas, competências
e conteúdos são desenvolvidos em
32 aulas digitais, divididas ao longo do
ano letivo e baseadas nas orientações
curriculares da Secretaria Municipal
de Educação (SME-RJ). Focando em
repensar o que é atualmente a escola
como instituição de ensino e a dinâmica de aprendizado, os TICs se inserem
como ferramentas principais nesse
processo que vem acontecendo no
Projeto Gente. Na escola os laptops,
smartphones e tablets também são
parte essencial do material escolar
do corpo docente e dos alunos, que
estão no centro do desenvolvimento
da aprendizagem.
Segundo a coordenadora do
projeto, Alice Ribeiro, a escola trabalha com um currículo expandido
e com processos de aprendizagem
personalizados, focando em novas
metodologias educacionais. “Atualmente atendemos 180 estudantes
que, ao entrarem, recebem um laptop
e passam por uma avaliação diagnóstica na qual buscamos identificar
deficiências de aprendizagem, cog-
nitivas e socioeducacionais. Criamos
com isso um mapa com uma lista de
competências e habilidades que os
alunos tanto já possuem, quanto ainda
precisam desenvolver. Além disso, na
entrevista buscamos identificar quais os
interesses e sonhos daquele indivíduo,
para auxiliarmos na construção de um
projeto de vida”, explica.
Potencializando um
projeto de vida
Feito o diagnóstico individual, os
alunos recebem um itinerário informativo próprio, voltado para suas
características, interesses e individualidade. Nele constam as atividades
da Educopédia (educopedia.com.br)
que cobrem cada habilidade – uma
plataforma online colaborativa com
aulas criadas e revisadas por professores da rede municipal de ensino. As
avaliações também acontecem online,
por meio da chamada Máquina de
Testes, um sistema de avaliação digital
com questões criadas por mais de
100 professores municipais. Os alunos
capa
Hélio Melo/Divulgação Projeto Gente
20
Período de transição
Tais exemplos são iniciativas e experimentações novas. Ainda há muita
estrada para se percorrer até que as
ção adequada para inserção das TICs
como ferramentas pedagógicas nas
dinâmicas educacionais.
Para a coordenadora de educação da Unesco no Brasil, Maria Rebeca Otero Gomes, mais
importante do que proporcionar
o acesso aos aparelhos em si, é
ofertar capacitação e treinamentos
apropriados aos educadores. "É uma
recomendação da Unesco que os
gestores se atentem para a utilização
das tecnologias móveis e as aprimorem, integrando-as como parte do
projeto pedagógico. É importante a
atenção das instituições de ensino
para a expansão dessas tecnologias
na educação formal, dentro das
escolas, como continuidade das
salas de aula, e possibilidades de
educação não formal, como em
programas de alfabetização, no
meio rural, dentre outras capacidades”, diz.
Segundo Rebeca, a utilização das
TICs integradas aos projetos pedagógicos é a melhor maneira de se estabelecer uma ponte com essa nova
geração de estudantes. “Vivemos em
um mundo em transformação, cada
vez mais globalizado. Os ritmos são
outros, que influenciam, inclusive, a
própria velocidade e forma de construção do conhecimento. É bastante
interessante que os professores possam usar as tecnologias para o bem
da educação. Os alunos reconhecem
bem essas linguagens e temos que
Hélio Melo/Divulgação Projeto Gente
passam pelo sistema regularmente,
quando encerram suas atividades na
Educopédia, e bimestralmente, como
avaliação de desempenho.
Você deve estar se perguntando “E
o professor?”. Bem, Alice explica que
“os professores do projeto recebem
cursos de capacitação e educação
continuada para atuarem como mentores dos alunos, que são divididos em
grupos de 18 e ficam sob a tutela de um
professor mentor. Esse professor, além
de auxiliar os estudantes e acompanhá-los nas aulas práticas que acontecem
uma vez por semana, também procura
encaminhá-los para algumas das disciplinas eletivas existentes, auxiliando na
construção e evolução do projeto de
vida de cada aluno”.
Língua Estrangeira, Educação Física
e Artes compõem as aulas presenciais
obrigatórias. Dentre algumas das disciplinas eletivas oferecidas estão: robótica e mecatrônica; Inteligência Artificial
(curso da Universidade de Stanford);
programação básica; webdesign; etc.
entre respondê-las
ou excluí-las. “A ask.fm
tem sido muito aceita
para a interação entre
alunos e professores,
que podem rapidamente sanar dúvidas
que surjam durante
seus estudos”, diz.
Segundo o diretor, o
próximo investimento do colégio será a
estruturação de uma
rede wifi que atenda
Projeto Gente: na
biblioteca, livros e
todas as dependências
gadgets convivem em
comuns da instituição.
harmonia em prol do
“Pretendemos que,
aprendizado; abaixo,
nos próximos anos,
professor orienta aluna
os alunos já possam
em aula do projeto
utilizar seus aparelhos
móveis de forma inteTICs estejam realmente integradas grada com o programa do professor em
aos sistemas pedagógico de nossas nosso colégio”.
escolas públicas e privadas. O Colégio
pH, em Botafogo, também vem, aos Uma longa estrada
Lógico que nem tudo ainda são
poucos, procurando adaptar-se a
flores. Os paradigmas da educação
nova realidade.
Na visão de Rui Gomes de Sá, estão em xeque. As novas gerações de
diretor de ensino do pH, o futuro será estudantes não têm mais os professores
um meio termo. “Haverá uma mescla como o grandes e únicos detentores
e adaptação dos modelos tradicionais do conhecimento. Uma informação
para que os benefício e potenciali- no antigo quadro negro pode, cada vez
dades introduzidas pelas TICs sejam mais, ser complementada pelos prófortalecedores do processo de apren- prios alunos, quando não, questionada
dizado. Nenhum colégio, atualmente, totalmente. Situação que, vale ressaltar,
pode deixar de pensar nisso. As aulas assusta muito educadores mais ortodotornam-se muito mais dinâmicas, xos. Temor, muitas vezes, causado pelo
atraentes e visualmente interessantes desconhecimento ou falta de preparaaos alunos. Prendem sua atenção,
pois falam a mesma linguagem”, opina.
O colégio já disponibiliza algumas funcionalidades como material
didático, através de uma intranet e
de aplicativos específicos. Além de
estar presente e procurar estabelecer
comunicação com alunos e familiares
através das redes sociais mais utilizadas
e interessantes para os estudantes,
como a ask.fm, uma rede social na
qual os usuários recebem perguntas
de outros usuários em uma caixa
de entrada, de onde pode escolher
adaptar essas escolas para utilizá-la
nas salas de aula. Redes sociais podem
ser usadas para realização de dever,
discussões, é uma linguagem que
funciona muito bem. Não deve ser
proibido, deve ser orientado", afirma.
Se bem utilizadas, as TICs permitem que a aula se prolongue e o
universo virtual seja uma extensão da
escola. “Os professores deveriam ter
condição de tempo e recurso financeiro para se preparar e terem seus
próprios equipamentos como ferramentas de trabalho, além de formação, que é muito importante para os
professores estarem preparados para
lidar com a demanda desses novos
alunos. Acontece que o sistema ainda
é conservador, demora a se adaptar.
Quando chega a um determinado
padrão, é bem possível que já esteja
obsoleto”, avalia a coordenadora.
De acordo com último TIC
Educação, pesquisa realizada, em
2012, sobre o "Uso das Tecnologias
da Informação e da Comunicação no
Brasil", 97% das escolas privadas e
89% das públicas do país, possuem
conexão à internet em suas dependências. As redes sem fio também
estão presentes, representando 73%
e 57% da disponibilidade, respectivamente. Mesmo assim, o último estudo mostra que, por mais que tenha
havido um crescimento do número
de computadores portáteis também
nas escolas públicas, a velocidade da
conexão ainda é um limitador para o
uso das ferramentas.
"Estudo aqui desde os três anos e acompanhei toda
essa mudança da escola. Ter acesso wifi e poder
pesquisar online é maravilhoso. Meus livros e
cadernos estão dentro do meu computador agora.
Cristina Fraga, estudante
Promessa é dívida
Já o MEC e a Secretaria de Estado
de Educação (Seeduc-RJ) também
estão na corrida para tentar equilibrar
a matemática. Segundo a Seeduc-RJ,
desde 2008 foram entregues mais de
120 mil aparelhos portáteis a professores e alunos da rede estadual de
ensino. A Secretaria afirma que, até
o final deste mês de novembro, será
finalizada a entrega dos tablets referentes ao programa em parceria com o
Fundo Nacional de Desenvolvimento
da Educação (FNDE), anunciados em
abril e prometidos para ser entregues
até o fim de julho deste ano.
Se forem mesmo distribuídos
todos os equipamentos ainda este
ano, chegarão à rede estadual 30.540
tablets para professores, 90 para
Núcleos de Tecnologia Educacional
(NTE) e 700 para unidades escolares.
A ideia do Governo do Estado, de
acordo com uma matéria publicada
no próprio site do governo sobre o
programa de distribuição, no dia 15
de abril deste ano, é que, com os
aparelhos, os professores possam
acessar os conteúdos pedagógicos
disponíveis no site Conexão Professor
(www.conexaoprofessor.rj.gov.br) e
as escolas tenham kits com projetores que poderão ser conectados aos
tablets para a exibição do material nas
salas de aula.
Podemos dizer que já será
alguma coisa se, junto com tablets
e laptops vier também a correta
capacitação dos profissionais. Além
do investimento em banda larga sem
fio nas escolas e da disponibilidade
de tempo preciso para que esses
educadores possam pensar e estabelecer as estratégias necessárias para
inserção das TICs em sua dinâmicas
educacionais e programas pedagógicos, conforme a recomendação
da Unesco.
21
Oswaldo miranda
[email protected]
Muito a contragosto...
22
Sim. Quando aconteceu a generalada de 1º de abril de 1964, eu
era assessor de imprensa e relações
públicas do IAPB, a previdência dos
bancários. Dia 4, telefonema de lá:
“O senhor está intimado a comparecer para depor no IPM – Inquérito
Policial Militar, acusado de comunista
subversivo”. Fui e logo era trancado
numa sala aonde já estavam um
major, um capitão e um escrivão. Em
tom arrogante os dois começaram a
inquisição. Assim: “Por que o senhor
é comunista? Desde quando? Quem
eram seus companheiros? Onde
vocês se reuniam? Quanto vocês
recebem de Moscou?” Eu, p.... da
vida, com a resposta padrão: Não
sou comunista, repetida a exaustão
no curso do interrogatório imbecil.
O escrivão na Olivetti. Mais de duas
horas. Irritado, o major deixou a sala
e foi para outra, contígua. Ali estavam
cinco funcionárias, minhas colegas,
preocupadas, todas atentas ao telefonema que o dito militar iria dar. Pelo
que captaram, teria sido para o DOI-
-CODI, ele dizendo ter encerrado
o trabalho, e que o depoente, fraco,
inofensivo, deveria ser liberado, não
era ameaça, o que aconteceu. Bah!
Os três se mandaram, mas o cara
aqui, em frangalhos, estava demitido
A BEM DO SERVIÇO PÚBLICO!
Guardo o documento, assinado pelo
presidente, Cristóvão Moura, que,
encagaçado, logo aderiu ao golpe,
cumprimentando os dois gorilas. A
chancela é um rabisco ininteligível.
30 de setembro de 2009. Recebo um ofício do Ministério da Justiça,
Comissão de Anistia, com pedido de
DESCULPAS e a surpreendente informação de uma reparação econômica, segundo a Lei 10.559, de 13
de novembro de 2002. Começou
então minha via crucis para receber
o tal benefício. Minha sobrinha-neta
Claudia e a amiga Juçara, uma no
Rio, esta em Brasília, se multiplicam
em cartas, e-mails, telefonemas,
contatos pessoais na Comissão,
correspondência para a presidente
Dilma e os ministros da Justiça, o
do Lula e o atual, José Eduardo
Cardozo – tudo no apelo para a
liberação do benefício. Eu constrangido, diante dos esforços
em meu favor – já passados 93
anos de idade – despesas com
remédios contínuos, e com as
duas dedicadas cuidadoras no
trato diário à minha disposição.
Juçara me fala da sua indignação
com a indolência, o descaso
dos funcionários com os quais
têm tido contato, alguns evasivos, demonstrando negligência,
nenhum empenho no trabalho.
Quero falar ainda nas despesas,
outro item a me preocupar...
Muito a contragosto, uso este
Espaço, minha tribuna, para relatar
como está sendo incrivelmente difícil
chegar às minhas mãos o benefício a
mim oferecido pelo governo, numa
retratação justa ao sacrifício que me foi
imposto pelo golpe. Quatro anos são
passados! Agora, espero em Deus
receber o que é de meu direito,
antes que a morte me leve...
Um dos generais do
golpe de 1º de abril de
1964, em posição de
sentido...
As ilhas Maldivas estão desapar ...
Enquanto no Paquistão um terremoto fez surgir uma ilha de terra
e rocha, ali mesmo, no Oceano
Índico, as ilhas Maldivas começam
a sumir, engolidas pelas ondas.
De 1900 para cá o nível do mar
subiu 17 cm e o derretimento das
geleiras nos polos provocará um
aumento de 5 cm por ano. Algumas ilhas: Malé, capital, Miladummadulu, Faddifola, Titadummati.
Para se garantir, o governo local
mandou construir ilhas flutuantes.
O arquipélago tem 393 mil habitantes em quase duas mil ilhas.
Meu neto, Luiz Maurício, que já
surfou em todos os mares, quis
ir lá para conferir a coisa in loco.
Conta que já foi feita uma tentativa
de segurar o aumento do mar com
barreiras de areia e cascalho, sem
resultado. O governo quer me-
lhorar as comunicações entre os
ilhéus mais ameaçados por eventos
externos, Maurício - olha ele ai
surfando - (ao fundo, uma das ilhas)
disse que tudo é verdade. Pôde
sentir de perto a preocupação dos
habitantes, já acostumados a migrações constantes, na expectativa de
como poderá ser a vida em ilhas
artificiais. É neste mundo que nós
vivemos, sabia? Meu neto sabe...
P.S. No divertissement da edição passada (não tenho pretensões poéticas...) leia-se CONTUNDENTES e não incontudentes, e no finalzinho, leia-se que
Celso de Melo detonou COM os embargos infringentes.
G isela gold
[email protected]
O DIA: “Netos de Pelé vão à Justiça por
pensão de R$13.500,00” O Rei foi apanhado em impedimento!
EXTRA: “Romário pensa em se candidatar a governador e diz que há muito político que deveria
levar porrada”. Na boca de um parlamentar certas palavras não caem bem, mas...
MENSALÃO: Acaba neste mês o prazo dado aos réus para que entrem com seus embargos infringentes (olha
eles aí...) – recurso que poderá dar a 12 dos 25 condenados o direito a novo julgamento”. Estamos a 44 min. do
segundo tempo, sem acréscimos...
VEJA: Capa: “Malala, a menina sem medo. Baleada na cabeça pelos radicais islâmicos
por que estuda, ela se torna símbolo mundial da luta pela liberdade e pelos direitos
da mulher”. Mal deixou a chupeta e já é uma heroína.
GERAL: Arthur Zanetti, 23, campeão olímpico em 2012, é campeão mundial também na
Bélgica. Nas argolas, não tem para ninguém! E que venham as Olimpíadas aqui. Brrasil, zil, zil!
SEM CENSURA: Beth Carvalho, com Rildo Hora, Bira do Pandeiro, Carlinho 7
Cordas. Um ano internada. Agenda para receber tanta gente. No hospital teve roda
de samba, feijoada e gravou o CD, com capa de Lp, chamado ‘Nosso samba tá na
rua’. É Cacique de Ramos e brizolista. Não segue nenhuma religião. Tem fé no ser
humano. Toca com a filha. Sempre quer ajudar a quem tem talento. Tem shows
programados por todo o Brasil e sua voz está correndo por todo o mundo. Salve a
nova Beth, agora, melhor ainda, com dez parafusos na coluna!
EXTRA: “Por não concordar em se transferir para o PRB, da tal de Igreja Universal, Wagner Montes foi castigado. Seu
espaço na Record passou para as 6h30min”. O rapaz, com mais de 500 mil votos, foi o mais votado como deputado
estadual. O bispo Edir Macedo é mauzinho com quem não é um de seus fiéis!
FOLHA DE S.PAULO: “Trocou o pé pelas mãos. Após o câncer, músico volta a tocar com o implante de dedo do
pé na mão”. Frederico Cesar Leite passa a ser o único clarinetista pododáctilo. É isso? Afinei?
FOLHA DE S.PAULO: “Ministro dos Portos, que investiu zero, deixa governo após
9 meses no cargo. Chama-se Leonidas Cristino”. Não chegou a ancorar...
DESTAK: “Copacabana lidera nas multas de lixo nas ruas”. Já não é mais tão Pricesinha
do Mar assim...
GERAL: “Dilma: - Estou na fase dos grandes beijos”. No Brasil, entenda-se...
PETRÓLEO: Acompanhei como a Dilma, pela TV, todo o ritual do mega leilão do campo
de Libra, 8 a 12 milhões de barris, a maior reserva do mundo, quase o que a Petrobras
produziu até aqui. A sesquipedal reserva vai se dividir entre Brasil, China, França e uma
anglo-holandesa. Fico com Getúlio: - O petróleo já não é tão nosso assim...
O GLOBO: Corpo de Jango será exumado este mês. Dia 13, em São Borba, RS. O exame não
será lá, no mesmo estado que perseguiu o presidente. Vai ser no exterior, por técnicos e peritos
argentinos, uruguaios e cubanos. A ministra dos Direitos Humanos, Maria do Rosário, disse que a
responsabilidade é dos generais ditadores. Jango foi assassinado!
Teoria das
probabilidades
Zezinho botou na cabeça que era ruim em Matemática. Não conseguia de jeito maneira entender
essa tal teoria das probabilidades. Definir todas as
possibilidades de um evento acontecer antes da
hora chegar.
Na segunda, no dia de mostrar o dever, Zezinho
pensou na probabilidade da tia perguntar o resultado
do problema e acabou não indo à aula.
Se passasse pela cozinha, sua mãe poderia
perguntar se ele não tinha aula, havia essa probabilidade. Zezinho preferiu ficar no quarto. De lá
ouviu ela gritar ao telefone. Poderia estar chateada
com ele, pensou. Havia essa possibilidade. E havia
a chance de cruzar com ela no corredor. Melhor
ficar no quarto, pensou. E se ela batesse na porta
do quarto? Melhor se esconder no armário. Mas
Zezé, a babá da casa, certamente guardaria suas
roupas ali. Mal o menino sabia que aquilo que fazia
era Matemática.
Zezinho pensou que tanta coisa poderia acontecer que nada fez. Nem tentou resolver o tal problema, como é que era mesmo: “Qual a probabilidade
de uma soma dos dois dados ser maior que doze?”.
Por mais nada que Zezinho havia feito, o novo
dia se fez. Na escola, não aguentou a curiosidade e
perguntou ao melhor amigo se a tia tinha resolvido
o problema. Ele disse que ela havia faltado.
Nenhuma soma de dois dados dava mais do que
doze. A resposta do problema era impossível. Que
nem a impossibilidade que Zezinho criava.
23
C armen pimentel | língua portuguesa
[email protected]
Algumas expressões...
Volta e meia me perguntam sobre o significado de expressões parecidas que causam dúvida
na utilização. Outro dia foi a vez de eu ter que explicar a diferença entre “a princípio” e “em
princípio”. Decidi escrever sobre alguns pares de expressões que vez ou outra nos assombram!
24
1 - A princípio e em princípio
O termo ‘princípio’ se refere tanto
a "origem, começo, estréia" quanto
a "convicção, modo de ver, opinião
que se admite como ponto de partida", além de "preceito moral, regra,
lei", entre outras acepções. Com as
preposições a e em forma locuções
distintas, veja só:
- a princípio: à primeira vista, logo a
princípio, inicialmente, primeiramente,
de início, de entrada, no começo, de
começo (ou ainda: "de cara").
• Pensamos, a princípio, que se
tratava de um pássaro exótico, mas
depois constatamos que era simplesmente uma espécie mais colorida de
periquito.
• A princípio eu não sabia de nada,
mas um dia ela me contou tudo.
- em princípio: em tese, em teoria,
teoricamente, em termos, de modo
geral; conforme o dicionário Houaiss:
"antes de qualquer consideração”;
“sem entrar em casos concretos e
particulares".
• Vai ao show do Justin Bieber este
fim de semana? – Em princípio, vou;
mas dependo da confirmação de uma
carona.
• Em princípio não estamos interessados em nos mudar daqui.
2 - Mais bem e melhor
Melhor, além de ser a forma comparativa de superioridade do adjetivo bom
(mais bom = melhor), serve também
como comparativo de superioridade
do advérbio bem ("ele canta melhor
que o irmão"). Em frases como essas,
seria inaceitável usar a forma analítica
mais bem; a substituição por melhor
é obrigatória.
Antes de particípios, contudo, é a
forma analítica a preferível: "Esta é a
revista mais bem diagramada que já
li". Esse é o uso culto, tradicional, da
língua. Pode ser substituído pela forma
sintética: "revista melhor diagramada”
- embora doa aos ouvidos mais bem
preparados...
3 - Em vez de e ao invés de
A expressão “em vez de” pode ser
usada sem qualquer constrangimento
em qualquer situação. Bom, não é?
Já “ao invés de”, somente em uma
possibilidade:
- em vez de: significa “em lugar de”,
“em substituição a”, “ao contrário de”
dando ideia tanto de oposição como
de substituição.
• Em vez de nos ajudar, atrapalhou
ainda mais a nossa situação.
• Em vez de ir ao cinema, vamos ao
teatro?
- ao invés de: corresponde somente
à ideia de oposição, com valor de “ao
contrário de”, “ao inverso de”.
• Ao invés de baixar, o preço do gás
combustível subiu.
• Chorou ao invés de rir.
4 - Ao encontro de e de encontro a
Essas expressões, tão parecidas na sua
estrutura, exprimem ideias completamente opostas! Observe:
Ao encontro de indica "ser favorável
a", "ter posição convergente" ou
"aproximar-se de". Transmite ideia de
favorecimento ou, ainda, de encontrar
alguém. Veja os exemplos:
Que bom! Suas ideias vêm ao encontro das minhas! Podemos continuar
com nossos planos.
Marquei com João no bar para, dali,
irmos ao encontro de Maria.
Já de encontro a indica “ser contra a”,
“em prejuízo de”, transmitindo ideia
de oposição, contrariedade, além das
ideias de choque, colisão.
Infelizmente seu projeto vai de encontro aos interesses da empresa.
O ônibus desgovernou-se e foi de
encontro ao poste.
Saber o significado de cada uma delas é
importante para entender o enunciado
elaborado por alguém. Analisemos as
seguintes frases:
A construção do novo shopping vai de
encontro ao desejo dos moradores
do bairro.
A construção do novo shopping vai ao
encontro do desejo dos moradores
do bairro.
As frases são bastante parecidas e só
o entendimento das expressões consegue fazer a distinção de significados
entre elas. Na primeira, o autor da
frase expressa contrariedade: os moradores não são a favor da construção
do shopping. Na segunda, a ideia é de
favorecimento: os moradores desejam
a construção do shopping. É preciso
ter conhecimento linguístico para
desvendar as verdadeiras intenções
do produtor de tais frases!
Espero que essas dicas tenham ido ao
encontro de seu interesse!
T AMAS
Pensamentos
Pró-fundos
Ontem matei mais um.
Não ver, não ouvir, não tocar.
Por isso eu mato
pessoas que continuam vivas.
Algumas “coisas”
não me interessam.
Entre vivos e sem “mortos”
vou levando a minha vida.
Que é curta.
-Entre tantas dúvidas
uma pequena certeza
me faria bem.
-Vou para Saturno
me enamorar
na lua cheia.
-Dor no peito
é problema no coração.
Enfarto ou paixão.
-Me perdi em sonhos
e acordei pela metade.
-Costuro panos e palavras.
-Um pequeno momento liberto
é uma eternidade.
-A alma sofre
com a estupidez humana.
-Tranquei um segredo
a sete chaves
e perdi uma.
Eduardo Piereck de Sá
Instante
Fugaz
Poeta Convidado
[email protected]
Nau
Desperta
Navegantes
desta nau desperta
toma para ti
o leme da verdade
e adentra os mares
revoltos, instáveis
desta flagrante
realidade.
Põe-te à parte
dos sabores
há muito
conhecidos.
Distrata o acordo
com este mar morto
e desata-te por àguas
fluidas
desprovidas de toda
falta de liberdade
em navegar.
Põe-te a atracar
em portos longínquos
afastados de tuas
vivências soterradas.
25
Publieditorial
Mentiras e verdades
sobre o leilão de Libra
Por Emanuel Cancella*
Mentira nº 1 –Leilão não é privatização.
O fato: no caso de Libra, quem ganhar o leilão terá direito de
explorar o campo por 40 anos. Em quatro décadas, a petrolífera
estrangeira vai secar a reserva. Petróleo não tem duas safras. São
reservas que não se renovam e levam milhões de anos para se
formar. O consórcio vencedor será o dono do petróleo que deveria
ser do povo brasileiro.
Mentira nº 2 - O Brasil não possui tecnologia nem recursos financeiros para produzir no pré-sal.
O fato: a) quem desenvolveu a tecnologia inédita no mundo
que permitiu a descoberta do pré-sal foi a Petrobrás; b) A Petrobrás
possui reservas de, no mínimo, 60 bilhões de barris de petróleo.
O equivalente a pelo menos 6 trilhões de dólares, cotando o barril
à média de 100 dólares. Com uma garantia dessas, que banco
deixará de financiar a Petrobrás?
Mentira nº 3 – O Brasil já assimilou a ideia de realizar
leilões.
O fato: embora a imprensa hegemônica, que está a serviço
das grandes empresas, boicote as verdades sobre o campo de Libra
para enganar o povo e beneficiar as empresas, o povo não apoia a
entrega das riquezas do país a multinacionais estrangeiras.
Nas décadas de 1940-50, os brasileiros criaram a campanha “O
Petróleo é Nosso!”, a maior campanha cívica do país. Isso quando
o petróleo ainda era um sonho. Agora que é realidade, temos o
desafio de barrar os leilões.
Conheça as outras mentiras e verdades sobre o leilão de Libra
em: www.apn.org.br
* Emanuel Cancella é diretor do Sindipetro-RJ
Catete, Largo do Machado, Laranjeiras, Cosme Velho
Clima bucólico, com
toda a estrutura
Wikimedia / Carlos Luis M C da Cruz
B airros cariocas
texto_Juliana Alves
FOTO_Arthur Moura
Como bom carioca, a Folha sempre aborda o Rio de Janeiro de diferentes maneiras. E a partir
deste mês nossas páginas farão um passeio pelos bairros dessa cidade que tanto amamos para conhecer um pouco mais cada pedacinhos, através de pessoas que escolheram viver “ali”. Foi difícil
decidir quais seriam os primeiros passos em meio aos charmosos 1.260 km² (aproximadamente)
que nos tornam a segunda maior metrópole do Brasil, e então escolhemos as redondezas de
onde quase tudo começou.
26
E como mudou... Catete, Largo
do Machado, Laranjeiras, Cosme
Velho, das chácaras aos prédios,
comércio e casas. Porém, qualquer
passada rápida pela região faz lembrar
a importância e o brilho que o Rio teve
para o país. No Catete, os exemplos
são o atual Museu da República, antigo
Palácio do Catete, a sede do governo
brasileiro entre 1897 e 1960, e o prédio da 9ª Delegacia Policial desenhado
pelo premiado arquiteto Heitor de
Melo, responsável também pelo Castelinho do Flamengo, que já foi sede
do Jóquei Clube e da Polícia Central.
Nessa região nobre e repleta de
História e personalidades históricas,
vive Maria do Socorro Ribeiro. Nascida em São Luís, no Maranhão, adotou
o Rio de Janeiro depois de passar
um tempo em Salvador e daqui não
sai mais. “Minha paixão é a Buarque
de Macedo. Eu me identifico muito
com o bairro e com as pessoas. As
academias, os mercados, as lojas, os
restaurantes das mais diversas especialidades, os cinemas, os bares, tudo
é muito perto. Sou uma verdadeira
apaixonada pelo bairro”.
A Rua Buarque de Macedo, com
seus famosos bares Bunda de Fora e
Tiroteio, fica bem próxima ao Largo
do Machado que é considerado um
bairro por muitos, mas faz parte do
Catete. É possível que essa confusão
aconteça devido ao fato de ser um
lugar bastante independente: bancos,
fast foods de grandes redes, culinárias
japonesa, italiana, árabe e muitas outras, farmácias, lojas de sapato, roupas
e salões de cabelereiro. O comércio
se espalha pelas duas galerias e por
todo o Largo. E lá já foi um dos polos
de cinema, assim como a Cinelândia
e a Tijuca.
Para Maria do Socorro, a grande mudança nos últimos anos foi a
construção da estação do metrô:
“Foi uma verdadeira revolução. A
obra provocou muitos transtornos,
e a aceitação só aconteceu quando
os moradores puderam aproveitar a
praticidade de chegar em qualquer
lugar rapidamente”. Quem não mora
lá também é beneficiado com esse
transporte, inclusive os visitantes do
Corcovado, já que diante da proibi-
ção da venda de ingressos aos pés do
monumento, foram instalados guichês
e criado estacionamento de vans para
esse traslado.
Dos 40 anos de Cidade Maravilhosa, Maria mora há 32 no Catete e
se lembra com saudade da época em
que era mais tranquilo passear a noite
pelo bairro. “Saí do Bairro de Fátima
um ano antes do meu filho nascer e os
dois foram criados aqui. Os saraus, as
serestas, os luaus, fazíamos todo tipo
de festa na praia. Atualmente, o número de menores nas ruas aumentou
muito e todos sentem a necessidade
de uma segurança ostensiva. Não faço
parte da Associação de Moradores
por falta de tempo, mas sempre que
posso, colaboro com opiniões”.
A escolha da região foi devido
à proximidade da praia: “Meu lugar
preferido é o Aterro; é só atravessar
a avenida e já estou à beira mar. As
extremidades são pouco atraentes,
mas na altura do Flamengo é bem
agradável. Já temos até identificações
como os Postos 2 e 3. Para mim, é
um dos bairros mais elegantes do Rio
de Janeiro”.
Cosme Velho de hoje e
sempre
Paulo Cesar Moreira de Castro,
carioca, morava no Leblon em um
apartamento pequeno, e resolveu
procurar algo maior diante do nascimento da sua segunda filha. “Cheguei
aqui em 1982 e acredito que o prédio
onde moro tenha sido uma das últimas
construções do bairro. É bem encostado ao morro e o clima é sempre frio;
o lugar é lindo e vai continuar assim
porque, como foi tombado, nada
pode mudar”.
Para ele, é maravilhoso ser vizinho de uma das sete maravilhas do
mundo e na época em que trabalhava
no Jornal do Brasil, subia o morro de
Igreja Nossa Senhora da Glória
Largo do Machado
carro, corria e depois tomava banho
nas cachoeiras antes de colocar o
terno para enfrentar mais um dia.
“São várias quedas d’água. Mas falta
um pouco de tranquilidade por ser
um ponto turístico muito visitado. A
nova medida que proíbe a venda de
ingressos no local ajudou a diminuir a
confusão. Outra mudança importante
foi a construção do terminal para os
ônibus que antes faziam da Praça São
Judas Tadeu um estacionamento com
barulho de motor e ar condicionado
ligados desde cedo”.
Não pode haver mudanças, mas
as melhorias são bem-vindas. Sua
paixão pelo bairro fez dele diretor da
Associação de Moradores nos anos
90, uma experiência gratificante tanto
pelo aprendizado sobre o Cosme
Velho, quanto pelo convívio com as
pessoas que gerou até dois blocos de
Carnaval, a Banda do Cosme Velho e
o Concentra Mas Não Sai.
E durante toda a entrevista, uma
adorável aula de História: “Ali tem o
Largo do Boticário com uma arquitetura linda que transporta as pessoas
para o Rio antigo, a Bica da Rainha
utilizada pela própria que era seguida
pelas mucamas, daí a expressão “Maria
vai com as outras”, e por aí vai. Do
Cosme Velho, chamado antes de
Águas Férreas, até o Largo do Machado, somente chácaras cercavam o Rio
Carioca. De acordo com a lenda, os
portugueses, apelidados de akari pelos
índios em referência ao peixe cascu-
do, chegaram à Baía de Guanabara e
construíram uma casa de pedra na foz
do Rio Carioca, na Praia do Flamengo.
Os tamoios a chamavam de akari oka
“casa do homem branco”, e ao longo
do tempo, surgiu a palavra “carioca”.
Nesses últimos 30 anos, o comércio do entorno teve um aumento significativo oferecendo mais opções aos
moradores em todos os sentidos. O
trânsito também mudou: passar pela
Rua das Laranjeiras exige uma dose
especial de paciência, principalmente
nos horários de entrada e saída dos
colégios. “Durante as manifestações,
os congestionamentos foram mais
pesados porque as ruas de acesso ao
Palácio Guanabara estavam fechadas,
uma questão inevitável. Às vezes
Rua General Glicério - Feira de
Hortifrúti
27
B airros cariocas
No berço das Laranjeiras
28
também é complicado estar próximo
ao Rebouças, mas ainda que muitos
pensem que atrapalha, ninguém mais
vive sem esse túnel. Enfim, não há
o que mudar. Na verdade, não há
como mudar”, afirma Paulo. Além de
gostar do lugar e aproveitá-lo muito
bem, Paulo se sente realizado por ter
conseguido se estabelecer profissionalmente na região com a culinária
nordestina no Severyna, uma proposta
que, na época, tinha dado certo para
ele somente na Zona Norte.
Laranjeiras... A linda e charmosa
Laranjeiras, um dos bairros mais antigos da cidade batizado assim, segundo
a lenda, devido às antigas plantações
de laranjas que ocuparam a região.
Por volta do século XVI, XVII, tudo
era sesmaria, mas a paisagem mudou
bastante com a construção da fábrica
de tecidos Aliança na Rua General
Glicério, em 1880, antiga Companhia
Econômica de Lavanderia a Vapor, que
impulsionou a construção de vilas operárias que podem ser vistas até hoje na
Rua Pires de Almeida, além de outras
residências. Nessa rua, atualmente,
além da feira de hortifrúti, acontece
a feira de artesanato com direito a
chorinho, convidados e muita gente
bonita todos os sábados até às 15h.
E não há como continuar falando
de Laranjeiras sem falar de quem está
lá há mais de 60 anos. “O senhor é
carioca?” “Sim, sou carioca. Em Portugal não conheço nada; só conheço o
1
meu Brasil”. Edgar da Costa Maia veio
para cá aos cinco anos, e foi morar
em Laranjeiras com seus 13 anos e o
ofício que tinha aprendido no Centro
do Rio: cabelereiro. “Consegui ter o
meu salão durante 20 anos e cortei
cabelos de gerações de muitas famílias.
Sou conhecido em toda essa região,
inclusive em Santa Teresa, onde todos
demonstram um grande carinho por
mim”.
Para ele, as pessoas representam a
parte mais encantadora do lugar. “Tive
uma pizzaria com mais de dez entregadores sem ao menos um problema,
e isso é porque sempre me preocupei
em respeitar as pessoas. E tenho or-
gulho da minha filha porque vejo que
ela também é assim; quem a vê diz
que está seguindo os passos do pai”.
Dizem que cada pessoa tem um dom,
mas no sr Edgar, é difícil identificar algo
em meio a tantas coisas boas. Ele é
uma celebridade consagrada: foi duas
vezes tema do samba do bloco Volta
Alice, participou do filme Bonitinha,
Mas Ordinária, e já sentou ao lado de
Jô Soares para falar de sua saborosa
feijoada de frutos do mar.
Sua disposição o ajudou a driblar,
recentemente, um AVC que o deixou
parado “por apenas algumas horas. Foi
o tempo do atendimento no hospital
e, no dia seguinte, mesmo contra
2
as ordens médicas, estava abrindo
o bar”. Atualmente, ele trabalha no
Tascas do Edgar que fica no começo
da Rua Alice, uma das mais famosas do
bairro também por abrigar um antigo
prostíbulo de luxo, a Casa Rosa, por
onde passou gente de todas as classes
sociais, e que atualmente é um centro
de estudos e divulgação da cultura
popular brasileira. Ali bem próximo,
na Rua das Laranjeiras, 291, foi a
sede da TV Continental entre 1959 e
1972, com o maior estúdio do Brasil,
onde hoje fica uma concessionária de
automóveis.
Instituto João Alves Affonso, na
Ipiranga, Instituto Nacional de Educação de Surdos, nas Laranjeiras,
Palácios Guanabara (sede do Governo
do Estado) e Laranjeiras (residência
oficial do governador do Estado) são
grandes marcos locais, mas muito
da arquitetura antiga foi preservada
por todas as ruas, o que permite um
belo passeio pelo passado com toda a
praticidade do presente. Restaurantes,
igrejas, bares, lojas dos mais diversos
ramos, tudo entra em harmonia
com a tranquilidade do bairro. Para a
criançada, o Parque Eduardo Guinle,
uma Área de Preservação Ambiental
(APA), é excelente. O Mercado São
José, antiga senzala na época do Império, mercado de hortifrúti durante
o governo de Getúlio Vargas e hoje
construção tombada depois de um
bom tempo de abandono, tornou-se
concentração de gastronomia, cultura
e arte como, por exemplo, o ateliê
Luzia Mariana, assim como a Praça
São Salvador. Talvez esse resumo
consiga explicar porque Seu Edgar diz
que “no bairro, tudo é muito bom,
não precisa mudar nada”.
1. Parque Eduardo Guinle
2. Mercado São José:
• "Floral", Ateliê Luzia Mariana
• Estúdio Casa do Músico
• Imagem de São José
6
29
&
Fotos: Divulgação
arte
cultura
GARIMPO CULTURAL
Texto_Juliana
Marques alves
Segredos
público escreve seus segredos anonima-
manas e realistas. “Penso em outro ho-
Temporada: 06 de novembro a 11 de
mente, deposita os papeis em uma urna
mem quando transo com meu marido”,
dezembro
e os atores leem cada um em voz alta. As
“Já joguei veneno para o cachorro da
Horário: 21h, às quartas-feiras
Quantos segredos você tem? E quantos
confissões são a própria inspiração para
vizinha”, “Finjo que estou dormindo no
Preço: R$ 30,00 (inteira), R$ 15,00 (meia)
segredos de amigos você já ouviu e pro-
criar cenas que se entrelaçam formando
metrô para não ceder o lugar a idosos”.
Endereço: Rua Prudente de Morais, 824 –
meteu não contar? Nesse espetáculo, o
um mosaico de relações e situações hu-
Deixe o seu e prepare-se!
Teatro Ipanema - Tel.: (21) 2267-3750
Teatro em movimento
movimento. Somente três pessoas
de um táxi que sai do Leme e passa
podem participar do espetácu-
por Copacabana, Urca e Botafogo. O
lo. Por isso, reserve seu lugar no
motorista atende quatro passageiros
banco do carro com antecedência!
Não recomendado para menores de 12 anos
A peça narra a jornada de Fando e sua
amada, a paralítica Lis, em busca da mítica cidade de Tar, um lugar onde a dor, a
doença, a dúvida e o frio desaparecerão.
Neste percurso em busca da felicidade,
são deflagradas as relações de poder e
de dependência entre os personagens.
Fotos: Divulgação
A comédia No Táxi acontece dentro
Fando e Lis
Reservas pelo telefone (21)99666-9954
super divertidos ao longo do percurso,
30
e ainda encontra sem querer com a sua
Temporada: De 09 a 30 de novembro
ex-amante. A montagem proporciona
Horário: sábado, às 15h e 16h30
uma experiência diferente e divertida ao
Preço: R$ 40,00 (preço fixo)
tirar o público da caixa preta do teatro
Endereço: Av. Atlântica, 514 – Leme
convencional e colocá-lo num táxi em
– Em frente ao Sindicato do Chopp
Cinema a céu aberto
Preço: Entrada franca
Endereço: Praia Ponta Negra
próximo a Praia do Sono - Paraty
Temporada: 14 de novembro a 17 de
novembro
Horário: 21h, às quartas-feiras
2ª Mostra Maré Cheia de Cinema em Ponta Negra - 2011 Apoie:
catarse.me/pt/MareCheiadeCinemaPraiadoSono
Fotos: Divulgação
longas e curtas metragens de ficção,
documentários e animações, todos
de livre classificação. Como complemento, será realizada uma Oficina
de Cinema de Animação para jovens
e crianças.
Foto: Dani Schmidt
Aproveite este feriadão para
curtir a 4ª Mostra Maré Cheia de
Cinema – Edição Praia do Sono
em Paraty. O projeto tem como
característica original a exibição de
filmes, em formato digital, em uma
estrutura provisória montada na
areia dos “costões” da região de
Paraty. A Mostra, não competitiva,
é exclusiva de filmes brasileiros,
Temporada: Até 01 de dezembro
Horário: Quinta a sábado, às 21h.
Domingo, às 20h
Preço: R$ 30,00 (inteira), R$ 15,00
(meia)
Endereço: Rua São João Batista, 104
- Botafogo
Teatro Poeirinha - Tel.: 2537-8053
C ASA CARIOCA
31
H aron Gamal
[email protected]
Vários narradores à beira da oralidade
Novelas de Vereza
flertam com o
realismo fantástico
32
Noveleletas, de João Paulo Vereza (Ed. Record, 191 páginas) é um
livro composto por cinco pequenas
novelas, todas ambientadas longe dos
grandes centros, em flerte com um
regionalismo inusitado e quase atemporal. As histórias apresentam personagens telúricos e sonhadores, não
deixando de lado a relação de poder
entre proprietário e empregados
nem a religiosidade do homem do
povo. Ao mesmo tempo, os textos
transitam em meio ao que se costumou chamar de realismo fantástico,
provocando desfechos em aberto,
que torcem o trágico na direção de
possíveis finais felizes.
A primeira história, “O trem
nascente”, começa com uma cantiga,
que retorna e se interpõe aos vários
trechos da narrativa, como uma espécie de ciranda. Tal estratégia alivia
os momentos de tensão e desvia de
modo inteligente o foco do enredo
a outros segmentos, revelando e
ampliando fatos que pouco a pouco
tornam o leitor prisioneiro do texto.
A primeira parte, em forma de um
falso diálogo (apenas um dos personagens fala e pressupõe a escuta
de outro), apresenta um morador
do lugarejo tentando negar informações a um recém-chegado que
pergunta sobre o Almirante, uma
espécie de mandachuva local. Mas
este narrador, com o intuito inicial
de nada falar sobre tal personagem,
elogia-o tanto que acaba produzindo
um efeito contrário: deixa à mostra
toda a crueldade do “senhor”. Esse
foco não é, no entanto, o que há de
maior na novela, mas sim a habilidade do autor em transitar por vários
tipos de narração, partindo da fala de
personagens, poemas, monólogo interior e narrativa em terceira pessoa.
O mistério da “Barra Pequena”
é a segunda novela e, talvez, a mais
pungente. Inicia-se em forma de
diálogo entre um pescador e seu
Vianna, o proprietário local, dono de
terras e de quase todo o comércio da
pequena cidade. Uma vez que chega
sem os peixes, o pescador é acusado
de bebedeira. Mas este teria testemunhado a aparição de um monstro
no mar, que lhe teria roubado todos
os peixes. Entrega um bilhete onde
está escrito “Deutilande”, palavra a
princípio misteriosa, mas que depois
revelará grande parte da violência
que a narrativa comporta. A seguir
a história passa a ser narrada por
um jovem órfão de mãe, cujo pai é
alcóolico e violento. O aparecimento
de um padre, homem de intensa
alegria, mudará o destino desse rapaz. O religioso contrasta a todos os
princípios severos da Igreja, assinala
o prazer como realização máxima
e afirma que o ser humano já não
carrega o pecado, mas, ao contrário,
tem todas as possibilidades, desde
que saiba apreciar tudo que a vida
lhe tem a oferecer. A narrativa empreendida pelo garoto soa plena de
desejos e descobertas. Na verdade,
torna-se quase um pequeno romance
de formação. Primeiro é o amor pela
menina Laura, depois, vendo-se só
devido ao desaparecimento do pai,
apega-se ao irmão mais velho. Mas
esse quer ser soldado e parte para a
guerra. A Segunda Guerra Mundial.
Por isso a pungência da história.
Quase totalmente desamparado, com
apenas a figura do padre a lhe insuflar
que todo homem é responsável pelo
seu destino, esse narrador quer descobrir o mundo. No final, novamente
o desfecho em aberto e a presença
do realismo mágico amenizam e
proporcionam a nós, leitores, alguma
esperança, em meio a uma narrativa
de conflito e solidão.
“A maçã do Chorume” é um conto protagonizado por um cachorro
que já tomou parte da primeira novela. Aqui, o cão aparece sozinho e
faminto, anda pelas ruas da pequena
cidade num dia de festa de santo, está
em busca do que comer e acaba por
se fixar numa maçã do amor. Mas
Chorume, nas suas travessuras para
surrupiar o doce alimento, acaba
por provocar um incêndio. Daí em
diante, começa uma intensa correria
para capturá-lo. Mas o que sobressai,
entretanto, é a solidão humana, agora
sob o ponto de vista de um animal.
A quarta história, toda em versos,
“Canção de Mané Cotó”, traz à tona
a violência da colonização portuguesa
na sua impetuosa busca pelo ouro no
Brasil. O conto parte do ponto de
vista de um menino negro, escravo
fugido que esconde uma pepita de
ouro. Mas ele se defronta com Dom
Moncorvo, um emissário que está em
busca de indícios de ouro na colônia.
O menino é o ladrão, mas não deixa
de ajeitar as coisas para o nobre português. De acréscimo há a presença
de escravos e mais escravos, soldados
e índios, todos a serviço da Coroa.
Percorrendo as diversas narrativas
desse simpático livro não é difícil detectar a filiação literária de Vereza ao
universo ficcional de Guimarães Rosa.
Mas não se trata de imitação, o motivo
e as questões apresentadas pelas histórias remetem o leitor nesta direção.
a LEXANDRE brandão
| no osso
[email protected]
Sem pressa
Manoel de Barros, no poema
“Andarilho”, do “Livro sobre nada”
(Poesia Completa, Editora Leya),
afirma categórico: “andando devagar
eu atraso o final do dia”. Para quem
não sabe o que é poesia, poesia é
essa rasteira no senso comum, é
esse dano irreparável na lógica que
comanda nossa vidinha miserável.
Certa vez batia perna com meu
primo Bosco pelas ruas da Vila
Madalena, em São Paulo. Ele pediu
para eu andar mais devagar; com
pernas menores que as minhas, não
conseguia me acompanhar. A partir
de então, meu ritmo é ditado por
passos miúdos, com o que desperdiço minha altura e o alcance potencial
de minhas passadas. Devagar, passei a
contemplar o mundo. Eu contemplo
o mundo.
Já vai um tempo, caminhei por
alguns quarteirões atrás de um sujeito
que olhou todas as bundas que cruzaram seu caminho. Não desprezou
nenhuma. Olhou a de uma moça
mignon. A de uma rechonchuda.
Torceu o pescoço para contemplar a
da jovem. E, igualmente, a da velha,
a da negra, a da branca, a da moça
manufaturada — a Glória, bairro
onde estávamos, é um ponto de
travestis. Se eu tivesse pressa, não
teria apreciado um tipo desses, feito
à medida para ficcionista do meu quilate — meio vagabundo, quero dizer.
Andar devagar, nos dias de hoje,
tem muitos inconvenientes. O mundo está acelerado. Uns ultrapassam
outros — sejamos sinceros: o objetivo é ultrapassar os outros. Aos que
não estamos totalmente isentos do
espírito competitivo resta lastimar
ficar pra trás. (Lastimar, lastimamos,
acelerar o passo, nem pensar.) Em
meu primeiro livro, lançado em
1995, há um conto (“A quarta queda”)
que esbarra nessa questão, mas, no
caso, a competição se dá entre pessoas que se arrastam. A metáfora,
arrisco dizer, é esta: mesmo quem
perdeu, quem, portanto, se arrasta,
ainda guarda uma ilusão de não ser
o último, de não ficar na rabeira do
mundo. Ser o último seria a derrota
definitiva. Não é de hoje que estou
olhando o mundo de esguelha. Devagar, e sempre desconfiado.
Outro Manuel (Manuel igual a
Manoel, certo?), um amigo, reage
do seguinte jeito ao verso de
seu xará: os velhos andam
devagar para atrasar o
final da vida. Matou a
pau. A decadência física
é menos importante que a
mumunha urdida para atrasar o
fim absoluto. Manoel de Barros está
velho. Adiou, com seu passo de cágado pantaneiro, o fim de muitos dias
— dias que engoliram alguns de seus
filhos. E, arrastando seu chinelo pela
fazenda, estará, agora, postergando a
chegada do “seu dia”. Um palpite, não
33
passa de um palpite isso que acabo de
dizer. Desconheço Manoel de Barros,
e desconhecê-lo não deixa de ser uma
forma íntima de chegar a ele. Quem
já o leu sabe que não estou lançando
mão de uma frase de efeito. Com o
poeta é assim mesmo.
• Ações de Rua
• Livrarias
• Bancas
• Cafés
• Restaurantes
• Espaços Culturais
• Lojas
• Academias
34
COPACABANA
Banca do Babau
Rua Inhangá
esquina c/ NSC
Banca Tia Vânia
Rua Xavier da Silveira, 45
Banca Xavier da
Silveira
Rua Xavier da Silveira, 40
Espaço Brechicafé
R. Siq. Campos 143 - loja
31
Tel: 2497-5041
Graça Brechó
Av. N.S.Copabana 959 Loja E
Ao lado do Cine Roxy
Livraria Nobel
Rua Barata Ribeiro, 135
Tel.: 2275-4201
Rest. Príncipe de
Mônaco
Rua Miguel Lemos,
18- Loja A
Shopping 195
Av. N.S.Copacabana, 195
Sorveteria Lopes
Av. N.S.Copa.,
1.334 - loja A
Theatro Net
Rua Siqueira Campos
- N° 143 - 2º Piso.
Copacabana
GÁVEA
15ª DP – Gávea
R. Major Rubens Vaz, 170
Tel.: 2332-2912
Banca da Bibi
Shopping da Gávea 1º
piso
Tel.: 2540-5500
Banca da Gávea
R. Prof. Manoel Ferreira,
89
Tel.: 2294-2525
Banca Dindim da
Gávea
Av. Rodrigo Otávio, 269
Tel.: 2512-8007
Banca New Life
R. Mq. de São
Vicente,140
Tel.: 2239-8998
Banca Speranza
Praça Santos Dumont,
140
Tel.: 2530-5856
Casa da Táta
R. Prof. Manoel
Ferreira,89
Tel.: 2511-0947
Chaveiro Pedro e Cátia
R. Mq. de São Vicente,
429
Tels.: 2259-8266 Igreja N. S. da
Conceição
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Alvim
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21 2522-6893
JARDIM BOTÂNICO
Posto Ypiranga
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Supermercado Crismar
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Saudade, 187
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Barra dos CDs Raros
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(21) 9973-6021
Casa da Leitura
Rua Pereira da Silva, 86
Mundo Verde
Rua das Laranjeiras, 466 –
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Rua Gen. Artigas, 114
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Banca Scala
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