thiago pinheiro ribeiro

Transcrição

thiago pinheiro ribeiro
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA
DEPARTAMENTO DE TECNOLOGIA
COLEGIADO DE ENGENHARIA CIVIL
THIAGO PINHEIRO RIBEIRO
AVALIAÇÃO DO GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS DE CONSTRUÇÃO CIVIL EM
CANTEIROS DE OBRA NO MUNICÍPIO DE FEIRA DE SANTANA - BA.
FEIRA DE SANTANA
2011
THIAGO PINHEIRO RIBEIRO
AVALIAÇÃO DO GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS DE CONSTRUÇÃO CIVIL EM
CANTEIROS DE OBRA NO MUNICÍPIO DE FEIRA DE SANTANA - BA.
Trabalho
de
Conclusão
de
Curso
apresentado ao Colegiado do Curso de
Engenharia Civil da Universidade Estadual
de Feira de Santana, como requisito para
obtenção
do
título
de
Bacharel
em
Engenharia Civil.
Orientadora: Professora Mestre Áurea Chateaubriand Andrade Campos
FEIRA DE SANTANA
2011
THIAGO PINHEIRO RIBEIRO
AVALIAÇÃO DO GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS DE CONSTRUÇÃO CIVIL EM
CANTEIROS DE OBRA NO MUNICÍPIO DE FEIRA DE SANTANA - BA.
Trabalho de Conclusão de Curso para obtenção do título de Bacharel em
Engenharia Civil.
Feira de Santana, 01 de setembro de 2011.
________________________________________
Profª. Mestre Áurea Chateaubriand A. Campos
Orientadora
BANCA EXAMINADORA:
______________________________________
Prof. Esp. Gerinaldo Costa Alves
Universidade Estadual de Feira de Santana
______________________________________
Prof. Mestre Antonio Freitas da Silva Filho
Universidade Estadual de Feira de Santana
Dedico este trabalho aos Meus Pais: Paulo e
Maria Ivonete e aos meus irmãos: Junior; Paula e
Diego, pela compreensão e apoio ao longo destes
anos.
“Espere o melhor,
prepare-se para o pior
e aceite o que vier.”
Provérbio Chinês.
AGRADECIMENTOS
A Deus por ter me dado forças em todos os momentos da minha vida.
Aos meus pais: Paulo e Maria Ivonete, Aos meus irmãos: Junior, Paula e
Diego pelo apoio incondicional.
A minha avó Maria Amélia, sempre me incentivando e orando por mim.
A minha namorada Jesiane, pelo apoio e compreensão nos momentos em
que não pude estar com ela devido aos estudos.
A professora Aurea, pela orientação e disponibilidade ao longo deste trabalho.
Tenho certeza que além de uma orientadora, ganhei uma amiga.
A todos os colegas dos grupos de estudo nos quais eu participei, em especial
ao último: Marcelo, Jackson e Vagner. Sem eles, a batalha seria mais difícil.
Aos responsáveis técnicos das construtoras que permitiram a realização das
visitas nos canteiros e pela paciência e atenção na realização das entrevistas.
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
RSU – Resíduos Sólidos Urbanos
RCD – Resíduos de Construção e Demolição
RCC – Resíduos de Construção Civil
PGRCC – Programa de Gerenciamento de Resíduos de Construção Civil
SINDUSCON - Sindicato da Indústria da Construção Civil
CREA – Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia
IBAM – Instituto Brasileiro de Administração Municipal.
CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente
ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
SEBRAE – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas.
ISSO 9001 - Grupo de normas técnicas que estabelecem um modelo de gestão da
qualidade para organizações em geral.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Instalações para reciclagem de RCD .............................................. 22
Figura 2 - Impacto dos resíduos em sistema de drenagem ............................ 24
Figura 3 - Resíduos de construção acumulados em vias públicas ................... 27
Figura 4 - Bota-fora de rcd inutilizando ambientes urbanos ............................. 27
Figura 5 - Origem de rcd em municípios brasileiros ....................................... 28
Figura 6 - Composição média aproximada do rcd .......................................... 29
Figura 7 - Fluxograma da reciclagem do gesso ............................................. 32
Figura 8 - Fluxograma de processo de recepção, triagem e destinação
de RCD dentro de uma instalação destinada a essa operação,
de acordo com a Resolução 307 do CONAMA e a NBR
15112 de 2004 ................................................................................ 33
Figura 9 - Fluxo típico das atividades desenvolvidas numa instalação de
reciclagem que atua conforme a Resolução 307 do conama
e a nbr 15114 de 2004 ................................................................... 35
Figura 10 - Disposição irregular de RCC em Feira de Santana:
a) Em terreno baldio; b) Às margens de rodovias. ........................ 37
Figura 11 - Implantação do aterro em Feira de Santana em 1989 ................... 38
Figura 12 - Instalações do aterro atual a) Aterro atual; b) Central de
autoclavagem; c) Balança para pesagem de resíduos
recebidos; d) Local destinado a deposição de resíduos
domésticos. ..................................................................................... 39
Figura 13 - Localização de feira de santana no estado da bahia
(http://maps.google.com) ............................................................... 41
Figura 14 – Dispositivos de acondicionamento – empresa A: a) Classe A;
b) Resíduos sólidos urbanos; c) Madeira (primeiro momento);
d) Madeira – 6 meses depois ........................................................ 47
Figura 15 – Dispositivos de acondicionamento – empresa A:
a) Revestimento cerâmico; b) Tubos de PVC e eletrodutos;
c) Embalagens de papel/papelãod)Madeira.................................... 48
Figura 16 – Consequências da falta de identificação nos dispositivos de
acondicionamento – empresa A: a) classe A; b) resíduos
sólidos urbanos ............................................................................. 49
Figura 17 – Reutilização de madeira em formas – Empresa A. ....................... 49
Figura 18 – Reutilização de resíduos de revestimento cerâmico em
pontos de revestimento e regularização de piso –
Empresa A. .................................................................................... 50
Figura 19 – Baias destinadas ao acondicionamento dos RCC –
Empresa B. .................................................................................... 52
Figura 20 – Baia destinada aos resíduos de revestimento cerâmico –
Empresa B. .................................................................................... 52
Figura 21 – Dispositivos de acondicionamento – Empresa B: a) Metal;
b) Plástico ...................................................................................... 53
Figura 22 – Dispositivos de acondicionamento – Empresa B: a) Resíduos
de vidro; b) Papel/papelão; c) sacos de cimento e gesso ............. 53
Figura 23 – Dispositivos de acondicionamento aos resíduos de gessoEmpresa B. .................................................................................... 54
Figura 24 – Baias destinadas aos futuros resíduos gerados no canteiroEmpresa B. .................................................................................... 54
Figura 25 – Resíduos de metal espalhados no canteiro – Empresa B. ............ 55
Figura 26 – Baias destinadas ao acondicionamento de resíduos Classe
A, B e C – Empresa C. ................................................................. 57
Figura 27 – Dispositivos de coleta destinado à coleta seletiva de RSUEmpresa C. ................................................................................... 57
Figura 28 – Dispositivos de coleta com identificação do resíduos a ser
depositado ..................................................................................... 58
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Estimativas de geração de resíduos de construção civil ................ 29
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 - Resumo dos canteiros analisados........................................................... 45
Quadro 2 – Gerenciamento de resíduos no canteiro ................................................. 64
Quadro 3 - Fatores que influenciam no gerenciamento de resíduos da
construção civil ........................................................................................ 64
RESUMO
O presente trabalho tem por objetivo avaliar o programa de gerenciamento de
resíduos sólidos da construção civil em três canteiros de obras de condomínios
residenciais na Cidade de Feira de Santana, no estado da Bahia, e a destinação
final dos mesmos, nove anos após a Resolução CONAMA 307/2002 ter entrado em
vigor. Dentre os itens que compõem a Resolução foram destacados no estudo:
redução, reutilização, segregação, acondicionamento e destinação final dos resíduos
e discutidos fatores que contribuem para o sucesso e para as dificuldades no
Programa de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil - PGRCC. Como
métodos de pesquisa, foram utilizados: entrevista, questionário, observações
sistemáticas no canteiro, relatórios fotográficos e análise de documentos das obras
referidas. Os responsáveis pelo programa em cada canteiro de obra foram
submetidos a um questionário e entrevista. Posteriormente foi marcada uma visita a
fim de se fazer observações e um relatório fotográfico da situação do canteiro
quanto ao PGRCC. Com as respostas do questionário, as observações e as fotos,
os resultados foram discutidos com base na revisão bibliográfica e na resolução
CONAMA 307/2002. Dentre as dificuldades prevalentes foram detectadas: falta de
continuidade dos treinamentos bem como de estratégias de Educação Ambiental
que motive os colabores; acumulo de funções por parte do responsável pelo
processo impedindo o monitoramento e dedicação ao mesmo; ausência da atenção
do poder público quanto à fiscalização do gerenciamento de resíduos no canteiro e
inexistência de uma central de triagem de RCC no município. Dentre as
contribuições positivas, puderam ser destacados: organização e limpeza do canteiro;
benefícios ambientais e adequação à legislação.
Palavras-chave: RCD (Resíduos de Construção e Demolição), CONAMA, PGRCC
(Programa de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil); Feira de Santana –
Ba.
ABSTRACT
The present work has as goal to evaluate the solid waste management program of
civil construction in three construction sites of residential condominiums in the city of
Feira de Santana, state of Bahia as well as the final destination of this waste nine
years after the CONAMA resolution 307/2002 became effective. Among the items
that make up the resolution, following factors have been highlighted: reduction,
reuse, selection, storage and final destination of the waste. Factors that contribute to
the success and the hardship in the PCRCC have also been discussed. Used as
research methods were interviews, questionnaires, systematic on-site observations,
photographic reports and analysis of documents of the reference works. The people
responsible for the program on each construction site underwent a questionnaire
and an interview. Then a visit was scheduled so to make observations. A
photographic report of the situation of the site regarding the PGRCC was carried out.
With the answers of the questionnaires, the observations and the photos, the results
were discussed based on the literature review and the CONAMA resolution
307/2002. Among the prevailing difficulties the following ones were detected: lack of
continuity of training as well as environmental education strategies that motivate the
collaborators, multitasking by the person responsible for the process impeding
monitoring and dedication , lack of attention by the government regarding the
supervision of the solid waste management on the construction sites and the lack of
a municipal waste selection central. The positive contributions that could be observed
were: organization and cleaning of the sites, environmental benefits and adequacy
to the legislation.
Key Words: RCD (solid waste of construction and demolition), CONAMA, PGRCC
(program of civil construction solid waste management), Feira de Santana-BA.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÂO ......................................................................................................................... 16
1.2 OBJETIVOS ...................................................................................................................... 17
1.2.1 OBJETIVO GERAL...................................................................................................17
1.2.2 OBJETIVO ESPECÍFICO.........................................................................................17
1.3 ESTRUTURA DA MONOGRAFIA .................................................................................... 17
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.................................................................................................... 19
2.1 SANEAMENTO ................................................................................................................. 20
2.2 RESIDUOS SÓLIDOS ...................................................................................................... 21
2.3 REDUÇÃO, REUTILIZAÇÃO E RECICLAGEM ............................................................... 22
2.4 DISPOSIÇÃO FINAL DE RESÍDUOS URBANOS ............................................................ 23
2.5 RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL............................................................................. 25
2.6 CLASSIFICAÇÃO DOS RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL ...................................... 25
2.7 GERAÇÃO DE RESÍDUOS DE CONSTRUÇÃO CIVIL ................................................... 26
2.7 GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS DE CONSTRUÇÃO................................................ 30
2.9 GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS DE CONSTRUÇÃO CIVIL EM FEIRA DE
SANTANA – BA ................................................................................................................ 37
3 METODOLOGIA ..................................................................................................................... 19
4 ESTUDO DE CASO ................................................................................................................. 41
4.1 LOCAL DE ESTUDO ........................................................................................................ 41
4.1.1 FEIRA DE SANTANA..............................................................................................41
4.2 CARACTERISTICAS DAS EMPRESAS ANALISADAS ................................................... 42
4.3 CARACTERISTICAS DOS CANTEIROS ANALISADOS ................................................. 44
5 RESULTADOS E DISCUSSÕES............................................................................................ 46
5.1 GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS NO CANTEIRO – EMPRESA A ............................. 46
5.1.1 QUANTO À REDUÇÃO DE RESÍDUOS .................................................................... 46
5.1.2 QUANTO À SEGREGAÇÃO E ACONDICIONAMENTO DOS RESÍDUOS .............. 47
5.1.3 QUANTO Á REUTILIZAÇÃO DE RESÍDUOS ........................................................... 49
5.1.4 QUANTO À DESTINAÇÃO FINAL DOS RESÍDUOS ................................................ 50
5.2 GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS NO CANTEIRO – EMPRESA B ............................. 50
5.2.1 QUANTO À REDUÇÃO DE RESÍDUOS .................................................................... 51
5.2.3 – QUANTO À REUTILIZAÇÃO DOS RESÍDUOS ...................................................... 55
5.2.4 – QUANTO À DESTINAÇÃO FINAL .......................................................................... 55
5.3 – GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS NO CANTEIRO – EMPRESA C .......................... 55
5.3.1 – QUANTO À REDUÇÃO DE RESÍDUOS ................................................................. 56
5.3.2 – QUANTO À SEGREGAÇÃO E ACONDICIONAMENTO DOS RESÍDUOS ........... 56
5.3.3 – QUANTO À REUTILIZAÇÃO DE RESÍDUOS ............................................................ 58
5.3.4 – QUANTO À DESTINAÇÃO FINAL NO CANTEIRO ................................................ 58
6 CONCLUSÕES ....................................................................................................................... 59
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA .......................................................................................... 65
8.0 APÊNDICES.......................................................................................................................... 67
8.1 APENDICE I – MANIFESTO DE CARGA DA EMPRESA A : REGISTRO DE
QUANTIDADE DE RESÍDUO TRANSPORTADO PARA
DESTINAÇÃO FINAL. .............................................................................. 67
8.2- APENDICE II – QUESTIONÁRIO SUBMETIDO AOS RESPONSÁVEIS
PELO PGRCC ....................................................................................... 68
8.3 APENDICE III - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO .................. 74
16
1 INTRODUÇÃO
A preservação ambiental é hoje uma preocupação mundial. A humanidade,
através dos séculos, vem conquistando espaço quase sempre em detrimento de
uma contínua e crescente pressão sobre os recursos naturais (SINDUSCON-MG,
2005)
Ainda segundo Sinduscon-MG (2005), construção civil, apesar de seus
reconhecidos impactos sócio-econômicos para o país, com alta geração de
empregos, renda e viabilização de moradias, infra-estrutura, estradas e outros, ela
ainda carece de uma firme política para a destinação de seus resíduos sólidos,
principalmente nos centros urbanos
Os impactos ambientais produzidos pela atividade de construção civil vêm
despertando maior atenção em decorrência da grande quantidade de resíduos
gerados pelo crescimento bastante acelerado das cidades brasileiras nas últimas
décadas. Basta dizer que esse resíduo é equivalente a duas vezes, em
massa, à quantidade dos resíduos domiciliares. A situação de degradação
ambiental, nesse quadro de intensa geração, vinha sendo agravada pela
ausência de políticas públicas permanentes de gerenciamento de tais resíduos
(CREA – SP, 2005)
Com a entrada em vigor da resolução nº307/2002 do Conselho Nacional de
Meio Ambiente (CONAMA), o setor da construção civil começa a integrar as
discussões a respeito do controle e da responsabilidade pela destinação de seus
resíduos(SINDUSCON-2005).
Segundo
CREA-SP(2005),
a
resolução
nº307/2002
define
as
responsabilidades do poder público e dos agentes privados quanto aos resíduos da
construção civil e torna
gerenciamento
obrigatória
nos municípios,
resíduos nos canteiros de obra.
além
a
adoção
de
de
projetos
planos
de
integrados
gerenciamento
de
dos
17
1.2 OBJETIVOS
1.2.1 OBJETIVO GERAL
Avaliar o Programa de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil
(PGRCC) em canteiro de obras de condomínios na Cidade de Feira de Santana - BA
1.2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Avaliar o PGRCC em 3(três) obras de empresas de médio e grande porte, na
cidade de Feira de Santana - BA
Analisar os requisitos previstos nas resoluções do CONAMA e nas normas da
ABNT quanto à: redução; reutilização; segregação; acondicionamento e destinação
final dos RCC.
Analisar fatores que influenciam no PGRCC.
Verificar a situação das instalações das instituições responsáveis pela
destinação final dos resíduos que não são aproveitados dentro da obra.
1.3 ESTRUTURA DA MONOGRAFIA
No primeiro capítulo é apresentada uma breve introdução sobre o tema
abordado, os objetivos que se têm para desenvolvimento do trabalho e a estrutura
da monografia.
No capitulo dois é apresentada a metodologia adotada no trabalho.
No capítulo três é abordada a fundamentação teórica, baseada em fontes
científicas para que haja uma compreensão melhor do objeto de estudo.
18
No capitulo quatro é abordado o estudo de caso.
No capítulo cinco é destinado aos resultados obtidos e a discussão dos
mesmos.
No capitulo seis são feitas as considerações finais sobre o assunto abordado.
19
2 METODOLOGIA
Primeiramente foi feita uma revisão bibliográfica, baseada em fontes
científicas (livros, artigos técnicos, Revistas, Anais de Congressos, Monografias,
Dissertações, Teses, etc) para que haja melhor compreensão do tema e atualização
dos trabalhos.
Em seguida foi realizado um estudo de caso, no qual foram utilizados
entrevistas e questionários submetidos aos responsáveis pelo PGRCC nos canteiros
de obras das empresas das obras analisadas. O questionário constava de fatores
que influenciam no gerenciamento de RCC baseados na Resolução CONAMA
307/2002 e adaptados de outros trabalhos de Brasileiro (2008) e Carvalho (2009)
(vide modelo questionário do apêndice 2). Foi elaborado também um roteiro de itens
a serem observados por ocasião das visitas gerando um relatório fotográfico,
ilustrando melhor a situação nos locais estudados.
Por fim os resultados serão explanados por empresa e ao final, por meio de
um quadro resumo a fim de disponibilizar os dados de maneira panorâmica e
sistematizada.
20
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 SANEAMENTO
Saneamento ambiental é o conjunto de ações socioeconômicas que têm por
objetivo alcançar a salubridade ambiental, por meio de abastecimento de água
potável, coleta e disposição sanitária de resíduos sólidos, líquidos gasosos,
promoção da disciplina sanitária de uso do solo, drenagem urbana, controle de
doenças transmissíveis e demais serviços e obras especializadas com a finalidade
de proteger e melhorar as condições de vida urbana e rural (FUNASA, 2006).
A poluição do meio ambiente é assunto de interesse público em todas as
partes do mundo. Não apenas os países desenvolvidos vêm sendo afetados pelos
problemas ambientais, como também os países em desenvolvimento, decorrem de
um rápido crescimento econômico associado à exploração de recursos naturais.
Questões como: aquecimento da temperatura da terra; redução da biodiversidade;
destruição da camada de ozônio; contaminação ou exploração dos recursos dos
oceanos; a escassez e poluição das águas; a superpopulação mundial; a baixa
qualidade de moradia e ausência de saneamento básico; a degradação dos solos
agricultáveis e a destinação dos resíduos (lixo) são de suma importância para a
humanidade (FUNASA, 2006).
O controle das substâncias químicas perigosas, o manejo adequado dos
recursos hídricos e dos resíduos sólidos, o controle de ruídos, das vibrações e das
radiações são essenciais à proteção ao meio ambiente natural e do ambiente
modificado onde vive e trabalha o homem (FUNASA, 2006).
O lançamento inadequado de resíduos industriais sejam sólidos ou líquidos
no meio ambiente, a ocorrência de chuva ácida, associada ao manejo inadequado
do solo para a agricultura levando à desertificação, são exemplos de agressões que
o solo experimenta (FUNASA, 2006).
21
A lei de uso e ocupação do solo, que regulamenta a utilização do solo, é de
competência exclusiva do município e nela devem ser fixadas as exigências
fundamentais de ordenação do solo para evitar a degradação do meio ambiente e os
possíveis conflitos no exercício das atividades urbanas. (FUNASA, 2006).
2.2 RESIDUOS SÓLIDOS
Os resíduos sólidos são materiais heterogêneos, (inertes, minerais e
orgânicos) resultantes das atividades humanas e da natureza, os quais podem ser
parcialmente utilizados, gerando entre outros aspectos, proteção à saúde pública e
economia de recursos naturais. Os resíduos sólidos constituem problemas sanitário,
econômico e principalmente estético (FUNASA, 2006).
Os resíduos sólidos podem ser classificados, segundo FUNASA(2006) quanto
à sua origem, como:
domiciliar;
comercial;
industrial;
serviços de saúde;
portos, aeroportos, terminais ferroviários e terminais rodoviários;
agrícola;
construção civil;
limpeza pública (logradouros, praias, feiras, eventos, etc.);
abatedouro de aves;
matadouro;
estábulo (BRASIL, 2006).
22
2.3 REDUÇÃO, REUTILIZAÇÃO E RECICLAGEM
Todo cidadão deve tentar reduzir a quantidade de resíduos gerados. É
simplesmente uma questão de reordenar os materiais usados no dia-a-dia,
combatendo o desperdício e consequentemente diminuindo os custos em relação à
coleta e disposição final desses resíduos (FUNASA, 2006).
Reutilização é o aproveitamento de resíduos sem transformação física ou
físico – química assegurado, quando necessário, o tratamento destinado ao
cumprimento dos padrões de saúde pública e meio ambiente (SINDUSCON – MG,
2005).
Existem inúmeras formas de reutilizar os objetos, até por motivos
econômicos: escrever nos dois lados da folha de papel, usar embalagens
descartáveis para outros fins são apenas alguns exemplos (BRASIL, 2006).
Reciclar é uma série de atividades e processos, industriais ou não, que
permitem separar, recuperar e transformar os materiais recicláveis componente dos
resíduos sólidos urbanos alterando suas propriedades físicas e físico-químicas,
exemplo de unidade de resíduos de RCC pode ser vista na Figura 1. Essas
atividades levam a ação de reintroduzir os resíduos no ciclo produtivo (BRASIL,
2006; SINDUSCON-MG, 2005).
Figura 1 - Instalações para reciclagem de RCD (classe A e classe B – madeira) (CREA - SP, 2005)
Segundo Ângulo et al, (2001), reciclagem de resíduos, assim como qualquer
atividade humana, também pode causar impactos ao meio ambiente. Variáveis como
o tipo de resíduo, a tecnologia empregada, e a utilização proposta para o material
23
reciclado, podem tornar o processo de reciclagem ainda mais impactante do que o
próprio resíduo que era antes de ser reciclado.
Um parâmetro geralmente desprezado na avaliação de produtos reciclados é
o risco à saúde dos usuários do novo material, e dos próprios trabalhadores da
indústria recicladora, devido à lixiviação de frações solúveis ou até mesmo pela
evaporação de produtos voláteis. Os resíduos muitas vezes são constituídos por
elementos perigosos como metais pesados (Cd, Pb) e compostos orgânicos voláteis.
Estes elementos mesmo quando inertes nos materiais – após reciclagem – podem
apresentar riscos, pois nem sempre os processos de reciclagem garantem a
imobilização/encapsulamento destes componentes.
2.4 DISPOSIÇÃO FINAL DE RESÍDUOS URBANOS
O aumento da quantidade de lixo gerado está diretamente relacionado ao
crescimento das cidades, o que é um desafio para as prefeituras que devem dar
uma destinação final aos resíduos urbanos.
Segundo Monteiro (2001) em muitos lugares onde a coleta de lixo é
ineficiente, a prefeitura é pressionada pela população para melhorar a qualidade do
serviço, pois se trata de uma operação totalmente visível aos olhos da população.
Contudo ao se dar uma destinação final adequada aos resíduos, poucas pessoas
serão incomodadas, fato este que não gerará pressão por parte da população.
Ainda segundo Monteiro (2001), diversos fatores como a falta de gestão de
resíduos ou orçamento restrito contribuem para que a disposição final seja colocada
em segundo plano, dando-se prioridade à coleta e a limpeza pública. Por essa razão
é comum observar a presença de “lixões”, ou seja, locais onde o lixo coletado é
lançado diretamente sobre o solo sem qualquer controle e sem quaisquer cuidados
ambientais, poluindo tanto o solo quanto o ar e as água subterrâneas e superficiais
das vizinhanças, como pode ser visto na Figura 2.
24
Figura 2 - Impacto dos resíduos em sistema de drenagem (CREA – SP, 2005)
Diante desse quadro, a única forma de se dar um destino final adequado aos
resíduos sólidos é através de aterros que podem ser:
Sanitários: local destinado a receber os resíduos sólidos urbanos, sobre terreno
natural, através de seu confinamento em camadas cobertas com material inerte,
geralmente solo, segundo normas operacionais específicas, de modo a evitar danos
ao meio ambiente, em particular à saúde pública e à segurança pública. Promove a
coleta e o tratamento do chorume e a coleta e a queima do biogás.
Controlados: local que também é utilizado como forma de se confinar tecnicamente
o lixo coletado sem poluir o ambiente, porém, sem promover a coleta e o tratamento
do chorume e a coleta do biogás.
Todos os demais processos ditos como de destinação final (usinas de
reciclagem, de compostagem e incineração) são na realidade processos de
tratamento ou beneficiamento do lixo, e não prescindem de um aterro para
disposição final.
Enfim, todos os tipos de resíduos estão suscetíveis a ser depositados nos
aterros sanitários ou controlados. No entanto há alguns que necessitam de
25
destinação específica, conforme normas técnicas e legislações vigentes, como os
resíduos de saúde e os de construção.
2.5 RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL
São os provenientes de construções, reformas, reparos e manutenções e
demolições de obra de construção civil, e os resultantes da preparação e da
escavação de terrenos, tais como: tijolos, blocos cerâmicos, concreto em geral,
solos, rochas e metais, resinas, colas, tintas, madeiras e compensados, forros,
argamassa, gesso, telhas, pavimento asfáltico, vidros, plásticos, tubulações, fiação
elétrica e outros, comumente chamados de entulhos de obras, caliça e metralha
(BRASIL, 2002).
Segundo Pinto(1999), os resíduos de construção e demolição são parte dos
resíduos sólidos urbanos que incluem também os resíduos domiciliares Porém, para
os resíduos de construção e demolição há agravantes: o profundo desconhecimento
dos volumes gerados, dos impactos que eles causam, dos custos sociais envolvidos,
e inclusive, das possibilidades de seu reaproveitamento fazem com que os gestores
dos resíduos se apercebam da gravidade da situação unicamente nos momentos,
em que acuados, vêem a ineficácia de suas ações corretivas.
Em um estudo realizado por SCHULZ e HENDRICKS (1992) apud LEITE
(2001) foram encontrados registros da utilização de alvenaria britada para produção
de concreto desde a época dos romanos. Igualmente nesta época era usada uma
mistura de argilas, cinzas vulcânicas, cacos cerâmicos e pasta aglomerante de cal,
que servia como uma camada para pavimentos, sobre a qual efetuava-se o
revestimento final do pavimento (BRITO FILHO,1999 apud LEITE, 2001). Os
fenícios, 700 anos antes desta era, misturavam cal e ladrilhos moídos como material
de construção com propriedades aglomerantes (MARUSIN, apud ORTIZ, 1998 apud
LEITE, 2001)
2.6 CLASSIFICAÇÃO DOS RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL
26
Classe A: são os resíduos reutilizáveis ou recicláveis como agregados, tais como os
oriundos de:
pavimentação e de outras obras de infra-estrutura, inclusive solos
provenientes de terraplanagem;
edificações: componentes cerâmicos (tijolos, blocos, telhas, placas de
revestimento, etc.), argamassa e concreto;
processo de fabricação e/ou demolição de peças pré-moldadas em concreto
(blocos, tubos, meio-fios, etc.) produzidas nos canteiros de obras.
Classe B: são resíduos recicláveis para outras destinações, tais como: plásticos,
papel/papelão, metais, vidros, madeira e outros.
Classe C: são os resíduos para os quais não foram desenvolvidas tecnologias ou
aplicações economicamente viáveis que permitam a sua reciclagem/recuperação,
tais como produtos fabricados com gesso.
Classe D: são os resíduos perigosos oriundos do processo de construção, tais
como: tintas, solventes, óleos, amianto e outros, ou aqueles contaminados oriundos
de demolições, reformas e reparos de clínicas radiológicas, instalações industriais e
outros (BRASIL, 2002).
2.7 GERAÇÃO DE RESÍDUOS DE CONSTRUÇÃO CIVIL
Alguns anos atrás não havia quaisquer indicadores para ocorrência de perdas
na construção civil e pouco se conhecia sobre a intensidade de geração de resíduos
de construção e demolição, senão a frequência com que iam se formando as
“montanhas” de entulho nos ambientes urbanos(PINTO, 1999).
Em 1999, foi confirmada por Pinto (1999) a relevância do tema, apontando
que o RCD pode corresponder a mais de 50% da massa de resíduos sólidos
municipais (MIRANDA et al, 2009).
27
A geração de Resíduos da Construção Civil no Brasil tem características
associadas ao tipo de obra que os origina, sendo as provenientes das chamadas
construções formais (realizadas por meio de construtoras em obras de empreitada
ou de incorporação) totalmente distintas daquelas oriundas das obras ditas informais
(pequenas obras de ampliação e reforma de imóveis, realizadas por pequenos
prestadores de serviço legais, ilegais ou mesmo autônomos). São esses tipos de
obras que mais propiciam impactos com a destinação desordenada em terrenos
clandestinos não licenciados pela prefeitura nos centros urbanos(Figura 3 e 4),
exercendo forte pressão ao meio ambiente e aos serviços municipais(CREA-SP,
2005).
Figura 3 - Resíduos de construção acumulados em vias públicas (CREA - SP, 2005)
Figura 4 - Bota-fora de RCD inutilizando ambientes urbanos (CREA-SP, 2005)
28
Quanto à origem dos resíduos nos municípios brasileiros, destacam-se como
predominantes as reformas, ampliações e demolições, em conformidade com os
dados extraídos de Pinto e Gonzales (2005), citados por Miranda et al, 2009(Figura
5).
20%
Reformas ampliações e
demoliçoes
Edificações novas (acima de
300m²)
Residências novas
21%
59%
Figura 5 - Origem de RCD em municípios brasileiros (PINTO & GONZALES, 2005 apud
MIRANDA et al, 2009)
A geração de RCC per capta no Brasil pode ser estimada pela mediana como
500 kg/hab.ano de algumas cidades brasileiras. Segundos dados do IBGE, em 1999
a população brasileira com aproximadamente 170 milhões habitantes, sendo que
137 milhões viviam no meio urbano, assim, portanto, tínhamos um montante de
resíduos por estimativa na ordem de 68,5 x 106 ton/ano (RINO & MARAN, 2002).
As estimativas internacionais variam entre 130 e 3000 kg/hab.ano. Na Tabela
1 pode-se observar a grande variabilidade das estimativas apresentadas por
diferentes fontes para um mesmo pais. Umas das razões da grande variabilidade é a
classificação do que é considerado resíduo de construção. Alguns autores incluem a
remoção de solos, enquanto outros excluem este valor. Outras razões decorrem da
importância relativa da atividade de construção, da tecnologia empregada, da idade
dos edifícios, entre outros (JOHN & AGOPYAN, 2000).
29
Quantidade Anual
País
Fonte
M ton/ano
Kg/hab.
Suécia
1,2 – 6
136 - 680
TOLSOY, BORKLUND & CARLSON (1998); EU(1999)
Holanda
12,8 – 20,2
820 - 1300
LAURITZEN (1998); BROSSINK; BROUWERS & VAN
KESSEL (1996); EU (1999)
EUA
136 – 171
463 - 584
UK
50 – 70
880 a 1120
Bélgica
7,5 – 34,7
735 – 3359
Dinamarca
2,3 – 10,7
440 - 2010
Itália
35 – 40
600 - 690
Alemanha
79 – 300
963 - 3658
Japão
99
785
KASAI(1998)
Portugal
3,2
325
EU (1999)
Brasil
Na
230 - 660
PINTO (1999)
EPA (1998); PENG, GROSSKPF, KIBERT (1994)
DETR (1998), EU(1999)
Tabela 1 - Estimativas de geração de resíduos de construção civil (JOHN, 2000 apud JOHN E
AGOPYAN 2000)
Dada a diversidade de situações geradoras de RCD, sua composição é
bastante heterogênea. Entretanto a partir da experiência em diversos municípios, foi
possível inferir uma composição média, como a indicada na Figura 6 a seguir,
segundo as quatro classes definidas pela Resolução 307 do CONAMA: (CREA – SP,
2005).
10%
10%
Classe A - alvenaria, argamassa e
concreto
Classe A - Solo
Classe B - Madeira
20%
Outros (classe B, C e D)
60%
Figura 6 - Composição média aproximada do RCD (CREA – SP, 2005)
Segundo Pinto (1999), uma das bases de informação que pode realizar a
construção de indicadores sobre a produção de RCD é a das estimativas de área
construída – serviços executados e perdas efetivadas. A referida base pôde ser
30
adotada em cinco municípios brasileiros pesquisados, possibilitando a conformação
de um método de quantificação seguro e aplicável. Enfim, esse método permite
compor um indicador seguro ao agregar uma parcela importante da atividade
construtiva urbana: a construção formal de novas edificações, cuja intensidade
possa ser extraída dos registros públicos de licenciamento. Foram também incluídas
taxas de geração de resíduos por metro quadrado edificado, indicadores de
referência composto com base nas seguintes estimativas:
Massa estimada para as edificações, executadas predominantemente por
processos convencionais = 1.200 kg/m²;
Perda média de materiais nos processos construtivos, em relação à massa de
materiais levados ao canteiro de obra = 25%;
Percentual da perda de materiais, removido como entulho, durante o
transcorrer da obra = 50%
A utilização dessas estimativas de referência define uma “taxa de geração de
resíduo de construção” na ordem de 150 quilos por metro quadrado construído.
2.7 GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS DE CONSTRUÇÃO
A questão do gerenciamento de resíduos está intimamente associada ao
problema do desperdício de materiais e de mão-de-obra na execução dos
empreendimentos (SINDUSCON-SP, 2005).
Segundo Miranda et al. (2009) existe pouca informação sistematizada sobre o
estado da arte nacional do gerenciamento e reciclagem de RCD, sendo que cerca
de 1% das empresas nacionais já foram assistidas para a implantação de planos de
gerenciamento
de
RCD
em
canteiros,
sendo
esse
percentual
composto
principalmente de construtoras de médio e grande porte,
Entre 1999 e 2005, ante os benefícios econômicos e ambientais obtidos pela
Prefeitura de Belo Horizonte, algumas Prefeituras do Estado de São Paulo, como
31
Piracicaba,
Santo
André
e
Campinas,
também
implantaram
planos
de
Gerenciamento de RCD (MIRANDA et al, 2009).
A Resolução n° 307 do CONAMA de 2002 considera que os geradores de
resíduos da construção civil são os responsáveis pelos RCC, obrigando ainda os
gestores municipais e construtores a adaptar seu processo de gestão, de modo a
garantir a destinação ambientalmente correta desses resíduos.
Segundo a mesma resolução os resíduos da construção civil devem ser
destinados das seguintes formas:
CLASSE A: deverão ser utilizados ou reciclados na forma de agregados, ou
encaminhados a áreas de aterro de resíduos da construção civil e resíduos inertes,
sendo dispostos de modo a permitir a sua utilização ou reciclagem futura;
CLASSE B: deverão ser reutilizados, reciclados ou encaminhados a áreas de
armazenamento temporário, sendo dispostos de modo a permitir a sua utilização ou
reciclagem futura;
CLASSE C: deverão ser armazenados, transportados e destinados em
conformidade com as normas técnicas específicas.
CLASSE D: deverão ser armazenados, transportados e destinados em
conformidade com as normas técnicas específicas.
Embora a resolução CONAMA n° 307/2002 classifique o resíduo de gesso
como resíduos para os quais não foram desenvolvidas tecnologias ou aplicações
economicamente viáveis que permitam a sua reciclagem/recuperação, já estão em
operação em vários municípios brasileiros ATT`s (Áreas de Transbordo e Triagem)
licenciadas pelas respectivas prefeituras para receber resíduos de gesso, entre
outros. Após sua separação de outros resíduos da construção, os resíduos de gesso
readquirem as características químicas da gipsita, minério do qual se extrai o gesso.
Desse modo, o material limpo pode ser utilizado novamente na cadeia produtiva.
Como pode ser observado na Figura 7 (DRYWALL, 2009).
32
Figura 7 - Fluxograma da reciclagem do gesso (DRYWALL, 2009)
Segundo Drywall (2009) Desde o final da década de 1990, vem sendo
pesquisados métodos de reciclagem do gesso e já se avançou de forma significativa
em pelo menos três frentes de reaproveitamento desse material:
INDÚSTRIA CIMENTEIRA: para a qual o gesso é um ingrediente útil e
necessário, que atua como retardante da pega do cimento;
SETOR AGRÍCOLA: no qual o gesso utilizado como corretivo da acidez do
solo e na melhoria das características deste.
INDÚSTRIA DA TRANSFORMAÇÂO DO GESSO: que pode reincorporar
seus resíduos, em certa proporção, em seus processos de produção(opção muito
pouco utilizada, na prática.)
Cabe ao poder público disciplinar, regulamentar e fiscalizar a atividade dos
diversos agentes privados, criando condições para que os pequenos geradores,
geralmente pertencentes aos seguimentos populacionais de menor renda, possam
destinar corretamente esse resíduo em condições compatíveis com sua situação
socioeconômica (CREA – SP, 2005)
33
Os projetos de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil deverão
contemplar as seguintes etapas, conforme recomendação da resolução:
Caracterização: nesta etapa o gerador deverá identificar e quantificar
os resíduos;
Triagem: deverá ser realizada, preferencialmente pelo gerador na
origem, ou ser realizada nas áreas de destinação licenciadas para essa
finalidade, respeitadas as classes dos resíduos;
Acondicionamento: o gerador deverá garantir o confinamento dos
resíduos após a geração até a etapa de transporte, assegurando em
todos os casos em que seja possível, a condição de reutilização e de
reciclagem;
Transporte: deverá ser realizado em conformidade com as etapas
anteriores e de acordo com as normas técnicas vigentes para o
transporte de resíduos;
A Figura 8 mostra o fluxograma que permite visualizar o processo de
recepção, triagem e destinação de RCD dentro de uma instalação destinada a essa
operação, de acordo com a resolução 307 do CONAMA e a NBR 15112 de 2004.
Figura 8 - Fluxograma de processo de recepção, triagem e destinação de RCD dentro de uma
instalação destinada a essa operação, de acordo com a Resolução 307 do CONAMA e a NBR 15112
de 2004 (CREA – SP)
34
Sinduscon - MG (2005) afirma que as soluções para a destinação dos
resíduos devem combinar compromisso ambiental e viabilidade econômica,
garantindo a sustentabilidade e as condições para a reprodução, sendo que os
fatores determinantes na designação de soluções para a destinação dos resíduos
são:
I – possibilidade de reutilização ou reciclagem dos resíduos nos próprios
canteiros;
II – proximidade dos destinatários para minimizar custos de deslocamento;
III – conveniência do uso de áreas especializadas para a concentração de
pequenos volumes de resíduos mais problemáticos, visando maior eficiência na
destinação.
As Normas brasileiras relacionadas à gestão de resíduos da construção são:
NBR 15.112:2004 – Resíduos de construção civil e resíduos volumosos. Área de
transbordo e triagem. Diretrizes para projeto, implantação e operação;
NBR 15.113:2004 – Resíduos sólidos de construção civil e resíduos inertes. Aterros.
Diretrizes para o projeto, implantação e operação;
NBR 15.114:2004 - Resíduos sólidos de construção civil. Áreas de reciclagem.
Diretrizes para projeto, implantação e operação;
NBR 15.115:2004 – Agregados reciclados de resíduos sólidos de construção civil.
execução de camadas de pavimentação. Procedimentos.
NBR 15.116:2004 - Agregados reciclados de resíduos sólidos da construção civil.
Utilização em pavimentação e preparo de concreto sem função estrutural.
Requisitos.
No cenário internacional, existem países como Holanda, Dinamarca,
Alemanha e Suíça, entre outros, que reutilizam entre 50% e 90% do RCD gerado
(ANGULO, 2005 apud MIRANDA et al, 2009).
Apesar do alto índice de reciclagem em relação ao RCD gerado, em países
da Europa (MUELLER, 2007 apud Miranda et. al, 2009) esclarece que na média,
menos de 20% do agregado natural acaba realmente sendo substituído pelo
agregado reciclado, indicando que grande parte da utilização está focada em
regularização/nivelamento de terrenos e aterramento(MIRANDA et al, 2009).
35
Brasileiro(2008), constatou que a implementação do PGRCC independe do
padrão do empreendimento a ser realizado e sim do nível de organização,
qualificação e comprometimento da empresa construtora, e se encontra diretamente
relacionada com os outros parâmetros de qualidade como segurança no trabalho e
sistemas de gestão da qualidade.
Segundo Miranda et al (2009), a adoção de procedimentos de registro e a
identificação diferenciada durante a obra dos resíduos gerados permitem às
construtoras avaliar os resultados da implantação do sistema de gestão.
A prática de triagem possibilita a redução do volume de resíduos, decorrente,
principalmente, da redução do empolamento. Define-se como empolamento o
aumento do volume do RCD devido à má organização deste dentro das caçambas
estacionárias, formando grandes vazios. Pode ser causado, por exemplo, por
grandes pedaços de madeiras, metais e concreto, etc (MIRANDA et al, 2009).
A Figura 9 mostra o fluxo típico das atividades desenvolvidas numa instalação de
reciclagem de RCD.
Figura 9 - Fluxo típico das atividades desenvolvidas numa instalação de reciclagem que atua
conforme a resolução 307 do CONAMA e a NBR 15114 de 2004 (CREA – SP, 2005)
36
Miranda et al (2009) esclarece que a prática de gestão de resíduos em
canteiro, que inclui a conscientização dos funcionários quanto ao desperdício,
associada à certificação de qualidade ISO 9000, pode auxiliar na redução da
geração de RCD no canteiro.
Segundo Pinto(1999), a gestão diferenciada dos resíduos de construção e
demolição tem como objetivos gerais:
redução dos custos municipais com a limpeza urbana, com a
destinação dos resíduos e com a correção dos impactos decorrentes
da gestão corretiva;
Disposição facilitada nos pequenos volumes de RCD gerados;
Descarte racional dos grandes volumes gerados;
Preservação do sistema de aterros como condição para a sustentação
do desenvolvimento;
Melhoria da limpeza urbana;
Incentivo à presença e consolidação de novos agentes de limpeza
urbana;
Preservação ambiental com a redução dos impactos por má
disposição, redução de volume aterrado e redução da exploração de
jazidas naturais de agregados para a construção civil;
Preservação ambiental com a redução dos impactos por má deposição.
Redução do volume aterrado e redução das resultantes da exploração
de jazidas naturais de agregados da construção civil;
Preservação da paisagem e da qualidade de vida dos ambientes
urbanos;
Incentivo às parcerias para captação, reciclagem e reutilização de
RCD;
Incentivo à redução da geração nas atividades construtivas.
37
2.9 GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS DE CONSTRUÇÃO CIVIL EM FEIRA DE
SANTANA – BA
Feira de Santana, assim como muitas cidades brasileiras sofre com a
disposição irregular de resíduos de construção (Figura10). A maioria dos
responsáveis são os ditos construtores informais, que depositam os resíduos em
locais não licenciados.
a)
b)
Figura 10 - Disposição irregular de RCC em Feira de Santana: a) Em terreno baldio; b) Às margens
de rodovia
Segundo Brasileiro, ao estudar quatro empresas em Feira de Santana,
concluiu que onde há PGRCC foi observada a realização periódica de treinamentos
com a força de trabalho, no que diz respeito à separação dos resíduos de acordo
com a classificação do CONAMA. Em todos os canteiros é realizada a separação de
resíduos de acordo com a resolução CONAMA N°307/2002 (BRASILEIRO, 2008).
Segundo Carvalho (2009), não havia referências específicas nas questões
dos resíduos de construção civil na legislação municipal vigente.
Em 09 de Dezembro de 2010 entrou em vigor a Lei Municipal Complementar
051/2010 constando que em construções acima de 750 m² de área a ser construída,
deverá ser elaborado e implantado um Plano de Gerenciamento de Resíduos
Sólidos da Construção e Demolição – PGRSC&D, como instrumento da gestão
ambiental da obra. A referida Lei exige que o PGRSC&D deverá descrever, o modo
como será implantada a gestão de resíduos da obra, contemplar a característica do
38
resíduo, sua classificação, quantificação, origem, condições de armazenamento,
transporte interno, transporte externo, destinação final, indo de encontro com a
Resolução CONAMA 307/02.
Segundo, Feira de Santana (2010):
§
4º
-
A
emissão
do
“Habite-se”,
pela
Secretaria
Municipal
de
Desenvolvimento Urbano – SEDUR, documento que atesta o cumprimento ao
projeto aprovado, e que a obra está apta para o fim a que se destina, será
condicionado à aprovação do Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos
da Construção e Demolição – PGRSC&D, pela Secretaria Municipal de Meio
Ambiente e Recursos Naturais – SEMMAM, que procederá a análise e emitirá
parecer.
Segundo a legislação municipal vigente o PGRSC&D será apresentado sobre
forma de descritivo de tabelas, conforme roteiro para elaboração disponibilizado pela
Secretária Municipal de Meio Ambiente.
O aterro de resíduos sólidos da cidade de Feira de Santana teve suas
atividades iniciadas no ano de 1989, onde problemas ambientais advindos da
implantação deficitária e operação inadequada, vinham se acumulando ao longo dos
anos. Este empreendimento foi implantado sobre um aqüífero fissural, Figura 10.
(SANTOS, 2004)
.
Figura 11 - Implantação do Aterro em Feira de Santana em 1989(SANTOS)
Segundo Santos (2004), para minimizar os problemas ambientais e sociais
relacionados à disposição do lixo em Feira de Santana, a prefeitura municipal
implantou no ano de 2004 um novo aterro em área ao lado da antiga cava de
39
pedreira, o qual foi construído segundo as normas de engenharia e obedecendo a
legislação ambiental.
Atualmente
o
aterro
de
Feira
de
Santana
(Figura
12),
recebe
aproximadamente 400 toneladas de resíduos de construção por mês, segundo o
responsável pela empresa que gerencia o mesmo.
Apesar de o aterro possuir dispositivos modernos como: central de
autoclavagem (que diminuem a periculosidade dos resíduos gerados, como os de
saúde(Figura 12b) e central de aproveitamento de biogás gerado, ele não conta com
uma área de destinação final para os resíduos de construção civil. Portanto, os
resíduos de Classe A são depositados no mesmo local que os resíduos domésticos,
discordante do que propõem a Norma NBR 15113:2004 e a Resolução CONAMA
307/2002, nas quais os resíduos de construção Classe A devem ser depositados
em áreas destinadas aos resíduos de construção civil ou inertes.
a)
b)
c)
d)
Figura 12 - Instalações do aterro atual a) Aterro atual; b) Central de autoclavagem; c) Balança para
pesagem de resíduos recebidos; d) Local destinado à disposição de resíduos domésticos.
40
Conforme declaração do responsável pelo aterro, é “muito grande a
quantidade” de resíduos de diferentes classes misturados, depositados no aterro. O
mesmo responsabiliza os geradores pela promoção da mistura, afirma ainda que é
impossível segregar os resíduos, visto que o Aterro não possui área de triagem que
possibilite separar os resíduos recicláveis dos não-recicláveis, a fim de reaproveitálos.
Feira de Santana ainda conta com um estabelecimento particular de coleta,
transporte, armazenamento e incineração que recebe os resíduos de classe B, C.
Segundo o responsável pelo estabelecimento, são recebidos aproximadamente 500
toneladas de resíduos de construção civil por mês, no qual os resíduos
contaminados são incinerados enquanto os não-contaminados são reciclados. Em
visita ao estabelecimento, o responsável não detalhou informações sobre os
procedimentos adotados e não permitiu registro fotográfico da área destinada ao
tratamento dos resíduos.
Brasileiro (2008) concluiu que os principais resíduos gerados são os de classe
A, concreto e argamassa, independente da tecnologia empregada nos mesmos. O
transporte de resíduos é realizado de diversas maneiras: pela própria construtoras,
por empresas contratadas ou cooperativas que recebem doações dos resíduos
classe B, para futura reciclagem do material.
Segundo o mesmo autor, todos os técnicos responsáveis pelo PGRCC nos
canteiros estudados por ele apontaram como principal motivo pela adoção de
PGRCC no canteiro o cumprimento da legislação, em segundo plano a motivação
econômica e em último plano a motivação ecológica.
Brasileiro (2008), verificou que as principais vantagens apontadas pelos
responsáveis técnicos da maioria dos canteiros foram: a melhoria na organização e
limpeza do canteiro, além da diminuição de resíduos gerados.
41
4 ESTUDO DE CASO
4.1 LOCAL DE ESTUDO
O estudo de caso foi realizado em canteiros de construtoras que atuam no
sub-setor de edificações voltado para habitação, na cidade de Feira de Santana no
estado da Bahia.
4.1.1 FEIRA DE SANTANA
Feira de Santana é considerada a segunda cidade mais importante da Bahia,
sendo a mais tradicional das cidades formadas à beira de estradas. Está distante
108 quilômetros de Salvador, a capital do Estado (ver figura 13).
Figura 13 - Localização de Feira de Santana no Estado da Bahia (http://maps.google.com)
42
A população do município é de 556.642 pessoas. A maior concentração da
população está na zona urbana, com cerca de 90%. As mulheres predominam na
população, com cerca de 53% (IBGE, 2010).
Nos últimos dez anos, Feira cresceu mais de 250%, de acordo com o produto
interno bruto (PIB), que passou de R$ 1,4 bilhão (1998) para quase R$ 4 bi (2008).
Concentrou-se na cidade quase 100 indústrias de pequeno, médio e grande porte. O
desenvolvimento gerado representa pouco menos de 10 mil empregos diretos (CIFS,
2008).
O comércio é o setor de maior importância econômica da estrutura produtiva
municipal em geração de emprego e de renda. Dos estabelecimentos, são 81,4%
varejista e 18,6% atacadista. Nos últimos 10 anos diversas empresas seja, a nível
estadual, nacional ou internacional, vêm se instalando em Feira de Santana
contribuindo significantemente para seu desenvolvimento sócio-econômico (CIFS,
2008).
O mercado imobiliário está em alta em Feira de Santana, pela conjuntura
favorável. Estabilidade econômica e oferta de crédito contribuem para a expansão
do mercado, com novos investimentos habitacionais, empresariais e industriais. A
estimativa é que a construção civil tem crescido em torno de 10% nos últimos anos.
A demanda é crescente devido à elevação média da renda e com os níveis de
emprego ampliados. Em torno de cinco mil novas residências estão em construção
ou sendo projetadas em diversos pontos da cidade (CIFS, 2008).
4.2 CARACTERÍSTICAS DAS EMPRESAS ANALISADAS
Embora a pesquisa tivesse como objetivo o estudo de construções formais,
vale ressaltar que as obras ditas informais têm contribuição significativa na
quantidade de resíduos gerados.
As
3
empresas
analisadas
foram
escolhidas
aleatoriamente
sendo
consideradas de médio e grande porte, de acordo com a classificação estabelecida
43
pelo SEBRAE que
utiliza o critério de número de funcionários registrados:
Microempresa até 19 empregados; Pequena Empresa de 20 a 99 empregados;
Média Empresa de 100 a 499 empregados; Grande Empresa de 500 a mais
empregados.
As empresas analisadas serão denominadas: Empresa A, Empresa B e
Empresa C.
Empresa A: A construtora responsável por esse canteiro é classificada como
empresa de médio porte, do ramo de construção civil. Atua no mercado de Feira de
Santana
há
6
anos,
tanto
na
construção
quanto
na
incorporação
dos
empreendimentos. Seus empreendimentos são voltados para o mercado imobiliário,
possui três obras concluídas e duas em andamento, todas de condomínio
residencial.
Empresa possui 9.356m² construídos e um quadro atual de 160 funcionários.
Possui os certificados: ISO 9001:2008, por implantar o Sistema de Gestão da
Qualidade; e o PBQPH(Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade do
Habitat), ambos adquiridos no ano de 2009.
Empresa B: A empresa há 22 anos atua na incorporação e construção de
imóveis residenciais e comerciais nos mercados da Bahia e Pernambuco. Realiza
projetos destinados à classe média alta, média e baixa renda.
Possui o certificado ISO 9001:2000 em seus processos, é considerada
uma empresa de grande porte e conta com um quadro de cerca de 5000(cinco mil)
funcionários.
Empresa C: Empresa fundada no ano de 1996, na cidade de Feira de
Santana, Bahia, como uma empresa de Engenharia e Construção visando atender a
carência local no mercado industrial. No seu início atuava apenas em Feira de
Santana e ao longo dos anos expandiu seu mercado para o interior da Bahia e
também para outros Estados. A partir de 2007, expandiu sua área de atuação para o
mercado imobiliário.
Considerada uma empresa de médio porte, possui um quadro de 400
funcionários.
44
4.3 CARACTERISTICAS DOS CANTEIROS ANALISADOS
Os canteiros foram escolhidos de forma que as obras estivessem na mesma
etapa de execução, aproximadamente 50% concluída, de modo a diminuir as
discrepâncias devido às particularidades de cada obra, como métodos de execução
e tecnologias empregadas.
Empresa A: O canteiro analisado trata-se de um empreendimento de 109
unidades residenciais com 50m² cada e uma área comum composta de: salão de
festas, portaria, quiosque brinquedoteca e campo de futebol. Enfim, possui um
terreno de área de 32.757,12 m² e terá uma área construída de 5.760,97 m².
A obra conta com um quadro de 95 funcionários.
Empresa B: O canteiro trata-se de um empreendimento constituído de 31
edifícios, sendo 8 blocos com 18 apartamentos e 23 blocos com 16 apartamentos,
totalizando 512 unidades residenciais, com 41,65 m2. As áreas comuns são
constituídas de salão de festas, quiosque com churrasqueira, parque infantil, piscina
(adulto/infantil), guarita de segurança, casa de lixo, jardins, praças e passeios, ruas
e estacionamento para carros e motos.
O empreendimento possui um terreno de 21.329,74 e ao final da obra haverá
uma área construída de 23.670,30 m².
O total de funcionário da obra é de 525 funcionários.
Empresa C: o canteiro trata-se de um empreendimento composto por 68
(sessenta e oito) unidades autônomas, com 01(um)pavimento(térreo) por unidade,
sendo a área de uso privativo de 65 m² cada. Possui um terreno de 16.677,11 m² e
ao final da obra possuirá uma área construída de 4.715,00 m².
Seu quadro de funcionário é composto de 84 funcionários.
Os dados das obras e empresas acompanhadas podem ser observados
resumidamente no Quadro 1.
45
Quadro 1 - Resumo dos canteiros analisados
CARACTERÍSTICAS DO CANTEIRO
EMPRESA A
EMPRESA B
EMPRESA C
N° DE UNIDADES RESIDENCIAIS
109,00
512
68,00
ÁREA/UNIDADE RESIDENCIAL (M²)
50,00
41,65
65,00
ÁREA COMUM
SIM
SIM
SIM
ÁREA DO TERRENO (M²)
32.757,12
21.329,74
16.677,11
TOTAL DA ÁREA CONSTRUÍDA
5.760,97
23.670,30
4.715,00
N° DE FUNCIONÁRIOS
95
525
84
PORTE DA EMPRESA
MÉDIO
GRANDE
MÉDIO
46
5 RESULTADOS E DISCUSSÕES
5.1 GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS NO CANTEIRO – EMPRESA A
A empresa possui um programa de gerenciamento de resíduos de construção
há aproximadamente 18 meses, sendo que, o que levou a empresa a implantar tal
programa foi a exigência de lei municipal vigente. Os responsáveis pelo PGRCC
são: a Técnica de Segurança do Trabalho e a Engenheira Civil Coordenadora de
obras. Vale salientar que os colaboradores foram treinados, pela técnica de
segurança, apenas em um momento inicial na admissão dos mesmos. Os
treinamentos que são dados nesse momento, têm duração de aproximadamente
uma hora, fazem parte do sistema de gestão da qualidade que são: treinamento de
segurança; procedimentos de execução de serviços e realização da segregação dos
resíduos de construção.
Todo o resíduo gerado, quando transportado, é submetido a um registro da
quantidade gerada, no qual a empresa geradora é a responsável pela destinação
final e detêm as vias de igual teor. Quanto à quantidade de resíduo gerado, não fica
disponível no canteiro, apenas no escritório central.
Dentre as dificuldades encontradas no processo de implantação e
manutenção do PGRCC, pode-se destacar o treinamento de mão-de-obra o
atendimento
insatisfatório
das
empresas
coletoras
e
transportadora
e
o
comprometimento da direção da empresa e a gerência da obra.
As vantagens apontadas por um dos responsáveis da obra são: organização
da obra; conscientização ambiental; limpeza; melhoria na administração dos
resíduos e adequação à legislação.
5.1.1 QUANTO À REDUÇÃO DE RESÍDUOS
Classe A: iniciativas como treinamento de equipes de operários são desenvolvidas
no canteiro a fim de minimizar os resíduos gerados.
Classe B: pode-se destacar a compra de aço estrutural previamente cortado e
dobrado; aproveitamento de argamassa refletida ou não aderida após sarrafeamento
47
de reboco; instrução de uso adequado de EPI’s
(Equipamento de proteção
individual) a fim de evitar seu desgaste precoce.
Classe C: não existe nenhum tipo de iniciativa para a minimização de resíduos de
gesso.
Classe D: não existe nenhum tipo de iniciativa para a minimização de resíduos
como: tintas; rolos; pincéis e trinchas.
5.1.2 QUANTO À SEGREGAÇÃO E ACONDICIONAMENTO DOS RESÍDUOS
Alguns resíduos Classe A são acondicionados em caçambas estacionárias
como pode ser visto na Figura 14a. Enquanto resíduos Classe B como papel e
matéria orgânica são acondicionados em bombonas (ver Figura 13b). Dentre os
resíduos gerados, os de madeira são segregados e acondicionados em baias
(Figuras 14c, 14d).
a)
c)
b)
d)
Figura 14 – Dispositivos de acondicionamento – Empresa A: a) Classe A; b) Resíduos sólidos
urbanos; c) Madeira (primeiro momento); d) Madeira – 6 meses depois.
48
A falta de cobertura nos dispositivos de acondicionamento foi um fator negativo
encontrado no canteiro da empresa A, visto que os resíduos ficam sujeitos às
intempéries,
alterando
suas
características,
diminuindo
a
capacidade
de
reaproveitamento do material seja na reutilização ou na reciclagem ( Figuras 15a,
15b, 15c, 15d).
a)
c)
b)
d)
Figura 15 – Dispositivos de acondicionamento – Empresa A: a) Revestimento cerâmico; b)
Tubos de PVC e eletrodutos; c) Embalagens de papelão; d) Madeira
A falta de sinalização foi constatada neste canteiro. Em lugar algum pode ser
visto especificação do resíduo a ser depositado no respectivo dispositivo de
acondicionamento, o que facilita a promoção da mistura nos resíduos (Figuras 16a e
16b).
49
a)
b)
Figura 16 – Consequências da falta de identificação nos dispositivos de acondicionamento – Empresa
A: a) Classe A; b) Resíduos sólidos urbanos
5.1.3 QUANTO À REUTILIZAÇÃO DE RESÍDUOS
No canteiro existem iniciativas para a reutilização de resíduos que podem ser
destacadas:
Madeira: reutilização em montagem de formas e escoramentos (Figura 17).
Figura 17 – Reutilização de madeira em formas – Empresa A.
Revestimento cerâmico: são utilizados como marcação de revestimentos (Figura 18).
50
Figura 18 – Reutilização de resíduos de revestimento cerâmico em marcação de revestimento e
regularização de piso – Empresa A.
5.1.4 QUANTO À DESTINAÇÃO FINAL DOS RESÍDUOS
Classe A - Segundo um dos responsáveis pela manutenção do PGRCC da empresa,
solos provenientes de escavação são depositados em aterros no próprio canteiro.
Resíduos de Classe A, que não são aproveitados, são encaminhados para o aterro
de lagoas deixando a cargo da administradora do aterro dar a destinação adequada
aos resíduos.
Classe B, C e D – Os resíduos que não são aproveitados são encaminhados para
uma estação de coleta, transporte, armazenamento e incineração que recebe os
resíduos, na qual os resíduos contaminados ou misturados são incinerados
enquanto os não-contaminados são reciclados.
5.2 GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS NO CANTEIRO – EMPRESA B
A empresa possui um PGRCC há mais de 18 meses, alem da motivação
econômica, a adequação à legislação ambiental foram as motivações que levaram a
construtora à implantar o programa. Na obra o engenheiro residente juntamente com
os dois estagiários são responsáveis pela manutenção do programa.
O treinamento de mão-de-obra é uma das principais dificuldades encontradas
no canteiro, visto que os responsáveis pelo gerenciamento do programa
desempenham outras funções na empresa. Levando em consideração o porte da
obra, com aproximadamente 500 funcionários, o que gera uma necessidade de
dedicação maior por parte dos responsáveis pelo programa.
51
As principais vantagens obtidas, segundo o responsável, foram: a
organização da obra; conscientização ambiental; adequação à legislação municipal
vigente.
5.2.1 QUANTO À REDUÇÃO DE RESÍDUOS
Classe A: Medidas como a utilização de baias para agregados é uma forma
de diminuir o desperdício e consequentemente a quantidade de resíduo gerado.
Paginação (detalhamento de projetos para uso racional e minuciosamente
planejado) tanto de alvenaria de vedação como de revestimentos cerâmicos são
feitos para reduzir os resíduos gerados por recortes desses materiais.
Classe B: A conscientização do uso adequado dos EPI’s para assegurar
maior vida útil dos mesmos, é uma das formas de minimizar os resíduos destes
materiais.
CLASSE C: não são tomadas iniciativas para a redução dos resíduos de
gesso no canteiro.
CLASSE D: não são tomadas iniciativas para a redução dos resíduos de no
canteiro: tintas; rolos; pincéis e trinchas.
5.2.2 – QUANTO À SEGREGAÇÃO E ACONDICIONAMENTO DOS RESÍDUOS
No canteiro há segregação e acondicionamento de vários tipos de resíduos
por meio de baias como pode ser visto na Figura 19. Todas as baias são feitas com
alvenaria de blocos de concreto, o que garante maior resistência aos dispositivos.
52
Figura 19 – Baias destinadas ao acondicionamento dos RCC – Empresa B.
Diferente dos outros canteiros analisados, a maioria das baias deste canteiro
é coberta, protegendo os resíduos das intempéries a fim de reaproveitar os que
podem ser reutilizados ou reciclados.
Dentre os resíduos que são segregados e
acondicionados podem ser destacados:
Classe A – Resíduos de revestimento cerâmico (Figura 20).
Figura 20 – Baia destinada aos resíduos de revestimento cerâmico – Empresa B.
Classe B – metal (Figura 21a), plástico (Figura 21b), vidro (Figura 22a),
papel/papelão (Figura 22b), embalagens de cimento e gesso (Figura 22c e 22).
No entanto pode-se observar baias sub-dimensionadas como pode ser visto
na Figura 21a.
53
a)
b)
Figura 21 – Dispositivos de acondicionamento – Empresa B: a) Metal; b) Plástico
Embora a maioria das baias esteja devidamente identificada, ainda assim a
mistura é promovida pelos colaboradores (Figura 22 a).
a)
b)
c)
Figura 22 – Dispositivos de acondicionamento – Empresa B: a) Resíduos de vidro; b)Papel/papelão;
c) Sacos de cimento e gesso
54
Classe C – Gesso (Figura 23).
Figura 23 – Dispositivos de acondicionamento aos resíduos de gesso – Empresa B.
O canteiro ainda conta com baias reservas, na intenção de armazenar futuros
resíduos, provenientes de materiais de serviços que serão desenvolvidos ao longo
da obra (Figura 24).
Figura 24 – Baias destinadas aos futuros resíduos gerados no canteiro – Empresa B.
Apesar de o canteiro contar com dispositivos de acondicionamento de
resíduos pode ser observado materiais espalhados pelo canteiro (Figura 25).
55
Figura 25 – Resíduos de metal espalhados no canteiro – Empresa B.
5.2.3 – QUANTO À REUTILIZAÇÃO DOS RESÍDUOS
Resíduos de madeira são reutilizados em formas e escoramento. Resíduos de
barras de aço são reaproveitadas nas alças de tampas de poços de visitas (P.V)
fabricadas no próprio canteiro.
5.2.4 – QUANTO À DESTINAÇÃO FINAL
Os resíduos de classe A não aproveitados no canteiro são enviados ao aterro
municipal, no qual a administradora do aterro fica responsável pela destinação dos
mesmos.
Os resíduos de Classe B não aproveitados e Classe C são enviados para o
estabelecimento particular de coleta, transporte, armazenamento e incineração.
5.3 – GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS NO CANTEIRO – EMPRESA C
A empresa possui o PGRCC há mais de 18 meses e o que levou a empresa a
implantar o programa foi a motivação ambiental. Toda a parte ambiental, gerencial,
controle, treinamento e conscientização são de responsabilidade de uma Engenheira
Civil (Coordenadora do Sistema de Gestão Integrada – SGI). A qual mantém o
monitoramento do controle da destinação dos resíduos em todas as obras da
empresa, juntamente com a equipe do SGI (estagiários que realizam o
56
monitoramento nas obras). Cada engenheiro de obra é responsável pela destinação
dos resíduos, seja: reaproveitamento; incineração ou doação para cooperativas e
populares.
O auxiliar administrativo da empresa é o responsável pelo controle do
transporte dos resíduos gerados nas obras e escritório central (Sede da empresa) a
serem incinerados em uma empresa com esta finalidade.
Segundo a responsável pelo PGRCC, todos os funcionários foram treinados
conforme procedimento interno da empresa: Plano Diretor de Resíduos e Efluentes.
Ainda pode-se destacar que todo o resíduo que sai do canteiro é registrado no
procedimento interno “Manifesto de Carga”, onde nele consta a descrição do resíduo
e local de destino.
Dentre as dificuldades encontradas no PGRCC a mais significativa, segundo
a responsável pelo programa foi o atendimento insatisfatório das empresas coletoras
e transportadoras e a principal vantagem encontrada foi a adequação à legislação.
5.3.1 – QUANTO À REDUÇÃO DE RESÍDUOS
São elaboradas e implantadas campanhas de conscientização, visando à
minimização de resíduos CLASSE A e CLASSE B. Não existindo iniciativa para
redução de resíduos CLASSE C e CLASSE D.
5.3.2 – QUANTO À SEGREGAÇÃO E ACONDICIONAMENTO DOS RESÍDUOS
No
canteiro
os
RCC
são
segregados
na
fonte
e
acondicionados
predominantemente em baias de alvenaria como pode ser visto na figura. Dentre os
resíduos que são segregados e acondicionados podem-se destacar os de metal,
madeira, sacos de cimento, cerâmica e gesso que correspondem aos resíduos de
classe A, B e C (Figura 27).
57
Figura 26 – Baias destinadas ao acondicionamento de resíduos CLASSE A, B e C – Empresa C.
O canteiro ainda conta com dispositivos de coleta seletiva de resíduos sólidos
urbanos como pode ser visto na figura 27.
Figura 27 – Dispositivos de coleta destinado à coleta seletiva de RSU – Empresa C.
Uma característica importante deste canteiro é a sinalização e identificação
dos dispositivos de acondicionamento. O que influencia diretamente no sucesso do
PGRCC (Figura 28).
58
Figura 28 – Dispositivos de coleta (feitos com resíduos de madeira reaproveitados) com identificação
do tipo de resíduo a ser depositado.
5.3.3 – QUANTO À REUTILIZAÇÃO DE RESÍDUOS
Dentre os resíduos reutilizados dentro do canteiro, destaca-se o solo
proveniente de escavação o qual é reaproveitado como aterro e os resíduos de
cerâmica utilizados em pontos de revestimento.
5.3.4 – QUANTO À DESTINAÇÃO FINAL NO CANTEIRO
Classe A – Quando não são reutilizados no canteiro, são encaminhados para
o aterro municipal, onde a administradora do aterro fica responsável pela destinação
final.
Classe B – São enviados para a Cooperativa de Badameiros de Feira de
Santana onde é feita a triagem e a comercialização de resíduos.
Os resíduos Classe C e D são enviados a uma estabelecimento particular
responsável por incinerar os resíduos contaminados e reciclar os não-contaminados.
59
6 CONCLUSÕES
Diversos fatores influenciam no sucesso do programa de gerenciamento de
resíduos de construção civil; um deles é a ausência de manutenção dada ao longo
da obra. Embora todas as empresas possuam o PGRCC há mais de 18 meses, os
treinamentos dos colaboradores não são periódicos permitindo desmotivação,
desinteresse e falhas principalmente na segregação dos resíduos.
Todas as empresas possuem dispositivos específicos de acondicionamento
de resíduos de construção civil, no entanto a maioria deles tem alguma deficiência:
seja na capacidade ou na demora dos tempos de coleta; na ausência de cobertura,
para
proteger
das
intempéries
determinados
resíduos
que
poderiam
ser
reaproveitados; na identificação e localização dentro do canteiro de obras do local
onde o material irá ser depositado, promovendo a mistura dos mesmos.
Em
todas
as
empresas
analisadas
os
responsáveis
pelo
PGRCC
desempenham outras funções dentro da empresa. Isso faz com que a manutenção
do programa não seja a prioridade do responsável gerando deficiências na gestão,
como: falta de controle na segregação e falta de treinamentos periódicos onde
fossem expostos os resultados do monitoramento do processo de segregação, as
vantagens que tal atitude dos colaboradores acarreta e o que representa do ponto
de vista ambiental.
O desperdício de materiais está intimamente ligado ao gerenciamento de
resíduos. Iniciativas para que haja minimização de resíduos é um método racional
de utilizar os materiais gerando economia. Todas as empresas tomam algumas
medidas para que haja redução de resíduos gerados no canteiro, são elas: reuso
das madeiras e reaproveitamento dos cacos cerâmicos.
Apesar de as empresas possuírem documentos referentes à quantidade em
massa de resíduos transportados (ver APÊNDICE I) para aterros ou empresas
especializadas em destinação final de resíduos, nenhuma delas soube informar a
quantidade média de resíduos gerados ao longo da obra. Esses registros são
arquivados porque são pagos valores por quantidade de resíduos transportados,
gerando notas fiscais imprescindíveis para contabilidade da empresa e não para
60
quantificação de resíduo gerado por ela. Esses dados gerados e acompanhados
pela empresa permitiriam uma avaliação retrospectiva do processo e estratégias de
melhorias subseqüentes.
Nas empresas A e C uma das principais dificuldades encontradas na
manutenção do PGRCC é o atendimento insatisfatório das empresas coletoras
quanto à demora para virem recolher o material após contato. Tal constatação
evidencia o despreparo e ausência de profissionalismo e, também, de empresas que
busquem explorar a oportunidade do setor.
A principal vantagem obtida é a adequação à legislação vigente, as demais
apontam para limpeza e organização do canteiro. A informação reforça os dados
encontrados por Brasileiro (2008).
Em todas as empresas analisadas, o único material que definitivamente tem
a destinação final de todo o resíduos gerado no próprio canteiro é o solo,
proveniente de escavação de classe A, que são utilizados em aterros na própria
obra.
Na empresa A pelo fato de o pesquisador ter sido estagiário no canteiro, pôde
ser observado a falta de fiscalização por parte dos órgãos competentes. Em mais de
um ano na obra, em apenas um momento houve a presença dos responsáveis pela
fiscalização, Fato esse que contribui negativamente para a gestão dos resíduos nos
canteiros, pois tendo conhecimento que a fiscalização é eventual, não é dada a
devida manutenção ao PGRS.
O monitoramento com visitas regulares ao longo da obra traria resposta mais
efetivas quanto ao processo de gerenciamento dos resíduos de construção nos
canteiros. O projeto inicial previa esse monitoramento, mas em se tratando do
monitoramento em mais de um canteiro não seria possível, pois demandaria um
tempo do qual um graduando não dispõe.
61
Percebe-se que a cidade de Feira de Santana ainda não dispõe de uma
estrutura que possibilite a operacionalização efetiva do gerenciamento dos resíduos
de construção civil.
Deficiências como falta de uma área destinada aos resíduos de construção
civil ou área de triagem no Aterro Municipal contribuem para uma abertura no ciclo
do gerenciamento. Embora o tema abordado seja direcionado às responsabilidades
dos geradores, a disposição final dos resíduos de Classe A (maior porção dos
resíduos gerados) é fator crucial no processo.
A falta de iniciativas relacionadas à reciclagem dos resíduos de classe B
também é um fator negativo na gestão dos resíduos de construção em Feira de
Santana.
Pode-se observar divergências nos dados fornecidos pelos responsáveis pela
destinação final dos RCC (aterro e empresa recebedora) que não são aproveitados
nos canteiros em relação à composição média, tomando por base a experiência em
diversos municípios do Estado de São Paulo, conforme CREA-SP(2005). Segundo
os entrevistados a quantidade de resíduos de classes B e C recebidos são
superiores aos de classe A, no entanto pesquisas feitas apontam que a quantidade
de resíduo Classe A gerados chega a ser oito vezes maior que a quantidade dos
resíduos Classe B e C gerados.
Apesar de as empresas possuírem documentos referentes à quantidade, em
massa, dos resíduos transportados (ver APÊNDICE I) para aterros ou empresas
especializadas em destinação final de resíduos, nenhuma delas soube informar a
quantidade média de resíduos gerados ao longo da obra. Esses registros são
arquivados no setor de contabilidade porque são realizados pagamentos de valores
por quantidade de resíduos transportados, gerando notas fiscais imprescindíveis
para contabilidade da empresa, não havendo, ainda, nenhum controle financeiro ou
quantitativo para a quantificação de resíduo gerado pela obra. Esses dados gerados
pela empresa permitiriam uma avaliação retrospectiva do processo, e melhorias
subseqüentes.
62
Um planejamento baseado em capacitação, ações de manutenção do
programa e palestras de Educação Ambiental motivadoras deveria ser feito nos
canteiros. Deveria haver também um monitoramento feito pelas empresas, em
relação às despesas e quantidades de resíduos gerados ao longo da obra, que traria
a verdadeira dimensão dos custos e do volume total gerado de RCC e assim haveria
condições de comparação e averiguações e replanejamento para melhorias no
processo.
O sucesso do processo depende de uma integralização do gerenciamento
dos resíduos que, segundo Instituto Brasileiro de Administração Municipal – IBAM
(2007), pode ser entendida como uma maneira de “conceber, implementar e
administrar sistemas de manejo de resíduos sólidos urbanos, considerando uma
ampla participação dos setores da sociedade como: governo central; governo local;
setor formal; setor privado; ONGs; setor informal; catadores; todos os geradores e
responsáveis pelos resíduos.
Nove anos após a resolução CONAMA 307/2002 (5 de Julho de 2002) ter
entrado em vigor, esperavam-se iniciativas mais consistentes em relação ao
gerenciamento de resíduos de construção civil na cidade de Feira de Santana. As
empresas estão, fazendo o que lhes compete, desenvolvendo planos e projetos de
gerenciamento de RCC devido às exigências das legislações, porém a falta de
fiscalização por parte do poder executivo contribui negativamente para o processo.
A disposição de RCC em aterros de resíduos domiciliares e em áreas
irregulares de bota fora ainda é uma prática dominante. Com a Lei Nº 12.305, que
institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos, sancionada em Agosto de 2010, a
preocupação com os RCC será reforçada, isto porque a União, os Estados e os
Municípios deverão elaborar um plano de gestão de resíduos sólidos em um prazo
de no máximo dois anos após sanção.
Segundo um dos indicadores usados por Pinto (1999), no qual estima-se uma
“taxa de geração de 150kg de resíduo de construção por metro quadrado
construído”, podemos aproximar que ao final das três obras estudadas terá sido
gerado aproximadamente 5000t de resíduos de construção. Ficam as questões para
63
nossa reflexão: qual a nossa responsabilidade diante de tal constatação? Onde
esses RCC irão parar? Qual o reaproveitamento mais adequado para esse
montante?
Os itens analisados nas 3 empresas se encontram organizados em forma de
quadros (Quadro 2 e 3 ), onde podem ser observados os dados de maneira
panorâmica e sistematizada.
Quadro 2 – Gerenciamento de resíduos no canteiro
Acondicionamento
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
Classe D
Classe C
Classe B
Classe A
Classe D
Classe B
Classe A
X
Classe C
Baias
Classe D
Classe C
Classe A
Caçambas
Classe D
Classe C
Classe B
Classe A
Classe D
Classe C
Classe B
Classe A
Classe D
Classe C
Classe B
Classe A
Empresas
Bags
A
B
C
Destinação final
no canteiro
Reutilização
Classe B
Minimização
X
X
X
Fonte: Adaptado de Sinduscon-SP(2005)
X
X
X
X
X
X
ADMINISTRAÇÃO DOS
RESÍDUOS
LIMPEZA
X
X
X
ADEQUAÇÃO À
LEGISLAÇÃO
X
X
X
X
REDUÇÃO DE
CUSTOS
X
COMPROMETIMENTO
DOS ENVOLVIDOS
NÃO
SIM
NÃO
X
X
CONSCIENTIZAÇÃO
AMBIENTAL
X
X
X
X
ORGANIZAÇÃO DA
OBRA
X
X
X
X
DISPOSITIVOS DE
COLETA
X
X
SIM
LEGISLAÇÃO
AMBIENTAL
ECONÔMICA
12 A 18 MESES
6 A 12 MESES
< 6 MESES
Não
> 18 MESES
X
X
X
EMPRESAS
COLETORAS E
TRANSPORTADORAS
X
X
X
Há quanto tempo
existe o PGRCC?
TREINAMENTO MÃODE-OBRA
A
B
C
Sim
Empresas
Existe
PGRCC
na
empresa?
Quadro 3 - Fatores que influenciam no gerenciamento de resíduos da construção civil
Houve
Registro de
treinamento quantidade Dificuldades encontradas na
Motivação
Principal vantagem obtida no PGRCC
de mão-de- de resíduo
manuntenção do PGRCC
obra?
gerado
X
Fonte: Adaptado de Brasileiro(2008); Sinduscon-SP(2005)
64
65
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA
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construção civil e resíduos inertes: Aterros – Diretrizes para projeto, implantação e
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experiência do Sinduscon – SP / Tarcísio de Paula Pinto, coordenador. – São Paulo:
Obra Limpa: I&T : Sinduscon – SP, 2005.
67
8.0 APÊNDICES
8.1 APENDICE I – MANIFESTO DE CARGA DA EMPRESA A : REGISTRO DE
QUANTIDADE DE RESÍDUO TRANSPORTADO PARA DESTINAÇÃO FINAL.
68
8.2- APENDICE II – QUESTIONÁRIO SUBMETIDO AOS RESPONSÁVEIS PELO
PGRCC
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA
DEPARATAMENTO DE TECNOLOGIA
CURSO DE ENGENHARIA CIVIL
Este questionário é o instrumento de coleta da pesquisa cujo tema é:
Avaliação do Gerenciamento de Resíduos de Construção Civil em Obras de Feira de
Santana - Ba, com objetivo de investigar junto aos sujeitos Responsáveis pelo
processo de Gerenciamento de Resíduos de Construção Civil. Sua participação é
muito importante para realização da mesma, entretanto, caso não deseje participar
dessa pesquisa, basta não respondê-lo, pois é garantido que em circunstância
alguma seu nome será divulgado nos resultados da pesquisa, e será mantido
sigilo total quanto às informações cedidas, sendo estas utilizadas somente
para propósitos da pesquisa.
1.0 Características da Empresa
1.1 Empresa:
1.2 Qual sub-setor que a empresa atua
A)Habitação
B)Industrial
C)Comercial
D)Outros
1.2 Quantidade de Funcionários Registrados
69
2.0 Características da Obra
2.1 Obra:
2.2 Porte:
2.3 Área do Terreno:
2.4 Área Construída:
2.4 Número Total de Trabalhadores (Incluindo Terceirizados):
2.5 Quais os serviços que estão sendo desenvolvidos no momento?
A) Terraplenagem
B) Fundação
C) Estrutura
D) Alvenaria
E) Reboco
F) Cobertura
G) Revestimento Cerâmico
H) Instalações elétricas e hidráulicas
I) Pintura
J) Outros: ___________________________________
3.0 Gerenciamento de Resíduos de Construção:
3.1 A empresa possui um programa de gerenciamento de resíduos de Construção?
A) SIM
B) NÃO
3.2 Há quanto Tempo?
A) 0 - 6 Meses
B) 6 – 12 Meses
C) 12 – 18 Meses
D) Mais de 18 Meses
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3.3 O que Levou a empresa a implantar o Programa de Gerenciamento de Resíduos
de Construção?
A) Motivação econômica
B) Motivação Ambiental
C) Exigência de órgãos competentes
D) Não se aplica
3.4 Quais iniciativas são tomadas para que haja minimização de resíduos CLASSE
A abaixo ?
Areia
Argamassa Endurecida
Bloco de Concreto Comum
Bloco Cerâmico Comum
Cerâmica
Concreto Armado
Concreto Endurecido
Solo proveniente de escavação
Manta Asfáltia
Material Orgânico
Peças de Fibrocimento
Resíduos Cerâmicos
Telha Cerâmica
Tubos PVC
3.4 Quais iniciativas são tomadas para que haja minimização de resíduos CLASSE
B abaixo ?
Aço de Construção
Alumínio
Arame
EPI
Fios ou Cabos de Cobre
Madeira Compensada
71
Madeira Serrada
Papel e Papelão
Pedras em geral (mármore, granito)
Plástico (Conduletes, Espaçadores e Mangueiras)
Sacos de Cimento
Pregos
Telas
Vidro
3.5 Quais iniciativas são tomadas para que haja minimização de resíduos CLASSE
C abaixo ?
Gesso:__________________________________________________________
3. 6 Quais iniciativas são tomadas para a minimização de resíduos CLASSE D
abaixo ?
Tinta
Rolos, Pincel e Trinchas
Solventes
3.7 Há segregação de Resíduos de Construção?
A) Sim
B) Não
3.8 Quais as formas de acondicionamento dos materiais segregados e quais
materiais são acondicionados nos mesmos.
A) Utilização de Bags
B) Utilização de Baias
C) Utilização de Caçambas estacionárias
D) Outros:
72
3.9 Existe uma equipe responsável pelo Gerenciamento de Resíduos de
Construção na empresa? Se existe, desempenham outras funções dentro da
empresa? Se desempenha, qual?
3.10 Os funcionários foram treinados para realizar a segregação dos resíduos
gerados?
A) Sim
B) Não
3.10.1 – Como foi?
3.12 Existem iniciativas para a prática de reutilização de resíduos?
3.12.1 Se existe, quais materiais são reutilizados e para qual finalidade?
3.13 - Qual a destinação dos resíduos Classes A, B, C e D gerados?
Classe A:
Classe B:
Classe C:
Classe D:
3.14 A empresa possui registros da quantidade de resíduos gerados ao longo da
obra?
3.14.1 Se possui, quanto por mês ou ano?
3.15– Quanto às dificuldades encontradas no processo de implantação do programa
pode-se destacar:
A) Treinamento de mão-de-obra
B) Correta aquisição de dispositivos de coleta
C)Atendimento insatisfatório das empresas coletoras e transportadoras
D)Controle de registros da destinação de resíduos
E)Comprometimento da direção da empresa e da gerência da obra
F)Outros
73
3.16 – Qual a principal vantagem obtida devido a implantação do Programa de
Gestão de RCD?
A)Organização da obra
B)Conscientização Ambiental
C)Redução de custos
D)Melhoria na administração dos resíduos
E)Adequação à legislação
F)Melhoria da imagem da construtora
G)Outras:
Adaptado de BRASILEIRO(2008) e CARVALHO(2009)
74
8.3 APENDICE III - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Eu
____________________________________________
aceito
participar
da
pesquisa de “Avaliação do Gerenciamento de Resíduos de Construção Civil em
Canteiros de Obra no Município de Feira de Santana - BA” para a obra
____________________________ do pesquisador Thiago Pinheiro Ribeiro, aluno
da Universidade Estadual de Feira de Santana, do curso de Engenharia Civil.
Fui informado que a pesquisa pretende conhecer, descrever e analisar as condições
de resíduos de construção gerados e seu destino, bem como o acondicionamento
que é dado ao mesmo dentro do canteiro de obra, que está sendo construída pela
empresa __________________.
Como participante da pesquisa, irei preencher o questionário avaliador, elaborado
pelo pesquisador e aplicado pelo mesmo no próprio canteiro de obras.
Fui informado da liberdade de não responder parte ou todas as questões do
questionário aplicado, e também de deixar a participação a qualquer momento, sem
qualquer prejuízo para a minha vida pessoal, além de que meu nome não será
divulgado nos resultados obtidos da pesquisa e que tenho a garantia do sigilo
quanto à privacidade de minhas informações prestadas.
Assinatura do Entrevistado:
_________________________
Assinatura do Entrevistador:
_________________________
Data:

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