TCC04 - Faculdade de Biomedicina
Transcrição
TCC04 - Faculdade de Biomedicina
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS FACULDADE DE BIOMEDICINA ISADORA PONTES CAVALCANTE INVESTIGAÇÃO DO POLIMORFISMO DE 24PB NO ÉXON 10 DO GENE DA QUITOTRIOSIDASE EM PACIENTES COM DOENÇA DE GAUCHER E DOENÇA DE PARKINSON. BELÉM 2011 ISADORA PONTES CAVALCANTE INVESTIGAÇÃO DO POLIMORFISMO DE 24PB NO ÉXON 10 DO GENE DA QUITOTRIOSIDASE EM PACIENTES COM DOENÇA DE GAUCHER E DOENÇA DE PARKINSON Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Biomedicina da Faculdade de Universidade Federal do Pará, como requisito parcial para a obtenção do grau de Bacharel em Biomedicina. Orientador: Prof. Dr. Luiz Carlos Santana da Silva BELÉM 2011 ISADORA PONTES CAVALCANTE INVESTIGAÇÃO DO POLIMORFISMO DE 24PB NO ÉXON 10 DO GENE DA QUITOTRIOSIDASE EM PACIENTES COM DOENÇA DE GAUCHER E DOENÇA DE PARKINSON Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Biomedicina da Faculdade de Universidade Federal do Pará, como requisito parcial para a obtenção do grau de Bacharel em Biomedicina. Belém (PA), 15 de dezembro de 2011 Banca Examinadora: _________________________________ Prof. Dr. Luiz Carlos Santana da Silva (ICB – UFPA) _________________________________ Prof. Msc. Erik Artur Cortinhas Alves (CCS – UEPA) _________________________________ Prof. Dra. Greice de Lemos Cardoso (ICB – UFPA) i Agradecimentos Aos meus pais e irmãos, pelo amor, apoio e dedicação de todos os anos À minha avó, Lourdes, por ter sido minha grande professora e por ter contribuído imensamente para todas as minhas conquistas Ao Prof. Dr. Luiz Carlos Santana da Silva, meu orientador, pela paciência e compreensão Às amigas Ellen Queiroz, Natielle Rabelo e, em especial, à Lays Naiff, pelo companheirismo nos anos de faculdade e pela ajuda para a realização deste trabalho ii LISTA DE FIGURAS E TABELAS Figura 01. Estrutura da quitina..................................................1 Figura 02. Hibridização in situ evidenciando o gene QUIT 1....3 Figura 03. Gene QUIT1.............................................................4 Figura 04. Expressão do mRNA diante de LPS........................6 Figura 05. Expressão do mRNA diante de TNF-α.....................7 Figura 06. Expressão do mRNA diante de INF-γ......................7 Figura 07. Atividade de QT diante de LPS, TNF-α e INF-γ......8 Figura 08. Caracterização das DDLs........................................10 Figura 09. Genes relacionados à DP........................................14 Figura 10. Genótipos encontrados............................................23 Tabela 01. Frequência genotípica do gene QUIT1 em diferentes etnias..........5 Tabela 02. Condições usadas nas reações de PCR.........................................21 Tabela 03. Dosagem da QT, genótipo e dados clínicos de pacientes com DP...24 Tabela 04. Dosagem da QT e genótipo de pacientes com DG.........................25 Tabela 05. Frequências genotípica e alélica da duplicação nos pacientes.......25 iii Abreviaturas QT – quitotriosidase NPMs – neutrófilos polimornucleares QUIT1 – gene da quitotriosidase IFN-γ – interferon-gama TNF-α – fator de necrose de tumor LPS – lipossacarídeos bacterianos DA – Doença de Alzheimer DCI – Doença cerebrovascular isquêmica EIM – Erros inatos de metabolismo DDL – Doenças de depósito lisossômico DG – Doença de Gaucher GBA – gene da glicocerebrosidase SNC – Sistema nervoso central TRE – Terapia de reposição enzimática DP – Doença de Parkinson SN – substância negra CL – Corpúsculos de Lewy PP – parkinsonismo primário MPTP – 1-metil-4-fenil-1,2,3,6-tetraidropiridina SUP – sistema ubiquitina-protesossoma iv Resumo A quitina é um dos biopolímeros mais abundantes da natureza e tem papel estrutural em artrópodes, incluindo crustáceos e insetos, assim como em moluscos, nematódeos, fungos e vermes. A função das quitinases é hidrolisar quitina, um polímero composto por unidades de N-acetilglicosamida, o segundo maior componente estrutural encontrado na natureza. A quitotriosidase (QT) é uma enzima quitinolítica em humanos, que é secretada em grandes quantidades por macrófagos ativados. A doença de Gaucher (DG) é uma esfingolipidose causada por uma deficiência de herança autossômica recessiva da enzima lisossomal beta-glicosidase ácida (glicocerebrosidase), que é responsável pela hidrólise de glicocerebrosídio. A ausência ou redução na atividade da enzima leva ao acúmulo de glicosilceramida em vários tecidos, principalmente nos lisossomos dos macrófagos. Como pacientes com DG podem alcançar altos níveis de expressão da QT, esta tem sido utilizada como biomarcador da doença. A Doença de Parkinson (DP) é a segunda doença neurodegenerativa mais comum, com uma prevalência de 3% em pessoas acima de 60 anos de idade. O diagnóstico clássico da DP é baseado nas seguintes características: bradicinesia, rigidez e tremor de repouso, boa resposta à levodopa, e presença de degeneração de neurônios dopaminérgicos na parte compacta da substancia nigra (SN), acompanhada pela presença de Corpúsculos de Lewy. O gene CHIT1 possui 11 éxons, sendo que o éxon 10 apresenta uma duplicação de 24 pb, sendo este o polimorfismo mais freqüente deste gene. Os objetivos deste estudo foram identificar as freqüências alélica e genotípica da duplicação de 24 pb em pacientes com DG e DP, além de mensurar a atividade da enzima nos mesmos. Foram utilizados 19 pacientes, sendo 6 com DG e 13 com DP. A partir das amostras de sangue dos pacientes foi obtido DNA nuclear para amplificação, por meio de PCR, do éxon 10 e a partir do plasma foi dosada a atividade de QT. Os genótipos foram visualizados em gel de agarose a 2,5%. Dos 6 pacientes com DG, apenas 1 apresentou a duplicação (16,7%), 2 heterozigotos (33,3%) e 3 homozigotos normais (50%). Dos 13 pacientes com DP, foram observados 2 homozigotos mutantes (15,38%), 4 heterozigotos (30,76%) e 7 homozigotos normais (53,86%). As freqüências alélicas e genotípicas nas duas doenças foram similares, porém nível plasmático na QT foi maior nos pacientes com DG do que nos com DP. Todos homozigotos mutantes apresentaram deficiência na atividade da enzima em ambas as doenças. As freqüências não diferiram das achados em estudos anteriores, e a atividade da QT pode ser maior em DG por esta desencadear uma resposta imune, diferentemente da DP. Palavras-chave: quitina, quitotriosidase, Doença de Gaucher, Doença de Parkinson, QUIT1, éxon 10 v Abstract Chitin is one of the most abundant biopolymers in nature. It has a structural role in arthropods, including crustaceans and insects as well as mollusks, nematodes, fungi and worms. The role of chitinases is hydrolyze chitin, a polymer composed of units of N-acetilglicosamida, the second largest structural component found in nature. The chitotriosidase (CT) is a chitinolytic enzyme in humans, which is secreted in large amounts by activated macrophages. Gaucher disease (GD) is a Sphingolipidoses caused by an autosomal recessive deficiency of the lysosomal enzyme acid betaglucosidase (glucocerebrosidase), which is responsible for the hydrolysis of gluclocerebrosyde. The absence or reduction in enzyme activity leads to accumulation of glucosylceramide in various tissues, mainly in the lysosomes of macrophages. As patients with GD can achieve high levels of expression of the QT, it has been used as a biomarker of the disease. Parkinson's disease (PD) is the second most common neurodegenerative disease with a prevalence of 3% in people over 60 years old. The classic diagnosis of PD is based on the following features: bradykinesia, rigidity and rest tremor, good response to levodopa, and the presence of degeneration of dopaminergic neurons in the pars compacta of the substantia nigra (SN), accompanied by the presence of Lewy bodies. The CHIT1 gene has 11 exons and the exon 10 has a duplication of 24 pb, which is the most common polymorphism of this gene. The objectives of this study were to identify the allelic and genotypic frequencies of the 24 bp duplication in patients with DG and DP and to measure the enzyme activity in them. It was used 19 patients, 6 with GD and 13 with PD. From the patients' blood samples were obtained nuclear DNA for amplification by PCR of the exon 10 and the plasma was measured from the activity of CT. The genotypes were visualized on agarose gel 2.5%. Of the 6 patients with GD, only 1 had duplication (16.7%), 2 heterozygotes (33.3%) and 3 normal homozygotes (50%). Of the 13 patients with PD, 2 homozygous mutants were observed (15.38%), 4 heterozygotes (30.76%) and 7 normal homozygotes (53.86%). The allelic and genotypic frequencies in the two diseases were similar, but the CT plasma level was higher in patients with GD than in PD. All homozygous mutants showed deficiency in the enzyme activity in both diseases. The frequencies did not differ from findings in previous studies, and activity of CT may be greater in DG trigger an immune response, unlike PD. Keywords: chitin, chitotriosidase, Gaucher’s Disease, Parkinson’s Disease, CHIT1, exon 10 Sumário Agradecimentos i Lista de figuras e tabelas ii Lista de abreviaturas iii Resumo iv Abstract v 1. Introdução..............................................................................1 1.1 Histórico.............................................................................1 1.2 Aspectos bioquímicos.......................................................2 1.3 Aspectos moleculares........................................................2 1.4 Polimorfismo no gene QUIT1.............................................4 1.5 Relação da quitotriosidase com a resposta imune...........5 1.6 Doenças associadas à quitotriosidase...............................8 1.7 Doenças de Depósito Lisossômico....................................10 1.7.1 Doença de Gaucher.....................................................11 1.8 Doença de Parkinson.......................................................12 2. Justificativa...........................................................................16 3. Objetivos...............................................................................17 4. Material e métodos...............................................................18 5. Resultados............................................................................23 6. Discussão.............................................................................27 7. Conclusões...........................................................................30 8. Referências bibliográficas..................................................31 ANEXO.......................................................................................38 1. INTRODUÇÃO 1.1 HISTÓRICO A quitina (figura 1) é um dos biopolímeros mais abundantes na natureza. Esta molécula tem papel estrutural em artrópodes, incluindo crustáceos e insetos, assim como em moluscos, nematódeos e vermes. Também pode ser encontrada em fungos, podendo fazer parte de 1% a 40% da parede celular, dependendo do organismo (Tjoelker et al, 2000). A função das quitinases é hidrolisar quitina, um polímero composto por unidades de N-acetilglicosamida, o segundo maior componente estrutural encontrado na natureza (Lee et al, 2007). Figura 1 – Estrutura da quitina Fonte: Andersen et al, 2003. Apesar da presença antes desconhecida em mamíferos (Boot et al, 1995), foi descoberta uma enzima quitinolítica em humanos, designada como quitotriosidase (QT), que é secretada em grandes quantidades por macrófagos ativados (Hollak et al, 1994). Segundo Eijk et al. (2005), tanto neutrófilos polimornucleares (NPMs) quanto macrófagos são fontes de quitotriosidase. A enzima fica armazenada em grânulos específicos de NPMs humanos e é secretada a partir de estímulos de um fator específico, o qual também induz a expressão da quitotriosidase em macrófagos, secretando-os e em parte acumulando-os em seus lisossomos. As quitinases são classificadas como endoquitinases e exoquitinases. A atividade das endoquitinases é definida pela clivagem de ligações β 1,4 glicosídica em pontos aleatórios, produzindo oligossacarídeos de diferentes tamanhos. Já a atividade das exoquitinases é definida pela clivagem de ligações específicas β 1,4 glicosídicas dos oligossacarídeos, originando dímeros de Nacetilglicosamida a partir da extremidade não redutora do polímero (Andersen et al, 2003). Segundo Boot et al. (1998), a purificação e clonagem do cDNA do gene quitotriosidase revelaram que a enzima pertence à família 18 das glicosilhidrolases. Ainda que algumas endoquitinases de plantas e lisozimas pertençam a outra família de glicosilhidrolase, há algumas similaridades entre a QT humana e lisozimas, como relativa estabilidade diante do calor e resistência à degradação proteolítica (Holm e Sander, 1994). As sequências de aminoácidos NTerminal e internas da QT purificada sugerem uma homologia entre esta e as proteínas da família das quitinases, incluindo membros enzimaticamente inativos (Renkema et al, 1995). 1.2 ASPECTOS BIOQUÍMICOS A quitotriosidase é uma proteína composta por 466 aminoácidos e que apresenta isoformas heterogêneas no que diz respeito à massa molecular e ponto isoelétrico (pI). São encontradas duas isoformas principais: uma proteína de 50Kda (pI 7,2) e outra de 39-kDa (pI 8,0) (Boot et al, 1995). A transformação proteolítica da forma de 50-kDa para a de 39kDa ocorre nos lisossomos dos macrófagos e apenas a enzima de 50-kDa está presente na circulação sanguínea (Renkema et al, 1997). A QT é formada por uma sequência de peptídeo sinal, um domínio catalítico e um domínio de ligação com a quitina. A enzima consiste em uma estrutura N-terminal em conformação de barril, contendo uma fenda catalítica e um domínio C-terminal de ligação com a quitina, sendo conectado por uma região curta em dobradiça (Aguilera et al., 2003). Ainda de acordo com Renkema et al (1997), o domínio C-terminal que está presente na isoforma de 50-kDa, porém ausente na de 39-kDa, é o mediador da ligação à quitina. 1.3 ASPECTOS MOLECULARES O gene da quitotriosidase (QUIT1) foi localizado no cromossomo 1q3132 utilizando a técnica de Hibridização in situ fluorescente (Boot et al, 1995). Figura 2 – Hibridização in situ fluorescente de cromossomos humanos metafásicos, evidenciando o gene QUIT1. Fonte: Boot et al, 1995. O gene QUIT1 é composto por 12 éxons e abrange 20kb de DNA genômico. A extensão dos éxons vai de 30 a 461 pares de bases (pb). O éxon 11, contendo 71 pb, normalmente não participa do processo de splicing, pois introduz um códon de parada prematura. Nestas situações é gerado um mRNA que codifica uma proteína de 50-kDa. No entanto, o éxon 11 pode sofrer splicing alternativo, gerando um mRNA com um códon de parada prematura, que produz uma quitotriosidase de 40-kDa quase idêntica à isoforma de 39-kDa, gerada proteoliticamente (figura 3) (Boot et al, 1995). Figura 3 – Gene QUIT1 composto por 12 éxons e as duas formas de QT. Fonte: Malaguarnera, 2006. 1.4 POLIMORFISMOS NO GENE QUIT1 Em um estudo conduzido por Renkema et al. (1998), macrófagos de indivíduos com deficiência não apresentavam produção da QT. Com o seqüenciamento, foi constatado que o cDNA destes indivíduos e o de controles eram idênticos, com exceção de uma deleção de 87 nucleotídeos no éxon 10 do RNA mutante. Este mRNA anormal codifica uma proteína que apresenta perda da sequência de aminoácidos entre 344 e 372, uma região altamente conservada da família das quitinases. O polimorfismo mais comum no gene QUIT1 consiste na duplicação de 24 pb no éxon 10, originando um sítio de splicing, causando a deleção de 87 nucleotídeos (Boot et al, 1998). Como ilustrado na tabela1, o alelo mutante da QT foi encontrado em uma de freqüência de 33-35% em judeus Ashkenazi e holandeses, respectivamente, enquanto que em ambas as populações 6% eram homozigotos para este alelo (Boot, 1998). Em um estudo feito na população portuguesa foram encontrados 6% de homozigotos pra este polimorfismo e 40% de heterozigotos (Rodrigues, 2004). Na área do Mediterrâneo foi encontrada uma freqüência para heterozigotos de 44-54% na Sicília e 32,7% na Sardenia, enquanto que 5,45% e 3,73%, respectivamente, são homozigotos mutantes. Na África, no entanto, não foram encontrados indivíduos homozigotos para a deficiência e uma baixa incidência de heterozigotos em Benin e Burkina, 0% e 2%, respectivamente (Malaguarnera, 2003). Tabela 1 - Frequência genotípica da duplicação de 24 pb no exon 10 do gene da QT em diferentes etnias. Fonte: Malaguarenra, 2006. 1.5 RELAÇÃO DA QUITOTRIOSIDASE COM A RESPOSTA IMUNE Os macrófagos são geralmente considerados como elementos importantes da imunidade inata na maioria, senão em todos, os organismos e estão estrategicamente posicionados para proteger o microambiente em que se encontram (Malaguarnera, 2005). A QT é produzida principalmente por macrófagos ativados (Hollak et al, 1994), logo esta ativação leva a um aumento da atividade desta enzima no plasma (Malaguarnera, 2006). A QT pode ser encontrada com atividade aumentada em indivíduos com sarcoidose (Hollak et al, 1994). Já foi observado aumento da atividade da QT em indivíduos portadores de malária (Barone et al, 2003) e em outras desordens hematológicas, como talassemia (Barone et al,1999). Em resposta a vários outros estímulos, como interferon-gama (IFN-γ), fator de necrose de tumor (TNF-α) e lipossacarídeos bacterianos (LPS), os macrófagos produzem metabólitos reativos oxigenados usados para destruir microorganismos (Babior, 1978). Com bases nesses dados, foi realizado um estudo para analisar o nível da expressão de mRNA em macrófagos sob o estímulo de LPS (figura 4), TNF-α (figura 5) e IFN-γ (figura 6) pela técnica de Real Time PCR e a atividade da QT diante do estímulo de cada um (Figura 7) (Malaguarnera, 2005). Figura 4- Detecção da expressão de mRNA da QT nos tempos de 2h, 4h, 8h e 24h por estímulo de LPS. Fonte: Malaguarnera, 2006. Figura 5 - Detecção da expressão de mRNA da QT nos tempos de 2h, 4h, 8h e 24h por estímulo de TNF-α. Fonte: Malaguarnera, 2006. Figura 6 - Detecção da expressão de mRNA da QT nos tempos de 2h, 4h, 8h e 24h por estímulo de INF-γ. Fonte: Malaguarnera, 2006. Figura 7 – Atividade da QT nos tempos de 2h, 4h, 8h e 24h. Fonte: Malaguarnera, 2006. Os resultados de Malaguarnera et al (2005) sugerem que a QT está envolvida na resposta celular estimulada por citocinas regulatórias e por lipossacarídeos bacterianos, como evidenciado nas figuras acima. A QT, portanto, tem sido considerada como um importante componente da resposta imune inata (Piras et al, 2006). 1.6 DOENÇAS ASSOCIADAS À QUITOTRIOSIDASE Van Eijk et al. (2005) demonstraram que na presença da enzima QT o crescimento de fungos, como o Cryptoccoccus neoformans e Candida albicans, foi inibido, sugerindo que a QT é um importante componente da imunidade inata. Outros estudos mostraram que a expressão da QT aumenta significativamente nas células de Kupffer na esteatoepatite não-alcóolica, se comparado com esteatose simples. Este aumento da expressão da QT foi relacionado ao O₂¯ e a produção de peróxidos lipídicos (Malaguarnera, 2006). Há achados de relação da enzima QT também com o hipotireodismo subclínico, uma vez que nos pacientes ocorreu um aumento significativo dos níveis de QT quando houve restauração do eutireoidismo a partir da reposição do hormônio. A restauração pode ter relação com o TNF-alfa ou com os receptores alfa de IL-2, que são aumentados por conta do hormônio tireoidiano administrado (Erdal, 2008). Além disso, segundo Sonmez et al. (2010), a atividade de QT também esteve significativamente aumentada em pacientes portadores de diabetes mellitus tipo 2 recém diagnosticada. Boot et al. (1999) demonstraram que a atividade da QT foi elevada em até 55 vezes nos extratos de tecidos de ateroesclerose, mostrando uma ligação entre a expressão da QT com macrófagos carregados de lipídios na parede dos vasos ateroescleróticos humanos. Uma característica comum dessas células em diferentes condições é o acúmulo de material lipídico no lisossomo. A atividade sérica de QT foi significativamente maior em indivíduos que sofrem de doença aterosclerótica e está relacionada com a gravidade da lesão aterosclerótica, sugerindo um possível papel como um marcador de ateroesclerose (Boot, 1999 e Artieda, 2003 e Canudas, 2001). No entanto, o mecanismo de como a atividade de QT afeta a progressão da aterosclerose, e se o nível sanguíneo dessa enzima é alterado em pessoas com maior risco de aterosclerose, são eventos ainda desconhecidos. A Doença de Alzheimer (DA) é uma desordem neurodegenerativa resultando em uma grande perda de função cognitiva, bem como na deposição de proteína Beta Amilóide, característica patológica marcante desta enfermidade. Uma característica do cérebro de pacientes é a liberação de citoquinas e quemoquinas pró-inflamatórias através de microglias e astroglias ativadas, além do estresse oxidativo produzido pela formação demasiada de espécies reativas de oxigênio (ROS) (Chong et al, 2005). Da mesma maneira que na DA, os eventos fisiopatológicos envolvidos na doença cerebrovascular isquêmica (DCI) e o comprometimento cognitivo parecem advir de mecanismos secundários substancialmente mediados por inflamação. Assim como na DA, a DCI exibe uma superprodução de ROS, resultando em aumento nos níveis de peroxidação lipídica e, consequentemente, sugerindo a hipótese da participação da enzima quitotriosidase no processo inflamatório dessas patologias (Malaguarnera, 2006). 1.7 DOENÇAS DE DEPÓSITO LISOSSÔMICO O Erro Inato do Metabolismo (EIM) é um termo utilizado para referir-se a doenças geneticamente determinadas, decorrente da deficiência em alguma via metabólica que está envolvida na síntese, transporte ou degradação de uma substância. As manifestações clínicas podem ser decorrentes do acúmulo do substrato de uma reação, da falta de produto da mesma ou do acúmulo de uma substância originada de via metabólica alternativa. Os EIM são divididos em três grupos: grupo 1, que apresenta defeito na síntese ou degradação de moléculas complexas; grupo 2, que apresenta defeito no metabolismo intermediário; grupo 3, que apresenta defeito na produção ou utilização de energia (Saudubray & Charpentier, 1995). No grupo 1 encontram-se as Doenças de Depósito Lisossômico (DDL), que são caracterizadas pela deficiência de uma ou mais enzimas lisossomais, o que leva a um acúmulo de moléculas não degradadas. Dentre as DDL existem a mucopolissacaridoses, glicogenoses e, finalmente, as esfingolipidoses, onde se encaixa a Doença de Gaucher (DG). A figura 8 ilustra um esquema para o entendimento das DDL. Figura 8 – Esquema caracterizando as DDL. Fonte: Elsevier, 2005. 1.7.1. DOENÇA DE GAUCHER A doença de Gaucher (DG) é uma esfingolipidose causada por uma deficiência de herança autossômica recessiva da enzima lisossomal betaglicosidase ácida (glicocerebrosidase), que é responsável pela hidrólise de glicocerebrosídio (Grabowski, 2004 e Beutler, 2000). Mutações no gene da glicocerebrosidase (GBA) levam à ausência ou redução na atividade da enzima com acúmulo de glicosilceramida em vários tecidos, principalmente nos lisossomos dos macrófagos, comprometendo, conseqüentemente, o baço, fígado, medula óssea e, com menos freqüência, os pulmões, pele, conjuntiva, rins e coração (Beutler et al, 2000). Como pacientes com DG podem alcançar altos níveis de expressão da QT (Hollak, 1994), esta tem sido utilizada como biomarcador da doença. A DG é caracterizada pela variabilidade da expressão sintomática, incluindo indivíduos com mesmo genótipo. A DG apresenta desde formas neonatais letais a formas assintomáticas e é classificada em três formas clínicas: não neuropática, neuropática aguda e neuropática crônica (Beutler, 2000). A DG tipo 1, forma não neuropática, é a mais freqüente, acometendo 95% dos casos (Altarescu et al, 2000). Esta forma afeta crianças e adultos em qualquer idade e as manifestações clínicas típicas são hepatomegalia, esplenomegalia, anemia, trombocitopenia e problemas ósseos. A citopenia ocorre como resultado do hiperesplenismo, e manifestações hemorrágicas são atribuídas à trombocitopenia, apesar de poderem decorrer de deficiências em fatores de coagulação (Hollak et al, 1997). O acúmulo das chamadas células de Gaucher na medula óssea leva a complicações, como dor óssea, osteopenia, fraturas e osteoporose (Charrow et al, 1998). Apesar de a DG tipo 1 ser caracterizada pela falta de envolvimento do sistema nervoso central (SNC), já foram relatados casos de parkinsonismo, além de achados de α-sinucleína, corpúsculos de Lewy e perda neuronal (Wong et al, 2004). A DG tipo 2, forma neuropática aguda, ocorre em menos de 1 em 100.000 e geralmente afeta crianças nos primeiros meses de vida, comprometendo o cérebro, baço, fígado e pulmões (Grabowski et al, 1998). Os problemas neurológicos são graves, com envolvimento bulbar (estrabismo), piramidal (espasmos) e atraso no desenvolvimento neuropsicomotor (Mignot et al, 2006). A evolução da DG tipo 2 é a mais rápida, levando ao óbito em até 2 anos (Stone, 1999). A DG tipo 3, forma neuropática subaguda, também apresenta baixa incidência e é predominante em populações do Nordeste da Suécia (Vellodi et al, 2001). Indivíduos acometidos pela DG tipo 3 podem ter sintomas similares aos da DG tipo 1 e o quadro neurológico é composto por crises convulsivas, ataxia e demência (Martins et al, 2009). Dois tipos de tratamento estão disponíveis para DG: Terapia de Reposição Enzimática (TRE), que resulta na diminuição do acúmulo de glicocerebrosídeo nos lisossomos de macrófagos (Czartoryska et al, 1998) e Terapia de Redução de Substrato, que inibe a enzima ceramida-glicosilceramida sintetase, que catalisa a transferência de glicose a ceramida, impedindo a síntese de glicoesfingolipídeos, ambos levando à conseqüente diminuição da atividade da QT (Moyses C., 2003). 1.8 DOENÇA DE PARKINSON Em 1817, o médico inglês James Parkinson descreveu a doença que denominou de paralisia agitante (Shaking Palsy), cuja principal característica era a presença de tremores involuntários (Parkinson, 1817). A Doença de Parkinson (DP) é a segunda doença neurodegenerativa mais comum (Lang e Losano, 1998), com uma prevalência de 3% em pessoas acima de 60 anos de idade (Barbosa et al, 2006). O diagnóstico clássico da DP é baseado nas seguintes características: bradicinesia, rigidez e tremor de repouso, boa resposta à levodopa, e presença de degeneração de neurônios dopaminérgicos na parte compacta da substancia nigra (SN), acompanhada pela presença de Corpúsculos de Lewy (Gelb et al, 1999). Em 1912, Friedrich Lewy descreveu pela primeira vez os chamados corpúsculos de Lewy (CL). De acordo com Hughes et al, 1992, faz-se necessária a presença de corpúsculos de Lewy na substancia nigra no estudo anátomopatológico para o diagnóstico da DP idiopática. Os CL são neurofilamentos compostos principalmente por α-sinucleína (Spillantini et al, 1997), que é anormalmente fosforilada, nitrada e oxidada, envolvendo-se na formação de fibrilas insolúveis. No momento, o tratamento mais eficaz para DP consiste na reposição de dopamina através de sua precursora, a levodopa, usualmente junto com carbidopa, um inibidor de descarboxilase periférica (Bounds et al, 1977). No fim dos anos 70, os CL passaram a ser identificados em outras áreas do encéfalo, inclusive no córtex cerebral de indivíduos que faleceram com quadro demencial, representando uma nova afecção, denominada Demência com Corpúsculos de Lewy (DCL), na qual as características predominantes são demência, geralmente associada a quadro alucinatório-visual e parkinsonismo (Mark, 2001). As afecções clínicas que se assemelham à DP são coletivamente denominadas parkinsonismo. As formas monogênicas de parkinsonismo primário (PP) podem ser de origem esporádica ou familiar, e geralmente manifestam-se mais precocemente que os casos de DP. Quando a doença inicia-se antes dos 20 anos de idade, é denominada parkinsonismo juvenil, e entre 20 e 40 anos de parkinsonismo de início precoce (Paviour et al., 2004). Geralmente os aspectos clínicos do parkinsonismo genético são indistinguíveis da DP. Dentre as formas familiares a mutação do gene PARK2 é a mais freqüente, enquanto que as formas esporádicas estão associadas a mutações no gene LRRK2. A figura 9 ilustra os genes que estão associados aos casos genéticos de DP. Figura 9 – Genes envolvidos no parkinsonismo de causa genética. Fonte: CHIEN, 2007. Muitas hipóteses já foram levantadas na tentativa de desvendar possíveis etiologias para a DP, tais como toxinas exógenas, inflamação e mutações genéticas. No entanto, é mais aceito que a DP é desencadeada pela interação desses fatores, como um resultado da conjugação entre fatores genéticos e ambientais. De acordo com esta teoria, a interação entre o ambiente e a predisposição genética induz à falência do funcionamento mitocondrial (Schapira et al, 1992) e ao estresse oxidativo em neurônios da SN, levando à morte celular (Mark, 2001). Um estudo conduzido por Lagston et al. (1999) revelou que MPTP (1-metil4-fenil-1,2,3,6-tetraidropiridina) pode causar uma síndrome parkinsoniana muito similar à DP, levando à hipótese de toxinas exógenas como fatores causadores de DP, o que foi reforçado pelo fato de que pessoas que viviam em um ambiente com pesticidas com MPTP em sua constituição apresentaram risco aumentado a desenvolver DP (Firestone et al, 2005). A neurodegeneração na DP também pode ser causada pela atividade reduzida do sistema ubiquitina-protesossoma (SUP), que degrada o excesso de, ou proteínas malformadas do cérebro, levando a casos genéticos ou esporádicos de DP (Mcnaught et al, 2003). Mutações em alguns componentes do SUP, como parkina e ubiquitina C, são responsáveis pelo desenvolvimento de casos hereditários de DP (Kitada et al, 1998; Leroy et al, 1998). Níveis excessivos de αsinucleína, também associada ao desenvolvimento de DP, podem inibir a capacidade do SUP de remover proteínas do cérebro (Mcnaught e Olanow, 2003). O elo entre a falta de dopamina e desenvolvimento da DP foi confirmado por estudos bioquímicos post mortem, mostrando menores quantidades de dopamina e seus metabólitos no nucleus caudatos, putamen, nucleus accumbens, substancia nigra e globus pallidus (Hornykiewicz, 2006). Danos a múltiplos sistemas neuronais, causando mudanças bioquímicas complexas podem explicar a variabilidade do quadro clínico da DP, incluindo sintomas motores autonômicos, disfunção cognitiva, depressão e alucinações. A primeira suposição que poderia haver uma relação entre DP e DG foi baseada na observação entre pacientes com DP e parentes de pacientes com DG. Tanto indivíduos heterozigotos quanto homozigotos para o gene da glicocerebrosidase (GBA) podem desenvolver DP (Lopez & Sidransky, 2010). Recentemente foi demonstrada uma alta freqüência de mutações no gene GBA em pacientes com DP, sugerindo uma associação entre o GBA e DP (Sidransky et al, 2009). A associação entre parkinsonismo e QT ainda não foi elucidada na literatura, no entanto, a DP já foi relacionada a outras DDLs, que apresentam níveis plasmáticos de QT aumentados, como a Doença de Niemann-Pick (Wajner et al, 2004). 2. JUSTIFICATIVA A enzima quitotriosidase tem sido associada a diversas patologias e seu papel vem sendo cada vez mais estudado em grupos de estudos dos mais variados segmentos, com o objetivo de entender sua função fisiológica no organismo humano. A DG e a DP são similares no sentido de que em algumas formas, ambas apresentam depósito de substâncias, já que na DG ocorre acúmulo de glicocerebrosídeo e na DP normalmente ocorre acúmulo de α-sinucleína. Devido à forte associação da QT com a DG, este estudo tenta fazer um paralelo entre a QT, a DG e a DP. 3. OBJETIVOS 3.1 Objetivo geral Investigar a relação entre alterações bioquímicas e moleculares da enzima QT em pacientes com DP e DG. 3.2 Objetivos específicos Identificar a freqüência alélica do polimorfismo (duplicação de 24 pb no éxon 10) do gene QUIT1 em pacientes com DP e DG. Identificar a freqüência genotípica do polimorfismo (duplicação de 24 pb no éxon 10) no gente QUIT1 em pacientes com DP e DG. Mensurar a atividade da enzima QT em pacientes com DP e DG. 4. MATERIAL E MÉTODOS 4.1. CARACTERIZAÇÃO DAS AMOSTRAS A amostra foi composta por pacientes com DG e DP, provenientes da Fundação HEMOPA e do Hospital Universitário João de Barros Barreto, respectivamente. Os dados referentes ao quadro clínico, idade e gênero foram obtidos a partir dos prontuários analisados no ano de 2009 e 2010. O grupo amostral para este estudo constou de 19 indivíduos distribuídos da seguinte forma: Grupo 1: 13 indivíduos com DP, nos quais foi realizado ensaio enzimático para determinar a atividade da QT e análise molecular para investigar a presença da duplicação de 24 pb no gene QUIT1. Grupo 2: 6 indivíduos com DG, nos quais também foi realizado ensaio enzimático para QT, assim como análise molecular para investigar a presença da duplicação de 24 pb no éxon 10 do gene QUIT1. 4.2. COLETA E ARMAZENAMENTO DAS AMOSTRAS Para a análise molecular do gene QUIT1 uma amostra de sangue total (5 mL) foi obtida por punção venosa e colhida em frascos de vidro contendo 54L de EDTA. A amostra foi adequadamente identificada (nome do paciente e data de coleta) e armazenada a -20ºC até o momento da extração de DNA. Para a análise bioquímica da QT uma amostra de sangue (5 mL) foi coletada em tubos de vidro contendo heparina. Após a coleta, o sangue foi centrifugado para obtenção de plasma, o qual foi posteriormente armazenado a 20º C até o momento do ensaio. 4.4. PROTOCOLO PARA ENSAIO ENZIMÁTICO DA QUITOTRIOSIDASE (Adaptado de Hollak et al, 1993). 4.4.1. REAGENTES: ● 4-Metilumbeliferil-ß-D-N-N´-N´´-triacetilquitotriosideo 0,026 mM Pesar 1mg de 4-Metilumbeliferil-ß-D-N-N´-N´´-triacetilquitotriosidase. Medir 23 mL do tampão citrato 100mM-fosfato 200mM Completar com água destilada até o volume de 50 mL. Manter em freezer a -20°C. ● Tampão citrato 100 mM – fosfato 200mM pH 5,2 Solução I: Pesar 3,84 g de ácido cítrico anidro. Dissolver até o volume de 100mL com água destilada. Solução II: Pesar 2,84 G de Na2PO4 anidro. Dissolver até o volume de 50 mL com água destilada. Solução final: 23,3 mL da solução I. 26,7mL da solução II. Adicionar 40 mL de água e calibrar o pH para 5,2. Em seguida, completar com água destilada até o volume de 100mL. ● Ácido cítrico 0,2 M: Pesar 3,84g de ácido cítrico. Dissolver até o volume de 100 mL com água destilada. Conservar em geladeira. ● Albumina 10mg/ mL: Pesar 100 mg de albumina. Dissolver em 10 mL de água em balão volumétrico. Conservar em geladeira. ● Tampão Glicina/NaOH pH 10,3: Pesar 37, 535g de glicina e 12,5g de NaOH, transferir para um beker e dissolver com 800mL de água destilada, acertar o pH 10,3 com NaOH 10M. Completar o volume com água até 1000 mL. 4.4.2. PROCEDIMENTOS: O quadro abaixo mostra os procedimentos iniciais para o ensaio da enzima QT: PROTOCOLO PADRÃO DE CURVA DE METILUMBELIFERONA Branco (sem alb.) Água destilada Testes 5 uL Albumina 1% * 5 uL Amostra(acidificada) Substrato Branco (com alb.)* 100 uL - 100 uL 5 uL 100 uL Incubar 15 minutos a 37ºC. Parar a reação com 1 mL de tampão glicina pH 10,3. Ler a fluorescência no espectrofluorômetro. Excitação 365nm - Emissão 450 nm. Usar a curva de 4-metilumbeliferil. CÁLCULOS: QM = concentração MU/ fluorescência. nmoles/h/mL = (fluorescência teste - branco) X QM X 880 4.5. ANÁLISE MOLECULAR DA DEFICIÊNCIA DA QUITOTRIOSIDASE 4.5.1. EXTRAÇÃO DE DNA A extração do DNA foi realizada pela técnica de Fenol Clorofórmio segundo a metodologia descrita por Sambrook & Russel (2001). 4.5.2. AMPLIFICAÇÃO DO ÉXON 10 POR REAÇÃO EM CADEIA DA POLIMERASE (PCR) Para a identificação da duplicação de 24 pares de bases foi realizada amplificação do gene QUIT 1 na região do exon 10 (figura 01) através da técnica de PCR. Foram utilizados iniciadores (primers) específicos: F 5’ –GAA GAG GTA GCC AGG CTC TGG- 3’ e R 5’ – CTG CCG TAG CGT CTG GAT GAG -3’ (Lee et al, 2007). As condições de PCR utilizadas estão destacadas a seguir: Tabela 2. Condições usadas nas reações de PCR. Estágios Número de ciclos Temperatura Tempo Desnaturação inicial 1 94ºC 4’ 95ºC 1’ 61,5ºC 30’’ 72ºC 30’’ 72ºC 5’ Desnaturação Anelamento 35 Extensão Extensão final 1 Adaptados de Lee et al, 2007. 4.5.3. Análise dos Produtos Amplificados Os fragmentos amplificados pela PCR foram submetidos à eletroforese em gel de agarose 2,5% com brometo de etídio para visualização das bandas de interesse. Os genótipos foram determinados da seguinte forma: presença de fragmento de 195pb indica homozigoto normal; presença de um fragmento de 219pb indica o homozigoto mutante; presença de dois fragmentos (195pb e 219pb) indica heterozigoto para a duplicação de 24pb. 4.6. Análise Estatística A freqüência da duplicação de 24 pares de base foi obtida a partir de contagem alélica simples, dividindo a quantidade de alelos mutantes encontrados pelo número total de alelos analisados. Os dados obtidos foram comparados com os observados na literatura através da análise do teste-t (dados amostrais). Para análise estatística da dosagem da enzima QT foi utilizado o teste ANOVA (um critério), seguido de teste de Dunnet. 4.7. Aspectos éticos Este estudo levou em considerações os princípios éticos básicos das diretrizes e normas reguladoras de pesquisa envolvendo seres humanos: autonomia, beneficência, não maleficência e justiça. Para tanto, o projeto do presente estudo foi submetido e aprovado por um Comitê de Ética. 5. RESULTADOS 5.1 INVESTIGAÇÃO DA DUPLICAÇÃO DE 24PB A presença da duplicação foi detectada através da técnica de PCR. O produto da PCR foi visualizado em gel de agarose a 2,5%, contendo brometo de etídio. Os genótipos foram determinados a partir do tamanho dos fragmentos visualizados: presença de fragmentos de 197pb indica homozigoto normal; presença de fragmento de 219pb indica homozigoto mutante; presença de ambos fragmentos indica heterozigoto para duplicação de 24pb (figura 10). 1 2 3 Figura 10- Genótipos para a duplicação de 24 pb no exon 10 do gene QUIT1: canaleta 1: homozigoto normal com 195pb; canaleta 2 homozigoto mutante com 219pb; canaleta 3: heterozigoto com ambos os fragmentos (195pb e 219pb). 5.2 FREQUÊNCIAS GENOTÍPICAS E ALÉLICAS As freqüências genotípicas e alélicas foram determinadas por contagem direta (procedida pela contagem simples de alterações encontradas). A tabela 3 mostra a relação dos genótipos encontrados para a duplicação de 24 pb no éxon 10 do gene QUIT1 nos pacientes com DP, assim como a dosagem da enzima QT e os sintomas iniciais da doença. A idade de início da doença variou entre 35 e 82 anos. Tabela 3 – Dosagem da enzima QT, genótipo e dados clínicos dos pacientes com DP. DP 1 QT GENÓTIPO DADOS CLÍNICOS (nmoles/h/mL) 26,1 Heterozigoto Rigidez nos membros superiores. DP 2 Não detectável Homozigoto mutante Tremor na mão direita, bradicinesia, perda de memória e dificuldade na fala. DP 3 107,4 Homozigoto normal Tremor nos membros superiores, bradicinesia, dificuldade na fala. DP 4 235,09 Homozigoto normal Tremor na mão direita. DP 5 86,2 Homozigoto normal Fraqueza nos membros inferiores e superior esquerdo, e tremor no corpo inteiro. DP 6 192,10 Heterozigoto DP 7 233,64 Homozigoto normal Tremor na mão e pé direitos. Bradicinesia, rigidez e tremor no corpo inteiro, alteração da DP 8 55,0 Homozigoto normal marcha e da fala. Tremor e rigidez na mão direita. DP 9 Não detectável Homozigoto mutante Tremor no corpo inteiro, alterações da marcha. DP 10 25,4 Heterozigoto Dificuldade de movimentar o lado direito. DP 11 DP 12 55,0 52,4 Homozigoto normal Rigidez e tremor em todos os Homozigoto normal membros. Tremor na mão esquerda, fraqueza. DP 13 20,9 Heterozigoto Tremor na mão esquerda. A tabela 4 demonstra a relação de genótipos encontrados para a duplicação de 24 pb no éxon 10 do gene QUIT1 nos pacientes com DG, assim como a dosagem da enzima QT. Tabela 4 – Dosagem da atividade da QT e genótipo de pacientes com DG. QT (nmoles/h/mL) GENÓTIPO DG 1 9435 Homozigoto normal DG 2 563 Heterozigoto DG 3 6049 Homozigoto normal DG 4 30.634 Homozigoto normal DG 5 2,1 Homozigoto mutante DG 6 570 Heterozigoto A tabela 5 ilustra as freqüências genotípica e alélica para a duplicação de 24 pb do gene QUIT1. Tanto nos pacientes com DP quanto com DG, o genótipo mais encontrado foi homozigoto normal (53,86% e 50%, respectivamente), seguido de heterozigoto (30,76% e 33,33%, respectivamente) e homozigoto mutante (15,38% e 16,67%, respectivamente). Quanto à freqüência alélica, o alelo selvagem foi o mais encontrado, com uma freqüência de 70% nos pacientes com DP e 66,7% nos pacientes com DG. O alelo mutante foi encontrado em uma freqüência de 30% (DP) e 33,3% (DG). Tabela 5 – Frequências genotípica e alélica da duplicação de 24pb no éxon 10 em pacientes com DP E DG. FREQUÊNCIA GENOTÍPICA n HN Heterozigoto DP 13 53,86% 30,76% DG 6 50% 33,33% F. ALÉLICA HM Selvagem Mutante 15,38% 70% 30% 66,7% 33,3% 16,67% HN = homozigoto normal; HM = homozigoto mutante. As freqüências alélicas e genotípicas dos pacientes de DG e DP não diferiram significativamente (p>0,050). 5.3 DOSAGEM DA ATIVIDADE DA ENZIMA QT Nos pacientes com DP a dosagem da atividade de QT variou entre aproximadamente 0,0 e 235,09 nmoles/h/mL. Nos pacientes com DG a atividade de QT variou de 2,1 a 30.634,0 nmoles/h/mL. Nos pacientes com DG a atividade da enzima QT foi significativamente maior quando comparada como os pacientes com DP (p < 0,05). 6. DISCUSSÃO A QT tem sido considerada como um indicador da resposta imune inata e também desempenha um papel importante na defesa contra patógenos contendo quitina (Pitas et al, 2006). A atividade da QT no plasma humano é considerada como biomarcador de ativação de macrófagos e de alguma doenças de depósito lisossômico, como a DG (Malaguarnera et al, 2005). Embora a atividade da QT seja sugerida como marcador bioquímico para a DG e sua atividade aumentada em diversas patologias, há polimorfismos que interferem na atividade da enzima. O polimorfismo mais encontrado é a duplicação de 24pb no éxon 10, causando a deleção de 87 nucleotídeos, resultando em uma enzima inativa com ausência de 29 aminoácidos (Boot et al, 1998). Este polimorfismo foi encontrado em diferentes etnias (Malarguarnera, 2006) e em tribos indígenas. Em um estudo conduzido por Silva (2010), a freqüência da duplicação foi investigada na população de Belém-PA, nas populações indígenas da Amazônia e em pacientes com DG. Foi encontrada uma freqüência do alelo mutante de 24% na população de Belém, 92% para Ka’apor, 50% para Xikrin, 69% para Araweté, 71% para Parakanã, 68% Asurini, 76% para Arara, 45 % para Gavião e 7% para DG. A freqüência do genótipo homozigoto mutante foi de 7% para a população de Belém, 92% para Ka’apor, 38,5% para Xikrin, 54% para Araweté, 58% para Parakanã, 57% para Asurini, 57% para Arara, 31% gavião e nenhum para DG. O alelo mutante da QT foi encontrado em uma freqüência de 33-35% em judeus Ashkenazi e holandeses, respectivamente, enquanto que em ambas as populações 6% eram homozigotos para este alelo (Boot et al, 1998). Em um estudo feito na população portuguesa foram encontrados 6% de homozigotos pra este polimorfismo e 40% de heterozigotos (Rodrigues, 2004). Já na área Mediterrânea foi encontrada uma freqüência para heterozigotos de 44-54% na Sicília e 32,7% na Sardenia, enquanto que 5,45% e 3,73%, respectivamente, são homozigotos mutantes. Na África, no entanto, não foram encontrados indivíduos homozigotos para a deficiência e uma baixa incidência de heterozigotos em Benin e Burkina, 0% e 2%, respectivamente (Malaguarnera, 2003). No presente estudo foi investigada a duplicação de 24 pb em pacientes com DP e DG do estado do Pará. Nos pacientes com DP foi encontrada uma freqüência do genótipo homozigoto normal de 53,86%, 30,76% do heterozigoto e 15,38% do homozigoto mutante. Nos pacientes com DG as freqüências genotípicas foram 50% para homozigoto normal, 33,33% para heterozigoto e 16,67% para homozigoto mutante. As freqüências alélicas encontrada nos pacientes com DP foram 70% para o alelo selvagem e 30% para o alelo mutante e nos pacientes com DG foi 66,7% para o alelo selvagem e 33,3% para o alelo mutante. Estes achados não diferem dos encontrados por Silva, 2010 para a população de Belém. A constatação de que os níveis plasmáticos de QT observados em pacientes com DP no presente estudo ainda estão abaixo dos valores observados em pacientes com DG pode estar associada ao fato de que a DG é uma doença crônica e gradativa, com intensa proliferação de macrófagos, enquanto que a DP não é conhecida por desencadear resposta imune. Os sintomas iniciais mais comuns foram tremor nos membros superiores e rigidez. A idade de início dos sintomas variou entre 35 e 82 anos, sendo que apenas dois pacientes apresentaram histórico familiar positivo. O quadro clínico dos pacientes com DP não diferiu do que já está na literatura, assim como a resposta a agonistas dopaminérgicos (Lau & Breteler, 2006). A QT é uma enzima secretada por macrófagos com a capacidade de degradar quitina e o seu papel fisiológico no organismo ainda não está totalmente elucidado. Entretanto, diversos trabalhos sugerem que a expressão de QT está associada à resposta imune, ou que seria uma resposta natural do organismo diante de um patógeno, como sugerido por Hollak et al, (1993), Malaguarnera et al, (2005); Van Eijk et al (2005). A participação da QT no processo de resposta imune é respaldada também por sua atividade estar diretamente ligada à proliferação de macrófagos ativos, uma vez que estes são importantes componentes do mecanismo de defesa do organismo. Nesse contexto, Boot et al. (1995) demonstraram que, em determinadas circunstâncias, a QT pode ser considerada a principal proteína secretada pelos macrófagos, correspondendo a cerca de 1% das proteínas totais secretadas. Em um estudo desenvolvido por Barone et al. (1999) foram observados níveis de QT aumentados em 10% dos pacientes com Beta Talassemia Maior comparáveis aos de pacientes com DG. Uma característica desta patologia é a sobrecarga de ferro provocada por uma eritropoiese ineficiente, bem como transfusões a que estes pacientes são submetidos. Este evento seria um dos fatores responsáveis pelos níveis aumentados da QT nesta patologia. 7. CONCLUSÕES A freqüência alélica da duplicação de 24 pb encontrada para DP de 30,0% e para DG de 33,3% não apresentou diferença estatística. As freqüências genotípicas não diferiram entre DP e DG, e ambas em relação à população de Belém - PA. O nível plasmático da QT foi significativamente maior nos pacientes com Doença de Gaucher do que nos pacientes com Doença de Parkinson. O nível plasmático da enzima não teve relação com a gravidade dos sintomas iniciais, com a idade de início dos sintomas nem com o histórico familiar positivo dos pacientes com Doença de Parkinson. Os genótipos para a duplicação de 24 pb demonstraram que os indivíduos homozigotos mutantes apresentam deficiência na atividade de QT tanto nos pacientes com DG quanto os com DP. 8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AGUILERA BEGON A.; KAREN GHAUHARALI-VAN DER VLUGT; MARIETTE T. J.; HELMOND, JOS M. M. OUT, WILMA E. DONKER-KOOPMAN, JOHANNA E. M. GROENER, ROLF G. BOOT; G. HERMA RENKEMA; GIJS A. VAN DER MAREL, JACQUES H. VAN BOOM, HERMEN S. OVERKLEEFT, AND JOHANNES M. F. G. AERTS. Transglycosidase Activity of Chitotriosidase Improved enzymatic assay for the human macrophage chitinase. The Journal of Biological Chemestry. Vol. 278, No. 42, 40911–40916, 2003. ALTARESCU G.; SCHIFFMANN R.; PARKER C. C.; MOORE D. F.; KREPS C.; BRADY R. O.; Comparative efficacy of dose regimens in enzyme replacement therapy of type I Gaucher disease. Blood Cells Mol. Dis. 26:285-90, 2000. ARTIEDA M.; CENARRO A.; GANAN A. Serum chitotriosidase activity is increased in subjects with atherosclerosis disease. Arterioscler Thromb Vasc Biol. 231645–1652, 2003. BABIOR B.M. Oxygen-dependent microbial killing by phagocytes. N. Engl. J. Med. 298:659–668.1978. BARONE R.; SIMPORE J.; MALAGUARNERA L.; PIGNATELLI S.; MUSUMECI S. Plasma chitotriosidase activity in acute Plasmodium falciparum malaria. Clin Chim Acta. 331:79–85. 2003. BARONE R.; DI GREGORIO F.; ROMEO M.A.; SCHILIRO G.; PAVONE L. Plasma chitotriosidase activity in patients with b thalassemia. Blood Cells Mol Dis. 15:1–8. 1999. BEUTLER E.; GRABOWSKI G.; Gaucher Disease: The metabolic and molecular bases of inherited disease. New York: McGraw-Hill. p. 3663-8, 2000. BOOT, R.G.; RENKEMA, G.H.; STRIJILAND, A; VAN ZONNEVELD, A.J.; AERTS, J.M.F.G. Cloning of cDNA Enconding Chitotriosidase, a Human Chitinase Produced by Macrophages. J. Biol. Chemestry. 270 26252-26256, 1995. BOOT, R.G.; RENKEMA, G.H.; VERHOEK, M.; STRIJILAND, A.; BLIEK, J.; MAURICE, T.; DE MEULEMEESTER, A.M.O.; MANNENS, M.M.A.M.; AERTS, J.M.F.G. The Human Chitotriosidase: Nature of Inherited Enzyme Deficiency. Eur.Journal of Biochemestry. 270: 26252-26256, 1995. BOOT R. G.; VAN ACHTERBERG T. A.; VAN AKEN B. E. Strong induction of members of the chitinase family of proteins in atherosclerosis: chitotriosidase and human cartilage gp‐39 expressed in lesion macrophages. Arterioscler. Thromb. Vasc. Biol. 19687–694, 1999. BOUNDS J.A; HUNT G.M. Neurology-epitomes of progress: carbidopa- levodopa combination in treatment of Parkinson disease. West J. Med. 127:135–136, 1977. CANUDAS J.; CENARRO A.; CIVEIRA F. Chitotriosidase genotype and serum activity in subjects with combined hyperlipidemia: effect of the lipid‐lowering agents, atorvastatin and bezafibrate. Metabolism. 50447–450, 2001. CHARROW J.; ESPLIN J.A.; GRIBBLE T.J.; KAPLAN P.; KOLODNY E.H.; PASTORES G.M. Gaucher disease: recommendations on diagnosis, evaluation, and monitoring. Archive Intern Medicine. 158:1754-60, 1998. CZARTORYSKA, B.; TYLKI-SZYMANSKA, A.; LUGOWSKA, A. Changes in Serum Chitotriosidase Activity with Cessation of Replacement Enzyme (Cerebrosidase) e Administrtion in Gaucher Disease Clinical Biochemistry 33. 147-149, 2000. ERDAL, M.; ET AL. Increased serum chitotriosidase activity following restoration of euthyroidism in patients with subclinical hypothyroidism. Intern Medicine. p. 1309-14, 2008. GRABOWSKI G. A.; LESLIE N.; WENSTRUP R. Enzyme therapy for Gaucher disease: the first 5 years. Blood Rev. 12:115-33, 1998. GRABOWSKI G. A. Gaucher disease: lessons from a decade of therapy. J. Pediatr. 144:S15-9, 2004. GELB D. J.; OLIVER E.; GILMAN S. Diagnostic criteria for Parkinson disease. Arch. Neurol. 56: 33–39, 1999. HOLLAK C.E.; LEVI M.; BERENDS F.; AERTS J.M.; VAN OERS M.H. Coagulation abnormalities in type 1 Gaucher disease are due to low-grade activation and can be partly restored by enzyme supplementation therapy. Br. J. Haematol. 96:470-6, 1997. HOLLAK C.E.; VAN WEELY S.; VAN OERS M.H.J.; AERTS J. M. F. G. Marked elevation of plasma chitotriosidase activity. A novel hallmark of Gaucher disease. J. Clin. Invest. 93:1288–1292.1994. HOLM, L.; SANDER, C. Structural similarity of plant chitinase and lysozymes from animals and phage: An evolutionary connection. FEBS Lett. 340, 129–132, 1994. HORNYKIEWICZ O. The discovery of dopamine deficiency in the parkinsonian brain. Journal of Neural Transmission: 9–15, 2006. KITADA T.; ASAKAWA S.; HATTORI N.; MATSUMINE H.; YAMAMURA Y.; MINOSHIMA S. Mutations in the parkin gene cause autosomal recessive juvenile parkinsonism. Nature, 392: 605– 608, 1998. LANG A. E. AND LOZANO A. M. Parkinson’s disease. First of two parts. N. Engl. J. Med. 339: 1044–1053, 1998. LANGSTON J.W.; FORNO L.S.; TETRUD J.; REEVES A.G.; KAPLAN J.A.; KARLUK D. Evidence of active nerve cell degeneration in the substantia nigra of humans years after 1-methyl-4-phenyl- 1,2,3,6-tetrahydropyridine exposure. Annals of Neurology, 46: 598–605, 1999. LARRY W.; TJOELKER, LARRY GOSTING, STEVE FREY, CHRISTIE L. HUNTER, HAI LE TRONG, BART STEINER, HEATHER BRAMMER, AND PATRICK W. Gray Structural and Functional Definition of the Human Chitinase Chitin-binding Domain. Journal of Biological Chemestry. Vol. 275, No. 1, Issue of January 7, pp. 514–520, 2000. LAU, DE L. M. L. & BRETELER, M. M. B. Epidemiology of Parkinson’s Disease. Lacent Neural. 5:525 – 35, 2006. LEE, P.; WAALEN, J.; CRAIN, K.; SMARGON, A.; BEUTLER, E. Human chitotriosidase polymorphisms G354R and A442V associated with reduced enzyme activity. Blood Cells Mol. Diseases. 39(3): 353-360, 2007. LEROY E.; BOYER R.; AUBURGER G.; LEUBE B.; ULM G.; MEZEY E. The ubiquitin pathway in Parkinson’s disease. Nature, 395: 451– 452, 1998. LEWY F.H. Paralysis agitans. Part I: Pathologische anatomie. In Lewandowsky M (Ed)Handbuch der Nesurologie, vol. 3. Berlin: Springer, 920–933, 1912. LOPEZ G.; SIDRANSKY E. Autosomal recessive mutations in the development of Parkinson’s disease. Biomark Med. 4:713–721, 2010. MALAGUARNERA, L.; SIMPORE, J.; PRODI, D. A.; ANGIUS, A.; SASSU A.; PERSICO, I.; BARONE, R. AND MUSUMECI, S. A 24-bp duplication in exon 10 of human chitotriosidase gene from the sub-Saharan to the Mediterranean area: role of parasitic diseases and environmental conditions. Genes Immun. 4, 570–574, 2003. MALAGUANERA, L. Chitotriosidase: the yin and yang. Cellular and Molecular Life Sciences. 01-12, 2006. MALAGUANERA, L.; MUSUMECI, M.; Di ROSA, M.; SCUTO, A.; MUSUMECI, S. Interferon-ganma, Tumor Necrosis Factor-alpha, and Lipopolysaccharide Promote Chitotriosidase Gene Expression in Human Macrophages. Journal of Clinical Laboratory Analysis 19: 128–132, 2005. MARK M. H. Lumping and splitting the parkinson plus syndromes. Dementia with Lewy bodies, Multiple System Atrophy, Progressive Supranuclear Palsy and Cortical-Basal Ganglionic Degeneration. Neurol Clin. 19: 607-627, 2001. MARTINS A.M.; VALADARES E. R.; PORTA G.; COELHO J. Recommendations on Diagnosis, Treatment, and Monitoring for Gaucher Disease. The Journal of Pedriatics. Vol. 155, No. 4, Suppl. 2, 2009. MCNAUGHT K.S.; BELIZAIRE R.; ISACSON O.; JENNER P.; OLANOW C.W. Altered proteasomal function in sporadic Parkinson’s disease. Experimental Neurology, 179: 38–46, 2003. MCNAUGHT K.S. AND OLANOW C.W. Proteolytic stress: a unifying concept for the etiopathogenesis of Parkinson’s disease. Annals of Neurology, 53: S73– S84, 2003. MEIKLE P.J.; HOPWOOD J.J.; Lysosomal storage disorders: emerging therapeutic options require early diagnosis. Eur. J. Pediatr. 162(Suppl1):S347, 2003. MIGNOT C.; DOUMMAR D.; MAIRE I.; DE VILLEMEUR T.B. Type 2 Gaucher disease: 15 new cases and review of the literature. Brain Dev. 28:39-48, 2006. OLE A. ANDERSEN; MARK J. DIXON; IAN M. EGGLESTON AND DAAN M. F. VAN AALTEN. Natural product family 18 chitinase inhibitors. Nat. prod. Rep. 563-579. 2005. PARKINSON J. An Essay on the Shaking Palsy, 1817. RENKEMA, G.H.; BOOT, R.G.; MUIJSERS, A.O.; DONKER-KOOPMAN, W.; E; AERTS,J.M.F.G. Purification e Characterization of Human Chitotriosidase, a Novel Member of Family of Proteins. J. Biol. Chem. 270(5) 2198-2202, 1995. RENKEMA G.H.; BOOT R.G.; STRIJLAND A. Synthesis, sorting and processing into distinct isoforms of human macrophage chitotriosidase. Eur J Biochem. 244:279–85. 1997. RODRIGUES, M. R.; SA MIRANDA, M. C. AND AMARAL, O. Allelic frequency determination of the 24-bp chitotriosidase duplication in the Portuguese population by real-time PCR. Blood Cells Mol. Dis. 33, 362–364, 2004. SAUDUBRAY J.M.; OGIER D.E.; BAULNY H.; CHARPENTIER C. Clinical approach to inherited metabolic disorders. New York, McGraw-Hill. pp 327400, 1995. SCHAPIRA A.H.; MANN V.M.; COOPER J.M.; KRIGE D.; JENNER P.J.; MARSDEN C.D. Mitochondrial function in Parkinson’s disease. The Royal Kings and Queens Parkinson’s Disease Research Group. Annals of Neurology, 32: S116–S124, 1992 SONMEZ A.; HAYMANA C.; TAPAN S.; UMUT SAFER, CELEBI G.; OZTURK O.; GENC H.; DOGRU T.; TASCI I.; ERDEM G. Chitotriosidase activity predicts endothelial dysfunction in type-2 diabetes mellitus. Springer Science Business Media, LLC, 2010. SPILLANTINI M.G.; SCHMIDT M.L.; LEE V.M.; TROJANOWSKI J.Q.; JAKES R.; GOEDERT M. Alpha-synuclein in Lewy bodies. Nature. 388:839–840, 1997. STONE D.L; VAN DIGGELEN O.P.; DE KLERK J.B.; GAILLARD J.L.; NIERMEIJER M.F.; WILLEMSEN R. Is the perinatal lethal form of Gaucher disease more common than classic type 2 Gaucher disease?. Eur. J. Hum Genet. 7:505-9, 1999. WAJNER, A.; MICHELIN, K.; BURIN, M.G; PIRES, R.F.; PEREIRA, M.L.S.; GIUGLIANI, R.; COELHO, J.C. Biochemical characterization of chitotriosidase enzyme: comparison between normal individuals and patients with Gaucher and with Niemann–Pick diseases Clinical Biochemistry 37: 893– 897. 2004. WONG K.; SIDRANSKY E.; VERMA A. Neuropathology provides clues to the pathophysiology of Gaucher disease. Mol. Genet. Metab., 82:192–207, 2004. VAN EIJK M.; VAN ROOMEN C.P.; RENKEMA G.H.; BUSSINK A.P.; ANDREWS L.; BLOMMAART E.F.; SUGAR A.; VERHOEVEN A.J.; BOOT R.G.; AERTS J.M. Characterization of human phagocyte- derived chitotriosidase, a component of innate immunity. Int Immunol. Nov 17: 1505-1512, 2005. VELLODI A.; BEMBI B.; DE VILLEMEUR T.B.; COLLIN-HISTED T.; ERIKSON A.; MENGEL E. Management of neuronopathic Gaucher disease: a European consensus. J Inherit Metab Dis. 24:319-27, 2001. ANEXO PROJETO: INVESTIGAÇÃO DE ALELOS MUTANTES NO GENE GBA EM PACIENTES COM DOENÇA DE PARKINSON: RELAÇÃO COM A DOENÇA DE GAUCHER? TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO Você está sendo convidado para participar de uma pesquisa que tem o objetivo investigar a ocorrência da influência de fatores genéticos em indivíduos portadores da Doença de Parkinson. A Doença de Parkinson é uma doença que ocorre, geralmente, em pessoas com mais de 50 anos e provoca problemas nos movimentos do corpo, como por exemplo, o aparecimento de tremores nas mãos e a lentidão dos movimentos voluntários. A pesquisa vai tentar identificar se esses fatores genéticos (fatores que passam de pais para filhos) estão realmente ligados ao fato do indivíduo desenvolver a Doença de Parkinson. Em uma etapa do estudo, você será submetido a uma série de perguntas sobre a situação da sua doença e sobre as suas condições de moradia e de trabalho, nos dias de hoje e no passado. Você poderá ser escolhido para participar da etapa do estudo que envolve fazer exames de sangue. Você terá total liberdade para recusar a participação nessa fase, sem problema nenhum. A coleta do sangue para os testes será feita com todo o cuidado, por pessoas treinadas e com material descartável adequado, desta forma, oferecendo riscos mínimos para sua saúde e bem estar. Através do material coletado serão realizados exames genéticos complexos a fim de atingir os objetivos desta pesquisa. A finalidade desses testes é descobrir se há possivelmente a ligação entre o quadro da doença de Parkinson e a atuação de determinados fatores genéticos (como o gene LRRK2), e não trará nenhum benefício imediato em termos de sua cura ou melhoria do tratamento. Entretanto, a pesquisa poderá ajudar a esclarecer melhor como a doença surge e se desenvolve, e, com isso poderá contribuir para melhorar a prevenção e futuro controle da doença. Se você aceitar participar da pesquisa, seu nome e a sua participação no estudo ficarão em total sigilo. Danos que forem, comprovadamente, provocados pela pesquisa serão reparados. Você também poderá interromper a sua participação no estudo a qualquer momento que quiser sem que haja perdas ou qualquer forma de represálias. Declaro que li as informações acima sobre a pesquisa, que me sinto esclarecido (a) sobre o conteúdo da mesma. Declaro ainda que, por minha livre vontade, aceito participar da pesquisa cooperando com a coleta de material para exame. Belém, ___ / ___ /___ ___________________________________________ Assinatura do participante Assinatura do Responsável