XILOGRAFIA

Transcrição

XILOGRAFIA
XILOGRAFIA: DA TEORIA A ARTE DE GRAVAR
Grasiele Carina Mendonçai
Noeli Floriani dos Santosii
Valdenir Iottiiii
RESUMO: Este trabalho apresenta uma síntese sobre o que é gravura, como funciona esta
técnica e um apanhado sobre a história da xilografia a partir de desdobramento do texto
Introdução à gravura e História da xilografia, do pesquisador Antonio Costella (1984). Com
base em uma apresentação teórica contextualizada pretende-se obter mais conhecimento
específico desta arte, que é tão antiga e admirável e que faz parte da história das artes
visuais e também uma prática indispensável da disciplina de artes em sala de aula. Junto à
apresentação teórica têm-se algumas imagens de diferentes épocas que foram produzidas
ao longo dos séculos para que se possa analisar e apreciar. O artigo aborda ainda
diferentes técnicas de gravura e, cada uma é abordada em detalhes no decorrer do trabalho.
Experiências práticas realizadas por estas acadêmicas no decorrer do segundo semestre de
2013, nas aulas de gravura ministradas pelo professor Valdenir Iotti no curso de licenciatura
em Artes Visuais – UNIDAVI, 3º fase, seguem relatadas também neste artigo.
Palavras-chave: gravura; xilografia; ensino de arte; história da arte.
1. INTRODUÇÃO
É importante entender primeiramente que a gravura que nos referimos aqui é
quanto ao ato de gravar. Gravar de marcar algo. De deixar uma marca. Marca que
tem por objetivo comunicar. Ato de gravar, de gravação. (Bueno, 2009, p.73) “A
gravura é a linguagem artística que permite múltiplas reproduções a partir de uma
matriz.”. Onde o objeto matriz não é o produto final, mas sim a obra/objeto primeiro
que é o meio pelo qual se consegue a reprodução da imagem da matriz.
Reprodução está possível através da técnica da impressão.
Segundo Costella (1984, p. 10) “Quatro processos de impressão com tinta
marcaram e continuam a marcar a história. São eles: impressão em relevo,
impressão a entalhe, impressão plana e impressão por permeação”.
Uma das técnicas da impressão em relevo é a xilografia. No fim da idade
média, pequenos folhetos com imagens de santos e orações eram produzidos
através da técnica da gravura para serem distribuídos entre os fiéis. A impressão a
Anais do X Encontro do Grupo de Pesquisa Educação, Artes e Inclusão – 01, 02 e 03 de Dezembro de 2014
Florianópolis – CEART/UDESC – ISSN: 2176-1566
67
entalhe é o ato de gravar em metal. Essa é uma técnica bem antiga e divide-se em
dois tipos, o processo mecânico e o processo químico. Já a impressão plana é
diferente das anteriores, pois não têm saliências, nem depressões, é plana. Na
idade média período que se desenvolveu o processo de gravura, a pedra era o
suporte usado para realizar a impressão plana, e este processo de gravura é
conhecido como litografia. No processo de impressão por permeação a matriz é
como um molde. Essa técnica também é conhecida como serigrafia, ou seja, ato de
escrever ou desenhar uma imagem no pano.
2.XILOGRAVURA: TÉCNICA DE GRAVAR NA MADEIRA
A xilogravura é um processo de gravar bem antigo. Um processo de gravação
em relevo que utiliza a madeira como matriz e possibilita a reprodução da imagem
gravada sobre papel ou outro suporte adequado. Xilogravura é a técnica mais antiga
da gravura, foi inventada na China como uma técnica de impressão no tecido. Esta
técnica também era usada no Egito e no período Bizantino.
Na idade média a xilogravura teve importância para a igreja, pois antes da
imprensa, a xilogravura foi utilizada na produção de pequenos livros de caráter
religioso e nos próprios manuscritos.
Anais do X Encontro do Grupo de Pesquisa Educação, Artes e Inclusão – 01, 02 e 03 de Dezembro de 2014
Florianópolis – CEART/UDESC – ISSN: 2176-1566
68
Figura 1: xilogravura, adão e eva no paraíso, lucas cranach the elder (1472-1553) www.google.com.br
“A compra de uma estampa valia por penitência, assegurando ao possuidor
a remissão parcial do castigo temporal de uns tantos pecados. (...) Por
exemplo, a abadessa Jacqueline do convento de Betânia, em Malines,
deixou em seu inventário, em 1455, nove matrizes sacras de madeira e
outras esculpidas em pedra.” (Costella ANTONIO, 1984, p. 37)
Até o século XIX a xilogravura principalmente na Europa foi vista num ângulo
utilitário, já o século XX foi favorável a xilografia ao fio. Muitos artistas utilizaram a
xilografia em seus trabalhos. Os precursores desta fase foram: Felix Valloton, Paul
Gauguin e Edvard Munch. Costela afirma que (1984, p. 75) “A xilografia encontrou
seu maior e mais brilhante momento, como atividade puramente artística, na metade
do século XX”.
O fovismo francês e o expressionismo alemão encontraram na
xilogravura uma de suas maiores formas de expressão. Existem dois tipos de
xilografia: a de topo e a de fio
2.1 XILOGRAFIA DE TOPO
A xilografia de topo é feita em um disco de madeira obtido através de um
corte transversal do tronco na horizontal, ao contrário do fio da madeira. Não se faz
gravações, e sim incisões com o buril, instrumento que se utiliza no entalhe da
madeira nesta técnica.
Anais do X Encontro do Grupo de Pesquisa Educação, Artes e Inclusão – 01, 02 e 03 de Dezembro de 2014
Florianópolis – CEART/UDESC – ISSN: 2176-1566
69
Figura 2: Xilogravura de topo “Sem nome” PAULO MENTEN 1977. http://www.arteemhumanosrecursos.com.br
A técnica de topo se difundiu no final do século XVIII, já nos final do século
XVI a gravura em metal tinha tomado o lugar da xilografia nas ilustrações de livros,
mas esta não podia ser impressa junto com textos tipográficos em uma mesma
prensagem. Então surgiu uma técnica que garantia a riqueza ilustrativa e poderia ser
usada em impressões únicas com a tipografia. Esta técnica iria recuperar o prestigio
da gravura em madeira. A xilografia de topo apareceu aí, no século XVIII.
Por não existirem provas documentais não se sabe ao certo quem a inventou,
em1775 o inglês Thomas Bewick teria inventado a xilo de topo, esta é uma versão
comum, mas não aceitas por todos, mesmo assim Bewick elevou muito o nível da
xilografia de topo e, foi ele que a divulgou e espalhou pelo mundo, formando assim
uma nova geração de gravadores. Na segunda metade do século XIX a xilografia de
topo tornou-se um negócio lucrativo, na capital inglesa havia 128 firmas neste ramo.
Em 1870 surgiu a fotogravação um método que reunia a fotografia e a
corrosão química de metais, aplicado comercialmente em1895, e foi um golpe fatal a
xilografia como forma de reprodução em massa. Costella afirma (1984, p.66) “As
inovações técnicas tornaram a xilografia de topo desinteressante para grandes
tiragens, mas não conseguiram matá-la”.
2.2 XILOGRAFIA AO FIO
Anais do X Encontro do Grupo de Pesquisa Educação, Artes e Inclusão – 01, 02 e 03 de Dezembro de 2014
Florianópolis – CEART/UDESC – ISSN: 2176-1566
70
Na xilografia ao fio a madeira e cortada na vertical, no sentido do fio (tábuas).
O instrumento utilizado nesta técnica é a faca, o formão e a goiva. Sendo de fio o de
topo a xilografia é uma impressão em relevo e consiste em pegar a tinta que esta em
cima do relevo. Cada gravura é numerada, classificada e assinada.
Segundo Costella (1984, p. 15) “a linguagem da gravura ao fio é muito mais a
da linha negra de contorno e de grandes áreas lisas contrastadas, enquanto na de
topo é comum preponderarem à linha branca e as nuanças tonais a cargo, estas, de
traços finíssimos e delicados”.
71
Figura 3: Guaipuan Vieira, http://www.centralverde.com.br.
Por volta de 1300 esta técnica chega a Europa. Apesar de o papel ter
chegado por volta do século XIV, às obras Européias mais importantes foram
impressas em tecido. Já no século XV com a popularidade do papel a qualidade das
xilogravuras decaiu.
Costella nos diz que: “Do pano, a xilo passou ao papel. Os testemunhos
mais antigos de xilogravura em papel datam do século VIII de nossa era.
São orações budistas impressas no Japão por volta do ano 770. Esses
impressos só continham textos, sendo do século seguinte a mais remota
gravura com figuras. Referimo-nos à Sutra budista atribuída ao ano 868.”
(1984, p. 35)
A xilogravura considerada as mais antigas é a “Madona do Fogo” que esta
exposta na catedral de Forli, Itália.
Anais do X Encontro do Grupo de Pesquisa Educação, Artes e Inclusão – 01, 02 e 03 de Dezembro de 2014
Florianópolis – CEART/UDESC – ISSN: 2176-1566
3.BARALHO:
Embora o jogo fosse proibido, a xilogravura começou a ser usada para a
impressão de cartas de baralho, nos anos de: 1279 na Itália e Bélgica, 1331 na
Europa, 1377 na Alemanha e 1382 na França.
“As cartas gravadas por processo xilográfico, ao que parece, não
surgiram senão em meados do século XV, firmando-se seu fabrico, em
tiragens expressivas, nos finais desta centúria. As cartas de João Dale,
tiradas em 1460 a 1470, e as de F. Clerc, de 1485 a 1496, todas impressas,
confirmam que os gravadores europeus já atuavam francamente nesse
setor antes do encerramento do século XV”. (COSTELLA, 1984, p.39).
72
Figura 4: xilogravura, Cartas de Baralho, (ano), www.google.com.br
4.XILOGRÁFICOS
No final do século XIV e parte do século pode-se dizer que a xilogravura ficou
alterada as ilustrações de livro e estampas soltas na criação de panfletos,
calendários, e realizou a proeza de produzir os primeiros livros da história.
“No final do século XV e início do século XVI, aparece Albert Dürer (14741528) um artista que irá dar outro rumo à produção xilográfica. Considerado
um dos maiores pintores e gravadores europeus, Durer consegue com sua
gravura, romper o vínculo que até então esta tinha com a produção de
livros. A partir de sua obra observa-se como uma forma de expressão
artística”. (FELIZ, Julio. A técnica da Gravura Artística: Breve histórico da
Anais do X Encontro do Grupo de Pesquisa Educação, Artes e Inclusão – 01, 02 e 03 de Dezembro de 2014
Florianópolis – CEART/UDESC – ISSN: 2176-1566
gravura. WWW.gravuraarte.hpg.com.br).
As gravuras religiosas tinham legendas e reunidas em forma de caderno,
eram feitas só de um lado da folha, pois a tinta dissolvida em água varava o papel.
Assim para não ficar um lado nu, colava-se outra página contra o verso desta. Eram
páginas de 25 cm. por 20cm. Mais ou menos, estes folhetos continham gravuras
simples, lineares eventualmente coloridas a pincel. No início as legendas eram
escritas mas depois foram gravadas na mesma prancha da gravura.
Assim foi possível baratear o preço dos livros. Não chegando a ser caro como
as iluminuras que só era acessível para os ricos. Por sua vez os livros de imagens
deveriam beneficiar, sobretudo os clérigos pobres.
Esses livros eram denominados incunábulos xilográficos, por serem frutos da
73
xilogravura.
Figura 5: página do Factorum et dictorum menorabilium, Valério Máximo de um incunábulo, 147.
http://pt.wikipedia.org
5.TIPOGRAFIA:
Anais do X Encontro do Grupo de Pesquisa Educação, Artes e Inclusão – 01, 02 e 03 de Dezembro de 2014
Florianópolis – CEART/UDESC – ISSN: 2176-1566
A tipografia é um sistema de impressão com tipos móveis metálicos, tem a
vantagem de aliar a versatilidade da letra solta e da inigualável tinta a óleo. A
revolução cultural do Renascimento, integrou-se a esse novo invento e multiplicou o
livro a ponto de torná-lo o primeiro veículo de comunicação em massa.
74
Figura 6: Catálogo tipográfico da Caslon, de William Caslon, 1732, http://pt.wikipedia.org
6.CAMPO ARTÍSTICO:
Até o século XVI as duas técnicas, tipografia e xilografia, acoplam-se
perfeitamente, o uso da mesma tinta torna mais fácil esse acoplamento, completado
com a confecção de blocos de madeira e tipos de metal. Do mesmo tamanho,
podendo ser usados simultaneamente na impressão de uma página com texto junto
com imagens.
Costella diz (1984, p.45) nos diz que: “Á custa da ilustração de livros a
xilografia foi se exercitando e aprimorando. Realizou proezas notáveis, como a do
gravador Anton Koberger, de Nuremberg, que gravou juntamente com Guilherme
Pleydenwurff e M. Wohlgemuth 645 blocos para imprimir as 1809 ilustrações da
“Crônica de Nuremberg”, livro escrito por Artmann Scheldel, impresso em 1493 e do
qual se conhecem mais seis edições”.
Anais do X Encontro do Grupo de Pesquisa Educação, Artes e Inclusão – 01, 02 e 03 de Dezembro de 2014
Florianópolis – CEART/UDESC – ISSN: 2176-1566
A gravura de madeira já não possui uma só função, a utilitária, mas começa a
ter uma função estética quando eclodiu, o talento de Dürer. De acordo com Costella
(1984, p.46) “As primitivas gravuras de linha negra com frequência recebiam, depois
de estampadas, colorido à mão. Dürer enriqueceu de tal modo a gravação que a cor
se tornou desnecessária, substituída pela exuberância dos traços.”
75
Figura7: O rinoceronte - xilogravura, Albert Durer, http://artemazeh.blogspot.com.br.
Albrecht Dürer, artista que nasceu em Nuremberg, 21 de maio de 1471e
faleceu em 6 de abril de 1528, elevou a xilogravura a níveis jamais imaginados. As
suas xilogravuras, consideradas revolucionárias são ainda marcadas pelo estilo
gótico. Em 1494, Dürer recebe influencia da pintura italiana em uma viagem feita à
Itália. Uma de suas séries xilográficas é a “Paixão de Cristo”.
Dürer, não entalhava seus blocos apenas desenhava-os e um entalhador
fazia com grande destreza. Ele influenciou com grandeza a xilografia alemã. De
acordo com Farthing (1950, p. 187) “As gravuras ajudaram a estabelecer a
reputação internacional do artista e a revolucionar as ilustrações de livros”.
7. XILOGRAFIA JAPONESA:
A gravura no Japão dura do século XVII ao século XIX. A imagem das
estampas japonesas se espalhou no ocidente a partir do século XIX.
Anais do X Encontro do Grupo de Pesquisa Educação, Artes e Inclusão – 01, 02 e 03 de Dezembro de 2014
Florianópolis – CEART/UDESC – ISSN: 2176-1566
Surgiu em Edo (atual Tókio) no século XVII um movimento chamado “Ukiyoe”, para baratear o custo a escola “Ukiyo-e” adotou a xilografia por causa da
capacidade de várias cópias, tiraram as gravuras dos livros passaram a fazer
catálogos avulsos. O primeiro grande nome da gravura japonesa foi Hishikawa
Moronobu (Awa 1618 – Edo 1694).
No século XVIII existia ainda o sistema colorido à mão e o do colorido
impresso, Suzuki Haruunobu (1725-1770) fez gravuras em cinco cores, surgindo
então a “nishiki-ê”, a gravura de impressão em cor. As impressões não eram feitas
com prensas, eram por esfregaço (impressão à colher),e usavam o “ baren” uma
boneca feira de bambu. No começo as tiragens eram de 50 a 60 cópias e passaram
a centenas. No século XIX tornou-se comum as tiragens a milhares de cópias.
76
Figura 8: xilogravura japonesa antiga de Kinochika Kobayashi, 1905. http://www.elo7.com.br.
No fim do século XIX o movimento “Ukiyo-ê” fica desgastado pela produção
em grande escala, caíram na vulgaridade e na extravagância de cores. Costella nos
diz (1984, p. 55) “Muitas, editadas em séries “secretas”, desceram ao erotismo
grosseiro comercialmente imposto pelos quarteirões boêmios. Terminava, assim, em
decadência melancólica o grande período da gravura japonesa”.
Anais do X Encontro do Grupo de Pesquisa Educação, Artes e Inclusão – 01, 02 e 03 de Dezembro de 2014
Florianópolis – CEART/UDESC – ISSN: 2176-1566
8. DA TEORIA A PRÁTICA:
Já tendo agora apresentado o que é gravura e também a história da xilografia
vamos agora detalhar dois processos de xilografia, que foram trabalhados nas aulas
práticas na disciplina de gravura, ministradas pelo professor Valdenir Iotti.
8.1 EXPERIÊNCIAS Nº 1:
77
Figura 9: xilogravura, tema urbano, Noeli Floriani, 2013.
Este relato é de uma atividade de xilografia feita pela acadêmica Noeli Maria
Finardi Floriani dos Santos, esta foi primeiramente explicada e demonstrada pelo
professor Valdenir Iotti, ele nos propôs fazermos algumas xilogravuras, fizemos
algumas fumê, outras de fio e uma de topo, apesar da dificuldade em escolher o
desenho do tema proposto pelo professor, muito recorreram à internet, eu mesma fiz
isto, mas com todas as dificuldades do desenho, foi uma boa experiência.
Primeiramente o professor escolheu o tema, a de topo, que será por mim
relatada, foi um tema urbano, escolhi desenhar o MASP, tive então que buscar um
exemplo, apesar de não ser da vontade do professor, pois este queria que
imaginássemos. Entretanto a experiência de fazer uma xilo de topo foi bem mais
Anais do X Encontro do Grupo de Pesquisa Educação, Artes e Inclusão – 01, 02 e 03 de Dezembro de 2014
Florianópolis – CEART/UDESC – ISSN: 2176-1566
complicada que a de fazer a de fio, um pouco mais de trabalho, mas, o resultado
para mim foi muito bom, realmente pude representar ali o que eu realmente queria.
É uma técnica difícil e diferente da de fio que a própria madeira ajuda, mas seu
resultado é muito bom. Espero
um dia poder proporcionar aos meus alunos a
mesma oportunidade, pois a prática é surpreendente e ver o resultado de seu
trabalho é muito mais.
8.2 EXPERIÊNCIA Nº2:
78
Figura 10: xilogravura, tema rural, Grasiele Mendonça, 2013.
A experiência de número dois é relatada pela acadêmica Grasiele Carina
Mendonça. Foram três as experiências realizadas em sala, na aula de gravura. A
primeira foi a impressão plana. Nesta utilizamos folha de papel branca e tinta
guache. A segunda experiência foi a gravura em fumê. Utilizamos além de folha
branca, querosene, lamparina e fósforo ou isqueiro. A terceira e última foi a
impressão em relevo, mais conhecida como xilografia. Para realizar este trabalho o
material usado foi a madeira, uma tinta própria para xilografia, um rolo, uma pá de
madeira utilizada na cozinha, goiva, grampo de varal e folha de papel branca.
Anais do X Encontro do Grupo de Pesquisa Educação, Artes e Inclusão – 01, 02 e 03 de Dezembro de 2014
Florianópolis – CEART/UDESC – ISSN: 2176-1566
Como existem dois tipos de xilografia, nós, acadêmicos da disciplina de
gravura realizamos os dois processos na prática. Foram duas experiências de xilo
de fio e uma experiência de xilo de topo. Em uma de nossas aulas o professor
propôs realizarmos uma xilografia de topo tendo como tema o meio urbano e outra
xilografia de fio com o tema o meio rural/campo.
Deixo relatado aqui que as duas experiências foram imensamente
prazerosas. O momento de gravar na madeira funcionou como uma terapia para
mim. Bom, acredito que uma das funções da arte seja realmente essa, a de relaxar
ou proporcionar prazer. E através da arte as pessoas relaxam, viajam, deleitam,
demonstram seus sentimentos. Seja nas artes visuais, cênicas, na música ou na
dança.
Eu escolhi relatar aqui em detalhes a experiência que tive ao realizar a
xilografia de do meio rural/campo. Escolhi esta por que na xilo de topo, que foi a
primeira experiência de gravar na madeira, teve um momento que não foi fácil. O
momento em que tive que escolher a imagem que eu queria gravar. Essa etapa foi a
mais difícil. O que escolher? Eu não tinha noção do que gravar, que desenho
escolher, ou melhor, imaginar para gravar, mesmo tendo um tema. Imediatamente
recorri a internet. Bom, não só eu, meus colegas de classe também tiveram
dificuldade e olharam imagens na internet.
9. CONCLUSÃO:
A partir da escrita deste artigo observamos que a xilografia é uma técnica que
surgiu há muitos anos. Ressaltamos que essa arte inicialmente teve função utilitária.
Foi muito usada pela igreja para fazer manuscritos. Observamos que cada tipo de
gravura teve sua importância em diferentes períodos. Porém as xilogravuras de fio e
de topo tiveram maior destaque. Tanto na forma utilitária como no campo artístico.
Muitos artistas em diferentes épocas e lugares usaram a xilografia para seus
trabalhos, fazendo com que ela voltasse a seu apogeu, já que durante muitos anos
ela foi substituída por técnicas mais avançadas.
Anais do X Encontro do Grupo de Pesquisa Educação, Artes e Inclusão – 01, 02 e 03 de Dezembro de 2014
Florianópolis – CEART/UDESC – ISSN: 2176-1566
79
Foi possível através deste estudo, conhecer com mais detalhes a história, ou
seja, a parte teórica sobre xilogravura e associar a prática que foi realizada em sala.
A satisfação em agregar mais este conhecimento ligado ao campo das Artes Visuais
é grandiosa. Sabemos que este conhecimento adquirido não nos será mais retirado,
ao contrário, podemos quando desejar ampliá-lo mais ainda, fazendo leituras,
praticando a arte, e também transmitindo este conhecimento aos nossos alunos.
REFERÊNCIAS
BUENO, Luciana Estevam Barone. Por dentro da arte. Curitiba. Ed. Ibpex, 2009.
COSTELLA, Antonio. Introdução à gravura e história da xilografia. Ed. Mantiqueira, 1984.
OLIVEIRA, Jô; GRACEZ, Lucília. Explicando a Arte: uma iniciação para entender e apreciar
as Artes Visuais. Rio de Janeiro. Ed. Ediouro, 2004.
Figura 1 – Disponívem em < http://www.google.com.br > Acesso em 3 de dez. 2013.
Figura 2 - Disponível em < http://www.arteemhumanosrecursos.com.br > Acesso em 3 de
dez. 2013.
Figura 3 - Disponível em < http://www.centralverde.com.br> Acesso em 3 de dez. 2013.
Figura 4 - Disponível em < http://www.google.com.br > Acesso em 3 de dez. 2013.
Figura 5 – Disponível em < http://pt.wikipedia.org> Acesso em 3 de dez. 2013.
Figura 6 – Disponível em <http://pt.wikipedia.org> Acesso em 3 de dez. 2013.
Figura 7 - Disponível em < http://artemazeh.blogspot.com.br > acesso em 3 de dez. 2013.
Figura 8 - Disponível em < http://www.elo7.com.br >acesso em 3 de dez. 2013.
i
1-Graduada em Artes Cênicas – Bacharel em teatro-Interpretação – FURB; Acadêmica regular do curso de
licenciatura em Artes Visuais – PARFOR – UNIDAVI.
ii
Acadêmica regular do curso de licenciatura em Artes Visuais – PARFOR – UNIDAVI.
iii
Graduado em Artes Visuais – CESUBE; Pós-graduado em Arte-Educação – FACINTER; Mestrando em
Educação: Linha Educação, Cultura e Dinâmicas Sociais – FURB.
Anais do X Encontro do Grupo de Pesquisa Educação, Artes e Inclusão – 01, 02 e 03 de Dezembro de 2014
Florianópolis – CEART/UDESC – ISSN: 2176-1566
80

Documentos relacionados