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Instituto de Física Universidade de São Paulo Compress~ ao de Ru do Qu^ antico e Efeitos Transversos em Osciladores Param etricos Oticos. Marcelo Martinelli Tese apresentada como parte dos requisitos para obtenca~o do Grau de Doutor em Ci^encias pelo Instituto de Fsica da Universidade de S~ao Paulo Orientador: Prof. Dr. Paulo A. Nussenzveig Co-orientador: Prof. Dr. Claude Fabre Laboratoire Kastler-Brossel (Universite Paris VI) S~ao Paulo, 26 de fevereiro de 2002. FICHA CATALOGRÁFICA Preparada pelo Serviço de Biblioteca e Informação do Instituto de Física da Universidade de São Paulo Martinelli, Marcelo Compressão de Ruído Quântico e Efeitos Transversos em Osciladores Paramétricos Óticos. São Paulo 2002. Tese (Doutoramento) - Universidade de São Paulo Instituto de Física – Departamento de Física Experimental Orientador: Prof. Dr. Paulo Alberto Nussenzveig Área de Concentração: Ótica Quântica Unitermos: 1. Compressão de Ruído; 2. Oscilador Paramétrico Ótico; 3. Imagens Quânticas; 4. Feixes Gêmeos; 5. Ótica Quântica. USP/IF/SBI-008/2002 Resumo: Apresentamos neste trabalho o projeto e a construc~ao de um Os cilador Parametrico Otico (OPO), demonstrando o carater qu^antico da correlac~ao de intensidade dos feixes sinal e complementar nele produzidos a partir de um feixe de bombeio de 532 nm. Estudamos ainda, em uma segunda montagem, a compress~ao qu^antica de rudo no feixe de bombeio reetido por uma cavidade de OPO, obtendo 38 % de reduca~o (abaixo do limite qu^antico) no rudo de quadratura de um feixe de 1064 nm produzido por um laser de Nd:YAG. Por m, observamos a formac~ao de estruturas nos feixes de sada para cavidades com modos transversos degenerados (confocal e conc^entrica) e demonstramos pela primeira vez o carater multimodo transverso das correlac~oes qu^anticas em um OPO com cavidade confocal. Abstract: We present in this work the project and construction of an Optical Parametric Oscillator (OPO), showing the quantum behavior in the intensity correlation of signal and idler beams, generated from a 532 nm pump. We have also studied, in a second set-up, the quantum noise compression in the pump beam reected from an OPO cavity, obtaining 38 % of noise reduction below the vacuum uctuations in the quadrature of a 1064 nm beam coming from a Nd:YAG laser. Finally, we observed the pattern formation in the output beams for transverse degenerate cavities (confocal and concentric) and we show, for the rst time to our knowledge, the transverse multimode behavior in the quantum correlation of a confocal OPO. . Agradecimentos Agradeco ao Prof. Paulo Nussenzveig o apoio e a coragem de assumir o projeto em curso, quando ainda eram incertos os resultados do OPO de S~ao Paulo. Ele aceitou o desao e o encargo de seguir com minha orientaca~o, com o desvio da linha principal do seu trabalho. Gracas a este esforco, construmos o primeiro OPO-CW no pas. I also would like to thank Prof. Claude Fabre, co-advisor, who accepted me at his lab in the beginning of my thesis. He received me two other times, completing almost one year and half of work at Laboratoire Kastler-Brossel. Most of the results in this thesis come from the research lines developed there. Hopefully this cooperation will remain active for the years to come. Agradeco ainda ao Prof. Ricardo Horowicz, com quem z a passagem da graduaca~o para o mestrado, e deste para o doutorado. Com ele iniciei o trajeto aqui descrito e, atraves dele, entrei em contato com o grupo de Paris. N~ao posso esconder que, apesar de tudo, seu otimismo e seu mpeto serviam de encorajamento para prosseguir o trabalho! Gostaria ainda de expressar meu reconhecimento aos membros da banca, que aceitaram de bom grado se lancar ao volume da tese e vir participar da discuss~ao dos resultados. Deixo assim o meu agradecimento aos Profs. Carlos Henrique Monken, Ant^onio Zelaquett Khoury, Carlos Henrique Brito Cruz e Jose Roberto Leite. O OPO de S~ao Paulo contou com a colaboraca~o intensa do Prof. Paulo Henrique Souto Ribeiro. As discuss~oes com relaca~o aos problemas praticos e as possibilidades teoricas da montagem foram de import^ancia fundamental neste trabalho. Agradeco os conselhos para a viagem a Paris, e o convite para a apresentac~ao dos resultados na UFRJ, onde pude contar com uma audi^encia inedita! N~ao posso deixar de lembrar as diversas pessoas das quais recebi ajuda em diversos pontos da jornada. O Prof. Zelaquett (UFF) foi uma grande companhia para discutir Fsica, comidas e vinhos em ambos os lados do Atl^antico. O Prof. Nilson Dias Vieira Jr. (IPEN) tambem depositou sua conanca neste projeto, e espero que o resultado seja do seu agrado. Com o Prof. Geraldo Barbosa pude aprender muito sobre a Otica Qu^antica e os processos de detec~ao. E devo a Murray K. Olsen o conhecimento das distribuic~oes de quase-probabilidade e da teoria dos processos qu^anticos, atraves de suas excelentes apostilas e suas aulas. Fora do tema desta tese, horas agradaveis de trabalho e conversa foram passadas junto aos amigos do Instituto de Qumica, como o Dr. Marcos Sendra Gugliotti, e seus orientadores, Profs. Maurcio S. Batista e Mario J. Politi. Os frutos ja colhidos n~ao ser~ao os ultimos! I would like to thank Prof. Bernard Cagnac (LKB), who gently shared his oÆce with visitors like me. Sharing that space with him, and having the opportunity to hear his experiences in life and physics (and how could somebody put them apart...) and to talk about the evolution of the career in France and Brazil lled me with joy. And hope. A possibilidade de confecc~ao dos espelhos no pas e fundamental para as pesquisas de- senvolvidas no laboratorio. Agradeco ao pessoal da Ocina de Optica de S~ao Carlos (IFSC-USP), e ao pessoal do Centro de Lasers e Aplicac~oes (IPEN) pelo apoio. O trabalho de S~ao Paulo foi realizado em colaboraca~o com os amigos do LMCAL. Carlos Garrido apoiou diretamente o trabalho no OPO. Alem dele, agradeco a amizade de Silvia Maria de Paula, Jose Gabriel Aguirre Gomez, Luciano Soares da Cruz e Fabio Campolim. Agradeco ainda a dedicac~ao de Ccero Jun Massui (IC), e dos estagiarios Murilo Moreira Santos e Tiago Tanaka no auxlio dado a instrumentaca~o e eletr^onica. O zelo deles permitiu ainda o registro permamente dos circuitos empregados no laboratorio em manuais tecnicos, permitindo sua reproduc~ao posterior e contribuindo para a xac~ao do conhecimento da tecnica em nosso laboratorio. Durante meu trabalho na USP, pude tambem contar com o apoio da secretaria do De- partamento de Fsica Experimental. Agradeco ainda a todo o pessoal da Ocina Central, em especial ao Srs. Donato Jo~ao Binelli e Benedito Cassiano Rosa (Tuc~ao) pela ajuda na confecc~ao de suportes para espelhos e bases para a Otica, e ao sr. Sebasti~ao Simionatto, por parte da eletr^onica feita no laboratorio. Agradeco ainda ao pessoal do CPD, Renata Bonato, David e Jo~ao Leonel. I would like to thank everyone who worked on the setup of the transverse mode OPO. Agnes Ma^tre always helped me in fruitful discussions, improving the presentation of my arguments and descriptions. She was also there for the QPM-OPO, and taught me a lot about the electronics of stabilization. Mathias Vaupel was the brave one who started the experimental work on confocal cavities and pump system from the beginning. Sara Ducci taught me a lot, and was the faithful partner during many hours of work on the setup. And also for nice moments in ballets and museums. Nicolas Treps had shown me how dreadful is the work in concentric type II cavities, and was the developer of the rst version of the software used in the Data Acquisition System. Sylvain Gigan is taking the sequence of this work, on a brand new table. He always helped to face the challenges in the lab, keeping up his unbreakable good mood! Of course, much has to be said of the friends in the QPM-OPO. Thomas Coudreau leaded the discussions during the squeezing measurement and in the articles' preparation. A lot of time was spent together with Kuanshou Zhang, in the silence of the lab, in the hope that the OPO wouldn't jump and the squeezing would be measured. It's his merit the eective measurement of squeezing in the reected quadrature! And also Gregoire Souhaite, who worked in the beginning of the set-up, and Carine Jacquot, with whom I had the pleasure to work in the very beginning of my rst stay. I would also like to thank the secretaries of Laboratoire Kastler-Brossel, specially Monique Bonamy, always eÆcient and ready to help me with funding, banks, planes, housing, whatever! The technical team was always there to help in the electronics, and to gently describe the procedure to build the circuits in Brazil. Thank you, Jean Pierre Okpisz, Mohamed Boujrad and Philippe Pace! Machining is my weak point, but I could always count on Bernard Rodriguez and Pascal Travers to solve the problems. And Corinne Poisson, for helping in the problems with computers and networks. Pendant mon sejour en France, j'etait heureux de compter avec la bonne ambiance de l'equipe jeune du LKB. Soit dans les pause-the, soit dans les soirees-bieres aux 2-Bis (et autres). Je remercie, bien s^ur, les copains de manip, Sara, Nicolas et Sylvain. Mais aussi: Isabelle Maurin, ma petite soeur, ma chere amie. Bruno Manil, un petit verre cet soir? Bien s^ur, bient^ot! Et un bon cinema! Jean-Phillipe Karr, Grand-Ma^tre? Grand Docteur. Grand Copain. Gustavo Camejo Rogrigues, caro amigo de terras lusitanas. Compatriota, pois \Minha patria e minha lngua" (Veloso). Laurent Vernac, hasta la victoria, siempre! Et aussi Eric-Olivier Le Bigot (EOL), Laurent Longchambon, Cyriaque G^enet, Augustin Baas, Gaetan Messin, Jean-Pierre Hermier, Alberto Bramatti, et PierreFrancois Cohadon. Por m, agradeco a todos os amigos, aqui, la, em qualquer lugar, que participaram de minha vida neste perodo. Obrigado a Amaya e Isabelle Gallaga, que me zeram sentir em casa em outro continente. E a Stephanie de Broux, Herman Moldovan, Mariana Mendoza, Marcia Patrzio, Imrich Hikkel, Noriko Matsuda, Veronique Guimard, Asako, Sebastian Moulinet, Emanuela Petracci, Sergio e Rozane Gomez, Sara Isabel e Hamilton! E as amigas da Maison du Bresil, Renata Costa, Jaqueline Rodrigues e Nakis Agkul. E ainda a Guaciara dos Santos, Parm^enides Cuberos Martines e Jocilaine , Laurence Stendart e Malu, Carlos Eduardo e Ilka Santi, Edson Tadeu, Geraldo Alexandre, Renato Fernandes e Luza Cant~ao. Um grande abraco para Roberto Nakagawa, e a Ricardo, Nathalie, Cecilia, Emma, Lisa,..... Hino. Este trabalho foi realizado gracas ao nanciamento da FAPESP (Fundaca~o de Amparo a Pesquisa do Estado de S~ao Paulo), que atraves do Projeto \Emergentes" permitiu a aquisic~ao de boa parte do material empregado. Agradeco ainda a bolsa de Doutorado, concedida durante o perodo. Gostaria ainda de agradecer a CAPES (Comis~ao de Aperfeicoamento a Pesquisa e Ensino Superior) pela bolsa sanduche, que permitiu a relizac~ao do estagio de um ano junto ao Laboratoire Kastler-Brossel, e ao acordo USP-COFECUB, que assegurou o contato entre os laboratorios de S~ao Paulo e Paris durante o incio do trabalho. . . E agradecimentos sinceros a S~ao Judas Tadeu, pela Causa Impossvel de liberar o laser Lightwave do embaraco alfandegario. Considerando que foi um ano e meio de espera, talvez fosse melhor ter solicitado a intervenc~ao de Santo Expedito... . . Dedicado a minha fam lia, Jane, L gia e Samanta. E a Ver^ onica. Acontecia o n~ao-fato, o n~ao-tempo, sil^encio em sua imaginac~ao. (...) Avancavam, parados, dentro da luz, como se fosse no dia de Todos os Passaros. (Guimar~aes Rosa, Subst^ancia ) . Sumario 1 Introdu c~ ao 2 Princ pios de Otica Qu^ antica 3 1 2.1 Quantizac~ao do Campo . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2.1.1 Hamiltoniana do campo livre . . . . . . . . . . . 2.1.2 Estados de Fock . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2.1.3 Estados Coerentes . . . . . . . . . . . . . . . . . 2.1.4 Quadraturas do campo . . . . . . . . . . . . . . . 2.2 Representac~ao de Quase-Probabilidade . . . . . . . . . . 2.2.1 Equaca~o mestra . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2.2.2 Equaca~o de Fokker-Planck . . . . . . . . . . . . . 2.3 Teoria da deteca~o . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2.3.1 Fotodeteca~o . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2.3.2 Detetor n~ao ideal . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2.3.3 Medida da utuac~ao de intensidade . . . . . . . 2.3.4 Medida das utuaco~es da quadratura do campo . 2.3.5 Medidas de correlaca~o de intensidade . . . . . . . 2.3.6 Medida da vari^ancia da corrente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3.1 Otica n~ao-linear . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3.1.1 Susceptibilidade n~ao-linear . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3.1.2 Campos Eletromagneticos no meio n~ao-linear . . . . . . . . 3.2 Oscilador Parametrico Otico .. . .. . .. . . .. . .. . . .. . .. 3.2.1 OPO triplamente ressonante . . . . . . . . . . . . . . . . . 3.2.2 Condic~ao de oscilac~ao do OPO . . . . . . . . . . . . . . . . 3.2.3 Modos longitudinais no OPO com casamento de fase tipo II 3.2.4 Modos longitudinais no OPO com casamento de fase tipo I 3.2.5 Sintonia do OPO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3.3 Propriedades qu^anticas do OPO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3.3.1 Representac~ao de Wigner e equac~ao de Fokker-Planck . . . 3.3.2 Equac~oes Diferenciais Estocasticas . . . . . . . . . . . . . . 3.3.3 Correlac~oes de Intensidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Oscilador Param etrico Otico i . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5 6 7 9 10 11 12 14 15 17 17 18 20 21 21 24 27 27 29 30 33 34 37 41 46 47 51 52 53 55 SUMARIO ii 3.3.4 Feixes G^emeos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55 4 Gera c~ ao de Feixes G^ emeos no OPO 4.1 Seleca~o do Cristal . . . . . . . . . . . . . . . 4.1.1 Propagaca~o em meio n~ao-isotropicos 4.1.2 Tipos de acordo de fase . . . . . . . 4.2 O cristal KTP . . . . . . . . . . . . . . . . . 4.2.1 Indice de refrac~ao . . . . . . . . . . 4.2.2 Orientaca~o do cristal . . . . . . . . . 4.2.3 Geraca~o de segundo harm^onico . . . 4.3 Espelhos da Cavidade . . . . . . . . . . . . 4.3.1 Teste dos espelhos . . . . . . . . . . 4.4 Acordo de modo . . . . . . . . . . . . . . . 4.5 Rudo do feixe de bombeio . . . . . . . . . . 4.6 Montagem do OPO . . . . . . . . . . . . . . 4.7 Primeira Montagem . . . . . . . . . . . . . 4.7.1 Estabilizac~ao da cavidade . . . . . . 4.7.2 Medida de correlaca~o de rudo . . . 4.8 Segunda Montagem . . . . . . . . . . . . . . 4.8.1 Degradaca~o do cristal . . . . . . . . 4.8.2 Detec~ao simult^anea . . . . . . . . . . 4.9 Correlac~ao qu^antica de rudo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5 Compress~ ao de ru do no bombeio do OPO-QPM 6 Modos transversos em cavidades conc^ entricas 5.1 5.2 5.3 5.4 Cristal em quase-acordo de fase . . . . . . . . . . Compress~ao de rudo no bombeio . . . . . . . . . Modelo teorico do OPO-QPM . . . . . . . . . . . Observaca~o da compress~ao de rudo no bombeio . 5.4.1 Laser de bombeio . . . . . . . . . . . . . . 5.4.2 Montagem do OPO . . . . . . . . . . . . 5.4.3 Caracterizac~ao do OPO . . . . . . . . . . 5.4.4 Sada Monomodo . . . . . . . . . . . . . . 5.4.5 Medida do rudo de intensidade . . . . . . 5.4.6 Compress~ao do rudo de quadratura . . . . . . . . . . . . . 59 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 104 . 110 . 113 . 118 . 118 . 120 . 122 . 129 . 131 . 135 6.1 Aplicaco~es dos estados comprimidos multimodo . . . . . 6.1.1 Resoluca~o de imagens . . . . . . . . . . . . . . . 6.1.2 Medida de pequenos deslocamentos . . . . . . . . 6.2 Modos transversos em cavidades com espelhos esfericos . 6.2.1 Resson^ancia dos modos transversos . . . . . . . . 6.3 Sistema de bombeio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6.4 Montagem empregada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6.5 Sistema de demodulac~ao para medida do rudo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60 61 63 64 65 66 68 73 76 78 80 83 85 88 89 92 92 97 98 103 139 . 140 . 140 . 142 . 145 . 148 . 152 . 156 . 157 SUMARIO 6.6 Estruturas de sada em OPO conc^entrico tipo II . 6.6.1 Regi~ao de sada gaussiana . . . . . . . . . . 6.6.2 Regi~ao de formaca~o da cauda . . . . . . . . 6.6.3 Regi~ao de estruturas no feixe complementar 6.6.4 Regi~ao superconc^entrica . . . . . . . . . . . 6.7 Correlac~oes espaciais . . . . . . . . . . . . . . . . . 6.8 Estruturas de sada em OPO conc^entrico tipo I . . 6.8.1 Cavidade conc^entrica . . . . . . . . . . . . . 6.8.2 Cavidade quase-conc^entrica . . . . . . . . . 7 8 Distribui c~ ao espacial de ru do no OPO confocal iii . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7.1 Cavidade confocal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7.1.1 Acordo de Modo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7.1.2 Regi~ao de confocalidade . . . . . . . . . . . . . . . 7.1.3 Efeito de lente termica . . . . . . . . . . . . . . . . 7.2 OPO Confocal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7.2.1 Estruturas de sada . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7.3 Medida de correlac~oes qu^anticas em feixes desbalanceados 7.4 Descrica~o qu^antica do campo multimodo . . . . . . . . . . 7.4.1 Decomposic~ao em modos transversos . . . . . . . . 7.4.2 Correlaco~es de intensidade . . . . . . . . . . . . . . 7.5 Descrica~o da montagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7.6 Resultados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Conclus~ ao A Feixes Gaussianos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 161 . 162 . 164 . 167 . 169 . 169 . 172 . 173 . 176 181 . 182 . 182 . 183 . 187 . 191 . 192 . 196 . 198 . 200 . 203 . 206 . 209 215 219 iv SUMARIO Cap tulo 1 Introduc~ao O oscilador parametrico otico (OPO) tem sido objeto de estudo tanto na area de otica qu^antica quanto na otica n~ao-linear. Nele, temos um cristal n~ao-linear bombeado por um feixe laser inserido dentro de uma cavidade. Para baixas pot^encias de bombeio, ocorre inicialmente a emiss~ao espont^anea de pares de fotons gerados por convers~ao parametrica. A partir de uma certa pot^encia de bombeio, o sistema e levado a oscilac~ao, com a aniquilac~ao de fotons no bombeio e a geraca~o de pares de fotons, onde pelo menos um foton do par esta ligado a um modo da cavidade. O OPO surgiu como uma proposta de fonte de luz coerente de grande faixa de sintonia, competindo dessa forma com outra fontes de luz laser. Entre as fontes de luz laser sintonizavel em uma larga faixa, temos laseres de estado solido, usando um meio amplicador com uma banda larga de transic~ao, como e o caso do laser de Ti:Sara, ou laseres de corante. O primeiro e extremamente util, especialmente pelo fato de sua larga faixa espectral permitir a operac~ao com pequena largura de linha, sintonizavel, em regime contnuo, alem de permitir seu uso na gerac~ao de pulsos de luz ultra-curtos na faixa de fs. Porem sua operac~ao, seja contnua, seja pulsada, esta limitada ao infravermelho proximo (700 nm a 1100 nm). Os meios formados por corantes dissolvidos podem ser empregados na construca~o de laseres, produzindo luz em uma ampla faixa do espectro. Um problema que surge e a necessidade de trocar o meio de tempos em tempos devido a sua degradac~ao. Para trocarmos de faixa de operac~ao do laser, e necessario ainda trocar todo o corante do sistema, implicando em um cuidadoso processo de limpeza. Outro ponto importante em sua operaca~o esta no fato dos corantes empregados serem em sua maioria cancergenos, implicando em cuidados em sua manipulaca~o. Neste caso, o OPO se apresenta como uma opca~o de estado solido, com grande banda de selec~ao, baixa degradac~ao e baixo risco para o usuario, de uma fonte de luz laser para espectroscopia. Atualmente diversas empresas comercializam OPOs operando em regime pulsado, na faixa de ns. Bombeados pelo segundo ou terceiro harm^onicos de um laser de Nd:YAG (1064 nm no fundamental), atinge-se uma faixa de operac~ao que vai do violeta (400 nm) ate o infravermelho distante (4 m). Infelizmente n~ao ha ainda um OPO comercial trabalhando em regime contnuo. Veremos que neste caso os criterios para sua sintonia s~ao muito delicados. Uma facil seletividade do comprimento de onda n~ao e feita sem um custo (no caso, um aumento do limiar de oscilac~ao). 1 2 ~ CAPITULO 1. INTRODUC AO Se em regime pulsado este limiar e facilmente atingido, o mesmo n~ao ocorre no regime contnuo, onde teremos como fatores negativos uma baixa eci^encia para baixos limiares de oscilac~ao, problemas de origem termica devido a pot^encia do bombeio, e dependendo do caso, degradac~ao e dano permanente ao meio n~ao-linear. Outra linha de estudo do OPO refere-se ao seu uso como elemento de estabilizac~ao em sistemas de metrologia. O OPO pode servir para \amarrar" frequ^encias diferentes, seja pela geraca~o de sinais na faixa de Terahertz [1], seja pela sua mistura e gerac~ao de soma-subtrac~ao de sinais [2, 3]. No estudo de otica n~ao-linear, a interac~ao de um feixe de bombeio com uma cavidade contendo um meio n~ao-linear leva a diversos comportamentos, tais como biestabilidade, regimes caoticos, regimes auto-pulsados, etc. A biestabilidade pode levar a aplicaco~es como um "Schmitttrigger" otico, atuando como um supressor de rudo para telecomunicac~oes. Existe ainda o estudo dos fen^omenos qu^anticos dentro do OPO. Por aniquilar um foton incidente convertendo-o em um par de fotons, ele e uma fonte de feixes altamente correlacionados. Mesmo em regime abaixo do limiar, a geraca~o de pares de fotons por convers~ao parametrica descendente faz dele uma fonte de estados comprimidos do campo (vacuo comprimido) [4]. Temos ainda que as utuac~oes do campo geradas pelo OPO, alem de correlacionadas em uma quadratura, podem ser anti-correlacionadas na quadratura conjugada, gerando feixes EPR para varaveis contnuas [5]. Estes feixes EPR podem ser empregados para a implementaca~o de sistemas de teletransporte [6]. Uma nova linha de pesquisa vem ganhando impulso na ultima decada, envolvendo os limites qu^anticos no tratamento de imagens. A maioria esmagadora dos trabalhos experimentais em Otica Qu^antica analisa as utuaco~es do campo com a integrac~ao de todo o feixe incidente sobre o sistema de deteca~o, e pouco se tem estudado sobre a distribuic~ao espacial do rudo [7]. No entanto, na pratica, existem diversas situac~oes nas quais as propriedades locais e a distribuic~ao transversa de feixes luminosos s~ao estudadas. Desde a obtenc~ao de imagens por c^ameras CCD [8], ate a medida de pequenos desvios de feixes luminosos [9, 10], empregando para isso detetores a quadrante. Esta ultima, alias, e efetivamente limitada pelo rudo qu^antico no seu uso em microscopia de forca at^omica [11]. Entre as diversas fontes possveis de feixes com compress~ao local do rudo, temos o OPO em congurac~oes de cavidade nas quais os modos transversos s~ao degenerados. Diversos trabalhos descrevem a formac~ao de estruturas nos feixes de sada [12, 13], porem ate o momento n~ao havia sido possvel obter uma evid^encia do carater multimodo na medida do rudo qu^antico. Neste trabalho, realizamos a primeira medida deste efeito, impulsionando o estudo em novas congurac~oes e o desenvolvimento de novas tecnicas de medida e analise do rudo [14]. Iremos nesta tese estudar alguns aspectos do OPO em diferentes montagens. A primeira montagem refere-se a construca~o detalhada de um OPO no laboratorio em S~ao Paulo (LMCAL). Com a montagem deste OPO, geramos feixes g^emeos e iniciamos esta linha de pesquisa em otica qu^antica e n~ao-linear no pas [15]. Em uma segunda montagem, estudamos o OPO como supressor de rudo, gerando compress~oes no feixe de bombeio [16, 17]. Esta montagem foi realizada no Laboratoire Kastler Brossel, dentro do acordo de cooperaca~o USP/COFECUB, envolvendo a colaborac~ao de diversos membros daquele laboratorio. O estudo dos efeitos espaciais em osciladores parametricos oticos e a terceira montagem descrita nesta tese. O objetivo principal e a demonstrac~ao da geraca~o de feixes multimodos com compress~ao qu^antica de rudo atraves de 3 cavidades com modos transversos degenerados [14, 18]. O captulo 2 introduz a notac~ao empregada para o tratamento das utuac~oes qu^anticas de rudo no OPO. Nele descreve-se de forma resumida a quantizac~ao do campo e as tecnicas de deteca~o do rudo correspondente as utuaco~es das variaveis medidas. No captulo 3 fazemos uma breve introduc~ao da otica n~ao-linear envolvida no processo de convers~ao parametrica, e iniciamos o tratamento dos campos do OPO em cavidades triplamente ressonantes. Conclumos o captulo pela descric~ao qu^antica da gerac~ao de fotons g^emeos. O captulo 4 descreve detalhadamente a construc~ao do OPO com um cristal de KTP no LMCAL-USP, sua caracterizac~ao, e a geraca~o de feixes g^emeos, cujas intensidades est~ao correlacionadas alem do limite dado pelo \shot noise". No captulo 5, retomamos as equac~oes do OPO descritas no captulo 3 para estudar o rudo no feixe de bombeio reetido pela cavidade do OPO. Pelo uso de um cristal de Niobato de Ltio em quase-acordo de fase (QPM), obtivemos um OPO de baixssimo limiar de oscilac~ao. As equaco~es desenvolvidas s~ao empregadas em simulac~oes numericas e comparadas aos resultados obtidos para as utuac~oes de intensidade e quadratura do feixe reetido. No captulo 6, passamos ao estudo dos modos transversos de oscilac~ao do OPO em cavidades degeneradas. A primeira cavidade estudada, a conc^entrica, e analisada para um cristal de acordo de fase tipo II (KTP) e para um cristal tipo I (Niobato de Ltio). As diferencas entre as congurac~oes s~ao estudadas e apontam-se caminhos para observar, nas estruturas formadas nos feixes de sada, efeitos qu^anticos na distribuic~ao de rudo. O captulo 7 estuda a conguraca~o de cavidade confocal. Neste caso, observam-se estruturas nos feixes de sada e a perturbac~ao na distribuica~o do rudo nos feixes g^emeos. Pela introduc~ao de uma descric~ao qu^antica dos modos transversos, mostramos o carater multimodo dos feixes de sada. Conclumos o trabalho no captulo 8, onde apresentamos a discuss~ao de futuras aplicac~oes do trabalho aqui desenvolvido. 4 ~ CAPITULO 1. INTRODUC AO Cap tulo 2 Princpios de Otica Qu^antica O objetivo desta tese envolve de maneira direta a descrica~o quantizada do campo eletromagnetico e sua deteca~o. Podemos dizer que o incio da otica qu^antica vem com a descric~ao do efeito fotoeletrico, introduzindo o foton como elemento de interaca~o entre o campo e a materia. Temos em seguida a formulaca~o da teoria de transico~es at^omicas, com o desenvolvimento dos coecientes A e B de Einstein, descrevendo a interac~ao entre o atomo quantizado e o campo classico. Efetivamente, uma descric~ao qu^antica do campo eletromagnetico na forma como a vemos atualmente em diversos livros texto [19, 20, 21, 22, 23, 24] so viria depois com Dirac [25] e Fermi [26]. Uma das consequencias da quantizac~ao do campo esta no fato das observaveis seguirem o princpio da incerteza de Heisenberg. Na descric~ao do campo eletrico, veremos que as variaveis conjugadas s~ao as quadraturas E1 ; E2 do campo, descrito na forma E (t) = E1 cos(!t) + E2 sen(!t), ou ent~ao a fase e a intensidade do campo. Um campo gerado por uma corrente classica ira gerar um estado de mnima incerteza, onde as utuac~oes est~ao igualmente distribudas entre as duas quadraturas. Uma das manifestaco~es de um estado n~ao-classico do campo e a reduca~o do rudo abaixo do limite classico. Assim, podemos gerar estados comprimidos, onde a utuac~ao de uma quadratura e reduzida ao custo de um aumento das utuaco~es da variavel conjugada, mantendo o princpio de incerteza. Varios exemplos de geraca~o de estados comprimidos em processos oticos n~ao-lineares e em laseres com regularizac~ao do bombeio s~ao conhecidos. Sugerimos as refer^encias [7, 27] para uma descric~ao geral do tema. Iremos nesta tese nos ater aos efeitos qu^anticos em osciladores parametricos oticos, tais como a geraca~o de fotons g^emeos e a compress~ao de quadratura do campo. Apresento aqui de forma resumida esta descric~ao da quantizaca~o do campo, como um prerequisito para o tratamento dado ao campo ao longo da tese. O principal objetivo e introduzir os operadores de criaca~o e aniquilac~ao de fotons no campo eletromagnetico. O campo coerente sera apresentado como um caso generico no processo de fotodetec~ao, e sua equival^encia ao campo classico cara mais clara ao descrevermos a formulaca~o das representac~oes de quase-probabilidades. Atraves destas distribuic~oes podemos ver o carater n~ao-classico da luz. Veremos ainda como chegamos a uma descric~ao estocastica do campo, estudando o comportamento deste por um valor medio com uma utuac~ao estocastica adicionada. Vamos iniciar, portanto, com a quantizac~ao do campo como apresentado na refer^encia [24] 5 ^ CAPITULO 2. PRINCIPIOS DE OTICA QUANTICA 6 Ao nal do captulo, apresentarei de forma rapida a teoria da fotodetec~ao, mostrando como a medida do campo eletromagnetico pode ser descrita, empregando os operadores de criaca~o e aniquilac~ao para obter a fotocorrente gerada pela incid^encia da luz sobre um fotodiodo. 2.1 Quantiza c~ ao do Campo Para realizar a quantizaca~o do campo eletromagnetico, vamos tomar as equac~oes de Maxwell no vacuo, na aus^encia de fontes. Temos ent~ao r E = @@tB rB=0 r B = c12 @@tE : rE=0 Vamos denir o campo eletrico E e o campo magnetico Usaremos para isso o calibre de Coulomb B = rA E B em termos do potencial vetor @A @t = (2.1) . A (2.2) com r A = 0. Pelas equac~oes de Maxwell temos a equaca~o de onda para o potencial vetor 2 r2A(r; t) = c12 @ A@t(2r; t) (2.3) sendo o potencial vetor uma variavel real. Para chegarmos ao hamiltoniano, vamos comecar pela expans~ao do potencial vetor em uma somatoria de ondas planas. Para isso, vamos considerar que que o campo esta connado em um cubo de dimens~ao L, devendo satisfazer condic~oes de periodicidade. Note que a escolha do volume e arbitraria, e a independ^encia dos resultados obtidos com a dimens~ao L mostrara que os resultados s~ao validos para qualquer volume escolhido, ou mesmo no caso de fazermos L ! 1. Temos ent~ao a expans~ao do potencial vetor em uma base de ondas planas ( ; t) = A r p1 3 0 L X k Ak (t)eikr (2.4) onde as componentes do vetor k assumem valores discretos kj = 2nj =L com nj inteiro. No que se segue, vamos distinguir as amplitudes Ak do potencial vetor A pela presenca do ndice k. Para que o potencial vetor seja real precisamos que A k = Ak . Da equac~ao de onda para o campo temos ent~ao a soluc~ao geral para as amplitudes do potencial vetor Ak (t) = ck e i!t + c i!t : ke (2.5) ~ DO CAMPO 2.1. QUANTIZAC AO ck 7 Para satisfazer a condic~ao de transversalidade r A = 0 temos que k Ak = 0. Os vetores podem ent~ao ser expressos atraves de dois versores ortogonais tais que ks = 0; s = 1; 2 ks ks0 = Æss0 k1 k2 = k=k ck = ck1 k1 + ck2 k2 : k (2.6) A descric~ao dos versores ks como versores complexos permite a descric~ao de ondas com polarizac~ao linear ou circular. Aplicando estas denic~oes ao potencial vetor teremos ent~ao i 1 XXh i!t + c ei!t eikr A(r; t) = p c e k s k s k s k s 0 L3 k s i 1 XXh cks ksei(kr !t) + cks kse i(kr !t) =p 3 0 L k s i 1 XXh =p 3 uks (t)kseikr + uks (t)ks e ikr (2.7) 0 L k s com uks (t) = cks e i!t . Temos imediatamente as express~oes do campo eletrico e magnetico i 1 XX h ikr u (t) e ikr ; E(r; t) = p i! u ( t ) e k s k s ks ks 0 L3 k s i 1 XXh ikr u (t)(k )e ikr u ( t )( k ks )e B(r; t) = p k s ks ks 0 L3 k s (2.8) a partir das quais podemos calcular a hamiltoniana para a energia do campo. 2.1.1 Hamiltoniana do campo livre A energia do campo eletrico corresponde ao quadrado da amplitude normalizada uks (t) denida anteriormente " # 2 XX 1Z B (r; t) 2 H = 2 0 E (r; t) + dv = 2 !2 juks (t)j2 : (2.9) V 0 k s Expressando a energia atraves do Hamiltoniano, empregando para isso um par de variaveis can^onicas qks(t) = uks (t) + uks (t); pks (t) = i! [uks(t) uks (t)] ; (2.10) temos H = 12 XXh k s i p2ks (t) + !2 qk2 s(t) (2.11) ^ CAPITULO 2. PRINCIPIOS DE OTICA QUANTICA 8 descrevendo a energia de uma soma de osciladores harm^onicos independentes, correspondentes a diferentes modos k; s do campo. Para realizar a quantizac~ao do campo, substitumos as variaveis can^onicas q; p por operadores q^; p^. Estes satisfazem as regras de comutac~ao 3 0 Æss0 ; [^qks(t); p^k0 s0 (t)] = ihÆkk [^qks (t); q^k0 s0 (t)] = 0; [^pks (t); p^k0 s0 (t)] = 0: (2.12) Em consequ^encia, o operador hamiltoniano do sistema pode ser expresso em func~ao dos dois operadores hermitianos acima denidos H^ = 12 XXh s k i p^2ks(t) + !2 q^k2 s (t) : (2.13) Apesar de termos quantizado o campo, n~ao e comum trabalharmos com operadores hermitianos q^(t); p^(t), sendo mais pratico o uso dos operadores n~ao hermitianos de criac~ao a^y (t) e aniquilac~ao a^(t) do oscilador harm^onico, denidos de tal forma que s i h h a^ks (t) + a^yks(t) 2! s i h! h p^ks(t) = i a^ks (t) a^yks (t) : 2 q^ks (t) = (2.14) Obtemos diretamente desta denica~o as relac~oes de comutac~ao h i 3 0 Æss0 a^ks(t); a^yk0 s0 (t) = Ækk h h i a^ks (t); a^k0 s0 (t) = 0 i a^yks (t); a^yk0 s0 (t) = 0: (2.15) Os operadores a^(t); a^y (t) correspondem as amplitudes complexas u(t); u (t), apresentando a mesma depend^encia temporal (2.16) a^ks (t) = a^kse i!t a^yks (t) = a^yks ei!t Desta forma, o hamiltoniano do campo, expresso em termos dos operadores de criaca~o e aniquilaca~o em ordem normal, e dado por H^ = XX k s h!k 1 a^yks a^ks + : 2 (2.17) O termo 1=2 que aparece na somatoria corresponde a energia do vacuo de cada modo do campo, ou seja, as utuac~oes de ponto zero. ~ DO CAMPO 2.1. QUANTIZAC AO 9 A express~ao completa para o campo eletrico em termos dos operadores de criac~ao e aniquilac~ao do oscilador harm^onico e dada diretamente pela sua substituic~ao na equac~ao 2.8 s h i ^ (r; t) = 1 X X h ! ia^ks ks ei(kr !t) ia^yks ks e i(kr !t) E L3=2 k s 20 s XX h h y (k )e i(kr !t) i : i(kr !t) ia ^ (r; t) = 1 i a ^ ( k ks )e ^ B k s ks ks L3=2 k s 2!0 (2.18) Vemos portanto como, partindo das equaco~es de Maxwell, chegamos a hamiltoniana do campo em termos de variaveis conjugadas, que s~ao ent~ao substitudas por operadores hermitianos. Estes operadores podem ser expressos por operadores n~ao hermitianos de criac~ao e aniquilaca~o, uma vez que a hamiltoniana e a de uma soma de osciladores harm^onicos independentes. O campo eletrico e magnetico podem, por sua vez, ser expressos em termos destes operadores. Vamos agora ver alguns estados para a descric~ao do campo eletrico, tais como os estados de Fock e os estados coerentes. 2.1.2 Estados de Fock Vemos na equac~ao do hamiltoniano 2.17 a presenca do operador numero para um dado modo s do campo (2.19) n^ ks = a^yks a^ks : k Os autoestados deste operador formam uma base, a partir da qual podemos obter os autovalores do hamiltoniano do campo n^ ksjnksi = nksjnks i: (2.20) Estes operadores podem ser identicados com o numero de fotons presentes em um dado modo do campo, e jnksi corresponde ao estado do modo contendo nks fotons. Aplicando os operadores de criac~ao e aniquilac~ao aos autoestados do operador numero vemos que p a^ks jnks i = nksjnks 1i; p y a^ks jnksi = nks + 1jnks + 1i; a^ksj0i = 0: (2.21) A aplicaca~o do operador aniquilaca~o remove um foton do modo ks, enquanto que o operador criaca~o introduz um foton neste estado. Claramente, a aplicaca~o do operador aniquilac~ao ao vacuo leva a um resultado nulo, posto que nks e necessariamente um inteiro positivo. Os estados de Fock correspondem ao produto dos autovetores do operador numero para todos os modos do campo. Y jfngi = jnksi: (2.22) ks ^ CAPITULO 2. PRINCIPIOS DE OTICA QUANTICA 10 Uma forma alternativa de descrever os estados de Fock e pela aplicac~ao sucessiva do operador criac~ao sobre o estado do vacuo " y nks # Y (^ aks ) (2.23) jfngi = pn ! j0i: ks ks Estes estados s~ao ainda autovetores do hamiltoniano ^ ngi = Hjf " X ks (nks + 1=2)h! # jfngi; onde identicamos a energia total contida no campo eletromagnetico X E = h!k n^ k + 12 ; ks (2.24) (2.25) como a soma da energia de cada foton em cada modo do campo, mais a energia do vacuo. Temos consequentemente uma energia no campo mesmo na aus^encia de fotons, correspondendo a energia de ponto zero, ou energia do estado de vacuo, podendo ser interpretada por oscilac~oes do campo eletrico na aus^encia de fotons X ^ 0i = 1 h!: h0jHj (2.26) 2 ks Vemos que os estados de Fock formam uma base completa e ortonormal hnksjmksi = Ænks mks ) hfngjfmgi = 1 X X ks Ænks mks ; jfngihfngj = 1: (2.27) fng No entanto, como veremos a seguir, n~ao s~ao a forma mais adequada para representar um campo eletrico habitualmente gerado em laboratorio. Neste caso, a representac~ao do estado do campo eletrico na base formada pelos estados coerentes e mais apropriada nks =0 jnksihnksj = 1 ) Y 2.1.3 Estados Coerentes Se buscarmos os autoestados do operados de aniquilac~ao, em lugar de buscarmos os autoestados do hamiltoniano do campo, chegamos a uma base contnua de autoestados, com um contnuo de autovalores aks jks i = ks jks i; (2.28) onde os autovalores ks s~ao complexos, posto que o operador e n~ao-hermitiano. Impondo a normalizaca~o da base temos que 1 nks X pnks ! jnksi: (2.29) jksi = e jks j2=2 ks nks =0 Se observarmos o caso monomodo, situac~ao na qual abandonamos a notac~ao dos ndices k; s, podemos ver algumas propriedades de um estado coerente do campo. ~ DO CAMPO 2.1. QUANTIZAC AO 11 Valor m edio e vari^ ancia do n umero de f otons Aplicando o operador numero a um estado coerente temos hjn^ ji = jj2 ; (2.30) onde vemos que o modulo de nos fornece o numero medio de fotons para um dado estado coerente do campo. Do mesmo modo, calculando a vari^ancia, temos 2 n = hn^ 2 i hn^ i2 = jj2 : (2.31) Ou seja, a vari^ancia do numero de fotons e igual ao valor medio. Se tomarmos a distribuica~o das probabilidades p(n) = jhnjij2 de encontrar n fotons em um modo do campo no estado coerente, observamos uma distribuic~ao de Poisson. Estados coerentes como uma base A base de estados coerentes satisfaz a condic~ao de completeza 1Z jihjd2 = 1: (2.32) No entanto ela n~ao e ortogonal 1 02 1 2 0 0 hj i = exp 2 jj + 2 j j : (2.33) Por este motivo, esta e considerada uma base super-completa pois, ainda que possamos representar qualquer estado do campo nesta base, os autovetores n~ao s~ao ortogonais. No entanto, esta n~ao-ortogonalidade e pequena, e para grandes valores de a projec~ao hj0 i tende a uma func~ao Æ2 ( 0 ). 2.1.4 Quadraturas do campo Nos vimos na express~ao 2.18 a descric~ao do campo eletrico atraves de operadores de criac~ao e aniquilaca~o. Estes operadores, por serem n~ao hermitianos, n~ao representam observaveis fsicas. Vamos aqui descrever o campo eletrico como duas quadraturas, atraves de operadores hermitianos. Tomando ent~ao 1 1 X^ (1) = a^ + a^y e X^ (2) = a^ a^y ; (2.34) 2 2i temos diretamente a relac~ao de comutac~ao entre os operadores de quadratura X^ (1) ; X^ (2) i i X^ (1) ; X^ (2) = : (2.35) 2 Fazendo a substituic~ao na equac~ao do campo eletrico 2.18 temos no caso monomodo h s h i ^ (r; t) = 2 h ! X^ (1) sen(k r !t) + X^ (2) cos(k r !t) : E L3=2 20 (2.36) 12 ^ CAPITULO 2. PRINCIPIOS DE OTICA QUANTICA Podemos ent~ao vericar que os estados coerentes s~ao um exemplo de estado de incerteza mnima para as quadraturas do campo. Se calcularmos o valor das vari^ancias de X^ (1) e X^ (2) para o campo temos p 1 (2.37) 2 X (1) 2 X (2) : 4 correspondendo a relaca~o de incerteza entre as duas variaveis conjugadas. Demonstra-se que para um estado coerente do campo p 1 (2.38) 2 X (1) 2 X (2) = : 4 As vari^ancias dos operadores de quadratura no estado coerente s~ao dadas por 1 2 X (1) = 2 X (2) = : (2.39) 4 diferindo assim do valor obtido para um estado de Fock 1 2 X (1) = 2 X (2) = (2n + 1): (2.40) 4 Outros estados do campo, conhecidos por estados comprimidos, podem ser obtidos matematicamente a partir da aplicac~ao de operadores de compress~ao e deslocamento ao estado do vacuo [19, 20]. Tais estados s~ao ainda estados de incerteza mnima, por satisfazerem a igualdade 2.38, porem apresentam compress~ao em uma das quadraturas do campo, a custa de um aumento das utuac~oes na outra quadratura. Na pratica, chama-se estado comprimido qualquer estado onde uma das quadraturas do campo esta comprimida abaixo do limite do estado coerente, por exemplo 2 X (2) < 14 , mesmo que o estado n~ao seja um estado de incerteza mnima. Estas descrico~es sobre a vari^ancia do campo car~ao mais claras ao nos lancarmos a representac~ao do campo por distribuic~oes de quase-probablidade. 2.2 Representa c~ ao de Quase-Probabilidade O estado do campo eletromagnetico quantizado pode ser inteiramente descrito a partir do operador densidade ^ do sistema. De forma equivalente, no lugar de trabalharmos com operadores e autoestados, podemos passar a descric~ao do sistema atraves de representac~oes do operador densidade. Trabalhando com a base dos estados coerentes, temos diversas representac~oes, tais como a representac~ao P de Glauber-Sudarshan, a representac~ao de Wigner, a representac~ao Q e a representac~ao P-positiva. Vamos nos ater aqui a uma breve descrica~o de representaca~o de Wigner, usada nesta tese. Diversos livros tratam destas distribuic~oes, cando a recomendac~ao ao leitor de busca-los para maiores refer^encias [19, 20, 21]. Partindo do operador densidade, ele pode ser univocamente deteminado por sua func~ao caracterstica. No caso de uma func~ao caracterstica em ordem simetrica temos y () = T r[^ea^ a^ ]: (2.41) ~ DE QUASE-PROBABILIDADE 2.2. REPRESENTAC AO 13 A distribuic~ao de Wigner e ent~ao denida como 1 Z (2.42) W () = 2 e ()d2 descrevendo a \probabilidade" de observarmos a amplitude do campo. Na realidade, a probabilidade real de medir um valor preciso de um observavel e dada sempre pela distribuic~ao marginal da func~ao. Expressando em termos das quadraturas X (1) e X (2) , a probabilidade da medida de um valor em uma das quadraturas sera dada pela distribuic~ao marginal Z +1 (1) P (X ) = W (X (1) ; X (2) )dX (2) : (2.43) 1 No caso de um estado n~ao-classico do campo, podemos ter valores negativos da func~ao de Wigner. No entanto, a probabilidade de realizac~ao de uma medida sera necessariamente positiva. Uma melhor ideia de como esta distribuic~ao nos fornece as informaco~es do campo pode ser obtida ao vericarmos a representac~ao de um estado coerente. Neste caso, dado um estado coerente ji = jX (1) + iX (2) i temos a func~ao de Wigner expressa por uma distribuic~ao gaussiana com simetria de rotaca~o " # 2 (x1 X (1) )2 (x2 X (2) )2 W (x1 ; x2 ) = exp : (2.44) 2 2 Ja para um estado comprimido a gaussiana n~ao e mais simetrica, porem apresenta um achatamento em uma das quadraturas do campo: " # 2 (x1 X (1) )2 e 2s (x2 X (2) )2 e2s W (x1 ; x2 ) = exp ; (2.45) 2 2 onde s e a taxa de compress~ao. Neste sentido, dizemos que o estado comprimido e um estado n~ao-classico do campo. Um estado classico e aquele produzido por uma corrente classica, que produz um estado coerente [19]. Nenhuma fonte classica pode gerar um estado comprimido, onde as utuaco~es do campo, observadas como rudo no processo de detec~ao s~ao reduzidas abaixo do limite de um estado coerente. O estado comprimido n~ao necessita ter as quadraturas do campo n~ao-nulas, podendo-se gerar um estado de vacuo comprimido [4], onda a amplitude do campo e praticamente nula, mas as utuac~oes do campo s~ao comprimidas. Para um estado de Fock jni, temos 2 2 (2.46) W (x1 ; x2 ) = ( 1)n Ln (4r2 )e 2r com r2 = x21 + x22 , e Ln (x) e o polin^omio de Laguerre. Neste caso, a exist^encia de valores negativos para a func~ao de Wigner e uma assinatura do carater qu^antico do campo, n~ao permitindo sua descric~ao por meio de uma aproximac~ao semi-classica, onde o campo e descrito por um valor medio com as utuac~oes de vacuo a ele adicionadas. Na gura 2.1 vemos alguns exemplos dos campos supracitados descritos pela func~ao de Wigner no espaco de fase. ^ CAPITULO 2. PRINCIPIOS DE OTICA QUANTICA 14 5 x1 Estados de Fock Estado Coerente 2.5 n=0 n=3 0 2 0.6 0.4 0.2 0 -2.5 2 W 1 1 0.5 0 -0.5 -1 x1 0 -5 -1 1 0.5 0 -0. -1 0 -1 -2 x2 W 1 x1 -2 0 2.5 -2 -2 -1 5 0 7.5 x2 -1 0 1 2 x2 1 2 10 Estado Comprimido Figura 2.1: Representap c~ao de Wigner para um estado coerente e um estado comprimido (s=0,5) de mesma amplitude ( hn^ i = 8; 9), e representac~oes para diversos estados de Fock. De forma semelhante a matriz densidade, a representac~ao de quase-probabilidade contem toda a informac~ao necessaria a descric~ao do campo eletrico. Veremos na sequ^encia como poderemos partir da descrica~o do sistema pelo operador densidade, chegando a equac~ao mestra para um sistema (cavidade) em contato com um banho termico atraves de perdas, e desta para uma descric~ao de quase-probabilidade. 2.2.1 Equac~ao mestra Considere um sistema fsico em estudo, em contato com um banho termico. Por exemplo, uma cavidade com espelhos de acoplamento com transmit^ancia n~ao nula. A descric~ao da evoluc~ao do conjunto sistema + reservatorio dentro da representac~ao de Schrodinger pode ser feita atraves da equac~ao de Schrodinger para a matriz densidade do conjunto i ^ d ^sr = [H; ^sr ]; (2.47) dt h onde a matriz densidade do sistema completo ^sr inclui o reservatorio e o sistema em estudo, e a hamiltoniana H^ = H^ s + H^ r + V^ contem um termo para o sistema, um para o reservatorio, e um termo de interaca~o entre eles. O banho termico e modelado por um numero grande de osciladores harm^onicos X H^ r = h!j ^byj ^bj ; (2.48) j onde ^bj e o operador de aniquilaca~o do modo j do banho termico. Ele esta acoplado ao sistema pelo operador de interac~ao, que descreve a troca de energia entre o sistema e o banho, atraves de operadores de criaca~o e aniquilac~ao do sistema (^ayj ; a^j ) e do banho atuando simultaneamente. Em uma aproximac~ao de onda girante (RWA) ele e dado por X (2.49) V^ = h (gj a^yj ^bj + gj^byj a^j ): j ~ DE QUASE-PROBABILIDADE 2.2. REPRESENTAC AO 15 A soluc~ao da equac~ao de movimento da matriz densidade do conjunto completo esta geralmente alem do nosso alcance. No entanto, como o objetivo nal e o estudo do sistema menor, sem preocupac~ao com o reservatorio, podemos nos limitar a buscar uma soluc~ao para a matriz densidade do sistema. Considere que o operador O^ , que queremos medir, atue apenas no sistema. O valor medio da observavel hO^ (t)i pode ser obtido pelo traco do operador sobre a matriz densidade do conjunto hO^ (t)i = trsr fO^ ^sr (t)g: (2.50) Como o operador atua apenas no sistema, e n~ao sobre o reservatorio, podemos simplicar a descric~ao, de modo que hO^ (t)i = trsfO^ trr ^sr (t)g = trsfO^ ^s(t)g: (2.51) Tudo que necessitamos para obter o valor do observavel hO^ (t)i esta na evoluc~ao temporal da matriz densidade do sistema ^s (t). A equac~ao de movimento para esta matriz densidade e chamada de Equac~ao Mestra. A deduc~ao da equaca~o mestra escapa do tema deste trabalho. Sugerimos ao leitor, para uma descric~ao detalhada de sua obtenc~ao para alguns exemplos simples, as refer^encias [19, 20, 21]. A sua deduc~ao para o oscilador parametrico pode ser obtida nas ref. [28, 29]. O tratamento da equac~ao mestra pode ser feito dentro de uma representac~ao de func~oes de quase-probabilidade, levando nalmente a uma equac~ao de Fokker-Planck para o sistema. 2.2.2 Equac~ao de Fokker-Planck Uma vez obtida a equaca~o mestra para o operador densidade do sistema na forma d ^ = F (^a; a^y ); (2.52) dt s onde F e funca~o dos diversos operadores de criaca~o e aniquilaca~o do sistema, podemos tratar o problema pela obtenca~o de uma equac~ao de Fokker-Planck, representando a equac~ao de movimento da distribuic~ao de probabilidade. A passagem da descric~ao do problema da matriz densidade para uma funca~o de quaseprobabilidade e feita pela substituic~ao dos operadores a^ e a^y por variaveis complexas do campo e , junto com a substituic~ao do operador da matriz densidade ^s por uma func~ao de distribuic~ao. Como pode ser visto na literatura, esta passagem pode se feita pela substituica~o dos operadores qu^anticos por operadores diferenciais do campo dentro da funca~o F (^a; a^y ). S~ao diversas as representac~oes possveis, tais como a representac~ao P de Glauber-Sudarshan [30, 31], a representaca~o de Wigner [32], as representac~oes P-generalizadas [33], entre as quais a Ppositiva. Estas representaco~es, bem como a descric~ao pelos termos diagonais do operador densidade na base dos estados coerentes (funca~o Q), s~ao apresentadas com detalhes na ref. [20]. Veremos o procedimento para a passagem a uma representac~ao de Wigner, conforme sera empregado no corpo deste trabalho. Nesta representaca~o, podemos interpretar o campo por um valor medio ao qual adicionamos as utuac~oes estocasticas do vacuo. A substituic~ao dos ^ CAPITULO 2. PRINCIPIOS DE OTICA QUANTICA 16 operadores na funca~o F (^a; a^y ) e feita pelas seguintes correspond^encias 1 @ 1 @ W a^y^s () W (2.53) 2 @ 2 @ 1 @ 1 @ y ^s a^ () W ^ a ^ () + W: (2.54) s 2 @ 2 @ A substituic~ao dos operadores pelas amplitudes dos campos deve ser feita de forma ordenada, trocando todos os operadores aparecendo a esquerda do operador densidade pelos operadores diferenciais da func~ao de quase probabilidade W . O mesmo deve ser feito para os operadores de criac~ao e aniquilac~ao aparecendo a direita do operador ^s . No caso de operadores aparecendo a direita e a esquerda do operador densidade, a substituic~ao pode ser feita em qualquer ordem. O resultado desta substituica~o e uma equac~ao de movimento para a func~ao de Wigner do tipo X @ 1X @ @ @ W () = Aj (; t)W () + D (; t)W () @t 2 j;k @j @k jk j @j X @ @ @ + Ojkl (; t)W () + ::: (2.55) j;k;l @j @k @l a^^s () + A funca~o de Wigner depende do vetor contendo todos os termos do campo eletrico j , sendo que os complexos conjugados s~ao tratados como variaveis independentes j = j 0 . Identicase ent~ao uma equaca~o de movimento com um termo de arrasto A e um termo de difus~ao D. Frequentemente temos na equaca~o de movimento da func~ao de Wigner termos diferenciais de ordem superior a 2 ligados a matriz O. Desprezando estes termos, obtem-se a equac~ao de Fokker-Planck, X @ 1X @ @ @ W () = Aj (; t)W () + D (; t)W () ; (2.56) @t 2 j;k @j @k jk j @j cuja soluca~o e mais simples. Neste caso, podemos descartar os termos de ordem superior se assumirmos que a distribuica~o e bem comportada, como feito habitualmente nos tratamentos teoricos (por exemplo, na ref. [34]). A funca~o de Fokker-Planck resultante pode ser ent~ao expressa na forma equivalente de uma equac~ao de Langevin, como descrito detalhadamente em [35] d = A(; t) + B()(t); dt onde D = BT B e os termos de utuac~ao (t) tem media nula, valendo as correlac~oes hi(t)j (t0 )i = Æij Æ(t t0) (2.57) (2.58) Podemos obter a evoluc~ao temporal das variaveis a partir da equac~ao de Langevin, alem de calcular as vari^ancias dos valores medidos dos campos. Podemos desse modo fazer a vericaca~o se alguma das variaveis medidas apresenta compress~ao nas utuaco~es abaixo do limite qu^antico. Sera este o exemplo aplicado na descrica~o dos campos do OPO. ~ 2.3. TEORIA DA DETEC AO 2.3 17 Teoria da dete c~ ao Vamos descrever brevemente o processo de medida do campo eletromagnetico para um feixe luminoso. Consideraremos inicialmente a detec~ao por um fotodiodo, que gere uma fotocorrente com uma eci^encia unitaria para a convers~ao dos fotons [36]. Em seguida, mostraremos como tal detetor pode ser aplicado, com a ajuda de divisores de feixe e osciladores locais, a medida das utuac~oes das quadraturas do campo. 2.3.1 Fotodetec~ao Como vimos na equac~ao 2.18, o operador campo eletrico e composto da somatoria sobre os termos positivos e negativos de frequ^encias, ^ ( ; t) = E^ (+) (r; t) + E^ ( ) (r; t) E r (2.59) onde s XX h ! ^ (+) (r; t) = i E a^ks ks ei(kr !t) ; 3 = 2 2 L 0 k s s XX i h! y i(kr !t) ( ) ^ (r; t) = : E a^ e 3 = 2 L k s 20 ks ks (2.60) (2.61) Os detetores para a otica empregam normalmente o efeito fotoeletrico para as medidas do campo, onde o foton incidente sobre o detetor e absorvido, levando a gerac~ao de um eletron. E o caso, por exemplo, das fotomultiplicadoras. A absorc~ao do foton em uma junc~ao semicondutora pode ser tratada do mesmo jeito. Neste processo de absorca~o, a probabilidade de transic~ao depende da atuaca~o do operador de aniquilaca~o de fotons do campo. A probabilidade de ocorrer a transic~ao entre o estado inicial jii e o estado nal jf i do campo em uma dada posic~ao ~r do campo, no intervalo de tempo (t; t + dt) e dada por wf (~r; t)dt = jhf jE^ (+) (r; t)jiij2 dt: (2.62) A probabilidade total de gerac~ao do foto-eletron pela aniquilac~ao do foton incidente e dada pela soma em todas as possveis transico~es w(~r; t) = X f jhf jE^ (+)(r; t)jiij2 = X f hijE^ ( ) (r; t)jf ihf jE^ (+) (r; t)jii = hijE^ ( ) (r; t)E^ (+) (r; t)jii; P (2.63) onde usamos a completeza da base f jf ihf j = 1. A deteca~o se da em um intervalo de tempo , dependente geralmente do decaimento da transic~ao at^omica. Considerando que este intervalo de tempo dene uma largura de banda de detec~ao (1= ) muito inferior ao batimento dos diferentes modos k, e que integramos na deteca~o ^ ( )E ^ (+) por toda a frente de onda do feixe, vericamos a ortogonalidade a intensidade local E dos diferentes vetores de onda k e k0 , e entre as diferentes direco~es de polarizaca~o s e s0 . 18 ^ CAPITULO 2. PRINCIPIOS DE OTICA QUANTICA Da integrac~ao da probabilidade em cada ponto r da superfcie do detetor temos a taxa total do uxo de eletrons gerados, que identicamos como a fotocorrente ^i. Esta sera dada por X h^ii = e hn^ ksi; (2.64) ks onde o operador numero n^ ks = a^yks a^ks fornece o uxo de fotons por segundo pela area envolvida pelo feixe. A contante e e a carga eletrica fundamental, fornecendo o valor da fotocorrente em unidade de carga por tempo (ampere no SI). Note que estamos considerando detetores n~ao amplicados. As fotomultiplicadores e os fotodetetores de avalanche (APD) baseiam-se na multiplicac~ao do eletron gerado pela aniquilac~ao do foton incidente por efeitos em cascata, gerando na sua sada um pulso com muitos eletrons. N~ao ha, neste caso, uma correlac~ao unitaria entre a fotocorrente e o uxo de fotons. Este correlac~ao e valida, por exemplo, em fotodiodos, onde o foton gera um par eletron-buraco na junca~o reversamente polarizada, ou em uma fotomultiplicadora na qual empregamos apenas um estagio, de modo que n~ao haja a multiplicac~ao do fotoeletron gerado. Relacionamos ent~ao o operador fotocorrente diretamente ao operador numero. Isto signica que, para um detetor ideal, cada foton nele incidente ira gerar um eletron em sua sada, traduzindo de forma el o uxo de fotons pela area envolvida pelo fotodetetor. 2.3.2 Detetor n~ao ideal Calculamos a fotocorrente medida por um detetor ideal, e como ela se relaciona ao numero de fotons incidente sobre o detetor. Na realidade, a eci^encia qu^antica do detetor depende muito de sua construca~o. Parte da luz incidente pode ser reetida na interface do detetor com o ar, alem das perdas por reex~ao na janela empregada para a sua protec~ao. Alem disso, o foton incidente em um fotodiodo pode n~ao ser absorvido, ou ainda o par eletron-buraco gerado na junc~ao pode se recombinar. Deste modo, a eci^encia qu^antica da detec~ao e necessariamente inferior a 1. A eci^encia qu^antica e dada pela raz~ao entre o numero de eletrons gerados pela quantidade de fotons incidentes. Para um feixe monocromatico teremos h! Iout = ; (2.65) e Pin onde Iout e a fotocorrente gerada e Pin e a pot^encia incidente. Na pratica, os detetores t^em eci^encias qu^anticas muito altas. Para tratar deste caso, considera-se o detetor como um detetor ideal com uma perda, tratada como um divisor de feixe colocado diante dele. A transmit^ancia do divisor e igual a eci^encia qu^antica da detec~ao. Considere ent~ao um campo incidente sobre o divisor de feixe, descrito pelos operadores de aniquilac~ao a^ e ^b (gura 2.2). O Divisor de Feixe ira fazer a mistura dos campos incidentes, fornecendo em sua sada os modos c^ e d^ do campo, onde p p p p d^ = 1 T a^ + T ^b: (2.66) c^ = T a^ + 1 T ^b; As fotocorrentes medidas em cada fotodetetor ser~ao dadas pelos operadores numero p n^ c = c^y c^ = T a^ya^ + (1 T )^by^b + pT (1 T )(^ay^b + a^^by); (2.67) T (1 T )(^ay^b + a^^by): n^ d = d^y d^ = T ^by^b + (1 T )^ay a^ ~ 2.3. TEORIA DA DETEC AO 19 ^b Divisor de Feixe ^ c D1 ^ a ^ d D2 Figura 2.2: Divisor de feixe para a homodinagem de dois campos. Para descrever o fotodetetor real, vamos ignorar pelo momento a sada do divisor referente ao operador d^ que descreve o feixe incidente sobre o detetor 2, considerando a transmit^ancia T = do feixe incidente a^ medido pelo detetor 1, considerado ideal. Pela porta vazia do divisor de feixe ^b temos apenas o estado do vacuo. O estado medido sera portanto o produto do estado ja i incidente pelo estado do vacuo no modo b do campo j0b i. O valor medio da fotocorrente medida pelo detetor sera hn^ ci = h0b jha jn^ cjaij0b i = ha jn^ a jai; (2.68) posto que ^bj0b i = h0b j^by = 0. Ja a vari^ancia do operador numero pode ser facilmente obtida se calcularmos o operador n^ 2 em ordem normal. Vemos que a vari^ancia do valor medio do operador numero e 2 n^ = h(^n hn^ i)2 i = 2 2 y y hn^ i hn^ i = ha^ a^a^ a^i ha^ya^i2 = ha^ya^ya^a^i ha^ya^i2 + ha^ya^i = (2.69) 2 2 h: n^ :i hn^ i + hn^ i; onde h: O^ :i indica que o operador e calculado em ordem normal (operadores de aniquilac~ao a direita e operadores de criac~ao a esquerda). Empregamos aqui as propriedades de comutac~ao dos operadores de criac~ao e aniquilac~ao. Vale observar neste ponto que a vari^ancia calculada para um estado coerente do campo fornece diretemente o valor do \shot noise", ou rudo qu^antico padr~ao. Aplicando ent~ao a equac~ao 2.69 ao calculo da vari^ancia do numero de fotons incidente sobre o detetor 1, veremos que 2 n^ c = 2 (h: n^ 2a :i hn^ a i2 ) + hn^ a i: (2.70) Para evidenciar o efeito do campo do vacuo entrando pela porta vazia do divisor de feixe, vamos calcular a vari^ancia em ordem normal. O operador das utuac~oes do numero de fotons 20 e Æn^ = n^ nos da ^ CAPITULO 2. PRINCIPIOS DE OTICA QUANTICA hn^ i. Vemos que a vari^ancia e dada por 2n^ = h(Æn^ )2 i. O calculo em ordem normal h: (Æn^ )2 :i = 2n^ hn^ i; (2.71) representando as utuac~oes do campo suprimidas do \shot noise". Teremos ent~ao para o campo transmitido por um divisor de feixe h: (Æn^ c )2 :i = 2h: (Æn^ a )2 :i: (2.72) Estas utuac~oes podem ser tanto positivas, no caso de um feixe com uma estatstica superpoissoniana no numero de fotons, como negativas, para um feixe subpoissoniano. Vemos portanto que o efeito de uma perda na medida das utuaco~es de pot^encia do campo reduz linearmente a pot^encia do feixe, e quadraticamente a sua utuac~ao, descontado o nvel de \shot-noise" [37, 38]. Para o calculo da eci^encia total de um sistema de deteca~o podemos somar todas as atenuac~oes entre a fonte de luz, mais a eci^encia qu^antica do detetor, que e tratada como um elemento de transmit^ancia igual a eci^encia qu^antica. 2.3.3 Medida da utuac~ao de intensidade Para medir a compress~ao na utuaca~o de intensidade, vericando o carater subpoissoniano ou superpoissoniano do campo, podemos simplesmente realizar a medida calibrada das utuaco~es do campo, comparando com o valor obtido para um estado coerente de mesma intensidade incidente sobre um unico fotodetetor. Ou ainda calibrar previamente a medida da utuac~ao para o valor medio da fotocorrente medida, e comparar o valor medido de 2 n^ do estado com o valor esperado para um feixe coerente de mesma intensidade. No entanto, ha uma forma mais simples de fazer esta medida. Considere o sistema da gura 2.2, onde temos detetores (que consideraremos ideais) que medem a fotocorrente de sada de um divisor de feixe 50/50 (T=50%). As fotocorrentes de sada podem ser calculadas pelos operadores numero, descritos na equaca~o 2.67. Considere que o feixe em estudo entra pela porta a^ do divisor de feixe, enquanto que a porta ^b permanece aberta para o vacuo incidente [39]. O valor medio e a vari^ancia da soma das fotocorrentes de sada e ent~ao dada por h^i+i = hn^ ai; 2^i+ = 2n^ a; (2.73) equivalente a termos um unico fotodetetor medindo toda a pot^encia incidente do feixe, recuperando assim a informac~ao da vari^ancia da intensidade e do valor medio da fotocorrente. Ja para a subtraca~o, teremos h^i i = 0; 2^i = hn^ a i; (2.74) ou seja, a utuac~ao da subtraca~o das fotocorrentes sera igual a obtida para um campo coerente de intensidade media igual a do campo incidente. Pela comparac~ao direta dos valores de 2^i e 2^i+ recuperamos o valor da vari^ancia em ordem normal (eq. 2.71) do campo, pela qual vericamos se este e poissoniano, ou se apresenta compress~ao ou excesso de rudo na intensidade. Esta forma simples de medida pode ser empregada desde que haja um bom equilbrio entre as fotocorrentes dos dois detetores, obtido pelo ajuste no da transmit^ancia T do divisor de feixe. Para um feixe linearmente polarizado, isto pode ser feito pelo uso de um cubo polarizador ~ 2.3. TEORIA DA DETEC AO 21 e uma l^amina de meia onda, separando o feixe em duas metades de pot^encias iguais atraves da rotac~ao da polarizac~ao incidente no cubo. Nem sempre dispomos de um divisor de feixe desta qualidade. Por vezes a luz possui uma polarizaca~o aleatoria, impedindo uma medida equilibrada. Neste caso, o procedimento para a medida da compress~ao de intensidade e a calibrac~ao previa da fotocorrente com uma fonte de luz coerente. Como veremos a seguir, uma montagem semelhante pode ser empregada para medir a compress~ao na quadratura do campo. Neste caso, esta medida e chamada de detec~ao homodina, onde mistura-se o campo em estudo a um campo incidente, chamado de oscilador local, tipicamente com uma pot^encia muito superior a pot^encia do feixe em estudo. No caso apresentado, costuma-se dizer que o campo estudado sofre uma homodinagem com o campo do vacuo entrando pela porta vazia do divisor de feixe. 2.3.4 Medida das utuac~oes da quadratura do campo Consideremos agora que o campo incidente no nosso divisor de feixe e um campo coerente, de frequ^encia igual a campo monocromatico incidente em a^, porem com uma intensidade muito maior [19, 40, 41]. A fase deste campo em relac~ao ao campo a^ pode ser livremente variada, de modo que o operador ^b pode ser substitudo pelo operador ^bei . A subtrac~ao das fotocorrentes medidas pelos dois detetores sera ent~ao dada por ^i = a^y^bei + ^by a^e i : (2.75) Vamos considerar, sem perda de generalidade, que o campo representado pelo operador ^b possui uma amplitude real, de modo que ^bjb i = jb i, onde j i e o estado coerente com o qual estamos fazendo a homodinagem do campo a^ em estudo. Neste caso, o valor medio da fotocorrente sera h^i i = ha jX^ja i; (2.76) e a vari^ancia medida sera dada por 2 i = 2 ha j(ÆX^ )2 ja i + ha jn^ a ja i; (2.77) onde X^ = a^y ei + a^e i e o operador da quadratura do campo eletrico em estudo na fase . Quando = 0 ou = =2 o operador coincide com as quadraturas X^ (1) e X^ (2) respectivamente, denidas na equaca~o 2.34. No caso da aproximac~ao 2 hn^ a i, a vari^ancia da subtrac~ao nos fornece diretamente as utuac~oes da quadratura. Para calibrar o nvel de rudo qu^antico padr~ao (\shot noise"), basta apenas bloquear o feixe incidente em a^, de modo que teremos a homodinagem do oscilador local com as utuac~oes do vacuo. Veremos posteriormente como proceder no caso de um valor n~ao desprezavel de hn^ a i. 2.3.5 Medidas de correlac~ao de intensidade Para nalizar a discuss~ao das medidas de estados comprimidos, vamos considerar as correlac~oes de intensidade entre dois feixes. Neste caso, n~ao se trata de uma medida de um estado monomodo do campo eletromagnetico, mas da comparac~ao entre as utuac~oes de intensidade de dois feixes diferentes. ^ CAPITULO 2. PRINCIPIOS DE OTICA QUANTICA 22 Considere dois detetores, como na gura 2.3, sobre os quais incidimos dois feixes. Podemos comparar as fotocorrentes destes dois detetores, vericando a sua correlac~ao q C = hÆn^ 1 Æn^ 2 i= hÆn^ 21 ihÆn^ 22 i: (2.78) Esta pode ser tanto positiva, indicando uma correlac~ao de intensidade, negativa, indicando uma anticorrelac~ao, ou nula, mostrando que os campos s~ao completamente n~ao correlacionados. D1 ^ a ^i1 ^b D2 ^i2 Figura 2.3: Correlaca~o de intensidade entre dois feixes. No entanto, dois campos podem estar fortemente correlacionados, apresentando apenas correlac~oes classicas. Por exemplo, dois estados coerentes modulados em intensidade por um modulador eletrootico apresentar~ao uma correlac~ao proxima a unitaria, sem que haja uma correlaca~o qu^antica entre eles. Por outro lado, feixes g^emeos de um OPO podem estar quanticamente correlacionados, mas com um valor de correlaca~o C proximo a zero. Vamos discutir duas formas de vericar a correlac~ao entre dois feixes. Uma, empregada geralmente no OPO para vericar feixes g^emeos, compara as utuac~oes qu^anticas de dois feixes balanceados. A outra, usada geralmente como criterio para medidas de n~ao-demolica~o qu^antica, e um criterio mais estrito, que permite comparar feixes de intensidade diferentes. Subtra c~ ao de fotocorrentes Considere as fotocorrentes medidas pelos detetores D1 e D2 . A vari^ancia da subtrac~ao das fotocorrentes sera dada por p 2^i = 2 n^ 1 + 2 n^ 2 2hÆn^ 1 Æn^ 2 i = 2 n^ 1 + 2 n^ 2 2C 2 n^ 1 2 n^ 2 : (2.79) A correlac~ao e dita qu^antica se a vari^ancia for inferior a que seria obtida por dois feixes coerentes n~ao correlacionados incidindo sobre os detetores, o que resultaria em 2^i0 = hn1 i + hn2 i: (2.80) Neste caso, e uma condic~ao suciente para que os feixes sejam quanticamente correlacionados (ou g^emeos) que p 2 n^ 1 + 2 n^ 2 2hÆn^ 1 Æn^ 1 i 2 n^ 1 + 2 n^ 2 2C 2 n^ 1 2 n^ 2 = < 1: (2.81) hn1 i + hn2 i hn1i + hn2 i ~ 2.3. TEORIA DA DETEC AO 23 Este e o criterio habitualmente utilizado no OPO, onde os feixes g^emeos gerados apresentam excesso de rudo (portanto 2 n^ > hni) mas uma correlaca~o suciente para que a diferenca das fotocorrentes seja menor que a obtida para um par de estados coerentes [42, 43]. Se os feixes tiverem amplitudes muito diferentes (por exemplo, um dos feixes g^emeos for atenuado) a subtraca~o das fotocorrentes pode esconder a correlac~ao qu^antica. Uma possibilidade, neste caso, e empregar a vari^ancia condicional para vericar a correlac~ao. Outra sera mostrada no captulo 7, onde sera aplicada ao estudo da depend^encia espacial do rudo em OPOs em operaca~o multimodo transversa. Vari^ ancia condicional A proposta da vari^ancia condicional e que possamos empregar a medida da intensidade de um dos feixes para reduzir as utuac~oes de intensidade do outro. Se estas reduc~oes forem sucientes para comprimir o rudo da intensidade do feixe abaixo do limite qu^antico, a correlac~ao e considerada qu^antica. ^ c ^ d ^ a ^b T= T(i2) D1 ^i1 D2 ^i2 Figura 2.4: Controle de intensidade do feixe incidente em D1 pela medida da fotocorrente em D2 . Considere o dispositivo mostrado na gura 2.4, cuja transmit^ancia T e func~ao da intensidade medida pelo detetor 2 (por exemplo, um modulador eletro-otico). Descrevemos ent~ao T^ = T0 + T1 Æn^ b (2.82) onde Æn^ b = n^ b hn^ b i e a utuaca~o do operador numero do campo ^b, e T0 e T1 s~ao par^ametros ajustaveis. A fotocorente medida pelo detetor 1 sera q ^i = T^ n^ a + (1 T^) n^ c + T^ (1 T^) (^ay c^ + c^y a^): (2.83) O estado do campo e descrito pelo produto dos estados dos tr^es campos envolvidos j i = j a i j bi j ci. O campo c^ esta no estado de vacuo j c i = j0c i. Dada a utuac~ao da fotocorrente Æ^i = ^i h^ii teremos para a vari^ancia 2^i ' T02 (2 n^ a hn^ a i) + T0 hn^ a i + T12 2 n^ b hn^ a i2 + 2T0 T1 hn^ a ihÆna Ænb i; (2.84) 24 ^ CAPITULO 2. PRINCIPIOS DE OTICA QUANTICA onde desprezamos, para os termos envolvendo a variavel T1 , as medias dos termos de utuac~ao de ordem superior a 2, e consideramos os feixes intensos (hn^ i 1). Dada a liberdade para ajustar os par^ametros de transmiss~ao, podemos calcular o valor de T1 que minimize a equac~ao 2.84. Teremos ent~ao T hÆn Æn i T1 = 0 a 2 b ; (2.85) hn^ a i n^ b que aplicado a equac~ao 2.84 resulta em 2^i = T0 hn^ a i + T02 hn^ a i [V (^na jn^ b ) 1] ; onde denimos a vari^ancia condicional como 2 n^ a h Æna Ænb i 2 n^ a 2 V (^na jn^ b ) = hn^ ai 1 2n^ a2n^ b = hn^ a i (1 C ): (2.86) (2.87) Desse modo, se a vari^ancia condicional for inferior a 1, e possvel corrigir as utuac~oes de intensidade do feixe a^ abaixo o limite qu^antico, e os feixes s~ao considerados como quanticamente correlacionados no criterio QND [44, 45, 46, 47]. A diferenca entre este criterio e o criterio empregado para feixes g^emeos esta no fato que, pela vari^ancia condicional, podemos comparar feixes de intensidades muito diferentes, o que ja n~ao e possvel para o caso da subtrac~ao das fotocorrentes. Por outro lado, criterio da vari^ancia condicional e estrito demais. Imagine dois feixes de intensidades iguais estudados pela vari^ancia condicional e pela subtraca~o de fotocorrentes. Considere ainda que a pot^encias de rudo normalizadas Ni = 2 ni =hn^ i i de cada feixe tambem se igualam (N1 = N2 = N ). Neste caso, pelo criterio da vari^ancia condicional, a correlac~ao sera qu^antica se C 2 > 1 N1 . Ja pela subtrac~ao de intensidades a condic~ao e menos estrita: C > 1 N1 ) C 2 > 1 N2 + 4N1 2 . Se os feixes forem muito ruidosos, sera necessaria uma compress~ao na subtraca~o das fotocorrentes superior a 50% (portanto bem caracterizada como qu^antica) para atingir o criterio da vari^ancia condicional. 2.3.6 Medida da vari^ancia da corrente Para terminar o captulo, vamos discutir brevemente a medida da vari^ancia de uma corrente eletrica 2 i atraves da medida da pot^encia de rudo em uma dada frequ^encia [35, 48] como descrito, por exemplo, na ref. [49]. Denindo a func~ao de autocorrelac~ao de fotocorrente Ci (t; t + ) = i(t) i(t + ) i(t) i(t + ), temos que esta e dependenteR apenas de se o processo for estacionario. Sua transformada de Fourier e dada por Si ( ) = +11 Ci ( )ei d . A vari^ancia da corrente 2 i corresponde a func~ao de autocorrelac~ao para = 0, de modo que Z +1 d (2.88) Si( ) : 2 i = 2 1 Na pratica, todo o sistema de medida implica em uma certa ltragem, seja pelo proprio detetor, seja pela eletr^onica envolvida. Um analisador de espectro, como veremos, realiza a ~ 2.3. TEORIA DA DETEC AO 25 medida da utuac~ao em uma estreita banda de frequ^encias Æf em torno de uma frequ^encia de analise 0 . Ou seja, o valor obtido ao nal e Z +1 d 2 iF = Si ( )F ( ) ' 2ÆfSi ( 0 ); (2.89) 2 1 onde F ( ) e a ltragem do sistema de aquisic~ao em torno da frequ^encia de analise 0 . Ou seja, a vari^ancia medida de uma corrente eletrica e proporcional a pot^encia do espectro de rudo medida em uma dada frequ^encia de analise. 26 ^ CAPITULO 2. PRINCIPIOS DE OTICA QUANTICA Cap tulo 3 Oscilador Parametrico Otico O oscilador parametrico otico e uma fonte de luz laser, que emprega um cristal n~ao-linear inserido em uma cavidade. O meio n~ao-linear bombeado age como um meio de ganho, levando o sistema a oscilaca~o, convertendo o feixe de bombeio em um par de feixes, chamados sinal e complementar, de frequ^encia inferior a frequ^encia do feixe de bombeio. S~ao largamente empregados em espectroscopia, onde podemos substituir os laseres de corante como fontes de luz sintonizada no regime pulsado. Uma revis~ao sobre sua operaca~o pode ser vista na refer^encia [50]. Vamos agora apresentar a descric~ao do oscilador parametrico otico, comecando pela interac~ao de tr^es campos em um meio n~ao-linear. Esta e a base da geraca~o parametrica, sendo responsavel pela geraca~o de segundo harm^onico, reticac~ao otica e convers~ao parametrica descendente [51, 52, 53]. E este ultimo efeito que, combinado com uma cavidade para selecionar um modo de oscilac~ao, ira levar a oscilac~ao parametrica. Em seguida, sera descrito o funcionamento de um OPO triplamente ressonante. Sera mostrado como ocorre a seleca~o dos modos de oscilac~ao, levando a possibilidade de utilizar o OPO como uma fonte sintonizavel de luz coerente, e quais as principais diferencas entre um OPO com um acordo de fase tipo I e tipo II. Por m, partindo-se da descric~ao qu^antica dos campos, sera mostrada a gerac~ao de feixes g^emeos no OPO, mostrando as fortes correlaco~es de intensidade entre os feixes sinal e complementar. 3.1 Otica n~ ao-linear Em um meio linear de absorc~ao nula, dois campos podem se propagar sem haver entre eles interaca~o alguma. N~ao ocorrem, deste modo, trocas de energia entre os campos. No entanto, se a polarizaca~o do meio possuir termos com uma depend^encia n~ao-linear no campo eletrico havera uma interfer^encia de um campo sobre o outro, levando a diversos fen^omenos tais como a soma e subtrac~ao de frequ^encias, a gerac~ao de segundo harm^onico, o efeito Kerr otico, etc. Seguindo a descrica~o apresentada na refer^encia [52], vamos descrever o campo eletrico como 27 28 CAPITULO 3. OSCILADOR PARAMETRICO OTICO um vetor E(r; t) composto por uma somatoria de componentes de frequ^encias !n X (!n ) ei(kn r !n t) E(r; t) = A n (3.1) onde A(!n ) s~ao os envelopes lentamente variaveis das ondas planas. A somatoria e feita tanto para frequ^encias positivas quanto negativas e, para que o campo E(r; t) resulte em um valor real teremos para as envoltorias A( !n ) = A(!n ) . No caso da polarizaca~o apresentar uma resposta n~ao-linear com o campo eletrico, podemos representar a polarizac~ao em uma serie de pot^encias crescentes do campo. Isto vai nos levar a um termo linear da polarizaca~o com o campo, bem como termos de ordem superior. O termo quadratico leva a efeitos de interaca~o onde a combinac~ao de duas frequ^encias leva a uma terceira. Ja para o termo cubico, teremos a interac~ao de tr^es ondas levando a um termo de polarizac~ao em uma quarta frequ^encia, e assim por diante. O caso da polarizac~ao de terceira ordem leva a efeitos de mistura de quatro ondas, auto-modulac~ao de fase, efeito Kerr otico, geraca~o de terceiro harm^onico, entre outros. No nosso caso, estaremos interessados no acoplamento de tr^es ondas, como o que ocorre no OPO ou na gerac~ao de segundo harm^onico. Iremos ent~ao nos ater aos termos quadraticos da polarizac~ao n~ao-linear. Os termos n~ao-lineares, para frequ^encias longe de alguma resson^ancia de transic~ao do meio, requerem um campo muito intenso para se manifestarem. E por este motivo que em otica geralmente a descric~ao da polarizaca~o envolve apenas termos lineares. Os primeiros efeitos n~ao-lineares conhecidos eram os manifestados atraves da interac~ao de campos estaticos com a luz gracas a um meio n~ao-linear [54]. Somente com a chegada do laser [55] e que os efeitos n~aolineares puramente oticos, como a geraca~o de segundo harm^onico [56], puderam ser estudados. Para analisar os efeitos da polarizac~ao n~ao-linear de segunda ordem, vamos decompor a polarizac~ao em um termo linear e um termo n~ao-linear com uma depend^encia quadratica com o campo P(r; t) = PL (r; t) + PNL (r; t); (3.2) onde o termo linear da polarizaca~o e dado pelo tensor de susceptibilidade eletrica X PL (r; t) = (!n)A(!n )ei(kn r !nt) ; (3.3) n contendo os termos de dispers~ao e perdas. Da depend^encia da susceptibilidade com as orientac~oes do campo teremos tambem o efeito de birrefring^encia do meio. Vamos tratar o termo n~ao-linear da polarizac~ao de segunda ordem de modo semelhante ao campo eletrico por uma soma de ondas planas com um termo de envoltoria lentamente variavel P i(kp r !p t) PNL (r; t) = p PNL (!p )e h i(n;m) P P P (3.4) = i ei jk nm (2) ( ! = ! + ! ; ! ; ! ) EE p n m n m ijk j;k onde ei s~ao os versores nas direc~oes das diferentes coordenadas i. Vemos aqui explicitamente a depend^encia com os termos quadraticos obtidos no produto vetorial E E. Os ndices do produto (j; k) correspondem a contribuic~ao do produto dos termos de E naquelas direco~es. Ja os ndices (m; n) correspondem as frequ^encias do campo, lembrando que, do produto destas ~ 3.1. OTICA NAO-LINEAR 29 diferentes frequ^encias, teremos uma resposta na polarizac~ao cuja frequ^encia sera a soma das frequ^encias dos campos. Como veremos, com esta descric~ao podemos na equac~ao de onda manter o formalismo empregando o vetor deslocamento D proporcional ao campo eletrico E, somando a equac~ao a contribuic~ao do termo de polarizac~ao na frequ^encia correspondente a onda monocromatica em estudo, contendo as contribuic~oes vindas dos outros campos. Vamos denir as componentes (2) ijk (!n + !m ; !n ; !m ) do tensor de susceptibilidade de segunda ordem como constantes de proporcionalidade ligadas aos termos quadraticos do produto dos campos eletricos. Deste modo a envoltoria de cada componente da polarizac~ao n~ao-linear na direc~ao i, na frequ^encia (!n + !m = !p) sera dada por Pi (!p ) = XX jk nm (!n ) (!m ) (2) ijk (!p ; !n ; !m )Aj Ak (3.5) P com PNL (!p) = i ei Pi (!p ). Nesta somatoria sobre todas as componentes do campo eletrico de frequ^encia !, a soma dos modos (!n ; !m ) deve se manter constante, correspondendo assim a componente de polarizaca~o de frequ^encia !p = !n + !m . Vemos portanto que o termo de susceptibilidade n~ao-linear ira acoplar a um modo !p as amplitudes dos campos correspondendo a soma de duas frequ^encias distintas. Antes de vericar como podemos aplicar a polarizac~ao n~ao-linear e o seus termos de susceptibilidade aqui denidos na equac~ao de onda, vamos vericar algumas importantes propriedades de simetria da susceptibilidade n~ao-linear. 3.1.1 Susceptibilidade n~ao-linear Imaginando a interac~ao de tr^es ondas de frequ^encias !a ; !b ; !c = !a + !b em um meio n~aolinear, vemos que precisamos conhecer as polarizac~oes n~ao-lineares envolvendo cada uma destas frequ^encias [52, 53]. Vemos ent~ao que, da equac~ao 3.5 temos seis tensores a determinar (2) (2) (2) ijk (!a ; !b ; !c ); ijk (!a ; !c ; !b ); ijk (!b ; !a ; !c ); (2) (2) (2) ijk (!b ; !c ; !a ); ijk (!c ; !a ; !b ); ijk (!c ; !b ; !a ) (3.6) alem dos mesmos tensores com as frequ^encias substitudas por seus valores negativos. Some-se a isso as diferentes possibilidades para as direc~oes do campo no referencial adotado (i; j; k). Teremos ent~ao, a partir destes 12 tensores com 27 componentes, 324 valores complexos para descrever a interac~ao. Veremos como os argumentos de simetria podem reduzir estes termos a uns poucos elementos independentes, chegando no nal a uma constante de acoplamento entre os campos. Campos reais O campo eletrico 3.1 inicialmente denido possui um valor real, de modo que A(j !n ) = A(j!n ) . Do mesmo modo, temos para a polarizac~ao n~ao-linear Pi (!n + !m ) = Pi ( !n !m ). Temos CAPITULO 3. OSCILADOR PARAMETRICO OTICO 30 assim que a susceptibilidade deve tambem estar relacionada na forma (2) (2) ijk ( !n !m ; !n ; !m ) = ijk (!n + !m ; !n ; !m ): (3.7) Permuta co ~es intr nsecas (!n ) (!m ) a invers~ao simult^anea de (n; m) e (j; k) mantem No produto (2) ijk (!n + !m ; !n ; !m )Aj Ak inalterado o resultado do produto, de modo que (2) (2) ijk (!n + !m ; !n ; !m ) = ikj (!n + !m ; !m ; !n ): (3.8) Simetrias na aus^ encia de perdas No caso de um meio onde as perdas s~ao nulas, temos que (2) ijk (!n + !m ; !n ; !m ) e real. Outra consequ^encia e a liberdade de permutaca~o dos ndices (i; j; k) e das frequ^encias (!a ; !b ; !c), desde que se corrigam os sinais dos termos de modo que !a = !b + !c. De modo que (2) (2) ijk (!n + !m ; !n ; !m ) = jki ( !n ; !m ; !n !m ) = (2) (2) jki (!n ; !m ; !n + !m ) = kij (!m ; !n + !m ; !n ): (3.9) Simetrias de Kleinman Se as frequ^encias envolvidas forem muito menores que a mais baixa frequ^encia de resson^ancia do meio, a susceptibilidade n~ao-linear e praticamente independente da frequ^encia, e a resposta do sistema e praticamente instant^anea. Esta condic~ao, aliada a permutaca~o de ndices, faz com que estes possam ser permutados sem que a frequ^encia seja permutada, de modo que (2) (2) (2) ijk (!n + !m ; !n ; !m ) = jki (!n + !m ; !n ; !m ) = kij (!n + !m ; !n ; !m ) = (2) (2) (2) ikj (!n + !m ; !n ; !m ) = kji (!n + !m ; !n ; !m ) = jik (!n + !m ; !n ; !m ): (3.10) Podemos neste caso abandonar a depend^encia em frequ^encia ao tratar da susceptibilidade n~ao-linear. 3.1.2 Campos Eletromagneticos no meio n~ao-linear Apos as considerac~oes sobre o tensor de susceptibilidade n~ao-linear, podemos descrever as equac~oes de Maxwell no meio n~ao-linear para observar como a propagac~ao neste meio leva a interfer^encia entre campos de diferentes frequ^encias [51, 52]. r H = i + @@tD = i + @t@ ("0 E + P); r E = @t@ (0H): (3.11) ~ 3.1. OTICA NAO-LINEAR 31 A densidade de corrente i corresponde a uma condut^ancia , representando a absorca~o do meio. O termo de polarizaca~o P pode ser expresso na forma da equaca~o 3.2, de modo que a primeira equac~ao 3.11 pode ser escrita como r H = E + @t@ E + @ P@tNL : (3.12) Aplicando-a ao rotacional de E e lembrando que r r E = rr E r2 E, com r E = 0 temos 2 2 r2E = o @@tE + o @@tE2 + o @ @tP2NL : (3.13) Para melhor compreendermos a propagac~ao das ondas eletromagneticas no meio n~ao-linear, vamos simplicar o tratamento para uma unica direc~ao de propagac~ao (z), e considerar como nulas as derivadas do campo eletrico transversas a esta direca~o. Voltando a notaca~o 3.1, estudaremos tr^es termos da somatoria do campo eletrico, correspondentes as frequ^encias !0 ; !1 ; !2 , se propagando no meio na forma de ondas planas, com polarizaco~es lineares, paralelas aos eixos ordinario e extraordinario no caso de um meio birrefringente. A orientaca~o da polarizaca~o de cada onda e dada pelos ndices (i; j; k), que se referem a uma das coordenadas cartesianas (x; y). Estas tr^es componentes s~ao ent~ao dadas por h i E (!0 ) (z; t) = Re A(!0 ) (z )ei(k0 z !0 t) ; i h i Ej(!1 ) (z; t) = Re A(j!1 ) (z )ei(k1 z h E (!2 ) (z; t) = Re A(!2 ) (z )ei(k2 z k k !1 t) i !2 t) i ; : (3.14) Para resolver a equaca~o 3.13, precisamos dos termos da polarizac~ao n~ao-linear que v~ao contribuir para a propagac~ao do campo em cada polarizac~ao e cada frequ^encia envolvida. Tomando separadamente a componente do campo na direc~ao k, na frequ^encia !2 , teremos, pelas equaco~es 3.4 e 3.5, h (!2 ) (z; t)i = Re h(2) (! ; ! ; ! )A(!0 ) (z )A( !1 ) (z )e i!2 t eik2 z i PNL 1 i j kij 2 0 k h (!0 ) (!1 ) (z )e i(!0 !1 )t ei(k0 k1 )z i ; = Re (2) (3.15) ijk Ai (z )Aj onde a depend^encia do tensor susceptibilidade na frequ^encia foi omitida para simplicar a notac~ao. Voltando a equac~ao de onda 3.13, vamos lembrar que as derivadas nas coordenadas transversas s~ao nulas, e a equac~ao para o modo !2 se resume a coordenada k. Vamos ent~ao assumir a aproximac~ao do envelope lentamente variavel d2 A(k!2 ) (z ) dA(k!2 ) (z ) k2 : (3.16) dz dz 2 Teremos ent~ao para o termo a esquerda da equac~ao de onda " (!2 ) ( !2 ) 2 r Ek (z; t) = Re k22 A(k!2 )(z) + 2ik2 dAkdz (z) ei(k2 z !2 t) # : (3.17) 32 CAPITULO 3. OSCILADOR PARAMETRICO OTICO Aplicando os termos calculados na equac~ao de onda para a componente k do campo na frequ^encia !2 , teremos ent~ao " # dA(k!2 ) (z ) i(k2 z ( !2 ) 2 e k2 Ak (z ) + 2ik2 dz !2 t) = ( i!2 0 2 !22 0 2 )A(k!2 ) (z )ei(k2 z @2 h A(i!0 ) (z )A(j!1 ) (z )e 0 !22 2 (2) kij @t !2 t) i!2 t ei(k0 k1 )z i :(3.18) Identicando !22 0 2 = k22 e isolando a derivada do envelope teremos ent~ao r r d (!2 ) 0 (!2 ) Ak (z ) = 2 Ak (z ) i!2 0 (2) A(i!0 ) (z )A(j!1 ) (z )ei(k0 kij dz 2 2 k1 k2 )z ; (3.19) relacionando diretamente as envoltorias dos campos eletricos propagantes no meio. Vemos assim que a amplitude do campo 2 recebe durante a propagaca~o uma contribuic~ao vinda da polarizabilidade n~ao-linear, que o acopla aos campos 0 e 1. Esta contribuic~ao, se for feita com a fase adequada, levara a uma amplicac~ao do campo. Aplicando-se o mesmo tratamento aos demais campos, temos que r r 0 (!1 ) d (!1 ) Aj (z ) = 1 Aj (z ) i!1 0 (2) A(i!0 ) (z )A(k!2 ) (z )ei(k0 jik dz 1 1 r r d (!0 ) Ai (z ) = 0 0 A(i!0 ) (z ) i!0 0 (2) A(j!1 ) (z )A(k!2 ) (z )e i(k0 ijk dz 0 0 k1 k2 )z ; k1 k2 )z : (3.20) Ou seja, todos os campos est~ao acoplados entre si, contribuindo mutuamente durante a propagac~ao. Considerando que as perdas s~ao pequenas, podemos desprezar o termo de absorc~ao no meio. Podemos ainda assumir as simetrias de Kleinman, de modo que a susceptibilidade n~ao-linear sera a mesma para todas as equaco~es e independente da frequ^encia. Expressando o termo de desacordo de fase k = k0 k1 k2 teremos a forma mais simples do acoplamento das amplitudes dos campos em um meio n~ao-linear r d (!2 ) Ak (z ) = i!2 0 (2) A(i!0 ) (z )A(j!1 ) (z )eikz ; dz 2 r d (!1 ) 0 (2) (!0 ) Aj (z ) = i!1 Ai (z )A(k!2 ) (z )eikz ; dz 1 r d (!0 ) 0 (2) (!1 ) A (z ) = i!0 Aj (z )A(k!2 ) (z )e ikz ; dz i 0 (3.21) dando as variaco~es de amplitude no meio durante a propagac~ao das ondas planas. Como veremos, sera esta equaca~o que dara origem aos efeitos de amplicac~ao dos modos 1 e 2, e a consequente depleca~o do modo 0. Sera atraves desse ganho que tera incio a oscilac~ao parametrica no OPO para um meio n~ao-linear, bombeado, no interior de uma cavidade. 3.2. OSCILADOR PARAMETRICO OTICO 3.2 33 Oscilador Param etrico Otico Vimos como um meio n~ao-linear pode acoplar campos de diferentes frequ^encias e polarizaco~es atraves do termo n~ao-linear de segunda ordem na susceptibilidade (E). Faremos agora a descric~ao do processo de oscilac~ao gerado a partir deste acoplamento entre os campos, com a inserc~ao do cristal no interior de uma cavidade. A oscilaca~o no oscilador parametrico otico (OPO) e uma consequ^encia do ganho obtido com o acoplamento de um feixe intenso, chamado de bombeio, a outros modos da cavidade. Veremos que nas equac~oes de propagac~ao a exist^encia de um termo dependente da amplitude do bombeio levara a um termo de ganho para outras duas frequ^encias, chamadas sinal e complementar. Este termo dependera ainda da condic~ao de acordo de fase do cristal e esta, por sua vez, depende das frequ^encias dos campos envolvidos. Outra condic~ao necessaria a oscilac~ao e a exist^encia de modos da cavidade proximos as frequ^encias nas quais ha o acordo de fase. Satisfeitas tais condic~oes, para um valor suciente de pot^encia do bombeio, o OPO pode comecar a oscilar. Iremos discutir a sintonia do OPO, e a sua eci^encia na convers~ao parametrica. Para um meio laser, o bombeio gera uma invers~ao de populac~ao em uma transica~o at^omica e deste modo ha um ganho para um feixe ressonante com a transica~o [57]. Colocado em uma cavidade, este meio amplicador pode levar a oscilac~ao se as perdas da cavidade forem inferiores ao ganho do meio amplicador. Para um oscilador parametrico a oscilac~ao ocorre de forma semelhante. Porem, n~ao temos mais uma congurac~ao onde o ganho depende diretamente da amplitude do bombeio, mas a fase passa a ter uma funca~o importante no calculo. Alem disso, n~ao temos mais apenas um feixe na sada, mas dois feixes acoplados entre si. Para levar um amplicador parametrico a oscilac~ao, devemos coloca-lo em uma cavidade. A forma basica do oscilador parametrico e a uniressonante (SROPO-single resonant OPO). Nesta congurac~ao o bombeio atravessa livremente a cavidade, interagindo com o cristal. A cavidade e feita para um dos modos acoplados ao bombeio, por exemplo, o complementar. Note que n~ao ha uma cavidade para o sinal [58]. A sada desta congurac~ao e feita pelo feixe sinal. Por n~ao ser ressonante, ele sai livremente da cavidade. Como resultado, apenas o complementar deve atender as condic~oes de resson^ancia da cavidade. Este OPO permite uma variac~ao contnua do comprimento de onda do sinal pela varredura da cavidade para o complementar. Estando a frequ^encia deste amarrada a resson^ancia da cavidade, a frequ^encia do sinal sera dada pela diferenca entre a frequ^encia do bombeio e do complementar. No entanto, este sistema n~ao apresenta um limiar de oscilac~ao otimizado. Outra opca~o e ter uma cavidade duplamente resonante (DROPO - double resonant OPO). Neste caso a cavidade e resonante para o sinal e o complementar, reduzindo o limiar de oscilac~ao. Para esta congurac~ao, no entanto, a condica~o de dupla reson^ancia e a conservac~ao de energia impedem uma variac~ao contnua da frequ^encia dos feixes de sada. Veremos como esta selec~ao ocorre, e como o intervalo espectral livre da cavidade limita a sintonia em frequ^encia. Para reduzir o limiar de oscilaca~o podemos fazer ainda uma cavidade ressonante para o bombeio. Neste caso, temos o chamado OPO com bombeio intensicado (\pump enhanced"), podendo ser aplicado tanto ao OPO unirressonante (PE-SROPO) quanto ao OPO duplamente ressonante (PE-DROPO). Este ultimo ainda e chamado de OPO triplamente ressonante CAPITULO 3. OSCILADOR PARAMETRICO OTICO 34 α0 in R=1 α0 out α1 out α2 out r0 Crystal r1 r2 R=1 Figura 3.1: Congurac~ao basica do OPO. (TROPO - triple resonant OPO). Neste caso, o uso de uma cavidade para o bombeio permite que a pot^encia estacionaria no interior da cavidade aumente. Desse modo, o limiar de oscilaca~o acaba sendo reduzido. Por atuar apenas no aumento do limiar, a resson^ancia do bombeio n~ao tem inu^encia direta na selec~ao do modo de oscilac~ao do sinal e do complementar. No entanto, ela leva a interessantes efeitos de biestabilidade, instabilidade e regime autopulsado no OPO. 3.2.1 OPO triplamente ressonante Vamos apresentar a analise do OPO triplamente resonante (TROPO), que e o caso empregado ao longo de toda esta tese. Seguiremos o tratamento empregado por Thierry Debuischert et al. [59] no seu artigo classico. O objetivo e calcular o campo medio no interior de uma cavidade triplamente ressonante com um meio n~ao-linear. Como modelo, tomemos a cavidade em anel mostrada na gura 3.1. Temos uma cavidade comprimento total Lcav = L + `, onde L e o comprimento livre da cavidade e ` e o comprimento do meio n~ao-linear. A cavidade e formada por dois espelhos ideais, com reex~ao unitaria, e um espelho de acoplamento, pelo qual sera injetado o feixe de bombeio e por onde saem os feixes gerados pelo OPO. Este espelho possui coecientes de reex~ao rj , onde j 2 f0; 1; 2g indica respectivamente a frequ^encia de bombeio, sinal ou complementar. Para uma pequena transmiss~ao pelo espelho de acoplamento temos os coecientes de transmiss~ao e reex~ao dados por rj = e( j ) ' 1 j ; tj = (2j )1=2 ; j = f0; 1; 2g ! bombeio, sinal, complementar; (3.22) com j 1. A transmit^ancia total do espelho para um dado modo sera dado por Tj = 2j . 3.2. OSCILADOR PARAMETRICO OTICO 35 Para simplicar o nosso tratamento, vamos expressar as amplitudes dos campos atraves de variaveis complexas j , normalizadas de tal modo que o modulo quadrado destas variaveis seja igual ao uxo de fotons por segundo integrado em toda a sec~ao transversa do campo. Vamos considerar ainda um caso simples, onde ha uma propagac~ao colinear dos feixes, que s~ao tratados como feixes gaussianos (modo T EM00 ). Estas simplicac~oes est~ao de acordo com a congurac~ao habitualmente usada para os OPOs, com uma cavidade linear denindo o modo espacial do feixe. Para obter a amplicac~ao dos campos sinal e complementar e a deplec~ao do bombeio na propagac~ao das tr^es ondas no interior do cristal, vamos partir da equac~ao 3.21. Sera conveniente, no entanto, fazermos algumas alterac~oes que simplicar~ao o tratamento e ajustar~ao a equac~ao a condic~ao de feixes gaussianos no interior da cavidade. Inicialmente, o termo de susceptibilidade deve levar em conta a forma gaussiana dos feixes. Ele acoplara modos da cavidade entre si, e n~ao ondas propagantes. Se o zesse, o bombeio sofreria uma deplec~ao mais forte onde ele e mais intenso, levando a um achatamento da forma. Porem, este achatamento leva a geraca~o de modos transversos que, geralmente, n~ao s~ao acoplados ao modo principal quando este e ressonante na cavidade. Com o calculo das integrais de sobreposic~ao, chega-se a uma equac~ao semelhante a 3.21 com um termo proporcional a susceptibilidade efetiva (2) [60]. Por m, como iremos ao nal \contar" os fotons do campo, e mais conveniente trabalhar com o campo normalizado de tal forma que o seu modulo ao quadrado nos d^e a taxa de fotons por segundo que atravessam uma sec~ao reta que tome toda a area do feixe. Adotando ent~ao as varaveis do campo normalizado j (z ) = v u u nj c"0 w2 j t A j (z ); com h!j j=1,2 e s n0 c"0 w02 A0 (z ); (3.23) h!0 onde wi e a cintura do feixe gaussiano no modo i, podemos expressar a variac~ao da amplitude do campo em um ponto z no interior do cristal por d0 =dz = 2eff 2 (z )1 (z )e ikz ; d1 =dz = 2eff 0 (z )2 (z )eikz ; d2 =dz = 2eff 0 (z )1 (z )eikz ; (3.24) 0 (z ) = i com o desacordo de fase k = k0 k1 k2 e a amplitude do vetor de onda jkj j = !j nj =c. O termo de acoplamento eff depende do termo n~ao-linear da susceptibilidade do cristal e da superposica~o dos modos gaussianos. Considerando que a cintura de feixe wj esta no interior do meio n~ao-linear temos que h!0 !1 !2 w0 w1 w2 (2) : (3.25) eff = 2 2 w0 w1 + w02 w22 + w12 w22 0 c3 n0 n1 n2 Neste caso, o termo (2) contem a depend^encia da orientac~ao do cristal e da polarizac~ao dos campos no meio n~ao-linear, expressando o acoplamento pela matriz da susceptibilidade dos diferentes modos. CAPITULO 3. OSCILADOR PARAMETRICO OTICO 36 Considerando que o ganho total do feixe em uma passagem pelo cristal seja pequeno, podemos integrar as equaco~es 3.24 com uma aproximac~ao de primeira ordem nos campos. O resultado desta integrac~ao, da entrada ate a sada do cristal, sera 0 (`) = 0 (0) 2 1 (0)2 (0) 1 (`) = 1 (0) + 20 (0)2 (0) 2 (`) = 2 (0) + 20 (0)1 (0) (3.26) onde incorpora a depend^encia do desacordo de fase k = eff ` sen(k`=2) ik`=2 e : k`=2 (3.27) Das equac~oes 3.26 vemos que a amplicac~ao ou a atenuac~ao dos campos no cristal depende da amplitude e da fase dos outros campos interagindo no meio. Alem disso, a func~ao seno cardinal sinc (k`=2) que aparece na express~ao fornece ainda a largura de banda de valores k na qual o OPO ira operar. Obtida assim a variac~ao da amplitude dos campos no interior do cristal, podemos empregala para obter a condica~o de operaca~o da cavidade em regime contnuo. Para isso, devemos considerar a variaca~o de fase do campo em uma volta completa na cavidade. Somando a fase acumulada na propagaca~o no espaco livre e na propagac~ao no cristal, a qual depende do ndice de refrac~ao nj para cada modo do OPO, temos !j (n ` + L) = 2pj + Æ'j : (3.28) c j A fase pode ser expressa como um multiplo de perodos completos pj adicionada a uma dessintonia Æ'j . Nos n~ao consideramos aqui o efeito da fase adicionada pelos espelhos de reex~ao, considerados no primeiro momento como ideais. Vamos calcular ainda as perdas na amplitude durante a volta no interior da cavidade. As perdas pelo espelho de acoplamento, iremos adicionar as perdas por efeitos espurios dentro da cavidade, tais como absorc~ao do cristal, difrac~ao por irregularidades nos espelhos, reex~ao na interface cristal/ar, perdas pelos outros espelhos, etc. Considerando estas perdas como uma transmiss~ao t = e , teremos uma perda total dependendo de j0 = j + j . Para calcularmos os campos no interior da cavidade, e conveniente expressar a dessintonia normalizada pelas perdas j = Æ'j =j0 : (3.29) 'j = Dessa forma, ao somarmos as perdas e ganhos e considerarmos os termos de fase em uma volta no interior da cavidade, podemos calcular os valores medios dos campos. Se a dessintonia for pequena (jÆ'j j 2) teremos p 0 00 (1 i0 ) = 2 1 2 + 20 in 0 0 1 1 (1 i1 ) = 20 2 2 20 (1 i2 ) = 20 1 (3.30) 3.2. OSCILADOR PARAMETRICO OTICO 37 onde introduzimos o campo de bombeio injetado na cavidade pela transmit^ancia do espelho de acoplamento in 0. A soluc~ao das equac~oes 3.30 nos da os diferentes regimes de operac~ao do OPO triplamente ressonante. E a partir dela que obtemos a resposta da sada do OPO para as diferentes pot^encias de entrada. Por m, ela sera ainda um elemento fundamental na selec~ao dos modos longitudinais de oscilac~ao do OPO. Vamos tratar inicialmente dos regimes de operac~ao, observando a pot^encia de sada do OPO para diferentes condico~es de pot^encia de bombeio e dessintonia da cavidade. Em seguida, veremos a seleca~o dos modos longitudinais, e sua atuac~ao na sintonia do OPO. 3.2.2 Condic~ao de oscilac~ao do OPO Da soluca~o das equac~oes 3.30 para os campos, obtemos as diferentes condico~es de operaca~o do OPO. A primeira soluca~o e a soluc~ao trivial, com 1 = 2 = 0. Neste caso o sistema se resume a uma cavidade Fabry-Perot para o feixe de bombeio. Se 1 e 2 forem n~ao nulos, teremos do produto da segunda equac~ao do sistema 3.30 pelo conjugado da terceira equac~ao 10 20 (1 i1 )(1 + i2 ) = 4jj2 j0 j2 : (3.31) Da parte imaginaria temos a interessante condica~o de igualdade nas dessintonias dos campos sinal e complementar 1 = 2 = : (3.32) Da parte real vemos que o campo para o bombeio no interior da cavidade esta limitado a um valor que depende da dessintonia dos campos sinal e complementar, do coeciente de acoplamento e das perdas intracavidade 0 0 2 j0 j2 = 1 24(1j+j2 ) ; (3.33) o que implica que a pot^encia intracavidade na condic~ao de oscilac~ao esta limitada a um valor dado pela dessintonia , pelas perdas, e pelo termo efetivo de acoplamento n~ao-linear. Uma primeira consequ^encia da equac~ao 3.32 esta na relaca~o entre as amplitudes dos campos sinal e complementar. Considerando as igualdades entre as dessintonias normalizadas temos que 10 j1 j2 = 20 j2 j2 : (3.34) Lembrando que a transmiss~ao pelo espelho de acoplamento e Tj = 2j , vemos que a soma desta transmiss~ao com as demais perdas nos da a frac~ao total de fotons perdidos pela cavidade. A equaca~o 3.34 nos mostra que o numero medio de fotons que saem da cavidade para o modo sinal e igual ao numero medio de fotons perdidos para o modo complementar. Estabelece-se ainda a proporcionalidade entre as amplitudes dos campos sinal e complementar intracavidade. A igualdade aqui estabelecida, ainda que n~ao seja a condic~ao de exist^encia de feixes g^emeos, a qual pede um tratamento qu^antico do campo para sua demonstrac~ao, indica a forte correlac~ao que ha entre os dois feixes de sada. 38 CAPITULO 3. OSCILADOR PARAMETRICO OTICO O balanco perfeito entre as intensidades medias dos dois feixes e mantido apenas se a frac~ao das perdas pela transmit^ancia do espelho de acoplamento for a mesma para os dois modos. A intensidade de sada pelo espelho de acoplamento e dada por Ij = 2j jj j2 : (3.35) A raz~ao entre as intensidades dos feixes sinal e complementarsera portanto dada por I1 1 20 = ; (3.36) I2 2 10 indicando que a sada n~ao sera necessariamente balanceada se as perdas intracavidade forem diferentes para cada um dos modos. Para estudar o limiar de oscilaca~o do OPO, devemos aplicar a soluc~ao obtida para a amplitude do bombeio intracavidade (eq. 3.33) na primeira equaca~o do sistema de equac~oes 3.30. Obtemos deste modo a pot^encia de entrada necessaria para atingir o limiar de oscilaca~o, considerando que os campos sinal e complementar dentro da cavidade sejam nulos 02 0 0 2 2 (3.37) jin0 j2th = 0 1 2(18+jj2 )(1 + 0) : 0 Vemos claramente que o limiar sera mnimo para a exata resson^ancia dos tr^es modos dentro da cavidade. Ele dependera ainda da raz~ao entre as perdas intracavidade com a transmiss~ao do espelho de acoplamento do bombeio. Vamos agora normalizar a pot^encia de bombeio pelo valor mnimo necessario ao incio de oscilaca~o, considerando uma resson^ancia exata para os modos do bombeio, sinal e complementar. A taxa de bombeio sera ent~ao jin j2 P = in0 2 = in (3.38) j0 jres Pth onde Pin e a pot^encia do feixe de bombeio enviado para a cavidade e Pth e a pot^encia de limiar denida a partir da equac~ao 3.37 na condic~ao de dessintonia nula ( = 0 = 0). Esta relac~ao sera usada durante toda a tese para denir a pot^encia de bombeio em func~ao da pot^encia de limiar. Vamos agora calcular a pot^encia de sada e a eci^encia do OPO. Neste calculo, veremos que existem situac~oes onde temos duas soluc~oes estaveis para o sistema. Veremos ainda que o OPO pode operar com uma elevada eci^encia de convers~ao. Idealmente, esta poderia chegar a 100%, diferindo claramente do laser, onde a eci^encia e necessariamente limitada pela diferenca na energia do foton de bombeio com relac~ao ao foton do feixe laser. Pot^ encia de sa da Voltando as equac~oes 3.30, obtemos a partir da aplicac~ao da segunda equaca~o na primeira, da condic~ao de amplitude do bombeio intracavidade (eq. 3.33) e da normalizac~ao do bombeio (eq. 3.38) que !2 4jj2 j1 j2 = 1 0 + + ( + 0 )2 : (3.39) 20 00 3.2. OSCILADOR PARAMETRICO OTICO 39 Da soluc~ao desta equaca~o para j1 j2 temos o uxo de fotons intracavidade para os campos sinal e complementar dado por 0 0 jj j2 = 4jkj02 p 1 : (3.40) com fj; kg = f1; 2g e j 6= k. Esta soluca~o tem sentido fsico apenas para jj j2 real e positivo. Da condic~ao de jj j2 real temos que > ( + 0 )2 = a . Da condica~o de limiar de oscilac~ao jj j = 0 temos = (1 + 2 )(1 + 20 ) = b . Nota-se que b a , sendo esta uma condica~o mais restritiva a oscilac~ao. Se 0 < 1, o sistema apresenta uma unica soluca~o estavel n~ao nula, para > (1+2 )(1+ 2 0 ). Para grandes dessintonias e grandes valores de pot^encia do feixe esta soluc~ao torna-se instavel, levando a um regime auto-pulsado e originando um comportamento caotico do OPO. O leitor pode ver o tratamento detalhado deste regime na refer^encia [61]. No entanto, se 0 > 1, a equaca~o 3.40 apresenta duas soluc~oes positivas na regi~ao a < < b . A soluc~ao trivial continua sendo estavel ate o limite superior desta regi~ao. Das duas soluc~oes da equac~ao 3.40, o ramo inferior e instavel, e o ramo superior e a soluca~o estavel. Junto com a soluca~o trivial, teremos ent~ao uma regi~ao de biestabilidade do OPO, determinada pelo valor de dessintonia entre os campos e a cavidade. Na gura 3.2 temos a sada do OPO para a mesma dessintonia do sinal, mas com valores simetricos para a dessintonia do bombeio. A pot^encia de sada calculada pelas equac~oes 3.39 e 3.40, esta normalizada, de modo que = 0 q (0 + )2 : 1 (3.41) 6 5 Γ 4 Regime Monoestável ∆ =-∆ 0=1,5 3 Regime 2 Biestável ∆ =∆ 0=1,5 Solução Instável 1 0 5 σ A 10σ B 15 20 25 30 σ Figura 3.2: Sada do OPO para operac~ao monoestavel e biestavel, em func~ao da pot^encia de bombeio. Para os valores de dessintonia no regime biestavel ( = 0 = 1:5) temos A = 9, B = 10; 56. 40 CAPITULO 3. OSCILADOR PARAMETRICO OTICO O regime de operac~ao biestavel ja foi observado experimentalmente [62]. Quanto ao regime auto-pulsado descrito em [61], demonstrou-se na ref. [63, 64] que as evid^encias experimentais de autopulsac~ao, como as mostradas na ref. [62], s~ao devidas a efeitos termicos, n~ao sendo portanto ligados a descric~ao empregada para os campos dentro do OPO. Na maioria dos casos, no entanto, operamos muito proximo a resson^ancia tanto para o sinal quanto para o bombeio, portanto longe do regime instavel. Podemos agora tratar da descric~ao da eci^encia do OPO no caso de uma dessintonia nula para todos os modos do oscilador. No caso ressonante, a pot^encia de sada pelo espelho de acoplamento, calculada a partir da equac~ao 3.40, e dada por 2 j k0 00 p 1 : (3.42) jout j j = 2jj2 Precisamos calcular a pot^encia de sada total para obtermos a eci^encia do OPO. Para simplicar o tratamento, consideremos uma condic~ao de degeneresc^encia (!1 = !2 ) com perdas id^enticas para o sinal e o complementar (1 = 2 = ; 10 = 20 = 0 ). Somando a pot^encia dos feixes de sada teremos, usando a equac~ao 3.37, a pot^encia total de sada 0 0 p 0 p Pout = h !0 1 = 4 P P P : (3.43) max th th 2jj2 A eci^encia dependera portanto da raz~ao entre a pot^encia de bombeio e a pot^encia do limiar de oscilaca~o, sendo maxima para = 4. A eci^encia maxima e denida como (3.44) max = 0 00 = 0 0 onde j = j =j0 e a raz~ao das perdas pelo espelho de acoplamento pelas perdas totais da cavidade. Vemos portanto que o limite da eci^encia do OPO e dado por limitac~oes puramente tecnicas, tais como a qualidade dos espelhos, a absorc~ao do cristal, a qualidade do tratamento reetor das superfcies, e ainda o casamento do modo do feixe de bombeio com o modo da cavidade. Esta eci^encia sera maxima no caso de P = 4 Pth , podendo mesmo chegar a 100%. Se 0 = 1, o feixe de bombeio reetido pela cavidade ira a zero para um valor de 0 1, sendo completamente convertido em luz nos modos sinal e complementar. Isto se deve a interfer^encia destrutiva entre o feixe reetido pela cavidade, de pot^encia jin 0 j2 (1 20 ) e o feixe transmitido pelo espelho de 0 2 acoplamento, de pot^encia 0 = 4jj . Claro que estas s~ao condic~oes ideais, mas veremos que esta condic~ao apresenta interessantes propriedades quanto as utuac~oes qu^anticas do feixe de bombeio reetido [65]. A eci^encia apresenta ainda uma saturac~ao, comecando a cair para alem do valor de = 4. Esta queda, porem, e pouco acentuada, e o valor de eci^encia mantem-se proximo ao maximo, como vemos na Figura 3.3. Neste caso, dados os valores de = 0 = 80%, a eci^encia maxima e de 64%, caindo para 58% quando = 8. Vamos estudar agora como ocorre a selec~ao dos modos de sada da cavidade, vericando como a condica~o de resson^ancia tripla, o acordo de fase e a pot^encia do bombeio v~ao atuar na selec~ao da frequ^encia de operac~ao. 41 5 1,0 4 0,8 3 0,6 2 0,4 1 0,2 0 0 2 4 6 8 η Pout/Pth 3.2. OSCILADOR PARAMETRICO OTICO 0,0 10 Pin/Pth Figura 3.3: Pot^encia de sada e eci^encia para OPO triplamente ressonante. = 0 = 80%. 3.2.3 Modos longitudinais no OPO com casamento de fase tipo II Em um OPO triplamente ressonante, diversos fatores ir~ao determinar as frequ^encias de oscilac~ao para o sinal e complementar. A primeira e a condica~o de conservac~ao de energia, que os liga a frequ^encia do bombeio. !0 = !1 + !2 : (3.45) Outra condica~o de oscilaca~o e que os modos sinal e complementar estejam proximos a um modo longitudinal da cavidade. Claro que a cavidade apresenta uma largura de banda nita e, como tal, podemos ter os modos de sada com uma pequena dessintonia. Devemos no entanto nos lembrar que esta deve respeitar a condica~o demonstrada na equac~ao 3.32 para uma operac~ao em regime estavel. Para determinar as frequ^encias de oscilaca~o do OPO vamos inicialmente expressar os ndices de refrac~ao para os modos sinal e complementar na forma n = (n1 + n2 )=2; Æn = (n1 n2 )=2; (3.46) onde n1 e n2 s~ao respectivamente os ndices de refrac~ao para os feixes sinal e complementar. A diferenca entre os valores deve-se a dispers~ao no cristal, e no caso de um acordo de fase tipo II, tambem a birrefring^encia do cristal, a qual ira ent~ao predominar sobre a dispers~ao. Para as frequ^encias do campo, alem da conservaca~o de energia, temos a diferenca entre as frequ^encias dos modos sinal e complementar ! = !1 !2 ; (3.47) chamada geralmente de \frequ^encia de batimento". Isto n~ao signica que esta frequ^encia seja necessariamente observada na detec~ao, o que ocorre apenas para o caso de um OPO com cristal tipo I. No entanto, o nome permanece empregado, mesmo que estejamos lidando com modos ortogonais pela polarizaca~o. CAPITULO 3. OSCILADOR PARAMETRICO OTICO 42 As perdas da cavidade para cada modo ser~ao tambem descritas na forma de um valor medio e uma diferenca. Neste caso temos 0 = (10 + 20 )=2; Æ 0 = (10 20 )=2: (3.48) Como veremos a seguir, o tratamento cara mais simples se estudarmos a condic~ao de resson^ancia pela soma e subtrac~ao das fases acumuladas em uma volta completa do feixe no interior da cavidade. Partindo ent~ao da equac~ao 3.28 vemos que '2 '1 = 2m + (Æ'2 Æ'1 ); '2 + '1 = 2q + (Æ'2 + Æ'1 ); (3.49) onde m = p2 p1 e q = p2 + p1 s~ao numeros inteiros, de mesma paridade. Fica claro que para uma cavidade ressonante para o sinal e complementar teremos tambem uma resson^ancia para a frequ^encia de batimento. O valor desta pode ser calculado a partir da fase dos campos (eq. 3.28), da condic~ao de dessintonia (eq. 3.32) e da denic~ao 3.29. Teremos assim, aproximando n!o n! Æn`!0 + 2mc Æ 0 2qc ! = + 0 !0 : (3.50) L + n` L + n` Como veremos, os modos sinal e complementar podem ter frequ^encias muito proximas, atingindo por vezes a degeneresc^encia. Desta forma, as perdas pelos espelhos da cavidade acabam sendo iguais. Alem disso, no caso de absorc~oes pequenas no cristal, o efeito da birrefring^encia no termo complexo do ndice de refrac~ao (ligado a absorc~ao) pode ser desconsiderado. Teremos assim frequentemente perdas iguais para os modos sinal e complementar. Neste caso a express~ao acima se resume a ! = Æn`!0 + 2mc ` = 2D Æn + m ; L + n` 0 (3.51) com D = c=(L + n`). O valor de D e igual ao dobro do intervalo espectral livre da cavidade (FSR), tomando para o calculo do comprimento efetivo da cavidade o valor medio do ndice de refraca~o. Vemos portanto que a frequ^encia de batimento esta limitada a uma serie discreta de valores, dados pelos inteiros (q,m). Devido a paridade entre eles, para um dado valor de q a separac~ao entre as frequ^encias para dois modos m adjacentes sera igual ao intervalo espectral livre F SR = 2D. No entanto, n~ao estamos limitados a uma serie discreta de valores de frequ^encia se pudermos variar a diferenca dos ndices de refraca~o. Neste caso, a variaca~o de Æn pode ser feita pela mudanca de temperatura do cristal, por exemplo, efetuando uma sintonia na da frequ^encia de sada. Note ainda que ao assumir diferentes perdas para os modos n~ao alteramos qualitativamente os valores obtidos na refer^encia [59]. O segundo termo dentro dos par^enteses da equaca~o 3.50 tende a zero no caso quase degenerado com um perfeito acordo de fase, como veremos a seguir. No entanto, longe da degeneresc^encia, a diferenca entre as perdas tende a aumentar. Isto deve-se ao fato de trabalharmos com espelhos de banda estreita, o que pode levar a um desbalanceamento das perdas ao nos afastarmos de uma condic~ao degenerada. 3.2. OSCILADOR PARAMETRICO OTICO 43 Entre os modos de oscilaca~o selecionados pela condic~ao de dessintonias iguais para os modos sinal e complementar, teremos ainda outros criterios de oscilac~ao. A primeira sera dada pela escolha do modo que satisfaca a condica~o de uma pequena dessintonia. Esta condic~ao de quaseresson^ancia, alem de garantir a validade das aproximac~oes feitas para se obter as equac~oes 3.30, assegura uma primeira condic~ao para um baixo limiar de oscilac~ao no OPO. As outras condic~oes s~ao a proximidade da resson^ancia para o bombeio e a condic~ao de acordo de fase. Esta ultima ira selecionar, da ampla faixa de valores possveis de ! dados pela equac~ao 3.50, uma banda restrita de valores. Resson^ ancia para sinal e complementar No calculo usado para chegar as equac~oes 3.50 e 3.51 n~ao foi usada a condic~ao de quase reson^ancia para sinal e idler (Æ'i ). Se considerarmos um dado comprimento Lcav = L + n` para a cavidade, podemos vericar quais os valores de ! que satisfazem a condica~o de resson^ancia. Para termos a resson^ancia exata, com Æ'1 = Æ'2 = 0, temos da equac~ao 3.49 que '1 + '2 = 2q. Calculando o comprimento da cavidade para exata resson^ancia teremos L + n` = q0 Æn`!=!0 ; (3.52) onde vemos explicitamente a depend^encia em q, e implicitamente a depend^encia em m atraves da frequ^encia de batimento ! denida nas equac~oes 3.50 e 3.51. Lembrando que ! depende tambem do comprimento da cavidade, vemos que resolver esta equac~ao em L a transforma em um resultado de difcil manejo e pouca aplicac~ao para nos dar a ideia de como o OPO funciona. Vamos no entanto assumir uma aproximac~ao no calculo. Ao varrermos o comprimento da cavidade buscando a posic~ao de resson^ancia temos uma variac~ao da ordem do comprimento de onda do bombeio 0 , de modo que a consequente variac~ao no intervalo espectral livre sera desprezavel. Trabalharemos ent~ao com o valor medio de L no denominador das equaco~es 3.50 e 3.51. Para termos uma ideia da densidade dos modos de oscilaca~o, vamos imaginar que o comprimento da cavidade esta sendo varrido, variando assim o valor de L. Considerando um valor xo de q, podemos calcular a dist^ancia entre duas posic~oes de resson^ancia adjacentes, correspondentes a dois valores distintos de m. Neste caso obtemos uma separac~ao entre as posic~oes de resson^ancia igual a 4D 2` L = Æn` = Æn : (3.53) !0 L + n` 0 Notamos ent~ao que a separaca~o sera uma frac~ao do comprimento de onda do bombeio. Veremos mais tarde que isto e importante para termos pelo menos um modo de oscilac~ao coincidente com o pico de resson^ancia do bombeio. A quantidade de modos possveis para oscilaca~o para um dado comprimento L e muito grande, considerando a possibilidade de variar q e m simultaneamente para satisfazer a equac~ao 3.52. Veremos que a condic~ao de acordo de fase ira selecionar uma faixa de valores para os quais a oscilac~ao e possvel. CAPITULO 3. OSCILADOR PARAMETRICO OTICO 44 Acordo de Fase O efeito do desacordo de fase pode ser analisado pela reduc~ao no coeciente de acoplamento na equaca~o 3.37, elevando o valor do limiar de oscilaca~o do OPO. Para este estudo, iremos ent~ao comparar o novo valor de limiar em caso de um acordo de fase n~ao nulo com aquele obtido para um perfeito acordo de fase. Da condic~ao de acordo de fase temos k = (n0 n) !0 n! : c (3.54) Vemos portanto que para um acordo de fase exato devemos ter n n ! = !0 0 n (3.55) desde que n seja n~ao nulo (como e o caso em um acordo de fase tipo II). Para simplicar a analise do caso, vamos considerar que a dessintonia e nula para os tr^es campos. O valor de limiar e dado ent~ao pelas equac~oes 3.27 e 3.37 jin0 j2pm k` 00 2 10 20 ; = 2 2 sinc 2 8eff ` 0 2 (3.56) onde jin 0 j2pm e a pot^encia de limiar fornecida pela equac~ao 3.37, colocando de forma explcita a depend^encia com o acordo de fase. Vamos expressar a nova pot^encia de bombeio normalizada por pm = j0 j2 =jin 0 j2pm . Para que ocorra a oscilac~ao do OPO, precisamos que pm 1. Temos ent~ao que o limite maximo para o desacordo de fase depende da pot^encia de bombeio, como descrita na equac~ao 3.38. Temos assim que k` 1 : (3.57) sinc2 2 Fica claro que, quanto maior a pot^encia de bombeio (proporcional a ), maior a faixa de valores de desacordo de fase k nas quais podemos ter oscilac~ao. Por exemplo, para uma pot^encia de bombeio = 2 com uma perfeita resson^ancia, teremos jk`j 2; 8. A faixa de valores de ! em torno do valor de perfeito acordo de fase e ent~ao de 5; 8c=(n`), conforme as equaco~es 3.54 e 3.57. O numero de possveis modos de oscilaca~o obtidos a partir da equaca~o 3.51 e L + n` N = 2; 8 ; (3.58) Æn` de modo que tipicamente havera mais de dez modos m de oscilac~ao selecionados pela largura de banda do acordo de fase, devido ao pequeno valor de Æn, tipicamente de 0,1 para o caso apresentado nesta tese no acordo de fase tipo II. Uma vez que vimos como o acordo de fase ira selecionar um valor central para ! e uma banda de valores em torno desta condic~ao de perfeito acordo de fase na qual o OPO pode oscilar, veremos como a resson^ancia do bombeio ira determinar o comprimento de oscilac~ao da cavidade, levando a uma faixa de valores para a operac~ao do oscilador. 3.2. OSCILADOR PARAMETRICO OTICO 45 Resson^ ancia do bombeio O TROPO deve oscilar nas proximidades da resson^ancia do bombeio, situac~ao na qual a pot^encia intracavidade para este modo devera aumentar. A condic~ao de exata resson^ancia do bombeio e dada por L + n0 ` = 0 s; (3.59) sendo s um numero inteiro. Combinando resson^ancia do bombeio e resson^ancia para sinal e complementar (equaca~o 3.52) temos o valor da frequ^encia de batimento ! para uma resson^ancia tripla n n c : (3.60) ! = 2 (q s) + !0 0 Æn` Æn Vemos que para um acordo de fase perfeito (equac~ao 3.55) temos q = s. Deste modo, a resson^ancia do bombeio e o acordo de fase ir~ao selecionar, de um modo geral, o valor de q para oscilac~ao. Dentro de um grupo q teremos multiplos modos m adjacentes que podem oscilar, sendo que aquele que predominara sera o de menor limiar. O procedimento usado para demonstrar a seleca~o de uma banda de valores para ! em torno da qual ha oscilac~ao atraves da condica~o de acordo de fase pode ser empregado para determinar agora a largura de banda de valores de L que permitem a oscilaca~o dentro da resson^ancia do bombeio. Para um perfeito acordo de fase e uma perfeita resson^ancia do sinal (ecomplementar), a condic~ao de oscilac~ao em funca~o da pot^encia de bombeio e que 1 + 20 , sendo denido pela equaca~o 3.38. Para um valor central do comprimento de cavidade L dado pela equac~ao 3.59, teremos uma largura de valores de comprimento de cavidade p Lp = 0 00 1 (3.61) na qual pode ocorrer a oscilaca~o. E claro que uma condic~ao conveniente para a oscilac~ao e que haja pelo menos um pico de resson^ancia do sinal para uma resson^ancia do bombeio. Ou seja, Lp > L, com L dado pela equac~ao 3.53. Caso contrario, o pico de resson^ancia do bombeio sera muito estreito, e pode acabar cando entre dois picos de reson^ancia do sinal. Se esta condic~ao n~ao for satisfeita, alem de estabilizar o comprimento da cavidade devemos varrer a temperatura do cristal selecionando de forma muito na o valor de Æn para chegarmos a resson^ancia exata dos tr^es modos. Toda a descrica~o aqui proposta considera, como aproximaca~o, que Æn independe da frequ^encia do sinal e do complementar. No caso tpico de um OPO operando em acordo de fase tipo II a aproximac~ao e valida, pois a birrefring^encia tem um efeito muito maior sobre Æn que a dispers~ao. Esta aproximac~ao, no entanto, perde a validade no caso de um acordo de fase tipo I. Neste caso podemos distinguir duas situac~oes. Se o OPO estiver operando, gracas ao acordo de fase, longe da degeneresc^encia, a aproximaca~o de Æn xo sera valida, considerando o valor medio de Æn no centro da faixa de acordo de fase nos calculos aqui desenvolvidos. No entanto, ao nos aproximarmos da degeneresc^encia, a variac~ao da frequ^encia de batimento ! se afasta de uma aproximaca~o linear dos par^ametros, e passamos a ter uma depend^encia quadratica no acordo de fase. Este caso foi tratado de forma extremamente detalhada na 46 CAPITULO 3. OSCILADOR PARAMETRICO OTICO refer^encia [66]. Faremos um tratamento simplicado, adequado ao caso em quest~ao de um OPO contnuo triplamente ressonante, usando no valor de Æn a depend^encia linear com a frequ^encia de batimento de forma explcita. 3.2.4 Modos longitudinais no OPO com casamento de fase tipo I Vamos exprimir a depend^encia de Æn com a frequ^encia de batimento com uma aproximaca~o de primeira ordem ? ! @n ? ! = n0 : (3.62) Æn = ?? @! !0 =2 2 2 Sera ent~ao a derivada do ndice de refrac~ao em relac~ao a frequ^encia n0 que representara o papel mais importante nas condic~oes de oscilac~ao. Vamos ent~ao aplicar esta depend^encia aos calculos realizados anteriormente para vericar a sintonia em um OPO tipo I. Freq u^ encia de batimento A frequ^encia de batimento, obtida a partir da equac~ao 3.51 sera dada por 2mc ! = 2Dm: (3.63) L + n + n0 !20 ` = Empregamos aqui a equaca~o 3.51 no lugar da equac~ao 3.50 pois com o cristal tipo I temos sinal e complementar com a mesma polarizac~ao. Em consequ^encia, a birrefring^encia na absorc~ao do cristal n~ao sera um fator atuante no desequilbrio das perdas. Alem disso, no caso quase degenerado, as perdas pelos espelhos de cavidade ser~ao bem semelhantes. A aproximac~ao no denominador da equac~ao 3.63 e valida, pois como podemos ver a partir dos valores tpicos n n0 !0 =2. E curioso notar que neste caso a degeneresc^encia exata pode ser atingida no modo m = 0, condic~ao na qual o valor de Æn vai a zero. Ja na condica~o de fase tipo II a degeneresc^encia exata implica na delicada sintonia de Æn para um valor nito, o que tipicamente so pode ser feito de forma grosseira atraves da temperatura ou de efeitos eletro-oticos. Veremos, no entanto, que manter o OPO degenerado n~ao e uma tarefa facil, devido a um adensamento dos modos possveis de oscilaca~o. Resson^ ancia do sinal e complementar Aplicando a equac~ao 3.62 no comprimento da cavidade para resson^ancia exata (equac~ao 3.52) vemos que o comprimento da cavidade para resson^ancia do sinal e complementar passa a apresentar uma depend^encia quadratica com a frequ^encia de batimento ! n0 ` 2 ! : (3.64) L + n` = q0 2!0 Enquanto que no acordo de fase tipo II tinhamos uma separac~ao uniforme entre as posic~oes de resson^ancia para dois modos m distintos dentro de um mesmo grupo q, a separaca~o agora e linear ` L = n0 !: (3.65) L + n` 0 3.2. OSCILADOR PARAMETRICO OTICO 47 Isto leva a um adensamento dos modos a medida que nos aproximamos da degeneresc^encia. As consequ^encias deste adensamento ser~ao evidentes na apresentaca~o dos resultados. Se podemos obter uma condica~o degenerada no OPO tipo I, sera difcil nos mantermos sobre este pico de resson^ancia, posto que a separac~ao ao primeiro modo adjacente sera L = 2F SR ` n0 : L + n` 0 (3.66) Com valores tpicos (n0 = 10 4 THz 1 , F SR = 1 GHz) vemos que a separac~ao ao primeiro modo mais proximo sera L 10 7 0 = 0; 1pm. Torna-se completamente irrealista a ideia de manter o OPO estabilizado na degeneresc^encia exata. Outra consequ^encia do acordo de fase tipo I e o aumento da largura de sintonia do OPO devido a um aumento na largura de banda denida pelo acordo de fase. Acordo de Fase O acordo de fase exato (eq. 3.54) e assegurado pela condica~o k = 0 o que implica em !2 = 2!0 (n0 n) =n0 (3.67) o que nos traz de volta a condic~ao p n0 = n no caso degenerado. Da equac~ao 3.57 vemos que para = 2 a largura de banda sera 5; 8c=n0 `, bem maior que a obtida com o cristal tipo II. Resson^ ancia do bombeio Proximo a degeneresc^encia, a condica~o n0 = n leva a s = q. Estamos desta forma limitados geralmente a um unico grupo q de modos de oscilac~ao. Se olharmos para a equaca~o 3.64, veremos uma consequ^encia interessante desta limitac~ao associada ao comportamento quadratico do comprimento de resson^ancia para o sinal. Proximo a degeneresc^encia, ao varrermos o comprimento da cavidade, chegaremos a um valor maximo de L alem do qual n~ao havera oscilac~ao. Ao atingirmos o caso degenerado, teremos ! = 0, e ao continuarmos a varredura do comprimento da cavidade, por n~ao podermos saltar a outro modo q de oscilac~ao longitudinal, o OPO n~ao entrara mais em oscilac~ao. Este efeito sera observado na descric~ao do OPO com um cristal em quase acordo de fase no captulo 5. 3.2.5 Sintonia do OPO Nos vimos que a selec~ao do modo longitudinal de oscilac~ao do OPO depende de uma serie de fatores. Temos, primeiramente, a condic~ao de resson^ancia para o sinal e complementar, denindo os modos de oscilaca~o da cavidade em uma serie de numeros inteiros q e m. Cada modo de oscilac~ao q agrupa uma serie de modos m da frequ^encia de batimento. Vimos ainda que a faixa de frequ^encias para oscilac~ao do OPO e dada pela condica~o de acordo de fase, e que o comprimento de cavidade para oscilac~ao em um OPO triplamente ressonante depende da resson^ancia do bombeio. Imaginemos ent~ao um OPO, com um cristal com acordo de fase tipo II. Um valor tpico de Æn, no caso do efeito da birrefring^encia, e 0,1. Um cristal tpico apresenta um comprimento CAPITULO 3. OSCILADOR PARAMETRICO OTICO 48 0,004 ∆ω/ω 0 0,002 Região de Acordo de Fase 0,000 -0,002 Ressonância do Bombeio -0,004 q+0 q+1 q+2 q+3 Lcav/λ 0 Figura 3.4: Selec~ao de frequ^encia de operac~ao para um OPO operando com um cristal tipo II. As linhas representam a resson^ancia exata para os diferentes modos q,m de oscilaca~o. No eixo horizontal, o comprimento efetivo da cavidade Lcav . Na vertical, a frequ^encia de batimento, normalizada pela frequ^encia de bombeio. ` = 5 mm. Uma cavidade de comprimento total Lcav = 25 mm apresentara um intervalo espectral livre F SR = 6 GHz. Bombeado com um feixe de luz verde (0 = 0; 5m) teremos uma frequ^encia angular para o bombeio !0 = 2 600 THz. Na gura 3.4 vemos os modos possveis de oscilac~ao em um graco onde apresentamos o valor da frequ^encia de batimento pelo comprimento da cavidade. Como vemos, teremos para um dado comprimento de cavidade diversos valores possveis de oscilac~ao de !. As linhas cheias s~ao, na realidade, compostas por varios pontos, cada um representando um modo m de oscilac~ao dentro de um grupo q. A pequena separaca~o entre os modos faz com que eles se apresentem de uma forma densa no espectro de valores possveis de oscilaca~o, podendo ser tratados como uma variavel contnua para a descric~ao aproximada. A ampliac~ao de uma destas linhas e apresentada na gura 3.5. Vemos aqui a discretizac~ao dos valores possveis de oscilac~ao. Os tracos horizontais representam a largura a meia altura da lorentziana para resson^ancia do sinal, ou seja, a nesse da cavidade para o sinal. Os tracos representariam uma nesse F = 100. Ainda que muito proximos, vemos que ha intervalos nos quais a cavidade se mantem longe da resson^ancia para dois modos adjacentes. Por causa disso, veremos que n~ao sera em todo o pico de resson^ancia do bombeio que ocorrera oscilac~ao, mas sim em pontos bem denidos do comprimento de cavidade. Se a nesse para o bombeio for muito grande, a resson^ancia pode ocorrer no espaco entre dois picos de resson^ancia do sinal, impedindo a oscilaca~o do OPO. A condic~ao do acordo de fase, vista na equaca~o 3.55, seleciona o valor central da frequ^encia de oscilac~ao. Esta coincide com o comprimento de cavidade para a resson^ancia do bombeio (equac~ao 3.59), levando a seleca~o dos modos de oscilac~ao da cavidade dentro da faixa de valores ∆ω/ω 0 3.2. OSCILADOR PARAMETRICO OTICO 4,0x10 -5 2,0x10 -5 49 0,0 -2,0x10 -5 -4,0x10 -5 -0,04 -0,02 0,00 0,02 0,04 Lcav/λ0-q Figura 3.5: Ampliaca~o do graco anterior, mostrando os diferentes modos m dentro de um grupo q. 0,08 0,06 0,04 Região de Acordo de Fase ∆ω/ω 0 0,02 0,00 -0,02 -0,04 Ressonância do Bombeio -0,06 -0,08 q+0 q+1 q+2 q+3 Lcav/λ 0 Figura 3.6: Seleca~o de frequ^encia de operaca~o para um OPO operando com um cristal tipo I. As linhas representam a resson^ancia exata para os diferentes modos q,m de oscilaca~o. No eixo horizontal, o comprimento efetivo da cavidade Lcav . Na vertical, a frequ^encia de batimento, normalizada pela frequ^encia de bombeio. CAPITULO 3. OSCILADOR PARAMETRICO OTICO ∆ω/ω 0 50 4,0x10 -4 3,0x10 -4 2,0x10 -4 1,0x10 -4 0,0 -1,0x10 -4 -2,0x10 -4 -3,0x10 -4 -4,0x10 -4 -8,0x10 -5 -6,0x10 -5 -4,0x10 -5 -2,0x10 -5 0,0 Lcav/λ0-q Figura 3.7: Ampliaca~o do graco anterior, mostrando os diferentes modos m dentro de um grupo q. representadas no graco, as quais foram calculadas para uma condic~ao de bombeio = 2. A condic~ao degenerada n~ao e um caso comum. A condic~ao de oscilac~ao mais proxima da degeneresc^encia sera j!j < D = F SR=2, como podemos ver na gura 3.5. Um ajuste no de Æn permitira a seleca~o da condic~ao degenerada. Outros metodos, no entanto, favorecem a oscilac~ao degenerada em cavidades tipo II pela mistura dos dois modos com a inclus~ao de uma l^amina de meia onda dentro da cavidade, como pode ser visto nas refs. [67, 68]. No caso de um acordo de fase tipo I (gura 3.6), podemos imaginar uma condic~ao realista semelhante ao caso anterior, mas no lugar de considerarmos o valor de Æn, consideraremos o valor de n0 = 2; 6 10 17 s=rad, como podemos calcular a partir da equac~ao de Sellmeier [69, 70]. Neste caso vemos que a faixa de valores possveis de oscilac~ao denida por ! e muito mais ampla que no caso do casamento de fase tipo II. Vemos ainda que ha um afastamento relativo em ! dos modos q, que dicilmente ser~ao recobertos por um alargamento da banda selecionada pelo acordo de fase gracas a um aumento da pot^encia. Por m, vemos que devido a parabola que se forma para os valores possveis de oscilac~ao em funca~o do comprimento da cavidade, ao atingirmos a degeneresc^encia pode ocorrer que a condic~ao de resson^ancia para o sinal n~ao seja mais satisfeita em toda a regi~ao de resson^ancia do bombeio. Isto ira fazer com que, ao varrermos a cavidade, haja um ponto alem do qual a oscilac~ao n~ao sera possvel. Vendo a ampliac~ao do graco anterior na gura 3.7, notamos ainda outra diferenca com relac~ao ao OPO com acordo de fase tipo II. Alem da forma de parabola, a dist^ancia entre as posic~oes de resson^ancia acaba sendo reduzida. Isto leva ao fato que, para um dado comprimento de cavidade Lcav , diversos modos m de oscilac~ao ser~ao possveis. Por quest~ao de clareza, os tracos representariam uma nesse F = 3 105 , um valor impraticavel no OPO. Ainda assim, na resson^ancia havera a superposica~o dos modos de oscilac~ao. E por este motivo que o OPO tipo I pode, teoricamente, atingir a condic~ao degenerada, ^ 3.3. PROPRIEDADES QUANTICAS DO OPO 51 porem a superposica~o de modos impede que ele seja estabilizado na degeneresc^encia, n~ao sendo possvel no esquema proposto impedir o salto a outros modos proximos. A discuss~ao aqui apresentada para a sintonia do OPO e uma forma simplicada, que apresenta as principais caractersticas do OPO triplamente ressonante com acordo de fase tipo I e II. Ser~ao estas as congurac~oes empregadas nesta tese e por isso n~ao nos estenderemos sobre outas congurac~oes, como as mostradas nas refer^encias [71, 72, 73, 74] . Para fazer o OPO trabalhar em modo degenerado, por exemplo, a inclus~ao de outros elementos na cavidade, inclusive com a reconvers~ao parametrica dos campos sinal e complementar de volta ao campo de bombeio [3], pode favorecer a estabilizaca~o n~ao so na degeneresc^encia (gerac~ao de sub-harm^onico), mas na gerac~ao de feixes com valores fracionarios de frequ^encia (!0 =a, com a inteiro) [2]. Depois de descrevermos as propriedades do OPO triplamente ressonante, quanto a sua eci^encia na convers~ao de luz de um modo a outro e as suas caractersticas na sintonia, passaremos a sua descric~ao qu^antica. Teremos aqui a base para descrever as utuaco~es do campo, especialmente as correlaco~es de intensidade dos feixes sinal e complementar e a descrica~o da compress~ao nas utuac~oes de quadraturas no feixe reetido pela cavidade, estudadas nesta tese. 3.3 Propriedades qu^ anticas do OPO Para estudar como o OPO produz estados comprimidos da luz, precisamos partir de uma descric~ao qu^antica. Como veremos a seguir, partindo da equac~ao mestra do OPO, teremos a descric~ao dos campos pelo operador densidade. No entanto, pela impossibilidade de trabalhar neste formalismo, passaremos a descric~ao equivalente atraves de funco~es de quase-probabilidade. A representac~ao empregada, usando a funca~o de Wigner, pode ser passada com uma pequena aproximac~ao a um conjunto de equaco~es diferenciais estocasticas. E interessante notar que este conjunto de equaco~es diferenciais estocasticas e igual ao que seria obtido por um formalismo dito semi-classico. Ou seja, o campo e tratado como uma variavel contnua, com as utuac~oes do vacuo articialmente inseridas nos calculos. A partir do sistema de equac~oes diferenciais estocasticas, podemos calcular diretamente a vari^ancia das utuac~oes do campo. E esta vari^ancia que e, ao nal, medida pelo analisador de espectro, mostrando as compress~oes no nvel de rudo para valores abaixo do \shot noise". Seguiremos assim o procedimento descrito nas refer^encias [75, 76] para demonstrar a exist^encia de feixes g^emeos. Equa c~ ao Mestra A equac~ao mestra do operador densidade ^ para os tr^es modos dentro da cavidade e dada por [28, 29] i d i h^ ^ = Hf + H^ i + H^ ext; ^ + (0 + 1 + 2 ) ^: (3.68) dt h O primeiro termo da hamiltoniana corresponde aos modos livres do campo dentro da cavidade. Teremos assim 0 0 0 (3.69) H^ f = h0 0 a^y0 a^0 h1 1 a^y1 a^1 h2 2 a^y2 a^2 ; 52 CAPITULO 3. OSCILADOR PARAMETRICO OTICO onde os operadores criac~ao e aniquilaca~o do campo foram denidos no incio da tese. e o tempo para a propagac~ao do campo em uma volta completa na cavidade, considerado o mesmo para os tr^es campos, j0 s~ao as perdas da cavidade (equac~ao 3.22) e j e a dessintonia normalizada denida na equaca~o 3.29. O segundo termo da hamiltoniana e a interaca~o efetiva entre os campos atraves do meio n~ao-linear. Desse modo teremos 2 y y H^ i = ih a^1 a^2 a^0 a^1 a^2 a^y0 ; (3.70) com a constante de acoplamento ja denida na equac~ao 3.27. O ultimo termo da hamiltoniana corresponde ao campo de bombeio " injetado na cavidade H^ ext = ih 0 " a^y0 a^0 : (3.71) O ultimo termo da equac~ao mestra 3.68 nos da as perdas da cavidade para cada modo 0 (3.72) j ^ = j 2^aj ^a^yj a^yj a^j ^ ^a^yj a^j : A equac~ao mestra contem todos os elementos para a descric~ao do campo no formalismo qu^antico. Porem, trata-la para campos intensos n~ao e pratico. Por este motivo, transforma-se a representaca~o da equaca~o mestra para uma representac~ao equivalente em uma representaca~o de quase-probabilidade. No presente caso, usaremos a representac~ao de Wigner. Esta representaca~o tem a vantagem de n~ao apresentar singularidades como a representac~ao P de Glauber. Por outro lado, compress~oes nas utuacoes podem ser facilmente identicaveis, diferente do que ocorre na representaca~o Q. A desvantagem e que a representac~ao de Wigner apresenta geralmente derivadas de ordem superior a 2, que n~ao podem ser tratadas no formalismo das equac~oes de Fokker-Planck. Estes efeitos s~ao geralmete pequenos e podem ser desprezados sem perder-se o signicado fsico do resultado. No entanto, uma descric~ao mais acurada pede um estudo em uma representac~ao P-positiva. 3.3.1 Representac~ao de Wigner e equac~ao de Fokker-Planck A matriz densidade pode ser tratada de uma forma mais simples como uma distribuic~ao de quase-probabilidade, usando a representac~ao de Wigner. Neste caso os operadores (^ay ; a^) s~ao substitudos por amplitudes complexas ( ; ), e a matriz densidade e substituda pela funca~o de quase-probabilidade W (). Aqui a func~ao de quase-probabilidade depende de seis variaveis, representadas pelo vetor = (0 ; 0 ; 1 ; 1 ; 2 ; 2 ), contendo a amplitude de cada modo do campo e seu complexo conjugado. ^ 3.3. PROPRIEDADES QUANTICAS DO OPO 53 Realizando a substituic~ao com as regras denidas no incio da tese temos ! !# 3 j0 " X @ @ @ @ @ W () = ij + + W () @t @j j @j j @j j @j j j =1 2 @ @ 2 @ @ + 1 2 + 1 2 W () 0 1 + 0 1 W () @0 @0 @2 @2 2 @ @ 0 @ @ 0 2 + 0 2 W () " + W ( ) @1 @1 @0 @0 3 j0 @ 2 X @3 W ( ) W () : + 2 @0 @1 @2 j =1 @j @j (3.73) Desta equaca~o diferencial para uma distribuic~ao de quase-probabilidade podemos reconhecer uma equac~ao de Fokker-Planck, exceto pela derivada de terceira ordem ao nal. O procedimento geralmente empregado neste caso e simplesmente desprezar as derivadas de ordem superior a 2, obtendo uma equac~ao de Fokker-Planck da qual chegamos as equaco~es diferenciais estocasticas [76]. Note que esta aproximaca~o pode ate ser valida em uma regi~ao onde as soluco~es estacionarias s~ao unicas e estaveis, mas em pontos de biestabilidade, ou instabilidade da soluc~ao, ela comeca a negligenciar aspectos importantes do sistema. Outras abordagens para o problema devem ser procuradas, por exemplo, atraves de sistemas numericos, como metodos de Monte Carlo. Uma interessante comparaca~o entre metodos distintos pode ser vista nas refs. [34, 77] Como neste trabalho estaremos operando em regi~oes de regime estavel, podemos ent~ao estudar a soluc~ao da funca~o de Wigner atraves de uma equac~ao de Fokker-Planck, na forma X @ @ 1 X @ @ h Ti W () = Aj W () + BB W () ; (3.74) jk @t 2 j;k @j @k j @j onde o vetor A e o vetor de arrasto (\drift") e o produto das matrizes difus~ao do processo estocastico. T BB e a matriz de 3.3.2 Equac~oes Diferenciais Estocasticas A equaca~o de Fokker-Planck e equivalente a um conjunto de equac~oes diferenciais estocasticas (EDE) conhecidas tambem como equac~oes de Langevin d = Aj + [B (t)]j ; (3.75) dt j onde (t) e um vetor de utuaco~es estocasticas j (t) com valor medio nulo e correlaco~es normalizadas dadas por hi (t)j (t0)i = Æij Æ(t t0): (3.76) A primeira consequ^encia da formulac~ao em termos das equac~oes de Fokker-Planck pode ser vista a partir dos valores medios dos campos. Partindo dos valores medios da equaca~o 3.75 temos que d = hAi; (3.77) dt 54 CAPITULO 3. OSCILADOR PARAMETRICO OTICO =dt = 0, fornecendo a qual e id^entica ao conjunto de equac~oes 3.30 no regime estacionario d assim os valores medios dos campos na cavidade. Nas equac~oes de Langevin temos diversos termos quadraticos no campo que impedem um tratamento direto das suas utuaco~es. Neste caso, usa-se uma aproximac~ao linearizada, onde o campo e substitudo por seu valor medio calculado a partir da equaca~o 3.30 e uma pequena utuac~ao dependente do tempo j (t) = j + Æj (t): (3.78) Aplicando estes valores nas equaco~es dadas por 3.75, e desprezando os termos quadraticos nas utuac~oes, temos um conjunto de equaco~es diferenciais estocasticas descrevendo um processo linear com uma difus~ao constante, a qual pode ent~ao ser tratada visando obter o espectro de utuac~oes dos campos. Este tratamento nos da uma express~ao direta do espectro de rudo nos campos do OPO, levando as suas compress~oes de rudo e correlac~oes. Temos porem uma matriz 6 6, o que diculta o tratamento direto. Podemos no entanto realizar uma substituica~o de variaveis que ira desacoplar as equac~oes 3.75 em dois subgrupos independentes, facilitando o tratamento. Substituindo os campos 1 e 2 pelos termos simetrico e antissimetrico + + = 1p 2 e = 1p 2 ; (3.79) 2 2 teremos agora o novo conjunto de EDE para as utuac~oes dos campos. Explicitamente q 200 d 0 2 Æ0 = 0 (1 i0 )Æ0 + Æ+ + (t) dt 1 q 200 d 00 2 Æ = (1 + i0 )Æ0 Æ + (t) dt 0 + + 2 p d 2 2 0 2 0 Æ+ = 0 Æ+ + Æ0 (1 i)Æ+ + (t) dt 3 p 2 0 2 0 d 2 Æ+ = 0 Æ+ + Æ0 (1 + i)Æ+ + (t) dt 4 p d 2 0 2 0 Æ = 0 Æ (1 i)Æ + (t) dt 5 p d 2 0 2 0 Æ = 0 Æ (1 + i)Æ + (t): (3.80) dt 6 Adotamos aqui as condico~es de operac~ao do OPO, de dessintonias iguais para sinal e complementar, e perdas iguais para os dois modos (10 = 20 = 0 ). As variaveis estocasticas j (t) representam as utuaco~es do vacuo, acopladas pelas perdas da cavidade 0 . Vemos que os termos das utuaco~es caram desacoplados entre o primeiro grupo de quatro equac~oes e o segundo grupo de duas equac~oes. Este ultimo nos fornecera as informac~oes sobre as utuaco~es da diferenca de amplitudes entre os campos sinal e complementar, enquanto o primeiro grupo nos dara informaco~es sobre as utuac~oes do feixe de bombeio reetido pela cavidade e as utuac~oes dos campos sinal e complementar na sada da cavidade. ^ 3.3. PROPRIEDADES QUANTICAS DO OPO 55 3.3.3 Correlac~oes de Intensidade Vamos tratar agora da correlac~ao entre as intensidades dos campos sinal e complementar, calculadas a partir da equaca~o 3.80. Este sera o principal objeto de estudo do OPO cuja descric~ao sera apresentada no proximo captulo. Para calcular as utuac~oes da diferenca entre os campos que saem da cavidade a partir dos valores das utuac~oes intracavidade Æ (t) = fÆ (t); Æ (t)g, vamos lembrar que as utuac~oes do vacuo que penetram a cavidade o fazem atraves do espelho de acoplamento e atraves das perdas espurias, e estas utuac~oes ser~ao independentes para cada um destes termos. Temos assim para os campos dentro da cavidade p p 2 2 d Æ = MÆ + (t); (3.81) a (t) + dt b onde a (t) e b (t) s~ao respectivamente as utuaco~es do vacuo entrando pelo espelho de acoplamento e pelas perdas espurias. A matriz M e dada por " 0 2 0 # (1 i) (3.82) M = 2 0 (1 + i) ; 0 dependendo portanto da dessintonia dos camposR e da amplitude do bombeio. Usando a transformada de Fourier para o campo Æ ( ) = Æ (t)e i t dt = fÆ( ); Æ ( )g temos o espectro do campo intracavidade dado por Æ ( ) = (M + i I) 1 " p2 p2 a( ) + b ( ) # (3.83) com I sendo a matriz identidade. As utuac~oes de sada podem ser calculadas pela soma das utuac~oes dos campos intracavidade transmitidos pelo espelho de acoplamento com as utuac~oes do vacuo reetidas neste espelho [78, 79]. Aproximando para uma reetividade unitaria temos Æout ( ) = a ( ) p 2 Æ ( ) (3.84) para a diferenca das utuaco~es de amplitude dos campos sinal e complementar na sada da cavidade. 3.3.4 Feixes G^emeos A correlac~ao de amplitude dos feixes sinal e complementar pode ser vericada pela diferenca das intensidades de cada feixe, medidas pelas fotocorrentes geradas em dois detetores distintos, cada qual recebendo a totalidade do feixe gerado. Vamos considerar inicialmente uma eci^encia ideal de detec~ao, de modo que a intensidade I (t) = (t) (t), dada em fotons por segundo, corresponde a uma fotocorrente de i(t) de igual valor, dada em eletrons/segundo. A informaca~o quanto a correlac~ao na utuaca~o de intensidade sera obtida a partir da medida da diferenca entre as fotocorrentes geradas nos dois detetores. A variavel estudada sera ent~ao I (t) = I1 (t) I2 (t). 56 CAPITULO 3. OSCILADOR PARAMETRICO OTICO Tal qual zemos com o campo, podemos expressar a intensidade por um valor medio e um termo estocastico a ela adicionado correspondendo ao rudo do feixe. Para uma amplitude do campo j (t) = j + Æj (t), as utuac~oes de intensidade ser~ao ÆIj (t) = Ij (t) Ij = Æj (t) + j Æj (t) : (3.85) j Vemos que a descric~ao das utuac~oes de intensidade apresentada na equac~ao acima e feita com as utuac~oes da amplitude complexa j e seu conjugado j . Uma outra forma de faz^elo, mais conveniente e equivalente no formalismo, e expressar a intensidade pela utuac~ao da amplitude real do campo jj j e por sua utuac~ao Æpj (t) = Æj (t) + Æj (t). Para tanto, multiplicando o campo j por um termo de fase eij , obtemos h i ÆIj (t) = j j j Æj (t) + Æj (t) = j j jÆpj (t): (3.86) Como estamos considerando uma cavidade balanceada, com perdas iguais para os modos sinal e complementar, os valores medios das duas amplitudes ser~ao iguais (j1 j = j2 j). A utuac~ao da diferenca entre as intensidades dos dois feixes sera ent~ao dada por ÆI (t) = j j [Æp1 (t) Æp2 (t)] = j j jÆp (t): (3.87) As utuac~oes de amplitude Æp (t) s~ao obtidas a partir da equac~ao 3.84. Para tanto, podemos escolher a fase relativa da amplitude do campo de bombeio, de modo a elimina-la da express~ao do rudo. Como vimos, o modulo da amplitude do campo de bombeio intracavidade e dado pela equac~ao 3.33. Deste modo, escolhendo para o bombeio uma amplitude 0 0 = (1 i); (3.88) 2 temos para a utuac~ao da diferenca de amplitude no domnio da frequ^encia 2p 2 Æp ( ) = 1 Æp ( ) Æp ( ); (3.89) 2 0 i a 2 0 i b onde os termos de utuac~ao no domnio da frequ^encia podem ser calculados a partir das denic~oes Æpa (t) = a (t) + a (t) e Æpb (t) = b (t) + b (t) , n~ao correlacionados entre si. Na medida das utuaco~es de intensidade usando o Analisador de Espectro, nos obtemos a transformada de Fourier da serie temporal de valores de fotocorrente. Para o calculo do Espectro de Rudo S ( ), podemos empregar o metodo mostrado por Yurke [78], Collet e Gardiner [80], e Collet e Walls [81] e empregado em [82]. S ( )Æ( + 0 ) = j j2 hÆp ( )Æp ( 0 )i: (3.90) Temos desta forma o espectro de rudo da fotocorrente ÆI (t) dado por " S ( ) = 2j j2 1 # ; 1 + ( = 0 )2 onde a largura de banda da cavidade e 0 = 2 0 = , e e denido na equac~ao 3.44. (3.91) ^ 3.3. PROPRIEDADES QUANTICAS DO OPO 57 Vemos portanto que a utuaca~o da diferenca de intensidades dos feixes sinal e complementar gerados pelo OPO e proporcional a soma das intensidades (2j j2 ) dos feixes de sada. Normalizando-a pelo espectro de utuac~oes de um feixe coerente de mesma intensidade temos a utuaca~o normalizada N ( ) = 1 : (3.92) 1 + ( = 0 )2 Se tomassemos a diferenca de intensidade de dois campos coerentes n~ao correlacionados, como os gerados pela incid^encia de um feixe em um divisor (\beam splitter"), o espectro obtido seria N ( ) = 1, correspondendo ao nvel do \shot noise". E neste aspecto que as utuac~oes de intensidade dos feixes g^emeos s~ao qu^anticas. Ainda que individualmente cada feixe possa apresentar utuac~oes maiores que as obtidas para um campo coerente, estas est~ao fortemente correlacionadas, de modo que ao fazer a subtraca~o das fotocorrentes obtemos um nvel de utuac~oes inferior ao obtido com campos coerentes independentes de mesma intensidade. Da express~ao da compress~ao de rudo 3.92 vemos que a compress~ao sera maxima para valores pequenos da frequ^encia de analise. Isto pode ser interpretado pela gerac~ao dos fotons aos pares dentro da cavidade. Se esperarmos um tempo sucientemente longo, ambos os fotons gerados sair~ao da cavidade em direca~o aos detetores, produzindo um maximo de correlac~ao. No entanto, ao reduzirmos o tempo de espera, ha uma perda na correlac~ao, pois os fotons, ainda que gerados simultaneamente dentro da cavidade, tomar~ao tempos independentes para deixar a cavidade, mediados pelo tempo de vida = 0 . Se o tempo de medida for muito curto, a correlac~ao sera perdida, e recuperaremos o nvel de \shot noise". A compress~ao sera maior quanto maior for o valor de . Isto deve-se ao fato que os fotons gerados na cavidade podem deixa-la pelo espelho de acoplamento ou pelas perdas espurias. No primeiro caso eles ser~ao medidos pelos fotodetetores enquanto que, no segundo, ao ocorrer a perda de um foton, reduzimos a correlac~ao entre os dois feixes. Deste modo, o nvel de compress~ao do rudo em um OPO esta diretamente ligado a sua eci^encia qu^antica, dado pela equaca~o 3.44. Temos ainda que uma das condic~oes para obter correlac~oes qu^anticas e o balanceamento entre os feixes sinal e complementar. Isto n~ao e sempre verdade, como no caso de perdas intracavidade importantes e desbalanceadas para os dois modos. Como podemos ver na refer^encia [18], pode-se ainda neste caso recuperar a correlac~ao atraves de um balanco externo ao sistema, seja pela atenuac~ao de um dos feixes, seja pelo aumento do ganho na fotocorrente detetada. Apos esta analise, poderemos estudar a geraca~o de feixes g^emeos em um OPO com um cristal tipo II, o que sera o tema do proximo captulo. Em seguida, estudaremos a compress~ao nas utuac~oes do campo do feixe reetido por um OPO com um cristal em quase acordo de fase tipo I, quando ent~ao estudaremos detalhadamente o calculo da compress~ao do feixe reetido. 58 CAPITULO 3. OSCILADOR PARAMETRICO OTICO Cap tulo 4 Gerac~ao de Feixes G^emeos no OPO No captulo anterior vimos como ocorre a oscilac~ao em um Oscilador Parametrico Otico. Vimos que o limiar de oscilac~ao apresenta forte depend^encia com o coeciente n~ao-linear efetivo, o qual depende da orientaca~o dos eixos do cristal e da forma dos feixes interagindo dentro da cavidade. Quanto as perdas da cavidade, estas inuem tanto no limiar de oscilac~ao quanto na eci^encia do OPO. Vericamos tambem como o OPO pode gerar feixes cujas utuaco~es est~ao fortemente correlacionadas, apresentando compress~ao qu^antica de rudo na diferenca das intensidades medidas dos feixes sinal e complementar. Vamos descrever a construc~ao do OPO, comecando pelo cristal n~ao-linear empregado. Em seguida, apresentamos detalhes sobre a geometria da cavidade linear empregando dois espelhos esfericos. Descreveremos o conjunto de bombeio, e o sistema de lentes usado para fazer o acordo do modo do feixe laser de bombeio ao modo da cavidade. Passaremos ent~ao a descric~ao dos dois OPOs construdos. O primeiro, apresentando baixo limiar, mantinha-se estavel por perodos longos, permitindo a realimentac~ao eletr^onica para mant^e-lo na resson^ancia tripla. No entanto, como veremos, a baixa eci^encia impedia a gerac~ao de estados comprimidos. O segundo OPO apresenta uma maior eci^encia. Porem, devido as limitac~oes de pot^encia, ele opera muito proximo do limiar de oscilaca~o, tornando-se instavel. Alem disso, veremos que os efeitos de degradac~ao do cristal impedem a operac~ao contnua do OPO nas condic~oes usadas. Por isso, optamos por fazer uma aquisic~ao simult^anea do rudo e da intensidade media, permitindo uma normalizaca~o do nvel de rudo ao longo de intervalos curtos de tempo (da ordem de ms) nos quais ocorria a oscilaca~o. Observamos assim a gerac~ao de feixes g^emeos, com uma correlaca~o de intensidade 30% abaixo do \shot noise". Vamos comecar a descric~ao do projeto pela escolha do cristal n~ao-linear empregado, um potassio titanil fosfato (KTP). Mostraremos as diferentes condic~oes de casamento de fase para um cristal uniforme, e como o KTP permite a separac~ao dos feixes sinal e complementar. Mostraremos os ensaios usados para caracterizar os eixos ordinario e extraordinario do cristal. A absorc~ao do cristal, apesar de pequena, p^ode ser medida em uma montagem de elevada precis~ao, usando uma deteca~o balanceada. 59 60 4.1 ~ DE FEIXES GEMEOS ^ CAPITULO 4. GERAC AO NO OPO Sele c~ ao do Cristal Para aplicac~oes em otica n~ao-linear, tais como gerac~ao de segundo harm^onico e osciladores parametricos oticos, tanto o KTP (KTiOPO4) quanto o Niobato de Ltio (LiNbO3) t^em amplo uso devido a sua baixa higroscopicidade e seus elevados coecientes n~ao-lineares. A seleca~o da aplicac~ao de um ou outro ocorre tanto devido aos limites de danos por alta pot^encia quanto pela condic~ao de acordo de fase do cristal [70]. Para o estudo de efeitos de correlac~ao qu^antica entre os feixes gerados por um OPO, e necessaria a separac~ao entre os feixes sinal e complementar. No processo de convers~ao parametrica descendente (gura 4.1), podemos fazer a distinca~o entre os feixes atraves de sua frequ^encia, atraves de sua direca~o de propagac~ao, ou ainda por sua polarizac~ao. k 0, ω 0 χ (2) k 1, ω 1 k ,ω 2 2 Figura 4.1: Convers~ao Parametrica Descendente. Como vimos na descric~ao dos efeitos oticos n~ao-lineares em um meio (equac~ao 3.21), temos no acoplamento de tr^es modos do campo uma relaca~o ligada a conservac~ao de energia (!0 = !1 + !2 ), a qual e uma condica~o estrita no caso de campos de amplitude lentamente variavel. Por conveni^encia, e sem perda de generalidade, vamos considerar que !0 > !1 !2 . Por sua vez, a condica~o de casamento de fase leva a uma interpretac~ao da conservac~ao de momento dos fotons dentro do cristal. Como vimos no caso do OPO (equac~ao 3.27) o acoplamento entre os campos sera maximo para um desacordo de fase nulo. Pode-se mostrar [51] que o mesmo ocorre no processo de convers~ao parametrica espont^anea e na geraca~o de segundo harm^onico. Para um perfeito acordo de fase teremos 0 = k1 + k2 ; k (4.1) onde o modulo do vetor de onda de cada campo no interior do cristal e dado por jki j = !i ni (!i )=c, e ni (!i ) e o ndice de refrac~ao do meio n~ao-linear, levando em conta a direc~ao de propagac~ao, a polarizac~ao e a frequ^encia do modo. Vemos ainda que o perfeito acordo de fase implica em uma correlaca~o entre as direc~oes de propagac~ao dos modos 1 e 2. ~ DO CRISTAL 4.1. SELEC AO 61 No nosso caso, como queremos construir um OPO triplamente ressonante com uma cavidade linear, os tr^es vetores ki s~ao paralelos, e n~ao ir~ao permitir a separaca~o entre os feixes. Alem disso, iremos trabalhar proximo a condic~ao degenerada em frequ^encia, de modo que !1 !2 . Neste caso, a separac~ao entre os feixes atraves de um elemento dicroico n~ao sera eciente. Para separarmos os feixes sinal e complementar, resta a polarizac~ao de cada modo envolvido. Esta, por sua vez, depende do tipo de casamento de fase empregado. Na condic~ao de propagaco~es colineares e degeneresc^encia em frequ^encia, a equaca~o 4.1 passa a ser satisfeita se n (! ) + n2 (!2 ) : (4.2) n0 (!0 ) = 1 1 2 Para satisfazer a condica~o de casamento de fase, devemos lembrar que em meios com dispers~ao normal, n(!0 ) > fn(!1 ); n(!2 )g. Para satisfazer a condic~ao de acordo de fase em um meio que n~ao seja birrefringente, ou para tr^es campos de mesma polarizac~ao, e necessario que haja uma linha de absorca~o do material para uma frequ^encia intermediaria, entre !0 e !2 . Neste caso, porem, os efeitos de absorca~o ser~ao importantes, reduzindo a eci^encia do processo. A forma adequada para atingir o acordo de fase e trabalhar com cristais birrefringentes, de modo que as diferencas dos ndices de refrac~ao devido a dispers~ao sejam compensadas pela diferenca na polarizaca~o dos campos. 4.1.1 Propagac~ao em meio n~ao-isotropicos Em materiais isotropicos, a polarizac~ao P do meio e tratada simplesmente como um produto do campo eletrico E pela susceptibilidade . No entanto, grande parte dos cristais n~ao s~ao perfeitamente simetricos. Neste caso, o vetor deslocamento do campo eletrico D n~ao pode ser mais considerado como proporcional ao campo eletrico, mas passa a ter uma depend^encia matricial [83] 3 3 2 2 3 2 Ex "xx "xy "xz Dx 7 7 6 6 7 6 (4.3) 4 Dy 5 = 4 "yx "yy "yz 5 4 Ey 5 : Ez "zx "zy "zz Dz Neste caso, para vericar como ocorre a propagac~ao no meio, devemos levar em conta a densidade de energia w e sua direc~ao de propagac~ao, dada pelo vetor de Poynting S w = we + wm = E D + B H; 8 8 S = c (E H): 4 (4.4) Das equaco~es de Maxwell, temos que a matriz das constantes dieletricas na aus^encia de cargas livres e simetrica ("ij = "ji). Pela conservac~ao de energia dada por rS = dw dt (4.5) podemos ent~ao expressar as relac~oes entre as constantes dieletricas por "xx Ex2 + "yy Ey2 + "zz Ez2 + 2"yz Ey Ez + 2"xz Ex Ez + 2"xy Ex Ey = 8we : (4.6) 62 ~ DE FEIXES GEMEOS ^ CAPITULO 4. GERAC AO NO OPO Esta relac~ao dene uma elipsoide de revoluca~o para os termos do campo eletrico. No caso, e sempre possvel encontrar uma rotac~ao dos eixos para um novo sistema de coordenadas onde "x E 2 + "y E 2 + "z E 2 = 8we ; (4.7) x y z conhecido como sistema de eixos dieletricos principais. A elipsoide de energia constante e ent~ao dada por Dx2 Dy2 Dz2 + + = 8we : (4.8) "x "y "z Neste caso, os vetores D e E ser~ao paralelos apenas se E for paralelo a um dos eixos principais. Caso contrario, havera uma diferenca nas direc~oes de D e E. Uma consequ^encia desta diferenca de direc~oes e o efeito de birrefring^encia no meio. Dada a direc~ao do vetor de onda k, perpendicular a H e E, teremos a decomposic~ao da onda incidente em duas componentes de polarizac~oes ortogonais Eo = Do ="o e Ee = De ="e . A primeira, cujo vetor de Poynting e paralelo ao vetor de onda, e chamada de feixe ordinario, enquanto que o seu complemento, chamado de feixe extraordinario, possui um vetor de Poynting que forma um ^angulo Æ com o vetor k. Este ^angulo, tambem conhecido por ^angulo de \walk o", leva a uma separaca~o entre as duas polarizaco~es propagantes. Outra consequ^encia dos diferentes valores "o e "e obtidos e a diferenca nas velocidades de propaga ca~o das duas ondas. O ndice de refrac~ao para cada eixo principal da elipsoide e p ni = "i ="0 , onde "0 e a constante dieletrica do vacuo. z k θ y ϕ x Figura 4.2: Eixos do cristal birrefringente e denic~ao dos ^angulos e '. Dois casos nos interessam neste trabalho. No primeiro, temos um cristal uniaxial (como o Niobato de Ltio). Neste caso temos "x = "y . O feixe nele incidente e decomposto em duas polarizac~oes. A polarizac~ao paralela ao plano XY e a ordinaria, sendo que o seu ndice de ~ DO CRISTAL 4.1. SELEC AO 63 refrac~ao e independente do ^angulo entre k e o eixo de simetria z . A polarizac~ao ortogonal ao plano formado pelo vetor k e a polarizac~ao ordinaria e a extraordinaria, e seu ndice de refrac~ao e dado por s 1 + tan2 e ; (4.9) n () = no 1 + (no =ne )2 tan2 onde ne e o valor do ndice de refrac~ao extraordinario para um feixe com incid^encia paralela ao plano XY . O ^angulo de birrefring^encia e dado por h i Æ() = arctan (no =ne )2 tan ; (4.10) onde se usa o sinal superior se ne < no , e o inferior em caso contrario. Outra situaca~o que estudaremos sera a de um feixe incidindo em um cristal biaxial ("x < "y < "z ) com o vetor k paralelo ao plano XY , como e o caso do KTP. A polarizac~ao ordinaria sera a paralela ao eixo z , com ndice de refrac~ao no = nz . O ndice de refrac~ao extraordinario sera dado por s 1 + tan2 ' ne(') = ny ; (4.11) 1 + (ny =nx )2 tan2 ' e o ^angulo de birrefring^encia e dado pela equaca~o 4.10 substituindo por ' no caso de um cristal negativo. No caso do cristal de KTP, o valor tpico de Æ = 3mrad n~ao afeta de forma signicativa a sua inserc~ao em uma cavidade, exceto no limite conc^entrico. Neste caso, empregam-se cristais com compensaca~o de \walk o", onde se colocam dois cristais de modo que seus efeitos de compensem (gura 4.3). x Cristal 1 Cristal 2 ϕ x k// So δ So x Se y Se y y Figura 4.3: \Walk o" no KTP, e sua compensac~ao. 4.1.2 Tipos de acordo de fase Partindo da descric~ao de propagaca~o de feixes em meios birrefringentes, vemos que temos ent~ao duas possibilidades de satisfazer a condic~ao de acordo de fase [70]. No acordo de fase tipo I, os modos de frequ^encia mais baixa s~ao paralelamente polarizados. Para obtermos o acordo de fase, a polarizac~ao do modo de frequ^encia mais alta deve ser perpendicular a dos outros dois modos em um cristal macico. O acordo de fase para um determinado ~ DE FEIXES GEMEOS ^ CAPITULO 4. GERAC AO NO OPO 64 conjunto de frequ^encias (!0 ; !1 ; !2 ) sera feito pela orientac~ao do cristal no plano extraordinario, dada pelo ^angulo . Para cristais negativos (ne < no ), teremos ent~ao e ( ) = k + k ; o1 o2 0 (4.12) 0 = ke1 () + ke2 (): (4.13) k e em cristais positivos (ne > no ), ko onde o vetor ke () = 2ne ()= depende da orientac~ao do cristal. O acordo de fase e dito de tipo II se os modos de frequ^encia inferior tiverem polarizaco~es perpendiculares. A polarizaca~o do modo de frequ^encia superior sera alinhada a uma das polarizac~oes dos modos f!2 , !1 g, e perpendicular a outra. Para cristais negativos (ne < no ), teremos ent~ao e ( ) = k + ke ( ) o1 0 2 k e ( ) = ke ( ) + k ; o2 0 1 (4.14) 0 = ke1 () + ko2 : (4.15) ou k ou ko e em cristais positivos (ne > no ), 0 = ko1 + ke2 () ko Este tipo de casamento de fase e usado frequentemente em OPOs onde deseja-se separar os feixes gerados a partir da frequ^encia de bombeio. No nosso caso, com feixes copropagantes operando em uma cavidade linear, a distinca~o entre sinal e complementar podera ser feita pela polarizac~ao, atraves de cubos polarizadores com alto coeciente de extinc~ao. Podem-se encontrar cubos com transmit^ancia de 95%, e uma extinca~o na polarizac~ao transmitida de 1:1000. Ou ent~ao, pode-se utilizar polarizadores Glan, com igual eci^encia na separac~ao de polarizac~oes. Como veremos, tais condico~es ser~ao extremamente importantes para otimizar a medida da correlaca~o de intensidades entre os feixes. 4.2 O cristal KTP O cristal de KTP (KTiOPO4, potassio titanil fosfato), tal qual o empregado na montagem, e um cristal ortorr^ombico biaxial positivo, ou seja, nz > fnx ; ny g. Ele e largamente empregado em convers~ao parametrica com casamento de fase tipo II, como e o caso de OPOs e na geraca~o de Segundo Harm^onico, existindo sobre ele uma ampla literatura [70]. Ainda assim, certos comportamentos n~ao s~ao totalmente compreendidos, tal como a formac~ao de defeitos no seu interior por exposic~ao a luz visvel intensa, comumente conhecida por \gray-tracking" [84]. Atualmente, dois processos de fabricac~ao s~ao empregados na produc~ao destes cristais. O crescimento hidrotermico consiste em manter os elementos necessarios a formac~ao do cristal em alta press~ao e temperatura em presenca de agua. Este e o processo empregado pela LittonSynoptics [85], a qual sintetiza cristais a 600Æ C e 25.000 psi. Cristais de qualidade superior podem ser sintetizados a temperaturas menores (450Æ C, 10.000 psi), produzindo porem amostras de menor tamanho (1cm3 ). 4.2. O CRISTAL KTP 65 O metodo mais comum e o crescimento por uxo a partir de uma semente. Nosso cristal foi feito por este processo. Ele permite crescer amostras de grandes dimens~oes, porem de qualidade inferior quanto a absorc~ao e aos danos induzidos por \gray-tracking". As amostras empregadas para o OPO foram fabricadas pela Cristal Laser S. A. As faces do cristal s~ao polidas e sofrem a deposic~ao de um \coating" anti-reetor para 1064 nm e 532 nm. As especicac~oes do fabricante s~ao apresentadas na tabela 4.1. Tabela 4.1: Especicaco~es do cristal. Seca~o reta 4 4 (0; 1) mm Comprimento (`) 10 (+0,3/-0,2) mm Qualidade de superfcie =10 @ 514 nm Paralelismo 10" Coating Anti-reetor R < 0,5 % @ 532 nm R < 0,1 % @ 1064 nm Absorc~ao < 1%/cm @ 532 nm < 0,05 %/cm @ 1064 nm Limiar de dano 10 Hz, 3 ns, 3 GW/cm2 @ 1064 nm 10 Hz, 5 ns, 0,8 MW/cm2 @ 532 nm Limiar de dano CW 3,2 MW/cm2 @ 1064 nm 0,3 MW/cm2 @ 532 nm Os coecientes n~ao-lineares deste cristal, segundo [86] s~ao d31 = 6; 5 10 12 m=V d32 = 5 10 12 m=V jd33 j = 13; 7 10 12 m=V d24 = 7; 6 10 12 m=V d15 = 6; 1 10 12 m=V : (4.16) onde os ndices correspondem a diferentes eixos de simetria do meio. Conforme descrito na refer^encia [70], para as orientaco~es fornecidas pelo fabricante, o coeciente efetivo e deoe = 5; 2 10 12 m=V . 4.2.1 Indice de refrac~ao Por ser um cristal biaxial, os ndices de refraca~o para um feixe polarizado nos eixos x, y ou z do cristal s~ao diferentes. Seus valores podem ser obtidos para diferentes comprimentos de onda pela equac~ao de Sellmeier [87] B Di 2 ; (4.17) n2i = Ai + 2 i Ci com o comprimento de onda dado em m. Os coecientes da equac~ao de Sellmeier fornecidos pelo fabricante s~ao dados na tabela 4.2. Os valores calculados dos ndices de refraca~o para os comprimentos de onda do bombeio (532 nm) e o sub-harm^onico (1064 nm) a temperatura ambiente s~ao apresentados na tabela 4.3. 66 ~ DE FEIXES GEMEOS ^ CAPITULO 4. GERAC AO NO OPO Tabela 4.2: Constantes da Equaca~o de Sellmeier. (C. Bonnin, Cristal Laser S.A.) A B C D nx 3,0067 0,03950 0,04251 0,01247 ny 3,0319 0,04152 0,04586 0,01337 nz 3,3134 0,05694 0,05941 0,016713 Tabela 4.3: Indices de refraca~o para o KTP (m) nx ny nz 0,532 1,7797 1,7897 1,8877 1,064 1,7404 1,7479 1,8296 De acordo com os dados do fabricante, os ^angulos de acordo de fase para gerac~ao de segundo harm^onico em 1064 nm s~ao = 90Æ e = 23; 5Æ . Como vimos na descrica~o da propagac~ao em meios isotropicos, para esta orientaca~o o feixe incidente na polarizac~ao paralela ao plano xy apresenta uma progapagaca~o extraordinaria, enquanto que o feixe com polarizac~ao paralela ao plano z apresenta uma propagaca~o ordinaria. A condica~o de acordo de fase para a gerac~ao de segundo harm^onico e a mesma para um OPO quase-degenerado em frequ^encia. Vemos portanto que as condico~es requeridas pela equac~ao 4.2 s~ao atendidas para um bombeio extraordinario. Vamos aqui denir como sinal o feixe gerado no plano ordinario, e como complementar o feixe gerado no plano extraordinario. Os ndices de refrac~ao calculados a partir da equac~ao 4.11 s~ao dados na tabela 4.4. Tabela 4.4: Indices de refrac~ao dos modos bombeio, sinal e complementar. n0 n1 n2 1,7881 1,8296 1,7466 Note que as condico~es de acordo de fase aceitam uma certa toler^ancia. Por exemplo, a precis~ao na orientac~ao dos eixos do cristal e de 0,5Æ . Ainda quanto aos dados do fabricante, as faixas de valores para aceitac~ao dos ^angulos na gerac~ao de segundo harm^onico s~ao = 13mrad cm=` e = 75mrad cm=`, podendo ser ajustada pela orientac~ao do cristal. A faixa de valores para temperatura, por sua vez, e T = 16Æ C cm=`. No caso do OPO, esta banda de valores torna-se mais larga, pois a possibilidade de trabalhar com um sistema n~ao degenerado permite um grau de liberdade a mais pela seleca~o da frequ^encia de batimento. 4.2.2 Orientac~ao do cristal Para os cristais usados, n~ao tnhamos uma indicac~ao da direc~ao do eixo z. Para isso, procuramos de alguma forma identicar os planos de polarizac~ao ordinaria e extraordinaria do cristal. Duas propostas se colocaram, como veremos a seguir. 67 4.2. O CRISTAL KTP Na primeira, empregamos a propria birrefring^encia do cristal para vericar a polarizac~ao na qual uma cavidade conc^entrica tornava-se instavel. Outro metodo, mais direto, consistiu na gerac~ao de segundo harm^onico, medindo a polarizac~ao de sada do verde. Para isso, empregamos um laser Nd:YAG pulsado para gerar o segundo harm^onico na sada do cristal, o qual e analisado por um polarizador. Os metodos s~ao detalhados nesta seca~o. Cavidade conc^ entrica Como vemos na refer^encia [51], um feixe gaussiano propagando-se por uma dist^ancia ` dentro de um meio de ndice de refrac~ao n sofre a mesma difrac~ao que teria no caso de uma propagac~ao no vacuo por uma dist^ancia `=n. Considere ent~ao uma cavidade como a da gura 4.4, formada por dois espelhos esfericos de raio R, separados por uma dist^ancia L, com um meio inserido entre os espelhos. O comprimento geometrico efetivo da cavidade para a propagac~ao do modo gaussiano ressonante sera Lcav = L + ` 1 n 1 : (4.18) D2 n L Ger. Osciloscópio Digital Figura 4.4: Cavidade conc^entrica com meio inserido. A cavidade conc^entrica se situa em um limite de estabilidade. Se Lcav > 2R as perdas por difrac~ao aumentam rapidamente, o que pode ser vericado pela reduc~ao da nesse da cavidade. Vemos da equaca~o 4.18 que a dist^ancia L entre os espelhos depende do ndice de refrac~ao. Assim, para a refrac~ao ordinaria (tabela 4.3) temos no = 1; 8877, de modo que o limite da concentricidade e dado por Lo = 30; 703 mm, para espelhos de raio R = 13 mm e um cristal de comprimento ` = 10 mm. Ja para a polarizac~ao extraordinaria temos ne = 1; 7881 (tabela 4.4). Na mesma condic~ao a dist^ancia entre os espelhos para o limite da concetricidade sera Le = 30; 407 mm. Isto nos da uma diferenca de 0,3 mm entre as duas posic~oes de concentricidade. 68 ~ DE FEIXES GEMEOS ^ CAPITULO 4. GERAC AO NO OPO Injetando um feixe na cavidade, polarizado a 45Æ com relac~ao as arestas da faces do cristal, vemos a formaca~o de duas series de picos de pot^encia transmitida durante a varredura do comprimento da cavidade com um PZT. Com um cuidadoso alinhamento do sistema, e possvel otimizar a nesse das duas series. A medida que formos afastando os espelhos, reajustando o seu alinhamento para manter a nesse, vemos que havera um comprimento alem do qual uma das polarizac~oes n~ao pode mais ser otimizada de modo a recuperar o antigo valor de nesse. Nesta situac~ao, temos uma cavidade quase conc^entrica, e portanto estavel, para a polarizac~ao ordinaria, enquanto que a para a polarizaca~o extraordinaria esta ja se encontra em uma congurac~ao instavel. Podemos assim identicar os planos de polarizac~ao ordinaria e extraordinaria dentro do cristal. Uma outra forma de identicar as polarizaco~es e usa-lo na gerac~ao de segundo harm^onico, como faremos a seguir. Este metodo tem a vantagem de testar o cristal quanto a toler^ancia de temperatura e orientac~ao para o acordo de fase. 4.2.3 Gerac~ao de segundo harm^onico Uma outra forma de vericar qual a polarizac~ao de bombeio consiste em fazer a gerac~ao de segundo harm^onico. Neste caso temos um processo inverso a convers~ao parametrica descendente, pois bombeamos o cristal com um laser no infravermelho, obtendo a gerac~ao de um foton verde a partir da aniquilaca~o de dois fotons de bombeio [51]. Para isso, empregamos um laser Surelite II, Nd:YAG - Neodmio: Itrio-Alumnio-Granada (1064 nm) pulsado Q-Switched da Continuum, gerando pulsos de 7 ns de durac~ao (FWHM). Tal laser deve ser cuidadosamente manuseado, pois o tratamento antireetor do cristal pode ser facilmente danicado na condic~ao de pot^encia maxima (650 mJ/pulso). Sua polarizac~ao de sada e alterada pela presenca de um cristal de KTP montado na sada do laser para geraca~o de segundo harm^onico. Um conjunto de espelhos dicroicos permite a separac~ao entre o fundamental e os harm^onicos por ele gerados (que no caso deste modelo podem chegar ate o quarto harm^onico). A montagem empregada e mostrada na Figura 4.5. Os espelhos dicroicos M1 e M2 s~ao usados para alinhamento e eliminaca~o do resduo de segundo harm^onico gerado. O polarizador P1 dene em sua sada uma polarizac~ao horizontal, e em conjunto com o polarizador P2 e a l^amina de meia onda L1 formam um controle de pot^encia, com a func~ao de regular a intensidade de luz incidente sobre o cristal. A fenda S (di^ametro de 1 mm) seleciona uma pequena seca~o do feixe que sera usada na experi^encia. A l^amina de meia-onda L2 controla a polarizaca~o de entrada no cristal. O cristal e montado em um suporte, que permite variar sua inclinac~ao, alterando o ^angulo de incid^encia do feixe. Este suporte tem ainda sua temperatura controlada por uma resist^encia e um termopar, estabilizando sua temperatura em 0,1Æ C na faixa entre a temperatura ambiente e 200Æ C atraves de um regulador comercial. Na sada do cristal um espelho dicroico reete o infravermelho do bombeio, transmitindo a luz verde que e analisada pela l^amina de meia onda (para 532 nm) L3 e o polarizador P3. Os polarizadores s~ao l^aminas em a^ngulo de Brewster com lme especialmente desenhadas para altas intensidades de feixe. A intensidade dos pulsos de luz verde e medida pelo detetor, um DET100 da Thorlabs Inc., atraves de um osciloscopio digital. No caso de laser pulsado de alta 4.2. O CRISTAL KTP 69 pot^encia, todas as reex~oes s~ao enviadas a elementos absorvedores de alumnio anodizado, de modo a evitar reex~oes espurias que podem ser perigosas aos operadores do equipamento. A depend^encia da intensidade com a polarizac~ao de entrada da luz no cristal e mostrada na gura 4.6. Como vemos, para uma polarizac~ao horizontal ou vertical, temos uma intensidade mnima gerada. Esta e maxima para uma polarizac~ao a 135Æ . Esta periodicidade corresponde a uma condic~ao de casamento de fase tipo II. No caso de um casamento de fase tipo I, o perodo seria de 180Æ , e n~ao 90Æ , como observado. Maximizando a pot^encia de sada, observamos que a luz verde gerada possui polarizac~ao horizontal, denindo assim a polarizac~ao de bombeio do cristal. Esta medida conrmou o resultado obtido com a cavidade conc^entrica em relaca~o aos eixos de orientac~ao ordinaria e extraordinaria do cristal, sem acrescentar novas informac~oes. No entanto, podemos atraves da gerac~ao de segundo harm^onico vericar qual a toler^ancia do casamento de fase com a temperatura de operac~ao e ^angulo de orientac~ao. Fizemos portanto uma medida da intensidade do feixe gerado com a inclinac~ao do cristal em torno do eixo z (variac~ao de ), como mostrado na gura 4.7, mantendo sua temperatura estabilizada em 25Æ C. Vemos que a variaca~o da eci^encia e pequena para uma faixa em torno de 1Æ (18 mrad). O efeito e semelhante para a variaca~o em . Como podemos inserir o cristal no interior da cavidade e alinha-lo com uma precis~ao superior a esta, o ^angulo de aceitac~ao n~ao chega a ser um problema em nossa montagem. Variamos tambem a temperatura, para uma incid^encia perpendicular do feixe. Como vemos na gura 4.8, n~ao ha variac~ao apreciavel na faixa entre 20 e 40Æ C. Estas faixas de toler^ancia concordam com os valores anunciados pelo fabricante. Com isso conclumos que se nos limitassemos a condica~o degenerada teramos ja uma boa toler^ancia quanto ao ^angulo de incid^encia no cristal e sua temperatura. No caso, como temos ainda a possibilidade de operar com valores n~ao nulos da frequ^encia de batimento, esta faixa de valores tende a se alargar, posto que estamos interessados apenas na oscilac~ao do OPO sem nos preocuparmos com a degeneresc^encia exata em frequ^encia. Temos ent~ao toda a informaca~o necessaria para inserir o cristal na cavidade e buscarmos a oscilac~ao do OPO. Convem, no entanto, vericarmos as perdas no cristal antes de faz^e-lo pois, como vimos, elas ser~ao importantes na obtenc~ao de baixos limiares de oscilac~ao e alta eci^encia de convers~ao. Perdas do Cristal As perdas no cristal foram medidas de forma independente em nosso laboratorio, para vericar a qualidade do cristal adquirido e compara-lo a uma outra amostra ja disponvel, que fora emprestada pelo Laboratoire Kastler-Brossel. Para isso usamos um sistema de detec~ao equilibrada, mostrado na gura 4.9. O feixe vindo de um laser de Nd:YAG contnuo dobrado (532 nm) e atenuado para uma pot^encia de 0,4 mW para evitar a saturaca~o dos detetores. Este feixe e focalizado pela lente L, de modo a ser completamente captado pelos fotodetetores. A intensidade total e dividida entre as duas sadas do cubo polarizador PBS, sendo precisamente equilibrada atraves da l^amina de meia onda W. Os detetores D1 e D2 s~ao fotodiodos FND100 com sadas amplicadas, descritos no ap^endice. O uso de um \chopper" mec^anico para fazer a obturac~ao do feixe em uma frequ^encia de 400 Hz ~ DE FEIXES GEMEOS ^ CAPITULO 4. GERAC AO NO OPO 70 M1 LASER L2 P2 P1 M2 P3 DM Cristal L3 S L1 Figura 4.5: Montagem para gerac~ao de segundo harm^onico. 1,0 Intensidade Normalizada 0,8 0,6 0,4 0,2 0,0 90 135 180 225 270 Ângulo de Polarização (graus) Figura 4.6: Pot^encia de sada em func~ao do ^angulo da polarizac~ao de entrada (1064 nm) na gerac~ao de segundo harm^onico. 71 4.2. O CRISTAL KTP 1,0 Intensidade Normalizada 0,8 0,6 0,4 0,2 0,0 -3 -2 -1 0 1 2 3 Ângulo de Incidência (graus) Figura 4.7: Intensidade do segundo harm^onico medido em funca~o do ^angulo de incid^encia no cristal. 1,0 Intensidade Normalizada 0,9 0,8 0,7 0,6 0,5 0,4 30 35 40 45 50 O Temperatura ( C) Figura 4.8: Intensidade do segundo harm^onico medido em funca~o da temperatura. ~ DE FEIXES GEMEOS ^ CAPITULO 4. GERAC AO NO OPO 72 permite a eliminac~ao do \oset" sobre os dois detetores pela comparac~ao das fotocorrentes nos ciclos aberto e fechado. PBS W Pol. Ord. L Pol. Extraord. D2 z CH KTP D1 Osciloscópio Digital Figura 4.9: Montagem de deteca~o balanceada para medida da absorc~ao do cristal. Em um osciloscopio digital, medimos a amplitude dos dois sinais na presenca e na aus^encia do cristal. Da raz~ao entre a medida com e sem o cristal inserido diante do detetor D1, normalizada pela intensidade medida no detetor D2, obtemos a transmit^ancia pelo cristal Tord = VD1 VD2 : VD2 Xtal VD1 (4.19) Mantendo a mesma orientaca~o do cristal, repetimos a medida colocando-o diante do detetor D2, mantendo o detetor D1 como refer^encia. Obtivemos assim as perdas para a polarizaca~o extraordinaria VD 2 VD 1 (4.20) Text = VD1 Xtal VD2 lembrando que o cristal e inserido de forma a assegurar que todo o feixe passe por ele, sem ocorrer obstruca~o por sua sec~ao reta, e cuidadosamente alinhado para uma incid^encia perpendicular do feixe na superfcie, o que pode ser feito pela observac~ao da reex~ao vestigial na interface cristal/ar. Obtidas as transmit^ancias, podemos calcular as perdas provocadas pela absorc~ao no meio e pela reex~ao nas superfcies do cristal. Como vemos na tabela 4.5, ha uma birrefring^encia na absorca~o, sendo esta maior na polarizaca~o extraordinaria. Notamos ainda que a absorc~ao no cristal cedido pelo laboratorio Kastler-Brossel e signicativamente maior. Como veremos ao longo desta tese, ha uma degradaca~o do cristal manifestada pelo aumento da absorc~ao no visvel. Esta degradac~ao e provocada pela exposic~ao do cristal a feixes intensos na regi~ao do visvel, que provocam a geraca~o de centros de cor, entre outros defeitos. Este efeito, chamado de \gray-tracking", e fortemente dependente da intensidade de luz aplicada, do tempo do pulso 4.3. ESPELHOS DA CAVIDADE 73 ou da aplicac~ao contnua, da qualidade do material, do processo de fabricac~ao, da presenca de impurezas,... Trata-se do principal problema no uso do KTP, sendo estudado em diversos artigos [84, 88, 89, 90]. Mostraremos como ele afeta as nossas medidas e a operac~ao estavel do OPO. Tabela 4.5: Perdas medidas nos cristais. Polarizac~ao Ordinaria Polarizac~ao Extraordinaria Cristal 1 (LKB) (1; 3 0; 4) % (4; 2 0; 4) % Cristal 2 (Cristal Laser) (1; 4 0; 4) % (2; 7 0; 4) % Terminamos desse modo a caracterizac~ao dos cristais de KTP empregados. Descrevemos a seguir a montagem da cavidade, com os criterios para selec~ao dos espelhos. 4.3 Espelhos da Cavidade Este e um componente crtico do OPO, sendo alvo de uma selec~ao cuidadosa pensando em qual aplicac~ao sera feita deste. Para selecionar os espelhos da cavidade, devemos levar em considerac~ao os seguintes fatores: Conguraca~o: Como queremos uma cavidade linear estavel, com pequenas perdas por difrac~ao, optamos pelo uso de espelhos esfericos. Por simplicidade, optamos por uma cavidade simetrica, de modo que a cintura do modo de oscilac~ao dentro da cavidade se situe no centro da mesma, onde colocaremos nosso cristal. Intervalo espectral livre: Uma cavidade muito pequena apresenta um grande intervalo espectral livre. Como visto na equac~ao 3.53, no caso de um casamento de fase tipo II sera este intervalo que determina a separac~ao entre os picos de resson^ancia do sinal. Se os picos forem muito separados, eles podem ocorrer fora do pico de resson^ancia do bombeio. Por outro lado, a estabilizac~ao mec^anica da cavidade torna-se mais difcil no caso de uma cavidade longa. Reet^ancia: As perdas da cavidade determinam o limiar de oscilaca~o e a eci^encia de convers~ao. Tais par^ametros s~ao crticos em nossa montagem, pois estamos limitados a 200 mW de pot^encia total de bombeio, sem considerar as perdas da injec~ao. Alem disso, os espelhos podem n~ao ter uma reet^ancia unitaria, como os espelhos de acoplamento, e consequentemente a fase do feixe reetido pode n~ao ser a mesma do feixe incidente. A fase acumulada na reex~ao do espelho tambem e importante e se n~ao for nula, deve ser compensada por um valor n~ao nulo de desacordo de fase k, alterando assim o valor de eff e atraves dele o valor do limiar de oscilac~ao. ~ DE FEIXES GEMEOS ^ CAPITULO 4. GERAC AO NO OPO 74 Qualidade de superfcie: As irregularidades de superfcie levam a um aumento das perdas pela difrac~ao e espalhamento da luz, aumentando a pot^encia de limiar. Limiar de dano dos \coatings". A escolha de uma congurac~ao simetrica, com dois espelhos esfericos, visa otimizar a eci^encia de convers~ao pela reduc~ao das perdas por difrac~ao, no caso de uma cavidade estavel. OPOs operando com cavidades planas apresentam grandes perdas por difrac~ao, n~ao sendo por isso comumente usados no regime contnuo. A otimizac~ao da eci^encia de convers~ao para um feixe gaussiano leva em conta o aumento da intensidade do feixe incidente sobre o cristal. No entanto, se focalizarmos demais o feixe, a difrac~ao deste ira garantir uma grande eci^encia de convers~ao em uma regi~ao pequena de propagac~ao dentro do cristal. A medida que este se difrata, o di^ametro do feixe ira aumentar antes que ele saia do cristal, perdendo deste modo a eci^encia da interac~ao no volume. Para um cristal de comprimento `, o comprimento de Rayleigh otimo para uma convers~ao parametrica (ascendente ou descendente) e dado por [91] ` = 5; 6zR ; (4.21) onde zR e o comprimento de Rayleigh. Para valores menores de zR , teremos uma reduc~ao na eci^encia devido a difrac~ao do feixe a medida que este se aproxima das faces do cristal. Para valores maiores, a difrac~ao n~ao sera importante, mas a intensidade n~ao estara maximizada, reduzindo o ganho na passagem ao longo do cristal. Por este motivo, iremos trabalhar com um feixe de comprimento de Rayleigh da ordem do comprimento do cristal. Na seleca~o da estrutura da cavidade, outro ponto a discutir e a estrutura dos espelhos. Se estes forem depositados diretamente sobre um cristal com extremidades polidas de forma a apresentarem superfcies c^oncavas, teremos uma cavidade monoltica. Extremamente robusta quanto a vibraco~es mec^anicas, ela e pouco versatil quanto a sua operaca~o, impedindo a correc~ao de erros de alinhamento ou a mudanca dos par^ametros da cavidade. Alem disso, a necessidade de produzir superfcies de alta qualidade nas faces do cristal eleva o custo da montagem. Cavidades plano-c^oncavas s~ao frequentemente empregadas em congurac~oes semimonolticas, onde se deposita em uma face do cristal um espelho plano, sendo a cavidade completada por um espelho externo. Esta congurac~ao tem a vantagem de minimizar os elementos oticos envolvidos, sendo melhor que a cavidade externa em termos de estabilidade. Mecanicamente, e menos estavel que a monoltica, ganhando no entanto em versatilidade. Por n~ao haver necessidade de alterar os cristais comercialmente disponveis, os quais s~ao normalmente vendidos com faces planas e paralelas, este tipo de congurac~ao e muito usado. No entanto, para uma congurac~ao semimonoltica, o cristal deve ser encomendado com um \coating" altamente reetor em uma das faces. Para uma cavidade externa, formada por dois espelhos e um cristal, podemos empregar um produto disponvel no fabricante, o que acaba reduzindo o custo do processo. Consequentemente, uma cavidade formada por dois espelhos esfericos e a indicada. O comprimento de Rayleigh nesta congurac~ao sera determinado pela dist^ancia efetiva entre os 75 4.3. ESPELHOS DA CAVIDADE espelhos na propagac~ao de um feixe gaussiano (Lcav ) e pelo raio de curvatura. Considerando uma congurac~ao simetrica temos [51, 92] (2R Lcav ) Lcav : (4.22) 4 Variando a dist^ancia media entre os espelhos, ajustamos o valor de zR para nossa cavidade. O limite mnimo sera dado para uma conguraca~o conc^entrica (2R = Lcav ), quando o comprimento de Rayleigh tende a zero. Como discutimos antes (sec~ao 3.2.3), a nesse da cavidade ira determinar um comprimento limite, abaixo do qual a separaca~o dos modos longitudinais de oscilac~ao diculta a operac~ao do OPO. Se a nesse do bombeio for muito grande, o pico da resson^ancia deste modo sera muito estreito. Em uma condica~o crtica, ele sera t~ao estreito que ocorrera dentro de um intervalo dos valores possveis de oscilac~ao, dado pela equac~ao 3.53. Ou seja, alem de manter o sistema ressonante, teremos que varrer o valor de Æn, seja atraves da temperatura, seja pela inclinaca~o do cristal, para garantir a condic~ao de oscilac~ao. Como a largura L0 do pico de bombeio sera da ordem de 0 T0 =, onde T0 e o acoplamento do espelho de entrada, devemos satisfazer a condic~ao L0 > L para que ao menos um pico do OPO caia na resson^ancia do bombeio. Ou seja, a dist^ancia L e limitada por 2Æn L>` n : (4.23) T0 Trabalhando com valores tpicos Æn 0; 08, n 1; 8, ` = 10 mm, temos que L > 13 mm para T0 = 0; 2. Para escolhermos o raio de curvatura dos espelhos, devemos lembrar que sera util podermos variar o comprimento da cavidade, alterando assim o comprimento de Rayleigh em uma ampla faixa de valores. Como vemos na refer^encia [51], o feixe gaussiano propagando-se por uma dist^ancia ` dentro de um meio de ndice de refrac~ao n sofre a mesma difrac~ao que teria no caso de uma propagac~ao no vacuo por uma dist^ancia `=n. Por isso, o comprimento geometrico efetivo da cavidade para o modo gaussiano ressonante sera 1 1 : (4.24) Lcav = L + ` n Para uma cavidade confocal (Lcav = R), teremos ent~ao um raio de curvatura R > 9 mm como um valor conveniente para operac~ao. Note que a escolha da geometria dos espelhos, ainda que importante, e seguida muito mais pelo bom senso que por uma regra bem denida. Ja para os coecientes de reex~ao dos\coatings" a serem depositados, a escolha e muito mais crtica. Queremos no caso um baixo limiar de oscilac~ao para o OPO. Da equac~ao 3.37 vemos que o limiar de oscilac~ao varia linearmente com a transmiss~ao no bombeio, e quadraticamente na transmiss~ao no sub-harm^onico (considerando por simplicidade o caso degenerado em frequ^encia). Baseado neste criterio, bastaria selecionar espelhos com baixa transmit^ancia para solucionar o problema, garantindo um baixo limiar. Este e o caso do OPO com limiar inferior a 1 mW descrito no proximo captulo. No entanto, para nossos objetivos, a escolha deve ser mais cuidadosa. zR2 = 76 ~ DE FEIXES GEMEOS ^ CAPITULO 4. GERAC AO NO OPO Primeiro, de pouco adianta ter uma baixa transmit^ancia no bombeio se as perdas da cavidade forem importantes. Reproduzimos aqui de forma explcita a pot^encia do limiar de oscilac~ao para a resson^ancia exata (T + A0 )2 h! Plim = 0 (T + A)2 0 2 ; (4.25) T0 64jj onde o valor de e dado pela equaca~o 3.27. As transmit^ancias no bombeio e no sub-harm^onico s~ao T0 = 20 e T = 2 , e as perdas diversas na cavidade s~ao dadas por A0 = 20 para o bombeio e A = para o sub-harm^onico. Minimizando a pot^encia de limiar em func~ao de T0 , vemos que o limiar otimo ocorre para T0 = A0 . No entanto, como vimos anteriormente, isto leva a um forte estreitamento na largura do pico de resson^ancia do bombeio, n~ao sendo muito recomendado para OPO com acordo de fase tipo II, no qual a posica~o de resson^ancia dos modos sinal adjacentes em frequ^encia pode estar espacada. Alem disso se estivermos procurando uma alta eci^encia de convers~ao, precisamos de 0 = T0 =(T0 + A0 ) ! 1. O limiar mnimo implica em um valor de 0 = 1=2, limitando ja de sada a eci^encia do OPO. Por outro lado, o limiar cai linearmente com a transmit^ancia do sub-harm^onico T . A princpio, com espelhos altamente reetores podemos chegar ao limite determinado pelas perdas espurias intracavidade, que no nosso caso s~ao baixas. Somando a absorc~ao e as perdas por reex~ao nas superfcies do cristal em uma volta completa na cavidade (portanto com duas passagens pelo meio) temos um total estimado de 0,5% de perdas em 1064 nm (contra cerca de 8% medido para 532 nm). O fator limitante e a eci^encia. Para uma alta eci^encia queremos ! 1. E como vimos, a compress~ao na correlaca~o de intensidades e limitada ao valor de . Claramente, se baaixarmos demais o limiar, destruiremos a compress~ao procurada. Para avaliar o valor da pot^encia de limiar, consideramos o valor de jj2 obtido a partir do limiar de oscilac~ao em experi^encias semelhantes na literatura [93, 94, 95], levando a uma ordem de grandeza de jj2 =(h!0 ) 10 7 mW 1 . De posse destas informaco~es solicitamos a confecc~ao dos espelhos da cavidade junto a Ocina de Otica de S~ao Carlos. As especicac~oes escolhidas eram de uma transmit^ancia de 4 % para 1064 nm e 15 % em 532 nm. Com isso, o limiar esperado e de cerca de 40 mW, contra uma pot^encia de bombeio de 200 mW. Quanto aos substratos nos quais os espelhos foram realizados, foram solicitados quatro plano-c^oncavos, em vidro BK7. Dada a disponibilidade das matrizes existentes na Ocina de Otica de S~ao Carlos (USP), optamos por substratos com raio de curvatura de 13 mm, permitindo assim a construc~ao de uma cavidade pequena, porem dentro dos limites praticos para sua manipulac~ao. A disponibilidade da qualidade de superfcie (=10) atende as especicac~oes equivalentes de outros fabricantes no exterior. 4.3.1 Teste dos espelhos Alem dos espelhos adquiridos junto a Ocina de Optica de S~ao Carlos, dispomos ainda de um conjunto de espelhos confeccionados no Laboratorio de Filmes Finos da Divis~ao de Mate riais Eletro-Opticos do IPEN (MEO), depositados sobre um substrato comercial de lente da Newport,Inc. 4.3. ESPELHOS DA CAVIDADE 77 Dispunhamos ent~ao de uma serie de espelhos de entrada e sada para nosso OPO, cujas especicac~oes dos fabricantes s~ao mostradas na tabela 4.6. Tabela 4.6: Especicaco~es dos fabricantes para os espelhos de cavidade. Substrato Tratamento aplicado e transmit^ancia obtida Origem R(mm) Superfcie ;(mm) Face Plana Face C^oncava 1064 nm 532 nm 1064 nm 532 nm SC 13 =10 13 AR NT 3,2 % 0,2 % NT NT SC 13 =10 13 95,9% 95,8% 0,2 % 7,8 % IPEN 12,92 =4 12,7 AR AR 0,35 % 20 % IPEN 12,92 =4 12,7 AR AR (8; 5 1; 0) % 0,55 % IPEN 25,84 =4 12,7 AR AR 0,35 % 20 % IPEN 25,84 =4 12,7 AR AR (8; 5 1; 0) % 0,55 % NT: N~ao tratado. Transmit^ancia calculada para reex~ao de Fresnel no vidro BK7. AR: Tratamento antireetor para o comprimento de onda. SC: Substrato e deposica~o na Ocina de Otica de S~ao Carlos. IPEN: Substrato Newport, deposic~ao no Laboratorio de Filmes/MEO/IPEN. Os espelhos produzidos no IPEN atingiram as especicac~oes solicitadas de transmit^ancia (10% @ 1064 nm, 20% @ 532 nm). No entanto, os valores inicialmente calculados de limiar foram superestimados, e estes espelhos n~ao foram usados com sucesso dada a limitac~ao de pot^encia de bombeio. Ao nal, empregamos os espelhos fabricados em S~ao Carlos, solicitados posteriormente com valores menores de transmit^ancia, reduzindo o limiar e aproveitando da disponibilidade de substratos de qualidade de superfcie superior aos substratos adquiridos junto a Newport. Os espelhos de sada s~ao aqueles com maior transmit^ancia em 1064 nm, enquanto que os espelhos de entrada s~ao os de maior transmit^ancia em 532 nm. Testamos a transmit^ancia destes espelhos empregando um feixe de 532 nm, focalizado por uma lente de forma a gerar um feixe gaussiano de zR = 2 mm. Observamos ainda se a transmit^ancia variava conforme o espelho estivesse no foco ou fora do foco do feixe. O objetivo e evidenciar o efeito do espalhamento por irregularidades na superfcie sobre a transmit^ancia e reect^ancia do espelho produzido. Os resultados s~ao mostrados na tabela 4.7 para os substratos de =4. Nota-se que ha uma grande variac~ao da transmit^ancia do espelho de entrada para diferentes tamanhos do feixe incidente sobre ele, o que pode ser uma evid^encia das irregularidades na superfcie do substrato. Para os espelhos de sada, a transmit^ancia era muito pequena, n~ao possibilitando a medida da pot^encia atraves do detetor termico disponvel no momento. Tabela 4.7: Espelhos =4: Medida direta da transmit^ancia (532 nm). No foco Fora do foco Espelho de entrada (5,2 0,6) % (13,2 0,5) % 78 ~ DE FEIXES GEMEOS ^ CAPITULO 4. GERAC AO NO OPO Repetimos a medida atraves das perdas em uma cavidade proximo da concentricidade. No caso, o feixe injetado apresentava um casamento de modo melhor que 95 %. A medida da nesse, feita pela varredura do comprimento da cavidade por um PZT acoplado a um dos espelhos, foi de (45 5), correspondendo a perdas na cavidade de (14 2)%. Para os espelhos de =10, obtivemos um melhor resultado em situac~ao semelhante, como vemos na tabela 4.8. A variaca~o na medida da transmit^ancia n~ao foi t~ao signicativa, ainda que presente. Tabela 4.8: Espelhos =10: Medida direta da transmit^ancia (532 nm). No foco Fora do foco Espelho de entrada 14 % 17 % N~ao dispondo de um laser Nd:YAG estavel para gerar o feixe de 1064 nm, zemos uma medida de transmit^ancia no IPEN, obtendo (6 1) % para o espelho de sada e (0,27 0,07) % para o espelho de entrada, o que concorda qualitativamente com as especicac~oes do fabricante. As curvas detalhadas para cada espelho s~ao mostradas no ap^endice da tese. 4.4 Acordo de modo Apos denirmos os espelhos e os cristais a serem empregados no OPO, passamos a montagem da cavidade. Planejamos uma cavidade proxima da confocalidade, de modo a facilitar o alinhamento. Como vemos na refer^encia [57], a congurac~ao confocal possui a vantagem de simplicar o alinhamento da cavidade, pois nesta congurac~ao o centro de curvatura de um espelho se situa sobre a superfcie do outro. Como consequ^encia, o alinhamento passa a ser uma quest~ao de colocar os centros de curvaturas sobre o feixe incidente, eliminando os modos mpares da cavidade. Descrevemos a seguir a otica necessaria para se fazer o acordo de modo da cavidade atraves de uma serie de lentes convergentes. O laser de bombeio, um Lightwave 142-532-200, apresenta em sua sada um feixe de 532 nm, com uma cintura de feixe de 0,28 mm. Para maximizar o acoplamento do feixe de bombeio ao modo principal de uma cavidade formada por dois espelhos esfericos, e necessario adequar o tamanho e a posic~ao do feixe incidente. Para os espelhos de raio de curvatura R = 13 mm teremos um comprimento de Rayleigh intracavidade de zR = R=2, correspondendo a uma cintura de feixe w0 = 36 m. Para transformar o feixe de sada do laser, de cintura muito superior ao modo da cavidade, necessitamos expandir o feixe com uma primeira lente, e com uma segunda obter o feixe nas caractersticas desejadas (gura 4.10). O uso de uma unica lente iria formar a cintura do feixe muito proximo a ela, impedindo a colocac~ao da cintura do feixe no interior da cavidade. Pelo uso de um par de lentes, podemos controlar a posic~ao da cintura do feixe atraves do deslocamento longitudinal da segunda lente, com pouca variac~ao do seu comprimento de Rayleigh. Considerando que o espelho de entrada da cavidade se comporta como uma lente divergente de dist^ancia focal f 3 = 25mm, conseguimos realizar o acordo de modo com um par de lentes de dist^ancia focal f1 = 100mm e f2 = 125mm. A dist^ancia entre as duas lentes do telescopio 79 4.4. ACORDO DE MODO f1 f2 f3 Laser d1 d2 d3 Figura 4.10: Congurac~ao empregada para casamento de modo. formado e de 480 mm, e o espelho da cavidade, situado a 130 mm da segunda lente, termina por formar a cintura do feixe a 8 mm da superfcie do espelho, condizente com o acordo de modo esperado para a cavidade quase-confocal. Ate o momento, vimos as condic~oes do projeto do OPO a ser empregado na geraca~o de feixes g^emeos. Descrevemos os procedimentos de teste do cristal e dos espelhos de cavidade, bem como do sistema de lentes para produzir o acordo do modo do laser com o modo da cavidade. Iremos agora mostrar o procedimento de teste do OPO, descrevendo as medidas de rudo de correlac~ao dos feixes de sada. Para isso, comecaremos pela medida do rudo vindo do feixe de bombeio. Este rudo e extremamente importante, pois ele pode reduzir a nossa sensibilidade na medida dos efeitos qu^anticos devido a limitac~oes na precis~ao de nossa eletr^onica, alem de problemas que poderiam advir de eventuais desbalanceamentos entre os feixes sinal e complementar. Como veremos aqui, este desbalanceamento e muito pequeno no caso atual, porem isto n~ao e regra geral, podendo atingir valores t~ao grandes como 10% de desequilbrio entre as intensidades dos feixes, como veremos em outras montagens. Uma vez medido o excesso de rudo do laser de bombeio, vamos estudar duas cavidades diferentes. Na primeira, mostraremos uma montagem estavel, com baixo limiar, a qual apresenta apenas correlaco~es classicas devido a sua baixa eci^encia na convers~ao do bombeio. Uma segunda cavidade, de limiar mais alto, apresenta uma eci^encia sucientemente alta para obtermos correlaco~es qu^anticas. No entanto, o limiar mais alto, aliado a efeitos termicos importantes, impede a estabilizaca~o do sistema. Neste caso, desenvolvemos uma aquisic~ao simult^anea, 80 ~ DE FEIXES GEMEOS ^ CAPITULO 4. GERAC AO NO OPO que e empregada para normalizar as utuac~oes de rudo e demonstrar de forma inequvoca a correlac~ao qu^antica entre os feixes sinal e complementar. 4.5 Ru do do feixe de bombeio A analise do rudo apresentada na sec~ao 3.3 considerava que o feixe de bombeio estava num estado coerente, ou seja, que pode ser descrito por um campo classico com utuac~oes semelhantes as utuaco~es do vacuo a ele adicionadas. Este estado de mnima incerteza do campo n~ao e necessariamente uma condic~ao normal no laboratorio. Devido a diversos processos de decoer^encia, como a emiss~ao espont^anea, alem de aspectos tecnicos da montagem, um laser pode apresentar um largo espectro de rudo. De forma imediata, podemos observar que as utuaco~es de intensidade do laser s~ao superiores ao nvel de \shot noise", o rudo branco produzido pela detec~ao do estado coerente foton a foton. Este excesso de rudo, classico em sua origem, pode ser ltrado por cavidades de alta nesse, como sera feito na proxima seca~o. No caso presente, vale saber se ele sera um empecilho a realizac~ao da medida. Em princpio, este excesso de rudo pode ser transferido aos feixes g^emeos, aumentando o rudo em ambos de forma igual. Por isso, ele pode ser eliminado na subtrac~ao das fotocorrentes. Note, porem que a subtraca~o n~ao e perfeita. Desbalanceamentos nas amplitudes podem ser provocados tanto na parte da otica quanto na parte eletr^onica. O desbalanceamento otico pode ter origem na propria cavidade, devido ao fato de termos diferentes comprimentos de onda para sinal e complementar, o que leva a perdas diferenciadas nos espelhos de cavidade. Ou ainda, podemos ter o efeito da birrefring^encia sobre a absorca~o do cristal, que pode vir a ser importante em certos casos. No processo de detec~ao, pode ocorrer um desequilbrio por diferentes eci^encias qu^anticas para os dois detetores. Quanto a parte eletr^onica, a subtrac~ao deve ser capaz de fazer a diferenca entre dois sinais iguais, apresentando na sada um valor nulo. No entanto, dois canais n~ao s~ao perfeitamente id^enticos devido as toler^ancias dos componentes, o que leva a pequenos desbalanceamentos. A qualidade do sistema de subtrac~ao e dada pela sua rejeic~ao de modo comum, dado pela pot^encia de sada quando dois sinais id^enticos s~ao injetados, normalizada pelo valor obtido quando apenas um sinal e injetado. O circuito empregado pode apresentar uma rejeica~o de modo comum tpica de 20 dB, podendo mesmo chegar a 30 dB com um cuidadoso ajuste. Porem devemos ter em mente que um equilbrio perfeito n~ao pode ser atingido. O excesso de rudo do feixe de bombeio nos da uma ideia da qualidade necessaria no equilbrio de nosso sistema para observar as correlac~oes qu^anticas. Para realizar esta medida, o feixe do laser de bombeio e separado em duas partes iguais, de modo semelhante a detec~ao balanceada usada para medir a absorc~ao do cristal. Vemos na gura 4.11 a congurac~ao empregada. O laser de bombeio e atenuado para uma pot^encia de 5,0 mW, sendo injetado no sistema de medida. A l^amina de meia onda W e o cubo polarizador PBS s~ao usados para dividir o feixe em duas partes de intensidades iguais. O equilbrio entre as intensidades medidas pelos dois detetores e vericada atraves de um osciloscopio digital (n~ao mostrado). A lente L focaliza o feixe sobre os dois detetores FND100 da EG&G. A sada de alta frequ^encia dos detetores passa por um sistema de soma e subtrac~ao ativo. A rejeic~ao em modo comum da eletr^onica e melhor que 30 dB na faixa entre 2 e 40 MHz. Sua 4.5. RUIDO DO FEIXE DE BOMBEIO 81 PBS W L D1 D2 +/Analisador de Espectro Figura 4.11: Sistema de medida do excesso de rudo na intensidade do feixe de bombeio. sada e medida em um Analisador de Espectro (HP8560E), o qual mostra a pot^encia do rudo para cada frequ^encia de analise. Como vemos na refer^encia [41], em uma montagem como a apresentada fazemos a homodinagem do feixe incidente com o vacuo. Fazendo a soma das utuac~oes da fotocorrente, recuperamos o nvel total de rudo de intensidade do feixe incidente. E como se colocassemos toda a pot^encia incidente em um unico detetor, recuperando assim toda a luz incidente. Na posic~ao de subtraca~o, eliminamos as utac~oes de intensidade comuns a ambos os feixes de sada do divisor de feixe. O rudo restante vem da natureza estocastica da luz, da propria utuac~ao vinda da distribuic~ao de probabilidade do foton incidente sair por uma das duas portas do divisor de feixe. Ou ainda, e como se observassemos as utuac~oes do vacuo incidentes pela porta livre deslocadas ao valor medio do campo incidente. Vemos ent~ao o espectro de rudo para a faixa entre 0 e 20 MHz na gura 4.12, medido para uma pot^encia total incidente de 5,0 mW. Vemos neste caso que as utuac~oes de intensidade s~ao muito importantes, com um acentuado pico de rudo em 2 MHz. Este pico e t~ao intenso que aparece mesmo na subtrac~ao das fotocorrentes, superando o balanceamento da detec~ao (rejeica~o de modo comum) descaracterizando a medida como um valor de refer^encia para o \shot noise" nesta frequ^encia. Fora desta regi~ao, ha um excesso de pelo menos 10 dB em uma ampla faixa do espectro. So podemos considerar o laser \shot noise" em uma frequ^encia de analise acima de 45 MHz, como vemos na gura 4.13. Vemos como este tipo de situac~ao interfere na medida da compress~ao de um unico feixe ao estudarmos o rudo do bombeio reetido pela cavidade do OPO. Se estivessemos trabalhando em uma caracterizaca~o do rudo de um unico feixe, deveramos fazer as medidas nesta faixa de frequ^encia, onde enfrenta-se o problema causado pela resposta da eletr^onica de detec~ao n~ao ser mais t~ao eciente, alem do aumento relativo do ~ DE FEIXES GEMEOS ^ CAPITULO 4. GERAC AO NO OPO 82 -2 0 E x c e s s o d e R u íd o "S h o t N o is e " -2 5 P o tê n c ia (d B m ) -3 0 -3 5 -4 0 -4 5 -5 0 -5 5 -6 0 -6 5 -7 0 -7 5 0 4 8 12 16 20 F re q u ê n c ia (M H z ) Figura 4.12: Excesso de rudo na intensidade do feixe de bombeio para baixas frequ^encias de analise (0 a 20 MHz). -6 8 E x c e s s o d e ru íd o "S h o t N o is e " E le trô n ic o -7 0 P o tê n c ia (d B m ) -7 2 -7 4 -7 6 -7 8 -8 0 -8 2 -8 4 -8 6 20 30 40 50 60 70 F re q u ê n c ia (M H z ) Figura 4.13: Excesso de rudo na intensidade do feixe de bombeio para altas frequ^encias de analise (20 a 70 MHz). O pico em 66 MHz tem origem no rudo ambiente, dentro do laboratorio. 4.6. MONTAGEM DO OPO 83 rudo eletr^onico comparado ao sinal medido. Pode-se ainda usar uma cavidade de ltro para eliminar estas utuac~oes [96], reduzindo-as as utuac~oes do vacuo. No entanto, o excesso de 10 dB na faixa entre 4 e 20 MHz pode ser superado pelo equilbrio do sistema de detec~ao, n~ao impondo problemas a medida de feixes g^emeos no OPO. 4.6 Montagem do OPO Usando a conguraca~o descrita no captulo anterior para o casamento de modo do feixe, passamos a montagem do OPO, como mostrado na gura 4.14. O laser e o Nd:YAG bombeado a diodo Lightwave 142, dobrado, 532 nm, 200 mW CW. Em sua sada temos um controle de pot^encia estabelecido por uma l^amina de meia onda e pelo cubo polarizador da entrada do Iso lador Otico. Este e composto por um rotator de Faraday (FR) e um segundo cubo polarizador na sada. A rejeic~ao do feixe de retorno da cavidade foi maximizada pelo ^angulo entre os dois cubos polarizadores. Para maximizar esta rejeica~o, o feixe injetado na cavidade e reetido pelo espelho de acoplamento. Devido ao acordo de modo, este retorna com o tamanho e forma aproximados do feixe de bombeio injetado na cavidade, conforme vericamos com o uso de ris colocadas ao longo do caminho. Empregando uma baixa pot^encia incidente sobre a montagem (controlada por W1), usamos uma lamnula na, colocada entre o isolador e o laser, reetindo o feixe de retorno transmitido atraves do isolador otico no sentido inverso. Giramos ent~ao cuidadosamente o cubo de sada para suprimir este feixe. Este metodo mostrou-se mais eciente do que o ajuste pela colocac~ao do isolador no sentido inverso na sada do laser, quando a rejeic~ao obtida n~ao era t~ao boa. Uma possvel raz~ao seria a forma do feixe, e sua diverg^encia dentro do isolador otico. O fato e que com o ajuste pela rejeic~ao do isolador invertido, o laser se mostrou instavel quando ocorriam interrupc~oes no feixe incidente sobre a cavidade. Ao bloquearmos o bombeio por um absorvedor inserido entre o isolador e o espelho de entrada, o laser desligava e tomava um longo tempo ate se estabilizar novamente. Tal fato ocorria justamente devido a um retorno residual de luz sobre o laser, o qual ao ser variado desestabiliza seu sistema interno de controle, desligando-o. Tal problema deixou de ocorrer ao fazer o ajuste descrito no paragrafo anterior. A segunda l^amina de meia onda (W2) ajusta a polarizac~ao de entrada do feixe de bombeio, horizontal, para a polarizaca~o extraordinaria do cristal. As lentes L1 e L2 formam o telescopio anteriormente descrito para realizac~ao do casamento de modo do laser de bombeio com a cavidade. Os espelhos M1 e M2 t^em a func~ao de permitir o facil alinhamento do laser sobre os espelhos da cavidade. E importante que o feixe atravesse o centro dos elementos oticos, que devem estar devidamente alinhados. No caso das lentes, tal procedimento reduz efeitos de aberrac~ao e consequente distorc~ao da forma do feixe. Para os espelhos da cavidade, a incid^encia fora do centro ira provocar a variaca~o na transmit^ancia efetiva dos lmes depositados, uma vez que estes foram projetados para uma incid^encia perpendicular. Por outro lado, a distorc~ao na forma do feixe ao atravessar o substrato plano c^oncavo fora do centro e notavel, e reduz o acoplamento ao modo da cavidade. As lentes t^em tratamento antireetor, assegurando uma transmiss~ao de 99 %. Os espelhos ~ DE FEIXES GEMEOS ^ CAPITULO 4. GERAC AO NO OPO 84 M1 LASER FR W1 W2 W3 VIS DM L1 O PO PBS1 M2 L2 PBS2 IR IR SA + /- Figura 4.14: Montagem completa do OPO. dieletricos de banda larga possuem reect^ancia R > 99% em ambas polarizac~oes de incid^encia. As perdas totais entre a sada do laser e a entrada da lente L2 totalizam 15 %. As lentes s~ao montadas em transladadores xy, permitindo centra-las com precis~ao. A lente L2 possui ainda um transladador z, usado para colocar o feixe no centro da cavidade e otimizar o casamento de modo. A cavidade e formada pelos espelhos adquiridos montados atraves de suportes de PVC a um par de \gimbals" com parafusos micrometricos. O espelho de sada e acoplado a um PZT (P-306.00, Physik Instrumente), de centro vazado, o qual opera com uma tens~ao maxima de 1000 V e um deslocamento de 10 nm/V. Estes \gimbals" est~ao presos a transladadores z, que permitem deslocar o espelho ao longo do feixe para otimizar o tamanho da cavidade. O cristal e preso a um \gimbal" simples, montado em uma peca de cobre na qual temos uma resist^encia e um termopar proximo ao cristal. Atraves deles controlamos a temperatura, usando um controlador comercial. Neste caso, temos um controle entre 20 e 200 Æ C, com precis~ao de 0,1 Æ C. O aquecimento do cristal e feito lentamente, variando sua temperatura a uma taxa menor que 1Æ C/min, de modo a evitar danos ao cristal por variaco~es muito rapidas de temperatura. O conjunto esta montado em um transladador xyz para posicionar o cristal na cavidade, ou retira-lo para alinhamento previo da otica. Normalmente alinhamos a cavidade sem o cristal, e otimizamos a nesse e o casamento de modo da cavidade, eliminando totalmente os modos transversos mpares, restando apenas alguns modos de simetria circular. Em seguida inserimos o cristal, o qual e alinhado de forma a recuperar a qualidade da cavidade pela inclinac~ao dos 4.7. PRIMEIRA MONTAGEM 85 seus eixos. Nesta condica~o, temos uma incid^encia perpendicular do bombeio sobre o cristal. Isto indica ainda o paralelismo das faces do cristal, uma vez que sua introduca~o n~ao leva ao desvio do feixe, se corretamente alinhado. A mudanca do comprimento efetivo da cavidade leva no nal a uma eliminaca~o dos modos transversos restantes, ocorrendo um casamento de modo otimo entre o bombeio e a cavidade. A polarizac~ao da sada do OPO e controlada atraves de uma l^amina de meia onda para 1064 nm (W3), na qual temos uma perda de 1% por reex~oes. A separaca~o entre as polarizac~oes horizontal e vertical e feita atraves de dois cubos polarizadores (modelo 10BC16PC.9 da Newport). Cada cubo apresenta uma relac~ao de extinca~o na polarizaca~o transmitida de 1:1000. A transmiss~ao da polarizac~ao horizontal e de 95 %, com perda de 0,25 % por face do cubo (reex~ao). O feixe reetido e verticalmente polarizado, com uma reex~ao de 99,8%. No entanto, como a reex~ao possui ainda um resduo de feixe horizontal (algo em torno de 5 %) empregamos um segundo cubo a 90 Æ para eliminar toda a contribuic~ao de polarizac~ao horizontal. As lentes dos detetores de infravermelho possuem tratamento antireetor (\coating" AR) reduzindo portanto para 1 % suas perdas em 1064 nm. Sendo o cubo polarizador PBS1 otimizado para 1064 nm, ele n~ao reete uma quantidade apreciavel de luz verde para o detetor, sendo ela transmitida em sua quase totalidade. O espelho dicroico apresenta uma alta reex~ao para 1064 nm (> 99; 5%) e uma transmiss~ao de 80 % para 532 nm. Os feixes residuais de luz verde incidentes sobre os detetores de IR (Epitaxx ETX300T) facilitam o seu posicionamento, feito atraves de transladadores xy. Eles n~ao afetam signicativamente a fotocorrente medida pelo detetor pois sua eci^encia e muito baixa em 532 nm e a contribuica~o deste comprimento de onda a fotocorrente e desprezavel. O feixe verde transmitido pelo espelho dicroico incide sobre o detetor para o visvel (Thorlabs PDA 55), o qual mede um amostra da pot^encia de 532 nm intracavidade, transmitida pelo espelho de sada. Este feixe apresenta uma pot^encia muito baixa, sendo no entanto extremamente util aos procedimentos de alinhamento e teste da cavidade. Descrita a montagem, vamos vericar as duas congurac~oes estudadas. Na primeira, buscamos fazer um OPO de baixo limiar, o qual pode ser estabilizado para uma operaca~o contnua. Como demonstramos, nesta situac~ao a baixa eci^encia na sada impedia a observac~ao de correlac~oes qu^anticas entre os feixes sinal e complementar. Na segunda montagem, a otimizac~ao da eci^encia levou a um aumento do limiar de oscilaca~o. Este aumento do limiar impediu a estabilizac~ao da cavidade para realizar a medida de feixes g^emeos de modo contnuo. Desenvolvemos, no entanto, uma tecnica que permite que durante os curtos intervalos de operaca~o do OPO fosse feito um registro simult^aneo da fotocorrente e suas utuac~oes, permitindo a normalizac~ao do rudo instantaneamente pela intensidade, recuperando a informac~ao do \shot noise" e observando a compress~ao. 4.7 Primeira Montagem Usando dois espelhos de alta reex~ao para 1064 nm, confeccionados pela Ocina de Optica de S~ao Carlos, realizamos a primeira montagem do OPO. Realizamos um cuidadoso alinhamento da cavidade, mantendo o cristal a uma temperatura controlada de 30Æ C. O melhor valor obtido para ~ DE FEIXES GEMEOS ^ CAPITULO 4. GERAC AO NO OPO 86 o limiar foi de 4 mW. Com um alinhamento extremamente cuidadoso dos espelhos obtivemos uma nesse no bombeio F = (15,2 0,3) sendo que qualquer desalinhamento posterior da cavidade aumentava este limiar, mantendo-o no entanto em valores razoaveis para operac~ao (entre 10 e 20 mW). Uma vez obtida a oscilac~ao, os picos de resson^ancia do verde apresentavam os sinais de deplec~ao, como vemos na gura 4.15. Temos neste caso a varredura do comprimento da cavidade atraves da aplicaca~o de uma rampa de tens~ao no PZT. Podemos maximizar o sinal medido nos detetores de infravermelho D1 e D2, inicialmente posicionados pelo resduo de luz verde transmitido pela cavidade. Ao passar por uma resson^ancia do bombeio, notamos que a partir de um certo valor de pot^encia, ocorre a deplec~ao na intensidade do sinal de 532 nm dentro da cavidade. Neste ponto, temos a oscilaca~o parametrica, e a pot^encia intracavidade e limitada pelo valor dado na equac~ao 3.33. Aumentando a pot^encia de bombeio, vemos surgir novos picos. Saída (Sinal + Complementar) Bombeio 16 mW 48 mW 80 mW -1,5 -1,0 -0,5 0,0 0,5 Tempo (ms) Figura 4.15: Geraca~o do sinal no OPO para diferentes pot^encias de bombeio. Pot^encia transmitida para bombeio e pot^encia de sada sinal + complementar normalizadas pela pot^encia de entrada. Na gura, as amplitudes s~ao normalizadas pela pot^encia de bombeio. A limitaca~o da pot^encia de bombeio intracavidade na condic~ao de oscilac~ao e visvel pelo aumento da deplec~ao. A intensidade medida no ponto de depleca~o n~ao varia, ainda que aumentemos a pot^encia de bombeio. Pela amplitude dos picos, medimos a pot^encia dos feixes sinal e complementar geradas pela deplec~ao do bombeio. Obtivemos assim a resposta do OPO, como vemos na gura 4.16. Neste caso, mostramos ainda o ajuste da equac~ao 3.43, em excelente acordo com os resultados 87 4.7. PRIMEIRA MONTAGEM 1,4 Potência de Saída (m W ) 1,2 1,0 0,8 0,6 0,4 P th=(34,6 ± 0,6) m W η max= (0,841 ± 0,005)% 0,2 0,0 0 20 40 60 80 100 120 140 160 Potência de bom beio (m W ) Figura 4.16: Pot^encia total de sada em func~ao da pot^encia de bombeio. 0 ,0 1 0 R e n d im e n to (P /P ) o ut in 0 ,0 0 8 0 ,0 0 6 0 ,0 0 4 0 ,0 0 2 0 ,0 0 0 0 20 40 60 80 100 120 140 P o tê n c ia d e b o m b e io (m W ) Figura 4.17: Eci^encia de convers~ao do OPO. 160 ~ DE FEIXES GEMEOS ^ CAPITULO 4. GERAC AO NO OPO 88 experimentais. A eci^encia de convers~ao do OPO pode ser vista na gura 4.17. Como vemos, o limiar de oscilac~ao obtido apos o uso prolongado do cristal, e sua consequente degradac~ao, foi de 30 mW, com uma eci^encia baixa, na ordem de 0,8 %. Levando em considerac~ao as perdas intracavidades medidas pela nesse e a transmit^ancia do espelho de entrada, temos 0 = (43 3)%. Isto nos leva a um fator = (2; 0 0; 2)%. Trata-se de um valor muito baixo para esperarmos algum efeito qu^antico de correlac~ao, como vemos na equac~ao 3.91. Apos a caracterizaca~o do OPO, passamos a estabilizac~ao da cavidade e a medida da correlac~ao de intensidade entre os feixes sinal e complementar. 4.7.1 Estabilizac~ao da cavidade Na estabilizaca~o da cavidade Fabry-Perot na resson^ancia, temos diversas possibilidades. Uma delas e estabiliza-la diretamente no pico de resson^ancia, o que e feito com a ajuda da modulac~ao da frequ^encia do laser ou do comprimento da cavidade por um sinal de frequ^encia f determinada. Esta tecnica e conhecida como Pound-Drever-Hall [97]. C1 R4 R2 R5 R1 +V R3 R6 Ao Amplificador do PZT -V R1=10 KΩ R4=4,7 KΩ R5=1 a 47 KΩ R2=R3=2,2 KΩ R6=10 KΩ C1= 1 a 1000 nF Todos os amplificadores de uso geral (ex. 741 ou OP27) com alimentação simétrica. Figura 4.18: Circuito do amplicador de realimentac~ao. Desse modo, atraves de uma detec~ao sncrona da intensidade transmitida da cavidade com o sinal de refer^encia aplicado, podemos obter a derivada da curva de resson^ancia da cavidade. Essa derivada nos fornece a rampa, com nvel DC em zero, que podemos usar para estabilizar a cavidade atraves de um amplicador que realimenta esta sinal, injetando-o na fonte que controla o PZT. 4.7. PRIMEIRA MONTAGEM 89 Esta montagem, no entanto, apresentou algumas desvantagens. Este sistema e bem estavel para manter o sinal na resson^ancia, sendo usado para manter a cavidade ressonante para os feixes sinal e complementar. Porem, se ha uma variac~ao no limiar de oscilac~ao, a intensidade do feixe ira variar. Como no caso da medida de feixes g^emeos n~ao ha necessidade de manter a condic~ao de resson^ancia para observar as correlaco~es, e mais confortavel realizar a estabilizac~ao na lateral do pico do que na sua resson^ancia. Com isso, ganha-se em estabilidade de intensidade. Nesta situaca~o, emprega-se a rampa lateral do pico de resson^ancia para realizar a estabilizac~ao. E o proprio sinal do detetor que, subtrado de uma tens~ao de refer^encia, sera realimentado no controlador do PZT, conforme o esquema apresentado na gura 4.18, onde um ltro passa-baixa limita o ganho a partir de uma frequ^encia de corte f = 1=(C 1 R5) estabelecida empiricamente na operaca~o do sistema. Com isto, impede-se que o sistema eletr^onico entre em oscilac~ao por realimentac~ao positiva em uma dada faixa de frequ^encias. A sada do circuito e enviada a um amplicador de alta tens~ao, que realiza o controle do PZT. Temos assim a operac~ao estavel durante alguns minutos, saindo o OPO da resson^ancia devido a vibrac~oes mec^anicas ou variaco~es na temperatura do cristal, que deslocam a posic~ao relativa dos picos de resson^ancia do sinal e do bombeio. Com esta estabilizac~ao foi possvel realizar a medida do rudo dos feixes sinal e complementar do OPO, como veremos a seguir. 4.7.2 Medida de correlac~ao de rudo Fazendo uma estabilizac~ao atraves do circuito de realimentac~ao direta obtivemos uma sada estavel por varios minutos. A separac~ao dos feixes sinal e complementar foi feita pela orientac~ao da l^amina de meia onda W3 (gura 4.14). Nesta condic~ao, zemos a vericac~ao da medida de rudo da diferenca de intensidade entre os feixes, comparando-a ao nvel de \shot noise". Este e obtido girando a l^amina de modo que os feixes estivessem misturados em cada braco do sistema de detec~ao. O resultado obtido e mostrado na gura 4.19. Os ajustes do Analisador de Espectro na execuc~ao dessa medida foram: Largura de banda do ltro: (RBW) = 300 kHz; Largura de banda do vdeo: (VBW) = 3 kHz; Tempo de varredura: (TS ) = 50 ms. A pot^encia de sada do OPO era Pout = (0; 75 3)mW . Pela leitura no goni^ometro do suporte da l^amina, temos a separaca~o entre os feixes para um ^angulo de 112,5Æ , e a 67,5Æ temos um giro de 90Æ nas suas polarizac~oes, de modo que os feixes sinal e complementar trocam de detetor. Para um ^angulo de 90Æ , temos a mistura dos feixes, de modo que os detetores recebem cada um deles metade da intensidade do feixe sinal e metade da intensidade do feixe complementar. Observe que estamos 5 dB acima do rudo de fundo eletr^onico, o qual pode ser descontado na medida da compress~ao. Conforme vemos no graco, a correlac~ao de intensidade dos feixes iguala-se ao \shot noise". Como vimos na teoria, isso n~ao e de se estranhar, posto que nosso OPO apresenta uma eci^encia muito baixa. De fato, considerando que o espelho de acoplamento apresenta uma transmit^ancia medida de (19,0 0,5) %, e que temos perdas da ordem de 2,9 % no cristal (medida atraves das nesses da cavidade com e sem o cristal), temos 0 = (0; 43 0; 03)%. Como max = 0 = 0; 84%, temos = (2; 0 0; 2)%. Este baixo valor deve-se as perdas no cristal e a baixa transmit^ancia ~ DE FEIXES GEMEOS ^ CAPITULO 4. GERAC AO NO OPO 90 -7 8 -7 9 R uído (dB m ) -8 0 -8 1 Â ng ulo da lâm ina λ /2 112,5º 90º 67,5º E letrônico -8 2 -8 3 -8 4 -8 5 -8 6 5 6 7 8 9 10 F re q uência (M H z) Figura 4.19: Medida do \shot noise" e da correlac~ao de intensidade. do espelho de sada, alem da difrac~ao do feixe pelas irregularidades de superfcie. Uma vez que a compress~ao maxima da correlac~ao de intensidade sera S = 1 , n~ao esperamos uma compress~ao no rudo abaixo de 98 % do nvel de \shot noise". Isto esta claramente aquem do que a resoluc~ao dos dados obtidos permite observar. E importante lembrar ainda que a compress~ao varia com uma lorentziana, caindo a metade para uma frequ^encia de analise igual a largura de banda da cavidade. No nosso caso, como temos um intervalo espectral livre (FSR) de 7 GHz, a largura de banda para o sub-harm^onico sera de 35 MHz, muito alem das frequ^encias que usamos para analise, de modo que esta n~ao seria uma limitaca~o na medida. Com esta montagem, observamos a medida do \shot noise", e vericamos que, ainda que os feixes sinal e complementar sejam individualmente superpoissonianos, a diferenca de intensidades corresponde ao \shot noise", posto que eles s~ao classicamente correlacionados. Podemos vericar isso pela medida do nvel de rudo no Analisador de Espectro na soma e na subtraca~o das utuaco~es das fotocorrentes. Verica-se ainda se a montagem eletr^onica rejeita com sucesso o excesso de rudo nas intensidades. Caso isso n~ao ocorra, n~ao e possvel observar qualquer compress~ao de rudo. O espectro de rudo na sada do OPO e mostrado na gura 4.20. Observe que o rudo de sada cai ao nvel de \shot noise" apenas para frequ^encias acima de 35 MHz. Isto e esperado devido ao comportamento do laser, o qual apresenta excesso de rudo em ampla faixa do espectro. Este excesso de rudo n~ao deve afetar as medidas de correlac~ao, desde que a rejeica~o em modo comum (CMRR) da instrumentac~ao supere a amplitude deste excesso. Como o valor tpico de CMRR e superior a 20 dB, podemos trabalhar tranquilos para frequ^encias de analise acima de 2,5 MHz, afastando-nos do pico de rudo do bombeio em 2 MHz. 91 4.7. PRIMEIRA MONTAGEM -55 Som a Subtração Eletrônico -60 Ruído (dBm) -65 -70 -75 -80 -85 -90 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Frequência (MHz) -74 Soma Subtração Eletrônico -75 -76 Ruído (dBm) -77 -78 -79 -80 -81 -82 -83 -84 -85 8 12 16 20 24 28 32 36 40 Frequência (MHz) Figura 4.20: Rudo de intensidade dos feixes de sada do OPO (sinal e complementar) em diferentes faixas de frequ^encia. 92 ~ DE FEIXES GEMEOS ^ CAPITULO 4. GERAC AO NO OPO Conclumos ent~ao o procedimento para a montagem do OPO, observando a correlac~ao em intensidade dos feixes sinal e complementar, que apresentam utuac~oes de intensidade classicamente iguais, como os feixes obtidos na divis~ao de um laser em um divisor de feixe balanceado. Os feixes produzidos tem um equilbrio de intensidades melhor que 5%. Desde que o bombeio possa ser mantido acima do limiar, por pelo menos um fator 2, a estabilizac~ao pode ser realizada, mantendo-se a oscilac~ao durante alguns minutos. Isto e tempo suciente para a aquisic~ao dos dados de rudo do OPO. No entanto, observa-se uma degradaca~o do cristal, coerente com o efeito de \gray-tracking" produzido pelo bombeio. Ainda que no presente caso esta degradac~ao n~ao impeca a oscilac~ao, veremos como ela se torna um fator limitante na proxima parte de nosso estudo. 4.8 Segunda Montagem Substituindo o espelho de sada da montagem anterior por um espelho com uma transmiss~ao mais alta para o infravermelho, buscamos uma montagem com uma eci^encia maior de convers~ao, procurando com isso obter a correlac~ao qu^antica nas intensidades dos feixes gerados. Nesta situaca~o, obtivemos um valor otimo para o limiar de 60 mW. Com os par^ametros medidos de nesse da cavidade sem cristal (30,8 0,2) e da nesse com cristal (24,2 0,8), estima-se uma perda de 2,8 % no meio n~ao-linear, coerente com os valores medidos inicialmente para 532 nm. Observando o pico da resson^ancia do bombeio, vemos claramente o carater quadratico da pot^encia de bombeio intracavidade na regi~ao de deplec~ao (gura 4.21), de acordo com a descric~ao da equac~ao 3.33 para a dessintonia dos modos sinal e complementar. Vemos ainda que, devido ao estreitamento do pico de resson^ancia do bombeio, temos apenas um modo ressonante do sinal coincidindo com a resson^ancia do bombeio. Atraves de uma serie de medidas semelhantes obtidas para diferentes pot^encias de entrada, repetimos as medidas de eci^encia e pot^encia de sada realizadas na montagem anterior. O ajuste para a pot^encia de sada em func~ao da pot^encia de entrada e mostrado na gura 4.22. Considerando o valor estimado de 0 = (0; 76 0; 03), obtido a partir da medida da nesse da cavidade, e o valor ajustando de max = 0 = (37; 5 1; 7)%, devemos esperar neste caso um valor maximo de compress~ao S = 1 = (0; 49 0; 03) = 3; 1dB . Esperamos neste caso vericar a correlac~ao qu^antica entre as intensidades de sada para o OPO estabilizado. No entanto, ao mantermos o cristal na resson^ancia durante algum tempo, o aumento da absorca~o desta provocado pelo efeito de \gray tracking" faz subir o limiar ate um valor de 120 mW. Nesta condic~ao, n~ao e possvel estabilizar o OPO, como veremos a seguir. 4.8.1 Degradac~ao do cristal Em nossas medidas foi frequente observar que, uma vez obtido um limiar baixo em uma condica~o din^amica de varredura da cavidade atraves do PZT, este aumentava quando a cavidade era estabilizada, levando ao desaparecimento dos picos de resson^ancia da oscilac~ao do OPO. Foram sugeridas duas possveis causas para tais efeitos. Uma delas seria a degradac~ao do tratamento anti-reexivo depositado na superfcie do cristal, e o outro a propria degradac~ao do material. 93 4.8. SEGUNDA MONTAGEM Sinal + Complementar Bombeio 3,2 2,8 Intensidade (un. arb.) 2,4 2,0 1,6 1,2 0,8 0,4 0,0 -1,0 -0,5 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 Tempo (ms) Figura 4.21: Pico de resson^ancia do bombeio para a segunda montagem, mostrando a oscilac~ao do OPO. Pot^encia de bombeio = 160 mW. Com relaca~o ao \coating", o cristal foi submetido a exame no microscopio otico, n~ao apresentando danos conclusivos, que pudessem ser claramente atribudos ao feixe. Solicitamos a substituic~ao do cristal ao fabricante, que por usa vez nos remeteu uma nova peca com caractersticas oticas semelhantes. Nas condic~oes de operac~ao, temos uma intensidade maxima intracavidade de 150 kW/cm2 tanto no bombeio quanto no feixe gerado. Esta n~ao seria suciente para provocar dano ao \coating" segundo as informaco~es do fabricante. Em novos testes, somos levados a crer que o problema ocorre no corpo do cristal, pela formac~ao de defeitos conhecidos como "gray tracking". Uma das origens deste defeito esta na formac~ao de centros de cor por ons de Ti+3, gerados pelo feixe de 532 nm. Sua ocorr^encia e amplamente relatada no regime pulsado [84, 88, 89], e mais recentemente, em regime contnuo [90]. Este tipo de defeito altera as propriedades oticas do cristal na regi~ao visvel levando ao aumento de sua absorc~ao. No entanto, parece afetar muito pouco a absorc~ao no infravermelho. Outra caracterstica e a sua depend^encia com a temperatura. Em certos casos [84], uma vez que o defeito e formado, ele pode ser eliminado atraves do aquecimento do cristal por um perodo longo de tempo. O aquecimento parece tambem prevenir o surgimento dos defeitos, inibindo assim o aumento da absorca~o. Sua formac~ao dependera da pureza do cristal, sendo que cristais de baixa qualidade podem comecar a apresentar este defeito em 26 kW/cm2 (CW), subindo este limite para 125 kW/cm2 em amostras de melhor qualidade. Uma demonstraca~o da ocorr^encia da degradaca~o no cristal empregado pode ser vista na gura 4.24, onde mostramos o pico de resson^ancia obtido pela aplicaca~o de uma rampa positiva de tens~ao ao PZT acoplado ao espelho, variando o comprimento da cavidade. Na parte superior do graco, temos dois picos de resson^ancia do sinal nos quais ocorre a oscilac~ao, e um terceiro pico vestigial. No graco inferior, o mesmo resultado apos mantermos a cavidade na resson^ancia do bombeio por alguns minutos com uma pot^encia de 150 mW de entrada. Observa-se um ~ DE FEIXES GEMEOS ^ CAPITULO 4. GERAC AO NO OPO 94 P o tê n cia d e S a íd a (m W ) 60 50 40 30 20 P th = (5 9 ,3 ± 2 ,1 ) m W η m ax = (3 7 ,5 ± 1 ,7 ) % 10 0 60 80 100 120 140 160 P o tê n cia d e B o m b e io (m W ) Figura 4.22: Pot^encia de sada em func~ao do bombeio. 0,40 0,35 R endim ento (P /P ) out in 0,30 0,25 0,20 0,15 P th = (59,3 ± 2,1) m W η m ax = (37,5 ± 1,7) % 0,10 0,05 0,00 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140 Potência de bom beio (m W ) Figura 4.23: Eci^encia de convers~ao. 150 160 95 4.8. SEGUNDA MONTAGEM B o m b e io 6 S in a l + id le r In te n s id a d e (u . a .) 4 2 6 0 4 2 0 -3 ,4 -3 ,2 -3 ,0 -2 ,8 -2 ,6 -2 ,4 -2 ,2 -2 ,0 T (m s ) Figura 4.24: Degradac~ao no cristal. Rampa positiva. Bom beio 6 Sinal + idler Intensidade (u. a.) 4 2 6 0 4 2 0 -1,6 -1,4 -1,2 -1,0 T (m s) Figura 4.25: Degradac~ao no cristal. Rampa negativa. ~ DE FEIXES GEMEOS ^ CAPITULO 4. GERAC AO NO OPO 96 alargamento do pico, em consequ^encia do aumento das perdas na cavidade. O aumento da assimetria do pico de resson^ancia indica o aquecimento do cristal pela absorc~ao do feixe de bombeio. O efeito de absorca~o no KTP se manifesta por uma biestabilidade termica importante, que afeta tambem a estabilizac~ao da cavidade [15, 98]. O pico de oscilac~ao do OPO sofre uma importante queda na amplitude devido aos efeitos termicos. Uma raz~ao para isso e a queda na nesse do bombeio, levando a uma reduc~ao na pot^encia intracavidade e a um aumento do limiar de oscilac~ao. O mesmo efeito pode ser visto na rampa negativa de tens~ao aplicada ao PZT (gura 4.25), onde o pico de oscilac~ao simplesmente desaparece apos a degradac~ao do cristal. Tentamos, sem sucesso, estabilizar a cavidade mantendo o cristal aquecido a 150Æ C na esperanca de evitar o aumento da absorc~ao pelo seu aquecimento. N~ao obtivemos sucesso tampouco com o aquecimento prolongado da amostra, que apos ser mantida a uma temperatura de 180Æ C por varias horas n~ao apresentou uma reduca~o da absorca~o, como fora obtido para defeitos produzidos em regime pulsado na ref. [84]. O aumento da absorca~o e imediatamente vericado pela reduca~o da nesse da cavidade, a qual e medida com uma velocidade de varredura maior que a empregada nos gracos para minimizar os erros devido aos efeitos de biestabilidade termica. Esta recupera seu valor original ao deslocarmos o cristal perpendicularmente ao eixo da cavidade sem alterar sua orientac~ao, o que mostra o carater local dos defeitos gerados. 4,5 4,0 Potência (m W ) 3,5 3,0 2,5 2,0 1,5 1,0 0,5 0,0 -20 0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 T em po (m s) Figura 4.26: Degradac~ao do sinal no tempo. As tentativas de estabilizac~ao resultavam em perodos curtos de oscilac~ao. Quando mantnhamos a cavidade ressonante, o sinal se mantinha por algumas dezenas de ms antes que ele desaparecesse, com um aumento do valor de limiar de oscilac~ao devido ao aumento da absorc~ao 4.8. SEGUNDA MONTAGEM 97 no verde (gura 4.26). N~ao era possvel portanto agir como no caso anterior, onde estabilizamos a cavidade e observamos as utuaco~es medindo o espectro de pot^encia do rudo em diferentes orientaco~es da l^amina de meia-onda. Durante o curto perodo de estabilidade podemos fazer no maximo uma varredura do Analisador de Espectro, n~ao sendo possvel relancar a medida sem o deslocamento do cristal para uma nova posica~o. Apesar dos problemas causados, a medida da compress~ao de rudo ainda era possvel. Mesmo n~ao tendo uma sada estavel, podemos medir simultaneamente a fotocorrente do detetor, fazendo uma medida em sincronia da intensidade e da pot^encia do rudo. A normalizac~ao deve recuperar o nvel de \shot noise" ou a compress~ao, como veremos a seguir. 4.8.2 Detec~ao simult^anea Apesar da impossibilidade de fazer uma medida no regime estavel, podemos fazer a aquisic~ao simult^anea do valor medio da fotocorrente e da pot^encia de rudo na sada do subtrator. Normalizando esta ultima pela fotocorrente medida podemos recuperar o nvel de refer^encia (\shot noise") e observar a compress~ao com a correta separac~ao entre sinal e complementar. Para isso, mantivemos o Analisador de Espectro e o Osciloscopio Digital ligados a um sinal de disparo (trigger) externo, gerado a partir do nvel DC da sada dos fotodetetores (gura 4.27). A sada do detetor e discriminada por um comparador (Comp), que ira ao nvel alto quando o nvel de tens~ao ultrapassar um certo valor de refer^encia pre-estabelecido. A sada digital (TTL) e conectada ao trigger do osciloscopio e do Analisador de Espectro, que devem estar congurados para adquirir os pontos no mesmo intervalo de tempo. Vale lembrar que o Analisador adquire 601 pontos, enquanto que o osciloscopio pode ser ajustado para uma serie de 1000 pontos. Devemos ajustar para que cada ponto adquirido corresponda ao mesmo intervalo de tempo, podendo fazer uma correlac~ao instant^anea entre os dois sinais. Com isso pudemos fazer um registro simult^aneo das utuac~oes e da fotocorrente, correlacionando a cada instante de tempo as duas medidas de modo a normaliza-las. As medidas da gura 4.28 foram obtidas com o Analisador de Espectro em modo Zero-span, com F = 10 MHz, RBW = 300 kHz, VBW = 30 kHz e TS = 30 ms. Vale lembrar que a largura do ltro de vdeo e do ltro de resoluca~o do Analisador de Espectro devem ser ajustados de forma a permitir que a medida em cada ponto n~ao guarde a informaca~o do ponto anterior, o que afeta a validade da medida. Por isso, devemos ter VBW > 601/TS . A pot^encia de rudo, alem de cair no tempo, sofre uma grande utuaca~o. Em regime estavel, costuma-se trabalhar com o valor medio deste rudo, medido pelo proprio Analisador atraves do uso de um valor baixo de VBW. No entanto, n~ao podemos fazer aqui mais que uma unica varredura, limitando o valor de VBW pelo tempo de varredura TS . Por isso, devemos tratar a estatstica do rudo normalizado para obter assim o nvel medio e a incerteza do valor medio de rudo. Como vemos na gura 4.29, a distribuic~ao do rudo normalizado n~ao varia de forma visvel ao longo do tempo, dentro da dispers~ao de valores. A dispers~ao, por sua vez, parece aumentar, devido a maior inu^encia do rudo eletr^onico quando o rudo medido cai de intensidade. Sendo sua distribuic~ao aproximadamente gaussiana (gura 4.30), podemos trata-lo como uma distribuica~o normal, e usar o seu valor medio e sua incerteza para nossas medidas. Demonstra-se ent~ao a aplicaca~o da medida simult^anea da pot^encia do rudo e da intensidade ~ DE FEIXES GEMEOS ^ CAPITULO 4. GERAC AO NO OPO 98 D1 HF Analisador de Espectro Trig. +/- D2 HF + Comp. VREF - Osciloscópio Digital Trig. Figura 4.27: Sistema eletr^onico para medida simult^anea do rudo e da intensidade do feixe. Os amplicadores de transimped^ancia s~ao embutidos na caixa do fotodetetor. do feixe, obtendo assim o rudo normalizado. Repetindo a medida ponto a ponto, para diferentes congurac~oes do sistema, e deslocando o cristal cada vez que a degradac~ao impedia a oscilac~ao, pudemos vericar a exist^encia de feixes g^emeos no OPO aqui montado. O valor de compress~ao concorda com os valores previstos a partir da medida da eci^encia do OPO. 4.9 Correla c~ ao qu^ antica de ru do Inicialmente, durante os curtos intervalos de tempo no qual o OPO se mantem estavel, realizamos uma medida do excesso de rudo do OPO. Na gura 4.31 vemos a medida da utuac~ao de intensidade, obtida durante este curto perodo de estabilizaca~o (RBW = 300 kHz, VBW = 3 kHz, TS = 120 ms). Desta medida, observamos que novamente ha um excesso de rudo na intensidade dos feixes de sada, porem como este excesso e menor que 20 dBm acima do nvel de \shot noise" para frequ^encias maiores que 8 MHz, ele pode ser superado pela eletr^onica na medida de correlac~ao. Conando ent~ao na capacidade de nosso sitema de detec~ao em eliminar o excesso de rudo na subtrac~ao dos sinais, repetimos o processo de aquisic~ao simult^anea descrito anteriormente. Fizemos esta medida do rudo para diversos ^angulos da l^amina de meia-onda, desse modo separando ou misturando os feixes sinal e complementar em cada detetor. Com isso, pudemos observar a correlaca~o de intensidade entre os feixes com uma utuaca~o abaixo do nvel de \shot noise". Uma primeira vericac~ao consistiu em buscar a maxima separac~ao entre os feixes sinal e complementar e vericar se a compress~ao do rudo normalizado sofre degradac~ao com a atenuac~ao dos feixes pela inserc~ao de ltros de densidade neutra. Na gura 4.32 vemos que o rudo normalizado aumenta linearmente com a absorc~ao inserida. Sendo N a utuac~ao normaliza- ~ QUANTICA ^ 4.9. CORRELAC AO DE RUIDO 99 20 -68 16 Potência (mW) Ruído (dBm) -72 12 -76 -80 8 -84 4 -88 0 0 5 10 15 20 25 30 Tempo (ms) Figura 4.28: Aquisica~o simult^anea da fotocorrente e das utuaco~es de rudo. Em cinza claro, vemos a pot^encia de rudo eletr^onico (de -85 dBm em media). -72 -74 -76 Ruído (dB) -78 -80 -82 -84 -86 -88 -90 0 5 10 15 20 25 Tempo (ms) Figura 4.29: Rudo normalizado. 30 ~ DE FEIXES GEMEOS ^ CAPITULO 4. GERAC AO NO OPO 100 100 80 60 40 20 0 -90 -85 -80 -75 -70 -65 Ruído (dB) Figura 4.30: Distribuic~ao da pot^encia normalizada de rudo. da, temos que [40] N = 1 + (N0 1)T , onde N0 e a utuac~ao do estado comprimido e T a transmit^ancia do ltro inserido. Pelo ajuste obtido para uma serie de tr^es valores de atenuac~ao conclumos que a compress~ao obtida foi de -1,8 dB nesta congurac~ao, e que a compress~ao do rudo da subtrac~ao das intensidades corresponde a um estado comprimido. Esta medida n~ao corresponde a maxima compress~ao, como pode ser visto na gura 4.33, onde mostramos a compress~ao a diferentes ^angulos da l^amina de meia-onda. A maxima separac~ao dos feixes corresponde a 0, 90 e 180Æ . A medida realizada com o atenuador foi feita para um ^angulo de 100Æ . Vericamos como varia a utuaca~o normalizada a medida que misturamos os feixes sinal e complementar pelo giro da l^amina de meia onda. O resultado, mostrado na gura 4.33, demonstra uma compress~ao maxima de -2,15 dB, obtida na maxima separac~ao entre os feixes. Nota-se ainda a depend^encia senoidal na compress~ao, a medida que os feixes sinal e complementar s~ao sucessivamente misturados ou separados pela l^amina de meia onda. Podemos comparar o valor medido de compress~ao com o valor esperado a partir da medida de . Considerando que ha uma perda de 9,3 % na otica envolvida, e que pelos dados do fabricante o detetor possui uma eci^encia qu^antica de 89,4 %, temos uma eci^encia qu^antica total na detec~ao de 81,1 %. Fazendo esta correca~o, o valor de real do rudo normalizado e N = (0; 52 0; 02) = 2; 8dB . Este valor esta de acordo com o esperado (N = 1 = (0; 49 0; 03) = 3; 1dB ). Vemos portanto que o OPO construdo fornece dois feixes macroscopicos com uma correlac~ao qu^antica em suas intensidades. Ainda que n~ao possa ser feita uma medida em regime contnuo, as correlac~oes em intensidade podem ser medidas no sistema de medida para o regime quasecontnuo desenvolvido [15]. ~ QUANTICA ^ 4.9. CORRELAC AO DE RUIDO 101 -40 Som a Subtração Eletrônico -44 -48 Ruído (dBm ) -52 -56 -60 -64 -68 -72 -76 -80 -84 0 4 8 12 16 20 24 28 32 36 40 Frequência (M Hz) Figura 4.31: Espectro de rudo. Ha ainda a possibilidade de melhorarmos a medida se estabilizarmos o OPO. Por raz~oes de alinhamento, optamos por uma cavidade confocal. Na realidade a eci^encia de convers~ao pode ser ainda melhorada se nos aproximarmos da concentricidade. Se pudermos fazer uma cavidade quase conc^entrica, respeitando a otimizaca~o proposta por Boyd e Kleinman [91] para o comprimento de Rayleigh, poderemos ganhar no limiar de oscilaca~o. O OPO neste caso podera ainda apresentar a degradac~ao, porem pode ser estabilizado desde que o limiar n~ao se aproxime da pot^encia maxima de bombeio disponvel. E ainda curioso notar que, durante a medida do rudo, a degradac~ao do sinal n~ao levou a variac~ao do valor medio do rudo. Esta e uma evid^encia de que o efeito de \gray tracking" aumenta a absorc~ao no verde sem afetar signicativamente a absorca~o no infravermelho. Se o zesse, o aumento da absorca~o se traduziria por uma variac~ao signicativa no valor de , alterando a compress~ao do rudo na correlaca~o de intensidade dos feixes g^emeos. Iremos no proximo captulo tratar da compress~ao de rudo no feixe reetido por uma cavidade. Esta experi^encia foi feita durante a colaboraca~o com o grupo do Laboratoire Kastler Brossel em Paris. ~ DE FEIXES GEMEOS ^ CAPITULO 4. GERAC AO NO OPO 102 1,00 Para rotação de 100 graus: S = 0,666 ± 0,028 Ruído Normalizado 0,95 0,90 0,85 0,80 0,75 0,70 0,65 0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0 Transmitância Figura 4.32: Degradac~ao da compress~ao por ltros de densidade neutra. 1,1 S = 0,609 ± 0,016 Ruído Normalizado 1,0 0,9 0,8 0,7 0,6 0,0 22,5 45,0 67,5 90,0 112,5 135,0 157,5 180,0 Ângulo de Rotação (graus) Figura 4.33: Variac~ao da compress~ao com a mistura dos feixes. Cap tulo 5 Compress~ao de rudo no bombeio do OPO-QPM Vimos ate o momento o processo empregado para a gerac~ao de feixes com correlaco~es qu^anticas de intensidade utilizando o Oscilador Parametrico Otico. Conforme veremos a seguir, esta n~ao e a unica propriedade n~ao classica da luz em sua interaca~o com um OPO. Estudaremos neste captulo as propriedades observadas no caso da reex~ao do feixe de bombeio pela cavidade. Dentro da cavidade, o bombeio e acoplado aos modos sinal e complementar pela n~aolinearidade do cristal, transferindo energia a eles. O inverso tambem pode ocorrer, levando a aniquilac~ao de um foton do sinal e outro do complementar para gerar um foton no bombeio. O processo todo acaba gerando um efeito semelhante a um processo n~ao-linear de terceira ordem, produzido por uma n~ao-linearidade do tipo (3) , conhecida como (3) em cascata (\cascaded (3) ") [99]. Do mesmo modo que uma cavidade com um meio Kerr no seu interior [100], o efeito cascata no OPO pode levar a compress~ao de rudo do feixe de bombeio reetido pela cavidade [65]. Para a realizac~ao desta medida, o feixe reetido pela cavidade n~ao pode ter uma intensidade muito grande, pois neste caso pode haver a saturaca~o dos detetores do sistema de homodinagem (que ocorre em cerca de 10 mW). Para isso, precisamos construir um OPO de baixa pot^encia de limiar. Comecaremos pela descric~ao do meio n~ao-linear empregado neste montagem, um cristal em condic~ao de quase acordo de fase. Trata-se de um cristal com elevado coeciente n~ao-linear, o que leva a uma reduc~ao do limiar de oscilaca~o. Em seguida, retomamos os calculos apresentados na sec~ao 3.3, para obter as equac~oes que descrevem o espectro de utuac~oes do feixe reetido, seguindo o procedimento apresentado em [76]. Para desenvolver um programa que simule a operac~ao da cavidade, vamos retomar tambem as equaco~es da sec~ao 3.2, de modo a reescrev^e-las de uma forma adequada para o calculo numerico da compress~ao e dos modos de sada. Passaremos a descrica~o do OPO de baixo limiar, usando espelhos de alta reex~ao para o sinal e o complementar. Pudemos fazer um OPO cujo limiar de oscilaca~o pode chegar a 300 W, atingindo valores tpicos de 1 mW. Como visto anteriormente, o uso de espelhos de alta reex~ao para o sub-harm^onico leva a uma reduca~o na eci^encia de convers~ao, porem nosso objetivo e 103 104 ~ DE RUIDO NO BOMBEIO DO OPO-QPM CAPITULO 5. COMPRESSAO obter um baixo limiar de oscilaca~o, sendo que as correlac~oes qu^anticas do sinal e complementar ser~ao ignoradas. Ainda que o limiar de oscilac~ao seja baixo, garantindo que a pot^encia reetida pela cavidade seja reduzida, estamos limitados com relac~ao a pot^encia do oscilador local. Se esta for muito maior que a pot^encia do feixe reetido, saturamos o detetor, invalidando a medida. Demonstramos ent~ao que com a devida calibrac~ao do nvel de \shot noise" podemos fazer a medida com um oscilador local de pot^encia menor, proxima a pot^encia do feixe em estudo. Pudemos assim medir a compress~ao do feixe de bombeio reetido pela cavidade. Outra caracterstica interessante esta no fato de produzirmos um feixe intenso, comprimido, na mesma frequ^encia do laser empregado. Geralmente as medidas no OPO empregam um laser de Nd:YAG, que sera dobrado para que seja gerado, no OPO, o estado de compress~ao do vacuo. No presente trabalho, o OPO e bombeado diretamente pelo fundamental do laser (1064 nm), sendo que sua sada (sinal e complementar) encontra-se na faixa de 2m. 5.1 Cristal em quase-acordo de fase Para construir este OPO com um baixo limiar, podemos buscar um cristal com alto coeÆciente n~ao-linear. Cristais como o KTP e o Niobato de Ltio (LiNbO3) apresentam altos coecientes e s~ao produzidos em grande escala para a area de opto-eletr^onica e fot^onica. Existe, porem, uma forma de aumentar o coeciente n~ao-linear efetivo destes cristais. Considere o Niobato de Ltio, que e um cristal uniaxial negativo (no > ne ), tipicamente usado em condic~ao de casamento de fase tipo I. Como podemos ver na refer^encia [70], o coeciente n~ao-linear neste caso e d31 = 5; 95 10 12 m=V . Ja o acoplamento entre feixes polarizados na direc~ao do eixo de simetria e dado por d33 = 34; 4 10 12 m=V . Polarizando os tr^es campos na mesma direca~o, a combinac~ao dos efeitos destes sobre os eletrons da estrutura do cristal sera mais forte do que no caso de acoplamento de campos com polarizaco~es ortogonais. No entanto, este forte acoplamento n~ao implica em uma grande eci^encia de convers~ao, pois neste caso n~ao podemos usar a birrefring^encia para obter o acordo de fase. Apos se propagar por alguns microns, as ondas geradas pelo feixe de bombeio em diferentes pontos ao longo do cristal v~ao comecar a interferir destrutivamente com os feixes sinal e complementar. Uma forma de superar este problema consiste em fazer invers~oes periodicas na orientaca~o do termo n~ao-linear do meio. Considere que tr^es campos copropagantes entram em um cristal. A transfer^encia de energia de um campo a outro dependera, como vimos na equac~ao 3.24, do desacordo de fase k. A fase da variac~ao de amplitude sofre uma invers~ao apos percorrermos uma dist^ancia `c = =k. Alem desse ponto, a contribuica~o inverte de sinal e a intensidade do feixe comeca a cair. Apos um novo trecho `c, voltamos a ter uma interfer^encia construtiva da onda gerada com a onda propagante. Desse modo a intensidade no interior do cristal cara oscilando, com um perodo = `c . Se o cristal sofrer uma invers~ao do coeciente n~ao-linear a cada trecho `c , estas contribuic~oes, no lugar de interferirem destrutivamente, v~ao interferir construtivamente, se somando e resultando em um ganho no sinal. Na gura 5.1, vemos tr^es casos para a geraca~o de segundo harm^onico. Para um cristal macico, temos o aumento parabolico da intensidade para um acordo de fase perfeito, e a variac~ao periodica da intensidade para um desacordo de fase. Temos 105 5.1. CRISTAL EM QUASE-ACORDO DE FASE ainda a curva esperada no cristal com uma invers~ao periodica do sinal da n~ao-linaridade, de modo que a cada semiciclo, a intensidade se soma a do semiciclo anterior, levando a um aumento que segue, em media, uma parabola, como no caso do cristal uniforme em perfeito acordo de fase. 20 Intensidade (seg. harmônico) ∆ k=0 16 Cristal QPM 12 8 4 ∆ k=2π /Λ 0 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 z/Λ Figura 5.1: Gerac~ao de segundo harm^onico, demonstrando a n~ao-linearidade no caso de um cristal uniforme em perfeito acordo de fase (k = 0), de um desacordo de fase (k = 2=) e um cristal com uma invers~ao periodica do termo n~ao-linear (Cristal QPM). Empregados inicialmente no trabalho da ref. [101], o uso de cristais com invers~ao periodica do termo n~ao-linear tornou-se possvel com o desenvolvimento de novas tecnicas de micromanufatura. Estes cristais, conhecidos por cristais em quase acordo de fase (Quasi Phase Matching - QPM) est~ao tendo um emprego crescente em otica n~ao-linear, especialmente na contruc~ao de OPO bombeados a diodo com larga banda de sintonia [71, 72]. Ha um largo emprego na gerac~ao de luz na faixa do infravermelho proximo [102], visando aplicac~ao em espectroscopia e uso militar como fonte de laser segura para os olhos, aplicada a visores infravermelhos (na faixa de 2m o feixe n~ao e mais focalizado na retina). Alem do Niobato de Ltio, o Tantalato de Ltio [103] e o KTP [104] s~ao empregados em congurac~ao QPM. O alto ganho do cristal permite seu uso em diversas conguraco~es de cavidade [73, 105, 106] com nesses menores que aquelas aqui empregadas. Para fazer o cristal de Niobato de Ltio com invers~ao periodica, deposita-se sobre uma na fatia de cristal uma mascara, pela qual se constroem uma serie de eletrodos que s~ao empregados para fazer o \poling" do cristal. Atraves deles aplicam-se intensos campos eletricos para produzir uma invers~ao permamente na orientac~ao dos domnios ferroeletricos no meio (\poling"), sendo os eletrodos posteriormente removidos. Com isso, a orientaca~o da n~ao-linearidade pode ser invertida em diferentes regi~oes do cristal. Este tecnica de construc~ao e limitada ao caso de cristais nos, que possam reter as orientac~oes gravadas sem deteriorac~ao apreciavel no tempo. A produc~ao de tais invers~oes no caso de cristais mais espessos n~ao e obtida com sucesso. 106 ~ DE RUIDO NO BOMBEIO DO OPO-QPM CAPITULO 5. COMPRESSAO c Λ χ(2) -χ(2) χ(2) -χ(2) χ(2) ... χ(2) x (2) χ(2) -χ(2) -χ L Figura 5.2: Esquema de um cristal QPM Outra forma de fazer cristais em quase-acordo de fase consiste em gravar domnios periodicos em um meio onde havia inicialmente simetria de invers~ao, e portanto um (2) nulo. E o caso da produc~ao de bras oticas com n~ao-linearidade do tipo (2) , como vemos na refer^encia [107]. Neste caso, as bras de quartzo sofrem a aplicac~ao de campos eletricos, alternando-se regi~oes com campo aplicado a outras sem sua aplicac~ao. O resultado e o \poling" de regi~oes da bra que apresentar~ao uma n~ao-linearidade efetiva. Por se tratar de acoplamento de feixes de mesma polarizac~ao, apos uma dist^ancia `c eles interferir~ao destrutivamente. Os domnios neste caso n~ao tratam de invers~ao, mas de aus^encia e presenca de n~ao-linearidades gravadas no meio, funcionando de modo similar, acoplando os campos quando estes est~ao em fase, e propagandoos sem acoplamento em regi~oes fora de fase. Para calcular a interaca~o dos campos co-propagantes dentro de um cristal QPM, vamos voltar a equac~ao 3.24 aqui reproduzida d0 =dz = 2eff (z )2 (z )1 (z )e ikz ; d1 =dz = 2eff (z )0 (z )2 (z )eikz ; d2 =dz = 2eff (z )0 (z )1 (z )eikz ; (5.1) onde o valor do coeciente n~ao-linear passa a ter uma depend^encia com a posic~ao z no interior do cristal. No cristal mostrado na gura 5.2, vemos que o perodo do cristal corresponde a duas invers~oes consecutivas do coeciente n~ao-linear, de comprimento `c . O comprimento total do cristal (L) n~ao e necessariamente um multiplo inteiro de perodos, podendo haver um trecho x < `c nas bordas do cristal. Integrando os campos copropagantes no interior do cristal QPM, podemos ver como ele ira se comportar na oscilac~ao do OPO. Tomando como base o campo do bombeio, buscamos resolver a integral 0 (L) 0 (0) = Z L 0 2eff (z )2 (z )1 (z )e ikz dz: (5.2) 107 5.1. CRISTAL EM QUASE-ACORDO DE FASE Aproximando os campos sinal e complementar por uma constante (aproximac~ao de primeira ordem) temos Z L 0 (L) 0 (0) = 22 (0)1 (0) eff (z )e ikz dz: (5.3) 0 O coeciente n~ao-linear eff (z ) e uma func~ao quadrada, valendo eff se a parte inteira de z=`c for par, e eff se ela for mpar. Desse modo, temos 2 0 (L) 0 (0) = 22 (0)1 (0)eff 4 N X j =1 ( 1)j Z `c j `c (j 1) e ikz dz + ( 1)N +1 Z `c N +x `c N 3 e ikz dz 5 ; (5.4) onde N e o inteiro da raz~ao L=`c . Resolvendo as integrais chegamos a ieff 0 (L) 0 (0) = 22 (0)1 (0) k 2 3 N X 4 eik`c 1 ( 1)j e ik`cj eikx 1 ( 1)N +1 e ikN`c 5 : (5.5) j =i Para a somatoria temos N X ( 1)N eikN`c 1 ( 1)j e ik`c j = : (5.6) eik`c + 1 j =i Convem fazer uma substituic~ao de variaveis para o desacordo de fase. Denindo k0 = k 2= (5.7) como o desacordo de fase para o cristal QPM, podemos calcular o valor efetivo da n~aolinearidade. Considerando que temos N par, podemos calcular o primeiro termos da soma entre colchetes na equaca~o 5.5. Temos ent~ao # " ik0 2 1 + e 0N eikN`c 1 ik`c N i k 0 4 sen k e 1 = 2ie (5.8) ; eik`c + 1 4 1 eik0 2 onde reconhecemos na senoide o termo que ira dar origem a uma func~ao seno-cardinal, com o desacordo de fase dado por k0 . Vemos ent~ao que de modo semelhante a um cristal macico nas proximidades do perfeito acordo de fase, o cristal QPM ira apresentar um acoplamento efetivo entre os campos no caso de k0 N4 ' k0 L=2 2. Um cristal como o empregado possui N ' 633, de modo que podemos aplicar o limite k0 2 ! 0. Obtemos ent~ao eikN`c 1 ik`c 0N N 4 i k 0 4 e 1 ' 2ie sen k : (5.9) eik`c + 1 4 k 0 Aplicando este valor a equaca~o 5.5 temos 0N sen k N 4 e ik0 N4 : 0 (L) 0 (0) = 82 (0)1 (0)eff (5.10) N 0 2k k 4 108 ~ DE RUIDO NO BOMBEIO DO OPO-QPM CAPITULO 5. COMPRESSAO Nas proximidades do acordo de fase dado pela equac~ao 5.7, vale a aproximac~ao k 2=. Teremos ent~ao 0 (L) 0 (0) = 22 (0)1 (0)QP M ; (5.11) com 2 sen (k0 `=2) ik0`=2 QP M = eff ` e (5.12) k0 `=2 e o comprimento do cristal aproximado por ` = N =2. Comparando esta equac~ao com a equac~ao 3.27 vemos que elas s~ao semelhantes, exceto por um fator multiplicativo. Neste caso podemos dizer que 2 (5.13) QP M = : Observando agora o termo que havamos negligenciado na equac~ao 5.5, vemos que ele dara uma contribuic~ao aditiva ao valor de QP M . Teremos assim um termo adicional, de modo que o valor da n~ao-linearidade efetiva pode ser mais precisamente expresso por 2 0 `=2 sen (k 0 `=2) x sen (kx=2) ikx=2 i k + e : (5.14) QP M = eff `e k0 `=2 2 N`c kx=2 Vemos que o segundo termo entre colchetes sera muito menor que o termo principal, dado pela contribuica~o de todos os perodos do cristal. Desta forma, ao negligenciar este termo no calculo do acordo de fase, n~ao incorremos em grandes erros. No entanto, ele passa a ter uma contribuic~ao efetiva devido a adic~ao de uma fatia de material onde o acordo de fase n~ao e satisfeito. Como veremos, isto leva a importantes consequ^encias no valor do limiar de oscilac~ao do OPO, podendo ate dobra-lo se esta fase somar um fator de . A utilizaca~o de um cristal QPM altera alguns detalhes da operac~ao do OPO. Primeiramente, a condica~o de acordo de fase, antes dada pela equaca~o k = k0 k1 k2 , passa a ser dada pela equac~ao k0 = k0 k1 k2 2=. Neste caso, a largura de banda denida pela condic~ao de acordo de fase n~ao e alterada. Vemos ainda que o coeciente n~ao-linear efetivo do cristal QPM e reduzido com relac~ao ao valor do cristal macico. No entanto, uma vez que podemos escolher livremente a orientac~ao dos campos e dos eixos do cristal, podemos obter uma ganho efetivo. Dos termos n~ao-lineares do Niobato de Ltio, vemos que ha um aumento de 3,68 vezes na n~ao-linearidade efetiva. Em termos de pot^encia de limiar, isto representa uma reduc~ao por um fator 13,5 na pot^encia. Por m, o cristal QPM permite uma maior liberdade na escolha dos comprimentos de onda envolvidos. Podemos, dado o cristal e os comprimentos de onda que queremos que interajam, mudar o valor do perodo de modo a atingir o acordo de fase a temperatura desejada. Claro que ha limitac~oes tecnicas dadas pela escolha dos materiais envolvidos, porem temos um ganho na faixa de valores possveis de comprimento de onda, comparado ao caso do cristal uniforme. Nesta experi^encia, empregamos um cristal PPLN (\periodically poled lithium niobate") de 19 mm de comprimento produzido pela Crystal Technology, apresentando invers~oes com perodo variando entre 30,0 a 31,2 m. O cristal e mostrado na gura 5.3. Pelo fato de apresentar diferentes perodos, teremos diferentes comprimentos de onda para o acordo de fase. Podemos deste modo, atraves da variac~ao de temperatura, mudar o comprimento de onda do sinal e complementar, como vemos na gura 5.4. 109 5.1. CRISTAL EM QUASE-ACORDO DE FASE 11.5±0.5 mm NOTE 1 length of crystal 97-02256-01 97-02256-02 0.5±0.05 mm S2 19 mm 50 mm Λ NOTE 2: stripes of domain inversions are 1.3 mm (Y) separated by uniformly poled regions of 0.09 mm width. The stripe with period Λ1 has an extra 0.5 mm width. NOTE 3: S1 and S2 are polished to 20-10 scratch dig, flat to 1/8 WAVE, and parallel to <5'. Edges not bevelled 1 Λ2 Λ3 Λ4 Λ5 Λ6 Λ7 Λ8 length ± 0.5 mm domain period Λ (µm) Λ1 Λ2 Λ3 Λ4 Λ5 Λ6 Λ7 Λ8 30.0 30.2 30.4 30.6 30.8 30.95 31.1 31.2 X N S1 Z Figura 5.3: Cristal PPLN empregado no OPO para compress~ao de rudo na reex~ao (dados do fabricante). Figura 5.4: Comprimento de onda do complementar para trechos de diferentes periodicidades no cristal PPLN, para diferentes temperaturas (bombeio a 1064 nm, dados do fabricante). ~ DE RUIDO NO BOMBEIO DO OPO-QPM CAPITULO 5. COMPRESSAO 110 Uma vez estudado o cristal QPM, vamos descrever a compress~ao do rudo do feixe reetido pela cavidade e a simulac~ao dos resultados para o OPO com cristal QPM. 5.2 Compress~ ao de ru do no bombeio Ao tratar o OPO como um sistema qu^antico, passando da representac~ao da equac~ao mestra para a equac~ao de Fokker-Planck da func~ao de Wigner, e desta para as equac~oes de Langevin do campo, chegamos a equac~ao 3.80, ja estudada para mostrar a gerac~ao de feixes g^emeos. Vamos agora retomar as quatro primeiras equac~oes do conjunto apresentado, que descrevem as utuac~oes do campo intracavidade para o bombeio e a soma das amplitudes do sinal e complementar. Seguindo o tratamento da ref. [76] temos para as utuac~oes dos campos o sistema de equac~oes q 200 d 2 0 Æ = (1 i0 )Æ0 Æ + (t) dt 0 + + q 1 200 d 0 2 Æ0 = 0 (1 + i0 )Æ0 + Æ+ + (t) dt 2 p 2 2 0 d 2 0 Æ+ = 0 Æ+ + Æ0 (1 i)Æ+ + (t) dt 3 p 2 0 d 2 2 0 Æ+ = 0 Æ+ + Æ0 (1 + i)Æ+ + (t): dt 4 Passando para um tratamento matricial, teremos ent~ao 0 (5.15) 1 d Æ (t) = MÆ(t) + T(t) (5.16) dt onde Æ = fÆ0 ; Æ0 ; Æ+ ; Æ+ g e o vetor das utuac~oes de campo do bombeio e da soma das amplitudes sinal e complementar denidas na equac~ao 3.79. Esta descric~ao e id^entica ao tratamento dos feixes gerados como um sub-harm^onico do bombeio, como apresentado na refer^encia [76]. O vetor (t) apresenta o termo estocastico das utuac~oes, e pode ser interpretado como as utuac~oes do vacuo (e do estado coerente do bombeio) acopladas pelo espelho da cavidade. A transmit^ancia deste espelho e descrita pela matriz diagonal de difus~ao T T = diag q q p p 200 ; 200 ; 2 0 ; 2 0 : (5.17) Neste caso, vamos assumir que todas as perdas da cavidade s~ao dadas pelo espelho de acoplamento. Esta e uma hipotese razoavel para o estudo das utuaco~es no feixe de bombeio reetido pela cavidade, pois neste caso n~ao nos preocupamos com o valor preciso do acoplamento da sada do sub-harm^onico comparado as demais perdas da cavidade, como foi o caso no estudo dos feixes g^emeos. Desse modo, o unico valor que ira descrever as perdas do sinal e complementar e 0 . Para o bombeio, as perdas intracavidade s~ao importantes no calculo, porem como o valor empregado do espelho de acoplamento e uma ordem de grandeza superior as demais perdas intracavidade, podemos manter a aproximac~ao 0 = 00 . ~ DE RUIDO NO BOMBEIO 5.2. COMPRESSAO 111 A matriz da evoluca~o do sistema (arrasto) e dada por 2 3 00 (1 i0 ) 0 2+ 0 1 66 0 00 (1 + i0 ) 0 2+ 77 (5.18) M = 6 2+ 0 0 (1 i) 20 75 ; 4 0 2+ 20 0 (1 + i) onde notamos claramente a depend^encia com os valores medios das amplitudes dos campos intracavidade. Por este motivo, a resposta n~ao sera t~ao simples como a dada pela equac~ao 3.91. Como vimos anteriormente, usando o procedimento descrito na ref. [35], podemos partir das matrizes de arrasto e difus~ao para obter as utuac~oes dos campos intracavidade. Destas utuac~oes calculamos as utuac~oes dos campos reetidos pelo espelho de acoplamento, somando as utuac~oes do vacuo (ou do campo coerente, para o caso do bombeio) as utuaco~es intracavidades transmitidas pelo espelho. Podemos passar a equaca~o 5.16 para o domnio das frequ^encias aplicando a transformada de Fourier as utuaco~es do campo e as utuaco~es do vacuo inseridas na cavidade Z Teremos ent~ao Æ( ) = Æ(t)e i t dt: (5.19) Æ( ) = (M i I) 1 T ( ); (5.20) Æout (t) = TÆ(t) (t) (5.21) onde I e a matriz identidade da mesma ordem da matriz de arrasto M. representa o espectro das utuaco~es do campo. Optamos em nossa notac~ao pela maiuscula para distiguir as frequ^encias inferiores ao intervalo espectral livre da cavidade das frequ^encias do campo eletromagnetico. As utuaco~es dos campos reetidos pelo espelho da cavidade s~ao obtidas de modo semelhante ao calculado na equac~ao 3.84. No domnio do tempo teremos com a aproximaca~o do coeciente de reex~ao por um valor unitario. Calculando o espectro das utuac~oes do campo de sada, teremos ent~ao " # T (M i I) 1 T Æout ( ) = 1 ( ): (5.22) Destas utuaco~es podemos obter a matriz das covari^ancias dos campos de sada, multiplicando T ( ). Obtemos assim o vetor das utuaco~es pelo seu transposto conjugado Æout T ( )i: Vout ( ) = hÆout ( )Æ (5.23) out E desta matriz que obtemos o espectro de pot^encia medido na detec~ao homodina. A covari^ancia dos campos de entrada, por se tratarem de estados coerentes, e dada por T ( )i = 1 I (5.24) Vin ( ) = h ( ) 2 112 ~ DE RUIDO NO BOMBEIO DO OPO-QPM CAPITULO 5. COMPRESSAO onde I e a matriz identidade. Teremos assim a matriz de covari^ancia do campo de sada da cavidade I T(M i I) 1 D(MT + i I) 1 T Vout = + (5.25) 2 2 2 onde vemos que a matriz D = T2 (MT + i I) (M i I) e igual a 2 6 D = 664 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 40 0 40 0 3 7 7 7: 5 (5.26) Para calcular o espectro de pot^encias das utuac~oes de quadraturas medidas na detec~ao homodina, conforme a seca~o 2.3.4, devemos empregar a matriz das covari^ancias dada pela equac~ao 5.25. Para isso, devemos lembrar que uma dada quadratura do campo, na fase , pode ser dada por (5.27) i = i e i + i ei : Neste caso, o espectro de utuaco~es de cada modo do campo relfetido pela cavidade depende da fase da quadratura em estudo e dos termos da matriz de covari^ancia. Teremos ent~ao V+ ( ; ) = V33out + V44out + 2 Re[e 2i V34out ] V0 ( ; ) = V11out + V22out + 2 Re[e 2i V12out ] (5.28) onde a V+ ( ; ) e a vari^ancia da quadratura do sinal (ou complementar) , e V0 ( ; ) e a vari^ancia da quadratura estudada do bombeio reetido. Para simplicar, vamos nos ater as utuac~oes do bombeio. Dividindo a matriz 5.25 em submatrizes 2 2, temos da primeira submatriz na diagonal principal as vari^ancias para o bombeio, e para a segunda submatriz na diagonal principal as vari^ancias das intensidades do sinal e complementar na sada. As outras duas submatrizes fornecem as correlaco~es entre sinal e bombeio, n~ao sendo estudadas neste trabalho. A matriz das covari^ancias para o bombeio sera dada por I S 0=2+2 onde a matriz de compress~ao S pode ser calculada a partir de 5.25. Obtemos V " (5.29) # 200 S11 S12 S = jf j2 S21 S22 ; (5.30) onde f e o produto dos determinantes das matrizes (M i I) e (MT + i I) f = 164 j+ j4 h i 82 j+ j2 2 i( 0 + 00 ) + ( 1 + 0 ) 0 00 i h 2 2i00 (1 + 20 )002 ; +( 2 2i 0 ) (5.31) 5.3. MODELO TEORICO DO OPO-QPM 113 e os elementos da matriz para o calculo do espectro de rudo na quadratura s~ao n = 162 0 3 164 j+ j4 S12 = S21 + h i 82 j+ j2 ( i + )( i + 0 ) 0 00 + 2 h io 2 ( i + 0 )2 002 2 n h i o S11 + S22 = 322 (1 + 2 ) 02 j+ j2 0 (1 + 20 )002 + 2 + 42 00 j+ j2 : (5.32) A frequ^encia e normalizada pelo intervalo espectral livre, de modo que = . O resultado nal da compress~ao de rudo e ent~ao dependente n~ao so da frequ^encia de analise, como no caso dos feixes g^emeos, mas tambem da dessintonia dos modos, da intensidade gerada do sinal e das fases dos campos sinal e bombeio (intracavidade) relativas a fase do bombeio injetado. Estas fases s~ao calculadas a partir do campo intracavidade obtido na equac~ao 3.30, de modo que 2i in 0 i 0= e e 2i = e e (5.33) (1 + i0 )(1 + i) + jj2 1 i onde as fases e 0 referem-se ao sinal e bombeio, respectivamente. Partindo destas equaco~es, podemos determinar o espectro de rudo do feixe reetido pela cavidade do OPO. A simulac~ao numerica pede que as equac~oes da seca~o 3.2 sejam reescritas, de forma a expressar o limiar e as intensidades intracavidade em termo da fase total acumulada por cada campo em uma volta completa na cavidade, e n~ao em termo das dessintonias. 5.3 Modelo te orico do OPO-QPM Como vimos na equaca~o 5.29, precisamos calcular as intensidades e os valores de dessintonia para obtermos o valor da compress~ao do feixe do bombeio reetido pela cavidade. Para isso, foi desenvolvido um programa que realiza o calculo numerico do modo de campo selecionado e de sua amplitude em funca~o da variaca~o do comprimento da cavidade. Para estas simulaco~es, iremos calcular as amplitudes dos campos intracavidade, considerando nos calculos a fase total acumulada em uma volta completa. Esta, por sua vez, sera calculada levando em considerac~ao os diferentes modos m denidos na equac~ao 3.49, considerando que Æ'1 = Æ'2 . Mantendo explicitamente a amplitude e a fase do campo para uma volta completa, podemos repetir o processo usado para se chegar a equac~ao 3.30, obtendo 0 = t0 in + r0 (0 2 1 2 )ei'0 (5.34) i' 1 = r(1 + 20 2 )e 1 (5.35) i' 2 = r(2 + 20 1 )e 2 (5.36) onde i e a amplitude do campo no modo i, e 'i sua fase total acumulada em uma volta completa. Como vimos nas equaco~es 3.32 e 3.49, a diferenca de fase entre '1 e '2 deve ser um multiplo inteiro de 2. Por este motivo, nos calculos a seguir teremos cos'1 = cos'2 = cos', considerando que ' e igual a '1 e a '2 a menos de um multiplo inteiro de 2. 114 ~ DE RUIDO NO BOMBEIO DO OPO-QPM CAPITULO 5. COMPRESSAO Aplicando o mesmo procedimento da seca~o 3.2.2, temos que a intensidade do campo de bombeio intracavidade e 1 cos ' 1 2 j0 j = 4jj2 1 2 r + r2 : (5.37) Para os modos sinal e complementar teremos p b + b2 c 2 2 j1 j = j2 j = 4jj2 , com b e c dados por cos ' cos '0 cos(' + '0 ) b=1 + ; r r0 r0 r 1 1 + r2 1 + r2 1 1 c = 1 + 2 + 2 + 2 2 2 2 cos '0 2 2 0 cos '1 r0 r r0 r r0 r r0 r (1 + r02 )(1 + r2 ) cos(' + '0 ) + cos(' '0 ) +2 ; (5.38) r0 r r02 r2 onde o termo e o par^ametro da pot^encia de bombeio injetada, normalizada pelo limiar de oscilac~ao para resson^ancia e acordo de fase exatos, sendo ajustavel na experi^encia. No calculo da fase 'i , consideramos que a fase adicionada pelos espelhos e nula, o que n~ao e necessariamente verdade, posto que alguns espelhos da cavidade apresentam reet^ancias n~ao unitarias. Veremos os efeitos de um termo adicional de fase inserido na volta completa da onda propagante na cavidade sobre a operac~ao do OPO, especialmente na condica~o de acordo de fase. Aqui, calculamos ' como na equac~ao 3.28, ! (5.39) 'i = i (ni ` + L) c sendo que os ndices de refrac~ao dependem do comprimento de onda. Calculamos ent~ao, para cada modo possvel de oscilac~ao, o valor de ni usando a equac~ao de Sellmeier com os coecientes dados na ref.[69]. Para calcular os valores de sada do OPO em diferentes comprimentos de cavidade, o procedimento consiste em selecionar uma faixa de valores para o inteiro m que determinara os valores possveis da frequ^encia de batimento. Para um dado valor de temperatura e pot^encia de bombeio, calculamos o valor da pot^encia intracavidade do bombeio e do sinal para diferentes comprimentos de cavidade, varrendo-a por pelo menos dois intervalos espectrais livres. Calculamos em cada posica~o as intensidades para cada valor de m, usando para isso os valores calculados dos ndices de refrac~ao em func~ao do comprimento de onda, o valor de jj2 dado pela condica~o de acordo de fase na condic~ao QPM (eq. 5.7) e o valor total da fase ' acumulada em uma volta completa dentro da cavidade. Guardamos o maior valor de intensidade dentro da faixa de valores de m, e referente a este valor, a ordem m, as dessintonias normalizadas 0 e , e os valores de compress~ao otima e a utuac~ao de intensidade calculados a partir da equac~ao 5.29. Para minimizar o tempo de calculo, optamos por faz^e-lo em um programa Fortran. Os resultados dos calculos ser~ao comparados aos valores medidos no OPO na sec~ao 5.4.3. Fase na oscila c~ ao do OPO Vamos discutir brevemente as consequ^encias de um elemento no interior da cavidade, que produza um desacordo na diferenca das fases entre os campos ressonantes, usando para isso as 5.3. MODELO TEORICO DO OPO-QPM 115 equac~oes estudadas. Como vimos o limiar de oscilac~ao do OPO depende do desacordo de fase (eqs. 3.27 e 3.25) e da dessintonia (eq. 3.28). No caso da fase em uma volta completa ser dada apenas pela propagac~ao no espaco livre e pela propagac~ao no cristal, a condic~ao de perfeito acordo de fase assegura imediatamente a condic~ao de resson^ancia tripla. Porem, se tivermos na cavidade algum elemento que adicione uma diferenca de fase a propagac~ao dos feixes, a nova condic~ao de oscilaca~o no caso triplamente ressonante leva a uma operac~ao fora da condica~o de perfeito acordo de fase. Considere a condica~o de acordo de fase, dada por ! ! (5.40) k = k0 k1 k2 = (n0 n) 0 Æn : c c A fase acumulada em uma volta completa na cavidade depende do caminho percorrido mais um termo de fase adicional vindo, por exemplo, dos espelhos ! 'i = i (ni ` + L) + i : (5.41) c Temos ent~ao as seguintes relaco~es para as fases ! ! '2 '1 = 2m = Æn` 0 (n` + L) + 2 1 ; c c ! ! '2 + '1 = 2q + 2Æ' = (n` + L) 0 + Æn` + 2 + 1 ; c c ! '0 = 2s + Æ'0 = (n0 ` + L) 0 + 0 : (5.42) c A diferenca de fase do sinal e complementar para o bombeio pode ser expressa por '2 + '1 '0 = 2(p s) + 2Æ' Æ'0 = k` + ; (5.43) onde = 1 + 2 0 . A resson^ancia exata implica que Æ' = Æ'0 = 0. Ja o perfeito acordo de fase leva a k = 0. Se = 0, teremos ent~ao que q = s. Por outro lado, se 6= 0, mas pequeno, o modo de oscilac~ao mais proximo sera ainda q = s mas agora a resson^ancia exata n~ao ira coincidir com o perfeito acordo de fase, mas com k` = : (5.44) Em consequ^encia, o limiar de oscilac~ao sofrera um aumento. A raz~ao do limiar de oscilac~ao no caso dessintonizado com relac~ao a situac~ao de resson^ancia exata sem efeito adicional de fase sera dada por " #" # (2Æ' Æ'0 )2 Æ'0 2 Æ' 2 = 1+ 1+ 0 : (5.45) 0 ) 00 4sen2 ( 2Æ' Æ' 2 Claramente os termos normalizados pelas perdas 0 e 00 ser~ao preponderantes na escolha do modo de oscilaca~o, de modo que o limiar mais baixo sera ainda para o caso triplamente ressonante. Na perfeita resson^ancia, o efeito da fase sera o aumento do valor do limiar por um fator 2 : (5.46) = 4sen2 ( 2 ) 116 ~ DE RUIDO NO BOMBEIO DO OPO-QPM CAPITULO 5. COMPRESSAO Se o valor de jj > , o sistema ira operar de tal forma que o modo q selecionado seja superior (ou inferior) a s em uma unidade. Deste modo, o valor maximo de jk`j na resson^ancia sera limitado a . Esta sera a situac~ao de aumento maximo no limiar de oscilac~ao. Para o cristal QPM, vimos que a condic~ao de acordo de fase e dada por 2 ! ! 2 k0 = k = (n0 n) 0 Æn (5.47) c c Neste caso o valor de k` sera ` k` = k0 ` + 2 Int (5.48) Note que consideramos apenas a parte inteira da raz~ao `=. Esta aproximac~ao no termo de acordo de fase justica-se pelas equaco~es 5.12 e 5.14, onde o valor efetivo de pode ser calculado com a aproximac~ao da parte inteira da raz~ao em nossos calculos. Por este motivo, ao inserirmos o valor de k0 na equaca~o 5.43 substituindo k, vemos que havera a selec~ao de um novo valor de q s 6= 0. O calculo que acabamos de realizar permanece, portanto, valido para o cristal QPM. Neste caso, o elemento que leva a uma fase adicional e o fato de n~ao termos um numero inteiro de perodos de comprimento no interior do cristal. Isto ira adicionar uma fase cujo modulo e limitado a , alterando o limiar de oscilac~ao do OPO. Note que este efeito ja foi observado em cavidades onde se utilizou um cristal QPM em cunha [108], o que permitia variar o comprimento do cristal interagindo na cavidade. Vemos na gura 5.5 os efeitos das diferencas de fase adicionadas por um comprimento de cristal que n~ao seja um multiplo inteiro de . Na primeira linha do graco, temos a pot^encia de bombeio intracavidade e a sada do sinal do OPO. Mantivemos a curva do bombeio sem deplec~ao como refer^encia. Na segunda linha, temos o valor da dessintonia relativa do sinal e o desacordo de fase = k` (escala em radianos). Na linha inferior, a frequ^encia de batimento entre sinal e complementar, fornecendo o comprimento de onda destes feixes, ou no caso, uma ideia de qu~ao longe estamos da degeneresc^encia. Nos calculos, empregamos uma temperatura 4; 3Æ C abaixo da condic~ao degenerada mostrada na gura 5.4 para um perodo = 31; 1m, e uma pot^encia de bombeio igual a quatro vezes a pot^encia de limiar no caso ideal de perfeito acordo de fase e dessintonia nula para um cristal cujo comprimento fosse um numero inteiro de perodos . Vemos que o valor de permanece limitado, de modo que o OPO se mantem praticamente ressonante para o sinal (lembrando que as perdas para o sub-harm^onico s~ao de 2%). O efeito dos diferentes comprimentos do cristal, com a presenca de um trecho n~ao inteiro adicional, leva o OPO a oscilac~ao fora da condica~o de perfeito acordo de fase. No caso, a defasagem adicionada pelo cristal necessita uma compensac~ao pelo desacordo de fase de igual valor. Isto leva a um aumento do limiar de oscilac~ao do OPO, observado pela reduc~ao na pot^encia do sinal gerado e pelo aumento do valor limite de pot^encia de bombeio intracavidade. Temos ainda uma mudanca no comprimento de onda de oscilac~ao devido a variaca~o no valor de acordo de fase. Se a fase adicionada atingir o valor de 2, voltamos a condic~ao inicial do OPO com um perfeito acordo de fase. Passaremos agora a descric~ao da montagem e das medidas de rudo no OPO-QPM. 5.3. MODELO TEORICO DO OPO-QPM 117 Lxtal=611 Λ Freqüência de Batimento (THz) Dessintonia e Desacordo de Fase (rad) Intensidade (u. arb) Lxtal=611,25 Λ Bombeio s/ depleção Bombeio c/ depleção Sinal 3 2 1 0 -1 -2 ψ ∆ -3 22 20 18 16 14 12 10 Comprimento de Cavidade (20 nm/div) Intensidade (u. arb) Lxtal=611,5 Λ Bombeio s/ depleção Bombeio c/ depleção Lxtal=611,75 Λ Freqüência de Batimento (THz) Dessintonia e Desacordo de Fase (rad) Sinal Comprimento de Cavidade (20 nm/div) Figura 5.5: Desacordo de fase = k` e frequ^encia de batimento 2! para diferentes comprimentos do cristal QPM. 118 5.4 ~ DE RUIDO NO BOMBEIO DO OPO-QPM CAPITULO 5. COMPRESSAO Observa c~ ao da compress~ ao de ru do no bombeio Vamos apresentar a montagem realizada, comecando pela descrica~o do sistema de supress~ao do excesso de rudo do laser de bombeio. Em seguida, mostraremos os aspectos basicos da cavidade com cristal QPM, terminando pela medida de rudo de intensidade e pela medida da compress~ao do rudo em quadratura. 5.4.1 Laser de bombeio O laser empregado para o bombeio da cavidade do OPO e um Nd:YAG monoltico, bombeado a diodo, modelo Lightwave 126-1064-700. Este laser possui uma entrada para modular sua frequ^encia atraves de um PZT ligado a cavidade interna. Neste caso, teremos um deslocamento de frequ^encia do laser de 10 MHz/V aplicados a esta entrada, com resposta ate 30 kHz para pequenos sinais. Trata-se do modelo n~ao dobrado do laser empregado na medida do captulo anterior. Como nos estamos procurando realizar a medida da compress~ao do rudo no feixe reetido pela cavidade, necessitamos ter um laser de bombeio de baixo rudo, limitado ao \`shot noise", correspondendo ao nvel de rudo de um estado coerente do campo. Infelizmente, este n~ao era o caso do laser empregado, como mostraram as medidas de rudo do feixe antes de sua injeca~o na cavidade. Para isso, zemos a homodinagem com o vacuo para compara-lo ao nvel do \shot noise". O resultado pode ser visto na gura 5.6, onde mostramos que sua sada somente comeca a se aproximar do \shot noise" a uma frequ^encia de analise de 20 MHz. Desse modo, n~ao poderamos usa-lo diretamente na medida das compress~oes de rudo. Uma forma de reduzir suas utuac~oes de intensidade consiste no uso de uma cavidade de ltro [96]. A transmiss~ao de uma cavidade Fabry-Perot varia com uma lorentziana para uma dessintonia desta em relaca~o a frequ^encia do feixe injetado. Lembrando que o excesso de rudo pode ser visto como modulac~oes em fase e amplitude do feixe [7], levando a uma distribuic~ao da energia em modos laterais ao maximo central, podemos usar a cavidade para ltrar apenas o modo central, atenuando os modos lateriais. Com isso, a sada da cavidade tera suas utuac~oes reduzidas ao limite qu^antico para frequ^encias distantes da largura de banda da cavidade. A cavidade empregada e composta por espelhos de alta reex~ao, sendo mostrada na gura 5.7. Os espelhos M1 e M2 s~ao espelhos planos com uma reex~ao de 99,5% para a polarizaca~o vertical. O espelho c^oncavo M3 possui um raio de curvatura de 750 mm, com uma reex~ao de 99,9% para incid^encia perpendicular. O comprimento total da cavidade e de 70 cm. A nesse medida foi de 700, conrmando perdas da ordem de 1%. Tais perdas s~ao obtidas gracas a excelente qualidade de superfcie dos espelhos (=100) e ao fato de mantermos o sistema em uma caixa de acrlico, ligada a um sistema fechado de ar que impedia a deposic~ao de poeira e partculas sobre os espelhos. Para estes par^ametros, a banda passante da cavidade e de 300 kHz, com um intervalo espectral livre de 210 MHz. Gracas a esta cavidade foi possvel estabilizar o sistema e reduzir suas utuac~oes ao limite do shot-noise para frequ^encias de analise acima de 5 MHz (gura 5.6) Para estabilizar a cavidade na resson^ancia, modulamos a frequ^encia do laser com um sinal de 40 kHz, 20 mV de amplitude, o que corresponde a uma varredura total de 200 kHz na frequ^encia do laser. Usando o metodo de detec~ao sncrona da intensidade transmitida pela cavidade (monitorando para isso a luz transmitida pelo espelho c^oncavo) pode-se estabilizar o ~ DA COMPRESSAO ~ DE RUIDO NO BOMBEIO 5.4. OBSERVAC AO PotŒncia de Ru do (dBm) Sem cavidade de filtro Com cavidade de filtro 70 -80 72 -82 74 -84 76 -86 -78 Shot noise Bombeio -88 Bombeio Shot noise -90 80 82 119 0 5 10 20 15 Freqüência (MHz) 30 25 -92 0 10 20 15 Freqüência (MHz) 5 25 30 Figura 5.6: Esquerda: Excesso de rudo do laser de bombeio do OPO. Direita: Espectro de rudo na sada da cavidade de ltro. M1 0 M2 -5 -10 Transmitância (dB) -15 -20 -25 -30 -35 M3 -40 0,01 0,1 1 10 100 Ω/ΩBW Figura 5.7: Cavidade de ltro para o laser de bombeio, com transmit^ancia em func~ao da frequ^encia. 120 ~ DE RUIDO NO BOMBEIO DO OPO-QPM CAPITULO 5. COMPRESSAO sistema por dezenas de minutos. A pot^encia total transmitida pela cavidade foi de 30% da pot^encia total incidente. Tal reduc~ao deve-se ao excesso de rudo, as perdas intracavidade e a ltragem do modo espacial. De fato, a cavidade de ltro seleciona ainda um modo TEM00 que n~ao coincide necessariamente com o modo de sada do laser. Sem a cavidade, o acordo de modo do feixe laser com a cavidade do OPO chegava a 92 %, enquanto que com a cavidade este acordo chegava a 97%, indicando que atraves do ltro eliminavam-se ainda modos espaciais transversos. Uma vez vericada a ltragem do rudo e a obtenca~o de uma sada estavel da cavidade de ltro, podemos descrever a montagem do OPO. 5.4.2 Montagem do OPO O diagrama do OPO empregado pode ser visto na gura 5.8. O laser e injetado na cavidade de ltragem, sendo seu acordo de modo feito por uma lente (L1). Na sada do ltro, temos uma l^amina de meia onda (HWP1) e um isolador otico (FR), composto de um rotator de Faraday e dois cubos polarizadores. O isolador impede que a luz reetida pelo OPO retorne pela cavidade de ltro, desestabilizando-a. A l^amina de meia onda ira servir como controle de pot^encia, girando a polarizaca~o da sada do ltro, fazendo com que parte da pot^encia seja reetida pelo prisma polarizador na entrada do isolador otico. Do feixe rejeitado podemos empregar parte da pot^encia para aplicar como oscilador local do nosso sistema de homodinagem. Os espelhos M4 e M5 formam um periscopio que permite o alinhamento do feixe ao eixo da cavidade do OPO. O ajuste do tamanho e posic~ao da cintura do feixe s~ao feitos pelas duas lentes L2 (f= 350 mm) e L3 (f=60 mm), distanciadas de 410 mm. O ajuste do acordo de modo e feito pelo deslocamento da lente L3, e pela orientaca~o do feixe dado pelos dois espelhos M4 e M5. A l^amina de meia-onda HWP2 faz o alinhamento da polarizac~ao de entrada do feixe na cavidade, a qual deve ser extraordinaria (paralela ao eixo z do cristal). A cavidade e formada por dois espelhos esfericos de raio R = 30 mm e qualidade de superfcie =10. As reect^ancias dos espelhos s~ao Espelho de entrada: R (1064 nm) = 87% R (2128 nm) = 99,8 % Espelho de sada: R (1064 nm) = 99,8% R (2128 nm) = 99 % O comprimento da cavidade e de 65 mm. Neste caso, temos como valor de cintura de feixe de 36 m para o bombeio e 51 para sinal e complementar. O cristal empregado e um Niobato de Ltio (PPLN), com oito trilhas de periodicidade diferente, variando entre 30,0 e 31,2 m. Um sistema de posicionamento permitia selecionar a trilha empregada, e suportes cineticos permitiam alinhar o cristal ao eixo da cavidade. O cristal apresenta um comprimento de 19 mm, e 0,5 mm de espessura. A trilha apresenta uma largura de 1,3 mm. A sintonia da condic~ao de casamento de fase no cristal e feita pelo aquecimento do mesmo para uma temperatura entre 120 e 190Æ C em um forno controlado, estabilizado em 0,1Æ C. Espera-se uma reduca~o do limiar de oscilac~ao do OPO no caso degenerado, pois o \coating" dos espelhos da cavidade e o tratamento anti-reetor do cristal foram otimizados para 2128 nm, e as perdas por transmiss~ao aumentam rapidamente ao nos afastarmos deste comprimento de ~ DA COMPRESSAO ~ DE RUIDO NO BOMBEIO 5.4. OBSERVAC AO DH2 SA +/- PBS 121 DH1 HWP3 BP L1 M1 M4 M2 LASER FR HWP1 HWP2 L2 QWP1 M3 M6 FILTRO DET FILTRO OPO BS1 M5 DET FP FABRY-PEROT DET 1 MICRON L3 DM DET 2 MICRONS Figura 5.8: Montagem empregada para medida de compress~ao de rudo no bombeio usando um cristal QPM. 122 ~ DE RUIDO NO BOMBEIO DO OPO-QPM CAPITULO 5. COMPRESSAO onda. A cavidade do OPO apresenta um intervalo espectral livre de 2,5 GHz, com uma nesse de 37 no fundamental e 250 no sub-harm^onico, includas as perdas do cristal. Esta nesse cai rapidamente a medida que nos afastamos da frequ^encia do sub-harm^onico devido a reetividade dos espelhos. A sada da cavidade e monitorada por dois detetores. Parte do feixe transmitido pela cavidade e separado no divisor de feixe (BS). Um espelho dicroico (DM) faz a separac~ao do feixe residual de 1064 nm, de baixa intensidade, transmitido pelo espelho de sada, o qual e medido com um fotodiodo PIN de InGaAs (ETX300 da Epitaxx), com eletr^onica de amplicac~ao. O sinal proximo a 2128 nm e medido atraves de um outro fotodiodo, de germ^anio, tambem com uma eletr^onica de amplicac~ao. O restante do feixe e analisado por uma cavidade Fabry-Perot, formada por dois espelhos esfericos de 30 mm de raio, em uma cavidade confocal. Este Fabry-Perot, de intervalo espectral livre de 2,5 GHz, permite analisar os modos dos feixes gerados observando se estamos com uma operac~ao monomodo ou multimodo do OPO. O feixe de bombeio reetido pela cavidade retornara pelos espelhos M4, M5 e pelas lentes L2, L3, sendo rejeitado pelo isolador otico. As perdas envolvidas neste retorno chegam a 80%. Este feixe reetido sera analisado atraves de um sistema de detec~ao homodina, formado por uma l^amina de meia onda (HWP3) e um cubo polarizador (PBS), que permitem o balanceamento da pot^encia entre os dois bracos da deteca~o. Em cada braco, temos fotodiodos PIN de InGaAs (ETX300), com uma etapa de amplicac~ao para a parte de alta frequ^encia. A sada dos detetores e enviada a um circuito de soma/subtrac~ao, e deste para um Analisador de Espectro. Assim, medindo a soma, teremos o espectro de pot^encia das utuac~oes de intensidade do feixe. Na subtraca~o, recuperamos a utuaca~o correspondente ao \shot noise" para um feixe de mesma intensidade. Podemos ainda fazer a homodinagem com o oscilador local, obtido pela reex~ao do feixe rejeitado pelo primeiro polarizador do isolador otico. Este sofre uma rotac~ao pela reex~ao no espelho (M6) e pela l^amina de quarto de onda (QWP1). O espelho, preso a um PZT, pode ter sua posic~ao variada, de modo a varrer a fase do oscilador local. A diferenca de caminho otico entre o oscilador local e a reex~ao do OPO e bem menor que o comprimento de coer^encia do laser, da ordem de 1000 m. Se n~ao fosse o caso, n~ao seria possvel a medida. O acordo de modo entre o feixe reetido e o oscilador local chega a 97%. O comprimento das cavidades e ajustado atraves de atuadores piezo-eletricos, acionados por de fontes externas de alta tens~ao. Estes atuadores aceitam ate 1000 V, apresentando um deslocamento em torno de 1m/200 V. A cavidade de ltro e o OPO podem ser estabilizados atraves de circuitos de deteca~o sncrona. As l^aminas de Brewster (BP) podem ser inseridas no caminho da detec~ao, produzindo uma reduc~ao de 46 % na pot^encia do feixe em estudo sem alterar a pot^encia do oscilador local. 5.4.3 Caracterizac~ao do OPO Em uma montagem inicial na qual n~ao empregamos a cavidade de ltro, mas a injec~ao direta atraves do sistema de casamento de modo do OPO, procuramos maximizar a nesse da cavidade para diferentes temperaturas, obtendo o menor valor possvel para a pot^encia de limiar de oscilac~ao. As curvas a seguir foram obtidas aplicando uma rampa de tens~ao sobre o PZT, ~ DA COMPRESSAO ~ DE RUIDO NO BOMBEIO 5.4. OBSERVAC AO 123 variando linearmente o comprimento da cavidade no tempo. Desse modo, temos nos gracos uma reduca~o linear do valor de L com a evoluc~ao temporal. Medimos o sinal sobre os detetores para os comprimentos de onda fundamental e do sinal gerado em torno de 2 m. A pot^encia refere-se ao valor da injeca~o na cavidade do OPO. O primeiro resultado que observamos e a reduc~ao do limiar com o aumento da temperatura. Ele caiu de mais de 16 mW para 186,3Æ C para 1,2 mW a 190,5Æ C, para a trilha de perodo de 30,95 m. Tal mudanca deve-se a variac~ao do comprimento de onda dos feixes gerados com a temperatura, como vemos na curva fornecida pelo fabricante para o comprimento de onda do complementar em funca~o da temperatura do cristal (gura 5.4). Note que quando nos afastamos da degeneresc^encia, a banda estreita dos espelhos da cavidade faz com que as perdas da cavidade aumentem, e com isso o limiar de oscilac~ao aumenta rapidamente. Na gura 5.9 vemos a sada do OPO longe da degeneresc^encia (T=186,3Æ C). O limiar de oscilac~ao se situa proximo a 16 mW. Ao contrario do observado para o OPO tipo II (captulo 4), os modos se encontram muito mais proximos, n~ao ocorrendo saltos nos quais a pot^encia de sada cai a zero e n~ao ha deplec~ao do feixe de bombeio. Como resultado, a pot^encia intracavidade para o bombeio ca estabilizada em um valor quase constante durante a oscilac~ao do OPO, n~ao sendo evidenciado o seu comportamento quadratico. Comparando ainda os resultados obtidos, vemos que, para o caso mais distante da degeneresc^encia, observam-se certas descontinuidades na curva da sada (sinal+complementar), como vemos na gura 5.9. Estas descontinuidades correspondem a saltos entre diferentes modos longitudinais de oscilaca~o. Conforme vimos na teoria, temos geralmente em um pico de resson^ancia do bombeio varios modos diferentes de oscilaca~o possveis para o par sinal e complementar, correspondendo a diferentes valores possveis da frequ^encia de batimento. A separaca~o entre estes picos dependera da diferenca entre os ndices de refrac~ao do cristal para os dois comprimentos de onda gerados na cavidade. Neste caso, onde os comprimentos de onda do sinal e complementar est~ao separados de centenas de nm, podemos considerar que o OPO ira se comportar de acordo com a equaca~o 3.52 para a separac~ao de duas posico~es de reson^ancia consecutivas, com um valor pequeno de Æn dado pela dispers~ao. A medida que aumentamos a temperatura (gura 5.10), a diferenca entre os comprimentos de onda dos feixes gerados diminui, e com ela o valor de Æn. Como consequ^encia, os picos cam menos espacados, sendo a custo distinguveis (como podemos ver para uma alta intensidade de bombeio a 189,5Æ C). A pot^encia de limiar cai progressivamente com o aumento da temperatura. O caso mais interessante ocorre ao atingirmos a condic~ao quase degenerada (gura 5.11). Nesta situac~ao, o OPO devera se comportar conforme a equac~ao 3.64. Neste caso os picos n~ao s~ao mais distinguveis. Alem disso, como temos uma depend^encia quadratica, ha um comprimento limite para a oscilac~ao da cavidade em uma dada resson^ancia do bombeio. Ao aumentar o comprimento da cavidade, n~ao teremos mais um valor de ! capaz de satisfazer a condica~o de resson^ancia do par sinal e complementar. No nosso caso, como estamos reduzindo o comprimento da cavidade no tempo, a oscilaca~o e interrompida ao atingirmos o limite degenerado. Nesta situac~ao, devido a degeneresc^encia e a reduc~ao das perdas na cavidade, a pot^encia de limiar atinge seu mnimo, proximo de 1 mW. Outro efeito curioso que se forma e visto na gura 5.12. A sada do OPO na condica~o degenerada e medida para diferentes velocidades de varredura. As curvas s~ao semelhantes, exceto pela formac~ao de um pico nas proximidades da degeneresc^encia. N~ao esta claro qual seja ~ DE RUIDO NO BOMBEIO DO OPO-QPM CAPITULO 5. COMPRESSAO IntensidadeSinal + Complementar (u. arb.) 124 Potência de entrada P = 16 mW P = 20 mW P = 29 mW 1,0 0,8 0,6 0,4 0,2 0,0 1,0 IntensidadeBombeio (u. arb.) 0,8 0,6 0,4 0,2 0,0 Tempo (5 ms/div) IntensidadeSinal + Complementar (u. arb.) Figura 5.9: Oscilaca~o do OPO com cristal QPM longe da degeneresc^encia (T=186,3Æ C). Potência de entrada P = 5,8 mW P = 10 mW P = 18 mW P = 26 mW 1,00 0,80 0,60 0,40 0,20 0,00 IntensidadeBombeio (u. arb.) 1,00 0,75 0,50 0,25 0,00 Tempo (5 ms/div) Figura 5.10: Oscilac~ao do OPO com cristal QPM proximo a degeneresc^encia (T=189,5Æ C). IntensidadeSinal + Complementar (u. arb.) ~ DA COMPRESSAO ~ DE RUIDO NO BOMBEIO 5.4. OBSERVAC AO 125 Potência de entrada P = 1,2 mW P = 4,6 mW P = 12 mW P = 20 mW 1,0 0,8 0,6 0,4 0,2 0,0 IntensidadeBombeio (u. arb.) 1,0 0,8 0,6 0,4 0,2 0,0 Tempo (2 ms/ div) Figura 5.11: Oscilac~ao do OPO com cristal QPM no caso degenerado (T=190,5Æ C). 0 Pth = 1,2 mW P = 18 mW Escala de tempo T T/10 T/100 Intensidade Bombeio (u. arb.) Intensidade Sinal + Complementar (u. arb.) T = 190,5 C -0,2 0,0 0,2 0,4 0,6 Tempo (s) Figura 5.12: Oscilaca~o do OPO com cristal QPM no caso degenerado, com diferentes velocidades de varredura. 126 ~ DE RUIDO NO BOMBEIO DO OPO-QPM CAPITULO 5. COMPRESSAO 50 P (mW) 40 30 20 10 0 2100 2200 (nm) λ 2150 2300 2250 Figura 5.13: Limiar de oscilac~ao para diferentes valores de comprimento de onda para o perodo de 31,1m [109]. Valores medidos () e valores calculados a partir dos valores de perdas dados pelos \coatings"(quadrados). Psignal + idler (mW) 8 6 1,5 4 1 0,5 2 0 0 0 50 100 0 2 150 4 200 6 8 250 10 300 Ppump (mW) Figura 5.14: Pot^encia de sada para OPO com cristal QPM, mostrando o baixo limiar de oscilac~ao (500m). ~ DA COMPRESSAO ~ DE RUIDO NO BOMBEIO 5.4. OBSERVAC AO 127 2300 2250 λ (nm) 2200 2150 2100 2050 2000 156 158 160 162 T (°C) Figura 5.15: Comprimento de onda da sada do OPO em diferentes temperaturas, para o perodo de 31,1m [109]. a origem deste efeito, se por efeitos termicos ele apresenta estas distorco~es no pico de sada, ou por que elas ocorrem apenas nesta condic~ao limite da degeneresc^encia. Estas medidas est~ao de acordo com outras anteriormente realizadas no laboratorio [109], quando vericou-se a mudanca do limiar de oscilac~ao com a temperatura. Isto deve-se basicamente a faixa estreita do \coating" aplicado aos espelhos. Saindo da condic~ao degenerada, a transmit^ancia tende a aumentar, levando consequentemente a um aumento do limiar. Isto esta apresentado na gura 5.13, onde os valores teoricos (quadrados) correspondem aqueles obtidos com o as perdas dadas pelos fabricantes do cristal (reex~ao nas superfcies) e pelos espelhos. O baixo limiar de oscilaca~o e mostrado para na gura 5.14, onde vemos a pot^encia de sada em func~ao da pot^encia de bombeio [16]. O baixo limiar obtido (500 m) e consequ^encia da elevada nesse para os feixes sinal e complementar, e da grande n~ao-linearidade efetiva no cristal PPLN. Com um cuidadoso alinhamento, a pot^encia de limiar pode cair a valores t~ao baixos quanto 300m, aumentando com o tempo. A curva do comprimento de onda do complementar para perfeito acordo de fase pela temperatura dada pelo fabricante e mostrada na gura 5.4. Esta curva concorda qualitativamente com aquela obtida por Gregoire Souhaite [109] (gura 5.15) onde mostra-se a sada do OPO em diferentes temperaturas para o perodo de 31,1m. Apos esta analise das condico~es de operac~ao do OPO, comparamos as medidas com o modelo teorico do sistema, o qual leva em conta a temperatura e as condic~oes para o acordo de fase do cristal QPM. E nesse modelo teorico que nos basearemos para calcular a compress~ao do feixe reetido pela cavidade. ~ DE RUIDO NO BOMBEIO DO OPO-QPM CAPITULO 5. COMPRESSAO 128 Resultados das simula c~ oes Os resultados medidos para o OPO s~ao comparados na gura 5.16 aos resultados calculados nas simulac~oes numericas. Nesta gura, mostramos os resultados da frequ^encia de batimento obtida ! , bem como da intensidade de sada do OPO para diferentes condic~oes de temperatura e 2 pot^encia de bombeio. Os valores escolhidos foram tais que podemos compara-los as situac~oes vericadas nas guras 5.9 a 5.11. O pico de resson^ancia do bombeio na aus^encia de oscilac~ao foi mantido nos gracos para refer^encia. Nos calculos do seu valor exato, o resultado obtido e a deplec~ao do pico, mantido em um valor quase constante. Freqüência (THz) T=TQPM−0,1°C; P pump=8Pth T=TQPM−1,1°C; P pump=4Pth 8,5 15,4 5,0 (a) (b) (c) 4,0 8,0 3,0 15,25 15,2 2,0 7,5 15,2 26 1,0 28 30 15,0 7,0 0,0 (d) (e) (f) (g) (h) (i) 0 Intensidade (u. arb.) Intensidade (u. arb.) in in in T=TQPM−4,3°C; P pump=2Pth 0 20 40 60 80 0 20 40 60 80 0 20 40 60 80 Variação do Comprimento da Cavidade (nm) Figura 5.16: Estudo dos valores medios das intensidades do OPO-QPM. A diferenca de frequ^encia entre sinal e complementar e mostrada na primeira linha. A intensidade media do sinal e dada na segunda linha, e na terceira os valores obtidos experimentalmente. Nenhum ajuste foi realizado. A linha tracejada representa a resson^ancia do bombeio, calculada para a situac~ao onde ha aus^encia de oscilaca~o (P < Pth ) sendo mostrada apenas para refer^encia. Os saltos de modos, observados em temperaturas afastadas daquela da degeneresc^encia, n~ao s~ao vericados no calculo teorico. Uma raz~ao para isso e que o limiar de oscilac~ao dos diferentes modos m s~ao muito proximos, diferindo por um fator da ordem de 10 3 . Por esse motivo, o ~ DA COMPRESSAO ~ DE RUIDO NO BOMBEIO 5.4. OBSERVAC AO 129 ponto exato para a ocorr^encia do salto n~ao e preciso. Um modo pode se manter em oscilac~ao mesmo que haja outro modo com limiar mais baixo, sendo necessaria uma perturbac~ao para que este salto ocorra. Em condico~es normais de operaca~o, o modo pode se manter durante algum tempo antes que ocorra um salto. No caso degenerado, vemos novamente a interrupc~ao da curva ao atingir o limite da degeneresc^encia, previsto na equaca~o 3.64, estando de acordo com o resultado medido. Sabemos ent~ao como variar a sintonia do OPO pela mudanca de sua temperatura. Fica a quest~ao se o OPO apresenta um comportamento puramente monomodo, ou se ele pode gerar multiplos modos longitudinais para o sinal e o complementar. Para isso, estudamos a sada empregando a cavidade Fabry-Perot, descrita na gura 5.8. 5.4.4 Sada Monomodo Para analisar os modos do OPO, observando se este opera monomodo ou multimodo, precisamos manter o sinal de sada estavel. Para isso, podemos fazer tanto a realimentac~ao direta, estabilizando-o por uma tens~ao de refer^encia, quanto usar uma detec~ao sncrona para estabiliza-lo na resson^ancia do par sinal+complementar. Nesta situac~ao, as utuac~oes do sinal de sada s~ao pequenas, n~ao ocorrendo com frequ^encia saltos abruptos de intensidade (gura 5.17). Apos a estabilizac~ao, observamos os modos do sinal gerado pela injec~ao do feixe em uma cavidade formada por dois espelhos esfericos confocais de raio R = 30 mm. Neste caso, temos a sobreposic~ao dos modos pares da cavidade de analise em um unico pico de resson^ancia [57]. Para este comprimento de cavidade o intervalo espectral livre sera de 2,5 GHz, proximo portanto do intervalo espectral livre da cavidade do OPO, em congurac~ao quase conc^entrica com espelhos de mesmo raio de curvatura. O sinal transmitido pelo Fabry-Perot durante uma varredura da cavidade, conforme vemos na gura 5.18, apresenta apenas duas series de picos, correspondendo aos dois comprimentos de onda (sinal e complementar). Note, no entanto, que para uma mesma temperatura do cristal podemos ter diversas series de picos diferentes. O motivo e a presenca, em um mesmo pico de resson^ancia do bombeio, de diversos picos de resson^ancia do sinal gerado, como podemos ver na gura 5.9. O circuito de detec~ao sncrona pode estabilizar a cavidade em qualquer um destes picos. Os saltos entre as posic~oes podem ocorrer aleatoriamente, especialmente se perturbarmos o sistema atraves de vibrac~oes mec^anicas. Mesmo proximo a degeneresc^encia, onde as posic~oes das resson^ancias dos picos se aproximam e apresentam valores de limiar muito semelhantes, temos ainda a gerac~ao de sinais monomodo. No entanto, dada a pequena dist^ancia entre as posico~es dos picos, os saltos ocorrem com muito mais facilidade (gura 5.19). Na condic~ao de resson^ancia, ca difcil obter uma operac~ao estavel, e o sistema se mantem saltando entre diferentes modos, levando ainda a uma variaca~o na intensidade de sada. Ja foi discutido teoricamente [110] que o OPO apresenta necessariamente uma sada monomodo longitudinal, isto e, que apenas um par sinal e complementar podem oscilar simultaneamente em um OPO. A raz~ao e que o OPO ira oscilar no modo de limiar mais baixo. Em consequ^encia, a pot^encia intracavidade cara limitada a este limiar inferior, e n~ao podera atingir o valor necessario para a oscilac~ao de outro modo. Ao sairmos da resson^ancia deste modo, podemos permitir a oscilac~ao de outro modo, que ira substituir aquele que estava anteriormente em 130 ~ DE RUIDO NO BOMBEIO DO OPO-QPM CAPITULO 5. COMPRESSAO 0,1295 Amplitude (mV) 0,1290 0,1285 0,1280 0,1275 0,1270 -0,02 -0,01 0,00 0,01 0,02 Tempo (s) Figura 5.17: Estabilizac~ao da sada do OPO-QPM durante uma varredura de analise dos modos de sada (T=189,5Æ C). 0,005 0,004 Intensidade (a. u.) 0,003 0,002 0,001 0,000 0,006 0,004 0,002 0,000 -0,04 -0,02 0,00 0,02 0,04 Tempo (s) Figura 5.18: Diferentes modos de oscilac~ao para diferentes condic~oes de estabilizac~ao do OPOQPM (T=189,5Æ C). ~ DA COMPRESSAO ~ DE RUIDO NO BOMBEIO 5.4. OBSERVAC AO 0,13 131 Intensidade (2µm) Intensidade (a. u.) 0,12 0,11 0,10 0,09 Intensidade (Fabry-Perot) 0,006 0,004 0,002 0,000 0,020 0,025 0,030 0,035 0,040 0,045 0,050 Tempo (s) Figura 5.19: Instabilidade na estrutura de modos para saltos de intensidade de sada (T=190,5Æ C). operac~ao. Para vericar se os picos observados para o sinal na gura 5.9 referem-se a uma unica resson^ancia do OPO, fez-se uma varredura extramamente lenta deste, com uma varedura rapida do Fabry-Perot de analise. Conseguiu-se observar que cada curva contnua mostrada na gura 5.9 corresponde na realidade a um modo de oscilac~ao, como vemos na gura 5.20 Conclumos ent~ao que a situaca~o estavel de operac~ao de nosso OPO e com uma sada monomodo, n~ao sendo observada a condica~o de operac~ao multimodo. Quanto a condic~ao degenerada, n~ao foi vericada de forma estavel, ocorrendo por vezes uma unica serie de picos no OPO, os quais n~ao se mantinham de forma duradoura, sendo aleatoriamente substitudos por outras series. Procuramos agora a medida da compress~ao do rudo no OPO, comparando-a com os valores esperados. Iniciaremos pela medida do rudo na intensidade do feixe de bombeio reetido, passando depois a medida da compress~ao em quadratura. 5.4.5 Medida do rudo de intensidade Nas simulac~oes mostradas na gura 5.21, vemos que a compress~ao maxima obtida para o feixe reetido pode chegar a 50% do \shot noise" na quadratura otimizada, como ja fora demonstrado na ref. [65]. Note, no entanto, que n~ao se trata de uma compress~ao nas utuac~oes de intensidade. Sobre a mesma gura, mostramos que as utuac~oes de intensidade podem apresentar tanto compress~ao quanto excesso de rudo, dependendo muito da dessintonia da cavidade e da pot^encia de bombeio. Fizemos uma tentativa de medir a compress~ao de rudo na intensidade, usando para isso 132 ~ DE RUIDO NO BOMBEIO DO OPO-QPM CAPITULO 5. COMPRESSAO Saída do Fabry-Pérot de Análise Saída do OPO Varredura do Fabry-Pérot 2,0 Intensidade (u. arb.) 1,6 1,2 0,8 0,4 0,0 -5 0 5 10 15 Tempo de Varredura do Fabry-Pérot (ms) Figura 5.20: Sada monomodo para um pico de oscilac~ao do OPO (T=186,3Æ C). a varredura da cavidade, com a medida simult^anea da intensidade e da pot^encia de rudo, normalizando-o para duas varreduras simult^aneas. Com a soma das fotocorrentes dos detetores da detec~ao homodina 5.8, obtivemos o rudo da intensidade do feixe. Na subtrac~ao, recuperamos o nvel de \shot noise". Quando estas medidas foram realidadas, a congurac~ao do sistema era um pouco diferente, pois as posic~oes da cavidade de ltro e do isolador otico estavam invertidas. Desse modo, n~ao era toda a intensidade reetida pela cavidade que era medida pelo sistema de detec~ao homodina. Ainda que ela apresente uma reex~ao efetiva de 30%, o que dicultaria a observac~ao da compress~ao, esta reetividade depende de qual componente de frequ^encia do campo que esta sendo analisada. Desse modo, como ela tem uma largura de banda inferior a 1 MHz, ela ira transmitir a maior parte da intensidade media do feixe. No entanto, as componentes correspondentes as utuac~oes em uma faixa acima de 10 MHz s~ao reetidas e podem ser medidas pelo sistema de detec~ao sncrona. Da medida destas utuac~oes, esperamos ver o espectro de rudo. Para realizar as medidas, optamos pelo registro simult^aneo disparado por um gatilho eletr^onico, da pot^encia do rudo e da intensidade do sinal durante um pico de oscilac~ao na varredura da cavidade. Empregamos para isso detetores com amplicadores integrados, montados no laboratorio. Sua sada de alta frequ^encia, com elevado ganho, nos fornece a utuaca~o da intensidade incidente sobre o detetor. Ja a sada DC fornece a componente de baixa frequ^encia, proporcional a intensidade incidente. Realizamos para diversas temperaturas as medidas da soma das utuac~oes de intensidade, normalizando-as pelo valor medido no osciloscopio para a intensidade media. Ao longo da varredura do pico, temos a reduc~ao do sinal reetido durante a resson^ancia do OPO, com a deplec~ao devido a geraca~o do sinal+complementar. Se as utuac~oes de intensidade corresponderem ao limite classico (\shot noise"), a normalizac~ao dara uma constante ao longo da varredura ~ DA COMPRESSAO ~ DE RUIDO NO BOMBEIO 5.4. OBSERVAC AO Ruído Normalizado N Intensidade (u. arb.) 133 4 3,5 3 2,5 2 1,5 1 0,5 0 0 T=T deg−4,3°C 20 40 T=T deg−1,1°C 60 0 20 40 T=T deg−0,1°C 60 0 20 40 60 Variação do Comprimento de cavidade (nm) Figura 5.21: Perl do rudo otimizado na quadratura (preto) e do rudo de intensidade (cinza) para diferentes comprimentos de cavidade em torno da resson^ancia do bombeio. Na parte superior, a intensidade de sada do OPO. pelo pico. No entanto, se houver um aumento no rudo normalizado, isto representa um excesso de rudo. A reduca~o deste rudo ira demonstrar a compress~ao. Para vericar a validade do metodo, repetimos a medida, nas mesmas condic~oes, normalizando a diferenca entre o rudo medido em cada detetor pela intensidade media. Conforme vimos na seca~o 4.8.2, as utuac~oes neste caso devem ser iguais as utuac~oes de intensidade de um campo coerente. Para a realizac~ao de medidas, selecionamos a frequ^encia de analise de 8 MHz, onde a intensidade do rudo do laser corresponde ao \shot-noise" (sem excesso de rudo). Ajustamos a largura de banda (RBW) em 1 MHz, e a resoluca~o de vdeo em um valor coerente com a baixa velocidade de varredura empregada. A pot^encia de bombeio foi de 11 mW, para um limiar de 1,6 mW. A temperatura de operac~ao (190Æ C) garante a operac~ao em um valor com baixo limiar, bem proximo a resson^ancia, sem no entanto atingi-la. Os resultados tpicos s~ao mostrados na gura 5.22. Como podemos ver, ao passar pela resson^ancia, temos a depleca~o do feixe reetido durante a oscilac~ao do OPO. As medidas em preto correspondem a soma do rudo medido pelos detetores e, em cinza, a calibrac~ao do \shot noise". Observe que temos um valor constante para a medida do \shot noise" (subtrac~ao dos sinais dos detetores), como e de se esperar na medida normalizada. No entanto, n~ao foi observada a compress~ao. Surgem, no entanto, regi~oes de excesso de rudo nas bandas laterais do pico, como e de se esperar no caso de um elevado valor de dessintonia do bombeio. N~ao foi possvel observar a compress~ao das utuac~oes de intensidade do feixe reetido atraves da medida na varredura da cavidade. Como vemos na gura 5.21, a compress~ao de rudo de intensidade ocorre para regi~oes muito estreitas do comprimento de cavidade, n~ao sendo possvel ~ DE RUIDO NO BOMBEIO DO OPO-QPM CAPITULO 5. COMPRESSAO Int. Refletida (u.arb.) 134 1,2 1,0 0,8 0,6 Int. Sinal+ Complementar (u.arb.) 0,4 0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 0,8 0,6 0,4 0,2 0,0 Ruído Normalizado 5,0 4,0 3,0 2,0 1,0 0,0 Tempo (s) Figura 5.22: Medida do rudo reetido pela cavidade. Linha superior, intensidade do feixe reetido. No meio, pot^encia de sada do OPO, linha inferior, pot^encia do rudo do feixe reetido normalizada pela intensidade na condic~ao de soma e subtrac~ao. ~ DA COMPRESSAO ~ DE RUIDO NO BOMBEIO 5.4. OBSERVAC AO 135 estabilizar o OPO precisamente no ponto de compress~ao das utuaco~es de intensidade. Vale lembrar ainda que a resoluc~ao de banda de vdeo e a resoluc~ao de largura de banda do Analisador de espectro v~ao necessariamente realizar uma media, integrando toda uma regi~ao de medida. Em consequ^encia, devido a limitac~oes tecnicas, n~ao foi possvel vericar a compress~ao das utuac~oes de intensidade do bombeio reetido pelo OPO. Como demonstramos a seguir, o mesmo n~ao ocorre para a compress~ao de quadratura. Pela estabilizac~ao da cavidade, obteve-se um feixe reetido comprimido. Porem a diculdade passa a ser a pot^encia sobre os detetores, que pode leva-los a saturac~ao quando juntamos ao feixe reetido o oscilador local. Descreveremos ent~ao os procedimentos para a medida com um oscilador local de pot^encia proxima a do feixe analisado. 5.4.6 Compress~ao do rudo de quadratura Diante do insucesso da medida do rudo de intensidade com a varredura da cavidade, optou-se por realizar a medida do rudo do feixe usando um oscilador local para vericar a compress~ao nas quadraturas do campo. Porem, temos aqui uma modicac~ao com relaca~o a tecnica apresentada na sec~ao 2.3.4. Neste caso, a pot^encia reetida pela cavidade e da ordem de 1 mW. O oscilador local n~ao pode ser muito intenso, pois neste caso saturaramos os detetores ao atingirmos uma pot^encia de 10 mW. Esta saturac~ao acaba sendo percebida pelo sistema como uma reduc~ao na sensibilidade da medida, acompanhada por uma diminuic~ao da eci^encia qu^antica e uma consequente perda na validade dos valores medidos de fotocorrente. Por isso, o oscilador local sera de uma pot^encia proxima a do feixe empregado, e a aproximac~ao que havamos usado na seca~o 2.3.4 n~ao e mais valida. Habitualmente, temos o oscilador local muito mais intenso que o feixe em estudo, de modo que a vari^ancia da subtrac~ao das fotocorrentes pode ser aproximada por 2 (i1 i2 ) / ILO 2 E ; (5.49) onde ILO e a pot^encia do oscilador local e 2 E e a vari^ancia da quadratura do campo em estudo. Variando-se a fase do oscilador local, podemos observar a vari^ancia em diferentes quadraturas, calibrando o resultado para o \shot noise" pelo simples bloqueio do feixe em estudo. Neste caso estaremos medindo as quadraturas do vacuo entrando pela porta livre do divisor de feixe. Verica-se assim a compress~ao em quadratura de forma clara e inequvoca. No entanto, se a intensidade do feixe estudado n~ao puder ser ignorada nos calculos, teremos a vari^ancia da subtraca~o das fotocorrentes dos diodos dada por 2 (i1 i2 ) / ILO 2 E + I 2 ELO ; (5.50) onde as correlac~oes entre os feixes s~ao nulas, posto que eles foram obtidos pela divis~ao de um estado coerente em um divisor de feixe, n~ao devendo neste caso apresentar correlac~oes entre si. I e a intensidade media do feixe em estudo, no caso do feixe reetido pelo OPO, e 2 ELO e a vari^ancia do oscilador local. Este corresponde, como vimos, as utuac~oes de um estado coerente gracas a ltragem da cavidade. A contribuic~ao das utuaco~es do oscilador local podem ser medidas diretamente pelo bloqueio deste, uma vez que, por estar no estado coerente, 136 ~ DE RUIDO NO BOMBEIO DO OPO-QPM CAPITULO 5. COMPRESSAO ele deve apresentar utuaco~es semelhantes as do vacuo. Podemos desse modo descontar o seu valor na medida apresentada pela equac~ao 5.50 e obter o nvel de shot noise corrigido. Para medir o rudo, usamos o par de detetores balanceados. O acordo de modo do feixe reetido com o oscilador local foi de 97 %. Como vemos na gura 5.8, o oscilador local e obtido a partir do feixe do laser reetido pelo polarizador de entrada do isolador otico. A l^amina de quarto de onda QWP1 e o espelho M6, solidario a um PZT para variar a fase do oscilador, permitem o giro da polarizaca~o do feixe, que e ent~ao transmitido pelo mesmo polarizador. Este se sobrep~oe ao feixe reetido pela cavidade do OPO, rejeitado pelo isolador otico, com uma polarizaca~o ortogonal a este. A l^amina de meia onda HWP3 e o cubo polarizador PBS fazem a mistura dos feixes para a deteca~o homodina. A cavidade de ltro contribui para reduzir os efeitos de eventuais reex~oes para o interior da cavidade do laser, que podem ocorrer no retorno do oscilador local ao polarizador do isolador otico. in = 1; 2 mW, para um limiar de 300 W O OPO foi bombeado por uma pot^encia de Ppump usando para isso a trilha de periodicidade 31,1 m no cristal PPLN. O cristal foi posto a uma temperatura um pouco abaixo daquela da degeneresc^encia, assegurando uma operac~ao estavel e livre de saltos (T = 162Æ C = Tqpm 1Æ C ). A pot^encia reetida pelo OPO, medida sobre os det = 0; 45 mW. A pot^encia usada do oscilador local foi P fotodetetores, foi Ppump LO = 1; 2 mW, podendo ser controlada pela inserca~o de ltros diante do espelho M6. Nas medidas com o Analisador de Espectro selecionamos a frequ^encia de analise de 6 MHz, dentro da banda passante da cavidade do OPO para o sub-harm^onico e acima da regi~ao de excesso de rudo. A resoluc~ao (RBW) foi de 100 kHz, e a largura da banda de vdeo (VBW) foi de 10 kHz, reduzindo as utuac~oes do sinal medido. Nestas condico~es o nvel de rudo eletr^onico medido na aus^encia de luz foi de -102,6 dBm. Na gura 5.23 temos a pot^encia de rudo N1 medida para a varredura do oscilador local em presenca do feixe reetido pela cavidade. A medida do nvel de \shot noise" para o oscilador local e para o bombeio reetido e feita pelo bloqueio do feixe correspondente, fazendo a homodinagem do feixe restante com o vacuo entrando pela porta vazia do divisor de feixe formado pelo cubo ploarizador. Deste modo, temos o nvel de \shot noise" medido para o oscilador local mostrado em N2 . N3 e o nvel de \shot noise" obtido para o bombeio reetido pelo OPO. A soma de N2 e N3 , descontado o rudo eletr^onico, e mostrada no mesmo graco. Vemos que o rudo medido atinge valores inferiores ao nvel equivalente do \shot noise", correspondendo a uma compress~ao de quadratura abaixo do limite qu^antico. Da equac~ao 5.50 podemos calcular as utaco~es normalizadas da quadratura N = 2 E =2 ELO . O rudo normalizado mostrado na gura 5.24 e calculado como N = (N1 N3 )=N2 , descontandose o rudo eletr^onico de cada medida de pot^encia de rudo. Vemos na gura 5.24 que a reduc~ao de rudo chega a 30 %, o que corresponde a uma reduc~ao inferida de 38 % quando levamos em conta as perdas entre a cavidade e os detetores, alem de sua eci^encia qu^antica de 94%. Uma forma simples de checar a compress~ao de rudo consiste em inserir perdas no feixe reetido pelo OPO, e refazer a medida do rudo normalizado. A compress~ao do rudo S = 1 N deve variar linearmente com as perdas inseridas. Para produzir as perdas apenas no feixe reetido pelo OPO sem alterar a pot^encia do oscilador local, introduzimos as l^aminas de Brewster no trajeto do feixe, apresentando uma reduc~ao de 46% na intensidade reetida pela cavidade que chega ao sistema de homodinagem sem apresentar reduc~ao observavel no feixe do oscilador local. Usando duas l^aminas, garantimos que n~ao ha desalinhamento do sistema ~ DA COMPRESSAO ~ DE RUIDO NO BOMBEIO 5.4. OBSERVAC AO 137 −93 Potência de Ruído (dBm) −94 −95 −96 −97 0 20 40 60 80 Tempo (ms) Figura 5.23: Pot^encia de rudo medida na detec~ao homodina. Linha contnua: varredura do oscilador local, em homodinagem com a reex~ao do OPO (N1 ). Linha tracejada: Nvel de shot noise para o oscilador local (N2 ). Linha pontilhada: nvel de shot-noise para a reex~ao do OPO (N3 ). Linha cinza, soma do nvel de shot noise do oscilador local com o da reex~ao da cavidade, corrigida a dupla soma do rudo eletr^onico. Ruído Normalizado − N 1,4 1,2 1,0 0,8 0,6 0 20 40 Tempo (ms) 60 80 Figura 5.24: Rudo Normalizado ao nvel do shot-noise. Linha contnua, compress~ao de rudo calculada a partir dos dados da gura 5.23. Linha cinza, valor esperado do rudo, se fossem inseridas perdas de 46% no feixe. Linha cinza, medida com as placas de Brewster inseridas no trajeto do feixe, concordando qualitativamente com o valor calculado da compress~ao. 138 ~ DE RUIDO NO BOMBEIO DO OPO-QPM CAPITULO 5. COMPRESSAO de detec~ao do feixe, como vemos na gura 5.8. Na gura 5.24 a linha tracejada representa a medida realizada com atenuac~ao, enquanto que a linha cinza mostra, para comparac~ao, o resultado calculado para a introduc~ao destas perdas, tomando como base a curva contnua do resultado previamente obtido. As duas curvas tem amplitudes semelhantes, o que conrma a compress~ao de rudo obtida [17]. Vemos ent~ao que os valores medidos de compress~ao (38%) s~ao proximos ao valor de compress~ao de 44% esperado teoricamente. Entre as raz~oes para a diferenca, temos o acordo de modo do feixe reetido pelo OPO com o oscilador local, alem do efeito de perdas na detec~ao e na cavidade para o modo do bombeio. Demonstramos ainda a aplicaca~o de um sistema de homodinagem para medida de utuac~oes qu^anticas onde a pot^encia do oscilador local e proxima a pot^encia do feixe em estudo. Isto possibilita o estudo de feixes intensos com compress~ao de quadratura sem correr o risco de saturar os detetores, ou a necessidade de empregar cavidades de ltro para reduzir o valor medio do campo sem afetar suas utuac~oes [111, 7]. Neste caso, o oscilador local deve ter suas utuac~oes reduzidas ao \shot noise". A compress~ao do bombeio pelo OPO permite fazer um ltro ativo do rudo do laser de Nd:YAG. Alem disso, o baixo limiar da cavidade empregada com um cristal PPLN [16] permite possveis aplicac~oes em fot^onica, onde efeitos de biestabilidade podem permitir a construc~ao de um circuito tipo \Schmidt trigger" otico para baixas pot^encias de chaveamento. Cap tulo 6 Modos transversos em cavidades conc^entricas Apos termos estudado nos captulos anteriores o oscilador parametrico otico, demonstrando a compress~ao de rudo nos feixes g^emeos e no feixe de bombeio reetido pela cavidade, iremos passar ao estudo dos modos de sada do OPO. Nos casos precedentes, estudamos sempre a pot^encia total do feixe de sada, sem nos ocuparmos da distribuica~o da intensidade dentro dos feixes. Vericaremos agora as estruturas formadas em cavidades operando em conguraco~es degeneradas, operando com multiplos modos transversos de sada. O objetivo nal de tal estudo e a geraca~o de estados com compress~ao local do rudo, obtido atraves de uma distribuic~ao espacial do rudo sobre o feixe de sada. Muito tem sido estudado sobre a formaca~o de estruturas em modos transversos do Os cilador Parametrico Otico. Temos, por exemplo, a formac~ao de estruturas de rolamento (\roll patterns") na sada de OPOs em cavidades planas [112]. Outras congurac~oes tambem foram estudadas, mostrando a gerac~ao de estruturas em cavidades confocais [12] e conc^entricas [13]. Alem da distribuic~ao de intensidade nestes OPOs, podemos gerar, atraves destas cavidades degeneradas, estados comprimidos multimodos, onde a distribuic~ao do rudo no feixe permite obter a compress~ao local. Tais estados podem servir para aumentar a resoluc~ao de imagens do perl de um feixe, ou a medida de pequenos deslocamentos alem dos limites dados pelas medidas com um estado coerente. O oscilador parametrico otico em congurac~ao degenerada e um forte candidato para a gerac~ao de tais estados. Como mostrado em [18], um campo monomodo n~ao pode gerar compress~ao local de rudo. Para gerar uma compress~ao local, somente com fontes de luz com compress~ao multimodo, como osciladores parametricos oticos em cavidades degeneradas abaixo do limiar, amplicadores parametricos oticos gerando vacuo multimodo comprimido, mistura de quatro ondas, etc. Para uma ampla descric~ao destes processos, pode-se ver a ref. [113]. Nesta tese optamos por estudar os efeitos de operac~ao multimodo do OPO, gerando luz em multiplos modos da cavidade em oscilac~ao. Diferente das propostas acima onde a medida da compress~ao espacial pede o uso de um oscilador local, as medidas da correlac~ao de intensidade t^em uma implementac~ao mais facil. No entanto, do ponto de vista teorico, o tratamento de multiplos modos do OPO em oscilaca~o intensa e extremamente complicado. Trabalhos en139 140 ^ CAPITULO 6. MODOS TRANSVERSOS EM CAVIDADES CONCENTRICAS volvendo o desenvolvimento classico ja demonstram alto grau de complexidade [110]. Para o desenvolvimento qu^antico, este estudo e ainda mais difcil pelo acoplamento de multiplos modos. Veremos neste e no proximo captulo algumas caractersticas classicas e qu^anticas do OPO multimodo em congurac~oes de cavidade conc^entrica e confocal. Na cavidade confocal, vamos usar o OPO para gerar um par de feixes g^emeos e, atraves de obstaculos, vamos investigar a distribuica~o de rudo dentro do feixe. No OPO conc^entrico aqui descrito, espera-se gerar feixes g^emeos com multiplos modos transversos e uma distribuic~ao simetrica espacial dos fotons. Vamos discutir as montagens implementadas e suas possveis aplicaco~es. Veremos as estruturas formadas por cavidades degeneradas contendo um cristal do tipo II, e uma tentativa de vericar a distribuic~ao espacial do rudo nos feixes gerados. Mostraremos ainda as estruturas de sada para uma cavidade conc^entrica com um cristal tipo I, e a oscilac~ao em multiplos modos transversos na degeneresc^encia e fora dela. Comecaremos pela descrica~o das aplicac~oes de estados comprimidos multimodo da luz. Mostraremos quais as conguraco~es de cavidade a serem estudadas, com a denic~ao da cavidade conc^entrica e confocal. Apresentaremos o sistema de medida empregado e os resultados obtidos em diferentes regimes proximos a concentricidade. 6.1 Aplica c~ oes dos estados comprimidos multimodo Os trabalhos iniciais de geraca~o de estados comprimidos do campo lidaram sempre com o estudo das utuac~oes do campo eletrico realizando a medida na totalidade do feixe, integrando toda frente de onda no processo de deteca~o. O mesmo n~ao ocorreu com as medidas de certos estados qu^anticos da luz, como o caso dos fotons g^emeos gerados por convers~ao parametrica descendente espont^anea [19]. Para estes estados, desde o incio observou-se uma forte correlaca~o do momento transverso dos fotons gerados [114] levando a ideia de formaca~o de imagens qu^anticas no campo eletromagnetico [115, 116, 117]. Estes resultados iniciais, junto a eventuais aplicac~oes praticas dos estados comprimidos do campo, levaram a um crescente interesse pelos estudos teoricos do comportamento espacial da luz. Dois exemplos de aplicac~oes de estados comprimidos multimodo s~ao citados aqui, onde a geraca~o de campos com compress~ao local de rudo leva a um aumento da resoluca~o de imagens ou da medida de pequenos deslocamentos alem do limite imposto pelas utuac~oes do campo. 6.1.1 Resoluc~ao de imagens Considera-se tipicamente que o limite de resoluc~ao de imagens e dado pelo criterio de Rayleigh para a distinc~ao de duas fontes luminosas [118], baseado na separac~ao entre os maximos dos picos de Airy das imagens das fontes. No entanto, se considerarmos a resoluc~ao possvel para um perl de intensidade pelos sistemas de detec~ao atuais, podemos medir a distribuic~ao da intensidade e fazer a deconvoluca~o da medida, recuperando a informac~ao das fontes [119]. Desse modo, temos a reduc~ao do limite de resoluc~ao da imagem. Para medirmos o perl de intensidade de um feixe, empregam-se atualmente \chips" envolvendo multiplos fotodetetores [8], como as CCD's (\charge coupled devices" - dispositivos de carga acoplada) em que a incid^encia luminosa e traduzida pela carga em uma junc~ao MOS ~ 6.1. APLICAC OES DOS ESTADOS COMPRIMIDOS MULTIMODO 141 (metal-oxido-silcio), e esta e chaveada internamente, produzindo a varredura dos nveis de tens~ao na matriz dos detetores. E o dispositivo habitualmente empregado na obtenc~ao de imagens, seja em laboratorio, seja em aplicac~oes de vdeo (ainda que existam outros sistemas, baseados em tubos eletr^onicos [120]). Feixe de entrada: Intensidade Fotocorrente de saída: Pixels Figura 6.1: Medida do perl de intensidade com uma CCD, vista como uma serie de fotodetetores. O sinal de sada corresponde a integrac~ao da intensidade sobre a area S do pixel, e contem a utuaca~o de pot^encia da area medida. Consideremos ent~ao que queremos medir o perl de intensidade de um feixe incidente sobre a CCD (gura 6.1). Se considerarmos apenas os aspectos classicos do campo, teremos uma distribuic~ao de intensidades, revelando a pot^encia incidente em cada pixel. Desse modo, a descric~ao da intensidade n~ao pode ser feita em um espaco contnuo, sofrendo uma discretizac~ao. A imagem obtida sera tanto mais el a distribuic~ao de intensidade quanto menor for o tamanho do pixel relativo a area iluminada. Ou seja, a resoluc~ao aumenta quanto maior for a densidade de fotodetetores iluminados pela sec~ao transversa do feixe. O que ocorre com o rudo da medida de pot^encia? Como sabemos, para um estado coerente o rudo qu^antico varia com a raiz quadrada do numero de fotons incidentes sobre o detetor (\shot noise"). A raz~ao entre o sinal e o rudo ira variar igualmente com a raiz quadrada da pot^encia media. Ao aumentar a quantidade de pixels iluminados pelo feixe, reduzimos a pot^encia incidente sobre cada detetor, reduzindo igualmente a raz~ao sinal/rudo. Como vemos na ref. [121], a superfcie mnima do pixel para um resultado unitario na raz~ao sinal rudo para um estado coerente do campo e dada por p 2N (~) = Smin = ~ jjrN (~)jj p 2Ltip N (~) p (6.1) onde o comprimento tpico pode ser calculado a partir da aproximac~ao do gradiente da densidade local de fotons N (~), dada em (m 2 ), dependente da coordenada transversa do feixe. 142 ^ CAPITULO 6. MODOS TRANSVERSOS EM CAVIDADES CONCENTRICAS Incidência de um estado coerente i1(t) i2(t) i3(t) i4(t) Incidência de um estado comprimido em intensidade s Figura 6.2: Medida do perl de intensidade com uma CCD, para um estado coerente (distribuic~ao aleatoria de fotons no espaco e tempo) e para um estado comprimido em intensidade (visto como um feixe com regularizac~ao temporal do uxo de fotons). A detec~ao em uma pequena area do feixe leva a distribuic~ao de volta a uma poissoniana. Teremos ent~ao um limite qu^antico para a resoluc~ao de imagens, dado pela utuaca~o da medida da intensidade luminosa. Note que um estado comprimido em intensidade sofreria do mesmo problema. Se os fotons est~ao aleatoriamente distribudos dentro do feixe, o processo da sua detec~ao por um unico pixel com area muito menor que a seca~o reta do feixe equivale a usar um ltro de densidade neutra de grande atenuac~ao. O nvel de rudo no pixel recai ent~ao ao limite do \shot noise" (gura 6.2). Um campo multimodo pode apresentar uma distribuic~ao local de utuac~oes, de modo a obter uma super-resoluc~ao na imagem. Uma descrica~o detalhada desta aplicac~ao pode ser vista na ref. [122]. Veremos ainda, na seca~o 7.4 como a exist^encia de estados qu^anticos multimodo permite a obtenc~ao de uma compress~ao local de rudo. 6.1.2 Medida de pequenos deslocamentos Uma motivac~ao direta para o estudo das distribuic~oes espaciais do rudo em feixes luminosos vem da necessidade tecnologica de melhorar a resoluca~o para medidas de pequenos deslocamentos, feitas a partir da deex~ao de feixes laser. Este e o caso dos microscopios de forca at^omica, onde o deslocamento vertical da alavanca que mapeia a superfcie do substrato em estudo e feito pela medida da deex~ao de um feixe laser por ela reetido [11]. A medida de efeitos termicos usa largamente os efeitos de deex~ao de um feixe sonda pela absorc~ao e aquecimento de um feixe de prova, como e o caso da deex~ao fototermica [123] e do efeito miragem [10], permitindo a medida de deslocamentos da ordem de 10 5 nm. Do mesmo modo, temos a aplicac~ao do desvio do feixe ao estudo do deslocamento de moleculas [9]. ~ 6.1. APLICAC OES DOS ESTADOS COMPRIMIDOS MULTIMODO 143 Uma forma usual de medir um pequeno deslocamento de um feixe de luz consiste em incidi-lo sobre um detetor dividido em dois setores. Considere um feixe gaussiano posicionado de forma que exatamente metade de sua pot^encia incida sobre cada setor do detetor (gura 6.3). A diferenca entre as fotocorrentes dos dois setores sera diretamente proporcional ao deslocamento D do feixe para pequenos valores de deslocamento [124]. P1 ∆ D N- P2 D TEM00 ∆ Largura Efetiva N- Dmin D Figura 6.3: Sistema para medida de pequenos deslocamentos do feixe atraves de um fotodetetor dividido em dois setores. A resoluc~ao do deslocamento de um feixe luminoso (Dmin ) acaba sendo limitada pelas utuac~oes qu^anticas da intensidade do feixe. Para uma relac~ao unitaria de sinal/rudo na medida do deslocamento, teremos Dmin = p (6.2) hNtot i ; N i e de 0; 63 w para um modo gaussiano onde a largura efetiva do feixe = hNtot i= @ h@D 0 fundamental. Note que, nesse caso, a utilizac~ao de um feixe com a utuac~ao de intensidade comprimida n~ao ajudaria no processo de deteca~o. Se tomarmos tal feixe e o observarmos sobre dois setores de um fotodetetor dividido ao meio recuperaremos, na subtrac~ao das fotocorrentes, as utuaco~es referentes ao \shot-noise", uma vez que n~ao ha uma correlaca~o espacial dos fotons para este estado comprimido. Estes podem estar regularizados no tempo, mas mant^em uma distribuic~ao aleatoria no espaco. Uma proposta para a geraca~o de feixes com uma distribuic~ao uniforme de rudo seria o emprego de OPOs com cavidade conc^entrica. A ideia e que o par de fotons sinal e complemen- 144 ^ CAPITULO 6. MODOS TRANSVERSOS EM CAVIDADES CONCENTRICAS tar emitidos guardariam, apos multiplas reex~oes, as correlac~oes de momento transverso que possuem no instante da sua geraca~o. Alem de g^emeos (correlac~ao temporal), os feixes gerados seriam siameses (correlaca~o espacial). Os feixes de sada apresentariam uma alta correlac~ao espacial nas intensidades medidas no campo distante (ou seja, no domnio do momento). Seria possvel, deste modo, suplantar o limite qu^antico obtido no caso de um feixe no estado coerente ou no caso de um feixe comprimido monomodo. OPO Concêntrico χ(2) k 0, ω 0 k1, ω1 k 2, ω 2 Aplicação à medida de pequenos deslocamentos P P 1 2 N - Figura 6.4: OPO com cavidade conc^entrica como fonte de feixes \siameses" e seu uso para um medida de alta resoluc~ao em pequenos deslocamentos. Estudos teoricos apresentam diversas possibilidades de gerac~ao de luz com uma compress~ao local de rudo. Por exemplo, o vacuo comprimido gerado pela sada de um Amplicador Parametrico Otico (OPA) apresenta uma compress~ao multimodo transversa [125]. O mesmo e esperado de um meio Kerr, no caso da mistura de quatro ondas [126, 127]. Para meios n~ao-lineares operando em cavidades, a presenca de um meio otico n~ao-linear leva ao acoplamento dos varios modos transversos da cavidade entre si . Diversos estudos teoricos tratam da geraca~o de rudo multimodo em cavidades degeneradas, como e o caso do OPO em cavidades confocal [128], plana [116] e conc^entrica [129, 130]. Paralelamente, as estruturas formadas em feixes laser quando estes interagem com meios n~ao-lineares, seja por ondas propagantes, seja com meios em cavidades, t^em sido recentemente estudadas. Para osciladores parametricos, temos ja um historico de gerac~ao de estruturas dentro dos feixes de sada do oscilador, seja em conguraca~o confocal [12] ou conc^entrica [13]. As abordagens teoricas, no entanto, n~ao chegam ainda a descrever as estruturas formadas . Estas estruturas s~ao um pre-requisito a gerac~ao de estados com um perl espacial na com- 6.2. MODOS TRANSVERSOS EM CAVIDADES COM ESPELHOS ESFERICOS 145 press~ao qu^antica de rudo, o qual deve ocorrer, para interac~oes em cavidades, apenas nos casos multimodo. Apesar das previs~oes teoricas, os resultados qu^anticos para as utuac~oes do campo s~ao ainda escassos. Temos um amplo tema de trabalho no estudo de estados de fotons g^emeos, por exemplo, onde se demonstrou o efeito de \antibunching" espacial [114]. No entanto, para estados macroscopicos do feixe s~ao poucos os trabalhos realizados. Como exemplo, temos o estudo de um laser a gas em [131]. A exceca~o dos estudos da distribuica~o qu^antica do rudo ca por conta dos estudos com laseres de diodo [132] (inclusive laseres de cavidade vertical VCSEL [133]), demonstrando a distribuic~ao espacial do rudo nestes meios valendo-se de uma descric~ao multimodo do feixe de sada. Os primeiros resultados para o estudo da distribuic~ao de rudo nos feixes de um OPO comecam a aparecer. Nosso trabalho recente, apresentado nesta tese, levou a demonstrac~ao de n~ao-uniformidades na distribuica~o do rudo dentro de um OPO confocal [14]. Este e um primeiro indcio do acoplamento das utuac~oes entre os modos transversos de um OPO, com o desenvolvimento de tecnicas experimentais que permitem a analise dos feixes produzidos. 6.2 Modos transversos em cavidades com espelhos esf ericos Para compreendermos melhor a oscilac~ao em modos transversos, vamos descrever as condic~oes de resson^ancia para um feixe gaussiano dentro de uma cavidade formada por espelhos esfericos. Seguiremos de forma resumida a descric~ao apresentada no captulo 19 da refer^encia [57]. Considere uma cavidade linear formada por dois espelhos esfericos de raios de curvatura R1 e R2 , separados por uma dist^ancia L no vacuo, como mostrado na gura 6.5. Para que ocorra a oscilac~ao estavel, o modo gaussiano no interior da cavidade devera ter os raios de curvatura R(z ) dados pela equaca~o A.6 exatamente sobrepostos a superfcie reetora. Nesta situac~ao, considerando que o di^ametro do feixe incidente sobre cada espelho 2w(zi ) = 2wi e muito menor que o di^ametro do espelho, o feixe gaussiano sera exatamente reetido sobre si mesmo. Teremos ent~ao multiplas reex~oes do feixe gaussiano. Desse modo, o raio de curvatura dos espelhos e sua dist^ancia L ir~ao denir o comprimento de Rayleigh zR , e consequentemente a posic~ao z = 0 da cintura do feixe e seu di^ametro 2w0 . A cavidade ira denir, portanto, uma base de modos Laguerre-Gauss ou Hermite-Gauss para a parte espacial da envoltoria da onda ressonante, com uma cintura de feixe dada pelos par^ametros R1 ; R2 ; L da cavidade. Um feixe transmitido por ela ou gerado em seu interior podera ser facilmente descrito em uma destas bases. E por este motivo que, em captulos anteriores, buscamos o acordo de modo do feixe de bombeio a cavidade. Para um perfeito acordo de modo, altera-se o feixe gaussiano incidente por um conjunto de lentes, de modo que ele se sopreponha da melhor forma possvel aos modos da cavidade. Geralmente buscamos a sua projec~ao no modo gaussiano fundamental (TEM00 ), como foi o caso do OPO com o cristal QPM. Neste caso, um desacordo de modo e visto pelo acoplamento do feixe a outros modos transversos da cavidade. Quando a resson^ancia dos modos transversos esta longe da resson^ancia do modo fundamental, temos efetivamente uma perda de pot^encia efetivamente injetada na cavidade. O raio da cintura do feixe gaussiano w0 e sua posic~ao no interior da cavidade podem ser ^ CAPITULO 6. MODOS TRANSVERSOS EM CAVIDADES CONCENTRICAS 146 L R1 2w1 2w2 2w0 R2 z=0 z1 z2 Figura 6.5: Cavidade composta por dois espelhos esfericos. calculadas partindo dos raios de curvatura dos espelhos. Das equac~oes dos feixes gaussianos (Ap^endice A) temos R(z1 ) = z1 + zR2 =z1 = R1 e R(z2 ) = z2 + zR2 =z2 = R2 : (6.3) com o comprimento de Rayleigh zR = w02 =. As equaco~es ser~ao descritas de forma mais conveniente se substituirmos os raios de curvatura dos espelhos pelos par^ametros g da cavidade, denidos como L gi = 1 : (6.4) Ri Podemos calcular o raio da cintura do feixe, bem como os raios dos feixes incidentes sobre os espelhos, obtendo s L g1 g2 (1 g1 g2 ) w02 = ; (g1 + g2 2g1 g2 )2 s g2 L w12 = g1 (1 g1 g2 ) s g1 L e w22 = ; g2 (1 g1 g2 ) (6.5) e para os valores do comprimento de Rayleigh e as dist^ancias dos espelhos a cintura do feixe teremos g2 g1 g g (1 g1 g2 ) ; z12 = L e z22 = L : (6.6) zR2 = L2 1 2 2 (g1 + g2 2g1 g2 ) g1 (1 g1 g2 ) g2 (1 g1 g2 ) Vemos imediatamente que as soluco~es s~ao reais apenas se a condic~ao 0 g1 g2 1 (6.7) for satisfeita. Caso contrario, as cavidades ser~ao instaveis, apresentando grandes perdas por difraca~o. Ainda que muito uteis em laseres [57], estas cavidades instaveis n~ao s~ao interessantes 6.2. MODOS TRANSVERSOS EM CAVIDADES COM ESPELHOS ESFERICOS 147 para os estudos de efeitos qu^anticos em OPOs no regime contnuo, como aqueles descritos neste trabalho. Para este caso, queremos o mnimo de perdas da cavidade se quisermos uma oscilac~ao a baixas pot^encias de bombeio e correlac~oes qu^anticas entre os feixes gerados. Podemos representar a condic~ao de estabilidade em um diagrama (gura 6.6), onde apresentamos os diferentes tipos de cavidade em funca~o dos seus par^ametros (g1 ; g2 ). A linha diagonal representa a condica~o dada por osciladores simetricos, onde g1 = g2 = g. Outro tipo de cavidade frequentemente usada e aquela que emprega um espelho plano e um espelho esferico. Neste caso a cintura do feixe se situa sobre o espelho plano, o qual apresenta um valor g2 = 1. Este tipo de cavidade, tambem conhecido por cavidade semi-simetrica, apresenta semelhancas as cavidades simetricas no que se refere a seu alinhamento, porem com diferencas nas frequ^encias de resson^ancia dos modos tranversos, como veremos a seguir. g2 4 3 Cavidade Semi-simétrica 2 Plana 1 Cavidade Simétrica g1 0 -4 -3 -2 -1 0 -1 Concêntrica 1 2 3 4 Confocal -2 -3 -4 Figura 6.6: Plano dos par^ametros g das cavidades com espelhos esfericos. As regi~oes das cavidades estaveis est~ao sombreadas. Neste plano, situamos as congurac~oes de cavidades simetrica e semi-simetrica. Os raios dos feixes incidentes sobre os espelhos e o raio da cintura do feixe para cavidades simetricas pode ser obtido co~es 6.5. O comprimento de Rayleigh, neste caso, q a partir das equa 1+ g L varia na forma zR = 2 1 g . Vemos que para uma cavidade conc^entrica o valor de zR tende a zero, implicando em uma diverg^encia crescente do feixe a medida que nos aproximamos deste limite. Na concentricidade exata, a diverg^encia e sucientemente grande para que a aproximac~ao paraxial perca a validade. Ja na cavidade confocal, no limite g ! 0, o valor do comprimento de Rayleigh vai a zR = L=2, o que signica que a diverg^encia do feixe e pequena. Para a cavidade plana, o comprimeto de Rayleigh tende ao innito, o que mostra a situaca~o instavel para esta cavidade, na qual a aproximaca~o paraxial perde novamente a validade. Geometricamente, vemos que a cavidade confocal e pouco crtica quanto ao alinhamento. 148 ^ CAPITULO 6. MODOS TRANSVERSOS EM CAVIDADES CONCENTRICAS Nesta cavidade, o centro do raio de curvatura de um espelho se situa sobre a face do outro, de modo que um desalinhamento da cavidade desloca seu eixo, sem afetar sua estabilidade. Ja para as cavidades plana, conc^entrica e semiconc^entrica, o desalinhamento representa uma grande perda por difraca~o, sendo ent~ao que estas cavidades apresentam maiores diculdades para o alinhamento. Para as diferentes cavidades, teremos diferentes valores para as frequ^encias de resson^ancia, conforme o modo transverso que oscile em seu interior. Veremos ent~ao quais as condico~es necessarias para a degeneresc^encia dos modos transversos das cavidades. 6.2.1 Resson^ancia dos modos transversos A condic~ao de resson^ancia da cavidade pode ser observada pela propagaca~o de um feixe gaussiano em seu interior. Da equaca~o do feixe gaussiano (eqs. A.12 e A.13), vemos dois termos de fase dependentes da coordenada longitudinal z , um vindo da evoluc~ao rapida da frente de onda k(z2 z1 ) = kL e outro do termo de fase de Gouy (z ) e da ordem s do modo transverso (s +1) [ (z2 ) (z1 )], onde s e um inteiro. Na descric~ao do feixe em coordenadas cartesianas, na base de Hermite-Gauss, a ordem s e dada pela soma das ordens dos modos fm; ng nas duas coordenadas transversas fx; yg. Ja na base de Laguerre-Gauss, descrita em coordenadas cilndricas, este termo traz a contribuic~ao do termo de ordem radial p 0 e do termo de ordem angular j , de modo que s = 2p + j . A fase de Gouy e dada por (zi ) = arctan(zi =zR ), de modo que a fase acumulada em uma passagem pela cavidade e (z2 z1 ) = kL (s + 1) [ (z2 ) (z1 )]. Dos valores de z1 e z2 dados pela equac~ao 6.6 temos que (z2 ) p (z1 ) = arccos g1 g2 ; (6.8) onde empregamos o valor negativo se g1 ; g2 < 0, e o valor positivo se g1 ; g2 > 0. Para uma cavidade simetrica esta fase e dada por = (z2 ) (z1 ) = arccos(g); (6.9) onde o valor da diferenca de fase situa-se entre 0. Vemos claramente que, na cavidade conc^entrica, este termo contribui com uma fase a propagaca~o do feixe, tendendo a zero numa cavidade plana. A condic~ao de resson^ancia e obtida quando a fase em uma volta completa da cavidade e um multiplo inteiro de 2, de modo que ha uma contribuic~ao aditiva entre os campos a cada volta. Ou, para uma passagem simples no interior da cavidade, a fase deve ser um multiplo inteiro de ((z2 z1 ) = q, onde q e um inteiro), que determina a ordem do modo longitudinal de oscilac~ao. A resson^ancia dependera tanto da ordem q longitudinal quanto da ordem s do modo transverso de oscilac~ao. Para um dado comprimento L da cavidade simetrica, as frequ^encias de resson^ancia ser~ao dadas por arccos(g) q;s = F SR q + (s + 1) ; (6.10) 6.2. MODOS TRANSVERSOS EM CAVIDADES COM ESPELHOS ESFERICOS 149 onde o intervalo espectral livre e dado por F SR = 2cL . Ou ainda, para uma frequ^encia xa, a cavidade sera ressonante para um comprimento arccos(g) : Lq;s = q + (s + 1) 2 (6.11) Ou seja, as frequ^encias de resson^ancia dos modos transversos est~ao separadas por arccos(g)=. A densidade de modos transversos dentro de um intervalo espectral livre, mantendo-se no mesmo modo longitudinal q, e dada por Ntr = : arccos(g) (6.12) A cavidade e n~ao-degenerada se q;s = q0 ;s0 somente se q = q0 e s = s0 . Porem, podemos ter situac~oes onde varios modos est~ao ressonantes com a cavidade, ainda que representem diferentes modos transversos e longitudinais. Estes casos degenerados ocorrem quando Ntr 1 for fracionario, do tipo (q q0 )=(s s0 ). Ha portanto uma innidade de situac~oes onde temos a cavidade degenerada. Vamos considerar alguns casos especcos, estudando os casos de elevada degeneresc^encia. Cavidade conc^entrica (2R = L ) Ntr = 1): Esta situac~ao implica que g ! 1. Para a concentricidade exata, temos que arccos(g) = . Ha uma degeneresc^encia para os modos fq; sg; fq + 1; s 1gfq + 2; s 2g; :::, ou seja, para q + s = p com p inteiro. Isto pode ser facilmente compreendido ao lembrar que, na condic~ao conc^entrica, a fase de Gouy e de , o que implica que em uma volta completa o modo de ordem fq; s + 1g tem uma fase adicionada, equivalente a um perodo de acrescimo com relac~ao ao modo fq; sg, sendo no entanto ressonante com o modo fq 1; sg. Na varredura do comprimento da cavidade, as resson^ancias de todos os modos transversos ser~ao coincidentes com a resson^ancia do modo fundamental. Cavidade confocal (R = L ) Ntr = 2): Ha degeneresc^encia para os modos s pares se q + s=2 = i ou para todos os modos s mpares se q + (s + 1)=2 = i. Na varredura, ha duas series de picos para um intervalo espectral livre. E por este motivo que costuma-se dizer que na cavidade confocal o intervalo espectral livre e igual a metade do intervalo espectral livre de uma cavidade qualquer: F SRconf = 4cL . Nesta tese, manteremos a denica~o do intervalo espectral livre F SR = 2cL mesmo para a cavidade confocal, por conveni^encia na descrica~o. Cavidade plana (R ! 1 ) Ntr =! 1): Agora temos arccos(g) = 0. Ou seja, todos os modos transversos ser~ao coincidentes com o modo fundamental transverso (s = 0). Cavidade semi-conc^entrica (R1 = L; R2 ! 1): Nesta condic~ao, como vemos pela fase de Gouy, temos novamente Ntr = 2 . Ou seja, repete-se a situac~ao de degeneresc^encia da cavidade confocal, pois temos uma fase de Gouy de somada para uma volta completa da cavidade. 150 ^ CAPITULO 6. MODOS TRANSVERSOS EM CAVIDADES CONCENTRICAS Note que estas condico~es de resson^ancia s~ao muito estritas, ainda mais ao lembrarmos que o limite da concentricidade e da cavidade plana s~ao limites instaveis, portanto de difcil implementac~ao. Sera conveniente denir uma regi~ao de valores para o comprimento de cavidade na qual os picos de resson^ancia dos diferentes modos se confundem. Considere a nesse F da cavidade, que e igual ao intervalo espectral livre dividido pela largura de banda BW , a meia altura do pico de resson^ancia, F SR 2 F= 'T; (6.13) BW para a perda de pot^encia da cavidade T 1. Diremos que a cavidade e degenerada se a separac~ao entre dois picos adjacentes (q;s ; q0 ;s0 ) for inferior a largura de banda BW da cavidade, de modo que os picos se confundam. Vamos calcular a faixa de valores ÆL do comprimento da cavidade no qual a degeneresc^encia se mantem. Cavidade confocal Fazendo o limite g ! 0, o termo de fase de Gouy pode ser aproximado por ' 2 + g, de modo que a separac~ao entre dois comprimentos de cavidade ressonantes adjacentes e Lq;s;q0;s0 = Lq;s Lq0 ;s0 = g=, ou em termos de frequ^encia 2g (6.14) quando q q0 = 1 e s s0 = 2. A separac~ao entre os modos varia de forma linear, denindo a regi~ao de confocalidade para uma cavidade com perdas n~ao nulas. Expressando em termos do comprimento da cavidade L e do raio de curvatura R dos espelhos temos a regi~ao confocal dada por j j < BW , ou seja jÆLcf j < 2F R ' T4 R (6.15) onde ÆLcf = R L e a dist^ancia da cavidade a condica~o de confocalidade exata. q;s;q0;s0 = q;s q0 ;s0 = F SR Cavidade conc^ entrica No limite g ! 1, o termo de fase de Gouy e = . Nesta condic~ao, podemos descrever g por uma funca~o quadratica de , ou seja q ( )2 g = cos ' 1 + ) = 2(g + 1); (6.16) 2 p 2(g+1) 0 0 de modo que a separac~ao entre duas posic~oes de resson^ a ncia adjacentes e L = q;s;q ;s 2 p2(g+1) 0 0 ou em termos de frequ^encia, q;s;q0;s0 = F SR , quando q q = 1 e s s = 1. A regi~ao de concentricidade passa a ter uma depend^encia quadratica com as perdas da cavidade R2 T 2 (6.17) ÆLcc < 2 ' R 2F 8 onde ÆLcc = 2R L e a dist^ancia da cavidade a condic~ao conc^entrica. 6.2. MODOS TRANSVERSOS EM CAVIDADES COM ESPELHOS ESFERICOS 151 Cavidade plana De modo semelhante a cavidade conc^entrica, temos no limite g = 1, = 0. Podemos fazer a aproximac~ao q 2 g = cos ' 1 ) ' 2(g 1): (6.18) 2 Por a separaca~o entre duas posico~es de resson^ancia e dada por Lq;s;q0;s0 = p2(isso p2(adjacentes g 1) g 1) 0 0 2 ou em termos de frequ^encia q;s;q0;s0 = F SR quando q q = 0 e s s = 1. Vemos ent~ao que a denic~ao da regi~ao degenereada da cavidade plana e semelhante ao caso conc^entrico. Considerando que a cavidade e formada por espelhos de raios de curvatura R arbitrariamente grandes, separados por uma dist^ancia L teremos R2 T 2 (6.19) ÆLpl = L < 2 ' R: 2F 8 Note que, ainda que a regi~ao degenerada possa ser muito grande, gracas a um grande valor de R, teremos por um lado o problema de alinhamento da cavidade no limite da estabilidade, e por outro lado a formaca~o de lentes termicas, que alteram a fase de Gouy no feixe ressonante, tirando-o da condic~ao degenerada [13]. Cavidade semiconc^ entrica Voltando a equac~ao 6.8 e fazendo g1 = 1, g = g2 , vemos que para uma cavidade semi-simetrica temos = arccos pg . Ou seja r 2 1 g 2 ) = (6.20) g = cos = [1 + cos(2 )] ' 2 2 2 2 2 ao fazermos o limite g ! 0, ! =2. Calculando novamente a separaca~o entre duas posic~oes de resson^ adjacentes temos p2g pa2ncia g Lq;s;q0;s0 = 2 , ou em termos de frequ^encia q;s;q0;s0 = F SR quando q q0 = 1 e s s0 = 2. Novamente a separac~ao entre os modos e semelhante ao caso conc^entrico, com R2 T 2 (6.21) ÆLsc < 2 ' R: 2F 8 Vemos portanto que a regi~ao degenerada para cada uma das cavidades aqui mostradas n~ao esta limitada a um valor preciso, porem aceita uma faixa de valores dependendo do raio de curvatura dos espelhos e das perdas de cavidade. No entanto, enquanto esta faixa e linear com as perdas para a cavidade confocal, ela e quadratica nos demais casos, estreitando ent~ao a regi~ao degenerada para estas cavidades. Veremos futuramente como isso afeta a condic~ao de concentricidade para a cavidade do OPO com cristais tipo I e tipo II. Enquanto que para o primeiro teremos uma cavidade triplamente conc^entrica, para o OPO tipo II teremos a degeneresc^encia para cada modo separadamente. Para descrever os diferentes comportamentos de oscilac~ao na cavidade conc^entrica, vamos comecar pela apresentaca~o do laser de bombeio empregado nesta experi^encia e do sistema de aquisica~o de dados. 152 6.3 ^ CAPITULO 6. MODOS TRANSVERSOS EM CAVIDADES CONCENTRICAS Sistema de bombeio Para o estudo dos efeitos transversos em um OPO, bombeamos a cavidade com o segundo harm^onico do laser de Nd:YAG, gerando os feixes sinal e complementar em regime quase degenerado em frequ^encia. Basicamente, trata-se do mesmo tipo de montagem descrita na primeira experi^encia desta tese, onde um cristal n~ao-linear inserido em uma cavidade triplamente ressonante e bombeado em 532 nm, o que leva a oscilac~ao parametrica. O regime quase degenerado e selecionado pela largura de banda dos espelhos da cavidade, otimizados para o sub-harm^onico do bombeio. Porem no caso agora descrito a gerac~ao de segundo harm^onico parte diretamente de um laser Nd:YAG, ao inves de empregarmos um sistema fechado para isso. Temos alguns bons motivos para faz^e-lo. O primeiro e a solicitac~ao de pot^encia desta montagem. Estaremos operando em cavidades degeneradas, buscando excitar multiplos modos transversos. Por este motivo, e conveniente dispor de pot^encia suciente para excita-los (cerca de 1 W de pot^encia em 532 nm). Isto excede em muito os 200 mW do modelo de laser empregado na montagem do LMCAL - USP. Outra raz~ao para o emprego do sistema aqui descrito e a possibilidade de utilizarmos o feixe laser no infravermelho (1064 nm), que e disponibilizado pelo uso de um laser de bombeio separado da cavidade de dobramento. Com isso, teremos tanto um feixe laser para vericar o alinhamento da cavidade no sub-harm^onico, quanto um oscilador local para medidas de vacuo comprimido, a serem realizadas no futuro pelo Laboratoire Kastler Brossel-Paris. Apesar destas vantagens, o sistema empregado para o bombeio torna-se grande, ocupando metade da area da mesa otica. Alem disso, necessita de duas etapas separadas de estabilizac~ao. A descric~ao completa pode ser vista na gura 6.7. O sistema comeca por um laser Nd:YAG monoltico, bombeado a diodo, modelo 122 da Lightwave. Este laser mestre e modulado em fase por um modulador eletro-otico (EOM), sobre o qual aplicamos uma alta tens~ao (100 Vpp) em alta frequ^encia (15 MHz). A modulac~ao de fase produz bandas laterais que servir~ao como refer^encia para gerar o sinal de erro nas cavidades do laser escravo, de geraca~o de segundo harm^onico, e eventualmente na cavidade do OPO, empregando um sistema de detec~ao sncrona [97]. O isolador otico FR1 protege o laser mestre de instabilidades provocadas pelo retorno do feixe, como e o caso dos demais isoladores nesta montagem. A l^amina de meia onda (WI1) permite ajustar a polarizac~ao de entrada do feixe para maxima transmiss~ao no isolador otico. O modulador eletro-otico (EOM) e composto por um cristal birrefringente sem invers~ao de simetria ao qual aplicamos uma alta tens~ao alternada, modulando os ndices de refraca~o do meio [51]. Se a polarizac~ao do feixe incidente n~ao estiver corretamente alinhada ao eixo extraordinario (ou ordinario) do cristal no interior do modulador eletro-otico, a modulac~ao de tens~ao ira produzir, alem da modulac~ao em fase, uma modulac~ao da polarizac~ao do feixe. Isto ocorre devido a decomposic~ao do feixe em dois feixes de polarizac~oes ortogonais com um atraso de fase entre si, atraso este que e modulado pela alta tens~ao aplicada. Desse modo a sada do modulador, alem de n~ao ser mais linearmente polarizada, sofrera uma modulac~ao de polarizac~ao. Qualquer elemento otico polarizante no caminho (como e o caso do proprio conjunto do laser escravo) ira transformar esta modulaca~o de polarizaca~o em modulac~ao de amplitude, afetando a medida do sinal de erro ao longo da montagem. Desse modo, a polarizac~ao de entrada do modulador e ajustada pela l^amina de meia onda 153 6.3. SISTEMA DE BOMBEIO WG2 WG1 Ger. Seg. Harmônico FR3 L3 L4 Saída 532 nm WI5 Laser Escravo L7 PZT DM LiNbO3 BW WI4 FR2 Det. Sincr. Saída 1064 nm WI6 Nd:YAG PBS2 PZT L6 L2 WI3 Det. Sincr. L1 Laser Mestre FR1 WI1 EOM WI2 PA PBS1 Gerador de Sinais Figura 6.7: Diagrama do sistema do laser de bombeio. WI2, de modo a minimizar o sinal de rudo na frequ^encia de modulac~ao, medido por um detetor colocado diante da sada do sistema do laser mestre, onde temos o cubo polarizador PBS1. A modulac~ao de amplitude medida pelo detetor com a inserc~ao desta l^amina de meia-onda foi 10 dB inferior a obtida pela rotaca~o do modulador, o que e feito de forma muito mais grosseira que a rotac~ao da l^amina devido a limitaca~o mec^anica da montagem. O sinal de modulaca~o de amplitude/polarizac~ao nal era apenas 4 dB superior ao rudo eletr^onico de fundo, captado pelo detetor na aus^encia de incid^encia de luz. O feixe de sada do modulador eletro-otico apresenta um leve astigmatismo, corrigido pelos prismas anamorcos (PA) com \coating" para 1064 nm. O cubo polarizador PBS1 assegura uma polarizac~ao linear de sada, alem da permitir o ajuste preciso de WI2. Todo este sistema do laser mestre e fechado em uma caixa de acrlico, vazada no ponto de sada do laser, com um uxo de ar para evitar a deposica~o de poeira sobre a otica do sistema. O modulador eletrootico, por estar submetido a uma modulac~ao de alta-tens~ao em alta frequ^encia, requer um bom aterramento para evitar a propagaca~o de rudos sobre a eletr^onica (inclusive a de detec~ao). O 154 ^ CAPITULO 6. MODOS TRANSVERSOS EM CAVIDADES CONCENTRICAS feixe de sada do sistema laser mestre e injetado atraves de um periscopio ao laser escravo, usando um par de lentes para fazer o acordo de modo com a cavidade. A pot^encia de sada apos o cubo polarizador e de 150 mW. O laser escravo e composto de um bast~ao de Nd:YAG bombeado por l^ampada, inserido em uma cavidade em anel formada por quatro espelhos planos. Um deles, solidario a um PZT, permite a varredura do comprimento da cavidade. Em operac~ao livre, o laser apresenta uma sada multimodo com uma banda larga, e a intensidade e pouco dependente do comprimento da cavidade. A polarizaca~o de oscilac~ao do laser e vertical, denida por uma l^amina de vidro em ^angulo de Brewster (BW). O comprimento total da cavidade e da ordem de 2 m (FSR= 75 MHz). A oscilac~ao livre ocorre nos dois sentidos, de modo que o feixe apresenta uma sada de cerca de 2 W em cada direca~o. O laser mestre e injetado na cavidade, sendo o seu alinhamento feito de tal forma que sua reex~ao no espelho de acoplamento seja colinear ao feixe de sada do laser escravo. Nesta condic~ao, um circuito de detec~ao sncrona permite fazer a demodulac~ao do sinal medido em um detetor, tendo como refer^encia o sinal injetado para a modulac~ao de fase no EOM. O sinal de erro, apos integrac~ao e amplicac~ao, e realimentado ao PZT, atuando no comprimento da cavidade. Nesta situac~ao, o feixe de sada apresenta uma pot^encia estavel de cerca de 4 W, a qual se mantem por um perodo da ordem de algumas horas, saindo da estabilizac~ao no caso de uma perturbac~ao externa (por exemplo, choques mec^anicos na mesa). Um obturador mec^anico funciona como mecanismo de seguranca, bloqueando a oscilac~ao do laser escravo durante o alinhamento do sistema sem que haja necessidade de interromper a corrente sobre a l^ampada de bombeio. A sada do laser escravo e por sua vez injetada na cavidade de dobramento. Antes porem, passa por um outro isolador otico (FR2). O cubo polarizador PBS2 e a l^amina de meia onda WI4, mais do que controlar a pot^encia injetada no dobrador, permitem extrair parte do feixe de sada do laser escravo para injeca~o na cavidade do OPO, facilitando seu alinhamento e permitindo a analise dos modos da cavidade, vericando sua dist^ancia da condic~ao degenerada. Esta sada de 1064 nm sera empregada ainda como oscilador local na medida de estados comprimidos em experi^encias futuras. A l^amina de meia onda WI6 permite girar a polarizaca~o do feixe enviado ao OPO. A injec~ao na cavidade de dobramento e feita pelas lentes L3 e L4, que asseguram o acordo de modo, e pela l^amina de meia onda WI5, que permite orientar a polarizac~ao do feixe para o plano extraorinario do cristal. A cavidade de dobramento e duplamente ressonante para o fundamental e o segundo harm^onico. O meio n~ao linear e um cristal de MgO:LiNbO3 em casamento de fase tipo I, com uma das faces com tratamento anti-reetor e outra com um \coating" altamente reetor para o fundamental e o segundo harm^onico. O outro espelho da cavidade e um espelho c^oncavo, acoplado a um PZT. A cavidade e mantida ressonante para o bombeio atraves de um sistema de detec~ao sncrona semelhante ao empregado para a cavidade do laser escravo, estabilizado pela modulaca~o de fase a 15 MHz do infravermelho. O feixe de refer^encia e obtido do vestgio de infravermelho transmitido pela face espelhada do cristal de Niobato de Ltio. O cristal e mantido em um forno controlado, sendo aquecido ate 120Æ C e estabilizado em temperatura. O comprimento da cavidade e controlado por um PZT acoplado ao espelho de entrada. O feixe verde, vindo da cavidade, e reetido por um espelho dicroico (DM), e colimado pela lente L7, para sua injec~ao no isolador otico (FR3). A pot^encia de sada do bombeio enviada ao OPO e 6.3. SISTEMA DE BOMBEIO 155 controlada pela l^amina de meia onda WG1, e sua polarizac~ao de injeca~o no OPO pela l^amina de meia onda WG2, que permite girar a polarizac~ao de sada do isolador otico. A estabilizac~ao da cavidade de segundo harm^onico e um pouco mais delicada. Claramente dependente da estabilizac~ao da primeira etapa, nesta etapa temos um problema adicional provocado pela temperatura. A pot^encia de sada da cavidade de dobramento pode mudar muito com uma variac~ao de temperatura da ordem de 2Æ C. O melhor resultado obtido e de 1,4 W, porem operando no limite superior de temperatura, o que leva a instabilidades e quedas eventuais (e repetitivas) do sinal de estabilizac~ao. Um motivo para isso e o proprio aquecimento do cristal por absorc~ao do feixe de bombeio, o que faz com que a temperatura na regi~ao de interaca~o do feixe seja um pouco maior que a temperatura do forno. Ao aquecer o cristal, este se coloca alem do ponto ideal do acordo de fase, interrompendo a oscilac~ao. Por este motivo, nos colocamos geralmente a Top = Tmax 1; 5Æ C do limite superior de oscilaca~o. Nesta condica~o, obtinha-se uma sada estavel de 1,2 W. Note ainda que o circuito eletr^onico e crtico nesta parte do sistema. A integrac~ao do sinal de erro e indispensavel para assegurar o maximo rendimento. Se n~ao nos colocamos exatamente no pico de resson^ancia do bombeio, o aquecimento do cristal por absorc~ao do feixe n~ao e suciente para otimizar a geraca~o de segundo harm^onico, o qual apresenta uma sada instavel e utuante. No entanto, excesso de ganho leva o PZT a oscilaca~o em torno da resson^ancia, de modo que a pot^encia media e reduzida, e novamente temos uma situac~ao menos eciente para geraca~o do segundo harm^onico. O ajuste do ganho e da constante de integrac~ao e feito de tal forma que o sistema comece a apresentar oscilac~ao eletr^onica, levando a proximidade de resson^ancia. O proprio aquecimento do cristal leva a uma reduc~ao na amplitude e um aumento na largura do pico do infravermelho pela deplec~ao gerada pelo segundo harm^onico. Com isso, o ganho da malha de realimentac~ao e reduzido, levando ao m da oscilaca~o. Neste ponto, aumenta-se o ganho, obtendo agora uma sada estavel. Em operaca~o normal, temos uma estabilizac~ao de pot^encia melhor que 3% para o verde e o infravermelho, medido em uma base de tempo de 100 ms. A deriva do valor medio das intensidades para um intervalo de 50 s se situa na mesma faixa de valores. O feixe de sada do dobrador de frequ^encia foi analisado por um sistema \ModeMaster" da Coherent Inc., o qual utiliza um tambor rotativo e um fotodiodo para obter o tamanho da cintura do feixe, sua posic~ao, o comprimento de Rayleigh e o fator M 2 do feixe de sada, que mede qual a frac~ao da pot^encia que esta no modo gaussiano fundamental. Desse modo, obtivemos para o feixe de bombeio um valor M 2 = 1; 5 , w0 = (95 5) m, e portanto um comprimento de Rayleigh do modo fundamental zR = (53 5) mm. A posica~o da cintura do feixe sera referenciada na descrica~o da otica do acordo de modo do bombeio por z = 0, e as dist^ancias das lentes e espelhos de cavidade do OPO ser~ao dadas em func~ao dessa posic~ao. Uma vez caracterizado o feixe de bombeio empregado para o OPO, veremos as condico~es de oscilac~ao da cavidade conc^entrica, comecando pela cavidade com um cristal tipo II, mostrando suas diversas regi~oes de operaca~o, para depois estudarmos as estruturas formadas em um OPO com cristal tipo I. As diferencas nas regi~oes de concentricidade dar~ao origem a diversos comportamentos, alem da variaca~o de limiar de oscilac~ao no OPO. 156 6.4 ^ CAPITULO 6. MODOS TRANSVERSOS EM CAVIDADES CONCENTRICAS Montagem empregada Para a realizac~ao das montagens aqui apresentadas, mantnhamos o cristal (KTP com compensac~ao de \walk o" ou Niobato de Ltio) em um suporte com um forno controlado. Para o KTP, o forno e aquecido por um Peltier, que estabiliza a temperatura entre 20 e 30 Æ C, enquanto que para o Niobato de Ltio o forno e regulado para uma faixa entre 100 e 150 Æ C, aquecido por um resistor. A cavidade, mostrada na gura 6.8, emprega um sistema de lentes para fazer o acordo de modo do feixe de sada do gerador de segundo harm^onico ao modo da cavidade. A primeira lente (L1) focaliza o feixe. Uma segunda lente (L2) e empregada para colimar este feixe, que e injetado na cavidade pela lente L3. L1 L2 M1 532 nm Det.Sinal/ Pol. V M2 Cristal 1064 nm L3 DM2 L4 Det.Compl./ Pol. H M3 Cav. Concêntrica DM1 Det. Bombeio Figura 6.8: Montagem para estudo da cavidade confocal. Para projetar as lentes empregadas na montagem, comecamos pela cintura do feixe esperada no interior da cavidade do OPO, calculando ent~ao o raio da cintura e sua posic~ao apos a transmiss~ao pelo espelho de entrada, que age como uma lente divergente. Escolhemos a dist^ancia focal da lente L3 de modo a ter um feixe de entrada colimado, e de modo que esta se situe a uma dist^ancia confortavel para o deslocamento do espelho de entrada e seu alinhamento. Dado o di^ametro do feixe colimado injetado no conjunto do OPO (considerando ja a lente L3), escolhemos o par de lentes L1 e L2 de modo a produzir, atraves de um telescopio, o feixe colimado de tamanho adequado em sua sada. O resultado e um feixe de injec~ao que depende pouco da posica~o da lente L3. Esta, ao ser deslocada, move a cintura do feixe no interior da cavidade do OPO sem alterar signicativamente seu tamanho. Para a realizac~ao da montagem instalamos L1 e L2, colimando o feixe de bombeio. Ao ~ PARA MEDIDA DO RUIDO 6.5. SISTEMA DE DEMODULAC AO 157 instalarmos L3, denimos a posic~ao do espelho de entrada, de modo a produzir o foco do feixe transmitido na posic~ao correspondente ao centro da cavidade. O espelho de sada e ent~ao instalado, e pelo seu translado variamos o comprimento da cavidade. O ajuste no do comprimento para a estabilizac~ao do OPO e sua varredura e feito atraves de um PZT acoplado ao espelho de entrada. A medida da correlaca~o e feita pelo par de detetores dos feixes sinal e complementar. O detetor para o visvel permite monitorar a pot^encia de bombeio intracavidade, cuja frac~ao transmitida pelo espelho de sada e separada do feixe infravermelho do OPO pelo espelho dicroico DM2. O sistema de imagem empregado difere um pouco a cada montagem realizada, sendo descrito posteriormente. O feixe infravermelho, obtido do laser escravo, e empregado para alinhar a cavidade e vericar a degeneresc^encia dos modos transversos do OPO. Este e diretamente injetado pelo periscopio, que permite seu alinhamento a cavidade. Nesta montagem, estaremos interessados em buscar as correlac~oes espaciais do feixe do OPO. Para isso, observaremos as correlaco~es espaciais dentro de regi~oes simetricas de cada feixe, empregando dois detetores a dois setores cada. O resultado nal sera a observac~ao simult^anea de quatro canais de rudo, o que inviabiliza o uso de um Analisador de Espectro. Por isso, antes de descrevermos o comportamento do OPO conc^entrico, vamos mostrar o sistema de demodulac~ao empregado para a medida do rudo. 6.5 Sistema de demodula c~ ao para medida do ru do Para a medida da correlac~ao de rudo entre os feixes sinal e complementar de um OPO, uma opc~ao e tomar diretamente as sadas de alta frequ^encia de cada detetor, subtra-las em um circuito ativo e monitorar a sada em um Analisador de Espectro (gura 6.9), como foi feito no captulo 4. D1 +/- Analisador de Espectro D2 Figura 6.9: Circuito para medida de correlac~oes de intensidade. 158 ^ CAPITULO 6. MODOS TRANSVERSOS EM CAVIDADES CONCENTRICAS No caso aqui descrito, esperamos gerar feixes com correlac~oes espaciais de rudo, de modo que, para med-las, empregamos detetores divididos em quadrantes, como os mostrados na gura 6.10. Tratam-se de detetores ETX505Q da Epitaxx, fotodiodos PIN de InGaAs otimizados para detec~ao entre 800 e 1700 nm. Os fotodetetores empregados, apos remoca~o da janela protetora de vidro e sua inserc~ao em uma caixa metalica com uma nova janela de reex~ao desprezavel no infravermelho (inferior a 0,1 %), apresentam alta eci^encia qu^antica, a qual se situa proximo a unitaria. Figura 6.10: Fotodiodo a quadrantes ETX505Q da Epitaxx, com o tamanho dos quadrantes. Como estudaremos medidas de correlac~oes simult^aneas entre diversos quadrantes, a montagem com o analisador de espectro envolve diculdades, posto que com ele podemos comparar apenas duas sadas simultaneamente. Por este motivo, optamos por um sistema de demodulaca~o dedicado, com multiplos canais separados para fazer a medida. O seu esquema de funcionamento e semelhante ao de um Analisador de Espectro, o qual descrevemos na gura 6.11. A entrada do sinal e amplicada e, atraves de um circuito misturador, produz-se um batimento deste sinal para uma frequ^encia intermediaria (FI) caracterstica do Analisador de Espectro. A frequ^encia de analise do sinal de entrada e selecionada por um oscilador controlado por tens~ao (VCO) ao qual aplicamos uma rampa com uma certa velocidade de varredura (TS ). A sada do misturador e ltrada por um ltro passa-faixa sintonizado na frequ^encia intermediaria, cuja largura de banda (RBW) pode ser ajustada pelo usuario. Sua sada passa por um detetor de pico, composto basicamente por um circuito reticador, e depois por um ltro passa-baixa, que fornece a resoluc~ao da banda de vdeo do sinal de sada (VBW). Os circuitos amplicadores do analisador fornecem ao monitor de vdeo uma sada proporcional a pot^encia ou a amplitude do sinal demodulado, em escala logartmica (dBm ou dBv) ou linear (mW ou V). O monitor apresenta o resultado, com a varredura controlada pelo mesmo gerador de rampa empregado na varredura da frequ^encia. Em caso de medida de \zero-span", a varredura do VCO e desligada, e ele e mantido em uma frequ^encia xa. O circuito empregado em nossa montagem assemelha-se a um analisador de espectro no uso de uma demodulaca~o para a seleca~o da frequ^encia de analise. Porem, enquanto a demodulac~ao do Analisador de Espectro ocorre para uma frequ^encia FI superior a frequ^encia de entrada, o que e conveninete para a larga banda de valores dos analisadores de espectro comerciais (superior a GHz), empregaremos aqui a demodulaca~o para o nvel DC. Ainda que limitados em ~ PARA MEDIDA DO RUIDO 6.5. SISTEMA DE DEMODULAC AO Entrada do Sinal Ampl. Mix Filtro Passa-Faixa 159 Retificador/ Detetor de Pico RBW Filtro Passa-Baixa VBW TS Gerador de Rampa Monitor de Vídeo Figura 6.11: Diagrama em blocos de um Analisador de Espectro. relac~ao a frequ^encia de analise, nos situamos confortavelmente dentro da faixa de valores uteis de operac~ao do nosso sistema de detec~ao. O circuito de deteca~o empregado e mostrado na gura 6.12. As sadas de alta frequ^encia dos fotodetetores s~ao ligadas a etapa de demodulac~ao, enquanto que as sadas de baixa frequ^encia, com o valor medio da corrente, s~ao ligadas diretamente ao conversorA/D (National Instruments PCI-6110E). A demodulac~ao e feita por uma serie de circuitos dedicados, descritos no ap^endice. O ltro rejeita faixa e um ltro passivo de 15 MHz, com rejeic~ao de 36 dB para esta frequ^encia. Sua func~ao e cortar o excesso de rudo presente devido tanto a modulac~ao de fase do laser mestre quanto as interfer^encias eletr^onicas do demodulador. Testes iniciais sem este circuito mostraram uma saturac~ao da resposta do sistema, o que ocorre mesmo em frequ^encias diferentes da frequ^encia de 15 MHz, devido a intermodulaca~o dos sinais no caso de saturac~ao da eletr^onica. Apos a ltragem, os sinais s~ao amplicados por um circuito de banda larga e alto ganho (amplicador 10.36.2 Nucletudes). A sada e ent~ao demodulada por um circuito misturador passivo (SR-1H da Minicircuits). A demodulac~ao e feita pela mistura do sinal a uma frequ^encia de refer^encia, produzida por um gerador de sinais comercial com sada de amplitude de 6 Vpp. O sinal de sada corresponde a multiplicac~ao dos sinais de entrada. Teremos deste modo termos de soma e subtraca~o de frequ^encia. Filtrando a parte de baixa frequ^encia, teremos o espectro de amplitudes do sinal de entrada em torno da frequ^encia Fin , transferido para o nvel DC. O ltro passa baixa ativo de 100 kHz age como o tro de banda do analisador de Espectro (RBW). O sinal e amplicado por um ultimo circuito, adaptado para baixas frequ^encias, que compatibiliza a amplitude das utuac~oes ao nvel de entrada do conversor A/D. Este faz a leitura simult^anea 160 ^ CAPITULO 6. MODOS TRANSVERSOS EM CAVIDADES CONCENTRICAS Fin Filtro 15 MHz Ampl. AF Mix Filtro BF Ampl. BF Entradas AF Entradas DC Conversor A/D Figura 6.12: Diagrama em blocos do circuito de demodulaca~o. das entradas com uma taxa de repetic~ao de 200 kHz. Como p^ode ser observado, acima desta frequ^encia a correlac~ao entre dois dados adjacentes e n~ao-nula, o que implica em redund^ancia de informac~ao ao custo de tempo de calculo e espaco de memoria. Os valores lidos pela placa de aquisic~ao, contendo os dados de utuac~ao e valor medio de corrente, s~ao salvos no disco rgido do computador. Temos assim no conversor a leitura direta do valor medio das fotocorrentes em cada detetor e de suas componentes de alta frequ^encia. Podemos fazer a medida de correlaca~o a partir do calculo direto das vari^ancias da subtrac~ao das fotocorrentes, normalizando o sinal ponto a ponto pelo valor medio da fotocorrente e subtraindo no calculo das vari^ancias a pot^encia do rudo eletr^onico previamente medido. O resultado nal e normalizado pela mesma medida feita para um estado coerente na entrada do sistema de detec~ao, calibrando assim o nvel de \shot noise". Temos um total de oito circuitos demoduladores, e duas placas de aquisica~o, o que totaliza oito entradas com leitura simult^anea. Podemos realizar a medida simult^anea de oito canais de alta frequ^encia, ou quatro de alta frequ^encia e quatro de baixa frequ^encia, ou ainda adicionar entradas de refer^encia, ou leitura da intensidade do bombeio. As medidas tambem podem ser disparadas por um gatilho externo, de nvel TTL, que permite a aquisic~ao com o OPO estabilizado ou durante varreduras lentas, onde aguardamos a resson^ancia e a oscilaca~o do sistema para realizar a medida. Os dados s~ao tratados em pacotes, tipicamente de 10.000 pontos. Temos para o tratamento um compromisso entre o tempo de calculo do computador e a precis~ao dos valores. Conjuntos maiores apresentam menores incertezas, porem est~ao mais ^ 6.6. ESTRUTURAS DE SAIDA EM OPO CONCENTRICO TIPO II 161 sujeitos as utuac~oes do OPO, alem de tomarem mais tempo de processamento. Conjuntos muito pequenos s~ao rapidamente analisados, porem mostram grande dispers~ao nas medidas de rudo efetuadas. Descrito o sistema de medida, vamos vericar a sua aplicaca~o na busca de correlac~oes espaciais no OPO. Vamos mostrar inicialmente as estruturas de sada deste, e quando for o caso a medida da compress~ao de rudo na correlac~ao de intensidade dos feixes g^emeos. 6.6 Estruturas de sa da em OPO conc^ entrico tipo II Para estudar os diferentes regimes de operac~ao do OPO nas proximidades da concentricidade, em diferentes comprimentos de cavidade, realizamos o registro sistematico das imagens das estruturas formadas na sada do OPO. Registramos ainda o estudo dos modos da cavidade pela injec~ao do feixe de 1064 nm, polarizado a 45Æ do eixo do cristal, de modo a obter a densidade de modos nas polarizac~oes correspondentes ao sinal e ao complementar. Quando o desbalanceio entre os modos de sada era inferior a 15%, realizamos a medida da correlac~ao de rudo entre os feixes, vericando seu carater qu^antico. Para um OPO com um cristal tipo II, ha um problema na denic~ao de concentricidade. O comprimento de cavidade para a concentricidade exata difere para os modos bombeio, sinal e complementar. Para um cristal de 10 mm de comprimento, a dist^ancia entre espelhos para a concentricidade e dada por L = 2R + 10mm(1 1=n). Com os ndices de refraca~o dos modos bombeio, sinal e complementar, temos respectivamente Lb 2R = 4; 41 mm, Lc 2R = 4; 27 mm e Ls 2R = 4; 53mm. Neste caso, n~ao ha muito sentido em falar de cavidade triplamente conc^entrica, pois devido a denic~ao da regi~ao degenerada para as perdas de cavidade, a separac~ao entre os comprimentos de degeneresc^encia e superior a largura da regi~ao conc^entrica. No nosso caso, para espelhos de raio de curvatura R = 50 mm, e uma perda intracavidade de 2% para o sub-harm^onico, a regi~ao conc^entrica e de 2 m, conforme a eq. 6.17. No entanto, ao nos aproximarmos da concentricidade, vemos diferentes regimes de operac~ao do OPO pela formaca~o de estruturas em sua sada [13], acompanhados por um aumento do limiar de oscilaca~o, descritos na gura 6.13. Esta gura apresenta as estruturas obtidas para uma cavidade com espelhos de raio R = 50 mm, com o comprimento da cavidade dado em func~ao da dist^ancia a concentricidade media entre os modos (correspondendo a posic~ao de 100 mm). Na regi~ao I o limiar de oscilac~ao se mantem em valores baixos, e a sada e gaussiana (TEM00 ) para os modos sinal e complementar. A cerca de 0,5 mm da concentricidade (regi~ao II) comeca um aumento do limiar, acompanhado da formac~ao de uma cauda sobre o feixe do sinal, enquanto que bombeio e complementar se mantem gaussianos. A orientaca~o da cauda se da no plano perpendicular ao \walk o" do cristal, o qual manisfesta-se mesmo com a compensac~ao pela superposic~ao de dois cristais invertidos. A cauda aumenta, ate distorcer completamente o sinal. A cerca de 0,2 mm da concentricidade, e o complementar que comeca a apresentar distorc~oes, com a formac~ao de manchas laterais ao maximo central (regi~ao III). A regi~ao IV marca o limite de oscilac~ao do OPO, com a formaca~o de uma mancha de contornos mal denidos tanto para o sinal quanto para o complementar. Alem desse ponto, a sada torna-se instavel e n~ao e mais possvel obter uma operaca~o em ^ CAPITULO 6. MODOS TRANSVERSOS EM CAVIDADES CONCENTRICAS 162 Região II sinal 800 Potência de Limiar (mW) I II III IV Região III 600 Região IV 400 200 compl. sinal compl. sinal 0 99,2 99,4 99,6 99,8 100,0 Comprimento da Cavidade (mm) Figura 6.13: Aumento do limiar de oscilac~ao para diferentes comprimentos de cavidade, e imagens do campo proximo para diferentes regi~oes de oscilac~ao[13]. modo contnuo do OPO. No entanto, para pot^encias de injec~ao elevadas, temos a formac~ao de um par de feixes de sada para sinal e complementar, que se assemelham a modos TEM00 da cavidade. Vamos fazer um estudo de caso para cada regi~ao de oscilac~ao, mostrando como estas estruturas traduzem os efeitos produzidos pelo \walk-o" do cristal sobre o acoplamento dos modos da cavidade. A cavidade empregada e composta por dois espelhos esfericos de raio de curvatura R = 50 mm, sendo que o espelho de entrada apresenta uma transmit^ancia de 8% para o bombeio, e o espelho de sada apresenta uma transmit^ancia de 1% para o infravermelho. 6.6.1 Regi~ao de sada gaussiana Com a cavidade vazia, medimos facilmente a concentricidade, varrendo a cavidade e aumentando progressivamente seu comprimento. Pelos fotodetetores, vemos que as resson^ancias dos modos transversos se aproximam progressivamente. O aumento do comprimento da cavidade pode ser feito pelo deslocamento do espelho de sada ou pelo espelho de entrada. Enquanto que o espelho de sada apresenta vantagens quanto a facilidade do realinhamento a cada nova posic~ao de medida, ele acaba mudando a focalizac~ao das imagens produzidas. Ja para o espelho de entrada, n~ao ha mudanca nas imagens, porem o deslocamento altera o alinhamento e o acordo de modo do feixe injetado. A soluc~ao escolhida foi ajustar o sistema de imagem ao comprimento nal da cavidade conc^entrica (incluindo o efeito da difraca~o no cristal), e voltar o espelho de sada para um comprimento sub-conc^entrico. Comecamos o alinhamento sem o cristal medindo, ^ 6.6. ESTRUTURAS DE SAIDA EM OPO CONCENTRICO TIPO II 163 pela superposic~ao dos picos e o subito aumento do tamanho da reex~ao do feixe de bombeio sobre os espelhos da cavidade, a posic~ao do transladador para a concentricidade sem cristal (com precis~ao de 20 m). Em seguida, inserimos o cristal e o alinhamos, de modo a suprimir os picos de ordem mpar. Nesta condic~ao, estamos aproximadamente a 4 cm da concentricidade. Temos ent~ao a cavidade do OPO em oscilaca~o normal, ainda que com um acordo de modo ruim, com pot^encia de bombeio perdida para os picos de resson^ancia dos modos pares. Isto deve-se ao fato do acordo de modo ser otimizado para a cavidade quase conc^entrica, com um comprimento de cavidade a cerca de 1 mm da concentricidade exata, correspondente a um valor de zR intracavidade de 3 mm. Vericamos nesta condic~ao o rudo dos feixes de sada. A cavidade podia ser estabilizada, apresentando porem utuaco~es de intensidade apreciaveis, o que diculta a distinca~o entre o nvel de \shot noise" e a compress~ao na correlac~ao de intensidade (condic~oes obtidas pela mistura ou separac~ao dos feixes sinal e complementar no cubo polarizador). Medimos o rudo de sada com um analisador de espectro, obtendo os resultados mostrados na gura 6.14. -40 Ruído Eletrônico Soma (Excesso de Ruído) Subtração ("Shot Noise") -10 Potência de Ruído (dBm) -20 Potência de ruído (dBm) Ruído Eletrônico Soma (Excesso de Ruído) Subtração ("Shot Noise") -45 -30 -40 -50 -50 -55 -60 -65 -70 -60 -75 -70 -80 0 2 4 6 8 10 Freqüência (MHz) 12 14 16 0 2 4 6 8 10 12 14 Freqüência (MHz) Figura 6.14: Medida do rudo de sada do OPO para uma cavidade proximo a concentricidade (R=50 mm, L = 100 mm). Par^ametros do Analisador de Espectro: VBW=3 kHz, RBW = 100 kHz, TS =58,33 ms. Pot^encia de entrada: 1 mW/detetor. O excesso de rudo e medido pela soma das fotocorrentes dos dois detetores, enquanto que a subtrac~ao fornece a refer^encia do \shot noise". Vemos que o pico de rudo proveniente do sinal de 15 MHz e muito intenso, de tal modo que a rejeic~ao do sistema eletr^onico de subtrac~ao n~ao pode compensa-lo, estando presente tambem na subtrac~ao. Isto mostra que, se o excesso de rudo for superior a 20 dB com relaca~o ao nvel de \shot noise", a subtrac~ao n~ao fornece mais uma refer^encia segura para a sua medida. No lado direito, temos a medida repetida com outro fundo de escala, mostrando os detalhes do rudo abaixo da frequ^encia de modulac~ao. Empregamos a eletr^onica desenvolvida para detec~ao para a medida do rudo em algumas frequ^encias de analise. Calculamos a vari^ancia condicional e a compress~ao de rudo, mostradas na gura 6.15, para as tr^es frequ^encias escolhidas. A linha, mostrada apenas como um guia para os olhos, representa uma lorentziana para o ^ CAPITULO 6. MODOS TRANSVERSOS EM CAVIDADES CONCENTRICAS 164 Compressão Excesso de Ruído por canal Variância Condicional 9 8 7 6 5 4 3 Complementar 2 Sinal 1 0,9 0,8 0,7 0,6 0,5 0,4 0 2 4 6 8 10 12 Freqüência (MHz) Figura 6.15: Medida do rudo com o sistema de aquisic~ao dedicado para cavidade curta e sadas gaussianas para sinal e complementar. caso de uma compress~ao de 58 %, com uma largura de banda de 8,5 MHz, compatvel com os valores da cavidade (FSR=1,7 GHz, F'300). Conclumos portanto que o sistema da aquisica~o funciona corretamente, vericando a compress~ao na correlac~ao de rudo entre sinal e complementar. Vericamos ainda que devido a baixa compress~ao e o elevado nvel de rudo nos feixes, a vari^ancia condicional, descrita na ref. [44] para vericar as correlac~oes qu^anticas entre feixes, n~ao pode ser empregada na medida, representando um criterio estrito demais para o OPO construdo. Temos claramente uma situac~ao onde ha compress~ao de rudo, com feixes quanticamente correlacionados, porem com uma vari^ancia condicional superior a 1. As medidas foram realizadas em regime contnuo, com estabilizac~ao do OPO, e em regime pulsado, onde o comprimento de cavidade e lentamente variado por um gerador de rampa, e a oscilaca~o dispara um sistema de aquisic~ao que registra, durante o pulso, as intensidades e utuac~oes de intensidade do sinal e complementar. Repetindo-se o procedimento ate obter um conjunto sucientemente grande de amostras, observa-se o mesmo nvel de compress~ao obtido para a aquisic~ao em regime contnuo. Uma vez vericada a operac~ao de nosso sistema para uma situac~ao convencional, passemos ent~ao ao estudo dos casos do OPO operando nos regimes de formaca~o de estruturas. 6.6.2 Regi~ao de formac~ao da cauda Para estudar a formaca~o das imagens do OPO, projetamos a sada deste diretamente sobre um anteparo, separando os feixes sinal e complementar com a ajuda de um cubo polarizador. Empregamos um espelho basculante, de modo a chavear a sada do OPO entre os detetores ^ 6.6. ESTRUTURAS DE SAIDA EM OPO CONCENTRICO TIPO II 165 e o anteparo. A imagem e registrada por uma c^amera CCD com um conjunto de lentes de focalizac~ao e zoom. Para formar a imagem de campo distante, colocamos o anteparo muito alem da lente de colimaca~o externa da cavidade (L4, g. 6.8), que produz uma cintura com um comprimento de Rayleigh da ordem de 16 mm. O anteparo, posicionado a 500 mm da lente, e muito alem da cintura, reproduz de forma aproximada as imagens do campo distante do feixe. O retculo corresponde a escala milimetrada do anteparo, n~ao devendo ser confundido com as estruturas da cauda. Para cada comprimento de cavidade (expresso aqui pela dist^ancia L entre os espelhos) registramos a imagem e os modos de resson^ancia dos feixes injetados. Os resultados, mostrados na gura 6.16, fornecem dados interessantes sobre a origem da cauda. Nesta gura, temos os modos transversos obtidos pela analise das polarizac~oes vertical e horizontal, correspondentes as polarizac~oes dos modos sinal e complementar, obtidas pela varredura da cavidade com a injeca~o do feixe de 1064 nm. Vemos ainda os modos obtidos para o bombeio com uma polarizaca~o horizontal, a uma pot^encia inferior a necessaria para oscilac~ao. As imagens correspondem a sada do OPO, medidas com o bloqueio do feixe de injec~ao na cavidade e o aumento da pot^encia de bombeio, levando o OPO a oscilac~ao durante curtos intervalos de tempo no perodo de varredura da cavidade. Antes de atingirmos a regi~ao II, os picos de resson^ancia para a polarizac~ao ordinaria (vertical), correspondente ao feixe sinal, comecam a apresentar um aumento dos modos transversos, com o surgimento de modos mpares importantes, ainda que estes n~ao estejam presentes no bombeio e na polarizaca~o horizontal do sub-harm^onico (polarizados no plano extraordinario). Este efeito parece diretamente ligado ao \walk o", que leva ao desvio do feixe propagante na polarizac~ao extraordinaria. Efeito semelhante, com a formaca~o de modos de ordem TEMm0 , ja foram relatados para OPOs com cristal de KTP sem compensac~ao de \walk o" e foram descritos com sucesso tendo em conta o desalinhamento da cavidade [134]. A orientac~ao da cauda e dada pela direc~ao do eixo z do cristal, mantendo-se sempre perpendicular ao plano denido pelo ^angulo de \walk o". Conforme a reorientac~ao do cristal, inverte-se a direca~o da cauda, seja pelo giro em torno do eixo y, ou pela rotaca~o em torno do eixo z (gura 6.17). Este efeito n~ao e justicado por eventuais desalinhamentos na manufatura dos cristais, posto que todas as quatro amostras empregadas apresentaram a formaca~o de caudas na mesma direca~o. No nosso caso, ainda que haja a compensac~ao de \walk o" pela justaposic~ao de um segundo cristal com o a^ngulo de desvio invertido por sua reorientac~ao, o que ocorre e um desalinhamento da cavidade do plano ordinario com a cavidade do plano extraordinario. Quando este desalinhamento, observado pelos picos mpares e pares da polarizac~ao ordinaria, atinge um nvel crtico, a cavidade e forcada a oscilar em um modo transverso superior que apresente um limiar mais baixo. Devido a grande diverg^encia dos feixes intracavidade neste regime quase conc^entrico (onde o comprimento de Rayleigh e pequeno) os modos transversos de ordem elevada comecam a apresentar um aumento das perdas por difrac~ao, ocorrendo o desbalanceamento entre sinal e complementar. Este aumento das perdas pode ser ainda o responsavel pelo rapido aumento do limiar de oscilaca~o. O desalinhamento entre as polarizac~oes vertical e horizontal (ordinaria e extraordinaria) pode ser vericado na gura 6.18. Neste caso, mantendo a injeca~o otimizada para os feixes de polarizac~ao horizontal pelos espelhos de injec~ao, foi feito um leve realinhamento dos espelhos ^ CAPITULO 6. MODOS TRANSVERSOS EM CAVIDADES CONCENTRICAS L=103,29 mm L=101,93 mm L=103,79 mm FSR 2 ∆ν Complementar (Pol. Horiz.) Complementar (Pol. Horiz.) FSR FSR Complementar (Pol. Horiz.) 166 2 ∆ν 2 ∆ν Sinal (Pol. Vert.) 2 ∆ν Varredura da Cavidade 2 ∆ν Bombeio Sinal (Pol. Vert.) FSR Bombeio Bombeio Sinal (Pol. Vert.) FSR Varredura da Cavidade Varredura da Cavidade Sinal Distância 101,93 mm entre espelhos (L) 103,19 mm 103,29 mm 103,39 mm 103,49 mm Complementar 103,59 mm 103,79 mm Figura 6.16: Caudas e modos da injec~ao para diferentes comprimentos de cavidade. de cavidade, pela inclinaca~o do espelho de entrada em cerca de 0,25 mrad em torno do eixo horizontal. Apos este realinhamento, recupera-se um bom acordo de modo para o feixe na polarizac~ao vertical, com o desalinhamento da cavidade para a polarizaca~o horizontal, como pode ser visto para o bombeio e a polarizac~ao extraordinaria (complementar) Logo no incio da formaca~o da cauda, temos ainda um feixe balanceado, semelhante ao caso obtido com feixes gaussianos fundamentais. Nesta situac~ao, ainda se observa a compress~ao na correlac~ao de intensidade, para os modos de sada vistos na gura 6.19. Para uma frequ^encia de analise de 3,5 MHz, obtivemos um rudo normalizado na subtrac~ao das intensidades de 65%, ou seja, 35% de compress~ao. Note que a sada do sinal pode ser convenientemente descrita por um modo TEM01 . As curvas apresentadas foram obtidas para um mesmo valor de w do raio do feixe para sinal e complementar, e mostram um bom acordo nos resultados (ainda que o valor maximo do modo complementar tenha sido ceifado pela saturac~ao da CCD). Devido a rapida diverg^encia entre os nveis de intensidade do sinal e complementar, medidas posteriores da correlaca~o cam impossibilitadas pelo desbalanceamento. Este efeito torna-se ^ 6.6. ESTRUTURAS DE SAIDA EM OPO CONCENTRICO TIPO II 167 Cristal com compensação de “walk off” Bombeio: Polar. Horizontal Sinal: Polar. Vertical z y x O Eixos do cristal Figura 6.17: Orientaca~o da cauda em relac~ao aos eixos do cristal e ao a^ngulo de \walk o". cada vez mais grave, a medida que o extremo da cauda deixa de ser visvel. Logo no comeco da regi~ao II (ate 103,29 mm), os dois pontos de maxima intensidade da cauda se mantem equilibrados, porem rapidamente o ponto mais afastado do eixo de propagaca~o do complementar comeca a apresentar uma reduc~ao de intensidade, relativo ao maximo colinear a propagaca~o do complementar (gura 6.16). E interessante notar que toda a formac~ao da cauda n~ao e acompanhada do deslocamento do ponto de maxima intensidade dos feixes de sada, como se a cauda sasse simplesmente do centro do feixe gaussiano original. Chegamos por m a um ponto onde o sinal aparece apenas como um borr~ao indistinto. Neste instante, comecam a ocorrer efeitos de formac~ao de estruturas no feixe complementar (regi~ao III). 6.6.3 Regi~ao de estruturas no feixe complementar Os modos de resson^ancia nesse caso podem ser vistos na gura 6.20. O pico de resson^ancia do sinal perde completamente a denica~o, ainda que a cavidade, por estar no limite da concentricidade para o complementar, seja necessariamente subconc^entrica para o sinal. A oscilaca~o ocorre apenas para grandes pot^encias de bombeio, o que da origem a fortes efeitos termicos, semelhantes as biestabilidades observadas na sec~ao 4.8.1. O desbalanceamento tpico e da ordem de 50%, impedindo as medidas de correlaco~es de intensidade. A passagem da regi~ao III para a regi~ao IV n~ao e claramente marcada pela mudanca dos modos transversos observados na varredura da cavidade, ocorrendo sobretudo a reduca~o na denic~ao das estruturas das imagens dos feixes gerados. Ao atingirmos o limite da concentricidade para o modo complementar, temos o subito termino da oscilac~ao. Nos encontramos claramente no limite da cavidade conc^entrica, o que pode ser visto pelo subito aumento do tamanho do feixe de bombeio sobre os espelhos da cavidade. No entanto, forcando a oscilac~ao, podemos levar o sistema a uma operaca~o instavel, com pulsos de ms de duraca~o em sua sada. Trata-se do limite superconc^entrico de oscilaca~o. ^ CAPITULO 6. MODOS TRANSVERSOS EM CAVIDADES CONCENTRICAS 168 L=104,05 mm L=104,05 mm FSR Complementar (Pol. Horiz.) FSR Complementar (Pol. Horiz.) 2 ∆ν 2 ∆ν FSR 2 ∆ν Bombeio Bombeio Sinal (Pol. Vert.) Sinal (Pol. Vert.) 2 ∆ν Varredura da Cavidade Varredura da Cavidade Figura 6.18: Modos para alinhamento da cavidade para polarizac~oes ordinaria (sinal) e extraordinaria (complementar), com um comprimento de cavidade L= 104,05 mm. Complementar 300 Sinal Complementar Amplitude (u. arb.) 250 200 150 100 50 0 -100 -50 0 50 100 Sinal Posição (pixel) Figura 6.19: Sada do OPO, com um modo TEM01 para o sinal e um modo TEM00 para o complementar. L = 103,37 mm. ~ 6.7. CORRELAC OES ESPACIAIS FSR Complementar (Pol. Horiz.) L=104,5 mm 169 Sinal Bombeio Sinal (Pol. Vert.) Complementar Varredura da Cavidade Figura 6.20: Modos de resson^ancia para a regi~ao de estruturas difusas. 6.6.4 Regi~ao superconc^entrica Esta regi~ao ocorre apenas para pot^encias de bombeio da ordem de 1 W, com velocidades de varredura de cerca de 1 m/s. Nesta situac~ao, a partir de uma certa pot^encia de bombeio intracavidade, ha uma intensa sada de luz, com picos de oscilac~ao de 5 a 10 mW por feixe (gura 6.21). N~ao e possvel controlar a pot^encia de oscilac~ao, reduzindo-a abaixo deste valor, posto que o pico de resson^ancia do bombeio desaparece subitamente com a reduc~ao da pot^encia. A explicac~ao de tal comportamento esta provavelmente nos efeitos termicos da cavidade, pelos quais teremos a formac~ao de uma cavidade estavel assim que a pot^encia de bombeio for sucientemente alta para formar um guia de onda no interior do cristal, pelo gradiente de temperatura gerado pela absorc~ao. Assim que a cavidade torna-se estavel, ocorre um aumento da pot^encia intracavidade, levando o sistema a oscilaca~o. O fato desta cavidade recuperar o equilbrio entre sinal e complementar, alem de apresentar sadas de perl gaussiano, indica que n~ao se trata de operac~ao multimodo, mas de uma cavidade estavel, n~ao degenerada, induzida por efeitos termicos. Como veremos a seguir, na medida de correlaco~es espaciais entre os feixes, este regime difere pouco do regime de oscilac~ao da regi~ao I no que se refere a distribuic~ao do rudo. 6.7 Correla c~ oes espaciais Conforme descrevemos na sec~ao 6.1.2, esperamos gerar, em uma cavidade conc^entrica, feixes com uma distribuic~ao homog^enea do rudo. Tal distribuic~ao poderia ser observada na imagem de campo distante dos feixes de sada, a qual pode ser produzida ou pela propagac~ao do feixe fortemente divergente por uma dist^ancia muito superior ao seu comprimento confocal, ou pelo 170 ^ CAPITULO 6. MODOS TRANSVERSOS EM CAVIDADES CONCENTRICAS Complementar 10 Potência de Saída (mW) Compl. Sinal 8 6 Sinal 4 2 0 0 5 10 15 20 Tempo de Varredura (ms) Figura 6.21: Pulsos de oscilaca~o na superconcentricidade. uso de um conjunto de lentes, que faca a transformada de Fourier do feixe de entrada [119]. Como queremos focalizar a imagem sobre os detetores a quadrante, de area pequena (0,5 mm de aresta por quadrante), empregamos uma combinaca~o de lentes que forneca a transformada de Fourier do feixe de sada, mostrado na gura 6.22. A lente L1, de dist^ancia focal f1 = 50 mm, esta situada a 60 mm do espelho de sada, produzindo uma imagem do campo distante a 100 mm de sua posic~ao. Empregando um telescopio, formado pelas lentes L2 (f2 = 200 mm) e L3 (f3 = 70 mm) separadas por uma dist^ancia d = f2 + f3 , transformamos a imagem do campo distante, situada no plano focal de L2, para uma imagem reduzida, no plano focal de L3 (considerando ainda a propagac~ao pelo cubo polarizador). E neste plano que colocamos nossos detetores a quadrante, posicionados de forma a receber exatamente metade da pot^encia de cada feixe sobre um setor. Empregando apenas dois setores por detetor, vericamos as correlaco~es de intensidade, comparando o resultado obtido com a soma total das fotocorrentes medidas em cada detetor 2 [(i1 + i2 ) (i3 + i4 )] e os obtidos para setores simetricos, 2 (i1 i3 ) e 2 (i2 i4 ). Se houver qualquer indcio de feixes siameses, a compress~ao obtida nesta medida deve ser superior a vericada para detetores anti-simetricos: 2 (i1 i4 ) e 2 (i2 i3 ). Por m, esperamos que para um feixe com uma distribuica~o simetrica do rudo, ou pelo menos uniforme dentro da frente de onda, a medida da diferenca de intensidade entre cada metade do detetor seja reduzida ao nvel de \shot noise" (2 (i1 i2 ) e 2 (i3 i4 )). Notamos neste caso a vantagem do sistema de aquisic~ao, pois tal medida iria requerer a estabilizac~ao da cavidade, ou o tratamento dos dados a posteriori, com a aquisica~o simult^anea com um osciloscopio, como feito no captulo 4. No presente caso, em uma unica bateria obtemos os resultados, analisando-os em seguida com a ajuda de programas desenvolvidos no laboratorio baseados na plataforma LabView. Medimos o rudo da correlac~ao normalizada pelo nvel de \shot noise", com uma precis~ao da ordem de (3%) no valor da medida. Na regi~ao I, com L = 102 mm, pode-se medir a situaca~o com o feixe estabilizado, com sada contnua. O resultado obtido para o rudo da correlac~ao ~ 6.7. CORRELAC OES ESPACIAIS D1 CP L3 171 L2 DM L1 Cristal D2 D i1 i2 i3 i4 Det. Bombeio Sistema de Aquisição DC + AF Figura 6.22: Sistema de imagem para as distribuico~es espaciais do rudo. total normalizado pelo \shot noise" foi Ntot = 0; 66. Os resultados obtidos nos casos simetrico Nsim = 0; 83 e anti-simetrico Nasim = 0; 85 n~ao diferem signicativamente, e representam bem a compress~ao que seria obtida para a integrac~ao completa do feixe, com uma perda de 50% na intensidade. A correlaca~o entre setores adjacentes retorna apenas o nvel do \shot noise", resultando em Nadj = 1; 01. Fora da regi~ao I, a regi~ao superconc^entrica e a unica na qual ha um balanceamento e uma possibilidade de operac~ao multimodo transversa. Os resultados, mostrados na gura 6.23, mostram que o nvel de compress~ao obtido e inferior aquele vericado para uma cavidade subconc^entrica. Este e progressivamente reduzido a medida que aumentamos o comprimento da cavidade. Os resultados obtidos para os setores simetrico e anti-simetrico s~ao indistinguveis, n~ao mostrando traco de feixes siameses. No limite de oscilac~ao, os feixes tornam-se extremamente ruidosos, e ao nal n~ao e mais possvel levar o sistema a oscilac~ao. Apos a medida, verica-se que ha a degradaca~o do cristal, com o aumento da absorc~ao e a interrupc~ao da oscilac~ao. Retirando-se o mesmo, observa-se que os efeitos de \gray tracking" tornam-se visveis, com a formaca~o de pequenos pontos negros no interior do cristal. Vericando com um microscopio, vemos claramente que eles se situam no meio do cristal, justamente no ponto de maior intensidade de feixe. Conclumos ent~ao que n~ao ha efeitos de correlac~ao espacial no OPO conc^entrico com KTP. Isto explica-se pelo fato da cavidade n~ao ser triplamente conc^entrica, devido aos diferentes ndices de refraca~o do cristal para os modos ressonantes da cavidade. Ao tentar compensar este efeito pela inserc~ao de um segundo cristal, reorientado de forma a recuperar a concentricidade simult^anea do sinal e complementar com a orientac~ao do seu eixo z perpendicular ao eixo do cristal ativo para oscilac~ao, temos um subito aumento das perdas, elevando o limiar. Alem 172 ^ CAPITULO 6. MODOS TRANSVERSOS EM CAVIDADES CONCENTRICAS 1,7 1,6 Ruído Normalizado - N 1,5 N tot N adj N asim N sim Correlação entre detetores Setores adjacentes Setores anti-simétricos Setores simétricos 1,4 1,3 1,2 1,1 1,0 0,9 0,8 104,85 104,86 104,87 104,88 104,89 104,90 104,91 104,92 104,93 Distância entre os espelhos - L (mm) Figura 6.23: Correlac~oes espaciais no sistema de detec~ao a quadrantes. Limite conc^entrico para o sinal a L=104,53 mm. disso, os efeitos de \walk o" e desalinhamento dos modos ortogonalmente polarizados passam a ocorrer nas duas polarizaco~es simultamente. Para o OPO quase conc^entrico com cristal tipo II, a compens~aca~o de \walk o" n~ao impede completamente os efeitos de desalinhamento da cavidade, que se assemelham aos observados na ref. [134]. A compreens~ao de tal efeito, presente mesmo em cavidades semiconc^entricas [13], n~ao esta detalhada, podendo revelar-se interessante para a compreens~ao da oscilac~ao de modos transversos no OPO. Os efeitos termicos nestas cavidades pedem um estudo mais aprofundado, capaz de descrever a oscilac~ao do OPO em um regime no qual a cavidade \fria" (para baixas pot^encias do bombeio) e instavel, parecendo fechar-se e entrar na regi~ao estavel quando a pot^encia injetada for sucientemente alta. Veremos a seguir como o estudo da cavidade conc^entrica pode ser aplicado ao OPO com um cristal de casamento de fase tipo I, o qual mostrou em sua sada estruturas estaveis em uma condic~ao de operaca~o triplamente conc^entrica. 6.8 Estruturas de sa da em OPO conc^ entrico tipo I Enquanto que no KTP, por termos um acordo de fase tipo II, os diferentes ndices de refrac~ao para sinal e complementar impedem a tripla concentricidade, para o cristal de Niobato de Ltio temos os ndices de refrac~ao muito proximos, sendo que seus valores se igualam para a degeneresc^encia em frequ^encia. Procedemos ent~ao ao estudo das estruturas na sada do OPO tipo I proximo a concentri- ^ 6.8. ESTRUTURAS DE SAIDA EM OPO CONCENTRICO TIPO I 173 cidade. Ainda que neste caso n~ao seja possvel separar sinal e complementar, degenerados em polarizac~ao e quase degenerados em frequ^encia, as estruturas s~ao visveis na sada do infravermelho. Antes do limite conc^entrico, observam-se tambem diferentes modos de oscilac~ao alem do modo TEM00 , selecionados pela temperatura do cristal. Para o cristal de Niobato de Ltio, dopado com Oxido de Magnesio (MgO:LiNbO3 ) temos caractersiticas oticas semelhante as do cristal de Niobato de Ltio puro. O dopante aumenta o limiar de dano do meio, tornando-o mais resistente a pot^encia incidente. A amostra empregada consiste em um cristal de 10 mm de comprimento, com seca~o reta de 33 mm. Seu coeciente n~ao-linear e d31 = 5; 95pm/V. Pelas equac~oes de Sellmeier [70], os ndices de refrac~ao extraordinario para 532 nm e ordinario para 1064 nm s~ao ne (532nm) = no (1064nm) ' 2; 23, de modo que a mudanca do comprimento da cavidade para a condic~ao conc^entrica com a inserca~o do cristal sera D 2R = 5; 52 mm. 6.8.1 Cavidade conc^entrica O objetivo nal da montagem proposta para o OPO conc^entrico com cristal tipo I e produzir em sua sada um feixe com uma superposic~ao dos modos sinal e complementar de tal modo que haja uma distribuic~ao simetrica dos fotons gerados na cavidade (gura 6.24). Sinal Bombeio i1 i2 ns=nc=nb Complementar Figura 6.24: Gerac~ao de fotons siameses em um OPO tipo I. No processo da detec~ao, mesmo que n~ao possamos distinguir o feixe sinal do complementar devido sua degeneresc^encia em polarizac~ao, poderemos vericar se, para a detec~ao de um foton em uma sec~ao do feixe, ha a detec~ao de seu par na outra metade. A subtrac~ao das fotocorrentes ^ CAPITULO 6. MODOS TRANSVERSOS EM CAVIDADES CONCENTRICAS 174 dos dois setores devera neste caso apresentar utuac~oes inferiores as obtidas com um feixe monomodo incidente sobre o detetor. Neste caso, um pre-requisito para a compress~ao e a eci^encia qu^antica do sistema, como vimos anteriormente para os feixes g^emeos do OPO. Realizamos inicialmente uma serie de medidas para o OPO, com os espelhos de raio de curvatura R = 20mm e o cristal a uma temperatura de 131,7Æ C. Vemos na gura 6.25, que a eci^encia maxima obtida foi de 10%, considerando que esta e dada pelo produto de 0 e , conforme eq. 3.44. De modo que se houver compress~ao, esta sera grosso modo superior a eci^encia medida, e podera ser observada. 6 0,10 0,08 4 Eficiência - η Potência de Saída (mW) 5 3 2 0,06 0,04 0,02 1 0 0,00 0 10 20 30 40 Potência de Bombeio (mw) 50 60 0 10 20 30 40 50 60 Potência de Bombeio (mW) Figura 6.25: Eci^encia do OPO com o cristal de Niobato de Ltio. Outra condica~o necessaria para a gerac~ao de estados comprimidos com distribuic~ao espacial do rudo e a operac~ao em uma condica~o de cavidade degenerada. Medimos ent~ao a densidade de modos para diferentes comprimentos de cavidade com o cristal inserido, vericando a cada posic~ao a imagem de campo distante do feixe de sada. Na gura 6.26 temos a serie de valores medidos da separac~ao entre modos adjacentes, com o ajuste da equac~ao 6.12 tendo como unico par^ametro livre um \oset" na coordenada horizontal, de modo a compensar o efeito da mudanca do comprimento de concentricidade pela difrac~ao no cristal. O valor obtido para `(1 1=n) = 5; 73mm, difere do valor calculado em 3%, indicando uma discord^ancia nos valores estimados do ndice de refraca~o para casamento de fase (n) ou no comprimento do cristal (`), o que n~ao chega a afetar as medidas realizadas Vemos ainda os diferentes modos de sada do OPO. Para a cavidade longe da concentricidade (L=45,49 mm) a sada e regular, n~ao diferindo da obtida para comprimentos menores de cavidade. O perl do feixe pode ser bem descrito por uma gaussiana. Porem, basta um deslocamento de 20m para que o perl mude completamente, e surja uma rica famlia de estruturas. Nota-se a formac~ao de alveolos e de estruturas periodicas deste ponto em diante, ate o limite extremo da concentricidade. A diferenca marcante deste caso com relac~ao ao OPO tipo II esta na tripla concentricidade, que assegura um baixo limiar de oscilac~ao. Em toda a faixa de operac~ao mostrada na gura 6.26, o limiar de manteve limitado a 12 mW. Ao atingir a concentricidade, o limiar sobre de forma abrupta, interrompendo a oscilaca~o. Isto vai contra a descrica~o feita em [13] para o aumento do limiar no OPO conc^entrico, situaca~o que e melhor explicada pelo aumento das perdas para ^ 6.8. ESTRUTURAS DE SAIDA EM OPO CONCENTRICO TIPO I 0,3 175 Raio de Curvatura dos Espelhos: R = 20 mm Posição de Concentricidade: Lcc=(5,73 +/-0,10) mm + 2R ∆ν/FSR 0,2 0,1 0,0 40 42 44 46 Compr. de Cavidade - L (mm) L=45,49 mm L=45,51 mm L=45,71 mm L=45,71 mm L=45,73 mm L=45,75 mm Figura 6.26: Imagens obtidas para os modos na cavidade com cristal tipo I. 14,47 ms FSR 7,05 ms Bombeio Sub-harmônico FSR -13 -12 -11 -10 -9 -8 Tempo de Varredura (ms) Figura 6.27: Modos transversos da cavidade proximo a concetricidade. 176 ^ CAPITULO 6. MODOS TRANSVERSOS EM CAVIDADES CONCENTRICAS o sinal na oscilac~ao em modos transversos de ordem elevada. O baixo limiar impedia ate mesmo a medida da separac~ao entre os modos para o feixe de bombeio, o qual levava o sistema a oscilac~ao antes que a pot^encia medida pelo detetor para o visvel diferisse do rudo de fundo. Alterando a temperatura para um valor abaixo do limite da degeneresc^encia, impedimos a oscilaca~o, e vericamos a condica~o proxima a tripla concentricidade, mostrada na gura 6.27 Ainda devido ao baixo limiar, o OPO apresenta efeitos termicos menos importantes que os registrados para o KTP. Alem disso, a sada e contnua, podendo ser estabilizada em intensidade. Os problemas nesta conguraca~o ocorrem devido a utuaca~o nas estruturas formadas. O feixe de sada desloca-se ligeiramente durante a estabilizac~ao, e as estruturas mudam no tempo de forma pouco controlada. Isto impede a realizac~ao de uma medida conavel da distribuic~ao do rudo no feixe de sada do OPO. Vemos que o OPO tipo I e uma fonte promissora para a gerac~ao de estados com uma distribuic~ao n~ao-homog^enea de rudo, apresentando toda uma serie de estruturas na sua sada. Fora do limite de degeneresc^encia dos modos transversos, vericamos tambem a oscilac~ao em modos de ordem superior ao TEM00 . Esta sada monomodo, em bases de Laguerre-Gauss, e obtida gracas a interdic~ao de oscilac~ao causada pela depend^encia quadratica do acordo de modo, como veremos a seguir. 6.8.2 Cavidade quase-conc^entrica Longe da concentricidade estudamos os modos de sada do OPO observando a frequ^encia destes com a ajuda de um monocromador. O aparelho empregado e composto por uma rede de difrac~ao de reex~ao de 1200 linhas/mm, com espelhos esfericos de raio R=1,2 m, distantes de 485 mm da rede, obtendo uma resoluca~o da ordem de 0,01 nm. Neste experimento, empregamos espelhos de cavidade de raio de curvatura R = 100 mm. A cavidade sem o cristal apresenta uma nesse F = 308 para o sub-harm^onico, a qual, com a inserc~ao do cristal, cai para F = 254, demonstrando as baixas perdas no elemento n~ao-linear. Verica-se experimentalmente o mesmo valor para Lcc 2R obtido no graco da gura 6.26. A curva mostrada na gura 6.28 foi obtida para uma dist^ancia L = 205; 13 mm, portanto a separac~ao entre modos adjacentes, de 3,6% do intervalo espectral livre, e muito superior a largura de banda da cavidade. O limiar de oscilaca~o e baixo, da ordem de 8 mW. A depend^encia quadratica do comprimento de onda com a temperatura e a interdica~o de oscilac~ao para temperaturas inferiores ao limite da degeneresc^encia (131,35Æ C) correspondem a descric~ao feita na ref. [66] para um OPO com um cristal em acordo de fase tipo I. Ainda que no limite degenerado n~ao possamos resolver no monocromador os dois modos longitudinais de oscilac~ao, vercamos com um Fabry-Perot de intervalo espectral livre de 7,5 GHz que a sada do OPO n~ao chega necessariamente a degeneresc^encia, saltando aleatoriamente dentro e fora desta condic~ao. O limiar de oscilaca~o se mantem baixo, em cerca de 8 mW. Notou-se, no entanto, que o OPO ainda podia ser levado a oscilac~ao alem do ponto de degeneresc^encia, com um limiar de 17 mW. Nesta condic~ao, no entanto, o feixe de sada passa a uma outra frequ^encia, em um outro modo transverso. Surge ent~ao uma nova curva para o acordo de fase do OPO neste novo modo de sada, como vemos na gura 6.29. Ao lado dos pontos obtidos para a oscilaca~o, temos o modo TEMmn de sada do OPO. ^ 6.8. ESTRUTURAS DE SAIDA EM OPO CONCENTRICO TIPO I 177 1,072 Comprimento de onda (µm) 1,070 1,068 1,066 1,064 1,062 1,060 1,058 1,056 131,2 131,6 132,0 132,4 132,8 133,2 133,6 134,0 134,4 Temperatura (°C) Figura 6.28: Comprimento de onda para diferentes temperaturas. 1,068 Comprimento de Onda (µm) 1,067 1,066 1,065 1,064 01 01 02 XX 01 01 01 01 01 01 00 00 00 00 00,scan 01 01 01 01 01 00 00 00 00,scan 1,063 1,062 1,061 1,060 130,8 131,0 131,2 131,4 131,6 Temperatura (°C) Figura 6.29: Modos de sada para diferentes temperaturas. 131,8 ^ CAPITULO 6. MODOS TRANSVERSOS EM CAVIDADES CONCENTRICAS Comprimento de onda - complementar (µm) 178 1,0598 1,0596 1,0594 1,0592 1,0590 1,0588 1,0586 1,0584 205,1 205,2 205,3 205,4 205,5 205,6 205,7 205,8 Comprimento de cavidade - L (mm) Figura 6.30: Comprimento de onda do complementar para diferentes comprimentos de cavidade, a 132,15Æ C. A vericac~ao da operac~ao monomodo transversa do oscilador pode ser vista na gura 6.31, onde ajustamos os pers de intensidade de modos de Hermite-Gauss a sada da cavidade. A imagem se mostrou id^entica para o campo proximo e o campo distante, indicando a descric~ao por um unico modo transverso. O ajuste apresentado emprega o mesmo valor de di^ametro do feixe para os tr^es pers, ajustando apenas a amplitude da curva. Note que o ajuste concorda com a descrica~o para os tr^es primeiros modos de Laguerre-Gauss. Em todas as curvas, o bombeio de mantinha com um perl gaussiano TEM00 . A direc~ao do eixo obtida foi casual. Em medidas posteriores, com o ajuste dos espelhos de cavidade, foi possvel girar o eixo de simetria do feixe. Ha uma prefer^encia aos planos ordinario e extraordinario, porem com certa exibilidade na orientac~ao dos lobulos. Quanto a imagem mostrada na parte inferior da gura 6.31, ela n~ao parece corresponder a uma descric~ao simples do modo de sada. Esta forma aparece apenas quando atingimos o limite degenerado do modo 01, com um limiar de oscilac~ao de 110 mW. Vericamos por m a variaca~o do comprimento de onda para diferentes comprimentos de cavidade (gura 6.30). A uma temperatura de 132,15Æ C, vericamos que a variac~ao do comprimento de onda do feixe e pequena. As possveis causas podem ser a mudanca da condic~ao de acordo de fase devido a mudanca do momento transverso para um feixe TEM00 com uma diverg^encia crescente ao se aproximar do limite conc^entrico, ou simplesmente o aquecimento do cristal para um feixe mais focalizado levando a uma mudanca no comprimento de onda para o casamento de fase. Vemos que mesmo para uma cavidade n~ao degenerada podemos ter, no OPO tipo I, a oscilac~ao em modos transversos diferentes do perl gaussiano fundamental. Aparentemente, o limiar de oscilaca~o de tais modos e superior ao modo fundamental, n~ao sendo portanto vericado na operac~ao normal do OPO. Devido a depend^encia quadratica do compriemtno de onda com a temperatura, pode-se ^ 6.8. ESTRUTURAS DE SAIDA EM OPO CONCENTRICO TIPO I Modo TEM00 Modo TEM01 Modo TEM02 0 20 40 60 80 100 120 140 Pixel Figura 6.31: Imagens dos modos observados. Perl e ajuste de modos 179 180 ^ CAPITULO 6. MODOS TRANSVERSOS EM CAVIDADES CONCENTRICAS chegar a uma situac~ao na qual a oscilac~ao no modo TEM00 e proibida. A cavidade estara ent~ao livre para oscilar em um modo transverso superior. O deslocamento da frequ^encia de oscilac~ao, neste caso, poderia ser explicada pela mudanca da condic~ao de acordo de fase dentro do cristal, entre o modo de bombeio, essencialmente TEM00 , e o modo de ordem mais elevada dos feixes sinal e complementar. Cap tulo 7 Distribuic~ao espacial de rudo no OPO confocal Nos vimos no captulo anterior os estudos da distribuic~ao de rudo em um OPO operando em cavidade conc^entrica. O objetivo de tal busca e encontrar uma fonte capaz de gerar um feixe luminoso que apresente uma compress~ao local do rudo, seja ele em quadratura, intensidade ou na correlac~ao qu^antica entre feixes g^emeos. Para isso, espera-se observar tais efeitos de compress~ao em fontes com multiplos modos transversos, o que leva a outras quest~oes. Uma cavidade Fabry-Perot pode ser usada para denir uma base de modos ortonormais de Laguerre-Gauss ou de Hermite-Gauss [57, 92]. Porem, o feixe de sada desta cavidade n~ao e necessariamente multimodo quanto ao carater qu^antico, o que pode ser vericado pela distribuica~o de rudo da luz. Os modos de sada da cavidade em uma situaca~o degenerada podem denir um vetor dentro da base de modos transversos do campo que descrevera sua propagac~ao. No entanto, se for possvel descrever o campo eletrico por um unico operador de aniquilac~ao tendo como envelope este vetor, o campo se comporta como um feixe monomodo quanto a distribuic~ao espacial do rudo. Portanto ele n~ao devera apresentar efeitos de compress~ao local das utuac~oes do campo eletrico. Neste captulo vamos demonstrar como um campo multimodo pode apresentar compress~oes locais de rudo, mostrando a n~ao-homogeneidade das distribuic~oes das utuaco~es do campo devido a presenca de termos de correlaca~o de intensidade e amplitude entre os modos do campo em quest~ao. Neste caso, demonstraremos que se tais efeitos na distribuic~ao espacial do rudo ocorrerem, a descric~ao do campo necessita de uma combinac~ao de operadores de aniquilac~ao do campo eletrico de diferentes modos transversos, que podem vir a ser descritos pelos modos transversos ressonantes com a cavidade Fabry-Perot da qual provem o feixe. Aplicaremos ent~ao tal estudo na demonstrac~ao da distribuica~o de rudo dentro dos feixes g^emeos gerados por um OPO confocal, mostrando seu carater multimodo. Para isso, comecaremos por uma descric~ao do OPO confocal, suas caractersticas de operac~ao, e a formac~ao de estruturas espaciais em sua sada. Em seguida apresentaremos o processo de medida de correlac~ao no caso de feixes desbalanceados, empregando para isso o sistema de detec~ao apresentado no captulo anterior. Apos introduzirmos a descrica~o do feixe multimodo, realizaremos as medidas de correlac~ao 181 182 ~ ESPACIAL DE RUIDO NO OPO CONFOCAL CAPITULO 7. DISTRIBUIC AO de intensidade nos feixes desbalanceados, mostrando a diferenca da distribuic~ao de rudo do caso monomodo para o caso multimodo. Mostraremos assim que a distribuic~ao das utuaco~es de intensidade do OPO confocal e n~ao homog^enea, sendo portanto necessaria uma descric~ao qu^antica multimodo da gerac~ao dos feixes no seu interior. 7.1 Cavidade confocal Vamos descrever agora a cavidade confocal empregada nesta montagem do OPO, mostrando como passamos de um regime n~ao degenerado para um regime degenerado para os modos transversos. Mostraremos que, no caso de uma cavidade com um meio birrefringente, ocorre uma pequena separaca~o entre os modos TEMpq e TEMqp da base de Hermite-Gauss, degenerados para uma cavidade vazia. Veremos a diferenca do comprimento de cavidade para a confocalidade entre os diferentes modos injetados, como o bombeio, sinal e complementar, descritos aqui pelos sub-harm^onicos do bombeio polarizados nos eixos ordinario e extraordinario do cristal, respectivamente. Finalmente, iremos vericar como os efeitos termicos contribuem para o deslocamento da posica~o de degeneresc^encia dos modos transversos. O aquecimento do cristal leva a formac~ao de uma lente termica, que desloca a separaca~o dos modos, alterando a posic~ao de confocalidade. Comecaremos descrevendo o sistema de bombeio empregado, usando o laser descrito na sec~ao 6.3 para a injec~ao do feixe de 1064 nm na cavidade para o estudo dos modos, e o sistema de lentes empregado para a injeca~o do laser de bombeio (532 nm) no interior da cavidade. 7.1.1 Acordo de Modo O acordo de modo do feixe de bombeio foi obtido com um par de lentes convergentes, de forma a produzir uma cintura de feixe de 200 m no interior da cavidade. Neste caso, n~ao maximizamos o acordo do feixe ao modo gaussiano fundamental para uma cavidade confocal com espelhos de R=100 mm (w0 = 92 m), acoplando-o portanto a diversos modos transversos da cavidade. Como se v^e na ref. [12], este acoplamento de multiplos modos transversos leva a um aumento na geraca~o de modos transversos nos feixes sinal e complementar. Como vimos na sec~ao 6.3, o feixe de sada da cavidade de dobramento apresenta uma cintura w0 = (95 5)m, posicionada a cerca de 20 cm do isolador otico. Tomando esta posic~ao como refer^encia, escolhemos o sistema de lentes mostrado na gura 7.1, obtendo assim o tamanho desejado do feixe injetado no interior da cavidade. Para realizar o alinhamento do feixe de 532 nm empregamos um par de espelhos, o que permite minimizar o acoplamento do feixe aos modos mpares da cavidade, limitado as imperfeic~oes no feixe de 532 nm. O feixe de 1064 nm e injetado na cavidade atraves do espelho dicroico DM1, sem passar por nenhuma otica de focalizac~ao. Neste caso, a preocupac~ao com o acordo do modo e menor, pois ele sera usado apenas para a vericac~ao dos modos transversos da cavidade, n~ao sendo necessario maximizar o seu acoplamento ao modo fundamental. Notamos claramente que a qualidade do feixe do laser Nd:YAG e superior a do feixe proveniente da cavidade de dobramento, como cou provado pela aus^encia de modos mpares no alinhamento do feixe a cavidade. 183 7.1. CAVIDADE CONFOCAL L1 M1 532 nm f1=200 mm f2=100 mm fM=-98 mm w0i= 95µm Det.Sinal/ Pol. V M2 KTP ZZ DM2 w0f= 200µm Det.Compl./ Pol. H 375 mm 575 mm 70 mm 1064 nm L2 DM1 M3 Cav. Confocal 100 mm Det. Bombeio Figura 7.1: Esquerda: Sistema de lentes para acordo de modo na cavidade confocal. Direita: Montagem completa, incluindo os espelhos para alinhamento e os fotodetetores. O cristal de KTP, com compensaca~o de \walk o", esta orientado com o eixo z perpendicular ao plano da mesa. Ele pode ser inserido ou retirado da cavidade por um transladador, sendo mantido em um forno que permite controlar sua temperatura em torno da temperatura ambiente (20 a 30Æ C). A polarizac~ao do feixe de 1064 nm injetado esta orientada a 45Æ do plano da mesa, dividindo-o assim no eixo ordinario (vertical) e no eixo extraordinario (horizontal). O bombeio (532 nm) pode ser orientado na horizontal para a oscilac~ao do OPO, ou na vertical para a vericac~ao dos efeitos termicos sem oscilac~ao. Note que, devido a birrefring^encia da absorc~ao, os efeitos termicos n~ao t^em a mesma magnitude para as duas polarizac~oes (sec~ao 4.2.3). No entanto, o estudo da polarizac~ao vertical permite a analise qualitativa do comportamento da cavidade para o regime de oscilac~ao. O comprimento da cavidade e ajustado por um transladador no qual esta montado o \gimbal" do espelho de cavidade, varrendo assim uma faixa de 15 mm. Um PZT, solidario ao espelho de entrada, faz a varredura do comprimento da cavidade com uma amplitude maxima de 5 m, percorrendo varias resson^ancias dos feixes injetados. Os detetores permitem a vericac~ao da transmit^ancia da cavidade para os modos em estudo. Vericaremos ent~ao o comportamento da cavidade e a denic~ao do regime de confocalidade com e sem o cristal de KTP inserido, empregando para isso o feixe de 1064 nm injetado mais o feixe de 532 nm na polarizac~ao vertical. 7.1.2 Regi~ao de confocalidade Conforme vimos na sec~ao 6.2.1, para a cavidade confocal temos uma degeneresc^encia dos modos transversos de mesma paridade. Dessa forma, os modos pares ser~ao coincidentes com o modo fundamental, e os modos mpares se situar~ao exatamente entre os picos de resson^ancia dos modos pares. Vimos ainda que a separaca~o dos modos na proximidade da confocalidade pode ser descrita de forma linear com o comprimento L da cavidade. Para observar precisamente o comprimento de confocalidade, o feixe e injetado na cavidade 184 ~ ESPACIAL DE RUIDO NO OPO CONFOCAL CAPITULO 7. DISTRIBUIC AO e alinhado de forma a eliminar os modos mpares. Varrendo o comprimento da cavidade com o PZT, deslocamos os espelhos, afastando-os e observando se a dist^ancia entre os picos de resson^ancia dos modos transversos e reduzida. Chega-se a um ponto onde os picos comecam a se sobrepor. A resson^ancia exata e obtida pela maximizac~ao do pico par de resson^ancia, que ocorre no ponto de superposic~ao exata de todos os modos pares. No nosso caso, com a cavidade vazia, medimos uma nesse de F = (67; 0 1; 6) para o bombeio e F = (238 26) para o sub-harm^onico. Vemos pela equac~ao 6.15 que temos ent~ao uma regi~ao de confocalidade de 2; 4 mm para o bombeio e 0; 7 mm para o sub-harm^onico. Com o cristal inserido, os valores de nesse mudam devido a absorc~ao do meio e as perdas por reex~ao na superfcie do cristal. Temos neste caso nesses F = (44 4) para o bombeio polarizado verticalmente, F = (224 40) para a polarizaca~o do complementar (horizontal) e F = (176 4) para a polarizac~ao do sinal (vertical). 1,00 g=-0,03 g=0 g=0,03 0,75 Intensidade (u. arb.) 0,50 0,25 0,00 -1,0 -0,5 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 1,00 0,75 FSR 0,50 0,25 0,00 -8 -6 -4 -2 0 2 4 6 8 10 Tempo (ms) Figura 7.2: Modos transversos da cavidade confocal na aus^encia de cristal, observados pela transmit^ancia da cavidade para diferentes comprimentos de cavidade (g = 1 L=R). Parte superior: ampliaca~o do graco inferior, mostrando os detalhes da separac~ao da resson^ancia entre modos transversos. Vemos na gura 7.2 a transmit^ancia medida da cavidade para o feixe de 1064 nm, durante a varredura do comprimento por dois intervalos espectrais livres. Esta medida foi repetida para diferentes comprimentos de cavidade, dos quais alguns exemplos s~ao mostrados. A posic~ao confocal pode ser facilmente observada neste caso pela maximizac~ao do pico de resson^ancia com o comprimento da cavidade, o que e feito pelo deslocamento cuidadoso do micr^ometro do 185 7.1. CAVIDADE CONFOCAL suporte do \gimbal" do espelho de sada. 2,04 2,03 2,02 Ntr 2,01 2,00 1,99 1,98 1,97 1,96 -0,03 -0,02 -0,01 0,00 0,01 0,02 0,03 g=1-L/R Figura 7.3: Densidade de modos em func~ao do par^ametro g = 1 L=R da cavidade em torno da confocalidade. Note que, no alinhamento da cavidade, repete-se o ajuste dos espelhos e da injec~ao do feixe para uma variaca~o completa do curso do transladador do espelho. O objetivo e manter o alinhamento do sistema para qualquer comprimento de cavidade escolhido. Na situac~ao nal, temos a aus^encia de modos mpares da cavidade e a manutenc~ao da nesse durante o deslocamento do espelho de sada, sem que haja necessidade de realinhar a cavidade a cada posic~ao de medida. A densidade de modos transversos em uma cavidade e denida pela raz~ao entre a separac~ao dos modos para diferentes ordens de modos longituniais (intervalo espectral livre da cavidade - FSR) e a separaca~o entre modos transversos adjacentes. Na gura 7.3, vemos a densidade de modos medida para diferentes comprimentos de cavidade,atraves de medidas semelhantes as apresentadas na gura 7.2. A curva apresentada e o valor teorico da densidade de modos em func~ao do par^ametro g da cavidade (Ntr = =arccos(g), conforme equac~ao 6.12). Os resultados experimentais concordam perfeitamente com os valores esperados, e permitem denir com precis~ao melhor que 0,01 mm a posic~ao de confocalidade. O comprimento efetivo da cavidade com o cristal inserido sofre uma variac~ao, dada pelo comprimento do cristal e pelo seu ndice de refrac~ao para um dado modo. Assim, o comprimento efetivo da cavidade Lcav para uma dist^ancia L entre os espelhos, com um cristal de comprimento ` inserido no seu interior, e dado por 1 Lcav = L + ` 1 (7.1) n deslocando-se o ponto de confocalidade Lcav = R de uma dist^ancia `(1 1=n) com a inserc~ao do cristal. No nosso caso, para a cavidade em quest~ao, os ndices de refrac~ao s~ao dados pela tabela 4.2.1, de modo que a variaca~o de comprimento e de 4,41 mm para o bombeio (horizontal), 4,53 mm para o sinal e 4,27 mm para o complementar. Claramete a confocalidade exata n~ao 186 ~ ESPACIAL DE RUIDO NO OPO CONFOCAL CAPITULO 7. DISTRIBUIC AO pode ser obtida simultaneamente para os tr^es modos. No entanto, como a diferenca entre os comprimentos de confocalidade exata e inferior a faixa de valores na qual temos a superposic~ao dos picos de resson^ancia, podemos considerar a nossa cavidade como triplamente confocal. Complementar Sinal 2 g=-0,094 g=-0,044 Intensidade (u. arb.) 1 0 2 g=-0,004 g=-0,064 1 0 2 g=-0,049 g=0,006 1 0 -2 -1 0 1 2 -2 -1 0 1 2 Tempo (ms) Figura 7.4: Modos transversos medidos pela transmit^ancia da cavidade, na qual temos um cristal de KTP inserido. Temos na gura 7.4 os picos de resson^ancia das polarizac~oes horizontal e vertical do feixe de 1064 nm com o cristal inserido. Este e alinhado de forma a eliminar os picos mpares observados apos sua inserca~o, assegurando a incid^encia perpendicular do feixe sobre suas faces. Longe da confocalidade, vericamos inicialmente a separaca~o da degeneresc^encia entre modos pares de mesma ordem s = m + n em dois picos distintos. Assim, se os modos TEM02 e TEM20 se mostravam coincidentes e indistintos na cavidade vazia, aqui ja podem ser identicados e separados. Isto pode ser vericado ao observarmos sobre um anteparo as imagens dos modos. As orientaco~es dos eixos cartesianos dos modos de Hermite-Gauss e denida pelos eixos ordinario e extraordinario do cristal. Na cavidade vazia, observamos a superposica~o destes modos, resultando em uma imagem com simetria cilndrica (um maximo central seguido de aneis conc^entricos) semelhante a um modo de Laguerre-Gauss. A medida que nos aproximamos da confocalidade, os picos se fundem, mas o maximo pode acabar escapando do pico referente ao modo fundamental. Por vezes, temos um pico largo e disforme onde observamos diversas resson^ancias superpostas. Estas formas variam bruscamente com pequenas reorientac~oes do cristal, ou com seu translado no plano perpendicular ao eixo da cavidade. Medindo novamente a densidade de modos, tomando para isso a dist^ancia entre o pico principal e o ponto medio dos dois primeiros modos pares cuja degeneresc^encia foi quebrada, 187 7.1. CAVIDADE CONFOCAL 2,04 2,02 Ntr 2,00 1,98 1,96 Sinal Complementar 1,94 -0,10 -0,08 -0,06 -0,04 -0,02 0,00 g=1-L/R Figura 7.5: Densidade de modos em func~ao do comprimento da cavidade em tono da confocalidade com cristal inserido. vemos que ha um deslocamento da posic~ao de confocalidade (gura 7.5). No ajuste realizado, obtivemos um deslocamento de (4; 62 0; 11)mm para o sinal e (3; 77 0; 20)mm para o complementar. Uma vez que para o primeiro temos os picos bem denidos, n~ao e de espantar a concord^ancia do valor medido com o valor calculado. Ja para o complementar, as distorco~es sofridas pelos picos n~ao permitem obter de forma clara sua separac~ao, afetando a qualidade do resultado. No entanto, em ambos os casos vemos a superposic~ao dos modos transversos em uma faixa de cerca de 2 mm do comprimento da cavidade. A regi~ao de confocalidade para o bombeio e muito larga para que seus picos cheguem a ser distinguveis, n~ao sendo por isso mostrada neste estudo. Um efeito interessante provocado pela injec~ao do bombeio e o deslocamento dos picos dos modos transversos, mostrando uma alterac~ao na densidade de modos da cavidade na resson^ancia do bombeio. Lembrando que o cristal apresenta uma absorca~o da ordem de 1% a 532 nm, podemos ver a manifestac~ao de efeitos de lente termica no interior da cavidade, conforme discutiremos a seguir. 7.1.3 Efeito de lente termica Um efeito interessante que ocorre na cavidade confocal e o deslocamento da posica~o de degeneresc^encia devido a formac~ao de uma lente termica no cristal. Temos o aquecimento do meio pela absorc~ao do feixe incidente, mas devido a difus~ao do calor, a distribuica~o de temperatura n~ao coincide com o perl de intensidade do feixe [135]. Esta distribuic~ao de temperatura apresenta, no entanto, um maximo central. Esta variaca~o de temperatura provoca uma alterac~ao do ndice de refraca~o no meio, o que faz com que o meio aja como uma lente para o feixe incidente, provocando uma modulaca~o de fase no feixe propagante, de modo semelhante ao observado no caso do efeito Kerr [136]. Esta lente termica e estudada principalmente na observac~ao de pequenas absorco~es e na medida de par^ametros termicos do meio [137]. No nosso caso, a formac~ao de uma lente no interior da cavidade altera a posic~ao da cintura do feixe, 188 ~ ESPACIAL DE RUIDO NO OPO CONFOCAL CAPITULO 7. DISTRIBUIC AO deslocando a fase de Gouy por ele acumulada em uma passagem no interior da cavidade. Em consequ^encia, muda-se a condic~ao de degeneresc^encia da cavidade, que se torna um pouco mais complexa que a cavidade simetrica formada por dois espelhos esfericos. Por termos uma pot^encia de infravermelho inferior a pot^encia de bombeio intracavidade, alem de uma absorc~ao no infravermelho menor que um decimo da absorc~ao do verde, a contribuic~ao da absorca~o dos feixes gerados pelo OPO (sinal e complementar) para o efeito de lente termica e muito pequena. Porem, a elevada pot^encia de bombeio e a absorc~ao importante em 532 nm faz com que neste caso os efeitos de lente termica sejam signicativos. Para estudar seus efeitos, vamos fazer uma simplicac~ao, substituindo a lente espessa que se forma no interior do cristal por uma lente delgada, de dist^ancia focal f . Isto e razoavel como uma primeira aproximac~ao pois o comprimento do cristal e inferior ao comprimento de Rayleigh do feixe. Tal aproximaca~o e amplamente empregada no estudo de efeitos de lente termica e automodulac~ao de fase por efeito Kerr [136]. L R R/2 f R f R/2 f R/2 f Figura 7.6: Cavidade simetrica com uma lente inserida, e seu modelamento como um guia de onda para um feixe gaussiano. Considere que temos uma cavidade simetrica com espelhos de raio de curvatura R, separados por uma dist^ancia L, com uma lente de dist^ancia focal f no seu interior (gura 7.6). Como podemos ver na ref. [51], na condica~o de resson^ancia esta cavidade equivale a um guia de onda para um feixe gaussiano formado por uma serie periodica de lentes de comprimento focal f 0 = R=2. Para calcular a fase de Gouy acumulada em uma passagem pela cavidade, vamos comecar pelo calculo da fase acumulada em metade do seu percurso. A sequ^encia de lentes e equivalente a esperada para uma cavidade assimetrica, formada por dois espelhos de raios de curvatura R e 2f separados por uma dist^ancia L=2. Tratando dessa forma o problema, podemos calcular a fase de Gouy 0 obtida em uma passagem nesta cavidade: 0 = arccos pg1 g2 ; (7.2) com g1 = 1 L 2R e g2 = 1 L 4f . Para calcularmos a fase de Gouy acumulada na cavidade com 189 7.1. CAVIDADE CONFOCAL uma lente, devemos lembrar que = 2 0 . Mostra-se facilmente que = arccos(2g1 g2 1): (7.3) Neste caso, a densidade de modos transversos da cavidade com uma lente inserida e dada por h i Ntr = (7.4) arccos g 4Lf (g + 1) com g = 1 RL . Em uma aproximaca~o para um valor pequeno de L=f teremos uma depend^encia linear da densidade de modos com o inverso do comprimento focal da lente Ntr ' # L (g + 1) p : 2 1 g arccos g 4f 1064 nm (Sinal) 2.5 Intensidade (u. arb.) " 1 arccos g (7.5) 532 nm (Bombeio) 2.0 1.5 1.0 0.5 Intensidade (u. arb.) 0.0 2.5 2.0 1.5 1.0 0.5 0.0 -20 -10 0 10 20 Tempo (ms) Figura 7.7: Mudanca da densidade de modos para o sinal, diante de uma pot^encia crescente de bombeio. Parte superior, pot^encia injetada de 630 mW. Parte inferior, pot^encia injetada de 55 mW. Neste caso teremos, por efeito de lente termica, um deslocamento do comprimento de cavidade no qual ha degeneresc^encia, com a mudanca da densidade de modos transversos com a formac~ao de uma lente termica. Na gura 7.7, vemos esta mudanca pela variac~ao da separac~ao 190 ~ ESPACIAL DE RUIDO NO OPO CONFOCAL CAPITULO 7. DISTRIBUIC AO entre os picos de resson^ancia do sinal para diferentes pot^encias de bombeio. A coincid^encia dos picos sinal e bombeio n~ao e fortuita, sendo obtida pela variac~ao da temperatura do cristal, mantido em um forno, em uma faixa de 0; 5Æ C. Para impedir a oscilac~ao do OPO, a polarizac~ao do bombeio e mantida na vertical, impedindo o correto acordo de fase para a oscilac~ao quase degenerada. Potência de saída - bombeio (u. arb.) 100 80 60 40 20 0 0 100 200 300 400 500 600 700 Potência de Bombeio (mW) Figura 7.8: Amplitude do sinal de resson^ancia para 532 nm a diferentes pot^encias de injec~ao. Vemos ainda que os efeitos termicos levam a uma distorc~ao do pico de resson^ancia do bombeio, como fora observado na seca~o 4.8.1. Note que a pot^encia intracavidade medida pelo detetor n~ao e conhecida com precis~ao, pois a incerteza do valor de transmit^ancia do espelho de sada da cavidade e grande para o verde. No entanto, sabemos que ela n~ao e linear com a pot^encia do bombeio, justamente devido aos efeitos termicos presentes no interior da cavidade (gura 7.8). 1,950 1,925 Ntr 1,900 1,875 1,850 1,825 1,800 0 20 40 60 80 100 Potência Intracavidade- 532 nm (u. arb.) Figura 7.9: Deslocamento da densidade de modos em func~ao da pot^encia intracavidade do bombeio . A depend^encia da densidade de modos com a pot^encia intracavidade e mostrada na gu- 7.2. OPO CONFOCAL 191 ra 7.9. Nesta situac~ao, para uma densidade inicial Ntr = 1; 95, repetimos as medidas da gura 7.7, obtendo a densidade de modos para diferentes pot^encias de bombeio. O resultado indica a formaca~o de uma lente termica convergente no interior do cristal, com f 1 proporcional a pot^encia intracavidade. Esta tecnica pode ser desenvolvida visando sua aplicac~ao as medidas de pequenas absorc~oes, sendo que neste caso, pela equaca~o 7.5, vemos que a sensibilidade na medida de 1=f sera maxima para uma cavidade plana (g = 1), e nula para uma cavidade conc^entrica (g = 1). A lente convergente formada e coerente com os valores positivos de @n=@T do KTP [70], e justica o comportamento observado em [12]. Nos basearemos nesta refer^encia para descrever o comportamento classico do OPO confocal, como veremos a seguir. 7.2 OPO Confocal Tendo estudado a cavidade confocal, seus aspectos para uma cavidade vazia e uma cavidade com um cristal inserido, e os efeitos provocados por uma lente termica, vamos estudar as caractersticas de um OPO operando na condic~ao de degeneresc^encia transversa, mostrando os resultados observados na ref. [12]. Antes, vale discutir a motivaca~o do estudo de uma cavidade confocal para a observac~ao de efeitos qu^anticos. Conforme discutido na refer^encia [128], um OPO em uma cavidade confocal deve apresentar, abaixo do limiar de oscilaca~o, uma sada com vacuo comprimido, tal qual um OPO em uma cavidade n~ao degenerada. Neste caso, com um cristal no, bombeado por uma onda plana, teremos a superposic~ao de diversos modos transversos de ordem par que v~ao resultar na superposic~ao de multiplos modos de vacuo comprimido na sada da cavidade. Abaixo do limiar, estes modos est~ao desacoplados, e o resultado se assemelha a superposic~ao do vacuo comprimido de multiplos OPO's. Focalizando corretamente a sada, e sobrepondo-a a um oscilador local com simetria de invers~ao, devemos obter a mesma compress~ao para diferentes formas do oscilador local. Acima do limiar, foi demonstrado que o OPO apresenta um forte acoplamento entre os modos do bombeio e os modos sinal e complementar transversos [110]. No entanto, ainda que os modos transversos de mesma ordem TEMpq do sinal e complementar sejam mais fortemente acoplados, ha uma contribuic~ao importante do acoplamento entre modos de diferentes ordens. Ou seja, o OPO e levado a uma oscilaca~o em multiplos modos transversos, fortemente acoplados entre si. N~ao e claro como e distribudo o rudo entre os modos transversos dos feixes sinal e complementar, permanecendo aberta a quest~ao do modelamento dos efeitos qu^anticos nos feixes g^emeos do OPO confocal. Uma vis~ao simplista desta quest~ao e proposta pela descric~ao da emiss~ao da luz em fotons g^emeos, como vemos na gura 7.10. A ideia e que o foton emitido em uma dada direc~ao possui um foton g^emeo emitido na direc~ao simetrica, por conservac~ao de momento. Se eles n~ao forem transmitidos no primeiro encontro com o espelho de acoplamento, eles v~ao ser reetidos, e apos uma volta completa na cavidade ir~ao trocar de direc~ao, conservando o ^angulo de emiss~ao. Apos multiplas voltas, os fotons podem sair em qualquer uma das direc~oes selecionadas pelo ^angulo de emiss~ao. Esta direca~o de emiss~ao difere daquela de um outro par de fotons, gerados em um ^angulo menor. A correlac~ao dos fotons g^emeos se manteria em faixas em torno do centro do 192 ~ ESPACIAL DE RUIDO NO OPO CONFOCAL CAPITULO 7. DISTRIBUIC AO Bombeio Figura 7.10: Descrica~o do OPO confocal pela conservac~ao do momento transverso dos fotons emitidos. feixe. Se colocassemos um obstaculo com simetria cilndrica no campo distante do feixe, como uma ris, e medssemos a correlaca~o de intensidade entre os feixes, esta deveria se manter a medida que reduzimos a abertura. Veremos, no entanto, que esta descrica~o simplista do problema n~ao e vericada experimentalmente na observaca~o da distribuic~ao de rudo dentro dos feixes gerados. Mas ocorre uma clara distinc~ao deste regime com relaca~o a situac~ao de uma cavidade onde n~ao ha degeneresc^encia de modos transversos e os modos de sada do OPO se limitam a dois feixes gaussianos TEM00 . 7.2.1 Estruturas de sada Como mostrado em [12], o OPO confocal apresenta em sua sada a formac~ao de estruturas de diversos graus de complexidade, formando-se aneis em sua parte externa, e granulac~oes regulares no seu interior. Tais situac~oes podem ser descritas pela superposic~ao de multiplos modos de sada. Vamos lembrar aqui alguns aspectos daquele trabalho, que ser~ao uteis na nossa descric~ao da medida dos efeitos qu^anticos no OPO confocal. Em seu trabalho, Vaupel et.al. [12] vericaram as estruturas formadas na sada do OPO confocal em diferentes comprimentos de cavidade, variando ainda o tamanho do feixe de bombeio e sua pot^encia. As imagens do feixe sinal no campo proximo podem ser vistas na gura 7.11. Vemos que a medida que nos aproximamos do ponto de confocalidade exata (descontado o efeito de deslocamento da posica~o confocal pelo efeito de lente termica) temos progressivamente a formac~ao de aneis em torno do maximo central. A complexidade das estruturas aumenta para valores menores de comprimento de cavidade (L < 0). A exist^encia destas estruturas alem do ponto de confocalidade deve-se principalmente aos efeitos termicos no interior do cristal, que para um valor negativo de L = Lcav R (Ntr > 2) reduzem a densidade de modos de volta a degeneresc^encia. Outro efeito interessante deve-se ao aumento do limiar de oscilac~ao ao nos aproximarmos da confocalidade. Como vimos na gura 7.4, os modos na proximidade da degeneresc^encia sofrem 193 7.2. OPO CONFOCAL Potência de Bombeio(mW) 250 200 150 100 50 0 0 1mm ∆L (variação do compr. de cavidade) Figura 7.11: OPO confocal: estruturas obtidas na imagem de campo proximo do sinal para diferentes comprimentos de cavidade, e o aumento efetivo do limiar de oscilac~ao [12]. Campo próximo Campo distante Intensidade c Campo Próximo (atenuado) TEM 00 24 ∑ TEM p0 (r) p=0 Raio Figura 7.12: Estruturas no campo proximo e no campo distante do feixe sinal do OPO confocal para L = 0:25 mm e bombeio de 300 mW, e sua decomposic~ao em 25 modos de LaguerreGauss [12]. 194 ~ ESPACIAL DE RUIDO NO OPO CONFOCAL CAPITULO 7. DISTRIBUIC AO distorc~oes, alterando-se a posic~ao dos picos de resson^ancia em relac~ao ao modo principal. As formas destes picos de resson^ancia mostravam grandes variac~oes para pequenos deslocamentos do cristal. Na medida apresentada na gura 7.11 vemos que estes efeitos levam a um aumento do limiar de oscilac~ao. Foi vericado que com um cuidadoso realinhamento do cristal e possvel recuperar o limiar de oscilac~ao [121]. Um estudo mais detalhado destas imagens mostra a sua composic~ao por multiplos modos de Laguerre-Gauss, como vemos na gura 7.12. Por exemplo, a estrutura apresentada para L = 0; 25 mm e um bombeio de 300 mW pode ser convenientemente descrita por uma somatoria de 25 modos de Laguerre-Gauss. Notemos que o tratamento destes resultados e sua aplicac~ao nas medidas dos efeitos qu^anticos que apresentaremos aqui e dicultado pela grande quantidade de modos presentes, pela complexidade da estrutura e pelo problema da sua reprodutibilidade. Esta reprodutibilidade dos resultados sofre com a degradac~ao do cristal por \gray tracking", o que altera seu limiar de oscilac~ao. A alterac~ao da pot^encia de limiar desloca o ponto de degeneresc^encia, n~ao sendo possvel repetir precisamente a medida, mantendo-se no entanto a exist^encia de estruturas nos feixes de sada. Alem disso, na aquisic~ao de imagens, devemos fazer um compromisso entre os detalhes obtidos para as partes externas do feixe (pouco intensos) e a saturac~ao do maximo central, pelo uso de ltros de densidade neutra. Uma correc~ao din^amica do sinal da CCD (chamada correca~o \gamma" pelos fabricantes) permite a visualizac~ao simult^anea destes efeitos, porem invalida a analise dos dados pela n~ao-linearidade dos valores medidos com a intensidade incidente sobre cada \pixel". O estudo mostrou ainda a formaca~o de estruturas na imagem de campo distante, especialmente a formaca~o de alveolos no maximo central. Curiosamente, estes alveolos podem sofrer uma invers~ao de maximos e mnimos para uma pequena variac~ao da sintonia da cavidade. A periodicidade destas estruturas parece tambem aumentar a medida que reduzimos o comprimento da cavidade. Por m, vericou-se que estas estruturas dependem do tamanho do feixe de bombeio (gura 7.14), sendo mais complexas para um bombeio maior que o modo ressonante da cavidade. Para um di^ametro do feixe superior ao dobro do di^ametro do modo fundamental da cavidade (TEM00 ), n~ao ha o surgimento de novas estruturas. Observou-se tambem que, ainda que se formem estruturas nos feixes gerados, o modo do bombeio permanece gaussiano. Outro aspecto importante e que os feixes sinal e complementar apresentam estruturas bem diferentes. Na realidade, fora da condic~ao n~ao-degenerada (modos de sadaTEM00 ), sera raro observar imagens simetricas nos dois feixes. Vemos portanto que o OPO confocal requer uma descric~ao multimodo dos feixes de sada. No entanto, n~ao e evidente que isto corresponda a uma descrica~o multimodo do campo quantizado em termos de operadores de criaca~o e aniquilaca~o. Podemos ter casos em que o feixe e descrito por uma somatoria de modos transversos, denindo um vetor nesta base. Este vetor atua como um termo de modulac~ao de amplitude que multiplica o operador aniquilaca~o. Como veremos, esta situac~ao e distinta daquela onde necessitamos de um operador aniquilac~ao para cada modo transverso do feixe, denindo um campo multimodo em uma descrica~o qu^antica. Para vericar se o campo e multimodo qu^antico, estudaremos a distribuic~ao do rudo dentro de cada feixe. Por n~ao serem simetricos, a colocac~ao de um anteparo diante dos feixes ira afetar de forma diferente cada um deles. Se medimos um sinal comprimido na diferenca da utuaca~o de intensidades para feixes balanceados (abaixo do \shot noise"), ao realizarmos a medida com 195 7.2. OPO CONFOCAL ∆L=0.5mm ∆L=-0.4mm ∆L=-1mm Figura 7.13: Estruturas do campo distante para bombeio de 360 mW a diferentes comprimentos de cavidade. As duas guras inferiores (L = 1 mm) correspondem a uma pequena variac~ao do comprimento da cavidade (da ordem de nm) [12]. Sinal Complementar Bombeio w0=60µm =w0cav Sinal Bombeio w0=100µm Figura 7.14: Imagens do campo distante para diferentes tamanhos do feixe de bombeio [12]. 196 ~ ESPACIAL DE RUIDO NO OPO CONFOCAL CAPITULO 7. DISTRIBUIC AO um desbalanceamento entre os feixes teremos um desequilbrio na subtrac~ao, que nos leva a um sinal acima do \shot noise" devido ao excesso de rudo em cada um dos feixes. Pensando nisso, desenvolvemos o sistema de medic~ao desbalanceado, que apresentamos a seguir. 7.3 Medida de correla co ~es qu^ anticas em feixes desbalanceados A sada do OPO n~ao e necessariamente balanceada. Devido a diferenca nas perdas intracavidade para sinal e complementar, surge um desbalanceamento da ordem de 10% do valor medio das intensidades dos feixes. Neste caso, devido ao excesso de rudo dos feixes de sada do OPO, temos uma reduc~ao no valor medida da compress~ao das utuac~oes da diferenca de intensidades. Isto n~ao impede a medida da compress~ao S , que para o OPO estudado se mantem em torno de 30 %. Vale lembrar que tais perdas intracavidade ir~ao afetar tambem a distribuic~ao do espectro de rudo, alterando a banda passante para os dois campos. Por este motivo, a inclus~ao de um atenuador externo que recupere o equilbrio dos feixes n~ao ira assegurar uma melhor compress~ao [43]. Vamos estudar o caso da medida de correlaca~o afetada pela inserca~o de uma atenuac~ao externa a cavidade, diante dos detetores dos feixes do OPO. Neste caso, a proposta e recuperar o valor inicial das utuac~oes pela correc~ao eletr^onica das atenuaco~es sofridas pelos feixes. δE01(t) T1 E1out(t) i1(t) E1(t) G1 iout(t) E2out(t) E2(t) i2(t) G2 T2 δE02(t) Figura 7.15: Sistema de detec~ao desbalanceada: descrica~o semiclassica monomodo. O sistema e descrito na gura 7.15, onde os campos em estudo, E1 (t) e E2 (t), correspondem no caso aos feixes de sada do OPO. Como mediremos a intensidade dos feixes, vamos considerar os valores medios dos campos Ei = Ei (t) como valores reais. A utuac~ao do campo e dada por ÆEi = Ei (t) Ei , onde a depend^encia temporal e implcita no termo de utuac~ao. Estes feixes incidem sobre um divisor de feixe, um atenuador ou um anteparo, sofrendo uma atenuaca~o e a inserca~o de utuac~oes do vacuo, representadas por ÆE0i . Na sada, teremos o campo incidente sobre os detetores dado por p p Eiout (t) = Ti (Ei + ÆEi ) + 1 Ti ÆE0i ; (7.6) ~ ^ 7.3. MEDIDA DE CORRELAC OES QUANTICAS EM FEIXES DESBALANCEADOS 197 onde Ti e a transmit^ancia do elemento inserido diante do detetor i, dada pela raz~ao das intensidades do feixe transmitido pelo feixe incidente. A intensidade incidente sobre cada detetor e dada por Ii (t) = Eiout (t)Eiout (t). Desprezando os termos de ordem quadratica para as utuaco~es do campo, as utuac~oes da intensidade incidente no detetor i s~ao dadas por q Ii (t) = Ti Ei2 + 2Ei Ti Re[ÆEi ] + Ti (1 Ti ) Re[ÆE0i ] ; (7.7) onde vemos um termo para o valor medio da intensidade Ii = Ti Ei2 e um termo de utuac~ao real ÆIi = Ii (t) Ii . Consideraremos que os detetores t^em eci^encia unitaria, de modo que a taxa de gerac~ao de eletrons e igual ao uxo de fotons incidente sobre o detetor. Denimos ent~ao a fotocorrente ii / Ii a menos de uma constante. As fotocorrentes de cada detetor passam por amplicadores de ganho Gi , e s~ao subtradas, resultando em uma corrente de sada iout (t) = G1 i1 (t) G2 i2 (t). A vari^ancia desta corrente pode ser medida por um analisador de espectro, mostrando a pot^encia do rudo em uma dada frequ^encia de analise, como vimos na sec~ao 4.9. E esta medida que nos mostra a compress~ao no rudo, indicando correlaco~es qu^anticas entre os feixes. A vari^ancia da fotocorrente iout (t) e dada pelas utuac~oes das fotocorrentes de cada detetor 2 iout = (G1 Æiout 1 G2 Æiout 2 )2 : (7.8) Na medida das correlaco~es qu^anticas de intensidade dos feixes g^emeos em um OPO, temos ganhos Gi e transmit^ancias Ti unitarias. Retomamos ent~ao a descric~ao apresentada na sec~ao 2.3.5. O rudo medido por 2 iout pode ser normalizado pelo resultado esperado para dois campos coerentes. Neste caso, fazendo a normalizaca~o pela mesma medida de rudo obtida por dois campos coerentes de igual intensidade, teremos N= (Æiout Æiout 1 2 (t))2 ; 4(i1 + i2 )2 E0 (7.9) onde 2 E0 e a vari^ancia das utuaco~es do vacuo. A correlac~ao entre os feixes e considerada qu^antica quando N < 1. A compress~ao do feixe S = 1 N mostra o quanto os feixes g^emeos se afastam do comportamento classico de dois feixes obtidos pela simples separaca~o de um feixe incidente em um divisor de feixe. Um nvel perfeito de compress~ao resultaria em S = 1. A correc~ao da atenuaca~o dos feixes pelo ganho e semelhante a correca~o do valor de compress~ao para um sistema imperfeito de detec~ao. Nas publicaco~es, anuncia-se geralmente uma compress~ao S medida, com uma eci^encia qu^antica do sistema de detec~ao. Deste modo, infere-se uma compress~ao S 0 = S= do feixe na sada do sistema. No presente caso, se medirmos a atenuac~ao Ti do feixe incidente sobre cada detetor, podemos recuperar a informaca~o do rudo incidente sobre o atenuador. Ajustando o ganho dos amplicadores Gi = 1=Ti , obtemos das equac~oes 7.7 e 7.9 o valor corrigido da compress~ao Ncorr = 2 iout +1 4(G1 i1 + G2 i2 )2 E0 G21 i1 + G22 i2 ; G1 i1 + G2 i2 (7.10) 198 ~ ESPACIAL DE RUIDO NO OPO CONFOCAL CAPITULO 7. DISTRIBUIC AO onde vemos a recuperaca~o das utuaco~es de intensidade do campo incidente, e a subtraca~o do rudo do vacuo adicionado pela atenuac~ao do feixe, rudo este que foi amplicado pela eletr^onica na recuperac~ao das utuac~oes do feixe. Este valor pode ser facilmente obtido empregando o sistema de medic~ao descrito na sec~ao 6.5, onde temos um registro temporal das fotocorrentes em cada detetor. A proposta do sistema de medida e adquirir uma serie de dados, obtendo simultaneamente o valor medio ii e o espectro de amplitudes das utuaco~es da fotocorrente Æii em uma frequ^encia de analise f0 . Empregando um detetor adicional para fazer a normalizac~ao, pode-se medir o valor da transmit^ancia Ti . Com isto podemos calcular o valor da equac~ao 7.8 e do rudo corrigido Ncorr , calibrando previamente o nvel de \shot noise" para obter o valor de 2 E0 . Para um ltro de densidade neutra, temos que Ncorr = N dado pela equac~ao 7.9. A utilidade deste metodo esta na demonstrac~ao do carater multimodo qu^antico do OPO confocal. Veremos a seguir como podemos descrever o campo eletrico quantizado por operadores de criac~ao e aniquilac~ao modulados pelas envoltorias dos modos transversos. Mostraremos que se existe uma combinaca~o linear na base dos modos transversos que permita a descric~ao do campo por um unico operador de aniquilac~ao, este campo e monomodo qu^antico, e neste caso a atenuac~ao da compress~ao de rudo e linear com a transmit^ancia de um anteparo qualquer inserido no caminho do feixe. Do mesmo modo, para a medida de correlac~ao, se tivermos feixes monomodo qu^anticos correlacionados, a correc~ao do rudo dada pela equac~ao 7.10 continua valendo. Caso contrario, demonstra-se que o campo e efetivamente multimodo. 7.4 Descri c~ ao qu^ antica do campo multimodo Na sec~ao 2.1, realizamos a quantizac~ao do campo eletromagnetico a partir das equac~oes de Maxwell, levando a denic~ao do operador campo eletrico na eq. 2.18. Naquele caso, o campo e descrito na forma de um operador atuando sobre um modo k de propagac~ao do campo, em uma dada polarizaca~o s. Ao nal, temos o campo eletrico descrito pela soma das componentes de frequ^encias positivas ao seu harm^onico conjugado, contendo a soma dos termos de frequ^encias negativas. O operador das componentes positivas e descrito pelo operador de aniquilaca~o de fotons do campo eletrico multiplicado por um termo dependente do modo k e da frequ^encia angular ! do campo. Naquela descrica~o, n~ao ha um detalhamento das coordenadas espaciais transversas do campo. Na realidade, estas acabam escondidas nos modos de propagaca~o k. Normalmente, a situac~ao estudada consiste em um feixe monocromatico, cuja propagac~ao classica pode ser descrita em uma aproximaca~o paraxial. Nesta aproximaca~o, podemos descrever o feixe pela superposic~ao de modos espaciais ortonormais (em uma base de Laguerre-Gauss ou Hermite-Gauss) de diferentes amplitudes multiplicando o termo de propagac~ao de onda plana exp[i(!t kz )]. Vamos descrever de forma resumida o tratamento qu^antico do campo eletrico, seguindo a ref. [113]. Considerando que o campo se propaga de forma paraxial paralelamente ao eixo z , podemos escrever o operador de amplitude dos termos positivos de frequ^encia do campo eletrico como s h!0 (+) E^ (z; ~; t) = i exp [i (k0 z !0 t)] a^(z; ~; t) (7.11) 20 c ~ QUANTICA ^ 7.4. DESCRIC AO DO CAMPO MULTIMODO 199 onde k0 e o modulo do vetor de onda do campo na direca~o z , e !0 e a frequ^encia da portadora do campo. Os operadores de criac~ao e aniquilaca~o fa^y (z; ~; t); a^(z; ~; t)g do campo dependem das coordenadas espaciais longitudinal (z ) e transversa (~), alem da coordenada temporal. Os operadores de criaca~o e aniquilaca~o s~ao normalizados de modo que ha^y (z; ~; t)^a(z; ~; t)i nos fornece o uxo de fotons por unidade de area por segundo em um ponto ~ do plano transverso ao ponto z do eixo de propagac~ao, no instante t. As regras de comutac~ao para estes operadores s~ao h i a^(z; ~; th); a^y (z; ~0 ; t0 ) = Æ(~i ~0 )Æ(t t0 ) (7.12) a^(z; ~; t); a^(z; ~0 ; t0 ) = 0: Estamos interessados em observar as correlac~oes espaciais dos operadores do campo eletrico. Por este motivo, vamos simplicar a notaca~o, considerando que as medidas s~ao feitas em uma posic~ao z do plano de propagac~ao, e que o valor observado e sempre o espectro de rudo de uma fotocorrente, sendo portanto proporcional a autocorrelac~ao da fotocorrente. Por isso, iremos suprimir a depend^encia dos operadores de aniquilac~ao e criac~ao nas coordenadas z e t, nos atendo apenas a coordenada transversa ~. A relac~ao de comutac~ao e ent~ao simplicada, de modo que h i a^(~); a^y (~0 ) = Æ ~ ~0 : (7.13) Consideremos a fotocorrente medida por um detetor (cuja eci^encia consideraremos unitaria) grande o suciente para integrar toda a pot^encia do feixe, porem com um anteparo diante dele de modo a selecionar uma superfcie S do plano transverso em z (gura 7.16). O operador de fotocorrente sera dado pela integrac~ao das fotocorrentes em cada ponto da superfcie, de modo que Z Z ^i = a^y (~)^a(~)d~ = n^ (~)d~: (7.14) S S onde n^ (~) e o operador numero local, que fornece a densidade do uxo de fotons em um ponto ~ do plano transverso. Ê(t) ρ ^i(t) z S Figura 7.16: Medida da pot^encia do feixe empregando um detetor cuja area de integrac~ao e limitada por um anteparo. 200 ~ ESPACIAL DE RUIDO NO OPO CONFOCAL CAPITULO 7. DISTRIBUIC AO Convem ainda denir um operador para a utuac~ao da fotocorrente. Temos ent~ao Æ^i = Z S hn^ (~)i] d~: [^n(~) (7.15) onde o valor medio do operador numero e obtido para o estado generico ji do campo. Vamos vericar como muda o valor medido da vari^ancia da fotocorrente 2^i para diferentes formas do anteparo S . Para faz^e-lo, sera conveniente descrever o campo na forma de modos transversos, para os quais teremos operadores independentes de criac~ao e aniquilac~ao. 7.4.1 Decomposic~ao em modos transversos Uma forma de satisfazer a condic~ao de comutac~ao 7.13 e pela descric~ao do campo como uma soma de operadores de aniquilaca~o nos diferentes modos transversos do campo. Estes modos s~ao descritos em uma base completa e ortonormal, por exemplo os modos de Hermite-Gauss ou de Laguerre-Gauss. Sendo a^j o operador de aniquilac~ao no modo j , o operador campo eletrico pode ent~ao ser descrito pela somatoria dos operadores dos modos multiplicados pela envoltoria que descreve a distribuic~ao espacial da amplitude e fase do modo E^ (~) = X j a^j ui (~): (7.16) Onde a completeza e a ortonormalidade da base fuj (~)g s~ao satisfeitas R P ~)uj (~)d~ = Æij ; ~)ui (~ 0 ) = Æ(~ ~ 0 ): i ui ( S !1 ui ( (7.17) Em consequ^encia, podemos vericar as relac~oes de comutaca~o para os operadores dos modos h i h i a^ ; a^y = Æ ; [^a ; a^ ] = 0; a^y; a^y = 0: (7.18) l m lm l m l m Se aplicarmos estas relac~oes ao operador de fotocorrente descrito pela equac~ao 7.14, teremos X ^i = T a^ya^ ; (7.19) lm lm l m onde os coecientes Tlm s~ao dados pela integrac~ao do produto dos modos transversos na superfcie S Z (7.20) Tlm = ul (~)um (~)d~: S Observamos que Tlm = T . Das condic~oes de ortonormalidade e completeza temos que ml Tlm = Ælm se S ! 1: (7.21) Calculando a vari^ancia da fotocorrente, podemos aplicar as propriedades de comutac~ao dos operadores de modo (eq. 7.18) e a completeza da base escolhida para mostrar que X 2^i = h(Æ^i)2 i = h^ii + Tlm Tkn h: Æn2 :i; (7.22) klmn klmn ~ QUANTICA ^ 7.4. DESCRIC AO DO CAMPO MULTIMODO 201 onde o termo em ordem normal (operadores de criac~ao a esquerda e operadores de aniquilac~ao a direita) e dado por h: Æn2klmn :i = ha^yk a^yl a^m a^ni ha^yl a^m iha^yk a^ni: (7.23) correspondendo nos casos l = m e k = n as correlaco~es das utuaco~es do operador numero de cada modo. O caso da transmiss~ao do feixe por um anteparo pode ent~ao ser tratado pela soma dos termos de correlaca~o em uma base innita de modos. Se reagruparmos os termos da somatoria podemos obter maiores detalhes sobre os diversos efeitos fsicos descritos por esta equac~ao. Teremos assim, para a equac~ao 7.22, X X X 2^i = h^ii + T 2 h: (Æn^ i )2 :i + 2 Tii Tjj hÆn^ i Æn^ j i + 2 jTij j2 hn^ in^ j i jha^ya^j ij2 i ii + X i;j;k;l i;j>i i;j>i Tkl Tij (1 Ækl Æmn )(1 Ækn Ælm ) ha^yi a^yj a^k a^l i i ha^yk a^l iha^yi a^j i : (7.24) O primeiro termo corresponde ao \shot noise", sendo proporcional ao numero medio de fotons detectados h^ii. A vari^ancia em ordem normal h: (Æn^ i )2 :i do operador numero n^ i = a^yi a^i do modo fornece a compress~ao ou o excesso de rudo em cada modo transverso do campo. A correlaca~o do numero de fotons entre diferentes modos e dada por hÆn^ i Æn^ j i. Vemos neste caso que todos estes termos s~ao reais, e t^em como peso a transmit^ancia Tii do modo pela abertura. Os ultimos termos correspondem a contribuic~ao da interfer^encia entre cada modo. Em alguns casos, como mostrado para diodos laser de cavidade vertical [133], este termo se anula por tratarmos de modos de frequ^encias diferentes. Se a diferenca das frequ^encias for muito superior a largura de banda do sistema de detec~ao, o batimento entre elas n~ao sera observado, e os termos de interfer^encia s~ao nulos. Neste caso, os unicos termos remanescentes ser~ao o termo de \shot noise", o termo de compress~ao de rudo de cada modo e a correlaca~o de intensidade. No caso aqui discutido, estamos tratando de um feixe com uma unica frequ^encia de portadora, de modo que ha uma contribuica~o efetiva para situaco~es onde a superfcie de integrac~ao S e nita, como no caso de diodos laser mostrados em [132]. Podemos denir o rudo normalizado pela raz~ao entre a vari^ancia da fotocorrente e o \shot noise" (N = 2^i=h^ii). Da equac~ao 7.24 podemos ver que este rudo normalizado n~ao apresenta de forma clara uma depend^encia linear com a atenuac~ao do feixe, como visto no caso de um feixe monomodo atenuado por um ltro de densidade neutra (seca~o 2.3.2). Vamos demonstrar que se houver uma descric~ao monomodo do campo, existe uma depend^encia linear. Comecemos por estudar duas situac~oes-limite. Para uma integrac~ao completa da frente de onda (ou seja, para S ! 1), teremos Tij = Æij , e todos os termos de intefer^encia ser~ao nulos. Teremos assim o rudo normalizado de todo o feixe, considerando ainda a distribuic~ao de fotons entre os modos, sua vari^ancia e sua correlac~ao. Por outro lado, para uma abertura muito pequena, Tij ! 0. Como todos os termos possuem uma depend^encia quadratica com a transmit^ancia, exceto o \`shot noise", as utuac~oes de fotocorrente ir~ao convergir para o nvel de \shot noise", obtendo-se assim um rudo normalizado unitario. Para pontos intermediarios, todos os termos de correlac~ao ir~ao concorrer, n~ao havendo uma depend^encia linear. A linearidade da compress~ao ou do excesso de rudo com a transmit^ancia total do anteparo ca evidente em alguns casos especcos. Se o campo e descrito em um estado multimodo coe- 202 ~ ESPACIAL DE RUIDO NO OPO CONFOCAL CAPITULO 7. DISTRIBUIC AO rente, sem correlaco~es de intensidade entre os modos transversos, todos os termos da somatoria s~ao nulos, exceto o \shot noise". Deste modo as utuac~oes de intensidade est~ao limitadas ao rudo padr~ao para qualquer superfcie de integrac~ao escolhida. Se houver, no entanto, excesso ou compress~ao de rudo, as utuac~oes ser~ao lineares se o campo e descrito por um estado monomodo. Neste caso, o sentido de campo qu^antico monomodo ca claro ao considerarmos que os fotons s~ao gerados ou aniquilados em apenas um modo transverso do campo. Se o campo estiver em um estado ji, tal que a aplicac~ao do operador aniquilac~ao do modo i d^e um resultado n~ao nulo apenas para um modo do campo, que denominaremos modo o, teremos a^i ji = Æoi j0 i; (7.25) para qualquer modo i do campo. Neste caso vemos que o valor da compress~ao de rudo normalizada e h: Æ2 n^ o :i ; (7.26) S = N 1 = Too hn^ oi sendo proporcional a atenuac~ao do feixe Too . Teremos a situac~ao semelhante ao uso de um ltro de densidade neutra em um estado comprimido do campo [19, 40]. O fato do campo ser descrito por um unico modo da base fui g leva a depend^encia linear da compress~ao de rudo. Por vezes a condic~ao 7.25 n~ao e satisfeita na base escolhida, escondendo uma descrica~o monomodo do campo. Anal, mesmo um feixe gaussiano TEM00 pode ser representado por uma superposica~o de modos em uma outra base, bastando para isso que nesta outra base a cintura do feixe do modo fundamental seja diferente da cintura do feixe gaussiano. Mostraremos que se existe uma base fvi g onde o campo e descrito como um unico modo, ent~ao a condic~ao de proporcionalidade 7.26 e vericada. Se esta condic~ao n~ao for satisfeita, ent~ao o campo e multimodo. Considere que o operador do campo dado pela eq. 7.16 possa ser expresso de modo alternativo em outra base X X E^ (~) = a^i ui (~) = ^bj vj (~): (7.27) i j onde o operador de aniquilac~ao ^bj atua nos modos j do campo descrito na base fvj (~)g,completa e ortonormal. Como podemos ver, os operadores a^i a ^bj s~ao linearmente relacionados R P ^bj = Pi cji a^i (7.28) e a^i = j cji^bj com cji = 1 vj (~)ui (~)d~; onde temos, pelas relac~oes de completeza X cki c = Æij : (7.29) k kj Consideremos que para o estado do campo j i temos aparentemente uma situaca~o multimodo para o operador de aniquilac~ao a^i (^ai j i = i j i i) mas para o operador ^bj ele e claramente monomodo, satisfazendo a condic~ao 7.25 (^bj j i = Æoj j j i). Aplicando a descric~ao de a^i em func~ao de ^bj nos termos com ordenac~ao normal denidos pela equaca~o 7.23 teremos gracas ao comportamento monomodo na base fvj g h: Æn^ klmn :i = cok coj com con h: ÆN^b :i; (7.30) ~ QUANTICA ^ 7.4. DESCRIC AO DO CAMPO MULTIMODO 203 com ÆN^b = ^by0^b0 h^by0^b0 i. Da completeza e ortonormalidade de fuj g e fvi g vemos que X lm Tlm col com = Z v0 (~)v0 (~) = T; S (7.31) sendo T a transmit^ancia do feixe pela abertura. Portanto a equac~ao 7.24 pode ser descrita na forma 2^i S = ^ 1 = T S0 ; (7.32) hi i com S0 = h: ÆN^b :i=hN^b i como a compress~ao total de rudo para uma integraca~o completa sobre toda a superfcie do feixe. Temos portanto que se o campo pode ser descrito por uma representac~ao monomodo, o excesso de rudo normalizado sera proporcional a atenuaca~o da intensidade do feixe. Ou seja, o rudo possui um termo linear referente ao \shot noise", e um termo quadratico referente ao excesso ou a compress~ao de rudo. Se n~ao houver esta linearidade, o campo e multimodo. Uma descric~ao completa e detalhada torna-se difcil. Existem algumas situac~oes especcas [132, 133] onde o rudo de cada modo e a correlac~ao s~ao facilmente mensuraveis, porem a complexidade do tratamento dos dados aumenta para um numero crescente de modos envolvidos. Uma escolha evidente para a base dos modos na descrica~o do campo s~ao os modos transversos de uma cavidade para o sistema em analise [138]. O tratamento aqui descrito pode ser aplicado ao estudo das compress~oes de intensidade no caso de campos comprimidos multimodo. Para compress~ao em quadratura, a descrica~o do modo do oscilador local deve ser considerada, n~ao sendo aqui tratada. Apos estudarmos a descrica~o do campo multimodo, vamos voltar ao estudo da correlaca~o de intensidade entre feixes g^emeos de um OPO, retomando a discuss~ao apresentada na seca~o 7.3. A diferenca e que estudaremos agora o caso multimodo em uma descric~ao puramente qu^antica do campo, em termos dos operadores de criaca~o e aniquilac~ao dos modos transversos. 7.4.2 Correlac~oes de intensidade Nos vimos no caso anterior como o efeito de um obstaculo ira afetar a medida do rudo de intensidade de um feixe multimodo. Discutiremos agora as correlac~oes qu^anticas entre dois feixes, visando sua aplicaca~o aos feixes g^emeos de OPO's em cavidades degeneradas, levando a uma oscilac~ao multimodo transversa. Neste caso, n~ao teremos apenas um detetor, mas um par de detetores sobre os quais incidimos feixes com diferentes distribuic~oes de intensidade. Vamos analisar a situaca~o de uma deteca~o desbalanceada, com uma correc~ao de ganho para compensar as diferencas na atenuac~ao dos dois feixes. Vamos considerar o sistema de deteca~o descrito na gura 7.17. Os campos eletricos incidentes, representados por E^1 e E^2 , podem ser descritos na forma de somas de operadores de aniquilaca~o dos modos ortogonais dos campos, como descrito na equac~ao 7.16. Diante de cada detetor temos um anteparo, que dene uma superfcie de integrac~ao Si para o campo incidente. 204 ~ ESPACIAL DE RUIDO NO OPO CONFOCAL CAPITULO 7. DISTRIBUIC AO Ê1(t) ^i (t) 1 G1 S1 Ê2(t) ^i (t) out S2 ^i (t) 2 G2 Figura 7.17: Montagem para comparac~ao de rudo entre dois feixes multimodo. As fotocorrentes medidas pelos detetores s~ao dadas pelos operadores ^ii (t) (eq. 7.14), e s~ao amplicadas por circuitos eletr^onicos, sendo medido o valor medio das fotocorrentes dos detetores e a pot^encia de rudo da subtrac~ao das fotocorrentes amplicadas ^iout . Com ganho unitario nos amplicadores, e sem os anteparos diante dos detetores, medimos diretamente a correlac~ao das intensidades dos dois feixes, comparando o valor de 2^iout com o valor esperado para dois feixes coerentes n~ao correlacionados, de mesma intensidade, incidindo sobre o sistema (\shot noise"). Se introduzirmos os anteparos, podemos tentar recuperar a informac~ao perdida pela atenuac~ao do feixe. Desse modo fazemos Gi = 1=T (i) , onde a transmit^ancia do feixe pelo anteparo pode ser calculada por y P Tmn ha^(mi) a^(ni) i mn ( i ) T = (7.33) I^i P onde a fotocorrente total obtida da integrac~ao de toda a frente de onda e I^i = m hn^ (mi) i, coincidindo com ^i quando o obstaculo e completamente removido. Teremos ent~ao para a vari^ancia da diferenca das fotocorrentes amplicadas 2^iout = hÆ2 G1^i1 + G2^i2 i = G21 hÆ2^i1i + G22 hÆ2^i2 i 2G1 G2 hÆ^i1 Æ^i2 i; (7.34) onde vemos as contribuico~es das utuaco~es de intensidade de cada feixe mais o termo de correlac~ao de intensidades dos dois feixes. Vamos estudar agora dois casos diferentes. Analisaremos primeiramente a distribuica~o do rudo em um unico feixe pela variac~ao da superfcie de integrac~ao S1 . Em seguida, estudaremos o caso no qual as duas superfcies de integrac~ao s~ao simultaneamente alteradas. Distribui c~ ao de ru do em um u nico feixe Comecando o estudo pela distribuic~ao de rudo em um unico feixe, consideraremos que T2 = 1, ou seja, removemos completamente este anteparo. Vamos ent~ao calcular a distribuica~o corrigida ~ QUANTICA ^ 7.4. DESCRIC AO DO CAMPO MULTIMODO 205 do rudo, seguindo o procedimento descrito na sec~ao 7.3. Neste caso, o nvel corrigido de rudo e 2^iout G21 h^i1 i + hI^2 i Ncorr = + 1 : (7.35) G1 h^i1 i + hI^2 i G1 h^i1 i + hI^2 i Tentamos assim recuperar, atraves do ganho sobre a fotocorrente do detetor 1, o nvel de rudo normalizado obtido na aus^encia de atenuadores diante dos detetores. Na aus^encia da abertura diante do detetor 1, teremos o rudo normalizado dado por hÆ2 (I^ I^ )i N0 = ^ 1 ^2 : (7.36) hI1i + hI2 i A diferenca entre o rudo corrigido e o rudo normalizado sem perdas e dada por P P ^ ^ ^ G21 klmn Tlm Tknh: Æ2 n^ (1) :i h: Æ2 I^1 :i 2G1 lm Tlm hÆn^ (1) klmn lm Æ I2 i + hÆ I1 Æ I2 i : Ncorr N0 = hI^1 i + hI^2 i (7.37) Novamente, se considerarmos um campo monomodo qu^antico incidindo sobre os detetores, vericamos que Ncorr N0 = 0. Neste caso, a correc~ao empregada e valida, e recupera o nvel de rudo original para um feixe atenuado. O resultado e semelhante ao obtido para a inclus~ao de um ltro de densidade neutra. Teremos em ambos os casos a eliminaca~o aleatoria de fotons do feixe incidente. Nota-se ainda que para o feixe incidente sobre o detetor 2 n~ao foi feita hipotese alguma quanto a sua distribuica~o de modos, uma vez que estamos integrando toda a frente de onda. Se a igualdade entre o rudo corrigido e o rudo medido sem atenuaca~o n~ao for vericada, n~ao existe uma base na qual o feixe 1 possa ser descrito em uma representaca~o monomodo. Distribui c~ ao de ru do em ambos os feixes Considerando agora a atenuaca~o simult^anea sobre ambos os feixes, podemos calcular novamente o rudo corrigido, considerando agora o ganho sobre as duas fotocorrentes. Obtemos assim 2^iout G21 h^i1 i + G22 h^i2 i Ncorr = + 1 : (7.38) G1 h^i1 i + G2 h^i2 i G1 h^i1 i + G2 h^i2 i Comparando novamente as utuac~oes corrigidas com a utuac~ao sem atenuac~ao, teremos P (1) T (1) h: Æ2 n^ (1) :i h: Æ2 I^ :i Tlm 1 klmn 2 kn klmn Ncorr N0 = G1 ^ ^ hI1 i + hI2i P 2^ T (2) T (2) h: Æ2 n^ (2) klmn :i h: Æ I2 :i +G22 klmn lm kn ^ hI1 i + hI^2 i P T (1) T (2) hÆn^ (1) Æn^ (2) i hÆI^1 ÆI^2 i 2G1 G2 klmn lm kn ^ lm ^ kn : (7.39) hI1 i + hI2i Este termo sera nulo apenas se cada campo incidente puder ser descrito por um operador monomodo transverso. Caso contrario, teremos tanto um dos feixes multimodo, ou ambos, 206 ~ ESPACIAL DE RUIDO NO OPO CONFOCAL CAPITULO 7. DISTRIBUIC AO sendo que para distinguir os casos necessitamos realizar a medida da distribuic~ao em um unico feixe. Vemos ent~ao como um feixe multimodo pode apresentar uma distribuic~ao n~ao-homog^enea do rudo no seu interior. E atraves da presenca de termos de correlac~ao, interfer^encia e de uma distribuic~ao do rudo entre diferentes modos do campo que podemos obter um feixe no qual ha uma compress~ao local do rudo. Vamos aplicar a tecnica aqui descrita no estudo dos feixes g^emeos obtidos em cavidades com modos transversos degenerados. N~ao esperamos, devido a complexidade dos resultados, obter uma descric~ao exata dos termos de correlac~ao entre os campos, mas apenas nos limitar a demonstraca~o do carater multimodo dos feixes de sada. Compararemos o resultado obtido com aquele de uma cavidade operando em um unico modo gaussiano para cada um dos feixes, e discutiremos a validade do modelo inicial de fotons para explicar as distribuico~es das utuac~oes de intensidade nos feixes. 7.5 Descri c~ ao da montagem A montagem empregada para o estudo da distribuic~ao do rudo nos modos transversos do OPO confocal e mostrada na gura 7.18. O OPO triplamente ressonante emprega dois espelhos esfericos de raio R= 100 mm, sendo que o espelho de entrada apresenta uma transmit^ancia de 10% para o bombeio (532 nm) e uma alta reet^ancia para o sub-harm^onico (1064 nm). O espelho de sada apresenta alta reet^ancia para o bombeio e uma transmit^ancia de 1% para o sub-harm^onico. A otica para o acordo de modo foi descrita na sec~ao 7.1.1. Descreveremos nesta seca~o o sistema de imagem e medida usado na sada do OPO. O primeiro elemento na sada da cavidade e um espelho dicroico (DM1), empregado para eliminar o vestgio do feixe de bombeio transmitido pelo espelho de acoplamento da cavidade. Como este espelho apresenta ainda uma pequena reex~ao no infravermelho (1064 nm), ele e empregado tambem para fornecer um sinal de refer^encia, que sera empregado na estabilizac~ao e normalizac~ao no tratamento de dados. O feixe reetido pelo espelho dicroico e focalizado por uma lente (LD) sobre dois detetores. Um outro espelho dicroico separa o feixe de bombeio do restante do infravermelho. Empregamos ent~ao um detetor FND100 para medir o sinal de bombeio e um detetor ETX300 para medir a amostra dos feixes sinal e complementar, registrando o seu valor em um osciloscopio digital e no sistema de aquisic~ao de dados descrito no ap^endice. A fotocorrente do detetor DIR e empregada tambem na estabilizac~ao da cavidade do OPO, atraves da realimentac~ao do sinal, comparado a uma tens~ao de refer^encia, ao PZT que controla o comprimento da cavidade. Para o sistema de detec~ao, reetimos os feixes sinal e complementar empregando um espelho (M). As lentes L1 e L2 permitem produzir, sobre as ris I1 e I2, as imagens do campo distante da cintura do feixe. A ris I1 permite controlar a integrac~ao sobre os dois feixes de sada simultaneamente, enquanto que a ris I2 e empregada para analisar a distribuic~ao em um unico feixe. Podemos selecionar a direc~ao dos feixes sinal e complementar pela orientac~ao da l^amina de meia-onda (HWP) e pelo cubo polarizador (PBS), estudando separadamente a distribuic~ao do rudo em cada um desses feixes. Os detetores s~ao os mesmos empregados no captulo 6 para o estudo da cavidade conc^entrica. Neste caso, empregamos apenas um quadrante em cada fotodetetor, ligados ao sistema de aquisica~o de dados. ~ DA MONTAGEM 7.5. DESCRIC AO 207 Bombeio PZT IC KTP DG OC DM1 LD D1 DIR DM2 Aquis. de dados L2 D2 M L1 L3 HWP I1 PBS I2 Att PS2 BS Zoom CCD2 PS1 CCD1 Figura 7.18: Montagem experimental. O espelho M e montado em um suporte basculante, de modo que pode ser facilmente removido e recolocado no trajeto do feixe. Removendo-o, o feixe e atenuado por um ltro de densidade neutra (Att) e focalizado por uma lente (L3), de modo a produzir sobre a CCD1 a imagem do campo distante do feixe. O sistema empregado para separar o sinal e complementar consiste em um cubo polarizador de 12 mm de aresta e um prisma de 25 mm aresta. Deste modo, a diverg^encia do feixe e a mesma para as duas polarizac~oes. O divisor de feixe BS permite ainda que parte da luz seja reetida, incidindo sobre a CCD2, a qual permite a focalizaca~o da imagem de campo proximo atraves de uma lente de zoom. Vamos descrever o procedimento para a focalizac~ao da imagem de campo proximo e campo distante do feixe. No caso da imagem sobre as CCD's, o procedimento e simples. Removendo o cristal e injetando o feixe de 1064 nm no interior da cavidade, deslocamos a lente L3 (f=150 mm) de modo a produzir a imagem de campo distante sobre a CCD1. Para isso, mantemos no 208 ~ ESPACIAL DE RUIDO NO OPO CONFOCAL CAPITULO 7. DISTRIBUIC AO meio da cavidade uma transpar^encia, sobre a qual foi impressa, atraves de uma fotocopiadora, um retculo submilimetrico. Deslocando cuidadosamente L3, chegamos a imagem obtida na gura 7.19. O resulatado nal foi obtido com a CCD1 colocada a 576 mm do espelho de sada da cavidade, e a lente L3 a 340 mm do mesmo espelho. Campo Distante Campo Próximo Figura 7.19: Imagens de campo distante e campo proximo para um retculo (inferior) e uma folha de texto (superior). Feito este ajuste, substitumos o retculo por um objeto qualquer (por exemplo, um texto) e ajustamos a posica~o da CCD2 para obter a melhor imagem do objeto. O resultado pode ser visto na gura 7.19. O uso de uma imagem produz resultados mais ntidos que os obtidos com o retculo, determinando com melhor precis~ao o ajuste do foco da lente de zoom. A distorc~ao nas imagens de campo proximo e campo distante e muito pequena para o deslocamento do objeto no interior da cavidade. O proprio posicionamento da lente permite uma toler^ancia de 5 mm ao longo do feixe. Se a otica empregada para obter imagens do tamanho da CCD (3 4 mm) e simples, um procedimento mais delicado foi necessario para obter uma imagem de campo distante sobre as ris, cujo di^ametro era de 1 mm quando totalmente fechadas. Para isso empregamos uma lente de dist^ancia focal curta (L2, f = 10 mm), colocada proximo a cintura do feixe produzida por outra lente (L1, f = 100 mm). Selecionando a posic~ao das lentes de modo a produzir um campo distante do retculo sobre a ris I1, situada a 741 mm da sada do OPO, colocamos L2 a 386 mm de OC. Deslocamos ent~ao L1 de modo a obter a imagem do campo distante do retculo sobre a ris, chegando a 213 mm do espelho de sada. A imagem reproduzia a condic~ao esperada de um maximo central ladeado por quadro maximos secundarios dispostos nos vertices de um quadrado. Ainda que a ris I2 estivesse separada de I1 por 120 mm, a imagem se mantinha sobre ela, de modo que n~ao foi necessario reajustar a posic~ao da lente L1 para o estudo do rudo 7.6. RESULTADOS 209 sobre um unico feixe. Apos a descrica~o da montagem, veremos os resultados obtidos com a aplicac~ao da medida de correlac~ao de intensidade desbalanceada ao OPO confocal, comecando pela situaca~o n~ao degenerada e nos aproximando progressivamente da regi~ao degenerada, onde a formac~ao de estruturas se torna mais evidente, com consequ^encias sobre a distribuic~ao de rudo. 7.6 Resultados O procedimento para o estudo do rudo no OPO degenerado consistiu em realizar a medida simult^anea dos valores medios de fotocorrente dos detetores DG , DIR , D1 e D2, alem do sinal demodulado das utuaco~es de intensidade dos detetores D1 e D2, empregando para isso a frequ^encia de analise de 3,5 MHz. As series adquiridas consistiam em 400.000 pontos, obtidos com uma taxa de repetic~ao de 200 kHz. O OPO e estabilizado no anco da resson^ancia do sinal de sada, empregando para isso a fotocorrente de DIR . Apos a estabilizaca~o, realiza-se a medida com o fechamento da ris I1 durante o intervalo de 2 s, no qual a serie de pontos e adquirida. Para realizar o tratamento dos dados adquiridos, empregamos o programa desenvolvido em LabView. O algoritmo permite o tratamento dos dados, separando-os em grupos de 10.000 pontos. Ainda que a ris seja continuamente fechada, considerou-se que a velocidade de fechamento era sucientemente baixa para tratar a transmit^ancia como constante no intervalo de tempo de 50 ms. Tomando os valores medios das fotocorrentes de D1, D2 e DIR , calculamos a transmit^ancia T da ris para cada subgrupo, obtendo ent~ao os valores dos ganhos G1 e G2 empregados nos calculos. Em seguida, calculamos o valor do rudo normalizado (eq. 7.9), do rudo corrigido (eq. 7.10) e da raz~ao entre as fotocorrentes dos detetores D1 e D2. Obtem-se deste modo uma serie de 40 pontos do rudo normalizado e do rudo corrigido, para diferentes valores de transmit^ancia da ris. Para estes calculos, calibramos previamente o nvel de \shot noise", empregando para isso a subtrac~ao das utuaco~es obtidas para a injec~ao de um unico feixe no sistema de detec~ao, dividindo sua pot^encia entre os dois detetores, equilibrados pela l^amina de meia onda. Obtivemos ainda a contribuic~ao do rudo eletr^onico na aus^encia de luz, o qual e devidamente descontado nos calculos das vari^ancias. Para testar a validade da deteca~o desbalanceada aqui proposta, podemos medir o rudo normalizado e o rudo corrigido para diferentes valores de transmit^ancia mantendo a cavidade distante da condic~ao degenerada. Nesta situaca~o, a sada sera gaussiana, n~ao sendo observado nenhum outro modo transverso no feixe. A pot^encia de sada e da ordem de 2 mW para cada feixe, e o nvel de rudo da fotocorrente igualava o rudo eletr^onico para uma pot^encia de 0,2 mW. O limiar de oscilaca~o era de 32 mW. Vamos denir o comprimento de cavidade na confocalidade pela media do comprimento da cavidade confocal para sinal e complementar. A separaraca~o entre os espelhos para a confocalidade sera ent~ao Lconf = 104; 41 mm. Expressaremos o comprimento da cavidade por L = L Lconf . esquerda, Na gura 7.20 vemos o resultado para uma medic~ao com L = 5; 62 mm. A vemos o rudo normalizado, e o valor corrigido do rudo, alem da raz~ao entre as fotocorrentes dos dois detetores. Como podemos ver, com a ris I1 totalmente aberta temos um nvel de ~ ESPACIAL DE RUIDO NO OPO CONFOCAL CAPITULO 7. DISTRIBUIC AO 210 1,2 Sinal Complementar 1,0 Ruído Normalizado - N Ruído Normalizado - N 1,0 0,8 0,6 Normalizado Corrigido i1/i2 0,4 0,8 0,6 0,4 0,0 0,2 0,4 0,6 Transmitância - T 0,8 1,0 0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 Transmitância - T Figura 7.20: Medida desbalanceada para modos gaussianos TEM00 : Esquerda, fechamento da ris I1. Direita, fechamento da ris I2. compress~ao S = 1 N = 30%. Note que o rudo normalizado, diferente do esperado, n~ao aumenta de forma linear com o fechamento da ris, mas apresenta uma leve curvatura. Esta pode ser justicada ao notarmos que, durante o fechamento, ha um pequeno desbalanceamento entre as fotocorrentes dos dois detetores, cuja raz~ao varia de 90% para 65%. Entre os motivos deste desbalanceamento, temos um possvel desalinhamento entre os feixes, ou ainda uma leve diferenca nos seus di^ametros sobre a ris, provocado pela diferenca de comprimento de onda dos dois feixes e pela diferenca no valor da cintura do feixe para estes dois modos gaussianos no interior do OPO. Como os dois feixes apresentam um excesso de rudo, o desbalanceamento faz com que este excesso contribua na medida do rudo, reduzindo a compress~ao. Vemos ainda que o valor corrigido do rudo apresenta utuac~oes em torno do valor obtido com a ris completamente aberta. Estas utuaco~es tendem a aumentar para valores menores de transmit^ancia, o que pode ser compreendido por uma inu^encia crescente do rudo eletr^onico sobre a medida. Porem, ainda que a dispers~ao aumente, o valor medio se mantem igual ao valor do rudo original. Vemos portanto que as correc~oes eletr^onicas das perdas inseridas s~ao validas no caso de um feixe monomodo. A direita, temos o rudo corrigido quando fechamos a ris I2 sobre o feixe sinal e complementar separadamente. A troca dos feixes sobre os detetores e feita pela orientaca~o da l^amina de meia onda HWP. Neste caso, a transmit^ancia refere-se apenas ao feixe em estudo. Suprimimos o rudo normalizado e o desbalanceamento, posto que este ultimo, variando linearmente com a transmit^ancia, acaba por invalidar a medida do rudo normalizado, o qual diverge rapidamente para nveis acima do \shot noise". Do mesmo modo que as medidas obtidas com o fechamento da ris I1, o rudo corrigido mantem-se constante com uma dispers~ao crescente ao reduzir o di^ametro da ris. A diferenca nos valores de compress~ao para o estudo da distribuica~o do rudo sobre o sinal (S=25%) e complementar (S=30%) deve-se ao fato da estabilizaca~o do OPO tombar de tempos em tempos, obrigando o relancamento do circuito de estabilizac~ao. Ainda que ele se mantenha estavel para a aquisic~ao de uma serie de dados, esta estabilidade n~ao per- 7.6. RESULTADOS 211 dura durantes varias repetico~es da medida. Ao relanca-lo, o OPO pode estabilizar em um outro par de modos sinal e complementar, que apresentem valores diferentes de perdas intracavidade devido a largura de banda dos espelhos. Consequentemente o nvel de compress~ao n~ao sera o mesmo. A estimativa de erro das medidas e baseada na imprecis~ao comumente vericada na medida normalizada do rudo para uma pot^encia incidente da ordem de 2 mW nos detetores (1%), situac~ao na qual as utuac~oes do rudo eletr^onico podem ser ignoradas. Para a ris fechada, temos uma utuac~ao da ordem de 10%, levando a uma grande dispers~ao nos resultados. Por este motivo, na analise que se segue, nos limitaremos as medidas com uma transmit^ancia mnima de 20%, valor abaixo do qual a precis~ao e a utuac~ao dos dados invalida as comparac~oes destes valores com aqueles obtidos com a ris aberta. Na gura 7.21, temos os resultados obtidos para L = 0; 38 mm. Vemos claramente que a imagem de campo distante do feixe sinal n~ao e a de um modo TEM00 , ainda que para o modo complementar n~ao se observem aneis ou estruturas. Dada a assimetria, o resultado para o fechamento da ris I1 (graco superior) mostra um rapido desbalanceamento com o fechamento da ris, levando ao aumento do rudo normalizado. O rudo corrigido, entretanto, se mantem comprimido. Ainda que a dispers~ao seja grande, ele indica uma tend^encia ao aumento para valores menores de transmit^ancia da ris. Podemos entender melhor a situac~ao para o graco inferior, obtido com o fechamento da ris I2. Neste graco, ainda que o feixe complementar possa ser descrito por uma constante para valores de transmit^ancia T > 20%, temos para o sinal um aumento do valor do rudo corrigido. Podemos assim concluir que, embora o modo complementar possa ser descrito basicamente como um campo monomodo, o feixe sinal ja apresenta uma caracterstica multimodo. Avancando na regi~ao confocal, temos na gura 7.22 o resultado para L = 0; 37 mm. Neste caso, temos a formac~ao de aneis em torno do maximo central do feixe complementar. Ainda que presentes, estes aneis s~ao menos visveis no feixe sinal. A presenca de estruturas e mais evidente ao observarmos as imagens do campo proximo. A assimetria dos feixes e vista pelo desbalanceamento durante o fechamento de I1. Note que neste caso o rudo normalizado sofre um aumento inicial, saindo do valor de compress~ao, e voltando ao nvel de \shot noise". O valor corrigido, por sua vez, sofre um rapido aumento, estabilizando em torno do \shot noise". Para o fechamento da ris I2, vemos que novamente e o feixe com estruturas mais complexas que apresenta o maior afastamento entre o rudo corrigido e o rudo normalizado inicial (com T = 1). Nota-se ainda que o nvel de compress~ao total nesta medida e inferior ao obtido em situac~oes mais distantes da confocalidade. Este comportamento foi observado repetidas vezes para sadas com multiplos aneis, o que pode indicar um aumento das perdas e uma consequente reduca~o da compress~ao devido a efeitos de bloqueio de parte do feixe pela otica de detec~ao ou pelos espelhos de cavidade. Avancando mais na regi~ao confocal, ha um aumento do limiar de oscilac~ao, e a estabilizac~ao da cavidade de torna cada vez mais difcil. Com isso, ha ainda um aumento de pot^encia intracavidade, o que leva a um aumento dos efeitos termicos e da degradac~ao do cristal por \gray tracking". Obtivemos porem uma situac~ao interessante para L = 0; 62 mm. Vemos para sinal e complementar dois feixes de formas semelhantes, com um maximo central e um pequeno anel em torno deste maximo. A simetria se verica pela pequena variac~ao do balanceamento ~ ESPACIAL DE RUIDO NO OPO CONFOCAL CAPITULO 7. DISTRIBUIC AO 212 Ruído Normalizado - N 1,2 Normalizado Corrigido i1/i2 1,0 0,8 0,6 1,0 Ruído Normalizado - N Sinal Complementar Campo Próximo Campo Distante 0,9 0,8 Sinal 0,7 Compl. 0,6 0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 Transmitância - T Figura 7.21: Medida desbalanceada para L = 0; 38 mm. Graco superior, fechamento de I1. direita, imagem dos feixes. Graco inferior, fechamento de I2. A entre os feixes durante o fechamento da ris. Vemos que o rudo normalizado e o rudo corrigido variam de forma semelhante para o fechamento da ris I1. No caso do fechamento da ris I2, temos novamento o aumento do rudo corrigido, cando claro que ambos os feixes apresentam um carater multimodo. Este tipo de resultado apresentado, com o aumento no valor do rudo corrigido para diferentes valores de transmit^ancia, foi observado em diferentes condico~es de focalizac~ao, permanecendo, ainda que com alteraco~es de perl, para o deslocamento da lente L1, alterando a imagem formada sobre a ris. O mesmo comportamento ocorre no caso de fazermos a transformada de Fourier de um plano qualquer nas proximidades da sada do OPO. Em medidas preliminares [14], colocando a ris no plano focal de uma lente de 600 mm colocada diretamente na sada do OPO, ha sempre um aumento do rudo corrigido para diferentes comprimentos de cavidade, desde que haja a formac~ao de estruturas no feixe de sada, tais como aneis em torno do maximo central. Os resultados obtidos demonstram o carater multimodo dos feixes gerados pelo OPO, porem contribuem pouco para a medida da distribuica~o do rudo entre os modos transversos. Um primeiro problema esta ligado diretamente ao carater estocastico da medida, o que leva a uma dispers~ao nos valores medidos de vari^ancia das fotocorrentes. Se quisermos reduzir a dispers~ao, necessitamos adquirir um conjunto maior de dados. Neste caso, um OPO mais estavel torna-se 213 7.6. RESULTADOS Ruído Normalizado - N 1,4 1,2 1,0 Normalizado Corrigido i1/i2 0,8 Sinal Complementar Ruído Normalizado - N 1,2 Campo Próximo Campo Distante Sinal 1,0 Compl. 0,8 0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 Transmitância - T Figura 7.22: Medida desbalanceada para L = 0; 37 mm. Graco superior, fechamento de direita, imagem dos feixes. I1. Graco inferior, fechamento de I2. A necessario. A montagem com o cristal de KTP traz a desvantagem da degradac~ao do meio para altas pot^encias de bombeio, o que afeta a reprodutibilidade da medida. Um estudo mais detalhado dos modos transversos tambem pode ser realizado se nos colocarmos em uma situac~ao de degeneresc^encia mais baixa. No lugar de termos uma cavidade confocal, com Ntr = 2, podemos nos colocar em uma situac~ao intermediaria, do tipo Ntr = 2=3 por exemplo. Neste caso n~ao teremos a degeneresc^encia de multiplos modos pares, mas de alguns modos pares e mpares. Injetando um bombeio com um acordo de modo otimizado para o gaussiano fundamental, estaremos proximos da situac~ao descrita pela ref. [110], com poucos modos transversos. Neste caso, se obtivermos uma boa reprodutibilidade do perl de intensidade de sada, podemos buscar atraves da medida com a CCD um ajuste t~ao preciso quanto possvel para a intensidade em cada modo, decompondo o feixe nos modos do OPO. Em seguida, partindo da equac~ao 7.39, podemos chegar a repartic~ao do rudo em cada modo, de forma semelhante ao tratamento aplicado na ref. [132] ao diodo laser e ao VCSEL. Trata-se porem de uma medida delicada, que transcende os objetivos desta tese. A detec~ao desbalanceada pode ainda ser usada para um mapeamento mais detalhado da distribuic~ao do rudo dentro do feixe. Podemos ainda emprega-la para comparar as utuaco~es de intensidade nas bordas com aquela do centro de um dos feixes g^emeos, em busca de correlac~oes ou anti-correlaco~es de intensidade, enquanto tomamos o outro feixe como refer^encia. ~ ESPACIAL DE RUIDO NO OPO CONFOCAL CAPITULO 7. DISTRIBUIC AO 214 Ruído Normalizado - N Normalizado Corrigido i1/i2 1,0 0,8 0,6 Sinal Complementar Ruído Normalizado - N 1,0 Campo Próximo Campo Distante Sinal 0,8 Compl. 0,6 0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 Transmitância - T Figura 7.23: Medida desbalanceada para L = 0; 62 mm. Graco superior, fechamento de direita, imagem dos feixes. I1. Graco inferior, fechamento de I2. A N~ao foi vericado no OPO confocal o comportamento esperado pela descrica~o do feixe de sada por fotons que conservem o momento transverso. Temos algumas raz~oes para isso. A primeira esta na quest~ao da confocalidade exata, que n~ao e observada para um cristal tipo II. Alem disso, o cristal e espesso, de modo que n~ao podemos saber exatamente de que ponto do cristal o foton foi emitido. A propria espessura do cristal leva ainda a uma toler^ancia no valor de momento do foton emitido. Deste modo, a descrica~o por fotons empregada se mostra muito simplista para a complexidade do problema estudado. Vemos portanto que o OPO confocal, alem das estruturas no perl de intensidade do feixe apresentadas na ref. [12], possui um comportamento multimodo do ponto de vista das correlac~oes qu^anticas entre os feixes. Este comportamento multimodo transverso pode ocorrer em apenas um dos feixes ou em ambos. Para vericar este comportamento multimodo, empregamos um sistema de detec~ao desbalanceada. Vale compara-lo a vari^ancia condicional denida nos artigos sobre medidas QND (\quantum non-demolition")[45, 46, 47]. Enquanto que para aquelas medidas a vericaca~o da correlac~ao qu^antica pede que os feixes sejam pouco ruidosos, ou que tenham um elevado nvel de compress~ao (maior que 50%, no caso da vari^ancia condicional para os feixes g^emeos de um OPO), a medida da deteca~o desbalanceada pode mostrar o comportamento qu^antico das correlaco~es de intensidade mesmo para feixes ruidosos e com nveis menores de compress~ao. Cap tulo 8 Conclus~ao Ao longo desta tese, estudamos a fsica dos osciladores parametricos oticos em regime contnuo para cavidades triplamente ressonantes. O trabalho envolveu diversas montagens, nas quais diferentes aspectos foram estudados. No LMCAL, em S~ao Paulo, realizamos o projeto e a construc~ao de um OPO com um cristal em acordo de fase tipo II (KTP), bombeado a 532 nm. Na primeira montagem, conseguimos uma fonte estavel de luz, com baixo limiar de oscilaca~o (35 mW), e uma pot^encia de sada da ordem de 1 mW. Devido a baixa eci^encia, este OPO n~ao apresentava correlac~oes qu^anticas de intensidade entre os feixes sinal e complementar. Na segunda montagem, obtivemos uma melhor eci^encia de convers~ao (35%). Porem, o limiar e mais elevado (60 mW) e, devido a combinac~ao de efeitos termicos e degradaca~o do cristal, n~ao foi possvel obter a sua estabilizac~ao em regime contnuo. Em operac~ao quase contnua, atraves da convers~ao em perodos curtos de 30 ms, conseguimos observar a exist^encia de feixes g^emeos, com uma compress~ao de rudo de 39% (48% inferido, considerando as perdas de deteca~o). Melhorias no projeto podem levar a reduc~ao no limiar de oscilac~ao, como a reduc~ao da cintura de feixe na cavidade. Neste caso, sera possvel realizar sua estabilizac~ao de forma a obter uma fonte contnua de feixes g^emeos, visando futuras aplicac~oes do OPO. No regime quase-contnuo, seu uso tambem e possvel, desde que se empregue uma detec~ao simult^anea da pot^encia do rudo e da intensidade do feixe, com o uso da normalizac~ao como mostrado neste trabalho. Em uma primeira colaboraca~o com o LKB, em Paris, estudamos um OPO bombeado a 1064 nm, onde foi obtido um limiar de oscilac~ao extremamente baixo, de 300 W. Este limiar baixo e alcancado gracas a uma elevada nesse de cavidade para os modos sinal e complementar, o que e feito ao custo de uma baixa eci^encia de convers~ao, e pelo uso de um cristal de Niobato de Ltio em quase-acordo de fase (PPLN - QPM). Neste cristal, o acordo de fase tipo I permitiu observar diferentes regimes de operaca~o, com a competica~o de multiplos modos longitudinais de oscilac~ao do OPO. Devido ao seu carater monomodo, o OPO apresenta apenas um par de modos longitudinais de oscilaca~o, correspondentes ao sinal e complementar. Devido a competic~ao entre modos, temos saltos entre eles. Neste caso, e possvel estabilizar a cavidade em um unico modo, porem difcil selecionar qual o modo de operac~ao desejado. Temos assim uma fonte laser estavel 215 216 ~ CAPITULO 8. CONCLUSAO na faixa de 2,12 m, sintonizavel em temperatura entre 2,0 e 2,3 m, porem sem um controle no do comprimento de onda, que pode saltar em uma faixa de 7 nm (1 THz). A baixa eci^encia de convers~ao n~ao e um problema neste OPO, cujo objetivo e comprimir o rudo do feixe reetido pela cavidade. Pelas baixas perdas intracavidade para o bombeio, quando comparadas a transmit^ancia do espelho de acoplamento, conseguimos obter uma compress~ao em quadratura do feixe reetido de 30% (38% corrigindo as perdas da detec~ao), empregando na medida uma detec~ao homodina na qual o oscilador local tem uma pot^encia da ordem de grandeza do feixe em estudo. Este OPO pode ser empregado como fonte laser ou ainda, gracas ao baixo limiar de oscilac~ao, como um dispositivo otico de ltragem de rudo em feixes luminosos, aplicando-o tambem a formatac~ao de pulsos de luz para possvel emprego em telecomunicaco~es. O principal trabalho desta tese foi o estudo do OPO em congurac~oes de cavidade nas quais os modos transversos s~ao degenerados. Para isso, desenvolvemos um sistema de deteca~o simult^anea para aplicac~ao a um detetor a quadrantes. Podemos desse modo comparar rudo e intensidade em oito canais diferentes, atraves de um sistema eletr^onico de demodulac~ao do rudo e aquisic~ao dos sinais por uma placa conversora analogico-digital. Para isso, desenvolvemos ainda os programas de aquisica~o e tratamento de dados em linguagem graca, baseados na plataforma LabView. Retomamos o estudo da cavidade conc^entrica, com um cristal KTP com compensaca~o de \walk o", bombeado a 532 nm. Observamos os diversos regimes de formac~ao de estrutura neste OPO, vericando o problema da tripla concentricidade. Nesta conguraca~o, apenas um dos modos longitudinais gerados pode estar em uma congurac~ao de cavidade degenerada, n~ao havendo a degeneresc^encia simult^anea do sinal e complementar. Por este motivo, as estruturas n~ao s~ao estaveis. A compensac~ao do \walk o" n~ao e suciente para eliminar completamente os efeitos por ele gerados, que podem ser interpretados como um desalinhamento da cavidade para o modo sinal, enquanto esta permanece alinhada para bombeio e complementar. O feixe de sada assemelha-se a um modo transverso de Hermite-Gauss do tipo TEM0m , onde o eixo correspondente a coordenada do modo m transverso e perpendicular ao plano no qual se situa o trajeto dos feixes dentro do cristal, denidos pela compensac~ao de \walk o". Os feixes apresentam correlac~ao qu^antica de intensidade (feixes g^emeos) para baixos valores de m, compatveis com a compress~ao obtida para cavidade curta (34%). Altos valores de m implicam em um desequilbrio entre as intensidades, e uma medida conavel de correlac~ao n~ao e mais possvel. Segue-se um regime de desequilbrio entre sinal e complementar, com um aumento do limiar de oscilac~ao, de 150 mW ate 800 mW, terminando no limite da concentricidade para o complementar. Alem desse ponto, as perdas da cavidade s~ao muito grandes, e a estabilizac~ao da mesma n~ao e mais possvel, n~ao se observando a operaca~o contnua. Ainda assim, acima do limite conc^entrico (cavidade instavel), efeitos termicos podem levar a estabilizaca~o da cavidade pela formac~ao de um gradiente no ndice de refraca~o no interior do cristal, reduzindo as perdas por difraca~o para os modos. Nesta condic~ao, sua sada apresenta um perl gaussiano TEM00 durante algums ms, ate que a reduca~o da pot^encia de bombeio intracavidade pela convers~ao parametrica leve ao resfriamento e a desestabilizac~ao da cavidade. Neste curto intervalo de tempo, os feixes gerados apresentam novamente correlac~oes qu^anticas (S = 16 %). No entanto n~ao foi observada nenhuma evid^encia de uma distribuic~ao espacial do rudo n~ao uniforme. Ainda no estudo da cavidade conc^entrica, mostramos a formac~ao de estruturas para um 217 OPO com um cristal de Niobato de Lto (tipo I). Neste, caso, o regime degenerado dos modos transversos ocorre para um mesmo comprimento de cavidade para bombeio, sinal e complementar. O OPO mantem um limiar de oscilac~ao extremamente baixo, na faixa de 12 mW. Por n~ao separarmos sinal de complementar neste sistema, n~ao foi possvel vericar a correlaca~o de intensidade entre os feixes. No entanto, espera-se uma distribuic~ao n~ao uniforme do rudo no interior do feixe para o regime de operac~ao multimodo, levando a uma compress~ao na correlac~ao de intensidade entre diferentes pontos dentro do feixe. Proximo a concentricidade, mas longe da degeneresc^encia de modos transversos, observamos a oscilac~ao espont^anea em modos transversos de Hermite-Gauss. Tal mudanca na sada do OPO, de modos TEM00 para TEM01 , se da no limite degenerado dos comprimentos de onda sinal e complementar, caracterstico do acordo de fase tipo I. Ao atingir o limite de oscilac~ao, o OPO passa a um modo transverso de ordem superior com uma mudanca no comprimento de onda de oscilac~ao, acompanhado de um aumento no limiar. A analise deste comportamento ca em aberto para futuros estudos, bem como a gerac~ao de estruturas no OPO tipo I. Para nalizar, destacamos os resultados obtidos para a cavidade confocal, com a demonstrac~ao do comportamento multimodo do OPO. Demonstramos um criterio inequvoco para vericar se um feixe e efetivamente multimodo, ou apenas uma superposic~ao de estados classicos independentes. A aplicac~ao desta demonstrac~ao ao caso dos feixes g^emeos do OPO n~ao podia ser feita sem o desenvolvimento de uma tecnica de detec~ao desbalanceada, com a correc~ao eletr^onica dos efeitos de atenuac~ao do feixe. Gracas a estes avancos, conseguimos mostrar pela primeira vez a gerac~ao de feixes g^emeos multimodo, sendo a primeira demonstrac~ao de efeitos espaciais de compress~ao de rudo em feixes macroscopicos fora do domnio dos laseres de diodo. Abrimos assim o caminho para a gerac~ao e o estudo de feixes comprimidos multimodo. Entre as futuras aplicaco~es, pode-se incluir um terceiro detetor para estudar as correlac~oes de rudo dentro dos feixe g^emeos. Um detetor integra toda a frente de onda, servindo de refer^encia a dois detetores que v~ao analisar diferentes regi~oes do feixe multimodo, permitindo buscar efeitos de correlac~ao ou anti-correlac~ao dentro do feixe. A sequ^encia do trabalho em cavidades confocais pode-se dar ainda pelo estudo do vacuo comprimido produzido abaixo do limiar em congurac~oes degeneradas, estudando a distribuica~o da compress~ao multimodo. Junto com a gerac~ao de feixes \siameses" em cavidades conc^entricas, temos toda uma area de estudo que se abre com os resultados aqui apresentados. 218 ~ CAPITULO 8. CONCLUSAO Ap^ endice A Feixes Gaussianos Ao longo da tese empregamos a notac~ao usual apresentada nas refer^encias [51, 57, 92] para descrever os feixes gaussianos. Vamos mostrar de forma resumida a descric~ao empregada, cando a sugest~ao da literatura para um estudo mais detalhado. Considere a amplitude do campo eletrico do tipo E (r). Pelas equac~oes de Maxwell, ele deve satisfazer a equac~ao de onda r2E (r) + k2 E (r) = 0; (A.1) onde k = 2n= e o vetor de onda para um meio de ndice de refrac~ao n, sendo o comprimento da onda propagante. No caso de uma propagac~ao na direc~ao z , podemos separar um termo de envoltoria lentamente variavel do termo de propagac~ao E (r) = u(x; y; z)e ikz ; (A.2) de modo que a equaca~o de onda, na aproximaca~o da envoltoria lentamente variavel, ca na forma @u(x; y; z ) @ 2 u(x; y; z ) @ 2 u(x; y; z ) + 2ik = 0; (A.3) 2 2 @x @y @z 2 (x;y;z ) onde assumimos a aproximaca~o paraxial, desprezando o termo @ u@z ~o de onda 2 . Este equaca paraxial admite uma soluc~ao geral do tipo k u(x; y; z ) = exp i P (z ) + (x2 + y2 ) ; (A.4) 2q(z ) onde o par^ametro complexo q(z ) do feixe descreve o perl gaussiano, e a fase complexa P (z ) esta associada a propagaca~o do feixe. Vemos pela aplicaca~o da soluc~ao a equac~ao de onda paraxial que dq(z )=dz = 1, o que implica que q(z ) = q0 + z . O par^ametro complexo q(z ) pode ser descrito atraves de dois termos reais na forma 1 1 = i 2 : (A.5) q(z ) R(z ) w (z )n O signicado fsico destes termos, quando aplicados a equaca~o A.3, e evidente. O termo # " zR 2 (A.6) R (z ) = z 1 + z 219 220 ^ APENDICE A. FEIXES GAUSSIANOS corresponde ao raio de curvatura da frente de onda, e o termo " 2 # z (A.7) w2 (z ) = w02 1 + zR e a dist^ancia ao centro do feixe na qual a amplitude cai a 1=e da amplitude central para o perl fundamental. O termo zR e o comprimento de Rayleigh, denido pela a dist^ancia do ponto onde a area do feixe tem seu valor mnimo (em z = 0) para o ponto onde ela dobra sua superfcie (em z = zR ). O comprimento de Rayleigh esta relacionado ao raio da cintura do feixe w0 por w2 n zR = : (A.8) O termo complexo q(z ) pode ent~ao ser descrito por q(z ) = z + izR . Para o termo de fase, temos de modo semelhante dP (z )=dz = i=q(z ). Da sua integrac~ao temos ent~ao q P (z ) = i ln 1 + (z=zR )2 arctan(z=zR ): (A.9) O termo real da fase corresponde a diferenca de fase do feixe gaussiano para uma onda plana copropagante, sendo tambem chamado de fase de Gouy. O termo complexo leva a uma modulac~ao longitudinal da intensidade do feixe, resultando em uma variaca~o lorentziana no eixo z. O modo fundamental pode ent~ao ser expresso por w0 ik 1 2 2 (A.10) E (x; y; z) = w(z) exp i[kz arctan(z=zR )] (x + y ) w2 (z) + 2R(z) : No entanto, podemos ter soluc~oes de ordem superior, descritas comumente como modos de propagac~ao de ordem superior. Em coordenadas cartesianas, a equaca~o A.3 pode ser decomposta por separaca~o de variaveis, resultando em duas equaco~es independentes em x e y. A soluc~ao e dada pelos polin^omios de Hermite [139, 140], na forma # p ! " 2 1=4 s 2 exp [ i(2n + 1) arctan(z=zR )] 2x x kx2 un (x; z ) = Hn exp i ; 2n n!wx (z ) wx (z ) w2 (z ) 2R(z ) (A.11) sendo que na soluca~o nal temos Enm(x; y; z) = un(x; z) um(y; z)e ikz : (A.12) As cinturas nas coordenadas cartesianas x e y n~ao precisam ser iguais, dando origem a feixes astigmaticos. A fase de Gouy nos modos de Hermite-Gauss ca repartida entre as duas coordenadas cartesianas transversas. Outra soluc~ao e obtida em coordenadas cilndricas. Neste caso teremos uma soluc~ao do tipo s Epm(; ; z) = (1 + Æ 2)p!(m + p)! exp [ i(2p + mw+(z1)) arctan(z=zR )] # p !m 0m 2 ! " 2 2r x kx2 2 m w(z) Lp w2 (z) exp w2 (z) i 2R(z) ikz + im ; (A.13) omio de Laguerre generalizado, p e o numero de modo radial e l o numero onde Lm p (x) e o polin^ de modo angular. Refer^encias Bibliogracas [1] J. Shikata, M. Sato, T. Taniuchi, and H. Ito, \Enhancement of terahertz-wave output from LiNbO3 optical parametric oscillators by cryogenic cooling," Opt. Letters, vol. 24, pp. 202{204, 1999. 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