Anais IIICBAA (comunicações)

Transcrição

Anais IIICBAA (comunicações)
A AVENTURA DO HERÓI NO SURFE DE TOW-IN EM ONDAS GIGANTES.
MSDO.NEY FELIPPE DE BARROS RODRIGUES COCCHIARALE
MSDO. SÉRGIO LUIZ GOMES DE AZEVEDO
PROFA. DRA. VERA LÚCIA DE MENEZES COSTA
LIRES-LEL – UNIVERSIDADE GAMA FILHO, RIO DE JANEIRO – RJ
RESUMO
O esporte contemporâneo vem testemunhando o crescimento de atividades físicas
realizadas na natureza, que têm como características marcantes a aventura e o risco.
Alavancadas pelo avanço da tecnologia que possibilitou uma melhor segurança,
previsibilidade, planejamento e cálculo do risco, essas atividades expandiram os seus
limites ao ponto de alguns aventureiros lidarem com situações extremas onde o preço a
pagar pode ser a própria vida. O surfe de tow-in em ondas gigantes estabelece uma
relação intensa com a natureza que adquire e produz significados. O OBJETIVO deste
estudo foi analisar a presença do mito do herói no imaginário dos praticantes desse
esporte, expressos nos relatos presentes no filme Tow In Surfing (2005), sendo utilizada a
análise do discurso de Orlandi (2003) para a sua interpretação. As imagens capturadas
desses discursos conduzem a uma idéia geral de luta heróica dos surfistas, numa relação
de ambivalência entre o homem e a natureza.
INTRODUÇÃO
O esporte contemporâneo vem testemunhando o crescimento de atividades físicas
realizadas na natureza, que têm como características marcantes a aventura e o risco. O
homem procura por elas motivado pelo desafio, testando e ampliando seus limites num
jogo com forte valor simbólico, em uma relação com o meio natural que ora tende para o
enfrentamento, ora para a comunhão. Costa (2000) diz que essa aventura é carregada de
sentidos lúdicos, com riscos espontaneamente assumidos num jogo de auto-superação,
confiantes na sua capacidade técnica e na segurança propiciada pelo uso de equipamentos
desenvolvidos pela tecnologia.
Por trás das atitudes desses aventureiros encontramos mitos, um dos alicerces do
imaginário, que dão sentido a suas vidas. Assim, o que motiva esses esportistas a buscarem
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desafios cada vez maiores não se explica apenas pela razão. Fatores subjetivos têm um
apelo significativamente maior nas suas decisões, impulsionando seus estilos de vida na
busca de sensações cada vez mais extremas.
O mito do herói talvez seja o que mais influencia nas decisões desses esportistas,
independente da sua cultura, pois o ser humano que se arrisca no desconhecido e realiza
façanhas extraordinárias sempre desperta o interesse e admiração de todos nós (MÜLLER,
1997).
O surfe vem tendo destaque na mídia pela beleza e plasticidade dos movimentos realizados
pelos surfistas deslizando por uma parede de água. Quanto maior é a onda, maior parece
ser o seu fascínio e a capacidade de atrair a atenção pelo sentimento do perigo iminente
que desperta.
A busca da onda perfeita parece estar impregnada no imaginário dos surfistas (CHALITA,
2006). Mas, não basta ser a melhor, tem que ser a maior! Conseguir pegar a maior onda do
dia, deslizar em sua parede e sair vitorioso parece trazer um sentimento de auto-realização,
de superação e de orgulho que não só desperta no surfista uma satisfação indescritível,
como atrai a admiração e o respeito dos demais.
Esse desejo impulsionou alguns surfistas a testar suas habilidades em condições de ondas
cada vez maiores. O sucesso de alguns e a tragédia de outros foram empurrando seus
limites para outro nível, marcado pelo fisicamente possível de ser realizado com o
equipamento disponível. Ondas que podiam chegar a 30 metros de face atraíam a atenção
desses esportistas, mas eram impossíveis de serem surfadas devido ao seu tamanho e a
então atual construção das pranchas.
Com o desenvolvimento tecnológico e o surgimento de veículos aquáticos mais velozes e
versáteis, aliado ao uso equipamentos de segurança, o tamanho e a velocidade da onda não
são mais obstáculos intransponíveis. A constante evolução desses equipamentos parece que
rompeu as barreiras do possível e expandiu os limites do imaginável.
O surfe de Tow-in em ondas gigantes requer o uso de um jet-ski, equipamentos de
segurança e pranchas com alças para os pés. Diferente do surfe tradicional, é um esporte de
equipe onde a interação piloto do jet-ski/surfista é determinante para o resultado, sendo
imprescindível que ambos sejam surfistas experientes de ondas grandes. Os pilotos
procuram posicionar o surfista na parte certa da onda que se movimenta rapidamente,
possibilitando que ele tenha condições de pegar ondas que geralmente seriam impossíveis
de se conseguir pela remada. Sendo um esporte perigoso, estabelece compromissos entre
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os parceiros, pois a vida do surfista depende da habilidade de seu parceiro em pilotar o jetski, ajudar nas escolhas de ondas e entrar na zona de impacto para o resgate antes que a
próxima montanha de água role sobre eles.
OBJETIVO
Analisar a presença do mito do herói no imaginário dos praticantes de surfe de tow-in em
ondas gigantes, expressos nos relatos coletados no filme Tow In Surfing (2005).
MÉTODO
Foi feita a transcrição dos relatos presentes no filme Tow In Surfing (2005) que é um
documentário sobre a modalidade narrado pelos próprios surfistas. Embora, o filme se
organize a partir da representação sobre o que foi editado por quem o produziu, podendo
não ser o pensamento dos atores, mas a imagem que desejam veicular, causa impactos
sobre a imaginação humana, o que constrói e difunde um imaginário no público de
praticantes e simpatizantes desse esporte. Para a sua interpretação, foi utilizada a análise do
discurso de Orlandi (2003).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
As imagens selecionadas conduzem a uma idéia geral de luta heróica dos surfistas, numa
relação de ambivalência entre o homem e a natureza. O surf de ondas gigantes parece
trilhar por duas vias que se entrelaçam: a do sagrado e a da estética. Neste sentido, a
imagem é subjetividade humana de viagem interior, representação do sensível
(WUNENBURGER, 2001). O praticante de Tow-in em ondas gigantes estabelece uma
relação intensa com a natureza em que os componentes de risco e aventura estão presentes
nos níveis mais elevados, onde encontramos os elementos presentes na jornada do herói:
separação – iniciação – retorno, cuja jornada é personificada por esses esportistas do
extremo.
REFERÊNCIAS
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About Towsurfing. Disponível em: <http://www.towsurfer.com/about.asp>. Acessado em
24/11/2006.
CAMPBELL, J. O herói de mil faces. São Paulo: Cultrix / Pensamento, 2006.
CHALITA, Marcos. A. O imaginário do surfista: uma aventura no mar. Dissertação
(Mestrado em Educação Física) PPGEF, Universidade Gama Filho, Rio de Janeiro, 2006.
COSTA, Vera L. de M. Esportes de aventura e risco na montanha – um mergulho no
imaginário. São Paulo: Manole, 2000.
FERREIRA, Nilda T. Olhares sobre o corpo e imaginário social. In: VOTRE, S. J. (Org.).
Imaginário & representações sociais em educação física. Rio de Janeiro: Gama Filho,
2001. p. 13-43.
LE BRETON, David. A sociologia do corpo. Petrópolis: Vozes, 2006.
_____. Playing symbolically with death in extreme sports. In: Body and Society, Vol 6,
No. 1: 1-11. 2000.
MÜLLER, Lutz. O herói – todos nascemos para ser heróis. São Paulo: Cultrix, 1997.
WUNENBURGER, Jean-Jacques. Philosophie des imagens. Paris: PUF, 2001.
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Ney Felippe de Barros Rodrigues Cocchiarale - [email protected]
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A CANOAGEM E A PESSOA COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL
PROF. ÁLAN A. SCHMIDT
PROFA DRA. ELINE T. R. PORTO
UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA
NUCORPO – NÚCLEO DE PESQUISA EM CORPOREIDADE E PEDAGOGIA DO
MOVIMENTO
RESUMO
O objetivo deste estudo, o qual está em andamento, é de observar, analisar e compreender
as ações corporais das pessoas com deficiência intelectual, suas interrelações pessoais e
com o ambiente, no aprendizado da canoagem. Participam da pesquisa 11 alunos de uma
escola de canoagem. O metodologia utilizada é a pesquisa qualitativa, a partir da
observação sistemática, com o uso de diário de campo, para efetuar as análises e
discussões dos resultados preliminares apresentados.
INTRODUÇÃO
Navegar por águas desconhecidas, motivados pelo desafio de encontrar algo nem bom,
nem ruim, apenas diferente do que estamos acostumados a vivenciar no nosso cotidiano.
Esse é o norte que buscamos em nosso trabalho, observar e revelar as relações existentes
da pessoa com deficiência intelectual e a prática da canoagem.
Entendemos por canoagem o simples ato de conduzir uma embarcação com o auxílio de
remos (TEREZANI, 2004).
A problematização desse estudo surge de algumas dúvidas freqüentes: Quais as estratégias
usadas pelo professor durante a aula? Como se dá o aprendizado da canoagem pelo aluno
com deficiência intelectual? Quais as ações corporais manifestadas pelos alunos na prática
da canoagem? Como acontecem as relações interpessoais no grupo e com o ambiente?
OBJETIVO
Observar, analisar e compreender as ações corporais das pessoas com deficiência
intelectual, suas interrelações pessoais e com o ambiente, no aprendizado da canoagem.
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MÉTODO
Estamos realizando pesquisa bibliográfica a partir das técnicas propostas por Severino
(2000) consultando livros, periódicos científicos e, pesquisas on line sobre atividade física
adaptada e por plavras chaves referentes ao estudo. A pesquisa de campo está acontecendo
em uma escola de canoagem, existente em Piracicaba/SP e conta com 11 alunos com mais
de 12 anos de idade. Esta iniciou-se em março de 2008, a partir da aprovação do Comitê de
Ética em Pesquisa- CEPE da UNIMEP/Piracicaba, sob o protocolo no. 49/07.
A coleta dos dados está sendo realizada a partir da observação sistemática das aulas de
canoagem as quais são anotadas em diário de campo, o qual apresenta os seguintes tópicos:
1) estratégias, procedimentos e materiais utilizados pelo professor; 2) desempenho dos
alunos nos aspectos cognitivo, motor, afetivo e social; 3) relações estabelecidas entre
alunos; entre aluno e professor e entre alunos e o ambiente. Os resultados e discussões
serão realizados a partir da elaboração de unidades de registro que de acordo com Minayo
(1996), para examinarmos o conteúdo das mensagens do texto.
RESULTADOS E DISCUSSÕES PRELIMINARES
Por se tratar de um estudo em andamento, os resultados apresentados são preliminares.
Mediante eles observamos que alguns alunos apresentam dificuldades para compreender,
imitar e realizar movimentos de alongamentos e de equilíbrio mais complexos, que
segundo Rodrigues (2006, p. 55) a pessoa com deficiência intelectual tem “dificuldade em
processar muita quantidade de informação e usar símbolos a adaptação ao desempenho”.
Mesmo com dificuldades na realização dessas tarefas, os alunos procuram sempre se ajudar,
dão dicas de como fazer, fazem brincadeiras positivas, criando vínculos nas relações o que
facilita a aprendizagem. Para França e Zuchetto (2006, p. 226), a necessidade de se
comunicar e se ajudar evidenciam que a atividade motora “proporciona aos indivíduos o
engajamento nas atividades de forma a estabelecerem interações sociais positivas”.
Durante as atividades, notamos grande interesse em relação a natureza. Alguns alunos
sempre observam e tecem comentários sobre árvores, pássaros e a água. Para Schwartz e
Carnicelli Filho (2006) esse envolvimento pode ser entendido como a necessidade de se
aproximar da natureza e também, vivenciar novas emoções diferentes das do cotidiano.
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CONCLUSÃO
Observando e considerando o ser humano como um ser complexo e individual, os alunos
se revelam e mostram onde, como e quando nós, professores, temos possibilidades para
entendermos cada um, dentro do grupo, no aprendizado da canoagem. Pois, como sugere
Rodrigues (2006), a atividade motora, como qualquer outro tipo de atividade, pode ser
observada especificamente, contudo ela sempre será a expressão multifacetada que se
exprime numa unidade.
REFERÊNCIAS
FRANÇA, C. ; ZUCHETTO, A. T. Comportamentos esperados e ocorridos por pessoas
com síndrome de Down em sessí es de atividade motora adaptada. XI Congresso Ciências
do Desporto e Educação Física dos Países Língua Portuguesa. Revista brasileira de
educação física e esporte, v. 20, p. 226-34, suplemento 5, São Paulo, 2006.
MINAYO, M. C. de S. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. São
Paulo: Hucitec, 1996.
RODRIGUES, D. As dimensões de adaptação de actividades motoras. XI Congresso
Ciências do Desporto e Educação Física dos Países Língua Portuguesa, Revista brasileira
de educação física e esporte. v. 20, p. 53-58, suplemento 5, São Paulo, 2006.
SEVERINO, A. J. Metodologia do trabalho cientifico: Aspectos técnicos da redação. 21°
ed. São Paulo: Cortez, 2000.
SCHWARTZ, G. M.; CARNICELLI FILHO S.
(Desin)
Formação
profissional
e
atividades de aventura: Focalizando os guias de rafting. XI Congresso Ciências do
Desporto e Educação Física dos Países Língua Portuguesa, Revista brasileira de
educação física e esporte. v. 20, p. 53-58, suplemento 5, São Paulo, 2006.
TEREZANI, D. R. A popularização da canoagem como esporte e lazer- O caso de
Piracicaba. [Dissertação]. Programa de Mestrado em Educação Física, Universidade
Metodista de Piracicaba. Piracicaba, 2004.
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Álan Annibal Schmidt - [email protected]
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A ESCALADA INDOOR E O MUNDO DA CRIANÇA
PROFA. DRA. ELIETE MARIA SILVA CARDOZO
RESUMO
O objetivo deste estudo é conhecer a escalada indoor, atividade de aventura desenvolvida
por crianças e buscar caminhos para compreender como o lúdico se manifesta neste
espaço. A escalada indoor está associada à idéia de fruição corporal, carregada de um
inesgotável valor simbólico, o reflexo da experiência lúdica que existe nessa atividade,
remetendo a criança a uma vertigem imaginária que a faz flutuar ao sabor das emoções. A
escalada indoor se apresenta como uma manifestação da subjetividade humana que
alimenta a fantasia e os sonhos, produzindo significações e sentidos que se encontram
implícitos; e também como uma atividade que se configura a partir de um conjunto de
símbolos e pressupõe uma trilha imaginária.
A ESCALADA COMO LAZER NO MUNDO DA CRIANÇA
Na última década o espaço do lazer ampliou seu campo de atuação e a partir do lugar de
destaque que o lazer vem ocupando temos a intenção de lançar um breve olhar sobre as
práticas de aventura desenvolvidas por crianças nesses espaços. Para iniciar essa trajetória
elegemos a escalada indoor1 sendo entendida como uma manifestação cultural que envolve
uma rede de sentidos, associada à idéia de fruição corporal, e carregado de um inesgotável
valor simbólico. A fruição corporal é o reflexo da experiência lúdica e remete a criança a
uma vertigem imaginária que a faz flutuar ao sabor das emoções.
A escalada só produz sentidos reais e imaginários quando a parede de escalada e a
criança se unem como um amálgama, quando a parede de escalada e a criança se
confundem no vaivém da brincadeira. Corpo e parede passam a dançar ao som da música
dos anjos.
.
Esse tipo de atividade esta começando a fazer parte do cotidiano das crianças que
estão na faixa etária entre sete e doze anos. A escalada indoor se constrói a partir da
interação entre a criança e a parede de escalada. E nessa interação os objetos que fazem
1
A Escalada Indoor é uma modalidade do Alpinismo praticada normalmente em pequenas (vias curtas,
raramente com mais de 30 metros de extensão e na maioria das vezes negativas). (site da Academia Estação do
Corpo, 2003).
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parte do seu mundo real também estão nessa relação e são imagens formadas por um
conjunto de símbolos, que para Mircea Eliade (1999), revela sempre, qualquer que seja o
contexto, a unidade fundamental de várias zonas do real.
Podemos assim dizer que a escalada é vivida real e imaginariamente, e que a relação
existente entre a criança e a parede de escalada nos remete a dois pontos importantes: a
escalada como uma imagem constituída a partir de um conjunto de símbolos presentes na
cultura e a relação da criança com a parede de escalada pressupondo uma trilha imaginária.
Essas duas situações estão relacionadas com a experiência lúdica e com um sistema
simbólico. Para tentar compreendê-las, a trama desse artigo segue procurando fazer uma
aproximação com o mundo lúdico na perspectiva de Callois (1990).
O JOGO DA ESCALADA INDOOR A PARTIR DO OLHAR DE ROGER CAILLOIS
O mundo é explorado pela criança através do seu corpo. O adulto que acompanha uma
criança desde o nascimento, ensinando-lhe que a bola é para ser jogada com as mãos ou
com os pés, que o chapéu é para ser colocado na cabeça, passa a observar que agora ela é
capaz de penetrar no lado invisível do seu mundo simbólico, utiliza a bola como um amigo,
o chapéu como uma cabana e aquele momento de escalar a parede pode ser vivido como a
escalada de uma grande montanha, enfrentando o frio, o vento forte e a chuva. Ao começar
interagir com o lado invisível de seu mundo simbólico ela vive o seu mundo lúdico.
O olhar de V. L. M. Costa (2000) sobre o lúdico nos diz que o que é fundamental na
atividade lúdica parece ser o trabalho da transformação simbólica a que se submete o ator,
elaborando a experiência na fantasia lúdica (p.111). A criança quando transforma a
parede de escalada numa grande rocha está elaborando essa fantasia na experiência lúdica.
É um jogo entre o objeto simbólico parede de escalada e o corpo da criança, produzindo
prazer, alegria, emoção, enfim, fruição corporal. O corpo e o objeto neste jogo se unem e
explodem numa inesgotável vertigem imaginária.
O jogo, para Caillois (1990), é uma atividade livre em que o homem se encontra liberto de
qualquer apreensão a respeito de seus gestos. Ele define-lhe o alcance. Define igualmente
as condições e as finalidades (p.158). O mesmo parece acontecer com a escalada. Quando
ela conquista a liberdade para organizar a brincadeira, distante das regras que socialmente
são impostas, a sua movimentação corporal passa a fluir de forma livre, e ela vai
negociando consigo mesma até onde quer ir, como e por que. É uma trilha imaginária
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construída ao sabor dos seus interesses, desejos e necessidades, como mostra Duvignaud
(1997): Uma brecha que se abre na continuidade real de um mundo estabelecido e
desemboca num vasto campo de combinações possíveis distintas da configuração sugerida
pela ordem comum (p.86).
É o espaço em que a criança desprende-se de um cotidiano cercado de normas e regras
construídas desde a sua chegada ao mundo. Ela acaba descobrindo essa brecha que existe
em seu ser e que lhe permite transitar pelo mundo lúdico e depois retornar ao seu cotidiano,
com sua alma renovada, com paz, alegria e tranqüilidade.
Esses dois espaços em que a criança transita, o mundo lúdico e o seu cotidiano, podem ser
comparados aos dois pólos que Caillois (1990) define para o jogo: a paidia e o ludus. A
paidia está ligada à diversão, à turbulência, à improvisação, às proezas, às manifestações
espontâneas do jogo e à expansão; o caráter desregrado e inesperado. É o momento em que
a criança se transforma em um escalador de montanhas e caminha nessa brecha que lhe
permite alcançar o mundo do improviso, da negociação consigo mesma, da
espontaneidade, da fruição. O ludus é um complemento da paidia, são as normas e as
regras. Nesse momento a parede de escalada é utilizada conforme é conhecida socialmente,
ótima forma de lazer e uma alternativa para o bom condicionamento físico, trazendo
também noções de responsabilidade e trabalho em equipe, como também, técnica,
coordenação, equilíbrio, concentração e coragem. A atividade acontece subordinada às
regras predeterminadas. E assim, as brincadeiras transitam através da paidia e do ludus.
Complementando o entendimento sobre jogo, Caillois propõe a sua divisão em agon, alea,
mimicry e ilinx. Na categoria agon predominam as características da competição, na alea
as da sorte ou azar, na mimicry a simulação e na ilinx a vertigem. Na escalada indoor as
categorias que mais se destacam são: agon e mimicry.
Na categoria agon observa-se o lado competitivo da escalada indoor, o OBJETIVO é
cumprir as regras da modalidade e ser o melhor para vencer a competição. Um exemplo de
mimicry pode ser visto quando a criança transforma a parede de escalada numa grande
rocha e representa este papel, mergulha nesse contexto social e procura representá-lo,
fazendo com que as pessoas e ela própria acredite que realmente está vivendo essa
aventura.
Contudo, observamos que essa brecha que se abre no cotidiano das crianças que praticam
escalada indoor precisa de maior atenção, pois já foi comprovado que a parte lúdica da
experiência humana tem sido ocultada pelos historiadores, sociólogos, antropólogos e que
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tem passado de forma despercebida por eles. E, por outro lado, a filosofia não dá
importância e os psicólogos e psicanalistas se interessam por ela, mas em relação exclusiva
com a infância (Duvignaud, 1997, p.13).
ALGUNS CAMINHOS
Percebemos que a escalada indoor foi entendida como uma atividade lúdica, carregada da
fruição corporal, que se manifesta através da subjetividade humana, alimentando a fantasia
e os sonhos das crianças, produzindo significações e sentidos que se encontram implícitos;
e também como uma atividade que se configura a partir de um conjunto de símbolos e
pressupõe uma trilha imaginária.
REFERÊNCIAS
BROUGÈRE, Gilles. (2000). Brinquedo e cultura. São Paulo: Cortez.
CAILLOIS, Roger. (1990). Os jogos e os homens: A máscara e a vertigem. Lisboa:
Cotovia.
COSTA, V. L. M. (2000). Esporte de aventura e risco na montanha. Um mergulho no
imaginário. São Paulo: Manole.
DUVIGNAUD, J. (1997). El juego del juego. Colômbia: Fondo de Cultura Econômica
Ltda.
ELIADE, Mircea. (1999). O sagrado e o profano – A essência das religiões. São Paulo:
Martins Fontes.
GRAVIDADE, Z. [on line]. Disponível: http;// www.verticalindoor.com.br. [capturado em
22 de março de 2003].
SANTIN, Silvino. (1996). Educação Física: Da alegria do lúdico à repressão do
redimento. Porto Alegre: EST/ESEF-UFRGS.
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Eliete Maria Cardozo Coelho - [email protected]
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A EXPERIÊNCIA DOS CURSOS DE CAMPO EM ECOLOGIA DE DOSSEL DA
PÓS-GRADUAÇÃO DA UNICAMP PARA AS ATIVIDADES DE AVENTURA EM
COPAS DE ÁRVORES
Ms. MARCIAL COTES234
Dra. MÁRCIA ALEXANDRA ROCCA135
IVAN GUSTAVO PINHEIRO SOLER36
Ms. BENJAMIM BORDALO DA LUZ37
Ms. MARCIA MOREL12
Dra. TALITA FONTOURA134
RESUMO
O dossel florestal – a última fronteira entre as copas das árvores e a atmosfera – contém
uma grande diversidade de organismos e de interações ainda a serem estudadas. Durante
os Cursos de Campo de Ecologia de Dossel da Pós-Graduação em Ecologia da Unicamp,
através do método parcial os alunos aprenderam a técnica denominada de ascensão em
“single rope” com “back-up” e descenso com auxílio de aparelhos auto-blocantes. A
ausência de publicação de norma técnica no turismo de aventura, por parte do ministério
do turismo, permiti sugerir está técnica que capacitou pesquisadores no acesso às copas
de árvores, para ser implementada na escalada de árvores dentro do mercado das
atividades físicas de aventura na natureza. Porém, é importante ressaltar que, visando
aventura, turismo ou ecoturismo, o guia deve ser experiente e dominar as técnicas de
escalada, além de realizar um monitoramento constante das pessoas envolvidas.
INTRODUÇÃO
A tecnologia tem viabilizado possibilidades de acesso às copas de árvores e pesquisas no
dossel8 florestal, desde o alpinismo adaptado às copas das árvores até balões, dirigíveis,
2
Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC – BA)
Departamento de Ciências da Saúde (UESC – BA)
4
Grupo de Pesquisa em Biologia de Dossel / CNPq
5
Departamento de Ciências Biológicas (UESC – BA)
6
Graduando em Engenharia Florestal Universidade Federal do Amazonas (UFAM – AM)
7
Ibama – Supes (RR)
3
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plataformas, passarelas e outros equipamentos (LOWMAN; WITTMAN, 1996), que têm
contribuído para novas descobertas sobre a diversidade de organismos e de interações na
camada superior das florestas (LOWMAN; WITTMAN, 1996; ROCCA; SAZIMA, 2008).
Como as normas técnicas para o turismo de aventura do Ministério do Turismo não
abordam a escalada em árvores, este ensaio sugere que a técnica single rope com back-up
(COTES; LUZ; SOLER, 2006), seja utilizada para ascensão em copas de árvores. Esta
atividade pode ter potencial no mercado das atividades físicas de aventura na natureza
(AFAN) (BETRÀN; BETRAN,1995) no Brasil.
OBJETIVO
Ao analisarmos os dois métodos de alpinismo adaptado à escalada em árvores, o double
rope (DIAL; TOBIN, 1994; JEPSON, 2002; LILLY, 2006) e o single rope (PERRY,
1981), concluímos que a última técnica é a mais adequada para capacitar pesquisadores no
acesso ao dossel, devido à sua menor complexidade. Todavia, ciente da possibilidade de
falhas, adotamos o sistema de back-up (COTES; LUZ; SOLER, 2006). A experiência
mostra que o tempo de cinco dias é suficiente para o aprendizado nos Cursos de Campo de
Ecologia de Dossel.
Como na pesquisa em ecologia de dossel, a técnica de ascensão de single rope com backup poderia ser utilizada por instrutores/escaladores para orientar o público para ascender
em árvores nas áreas de reservas de uso público para lazer, ecoturismo e turismo.
MÉTODO
A metodologia dos Cursos de Campo de Ecologia de Dossel (CCED) da PósGraduação em Ecologia da Unicamp (FONTOURA; SANTOS; RIBEIRO, 2007) foi
baseada em etapas nas quais dúvidas ou falhas no aprendizado eram imediatamente
detectadas e corrigidas. Este MÉTODO é denominado de MÉTODO Parcial na área de
conhecimento da Educação Física (DIETRICH; DÜRRWÄCHTER; SCHALLER, 1984).
A técnica vertical de ascensão empregada foi a single rope com back-up (COTES;
LUZ; SOLER, 2006). Esta técnica foi discutida e referendada durante o workshop de
8
Conjunto das copas das árvores, abrangendo grande diversidade de interações biológicas, físicas e químicas,
e sendo a porção receptora da maior parte da energia que sustentam esses ecossistemas (GCP, 2004).
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Projetos em Ecologia de Longa Duração (PELD) para pesquisa no dossel florestal que,
entre outros objetivos, recomendou “buscar e estimular a partilha de benefícios oriundos
do dossel como, por exemplo, o uso sustentável de seus recursos e o ecoturismo (GCP,
2004).”
RESULTADOS
O sistema é montado com a ponta da corda estática no tronco de uma árvore utilizando o
nó volta do fiel. A segunda ancoragem fica em outra árvore com fita tubular e um aparelho
descensor auto-blocante, denominada ancoragem dinâmica que possibilita o segurador, o
qual está no chão, descer o escalador pela própria corda estática (COTES; LUZ; SOLER,
2006).
Para a ascensão em single rope foi utilizado o método sapo (BECK, 1995) e para o
descenso de iniciantes se recomenda a utilização de aparelhos auto-blocantes (COTES;
LUZ; SOLER, 2006). Além da segurança da corda dinâmica, indica-se a utilização de um
sistema denominado de auto-segurança (FASULO,1995).
CONCLUSÃO
Nas três edições do CCED o resultado foi positivo (FONTOURA; SANTOS; RIBEIRO,
2007), pois discentes que fizeram o curso continuam utilizando as técnicas para
desenvolverem suas pesquisas, principalmente em Pós-Graduações. Sugerimos que os
discentes que passaram pelos cursos continuem exercitando as técnicas visando o
aprimoramento.
É importante ressaltar que o guia de AFAN em copas de árvores visando aventura, turismo
ou ecoturismo, deve ser experiente e dominar as técnicas de escalada, além de realizar um
monitoramento constante durante a ascensão, ancoragem na copa e descenso. Para isso,
indicamos a técnica de single rope com back-up para ser implementada em AFAN no
dossel florestal.
REFERÊNCIAS
BECK, Sérgio. Com Unhas e Dentes. São Paulo: ed. independente, 1995.
BETRÁN, J. O.; BETRÁN, A. O. Las crisis de la modernidad y el advenimiento de la
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posmodernidad: el deporte y las prácticas físicas alternativas en el tiempo de ocio activo.
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Marcial Cotes - [email protected]
III Congresso Brasileiro de Atividades de Aventura “Conquistando Novas Vias”
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APROXIMAÇÕES ENTRE LAZER, MEIO AMBIENTE E CULTURA:
DISCUTINDO A QUESTÃO DA EXPERIÊNCIA À SENSIBLIZAÇÃO
PROF. MS. SAMUEL GONÇALVES PINTO
FACULDADES SUDAMÉRICA-CATAGUASES-MG
GRADUANDA MARIE LUCE TAVARES - UFV
GRADUADO DIOGO SANTOS SILVA
GRADUADO WESLEY JOSÉ COCATI
RESUMO
A preocupação com questões relativas ao meio ambiente se relaciona de maneira íntima
com a questão da experiência, ou seja, as práticas corporais ganham determinados
sentidos a partir do contato com determinadas realidades, onde a questão da
sensibilização pode ser apresentada. As atividades desenvolvidas pelos indivíduos no seu
tempo livre, revela gostos e preferências, o contato dos mesmos com o espaço, promove
diferenciadas sensações, as intervenções podem se mostrar como possibilidades
educativas no que se refere à essa produção de sentidos. Esses sujeitos trazem consigo
seus ideais, crenças, valores, modos de conduta, identidades que refletem e se deixam
refletir pelo contato com a realidade social. Dessa forma o objetivo do presente estudo é
perceber a relação existente entre Cultura, Meio Ambiente e Sensibilização, a partir de
propostas de intervenções no âmbito do lazer.
INTRODUÇÃO
Acerca da temática do lazer, e dentre os diversos estudos que o abordam, percebemos que
o mesmo em nossa sociedade ainda é influenciado pela lógica do liberalismo, representado
pela indústria do entretenimento, na ótica do individualismo e do consumismo. Dessa
maneira, o lazer vem sendo tratado de modo a ocupar o tempo disponível das pessoas, sem
a preocupação de propiciar criatividade e vivências que colaborem para a formação da
identidade cultural a partir de atividades que refletem interesses e ideologias.
Os momentos de lazer podem ser uma possibilidade de intervenção onde novos vínculos
sociais podem ser formados, surgidos a partir da emoção compartilhada ou do sentimento
coletivo, estabelecendo conexões entre a ética e a estética (MAFFESOLI, 1996). A
presença dessa “ética da simpatia” entre a contemplação da natureza e do corpo fortalece a
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ligação social através da comunhão com o meio ambiente e permite compreender situações
de fusão e momentos de êxtase, caracterizadores do clima contemporâneo.
APROXIMAÇÕES ENTRE CULTURA, LAZER E MEIO AMBIENTE
Não é possível pensar em lazer sem passar pelo mundo da cultura, uma vez que as pessoas
têm modos diferentes de ver a realidade, incluindo gostos, preferências e modos de
conduta que vão interferir na forma como as pessoas apresentam seu momento de lazer.
A sociedade impõe como certos ou errados as atitudes e os comportamentos dos indivíduos
que a compõem, sendo passados de geração para geração. Esses comportamentos e atitudes
transmitidos incluem, além de lutas para a sobrevivência, o modo como a ocupação do
tempo livre com atividades recreativas é encarado, considerado para alguns como fuga da
realidade e um equilíbrio para o trabalho, já para outros como algo desnecessário para a
sobrevivência.
A relação com o outro passa pela relação com o seu entorno, o contato com o espaço físico,
o meio ambiente e a Natureza, no sentido de respeito, valorização e cuidado,
desenvolvendo a percepção de se sentir fazendo parte de um todo maior. A ecologia é em
si mesma a percepção da Natureza exterior, incluindo a percepção da Natureza interna do
homem, construindo a noção de pertencimento a humanidade, a própria cultura e ao seu
local de habitação (CRUZ, 2005).
Para Mascarenhas (2002), conceber o lazer como prática social e pedagógica é ver no
conjunto de suas atividades a possibilidade de produção e construção de um conhecimento
que, em seu caráter crítico e emancipador, guarda estreita ligação com o real. Sua ação
educativa deve, portanto, ser vista como um constante teorizar a prática, cuja exigência de
processos organizados de abstração nos permite torná-la instrumento concreto de
aproximação e transformação da realidade.
Toda e qualquer oportunidade cultural que venha a instrumentalizar novos olhares,
possibilitando o redimensionar da educação, pode produzir mudanças de atitudes e valores
referentes ao envolvimento do indivíduo com o meio, as noções impressas pelas atividades
em contato com a natureza propiciam, momentos de formação da identidade do sujeito.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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A relação entre identidade do sujeito e realidade cultural pode se mostrar enquanto
alternativa interessante para o tratamento de questões relativas ao meio ambiente. Através
da expressão da leitura do indivíduo sobre o meio a partir da experiência, posicionamentos,
ações, valores e atitudes podem ser redimensionadas, ou seja, as marcas inscritas nesse
corpo, expressam sentidos, num processo de transformações constantes.
Dessa forma percebe-se que vivencias lúdicas no âmbito do Lazer relacionados a temática
meio ambiente, contextualizadas com propostas em educação ambiental podem se
apresentar segundo pressupostos para sensibilização com o controle e preservação do meio
onde os atores se inserem, contribuindo para mudança de comportamentos, atitudes e
valores.
REFERÊNCIAS
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Redonda Centro de Estudos. Dissertação (mestrado) Escola de Comunicações e Artes/USP.
São Paulo, 2005.
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MASCARENHAS, F. Lazer, Educação e Grupos Sociais: Pressupostos TeóricosMetodológicos. Coletânea do III Seminário O Lazer em Debate, UFMG: Belo
Horizonte, 2002.
MARCELLINO, Nelson C. Estudos do lazer: uma INTRODUÇÃO. Campinas: Papirus,
1996.
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ATIVIDADES DE AVENTURA: A PRESENÇA FEMININA NO PÁRAQUEDISMO
PROFA. DRA. RUTH FRANÇA CIZINO DA TRINDADE
UFAL
DIRETORA DO DEPARTAMENTO DE PÁRA-QUEDISMO DO AEROCLUBE DE
ALAGOAS
RESUMO
Este trabalho é um estudo de coorte cuja população-alvo foi composta por mulheres páraquedista, cujo OBJETIVO é de apresentar um perfil das mulheres de pára-quedismo,
assim como suas motivações para fazê-lo, dificuldades e facilidades para praticá-lo. A
média de idade das mulheres pára-quedista é de 33 anos; 55% são solteiras, 98% tem
nível universitário e 90 % exercem trabalho remunerado. A modalidade esportiva da
maioria das mulheres (53%) é o trabalho relativo-TR. O que as levou a prática do PQD,
entre outras, foi à adrenalina e vontade de voar. A dificuldade de se manter no esporte
esta relacionada ao financeiro, ao ambiente ser mais masculino, à situação conjugal e ao
preconceito. A maioria das mulheres que praticam PQD é adulta, tem nível universitário,
são solteiras e independentes financeiramente o que segundo elas é um dos fatores que
facilita e ao mesmo tempo dificulta a presença feminina no esporte.
INTRODUÇÃO
As práticas esportivas surgiram entre as mulheres no final do século XIX na Europa, e
focalizavam principalmente as caminhadas, a prática de bicicleta e do tênis (MESSNER,
1995 APUD SALLES-COSTA, 2003). Del Priore (2000, p.62), ressaltou que o
comportamento de mulheres praticantes de atividade física no século XIX era visto como
“uma novidade imoral, uma degenerescência e até mesmo pecado”. Nesta época,
contestava-se tudo que pudesse desviar o sexo feminino do papel de mãe dedicada
exclusivamente ao lar. Desde o século passado às mulheres vem conquistando espaço na
vida pública e o direito de se expressar e escolher as experiências que querem viver e desta
forma elas vêm a cada dia conquistando um espaço maior no mercado dos esportes radicais
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e das aventuras. O pára-quedismo – PQD é um esporte de aventura e predominantemente
masculino, como podemos observar pelos dados da Confederação de Brasileira de Páraquedismo que em 31 de maio de 2008, tinha cadastrado 1776 atletas, destes 1599 (90,01%)
são do sexo masculino e 177 (9,99%) são do sexo feminino; assim sendo nos interessa
saber quem são estas mulheres que fazem parte deste esporte.
OBJETIVO
O objetivo deste trabalho é apresentar um perfil das mulheres praticante de PQD, assim
como suas motivação para fazê-lo, dificuldades e facilidades para praticá-lo.
MÉTODO
Este trabalho é um estudo de coorte cuja população-alvo foi composta por mulheres páraquedista presentes em uma atividade de PQD no Centro Nacional de Pára-quedismo
localizado em Boituva no Estado de São Paulo. Este local foi escolhido porque na data da
pesquisa estava ocorrendo um treinamento para quebra de recorde feminino de queda livre
com a presença de PQD de todo o Brasil.
Os dados coletados por meio de questionário, aplicado no local da atividade, respondidos
por 28,8% das mulheres cadastradas na Confederação Brasileira de Pára-quedismo. Para
avaliar as características de praticantes do PQD na população de estudo, foram utilizadas
as seguintes variáveis sócio-demográficas: idade (anos completos), escolaridade, situação
conjugal, profissão, trabalho remunerado As outras variáveis foram: modalidade que
pratica no esporte, tempo de prática, saltos realizados, motivação, facilidade e dificuldade
de praticar o esporte tomando como base o fato de ser mulher.
RESULTADOS
Analisando as variáveis estudadas verificamos que a média de idade das mulheres páraquedista é de 33 anos, variando de 18 a 49 anos de idade. Destas 98% tem nível
universitário e 47% tem pós-graduação, 55% são solteiras, 33% são casadas ou vivem em
união estável e 76.5% não tem filhos. Das mulheres PQD 90,2% exercem trabalho
remunerado. A média de tempo que as mesmas praticam o esporte é de 7,66 anos, apenas
29% praticam o esporte a 10 anos ou mais. Media de saltos que as mulheres tem é de 74,
com uma mediana de 220, sendo que variou de 01 a 7.000 saltos. Existem várias as
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modalidades praticadas no esporte, sendo o trabalho relativo – TR o mais comum,
praticado por 53% das mulheres. De acordo com Adelman (2003) com a ruptura ou
declínio da domesticidade feminina, o padrão da fragilidade começa a ceder terreno a um
novo ideal, mais adequado à noção da ‘mulher ativa’ que começa a construir-se. Neste
sentido, o pára-quedismo entrou na vida das mulheres por vários motivos: pela busca do
novo, da adrenalina, vontade de voar, gosto por esporte, desafio, entre outras razões. O que
facilita a se manter no esporte também varia; amor pelo esporte é o principal,
independência financeira também, pois PQD é um esporte caro. Quanto à dificuldade
apresentada por elas da presença feminina no esporte, as respostas estão ligadas às
questões financeiras, o ambiente ser mais masculino, situação conjugal. O preconceito
também foi citado, mas sem explicitar a natureza do mesmo.
CONCLUSÃO
Verificamos que a maioria das mulheres que praticam PQD é adulta, tem um nível de
escolaridade superior à maioria das mulheres brasileiras, são solteiras e tem independência
financeira o que segundo elas é um dos fatores que facilita e ao mesmo tempo dificulta a
presença feminina no esporte. Os resultados encontrados sugerem que o PQD é praticado
por mulheres que se encontram ema situação de independência financeira ou maturidade
emocional que conseguem superar as dificuldades de praticar um esporte caro, cujo
ambiente é predominantemente masculino.
REFERÊNCIAS
DEL PRIORE, M.. Corpo a Corpo com a Mulher:Uma Pequena História das
Transformações do Corpo Feminino no Brasil. São Paulo: Editora Senac. 2000.
SALLES-COSTA, Rosana, HEILBORN, Maria Luiza, WERNECK, Guilherme Loureiro
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ALDEMAN, M. Mulheres atletas: re-significações da corporalidade feminina. Rev.
Estudos Feministas, 2003. 11(2):360. julho- dezembro. p.445-465.
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ATIVIDADES DE AVENTURA NA NATUREZA: REFLETINDO SOBRE A
INTENCIONALIDADE DAS PRÁTICAS
GRADUADA KARLA RAPHAELA DA SILVA RAMOS FREITAS
UFV
PROF. MS. SAMUEL GONÇALVES PINTO
FACULDADES SUDAMÉRICA
RESUMO
O contato com o meio natural de maneira equilibrada e orientada, pode trazer ao
indivíduo uma melhor compreensão das necessidades de preservação deste ambiente e a
educação ambiental surge como um possível meio para se entender as relações aí
estabelecidas, indo saciar esta necessidade a partir da consciência de cuidados a serem
tomados quando se pretende usar ambientes naturais para a prática do lazer. O
OBJETIVO do presente artigo é discutir essas as nuances da intencionalidade do sujeito
sobre a presença em atividades de aventura.
ADENTRANDO NOS TERMOS...
A procura pelo novo, pela aventura, são fatores que apresentam relevância na
escolha das atividades junto à natureza, podendo ser também fonte de reflexão a respeito
das questões ambientais vistas hoje em nossa sociedade. Normalmente as práticas de tais
atividades trazem junto o conhecimento de princípios de ecologia e desenvolvimento
sustentável, já que no inicio e em grande parte de sua história, esteve ligado a grupos de
defesa do meio ambiente. “Talvez a opção pelos denominados esportes de aventura, possa
ser traduzido através do desejo de uma reconciliação com a natureza, expressa numa
experiência antes nunca vivenciada” (BRUHNS, 1997, p.90).
Apesar da aventura apresentar uma grande relevância durante as atividades, este
contato com o meio natural, esta interação entre o comportamento corporal humano e os
elementos naturais, estão sempre sendo associados a um processo de conscientização a
respeito dos danos ocasionados ao meio ambiente, onde esse experiência corporal é a mais
direta e imediata, sendo que esse receptáculo de sentidos e significados, o corpo, seria o
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primeiro referencial do homem no mundo BRUHNS (2003). Assim, as atividades de
aventura contém elementos suficientes, embora nem sempre considerados pelos praticantes,
de propiciarem esta reaproximação esperada com a natureza, sendo relacionados aqui ao
turismo de aventura, anteriormente definido e popularmente chamados de esportes de
aventura, merecendo nossa atenção, pois assumem como características manifestações
corporais.
MASCARENHAS (2003) coloca que as atividades de aventura tendem a buscar áreas
praticamente intocadas (picos elevados, vertentes íngremes, vales e gargantas, corredeiras e
cachoeiras e o ambiente submarinho), que podem ser amplamente vistas no território
nacional e que ganham destaque em sites e outras mídias de empresas nacionais ou
internacionais.
O elemento natureza ambiente destas atividades de aventura, possibilita
enriquecimento das habilidades sensíveis, uma vez que proporciona maior interação entre o
ser humano e o meio natural, valorizando a percepção por meio do desenvolvimento das
potencialidades táteis, auditivas e olfativas, proporcionando ao ser humano a sensação de
fazer parte de algo grande e coletivo, requerendo senso de responsabilidade.
Diferentemente do cotidiano urbano onde se valorizam a visão e conseqüentemente o
distanciamento, a agilidade e o individualismo. O tato, a audição e o olfato permitem maior
interação e aproximação, dependendo da disponibilidade de tempo (MACHADO;
SCHWARTZ, 2003).
Principalmente por suas características de estímulo a cooperação, negociação e
liberdade expressiva, estas atividades de aventura vêm demonstrando importante
representação no imaginário social, capaz de gerar condições favoráveis à identificação de
qualidade de vida, ao mesmo tempo, simbólica.
Estas formas simbólicas que jogadas em situações adversas podem, ao contrário da
idéia real, podem gerar conceitos relacionados ao consumismo e status que distorçam todo
o discurso empregado. Neste sentido as questões referentes a usos desta simbologia e
sustentabilidade das atividades de aventura, merecem ser consideradas. Faz-se necessário
que o prazer em vivenciar seja fator determinante destas práticas, objetivando interações de
ética, afetividade e sensibilidade nas atividades de aventura, as quais se diferenciam em
relação às práticas convencionais, segundo TAHARA (2004), muitas vezes taxadas por
não provocarem essa suposta ruptura com o cotidiano.
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Podemos assim considerar, segundo o autor supracitado, que estas atividades se
caracterizam como práticas alternativas, manifestações, principalmente no tempo de lazer,
as quais necessitam dos espaços naturais para se desenvolver, dando início a um novo
processo de percepção, de novos estilos e qualidade de vida, numa incessante busca por
vivências de novas sensações e emoções.
REFERÊNCIAS
BRUHNS, Heloisa Turini. Lazer e Meio Ambiente: Corpos Buscando o Verde e a
Aventura. Revista Brasileira de Ciências do Esporte, v. 18, n. 2, 1997.
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Aventura na Natureza no Imaginário Social da contemporaneidade. Anais do XI Congresso
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MASCARENHAS, Gilmar. A Leviana Territoriedade dos Esportes de Aventura: Um
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Turismo, Lazer e Natureza. Barueri: Manole, 2003.
TAHARA, Alexander Klein. Aderência às Atividades Físicas de Aventura na Natureza no
Âmbito do Lazer. Dissertação (Mestrado em Ciências da Motricidade) – Universidade
Estadual Paulista. Rio Claro, 2004.
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ATIVIDADES FÍSICAS DE AVENTURA NA NATUREZA ENQUANTO
INSTRUMENTO PEDAGÓGICO DE TRANSFORMAÇÃO SOCIAL EM
PROJETOS REALIZADOS PELA ESCOLA SUPERIOR SÃO FRANCISCO DE
ASSIS
GRADUANDO MICHEL BINDA BECCALLI
PROFA. MS. ANDREIA SILVA
ESFA/NUAR
RESUMO
O presente artigo busca refletir sobre as potencialidades de transformações e limitações
dos projetos ESFA na minha escola e Portas abertas os quais pautam-se nas Atividades
Físicas de Aventura na Natureza como possibilidades pedagógicas. Para tanto, foi
utilizada uma pesquisa exploratória com procedimento de pesquisa de campo. Após
análise dos dados podemos concluir que os projetos possibilitam vários aprendizados
atitudinais e motrizes, necessitando, porém, serem perpetuados no cotidiano escolar
através de seu Projeto Pedagógico.
INTRODUÇÃO
Atualmente a educação passa pela necessidade de reformular-se e reorganizar-se, buscando
metodologias inovadoras que tragam resultados efetivos no sentido de dar aos educandos
subsídios para que possam agir socialmente em seu meio, de forma crítica e criativa. Assim,
torna-se necessário segundo Morin (2000), desenvolver uma ética do gênero humano, para
que possamos superar esse estado de caos e começar, talvez, a civilizar a terra.
Nessa perspectiva, as atividades físicas de aventura na natureza (AFAN) têm sido
apontadas como meio promissor no espaço educacional, devido à sua potencialidade
enquanto instrumento pedagógico, podendo assumir um caráter inter e transdisciplinar,
contribuindo segundo Marinho (2003), no processo de construção de um conhecimento
mais amplo e mais facilmente assimilável, dado seu pragmatismo, criando laços mais
estreitos entre ser humano e natureza.
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Nesse momento, destacamos a Escola Superior São Francisco de Assis (ESFA) e os
trabalhos realizados pelo Núcleo Universitário de Ar Livre (NUAr), os quais trabalham na
execução dos projetos Portas Abertas e ESFA na minha escola, que visam potencializar e
disseminar as AFAN às escolas da região, na tentativa de auxiliar no processo educativo e
sensibilizar para as questões ambientais. Diante disso, o presente artigo tem por objetivo
refletir sobre tais projetos, apontando suas potencialidades de transformações e limitações.
METODOLOGIA
A pesquisa foi de caráter qualitativo, do tipo exploratória utilizando o procedimento de
pesquisa de campo (GIL, 1996). Como instrumentos de coleta, foram adotadas a
observação participante, entrevistas semi-estruturadas e grupo focal. Para a análise de
dados utilizamos a análise de conteúdo proposta por Minayo (2001). A amostra da
pesquisa corresponde a jovens e crianças atendidas por tais projetos nos anos de 2006 a
2007.
ANÁLISE E DISCUSSÃO DE DADOS
Nos anos de 2006 e 2007, cerca de 2000 pessoas foram atendidas pelo projeto Portas
Abertas e 8000 pelo projeto ESFA na minha escola. As atividades desses projetos são
realizadas por alunos do curso de Educação Física da ESFA, devidamente orientados e
supervisionados por seus professores responsáveis.
Observamos que as atividades realizadas nos projetos possuem caráter social capaz de
gerar transformações significativas no que tange as relações interpessoais. Essas
possibilidades educativas foram verificadas em atividades como trekking, corrida de
orientação e trilhas interpretativas promovidas às escolas. Tais atividades vão ao encontro
do debate de Coimbra (2006), a qual destaca as AFAN enquanto uma nova forma de
adquirir conhecimentos relacionados ao meio ambiente, através de informações corporais,
que possibilitam uma rica experiência de sensação e valores, além da construção de uma
ética baseada no respeito e no redescobrimento. Essas mudanças são uma rica
possibilidade no que tange o caráter atitudinal, o qual é debatido por Schwartz (2006), a
qual atenta para a importância de se refletir sobre essa formação de atitudes de forma séria
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e comprometida, uma vez que, geralmente não se dá o devido valor, ou não se considera,
adequadamente, suas possibilidades de transformação.
Podemos destacar as intervenções desses projetos como potencializadoras da criação de
laços mais estreitos indivíduo-indivíduo, podendo gerar relações de amizade pelo processo
de identificação com o outro. Tal constatação vai ao encontro das considerações de
Campagna (2006) o qual elucida que o que está em jogo, diferentemente das competições
acirradas do dia-a-dia, não é outra coisa, senão, a satisfação única e intransferível de sentirse em “sintonia fina” consigo mesmo e com o outro que, como “parceiro” na aventura,
igualmente, busca, nestas atividades, sensações, expectativas, sentimentos de alegria e
prazer similares à sua”. Essa relação de amizade também é debatida por Villaverde (2003),
que aponta para a presença de contradições e tensões da condição humana, podendo haver
autotransformação, através da incitação recíproca.
A possibilidade de enriquecimento do fator motriz em tais atividades também está presente,
por exemplo, nas atividades de rapel, escalada e pistas de corda, possibilitando ao
praticante um acervo de padrões motores amplos e enriquecedores. O nível de trabalho
segundo Schwartz (2006), exigido na prática de algumas AFAN é alto, sendo necessário o
apuramento das capacidades físicas e das habilidades motoras para sua realização, o que
promove um desenvolvimento global.
Uma das limitações encontradas nos projetos é a inexistência, nos municípios, de políticas
públicas de lazer, que garantam o direito à prática periódica e orientada dessas atividades.
Outro fator igualmente limitante é o não planejamento das escolas, dentro de seu projeto
político pedagógico, das propostas trabalhadas nas intervenções.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ambos os projetos desenvolvidos pela ESFA são iniciativas louváveis, não só pela
quantidade de pessoas atendidas, mas por extrapolar o espaço da instituição. Estes projetos
conferem à ESFA pioneirismo no que tange o desenvolvimento desse tipo de atividades a
nível regional.
Além de criar espaços para que os acadêmicos do curso de Educação Física possam aplicar
os conhecimentos adquiridos na graduação, proporcionam aos indivíduos atendidos a
possibilidade de vivenciar um ambiente educacional diferenciado, podendo contribuir na
formação tanto de conteúdos atitudinais quanto procedimentais.
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Contudo, embora louváveis e ricas potencialidades, essas atividades deparam-se com
limitações como, por exemplo, a falta de políticas públicas voltadas para o lazer nos
municípios atendidos, bem como a falta de continuidade do trabalho com as questões
geradas no decorrer das atividades, nas escolas. Entretanto, é importante ressaltar que as
transformações sociais, a nível regional, podem ocorrer e o primeiro passo já foi dado.
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Michel Binda Beccalli - [email protected]
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ATIVIDADES NA NATUREZA E SUSTENTABILIDADE REFLETINDO
CONCEITOS E PERCEPÇÕES
GRADUADA KARLA RAPHAELA DA SILVA RAMOS FREITAS
UFV
PROF.. MS. SAMUEL GONÇALVES PINTO
FACULDADES SUDAMÉRICA
RESUMO
O objetivo do presente artigo é discutir a sustentabilidade permeada pela questão do meio
ambiente, onde conceitos como consumo, subsistência, lucro, produtividade, extrativismo,
prazer e conservação se apresentam em determinados momentos com sentidos destorcidos
e equivocados.
A QUESTÃO DO AMBIENTE
Atualmente as questões sobre o meio ambiente se apresentam como um dos
problemas urgentes a serem resolvidos nos novos tempos que se aproximam, a fim de que
a vida do homem na face da terra seja preservada saudável, digna e produtiva. A leitura
dessas questões realizada hoje em dia pela perspectiva da Ciência revela e destaca o
aspecto das avarias e danificações físico-químicas sobre a natureza por interferências
inadvertidas e até impensadas do ser humano.
O ser humano sempre utilizou os recursos naturais em seu beneficio. Estes recursos
sempre pareceram inesgotáveis e acessíveis a todos, mas com os abusos iniciados com a
Revolução Industrial, acentuando-se nos séculos XIX e XX e o aumento populacional,
provocaram mudanças nesta relação.
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E MEIO AMBIENTE
Ribeiro (2001) nos apresenta que ao passo que o desenvolvimento sustentável tem
como princípio conciliar crescimento e conservação ambiental, o seu conceito, por sua
vaguidade, passou a servir a interesses diversos. De nova ética do comportamento humano,
passando pela proposição de uma revolução ambiental até considerado um mecanismo de
ajuste da sociedade capitalista (capitalismo soft), o desenvolvimento sustentável tornou-se
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um discurso poderoso promovido por organizações internacionais, empresários e políticos,
repercutindo na sociedade civil internacional e na ordem ambiental internacional.
No que diz respeito a essa rentabilidade e lucro, ponderações necessitam ser feitas.
Pellegrini Filho (1993) coloca o termo lucro como perigoso, pois tanto no turismo quanto
no âmbito da preservação ambiental devem enfatizar mais o valor de uso que o de troca, e
define estes valores de uso e troca, reportando-se a Gonçalves (1989), onde o primeiro
privilegia o prazer e a utilidade que o artefato permite ao seu proprietário, e o segundo
baseando-se na possibilidade de o artefato trocado por moeda ou por outro artefato, ser
vendido. Completa ainda relatando que as disciplinas ecologia e economia parecem não se
compreenderem, ou como o diz o autor parece haver um dialogo de surdos entre elas.
Assim a ecologia se renderia ao valor de uso enquanto a economia se beneficiaria do valor
de troca, mas deixa implícito que o mais acertado para o momento seria uma interação
entre uso e troca, que poderia gerar benefícios para ambos os lados, se é que existem lados
distintos.
O que se sabe hoje é que toda esta preocupação com o meio, a procura aumentada,
a atuação da mídia na venda destas idéias e o grande potencial turístico nesta área,
associado à grande biodiversidade que o país possui e aos incentivos por parte do governo,
vêm atraindo muitos investimentos ligados ao ecoturismo ou turismo ecológico, e as
atividades de aventura, dentro do que se chama de turismo de aventura, passa a ser uma
opção rentável para se desenvolver economicamente uma região. Observa-se a área, faz-se
o levantamento de suas possibilidades, desenvolve-se um programa que ajude a trazer o
turista para aquela região, com a melhoria do transporte, da rede hoteleira, enfim, organizase uma infra-estrutura que se acredita necessária para oferecer ao turista o máximo de
conforto e de satisfação.
O ecoturismo praticado no Brasil pode ser considerado uma atividade desordenada,
impulsionada quase que exclusivamente, pela oportunidade mercadológica, deixando a
rigor, de gerarmos benefícios socioeconômicos e ambientais esperados e comprometendo,
não raro, o conceito e a imagem do ecoturismo.
Considerando então as práticas de atividades de aventura a natureza, questões
contraditórias também podem ser observadas. É considerável e, acredito, inegável a
expansão destas atividades na escala nacional e mundial. Associada hoje ao que se
denomina ecoturismo ou turismo ecológico, não desconsiderando os diferentes pontos de
vista no que se refere à nomenclatura, mas achando que esta discussão não nos cabe no
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momento, estas atividades buscam transmitir a idéia de sustentabilidade tão almejada, seja
pela mudança de paradigma, pela idéia de falta em um futuro próximo ou simplesmente
por modismo, ou seja, uma ruptura com as formas tradicionais de visitar a natureza,
mostrando o interesse pela preservação dos ecossistemas e sustentabilidade da atividade,
tomada inclusive como forma de viabilizar economicamente a própria preservação
ecológica.
Quando fazemos um recorte ressaltando as questões financeiras destas práticas,
encontramos muitos valores que não condizem com a idéia preservação/conservação ou
sustentabilidade colocadas nas propagandas. Por exemplo: muitas vezes a população local
não é envolvida; os valores a serem pagos pela atividade não estão em ajuste com as reais
condições da maioria da população brasileira, incluindo também pontos como o
deslocamento e a permanência no local, preços de equipamentos, entre outros;
modificações no espaço que retiram o “natural” ou acrescentam algo de “artificial” no
espaço às vezes sem necessidade; acúmulo de visitantes em um mesmo espaço e muitos
outros fatores que são justificados na intenção de gerar mais lucro.
Estes fatores acima citados podem ser ainda observados sob outros parâmetros.
Será que as questões financeiras envolvidas escondem um desequilíbrio ecológico ou
realmente ajudam na manutenção deste? O desenvolvimento pessoal e social é realmente
alcançado ou será defeito quando a moda passar? Sendo desfeito, quais as interferências
desta re-transformação do que foi inicialmente modificado para atender a outras
necessidades? Quais as interferências disto para o equipamento e para o próprio lazer? E
para a administração local ou para o meio ambiente?
REFERÊNCIAS
GONÇALVES, Carlos Walter. Os (des) Caminhos do Meio Ambiente. São Paulo:
Contexto, 1989.
PELLEGRINI FILHO, Américo. Ecologia, Cultura e Turismo. Campinas: Papirus, 1993.
RIBEIRO, Wagner Costa. A Ordem Ambiental Internacional. São Paulo: Contexto, 2001.
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CARACTERIZAÇÃO DA DEMANDA POTENCIAL POR ATIVIDADES DE
AVENTURA
EDUARDO GARCIA LEAL DE ALMEIDA
BOLSISTA DO PET/UEM
PROF. DR. GIULIANO GOMES DE ASSIS PIMENTEL
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ
CAROLINE FAMA SAITO
BOLSISTA PIBICJR/CNPQ/UEM/FA
RESUMO
Esta pesquisa, do tipo survey, buscou caracterizar a demanda potencial e o interesse pela
prática de atividades de aventura. É significativo o não-interesse, embora a maior parte
da amostra tenha noção de quais são as principais atividades de aventura. No campo
esportivo, pára-quedismo, surf e vôo livre são os mais citados e desejados, evidenciando
uma afinidade entre conhecer e interesse. Citam como as características mais marcantes
dos praticantes de esportes de aventura: possuir recursos econômicos; estar entediado
com a rotina; e ter condicionamento físico. Ao imaginar essas características como
realidade, as pessoas comuns tendem à auto-exclusão na prática das aventuras de lazer.
INTRODUÇÃO
Segundo Betrán e Betrán (1998), a partir dos últimos 20 anos as sociedades avançadas
experimentam o auge de atividades de aventura no tempo livre com impactos econômicos,
culturais, sociais e ambientais. Dada a possibilidade dos recursos não serem suficientes à
demanda, inviabilizando um crescimento sustentável, se faz necessário identificar a
demanda potencial (não-praticantes) e real (praticantes). É importante conhecer o
aventureiro, ao mesmo tempo em que se identificariam os contornos para potencializar
esse tipo entre futuros aventureiros de lazer.
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A presente pesquisa analisou a percepção de pessoas do cotidiano sobre as atividades de
aventura, mensurando as manifestações mais conhecidas e desejadas, além da idéia que
fazem sobre o perfil do aventureiro e dos ganhos (reais ou simbólicos) que este tem com
seus lazeres.
MATERIAIS E MÉTODOS
Entre abril e junho de 2007, por meio de entrevista estruturada, foram inquiridas 207
pessoas com idades variantes entre 10 e 78 (idade modal 18 anos e média 34 anos),
residentes em três cidades na região metropolitana de Maringá, norte do Paraná.
RESULTADOS E ANÁLISE
Entre a amostra, quando indagados sobre quais atividades de aventura conheciam, apenas
03,3% respondeu não conhecer nenhuma. Ao todo, foram lembradas 40 práticas corporais.
As atividades de aventura mais conhecidas foram as ‘esportivizadas’: Pára-quedismo foi
lembrado por 58,93% das pessoas. Na seqüência tem-se surf (53,14%), vôo-livre (52,17%),
rapel (50,72%), skate (50,72%), trekking (42,51%), motocross (42,02%), balonismo
(40,57%), rodeio (39,61%) e raffiting (32,85%). Em média cada pessoa recordou-se de
6,32 atividades.
Quando questionados sobre quais práticas demandariam interesse, a ordem inicial de
interesse se manteve com pára-quedismo (18,84%), surf (12,07%), vôo-livre (11,59%) e
rapel (9,17%); sendo seguidos por balonismo (8,69%) e montanhismo (5,31%). Em estudo
desenvolvido na região da Catalunha, as aventuras mais desejadas foram: ciclismo de
montanha e escalada (terra), mergulho e jet ski (água) rope swing, pára-quedismo e vôo
livre (ar), conforme Betrán (2003) e Betrán e Betrán (1998). Logo, se percebe que, mesmo
existindo anseios comuns, a demanda por aventura é variável.
Segundo a amostra, as características mais marcantes dos praticantes de atividades de
aventura são: possuir recursos econômicos (17,01%), condicionamento físico (14,93%),
estar entediado com a rotina (15,62%), ser turista, estar em férias (12,84%), personalidade
desequilibrada (9,72%) e gostar do contato com a natureza (3,12%). Se forem enfocados os
respondentes, vê-se que 23,1% das pessoas abordadas associam as atividades de aventura a
dimensões privilegiadas, com a da juventude, em respostas do tipo possuir tempo livre e,
principalmente, “condicionamento físico”.
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Interessante notar que a média e mediana etária de quem se pronunciou a respeito do
condicionamento coincide com 32 anos, enquanto aqueles que acreditam serem as
atividades de aventura algo para pessoas não ocupadas com o mundo do trabalho
(desocupados) estão na faixa dos 41 anos. Da mesma forma, há mais escolaridade superior
e menor idade entre sujeitos com visão favorável ao lazer com aventura.
Em relação aos benefícios supostos a esse tipo de esporte/lazer, as repostas mais
recorrentes são: intensificação das emoções (30,83%), qualidade de vida (33,53%), sair da
rotina (18,26%) e rejuvenescer (13,77). A respeito do suposto rejuvenescimento, observouse que a média etária do respondente foi de 40 anos, possibilitando intervir que as práticas
de aventura apresentam o estereotipo de maior vitalidade.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Em análise preliminar, os resultados apontam que a compreensão firma-se, sobretudo, no
reconhecimento da desigualdade de acesso à prática. Esta é justificada em termos de
condição econômica, antropomórfica e disponibilidade de tempo, fatores que em si
remetem ao padrão consumidor jovem burguês dessas práticas. Enfim, a maior parte da
população atenta a esse fenômeno não se afasta dele por ser preconceituosa em relação ao
mesmo, mas por entender não se enquadrar nas condições concretas para sua fruição.
Por fim, o estudo mostrou que o entendimento de atividade de aventura está
majoritariamente circunscrito ao que é institucionalizado: os esportes e turismo de
aventura. Por outro lado, em diferentes contextos é plausível encontrar novos dados e
representações. Neste sentido, é recomendada a realização de estudos em outras regiões.
REFERÊNCIAS
BETRÁN, J. O. Rumo a um novo conceito de ócio ativo e turismo na Espanha: as
atividades físicas de aventura na natureza In: MARINHO, A.; BRUHNS, H. T. (Orgs.).
Turismo lazer e natureza. Barueri- SP: Manole, 2003, p. 182-189.
BETRÁN, A. O.;. BETRÁN, J. O. análisis de la demanda potencial de las actividades
físicas de aventura en la naturaleza em la ciudad de Barcelona. Apunts. Barcelona
(España). n. 52, p. 92-102, 1998.
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CONTANDO A NOSSA HISTÓRIA - PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO
FÍSICA ESCOLAR: ÊNFASE EM AVENTURA E LUDICIDADE
PROFA. DRA. ELIETE MARIA SILVA CARDOZO
PROF. MS. JULIO VICENTE DA COSTA NETO
UNESA
RESUMO
O curso de Pós-Graduação em Educação Física Escolar: Ênfase em Aventura e
Ludicidade tem como OBJETIVO especializar profissionais da Educação Física para o
ensino e a pesquisa na área do jogo, da aventura e da ludicidade, do ensino infantil ao
ensino médio. O jogo, a aventura e a ludicidade se configuram como princípio
metodológico. São ministradas aulas práticas em todas as disciplinas da parte específica e
os professores dessas disciplinas vão sugerindo no decorrer das disciplinas as atividades
de aventura pertinentes ao conteúdo que está sendo desenvolvido, tais como: o arvorismo,
a escalada, a corrida de orientação, o caiaque, o rapel e o trekking. Mesmo estando no
oitavo mês de funcionamento do curso, tanto os professores quanto os alunos demonstram
satisfação e interesse em continuarem os estudos e trabalhos que estão sendo
desenvolvidos, procurando valorizar e divulgar o Esporte de Aventura da Escola.
INTRODUÇÃO
O curso de Pós-Graduação em Educação Física Escolar: Ênfase em Aventura e Ludicidade
faz parte dos cursos de pós-graduação da Universidade Estácio de Sá, localizada na cidade
do Rio de Janeiro. Iniciamos a nossa primeira turma em outubro de 2006 contando com 15
alunos e logo chegamos aos 22, que freqüentam as aulas com assiduidade. O curso tem a
duração de 18 meses e a proposta foi elaborada compreendendo a Educação Física como
componente curricular tem procurado desenvolver uma prática corporal que possibilite ao
indivíduo ser educado para a vida, no sentido de favorecer-lhe a descoberta de múltiplas
possibilidades de se expressar corporalmente, de forma crítica, no mundo.
Consideramos que o corpo carrega em si as marcas culturais da sociedade em que está
inserido, sendo de fundamental importância que, ao desenvolver o processo pedagógico em
Educação Física, entendamos o movimento corporal como foco principal. O mundo do
jogo é apresentado na trajetória real e imaginária, e a relação existente entre o sujeito e o
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jogo remetendo a dois pontos importantes: o jogo como uma imagem constituída a partir
de um conjunto de símbolos presentes na cultura e a relação do sujeito com o jogo
pressupondo uma trilha imaginária.
Essas duas situações estão relacionadas às questões da ludicidade e da aventura, partindo
da idéia de que o mundo é explorado pelo indivíduo através do seu corpo e pouco a pouco
ele vai interagindo com os diferentes símbolos e decifrando-os a seu modo. Esse jogo, que
é real e imaginário, encaminha a ludicidade e a aventura. A ludicidade é entendida no viés
de Duvignaud (1995), como uma brecha que se abre no interior do ser e desemboca num
vasto campo de combinações possíveis, distintas da ordem comum. Em relação à aventura
seguimos Le Betron (1996), quando nos diz que a aventura “desperta a infância: sonhos
imemoráveis de partida, explorações impensáveis, explorações inusitadas contrapostas a
batalhas imaginárias; desejo de se livrar de si para ascender à plenitude, à incandescência
de existir” (p.10).
Assim, jogo, aventura e ludicidade se configuram como princípio metodológico do curso.
OBJETIVOS
Especializar profissionais da Educação Física para o ensino e a pesquisa na área do jogo,
da aventura e da ludicidade, do ensino infantil ao ensino médio.
Aprofundar o conhecimento de diversas possibilidades de intervenção pedagógica da
Educação Física Escolar.
Subsidiar o profissional de Educação Física para planejar, executar e avaliar atividades de
ordem prática do jogo, da aventura e ludicidade, considerando a diversidade do ambiente e
dos alunos em que se dá a aprendizagem no ensino da educação básica.
Propiciar investigações técnico-científicas e discussões sobre os aspectos didáticometodológicos do jogo, da aventura e ludicidade, possibilitando a produção de novos
conhecimentos na área.
MATRIZ CURRICULAR
A nossa matriz curricular é composta de dois núcleos, o comum e o específico. O
núcleo comum é partilhado com alunos de outros cursos e são elas: Redação e Textos
Acadêmicos, Tecnologia da Informação e da Comunicação, Metodologia da Pesquisa. O
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núcleo específico comporta as seguintes disciplinas: Fundamentos da Educação Física
Escolar, Transversalidade da Educação Física Escolar, Didática da Educação Física,
Inclusão no Contexto Escolar, Jogo e Imaginário Social, Jogos Populares e Cooperativos,
Jogos de Corrida, Jogos na Sala de Aula, Ginástica, Dança, Badmington, Metodologia da
Capoeira, Metodologia do voleibol, Metodologia do Futsal, Metodologia do Basquete,
Metodologia do Handebol, Esporte de Aventura e Tópicos Especiais em Educação Física.
METODOLOGIA
Está centrada no aluno e no professor que assumem novos papéis neste processo. O aluno
passa a ter novo perfil de comportamento: auto-disciplina, iniciativa para pesquisa e
questionamentos. Obviamente, tais características são adquiridas a partir da convivência
com o professor e com o grupo. Quando o aluno compartilha conhecimentos,
posicionamentos e até sentimentos, quando participa com o grupo para a solução de um
problema ou mesmo quando aprofunda um conhecimento, há um enriquecimento pessoal.
A postura do professor exige permanente pesquisa, intimidade com o conhecimento a ser
discutido, comprometimento, interesse e orientação da aprendizagem do estudante com
vistas despertar o interesse pela busca de novos conhecimentos. São ministradas aulas
práticas em todas as disciplinas da parte específica e os professores vão sugerindo, no
decorrer das aulas, as atividades de aventura pertinentes ao conteúdo que está sendo
desenvolvido, tais como: o arvorismo, a escalada, a corrida de orientação, o caiaque, o
rapel e o trekking.
RESULTADOS
Chegamos ao oitavo mês do nosso curso contando com a ativa atuação dos professores e
alunos. Durante esse período o grupo vivenciou algumas atividades de aventura, entre elas
o arvorismo, a escalda, a atividade de orientação e a oficina de atividades de aventura. O
arvorismo aconteceu no espaço Floresta Aventura, localizado no bairro do Joá, a escalada
ocorreu no Campo Escola do Complexo de Escalada da Urca, a atividade de orientação e a
oficina de vivência de atividades de aventura foram desenvolvidas no Campus da
Universidade. Essas atividades foram vivenciadas, registradas através de fotografias e
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relatos de experiências, e também foram elaborados planos de aula, contendo a reinvenção
desses esportes de aventura para o contexto das aulas de Educação Física.
CONCLUSÃO
Mesmo estando no oitavo mês de funcionamento do curso, tanto os professores quanto os
alunos demonstram satisfação e interesse em continuarem os estudos e trabalhos que estão
sendo desenvolvidos. O grupo está participando do III Congresso Brasileiro de Atividades
de Aventura, planejamos o envio de trabalhos para o FIEP – Rio e também para o FIEPFoz do Iguaçu, procurando valorizar e divulgar o Esporte de Aventura da Escola.
REFERÊNCIAS
CAILLOIS, R. O homem e o sagrado. Lisboa: Cotovia, 1998.
CARDOZO, Eliete Maria Silva. Os sentidos da aventura no lazer de caminhantesperegrinos do Caminho do Sol. (Tese de Doutorado). Rio de Janeiro: PPGEF /
Universidade Gama Filho, 2006.
COSTA NETO, J. V. (2005). O jogo do jogo do futvôlei como lazer na praia de
Copacabana no Rio de Janeiro (Dissertação de Mestrado). Rio de Janeiro: PPGEF /
Universidade Gama Filho, 2005.
COSTA, V. L. de M. Esportes de aventura e risco na montanha: um mergulho no
imaginário social. São Paulo: Manole, 2000.
LE BRETON, D. L’aventure: la passion des detours. Paris: Autrement, 1996.
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Julio Vicente da Costa Neto - [email protected]
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CORPO, ALMA E ONDA
ESP. MARÍLIA MARTINS BANDEIRA,
CENTRO DE ESTUDOS SOCIOCULTURAIS DO MOVIMENTO HUMANO – USP
ESTE ESTUDO CONTOU COM APOIO DO CNPQ PARA SUA REALIZAÇÃO
RESUMO
Este estudo relata a trajetória do surfista e os sentidos de uma prática esportiva na
natureza. Na aquisição de gestos, na experimentação da ação, no apreender da lógica do
surfe tornou-se essencial considerar a prática corporal da pesquisadora como instrumento
para fixar o fenômeno investigado em texto. O OBJETIVO deste trabalho foi descrever no
habitus surfístico a construção do valor de retorno do homem à natureza e sua relação
com as sensações corporais do praticante. Concluindo que há sentidos atribuídos a este
retorno que tangem a linguagem e que podem ser acessados na dimensão carnal da
existência. E que, portanto, a consideração do corpo pesquisador pode ser um
procedimento válido de pesquisa.
INTRODUÇÃO
Como parte de um estudo mais amplo da cultura do surfe, no qual investigamos o
fenômeno social da busca da natureza para a prática esportiva, uma trajetória resumida
como praticante (destacando a condição ideal de noviça) é apresentada aqui em
consonância com a trajetória de pesquisadora (interpretação dos acontecimentos sociais
próprios da realidade investigada).
Inspirado na experimentação científica de Corpo e alma: notas etnográficas de um
aprendiz de boxe, este estudo procurou retraçar uma “experiência pessoal de iniciação a
um ofício do corpo”, e afirmar a necessidade de um esforço maior por parte das
abordagens humanas em pesquisa para capturar o que o autor chama de “a dimensão carnal
da existência”.
OBJETIVOS
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O objetivo geral deste trabalho foi descrever no habitus surfístico amador a construção do
valor de retorno do homem à natureza e deste texto, em específico, sustentar a discussão
iniciada por Wacquant (2002) sobre o desenvolvimento teórico-metodológico das relações
entre sociedade, corpo e cultura na produção acadêmica.
Tal como o autor, pretendemos com este estudo demonstrar a consideração não só teórica,
mas metodológica e, ainda, retórica, do agente social e do pesquisador como possuidores
de um corpo, mas que também o são (um corpo). Corpo sensível e significante que, até
então, as ciências humanas acabavam por suprimir ao favorecer a esfera cognitiva das
elaborações culturais e sociais.
MÉTODO
O fazer etnográfico foi o método deste trabalho e corresponde á observação participativa,
engajamento total da pesquisadora na modalidade e experimentação de todas as fases do
percurso surfístico, culminando com a capacidade adquirida de passar a rebentação sem
ajuda e da execução do drop.
Entendemos durante o trajeto investigativo a experiência corporal da própria pesquisadora
como indispensável para a apreciação da prática do surfe. Nossa iniciação nesta
modalidade foi, então, o meio encontrado para apreender esta dimensão dos aspectos
materiais e simbólicos que se esperava descrever e analisar.
RESULTADOS
Aperfeiçoar a condição física, adquirir os gestos, sentir a dor da ação, o gosto do
afogamento, as torções do caldo, a aspereza da areia, incorporar as representações de
oceano, saber ler a onda, entender os ventos, experimentar a tática surfística, aprender na
prática a lógica do surfe tornou-se essencial para fixar o fenômeno investigado em texto.
Nossa decisão, por sua vez, foi tomada após o reconhecimento da presença no “outside” porção do mar, após a rebentação, na qual o surfista deve posicionar-se para ser
impulsionado por uma onda antes que ela se quebre, o que permite sua surfabilidade como único meio aceitável de convivência com o grupo estudado, permitindo estruturar
relações de respeito e confiança mútuos para possibilitar a realização do trabalho de
pesquisa.
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Ao expor nosso próprio organismo ao treinamento e entendimento do surfe, buscamos
estruturar uma relação de identificação com os praticantes para acessar certos códigos de
conduta interditados aos espectadores. Claro que há um trânsito de significados do surfe na
praia e dos esportes na natureza na esfera social mais ampla, mas é inegável que somente
depois da rebentação acontecem as ações mais fundamentais do surfe.
Num primeiro momento, pensávamos que seria importante observar os surfistas no
“outside” para registro, ouvir o que diziam uns aos outros e como se dava a interação entre
eles. Mas o processo de aprendizado e de aquisição de autonomia para alcançar o “outside”
por parte da pesquisadora, trouxe, ele mesmo, elementos centrais para a análise.
No compartilhar da ação, no exercício social da atividade, surfando ao lado dos sujeitos
pode ser conferido a nós um sentido de comunhão com o oceano muito particular
construído pelos surfistas investigados. Talvez, de forma semelhante á que fez com que os
balineses olhassem efetivamente para Clifford Geertz após a fatídica fuga da briga de galos,
os surfistas passaram a trocar impressões conosco e a incluir-nos em situações antes
inacessíveis, porta de entrada para as elaborações mais íntimas dos significados do surfe.
Diz-se que é preciso saber dar um “joelhinho”, para passar a rebentação quando as ondas
estão maiores, por exemplo. Mas, compreender que a importância do “joelhinho” como
superação da ameaça da queda violenta da parede de água diretamente contra nosso corpo
pela fusão com o fundo, seguida da liberação do mesmo propiciada pela flutuação do
equipamento, é vislumbrar o sentido de interação com a natureza implícito nesta técnica
corporal, que encontramos em nosso próprio corpo em apnéia, após inúmeras tentativas
sufocantes, no fundo do mar.
Saber mergulhar com a prancha por debaixo do turbilhão de água que se forma com o
quebrar da onda sem ser arrastado por ela, ou seja, deslizar harmoniosamente sob a espuma
revolta e ser impulsionado para adiante pelo empuxo é necessário para sentir-se à vontade
com a ondulação incessante, submergindo e emergindo tranquilamente entre remadas até o
ponto em que não somos mais acertados agressivamente pela água para descansar.
E usufruir da técnica de equilíbrio, balançando suavemente sentados, com a prancha
pressionada entre os joelhos, é possível contemplar o horizonte e a formação das ondas que
chegam. Um retrato da praia e do cenário natural simbolicamente reservado aqueles que
são bem sucedidos nesta empreitada corporal de retorno á natureza. O sol, os reflexos, as
cores, vistas de um outro ângulo, outro lugar, o “outside”, que é o lugar do surfista,
fabricam novas formas e leituras da realidade.
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CONCLUSÃO
Encerrando, buscamos traduzir em linguagem antropológica uma compreensão dos
sentidos, entendendo que foi imprescindível para a descrição das dinâmicas da prática do
surfe, neste trabalho, estar depois da rebentação. E afirmamos a contribuição da dimensão
corporal do pesquisador como mais um instrumento possível na investigação das lógicas da
cultura corporal.
REFERÊNCIAS
GEERTZ, C. A interpretação das Culturas. Rio de janeiro: LTC, 1989.
MAUSS, M. Técnicas Corporais. In: Sociologia e Antropologia. São Paulo: Casac Naify,
2003.
SPRADLEY, J. Participant Observation. San Francisco: Holt, Rinehart and Winston,
1980.
WACQUANT, L. Corpo e Alma: notas etnográficas de um aprendiz de boxe. Rio de
Janeiro: Relume Cumará, 2002
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CORRIDAS DE AVENTURA: POSSÍVEIS FATORES DE ATRATIVIDADE E
DEPENDÊNCIA
MSDA. ELISANGELA BORTOLETTI DE OLIVEIRA
UNIMONTE, SANTOS/SP.
MS. FLÁVIO ANTÔNIO ASCÂNIO LAURO
UNIFESP
RESUMO
A partir de observações, experiências e desta revisão bibliográfica sobre as provas de
corrida de aventura (CA), questões relacionadas aos possíveis fatores externos (sócioambientais) e internos (fisiológicos) que envolvem e atraem os indivíduos para as CA
começaram a emergir. Por que será que tantas pessoas (os atletas amadores) têm sido
atraídas pelas corridas de aventura no mundo? E, por que será que também tantas
pessoas são praticantes determinadas e assíduas (os atletas profissionais), mesmo sendo
provas extremamente estressantes e exaustivas (física e cognitivamente)?
INTRODUÇÃO
As provas de corrida de aventura (CA), se iniciaram em 1989 na Nova Zelândia.
No Brasil, a primeira corrida de aventura foi realizada em 1998: a Expedição Mata
Atlântica (CAMPELLO, 2003). A maioria das provas de CA são formadas com quatro (4)
competidores cada; sendo, em sua maioria, equipes mistas com uma mulher e três (3)
homens. São competições de algumas horas e/ou alguns dias e que têm percursos que
variam de 50 a 800 quilômetros com modalidades variadas, dentre elas: trekking, mountain
bike, canoagem, técnicas verticais. O percurso é divulgado somente horas antes da prova e
deve ser seguido por meio de mapas e bússolas (CAMPELLO, 2003). O OBJETIVO
comum das equipes e que todos cruzem a linha de chegada e no menor tempo possível.
Apesar das CA serem competições extremamente estressantes (física e psicologicamente),
mesmo assim os atletas têm um enorme prazer em participar delas (MARINHO, 2001).
OBJETIVO
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Verificar alguns dos possíveis fatores de atratividade das corridas de aventura.
METODOLOGIA
Nosso trabalho está pautado em uma revisão bibliográfica.
RESULTADOS
Pode-se perceber que esses possíveis fatores de atratividade podem estar
relacionados à busca do risco, da aventura, dos desafios aos limites físicos e de habilidades,
de acordo com Spink (2005). A aproximação com a natureza pelo simples prazer de estar
em contato com ela; em muitas situações, pode levar as pessoas a práticas físicas arriscadas
e perigosas, podendo colocar em risco a integridade física delas (MARINHO, 2001).
Entretanto, as sensações de prazer, paz, encontro e relaxamento proporcionados pelo
contato com a natureza parecem ser alguns dos principais atrativos para a prática das CA e
outras atividades em ambientes naturais (BRUHNS, 1997; MARINHO, 2001). Outro fator
relevante apontado por Antunes e colaboradores (2006), refere-se à possibilidade de
alterações neuroquímicas causadas pelos exercícios físicos realizados durante a CA.; como
o aumento da liberação do neurotransmissor beta-endorfina e dopamina, (analgésicos e
antidepressivos) que são responsáveis por áreas do cérebro referentes ao prazer e a
satisfação (HARTE, 1995; GOLDFARB, JAMURTAS, 1997). Ou ainda, a serotonina e a
anandamida, os quais estão ligados ao relaxamento, prazer, calma e humor (DIETRICH ,
McDANIEL, 2004). Isso ajudaria a explicar como os atletas se superam constantemente
nos treinos e em competições sem apresentarem “distúrbios de humor”. Já num estudo com
maratonistas, que têm a prática excessiva da corrida, foi verificado um comportamento
“compulsivo” destes indivíduos em relação ao exercício (ROSA et al., 2003). É possível
que, o aspecto ambiental (ambientes abertos, de alta diversidade e com o contato direto
com a natureza) e o tipo de prática que é a CA (arriscada, não monótona, em equipe e
composta por diversas modalidades) influenciem o humor e atraiam estes indivíduos à
prática. Conclusão – Não são muitos os estudos científicos que foram publicados sobre as
CA (ANTUNES et al., 2006; TOWNES et al., 2004; SEJVAR et al., 2003; FOURNIER et
al., 1998). Todavia, segundo o Atlas do Esporte no Brasil (DaCOSTA, 2005), existem
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aproximadamente 23.000 praticantes de corrida de aventura no Brasil com cerca de 800
somente em São Paulo. Portanto, nosso trabalho tem procurado dar um passo importante
para a evolução desta área tão rica que é a aventura; através desta revisão bibliográfica e de
observações empíricas.
REFERÊNCIAS
ANTUNES, H., K. M.; ANDERSEN, M.L.; TUFIK, S.; DE MELLO, M.T.; O estresse
físico e a dependência de exercício físico. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, v.
12, n. 5, set./out., 234-238, 2006.
BRUHNS, H.T. Lazer e meio ambiente: corpos buscando o verde e a aventura. Revista
Brasileira de Ciências do Esporte, v. 18, n. 2, p. 86-91, jan. 1997.
CAMPELLO, L. Esportes de aventura. In: COHEN, M.; ABDALLA, R.J. (Org.). Lesões
nos esportes: diagnóstico, prevenção, tratamento. Rio de Janeiro: Revinter, 2003. p. 860-9.
DaCOSTA, L. Atlas do esporte no Brasil: atlas do esporte, educação física, e atividades
físicas de saúde e lazer no Brasil. Rio de Janeiro: Shape, 2005. 832 p.
DIETRICH, A.; McDANIEL, W.F. Endocannabinoids and exercise. Br J Sports Med, v.
38, p. 536-41, 2004.
FOURNIER, P.E.; ROUX, V.; CAUMES, E.; DONZEL, M.; RAOUL, D. Outbreak of
rickettsia africae infections in participants of an adventure race in South Africa. Clin
Infect Dis, v. 27, n. 2, p. 316-23, 1998.
GOLDFARB, A.H.; JAMURTAS, A.Z. Beta-endorphin response to exercise: an update.
Sports Med, v. 24, p. 8-16, 1997.
HARTE, J. L.; EIFERT, G.H.; SMITH, R. The effects of running and meditation on betaendorphin, corticotropin-releasing hormone and cortisol in plasma, and on mood.
Biological Psychology, v. 40, p. 251-65, 1995.
MARINHO, A. Lazer, natureza, e aventura: compartilhando emoções e compromissos.
Revista Brasileira de Ciências do Esporte, v. 22, n. 2, p. 143-53, jan. 2001.
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ROSA, D. A.; MELLO, M.T.; FORMIGONI, M. L. O. S.; Dependência da prática de
exercícios físicos: estudo com maratonistas brasileiros. Revista Brasileira de Medicina
do Esporte, São Paulo SP, v. 09, n. 01, p. 01-06, 2003.
SEJVAR J.; BANCROFT, E.; WINTHROP, K.; BETTINGER, J.; et.al.; Eco-Challenge
Investigation Team. Leptospirosis in "Eco-Challenge" athletes, Malaysian Borneo, 2000.
Emerg Infect Dis, v. 9, n. 6, p. 702-7, 2003.
SPINK M.J.P.; ARGAKI, S. S.; ALVES, M. P; Da exacerbação dos sentidos no Encontro
com a natureza: contrastando esportes radicais e turismo de aventura; Psicologia Reflexão
e Crítica, 18(1), p. 26-38, 2005.
TOWNES, D.A.; TALBOT, T.S.; WEDMORE, I.S.; BILLINGSLY, R. Event medicine:
injury and illness during an expedition-length adventure race. J Emergency Med, v. 27, p.
161-5, 2004.
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Elisangela Bortoletti de Oliveira – [email protected]
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ESCALADA ESPORTIVA E EDUCAÇÃO FÍSICA:
EM BUSCA DO EQUÍLIBRIO FÍSICO – EMOCIONAL
PROF. TANIA BROTTO HADDAD
PROFª. MS. JANE ROLDAN PINTO DE LIMA
UNIVERSIDADE DE MOGI DAS CRUZES
RESUMO
A pesquisa mostra uma Educação Física com caráter humanista, preocupada com o
desenvolvimento bio-psicossocial do homem pós-moderno. Na parte I foram abordados
conceitos de Inteligência Múltipla e Emocional (a intrapessoal e a interpessoal), além das
características da utilização do tempo livre do homem pós-moderno através dos esportes
de aventura. O foco foi a Escalada Esportiva não competitiva. Na parte II, por sua vez, foi
realizada a tabulação dos dados e, conclusões.
INTRODUÇÃO
A Escalada Esportiva faz parte do que hoje se conhece como esportes de aventura, ou
esportes radicais. Trata-se de uma modalidade cada dia mais, praticada entre os brasileiros.
Estamos na Era da Pós–Modernidade, em que o desenvolvimento tecnológico vem
desvalorizando cada dia mais o trabalho em série quantitativo e valorizando o trabalho
qualitativo, promovendo assim o surgimento de um conjunto de práticas corporais mais
individualizadas e pouco competitivas – as quais envolvem novos valores que disputam
com o esporte o uso do tempo denominado ócio ativo (SERRANO, 2000; BRUHNS,
1997).
O corpo e a mente são partes inseparáveis de um mesmo ser. Logo, ambos têm que estar
saudáveis, para que cada um faça bem a sua parte, ou seja, “Mente Sã em Corpo São).
(BARBANTI, 2002).
Na área da educação, as escolas buscam desenvolver nos alunos uma visão mais filosófica
e social (CHAUÍ, 1995) , ou seja, o conceito de inteligência está se plurificando. O QI
(Quociente de Inteligência), não é mais parâmetro para considerar um indivíduo inteligente
ou não. Atualmente já se usam termos como Inteligências Múltiplas, Inteligência
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intra/interpessoal e Inteligência Emocional (GARDNER,1994, 1995, 1998; GOLEMAN,
1995).
Estas inteligências valorizam não só o raciocínio lógico – matemático, mas também o
raciocínio emocional (GOLEMAN, 1995; GARDNER, 1995).
O projeto dá ênfase às inteligências intrapessoal e interpessoal que seriam,
respectivamente, a capacidade do indivíduo autoconhecer-se e relacionar-se, ou seja, a
inserção do Eu e do Nós, o que pode ser desenvolvido por meio da escalada.
OBJETIVOS
Mostrar que a escalada esportiva não competitiva, dentro do esporte de aventura, tem
condições de colaborar física e emocionalmente contribuindo assim para que cada ser
humano encontre dentro dele sua verdadeira razão de ser
Verificar o conceito de Inteligência Emocional e Múltiplas
Identificar as dificuldades e benefícios físicos e emocionais dos escaladores e verificar
se a escalada de alguma forma contribui para desenvolver a inteligência intrapessoal e
interpessoal
Relacionar os OBJETIVOs descritos acima.
MATERIAL E MÉTODO
Um questionário que aborda dados pessoais, questões específicas referentes à escalada
(abertas semi-abertas e fechadas) foi aplicado a uma amostra de 23 indivíduos adultos com
faixa etária entre 24 e 34 anos, sem distinção de sexo, praticantes de Escalada Esportiva de
Dificuldade não competitiva Indoor e Outdoor, há pelo menos 6 meses. A aplicação foi feita
individualmente.
RESULTADO
Os dados obtidos foram analisados quantitativamente e qualitativamente, de acordo com o
tipo da questão e objetivos propostos.
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O motivo principal dos sujeitos pela Escalada Esportiva foi o fato de ser mais acessível à
prática diária referente à localidade, pois se encontra próxima de São Paulo Houve ainda o
desejo de superar os limites físicos e psicológicos. A Escalada esportiva exige menos
equipamentos e menos tempo disponível como o montanhismo ou outras modalidades e os
objetivos tornam-se visíveis e mais rápidos de serem atingidos (UVINHA, 2001).
Considerando os benefícios emocionais respondidos na questão 9: “O que você sente
Emocionalmente na escalada esportiva?:, ficou claro que há um desenvolvimento de
capacidades introspectivas inteligência intrapessoal. O autocontrole e o autoconhecimento
superaram as respostas
Apontaram também que a escalada tem como benefício emocional a descarga dos
problemas do cotidiano e melhora da concentração assim como a auto-satisfação.
Desenvolvimento intrapessoal, e interpessoal, além da melhora do condicionamento físico
foram expressos em mais de 50% das respostas, a capacidade de equilíbrio e controle
corporal representou mais de 25%.
CONCLUSÃO
Conclui-se que é possível relacionar e interligar os conceitos Educação Física, Homem
Moderno, Inteligências Múltiplas e Emocionais, ao esporte de aventura e à Escalada
Esportiva. Pois, a mesma, além de desenvolver capacidades Intra e interpessoais,
desenvolvem também capacidades necessárias para o equilíbrio físico e emocional
Como um bem cada vez mais disputado no mundo moderno, o equilíbrio físico e
emocional, por serem requisitos básicos geradores de oportunidades, fica a Escalada
Esportiva como uma sugestão para se alcançá-los.
REFERÊNCIAS
Barbamti, V. J Esporte e Interação entre rendimento e saúde física. São Paulo: Manole,
2002.
Bruhns, H. T. Lazer e Meio Ambiente. Revista Brasileira de Ciências do Esporte 18 (2):
86 – 91, 1997.
Chauí, M. Convite à Filosofia. São Paulo: Ática, 1995
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Gardner, H. A Estrutura da mente. A Teoria das Inteligências Múltiplas. Porto Alegre:
Artes Médicas, 1994.
Gardner, H. Inteligência, Múltiplas– A Teoria na Prática. Porto Alegre: Artes Médicas,
1995.
Gardner, H. Inteligência, Múltiplas Perspectivas. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998.
Goleman, D. Inteligência Emocional. Rio de Janeiro: Objetiva ltda – 39º ed., 1995
Serrano, C. A Educação pelas pedras: ecoturismo e educação ambiental. São Paulo:
Chronos Comercial ltda, 2000.
Uvinha, R. R. Juventude, lazer e Esportes Radicais. São Paulo:Manole, 2001.
Veloso, A. F. A teoria das Múltiplas Inteligências & Distúrbios de Aprendizagem.
Psicopedagogia: 14 (34), 1995.
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Tania Brotto Haddad - [email protected]
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INSERÇÃO E PERCEPÇÃO DO RISCO IMAGINÁRIO ENTRE ALUNOS DA 4˚
SÉRIE DA CIDADE DE SANTA MARIA DE JETIBÁ
GRADUANDA NAYARA DE CASTRO VARGAS TONANE
GRADUANDA ROMILDA BASILO DE SOUSA DE AGUIAR
GRADUANDA ZIANE CRISTINA PIMENTA GOMES
ESFA/NUAR
RESUMO
Este artigo buscou inserir as práticas das AFAN’s nas aulas de Educação Física, focando
o risco imaginário. A pesquisa caracterizou-se como sendo qualitativa, tendo como
procedimento a pesquisa de campo. Para isso, foram realizadas intervenções nas aulas de
Educação Física ministrando assim aulas de Escalada e Rapel em diferentes espaços e
através dos dados coletados a partir de entrevistas e questionários como alunos da 4˚
série, nos permitiram concluir que o risco imaginário influencia de modo positivo para a
formação integral do aluno.
INTRODUÇÃO
Este artigo busca fundamentar estas Práticas de Atividades Físicas de Aventura na
Natureza (AFAN’s) nas aulas de Educação Física, focando o risco imaginário. Nosso
interesse nessa pesquisa foi devido ao fato de que nas escolas geralmente a quadra é
pensada como espaço físico para as aulas de Educação Física.
Acreditamos a partir de observações que alguns professores da rede municipal de Santa
Maria de Jetibá não incluem as práticas das AFAN’s nas aulas de Educação Física, por não
saberem ministrar o conteúdo proposto. Talvez o motivo dessa não apropriação das
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AFAN`s nas aulas de Educação Física deve-se ao desconhecimento do professor no que se
refere a questões pedagógicas e técnicas e, também ao pseudo risco inerente a esse
conteúdo.
Nossa problemática assim consistiu no seguinte questionamento: Como inserir as práticas
de Atividades Físicas de Aventura na Natureza (AFAN’s) nas aulas de Educação Física,
focando o risco imaginário em uma Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio “São
Luis” com alunos da 4° série?
Assim, trouxemos como objtivo geral, inserir a prática de atividades físicas de aventura na
natureza, focando o risco imaginário. Os objetivos específicos buscaram refletir sobre as
AFAN’s e o risco imaginário como conteúdo nas aulas de Educação Física, levantamos
junto aos alunos a questão do risco imaginário “existentes” nas AFAN’s, experimentamos
a prática de atividades físicas de aventura na natureza, focando o risco imaginário, seus
fatores influenciadores, suas possibilidades pedagógicas e seus fatores limitantes.
METODOLOGIA
Nossa pesquisa caracterizou–se quanto a sua natureza como sendo qualitativa, do tipo
pesquisa exploratória e descritiva. O procedimento adotado foi pesquisa de campo. Para
fazermos nossa pesquisa, fizemos nosso estágio em uma Escola Estadual de Ensino
Fundamental e Médio “São Luis” do município de Santa Maria de Jetibá, com alunos da 4ª
série. Para a realização de coleta de dados foram utilizadas, primeiramente, técnicas
específicas como, a entrevista coletiva com os alunos e, posteriormente questionários
abertos, após as intervenções. Para análise dos dados coletados usamos a técnica da análise
dos conteúdos.
ANÁLISE DE DADOS
Em
um
primeiro
momento,
foi
aplicado
um
questionário
concluímos
que
desenvolveríamos nas aulas de Educação Física as seguintes atividades físicas de aventura:
A escalada e o rapel.
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Com base em tais modalidades de aventura, iniciamos nossa intervenção, onde os alunos
ao vivenciarem a escalada, relatavam as sensações 9 sentidas durante este processo. A
insegurança no início da atividade foi sendo vendida por relatos de outros colegas que
obtinham êxito, sendo destacado a aventura inerente à atividade. Essa aventura sentida é
debatida por Le Breton (1996) apud Margotto et al (2006), que atribui a ela um caráter
mágico no imaginário humano, apresentando-se carregada de uma percepção de riscos e de
incertezas.
A questão da superação do medo através da vivencia verificada nas falas dos alunos foi
compreendida com a possibilidade de auto-superação implícita nessas atividades físicas,
(COSTA, 2000). As sensações provocadas pelo novo, pela satisfação do êxito também
foram verificadas nas vivencias e são debatidas por Marinho (2006) a qual relata que as
AFAN`s possibilitam emoções dificilmente explicáveis, mais que podem ser verificadas
pela ansiedade do praticante em experimentar outra vez aquela sensação.
Essa atitude contrafóbica, segundo Le Breton (1995) apud Margotto et al (2006) seria a
atitude em que o individuo, ao invés de evitar ou fugir de situações de risco, lança-se em
sua direção. Trata-se de uma maneira refinada de lutar contra a angústia, atirando-se de
encontro a ela.
No dia 04 de abril de 2008, os alunos da 4° série, juntamente com o professor de Educação
Física e a professora da turma, nos acompanharam a Santa Teresa, na Faculdade ESFA.
Percebemos que na primeira intervenção o local utilizado foi adaptado para que os alunos
pudessem ter a oportunidade de vivenciá-la na própria escola sendo um local conhecido
por todos. Na segunda intervenção, porém, os alunos puderam vivenciar a atividade na
rampa artificial, que por ser um local não familiar gerou uma certa insegurança em alguns
alunos.
Quando questionamos a sensação que eles haviam sentido na realização dessa atividade,
todos disseram que gostariam de praticar mais vezes por ser uma atividade legal. Esse legal
verificado em seus relatos pode ser compreendido devido segundo Santos (2006) ao fato
dessas práticas estarem inseridas dentro de um universo lúdico, o qual faz parte das
atividades essenciais da dinâmica humana.
9
Segundo Costa (2000) sensação é lidar com a profundidade, com a vertigem, com a altura, com a imersão e
com as pistas de variação das condições ambientais que a natureza fornece, exigindo uma produção de
pensamento complexo por parte do praticante.
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As crianças percebem o risco real10 nas vivencias ao dizerem que o local era alto sendo,
porém, o equipamento seguro e os monitores capacitados. Essa questão de segurança é
debatida por Felipe (2005) afirmando que o risco pode ser controlado e aproveitado, sendo
associado as características nessas práticas de lazer, proporcionando sensações, emoções e
percepções que podem contribuir para uma formação integral quando bem direcionadas.
(Margoto et. al, 2006).
Quanto ao risco no espaço escolar destacamos que as AFAN’s são imprescindíveis para tal
formação. Margoto et. al (2006) contribui dizendo que os praticantes das AFAN`s, ao
defrontar-se com os desafios característicos desse tipo de prática como o risco (controlado),
a proeza, a surpresa, as incertezas das conseqüências, a adrenalina; pode explorar toda a
sua potencialidade fazendo uso de suas capacidades cognitivas, afetivas e sociais na busca
da superação de situações-problema e limites.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O risco imaginário compreendido por muitos como um fator limitante para o
desenvolvimento das AFAN’s nas aulas de Educação Física, pode contribuir quando bem
direcionado, no processo educativo, reforçando nos alunos, valores e reflexões, uma vez
que as sensações originadas dessas vivências desencadeiam reflexões e mudanças de
atitudes que podem influenciar na sua formação integral. Dessa forma, o rapel torna-se um
meio e não um fim do processo educacional, onde o educador atua como um interlocutor
de suas sensações e emoções focando para debates direcionados visando abordar temas
como a auto-superação, a questão do desafio dentre outros.
É preciso salientar que a inclusão das AFAN’s enquanto conteúdo a ser desenvolvido nas
aulas de Educação Física faz-se relevante à medida que se propõe dar novos significados
ao universo da Cultura Corporal.
10
O risco real existe, mas é superado através de equipamentos, normas de segurança e profissionais
capacitados, isto é controlado, por maior o risco que exista em uma prática de Rapel ao ar livre, o mesmo
pode ser superado se seguirmos normas de segurança. (Costa, 2000)
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REFERÊNCIAS
COSTA, V. L. de M. Esporte de aventura e risco na montanha: um mergulho no
imaginário. Barueri: Manole, 2000.
FERNANDES, L. G. Práticas Corporais de Aventura na Natureza: Reflexões quanto à
formação didática – pedagógica. 2006. Monografia (Educação Física com licenciatura
Plena) – ESFA, 2006.
FELIPE, G. R. Atividade física de aventura na natureza: Sensações, emoções e
possibilidades educativas do grupo de excursionismo da ESFA. 2005. Monografia
(Educação Física com licenciatura plena) – ESFA, 2005.
MARGOTO, G. T. Práticas corporais de aventura na natureza e o risco imaginário:
Reflexão na Educação Física Escola. 2006. Monografia (Educação Física com licenciatura
Plena) – ESFA, 2006.
MARINHO, A; BRUNHS, H. T. Viagens, lazer e esporte: o espaço da natureza. Barueri;
Manole, 2006.
SANTOS, G. R. Os aspectos educacionais do rapel. 2006. Monografia (Educação Física
com licenciatura plena) – ESFA, 2006.
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LAZER, MEIO AMBIENTE, POLÍTICAS PÚBLICAS: AÇÕES DESENVOLVIDAS
PELA PREFEITURA MUNICIPAL DE VIÇOSA-MG
GRADUANDA DANIELA GOMES ROSADO
GRADUANDA VALDILENE ALINE NOGUEIRA
GRADUANDA MARIE LUCE TAVARES
CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA DA UFV
PROF. MS. SAMUEL GONÇALVES PINTO
FACULDADES SUDAMÉRICA
RESUMO
Ao longo do ano de 2006 foram realizadas ruas de lazer na cidade de Viçosa-MG. Esses
eventos foram realizados em cada bairro da cidade, por iniciativa da prefeitura Municipal
de Viçosa juntamente com o SAAE – Serviço Autônomo de Água e Esgoto, ainda havia o
apoio de atores locais e acadêmicos do curso de Educação Física. O objetivo dessas
intervenções era a conscientização da população quanto ao uso racional dos recursos
advindos do meio ambiente, através de vivências lúdicas.
INTRODUÇÃO
No decorrer das ultimas décadas, as discussões sobre as políticas públicas de lazer também
vêm ganhando destaque como temática ligada aos debates sobre cidadania, participação
popular, reivindicações sociais e como uma possibilidade de contribuição na superação das
desigualdades sociais. Em geral, as discussões sobre as políticas de lazer emergem
agregadas aos projetos anunciados e desenvolvidos para o setor esportivo. No entanto,
apesar da reivindicação a participação popular nas ações governamentais de esporte e lazer
é relativamente pequena, já que essas questões se apresentam, ainda, em posições
secundárias frente a outras esferas da vida social como a moradia e saneamento.
Pensar o Lazer enquanto direito social é pensar o mesmo enquanto constituinte de Políticas
Públicas, parte do cotidiano do indivíduo, entendido como necessidade, como prática de
livre escolha, relacionado a liberdade, a democratização e principalmente a acessibilidade.
O objetivo do Programa “Ruas de Lazer SAAE” foi de incrementar e diversificar as opções
de lazer, a partir da potencialização do sentimento de pertencimento do indivíduo com o
meio, com sua realidade social.
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O Programa se constituía em ações desenvolvidas em diferentes pontos do município, no
período de fevereiro a dezembro de 2006. Atendendo a diferentes faixas etárias, com
atividades temáticas, desenvolvidas através de um planejamento periódico, por uma equipe
pedagógica. Os temas geradores dos eventos, eram relativos a questões que permeassem o
manejo e conservação do meio, em espaços públicos, democratizando e possibilitando o
acesso a opções lúdicas diferenciadas.
As ruas de Lazer ocorriam em praças públicas ou em pátios de colégios estaduais e
municipais, e a estrutura era montada contando com a criatividade dos colaboradores,
devido a escassez de recursos, a estrutura para realização era organizada através da
criatividade dos organizadores. O evento contava com: palcos, que ocorriam shows e
teatros relacionados à questão ambiental, estande de pintura de rosto, quadras de voleibol e
peteca, espaços de leitura, espaço de pintura à mão, espaços para jogos tradicionais e
estafetas.
LAZER, MEIO AMBIENTE, POLÍTICAS PÚBLICAS
Para Marcellino (1987), o lazer vem ganhando grande espaço nas últimas décadas como
problema social e como objeto de reivindicação, ligados à qualidade de vida nas cidades, e
ao mesmo tempo “não vem sendo acompanhada pela ação do poder público com o
estabelecimento de políticas setoriais na área devidamente articuladas com outras esferas
de atuação, vinculadas com as iniciativas espontâneas da população e com parcerias junto à
iniciativa privada”. O autor pondera que “as diretrizes gerais de uma política municipal de
lazer não podem se restringir apenas a uma política de atividades, mas contemplar também
questões relativas à formação e reciclagem de quadros para atuação, os espaços e
equipamentos, e critérios de ordenação do tempo.”
Há, portanto, na atualidade, um amplo arco de políticas, articuladoras de um expressivo
contingente de atores e recursos, contemplando a família. Essas políticas, por sua vez,
assumem não só a forma de provisão de benefícios e serviços, mas também de tributos,
seja para arrecadar recursos, e criar fundos públicos, seja para promover subsídios e
isenções físicas; de leis ou normas referentes ao casamento, divórcio, comportamento
sexual, controle da natalidade, aborto; e de segurança social, relacionadas à saúde, à
educação, à habitação e ao emprego.
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A articulação entre lazer, meio ambiente e a questão da política se fazem presente
no nosso cotidiano de modo a possibilitar ou impedir relações entre os indivíduos, onde
através de intencionalidades diversas a ocorrências das vivências vão sendo traçadas,
interferindo na realidade na qual os indivíduos se inserem.
A relação entre Consumo e Lazer, fornece impactos diretos no cenário e nas
relações entre os indivíduos. Interesses clientelistas podem colocar em risco a
potencialidades do contato das pessoas com o meio ambiente. O problema é que espaços e
opções mais democráticos como praças, parques, ruas de lazer e festas populares não são
privilegiados. Aí é que entra a questão, essa carência pode ser diminuída através de
políticas publicas de lazer, ou seja, atos que o governo faz ou deixa de fazer, e os efeitos
que a implantação ou ausência destas provocam na cidade.
Ressaltando nessas políticas, a ligação existente entre lazer e educação, ou seja, as
vivências de lazer produzindo e ressignificando sentidos, contribuindo para o aprendizado
a partir de possibilitar inserção de valores e atitudes, influenciando na dinâmica da
sociedade onde o mesmo se insere.
Durante esse trabalho, percebeu-se a que a agregação das questões do meio ambiente e
vivências lúdicas a partir das ações do Departamento de Esportes da Prefeitura Municipal
de Viçosa –Secretaria de Cultura, Esportes, Lazer e Patrimônio, geraram resultados
satisfatórios no que se refere a reflexões sobre o tratamento do espaço público.
REFERÊNCIAS
BRUHNS, Heloisa Turini. Meio Ambiente. In: GOMES, Christianne Luce (org).
Dicionário Crítico do Lazer. Belo Horizonte, 2004, p. 152 – 158.
LINHALES, M. A.(Orgs.) Sobre lazer e política. Maneiras de ver, maneiras de fazer.
Belo Horizonte: Editora UFMG, 2006,
MARCELLINO, N. C. Lazer e Educação. Campinas, SP: Papirus, 1987.
MELO, V. A. Lazer, Meio Ambiente e Envolvimento Comunitário. XI Encontro
Nacional de Recreação e Lazer. Foz do Iguaçu, 1999.
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Email: [email protected]
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MEIO AMBIENTE E EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR: A PERCEPÇÃO DE
ACADÊMICOS DO CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA
GRADUADA MARIA EUNICE DE PAIVA FREITAS
PROF. MS. SAMUEL GONÇALVES PINTO
FACULDADES SUDAMÉRICA
PROFA. MS.FABIANE APARECIDA SILVA BORTONE – UFV
RESUMO
A questão central do presente estudo é investigar a forma como os alunos do curso de
licenciatura em Educação Física, perceberam o tratamento da questão do meio ambiente
nas aulas de educação física escolar. A forma como esses atores sociais percebem a
relação entre meio ambiente e Educação Física durante sua formação acadêmica pode
refletir de maneira significativa na sua atuação profissional, revelando a partir de sua
prática valores e atitudes frente a questões relativas a manejo e conservação do meio.
A INTERFACE MEIO AMBIENTE - EDUCAÇÃO FÍSICA
Atualmente as questões sobre o meio ambiente se apresentam como um dos problemas
urgentes a serem resolvidos nos novos tempos que se aproximam, a fim de que a vida do
homem na face da terra seja preservada, saudável e produtiva. A leitura dessas questões
realizadas hoje em dia revela e destaca o aspecto das avarias e danificações sobre a
natureza por interferências inadvertidas e impensadas do ser humano. Nos últimos anos a
necessidade de resolver os inúmeros problemas ambientais, gerou-se propostas
diferenciadas, partindo de atitudes corretivas até preventivas, passando por uma abordagem
da consciência ambiental que inter-relaciona conhecimentos de ecologia, economia,
espiritualidade, ética e educação. Torna-se necessário que a população adquira consciência
e compromisso de mudanças de atitudes e de valores, sendo capaz de gerar oportunidades
de vivenciar experiências significativas e prazerosas, além da possibilidade de poder
experimentar novas percepções e sensações atreladas ao meio natural, experiências estas
que podem interferir nos níveis qualitativos da vida (TAHARA, 2006). Se tratando dessa
busca por mudança de atitudes e inserção de valores, a educação ambiental tem-se
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mostrado como um instrumento de ensino nas escolas. A questão do meio ambiente
segundo PCN’S-Parâmetros Curriculares Nacionais, deve ser tratado como Tema
Transversal, ou seja, fazendo parte do planejamento das diferentes disciplinas do currículo
escolar.
METODOLOGIA
Fizeram parte da amostra do estudo 25 estudantes do 5º período, do curso do educação
física de uma instituição privada de ensino superior, matriculados na disciplina Estágio
Supervisionado na Escola. A referida disciplina consiste no acompanhamento por parte do
estudante das aulas de educação física numa escola pública de ensino fundamental e
médio, ministradas por um professor habilitado na área. O curso de educação física dessa
instituição oferece habilitação em Licenciatura, tendo o início de suas atividades em
fevereiro de 2002. Foram aplicados questionários semi-estruturados aos estudantes, no mês
de dezembro de 2007, momento onde o estágio tem seu término. Esse instrumento foi
aplicado no último dia de aula da disciplina como parte do processo avaliativo da mesma.
Com os dados encontrados, estabelecemos uma relação com a literatura na área de Meio
Ambiente, Educação e Educação Física.
RESULTADOS
A apreciação dos dados permitiu a sistematização de três categorias de.análise:
Planejamento do Professor – didática de ensino, conteúdos trabalhados, Relação entre
educação física e meio ambiente e Relação entre a aula de educação física, as outras
disciplinas do currículo escolar e Meio Ambiente. Na primeira categoria detectamos que
grande parte dos alunos não percebem um planejamento estruturado por parte do professor,
percebendo a inexistência de ligação entre as aulas, o tratamento da educação física como
pressupostos de performance e rendimento, a separação entre meninos e meninas nas
atividades e o tratamento da disciplina com um fim em sim mesma, ou seja, sem relação
com questões travadas na sua relação com a sociedade. No que se refere à segunda
categoria, detectamos a ausência do tratamento dessa temática nas aulas do professor.
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Como o planejamento do professor era desprovido de uma reflexão dentro do seu próprio
objeto de estudo, o mesmo, não a relacionava com as outras áreas do conhecimento. Sendo
relatado pelos alunos que existiam na escola atividades de outras disciplinas relacionadas à
questão do meio ambiente, tais como: feiras, palestras e exposições de cartazes.
CONCLUSÕES
Podemos perceber no estudo que a ligação entre meio ambiente e educação física na escola
se mostra de maneira discreta e desprovida de um planejamento estruturado e sem
objetivos bem definidos. O professor em questão estabelece o seu planejamento voltado
diretamente para os aspectos técnicos dos esportes, não estabelecendo uma relação com as
situações cotidianas do aluno, minimizando a possibilidade do aluno relacionar o
fenômeno esportivo com as mudanças na sociedade. Esse trabalho deve ser pautado de
intervenções nas diferentes áreas do conhecimento, mediante um planejamento da escola e
não em ações isoladas, possibilitando as trocas de experiências entre as disciplinas,
professores e alunos, estabelecendo uma ligação entre os diferentes enfoques necessários a
serem dados no tratamento da questão do meio ambiente. É possível, com este estudo
percebermos a necessidade do trabalho entre meio ambiente e educação física bem como
repensar o comportamento do profissional de educação física nas instituições de ensino
fundamental e médio, bem como refletir sobre a formação no ensino superior,
questionando até que ponto as disciplinas da grade dos cursos de graduação contemplam o
tratamento desse tema nas unidades didáticas.
REFERÊNCIAS
CRUZ, M. C. M. T. Para uma Educação da Sensibilidade: a experiência da Casa
Redonda Centro de Estudos. Dissertação (mestrado) Escola de Comunicações e
Artes/USP. São Paulo, 2005.
REIGOTA, M., (1999), "Uma educação ambiental pós-moderna". Cortez Editora, 167
p., São Paulo.
Parâmetros Curriculares Nacionais: educação física/ Secretaria de Educação
Fundamental. Brasília . MEC-SEF, 1997.
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TAHARA, A. K; DIAS, V. K; SCHWARTZ, G. M. A aventura e o lazer como
coadjuvantes do processo de educação ambiental. Pensar a Prática 9/1: 1-12, Jan./Jun.
2006
Tema Transversal: meio ambiente/ Secretaria de Educação Fundamental. Brasília .
MEC-SEF, 1997.
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O COLÉGIO SION DO RIO DE JANEIRO, REINVENTANDO OS ESPORTES DE
AVENTURA NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA.
MS. COSTA NETO, J. VICENTE – COLÉGIO SION
MS. SANTOS, SIDNEY – COLÉGIO SION.
EDNEY, FELIPE M. MARTINS. GRADUANDO UNESA
RESUMO
O Colégio Sion é uma tradicional instituição educacional que presta serviços na cidade do
Rio de Janeiro. A educação, a exemplo do que pregava o fundador da Congregação,
Padre Théodore Ratisbonne, continua sendo instrumento para os jovens adquirirem o
conhecimento necessário dos verdadeiros valores humanos e cristãos, em especial o
acolhimento do "outro", sem discriminações. No decorrer deste ano a Educação Física, no
segmento da educação Infantil, está desenvolvendo suas aulas fundamentadas nas
atividades de aventura. A reinvenção dos esportes de aventura acontecem na quadra
esportiva, utilizando cordas para a construção de várias estações de arvorismo , tais
como a falsa baiana, travessia de toras, travessia de cordas, equilíbrio com corrimão, a
escalada com as estações de escada de quebra peito e escada com pneus para ascensão.
O presente estudo se propõe a demonstrar o caminho que os esportes de aventura
percorrem para serem reinventados nas aulas de Educação Física. Apresentaremos a
realidade do colégio, o entendimento que se tem sobre o esporte educacional, o esporte de
aventura e a educação infantil.
O Colégio Sion, com mais de cem anos no Brasil é uma tradicional instituição educacional
que presta serviços na cidade do Rio de Janeiro. A educação, a exemplo do que pregava o
fundador da Congregação, Padre Théodore Ratisbonne, continua sendo instrumento para os
jovens adquirirem o conhecimento necessário dos verdadeiros valores humanos e cristãos,
em especial o acolhimento do "outro", sem discriminações.
O esporte desenvolvido no contexto da escola, também chamado de esporte educacional,
deve contribuir para o processo educativo de formação dos jovens, uma preparação para o
exercício da cidadania, que tem caráter formativo; é baseado em princípios educacionais,
segundo Tubino (dicionário do Esporte, 2007, p.41): Inclusão, participação, cooperação,
co-educação, co-responsabilidade.
Os esportes de aventura, por sua vez, são concebidos como diversas práticas corporais
realizadas junto à natureza, que representam formas alternativas e criativas de expressão
humana. Neste sentido, tais esportes podem se tornar um meio privilegiado para se
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trabalhar a motricidade das crianças e de contribuir com mudanças de valores e atitudes
referentes ao lazer e aos ambientes naturais.
O arvorismo foi uma das atividades reinventadas para as nossas aulas. Este esporte de
aventura teve início com a dificuldade de biólogos em estudar a fauna e a flora que
habitam as copas das árvores. Começou como uma verdadeira escalada nas árvores,
utilizando as técnicas cada vez mais avançadas e inventadas por escaladores.
A escalada, outro esporte de aventura utilizado, que consiste em progredir por uma parede
de rocha utilizando somente os apoios naturais (agarras) da pedra, com equipamentos
específicos da atividade usados para proteger em caso de uma queda.
No processo de desenvolvimento humano, o aspecto motor se revela principalmente
através de mudanças no comportamento motor. Uma variedade de fatores cognitivos,
afetivos e motores influenciam e são influenciados pelo desenvolvimento das habilidades
de motoras.
A marca característica da criança é a intensidade da atividade motora e a fantasia. O
conhecimento do mundo na primeira infância depende das relações que a criança vai
estabelecendo com o outro e com os objetos que a cercam. Por isso, sugere-se que a aula
de educação física deva ter como OBJETIVO aprimorar a estruturação espacial, a
orientação temporal das crianças, pois através de determinadas atividades a criança tem a
possibilidade de se locomover e conhecer o espaço, utilizando esses conhecimentos no
futuro, para situações da vida real.
Assim, a Educação Física na educação infantil deve contribuir com situações que levem as
crianças a agir e a se relacionar com o ambiente, pois é através dessas experiências que elas
irão se constituir como sujeito.
A Educação Física no decorrer deste ano está desenvolvendo suas aulas através da
reinvenção das atividades de aventura, utilizando o alambrado, tela que cerca o espaço da
quadra esportiva, para montar, com cordas, várias estações de arvorismo. Assim, as
crianças têm oportunidade de percorrer o trajeto da falsa baiana, uma estação que consta
uma corda esticada aproximadamente a uns cinqüenta centímetros acima do solo e uma
outra acima da altura das crianças. A segurança é feita pelo professor que acompanha cada
criança e no chão são colocados colchões, para amortizar as possíveis quedas.
Entendemos que por ser um equilíbrio acima do solo, algumas crianças ficariam com
medo, mas para a nossa surpresa, elas superaram as expectativas e, a partir daí, começamos
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a elaborar novas estações, como: o equilíbrio com corrimão, a travessia de cordas e a
travessia de toras.
Como este trabalho está sendo construído a partir das vivências das crianças, as estações
vão surgindo de acordo com a criatividade, aceitação e interesse das próprias crianças e dos
professores. Neste sentido, ainda são oferecidas a travessia de pneus e a travessia da ponte
com uma escadinha.
Para que as crianças vençam seus medos e superem os obstáculos, a escalada é trabalhada
de maneira que elas tenham que subir uma escada de quebra-peito, fixada na haste do
basquetebol, construída com cordas e degraus de madeira. As crianças fazem ascensão
utilizando as técnicas da escalada como a negativa e a positiva. Outra estação de escalada é
a ascensão com pneus, uma corda é lançada na viga do ginásio e a partir dela monta-se
uma escada com pneus, para que as crianças executem as mesmas técnicas de subida e de
descida.
Concluímos que os esportes de aventura ao serem trabalhados nas aulas de educação física
do Colégio Sion, levam os alunos a situações de desafio que com o desempenho dos
mesmos os direcionam aos momentos de superação e elevação de auto-estima. Neste
mesmo foco os Parâmetros Curriculares Nacionais ajudam no desenvolvimento global do
aluno, na formação cristã, cidadã e crítica do aluno Sionense.
REFERÊNCIAS
CAILLOIS, R. O homem e o sagrado. Lisboa: Cotovia, 1998.
COSTA NETO, J. V. (2005). O jogo do jogo do futivôlei como lazer na praia de
Copacabana no Rio de Janeiro (Dissertação de Mestrado). Rio de Janeiro: PPGEF /
Universidade Gama Filho, 2005.
Digital, Buenos Aires, ano 10, n. 88, set/2005. Disponível em: http://www.etdeportes.com,
acesso em 27.abr.2008.
MARINHO, ALCYANE E SCHWARTZ, GISELE MARIA. Atividades de aventura
como conteúdo da educação física: reflexões sobre seu valor educativo. Revista
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Julio Vicente da Costa Neto - [email protected]
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O CONDUTOR DE ESPORTE DE AVENTURA NO BRASIL: IDENTIDADE,
SABERES E COMPETÊNCIAS NECESSÁRIAS A SUA ATUAÇÃO
PROFISSIONAL.
JAIRO ANTÔNIO DA PAIXÃO
VERA LUCIA DE MENEZES COSTA
LIRES – LEL – PPGEF/UGF
RIO DE JANEIRO – BRASIL
RESUMO
A prática de esporte de aventura suscita pré-requisitos específicos se comparado com
àquelas relacionadas às modalidades de esporte ditas convencionais (como as
modalidades de esportes coletivos, natação, tênis dentre outras). Dentre essas
especificações encontra-se o fator de risco que requer uma série de procedimentos de seus
praticantes como a manutenção de sua integridade física e mental, o condicionamento
físico, o desenvolvimento de habilidades necessárias à modalidade de aventura em questão
e estratégias que visem ainda à preservação do meio ambiente. Este fato somado à
indefinição do tipo de formação e competências necessárias à atuação do profissional que
conduz as práticas de esporte de aventura e risco na natureza no Brasil. Ao focalizarmos
tal problemática no âmbito do esporte de aventura no Brasil, constituem-se objetivos desse
trabalho que se encontra em execução: analisar o processo de construção da identidade
profissional dos condutores de esportes de aventura no Brasil; identificar as competências
e saberes necessários à atuação profissional dos condutores de esportes de aventura;
conhecer como se dá de fato, a apreensão por parte desses profissionais, do conhecimento
necessário para a sua atuação como condutores desta especialidade de esportes. Ou seja,
seu processo de formação.
INTRODUÇÃO
O surgimento de novas modalidades de atividades físicas é um fenômeno que vem se
dando num ritmo acelerado tanto em ambientes urbanos como em rurais. No entanto,
aquelas modalidades ligadas à natureza crescem numa proporção maior devido a diferentes
fatores: a necessidade de o homem afastar-se do estresse das grandes cidades; a ruptura
com os esportes convencionais olímpicos e aqueles veiculados pelo esporte espetáculo; a
retomada do espírito aventureiro que encaminha o homem a um ambiente selvagem,
carregado de incertezas, permitindo-lhe jogar com as chances de conquistar, jogar com as
adversidades; a íntima ligação com a lógica atual da sociedade, que interage diretamente
com o aumento da incerteza política, econômica, social e cultural; o desenvolvimento
tecnológico que proporcionou mais segurança e a vivência da ousadia; e a emergência de
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um sentimento ecológico e de preservação da natureza como condição de sobrevivência no
planeta (COSTA, 2000; 2007).
A prática das diversas modalidades de esporte de aventura coloca os praticantes numa
maior situação de risco se comparado com o esporte convencional (peculiaridade esta que
lhe dá o status de esporte de risco calculado).
Assim, ao se considerar a inexistência, no Brasil, de um perfil do profissional que atua no
âmbito do esporte de aventura, incluindo o tipo de formação e ou habilitação do mesmo,
bem como as implicações e especificações que perpassam o processo ensino aprendizagem
das modalidades de esporte de aventura nos leva a enveredar pelo caminho de uma
investigação.
OBJETIVOS
•
Analisar o processo de construção da identidade profissional dos condutores de
esportes de aventura no Brasil.
•
Identificar as competências e saberes necessários à atuação profissional dos
condutores de esportes de aventura.
•
Conhecer como se dá de fato, a apreensão por parte desses profissionais, do
conhecimento necessário para a sua atuação como condutores desta especialidade de
esportes. Ou seja, seu processo de formação.
METODOLOGIA
O presente estudo será desenvolvido de acordo com os princípios e características de uma
abordagem qualitativa de pesquisa.
O design metodológico assemelha-se aos estudos do tipo survey, além de ser um estudo
descritivo de natureza qualitativa, na medida em que se constitui numa espécie de
diagnóstico sobre as variáveis formação, tempo de atuação e experiência na atividade, a
compreensão de risco e de segurança, os principais motivos que influenciam os indivíduos
a aderirem e a permanecerem orientando profissionalmente as atividades esportivas na
natureza e os saberes necessários para tal finalidade. Este momento da pesquisa objetiva
conhecer a realidade a partir das informações dos atores envolvidos diretamente no
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processo educacional e de condução das atividades. Desta forma se descreve o status atual
do ponto de vista desses atores.
Para os fins específicos de desenvolvimento desta pesquisa, a população será constituída
por condutores dos sexos feminino e masculino, atletas ou não de uma das modalidades
praticadas na natureza, que realizam esse tipo de intervenção regularmente em grupos
situados na cidade de Governador Valadares, MG que oferecem a possibilidade de
aprendizagem e/ou de prática continuada de tais atividades físico-esportivas na natureza.
O tamanho da amostra será arbitrado pelo pesquisador, não havendo a pretensão de se
assegurar uma dimensão de modo a torná-la representativa da população alvo. Este fato se
justifica pela inexistência de informações confiáveis sobre o número de pessoas atletas ou
não atletas condutores da atividade, independentemente da faixa etária. Portanto, o
tamanho da amostra será dimensionado de modo a viabilizar sua estratificação em termos
de gênero e tipo de organização a que servem. Os resultados encontrados serão analisados
de forma descritiva através do uso de ferramentas estatísticas.
ÂMBITO DO ESTUDO
Através de observações empíricas e da literatura que trata desta temática, percebe-se que
não há no Brasil um curso de formação especifica para o profissional que conduz o esporte
de aventura como ocorre, por exemplo, com a Educação Física. Como afirma Costa (2005),
“esses condutores se autoformam ou recebem um curso de mínima duração de algumas
confederações esportivas ou de associações internacionais certificadoras. Ou seja, não
temos formação oficial a oferecer para essa especificidade”.
A análise de modalidades de esporte de aventura praticadas no Brasil revela que durante
um tempo considerável aspectos ligados ao tipo de formação do condutor esportivo de
aventura não constituiu preocupação no contexto da formação profissional em Educação
Física, no âmbito acadêmico-cientifico ou ainda por órgãos representativos da referida área
do saber.
Recorre-se à Educação Física pela sua vinculação histórica com o esporte, e o fato, no
Brasil, dessa prática física, estar sob a responsabilidade de um profissional da referida área.
Note-se que o processo ensino aprendizagem e as discussões referentes às dimensões que
perpassam o esporte mantém-se por longos tempos atrelada à referida área do
conhecimento.
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Não há dúvidas que o aprendizado do trabalho docente não passa somente pela formação
acadêmico-profissional na qual são fornecidos conhecimentos teóricos e técnicas para o
exercício da docência. Tardif e Raymond (2000), explicam que, além dos referidos
conhecimentos, as experiências (práticas) diretas com o fazer do próprio trabalho são
fundamentais, pois é nesta instância que serão aprendidos e produzidos saberes práticos
essenciais ao exercício da prática profissional.
Um outro aspecto a ser considerado sobre a atuação do condutor de esportes de aventura,
que não possui uma formação especializada, é a relação que se estabelece entre
conhecimentos acadêmicos e as práticas docentes estabelecidas (ou não) por esses
indivíduos.
RESULTADOS E CONCLUSÃO
Trata-se de uma pesquisa de doutoramento que se encontra em fase inicial. Tal fato não
nos permite ainda uma apresentação definitiva dos resultados e conclusão.
REFERÊNCIAS
Costa, V. L. M. (2007). Aventura e risco na natureza: Símbolos e mitos presentes nos
discursos do ecoturismo esportivo. In A. C. P.C. Almeida & L. P. Costa (Eds.). Meio
ambiente, esporte, lazer & turismo. Rio de Janeiro: Editora Gama Filho.
Tardif, M. & Raymond, D. (2000) Saberes, tempo e aprendizagem do trabalho no
magistério. Revista Educação e Sociedade, Campinas, 73 (21) 209-244.
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Jairo Antonio da Paixão - [email protected]
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O SKATE ASSOCIADO ÀS DIMENSÕES EDUCACIONAIS
PROF. MS. IGOR ARMBRUST
UNICASTELO – UNIVERSIDADE CAMILO CASTELO BRANCO
RESUMO
Os esportes radicais estão sendo cada vez mais abordados em cursos e palestras devido ao
interesse dessas novas práticas que surgem como meio de lazer, esporte e educação.
Todavia, há um despreparo profissional para atender essas atividades, o que dificulta
implantar tais práticas nos âmbitos educacionais. Como é o caso do skate que se observa
um crescimento no número de praticantes, mas que a atividade em si é pouco vista dentro
das escolas. É necessário respeitar as dimensões conceituais, procedimentais e atitudinais
para que o ser humano possa se desenvolver socialmente e experimentar diferentes
estímulos motores. Este artigo possibilitou refletir sobre as ações emergentes que tanto os
graduandos e profissionais de educação física precisam se atentar às novas práticas
corporais e quanto às universidades necessitam reformular suas grades e oferecer cursos
para atender a necessidade real dos esportes contemporâneos.
INTRODUÇÃO
Atualmente o skate é um dos esportes mais praticados no Brasil. Tendo em vista a
educação física que se renova, recria e aprimora seus conceitos, conteúdos e didáticas, é
preciso se atentar para a educação física contemporânea e propiciar novas atividades no
âmbito educacional. Se faz emergente essas reflexões e discussões acadêmicas, com
estudiosos e colegas de profissão compromissados com as crianças e jovens e com a
educação de maneira holística, que visa propiciar novas atividades sobre a ótica dos
esportes radicais, de ação e de aventura, fenômeno reconhecido pelos PCNs (Parâmetros
Curriculares Nacionais), mas que não se encontram no âmbito escolar. Tais atividades
sofrem pré-conceitos negativos por transgredir o que há de proposto, onde muitas vezes, o
praticante não encara o ambiente como um ser pacato, mas como um ser ativo que interage
com o meio, experimenta, reinventa, dá novo significado e aprende.
OBJETIVO
Promover reflexões sobre os processos de iniciação a modalidade skate aplicados às
dimensões educacionais.
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MÉTODO
Foi utilizada a pesquisa exploratória (GIL, 2002) devido aos seus objetivos de
proporcionar maior familiaridade com o fenômeno, no caso o skate e sua ação educativa.
RESULTADOS
Atrelado a vertente educacional, os (PCNs) destacam um recorte realizado na cultura
corporal, sendo conhecido como cultura corporal de movimento, explicitando a intenção de
trabalhar com práticas como os jogos, as lutas, as atividades rítmicas e danças, os esportes
e as ginásticas como produções culturais versando ensino e aprendizagem (BRASIL, 1998).
Essa cultura que procura analisar todo o contexto histórico da educação física, sob a ótica
das práticas corporais, deve-se renovar constantemente. A cultura é polissêmica, elemento
fundamental a educação física, pois, todas as manifestações corporais humanas são geradas
na cultura dinâmica que se relacionam ao corpo e ao movimento (DAOLIO, 2004;
GALVÃO et al., 2005).
Sendo assim, é importante frisar que essas práticas seriam os delineamentos de conteúdos
para o ensino. Que são seleções de formas ou saberes culturais, cuja assimilação é
considerada essencial para que se produzam desenvolvimento e socialização adequados no
aluno. (COLL et al., 2000 apud DARIDO, 2005, p. 64).
Desta forma, para se referir aos conteúdos, se faz necessário englobar as dimensões de
conceitos, atitudes e procedimentos (DARIDO, 2005). Sendo esse o grande norte para o
profissional que deseja melhorar qualitativamente suas práticas.
As dimensões conceituais procuram abordar informações acerca do esporte, da cultura e as
transformações sociais (DARIDO, 2005). A cerca da modalidade skate, poderiam se
informar os diferentes tipos que existem, suas respectivas partes, quando e onde iniciou
essa modalidade. Pode ainda, ampliar informações de como se constrói um shape, do que
são feitas as rodinhas, entre outras idéias. Nas dimensões procedimentais, os alunos
experimentam alguns fundamentos básicos dos conteúdos, dentre eles, o esporte em si. Por
exemplo, realizar a impulsão no skate, descobrir a perna de base, executar manobras
básicas do tipo slide, entre outras. Por fim, as dimensões atitudinais buscam valorizar os
jogos e as condutas de respeito. Pensando no skate, propiciar jogos de pega-pega no skate,
jogos de equipes para atravessar de um lado da quadra ao outro utilizando o skate
individualmente ou cooperativamente, entre outras propostas. Conclusão - Essas ações
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podem contribuir para as aulas de educação física escolar ou em atividades
extracurriculares, não sendo necessário abordá-las separadamente, mas num conjunto
harmonioso e que haja reflexão dos acontecimentos. Cabe ao professor de educação física
se atualizar e se capacitar em cursos para elaborar seqüências pedagógicas de novas
práticas corporais e reformular as atividades e conteúdos nos âmbitos educacionais. As
instituições universitárias devem oferecer cursos e disciplinas voltadas aos esportes
radicais, de aventura e de ação para atender esse mercado promissor.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. PCN: Educação Física/ Secretaria de
Educação Fundamental – Brasília: MEC/ SEF, 1998.
COLL. C. et al. Os conteúdos na reforma. Porto Alegre: Artmed, 2000.
DAOLIO, J. Educação física e o conceito de cultura. Campinas: Autores associados,
2004.
DARIDO, S. C. Os conteúdos da Educação Física na escola, In: ________; RANGEL, I. C. A.
Educação Física no ensino superior: Educação Física na Escola. Implicações para a prática
pedagógica. Rio de Janeiro: Guanabara koogan, 2005. cap.5 p. 64-79.
GALVÃO, Z.; RODRIGUES, L. H.; NETO, L. S. Cultura corporal de movimento. In DARIDO,
S.C.; RANGEL, I.C.A. Educação Física no ensino superior: Educação Física na Escola.
Implicações para a prática pedagógica. Rio de Janeiro: Guanabara koogan, 2005. cap. 2 p. 25-36.
GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2002.
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Igor Armbrust: Rua: Iguaré - [email protected]
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POLÍTICAS PÚBLICAS E ESPORTE DE AVENTURA: ATUAÇÕES E
ENCENAÇÕES
TIAGO NICOLA LAVOURA, PROF. MS.
UNIVERSIDADE VALE DO RIO DOCE – UNIVALE
NÚCLEO DE ESTUDOS E PESQUISAS EM EDUCAÇÃO FÍSICA - NEPEF
RESUMO
O objetivo desta pesquisa foi analisar de que forma se materializam as políticas públicas
de esporte de aventura, em esfera governamental. Utilizou-se a pesquisa documental, a
qual permitiu identificar ações políticas do Ministério do Meio Ambiente, Ministério do
Turismo e Ministério do Esporte. Notam-se, ainda, as tímidas ações ocorrentes neste
segmento, visto que demoram a aparecer políticas setoriais que abordem a questão da
democratização e da sociabilização do esporte de aventura.
INTRODUÇÃO
Esta pesquisa tem como objetivo analisar de que forma se materializam as políticas
públicas de esporte de aventura, na esfera governamental federal, permitindo a
democratização destas práticas, na apropriação do tempo disponível, cujas experiências
possibilitem o desenvolvimento pessoal e social dos seres humanos.
Como forma de procedimentos metodológicos, este estudo, de caráter exploratórioanalítico (GIL, 1995), utilizou-se da pesquisa documental, a qual permitiu identificar ações
políticas do Ministério do Meio Ambiente, Ministério do Turismo e Ministério do Esporte,
sobretudo, analisando a lei n° 9.985 de 18 de julho de 2000 (SNUC); o Plano Nacional de
Turismo (2003-2007), e a Política Nacional de Esporte.
POLÍTICAS PÚBLICAS E ESPORTE DE AVENTURA
As atividades ecoturísticas recebem atenção especial, por parte do Ministério do
Meio Ambiente, ao ser instituída a lei n° 9.985 de 18 de julho de 2000, que faz alusão aos
critérios e normas para a criação, implantação e gestão das unidades de conservação,
instituindo o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza – SNUC, o qual,
em seu artigo 4°, define como um dos seus objetivos: “[...] favorecer condições e promover
a [...] recreação em contato com a natureza e o turismo ecológico”.
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Em seu artigo 5° também é instituído que, no âmbito de suas diretrizes, o SNUC
buscará: “[...] o apoio [...] práticas de educação ambiental, atividades de lazer e de turismo
ecológico [...]”.
Em que pese a alusão às atividades ecoturísticas, como forma de recreação, lazer e
turismo citadas, no que toca à discussão da relação do ser humano com meio ambiente,
observa-se a ausência dos setores e entidades ligados às atividades físico-esportivas, de
lazer e turismo, no escopo da política ambiental.
Concomitantemente, o setor do turismo também vem desenvolvendo ações e
articulando uma movimentação, no que tange à prática do ecoturismo e do turismo de
aventura.
Em 2003, é criado o Ministério do Turismo, e elaborado o Plano Nacional de
Turismo (2003-2007), estabelecendo diretrizes, objetivos, metas e programas em prol do
desenvolvimento e consolidação do turismo no Brasil. Criou-se os Grupos Técnicos
Temáticos – GTTS, dentre os quais surgiu o GTT de aventura, também, o Programa de
Certificação em Turismo Sustentável, assim como, o GTT de Certificação em Turismo de
Aventura, que vem articulando e executando as movimentações do Projeto de
Normalização do Turismo de Aventura (FARAH, 2005).
Não obstante, evidencia-se o caráter comercial e de produto que ganham tais
práticas na natureza, aos olhares dos envolvidos com o segmento turístico nacional. Além
disso, não se verifica a aproximação deste com todos os setores que atuam com tais
práticas.
No dia 14 de junho de 2005 é aprovada a Política Nacional de Esporte, por meio da
resolução n° 5 do Conselho Nacional de Esporte, mesmo ano em que é instituída a
Comissão de Esporte de Aventura no âmbito do CNE, por meio da resolução n° 9 do CNE
de 11 de novembro de 2005.
Entram em cena, assim, atores dos setores governamentais que atendem aos
interesses da construção de políticas públicas voltadas às práticas corporais na natureza, ao
passo que a Comissão de Esporte de Aventura passou a ser composta por um representante
do Ministério do Turismo e um representante do Ministério do Meio Ambiente, dentre
todos os outros vinculados ao Ministério do Esporte e suas respectivas Secretarias, assim
como, representantes do esporte nacional, entidades científicas, dirigentes esportivos do
esporte de aventura e ligados à natureza, entre outros.
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Não obstante, notam-se, as tímidas ações ocorrentes no âmbito da CEA, visto que
demoram a aparecer políticas setoriais que abordem a questão da democratização e da
sociabilização.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Propõem-se, aqui, discussões e iniciativas que visem ações governamentais no
sentido de democratizar o acesso às práticas corporais na natureza, sejam elas no âmbito do
setor turístico (turismo de aventura e ecoturismo), ou no âmbito do esporte e da atividade
física (esporte de aventura).
Talvez, o primeiro empecilho para tal seja a falta de compreensão e consenso
quanto à questão conceitual destas práticas, além do corporativismo dos setores envolvidos
e a falta de solidariedade de cunho profissional. Por fim, pode-se destacar, também, a
incompatibilidade ideológico-política dos atores governamentais, assim como, o
descompromisso, em alguns casos, no que tange às suas responsabilidades, em um
processo de continuidade de programas e iniciativas.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Comissão de Esporte de Aventura – Resolução n° 9 do CNE. Brasília,
Ministério do Esporte, 2005.
BRASIL. Conselho Nacional de Esporte. Brasília, Congresso Nacional, 2002.
BRASIL. Plano Nacional do Turismo: diretrizes, metas e programas. Brasília, Ministério
do Turismo, 2003.
BRASIL. Política Nacional de Esporte. Brasília, Ministério do Esporte, 2005.
BRASIL. Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza – Lei n° 9.985.
Brasília: Congresso Nacional, 2000.
FARAH, S. D. Políticas de incentivo ao turismo de aventura no Brasil: o papel do
Ministério do Turismo. In: UVINHA, R. R. (Org.). Turismo de aventura: reflexões e
tendências. São Paulo: Aleph, 2005. p. 25-42.
GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 4. ed. São Paulo: Atlas, 1995.
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PRÁTICAS CORPORAIS DE AVENTURA NA NATUREZA: O OLHAR DA
COMUNIDADE DE SANTA TERESA/ES
GRADUANDO FELIPE MACHADO
PROFA MS. ANDRÉIA SILVA
ESFA - NUAR
RESUMO
Atualmente, faz-se imprescindível discutir três instâncias: turismo, lazer e natureza, haja
vista a aproximação humana ao meio ambiente. As práticas corporais de aventura na
natureza inserem-se nesse contexto como uma expressão desse retorno a natureza, sendo
foco das mais diversas áreas de pesquisa. Observa-se, no entanto, que tais práticas muitas
vezes são apropriadas sem uma maior compreensão da totalidade em que estão inseridas.
Diante disso, o projeto visa refletir e analisar sobre as práticas corporais de aventura na
natureza através do olhar da comunidade de Santa Teresa/ES, articulando seu
desenvolvimento com as interpretações acerca do meio ambiente e do corpo elaboradas
por essa população. A pesquisa será de cunho qualitativo, do tipo exploratória e com
procedimento de pesquisa se campo. Serão utilizados como instrumentos entrevistas e
observação participante e a análise conteúdos para análise dos dados.
INTRODUÇÃO
Atualmente verifica-se uma crescente procura por vivências de Lazer em ambientes
naturais a qual está pautada em desejos de reaproximação ao mundo natural, até ao risco e
aventura proporcionados por essas. Paralelamente a esse processo, cresce a preocupação
pelas questões referentes ao meio ambiente (SILVA, 2003) e o número de profissionais
envolvidos nessa temática. É imprescindível atentar, no entanto, para a necessidade de uma
formação teórico/prática condizente com o viés mercadológico/educacional dessas
atividades, uma vez que, quando essas são realizadas de forma irrefletida causam
profundos impactos no meio ambiente (BRAGA, 2000).
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Nesse contexto, voltamos nossos olhares para a cidade de Santa Teresa, a qual possui cerca
de 40% de sua cobertura natural preservada, o que atribui a ela uma condição ímpar para o
desenvolvimento de atividades de lazer ao ar livre. Porém, como chamamos atenção
anteriormente é necessária uma formação consciente e comprometida com os agentes
envolvidos nessa área. Atrelada a essa discussão, torna-se preciso igualmente, implementar
vivências de qualidade para os sujeitos participantes (BRUHNS, 1999b).
Diante disso, a Escola Superior São Francisco de Assis, através de seu curso de Educação
Física e do Núcleo Universitário de Ar Livre/NUAr à partir de 2003 buscou propiciar
diversas vivências em ambientes naturais para seu corpo discente e a comunidade teresense,
além do curso de Pós-graduação justamente na área de Lazer e meio ambiente proposto
pelo curso de Educação Física.
Verificamos, no entanto, a necessidade de um melhor entendimento de como essas práticas
se constituíram ao longo dos anos nessa localidade, bem como, o olhar de seus praticantes
e observadores no que tange as suas interpretações sobre o meio ambiente e do corpo.
Visamos com isso compreender de forma mais aprofundada o contexto na qual as mesmas
estão inseridas, para a partir daí, criar formas autênticas de desenvolve-las.
Assim, a problemática norteadora do presente projeto de pesquisa constitui-se no seguinte
questionamento: Como as práticas corporais de aventura na natureza se constituíram ao
longo do anos na cidade de Santa Teresa e quais as relações criadas com a comunidade?
Nosso objetivo geral é analisar as práticas corporais de aventura na natureza através do
olhar da comunidade de Santa Teresa/ES, articulando seu desenvolvimento com as
interpretações acerca do meio ambiente e do corpo elaboradas por essa população. E os
objetivos específicos: Tecer considerações sócio-históricas sobre a constituição das
Práticas Corporais de Aventura na natureza na cidade de Santa Teresa; refletir sobre a
noção de corpo e meio ambiente presente nessa população; analisar sua percepção (ou a
ausência da mesma) sobre as práticas corporais de aventura na natureza; verificar os
impasses, conflitos e contradições presentes no desenvolvimento de tais práticas, os quais
revelam ou podem revelar, atitudes e comportamentos incompatíveis com o nível de
expectativa da população local; repensar a forma como estão sendo desenvolvidas tais
atividades com vistas a dar subsídios para a implementação de políticas de lazer ao ar livre
que levem em consideração as especificidades dessa população.
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METODOLOGIA
Trata-se de uma pesquisa qualitativa, pois a relação lazer e as práticas corporais de
aventura na natureza, foco do presente estudo, dificilmente é quantificável (MINAYO,
1994, p. 22). Será realizado inicialmente um levantamento bibliográfico e aprofundamento
teórico, permitindo articular conceitos e sistematizar a produção na área do Lazer e as
práticas corporais de aventura na natureza.
Optamos por adotar uma pesquisa exploratória e o procedimento utilizado será o de
pesquisa de campo, por proporcionar um estudo profundo, amplo e detalhado de nossa
temática (GIL, 1996). Será utilizada a observação participante e as entrevistas.
Em relação aos procedimentos e cuidados gerais na entrevista, tomaremos mais uma vez as
instruções de Bruyne et. al. (1991): breve início introdutório a respeito do procedimento e
do tema, perguntas claras e objetivas quando previamente formuladas, não influenciar com
opiniões particulares ou tendencionistas.
A análise de dados utilizada será a Análise de Conteúdo – Modalidade Temática. Proposta
por Minayo (1994), esta modalidade de análise e tratamento de dados qualitativos busca a
compreensão de sentido que se dá na comunicação, e para tanto leva em extrema
consideração o contexto histórico social no qual o indivíduo e os fenômenos estudados se
inserem.
REFERÊNCIAS
BRAGA, V. Possibilidades de impacto do ecoturismo. Rio de Janeiro: Viva Terra, 2000.
Disponível em: < http://www.ecoevolunteer.org>. Acesso em: 15 jun.de 2002.
BRUHNS, H. T. Lazer e Meio Ambiente: a natureza como espaço de experiência. Revista
Conexões, Campinas, n. 3, p. 07–25, 1999b.
BRUYNE, P. Dinâmica da pesquisa em ciências sociais. 5. ed. Rio de Janeiro: Francisco
Alves, 1991.
GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 3. ed. São Paulo, SP: Atlas,
1991.
MINAYO, M. C. de S. et.al. Pesquisa social – Teoria, MÉTODO e criatividade. 20. ed.
Petrópolis, RJ: Vozes, 1994.
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SILVA, A A natureza visitada um estudo de caso na cidade de Santa Teresa/ES, 2003.
Dissertação (mestrado em Lazer) – Programa de Pós-Graduação em Educação Física,
Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2003.
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PROCESSO DE ENSINO APRENDIZAGEM NO PÁRA-QUEDISMO
PROFA. DRA. RUTH FRANÇA CIZINO DA TRINDADE
INSTRUTORA JM - ASL DE PÁRA-QUEDISMO
AMARILDO TOZZI – INSTRUTOR ASL DE PÁRA-QUEDISMO, PILOTO TANDEM
RESUMO
Este é estudo descritivo que teve como objetivo identificar qual o enfoque teórico de
aprendizagem e ensino mais se aproxima da dinâmica envolvida nos atos de ensinar e
aprender aplicado nos cursos de formação de atletas para o esporte de pára-quedismo. O
processo de ensino aprendizagem do pára-quedismo se apóia na percepção, motivação e
auto-avaliação e utiliza para o processo de ensinamento da base teórica do páraquedismo, explicação, demonstração, treinamento, revisão e avaliação. O enfoque teórico
identificado no processo de ensinar e apreender foi o comportamentalista e humanista.
Neste processo de instrução supõe que o comportamento que o aluno demonstrar inclui
dar respostas que podem ser observadas pelo instrutor como também são valorizados o
pensamento, sentimentos e ações que o aluno expressa no decorrer do curso.
INTRODUÇÃO
O conceito de aprendizagem apresenta definições que incluem: condicionamento,
aquisição de informação, mudança comportamental, uso do conhecimento na resolução de
problemas, construção de novos significados e estruturas cognitivas e revisão de modelos
mentais. Estes conceitos de aprendizagem e ensino são expressos em três principais
enfoques teóricos: Comportamentalista, Cognitivista e Humanista. (STAUB, 2004). A
familiarização com as principais teorias de aprendizagem pode contribuir com uma
formação mais adequada de todos aqueles que participam do sistema de formação de novos
atletas para o pára-quedismo. É importante compreender o modo como as pessoas
aprendem e as condições necessárias para a aprendizagem, bem como identificar o papel
do instrutor nesse processo. Estas teorias são importantes porque possibilita ao mesmo
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adquirir conhecimentos, atitudes e habilidades que lhe permitirão alcançar melhor os
objetivos do ensino.
OBJETIVO
O objetivo deste trabalho é identificar qual o enfoque teórico de aprendizagem e ensino
mais se aproxima da dinâmica envolvida nos atos de ensinar e aprender aplicado nos
cursos de formação de atletas para o esporte de pára-quedismo (PQD).
MÉTODO
Este é um trabalho descritivo cujo alvo do estudo foi analisar o MÉTODO utilizado para
ensinar e aprender utilizado nos cursos de formação de atletas para o esporte de PQD e
comparar com os enfoques de ensino aprendizagem. Utilizamos o material disponibilizado
pela Confederação Brasileira de Pára-quedismo – CBQp( s/d a, s/d b) para os instrutores de
PQD, assim como analisamos a forma como ministramos os cursos de PQD.
RESULTADOS
O processo de ensino/aprendizagem do esporte para alunos se dá através da teoria do PQD;
explicação e demonstração de toda a seqüência do trabalho a ser realizado durante o salto
(CBPQ, s/d a). Depois o aluno será treinado para que alcance um bom condicionamento
técnico, aqui o trabalho será feito em número suficiente de repetições, para que aluno e
instrutor se sintam satisfeitos com o desempenho alcançado. Caso seja necessário, o
instrutor deverá dar novas explicações e fazer novas demonstrações. Nesta parte do
processo de ensino do PQD quem trabalha é o aluno, com o OBJETIVO condicionar toda a
seqüência do salto. Por fim o instrutor faz uma revisão e avaliação. Analisando o processo
de ensinar e aprender aplicado nos cursos de formação de atletas para o esporte de PQD
descrito acima identificamos dois enfoques da teoria de aprendizagem que são aplicados ao
ensino deste esporte: 1. o enfoque comportamentalista por que o mesmo provê uma base
para o estudo de manifestações que produzem mudanças comportamentais, sendo o aluno
o ser que responde a estímulos fornecidos. Para Skinner (1980) a aprendizagem seria
basicamente uma mudança de comportamento. Neste contesto o mais importante seria,
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depois de se ensinar, pedir que o aluno execute o que se ensinou e corrigi-lo
imediatamente. Apesar de ser uma abordagem muito controvertida, ela é bastante atual, e
aplicada na formação destes atletas. 2. o enfoque humanístico porque segundo Staub
(2004) a idéia que norteia esta teoria está baseada no princípio do ensino centrado no aluno.
Este possui liberdade para aprender, e o crescimento pessoal é valorizado. O pensamento,
sentimentos e ações estão integrados. Desta forma como na teoria humanista no processo
de ensino no pára-quedista os instrutores buscam ver o aluno que aprende primordialmente
como pessoa, busca valorizar a auto-realização e o crescimento pessoal; sendo o aluno um
indivíduo responsável pelos seus atos e livre para fazer escolhas, pois este não é um
esporte praticado por todos.
CONCLUSÃO
O processo de ensino aprendizagem de formação de atletas pára-quedistas busca preparálos para se desenvolverem em um esporte que é visto como um desafio e praticado por
poucos. Assim no seu processo de instrução o comportamento que o aluno demonstrar
pode ser observado pelo instrutor e relacionado com os conhecimentos adquiridos através
de estímulos oferecidos e com consciência das conseqüências de suas ações, como também
são valorizados o pensamento, sentimentos e ações que o aluno expressa no decorrer do
curso.
REFERÊNCIAS
CBPQ. Melhor aproveitamento na sua Avaliação. Confederação Brasileira de Páraquedismo.(material instrucional para instrutor). s/d,.
SKINNER, B. F. Contingências do reforço: Uma análise teórica. (R. Moreno, Trad.).
Coleção Os Pensadores. São Paulo: Abril Cultural. 1980.
STAUB. A. L. P. TEORIAS DE APRENDIZAGEM. UFRGS. 2004. Disponível em
http://www.ufrgs.br/tramse/med/textos Acessado em 31 de maio de 2008
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Ruth França Cizino da Trindade - [email protected]
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PROPOSTA DE ACAMPAMENTO COM ATIVIDADES FÍSICAS DE AVENTURA
NA NATUREZA (AFAN)
ESP. ROMULO LUIZ DA GRAÇA
PROF. MS. ANTONIO ALBERTO DE LARA JÚNIOR
UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA (UNISUL)
RESUMO
O acampamento é umas das atividades realizadas ao ar livre, vividas junto à natureza, ao
mar, a montanha ou ao campo, que podem fazer com que o homem traga benefícios para
sua saúde. As atividades físicas de aventura na natureza (AFAN) cada vez mais ganham
adeptos e sua prática atende todas as classes sociais. Os objetivos deste trabalho foram:
Conhecer teoria e prática das técnicas das atividades de aventura e conhecer a estrutura
organizacional de um acampamento. O acampamento foi realizado a beira mar, em dois
dias, com participação de estudantes do curso de educação física. Através de estatística
descritiva obtiveram-se percentuais de aceitação acima de 90% (excelente e muito bom)
nas atividades. Diante de tais resultados e pelos relatos dos participantes conclui-se que:
os objetivos propostos pelo acampamento foram alcançados com grande êxito,
demonstrando que as AFAN devem fazer parte de um programa de acampamento.
INTRODUÇÃO
O acampamento é umas das atividades realizadas ao ar livre, vividas junto à natureza, ao
mar, a montanha ou ao campo, que pode fazer com que o homem traga benefícios para sua
saúde. Segundo Cavallari e Zacharias (2003, p.39) “O acampamento deve propiciar
integração com a natureza, desenvolver a sociabilidade, consciência dos seus direitos e
deveres e aquisição de autoconfiança”. Conforme Betrán (1995, in Marinho e Bruhns,
2003),as AFAN constituem um conjunto de práticas recreativas que surgiu nos paises
desenvolvidos na década de 1970, embora este termo ainda nos dias de hoje não seja
definitivo como ocorre no “esporte”, cuja utilização léxica é universal e seu significado
quase unânime. Porem, contrariando o que pensa a maioria da população são práticas de
“risco controlado”, transformando a aventura num conceito mais fictício que real, mas que
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podem por bem sinalizar o espírito que norteia a busca de sensações e emoções junto à
natureza.
OBJETIVO
Conhecer as teorias técnicas das atividades de aventura, participar das aulas práticas, bem
como conhecer a estrutura organizacional de um acampamento.
MÉTODO
O acampamento foi realizado em dois dias, com a participação de 45 alunos do Curso de
Educação Física, da Universidade do Sul de Santa Catarina, tendo como local o Camping
Lagoamar, situado na cidade de Garopaba – SC. A comissão organizadora foi constituída
por professores, acadêmicos, equipe de enfermagem, cozinha e salvamento.
As atividades iniciaram com a chegada dos alunos no período da manhã. Em
seguida, foram orientados em: como proceder na escolha do local para colocação e
montagem da barraca; com relação à prevenção de acidentes com animais peçonhentos; e
sobre noções básicas de procedimentos em caso de mudanças climáticas. Após esta etapa,
cada aluno escolheu o local mais adequado para montar sua barraca. Na tarde do primeiro
dia, os alunos foram divididos em dois grupos. O grupo A participou da oficina de
iniciação ao surf. Aproveitando o local escolhido, a beira mar, optou-se por uma atividade
na água. Constaram desta oficina orientações teóricas sobre procedimentos para entrada no
mar, escolha da onda, posicionamento em cima da prancha, segurança, preparação física e
preservação ambiental. Em seguida, cada dupla de alunos devidamente equipados com
roupa de borracha e uma prancha de iniciação, começaram a prática. Devido à extensão e o
relevo do camping, foi desenvolvido uma corrida de orientação pedestre, realizada pelo
grupo B. Optou-se pelo processo bússula-terreno para o desenvolvimento da atividade, e
com a utilização de azimutes diversas pistas foram demarcadas antecipadamente para a
realização. Cada dupla de alunos deveria cumprir seu percurso de aproximadamente mil e
duzentos metros no menor tempo.
A noite, todos os alunos participaram de um jogo noturno intitulado “enigma da
pirâmide”, onde puderam vivenciar desafios e superar seus próprios limites numa pista de
obstáculos temática. Estes foram divididos em três equipes e munidos com uma lanterna.
Orientadas separadamente e estando de posse de um enigma colorido, percorreram uma
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série de obstáculos que continham tarefas como criptografia, transporte de um dos
componentes da equipe por entre arcos (bamboles) a um metro e meio de altura e uma
distancia de dois metros. Na seqüência, com os olhos vendados e seguindo um barbante,
ultrapassavam desníveis no terreno e no final deste percurso recebiam um “walkie talkie”
e com ele utilizam o alfabeto fonético para decifrar a mensagem que os mandava de volta a
base.
No segundo dia, grupo A participou de um trekking - tal atividade foi realizada
com os alunos devidamente trajados, sendo escolhida uma trilha fora do camping, que
proporcionou a passagem por areia, pedra, com descidas e subidas em terreno acidentado, e
teve a duração de setenta minutos. O grupo B participou de uma oficina de nós e
amarrações - sob orientação de um especialista e munidos de corda, puderam conhecer
diversos tipos de nós e amarrações e sua utilidade no dia-a-dia de um aventureiro. Em
seguida foi realizado um rodízio como no primeiro dia. Resultado – Utilizou-se uma ficha
de avaliação com conceitos quantitativos de 0 à 5, sendo divididos os questionamentos por
atividade. Após tabulação e através de estatística descritiva foram obtidos os seguintes
valores: as atividades montagem de
acampamento, iniciação ao surf e jogo noturno
apresentaram um percentual de 72% de conceito 5 e 21% de conceito 4, demonstrando
grande nível de aceitação dos participantes. Isto vem corroborar Lettieri (1999) que afirma
que o sucesso na elaboração de uma programação esta no alcance dos seus objetivos
através das atividades que atendam ao interesse do público. O trekking e a corrida de
orientação alcançaram um percentual de 75% de conceito 5 e 15% de conceito 4, o que vai
de encontro a Zimmermann (2005), que cita que “no contato intenso com a natureza, ou no
contato íntimo, o homem se sente bem consigo mesmo”. A atividade de nós e amarrações
obteve um percentual de 48% de conceito 5 e 39% de conceito 4, demonstrando que os
participantes entenderam a importância do tema no contexto de uma AFAN.
CONCLUSÃO
Conclui-se que através dos resultados obtidos pela ficha de avaliação e pelos relatos dos
participantes que os objetivos propostos pelo acampamento foram alcançados com grande
êxito sendo considerados excelente e muito bom, demonstrando que as AFAN devem fazer
parte de um programa de acampamento.
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REFERÊNCIAS
CAVALARI, V.; ZACHARIAS, Z. Trabalhando com Recreação. 2. ed. São Paulo:
Manole, 1989.
LITTIERI F. Acampando com a garotada. São Paulo: Ícone, 1999.
BETRAN, J.O . Rumo a novo Conceito de Ócio Ativo e Turismo na Espanha: as atividades
físicas de aventura na natureza. In: MARINHO A.; BRUHNS H.T. Turismo lazer e
natureza. Barueri, SP: Manole, 2003.
ZIMMERMANN, A.C. Atividades de Aventura e Qualidade de Vida Revista digital,
Joinville, ano 1, nº 1, 2005 Disponível em: http://www.ielusc.br/
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Romulo Luiz da Graça - [email protected]
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REFLEXÕES INICIAIS ACERCA DAS PRÁTICAS CORPORAIS DE AVENTURA
NA NATUREZA E SUA INFLUÊNCIA DA MELHORIA DA QUALIDADE DE
VIDA EM INDIVÍDUOS DE TERCEIRA IDADE DA CIDADE DE SANTA
TERESA/ES.
ESP. POLLYANA HOFFMANN GUMS
PROFA. MS. ANDREIA SILVA
ESFA/NUAR
RESUMO
O presente artigo busca debater sobre a influência das Práticas Corporais de Aventura na
Natureza de indivíduos de Terceira Idade, desde a época da imigração italiana nessa
localidade até os dias atuais. Para tanto, utilizamos uma pesquisa do tipo exploratória,
com procedimento bibliográfico e documental. O estudo encontra-se em fase de análise de
documentos que evidenciam essas práticas através dos tempos, buscando traçar um
paralelo com a atualidade. Inicialmente podemos concluir que tais atividades sempre
estiveram presentes na vida dessa população, não estando necessariamente ligadas à
busca da melhoria da qualidade de vida.
INTRODUÇÃO
A população de idosos no Brasil segundo Corazza (2001) ultrapassará 30 milhões de
pessoas nos próximos 20 anos. Tal evento está relacionado, segundo Alves (2007) com as
contribuições da melhoria das condições sanitárias, do progresso da ciência, dentre outros
fatores.
Esse crescimento determinou o aumento de estudos nessa área, sendo fundamentais para a
compreensão do processo do envelhecimento como multifatorial atravessado pelos
aspectos bio-psico-sociais (TRIBESS , VIRTUOSO, 2005).
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O envelhecimento necessita de alguns cuidados básicos como a adoção de práticas de
atividades físicas, a fim de garantir a melhoria da qualidade de vida11. Tal melhoria pode
ser conseguida através das Práticas Corporais de Aventura na Natureza – PCAN’s12, as
quais constituem-se como atividades de lazer, que propiciam bem estar físico e mental, em
meio à natureza. Na cidade de Santa Teresa, essas atividades sempre estiveram presentes
no cotidiano dessa população, em especial ao público de terceira idade, o que nos induz a
pesquisar sobre a influência que essas práticas têm em sua qualidade de vida,
estabelecendo como objetivo geral analisar e refletir a influenciada das PCAN’s na
qualidade de vida de indivíduos de terceira idade. Tendo como objetivos específicos tecer
considerações sócio-históricas sobre indivíduos de terceira idade e suas práticas corporais;
refletir sobre as influências, contradições e avanços da utilização das PCAN’s com tal
população e repensar a prática pedagógica do profissional de Educação Física em relação a
tais populações.
METODOLOGIA
A pesquisa se caracteriza como qualitativa, do tipo exploratória, com procedimento
bibliográfico e documental (GIL, 1996). Como instrumentos de coleta foram adotadas a
leitura seletiva, seguida da analítica e interpretativa.
Na apresentação e análise de dados estamos buscando desenvolver um exercício exegese
textual, extraindo dos artigos e documentos analisados os elementos que se aproximam de
nossa temática de pesquisa, aproximando tais contribuições da realidade verificada nessa
região (GIL, 1996).
PCAN’s E TERCEIRA IDADE: OLHARES GERAIS
Observando a relação do homem com a natureza de nossos antecedentes, nos deparamos
com os estudos de Hébert (1992) apud Soares (2007), o qual já se preocupava com a
11
De acordo a OMS (Organização Mundial de Saúde, 1994) trata-se da percepção do indivíduo de sua
posição na vida no contexto da cultura e sistemas de valores nos quais ele vive e em relação aos seus
objetivos, expectativas, padrões e preocupações.
12
As PCAN’s são quaisquer atividades físicas realizadas em ambiente natural que proporcionam sensações
de liberdade, momento de reflexão, incertezas, riscos, aventura, superação de desafios, integração entre o
homem e a natureza e até mesmo o encontro consigo mesmo (INÁCIO, et. al., 2005).
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educação pela natureza e seus benefícios, reforçando a dependência que os humanos
sempre tiveram com tal ambiente:
Assim, o meio ambiente, ao longo da história da humanidade, teve diferentes formas de
apreciação, passando de adoração para utilitarismo. Nos dias atuais verificamos o retorno
ao ambiente natureza em busca de uma qualidade de vida, seja ela pela prática de esportes
que resultem em adrenalina ou simplesmente pelo prazer do contato.
Piucco (2005) acredita que as atividades ligadas à natureza vêm se tornando uma nova
perspectiva no âmbito do lazer, preenchendo a inquietação humana em busca da melhoria
da qualidade existencial. Nesse sentido, conforme evidencia Marinho (1999), as pessoas
sentem-se atraídas pelo entretenimento, emoções, aventura, buscando práticas alternativas
e criativas de manifestação do lazer, tais como as atividades de aventura, que requerem o
meio natural como cenário principal para sua realização.
No entanto, há ainda uma tímida produção das PCAN’s e a terceira idade o que segundo
Gama, et. al (2007), se afirma em função de preconceitos e do estigma que envolve esta
população e os mitos relacionados com estas atividades. Porém, a possibilidade de
experimentação de emoções mais significativas e de satisfação pessoal, profissional e
social, já não é mais exclusivamente de uma faixa etária específica, mas estende-se ao
longo de todo o ciclo vital (DIAS, 2006).
ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
A busca da atividade física com o objetivo da melhoria da qualidade de vida nas
populações de terceira idade constituem-se como um fato concreto em nossa atualidade.
Observamos que PCAN’s se configuram como ótimas oportunidades frente a tais anseios
por suas potencialidades intrínsecas.
Na cidade de Santa Teresa, essas práticas sempre estiveram presentes na vida da população,
por serem uma forma particular de responder as questões exigidas na época: sobrevivência,
adaptação ao meio, local de reencontro, dentre outros. Essa relação pode ser compreendida
como uma atitude a princípio de amizade, a qual, posteriormente, foi te tornando, devido
ao contexto sócio-histórico da época, em uma relação de exploração.
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Assim, os indivíduos que hoje constituem parte do público de terceira idade dessa cidade,
trazem duas grandes vertentes dessa relação: uma que mostra a cumplicidade com a
natureza e outra que reafirma o processo de exploração sobre a mesma. Podemos concluir
que a chamada prática de algumas atividades que hoje podem se aproximar das atuais
PCAN’s, não eram vivenciadas com o intuito de melhoria de qualidade de vida e sim, parte
integrante de um quadro maior a que os imigrantes foram submetidos.
REFERÊNCIAS
ALVES, E. D. Envelhecendo sem tropeço. Programa esporte e lazer da cidade. 2007.
CORAZZA, M. A. Terceira Idade e atividade física. São Paulo: Phorte, 2001.
DIAS, V. K. As atividades físicas de aventura na natureza e o idoso: redimensionando o
lazer. In: SCHWARTZ, G. M. (orgs.) Aventuras na natureza: consolidando significados.
Jundiaí: Fontoura, 2006.
GAMA, R. S, et al. Condições e significados das práticas corporais de aventura na
natureza para grupos de terceira idade. Monografia apresentada na conclusão de
licenciatura em Educação Física da faculdade ESFA, Santa Teresa, 2007.
GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 3 ed. São Paulo. Atlas, 1996.
INÁCIO, H. D. et.al. Bastidores das práticas de aventura na natureza. In: SILVA, A. M.;
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MARINHO, A. Natureza, tecnologia e esportes: novos rumos. Campinas: Conexões: 1999.
Organização Mundial de Saúde – O.M.S. Disponível em: <htpp://ufrgs.br/psiq> Acesso
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PASCOAL, M.; et al. Qualidade de vida, terceira idade e atividades físicas. Rio Claro:
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Buenos Aires: Revista Digital, 2005.
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TRIBESS, S.; VIRTUOSO, J. Prescrição de exercícios físicos para idosos. Revista Saúde,
2005.
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RISCO, AVENTURA E IMAGINAÇÃO CRIADORA NO VÔO LIVRE
MSDO. SERGIO L. GOMES DE AZEVEDO
MSDO. NEY FELIPPE DE BARROS RODRIGUES COCCHIARALE
PROFA. DRA. VERA L. DE M. COSTA
LIRES – LEL – PPGEF/UGF
RIO DE JANEIRO – BRASIL
RESUMO
Este estudo pretende compreender o risco-aventura de voar revelado nos discursos dos
praticantes de vôo livre. Para isso, examinamos, a partir do MÉTODO de análise de
discursos de Eny Orlandi, os depoimentos de uma lista de discussão da Internet, publicada
no livro Parapente Brasil: histórias e aventuras do vôo livre. Trata-se de um estudo
descritivo exploratório, com abordagem qualitativa.
Podemos considerar que o risco-aventura presente na prática do vôo livre permite que os
atores explorem a imaginação e o conhecimento do próprio potencial. Nessa exploração o
homem se aventura, rompe a rotina dos dias, imprimindo sentidos às ações que executa.
Sentidos estes que fomentam a imaginação criadora, como diz Bachelard (1994). Permite
ainda, uma intervenção ativa e modificadora das condições a que está submetido,
transformando impossíveis em possíveis, sonhando e realizando seus desejos,
transformando a vida em instantes de emoção.
Palavras-chave: vôo livre, risco-aventura, imaginário social.
INTRODUÇÃO
O vôo livre apresenta um valor estético de apreciação e de fusão com a beleza das
paisagens desfrutadas. Arriscar-se no vôo apresenta significados distintos para indivíduos
que preferem seus pés colados ao chão (Azevedo, 2007). Correr riscos de forma voluntária,
neste caso, é uma aventura com sentidos lúdicos (Costa, 1999; 2000). Trata-se de uma
prática esportiva contemporânea em que, por meio da aventura, os limites humanos são
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explorados. Essa aventura, revestida de um forte valor simbólico, é responsável por
mobilizar o imaginário de quem pretende desafiar os céus.
Ritos e mitos são celebrados nessas aventuras. Os ritos, segundo Segalen (2002) são
“caracterizados
por
conjuntos
fortemente
institucionalizados
ou
efervescentes,
manifestados como um conjunto de condutas individuais ou coletivas relativamente
codificadas, com suporte corporal (verbal, gestual e de postura), caráter repetitivo e forte
carga simbólica para atores e testemunhas” (p.31-32).
Esses aventureiros ritualizam suas práticas mantendo o mito dos seres alados. Mas para
isso é preciso que existam operações, gestos, palavras e objetos, a crença numa espécie de
transcendência. Voar com e como pássaros faz parte do universo desses atores.
Tentando encontrar sentidos para a existência (Le Breton, 1996), o homem abandona a
ordem, o controle, as regras e o excesso de seriedade do cotidiano, e se aventura nos mais
diferentes ambientes, como os praticantes de vôo livre que ousam voar em um local
destinado aos seres portadores de asas. Apesar da liberdade, elemento fundamental e
determinante do nível de ludicidade, por ser de risco, este esporte exige o cumprimento de
normas que limitam o potencial de criação. Entretanto, em determinadas situações, a
ausência de controle e de normas, faz com que o mito de Dioniso, com sua efervescência e
poder transgressor, aflore, tornando sem limites as asas de quem se aventura no espaço,
dando origem a atitudes transgressoras como voar em locais proibidos, executar manobras
arriscadas, enfim a sentir-se com a potencialidade da natureza de um pássaro. Fernandes
(2003) em suas reflexões sobre os vôos diz que “[...] Verdadeiros pássaros não seguem
regras. Eles seguem seus instintos, sua interpretação do ar em torno, obedecendo apenas
os estímulos oferecidos pela natureza [...] Nesta hora o piloto de vôo livre não se sente
humano, é um ser híbrido e inebriado, em tão e total sintonia com o meio, que esquece das
regras estabelecidas [...]”
Inebriado pela fusão com a natureza e pela potência de sua vontade e ação, o ator desliza
pelo ar. Mas a realização de um vôo, seguro ou perigoso, tranqüilo ou turbulento, breve ou
duradouro, de curta ou longa distância, está diretamente ligada ao cumprimento do ritual
que lhe antecede: a observação. Observar nuvens, vento e vôo de pássaros, é cumprido à
risca pelo praticante de vôo livre, permitindo uma análise superficial, porém, confiável das
condições de vôo. A entrada no ambiente aéreo, assim como o retorno seguro ao ambiente
terrestre, representando o rito de passagem (Pimentel, 2006), depende da sensibilidade do
piloto no cumprimento deste ritual.
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A renovação, outro ritual ali encontrado, se desenvolve por meio dos cerimoniais de
separação, a passagem pelo limiar de terra-céu, das provas de competências e de
habilidades, do casamento sagrado da alma-herói com a rainha-deusa do mundo, que
segundo Campbell (2006), é o êxtase, a apoteose e finalmente, o retorno renovado ao
mundo dos mortais. A busca de boas térmicas, de lugares belos e agradáveis é
desencadeado pelo desejo de errância, manifestado na expressão de revolta, segundo
Maffesoli (2001) contra a ordem estabelecida. É a expressão de uma outra relação com os
outros e com o mundo, menos ofensiva, mais carinhosa e lúdica. Estes atores, conscientes
ou não, desafiam o ideal de segurança do vôo, acreditando no imponderável. É a razão, o
esforço e o controle vencendo os limites do medo. Seus discursos apontam também para
Ícaros modernos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O risco-aventura, presente na prática do vôo livre, permite que os atores explorem a
imaginação e o conhecimento do próprio potencial. Nessa exploração o homem se aventura,
rompe a rotina dos dias e provoca o espanto, a surpresa, o memorável, imprimindo sentidos
às ações que executa. Sentidos estes que fomentam a imaginação criadora de que trata
Bachelard (1994). Permitem ainda, uma intervenção ativa e modificadora das condições a
que está submetido, transformando impossíveis em possíveis, sonhando e realizando seus
desejos, transformando a vida em instantes de emoção.
REFERÊNCIAS
AZEVEDO, Sergio L. Gomes. (2007). O corpo em risco socializado pelo vôo livre. In: XV
Congresso Brasileiro de Ciência do Esporte e II Congresso Internacional de Ciências do
Esporte, 2007, Recife. Livro de RESUMOs e programação. Recife : Edupe - Editora da
Universidade de Pernambuco, v. 15, p. 260.
BACHELARD, G. (1994). O direito de sonhar. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil.
CAMPBELL, J. (2006). O herói das mil faces. São Paulo: Cultrix/Pensamento.
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COSTA, Vera Lucia de Menezes. (1999). Esportes de aventura e risco na montanha:
uma trajetória de jogo com limites e incertezas. (Tese de Doutorado). Rio de Janeiro:
PPGEF/UGF.
___________________________. (2000). Esportes de aventura e risco na montanha:
um mergulho no imaginário. São Paulo: Manole.
LE BRETON, D. (1996). L’aventure – la passion des détours. Paris: Autrement
MAFFESOLI, M. (2001). Sobre o nomadismo: vagabundagens pós-modernas. Rio de
Janeiro: Record.
____________. (2003). O instante eterno: o retorno do trágico nas sociedades pósmodernas. São Paulo: Zouk.
____________. (2004). Notas sobre a pós-modernidade: o lugar faz o elo. Rio de Janeiro:
Atlântica.
PIMENTEL, G. G. de Assis. (2006). Risco, corpo e socialidade no vôo livre. (Tese de
Doutorado). Campinas: UniCamp. Acesso http://www.marcelomelo. com/Textos.asp?
CodTexto=195 em 16 de agosto de 2007.
SEGALEN, M. (2002). Ritos e rituais contemporâneos. Rio de Janeiro: FGV.
_____________________
Sérgio Luiz Gomes de Azevedo - [email protected]
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SAPATILHA ROSA OU PRANCHA DE SKATE: MENINA TAMBÉM PODE.
MS.MARIA REGINA M.COSTA,
LIRES-LEL, PPGEF-UGF, FAMATH
DR. VERA L.M.COSTA,
SERGIO LIMA TRINCHÃO,
LIRES-LEL, PPGEF-UGF
RESUMO
O presente trabalho de natureza qualitativa, tem por objetivos: (a) discutir a presença da
tribo das meninas que optaram por pranchas de skate e freqüentam um cenário dominado
por meninos; e (b) evidenciar os elementos simbólicos que emergem dos discursos
veiculados na internet em blogs de meninas skatistas. Os discursos foram analisados
mediante a Análise de Discurso de Orlandi (2001) e coletados no primeiro trimestre de
2008. Concluiu-se que as meninas skatistas, ao invés de sapatilhas rosa de ballet, sonhos
de muitas mães, aderem ao deslize em pranchas de skate por rampas e ruas da cidade. Tal
atração se assemelha a uma aventura, na qual as praticantes imprimem a seus atos o
verdadeiro sentido desafiador, superando inclusive todas as barreiras que a sociedade
lhes impõe. Abençoadas por Ártemis são dotadas de grande força: a independência, a
autonomia e a vontade de realizar coisas.
Palavras-chaves: skateboard, gênero, aventura, imaginário social.
Na sociedade pós-moderna há uma reorganização nos sistemas esportivos produzindo uma
mudança simbólica que constitui o imaginário desta época. É neste contexto que
desencadeia o surgimento e a difusão dos esportes de aventura e risco quer no meio urbano
ou na natureza. Os esportes praticados no meio urbano envolvem os praticantes em alguns
sentidos distintos dos esportes institucionalizados, desencadeando um fascínio pela
incerteza. Tal procedimento vem sendo adotado pela juventude na pós-modernidade
(MAFFESOLI, 2001). O presente trabalho de natureza qualitativa, tem por objetivos: (a)
discutir a presença da tribo das meninas que optaram por pranchas de skate e freqüentam
um cenário dominado por meninos; e (b) evidenciar os elementos simbólicos que emergem
dos discursos veiculados na internet em blogs de meninas skatistas. A metodologia
utilizada foi análise de tais discursos mediante a Análise de Discurso de Orlandi (2001),
coletados no primeiro trimestre de 2008.
O skatebord, surgido na década de 60 na Califórnia, evoluiu possibilitando a
experimentação de manobras corporais mais ousadas acolhendo inúmeros adeptos.
Maffesoli (2001), diz que no tempo da pós-modernidade o homem vivencia o drama de um
paradoxo contemporâneo entre a aceitação do mundo como ele é e a recusa dos valores
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estabelecidos. Desse modo a tribo das meninas skatistas busca renovação de sentidos para
suas práticas esportivas alcançando horizontes dominados por meninos. Diante de um
universo de hostilidade no ambiente urbano, com inúmeros desafios, a esportista
aventureira se lança em vias de superação de obstáculos, desencadeando em si uma
agradável sensação de prazer. É a Ártemis heroína guerreira vencedora, cujo lado forte
poderia equivocadamente ser chamado de masculino: o seu amor intenso pela liberdade,
pela independência e autonomia.
Segundo Le Breton (1996), o aventureiro abandona os alicerces seguros da vida cotidiana
para mergulhar no universo da incerteza, o autor diz que a aventura opõe-se aos dias banais
vividos sem nenhum incômodo, sem o inesperado. Para Simmel (1988), a vida do
aventureiro só pode ser vivida como aventura, carregada de emoção, plena de eternidade.
A aventura se assemelha a conquista, ao aproveitamento rápido da oportunidade e o que
pode parecer absurdo é apenas um desafio, uma brincadeira. Os praticantes dos esportes de
aventura e risco calculado formam laços entre si, mais pelo afeto do que pelo contrato,
elaboram relações por um processo complexo de atrações, de repulsões, de emoções e de
paixões (MAFFESOLI, 2001). Essa socialidade, busca a centralidade subterrânea em que
prevalecem as relações com o meio ambiente e com o outro social.
Maffesoli (2000) enfatiza a identificação do grupo em vez da individualização, um
sentimento comunal, um paradigma estético no qual as massas se agregam em
comunidades emocionais temporárias que ele denomina “tribos”. Contribuindo com a tribo
nos últimos anos surgiram muitas meninas no cenário do skate em todo o Brasil. Tais
práticas abalaram as estruturas da hegemonia masculina aumentando a cada ano o número
de campeonatos femininos. Antigamente havia resistência em relação à adesão das
meninas. Alguns garotos não aceitavam dividir “seu espaço” com elas. É através dessa
prática cultural do skate que identificamos alguns processos discriminatórios relativos no
relacionamento entre meninos e meninas. Existe, segundo depoimento em alguns blogs de
meninas que muitas vezes, essa escolha do esporte significa passar a milhas de distância
dos sonhos que uma mãe tem para filha. “Os pais sempre perguntam se as filhas não
preferem arrumar um esporte mais levinho, tipo ioga e balé” (http://meu-mundinho.zip.net,
2004). Como Ártemis, as diferenças de gênero passam despercebidas para essas skatistas,
mas é a confiança que possuem em sua feminilidade que as faz explorar com tanto vigor
sua masculinidade, o seu lado que ama a liberdade, a ousadia, a aventura. Müller (1997)
enfatiza o drama da pessoa heróica, que tem coragem para vencer as adversidades e os
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medos, e se arrisca no novo apesar dos perigos a que está sujeito ao penetrar em esferas
desconhecidas. O viés trilhado pelo autor possibilita dizer que a skatista que se lança nas
esferas do desconhecido dos esportes de aventura e risco transita pelo inusitado, evoca
situação de bravura em seus momentos de lazer, transcende os valores da vida e mergulha
no universo da trajetória heróica.
Essas meninas mergulham em situações que ultrapassam o desafio da natureza humana,
enfrentam barreiras sociais que exige audácia e coragem, que as leva ao fascinante,
momento das manobras nas rampas da cidade em seus carrinhos riscando as rampas com
uma coreografia rítmica digna de admiração no bailado que pode caracterizar a liberdade.
Conclusão: A tribo de meninas skatistas acredita na liberdade e invadiu o universo antes
exclusivamente masculino para a prática do skate na hora do lazer. Ao invés de sapatilhas
rosa de ballet, sonhos de muitas mães, com a maior naturalidade, aderem ao deslize em
pranchas por rampas e ruas da cidade.
Podemos crer que a atração das meninas pelo skate se assemelha a uma aventura, na qual
as praticantes imprimem a seus atos o verdadeiro sentido desafiador, superando inclusive
todas as barreiras e preconceitos que a sociedade lhes impõe. Abençoadas por Ártemis
(WOOLGER, WOOLGER, 2000) são dotadas de grande força: a independência, a
autonomia e a vontade de realizar coisas.
REFERÊNCIAS
MÜLLER, L. O herói: todos nascemos para ser heróis. 10 ed. São Paulo: Cultrix, 1997.
ORLANDI, E. Análise do discurso: princípios e procedimentos. Campinas: Pontes, 2001.
LE BRETON. L’aventure – la passion des détours. Paris: Autrement, 1996.
SIMMEL, G. Sobre la aventura: ensayos filosóficos. Barcelona: Editions 62, 1988.
http://meu-mundinho.zip.net
WOOLGER, Jenifer B.; WOOLGER, R. J. A deusa interior – um guia sobre os eternos
mitos femininos que moldam nossas vidas. São Paulo: Cultrix, 2000.
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TREKKING DE REGULARIDADE:
NOVAS VIVÊNCIAS NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR
PROF. DOUTORADO VALDO VIEIRA
UNISUAM/RJ – LABORATÓRIO DE ESTUDOS EM EDUCAÇÃO FÍSICA, ESPORTE
E LAZER (LEEFEL)
GRADUADA ANA PAULA COSTA MENDES
RESUMO
As novas diretrizes propostas nos Parâmetros Curriculares Nacionais apontam para a
necessidade de se ampliar e enriquecer o conteúdo das aulas de Ed. Física possibilitando
aos alunos conhecer diversas manifestações da cultura corporal. Os esportes de aventura
são manifestações que possuem inúmeras possibilidades de exploração na área
educacional, havendo modalidades como o Trekking, que podem ser facilmente levadas às
aulas, devido a sua simplicidade de execução, a fácil adaptação aos locais e ao baixo
custo dos materiais utilizados. A partir de uma abordagem qualitativa, o presente estudo
analisa como o Trekking pode ser inserido na Ed. Física Escolar relacionando-se com as
diretrizes propostas pelos PCN’s. O trabalho apresenta também algumas sugestões de
atividades para aplicação nas aulas. Conclui-se que o Trekking pode ser uma prática
facilmente explorada nas aulas de Ed. Física conforme as diretrizes dos PCN’s,
diversificando seu conteúdo e trazendo novas possibilidades de vivências para os alunos.
INTRODUÇÃO
As novas diretrizes propostas nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN’s) apontam
para a necessidade de se ampliar e enriquecer o conteúdo das aulas de Ed. Física,
possibilitando aos alunos conhecer as variadas manifestações da cultura corporal. Trata-se
de atender ao princípio da diversidade onde “busca-se legitimar as diversas possibilidades
de aprendizagem que se estabelecem com a consideração das dimensões afetivas,
cognitivas, motoras e socioculturais dos alunos.” (PCN’s, 1998, p.19)
Dentre as inúmeras manifestações da cultura corporal, destacam-se nos dias atuais, os
esportes de aventura, que apresentam extensas possibilidades de exploração na área
educacional. De acordo com Pereira e Monteiro (1995 apud SCHWARTZ; MARINHO,
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2005), o potencial educativo dessas atividades de aventura pode ser muito extenso,
principalmente porque facilitam situações educativas com experiências pouco habituais,
apresentando um forte caráter motivador, favorecendo situações carregadas de emoção, de
significado e de intenção. Há modalidades, como o Trekking, que podem ser facilmente
levadas às aulas, devido a sua simplicidade de execução, a fácil adaptação aos locais e ao
baixo custo dos materiais utilizados na prática.
O Trekking pode ser praticado de várias maneiras, como lazer ou competição. Na década
de noventa foi criado no Brasil o Trekking de Regularidade, também conhecido como
Enduro a Pé. Trata-se de uma competição em equipes, realizada principalmente em
ambientes naturais, onde o objetivo não é percorrer a trilha no menor tempo, mas sim,
manter a regularidade ao longo do percurso. Cada equipe recebe uma planilha contendo as
informações necessárias para a interpretação do caminho a ser seguido, tais como: as
distâncias, a descrição do ambiente, direções e velocidades médias em metros por minuto.
Durante o trajeto há postos de controle (Pc´s) onde os competidores têm seu tempo aferido
pela organização. A cada segundo adiantado ou atrasado, são perdidos determinados
números de pontos. Desta forma, a equipe vencedora, será a que passar pelos postos de
controle no tempo mais próximo do ideal, somando a menor pontuação. Em geral, o uso de
uma bússola, calculadora e relógio são suficientes para a prática do Enduro a Pé, o que o
torna bastante acessível. (VIEIRA; MAROUN, 2006).
Na equipes há 3 funções básicas:
•
a contagem de passos, onde a distância percorrida é marcada através da
medição da amplitude da passada de um dos componentes;
•
a marcação de ritmo, necessária para que a equipe se desloque na
velocidade média indicada no trecho;
•
a navegação, onde se realiza a leitura das informações contidas na planilha
para conduzir a equipe pelo trajeto correto.
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O Trekking não necessita de habilidades motoras complexas e grande desempenho físico,
sendo de fácil execução. Desta maneira pode-se evitar a exclusão dos menos habilidosos,
atendendo ao princípio da inclusão, que norteia a concepção e ação pedagógica dos PCN’s,
promovendo a efetiva participação e interação de todos os alunos na atividade.
Os temas transversais propostos nos PCN’s também podem ser abordados através da
prática do Trekking. A temática meio ambiente pode ser trabalhada trazendo às aulas
debates sobre as questões ambientais emergentes, levando a uma reflexão crítica sobre a
prática de esportes na natureza. A temática referente a orientação sexual pode estar
presente na divisão das equipes, que podem ser mistas, possibilitando aos alunos de ambos
os sexos conviver e participar das mesmas atividades. O tema ética pode ser abordado ao
se discutir os valores envolvidos na competição e entre os próprios integrantes da equipe.
A temática saúde pode ser abordada ao se analisar os inúmeros benefícios que a prática
regular de atividades físicas pode trazer, traçando-se uma relação entre o sedentarismo e
estresse da vida moderna, com a busca cada vez maior por modalidades que oferecem
emoções e contato com a natureza.
O Trekking traz também às aulas a possibilidade de se trabalhar a interdisciplinaridade. Ao
conhecer as direções cardeais e entender os cálculos de velocidade média, os alunos
envolvem-se com diversos campos do conhecimento, trabalhando com conceitos
matemáticos, noções de geografia e física.
Apresenta-se a seguir algumas sugestões de atividades para que o Trekking de
Regularidade possa ser aplicado nas aulas.
Atividade 1 – Aprendendo a contar os passos
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Os alunos tentam percorrer uma distância anunciada pelo professor, contando os próprios
passos. Com uma trena e uma calculadora, o professor demonstra o quanto cada um se
aproximou da distância correta.
Fig 1 – Atividade 1: aprendendo a contar os passos
Atividade 2 – Andando na velocidade Média
Os alunos tentam cruzar a quadra obedecendo a velocidade média determinada pelo
professor, procurando manter o ritmo proposto.
Fig 2 – Atividade 2: andando na velocidade média
Atividade 3 – Navegando
Os alunos podem elaborar legendas próprias, representando elementos comuns encontrados
pela escola.
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Fig 4 – Legendas elaboradas pelos alunos e exemplo de percurso determinado
Atividade 4 – Conhecendo a Bússola
Os alunos podem confeccionar uma bússola caseira e realizar atividades pela quadra onde
devem seguir as coordenadas dadas pelo professor.
Fig 5 – Bússola caseira e bússola com limbo móvel
Após terem aprendido as funções básicas de uma equipe de Trekking, os alunos estarão
aptos a participar de pequenas competições pela escola. As regras podem ser adaptadas
para facilitar a compreensão e o desenvolvimento da atividade.
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Pode-se considerar que o Trekking pode ser uma prática facilmente aplicada e explorada
nas aulas de Educação Física conforme as diretrizes propostas nos Parâmetros Curriculares
Nacionais, diversificando seu conteúdo e trazendo novas possibilidades de vivências para
os alunos.
REFERÊNCIAS
BITENCOURT, Valéria; AMORIM, Simone. Trekking – Enduro / Rally a Pé. Atlas do
Esporte no Brasil, Rio de Janeiro, 2006. Disponível
em:<http://www.atlasesportebrasil.org.br/textos/116.pdf >. Acesso em: 27 Julho 2007
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Disponível
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SCHWARTZ, Gisele Maria; MARINHO, Alcyane. Atividades de aventura como conteúdo
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ano 10, n. 88, Setembro de 2005. Disponível em:<
http://www.efdeportes.com/efd88/avent.htm>. Acesso em: 14 novembro 2006.
VIEIRA, Valdo; MAROUN, Kalyla. Enduro a pé: o esporte de aventura como aliado na
adesão à prática de atividade física. Revista Digital, Buenos Aires, ano 11, n.102,
Novembro de 2006. Disponível em:< http://www.efdeportes.com/efd102/enduro.htm>.
Acesso em: 28 Novembro 2006.
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Valdo Vieira - [email protected]
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O ESPORTE DE AVENTURA NO COLÉGIO MAGNO
PROF. ESP. DIMITRI WUO PEREIRA
UNINOVE
PROF. ESP. DENIS PRADO RICARDO
COLÉGIO MAGNO
RESUMO
As atividades de aventura já descritas por diversos autores, como Bruhns; Marinho (2003),
são possibilidades educacionais reais e parecem estar relacionadas a valores necessários
de serem resgatados na sociedade globalizada em que vivemos, como apontam Uvinha
(2004) e Coimbra (2006). A proposta de Esportes de Aventura Escolar pesquisada nesse
estudo parece conter os elementos essenciais nessa perspectiva e se enquadra no que a
literatura e a experiência internacional mostram como fatores importantes, dentre eles:
proporcionar desafios com segurança, levar a pessoa a autonomia, praticar atividades
físicas, desenvolver habilidades motoras, preservar o meio ambiente, ser cooperativo,
desenvolver uma aprendizagem interdisciplinar, entre outros .
INTRODUÇÃO
A aventura tornou-se parte da cultura brasileira, envolvendo a educação física, o esporte e
o meio ambiente (BRUHNS; MARINHO, 2003). A origem da palavra é latina e significa:
o que está por vir com sentido de imprevisível, incerto, e perigoso. As atividades ligadas à
aventura surgiram de expedições ou explorações militares, científicas e políticas, mas foi o
fator econômico que as popularizou. Esse crescimento causa preocupações com relação à
integridade física dos praticantes, porque essas atividades estão sendo reinventadas com
um caráter lúdico e um risco aparente, graças ao avanço tecnológico. Para Uvinha (2004), a
sistematização e a transmissão de conhecimentos e informações na aventura tornam essas
novas práticas acessíveis como produtos de consumo, porém o risco real de acidentes
existe. Isso ocorre pela pouca cultura de atividades físicas ao ar livre. Hoje com a
veiculação na mídia dessas atividades estamos oferecendo um “produto” que as pessoas
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não estão preparadas para usufruir. A modificação dessa situação depende da difusão de
conceitos coerentes e estruturados sobre os esportes de aventura.
OBJETIVOS E MÉTODOS
O OBJETIVO desse estudo é apresentar um programa de ensino em aventura e as
vantagens que esse tipo de aprendizagem pode trazer a formação dos educandos.
Essa pesquisa do tipo descritiva, utilizou-se da revisão de literatura
comparada ao
programa de ensino de Aventura do Colégio Magno. A instituição se situa no município de
São Paulo, é de origem privada e desenvolve há quatro anos um programa extracurricular
com aulas uma vez por semana. Os professores que lecionam tal disciplina, são formados
em Educação Física e os grupos de contém em média 15 alunos cada.
RESULTADOS E CONCLUSÃO
O Programa de Esporte de Aventura.
Filosofia: O século 21 é o prenúncio de uma nova era. A preocupação com o meio
ambiente e com a melhoria da qualidade de vida tornou-se questão de sobrevivência. A
aventura, nesse contexto é a busca por atividades com risco calculado. Em nossa
perspectiva as atividades de aventura são uma nova forma do esporte ser encarado. Valores:
Interagir cooperativamente. Preservar o meio físico. Criar e difundir a cultura dos esportes
de aventura. Levar as pessoas à autonomia. Proporcionar desafios respeitando os
indivíduos. Objetivos Gerais: Desenvolver as habilidades necessárias e capacidades.
Compreender os aspectos ambientais, fisiológicos, geográficos e éticos das modalidades.
Participar cooperativamente. Compreender e executar as técnicas com segurança.
Conteúdos: Atividades aquáticas (mergulho, surf e canoagem). Atividades terrestres
(escalada, acampamento, mountain bike, skate, le parkour e orientação). Estratégias: jogos,
brincadeiras, vídeos e vivências externas. (PEREIRA, 2007).
Uvinha (2004) ressalta a importância em se abordar essas novas práticas na escola, pois
acredita nos aspectos positivos como: inovação, liderança, consciência ambiental, senso de
responsabilidade e espírito de equipe nessas atividades. Coimbra (2006) aponta
aprendizados na Aventura como: gerar conhecimentos geográficos e biológicos da fauna a
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flora; apurar as capacidades físicas e habilidades motoras, levando ao autoconhecimento;
uso de técnicas e de equipamentos específicos; desencadear a consciência ecológica.
No auge da industrialização e do capitalismo, a sociedade atual não só perdeu as relações
significativas entre homens, mas também, as relações do homem com a natureza. Ele se
afastou dos ambientes, da comida e da vida mais natural. Este se afastou dos ambientes , da
comida e da vida mais natural. Ibid.
Na Inglaterra a utilização de atividades de aventura como meio educacional é antiga,
Segundo Hahn, apud OBB (2007) “O propósito da educação é impelir as pessoas a
experiências formadoras de valores”. A OBB, Outward Bound, é uma organização que
desenvolve Educação ao Ar Livre, desde 1941, tendo formado mais de 2 milhões de
pessoas. Outward Bound, significa deixar o porto seguro em direção ao mar aberto. Tem
como missão ajudar as pessoas a desenvolverem e descobrirem seu potencial, para
cuidarem de si próprias, dos outros e do mundo a sua volta, valorizando a coragem, a
confiança, a solidariedade, a integridade e a cooperação. Entre os objetivos estão:
desenvolver jovens em atividades desafiadoras em locais naturais, aprender pela
experiência e ter responsabilidade social e ambiental, Ibid.
Educar na natureza é criar valores humanos necessários à vida em sociedade. Notamos que
o programa de Esportes de Aventura do Colégio Magno contém elementos abordados na
literatura e se assemelha
à proposta da O B B. Essa relação positiva confirma a
possibilidade de se criarem aulas de aventura que contribuam na educação das futuras
gerações..
REFERÊNCIAS
BRUHNS, Heloisa Turini.; MARINHO, Alcyane.
Paulo: Manole, 2003.
Turismo, Lazer e Natureza. São
COIMBRA, Daniele Alves. A. Atividades Físicas de Aventura na Natureza e possíveis
aprendizados. In: Aventuras na Natureza: consolidando significados. / SCHWARTZ, G.
M. (org.). Jundiaí, SP: Fontoura, 2006.
HAHN K. apud OBB. História. On Line. Disponível em: <http://www.obb.org.br>
Acesso em 20 de abril de 2008.
PEREIRA, D. W. Planejamento de Aventura. In: Programa de Ensino do Full Time. São
Paulo: Colégio Magno, 2007.
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UVINHA, Ricardo Ricci. Esportes Radicais nas aulas de Educação Física no ensino
fundamental. In: Educação Física escolar: desafios e propostas / MOREIRA, E. C.
(org.). Jundiaí, SP: Fontoura, 2004 (p. 99 – 111).
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Dimitri Wuo Pereira - [email protected]
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CORRIDA DE ORIENTAÇÃO: CONHECENDO PARA TRILHAR NOVOS
CAMINHOS
PROF. ESP. LUCIANO DE ALMEIDA FEITOSA
UNESA
RESUMO
A atividade se assemelha as brincadeiras de caça ao tesouro, onde o atleta deve percorrer
por um caminho determinado no mapa em ordem crescente passando por todos os pontos
que são sinalizados no terreno por prismas. A prática acontece em ambientes naturais que
cada vez mais são utilizados para práticas de atividades, sendo pontos positivos: não
requerer altos investimentos de tempo e dinheiro, aliando atividade física e cognitiva,
podendo ser praticado por grupos desde crianças a idosos e também cadeirantes.
INTRODUÇÃO
Os ambientes naturais são cada vez mais procurados para práticas de atividades, sejam
elas em prol do lazer ou da melhoria da qualidade de vida, no entanto parte dessas
atividades necessita de equipamentos, cursos de habilitação e como fator de segurança a
prática com pessoas mais experientes. Assim encontramos o montanhismo, o rafiting, o
vôo de asa delta e parapente, entre outros. Nesse cenário surge a Corrida de Orientação
como uma prática acessível unindo a atividade física como lazer e qualidade de vida, além
dos fatores cognitivos como inteligência, percepção, entre outros, que são solicitados a
todo o momento durante a leitura e interpretação do mapa, localização e escolha do melhor
caminho a seguir, assim podemos suscitar DAVIDOFF (2001) nos processos de percepção
e inteligência.
O esporte se assemelha as brincadeiras de caça ao tesouro com a possibilidade de ser
praticado por diversos grupos, respeitando suas limitações, como: crianças, homens,
mulheres, idosos e cadeirantes.
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Na atividade é necessário que o praticante, valendo-se do ambiente natural conhecido
ou não por ele, se lança em busca de prismas, “bandeirinha” por assim dizer, traçando um
percurso determinado e ordenado no mapa dispondo de alguns materiais como: mapa,
bússola, cartão de controle e cartão de descrição (ou sinalética), registrando sua passagem
no cartão de controle que carrega consigo, através de um alicate (picotador) que marca um
código em forma de furos, onde o picotador fica junto a cada prisma1. A atividade ocorre
da seguinte forma:
- as categorias são feitas de três formas simultâneas: gênero, idade e experiência;
- a largada é intercalada, com não menos que 3 minutos;
- o mapa é entregue faltando 1 minuto;
- ao receber o mapa o atleta dirige-se ao ponto indicado no mapa com um triângulo,
neste ponto é o início do percurso,
- percorre todos os pontos indicados com círculos, na ordem crescente em que estão
numerados;
- encerra no ponto indicado com dois círculos concêntricos.
O atleta com completar o percurso em menor tempo passando por todos os pontos na
ordem determinada vence a prova2.
Nota-se então que do início ao final do percurso o praticante tem de interpretar o mapa,
ou seja, identificar cada símbolo ali fornecido para que assim possa fazer sua co-relação
com o ambiente em que se situa, observando onde se encontra no mapa, onde se encontra
no terreno. Assim ao observar no terreno uma lagoa ele deve de imediato saber qual sua
simbologia e localizá-la no mapa, norteando-o e assim observar quais a possibilidades de
caminhos a seguir e optar pela mais adequada.
O ato de se orientar é tão antigo quanto o homem primitivo, quando sai à busca de
alimento e precisa retornar. Especula-se que a atividade surgiu quando um matemático e
maratonista, para ocupar a monotonia de suas corridas, decidiu criar problemas
matemáticos que levassem muito tempo para serem resolvidos, então, enquanto corria
passava o tempo tentando resolvê-los para ocupar sua mente. Podemos datar, de acordo
com PASINI (2004, p. 26), por volta de 1850 na Escandinávia, como entretenimento de
tropas, “mais de três séculos após as aventuras de navegação surge, em 1850, na
Escandinávia, a Orientação como desporto. Sua prática começou a ser inserida pelos
militares que utilizavam como meio de entretenimento para suas tropas.”
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Através do manual da EsEFEx (1984) observamos que foi através do Major Killander,
em
1 Encontrado no site www.narotaventura.com
2 Estas e demais informações são obtidas nos sites www.cbo.org.br da Confederação
Brasileira de Orientação (CBO) e www.forj.com.br da Federação de Orientação do Rio de
Janeiro (FORJ), ambas disponíveis em meio eletrônico
1918, que o esporte começou a apresentar maiores características, quando como
solução para os jovens que se evadiam do atletismo, aperfeiçoou, criou mapas e incentivou
a sua prática.
A prática dessa modalidade requer algumas habilidades, dentre as quais observo como
essenciais, e corroborando PASINI (2007), as motoras, conhecimentos básicos sobre
cartografia (simbologia, relevo, escala, vegetação, etc.), consciência ambiental e ética, não
descartando outras não citadas.
Possibilidade de intervenção: a) o uso da Corrida de Orientação como ferramenta de ensino
nas aulas de Ed. Física Escolar num trabalho multidisciplinar com as disciplinas Geografia,
História, Matemática, Português, Ciências, adequando e sistematizando a cada situação, b)
o trabalho em parques naturais como uma forma diferente de se conhecer/explorar o local
atraindo-os a uma conscientização da preservação do local para uso comum e legado a
gerações vindouras.
OBJETIVO
Expor o esporte a comunidade científica na perspectiva de alcançar, através do
conhecimento, novos adeptos e estudos na área.
MÉTODO
O presente estudo foi realizado através de revisão bibliográfica qualitativa. Resultados Não
há como estabelecer resultados, haja vista o objetivo do trabalho, sendo assim subjetivo e
inestimável. Conclusão Tendo em vista o objetivo e não havendo resultado plausível,
espera-se que este sirva de referência a novos estudos e alcance novos adeptos da
modalidade.
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REFERÊNCIAS
CONFEDEREÇÃO BRASILEIRA DE ORIENTAÇÃO. Disponível em:
< http://www.cbo.org.br/site/index/index.php >. Acesso em: maio. 2008.
DAVIDOFF, Linda L. INTRODUÇÃO à Psicologia geral, editora Makron Books, 3º
edição 2001.
________. ESCOLA DE EDUCAÇÃO FÍSICA DO EXÉRCITO (EsEFEx).
Orientação. Rio de Janeiro: EGGCF, 1984.
FEDERAÇÃO DE ORIENTAÇÃO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO: Disponível em:
< http://www.forj.com.br >. Acesso em: maio. 2008.
NAROTAVENTURA. Disponível em: < http://www.narotaventura.com >. Acesso em:
maio. 2008.
PASINI, Carlos Giovani Delevati. Corrida de orientação. esporte e ferramenta
pedagógica. Estado: Minas Gerais gráfica Excelsior, 2004.
PASINI, Carlos Giovani Delevati. Corrida de orientação. pedagogia, técnica e tática.
Estado: Minas Gerais gráfica Excelsior, 2007.
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Luciano de Almeida Feitosa – [email protected]
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O SKATE EM SÃO BERNARDO DO CAMPO
DIMITRI WUO PEREIRA
ESPECIALISTA EM ADMINISTRAÇÃO ESPORTIVA
UNINOVE
EVELYN DE MENEZES
GRADUADA EM EDUCAÇÃO FÍSICA
FEFISA
RESUMO
O skate é uma prática de esportes de aventura que tem grande aceitação entre os
jovens. Seu surgimento relaciona-se com a contra cultura dos anos de 1960-70, tendo sido
fortemente influenciado pelo rock, pela rebeldia jovem, além das drogas e violência
marcantes nesse período de contestação. Atualmente é muito mais aceito na sociedade e
inclusive recebe crédito de formação social e educacional. Nesse sentido, o envolvimento
de políticas públicas foi o alvo desse estudo e pudemos concluir que o skate pode ser uma
ferramenta de aproximação entre a cultura jovem e a cidadania.
INTRODUÇÃO
O Skate surgiu na Califórnia nos anos 50. A influência do surf o tornou uma
atividade de desocupados. No Brasil teve a mesma origem, sendo chamado de surfinho. O
filme Lords of Dog Town retrata esse cenário. Adolescentes viviam em meio ao rock’n’roll,
a violência, as drogas e as bebidas contestando valores sociais. Assim surgiu um esporte
informal e sem regras. Com o advento da tecnologia nas rodas de poliuretano em 1970, que
possibilitaram o aumento de velocidade sem perder aderência, o skate passou a voar
(PEREIRA, 2007)
OBJETIVO
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Esse estudo pretende revelar a importância do Skate no município de São Bernardo
do Campo e sua influência na cultura esportiva dos jovens da região.
MÉTODO
Será usado o método descritivo exploratório com uma entrevista aberta nessa
pesquisa, demonstrando a trajetória do skate na cidade, os impactos sociais e a importância
na política pública municipal. O estudo se baseará na pista de Skate de São Bernardo do
Campo, onde foi inaugurado em 2007, o maior parque de esportes radicais do Brasil
denominado Parque Cidade Escola da Juventude - Cittá di Maróstica. A entrevista foi
realizada com o administrador do parque, no próprio local em 02 de maio de 2008. A
técnica de pergunta aberta possibilitou ao entrevistado falar com liberdade para expressar
suas opiniões (THOMAS; NELSON, 2002: 281) sobre a criação do parque desde o início
da primeira pista no local. A entrevista foi gravada e transcrita para aumentar a
fidedignidade dos dados.
RESULTADOS
A pista de skate existente no parque atual manteve características originais desde a
década 80, quando foi construído o bowl, espécie de piscina em cimento, com rampas que
possibilitam deslizar em velocidade, semelhante às encontradas na Califórnia no mesmo
período. Outra formação que se juntou ao bowl antigo e que persiste na pista é o three
banks, uma rampa que pela sua qualidade técnica ainda preserva seu formato original. No
início, apesar de ser palco da aparição de profissionais consagrados como Mineirinho, a
pista abrigava skatistas, patinadores e bikers e o uso de drogas e brigas entre os
freqüentadores era grande.
No final do século XX, surge o programa municipal Juventude Cidadã com
propostas de esporte e cultura. Iniciando uma discussão com os skatistas sobre a criação de
um parque de esportes radicais. Das conversas entre os esportistas e os órgãos públicos
iniciou-se o processo de implantação do parque, sendo a participação dos skatistas
fundamental desde o planejamento até a execução da infra-estrutura e do funcionamento. O
parque além da pista de skate que é considerada uma das maiores do mundo, tem half pipe
profissional, pista de dirt jump para bikes, paredes de escalada, tirolesa, pista para
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caminhada e concha acústica para espetáculo, numa área de 15.000 metros quadrados,
sendo 5.000 metros de pista de skate.
A contratação de profissionais por concurso público e a estruturação do uso do
parque com normas e regras de segurança e convívio, a princípio recebeu resistência dos
próprios participantes das modalidades radicais, mas hoje com um trabalho de
conscientização feito principalmente pelos skatistas mais experientes e famosos, o parque
é um local onde o esporte radical é referência como atividade de lazer, competição e
educação, pois as ações públicas com aulas de esportes radicais, proibição de consumo de
bebidas e drogas e a presença da guarda metropolitana possibilitam que o espaço seja uma
conquista dos cidadãos sobre o bem público e sobre a cidadania.
CONCLUSÃO
Os resultados da entrevista com relação à apropriação do espaço pela cultura do
skate afirmado pelo entrevistado se reafirmam em Venini (2007), valorizando os
significados encontrados nessa pesquisa.
Percebemos que esse tipo de ação pública, compreendendo os esportes radicais
como uma forma de sociabilidade e conquista da cidadania, tende a se espalhar pelo país,
mas é preciso sensibilizar-se, como fez a administração de São Bernardo do Campo, para
perceber na atitude e no comportamento dos jovens a formação das tribos como as
existentes no parque de esportes radicais, entendendo seus símbolos, sua linguagem, sua
vestimenta e seu comportamento, como propõe Uvinha (2001), pois só assim
visualizaremos os elos de ligação com a sociedade do futuro. Entendemos também que o
processo de decisão ouvindo os integrantes dessa comunidade skatista foi fundamental
para a execução de um espaço público que respeitasse a cultura dessa comunidade.
REFERÊNCIAS
PEREIRA, D. W. Perfil de Skatistas do Parque da Juventude em São Paulo. In: Anais
do 2º Congresso Brasileiro de Atividade de Aventura. UNIVALE, Governador Valadares,
MG, 5 a 7 de julho de 2007.
VENINI, A. Cultura radical no Skate Park em Sobral. Sobral - Ceará: Funcap, 2007.
Relatório do Curso de Ciências Sociais da Universidade Estadual Vale do Acaraú, -
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FUNCAP. On Line: Disponível em: <http://cienciadoskate.com/paper/0197.htm> Acesso
em 20 de abril de 2007
THOMAS, Jerry, R.; NELSON, Jack K. Métodos de pesquisa em atividade física. 3 ed.
Porto Alegre: Artmed, 2002. (p. 281)
UVINHA, Ricardo Ricci, Juventude, lazer e esportes radicais. São Paulo: Manole, 2001.
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