Gigante Adamastor – o avô que fez despertar a
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Gigante Adamastor – o avô que fez despertar a
Escola EB 2,3/S de Vale de Cambra REPORTAGEM Gigante Adamastor – o avô que fez despertar a vocação de Nuno Gama Por Bárbara, Miguel, Joana, Sara e Xavier do 10ºB A O estilista de renome internacional, numa entrevista preparada pelos alunos e professores que participaram no referido concurso, falou da sua Nuno Gama no espaço da entrevista. infância, dos seus passeios e Adamastor. Foi ele, brincadeiras pela serra da homem por quem nutria uma Arrábida, referindo que “ toda essa liberdade e esse contacto com a natureza foi a semente que grande admiração, mas também condiciona a minha personalidade.” Foi em Azeitão um grande respeito, quem lhe que nasceu, em 1966, e continua a sentir aquele espaço como a sua terra natal. No entanto, vive ofereceu a primeira caixa de lápis bem em qualquer lado, adapta-se bem a qualquer com 36 cores que, combinadas, cidade do mundo. Gosta sobretudo de Barcelona e de Florença por causa de toda a carga histórica que usou nos desenhos das suas transmitem ou por ligações afectivas e profissionais. expressão que gosta de usar para se referir ao seu avô é Gigante primeiras criações estilísticas. Portanto, com aquele gesto de manifesta sensibilidade, foi, de certa forma, o grande responsável por uma carreira que já atravessou, há muito, as fronteiras do nosso pequeno país. Nuno Gama foi a personalidade escolhida pelo DN para vir à escola EB 2,3/s de Vale de Cambra, no passado dia 28 de Abril, na sequência de um concurso promovido pelo mesmo jornal e em que participámos com uma nota biográfica. A África é um espaço que o cativa, não só pelas paisagens; pelas areias que contêm verdadeiros tesouros; pelas praias a perder de vista; pelas cores sempre presentes na arte que desenvolve; pelas águas, já que é um amante do mergulho, mas também pelos seres humanos, sobretudo meninos que lá vivem e “me escolhem” para ser seu padrinho. Por isso, quando lhe perguntaram qual a viagem que ainda não fez e que não gostaria de morrer sem fazer, respondeu que, apesar de conhecer, ou porque conhece muito bem!, o espaço telúrico onde recobra forças é sempre em Moçambique, espaço esse que “é, de facto, a minha viagem de eleição”, acrescentando que se lhe perguntassem onde gostava de morrer, responderia ” na Ilha dos Portugueses, em Moçambique.” Felizmente continua a festejar o seu aniversário, sempre com muitos amigos e, por isso, com necessidade de prolongar essa comemoração durante vários dias, até porque esses eventos, acompanhado pelos amigos, o fazem muito feliz. Comoveu-se, mas não revelou qual o presente que mais gostou de receber até hoje, confessando que ainda não está completamente concretizado. Amália – a grande alma do fado. E foi num clima de boa disposição que continuou a falar para uma plateia de alunos atentos, desta vez da sua forma de estar na vida, da sua relação com a música, com o cinema e com os livros… Gosta de vários géneros musicais, desde a ópera à música clássica, passando pelo rock… “o que oiço em determinado momento, depende do meu estado de espírito”. Mas no fado, recomenda Amália. “Os fadistas contemporâneos não têm alma.” É apaixonado por cinema e, por isso, não consegue escolher o filme da sua vida, mas não deixa de revelar as suas preocupações com o destino do nosso planeta, confessando que já viu dez vezes, no cinema, o filme Avatar. E por falar em ecrãs, Nuno Gama confessou que só o do cinema o faz navegar, tal como acontece com os livros; o da televisão fá-lo hibernar e a sua paixão é ser navegante, “viagem” que a leitura lhe proporciona. primeiro ministro, personalidade que gostaria de vestir “gostava que Sócrates deixasse de usar fatos Armani e usasse roupa made in Portugal, de preferência Nuno Gama. Temos excelentes criativos no mundo da moda, do cinema, da ciência, da tecnologia, mas não são aproveitados pelo país. Não damos valor ao que é nacional”. Apesar das dificuldades que reconhece existirem para se ser estilista em Portugal, tira o chapéu a todos os seus colegas, pois sabe que todos eles fazem um grande esforço, mas nem sempre são reconhecidos. Daí um recado, também, a todos os portugueses – “devemos pensar mais na nossa economia, comprar mais aquilo que é português e menos aquilo que é estrangeiro”. E foi com uma nota de agradecimento pela disponibilidade, pelas palavras sensatas, pelos conselhos úteis que fazem “crescer” quem as ouve, dirigida a Nuno Gama, que terminou a nossa entrevista, mas não a “festa”, pois neste dia, nós e a nossa escola fomos o centro do mundo, graças ao DN. E enquanto esta entrevista decorreu, no exterior, outros alunos puderam contar a sua melhor história numa flash interview, também promovida pelo Diário de Notícias. “Pelo sonho é que vamos…” Aproveitando o espaço e a oportunidade, não deixou de transmitir mensagens de cidadania e empreendedorismo. Citando Sebastião da Gama – seu tio – incitou os jovens da nossa escola a perseguirem os seus sonhos e a lutarem por aquilo em que acreditam, sem deixarem de dar ouvidos às pessoas mais velhas, pois a experiência delas é sempre boa conselheira. Mas os recados ultrapassaram o espaço da nossa escola. Foram até à capital, mais concretamente, até aos políticos, incluindo José Sócrates, o nosso Alunos e professores com Nuno Gama, no final de entrevista.