vivencias e estágios na realidade do sistema único de saúde
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vivencias e estágios na realidade do sistema único de saúde
VIVENCIAS E ESTÁGIOS NA REALIDADE DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE VER-SUS SÃO JOSÉ DE RIBAMAR 2016.1 RELATÓRIO DE ATIVIDADES DIÁRIAS MESSIAS LEMOS 1. ATIVIDADES REALIZADAS 13/02/2016 (SÁBADO) HORÁRIO MANHÃ ATIVIDADE REALIZADA Ocorreu o encontro dos viventes e facilitadores na praça Maria Aragão, nesse primeiro momento todos se apresentaram (nome, curso/instituição e cidade) e expuseram as suas expectativas para o período de vivência; contamos com a presença da secretária adjunta de saúde do município de São José de Ribamar que apresentou informações sobre o município e a rede de saúde. Percebia-se na impressões faciais de todos os que estavam presentes, principalmente aqueles que ainda não haviam participado de outras edições do projeto, uma mistura de curiosidade, medo e ansiedade, todos esses sentimentos também faziam parte de mim, perguntas como: Será que vai dar tudo certo? O que realmente eu vou encontrar quando chegar o momento das vistas? Como será a interação de tantas pessoas completamente diferentes? Esses questionamentos só aumentavam as minhas expectativas para a vivência. Quando cheguei ao local de encontro, percebi que pequenos grupos já estavam formados, fiquei recioso em estabelecer uma comunicação direta, mas deixei a ansiedade de lado, me apresentei e os demais apresentaram-se também, apartir desse momento pude ver o quanto eram diferentes as realidades de cada indivíduos e o quanto eram diversificadas as áreas de formação, tive uma breve noção do quanto seria enriquecedora a vivência . Partida para o hotel. Saída para o almoço. TARDE Passeio pela cidade de São José de Ribamar. Roda de conversa com todo o grupo de viventes e facilitadores, nesse momento os participantes que residem fora do Maranhão e os que não conheciam o município, puderam falar sobre suas impressões sobre o estado e sobre as cidades de São Luis e São Jose de Ribamar. Iniciamos uma discussão sobre como são formuladas as Políticas Públicas para a saúde e as implicações sobre a efetividade dos programas de saúde e ao acesso da população aos mesmos. Todos os viventes participaram da discussão, surgiram questionamentos sobre a necessidade de formulação de novas políticas ou de simplesmente colocar em prática as já existentes. Compreendo que a formulação do SUS buscou atender ou contemplar os diversos segmentos da sociedade, apesar de ser um sistema com pouco mais de duas décadas, são visíveis os avanços para a busca de uma assistência de qualidade, daí a importância da formulação e reformulação de políticas voltadas para populações ou grupos específicos que precisam de um olhar diferenciado do Sistema e dos profissionais nele inseridos. Saída da cidade para o local do jantar. NOITE Exposição do Pacto de Vivência com todos os participantes. Foi feita a divisão do Núcleo de Base (NBs) e a distribuição dos facilitadores, também foi feito sorteios referentes às atividades a serem realizadas por cada Núcleo durante todos os dias de vivência; cada NB teve um momento para a construção da sua identidade, sendo elaborado o nome e o símbolo da equipe, após as identidades foram apresentadas às demais equipes, esse momento também possibilitou a integração entre os viventes. O meu NB se intitulou UNI-SUS, representado a necessidade da interação entre as diversas classes que compõem o Sistema Único de Saúde bem como, a importância do trabalho em grupo de forma interdisciplinar. Realização de uma dinâmica que demonstrou a necessidade de confiança e interação com o próximo, além da reflexão sobre os o retorno das ações realizadas. O ponto marcante dessa dinâmica foi quando de forma inesperada, o condutor beijou o rosto da pessoa ao lado e pediu para que a mesma beijasse o outro e assim se iniciasse uma corente, houve estranheza, receio ou medo não sei ao certo, mas as pessoas acabaram por se entregar à brincadeira e despir-se de preconceitos em relação a gênero ou sexo, a meu ver, foi um momento de desconstrução. 14/02/2016 Domingo Manhã Após o café, todos os NBs assistiram a um documentário sobre a história da formação do SUS, o documentário mostra como os serviços de saúde no Brasil foram formulados, financiados e implantados ao longo dos anos, o que ficou mais expressivo, foi o fato de o poder público nunca ter dado a verdadeira importância para a questão de saúde no país financiando grandes e tecnológicos hospitais particulares que possuíam como base para a assistência o modelo curativista, porém mesmo financiados com os recursos da Previdência Social, o acesso à saúde não era universal, pois somente a população contribuinte poderia ter acesso aos serviços, deixando assim a maior parcela da sociedade sem atendimento a saúde. Assim o documentário menciona toda a estruturação cronológica da saúde no Brasil até culminar na implantação do Sistema Único de Saúde. Roda de conversa: Nesse momento, que foi realizado no saguão do hotel, todos os participantes expuseram as suas opiniões acerca da formulação do SUS, sobre os impactos financeiros, políticos e ideológicos de se oferecer um sistema de Saúde tão abrangente, porém gratuito para a sociedade brasileira. Após a plenária, foi realizado o café cultural, que foi uma oficina, onde cada NB recebeu uma causa para defender perante a “sociedade” (os demais NBs) e representantes das esferas governamentais (o NB responsável pela oficina), somente uma causa seria aceita e posta em prática, cada grupo baseou suas defesas em argumentos científicos e culturais buscando a melhor justificativa para a aceitação de sua proposta, fazendo alianças com outros grupos ou até iniciando conflitos de interesses. O objetivo foi demonstrar como as políticas surgem a partir da inquietação de um grupo da sociedade perante um problema que interfere nas condições sociais e de saúde de determinada população ou grupo, bem como a necessidade da articulação entre a sociedade com os demais setores que formulam as políticas de saúde. Tarde Após o almoço todos os participantes foram para a área externa do hotel onde foi realizada a dinâmica de roda para reforçar a interação entre os viventes. Também foram sorteados os nomes do anjo. Assistimos outro documentário, dessa vez a temática era o uso de agrotóxico e pesticidas e os efeitos sobre a saúde da população consumidora e produtora de alimentos, além dos riscos de contaminação ambiental, dos animais e pessoas que residem próximas às plantações. Roda de conversa: Aqui os viventes expuseram as suas opiniões sobre a produção dos alimentos no que se refere ao uso sustentáveis da terra e dos recursos naturais, nesse momento os acadêmicos de nutrição que estavam presente contribuíram de forma excelente, nos expondo ideias de como fazer dos alimentos uma fonte de saúde, também demonstraram suas inquietações sobre como oferecer uma assistência nutricional resolutiva se a grande maioria dos alimentos são produzidos com o auxilio de substâncias nocivas à saúde algumas até proibido o uso e comercialização em países desenvolvidos devido ao elevado risco para a saúde das pessoas e do meio ambiente. Noite Dinâmica dos balões: Cada participante ficou responsável por um balão, todos começaram a joga-los para cima sem deixar cair, o orador do grupo organizador da dinâmica começou a pedir que alguns viventes saíssem gradativamente e os demais teriam que tomar conta dos balões que ficavam suspensos, assim decorreu até que sobrasse alguns alunos de enfermagem e apenas um de medicina, e os mesmos não foram suficientes para manter todos os balões suspensos, o objetivo foi demonstrar as dificuldades de trabalhar em equipe com redução ou falta de profissionais o que acaba impedindo os profissionais de desenvolverem suas funções de forma eficiente devido a grande demanda que a saúde publica apresenta. Todos os participantes compreenderam os objetivos e também puderam fazer reflexões acerca da necessidade de manter uma equipe multiprofissional trabalhando a interdisciplinaridade e o respeito pelas demais profissões. O melhor lugar do mundo é dentro de um abraço... 15/02/2016 (SEGUNDA FEIRA) HORÁRIO MANHÃ ATIVIDADE REALIZADA Visita ao principal hospital de Urgência e Emergência do município, que atende em média 150 pacientes por dia. Fomos recebidos por uma enfermeira concursada da Secretaria Municipal de Saúde, que nos prestou todas as informações sobre a unidade e os serviços oferecidos. A unidade é administrada por uma empresa terceirizada, apresenta atendimento de diversas especialidades médicas e também uma especialidade odontológica (bucomaxilofacial), o centro cirúrgico realiza apenas procedimentos eletivos, no hospital também são realizados exames laboratoriais e radiografia de emergência o número de profissionais da enfermagem parece ser o suficiente para atender à demanda, a sala de emergência é pequena e sem uma boa ventilação, os casos graves, são transferidos para o hospital Socorrão II no município de São Luis. Mesmo sendo de atenção secundária a unidade ainda presta alguns serviços ambulatoriais, devido a população visinha insistir em procurar os serviços básicos na instituição. A meu ver, a profissional que nos recebeu na unidade, ver com bons olhos a terceirização dos serviços de saúde do hospital sendo justificada pelo fato de ela enfatizar que depois da terceirização, não enfrentou mais dificuldades como falta de insumos e equipamentos, além da adequação da estrutura física do prédio, quando a questionei sobre qual a percepção dela sobre o fato de que todas essas facilidades apontadas por ela poderiam ser provenientes da administração publica sem a necessidade de outra empresa, ela relatou que acompanhou os dois momentos da gestão da unidade, e que quando a gestão era direta da secretaria de saúde os equipamentos e a estrutura eram sempre de péssima qualidade, além de sofrerem com a falta de profissionais por isso defendia a terceirização. Visita a Maternidade Municipal: A maternidade encontra-se anexa ao hospital e também é administrada pela mesma empresa de serviços hospitalares do hospital, fomos recebidos por outra enfermeira que trabalha há 5 anos na maternidade, alguns setores estavam em reforma e os demais recém reformados, a unidade é adepta à Política Nacional do Parto Humanizado, porém ainda encontra algumas dificuldades na implantação efetiva da política como a adequação das salas de parto com banheiras e também das parturientes em receberem acompanhantes do sexo masculino, visto não haver divisões entre os leitos, a unidade apresenta-se bem equipada, com um quadro de profissionais bem estruturado para a realização dos partos normais ou cesáreas, questionei a enfermeira sobre a baixa ocupação dos leitos, ela justificou que, devido a unidade passar por reforma, a comunidade não tem certeza da efetividade nos atendimentos, portanto opta por outros locais em sua maioria na cidade de São Luis. Os profissionais mostraram-se muito solícitos para conosco e também, comprometidos com o trabalho na unidade independente de serem concursados pela secretaria de saúde ou contratados pela terceirizada, porém surgiu um determinado desconforto quando surgiram questões referentes à remuneração dos profissionais, pois há uma diferença considerável entre as remunerações da terceirizada e a do setor público. TARDE Fomos conhecer a “Carreta da Mulher” da Secretaria de Estado de Assistência social, trata-se de uma comitiva itinerante que leva serviços de cidadania e saúde para mulheres de diversos bairros e municípios, os serviços oferecidos são especificamente os de educação para o combate à violência domestica contra a mulher, alem de serviços de coleta para exame preventivo de câncer do colo uterino e também mamografia, fomos recebidos por uma representante do projeto que era funcionária da Secretaria Estadual de Assistência social, ela nos explicou a preocupação da Secretaria com os índices de violência doméstica no estado e como o projeto tem contribuído para o esclarecimento das mulheres principalmente com menor poder aquisitivo sobre os seus diretos de liberdade e domínio do corpo, além de levar o mamógrafo para cidades que não possuem esse serviço de saúde. A iniciativa da Secretaria é louvável, pois sabemos que a sociedade maranhense ainda sofre uma carência histórica de acesso a exames de alta complexidade e também de conhecimentos cidadãs, no entanto uma frase dita pela representante me chamou a atenção “A carreta não sai de forma alguma para qualquer cidade sem antes firmar um acordo com o governo do estado”, questionei me nesse momento sobre as relações de interesse possivelmente existentes ao se oferecer serviços dessa natureza, seria ético privar determinadas cidades de um serviço que é financiado pelo orçamento do estado, pela simples falta de acordos políticos? Não levar em consideração a real situação a que está exposta essas comunidades? Enfim, situações como essas parecem ser mais comuns do que pensamos quando visualizamos os serviços públicos. Antes do jantar, nos reunimos em um espaço no Shopping onde discutimos as visitas realizadas durante o dia, expomos nossas visões sobre os serviços e profissionais, o principal ponto discutido foi o conformismos dos profissionais com a terceirização dos serviços, sendo que esse processo acaba por consumir uma grande quantidade de recursos públicos, dificulta o processo de transparência nos gastos e acima de tudo desvaloriza o profissional contratato que no mais das vezes, recebe valores bem menores que profissionais concursados mesmo executando os mesmos serviços. NOITE Assistimos a um documentário que abordava sobre a privatização dos serviços de saúde e as consequências sobre a qualidade dos serviços oferecidos. Foi realizada a mística dos cortes, recebemos alguns pedaços de papel onde escrevemos coisas que eram importantes nas nossas vidas, no desenvolver da mística foi nos retirados alguns papeis sem que pudéssemos optar, simbolicamente representando as perdas que acontecem de forma inesperada, essa dinâmica acabou por nos envolver emocionalmente de forma muito forte, muitas pessoas choraram por terem “perdido” aquilo que lhes era importante. Também fizemos a abertura da caixa de afecções. 16/02/2016 (TERÇA FEIRA) HORÁRIO MANHÃ ATIVIDADE REALIZADA Visita ao Centro de Referencia em Assistência Social (CRAS). Não foi possível a visita a esse dispositivo devido a não autorização da nossa entrada pela Secretaria Municipal de Assistência Social, foi alegado pela diretora da instituição que a nossa visita não havia sido formalizada pela Secretaria Municipal de Saúde. A meu ver esse episódio, contribuiu de forma muito positiva na minha vivência, pois demonstrou como torna-se difícil trabalhar o conceito de saúde na sua forma ampliada se não houver uma comunicação efetiva entre os vários dispositivos, com cada secretaria focada em suas atribuições específicas sem corroborar com as demais; trazendo para a prática nos serviços de saúde essa também é uma realidade recorrente entre as equipes onde a interdisciplinaridade não é trabalhada. TARDE Palestra com representante do Hemomar (Centro de Hematologia e Hemoterapia do Maranhão) localizado na cidade de São Luis; o órgão é vinculado e fiscalizado pela ANVISA, até o ano de 2015 o órgão era administrado pela iniciativa pública, agora, encontrase sobre a administração de uma empresa terceirizada, fomos recebido pelo diretor médico do centro que nos apresentou o funcionamento administrativo e dos serviços prestado pelo órgão. Também foi explicado o fluxo da doação de sangue e medula óssea, como todos os cuidados desde uma triagem miniciosa, qualidade do material biológico doado e também armazenagem e distribuição dos hemoderivados em todo o estado. NOITE Palestra sobre as redes de atenção à Saúde, foram apresentadas as políticas em vigor pelo Ministério da Saúde, com enfoque na Rede de Atenção a Doenças Crônicas não Transmissíveis e a Rede de Atenção à Pessoa com Deficiência, que eu particularmente não conhecia, portanto a palestra foi de grande valia, pois agregou mais informações sobre as atuações do SUS a determinados grupos que necessitam de atendimentos especializados. Após a palestra, foi realizada a mística da rosa que teve o intuito de estimular-nos a refletir sobre as transformações que sofremos no decorrer da vida, e que dependendo de como enfrentamos as circunstancias podemos ser transformados de diferentes formas. 17/02/2016 (QUARTA FEIRA) HORÁRIO MANHÃ ATIVIDADE REALIZADA Visita à uma Unidade Básica de Saúde Antonio Balbino, onde pudemos compreender o funcionamento da Estratégia Saúde da Família, dos programas em desenvolvimento na unidades e sobre o NASF (Núcleo de Apoio à Saúde da Família). Fomos recebidos primeiramente pela diretora da unidade, que é enfermeira, ela explicou o funcionamento na prestação dos serviços como os dias de marcação de consultas, quais os profissionais existiam no quadro de pessoal da unidade, além de falar sobre os bairros que eram atendidos pela UBS, de acordo com a diretora, apenas 60% da área de abrangência da UBS está coberta pelo ESF e pelos agentes de saúde isso devido a grande demanda de famílias para a quantidade de profissionais em exercício, compreendo que essa não seja uma realidade somente do município, mas do Sistema como um todo, pois a população cresce em números de forma muito rápida, enquanto a realização de concursos ou seletivos terem grandes intervalos de tempo e no mais das vezes acabam por não suprir a real necessidade de mão de obra qualificada para a saúde. Após a conversa com a diretora, nos reunimos com duas funcionárias do NASF, uma terapeuta ocupacional e uma assistente social, elas nos deram um breve histórico sobre o NASF da unidade e também, falaram sobre as suas atribuições, quando as questionei sobre qual seria a principal dificuldade encontradas por elas ao tentarem implementar ações de saúde na área de abrangência do Núcleo, a resposta de falta de apoio por parte da Secretaria de Saúde foi automática e unanime, refleti sobre os impactos que esse entrave causa na condição de saúde da população, pois, se não há uma pactuação mútua entre a gestão e os profissionais que prestam a assistência direta, acaba por ocorrer a fragmentação ou fragilização do cuidado, algo que distorce do esperado na atenção básica que é a resolução da maior parcela dos problemas ou possíveis agravos à saúde. No entanto percebia-se nos discursos de ambas o engajamento na causa de oferecer serviços de saúde com qualidade, baseados no apoderamento do indivíduo como protagonista no processo de cura e reabilitação. TARDE Visita ao CEO (Centro de Especialidades Odontológicas), fomos recebidos por uma técnica em próteses, que nos falou sobre os serviços oferecidos e os serviços oferecidos, observamos a estrutura física, conhecemos um dos profissionais dentistas e uma sala de procedimentos. O CEO desempenha um papel de grande relevância para a população do município, oferecendo serviços de qualidade e de forma gratuita, pude observar pela falas dos pacientes e dos profissionais a satisfação em ter acesso a serviços de saúde bucal, visto que, historicamente, a carência por serviços odontológicos na sociedade maranhense tem perdurado, seja pela negligencia do setor público ou pela falta de recursos da população. NOITE Assistimos a uma palestra sobre transplantes de órgãos, ministrada por duas enfermeiras do Hospital Universitário Presidente Dutra que é a referencia em transplante no estado, as profissionais explicaram como funciona o serviço de transplante no Brasil e no HU, durante a palestra foi abordado como é feita a captação dos órgãos doados juntamente como é estruturada a Rede de Transplante, todas essas informações foram abordadas com muita propriedade o que reflete a formação e a constante capacitação dos profissionais do setor. Percebi nas falas das enfermeiras, que o ponto mais importante quando se fala de doação e transplante de órgãos, é a necessidade de educação e conscientização da população, que pelo simples desconhecimento deixa de salvar vidas que precisam da solidariedade de pessoas que elas não conhecem. Após a palestra, o meu NB foi o responsável pela realização da mística, para tanto, pedimos que cada NB ficasse junto e então entregamos um objeto para que fosse passado pelas mãos do integrantes a termino da música quem ficasse com o objeto teria que resolver um problema aparentemente sem solução, os integrantes dos grupos ficaram com muito medo de que fossem os escolhidos pra tentar resolver um problema quase impossível, as pessoas selecionada, não conseguiram resolver os problemas de forma eficiente ou nem sequer tiveram ideia do que fazer, o objetivo da mística foi demonstrar que as vezes, recebemos demandas em nossas mãos, mas o medo de encarar as consequências nos faz “empurrar” para os outros a responsabilidade total de um problema que teve a contribuição de todos. 18/02/2016 (QUINTA FEIRA) HORÁRIO MANHÃ ATIVIDADE REALIZADA Fomos visitar a Secretaria Municipal de Saúde de São José de Ribamar, fomos divididos em pequenos grupos e enviados para os setores. O primeiro setor visitado foi o de Saúde da Família e Saúde Bucal, a ESF possui 35 equipes, 25 Unidades Básicas, 2 postos de saúde, e dois centros de saúde, os serviços da atenção básica cobrem 75% da população do município. Todos esses dados foram relatados pela coordenadora do programa, que mostrou-se muito solicita, respondendo aos questionamentos. O Programa de Saúde Bucal, conta com 33 equipes, 5 consultórios móveis e 1 Centro de Especialidades Odontológicas (CEO). Ambas as estratégias parecem trabalhar em conjunto, principalmente no que se refere à prevenção de agravos e promoção da saúde, questionei as coordenadoras sobre o planejamento para alcançar um maior numero de famílias com os programas, eles responderam ao grupo, que no momento estavam fazendo o cadastramento das famílias ainda não atendidas pelos programas de saúde, para posteriormente avaliar de acordo com os recursos, a possibilidade da criação de novas equipes de saúde da família e de saúde bucal. Também conhecemos a Vigilância Sanitária, a principal função é a fiscalização de bares e restaurante devido o município ser um polo turístico há uma grande quantidade desses estabelecimentos, porém também há fiscalização em órgãos públicos e privados e empresas de produção de alimentos e produtos químicos. Fiquei surpreso ao saber do projeto Educanvisa, que é realizado nas escolas da rede municipal e estadual onde são levados assuntos como segurança alimentar e prevenção de acidentes com produtos químicos. No município, não há tratamento de esgoto mesmo com a existência de duas estações de tratamento que encontram-se desativadas, apenas o abastecimento de água do município é fiscalizado, e também não existem planejamentos para proteção dor ar e do solo. Na Vigilância Ambiental, mesmo sendo um município litoral, percebi que as ações e serviços ainda são realizados de forma muito tímida, não sei se por falta de recurso ou pela questão cultural que temos em relação ao cuidado com o meio ambiente. Por ultimo fomos conhecer o setor de Endemias, lá foi nos repassados que o município é endêmico para Malária e Leishmaniose; hiperendêmico para Hanseníase e prioritário para Dengue, Febre Chikungunya, Zika Vírus e Raiva. O município é o único do estado do Maranhão com a qualificação de Agentes Comunitários de Educação em Saúde, esses agentes visitam os domicílios e/ou comunidades para fornecer informações sobre as endemias focalizando na promoção e proteção da saúde. A rede de saúde do município me pareceu bem estruturada com serviços bem diversificados e com uma busca constante pela qualidade, é notável que ainda existem alguns empecilhos para se ter uma rede de saúde articulada e resolutiva em todos os níveis, compreendo que o município possui uma população grande e bem diversificada, no entanto, percebi por parte dos profissionais com os quais tive contato, um engajamento e comprometimento muito forte com a saúde da população assistida em seus respectivos locais de trabalho. TARDE Ao voltarmos para o hotel assistimos a um documentário que fazia uma comparação entre os diversos sistemas de saúde pelo mundo, fizemos uma discussão previa sobre o documentário. NOITE Fizemos a discussão sobre as visitas e palestras do dia anterior, nesse momento expomos nossas opiniões sobre o funcionamento da rede de saúde municipal, bem como os principais problemas encontrados nas visitas. Também discutimos o documentário assistido à tarde, alguns participantes que já moraram no exterior, relataram as suas experiências com os sistemas de saúde, no mais, experiências desagradáveis e caras, o que só corrobora com a minha visão da importância que o SUS tem para o povo brasileiro por oferecer serviços de forma igualitária e acima de tudo gratuitos. Devido a rotina da vivência ser extremamente cansativa o NB responsável pela mística idealizou um momento de relaxamento, onde nos dividimos em duplas e fizemos massagem facial um nos outros, foi um momento de profunda entrega e reflexão, todos permitiram-se experimentar esse momento. 19/02/2016 (SEXTA FEIRA) HORÁRIO ATIVIDADE REALIZADA MANHÃ Participamos do 1º Seminário do dia mundial das doenças raras, onde foram abordados temas como a judicialização da saúde, assistência médica e farmacêutica a portadores de doenças raras e também como ocorre o diagnóstico e tratamento dessas patologias no SUS. TARDE Fizemos uma oficina sobre a população LGBT onde foram abordados temas como violência, diferença entre sexo/gênero, preconceito e descriminação nos serviços de saúde, além de discutirmos a educação como forma principal de combate ao preconceito. NOITE A programação da noite foi uma palestra com a professora------------, que tinha como tema: Os serviços de saúde do município de São Luis. Em sua palestra foram abordados temas como: ESF, NASF, Redes de atenção, entre outros. Após o termino da palestra a professora propôs algumas dinâmicas reforçando a necessidade do trabalho em equipe na resolução dos problemas que ainda persistem no SUS. 20/02/2016 (SÁBADO) HORÁRIO ATIVIDADE REALIZADA MANHÃ A manhã iniciou-se com uma palestra sobre o Zika Vírus e sua relação com a microcefalia. Discussão sobre machismo/feminismo na sociedade atual, os participantes expuseram suas opiniões sobre como esses conceitos interferem na assistência à saúde e também como a sociedade porta-se em relação aos direitos sociais, políticos e reprodutivos de homens e mulheres. Também, fizemos uma oficina sobre comunidades negras quilombolas onde cada NB desenvolveu uma atividade que tivesse relação à cultura, às crenças, ao direito a terra e à saúde da população negra, nessa atividade foram trazidas portarias, políticas e informações sobre órgãos de defesa das comunidades afrodescendentes, que eram desconhecidas pela grande maioria dos viventes. Todos os participantes tiveram um aproveitamento das informações que nos foram trazidas. excelente TARDE Tivemos a tarde livre de atividades para que pudéssemos descansar e arrumarmos as nossas malas. NOITE Construção da bandeira que representa a edição do VER-SUS São José de Ribamar 2016.1 por todos os participantes do programa. Após a construção da bandeira, foi feita a distribuição dos presentes entre anjos e protegidos, foi um momento permeado de alegrias e sentimentos, era nítido a profunda interação entre os viventes e já era perceptível o clima de despedida e tristeza por está próximo o dia do termino da vivência. 21/02/2016 (DOMINGO) Esse foi o ultimo dia da vivência, depois do café, fomos para uma área do hotel onde cada vivente e facilitador bem como a comissão organizadora relataram um pouco das experiências vividas nesse período, suas frustrações, alegrias, momentos memoráveis enfim, fizemos um resumo dessa experiência ímpar que foi o VER-SUS São José de Ribamar, em determinado momento, as emoções afloraram e a alegria e o prazer de participar de um projeto tão fantástico como esse foi expressa em lágrimas, beijos e abraços. CONSIDERAÇÕES FINAIS Quando ouvir falar a primeira vez do VER-SUS, não tive a menor noção da magnitude e importância desse projeto, nunca pensei que seria possível reunir uma quantidade e variedade tão grande de estudantes com um mesmo propósito que é o fortalecimento do SUS. No VER-SUS São José de Ribamar 2016.1, conheci pessoas maravilhosas, fiz amigos e irmãos para toda a vida, vivi momentos que ficarão para sempre na memória, posso afirmar sem qualquer sombra de dúvida, que essa foi uma das maiores experiências acadêmica e pessoal que já tive. Não poderia deixar de agradecer, ao meu facilitador Francisco Eduardo ramos que acabou por tornar-se meu irmão caçula, e em especial à Comissão Organizadora, nas pessoas de Edith Mendonça e Jaíza Penha pela paciência e dedicação para que essa vivência pudesse ser o sucesso que foi. Simplesmente espetacular. Eu vejo um novo começo de era de gente fina, elegante e sincera com habilidade, pra dizer mais sim do que não... Hoje o tempo voa, amor Escorre pelas mãos, mesmo sem se sentir Não há tempo que volte, amor Vamos viver tudo que há pra viver Vamos nos permitir..