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2ª Conferência da REDE de Língua Portuguesa de Avaliação de Impactos 1° Congresso Brasileiro de Avaliação de Impacto cccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccc Associação Brasileira de Avaliação de Impacto Aspectos metodológicos da avaliação de impactos ambiental por meio de serviços ecossistêmicos Methodological issues in conducting ecosystem services review for impact assessment ROSA1, J.C.S.; SÁNCHEZ2, L. E. RESUMO Serviços ecossistêmicos são benefícios que a humanidade absorve dos ecossistemas, conceito que teve difusão no meio acadêmico e empresarial a partir da Avaliação Ecológica do Milênio, como oportunidade de harmonizar interesses econômicos e ambientais. Esses serviços são classificados em quatro categorias, reguladores, fornecedores, culturais e de suporte. A degradação ambiental causada por novos projetos de engenharia pode comprometer a integridade ecológica dos ecossistemas e coloca em risco a manutenção dos serviços, afetando a qualidade de vida da população. O conceito de serviços ecossistêmicos pode ser empregado na avaliação de impacto ambiental, uma intervenção planejada, de acordo com diretrizes oriundas dos esforços de implementação da Convenção da Diversidade Biológica. Para testar a aplicabilidade deste conceito, está em andamento uma pesquisa que objetiva reexaminar o projeto de uma mina de ferro, licenciada por métodos convencionais de avaliação de impacto ambiental e atualmente em processo de instalação na Serra do Espinhaço, Minas Gerais, um território com ecossistemas vulneráveis. A base metodológica empregada é o procedimento de Análise de Serviços Ecossistêmicos para Avaliação de Impacto. Esse procedimento considera as variáveis socioeconômicas e ambientais do território, objetiva alcançar o melhor desempenho do projeto e a qualidade de vida da população, por meio da conservação dos serviços mais relevantes do território. Os resultados preliminares da pesquisa demonstram que os dados necessários para reexaminar o projeto são diferentes dos dados normalmente apresentados em Estudos de Impacto Ambiental – EIA, que no caso em estudo há também dificuldades em estabelecer uma classificação dos ecossistemas afetados. Por outro lado, há impactos descritos no EIA que parece não estar relacionados com as modificações nos ecossistemas e dificilmente poderiam ser identificados com abordagem dos serviços ecossistêmicos. Palavras-Chave: biodiversidade; qualidade de vida; mineração. ABSTRACT Ecosystem services are benefits that humans obtain from ecosystems, a concept that, after the Millennium Ecosystems Assessment, is being advanced both in academic and industrial contexts as an opportunity of conciliating economic development and environmental protection interests. These services are classified in four categories; regulating, provisioning, cultural and supporting services. Ecosystem degradation 1 Bióloga, Mestranda do Programa de Pós-graduação em Engenharia Mineral – Universidade de São Paulo. [email protected] 2 Professor Titular da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. Este trabalho foi recebido pela Comissão Cientifica e pertence aos anais do Congresso. O conteúdo do trabalho é de inteira responsabilidade do autor. 2ª Conferência da REDE de Língua Portuguesa de Avaliação de Impactos 1° Congresso Brasileiro de Avaliação de Impacto cccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccc Associação Brasileira de Avaliação de Impacto directly caused or indirectly induced by resource development projects may compromise the ecosystems ecological integrity and puts in risk the maintenance of their services, thus affecting human well-being. The concept of ecosystem services can be used in the assessment of environmental impacts of planned interventions, according with guidance for implementation of recommendations from the Convention on Biological Diversity. In order to test the applicability of this concept, a research in progress aims at reviewing the project of an iron mine, licensed by conventional methods of environmental impact assessment and currently in process of installation at Serra do Espinhaço, Minas Gerais, a territory featuring vulnerable ecosystems. The methodological basis adopted is the “Ecosystem Service Review for Assessment Impact” method, launched on November 2011. This method takes on account social, economic and environmental conditions of the region and aims at enhancing performance of the project and human well-being through conservation of the most relevant territory services. The preliminary results show that data needs for performing such a review are different from those usually featured in an Environmental Impact Study – EIS, which, for the case reviewed, included difficulties in classifying the affected ecosystems. On the other hand, a number of impacts described in the EIS seem not to be related to ecosystem modifications and could hardly be identified by adopting this ecosystem service approach. Keyword: Biodiversity; human well-being; mining INTRODUÇÃO A capacidade dos ecossistemas de fornecer benefícios e produtos que satisfaçam as necessidades humanas - de forma direta ou indireta – vem sendo conceituada como serviços ecossistêmicos. O conceito tem origem nos anos de 1970 (de GROOT et al., 2010), mas consolidou-se durante a década de 1990 (de GROOT, 1992; COSTANZA et al., 1997) e teve difusão fora do meio acadêmico a partir da iniciativa denominada Avaliação Ecológica do Milênio (HASSAN et al., 2005). A noção é reconhecida pela Convenção da Diversidade Biológica (CBD, 2006) e encontrou eco no setor empresarial (WBCSD, 2008), possivelmente por explicitar que o ambiente não é somente fonte de recursos naturais para o desenvolvimento econômico, mas também fornecedor de serviços “gratuitos” que alimentam o próprio processo de desenvolvimento e do qual este depende. Os serviços ecossistêmicos podem ser classificados em quatro categorias: (i) os serviços reguladores se referem à capacidade de um ecossistema em regular o clima, manter a qualidade do ar, da água e do solo, moderar eventos naturais extremos etc., (ii) os serviços fornecedores são aqueles que fornecem elementos para o desenvolvimento da sociedade, tais como, alimentos, matérias primas para Este trabalho foi recebido pela Comissão Cientifica e pertence aos anais do Congresso. O conteúdo do trabalho é de inteira responsabilidade do autor. 2ª Conferência da REDE de Língua Portuguesa de Avaliação de Impactos 1° Congresso Brasileiro de Avaliação de Impacto cccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccc Associação Brasileira de Avaliação de Impacto construções, água potável, etc., (iii) os serviços suporte, que mantêm os habitat do seres vivos e sua diversidade genética, (iv) os serviços culturais se referem a bens não materiais que a sociedade adquire da natureza, tais como, lazer, turismo, experiências espirituais entre outros (TEEB, 2011; de GROOT et al, 2010; LAYKE, 2009). O recente desenvolvimento do conceito de serviços ecossistêmicos para aplicação em avaliação de impactos é uma tentativa de análise integrada do território que tenciona superar as deficiências da abordagem tradicional da avaliação de impactos, frequentemente tida como demasiado descritiva e insuficientemente analítica. Mediante o estudo dos serviços ecossistêmicos, poderá ser também possível propor medidas de mitigação que possam aumentar ou pelo menos manter o desempenho do projeto analisado, assim como, a qualidade de vida dos grupos humanos afetados pelo projeto (de GROOT, 1992; LANDSBERG et al, 2011; SLOOTWEG et al., 2001). Este artigo apresenta os resultados preliminares do ensaio de aplicação de um novo método de avaliação de impactos ambientais baseado no conceito de serviços ecossistêmicos, a partir de um projeto de mineração de ferro em Minas Gerais. CARACTERIZAÇÃO DO CASO A escolha deste projeto de mineração deve-se a um conjunto de fatores. Tratase de um projeto de alto potencial de impacto, atualmente em implantação em um território caracterizado pelo bom estado de conservação de seus ecossistemas (SISEMA, 2008; DRUMMOND et al 2005), cujo estudo de impacto ambiental (EIA) foi concluído e fundamentou a emissão da Licença de Instalação, concedida em dezembro de 2010. Sendo um empreendimento recente, pode-se supor que o EIA preparado para este projeto corresponda ao estado da arte atual no Estado de Minas Gerais, o que poderia não se verificar se fosse escolhido um caso mais antigo. Por outro lado, um projeto ainda mais recente cujo EIA estivesse em andamento ou em análise pelo órgão ambiental provavelmente representaria dificuldade de acesso a documentos e informação. Projeto Mina “Sapo-Ferrugem” Este trabalho foi recebido pela Comissão Cientifica e pertence aos anais do Congresso. O conteúdo do trabalho é de inteira responsabilidade do autor. 2ª Conferência da REDE de Língua Portuguesa de Avaliação de Impactos 1° Congresso Brasileiro de Avaliação de Impacto cccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccc Associação Brasileira de Avaliação de Impacto A nova mina de ferro na zona rural do município de Conceição do Mato Dentro (figura 1) faz parte do projeto “Minas-Rio”, que inclui também um mineroduto e um terminal marítimo. A operação da lavra será a céu aberto, formando uma cava na vertente leste das serras, com extensão de aproximadamente 12,25 km. A expectativa de produção é 26,6 Mtpa de concentrado de minério de ferro a úmido, com vida útil de 40 anos. Uma barragem de rejeito e uma única pilha de estéril serão implantadas na Serra do Sapo, uma vez que, após cinco anos de explotação, o estéril gerado será depositado no interior da cava (MMX\BRANDT, 2007). Para viabilizar a operação do projeto, é necessária a construção de uma adutora de água, com captação no rio do Peixe, bacia do rio Santo Antônio, na ordem de 2.500 m³/h. Esta estrutura não foi incluída no processo de licenciamento da mina, porém será considerada nesta pesquisa porque é essencial para seu funcionamento. Figura 1: Localização da Mina "Sapo-Ferrugem" Fonte: MMX\BRANDT, 2007 Região afetada Este trabalho foi recebido pela Comissão Cientifica e pertence aos anais do Congresso. O conteúdo do trabalho é de inteira responsabilidade do autor. 2ª Conferência da REDE de Língua Portuguesa de Avaliação de Impactos 1° Congresso Brasileiro de Avaliação de Impacto cccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccc Associação Brasileira de Avaliação de Impacto Conceição do Mato Dentro faz parte do peculiar complexo montanhoso da Serra do Espinhaço e é uma das cidades mais antigas de Minas Gerais. Localizada 167 km a Norte da capital mineira, foi fundada no ciclo do ouro, integra a Estrada Real e faz parte da Reserva da Biosfera da Serra do Espinhaço, reconhecida em 2005. A população total está estimada em 17.908 habitantes (IBGE, 2010), sendo que 31,49% estão na zona rural e 12.269 habitantes na área urbana. A economia instituída na mineração sofreu decadência com o declínio da produção de ouro na década de 1830 e passou a basear-se na subsistência agropastoril com recentes incentivos ao ecoturismo (BECKER; PEREIRA, 2011). A população que reside na região não tem acesso a saneamento básico e água encanada, são pequenas comunidades de agricultores que produzem principalmente, queijo, cachaça, milho, frutas, criação de galinhas, porcos e bovinos. A borda leste do Espinhaço Meridional, porção rural do município, onde será implantada a mina, é caracterizada como uma zona de transição entre biomas. Segundo Zoneamento Ecológico Econômico de Minas Gerais - ZEE/MG, a zona apresenta vulnerabilidade natural muito alta, devido à fragilidade dos ecossistemas do Cerrado, Mata Atlântica e, especialmente, dos Campos Rupestres. METODOLOGIA O modelo “análise de serviços ecossistêmicos para avaliação de impactos” (Ecosystem Services Review for Impact Assessment – ESR for IA) é baseado nos pressupostos da Convenção da Diversidade Biológica, foi descrito por Landsberg et al, (2011) especificamente para avaliação de impacto de novos projetos e está sendo a principal ferramenta analítica aplicada nesta pesquisa. Esta metodologia foi descritas três etapas, este artigo apresenta o resultado da aplicação parcial da primeira etapa. Etapa 1. Definição do escopo: Objetiva; (i) determinar quais são os ecossistemas potencialmente impactos pelo projeto, (ii) estabelecer os serviços desses ecossistemas que portanto poderão ser impactados e (iii) identificar os beneficiários dos serviços que serão afetados. Este trabalho foi recebido pela Comissão Cientifica e pertence aos anais do Congresso. O conteúdo do trabalho é de inteira responsabilidade do autor. 2ª Conferência da REDE de Língua Portuguesa de Avaliação de Impactos 1° Congresso Brasileiro de Avaliação de Impacto cccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccc Associação Brasileira de Avaliação de Impacto Etapa 2. Análise dos impactos: Nesta etapa analisa-se o grau de dependência do projeto pelos serviços ecossistêmicos identificados na etapa anterior, assim como a dependência e a vulnerabilidade social dos beneficiários afetados pelo projeto. Etapa 3. Mitigação: Estabelece condições de minimização de impactos para aumentar ou pelo menos manter a qualidade de vida dos beneficiários que foram afetados pelo projeto, bem como, aumentar ou pelo menos manter o desempenho idealizado para o empreendimento. Para aplicar a metodologia, foi necessário realizar um levantamento sobre o projeto e as características ambientais do território em que se insere. Para tanto, a pesquisa baseou-se nos documentos do processo de licenciamento ambiental, como Estudo de Impacto Ambiental (EIA), pareceres técnicos do órgão ambiental, estudos complementares e no conhecimento anterior de um dos pesquisadores sobre a região. RESULTADOS A primeira dificuldade encontrada para aplicação do conceito de serviços ecossistêmicos à avaliação de impactos ambientais é definir os ecossistemas que serão afetados pelo projeto e, posteriormente, seus beneficiários. Esta dificuldade se agravou devido a uma lacuna do EIA estudado, que não identifica e caracteriza duas comunidades existentes em áreas a serem ocupadas pelo projeto e que suscitou a exigência de realização de estudos complementares para que as comunidades fossem enquadradas em programas de reassentamento. Tendo sido realizado para atender aos termos de referência estabelecidos pelo órgão licenciador, o EIA não traz um mapeamento dos ecossistemas potencialmente afetados. No entanto, apresenta uma classificação da vegetação segundo o “Mapa de Vegetação do Brasil” (IBGE, 2004), que, por sua vez, se baseia na classificação fitogeográfica da vegetação brasileira descrita por IBGE (1992) (MMX/BRANDT, 2006 p.10). Desta forma, esta classificação foi também adotada nesta pesquisa, por auxiliar a identificação dos serviços ecossistêmicos, embora nem todos os capítulos do diagnóstico ambiental do EIA a utilizem. Com base nas informações do EIA, os principais ambientes potencialmente impactados foram relacionados por estrutura do projeto, indicando-se os serviços ecossistêmicos potenciais e seus beneficiários diretos (Quadro 1). Incluíram-se nesta Este trabalho foi recebido pela Comissão Cientifica e pertence aos anais do Congresso. O conteúdo do trabalho é de inteira responsabilidade do autor. 2ª Conferência da REDE de Língua Portuguesa de Avaliação de Impactos 1° Congresso Brasileiro de Avaliação de Impacto cccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccc Associação Brasileira de Avaliação de Impacto lista, serviços que não estão relacionados a um ecossistema específico, são eles; Regulação do clima local, Regulação de desastres naturais, Regulação de pragas e Produção primária (de GROOT, 1992). Quadro 1: Identificação preliminar dos ambientes afetados e seus serviços ecossistêmicos Estrutura Ambiente Serviços ecossistêmicos Beneficiários do projeto predominante diretos Cava. 833,38ha Campos rupestres sobre canga Área industrial. 79,31ha Floresta estacional semidecidual montana Fornecedores: - Recursos ornamentais - Água doce. - Pesca. Reguladores: - Regulação dos fluxos de água e recarga hídrica. - Controle de erosão. Culturais: - Recreação e ecoturismo. - Valores educacionais e de inspiração. Suporte: - Habitat. Fornecedores: - Madeira. - Água doce. Reguladores: - Regulação de fluxo de água e recarga hídrica. - Controle de erosão. Cultural: - Valores educacionais e de inspiração. Suporte: - Ciclagem de nutrientes. - Habitat. Comunidade da Ferrugem e Comunidade do Sapo. Comunidade Mumbuca e Comunidade de Água quente. Quadro 1: Identificação preliminar dos ambientes afetados e seus serviços ecossistêmicos (continuação). Estrutura do projeto Ambiente predominante Serviços ecossistêmicos Beneficiários diretos Este trabalho foi recebido pela Comissão Cientifica e pertence aos anais do Congresso. O conteúdo do trabalho é de inteira responsabilidade do autor. 2ª Conferência da REDE de Língua Portuguesa de Avaliação de Impactos 1° Congresso Brasileiro de Avaliação de Impacto cccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccc Associação Brasileira de Avaliação de Impacto Barragem de rejeito. 822,92ha - Floresta estacional de semidecidual montana. - Floresta ombrófila. - Vegetação antrópica Pilha de estéril. 137,74ha Vegetação Antrópica Canteiro de obras. 11,9ha Vegetação Antrópica Adutora de água. 32km de extensão Rio do Peixe Fornecedores: - Madeira. - Água doce. - Culturas agrícolas. - Produção animal. - Pesca. Reguladores: - Regulação de fluxo de água e recarga hídrica. - Controle de erosão. Culturais: - Valores educacionais e de inspiração. Suporte: - Habitat. - Ciclagem de nutrientes Fornecedores: - Culturas agrícolas. - Produção animal Culturais: - Valores educacionais e de inspiração. Suporte: - Habitat. Fornecedores: - Culturas agrícolas. - Produção animal. Fornecedores: - Água doce. - Pesca. Reguladores: - Regulação dos fluxos de água e recarga hídrica. - Purificação das águas e de efluentes. Culturais: - Recreação e ecoturismo. Suporte: - Habitat Comunidade Mumbuca e Comunidade de Água quente Comunidade do Sapo Proprietário da fazenda e seus funcionários. Não foi possível identificar. O quadro 1 apresenta os serviços ecossistêmicos que são fornecidos pela região diretamente afetada pelo projeto, mas isto não implica que todos esses serviços serão impactados. A efetivação ou não dos impactos depende das características de cada estrutura do projeto, bem como de sua dependência para manter o desempenho desejado. Esta é uma lista preliminar baseada no Estudo de Impacto Ambiental, feito pelos métodos convencionais de AIA, cuja confirmação ou modificação será feita a partir de futuras visitas à área do projeto, quando novos serviços poderão ser identificados. Ressalta-se que as informações contidas no estudo apresentado, não Este trabalho foi recebido pela Comissão Cientifica e pertence aos anais do Congresso. O conteúdo do trabalho é de inteira responsabilidade do autor. 2ª Conferência da REDE de Língua Portuguesa de Avaliação de Impactos 1° Congresso Brasileiro de Avaliação de Impacto cccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccc Associação Brasileira de Avaliação de Impacto são suficientes para identificar alguns serviços como polinização, porque não há diagnóstico sobre a entomofauna local. Os beneficiários, também serão caracterizados com maior detalhamento a partir das pesquisas em campo. Até o momento, consideram-se apenas os beneficiários diretos dos serviços, geralmente pessoas que vivem próximos aos ecossistemas. A escala de beneficiários que poderão ser afetados é maior, e pode alcançar até as gerações futuras. A partir das informações do quadro 1, associadas ao levantamento bibliográfico, informações do projeto e conhecimento dos pesquisadores sobre o tema e a região, identificou-se os serviços potencialmente impactados. O nível de importância dos serviços impactados é objeto de estudo da próxima etapa da metodologia, essa depende da vulnerabilidade social dos beneficiários e sua dependência pelos serviços. No quadro 2 representa-se alguns exemplos de impactos físico*, biótico** e social***, que foram descritos no EIA, e os respectivos serviços potencialmente impactados. Quadro 2: Identificação preliminar dos serviços ecossistêmicos potencialmente impactados. Impacto Estrutura Ambiente Serviço potencialmente Fonte do descrito no EIA do afetado impactado impacto projeto Fornecedor: *Indução de Todas Todos Supressão da processos - Controle de erosão vegetação. Suporte: erosivos - Ciclagem de nutrientes Fornecedores: - Água doce. - Pesca. *Alteração da Cava Campos - Aquiculturas. Rebaixamento do Reguladores: dinâmica hídrica rupestres lençol freático. sobre canga e - Regulação dos fluxos de cursos d’água água e recarga hídrica. da região - Purificação de águas e efluentes Cultural: Recreação e ecoturismo. Suporte: - Habitat. - Ciclagem da água. Este trabalho foi recebido pela Comissão Cientifica e pertence aos anais do Congresso. O conteúdo do trabalho é de inteira responsabilidade do autor. 2ª Conferência da REDE de Língua Portuguesa de Avaliação de Impactos 1° Congresso Brasileiro de Avaliação de Impacto cccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccc Associação Brasileira de Avaliação de Impacto **Mortandade e extinção local de peixes pela alteração da qualidade da água ***Impactos sobre a potencialidade turística Barragem de rejeito e Área industrial Rio Santo Antônio e afluentes Fornecedor: Pesca. Cultural: Valores educacionais e de inspiração. Suporte: Habitat. Emissão de efluentes líquidos, provenientes do processo de tratamento de minério. Todas Todos Cultural: Recreação e Ecoturismo. Instalação e operação do projeto. Uma vez que a lista de impactos do EIA não apresenta uma relação direta com os ecossistemas, há dificuldade em identificar os serviços ecossistêmicos potencialmente impactados. Porém, essa dificuldade não se refere ao método testado, é apenas uma consequência da utilização de dados que não foram gerados para esse objetivo. Portanto essa dificuldade provavelmente não deverá ser observada na aplicação do método para a avaliação de um novo projeto, em que o levantamento de dados primários possa ser direcionado segundo as necessidades do método aplicado. CONCLUSÕES Com esse novo método foi possível identificar serviços ecossistêmicos com claro potencial de serem impactados que não são considerados como impactos pelo EIA, por exemplo; Fornecimento de Água doce, Pesca e Purificação de águas e efluentes. A captação de água para a operação do projeto, assim como o rebaixamento do lençol freático irá diminuir a vazão de água do rio do Peixe e seus afluentes, como apresentado na porção diagnóstica do EIA. A diminuição da vazão tem potencial de comprometer os serviços supracitados, que são importantes para seus beneficiários, uma vez que, a região é caracterizada pela economia de subsistência, a pesca é parte fundamental da aquisição de alimentos. Essas comunidades também não têm acesso a água encanada e a saneamento básico, sendo os outros serviços importantes para manutenção da qualidade de vida desses beneficiários. Mesmo que o EIA identifique o impacto Alteração da recarga hídrica, o estudo não faz relação com os usos da água supracitados, considera o impacto apenas como alteração física do ambiente. Este trabalho foi recebido pela Comissão Cientifica e pertence aos anais do Congresso. O conteúdo do trabalho é de inteira responsabilidade do autor. 2ª Conferência da REDE de Língua Portuguesa de Avaliação de Impactos 1° Congresso Brasileiro de Avaliação de Impacto cccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccc Associação Brasileira de Avaliação de Impacto Por outro lado, há alguns impactos descritos no EIA que não podem ser representados por um serviço ecossistêmico, por exemplo, o impacto social denominado, Incômodos à população em função do nível de ruídos. Este impacto é importante e tem potencial de causar queda na qualidade de vida da população, porque se trata de uma região rural, bastante silenciosa, onde residem poucas comunidades que desenvolvem agricultura de subsistência. Portanto, parece ser uma lacuna da metodologia testada, pois não é possível identificar tal impacto apenas pela aplicação do conceito de serviços ecossistêmicos. Considerando os resultados preliminares, é possível afirmar que o método apresenta como possíveis vantagens a integração dos impactos de maneira mais analítica e menos descritiva, havendo possibilidade de sintetização do EIA. O método permite a aproximação da realidade social e as consequências da instalação do projeto. Por exemplo, descrever um impacto como alteração da qualidade da água não traduz as mesmas informações e o mesmo nível de importância, do impacto sobre o serviço ecossistêmico Fornecimento de água doce, que é fonte de abastecimento para uma população que não tem acesso a água encanada e, portanto, apresenta alta vulnerabilidade social e depende diretamente do serviço impactado. BIBLIOGRAFIA BECKER, L.C. PEREIRA, D. de C. O Projeto Minas-Rio e o desafio do desenvolvimento territorial integrado e sustentado: a grande mina em Conceição do Mato Dentro. In: FERNANDES, F. R. C., ENRIQUEZ, M.A., ALAMINO, R. de C. J. (org). Recursos Minerais & Sustentabilidade territorial. 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O conteúdo do trabalho é de inteira responsabilidade do autor. 2ª Conferência da REDE de Língua Portuguesa de Avaliação de Impactos 1° Congresso Brasileiro de Avaliação de Impacto cccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccc Associação Brasileira de Avaliação de Impacto DRUMMOND, G. M.; MARTINS, C. S. MACHADO, A. B. M.; SEBAIO, F. A. ANTONINI, Y. Biodiversidade em Minas Gerais: um atlas para sua conservação. Fundação Biodiversitas. 2 ed. Belo Horizonte, 2005. 222p. HASSAN, R.M.; SCHOLES, R.; ASH, N. (org.). Ecosystems and Human Well-Being: current state and trends. Washington: Island Press, 2005, 917 p. IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia Estatística. Censo Demográfico 2010 Resultados do universo. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br>. Último acesso em 17 de dezembro de 2011. IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia Estatística. Manual Técnico da Vegetação Brasileira. Manuais Técnicos em Geociências 1. Rio de Janeiro, 1992. 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