sanathana dharma - Alinhamento Energético

Transcrição

sanathana dharma - Alinhamento Energético
ERNANI FORNARI
(Dharmendra)
SANATHANA
DHARMA
(Textos sobre Yoga, Yogaterapia, Vedanta, Tantra e Ayurveda)
2012
1
OM sahanah vavatu
Sahagnau bhunaktu
Saha viryam karavah vahai
Tejaswinah vaditamastu ma
Vidhvi ca vahai
(Que Deus nos aceite juntos
Que trabalhemos juntos
Que progridamos juntos
Que realizemos a Verdade
Que nunca briguemos)
2
À Vyasa, Patanjali, Shankara, Buddha, Swami Tilak,
Bhagavan Ramakrishna Paramahansa,
Bhagavan Sri Ramana Maharshi,
Paramahansa Yogananda,
Joseph Le Page, Glória Arieira
e Paulo Murilo Rosas
3
ÍNDICE
- O processo da Criação segundo a visão do Hinduísmo
- A visão Hindú sobre a estruturação do psiquismo
- As Gunas (as qualidades da Natureza material)
- Os Bhutas e os Doshas
- Os Chakras
- Granthis, os três nós psíquicos do Tantra
- Yoga e Yogaterapia na prevenção e no tratamento dos
desequilíbrios dos Doshas.
- Karma e Kriya (as purificações no Yoga, no Tantra e no
Ayurveda)
- Langhana e Brimhana, o Yin/Yang do Ayurveda. Sua aplicação
no Yoga e na Yogaterapia
- Tratak, o Yoga dos olhos
- O Kanda. Calibrando o ponto de equilíbrio
- Os Deuses hindús e os Mantras
- Yogaterapia Integrativa, uma abordagem do Yoga para o
terceiro milênio
- Reflexões sobre o ensino do Yoga e da Yogaterapia
- Pelos caminhos da Yogaterapia
- Quem é o dono do Yoga ?
- Yoga, esportes e musculação
- Procurando entender a India (a respeito da novela da Globo)
- Renascimento - Prana e Pranayama como terapia
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- Ortodoxos e Heterodoxos, compatibilizando os aparentes
opostos
TEXTOS COMPLEMENTARES
- As 4 Direções e os Animais de Poder no Xamanismo
- O perigoso circuito do comer
- Quem manda no teu desejo ?
- 15 dicas para viver uma vida mais consciente, plena e
equilibrada
BIBLIOGRAFIA
LINKS
SOBRE O AUTOR
AGRADECIMENTOS
OUTROS LIVROS DO AUTOR
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INTRODUÇÃO
Minha inserção no universo oriental (especialmente no hindu) começou
em 1974 aos 18 anos quando comecei a praticar Hatha Yoga com um
amigo surfista, que foi também quem me apresentou a alimentação
Macrobiótica e ao vegetarianismo. Posteriormente fui praticar Yoga
(método Shri Yogendra) com o saudoso Vitor Binot (quem se lembra da
musica da Joyce, “Monsieur Binot”?).
Dois anos depois, aos 20 anos, fui morar no campo, e a partir dalí pude
viver toda a vanguarda do movimento alternativo e aquariano brasileiro.
Fiz parte da primeira geração dos “hippies de Mauá” (tive o primeiro
restaurante natural de Visconde de Mauá, o “Céu da Boca”), morei em
comunidades alternativas, morei em ashrams, fui aos primeiros ENCAs
(Encontro Nacional de Comunidades Alternativas), ví nascer os
movimentos naturalista, espiritualista e ecológico no Brasil, e fiz parte da
primeira leva de produtores orgânicos do Rio de Janeiro, pois trabalhei
por mais de 10 anos com apicultura e com agroecologia.
Paralelamente à isso, continuei desenvolvendo meus estudos e minhas
práticas de Yoga e Vedanta, e sobretudo, sempre escrevendo muito.
Assim, publiquei um dos primeiros livros de Agricultura Ecológica e um
dos primeiros dicionários de Ecologia - lançado na Eco 92 - editados no
Brasil.
Aos 27 anos conhecí Swami Tilak, um monge hindu que havia dado,
descalço e com dois panos enrolados no corpo, duas voltas ao redor do
mundo sem ter ou pedir nenhum tostão a ninguém. Não pertencia nem
havia criado nenhuma seita ou escola nem, como ele mesmo dizia,
fundado nenhum “ismo”. Apenas estava nos lugares onde o levavam e alí
ele distribuía seu Conhecimento e sua Sabedoria com total desapego, sem
fazer questão de ter discípulos, fama ou alguma instituição dando
suporte.
Este ser especial, que faleceu um ano depois, iniciou-me em 1983 com
o nome espiritual de Dharmendra, e desde então tem sido uma das
minhas grandes referências não só dentro do universo hinduísta, como
em relação ao meu próprio desenvolvimento pessoal/espiritual.
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Em 1996, aos 40 anos, voltei para a cidade grande depois de 20 anos
na roça, e (re)iniciei minha vida profissional com Yoga, Yogaterapia e com
Ayurveda, e posteriormente com Xamanismo.
Fiz formações profissionais em Hatha Yoga, Dakshina Tantra Yoga,
Yogaterapia Integrativa, Massoterapia, Ayurveda, Renascimento, Reiki, fui
professor em curso de formação de instrutores de Yoga (ABPY) e ministrei
cursos de Massoterapia Ayurvédica.
Nesse meio tempo entrei de sócio, juntamente com meu amigo Ralph
Viana, de um dos mais tradicionais espaços de Yoga e terapias do Rio de
Janeiro – o Espaço Saúde (ex- Instituto Ganesha) - onde estou até hoje
trabalhando como instrutor de Yoga e como terapeuta.
Em 1998 iniciei minha inserção no universo xamânico e posteriormente
aprendi uma poderosa técnica terapêutica xamânica chamada
“Alinhamento Energético”, e com esta terapia venho trabalhando desde
2003 no Brasil e na Europa (onde o trabalho se chama Fogo Sagrado)
fazendo palestras, atendimentos individuais, workshops, eventos e
formando terapeutas.
O presente livro é uma coletânea – revisada e aumentada – dos artigos
e matérias que venho escrevendo desde 1996 para publicações da área
alternativa, terapêutica e espiritualista (tais como os jornais cariocas
Quiromance, Ganesha, Prana, Oxigênio, Essência Vital, YinYang, Folha
Esotérica, Bem Estar, Qualittá, Madhava, Estar Bem, etc.) bem como para
dezenas de sites do cyberspace espiritualista, naturalista e ecológico
brasileiro.
Como bom aquariano (e com meio de céu em Gêmeos), minha postura
no universo hindu nunca foi a de aderir ou de seguir exclusivamente uma
escola, Mestre ou linha específica, mas a de procurar ter uma visão bem
ampla e panorâmica - e profunda - desse antigo e complexo universo
cultural e espiritual oriental, e assim desenvolver minha visão de mundo e
construir meu caminho pessoal sempre dentro de uma ótica eclética,
universalista e ecumênica.
Os textos aqui apresentados, embora tenham como foco central o
universo filosófico e “tecnológico” Hindu, são apresentados e desdobrados
dentro de uma perspectiva aberta e isenta, sem estar vinculada a
nenhuma leitura ou interpretação específica ou particular, e oferecendo,
7
inclusive, analogias com outras fontes de Conhecimento como a Psicologia
ocidental, a Fisica Quântica e o Xamanismo.
Ofereço este livro para todos os clientes e alunos que passaram pela
minha vida profissional, como a minha humilde e honesta contribuição
pelos mais de 35 anos de estudo, pesquisa e prática e quase 20 anos de
intensa atividade profissional como instrutor de Yoga, yogaterapeuta e
massoterapeuta.
E também ofereço este livro como uma comemoração pelo fechamento
de um ciclo, já que o lançamento deste livro coincide com a minha
aposentadoria e com meu retorno ao sitio (onde morei por 20 anos entre
os 20 e os 40 anos) após mais de 15 anos de muitas vivências e
experiências na cidade grande.
NAMASTE !
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O PROCESSO DA CRIAÇÃO SEGUNDO A VISÃO DO
HINDUÍSMO
O conceito filosófico que versa sobre o contraponto dialético
Absoluto / Relativo (ou Unidade / dualidade, Permanente /
impermanente, Manifesto / imanifesto, etc.) é muito presente em quase
todas as antigas culturas da Terra : os chineses chamam o Absoluto de
Tao e o grande movimento dual e mutante do Universo de Yin e Yang ;
muitos índios norte-americanos chamam o aspecto Absoluto de Deus de
Wakan-Tanka (o Grande Mistério) e o Espírito Criador de Manitou (o
Grande Espírito) ; os índios brasileiros Guaranys chamam o Absoluto de
Nhamandú e o aspecto criador de Deus de Tupã Nhanderú. Já os
africanos chamam o Absoluto incriado de Olorún e o Deus pessoal
Criador de Oxalá ; e os hindus chamam o Ser Absoluto de Brahman e o
Deus pessoal de Ishwara (ou Bhagavan).
No universo filosófico hindu a investigação sobre Deus, a Criação e o
homem (e sua alma) é dividida em 6 grandes escolas - Darshanas ou
“pontos de vista”- que vão procurar abordar as mesmas temáticas por
caminhos diferentes. Meu Mestre dizia que os Darshanas são como um
cubo, que é uma única peça com 6 lados.
Estes Darshanas são : Nyaya (trata da busca das grandes respostas da
existência através do desdobramento da Lógica. Esta escola influenciou
não só a estruturação teórica e metodológica das outras 5 escolas, como
influenciou também a estruturação da Lógica ocidental) ; Vaisheshika
(trata da compreensão da Criação através do estudo da natureza física do
Universo. É a Fisica Quântica dos Vedas. É a mãe hindu da Física
moderna) ; Samkhya (escola que versa sobre o complexo processo
psico/físico/energético de como a Consciência, o Absoluto – Purusha - se
manifesta e se desdobra como concreto, relativo, material - Prakriti) ;
Yoga (escola que versa sobre as técnicas e metodologias para se
alcançar a experiência da Unidade – o Samadhi, e que se desdobra em
várias linhas, cujas principais são : Jnãna Yoga, Yoga do Conhecimento e
da Sabedoria ; Bhakti, Yoga do Amor e da Devoção ; Karma, Yoga da
ação sem apego ; Raja, Yoga da Meditação e Hatha, Yoga dos corpos
físico e energético) ; Mimamsa (escola que versa sobre a elaborada
tecnologia dos rituais e cerimônias védicas) e Vedanta (que versa sobre
a Filosofia pura)
Como é intrínsecamente característico e tradicional da filosofia hindu
sofrer muitos comentários e leituras de seus textos feitos por muitos
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Mestres ao longo dos séculos, a escola Samkhya recebeu importantes
releituras de seus ensinamentos. Vamos apresentar aqui três destas
perspectivas, que se por um lado diferem um pouco na forma de se
apresentar teórica e técnicamente, por outro mantém o mesmo espírito
que norteia a cultura védica..
1. Segundo H.Zimmer :
partir da manifestação de Prakriti com suas Gunas, surge o nível
causal - Buddhi / Mahat - a potencialidade suprapessoal das experiências.
De Buddhi manifesta-se Ahamkara, o ego, cuja função é apropriar-se
dos dados da consciência e errôneamente os atribuir ao Purusha.
De Ahamkara manifestam-se :
Manas (a mente, a faculdade de pensamento).
os 5 Jñana Indriyas (órgãos dos sentidos : ouvido / Shrotra , pele /
Twak , olhos / Chakshuh , língua / Rasana e nariz / Ghrana ).
os 5 Karma Indriyas (órgãos da ação : bôca / Vak , mãos / Pani , pés /
Pada , ânus / Payu , genitais / Upasthani).
os 5 Tanmatras (os elementos sutís, primários, compreendidos como as
contrapartes internas e sutís das 5 experiências sensoriais, a saber : som,
tato, cor e forma, sabor e odor - Shabda , Sparsha , Rupa , Rasa ,
Gandha).
os Parama-Anu (átomos sutis dos quais temos consciencia nas
experiências do corpo sutil)
os Sthula Bhuta ( os cinco elementos densos : éter, ar, fogo, água e
terra, que constituem o corpo denso e o mundo visível e tangível, dos
quais temos conhecimento pelas experiências sensoriais).
2. Segundo Dr. Vasant Lad :
Da interação Purusha / Prakriti, manifesta-se Mahat (Buddhi), que
manifesta Ahamkara (ego), e deste manifestam-se as três Gunas.
10
. De Sattwa, manifestam-se :
-
As cinco faculdades dos sentidos (Jñana Indriya) : ouvidos, pele, olhos,
língua, nariz.
Os cinco órgãos motores (Karma Indriya) : boca, mãos, pés, órgãos
reprodutores, órgãos excretores.
A Mente (Manas).
. De Tamas manifestam-se :
-
Som (Guna do éter - Akasha)
Tato (Guna do ar - Vayu)
Visão (Guna do fogo - Agni ou Tejas)
Paladar (Guna da água - Apah ou Jala)
Olfato (Guna da terra - Prithivi)
. Rajas não manifesta nenhum Tattwa em especial.
3. Segundo Shri Shankaracharya :
Segundo Shankara, o Absoluto - que ele chama de Brahman - quando
se manifesta na relatividade, na dualidade , chama-se Ishwara, o Deus
Criador , o Deus pessoal / impessoal também chamado de Bhagavan (O
Senhor). É o mesmo Jeovah dos judaico-cristãos e o Allah dos
mulçumanos.
Ishwara atua na Criação dual como Purusha (a Consciência, o Espírito
Eterno, o principio masculino, o Pai) e como Prakriti (a Natureza material
impermanente, o movimento e a substância do Universo, o principio
gerador feminino, a Mãe).
Esta Prakriti, ao manifestar-se para criar – no processo de
Panchikaram, a densificação - atua na Criação através do movimento das
Gunas (Sattwa, Rajas e Tamas).
As Gunas quando se interagem para manifestar a Criação, desdobramse nos Tanmatras, os 5 elementos sutis universai : Akasha/Èter,
Vayu/Ar, Tejas/Fogo, Apah/Água e Prithivi/Terra (ainda não são os 5
elementos materiais, e sim, a matriz energética destes).
Do aspecto Sattwico do Tanmatra Akasha (éter), manifesta-se o Jñana
Indriya (órgão de conhecimento, aferência sensitiva), Ouvido.
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Do aspecto Sattwico do Tanmatra Vayu (ar), manifesta-se o Jñana
Indriya, Pele.
Do Sattwa de Apah (água), manifesta-se o Jñana Indriya, Língua
Do Sattwa de Tejas (fogo), manifesta-se o Jñana Indriya, Olhos
Do Sattwa de Prithivi (terra), manifesta-se o Jñana Indriya, Nariz.
A soma dos aspectos Sattwa de cada um dos 5 Tanmatras, vai
manifestar o Antahkarana (ou “órgão interno” que é como os hindus
chamam o que nós chamamos de “mente”) : Buddhi (a instância mais
elaborada do complexo psíquico humano, responsável pelo discernimento,
pelas escolhas, e também pela capacidade de observar sem julgar),
Manas (a mente que pensa, racional. O conteúdo de Manas chama-se
Chitta ou memória, que gera os Vrittis, ou movimentos da mente – os
pensamentos) e Ahamkara, o ego individual.
Do aspecto Rajasico do Tanmatra Akasha, manifesta-se o Karma
Indriya (órgão de ação, eferência motor), Bôca.
Do aspecto Rajasico do Tanmatra Vayu, manifesta-se o Karma
Indriya, Mãos.
Do Rajas de Tejas, manifesta-se o Karma Indriya, Pés.
Do Rajas de Apah, manifesta-se o Karma Indriya, Ânus.
Do Rajas de Prithivi, manifestam-se os genitais.
A soma dos aspectos Rajas dos Tanmatras vai manifestar os 5 Pranas.
Prana é a energia vital que sustenta o incessante movimento universal, e
subdivide-se em 5 sub-Pranas :
Apana (movimento descendente,
centrífugo e catabólico, gerenciando no ser humano tudo o que tem que
ser eliminado, expelido, excretado. Está relacionado ao Chakra Muladhara
e ao elemento Terra) ; Vyana (movimento que gerencia a circulação, o
fluir, o distribuir. Está relacionado ao Chakra Swadhisthana e ao elemento
Água) ; Samana (a assimilação, a transmutação, o metabolismo. Está
relacionado ao Chakra Manipura e ao elemento Fogo) ; Prana
(movimento ascendente e centrípeto. Está relacionado ao Chakra Anahata
e ao elemento Ar) ; e Uddana (movimento ascendente e centrífugo. Está
relacionado aos Chakras Vishuddha – elemento Éter - e Ajña).
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E a soma dos aspectos Tamas dos 5 Tanmatras vai manifestar os
Mahabhutas ou 5 elementos materiais : Éter ou Espaço (Akasha), Ar
(Vayu), Fogo (Agni ou Tejas) , Água (Jala ou Apas) e Terra (Prittivi).
Tanmatras também significam os 5 sentidos físicos (audição, paladar,
olfato, visão, tato), que são relacionados com os Jñana Indriyas.
Continuando, e trazendo para o Ayurveda este assunto que foi
desdobrado até agora por Shankara :
As combinações destes 5 Mahabhutas vão originar os Doshas (Vata –
Éter/Ar ; Pitta – Fogo/Água e Kapha – Água/Terra, veja o texto
adiante).
Continuando a expansão e a pluralização da Prakriti, cada Mahabhuta é
constituído dos 5 Mahabhutas (por exemplo, o Vayu/Ar é formado pelo Ar
do Ar, pelo Fogo do Ar, pela Água do Ar, pela Terra do Ar e pelo Éter do
Ar, e assim por diante).
A soma do Agni (Fogo) de cada um dos 5 Mahabhutas (chamados de
Bhutagnis) vai formar Jataragni, o Fogo corporal e digestivo.
O Jataragni na forma dos Dhatuagnis (Agni dos Dhatus, os tecidos
corporais) vai processar todo o ciclo da absorção e metabolismo dos
alimentos. O produto deste metabolismo em seu nível energético mais
sutil vai resultar na produção de Ojas, a energia que alimenta a mente e a
reprodução da espécie.
Os Dhatus são os tecidos com os quais o corpo é constituido. Os Dhatus
processam os alimentos que ingerimos, cada Dhatu se desdobrando no
Dhatu seguinte : primeiro temos Rasa (o plasma, elemento Água), que
cria Rakta (o sangue, elemento Fogo), que cria Mamsa (os músculos,
elemento Terra), que cria Medha (a gordura, elemento Terra), que cria
Ashti (os ossos, elemento Ar), que cria Majja (a medula, elemento
Espaço), que cria Shukkra e Artava (os tecidos reprodutivos, que
agregam e combinam todos os 5 elementos).
O produto desta alquimia de transmutação é a energia Ojas, que circula
por todo o sistema junto com a energia Prana. Prana é transportado pelas
Pranavaha Nadis, e Ojas pelas Manovaha Nadis, que funcionam como se
fossem um fio ou conduto duplo, paralelo.
Ojas está relacionada com a energia que Freud chamou de libido. A
libido se expressa no segundo Chakra como a capacidade de gerar vida,
no sexto Chakra como a capacidade de gerar idéias e no quinto Chakra
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como a capacidade de expressar a vida e estas idéias na forma de
pensamentos, palavras e obras. Porisso determinadas vertentes do
Hinduismo recomendavam o celibato como uma forma de não gastar Ojas
com sexo e assim direciona-la para a mente.
Já na Mitologia diz-se que o Absoluto Brahman se manifesta na
dualidade, na relatividade, como a Trimurti, isto é, os três deuses que
criam (Brahma), mantém (Vishnu) e destroem (Shiva) o eterno e
impermanente Universo material, num imenso e interminável “Lavoisier”
cósmico.
Cada Deus expressa a Consciência, o principio masculino Yang, e cada
esposa (Shakti) de cada Deus (Saraswati, Lakshmi e Durga,
respectivamente) expressa o poder criador e gerador, feminino, Yin.
A criação do Universo acontece quando Brahma expira, precipitando a
Criação (o Big-Bang !) através do poder de Shakti/Prakriti e de suas
Gunas.
Quando Brahma inspira o Universo é reabsorvido, através da dança
cósmica de Shiva (Nataraja).
Após um intervalo (Pralaya), o Ciclo volta a se manifestar...
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A VISÃO HINDÚ SOBRE A ESTRUTURAÇÃO DO
PSIQUISMO
“Quem sou eu ?” é, sem dúvida,
universo humano.
a pergunta mais importante do
E é claro, “De onde vim e para onde vou ?”, “Quem é Deus ?”, e
tantas outras perguntas do mesmo teor que vem na seqüência.
E em toda a história da Humanidade,
intensamente na busca desta resposta.
o
homem
mergulhou
Para tanto, criou inúmeras religiões, filosofias, teologias, mitologias,
ciências e psicologias, sempre na ânsia ancestral, atávica e visceral de
desvendar aquilo que os índios norte-americanos chamam de “O Grande
Mistério”.
A idéia central das culturas orientais e xamânicas – a Unidade – traz o
conceito de que tudo é Um, de que o Universo é um único organismo,
consciente e totalmente interligado e interagente, e que toda a percepção
e sensação de separatividade é uma ilusão (maya).
Os hindus chegam a dizer que a única doença de que nós realmente
sofremos – todas as outras (físicas e psíquicas) são um desdobramento
desta – é Avidya, a ignorância da nossa natureza real, a Unidade.
E é assim que nós nos sentimos : totalmente cindidos, fragmentados.
Tanto externamente – nos sentimos separados de cada semelhante, da
Natureza e do que acreditamos que seja Deus, quanto internamente –
corpo, cabeça e coração raramente estão em equilíbrio.
Na tarefa humana de caminhar para a Luz, em primeiro lugar é
importante perceber que quando trabalhamos conosco no autoconhecimento ou com outra pessoa (se formos terapeutas), estamos
fundamentalmente lidando com duas instâncias altamente relevantes da
personalidade - a auto-imagem e a persona – que são construções
psico-emocionais limitadoras mas paradoxalmente desenvolvidas por nós
- inconscientemente, na maior parte do tempo - para nos proteger.
A auto-imagem é “quem eu acredito que eu sou”. É o sistema de
crenças e padrões que nós construímos em função das nossas
experiências dolorosas e sofridas (e claro, das positivas e interessantes
também), e que nos dão uma imagem e uma perspectiva geralmente
distorcida de nós mesmos, e que na maior parte das vezes nós sentimos
como sendo algo limitador e desfavorável, ou ao contrário (mas pela
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mesma razão), o ego infla e a pessoa se sente exageradamente o
máximo, para não entrar em contato com suas dores.
A persona é “quem eu quero que acreditem que eu sou”. São as nossas
máscaras e papéis sociais (o filho, o pai, o profissional, o cidadão, o
marido, etc.etc.) que funcionam em parceria com a auto-imagem, e que
procuram compensar esta, quando ela é desconfortável e parece ser
desfavorável.
E a auto-imagem e a persona são competente e eficientemente
fomentadas, mantidas e monitoradas pelo complexo ego/mente racional.
A auto-imagem e a persona são componentes importantíssimos na
construção da nossa visão de mundo, a chamada “realidade” (que em
ultima instância, é o que nós acreditamos que a vida é).
Outro movimento do psiquismo - e que foi percebido por S. Freud são as pulsões da busca do prazer e da evitação da dor. E todo o
complexo corpo/mente trabalha neste sentido: o de nos manter afastados
do contato com a dor.
Na infância quando passamos por experiências traumáticas, estas
impressões (o que nós sentimos com o que supomos que aconteceu) são
“escondidas” no inconsciente. Freud chamou a isto de recalque. A
intenção é que não tenhamos que estar sempre entrando em contato com
nossas dores (ou com o que o inconsciente acredita serem dores), pois
seria insuportável viver assim, lembrando o tempo todo de tudo o que de
ruim e sofrido nos aconteceu.
O problema é que estas dores continuam vivas no inconsciente,
forjando e nutrindo a teia de crenças e padrões que irá contribuir
decisivamente na formação do caráter e da personalidade, e também na
somatização de doenças físicas, psico-emocionais e/ou sociais.
Ou seja, paradoxalmente, o mesmo procedimento interno que
trabalha para nos proteger, nos limita e (aparentemente) nos sabota
como um eterno exercício de obstáculo X superação e crescimento.
Vamos deixar a Psicologia Hindu dar um subsídio filosófico :
Em primeiro lugar, se tanto as tradições orientais quanto as
xamânicas dizem que somos seres multidimensionais e holográficos, isto
quer dizer que existimos simultaneamente em infinitos níveis, certo ?
Na Filosofia Hindu, temos duas formas de codificar as multi-dimensões
do ser humano : uma trina - os Shariras, ou corpos - mais usada pelo
Yoga, e outra quíntupla - os Koshas, ou envoltórios - mais usada pela
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Vedanta. São apenas divisões de caráter didático, já que estas dimensões
não são tridimensionais - são holográficas - e estão todas
simultâneamente se interpenetrando (assim como acontece com os
Chakras).
Os Shariras ou corpos, são 3 : o Sthula Sharira ou corpo denso (o
corpo físico), o Sukshma Sharira ou corpo sutil (o corpo de energia, o
corpo emocional e o corpo mental) e Karana Sharira ou corpo causal.
É no Sukshma Sharira onde operam a Homeopatia, a Acupuntura,
Reiki, Cura Prânica, Aromaterapia, Cristais, Cromoterapia, etc.
Karana Sharira se chama corpo causal, porque é nesse nível onde se
localiza a causa da ignorância primordial (Avidya). Mas é também neste
nível que acontecem as escolhas (é o centro do discernimento) e é onde
se localiza a mente Testemunha, a perspectiva interna neutra e
observadora buscada na Meditação. É a “Visão da Águia” dos xamãs e é
onde acontecem as canalizações e as conexões mediúnicas e sensitivas. E
este também é o nível que faz a “interface” do estado de consciência
separada com o estado da Unidade Absoluta ( Nirvana, Samadhi, Moksha,
Kaivalya, Satori).
Os Koshas são chamados de envoltórios (ou bainhas) porque são as
camadas que ilusóriamente prendem e condicionam o Espírito (Atma).
São 5 :
- Annamaya Kosha, ou corpo físico
- Pranamaya Kosha, o corpo de energia (que os ocultistas chamam de
Duplo-etérico e os espíritas de Perispírito). Neste nível circulam as
Pranavaha Nadis (condutos energéticos que transportam os Pranas)
- Manomaya Kosha, o corpo psico-emocional. Neste nível circulam as
Manovaha Nadis (condutos de energia que transportam Ojas, a energia
mental. Ojas é a quintessência energética extraída dos alimentos pelos
Dhatus – os 7 tecidos corporais)
- Vijñanamaya Kosha, o corpo psíquico
- Anandamaya Kosha, o corpo psico-espiritual.
Vijñanamaya Kosha é onde opera o discernimento, a capacidade de
se escolher e discriminar entre o que é real ou irreal.
Assim como o Karana Sharira, Anandamaya Kosha é o portal, a
interface para o estado da Unidade.
O Sthula Sharira (bem como sua correspondente Annamaya Kosha)
está relacionado a Guna Tamas ; o Sukshma Sharira (Prananamaya,
Mano Maya e Vijñanamaya Kosha) está relacionado a Guna Rajas; e
Karana Sharira (Anandamaya Kosha) a Guna Sattwa.
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O complexo psíquico (que os hindus chamam de Antahkarana, ou
órgão interno) é formado por :
-
Buddhi.
É a parte mais elevada do complexo psíquico. Num
primeiro nível, Buddhi trabalha com o discernimento, as escolhas e
as opções. Desde as escolhas inconscientes - como, por exemplo,
as que faz o sistema nervoso autônomo - passando pelas opções e
escolhas conscientes do dia-a-dia, até a mais elevada das formas de
discernimento que é o questionamento sobre o que é real e o que é
irreal na existência ( que é o que os hindus chamam de Viveka).
Em um nível mais elevado de atuação, Buddhi é a Mente
Testemunha (a “Visão da Águia” dos xamãs), o nível da Meditação e
da neutralidade onde não há julgamento.
Abarca também o Inconsciente.
Buddhi é quem sedia e administra os Samskaras - os registros e
impressões psico-emocionais, que vão gerar os Vasanas (tendências
e padrões).
O Buddhi atua no nível de Karana Sharira (e Vijñanamaya kosha).
-
Manas é a mente pensadora. Administra os estímulos que vem
através da aferência dos sentidos (Jñana Indriyas) e da atividade
da memória (Chitta , conteúdos do consciente e do inconsciente),
administra as escolhas e opções de Buddhi, e produz os Vrittis
(pensamentos, movimentos mentais, mente racional) e as respostas
psico-motoras (Vasanas) através dos Karma Indriyas (órgãos de
ação).
-
Ahamkara, o ego. Trabalha em parceria com Manas na função de se
manter a identificação da Consciência Una com o estado ilusório de
separatividade (Maya). Os sentidos, o ego e a mente racional
mantém a Consciência ilusoriamente identificada com a
personalidade e com as Gunas (os movimentos impermanentes da
Natureza).
E como este Anthakarana trabalha ?
Quando os nossos sentidos apreendem algum objeto,
informação
ou
estímulo,
dois
mecanismos
disparam
automaticamente : o corpo mental associa ao elemento percebido
um nome (Nama) e uma forma (Rupa) e o corpo emocional avalia
se aquele determinado elemento me atrai (Raga) ou se eu o rejeito
(Dwesha) – bem no estilo das pulsões “busca do prazer / evitação
da dor” freudianas.
18
Em outras palavras os sentidos captam, a mente e o emocional
enquadram e o ego identifica com eu/meu.
Assim enquadramos toda a Realidade Una em pequenas
unidades ilusoriamente separadas,
mantemos a ignorância da
nossa natureza real, e ficamos vivendo aprisionados em uma
realidade construída por nós mesmos.
Se o estímulo ou informação que recebemos através dos
sentidos (Jñana Indriyas) é alguma coisa muito forte e
traumatizante, ou se por outro lado, são estímulos ou informações
que se repetem com periodicidade, isto vai imprimir Samskaras
(impressões, registros psico-emocionais) no inconsciente, que vão
por sua vez, produzir Vasanas (crenças, hábitos, tendências e
padrões) e, juntamente com Citta (a memória), produzir os Vrittis
(movimentos da mente, pensamentos, atividade racional).
Algumas imagens para exemplificar :
1.
Imagine que o seu complexo psíquico é um lago : o
reservatório em si é a mente (Manas); o conteúdo – a água – é
Chitta, a memória consciente e inconsciente; o fundo do lago é o
Ser, a Unidade coberta pela “poeira” de Chitta que forma “bancos
de areia” (Samskaras) em função dos movimentos internos e da
superfície (Vrittis); por sua vez, os movimentos ondulatórios da
superfície são os Vrittis (pensamentos, atividade racional) e
Vasanas (tendências) cujos padrões são produzidos pelo perfil
topográfico do fundo (Samskaras).
Quanto mais nivelado e liso estiver o fundo, mais tranqüilas
serão as águas da superfície e vive-versa.
2. Uma carruagem : Buddhi é o condutor, Manas são as rédeas,
Ahamkara é a carruagem e os cavalos são os sentidos (Indriyas).
3. Estou em um campo e de repente vejo um touro enfurecido
correndo em minha direção : os Jñana Indriyas captam a imagem ,
Manas processa a informação (“vendo um touro correndo”),
Ahamkara identifica com o eu (“eu estou vendo um touro
correndo”) , Buddhi faz as escolhas (“eu estou vendo um touro
correndo e furioso, e vai me pegar. Tenho que correr”), e os Karma
Indriyas executam a ação de fugir.
Bem, é claro que todos os processos de auto-conhecimento e
crescimento, deve ser acompanhados da fundamental fórmula :
19
conscientizar aceitar entender a função transformar e
integrar.
Sem a consciência e a aceitação amorosa dos nossos padrões e
movimentos internos dolorosos e limitadores (ou da sombra, como
bem denominou C.G.Jung) não podemos nos transformar e
melhorar.
Mas a conscientização da sombra sem a sua aceitação com
compreensão, neutralidade e compaixão, também não leva ao
crescimento. Pode talvez levar à depressão.
Isto acontece também porque estamos terrivelmente infectados
por um veneno criado pelo homem que é a culpa.
A culpa foi fomentada por algumas religiões com a exclusiva
finalidade de manter a auto-estima pessoal baixa para assim poderse dominar e manipular mais facilmente as pessoas.
Para respaldar a culpa inculcou-se a idéia de que somos
pecadores congênitos, e que só teremos nossa salvação se nos
submetermos a um Deus que nos julgará e que vive em um paraíso
distante distribuindo castigos e recompensas. Isso tudo poluiu
terrivelmente o saudável processo da evolução psico-emocional /
espiritual humana, especialmente da cultura ocidental.
Junto com a aceitação de nossa sombra (que é apenas a ilusória
– e temporária - ausência da Luz), precisamos também aceitar e
resgatar nossa natureza divina e perfeita, e aceitar o fato de que
nossa sombra é apenas a ignorância de nossa natureza real – a
Unidade.
A sombra é o material de que dispomos para trabalhar nosso
crescimento, são os exercícios, obstáculos, provas e testes que
aceitamos trabalhar para evoluir. E também é todo o nosso
potencial não reconhecido e, portanto, sub utilizado.
É absolutamente necessário que substituamos a culpa pela
responsabilidade. Não somos passivas marionetes do Universo.
Somos seus co-criadores ativos.
Não existe necessáriamente nenhum Deus em guerra constante
contra o Mal.
O chamado “mal” são os obstáculos, testes, dificuldades,
exercícios, conflitos e confrontos que temos que lidar em nossa
caminhada de crescimento.
20
Ou seja, a função do mal não é vencer o Bem, é se transformar
em Bem. Assim como a função da sombra não é apagar a Luz, é se
transformar em Luz.
Na Mitologia Hindú esta visão fica bem clara, ao colocar os
demônios (asuras) como devotos de Deus (Shiva) que eram
geralmente Saddhus ou monjes que por alguma razão foram
amaldiçoados e tranformados em demônios para cumprirem alguma
função e normalmente recebem de Shiva grandes poderes
E aí eles tem que ser mortos e liberados por Deus (Vishnu) para
voltarem a sua condição original de Santos e Sábios.
A vida que vivemos, o que somos e o que nos acontece é fruto
100% das nossas escolhas e opções – conscientes ou inconscientes,
feitas nesta ou em outra(s) vida(s). E isto é a grande maravilha da
vida, pois nos confere o poder de nos responsabilizarmos
totalmente por nós mesmos e transformar totalmente nossa
existência em qualquer tempo.
O fato de que o Universo é um único Ser totalmente integrado
como uma grande teia holográfica, onde cada componente funciona
como um ímã atraindo e repelindo energia, coisas, pessoas e
situações – tudo devidamente gerenciado pela lei do Karma
(especialmente em sua manifestação como Sincronicidade e
Ressonância) – faz com que estejamos constantemente atraindo as
coisas, pessoas e situações necessárias para nosso aprendizado e
evolução. Esta é a forma que a Vida utiliza para nos ensinar.
Isto, além de demonstrar o funcionamento da fantástica
Inteligência Universal, anula completamente qualquer possibilidade
de culpas, castigos divinos, azar e vitimismos.
Então, a grande pergunta que devemos estar sempre nos
fazendo cada vez que algo ou alguém desagradável cruza nosso
caminho é : “O que eu tenho que aprender com isso ? Porque eu
atraí esta pessoa ou situação ?”
21
AS
GUNAS
As qualidades da Natureza material
A Consciência É, desde sempre. Quando Ela manifesta movimento –
que é quando ocorre o chamado Big Bang – inicia-se a Criação, cuja
natureza intrínseca é ser simultâneamente toda consciente e toda
movimento - sempre impermanente e mutante.
A característica da Consciência é ser una e permanente (natureza
absoluta), ao contrário da Criação, que é dual e em constante modificação
(natureza relativa).
Percebendo isto, os orientais trataram de compreender e codificar este
movimento universal.
Assim, os chineses, por exemplo, falam do Tao e de Yin e Yang.
À Consciência os hindus deram os nomes de Purusha ou Brahman (o
princípio Uno, masculino, espiritual), e a este eterno movimento dual e
impermanente do Universo material, os nomes de Prakriti, Shakti ou
Maya (o poder gerador - o princípio feminino, material).
Prakriti manifesta-se nos três padrões do movimento universal. Estes
padrões chamam-se Gunas (ou qualidades da natureza material) e
expressam a dialética maior da Criação :
1. Sattwa, é o padrão de movimento que faz com que,
à partir do movimento inicial onde começa a expansão
do Universo, já exista uma força operando no sentido
da volta ao estado primordial – a Pura Consciência
Absoluta e incriada. Sattwa expressa o movimento
para cima e para dentro. Sattwa é a sutileza, o
elemento Éter (Espaço), a harmonia, o equilíbrio, a
luz, a paz, o amor. Sattwa é a tolerância, a
compaixão, a não julgamento, a intuição, o desapego,
a honestidade e a ética . Sattwa é a porta, o último
degrau que leva à experiência do nosso estado original
– a Unidade. Daí os hindus terem desenvolvido toda
uma cultura e toda uma filosofia que pretendem trazer
a vida do dia-a-dia para uma freqüência vibratória
mais Sattwica. Assim é no Yoga (nos trabalhos psico22
energético-corporais), no Ayurveda (na alimentação e
na medicina), no Vastu Shastra (o Feng-Shui hindu),
ou seja, tornar a vida cada vez mais sattwica, mais
dentro do Dharma (a virtude, a retidão).
Sattwa Guna pode ser representada pela cor amarela,
dentro das 3 côres básicas.
Está relacionada a Karana Sharira (corpo causal) e a
Anandamaya Kosha (corpo de bemaventurança) e aos
três Chakras superiores.
2. Rajas, que é a própria expressão do movimento, do
Karma, dos elementos Ar, Fogo e Água. Rajas é o
movimento da expansão do universo, o movimento
centrífugo. Rajas é a paixão, o impulso, a explosão, o
calor, a força da construção, da objetividade, da
determinação.
É a cor vermelha.
Rajas , quando desequilibrado, também é a raiva, a
ansiedade, a pressa, a violência, a inveja, o ciúme, o
ego inflado.
Está relacionada a Sukshma Sharira (o corpo sutil, psicoemocional/energético) , a Pranamaya Kosha (corpo de energia),
Manomaya Kosha (corpo psico-emocional) e Vijñanamaya Kosha (corpo
psico-espiritual); aos Doshas Pitta (fogo/água) e Vata (ar/éter) e aos
Chakras Swadhisthana (água), Manipura (fogo) e Anahata (ar).
3. Tamas, representa a inércia, o movimento que
estagna, a tendência de paralizar. É o movimento
descendente. Representa também a densidade
material, a estrutura física, o pêso. É o movimento de
retração do universo.
Equilibrado, leva a um bom sono, calma, compaixão,
paciência, tolerância.
Desequilibrado,Tamas é a preguiça, a avareza, o
apego, a complacência, o ciúme. É
o medo, a
angustia, a depressão, a tristeza, a baixa auto-estima.
A sombra. Fomenta a manutenção das coisas como
elas estão – na ignorância de nossa Natureza
23
verdadeira (ignorância chamada pelos hindus de
Avidya).
Tamas relaciona-se aos elementos Água e Terra e à
cor azul.
Está relacionada a Sthula Sharira (o corpo denso), Annamaya Kosha
(corpo físico), ao Dosha Kapha (água/terra) e aos Chakras
Swadhisthana (Água) e Muladhara (Terra).
Na Mitologia Hindu, Sattwa se expressa através de Vishnu, o poder que
mantém e administra e relação desequilíbrio / equilibrio no Universo.
Rajas se expressa no poder criador de Brahma (não confundir com
Brahman, o Absoluto). E Tamas se expressa através do poder destruidor
de Shiva, que destrói para que haja renovação.
A grande alquimia interna, o grande segredo da transmutação, é
utilizar o movimento e o impulso de Rajas equilibrado, para sedar Tamas
e estimular Sattwa. Normalmente o que se faz é justamente o contrário :
Rajas desequilibrado desequilibra Tamas (que por sua vez também
desequilibra Rajas) e seda Sattwa.
24
OS
BHUTAS E OS DOSHAS
A reflexão sobre o processo da Criação do Universo, tem mobilizado a
Humanidade desde sempre. Todas as Mitologias de todas as culturas,
falam abundante e detalhadamente sobre este assunto, tão rico em
conhecimento simbólico e arquetípico.
Em qualquer que seja a Tradição que se pesquise, pode se perceber as
mais diversas leituras e versões deste processo – a Criação - onde o mais
sutil, o Tao, o Absoluto, vai se precipitando – do infinito ao finito, do
abstrato ao concreto, do absoluto ao relativo - até se manifestar como
matéria densa
aparentemente aprisionada em uma dimensão
tridimensional de relatividade – espaço/tempo - cuja principal
característica é estar em contínuo movimento, sempre impermanente,
sempre mutante.
E esta matéria densa, estágio final do processo da Criação, é formada
em ultima análise, pelos 5 elementos (Mahabhutas) que são as matrizes
da matéria.
Nossa cultura ocidental reconhece 4 elementos : Ar (Vayu), Fogo
(Agni ou Tejas), Água (Apas ou Jala) e Terra (Prittivi). Os hindus falam de
5 elementos, incluindo Akasha – Éter ou Espaço. E os chineses também
falam de 5, incluindo Madeira e Metal.
O fato, é que além da importância que os elementos tem como fatores
constitutivos da matéria física, estes também tem um rico e complexo
simbolismo arquetípico, representando qualidades universais que atuam
em todos os níveis da nossa existência.
O Yoga, o Ayurveda e a Medicina Chinesa, e também as culturas
xamânicas, estruturaram seus sistemas tendo como alicerces o
conhecimento dos elementos .
. O Ar, por exemplo, no seu sentido mais equilibrado (Sattwa), fala da
leveza, do frescor, da rapidez, da respiração, das idéias e reflexos
rápidos, da capacidade de mudar rapidamente e de sacudir a poeira da
energia estagnada.
No seu sentido desequilibrado (Rajas/Tamas), o Ar fala da dispersão,
da secura, da ansiedade, dos medos, da inconstância, da “cabeça à mil”,
da frieza afetiva e da dificuldade de expressar as emoções e os
sentimentos. Falta de aterramento e de raiz.
25
. O Fogo, na sua polaridade equilibrada, fala da capacidade de
processar e digerir (desde alimentos até emoções), de transmutar a
sombra em Luz, de poder pessoal saudável e ego bem equilibrado, de
criatividade. Fala da capacidade de construir (desde coisas até a sua
própria história), de reciclar.
Na sua polaridade desequilibrada, o Fogo é a raiva destruidora, o ego
inflado e tirânico, a volubilidade, a indigestão.
No Xamanismo o Fogo é o Avô com quem se aprende as lições das
outras dimensões. Os índios dizem que quando estamos em torno do
Fogo os nossos corações estão no mesmo nível e todos neste momento
são Um.
Os hindús, que também fazem muitos rituais com Fogo, dizem que o
Fogo físico (que fica no centro) representa o Ser Eterno, Absoluto, e as
coisas que são oferecidas ao Fogo (ghee, cereais, ervas) simbolizam
nosso ego que é oferecido por nós para ser dissolvido no Fogo Universal.
. A Água, em seu lado equilibrado, fala do livre fluir das emoções, da
alegria, do “jogo de cintura” e da flexibilidade. Fala do feminino, da
juventude e da limpeza (em todos os sentidos).
Em seu lado desequilibrado, a Água pode expressar uma
emocionalidade desequilibrada, (tendendo não para a raiva como no
Fogo, mas para o “dramalhão”), o movimento de “ir na corrente”
deixando-se levar passivamente pela correnteza.
Mas se por outro lado as águas são represadas, ou vazam por algum
outro lugar, ou a represa pode, em alguma hora, estourar.
. Finalmente, a Terra, que em sua qualidade mais equilibrada expressa
estrutura, aterramento, enraizamento, objetividade, disciplina, coragem,
determinação, memória, saúde física, prudência, capacidade de lidar bem
com as questões materiais.
No desequilíbrio, o elemento Terra expressa imobilidade, dificuldade
de mudar. Tristeza , apego, avareza, egoísmo, medo, peso, depressão ,
baixa auto-estima e preguiça.
Muitas foram as formas que os povos antigos desenvolveram para
compreender, sistematizar e instrumentalizar este conhecimento de modo
a que ele fosse útil no processo de auto-conhecimento e crescimento.
26
No universo Hindu, os elementos (chamados de Mahabhutas) se
relacionam com as Gunas, com os Chakras, e também com os Doshas,
que é o que vamos tratar aqui.
A Medicina Tradicional Hindu, a Medicina Ayurvédica, trabalha a partir
do levantamento de uma tipologia básica que irá nortear todo o processo
terapêutico. Esta tipologia baseia-se nos 5 elementos e expressa como
estes elementos estão atuando e se movimentando na fisiologia
psico/física/energética humana.
E o Ayurveda estabeleceu 3 tipos característicos : Vata, expressão dos
elementos Espaço e Ar ; Pitta, Fogo e Água e Kapha, Terra e Água.
Todos nós nascemos com os 3 Doshas formando uma configuração que
é pessoal e intransferível (Prakriti). E em cada um de nós os elementos
atuam e influem de maneiras absolutamente singulares.
Pense bem, o que tem mais no Universo é espaço, não é mesmo ?
Além do espaço sideral em si, existe um enorme espaço no nível atômico
da matéria do qual a gente não se apercebe.
O astrofísico Carl Sagan dizia que se pudéssemos espremer todo o
planeta Terra de modo a que não houvesse mais nenhum espaço interatômico, toda a matéria da Terra caberia em um dedal...
E, por outro lado, o elemento mais quantitativamente presente na
esfera do nosso planeta é o Ar.
Isto configura Vata como o Dosha principal, no sentido de ser aquele
que desequilibra os outros Doshas justamente pela sua rapidez e
volatilidade. Veja lá em cima no elemento Ar as suas qualidades. Vata
representa exatamente isso : como este Espaço e este Ar se movimentam
em você e que padrões de desequilíbrio eles produzem e mantém.
No nosso corpo Vata gerencia a mente, o sistema nervoso, a
respiração, os ossos e articulações, os braços e as mãos, a dor, os
movimentos peristáltico, cardíaco e pulmonar.
Desequilíbrios de Vata trazem stress, ansiedade, medo, fobias, má
memória, prisão de ventre, problemas reumáticos, insônia, anorexia
alimentar.
O Dosha Vata está relacionado a Guna Sattwa quando equiibrado e a
Guna Rajas (Fogo/Água )quando desequiibrado. E aos chakras Anahata
(Ar) e Vishuddha (Espaço).
27
Depois temos o Fogo. O Fogo que cozinha, que consome, que aquece,
que ilumina, que queima e que transmuta.
Em nós este Fogo é Pitta. Pitta é o fogo digestivo que trabalha os
alimentos, é o fogo que mantém nossa temperatura a 36,5o , é o fogo que
digere as emoções, é a sensualidade e a energia sexual, é a alegria e a
coragem, é o poder de construir, de ser inteligente, objetivo e vitorioso.
Em nosso corpo Pitta gerencia a digestão, o sistema cardio- vascular,
as pernas e os pés, os olhos e a visão, as trocas gasosas nos pulmões, a
assimilação dos alimentos, a atividade enzimática nas células.
Desequilíbrios de Pitta acarretam irritabilidade, impaciência, raiva e
violência, intolerância, teimosia, bulimia, distúrbios sexuais, neuroses
compulsivas, problemas gástricos, visuais,
dermatológicos e cardiovasculares.
O Dosha Pitta está relacionado a Guna Rajas (Fogo/Ar) e ao Chakras
Swadhisthana (Água) e Manipura (Fogo)
Finalmente temos a Água e a Terra.
Lembre que 2/3 do planeta e 2/3 do nosso corpo são feitos de Água !
A Água e a Terra em movimento em nosso sistema psico-físico chamase Kapha.
Kapha fala do que há de mais material em nós, em todos os sentidos.
Gerencia a estrutura física e os líquidos corporais.
Em desequilíbrio leva a preguiça, ao desânimo, tristeza, depressão,
avareza, excesso de apego, excesso de sono, bulimia, obesidade
(retenção de gordura e liquido) e diabetes.
Equilibrado, facilita o bom sono, a calma, afeto, carinho, compaixão,
simpatia, relaxamento.
O Dosha Kapha está relacionado a Guna Tamas (Terra/Água) e aos
Chakras Muladhara (Terra) e Swadhisthana (Água).
28
OS CHAKRAS
Os Chakras são literalmente usinas captadoras e redistribuidoras de
energia cósmica (Prana).
Existem muitos Chakras – cada articulação, por exemplo, tem um
Chakra – mas sete são os principais e os mais conhecidos.
Os Chakras operam em todos os nossos corpos, do físico ao mais sutil,
por isso o Tantra diz que os Chakras possuem 3 níveis :
. o nível das pétalas, que gerencia nossa vida física, material, corporal
. o nível do botão, que administra nossa vida interna, psico-emocional
eggjkrtggvnnd energética,
. o nível da raiz que tem a ver com nossa vida espiritual, com o nível da
Consciência Una
Daí a representação gráfica dos Chakras ser uma flor de lótus que se
enraíza na coluna (nossa face posterior, o inconsciente, subjetivo, a
Sushumna Nadi) e se abre em nossa face anterior (o nível consciente,
objetivo, Ida e Pingala).
Apesar de vermos os Chakras desenhados nos livros em duas
dimensões parecendo um sistema linear e analógico, os Chakras são
fundamentalmente estruturas holográficas.
Os Chakras também expressam estruturas simbólicas, arquetípicas e
sistêmicas que se aplicam tanto no nivel humano quanto no nível coletivo.
Estaremos então, pontuando além das tradicionais caracteristicas de
cada Chakra (e com as quais a maioria dos interessados no assunto, com
certeza, já estão bastante íntimos), também as suas características mais
gerais, mais coletivas : as fases da vida da Humanidade, a relação do
homem com Deus e a relação do homem com a manutenção e a
reprodução da sua espécie.
Os sete Chakras mais importantes são :
1. Muladhara, Chakra básico, raíz. Relaciona-se com as três tarefas mais
atávicas dos seres vivos: se alimentar, se reproduzir e se defender.
Gerencia o nosso aterramento, nosso enraizamento no planeta. No corpo
físico está localizado no períneo, e gerencia as pernas, pés e ânus.
29
Está relacionado com o elemento Terra, com as glândulas suprarrenais (a
adrenalina é o hormônio do Chakra básico, preparando o corpo para lutae-fuga), com o plexo nervoso coccígeo (os plexos nervosos e as glândulas
endócrinas são a interface entre o nível físico do corpo e o nível
energético dos Chakras) e com a região coccígea da coluna vertebral.
Bem equilibrado (com a predominância da Guna Sattwa), o Chakra
Muladhara propicia a objetividade, a coragem, a determinação,
organização, disposição para o trabalho e para superar obstáculos, saúde
física, relacionamento harmônico com as coisas mais materiais da vida
(dinheiro, propriedades, p.ex.).
Hiperenergizado (ou com predominância da Guna Rajas) pode gerar
avareza, violência, apego, pouca sutileza, atração por formas mais densas
de religião ou mesmo pelo agnosticismo ou ateísmo.
Hipoenergizado (com predominância da Guna Tamas) pode gerar baixa
auto-estima, excesso de medo, de tristeza, depressão, dificuldade de
trabalhar e obter prosperidade material, fuga da realidade com sexo,
drogas, religião, etc.
Nesta fase inicial da sua vida, o homem apenas se alimenta, excreta e
dorme, em total entrega e dependência, e ainda “pensa” que ele e a mãe
são uma unica pessoa.
Na relação do homem com Deus, é a fase da Humanidade – os homens
das cavernas – onde a emoção primordial e dominante é o medo. Medo
do conhecido e do Desconhecido. Medo dos imprevisíveis fenômenos
naturais. Quem lembra do inicio do filme “2001 uma odisséia no espaço”,
quando chega a noite e todos de amontoam numa caverna com medo da
noite ? Nesta fase o homem ainda se experimenta como ser totalmente
coletivo.
É a fase da Humanidade onde o movimento para procriar expressava
exatamente a clássica imagem do troglodita arrastando a mulher pelos
cabelos. Deu o “cio”, arrasta-se a primeira fêmea que aparece. É a pulsão
de reprodução em seu estado mais puro, animal.
No plano mais geral, o Chakra Muladhara tem relação com a Guna Tamas
(enraizamento, estrutura), com Annamaya Kosha e com Sthula Sharira (o
corpo físico), com o Dosha Kapha (Terra/Água), com o Prana Apana
(aspecto descendente da energia vital – Prana – que gerencia tudo o que
é expelido do corpo), com o Brahma Granthi e com a Shakti Kriya (o
30
poder de agir que rompe este Granthi, veja a seguir o texto sobre os
Granthis).
Está relacionado também ao anel muscular pélvico (segundo Wilhelm
Reich).
Seu Mantra é LAM, sua cor é vermelho, sua nota é DÓ e o animal
relacionado com este Chakra é o Elefante.
Ganesha é um dos deuses do panteão Hindu que podem perfeitamente ser
relacionados ao Muladhara Chakra.
2. Swadhishthana, ou Chakra sexual, está relacionado ao elemento
água. Sendo assim, gerencia tudo o que circula, desde os diversos
líquidos corporais até as emoções. É o Chakra da sexualidade, do prazer e
dos relacionamentos em geral. A Libido é a poderosa energia de criação e
reprodução (chamada no Ayurveda de Ojas). Reprodução da espécie e
também criação daquilo que devemos deixar, através dos nossos talentos
e potenciais, para as outras gerações - a nossa obra),
No corpo físico está centralizado no púbis e relaciona-se com os órgãos
reprodutores (e com as glândulas sexuais), com o plexo nervoso sacral,
com toda a cintura pélvica e com a região sacro-lombar da coluna
vertebral.
Bem energizado (Sattwa) facilita uma emocionalidade e uma sexualidade
equilibradas. Facilidade para se relacionar bem e viver a vida com prazer.
Hiper energizado (Rajas) pode acarretar em personalidade agressiva,
taras sexuais, sadismo, problemas na região pélvico-lombar.
Hipo energizado (Tamas) pode gerar impotência e frigidez sexual,
masoquismo, preguiça, dificuldades com sentimentos e emoções.
Nesta fase da vida, o bebê que antes só comia e excretava e pensava que
ele e a instância alimentadora e protetora eram a mesma pessoa, percebe
que isso é bom, é prazeiroso. É a manifestação do princípio do prazer, a
libido.
Na relação com Deus, é a fase em que a humanidade percebe que por
trás dos fenômenos naturais que provocavam medo, deviam haver
diretores, provavelmente são seres colossais que dominam os elementos.
E aí começou-se a criar vias de contato com estas dimensões energéticas
e espirituais, desenvolvendo as complexas tecnologias dos rituais,
31
cerimônias e sacrifícios, tão presentes até hoje nas culturas orientais e
xamânicas.
É também a fase da humanidade em que para procriar, o nosso
trogolodita já não arrasta a primeira mulher “no cio” que ele encontra.
Agora ele escolhe, seleciona de acordo com seu gosto.
O Chakra Swadhishthana tem relação geral com as Gunas Tamas
(Terra/Água) e Rajas (fogo), com Pranamaya Kosha (o corpo de energia),
com Prana Vyana (que gerencia a circulação dos líquidos orgânicos e da
energia pelo corpo) e com os Doshas Kapha (Terra / Água) e Pitta (Fogo /
Água).
Está relacionado também ao anel abdominal da psicologia Reichiana.
Seu Mantra é VAM, sua cor é laranja, sua nota é RÉ e o animal
relacionado à este Chakra é o crocodilo (e o jacaré)
3. Manipura , ou Chakra do plexo solar, elemento fogo. Relaciona-se
com o ego, o poder pessoal, o sentido de individualidade (como eu,
indivíduo, me experimento e consequentemente como me posiciono no
coletivo e nas relações). Gerencia tudo aquilo que deve ser digerido :
alimentos, pensamentos e emoções.
No corpo físico, relaciona-se com o pâncreas, com o plexo nervoso
Epigástrico, com o sistema digestivo em geral e com a interface entre as
regiões lombar e torácica da coluna vertebral.
Bem energizado (Sattwa) liberta do medo, facilita a compaixão e a
importância com os sentimentos alheios, liberta da necessidade de
controlar a si mesmo e aos outros. Apresenta boa autoestima, auto valor
e poder pessoal.
Hiperenergizado (Rajas) produz o tirano, o raivoso, temperamental
explosivo, o egoísta, o egocêntrico, o hipócrita. Também produz azia,
gastrite, problemas no fígado.
Hipoenergizado (Tamas) facilita a complacência, a baixa auto-estima, a
subserviência, a hipocrisia, anorexia, a tendência a mascarar suas
inseguranças e dificuldades, a atitude de superioridade que vem
compensar o sentimento de inferioridade.
Nesta fase da vida do homem, o bebê descobre que ele e a mãe são dois
seres separados. É o princípio da individualização.
32
Na relação da Humanidade com Deus, é a fase em que o homem
percebe que por trás dos “diretores” tem um “Presidente”. É o surgimento
do Monoteísmo. É um Deus único - mas ainda pessoal - “o que devemos
temer”, o Deus que tem a “ira divina”. É o Jeovah das religiões cristãsjudaica e o Allah dos mulçumanos, por exemplo.
Em relação a evoução da Humanidade, é a fase em que o homem além
de selecionar a(s) fêmea(s) com quem quer acasalar, desenvolve o
sentimento de exclusividade (“é só minha !”). É o princípio da família, dos
clãs, da contínua fragmentação e reorganização do bôlo gregário do início.
Este Chakra faz a interface entre os níveis animal e humano no
homem.
Está, no geral, relacionado a Guna Rajas (Fogo/Ar) , a Manomaya
Kosha (o corpo psico-emocional), ao Prana Samana (que gerencia os
processos de assimilação), e ao Dosha Pitta (Fogo / Água).
Relaciona-se também com o anel diafragmático de W.Reich.
Seu Mantra é RAM, sua cor é amarela, sua nota é MI e o animal
relacionado a este Chakra é o carneiro.
Rama é a divindade Hindu – o “padroeiro” do Dharma - que podemos
relacionar ao Manipura Chakra.
4. Anahata, o Chakra cardíaco, relaciona-se com o elemento ar.
No corpo físico, relaciona-se com a respiração, com os pulmões e o
coração, bem como com a glândula timo, com os plexos nervosos
cardíaco e pulmonar e com a região torácica da coluna vertebral e a
cintura escapular.
E também com sentimentos, afetos, amor, carinho, alegria, beleza,
devoção.
Localiza-se no centro do peito e é o Chakra dos braços e das mãos.
Bem energizado (Sattwa), facilita o desapego, o amor incondicional, a
devoção, o altruísmo, a compaixão.
Hiperenergizado (Rajas) pode produzir sentimentalismo exagerado,
personalidade egoísta, arrogante, prepotente. E também ansiedade,
pressão alta, taquicardia, bronquite.
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Hipoenergizado (Tamas) acarreta em sentimento de vítima, de culpa,
passividade, sensação de medo e inferioridade, angústia no peito, asma,
dificuldade de contactar seus sentimentos, dificuldade de se aceitar,
depressão.
Nesta fase da vida, a criança percebe que além do cuidado e proteção
fisica vindos daquele ser separado dela, há um sentimento, há afeto.
Na relação do homem com Deus, é a fase em que o Deus “a quem eu
devo temer” se tranforma no Deus “a quem eu devo amar”. O upgrade do
terceiro para o quarto Chakra, neste sentido, tem sido sempre fomentado
pelos Avatares ao longo da história do mundo, e Cristo é o grande
simbolo deste salto (e seu gesto de braços abertos é o grande simbolo
deste Amor incondicional).
Em relação aos relacionamentos : neste nivel, o que motiva o encontro
entre homem e mulher para procriar passa a ser o afeto, o sentimento,
não mais o desejo animal e a força. A escolha é feita pelo coração.
O Chakra Anahata está relacionado às Gunas Rajas (Fogo/Ar) e Sattwa
(Éter), a Manomaya Kosha (corpo-psico-emocional) e Vijñanamaya Kosha
(corpo psico-espiritual), ao Vishnu Granthi , a Shakti Iccha (o poder de
desejar que rompe o Vishnu Granthi), ao Prana Prana (aspecto
ascendente da energia, e que gerencia tudo o que é absorvido, bem como
as atividades cardíaca e respiratória), e aos Doshas Vata (Ar/Éter) e Pitta
(Fogo/Água).
Relaciona-se também com o anel torácico de W.Reich.
Seu Mantra é YAM, sua cor é verde (alguns usam a cor rosa), sua nota é
FÁ e o animal relacionado a este Chakra é o Antílope.
Krishna é o Deus que podemos relacionar ao Anahata Chakra. Também
podemos relacionar aqui Hanuman, o Deus macaco do Ramayana, filho do
vento (Vayu), “padroeiro” do Pranayama e símbolo do devoto perfeito.
5. Vishuddha, o Chakra laríngeo, elemento espaço (éter). Gerencia a
criatividade, a voz, as glândulas tireóide e paratireóide e o plexo nervoso
laríngeo.
É o Chakra dos professores, dos artistas, dos oradores, dos terapeutas.
34
É o Chakra que faz a ligação entre o sentir (Anahata Chakra) e o pensar
(Ajña Chakra). Simboliza também a ponte entre as dimensões da Unidade
e da dualidade no homem.
É a interface que divide os níveis humano e divino do homem.
Bem energizado (Sattwa) permite uma boa comunicação entre consciente
e inconsciente, franqueza e sinceridade, expressão dos sentimentos e
emoções, e plena utilização dos potenciais e dos talentos criativos e
construtivos.
Hiperenergizado (Rajas) acarreta em falar demais (especialmente de si
mesmo), em expressar sua sinceridade ou seus sentimentos de forma
rude, hipertiroidismo, gula (ou bulimia).
Hipoenergizado (Tamas) produz dificuldade em exprimir suas emoções,
sentimentos e opiniões, engolir sapo, engolir choro, dificuldades com a
criatividade e com a expressão dos seus talentos e potenciais,
hipotiroidismo.
Nesta fase da Humanidade, o homem percebe que por trás de um Diretor
Pessoal, Criador, há um Espírito Eterno, incriado, imanifesto, impessoal. É
mais ou menos como os Espíritas, por exemplo, conceituam Deus.
O Chakra Vishuddha está relacionado as Gunas Sattwa (Éter) e Rajas
(Fogo/Ar), a Manomaya e Vijñanamaya Kosha (corpo psico espiritual), ao
Prana Udana (aspecto da energia vital que gerencia tudo o que ocorre no
âmbito da cabeça – sentidos, cérebro e mente), e ao Dosha Vata
(Ar/Éter).
Relaciona-se também ao anel oral de Reich.
Seu Mantra é HAM, sua cor é cor azul celeste, sua nota é SOL e o Animal
que está relacionado a este Chakra é o Elefante branco.
Podemos relacionar as deusas Saraswati (esposa de Brahma, deusa da
cultura e das artes) e Lakshmi (esposa de Vishnu, deusa da fortuna) ao
quinto Chakra.
6. Ajña, o Chakra do terceiro olho, está relacionado a glândula hipófise e
ao plexo nervoso Cavernoso.
35
No corpo físico, regula o funcionamento do cérebro - bem como da mente
- assim como os olhos, boca, nariz e os ouvidos (e também a visão,
paladar, olfato e audição).
Gerencia desde o pensamento racional cartesiano até os estados
transpessoais e meditativos.
Bem energizado (Sattwa) facilita a visão neutra, sem julgamentos (a
“Visão da Águia” dos xamãs), o discernimento correto,o uso concentrado
e eficiente do pensamento, a utilização equilibrada do sexto sentido e
também a facilidade em silenciar a mente na Meditação.
Hiperenergizado (Rajas) produz uma mente rápida demais, com excesso
de informação, e uma vida toda centrada nessa mente. Pode produzir
também, o mau uso das faculdades extra-sensoriais.
Hipoenergizado (Tamas) pode gerar dificuldades cognitivas e de memória,
e dificuldades de abstrair e de intuir.
Neste nivel da compreensão espiritual da Humanidade, o homem percebe
a perspectiva da Unidade. A compreensão e a realização de que tudo é
Um e a separatividade é uma ilusão (Maya). “Além” do Deus impessoal
(que se contrapõe dualísticamente ao Deus pessoal, Criador), existe o
Absoluto,
o
Tao,
Brahman,
a
Consciência
Eterna
não-dual
(Satchidananda, como dizem as Upanishads).
O Chakra Ajña está relacionado com as Guna Sattwa (Éter) e Rajas
(Fogo), com Vigñana e Anandamaya Kosha (o corpo de bemaventurança)
, ao Dosha Vata (Ar/Éter), ao Shiva Granthi e a Jñana Shakti (o poder de
conhecer, que rompe este Granthi).
Sua cor é o azul marinho, sua nota é LÁ e seu Mantra é OM. O Animal
relacionado a este Chakra é a Águia.
Shiva o “padroeiro” do Yoga, do Tantra e da Vedanta, é o Deus do sexto
e do sétimo Chakras.
7. Sahasrara, ou Chakra da coroa, é o Chakra da Transcendência e da
Iluminação.
Relaciona-se à Guna Sattwa e a Anandamaya Kosha.
Alguns autores o relacionam com a glândula pineal e com as cores violeta
e branco.
36
É o Chakra da Unidade onde o homem concretiza a realização da sua
Natureza Real.
Sua nota é SI.
37
OS
GRANTHIS – Os 3 nós psíquicos do Tantra
O Tantra é o mais antigo sistema de Conhecimento do universo
indiano e o que mais profundamente explorou e instrumentalizou a
utilização da energia vital no reequilibrio psico/emocional/energético - e
conseqüentemente no espiritual – do ser humano.
Dentro da complexa fisiologia energética e da psicologia do Tantra,
alguns conceitos talvez sejam mais familiares àqueles que estudam e/ou
praticam alguma forma de Yoga : as Gunas (as qualidades da natureza
material : Sattwa – o equilíbrio, Rajas – o movimento, e Tamas – a
inércia), os Chakras (os centros de energia), os Mahabhutas (os
elementos da natureza), a Kundalini (a energia primordial), os Shariras e
os Koshas (os corpos e os planos da existência) , as Nadis (os caminhos
da energia) , os Prana Vayus (as subdivisões funcionais da energia,
Prana) e os Doshas (padrões que expressam como os elementos da
natureza se movimentam em nossa fisiologia psico-física : Vata - espaço
e ar , Pitta - fogo e água e Kapha – água e terra).
O Tantra Yoga, atuando como uma verdadeira Psicologia Energética
do Yoga, utiliza o mesmo instrumental do Hatha Yoga (Asana,
Pranayama, Kriya, Bandha, Mudra, Relaxamentos e Meditação) para
fomentar o equilíbrio psico-emocional e energético - e
consequentemente o equilíbrio da personalidade - de modo a
proporcionar a experiência da Unidade.
E para tal, trabalha com a administração da complexa fisiologia
energética e das técnicas que citamos acima.
Um dos elementos interessantes desta fisiologia (e desta
filosofia)
é
o
conceito
dos
Granthis,
os
nós
psico/emocionais/energéticos que estão posicionados ao longo da
Sushumna Nadi (o conduto central de energia que localiza-se como
contraparte sutil da coluna vertebral) .
A Sushumna Nadi simboliza a consciência da Unidade (energia
Kundalini) e os Granthis simbolizam os sistemas de crenças, padrões e
registros (samskaras e vasanas), com seus núcleos de boicotes,
limitações , sabotagens, apegos e falsas crenças e identificações, que
devem ser transmutados e re-significados ao longo de nossa jornada para
a consciência da Unidade.
Os Granthis são como que os obstáculos psico/emocionais/energéticos
por que cada um deve passar ao longo da sua trajetória rumo ao
38
autoconhecimento. Ao mesmo tempo expressam as defesas e bloqueios
que construímos.
● O primeiro Granthi é o Brahma Granthi, que está localizado na região
do Muladhara Chakra (elemento Terra). Brahma é o Senhor da Criação e
o Muladhara Chakra é o Chakra da criação material (sobrevivência e
reprodução), do pé no chão, da auto-preservação, da atuação no mundo
físico, da saúde física. Diz-se que o Brahma Granthi é o nó do samsara,
do
mundo
dos
nomes
e
das
formas.
O Muladhara Chakra está relacionado às glândulas supra-renais
(adrenalina!) e ao Prana Apana (elemento Terra), que rege a função da
eliminação
e
circula
em
fluxo
descendente.
Este primeiro nó energético faz com que a interatividade do homem
com os aspectos mais práticos da vida (trabalho, dinheiro, saúde) não
fluam com eficiência. O homem identifica-se com a criação, com seu ego,
com seu corpo e com todo o grande jogo da Maya. Neste sentido, o
Brahma Granthi fomenta o apego ao mundo e aos seus aspectos mais
densos.
Brahma Granthi está relacionado com Kriya Shakti, o poder de agir, de
atuar. Este poder de agir enquanto identificado com a energia ilusória da
criação, amarra o homem ao plano denso da materialidade, ao nível mais
tamásico
(Guna
Tamas).
Este Granthi Também está relacionado ao anéis musculares pélvico e
abdominal,
da
psicologia
Reichiana.
Romper o Brahma Granthi leva a agir-se como o ator, e não mais como
o personagem, no interminável drama evolutivo da vida.
E Hatha Yoga (o Yoga da saúde psicofísica) e Karma Yoga ( o Yoga do
desapego) são os caminhos indicados para este nível, e seu desbloqueio
libera o corpo dos registros e padrões impressos na musculatura e nas
articulações, e desidentifica o homem do seu egocentrismo.
Superar o Brahma Granthi significa usar positiva e equilibradamente a
determinação, a objetividade, a coragem, o cuidado com a saúde e a
beleza do corpo, a prosperidade material, a paternidade.
39
E o deus hindu Ganesha está relacionado a este Granthi, na medida
em que o deus com cabeça de elefante simboliza o nosso próprio poder
de abrir os nossos próprios caminhos , vencer nosso medos, superar
nossos
obstáculos
e
crescer.
● O segundo Granthi é Vishnu Granthi, o nó que se localiza na região
do Anahata Chakra (elemento Ar) que é o Chakra da afetividade, dos
sentimentos, do amor, da compaixão.
Vishnu é o aspecto divino relacionado com o Amor (Rama, Krishna,
etc.), que transmuta a emoção em devoção (amor universal
incondicional).
O Anahata Chakra está relacionado a glândula timo e ao Prana
Prana (elemento Ar), que rege as funções pulmonar e cardíaca, e
circula em fluxo ascendente (ao contrário de Apana) gerenciando
tudo aquilo que é absorvido (em todos os sentidos).
Este segundo nó faz com que o homem selecione os objetos a
serem amados (meus filhos, meus amigos, meus pais, minha casa,
meu carro, etc.) e cria apego por estes objetos.
A religiosidade excessivamente emocionalizada também é
característica
dos
obstáculos
criados
por
este
uma
nó.
Vishnu Granthi pode ser desbloqueado por Iccha Shakti, o poder de
desejar. Quando enredado por Maya (ilusão da separatividade), e sob o
impulso da Guna Rajas, o homem cria desejos e necessidades segundo
seus instintos e seus apegos. Quando o desejo se sutiliza o homem
desenvolve mumukshutwam, o desejo pela Liberação, pela Consciência da
Unidade.
Este Granthi
diafragmático
também está relacionado aos anéis
e
toráxico
da
psicologia
musculares
Reichiana.
Romper o Vishnu Granthi leva a uma interação afetiva desimpedida
abrindo caminho ao Amor Total que leva o homem à amar indistintamente
toda a Criação, expressando plena e equilibradamente as suas emoções e
dissolvendo suas couraças afetivas e relacionais.
Possibilita ainda que não se reprima nenhuma emoção vivenciada, ao
contrário, que se perceba a emoção, que se sinta, se expresse e deixe
que
passe.
40
Bhakti Yoga (o Yoga da devoção e do Amor Universal) é o processo, no
universo hindu, mais indicado para trabalhar este Granthi, e Prema (a
realização do Amor Universal) é o coroamento deste processo.
● Finalmente, o terceiro nó, Shiva Granthi (ou Rudra Granthi),
localiza-se na região do Ajña Cakra.
Ajña é o Chakra que tanto gerencia o exercício da especulação
intelectual e racional (desde o que se refere a vazia "masturbação
mental" até à reflexão sobre o Conhecimento), quanto à própria visão da
Unicidade e da realidade de que somos a plenitude e a felicidade que
buscamos.
O Ajña Chakra também está relacionado com a conexão com as outras
dimensões, com a sensitividade, a intuição, a mediunidade, e está
relacionado
à
glândula
hipófise.
Shiva é o deus hindu dos ascetas, do Yoga e da meditação. Simboliza
nosso próprio poder de transformar nossa vida e transmutar toda a
sombra em Luz ; e também simboliza a conexão com nosso interior, com
nosso centro.
Shiva Granthi faz com que o homem se perca na intelectualidade vazia
e estéril, não instrumentalizando eficientemente seu complexo psíquico
para a auto-realização.
Perder-se no caminho em função da aquisição de Siddhis (poderes
psíquicos) quando isto desequilibra o ego e a mente, também é um
obstáculo
relacionado
ao
Shiva
Granthi.
Este Granthi é desbloqueado por Jñana Shakti, o poder de conhecer.
Tanto de conhecer no sentido de acumular informações, como conhecer
no sentido do próprio Conhecimento e Sabedoria.
O desejo pela liberação, pela consciência da Unidade, despertado no
rompimento do segundo Granthi, faz com que o homem use sua mente e
intelecto
para
questionar
e
refletir
sobre
esta
Unidade.
Shiva Granthi também está relacionado aos anéis musculares oral
e
ocular,
da
psicologia
Reichiana.
Rompido Shiva Granthi obtem-se a visão da Realidade Absoluta.
Sattwa
Guna
é
o
impulso
que
permeia
este
nível.
41
Dentro do amplo instrumental do Tantra, a principal técnica
utilizada para auxiliar no rompimento dos Granthis, é Bhastrika (o
Fole), que além de ser um Pranayama (trabalho respiratório e
energético), é uma poderosa Kriya (técnica de purificação).
Jñana Yoga (o Yoga do Conhecimento e da Sabedoria) e Raja Yoga (o
Yoga da meditação) são, dentro da perspectiva hindu, os caminhos mais
indicados para trabalhar e superar este Granthi.
42
YOGA E YOGATERAPIA NA PREVENÇÃO E
TRATAMENTO
DOS
DESEQUILÍBRIOS
DOS
DOSHAS.
"Yoga e Ayurveda caminham juntos. Yoga e Ayurveda são antigas
disciplinas de vida que tem sido praticadas há muitos séculos na India.
Eles são mencionados nos Vedas e nas Upanishads. Yoga é a ciência da
união com o Divino, com a Verdade, e o Ayurveda é a ciência da vida.
Yoga participa com o Conhecimento e o Ayurveda com a perfeita saúde.
Portanto, um yogi que não conhece Ayurveda é um meio-yogi e um
terapeuta ayurvédico que não conhece Yoga é um meio-terapeuta
ayurvédico. O objetivo do Yoga é a união com o Ser Supremo, mas esta
união só pode ser obtida quando você tem um corpo saudável, uma
mente saudável e uma consciência saudável. Assim , Yoga e Ayurveda
são os alicerces da vida. São as duas faces de uma mesma moeda. Eles
são Um. Asana, pranayama, relaxamento, mantra e meditação são
algumas das principais prescrições do Ayurveda."
Dr. Vasant Lad
"O Yoga é o aspecto prático das escrituras védicas, enquanto que o
Ayurveda é o da cura. Na prática, ambos se superpõem."
David Frowley
Segundo o Samkhya - a filosofia pré-védica que embasa o Yoga e o
Ayurveda e que classifica e estuda todo o processo da criação do Universo
- esta criação começa a partir da interação de um princípio espiritual,
transcedental chamado Purusha, com um princípio vital, material –
chamado Prakriti.
Fazendo uma analogia, Purusha seria como a eletricidade e Prakriti, a
lâmpada. A luz - neste caso a Criação - ocorre quando a Consciência e a
energia animam a matéria.
Da mesma forma como a luz gerada por uma lâmpada é fruto da
interação das três cores básicas - amarelo, azul e vermelho - a Prakriti
age na Criação manifestando suas três Gunas - as qualidades da natureza
43
material : Sattwa , o princípio do equilíbrio, da paz, da pureza ; Rajas ,
o princípio do movimento, da atividade, da paixão ; e Tamas, o princípio
da inércia, da escuridão e da ignorância.
As Gunas vão interagir complexa e infinitamente dos níveis mais sutís
aos mais densos da criação, do mais espiritual ao mais abissal. Segundo o
Tantra - e este conhecimento é importante no trabalho com Yoga e com
Ayurveda - a função de Rajas (equilibrado) é atuar de forma ativa sobre
Tamas para suprimir Sattwa, ou utilizar Sattwa para se equilibrar e
suprimir Tamas. A função de Sattwa é criar condições para a
transcendência, e a de Tamas é manter o estado de ignorância.
A partir da manifestação das Gunas surge o nível Causal – Mahat ou
Buddhi. No homem, Buddhi é o intelecto superior responsável pela
faculdade do discernimento, e é aonde centra-se Avidya, a ignorância do
nosso estado Uno, e que resulta em Maya, a identificação equivocada com
esta realidade dual, e consequentemente com o ego e com a mente.
Localiza-se - usando as duas terminologias hindus que definem os
diferentes corpos e dimensões do ser - no Karana Sharira (o corpo causal,
o inconsciente) ou ainda em Ananda e Vijñana Maya Kosha
(os
"invólucros" da bem-aventurança e do intelecto).
De Buddhi manifesta-se Ahamkara, o ego. Do ego manifesta-se
Manas - a mente, o receptáculo de Chitta, a matéria mental e a memória
de onde advém os Vrittis, os movimentos da mente (os pensamentos).
Nossos pensamentos, sentimentos, palavras e ações vão criar os
Samskaras (impressões na mente) que vão determinar os sistemas de
crenças e padrões - Vasanas (tendências), isto é, nosso caráter e
personalidade. Isso tudo se processa no nivel do Sukshma Sharira - corpo
sutil (ou em Mano e Prana Maya Kosha, os invólucros da mente e do
Prana).
Em Pranamaya Kosha é que se processa o nível mais periférico dos
Chakras (as pétalas) e as Pranavaha Nadis (condutos de energia que
conduzem o Prana).
Em Manomayakosha , Ojas Shakti - a energia mental - é conduzida
pelas Manovaha Nadis (Nadis que conduzem Ojas).
Manomaya e Vijñanamaya Kosha estão relacionados ao nível mais
interno dos Chakras (botão), e Anandamaya Kosha ao nível mais
profundo - a raíz dos Chakras.
44
De Manas, manifestam-se os 5 Tanmatras
(5 sentidos : visão,
audição, paladar, olfato, tato), os 5 Jñana Indriyas (órgãos de
conhecimento : olhos, ouvidos, pele, nariz, língua), os 5 Karma Indriyas
(órgãos de ação : pés, mãos, bôca, ânus, genitais) e os 5 Mahabhutas
(elementos : terra-Prihtivi, fogo-Agni ou Tejas, água-Jala ou Apas , arVayu, éter-Akasha). Isso tudo localiza-se no nível do Shtula Sharira, o
corpo denso (ou Annamaya Kosha, o invólucro do alimento, área de
atuação do Jataragni).
Buddhi, Ahamkara e Manas, compõem o Antahkarana, ou órgão
interno.
Finalmente, da interação dos 5 Mahabhutas surge o Tridosha (os três
Doshas) :
Vata, da interação do éter com o ar: Dosha frio e seco, e que
fundamentalmente controla o movimento.
Pitta, do fogo com a água: Dosha quente, que controla o metabolismo.
Kapha, terra e água: Dosha frio e úmido, que controla a estrutura.
E a infinita e complexa interação destes três princípios reflete o
aspecto mais material da criação dos níveis macro ao microcósmico em
todos os seres vivos. Os Doshas também são a ponte entre nossa mente
e nossa fisiologia.
Cada um dos Doshas está relacionado a uma essência sutil : Vata está
relacionado com o Prana - a energia vital, que se subdivide em 5 Pranas
(ou Vayus = ventos) ; Pitta com Tejas ou Agni, o fogo essencial (cujo
aspecto mais importante para o Ayurveda é Jataragni, o fogo digestivo) e
Kapha com Ojas (a energia mental e sexual) e com os liquidos corporais.
Poderíamos dizer, utilizando as palavras de Robert Svoboda, que
Prana, Tejas e Ojas "são as expressões quintessenciais dos 5 Mahabhutas
em sua aplicação à vida encarnada" e que os Doshas "são as formas mais
grosseiras de Prana, Tejas e Ojas", e "são as formas condensadas dos 5
Mahabhutas".
As três Gunas atuam interagindo-se ampla e profundamente nos e
com os três Doshas, mas de uma forma geral, Vata e Pitta relacionam-se
mais a Rajas e Kapha a Tamas (Sattwa é a Guna do equilíbrio).
Davi Frowley chama as Gunas de “Doshas mentais”.
45
Há mais de 5000 anos na India, desenvolveu-se a Medicina
Ayurvédica, profundamente embasada na filosofia Samkhya e no Tantra
(também de origem dravidiana pré-védica). Nesta ciência, a espinha
dorsal é o conhecimento dos Doshas e sua atuação no ser humano, tanto
física, quanto psicológica , emocional e energéticamente.
À partir dos conhecimento dos Doshas e da origem e consequências
de seus desequilíbrios, estabeleceu-se tipologias específicas, e à partir
daí toda uma metodologia de diagnósticos, dietética, massagens,
fitoterapia, farmacologia, cirurgia, etc.
Todas as pessoas apresentam uma interação complexa destes três
princípios. O mais comum é predominar um dos Doshas, havendo o
hábito de ser dizer, por exemplo, que tal pessoa é "Vata-Pitta" ou " PittaKapha", considerando-se o Dosha predominante e o que vem em segundo
lugar de importância.
São duas, as classificações consideradas para efeito do levantamento
da tipologia pessoal: a Prakriti, isto é, a sua configuração dos três
Doshas por ocasião de seu nascimento, e a Vikriti, a configuração que se
apresenta agora, neste momento. A sua referência de equilíbrio é a sua
própria Prakritti. As terapias ayurvédicas estarão sempre ajudando a
manter e/ou trazer sua Vikriti ao nível da sua Prakriti.
O Dosha Vata é sempre o que mais se desequilibra, geralmente
também desequilibrando os outros doshas.
Este perfil pessoal vai apontar entre outras coisas - e o que é, aliás, o
assunto central deste texto - os pontos fracos, as vulnerabilidades e
fragilidades inerentes aos Doshas predominantes, e quando em
desequilíbrio.
Predominância Vata ou aumento de Vata, por exemplo, criam
vulnerabilidades na área das articulações (artroses, artrites, etc.), dos
intestinos (prisão de ventre), tendência para o consumismo, apetite
instável, stress, doenças nervosas, fobias, dores em geral, medos,
insônia, e memória ruim. Como é um Dosha frio e sêco, poderá haver
tendência a se resfriar, e a ter pele e cabelos sêcos. Tem normalmente
estrutura corporal magra e ossuda.
Vata está relacionado aos 5 Pranas, pois cada Prana é um sob-Dosha
de Vata (cada Dosha tem 5 sub-Doshas), ainda assim, tem uma relação
mais intensa com os Pranas Prana (aspecto funcional do prana que
gerencia os processsos de absorção. Está relacionado ao Chakra Anahata
46
- elemento ar - e a glândula timo, gerenciando a respiração, atividade
cardíaca, cintura escapular , membros superiores, afetos e sentimentos) e
ao Prana Udana ( É o Prana do Chakra Vishuddha - elemento éter - e da
glândula tireóide. Gerencia voz, garganta, cervical, visão, olfato, audição,
todo o cérebro, criatividade, comunicação).
A predominância de Pitta ou seu aumento excessivo, poderá acarretar
em fragilidade na área estomacal - gastrites, por exemplo - se abusar,
pois Pitta come muito bem e em geral digere bem.
Tem
tendência à irritabilidade, raiva, ódio e ciúme. É o "pavio curto", o que
aliás também é péssimo para o estômago, aumentando a secreção de
ácido clorídrico, tornando-o uma vitima potencial de úlcera.
Eventualmente pode ter desarranjos intestinais e problemas de pele.
Como é um Dosha quente, Pitta tem pouca tolerância ao calor.
Pitta está relacionado ao Prana Samana (Prana da assimilação.
Relaciona-se ao Chakra Manipura - elemento fogo e a glândula pâncreas,
gerenciando o calor corporal, a digestão, estômago, intestino delgado,
fígado, vesícula, emoção, auto-estima, poder pessoal)
Por fim, a predominância de Kapha apresenta normalmente forte
estrutura corporal com tendência a obesidade. De apetite voraz, tem
tendência a ter glicose e colesterol altos. Dorme muito. Pode vivenciar
obesidade, preguiça, pessimismo, inveja, estados depressivos, e também
avareza e mesquinhez.
Kapha tem tendência à criar muito muco, devendo ter cuidado para
evitar pneumonias, rinites, sinusites, bronquites.
E uma das principais características de Kapha é a umidade e a
oleosidade.
Kapha está relacionado aos Pranas Vyana (Prana da circulação. Está
relacionado ao Chakra Swadhisthana - elemento água - e às glândulas
reprodutoras, gerenciando a circulação dos líquidos pelo corpo, a cintura
pélvica, região lombar, sensualidade, sexualidade e reprodução) e Apana
(Prana da eliminação. Relacionado ao Chakra Muladhara - elemento terra
- e as glândulas supra-renais, e gerencia a base, as pernas e os pés,
intestino grosso, ânus, excreções de uma forma geral, instinto de defesa,
apego, medo).
Então, para ajudar na promoção da saúde e no tratamento das
doenças, o Ayurveda utiliza o Yoga como uma das suas mais importantes
47
ferramentas terapêuticas. Aliás, todo o conhecimento - teórico e prático
- espiritual, filosófico e terapêutico hindu repousa sólidamente sobre os
pilares do Ayurveda, do Yoga, do Tantra e da Vedanta.
Seguindo a premissa ayurvédica de que todo o trabalho deve ser
absolutamente personalizado, a Yogaterapia ayurvédica (chamada pelo
Dr. Vasant Lad de AyurYoga)
vai buscar atuar de encontro às
particularidades tipológicas de cada um , utilizando o instrumental do
Hatha e do Tantra Yoga - Asana (posturas), Pranayama (respirações),
Kriya (limpezas), Bandha (contrações), Mudra (gestos energéticos),
Mantra (vocalizações energéticas), Nidra (relaxamento) e meditação - que
podem ser associados a práticas ayurvédicas complementares, tais como
massagem, dietética e fitoterapia.
A prática yóguica mais diretamente relacionada com os Doshas é a
Pavana Muktasana (literalmente "liberação dos ventos" - articulares,
estomacais e intestinais).
Trata-se de uma técnica formada de 4 séries de exercícios físicos e
respiratórios :
-
-
-
A primeira série chamada "anti-reumática" (ou Sukshma Vyayama :
exercícios sutís), trabalha mobilizações que movimentam todas as
articulações do corpo, desimpedindo o fluxo energético por atuar sobre
os Chakras auxiliares localizados em cada articulação do corpo. As
articulações acumulam toxinas oriundas principalmente da má
alimentação e da vida sedentária. Esta série está relacionada a Vata
Dosha.
A segunda série chamada "anti-gastrítica" (ou Apanasana : as Asanas
do Apana, a energia que gerencia a excreção), trabalha envolvendo
principalmente a musculatura abdominal. Energiza e equilibra o
Jataragni. Esta série está relacionada a Pitta Dosha, embora Vata
também seja beneficiado em razão de sua tendência à prisão de
ventre.
A terceira série, energizante (ou Shakti Bandha: contrações
energéticas), está relacionada a Kapha Dosha.
E a quarta série chamada Trataka, são exercícios específicos para os
olhos, e que vão beneficiar especialmente Pitta, que é o Dosha dos
olhos, da visão.
As técnicas de Pavana Muktasana foram resgatadas e recodificadas
por Swami Satyananda Saraswati, e podem ser encontradas em seu livro
48
:
" Yogasana, Pranayama, Mudra, Kriya, Nidra" e no livro
"Psicologia do Tantra" do prof. Paulo Murilo Rosas.
Pavana Muktasana é excelente para manter e/ou restaurar o equilibrio
dos três Doshas.
A série de Surya Namaskaram (saudação ao Sol) também pode e
deve ser feita regularmente para equilibrar os Doshas. Deve-se apenas
observar que esta série, segundo o Tantra, atua energizando
especialmente a Nadi Pingala (polaridade solar, masculina, ativa, quente,
positiva, tonificante). Como Vata e Kapha estão mais relacionados a Nadi
Ida (polaridade lunar, fria, passiva, feminina, negativa, sedante) e Pitta a
Nadi Pingala, as pessoas de Vata e Kapha devem fazer a série de forma
bem dinâmica com as respectivas respirações (Vata deve estar muito
atento ao ritmo) e as pessoas Pitta devem fazer a série mais lentamente,
com a respiração livre, suave e profunda, com ênfase na expiração.
Vata está relacionado com o Chakras Anahata (elemento ar) e
Vishudha (éter) e necessita de "trabalho de base" para drenar o excesso
de energia dos Chakras superiores para os básicos .
Vata será beneficiado com a prática de Yoga Sukshma Vyayama (ver
"Psicologia do Tantra" , prof. Paulo Murilo Rosas), que aquece e promove
"grounding", trabalhando a energia dos Chakras superiores para os
básicos (Shristhi Krama, ou o Caminho da criação).
Posturas de grounding também são os Trikonasanas e Parshwa
Konasana - que também aumentam a capacidade respiratória
promovendo a abertura do gradil costal - e os Guerreiros
(Virabhadrasana) 1 e 2.
O trabalho de Pavana Muktasana é excepcionalmente benéfico para
Vata, especialmente as duas primeiras séries, mas as pessoas que
possuem este Dosha muito elevado não devem exagerar, pois esta
técnica trabalha movimentando a energia dos Chakras básicos para os
superiores (chamado no Tantra de Laya Krama, ou o Caminho da
dissolução). Uma solução seria alternar Pavana Muktasana com Yoga
Sukshma Vyayama.
Posturas de meditação - Dhyanasanas (Padmasana, Vajrasana,
Sukhasana, Siddhasana) vão dar segurança e estabilidade para Vata.
É o Dosha mais beneficiado pelas práticas de concentração e
meditação.
49
Surya Namaskaram também é excelente para equilibrar Vata,
promover grounding, aquecer e manter as articulações e os intestinos em
boas condições.
Trabalhos articulares para a coluna, como o Gato - que pode ser
desdobrado de várias formas - vão manter a saúde das articulações
vertebrais, raízes nervosas, ligamentos e músculos das costas.
Também são interessantes as posturas de extensão (Bhujangasana,
Dhanurasana, Chakrasana, Ustrasana) - para abrir os peitorais e o gradil
costal; de flexão da coluna (Paschimottanasana, Padahastasana,
Janushirshasana) para tonificar os intestinos e sedar o sistema nervoso ;
e de equilibrio (Vrikshasana, Natarajasana).
E é bastante útil a prática de Mula Bandha (contração do períneo)
durante as Asanas, para tonificar o aparelho excretor e para energizar os
dois primeiros Chakras básicos.
Pranayamas com ritmo e sem retenções prolongadas - como Anuloma
Viloma, respiração completa com Krama, respiração quadrada
(Samavritti) - são boas para equilibrar Vata.
Pitta Dosha será reequilibrado com Pranayamas sedantes : Chandra,
Chandra Bheda, Nadi Shodhana, Shitali, Sitkari. e lentas respirações
abdominais com ênfase na expiração.
Asanas de compressão do ventre são importantes para sedar Pitta e
acalmar o Jataragni, como Paschimottanasana e Matsyendrasana.
Inversamente,
posturas
de
extensão
(Chakrasana,
Ustrasana,
Dhanurasana) vão tender a aumentar Pitta e o Jataragni.
O trabalho de Pavana Muktasana - especialmente a segunda série - vai
ajudar a equilibrar Pitta.
Pitta também é sedado com
Sarvangasana).
importantes para Pitta.
posturas de inversão (Viparita karani e
Posturas de equilíbrio também são
É o Dosha mais beneficiado pela prática de relaxamento e de Yoga
Nidra (meditação composta de relaxamento com visualizações).
O Dosha Pitta é o que está mais diretamente relacionado com
Jataragni, o fogo digestivo, por isso são muito úteis os trabalhos com as
Kriya (purificações)
Agni Sara (limpeza pelo fogo) e Kapalabhati (o
50
sopro do crâneo) e com Uddhyana Bandha (se não houver gastrite),
feitas sem exagero. Vão equilibrar e manter a boa qualidade do Jataragni.
Bhastrika Pranayama (o fole) vai aumentar bastante Pitta e o
Jataragni.
Yoga Sukshma Vyayama também vai tender a aumentar Pitta.
De uma forma geral, os Pranayamas - especialmente os com
retenções mais longas - vão beneficiar especialmente o Dosha Kapha,
mantendo o aparelho respiratório em boas condições.
Respiração completa com ritmo (1:4:2:4) e com ênfase nas fases
média (intercostal) e alta (torácica).
Kriyas de limpeza como Kapalabhati e Agni Sara, e Pranayamas
tonificantes como Bhastrika (se não for hipertenso), Surya e Surya
Bheda, Ujjayi, feitos moderadamente, são interessantes para Kapha.
Este Dosha também será muito beneficiado com a prática de Asanas
de uma forma mais movimentada, como Surya Namaskaram ou Asanas
com Vinyasa (Asanas dinâmicas, como Ashtanga Vinyasa).
Kapha, o Dosha da base, da estrutura, está relacionado aos Chakras
básicos : Muladhara (elemento terra) e Swadhisthana (água).
A Pavana Muktasana vai atuar positivamente em Kapha, drenando o
excesso de energia da base para os Chakras superiores.
Já Yoga Sukshma Vyayama, que embora seja uma técnica quente e
movimentada - bom, portanto, para Kapha - funciona drenando a energia
para os Chakras básicos, e não deve ser feita com exagero,
preferencialmente alternando-se com Pavana Muktasana.
Segundo o critério de Langhana e Brimhana - os parâmetros
ayurvédicos de classificação e avaliação dos processos da sedação e da
tonificação (e que será assunto de um outro texto), dentre as Asanas e os
Pranayamas que tem efeitos sedantes e tonificantes, aqueles que tem
específicamente efeito equilibrador e harmonizador para todas as
tipologias são : Nadi shodhana (a respiração polarizada) e Shirshasana
(postura sobre a cabeça), esta ultima levando-se em conta suas contra
indicações (hipertensão, glaucoma,etc.).
51
ASANAS PARA OS DESEQUILÍBRIOS DOS DOSHAS :
(Segundo o Dr. Vasant Lad)
1. ASANAS PARA DESEQUILIBRIOS DE VATA :
-
ASMA : Supta Vajrasana, Halasana, Pavana Muktasana (a asana) ,
Shavasana.
DOR NAS COSTAS : Pavana Muktasana, Halasana, Ardha Chakrasana,
Supta Vajrasana.
PRISÃO DE VENTRE :
Supta Vajrasana, Yoga Mudra, Pavana
Muktasana, Sarvangasana, Shavasana. Fazer todas as asanas com a
barriga contraída.
DEPRESSÃO :
Yoga Mudra, Halasana, Padmasana, Nitambasana,
Shavasana.
DOR CIÁTICA : Pavana Muktasana, Supta Vajrasana, Halasana, Yoga
Mudra, Ardha Chakrasana.
DEBILIDADE SEXUAL : Supta Vajrasana, Halasana, Sarvangasana,
Kukutasana.
VARIZES : Sirshasana, Supta Vajrasana, Shavasana.
RUGAS : Yoga Mudra, Supta Vajrasana, Sirshasana, Halasana.
ARTRITE REUMATÓIDE : Ardha Chakrasana, Dhanurasana, Halasana,
Sirshasana, Supta Vajrasana.
DOR DE CABEÇA : Halasana, Yoga Mudra, Sirshasana.
INSÔNIA : Shavasana, Bhujangasana, Supta Vajrasana.
DISTÚRBIOS MENSTRUAIS :
Halasana, Bhujangasana, Ardha
Chakrasana, Yoga Mudra.
2. ASANAS PARA DESEQUILÍBRIOS DE PITTA
- ÚLCERA PÉPTICA : Shitali Pranayama.
- HIPERTIREOIDISMO : Sarvangasana, Karna Pidasana.
- MÁ DISGESTÃO : Pavana Muktasana, Matsyasana, Shalabhasana.
- HIPERTENSÃO : Sarvangasana, Bhujangasana, Naukasana.
- RAIVA OU ÓDIO : Naukasana, Sarvangasana, Shavasana.
- ENXAQUECA : Shitali Pranayama, Sarvangasana, Matsyasana.
- COLITE : Matsyasana, Karna Pidasana, Navasana, Dhanurasana.
- DISTÚRBIO HEPÁTICO : Matsyasana, Sarvangasana, Karna Pidasana.
- HEMORRÓIDAS : Matsyasana, Sarvangasana, Dhanurasana.
52
-
ESTOMATITE (Inflamação da língua) : Shitali Pranayama.
3. ASANAS PARA DESEQUILÍBRIOS DE KAPHA :
-
BRONQUITE : Sirshasana, Halasana, Garbhasana, Supta Vajrasana,
Ardha Chakrasana, Matsyasana,
EFIZEMA : Ardha Chakrasana, Sarvangasana.
RINITE : Matsyasana, Navasana, Halasana, Dhanurasana, Bhastrika.
SINUSITE : Simhasana, Paschimottanasana, Matsyasana.
DIABETES :
Navasana, Matsyasana, Ardha Chakrasana, Supta
Vajrasana, Garbhasana.
DESORDENS GASTROINTESTINAIS CRÔNICAS :
Matsyasana,
Shalabhasana, Bhujangasana.
GARGANTA INFLAMADA : Simhasana, Sarvangasana, Shalabhasana,
Matsyasana.
BRONQUITE ASMÁTICA :
Ardha Chakrasana, Dhanurasana,
Sarvangasana, Navasana, Nitambasana, Matsyasana, Bhujangasana.
53
KARMA e KRIYA
As purificações no Yoga, no Tantra e no Ayurveda
A intenção deste pequeno texto comparativo, é apenas o de " lançar
lenha na fogueira " no sentido de estimular um desenvolvimento mais
amplo e profundo no estudo e na pesquisa sobre as purificações e
limpezas, tanto na área do Ayurveda, como nas áreas do Yoga e do
Tantra.
No Ayurveda e no Hatha Yoga, as purificações trabalham do físico para
o energético. No Tantra ocorre o inverso. Isso caracteriza perfeitamente o
aspecto fundamentalmente holístico das ciências e das práticas hindus,
onde o homem é considerado como sendo um ser uno em suas dimensões
física, emocional, psíquica e energética, e que é absolutamente
interagente com seu meio e com seus semelhantes.
Estas interações se processam sempre no sentido da " mão dupla" ,
isto é - como diz a música de Walter Franco - "de dentro prá fora, de fora
prá dentro". Ou seja, mexeu no externo afeta o interno, e vice-versa.
E se nós queremos trabalhar com a energia, devemos primeiro
promover a desobstrução de seus caminhos. E este é o objetivo das
Kriya.
I. No Ayurveda (Panchakarma)
A) Fonte : Gérard Edde
SEGUNDO CHARAKA :
1. Lavagem anal (clister)
2.
3.
4.
5.
Purgação
Vômito provocado
Lavagem anal com óleos
Tratamento nasal
54
SHARANGADHARA considerava a sangria como um dos Panchakarmas.
SEGUNDO SUSHRUTA :
1. Métodos preparatórios : dieta, lavagem a óleo, sudorificação
2. Métodos principais : vômitos, purgação, clister, tratamento nasal,
sangria
3. Métodos de revitalização: repouso, alimentação equilibrada
SEGUNDO O AUTOR DO LIVRO :
1.
2.
3.
4.
5.
Lavagem a óleo (administração interna e externa de óleo)
Sudação - Swedan (sol, vapor, banho quente, sauna)
Clister (lavagem intestinal)
Tratamento nasal - Nasya
Vômito - Vaman
B) Fonte : Dr.Vasant Lad
1.
2.
3.
4.
5.
Vômito terapêutico (Vaman)
Purgativos ou laxantes (Virechan)
Enema / clister medicamentoso (Basti)
Administração nasal de medicamentos (Nasya) - massagem com ghee
Redução sanguínea / purificação do sangue (sangria)
C) Fonte : Dr.Deepak Chopra
1.
2.
3.
4.
5.
6.
Ingestão de óleo (Sneehana)
Laxante (Virechana)
Massagem de óleo (Abhyanga)
Tratamentos sudoríferos (Swedana)
Clister medicinal (Basti)
Aplicações nasais (Nasya)
55
II.
No Hatha Yoga (Shat Karmas)
HATHA YOGA PRADIPIKA (tradução de Caio Miranda) :
1.
2.
3.
4.
5.
6.
Dhauti : limpeza estomacal com gaze
Basti : limpeza do reto com água
Neti : limpeza do nariz com fio
Trataka : fixar os olhos sem pestanejar
Nauli : movimentação dos músculos reto-abdominais
Kapalabhati : respiração do fole
GERANDHA SAMHITA (trad. Caio Miranda) :
1. Dhauti Antardhauti (lavagem interna) Vatasara (purificação pelo
vento) ; Varisara (purificação pela água) ; Agnisara (purificação pelo
fogo) ;
Dantadhauti (limpeza dos dentes) Dantamuladhauti (purificação dos dentes) ; Jihwa
Sadhana (purificação da lingua)
Hriddhauti (limpeza do coração) Dandadhauti
(purificação com vara de tanchagem) ; Vamana (vômito) ; Vasas
(limpeza com gaze)
Mulasadhana (limpeza do reto)
Karmadhauti (limpeza dos ouvidos)
Kapalarandradhauti (pressão do polegar na testa)
2. Basti Jalabasti (limpeza do reto com água)
Sthalabasti (paschimottanasana com ashwini mudra)
56
3. Neti Sutraneti (limpeza do nariz com fio)
Jalaneti (limpeza do nariz com água)
Dughdaneti (limpeza do nariz com leite)
Ghrtaneti (limpeza do nariz com ghee)
4. Nauli / Lauliki : movimentos do abdomen
5. Trataka : para os olhos
6. Kapalabhati Vamakrama
Vyutkrama e Sitkrama (limpeza das narinas com
água)
III. No Tantra (Kriya)
(Fonte : Paulo Murilo Rosas)
1. Padadhirasana : compressão das axilas com as mãos, para a
desobstrução das narinas.
2. Kapalabhati : sopro do craneo brilhante (respiração de fole com
ênfase na expiração) desobstrução das nadis Ida e Pingala e
energização do Manipura Chakra.
3. Agni Sara : purificação com o fogo (fole abdominal com pulmões
vazios) limpeza do Kanda e energização do Manipura Chakra
4. Bhastrika : respiração do fole desobstrução da Sushumna Nadi e
dos Granthis no nível da raiz dos chakras. Energização dos Chakras,
especialmente o Manipura.
5. Nadi Shodhana : respiração polarizada desobstrução e equilibrio
das Nadis Ida e Pingala , no nivel das pétalas dos Chakras.
OBS : No Tantra, as Kriya devem ser feitas sempre antes das Asanas.
Agni Sara, Kapalabhati e Bhastrika, bem como Udhiyana Bandha - que
não é exatamente uma Kriya mas pode ser encaixada aqui - devem ser
executadas seguidas de Kumbhaka com Mula Bandha, Jalandhara Bandha
e Jñana Mudra.
57
LANGHANA E BRIMHANA : O Yin/Yang do
Ayurveda.
Sua aplicação no Yoga e na Yogaterapia.
A intenção deste texto é apresentar os conceitos ayurvédicos ainda
pouco conhecidos de Langhana e Brimhana. Estes conceitos vem trazer
para o Yoga e para a Yogaterapia subsídios técnicos importantes na área
da tonificação e da sedação. Considera-se que o yogi Krishnamacharya
quem adaptou para as Asanas e Pranayamas os conceitos ayurvédicos de
Langhana e Brimhana.
Na tabela 1, temos a apresentação de Langhana e Brimhana.
Na tabela 2, vemos como os critérios de sedação e tonificação atuam
na área da respiração.
Na tabela 3, temos estes conceitos aplicados aos pranayamas,
e na Tabela 4, sua aplicação nas asanas.
Seguindo o mesmo critério que norteia as ciências orientais, onde a
intuição e a experimentação foram e são as principais ferramentas
utilizadas para a descoberta e para o desenvolvimento da grande
quantidade de técnicas disponíveis, e também considerando a escassa
literatura sobre Ayurveda existente em língua portuguesa, sugiro a todos
os alunos e colegas interessados em Yoga e Ayurveda que pratiquem e
experimentem a técnica de Langhana e Brimhana aplicada ao Yoga e
continuem aprofundando e desenvolvendo este útil conhecimento.
Fonte : Dr. Richard Miller, PhD e Joseph LePage - Integrative Yogatherapy (USA)
58
LANGHANA
BRIMHANA
Guna Tamas
Guna Rajas
Contração
Expansão
Lunar / Chandra / Tha
Solar / Surya / Ha
Feminino
Masculino
Frio
Quente
Yin
Yang
Kapha e Vata Dosha
Pitta Dosha
Narina esquerda (Ida)
Narina direita (Pingala)
Passivo
Ativo
Polaridade negativa
Polaridade positiva
Apana vayu (eliminação)
Prana vayu (absorção)
Expiração
Flexão
Inspiração
Extensão
Sist. Nervoso Parassimpático
Sist. Nervoso Simpático
Atividade sensora aferente
Atividade motora eferente
Catabolismo
Hemisfério direito do cérebro
Sedação
Anabolismo
Hemisfério esquerdo
Tonificação
59
RESPIRAÇÃO
BRIMHANA
LANGHANA
Inspiração 〉 Expiração
Expiração 〉 Inspiração
Respiração sub-clavicular
Respiração abdominal
Respiração rápida
Narina direita
Retenção pulmões cheios
Respiração pela boca
Respiração completa ↓
Respiração lenta
Narina esquerda
Ret. pulmões vazios
Respiração pelo nariz
Respiração completa ↑
60
PRANAYAMA
Brimhana
Bhastrika
Surya Pranayama
Surya Bheda
Viloma Krama
Viloma Pranayama
Ujjayi
Nadi Shodhana
Kapalabhati
Anuloma Pranayama
Anuloma Krama
Chandra Bheda
Chandra Pranayam
Shitali e Sitkari
Langhana
61
ASANAS
Brimhana
Shalabhasana (Gafanhoto)
Chakrasana (Roda)
Dhanurasana (Arco)
Purvottanasana (Plano inclinado)
Navasana (Barco)
Virabhadrasana (Guerreiro)
Utkatasana (Cadeira)
Setubhandasana (Ponte)
Bhujangasana (Cobra)
Ardha Shalabhasana (Meio Gafanhoto)
Vrikshasana (Árvore)
Shirshasana
Sarvangasana (Vela)
Viparita Karani (Foice)
Halasana (Arado)
Ardha Chandrasana (Meia Lua)
Trikonasana (Triângulo)
Paschimottanasana (Pinça)
Uttanasana (Pinça em pé)
Matsyendrasana (Torção)
Jathara Parivritti (Torção deitada)
Apanasana (Joelho no peito)
Garbhasana (Feto)
Shavasana (Cadáver)
Langhana
62
TRATAK
O Yoga dos olhos
Tratak, que significa "olhar fixamente", aparece nos dois tratados de
Hatha Yoga - Gerandha Samhita e Hatha Yoga Pradipika - como um dos
Shat Karmas (ou Shat Kriyas), isto é, uma das 6 práticas de limpezas
psico-físicas.
Segundo estes dois livros, a prática do Tratak constitui simplesmente
em fixar o olhar - sem piscar - em algum objeto que pode ser uma vela, a
imagem de uma divindade, e até a lua ou o sol nascente, em práticas
mais avançadas.
Existem três tipos de Tratak :
1. Antara (ou Tratak interno): de olhos fechados, concentra-se a atenção
entre as sobrancelhas, no coração ou no umbigo (ou em qualquer
outro centro energético), ou ainda pode-se fixar na tela mental a
imagem de uma vela, o rosto de uma divindade ou o Sol.
2. Madhyama (Tratak do meio): de olhos abertos, o foco da
concentração pode ser a chama de uma vela, a ponta do nariz, a
imagem de uma divindade, etc.
3. Bahya (Tratak externo): de olhos abertos, fixar um objeto distante,
como a Lua, uma estrela, uma árvore, etc.
O Tratak , além de todos os seus enormes benefícios na área da saúde
ocular, é um poderoso exercício de concentração.
Diz Swami Satyananda : ” Tradicionalmente sua prática é considerada
como formando parte do Hatha Yoga, mas sua técnica se assemelha mais
à uma Mudra, de maneira que também pode ser considerada como parte
do Raja Yoga. Se praticada regularmente, desenvolve um poder de
concentração até um grau quase ilimitado."
Ou seja, além de uma excelente técnica de Pratyahara (abstração dos
sentidos) e Dharana (concentração), Tratak também pode, como diz
Satyananda, se tornar uma Mudra, como é o caso dos Dhristi (que
significa mirada concentrada) : Bruhmadya Drishti (também chamada de
63
Sambhavi Mudra) - a mirada no ponto entre as sobrancelhas, e Nasagra
Dhristi (ou Agoghari Mudra) - a mirada na ponta do nariz.
Em termos energéticos, o Tratak, de uma forma geral, vai trabalhar
energizando e despertando o Ajña Chakra (que é quem "gerencia" os
olhos).
A prática de Nasagra dhristi vai energizar também Ida e Pingala e o
Chakra Muladhara - pois estas nadis tem suas origens neste Chakra e nas
duas narinas.
Diz o Gerandha Samhita: "
objeto pequeno, até que as
denominado Tratak pelos sábios.
obtido. Certamente todos os
clarividência é produzida."
Olha fixamente, sem piscar, para um
lágrimas comecem a correr. Isto é
Praticando este Yoga, Sambhavi Mudra é
males da visão são destruídos e a
E o Hatha Yoga Pradipika diz : " Sem pestanejar, fixe seu olhar, com a
mente concentrada, até que as lágrimas jorrem dos olhos.
Isto é
denominado Tratak pelos Gurus. Com Tratak todas as doenças dos olhos
são curadas."
O Tratak que vamos abordar neste texto é, na verdade, um
desenvolvimento da série 4 da técnica de Pavana Muktasana.
São
exercícios que simultaneamente combinam movimento e alongamento da
musculatura ocular, além do treinamento da concentração.
Segundo o Ayurveda, a Medicina Tradicional Hindu, os olhos estão
relacionados com o elemento fogo, e consequentemente com o Dosha
Pitta. A prática do Tratak irá ajudar também no equilíbrio deste Dosha.
Antes de apresentar as técnicas, algumas recomendações importantes :
1.
Os braços deverão trabalhar em ângulo reto com o tronco, com a
unha do dedão bem na altura dos seus olhos - nestas práticas o
objeto da sua concentração será a unha do seu dedão. A mão estará
sempre fechada com o dedão abduzido. E você ainda dará, " de
quebra", um bom trabalho aos deltóides...
64
2.
Procure não movimentar a cabeça. Quem trabalha são os olhos. No
início até sem percebermos movemos a cabeça, mas com a prática
isto se corrige. Mantenha sempre o queixo paralelo ao chão e os
ombros e o rosto sem tensão.
3.
Combine o movimento com respiração. Estabeleça um ritmo , uma
sincronia.
4.
Comece a praticar a série fazendo apenas uma vez cada exercício e aí
bem gradualmente vá aumentando as repetições.
5.
Nos exercícios em que os olhos e braço estão em movimento, dê
sempre uma parada no ápice do movimento. para alongar. O ápice é
aquele ponto em que você já quase não vê mais o dedo (como p.ex.
na abdução de 90o do braço) . Mantenha a imobilidade nesta posição
por alguns segundos para alongar a musculatura ocular.
6. Nos exercícios em que os olhos e o braço estão em movimento, FAÇA
SEMPRE OS MOVIMENTOS MUITO LENTAMENTE. Só assim você
obtém os benefícios do trabalho de concentração. Os exercícios que
trabalham com movimento dos olhos e o braço imóvel, devem ser
feitos rápidamente.
7. Mesmo quando a visão periférica for mais forte - como no caso da
chegada no ápice do movimento - mantenha sua intenção na mirada
no dedão. Estaremos assim, treinando também a convergência da
atenção e da intenção (consciência e vontade), o que é muito
importante no caminho do Yoga.
8.
Entre um exercício e outro, dê uma sequencia de piscadas rápidas,
para umidificar bem os olhos, e mantenha-os fechados por alguns
segundos.
9.
No final, o ideal seria meditar um pouco. Mas nunca abra os olhos
antes de esfregar bem as palmas das mãos produzindo bastante calor
e impondo-as em concha sobre os olhos. Quando o calor acabar,
massageie suavemente as pálpebras inferior e superior. Só aí então,
abra lentamente os olhos.
10. Eventualmente pode ocorrer tontura durante a prática. Não force mas
também não abandone (exceto é claro, se você tem problemas mais
65
sérios como p.ex., labirintite. Consulte seu médico antes de praticar
Tratak).
Pode ocorrer também, durante ou após a prática, dor nos olhos ou
mesmo enxaqueca.
É bom frisar que estamos movimentando e alongando musculatura
ocular , e isto poderá provocar algum incômodo, da mesma forma como
acontece quando começamos a fazer algum exercício após estarmos meio
enferrujados.
Além disso, estamos mobilizando profundamente uma região
importante que "hospeda" conteúdos psico-emocionais mal digeridos, na
forma do que o Dr. W. Reich chamou de couraça ocular. A mobilização
desses conteúdos do inconsciente mobiliza nossas defesas que vão
procurar sabotar o processo de resgatar o livre fluxo da energia. Com a
prática os desconfortos normalmente desaparecem.
11. Problemas oculares como miopia, estrabismo, astigmatismo e
hipermetropia são considerados configurações diferentes de couraças
oculares. O trabalho com Tratak pode, dependendo da perseverança,
atenuar ou até mesmo curar estes distúrbios oculares. Com toda a
certeza, a moderna Ortóptica vem, direta ou indiretamente do Tratak.
Atenção : pessoas com problemas mais sérios, como por exemplo,
glaucoma, devem consultar o olfalmologista antes de praticar Tratak.
TÉCNICA :
Postura : Padmasana, ardha padmasana, sukhasana, siddhasana ,
dandasana ou vajrasana.
1.
2.
3.
Um braço flexionado 90 graus e o outro abduzido 90 graus: Saltar o
olhar de um dedão ao outro várias vezes. Trocar a posição dos
braços.
Os dois braços abduzidos 90 graus : saltar o olhar de um dedão para
o outro.
Braço flexionado 90 graus : lentamente abduzi-lo horizontalmente 90
graus acompanhando com o olhar, parar alguns segundos para
alongar e voltar. Trocar o braço.
66
4.
Um braço flexionado até o ponto mais alto que a vista alcançar, e o
outro o mais baixo que a vista possa alcançar. Saltar o olhar de um
dedão para o outro várias vezes. Trocar a posição dos braços.
5. Saltar o olhar de Nasagra para Brumadhya dhristi indo e voltando
várias vezes.
6. Braço flexionado 90 graus : elevar lentamente fazendo a flexão e
acompanhando com o olhar até o ponto mais alto. Parar alguns
segundos para alongar e ir até o ponto mais baixo. Parar para alongar
e voltar para o centro. Repetir com o outro braço.
7. Em Vajrasana : Flexionar um braço até o ponto mais alto e vir
aduzindo-o fazendo um grande meio-círculo até a posição mais baixa.
Trocar de braço e fazer do outro lado subindo outro meio-círculo.
Fazer a ida e a volta do círculo completo.
Este exercício é
especialmente interessante para quem tem miopia.
8. Flexão dos dois braços a 90 graus, mãos juntas : fixar o olhar em um
ponto no infinito e ir lentamente abduzindo horizontalmente os braços
até 90 graus e voltar. Procure simultaneamente fixar o ponto a frente
no infinito e acompanhar na visão periférica os dois dedões que se
movem cada um para um lado, indo e voltando para a posição inicial.
9. Braço flexionado 90 graus: foque o centro da unha do dedão e venha
aproximando-o lentamente dos olhos, forçando o foco, até a mão
encostar no nariz. Volte e troque o braço. É importante procurar
manter o foco, mesmo quando isto é impossível.
10. Fixe o olhar na ponta do nariz (Nasagra dhristi). Em seguida fixe o
olhar em um ponto no infinito. Vá e volte o olhar, inicialmente bem
lentamente e depois saltando o olhar da ponta do nariz para o infinito
e vice-versa. Uma variação, é encostar um dos dedões perto dos
olhos e o outro à frente na posição mais afastada, saltando o foco de
um para o outro e voltando várias vezes. Estes dois últimos exercícios
são especialmente úteis para astigmatismo.
11. O Tratak clássico : coloque uma vela acesa ( o ideal seria uma
lâmpada de ghee) um pouco abaixo da altura dos olhos, e a cerca de
meio metro de distância. Fixe firmemente o olhar sem piscar até que
os olhos lacrimejem. Feche-os e relaxe. Uma variação mais avançada,
seria fazer ciclos de Kumbhaka (retenção da respiração com os
pulmões cheios), inspirando, retendo o ar e fixando a chama sem
piscar, e depois descansando os olhos fechados, fixando a imagem da
chama na tela mental até que ela se desvaneça.
Fontes : - Yogasanas, Pranayama, Mudra e Bandha : Swami Satyananda
Saraswati
- Gerandha Samhita e Hatha Yoga Pradipika : tradução de Caio Miranda.
67
O KANDA.
Calibrando o ponto de equilíbrio
1. DEFINIÇÃO :
O Kanda (ou Nabhi Chakra) é o ponto de origem das 72.000 Nadis,
também chamado "ovo de passarinho".
2. LOCALIZAÇÃO
No meio de uma linha reta imaginária que liga o umbigo à
última vértebra lombar.
3. CAUSAS DO DESLOCAMENTO :
- Levantar peso
- Queda
- Puxão ou choque repentino
- Influências externas
- Choques ou desequilíbrios emocionais e/ou psicológicos
4. CONSEQUÊNCIAS DO DESLOCAMENTO :
A conseqüência principal do deslocamento do Kanda, é o não
aproveitamento psico/físico/energético integral das práticas de Yoga.
- Para cima :
Prisão de ventre crônica
- Para baixo :
Problemas com menstruação, ejaculação precoce, cólicas,
68
perda de movimentos, pesadelos.
- Para o lado :
Dores agudas não localizadas. Irregularidades menstruais,
coloração estranha no fluxo menstrual e esterilidade nas
mulheres, e espermatorréia nos homens.
5. NABHI PARIKSHA ( O exame do Kanda) :
- Com barbante :
Medir do centro do umbigo ao centro do mamilo ou
do centro do umbigo à ponta do hálux.
- Com os dedos :
a) Deitar em decúbito dorsal
b) Fazer Naukasana com Kumbhaka
c) Usar os dedos indicador, médio e anelar fazendo pressão no
umbigo (o dedo médio no centro do umbigo). O exame é feito
na artéria abdominal.
6. COLOCAÇÃO DO KANDA NO LUGAR :
a) Kanda para o lado :
1- Deitado em decúbito dorsal : dar 3 puxões secos na perna
oposta ao deslocamento + 3 socos na sola do pé + 3 puxões
secos.
69
2- Se não voltou para o lugar : (em decúbito ventral) Pé do
terapeuta na lordose lombar, segurando uma das mãos e o pé
oposto, dar um puxão seco. Repetir para o outro lado.
Normalmente o Kanda se desloca para a esquerda nos homens e
para a direita nas mulheres.
b) Kanda para cima :
- Deitar em decúbito ventral
- Fazer Dhanurasana
- "Montar" no paciente, segurar seus punhos e dar 3 trancos
secos.
c) Kanda para baixo:
Paciente em decúbito dorsal, o terapeuta "monta" e segura com
os dois braços a cintura do paciente dando 3 trancos secos.
7. ASANAS CORRETIVAS :
- Naukasnna
- Dhanurasana
- Chakrasana
- Matsyasana
As posturas devem ser feitas nesta ordem.
70
8. MASSAGENS CORRETIVAS :
a) Rotação da mão na direção dos ponteiros do relógio,
começando com o cutelo da mão no centro do umbigo.
b) "Amassando pão"
c) Dos rins para o umbigo :
d) Mãos postas. Do abdômen para a púbis :
Fonte : Prof. Paulo Murilo Rosas
71
OS DEUSES HINDUS E OS MANTRAS
No processo coletivo de busca pelo resgate de sua natureza original –
a Unidade – a humanidade, entre outros procedimentos teológicos,
ideológicos, psicológicos e filosóficos, criou os deuses a sua imagem e
semelhança. Todas as culturas desenvolveram uma mitologia com sua
profunda e complexa simbologia e funcionalidade.
Quando eu crio um deus, estou projetando fora de mim aquela
qualidade, talento ou virtude que eu já possuo, não faço contato, penso
que não tenho (embora inconscientemente saiba que tenha) e sinto que
preciso de uma referência externa para me outorgar estas qualidades
(quando na verdade seria para liberar em mim estas qualidades).
E aí eu idealizo um ser (com forma humana ou meio-humana) super
poderoso, e com uma super qualidade ou um super talento específico em
alguma área, e me conecto com ele num jogo de espelho onde eu me
reconheço naquela qualidade.
Os deuses funcionam nessa transferência como uma das muitas
formas (os animais de poder, por exemplo, é uma outra forma) de puxar
de dentro de nós as qualidades e talentos que pensamos que nos faltam.
E é claro, como tudo é Um, as mesmas virtudes e qualidades que estão
dentro de cada um, estão em todo o Universo e são gerenciadas por
energias inteligentes que habitam dimensões mais sutís, que na
perspectiva do Hinduísmo são os deuses (como são, por exemplo, os
anjos para os cristãos e os orixás para o povo africano).
Mantras são palavras de poder que tem a capacidade de mobilizar
energia. Mantra quer dizer, em sâncrito, instrumento (tra) de pensar
(man). Originalmente os Mantras eram em sânscrito que é um idioma
antigo cuja fonética foi desenvolvida para criar vibrações e mobilizar
energia, hoje temos Mantras em todos os idiomas pois o poder maior que
move esta sagrada ciência do som é a intenção.
Os Mantras hindus tem a ver com os deuses e geralmente são
compostos pelos nomes destes deuses. Na Índia o nome de Deus tem
uma importância vital na espiritualidade hindu.
72
Vamos falar das divindades mais importantes do panteão hindu e
sugerir alguns Mantras. Estes Mantras podem ser usados na meditação
silenciosa, podem ser cantados com a melodia que você quiser criar, e
podem ser pensados em lugar de ficar com a mente viajando pelo
passado e/ou pelo futuro que é como ela costuma ficar.
1. GANESHA :
É o deus com cabeça de elefante, filho de Shiva. Simboliza aquele que
abre os caminhos, que remove os obstáculos, ou seja, simboliza nosso
próprio poder de abrir nossos caminhos e remover os obstáculos.
Na Índia em todas as casas e todos os templos, tem uma imagem de
Ganesha na entrada. Sempre que se vai iniciar qualquer coisa, reza-se ou
canta-se para Ganesha.
Ganesha traz a coragem, a determinação, a objetividade.
Este deus também tem a ver com o Conhecimento, pois
mitológicamente Ganesha é aquele que compilou os Vedas que iam sendo
ditados por um sábio, e que os escreveu usando um pedaço de sua
própria presa como “lápis”.
Está relacionado ao Chakra Muladhara.
Está relacionado à Kriya Shakti, o poder de agir, que rompe o Brahma
Granthi (o nó psico-emocional relacionado ao Muladhara chakra)
Mantras :
- Jaya Ganesha, Jaya Ganesha, Jaya Ganesha Pahimam
Shri Ganesha, Shri Ganesha, Shri Ganesha Rakshamam
(Salve Ganesha, Salve Ganesha, Salve Ganesha Proteja-nos
Senhor Ganesha, Senhor Ganesha, Senhor Ganesha Salve-nos)
- GANESHA SHARANAM, SHARANAM GANESHA (4 x)
VAGISHA SHARANAM, SHARANAM VAGISHA (4x)
73
SARISHA SHARANAM, SHARANAM SARISHA (4x)
- OM SHRI GANESHAYA NAMAHA
(Eu saúdo o Senhor Ganesha)
- OM SHRI MAHA GANAPATAYE NAMAHA ou
OM GAM GANAPATAYE NAMAHA
(Eu saúdo o Grande Senhor Ganesha)
2. RAMA
Rama é o personagem principal de um grande épico hindu chamado
Ramayana que conta a história do filho de um rei que é envolvido em
uma intriga familiar e é exilado por 12 anos na floresta com seu irmão e
sua esposa, Sita, que é raptada por um demônio. O épico centra-se na
recaptura de Sita das mãos do demônio.
Rama simboliza na Índia, o arquétipo da ética, da virtude, da verdade
e da justiça, da honestidade, da responsabilidade e do dever.
Todos aqueles que tem algum cargo de poder, os pais, os políticos, os
professores, os chefes, os patrões, os militares, devem se espelhar no
ideal de Rama.
Está relacionado ao Chakra Manipura
agir .
e a Kriya Shakti, o poder de
Mantra :
SHRI RAMA, JAY RAMA
JAY, JAY, RAMA OM
SHRI RAMA , JAY RAMA
74
JAY, JAY, RAMA OM
(Senhor Rama, Salve Rama...)
3. KRISHNA
Krishna é a grande divindade hindu do Amor, um dos grandes
inspiradores da Bhakti Yoga (Yoga da devoção, o amor Universal).
É o mais importante Avatar (encarnação) de Vishnu, o deus que
representa a segunda pessoa - o princípio Conservador - da Trindade
hindu (os outros são Brahma, o princípio Criador e Shiva, o Destruidor, é
o grande “Lavoisier” cósmico…)
Krishna traz a alegria, aleveza, o canto e a dança, a amizade, os
sentimentos e as emoções, as relações.
Está relacionado aos Chakra cardíaco (Anahata) e laríngeo
(Vishuddha) e a Iccha Shakti, o poder de desejar que rompe o Vishnu
Granthi (o nó psíquico do Anahata Chakra).
Mantra :
HARE KRISHNA, HARE KRISHNA
KRISHNA, KRISHNA
HARE, HARE.
HARE RAMA, HARE RAMA
RAMA, RAMA
HARE, HARE.
(Salve Krishna, Salve Rama…)
75
4. SHIVA
Shiva é o grande Senhor do Yog, e o grande inspirador do Tantra, do
Hatha Yoga (Yoga do físico e do energético), do Jnãna Yoga (Yoga do
Conhecimento e da Sabedoria, a Vedanta), do Raja Yoga (Yoga da
Meditação).
Shiva é o grande arquétipo da transformação, da destruição do velho,
do estagnado.
Shiva gerencia tudo o que tem à ver com a mente, com a
sensitividade, com o inconsciente, com doença e cura, com morte e
reencarnação.
Como personificação do asceta, do yogue, Shiva tem a ver com a
meditação, com a renúncia e com a introspecção.
Está relacionado ao Chakra Ajña e a Jñana Shakti, o poder de conhecer,
que rompe o Shiva Granthi (o nó psíquico de Ajña chakra).
Mantra :
OM NAMAH SHIVAYA
(Eu saúdo Shiva)
5. AS DEUSAS
- SARASWATI : Esposa de Brahma, o Criador, é a deusa das artes, dos
estudos, do conhecimento, da inteligência.
Mantra : OM AIM SARASWATIAI NAMAHA
(Eu saúdo Saraswati)
- LAKSHMI : Esposa de Vishnu, o Conservador, é a deusa da fortuna, da
abundância (material e espiritual), da fartura.
Mantra : OM SHRI MAHA LAKSHMIAI NAMAHA
76
(Eu saúdo à Grande Senhora Lakshmi)
- DURGA : Um dos aspectos da esposa de Shiva (os outros aspectos são
Parvati e Kali) que está relacionada com a transmutação da sombra em
Luz, do mal em bem. Durga é a guerreira, a deusa que destrói os
demônios internos e restabelece o equilíbrio.
Mantra : OM SHRI DURGAYAI NAMAHA
(Eu saúdo à Senhora Durga)
77
YOGATERAPIA INTEGRATIVA
Uma abordagem do Yoga para o Terceiro Milênio
No movimento que vem sendo efetuado desde o século passado no
campo da abertura e da difusão da espiritualidade no sentido de se
aproximar Oriente e Ocidente, tem-se procurado geralmente somar o que
há de melhor em cada um, para assim poder otimizar as técnicas e
consequentemente os seus resultados.
No Yoga esta "simbiose" também não podia deixar de ocorrer. Os
conhecimentos ocidentais tem servido para comprovar, respaldar e
corroborar as milenares teorias e técnicas de que o Yoga dispõe, e para
incrementar a eficácia destas mesmas antigas técnicas mediante o auxilio
de outras tantas técnicas desenvolvidas aqui no Ocidente.
Hoje no meio do Yoga, além de Patanjali, Asana e Pranayama, também
já se ouve falar em Reich, Lowen, Feldenkreis, RPG, Anti-ginástica,
Eutonia, Alexander, Rolfing... numa busca de se encontrar uma linguagem
comum que venha enriquecer todos os caminhos, e passar eficientemente
a grande mensagem que é a do homem holístico que caminha rumo à
plenitude, à Unidade.
E a grande mensagem do Yoga é justamente a de não "vender um
peixe" específico, dogmático ou sectário, e sim, traçar diretrizes amplas,
porém muito bem fundamentadas, que levem em consideração que cada
um é um conjunto sistêmico de corpo/mente/emoção/espírito, uno em
essência com seu semelhante e com a Natureza, mas profundamente
singular em sua manifestação.
Esta singularidade - aliada ao contexto ambiental e histórico em que o
homem moderno se encontra com todas as suas peculiaridades e
desequilíbrios sociais, políticos, ecológicos, psicológicos, etc. - tem feito
com que o Yoga tenha que se adaptar e se capacitar mais, para atender
mais eficientemente à demanda corpo/mente/emoção/espírito deste
homem moderno estressado , desarmonizado e desequilibrado.
Este esforço para otimização do trabalho do Yoga, unindo Oriente e
Ocidente, tem sido realizada por várias pessoas e grupos em vários países
do mundo, gerando os mais diversos estilos de trabalho, dependendo da
área e da bagagem de quem fez a sua "releitura" do Yoga.
78
Na Yogaterapia Integrativa este trabalho holístico é feito sem que se
perca de vista a espinha-dorsal do Yoga, que é a sua filosofia, a sua ética
e o seu embasamento teórico.
Patanjali ainda é a mola-mestra da maioria das escolas de Yoga,
embora, na maioria das vezes, não mais sob os auspícios da escola
Samkhya (a filosofia dualista que embasa Patanjali em seu
"Yoga
Sutra"), e sim sob uma visão não-dual da Unidade (mais afeita portanto,
à visão da Vedanta).
Yogaterapia Integrativa é Hatha-Yoga, na medida em que utiliza
intensamente o seu instrumental : Asana (posturas) , Pranayama
(respiração) , Mudra (gestos psicossomáticos) , Bandha (contrações) ,
Kriya (limpezas) , Yoga Nidra (relaxamento) e Meditação, para manter
e/ou restaurar a saúde fisica.
É Tantra Yoga, na medida em que busca a saúde mental , emocional
e energética atravéz do reequilíbrio da personalidade por meio da
utilização do instrumental do Hatha-Yoga (de maneira bastante mais
ampla) e de diversas técnicas que trabalham as dimensões mais sutis de
cada um, estudando profundamente o funcionamento e a importância de
elementos tais como: os Tanmatras (os órgãos dos sentidos), os
Mahabhutas (os 5 elementos) , Indriyas (órgãos de conhecimento e
ação), as Gunas (visão dialética tríplice da Criação), os Koshas e Shariras
(os corpos), os Chakras (centros energéticos), as Nadis (condutos de
energia) , os Pranas (energia vital) e a Kundalini (energia primordial).
E é também Medicina Ayurvédica (Medicina tradicional indiana) na
medida em que leva em conta a avaliação e o reequilibrio dos 3 princípios
básicos ayurvédicos: Vata (ar – éter/ar), Pitta (bilis – fogo/água) e
Kapha (fleuma – água/terra). E o Hatha Yoga consta entre o arsenal
utilizado por esta importante vertente da Medicina oriental.
A Yogaterapia Integrativa é profundamente interagente com a Medicina
ocidental, com a Fisioterapia , com a Educação Física e com a Nutrição, na
medida em que trata (também) do corpo físico, e exige do profissional
sólidos conhecimentos de Anatomia, Fisiologia, Cinesiologia e
Biomecânica.
Interage com a Psicologia ocidental, na medida em que o Yoga
trabalha também no campo da psique e das emoções, exigindo do
profissional fundamentos das principais escolas psicoterapêuticas
ocidentais.
79
Interage ainda com a Educação, na medida em que Yoga é
fundamentalmente um trabalho de (re)educação, que exige do
profissional conhecimentos nas áreas de Pedagogia e Didática.
E, por fim, (e sobretudo) a Yogaterapia Integrativa é uma terapia
eminentemente holística e "aquariana" na medida em que está aberta
para lançar mão, despreconceituosamente, de técnicas e treinamentos
psico-físicos ocidentais que ao final das contas, direta ou indiretamente,
também tem seu berço no Yoga e só vem confirmar sua eficácia, fazendo
ver aos ocidentais que Yoga não é só "coisa de gente mística".
É interessante fazer aqui um pequeno retrospecto histórico e colocar
para os leitores que o Hatha Yoga tal como hoje o conhecemos, com sua
metodologia e sua estrutura de aulas (geralmente coletivas ou individuais
com sistema de fichas) , com uma hora ou uma hora e meia de duração,
é coisa relativamente recente (algo em torno do do século 19 para cá).
O Hatha Yoga foi codificado inicialmente por Gorakhnath, para que
servisse como preparo do corpo e da energia para a prática do Raja Yoga.
Os dois textos mais famosos - o Hatha Yoga Pradipika (de
S.Swatmarama) e o Gerandha Samhita – atestam literalmente este fato.
A tradição hindu considera o Hatha Yoga como tendo sua gênese no
Tantra, reportando-nos mitológicamente aos diálogos entre Shiva e sua
consorte Parvati, como está indicado em outra escritura importante do
Hatha Yoga, o Shiva Samhita.
O Hatha Yoga é, na verdade, uma forma resumida do Tantra – mais
específicamente do Dakshina Tantra (o Tantra da mão direita), - cuja
finalidade principal é preparar o corpo para a meditação (Raja Yoga).
Como dizia acima, a estruturação pedagógica e metodológica do Yoga
que conhecemos atualmente, se desenvolveu mais recentemente
,apresentando abordagens e estilos mais ou menos característicos
(deixando em aberto a questão se de fato existe realmente um Hatha
Yoga "clássico"). Tradicionalmente, este ensino era feito individualmente
de mestre para discípulo.
A grande afluencia de ocidentais interessados em espiritualidade na
India a partir do inicio do século 19 e o crescente agravamento do
panorama da saúde nos tempos modernos, recolocou o Hatha Yoga em
evidência e vários mestres resolveram adaptar o ensino tradicional
colocando-o
mais
disponível
à
realidade
agitada
do
mundo
contemporâneo, e à grande afluência de pessoas interessadas.
80
Devemos este resgate do Hatha Yoga a vários nomes importantes, tais
como : Swami Sivananda de Rishikesh (e seus principais discípulos, tais
como S.Satyananda – de Bihar, que desenvolveu a vertente do Tantra
Yoga ; S. Vishnudevananda e Swami Satchidananda que levaram o Hatha
Yoga para o ocidente), que deu um enorme impulso ao Hatha Yoga,
trazendo para o ocidente o modelo de aulas coletivas com séries préestabelecidas ; Shri Yogendra (e seus filhos) de Bombaim, que instituiu o
método de fichas individualizadas, e também desenvolvendo e divulgando
intensamente a Yogaterapia ; Swami Kuvalayananda de Lonavla que fez
conexões entre o Yoga e a Ciência e também trabalhou com Yogaterapia ;
e especialmente, T.Krishnamacharya, o grande revitalizador do ensino
moderno do Yoga, e que preparou filhos e discípulos fazendo com que
cada um desenvolvesse uma abordagem diferente do Yoga (assim como
fez Sivananda). Desikachar por exemplo, ensina a técnica de Vinyoga,
onde em cada aula enfoca-se uma só asana, desenvolvendo-se uma
sequência de vinyasa e de posturas que preparam o corpo para a asana
objetivada; B.K.S. Iyengar de Poona, que, na minha opinião é o grande
responsável pelo que poderíamos chamar de "modernização" do Yoga no
que tange ao aspecto físico, de saúde - Iyengar ousou utilizar
"ferramentas" (almofadas, blocos, cavaletes, cordas,etc.) para facilitar a
prática dos emperrados ocidentais que a ele afluem abundantemente ; e
Pathabi Jois com o Ashtanga Vinyasa.
Ainda poderíamos citar Amrit Desai (Kripalu Yoga), S. Yesudian e
tantos outros.
E o trabalho da Yogaterapia Integrativa honra muito o trabalho de
todos estes Mestres e bebe de todos, indistintamente.
Sem abandonar o espírito do Yoga, a YI sem preconceitos ou
exagerados purismos, utiliza de variado instrumental de apoio físico
(almofadas, bolas gymball, apoios de isopor e bambú, bolas de tênis,
Yogapro, etc.) ; de variadas técnicas modernas derivadas do Hatha Yoga
tradicional (Yoga em duplas, Yoga em grupo, Yoga restaurativa – com
almofadas, Yogassage, etc.) e variadas técnicas ocidentais e orientais
para
a
conscientização,
sensibilização
e
reequilibrio
fisico/psicológico/emocional (vivências com os 5 elementos, com os 7
Chakras, com os 3 Doshas, com as 3 Gunas, com os 5 Koshas , além de
meditações e relaxamentos), sempre buscando unir o que há de melhor e
mais eficaz neste encontro entre Ocidente e Oriente.
Toda esta "tecnologia" permite que seja feito um trabalho coletivo ou
individual - sempre dentro de uma abordagem absolutamente
81
personalizada - alcançando uma alta eficácia nos casos que mais
acometem e afligem o homem moderno : o malfadado stress, as terríveis
dores na coluna e
os preocupantes problemas cardio-vasculares,
respiratórios e digestivos , entre muitos outros.
É importante frisar insistentemente que todo este trabalho gravita em
torno da idéia da Unidade, da busca da plenitude total (sem que isto seja
um exercício necessáriamente religioso) e não apenas na conquista do
alívio de alguma dor. A grande beleza deste método está no fato de o
Yoga abrir um grande e fraterno leque, absolutamente eclético e
ecumênico que vem atender de forma integrada e profunda à todas as
nossas características, diferenças e necessidades.
82
REFLEXÕES SOBRE O ENSINO DO YOGA E DA
YOGATERAPIA
Duas formas de aprendizado ocorrem durante o estudo, a prática e o
ensino do Yoga (tanto o ensino prático em Academia quanto o ensino
teórico em cursos de formação): uma forma objetiva, traduzida pelo
conhecimento aprendido atravéz dos professores e dos livros; e uma
forma subjetiva que vai sendo introjetada, fruto da soma do
conhecimento objetivo (estudos) + prática pessoal (Yoga, Meditação) +
prática profissional (aulas, atendimentos individuais).
O resultado dessa soma é o desenvolvimento de um raciocínio
intuitivo e de um raciocínio criativo que vão possibilitar ao profissional
de Yoga e de Yogaterapia fazerem uma leitura e uma avaliação ampla e
profunda dos seus alunos e/ou clientes, e desenvolverem assim, um
trabalho adequado e de boa qualidade sem que este trabalho seja calcado
necessáriamente em conceitos estanques e fórmulas pré-determinadas,
procedimentos estes, muito influenciados pela ainda pouca bibliografia de
Yoga (de boa qualidade) disponível em nosso idioma.
Esse raciocínio intuitivo e criativo deve ocorrer em diversos níveis, que
vamos analisar mais adiante .
A característica profundamente holística do Yoga, permite que - sem
perder a idéia central de que a meta é a integração e a experiência da
Unidade - se possa explorar diversas abordagens de trabalho, inclusive
lançando mão de técnicas ocidentais modernas que podem perfeitamente
vir somar ao trabalho do Yoga, aumentando sua abrangência e eficácia.
Esta abrangente característica do Yoga permite a abertura de um
enorme leque de leituras e possibilidades, que vão interagir amplamente
com várias áreas do conhecimento humano.
Por exemplo, ode-se dar uma abordagem mais centrada no aspecto
anátomo-fisiológico do Yoga, trabalhando com correção postural,
consciência corporal, trabalho com cardíacos, asmáticos, diabéticos,
aidéticos, estressados, gestantes, etc.
Um professor de Yoga ou Yogaterapeuta que seja, por exemplo,
fisioterapeuta ou professor de Educação Física poderia fazer um ótimo
trabalho nesta área trabalhando com Hatha Yoga.
83
Já um professor de Yoga que seja psicólogo, poderia trabalhar dentro
de uma abordagem mais voltada aos aspectos psicológico e energético
como o Tantra e/ou a Vedanta.
O psicólogo, especialmente se for de linha reichiana ou bioenergética,
teria
a
habilidade
de
fazer
a
leitura
muscular/emocional/psicológica/energética, assim como no Tantra faz-se
o diagnóstico do funcionamento dos Chakras atravéz da leitura feita,
entre outras coisas, da observação da performance do aluno na prática
das Asanas. Ambos os trabalhos – psicoterapias corporal e Tantra Yoga atuam nas couraças musculares, nas emoções e no processamento de
material do inconsciente.
O mais interessante e a maior beleza do Yoga, é que qualquer
abordagem, qualquer tônica ou direcionamento por mais específico que se
imprima no trabalho com o Yoga, não exclui todos os outros aspectos e
atuações. Obrigatóriamente o Yoga sempre trabalha e atua de forma
ampla , profunda e integral, de dentro para fora e de fora para dentro.
As idéias e as noções da enorme riqueza do ferramental disponível pelo
Yoga, bem como da possibilidade de cada um poder trabalhar e dar a este
trabalho uma direção de acordo com sua característica pessoal e
criatividade - guardando sempre o espírito central do Yoga - deve ser
passada aos alunos, bem como a importância da ética e do respeito ao
verdadeiro espírito do significado de Sanathana Dharma.
Raciocínio
filosófico:
Quem
ministra
aulas
em
cursos
profissionalizantes na área do Yoga, deve antes de mais nada, procurar
despertar o aluno para a amplitude e a profundidade do universo
hinduísta. As filosofias hinduístas (Yoga, Samkhya, Vedanta, Tantra, etc.)
são quem deve guiar e nortear o estudo da formação em Yoga.
Deve-se deixar sempre bem claro o caráter extremamente holístico e
universalista do Hinduísmo, mas deve-se também procurar evitar nestes
cursos, a introdução de outras bibliografias paralelas (como por exemplo,
Teosofia, Espiritismo, Budismo, etc.) que apesar de representarem linhas
de pensamento absolutamente idôneas e respeitáveis, trazem outros
conceitos e leituras que podem atrapalhar o aluno na correta
compreensão e introjeção do espírito do pensamento hinduísta.
O Hinduísmo , por ser a própria expressão do Sanathana Dharma ( e até
por sua antiguidade) pretende encerrar em si mesmo o ferramental
84
necessário para a libertação do homem, atendendo perfeitamente a sua
pluralidade. Não é necessário recorrer a outras fontes e a outras
Tradições.
As pontes e as correlações entre as religiões e as filosofias é prática
filosófica saudável e desejável, mas é um exercício de caráter interno e
pessoal.
Em cursos de formação de professores de Yoga ou
yogaterapeutas, deve-se estimular que o aluno estude e reflita sobre a
profundidade e a complexidade do universo hinduísta que é, afinal de
contas, onde se situa o Yoga. E professores de Yoga devem “raciocinar”
Yoga.
Deve-se estimular o estudo do Yoga Sutra de Patanjali, da Bhagavad
Gita, das Upanishads, do Hatha Yoga Pradipika e do Gerandha Samhita
(sempre com o comentário de autores hinduístas), sugerindo aos alunos a
reflexão dentro de uma ótica unicista e integradora, visão que hoje
abarca praticamente todo o pensamento oriental (em grande parte graças
à Vedanta) e também muito do ocidental. Raciocinar em termos de
“Paramatma e Jivatma são o mesmo” e “Eu já sou a plenitude que busco”
é o primeiro passo para uma correta compreensão e aplicação dos
raciocínios seguintes.
Raciocínio dialético : A filosofia hinduísta é pródiga em estruturas
dialéticas profundamente ricas em simbolismos. Os professores de cursos
de formação devem tentar despertar nos alunos a reflexão e o
questionamento sobre estes padrões dialéticos, pois da mesma forma
como os acupunturistas devem compreender e aprender à raciocinar em
função de TAO/Yin&Yang que é o que norteia a fisiologia energética
chinesa, os professores e terapeutas de Yoga devem aprender à
raciocinar em função destas várias estruturas dialéticas :
Inicialmente, Absoluto/ Relativo
(Brahman/Maya na Vedanta ;
Purusha/Prakriti no Samkhya e no Yoga ; Shiva/Shakti no Tantra).
Postulado dialético/filosófico (e teológico) este, inexistente nas religiões
cristã-judaicas (exceto a Kabbalah) e islâmicas (exceto o Sufismo), que
são religiões essencialmente dualistas e teístas.
Em seguida, temos as Gunas : Sattwa, Rajas e Tamas. Toda a Criação,
todos os seres, todos as personalidades, são recombinações infinitas
dessas três Qualidades Primordiais.
85
Quem adentra pela Medicina Ayurvédica depara-se com as Doshas :
Vata, Pitta e Kapha. Os três princípios nos quais se baseia esta medicina.
No Tantra temos Ardhanareshwara (divindade meio Shiva/meio Shakti)
- pingala/ida, masculino/feminino, solar/lunar, etc. São as polaridades
energéticas horizontais (os Chakras são as verticais).
Este raciocínio dialético intuitivo, fruto do estudo, da prática e da
reflexão, vai fundamentar o raciocínio energético que veremos mais
adiante.
Raciocínio anátomo-cinesiológico: Um bom profissional de Yoga
deve ter bastante conhecimento da estrutura do corpo humano e de seu
movimento. O estudo da Anatomia, da Cinesiologia e da Biomecânica,
vão dar cada vez mais capacitação ao professor ou terapeuta,
proporcionando a efetuação de uma leitura corporal e uma avaliação mais
corretas.
Não se trata óbviamente de concorrer ou querer tomar o lugar do
médico ou do fisioterapeuta, muito ao contrário, trata-se de interagir com
eles de forma mais consciente, técnica, responsável e profissional.
Acho mesmo que todo o professor ou yogaterapeuta deveria ter, em
algum momento, a supervisão de um fisioterapeuta. Penso que estes
profissionais são mais indicados do que os ortopedistas - normalmente os
mais procurados inicialmente - que são mais úteis em casos de traumas
,fraturas, cirurgias e administração de medicamentos. Quem entende
mesmo de movimento é o fisioterapeuta. No meu trabalho profissional, o
fisioterapeuta é quem indica o ortopedista.
Nos cursos de formação de Yoga, o fundamental ensino da Anatomia,
da Cinesiologia e da Fisiologia, tão estigmatizado pela fama de “mal
necessário”, deve procurar despertar o aluno para a importância destes
conhecimentos, que vão produzir dois efeitos :
uma boa formação
profissional e um enorme ganho de consciência corporal adquirida com o
estudo do corpo humano.
Raciocínio energético : é a profunda compreensão e a correta
aplicação da fisiologia energética do Yoga : Kundalini, Chakras, Koshas e
Shariras, Nadis, Pranas .
86
Assim como um acupunturista tem que estudar, compreender e dar
aplicabilidade ao complexo diagnóstico do pulso, à circulação do Ki
(energia), aos meridianos , aos pontos e seus efeitos, aos horários, aos 5
elementos ,etc., um professor ou yogaterapeuta que deseje trabalhar em
níveis mais profundos, deve conhecer todo o sistema de circulação da
energia, e saber como Asana, Pranayama, Bandha, Mudra , Kriya, Yantra,
Mantra, Nidra, relaxamento e meditação influem e trabalham na
promoção do equilíbrio dessa circulação energética, que vai proporcionar
ao homem a experiência da Unidade.
87
PELOS CAMINHOS DA YOGATERAPIA
" O Yoga constitui uma disciplina prática
e viva, de modo que o nosso propósito ao
apresentar os ensinamentos antigos, está
muito longe de querer dar ao Yoga uma imagem
estereotipada. Conhecer o passado e
compreender corretamente as noções
e os princípios fundamentais do Yoga significa
oferecer ao espírito criativo a possibilidade
de modificar as técnicas com a finalidade
de atender às necessidades de nosso
tempo sem trair a essência do ensinamento."
T.K.V. Desikachar
A partir dos anos 90, a Yogaterapia começou a ficar um pouco mais
em evidência no Brasil, em função de cursos e livros que surgiram e
colaboraram para divulgar mais amplamente este assunto.
E como é um assunto ainda pouco conhecido do grande público, e
alguns setores mais tradicionais do Yoga ainda tratam a matéria com
certa reserva e resistência, este texto pretende lançar alguns tópicos para
provocar uma maior reflexão e discussão sobre o tema.
Em primeiro lugar, seria interessante lembrar que o termo Yogaterapia
permite duas leituras aparentemente distintas, mas absolutamente (e
necessáriamente) complementares :
uma leitura de sentido mais amplo e mais profundo, que considera
que todo o Yoga - independente de linhas e estilos - é Yogaterapia, pois
pretende curar a mais primordial de todas as doenças : Avidya , a
ignorância. Ignorância do Self, do Ser. É a partir da ignorância de nossa
Natureza Real que todos os problemas da existência se desenrolam. Daí
88
Yoga significar "unir" (curiosamente muito parecido com o sentido da
palavra " religião" = religare = religar).
e outra leitura de sentido mais específico, que entende que a
Yogaterapia é uma especialidade do Yoga. E mais específicamente ainda,
do Hatha
Em cima desta segunda leitura podemos considerar duas abordagens
distintas da Yogaterapia :
por um lado, temos uma abordagem mais tradicional presente em
grande parte da literatura, que trata a Yogaterapia como um receituário.
"Para tal enfermidade tais e tais Asanas e Pranayamas...". É muito
comum vermos no final dos livros de Yoga listagens de indicações e
contraindicações. Este tipo de estilo de trabalho também costuma utilizar
séries fixas de Asanas e Pranayamas para tratar as doenças : séries para
coluna, séries para asmáticos, diabéticos, cardíacos, etc.
de outro lado, temos uma abordagem mais moderna e que trabalha
dentro de uma visão mais personalizada, onde ao contrário de aplicar "
receitas de bôlo", o profissional desenvolve um amplo e profundo
raciocínio terapêutico, que deve ser construído básicamente a partir de
um tripé fundamental :
1. um bom conhecimento de Anatomia, Fisiologia e Cinesiologia.
2. um razoável conhecimento de Psicologia.
3. um bom conhecimento da Fisiologia energética do Yoga (Chakras,
Doshas, Pranas, Nadis).
Este tripé é absolutamente essencial para que se possa efetuar uma
correta leitura e interpretação da demanda do aluno/cliente de modo a
poder-se elaborar o tratamento personalizado, em função desta avaliação.
A Yogaterapia que se atem somente ao item 1, corre o risco de ficar
reduzida a uma espécie de subsidiária da Fisioterapia ou da Educação
Física, perdendo sua função mais nobre que é a de considerar
primordialmente o aspecto holístico e integrado do ser.
Em relação ao item 3, é importante resgatar para o Hatha Yoga o
conhecimento tântrico sobre o funcionamento da energia e o uso do seu
vasto ferramental energético.
É necessário que se lembre que o Hatha Yoga é uma forma resumida
do Tantra que foi codificada para servir ao Raja Yoga, isto é, preparar o
89
corpo para a meditação, lembrando que Patanjali em seu Ashtanga prevê
Asana e Pranayama. O Hatha Yoga Pradipika e o Gerandha Samhita são
bem claros neste ponto.
Estas escrituras inclusive desdobram bem o aspecto da energia,
questão esta, que de certa forma foi meio deixada de lado na prática do
Hatha Yoga mais contemporâneo, em favor do aperfeiçoamento das
Asanas e de uma prática mais ou menos superficial de Pranayamas.
Ferramentas energéticas importantes como Kriya, Mudra e Bandha
tiveram suas funções bastante sub-utilizadas, com ênfase dada apenas
em seus benefícios físicos. Excessão para Ashtanga Vinyasa.
É necessário então buscar no Tantra (mais especificamente no
Dakshina Tantra) o conhecimento amplo desta fisiologia energética, para
que o yogaterapeuta possa trabalhar eficientemente dentro do postulado
primordial que prega que o Yoga trabalha integradamente o complexo
corpo/mente/emoção/energia sempre, invariávelmente, de dentro para
fora e de fora para dentro.
A frase de Desikachar que abre este texto, vem ao encontro da idéia
do desenvolvimento da criatividade. Em nenhum texto tradicional do
Hatha Yoga, os sábios Swatmarama ou Gerandha propõem métodos
ou formas de se dar aulas ou tratar pessoas. Apenas as ferramentas,
seu funcionamento e efeitos são expostos. Nenhuma indução de se o
trabalho deve ser com séries fixas, com fichas, etc. Não fosse assim,
Sivananda, Yogendra, Desikachar e Iyengar, por exemplo, não teriam
desenvolvido estilos tão diferentes.
Creio que o profundo estudo do importante "tripé" citado no início,
acrescido da intensa prática pessoal e da observação exercitada em aulas
e atendimentos, propiciam ao terapeuta de Yoga desenvolver a necessária
intuição para que sua criatividade possa fluir de forma livre e responsável,
e com um alto nível de capacitação profissional.
Não deve ser intenção do yogaterapeuta pretender substituir o
médico, o psicólogo, o fisioterapeuta ou o ortopedista, muito porque o
amplo e holístico leque do Yoga permite uma rica e sinérgica interação
com todas estas áreas da saúde.
O profissional de Yogaterapia também deve estar profundamente
consciente de que, além de terapeuta, ele é, sobretudo, um educador. O
processo
de
manutenção
e
recuperação
da
saúde
passa
fundamentalmente por um trabalho consciente e profundo de reeducação,
90
função esta que, infelizmente, não está sendo devidamente exercida por
nossa medicina moderna.
91
QUEM É O DONO DO YOGA ?
Nesta discussão em torno do assunto Educação Física X Yoga, parece
que vamos acabar vendo o mesmo filme que o pessoal da Acupuntura
está vendo em relação aos médicos que querem o monopólio desta
atividade.
Não se pode abrir uma fatia no mercado sem que apareçam logo os
pretendentes a "dono" do negócio.
Gostaria de sugerir a reflexão em cima de uma abordagem que creio
ainda não foi levantada: nem Yoga deve ser propriedade da Educação
Física, nem esta tem absolutamente nada a ver com Yoga.
Tem a ver sim. Tem muito a ver até. Yoga também mexe com corpo
e com reeducação e reequilíbrio corporal. Com Asanas estáticas , mas
com movimento também (Vinyasa). E com alongamento e com força.
Vejam, por exemplo, Yoga Sukshma Vyayama, Pavana Muktasana e
Surya Namaskaram. Isso sem falar em Power Yoga , Yoga Fitness e
Ashtanga Vinyasa, que possuem uma tônica de trabalho corporal intenso,
e também o Vinyoga que com as técnicas criativas de Vinyasa trabalha
em cima do desenvolvimento das Asanas.
Técnicas com forte trabalho de condicionamento físico - embora os
instrutores profissionais de Yoga saibam muito bem que estas
técnicas tem na verdade uma atuação muito mais ampla e profunda.
Yoga realmente tem muito a ver com a educação e com o físico.
Mas por outro lado, o Yoga também é profundamente terapêutico, e
como trabalha bastante os ossos, articulações e músculos, e ministra
técnicas de terapia corporal, de repente pode ser que apareçam sindicatos
ou conselho reclamando para a Fisioterapia o monopólio do Yoga...
E aliás com toda a “razão”, afinal a própria Yogaterapia acaba tendo
uma função geralmente bastante fisioterápica - pelo menos no inicio do
tratamento - pois a demanda mais premente dos alunos / clientes acaba
sendo quase sempre a questão do condicionamento físico e o problema da
dor.
E o que dizer então das demandas psicológicas e emocionais ? O
Yoga em sua natureza essencialmente holística, não atua também
92
profundamente na psique e nas emoções ? Será que também vão
aparecer algum conselho que vai tentar ficar com o Yoga para a
Psicologia?
Quem será afinal o dono do Yoga ?
Os instrutores de Yoga - aqueles que conhecem Yoga porque
estudaram Yoga, sem ter sido preciso necessáriamente estudar Medicina
ou Educação Fisica, Psicologia ou Fisioterapia (embora tenhamos
estudado muito Anatomia, Fisiologia e Psicologia) - sabem muito bem que
a principal característica do Yoga, fruto das profundas percepções dos
sábios do passado, é interagir sempre em todos os níveis do ser : físico,
psíquico, emocional, energético e espiritual, e sempre simultâneamente
do interno para o externo e do externo para o interno. E os instrutores
de Yoga sabem também, pelos motivos citados anteriormente, que o Yoga
se interrelaciona multidisciplinarmente com todas as áreas do
conhecimento humano.
Nós, instrutores profissionais
de
Yoga, também sabemos
perfeitamente que o Yoga não é tão sómente um conjunto de técnicas.
A Educação Física é.
Yoga é um processo de autoconhecimento, de cura da doença
fundamental - mãe de todas as doenças - que é Avidya, a ignorância
primordial de quem somos.
A grande diferença, a fundamental diferença do Yoga para a Educação
Física, é que para ser instrutor de Yoga tem-se que ser yogue 24 horas
por dia.
Yoga é filosofia de vida, é prática pessoal constante do
autodesenvolvimento integral.
Yoga é patrimônio da humanidade, não é propriedade de
nenhuma área em especial, senão de todas.
Essa estória da Educação Física de "mexeu com o corpo e não está
doente, é com a gente" não expressa toda a verdade, pois o Yoga, em
seu caráter simultâneamente preventivo e curador, acolhe os que não
estão e os que estão doentes.
Bem, espero que não acabe agora vindo algum conselho médico
querendo também embolsar o Yoga para a Medicina...
93
YOGA, ESPORTE E MUSCULAÇÃO
O boom que hoje presenciamos da enorme proliferação das Academias
de Musculação, vem sinalizar mais um aspecto preocupante dentro do
difícil e complicado cenário deste final de milênio.
Quando a busca da felicidade, ou mais específicamente, o resgate da
auto-estima é direcionada e buscada tendo como referência apenas o
desenvolvimento da estética corporal, a única coisa que realmente se
obtem é o incremento de uma vaidade fútil e a vazia inflação do ego.
Quando este fato está associado a uma prática anti-fisiológica, o
panorama é ainda mais perigoso.
No caso das Academias de Musculação, a busca desta estética corporal
(estética esta, diga-se de passagem, de gosto absolutamente discutível),
passa fundamentalmente por um processo geralmente agressivo de
hipertrofia muscular.
A hipertrofia muscular é o aumento do volume muscular em função de
exercícios com movimento e carga, feito com pesos ou aparelhos.
Esta hipertrofia muscular só deveria ser promovida sob indicação
terapêutica em casos muito específicos, como por exemplo: longos
períodos com gêsso após fraturas, onde se perde massa muscular, ou
para estabilizar articulações (como, p.ex., o joelho) em casos de lesões
ligamentares ou cartilaginosas, ou ainda em determinados problemas
congênitos.
Os trabalhos de hipertrofia por encurtarem a musculatura, podem
agredir as articulações comprimindo-as e tornando seus cultores
potenciais vitimas de problemas articulares, como por exemplo, artroses e
artrites.
O Yoga preconiza que a saúde muscular está associada ao
alongamento de suas fibras e a promoção da força da musculatura (o
que não significa necessáriamente aumento do volume muscular). E
ensina também que a felicidade e a saúde fisica / mental / emocional /
energética estão associadas a uma profunda e rica integração da
pessoa consigo mesma, com o meio e com seus semelhantes.
Não é que as Academias não atuem com alongamento muscular.
Mas esta atividade quando realizada sem um trabalho concomitante de
94
consciência corporal, respiração e relaxamento, tem sua eficácia
reduzida no que se refere ao ganho de alongamento muscular em si, e
apresenta pouca abrangência em termos de um trabalho mais global e
integral. Fora o fato de que existe a crença que reza que alongar anula
os efeitos da musculação.
No Yoga, a auto-estima é fomentada, não por meio exclusivamente do
desenvolvimento da beleza fisica (embora esta não seja desprezada,
embora perecível), mas por meio da gradual expansão do espaço interior
em função de uma saudável atividade fisica, intelectual e afetiva. O
desenvolvimento da inteligência e da cultura, da vida criativa, da intuição
e da capacidade de amar e se doar, fazem o ego estar equilibrado e
instrumentalmente eficiente, mantendo-se firme e centrado sem ser
inflado, e pacífico e manso, sem ser débil.
Segundo o Yoga, a atividade física deve visar o desenvolvimento
integral do ser humano, começando por um bom nível de consciência
corporal, passando pelo domínio da respiração, alongamento muscular,
aprendizado do relaxamento e prática da meditação, sempre embasada
na idéia de que o Yoga é um processo (e não sòmente uma técnica) que
trabalha inevitávelmente e simultâneamente de dentro para fora e de fora
para dentro.
A prática do Yoga repousa fundamentalmente sobre o trinômio
consciência / intenção / vontade. Este importante tripé é que possibilita o
“link” entre as diversas dimensões e aspectos pessoais que são
mobilizados pela atuação holística do Yoga.
O Yoga já sabia - e o Dr. Wilhelm Reich respaldou e corroborou - que
nossa vida psíquica e emocional se escreve em nosso corpo. Na postura e
na musculatura.
Repressões, traumas e desequilibrios, criam, ao longo do tempo,
couraças musculares. E o trabalho de hipertrofia muscular também é um
promotor artificial de couraças.
Quando alongamos a musculatura, além de liberarmos a pressão das
articulações e promovermos uma correta postura, também dissolvemos
os nós internos que encouraçam os músculos, processando e liberando
material psico-emocional do inconsciente.
Da mesma forma que quando meditamos
profundamente, processamos - sempre de forma
ou relaxamos
homeopática e
95
“digerível” - este material inconsciente, acarretando uma profunda
atuação no corpo físico, na mente e nas emoções.
No caso dos esportes, o Yoga considera, óbviamente, saudável sua
prática, contanto que esta seja polivalente, isto é, que se pratique sem
exageros diversas modalidades. O uso unilateral do esporte, como no
caso do esporte profissional, acarreta em uma utilização excessivamente
especializada do corpo ocasionando os inúmeros problemas ósseos e
musculares tão conhecidos e temidos pelos atletas.
Neste sentido a musculação pode auxiliar na prevenção e na
minimização destes problemas.
O
esporte,
especialmente
o
profissional,
vem
também
inevitávelmente, desenvolver um profundo sentido de competição e de
disputa, o que, dentro da perspectiva do Yoga, é incompatível com o
desenvolvimento de um verdadeiro espírito holístico, universalista e
fraterno. O unico “adversário” real é nosso próprio ego.
O Yoga pode ser de extrema utilidade para o esporte, alongando a
musculatura (prevenindo entorses e contraturas), proporcionando
excelente condicionamento cárdio-respiratório, promovendo consciência
corporal, ensinando a relaxar apropriadamente, e principalmente,
aumentando a concentração , os reflexos, e o equilíbrio psico-emocional
do atleta.
96
PROCURANDO ENTENDER A ÍNDIA
(a respeito da novela da Globo)
A ORIGEM DAS CASTAS
A primeira coisa a fazer ao se tentar entender aspectos de outra
cultura é procurar acessar o que se quer avaliar através da perspectiva da
própria cultura em questão, considerando e respeitando todo o complexo
leque de características e peculiaridades históricas, culturais, religiosas
etc, inerentes a esta cultura.
Assim, para entender o sistema de castas da Índia temos que
considerar primordialmente que toda a cultura Hindu se constrói sobre o
conceito, o paradigma da reencarnação.
A idéia central é que a sociedade é como um organismo, um corpo.
E um corpo tem diversas partes e funções, assim como a sociedade. E a
reencarnação é a dinâmica que vai movimentando e desenvolvendo o
corpo social através do trânsito dos espíritos em evolução através de suas
encarnações nas diversas castas. Então os Brahmanes (os sacerdotes)
seriam a cabeça pensante da sociedade, os Kshatriyas (militares e
políticos) seus braços protetores, os Vaishyas (agricultores, industriais e
comerciantes) o tronco nutridor, e os Shudras (operários, camponeses,
empregados), as pernas serviçais.
Originalmente a função de um Brahmane seria fornecer subsídios
éticos, morais, culturais, educacionais, filosóficos e religiosos, para que as
castas inferiores pudessem ir crescendo e evoluindo. Os Brahmanes não
deveriam extrapolar suas funções e seu poder, porque sabiam que no
passado já tinham sido Shudras, Vaishyas e Kshatriyas. E os membros
das castas inferiores não deveriam ter inveja ou raiva das castas
superiores, pois sabiam que não só eles um dia também serão
Brahmanes, como também sabiam que os Brahmanes já tinham passado
pelas outras castas em outras vidas.
E o mais interessante é que originalmente o critério que
determinaria a casta de alguém não era necessariamente o do
nascimento. Em principio, um filho de Brahmane era um Brahmane, mas
97
teria que provar sua qualificação, podendo ter que se re-estabelecer em
uma casta abaixo.
Mas paradoxalmente a isto, foi o sistema de castas quem influiu
bastante para que a Índia se mantivesse coesa e íntegra enquanto cultura
e espiritualidade, ao longo de diversas invasões e colonizações. Vamos
ver o que vai acontecer agora com a “colonização” global.
Pessoalmente, realmente não sei se este sistema em sua forma
original e autêntica, algum dia funcionou antes de se estratificar e se
deturpar, gerando o que até hoje ainda persiste. Na época de Buddha, há
mais de 2500 atrás, os Brahmanes já formavam uma casta totalmente
poderosa e absolutamente fechada em sua posição superior.
OS DALITS
Existem duas teorias sobre o surgimento da cultura védica na Índia.
A mais conhecida diz que os Arianos (povo de pele mais clara,
predominante no norte do país) invadiram a Índia há milênios atrás,
vindos do oriente médio, e conquistaram o povo que lá vivia (chamados
de Dravidianos - pessoas de pele escura, mais predominantes hoje no sul
da Índia) implantando a cultura védica, que acabou se misturando com a
espiritualidade existente (chamada de Tantrismo), gerando o que os
ingleses chamaram de “Hinduísmo” – e que os hinduístas chamam de
Sanathana Dharma, a Religião Eterna.
Os Dalits - ou sem casta, ou ainda, intocáveis - seriam os
remanescentes destes dravidianos conquistados e excluídos.
A outra teoria, mais moderna, tenta provar que tanto Arianos como
Dravidianos se desenvolveram na própria Índia, não tendo havido
nenhuma invasão no passado.
No passado, um Dalit não podia tocar a sombra de um Brahmane. O
Brahmane se considerava contaminado e tinha que tomar banho, trocar
de roupa, fazer orações...
Hoje, existem Dalits ricos e influentes, como a governadora de
Uttar Pradesh e o presidente da Suprema Corte, mas grande parte dos
160 milhões de Dalits ainda vive em situação de extrema pobreza.
98
Uma curiosidade: Mahatma Gandhi, sempre viajava pela Índia e
tinha que pernoitar em alguma cidade, procurava saber onde era o bairro
dos intocáveis, e lá dormia.
A SITUAÇÃO DAS MULHERES
Esta questão também tem que ser olhada através da lente da
própria cultura indiana. Há milênios eles lidam amplamente com temas
como sexualidade, paixão, desejo, sensualidade, tudo muito misturado
com outros temas como Espiritualidade, Religião, Filosofia e Mitologia.
A cultura indiana ao mesmo tempo em que possui um sem numero
de Escrituras Sagradas exortando a virtude e a importância do celibato,
tem também toda uma cultura tântrica que utiliza a energia sexual para o
desenvolvimento espiritual. E tem ainda um livro, o Kama Sutra, que é
um verdadeiro tratado – e altamente sofisticado - do prazer sensual e
sexual.
Podemos, então, observar muitos costumes que aos nossos olhos
são estranhos, incoerentes e paradoxais: na Índia a mulher é considerada
inferior ao homem (algumas seitas chegam a considerar a mulher 7 vezes
inferior ao homem, e outras consideram a mulher como sendo uma casta
inferior): come depois dos homens, não fala se não fosse perguntada,
anda atrás do homem na rua, além de ter que – no passado - se imolar
na pira do marido.
Por outro lado, é ela quem tem a chave da casa e da despensa, e
que quando o marido recebe o salário fica com todo o dinheiro. Ou seja, a
esposa é quem realmente manda em tudo na casa. Assim, ao mesmo
tempo em que a mulher é considerada inferior – algumas linhas afirmam
até que a mulher não pode se iluminar - ela é a própria expressão
humana da Mãe Divina.
Os casamentos tradicionalmente pré-arranjados, são a forma de se
perpetuar o sistema de castas e toda a antiga estrutura social e religiosa.
Mas achei interessante quando eles falam que “no ocidente o casamento
começa quente e depois esfria, e na Índia começa frio e vai
esquentando”. É uma outra perspectiva da vida afetiva e sexual.
Um outro costume, é o fato de que tradicionalmente toda a família
mora junta. A mulher quando casa vai morar na casa dos sogros onde
99
normalmente não é muito bem tratada inicialmente, e onde a maior prova
de respeito e consideração, é receber da sogra a chave da despensa.
O fato é que o ocidente e seus costumes estão entrando rápida e
expansivamente na Índia, remexendo com a velha estrutura, pois assim
como também acontece com as nações indígenas sul e norte americanas,
os jovens não estão querendo mais seguir as tradições, então os
costumes e hábitos mais antigos vão sendo preservados cada vez mais
apenas nas zonas rurais.
OS IDOSOS
Os velhos no Oriente são tratados de forma muito mais respeitosa e
justa do que entre nós ocidentais. Nas culturas antigas (isso vale, por
exemplo, para orientais, os africanos e os índios), onde o principal veículo
do aprendizado era a tradição oral, os velhos tinham uma importância
enorme, tanto na manutenção da cultura e da espiritualidade quanto na
própria sobrevivência física. Era o ancião quem passava todo o “know
how” da ciência prática da perpetuação da espécie e da cultura. Na Índia,
e acredito que em muitas outras culturas antigas, o melhor aposento da
casa é sempre para a pessoa mais velha. E a palavra final é sempre da
pessoa mais idosa.
Pessoalmente, penso que uma pessoa idosa deveria ter três coisas
para compartilhar com a gerações mais jovens: a experiência da vida, os
conhecimentos e a Sabedoria.
Experiência da vida, ou vivência, é aquele tipo de conhecimento
fruto do tempo cronológico vivido. Ou seja, basta ser velho para ter
experiência da vida. E este tipo de conhecimento nivela, por exemplo, o
catedrático da universidade e o peão da roça.
Conhecimentos, acúmulo de informações, cultura, técnicas e
habilidades, todos os idosos também têm, cada um na sua área de
atuação e de interesses.
A terceira qualidade, que chamei de Sabedoria, é um tipo de
conhecimento oriundo de uma vida inteira dedicada – conjuntamente com
a vida rotineira - ao exercício da tarefa mais importante do ser humano:
sua jornada rumo à realização da sua natureza real.
Este exercício, que é tão comum aos universos oriental e xamânico,
por exemplo, não teve muito eco em nossa cultura. Parece que tudo o
100
que nossos velhos podem nos dar hoje são os testemunhos da sua
vivência e muitas informações e conhecimentos, o que obviamente é
maravilhoso.
Mas a Sabedoria foi relegada a um plano secundário pela cultura
ocidental que só privilegiou a mente racional, e não fez da Iluminação a
meta principal da existência.
Hoje, em nosso mundo hi-tech globalizado, descartável, competitivo
e de alta velocidade de obsolescência, a vivência e os conhecimentos
práticos dos velhos já não são mais considerados preponderantes para a
preservação física, cultural e espiritual da nossa espécie.
E como falta aos idosos ocidentais esta Sabedoria atávica e
ancestral, característica de culturas que se dedicaram durante milênios às
questões mais primordiais da existência - “quem somos, de onde viemos,
e para onde vamos” - vemos nossa cultura tratar muito mal os idosos.
É interessante reparar como os índios, os japoneses, os indianos,
os chineses e os islâmicos cultuam e reverenciam os antepassados. Com
gratidão e respeito
CRIANÇAS e EDUCAÇÃO
Gostaria de compartilhar uma interessantíssima conversa que tive
com uma mãe indiana, numa situação onde tinham crianças brincando
perto, em algum momento elas brigaram e a conversa acabou caindo em
educação. Percebi que esta mulher (que era PhD em economia) muito
tímida e educada, não estava expressando sinceramente a sua opinião.
Acabei insistindo e ela, bastante envergonhada, disse: “Vocês criam suas
crianças enfatizando os seus defeitos”.
Uma luz acendeu, perguntei como isto acontece em seu país e ela
deu um exemplo prático mostrando as crianças que brincavam: “Por
exemplo, se uma criança exibe um comportamento de ter dificuldade em
compartilhar, arranca os brinquedos dos outros, bate, não empresta o
dele, o que vocês fazem normalmente? Gritam (com raiva) dizendo que a
criança é egoísta, pão dura, enfatizando e registrando mais ainda a
característica em questão. Isso quando não a colocam de castigo ou
batem...”.
101
Acrescentou que procuraria habilmente criar uma brincadeira, uma
situação qualquer onde a criança tivesse que compartilhar e assim
percebesse que era bom o dividir, o partilhar. Assim, o que eram
tendências de defeitos ainda em formação (que os hindus chamam de
Vasanas, que são formadas por Samskaras, registros psico-emocionais
oriundos das experiências vividas), poderiam ser re-polarizadas (ou resignificadas) nas qualidades e virtudes opostas. Interessante, não?
Mais interessante ainda, foi que eu contei esta história para uma
amiga que tempos depois foi passar um período em uma tribo indígena no
centro do Brasil, e na volta me contou, bastante impressionada, que ela
havia visto acontecer entre os índios brasileiros aquilo que a indiana
falara.
Em algum momento haviam crianças brincando, mulheres tomando
conta, e alguma criança manifestou algum “defeito” e logo as índias
criaram uma brincadeira para curar a criança do que poderia ser um
futuro padrão desequilibrado de comportamento.
Hoje sou muito grato ao Universo por ter tecido o meu encontro
com estas duas grandes Tradições: o Hinduísmo e o Xamanismo. Isto
mudou radicalmente o meu padrão de relação com meus filhos e com
meus pais, e norteou para mim a possibilidade de uma via de
envelhecimento muito mais plena e saudável.
PORQUE UMA NOVELA SOBRE A ÍNDIA?
Os anos 60 e 70 assistiram a uma espécie de (re)nascimento do
Oriente no mundo ocidental. A geração beat e o movimento hippie
começaram a importar da Índia e da China um universo que viria a
“contaminar” profunda e positivamente nosso mundo cristão/capitalista.
Parece que a Gaya - a Consciência Planetária - sentindo a imensa situação
de desequilíbrio ambiental e humano pela qual a Terra atravessa, achou
interessante que conhecimentos ancestrais, milenares, pudessem vir
novamente à tona para que pudessem contribuir para a reversão do
preocupante quadro mundial.
Hoje todo mundo, de alguma forma, já ouviu falar ou já
experienciou alguma vez Yoga, Shiatsu, Meditação, Acupuntura, Tai Chi
Chuan, Feng-Shui etc, ou já ouviu falar de Chakras, Zen, Macrobiótica,
102
Ayurveda, Budismo etc. Enfim, passados mais de 40 anos, o universo
oriental se integrou perfeitamente – e ainda está se expandindo – ao
ocidental.
Uma novela em horário nobre da Rede Globo sobre a Índia é, com
certeza, uma constatação da integração crescente entre estas duas
culturas. O que antes era cultuado por alguns pequenos grupos de
adeptos do Yoga e da meditação, agora está na grande mídia.
A grande mensagem e a principal contribuição – dentre muitas que o Oriente veio nos trazer, foi a idéia da Unidade. A perspectiva de
que o Universo, a Criação, é um só Organismo, um só Ser, totalmente
inter-relacionado, interligado, integrado, interagente, interdependente,
totalmente consciente, infinito e eterno. Uma grande teia onde cada
infinitesimal partícula sub-atômica e cada gigantesca galáxia é consciente
e inteligente. Onde cada elemento desta imensa rede, além de estar
interconectado com toda a rede, também funciona como um imã, que fica
constantemente, magneticamente, atraindo e repelindo coisas e situações
num movimento sincrônico e ressonante de permanente evolução, de
contínua (re) criação da Realidade.
Como disse C. G. Jung em 1949, no prefácio do livro “I Ching”, de
R. Wilhelm: “O pensamento tradicional chinês apreende o cosmos de um
modo semelhante ao do físico moderno, que não pode negar que seu
modelo do mundo é uma estrutura decididamente psico-física”.
Esta mudança de perspectiva trouxe um novo alento à péssima
autoestima a que a religião vigente nos condicionou. Agora temos a
informação de que não somos mais vis pecadores e culpados congênitos
que dependem da misericórdia divina de um Deus que habita um paraíso
distante, para podermos vir a ser algo que ainda não somos. E que
também além de não sermos culpados de nada (nem vítimas de nada
nem de ninguém), não somos o produto final “top de linha” da Criação e
nem a Terra foi criada prioritariamente para nosso uso exclusivo, como se
fosse um grande shopping center a nossa inteira e ilimitada disposição.
O novo paradigma vem nos (re)informar que, na verdade, já somos
a Perfeição, a Plenitude e a Felicidade que buscamos. Nossa essência
primordial é o Uno, a pura Luz e o puro Amor. Nós só estamos míopes,
ignorantes dessa realidade. Só temos que resgatar a consciência de que
somos todos co-criadores e corresponsáveis pela Vida, de que somos
“partes” desse Todo consciente e vivo que é a Criação, o Universo. (É
bem melhor ser ignorante do que culpado e pecador, não?)
103
Outra grande contribuição trazida do Oriente foi o resgate da
Energia. Da Energia Vital (Prana, Chi, Ki) em suas mais diversas
manifestações, que sustenta o Universo. E também que podemos, de
muitas formas e maneiras, instrumentalizá-la e utilizá-la em nosso favor
para nossa evolução e crescimento.
Passados 40 anos, o universo oriental se integrou perfeitamente – e
ainda está se expandindo – ao universo ocidental. Hoje todo mundo, de
alguma forma, já ouviu falar ou já experienciou alguma vez Yoga,
Shiatsu, Meditação, Acupuntura, Tai Chi Chuan, Feng-Shui, ou já ouviu
falar de Chakras, Zen, Macrobiótica, Ayurveda, Budismo.
A partir do universo aberto pelo Oriente, muitos caminhos se
desdobraram, cresceram e multiplicaram (inicialmente através dos
beatniks e dos hippies), como a consciência e o movimento ecológico, as
terapias alternativas, a agricultura orgânica, a alimentação natural, o
espiritualismo e o esoterismo em geral. Tudo agora já bastante inserido
em nosso universo urbano e globalizado, trazendo no seu cerne uma nova
visão de mundo holística, sistêmica e integrativa.
Paralelamente a estes acontecimentos, a Ciência também já vinha
sacudindo seus velhos paradigmas, com a expansão da Física Quântica
(que veio e vem corroborando e respaldando o que os orientais e os
xamãs vêm dizendo há milênios) e da Psicologia, através principalmente
da Psicologia Transpessoal, que vem agregando outras possibilidades de
compreensão da mente e da vida, resgatando a utilização das
inúmeras ferramentas de cura e de expansão da consciência das antigas
Tradições.
104
RENASCIMENTO, O PRANA COMO TERAPIA
Renascimento é um trabalho respiratório profundo - que no Yoga se chama
pranayama - cujo objetivo é restabelecer e incrementar a livre e equilibrada
circulação da energia vital (prana), proporcionando expansão da consciência e,
consequentemente, uma vida mais plena, saudável e feliz.
O Renascimento, a partir de uma respiração circular, conectada e vibrante,
vitaliza poderosamente os sistemas nervoso, cardio-vascular, respiratório e
imunológico, desbloqueia o fluxo da energia bem como das emoções reprimidas
que provocam tensões e se somatizam na forma de desequilíbrios e doenças.
Os trabalhos respiratórios terapêuticos ficaram conhecidos através de Leonard
Orr - que formatou a terapia do Renascimento (Rebirth) a partir principalmente
de seu aprendizado na Índia, e de Stanislav Grof, um dos pioneiros da Psicologia
Transpessoal, e que desenvolveu a técnica da Respiração Holotrópica.
Para se ter uma idéia da enorme importância da respiração, no que diz
respeito à nossa saúde psico-emocional, é interessante lembrar que o Yoga
reconhece a profunda correlação entre a frequência da respiração e a frequência
dos pensamentos, como, por exemplo, é dito na Bhagavad Gita “parece que
dominar o coração ou a mente em suas inclinações e seus pensamentos, é tão
difícil como reter um forte vento”.
Na meditação podemos sentir perfeitamente este princípio. Na medida em que
a respiração vai se acalmando e diminuindo a sua frequência, a mente também
vai diminuindo e silenciando o seu burburinho, e vice-versa.
Por outro lado, Wilhelm Reich, o pai da psicoterapia corporal, relacionava
estreitamente a amplitude da respiração com a amplitude da experienciação dos
sentimentos e das emoções.
Ele percebeu que contrair a musculatura e diminuir a respiração são dois
dispositivos do complexo corpo/mente que são acionados para evitar-se sentir e
entrar em contato com questões dolorosas e traumáticas.
E nestas situações, a energia – que Reich chamou de orgon, os hindus de
prana, os chineses de chi e os japoneses de ki – tem sua circulação bloqueada,
ocasionando desequilíbrios e doenças de toda a espécie.
Levando-se em conta o fato de que tudo na criação universal é de natureza
intrinsecamente dual, com a respiração ocorre o mesmo, e os atos de inspirar e
de expirar expressam no nosso corpo e na nossa energia, esta dualidade
sistêmica – inspirar é yang, ativo, masculino, simpático, adrenalina, desejo; e
expirar é yin, passivo, feminino, parassimpático, endorfina, relaxamento,
entrega, desapego.
105
Um Mestre hindu falou que “respirar é deixar a vida entrar”. Então podemos
dizer, simbólica e energeticamente, que quando eu inspiro digo para o Universo:
“Eu mereço, quero e posso tudo a que eu tenho direito na qualidade de coparticipante da Criação”. E quando eu expiro digo: “Eu me liberto e me desapego
de tudo o que me limita na percepção e na experienciação de quem eu
realmente sou – a Unidade”.
No Renascimento, produz-se uma situação de hiper-ventilação, que vai
funcionar como um amplificador de energia e que vai agir como um verdadeiro
“roto-rooter”, dissolvendo as couraças e os bloqueios e abrindo caminho para a
livre circulação do prana - a energia universal inteligente – que, diga-se de
passagem, faz perfeitamente bem o seu trabalho sem que necessitemos tentar
manipular ou controlar o processo. Muito ao contrário, apenas respiramos,
relaxamos, observamos, e deixamos a energia inteligente trabalhar!
Nesta ambiência energética tão especial, experimenta-se um amplo processo
de liberação das tensões corporais, e uma profunda limpeza, liberação e
integração do material inconsciente subjacente a estas tensões e couraças. E
este processo acontece em diversas fases de aprofundamento.
Num primeiro momento, a respiração geralmente vai trabalhar na dissolução
das couraças musculares, frutos das nossas tentativas de - para não sofrer –
resistir, tentar controlar e se defender do fluxo natural da vida, o que vai fazer
serem represadas no corpo as emoções não conscientizadas e não aceitas, na
forma de tensões crônicas. A respiração, nesta fase, é um verdadeiro
aprendizado de relaxamento, entrega, não-controle e não-resistência.
Indo mais profundamente, acessam-se as emoções e sentimentos que
estavam nos “bastidores” das couraças.
E em um nível ainda mais profundo, são acessados os núcleos dos padrões
limitadores, dos traumas e das questões que foram rejeitadas e reprimidas,
liberando-os e integrando-os.
No Renascimento experimenta-se um estado alterado de consciência, onde
muitas limpezas e transmutações podem ocorrer, como no caso de questões
ainda não conscientizadas, liberadas ou integradas, oriundas da fase intrauterina, do nascimento e/ou da primeira infância, e até de vidas passadas, e que
ainda hoje estão produzindo sofrimentos e limitações.
Da mesma forma como acontece com a Meditação – embora por outras vias –
todos os conteúdos psico-emocionais dolorosos e limitadores que são liberados
da dimensão inconsciente e vem para a superfície do consciente durante uma
sessão de Renascimento, vem para ser encaminhados, ressignificados e
integrados.
Respirar energeticamente também é muito útil como ajuda no combate ao
estresse e a depressão, melhora o sono, fortalece os sistemas imunológico,
nervoso e cardíaco, aumenta a capacidade respiratória (sendo útil na asma e na
bronquite) , além de ajudar a promover uma vida feliz, equilibrada e saudável.
106
O processo de respirar terapeuticamente consiste, em principio, de 10
encontros de 90 minutos cada um, uma vez por semana ou quinzenalmente.
Posteriormente podem ser necessários mais 10 encontros, mas o objetivo é que,
passada a fase da limpeza e da purificação, a pessoa venha a respirar sozinha de
forma independente.
No meu trabalho com Renascimento, integro, quando necessário, as técnicas
do Alinhamento Energético (Fogo Sagrado) e do Reiki.
O Renascimento não é indicado para pessoas com problemas cardiovasculares
graves, com doenças psiquiátricas sérias, pessoas muito idosas, jovens antes da
puberdade e gestantes com problemas.
107
ORTODOXOS e HETERODOXOS
Compatibilizando os aparentes opostos
Ao longo da história da Humanidade, mais especificamente no que se
refere ao desenvolvimento e desdobramento do Conhecimento no planeta (e isso
acontece, por exemplo, no âmbito da Ciência, das Religiões, da Filosofia e da
Psicologia), parece que duas correntes de pontos de vista diametralmente
opostos caminham lado a lado, paralelamente, desde sempre. Vou chamar uma
destas correntes de “ortodoxia” e a outra de “heterodoxia”.
O ortodoxo, neste caso, é aquele que segue uma determinada linha, uma
única Escola, Religião ou Tradição específica. Ele é o guardião de uma versão
particular, um ponto de vista específico – religioso ou filosófico - sobre Deus,
sobre o homem e/ou sobre a Vida e seu funcionamento e sobre filosofia,
teologia, psicologia, metodologia e ritualística.
A função do ortodoxo é manter a essência do Conhecimento da sua
Tradição, viva e protegida. Zelar pela manutenção da pureza e da originalidade
do Conhecimento que é o seu patrimônio cultural, científico ou espiritual. É a sua
verdade.
O
heterodoxo
é
aquele
que
não
necessariamente
pertence
especificamente a alguma Tradição ou Escola (mas que também pode pertencer
ou ser simpatizante de várias), e é quem integra caminhos e faz pontes entre
Tradições (são inumeráveis as conexões possíveis entre as Religiões, entre as
escolas de filosofia, as linhas de Psicologia).
Uma das características da heterodoxia é fazer releituras, adaptações,
reformas. Pode-se até ser um heterodoxo dentro da ortodoxia como, por
exemplo, de uma certa forma o foram São Francisco de Assis e Santa Teresa
D’Ávila no Catolicismo.
A função do heterodoxo é atualizar, reciclar, reformar, re-significar, reler,
reinterpretar, adaptar e re-integrar. A atitude do heterodoxo é geralmente
eclética (e muitas vezes sincrética), não-dogmática, não-sectária e ecumênica.
É como um corpo que se movimenta dinamicamente em torno de um
mesmo eixo firme.
Isto acontece, por exemplo, na India, no caso dos Vedas, que é a espinha
dorsal do que se convencionou chamar de Hinduísmo (palavra que na versão
“hindu” se chama Sanathana Dharma, a Religião Eterna).
E em torno dos Vedas orbitam centenas, milhares de linhas, filosofias,
seitas, escolas, etc. muitas delas diametralmente antagônicas em sua teologia,
108
mitologia, filosofia, cultos, etc. e que se degladiam há milênios em complexas
especulações filosóficas e doutrinárias, todas apoiadas por milenares escrituras,
mas simultâneamente todas elas unidas em torno de um mesmo eixo central
que são os Vedas.
Se houvesse apenas a ortodoxia, o Conhecimento se enrijeceria,
congelaria, não se reciclaria e assim não conseguiria atravessar os milênios de
mudanças incessantes na humanidade.
E se houvesse apenas a heterodoxia, o Conhecimento também não
atravessaria as eras, pois sem um “espírito da coisa” bem estruturado como
centro e eixo de um processo de crescimento e desenvolvimento, não haveria
nem o que ser reciclado. Não haveria substância.
Já que falei dos Vedas, é bom lembrar que o corpo central destas
escrituras se divide em duas partes: uma, o Shruti, que são as escrituras
reveladas, canalizadas, essência central, nuclear e imutável de todo o
Hinduísmo. É a parte mais ortodoxa dos Vedas.
A outra, o Smriti, que são as escrituras comentadas, que se por um lado,
em função da sua antiguidade, também são consideradas ortodoxas, tiveram a
tarefa de reler, interpretar, adaptar e atualizar o Conhecimento.
Todo o Yoga que se pratica hoje no ocidente é fruto de uma atitude
heterodoxa de alguns Mestres de Hatha Yoga nos séculos 19 e 20, que
atualizaram e adaptaram antigos conhecimentos de Hatha Yoga, Raja Yoga e
Tantra Yoga, e que era destinado aos monges e ascetas.
De repente milhares de ocidentais começaram a afluir aos Ashrams na
Índia e o Hatha Yoga, que originalmente era ensinado por um Guru a poucos
discípulos na floresta ou nas montanhas, teve que ser adaptado para este
sistema que conhecemos hoje em academias.
E essa é a grande beleza do funcionamento disso tudo: um não pode
prescindir do outro, são totalmente complementares, embora muitas vezes
pensem que são antagônicos.
Até porque, o heterodoxo de hoje é o ortodoxo de amanhã (que será
devidamente re-atualizado pelos heterodoxos de então...), e é assim que o
Conhecimento caminha através dos tempos.
Mas o fato é que a convivência destas duas vias de ser e de pensar nem
sempre (ou quase nunca) foi harmônica.
Normalmente os ortodoxos têm uma tendência a se referir aos
heterodoxos como irresponsáveis e levianos que fazem uma salada (ou uma
“mistureba”) de caminhos e tendências, inventando coisas, fazendo “samba do
crioulo doido”, “viagem na maionese”, etc...
109
E os heterodoxos, por sua vez, tendem a se referir aos ortodoxos como
conservadores, intolerantes e radicais (e eventualmente fanáticos).
Obviamente que nem todo heterodoxo é picareta, e nem todo ortodoxo é
xiita. Em nome da ortodoxia e da heterodoxia já se fizeram muitas maravilhas e
também muitos absurdos.
O rabino Nilton Bonder (RJ) se refere a heterodoxia em seu excelente livro
“A alma imoral”, que fala sobre a natureza necessariamente transgressora da
alma para que possa seguir seu processo natural de expansão. Se as regras e
conceitos religiosos, sociais e culturais não fossem transgredidos, e assim,
repensados e atualizados, não sobreviveriam a incessante mudança dos tempos.
Vivemos tempos onde outras culturas entraram e têm entrado
profundamente em nossa cultura. Assim foi com as culturas orientais a partir
dos anos 60, e agora com as tradições xamânicas e as culturas nativas.
Uma atitude ortodoxa é muito necessária para resgatar e proteger
culturas e conhecimentos muitas vezes quase extintos.
Mas mais do que nunca o planeta pede uma atitude aberta e liberal.
Afinal, mesmo trilhando-se um só caminho, pode-se considerar que o do outro
também é bom e verdadeiro.
Pode-se ser ortodoxo sem ser necessariamente o “dono da verdade”., sem
precisar fazer guerra “santa”. O problema é quando a minha versão de Deus e
da Vida começa ser a única verdadeira e a melhor para todo mundo ou quando
considero a minha certa e as outras erradas, e pior, quando entendo que é
minha função combater e mudar os “errados”.
Nós vivemos em uma situação de hiper-ortodoxia mundial. Vejam, por
exemplo, todas as guerras e problemas de ordem religiosa que persistem desde
sempre.
Vejam a medicina oficial, que não procura integrar outras terapias,
aceitar paradigmas e parâmetros técnicos e filosóficos de outras culturas e
épocas – que privilegiam, por exemplo, uma visão mais integrada do homem, a
prevenção das doenças e a reeducação da população. Uma atitude mais
heterodoxa neste caso beneficiaria a própria medicina em seu aspecto mais
amplo, mas parece que a postura ortodoxa no caso, prefere investir na cura das
doenças, atividade muito mais lucrativa, claro.
Por isso vivemos a cultura da doença e não da saúde, pois saúde não dá
dinheiro, e as transnacionais dominam e fomentam uma ideologia alopática,
sintomática e reducionista de se lidar com saúde e com doença. Daí as
intransigências, as interdições, as “caça às bruxas” que constantemente vemos
acontecer com relação às práticas “não oficiais”.
110
O planeta precisa de uma atitude holística, sistêmica, animista e
integrativa. E isso pode acontecer quando, primeiro as ortodoxias entre si, e
depois a(s) ortodoxia(s) e a(s) heterodoxia(s) deixarem de se considerar
antagônicas para operarem como complementares. Em outras palavras, quando
deixarem de lutar por suas diferenças e passarem a compartilhar seus pontos
em comum.
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TEXTOS COMPLEMENTARES
AS QUATRO DIREÇÕES E OS ANIMAIS DE
PODER NO XAMANISMO
Nas tradições xamânicas - assim como nas orientais - a religião, a filosofia e
toda a vida em geral gira em torno da idéia da Unidade. De que toda a Criação é
um só organismo, totalmente interligado, interagente e interdependente. E
absolutamente consciente. Uma grande teia inteligente.
E esta é outra idéia central do Xamanismo (e do Oriente): que toda a Criação
é consciente. Os minerais, animais, vegetais, seres humanos (e todos os outros
seres que existem nas multi dimensões), todos os átomos do universo, todos
expressam - cada um segundo sua natureza - a mesma eterna Consciência.
Dentro desta perspectiva podemos dizer que todo o Universo está dentro de
nós, que não há nada fora de nós que não tenhamos (ou que não saibamos) e
de que realmente necessitemos (até de comida tem gente que já prescinde...).
O que necessitamos é nos (re)lembrarmos de nossa Natureza Real, a
Unidade. Nossa co-existência consciente como co-criadores do Universo.
Quando a humanidade criou as Mitologias seus deuses e símbolos, o que se
estava fazendo na verdade era colocar fora do homem o que ele já tem dentro
mas não entra em contato, não desenvolve. Poderes, talentos, qualidades,
capacidades, virtudes. Aí criamos personagens-símbolo arquetípicos que vão
espelhar para nós o que pensamos que não temos, que pensamos que pode vir
de fora e que pode nos ser dado por alguém.
Quando eu adoro um deus ou peço uma qualidade de um Animal de Poder ou
de uma Direção, estou na verdade puxando de dentro de mim mesmo estas
mesmas qualidades.
E é claro, como tudo é Um, as mesmas virtudes e qualidades que estão dentro
de cada um, estão em todo o Universo e são gerenciadas cósmicamente por
energias inteligentes, que na perspectiva do Xamanismo, também são
experienciadas como os Animais de Poder.
Na cultura Hindu, estudando-se os Chakras podemos ver que cada um deles
está relacionado a um animal mítico. E também no Hatha Yoga temos inúmeras
Asanas inspiradas em plantas e em animais.
112
Considerando que toda a criação é fundamentalmente Consciência e
movimento (ou permanência e impermanência, absoluto e relativo), todas as
tradições se ocuparam em compreender e codificar este complexo movimento
universal criando diversos sistemas dialéticos, e também em entender e
instrumentalizar o uso da energia cósmica, produzindo diversas leituras,
métodos e técnicas.
O que vamos focar aqui é o sistema desenvolvido pelas tradições nativas
norte-americanas com a sabedoria das Quatro Direções e dos Animais de Poder.
A Roda de Cura - fisicamente falando - é uma roda de pedra com os 4 Pontos
Cardeais demarcados. Esta formação geométrica tem a capacidade de funcionar
- assim como acontece com as pirâmides – captando, concentrando e
distribuindo Energia.
Simbolicamente a Roda de Cura representa a Roda da Vida com seu eterno
movimento , suas diferentes fases e os significados e simbolismos característicos
de cada fase.
1. Leste : Índio começa contando do Leste (o Oriente, o Nascente) que é de
onde vem o Sol, a Luz. O Leste é o início. O início da vida na fase do nascimento
e da primeira infância. É a Primavera, o inicio do ciclo das estações. É o
elemento Fogo. A cor amarela. O Leste está relacionado ao nível espiritual e ao
princípio masculino.
É a Direção da Águia.
A Águia é o ser vivo que voa mais alto e chega mais perto do Sol (da Luz). A
Águia decola de dentro do burburinho dos eventos da vida e de cima observa de forma ampla e neutra - a panorâmica destes eventos. Sem envolvimento
emocional (mas sem negar as emoções) e consciente da transitoriedade deles.
E quando mira um objetivo mergulha nele, absolutamente concentrada,
captura a presa e volta para a perspectiva do alto.
A Meditação treina muito bem a mente para este tipo de funcionamento :
aprender a observar sem julgar, para podermos entender a função evolutiva dos
eventos, pessoas e/ou coisas que atraímos.
O Leste representa o arquétipo do Visionário.
2. Sul : O Sul é a Direção da juventude, da alegria, do jogo de cintura, da
criança interior. É a Direção do elemento Água, das emoções, dos sentimentos.
O Sul está relacionado ao nível emocional. A cor vermelha. E também ao Verão,
a época da vida em que se está com mais energia, mais calor, mais explosão. O
Sul tem como animais principais, o Coiote e o Golfinho. O Coiote é o “divino
trapaceiro” sempre pronto a nos dar uma rasteira quando nosso ego infla, é a
113
chamada “ironia do destino”. O Golfinho fala do alegre fluir das emoções (da
água) consciente da impermanência da vida.
Representa o arquétipo do Guerreiro.
3. Oeste : O Oeste (o Ocidente, o Poente) é a Direção que se relaciona com o
inconsciente, com os processos terapêuticos e a cura, com os estados
transpessoais (mediunidade, canalização, intuição) e com o mergulho interno (a
Meditação). É a direção que expressa o princípio feminino. Fala do elemento
Terra e da estação do Outono, a fase adulta da vida.
A cor é o negro.
O Oeste está relacionado também ao nível físico da existência, a saúde física.
O Animal desta Direção é a Ursa, animal que parte do tempo está na
superfície, no mundo externo, e parte do tempo entra na caverna , no silêncio
do mundo interno e no contato com as outras dimensões.
O Urso é o xamã dos animais, na medida em que por se alimentar desde
grama até carne, passando por frutas, folhas, mel, peixe, insetos – e saber
exatamente o que comer e o que não comer - conhece todas as medicinas.
Representa o arquétipo do Curador.
4.Norte : é a Direção que tem a ver com os Mestres e com a ancestralidade.
Tem a ver com a Sabedoria e com o Conhecimento. É a direção relacionada a
ultima fase da vida onde já se tem o que ensinar para as gerações seguintes.
Relaciona-se com o elemento Ar, com a estação do Inverno e com a cor
branca.
O Norte também está relacionado ao nível mental. O uso equilibrado e
sereno da mente.
O Animal do Norte é o Búfalo, com suas quatro patas bem conectadas com
a Terra e os chifres conectados com o Céu.
Representa o arquétipo do
Mestre.
Como utilizar na prática estas informações :
Sempre que você necessitar acordar dentro de você alguma qualidade, poder,
talento ou virtude e ser auxiliado pelos Animais de Poder você pode, p.ex.,
meditar de frente para a Direção que você quer a inspiração e a ajuda (ou
imaginar que você está de frente para a direção, se você não tiver como saber)
para liberar esta qualidade ; ou pode dançar para a Direção. Ou pode “vestir o
114
manto do Animal” imaginando que o Animal se sobrepõe a você vibrando
aquelas qualidades e características desejadas.
Já falamos de alguns Animais quando falamos das direções.
Alguns outros Animais mais representativos :
- Beija-flor : fala da alegria, da leveza, do amor,de sugar o néctar (captar a
essência). O beija-for é o único pássaro que para no ar e dá marcha-ré. E
proporcionalmente, é o animal que tem o maior coração. Simboliza a capacidade
de ter estratégia, flexibilidade, transmutar o denso com alegria e bomhumor.
- Cobra : a cobra fala do tato (a cobra não ouve nem enxerga muito bem, mas
sua sensibilidade táctil é impressionante), da transformação (da troca de pele),
do bote certo no alvo, de administrar bem seu próprio veneno, de estabelecer
limites.
- Formiga : assim como o Urso, a formiga fala da vida na superfície (no
exterior) e dentro da terra (no interior). Mas enquanto o Urso representa o
individual, a formiga representa o coletivo, a cooperação, as relações.
- Lobo : representa o professor, aquele que ensina. O lobo, assim como o cão,
também tem uma forte relação com o coletivo, com a matilha, a alcatéia. Mas
também tem um aspecto solitário, uivando para a Lua (as emoções, o feminino)
O cão também representa a fidelidade e o supremo desapego de dar a própria
vida por uma causa.
- Gato : A flexibilidade, a paciência e a concentração no objetivo, A consciência
do seu próprio poder. A independência e o desapego.
- Cavalo : a força e a capacidade de trabalho, a velocidade, a virilidade, a
lealdade, o sentido de clã.
- Coruja : o mergulho no oculto, no inconsciente , na sombra (na noite). A
coruja também está relacionada ao Mestre, ao professor, e consequentemente
ao conhecimento e à sabedoria.
- Golfinho : é um aliado mágico, tem o poder de canalizar o que o outro está
sentindo.Traz a alegria, a serenidade, simpatia, capacidade de mergulho interior
trazendo para a superfície com leveza estes conteúdos.
- Macaco: risos, alegrias, comunicação e criatividade. Ele é extremamente
despreocupado, é simplesmente feliz.
- Pantera: é um aliado elegante, misterioso e atraente, tem concetração,
paciência e atenção durante muito tempo, observa tudo ao seu redor. Tem
enorme poder de explosão, e total consciência e confiança nest e poder.
Simboliza também proteção dos mundos densos. Fica brava quando irritada, e
sem que sua presa perceba é capaz de dominá-la.
115
- Leão: simboliza o Sol, o centro de tudo, expansão da Luz, força, beleza,
poder, justiça e liderança.
- Morcego: trabalham com a escuridão da noite.Tem olfato e audição
potencializados, e gostam de sugar energia.Tem espírito de banco de ajuda, ou
melhor, quando um ajuda o outro, o ajudado fica devendo ao ajudante sabendo
que compensará mais tarde o ajudando também.
- Borboleta: é a grande mágica do universo, simboliza a transformação,
beleza, leveza, mudança radical na vida.
- Pomba: leva mensagens especiais de paz e amor e simboliza o Espírito Santo.
- Gaivota: dom da contemplação, poesia, encantamento, e inspiração com a
vida.
- Falcão: é o grande mensageiro, nos informa o que vem no caminho, se é a
tormenta ou é a paz, nos deixando preparados para ambos.
- Tartaruga: é o puro contato com a mãe Terra, boa relação com o tempo,
sensação de vida eterna, sem pressa.
- Baleia: é sobrevivente ermitã, grande poder de adaptação, sábia, mãe,
amiga e irmã. Nos ensina a enfrentar tudo com força e sutileza ao mesmo
tempo. Fala do conhecimento ancestral, atávico. Desliza sobre as águas quase
sem ser percebida apesar de seu tamanho e seu peso. Pessoas com esta aliança
possuem sabedoria emocional.
116
O PERIGOSO CIRCUITO DO COMER
Da terra à mesa, os alimentos que comemos passam por uma
verdadeira "Via Crucis" onde quem sofre são, principalmente, a Natureza,
os agricultores e os consumidores.
A Natureza, pela péssima forma como o solo é manejado e pelo semnúmero de venenos químicos que são utilizados nas diversas fases do
processo de produção; os agricultores, pela constante falta de política
agrícola num tratamento que nunca favorece o pequeno produtor, e pelo
monte de agrotóxicos que são induzidos a usar, muitas vezes sem
qualquer assistência ou esclarecimento; e os consumidores, que sofrem
com os altos preços advindos do alto custo de produção em função do
delírio químico à que a agricultura é submetida, e com os resíduos tóxicos
que este delírio proporciona .
Vamos trilhar aqui, passo a passo, o trajeto pelo qual os alimentos
passam desde o preparo do solo para o plantio, até o prato que
colocamos em nossa frente na mesa, na hora da refeição.
O problema já começa na própria concepção de agricultura, que
geralmente oscila entre o modelo predatório que era utilizado pelos
indígenas antes de Cabral (e ainda o é, pela maioria dos pequenos
produtores) onde o agricultor chega, desmata, queima, planta por alguns
poucos anos, e depois que já não dá mais grande coisa deixa a mata se
recompor ou faz pasto; e o modelo da agro-industria onde imperam as
grandes monoculturas, geralmente para exportação.
Ambos modelos são ecológicamente nefastos.
O primeiro, não
causava dano maior ao ambiente, pois eram poucos os índios em relação
ao tamanho do território. Mas de lá para cá, milhões tem sido os
agricultores que tem utilizado a fórmula "desmata-queima-plantaabandona", promovendo intensamente a devastação e a erosão, pois os
desmatamentos e as queimadas degradam o solo deixando-o exposto a
ação do sol, dos ventos e da chuva.
O segundo modelo trouxe intenso desmatamento, mecanizações
pesadas que pulverizam e compactam o solo (também acarretando sua
erosão e consequente esterilização), o uso maciço e abusivo dos adubos
químicos e dos agrotóxicos que envenenam a terra, seus frutos e os seres
117
vivos, e as grandes monoculturas que tornam os sistemas ecológicos
estéreis, favorecendo principalmente o aparecimento de pragas e doenças
e criando condições sociais injustas e miseráveis.
Diversos locais no Brasil onde outrora existiram terras férteis, hoje são
verdadeiros desertos, frutos de um modelo de manejo do solo
absolutamente inadequado ao nosso clima tropical. Pois assim foi no Sul,
e será também no Cerrado se este modelo continuar dominando.
Arações profundas, solo descoberto e exposto, capinas frequentes, são
técnicas apropriadas para países de clima temperado e não para países
como o nosso com alta insolação e fortes chuvas.
Dado este triste passo temos agora a questão das sementes.
Atualmente o que existe é uma verdadeira guerra pelo controle genético
das sementes. Mais ou menos como está acontecendo com a informação,
quem tiver o controle sobre o capital genético terá um poder quase
ilimitado sobre a humanidade.
O mais novo "avanço" são as sementes transgênicas, desenvolvidas
por multinacionais fabricantes de produtos químicos para agricultura, e de
consequencias ecológicas imprevisíveis.
Os países de Terceiro Mundo tem sido os que mais sofrem, pois apesar
de possuírem a maior diversidade de variedades, por falta de verbas e de
interesse político, não dão o devido valor às pesquisas, e por isso tornamse um "prato" para as poderosas multinacionais que influem até nos
governos dos países sub-desenvolvidos para poderem obter controle
sobre o banco genético destas nações mais pobres.
A "Revolução Verde" que deu o Premio Nobel ao Dr. Norman Borlaugh
em 1970, foi concebida sob o bondoso discurso de que se objetivava
propiciar aos países pobres melhores condições de alimentar sua
população. Na verdade, o que se conseguiu foi torna-los quase que
completamente dependentes das multinacionais que vendem a sua
panacéia em pacotes (sementes híbridas/adubos sintéticos/agrotóxicos),
e destruir boa parte do seu capital genético.
Países tradicionalmente agrícolas como a India, que possuía milhares
de variedades de arroz, hoje está reduzida a algumas centenas, em
função da introdução das sementes híbridas.
A China, que há 5000 anos faz sua tradicional rotação soja/arroz e
possui uma invejável tecnologia de aproveitamento de matéria orgânica
118
(fezes humanas, esgotos de cidades, lixo, nada é perdido) está hoje em
plena "lua-de-mel" com a parafernália química que lhes foi imposta sob a
capa de "agricultura moderna".
O trágico é que as tais sementes híbridas de alta produtividade,
sozinhas não fazem verão. Então é necessário que se as super alimente
com adubos químicos, que por sua vez tornam as culturas suscetíveis ao
ataque de pragas e doenças sendo então necessário o uso do que as
industrias hipócritamente chamam de "defensivos".
No Paquistão o arroz milagroso da Revolução Verde acarretou numa
praga nunca vista de gafanhotos, enquanto que na Indonésia o uso
desvairado de agrotóxicos contaminou rios e lagos matando os peixes e
criando uma onda de fome sem precedentes.
Dado mais este passo, não é preciso dizer que a nossa lavoura já está
devidamente "calibrada" com todos os adubos químicos de praxe.
Estes adubos entre outros males, produzem frutos enormes porém
insossos (veja a diferença de sabor entre o cenourão do mercado e a
cenoura da horta caseira), mais pobres em nutrientes e mais perecíveis
(orgânicos se conservam por muito mais tempo).
As multinacionais dos venenos souberam fazer um bom marketing
subliminar, manipulando os critérios de qualidade do consumidor : bom é
o que é enorme, e tudo igualzinho, como se fosse feito em fábrica.
Isto sem falar em certos conceitos errôneos, mas infelizmente ainda
bastante em voga, que procuram vender a idéia de que agricultura sem
química não é viável em larga escala e que a agricultura ecológica produz
frutos feios e caros.
Além disso - exatamente por produzirem frutos enormes que na
verdade são produtos com mais água - o uso dos adubos químicos torna
as plantas mais sensíveis ao ataque de pragas e doenças, e aí é que
entram os agrotóxicos envenenando tudo: a terra, as culturas, as pragas,
os insetos que se alimentam das pragas (que só são pragas porque seus
predadores também são exterminados pelos venenos), os rios e lagos, os
animais e o homem.
No meio deste arsenal, também se inserem os herbicidas que são
usados antes e durante o ciclo das culturas para fazer a "capina química",
ajudando ainda mais a esterilizar e envenenar o solo. Sim, porque em
todo o processo de plantio, desde os venenos a base de mercúrio que
119
envolvem as sementes, passando pelos adubos sintéticos, pesticidas,
fungicidas e herbicidas, todos são altamente biocidas e contaminadores.
Muitos permanecem décadas no solo e tem alto poder cancerígeno.
Uma variedade de soja transgênica, foi desenvolvida por uma fábrica
de herbicida, e tem a característica de não ser afetada por este herbicida.
O baixíssimo nível de informação da maioria dos agricultores faz com
que estes usem produtos sem o menor critério, seja na aplicação ou seja
na observância dos prazos de carência.
Continuando nossa jornada, se nosso agricultor ainda estiver vivo
(porque milhares de pessoas morrem ou se intoxicam por ano no Brasil e
no mundo), poderá colher e vender sua safra. Isto se, apesar dos
venenos, as pragas e doenças não tiverem impossibilitado a produção (o
prof. Chaboussou em sua teoria da Trofobiose, mostra que, ao contrário
do que se poderia pensar, veneno atrai praga), se o banco não obrigar o
agricultor a vender suas terras para pagar os juros escorchantes do
empréstimo para compra de insumos, e se as gangs de atravessadores
não comerem quase todo o seu lucro.
Se a produção tiver que passar por armazenamento, ela ainda levará
mais um banho de veneno para "protege-la" dos carunchos e gorgulhos
(alimentos não orgânicos são muito mais sensíveis a estes insetos), e o
agricultor ainda sofrerá a ação de outra máfia: a dos armazenadores,
que muitas vezes é o próprio governo.
E estamos cansados de ver toneladas e toneladas de alimentos
apodrecerem nos armazéns por causa da política dos preços, da política
de abastecimento, da política agrícola, da política de políticas...
No caso das frutas, estes quase insípidos produtos da agricultura
convencional são em sua maior parte pré-amadurecidos artificialmente
em câmaras de maturação que utilizam gases (geralmente acetileno). E
muitas vezes ficam meses em frigoríficos aguardando a entresafra. Estes
procedimentos contribuem para prejudicar mais ainda o seu sabor e sua
qualidade nutritiva e energética.
E o consumidor acaba tendo que ingerir um alimento contaminado e
desenergizado.
Para ilustrar como isso não é novo: em 1978 o Instituto Biológico de
SP juntamente com a CEAGESP e o CATI fez um monitoramento de
resíduos de agrotóxicos nos produtos hortícolas. Na época, o trabalho
120
indicou que 7% das frutas e 13% das hortaliças apresentavam teor de
resíduos acima do permitido. Em 1985 outro estudo mostrou que nas
frutas, o teor havia aumentado para 13%. Em 1984 o ITAL de Campinas
(SP) comprovou que 41% das amostras utilizadas em uma pesquisa,
apresentaram teor de resíduos acima do permitido.
Atualmente o panorama não melhorou muito, inclusive porque novos
personagens foram incluídos no drama, como p.ex. os produtos utilizados
diretamente nas hortaliças para que tenham maior durabilidade durante o
transporte e a comercialização.
Mas infelizmente a coisa não fica só por aí: muitos alimentos, como
p.ex. os cereais, vão para a industria serem "beneficiados". Um
eufemismo tragicômico que na verdade deveria chamar-se "maleficiar",
do momento em que se tiram dos grãos o que eles tem de mais nobre e
mais nutritivo: a película que os recobre, rica em fibras, proteínas e
vitaminas. Aí quem acaba comendo a melhor parte dos cereais são os
animais em suas rações, enquanto que o consumidor come alguma coisa
pouco melhor que isopor. E este isopor é muitas vezes irônicamente
acrescido de vitaminas sintéticas colocadas para repor as naturais que se
perderam no refino !?
No caso do açúcar o esquema ainda é pior, pois transformam a cana
(que pode virar rapadura, açucar mascavo e melado ricos em ferro e
cálcio) em um sal de sacarose altamente nocivo e desmineralizador.
Óbviamente que esta transformação se dá as custas da utilização de
venenosos solventes químicos.
Sob a afirmativa de que "açúcar é
energia", o que se obtém na verdade é um violento choque hiperglicêmico que vai roubar do organismo vários nutrientes (especialmente o
cálcio),
acarretando
ainda
suscetibilidade
a
várias
doenças
(principalmente o diabetes).
O sal de cozinha sofre um absurdo parecido : o bom e velho sal
marinho, rico em dezenas de sais minerais e oligoelementos
(principalmente o Iodo - natural - que é perdido no refino, tendo que ser
reposto sob forma sintética), é refinado, gerando um sal de cloreto sódio,
extremamente retentor de liquido no organismo, e cujo sub-produto
industrial é a água sanitária.
Ainda na área da industrialização é preciso não esquecer dos aditivos,
conservantes, espessantes, flavorizantes, corantes, aromatizantes, muitos
deles causadores de doenças e proibidos em países de primeiro mundo.
Exatamente como acontece com os agrotóxicos e com muitos remédios
121
de farmácia , são vetados em países desenvolvidos e são descaradamente
vendidos por aqui.
Como grande parte da classe médica - assim como a dos agrônomos segue a cartilha das multinacionais, tudo isso passa desapercebido pelo
consumidor comum.
Como passa desapercebido um seríssimo problema que provavelmente
ameaça a sobrevivência da própria espécie humana : os níveis altíssimos
de estrogênio (sintético) no ambiente, fruto de diversas combinações
químicas (entre elas os agrotóxicos, resíduos industriais, certos produtos
presentes nos plásticos, nos detergentes, e em outras tantas coisas),
estão fazendo cair vertiginosamente a taxa de espermatozóides não só
nos seres humanos, como em todas as espécies animais.
Para se ter uma idéia, segundo cientistas que estudaram este
fenômeno, o homem nascido nos anos 80, tem menos da metade dos
espermatozóides do que o nascido nos anos 50. Abaixo de 20% será a
esterilidade...
O estrogênio também fez aumentar enormemente a incidência de
câncer de mama nas mulheres e de próstata e de testículos nos homens
(além do grande aumento dos casos de hermafroditismo e deformaçõs
genitais).
Até agora falamos apenas dos alimentos de origem vegetal. Se o
assunto for alimentos de origem animal, o panorama não é lá muito
melhor.
Afora o fato de que comer carne é um hábito que facilita o
aparecimento de diversas doenças como o câncer do aparelho digestivo e
os problemas cárdio-vasculares, geralmente as criações são tratadas com
rações industriais "enriquecidas" com antibióticos e hormônios que vão
chegar ao consumidor através da carne, do leite e dos ovos (mais
estrogênio...)
Tais aditivos podem causar câncer e danos no sistema imunológico e
reprodutor de quem consome os alimentos contaminados.
Isso sem falar que, muitas vezes, os animais são abatidos em
matadouros clandestinos sem as menores condições de higiene e de
humanidade (fazendo com que o consumidor engula juntamente com a
carne, a adrenalina e a energia de pavor que o boi liberou ao ser morto
cruelmente).
122
O vegetarianismo, além de mais saudável e mais ético, é também
econômicamente mais rentável e ecológicamente mais correto . Segundo
o IBGE, um boi precisa de 3 a 4 hectares de terra para produzir cerca de
200 k. de carne no período de 4 a 5 anos. Neste mesmo espaço, pode-se
colher 19 toneladas de arroz, ou 32 de soja, ou 34 de milho, 23 de trigo
ou ainda 8 de feijão, sendo que pode-se plantar de 2 a 3 safras por ano,
de alimentos muito mais puros, saudáveis e equilibrados.
Já não é desconhecido que o maior responsável pelo desmatamento da
Amazônia é a atividade pecuária. O ato de comer carne acarreta direta e
indiretamente em seríssimas implicações ambientais que tem a ver com
efeito-estufa, camada de ozônio, poluição de rios e lençóis freáticos,
erosão, desertificação, extinção de espécies, problemas de ordem social,
etc.
123
QUEM MANDA NO TEU DESEJO ?
Quando lemos textos ou ouvimos palestras sobre alimentação natural,
o assunto acaba geralmente circulando em torno das questões
relacionadas com a qualidade dos alimentos, as virtudes dos cereais
integrais, a contaminação dos alimentos, os malefícios da carne e do
açúcar branco, etc. etc.
E tudo isto que está abundantemente
desdobrado na numerosa literatura disponível.
Este texto pretende abordar uma outra questão que é pouco colocada
e que é o que verdadeiramente norteia, na grande maioria das pessoas, o
ato de comer e a opção pelos alimentos : o desejo.
Normalmente o que construía este tipo de desejo (o chamado "gosto")
era a tradição, isto é, o que a nossa mãe nos dava. E ela, por sua vez,
recebia de sua mãe o conhecimento culinário (muitas vezes determinado
por fatores culturais dos países de origem de nossa família) e assim a
coisa se perpetuava sem nenhum tipo de questionamento maior. O
critério do que é saudável se misturava ao do que é gostoso.
Com o advento da comunicação de massa e da expansão da mídia
com seus marketings e merchandisings, novos vetores passaram a influir
decisivamente no processo da construção deste tipo de desejo. Antes,
comíamos o que era gostoso, e este gostoso era referenciado no
condicionamento desenvolvido pela tradição familiar. Agora, comemos o
que é gostoso, e os parâmetros do que é gostoso são criados e
amplamente manipulados pela propaganda a serviço da industria dos
"alimentos", que óbviamente não tem o menor interesse na verdadeira
saúde. A "junkie food" dos fast food e a industria do diet e do light por
exemplo, são algumas das expressões deste quadro.
Nos anos 70, com a explosão das (contra)culturas alternativas, a
questão da alimentação foi ampla e profundamente questionada e reexperimentada. Várias tendências e linhas de alimentação eclodiram,
como a Macrobiótica, o vegetarianismo, o Higienismo, etc. estabelecendo
parâmetros e critérios verdadeiramente corretos do que é efetivamente
saudável ou não.
Hoje qualquer um sabe (e os médicos e nutricionistas realmente
comprometidos com a saúde corroboram) dos malefícios do açúcar, da
carne, dos alimentos industrializados, doa agrotóxicos, enfim,
124
estabeleceu-se sólidamente uma filosofia e uma tecnologia do comer que
realmente promove a saúde através o reequilíbrio da energia e
consequentemente do sistema imunológico, como aliás preconiza toda a
cultura oriental (que também teve seu boom no ocidente nos anos 70).
A manipulação do nosso desejo pela mídia a serviço do sistema vem
perpetuar de forma mais moderna, aquela velha técnica de dominação
tão utilizada pelas religiões e pelas ditaduras, de procurar controlar os
dois maiores poderes acessados pelo homem comum : o dinheiro e o
sexo.
Não é, pois, a pornografia de hoje também uma forma de
manipulação da mente das pessoas como foi no passado o puritanismo ?
E é exatamente isto o que faz esta ideologia que hoje chamamos de
"liberalismo" e que dá suporte a outro eufemismo chamado
"globalização". O que se pretende globalizar na verdade, é tão somente a
dominação e a dependência (lembra do "concentrar o lucro e socializar o
prejuízo" ?).
Todos sabemos que o mundo caminha para uma mega concentração
de poder nas duas áreas mais vitais do mundo moderno : a informação e
a alimentação/medicina.
E lucro e poder é efetivamente só o que
interessa.
Todos sabemos também que a estratégia básica do capitalismo é
manter inalterada a desigual pirâmide social. É de importância capital
para a manutenção deste injusto sistema que na imensa base desta
pirâmide sejam mantidos os indivíduos em um estado de pouca educação
e pouca saúde, gerando mentes não questionantes e mão de obra barata.
Claro, pois pessoas saudáveis, inteligentes e bem informadas não podem
ser tão facilmente dominadas nem exploradas.
A estratégia das transnacionais (reparou que o que antes eram
empresas
internacionais,
viraram
multinacionais
e
agora
são
transnacionais ?) que são hoje o esteio desta ideologia foi extremamente
eficiente:
controlou-se completamente o processo da produção de
alimentos e da "cura" das doenças. A maioria das empresas que fabricam
agroquímicos agrícolas são as mesmas que fabricam os remédios
alopáticos. Por exemplo, a mesma empresa que maquina sinistramente
com os transgênicos envenena os incautos com o edulcorante "diet"
aspartame.
Implantou-se então, de forma absolutamente eficiente, a cultura da
doença, que efetivamente é o que dá lucro. E isso é tão grave que até no
interior está-se perdendo o conhecimento da fitoterapia empírica e do
125
curandeirismo nativo em função da televisão que invade os lares rurais e
infecta as mentes simples com seu conteúdo na maioria das vezes inútil e
destrutivo, homogeneizando as culturas e as tradições, e criando
necessidades fúteis e a artificiais.
E aí vemos que bilhões e bilhões de dólares tem sido gastos com
pesquisas
mirabolantes,
produção
de
equipamentos
médicos
sofisticadíssimos e de remédios espetaculares. Tudo para tentar sanar as
doenças causadas por uma vida desequilibrada e desarmônica, quando
com um simples e barato trabalho preventivo - alimentação correta, vida
afetiva e profissional saudável, produtiva e criativa, atividade física
regular - essas doenças praticamente não existiriam.
Sabemos bem que prevenção é barato, e que, como já dissemos,
pessoas que se alimentam bem, tem uma vida criativa e produtiva, que
usam saudavelmente seu corpo e sua mente, quase não adoecem.
Educação alimentar, Yoga, Tai Chi Chuan , Chi Kun, Massagem,
Fitoterapia, Acupuntura, Homeopatia, tudo isso é barato e extremamente
eficaz e poderia ser amplamente disponibilizado para a população, não
fosse a visão nenhuma (e muitas vezes das vezes o interesse nenhum)
dos que decidem nossa vida.
A medicina alopática acabou prestando-se perfeitamente para a
cristalização desta situação. É uma medicina sintomática, reducionista,
imediatista, completamente descompromissada da visão holística e
integrativa da vida e absolutamente ignorante do energético e do sutil.
Com a vantagem - para as transnacionais - que esta forma de medicina,
que é absolutamente dependente dos remédios químicos, é a que
dominou praticamente todo o planeta, entronizando dogmáticamente o
conceito de que só é válido e verdadeiro o que é provado em laboratório.
Bem diferente da visão energética e vitalista das Filosofias e das Terapias
orientais e xamânicas, onde o sutil , o simbólico e o intuitivo são
provados pela milenar experiência pessoal .
E a medicina alopática foi a única medicina desenvolvida na
humanidade que não é vitalista nem holística.
Mas quando esta medicina percebe que alguma terapia oriental pode
ser lucrativa, lança sua teia corporativa descaracterizando a terapia de
seu aspecto dialético, filosófico e simbólico, como está ocorrendo, por
exemplo, com a acupuntura. A medicina criou a "acupuntura médica",
modalidade que reduziu esta milenar ciência a uma técnica sofisticada de
analgesia (e de tratamento de mais algumas doenças cuja cura foi
126
"comprovada científicamente") e agora conspira para que só os médicos
possam utiliza-la (embora os pioneiros tenham aprendido com os leigos).
Da mesma forma, aliás, está acontecendo com a Educação Física em
relação ao Yoga, e se deixarmos, Yoga vai virar ginástica. Interesses de
mercado e nada mais...
Ainda por cima, temos que aturar eufemismos surreais como "Planos
de Saúde" e "profissionais de saúde", quando todos estes estão a serviço
da doença fomentando e mantendo este status quo, que é extremamente
lucrativo. Profissionais de Saúde deveriam ser os instrutores de Yoga e
TaiChiChuan, psicólogos, profs. de Educação Fisica, Artes Marciais e
Dança, massoterapeutas, acupunturistas e homeopatas.
A teia das transnacionais dominou com sua ideologia, desde o ensino
da medicina e da agronomia nas universidades, passando pela produção
de alimentos , medicamentos e agroquímicos, até o desenvolvimento de
uma propaganda que ajuda a manter competentemente em vigor um
sistema que se nutre básicamente da deturpação do ... desejo.
A falta da informação verdadeira fez com que as pessoas
depositassem cegamente sua saúde nas mãos do médico, que se
antigamente era um parceiro na manutenção da saúde, agora raramente
influi na verdadeira reeducação dos hábitos e da alimentação do paciente,
o que criou um círculo vicioso onde nem médico nem paciente são
exatamente culpados : aquele, já tem sua cabeça feita pela doutrina das
transnacionais que dominam a medicina alopática ; este, não quer mesmo
mudar seus hábitos (e seus desejos) esperando que o deus médico que
estudou tanto vá curar milagrosamente seu corpo estragado pelas
porcarias que o sistema o leva à comer, pensar e fazer. E ao sistema (e
ao médico) não interessa mudar estes hábitos porque eles podem levar à
saúde - que não é a mesma coisa que ausência de doença , um estado
em que a maioria da população se encontra quando não está doente. E a
saúde vai manter o paciente longe do médico e da farmácia.
Óbviamente como tudo na vida, a medicina alopática também tem
seus méritos, seus grandes avanços, especialmente nas áreas do
diagnóstico, da analgesia e da cirurgia. O que é necessário é que esta
modalidade de medicina deixe de imperar como a "superior", deixe de ser
dominada pelas transnacionais e passe a interagir de igual para igual com
todas as outras medicinas, tão verdadeiras e válidas quanto.
Só como curiosidade : na China, o médico de aldeia era punido quando
uma pessoa adoecia...
127
É fundamental o resgate da saudável relação de parceria entre
terapeuta e paciente, onde trabalhar os hábitos de alimentação do
paciente não é uma " invasão de privacidade", mas faz parte integrante
do processo de cura. E é fundamental o resgate da responsabilidade que
cada um deve ter por sua própria saúde e por sua própria vida. Todos
devem aprimorar seus conhecimentos sobre saúde, sobre seu corpo,
desenvolver
consciencia
corporal,
sensibilidade,
intuição,
e
principalmente, uma real autonomia sobre sua vida. Neste processo o
terapeuta é um ótimo coadjuvante.
Na Filosofia Hindu existe um termo que se chama "Buddhi" e que é
traduzido como intelecto. Buddhi é a parte da mente que se ocupa do
discernimento e da discriminação, isto é, das escolhas e opções entre o
que é bem e mal, bom e ruim, certo e errado , vontade e necessidade,
etc.
Segundo a visão oriental, Buddhi é quem deveria nortear o desejo, e
não a mente e/ou o ego. E trazendo esta questão para assunto aqui
abordado, nosso comer, nosso "gosto", deveria ser construído pelo nosso
discernimento e não pelo nosso condicionamento.
É bom que fique claro que este texto não pretende de forma
nenhuma, fazer apologia contra o desejo.
O desejo existe e é
absolutamente necessário na vida saudável. O prazer existe e realmente
não é feio nem pecado, como querem muitas religiões interessadas em
manter o domínio sobre seus fiéis, mas como com qualquer coisa, deve
ser visto equilibradamente e não ser super-estimado nem hiper-utilizado.
O problema está justamente na construção deste desejo, e é isto que
este texto quer salientar e questionar. O desejo que norteia meu comer
(e o prazer que resulta disto) deveria ser referenciado pelo meu
discernimento consciente e refletindo do que é realmente saudável, e não
por uma tradição cultural que nunca questionou o padrão de alimentação
vigente ou, pior, por um sistema que quer você escravo e doente.
Este texto vem fazer na verdade, a apologia da emergente
necessidade
do
resgate
da
nossa
liberdade
de
questionar
conscientemente e optar maduramente
pela alimentação (e pelas
terapias) que nosso discernimento escolheu, fruto do exercício da
verdadeira cidadania que é tomar em nossas próprias mãos as rédeas de
nossa vida e da nossa autonomia de optar livremente.
O grande impecílio para a retomada de nossa verdadeira liberdade de
escolher é a idéia que se cristalizou profundamente na sociedade, de que
128
os hábitos são muito difíceis de se mudar como se estes fossem estigmas
“imexíveis”.
A visão ocidental, tão fragmentada e tão desconectada da Natureza e
do Uno, produziu um homem moderno fragmentado e desconectado
dessa Natureza e desse Uno. E um ser que não procura conscientemente
vivenciar e integrar corpo/mente/emoção/energia e sua íntima relação
com toda a Criação, é um ser mais facilmente manipulável.
Urge que deixemos de ser escravos do sistema e dos nossos desejos
deturpados, e, que a custa de muita investigação, estudo, meditação,
experimentação
(e
algum
esforço),
mudemos
consciente
e
voluntáriamente nossos hábitos nocivos por hábitos saudáveis. E isso, é
claro, se aplica a tudo na vida.
É preciso que se entenda que o gosto, é algo absolutamente educável
(assim como, por exemplo, o gosto musical) e transformável, e que a
alimentação verdadeiramente saudável pode ser gostosa , prazeirosa e
energética. Os alimentos tem cada um, seu próprio e peculiar sabor, e
efeitos que se dão em níveis sutís, e o sistema fica freneticamente
envenenando os alimentos, e nós ficamos frenéticamente maquiando
estes alimentos com mil e um artifícios fomentando uma verdadeira
deseducação em nossos sentidos.
E é importante que se saliente também que a alimentação natural,
orgânica, além de ser saudável e vitalizante, é políticamente e
ecológicamente correta, pois em sua visão holística preocupa-se com a
saúde do indivíduo, da sociedade e do meio ambiente .
Os produtores orgânicos não são pobres aplicadores de agroquímicos,
vítimas do sistema escravizador. São seres que percebem a profunda
interação entre a natureza e o homem, e são pessoas profundamente
antenadas com o amor pela terra e por seus semelhantes.
129
15 Dicas para viver uma vida mais
consciente, plena e equilibrada:
1.
Todos nós ao nascer, ganhamos um espelho. Este espelho é, então,
colado no nosso peito. E assim vivemos toda a nossa vida, refletindo o
outro e vendo no (espelho do) outro o nosso reflexo. Hermann Hesse
disse : “ Se você odeia uma pessoa, odeia algo nela que faz parte de
você. O que não faz parte de nós não nos incomoda.”
Viver considerando isto, vai desenvolvendo nossa compaixão,
nossa tolerância, nossa empatia e nossa solidariedade para com
as nossas fraquezas e dificuldades e as dos outros.
2.
Cem por cento do que somos e vivemos (inclusive o que supomos
ser acidentes) é fruto de nossas escolhas e opções. Conscientes ou
inconscientes. Desta ou de outras vidas.
Viver consciente disto desenvolve nosso discernimento e nossa
responsabilidade para com a vida, com as pessoas e com nossas
atitudes.
3.
Livre-se da culpa. A única função da culpa é manter sua autoestima baixa (por isso algumas religiões fomentam a idéia da culpa para
assim manter poder). Transmute a culpa por responsabilidade. Ninguém é
culpado de absolutamente nada, mas todos são completamente
responsáveis por tudo.
Viver assim te torna mais atento e cuidadoso para com toda a
existência.
4.
Desenvolva a aceitação. Sempre que entramos em contato com
alguma dificuldade ou fraqueza nossa, através de alguém ou de alguma
circunstância, normalmente o primeiro impulso da mente/ego é: ou nos
defendemos, negando e resistindo a entrar em contato (muitas vezes
entrando na irritação e na revolta, geralmente imputando a culpa a
alguém ou a alguma coisa), ou entramos na condição de vítimas,
mergulhando na baixa auto-estima.
130
Aceite sua natureza humana como ela é e aceite também a sua
sombra. Entenda que você está aqui na Terra para aprender e
expandir sua existência. Um Mestre hindu falou: “Errar, ter
defeitos, falhas, fraquezas, é seu direito. Trabalhar para
transmutar isso tudo é seu dever”.
4. Tudo
no
Universo
tem
duas
polaridades
:
Yin/Yang,
masculino/feminino, positivo/negativo, etc.
As emoções e os
sentimentos também tem duas polaridades : o outro lado da tristeza é
a alegria, do medo é a coragem, da raiva é a energia de realização,
do ódio é o amor e o perdão, da ansiedade e da angústia é a calma e
o centramento, da baixa auto-estima é a confiança em si mesmo,
enfim,
nosso
grande
trabalho
de
transmutação
é
estar
constantemente reequilibrando estas polaridades. Os hindus diriam
que devemos estar sempre transmutando Tamas e Rajas em Sattwa,
isto é, trazendo sempre os pensamentos, sentimentos e atos densos ,
limitadores e negativos, para as freqüências mais sutis.
Viver assim economiza um bocado de energia. Considerando que
tudo na vida é passageiro, é mais inteligente procurar mudar a
polaridade das coisas e dar a volta por cima do que ficar
naufragando constantemente nos mesmos padrões psicoemocionais.
6. Desenvolva a neutralidade e a observação. Os índios chamam isto de
“Visão da Águia”: sair voando de dentro do burburinho dos eventos e, de
cima, com uma perspectiva ampla e neutra, observar os acontecimentos
sem identificação ou julgamentos. Ou, em outro exemplo: sair de dentro
do rio caudaloso de nossa vida - onde estamos imersos até o pescoço sentar na margem e observar. Quando dentro do rio, imersos até o
pescoço, qualquer ondinha nos parece um vagalhão, mas quando nos
sentamos à beira do rio, a ondinha novamente vira ondinha, e aí podemos
ter uma perspectiva mais correta e um envolvimento menos sofrido com
as coisas, e uma consciência profunda da impermanência.
Isto desenvolve uma profunda consciência da relatividade dos
pontos de vista e, por conseguinte, o redimensionamento da nossa
identificação e envolvimento com a transitoriedade da vida.
7. Evite as comparações. Lembra do “jardim do vizinho é sempre mais
bonito” ? Ledo engano! Grande armadilha! Mal sabemos que o vizinho ao
131
olhar nosso lado também pensa a mesma coisa sobre algum aspecto de
nós...
Considerar este fato, te livra do peso dos julgamentos alheios e te
torna mais centrado em teu próprio eixo.
8.
Os hindus dizem que todas as doenças que existem - sejam físicas,
emocionais, psíquicas ou energéticas - derivam, de uma forma ou de
outra, de uma única doença: a ignorância de nossa natureza real, a
Unidade (eles chamam esta ignorância de Avidya e a Unidade de
Brahman).
Toda a Criação é uma grande web onde tudo é interligado,
interagente, interdependente e holográfico. Realmente não estamos
irremediavelmente presos a tempo e espaço e às três dimensões (não só
as antigas tradições, mas a Física Quântica atual afirmam amplamente
esta questão). Considerando nossa natureza Una, saiba que não há nada
fora de você que você precise obter que já não tenha. Está tudo dentro de
você, todo o Universo. Você apenas precisa relembrar sua natureza
original, que está pulsando em cada partícula do Universo, em cada
pessoa, em cada ser de cada reino. Todo Amor, Paz e Felicidade já estão
dentro de você, sempre.
Você decididamente não é um pecador. Você não é uma pedra
bruta que precisa ser lapidada. Você já é uma jóia pronta, maravilhosa,
só que recoberta pela poeira desta ignorância primordial.
Passar a considerar estas verdades milenares em nossa vida
cotidiana desenvolve nossa co-participação consciente no
Universo nos seus mais diversos níveis de existência.
9. Todo o Universo é consciente ! Cada pessoa, cada animal, cada
planta, cada pedra, cada célula, cada átomo, cada galáxia... A
Consciência não é um privilégio do cérebro humano, que é apenas um
dos veículos onde esta Consciência se expressa. Esta é a chamada
onipresença e onisciência de Deus. Os índios têm formas sofisticadas de
entrar em contato e interagir com a Consciência subjacente à Natureza.
Viver considerando este fato torna tua vida muito mais respeitosa,
consciente e responsável.
10. Quando a vida nos apresenta algum evento desconfortável, algum
obstáculo ou algum confronto, normalmente o que é acionado em nosso
132
corpo/mente é o “automático” lutar ou fugir. A adrenalina está sempre
pronta para desencadear ação. Mas a verdade é que na maior parte das
vezes não seria necessário lutar nem fugir, bastaria relaxar e observar, e
a partir daí agir com consciência, ou então deixar os acontecimentos se
desenrolarem naturalmente. Vamos investir mais nas endorfinas ! Faça
Yoga ou TaiChiChuan !
Desta forma, em todos os níveis e setores da nossa vida, podemos
integrar firmeza e simultaneamente relaxamento – só firmeza
gera rigidez e só relaxamento gera moleza !
11. Adote a perguntas : “Porque eu atraí isto ?” e “O que é que eu tenho
que aprender com isso ?”. Todas (todas mesmo) as coisas que nos
acontecem, vem para nos ensinar e são atraídas por nós (pelo nosso
Self). A Vida está sempre fazendo suas arrumações para que possamos
aprender e evoluir (pela dor ou pelo Amor, como dizia Kardec). Por isso
alguém já disse : “cuidado com o que você deseja pois pode acontecer !”.
Nós costumamos achar que quando pedimos à Deus alguma virtude, Ele
vai milagrosamente introduzir esta virtude em nossa mente e de repente
ficamos pacientes, ou disciplinados, ou tolerantes. Provavelmente o que a
Vida fará é te proporcionar situações que vão te fazer desenvolver aquela
virtude. Se você pediu paciência, provavelmente vai atrair pessoas que
vão te fazer perdê-la, e aí é que estará o seu aprendizado.
Então, sempre que as pessoas ou as circunstâncias te trouxerem
desconfortos ou incômodos, ao invés de se revoltar, se ofender ou se
entristecer, ou ainda, achar que a culpa é do outro, pergunte à Vida o que
esta situação está te obrigando a trabalhar, que virtudes e qualidades
você está tendo que desenvolver para lidar com isso de forma harmônica
e equilibrada.
Este procedimento com certeza vai aumentar enormemente a
qualidade de nossa consciência e a conseqüente percepção dos
movimentos da vida e do seu sentido.
12. Gastamos grande tempo mental ficando angustiados por um passado
que não podemos mais mudar e/ou ficando ansiosos por um futuro que
ainda não chegou. Outra grande parte, ainda, gastamos sonhando
acordados, delirando os nossos sonhos e desejos. E aí duas coisas
ocorrem: uma, sobra pouco tempo para a consciência do aqui-e-agora, o
presente, que é onde efetivamente a vida acontece ; duas, quando
precisamos da mente para as coisas que ela foi feita para funcionar – a
nossa vida humana diária – esta mente tem dificuldade em se concentrar,
em estar presente, inteira, poderosa, centrada.
133
Concentrando-nos no presente desfrutamos mais da vida. A
meditação é um ótimo treinamento para aprender a viver no
presente, nos livrando das pré-ocupações
e desenvolvendo uma mente verdadeiramente eficiente.
13. Infelizmente, ainda vivemos sob a ideologia do “ganha-perde”, ou
seja, temos muito incutida em nossa cultura a idéia de que para se
ganhar alguém precisa perder. É assim que se construiu, por exemplo, o
sistema capitalista. Também é seguindo esta filosofia que está-se
destruindo nosso planeta. E é desse ganha-perde que estão impregnadas
as nossas relações (lembra da “lei de Gérson”?). Não só no sentido
profissional e financeiro, mas também no emocional e no afetivo.
É urgente reimplantar-se o “ganha-ganha” nas relações interpessoais
e nas relações do homem com a Natureza. Não existe nenhuma
possibilidade de ganho real para nada nem ninguém, em nenhum setor da
vida, se este ganho for obtido em detrimento da perda de alguém ou de
alguma coisa. Na visão oriental, o Karma Yoga é a técnica que visa
reeducar o homem e a sociedade para a verdadeira forma de ganhar.
Este procedimento simples pode transformar toda a perspectiva
que temos em relação à vida, entendendo e vivendo na prática a
grande lei universal de causa e efeito.
14. Atente para a sincronicidade. Uma escritura Hindu diz : “Nenhuma
folha de grama se mexe sem uma razão”. Nada é casual, mas tudo é
intrinsecamente causal. Um outro Mestre disse : “nós falamos com Deus
através da oração, e Ele nos fala através da sincronicidade”. O Dr.
C.G.Jung percebeu que era esta qualidade da Criação que fazia com que
as artes divinatórias (I Ching, Tarot, Runas, Búzios) funcionassem. Todo o
Universo é Um , portanto tudo é interrelacionado. E a Lei do Karma é
quem disciplina este interrelacionamento. Atente para os sinais ! O tempo
todo o Universo está interagindo com você !
Estar atento à sincronicidade desenvolve a intuição e a expansão
da percepção do movimento consciente e multidimensional do
Universo.
15. E finalmente – e sobretudo - “não faças aos outros o que não queres
que te façam” ainda é a regra de ouro.
Viver integralmente assim te torna efetivamente consciente, pleno
e equilibrado
134
BIBLIOGRAFIA
Filosofia e Biografias
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Filosofias da Índia, H. Zimmer. Palas Athena.
Yoga, imortalidade e liberdade, Mircea Eliade. Ed.
Pensamento.
Hinduísmo e Yoga, D.S. Sharma. Ed. Freitas Bastos.
O Yoga, Tara Michael. Ed. Zahar.
Iniciação ao Yoga, Hermógenes. Ed. Record.
A tradição do Yoga, Georg Feuerstein. Ed. Pensamento
Tantra, o culto da feminilidade, André van Lysebeth. Ed. Summus
O pensamento do extremo Oriente, Murillo Nunes de Azevedo. Ed.
Pensamento.
A sabedoria dos Vedas, Jagadish Chandra Chatterji. Ed. Pensamento.
Hatha Yoga e o comportamento na vida (Hatha Yoga Pradipika), Gregório
José Pereira de Queiroz. Ed. Pensamento.
Como conhecer Deus (Yoga Sutra), Swami Prabhavananda. Ed.
Pensamento.
Yoga e consciência, Antonio Renato Henriques. Ed. Rigel.
O sermão da montanha segundo a Vedanta, Sw. Prabhavananda. Ed.
Pensamento.
As 4 yogas da auto-realização, Swami Vivekananda. Ed. Pensamento.
Ensinamentos espirituais de Ramana Maharshi. Ed. Cultrix.
Imortalidade consciente (Ramana Maharshi), Paul Brunton. Ed. EDC.
A jóia suprema do discernimento (Viveka Chudamani - Shankaracharya),
Sw. Prabhavananda. Ed. Pensamento.
Os Upanishads, Sw. Prabhavananda. Ed. Pensamento.
Bhagavad Gita (tradução de Gloria Arieira).
Introdução ao Orientalismo. O pensamento Oriental e o Ocidente Antonio Renato Henriques, Ed. EST.
A árvore do Yoga, B.K.S. Iyengar. Ed. Globo.
Uma introdução ao Yoga classico, Lidia Pita, Ed. Papel Virtual
Tantra, sexualidade e espiritualidade, Georg Feuerstein. Ed. Nova Era.
Mitologia Hindu, W.J.Wilkins, Vision Libros (Espanha)
Mitologia Hindu, Aghorananda Saraswati, Ed. Madras
Mitos e simbolos na arte e civilização da India, Heinrich Zimmer, Ed.
Palas Athena
As máscaras de Deus, Joseph Campbell, Ed. Palas Athena
Perfeição pelo Yoga, Swami Sivananda, Ed.Freitas Bastos
Raja Yoga, Swami Sivananda, Ed. Americana
Autobiografia de um yogue contemporâneo, Paramahansa Yogananda.
Ed. Summus.
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Ramana Maharshi e o caminho do auto-conhecimento, Arthur Osborne.
Ed. Pensamento.
Dias de grande paz, Mouni Sadhu. Ed. Pensamento.
O evangelho de Ramakrishna. Ed. Pensamento.
Ensinamento espiritual de Shri Ramakrishna – Ed. Ananda
El juego de la consciencia, Swami Muktananda, SYDA
Ciência Moderna sob a luz do Yoga Milenar, Harbans Lal Arora,
ACEPY/EUFC
Shiva Sutra, I.K. Taimni, Grupo Annie Besant
Mahabharata e Ramayana, William Buck, Ed. Cultrix
Técnicas
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Autoperfeição com Hatha Yoga, Hermógenes. Ed. Record.
Yoga para nervosos, Hermógenes. Ed. Record.
Saúde na terceira idade, Hermógenes. Ed. Record.
Yogaterapia, Hermógenes. Ed. Record.
Yogaterapia, Nilda Fernandes. Ed. Ground.
Yogaterapia hormonal para menopausa, Dinah Rodrigues. Ed. Madras.
Segredos do Tantra e do Yoga, Paulo Murilo Rosas.
Psicologia do Tantra, Paulo Murilo Rosas.
Avantara Sadhana, Paulo Murilo Rosas.
O livro de ouro do Yoga, André de Rose, Ediouro.
Chakras, Harish Johari. Ed. Bertrand Brasil.
Yoga psicossomática, Jonn Mumford. Ed. Hemus.
Teoria dos Chakras, Hiroshi Motoyama. Ed. Pensamento.
Yoga, prevenção e tratamento da osteoporose, Neusa Lima Veríssimo.
Yogaterapêutica, P. Jaquemart/S.Elkefi. Ed. Andrei.
Holopraxis na educação e na saúde, Norma Pinheiro.
Yoga Chikitsa para diabéticos, Léa Mello. Ed. Novo Milênio.
Asanas, Swami Kuvalayananda. Ed. Pensamento.
Hatha Yoga, Antonio Bley.
Hatha Yoga, Indra Devi, Ed. Civilização Brasileira.
A Luz da Yoga, B.K.S. Iyengar. Ed. Cultrix.
A ciência do Pranayama, Swami Sivananda. Ed. Pensamento.
Asanas, símbolos e mitos, Vera Lúcia de Oliveira.
Yogasana, visão anátomo-cinesiológica do asana, Marilda Velloso
Yoga para o corpo, a respiração e a mente, A.G.Mohan. Ed. Pensamento.
Arte, Filosofia e Técnica do Vidya Yoga, Uberto Gama e Elizabeth
Yamada. Ed. Ícone.
Yoga Nidra, relaxamento físico-mental-emocional, Swami Satyananda
Saraswati. Ed. Thesaurus.
Yoga Prático, Pedro Kupfer. Ed. Dharma.
Yoga, uma prática de alongamento,Nilda Fernandes. Ed. Ground.
Yoga para a criança especial, Sivakama Sonia Sumar. Ed. Ground.
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Yoga para gestantes, Fadynha. Ed. Ground
O livro de Yoga e saúde da mulher, Linda Sparrowe e Patricia Walden. Ed.
Pensamento.
Yoga para saúde do ciclo menstrual, L.Sparrowe e P.Walden. Ed.
Pensamento.
Yoga simplificada para a mulher, dra. Sitadevi Yogendra, Ed. Pensamento
Yoga para saúde dos ossos, L. Sparrowe e P. Walden. Ed. Pensamento.
Yoga e a sabedoria da menopausa, Suza Francina. Ed.Pensamento.
A terapia do Yoga, A.G.Mohan e Indra Mohan. Ed.Pensamento.
Enciclopédia de Yoga da Pensamento, Georg Feuernstein.
Ioga para crianças, Rajiv e Swati Chanchani. Ed. Madras.
Yoga para Gestantes, Rosângela Maria Bassoli. Ed. Átomo.
Ioga para a infância, Iogue William Zorn. Ed. Pensamento.
Ioga para a mente, Iogue William Zorn. Ed. Pensamento.
Yoga para a mulher, Chiang Sing, Ediouro.
Práticas do Yoga, Horivaldo Gomes. Ed. Pallas.
Yoga Prático, Horivaldo Gomes. Ed. Pallas.
Yoga Integral, Horivaldo Gomes. Ed. Pallas.
Práticas do Yoga, Horivaldo Gomes, Ed. Pallas
Hatha, O ABC do Yoga, Caio Miranda, Ediouro.
Psicologia do Yoga, Shri shri Anandamurti, Ananda Marga
Yoga e Psiquiatria, Barthe Nhi, Ed. Civilização Brasileira
Yoga e saúde, Selvarajan Yesudian e Elisabeth Haich, Ed. Cultrix
Yoga para crianças, Georg Kritikós, Ed. Record.
Yoga e parto, Eliane Lobato, Ediouro.
Anatomia da Yoga, Leslie Kaminoff.
Yoga para a sua coluna, Pandit Shiv Sharma, E. Cultrix
Yoga, saúde e higiene do aparelho digestivo, Doris e F. Cosmelli, FEEU
Faça Yoga antes que você precise, De Rose, Ed. Martin Claret
Yogaterapia, Dr. Miguel Fraile, Mandala Ediciones (Espanha)
Ayurveda
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Ayurveda, a Ciência da autocura, Dr. Vasant Lad. Ed. Ground.
A Medicina Ayurvédica, Gérard Edde. Ed. Ibrasa.
Saúde Perfeita, Dr. Deepak Chopra.Ed. Best Seller
Manual de Massagem Ayurvédica, Harish Johari. Ed. Ground
Massagem Ayurvédica, manual prático e teórico, Valter Cardim. Ed.
Madras.
Massagem Ayurvédica, o toque dos deuses, Ma Prem Ila. Ed. Brasport
Tao e Dharma, medicina chinesa e Ayurveda, Robert Svoboda e Arnie
Lade. Ed. Pensamento.
Uma visão ayurvédica da mente, a cura da consciência, David Frowley.
Ed. Pensamento.
Dhanwantari, um guia completo para uma vida saudável segundo a
tradição Ayurvédica, Harish Johari. Ed. Pensamento.
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•
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•
Ayurveda, um tratamento de saúde que não agride seu corpo, Hans H.
Rhyner. Ed. Pensamento.
Os Segredos da Massagem Ayurvédica, Atreya. Ed. Pensamento.
Ayurveda, a medicina indiana que promove a saúde integral, Dra. Vinod
Verma, Ed. Nova Era.
Ayurveda e a Terapia Marma, Pontos de Energia no tratamento por meio
da Yoga. Dr. Avinash Lele, David Frawley e Subhash Ranade. Ed. Madras
Massagem Ayurvédica. Pier Campadello. Ed. Madras.
138
LINKS
•
Aliança do Yoga
www.aliancadoyoga.com.br
•
Anabella Magalhães (mitologia e sânscrito)
www.linguagemsanscrita.pro.br
•
Ananda Marga (Sri Sri Anandamurti)
www.anandamarga.org
•
Anderson Alegro (Power Yoga)
www.yogasite.com.br
•
Ashtanga Vinyasa Yoga (Pattabhi Jois)
www.ayri.org
•
Associação Brasileira de Ayurveda (ABRA)
www.ayurveda.com.br
•
Associação Brasileira de Dakshina Tantra Yoga
www.tantrayoga.org.br
•
Associação Brasileira de Profissionais de Yoga (ABPY)
www.abpy.org.br
[email protected]
•
Bhagavan Ramana Maharshi (Maha Yoga)
www.ramana-maharshi.org
•
Brahma Kumaris (Raja Yoga)
www.bkumaris.org.br
•
Claudio Duarte (Yoga Clássico)
www.yogaclassico.com.br
•
Dakshina Tantra Yoga (Prof. Paulo Murilo Rosas)
Centro de Yoga Kailasa
www.tantrayoga.com.br
•
Dakshina Tantra (Alexandre Perlingeiro)
www.tantrayoga.pro.br
•
Dinah Rodrigues (Yoga Terapia Hormonal)
[email protected]
139
•
Hare Krishna (Srila Prabhupada, Bhakti Yoga)
www.iskcon.com
www.iskcon.com.br
•
Integrative Yogatherapy - IYT/USA
(Prof. Joseph LePage)
www.iytyogatherapy.com
[email protected]
•
Iyengar
www.bksiyengar.com
www.iyengar.com.br
•
IYT do Brasil (Montanha Encantada)
www.yogaencantada.com.br
[email protected]
•
Jnana Mandiram (Swami Tilak - Vedanta)
www.jnanamandiram.org.br
•
Kaivalyadhama Yoga Institute, Lonavla (Swami
Kuvalayananda)
www.kdam.com
•
Kripalu Yoga (Yogi Amrit Desai)
www.kripalu.org
•
Krishnamacharya
www.kym.org
•
Lygia Lima (Power Yoga)
www.lygialimayoga.com.br
•
Ma Prem Ila
www.ibrata.com.br
•
Marco Shultz (Power Yoga)
www.simplesmenteyoga.com.br
•
Miryam Both
[email protected]
•
Portal de Yoga (Pedro Kupfer)
www.yoga.pro.br
•
Prof. Hermógenes
www.profhermogenes.com.br
140
•
Revista O Atma
www.oatmayoga.com.br
[email protected]
•
Self-Realization Fellowship (Paramahansa Yogananda, Kriya
Yoga)
www.yogananda-srf.org
•
Shivani
www.shivanihomepage.tripod.com
•
Siddha Yoga (Swami Muktananda, S. Chidvilasananda)
www.siddhayoga.org
www.siddhayoga.org.br
•
Sindicato dos Profissionais de Yoga do Estado do Rio de
Janeiro
www.sinpyerj.com
•
Site de respiração com muitos links de yoga (internacionais)
www.respire.net
•
Sivananda Yoga
www.sivananda.org
www.sivanandabrasil.com.br
•
Sri Aurobindo (Purna Yoga)
www.sriaurobindosociety.org.in
•
Sri Ramakrishna (Vedanta)
www.ramakrishna.org
www.vedanta.org.br
•
Sri Sathya Sai Baba
www.sathyasai.org
www.saibaba.org
www.sathyasai.org.br
•
Swami Dayananda Saraswati (Vedanta)
www.arshavidya.org
•
Swami Satyananda Saraswati (Bihar School)
www.yogavision.net
www.satyananda.net
•
Swasthya Yoga (De Rose)
www.uni-yoga.org.br
•
The Yoga Institute (Sri Yogendra)
www.geocities.com/Athens/6709
141
•
Vera Cabral
www.espacokarana.com.br
•
Vidya Mandir (Gloria Arieira - Vedanta)
www.vidyamandir.org.br
•
Yoga Integral (Samyama - Horivaldo Gomes)
www.samyama.com.br
www.anyi.com.br
•
Yoga Journal
www.yogajournal.com
•
www.yogamala.org
•
Yoga Vidya
www.vidyayoga.org.br
142
SOBRE O AUTOR
Ernani Fornari nasceu no Rio de Janeiro em 1956 e iniciou sua prática
de Yoga com Victor Binot em 1974.
A partir daí, mergulhou no universo Hindu, estudando e praticando
Yoga, Vedanta, Tantra e Ayurveda.
Em 1983 foi iniciado por Swami Tilak, recebendo o nome espiritual de
Dharmendra.
Morou por 20 anos no interior do RJ, tendo sido um dos pioneiros na
produção orgânica no estado, e um dos fundadores e diretores da
pioneira (e extinta) ONG agroecológica carioca Coonatura.
Formou-se como profissional de Hatha Yoga pela Associação Brasileira
de Profissionais de Yoga (ABPY), em Dakshina Tantra Yoga com Paulo
Murilo Rosas e em Yogaterapia com Joseph Le Page (Integrative
Yogatherapy).
Trabalha desde 1996 como profissional de Yoga, Yogaterapia e
Massoterapia.
Foi vice-presidente da ABPY por dois mandatos e membro do corpo
docente do seu Curso de Formação por cinco anos. Colaborou na reestruturação do curso de formação desta entidade, que foi o primeiro no
Brasil a ser reconhecido legalmente.
É filiado ao Sindicato dos Profissionais de Yoga do RJ (SINPYERJ).
Aprendeu Massagem Ayurvédica com Luis Otávio Reis, Massagem
Reichiana e Bioenergética com Ralph Viana, Quiropraxia oriental com
Donati Caleri , Quiropraxia Indiana com Alejandro Dupont, Massagem
Tailandesa e Ayurvédica com Claudia Godart, Massagem Espiritual com
Maria Lucia Sauer , Reiki (III) com Carlos Humberto Soares Jr. e
Renascimento com Vasant e Achara, Cinesiologia com Angela Girão e
Adriana Mangabeira e Constelações Sistêmicas com o Metaforum.
É sócio fundador da Associação Brasileira de Ayurveda (ABRA) e da
Associação Brasileira de Dakshina Tantra Yoga (ABDTY).
É co-proprietário e profissional de Yoga e terapias do ESPAÇO SAÚDE
(Rio de Janeiro).
143
Em 1998 teve seus primeiros contatos com o Xamanismo.
Em 2003 aprendeu a terapia xamânica brasileira Alinhamento
Energético com Mônica Oliveira - com quem trabalhou por 5 anos no
Brasil e na Europa realizando milhares de atendimentos e formando
centenas de terapeutas – ajudando-a a estruturar a filosofia e a
metodologia de trabalho e de ensino do Fogo Sagrado.
Ernani Fornari também é escritor, tendo publicados 10 livros na área de
Ecologia, Agroecologia, Alimentação natural e Terapias, além de ser
músico e compositor, tendo gravado 4 CDs com temática rural, ecológica
e espiritual.
web site profissional : www.alinhamento-energetico.com
web site pessoal : www.ernanifornari.com.br
web site institucional : www.espasaude.com.br
web site internacional : www.fogosagrado-brasilien.com
blog : http://alinhamentoenergetico.blogspot.com
Musica :
www.myspace.com/ernanifornari (disco “Coração Caipira”)
www.myspace.com/ernanifornaridharmendra (disco “Mantra”)
Orkut e Facebook : Alinhamento Energético e Espaço Saúde
144
AGRADECIMENTOS
A meu Mestre Swami Tilak, um ser que realizou a Unidade.
Aos meus pais Claudio e Antoinette, pela solidariedade, cumplicidade e
apoio afetivo, intelectual e material.
Aos meus professores/mestres Paulo Murilo Rosas e Joseph Le Page
com quem aprendi o Yoga.
A Luis Otávio Reis, Ralph Viana, Donati Caleri, Claudia Godart e
Alejandro Dupont, com quem aprendi a arte da Massoterapia.
Ao meu mestre de Reiki, Carlos Humberto Soares Jr.
Aos meus terapeutas e formadores em Renascimento, Ashara e
Vasant.
As minhas mestras
Mangabeira.
de
Cinesiologia,
Angela
Girão
e
Adriana
Aos terapeutas e amigos Alex Fausti e Ricardo (Rick) Mendes.
A Bull & Bill (Aldeia do Sol), Carlos Sauer, César Cruz, Tony Paixão,
Artemus Luz & Fernanda Vilela, Rosário Amaral, Athamis Bárbara,
Rogério Favilla, João Devulski, Rafael Nixiwaka & Fernanda Mukhani, e
a todos os companheiros do universo xamânico carioca, pelo calor
transformador das Sweat Lodge e das fogueiras sagradas.
Aos Krenak, Karirí-Xokó, Pataxó, Tupy-Guarany, Fulni-ô e Huni Kuin,
que foram as etnias nativas brasileiras com quem tive a honra de
interagir. Aos Cheyenne (Hahoo Nelson Turtle!), Mohawk (Aho Crow
Bear!) e Lakota (Aho Vernon Foster!). Aho Mitakoy’assin! Migwetch !
Nem ! Ererré ! Haus!
As sanghas de Swami Tilak, Brahmachari Nitya Chaitanya e Swami
Prakashmayananda (especialmente o Jñana Mandiram de Brasilia,
Janaka, Mahadeva, Mães Karuna e Shanta, Surendra & Janaki,
Vandinha, Antonio, Henrique & Fioretta, Shankara & Girija, Serra &
Isha Priya, Ishwari, Ekanath, Mira, Narendra & Chandramani, Murali &
Padma e Dudu & Silvia).
Aos amigos e colegas do Integrative Yogatherapy (Joseph & Lilian
LePage da Montanha Encantada em Garopaba, SC), da ABPY (RJ), da
ABRA (dr. Aderson Moreira da Rocha, RJ) e do SINPYERJ. Namaste !
145
Ao Vidya Mandir (Glória Arieira), Iskcon (Movimento Hare Krsna),
Ananda Marga, Siddha Yoga, Brahma Kumaris, Movimento Sai Baba,
Self Realization Fellowship, Ordem Ramakrishna e Mosteiro Budista de
S. Teresa (RJ), lugares por onde andei, interagí e aprendí muito. Hari
OM ! Haribol ! Namaskar ! OM Shanti !
A Fraternidade Aurora Espiritual (Helder Carvalho & Fadynha, RJ), ao
Sitio Amor Divino (Sergio de Carvalho, Vargem Grande, RJ), ao
Atmacharya Ashram (Narendra & ChandraMani, Visconde de Mauá,
MG) e a Fazenda Mãe Dágua (Georg Kritikós Sarvananda, BH/MG),
onde vivi experiências de comunidades espirituais rurais nos anos 80.
Aos meus colegas, alunos, clientes e funcionários do Espaço Saúde (e
a meu sócio Ralph Viana), da ASBAMTHO (Donati Caleri), do CITARA
(Roberto Nogueira), do Instituto Collunas (Claudio Senra), do Espaço
Aprender a Conviver (Marilu Montenegro & Marilene Pitta) e da Casa
Tebecato (Teresa), no RJ. E ao Espaço Luzeiro (Renato e Valéria) e ao
Espaço Transformação (Cyro Leão) de SP. Todos lugares onde
trabalhei e troquei muito. Gratidão !
Aos amigos, colegas, clientes e alunos do Alinhamento Energético do
Brasil, especialmente Aloysio Delgado Nascimento (xamã Dior Allem)
seu canalizador e sistematizador, Mônica Oliveira (Fogo Sagrado) sua
continuadora e reformadora, Letícia Tuí, Tatiana Auler, Alex Fausti,
Carlos Humberto Soares Jr., Ana Lucia Augusto, Priscilla Pinto, Angela
Fuzaro (que canalizou e pintou as Cartas dos Guardiões do Ministério
de Cristo) e Desirée Costa & Carlos Henrique Alves Correa (Ouro
Verde, SP). Alegria !
A todos os amigos, colegas, clientes e alunos do Fogo Sagrado da
Alemanha e da Áustria, especialmente Eckart Böhmer, Peter & Dagmar
Nemetz, Matthias Bohn & Claudia Gold, Peter Hermann, Ana Maria
Schaz, familia Lund, Samuel Bartussek, Dagmar Neugebauer, Tahira &
Günther Baumgärtner, Thomas & Connie Hohenstatt e Claudia Kern
(que escreveu o primeiro livro sobre Fogo Sagrado lançado no mundo).
A “tribo” do Metaforum, especialmente Bernd Isert, Sabine Klenke,
Cornelia Benesch e Cecilio Regojo (meus mestres de Constelações
Sistêmicas).
A Bert Hellinger, Matthias Varga, Gunthard Weber e Stephan Hauser,
pelo que eu tenho podido aprender sobre Constelações Familiares e
Sistêmicas através de seus preciosos escritos.
A todos os Sábios, Santos e Mestres de todas as Religiões, Escolas e
Filosofias, especialmente Buddha, Jesus Cristo, Vyasa, Patanjali,
Shankaracharya, Bhagavan Shri Ramana Maharshi, Bhagavan
Ramakrishna Paramahansa, Paramahansa Yogananda, Krishnamurti,
Osho, Mahatma Gandhi, S. Francisco de Assis, S.Tereza D’Ávila e
Eckhart Tolle.
146
A Allan Kardec, Helena Blavatsky, Sigmund Freud, C.G.Jung e Wilhelm
Reich, por terem sido, na minha opinião, verdadeiros gigantes que
abriram importantes portais no mundo ocidental moderno (além de
terem contribuído muito na minha formação pessoal e profissional,
cada um do seu jeito).
A Leonard Orr e Stanislav Grof por terem desenvolvido importantes
trabalhos sobre a terapia da respiração – Rebirthing e Respiração
Holotrópica, respectivamente – que juntamente com a ciência yogi do
Pranayama, embasam meu trabalho com respiração terapêutica.
Aos pais da Física Quântica - Niels Bohr, W. Heisenberg, Planck,
Schroedinger e tantos outros, a Einstein e aos modernos Fritjof Capra,
Ken Wilber, Deepak Chopra, Rupert Sheldrake, Bruce Linpton, Amit
Goswami, dentre muitos outros que tem possibilitado a que o novo
paradigma holístico/sistêmico que está se (re)implantando no planeta
pudesse ter algum respaldo científico.
A Bia Martins, Kátia Fonseca, Manfredo Jr., Paulo Amorim e Fernanda
Vilela, que tem produzido com eficiência e bom gosto todo o meu
material de trabalho (websites, folders, flyers, cartazes, material para
imprensa e para internet, etc.).
As editoras Alhambra (Joaquim Campelo Marques, RJ), Sol Nascente
(Claudio Carone, SP), Aquariana/Ground (José Venâncio, SP) e Vida e
Consciência (família Gasparetto e Marcelo Cesar, SP) que fraternal e
competentemente editaram e publicaram todos os meus livros nestes
últimos 30 anos.
A Betty (Tulasi Gita), Paula (Prema), Márcia (Purnima) e Mônica (Ma
Amrit Sangit), e suas famílias, que compartilharam amorosa e
solidariamente comigo de muitas etapas importantes do meu caminho.
Aos meus filhos Pedro (e sua Myllena), Ravi e Hari (e sua Eliza), a
minha neta Dandara, a minha mãe “postiça” Luciana, a minha irmã
“postiça” Antonella, aos meus filhos “postiços” Miatã e Tatiana, a
minha neta “postiça” Bianca, e ao meu irmão Rogério e sua família.
A minha amada esposa e parceira Gabrielah Carvalho (Tamani) e sua
familia.
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OUTROS LIVROS DO AUTOR
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•
Pequeno Manual de Agricultura Alternativa. Ed. Sol Nascente
(1982).
Novo Manual de Agricultura Alternativa. Ed. Sol Nascente
(1985).
Céu da Boca, 104 Receitas com Vegetais. Ed. Alhambra
(1986).
Música Devocional do Ocidente e do Oriente. Ed. Alhambra
(1987).
Dicionário Prático de Ecologia. 1ª edição, Ed. Alhambra
(1992). 2ª edição, Ed. Ground/Aquariana (2001).
Manual Prático de Agroecologia, Editora Ground/Aquariana
(2002).
Fogo Sagrado, Editora Vida e Consciencia (2010)
EM PREPARO
. Alinhamento Energético, uma terapia quântica para o Terceiro Milênio.
. Dicionário Prático de Ecologia, 3ª. edição revisada e aumentada
. Dicionário Prático de Agroecologia
. Dicionário das Artes Divinatórias
. Dicionário Prático de Apicultura
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Documentos relacionados