riqueza que corre pelos dutos

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riqueza que corre pelos dutos
Infraestrutura
6 CUSTO BRASIL
Infraestrutura
A riqueza que corre
pelos dutos
Antonio Arruti REY
Presidente da GDK S.A.
Com uma produção de óleo que poderá chegar
aos 6 milhões de barris diários nos próximos
25 anos, o Brasil desponta como um dos grandes
players mundiais das próximas décadas. E no
rastro desse boom de negócios abrem-se enormes
oportunidades para o setor de dutos que, com uma
malha de 22 mil quilômetros em operação, ocupa
um modesto 16º lugar no ranking do setor.
U
m mundo de oportunidades está
se descortinando para a economia
brasileira no setor de petróleo. Os
números divulgados pelo governo e
por especialistas do setor são mais do
que animadores. A produção nacional,
somando petróleo e gás, já ultrapassou
a marca dos 2 milhões de barris e, com
as novas descobertas, segundo a Petrobras, deverá dobrar até 2020. O setor
brasileiro de petróleo está crescendo
em escala mundial.
O relatório da U.S. Energy Information Administration, agência americana
de planejamento energético, em sua
primeira citação ao Brasil, indicou
o país como uma das promessas de
crescimento na produção de petróleo,
que chegará a 6 milhões de barris
diários até 2035. Com um incremento
de 4 milhões de barris por dia, o Brasil
lidera, ao lado do Cazaquistão e da
Rússia, segundo a agência, o crescimento no grupo que não faz parte da
Organização dos Países Exportadores
de Petróleo (OPEP), saltando da 17ª
para a 10ª ou a 12ª posição entre os
players mundiais.
Esses prognósticos, atestados por
especialistas de todo o mundo, confirmam a pujança da economia brasileira
nos próximos anos. Por isso, não é
exagero afirmar-se que haverá oportunidades para todos nesse manancial
de negócios abertos pelo petróleo brasileiro. Hoje, dos 30 maiores campos
produtores 26 são da Petrobras, mas é
cada vez mais marcante a presença de
companhias privadas na exploração e
produção de petróleo e/ou gás em concessões marítimas e terrestres.
Nesse boom de negócios alavancados pelo pré-sal, a jazida mais extensa
do mundo – uma faixa que 800km de
comprimento e 200km de largura,
entre os estados do Espírito Santo e
de Santa Catarina – as empresas, nacionais e estrangeiras, serão mais do
que coadjuvantes. De fato, os desafios
para explorar os 80 bilhões de barris
de petróleo e gás natural depositados
no subsolo marinho, a 7 mil metros
de profundidade, envolverão o esforço de uma malha de fornecedores
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Infraestrutura
de equipamentos e serviços de alta
tecnologia. A indústria nacional está
mais do que credenciada para atender
a esse desafio.
As demandas atuais e futuras, decorrentes da exploração e prospecção
das novas jazidas, vêm movimentando
inúmeros segmentos da vida nacional
– comércio, indústria e serviços. Envolvidos diretamente com a Petrobras,
de onde irradia uma gama multidisciplinar de encomendas de todos os
setores da economia, pululam mais de
50 mil fornecedores diretos, que por
sua vez terceirizam ou quarteirizam
seus negócios em um sem-número
de pequenas, médias e até microempresas.
As descobertas das camadas de
pré-sal só vieram coroar um processo
virtuoso de crescimento do setor brasileiro de petróleo. Como consequência, muitas empresas estão planejando
investimentos vultosos que darão uma
injeção de ânimo à economia. A Repsol, parceira da Petrobras nos campos
de Guará e Carioca, no pré-sal da
Bacia de Santos, é apenas um entre
muitos outros exemplos. Segundo declarou recentemente à imprensa, até
2020 a petroleira espanhola pretende
investir cerca de US$ 12 bilhões em
atividades de exploração de petróleo
no Brasil.
Imagine-se o impacto, direto e indireto, desses investimentos sobre
a economia nacional e seus efeitos
multiplicadores na ampla cadeia de
fornecedores de produtos e serviços.
Será enorme. Mas, para que a indústria brasileira tire maior proveito desse volume de negócios potenciais será
necessário criar mecanismos para
ampliar os índices de conteúdo nacional que garantam a sua competitividade frente aos concorrentes externos.
Uma forma seria reduzir os incentivos
à importação, compatibilizando-se os
impostos pagos pelo produtor nacional
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com os de seus concorrentes internacionais. Para isso, é preciso que os
incentivos ao uso de equipamentos
importados concedidos por programas
como o REPETRO – Regime Aduaneiro
Especial de Exportação e Importação
de bens destinados à exploração e à
produção de petróleo e gás natural –
sejam revistos.
Com um volume maior de encomendas, os custos de produção no Brasil
serão paulatinamente reduzidos. A
redução dos incentivos não apenas
aumentará o conteúdo nacional dos
empreendimentos, mas estimulará fornecedores estrangeiros a se instalarem
no Brasil, não como simples maquiadores de produtos, mas produzindo efetivamente. Ou seja, havendo mercado
e condições favoráveis, as empresas
instaladas ou que vierem a se instalar
no Brasil, independentemente de sua
origem, progredirão e empregarão a
mão de obra local.
O setor de dutos
É evidente que a expansão da atividade econômica só será sustentável
caso haja um aumento substancial dos
investimentos em infraestrutura, área
que, durante décadas de crescimento
pífio, foi negligenciada. Em particular,
a crescente demanda por energia e o
pleno aproveitamento das reservas do
pré-sal exigirão que o Brasil saia da
idade do caminhão-tanque para entrar
de vez na era dos oleodutos, gasodutos
e etanoldutos, que constituem a forma
de transporte de combustíveis mais barata e segura. Esse sistema é também
mais do que indicado, seja por questões
de segurança, por custo-benefício ou
cuidado ambiental, para escoar minérios até a costa.
O setor dutoviário brasileiro, com
seus 22 mil quilômetros de malha
em operação, entre gasodutos, dutos submarinos e minerodutos, ocupa
uma modesta 16ª posição no ranking
mundial do setor, e por isso tem um
imenso potencial a ser explorado. A
se confirmar o ritmo de crescimento
da economia brasileira nos próximos
anos, petróleo e mineração serão os
principais demandadores desse tipo
de transporte.
O duto é a forma mais adequada
e segura para transportar grandes
volumes de cargas a grandes distâncias, levando-se em consideração os
sistemas de supervisão e controle, que
aumentam a segurança e eficiência das
operações. No Brasil, os investimentos
nesse segmento, na última década,
se concentraram em gasodutos, impulsionados pelo Plangás (Plano de
Antecipação da Produção de Gás), com
o objetivo de proporcionar a utilização
de recursos provenientes de novas descobertas e do gás associado na Bacia
de Campos (RJ), que era anteriormente
queimado nas plataformas. Hoje a malha de gasodutos brasileira soma 10 mil
quilômetros de extensão.
A implantação de um projeto dutoviário requer vários estudos socioambientais e geoambientais para verificação do possível impacto ambiental
causado na área onde for implantado,
além de procedimentos para o remanejamento das comunidades e a modificação dos padrões de uso e ocupação
do solo. O modal dutoviário, além de
apresentar solução logística de menor
custo operacional entre as alternativas
disponíveis, é ecologicamente a mais
aceitável, por permitir que grandes
quantidades de produtos líquidos sejam transportadas de maneira segura
e limpa.
Como a Petrobras vem investindo
cerca de 50% de seu orçamento em
E&P, estão sendo previstos grandes
investimentos em dutos para escoamento da produção adicional de óleo e
gás e o alcance de novos mercados. O
Plano de Negócios 2010-2014 da empresa prevê investimentos da ordem de
Infraestrutura
US$ 5,3 bilhões, na ampliação da malha de transporte de gás natural.
O álcool é outro segmento que impactará o setor dutoviário brasileiro
nos próximos anos, devido ao crescimento do setor no país e, ainda, ao aumento do percentual de álcool no combustível automotivo nos EUA somados
às exportações do produto. Atualmente
há três projetos de implementação de
sistemas de alcoodutos: o da PMCC
(Projetos de Transporte de Álcool), que
vai de Uberaba (MG) a Paulínia (SP);
o Centro-Sul, que ligará Mato Grosso
ao litoral paulista; e o da Uniduto, de
Serrana (SP) a uma monoboia que será
instalada no Guarujá (SP). A implementação da infraestrutura necessária
para escoamento do etanol produzido
brasileiro para os mercados consumidores é uma grande oportunidade para
as empresas do setor.
Para os projetos do pré-sal está
prevista a instalação de dois mil quilômetros de dutos submarinos. E, nesse
particular, é bom que se diga que a
indústria nacional está plenamente
habilitada para atender à certificação
exigida nas condições de alta pressão
e baixas temperaturas do pré-sal. As
empresas brasileiras do setor, aliás,
já respondem por grande parte das demandas do país nessa seara, inclusive
em empreendimentos de grande porte
e complexidade.
A descoberta do pré-sal e os US$ 500
bilhões previstos para investimentos
em infraestrutura, nos próximos cinco anos, fazem-nos crer que teremos
significativos índices de crescimento
pela frente. Para uma empresa como
a GDK, que já tem forte presença no
campo de construção, montagem e manutenção de dutos, além de participar
também do segmento de instalações
industriais, abrem-se oportunidades
extraordinárias.
A competitividade das empresas de
construção de dutos no Brasil destaca-se pela experiência de trabalhar na
região, a adequação às exigências
ambientais nacionais (maiores do que
a média mundial) a qualificação profissional e a atualização tecnológica.
Na GDK realizamos sistematicamente cursos internos de capacitação e
atualização profissional e também
mantemos um programa permanente
de trainees nas áreas de engenharia, buscando capacitar novos profissionais para a atividade. A empresa
possui patentes requeridas de equipamentos dutoviários desenvolvidos
internamente.
Recentemente a GDK desenvolveu
um método inovador para travessias
do Gasoduto Caraguatatuba-Taubaté
(Gastau), da Petrobras, que escoa o
gás natural do Campo de Mexilhão,
na Bacia de Santos. Ao combinar técnicas de travessias terrestres com a
tecnologia aplicada em dutos offshore,
a empresa conseguiu superar as dificuldades inerentes à montagem da
nova linha em faixa já ocupada por
vários dutos de grande porte. Além
de cruzar 40 estradas e 30 cursos
d’água em menos de 40 km, o Gestau
transpôs autopistas, represas e cinco
rios de grande porte – entre eles, o
Paraíba do Sul.
A GDK atua nos mais variados setores do mercado de construção e montagem e diante de um extenso acervo de
empreendimentos. Atualmente, plataformas fabricadas pela empresa estão
presentes nos campos de Guaricema,
Caioba, Robalo, Agulha, Ubarana e
Camorim, entre outros.
Por conta de tantas oportunidades
que se estão abrindo, a GDK está focada no mercado brasileiro. Mas nem
por isso deixa de marcar presença em
outros mercados, como o da Bolívia,
onde é responsável pela construção e
montagem de parte da Linha Tronco
do Gasoduto Yacuiba-Rio Grande, das
Linhas de Coleta e de Exportação para
o Campo de Sábalo, além da travessia
subfluvial do Rio Pilcomayo, com dutos submersos quatro metros abaixo
do seu leito. Além de sua tradicional
área de atuação (dutos, montagem e
manutenção industrial), a companhia
está prospectando negócios na Líbia,
Peru e Cuba.
O Peru, diante da recente crise
mundial, demonstrou ter construído
A GDK atua nos mais variados setores do mercado de construção e montagem
e diante de um extenso acervo de empreendimentos
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Infraestrutura
O país precisará cada vez mais de tecnologia e experiência do exterior para
expandir e melhorar sua infraestrutura
uma economia robusta e promissora,
capacitada a atrair investimentos
externos para projetos de grande
envergadura em nossas áreas de
atuação. A Líbia estima aumentar sua
produção atual de cerca de 2 milhões
para 3 milhões de barris de petróleo
ao dia em 2015. Até lá, as receitas
provenientes desse segmento devem
garantir um nível alto de investimentos, com previsão de projetos
de construção da ordem de US$ 200
bilhões. Assim, o País precisará cada
vez mais de tecnologia e experiência
do exterior para expandir e melhorar
sua infraestrutura.
A GDK consolidará ainda mais sua
atuação nos mercados de dutos, EPCs,
montagens industriais e obras de manutenção no segmento de óleo e gás. Ao
mesmo tempo, estará habilitada para
responder às demandas do potencial
mercado de módulos e plataformas
offshore, bem como na área de infra-
estrutura tanto no Brasil quanto no
exterior.
Com filiais estrategicamente posicionadas nos mercados latino-americano e africano, por meio da composição
de alianças locais, a GDK pode assegurar aos potenciais clientes o conhecimento logístico, dentro da agilidade
necessária ao bom desempenho dos
compromissos assumidos, proporcionando sinergia e eficiência das técnicas
aplicadas.
[email protected]
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