neoletria - merlintonbraff.com.br
Transcrição
neoletria - merlintonbraff.com.br
Merlinton João Braff NEOLETRIA Neoletria 2 MER NEOLETRIA Neoletria 3 Copyright © 2009 by Merlinton João Braff Capa MERLINTON JOAO BRAFF Coordenador Executivo NICANOR COELHO Coordenador Editorial CARLOS MAGNO MIERES AMARILHA Editor Adjunto e Designer Gráfico LUCIANO SERAFIM ISBN 978-85-98598-82-6 1ª Edição: Setembro/2009 Todos os direitos desta edição reservados por CNPJ 06115732/0001-03 Rua Mato Grosso, 1831, 1° Andar, Sala 01 Centro Dourados, MS Caixa Postal 475 CEP 79840-170 Telefones: (67) 3423-0020 e 9238-0022 E-mail: [email protected] Site: www.nicanorcoelho.com.br Neoletria 4 AGRADECIMENTOS É a comunicação que edifica a civilização, por isso todo o esforço no seu aprimoramento é bem-vindo, ainda que o galardão não chegue a tempo de contemplar as pessoas envolvidas no processo. Nós já estamos em gozo dos benefícios preparados pelos que nos antecederam; cuidemos para que a civilização continue prosperando e seja ainda melhor para os nossos descendentes. Neoletria é produto do labor de diversos anos, cuja meta foi e será oferecer uma contribuição para o aprimoramento intelectual, principalmente da capacidade humana de se comunicar. Desde o início eu sabia que esta ideia era uma temeridade, tanto pela enormidade do trabalho, como pela falta de assistência motivada pelo descrédito. Agora, contemplando a jornada percorrida e a chegada no objetivo, sinto gratidão pela tolerância que me permitiu completar este serviço, principalmente da parte de minha esposa Nélsia e de meus filhos Nélinton e Lícia, além das minhas três netas e dos meus dois netos já capazes de opinar dissuasória ou estimulantemente. Neoletria 5 LOGOMARCA “A palavra antiga egípcia mais comum para ‘pirâmide’ é mer”. Dee Jay Nelson Merlinton é diletante do estudo sobre pirâmides. Por coincidência com a primeira sílaba do seu nome a palavra MER na antiga língua egípcia significava PIRÃMIDE e era escrita como o hieróglifo que é visto acima. MERlinton adota este desenho como logomarca e como anúncio de novo capítulo ou nova abordagem de argumento em seus livros. Saiba mais no site: http://www.merlintonbraff.com.br Neoletria 6 SUMÁRIO Agradecimentos ............................................................................. 5 Logomarca ..................................................................................... 6 Sumário .......................................................................................... 7 Prefácio ........................................................................................ 19 APRESENTAÇÕES O Autor .................................................................................... 21 Introdução à Neoletria .............................................................. 22 Veredas e Circunstâncias ......................................................... 25 As Invenções da Neoletria ....................................................... 26 ARRAZOAMENTO .................................................................. 29 Primeira Parte: ESTUPEFACIÊNCIA ................................... 31 Considerações .......................................................................... 31 Neoletria 7 I – CARRANÇA ...................................................................... 34 Ranço no Cotidiano.............................................................. 34 O Cidadão ............................................................................ 36 Origem da Burguesia ........................................................... 37 Anarquia ou República? ....................................................... 39 Subterfúgios ......................................................................... 41 Teocracia .............................................................................. 42 Conformismo ....................................................................... 43 Ingenuidade .......................................................................... 45 II – LIÇÕES DO PASSADO .................................................... 47 Desenvolvimentismo Aguerrido .......................................... 47 A Riqueza da Educação ....................................................... 49 As Elites ............................................................................... 52 O Fruto do Mote ................................................................... 54 O País ................................................................................... 55 Arranjo nas Instituições ....................................................... 56 Religião ................................................................................ 58 O Grande Geômetra ............................................................. 60 III – GRANDES EQUÍVOCOS ............................................... 62 Dava Vontade de Socorrer ................................................... 62 Percepção Embrutecida ........................................................ 64 Cultura Desorientada............................................................ 65 O Motor da Evolução Social ................................................ 67 Neoletria 8 Humildade Contrasta com Glória ........................................ 70 Trânsito ................................................................................ 72 IV – DESTEMPERO ............................................................... 75 Desaculturação ..................................................................... 75 Marionetes ............................................................................ 76 Interesse ............................................................................... 78 Lucro ou Extorsão ................................................................ 80 Gratidão ................................................................................ 82 Exclusão ............................................................................... 84 V – CONVENIÊNCIAS ........................................................... 87 Investimento Externo ........................................................... 87 Neocolonialismo .................................................................. 89 Submissão e Competência ................................................... 92 Manifestação Descabida ...................................................... 93 Intervenção Permitida .......................................................... 95 Natureza Condicionada ........................................................ 97 Confusões ............................................................................. 99 VI – QUALIDADE DEMOCRÁTICA ................................... 102 Decisões ............................................................................. 102 Política ............................................................................... 104 Fiscalização Republicana ................................................... 106 Eleitor Consumidor ............................................................ 111 Neoletria 9 Laicismo ............................................................................. 114 Saneamento da Democracia ............................................... 117 Segunda Parte: INTELIGÊNCIA .......................................... 120 Observações ........................................................................... 120 VII – EDUCAÇÃO................................................................ 122 Escola ................................................................................. 122 Discernimento .................................................................... 123 Tecnologia do Aprendizado ............................................... 125 Privilégio ............................................................................ 126 Modelagem da Índole......................................................... 128 Educação Positiva .............................................................. 129 Caráter ................................................................................ 130 VIII – CAPACITAÇÃO MENTAL ....................................... 133 O Exercício da Inteligência ................................................ 133 Condicionamento da Mente ............................................... 135 Super Cérebro mal Aproveitado ........................................ 137 Inteligência Poderosa ......................................................... 139 Recursos Intelectuais.......................................................... 140 IX – FONTE DE IDÉIAS ...................................................... 143 O Ambiente da Inteligência ............................................... 143 O Cultivo de Bons Hábitos ................................................ 145 Neoletria 10 Fluência das Idéias ............................................................. 147 Parâmetros do Pensamento ................................................ 148 X – A LINGUAGEM NA INTELIGÊNCIA ........................... 152 Componentes da Expressão ............................................... 152 Requisitos Convencionados ............................................... 153 Elaborando a Linguagem ................................................... 154 O Idioma na Cultura ........................................................... 156 Organização da Linguagem ............................................... 158 Terceira Parte: A ESCRITA................................................... 160 Linguagem ............................................................................. 160 XI – O SURGIMENTO DA ESCRITA .................................. 162 A Articulação da Fala ........................................................ 162 Codificação da Palavra....................................................... 163 A Maravilhosa História das Línguas .................................. 165 O Alfabeto Ocidental ......................................................... 166 XII – A LÍNGUA COMO ELA É .......................................... 168 Nascimento do Português................................................... 168 Crítica Construtiva ............................................................. 170 Outorga Divina ou Arte Humana ....................................... 171 Complicação Frustrante ..................................................... 173 Neoletria 11 XIII – DINÂMICA IDIOMÁTICA ........................................ 176 Eficiência na Simplicidade................................................. 176 Promiscuidade Linguística ................................................. 178 Evolução do Idioma ........................................................... 179 Nacionalização de Vocábulos ............................................ 181 Acordo Ortográfico ............................................................ 183 Ensejo do Acordo Ortográfico ........................................... 184 XIV – AS LETRAS EM DISCUSSÃO ................................. 187 Alfabeto Fonético Internacional......................................... 187 Variação de Pronúncia ....................................................... 187 Unificação de Pronúncia .................................................... 188 Alfabeto Complicado ......................................................... 189 Ambiguidade das Letras..................................................... 191 A Solução Existe ................................................................ 192 XV – QUESTIÚNCULAS IDIOMÁTICAS ............................ 194 Idioma Ultrajado ................................................................ 194 Mistura de Contribuições ................................................... 196 Alfabetismo ........................................................................ 197 Simplicidade Vantajosa...................................................... 199 Idioma Ideal ....................................................................... 201 AS INVENÇÕES ...................................................................... 203 Neoletria 12 Quarta Parte: FONOGRAMAS ............................................. 204 Para cada Grafema um Único Fonema .................................. 204 XVI – ALFABETO FONÉTICO ........................................... 206 Alfabeto Universal ............................................................. 206 Optativo.............................................................................. 207 Novo Alfabeto .................................................................... 209 Aplicações dos Fonogramas............................................... 211 Diligências Necessárias...................................................... 212 Conservadorismo ............................................................... 214 Determinação ..................................................................... 215 XVII – VIABILIZAÇÃO ...................................................... 216 Escolaridade e Produtividade ............................................. 216 Escrever por Meio de Fonogramas .................................... 218 Fonogramas no PC ............................................................. 219 Proposta dos Passos Seguintes ........................................... 222 XVIII – OS FONOGRAMAS ALFABÉTICOS..................... 225 Descrição dos Caracteres ................................................... 225 XIX – OS FONOGRAMAS NUMÉRICOS ........................... 247 Nomenclatura Quantitativa ................................................ 247 Vinculação Numérica com os Fonemas ............................. 248 Caracteres Numéricos ........................................................ 250 Neoletria 13 Os Algarismos Fonêmicos ................................................. 252 Os Algarismos Vogais: ...................................................... 252 Os Algarismos Consoantes: ............................................... 253 Os Números........................................................................ 254 Exemplos de Simplificação ................................................ 256 Grandes Números ............................................................... 257 Alfabeto Brasileiro (Proposta) ........................................... 257 Alfabeto Brasileiro – Os Caracteres................................... 259 XX – COMBINAÇÃO NUMÉRICA DO ALFABETO .......... 261 Descrição do Sistema ......................................................... 261 Composição de Dois Algarismos ....................................... 275 Quinta Parte: ALFABETO ESPERANTO............................ 276 Idealizado para a Língua Ideal ............................................... 276 XXI – ALFABETO LATINO EM ESPERANTO................... 278 As Vogais nas Sílabas ........................................................ 278 Diferenças Fonéticas de Consoantes .................................. 279 Acento Circunflexo ............................................................ 280 As Semivogais.................................................................... 280 Dificuldades Gráficas ......................................................... 281 O Apóstrofo........................................................................ 281 A Letra Dupla..................................................................... 282 Outras Diferenças entre Esperanto e Português ................. 282 Neoletria 14 Os Nomes das Letras.......................................................... 283 XXII – ALFABETO ESCLUSIVO........................................ 284 Alfabeto Especial ............................................................... 284 Um Alfabeto ‘Sob Medida’................................................ 285 Grafia do Alfabeto Esperanto ............................................ 286 XXIII – OS CARACTERES ................................................ 288 Novas Letras para a nova Língua ....................................... 288 Letras do Esperanto e suas Especificações ........................ 289 Mapa Sinótico dos Caracteres ............................................ 294 Mapa Esquemático dos Caracteres .................................... 295 Sexta Parte: IDEOGRAMAS .................................................. 296 Proposta e Oferecimento ........................................................ 296 XXIV – NOVO SISTEMA DE IDEOGRAMAS ................... 298 Vinculação Direta entre a Idéia e o Objeto ........................ 298 Definição dos Critérios ...................................................... 299 Escolha de uma Língua ...................................................... 300 XXV – ESPECIFICAÇÕES .................................................. 303 Estrutura ............................................................................. 303 Suporte Lógico ................................................................... 306 Descrição ............................................................................ 309 Neoletria 15 XXVI – CODIFICAÇÃO...................................................... 311 Ideogramas em Esperanto .................................................. 311 Apresentação Gráfica da Codificação ................................ 313 XXVII – PREPOSIÇÕES E CONJUNÇÕES......................... 318 Preposições......................................................................... 318 Conjunções ......................................................................... 322 Locuções Conjuncionais .................................................... 324 XXVIII – ADVÉRBIOS E PRONOMES .............................. 329 Advérbios ........................................................................... 329 Pronomes ............................................................................ 336 XXIX – DETERMINATIVOS E AFIXOS ............................ 340 Determinativos ................................................................... 340 Prefixos (15)....................................................................... 346 Sufixos (40) ........................................................................ 348 XXX – IDEOGRAMAS MUSICAIS ..................................... 354 Proposta.............................................................................. 354 Codificação das Oitavas ..................................................... 355 Codificação dos Doze Semitons ........................................ 356 Codificação dos Tempos das Notas ................................... 358 Codificação das Pausas ou Valores Negativos .................. 360 Os Compasos...................................................................... 361 Neoletria 16 XXXI – ESCRITA MISTA .................................................. 362 O Prazer da Leitura ............................................................ 362 Escrita Mista na Antiguidade ............................................. 362 A Realfabetização Proposta ............................................... 364 Providências Didáticas ....................................................... 367 Estímulos Suplementares ................................................... 368 O Encontro de Entes Conhecidos na Leitura ..................... 370 Atenção Focalizada ............................................................ 372 Recomposição da Sensibilidade ......................................... 374 Sétima Parte: ALFABETO NIPO-BRASILEIRO ................ 375 Escopo .................................................................................... 375 XXXII – A PROPOSTA ...................................................... 377 Português em Alfabeto Nipônico ....................................... 377 O Ssistema Nipônico de Escrita ......................................... 380 Ampliação do Katakana ..................................................... 382 XXXIII – SISTEMATIZAÇÃO ............................................ 385 Uso Proposto ...................................................................... 385 Regras Básicas ................................................................... 386 Formato e Disposição das Letras na Escrita ...................... 387 Valores Fonéticos ............................................................... 389 Alfabeto Nipo-Brasileiro e os Dialetos .............................. 389 Modos de Escrita e Divisão Silábica.................................. 391 Neoletria 17 XXXIV – OS CARACTERES UNIFONÊMICOS ................ 393 Definição Fonética dos Caracteres ..................................... 393 Mapa Sinótico dos Unifonêmicos ...................................... 403 XXXV – OS CARACTERES SILÁBICOS .......................... 404 Definição Fonética ............................................................. 404 Mapa Sinótico dos Silábicos Katakana .............................. 413 Neoletria 18 Prefácio T udo que é velho se renova pelas mãos de Merlinton, um mago que investido das energias emanadas do cosmo, cria, recria e dá novas formas para as velhas formas de se ver o mundo. Neste livro, sua segunda obra, o autor apresenta uma miscelânea de ideias e neologismos a começar com o título. “Neoletria” resume-se a uma novíssima forma de ver as letras. “Neoletria” não é apenas um livro. É um compêndio, um tratado, uma bula que nos remete a um futuro enigmático que precisa e deve ser decifrado pelas próximas gerações. Em seu primeiro livro “Em busca da cidadania”, Merlinton Braff já apresentava a sua verve filosófica e criativa apresentando uma nova forma de ver e praticar política e de ser cidadão pleno num mundo onde os valores se inverteram. Em “Neoletria”, um mundo se abre para aqueles que gostam de ver uma nova forma de ver e sentir as coisas. São novas letras. Um novo alfabeto foi criado e como se fosse o pentagrama de um maestro abre silenciosamente um novo canal de descobrimentos. A cada palavra, a cada significado, “Neoletria” desvenda uma estrada a ser palmilhada. Merlinton pode até não ser compreendido, hoje, nesta obra, mas o futuro dirá, com certeza, se ele está certo em suas conjecturas. Merlinton está certíssimo assim como Galileu Galilei. Tal como Leonardo Da Vinci, nosso vate vaticina mistérios assim como o sorriso da Monalisas. Neoletria 19 A missão de Merlinton nesta dimensão terrena é mais que pintar telas, partilhar músicas e escrever seus textos. Nosso autor, no auge de sua maturidade intelectual, nos proporciona momentos de reflexão e de mergulho numa nova forma de ver a escrita da humanidade que ao longo dos milênios faz experiências com a intenção de melhorar a forma de viver e deixa um legado para as novas gerações. Leia “Neoletria” e se não entender seus significados e significâncias não se preocupe. Volte a ler que as coisas complexas são mais simples que o ato de uma criança aprender as primeiras letras. José Pereira Lins Academia Douradense de Letras Neoletria 20 APRESENTAÇÕES O AUTOR Merlinton e seu violino em abril de 2006 Funcionário público estadual aposentado, graduado em Administração, casado com Dona Nélsia Cardoso Braff. Nossos filhos Nélinton Cardoso Braff e Lícia Cardoso Braff são douradenses de nascimento, nossos dois netos e três netas também são. A bisneta Júlia é campo-grandense. Neoletria 21 Sou brasileiro natural de Taquara – RS onde nasci em 1935. Resido em Dourados – MS desde março de 1959. Sou douradense por adoção com Título de Cidadania e tenho muito orgulho por esta inclusão. Considero-me incentivado a continuar a ser o que sou e a fazer o que faço, após receber a Moção Legislativa número 871 aprovada em 09-10-2006 pela Câmara Municipal de Dourados. A minha gratidão move o esforço e a vontade de produzir algo honroso para dedicar a todos os que amam esta cidade e este país. INTRODUÇÃO À NEOLETRIA Considero letria como um estado de afã exacerbado, passando o idioma em revista para descobrir suas falhas e inventar alternativas eficazes. A letria tem esse empenho em relação à codificação da linguagem assim como foi a busca desesperada por uma língua nacional empreendida pelos literatos lusitanos do início do reinado de Afonso Henriques, primeiro rei de Portugal. Agora me vejo revolvendo a linguagem, principalmente no tocante à leitura e compreensão. Estou em estado de letria outra vez. É a Neoletria, neologismo que considero adequado para o nome desta obra que discute as letras e apresenta sugestões. O idioma oficial do Brasil é o português. É nesta língua que se expressam os órgãos de divulgação; nesta língua são escritos os recados, os documentos públicos, as opiniões, os noticiários, as cartilhas, os contratos, as prescrições, as normas, as leis, as sentenças, etc. Neste idioma as pessoas discutem e confidenciam, discursam e planejam os sonhos. A manifestação dos pensamentos tem importância inestimável. Se não houvesse comunicação não existiria Neoletria 22 civilização. Portanto é justo que esta atividade mereça um aperfeiçoamento, ainda que o projeto demande décadas, ainda que as pessoas envolvidas não colham os frutos do seu labor. Existem no Brasil palavras e frases ‘clandestinas’, provenientes de outras línguas, mas sendo a atual democracia brasileira, livre dos fundamentalismos xenofóbicos, elas (as palavras clandestinas) não correm riscos de apreensão, proibição ou banimento como as pessoas e coisas (por enquanto). O português falado hoje no Brasil não é igual ao que se falava no tempo do Império. Lembro de algumas alterações ortográficas no século XX. Enquanto aqueles que falam e escrevem assimilam e transmitem novos conhecimentos progredindo em sabedoria, a sua ação concorre para que o modo geral de falar e escrever também se desenvolva natural e espontaneamente, mesmo sem imposição política. Além do idioma oficial, nós temos a ‘permissão’ de aprender inglês, espanhol, francês, italiano, alemão, russo, guarani, esperanto, japonês, mandarim ou qualquer outro de livre escolha. Existe algo como uma autorização tácita, sem burocracia para o aprendizado. Isso não causa afronta, vexame ou humilhação à soberania nacional. Ao contrário, demonstra elevado grau de civilização da comunidade e boa vontade para com os semelhantes e diferentes. O alfabeto oficial do Brasil é o latino (ou romano), mas isso não nos proíbe de estudar a língua de sinais para conversar por intermédio das mãos, porque o nosso abecedário não é exclusivista, tampouco nos impede de entender os ideogramas empregados na sinalização de trânsito ou a taquigrafia. Acredito que uma vontade de escrever em árabe ou aramaico, ou em alfabetos japoneses, não se constitui em indício Neoletria 23 de quinta-colunismo, antes representa tendência erudita. Coisa de elite. - Gostei de uma pérola da Ministra do Meio Ambiente Marina Silva, citada em “Veja essa” da revista Veja, edição número 1.960: “A desgraça de um país não é a sua elite, é não têla”. O alfabeto oficial dos países ocidentais é o resultado de uma evolução multimilenária, mas ainda não podemos dizer que já ficou pronto. Contudo, o alfabeto latino está cumprindo com as suas finalidades e nada indica que esteja em vias de ser substituído pelos que eu possa propor. O meu objetivo não é substituir o alfabeto. Pretendo é oferecer mais propostas de incrementação aos instrumentos da inteligência humana, e simplificação naquilo que a complicação seja inútil. Para a implantação das melhorias preconizadas em Neoletria, as pessoas influentes e o poder político devem aceitar este presente e tratar da constituição e instalação de uma fundação com algum apoio financeiro e administrativo, se possível com supervisão da UNESCO. Uma fundação investida de ânimo para assumir-se como pesquisadora e mantenedora dos novos sistemas, porque a capacidade do autor, não vai além da invenção. Faltamme os outros recursos para ir adiante, mas mesmo que nada me faltasse, cederia de bom grado a tarefa, a responsabilidade e o mérito para a iniciativa governamental, por ser legítima representante dos interesses sociais. É preciso muita coragem, ponderação e esperança ao decidir sobre as soluções para o problema de ordem cultural como o que estou evidenciando. Nenhum oportunista, egoísta ou imediatista assumirá a tarefa de abrir o portal de entrada a um mundo melhor para os seus filhos ou netos, especialmente tendo em vista o investimento repentino de algum esforço. É necessário caráter humanitário para que alguém construa um futuro do qual possivelmente não participará. Neoletria 24 Espero que a minha parte assumida espontânea e gratuitamente nesta empreitada desperte o entusiasmo de quem possa participar, embora a recompensa garantida seja apenas a sensação do dever cumprido, qual seja, a tentativa de tornar a compreensão mais fácil e interessante para mais de 215 milhões de pessoas que adotam a língua portuguesa, bem como o entendimento de todos os outros povos que conseguirem aproveitar estas melhorias. Não fiz de Neoletria a minha última palavra. Não cheguei a um acordo definitivo comigo mesmo. Cada vez que releio como última revisão, encontro algo para melhorar, mas creio que ficaria pior continuar aprimorando até a satisfação, porque o público não merece esperar mais. VEREDAS E CIRCUNSTÂNCIAS Não me considero subversivo, porque sei o quanto é importante para a harmonia social existir a uniformidade no cumprimento das leis e de outras normas de conduta na convivência social. Não obstante, sinto-me à vontade ao questionar a racionalidade dos costumes e comportamentos, já que o regime democrático permite esse questionamento. Foi durante o Curso de Administração na Socigran (atual Unigran) de Dourados, nos quatro anos, 1980 a 83 que comecei as primeiras tentativas de inventar uma maneira de reparar as incongruências da língua portuguesa, principalmente para o Brasil, mas sem fechar exclusividade nacionalista. Estudei a relação dos fonemas com as respectivas letras, e depois tentei idealizar os arranjos que poderiam ser propostos, como por exemplo: supressão de algumas letras e valor fixo fonético para Neoletria 25 outras. Inventei naquela época um alfabeto padronizado com desenhos mais simples do que o alfabeto latino vigente. Em 1992 e 93 desenhei muito, criando modelos de padronização que satisfizessem as necessidades de simplicidade e variação em quantidade suficiente. Em 1994 e 95 estive estudando as categorias gramaticais das palavras com a intenção de inventar um sistema de ideogramas codificado. Os ideogramas não seriam equivalentes a palavras, mas a ideias, porque na nossa língua algumas palavras servem para vários significados, mas algumas acepções admitem representação optativa de diferentes palavras. Depois de encher cadernos de exemplos de possíveis caracteres, foi ficando cada vez mais fácil inventar coisas do gênero. AS INVENÇÕES DA NEOLETRIA a) um alfabeto de 73 caracteres, provisoriamente denominados Fonogramas em que cada letra pode ser escrita de três modos diferentes, para destacar intensidade, acentuação ou prolongamento na pronúncia. Para completar a criação deste alfabeto será necessária a gravação de um CD para as aulas de ‘áudio-visual’ com a definição exata dos valores fonêmicos. Essa providência poderá evitar que, em outras línguas, as novas letras criadas como fonogramas sejam ‘adaptadas’ em pronúncia diferente da proposta. Para isso apresento como justificativa e utilidade a maior precisão linguística com proveito para a informática, para a dramaturgia e para o aprendizado de línguas diversas, possibilitando a leitura dos vocábulos de qualquer idioma em pronúncia correta sem necessidade de conhecimento das diversas ortoepias; Neoletria 26 b) um sistema de fonogramas numéricos, em que os algarismos, com desenho especial, ficam dispostos de tal maneira que são pronunciáveis silabicamente, facilitando a leitura, a memorização e a comunicação, com maior rapidez e simplicidade. Por exemplo, um número de telefone ou de senha composto de oito algarismos, é memorizado tradicionalmente com doze ou mais sílabas, mas pela nova nomenclatura são apenas quatro. Em vez de dizer: trinta e nove, vinte e um - quarenta e sete, zero dois; basta dizer ‘mãnhá-gôrré’ (embora seja preferível que todos os ‘nomes’ numéricos sejam oxítonos, os sinais diacríticos de mãnhágôrré são necessários para especificar as vogais); c) uma combinação de caracteres em que a sequência de quatro letras pode indicar qualquer número, de 0000 a 2.146.935.440; d) um alfabeto específico para a língua Esperanto, contando com um caractere para cada fonema, e sem necessidade de acentos ou sinais equivalentes; e) um sistema de ideogramas para as palavras comuns que em Esperanto são 31 preposições, 23 conjunções, 23 locuções conjuntivas, 29 pronomes, 53 determinativos, 69 advérbios, 15 prefixos e 40 sufixos, perfazendo 283 ideogramas. Este sistema foi fundamentado no idioma esperanto, por ser mais regular do que as línguas mais antigas; f) uma nova grafia representativa dos sons musicais em que cada caractere define o tempo de duração, determina uma das sete oitavas (abrangendo quase todo o teclado do piano) e especifica um dos doze semitons componentes de cada oitava. Assim, posso propor a nomenclatura com doze componentes, como segue: Dó, Du, Ré, Ru, Mi, Fá, Fu, Sol, Su, Lá, Lu, Si, que se repete em cada oitava. Neoletria 27 g) um complemento ao katakana (um dos alfabetos silábicos japoneses), permitindo o emprego daquele sistema de escrita na língua portuguesa, e sem redução para a pronúncia brasileira. Neoletria 28 ARRAZOAMENTO MER De acordo com a codificação dos ideogramas da ‘Neoletria’, observando-se os traços pretos. Neoletria 29 Mais da metade do volume de Neoletria foi dedicado ao arrazoamento para alertar a Sociedade sobre as evidências da insanidade ou indiferença para com a razão, a ética, a honestidade, e os distúrbios. É fácil detectar alguns dos motivos, quais sejam: convivência com regras mal arranjadas e de difícil observância não pelo refinamento, mas pela incoerência. Sendo a linguagem e suas regras uma das atividades mais presentes no cotidiano, foi a função humana que escolhi para, sobre a qual, propor nova visão metodológica. Merlinton João Braff Neoletria 30 PRIMEIRA PARTE ESTUPEFACIÊNCIA CONSIDERAÇÕES Os delitos deveriam causar estupefação, no entanto são repetidos, são tolerados, ingressam no acervo dos costumes e da cultura. Procedimentos habituais não causam estranheza, são aceitos sem crítica. Uma comunidade corrompida conforma-se com a injustiça, a insegurança, os prejuízos, com qualquer imposição que já não pareça estranha. – O que se pode fazer? Advertir! Mas de modo compreensível, tranquilamente. É alertando que sacudimos a parte do consenso ainda submersa no marasmo, mas sacudir e despertar a alma, e não o animal. As improbidades administrativas, as negligências do eleitorado, os resultados em testes de aproveitamento escolar, as pessoas se acotovelando atrás da esperança nos cargos de Neoletria 31 emprego, as filas indianas dos que imploram por saúde, transporte coletivo, pagamento, recebimento, etc., atestam os indícios de insuficiência de bom senso, deficiência da ‘Razão de Estado’, displicências da burocracia e da cultura cidadã, muita condescendência e pouca condolência para com as mazelas sociais. O desenvolvimento intelectual do povão deveria ter acompanhado o progresso da civilização. Depois de esquadrinhar as possíveis causas de depravação e excogitar remédio, concluí que a devassidão de algumas pessoas é sintoma de mentalidade subdesenvolvida e defeituosa, forjada com irregularidade no crescimento cultural da juventude, desde ideias equivocadas incutidas durante a educação, e até falta de cuidados científicos na codificação da linguagem. Como tentativa de amenizar o problema em longo prazo, preparei o livro “Neoletria”, no qual proponho modos de melhorar a intelectualidade pública. - Assim parece pretensiosidade, porém é o ônus. Nada se faz sem custo ou risco. Por outro lado, neste caso a responsabilidade deve sobrepor-se aos melindres. Usos, hábitos, atitudes e comportamentos que parecem naturais e incontestáveis podem se mostrar descabidos ou ridículos desde que sejam colocadas as palavras adequadas no jeito de abordar, nas descrições ou nas críticas. Então aflora o verdadeiro aspecto, cai a ‘máscara’, porém chacoalha suscetibilidades, principalmente da parte dos que tiram proveito dos desarranjos. Sou amigo das pessoas do bem, sejam pobres ou ricas, belas ou feias, jovens ou idosas, indigentes ou poderosas, ‘índios’ ou ‘brancos’, não importa sexo, cor, religião ou nacionalidade. Qualquer exemplar dessa biodiversidade já foi um adorável bebê; todas essas pessoas ainda conservam algum tipo de carência e merecem alguma ajuda para se tornarem maravilhosas. Se algo Neoletria 32 deve ser combatido não são os iludidos, são as ilusões, não são os imperfeitos, são as imperfeições. Talvez eu possa parecer ríspido em algumas abordagens dos primeiros capítulos de “Neoletria”, porém não tive propósito de ofender. A minha intenção é oferecer maneiras de despertar as consciências para o censo crítico e sereno, de modo a perceberem a realidade com mais nitidez. Empreendimentos, negócios errados e engodos acontecem; quem é pago para defender a população procura cumprir o dever, mas alguns fingem não ver, outros filtram os fatos; eu suponho enxergar pouco, mas divulgo como vejo. As afirmações contidas nesta parte de NEOLETRIA são ilustrativas, sem pretensão de caráter científico. Os relatos não são denúncias porque foram colhidos na mídia. Valem como argumentação sobre a vantagem de investir no incremento das faculdades mentais. As ponderações e proposições das partes primeira, segunda e terceira de NEOLETRIA devem demonstrar a conveniência de estudos e ajustamentos para aprovação e aplicação deste projeto, porque demonstram a necessidade de investimentos no contexto intelectual e na viabilidade deste empreendimento. Neoletria 33 I – CARRANÇA RANÇO NO COTIDIANO Enquanto a aristocracia medieval era aquinhoada pelo adorado rei, a burguesia conquistava poder e tesouros, geralmente por méritos de iniciativa e criatividade próprias. Nos tempos do regime feudal e dos burgos que eram cidadelas livres da opressão suserana dos senhores feudais, a cidadania era virtude rara porque a burguesia opositora da aristocracia ainda sofria sua influência, embora a combatesse. Cidadania é qualidade de quem sabe se comportar socialmente pelo que se convencionou de “politicamente correto”, com aptidão para servir de exemplo de convívio na cidade. Cidadania é um conceito-atributo neodemocrático da idade ‘contemporânea’. Houve ‘arqueodemocracia’ que foi um sistema grego de governo durante a idade antiga. Atualmente as autoridades e alguns formadores de opinião ainda confundem cidadania com burguesia quando abominam as elites; quando camuflam os seus preconceitos discriminatórios com repressões infundadas que atingem os cidadãos mais civilizados e produtivos pelo pecado de não serem considerados excluídos; quando falta apoio às pesquisas científicas; quando os ‘poderosos’ negam incentivo para estudos avançados, convictos Neoletria 34 de que impedem o desenvolvimento para evitar que os mais pobres fiquem em desvantagem; quando os gerentes da vez desconsideram as boas sugestões que visam benefícios à sociedade, principalmente aqueles trabalhos voluntários isentos de interesses particulares; ainda confundem cidadania com burguesia aqueles que ameaçam usurpar ou negar os direitos e os méritos das classes mais progressistas (burguesia?), com a intenção de agradar o povo mais humilde. O atraso da civilização danifica toda a comunidade, sem distinção de torcida, religião, posses, cor. A repressão aos superiores também prejudica os inferiores. Agora existem os sem-terra, os sem-teto, os sem estudo, os sem carro, etc. Cada grupo é opositor dos seus invejáveis: os ‘com isso’ ou ‘com aquilo’. Acalentados pela certeza de que todos são iguais perante Deus e perante a Lei, muitos ‘entendem’ como se já estejam atingidas as suas metas, já são iguais porque está na lei. Desconsideram o débito social e o atraso na qualidade da cidadania em que se encontram. Então, em vez de se igualar, cobram igualdade. Se a igualdade constitucional fosse exequível, contemplaria a frequência a lugares públicos sem discriminação, assistência do serviço público como educação e saúde com fatias iguais do mesmo bolo, acesso por concorrência ou concurso público para fornecedores e prestadores de serviço; o Código Penal não regularia pena diferenciada para bandidos diferentes e sim para crimes diferentes. Seria ingenuidade querer que a Constituição ‘concedesse’ igualdade intelectual para o idiota como para o doutor; ‘concedesse’ para o sem terra, sem carro e sem casa, patrimônio igual ao de Ademar de Barros ou Francisco Matarazzo. Qualquer um sabe que bobo é bobo, arrogante é arrogante, sábio é sábio, bandido é bandido e altruísta não é egoísta; eles não se igualam “nem por decreto”. A verdadeira igualdade estipulada pelo direito é de prêmios iguais para méritos Neoletria 35 iguais e mesma pena para o mesmo crime, sem distinção de credo, cor, sexo, posses dos ‘envolvidos’. Quem acredita ter direito de se igualar com elite, gostaria de restringi-la, porque supõe não poder alcançá-la. Preguiçosos e invejosos cogitam proibir os outros de serem melhores do que eles. O CIDADÃO Os jovens esquerdistas heterodoxos podem relaxar; não é necessário acompanhar a moda dos maltrapilhos para fazer oposição ao esnobismo. Não é preciso combater a cidadania por temor de aderir e se tornar classe dominante. O cidadão, o gerente de qualquer negócio, o empresário, a classe média, nada disso tem algo a ver com a burguesia da Revolução Industrial. Nestes tempos atuais de CLT (Consolidação das Leis Trabalhistas) e do estado de direito democrático, qualquer renitente senhor de escravos que for descoberto em flagrante poderá se tornar um penitente sem direito ao ‘semiaberto’. Os jovens ‘revolucionários’ devem despertar e perceber que a luta dos avós e bisavós já acabou. Continuar o mesmo combate é sucumbir ao ‘fogo amigo’. Os cidadãos de hoje são aqueles que se fazem solidários e co-responsáveis pelo conforto da comunidade, seus direitos, seus patrimônios. O vândalo que destrói uma árvore ou escultura da via pública; aquele que rouba a grade da boca-de-lobo ou quebra uma luminária da avenida; quem danifica uma placa de sinalização; quem lambuza qualquer muro ou fachada sem permissão, esses idiotas não percebem que assim estragam o ambiente da sua própria família. Melhor fariam se quebrassem os seus próprios brinquedinhos durante os ímpetos de insensatez. Neoletria 36 O verdadeiro cidadão não é invejoso. Ele acredita que o melhor lugar do mundo é a sua própria casa e a cidade é uma extensão dela. Dentro da sua casa ele tem os objetos de estimação mantidos em seus lugares, mas a cidade também é rica de objetos, de ambientes, monumentos, pessoas, instalações comerciais; na cidade tem serviços públicos e privados, como a segurança, as vias e meios de transporte, educação, saúde, cultura, esportes, etc., que devem ser desenvolvidos, mantidos e preservados como recursos disponíveis para aqueles que se sentem dignos do uso regulado legalmente. ORIGEM DA BURGUESIA Os sucessivos impérios: Persa, Grego, Romano e Carolíngio promoveram desenvolvimento extraordinário na Europa e no Oriente Médio. A civilização atraiu os normandos do Norte, os muçulmanos do Sul e os húngaros do Leste. Eram migrações e invasões que se mostravam inquietantes e perturbadoras da estabilidade. Principalmente as invasões dos muçulmanos ofereciam ameaça aos cristãos, porque o Profeta havia instruído os ‘fiéis’ a matar os ‘infiéis’, como se esse crime fosse virtuoso e garantia de galardão. Carlos Magno foi rei da França de 771 a 814. Pela autoincumbência de conter a expansão do império muçulmano, e manter o cristianismo em grande parte do que fora o Império Romano Ocidental ele estendeu os seus domínios, transformando a Gália e a Germânia no Império Carolíngio. O Tratado de Verdun, em 843, celebrado entre os netos de Carlos Magno, dividiu o Império Carolíngio, ficando definidas aproximadamente as áreas compreendidas atualmente pela França, Alemanha e Áustria, Itália e Suíça. Esse tratado deu a partida para redivisões, culminando na ‘enfeudação’, que consistia no Neoletria 37 seguinte: o Rei se tornava suserano ao desmembrar o seu território e conceder cada parte ou ‘vila’ (comparável a uma capitania hereditária ou província) a um nobre vassalo, firmando contrato com direitos e deveres de ambas as partes. O nobre que recebia concessão direta do Rei tornava-se suserano dos seus próprios vassalos ou vilões e exercia poderes monárquicos e despóticos sobre os mesmos. Além da vassalagem, mantinha numerosa criadagem sob regime de escravidão. A Igreja, por ser grande proprietária também adotou o feudalismo e experimentou melhoria na administração dos seus territórios. A organização, a autoridade, a defesa, a tributação e o interesse do rei (“suserano dos suseranos”) se faziam presentes nos confins do reino. Os senhores feudais exerceram poderes absolutistas e abusivos sobre os seus vilões até o século XII, quando a burguesia, constituída pelos artífices e comerciantes originários de classes inferiores dos feudos, começou a se fortalecer. Os burgueses então adquiriram para si e qualquer vassalo e direito de comprar a alforria. Houve agremiações por ramo de atividade para melhor organizar os procedimentos e atitudes profissionais. Os burgueses enriqueciam e até se tornavam credores dos suseranos enquanto estes e suas cortes se excediam na opulência e no consumismo. A burguesia obteve apoio da Igreja ao exigir tratamento mais humano dos senhores das vilas feudais aos seus vilões. Aos poucos os burgueses foram se impondo e conquistando os direitos para si e suas cidades, até o fim do século XIV. Então começaram a florescer o comércio, a indústria, as universidades e o desenvolvimento nas cidades da burguesia, já independentes da Neoletria 38 nobreza feudal. Assim começou a decadência do feudalismo e a ascensão da realeza na governança federativa. A burguesia do século XV em diante fez-se mais e mais presente nas atividades econômicas. Disputou com a aristocracia as funções públicas nas cidades que iam surgindo e foi uma classe de pessoas influentes até o século XIX depois de terem substituído a aristocracia nas prerrogativas do poder, dando início à democracia e ao capitalismo durante a Revolução Industrial. ANARQUIA OU REPÚBLICA? Parece que os impérios e as grandes ideologias são ótimos durante a simplicidade e no viço do começo, mas quando estabelecidos, estabilizados e enriquecidos esquecem os bons costumes, o respeito, a solidariedade, os ideais e então se corrompem, apodrecem e caem. Durante a degradação é fácil haver um questionamento sobre a possibilidade de a ‘orquestra tocar sem a presença do maestro’, cada funcionário cumprindo as suas obrigações sem ter a quem prestar conta. A reação esperada em decorrência de governo corrupto e parasitário seria a organização dos ‘súditos’ em cooperativas tais que abrangessem até os serviços públicos, livres das ‘máquinas governamentais’, livres da opressão dos seus ‘marajás’ e das complicações burocráticas. A questão é essa: onde há povo há problemas de responsabilidade e de honestidade, com ou sem governo. Animais sociais vivem coletivamente, com morada fixa ou em bandos errantes ou de arribação, mantém-se agregados e coordenados por chefia. Algumas comunidades de insetos e até de animais silvestres de grande porte, sob regência dispõem de algum Neoletria 39 serviço especializado como sentinela, limpeza, defesa, colheita, armazenagem, cultivo, etc. A governabilidade é imprescindível em qualquer coletividade, mas na humanidade geralmente o poder tende a corromper os poderosos pelo abuso dos áulicos privilegiados sobre os contribuintes explorados. Por isso, é necessária vigilância constante para alertar sobre os desvios de conduta. Depois da aristocracia surgiu a burguesia. Como voltasse a injustiça social, entrou em cena a ideologia socialista, a qual redundou em nova forma de aristocracia burocrática, como a “Nomenklatura” dos países da Cortina de Ferro. Para sair do ‘círculo vicioso’, para evitar abuso de permanência como um usucapião existe agora a democracia republicana, em que os governos executivos e legislativos federal, estaduais e municipais são escolhidos por escrutínio, além de os indivíduos eleitos exercerem a incumbência por tempo limitado, permitindo reparações das escolhas equivocadas e das decepções causadas por antecessores e evitando a ‘apropriação indébita’ do patrimônio do Estado por algum eventual administrador. Como modo de escapar do parasitismo de uma ‘casta nobre’, de uma aristocracia pomposa e perdulária, com muitos privilégios e escassos méritos, nada melhor do que o sistema republicano de governo alternado e eleito democraticamente, porém o eleitorado deve ficar atento para reconhecer iscas e engodos que são jogados sem tréguas durante as campanhas eleitorais. Os eleitores devem evitar especialmente aqueles candidatos que já causaram decepções em mandatos anteriores, além do cuidado que devem ter ao escolher novatos. Para balizar a administração dos gastos públicos surgiu a Lei da Responsabilidade Fiscal que limita os endividamentos. Melhor será quando vigorar uma lei que proíba grandes projetos Neoletria 40 novos que ofereçam risco para a continuidade das obras de infraestrutura em andamento ou inacabadas que forem consideradas proveitosas. SUBTERFÚGIOS Centenas de anos já passaram desde quando os pobres de espírito e de bens percebiam a abertura para ascensão da plebe à classe burguesa, mas por falta de conhecimentos e iniciativa ficavam andando em círculos. Alguns se conformavam com o fatalismo ou esperança de ‘recompensa no paraíso’, mas outros não sabiam disfarçar a inveja dos afortunados. Inventavam motivos desabonadores para ofender os senhores; esforçavam-se em acreditar que haveria uma salvação só para os pobres, sem oportunidade para os ricos, e consolavam-se acreditando no sonho de que se ganhassem o céu, teriam tudo de graça e não precisariam de patrões. Entre os séculos IV e VIII o cristianismo preconizava a igualdade das pessoas perante Deus, não obstante a cor, o berço e a posse; bastava aderir, ser batizado e seguir uma cartilha de bons princípios. O governo imperial profano, já secularmente enriquecido pela exploração das colônias, tornara-se uma canga pesada demais sobre os súditos, principalmente os do ‘interior’ e os colonos das nações conquistadas pelo Império. O contraste entre a qualidade de vida daqueles que trabalhavam e a dos que gozavam era alarmante. Além disso, o caráter dos corruptos governantes era deplorável, mas incontestável porque o Poder Judiciário era prerrogativa do imperador devasso e seus bajuladores. Existia ‘no ar’ a forte expectativa de ‘um basta’. Quando o cristianismo, como também o budismo, se mostrou panaceia Neoletria 41 redentora dos males sociais; as adesões eram capazes de vencer grandes obstáculos. Alguns séculos depois, a Igreja conquistara os ‘corações’ dos povos e dos governos profanos. Logo ela prosperou e caiu na tentação dos luxos, transigências políticas e transações de indulgências. Isso criou condições para as discussões e críticas, a ponto de surgirem caminhos alternativos para o ‘Reino de Deus’; Apareceram igrejas contestadoras derivadas. Então a ‘igreja tradicional’ reagiu ferozmente. Do século XI ao XIII, a Igreja Cristã se colocou acima do bem e abaixo do mal; sem preparo tornou-se infalível justiceira. Acatava qualquer denúncia, torturava o herege até a satisfação da inquisição, matava a alma e entregava o corpo para que a ‘justiça profana’ acabasse com o resto. TEOCRACIA A religião era extremamente benéfica. Enquanto prosperava enchia de esperanças os pobres e ricos, brancos, pretos e médios que aceitassem o batismo. Predicava o amor fraterno como mola propulsora dos interesses, em oposição ao domínio pela opressão vigente nos sistemas imperiais. Quando a Igreja enriqueceu embarcou na aventura das cruzadas. Rejubilada pela experiência do poder profano e pela aventura da guerra, submeteu os imperadores ocidentais à sua autoridade, tornou-se intransigente e perseguidora das pessoas que discutissem a sua ideologia, exercendo um poder mundano pelo intento de obrigar a fidelização do rebanho; a sua teocracia revelou-se terrível. Como reação alguns religiosos fundaram ordens dedicadas à pobreza, outros instituíram dissidências, cismas e até tentativas de reforma. Os motivos de polêmica e reprovação criaram condições para a disseminação de diversas Neoletria 42 igrejas cristãs protestantes. Muito depois a Igreja Romana resolveu se corrigir e procurar a verdadeira senda, mas ficou um pouco reduzida e desautorizada. Originalmente a religião cristã tinha a seu favor uma revolucionária maneira de conquistar adeptos, em vez de encurralar, fechar as saídas e domar pelo medo dos castigos; em vez de conquistar pela guerra e submeter à escravidão como fizeram alguns conquistadores em quase todas as eras, o cristianismo apresentava a opção do amor divino, da humildade e do perdão das ofensas passadas para quem quisesse aderir. Em condições normais nem todas aquelas asserções seriam condizentes com a natureza humana e suas necessidades evolutivas, mas diante da vida desregrada do governo imperial, da nobreza e do feudalismo, o cristianismo era lindo. Quando a Igreja se tornou latifundiária e suserana, quando monopolizou os poderes eclesiástico e laico, os representantes de Cristo sonegaram o amor ao próximo. Bastava uma simples denúncia, não importando os verdadeiros motivos, o infeliz era excomungado e entregue aos algozes. Os ‘castigos’ eram simples; sem preocupação com culpabilidade; o herege era empurrado para o fogo ou para o precipício; se fosse inocente, seria salvo por anjos. Se morresse, estaria confirmada a veracidade acusatória. Ninguém ousava discutir as ‘infalibilidades’. CONFORMISMO Existia na nossa sociedade, o que eu considero um desvio de padrão, uma comiseração distorcida. Alguns sectários cultivavam uma louvação à ingenuidade, aos pobres de espírito, aos fracos e oprimidos, ao inverso da excelência. Possivelmente essa atitude tenha alimentado a aversão pelas elites. Na antiguidade essas posições cristãs eram louváveis como Neoletria 43 argumento razoável para defender os explorados de seus algozes. Entretanto a crueldade continuou por parte dos exploradores e os oprimidos se acostumaram com a ideia de que assim viviam em virtude. Em vez de adotar caridade e solidariedade por piedade fraternal, alguns sectários enxergavam a pobreza, o desapego dos bens materiais (cujo apego em excesso é ruinoso), a falta de expectativa e o martírio como virtudes invejáveis; como se o sofrimento fosse o preço cobrado pela passagem de ida para o paraíso celestial. Não percebiam que essa submissão dos servos só interessava aos senhores (como depois ficou evidente no tempo da Revolução Industrial), para que os trabalhadores permanecessem desinteressados, rendessem muito e exigissem nada. Submissos e desapegados seriam facilmente explorados como semiescravos, enquanto a “mais-valia” ficava quase toda com os patrões. Suponho que amansar pessoas é tática política adotada desde os primeiros impérios e não tinha por objetivo evitar o crime ou a guerra; os ‘senhores’ amansavam os ‘dependentes’ para que humildemente aceitassem os ‘grilhões’ em paz. ‘De lambujem’ os lacaios mantidos na inferioridade do capachismo não apresentavam ameaça às ‘majestosas vaidades’. As ‘divinas majestades’ cumpriram importante papel na consolidação do multimilenar Império Egípcio desde quatro mil e novecentos anos. Foi assim que a civilização teve início. Muitas guerras da antiguidade, antes de existir democracia de fato, eram perpetradas com o objetivo principal de angariar escravos. Quando acabava o conflito, em vez dos tratados de paz com cláusulas de comércio e respeito aos limites territoriais, apenas anexavam o território e escravizavam os vencidos, sobre os quais exerciam ‘direitos’ de exploração ilimitada. Neoletria 44 A meu ver, nos tempos da monarquia, os nobres exigiam a reverência dos vassalos como prerrogativa para manter as distâncias, afastar as reivindicações e impossibilitar as audácias. A arrogância era tanta que um subalterno evitava olhar direto para o ‘superior’, devia manter o olhar baixo. Acredito que as religiões surgiram nesse tipo de ocasião em que os vassalos deviam adorar os poderosos, porque eles tinham o chicote à vista, ou condenação rápida. Se fosse fraco o motivo para adorar paroxisticamente o tirano, então o respeito e o temor a um Ser Supremo seriam fortes o suficiente para exemplificar e garantir a reverência. INGENUIDADE “Errar é humano”. Tanto é assim que não existe pessoa completamente livre de algum equívoco. Grande parte das opiniões e das ações erradas ou imperfeitas é praticada sem malícia, por simplicidade, por engano. Isso não merece punição e nem é ridículo. Eu também tento evitar descuidos, mas descubro frequentemente as minhas ilusões. Em vez de punição para esse tipo de erro, é preferível prêmio aos arroubos de sensatez. Erro delituoso é aquele cometido de propósito. Burrice delituosa é perceber que agiu erroneamente, e continuar incorreto para “não dar o braço a torcer”. Existiam ideias oriundas de ciências, porém mal entendidas. Refutáveis convicções que se deturpavam ao sabor de conveniências escusas. Muitos jovens mal avisados ‘caiam’ nessas conversas e ficavam seduzidos pela suposição de participar de algo importante. De tanto ouvir balelas quando crianças, os jovens queriam reivindicar ou exigir as utopias - cito como exemplos o anarquismo, o direito à igualdade absoluta e a revogação do Neoletria 45 direito de propriedade - prometidas pelos demagogos que ainda não haviam despertado para a realidade. Alguns ‘heróis equivocados’ apenas se tornavam quadrilheiros de saques, invasões e depredações em movimentos e manifestações de interesses adversos ao Brasil. Até algumas forças políticas atuantes pareciam ingenuamente engajadas nessas quimeras. Possivelmente existia um entusiasmo por rebeldia, pela audácia doentia, admiração por guerrilheiros, supostos heróis pela ótica de alguns adolescentes e adultos singelos. Talvez fosse um romantismo desenvolvido nas histórias em quadrinhos, no cangaço ou na mal contada revolução russa de 1917; talvez fosse uma romantização dos ‘causos’ da revolução cubana de 1959 quando o carrasco foi santificado, ou da reação à ‘revolução’ de 1964 no Brasil, quando a ideia de ‘bom combate’ confundia práticas criminosas com oposição democrática, porquanto os ‘heróis de araque’ assaltavam e depredavam o verdadeiro Brasil supondo estar na luta contra a ditadura militar. Em lugar de defender a ‘sociedade oprimida’, alguns dos hipotéticos mercenários chafurdavam-se no banditismo. Suponho que algo ainda existente na ideologia do ‘crime organizado’ seja motivado como desforra pela vaidade frustrada daqueles que idolatravam os ‘próceres’ da subversão dos ‘anos 60’, como heróis quixotescos, já que brandiam suas armas contra a brasilidade imaginando lutar contra um estado de coisas. A chamada redemocratização, depois do governo militar aconteceu quase espontaneamente, sem covardia nem massacre, frustrando expectativas daqueles que sentiam atração depravada pelo genocídio, pela guerra como esporte. Essas ‘águas’ já passaram, mas tem gente que não percebeu e continua boiando, carregado pela ingenuidade. Neoletria 46 II – LIÇÕES DO PASSADO DESENVOLVIMENTISMO AGUERRIDO Corriam os séculos e a humanidade seguia impassível em sua linha de vivência com raras modificações. Quando parecia ser uma perenidade, acontecia uma súbita e surpreendente alteração ou descoberta no meio de uma comunidade. Era o início das grandes transformações que em poucas décadas rompiam a casca da barbaria para desabrochar a civilização. Existem povos que vivem constantemente interessados em melhorar as coisas com que se ocupam, em ser úteis, trabalhar em algo produtivo, fazer provisões, calcular consequências. Outros povos não levam nada a sério, não se abalam, nem se tocam pelos acontecimentos. Seu destino quem decide é a “enchente que os carrega”. Provavelmente algumas etnias ficaram marcadas geneticamente pelo fervor desesperado de encontrar soluções ou salvação durante graves crises. Desde a época do paleolítico superior; durante bruscas mudanças de clima e de cardápio, em tempos de calamidades por acumulações e derretimentos nas geleiras, quando os grupos humanos eram obrigados a acompanhar de espreita os bandos de animais (a caça) em suas longas migrações. Então alguns grupos tribais da Escandinávia Neoletria 47 perambulavam até a Sibéria e siberianos peregrinavam até a Escandinávia. Há pelo menos dois mil anos a.C. os nórdicos europeus encontravam-se com os asiáticos, ensejando o confronto e discussão entre duas civilizações diferentes no modo de ver e de viver. Os ocidentais práticos e objetivos; os orientais com entendimento mais abstrato e místico. Do cotejo resultava um novo descortino. Quando corria o quarto século antes de Cristo, Alexandre III conquistou o mundo oriental. A sua intenção era de unificar os povos como uma grande Grécia e assim expandir a cultura grega. No século seguinte começou a expansão romana. Então os patrícios gozavam de privilégios aristocráticos e eram representados no Senado romano. Diferentemente da expansão grega, a romana tinha o objetivo de angariar escravos e subjugar contribuintes para garantir o luxo dos patrícios; tanto é que Roma aboliu os impostos dos seus cidadãos, enquanto transbordavam os chegados das ‘colônias’. No século II a.C. havia dezessete milhões de habitantes na península itálica; doze milhões eram escravos. A ética cristã ainda não existia. Mais ou menos aculturadas e acostumadas a produzir acima das necessidades básicas, as populações dos longínquos países avassalados, daquelas províncias esbulhadas durante séculos pelo Império, depois de conquistarem a independência e se estruturarem como nações democráticas, vieram a constituir os países mais prósperos da atualidade. As nações paupérrimas são comunidades formadas por grupos tribais quase incomunicáveis; por isso permanecem estagnadas; a sua produtividade é tão baixa que os mantém ocupados apenas na subsistência. Os países ricos têm Neoletria 48 produtividade alavancada por instrumentos e tecnologia; por isso, um pequeno esforço faz muita diferença. Para muitas pessoas o “dinheiro na mão é vendaval, é confusão”; para elas não existe a perspectiva de futuro, não existe gasto em investimento, e o consumo só é limitado pelo “dinheiro na mão” ou no crédito. Alegam motivos, inventam desculpas, exigem respeito e avocam direitos. São diferentes, mas indiscrimináveis. Gente assim prolifera nos países paupérrimos, talvez por falta de boas orientações e oportunidades, talvez reféns da insensatez. Quando não temos recursos, qualquer necessidadezinha causa tormento consumista. Quando o recurso existe, a pequena necessidade é tolerada por força de uma ideia assim: “não compro porque não quero, prefiro manter a poupança”. Em nações capitalistas de alta escolaridade, praticamente não existem perdulários. Até os proletários são poupadores e investidores. A riqueza ou pobreza nacional é consequência mais ou menos da aplicação da poupança ou repercussão do desperdício, tanto da parte do governo como dos governados. Existem nações onde o povo é basicamente constituído de perdulários que não se preocupam com aprovisionamento. ‘Só querem, e só pensam’ em consumir. As ‘bolhas’ de crise financeira são formadas quando a maioria consome mais do que produz e inventa valorizações inconsistentes para compensar. A RIQUEZA DA EDUCAÇÃO Procurando entender motivos ou causas das grandes diferenças entre os cento e noventa e três países do nosso planeta, dividi todos em cinco classes em função da grandeza populacional, pela ordem crescente. Cada classe ficou com trinta e Neoletria 49 nove membros, com exceção da última (dos enormes), composta de trinta e sete. Assim os países foram classificados em grupos de minúsculos, pequenos, médios, grandes e enormes. A seguir os países de cada uma das cinco classes foram arranjados segundo a “renda per capita” anual, em ordem decrescente. Cada classe (de 39 ou 37 países) foi dividida em três categorias, ou seja, ricos, pobres e paupérrimos. Calculei os índices médios de analfabetismo. A classe (grandeza populacional) mais bem situada é a dos países minúsculos, com 12,5 pontos; a segunda colocada é a dos enormes, com 19,0; a terceira é dos pequenos, com 21,0; a quarta é a dos médios com 23,3 pontos. Por classe, o pior percentual de analfabetos é o dos países grandes, com 27,2 pontos. Com outras questões as classificações e os cálculos poderiam ser diferentes, mas o escopo deste estudo é sobre as grandezas: econômica, cultural e populacional em suas recíprocas influências. Não foi necessário expurgar os extremos de analfabetismo das planilhas. Por categoria, a menor porcentagem de analfabetos foi encontrado entre os países ricos da classe dos enormes: 3,16 pontos, e cuja média de renda é 17.869 (dólares/ano/habitante); as maiores porcentagens de analfabetos são encontradas na categoria dos paupérrimos da classe dos países grandes, 52,96 pontos e média de renda 825 (US$/a/h). Em todas as cinco classes de países, as porcentagens de analfabetos são minúsculas entre os ricos e enormes entre os paupérrimos. Está parecendo que a uma alta renda corresponde menor analfabetismo, ou que população de menor escolaridade terá fatalmente menor produção, mas existem outros fatores que determinam o marasmo ou a prosperidade, e ocasionam exceções. Comumente os países mais ricos: são os que têm liberdade Neoletria 50 religiosa; herdeiros das grandes civilizações que desenvolveram boa linguagem escrita e as tecnologias; as nações ricas possuem estrutura de governo democrático, povo motivado com boa qualidade de vida e confiança em melhor destino. Os países que apresentam alta renda concomitantemente com grande porcentagem de analfabetos, são exceções. Nesses casos existe motivo especial para a riqueza, alguma extração mineral como fator mais expressivo do PIB, o que de per si, não contemplaria as necessidades públicas, principalmente sendo a lavra concedida para empresa multinacional, como na extração de petróleo. País ‘rico’, população pobre. As nações pobres ou paupérrimas que quase não possuem analfabetos são vítimas de governo totalitário limitante das liberdades e do interesse popular pela criatividade, não obstante a frequência escolar ser obrigatória. Não basta saber, é necessário querer. A baixa porcentagem de analfabetos de uma população qualquer não é indício seguro do grau de desenvolvimento, sabedoria, tecnologia ou tirocínio. Existem países onde a educação está impregnada de doutrinas que carecem de reforma. Os encargos de professores podem estar sendo exercidos por doutrinadores de ‘vãs filosofias’. Existe um país em que muitos candidatos aos cargos de professor da rede pública, reprovados com nota zero na prova de seleção, podem ser admitidos a esse ‘serviço público’. Certamente os seus alunos seguirão pelos mesmos critérios falaciosos até a graduação, mesmo porque o princípio das cotas desbancou o da competência. “Escolas são aparelhos do Estado, e ideologia por ideologia... Defendo a educação, não a escolarização”. - Modesta Neoletria 51 Trindade Theodoro (Belo Horizonte - MG) – FOLHA DE S.PAULO\ Opinião\Painel do Leitor, 08-03-2009. Nos países adiantados econômica e culturalmente, multidões no trajeto de casa para o serviço ou de volta, ocupam os transportes coletivos e aproveitam esse tempo na prática da leitura. AS ELITES Provavelmente a abjeção pela riqueza tenha repercutido em subdesenvolvimento na maior parte do período medieval. Depois da Idade Média o preconceito dedicado aos ricos e às elites parece ter criado uma cultura de aversão á prosperidade, desdém pela excelência e desrespeito pela autoridade. O esquerdismo brasileiro do século XX foi doutrinado com promessas da tal revolução do confisco e redistribuição. Como aconteceu nos países comunistas, o governo seria dono de tudo e distribuiria racionadamente para a população pobre; o governo seria o único patrão em nome do povo. Parecia que o paraíso seria ‘novamente’ implantado aqui. Logo o proletariado se sentiu herdeiro do ‘reino celeste’ e passou a ver ‘as elites’ (também ‘rotuladas’ de burguesia), não como a classe benemérita que ‘cederia’ os seus bens aos ‘herdeiros’, mas com discriminação porque a classe ‘virtuosa’ deveria ser a mais humilde. Então pareceria correto odiar os fazendeiros e os empresários porque assim poderiam ser ‘legitimamente’ roubados. Isso faria ‘bem’ aos buchos dos predadores. Como se os ‘menos favorecidos’ não estivessem usurpando, mas simplesmente retomando ou recebendo por devolução. Um direito virado ao avesso. As pessoas mal informadas presumiam que as elites fossem constituídas de indivíduos que tivessem o complexo de Neoletria 52 superioridade exacerbado e que isso os levasse a sacrificar a ética e os escrúpulos; os mal informados julgavam como sendo elitistas aqueles egoístas e criminosos que não medissem ‘espertezas’ para trair quem agia de boa fé; supunham como elites, pessoas que caprichavam em inventar e demandar vantagens e privilégios imerecidos, os ‘tipos’ que andavam no encalço do enriquecimento por meio do crime para depois esnobar. É conjeturável toda esta minha suspeita sobre as pessoas mal informadas pelo modo como elas colocaram pejorativamente as elites em substituição à burguesia no alvo do ódio irradiado das pessoas equivocadas... Pensando bem a própria burguesia na posição de infâmia foi uma malvadeza do marxismo, para conseguir a tal luta de classes dos séculos XIX e XX, mas talvez temendo a pouca eficácia de convencimento, estenderam a sanha pejorativa às elites. Até onde eu posso entender, elite é elite, bandido é bandido; a confusão entre essas classes envenena a cultura. Seja qual for o montante do tesouro de procedência ilícita, nunca essa riqueza autorizaria prerrogativa de escol a quem quer que a possua, nem o “amigo do rei” ou do ‘governador’ da Rocinha, nem o invasor do latifúndio. O tesouro ilícito e o dinheiro lavado têm peso negativo no valor de uma nação. Portanto o grau de elitismo não é proporcional à fortuna acumulada por alguém, quaisquer que sejam as suas relações de apadrinhamento. Mas é idiotice arrolar toda a riqueza nacional como ‘raiz de todos os males’. O dinheiro só é mau quando produto de fraude e, ou quando é mal gasto. Neoletria 53 O FRUTO DO MOTE A meu ver a verdadeira elite é a parcela das pessoas de qualquer classe social ou econômica que produz algo de melhor em qualquer atividade, causando auto-estima na comunidade e o orgulho da nação, uma espécie de heroísmo alcançado com esforço, disciplina e altruísmo. Esta é a elite que eu defendo. Foi muito infeliz a invenção do demagogo que condenou as elites enquanto bajulava os eleitores mais humildes. As pessoas que ele devia condenar poderiam responder por outros epítetos como biltre, intrujão, colarinho sujo, predador da economia popular, pelintra, sórdido, sorrelfa, vigarista, voraz, parasita, sanguessuga, mensaleiro, traíra, etc., mas nunca elite. Outro mote infeliz a ponto de prejudicar a pregação marxista era o da demonização da ‘classe dominante’ enfatizada como alvo dos ódios mesquinhos. O efeito desse mote foi promover a confusão entre classe média do século XX e a burguesia dos séculos XII a XIX, essa sim, uma classe que depois de prestar relevantes serviços à civilização, na defesa dos direitos dos vassalos ante a opressão exercida pelos suseranos, exagerou na exploração dos operários da Revolução Industrial. Explorou e humilhou o proletariado, mesmo porque naquele tempo a escravidão ainda era ‘politicamente correta’, o rei era quase deus e os nobres eram os seus apadrinhados, enquanto a vassalagem era forçada à adoração e tratada como se fosse de animais domésticos. O trabalho era evitado pelos nobres e esnobes, e por isso considerado uma indignidade. Daquela fantasia, de conceber a hierarquia da organização empresarial como herdeira da dívida social contraída pela ‘execrável’ classe dominante medieval, daquela fantasia derivava a descambação para anarquia, indisciplina, desorganização e ruína. Neoletria 54 O interesse em promover o ódio dos operários pela classe média fintava-se no intuito de manter em atividade a ‘luta de classes’ preconizada pelos marxistas. Se isso fosse um bem para o Brasil, pelo menos “os fins justificariam os meios” com a intenção de transformar o nosso país numa ‘ditadura da pobreza’, mas o desfecho seria fácil adivinhar, comparando o que se poderia esperar da Cuba de Fulgêncio Batista com o que resta por trás da cortina de Fidel, algo assim. O PAÍS A democracia que temos, por enquanto está longe de ser satisfatória, mas é a que podemos ter. Sou democrata convicto, e torci pelo fim da ditadura, mas nunca deixei de considerar o militarismo como mantenedor da segurança nacional nas relações exteriores; guardador da soberania e integridade dos símbolos nacionais e da Constituição Federal. O nosso militarismo é uma respeitável força dissuasória das ousadias de quem inveja a grandeza e cobiça as riquezas brasileiras. Desde 1889 que este país nunca deixou de ser o Brasil. Já passou pela Monarquia, pela República Velha, pelo Estado Novo da Ditadura Vargas, pela República Nova, pela Ditadura Militar, pelo bipartidarismo e agora é uma república de multipartidarismo onde se alternam livremente os esquerdistas e os opositores, que se acham de esquerda também, pois não são aristocratas. Ainda é o país do futuro, ainda não é o país dos meus sonhos, mas eu sempre amei o Brasil. A julgar pelas manifestações, creio que continuam existindo grupos ‘revolucionários’ ou reacionários que desejam destruir este país como se não fosse o nosso Brasil, como se eles Neoletria 55 não se incluíssem na multidão de brasileiros. Muitos desses desnaturados prosseguem supondo serem idealistas, no entanto são apenas terroristas, baderneiros, desclassificados. A julgar pelos seus atos, os seus chefes são manobrados por ‘controle remoto’, de longe da pátria. O esquerdismo poderia ser ótimo se fosse reciclado, se fosse revisado e reprogramado. O mesmo deveria acontecer ao direitismo radical. Esta democracia para ser boa deve sofrer muita reforma: reprimindo o clientelismo e peneirando institucionalmente os candidatos a cargos eletivos. Enquanto verdadeiros criminosos conseguem protelar os seus processos até a prescrição, seria melhor se ficassem fora das disputas eleitorais sob o pretexto da ficha suja. É necessário levar a sério a incriminação da compra de votos. As pessoas que compram votos e os que se vendem são traidores da democracia. Um traidor no poder não merece confiança, porque não vacilará ante a tentação de cometer outros crimes. Benemerências e caridades são ações que dignificam as pessoas altruístas, mas quando fica clara a intenção de tirar proveito eleitoral com demagogia, a justiça eleitoral deve dispor de instrumentos legais para impedir. De repente um vereador poderia instituir uma ‘ong de benemerência’ e extorquir o erário em proveito da sua própria perpetuação ‘nas tetas da Barrosa’. ARRANJO NAS INSTITUIÇÕES As empresas privadas, ou pessoas físicas, não devem assumir serviços públicos por conta própria, competindo com os órgãos competentes. Caso contrário, logo as ‘oposições’ se imaginarão no direito de desfazer as obras públicas da ‘situação’ Neoletria 56 para depois acusa-la de não ter construído como se fosse por falta de iniciativa. Se o governo se exime ou se é inábil, convém admoestá-lo e incentivá-lo, ou esperar as próximas eleições para as mudanças. Em vez de destruir tudo o que achamos errado, podemos e devemos consertar aquilo que estiver ao nosso alcance, mas sem prejudicar o patrimônio público nem fazer concorrência com o serviço social investido oficialmente. Se o governo melhorasse os estímulos, os incentivos e os fomentos e ‘enxugasse’ os desperdícios do Estado, simplificando a burocracia, com transparência e fiscalização acompanhada em livre acesso; se a Justiça desencorajasse os corruptos punindo as ações de corrupção de qualquer autoria, então sobrariam recursos para reduzir impostos e investir mais na infra-estrutura. O crescimento econômico alcançaria os excluídos com dignidade. O bom governo esquerdista não deve sonhar que é um Robin Hood vitorioso para governar ‘a seu modo’, elevando os impostos até açambarcar toda a mais-valia, a fim de sustentar a população ‘carente’, transformando o trabalhador em dependente indigente. Sem trabalho não há produção. No tempo dos patrícios romanos a escravatura e o desfrute do erário sem necessidade da contribuição causaram a decadência do Império. Carece de saber fazer quem quiser saber mandar. É ilegítimo e contraproducente conceder o privilégio a um grupo de ser sustentado por outro. Todos nós que somos brasileiros ‘de verdade’ queremos uma boa nação, mas para isso devemos ter esperança na consolidação deste país do futuro, porque chegaremos nesse futuro depois que as novas gerações entenderem o seguinte: - o legítimo ‘jeitinho’ é a brasilidade solidária em que todos tenham o que oferecer e ninguém a esmolar; quando os ‘otários’ e os honestos se unirem contra os predadores da sociedade; quando Neoletria 57 acabar a confusão entre cidadania e ‘burguesia’; quando adquirirmos paciência, responsabilidade e solidariedade na tentativa de encorajar a população a assumir os direitos e cumprir com satisfação os deveres, a ocupar alegremente as suas funções, então o sonho se tornará realidade. O futuro tão esperado será atualidade. RELIGIÃO A religião cristã já nasceu diferente porque desde o início vigorou a ideia da salvação e resgate dos pecadores pelo arrependimento e abandono dos maus hábitos, um fator evolutivo. Contudo o cristianismo pode ser mal entendido e mal aplicado se houver perdão indiscriminado. Homem é incompetente para decidir quem pode ser dispensado de um justo corretivo, mesmo os que juram que ouvem a voz de Deus. Por via das dúvidas a pena deve ser aplicada sempre que houver delito, principalmente quando intencional. Não tanto para salvar a alma de quem talvez já não a merece, mas para garantia de segurança social e para que o mal tenha consequência adversa para dissuasão da maldade. Uma atitude de preferência pela humildade e mansidão, uma predileção pelos negligentes em detrimento dos esforçados é incompatível com a evolução que resulta da seleção natural e da adaptação ao meio ambiente como lei do aprimoramento das espécies em conformidade com as condições de sobrevivência; lei da ação e reação ou expectativa da consequência lógica, da colheita do respectivo plantio. O problema não é com a mansidão e humildade que estão na ‘banda boa’, a questão é a possibilidade de incorrer em fraqueza de propósitos, a pusilanimidade que tende a acompanhar na ‘banda podre’. Talvez eu é que não compreendi a capacidade, que na antiguidade os explorados tiveram, de adaptação às circunstâncias Neoletria 58 incontornáveis como condição para permanecerem existindo, mas como agora, durante a democracia republicana com os poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário, o ambiente já não é o mesmo, não vejo motivo para que nós os descendentes dos vassalos continuemos sem ambição e sem adaptação, mas com a farsa da adoração de um lado e da arrogância do outro; com os falsos líderes querendo subjugar os ‘liderados’ em vez de conseguir a parceria e a legítima delegação, conseguir o entusiasmo e a prosperidade dos ‘fracos e oprimidos’. Em longo prazo a natureza se encarrega da escolha entre o que preservar ou descartar, o que perdoar ou condenar, o que desanimar ou amparar e incentivar, inclusive no âmbito da espécie humana, porque afinal nós também somos naturais. Depois de descontados os deveres familiares, a caridade é louvável, mas sem bajulação, sem demagogia hipócrita. Sobretudo os desvalidos não devem confundir socorro emergencial com dependência, nem caridade com amizade ou aprovação. Ao fracassado primeiro o socorro, entretanto antes de ajudá-lo a erguer-se é preciso que ele queira se levantar, ele deve descobrir que, ao contrário da cobiça gananciosa, a ambição não é pecado. O bom altruísmo não é repartir tudo com quem nada tem, mas sim instruir e encorajar para que todos tenham o que for necessário. O objetivo da caridade não é cativar a submissão dos necessitados e nem a compra de amizade fingida. A melhor caridade procura auxiliar o dependente a se independer. Neoletria 59 O GRANDE GEÔMETRA Percebemos vestígios do Ser Supremo ao saber que o terceiro planeta do sistema solar é um globo cujas condições de clima, gravidade e composição química são favoráveis à vida; cujo diâmetro equatorial mede 12.756 km e o diâmetro polar 12.713 km. Entre os paralelos trinta graus, Norte e Sul o diâmetro inclinado mede 12.720 km (e 196 m). A Pirâmide de Keóps (Khufu) foi edificada sobre o paralelo 30 graus N em Gizeh, onde o diâmetro terrestre expressa o mesmo número da raiz quadrada de Phi (a única diferença está na posição da vírgula, mas se a grandeza é expressa em metros, quilômetros ou se chega na dezena de milhares de quilômetros, o efeito ressonância é o mesmo). A Grande Pirâmide apresenta quatro faces triangulares, o ápice no alto é ponto de convergência comum às faces, base quadrada e alinhada em coincidência com o meridiano. Antes de ser vandalizada, cada triângulo facial media 232,297 m de base e 187,932 m de apótema (distância entre o vértice superior e o centro da base do triângulo facial). A divisão do apótema da face triangular pela altura da pirâmide, que é 147,743 m resulta 1,2720196. O quadrado deste número é o famoso Phi, ou seja, 1,6180339..., Número de ouro das proporções encontrado pela Série Fibonacci, bem como pela raiz quadrada de 5, mais 1 (somado com a referida raiz), dividindo o resultado por 2. A metade de 1,2720196 m é 0,6360098 m que é o comprimento do côvado piramidal, o qual multiplicado pelo número de dias do ano (365,2424) resulta em 232,297 m, ou seja, o lado da base da Pirâmide. Neoletria 60 É notável que 0,6360098 m é medida ressonante com a energia terrestre porque se o globo terrestre fosse uma esfera, provavelmente o raio seria 6.360.098 m. A meu ver a Terra e a Grande Pirâmide são obras projetadas sob o mesmo raciocínio. Estes dados eu divulgo para que não se duvide da existência do Criador. Sabendo-se que a Terra existe há bilhões de anos, não seria necessário duvidar da eternidade do Grande Geômetra. Quanto às religiões, devo respeitar a todas, enquanto não souber qual é a verdadeira. Neoletria 61 III – GRANDES EQUÍVOCOS DAVA VONTADE DE SOCORRER Os grandes equívocos do cotidiano atestavam a exiguidade da ‘inteligência nacional’. Fica um tanto chocante generalizar essa exiguidade, mas torna-se necessário entender que será pela compostura, pela conduta, e por seus efeitos, seus resultados que posso avaliar a inteligência social. Em cérebro desorganizado alguns neurônios sadios ajudam e outros descartáveis estorvam o ente humano. Mesmo em país medíocre existe ciência, arte, religião, escolas, segurança, comércio, indústria, transportes, comunicações, além disso, são encontrados os cidadãos leais, os heróis, mas também os canalhas traidores, os mesquinhos vigaristas, punguistas, assaltantes; em compensação encontram-se humanos caridosos, generosos e compadecidos. Existem loucos que são consumidores de droga, incapazes de perceber a diferença entre caridade e violência. Em país medíocre tem filósofos e ignaros; apáticos, entusiastas e até fanáticos, em questões, ações, manifestações e movimentos mal compreendidos. É terrível a situação quando a ralé toma conta do poder. Neoletria 62 Uma nação pode ter inteligência social desenvolvida ou atrasada em função da dosagem dos seus agentes influenciadores na qualidade da ‘massa’. - Um exemplo gritante de descalabro era a comercialização do álcool combustível brasileiro. O canavial, a usina e a destilaria produziam o combustível pronto para consumo em determinada região onde o preço na bomba incluía frete de três mil quilômetros, como se fosse necessário ou burocraticamente obrigado a fazer esse passeio de ida e volta até a base distribuidora de Paulínia – SP, antes da colocação do combustível nos postos de abastecimento da região produtora e consumidora. - Era previsível o perigo de a febre aftosa acometer o rebanho bovino e o consequente prejuízo de bilhões para a nossa macroeconomia, desde que começou a contingência das despesas necessárias, pela intenção de fazer sobrar dinheiro no erário. A exiguidade do dispêndio da fiscalização sanitária brasileira nunca deveria ter chegado ao faz-de-conta que chegou; deveria ser equivalente à européia: sem tréguas. Na época o governo fazia cortes nas despesas orçamentárias para suprir um fundo de contenção da dívida externa e incrementar o ‘fome zero’. A aftosa teria sido evitada se os cortes fossem um pouquinho menos profundos nas despesas essenciais, mas o serviço que já não ia bem por falta de recursos ficava inviável pela nova redução. Talvez os programas de menor fachada ou maior pusilanimidade aceitassem os cortes fatais nas verbas, perpetrados pelo Ministério da Fazenda ou do Planejamento, sem chiar. Aqui temos duas hipóteses assombrosas: a) os funcionários subalternos são relapsos e não questionam ordens idiotas porque são estúpidos; b) no serviço público ainda existem barreiras de vaidades intransponíveis que proíbem qualquer palpite de baixo para cima na escala hierárquica. Neoletria 63 - Outro exemplo de gerência esdrúxula seria a do congelamento dos proventos dos médicos que atendiam pelo sistema brasileiro de saúde pública. Num primeiro momento parecia boa medida econômica, mas graças ao desestímulo remuneratório, o atendimento foi se degradando; esperas mensais, filas madrugadoras, rapidez nas entrevistas médicas, etc. Quem inventou o congelamento não estava mais ali para os ajustamentos; quem estava não se sentia autorizado a remendar o furo. Seriam muitos exemplos, mas o que importa é evidenciar a necessidade de um tratamento científico nos parâmetros e suportes da intelectualidade pública. PERCEPÇÃO EMBRUTECIDA As barbaridades podiam se tornar artigo de consumo, mas se escandalizassem talvez fossem barradas pelo rumor do povo. As extravagâncias podiam começar singelamente como atitudes inofensivas ou engraçadas e se tornarem habituais, então a sua prática podia ser incrementada e seguia sem contestação até ser aceita deixando de escandalizar. Fatos absurdos aconteciam na frente dos nossos olhos, mas tudo parecia normal. O sentimento que os desatinos políticos e administrativos nos causavam era uma vontade de socorrer oferecendo arrazoamentos, sugestões e exercícios intelectuais que desenvolvessem a inteligência e aprimorassem a ética popular para promover a qualidade da nossa democracia. Não era orgulho elitista de quem se sente superior, era vergonha e culpa por ver o estado calamitoso do seu meio social. Se a população ganhasse racionalidade poderíamos evitar grandes desatinos e desperdícios. Entretanto apenas alguns aficionados da leitura percebiam as nossas inquietações. Era preciso alertar a sociedade brasileira. Neoletria 64 Os abusos e estroinices cometidos de propósito para beneficiar algum agente do serviço público de qualquer escalão, e que não se enquadravam no rol das inaptidões, incapacidades ou desatinos, certamente eram dolosos e deviam ser combatidos criminalmente. Mas se a sociedade conhecia as extravagâncias e as aceitava, dava lamentável demonstração de tolerância para com as aberrações ou pelo menos carência de bom senso e ausência de ética. Democracia casca-grossa. O escrutínio soberano sempre deverá ser respeitado, mas podemos melhorar a democracia começando pela qualidade da educação e terminando pela incrementação da cultura. A qualidade de uma democracia depende da sabedoria popular. É pelas manifestações da intelectualidade humana que se infere a sua potencialidade; pelos frutos se conhece a árvore. O ato de se expressar é exercício intelectual e, dependendo de atitude conveniente, desenvolve os padrões e as matrizes do pensamento, mas isso funciona dentro dos limites impostos pela ‘configuração’ dos meios ou recursos intelectuais disponíveis e empregados. O principal meio de exercício intelectual é a linguagem nos seus modos de expressão. Para que a humanidade se mantenha no caminho da evolução mental é indispensável começar pelo aperfeiçoamento dos meios empregados na expressão da linguagem. CULTURA DESORIENTADA Parecia uma fatalidade que o Brasil fosse por tanto tempo um país atrasado do ‘terceiro mundo’, considerando que tínhamos as melhores condições físicas para a prosperidade, porém agora Neoletria 65 sabemos que essa situação não era gratuita, ela tinha os seus motivos. As nossas multidões não se empolgavam com as ciências, com a tecnologia e com as artes, mas apenas com uma modalidade de esporte e com as chanchadas, ficando a apreciação das artes e das ciências apenas para uma elite incipiente, ignominiada e tachada de esnobe. Enquanto no Brasil de outrora apenas as trivialidades tinham vez, outros povos que hoje estão mais desenvolvidos, já faziam melhor escolha das suas expectativas desde então; eles envaideciam-se pela excelência de suas universidades, seus pesquisadores, seus verdadeiros artistas. Os povos progressistas procuravam melhor conhecimento das suas próprias qualidades como motivo de auto-afirmação; não acreditavam que o orgulho fosse pecado e não tinham ‘medo de serem felizes’. Em vez de cair na deprimente inveja, ‘iam à luta’ e conquistavam lugar de honra pela excelência dos seus desempenhos. No Brasil do século XX o esquerdismo foi fortemente doutrinado pelo sonho ‘celestial’ da igualdade social, da desapropriação e distribuição das riquezas, culminando com o sofisma de que no anarquismo ou no socialismo o governo seria mais justo do que na república. Ora! Em meios acadêmicos de intelectualidade mais coerente seria fácil perceber que a anarquia ou ausência de governo seria o retorno a um primitivismo anterior ao governo patriarcal e ao tribal. O anarquismo só seria possível enquanto os humanos não se agrupassem em aldeias ou malocas. Até entre os componentes de uma horda de coletores nômades a falta do ‘macho alfa’ acarretaria sério risco de discórdia e esfacelamento do grupo, mas seguiriam em paz se uma liderança masculina ou feminina se impusesse. Neoletria 66 Em qualquer coletividade de animais mamíferos, aves, insetos e até humanos existem funções, atribuições, prerrogativas e obrigações, sob supervisão de chefia. Se não houvesse hierarquia nem responsabilidade, não haveria comunidade. Não havendo quem mande, quem obedeça, quem organize, quem preste conta, quem confira, não haverá sustentação para as atividades humanas. Sem essa distribuição de incumbências e especializações, sem essa organização, sem esses predicados, não poderia haver nem início - evolução então? A ‘ditadura do proletariado’ preconizada pelo socialismo, seria agora a revanche por um resquício quase fossilizado, uma simples vingança para acalmar o sofrimento moral dos oprimidos pela aristocracia, e para despachar os chefes mais abusados e outros desafetos para ‘os quintos da Sibéria’. Mas infelizmente onde todos mandam e ninguém obedece não existe ordem nem organização, nem comando, nem execução. Por isso o ‘socialismo’ funcionou de fato na forma de ditadura em que um déspota representava o partido político único. Mas, em nome do proletariado, calava a boca de quem se atrevesse a dar palpite. O MOTOR DA EVOLUÇÃO SOCIAL Inicialmente os reis tentaram até a legitimação mediante a trapaça de que eram ungidos ou divinos; vieram os tiranos, imperadores, ditadores, cada qual com os seus séquitos áulicos de privilegiados; surgiram as nobrezas e os feudos, castas, escravidão, até que os burgueses relativizaram a soberania da nobreza e estabeleceram o respeito ao cidadão, mas a classe braçal continuou inferiorizada, porque as leis trabalhistas ainda eram atrasadas. Uma revolução revanchista tentou ‘virar a mesa’ e inverter tudo; os patrões viravam proletários e os braçais ditadores, mas por falta de experiência no alvitramento entre a Neoletria 67 ditadura do proletariado algum fanático tomava o lugar. Hoje existe o sistema republicano em fase infantil, necessitando depurativos para amadurecer. Os meios acadêmicos brasileiros demoraram a compreender que a ‘ditadura do proletariado’ foi uma bandeira de reação para sublevar o complexo de privilégios imperiais e clericais; foi apenas um ‘balão de ensaio’, uma ‘tábua de salvação’; ainda não era terra firme. Um oportunista percebeu que estava no momento histórico para ser o ‘profeta’ do grande motim, mas não atinou para o fato de que a perpetuação do seu nome teria um custo social irreparável. A ‘ditadura do proletariado’ passou pouco além de uma sedução demagógica, por ser compromisso irrealizável, mas aquelas pessoas menos preparadas almejavam mesmo era a subversão. Aspiravam a indenização por danos morais causados pela própria inveja da prosperidade de uns poucos em contraste com o marasmo da maioria, contrariando a expectativa de igualdade social. Uma atitude drástica por parte de quem não entendia que assim a sociedade se precipitaria na ruína, resultando apenas a miséria como ‘igualdade’. Pelo sistema anárquico de desgoverno, é perigoso confiar na competência do povo para dirigir o próprio destino. Sem regência, sem liderança o esfacelamento do grupo seria fatal. Mesmo impondo nova regência por substituição, seria estultice trocar um governo legítimo e competente por um déspota rancoroso. Antes que a juventude consiga se situar na civilização e entender a cidadania, freqüentemente desenvolve uma atitude ou apenas um desejo de fazer revolução ou até ser terrorista para fazer fama, talvez para concertar o mundo, quiçá para adequá-lo ao seu estilo ou modo de compreender. Para começar, uma boa Neoletria 68 organização é trabalho para mais de uma geração. Em seguida, não se troca seis por meia dúzia e para comparar aquilo que se insere com aquilo que se deleta é necessário pleno conhecimento de ambas as partes. Acredito que muita gente tinha esperança de que o Estado extinguiria o direito de propriedade privada; assumiria todos os bens e os dividiria igualmente entre trabalhadores e vagabundos. Sem direito de propriedade ninguém produziria, mas todos poderiam servir-se gratuitamente do que encontrassem, até o fim, até o esgotamento da despensa. Então se realizaria o tão almejado trio: “liberdade, igualdade e fraternidade”. Liberdade para os semiescravos vassalos do feudalismo que então seriam escravos apenas da ‘ditadura social’. Igualdade, porque depois que os ricos ‘renunciassem’ aos seus bens, ficariam sem nada tal como os outros. Fraternidade porque quando ninguém mais tivesse motivos para disputar tesouros restaria um congraçamento de consolo geral e nada a invejar. Enfim, uma sociedade ‘equilibrada’ sem perigo de cair por já estar deitada. Ao que parece, no século XX ainda não existia a noção de que a desigualdade social, além de condição natural para a evolução, era também um desequilíbrio que tinha a finalidade de impelir o esforço na direção do trabalho e da sobrevivência. Enquanto houver imperfeição haverá evolução; enquanto houver alteração ambiental e circunstancial, das condições materiais e culturais, haverá ‘adaptação das espécies’, porquanto cultura milenar, irretocável é cultura fossilizada. É importante manter a capacidade de adaptação e crítica para sustentar a inteligência equivalente à de quem forjou os costumes, as pajelanças, as cerimônias e os rituais. Neoletria 69 HUMILDADE CONTRASTA COM GLÓRIA A pregação da ‘ditadura do proletariado’ despertou a esperança de que a ‘revolução’ açambarcaria os latifúndios para distribuí-los aos sem-terra, como se isso redimisse da pobreza os carentes de terra e de vocação para a agricultura. Confiscaria as grandes empresas, talvez para aquinhoar suas ações (cotas) entre os operários, ou talvez para transformá-las em patrimônio do Estado, porque assim nem precisaria cobrar impostos, já que o lucro bruto seria todo da Fazenda. De qualquer modo os ‘vassalos’ dessa nova ditadura ficariam todos iguais - na pindaíba - e os meios de produção acéfalos. Contudo o sofisma esperançou oportunidade quimérica e motivou uma grande cobiça. Rapidamente prosperou o opróbrio aos ricos, talvez como condicionamento psíquico a fim de legitimar as invasões e os saques. Propagou-se a tese de que todas as fortunas eram ilegítimas ou produto de desonestidade. Então começou um ódio às elites possibilitando a crença paradoxal de que tudo o que é melhor é odioso; avolumando um consenso de preferir equiparação pela casta inferior. Até professor universitário andava mal vestido quase como mendigo (belíssima prova de ‘amor ao próximo’!) tentando demonstrar que ‘vestia a camisa’ do populismo. Parecia necessário chegar a tanto para ficar longe e salvo de ser comparado com algum esnobe. O enfoque na estultícia do esnobismo redundou em repulsa não só aos esnobes. Cresceu uma inveja velada que motivou aversão à magnificência, desacato às autoridades, desrespeito aos pais e mestres e, por conseguinte, a escalada da violência. Era fácil perceber a descida da ladeira, com a direção desgovernada e de freio queimado. Chegamos `a planície, mas precisamos ajuntar os cacos, refazer a nave (paradigma cultural) e reiniciar a subida. Neoletria 70 É possível que o achincalhe às elites tenha gerado um preconceito discriminatório a tudo o que pareça grandiosidade; repúdio ao lucro como objetivo, e uma atração ‘romântica’ senão demagógica ou exibicionista pela vida simples e despojada. Seria interessante, se essa simplicidade não viesse acompanhada do sofrimento das privações de conforto, da precariedade em saúde e cultura. O ideário populista parecia discriminar a sociedade intelectual pelo ranço que restava contra as elites, mesmo quando ninguém podia negar que sem os mais aptos não haveria avanço. Evidentemente eram as partes mais desenvolvidas da sociedade que abriam os caminhos do progresso, enquanto as retrógradas até faziam oposição. É admissível supor que a humildade generalizada e o repúdio ao progresso surgiram como consequências de cultura religiosa, pela equivocada suposição de que quanto mais pobrezinha fosse a humanidade, mais ficaria realçada a glória de Deus, mas se por acaso as pretensões humanas fossem liberadas, algum afoito poderia crescer e empanar um pouco, como se Ele fosse um ‘cara’ vaidoso com o qual você estivesse sujeito a se confrontar na escola, na igreja, na prefeitura, no trabalho; como se a glória de Deus fosse equivalente à do ‘rei’ e dependesse de algum contraste entre o rei de cem bilhões de galáxias e qualquer habitante deste planeta que não passa de um trilhonésimo de uma delas. Se fosse correto odiar as elites, ainda que por inveja, então a ocupação com este ou qualquer outro assunto seria tempo perdido, mas ainda há esperança na reabilitação do bom senso geral, porque da capacidade intelectual de boa parcela da sociedade, não tenho dúvida. Neoletria 71 TRÂNSITO Ao educar o cidadão para melhorar a segurança no trânsito, a ideia que parecia mais correta era a de responsabilizar apenas os condutores de veículos, isentando os pedestres de responsabilidade, quiçá pela lentidão da sua mobilidade, sendo mais expostos os seus corpos ao perigo. Assim surgiu a ideia de que é de boa educação o uso da faixa do pedestre nos cruzamentos das avenidas. Até aí, tudo bem, mas depois os motoristas foram advertidos de que o pedestre tem o direito de pisar na ‘faixa’ quando quiser e o motorista é obrigado a parar e esperar a travessia. Sem dúvida qualquer motorista tentará até o impossível para evitar atropelamento, mas existe probabilidade de que isso seja insuficiente. Enquanto um pedestre em sua velocidade consegue parar a menos de um metro após a intenção, um veículo motorizado depende de maior distância. Isso não se muda ‘nem por decreto’, nem pela intenção. Quando o tráfego é baixo, na rodovia, se uma marreca atravessar acompanhada de numerosa prole, qualquer pessoa terá o respeito e o encanto de reduzir a marcha e desviar ou esperar, mas numa avenida movimentada é diferente, embora os personagens sejam milhões de vezes mais importantes, o perigo também é maior. Se chegasse só até o conhecimento dos motoristas a recomendação de sempre aguardar o desfile do transeunte, a recomendação dessa preferência funcionaria como precaução de acidentes, mas se os pedestres quiserem cobrar essa ‘prerrogativa’ despreocupadamente, o perigo de atropelamento aumenta e o de perturbação também, porque os transeuntes podem querer os direitos em qualquer lugar, mas existem muitos pontos onde o motorista sabe que se quiser parar repentinamente sem observar a Neoletria 72 movimentação, a colisão com outros veículos poderá ser inevitável. Como resultado de uma advertência que só interessaria aos motoristas, quiçá os pedestres estejam sujeitos ao atropelamento até na sua faixa; talvez eles não saibam que além das leis de trânsito existem as irrevogáveis leis da física. Eles foram encorajados a supor que isso de estar atento, respeitoso, e de esperar a vez é obrigação exclusiva dos ‘elitizados’ condutores de veículos. Para alcançar um fluxo harmonioso no trânsito são necessárias interrupções alternadas nos movimentos transversais. Lei física como, por exemplo: relações entre massa e força necessária para atingir determinada velocidade; aceleração e desaceleração, distância percorrida desde o acionamento do freio até a parada, etc., deve ter preferência sobre lei social, por ser impossível revogar, ainda que com isso o legislador fique mal visto por alguns eleitores refratários à ciência. Melhor seria se fossemos todos considerados apenas cidadãos, com direitos e obrigações, sem privilégios dos ‘oprimidos’ sobre os ‘opressores’ ou vice-versa. As minhas sugestões são: mais vagas de estacionamento barato, porque muitíssimos veículos estão percorrendo as avenidas procurando vaga; semáforos alternados, um cruzamento sim e outro não, assim o pedestre andaria o máximo de cem metros para alcançar a faixa do pedestre onde os veículos param em tempo programado; rotatória apenas quando indispensável em fluxo menor; passarelas para pedestres onde for admitido trânsito de maior velocidade; encaminhamento progressivo de projetos para maior uso do transporte coletivo, para que o transporte individual não atravanque os logradouros, calçamento adequado nos ‘passeios’ (calçadas) para maior comodidade e evitar os tropeços dos pedestres. Neoletria 73 Nas cidades grandes, as boas alternativas para diminuir o conflito entre transporte coletivo, veículos individuais, e pedestres em trânsito de avenida movimentada são: a construção de passarelas, viadutos, corredores de ônibus, linhas de metrô, heliportos. Agora é bobagem querer reprimir a marcha e o trânsito; enquanto as cidades crescerem o transporte coletivo e particular vão só incrementar o movimento. Neoletria 74 IV – DESTEMPERO DESACULTURAÇÃO A difamação das elites seguia um preconceito proletário para fazer oposição ao capitalismo, mas como efeito colateral, despertava nos seus adeptos um modo de pensar que arruinava o interesse de milhões de brasileiros pela produtividade e pelo lucro; muitos dos quais abarrotaram os presídios e outros se misturaram nos acampamentos dos sem terra e dos sem-teto; alguns manifestaram as suas verdadeiras intenções ao depredar os patrimônios públicos e privados. Teve até invasão e quebraquebra na casa de leis da República. Ao que parece, foi tudo sob o beneplácito governamental, porque o grupo baderneiro era subsidiado e orientado, como se as manifestações fossem de civismo, de potenciais eleitores. Com certeza foram ‘tiros nos próprios pés’. Como caolho o escorpião confundia o seu próprio dorso com as baratas. Adeptos dos preconceitos eram seduzidos pelo equívoco de estarem forçando o socialismo na Terra, mas sem perceber a implacável existência de leis irrevogáveis de causa e consequência, quais sejam: apenas ganhar terra não mitiga a fome, é preciso plantar para depois colher; sem poupança não há Neoletria 75 finanças; não existiria produto se não houvesse quem o produzisse, com os respectivos trabalho e tecnologia; não há excesso de recursos, porquanto o que for mal gasto faltará para as necessidades; se alguém consumir mais do que produziu, possivelmente estará parasitando a comunidade; ser proprietário não basta, é necessário trabalhar; vender sem lucro é o caminho da extinção do comércio; é melhor produzir do que invejar e atrapalhar quem produz; recurso esbanjado em ‘cortesia’ deixará de atender necessidades prementes. Estas afirmações deviam ser observadas por todos os patrícios, inclusive os índios ainda que os cientistas sociais tentassem convencer-nos de que a lógica dos ‘selvagens’ seria diferente da nossa, como se para eles, a soma de dois mais dois pudesse ser igual a cinco ou três. Biologicamente nos e os nossos índios somos todos igualmente humanos, mas alguns cientistas supõem que os nossos autóctones ainda sejam os mesmos selvagens encontrados em 1500, como se índio não fosse brasileiro e estivesse sob regência e vigência de estranha legislação desumana e desnaturada. Com todo o respeito que devo aos antropólogos e a outros cientistas e ‘missionários’; em que pese a ingenuidade de quem faz a alegria das ONGs a serviço dos que ainda veem o Brasil como colônia; a despeito de qualquer grupo que porventura defenda a proibição de acesso dos índios à nossa cultura, por achar que eles sejam de outra espécie, ou como estratégia para perpetuar vantagens. Acreditar na boa intenção de certos ‘cientistas’ não é suficiente para disfarçar a repulsa diante da estultice que as atitudes encerram. MARIONETES Pareciam subumanos, os caiapós, aqueles que foram encorajados por ‘missionários’ a fazer o ‘ritual do facão’ para Neoletria 76 constranger os construtores da hidroelétrica de Belo Monte, no Rio Xingu, em vinte de maio de dois mil e oito. Parecia um bando de chacais acuando o Eng. Paulo Fernando Rezende sob o olhar complacente de uma fantochada de ‘ilustres’ hipócritas organizadores do ‘espetáculo’ de linchamento. Uma situação comparável à dos bandidos que recrutam menores. Tamanho descalabro atesta os cuidados de quem quer impedir que algumas áreas brasileiras sejam ocupadas pelo Brasil, supondo que os indígenas brasileiros sejam estrangeiros. Por coincidência são dioceses de ‘missionários’, de jurisdição alienígena, - não são? Não importa, mas fica a dúvida: como pode o governo permitir tamanha afronta à soberania nacional perpetrada por organizações que deveriam ficar proscritas, já que organizam movimentos entre os ingênuos para desagregar a Nação? Nas aldeias do Mato Grosso do Sul não existe mais o ambiente para as pessoas brincarem de selvageria vigente na préhistória, Nessa região já não existe a continuidade de selva suficiente para a caça predatória, e nem para o gasto; abater animal silvestre é crime. Aqui devemos participar da produção mundial de alimentos sem desperdícios. A vadiagem ficou na saudade; agora é tempo de indústria e agro-pecuária. Algumas aldeias já são cidades. Alguns índios pioneiros já são doutores, outros se candidatam às vagas republicanas, muitos conseguem emprego civilizado. Ainda falta o governo apoiar a integração dos interessados, sem descuidar pela subsistência dos outros. O ‘direito à cesta básica’ e a ‘conveniente’ tutela não deveriam ser empecilhos ao desenvolvimento intelectual e profissional dos autóctones. Os mamulengueiros de além fronteira devem estar preocupados com a escalada brasileira como ‘potência’ do biocombustível, e logo um grande produtor de petróleo. Por isso mechem ‘suas cordinhas’ para que a Funai usurpe o mais que Neoletria 77 conseguir das terras produtivas brasileiras, com a desculpa de ‘devolução’ para os índios e seus ‘agregados’. Eles parecem apegados ao propósito de empurrar para os brasileiros o dever de auto-extermínio em prol da ‘preservação ambiental’. Depois só falta a ONU inventar que terra de índio é patrimônio mundial e liberar à exploração dos ‘missionários’ colonizadores. Cabe uma pergunta, - países de ‘primeiro mundo’ demarcariam a terça parte de suas áreas de produção de alimentos para ‘devolver’ aos ‘silvícolas’ internacionais, sem cadastramento? Talvez os humanistas imbuídos das ciências sociais quisessem entender o destino da humanidade e então prestar ajuda na correção da saga e do rumo, mas sem vislumbrar precisamente o horizonte da civilização. O meu ponto de vista não seria tão acadêmico, mas eu me incumbi de apresentar as minhas opiniões e conjeturas na expectativa de que elas fossem incluídas na discussão como afluentes do consenso. Se fossem enjeitadas, pelo menos estaria de consciência leve sem o pecado da omissão e cônscio de estar cumprindo o dever de cidadão enquanto equacionava problemas, demonstrava as suas potencialidades perniciosas e teorizava soluções. Parecia uma meta satisfatória para evitar a desaculturação de índios e de ‘brancos’. INTERESSE A inteligência parece uma entidade subjetiva com existência autônoma, disseminada nas mais estranhas etnias, muitas vezes latente e quase imperceptível. Para desabrochar objetivamente é necessário que os meios empregados na elaboração intelectual sejam de boa qualidade, mas também depende da receptividade do ambiente social a que essa elaboração se destine para que possa exercitar as suas funções e desenvolver-se. Neoletria 78 Sem demanda não há produção e sem produzir não há aprimoramento do produto, porque o exercício aperfeiçoa a função. Durante o uso e por necessidade, algum instrumento ou apetrecho, instituto ou costume vai se ajustando ao funcionamento para o qual foi destinado, em conformidade com a variação, adaptação ou aperfeiçoamento da finalidade. Pelo ajuste do instrumento, melhora a sua produção; ao produzir, regulariza-se o procedimento de uso. O temperamento individual e o respectivo comportamento vão se adequando ao ofício escolhido, porém isso só ocorre na prática e propositalmente enquanto o profissional exerce o ofício. O aprendizado teórico não é suficiente nesses atributos pessoais. Intenção e treino prático são indispensáveis. As proposições acima se aplicam tanto à fabricação de ferramentas, bens de consumo, utensílios e alimentos, como ao comércio, à elaboração de discursos, recomendações, normas, filosofia, poesia. Mas os humanos começam a empedernir a sua evolução quando se extingue o direito e o dever de escolher o objetivo e melhorar as metas, discutir e polemizar. Interrompemos a ‘viagem’ e caímos na margem quando nos alienamos ou nos desinteressamos pela cidadania ao descambarmos para a desorganização da anarquia ou para a ditadura do proletariado em que um tirano dirige até os desejos, as consciências de necessidades e o conceito de certo ou errado. Suspendemos o nosso progresso quando acaba a curiosidade e o gosto pela crítica, ou quando isso fica proibido. Quem percorre a vida de adulto forçado por racionamentos de todo tipo, violentado em sua autonomia pelo excesso de exação, regulagem nacional, burocrática; quando fica restrito o livre arbítrio ao mínimo, ainda que receba a ‘cesta básica’, o Neoletria 79 ‘cidadão’ perde a espontaneidade, a criatividade e a dignidade e ganha dependência. Então, se o governo parece patriarcal e toma todas as iniciativas, até a maturidade das pessoas parece desnecessária e a inteligência tende a se recolher em hibernação; assim como os lobos que se tornaram cães, com o atrofiamento cerebral ao aceitarem pacificamente o monitoramento humano. Se um país envereda pelo caminho do despotismo, o seu povo fica sem liberdade de expressão e opinião. Então sucumbe facilmente na estagnação cultural e tecnológica. O seu desenvolvimento perde autonomia e fica inviabilizado se não tiver atratividade aos investimentos estrangeiros, mas se a ênfase for essa, então se arrisca a assumir característica aproximada de colônia com prejuízo de cidadania, e dessa forma se torna presa fácil dos grandes e dissimulados piratas. Existem muitos ‘países’ como Burkina Fasso, Somália, Tanzânia, Mali que são assim: exibem uma miséria de renda per capita, e mesmo assim, a grande maioria dos habitantes vive na absoluta miséria, porque a ‘produção nacional’ pertence a algumas famílias de estrangeiros; povos alienados e sem renda, com expectativa de vida em torno de 35 anos, mas não sabem se ganharão comida amanhã. No interior do Brasil temos ‘nações indígenas’ na fila querendo ser independentes da nossa cidadania e dependentes no resto. Não sabem que, em se tratando de territórios ou ‘nações’, os filhotes emancipados prematuramente são ‘presas’ fáceis dos predadores. LUCRO OU EXTORSÃO Não se pode ser cordeiro na terra dos lobos. Contudo, é impossível acompanhar a matilha no desvario. Neoletria 80 Neste mundo competitivo, supõe-se que não tem ‘competência’ quem não compete; assim é necessário que sejam criadas condições para mudanças de paradigma, mudanças dos padrões, dos desejos e das expectativas, buscando acalmar as contendas para que marchemos na direção da cooperação e da produtividade, deixando no esquecimento a inveja e o boicote. A civilização, a inteligência, a ciência, as tecnologias da humanidade e a arte de cada pessoa são partes de um todo que vem se consolidando através das eras com a participação de centenas de gênios e milhares de pessoas comuns, de detalhe em detalhe. É manifestação evolutiva das atividades humanas para benefício de toda a humanidade integrada na globalização. Não é justo que alguns egoístas se apossem da melhor parte dos tesouros tecnológicos e deles façam base de cálculo para chantagear ou extorquir os desprevenidos, que geralmente são desprovidos. É claro que não me refiro ao legítimo poder público democrático, constituído para manter a ordem e prosperidade social, e nem às empresas capitalistas que trabalharam e investiram em técnicas e por isso são responsáveis pela produção de mercadorias, bens e serviços explorados com fins lucrativos sem exagero (para garantir a continuidade dos investimentos em pesquisa tecnológica e produção de bens), buscando o devido retorno aos investimentos e gerando a diversidade de atendimento às necessidades de toda a sociedade, mediante conveniência e satisfação de produtores, distribuidores e consumidores, sobrando um ‘pouco’ para o sustento da organização, coordenação e harmonia que devem ser desempenhados pelo governo. Faço referência aos egoístas que enterram os seus talentos, guardando seus segredos para que ninguém os aproveite. Refirome também aos indivíduos ou às quadrilhas de um tal de ‘capitalismo selvagem’ que se apossam indevidamente de uma tecnologia com o objetivo de espoliar a humanidade a preço de Neoletria 81 vida ou morte. Faço menção daqueles que frustram as intenções do cientista ou inventor ao carrear para a guerra aquilo que deveria melhorar a paz. Menciono ainda aqueles que roubam propriedade sobre segredos industriais e vendem ou exploram, sem licença nem pagamento aos legítimos proprietários pelos seus direitos gerados em exaustivas pesquisas. Todo o ‘trabalho’, todo o planejamento desenvolvido com a finalidade de produzir algo, como se fosse de primeira necessidade, mas que a verdadeira intenção seja de extorquir alguém ou a sociedade, conquanto alguns até produzem o que não se configura como utilidade, mas sim como ameaça visando extorsão ou terrorismo; toda esperteza assim deve ter a merecida punição. O castigo daquele traidor que recebeu voto de confiança para defender os interesses da comunidade, mas preferiu o conluio dos ladrões engravatados, deve ter acréscimo de cinquenta por cento sobre a ‘merecida punição’. Se cada um de nós tivesse a boa vontade de colocar a sua virtude à disposição da comunidade para ajudar o próximo a melhorar sua qualidade de vida, acabaria a miséria e a penúria. O livre arbítrio seria um merecimento indiscriminável e as leis seriam apenas diretrizes. Todo o esforço individual que visa o benefício da humanidade merece recompensa, embora os meus livros sejam resultado da tentativa de retribuição pela civilização herdada. GRATIDÃO Agora é muito bom estarmos aqui. Melhor seria se mantivéssemos o contentamento e a satisfação por todas as felizes descobertas, invenções e conquistas de que a nossa civilização Neoletria 82 desfruta, sem perder a disposição de continuar a grande jornada evolutiva, com gratidão e solidariedade. Quanta maravilha já está ao nosso dispor, mas a sua importância passa despercebida! É como se o peixe pescado não fosse interessante, mas sim o outro que está livre! Com certeza a pessoa mais inteligente da Terra teria uma vida que podemos considerar miserável comparando com a média atual, se tivesse que ser o único provedor de si mesmo, sem acesso ao que foi produzido pela civilização como eletricidade, água encanada, habitação, tecidos, veículos e caminhos, armas, utensílios, ferramentas, indústria e tecnologia de qualquer natureza, educação, religião, filosofia, arte, ciência, mistérios, etc. e se tivesse que resolver todos os seus problemas sem receber instrução ou qualquer ajuda. Um cidadão médio tem acesso aos avanços da civilização construída em milênios por milhões de sábios especialistas. Se ele não está contente, talvez seja ingrato, um infeliz; ou talvez seja mais um agente da evolução, propulsor da civilização, um inconformado pesquisador. Quando somos forasteiros, ficamos felizes ao encontrar patrícios. A mesma felicidade devemos sentir e compartilhar com todas as pessoas de bem porque nos encontramos neste estágio de desenvolvimento da humanidade. Quanto mais pessoas forem incluídas na participação geral da cidadania, mais rica, completa e feliz será a globalização. Mas a necessidade dessa inclusão nem sempre é objetivada porque ainda não foi bem assimilada pelos agentes governamentais. Neoletria 83 EXCLUSÃO Somos dispersivos e demonstramos pouco discernimento ao desprezar ou esquecer o valor das melhorias alcançadas pela civilização, principalmente as dos últimos cem anos. O pior é quando, por ciúme, por inveja ou egoísmo, impedimos ou dificultamos aos nossos autóctones o alcance aos resultados materiais do progresso da ciência e da tecnologia. A eles também deveria ser liberado o acesso à cidadania. Eles deveriam ter autorização de participar da integração social, dos avanços intelectuais e tecnológicos, da fraternidade, do prazer estético das artes, das oportunidades em indústria, comércio e serviços oferecidos pela comunidade local e pela globalização. Não vejo motivo real para que continuemos estimulando os nossos ‘primitivos’ a cuidar somente de sua cultura tradicional, como se pertencessem a uma nação exótica. Não compreendo a discriminação que afasta o ‘branco’ e o negro do índio e o índio do ‘branco’ e do negro como se a sua cultura estivesse interditada para os outros humanos. Talvez começou como segregação racial e depois ficou institucionalizada como se fosse um zoológico “para inglês ver”, e agora já esquecemos os motivos. Provavelmente eles tenham receio de perder privilégios se assumirem a plena cidadania brasileira. Quiçá os cento e oitenta milhões de ‘brancos’ cultos ou aculturados tenham medo de perder todas as suas herdades e aquisições para os cem mil autóctones se aceitá-los como iguais. No novo patamar cultural, poderiam imaginar-se proprietários da Ilha de Vera Cruz, embora os nômades de quinhentos anos atrás guerreassem por disputa territorial de minifúndios que depois uns e outros abandonavam. Parece existir algo de errado nesse planejamento social. É como se os ‘povos selvagens’ fossem compelidos a rejeitar os direitos, então deixamos que eles ‘se virem’ ou continuem na sua Neoletria 84 cultura estagnada, e permaneçam cerceados da nossa. Em muitas regiões do Brasil os autóctones estão no “fim da linha” do trajeto cultural primitivo, de quando o labor era de sol a sol na coleta de alimentos para a subsistência. Agora conhecem máquinas agrícolas, energia elétrica, telefone, televisão, computador, ‘freezer’, água encanada, hospital, escola, açude de piscicultura, praça de esportes, universidade, avião, o mundo. Não dá mais para correr o dia inteiro atrás de calango. Só falta diversificar as suas opções de emprego e substituir a tutela federal pela orientação municipal, sob o “regime de estado de direito democrático”. Atualmente a produção agropecuária de subsistência familiar não pode competir com a produtividade em grande escala das fazendas empresariais. Extrair o próprio sustento pelo trabalho manual em minifúndio como se fazia satisfatoriamente até a primeira metade do século XX, agora é uma miséria. É possível produzir alimento simples, mas não dá renda monetária para outras despesas. A Selvageria está chegando ao fim. Não existem mais as condições para sobreviver da coleta e da caça, porque tudo o que é achado ou encontrado tem dono e no lixo está tudo estragado, matar animal silvestre dá cadeia. É inevitável a comparação entre as famílias de índios sem profissão e sem renda nas aldeias, com as que disputam lugar nas atividades urbanas. A única alternativa que resta aos ‘guerreiros’ é prepararem-se para assumir pacífica e respeitosamente a cidadania brasileira. Torna-se necessário acontecer uma grande adaptação nos costumes e nas esperanças. Os bravos podem vir a ser pessoas urbanizadas e nós devemos apoiá-los. Possivelmente os índios gostariam de prosseguir primitivos, autóctones e autocratas para expulsar todos os ‘invasores’ do Brasil Colônia, e então começar tudo de novo em Neoletria 85 sociedade com alguma ONG, sob as bênçãos e a cupidez de algumas nações invejosas. Talvez o nosso país tenha que melhorar muito para que os índios aceitem uma cidadania como a nossa. Ou quiçá toda essa celeuma não passa de intrigas de ‘missionários’ estranhos, dependentes do nosso erário, dos euros e dos dólares, mas mordem os braços que os agasalham. Neoletria 86 V – CONVENIÊNCIAS INVESTIMENTO EXTERNO Acredito que já existiram situações de entrada de bilhões de dólares para investimento direto na produção, com desvantagem para o país hospedeiro. Imigrante como pessoa física geralmente se integra e se torna brasileiro, mas os responsáveis pela segurança econômica nacional devem contar com a possibilidade de negar ingresso a algumas empresas inconvenientes, porque em vez de trazerem riqueza para o país, instalam apetrechos com propósito de parasitar o hospedeiro e profanar a hospitalidade, sem aporte para o desenvolvimento local. As experiências nesse sentido devem subsidiar projetos de lei defensiva. Por exemplo: empresas inidôneas podem querer comprar nossos patrimônios sem trazer recursos técnicos e financeiros; as remessas de lucros devem ser justificadas, porque a determinado lucro deve corresponder o respectivo produto ou serviço, livre de truques contábeis; o perigo de lavagem de dinheiro auferido ilicitamente pode ser de lá para cá ou daqui para lá. Com relação aos investidores externos, o mínimo cuidado a atender é a reciprocidade entre o nosso acolhimento e o que Neoletria 87 oferecem os países de onde surgem os investidores. São alguns cuidados a fim de evitar que soframos alguma piratagem. Receber investimento de fora seria contraproducente se o produto resultante viesse apenas competir internamente em mercado saturado, porque com dumping poderia acenar com o combate à inflação, porém quebraria a concorrência das empresas locais. Isso poderia parecer superficialmente um combate à elevação dos preços, mas depois que os concorrentes estivessem fora de combate, ninguém seguraria a escalada dos preços, porque assim a multinacional conquistaria o monopólio. Recepção de investimento externo seria contraproducente se a finalidade do investidor fosse apenas de exportar o produto; não empregasse mão-de-obra local suficiente para que a folha de pagamento salarial e encargos absorvesse um percentual significativo do produto bruto da empresa, e se não houvesse conveniência nas relações comerciais de fornecimento de matériaprima principalmente sendo a produção exportada com isenção de impostos, entre outros incentivos. Aninhar uma multinacional sugadora e exploradora sem interação econômica com o Brasil, sem melhorar a qualidade de vida dos brasileiros é perda de soberania. Nos casos de exportação existe o risco do golpe de subfaturar na ‘ida’ e superfaturar na ‘volta’ (emissão e recepção de documentos, enquanto a mercadoria jaz em paz) com a desculpa de agregar processo de fabricação na matriz externa, mas cujo verdadeiro objetivo seria a evasão de divisas (mais uma pirataria). Toda cooperação internacional será bem-vinda, se tivermos competência, contarmos com agentes especializados para negociação e fiscalização e se for negociada com transparência. No caso de receber grandes instalações sem critérios e com Neoletria 88 ingenuidade proclamarmos - oba-oba, estamos enriquecendo! – coremos o perigo de logo voltar à condição de colônia, uma situação em que pouco importaria o vulto do investimento, porque o patrimônio pertenceria à ‘metrópole de ultramar’. Da produção recolhida talvez cairia alguma migalha no solo anfitrião. Ainda podemos encontrar exemplos em grandes fazendas fechadas (para nós) que produzem exclusivamente para o país de origem, como se os trocados que pagaram pelas glebas lhes permitissem desnacionalizá-las. Um provável pretexto para esse tipo de investimento seria o de salvar a Terra do ‘desmatamento predatório’ como se os brasileiros não tivessem competência para cuidar dos seus próprios patrimônios. Do ponto de vista dos cobiçosos, pode ser muito mais interessante aproveitar incentivos brasileiros do que descobrir uma ilha sem dono em alto mar. O pusilânime acredita que se fingindo de morto, alcateia não ataca. NEOCOLONIALISMO Nesta época das rotulagens: eu sou isto, tu és aquilo, ele é corintiano, nós somos palmeirenses, etc., comumente as pessoas são radicais a ponto de zelar por algo e abominar o resto. Alguns ‘neoliberais’ formadores de opinião condenam o nacionalismo e o zelo pela soberania nacional. Eles recomendam a não intervenção do Estado e igualdade de oportunidade para todos, inclusive às pessoas jurídicas alienígenas. Esses globalistas do ‘primeiro mundo’ nos aconselham a seduzir o capital estrangeiro, sem xenofobia e a dar boas-vindas a qualquer ‘colaboração’ ou palpite, independente da procedência. Essas recomendações só valem de lá para cá. Daqui para lá, o trato é diferente. Até estudantes bolsistas, cientistas e turistas brasileiros Neoletria 89 de ficha limpa são tratados em alguns países do dito ‘primeiro mundo’ como criminosos sujeitos à cadeia e banimento. Suponho que as ideias neoliberais do capital sem fronteiras sejam produzidas em alguns países mais ricos para que os emergentes e os mais pobres liberem para eles as oportunidades de exploração econômica, coisa que eles não fazem para os paises em desenvolvimento. Ou seguem a velha máxima: “façam o que eu mando, não o que eu faço”. Palpiteiros alienígenas, mesmo os disfarçados de ONG filantrópica devem ser observados com desconfiança, porque se forem bairristas de outra nação, talvez os seus conselhos bons sejam reservados aos seus queridos; enquanto para o resto é puro jogo diplomático, mas dissimulando rivalidade, competição e blefe, sem compromisso de lealdade. Por via das dúvidas é bom conferir, porque pessoas voluntárias e bem intencionadas existem por toda parte, mas é difícil a distinção entre os modernos piratas e os ‘missionários’. Existem nações de porteira aberta onde os estrangeiros são muito prósperos e os ‘nacionais’ não têm chance de sair da miséria. Agora que a Europa unida se entrincheira e outros países ricos já se defendem atrás das suas barreiras e se fecham para mercadorias e pessoas ‘indesejáveis’; agora que cobram altas taxas nas importações para oferecer generosos subsídios aos seus produtores internos, agora que se garantiram, querem convencernos de que a globalização inclui o neoliberalismo nosso em confronto com o protecionismo deles. Menciono a Europa apenas como um exemplo. Quando damos ouvidos aos ‘liberalistas externos’, os conselhos vão se transformando em exigências até onde a nossa pasmaceira permitir (impensável no tempo de José Maria da Silva Neoletria 90 Paranhos Júnior, o Barão do Rio Branco), podendo transformar a Amazônia em patrimônio da humanidade e o restante do Brasil perder a metade para as ‘nações indígenas’, além de outras cobranças, só por temer o desenvolvimento brasileiro nos negócios de agropecuária, indústria, extração mineral além da sua produção de alimentos, justamente numa época em que outros grandes ‘celeiros do mundo’ estão se voltando para os biocombustíveis e diminuindo a oferta de alimentos. Para manter os estoques mundiais de segurança alimentar e continuar reduzindo a emissão de gases do efeito estufa, o Brasil necessita de apoio e liberdade com menos sobretaxas da parte dos importadores entre outras barreiras restritivas, para que assim possamos aumentar a produção sem avançar na floresta amazônica em busca de barateamento e substituição de áreas perdidas para os índios, para que outros países produtores de alimentos não se transformem totalmente em produtores de biocombustíveis. Seria bom que parassem com essa estória de ‘devolução’ das áreas produtivas aos índios. Se isso acontecesse, iria faltar alimento até para os índios brasileiros. Se a vocação social do ‘latifúndio’ é produzir alimentos ou sequestrar carbono atmosférico, é melhor deixar que isso aconteça. Se a taxa de crescimento populacional dos aldeãos das periferias urbanas (índios) está mantendo bom índice, é como ‘time que está ganhando’ – continua como está, mas torna-se necessário que o crescimento seja autossustentável. Defesa de ideias absurdas e mal fundamentadas é forte indício de inépcia ou traição. Neoletria 91 SUBMISSÃO E COMPETÊNCIA A concorrência é mais salutar aos concorrentes do que ao observador, mais para quem participa do que para a assistência. Necessitamos saber enfrentar e aprender a conviver com a concorrência e a malícia dos países poderosos ideológica e economicamente, mas também é importante estudarmos as reclamações e exigências dos países irmãos sem recuar da nossa soberania. Devemos considerar e confrontar a audácia dos ‘pequenos’ que ganham em campanhas eleitorais quando espezinham sobre direitos brasileiros. Mas sem perder a nossa serenidade. O Brasil necessita de pessoas preparadas para os embates que forem necessários nos relacionamentos internacionais de arte, esportes, negociações comerciais, discriminação, justiça, diversas categorias de diplomacia. A necessidade é de brasileiros bem intencionados e que tenham vigor mental, sagacidade, honestidade, patriotismo, lealdade (interna e externa), etc. O brasileiro comum tem fama de esperto em questões banais, entretanto não deve agir como avestruz nas mais importantes. Nas transações internacionais existiram ou existem casos de traição e falta de patriotismo, para os quais os agentes brasileiros de fiscalização da Receita entre outros devem estar atentos e agir com urgência sem esperar ordem superior para investigar, porque o que está em jogo não é apenas interesse transitório de uma equipe; está em jogo a integridade e segurança nacional. Os escalões superiores devem ouvir as comunicações internas e comentários com interesse e incentivar o seu intercâmbio, sejam elas oriundas de subalternos ou de órgãos paralelos, primando pela lealdade e transparência. É interessante e dá status ser funcionário de empresa multinacional, mas é preciso cuidado nos casos de interesse Neoletria 92 individual imediato que resulte em prejuízo à nação brasileira, apenas por questão de competência do respeito. A submissão funcional é um dever do subalterno e uma prerrogativa do personagem da chefia mais do que da pessoa física do chefe. Se a pessoa da chefia deixa de corresponder à personalidade que dela deve ser esperada, se deixar de cumprir o seu ‘papel’, talvez por isso perca a dignidade e o direito à obediência. Os funcionários de multinacionais devem considerar a submissão hierárquica, mas sem burlar o país onde estiverem. Você é subordinado à empresa que o emprega, mas a sua fidelidade não inclui traição à pátria de nacionalidade ou de hospedagem, ou desobediência às suas leis; caso inclua, então essa subordinação passa a ser cumplicidade. A licença obtida por uma multinacional para operar no Brasil deve ser condicionada à observância e cumprimento das normas legais brasileiras. As empresas devem ser legais nos países onde se instalam. Se a legalidade não for possível, também a instalação não deve ser. Muitas vezes não sabemos resolver problemas sérios, por falta de competência ou por confiar em soluções importadas junto com as respectivas conveniências, como se o nosso país fosse a casa (ou colônia) “da mãe Joana”. MANIFESTAÇÃO DESCABIDA Nem tudo o que é submetido a referendo será decidido com sabedoria para melhor socorrer os interesses da maioria, principalmente se as campanhas de propaganda e esclarecimento são promovidas com respaldo do engodo em benefício das minorias de baixo ou de cima. Em sociedade democrática e autodeterminada, os interesses da maioria devem estar sempre Neoletria 93 acima das pretensões das minorias, mas sem burlar a Justiça, sem faltar fraternidade, sem preconceitos discriminatórios. As minorias devem ser preservadas porque sem elas não haveria crítica e sem crítica haveria estagnação. Sem crítica vivem os rebanhos. Portanto, situação sem oposição não é democracia assim como acusação sem defesa não é julgamento. Sem oposição um usurpador permanece tiranizando enquanto tiver forças, ainda que não seja administrador, seja apenas um guerrilheiro falastrão. O direito de ter e de passar opinião é geral, porém uma ideia individual que pareça mirabolante, deve ser conferida e considerada ou desconsiderada cuidadosamente. Por outro lado seria uma tolice prejudicial, desperdiçar sugestões que abrissem oportunidades para ajustes e melhoras da qualidade de vida social, tendo como motivo da recusa apenas o de evitar qualquer situação vantajosa para uma suposta oposição, por ser a origem da proposta. Por incrível que possa parecer, existem casos de tolerância descabida com certas ‘minorias’. Movem-se bilhões em recursos para melhorar ou piorar a qualidade de vida das pessoas; isso quase não causa perturbação, mas quando se trata de intervir na ecologia, para melhorar o equilíbrio climático, um sacerdote poderia embargar as obras, como se a desertificação do Sertão fosse um plano divino. Para descer a ladeira qualquer ‘santo ajuda’. A degradação ecológica é fácil e acontece com ou sem a intervenção humana. Há quem queira proibir qualquer tipo de intervenção, mas por faltar o poder de impedir degradação, alguém quer proibir a recuperação, brincando equivocadamente de deus. Suponhamos que o governo quisesse dragar os rios assoreados, para aproveitar a areia na construção de diques, barragens para usinas hidrelétricas, canais de irrigação (ou Neoletria 94 transposição), aterros, pontes e prédios públicos. Algum figurão apareceria com o talão de multa dizendo que não se pode causar impacto, nem ‘roubar’ da Natureza. Seria suficiente para arregimentar um bando baderneiro de ‘manifestantes’. Muito estranha essa dificuldade para entender a necessidade de recondicionar o leito à situação anterior ao assoreamento, quando o rio continha mais vida. As manifestações públicas dão sinal de que a nossa gente está se politizando, o que é muito bom; só que antes da politização seria interessante a intelectualização para evitar atitudes irracionais e desastrosas. A capacitação intelectual aqui referida é multidisciplinar e seria recomendável que fosse inserida na grade curricular. Contudo, de nada adianta doutorar-se preso a cinismo hipócrita; É preciso ter capacidade para descartar preconceitos, tabus e sofismas. INTERVENÇÃO PERMITIDA Há quem defenda a intocabilidade do ecossistema, achando inadmissível a competência da ciência humana para intervir beneficamente. É de mais vida que o mundo precisa. A superfície da Terra é composta principalmente de oceanos e mares de água salgada, ‘geleiras doces’, montanhas de rochedos, desertos arenosos, solos secos e pedregosos, mas também tem rios, pantanais, cidades, campos de pastagem e de agricultura, florestas, lagos de água doce (sem sal). Para saber avaliar a fertilidade de um terreno necessitamos conhecer outros que sejam melhores ou piores, para possibilitar comparação. Entretanto é fácil perceber que quanto mais regularidade de clima favorável à vida, quanto mais fertilidade e Neoletria 95 seres adaptados existirem numa região, mais rica será a sua natureza e poderosa a sua energia vital. Por isso podemos afirmar que do ponto de vista cósmico a Terra é mais importante do que Marte, do que Vênus. Não é obrigatório que a biosfera da Terra continue toda exatamente como está porque já houve tempo em que foi muito ‘pior’; também já foi bem ‘melhor’ do que é agora. O ‘clima global’, a ecosfera média já foi muito mais quente e chuvosa e já foi glacial. A atmosfera já teve maior e menor concentração de oxigênio, como também de gás carbônico do que agora e com mais carbono foi mais fértil para os vegetais. Dificilmente as variações de carbono, em função de atividade razoável da humanidade, afetariam a composição atmosférica a ponto de causar dano ao ambiente cósmico. Fator mais importante é a composição de umidade. A maioria dessas variações ocorre em decorrência das atividades solares em combinação com os fluxos de radiação cósmica. Essas premissas eu já intuía, mas não podia afirmar nada que contrariasse o IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática), até conhecer algumas idéias do Dr. José Carlos de Almeida Azevedo, doutor em física pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts – EUA. Como desastres ecológicos de proporções gigantescas que foram produzidos pela humanidade podemos citar as detonações nucleares e os derramamentos de petróleo nos mares. Muitas espécies de animais e vegetais já foram extintas por causas diversas: falta de alimentos, alterações climáticas, etc. Muita gente já foi exterminada pela fome, pelas doenças, pelas enchentes, pelos vulcões, pelos soterramentos, pelos terremotos e maremotos, pela estupidez da guerra, pela idiotice do banditismo, por intolerância ao querer esclarecer equívocos dogmáticos, por Neoletria 96 ‘limpeza étnica’. Já aconteceram grandes incêndios, escapamentos radioativos, naufrágios, choques de trem, quedas de aeronaves. Se vamos apontar culpados pelos desastres, muitas vezes o ‘réu’ nem é humano. Para melhorar a Natureza nem precisa de pretexto como penalidade ou pagamento de indenização, como o que acontece quando alguém intenta piorar. No entanto, para qualquer movimento suscetível de alterar o sistema ecológico é sempre necessária licença ambiental, porque existe o órgão específico e responsável para conferir, licenciar e coordenar, mas deve ser desautorizado quando excede limites aceitáveis de prazo para apresentar decisão. Seria justo planejarmos grandes empreendimentos para recomposição com melhoria da biodiversidade, ainda que alguém lucrasse com isso. Mesmo que as empresas construtoras possam aproveitar o lucro para sustentar os seus operários, já podemos pensar em algo construtivo como a fertilização do agreste e a construção de grandes ilhas flutuantes compostas pela transformação do lixo em tapetões cobertos por terra fértil. Para isso é desnecessária autorização tácita ou retumbante do planeta Terra. - Por quê a natureza não suportaria esses afagos se já sofreu tanta agressão, calada? NATUREZA CONDICIONADA Se as nossas indústrias poluem a atmosfera, possivelmente estamos prejudicando o clima. Se nós manifestamos desejo de fazer algo para compensar, levantam-se ‘manifestantes’ para dizer que não se pode mexer na natureza. Se as boas ações humanas ficam proibidas para não “brincar de deus”, então seria lícito brincarmos de ‘satanás’? Deus é o senhor do espaço infinito e da Neoletria 97 eternidade; Ele não é um diácono cujas atividades possamos imitar ou criticar. Assim como produzimos gases e os liberamos na atmosfera, seja pelas chaminés, seja pela descarga dos motores, seja pelos rebanhos, gases que interferem na temperatura global, temos o direito ou dever de fazer algo que corrija a suposta insalubridade atmosférica e o avanço da desertificação do Semiárido, mesmo que isso traga resultado financeiro; e ainda que o resultado não seja dividido igualmente entre produtivos e improdutivos. Fazer o deserto produzir alimentos ou celulose enquanto refresca a região e sequestra carbono, causa impacto no meio ambiente, mas esse impacto é positivo a despeito da lambujem eventual de enriquecer alguns contribuintes do erário. Naturalmente a prosperidade da nação fortalece o governo que assim pode dar melhor amparo e inclusão aos seus ‘filhos’ fracos, desfavorecidos e até aos ‘normais’, embora alguns rebeldes continuem a importunar os mais produtivos sob o beneplácito de quem teria a obrigação de defender quem o alimenta - os seus contribuintes. Existem lugares no mundo onde parece que os retrógrados não se atreveram a criar problema. Portanto a paisagem foi remodelada. No Oriente foram construídas plataformas irrigadas para o cultivo de arroz; na Holanda e em Israel houve intervenção humana para incorporar áreas com significativas e benéficas modificações da paisagem, no Egito foi construída a barragem de Assuã para formação de um lago de 400 km de comprimento e 130 km2, para irrigação, regulagem das cheias do Nilo e produção de energia elétrica, o que ocasionou remoção de grandes monumentos; no Brasil e em outras partes da Terra foram construídos grandes lagos que possivelmente contribuíram em melhoria do clima, além de gerar produção de energia elétrica como retorno do investimento. Neoletria 98 Já existe laboratório em órbita, fora da atmosfera. Suponho que existirão grandes ilhas flutuantes nos mares e oceanos para fins agrários, e até colonização fora da superfície da Terra, mas o Rio São Francisco com nome de santo é intocável para determinada ‘torcida’, justamente aquela torcida que abomina a prosperidade, a saúde e a produtividade (alheias) e tudo o que a modernidade posa oferecer, preferindo uma pobreza romântica. Não é crueldade. Pareço implacável com certas atitudes porque estou espantado pela a falta de espanto do consenso. A complacência pública necessita uma sacudidela. A inteligência individual de muita gente é excelente e continua melhorando, mas no conjunto, a inteligência social parece brincadeira de mau gosto. Autoridades que poderiam interferir mantêm o queixo erguido, ignorando algures e ocupando a mente com alhures. CONFUSÕES É triste reconhecer que a nossa maior fonte de notícias era a criminalidade. O que se configurava absurdo não eram as publicações dessas notícias, mas sim os próprios acontecimentos; não os comentários ou ‘vazamentos’, e sim os respectivos fatos. Outra causa de tristeza era perceber que as ‘autoridades’ mantenedoras da ordem e da harmonia da convivência social ficavam apreciando de longe um grupo de baderneiros vadios, da clandestinidade, invadir e danificar os patrimônios públicos e privados, com a desculpa de ‘manifestação’ mas quando verdadeiros trabalhadores sindicalizados reclamavam direitos, eles eram reprimidos, como se isso não fosse ‘manifestação’. Por ação, omissão ou morosidade da burocracia que tanto pesa no ‘custo Brasil’, uma parcela dos nossos líderes políticos e Neoletria 99 das autoridades fiscais e eclesiásticas, etc. criavam barreiras ao uso proveitoso dos nossos parcos recursos tecnológicos e projetos científicos, ensejando sua venda para as multinacionais, que depois nos cobravam severos royalties sobre aquilo que era nosso. Percebemos esse transtorno a partir da complexidade e demora na abertura ou cessação de empresa, enquanto não seja aprovada a produção ou comercialização sem as impertinentes licenças e a inscrição da pessoa jurídica. Também as pesquisas científicas em alguns casos eram desencorajadas. Em regiões brasileiras, alguns produtos artesanais de tradição centenária, no domínio público sem restrição, estiveram na mira da pirataria internacional para serem registradas como propriedade de empresas estrangeiras, para depois obrigar-nos a pagar licença para continuar consumindo, ou pelo menos impedir a nossa produção industrial. As reservas morais do Legislativo, do Judiciário e da Imprensa poderiam constatar a suspeita de um surrealismo que parecia pesadelo, mas havia indícios de casos em que as tarifas autorizadas aos serviços ou produtos de concessionária eram mantidas abaixo do custo, talvez pela desculpa de conter a inflação, mas quando a empresa chegava ao estado falimentar, então podia ser subfaturada para uma multinacional. Depois, sob novo domínio as tarifas se tornariam preços liberados. As ‘comissões de venda’ corriam em sigilo de Estado. O patrimônio brasileiro passava “de mão beijada” para o domínio estrangeiro. Ainda insatisfeita, a nova proprietária já podia revender a ‘concessionária’ pelo preço real, muito maior do que o de aquisição. Isso nem chegava a ser esperteza dos lambuzados, mas era estupidez ou alta traição de quem fazia vista grossa ou gorda. Conforme a quem a falcatrua beneficiasse, não haveria conveniência e nem mesmo autorização para auditoria. Neoletria 100 Seria comum e normal que os especialistas tivessem algum grau de ignorância fora da própria especialidade. Eles seriam respeitáveis nos seus domínios e respeitosos para com os sábios de assuntos a eles estranhos. No entanto encontrávamos intelectuais arvorando-se de autoridades em assuntos alheios, ao impor os seus dogmas e ‘preceitos’ contra os biólogos, entre outros, tentando avançar decisivamente em causas que pouco tinham a ver com o seu campo de conhecimento. Por exemplo: produção agrícola de transgênicos; clonagem na pecuária; pesquisa sobre o emprego de células tronco para fins terapêuticos. A mim parece que o espermatozóide e o óvulo são seres vivos, mas não são pessoas, nem depois da fecundação enquanto o embrião estiver composto de células tronco. Nessa faze não é gente, nem é pessoa, embora seja uma composição de células vivas e capazes de se adequarem aos mais diversos órgãos do futuro feto. Se fosse razoável proibir pesquisas sobre emprego terapêutico de células tronco embrionárias ou impedir o descarte de embriões por falta de úteros disponíveis para gestação, pelo mesmo critério seria indicada a proibição da ‘perda’ de milhões de espermatozóides e óvulos gerados espontânea e involuntariamente pelas pessoas. Neoletria 101 VI – QUALIDADE DEMOCRÁTICA DECISÕES Sem direito de opinião e de discussão, seria impossível o consenso esclarecido. Somente coincidindo com a ideologia do déspota a opinião pública estaria em paz, contanto que mesmo assim não se manifestasse, apenas aprovasse. No sistema de governo democrático existem os formadores de opinião e os pesquisadores de opinião pública. Enquanto os primeiros compartilham as suas preocupações, os seus anseios e os seus prognósticos, os pesquisadores fazem a leitura do consenso. A consensualidade é graduada pelo alcance do conhecimento geral da comunidade, o qual nunca é demais. Em convocação de eleições, todos os eleitores têm o direito e a obrigação cívica de decidir, mas sempre é necessário o prévio esclarecimento, que deve ser imparcial, sem privilégios. Nessa fase o eleitorado está na posição dos jurados do tribunal, para julgar capacidades e méritos dos candidatos apresentados. Quando tem debate político-partidário para esclarecer ou induzir eleitores, é importante que seja equilibrado em poder de persuasão e no dever de falar a verdade. Durante os debates, muitas pessoas ficam vivamente interessadas em conhecer as questões, as soluções e as intenções, mas uma ‘boa’ parcela do Neoletria 102 povo fica à margem e ‘não quer nem saber’. Outros ficam vivamente interessados em levar vantagem, vender o voto. Compra de voto e de preferência para que o eleitor traia a sua própria convicção é suborno e como tal é crime, de quem compra e de quem vende. A escolha de candidato é importantíssima. Não é sensato espremer decisão de alguém que não quer nem saber se vai, se fica ou volta, se cai na água ou no fogo. Pessoas assim têm vocação para serem escravos ou lacaios ou vassalos, mas não para o livre arbítrio e a autodeterminação, não para escolher representantes, legitimar governantes. A democracia será melhor quando puder libertar-se do voto obrigatório, para que os sufrágios sejam originados nas opiniões e fundamentados nos conhecimentos. Sufrágio sem opinião é venal, é vil e subornável. Voto vil elege vilão, não por habitar a vila, mas por sordidez mesmo. Se o voto fosse livre, muitos fariam “corpo mole”, só compareceriam mediante pagamento, como se esse fosse um serviço. Sendo obrigatório, os eleitores não podem considerar o voto como serviço, mas os inconvictos são mais venais. Democracia com maioria do eleitorado ignaro, ou império com déspota idiota, pouca diferença faz. Algumas questões cotidianas não requerem convocação do poder legislativo ou de plebiscito para as decisões. Em casos assim cabe o direito de qualquer pessoa opinar, mas o de decidir é exclusividade de quem estiver empossado legitimamente na autoridade constituída e assim estabelecido em responsabilidade, competência e idoneidade necessárias a essa função, tanto em âmbito comunitário quanto familiar. Todos os cidadãos têm o dever de acatar as decisões oficiais ou atos públicos de funcionário investido legalmente na Neoletria 103 função. Os atos e as decisões do serviço público devem ser objetivados na conveniência comunitária. Mesmo acatando decisões da oficialidade burocrática, o cidadão reserva-se o direito de prestar atenção nos desvios da ética. O grau de compreensão da lei não é medido pela justeza dos seus preceitos e sim pela sua abrangência sobre o povo que a observa. Depende da exequibilidade. Se for impossível entender a lei e as portarias, será também de cumpri-las. As exceções eram as leis dos ‘governos fortes’ que mesmo sem regulamentarem a convivência social; mesmo mal compreendidas criavam condições para explorar os vassalos, tal qual as indústrias de multas. POLÍTICA As atitudes de engodo e demagogia só prosperam no ambiente político de comunidade atacada pela ignorância ou numa população extremamente servil e sem capacidade ou possibilidade para criticar. As minorias são periféricas, algumas rastejam aos pés e algumas pairam sobre a cabeça comunitária. Nem todas as minorias merecem a democracia que têm, contudo devem conformar-se, com a prioridade majoritária. É pela superioridade numérica dos votos que se define a representação do eleitorado, seja ele autodeterminado ou auto-engodado, e em favor dessa maioria devem ser dirigidos os esforços prioritários, se bem que seja imprecisa a definição de grupos a favor ou contra. Por segurança os eleitos devem assumir compromissos de campanha. Lamentavelmente quando existem proposições originárias das minorias opositoras, a comunidade tem dificuldade em reconhecer o valor e oferecer apoio, ainda que sejam propostas Neoletria 104 progressistas. Parece mais factível copiar ideias alienígenas do que aceitar proposta de uma suposta oposição. É de pouca valia termos na comunidade pessoas de grande esclarecimento; elas são minoria e ‘qualificadas’ como elites. Talvez pessoas assim não sirvam para representar a caterva inculta. Para trabalhar em favor da população, as elites devem estar prevenidas e não estranhar a ingratidão. Se existem algumas inconsistências em atitudes e ações governamentais, que mereçam e recebam críticas, pode-se atribuir isso ao regime democrático, em que os atos do governo devem ser pautados mais pelas pretensões populares do que pelas ideias mirabolantes dos poderosos e mesmo das minorias, até porque é impossível a satisfação unânime. Sendo assim, cabe aos meios de comunicação, aos jornalistas e motivadores da opinião pública uma grande responsabilidade, enquanto representam e interpretam os legítimos anelos populares; já que formam uma classe mais vigilante e informada. Os agentes da imprensa têm condições de alertar o povo, que então confiará os seus anseios às lideranças políticas para que atendam as reclamações e liderem as vontades. Os eleitores devem também perceber as advertências dos produtores de opinião, dos palpiteiros, dos conselheiros, dos mestres, dos religiosos, etc., então eles devem saber peneirar para que caiam as bobagens; para que as mentiras e as maldades sejam catadas e expurgadas. O restante merece estudo. São cuidados possíveis, mas não fáceis; essas atitudes necessitam preparo intelectual ou escolaridade, mas compensadoras porque são marcantes na qualidade democrática. A condição para que um país seja desenvolvido democraticamente é o crescimento em escolaridade e cultura da maioria da população. Quando a maioria da comunidade estiver Neoletria 105 esclarecida saberá equacionar os seus problemas e escolher os seus representantes para que os solucione. Mas convém averiguar se as escolas estão preparadas para essa tarefa, ou se ainda existe muita confusão entre utopia e realidade. Muitas manifestações, denúncias, protestos e exigências de setores da comunidade talvez não passem de chorumelas dos que reclamam para si a melhor parte daquilo que julgam redistribuição de renda (ou de benesses); tanto é que grandes hordas de manifestantes baderneiros quebradores de laboratórios e de instalações de utilidade pública estão apenas participando em crimes de lesa-pátria, mas seguem firmes na crença ingênua de que lutam pela instauração de um ‘socialismo utópico’. Como são vadios, cabe a investigação para descobrir quem os sustenta. Resta saber quem se beneficiaria das mudanças exigidas pela corja, para perceber que são manobrados contra a sua própria conveniência, e em prejuízo da nação. Então queimam os próprios colchões, quebram os cochos, fazem cena para os patrocinadores. Quando os invasores, assaltantes de cargas, destruidores do patrimônio público ou privado fazem protestos sem cabimento, devem ser considerados traidores da Pátria, juntamente com os que os sustentam, sejam internos, sejam externos. Maior crime é dos patrocinadores brasileiros do que dos estrangeiros. FISCALIZAÇÃO REPUBLICANA Felizmente o nosso regime de governo é o democrático, mas para exercê-lo ou usufruí-lo em exercício pleno, nós necessitamos mais desenvolvimento na educação, porque o eleitor comum deve assumir uma responsabilidade para a qual ele não está preparado. Neoletria 106 Acredito que pelo menos até 2008, as siglas partidárias não eram submetidas a suficiente teste de critério para o registro como pessoas jurídicas (assim como os ‘sindicatos’ dos trabalhadores sem terra e outros que tais, cujo registro nem precisava de critérios porque isso era desnecessário para receber subsídios até governamentais em contrapartida dos seus crimes). Partido político devia ser agremiação ideológica, mas funcionava praticamente sem conteúdo programático; tinha ‘a cara’ do seu ‘cacique’ e o caráter dos seus ‘guerreiros’ mal recrutados e desavisados. Os fatores que pareciam essenciais eram: a torcida do eleitorado; emoção com entusiasmo e empolgação, que ajudassem no convencimento. Finalmente ‘um pouco’ de demagogia era inevitável. - Mas como evitar o engodo, se as pessoas que podiam esclarecer não tinham crédito por representarem as ‘amaldiçoadas elites’? Quando as agremiações políticas ainda eram poucas, elas pretendiam defender interesses de grandes grupos específicos de eleitores, mas depois, com a proliferação de siglas, algumas delas buscavam se afirmar como legendas de aluguel. Outras apenas se organizavam como provedoras ou empresárias de profissionais de carreira eletiva, então procuravam produzir evidência midiática para angariar torcedores (em vez das ideologias se agremiarem, os demagogos se profissionalizavam). Assim como faltava fiscalização que comprovasse a legitimidade dos partidos políticos, também não eram suficientes as restrições aos candidatos. As convenções determinavam as candidaturas. Alguns solicitantes de candidatura mediam a chance de passar na convenção pela visibilidade, como ter bom padrinho, dinheiro para financiar campanha ou promessas de conchavo, ter apelido esquisito, envolvimento em casos de repercussão na mídia e carisma para impor respeito e admiração. Neoletria 107 Os princípios e preceitos prioritários das agremiações partidárias restringiam-se a conquista de votos, ficando na ideologia declarada, apenas uma ladainha com finalidade sedutora. Os tipos que conseguiam sucesso junto ao eleitorado, eram bem aceitos e até disputados, por quase todos os partidos, sem problema de incompatibilidade ideológica. O ‘ideologismo’ fora substituído pelo personalismo. Para registrar no cartório eleitoral a lista dos escolhidos em convenção, bastava que os candidatos não estivessem cumprindo pena por crime julgado em última instância e que estivessem em dia com a obrigação de eleitor e registro de filiação partidária, e pronto: passavam sem concurso e sem preparo, como se isso fosse suficiente certificação de cidadania. Escolaridade específica não era cogitada, nem atestado de bons antecedentes ou folha corrida. Presumia-se que o eleitorado saberia escolher porque, como todos sabem: “a voz do povo é a voz de deus” (precisa ver que espécie de povo para supor a espécie de deus). Para ser candidato não era exigido atestado de sanidade física e mental. Grande parte dos postulantes a mandato tinha ficha suja na polícia, mas esses pretendentes não eram barrados pelo Poder Judiciário. As tais fichas não podiam ser divulgadas para não influir na ‘vontade democrática’. Alguns bizarros eram submetidos diretamente ao ‘juízo’ do eleitorado, mas seria melhor se antes passassem por exame psicológico; com certeza a comunidade seria poupada das loucuras deles. Então, candidato registrado, era só seduzir os eleitores. Assim a política partidária revelava-se um ótimo encaminhamento para quem não tinha escrúpulos, mas sim uma grande necessidade de foro privilegiado, onde os processos podiam ser adiados à vontade e as decisões dependiam de poucas mãos ou cabeças. Alguns trambiqueiros nessa situação já aproveitaram tanto que os Neoletria 108 crimes foram prescritos, deixando aquela velha impressão de que a prisão funcionava só para pobre. Uma lista de candidatos e candidatas era apresentada ao eleitorado com qualidades divulgadas e criminalidade oculta (aceitando as qualidades divulgadas, perdoavam os crimes ocultados), disputando cargos que afetariam a vida e o destino dos eleitores e seus descendentes. Aos eleitores eram apresentados pela Justiça Eleitoral, no mesmo rol, os heróis e os vilões. Seriam muito simplórias essas ‘autoridades competentes’ se esperassem que os eleitores julgassem a ‘plêiade dos ilustres’ disponibilizada na lista, como ‘preparada’ pela Justiça. Pela ótica do eleitorado a tarefa de julgar, certamente já estaria concluída durante a composição do rol. Os heróis e os vilões teriam procuração para representarnos como quisessem. A situação revestia-se da maior gravidade porque o arrependimento pelo voto errado não tinha eficácia, o eleitorado não podia caçar a procuração dada pelo voto ‘sagrado’ ainda que flagrasse o farsante sem a máscara. O eleitor comum não podia contar com um serviço que deveria ser de exclusividade do governo, qual seja o de defender a democracia da sua pior doença. A Justiça parecia ‘entender’ que o privilégio de não cumprirem pena enquanto estivessem apelando, que era concedido aos criminosos (e ‘supostos’) para se defenderem em liberdade sob condições; por ser constitucional essa presunção de inocência, podia ser extensiva aos mesmos para exercerem o governo da República, como se fossem merecedores de absoluta confiança. Se o último veredicto acusasse culpado, estando o meliante já no gozo da soberania, ele aproveitaria a imunidade, e o povo que se lixasse ao ver uma cobra sair de um lindo ovo. Neoletria 109 Na hipótese da condenação em última instância, de um eleito já empossado (julgamento que costuma ser evitado), segundo o meu parecer, a devida punição do ‘perdoado’ deveria recair sobre os ‘ilustres’ mantenedores da banda podre do poder, por abrirem a porta da ‘igreja’ e convidarem o ‘capeta’ para assumir o ‘púlpito’. Acredito que haveria mais sensatez se a Justiça optasse por adiar a inscrição da candidatura para o fim das apelações, contanto que a decisão definitiva declarasse a inocência e isenção do pretendente. Isso evitaria a investidura de um bandido entre os heróis. Pelo visto, a conveniência da carreira política era mais interessante para velhaco criminoso do que para cidadão cumpridor das responsabilidades. Desculpem-me aqueles políticos que, como eu não se conformam com esse estado de coisas, mas foi a maioria que quis assim, por conveniência ou estupidez. Em tese o Poder Judiciário apenas faz cumprir as leis elaboradas pelo Poder Legislativo. Quando se verificar que o Judiciário interpretou em viés, será hora de corrigir o texto ou teor da lei para ficar mais claro, mas depende da “vontade política” ou de conveniências ocultas. A questão é qualificar a maioria do eleitorado para eleger uma boa maioria parlamentar que aprove uma legislação mais ‘cidadã’. Os movimentos democráticos e socialistas, os democratas, republicanos e progressistas deviam evitar a necessidade de nova ditadura para por fim aos desatinos legislativos, porque quanto mais cresce a maçaroca, mais difícil será o desenredo. No momento em que estivermos livres da burrice, as conveniências gerais ficarão mais evidentes e poderemos administrá-las com critério. Neoletria 110 ELEITOR CONSUMIDOR Existe o Procon que zela pelos direitos dos consumidores. Essa procuradoria evita a necessidade da especialização de cada um dos milhões de cidadãos, sobre centenas de itens de mercadorias e serviços para que possam safar-se das mais diversas injustiças nas suas relações de comércio, atendimentos, serviços empresariais e estatais, etc. Quase tudo o que é submetido à apreciação ou escolha por parte das pessoas ou das instituições, tem que ser aprovado ou condenado por algum tipo de fiscalização, mas o mesmo não acontece na vida político-administrativa nacional. Misteriosamente a ‘vontade democrática’ é burlada no aspecto ‘fiscalização republicana’. Não existe manual de funcionamento do ‘produto’ para uma escolha de candidato adequado aos propósitos. Nem as agremiações político-partidárias e nem a Justiça eleitoral se envolvem com a necessidade da depuração de maus elementos das chapas partidárias. Enquanto as listas de políticos pretendentes a votos, são apresentadas ao eleitorado apenas por divulgação de auto-elogio, sem um bom exame ou controle de qualidade, deixando o contraditório por conta de suspeitos adversários, os produtos alimentícios são submetidos à fiscalização de higiene pela vigilância sanitária; quantidade, composição, período de validade e preço são conferidos para conforto dos consumidores. Por medida de segurança os medicamentos passam por muitos testes antes de serem liberados para consumo sob receita médica. As escolas submetem-se às diretrizes do Ministério da Educação. Os preenchimentos de cargos do serviço público seguem normas rigorosas de concurso em competição de conhecimentos e ficha Neoletria 111 limpa. O serviço militar embora obrigatório, efetua inspeção médica para dispensa ou escolha dos recrutas. As funções do serviço público são detalhadamente regidas por lei. Entretanto uma liberdade sinistra e sorrateira corre irrestrita, e muitos abusos são permitidos ou consentidos apenas e unicamente onde mais deveria imperar o bom-senso e o rigor técnico para que a civilização avance em equilíbrio e harmonia. As casas de leis, além de regimento interno têm os seus códigos de ética e em cada uma deveria funcionar a comissão que fosse respeitada, mas geralmente o ‘plenário’ não concorda com as recomendações, porque a maioria joga na defensiva para não se expor. O Departamento Nacional de Trânsito exige prova de conhecimentos e aptidão dos que pretendem ser condutores de veículos. De quem pretendesse ser candidato para conduzir a comunidade seria coerente exigir prova de conhecimentos, aptidão, honradez, probidade e decência. Acidente de um veículo não se compara com acidente de uma cidade, um estado, uma nação. Os candidatos aos cargos mais importantes do governo, os eletivos, deveriam ser submetidos a provas de escolaridade, experiência e honestidade. Não é justo esperar que os eleitores sejam responsabilizados pelas escolhas desastradas de eleitos mal conhecidos e mal intencionados. A peneira é grande demais para cada eleitor ser obrigado a carregar a sua. Sem abrir mão da autoridade para escolher os mais adequados para serem eleitos e investidos na administração do serviço público, os eleitores tem o direito de receber listas limpas de candidatos qualificados, livres de ‘gorgulhos’, ‘joios’, ‘carunchos’ e outros refugos, mas os critérios dos partidos políticos não abrangem condições suficientes, é indispensável o crivo judiciário. Neoletria 112 Para o interessado ser inscrito na disputa, poderia haver um padrão mínimo a observar, um órgão fiscalizador com requisitos a exigir. Essa obrigação seria dividida entre o governo e as agremiações partidárias solidariamente, cada qual no que lhe compete. Se a agremiação descuidasse a sua parte, pelo menos a do governo seria rigorosa, por meio de um grupo de interesse geral, não subversivo e multi-ideológico, uma comissão composta por membros ilibados e de notório saber. É recomendável que o partido político tenha interesse por candidatos que demonstrem: afinidade ideológica; lealdade; companheirismo, para segurança da fidelidade partidária; tenham tirocínio e sejam comunicativos, para garantir boa gestão no cargo público. Espera-se de um órgão governamental (Justiça Eleitoral) condições de defender o direito dos eleitores de receber uma lista limpa e livre de incapazes ou malfeitores, submetendo os candidatos a testes de conhecimentos condizentes com o intuito pretendido, além de certificar-se sobre a conduta ilibada. Pouco importa se a sabatina de alguns requisitos coincide na agremiação e no órgão, essa função duplicada dificulta fraude. Ser filiado a um partido político é simplesmente fazer parte da torcida organizada, entretanto ser candidato é estar às portas da governança. Por isso os requisitos são outros. Para que a democracia seja de fato soberania popular (e não “ditadura do proletariado”), não basta oferecer opções de candidatos aos eleitores, como no jogo das cumbuquinhas que se deve adivinhar onde está a pedra. Se os eleitores são obrigados a votar, o eleitorado tem o direito de conhecer a qualidade de cada alternativa para indicar a opção conscientemente e não arcar com quatro anos de arrependimento. Para isso basta expurgar os incompetentes e os que escondem a ficha pregressa. Neoletria 113 Uma boa administração democrática depende da educação da sociedade, e a educação de qualidade deveria ser aprimorada cientificamente. LAICISMO Um religioso que participa voluntariamente das atividades numa confraria, numa igreja, é muito melhor eclesiasticamente do que qualquer pessoa que seja a isso forçado por lei ou por qualquer espécie de constrangimento. A vocação clerical pode restringir o devoto a uma linha doutrinária pouco ecumênica até entre adeptos do mesmo cristianismo; quase nada de diálogo com outras confissões. A vocação política é geralmente menos incutida de dogmatismo do que a religiosa e por isso descortina amplos horizontes filosóficos, cuja aceitação ou recusa é menos constrangedora. A liberdade de consciência é um princípio democrático que garante o pluralismo ideológico e religioso, para que os cidadãos usufruam o direito de ir e voltar aos seus cultos em paz, onde encontram o significado da existência e conforto para as suas ansiedades. O poder público deve ser laico e apartidário, porém fiel aos compromissos do plano de governo divulgados em campanha eleitoral. Os partidos de oposição não podem ser proscritos enquanto agirem de acordo com os bons princípios do direito democrático, enquanto participarem da comunidade republicana, mas evidentemente as agremiações criminosas ou perturbadoras da organização social devem ser excluídas dessa comunhão. O respeito pelos ‘movimentos sociais’ ou manifestações deve ser limitado, porque se a metade do povo preferir o suicídio, a outra metade não deve solidarizar-se. Nestas condições, os eleitores têm o direito de apoiar qualquer partido constituído legalmente, mas a Neoletria 114 afinidade ou preferência ideológica é opção de responsabilidade pessoal. Nos países de governo democrático onde convivem variedades de religiões, é conveniente a imparcialidade revertida no que chamamos de laicismo, ou governo secular. Suponho que por isso alguns grupos de educadores assumem posições anticlericais e passam a abominar a moral e talvez até os bons costumes, como se a educação carregada de ética fosse uma concessão ao poder eclesiástico. No meu modo de ver, não há motivo para tanta polarização “entre o céu e a terra”. O laicismo tem o objetivo de respeitar a Constituição Federal que garante os “direitos e deveres individuais e coletivos”, torna inviolável “a liberdade de consciência e de crença”, conforme incisos VI e VIII do Art. Quinto. Sem esse preceito a democracia seria impossível. Se o Estado manifestasse preferência por determinada religião, ou linha ideológica, haveria possibilidade das congêneres ficarem prejudicadas ou até proscritas. O recrudescimento seria na direção da intolerância e do totalitarismo ou da guerra civil. Com a posição de imparcialidade o Estado democrático adota uma equidistância que permite amplo desenvolvimento de todos, atende o bem estar social e o ânimo espontaneamente progressista em qualquer ramo do saber. Logicamente os melhores prosperam mais se as oportunidades forem iguais para todos; a possibilidade de crítica e discussão impede as aberrações e degenerações, além de estimular o aprimoramento. Seguindo esses parâmetros a nação se robustece. As religiões não devem ser combatidas enquanto se mantiverem parceiras do ‘Estado laico’ na preparação de um povo para a cidadania, com liberdade para praticar tudo o que vale a pena no âmbito da legalidade. Em compensação o governo secular Neoletria 115 deve apoiar as igrejas que cumprem com o seu dever de orientar as pessoas no caminho de lealdade, honestidade, solidariedade e respeito, porque assim a democracia se realiza. Entre seitas e doutrinas que adotam a legalidade por requisito, as rivalidades devem ser resolvidas apenas por meio de argumentos e admoestações, porque assim as disputas restringemse às ideias, sem atingir as pessoas, mesmo porque desse modo é mais fácil a retratação de quem se acha em erro ou equívoco. Funciona como o debate no Tribunal do Júri entre a defesa e a acusação quando que os contendores agem por convicção e não por cumplicidade no crime ou solidariedade com as partes litigantes. Antagonismo exagerado e sem fundamento entre os ‘mundanos’ e os religiosos, entre os laicos e os eclesiásticos pode ser indício de desvios culturais e educacionais que indicam a conveniência de uma investigação profunda sobre as verdadeiras causas da crescente criminalidade; seria triste ver culpa ou dolo escondido nas orientações ‘educativas’ de ideologias retrógradas. A violência que nos aflige é produto da nossa estupidez, porque esses violentos e criminosos surgiram das nossas famílias e das nossas escolas. Se alguém merece castigo corretivo, é aquele que comete crime. No entanto deve ser cogitada a corresponsabilidade dos pais e educadores e solidariamente pelas instituições governamentais que puderem orientar pela índole da legalidade, havendo interesse pela saúde democrática. Se os educadores pagassem cinco por cento da penalidade que lhes cabe pelos delitos dos seus educandos adolescentes, eles questionariam a qualidade da educação que passam, mas os delinquentes teriam que pagar os noventa e cinco por cento, para não serem incentivados a punir os seus mestres. Neoletria 116 A sabedoria e a cultura popular são produtos da educação, mas para ser verdadeira e de boa qualidade a educação não pode ser tendenciosa, fanática ou partidária, nem cabresteada por alguma tirania ideológica, pois se fosse assim, em vez da erudição, o que teríamos para cultuar seria uma ‘récua’ de preconceitos pelos quais se basearia a nossa democracia. A capacidade de atender e orientar sempre para que todo encaminhamento, todo desenvolvimento, todo acontecimento tenha como objetivo a conveniência geral, mais do que a particular requer muito esclarecimento, muita ciência e muita ética. Não basta que só os governantes tenham essa atitude e esses requisitos, os mestres também devem ter, todos nós devemos almejar. Funciona como o lema dos Três Mosqueteiros: “um por todos e todos por um”. SANEAMENTO DA DEMOCRACIA Para a inteligência funcionar e se desenvolver depende de coerência, raciocínio lógico, teorias e das respectivas práticas, mas para começar não há desenvolvimento sem estímulo. Com a inteligência desenvolvida o interesse aumenta; maior interesse requisita mais teoria e por consequência o aprimoramento da respectiva prática. Isso forma círculo virtuoso auto-sustentável. É só começar por uma educação mais rigorosa. No âmbito de um povo inteligente, atento e bem informado não prosperariam tanto as falcatruas e corrupções, porque a pronta, sábia e eficaz reação pública desencorajaria o crime. Um povo intelectualizado preconiza correção em detrimento de erro; exatidão é melhor do que quase certo; a sinceridade ao invés da falsidade; preferência pela verdade e repúdio pela mentira, pois se quisermos reciprocidade na nossa convivência com a sociedade, se exigimos o direito de sermos tratados com honestidade, Neoletria 117 devemos ser honestos. Quem tem saúde mental fundamenta os seus parâmetros psíquicos na realidade, não no absurdo. É possível melhorar o quociente intelectual médio do povo brasileiro, mas para tanto é necessário investir em tecnologia do aprendizado; melhorar os instrumentos e as ferramentas a isso destinados; incluir os exercícios especiais para o desenvolvimento da inteligência como parte do ensino obrigatório. É provável que isso aconteça quando a democracia estiver saneada. Os bons políticos existem, mas são minoritários. Os demagogos preferem um ‘rebanho’ dominado e ingênuo, por isso são maus políticos. Conduzir uma nação pelo caminho do bem, só será possível com boa liderança. Contudo existe uma dificuldade: a percepção pública das diferenças entre candidatos disfarçados, principalmente durante a campanha eleitoral. Deveríamos distinguir entre os hipócritas e os sinceros, mas de que adiantaria uma extrema sinceridade casada com uma ingenuidade do mesmo tamanho? Queremos uma verdadeira democracia, mas para isso devemos estabelecer na nossa cultura as qualidades virtuosas como povo solidário, altruísta, responsável, competente e esclarecido. Isso se faz começando pela educação e o cultivo da intelectualidade, das boas maneiras das habilidades em geral. É necessário o ensino das ciências e da lógica tanto matemática como filosófica e até coordenação motora (educação física). Afinal os países mais civilizados da atualidade derivaram dos que aproveitaram as influências dos gregos; desde a antiguidade eles foram esportistas, academicistas e afeitos às artes. A instrução de regras da cidadania, do respeito, dos direitos e obrigações, precisa constar no conteúdo programático escolar. Mas talvez toda a educação deva ser reciclada para que Neoletria 118 sejam averiguadas estatisticamente as ações e as atitudes educativas e seus resultados, para corrigir ou substituir tudo que se revelar inútil ou nocivo. Convém evitar que a propalada igualdade de direitos vire uma paçoca, uma maçaroca composta de inigualáveis, incombináveis e incompatíveis onde os defeitos de uns instigam por oposição os dos outros e as virtudes se estagnam. Os alunos devem ser divididos em classes segundo diferenças notáveis quanto ao respeito de uns pelos outros e pelos mestres; quanto à inteligência e quanto às outras categorias de distinção por eficiência ou deficiência. Importa muito evitar o descuido com o desenvolvimento da agressividade de alguns, podendo ser contagiante e prejudicando os demais. Alem disso, Uma classe muito heterogênea tem pouco aproveitamento e cai na dispersibilidade. Suponho que a construção da inteligência excelente já foi experimentada ou cogitada há dois mil e quatrocentos anos em Atenas, mas se agora os indícios demonstram falha acentuada, nunca é tarde para o recomeço, até porque na Europa da renascença, depois de “um longo e tenebroso” medievalismo, muitos tentaram e conseguiram até onde foi possível na época. O fervor intelectual foi mantido em algumas nações por algumas pessoas daí em diante, parecendo florescer no século XVIII. Creio que em alguma parte da Terra continua até hoje. Aqui precisamos soprar as cinzas para avivar as brasas. Neoletria 119 SEGUNDA PARTE INTELIGÊNCIA OBSERVAÇÕES Por vezes apresento argumentação obviamente desnecessária, mas considerando a heterogeneidade do ensino, a tentativa da promoção de classe (série) para todos os alunos, independentemente dos resultados das provas ou das notas finais, a posição brasileira na classificação mundial do aproveitamento escolar e o privilégio das cotas sobrepondo-se à importância do preparo; acredito que existem decisões importantes resolvidas ‘politicamente’ e ‘de ofício’, com fundamento teórico ou retórico e autoritário, mas sem respaldo prático. Preferindo admitir que essas aberrações acontecem por falta de preparo e por ingenuidade das nossas autoridades e não por indignidade, entendo que tudo isso indica a necessidade da referida argumentação. Neoletria 120 Talvez por falta de divulgação ou conservadorismo mal resolvido nem todas as maravilhas criadas por pessoas foram plenamente adotadas pela humanidade. Algumas, como o idioma Esperanto, ainda pairam acima da oportunidade de assimilação do grande público mundial. Um desprezo irracional. Seria desperdício rejeitar um sistema pronto para atender o requisito principal da inteligência, que é o aprimoramento da linguagem. Suponho, aqui do meu ponto de vista, que embora já existam idiomas disputando hegemonia pelo mundo afora, não há nenhum que se compare com o Esperanto em simplicidade, eficiência, correção e coerência. Alimento a esperança de que Neoletria será novo alento com propósito semelhante ao do Dr. Ludwig Lazar Zamenhof (1859-1917, médico e poliglota polonês, criador do idioma internacional Esperanto). Esta segunda parte, “Inteligência”, ocupa-se: da educação; da qualidade e manifestação dos pensamentos; das características intelectuais que devem ser prioritárias no desenvolvimento mental; das influências idiomáticas nas peculiaridades da inteligência. Neoletria 121 VII – EDUCAÇÃO ESCOLA No período da pré-adolescência o estudante deve ser cientificado de que depois virá ocasião na qual ele, como ‘futuro adulto’, tentará contestações e experiências extravagantes; desejará encontrar uma definição da sua própria pessoa para ser ‘alguém’. Em seguida, durante a ‘grande travessia’ o adolescente deverá estar preparado para dirigir os seus interesses por veredas seguras, porque muitos pegam caminho sem volta e derivam ou sucumbem. Em regra geral os estudantes terminam seus cursos convictos, de ‘cabeça feita’ e não perdem tempo com ‘outras verdades’. Por isso mesmo é com bom orientador que a boa educação se realiza. Não é bastante e nem necessário estudar no educandário mais famoso ou mais caro para tornar-se verdadeiro cidadão. Alguns dos doutores mais bem pagos foram formados por ideologias desvirtuadas, sendo por isso disseminadores de equívocos. Além dos exercícios para desenvolvimento da inteligência, a formação profissional depende muito de boas intenções, de feliz escolha de assuntos complementares e cultura geral que aprimore a cidadania. Também é necessário compreender bem as Neoletria 122 disciplinas curriculares e fazer pesquisas paralelas. Sempre existe a possibilidade do aprofundamento em assuntos tratados superficialmente em aula. É muito importante ganhar boas notas durante o curso escolar, mas isso é insuficiente, tanto é que o melhor profissional não é necessariamente aquele que passava em primeiro lugar da classe. Ser bom profissional depende de bons conhecimentos, mas também de boa índole, dignidade de caráter, sensibilidade de temperamento, respeito, amor ao próximo, responsabilidade, urbanidade. “Na terra dos cegos quem tem um olho é rei”. No rol das dificuldades restritivas existe: cegueira, surdez, paraplegia, idiotia. Todas são limitantes, mas a ideologia equivocada tende a ser mais perniciosa, porque contamina mais a sociedade e geralmente passa despercebida. Pessoas de entendimento deturpado por promessas ilusórias e ideologias fracassadas deviam se reciclar antes de guiar as crianças rumo à sabedoria; em caso contrário parecem vesgos conduzindo cegos. Política partidária, tanto situacionista como oposicionista, não deve imiscuir-se na educação porque isso não seria uma boa prática democrática. Mas é dever do Estado incumbir-se de todos os cuidados para que a formação estudantil seja de ótima qualidade na preparação de pessoas felizes e aptas a compor uma sociedade multifuncional, solidária, harmoniosa e próspera. A educação é importante o suficiente para merecer mais pesquisa e ser tratada mais tecnologicamente. DISCERNIMENTO O Brasil continua atrasado em aproveitamento escolar, principalmente na parte de linguagem. Tanto que carece de alerta Neoletria 123 para tomada de decisões ou pelo menos de grandes debates sobre os rumos e a eficácia da educação brasileira no que se refere aos modos de expressar os pensamentos. Não vamos apostar na inferioridade genética de uma quimérica sub-raça para explicar a dificuldade que tem o Brasil de ser promovido ao grupo do ‘primeiro mundo’. Todas as raças humanas são notavelmente bem dotadas, cada qual no seu modo de vida, cada uma em sua diversidade. O povo brasileiro tem a vantagem de somar as virtudes pela sua mistura racial e ideológica, mas algum estorvo ainda deve ser removido para possibilitar um aproveitamento satisfatório na qualidade da compreensão. Se quisermos sair da estagnação, o caminho é investir mais na educação séria e competitiva, confiando na nossa potencialidade, elevando apaixonadamente a auto-estima, a cidadania e o patriotismo. Convém desprezar as utopias degradantes e humilhantes, de origem religiosa ou política, que desestimulam os esforços produtivos e incitam a inveja. Ao quebrarmos os grilhões que nos prendem aos grandes equívocos que turvam o raciocínio, ao melhorar o discernimento conseguiremos desvencilhar-nos dos marasmos individuais e coletivos. Os profissionais de educação têm muito do que reclamar em suas condições de trabalho. Mesmo assim devem continuar interessados no aprimoramento de seus ideais e das suas finalidades funcionais, sem deixar a degeneração tomar conta da sua profissão. Não é hora de abandonar o barco, mas sim de corrigir a direção. Que os mestres, eventuais grevistas, não percam jamais o amor pela profissão e o interesse pelo seu esmero! Neoletria 124 TECNOLOGIA DO APRENDIZADO O desenvolvimento do Brasil terá melhor rumo quando o período escolar tiver início por exercícios preparados cientificamente para o desenvolvimento da inteligência. Para preparar e otimizar a inteligência do povo brasileiro, exercícios devem ser adotados para controle e desenvolvimento da mente; do raciocínio lógico e rápido; da memória; da emotividade; da atenção concentrada; da organização e controle dos próprios pensamentos; da percepção automática (rápida) da coisa simbolizada, no momento da evocação do respectivo símbolo; treinamento em técnicas de memorização além de outros exercícios que a experiência sugerir. Isso deve constituir um curso paralelo para estimular e habilitar a inteligência propriamente dita às funções que dela se espera. Também é recomendável um laboratório de experimentos científicos para criação, manutenção e aperfeiçoamento do sistema educacional brasileiro. Uma instituição assim deve ser estabelecida como parte do serviço público, para não restringir as oportunidades, nem estratificar as castas. Quase todas as pessoas trazem de nascença uma intelectualidade rudimentar e assim passam a vida. Algumas têm acesso às escolas especiais desde a primeira infância, antes dos pacotes curriculares, quando ainda é possível aprender a aprender, porque nessa fase ainda não chegou a carga do conteúdo programático obrigatório. Então, nas melhores escolas, o prezinho vai preparando ludicamente e capacitando a criançada para a aquisição da sabedoria. O curso pré-primário não deve ser considerado apenas uma facilidade para os adultos deixarem os filhos no ‘depósito’ enquanto cuidam de outras obrigações. Na regulamentação desse curso deve ser considerada a devida importância em conteúdo e Neoletria 125 duração, satisfazendo as recomendações que o ‘instituto de pesquisas experimentais do sistema educacional brasileiro’ definir na medida em que a sua instalação e o seu aprimoramento vão se efetivando. O ‘retorno’ ou a recompensa para a ‘macro inteligência social’ pelo investimento na excelência intelectual sem discriminação será multiplicado. Os denominados países de primeiro mundo foram elevados a esse grau por possuírem as melhores universidades, onde a seleção do corpo docente é extremamente criteriosa, e a do discente também. PRIVILÉGIO Os humanos viviam errantes como as alcateias e assim ferozes, estavam sempre prontos a enfrentar qualquer outro grupo, de gente ou de bichos. Muito depois, organizados em nações imperiais guerreavam em campanhas de conquista, como se fossem à caça de escravos. Este mundo produziu a civilização suméria e egípcia, praticamente contemporâneas e reciprocamente influenciadas que se estenderam por milênios até alguns séculos após o início da atual. Centenas de anos antes de Cristo teve início a atual civilização quando os gregos reuniam-se em Olímpia, Corinto, Delfos, Argólida para as práticas esportivas, musicais, teatrais e comerciais; eram concursos, eram competições de habilidades. Depois os romanos conquistaram o império grego, mas foram conquistados pela sua cultura. Na educação como na política, existe o concurso e a salutar competição, impulsionando a vontade de se aprimorar para vencer, ainda que com isso refreie um pouco a solidariedade Neoletria 126 humana, mas é uma fase necessária. Assim como todo aluno deseja que as suas notas sejam as melhores, todo político quer ser o mais votado, os atletas alavancam os seus esforços pela expectativa do desempenho comparado entre contendores durante as competições. Ao governo, como poder agregativo, coordenador da sociedade e interessado em otimizar a qualidade de vida de todos os eleitores, cabe a função de cuidar para que todos os bons políticos tenham apenas os votos que mereçam pelas qualidades e não pela capacidade de compra. Pelo mesmo motivo o governo deve planejar e empenhar-se para que todo estudante possa competir pelas melhores escolas e pelos melhores cursos, mas só o dom da inteligência e os conhecimentos devem contar pontos para essa habilitação e não o berço, a cor, a origem estrangeira ou o privilégio de ser autóctone. Sem rigor nesses cuidados, a sua intenção de ‘homogeneizar’ a população ou diminuir a distância entre as classes de renda funcionará ao inverso, porque ao abandonar o preparo intelectual como primeira causa classificatória para o ensino gratuito do terceiro grau; ao impor a pobreza como condição para isso, estará colocando condições para duas diferentes categorias de profissionais liberais: os excelentes e os medíocres. Os ricos continuarão na melhor preparação e poderão estudar no exterior. Regalia para poucos, porém discriminação para muitos é o que suporta a vassalagem nos governos totalitários e escravocratas, sejam de países ou de subnações, porque escravizam os súditos e estes não têm a quem reclamar por justiça. Mas nos Estados de direito democrático, em que a lei ‘assegura’ que todos serão tratados com equidade; contando-se com ‘inteligência social’ e estando ativado o consenso da maioria, o desrespeito à lei seria intolerável. Neoletria 127 Com certeza ninguém deve ser punido ou injustiçado por se dedicar aos estudos, cedendo frustrantemente a sua vaga para um privilegiado, a qualquer pretexto. Desde que seja demonstrado o merecimento e a capacidade potencial de exercer com competência uma função extraordinária; deveria ser considerado crime o impedimento ou apenas o simples fato de atrasar injustificadamente o estudante esmerado para continuar estudando até assumir a profissão escolhida. A inteligência inicial herdada geneticamente deve ser estimulada a se desenvolver, porque as possibilidades são imensas. O resultado pela chance dada às melhores cabeças será a transformação deste num país mais soberano e acolhedor pela excelência dos serviços, mas para isso será necessário que todos os brasileiros tenham as mesmas oportunidades desde o início, sem impedimentos para alcançar tudo o que forem capazes, para o bem de todos. MODELAGEM DA ÍNDOLE As pessoas não seriam necessariamente como estão. Se costumeiramente alguém é triste ou depressivo, pode modificar o seu ‘caráter’ ao mudar o foco das suas atenções e considerações poderia tornando-se alegre e voluntarioso. Sendo possível acontecer assim a um adulto, muito mais facilmente a uma criança, mas então existe mais necessidade de orientação, assistência e atendimento. Isso suscita uma premissa: defeitos atribuídos a indivíduos poderiam ser apenas peculiaridade da má educação que lhes foi ministrada. No entanto existem outras complexidades: a educação não é absoluta na formação do caráter, visto que as crianças reagem diversamente aos mesmos estímulos. Entretanto com as devidas adequações educativas de acordo com os perfis psicológicos de cada uma e classificadas em grupos Neoletria 128 homogêneos para serem tratados por meio de métodos educacionais específicos por grupo, esses resultados poderiam ser equivalentes. A degeneração de caráter deve ser evitada enquanto as pessoas são novas, mesmo que, para obter sucesso, seja necessário alterar o estatuto que foi instituído para proteger os menores e os adolescentes. ‘Em time que está perdendo, mexe-se’. Quando descobrimos que ‘estamos a caminho do precipício’, devemos mudar o rumo, ainda que para isso seja necessário corrigir ou revogar alguma lei. Defeitos de caráter como inveja, cobiça, egoísmo, covardia, desrespeito, vícios de quaisquer tipos e outros que podem induzir pessoas ao banditismo devem ser evitados desde a primeira educação, quando nas crianças ainda não se definiram por ideias extravagantes que já chegam protegidas pelos respectivos ‘direitos’ esdrúxulos. EDUCAÇÃO POSITIVA As crianças devem receber educação com amor; nos casos de rebeldia ou rejeição dos ensinamentos, não devemos abandonálas como se o tratamento interessasse só a elas. Se alguns pequenos não se comportam como alunos na classe, é melhor que frequentem classe especial. Devemos descobrir a causa do comportamento estranho, impor disciplina com segurança e evitar os contágios de mau comportamento, porque tanto boa quanto má educação fundamenta-se em atitudes ideológicas dissemináveis pelo exemplo. A alternativa educacional oferecida aos rebeldes não deve configurar-se como privilégio, porque havendo prêmio para a maldade, essa será a preferida. Neoletria 129 As escolas particulares talvez sejam mais transigentes com a indisciplina, porque os pais de alunos são clientes (o freguês tem razão). Se esse obstáculo à excelência educacional for intransponível, só resta reforçar as escolas públicas para impor métodos à luz da ciência e da tecnologia para que as escolas sejam templos de educação e assim os alunos excepcionais tenham classes especiais e os mestres sejam devidamente respeitados. As boas escolas devem dar melhor ocupação e prestígio aos profissionais do ensino que cuidam dos desvios comportamentais. Esses profissionais devem receber preparo suficiente a motivar o bom comportamento e cativar a compreensão evitando condições para o desrespeito que sofrem os mestres. Deve ser levado em conta que o bom comportamento e as boas intenções das crianças são mais importantes socialmente do que o conteúdo programático regular. Um gênio do mal tem valor negativo; qualquer pessoa do bem tem valor positivo. Não podemos permitir que uma porção da juventude se corrompa e sirva de exemplos atrativos para o restante que poderia ser a boa parte da sociedade em formação. Isso não significa defesa dos interesses da chamada ‘classe dominante’ em detrimento do ‘proletariado’, mas sim preservação da coisa pública e da cidadania contra a degradação da comunidade. CARÁTER Na luta cotidiana pela sobrevivência, os esforços de muitas pessoas se deturpam, passando da simples estocagem do produto econômico do seu trabalho para as atividades de competição, de imposição, auto-afirmação, poder e até de predação antropofágica como a do banditismo que, de inveja, mata o semelhante até para usurpar algo quase sem valor. Neoletria 130 A autodeterminação e o livre arbítrio estão disponíveis ao alcance de quem desejar. A dificuldade do malfeitor é em desistir de um caráter asqueroso, construído com tanta perseverança. O problema é demolir a sua monstruosidade da qual tanto se orgulha e que tem sido alvo dos seus mais caros investimentos. Tipo assim deveria permanecer acorrentado durante mil anos na ‘masmorra do inferno’, ou ser tangido até retornar ao começo do imenso caminho do bem que deixou de percorrer. Talvez durante a grande decida nem sequer parou para pensar que pela ladeira abaixo o cominho errado é facílimo, mas obrigatoriamente chegaria o momento do regresso. A recuperação dos adultos depravados é muito difícil. É quase como endireitar os galhos de uma árvore, depois de robustos. Adultos perversos parecem incapazes de reencontrar o raciocínio deturpado que induziu as suas convicções para então, sob nova luz poder refazê-las. Educação mal orientada durante a infância pode imprimir nocividade permanente; um ser humano de início estragado quase sempre termina mal. Se nós devemos compaixão às pessoas pervertidas, como se elas tivessem apenas um respeitável (e indiscriminável) defeito congênito ou porque ‘a culpa é da sociedade’, isso não deve incluir tolerâncias, afagos e cotas de qualquer participação no convívio comunitário ou ‘semiaberto’; a sociedade merece depurações para se preservar; os perversos estão assim porque foi essa a sua educação e porque assim preferiram ser; a sociedade torna-se corruptora enquanto tolera corruptos. A ninguém deve ser concedida conveniência social de comportamento maligno, por mais estapafúrdia que seja alguma hipótese de justificativa. A ideia de impor à sociedade o convívio dos maus elementos, por tê-los produzido, é gerada de mentes coniventes e tolerantes que defendem ‘os seus’, com os quais têm afinidade. Neoletria 131 Agora que o facínora já se desenvolveu, agora que parece a ‘árvore’ que cresceu torta e assim continuará; a esse malfeitor é recomendável interdição talvez definitiva para que as suas atividades sejam sempre vigiadas ou impedidas, e com isso a sua perniciosidade seja limitada. Aquele ditado que diz: “a ocasião faz o ladrão” serve muito bem para determinadas pessoas que merecem vigília permanente. Privacidade de correspondência e comportamento, só merecem os cidadãos confiáveis, enquanto não derem motivos para a perda da confiança. A prerrogativa de quebrar o sigilo e a privacidade cabe apenas ao Poder Judiciário, mas é necessária uma cátedra específica, mais especialização. Os homens não têm competência para julgar a eficácia de um arrependimento. A comunidade não merece aguentar o livre convívio dos insociáveis, mesmo que os tenha produzido. Não merece ser acorrentada na permanência dos equívocos. Quem não soube valorizar a maravilha de corpo e faculdades mentais herdada por nascimento e o atual estágio da civilização que o acolheu, nem precisa excogitar desculpa descabida para justificar a escória em que se tornou. Enquanto algumas pessoas que têm milhares de motivos para serem agradecidas e bondosas, mas escolhem a malignidade, outros despojados são amorosos e gratos. Uma deficiência física não impõe impedimento à dignidade, à bondade, à utilidade à importância e à credibilidade de quem tem boa educação. Geralmente o portador de deficiência se aceita e procura retribuir pelo melhor proveito daquilo que lhe foi concedido ser. Neoletria 132 VIII – CAPACITAÇÃO MENTAL O EXERCÍCIO DA INTELIGÊNCIA Aprender é memorizar ideias, é classificá-las e com elas criar comparações, aplicações e implicações. Quem aprende e compreende, tem possibilidade de relacionar os seus conhecimentos entre si, possibilitando o seu emprego no futuro em combinações ou conclusões inéditas. O entendimento de um novo assunto viabiliza-se pelo interesse ou conveniência que gera curiosidade e memoriza-se pela associação combinatória que possa ter com algum conhecimento prévio. Geralmente quando alguém está lendo sobre uma trama muito complicada ou enfadonha suas defesas psicológicas acodem, relaxando a atenção. Então os pensamentos desse leitor mudam de curso, mesmo sem parar de ler. Depois, se for questionado sobre o tema lido, 'descobrirá' que é um leitor incapaz de reter conhecimentos ou que não foi suficientemente ‘alfabetizado’, entretanto é apenas um caso de descontrole mental sobre o encaminhamento das ideias. O desvio do enfadonho para procurar algo mais interessante ou a fuga do complicado para desviar-se da dificuldade, não é atributo definitivo inerente a algumas pessoas, Neoletria 133 constitui apenas distúrbio no subconsciente que pode ser corrigido com algum sistema de controle da mente. De pouca valia é o gasto em 'pacotes' de instruções aos nossos despreparados estudantes enquanto não decidirmos dar a eles algumas 'colheradas' de meditação e controle mental. Ao supor que abarrotando os nossos adolescentes de informações, criamos condições para que eles sejam no futuro os 'puxadores' do desenvolvimento, incorremos numa quimera equivalente a de convocar a 'seleção' para um grande torneio esportivo, mas com um plantel cuja qualidade fosse só embasamento teórico com ‘cabeça de ouro e pernas de pau’. O rendimento seria muito aquém do esperado porque faltaria treinamento e habilidade. Mais importante para os estudantes não é o acúmulo de conhecimentos. Importa organizar as ideias, aprender a dirigir os pensamentos evitando lembranças ou imaginações invasoras quando for necessária a concentração em determinado assunto. Por vezes discriminamos ou desqualificamos uma pessoa inteligente só por estar despreparada e não percebermos o seu potencial. No caso de um veículo, em primeiro lugar devemos reforçar a sua suspensão, o material rodante e o motor para depois sobrecarregar. Aos alunos novos são atribuídas metas para o estoque e processamento de informações, sem que tenham passado por um reforço intelectual que os encaminhe no campo da lógica, nas técnicas de atenção, associação de ideias, classificação e memorização. Com exercícios adequados, creio que até mesmo a capacidade mental e o horizonte dos interesses poderiam ser ampliados para assimilar, perceber e interagir conhecimentos simultaneamente Seria como tocar um instrumento musical Neoletria 134 enquanto conversa; tomar decisões e dar respostas durante o preenchimento de documentos. CONDICIONAMENTO DA MENTE Os estudantes que mudam de classe por passar de ’ano’, sem estarem prontos, terão mais dificuldade do que os colegas e, por isso estarão sujeitos a entrar para o rol dos repetentes e desistentes. Saber é primordial, mas alguns saberes devem ser automatizados a fim de cumprirem com suas finalidades. Alguém pode estudar e decorar toda a parte teórica, legal, movimentos, etc. para ser condutor de veículo, entretanto sem adestramento prático dos movimentos e reações no trânsito, nunca será suficientemente capaz de conduzir. Para obter um bom proveito na assimilação de conhecimentos o aprendiz depende de um preparo psíquico difícil de conseguir sem alguns cuidados específicos: uma ‘formatação’ da mente, iniciando pela trivial necessidade de decorar a tabuada se quiser agilizar o uso da aritmética; decorar o alfabeto, visualizando mentalmente o desenho de cada letra, ao proferir seu nome, e depois se dedicar ao aprendizado da pronúncia das diversas combinações de fonemas; decorar poesias para adestrar a mente na focalização e concentração de assuntos dirigidos pela vontade; enfim, aprender jogos, música, lógica, ética, estética, e mais o que for necessário para uma inteligência apta e plena ou pelo menos diversificada suficientemente para que os conhecimentos que o homo sapiens venha a adquirir sejam realizados nele e por ele investidos em forma de sabedoria. O desvelo que temos com a forma física deveria estenderse aos cuidados com o desempenho psíquico. Proliferariam para Neoletria 135 esse fim as academias e os acompanhantes de treinamento da capacitação intelectual, mas - por que não nas escolas de ensino regular? Afinal a responsabilidade social de preparar a juventude para a cidadania não se resume à tradicional alfabetização. Enquanto a prevenção contra bandido não se configure ‘crime de discriminação’, em vez de incentivarmos a juventude no vício de jogos eletrônicos (aptos a desenvolver perspicácia e a concentração, mas nem sempre adequados ao desenvolvimento da personalidade e do bom caráter), o próprio governo, por intermédio do Ministério da Educação poderia estabelecer um instituto ou uma academia de controle e desenvolvimento da mente, com laboratório de pesquisas e experimentos, colocando a ciência a serviço das pessoas do bem. São providências que não devem esperar, são para agora enquanto não estamos sob o domínio das forças do mal, do submundo e do crime organizado. Enquanto temos uma maioria do bem a preservar e defender de minorias predadoras. Além do condicionamento e receptividade dos estudantes às informações, têm igual importância os veículos da linguagem, a morfologia e a técnica de apresentação dos conhecimentos, alfabeto, fonética, ortografia, regionalismos, estrangeirismos, sotaques, sintaxe, etc. A julgar pelo desempenho estudantil, é de supor que boa parte das nações da Terra, principalmente as detentoras de razoável poder aquisitivo, está investindo ciência e técnica no desenvolvimento intelectual, condizente com o atual estágio da civilização. – Juntemo-nos aos bons! Houve tempos em que o meio de transporte mais veloz era o cavalo. Durante a primeira corrida de Maratona a notícia corria a pé. Não existia nem bicicleta. Hoje temos viagem espacial, telefone, TV, internet. Entretanto os recursos modernos deveriam Neoletria 136 ser mais bem aproveitados, pois "quarenta e oito por cento das escolas públicas do Centro-Sul do Brasil ainda no início do século XXI não têm computador". Fonte: Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação. No ano 2002. SUPER CÉREBRO MAL APROVEITADO Pesquisadores descobriram funções específicas de regiões do cérebro. O ato de falar ou pensar ativa algumas partes localizadas no hemisfério cerebral esquerdo. Durante o aprendizado de uma segunda língua, a região ativada é no outro hemisfério, o direito. Quando fica pronto o desempenho, a pessoa adquire facilidade e já consegue pensar diretamente na segunda língua. Então o hemisfério esquerdo passa a ser ativado com aqueles pensamentos pelo novo idioma, mas acredito que nesse caso o hemisfério direito que agora também já se habilitou àquele exercício da fala, serve de apoio, corroboração e ajuda, expandindo a consciência da pessoa, agora bilíngue, e capacitando-a melhor para outros aprendizados de linguagem e analogia. Muita gente não sabe cantar, nem tocar violão. Alguns cantam, outros tocam. Creio que cantar e tocar, ao mesmo tempo depende de mútua colaboração dos hemisférios cerebrais. Dupla função simultaneamente e em harmonia é uma habilidade fenomenal. Mas - como pode alguém desempenhar duas ações, corretamente e em concomitância quando elas não têm relação e nexo entre si? Creio que para isso a pessoa depende de uma consciência múltipla, o que é ainda mais extraordinário. A independência entre os dois hemisférios poderia ser possível por meios cirúrgicos, porém o que nos interessa é a 'multiconsciência unicerebral', pressupondo que exista consciência cerebral. Neoletria 137 - Será concebível que uma boa consciência pertença forçosamente a um bom cérebro? - Pode um cérebro específico alojar temporariamente uma consciência que se amolda na estrutura e arranjo neurônico? Talvez uma ‘grande’ consciência permanece limitada enquanto é abrigada num ‘pequeno’ cérebro. Em qualquer modo surge a questão: - Uma 'uniconsciência' oscilaria em alta frequência entre mais de uma atenção ou isso seria uma 'multiconsciência' podendo abranger diversas atenções simultaneamente? As respostas dependem de um maior conhecimento da essência humana, contudo podemos perceber que existem mentes mais, e mentes menos desenvolvidas. Há quem diga que nós os humanos temos os cérebros grandes demais para as pequenas ocupações que desempenhamos. Outros dizem que noventa por cento da capacidade cerebral está sempre comprometida com o funcionamento das células e órgãos, no combate aos agentes patogênicos, bem como com na manutenção da saúde. Existe ainda o controle da aceleração ou desaceleração da produção de hormônios, enzimas, anticorpos diversos para múltiplas funções que variam segundo as condições alimentares e climáticas e os relacionamentos tranquilos ou adversos com o ambiente. Conheço animais saudáveis e inteligentes cujos cérebros não atingem um por cento do tamanho do nosso. Quem não acredita na inteligência animal, deve observar as diferenças de comportamento entre as espécies e até entre irmãos biológicos. Outro indício importante é a capacidade de adaptação e adestramento de pequenos insetos. Fica no ar aquela impressão de que a grandeza do cérebro humano teria uma finalidade insuspeita, desperdiçada pela nossa ignorância. É como se ganhássemos um supercomputador, mas o usássemos apenas para um joguinho. Surge uma sensação de que estamos dissipando um imenso potencial. Portanto podemos Neoletria 138 desenvolver nossas faculdades e poderes extraordinariamente já que o limite é desconhecido, mas seguramente está muito além da nossa imaginação. INTELIGÊNCIA PODEROSA Por meio de esforço intelectual o cérebro se capacita. Com um pouco de aptidão e muito exercício, é possível desenvolver a mente para imaginar, por exemplo: uma nova função mecânica em que as peças e os materiais sejam definidos de acordo com o esforço que deverão suportar e com o tipo de trabalho a executar. Para novos trabalhos é possível inventar novas ferramentas; é viável imaginar em função um mecanismo ainda inexistente. Esta é uma habilidade necessária aos inventores. Mas, como ensinou Descartes no "Discurso do Método": dividindo algo de difícil execução, fica fácil executar cada parte em separado, até que o todo fique pronto. Os mineiros (de Minas Gerais - BR) aconselham a comer o mingau quente pelas beiradas. Se você não consegue uma visualização e compreensão holística para o seu projeto, aceite uma 'inspiração' parcelada. O resultado pode ser suficientemente satisfatório. Existem milhares de objetos que foram inventados e aperfeiçoados por grandes equipes de técnicos e atualmente são produzidos pela montagem de diferentes peças, fabricadas em vários países participantes da globalização. Nós somos animais pensantes, uns mais e outros menos. Alimento a convicção de que o pensamento, como energia pode ser potencializado, enriquecido e coeso, como também pode estar amarrado, embrutecido e desconexo, por efeito de impurezas e interferências. A boa diferença fica por conta da disponibilidade de melhores recursos de manifestação (qualidade dos implementos Neoletria 139 da linguagem), aliados a exercícios de aprimoramento intelectual, ensejando também incrementos na sensibilidade, na perspicácia, no raciocínio lógico, na percepção das relações entre causa e efeito, etc. Creio que os melhores aspectos intelectuais podem ser cultivados mediante exercícios especiais. Por hipótese duas sementes são iguais. Uma cai em solo fértil e se desenvolve sob um clima conveniente. Outra cai em solo com deficiências nutricionais, e cresce durante um clima adverso além de ser achacada pelos parasitos. Tempo depois, será possível comparar os frutos. Uma das causas que resultam em maneira estupidificada de pensar pode estar configurada nos meios inadequados da expressão, principalmente uma linguagem grosseira ou corrompida. O embrutecimento causaria desajustes e inibições os quais tornariam os pensamentos amarrados ou entorpecidos com atraso no desenvolvimento intelectual. Para otimizar a cultura, todos os motivos suspeitos de causar influência positiva ou negativa devem ser investigados, porque uma peça inadequada corrompe ou emperra outras partes, como na engrenagem o defeito de uma roda compromete o funcionamento do mecanismo. Uma mente bem cultivada e desenvolvida produz pensamentos poderosos, mas esse poder limita-se em conformidade com os meios e as possibilidades de desenvolvimento e manifestação (sistema de linguagem). RECURSOS INTELECTUAIS Uma boa cabeça é como um bom computador, mas - quê produtividade teria um PC (computador pessoal) de última geração se lhe faltasse programa (software) ou com a Neoletria 140 configuração defeituosa? Assim, uma pessoa mesmo que tenha grande inteligência latente, será imprestável se lhe faltarem conhecimentos ou se os mesmos forem impregnados de falsidades e incoerências. Até uma mente perfeita permanece ineficiente enquanto o conteúdo intelectual e o jeito de sua manifestação forem ineficazes. Com um raciocínio fundamentado em labirinto de ideias truncadas; com um modo de pensar eivado de hábitos viciosos de pensamentos intrusos, desorganizados e inconclusos; dificilmente alguém assim desvenda mistérios, equaciona problemas e chega às soluções; dificilmente um intelecto confuso resolve as suas questões ou toma decisões acertadas. Seria impossível boa execução para “dançar conforme a música”, se a partitura contivesse defeitos, fosse desregrada e com erros de compasso e harmonia. O conhecimento consolidado de cada pessoa forma ‘jurisprudência íntima’ de apoio ao seu modo de compreender e opinar. O saber deve ser de qualidade e bem esquematizado para projetar bons pensamentos e capacitar o entendimento; assim também os computadores, eles necessitam de programas adequados para agilizar bons resultados. Um atributo humano muito apreciado é o potencial de discernimento, mas caso faltasse o preparo da mente; sem a escolaridade, a cultura e a ética e outros requisitos o possível traquejo seria apenas uma qualidade virtual, um diamante disfarçado de seixo. Não basta ser um bom recipiente. Se estiver vazio ou se o conteúdo for impróprio, seu valor não ultrapassa o de embalagem. A globalização chegou para ficar e vai exigir mais dedicação para melhorar o relacionamento, as comunicações, a participação e o entendimento recíproco entre as nações. Quem Neoletria 141 não acompanhar os avanços tecnológicos; quem não aprimorar a carga e o fluxo comunicativos; não será carregado, será marginalizado. As nações que se isolam permanecem primitivas. É imprescindível encontrar novos e melhores meios de facilitar a comunicação entre os povos, oferecendo assim os recursos e oportunidades da civilização para o desenvolvimento de todos e de cada um. Neoletria 142 IX – FONTE DE IDÉIAS O AMBIENTE DA INTELIGÊNCIA Presumo que os povos cuja linguagem seja deficiente, primitiva e tosca permanecem no ritmo evolucionário da idade da pedra, sem desenvolvimento cultural, tecnológico e ideológico. Os povos de linguagem excessivamente complicada também se atrasam porque as suas pessoas não se entendem. Grupos humanos de cultura estática sofrem com o cabresto hegemônico ou tutelar de outras nações, ou se isolam permanecendo séculos no atraso; uma situação desconfortável de opressão e angústia, causada pela aparente inferioridade. Por isso são discriminados como se fossem inferiores em inteligência, perigosos, irresponsáveis ou incapazes. Como reação eles ficam arquitetando terrorismo e se comportam inadequadamente perante os povos mais abertos ao conhecimento global. Nas entrevistas, reuniões ou confrontos mostram os dentes e os facões como resposta aos argumentos e propostas daqueles grupos que são ‘mais aculturados’. Nada disso se converte em motivo para vangloria, jactância ou exclusão. Atualmente a ética internacional não admite escravidão e nem desdém discriminatório. Um povo que seja mais civilizado, porém proibido de escravizar os Neoletria 143 ‘gentios’, lucraria mais em dar a mão para erguê-los e instruí-los a participar em companheirismo na grande obra da civilização. Difícil é convencer os excluídos por opção, aqueles que preferem permanecer no primitivismo pela abstinência de cultura geral mantendo-se isolados. São comparáveis a utópicos subnutridos vivendo no interior de um ‘deserto’ próximo de um ‘vale da fartura’, onde seriam bem-vindos. As etnias estanques por isolamento, sem acesso à globalização tendem a celebrar sempre as mesmas cerimônias milenares, como a procurar entender um significado perdido, porque as mentes alegres e curiosas, instituidoras daqueles cultos, já passaram há séculos, e sem deixar testemunhas orientadoras. Entretanto no mundo globalizado existe uma ebulição cultural de onde eclodem preciosidades de quando em quando. Mas qualquer novidade interessante sempre cai na comunhão internacional de participação, estimulando a curiosidade, a crítica e a criatividade geral dos conectados. Na proliferação de conhecimentos, quase tudo o que surge de bom, pode ser melhorado e adaptado para acoplar na grande construção global, enquanto aquilo que não tiver serventia cai no esquecimento do descarte. A globalização funciona como um grande jogo com vencedores e derrotados porque os países mais poderosos dão as cartas e puxam as ‘brasas’ para as suas conveniências. O poder é ideológico, tecnológico e econômico. Não é brincando de ‘mocinho e bandido’ que poderemos participar; não é ocultando os ferimentos e deficiências causadas pelas corrupções que estaremos à altura; não é liberando o Brasil Colônia à sanha exploratória que poderemos sentar à mesa desse jogo global. A preparação começa na inteligência. A educação precisa melhorar em tecnologia, rigor e disciplina. Neoletria 144 De modo geral as pessoas são dotadas de diferentes atributos intelectuais, mas parece definido que se as mentes forem exercitadas, podem desenvolver qualidades diversas, outros dons, mas dependem de ambiente, metodologia e instrumentos adequados. Talvez a Educação esteja despendendo suficiente esforço para conseguir os seus objetivos, quiçá o sistema de ensino obtenha grande proveito dos seus desígnios e das suas determinações, possivelmente esteja implementando o necessário e bastante para estimular a produção de cultura e o exercício intelectual da sociedade. O que resta a discutir é se os artifícios e as estratégias são adequados às finalidades e se estas são irretocáveis ou não. É muito importante fazer revisões periódicas dos enfoques teóricos, das ideologias vigentes, para visualizar aonde elas podem chegar, e depois conferir se nos queremos ir para onde elas nos levam. O CULTIVO DE BONS HÁBITOS A qualidade do produto de uma fonte depende da sua limpeza. Quem costuma divagar em assuntos condenáveis polui a fonte dos seus pensamentos. Geralmente um papel pode ser bem desempenhado se for muito ensaiado. Quem usa frequentemente a palavra em público, deve sempre ter o cuidado de falar corretamente e até na intimidade evitar palavrões e pensamentos chulos, porque ao discursar de improviso a verborragia que mais sai é a disponível; é aquela habitual. Procedimentos repetidos criam hábitos. Um simples ‘dar de ombros’ tende a se tornar cacoete pela repetição Neoletria 145 despropositada. O costumeiro modo de pensar fica organizado no subconsciente e pode aflorar em palavras espontaneamente, traindo a intenção de quem não sabe evitar o descaminho das ideias. Se alguém está acostumado a contrariar impensadamente, só porque não gosta de chefe mandão ou por ser invejoso ou por pertencer a um grupo que se considera não legalista; por essa conturbação de ser ‘diferente’ está cimentando costumes perniciosos. Em algum momento a mania de contrariar estará propensa a causar acidentes (até de trânsito). Devemos preferir a correção porque a retidão é segurança nos comportamentos e nos empreendimentos, mas o distúrbio é caótico e desastrado. Quem detesta alguma lei, tem o dever de propor alteração, mas não o direito de descumprir. Conseguimos uma civilização venturosa porque vivemos em sociedade participativa e solidária, mais construtiva do que destrutiva, mas ainda resta muito a melhorar. Seria útil buscarmos maneiras de resistir às tentações, recusar aquelas seduções que nos arrastariam para o engodo, para o erro e para o delito, para o desastre. Quem me lê talvez pense que estou pregando religião; isso não me incomoda, porque não sofro de preconceito segregacionista anticlerical, mas para ser laico ou mundano, não é necessário ser oposição aos religiosos. Laicismo e clericalismo não são necessariamente extremos opostos, podem ser paralelos. Neste mundo capitalista de sociedade competitiva, não é muito comum alguém desejar sucesso para todos, mas se todos acertassem democraticamente, acabaria o crime, e todos ganhariam com isso. Um 'pequeno' desvio de conduta é a impontualidade. Parece pequeno, mas esse é um desvio, e por isso acostuma Neoletria 146 pessoas com a negligência. Ao perderem a têmpera e o rigor, os atrasados deixam-se levar facilmente pelo caminho do fracasso. Outro afastamento da boa conduta é falar inoportunamente, antes de considerar os efeitos. Já bastam as surpresas das respostas 'espirituosas' ou mesmo das 'piadas' que naquele momento pareciam geniais e que depois de meditadas se revelam comprometedoras ou de péssimo gosto. Depois de constatada a gafe, ninguém consegue fazer voltar o tempo para consertar o estrago. FLUÊNCIA DAS IDEIAS Cientistas há que se dedicam a conhecer e até catalogar fisicamente a nós mesmos, aos nossos semelhantes, e até os outros animais, nossos diferentes, (classificação sem discriminação), observando a geometria descritiva e a funcionalidade das nossas formas, a raça e a saúde, as aptidões de cada pessoa. Associam as características com os respectivos códigos genéticos, etc. Os cientistas conseguem apanhar o momento em que surgem os pensamentos e a parte do cérebro envolvida. O problema é estudar a formação ou surgimento da imaginação, e a clareza, a intensidade, a enfim, a natureza dos pensamentos, o formato ou o arranjo das ideias. Quando dominarmos essa técnica talvez se torne possível gravar o processo e implantá-lo na inteligência artificial da cibernética, ou até estimular o desenvolvimento de regiões cerebrais deficientes das pessoas. É difícil comparar as qualidades e as diferenças de potência entre os pensamentos de pessoas diversas. Quando essa dificuldade estiver superada, quiçá compreenderemos também os pensamentos dos animais, o que e como pensam. Neoletria 147 Suponho que o surgimento de uma cogitação em cérebro humano pode ocorrer passo a passo como uma sequência de palavras, ideias que fluem discursivamente, ou são esboçadas e arquitetadas pela elaboração e organização dos retalhos de impressões. Pessoas há que ocasionalmente concebem um pensamento como uma mistura de imagens, impressões, emoções, raciocínio e palavras, que se cruzam analogicamente, alcançando significado verossímil. Um processo que pode ser tão rápido que se torna impossível perceber toda a complexidade. As ideias emergem até de surpresa, de repente, parecendo formuladas em outros cérebros e propagadas telepaticamente. Seria importante aprofundar o conhecimento desse processo. Muitas ocorrências de pensamento começam estimuladas por sensações originadas num dos cinco sentidos ou na combinação de alguns, que por coincidência ou associação requisitam memória, para combinação imaginativa. De outro modo, um conhecimento brotaria de estalo como um lampejo de impressão quase pronto (premonição ou intuição?), faltando apenas equacioná-lo e encontrar as palavras ou as tintas adequadas para transformar uma simples sensação em elaboração intelectual comunicável. Essa maneira de conceber os pensamentos deve ser uma habilidade muito importante para os intelectuais e artistas, que desenvolvem condições para executar obras de arte a partir de composição complexa de imaginação, sensação, significado e processamento analógico em função da estética e do intuito. PARÂMETROS DO PENSAMENTO As ferramentas rudimentares são menos produtivas do que os instrumentos mais avançados. Há diferença entre um corte feito por machado ou talhadeira e outro efetuado por meio de motoNeoletria 148 serra ou raio laser; o alcance da comunicação por telefone é muito maior do que o de viva voz; a mim parece que o conhecimento do universo a olho nu ou por meio de telescópio é comparável à distância percorrida por pedestre ou pela luz, em tempos iguais; a colheita das vagens de feijão de uma a uma demora tanto a encher uma sacola, como por implemento agrícola a carregar um caminhão. Povos primitivos também são menos produtivos do que povos integrados na globalização. Suponho que uma estrutura linguística e seus modos de composição, associação, memorização e exposição das ideias seja determinante da criatividade, da cultura e até do caráter de um povo. Avançando na suposição, de outro modo, uma gramática eivada de regras quebradas ou incoerentes e inadequadas, truncadas e incompletas, facilitaria por ressonância uma tendência das pessoas se desenvolverem com desvios de padrão, apresentando distúrbios e desequilíbrios conceituais por faltar integridade até no seu modo de pensar. Imaginando como silogismo esse efeito que o modo de pensar receberia, causado pela qualidade dos seus atributos esquemáticos, haveria indícios de que o sistema de linguagem e comunicação poderia ser tão coerente e eficaz que reforçasse o raciocínio, tornando-o mais regular e logicamente disciplinado. No modo de escrever e no de falar dos povos ocidentais, ainda está em falta um sistema de comunicação balizado pela ortodoxia alfabética, fonêmica e etimológica, que mantenha univocidade entre os caracteres e os fonemas e por decorrência a simplicidade da ortografia. Haveria indícios de que um conjunto de métodos assim mais simples e eficiente poderia ser o campo fértil onde a inteligência conseguiria um desenvolvimento mais vigoroso e equilibrado, possibilitando pujança de manifestação. Neoletria 149 Evolução desgovernada do idioma seria desculpável apenas em nações com analfabetismo acima de cinquenta por cento e ausência de imprensa escrita e falada, entretanto os países mais civilizados apresentam analfabetismo abaixo de dez por cento, portanto em condições de aprender gramática e praticar leitura. Os analfabetos aprendem por osmose ou se expressam sem causar influência lexical e sintática no consenso. A estrutura do idioma com regras gramaticais bem definidas determina a possibilidade em que a linguagem possa ser compreensível e nisso abrange ortografia e ortofonia; o estudo dos morfemas, especificando categorias gramaticais e desinências de flexão dos substantivos, dos adjetivos, dos pronomes e flexões verbais. Também alcança definição das funções dos outros sufixos e dos prefixos; regras de regência e concordância; as normas de tradução ou importação de palavras estrangeiras, enfim, tudo o que deve ser estabelecido e caracterizado para que a linguagem cumpra plenamente as suas finalidades. Tudo isto e ainda mais, deve ser tão rico e detalhado que se estende suficientemente ao necessário, mas nada além do indispensável, para evitar a inutilidade de regras prescindíveis e até a perniciosidade por excesso de complexidade. Uma gramática excelente nada vale se não houver quem a compreenda, quem a domine. Assim nas regras de linguagem como na legalidade, é necessário que a compreensão seja acessível ao grande público. Um sistema gramatical para ser bom deve ser arranjado de tal modo que não se perca exequibilidade por excesso de regras e exceções. Certamente não é tarefa fácil descobrir regras supérfluas e suprimi-las sem um exame geral na composição estrutural da Neoletria 150 língua. Contudo, um novo alfabeto que seja mais funcional já permite um bom começo. Quanto às regras inúteis por excesso ou por serem de difícil compreensão, é fácil encontrá-las em normas importadas e adaptadas, copiadas de regimentos estranhos. Para cada sistema, regime, regulamento ou estatuto os preceitos devem ser elaborados com exclusividade. Deste modo é possível que sejam coerentes e legítimos. Neoletria 151 X – A LINGUAGEM NA INTELIGÊNCIA COMPONENTES DA EXPRESSÃO Qualquer objeto a construir para ser apreciado, deve ser composto com harmonia em material e forma; a mensagem deve ser adequada com o propósito e com a plateia ou destino para que surta o efeito determinado. A manifestação de um conceito, a pujança de uma expressão e o êxito do seu efeito, tudo isso está subordinado a diversos ingredientes, parâmetros e fatores, quais sejam: lógica, sintaxe, harmonia, concisão, escolha apropriada do vocabulário empregado na pertinência e conformidade com a intenção; o vínculo do discurso proposto, com a respectiva finalidade; a verossimilhança; as necessidades e interesses culturais da comunidade alvo, etc. É difícil acompanhar o itinerário de um assunto se tivermos que prestar atenção aos erros gramaticais, às impertinências e complexidades na composição, como se fossemos desvendar um enigma em cada parágrafo, a cada oração. Um bom discurso será interessante se além da importância do tema, forem bons: o vocabulário com sua classificação Neoletria 152 gramatical, sua ortografia e ortoepia; a ordem convencional de colocação dos termos frasais; a clareza das alegorias. O encadeamento dos parágrafos deve ser racional, para que o curso normal do entendimento cresça na sequência da argumentação. Uma condição para que o público compreenda perfeitamente um assunto é que o palestrante ou escritor assim como os ouvintes ou leitores sejam todos irmãos de dialeto, ou que conheçam o mesmo vocabulário e a mesma gramática. Não é bastante a importância do que se quer dizer. O modo de se expressar terá que ser claro e correto para ser bem compreendido. Ainda que um texto seja genial, seu valor permanecerá nulo enquanto não existir quem o conheça e entenda. REQUISITOS CONVENCIONADOS Seria inconcebível alguém imaginar o desenvolvimento da aritmética antes da invenção dos algarismos com os seus valores numéricos. Segundo me parece, os povos que adotaram o sistema decimal e o sistema métrico, têm maior facilidade no estudo da matemática. Mas isso não se realizaria se permanecessem apenas fieis às antigas e consagradas regras como guardar pedrinhas, ou fazer amarras num bastão, ou acrescentar nós numa cordinha, ou tocar as falanges de cada mão como se estivesse usando um ábaco, ou adotar como módulo de área apenas a capacidade de uma junta de bois com arado durante um dia de trabalho. Esses métodos ainda podem ser considerados interessantes na composição do conhecimento, mas na prática outros mais eficientes são vantajosos. Presumo que o pensamento era incompletamente transmitido e, além disso, mal compreendido antes da existência dos adjetivos; na linguagem falada talvez ficasse implícito pela Neoletria 153 careta ou pelo gesto de quem mencionava o substantivo, mas na escrita tinha deficiência. A frase dava uma vaga idéia do que teria imaginado o autor ou interlocutor e suscitava múltiplas interpretações dos ouvintes ou leitores. Depois vieram os pronomes, os advérbios, os determinativos, as preposições, as conjunções, e outras classes gramaticais (não sei se nesta ordem). Surgiu a possibilidade de registrar os pensamentos aproximadamente como são pensados. Então a linguagem ficou mais clara e definida com a diversificação, especialização e classificação das ideias. Com o aperfeiçoamento da linguagem a maneira de pensar aprimorou-se. Mas ainda não está tudo pronto. Falta um alfabeto aplicável genuinamente ao idioma, falta ‘aditivar’ a linguagem escrita com ideogramas para revitalizar as ideias. Tanto os pensamentos como as suas representações ainda têm o que melhorar. O símbolo ainda não é perfeito porque é menos significativo do que a realidade por ele representada. A imaginação não é suficientemente ativada pelas frases. Talvez seja por conta disso que uma grande parte dos leitores têm dificuldade na compreensão e interpretação dos teores. Não haverá bom texto enquanto não existirem boas letras. ELABORANDO A LINGUAGEM As pessoas são diversificadas, entre outras qualidades, na capacidade de imaginar abstratamente. Tanto é que alguns estudantes têm mais facilidade para matemática, outros para a língua materna, alguns para história, outros para a música, etc. Acredito que os dons de pensar concreta ou abstratamente se manifestam de maneira diferente entre os povos orientais e ocidentais. E por coincidência a escrita oriental é basicamente Neoletria 154 ideográfica, suscitando imediatamente o objeto referido; ao passo que no ‘mundo ocidental’ predomina o alfabeto fonético que compõe as palavras. Muitos vocábulos têm significação dúbia ou múltipla, ocasionando esforço para serem correlativos criteriosamente segundo os contextos em que se inserem. Os dois modos de escrever e de pensar devem resultar em diferentes processamentos de ideias, mas seria inútil escolher o melhor. É preferível combinar harmoniosamente os dois sistemas de imaginação, pensamento e linguagem, porque assim a inteligência não será exclusivamente a expressão de um ou de outro, mas será potencializada pela sua soma. São importantes componentes de qualidade do ato de ler ou pensar: a potencialidade, a economia e a abrangência. Deve-se buscar a mínima elaboração mental para o máximo conteúdo de compreensão. Vernaculamente a linguagem escrita de um idioma pode ser mais facilmente estruturada com ordem e coerência enquanto o idioma estiver puro. Entretanto a gramática deixará de ser a guardiã desse instrumental da inteligência que deve ser o idioma se forem admitidas ‘contribuições estranhas’ ou estrangeiras, de regras, alfabeto ou vocábulos que não combinam e se os linguistas vacilarem no zelo e guarda das boas normas,. Talvez seja impossível impedir o cosmopolitismo idiomático das nações e suas diversas línguas, portanto deve-se adequar as regras novas com as velhas ou vice-versa, contanto que o sistema todo seja harmonioso. Diante da conveniência de alteração gramatical, para uma relativa padronização do idioma, poderia ser necessária uma revisão geral; não como medida para mudar tudo, mas sim pelo objetivo de manter a coerência entre a estrutura que permanece e aquilo que for alterado ou introduzido. Neoletria 155 No caso de alteração estrutural do idioma, é conveniente a analise meticulosa de cada nova alteração gramatical, inclusive com simulações e exemplos práticos, para perceber os efeitos ocultos, antes da promulgação. Persistindo dúvidas quanto às vantagens da adoção de alguma novidade, a preferência seria pela rejeição provisória. Qualquer alteração na gramática passa pelo custo de uma longa demora até ser bem assimilada pela comunidade. Contudo, alguma regra que ainda persista obscura depois de implantada, deve ser simplificada ou facilitada para possibilitar sua assimilação e aplicação. Um exemplo da importação de influências é o uso indiscriminado do gerúndio e do infinitivo em português, na tentativa de imitar o sistema inglês de conjugação dos verbos e seus auxiliares. O sistema de flexão verbal da Língua Portuguesa é mais complexo, mais específico, permitindo frequentemente a dispensa do pronome e do verbo auxiliar. Outro exemplo é a linguagem popular regional que se desvia do vernaculismo mesmo quando é pronunciada por pessoas letradas. Está faltando identificar o problema. Se as falhas na observância do padrão gramatical decorrem da complexidade excessiva, a solução é simplificar ou investir mais na escolarização pública. Concordar com regionalismos exagerados é iniciar a caminhada para ‘Babel’. Entretanto algumas derivações e variações sempre acontecerão, possibilitando a evolução pelo surgimento de exemplos convenientes, os quais deverão ser incorporados depois de examinados pelo órgão competente. O IDIOMA NA CULTURA Parece claro que o tipo de ‘configuração’ de alguns idiomas tende a favorecer pensamentos mais ricos e coerentes, enquanto outros, toscos, são mais propícios a pensamentos Neoletria 156 confusos e equivocados que resultam em mensagens defeituosas e mal compreendidas ou de compreensão insuficiente por quem transmite e pior por quem recebe. Ao restar dúvida, vale aprimorar a linguagem de um povo, reduzir a zero o analfabetismo e aguardar os resultados. Uma gramática lógica, simples e fácil poderia, além de propiciar o prazer estético, ainda favorecer a correção e a clareza no modo de pensar e agir. Uma linguagem carregada de subterfúgios, ambiguidades e gírias; seria um fermento de distúrbios e indignidades, visto que produziria uma forma incorreta ou incoerente de pensar. A tergiversação, a dubiedade e a falsidade seriam companheiras influentes da cultura. A transgressão seria a tendência do consenso. Com certeza a gramática não é a panaceia para qualquer debilidade mental ou para a confusão cultural. Contudo o modelo de linguagem usual é o balizamento mais influente sobre o caráter das pessoas por ser o mais presente no ideário humano. O alfabeto disponível, a congruência na composição e na articulação das palavras; a etimologia, a sintaxe, a ortodoxia da construção frasal quanto à ordem dos termos, são fatores de peso no modo de pensar, de comunicar, de entender, de agir e de ser. Tudo isso ficando bem ‘orquestrado’ produz um modelo ágil e automático de pensamentos firmes e sem titubeios, apagando uma das causas de perturbação, senão a semente dos distúrbios. Por exemplo: Muitas vezes quando eu começo a ler uma frase longa, custo a perceber que se trata de uma pergunta. Chegando ao final sinto-me reduzido e desconcentrado ao ver o ponto de interrogação. Isto me dá vontade de saber se houve intenção de deboche. Depois de mil ‘pedradas’ já acostumei; esta impressão ruim já está compactada e passa quase despercebida; Neoletria 157 agora já causa aqueles efeitos nefastos sem alerta, sem provocar a salutar reação. Possivelmente uma alteração da gramática não seja nem um grande remédio nem veneno para os adultos, mas poderia contribuir notavelmente na formação intelectual de quem estiver no início desse aprendizado, livre de ser contaminado pelos tropeços e equívocos. ORGANIZAÇÃO DA LINGUAGEM O aprimoramento, controle, domínio e consenso da sintaxe, das desinências e flexões, etc. é um fator valiosíssimo para a inteligência do estudante, porém, de um idioma para outro, esses fatores variam podendo a gramática ser tosca, desorganizada, aprimorada ou excessiva. Resulta que além das boas intenções e dos bons hábitos, a evolução cultural das pessoas, deve fundamentar-se num bom idioma para manter e expandir os conhecimentos com integridade, concisão e sabedoria. Por comparação, as sementes devem ser boas a fim de produzir boa safra, mas os fatores climáticos e o ambiente nutricional também são essenciais; a qualidade genética é primordial, mas o ambiente também é determinante. Bem assim os bons pensamentos podem produzir as boas ações, mas a produção e o desenvolvimento das ideias dependem de bons meios de expressão e comunicação. É no âmbito da linguagem que os pensamentos vicejam. Com um alfabeto em que as letras não correspondem a fonemas precisos; as letras vogais, que são poucas, necessitam de apêndices para representar diversos fonemas vogais, mas se nem sempre isso é possível; adicionam-se então mais regras. Se as regras estão infestadas de ‘exceções’ (ou ruídos, ou erros) aí o Neoletria 158 exercício da fala, da escrita e do pensamento vai exigir muita prática ou adivinhação e acaba por se tornar emperrado porque fica quase imperceptível a distinção entre o certo e o errado. Existem palavras que podem ser pronunciadas de modos diferentes como Rorâima ou Roráima para Roraima. Parece que o povo deve decidir sem ajuda técnica porque a regra fica desorientada em muitas questões. O apelo às lideranças não resolve porque as autoridades estão ocupadas na invenção de novas gírias já citadas no artigo “Falando difícil” de J.R. Guzzo, página 190 da Veja de 06-08-08. Se os afixos não têm significado ou função bem definida, distinta e própria, e se o alfabeto é confuso, então não podemos falar em etimologia, porque se torna étimo-listagem (sem logia). Em caso assim, talvez pudéssemos denominar a ortografia de heterografia. A pessoa ‘amaciada’ para um pequeno erro ou contrasenso, tem mais facilidade para tolerar delitos de qualquer natureza. Ou as línguas ‘vivas’ são desenvolvidas por critérios sensatos ou se degradam por falta de firmeza, causando sensível influência cultural. As línguas são dinâmicas e sofrem alterações por evolução ou por involução. Esta colocação autoriza a sentença: - a linguagem pesa na tendência das pessoas ante a honestidade e a indignidade. Outra citação de J.R. Guzzo referente a Doris Lessing: “quando se corrompe a linguagem, se corrompe, logo em seguida, o pensamento” – concordo em gênero, número e sintaxe. Sabendo-se que a violência, a canalhice, o cafajestismo e a corrupção dos costumes estão em franca expansão, deduz-se pela necessidade de investir na metodização da linguagem como tentativa de socorrer a cultura e seus objetivos. Neoletria 159 TERCEIRA PARTE A ESCRITA LINGUAGEM Inteligência sem linguagem seria como um diamante no fundo do rio; tem valor, mas não tem utilidade. O pensamento aperfeiçoa a linguagem. A linguagem define o conhecimento. Pensamento e linguagem desenvolvem a inteligência. A inteligência é autofecundante. Com o surgimento da escrita teve início a História. Então a cultura rudimentar se tornou civilização, porque os registros dos atos, e de outros fatos, dos propósitos, dos compromissos e das ideias podiam ser guardados para posterior discussão, adaptação, estudo e aplicação. Neoletria 160 Devido à melhoria alcançada nos modos de expressão e comunicação acentuou-se a diferença entre a humanidade e os primatas, porque então os humanos podiam mensurar os erros e os acertos e assim aperfeiçoar as suas ações e planejar os seus empreendimentos. A baixa produtividade dos povos sem leitura nem tecnologia obrigava-os a consumir o pouco tempo de vida cuidando precariamente da subsistência, da guerra e das doenças. A especialização e a alta produtividade dos povos mais civilizados permitem que se envolvam com as artes, ciências, esportes, lazer, altruísmo, e com a prosperidade. A evolução da linguagem não acabou. Importantes recursos e facilidades estão na espreita, aguardando a vez e com eles virão maravilhas que ainda são impensáveis. Neoletria 161 XI – O SURGIMENTO DA ESCRITA A ARTICULAÇÃO DA FALA Quando compreendemos o atual desempenho alcançado pelos meios de formulação e comunicação dos pensamentos, e então admiramos esses recursos como artifícios em seus devidos valores e adquirimos a sensibilidade necessária para tecer alguma crítica para depois elaborar e propor alterações a serem apreciadas pelo consenso. A metodologia vernacular de concatenação e organização dos elementos de pensamento dando sentido e compreensão na frase, os maravilhosos recursos de linguagem e os meios de comunicação; é tudo resultado de uma longa evolução, nem sempre por acréscimo, nem sempre melhorando. Eu aceitaria a hipótese de duas ou três mil gerações para o recuo no tempo desde quando os humanos já se comunicavam pelo uso de algumas palavras, ou combinação articulada de sons pronunciáveis, com rudimentar convenção de símbolos sonoros codificados. Essas primeiras falas ainda seriam baseadas na imitação da coisa simbolizada, possivelmente até uma combinação de fala e gesto. Gostaria que a ciência me corrigisse ou confirmasse. A maioria das espécies de animais tem sua comunicação essencial expressada em linguagem corporal e até vocal, mais para Neoletria 162 expressar sentimentos do que ideias. Considero até uma ameaça sem intenção de ferir, como uma expressão de linguagem com propósito, denotação e conotação entre emissor e receptor. Mas aparentemente apenas a humanidade desenvolveu codificações mais extensas para dizer quase tudo o que pensa (por vezes deveria pensar tudo o que diz). Embora os humanos não saibam captar perfeitamente os assuntos dos elefantes, dos golfinhos, etc., sabemos que até os insetos, peixes e pássaros que habitam colônias ou os que são nômades em coletividade, têm os seus meios ou modos de comunicação. Suponho que as primeiras palavras pronunciadas foram onomatopéicas, em que a pronúncia da fala imita as coisas referidas, muitas das quais só completavam significado simbólico com ajuda do gesto. Os primeiros vocábulos como os primeiros pictogramas, ainda não estimulavam o desenvolvimento do pensamento abstrato, mas já havia o emprego de representação de coisas por símbolos. Da fala à escrita, é claro que foi uma longa jornada concomitante com a melhora da conversa; foi quando verdadeiramente nos destacamos dos outros animais, como seres racionais que somos (com algumas exceções). Quarenta mil anos já passaram desde que os homens das cavernas pintavam nas paredes das grandes grutas, as ilustrações que imaginavam úteis ao conhecimento comunitário, como a arte da caça e o conhecimento das presas. Mas ainda não era uma pictografia propriamente dita. CODIFICAÇÃO DA PALAVRA Há mais de cinco mil anos os egípcios já comunicavam ideias por meios gráficos. Eles possuíram três modos de escrita. Neoletria 163 Pela ordem cronológica em que surgiram: a figurativa (hieróglifos, mais de 4.000 sinais), os ideogramas e o alfabeto. Agora, supondo como verdadeiros os conhecimentos enciclopédicos como segue: Caracteres podiam ser escritos ou desenhados para simbolizar as ideias conhecidas, de modo que alguém desenhava para outros lerem, há cerca de 3.200 anos a.C; os desenhos simbolizando os sons orais (fonemas) já se articulavam em palavras aproximadamente como pronunciadas. Então os egípcios serviam-se de 22 sinais, mas a codificação não chegava a uma convenção definitiva, o que foi conseguido muito mais tarde pelos cananeus (fenícios, sírios e hebreus), ao editarem os apontamentos, documentos e cartas, utilizados principalmente no comércio. Os fenícios adaptaram a escrita egípcia. Nas proximidades de 900 a 1000 anos a.C. os gregos e os fenícios aproveitaram o alfabeto egípcio, de 22 letras consonantais. Como adaptação os gregos acrescentaram as vogais, criando um abecedário próprio de 24 letras. A adoção de sistema alfabético por parte dos etruscos e romanos aconteceu por volta de 550 a 500 a.C. O alfabeto etrusco foi concebido a partir do grego; o dos romanos foi adaptado a partir do grego e do fenício, com 16 letras inicialmente. Esses são alfabetos bastante próximos do atual latino (ou romano) usado no mundo ocidental, com uma origem comum no Egito. O alfabeto chinês contém 210 letras, o bengali contém 3.000 caracteres. Fonte: Grande Enciclopédia Brasileira de Consultas e Pesquisas da “Novo Brasil Editora Ltda”. A escrita japonesa compõe-se principalmente de 2111 ideogramas, do Joio Kanji, além dos alfabetos silábicos Hiragana Neoletria 164 com 71 caracteres e Katakana, também com 71. A diferença entre os dois alfabetos nipônicos restringe-se ao desenho, porquanto é repetição dos mesmos fonemas, porém o Katakana, alfabeto mais recente, foi uma adaptação da escrita budista e hoje serve para documentos oficiais e palavras estrangeiras. No caso do Alfabeto Latino (ou Romano), também podemos afirmar que existe mais de um alfabeto; um de letras maiúsculas e minúsculas para a imprensa e outro de letras maiúsculas e minúsculas de escrita cursiva para escrever manualmente, sem contar a diversidade de caligrafias (e cacografias); mas a diferença para por aí. As regras para letras maiúsculas não autorizam mais do que o destaque para as iniciais de nomes próprios, começos de frases e títulos. A MARAVILHOSA HISTÓRIA DAS LÍNGUAS Segundo Ernst Doblhofer*, o francês Jean François Champollion descobriu que os hieróglifos egípcios são compostos de sinais convencionados nas seguintes funções: como ideogramas (uma figura que vale por uma palavra ou mais), outros hieróglifos que parecem ideogramas, porém são apenas consoantes simples em número de 26 e diversos outros que representam dígrafos (composição de duas consoantes) e ainda outros sinais que parecem entrelinhas, mas na realidade funcionam como determinativos. Os fonemas vogais não eram tão definidos como são agora, visto que em algumas palavras os sinais vogais eram omitidos. Os hieróglifos eram adequados e suficientes para documentar textos esmeradamente, mas em 1300 antes de Cristo (400 anos antes do Alfabeto Fenício e 1900 anos depois dos primeiros pictogramas em hieróglifos), foi inventada uma forma mais simplificada, que recebeu a denominação de Hierático. Neoletria 165 Cerca de 400 anos a.C. a escrita hierática foi novamente simplificada, resultando o Alfabeto Demótico. *Doblhofer, Ernst, “A MARAVILHOSA HISTÓRIA DAS LÍNGUAS” com tradução de Alberto Denis (IBRASA – Instituição Brasileira de Difusão Cultural S.A.) - São Paulo. O ALFABETO OCIDENTAL O Alfabeto Latino foi amplamente adotado na Europa no tempo do Império Romano. Os fonemas então sofreram variadas influências de diversos idiomas. Depois o referido alfabeto foi transmitido às Américas já sem unanimidade quanto à pronúncia dos valores fonêmicos, principalmente das vogais. Por hipótese seria muito difícil uma língua pura e perfeita. Citando o exemplo das línguas latinas: quando os romanos conquistavam as pequenas nações, elas já dispunham de dialeto próprio. Em vez de assimilarem totalmente, trocando o próprio dialeto pelo novo idioma, apenas adaptavam ajustes, originandose dessa mistura algumas desarmonias entre as letras e seus fonemas. A complicação aumentava uma vez que muitos fonemas ‘novos’ eram importados com pouco descarte dos ‘antigos’, gerando maior disparidade com as letras. Além disso, em alguns casos, os romanos não foram nem os únicos, nem os últimos conquistadores a ‘contribuir’ na formação e até corrupção dos idiomas. Ao adaptar um alfabeto a dialeto de padrão fonético diferente, haveria fonemas na fala sem as letras correspondentes no abecedário, enquanto algumas letras seriam supérfluas por não existir o respectivo fonema nesse dialeto. A adaptação seria como um remendo inadequado. Neoletria 166 Na América e na Europa, temos quase em comum o conjunto das letras, mas não os fonemas. Nem sabemos como exatamente deveria ser, porque ninguém sabe como o Latim Clássico era pronunciado, só sabemos como era escrito. Mesmo hoje, as letras brasileiras e as portuguesas podem ser as mesmas, porém a pronúncia é diferente, embora isso não ofereça muita dificuldade para a compreensão. Na Língua Portuguesa, temos acentos gráficos ou sinais auxiliares das letras, cujo emprego só vale para a nossa língua; em francês, é diferente, em alemão e em espanhol também é. Em inglês não tem essa sinalização. Em grego, mesmo sendo um abecedário quase equivalente, é outro alfabeto. Enfim, não obstante a equivalência alfabética, o entendimento é muito complicado. Alem disso, as nossas letras são de uso corrente quase só no Ocidente. Na Ásia, em partes da Europa e da África são praticados outros caracteres diferentes dos latinos. Enquanto a compreensão entre os povos ‘neolatinos’ já é tão difícil, mais complicado será entender os povos que adotam letras ‘estranhas’. Para incrementar a convivência pacífica internacional, este é um problema a ser resolvido. O que determina a dignidade e o respeito são as boas intenções, mas as intenções são manifestadas apenas mediante o entendimento; por falta disso, os animais são abatidos e os homens fazem a guerra. Agora, que temos Internet, já não se justifica a continuidade em tamanha dificuldade nas comunicações. Os povos estão aos poucos aderindo a uma globalização progressiva e necessitando melhorar os elos de compreensão. Neoletria 167 XII – A LÍNGUA COMO ELA É NASCIMENTO DO PORTUGUÊS Por hipótese, durante a estruturação de uma língua, surgiam modos de expressão e comunicação que logo se tornavam habituais, mas efêmeros porque novos modos se adequavam; as regras perseguiam os costumes sem alcança-los, ou a prática e a teoria seguiam rumos diferentes. Uma língua nova com fraco controle político mudava muito, com influências mal assimiladas de povos conquistados ou conquistadores, acumulando contribuições desconexas, de conformidade com o primitivismo da época, talvez com carência de atenção e de organização, enfim, evoluindo por um destino ao léu, desregradamente. Prosseguindo na hipótese, pessoas letradas, que eram raras, seriam impotentes para exercer a coordenação, mesmo porque os meios de comunicação de então não permitiam agilidade e atuação cotidiana das ‘vontades políticas’. Assim consolidavam-se e permaneciam as línguas, mal acabadas, mesmo depois durante a proliferação das escolas, quando as dificuldades antigas já estavam resolvidas, porém quase espontaneamente, toscamente. A Lusitânia que já existia na banda oeste da Península Ibérica, desde a Idade da Pedra romanizou-se no século II a.C. Neoletria 168 quando foi invadida pelo Império Romano, assimilando então o Latim justamente no período clássico desse idioma. Língua de estrutura muito organizada, o Latim teve origem no Lácio, documentado já no VII século a.C. No ano 409 da nossa era a Lusitânia foi invadida pelos germânicos, permanecendo sob aquele domínio por tempo suficiente para corromper o latim falado nessa região. Do século VIII ao XI a língua árabe dominou a ponto de os lusitanos considerarem o Latim como uma língua esquecida, tanto que o primeiro rei de Portugal, Afonso Henrique, depois que derrotou os mouros (invasores) no ano 1139, não conseguiu reintegrar e nem resgatar o esquecido latim, vindo a aceitar uma composição de linguajar residual de galego-português, com influência franco-provençal. Nessa língua surgiram as primeiras cantigas em 1189, cantadas pelos trovadores. O nome Portugal é originário do Condado Portucalense, instituído na área lusitana por D. Afonso de Castela (espanhol) 44 anos antes da derrota dos árabes invasores. Tanto os lusitanos quiseram esquecer o Árabe que preferiram aprender a falar com os camponeses rústicos. Estavam dispostos a recuperar os resquícios mais próximos daquilo que viesse a ser uma ‘língua nacional’. Não é de admirar a dificuldade em estabelecer a língua nacional lusitana até as proximidades do ano 1400, porque os ingleses trocaram a oficialidade do Francês pela do Inglês quando terminou a Guerra dos cem Anos em 1453. Afonso Henrique sendo o primeiro organizador de um reino nascente, ele desejou restabelecer o ‘status quo’ da sua área. Na falta da ‘língua primitiva’ que seria herança do Império Romano e que pareceria legitimamente nacional, fez nascer uma Neoletria 169 nova língua a partir dos resíduos já deturpados, encontrados na linguagem popular das periferias. O primeiro rei de Portugal teve sucesso em sua empreitada ao conseguir a adesão dos estudiosos da época, que estabeleceram o galaico-português, mas a Língua Portuguesa propriamente dita, com a sua estrutura gramatical, começou com a segunda dinastia portuguesa, a Casa de Avis que assumiu o poder em 1385. Foi então criada uma gramática que permanece sem ajustes técnicos de monta e continua praticamente a mesma até hoje. É interessante a diferença de ritmo com que se movimenta a civilização; séculos antes de Cristo o Latim demorou seiscentos anos a estabelecer a sua ortografia; no século XIV da nossa era, partindo do galaico-português a Língua Portuguesa nasceu já estruturada gramaticalmente. É notável que Portugal tenha transitado por um longo período de grandes empreendimentos logo após uma dedicação erudita ao seu vernáculo. CRÍTICA CONSTRUTIVA Os lusitanos assimilaram a língua e o alfabeto dos romanos. A língua foi ‘corrompida’ pelos germanos e pelos árabes, mas o alfabeto latino permaneceu; não tanto os fonemas, mas sim os caracteres. Claro que ao almejar um melhor conjunto de letras, precisamos criticar o atual, mas seria ingratidão recusar o reconhecimento dos seus méritos, depois de galgarmos os degraus da civilização até aqui, com a ajuda inestimável deste alfabeto, um dos bons e muito fácil de decorar. No entanto, a devoção não justifica o marasmo a ponto de deixar como está. Por ter passado Neoletria 170 tanto tempo imperturbável em ‘berço esplêndido’ não significa que ficou irretocável. Nesta época de globalização e intercâmbio turístico, comercial, científico, esportivo e estudantil; nestes tempos, depois que as grandes caçadas cederam lugar às grandes guerras, aos grandes saques, mas o furor guerreiro foi substituído pelas olimpíadas e pelas artes; nesta época de intenso relacionamento e cooperação entre quase todos os povos, podemos almejar um arrojado aprimoramento das comunicações, a fim de economizar tempo e esforço dos comunicadores e dos estudantes. Não que esteja como uma ‘babel’, mas algum pequeno aperfeiçoamento seria muito útil. Um minuto perdido por uma pessoa é um minuto, mas se 1000 perderem um minuto, o prejuízo será de 16 horas e 40 minutos. É fácil imaginar o desperdício nacional acontecendo continuamente. Um alfabeto mais funcional e, consequentemente uma ortografia mais simples, facilitaria o aprendizado da língua, favorecendo a compreensão geral. Um melhor entendimento entre os povos pode levá-los à harmonia, ao conhecimento, à isonomia, à justiça e, por consequência, à paz. OUTORGA DIVINA OU ARTE HUMANA Entre os artigos de primeira necessidade para conseguir boa integração comunitária e convivência social produtiva e venturosa, podemos citar: motivação, organização, harmonia e compreensão. Os procedimentos e práticas do bom convívio requerem normas, diretrizes e leis que os regulamentem, efetivem e perpetuem. O estado de direito democrático permite o esmero teórico através da discussão; portanto, se houver alternativa mais Neoletria 171 acertada para que modifiquemos determinado hábito arraigado em nosso modo de viver, será necessário que dessa alteração resultem condições favoráveis. Se não houver melhoras, que fique a certeza de que continuamos no mesmo caminho, o viável por enquanto. Naturalmente é difícil qualquer alteração dos padrões culturais de crenças e atitudes tradicionais por depender de convencimento consensual, que sofre forte resistência, como se fosse tabu. Não tanto pelas massas, mas pelas lideranças conservadoras. Um desses padrões é a linguagem escrita. Quem vai aprender, ainda não pode criticar e quem já sabe não quer desistir dos cacaréus conquistados por muito custo. A maneira de escrever que ainda temos aqui não foi decretada com o status de dogma segundo o qual todos devam rezar, como se fosse sabedoria eterna e, portanto, proibida qualquer alteração. O Criador de todas as coisas, conforme imagino, não fica assumindo Pessoalmente todas as nossas obrigações evolutivas. Que companheiros seríamos sem o nosso livre arbítrio? Desde que recebemos esse arbítrio, temos o dever de utilizá-lo. Se fosse necessária decisão divina para tudo o que devemos fazer, não seríamos filhos da Divindade, seríamos apenas extensão de Seus dedos. Se assim fosse, como poderíamos falar de consciência? Como a divindade poderia atribuir responsabilidade, culpa ou merecimento a nós, se fossemos apenas fantoches? Deus não castigaria um pecado da Sua própria mão e nem sentiria o Seu próprio afago; o hino de louvor não faria sentido, seria como auto-elogio. Nós humanos não temos a quem atribuir as nossas culpas senão a nós mesmos; assim como os méritos. A escrita que a civilização ocidental nos legou é resultado de diversas experiências desde a pré-história, sendo que algumas Neoletria 172 tentativas desapareceram e outras permaneceram em evolução. Agora o Alfabeto Latino serve a muitos idiomas com algumas alterações e adaptações como usos de diferentes sinais gráficos auxiliares das letras que não são coincidentes em fonética de uma língua para outra. A língua que foi adotada no Brasil é a portuguesa, mas poderia ser o Guarani, o Neerlandês ou o Gaulês. Inicialmente, a ‘língua brasileira’ foi a Tupi-Guarani, denominada ‘Língua Geral’. Mas, por força de ‘imposição legal’, os gerentes da Colônia conseguiram obrigar o uso do idioma importado por eles da ‘Metrópole’. Coloco essa afirmação para demonstrar que as grandes mudanças podem ocorrer de modo espontâneo ou acidental naturalmente, mas muitos encaminhamentos dos destinos da civilização foram impostos politicamente. Considerando tudo isso, suponho que este alfabeto latino aqui utilizado parece ser no momento atual o mais conveniente, mas não é intocável ou sagrado. Assim, ao percebermos as vantagens do benefício de outra escolha, sobre os custos da permanência como está, certamente decidiremos pelo melhor. COMPLICAÇÃO FRUSTRANTE Das limitações e confusões do nosso alfabeto (Latino) decorre um amontoado de regras e complicações que acarretam muito trabalho e tempo no aprendizado. Depois que dominamos parcialmente o nosso sistema gramatical, ele se apresenta aparentemente como único modelo possível para a sua finalidade. Então já esquecemos da loucura que foi aprender a ler aos seis anos de idade, que é o mesmo problema dos estrangeiros de qualquer idade quando chegam querendo estudar a nossa língua. Neoletria 173 Lei para ‘pegar’ tem que ser simples, fácil de entender e adequada às finalidades, mas como principal condição, deve mudar para melhor alguns hábitos, procedimentos ou atitudes. As leis que caem em desuso, são substituídas, alteradas ou esquecidas. Algo semelhante acontece com um idioma mal acabado: não pára de sofrer alterações. Os estrangeiros, quando querem aprender a nossa língua, esforçam-se em assimilar as nossas regras carregadas de exceções, mas nós, os ‘nativos’, devotamos admiração e imitação aos estrangeirismos, como se estivéssemos ansiosos por uma maneira mais ortodoxa de comunicação. Se a causa do nosso ‘analfabetismo funcional’, constatado nas estatísticas do desempenho escolar, não for uma burrice de sub-raça, que suponho fora de questão, possivelmente há de ser a complicação gramatical. A inadequação entre os fonemas e as letras gera muitas regras em desarmonia, sendo por isso difíceis de automatizar na linguagem, causando os pequenos desvios de atenção que são responsáveis pela dificuldade da compreensão durante a leitura. Estou abordando estas alegações como argumento de que um alfabeto oficial ou até uma língua adotada, nada tem de tabu ou legado sagrado, podendo ser mexido, adaptado, ou até substituído, no momento em que se disponha de melhor alternativa e se torne evidente a conveniência das substituições para melhorar o padrão intelectual da sociedade. O estudo seria estimulado e o aprendizado mais produtivo se o idioma passasse por simplificação. Não há motivo para temer o dispêndio decorrente da mudança. A atual versão continuaria sem proibição por tempo indeterminado paralelamente como a versão popular; o novo sistema com alfabeto e ortografia novos, seria provisoriamente um Neoletria 174 modelo erudito. A renovação seria processada naturalmente de acordo com as novidades didáticas e literárias, sem necessidade de trocar talões de notas, escrituras, jornais, revistas, avisos, leis, editais, requerimentos, faturas tarifadas etc. Neoletria 175 XIII – DINÂMICA IDIOMÁTICA EFICIÊNCIA NA SIMPLICIDADE Imaginemos que as regras gramaticais poderiam ser equiparadas com as leis, ainda que sem a ameaça da imputação ou cominação penal, mas tão somente como diretrizes estabelecidas para serem observadas, por estarem de acordo com os melhores critérios e intenções necessários a fim de alcançarmos a condição de sociedade esclarecida, ordeira, próspera e solidária. Ora, sabemos que é ‘ilegal’ um cidadão comum ignorar as leis, a não ser quem é menor ou incapaz. Sendo assim, a legislação deveria ser muito mais simples para que não sejamos todos incapazes, parecendo tolos. Acontece algo semelhante com os hábitos cotidianos como o de falar e escrever; os princípios básicos, as fórmulas e as regras devem ser elaborados com sabedoria, paciência, rigor, cuidadosamente com o máximo de funcionalidade e simplicidade para estender-se ao alcance do público alvo. Os legisladores, diretores, doutores, técnicos, consultores, executivos, deviam evitar as prolixidades e superfluidades ao prepararem os conhecimentos essenciais (e obrigatórios), tanto os legais como os gramaticais. As explicações deveriam ser bem Neoletria 176 claras, para que o máximo de pessoas escapasse da ignorância (e das multas) e alcançasse a dignidade. Provavelmente importamos neologismos ou até estrangeiramos (aceitando o uso de palavras estrangeiras, algumas mesmo em substituição às nossas) sem adequação porque as nossas regras de ortografia e fonologia são tão abundantes que o brasileiro médio não as cumpre nem observa porque as ignora. Regras claras e coerentes podem ser compreendidas na primeira leitura, mas quando incoerentes ou infectadas de exceções, precisam ficar sempre à mão para consulta e, por isso, os usuários como vítimas necessitam de ajuda para desembaraçar em toda e qualquer ação. É muito bom ter o que estudar; é interessante um exercício intelectual, mas deixar um conhecimento trivial tornar-se tão complicado que sejam raros os instruídos suficientemente; e para completar um estudo razoável eles tenham que despender quinze por cento de sua força produtiva de trabalho e da existência, tendo outras centenas de interesses a zelar. É um desperdício de esforço. A língua Esperanto não peca por semelhante desbaratamento. Tendo apenas dezesseis regras gramaticais e cada letra correspondendo a um único fonema. Qualquer palavra composta por mais de uma sílaba é sempre paroxítona. Todo e qualquer vocábulo estrangeiro pode ser traduzido para Esperanto ainda que essa língua não possua toda a variedade de fonemas que temos em Português, em Francês ou em Alemão, o que simplifica a sua compreensão, sem prejuízo para a sua suficiência de recursos fonéticos de expressão. Pelo que me parece, no idioma japonês, menos de uma centena de sílabas diferentes é suficiente para combinações distintas que resultam na língua vernácula completa, o que o torna muito mais simples do que o nosso idioma. Ainda assim, não Neoletria 177 acredito que existam menos palavras no Japonês do que o suficiente, e os nipônicos ainda levam a vantagem da simplicidade e de normas definidas de como usar novos verbetes estrangeiros sem prejuízo das regras gramaticais japonesas. PROMISCUIDADE LINGUÍSTICA Atualmente a conveniência de reajuste evolutivo de uma grande língua esbarra na necessidade de preservar a integridade dos seus dialetos falados em diversos continentes, mas nada impede a continuidade da ‘língua geral’ para quem não se interessar pelo melhoramento. O mesmo étimo com dois significados, um do vernáculo e outro redefinido e identificado pelo sotaque. Por força da globalização, a mistura das línguas pode resultar no enriquecimento conotativo de muitos vocábulos com a sofisticação dos significados oriundos de novas técnicas, novos costumes que podem ser diferençados por analogia com novas pronúncias decorrentes das deformações fonéticas (estrangeirismo) de palavras antigas no domínio vernacular. Todavia será causa de anarquia e confusão se os linguistas influentes não se posicionarem firmemente pela ordem e coerência das novas regras gramaticais que se fizerem necessárias a essa evolução. Muitas palavras estrangeiras estão invadindo o Brasil, pela Internet e por outros meios, tanto palavras escritas como faladas, causando dificuldade de pronúncia. O nosso velho alfabeto aplicado ao vernáculo já traz uma confusão de regras, imagine somando com o problema criado com as palavras importadas! Deveríamos nós absorve-las para a nossa língua em pronúncia da Flórida, da Califórnia ou do Canadá? Neoletria 178 Country, britânica ou australiana? Mantê-las à parte, grifadas como estrangeiras e regidas por suas gramáticas de origem ou poderíamos aplicar a nossa ortografia e nossa ‘ortofonia’, aportuguesando-as? Talvez incorporar com sotaque como era costume dos personagens de Grinsville (certa cidade utópica de uma novela da Rede Globo de Televisão), assim logo será uma mistura de Portunhol com Portinglês, tudo de conformidade com o mais deslavado pernosticismo. O nosso conhecimento da pronúncia correta de cada letra já estava excessivamente complicado antes do ingresso de palavras cuja relação fonema/letra segue regras exóticas. Mesmo um poliglota tem dificuldade em saber como pronunciar uma palavra escrita quando não sabe de qual língua procede. EVOLUÇÃO DO IDIOMA O nosso alfabeto latino ou romano é o mesmo em diversos países onde se fala: português, francês, espanhol, italiano, alemão, inglês e as diversas línguas germânicas (contando também alguns dialetos derivados), totalizando mais de um bilhão e quinhentos e sessenta milhões de pessoas tendo em comum apenas o abecedário. Muitos idiomas regidos por diferentes regras gramaticais ou até desregradamente, embora contem com os mesmos radicais e o mesmo alfabeto, as palavras são pronunciadas de modo diferente. As mesmas palavras, até com as mesmas letras, são quase irreconhecíveis pela pronúncia. Na globalização dos navios e aviões intercontinentais, dos jornais, da televisão, da internet, e da relativa paz que possibilita torneios esportivos e grandes espetáculos internacionais, existe também uma intensa migração de vocábulos, principalmente entre Neoletria 179 as línguas escritas em alfabeto latino, já contando com a participação de diversos países asiáticos, a par de seus alfabetos próprios. Está aumentando a necessidade e a urgência da adaptação das palavras importadas. O palavrório vai ingressando nos diversos países com as mesmas letras de quando e onde surgiram os neologismos, mas precisa de alteração porque as regras de ortografia e prosódia da língua que as acolhe são diferentes. Entretanto, quando outros países importarem essas mesmas palavras assim alteradas, a confusão estará pronta. Pode-se até contar com o retorno, ao país de origem, de vocábulos desfigurados, para competir com o significado das palavras originais. É necessário escolher o que conservar das palavras importadas: suas letras pelos nossos fonemas ou seus fonemas pelas nossas letras; tudo junto dá atrito e confusão gramatical. Quanto à suposta necessidade de fidelidade ortográfica na etimologia, como também a ideia de preservar as letras ‘originais’ da pronúncia de certas palavras, pouco importa porque já existem precedentes de troca de algumas letras em alguns fonemas. Ao ler a carta de Caminha ao Rei de Portugal, podemos perceber alterações na nossa língua ocorridas de então até agora. Estou lembrado que no meu tempo de criança, algumas palavras eram escritas com PH para o fonema correspondente a letra F, outras continham uma letra P ou C inútil, que hoje caíram em desuso por decreto, mas continuam vigorando em Portugal. Atualmente está em fase preludial um pequeno acordo ortográfico entre alguns países usuários da língua portuguesa. É mais uma das que foram sempre pequenas e tímidas alterações, talvez apenas para satisfazer algumas exigências plausíveis de membros da comunidade mundial de Língua Portuguesa, agora Neoletria 180 sem respeitar o Brasil que já conta com seus setenta por cento dos lusófonos da Terra. Um novo alfabeto, por mais perfeito e predominante que fosse não extinguiria o velho. Não haveria fogueira de livros. É evidente que a gramática da nossa língua não foi a nós outorgada definitivamente pela Divindade como uma lei inexorável para que a preservemos agora sem retoques. O idioma continuará dinâmico, evolutivo. E se desenvolverá, com cuidado minucioso e organizadamente se conseguirmos dirigir o seu encaminhamento, ou será em desordem se agirmos na defensiva evitando os retoques e atualizações necessários, porque assim eles acontecerão furtiva e desorganizadamente. NACIONALIZAÇÃO DE VOCÁBULOS A ortografia e a respectiva ortoepia, que administram a regularidade na linguagem podem decair para o caos mesmo havendo autoridades responsáveis, se não perceberem a crescente balbúrdia causada pela desordem na livre imigração de palavras estrangeiras. Estarão em vantagem os países cujos cidadãos tratarem o problema com iniciativa e pertinácia, buscando a solução onde quer que ela se encontre. Conforme comentários de Howard W. French, do The New York Times, encontrados também no “ESTADÃO” (O Estado de São Paulo) de 02/11/2002, caderno A, 27 - a nova geração japonesa já dispunha de uma pitoresca engenhosidade ante o problema da globalização cultural. Diariamente as palavras estrangeiras estavam invadindo as conversas japonesas. Os mais idosos tentavam disfarçar ‘ignorando’, mas não era fácil sentir-se excluído enquanto os Neoletria 181 jovens pareciam falar outra língua, causando arrepios ao primeiro ministro Junichiro Koizumi, a ponto de ele nomear uma comissão para estudar a possibilidade de evitar a adulteração do idioma nipônico. Sabemos que entre outras peculiaridades vernaculares japonesas, o fonema correspondente à nossa consoante L não existe, ou é confundido com R, resultando, a nosso ver, um notável ‘sotaque japonês’, aplicado como adaptador das palavras escritas por meio do alfabeto Katakana, que é especial para escrever palavras estrangeiras compondo-as de letras tais que qualquer japonês possa ler em pronúncia castiça. Os japoneses importam “as palavras ocidentais, mudando sua pronúncia e dando-lhes um sabor local”. Enquanto isso, nós brasileiros fingimos que não é pernosticidade, para não dizer ‘macaquice’, ostentar palavras estranhas ao nosso sistema gramatical. Nós não precisamos supor que sejamos inferiores a ponto de cair de admiração e imitação pelos estranhos. Apenas alguns dentre nós, com carência de auto-estima não reconhecemos o nosso próprio valor. Parece que somos envergonhados da nossa qualidade terceiro-mundista e procuramos disfarçar-nos de forasteiros em nossa pátria. Por outra hipótese, simplesmente exibimos com orgulho alguma bobagem que não entendemos, supondo que os circunstantes sejam ainda mais ignorantes. Parece impossível a leitura de um palavreado que chega, não se sabe de onde, mas torna-se imprescindível na comunicação cotidiana. Entretanto os japoneses vão obtendo a noção fonética derivada da origem das novas palavras e ‘ignorando’ a etimologia gráfica, como se escrevessem de ouvido. Para isso eles contam com o alfabeto Katakana, com codificação própria de pronúncia gramatical, facilitando assim a identificação das palavras importadas e sua leitura. Neoletria 182 O resultado da adaptação é semelhante ao do mito Greensville (cidade de novela em que o povo tentava falar inglês com forte sotaque nordestino), porém a solução katakana é mais intencional, completa e eficaz do que a sugerida no referido mito. ACORDO ORTOGRÁFICO Foi assinado o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa em Lisboa, no dia 16 de dezembro de 1990, formalizando compromisso entre Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe. Timor Leste assinou posteriormente. No Brasil esse acordo foi aprovado pelo Decreto Legislativo número 54, de 18 de abril de 1995 e regulamentado em setembro de 2008 por decreto do Presidente Lula para entrar em vigor ‘tolerante’ no dia primeiro de janeiro de 2009 e para vigorar plenamente a partir de 2012, quando deverá estar disponível o VOLP - Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa. O dito vocabulário já devia estar pronto desde primeiro de janeiro de 1993, mas até agora, na vigência, ainda “não saiu do papel”, nem chegou. Suponho que a causa dessa falha não foi falta de talento dos nossos imortais acadêmicos. Motivo mais plausível seria a falta de responsabilidade ou de audácia dos ‘patrocinadores’ da nossa legalidade, ou ainda a precariedade das regras adotadas no Acordo e isso nenhum signatário assumirá. A iniciativa privada raramente decide investir pesadamente em benemerência sem garantia de retorno, ainda mais quando se trata de legítima responsabilidade governamental. Não existe unanimidade de apoio ao alinhamento brasileiro pela uniformização idiomática dos oito paises, especialmente porque apenas um desses oito, comporta mais de 70% do total de usuários do Português - o Brasil. Neoletria 183 A meu ver, seria mais correto um esforço de padronização evolutiva do ‘idioma brasileiro’ com aceno para inclusão dos países interessados, contanto que as adequações fossem espontâneas e viessem preferencialmente das minorias para a maioria. É necessário que esse esforço leve a constituir uma instituição com estudos permanentes e reuniões periódicas do tipo ‘assembléia geral’, incluindo lusófonos de outros países como membros na composição. Seria injustificável sacrificarmos uma gramática tradicional, se fosse clara e simples pelo intuito de acompanhar as outras nações. A renúncia poderia ser aceitável se as outras regras fossem mais simples, claras e definidas do que as nossas. Providência administrativa mais legítima e democrática seria a instituição de uma assembleia que congregasse periodicamente as academias de letras da Língua Portuguesa, interessadas e sediadas em todos os países subscritores do Acordo. Dessa assembleia surgiriam aperfeiçoamentos que pudessem ser observados e seguidos por toda a comunidade lusófona. ENSEJO DO ACORDO ORTOGRÁFICO A inquietude provocada pelo Acordo abre oportunidade para discussões e ajustamentos gramaticais que já são clamorosos. Nesta oportunidade devemos considerar auspiciosos alguns passos a mais em propostas. Com a entrada das letras k, w, y no alfabeto do nosso idioma, podemos propor as respectivas serventias. A letra K substitui vantajosamente Q e a função ‘oclusiva palatal surda momentânea’ de C, porque K representa praticamente o mesmo fonema em qualquer combinação nas nossas letras (porke a sua função é pratikamente a mesma kom kuaisker vogais ou demais Neoletria 184 kombinasões). Como outra alternativa podemos redefinir as aplicações da letra Q, permitindo que não seja sempre seguida de U; assim ficaria solucionada a confusão de pronúncia gerada pela queda do trema. É conveniente abolir a muleta da letra G onde o fonema u não é proferido diante de i ou e. As sílabas ga, ge, gi, go, gu, deveriam ser todas pronunciadas quase glotalmente (oclusivo velar sonoro momentâneo), enquanto para o fonema ‘fricativo linguopalatal sonoro chiante brando contínuo’ bastaria empregar em qualquer situação a letra J, ja, je, ji, jo, ju. É indicado para a letra S, somente o fonema ‘fricativo constrito dental surdo sibilante contínuo’, deixando o ‘fricativo constrito dental sonoro sibilante contínuo’ como fonema expresso apenas pela letra Z; as letras C e Ç devem ser banidas de suas aplicações comuns, visto que existem K e S; as letras I e U podem deixar de apresentar duplo uso (vogal e semivogal). Y pode substituir i-breve assim como W pode substituir u-breve. Ex: ‘qeremos qestyonar aqilo qe falta ou qwalqer sobra, a qwal estorva qwando a eloqwente delinqwênsya seqwestra em seqwênsya aqela tranqwilidade qe qwaze havia na lingwajem’. Para a letra X toda e somente a serventia do fonema ‘fricativo linguopalatal constrito surdo chiante contínuo’ de x, chbrasileiro, sh-inglês, com permissão para continuidade desses ‘dígrafos’ apenas em curiosidades etimológicas. Muitos escritores não gostam da sensação de serem ‘cabresteados’ pelos gramáticos, supõem que a língua pode evoluir espontaneamente, ou talvez prefiram a estagnação. A padronização é possível, mas ao seguir sem direção e sem rumo acontece o que estamos presenciando - perde-se a capacidade de criticar e evoluir. O governo se apressa a conceder ou concordar com qualquer coisa que lhe pareça honroso, mas ninguém se Neoletria 185 habilita a liderar uma mudança de paradigma, por medo de se ‘queimar’. Cada um espera pelos outros e quando alguém oferece melhor alternativa causa um confuso temor de ‘purgante goela abaixo’ como no autoritarismo. Para evitar esse temor, devemos autorizar a congregação das academias de letras. Neoletria 186 XIV – AS LETRAS EM DISCUSSÃO ALFABETO FONÉTICO INTERNACIONAL Existe um conjunto de sinais de valores fonêmicos, (entre paralelas verticais) considerado universal. Ocorre que além de limitado, não foi feito para uso corrente na edição de texto, mas apenas para indicar didaticamente a pronúncia de algumas letras durante o aprendizado de palavras estrangeiras. Alguns desses caracteres são iguais e outros semelhantes aos do Alfabeto Latino (cujo uso cada língua faz diferente). O referido ‘Alfabeto Fonético’ poderá ser de grande valia para a definitiva caracterização e identificação fonética dos Fonogramas (alfabeto novo que estou propondo), se os fonemas correspondentes estiverem bem classificados e definidos. VARIAÇÃO DE PRONÚNCIA O nosso alfabeto, este que pouco evoluiu em vinte séculos, já com vinte e três letras e mais ç, k, y, w, é insuficiente para representar tão somente os nossos fonemas, sejam vogais sejam consoantes, embora algumas dessas letras pudessem ser descartadas por serem concorrentes, sem prejuízo aos recursos da nossa fonêmica. Neoletria 187 Um texto qualquer será pronunciado de várias maneiras regionais, sem trocar uma letra, o que prova a falta de unanimidade de valor fonético do nosso alfabeto. Mesmo pessoas superdotadas de inteligência, ao adotarem o Português como segundo ou terceiro idioma, mantêm permanente sotaque. - Será que esse problema surge por deficiência intelectual dos estrangeiros ou as regras da nossa língua não foram iluminadas pelo bom senso e pela racionalidade? Ao invés de sentir orgulho por ‘saber’ falar uma língua tão difícil, já é hora de descobrir que tanta dificuldade é ‘peso’ sem proveito. De nada vale decorar a nossa ortografia para quem deseja aprender outra língua, porque naquela as regras serão outras. A ortografia da Língua Portuguesa poderia ser muito simplificada se as letras fossem suficientes para os fonemas. Temos apenas cinco letras vogais, para representar mais de dez fonemas vogais, sem contar os fonemas semivogais. Enfim, o antigo alfabeto em comum é de pouca valia para as línguas latinas e germânicas, por falta de unanimidade na adequação da grafia com os sons que elas tentam representar. Cada língua tem diversos fonemas peculiares, o que justificaria alfabetos diferentes, proporcionalmente à discrepância de pronúncia. UNIFICAÇÃO DE PRONÚNCIA Alfabetos diferentes do nosso existem muitos, de grandes línguas e de dialetos, e até de línguas mortas ou que já evoluíram. Podemos citar alguns alfabetos atuais: Grego, Árabe, Amárico, Siríaco, Hebreu, Japonês, etc. Diferem bastante uns dos outros embora alguns tenham praticamente a mesma origem, mas todos Neoletria 188 têm como objetivo compor sons que se ordenam em palavras, como combinações a partir de elementos (letras) poucos e insuficientes. Suponho que aqueles alfabetos já foram adequados, cada qual ao idioma para o qual surgiu, mas pela falta de zelo escolar, pela complexidade desnecessária e devido a pouca comunhão social dos usuários; pequenas diferenças de pronúncia foram surgindo e se somando, até que a pronunciação original se perdeu. O caso é diferente quando o alfabeto adequado a um idioma é adotado por um dialeto de prosódia distinta. Se contássemos com um novo e melhor alfabeto, teríamos a conservação deste latino atual, apenas para consulta da origem etimológica, cujo emprego poderia continuar regulamentado em muitas páginas de regras ortográficas, de grande interesse para os especialistas em linguagem. Em longo prazo, contudo, todos os livros do nosso mundo seriam transcritos para a nova grafia que informaria melhor as nuanças fonéticas. A Humanidade está evoluindo rapidamente. É possível que já esteja em condições de assimilar uma alfabetização mais rigorosa e eficiente. A dificuldade de pronunciar corretamente fora da língua mãe, é um problema universal que pode ser resolvido com um novo alfabeto completo e fácil. Qualquer alfabetizado assim (nos novos fonogramas) estaria apto a pronunciar corretamente em qualquer língua, sem decorar as centenas de regras das diversas ortografias. ALFABETO COMPLICADO A Língua Portuguesa (que de início não dava a devida importância às vogais, com provável sugestão dos alfabetos Neoletria 189 egípcio e fenício que eram destituídos de vogais) herdou uma mistura de influências de línguas antigas, da parte dos estrangeiros invasores comerciantes, ou conquistadores do território lusitano, dificultando um bom critério de adequação entre a sua fala e as suas letras. Então os precursores dos portugueses adotaram o alfabeto latino já existente, herdado do Império Romano e optaram pela grafia etimológica. A fonética, a organização da fala, muito alterada por influência das línguas dos bárbaros e dos árabes, não se ajustou muito à escrita oficial, necessitando, por isso, de uma teia de regras ortográficas e fonológicas a fim de adicionar um pouco de ordem e sofisticação no idioma. Se as minhas conjeturas contiverem incorreções, espero que o leitor consiga filtrá-las para não desperdiçar o objetivo do contexto, mas se estas hipóteses estiverem corretas, isto explica a complicação de – ss, sc, ç, c (quando c é seguido de e ou i), quatro sinais para o mesmo fonema; - q, c, k com o mesmo valor, sendo q sempre seguida de u; – g valendo j; – h mudo; – s com som de z; – a ‘necessidade’ do encontro consonantal ch quando se dispunha de x para a mesma função (omissão proposital ou por descuido?); – x igual a z como também a ks. As letras c, s, r, x, h, n, l, g, todas com múltiplas funções fonêmicas. Enquanto isso, apenas cinco letras vogais para mais de dez fonemas vogais (u, ô, ó, á, a, é, ê, i; além das nasaláveis um, om, am, em, im). As cinco podem ser pronunciadas de diversas maneiras, mas sem regras claras para determinar qual das variações de cada vogal deve ser escolhida em alguns casos. Sem notação definidora (acento) quando não cai em sílaba tônica. No caso de tomar iniciativa para racionalizar a nossa linguagem, seria irracional tentar copiar regras de outras línguas, Neoletria 190 porque outras, de grande importância, também já degradaram e não servem de bom exemplo. Convivendo com toda essa “babel” no cerne da nossa cultura, não é de estranhar a nossa complacência com as tolices, as malandragens, os jeitinhos e os muitos delitos do cotidiano. A complacência com pequenos erros induz à tolerância com delitos. Quando deparamo-nos com uma situação complicada juntamente com a frase “não é nada disso que você está pensando, eu posso explicar”, quase sempre o caso ‘cheira’ a incorreção. Geralmente aquilo que funciona bem e com simplicidade é indiscutível; é desnecessário explicar. AMBIGUIDADE DAS LETRAS Se cada letra em Português correspondesse a um único som, E seria sempre E (às vezes é como se fosse I); deveria ser criada outra letra para É; O seria sempre O (algumas vezes é U, outras é Ó) deveria ser criada outra letra para Ó. Temos Dj para D (adjiantxi, djidátxika, idjiota), Tx para T (txinta, atxividadji); C para pronunciar como S ou K (dois fonemas diferentes para a mesma letra) – ao adotar K, poderíamos descartar as letras C e Q. As letras R e S com valores diferentes para gaúchos, cariocas, paulistas. A ‘licença’ para a variedade de sotaques regionais brasileiros, talvez tenha relação com a variedade de pronúncias do Alfabeto Latino nas diversas nações (com suas línguas) que o adotaram. Outra hipótese é a variação de procedência dos colonizadores por região do Brasil. Atualmente as diferenças entre os sotaques brasileiros estão esmaecendo por força da televisão com as suas redes de notícias e de novelas cobrindo todos os confins do Brasil e de muitas partes Neoletria 191 da Terra, (o que demonstra a viabilidade do ajustamento ora planejado, ou seja, proposta e apresentação de um novo alfabeto de fonogramas). A SOLUÇÃO EXISTE A Língua Inglesa é mais abundante em variação de fonemas para as mesmas letras do que a Língua Portuguesa: animal é énimól; congratulation é cângratiuleichân, etc. Tanto em vogais como em consoantes existem alterações de pronúncia de uma letra até na mesma palavra. Uma letra pode valer para mais de um fonema ou nenhum. Acredito que não foi sempre assim. Inicialmente um tipo qualquer fala errado, outros acham inteligente, a ‘tribo’ pensa que é nova bossa para distinguir os ‘chiques’. E pronto, convenciona. Após centenas de deslizes, chega-se a uma nova gíria. Talvez um dialeto comece pela composição de gírias. Por essa linha de raciocínio, é fácil imaginar que muitos dialetos estruturaram-se desordenadamente, sem racionalidade, sem projeto. Com certeza, apenas a Língua Esperanto foi projetada e elaborada, para surgir pronta em toda a sua estrutura gramatical, se bem que muitos idiomas sejam derivados de outros, copiando-lhes até a gramática sem observar que muitos ajustes seriam necessários para que todas as regras adotadas fossem especificamente aplicáveis em casos consistentes do novo idioma. O Latim teve início em aplicação documental durante a fundação de Roma, cerca de setecentos e cinqüenta anos antes do nascimento de Cristo, dois mil quatrocentos e cinqüenta anos depois das primeiras inscrições egípcias. Passados trezentos anos depois da fundação de Roma, o Latim ainda não tinha bem estruturada a ortografia, segundo o P. Júlio Comba (autor da Gramática Latina para Seminários e Faculdades), só chegando a Neoletria 192 esse patamar quando já estava com seiscentos anos, durante o século que antecede o nascimento de Cristo, e apogeu da inteligência latina. Como se vê, a Gramática é uma ciência secular, que se desenvolve mediante contribuições múltiplas e que se aprimora pelos milênios afora, sempre se adequando às novas exigências enquanto a Humanidade avança na marcha da civilização. Hoje sabemos: as nações que se mantiveram fechadas no relacionamento global (científico, econômico, religioso esportivo, etc.), perderam o trem do progresso cultural e tecnológico. Caíram na vala comum do subdesenvolvimento. Cristalizaram a sua cultura, supondo ter evoluído ao máximo ou temendo decair do pouco nível conseguido. Os povos que se isolam evitam comparações porque no fundo da psique se percebem no atraso então eles evitam ser observados para não se expor à vergonha. Muitas línguas de nascimento e crescimento natural amadureceram quase isoladamente, aumentando as diferenças entre si. Quanto mais isolada, mais atrasada e quanto mais atrasada uma língua ficou perante a lógica gramatical, mais difícil de se comunicar entre si e com os estranhos. Caso extraordinário ocorreu com o nascimento do Esperanto. O polonês Doutor Lazarus Ludwig Zamenhof (ou Lejzer Ludwik Zamenhof, também conhecido como Doktoro Esperanto), médico e filólogo inconformado com os resquícios de Babel, ele percebeu que com maior facilidade no entendimento entre os povos da Terra, seria mais viável a paz e a justiça. Como era conhecedor de hebraico, latim, grego, sânscrito e mais sete línguas modernas, não teve dificuldade de simplificar a gramática ideal, com apenas dezesseis regras, e sem exceções. Assim surgiu uma língua simples, fácil e eficiente, com o compromisso de ser o melhor idioma internacional. Neoletria 193 XV – QUESTIÚNCULAS IDIOMÁTICAS IDIOMA ULTRAJADO Texto é sequência coerente de parágrafos ilustrados por frases compostas de palavras feitas de letras em série. Teor é assunto tratado textualmente, é porção de conhecimentos codificados de forma convencional e facilmente decodificável (pela leitura). Existem mensagens expressas de outras maneiras, como avisos e ideias transmitidas em modo sonoro ou também por símbolos visuais, porém o meio mais empregado e que abrange maior trânsito de pensamentos é o de palavras expressas alfabeticamente, empregando quase exatamente as letras que representam os fonemas das palavras como são faladas. A qualidade do texto pode variar em conformidade com a inteligência de quem escreve, mas a língua adotada também é determinante para a eficácia e beleza de uma redação. Uma poesia ou uma anedota pode perder a graça e a importância artística na versão de outro idioma. A mensagem traduzida tem propensão até de enfraquecer a consistência e o nexo entre o que foi dito e o que foi pensado. A harmonia ou a ‘turbulência’ vernacular de uma língua é resultado da capacidade intelectual das pessoas que participaram Neoletria 194 da sua evolução idiomática. É temerário tolerar corrupção ou relaxamento da gramática, ou mesmo abusos de estilo, porque as alterações podem inadvertidamente prejudicar a lógica e a clareza. Há quem defenda a evolução do idioma, à deriva, ao sabor das correntes, como se “a voz do povo” fosse a voz de Deus. Ora, as grandes alterações foram operadas politicamente. Neste caso temos que escolher entre andar ao leu para a degradação e fragmentação ou evoluir criteriosamente, rumo ao aprimoramento. Talvez seja pela ‘deriva’ que hoje a nossa escrita está ‘infestada’ de confusões na formação das palavras, uma mistura calamitosa de regras, e mesmo de falta delas, que só complicam o que poderia ser mais simples. Quando as regras surgem no momento oportuno, elas podem ser planejadas à luz da lógica e do bom senso, mas quando chegam a reboque, como socorro de emergência depois dos desastres, mais se parecem com tapeações paliativas. Possivelmente você já venceu as dificuldades aqui mencionadas, e por isso pode supor que não parecem úteis tais preocupações, mas se revisarmos o passado de cada um, observaremos o trabalho descabido que tivemos desde o curso básico no aprendizado da nossa língua que percorremos até chegar ao atual grau de entendimento o qual ainda não é satisfatório. O conhecimento necessário de qualquer pessoa para usar corretamente o idioma está longe de cem por cento do conteúdo gramatical, do qual não basta saber, é preciso automatizar e acostumar para que a maior parte da atenção do pensador possa ser canalizada sobre o tratado ou o tema em que se ocupe. A preocupação deve restringir-se ao quê e não ao modo como pensar. No caso contrário: dada a complexidade linguística, o desperdício de atenção com a maneira de dizer, resulta em dispersão com prejuízo do assunto do qual se queria tratar. Neoletria 195 Estatísticas comparativas são necessárias para a melhor compreensão da complexidade gramatical e saber quais e como são as línguas que estão entre as faladas pelas crianças que mais cedo conseguem elaborar uma redação correta, em condições equivalentes, embora outros fatores culturais contribuam para os resultados. MISTURA DE CONTRIBUIÇÕES É claro que é bela a nossa ‘coletânea de regras’ para a formação de palavras e frases. A nossa gramática é um grande, sofisticado e belo trabalho. Um marco da inteligência dos povos que se expressam em português desde o século XIII, quando tinha cerca de cinco mil vocábulos derivados do latim. Para a época, o português foi tão bem estruturado que permaneceu com pouca alteração gramatical a partir de então até agora quando entramos no século XXI. Ignoro se foi vantagem ou desvantagem essa ‘perenidade’. Suponho que haveria mais evolução se fosse feito exame crítico com mais frequência. A língua portuguesa foi crescendo em lexicologia e foi aumentando a população que a adota. Mas é como um lindo arbusto que cresceu debaixo da rede elétrica, virou árvore e agora dá choque. Descontando o exagero, imagino o crescimento do idioma como a ‘combinação’ do que o leigo compõe no seu coquetel de diversas bebidas de sabor razoável, mas por causa da heterogeneidade descombinante, o resultado é um caldo insalubre. O Português recebeu influências e contribuições romanas, bárbaras, árabes, francesas, africanas, inglesas, etc. As contribuições são bem-vindas, mas necessitam de tradução ou adaptação; em caso contrário o idioma torna-se uma salada indigesta, uma colcha de retalhos e remendos. Neoletria 196 Na nossa língua existe uma desordem entre afixos concorrentes em significado, que assim perdem a correlação com a acepção proposta. As flexões verbais de conjugação como tempo, modo, aspecto, voz, número, pessoa, acarretam complexidade, mas de pouca eficácia e com a agravante da inobservância por quem pratica o linguajar vulgar. Já se tornou regra ou convenção a substituição da segunda pessoa pela terceira, tu por você, embora o pronome tu seja mais condizente com as línguas: francesa, inglesa, alemã e italiana. Consequentemente os pronomes oblíquos da segunda pessoa não são correlatos aos pronomes retos ou são confusamente. Essas degenerações aconteceram no tempo em que os alfabetizados, ante a dificuldade em demover os iletrados das suas ignorâncias, preferiram acompanhá-los. Isso quando o analfabetismo era muito superior a cinquenta por cento e as pessoas suficientemente letradas eram pouquíssimas e sem peso de influência nos costumes populares. É comum a presença constante de palavras estrangeiras não traduzidas e nem ajustadas à nossa ortografia. Se ao incorporar os neologismos estrangeiros ao Português, o fizéssemos com a necessária adaptação (e é fácil estabelecer regras de adaptação), qualquer estudante saberia ‘traduzir’ ou adequar os neologismos. ALFABETISMO Um texto, como este que você está lendo, é uma sequência de palavras que diferem entre si, mais pela extensão do que pela expressão. Maior envolvimento o leitor teria com o texto se a leitura fosse mais acidentada e por isso mais interessante. Neoletria 197 Os nexos sintáticos dão curso lógico às ideias impressas, de forma a facilitar o entendimento por parte de quem lê. Melhor seria se as categorias gramaticais fossem mais evidentes desde a morfologia das palavras. Poderíamos sugerir preceitos conveniáveis de destaque gráfico para as palavras comuns. Assim já teríamos um melhor processo para a percepção e o entendimento imediato das frases, as quais ficariam mais de acordo com a fluência dos pensamentos que as criaram. Existem sufixos flexionais que ajudam o leitor a perceber as categorias gramaticais, mas para a definição de algumas denotações, diversas desinências são homográficas. Isto perturba a distinção dos significados e a rapidez na escolha da acepção mais apropriada ao contexto, como também o vínculo entre o sufixo apresentado e a função escolhida, porque existem sufixos multifuncionais. Em geral toda essa elaboração é feita automaticamente pelo subconsciente, mas não deixa de ser perturbador quando algum item mal-codificado ‘bate à porta errada no edifício do entendimento’. Desenvolvendo pequenos ícones em forma de ideogramas, para as palavras mais empregadas, a compreensão estaria ainda mais efetiva. Para recompor a sensibilidade cauterizada pela mesmice das nossas palavras, e a confusão das nossas letras (que talvez participem dos motivos do ‘analfabetismo funcional’), seria interessante uma realfabetização em letras mais adequadas. Um alfabeto cuja variação de desenho permitisse denotação direta, unívoca e inequívoca de cada nova letra com o respectivo fonema, sem interferência nem referência das letras velhas. Quando aprendemos a ler em Português, continuamos semi-analfabetos para todas as outras línguas que adotam o mesmo alfabeto latino, já que as mesmas letras são pronunciadas Neoletria 198 como fonemas diferentes nos vários idiomas, embora os radicais dos substantivos, adjetivos, verbos, etc. dos diversos idiomas sejam quase coincidentes graficamente, o que deveria facilitar a compreensão. Pior é aprender uma língua de alfabeto diferente, como o aramaico, o árabe, o japonês, o mandarim, etc., é necessária outra alfabetização. Aprender uma segunda ou terceira língua é difícil para um adulto, porque ele já sedimentou a sua maneira de ler e escrever as letras de acordo com a ortografia da língua em que aprendeu a falar. Por isso ele não sente a necessidade de se alfabetizar para a outra ortografia, supondo que já esteja alfabetizado definitivamente. E de fato está, se ficar restrito ao primeiro idioma. SIMPLICIDADE VANTAJOSA Quando uma pessoa equilibrada se expõe ao convívio dos psicopatas, pode distrair-se e assimilar algumas manias e cacoetes. Por hipótese o ato de decorar regras carregadas de exceções é como a leitura de um texto incoerente e desconexo; é enfadonho e desgastante, podendo causar transtornos psíquicos e vícios com difícil retorno do modo de pensar. Assim, suponho que um alfabeto completo, fonológico, fácil coerente, fundamentado foneticamente na língua falada; propiciando a que cada fonograma (letra) corresponda fielmente a um único fonema; resultando em simplificações gramaticais; acredito que isso tornaria o aprendizado muito mais agradável, eficiente e rápido, permitindo ao estudioso maior liberdade e disponibilidade para outros estudos, além de ser mais seguro contra distúrbios psíquicos. Da beleza estética e da ordem, poderia resultar feliz entusiasmo e dedicação para com as artes, as ciências e outras ocupações. Neoletria 199 Surgiria uma habilidade e admiração, pelo equilíbrio, pelo arranjo e pela analogia. Talvez uma educação mais agradável e instigante ajudasse a evitar os desvios de comportamento que enveredam pelo rumo da rebeldia, do erro, do delito e da delinquência, com vantagem para a criatividade. Nós os adultos, acostumados com este idioma, suas letras, suas regras, estamos longe de perceber devidamente os possíveis benefícios da sua reciclagem. Não sabemos comparar os nossos conhecimentos com aquilo que seria um sistema ainda desconhecido e por isso difícil de imaginar. Precisamos encetar um grande esforço para vencer a inércia, Porém o resultado poderá ser muito melhor do que o esperado. Seria conveniente considerarmos o custo a que foram submetidos muitos dos nossos profissionais de hoje ao padecerem tantos anos no estudo do idioma, que agora já desistiram de compreendê-lo suficientemente. Consumiram uma alta porcentagem da sua cota de energia da vida produtiva, quase futilmente, em algo que poderia ser simplificado com ganho de eficiência. Depois que José, filho de Jacó, sobrinho de Esaú foi vendido pelos seus irmãos como escravo, já no Egito, ele tratou de estudar e acabou escriba e posteriormente foi ministro ou vizir. Naquele tempo o escriba gozava de alto prestígio por ser função rara já que dependia de inteligência excepcional por causa das dificuldades gramaticais. Atualmente devemos lapidar mais a linguagem para melhorar a democracia e a qualidade de vida da população. Estou ciente de que fora do curso superior de letras, outros ‘doutores’ avançam em seus conhecimentos profissionais sem se deterem muito no estudo da linguagem. Muitos deles não se Neoletria 200 aventuram na editoração de textos para transmitir conhecimentos, o que redunda em grande prejuízo pela ausência de suas contribuições; resulta em perda das sementes de sabedoria ou de valiosas sugestões. Com o sistema de linguagem mais simplificado e eficiente, milhares de cientistas serão incorporados na produção da ciência, em ramificações ainda não imagináveis, porque os conhecimentos que hoje parecem complicados poderão ser reproduzidos em versão mais compreensível. Bons pesquisadores terão facilidade de expressar as suas hipóteses e descobertas. IDIOMA IDEAL Sabemos que “só não erra quem nada faz”, esperamos que como espíritos ou almas você e eu tenhamos a eternidade para alcançar a perfeição. Todos nós devemos ser intolerantes com os nossos erros, cada qual com os seus, mas em vez da autopunição quando nos surpreendemos em delito, devemos achar meios para autoeducação. Quanto aos semelhantes, sejamos relativamente indulgentes com os tropeços alheios, porque muitos dos nossos ‘acertos’ ainda são ‘erros’ na ótica de outros seres humanos. Cada pessoa tem as suas peculiaridades, mas existem limitações intelectuais que são comuns e merecem estudos por parte da ciência para o planejamento de exercícios que desenvolvam capacitação em busca da evolução mental. O domínio da língua materna é uma experiência natural cujo aprendizado pode ocorrer sem acionar muito a ‘usina de paradigmas’, sem esforçar exercícios de dialética e de raciocínio avançado. Já o estudo de uma língua adotiva (segunda língua) exige mais esforço intelectual para expandir a observação crítica e Neoletria 201 a ‘visão estereoscópica’ da realidade. Os conhecimentos e os pensamentos são averiguados, corroborados e potencializados ao serem submetidos a outro idioma. Visto que o modo de pensar e falar afeta o caráter, deve-se ter muito critério de escolha ao adotar uma segunda língua. Não são necessariamente melhores as que possuem maior quantidade de regras gramaticais. Uma sugestão para a defesa contra efeitos de desordem linguística sobre o caráter das pessoas, é o estudo do Esperanto para obter uma linguagem pura, simples, regular e de grande beleza estética. Francisco Valdomiro Lorenz no seu livro ‘Esperanto Sem Mestre’, página 10 declarou que o ideal seria conseguir a fluência dos próprios pensamentos em Esperanto. Esta poderia ser a segunda língua nacional oficialmente ministrada nas redes de ensino básico, já pensando na conveniência de futura implantação de uma linguagem culta destinada a pronunciamentos e documentos oficiais, como foi o Latim. Além do estudo de um idioma ideal, proponho também o estudo e aplicação de alguns sistemas gráficos eficientes para construir os nossos pensamentos, empregando alfabetos alternativos em conjunto com ideogramas, para que sejam instrumentos adicionais de estímulo à imaginação. Poesias, livros de pensamentos e algumas prosas clássicas poderiam ser vertidos para esse sistema. A necessidade da formação didática de um ‘exército’ de professores para o imenso território brasileiro, não serve como alegação de obstáculo quando dispomos de áudio-visual, com DVD, telões e internet. Falta apenas acreditar no poder da educação para uma feliz decisão. Neoletria 202 AS INVENÇÕES Merlinton João Braff Neoletria 203 QUARTA PARTE FONOGRAMAS PARA CADA GRAFEMA UM ÚNICO FONEMA A nossa gramática admite palavras parônimas e até homônimas antes de aproveitar toda a variabilidade fonética em potencial. Algumas homônimas diferem-se pelas letras e significados, mas são iguais em pronúncia; outras também são de significados diferentes, conquanto a pronúncia e as letras sejam as mesmas. Sempre que for possível, as palavras homônimas e parônimas devem ser evitadas porque atrapalham o rápido entendimento de quem ouve ou lê. Constituem dificuldade inútil. Com a adoção deste novo alfabeto abre-se a oportunidade para melhorar a distinção léxica, tanto gráfica como foneticamente. Todo o vocabulário deve passar por um processo Neoletria 204 de revisão ao ser transcrito para este alfabeto. É o ensejo de aprimorar o ‘dialeto’ brasileiro. Cada idioma ou dialeto terá escolha dentre os setenta e três fonogramas (do alfabeto novo), somente as letras adequadas à sua ortoepia, mas os fonogramas rejeitados na escolha de uma composição castiça servirão para pronúncias regionais e para as palavras estrangeiras que contenham fonemas estranhos ao vernáculo. Neste abecedário de fonogramas, as semelhanças fonêmicas têm analogia com semelhanças gráficas; é um artifício que facilita o aprendizado. Este sistema está registrado no Escritório de Direitos Autorais da Fundação BIBLIOTECA NACIONAL sob o número 181.511. Data do registro: 01/09/1999. A fim de integrar o livro NEOLETRIA efetuei pequenas atualizações e acrescentei argumentação. 17-10-2008 Merlinton João Braff Neoletria 205 XVI – ALFABETO FONÉTICO ALFABETO UNIVERSAL O denominado Alfabeto Latino (Romano) está presente em quase todo o Planeta, mas não é e nem será alfabeto universal, porque cada região o vê e pronuncia de modo diferente. Nas várias línguas o abecedário pode ser o mesmo, mas os nomes das letras e seus valores fonéticos são diferentes. Cada um dos países onde predomina idioma de origem germânica ou latina tem diferente o seu elenco oficializado ou não de fonemas que cabem na sua vernaculidade. Algumas dessas diferenças motivam apenas sotaques, mas outras são bastante acentuadas. Todos ou quase todos os fonemas dessas línguas são representados por letras ‘romanas’. A impressão de que o alfabeto seja o mesmo, fica só na aparência e se desvanece porque gramaticalmente cada idioma tem o seu alfabeto. Comumente os dois conjuntos (o das letras e o dos fonemas) não apresentam função bijetora. Os fonemas são mais numerosos do que os caracteres disponíveis, portanto alguns dos caracteres evocam mais de um fonema, entretanto a recíproca também funciona, porque existem casos em que mais de uma letra são concorrentes ao mesmo fonema. Podemos perceber que o idioma e o alfabeto juntaram-se inadequadamente; é o caso da Neoletria 206 língua portuguesa que conta com letras descartáveis e fonemas representados por caracteres compostos ou imprecisos. A relação das mesmas letras romanas com distintos elencos de fonemas dos diversos idiomas contribui para a criação de peculiaridades gramaticais que distanciam vernaculamente os vários povos. Este fato indica a necessidade de adaptação ou tradução das palavras importadas para que figurem no vocabulário nacional. Pelo menos devem ser grifadas enquanto não forem adaptadas. No Brasil, as vinte e seis letras (vinte e sete se considerarmos ç) assim como os respectivos fonemas adotados como nossos (ocidentais), ainda são poucos para a nossa pronúncia coloquial, pior será assumindo pronúncias de outros idiomas para algumas palavras que nem sempre sabemos se já são incorporadas ao Português, ou ainda não. Fica parecendo uma terra sem dono, uma nação desorganizada, um salve-se quem puder, quando nos deparamos com palavras que inadvertidamente temos que decidir se A é É, EI ou Ó; se E é I, se I é AI, se U é Â, se RE é URÍ, etc. Muitas regras de leitura são necessárias apenas para suprir o ‘vácuo’ da escassez de letras na nossa ortografia; podemos imaginar a confusão se concordarmos com a invasão de pronúncias estrangeiras sem a respectiva avalancha de preceitos e normas. OPTATIVO Se fôssemos consertar a dubiedade das nossas letras (do alfabeto tradicional), seriam necessários pequenos remendos, além de discussões com a grande comunidade dos povos que falam o Português e até outros idiomas usuários do alfabeto Latino. De Neoletria 207 minha parte, gostaria de deixar os velhos alfabetos como estão, funcionando sem alteração. O que me parece mais viável à sociedade é admitir gradativamente um abecedário completo e versátil, prático e estético para funcionar paralelamente. Com o passar de algumas décadas, o novo alfabeto poderá ter até maior aplicação do que o Romano, estendendo-se o seu emprego a todos os povos da Terra. Mas nunca será necessário abolir os diversos alfabetos já existentes. O Novo seria uma versão popular e geral aceito sem imposição para constituir-se no elo de ligação e facilitação entre todas as línguas, sem interferir nos valores culturais peculiares dos diferentes povos. Abordado assim, o novo alfabeto deverá ser aceito apenas por quem se interessar, sem traumas, sem imposição. A minha sugestão é a aplicação de um alfabeto completo (Fonogramas) e diferente do Latino como solução ideal para resolver a discrepância entre a pronúncia correta e o sotaque involuntário. É um alfabeto criado para suprir razoavelmente, e com uniformidade de critérios, a fonética e a escrita de todas as línguas importantes deste mundo, praticamente sem confusão de sotaque. Os fonogramas são suficientes para que as variações de fonema, ritmo e acentuação sigam o fluxo normal da leitura e sejam impressos imediatamente no pensamento. Porém é necessário haver fidelidade de ortoepia (sem regionalismos de pronúncia), para que vigorem os efeitos objetivados de correção e simplicidade e assim o processo automático de simbolização entre a palavra escrita e o objeto que ela suscita na mente garanta mais rapidez na percepção dos conhecimentos que forem assimilados por intermédio dessa linguagem. Neoletria 208 NOVO ALFABETO Não obstante o grande número de fonemas, este alfabeto proposto, é de extrema simplicidade gráfica e facilidade de compreensão devido aos critérios da derivação gráfica. Na elaboração e criação deste novo abecedário, tive um cuidado especial, agrupando as letras por famílias de semelhança, em correspondência entre a forma gráfica e o fonema. Assimilar este sistema é como conhecer um novo e simples desenho para cada letra do alfabeto antigo e uma pequena e lógica variação para fonemas e respectivos caracteres derivados das mesmas. Esta proposta é uma solução aberta a todas as nações, sem a necessidade de inventar adaptação fonética de um idioma para outro. Como na proposta deste sistema existe suficiência de letras adequadas para abranger toda a gama de variação sonora vocal, só falta uma escolha correta para compor o lote oficial de cada idioma. Caso algum dialeto contenha fonemas que não encontrem fonogramas exatos, admitem-se dígrafos de fonogramas, mas será conveniente a coordenação centralizada de um conselho, estabelecido com poderes para administrar autorizações e elucidações. O novo alfabeto servirá perfeitamente para escrever vocábulos estrangeiros, tornando sua pronúncia acessível a todos os alfabetizados em fonogramas, mas não substitui totalmente as funções dos tradicionais, que permanecem como referência etimológica de grande interesse para os especialistas em linguagem, e talvez ajudem a manter em evidência as identidades culturais. Contudo, em longo prazo quando houver porcentagem suficiente de alfabetizados em fonogramas, todos os livros do nosso mundo poderão ser transcritos para a nova grafia que informa melhor as nuanças de fonética. Neoletria 209 Cada idioma ou dialeto terá escolha dentre as mais de sete dezenas de fonogramas (do alfabeto novo), somente as letras adequadas à sua ortoepia. Na prática, a linguagem escrita será quase a mesma, porém mais coerente. Continuaremos mais um pouco com os mesmos fonemas, os mesmos sotaques de sempre nas falas, porém com melhor definição alfabeticamente. Já a linguagem padrão poderá ter um grande impulso de unificação e aperfeiçoamento. Será mais fácil decorar o novo alfabeto, na parte suficiente, porque cada letra será identificada por um único fonema e a aparência da letra varia logicamente em conformidade com a variação fonêmica. Haverá maior facilidade na padronização do idioma, quando todos pudermos saber qual é a verdadeira pronúncia oficial de cada vocábulo. Se as palavras estrangeiras forem grafadas por meio de fonogramas, a sua migração será grandemente facilitada e não será necessária variação de pronúncia nas diversas línguas. Isso reduz a necessidade de tradução imediata dos neologismos, de qualquer origem, podendo ser incorporados de acordo com a fonética original. Sua pronúncia correta estará garantida sem ofender a ortografia e a prosódia, bastando escolher algumas das letras especiais contidas no alfabeto geral de fonogramas. Contudo, a tradução se restringirá a adequação com o nosso sistema de composição de radicais e afixos incluindo desinências de flexão, empregando o alfabeto oficial e a observância gramatical. Durante a implantação deste novo alfabeto, para facilitar a leitura e alfabetização popular mais completa, as palavras exóticas podem ser escritas em duas versões: uma em fonogramas e outra na forma alfabética original, incluindo caracteres do alfabeto fonético internacional quando participam fonogramas extravernaculares. Neoletria 210 Enquanto o aprendizado do ‘alfabeto de fonogramas’ não estiver vulgarizado, obviamente não poderá ser aplicado em literatura vulgar, apenas em literatura de interesse didático contida em livros e revistas ou quaisquer colaborações. Depois que este sistema de fonogramas for aceito oficialmente em abrangência internacional, o interesse pela manutenção do estrito valor fonético das letras será de responsabilidade política de cada nação. Garantindo que todos países serão corretos, porque ninguém vai se conformar em ser o pior, o mais atrasado, o marginal do sistema. Com certeza qualquer pessoa será considerada ‘letrada’ ou alfabetizada ao dominar o emprego correto das letras escolhidas como suficientes ao modelo oficial para os fonemas do seu idioma. Daí a estender o conhecimento aos fonemas ‘exóticos’ será fácil, porque a variação de fonema é semelhante à variação de desenho do fonograma, criando vínculo analógico na memória. APLICAÇÕES DOS FONOGRAMAS Este alfabeto tem potencial para corresponder aos fonemas da maioria dos idiomas, além dos diferentes sotaques e regionalismos, possibilitando a leitura em pronúncia fiel, mesmo que seja em língua estranha para o leitor. Para cada língua será evidenciada a definição oficial da sua maneira padrão de falar. Depois serão catalogados os grupos de letras (fonogramas) adequadas para cada idioma que estiver bem definido fonologicamente. Assim, cada língua poderá ter o seu alfabeto oficial de acordo com os fonogramas necessários. Quem quiser falar diferente encontrará as letras certas para o seu propósito. Os regionalismos poderão ser considerados caipirismos para evitar a multiplicação de dialetos, sem baldar ou esmorecer a Neoletria 211 dramaturgia. Com isso a literatura ganhará mais um instrumento para expressar-se como arte. O poeta e o dramaturgo poderão transmitir suas idéias exatamente no estilo em que elas surgem. Atores e atrizes decorarão suas falas, já com as inflexões e sotaques adequados e explicitados alfabeticamente. Por isso poderão ‘pensar’ exatamente conforme o texto da sua fala, evitando longos ensaios de tradução para uma linguagem exótica de personagem. Os estudantes aprenderão com economia e eficácia. As comunicações serão mais definidas e inequívocas. Este será um alfabeto padrão com regras gerais a serviço da maioria dos países. Cada país fará a sua adequação peculiar, porém esforçando-se para que a compreensão seja comum a todos. Quando a Informática contar com programa que faça versão da fala para texto e também de texto para fala, em alternativas de dois modos: forma corrigida que verte da fala peculiar para linguagem vernácula, ou sem verter, na exata conformidade com o alfabeto geral de fonogramas segundo a pronúncia natural; será mais fácil o reconhecimento de pessoas pelo modo de falar, porque além do timbre, existirá a combinação de cadência, inflexões e sotaques analisáveis por via software e ainda classificáveis por região, cidade, bairro, escolaridade e por pessoa. A identificação por impressão vocal auxiliará a dactiloscópica. DILIGÊNCIAS NECESSÁRIAS Vertido para o alfabeto de Fonogramas, um texto em idioma estranho será lido facilmente por toda e qualquer pessoa, independentemente da língua em que ela tenha sido alfabetizada, contanto que seja neste abecedário que pode ser convencionado Neoletria 212 conjuntamente entre os países interessados. Para alcançar essa meta é necessário decidir a firme função fonética de cada letra e gravar audiovisual oficialmente em sistema reprodutivo onde apareça a figura do fonograma e a pronúncia do respectivo fonema inserido em sílabas e em palavras por escrito e soletrado vocalmente, incluindo também exemplos práticos em textos. As gravações editadas pela comissão encarregada (pela UNESCO possivelmente) deverão ser distribuídas para reprodução entre os países conveniados. Se um conselho, criado para atuar como mantenedor e divulgador do novo alfabeto, descobrir entre os diversos idiomas algum fonema de importância notável que não esteja representado entre os fonogramas prontos, deve suprir a falta escolhendo o fonema de maior semelhança e alterando o respectivo caractere para produzir um novo que represente o fonema estranho, mas pode ser preferível o emprego de digramas, como junção de caractere afônico com outro não afônico. A hipotética ocorrência de fonemas úteis, mas ainda não incluídos entre os fonogramas deverá originar estudos para elaboração das respectivas regras ortográficas em harmonia com o plano geral. Ao criar condições para a sociedade assimilar o novo alfabeto ainda antes do seu emprego efetivo, bastaria que a imprensa escrita (jornais, revistas, etc.), usuária do ‘alfabeto tradicional’, colocasse a repetição escrita em fonogramas adiante das palavras estrangeiras e mesmo de algumas palavras do vernáculo para demonstrar a pronúncia correta. Isso despertaria no público o interesse em conhecer um instrumento valioso da linguística. Proponho que a Informática disponibilize um programa que possa ser instalado em computador demonstrando a pronúncia oficial de cada caractere, mas antes disso será necessário instituir uma fundação com algum apoio financeiro e administrativo e Neoletria 213 ânimo para assumir-se como mantenedora do novo sistema, porque a capacidade do autor da Neoletria não vai além da invenção. Faltam-me o poder econômico e o político para investir na divulgação. Cabe-me o ônus da invenção; o da divulgação, talvez seja proporcional ao benefício e ao público interessado, e por isso, deve ser bancado pela mídia e por órgãos públicos. CONSERVADORISMO A ‘oposição’ (aqueles que inventam desculpas para a fobia pelas inovações), argumentará que existem as limitações étnicas e outras dificuldades semelhantes à dislexia como impedimento da adoção do sistema de fonogramas, já que nem todas as pessoas se beneficiarão. Devo lembrar que cada língua adotará apenas os fonogramas adequados com sua maneira correta de falar, tornando a nova alfabetização mais fácil e firme do que a tradicional. Apenas as pessoas mais letradas deverão ter conhecimento do alfabeto completo e sua correta pronúncia, mas isso pouco importa se tivermos tutorização na informática. A evolução dos mais aptos não espera eternamente pelos retardatários. A despeito da nossa compaixão pelos analfabetos, não deixaríamos de escrever só para não constrangê-los. A nossa obrigação para com os analfabetos cumpre-se ao encorajá-los a enfrentar a própria ignorância com o esforço do estudo. Eles têm o ‘direito de permanecerem calados’ se essa for a sua escolha, mas isso seria muito triste. Mesmo depois que esta proposta for adotada, todo e qualquer país pode continuar aplicando o ‘seu alfabeto’ tradicional de uso vernacular enquanto for interessante, mas quando as gerações novas conhecerem os fonogramas nas escolas, então pelo menos as palavras importadas serão grafadas neste abecedário para que os leitores possam pronunciar corretamente, Neoletria 214 sem a necessidade de novas regras ou adaptação de hibridismos e estrangeirismos. DETERMINAÇÃO Para sair de um paradigma milenar é preciso muita coragem e determinação. Não sei se poderemos encontrar esse perfil entre nós, que pouco investimos em pesquisa. Por ser mais fácil copiar do que criar, provavelmente faltará capacidade deliberativa suficiente para investigar as vantagens e desvantagens até as últimas consequências que advirão desta mudança no suporte da linguagem, mas com certeza seguiremos a tendência quando nações mais adiantadas descobrirem este caminho. Nós, que já dominamos suficientemente o atual sistema do alfabeto latino, podemos pensar que aprender outro, será um investimento grande demais em relação à produtividade esperada. Mas para as próximas gerações, a vantagem é indiscutível. Os alunos que ainda estão na aprendizagem dos rudimentos da Língua, não defendem esta tese porque lhes faltam argumentos e competência. Depois da aquisição da competência e já passado o sacrifício, esquecem as dificuldades passadas ou acham que as mudanças não valem o trabalho a investir. Não quererão voltar à encruzilhada para escolher o melhor caminho. Por tudo isso, até agora ninguém pensava em olhar de fora para dentro do ‘sistema corrente’, observar criticamente, mexer no arranjo e considerar a hipótese de reformar a linguagem. Neoletria 215 XVII – VIABILIZAÇÃO ESCOLARIDADE E PRODUTIVIDADE Estou convicto de que uma porcentagem substancial do caráter dos adultos tem origem na abordagem do ensino que tiveram durante a alfabetização na infância, por distúrbios e incoerências na estrutura da linguagem. Um sistema completo de fonogramas será poderoso instrumento a serviço da inteligência e da sensatez, além de permitir ganho de eficiência no aprendizado, e economia no tempo de estudo. Enquanto o Governo lamentava o custo das aposentadorias, devia contornar o problema investindo numa educação mais econômica e eficiente. Poderia tornar as pessoas muito mais felizes e produtivas e ainda diminuiria o dispêndio com previdência. Se os aposentados tivessem recebido melhor instrução no tempo escolar, mantivessem a iniciativa, a motivação e a criatividade produtiva mesmo em idade avançada, a macroeconomia cresceria e eles não seriam economicamente pesados porque o erário seria muito maior. Afinal, é da produção de bens e serviços da iniciativa privada que se abastecem os tributos. Contudo “antes tarde do que nunca”, para que os adultos ativos e produtivos se preparem a ponto de protelarem Neoletria 216 voluntariamente a ‘inatividade’, enquanto contabilizam alguma compensação. É fácil perceber que os profissionais mais esclarecidos não caem logo na lassidão da aposentadoria. Encontramos exemplos de melhora do desempenho em idade avançada entre os médicos, políticos, professores universitários, sacerdotes, cientistas, etc. Acredito que geralmente as pessoas da classe ‘C’, quando se aposentam procuram diversões inconsequentes ou a pura inatividade, enquanto os mais pobres, depois que começam a receber o ‘benefício’ arranjam outra ocupação para aliviar a penúria orçamentária, porém os empregos ou serviços comumente encontrados por eles são de baixa produtividade e minguada remuneração. O investimento público na qualidade da educação retorna multiplicado. Qualquer aperfeiçoamento que torne a educação mais eficiente e irreprochável, certamente reverte em correção de caráter dos estudantes. Todos aperfeiçoamentos que facilitem o trabalho de educar e a eficácia da educação com melhora de conteúdo e economia de tempo resultam em aumento de produtividade dos cidadãos assim preparados. Afinal o melhor programa escolar não é necessariamente o mais prolongado ou o mais dispendioso, mas sim aquele cujo conteúdo de ciências e outras instruções for planejado e preparado cuidadosa e cientificamente, sem ‘estrelismo’, sem segredo nem mistério; com humildade, aproveitamento e divulgação das ideias verdadeiras, melhores e mais eficazes na finalidade de preparar pessoas inteligentes e aptas a se integrarem numa comunidade solidária e ativa. Necessitamos de aprimoramento cultural que reanime as esperanças em futuro melhor para evitar o desvirtuamento profissional dos jovens. Carecemos de abrilhantar a educação, a Neoletria 217 cultura, as artes, as religiões, os esportes e qualquer outra forma de cidadania a ponto de suplantar as atratividades que as drogas e os delitos oferecem aos incautos. Uma sugestão é ‘escanear’ toda a cultura procurando detalhes que necessitem reforma. Nada de “goela abaixo”, tudo deve ser explicado e discutido. Um detalhe que me ocorre é a linguagem, para a qual estou sugerindo solução. Quem acredita que o seu domínio do idioma, depois de ‘martirizar-se’ nesse estudo, o credencia como ‘autoridade’ para excomungar a evolução idiomática, está longe de perceber devidamente os benefícios possíveis de um grande melhoramento, de uma grande mudança que seria a adoção de um alfabeto moderno, capaz de libertar as próximas gerações de um motor das perturbações, porém para isso é necessário altruísmo suficiente para desejar que os nossos descendentes sejam mais felizes do que nós. Talvez exista um egoísmo que nos seja inerente, e que dificulte alguma decisão de permitir que esbocemos algo melhor para os nossos descendentes. Mas isso é como se quiséssemos que a prole sofresse o mesmo que nós sofremos. Precisamos de um grande esforço para vencer a inércia, porém o resultado poderá ser surpreendente. Seria conveniente considerarmos que muitos dos nossos profissionais de hoje padeceram tantos anos no estudo do idioma que agora já desistiram de compreende-lo suficientemente. Se algo pode ser feito para que os milhões de seres humanos sejam mais felizes, por que não tentar? ESCREVER POR MEIO DE FONOGRAMAS As regras aqui apresentadas foram formuladas empiricamente. Alterações serão permitidas mediante justificativa. Neoletria 218 Os nossos fonogramas são caracteres inseridos em retângulos de 5X8 pontos e separados uns dos outros por dois pontos quando perfazem palavra, e as palavras são separadas umas das outras por quatro pontos. A dimensão do ponto em questão será determinada pela que se queira (e se possa) dar ao fonograma. A alusão a pontos serve apenas como referência de proporcionalidade, visto que na prática, não são pontos, mas segmentos de traços. Os setenta e três caracteres são todos inseridos em retângulos que têm as mesmas dimensões. Todos os caracteres ocupam áreas iguais em forma de retângulos de 5X8, com a dimensão maior no sentido vertical para vogais e os caracteres com a dimensão maior no sentido horizontal para consoantes. A escrita segue como a do alfabeto latino, horizontalmente da esquerda para a direita, em sequência de fonogramas formando palavras e sequência de palavras formando frases. Os fonogramas verticais (vogais), bem como os horizontais (consoantes) são mantidos em alinhamento horizontal pela base. As letras maiúsculas serão iguais às minúsculas, porém com acrescentamento de vinte por cento nas dimensões vertical e horizontal. As palavras podem ser sublinhadas; podem ser evidenciadas por colorido tênue dentro do quadrinho (fora do traço); também podem ser destacadas por parênteses ou aspas. FONOGRAMAS NO PC Apresento algumas sugestões, embora de origem leiga, que podem ser observadas antes de serem criados os programas de Neoletria 219 digitação dos fonogramas, porém se outras melhores de origem técnica surgirem poderão ser autorizadas. Algumas explicações apresentadas aqui serão mais bem compreendidas quando os fonogramas forem examinados, no capítulo “XVIII - Os Fonogramas Alfabéticos”. O teclado de fonogramas deve ter aproximadamente a quantidade de teclas do teclado em alfabeto romano. Juntamente com o teclado deverá ser programada uma configuração especial para cada idioma; deverá conter uma tecla de maiúsculas/minúsculas; uma tecla para cada fonograma da linguagem padrão do idioma (em quantidade suficiente para a língua que tenha maior abrangência de fonemas na sua ortoepia) além das teclas de sinais gráficos já tradicionais; três teclas de diferenciação para os fonogramas alterados: para os vogais, acentuado e longo, e para os consoantes forte e fraco. Quanto ao fonograma normal, basta o toque simples. Essas teclas de alteração podem ser como as de til, acento agudo e acento circunflexo, cujo toque precede ao da letra modificada, mas como esse teclado servirá apenas para o sistema de fonogramas, para ativar funções de acentuado, longo, forte e fraco, seus ícones (sinais do teclado) poderão ser mais alusivos às respectivas funções. A mesma tecla que tem função de alterar consoante para forte, também altera vogal, de normal para acentuada, mas a tecla que altera a consoante para fonema fraco não é a mesma que torna a vogal longa. Os fonemas semivogais u e i brevíssimos, naturalmente não têm modalidade de longo e nem de acentuado. Os fonogramas que não fazem parte do ‘quadro’ (do teclado de um idioma), mas são necessários para grafia de sotaques ou para maneiras extravagantes de falar, para regionalismos e vocábulos estrangeiros, serão encontrados pela Neoletria 220 antecipação da digitação de um algarismo, estando o teclado em shift adequado, seguido da tecla de letra ‘parente’ assemelhada, do padrão oficial. É imprescindível a criação de uma ‘fonte’ de caracteres comandada pela maneira mais simples possível a partir de um teclado comum (até que surja um teclado especial). No teclado comum, o fonema vogal acentuado pode ser determinado pelo acento circunflexo e o longo pelo til. As consoantes podem ser do tipo normal, alterando para fraca com o acento agudo e forte com o acento circunflexo. A alternância acionada por um desses ‘acentos’, neste caso, vale apenas para o toque seguinte, voltando em seguida ao estado normal. Sendo desacompanhada de toque de alternância a letra será ‘normal’. O teclado deve também conter uma tecla de versão alternada para os algarismos velhos ou novos (cap. XIX). Para um bom proveito do teclado comum na digitação de fonogramas, serão necessários alguns artifícios: a fonte deve ser completa, com os 73 fonogramas e suas variações (215 tipos) de tantos tamanhos quantos forem necessários e uma classificação de abrangência especial para cada idioma. Deve haver um dispositivo de fácil acesso para passar do teclado tradicional para o de fonogramas, mas para a mudança de idioma do teclado, o caminho pode ser maior. No teclado tradicional, os fonogramas de um toque encontram-se apenas entre os da linguagem padrão ou ‘oficial’, estipulando-se em programa a correspondência entre a letra tradicional e o respectivo fonograma, mas se os ‘fonemas oficiais’ forem mais numerosos do que as 26 letras do teclado, então será necessário acrescentar acentuação para acessar alguns e assim completar o quadro de fonogramas da linguagem ‘oficial’. Neoletria 221 Possivelmente estas sugestões são provisórias. Teclados mais adequados surgirão no devido tempo. PROPOSTA DOS PASSOS SEGUINTES 01 - Especificar a pronúncia de uma linguagem padrão para o Brasil; uma pronúncia fonológica que possibilite uma perfeita classificação e listagem dos nossos fonemas, com a maior simplicidade possível; 02 - Entrar em contato com escolas de outras línguas Espanhol, Francês, Italiano, Inglês, Alemão, Japonês, Mandarim, Árabe, Russo, Hebreu, Etíope, Guarani e qualquer outra que seja representativa em qualidade, em diferenciação e coerência gramatical, como em quantidade populacional de usuários de nível intelectual adequado para tirar proveito desse serviço; 03 - Criar o banco comum de dados de todos os fonogramas, (215 se possível); cada um com toda a descrição necessária por escrito, além da voz-fonema correspondente a cada fonograma isoladamente e em composição com outros fonemas em palavras de exemplos práticos; 04 - Pesquisar a existência de fonemas estranhos a este sistema de fonogramas entre línguas e dialetos e supri-los, de preferência com dígrafos de fonogramas; 05 - Criar um banco de dados e pronúncia sonora para os fonemas de cada uma das línguas principais; Neoletria 222 06 - Juntar os sons fonêmicos de todos os bancos sonoros (de todos os idiomas) em uma só lista, expurgando as duplicidades e organizando em sequência progressiva, para comparar com o banco geral descrito no item 3; 07 - Evitar nuanças (de fonemas) desnecessárias quando quase imperceptíveis, desde que a nuança não seja indispensável para evitar confusão de palavras na mesma língua; 08 - Situar cada um dos fonemas convencionados, do alfabeto fonético internacional (entre paralelas verticais) na nova lista de fonogramas em máxima adequação e fidelidade possível para funcionar como auxiliar didático; 09 - Criar um programa de informática (software) capaz de aplicar os fonogramas correspondentes aos palavreados sonoros, reconhecendo idiomas, dialetos e regionalismos em sotaques, para editoração de texto ditado com dispositivo de opção para reprodução “ao pé da letra” ou corrigido; 10 - Escolher pessoas que pronunciem em sotaques regionais e exóticos para empregar diferentes fonemas (e respectivos fonogramas) nas mesmas palavras, gravando em CD ou DVD, suas imagens (para ver o movimento bucal inclusive com desenhos ilustrativos), suas falas e mostrar visualmente os respectivos fonogramas; 11 - Eleger uma comissão internacional para discutir e oficializar um novo alfabeto fonético internacional, dirimir Neoletria 223 dúvidas, manter e atualizar o sistema. Creio que para isso será necessário consultar a Unesco. Estou convicto de que o Alfabeto Latino (ou romano) vai continuar como ponte de ligação geral das línguas, até ao ponto em que chegou ou mais, embora precariamente já que falta unanimidade convencional sobre a pronúncia de cada letra, mas segue servindo pelo menos de suporte e acesso, comparação e compreensão de quem já esteja alfabetizado assim. Entretanto a introdução desta alternativa (fonogramas alfabéticos) poderá tornar-se importante fator de evolução social. Neoletria 224 XVIII – OS FONOGRAMAS ALFABÉTICOS DESCRIÇÃO DOS CARACTERES Obs: A linha fina delimitadora da área retangular do caractere como é aqui apresentado, é prescindível e se houver necessidade pode ser usada como opção de realce. É facultado um colorido claro fora do traço, com ou sem linha delimitadora, no campo da letra. Aqui as figuras (fonogramas) estão superdimensionadas pelo simples motivo de facilitar a visibilidade. Seguem duzentos e quinze caracteres que representam setenta e três fonemas e suas variações de intensidade e instantaneidade. Neoletria 225 A1a - A - aberto constrito, câmara (bucal) pequena – normal (a pronúncia do fonema não é longa e nem acentuada). Contrição dos músculos hióideos, estreitando a câmara bucal posterior (palato mole). A1b - A - aberto constrito – longo. A - longo, como aa (dobrado). A1c - A - aberto constrito – acentuado. Emprega-se em sílaba tônica. A2a - a - aberto – normal. Ex: abacate. A2b - a - aberto – longo, dobrado (aa). A2c - a - aberto – acentuado. (em sílaba tônica). Ex: abacate. A3a - a - fechado (â) – normal. 'A' um pouco fechado, câmara grande posterior (do palato mole). A3b - a - fechado (â) – longo (dobrado). A3c - a - fechado (â) acentuado (em sílaba tônica). A4a - a - fechado, máxima câmara (â) – normal, câmara posterior (parte do fundo da câmara bucal), forçadamente grande. Neoletria 226 A4b - a - fechado, câmara média (â) – longo, dobrado. A4c - a - fechado, câmara média (â) - acentuado (em sílaba tônica). A5a - a - nasalado (ã) – normal. Obs: dispensa a consoante nasaladora. A5b - a - nasalado (ã) – longo, dobrado. A5c - a - nasalado (ã) acentuado em sílaba tônica. Ex: mãe. consoante, quase sem deixar-se transparecer como uma das vogais. Este caractere também indica qualquer nuança omitida que possa corresponder a esta vogal. A6b - a - afônico natural – longo (a afônico longo ou dobrado, se possível). A6c - a - afônico natural acentuado em emprego exclusivo para as sílabas tônicas. B1a - b - oclusivo bilabial sonoro momentâneo – fraco. B1b - b - oclusivo bilabial sonoro momentâneo – forte. A6a - a - afônico – normal. Sonoriza em presença de Neoletria 227 B1c - b - oclusivo bilabial sonoro momentâneo – normal. D2b - d - oclusivo linguopalatal sonoro molhado – forte. D1a - d - oclusivo linguodental sonoro momentâneo – fraco. Pode ainda ser pronunciado como linguolabial sonoro oclusivo forte momentâneo - ponta da língua soltase em "estampido". D2c - d - oclusivo linguopalatal sonoro molhado – normal. D1b - d - oclusivo linguodental sonoro momentâneo – forte. D1c - d - oclusivo linguodental sonoro momentâneo – normal. D2a - d - oclusivo linguopalatal sonoro molhado – fraco. Uma oclusão moderada dá-se com o corpo da língua no palato. D3a - d - oclusivo linguopalatal constrito fricativo sonoro momentâneo (dj) – fraco. Linguopalatal chiante sonoro - parte dianteira da língua com o palato duro, próximo aos dentes incisivos superiores (como se fosse dj numa só consoante). D3b - d - oclusivo linguopalatal constrito fricativo sonoro momentâneo – forte (dj). D3c - d - oclusivo linguopalatal constrito fricativo Neoletria 228 sonoro momentâneo normal (dj). – D4a - d - oclusivo linguopalatal sonoro momentâneo (a ponta da língua voltada para a epiglote) – fraco. A parte de baixo da ponta da língua contra o palato. D4b - d - oclusivo linguopalatal sonoro momentâneo (a ponta da língua é voltada para a epiglote) – forte. D4c - d - oclusivo linguopalatal sonoro momentâneo (ponta da língua voltada para a epiglote) – normal. E1a - e - aberto, constrito, câmara pequena - normal. Contrição dos músculos hióideos, estreitando a câmara bucal posterior (palato mole). E1b - e - aberto, constrito, câmara pequena – longo. Dobrado. E1c - e - aberto, constrito, câmara pequena – acentuado. Em sílaba tônica. E2a - e - aberto natural – normal. Ex: fé, até, café. E2b - e - aberto natural longo (dobrado). E2c - e - aberto natural – acentuado. Em sílaba tônica. E3a - e - fechado natural – normal. Ex: ipê, dendê, abelha. Neoletria 229 E3b - e - fechado natural – longo (dobrado). E3c - e - fechado natural – acentuado. Em sílaba tônica. E4a - e - bem fechado, máxima câmara de e – normal. E4b - e - bem fechado, máxima câmara - longo (dobrado). E4c - e - bem fechado, máxima câmara – acentuado. Em sílaba tônica. E5a - e - nasalado – normal. Obs: dispensa a consoante nasaladora. E5b - e - nasalado – longo (dobrado). E5c - e - nasalado acentuado (em sílaba tônica). E6a - e - afônico – normal. Este caractere também indica qualquer nuança omitida desta vogal. Sonoriza em presença de consoante, quase sem deixar-se transparecer como uma das vogais. E6b - e - afônico – longo (dobrado). Neoletria 230 E6c - e - afônico – acentuado. Em sílaba tônica (se for possível, na qualidade de substituição de afônica por fonema omitido). Fa - f - fricativo dentilabial surdo contínuo – fraco. Contrição branda. Fb - f - fricativo dentilabial surdo contínuo – forte. Fc - f - fricativo dentilabial surdo contínuo – normal. G1a - g - oclusivo velar sonoro momentâneo – fraco. Palato mole com a parte posterior da língua - sem molhar (não líquida). G1b - g - oclusivo velar sonoro momentâneo – forte. G1c - g - oclusivo velar sonoro momentâneo – normal. G2a - g - oclusivo linguopalatal sonoro molhado momentâneo – fraco. Oclusão pelo corpo da língua no palato duro - molhada, como em gui, gue. G2b - g - oclusivo linguopalatal sonoro molhado momentâneo – Forte. G2c - g - oclusivo linguopalatal sonoro molhado momentâneo – Normal. H1a - h - fricativo palatal surdo contínuo – fraco. A Neoletria 231 parte média da língua com o palato duro, câmara pequena. H1b - h - fricativo palatal surdo contínuo – forte. H1c - h - fricativo palatal surdo contínuo – normal. H2a - h - fricativo velar surdo contínuo (hh) – fraco. A parte posterior da língua com o palato mole. H2b - h - fricativo velar surdo contínuo (hh) – forte. H2c - h - fricativo velar surdo contínuo (hh) – normal. H3a - h - fricativo gutural sur-do contínuo – fraco. A pronúncia é semelhante a um sopro apenas da traqueia. H3b - h - fricativo gutural surdo contínuo – forte. H3c - h - fricativo gutural surdo contínuo – normal. H4a - h - fricativo palatal sonoro contínuo – fraco. H4b - h - fricativo palatal sonoro contínuo – forte. H4c - h - fricativo palatal sonoro contínuo – normal. H5a - h - fricativo velar sonoro contínuo (rr carioca) – fraco. É como em um gargarejo, como o r dobrado (rr) para os cariocas. Neoletria 232 H5b - h - fricativo velar sonoro contínuo (rr carioca) – forte. H5c - h - fricativo velar sonoro contínuo (rr carioca) – normal. H6a - h - fricativo gutural sonoro contínuo – fraco. Pronúncia semelhante a um rosnado. H6b - h - fricativo gutural sonoro contínuo – forte. H6c - h - fricativo gutural sonoro contínuo – normal. I1a - i - constrito aberto, câmara pequena – normal. Contrição dos músculos hióideos, estreitando a câmara bucal posterior (palato mole). I1b - i - constrito aberto, câmara pequena – longo (dobrado). I1c - i - constrito aberto, câmara pequena – acentuado (em sílaba tônica). I2a - i - constrito fechado, câmara pequena – normal. Exemplo inexistente em português. I2b - i - constrito fechado, câmara pequena – longo (dobrado). I2c - i - constrito fechado, câmara pequena – acentuado (em sílaba tônica). Neoletria 233 I3a - i - natural – normal. Ex: amigo, perigo, rio, vida. I3b - i - natural – longo (dobrado). I3c - i - natural – acentuado (em sílaba tônica). I4a - i - fechado, máxima câmara – normal. I4b - i - fechado, máxima câmara – longo (dobrado). I4c - i - fechado, máxima câmara – acentuado (em sílaba tônica). I5a - i - nasalado (in, im) – normal. Obs: dispensa a consoante nasaladora. I5b - i - nasalado – longo (dobrado). I5c - i - nasalado – acentuado (em sílaba tônica). I6a - i - afônico – normal. Sonoriza em presença de consoante, quase sem deixarse transparecer como uma das vogais. Este caractere também indica qualquer nuança omitida da vogal i ou u. I6b - i - afônico – longo (dobrado). Neoletria 234 I6c - i - afônico – acentuado (em sílaba tônica). I7a - i - brevíssimo (semivogal). Ex: próprio, praia, glacial. K1b - k - oclusivo palatal surdo momentâneo – forte. K1c - k - oclusivo palatal surdo momentâneo – normal. Ja - j - fricativo linguopalatal sonoro chiante brando contínuo – Fraco. K2a - k - oclusivo velar surdo momentâneo – fraco. "Estampido" consonantal da parte posterior da língua com o palato mole. Jb - j - fricativo linguopalatal sonoro chiante brando contínuo – Forte. K2b - k - oclusivo velar surdo momentâneo – forte. Jc - j - fricativo linguopalatal sonoro chiante brando contínuo – Normal. K2c - k - oclusivo velar surdo momentâneo – normal. K1a - k - oclusivo palatal surdo momentâneo – fraco. Oclusão pelo corpo da língua no palato duro. K3a - k - oclusivo gutural surdo momentâneo (tússico) – fraco. Semelhante a k, mas cuja oclusão se dá na glote (antes da cavidade bucal, como pequena tosse). Neoletria 235 K3b - k - oclusivo gutural surdo momentâneo – forte. K3c - k - oclusivo gutural surdo momentâneo – normal. L1a - l - linguodental líquido sonoro brando contínuo – fraco. Linguodental ou linguolabial (l brasileiro). A língua obstrui o som na ponta, mas permite passagem pelos lados. L1b - l - linguodental líquido sonoro brando contínuo – forte. L1c - l - linguodental líquido sonoro brando contínuo – normal. L2a - l - linguopalatal constrito líquido sonoro contínuo (ponta da língua no palato) – fraco. Parte de baixo da ponta da língua comprime o palato, permitindo passagem de som pelos lados (língua em arco - l alemão). L2b - l - linguopalatal constrito líquido sonoro contínuo (ponta da língua no palato) – forte. L2c - l - linguopalatal constrito líquido sonoro contínuo (ponta da língua no palato) – normal. L3a - l - linguopalatal constrito líquido sonoro chiante contínuo (corpo da língua no palato - ll, lh) – fraco.Língua constrita contra o palato, parte posterior da língua solta som pelos lados (lh, ll). L3b - l - linguopalatal constrito líquido sonoro chiante Neoletria 236 contínuo (corpo da língua no palato - ll, lh) – forte. L3c - l - linguopalatal constrito líquido sonoro chiante contínuo (corpo da língua no palato - ll, lh) – normal. Ma - m - nasal bilabial sonoro contínuo – fraco. Mb - m - nasal bilabial sonoro contínuo – forte. Mc - m - nasal bilabial sonoro contínuo – normal. N1a - n - nasal dentilingual sonoro contínuo – fraco. Pode ser linguopalatal, linguodental ou linguolabial (e nasal), cuja moderada oclusão dá-se com a ponta da língua. N1b - n - nasal dentilingual sonoro contínuo – forte. N1c - n - nasal dentilingual sonoro contínuo – normal. N2a - n - nasal linguopalatal líquido sonoro contínuo (ñ, nh) – fraco. Enquanto o som flui pelo nariz, moderada oclusão dá-se com o corpo da língua e o som se completa ao desobstruir a oclusão. N2b - n - nasal linguopalatal líquido sonoro contínuo (ñ, nh) – forte. N2c - n - nasal linguopalatal líquido sonoro contínuo (ñ, nh) – normal. Neoletria 237 O1a - o - aberto constrito, câmara pequena (ó) – normal. Contrição dos músculos hióideos, estreitando a câmara bucal posterior (palato mole). O2c - o - aberto natural (ó) – acentuado (em sílaba tônica). O3a - o - aberto, máxima câmara (ó) – normal. O1b - o - aberto constrito, câmara pequena (ó) – longo (dobrado). O3b - o - aberto, máxima câmara (ó) – longo (dobrado) O1c - o - aberto constrito, câmara pequena (ó) – acentuado (em sílaba tônica). O3c - o - aberto, máxima câmara (ó) – acentuado (em sílaba tônica. O2a - o - aberto natural (ó) – normal. Ex: curió, avó, trenó, minhoca. O4a - o - fechado constrito (ô) – normal. O2b - o - aberto natural (ó) – longo (dobrado). O4b - o - fechado constrito (ô) – longo (dobrado). Neoletria 238 O4c - o - fechado constrito (ô) – acentuado (em sílaba tônica). O5a - o - fechado natural (ô) – normal. Ex: Portugal, domingo, árvore. O5b - o - fechado natural (ô) – longo (dobrado). O5c - o - fechado natural (ô) – acentuado (em sílaba tônica). O6a - o - fechado, máxima câmara (ô) – normal. O6b - o - fechado, máxima câmara (ô) – longo (dobrado) O6c - o - fechado, máxima câmara (ô) – acentuado (em sílaba tônica). O7a - o – nasalado (õ) – normal. O7b - o – nasalado (õ) – longo (dobrado). O7c - o – nasalado (õ) – acentuado (em sílaba tônica). O8a - o - afônico – normal. Sonoriza em presença de consoante, quase sem deixarNeoletria 239 se transparecer como uma das vogais. Este caractere também indica qualquer nuança omitida desta vogal. O8b - o - afônico – longo (dobrado). O8c - o - afônico – acentuado (em sílaba tônica se possível). Pa - p - oclusivo bilabial surdo momentâneo – fraco. Pb - p - oclusivo bilabial surdo momentâneo – forte. Pc - p - oclusivo bilabial surdo momentâneo – normal. R1a - r - linguopalatal líquido oral sonoro vibrante brando contínuo – fraco. A ponta da língua toca o palato, próximo aos dentes superiores. R1b - r - linguopalatal líquido sonoro vibrante brando contínuo – forte. R1c - r - linguopalatal líquido sonoro vibrante brando contínuo – Normal. R2a - r - linguopalatal líquido sonoro brando contínuo mole, não vibrante – fraco. A língua posiciona-se como se fosse vibrar, mas não vibra (ponta da língua mole no meio do palato, virada em direção à epiglote, com movimento rápido e suave), conforme r norte-americano. Neoletria 240 R2b - r - linguopalatal líquido sonoro brando contínuo, mole não vibrante – forte. R2c - r - linguopalatal líquido sonoro brando contínuo, mole não vibrante – normal. R3a - r - linguopalatal líquido sonoro oral constrito vibrante contínuo (rr gaúcho) – fraco. R forte gaúcho (ponta da língua vibra no palato, próximo aos dentes superiores). R3b - r - linguopalatal líquido sonoro constrito vibrante contínuo (rr gaúcho) – forte. R3c - r - linguopalatal líquido sonoro constrito vibrante contínuo (rr gaúcho) normal. R4a - r - linguopalatal líquido sonoro constrito contínuo fricativo sibilante – fraco. R - ponta da língua fina passa no palato duro próximo aos dentes, deixando escapar um sibilo discreto. R4b - r - linguopalatal líquido sonoro constrito contínuo fricativo sibilante – forte. R4c - r - linguopalatal líquido sonoro constrito contínuo fricativo sibilante – normal. S1a - s - fricativo constrito dental surdo sibilante contínuo (ss, ç) – Fraco. Constrição forte, ponta da língua em câmara mínima. S1b - s - fricativo constrito dental surdo sibilante contínuo (ss, ç) – forte. Neoletria 241 S1c - s - fricativo constrito dental surdo sibilante contínuo (ss, ç) – normal. T1b - t - oclusivo explosivo linguodental surdo momentâneo – forte. S2a - s - fricativo constrito linguodental surdo chiante contínuo (sx) – fraco. Mais chiante que s1 - língua um pouco recuada. T1c - t - oclusivo explosivo linguodental surdo momentâneo – normal. S2b - s - fricativo constrito linguodental surdo chiante contínuo (sx) – forte. S2c - s - fricativo constrito linguodental surdo chiante contínuo (sx) – normal. T1a - t - oclusivo "explosivo" linguodental surdo momentâneo – fraco. Som seco com qualquer vogal. T2a - t - oclusivo linguopalatal molhado surdo momentâneo – fraco. A comtrição dá-se com o corpo da língua contra o palato duro pronúncia de bebê. T2b - t - oclusivo linguopalatal molhado surdo momentâneo – forte. T2c - t - oclusivo linguopalatal molhado surdo momentâneo – normal. Neoletria 242 T3a - t - oclusivo "explosivo" linguopalatal surdo momentâneo (a ponta da língua voltada para a epiglote) – fraco. T - com a parte de baixo da ponta da língua no palato duro (língua enrolada com a ponta virada em direção à epiglote). T4b - t - oclusivo linguopalatal surdo líquido fricativo (tx) – forte. T4c - t - oclusivo linguopalatal surdo líquido fricativo (tx) – Normal. T3b - t - oclusivo explosivo linguopalatal surdo momentâneo (a ponta da língua voltada para a epiglote) – forte. T5a - t - linguodental surdo contínuo (th - Inglês) – fraco. TH - a ponta da língua ultrapassa os dentes e então começa um sopro fricativo prolongado enquanto a língua se retrai. T3c - t - oclusivo explosivo linguopalatal surdo momentâneo (a ponta da língua voltada para a epiglote) – normal. T5b - t - linguodental surdo contínuo (th - Inglês) – forte. T4a - t - oclusivo linguopalatal surdo líquido fricativo (tx) – fraco. Dá-se um rápido sibilar antes dos dentes. T5c - t - linguodental surdo contínuo (th - Inglês) – normal. Neoletria 243 T6a - t - linguodental sonoro contínuo (th - Inglês) – fraco. TH a ponta da língua ultrapassa os dentes e permite passar um som das cordas vocálicas, prolongado emquanto a língua se retrai, produzindo ruído fricativo. T6b - t - linguodental sonoro contínuo (th - Inglês) – forte. T6c - t - linguodental sonoro contínuo (th - Inglês) – normal. U1a - u - natural – normal. Ex. Português: urubu, tuiuiú. U1b - u - natural – longo (dobrado). U1c - u - natural – acentuado (em sílaba tônica). U2a - u - constrito, câmara pequena – normal. Contrição dos músculos hióideos, estreitando a câmara bucal posterior (palato mole). U2b - u - constrito, câmara pequena – longo. U2c - u - constrito, câmara pequena - acentuado (em sílaba tônica). U3a - u - nasalado – normal. OBS: dispensa a consoante nasaladora. Neoletria 244 U3b - u - nasalado – longo (dobrado). U3c - u - nasalado – acentuado (em sílaba tônica). Ex: Paulo, aquário, água, áula. Va - v - fricativo dentilabial sonoro contínuo – fraco. Contrição branda. Vb - v - fricativo dentilabial sonoro contínuo – forte. U4a - u - nasalado constrito, câmara pequena – normal. Contrição dos músculos hióideos, estreitando a câmara bucal posterior (palato mole). U4b - u - nasalado constrito, câmara pequena – longo. U4c - u - nasalado constrito, câmara pequena – acentuado. Vc - v - fricativo dentilabial sonoro contínuo – normal. Xa - x - fricativo linguopalatal constrito surdo chiante contínuo (x, ch - Brasil, sh - Inglês) – fraco. Língua recuada. Xb - x - fricativo linguopalatal surdo chiante comtínuo (x, ch - Brasil, sh Inglês) – forte. U5 - u - brevíssimo. Semivogal. Neoletria 245 Xc - x - fricativo linguopalatal surdo chiante contínuo (x, ch - Brasil, shInglês) – normal. Z2a - z - fricativo constrito linguodental sonoro chiante contínuo (zj) – fraco. Contrição branda. Ex. ingl: zealot, zero, roze. Z1a - z - fricativo constrito dental sonoro sibilante contínuo (z - Brasil) – fraco. Contrição forte. Z2b - z - fricativo constrito linguodental sonoro chiante contínuo (zj) – forte. Z1b - z - fricativo constrito dental sonoro sibilante contínuo (z - Brasil) – forte. Z2c - z - fricativo constrito linguodental sonoro chiante contínuo (zj) – normal. Z1c - z - fricativo constrito dental sonoro sibilante contínuo (z - Brasil) – normal. Neoletria 246 XIX – OS FONOGRAMAS NUMÉRICOS NOMENCLATURA QUANTITATIVA O sistema de numeração aqui apresentado é o mesmo decimal que conhecemos no uso de algarismos arábicos, mas para simplificar a leitura, dicção e memorização inventamos um modo de combinar fonemas vinculados aos valores. Na correspondência abaixo apresentada entre números e letras, devemos entender que valem como referência os valores quantitativos e os respectivos fonemas, para depois decorarmos a pronúncia dos algarismos que funcionarão como fonogramas numéricos, ou seja, nomes de quantidades. Entre as virtudes do emprego deste sistema de numeração indico: a) maior rapidez de contagem; b) cada número ganha um nome, o que auxilia na memorização; c) enriquecimento do vocabulário com milhares de palavras de pronúncia simples; d) um bom exercício intelectual. Os números são enunciados silabicamente. Na composição da sílaba, quando comparecem dois elementos fonêmicos, o primeiro é consoante e o segundo é vogal. Um algarismo isolado recebe sempre uma denominação de fonema vogal, mas à Neoletria 247 esquerda pode ser adicionada a consoante que corresponde a zero para completar a sílaba. Os números elevados, com muitos algarismos formam pares de fonemas, proferidos silabicamente formando palavras, geralmente estranhas, porém de fácil pronúncia. Um bom exercício da automatização do pensamento nesta nova nomenclatura é a leitura da parte numérica das placas dos veículos brasileiros, como são de quatro algarismos, cada placa é lida por duas sílabas. A totalidade de nomes possíveis de acordo com este sistema, em nomes dissilábicos diferentes é de 9999. A maneira tradicional de dizer os números (um, dois, três, quatro...) deve continuar paralelamente, para pronúncia cuidadosa quando houver necessidade de confirmar ou explicitar melhor. VINCULAÇÃO NUMÉRICA COM OS FONEMAS Com os fonemas consoantes O consoante correspondente ao número Zero é R com pronúncia forte (trinado na ponta da língua). O consoante que corresponde ao número 1 é T. O consoante do número 2 é N - nasal dentilingual sonoro contínuo – Pode ser linguopalatal, linguodental ou linguolabial, cuja moderada oclusão dá-se com a ponta da língua. Visando evitar confusão por semelhança de pronúncia entre N e M, além da necessária clareza e distinção entre vogais nasais e orais, para o fonema consoante referente ao número 2 é indicado ter duas versões: Nh - nasal linguopalatal líquido sonoro contínuo - e N já descrito. Quando o número antecedente (o vogal da sílaba antecedente) for ou 4, 8 ou 9 (vogais nasalados), se o fonema Neoletria 248 consoante seguinte corresponder a 2, será Nh; quando o número (vogal) antecedente for 0, 1, 2, 3, 5, 6 ou 7, o fonema consoante será N. Para melhor diferençar de M (3) o fonema N, pode ser pronunciado com menor ‘continuidade’. O consoante do número 3 é M, nasal bilabial sonoro contínuo, mais contínuo do que o consoante correspondente ao número 2, N. O consoante que corresponde ao número 4 é G – oclusivo velar sonoro momentâneo. Palato mole com a parte posterior da língua sem molhar (não líquido). (GA; GuÉ quase como KÉ; GuÊ quase como KÊ; GuEn quase como Ken; GuI quase como KI; GÓ; GÔ; GÕ; GÃ. Nunca o som de J). O consoante do número 5 é L. O consoante do número 6 é S. Foi escolhido este fonema fricativo, constrito, linguodental, surdo, chiante, contínuo, porque é um consoante de forte distinção, prescindindo o concurso de Z, seu congênere sonoro. O consoante que corresponde ao número 7 é V. Fonema que a meu ver tem melhor distinção do que F, seu congênere surdo. O consoante que corresponde ao número 8 é X. Fonema fricativo, linguopalatal, constrito, surdo, chiante, contínuo (x, ch do Português-Brasil, sh do Inglês). A pessoa para cuja percepção tiver pouca diferença entre X e S, pode pronunciar J para este número, com a finalidade de distingui-lo do número 6. O consoante que corresponde ao número 9 é B. Neoletria 249 Com vogais O fonema vogal correspondente ao número Zero é U (UrUguai, outUbro, jUrUrU, arrUda). O vogal de 1 é A (a aberto, Ex: AlfAce, pArÁbola, AbAcAte). O vogal de 2 é É (e com acento agudo: aberto natural - Ex: fÉ, atÉ, cafÉ). O vogal de 3 é Ê (e com acento circunflexo: fechado natural Ex: sorvÊte, abÊlha). O vogal de 4 é En (e nasalado: ENchENte, gENte). O vogal de 5 é I (tulIpa, palIto, cabIde). O vogal de 6 é Ó (o aberto, com acento agudo, Ex: pÓste, abÓbora, granÓla). O vogal de 7 é Ô (o fechado, com acento circunflexo, Ex: lÔbo, cÔice, afÔito). O vogal de 8 é Õ (o nasalado, Ex: cÕNsul, Õnze, cupOm, pOmba). O vogal de 9 é à (a nasalado, Ex: feijÂo, pÃo, sabÃo). O ‘acompanhamento consonantal’ (vogal nasalado) não pode influir na pronúncia do fonema consoante significativo, do par seguinte quando houver. CARACTERES NUMÉRICOS Os números são pronunciados aos pares; cada sílaba corresponde a dois algarismos. Em cada par, o algarismo da esquerda é um consoante e o da direita é um vogal, porém para os números compostos de quantidade ímpar de algarismos podemos pronunciar como tal ou, por acréscimo iniciando por R (zero). Se for necessário o preenchimento de quatro dígitos para o número 1, Neoletria 250 que seria 0001, a pronúncia seria rurrá, mas se o número de dígitos não estiver fixado em quatro dígitos, é conveniente 01 que se pronuncia ra. Essa colocação do zero tem a função de compor as primeiras dez sílabas e assim caracterizá-las numéricas, para diferençar do sentido alfabético, evidenciando tratar-se de quantidade e não de letra. Outra distinção na nomenclatura numérica é pronunciar todos os números como palavras oxítonas (a última sílaba é tônica), distintamente do palavreado vernáculo em que predominam as paroxítonas. Para facilitar a leitura dos algarismos arábicos no modo silábico, eles devem ser colocados com pequena separação formando pares, principalmente em números compostos de muitos algarismos. Temos dez vogais e dez consoantes para pronunciar números de muitos ou poucos algarismos, do modo mais simples possível. O teclado tradicional do micro-computador apresentará apenas as mesmas dez teclas de algarismos. A distinção entre vogais e consoantes será automática quando for elaborado o necessário software. Caracteres numéricos foram criados para serem definitivamente os fonogramas numéricos. Entretanto durante o aprendizado, precisamos provisoriamente das letras conhecidas para determinar o som e o respectivo valor de cada um. Devido à nossa falta de opção da colocação do til sobre a letra E, onde aparece En, significa E nasalado, atribuído ao algarismo vogal correspondente ao número quatro. Pode-se pronunciar um dos consoantes (N ou M) nasaladores após o vogal nasalado, sem perigo de confusão, porque nestas sílabas quantitativas o primeiro fonema sempre é consoante e o seguinte sempre representa o valor definido por Neoletria 251 vogal; e qualquer que seja o acessório final da sílaba será mero complemento fonêmico do valor vogal. Para o número 8 é preferível o consoante nasalador M – OM; o número 9 - à pode dispensar nasalador auxiliar. Como os consoantes representativos, nos pares de algarismos silábicos sempre precedem os vogais, os fonemas nasalados podem ser seguidos daqueles consoantes (nasaladores) sem confusão; assim, o número 910549 poderia ser pronunciado como BARRIG (preferível), ba-rri-gam ou barrigão, sem distúrbio, porque a cada sílaba correspondem tão somente dois algarismos. OS ALGARISMOS FONÊMICOS Obs: na apresentação abaixo o caractere maior representa o algarismo fonêmico, o menor, após a igualdade representa o fonema (fonograma) atribuído ao número. Os caracteres alfabéticos não substituem os algarismos na representação numérica; no caso aqui proposto, indicam apenas a pronúncia. OS ALGARISMOS VOGAIS: Zero – pronuncia-se U. Um – pronuncia-se A (a aberto). Dois – pronuncia-se É (e aberto). Três – pronuncia-se Ê (e fechado). Neoletria 252 Quatro – pronuncia-se En (e nasalado). Sete – pronuncia-se Ô (o fechado). Cinco – pronuncia-se I. Oito – pronuncia-se Õm (o nasalado). Seis – pronuncia-se Ó (o aberto). Nove – pronuncia-se à (a nasalado). OS ALGARISMOS CONSOANTES: Zero – pronuncia-se R (linguopalatal, líquido, sonoro, constrito, vibrante, contínuo) RR gaúcho. Um – pronuncia-se T (oclusivo, linguodental, surdo, momentâneo). Dois – pronuncia-se como N (nasal dentilingual sonoro contínuo). Há casos em que deve ser pronunciado Ñ ou Nh (nasal, linguopalatal, líquido, sonoro, contínuo). Três – pronuncia-se M (nasal, bilabial, sonoro, contínuo). Deve ser pronunciado um pouco mais contínuo do que N, para melhorar a distinção fonêmica. Neoletria 253 Quatro – pronuncia-se G (oclusivo velar sonoro momentâneo) pronúncia de G gutural, nunca o som de J. Cinco – pronuncia-se L (Linguodental, líquido, sonoro, brando, contínuo). L brasileiro. Seis – pronuncia-se S (fricativo, constrito, dental, surdo, sibilante, contínuo). Sete – pronuncia-se V (fricativo dentilabial sonoro contínuo). Oito – pronuncia-se X ou CH (fricativo, linguopalatal, surdo, chiante, contínuo). Nove – pronuncia-se B (oclusivo, bilabial, sonoro, momentâneo). OS NÚMEROS Zero zero – pronuncia-se RU. Zero um – pronuncia-se RA. Zero dois – pronuncia-se RÉ. Zero três – pronuncia-se RÊ. Zero quatro – pronuncia-se REn (r + e nasalado). Zero cinco – pronuncia-se RI. Neoletria 254 Zero seis – pronuncia-se RÓ. 16 = TÓ Zero sete – pronuncia-se RÔ. 17 = TÔ Zero oito – pronuncia-se RÕ ou ROm 18 = TÕ ou TOm Zero nove – pronuncia-se Rà 19 = Tà 20 = NU 10 = TU 21 = NÁ 11 = TA 22 = NÉ 12 = TÉ 13 = TÊ 14 = TEn 15 = TI 23 – NÊ 24 = NEn 25 = NI Neoletria 255 26 = NÓ 64 = Sen 27 = NÔ 75 = VI 28 = NOm 86 = XÓ 29 = Nà 97 = BÔ 30 = MU 31 = MA 42 = GuÉ 53 = LÊ 98 = BÕ ou Bom 99 = Bà 0100 = RARRU – como alternativa admite-se 100 = ARRU EXEMPLOS DE SIMPLIFICAÇÃO BU TÉ MEn LÓ VÕm Nove bilhões doze milhões trezentos e quarenta e cinco mil seiscentos e setenta e oito. Neoletria 256 RÁ NÊ GuI SÔ Xà Cento e vinte e três milhões quatrocentos e cinqüenta e seis mil setecentos e oitenta e nove. GRANDES NÚMEROS Obs: É possível separar mais os pares de algarismos fonêmicos para melhor destaque silábico. Para melhor distinção entre M e N o fonema n pode ser substituído por ñ; entretanto o fonema m pode ser pronunciado um pouco mais longo para acentuar a distinção. Contudo, é recomendável o emprego de ñ para o número ‘2’ toda vez que esse algarismo seja subsequente de qualquer ‘vogal nasalado (4, 8, 9 = en, õ, ã), porque isso facilita a pronúncia e identificação do número pronunciado. ALFABETO BRASILEIRO (PROPOSTA) O Alfabeto Romano (ou Latino) teve decisiva participação no desenvolvimento e difusão da atual civilização, principalmente na Europa, nas Américas e na Oceania. Este alfabeto desempenhou satisfatoriamente essas funções, mas no presente é Neoletria 257 indispensável um aprimoramento dos mecanismos do pensamento envolvidos com a linguagem. Melhor alternativa para a escrita é um alfabeto adequado ao idioma, evitando as regras e respectivas exceções que procuram remediar o irremediável que é a falta de sintonia entre um alfabeto e a fonêmica para a qual deveria servir. Temos agora uma solução que simplifica a ortografia, e pela singeleza facilita o aprendizado, o reconhecimento e a aceitação. Uma alternativa para o Alfabeto Latino, com a diferença de ser mais descomplicado, não obstante suas vinte e nove letras que correspondem a todos os fonemas necessários ao idioma falado no Brasil, de acordo com a mídia do Sudeste brasileiro. Os caracteres foram desenhados segundo um padrão uniforme para ser um conjunto em que todas as letras possam ser reconhecidas como partículas do mesmo grupo, seguindo um formato fácil de escrever manualmente. A variação das formas deriva dos fonogramas numéricos da Neoletria, ou seja, dos vinte algarismos fonêmicos que têm a propriedade de simplificar ao máximo a nomenclatura numérica de base dez, como a dos algarismos arábicos. Este alfabeto que estou propondo possibilita a direta reciprocidade das palavras com os seus números e dos números com as respectivas palavras, muitas das quais estranhas ao léxico. Quando o pensamento estiver articulado por palavras corroboradas pelos números ficará mais robustecido, a memória mais fortalecida e a expressão mais significativa. Neste sistema as letras vogais são verticais e representam os fonemas u, á, é, ê, en, i, ó, ô, om, ã, pela ordem compreendendo os números de zero a nove. As letras consoantes correspondem aos mesmos números de zero a nove, em duplas de assemelhadas, Neoletria 258 com exceção da letra m (3), que não tem par assemelhada. Este dispositivo das letras de fonemas semelhantes corresponderem aos mesmos números, não dificulta a equivalência numérica das palavras, antes possibilita que todos os números tenham equivalência com palavras adequadas, embora nem sempre componentes do léxico. Em contrapartida, todos os vocábulos são reversíveis em números. ALFABETO BRASILEIRO – OS CARACTERES Vogais U = zero A=1 É=2 Ê=3 EN = 4 _____________________________________________________ I=5 Ó=6 Ô=7 Õ=8 Ã=9 ____________________________________________________ Consoantes R = zero RR = zero T=1 D=1 N=2 ____________________________________________________ Neoletria 259 NH = 2 M=3 K=4 GUE = 4 L=5 ____________________________________________________ LH = 5 S=6 Z=6 F=7 V=7 ____________________________________________________ X=8 J=8 P=9 B=9 ________________________________________ Neoletria 260 XX – COMBINAÇÃO NUMÉRICA DO ALFABETO DESCRIÇÃO DO SISTEMA A especificação dos fonemas que correspondem aos fonogramas aqui apresentados está disponível no capitulo XVIII – Os Fonogramas Alfabéticos; com exceção do zero que é descrito no capítulo XIX. A função que sugerimos para os caracteres apresentados neste capítulo XX é de ordem quantitativa e identificadora ou classificatória e serve para indexar grandes cadastros. Nesta descrição, a composição de caracteres colocados à esquerda do sinal de igualdade identifica o caractere-fonograma para facilitar sua localização no capítulo XVIII. A denominação de cada caractere pode também ser efetuada por uma letra do Alfabeto Latino seguida de dois algarismos arábicos, conforme se encontra à direita do sinal de igualdade. Aqui os fonogramas são apresentados para serem empregados como sistema de numeração de base 215. Estes ‘fonogramas números’ são um modo de classificação e não se Neoletria 261 aplicam para cálculos, mas tão somente para organizar qualquer coisa em ordem sequencial com denominação numérica individual. O emprego do zero serve apenas para colocação de ‘dígitos’ à esquerda de números baixos que sejam parte de um todo maior do que 215, mas apenas se for necessário para padronização de marca. O ‘algarismo’ da direita, é o das unidades, ou de primeira ordem; o segundo da direita para a esquerda é de segunda ordem; o terceiro é de terceira ordem e assim por diante. O modo de calcular o valor numérico de uma composição destes ‘algarismos’ é o seguinte: calcula-se o valor de cada ordem a partir das unidades (primeira ordem), em seguida procede-se à soma dos valores apurados dos ‘algarismos’. O valor do ‘fonograma’ das unidades é o mesmo número sequencial dele; o valor do algarismo da segunda ordem é o seu número sequencial básico (de 1 a 215) multiplicado pela base (215); o valor do algarismo da terceira ordem é o seu número sequencial básico multiplicado pela base ao quadrado; o valor do algarismo da quarta ordem é o seu número sequencial básico multiplicado pela base ao cubo;... o valor do caractere colocado na oitava ordem é igual ao seu número sequencial básico multiplicado pela base elevada à sétima potência. O número da composição equivale ao resultado da soma dos seus algarismos depois dos cálculos acima descritos. Exemplo de quatro casas preenchidas pelo último fonograma que corresponde a Z2c é igual a 215 + 46.225 + 9.938.375 + 2.136.750.625 = 2.146.735.440 = , ou seja, com quatro casas de caracteres abrangemos denominação para bilhões de elementos cadastrados. Talvez com cinco casas poderíamos distinguir cada uma das pessoas que já nasceram neste mundo. Neoletria 262 Estes fonogramas podem ser misturados com letras latinas, caracteres de outros alfabetos, algarismos, etc., para diferentes catalogações e classificações. Zero = 0 dos fonogramas numéricos 0 A1a = A01 1 A1b = A02 2 A1c = A03 3 A2a = A04 A2b = A05 A2c = A06 6 A3a = A07 7 A3b = A08 8 A3c = A09 9 A4a = A10 10 A4b = A11 11 A4c = A12 12 4 5 Neoletria 263 A5a = A13 A5b = A14 A5c = A15 13 B1c = B03 21 D1a = D01 22 D1b = D02 23 D1c = D03 24 D2a = D04 25 D2b = D05 26 D2c = D06 27 D3a = D07 28 D3b = D08 29 14 15 A6a = A16 16 A6b = A17 17 A6c = A18 18 B1a = B01 19 B1b = B02 20 Neoletria 264 D3c = D09 30 D4a = D10 31 D4b = D11 32 D4c = D12 33 E1a = E01 34 E1b = E02 35 E1c = E03 36 E2a = E04 37 E2b = E05 38 E2c = E06 39 E3a = E07 40 E3b = E08 41 E3c = E09 42 E4a = E10 43 E4b = E11 44 E4c = E12 45 Neoletria 265 E5a = E13 46 Fc = F03 54 G1a = G01 55 G1b = G02 56 E5b = E14 47 E5c = E15 48 G1c = G03 57 E6a = E16 49 G2a = G04 58 E6b = E17 50 G2b = G05 59 E6c = E18 51 G2c = G06 60 Fa = F01 52 H1a = H01 61 Fb = F02 53 H1b = H02 62 H1c = H03 63 Neoletria 266 H2a = H04 64 H2b = H05 65 H2c = H06 66 H3a = H07 67 H3b = H08 68 H3c = H09 69 H4a = H10 70 H4b = H11 71 H4c = H12 72 H5a = H13 73 H5b = H14 74 H5c = H15 75 H6a = H16 76 H6b = H17 77 H6c = H18 78 I1a = I01 79 I1b = I02 80 Neoletria 267 I1c = I03 81 I4b = I11 89 I2a = I04 82 I4c = I12 90 I2b = I05 83 I5a = I13 91 I2c = I06 84 I5b = I14 92 I3a = I07 85 I5c = I15 93 I3b = I08 86 I6a = I16 94 I3c = I09 87 I6b = I17 95 I4a = I10 88 I6c = I18 96 Neoletria 268 I7a = I19 97 Ja = J01 98 Jb = J02 99 Jc = J03 100 K1a = K01 101 K1b = K02 102 K1c = K03 103 K2a = K04 104 K2b = K05 105 K2c = K06 106 K3a = K07 107 K3b = K08 108 K3c = K09 109 L1a = L01 110 L1b = L02 111 L1c = L03 112 L2a = L04 113 L2b = L05 114 Neoletria 269 L2c = L06 115 N1c = N03 124 L3a = L07 116 N2a = N04 125 L3b = L08 117 N2b = N05 126 L3c = L09 118 N2c = N06 127 Ma = M01 119 O1a = O01 128 Mb = M02 120 O1b = O02 129 O1c = O03 130 O2a = O04 131 Mc = M03 121 N1a = N01 122 N1b = N02 123 Neoletria 270 O2b = O05 132 O5a = O13 140 O2c = O06 133 O5b = O14 141 O3a = O07 134 O5c = O15 142 O3b = O08 135 O6a = O16 143 O3c = O09 136 O6b = O17 144 O4a = O10 137 O6c = O18 145 O7a = O19 146 O7b = O20 147 O4b = O11 O4c = O12 138 139 Neoletria 271 O7c = O21 O8a = O22 O8b = O23 148 R1c = R03 157 R2a = R04 158 R2b = R05 159 R2c = R06 160 R3a = R07 161 R3b = R08 162 R3c = R09 163 R4a = R10 164 R4b = R11 165 149 150 O8c = O24 151 Pa = P01 152 Pb = P02 153 Pc = P03 154 R1a = R01 155 R1b = R02 156 Neoletria 272 R4c = R12 S1a = S01 166 167 S1b = S02 168 S1c = S03 169 S2a = S04 170 S2b = S05 171 S2c = S06 172 T1a = T01 173 T1b = T02 174 T1c = T03 175 T2a = T04 176 T2b = T05 177 T2c = T06 178 T3a = T07 179 T3b = T08 180 T3c = T09 181 T4a = T10 182 T4b = T11 183 Neoletria 273 T4c = T12 184 T5a = T13 185 T5b = T14 U1c = U03 193 U2a = U04 194 U2b = U05 195 U2c = U06 196 U3a = U07 197 U3b = U08 198 U3c = U09 199 U4a = U10 200 186 T5c = T15 187 T6a = T16 188 T6b = T17 189 T6c = T18 190 U1a = U01 191 U1b = U02 192 Neoletria 274 U4b = U11 U4c = U12 U5 = U13 Va = V01 Vb = V02 Vc = V03 Xa = X01 201 Xb = X02 208 Xc = X03 209 Z1a = Z01 210 Z1b = Z02 211 Z1c = Z03 212 Z2a = Z04 213 Z2b = Z05 214 Z2c = Z06 215 202 203 204 205 206 207 COMPOSIÇÃO DE DOIS ALGARISMOS A1a A1a 215 + 1 = 216 216 Neoletria 275 QUINTA PARTE ALFABETO ESPERANTO IDEALIZADO PARA A LÍNGUA IDEAL Lejzer Ludwik Zamenhof (Lázaro Luís Zamenhof, 1859 1917), conhecido como ‘Doctoro Esperanto’ percebeu a necessidade de melhorar o entendimento entre os povos e por isso idealizou e criou a língua mais simples, regular e completa que pudesse servir a essa necessidade. A gramática desse idioma é excelente, mas a adaptação do alfabeto latino ao Esperanto foi complexa. Acredito que a desarmonia entre o idioma e o alfabeto obstaculizou consumar-se como ‘língua geral’. O problema é que o alfabeto mais conhecido das línguas indo-europeias no ano 1887 era este que cada nação tem o seu modo peculiar de pronunciá-lo porque a fonemática Neoletria 276 difere muito nas diversas línguas. Segundo meu parecer o alfabeto latino não é suficientemente adequado para o idioma universal. Como não existia alfabeto apropriado no devido tempo, resolvi neste começo do século XXI, assumir o compromisso voluntário de elaborar as vinte e oito letras para emprego exclusivo no Esperanto. Sei que esta iniciativa pode gerar polêmica, mas a minha esperança é que quando terminar a turbulência, haverá a compreensão de que a recompensa para este meu trabalho estará satisfeita se o alfabeto facilitar o aproveitamento do Esperanto. Naturalmente esta proposta depende da aprovação da “Brazilia Esperanto – Ligo” (Liga Brasileira de Esperanto) para ser encaminhada à apreciação da “Akademio de Esperanto”. Desde o segundo passo conto com iniciativas dessas autoridades ou de pessoas a elas relacionadas, porque o primeiro passo consiste nesta invenção e publicação, e é o que estava ao meu alcance. Contudo não desejo exclusividade pessoal nem no labor e implantação deste alfabeto, nem nas hipotéticas honras da autoria. Coloco esta invenção como uma pedra bruta de domínio público e disponível a quem quiser habilitar-se a participar da lapidação, mas que demonstre o entendimento e argumente as discordâncias. Este alfabeto ficou pronto em 07 de abril de 2004, entretanto em 2009 ainda consegui aprimoramento. Neoletria 277 XXI – ALFABETO LATINO EM ESPERANTO Antes de entrar na proposta de alfabeto para a Língua Esperanto é necessário entender a ortoepia e a ortografia na aplicação do alfabeto romano a esse idioma. AS VOGAIS NAS SÍLABAS Os fonemas vogais e as respectivas letras são cinco: a, e, i, o, u; pronuncia-se á, ê, i, ô, u. Não há: ã, â, ó, õ. Nem um dos cinco fonemas vogais é nasalado, nem por efeito das consoantes ' m ' ou ' n '. Além das cinco letras vogais, existem duas semivogais representadas pelas letras ' j ' e ' u ' com acento especial (semelhante a uma semicircunferência inferior) inexistente em Português. Estas semivogais correspondem às letras i e u em pronúncia breve. As vogais determinam as sílabas, e não se encontra mais de uma na mesma sílaba; neste caso as semivogais funcionam como consoantes, uma semivogal e uma vogal podem figurar na mesma sílaba. Neoletria 278 Palavras com mais de uma sílaba são pronunciadas com acentuação paroxítona (a penúltima sílaba é a tônica), por isso, em Esperanto não existe sinal gráfico de acentuação tônica. Cada letra, vogal, semivogal ou consoante tem um único fonema, ou seja, não há mais de uma maneira de ser pronunciada para cada letra. Não há letra muda; as letras e seus sons são distintos. Em Esperanto não existem as letras q, w, x, y, ç; mesmo assim a fonografia do Esperanto conta com 28 fonemas. Cinco letras consoantes em caractere latino ocorrem de duas formas: com ou sem acento circunflexo, com representação total de dez fonemas. DIFERENÇAS FONÉTICAS DE CONSOANTES Algumas letras consoantes têm em Esperanto função diferente da conhecida em Português: C = ts. G soa como em Gato, Guerra, nunca invade a função do nosso j. H é aspirado como um sopro velar (boca aberta com uma pequena constrição da parte posterior da língua com o palato mole). M soa como em Português, mas sem nasalar vogal que a anteceda. N também como em Português, mas sem nasalar a vogal que a anteceda. R é sempre o mesmo som suavemente trinado, tanto no começo como no meio ou fim das palavras ou sílabas; a ponta da Neoletria 279 língua vibra na base dos dentes incisivos superiores. Não existe como em Português a necessidade do digrama rr. S = ss ou ç, nunca invade a função de z. Como no caso de r, sem a necessidade do digrama. Z = z do Português, como em azul. ACENTO CIRCUNFLEXO Em Esperanto as letras c, s, j, g e h ocorrem em dois modos: com ou sem acento circunflexo. Como não disponho de recurso gráfico para acentuar consoantes em meu computador (PC), indico como letra acentuada, posicionando o circunflexo após a consoante, seguido de exemplo de pronúncia: c^ = tch - c^apelo (tchá-pê-lô); s^ = ch - s^afo (chá-fô); j^ = como j em Português - j^aluzo (já-lu-zô); g^ = dj - g^ardeno (djár-dê-nô); h^ = como j espanhol - fricativo gutural sonoro contínuo como o som áspero de limpar a parte mais profunda da boca, com acompanhamento de vibração da prega vocálica (cordas vocais), com emissão de som. Tolera-se em Esperanto a confusão deste fonema com o da letra k. AS SEMIVOGAIS Existem duas letras semivogais (que não são determinantes silábicas) como i e u, sendo a letra J para i breve, e U acentuado com sinal de breve para u breve, as quais só figuram juntamente com uma vogal, para indicar os sons Ai, Ei, Oi, Ui, iA, iE, iO, iU Neoletria 280 - em Esperanto se escreve aj, ej, oj, uj, ja, je, jo, ju. A junção da semivogal u com as outras vogais: Au, Eu, Ou, Iu, uA, uE, uO, uI. Obs: nos exemplos acima, pronúncia normal para as maiúsculas e breve para as minúsculas. J soa como i breve - kaj, plej (ler - cái, plêi). Ü soa como u breve - aüdi, Eüropo (ler - áu-di, Êu-rô-pô) – letra u grafada por mim com trema porque me falta o sinal apropriado - em minha opinião seria adequado o emprego de w para o fonema de u breve. DIFICULDADES GRÁFICAS Em decorrência da falta dos sinais gráficos: circunflexo sobre consoante e o determinante de u breve, de acordo com resolução da “Akademio de Esperanto” pode-se juntar h após a letra acentuada: c^ = ch; g^ = gh; h^ = hh; j^ = jh; s^ = sh. Essa adição de h tem o inconveniente de quebrar a regra da funcionalidade de todas as letras, regulando que cada letra deve ser pronunciada e corresponde a um fonema exclusivo. Por faltar o sinal gráfico de breve para u semivogal. Particularmente acredito que podemos empregar o trema. Assim temos ü = u breve. Mas isso dependeria de aprovação da "Akademio de Esperanto". O que já foi aprovado é que a semivogal u pode dispensar o sinal gráfico correspondente de breve. O APÓSTROFO A terminação substantiva o pode ser substituída por um apóstrofo, principalmente em poesia - kor' em vez de koro (coração). Nestes casos a sílaba tônica será a última, porque a Neoletria 281 palavra fica truncada (apostrofada), mas continua a mesma paroxítona (truncada). A LETRA DUPLA Existem palavras em que ocorre letra geminada (dupla). Isso é assim devido à junção de partículas, na formação de palavras, quando a última letra da primeira partícula é repetida como primeira letra da segunda partícula. Tais letras são pronunciadas distintamente uma a uma. OUTRAS DIFERENÇAS ENTRE ESPERANTO E PORTUGUÊS Os encontros vocálicos: ch, lh, nh, não soam como em Português; devem ser pronunciados de modo que se ouça o fonema c (ts), o l ou o n, e depois o h aspirado - pacheroldo (pátshê-rôl-dô). Para não se confundir com a licença do uso de h em vez de sinal gráfico indisponível, pode-se inserir um hífen entre as duas letras - pac-heroldo (arauto da paz), long-hara (de cabelos compridos), gaj-humora (de humor alegre), c^ashundo ou tchashundo (cão-de-caça). Normalmente não é necessário o hífen. A consoante t, tem sempre o mesmo som; ti não é txi ou tshi ou tchi, como se fala em algumas partes do Brasil; em Esperanto temos c com circunflexo para aquele som, mas faz o chiado com qualquer vogal e não apenas com i; assim também a consoante l não se confunde com o vogal u nos finais de palavras. Algumas palavras em Esperanto terminam em consoantes: d (sed = mas), k (ok = oito), p (sep = sete) - pronuncia-se a última consoante isenta de vogal final. Neoletria 282 As letras a, b, d, f, i, k, l, m, n, p, t, u, v, z que representam a metade dos fonemas do idioma não apresentam dificuldades para nós que falamos a Língua Portuguesa. OS NOMES DAS LETRAS A (á), b (bô), c (tsô), c^ (tchô) – (o circunflexo seria sobre a consoante), d (dô), e (ê), f (fô), g (gô), g^ (djô), h (hô), h^ (hhô), i (i), j (iô), j^ (jô), k (kô), l (lô), m (mô), n (nô), o (ô), p (pô), r (rô), s (sô), s^ (chô), t (tô), u (u), ü (uô), v (vô), z (zô). As letras q, w, x, y não figuram no Alfabeto Esperanto de letras latinas; entretanto, em Esperanto são lidas como: q = kuo ou kvo, w = doubla vo, x = ikso, y = ipsilono ou i greka. Fonte: ESPERANTO SEM MESTRE, autor: Francisco Valdomiro Lorenz - editora: Federação Espírita Brasileira. Obs: Não encontrei menção do nome da letra ç no ESPERANTO SEM MESTRE. Neoletria 283 XXII – ALFABETO ESCLUSIVO ALFABETO ESPECIAL Para contornar as dificuldades encontradas na adaptação do alfabeto latino para a Língua Esperanto, decidi criar um abecedário especial para essa língua; ‘um alfabeto idealizado para o idioma que considero ideal’. Neste novo alfabeto, as letras representam exatamente todos os fonemas do Esperanto, não havendo necessidade de apensar anexo de sinal gráfico alterativo, nem de aproveitar a mesma letra para mais de uma unidade pronunciável ou mais de uma letra para a mesma pronúncia, nem de digramas que representem outras variações fonêmicas. Os problemas que restem, com os ajustes de programas de PC e teclado, deverão ser resolvidos pelos profissionais da informática. Este alfabeto novo não deve ser adaptado para outros idiomas. Deve-se evitar ensejo de corrupção fonológica, como seria o caso se fosse inadvertidamente copiado e adaptado para outras línguas que apresentam diversidade fonêmica, como ocorreu com estas letras que você lê aqui. Creio que cada língua deveria ter o seu próprio alfabeto, feito sob medida para combinar fielmente a sua linguagem escrita com a falada, permanecendo as letras latinas na condição de Neoletria 284 segunda alternativa alfabética como suporte da etimologia, e também por facilitar o contato e intercâmbio internacional, aproveitando o conhecimento e a tradição. Considero o Esperanto como o idioma que está em primeiro lugar no merecimento de um alfabeto próprio por ser perfeitamente adequado ao objetivo para o qual ele foi criado, qual seja: uma revolução no entendimento entre as nações, cuja efetivação agora é oportuna, pela atual facilidade de divulgação midiática. Por causa disto estou propondo um alfabeto especial para o Esperanto, uma letra para cada fonema da língua, todas elas formando um conjunto padronizado, com a maior simplicidade possível e respeitando a necessária distinção entre os caracteres, mas mantendo análoga semelhança entre fonemas semelhantes. Criei este abecedário por iniciativa particular, com a intenção de oferecer gratuitamente como proposta de solução gráfica e viabilização do idioma. Coloco nas mãos da “Akademio de Esperanto” o aproveitamento ou não deste trabalho, se tiver o apoio da Liga Brasileira de Esperanto. UM ALFABETO ‘SOB MEDIDA’ Como vimos no capítulo ‘O Alfabeto Latino em Esperanto’ existem dificuldades gráficas para a divulgação ou implantação da língua Esperanto impressa em caracteres latinos. As adaptações preconizadas para as funções das letras latinas em esperanto ficam a desejar porque os recursos são paliativos. Uma língua tão bem elaborada, para servir uma globalização de convivência pacífica e profícua no entendimento de todos os povos e para constituir-se em instrumento de regularidade, simplicidade e clareza nos modos de falar, entender Neoletria 285 e elaborar os pensamentos; um tesouro assim não merece o desprezo por um motivo fútil como a inadequação alfabética. Para facilitar a divulgação do Esperanto, e torna-lo idioma preferido é importante o surgimento de um alfabeto como este que estou propondo exclusivamente para essa língua, composto de 28 letras. As letras que apresento como proposta do Alfabeto Esperanto não devem sofrer alteração de desenho, pelo menos até que sejam bem reconhecidas; os respectivos fonemas não devem ser adulterados na pronúncia. Estas letras devem ser usadas apenas em Esperanto, mas se forem empregadas em outra língua, é importante respeitar os valores fonéticos aqui preconizados fielmente de acordo com o idioma de Zamenhof. Devemos primar pela regularidade, legitimidade e expressão exata. Quem tiver idéia ‘melhor’ deve dirigir-se ás autoridades competentes para propor sugestões. Entretanto a palavra final pertence à Academia de Esperanto se aceitar esta oferta e lhe aprouver. A elaboração deste alfabeto segue os mesmos princípios e raciocínios analógicos da codificação de Ideogramas, apresentada na Sexta Parte de “Neoletria”. GRAFIA DO ALFABETO ESPERANTO Coloco aqui algumas regras para servir de apoio no lançamento deste alfabeto, e até que outras pesquisas e outros estudos recomendem reformas que devem ser submetidas à anuência da Academia. Em princípio todas as letras minúsculas ocupam espaço em área esquematizada de quadrinho. Das vinte e oito, doze letras cabem no esquema de quadro inteiro; seis cabem na metade desse esquema, ou seja, no retângulo que corresponde a meio quadro Neoletria 286 cujo maior comprimento é no sentido horizontal e seis no sentido vertical; quatro letras cabem no esquema de meio quadro, na metade triangular do quadro. Por meio dessa disposição as letras que seriam semelhantes cabendo na mesma forma quadrada, tornam-se suficientemente diversificadas sem fugir do padrão procurado. O espaçamento entre letras da mesma palavra é de 1/4 da largura do ‘quadro esquematizado’ (para as letras minúsculas); O espaçamento mínimo entre palavras é de 3/4 de dimensão deste quadro. As letras maiúsculas diferem das minúsculas apenas pelo aumento de 1/4 nas dimensões horizontal e vertical do quadro esquematizado. O espaçamento mínimo entre linhas é de meia linha, considerando-se como largura da linha a altura do quadro da letra maiúscula. São desnecessários os sinais gráficos de acentuação usados para diferençar funções das letras, como acento circunflexo, agudo, trema, til, indicativo de u semivogal e cedilha, porque foram criados tantos caracteres quantos são os fonemas e todas as palavras compostas de mais de uma sílaba são paroxítonas neste alfabeto. Os recursos gráficos da escrita em alfabeto latino como ponto, vírgula, interrogação etc., têm a mesma aplicação na grafia do Alfabeto Esperanto. Neoletria 287 XXIII – OS CARACTERES NOVAS LETRAS PARA A NOVA LÍNGUA Criei o Alfabeto Esperanto, mas ainda deve ser discutido democraticamente antes das decisões oficiais. Entretanto é agora oferecido gratuitamente às pessoas buscadoras de aprimoramento intelectual. Estou disponibilizando antes de esperar as discussões sobre a oficialização porque até agora, depois de alguns anos neste trabalho não recebi orientação; sem ajuda estou vendo o meu tempo se esgotar com o perigo desta elaboração cair no esquecimento. Fiz com a melhor das intenções e estou oferecendo na esperança de facilitar o progresso intelectual de todos os interessados. O galardão esperado por esta contribuição será ter colaborado positivamente com quem deseja adquirir capacidade de comunicação mais simples e eficiente para praticar a confraternização universal. Neoletria 288 LETRAS DO ESPERANTO E SUAS ESPECIFICAÇÕES Obs: a letra ô que acompanha o nome de cada consoante é desinência de substantivação. A - Vogal com os lábios bem abertos. Soa como em prata, alta, lata. H = Hô - O fonema desta consoante parece um sopro com um fraco aperto velar surdo, levemente fricativo. Não tem exemplos em Português. M = Mô - Nasal bilabial sonoro contínuo. O fonema equivalente em Português soa como em comer, mão, cama, etc., mas não nasaliza as vogais adjacentes. Shô - S com acento circunflexo. Fricativo linguopalatal surdo chiante contínuo. Soa como ch, sh, e algo como x. O equivalente em Português: chá, chuva, luxo, chefe. Z = Zô - Fricativo constrito dental sonoro sibilante contínuo. Equivale em Português ao fonema em exógeno, José, Brasil, casa, azul. P = Pô - Oclusivo bilabial surdo momentâneo. O equivalente deste fonema em Português é encontrado em próprio, pipoca, papo. Neoletria 289 J = Iô - Semivogal soa como i breve. Equivalente em Português em raiar, ensaiar, coiote, tuiuiú. K = Kô - Oclusivo, palatal, surdo, momentâneo. Em Português encontra-se o equiparável a este fonema em classe, coisa, crer, toco, coice. Jh = Jô - J com acento circunflexo Fricativo, linguodental, sonoro, chiante, contínuo, brando. Soa como o j brasileiro. Em Português encontra-se este fonema em ajuda, jato, gerar, joio, viagem. N = Nô - Nasal, pode ser linguopalatal, linguodental ou linguolabial; sonoro, contínuo. Dá-se moderada oclusão antecedente ou seguinte à vogal na sílaba. É correspondente a esse fonema em Português em nata, neve, novo, navio, anônimo, menino, anunciar; porém este fonema não nasaliza as vogais como em Português. Hh - Hhô - H com acento circunflexo - Fricativo, velar, sonoro, contínuo como rr carioca, semelhante ao limpar forte de garganta. B = Bo - Oclusivo, bilabial, sonoro, momentâneo. Em Português este fonema está em baba, botão, abrigo, habitar. T = Tô - Oclusivo, linguodental, surdo, momentâneo. Não é fricativo Neoletria 290 nem com ' i ' (não tchi). Em Português o fonema correspondente está em cateto, contrato, tríade, tatu, à toa. E = Ê - A vogal E não pode ser nasalada. Ê sempre fechada, diferente de 'é'. Em Português emprega-se este fonema em herbicida, estóico, super. U - É a vogal mais fechada. Em Português este fonema encontra-se em úmido, união, volume, aumento. G = Gô - Oclusivo, velar, sonoro momentâneo, quase contínuo. O fonema equivalente em Português encontra-se em goiaba, golpe, glacial, tráfego, agora. R = Rô - Linguopalatal, líquido, oral, sonoro, vibrante, contínuo. Contrição média, com trinado igual no começo, meio e fim das palavras. O correspondente a este fonema em Português encontra-se em bordão, carga, gordura, etc., mas sempre como pronúncia gaúcha. Contudo não fica tão carregado como em rato, roeu, roda. C = Tsô - Funciona como o dígrafo ' ts' Ex: tsukemono. Som raro ou inexistente em Português. D = Dô - Oclusivo linguodental, sonoro, momentâneo. Admite-se também linguolabial. Não é fricativo como em 'di' (não dji). Em Português este Neoletria 291 fonema figura em cadeado, dedo, deturpado. F = Fô - Fricativo, dentilabial, surdo contínuo. Em Português este fonema está presente em frase, fósforo, firme, forte, fácil. I - Vogal constrito, câmara bucal pequena. Em Português este fonema é como em amigo, vida, rio, polícia, capital. função fonética composta em qualquer combinação com outras letras. Em Português falado no Centro-Oeste e Sudeste Brasileiro, funciona como o consoante t seguido do vogal i (tchi), fricativo. Em algumas partes do Brasil existe como pronúncia regional também com outras vogais. Ao empregar letras da Língua Esperanto, deve-se respeitar a pronúncia correta de cada letra, mesmo que disso resulte sotaque 'estranho'. Uô = U com acento breve semivogal, u brevíssimo, Em Português este fonema é empregado em sagui, quase, água. L = Lô - Linguodental, líquido, sonoro, brando, contínuo. A língua obstrui o som (ar) pela ponta, mas permite a passagem pelos lados. Em Português este fonema ocorre em sala, palavra, pulga, aluguel. Tchô = C com acento circunflexo - Letra que tem Djô = G com acento circunflexo - Letra que tem Neoletria 292 função fonética composta (dj). Este fonema é aplicado como digrama em Português em adjetivo, adjacência, adjunto. Para grande parte do Brasil, este fonema composto corresponde à letra ' d ' quando seguida de ' i ', conforme a pronúncia correta de Esperanto, entretanto nessa língua, a letra G acentuada com circunflexo é pronunciada ' dj ' quando seguida de qualquer vogal. V = Vô - Fricativo, dentilabial, sonoro, contínuo. Fonema pronunciado em Português como em ave, vassoura, proveta, vida, voto, volante. S = Sô - Fricativo, constrito, dental, surdo, sibilante, contínuo. Em Português este fonema está em Sol, suor, assumir, açúcar, aço. Ô - O fechado. Em Português este fonema ocorre em ovo, avô, porto. Ao empregar estas letras que são da língua Esperanto, devemos respeitar os valores fonéticos daquela Língua, sem adaptação nem adequação aos sotaques regionalistas. Neoletria 293 MAPA SINÓTICO DOS CARACTERES _______________________________________________ A = a; H = hô; M = mô; S = shô; _______________________________________________ Z = zô; P = pô; J = iô; K = kô; _______________________________________________ Jh = jô; N = nô; Hh = hhô; B = bô; _______________________________________________ T = tô; E = ê; U = u; G = gô; _______________________________________________ R = rô; C = tsô; D = dô; F = fô; _______________________________________________ I = i; U = uô; Ch = tchô; L = lô; _______________________________________________ G = djô; V = vô; S = sô; O=ô _______________________________________________ Aproveitando os critérios da codificação dos ideogramas em Esperanto, inicialmente este alfabeto foi desenhado tendo as letras todas dimensionadas ocupando o quadrado inteiro; seria aceitável por ajudar na compreensão e memorização, mas na Neoletria 294 prática da leitura será mais vantajoso o incremento de diferença inserindo algumas letras no quadrado e outras no retângulo. MAPA ESQUEMÁTICO DOS CARACTERES Mapa que serve de arcabouço para o delineamento dos caracteres do Alfabeto Esperanto aqui proposto, como também da codificação dos ideogramas propostos, finalidade exclusiva deste desenho. Neoletria 295 SEXTA PARTE IDEOGRAMAS PROPOSTA E OFERECIMENTO Criar um sistema de ideogramas não interfere em legalidade como intromissão nos instrumentos, dispositivos e recursos cujo uso e emprego nas relações da cidadania sejam prescritos por lei e cujas funções sejam censuradas pelas autoridades zeladoras da harmonia social. O direito de pensar é protegido pela Constituição, e ainda melhor seria o de projetar arranjos aprimoradores do pensamento. Ideogramas como estes que proponho não competem nem concorrem com algo similar na linguagem geral. Se forem aprovados, então a legalidade poderá e deverá estender abrangência sobre o seu emprego com os critérios que as autoridades conveniarem. Os ideogramas aqui propostos foram preparados especialmente para representarem as palavras comuns e os afixos. Neoletria 296 São chamados de ideogramas por serem figuras diferentes entre si, com máxima simplicidade possível, capazes de denotar significados de palavras seguindo um novo critério de codificação. Embora possam ser lidos em Esperanto, porque são constituídos com base nesse idioma, nada impede que sejam adotados em qualquer língua para simbolizar as mesmas acepções em outros modos de pronunciar. Esta obra é uma oferenda que dedico à humanidade. Se o uso for proveitoso, terei recebido galardão suficiente, mas se for rejeitado, não encontrarei quem indenize alguns anos de esforço na tentativa de retribuir a humanidade pela civilização que presenciei, mesmo porque o meu oferecimento é gratuito e quem ganha presente é dono ou dona para usar como quiser, ou não. Este sistema ficou pronto em 30 de agosto de 2000. No dia 18 de setembro de 2000 foi registrado no Escritório de Direitos Autorais, da Fundação Biblioteca Nacional, do Ministério da Cultura, sob número de Registro: 211.235. Livro: 367. Folha: 395. Na forma como foi registrado, este sistema admitia representação ideográfica para todo o vocabulário em Esperanto, porque um alfabeto especial para esse idioma eu ainda não cogitara. Em 2005 foi feita revisão e os ideogramas foram preparados para representarem apenas as palavras comuns. Agora podemos escrever em Esperanto por meio do alfabeto criado para essa língua, mas para as palavras comuns e os afixos temos ideogramas, e estes podem também servir para outros idiomas sem alteração. Neoletria 297 XXIV – NOVO SISTEMA DE IDEOGRAMAS VINCULAÇÃO DIRETA ENTRE A IDÉIA E O OBJETO Sem a capacidade de imaginar, isto é, de inventar ou perceber algo interessante antes que se torne realidade, ninguém seria artista. A maior capacidade de pensamento e de imaginação depende de certos recursos. Entre outros podemos citar: uma língua bem estruturada, com regras simples e precisas, conhecimentos culturais, exercícios de controle da mente, etc. Qualquer mensagem pode sofrer enfraquecimento na sua influência quando depende de um laborioso processo de codificação/decodificação, já que esse labor desvia o foco da atenção. Por outro lado, um símbolo adequado tem significação quase imediata, sem desperdício da energia psíquica na busca da interpretação e o consequente extravio da concentração no assunto. Durante minhas leituras, percebo que muitas vezes a escrita digital (sequência de palavras composta de letras) não consegue cativar suficientemente a minha atenção devido à dispersão de sugestões equivocadas que inadvertidamente as palavras mal colocadas ou de amplo sentido me remetem. Outras Neoletria 298 vezes o palavreado parece assumir uma mensagem apenas sonora, incapaz de induzir-me satisfatoriamente ao mundo das ideias onde habita o puro pensamento, permitindo liberdade para divagações em assuntos intrusos. A nossa leitura prende-se a uma monótona sucessão de letras que tende a produzir um certo efeito anestésico na sensibilidade imaginativa que muitas vezes facilita a sonolência. Alguns povos orientais possuem o modo de pensar diferente dos ocidentais possivelmente porque suas “unidadespensamento” são basicamente ideogramas, que exercitam a imaginação e resultam em pensamento um tanto quanto “analógico”, que aborda diretamente a realidade em vez de palavras compostas de letras que conduzem o leitor a um pensamento “digital” de contato indireto com as conotações e denotações; maquinações de palavras mais do que de significados. DEFINIÇÃO DOS CRITÉRIOS Passei oito anos da década de noventa (entre 1990 e 2000) tentando estruturar um bom sistema de ideogramas que servisse para os povos ocidentais. ‘Unidades-pensamento’ aptas a simbolizar significados firmes para transmitir mensagens imediatas sem necessitar interpretação sujeita a torção das intenções. Eu percebia uma lacuna da escrita e leitura, praticadas no Ocidente. No meu modo de ver havia a necessidade de uma configuração de palavras diferente da digital tradicional (simples agrupamento de letras sucessivas sem uma firmeza potencial para satisfazer a condição de símbolo, ou ícone do significado). Entendia ser necessário um modelo simples para facilitar a aprendizagem e a grafia (moderna). O ideal seria simbolizar diretamente os símbolos dos significados e das coisas concretas ou Neoletria 299 abstratas em vez dos seus nomes; em vez das suas diversas expressões em palavras, uma evocação mais direta; entretanto seria necessário desenvolver um critério, um código, uma lei tal que depois de compreendida fosse facilmente aplicável e viabilizasse uma rápida leitura. Seria como uma iconografia para identificar cada expressão, sem chance de confundir um termo com outro. Então a combinação dos sinais conhecidos geraria simbolização de ideias congêneres. Falei com algumas pessoas, mas logo percebi que não haveria tempo a perder nos convencimentos. Em vez de dividir as ideias e tarefas, resolvi estruturar o sistema e trabalhar sem ajuda. Tentei catalogar as unidades-pensamento em grupos por ‘espécie’ e inventar um código de identificação por traços de cada grupo, que depois pudesse derivar para abranger os detalhes sem escapar da semelhança genérica de conformidade com as ideias principais de cada grupo. Depois de um bom percurso na direção de uma ideografia fundamentada nas significações e independente das palavras, entendi que se fosse uma codificação baseada em palavras a economia de traços seria grande, e consequentemente a economia de esforço na escrita e na leitura também. Poderia então aproveitar a estrutura etimológica segundo a versão de um bom idioma. Nada de mal, em aproveitar uma estrutura. Antes de galgar o degrau seguinte, é necessário o apoio do precedente. A dificuldade então era encontrar um idioma que fosse simples, fundamentado em boas regras, e suficiente em seus recursos de expressão. ESCOLHA DE UMA LÍNGUA Examinando as línguas inglesa e portuguesa, constatei que estão impregnadas de complexidades, estrangeirismos e Neoletria 300 instabilidades sonoras na pronúncia de suas letras, tornando contraproducente seu emprego como língua padrão para formação de ideogramas. Tratei logo de inventar critérios de classificação de unidades de ideia e suas representações por traços sem preocupação com a funcionalidade de pronúncia, porque a diferenciação seria visual, para identificar ‘significâncias etimológicas’. Comecei a estruturar uma língua que preenchesse os predicados propostos. A finalidade seria apenas servir de base para os ideogramas. Depois resolvi codificar as unidades de ideia alfabeticamente e representar cada letra por um traço diferente em posição e inclinação. Logo eu estava tentando criar uma nova língua. Isso de nova língua depende de muita pesquisa, catalogação e diretriz. Bancos de dados foram montados e o entusiasmo não esmorecia. Optando por codificar os desenhos ideográficos pelos fonemas das palavras traduzidas em vez de definir traços diretamente pelos grupos de ideias, suas subdivisões e derivadas, seria conveniente criar ou encontrar um idioma ideal, para que a configuração por espécie de significância tivesse alguma lei, algum nexo. Casualmente chegou às minhas mãos o livro “Esperanto sem Mestre” de Francisco Valdomiro Lorenz. Encontrei na Língua Esperanto um modelo excepcional, pela regularidade fonética, pela simplicidade de suas regras, pela lógica empregada na formação de palavras e suas classes gramaticais, enfim, pela isenção de afronta a possíveis brios nacionalistas, por ter sido Neoletria 301 criada com finalidade de altruísmo internacional, e sem intenção de nacionalismo ou hegemonia. Prontamente arquivei a pretensão de criar uma ‘nova língua’, quando percebi que o idioma ideal já existia. Assim, a codificação dos nossos ideogramas está fundamentada nesse idioma. Entretanto forma desenhos que podem ser signos auxiliares de ligação para evocar as acepções que não são alteradas, embora pronunciadas de modo diferente em línguas diferentes, com mudança apenas de nome por tradução para outras línguas. Talvez algumas palavras comuns do Esperanto não tenham correlativas em outro idioma; surgiriam neologismos ou locuções válidas para leitura ‘em voz alta’. Pelo destaque de cada componente e de cada traço na formação de ideogramas e tendo uma aparência peculiar para cada afixo e para cada categoria de palavras comuns, pode-se perceber o alcance desta nova linguagem a serviço da nitidez e clareza dos pensamentos e, consequentemente, o discernimento com que serão dotadas as pessoas que conseguirem o domínio da sua aplicação. Neste sistema ideográfico, a leitura pela aparência das figuras deverá ser mais fácil e rápida do que a leitura "letra a letra". Por seus símbolos desenhados, o sistema enseja condições para a criação de imagens mentais das ideias abstratas, obtendo-se então os ícones dos pensamentos e não apenas a monótona sucessão de letras e os respectivos sons. Todavia, é conveniente evitar os milhares de ícones semelhantes o que se consegue simplesmente adotando ideogramas apenas para as palavras comuns, ao passo que os nomes, os radicais, os adjetivos e os verbos podem ser grafados alfabeticamente. Suponho que essa diversidade na escrita exercite regiões diferentes do cérebro do leitor. O propósito é que seja mais ativo e menos cansativo. Neoletria 302 XXV – ESPECIFICAÇÕES ESTRUTURA Esta figura apresenta as opções para vinte e oito traços em posições diferentes no módulo (quadrinho). Cada traço representa um dos oito fonemas vernaculares do Esperanto. Neoletria 303 Os ideogramas são sinais gráficos impressos sobre pequenos quadros denominados módulos que são colocados no contexto da escrita substituindo palavra ou conjunto de palavras de sentido sincategoremático, seguindo as diretrizes estruturais abaixo discriminadas: 1) A mínima dimensão é de 11 x 11 pontos (pixel ou de outra grandeza determinada) para ideogramas de afixos e para palavras comuns ou de uso corriqueiro, como preposições, conjunções, advérbios, pronomes, determinativos, prefixos e sufixos (de acordo com a gramática do Esperanto). 2) Em palavras compostas com afixos e radicais, os radicais devem ser grafados alfabeticamente, enquanto os afixos podem ser codificados em forma de ideograma, mantendo-se o espaçamento de separação desta composição de palavra menor do que o da separação entre palavras. 3) Este sistema admite ideogramas compostos por mais de um módulo (quadrinho) para substituir palavras mais extensas. O intervalo entre eles deve ser de metade da separação mínima entre palavras. 4) Os módulos ideográficos são sequenciados com o afastamento (mínimo) equivalente a dois pontos entre si, em cada componente da mesma palavra, e de quatro pontos de separação (o mínimo) entre palavras, em que um ponto seja equivalente a 1/11 da dimensão linear de um módulo; Neoletria 304 5) A sequência em ordem alfabética válida para este sistema ideográfico, cujo idioma referencial é o Esperanto no modelo definido para o Alfabeto Latino, é: A, Sh, (S com acento circunflexo), H, M, Z, P, J (J = I brevíssimo), K, Hh (H com acento circunflexo), Jh (J com acento circunflexo), N, B, T, E, U, C, G, R, D, F, I, Uh (U brevíssimo), Gh (G com acento circunflexo), Ch (C com acento circunflexo), L, V, S e O. Esta ordem alfabética tem a função de facilitar a memorização da ordem de seguimento da codificação ideográfica, sequência essa que segue um critério de variação de característica sequencial dos fonemas, pela situação de cada um na estrutura modular. Esta sequência será apresentada novamente no capítulo da codificação. 6) A sucessão alfabética de codificação dos sinais gráficos que definem um ideograma progride no sentido dos ponteiros de relógio, a partir do primeiro quadrante (inferior direito), porém a aglutinação de sinais dentro de um módulo independe da ordem das letras das palavras correspondentes em esperanto. Esta sequência possibilita que os fonemas consonantais estejam representados no módulo por traços periféricos, iniciando pelo mais externo do órgão fonador (bilabial surdo = p), prosseguindo gradativamente adentrando aquele órgão. Primeiro surdo e segundo sonoro (pb, td, fv, sz,). Esse critério estende-se à localização dos demais fonemas, com exceção de K que ocupa uma posição que poderia ter sido destinada a um fonema vogal se a soma de todos os vogais e semivogais não fosse de apenas sete para as oito vagas do módulo. A vaga que não foi preenchida por vogal, sobrou para o fonema consoante encontrado na vez pela sequência estabelecida. Neoletria 305 7) A posição que cada traço-letra (ou sinal ideográfico) ocupará no módulo seguirá critérios de coerência na ordem alfabética, que são os seguintes: sequência por quadrante; por classe de fonema, em ordem crescente à medida que a pronúncia vai adentrando no órgão fonador; m, n, r, l são representadas por traços oblíquos semelhantes; p, b, t, d, f, v, s, z são consoantes periféricas angulares (na estrutura ou arcabouço quadrado); sh, h, hh, jh, c, ch, g, gh, são ‘periféricas’ de segunda camada interna, sendo que existe relação de semelhança entre o chiado surdo de sh e o chiado sonoro de jh, etc., todas essas letras na pronúncia da Língua Esperanto. Estes critérios têm a finalidade de facilitar a memorização da área de domínio de cada fonema dentro do módulo, proporcionando assim uma diferenciação lógica por região entre os étimos. 8) É permitida a omissão de algum dos sinais ideográficos (traço) na composição de palavras, contanto que o ideograma resultante não seja idêntico a outro de palavra diferente, respeitando assim a diversificação no total de ideogramas propostos. 9) Algumas desinências ficam fora da classificação dos sufixos e são grafadas alfabeticamente. SUPORTE LÓGICO Quando se faz necessário apresentar diversas definições de significado para um certo termo (uma preposição, um advérbio, uma conjunção, ou mesmo um sufixo), estou apenas tentando passar para o leitor a descrição compreensível de uma ideia abstrata, bem definida, mas talvez com palavras imprecisas. Isso Neoletria 306 acontece, ou por ser difícil apresentar conceituação inequívoca tanto para mim como para você, ou porque não existem palavras precisas para alguns significados. Quanto às preposições e aos advérbios, cada língua tem conceitos particulares. Algumas preposições e alguns advérbios de uma língua não têm equivalentes em outra língua. É difícil conhecer o verdadeiro significado (abstrato) de certas palavras fora do artifício analógico das citações de frases em que algumas em estudo se insiram coerentemente. O uso linguístico de recursos duvidosos, por autores aclamados, parece legitimar até incongruências. Uma regra gramatical, antes de ser oficialmente oferecida, deveria ser criticada, discutida e corrigida para inserir-se coerentemente na estrutura do idioma. Existem escritores que são citados pelas doutrinas pedagógicas como exemplos ou como confirmações de diretrizes. Talvez as tais citações sejam aquilo que temos para oferecer, porém mesmo os grandes autores nem sempre são compromissados com um padrão vernáculo, e sim com a penetração de seus pensamentos na maior abrangência de público, e para tanto tendem a escrever como o povo gosta de ler. Não me cabe criticar tais escritores, e sim algum vernaculista, que ao definir a nossa gramática, porventura se apoie em bases inseguras, criando respeitáveis licenciosidades que viram regras desarmônicas. Muitos recursos e artifícios são comuns em diversos idiomas, não por coincidência, mas por conveniência. Se algo interessante do Esperanto ainda não faz parte dos recursos gramaticais da Língua Portuguesa, e constatando-se que o seu emprego não embaçaria o entendimento, não vejo porque não aproveitar. Contudo o surgimento de diretrizes deve ser Neoletria 307 sempre adequado diretamente aos problemas originários e não adaptado por cópia de similares. Quando são citados diversos textos de bons autores para servirem de modelo linguístico, sem aplicação de critérios lógicos, a vernaculidade corre o risco de se embrutecer e uma preposição pode receber carga tão ampla de significados estranhos que a acepção genuína fica esquecida. Caso exemplar é o da preposição ‘de’ e do prefixo ‘de’. Aqui em nossa proposta, a ideia em Português como significado para uma palavra em Esperanto, pode não ser sempre a mais exata, mas com ela perseguimos o objetivo de evidenciar uma noção que poderá ficar mais completa após a citação de exemplos em frases, quando surgirem outras colaborações. Por enquanto o nosso engajamento prende-se à divulgação de um novo modelo de linguagem escrita, falada e memorizada. Convém ficar definido provisoriamente que quando um ideograma (originário do Esperanto) não tem um perfeito equivalente em Português ou se alguém busca encontrar um ideograma para substituir uma palavra e não acha um adequado, fica a seu critério empregar outro conjunto de palavras como alternativa. Pode preferir uma ou mais palavras escritas alfabeticamente em vez do ideograma correspondente. Mas se os escritores tiverem dificuldade na escolha de ideogramas, esse dilema será resolvido por software que substitua ou sugira automaticamente palavras pelo ideograma equivalente (ou apresente lista de sinônimos), quando houver consenso sobre as equivalências perfeitas. Será possível memorizar os ideogramas pela aparência gráfica, mas por serem criados a partir de palavras em esperanto, o estudo da gramática desse idioma será de grande utilidade para melhor aplicação deste novo sistema. Neoletria 308 A fonte de exemplos e a gramática que serviu de modelo para esta obra é o livro “ESPERANTO SEM MESTRE” de Francisco Valdomiro Lorenz (Obra refundida pelo Prof. Dr. L. C. Porto Carreiro Neto), impresso pela FEDERAÇÃO ESPÍRITA BRASILEIRA, telefone – (021) 3589-6020. DESCRIÇÃO São apenas 283 os ideogramas nesta proposta: 31 preposições – 23 conjunções – 23 locuções conjuntivas 29 pronomes – 53 determinativos – 69 advérbios 15 prefixos – 40 sufixos. A Língua Padrão escolhida é o Esperanto. Os ideogramas aqui propostos foram preparados especialmente para representar as palavras comuns e os afixos. São chamados de ideogramas porque são figuras diferentes entre si para identificar palavras ou ideias simples sem ajuda das letras de forma datilográfica ou cursiva. Embora possam ser lidos em Esperanto, em vista de sua codificação, nada impede que sejam adotados em qualquer língua, com denominação equivalente, mas em outra pronúncia. Existem diferenças por classe gramatical e cada ideograma é bem definido em seu desenho. Isto favorece a rápida identificação e leitura, sem necessidade de decifração e soletração dos fonemas representados pelos traços. Neoletria 309 O emprego destes ideogramas em outros idiomas pode ser total ou parcial, segundo as peculiaridades e diferenças gramaticais. Neoletria 310 XXVI – CODIFICAÇÃO IDEOGRAMAS EM ESPERANTO Os ideogramas são desenhos por arranjo de traços codificados alfabeticamente para serem compostos pelos elementos fonêmicos que figuram nas palavras que eles representam em Esperanto, independentemente da ordem de sequência das letras na escrita dessas palavras. Quando uma ‘letra’ (traço) ou mais pode ser suprimida sem prejuízo da aparência ou identificação do significado, esse procedimento é adequado, considerando-se como uma espécie de abreviatura. Mesmo sendo extremamente simples as figuras ideográficas, elas são distintas o suficiente para serem reconhecidas ao representar as ideias, ainda que as palavras concernentes sejam traduzidas para outros idiomas. Além de outras vantagens intelectuais, a descrição dos valores fonéticos desta codificação alfabética é importante para quem desejar compreender a gramática da Língua Esperanto, assim como o estudo dessa gramática será de grande valia para o melhor emprego deste sistema ideográfico. Todavia, a pronunciação (a nomenclatura) destes ideogramas pode dar-se em qualquer língua que disponha de semelhança com o Esperanto no Neoletria 311 emprego das preposições, conjunções, advérbios, pronomes e outros determinativos, sem necessidade de coincidência fonética; ou seja, que admitam perfeita tradução. O emprego de ideogramas afixos como componentes de palavras, em qualquer língua também é possível, contanto que sejam denominados por tradução, sem mudança de significado, possibilitando sua pronúncia na vernaculidade local (diversa do Esperanto). Recomendo facultar a aplicação dos ideogramas oficialmente em qualquer idioma, para ser inserido no conteúdo programático escolar, contanto que seja regulamentada e aprovada pelas autoridades competentes. Na composição de palavras (prefixo-radical-sufixo, etc.) sugiro a mistura integral ou parcialmente destes ideogramas com qualquer alfabeto, entretanto, a opção pelo Alfabeto Esperanto, só pode ser decidida se a pronúncia for genuinamente a do Esperanto, esta observação tem por fim evitar a corrupção de tão valioso idioma. É importante utilizar o referido alfabeto somente nessa língua. É mais adequado compor ideogramas afixos com os radicais em alfabeto ‘fonogramas’ (o alfabeto de 215 caracteres). A utilização de ideogramas em qualquer idioma é possível, contanto que seja sustentado o exato significado. Se isso gerar alguma adaptação gramatical, que ela seja enriquecedora, sem aumentar a complexidade, sem deturpar normas vigentes. Em cada língua devem existir as palavras mais acertadas com as acepções dos ideogramas, mas para algum que não encontre justa palavra, pode-se cogitar a aplicação da original em esperanto, se for conveniente, introduzindo como neologismo. Entretanto surgirão diversos casos em que um ideograma não corresponde a uma exata palavra de língua diversa do Esperanto; Neoletria 312 nesse caso um grupo de palavras adequadas poderá ser perfeito como tradução. Inicialmente o aproveitamento deste sistema talvez fique restrito ao Esperanto. Posteriormente poderá estender-se aos poucos para poesias e literatura didática de outras línguas. Programas de software para processador de textos podem ser desenvolvidos como substituição automática de palavras em digitação alfabética pelos ideogramas oportunos. Esta codificação segue os mesmos princípios analógicos da codificação do Alfabeto Esperanto apresentado na Quinta Parte. APRESENTAÇÃO GRÁFICA DA CODIFICAÇÃO Abaixo da figura representativa do fonema, vem a letra correspondente. Depois do sinal de igualdade temos o nome da letra e como nome, apresenta a terminação “O” com acento circunflexo, para não confundir com Ó, e segue alguma especificação fonética. A sequência desta codificação é A, Sh, H, M, Z, P, J, K, Hh, Jh, N, B, T, E, U, C, G, R, D, F, I, Uh, Gh, Ch, L, V, S, O. Este seguimento percorre os quatro quadrantes no sentido do giro dos ponteiros do relógio, a começar pelo quadrante inferior direito. A = A - fonema vogal, soa como em prata, alta, lata. Sh - S com acento circunflexo = Shô – consoante, linguopalatal chiante, surdo, contínuo. Soa Neoletria 313 como ch, sh, x, em Português: chá, luxo, ficha. H = Hô - consoante, soa como um sopro um pouco apertado, velar, surdo. M = Mô - fonema consoante, nasal, bilabial, sonoro. Não é nasalador das vogais. Z = Zô - consoante sibilante, contínuo, constrito, dental, sonoro. Fonema empregado na Língua Portuguesa como em casa, exemplo, azul, José, gasosa, gazeta. P = Pô - consoante bilabial, oclusivo, momentâneo. Soa como em pipoca, papo, pepino. J = Iô - consoante (semivogal) i breve, soa como em raio, saia. Funciona como consoante, porque não determina sílaba. K = Kô - fonema consoante, oclusivo, palatal, surdo, momentâneo. Soa como em taco, capa. Hh - H com acento circunflexo = Hhô - fonema consoante, fricativo, velar, sonoro, contínuo. No Brasil Neoletria 314 pode ser comparado ao RR carioca (enérgicamente). Jh - J com acento circunflexo = Jô consoante fricativo, linguodental, sonoro, chiante, contínuo, brando. Soa como em Português nas palavras: janeiro, ajuda, jato, gente. N = Nô - consoante nasal, pode ser linguopalatal ou linguodental ou linguolabial; sonoro, contínuo. Não nasala as vogais contíguas. Soa como em navio, noite, peneira. B = Bô - fonema consoante, oclusivo, bilabial, sonoro, momentâneo. Soa como em baba, bobina, bitola. Não pode ser con- fundido com o fonema dentilabial sonoro (confusão entre B e V) T = Tô - fonema consoante, oclusivo, linguodental, surdo, momentâneo. Não soa fricativo nem quando precede a vogal i, que em grande parte do Brasil parece tchi. Soa como em tatu, total. E = Ê - fonema vogal. Como as demais vogais, não é nasalável nem em presença das consoantes m, ou n. Esta letra representa apenas o fonema ê. U = U - é a vogal mais fechada. Soa como em Universo, único, caju. Neoletria 315 gaúcho, muito. C = Tsô - consoante de fonema composto como se fosse o dígrafo ts. G = Gô - fonema consoante, oclusivo, velar, sonoro, momentâneo, ou quase contínuo. Soa como em garça, gado, agosto, gueto. É o mesmo fonema diante de qualquer vogal, não é necessário auxilio da letra u diante de e ou i como em Português (para não assumir função de j). R = Rô - fonema consoante, linguopalatal, líquido, oral, sonoro, vibrante, contínuo, contrição média, com o mesmo tipo de trinado no começo, meio e fim das palavras. Soa como em garrafa, rr sem carregar D = Dô - consoante, oclusivo, linguodental (admite-se também linguolabial), sonoro, momentâneo. Não é fricativo em 'di', como em regionalismos de grande parte do Brasil. Soa como dado, dedo, dotado. F = Fô - fonema consoante, fricativo, dentilabial, surdo, contínuo. Soa como em forte, fácil. I = I - vogal constrita, câmara bucal pequena. Soa como em amigo, lima, fila, pista. Neoletria 316 Uh = Uô - u com acento breve - consoante semivogal, u brevíssimo. Soa como em água, igual. Gh - G com acento circunflexo = Djô - fonema composto, consoante que soa como dj. Ch - C com acento circunflexo = Tchô. Fonema composto e soa como tch ou tx, igualmente com qualquer combinação fonêmica. L = Lô - fonema consoante, linguodental, líquido, sonoro, brando, contínuo. A língua obstrui o ar pela ponta, mas permite pelos lados. Soa como em sal, leve, lote, alicate. V = Vô - fonema consoante, fricativo, dentilabial, sonoro, contínuo. Soa como em válvula, voto, envolver, evolução. S = Sô - fonema consoante, fricativo, constrito, dental, surdo, sibilante, contínuo. Soa como em aço, suor, açude, março. Nunca invade a função de Z como em Português. O = Ô - fonema vogal. Soa como em porto, agosto, acordo, ovo, piloto. Neoletria 317 XXVII – PREPOSIÇÕES E CONJUNÇÕES PREPOSIÇÕES = al = a - caso dativo. = antastau = em vez de, em substituição a. = antau = diante de, ante, perante, em frente a. = apud = ao pé de, junto de, ao lado de, perto de. = che = junto a, com, no, na, em, ante, à, ao, entre. = chirkau = em torno de; em redor de; ao redor de; em volta de; por volta de; cerca de. Neoletria 318 = da = de - serve como ligação entre um advérbio de quantidade e um substantivo. da. = en (in) = em, dentro de. Para não confundir com ne (advérbio de negação), é recomendável grafar como in. = de = de, desde, do, = ghis = até. = dum = durante. no meio de. = ekster = fora de; afora, exceto, além de. = el = de, dentre. = inter = entre, = je = de, com, por, etc. com sentido impreciso, para aplicação quando não encontramos outra preposição mais exata. Neoletria 319 = kontrau = contra; defronte de, em face de; para com; por (em troca de); em comparação com. = krom = exceto. = malgrau = apesar de, não obstante, a despeito de. Obs: "malgrau" é apenas preposição. O advérbio análogo é spite. = per = por, por meio de, por intermédio de, com (instrumento). = kun = com, de. = lau = conforme, segundo, consoante; relativamente a; ao longo de, por. Obs: esta expressão "lau" só pode ser preposição regendo nome ou pronome. Como conjunção tem outra forma. = po = função de distributivo - à razão de, cada um, cada qual, de cada vez. = por = fim, objetivo; destino, adaptação; em proveito de; em relação a; permuta; decurso de tempo futuro em que se dará um fato; em lugar de kiel (como). É o mesmo que pro. Neoletria 320 = plo (o mesmo que pro) = por causa de; por amor de; por, em troca de. = post = após, depois de; atrás de, detrás de, por trás de. = preter = por diante de, ao lado de, por junto de (em movimento, mas sem atravessar). = pri = a respeito de, acerca de; quanto a; (também: sobre, de, em, com - com o mesmo significado). = sen = sem. Indica falta, privação. = sub = sob, debaixo de; por baixo de; abaixo de. = tra = através de, por entre. = trans = além de, do outro lado de, para lá de. Neoletria 321 CONJUNÇÕES Alguns advérbios e algumas preposições podem funcionar como conjunções. Apenas como sugestão, para melhorar a identificação das categorias gramaticais, será conveniente diversifica-las pelo colorido do quadrinho de fundo que serve de suporte à codificação ideográfica, uma cor para cada categoria gramatical, ou aproveitando esta ideia de traços finos no contorno e interior da matriz pré-impressa. = alie = aliás, = cetere = além disso, de resto. = apenau = apenas, mal (logo que), nem bem. = char = porque, pois, pois que, como. Obs: Em traduções de Português para Esperanto, 'como' sendo equivalente a 'porque', passa para 'char' e não para 'kiel'. senão. = auh (u breve) = ou; senão, do contrário, aliás. Como em Português, esta conjunção pode vir repetida: ou... ou... quer...; = chu = se; quer..., fosse..., fosse... Neoletria 322 (Conjunção introdutória de dúvida). = do = pois, portanto, por conseguinte, logo, então. = dum = enquanto; ao passo que, durante. ekzemple = por exemplo. ... ... = jen... Jen... = ora...ora..., já... Já... O advérbio jen pode ser repetido na oração, com função consonantal. = kaj = e (ligação entre vocábulos e orações). Obs: a negativa nem (também não), pode ser traduzida como kaj. = que). = ghis = até que; enquanto não. Obs: ghis positivo vale "até que"; ghis negativo vale "enquanto não". ke = que (a conjunção = kvankam = ainda que, se bem que, posto que, conquanto, embora. Neoletria 323 = kvazau = como, como se, como que, como qual. = nek = nem, também não (como repetição de uma negação). = ol = do que, de. = se = se. = sed = mas, porém. = nome = a saber, como segue. = nu = ora. Nu é uma interjeição que pode funcionar como conjunção. = sekve = portanto, por conseguinte. = tamen = todavia, entretanto, contudo. LOCUÇÕES CONJUNCIONAIS = antauh ol = antes que, antes de. Neoletria 324 = tio estas (t.e.) = isto é (i.e.). = chiam kiam = sempre que. = chiufoje kiam = toda a vez que. quando. = de kiam = desde o tempo em que, desde = ech se = mesmo que, ainda mesmo que. = escepte se = exceto se, a menos que. ... mais... tanto mais... = ju pli... des pli = ...quanto Neoletria 325 ... = ju malpli... des malpli = ...quanto menos... tanto menos... As outras combinações (menos com mais e mais com menos) podem ser deduzidas. = kiel ankauh = como também. que. = kondiche ke = com a condição de = konsente ke = admitindo-se que. conquanto. = malgrauh ke = apesar de que, ... = ne sur.... sed ankauh = não só... mas também, não somente... senão até. Neoletria 326 = por ke = para que. = post kiam = depois que. = same kiel = do mesmo modo que. = se ne = se não. = se nur = contanto que. = supoze ke = supondo que. = tial char = por isso que, porque. Neoletria 327 = tiel ke = de tal modo que, tanto que. = tuj kiam = logo que. Neoletria 328 XXVIII – ADVÉRBIOS E PRONOMES ADVÉRBIOS = almenau = pelo menos, ao menos. = apenau = apenas, mal, quase não. = ankau = = baldau = logo, em breve, cedo, dentro em pouco. também. = ainda. = ankorau como. = char = porquanto, Neoletria 329 = chial = por qualquer motivo, por todos os motivos. = chiom = toda a quantidade (cada quantidade), qualquer quantidade. = chiam = em todo o tempo, em qualquer tempo, em toda a ocasião, em qualquer ocasião, toda a vez, cada vez, em todos os tempos, sempre. = chiomope = em grupos de qualquer quantidade (o sufixo "op" = em grupos de). = chie = em todo o lugar, em toda a parte. = chiel = de todos os modos, de toda a maneira. = chien = para toda a parte, a toda a parte. = ech = até, até mesmo, mesmo. distante. ontem. = for = longe, = hierau = Neoletria 330 = hodiau = = ien = para algum lugar, a algum lugar. = ial = por algum motivo, por qualquer motivo. = iom = em alguma quantidade, em qualquer quantidade, em certa quantidade, em certo grau, um tanto, um pouco. hoje. = iam = em algum tempo, alguma vez, algum dia (passado ou futuro), outrora. = ie = em algum lugar. = iel = de algum modo, de qualquer modo. = ja = com efeito, em verdade, mesmo. = jam = já. = jen = eis, eis aqui, eis aí, eis ali, eis que. Neoletria 331 = jes = sim. = jhus = agora mesmo, neste (ou nesse) justo momento passado. = kial = porque, por que motivo (interrogativo, direto ou indireto). = kiam = quando, em que tempo, no tempo em que. = kie = onde, o lugar em que, em que lugar. = kiel = como, de que modo, o modo porque; quão, quanto (em grau); conforme. Obs: kiel pode ser advérbio ou conjunção. para onde. = kien = aonde, = kiom = quanto, em que quantidade. = kvazau = como, como se, como que, como qual. = minus = menos (subtração). Neoletria 332 amanhã. = morgau = = muito, em quantidade. multe = grande = ne = não. = nenial = por nenhum motivo. = neniam = em tempo algum, nunca, jamais. = nenie = em nenhum lugar, em parte alguma, em nenhuma parte. = neniel = de nenhum modo, de forma alguma, absolutamente não. = nenien = para nenhum lugar, a nenhum lugar, a nenhuma parte. = neniom = em nenhuma quantidade, em nenhum grau, absolutamente (em) nada (quantitativo). Neoletria 333 forçosamente. nepre = = = nun = agora. = nur somente, apenas. = = pli = mais (em quantidade ou em intensidade). = plu = mais (em duração ou continuação). só, (adição). = plus = mais = ofte = frequentemente, muitas vezes. = principalmente. = de cor. = precipe = parkere = quase. = preskau = plej = (o) mais. Neoletria 334 = spite = a despeito, apesar. cima. = supre = em = tial = portanto, por este (ou esse) motivo, por isto (ou isso). = tiam = então, nesse tempo, naquele tempo (ou ocasião), em tal caso, nesse caso. = tie = aí, alí, lá. = tie chi = aqui. = tiel = assim, desse modo; de tal modo; tão; tanto. para aqui. = tien = para cá, = tiom = tanto, nessa quantidade, em tal quantidade; tão. = tre = muito. Neoletria 335 = tro = demasiadamente, demasiado. = imediatamente, futuro). tuj já = volonte = de boa vontade, de bom grado. = (no PRONOMES = ajn = quem quer que..., o que quer que..., seja quem for, seja o que for, qualquer que..., não importa quem, não importa o que, não importa quando, não importa onde, não importa quanto. = ci - tu. = cia - teu, tua. = ciaj - teus, tuas. Neoletria 336 = ghi - êle ou ela. = li - êle. = lia - seu, sua, dele, = ghia - seu, sua, dele ou dela. dela. = ghiaj - seus, suas, deles ou delas. = liaj - seus, suas, deles, delas. = ili - êles, elas. = mi - eu. = mia - meu, minha. = ilia - seu, sua, deles, delas. = iliaj - seus, suas, deles, delas minhas. = miaj - meus, Neoletria 337 = ni - nós. = nia - nosso, nossa. nossas. suas. = shiaj - seus, = si - si, "sigo" de si mesmo; para consigo pronome reflexivo. = niaj - nossos, = sia - seu (seu mesmo), sua (sua mesma). = oni - a gente. = shi - ela. dela. = shia - seu, sua, = siaj - seus (seus mesmos), suas (suas mesmas). = vi - vós. Neoletria 338 = via - vosso, vossa. vossas. = viaj - vossos, Neoletria 339 XXIX – DETERMINATIVOS E AFIXOS DETERMINATIVOS = chi = cada, todo, toda, qualquer (quando equivalente a todo ou cada). = chies = de cada um (de cada pessoa, no caso genitivo). = chia = qualquer, toda a espécie de. coisa. = chiaj = quaisquer que sejam. = chio = tudo, cada = chion = tudo, qualquer coisa (modo acusativo). Neoletria 340 = chiu = cada um, todo o, toda a, todo e qualquer. = ian = algo como, qualquer, etc. no caso acusativo. = chiuj = todos, = ies = de alguém (caso genitivo). = chiun = cada um, todos os (as), todo e qualquer (caso acusativo). = io = algo, alguma coisa, coisa, qualquer coisa. todas. = ia = qualquer, uma espécie de, um certo, de espécie de indefinido, como que. = iaj = quaisquer. = ion = algo, coisa, alguma coisa, qualquer coisa no caso acusativo. = iu = um, algum, uma, alguma; alguém, um certo alguém. Neoletria 341 = iuj - uns, umas, algum, algumas. como. = iujn = uns, umas, alguns, algumas no caso acusativo. = kiajn = de que gênero de (acusativo, plural). = iun = um, uma, algum, alguma no caso acusativo. = kian = qual, como, que espécie de? (caso acusativo, afirmativo e interrogativo). = ki = que (interrogativo, exclamativo ou relativo). = kia = qual, como, que? que tipo de? (afirmativo e interrogativo). = kiaj = quais, = kies = de quem (caso genitivo). = kio = quê, o que? (a terminação "o" de "kiO" indica que a resposta deve ser algum substantivo). Neoletria 342 = kion = quê, o que?! (no caso acusativo). = la = artigo definido o, a, os, as. = kiu = que, o qual, a qual, qual? (afirmativo e interrogativo). = nen = determinativo de negação. Ex: NENIU = nenhum; NENIUJ = nenhuns. Obs: o determinativo NEN só acrescenta significado negativo em IU, IA, IO, IES. quem? = kiuj = quais, = kiujn = que, os quais, as quais. = kiun = que?, o qual, a qual (caso acusativo). = nenia = nenhuma, nenhum (qualquer que seja). = neniajn = nenhuns, nenhumas (de qualquer espécie). Neoletria 343 = nenies = de ninguém (caso genitivo). nada. = nenio = = nenion = nada (caso acusativo). = neniu ninguém, nenhum. = ti = (sílaba inicial equivalente a esse, aquele, e seus derivados). = tia = tal, de tal espécie, um assim. = tiaj = tais. - = tiajn = tais (plural, acusativo). = neniuj = nenhuns, nenhumas, nada de. = tian = tal, um assim (modo acusativo). Neoletria 344 = ties = desse, deste (caso genitivo). aquilo. = tio = o, isso, = tion = o, isso, aquilo (modo acusativo). = unu = um, (um certo alguém pronome indefinido). Obs: O artigo indefinido "um" não existe em Esperanto, mas o pronome indefinido sim. = unuj = uns, umas (pronome indefinido, plural). = tiu = esse, essa, aquele, aquela. = tiuj = esses, essas, aqueles, aquelas. = tiun = aquele, aquela, esse, essa, o qual, a qual (no caso acusativo). Neoletria 345 PREFIXOS (15) = BO = parentesco adquirido pelo casamento. = EKS = que era, mas deixou de ser. = BON = bom, boa. = GE = reunião de indivíduos, havendo componentes de ambos os sexos. = DIS = desunião, dispersão. = DUON = a) meio, semi; b) parentesco unilateral. = EK = a) ação ou estado incipiente; b) ação momentânea; c) ação súbita; d) ação menos intensa, conforme sufixo ET. = KVAZAU = como que, como se. Exprime comparação suposta ou aproximada. = MAL - O prefixo 'mal' forma sentido contrário (antônimo). Neoletria 346 = MIS = erradamente, incorretamente, impropriamente, em falso. = NE, nen determinativo negativo. = = POST (pos) = posterior a, depois de. = PRA = a) grau de parentesco imediato, ascendente ou descendente; b) afastado, remoto. = RE = a) repetição, reiteração; b) volta ao lugar ou estado primitivo; c) idéia de recuo, rebate, resposta. = VIR - Na Língua Portuguesa os substantivos terminados em O, são geralmente para seres ou coisas masculinos, ficando, em contrapartida a letra A para o gênero feminino. Na Língua Esperanto, a vogal final foi especialmente empregada como indicação de classe gramatical. A definição de sexo é feita através de partícula. Os nomes de seres masculinos servem para designar as espécies, independendo de sexo. Para distinguir o gênero masculino, empregase o prefixo 'vir'. Neoletria 347 SUFIXOS (40) Os sufixos são partículas invariáveis, que podem receber desinência para definir classe gramatical, flexão de número, tempo verbal, caso acusativo, etc. Os ideogramas sufixos não têm a finalidade de abreviar as palavras e nem de simplificá-las. O escopo é melhorar a identificação da ideia a expressar. As desinências de flexão poderiam vir embutidas nos ideogramas sufixos, mas isso acarretaria enorme variedade, com o aumento da complicação. Preferimos adotar na escrita a forma de ideograma para a partícula sufixal e empregar o alfabeto nas respectivas desinências. Outra alternativa de destaque entre semantemas e anexos pode ser efetuado pela alternância entre alfabetos diferentes na mesma palavra; por exemplo: radical em Alfabeto Esperanto, afixos em Fonogramas. = ACH - indica mau estado ou tom de desprezo. = AJH - manifestação concreta da ideia contida na raiz. = AD - a) que indica ação em si mesma; b) ação habitual; c) ação prolongada; d) ação repetida. = AN - membro ou sócio, partidário, habitante. Neoletria 348 = ANT > anta, antaj - sufixo adjetivo de particípio presente. = AR - reunião, conjunto de indivíduos ou objetos do mesmo tipo ou gênero. = AT > ata = adjetivo participial na voz passiva, tempo presente. = CHJ - p/ apelido carinhoso - chj - masculino (nj - feminino). = NJ - p/ apelido carinhoso - chj - masculino (nj - feminino). = EBL acrescentado a raiz de verbo transitivo, indica possibilidade (quanto à ação referente). = EC - qualidade ou estado; EC - como adjetivo = semelhante a, da natureza de. = EG - aumentativo; aumenta, amplia ou intensifica a ideia expressa pela raiz. Também pode dar outra ideia, mas com sentido análogo, embora deturpado (como 'portão' que não significa 'porta grande'). = EJ - lugar de. Neoletria 349 = EM - hábito, inclinação ou tendência para. = END - exprime obrigatoriedade - que deve; que precisa de; que tem de. = ER - uma partícula do todo. = ET – sufixo diminutivo, aplicável a substantivos, adjetivos, verbos e advérbios. Diminui, restringe ou atenua o significado da raiz. = ID - descendente ou filho; jovenzinho de tal espécie. = IG - fazer; tornar. = ES - desinência indicativa de posse, funcionando como sufixo dos possessivos. = ESTR - chefe ou diretor de. = IGH (idj) - indica fazer-se, tornar-se. Pode-se empregar o sufixo igh ou acompanhar o verbo do pronome oblíquo. A função do sufixo igh pode ser confundida com a do prefixo ek. Neoletria 350 = IL - instrumento, meio, recurso, implemento ou utensílio próprio à consecução dum objetivo. = IN = do sexo feminino. = IND - que é digno de..., que merece ser... Ex: ável, ível = ING acrescentado ao substantivo de objeto, cria o nome de outro objeto usado para segurar, sustentar ou guardar o primeiro. = INT > inta, intaj = sufixo adjetivo participial passado. = IO = i + o ‘substantivador’ (partícula ‘o‘ da substantivação), terminação sufixal indicadora do nome de grande número de países. = ISM - a doutrina ou sistema de algumas pessoas e de seus adeptos. = IST - pessoa que tem a profissão ou se ocupa com o que sugere a raiz; adepto de. Neoletria 351 = IT - ita = adjetivo participial na voz passiva, tempo pretérito. = ONT > onta, ontaj - sufixo adjetivo participial futuro. = NJ - p/ apelido carinhoso feminino. = OP - sufixo que forma substantivos coletivos derivados de numerais e de outras palavras que exprimem quantidade. Significa "em grupos de", ou "todos juntos" ou "tantos juntos". = OBL - com este sufixo formam-se multiplicativos numerais que se juntam a numerais cardinais, dando substantivos, adjetivos e advérbios. = ON - sufixo numeral fracionário. = OT - ota = adjetivo participial na voz passiva, tempo futuro. = UJ –Ujo (substantivo) - recipiente, lugar ou objeto que contém totalmente em si uma quantidade de objetos de espécie definida pela raiz da palavra. Neoletria 352 = UL - um ser caracterizado como definido pela raiz. = UM - UMo, UMi expressa uma vaga relação com a raiz. Ex: pronto aprontar; cheio - encher; braço - abraço/abraçar. Neoletria 353 XXX – IDEOGRAMAS MUSICAIS Esta invenção ficou pronta em março de 2005 e foi revisada e reformada em julho de 2006. PROPOSTA Escolhi a denominação de “ideogramas musicais” porque esta notação é um sistema adequado de sinais para uma escrita analítica das melodias. Os ideogramas para notação musical são apresentados com definição específica e simultânea para o tom (cada um dos doze semitons), para a ‘oitava’ em que se situa e para o tempo (duração de tom), sendo possível assim identificar com precisão o valor negativo ou positivo e a frequência vibratória, faltando apenas indicação de intensidade (volume sonoro) que segue aproveitando as notações musicais tradicionais das partituras, porque essas notas de interpretação não dependem de pentagrama. Aquilo que se convencionou denominar oitava (intervalo diatônico de oito graus), é de fato uma escala de doze semitons. O décimo terceiro semitom, a contar do grave para o agudo, tem o dobro da frequência vibratória do primeiro, repetindo-lhe o nome e também sendo o primeiro semitom da ‘oitava seguinte. Neoletria 354 Com esta definição em figura o ideograma musical tem, além do tempo, um dos doze semitons numa das sete oitavas, possibilitando assim a identificação de oitenta e quatro semitons (sete oitavas) abrangendo quase todo o teclado do piano. São desenhos simples e pequenos que em sequência formam a melodia sem necessidade de pentagrama, nem de bemol, nem de sustenido. O andamento e outras indicações podem ser identificados por letras, palavras e outros sinais gráficos como nas partituras tradicionais (pp, ff, Largo, Andante, Allegro, etc.). As linhas horizontais do quadrinho indicam a oitava em que a nota se insere; as linhas verticais indicam uma das doze notas (tons e semitons); o círculo indica o tempo (a duração da nota). As pausas são definidas por meio de quadrinho vazio, encimado pelo círculo indicativo do tempo. Na apresentação deste invento, as figuras (ideogramas musicais) estão em destaque e superdimensionadas para melhor visibilidade. CODIFICAÇÃO DAS OITAVAS Modelo para as notas musicais da primeira oitava (a oitava mais grave do piano). Modelo para a segunda oitava. Neoletria 355 Modelo para a terceira oitava. Modelo oitava. para a sexta Modelo para a quarta oitava (a central). Modelo para a sétima oitava (a mais aguda do piano). Modelo para a quinta oitava. CODIFICAÇÃO DOS DOZE SEMITONS Traços verticais superior e inferior à esquerda, indicando a nota Dó (C). Traços verticais inferior à esquerda e superior no centro, indicando a nota Dó Sustenido - com nova denominação - DU. Neoletria 356 Traços verticais superior e inferior ao centro, indicando a nota Re´ (D). Traços verticais inferior ao centro e superior à direita, indicando a nota Ré Sustenido - com nova denominação - RU. Traços verticais superior e inferior à direita, indicando a nota Mi (E). Traços verticais superiores ao centro e à direita, indicando a nota Fá Sustenido - com nova denominação - FU. Traços verticais inferiores à esquerda e ao centro, indicando a nota Sol (G). Traços verticais inferiores ao centro e à direita, indicando a nota Sol Sustenido com nova denominação – SU. Traços verticais superiores à esquerda e ao centro, indicando a nota Fá (F). Neoletria 357 Traços verticais superiores à esquerda e à direita, indicando a nota Lá (A). Traços verticais superior à esquerda e inferior à direita, indicando a nota Si (B) - com nova denominação - SU. Traços verticais inferiores à esquerda e à direita, indicando a nota Lá Sustenido com nova denominação LU. CODIFICAÇÃO DOS TEMPOS DAS NOTAS O círculo indica a duração da nota (quadrinho preenchido) ou da pausa (quadrinho vazio). Circunferência vazia significa que a duração é de uma semibreve (quatro tempos). Circunferência com traço horizontal, duração de uma mínima (2 tempos). Neoletria 358 Circunferência com traço vertical, duração de uma semínima (um tempo). Circunferência com uma cruz, duração de uma colcheia (meio tempo). Circunferência com um xis, duração de uma semicolcheia (um quarto de tempo). Círculo preto concêntrico com um pequeno círculo branco, duração de uma semifusa (um dezesseis avos de um tempo). Pode-se empregar ligadura para unir duas ou mais notas para serem executadas como uma só. O artifício de somar ao valor (duração) de uma nota à sua metade é resolvido colocando-se o círculo mais para a esquerda, acompanhado por um traço vertical à direita. Semibreve acompanhada de um traço vertical vale seis tempos. Circunferência concêntrica com um pequeno círculo, duração de uma fusa (um oitavo de tempo). Neoletria 359 Mínima acompanhada de um traço vertical vale três tempos (Mínima mais semínima). Colcheia acompanhada de um traço vertical vale três quartos de tempo (colcheia mais semicolcheia). Semínima acompanhada de um traço vertical vale um tempo e meio (semínima mais colcheia). Semicolcheia acompanhada de um traço vertical vale três oitavos de tempo (semicolcheia mais fusa). CODIFICAÇÃO DAS PAUSAS OU VALORES NEGATIVOS O quadrinho vazio indica que o tempo determinado pela parte superior (círculo) é de pausa. Circunferência vazia significa que a duração é de uma semibreve (quatro tempos). Neoletria 360 Todos os tempos de pausa são indicados igualmente aos das notas, mas os respectivos quadrinhos são vazios. OS COMPASOS A separação entre compassos é feita por meio de um traço horizontal separando a última nota de um compasso da primeira nota do compasso seguinte. Neoletria 361 XXXI – ESCRITA MISTA O PRAZER DA LEITURA Proponho a escrita mista, composta de palavras alfabéticas em mistura com ideogramas como um modo de arte tipográfica que pode ser facilitado por programa editor de texto em PC. A assimilação do conteúdo impresso em escrita mista será mais firme porque impressiona melhor a memória. A atenção do leitor permanecerá cativada e com mais motivação do que costuma ser na monotonia do texto puramente alfabético. Uma leitura prazerosa será o prêmio daqueles que estiverem devidamente alfabetizados em letras e ideogramas modernos. ESCRITA MISTA NA ANTIGUIDADE No Egito É sabido que no Egito antigo, há mais de quatro milênios as mensagens eram já perenizadas sob a forma de ideogramas ou pictogramas (hieróglifos). Em 1818 Thomas Young estudava a decifração de textos hieroglíficos, quando percebeu que em mistura com os ideogramas havia caracteres fonéticos. Ora, Neoletria 362 sabemos que grande parte da nossa ‘modernidade’, como a produção e consumo da cerveja, do vinho, dos cosméticos, etc., teve origem naquela civilização, porém nem tudo o que eles sabiam teve continuidade na nossa ciência, entretanto no tempo em que a configuração do modo de pensar e escrever favorecia mais a imaginação, a admiração, o respeito, a ética e o modo epopéico de ser, certamente os egípcios produziram a primeira e insuperável maravilha do engenho humano, a Grande Pirâmide (sem menosprezar os outros grandes feitos egípcios, tanto os já conhecidos como os ainda não esclarecidos). No Japão Alguns séculos depois que os japoneses adotaram o sistema ideográfico chinês, resolveram facilitar o estudo da língua nipônica e o seu emprego. O problema era que milhares de desenhos diferentes seriam necessários para expressar todas as palavras que se avolumavam com os conhecimentos. Devido à necessidade de memória excepcional para conhecer tantos ideogramas, podemos crer que as pessoas com habilidade suficiente para ler e escrever seriam raras, enquanto a gente comum se mantinha na ignorância sem capacidade de se informar e se expressar, como os animais domésticos. “Falar é fácil, escrever é que são elas”, mas para falar, é preciso pensar, e para um pensamento inteligente e ‘robusto’ as palavras são matéria-prima e definição. Os japoneses perceberam que, ao exprimir as ideias dos conhecimentos abstratos ou concretos, era mais fácil e rica a diversificação dos pensamentos sonorizados pelas palavras faladas do que pelos desenhos dos kanjis (ideogramas). Memorizar milhares de ideogramas (palavras inteiras) era muito mais Neoletria 363 trabalhoso do que decorar alguns poucos sinais gráficos correspondentes a frações sonoras das palavras que depois podiam ser arranjados em milhares de combinações para configuração de todas as idéias pronunciáveis existentes e as que viessem a existir. Os nipônicos focalizaram a atenção mais na sonorização das palavras do que na forma ideográfica. Eles aproveitaram alguns elementos ou frações de kanjis para determinar as sílabas das palavras em Japonês, facilitando o reconhecimento do fonema pela fração da palavra desenhada. Assim completaram o sistema Hiragana, com tantas sílabas diferentes quantas foram necessárias para abranger os fonemas componentes do universo pronunciável do Idioma. Eram relativamente poucos os elementos gráficos (caracteres), mas suficientes para representar todas as palavras conhecidas. Devido ao intercâmbio comercial e cultural dos tempos modernos, os japoneses desejaram evidenciar melhor as palavras estrangeiras, para que não se confundissem com a linguagem vernacular, vindo a criar para isso o Alfabeto Katakana, composto dos mesmos fonemas do Alfabeto Hiragana, mas os caracteres são originados por adaptação do kun-ten budista chinês, facilitando as traduções. Atualmente os japoneses usam quatro modelos nas suas comunicações: Kanji (ideogramas), Hiragana, Katakana e Romaji (Alfabeto Romano ou Latino). A REALFABETIZAÇÃO PROPOSTA A escrita mista aqui sugerida para os idiomas ocidentais é uma mistura de ideogramas com alfabeto, e tanto pode ser pelo modelo japonês, empregando o Alfabeto Nipo-Brasileiro em consórcio com os kanjis, como pode ser pela mistura dos nossos Neoletria 364 ideogramas com alfabeto de fonogramas apresentados neste livro (Neoletria). A priori será efetuada por meio do microcomputador e seu teclado, com alguns artifícios a serem criados na informática. A dificuldade da adoção de um sistema de ideogramas seria o esforço no aprendizado de milhares de desenhos, mas os nossos ideogramas solucionam esse problema ao abranger apenas palavras comuns e serem legíveis em função da sua codificação. Alguns livros poderão ser editados em escrita mista, outros talvez não. Será uma questão de preferência. Ainda faltam estudos para viabilizar a escrita dos ‘novos ideogramas’ como caligrafia manual. Portanto não se trata de um modo exclusivo de escrever, já que os manuscritos poderiam ser feitos basicamente em alfabeto. Antes de tudo, será necessário compreender a codificação dos ideogramas e essa é a primeira realfabetização. A seguir convém estudar a Proposta de Alfabeto Esperanto, encontrada na quinta parte da NEOLETRIA e decorar os nomes das letras. Depois de conhecer as 31 preposições, as 23 conjunções e 23 locuções conjuntivas; depois de identificar os 29 pronomes e os 53 determinativos; depois de saber os 69 advérbios; em seguida decorar os 15 prefixos e os 40 sufixos, tudo em Esperanto, será fácil distinguir e ler os ideogramas, além de enriquecer os processos da cognição. Decorar estes ideogramas seria como sair de uma linguagem básica, ineficiente e confusa para o conhecimento quase absoluto sobre a comunicação concisa, eficaz e definida; seria como o aprendiz de pintor, que acostumado a trabalhar com sete cores supostamente imiscíveis, descobrisse a milionária possibilidade das nuanças. A segunda alfabetização deve ser pelo Alfabeto Esperanto. A lógica de modelo e padronização deste alfabeto é basicamente a Neoletria 365 mesma que adotei para a codificação dos ideogramas, embora a identificação não seja muito direta, porque a especificação para os ideogramas foi realizada em quadro e a do alfabeto foi situada em fração do quadro onde se encontra o fonema correspondente de ideograma. O estudo seguinte poderia ser a formação das palavras e das frases pelo emprego de ideogramas e alfabeto em escrita mista. Ao compor palavras em ideogramas de afixos e semantemas alfabéticos, já estaremos praticando a escrita mista. Na escola o aprendizado segue até que o aluno saiba aplicar na escrita, o máximo de ideogramas que conseguir. Esse é um recurso a mais para a poesia, a expressão, a eloquência e o estilo. Para quem domina o idioma Esperanto, a escrita mista ideal é de ideogramas com Alfabeto Esperanto, contanto que seja naquela mesma língua. Para quem queira praticar escrita mista fora do Esperanto, também pode servir-se dos Ideogramas com os Fonogramas, e assim pode ser em qualquer idioma compatível com as mesmas classes gramaticais ou equivalentes das palavras comuns existentes em Esperanto, inclusive afixos. Nos casos em que determinado idioma não contenha uma ‘palavra comum’ que corresponda a ideograma para tradução exata e aplicação em escrita mista, então será preferível o emprego de palavras alfabeticamente, aplicando as mesmas da definição do ideograma escolhido. Entretanto alguns ideogramas que no Esperanto representam palavra, em outras línguas podem representar grupo de palavras sem distorção de significado. Assim definidos, os referidos ideogramas preenchem suas finalidades satisfatoriamente e ainda tendem a enriquecer o acervo de opções Neoletria 366 de afixos, determinativos, pronomes, advérbios, conjunções e preposições que, aplicados dentro da convencionalidade, serão absolutamente necessários para uma linguagem objetiva, coerente, expressiva e eficaz. Proponho que nas línguas cuja sintaxe funciona muito pela desinência, essa terminação determinativa pode ser escrita em alfabeto especial para evidenciar essa função. PROVIDÊNCIAS DIDÁTICAS Para que não sejamos sobrecarregados de ideogramas, preferi restringi-los ao domínio das palavras comuns e que mais frequentam as frases. Um novo dicionário deverá apresentar as palavras em caracteres latinos, seguidos das mesmas em caracteres fonogramas (o alfabeto que estou propondo) e em ideograma quando for o caso. Todos os ideogramas devem ser apresentados no referido dicionário, mesmo aqueles cuja definição exija mais palavras por não haver uma só que corresponda exatamente. Portanto, o tal dicionário deve dispor de páginas especiais para os ideogramas e respectivos comentários, possivelmente com exemplos em citações. São apenas 283 os ideogramas das palavras comuns e afixos, entre vocábulos completos e partículas complementares. É preferível evitar outros ideogramas além das palavras comuns, para não criar confusão linguística, já que a língua padrão destes ideogramas é o Esperanto, embora eles se prestem para emprego em qualquer língua, desde que não seja criado atrito gramatical. Neoletria 367 ESTÍMULOS SUPLEMENTARES São dois os sistemas de escrita que podemos sugerir em uso simultâneo para melhorar o desempenho intelectual dos leitores, cada um a seu modo. A – O sistema de ideogramas, como recurso de iconicidade ou simbologia, fornece elementos de base para a memória e para a imaginação de forma analógica, pela univocidade entre a figurinha e o lexema que ela desperta, proporcionando exercício intelectual do hemisfério cerebral direito, com maior rendimento pela economia de elaboração, ao comparar o símbolo com o que ele representa, em vez de comparar a palavra com o que ela significa. B – O sistema de alfabeto simples e monótono - em que o exercício maior é a decifração ou decodificação; é a interpretação e associação de ideias, estimulando o desenvolvimento no modo digital mais abstratamente, exercitando o hemisfério cerebral esquerdo, com elaboração intelectual mais complexa ou trabalhosa. O primeiro sistema sem a participação do segundo ofereceria riqueza de sugestões para a especialização do hemisfério cerebral direito, o qual reveste a imaginação de maior consistência, mas suponho que, restrito a esse hemisfério, o ‘sistema iconizado’ permaneceria como ‘superprovedor’, sem induzir fortemente o usuário a andar com desenvoltura no âmbito mais abstrato dos pensamentos, conquanto estimulasse diretamente os significados, com suficiente clareza e objetividade. O segundo sistema exercita o hemisfério cerebral esquerdo, ativando por frases formadas de palavras alfabéticas que Neoletria 368 só sugerem vagamente as ideias. Por hipótese, esse tipo de abrangência não exercita suficientemente a inteligência emocional. Alguns leitores que só percorrem sequências de palavras alfabéticas conseguem estimulo da imaginação paralelamente, mas grande parte só obtém impressão superficial com alguma ambiguidade nas definições numa expectativa obscura; em vez de perceber o significado, assimilam vagarosamente a descrição, porque as palavras tendem a robustecer as fórmulas digitalmente, horizontais nas combinações das letras, como também da combinação dos seus fonemas como sons pronunciáveis, deixando pouca margem para a imaginação criar o seu roteiro no assunto. Em muitos casos a percepção é dúbia ou confusa, enquanto enfraquece a ligação entre o significado referido e o objeto da ideia. Mas com muito exercício o hemisfério esquerdo se especializa e processa corretamente o teor. ‘Mal comparando’, enquanto o sistema ideográfico cria seres imaginários e interativos na mente de quem lê, o sistema digital cria rascunhos que serão desenvolvidos em figuras ou permanecerão sombrios, dependendo do vigor intelectual do leitor. Parece que uma comparação aproximada do modo excludente no emprego de um entre esses dois modelos de escrita seria a leitura de uma estória em quadrinhos só com os desenhos, e a leitura da mesma estória sem as figuras. Um bebê pode demorar muito na fase do rastejo se não dispuser de algum amparo inicial, como o ‘voador’. Dois estímulos diferentes convencem melhor do que um só. Não é à-toa que os apreciadores de música clássica desenvolvem melhor o raciocínio matemático, ou que os matemáticos podem ser bons apreciadores dessa modalidade musical. Neoletria 369 Estou convencido de que é do estímulo simultâneo dos dois hemisférios, sem descuidar do desenvolvimento da amígdala cerebral, que resulta a melhor inteligência. Os agentes e os fatores de processos intelectuais como memória, imaginação, percepção do ritmo e do tempo; os meios circunstanciais do intelecto como o sincronismo, a alternância, a reciprocidade, a ordem sequencial, a analogia, a matemática; enfim, a inteligência emocional, musical e todas as percepções devem ser exercitadas para um desenvolvimento de consistência mais abrangente que estimule todo o conjunto dos elementos orgânicos e espirituais da inteligência humana, permitindo maior realidade, abrangência, nitidez e energia ao pensamento. O ENCONTRO DE ENTES CONHECIDOS NA LEITURA Está descrito nesta sexta parte, ‘IDEOGRAMAS’, no capítulo XXV ‘ESPECIFICAÇÕES’, no tema DESCRIÇÃO, um sistema de ideogramas em que apenas os afixos e as palavras comuns contam com representação ideográfica, enquanto os radicais ou semantemas continuam a ser expressos apenas alfabeticamente. Isto ensejará uma boa mistura e distinção das funções das palavras no texto, com alguns ideogramas isolados e outros em composições com radicais alfabéticos. Assim aproveitamos o benefício da inclusão dos ideogramas com economia. Palavras comuns são relativamente poucas no vocabulário geral, porém muito freqüentes nos textos. Elas dão sentido e compreensão imediata. Sem elas cada frase seria um enigma difícil de decifrar. Se for respeitada a boa sequência dos termos da oração de acordo com a sintaxe; se a funcionalidade das palavras estiver evidente e se estiverem observadas as regras de concordância, Neoletria 370 então a construção frasal cumprirá plenamente a sua função de passar sua mensagem, mas seguramente o texto impressionará melhor se diferentes códigos forem bem empregados, compondose o digital com o analógico, evidenciando a função gramatical de cada termo frasal; parece que ao mantermos a ocupação de ambos hemisférios cerebrais numa leitura, nós evitamos pensamentos invasores; portanto facilitamos uma compreensão profunda. Isso só poderá ser possível se a tipificação e a codificação forem balizadas pela máxima congruência e constância de convencionalidade porque assim o leitor passeia a vista pela frase como quem percorre com desenvoltura uma rodovia corretamente sinalizada, ocupando a atenção sem equívocos nem desperdícios. Muita gente confunde advérbios com adjetivos, conjunções com preposições, etc. porque algumas dessas palavras são semelhantes tanto em forma quanto em significado, porém ao sanear as confusões clareia a compreensão. Pouco resolve o trabalho de decorar as palavras de cada grupo, é necessário entender as funções categoremáticas. O problema é o desperdício de tempo e paciência ou a debilitação da clareza mental provocada pelos defeitos de formulação do modo de pensar. Um fator necessário e importante na percepção e na rápida identificação das letras é o nexo da semelhança entre os caracteres e respectivos fonemas. É por isso que no sistema de fonogramas, assim como no da codificação dos ideogramas propostos nesta Neoletria existe uma progressividade semelhante entre a diferenciação dos caracteres e a dos fonemas, que intensifica a rápida caracterização, facilitando o aprendizado e a destreza no reconhecimento das letras e das palavras. Antes da definição daquilo que uma palavra sugere ela tem de ser reconhecida e identificada, mas nem sempre isso é fácil; os problemas de compreensão das pessoas que soletram para dizer as palavras não terminam quando elas dominam a leitura ‘dinâmica’ Neoletria 371 porque ainda fica a necessidade do adestramento em sintaxe para assimilar rapidamente frases de bom padrão; mas também isso esbarra na confusão quando falta dominar as funções das categorias gramaticais. A percepção imediata do significado referido pela palavra, sem necessidade de laboriosas escolhas, classificações e analogias com fórmulas e regras libera atenção para facilitar a assimilação da oração, do rifão, do provérbio, da recomendação, da sentença, da anedota ou da fofoca. ATENÇÃO FOCALIZADA Ao criar o alfabeto para a língua Esperanto foi necessário considerar um vínculo lógico entre o alfabeto e os ideogramas, para facilitar a memorização e favorecer um senso de ortodoxia e sensação de verdade estética. Temos aí um caminho para prosseguir na evolução intelectual: estudar o idioma Esperanto, o seu novo alfabeto e os ideogramas, para depois praticarmos a escrita mista e a respectiva leitura. Entretanto estes ideogramas poderão ser mesclados com qualquer um dos alfabetos. A escrita mista de ideogramas e alfabeto, em que as ideias aparecem mais bem definidas, distintas e identificadas estimula e ativa a compreensão da leitura que assim percorre uma linha mais acidentada e notável. Não é monótona e imprecisa como na nossa escrita tradicional, que por isso tende a dispersar a atenção pelas vias de assuntos invasores. Em texto, ou em qualquer exposição de assunto por escrito, existem palavras decisivas e palavras auxiliares, que obviamente são as palavras comuns. Durante uma leitura, quando precisamos discernir o significado das palavras comuns, se titubeamos entre pronome ou artigo para determinado termo, a Neoletria 372 atenção fica espalhada, dissipada e desfocalizada do contexto. Na escrita mista, de ideogramas e palavras alfabéticas, os ideogramas evocam os seus verdadeiros significados diretamente, sem hesitação e sem perda de acuidade sobre o tema tratado no texto, evitando sequestros improdutivos de atenção. Quem confunde advérbios com adjetivos, determinativos com pronomes e artigos, conjunções com preposições; quem não distingue a diferença de função entre um ponto e uma vírgula; quem faz confusão entre período ou lapso (tempo) com espaço ou intervalo (volume, distância); quem confunde espaço que é tridimensional com área e superfície que são bidimensionais, pessoas assim sentem-se perplexas e oprimidas pelo peso das incongruências, incertezas e imperfeições que esta civilização ainda não conseguiu depurar. Essas pessoas precisam fortalecer o siso. Necessitam exercitar a percepção com uma linguagem mais objetiva, mais correta, e mais definida; devem exercitar mais a inteligência lógica para dispor de meios de observação e atenção firmes e desembaraçados. Mas nada disso dispensa uma didática eficiente para vencer o ‘analfabetismo funcional’. Se os estudantes brasileiros não sabem explicar bem o que leem, o problema pode ser amenizado por meio de uma realfabetização em codificação mais eficiente. Mas a perplexidade é mais complexa; uma cultura viciada em corrupção e tolerância com os engodos e as falsidades, precisa começar a rever os seus parâmetros e as suas malícias, porque a precisão, a justeza e a lógica são valores fundamentais apenas para quem quer ser correto. Para quem gosta de chafurdar-se no esgoto, pouco resolve apontarmos um bom caminho de banquete. Neoletria 373 RECOMPOSIÇÃO DA SENSIBILIDADE Durante uma leitura composta de ideogramas alternados com elementos alfabéticos, o desfile não será de meras letras que se combinam para formar palavras que dependem de significados variáveis, de semântica incerta, para depois elaborarmos a acepção. O desfile será o dos próprios significados, gerando maior clareza e compreensão mais imediata. Um texto, como este que você está lendo, é uma sequência de palavras que diferem entre si, mais pela extensão do que pela expressão. Os nexos sintáticos dão curso lógico aos pensamentos expressos, de forma a facilitar o entendimento por parte de quem lê, mas se a categoria gramatical fosse observável na morfologia da palavra, sem necessidade de análise da função categoremática já teríamos uma melhor ferramenta para a percepção e o entendimento. Aplicando pequenos ícones para as palavras mais empregadas, em forma de ideogramas, a compreensão estará ainda mais brilhante e mais instantânea. Para recompor a sensibilidade cauterizada pela mesmice das nossas palavras, e a confusão das nossas letras, que talvez sejam motivos do ‘analfabetismo funcional’, seria interessante a nossa realfabetização em alfabetos mais adequados. Com isso o nosso dom de pensar ganharia qualidade, nitidez e intensidade. Espero que assim a humanidade possa evoluir em compreensão, paz e solidariedade. Para compreender a estruturação dos ideogramas será útil o conhecimento gramatical da língua Esperanto, o que não se constitui grande obstáculo, devido à sua simplicidade e regularidade. Neoletria 374 SÉTIMA PARTE ALFABETO NIPO-BRASILEIRO ESCOPO Alfabeto Nipo-Brasileiro é uma composição com o Alfabeto Katakana complementado com vinte e oito novos caracteres, totalizando noventa e nove, para possibilitar o seu emprego em linguagem brasileira aplicando o sistema silábico. O interesse por um alfabeto nipo-brasileiro tem como objetivo e motivação acrescentar uma opção estética e um fator de distinção que poderá servir para incrementar significado, intenção e poesia em textos especiais e ao mesmo tempo encorajar a Neoletria 375 simpatia e o interesse dos brasileiros pelo estudo da cultura nipônica. Obviamente é uma boa opção de exercício intelectual na área de linguística. Havendo aprovação pública suficiente, pode-se cogitar sobre o pedido de licença para que as autoridades nipônicas e brasileiras autorizem a oficialização deste alfabeto criando condição para a sua introdução como disciplina escolar onde couber. No começo de abril do ano dois mil e quatro este alfabeto já estava pronto, mas a argumentação foi reforçada e terminada em trinta de setembro de dois mil e oito. Merlinton João braff Neoletria 376 XXXII – A PROPOSTA PORTUGUÊS EM ALFABETO NIPÔNICO Percebi que os descendentes de japoneses estão com dificuldade em dominar o idioma dos seus antepassados, o que pode ser considerado como um lastimável desgaste cultural. Com o propósito de oferecer apoio e incentivo a um povo que venceu preconceitos e conquistou a simpatia dos demais brasileiros, igualando-se em cidadania e patriotismo, proponho um complemento de alfabeto, visando colaborar com o desenvolvimento da cultura nipônica no Brasil para favorecer o intercâmbio cultural, tecnológico e comercial entre o Brasil e o Japão. Uma das finalidades é a de proporcionar mais uma facilidade para o aprendizado do Japonês como segunda ou terceira língua aos interessados, uma língua que tem a vantagem de disponibilizar maior riqueza de símbolos na linguagem escrita, o que gera maior poder e nitidez de imaginação no exercício do pensamento. Não há motivo para o temor de incentivar o Idioma Japonês no Brasil ou de prejuízo para a soberania nacional. O verdadeiro Brasil é muito mais do que os seus povos autóctones com dúzias de dialetos; é mais do que as colônias de imigrantes Neoletria 377 portugueses ou italianos, japoneses ou alemães e os respectivos sotaques; o Brasil é maior do que as suas colônias de imigrantes judeus ou poloneses, árabes ou russos, espanhóis ou latinoamericanos, suecos, africanos e os folclores concernentes; que formam grupos isolados ou integrados, mas todos muito bemvindos para o enriquecimento da nossa diversidade, da nossa cultura e das nossas possibilidades de discussão para adequação e comunhão de opiniões. É pela convivência amigável e solidária dos brasileiros de todas as cores que existem fundadas esperanças no campo da curiosidade impulsionadora de pesquisa científica e formação de tecnologia; o Brasil é uma riqueza incomensurável pela variedade de todas as culturas que aqui vieram somar e se desenvolver em harmonia. Este país é cadinho e amálgama cultural que produz as experiências mais fascinantes, onde podem surgir as sugestões mais adequadas para a evolução social, contanto que a comunidade possa contar com uma coordenação mais efetiva; contanto que saibamos catalisar a química intelectual da nossa miscigenação. Ouve ocasião em que o Governo Brasileiro ‘fiscalizou’ a cultura dos imigrantes, e empreendeu campanhas de nacionalização de colônias a ponto de proibir o ensino de língua estrangeira nas escolas primárias. Naquele tempo existiram motivos que há muito se extinguiram; portanto está na hora de se incentivar em vez de reprimir. Agora basta reprimir os desonestos, sejam estrangeiros ou brasileiros. Este é o momento de fraternidade entre os semelhantes; é tempo de almejar melhor distribuição de renda, méritos e oportunidades, sem discriminação de raça, credo, sexo, classe de renda. Cada cidadão tem o direito de conquistar os seus legítimos méritos sem ser obstado por ciúme ou inveja dos preconceituosos. Já não temos porque temer a transferência de nacionalidade ou a perda da soberania sobre as Neoletria 378 nossas ‘colônias’, a não ser as indígenas fronteiriças (que nem colônias são). O Português já se consolidou como língua nacional. Desde a fronteira uruguaia até o Acre, Roraima, Amapá e Rio Grande do Norte o idioma reconhecido como brasileiro é o Português. Quase duzentos milhões de lusófonos brasileiros. Não seria desejável no Brasil uma ‘babel’ de idiomas, como também é inconveniente ignorar as outras línguas. O que importa é a máxima diversidade de conhecimentos compartilhados, sem prejuízo ao bom entendimento. A criação de caracteres complementares ao alfabeto Katakana (escopo desta obra), que resulta no Alfabeto NipoBrasileiro visa incentivar as pessoas a exercitar-se em Português, mediante um alfabeto que facilite a leitura de textos nipônicos, exercitando o costume de ler, pensar e escrever no modo silábico a fim de tornar mais acessível o aprendizado da Língua Japonesa aqui no Brasil. Longe de tentar induzir os brasileiros a abandonarem o seu modo tradicional de aprendizado, o objetivo desta invenção é apenas o de oferecer mais uma opção. Por sorte, muitas pessoas poderão encontrar aqui renovação de interesse pelo estudo. A adoção do Alfabeto Nipo-Brasileiro como estou sugerindo, não implica em abandono da mistura de letras romanas (Alfabeto Latino) com alfabetos nipônicos. Visa de fato acrescentar uma opção estética e um fator de distinção que poderá servir para incrementar significado, intenção e poesia em textos especiais e ao mesmo tempo encorajar a simpatia e o interesse dos brasileiros pela cultura nipônica. Neoletria 379 O SISTEMA NIPÔNICO DE ESCRITA No atual sistema nipônico de escrita, e suas regras para a composição das palavras, não existem caracteres consoantes juntas na mesma sílaba (embora algumas ‘letras’ silábicas apresentem difonia consonantal), a não ser nas palavras estrangeiras em Alfabeto Romanji (ou Romano). Além disso, nas sílabas compostas de consoante e vogal, o fonema vogal é quase sempre seguinte (tem SA, e não AS; RA, e não AR, etc.). Portanto os imigrantes no Brasil demoram a aceitar a pronúncia dos ‘nossos’ dígrafos. É por isso que apresentam um sotaque característico quando aprendem a falar a nossa língua, que é tão diferente do seu sistema de escrita, expressão, comunicação e pensamento. No terceiro século da nossa era (d.C.) os japoneses adotaram o sistema chinês de escrita, que na China até hoje consiste apenas de ideogramas (atualmente são mais de 56 mil ideogramas). Mas alguns séculos depois os japoneses inventaram um alfabeto silábico, aproveitando partes de desenho de alguns ideogramas como sílabas das respectivas palavras, para representar fonemas sem significados próprios, que ao contrário dos Kanjis (ideogramas ou desenhos das idéias), são caracteres que podem ser articulados compondo palavras como as que são pronunciadas à vista desses ideogramas íntegros. Desse modo foi possível montar um alfabeto representativo de todas as sílabas da fonética nipônica. Esse alfabeto facilitou a representação gráfica das palavras, tornando desnecessária uma quantidade gigantesca de símbolos que tornaria mais difícil o aprendizado da língua. O primeiro alfabeto silábico japonês é denominado “Hiragana” (pronuncia-se hiráganá, em que “hira” significa fácil). Era inicialmente composto de 46 caracteres. Assim é fácil Neoletria 380 imaginar a dificuldade da comunicação escrita durante terceiro e quarto séculos depois de Cristo no extremo oriente. Não é fácil a contagem dos fonemas nipônicos pelos nossos critérios nem os nossos pelos critérios deles. Eles têm variações fonéticas que para nós são insignificantes e nós temos fonemas que para eles podem ser considerados irrelevantes. Atualmente o Hiragana compõe-se de 71 caracteres, incluindo cinco vogais isoladas, as sílabas compostas de consoante + vogal e uma única consoante pura, a letra N. Existem ainda cerca de 33 outras sílabas vernaculares, mas são compostas por dois caracteres cada uma. Durante o século XX a escrita do Japão adotou o Jôyo Kanji (de ideogramas), em número de 2.111, sendo que 1.945 desses caracteres são os mais usados. As palavras comuns como advérbios, preposições, etc., e outras não simbolizadas por Kanji, são grafadas em Hiragana. Juntamente com os caracteres silábicos Hiragana e com os ideogramas Kanji, existe outro alfabeto silábico, o Katakana (pronuncia-se katákaná), criado por adaptação do kun-ten budista. Este alfabeto auxilia na compreensão da pronúncia do Mandarim chinês, que é muito diferente da Língua Japonesa. O Katakana é empregado em documentos oficiais e para palavras de origem estrangeira. O Alfabeto Romano (Latino) também é empregado na escrita nipônica, para uso nas traduções do Inglês ou de outras línguas ocidentais para o Japonês. Como vimos acima, os japoneses contam com instrumentos de comunicação de grande eficácia na simbolização e clareza dos pensamentos. As palavras adquirem realce no texto, de acordo com o que significam ou com a função gramatical que exercem. Os ideogramas são como ícones das ideias, tornando-as mais perceptíveis, facilitando a imaginação e articulação dos Neoletria 381 pensamentos e possibilitando de certa forma a ‘visualização’ até de significados abstratos. É muito eficiente para a exteriorização da inteligência que assim se exprime em linha acidentada como um caminho natural, ao passo que na nossa escrita ocidental, as letras formam como uma linha lisa e monótona parecendo um caminho artificial com quase nada a reparar como notável ou adequado para associar imagens mentais. Estudos e pesquisas demonstram que grande parte dos estudantes brasileiros não entende bem o que lê. Certamente o problema não é racial, mas pode ser cultural e linguístico. AMPLIAÇÃO DO KATAKANA O alfabeto Katakana é excelente para a sua finalidade precípua, qual seja, escrever ofícios e outros documentos e para adaptar palavras estrangeiras ao idioma japonês. Com a escalada do Japão como a potência econômica que é, e ainda considerando ser o Brasil este país onde existem mais japoneses fora do Japão, e assim como eles aqui nós também temos muita presença lá, ocasionando intenso intercâmbio de cultura, de mão-de-obra e de mercadorias; salta à vista a necessidade, que temos aqui, de melhores condições para o maior entendimento entre os nossos povos. Nós brasileiros necessitamos de mais facilidades para aprender o Japonês e os japoneses necessitam de melhorar as condições de aprender o Português. Assim como os nipônicos encontraram uma solução para o seu entendimento dos assuntos estrangeiros, inclusive pela aceitação do Alfabeto Latino para as palavras estrangeiras, como nomes próprios, etc., definindo o modo de proceder na versão para o Japonês, das palavras que apresentam combinações fonéticas Neoletria 382 inexistentes no seu idioma, assim também nós brasileiros devemos facilitar mais o nosso entendimento dos assuntos japoneses, por meio de acréscimo de caracteres ao Alfabeto Katakana para o nosso uso, que possibilitem aplicação desse alfabeto silábico para as nossas palavras, para que sejam pronunciadas a nosso modo. Considerando as justificativas e conveniências, estou sugerindo aqui e agora a oportunidade de adotarmos caracteres complementares ao Katakana, de modo a dispor de um alfabeto híbrido para a escrita em Português segundo o modo silábico do Japonês complementado, para disponibilidade de uma segunda ou terceira alternativa de escrita, servindo a quem interessar, e para ser uma ponte de aproximação entre os dois idiomas. Pelo aspecto, as novas letras devem parecer como fazendo parte característica do Katakana. Preservando uma boa aproximação com a ortografia japonesa, as novas letras (Katakana complementar) só devem figurar nas palavras quando isso for estritamente necessário. Devem ser mantidas as antigas regras nipônicas sempre que possível, empregando preferencialmente as ‘letras’ silábicas onde couber. Quando os brasileiros descendentes de japoneses estiverem familiarizados com esta nova escrita para comunicar-se em Português, eles terão maior facilidade para aprender a língua japonesa porque já estarão suficientemente alfabetizados para uma escrita e leitura simplificada daquele idioma, abrindo caminho para um maior interesse no estudo da língua. Os brasileiros que aprenderem este alfabeto terão mais facilidade de conhecer os Kanjis para seu emprego em Português. Bastará um dicionário desses ideogramas em que as figuras sejam descritas (legendadas) diretamente em Português, mediante o Alfabeto Nipo-Brasileiro, e Neoletria 383 com a tradução para o Japonês, apenas como contribuição informativa. Assim como os nipônicos e os chineses podem ler os mesmos Kanjis em línguas muito diferentes, os brasileiros também poderiam ler aqueles ideogramas em Português. Neoletria 384 XXXIII – SISTEMATIZAÇÃO USO PROPOSTO As normas propostas adiante não afetam em nada a língua e a gramática do Japão, pois foram elaboradas apenas para viabilizar o emprego deste alfabeto Nipo-Brasileiro no idioma falado no Brasil (embora sendo desejável a adesão de outros países, já que o autor/inventor o considera de domínio público desde o surgimento, com restrição apenas à sua exploração econômica), além de facilitar o aprendizado da língua japonesa pelos brasileiros. A nossa liberdade de estudar o Katakana, aproveitar os seus benefícios intelectuais e estendê-los aos simpatizantes, é semelhante à dos nipônicos quando tiveram a iniciativa e o direito de utilizar o Alfabeto Latino ou Romanji (então já de domínio público) como um dos seus alfabetos, direito que deve ser respeitado e incentivado. As regras abaixo relacionadas são colocadas apenas como proposta inicial para o uso deste alfabeto misto. Quando for instituído um órgão, uma comissão ou academia para ser guardiã e mantenedora deste sistema, esse grupo terá total liberdade para efetuar aperfeiçoamentos. Neoletria 385 REGRAS BÁSICAS O Alfabeto Nipo-Brasileiro é composto de duas partes: a original Katakana nipônica e a parte adicional ou complementar, ora proposta. No caso de dígrafos como em Prato, GLobo, Crítica, PneU, BLefe, Bruma, aTrito, IMPLacáveL - compomos com caracteres correspondentes a P-RA-TO, A-T-RI-TO, I-M-P-L-ACÁ-V-E-L. As letras em negrito devem ser substituídas pelo alfabeto complementar. Obviamente as sílabas diferentes do modelo Katakana serão compostas com os novos sinais gráficos (alfabeto complementar proposto). Como as vogais do Katakana original são apenas cinco, ou seja, Á, Ê, I, Ô, U, criamos letras também para as vogais Ã, É, Ó, Õ. Desprezamos a nasalização das vogais I, U E, apenas com o intento de evitar complexidade excessiva ou desnecessária na fonética brasileira, e aproveitando para implementar um pequeno toque característico de pronúncia especial, para que este alfabeto preencha no imaginário uma maneira de pensar (e falar), sem risco de que a pronúncia torne-se incompreensível. Em P-RÁ-TI-CO, separamos a primeira consoante P como letra do alfabeto complementar, ficando todas as outras (RÁ-TICO) pelo alfabeto silábico original. Nas sílabas terminadas em consoante como em A-TO-R, PA-PE-L, LÁ-PI-S, aplica-se a consoante isolada (do alfabeto complementar) como adicional da sílaba a que pertence. As sílabas que seriam supridas pelo alfabeto primitivo (Katakana), mas têm na pronúncia uma daquelas vogais que figuram no alfabeto complementar (AC) como, à É, Ó, Õ, serão compostas totalmente pelo AC (consoante + vogal). Neoletria 386 Para manter a clareza e univocidade entre os étimos e sua representação gráfica; tendo também a intenção de chegar à condição de interface deste conjunto de caracteres entre a Língua Portuguesa e a Língua Japonesa, recomenda-se definição inequívoca do emprego fonético do Alfabeto Nipo-Brasileiro. A escrita em Português por meio deste alfabeto não segue critérios da ortografia etimológica. Suas diretrizes fundamentam-se fonologicamente. Assim, G nunca funciona como J; S nunca funciona como Z; Y é I breve; W é U breve e não se confunde com V; R é sempre fraco (surdo) no início, meio e fim de palavras; a letra do AC (alfabeto complementar) correspondente a RR é sempre forte (sonoro), trinado, vibrando a ponta da língua. Omite-se da nova escrita a representação da letra H das palavras que não apresentam função fonética em Português. Ex: honra = õrra. Os fonemas que em Português correspondem a LH e NH são sempre escritos em letras do AC criadas para esses fonemas. São consideradas erradas as tentativas de ‘regionalizar’ pronúncias estranhas às aqui definidas, ou seja, apelidar foneticamente como se assim estivesse ‘adaptando’ a um ‘caipirismo’ regional. FORMATO E DISPOSIÇÃO DAS LETRAS NA ESCRITA Todas as letras ocupam dimensões iguais, tanto na horizontal quanto na vertical; circunscrição quadrada. Para este sistema, abrimos mão da economia de intervalo que seria possibilitada por maior aproximação, quando na sequência uma letra não ocupa uma área de piso e a outra não ocupa a área do teto. Ex. LT; as áreas ociosas ajudam a distinguir melhor uma letra das outras na composição das palavras, contanto que não Neoletria 387 fique confusão entre o ‘espaço’ entre letras com o que se coloca entre palavras. Atualmente, aproveitando a comodidade decorrente da informática, podemos, para maior distinção do campo ocupado por cada letra, preencher o fundo (aquela parte do quadrinho gráfico da letra que ficaria em branco) com uma cor clara diferente da cor geral da página. Assim uma letra seria não apenas o traço, mas também o campo a ela pertencente. O intervalo mínimo entre duas palavras pode ser igual ao de um caractere; pode-se separar as sílabas umas das outras, na mesma palavra, por um espaço de meio caractere; as componentes de uma sílaba, inclusive consoante adicional quando tem, separam-se umas das outras por um intervalo igual a um quarto da dimensão do caractere; assim um fonema isolado, porém pertencente a uma sílaba, fica mais próximo daquela a que pertence do que da sílaba seguinte ou precedente, ou seja, a separação entre palavras pode ser dimensionada no mínimo como o duplo da separação entre sílabas e esta separação deve ser o dobro da distância entre letras da mesma sílaba. Este ideal de separação dos intervalos entre letras será facilmente alcançado se for automatizado em editoração de texto por via PC. Com o desenvolvimento da informática, brevemente será possível melhorar a evidência da classificação gramatical das palavras mediante uma codificação padronizada com uma cor diferente para cada classe gramatical, a ser incluída como pano de fundo nos quadrinhos das letras, melhorando assim a percepção lexical, facilitando a visualização sintática da frase, tornando os caracteres mais reconhecíveis e os textos mais assimiláveis. Essa diferenciação semasiológica enseja pesquisas de soluções para resolver o analfabetismo funcional. Neoletria 388 VALORES FONÉTICOS Tendo em vista que a Língua Portuguesa é falada em diferentes partes do globo terrestre, com grande variação de sotaques e considerando que o Alfabeto Nipo-Brasileiro não representa as letras latinas, mas sim os sons de pronúncia; fica estabelecido que as letras que acompanham os caracteres na descrição deste novo alfabeto não identificam caractere por letra, e sim caractere por fonema, como pode ser se considerarmos os valores fonêmicos de conformidade com o padrão de pronúncia do jornalismo das principais emissoras de televisão do Sudeste do Brasil. Não por eleger o ‘sotaque’ dessa parte do Brasil como o melhor português padrão mundial, mas pela simples necessidade de uma referência e também porque é nessa região que se concentra a maior população falante deste idioma. Este padrão fonêmico indicado para o Alfabeto Nipo-Brasileiro não deve ser deturpado por ‘estilos’, caipirismos e outros regionalismos. Não há destaque por sinal de acentuação em sílaba tônica de palavras da Língua Portuguesa escritas em Alfabeto NipoBrasileiro. Não será considerada errada a leitura de texto em Português, composto em Alfabeto Nipo-Brasileiro, por não destacar as sílabas tônicas ou por pronunciar todas as palavras com mais de uma sílaba como paroxítonas. ALFABETO NIPO-BRASILEIRO E OS DIALETOS Estando definida e caracterizada a pronúncia oficial para cada caractere deste novo alfabeto, nada impede o emprego da variação de letras na composição de palavras, segundo o sotaque de cada região, tendo em vista motivos especiais, visto que o Neoletria 389 emprego deste alfabeto misto não está oficializado para documentos e a fidelidade almejada é a de cada letra com o respectivo fonema. Posteriormente deve ser instituído um vocabulário ortográfico para fins oficiais. Para cada nova letra um único fonema. Tomando como exemplo de comparação: o caractere que corresponde à letra R poderá ser substituído pelo da letra H em alguns povoados onde não se pronuncia R trinado; em outros o caractere da letra S em final de palavra pode ser substituído pelo de X onde encaixar, inclusive como indicativo de plural. Cada pessoa, depois de perfeita compreensão dos valores fonéticos e suas representações já especificadas para o Alfabeto Nipo-Brasileiro, poderá livremente escolher os elementos fonêmicos (caracteres) que melhor se enquadram ao seu modo de falar, respeitando principalmente o público alvo. O importante é que ao ler um texto, qualquer leitor saberá pronunciá-lo como quem o escreveu. A colocação acima abre espaço para utilização deste mesmo alfabeto por outros idiomas, mesmo que seja necessário um pouco de adequação à pronúncia como se este alfabeto originasse levemente um dialeto com um sotaque especial, fora do vernacular, já que alguns fonemas de outra língua não terão um caractere perfeitamente adequado no Alfabeto Nipo-Brasileiro. Para não deturpar o padrão fonético deste alfabeto, é preferível que os usuários estrangeiros empreguem-no com pronúncia correta, embora para eles resulte em sotaque. Se não conseguirem, podem acrescentar mais alguns fonogramas (caracteres), para que todos os usuários internacionais que se interessarem possam empregá-los corretamente sem deturpações, mas a meu ver esse acréscimo de caracteres deve aguardar e respeitar anuência da comissão ou academia a ser instituída para este sistema. Neoletria 390 A proposta do emprego do Alfabeto Katakana aditivado como alternativa interessante da escrita brasileira em Português, não exclui a mistura dos alfabetos nipônicos com o latino (Romano). Eu não quero ditar norma nesse caso, porque se já está em vigor, ou em uso corrente, não tenho o que acrescentar. Contudo, é imprescindível recomendar que não se misture o Alfabeto Nipo-Brasileiro com o Latino, porque isso causaria desnecessária confusão na pronúncia e derrubaria o propósito e a estrutura gramatical aqui elaborada. MODOS DE ESCRITA E DIVISÃO SILÁBICA O Alfabeto Nipo-Brasileiro pode ser escrito manualmente a lápis, caneta, etc., contanto que sejam grafadas aproximadamente como os desenhos aqui apresentados, e com distinção suficientemente para os caracteres não se confundirem entre si ou com os do Hiragana e os Kanjis. Se ideogramas forem misturados nesta escrita, podem ser os mesmos Kanjis japoneses. Encontrados em revistas especializadas, como “A Arte do Ideograma” http://www.editoraonline.com.br. Um livro recomendado é o DICIONÁRIO BÁSICO JAPONÊS-PORTUGUÊS editado por Massao Ohno / Aliança Cultural Brasil-Japão. A divisão silábica preconizada para emprego do Alfabeto Nipo-Brasileiro não coincide exatamente com a gramatical do Português em letras latinas, mas cada sílaba só tem uma vogal, acompanhada ou não de consoantes e semivogal. Uma sílaba prefixal (de prefixo) não pode ceder a sua última consoante para a sílaba seguinte quando iniciada por vogal. Ex: bi-sa-vô, ci-sal-pino, de-ses-pe-ro, tran-sa-tlân-ti-co. A função etimológica das partículas das palavras é muito importante para a sua Neoletria 391 compreensão. Portanto, o correto nessa divisão é: bis-a-vô, cis-alpi-no, dês-es-pe-ro, trans-a-tlân-ti-co. Como o Alfabeto Nipo-Brasileiro é fonêmico, cada caso de consoantes dobradas ou digramas como rr, ss, sc seguidas de e ou i, são representadas apenas por uma letra deste alfabeto, correlata ao caso. Quando em Português são duas letras iguais para dois fonemas diferentes, em Nipo-Brasileiro adotam-se dois caracteres diferentes; porém se é vogal dobrada cuja pronúncia seja de uma a uma, dividem-se ficando uma para cada sílaba. Ex: veemente, cooperar = ve-e-men-te; co-o-pe-rar, etc. Neoletria 392 XXXIV – OS CARACTERES UNIFONÊMICOS Mistura de parte do Katakana (cinco vogais e a letra equivalente a N), com os 28 caracteres que foram criados em estilo aproximado desse alfabeto para juntamente com este, compor a proposta de Alfabeto Nipo-Brasileiro. Este alfabeto servirá para escrever em Português de acordo com o sistema silábico nipônico. DEFINIÇÃO FONÉTICA DOS CARACTERES Empregam-se letras originais Katakana segundo a gramática nipônica em sua estrutura vernacular. Já as letras novas incorporadas funcionarão como artifício restritamente em combinações fonéticas estranhas àquela gramática. A - a aberto, Katakana original, soa como o nosso ‘a’ de aumentar, altura, árvore, abacate, abraço, absinto. à - nasalado, Alfabeto NipoBrasileiro, soa como ‘ã’ de mão, melão. Neoletria 393 Fonema inexistente em Katakana, sendo, portanto, empregado em todas as palavras 'brasileiras' ou estrangeiras compostas com este fonema. Dispensa consoante nasaladora. I - Alfabeto Katakana original, soa como em altruísmo, aliás, atrair. O fonema desta letra não deve ser nasalado em nenhuma hipótese em leituras deste alfabeto. U - Alfabeto Katakana soa como em umidade, união, urutau. O fonema desta letra não deve ser nasalado em nenhuma hipótese nas leituras deste alfabeto. E – fechado Alfabeto Katakana, soa como em herbicida, estilo, letra. O fonema desta letra não deve ser nasalado em nenhuma hipótese na leitura deste alfabeto. É – aberto, Alfabeto NipoBrasileiro, soa como em Eva, café, coronel. Fonema inexistente em Katakana, sendo, portanto, empregado em todas as palavras 'brasileiras' ou estrangeiras compostas com este fonema. O - fechado - Alfabeto Katakana soa como em horto, calor, ovo, choro. Neoletria 394 Ó - aberto, Alfabeto NipoBrasileiro, soa como em fora, horda, amora. Fonema inexistente em Katakana, sendo, portanto, empregado em todas as palavras 'brasileiras' ou estrangeiras compostas com este fonema. Õ - nasalado, Alfabeto NipoBrasileiro, soa como em ontem, pamonha, pomba, ônibus, condições. Letra inexistente em Katakana. Visto que as letras m e n não exercem função nasaladora das vogais em sua versão deste alfabeto, tornase necessária inclusão deste caractere na composição deste fonema. K Alfabeto NipoBrasileiro, soa como em classe, aquário, crer, cratera. Oclusivo palatal surdo momentâneo. Emprega-se quando outra consoante se interpõe entre esta e a vogal da sílaba e também quando é seguinte a uma vogal e não seguido de vogal imediatamente, exceto de ã, é, ó, ou õ. (casos estranhos à ortografia japonesa). G Alfabeto NipoBrasileiro, soa como em agressão, glacial, iglu, ignaro. Oclusivo velar sonoro momentâneo. A oclusão dáse entre o palato mole e a parte posterior da língua. Não se confunde com o fonema j. Emprega-se nos casos em que outra consoante se Neoletria 395 interpõe entre g e a vogal da sílaba, além de suprir onde compõe com vogais não existentes no Katakana (ã, é, ó, õ). S - Alfabeto Nipo-Brasileiro, soa como em rosto, após, fácil, slogan. Fricativo constrito dental surdo sibilante contínuo. Seguinte a uma vogal e não seguido de vogal imediatamente, exceto ã, i, é, ó, õ, visto que de outro modo, a combinação fonética deve ser atendida pela estrutura alfabética tradicional nipônica. Z - Alfabeto Nipo-Brasileiro, soa como em casinha, Brasil, exógeno, José, cozinha. Fricativo constrito dental sonoro sibilante contínuo. Supre no Alfabeto Nipo- Brasileiro os fonemas compostos de z com os caracteres vogais que correspondem i, ã, é, ó, õ. Não assume função de x como kz , mas apenas de z. X - Alfabeto Nipo-Brasileiro, soa como em chá, chuva, luxo, chefe, xícara. Fricativo linguopalatal surdo chiante contínuo - x, ch, sh. Só não compõe com i, porque SHI já é sílaba Katakana (com caractere próprio). Supre nas composições com as vogais inexistentes em Katakana. J - Alfabeto Nipo-Brasileiro, soa como em ajuda, gerar, Japão, vegetal. Fricativo linguopalatal sonoro chiante contínuo brando. Neoletria 396 A sílaba JI não é composta com este caractere, porque pertence ao Alfabeto Katakana. T - Alfabeto Nipo-Brasileiro, soa como em contrato, trote, tríade, etnia, pentatlo. Oclusivo "explosivo" linguodental surdo momentâneo. Aplica-se nos casos em que outra consoante se interpõe entre t e a vogal da sílaba, além de suprir onde compõe com vogais não existentes no Katakana. Substitui o fonema t do silábico Katakana ti, quando necessária a distinção entre as pronúncias ti e não txi. D - Alfabeto Nipo-Brasileiro, soa como em droga, advogado, advertir. Oclusivo linguodental sonoro momentâneo (admite-se também linguolabial). Supre nas composições com as vogais inexistentes em Katakana e quando outra consoante se interpõe entre este fonema e a vogal da mesma sílaba, ou quando a vogal a antecede. Substitui o fonema d do silábico Katakana di, quando necessária distinção entre as pronúncias di e não dji. T - Alfabeto Nipo-brasileiro, soa como em ativo (tx) fricativa, adjetivo (tch). Oclusivo linguopalatal surdo líquido fricativo (tx). Substitui o fonema t do silábico Katakana ti, quando necessária a distinção entre txi e não ti. D - Alfabeto Nipo-Brasileiro, soa como em digital, adido indício. Neoletria 397 Linguopalatal chiante sonoro momentâneo, em que a parte dianteira da língua encontra-se com o palato duro (aproxima-se da pronúncia de dj). Substitui o fonema d do silábico Katakana di, quando seja necessária a distinção entre as pronúncias dji e não di. N - Alfabeto Katakana, soa como em antes, contato, pronto, ponte. Nasal; pode ser linguopalatal, linguodental ou linguolabial; sonoro contínuo. Dá-se uma moderada oclusão seguinte à vogal na sílaba. Emprega-se quando outra consoante se interpõe entre esta e uma vogal e também quando é seguida de uma das vogais ã, é ou ó, õ. Esta consoante não é nasaladora das vogais, já que não é compulsório nasalar as vogais i, u e e, enquanto que a e o já são letras com versão nasalada. NH - Alfabeto NipoBrasileiro, soa como em apanha, pamonha, ninho. Nasal linguopalatal líquido sonoro contínuo. Enquanto o som flui pelo nariz, moderada oclusão se dá com o corpo da língua e o som se completa ao desobstruir a oclusão. Fonema inexistente em Katakana sendo, portanto empregado em todas as palavras 'brasileiras' ou estrangeiras compostas com este fonema. H Alfabeto NipoBrasileiro, fricativo velar surdo contínuo. Não soa normalmente para palavras em Português, contudo pode ser aplicada caracterizando Neoletria 398 sotaques regionalistas ou palavras estrangeiras, comtanto que tenha função sonora (consoante). Em algumas regiões do Brasil este fonema é representado por "R" como em "o homem do Nohte é fohte", sendo esta letra então pronunciada como aquele “sopro de boca aberta para aquecer as mãos” (r fraco francês), com suave contrição linguovelar. Não interage com s, c ou n para compor dígrafos como em Português. HH - Alfabeto NipoBrasileiro para determinados sotaques e para palavras estrangeiras. Soa como rr em algumas partes do Brasil. Fricativo velar sonoro contínuo. Fonema inexistente em Katakana, sendo, portanto, empregado em todas as palavras 'brasileiras' ou estrangeiras compostas com este fonema. P - Alfabeto Nipo-Brasileiro, soa como em primo, sopé, próprio, plano. Oclusivo bilabial surdo momentâneo. Supre nas composições com as vogais inexistentes em Katakana, e quando outra consoante se interpõe entre este fonema e a vogal da mesma sílaba, ou quando a vogal a antecede. B - Alfabeto Nipo-Brasileiro, soa como em abrigo, obtuso, abnegado, aberto, abandono, babosa, tubérculo. Oclusivo bilabial sonoro momentâneo. Supre nas composições com as vogais inexistentes em Katakana, e quando outra consoante se interpõe entre este fonema e a vogal da mesma sílaba, ou quando a vogal a antecede Neoletria 399 exceção das silábicas ya, yu, yo, contidas no Katakana. M Alfabeto NipoBrasileiro, soa como em berimbau, campo, ampola. Nasal bilabial sonoro contínuo. Seguinte à vogal na sílaba. Emprega-se quando outra consoante se interpõe entre esta e uma vogal e também quando é seguida de uma das vogais ã, é ou ó, õ. Esta consoante não é nasaladora das vogais, já que não é compulsório nasalar as vogais i, u e e, enquanto que a e o já são letras com versão nasalada. Y - Alfabeto Nipo-Brasileiro, soa como i breve ou semivogal. Ex: raiando, ensaiei, coiote. Esta semivogal ocorre onde cabe, em qualquer sílaba em que a vogal dominante é outra, com R - Alfabeto Nipo-Brasileiro, soa como em arma, carga, conforto, aperto. Linguopalatal contínuo surdo vibrante (trinado suave da ponta da língua, próximo aos dentes incisivos superiores). RR - Alfabeto NipoBrasileiro soa como em varrer, rir agarrar, rumo. Linguopalatal líquido oral sonoro constrito vibrante contínuo, trinado pela ponta da língua nos incisivos superiores. Fonema inexistente em Katakana, sendo empregado, portanto, em todas as combinações silábicas compostas com este fonema. Neoletria 400 Letra necessária neste alfabeto, devido a uma clara distinção entre r forte e r fraco (entre sonoro e surdo). W Alfabeto NipoBrasileiro, soa como u breve ou semivogal. Exemplos: Paulo, quando, sagui, unguento. Só não compõe com a e o, porque WA e WO já são sílabas do Katakana. F - Alfabeto Nipo-Brasileiro, soa como em frase, África, forte, firme, fácil, fama, esfera, fonte, fermento, cofre, fim, etc. Fricativo dentilabial surdo contínuo. Só não compõe com u, porque FU já é sílaba Katakana. V - Alfabeto Nipo-Brasileiro, soa como em ave, vapor, vento, proveta, vida, voto, volante, avante, vulnerável. Fricativo dentilabial sonoro contínuo. Fonema inexistente em Katakana, sendo, portanto, empregado em todas as palavras 'brasileiras' ou estrangeiras compostas com este fonema, combinando com qualquer vogal além de algumas consoantes. L - Alfabeto Nipo-Brasileiro, soa como em galpão, aluguel, quartel. Linguodental líquido sonoro brando contínuo. A língua obstrui o som na ponta, mas permite a passagem pelos lados. Fonema inexistente em Katakana sendo, portanto empregado em todas as Neoletria 401 palavras compostas com este fonema (não é o caso de falha, e outras com lh, fonema com caractere próprio). LH - Alfabeto NipoBrasileiro, soa como em milho, alho, filho, malha, orgulho. Linguopalatal constrito líquido sonoro chiante contínuo (parte posterior da língua solta o som pelos lados). Este fonema consoante é mais constrito do que o correSpondente de L.Fonema inexistente em Katakana, sendo, portanto, empregado em todas as palavras 'brasileiras' ou estrangeiras compostas com este fonema. Neoletria 402 MAPA SINÓTICO DOS UNIFONÊMICOS A à I U Ê É Ô Ó Õ K G S Z X J T D Tx Dj N Nh H Hh P B M Y R Rr W F V L Lh Neoletria 403 XXXV – OS CARACTERES SILÁBICOS Alfabeto silábico Katakana (apenas de fonemas compostos) figurando como parte do Alfabeto Nipo-Brasileiro. Pertencentes ao Katakana, mas excetuados deste capítulo estão os seis caracteres unifonêmicos: A, I, U, E, O, N, que se encontram no Capítulo XXXIV juntamente com o alfabeto complementar. DEFINIÇÃO FONÉTICA KA - Soa como em casa, abacaxi, carma, eucalipto. KI - Soa como em aqui, mosquito, Kioto, kit. GA - Soa como em galho, fuga, embargado, vogal. GUI - Soa como em seguir, guiar, enguia. Neoletria 404 G-U-I em que U não é pronunciado. Não confundir essa sílaba com güi (o trema distinguia u pronunciável), caso em que u seria como w. A presença de u nesta sílaba é necessária para não confundir com o fonema de j, como acontece em Português em gi. para impedir a confusão com a letra j, portanto aí não se emprega este caractere. Outros exemplos também fora de aplicação deste caractere silábico: nas palavras água, contíguo, igual, trégua, ambíguo, o fonema u funciona como w (u breve) que pede uma vogal seguinte na mesma sílaba. . KU - Soa como em recuar, cumeeira, curar, culatra, documento. Nas palavras quadro, quanto, taquara, quociente, tranquilo, frequente, o fonema u passa a ser a semivogal w, que não é caractere silábico. GU - Soa como em regular, gula, fagulha, orgulho. Nas palavras foguinho, fogueira, águia, burguês, português, guerra, o fonema u nem soa, funciona apenas KE - Soa como em aquele, querer, kepleriano, que (u não pronunciado). GUE - Soa como em foguete, fagueiro, sabugueiro. No caso da sílaba 'guei', o fonema i corresponde a semivogal y. O fonema u não é pronunciado. Esta sílaba não se confunde com güe, caso em que u seria como w. Em Neoletria 405 Português a presença de u nesta sílaba é necessária para não confundir g com j. KO - Soa como em coisa, acobertar, descomunal. Nos casos da sílaba coi, empregase a semivogal y pelo fonema i breve. GO - Soa como em governo, regozijo, agosto, vigor. SA - Soa como em saúde, ressalva, assado, caça. ZA - Soa como em camisa, pousar, brisa, terceirizar. SHI - Soa como em faxina, fuxico, elixir, chifre. JI - Soa como em agitação, cogitar, jibóia, jiló. SU - Soa como em açúcar, sumário, assumir. ZU - Soa como em azul, zunir, zulu, cazuza. SE - Soa como em serviço, francês, assessor, canseira, descer, ascender, adolescente. Neoletria 406 ZE - Soa como em fazer, azedo, azeitona, zebu. SO - Soa como em assobiar, aço, insolúvel, abraço. ZO - Soa como em tesouro, fuso, zoada, zoo, prazo. TA - Soa como em potável, taquara, ajustar, gravata. DA - Soa como em adaptar, guardar, indagar, dardo, estrada, moda. TI - Soa principalmente em dois modos: 1) oclusivo 'explosivo' linguodental surdo momentâneo (pela ponta da língua; 2) líquido fricativo (como se fosse o dígrafo tx) oclusivo linguopalatal surdo. No nordeste do Brasil e nos países de língua espanhola, o primeiro modo é geralmente o empregado, mas nas regiões Sul, Sudeste e CentroOeste do Brasil, predomina o segundo modo. Ex: título, atividade, prático, política, motivo, tio. No caso de ser necessário especificar entre o linguopalatal fricativo e o linguodental, escolhe-se o elemento adequado do Alfabeto NipoBrasileiro. DI - Soa principalmente em dois modos: 1) oclusivo linguodental sonoro momentâneo, podendo também ser Neoletria 407 linguolabial - a ponta da língua solta-se em estampido; 2) oclusivo linguopalatal constrito fricativo sonoro, soa como o dígrafo dj, é chiante, a parte dianteira da língua trabalha com o palato duro, próximo aos dentes incisivos superiores. No Nordeste Brasileiro, o primeiro modo é o mais empregado, enquanto nas regiões Sul e Sudeste, a predominância é o segundo modo. Ex: aditivo, código, edifício. No caso de ser necessário especificar entre o linguodental e o linguopalatal fricativo, escolhe-se o elemento adequado do Alfabeto Nipo-Brasileiro. TSU - Sílaba tipicamente nipônica. Ex: tsukemono. DU - Soa como em produto, dedução, indulto, reduto. TE - Soa como em telegrama, matemática, intento, detetive, proteção. DE - Soa como em defesa, cadeira, modelo, dever. TO - Soa como em tomate, ator, destoar, construtor. DO - Soa como em domínio, doce, amador, perdoar. Neoletria 408 NA - Soa como em navio, canal, vinagre, carnaval. NI - Soa como em nanico, início, monotonia, nicho. NU - Soa como em canudo, número, genuíno. Não nasalar o fonema u nas leituras deste alfabeto. HÁ - Pronúncia inexistente na linguagem-padrão do Brasil. Esta sílaba não deve ser confundida com há, a terceira pessoa no presente do indicativo do verbo haver, cuja letra h não é pronunciada como é aqui. BA - Soa como em batata, abacaxi, bêbado, baque. PA - Soa como em papo, compadre, tropa, patrulha. NE - Soa como em planeta, necessário, peneira, caneta. NO - Soa como em novo, notícia, canoa, renovar. HI - Pronúncia inexistente na linguagem padrão do Brasil. Diferentemente do Português, o fonema h desta sílaba tem som. Neoletria 409 BI - Soa como em bitola, hábil, fobia, arbítrio. PI - Soa como em pia, empirismo, empilhar, pimenta. FU - Soa como em fumaça, defumar, furto, parafuso, confusão. BU - Soa como em fábula, burburinho, bambu. HE - Pronúncia inexistente na linguagem padrão do Brasil. O fonema h soa nesta sílaba. BE - Soa como em abelha, sabedoria, beijo, abertura. PE - Soa como em super, aperto, peito, pelo. HO - Pronúncia inexistente na linguagem padrão do Brasil. O fonema h soa nesta sílaba. PU - Soa como em público, puro, purpúreo, depurar, imputável. Neoletria 410 BO - Soa como em borboleta, labor, carbono, boné. ME - Soa como em camelo, medo, comer, ameixa. PO - Soa como em política, compor, imposto. MO - Soa como em modesto, primor, motivo, prumo. MA - Soa como em matutino, pomar, maior, alma. MI - Soa como em mínimo, caminho, promiscuidade. MU - Soa como em mudo, promulgar, camuflar, mudança. YA - Soa como em praia, caiado, cobaia, tipóia. Aplica-se essa sílaba quando o fonema y ou i é semivogal, pronunciado rapidamente. YU - Soa como em tuiuiú, iurará, iurumi, cuiú-cuiú. A parte de y desta sílaba é como i, uma semivogal, pronunciada rapidamente, carregando tonicidade maior em u. A ocorrência dessa sílaba é rara em Português. Neoletria 411 YO - Soa como em io-iô, apoio, comboio, arroio. A parte de y desta sílaba é como i, uma semivogal, pronunciada rapidamente, carregando mais tonicidade em o da mesma sílaba. RA - Soa como em morar, prático, agora, pêra, será. Nessa sílaba o fonema r é trinado fraco (surdo). RI - Soa como em sucuri, pueril, caridade, acrílico. Nessa sílaba o fonema r é trinado fraco. RU - Soa como em caruru, peru, erudição. Nessa sílaba o fonema r é trinado fraco. RE - Soa como em parede, preta, retreta, surpresa. Nessa sílaba o fonema r é trinado fraco. RO - Soa como em poroso, propósito, verossímil (rô). Nessa sílaba o fonema r é trinado fraco. WA - Soa como em língua, água, cacaual, Mauá. A letra w não fazia parte do alfabeto português. Contudo o fonema correspondente é u semivogal. WO - Soa como em oblíquo, fatíloquo, fátuo. Neoletria 412 Obs: as sílabas já, ju, jô em Japonês são carregadas como jiya, jiyu, jiyo. MAPA SINÓTICO DOS SILÁBICOS KATAKANA KA GA KI GUI KU GU KE GUE KO GO SA ZA SHI JI SU ZU SE ZE SO ZO TA DA TXI DJI TSU DU TE DE TO DO NA NI NU NE NO HA Neoletria 413 BA PA HI BI PI FU BU PU HE BE PE HO BO PO MA MI MU ME MO YA YU YO RA RI RU RE RO WA WO Neoletria 414 Neoletria 415 A cada palavra, a cada signo, a cada significado, “Neoletria” desvenda uma estrada ainda a ser palmilhada. Merlinton pode até não ser compreendido, hoje, nesta obra, mas o futuro dirá, com certeza, se ele está certo em suas conjecturas. Merlinton está certíssimo assim como Galileu Galilei. Tal como Leonardo Da Vinci, nosso vate vaticina mistérios assim como o sorriso da Monalisa. José Pereira Lins Academia Douradense de Letras Neoletria 416 Versão do Livro “Neoletria” digitalizada por: Neoletria 417