Marketing e sustentabilidade. É possível conciliar - caepm
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Marketing e sustentabilidade. É possível conciliar - caepm
IV Simpósio Internacional de Administração e Marketing 1 VI Congresso de Administração da ESPM São Paulo, 14 e 15 de outubro de 2009 ÁREA-4 ADMINISTRAÇÃO DE MARKETING MARKETING E SUSTENTABILIDADE É POSSÍVEL CONCILIAR ESTES OBJETIVOS? Claudio Pitassii Isabel Balloussier Cerchiaroii RESUMO Na contramão da importância crescente que a sustentabilidade vem assumindo em vários campos de conhecimento, a teoria e prática na área demonstram que o marketing ainda tem uma relação controversa com o tema. O desafio de redesenhar o papel do marketing no novo milênio, particularmente no que diz respeito à compreensão do impacto das percepções dos stakeholders no valor das empresas, exige que se superem as dúvidas ainda existentes sobre a compatibilidade entre os dois temas. O objetivo deste ensaio teórico é contribuir para avançar o entendimento do papel do marketing na construção de modelos de negócios sustentáveis em acordo com os princípios da ecologia profunda. O levantamento bibliográfico realizado no âmbito deste estudo buscou evidências de como se articulam no ambiente de negócios contemporâneo os campos de conhecimentos de sustentabilidade e marketing. Os resultados no estudo evidenciaram o atraso relativo do marketing no que se refere ao papel de liderança das transformações que podem conduzir as organizações empresariais à adoção de modelos de negócio adequados à epistemologia da ecologia profunda. Tendo por base estas evidências, o estudo apresenta as limitações que, na opinião dos autores, o marketing deverá enfrentar para reassumir a condição de princípio orientador da criação de valor em acordo com as exigências do ambiente externo. Por fim, o artigo apresenta um conjunto de proposições na forma de perguntas para pesquisas futuras que enderecem a busca pela superação destes limites. Palavras-chave: Marketing. Sustentabilidade. Ecologia Profunda. Estratégia. Partes Interessadas i IBMEC-Rio, Graduação em Administração, [email protected]. Rua Amaury Filho, 95, c2, Recreio, 22790-320, RJ, Brasil ii Universidade do Grande Rio, Mestrado em Administração, [email protected], Rua da Lapa 86, 9 andar, Centro, 20021-180, RJ, Brasil IV Simpósio Internacional de Administração e Marketing 2 VI Congresso de Administração da ESPM São Paulo, 14 e 15 de outubro de 2009 1 INTRODUÇÃO Apesar de todo o potencial que o desenvolvimento científico pode trazer para a construção de sistemas econômicos mais equilibrados do ponto de vista social, ambiental e econômico (CAPRA, 2002), o cenário global é cada vez mais sombrio: crescimento da pobreza, consumo irresponsável, degradação das florestas, redução da biodiversidade, aquecimento global, redução da disponibilidade de água doce, crescimento do crime organizado nas periferias pobres das grandes cidades, atos terroristas de grandes proporções. Não há mais dúvida de que as empresas, dado o peso destas organizações nas sociedades humanas contemporâneas, são responsáveis, ao menos em parte, por este quadro perigoso. Logo, a reversão deste cenário só será possível caso prevaleça uma forma de condução e desenvolvimento sustentável dos negócios. (SOTO DELGADO, 2007). Até por que se entende que o desenvolvimento sustentável é uma obra em progresso (www.globalreporting.org), a academia, no seu papel fundamental de fazer avançar o conhecimento humano (BRITO CRUZ, 2005), pode influenciar a práxis administrativa no sentido de que a sustentabilidade seja imanente (CHAUÍ, 1999), desde os sistemas sociais até os modelos de negócio e estratégias empresariais. Para tal, será necessário deixar claros os limites que as práticas atuais de gestão sustentável, dominadas por visões instrumentais e afastadas da reflexão a respeito dos propósitos que devem mover as organizações empresariais no mundo contemporâneo, têm no sentido de trazer transformações substantivas na relação do homem, e das organizações sociais por ele criadas, com a natureza e a vida (CAPRA, 2002). É importante reconhecer que a preocupação com a degradação social, econômica e, principalmente, ambiental, desencadeou a produção de vários estudos focados no tema do desenvolvimento sustentável. Alguns destes estudos oferecem arcabouços que orientam os executivos a incorporarem o tema ao dia-a-dia dos negócios (EPSTEIN, 2008). Outros estudos avançaram na identificação dos benefícios de se vincular a responsabilidade social empresarial às decisões estratégicas da firma, transformando o tema, antes considerado filantropia ou custo do negócio, em fonte potencial de inovação e de vantagem competitiva (PORTER e KRAMER, 2006; SOTO DELGADO, 2007; SRIVASTAVA, 2007). No campo de marketing, as visões de marketing social também defendem os benefícios da responsabilidade social para a imagem da empresa (ALDAY e PINOCHET, 2003). Estudos recentes em logística e comunicação organizacional, áreas mais diretamente relacionadas ao marketing, também investigaram os benefícios da inclusão da sustentabilidade IV Simpósio Internacional de Administração e Marketing 3 VI Congresso de Administração da ESPM São Paulo, 14 e 15 de outubro de 2009 em seus arcabouços analíticos. A compreensão de que as decisões práticas tomadas no manuseio de insumos e produtos ao longo da cadeia de suprimentos podem causar sérios danos ambientais está refletida no desenvolvimento de perspectivas “verdes” da gestão logística, particularmente no que tange à logística reversa (SRIVASTAVA, 2007; VACHOU e KLASSEN, 2006). No campo de comunicação e propaganda, há uma preocupação em reverter a imagem não muito positiva - fortalecida pela visão neoclássica que dominava seus arcabouços teóricos no passado (DAY e MONTGOMERY, 1999), dos valores a elas associadas, particularmente no que se refere às práticas de “greenwash” (GRANT, 2007). Indiscutivelmente, as reflexões proporcionadas por estes estudos podem trazer avanços pontuais nas práticas de gestão. Entretanto, na sua essência, mantém o paradigma instrumental e a visão reducionista da evolução da vida no planeta. Regra geral, nestas perspectivas as empresas são retratadas como entidades autônomas que, ao se depararem com um mundo cujos problemas elas têm pouca responsabilidade e, frente às inevitáveis pressões sociais e governamentais, buscam resguardar sua reputação e tirar proveito deste novo cenário enxergando-o como fonte de oportunidades de criação de valor. Não que uma visão pragmática seja, em si, o problema. A questão é que os instrumentos aí aplicados são simplistas, não refletindo as profundas transformações na compreensão da evolução da vida desencadeadas pela convergência tecnológica (CAVALHEIRO, 2007), e no significados dos atos de consumo na sociedade contemporânea (PEREIRA e REIS, 2008). Mesmo com alguns avanços pontuais, o papel do marketing, entendido como elemento central do modelo de gestão que guia uma organização na sua adaptação às transformações do ambiente externo (ACHROL e KOTLER, 1999), não está de todo claro quando se levanta a questão da sustentabilidade. Redesenhar o papel do marketing no novo milênio, particularmente no que diz respeito à compreensão do impacto das percepções dos stakeholders no valor das firmas, ainda é matéria de discussão entre os acadêmicos (DAY e MONTGOMERY, 1999; WEBSTER, 1991). Neste processo de redefinição de papéis, os fundamentos conceituais do marketing podem ser enriquecidos pelas contribuições trazidas pelas discussões teóricas associadas ao desenvolvimento sustentável, nos níveis operacional, tático e estratégico. Justifica-se então o objetivo deste artigo: contribuir para avançar a compreensão do papel do marketing na construção de modelos de negócios sustentáveis em acordo com os princípios da ecologia profunda. 2 METODOLOGIA IV Simpósio Internacional de Administração e Marketing 4 VI Congresso de Administração da ESPM São Paulo, 14 e 15 de outubro de 2009 Este artigo é um ensaio teórico com enfoque crítico. O levantamento bibliográfico feito em apoio à discussão aqui empreendida buscou evidências de como se articulam no ambiente de negócio contemporâneo o campo de conhecimentos de Sustentabilidade e de Marketing, este nos seus vários níveis de atuação, inclusive no que diz respeito à sua sobreposição com os campos de conhecimentos de Estratégia e de Logística. Dado que o objeto de estudo envolve múltiplas disciplinas, cujos papéis estão em profunda transformação nas organizações sociais e ainda sem tradição teórica articulada e consagrada no meio acadêmico, o estudo foi exploratório e concentrado na pesquisa bibliográfica, tratada neste artigo. A necessidade de uma pesquisa bibliográfica justificou-se porque, dentro de uma perspectiva exploratória, a revisão da literatura evidencia os desenvolvimentos teóricos que circunscrevem o problema até o momento, posicionando o estudo dentro desta literatura (Creswell, 1998), e identificando as lacunas, contradições e limites nos arcabouços teóricos de marketing quando analisados pela epistemologia da ecologia profunda. Estas evidências permitem formular proposições para pesquisas futuras que, devidamente estudadas, farão o conhecimento avançar no sentido da redefinição do papel do marketing em um mundo sustentável. 3 ECOLOGIA PROFUNDA "A essência da ecologia profunda consiste em formular questões mais profundas" (NAESS,1973). Os modelos econômicos, sociais e políticos predominantes até o fim do século passado foram criados sob a égide do paradigma cartesiano antropocêntrico, que coloca o homem no centro do universo e a natureza a seu serviço, sem que houvesse qualquer obrigação moral de reparação quanto aos possíveis danos aos ecossistemas decorrentes da atividade humana (CORAL, 2002). O predomínio desta perspectiva fortaleceu a separação da compreensão das inter-relações entre evolução da vida no planeta, das sociedades humanas que nele habitam e do papel das organizações que produzem e comercializam bens e serviços (CAPRA, 2002). Uma evidência desta dissociação está na apuração dos resultados econômicos de uma firma, cuja metodologia não considera os custos sociais e ambientais associados à produção de bens e serviços. Vale dizer, os recursos que a empresa retira da natureza e usa no seu processo produtivo não demandam dela nenhuma forma de compensação para a sociedade (CORAL, 2002; CAPRA, 1996). IV Simpósio Internacional de Administração e Marketing 5 VI Congresso de Administração da ESPM São Paulo, 14 e 15 de outubro de 2009 Coerentemente com o paradigma ainda hoje predominante, as organizações empresariais desenvolveram ao longo da segunda metade do século passado posturas reativas frente à legislação ambiental, vendo na adequação às exigências legais um custo de fazer negócio (PINO NETO, 2005). As discussões sobre a seriedade dos impactos ambientais causados pela industrialização e sobre a necessidade de uma cooperação global para solucionar muito dos problemas daí decorrentes tiveram início na década de 70 na Itália, com a criação do Clube de Roma. Estes esforços prosseguiram com a Conferência de Estocolmo de 1972, primeiro encontro mundial a abordar diretamente as conseqüências da degradação social e ambiental acarretada pela atividade econômica. Nesta, foi criado o Programa das Nações Unidas para o Meio-Ambiente (UNEP). A década de 1980 foi marcada por grandes catástrofes decorrentes da atividade produtiva humana, tais como Bhophal (1984) e Exxon Valdez (1989), o que fez com que as pressões da sociedade sobre as organizações aumentassem ainda mais. No bojo destes acontecimentos, a Organização das Nações Unidas (ONU) criou em 1983 a Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento. Em 1987, esta Comissão apresentou o relatório Our Common Future alertando para os principais problemas enfrentados pelo meio ambiente em âmbito planetário e formulando propostas para solucioná-los. Neste relatório consagra-se o cerne do conceito de desenvolvimento sustentável: atender às necessidades do presente sem comprometer às necessidades das gerações futuras (WCED, 1987). Na década de 1990, a globalização dos debates sobre a questão ambiental acelera-se e amplia-se. Em 1992, ocorre no Rio de Janeiro a Segunda Conferência Mundial sobre Desenvolvimento e Meio Ambiente. A conferência foi marcada pelo estabelecimento da Convenção do Clima e da Agenda 21, a qual convocou a indústria a modificar padrões de produção e consumo insustentáveis no sentido de substituí-los por processos de produção mais eficientes, estratégias preventivas e tecnologias limpas ao longo de todo o ciclo de vida de seus produtos e serviços, visando com isso à minimização da geração de resíduos (PINO NETO, 2005). Após cinco anos do histórico encontro, realiza-se no ano de 1997 em Kyoto, no Japão, a Convenção das ONU sobre Mudanças Climáticas, o que resultou na assinatura do controverso Protocolo de Kyoto, que estabeleceu a meta de redução de 5% das emissões de gases até 2012. Mesmo com todos estes esforços em nível global ao longo das últimas três décadas, e apesar de alguns avanços na inserção do tema da sustentabilidade nos modelos de negócios das organizações empresariais (PINO NETO, 2005), percebe-se que muito pouco foi feito para que os países tivessem, de fato, um padrão de desenvolvimento sustentável (CORAL, IV Simpósio Internacional de Administração e Marketing 6 VI Congresso de Administração da ESPM São Paulo, 14 e 15 de outubro de 2009 2002), e para que a questão dos impactos sociais e ambientais saísse da periferia dos temas relacionados às consequências do desenvolvimento econômico (SOTO DELGADO, 2007). Frente aos resultados decepcionantes das iniciativas acima relatadas e diante do aumento dos riscos de crises econômicas, sociais e ambientais de proporções globais, pensadores de diferentes campos de conhecimento argumentaram em defesa da necessidade de uma mudança paradigmática, que rompesse com as visões periféricas das questões ambientalistas e sociais, e trouxesse uma visão de Ecologia Profunda (NAESS, 1973), Ecologia Sistêmica (CAPRA, 2002), Sustencêntrica, (GLADWIN, KENNELY e KRAUSE, 1995) ou Ecocêntrica (ASHLEY, 2002) para o desenvolvimento das sociedades humanas e seus correspondentes modelos de produção e comercialização de bens e serviços. Independente das diferenças nas abordagens acima mencionadas, parece crescer o consenso de que a mudança paradigmática requerida deverá romper definitivamente com a separação reducionista entre as organizações empresariais e os ecossistemas que as abrigam. Coerente com esta visão, pesquisas recentes no Brasil têm defendido o uso da teoria da complexidade, ou do enfoque ambiental, nos modelos de gestão organizacional (BATAGLIA e MEIRELES, 2008; CAPRA, 2002; SANCHES et al., 2008; STANDICK et al., 2008). Estas abordagens deixam claro que a mudança advogada exigirá uma transformação cultural, uma revisão substantiva nos valores e crenças que permeiam as organizações empresariais contemporâneas. Nestas novas abordagens, a responsabilidade sobre a preservação da vida deve chegar ao modelo mental dos executivos, incluindo aí os executivos de marketing. Mais ainda, deverá rever o propósito de existência das organizações e à visão de como elas se colocam no mundo, inclusive do ponto de vista mercadológico. Entende-se, portanto, que o desenvolvimento sustentável dependerá de uma “alfabetização ecológica” (CAPRA, 1996) de líderes e executivos, da capacidade que eles terão de entender os princípios da ecologia profunda e de viverem em conformidade com eles. Nas palavras de CAPRA (p.231, 1996): Durante mais de três bilhões de anos de evolução, os ecossistemas do planeta têm se organizado de maneiras sutis e complexas, a fim de maximizar a sua sustentabilidade. Essa sabedoria da natureza é a essência da eco-alfabetização A imagem metafórica da organização como organismo vivo ou parte de ecossistemas já foi amplamente explorada na literatura acadêmica (ASTLEY e FOMBRUM, 1983; BAUM, 1996; MORGAN, 1996; MINTZBERG, AHLSTRAND e LAMPEL, 2000; STEAD e STEAD, 2000). Argumenta-se, no entanto, que a metáfora como um recurso de linguagem IV Simpósio Internacional de Administração e Marketing 7 VI Congresso de Administração da ESPM São Paulo, 14 e 15 de outubro de 2009 para ligar fenômenos que, na essência, são mantidos dissociados, pode ter contribuído para fortalecer a crença de que as organizações não são parte imanente do desenvolvimento da vida no planeta. Sendo assim, o que os autores deste ensaio pretendem é que a perspectiva ecológica aqui adotada, ainda que reconheça as especificidades dos organismos sociais e seus respectivos métodos de análise, reconduza as organizações a sua condição de sistemas vivos, parte indissociável da evolução da vida e das sociedades humanas (CAPRA, 2002). Dentre os princípios ou características da ecologia profunda identificados na literatura, os quais permitirão estabelecer um elo entre as comunidades ecológicas e as comunidades humanas e suas organizações, destacam-se (CAPRA, 1996, 2002; MATURANA e VARELA, 1995; NAESS, 1973): i) Interdependência: todos os membros de uma comunidade ecológica estão interligados em uma vasta e intricada rede de relações simbióticas, das quais derivam suas propriedades essenciais e sua própria existência; Enquanto indivíduos e sociedade, estamos todos encaixados nos processos cíclicos da natureza e somos dependentes desses processos; ii) Autopoiese: todo o sistema vivo se liga estruturalmente ao seu ambiente por meio de interações recorrentes (perturbações), cada uma das quais faz desencadear mudanças estruturais no sistema, sem, no entanto, alterar sua identidade global, seu padrão de organização, sua autonomia de dirigir as mudanças; iii)Soluções Emergentes (Emergence): surgimento espontâneo e imprevisível de novas formas de ordem em pontos críticos de instabilidade, ou auto-organização da rede ao desenvolver soluções adhoc frente a perturbações do ambiente. Origem da dinâmica do desenvolvimento, do aprendizado e da evolução da vida, fonte de criatividade e da diversidade; iv) Redes evolutivas: a vida evolui, tornando-se cada vez mais complexa, a partir de arranjos ou associações cada vez mais intricados de cooperação e de co-evolução de seus organismos vivos; v) Predomínio das relações não-lineares. As relações nas comunidades ecológicas envolvem múltiplos laços de realimentação, de tal sorte que uma perturbação não estará limitada a um único efeito, podendo se espalhar em padrões cada vez mais amplos; vi) A natureza cíclica: sendo sistemas abertos, que há anos vem reciclando as mesmas moléculas de minerais, água e ar, todos os organismos de um ecossistema produzem resíduos. Mas o que é resíduo para uma espécie é alimento para outra, de modo que o ecossistema como um todo permanece livre de resíduos; IV Simpósio Internacional de Administração e Marketing 8 VI Congresso de Administração da ESPM São Paulo, 14 e 15 de outubro de 2009 vii) Os ecossistemas são abertos com relação ao fluxo de energia: A fonte básica é a energia solar renovável, que transformada em energia química pela fotossíntese das plantas verdes, aciona a maioria dos ciclos ecológicos; viii) Flexibilidade: um ecossistema volta ao equilíbrio mesmo em condições de constantes mudanças e transformações contínuas no ambiente, dado seus múltiplos laços de realimentação e a condição flexível e flutuante que mantém as variáveis que o compõem dentro de limites de tolerância e evitam o colapso do sistema; ix) Diversidade: a complexidade da rede é uma conseqüência da sua biodiversidade, que a dota de maior elasticidade para conviver com perturbações. Caso um elo da rede seja quebrado, uma comunidade diversificada será capaz de sobreviver e de se reorganizar na medida em que outros elos podem assumir a função da espécie destruída. 4 MARKETING “Marketing é toda a empresa vista a partir do seu resultado final, isto é, do ponto de vista do consumidor” (DRUCKER, 1975). De acordo com Webster (1991), a perspectiva de gestão em marketing que se desenvolveu nos anos 50 e 60´s voltava-se para a grande empresa verticalizada, hierarquizada e burocrática que dominou a cena econômica americana por um grande período no último século. Neste contexto, o objetivo do marketing era, por meio das sub-funções de vendas, propaganda e promoção e distribuição, gerar demanda adicional para produtos padrão, criar uma preferência no consumidor por meio da comunicação de massa e gerenciar os canais de distribuição através dos quais a produção fluía até o consumidor final. Na raiz da literatura do marketing voltado para os objetivos acima descritos estava o paradigma microeconômico neoclássico, com sua ênfase na maximização do lucro das firmas. A demanda materializa-se por meio de transações “spot” - que é a unidade básica de análise do marketing tradicional - realizadas em um mercado competitivo. De acordo com esta corrente de pensamento, o foco do marketing era a comercialização de produtos e serviços para o consumidor final. A partir dos anos 70 e 80´s, com: i) a saturação dos mercados nos USA; ii) a globalização e emergência de novos competidores vindos de outras partes do mundo; iii) o maior controle pelo consumidor de suas decisões de compra, a grande empresa verticalizada viu-se forçada, seja por iniciativa própria, seja pela sua aquisição hostil e posterior reestruturação, a reduzir de tamanho, terceirizando atividades de apoio, eliminando níveis IV Simpósio Internacional de Administração e Marketing 9 VI Congresso de Administração da ESPM São Paulo, 14 e 15 de outubro de 2009 gerenciais, reestruturando ativos e aplicando melhorias tecnológicas nos processos de produção e nos produtos (WEBSTER, 1991). Ao mesmo tempo, cresceu a perspectiva do macro-marketing entre acadêmicos como escolha de objeto de pesquisa, situando a disciplina como um processo social cujas preocupações envolviam a qualidade de vida, a tecnologia para alocação de recursos e as conseqüências, intencionadas ou não, de sua ação (FISK, 1981). Como resposta aos novos desafios estratégicos, os anos 80 assistiram à aceleração da inovação tecnológica, ao crescimento das empresas de serviços e ao surgimento de formas mais flexíveis de organização (ACHROL e KOTLER, 1999). Estas novas estruturas enfatizavam parcerias entre firmas, múltiplos tipos de propriedade e associações dentro da cadeia produtiva, trabalho em equipe multi-empresas, desenvolvimento compartilhado de novas tecnologias, todas elas com menos ênfase em contratos formais e sistemas de controle. Essas confederações de especialistas reunidos para o desenvolvimento e comercialização de proposições de valor foram denominadas por alguns teóricos da área como alianças de comarketing (BUCKLIN e SENGUPTA, 1993). As mudanças descritas no parágrafo acima exigiram das organizações maior flexibilidade de adaptação às alterações nos mercados, busca de especialização e ênfase no marketing de relacionamento, ao invés de foco em transações de mercado de produtos e serviços (WEBSTER, 1991), concebidos a partir de arquiteturas monolíticas (BROWN, DURCHSLAG e HAGEL III, 2002). Frente às novas configurações, pesquisadores passam a argumentar que devia caber ao marketing a responsabilidade pela construção, manutenção e avaliação dos relacionamentos interorganizacionais, de modo a manter os parceiros informados e focados no consumidor final (ACHROL e KOTLER, 1999). Em linha com estas transformações, o marketing relacional desponta nos anos 1980 como um novo campo de estudo, dando vazão a uma série de artigos a respeito do papel dos relacionamentos nas estratégias de marketing (BRODIE e COVIELLO, 2008). O fenômeno dos relacionamentos comerciais em rede implicou duas grandes tendências: dificuldade em distinguir claramente os limites entre as funções dentro de uma organização e a dificuldade em distinguir as fronteiras entre a organização e o mercado em que ela atuava (PITASSI, 2004). Por exemplo, como definir estrutura da indústria em um mundo cujos papéis de cliente, fornecedor e competidores não estão mais tão claros? Como posicionar um produto sem considerar os recursos críticos de parceiros? Isso implica dizer que o marketing como função autônoma, como uma “caixa” no organograma, poderia estar em cheque, o que faria com que a maioria dos arcabouços teóricos à disposição dos gerentes IV Simpósio Internacional de Administração e Marketing 10 VI Congresso de Administração da ESPM São Paulo, 14 e 15 de outubro de 2009 para a formulação e implantação das estratégias e planos de marketing tivesse aplicação limitada no contexto da nova economia em rede. (ACHROL e KOTLER, 1999). O desenvolvimento acelerado das tecnologias de informação e comunicação (TIC) a partir dos anos 70 teve um forte impacto nas estruturas organizacionais, permitindo o desmembramento de várias atividades da cadeia de valor, o que fez com que as atividades de comercialização entre empresas crescessem na mesma proporção (PITASSI e MOTTA, 2002). Logo, o marketing teve que incorporar aos seus arcabouços constructos que demarcassem o papel das pessoas e organizações no processo social por meio do qual os atores econômicos juntam-se em relações duradouras e estáveis para a formulação de estratégias cada vez mais complexas. Cresce então a demanda para que os fundamentos conceituais do marketing fossem enriquecidos pela economia, ciência política e comportamento organizacional, bem como por arcabouços analíticos do direito, sociologia, antropologia, psicologia social. Com estas contribuições, seria possível ampliar o entendimento dos processos de negociação, coordenação e cooperação que permeiam os relacionamentos, particularmente no marketing industrial. O marketing industrial, que foca na relação de negócios entre empresas, surge como disciplina autônoma na década de 60, ainda sob a égide da empresa verticalizada (WIND, 2006). Não há consenso na literatura sobre diferenças relevantes entre o marketing industrial e o marketing para o consumidor final. Mas a pesquisa bibliográfica nos periódicos de cada um destes campos de conhecimento revela que, na perspectiva industrial, aparecem com muito mais freqüência discussões a respeito da alta complexidade do processo de compra, da dependência do fornecedor e do papel da confiança na relação comprador/vendedor, do compartilhamento de conhecimentos e competências e da importância crescente da prestação de serviços para as empresas industriais. Como alternativa às correntes hegemônicas da escola de administração norteamericana, berço do pensamento de marketing, pesquisadores europeus fundaram em 1976 o Grupo de Marketing e Compras Industriais, o IMP Group. Segundo o grupo, as firmas em mercados industriais seguem um processo incremental e confuso de ações, reações e interações (TURNBULL et al., 1996; WILKINSON e YONG, 2002). Pesquisas desenvolvidas no âmbito do IMP sugerem que nenhuma análise pode estar focada apenas na díade cliente-fornecedor, devendo considerar também os impactos nela dos múltiplos relacionamentos existentes com outros atores/empresas na rede (ANGUS, 2006; SVENSSON, 2001; TURNBULL et al., 1996). Coerentes com os argumentos acima, estudiosos defendem o IV Simpósio Internacional de Administração e Marketing 11 VI Congresso de Administração da ESPM São Paulo, 14 e 15 de outubro de 2009 uso da teoria da complexidade para auxiliar os gerentes no desenvolvimento de estratégias de marketing industrial (ANDERSON et al., 1999). Se, como foi argumentado acima, cabe ao marketing manter os parceiros da cadeia de suprimentos focados no consumidor final, não bastará trazer o produto certo, na hora certa, no lugar certo ao preço certo. Isto deverá ser feito de forma sustentável. A pesquisa realizada no âmbito deste ensaio revelou que a relação entre o marketing e a logística não é clara na literatura acadêmica, nos programas das escolas de administração e nas estruturas organizacionais das empresas. Mas há um consenso aparente de que a logística cumpre uma das funções mais diretas e óbvias do marketing, a distribuição dos produtos. Neste estudo, entende-se que a logística é a arena em que as algumas decisões práticas das estratégias de marketing, tais como seleção de transportadores, localização de armazéns e seleção de parceiros de negócios, são tomadas. Na medida em que a situação ambiental e social do mundo foi se deteriorando, e tornou-se patente o envolvimento das grandes corporações empresariais nestes efeitos e também em práticas de trabalhos socialmente reprováveis, tais como trabalho infantil, mantidas por seus parceiros comerciais ao longo da cadeia produtiva, cresceram as pressões de consumidores, ambientalistas e governos pela mudança deste quadro. Tais pressões funcionaram como gatilhos para que o tema da sustentabilidade se aproximasse nos último 15 anos do campo teórico e das práticas de gestão logística. Esta sensibilização para o tema foi ainda mais forte nas grandes empresas transnacionais, com fortes investimentos na construção de suas marcas, e para as quais a perda de reputação tem forte impacto negativo no seu valor de mercado (SEURING e MULLER, 2008). Entende-se também que, pelo fato dos stakeholders se mostram cada vez menos dispostos a diferenciar as empresas com postura sócio-ambiental de vanguarda dos fornecedores e clientes com práticas ambientais e sociais duvidosas (LIPPMAN, 2001), as ações colaborativas devem ser vistas como condição de sucesso para as estratégias de marketing e, mais especificamente, para as perspectivas verdes de gestão da cadeia de suprimentos (DIAS, 2008). Por exemplo, se o produto de uma empresa química for indevidamente utilizado por um cliente, dificilmente aquela empresa não terá sua reputação afetada, muito embora não seja a responsável direta pelo problema. Dadas as pressões acima descritas, Pereira e Reis (2008) defendem que se deve ampliar o foco do marketing, tanto no B2B quanto no B2C, de relacionamento com clientes para o relacionamento com o conjunto dos stakeholders na medida em que a criação e a captura de valor dependem atualmente da licença para operar por eles concedida. Logo, ganha IV Simpósio Internacional de Administração e Marketing 12 VI Congresso de Administração da ESPM São Paulo, 14 e 15 de outubro de 2009 maior relevância neste contexto o uso do branding como mecanismo de defesa da reputação da empresa. Refletindo sobre a profunda transformação da gestão de empresas no cenário de negócio atual, os autores destacam o papel da comunicação organizacional, em um contexto em que a criação de valor esta mais associada à qualidade dos relacionamentos que a empresa tem com seus stakeholders, da criação de sentido nesta relação, do que à venda de produtos e serviços em si. Estudiosos do marketing argumentam que ele deve ser o elemento central do modelo de gestão que guia uma organização (WEBSTER, 1991), o que reforçaria sua dimensão estratégica. Já para os estudiosos da área de estratégia, o marketing é majoritariamente entendido como uma área funcional (FARIA, 2008). No arcabouço teórico de Michael Porter, por exemplo, cabe à estratégia a definição do posicionamento da firma, que o executa por meio da configuração adequada das atividades da cadeia de valor, incluindo entre elas a função primária de marketing. Muito embora os campos de estudo de gestão estratégia e marketing tenham sobreposições e despertem divergências entre os teóricos das 2 áreas, pesquisadores de marketing defendem que há uma complementaridade nas questões fundamentais que eles procuram responder: na estratégia, o foco está na comparação entre firmas vencedoras e perdedoras, enquanto no marketing, a preocupação é entender as diferenças no valor percebido pelos clientes (DAY e MONTGOMERY, 1999). Day e Montgomery (1999) defendem que, na sua dimensão estratégia, o marketing atua no nível do negócio, sendo o seu papel: 1) avaliar a atratividade dos mercados e a posição competitiva por meio da análise das necessidades e requerimentos do consumidor, bem como das ofertas da concorrência nos mercados potencialmente disponíveis para a firma; 2) promover a orientação ao consumidor por meio da firme defesa do ponto de vista do cliente em detrimento dos interesses dos demais constituintes envolvidos na decisão gerencial; 3) desenvolver a proposição de valor genérica (como reflexo das competências distintivas da firma) e articular essa proposição para a organização e para o mercado. Vê-se pela argumentação dos autores acima, que um dos grandes desafios para o Marketing será ampliar seu foco de defesa intransigente dos interesses do consumidor para a defesa equilibrada dos interesses do conjunto dos stakeholders. A extensiva pesquisa realizada por Brodie e Coviello (2008), que desafiou a dicotomia do foco do Marketing em transação ou relacionamento, identificou seis grandes linhas de pesquisa recentemente conduzidas na área: marketing de serviços, relações de troca interorganizacionais, canais, redes, planejamento estratégico e cadeia de valor, tecnologias de informação intra e inter firmas. Pelo menos no que diz respeito aos critérios adotados nesta classificação, a questão da IV Simpósio Internacional de Administração e Marketing 13 VI Congresso de Administração da ESPM São Paulo, 14 e 15 de outubro de 2009 sustentabilidade e seus desdobramentos parece não ter merecido destaque. Cabe então examinar como outros estudos de Marketing ou de áreas correlatas estão refletindo as preocupações da sociedade com o desenvolvimento sustentável. 5 MARKETING E SUSTENTABILIDADE Como contraponto às principais linhas de pesquisa de Marketing identificadas no estudo de Brodie e Coviello (2008), Domengan (2008) sugere que a perspectiva teórica do marketing social (social marketing), utilizada para induzir mudanças em busca de comportamentos saudáveis e ambientalmente responsáveis nos consumidores, pode ser uma linha teórica a qual se pode recorrer para introduzir as questões relacionadas a sustentabilidade nos arcabouços teóricos e nas estratégias de Marketing do novo milênio. Em linha com este argumento Alday & Pinochet (2003), advogam a importância do marketing social para a imagem de uma empresa e para a construção de uma vantagem competitiva. Dando ênfase ao papel indutor do marketing, Grant (2007) ressalta os riscos para imagem da empresa da comunicação oportunista e superficial a respeito do desenvolvimento responsável (greenwash) e sugere um roteiro para que a empresa adote a inovação visando a conciliar os interesses das pessoas, do planeta e do lucro (people, planet and profit). Alguns autores colocam a responsabilidade do Marketing em relação à sustentabilidade na área do “Marketing Verde” (PEATTIE e CHARTER, 2005; GRANT, 2007). Isso se deve à crença de que o marketing verde deve procurar balancear a perspectiva tecno-econômica com uma visão mais ampla, sócio-ambiental (KILBOURNE et al., 1997) das transações comerciais. Para buscar este equilíbrio, algumas áreas de marketing deveriam então ser reavaliadas: sua legitimidade frente às transformações na sociedade, foco restrito no consumidor e na satisfação dos clientes, o próprio conceito de produto, a responsabilidade do fabricante e a demarketização – quando a lógica do marketing verde demonstra que um produto deve ter seu consumo diminuído (que poderia ter sido o caso, quando, em 2001, tivemos o racionamento de energia no Brasil). Para estes autores, devemos reavaliar a legitimidade do marketing e revê-lo na perspectiva do macromarketing, focalizando nas necessidades mais amplas e no bem-estar do consumidor, assim como no impacto de suas ações nos não-consumidores. A reavaliação do papel dos consumidores deve ir além do ato da compra, chegando ao consumo e descarte, incluindo aí as preocupações com a reciclagem e o reaproveitamento, dando atenção inclusive aos movimentos de resistência do consumidor. A questão de satisfação do consumidor deve IV Simpósio Internacional de Administração e Marketing 14 VI Congresso de Administração da ESPM São Paulo, 14 e 15 de outubro de 2009 passar a levar em consideração todas as atividades da cadeia de suprimentos. Isto nos leva à questão de responsabilidade do produtor, não só em relação ao “destino do produto ao final de seu ciclo de vida” (PEATTIE e CHARTER, 2005), mas também em relação à idoneidade dos seus fornecedores. E o último aspecto que deve ser levado em consideração é a demarketização, quando o produto está sendo consumido ou produzido de forma nãosustentável. Na lógica da sustentabilidade, caberia ao marketing promover a diminuição ou mesmo o fim do seu consumo. Para apoiar nesta reavaliação, Peattie e Charter (2005) apresentaram um arcabouço de trabalho, que traz uma visão mais sistêmica e ecologicamente responsável da cadeia de valor. Dado o íntimo relacionamento entre o marketing e a logística de distribuição ressaltado acima, cumpre examinar como o tema da sustentabilidade está sendo tratado nesta área. Logística Verde pode ser entendida como a incorporação da tradição do pensamento ambiental às questões envolvidas na gestão da cadeia de suprimentos, gerando um conjunto de preocupações “verdes” que abrangem o design do produto, o sourcing de fornecedores de insumos e operadores logísticos, os processos de manufatura, a distribuição dos produtos finais, bem como a gestão das questões que surgem após a fim da vida útil dos produtos (SRIVASTAVA, 2007). Construindo sobre o clássico conceito do Council of Supply Chain Management Professionals (CSCMP), Seuring e Muller (2008) definem a gestão sustentável da cadeia de suprimentos como: [...] the management of materials, information and capital flows as well as cooperation among companies along de supply chain while taking goals from all three dimensions of sustainable development, i.e., economic, environmental and social, into account which are derived from customer and stakeholder requirements. Srivastava (2007), apoiado em extensiva pesquisa bibliográfica, apresenta uma classificação abrangente dos temas envolvidos nas perspectivas verdes de gestão logística. Na sua pesquisa, o autor classifica as abordagens verdes em dois níveis: estratégico e operacional os quais envolvem vários temas de interesse direto do campo de estudo e prática do marketing. O nível estratégico envolve a incorporação da sustentabilidade em questões como desenho dos produtos, a definição da rede logística e a P&D aplicadas às novas tecnologias verdes e seguras. No nível operacional, destacam-se as preocupações com as atividades de compra, manuseio de materiais, emissão de efluentes e rejeitos no processo produtivo, distribuição, estocagem e logística reversa. Diferentes autores ressaltam a importância para a pesquisa e prática futuras da gestão sustentável da cadeia de suprimentos a adoção de visões IV Simpósio Internacional de Administração e Marketing 15 VI Congresso de Administração da ESPM São Paulo, 14 e 15 de outubro de 2009 pró-ativas e totalmente integradas às decisões de negócio, que desenvolvam oportunidades de criação de valor a partir de uma ótica sustentável. Também reforçam que isto seja feito em ações colaborativas e integradas entre todas as empresas que se unem para a construção de proposições de valor adequadas ao desenvolvimento sustentável (DIAS, 2008; HUTCHINS e SUTHERLAND, 2008; SEURING e MULLER, 2008; SRIVASTAVA, 2007), o que parece fortalecer o potencial de aplicação do marketing na definição de estratégias em rede. Dada a sobreposição, identificada acima, do marketing com o campo de estudo da estratégia, cumpre investigar agora como este campo de conhecimento está inserindo a sustentabilidade em seus arcabouços analíticos. Porter e Kramer (2006) defenderam em um artigo na Havard Business Review, o qual teve grande repercussão entre acadêmicos e gerentes na época de sua publicação, que a interdependência da empresa e da sociedade poderia ser analisada com as mesmas ferramentas usadas tradicionalmente para avaliar a posição competitiva e para desenvolver e implantar o posicionamento estratégico pretendido. Dentro destas ferramentas, destaca-se a cadeia de valor, que poderia ser adaptada e utilizada como um arcabouço para identificar o impacto social, ambiental e econômico das atividades desempenhadas pela firma. Por exemplo, a função de marketing poderia ser usada para identificar a honestidade da publicidade e a sua adequação ao público infantil. 6 DISCUSSÃO Ao longo da história da vida humana em nosso planeta, temos evidências de que mudanças paradigmáticas estão associadas às transformações ocorridas nos sistemas econômicos, organizações sociais e modelos de produção e comercialização de bens e serviços (CAPRA, 2002). Sendo assim, faz sentido admitir que, caso as pressões dos stakeholders em prol do desenvolvimento sustentável aumentem ainda mais, os pesquisadores que têm o campo de conhecimento de marketing como interesse principal podem não ter alternativa senão reconhecer abertamente o tema e definir o papel que desempenharão no processo de mudança da cultura organizacional em direção à sustentabilidade. Ressalta-se, no entanto, que, embora o tema da sustentabilidade já seja amplamente debatido no ambiente de negócios, a pesquisa bibliográfica aqui retratada revelou que, a parte alguns estudos relacionados ao marketing social e ao marketing verde, o tema ainda não chegou de forma clara e abrangente aos arcabouços teóricos e às práticas hegemônicas de marketing, muito menos dentro de uma perspectiva de ecologia profunda. A extensiva revisão da literatura de marketing recentemente realizada por Brodie e Coviello (2008), na qual o IV Simpósio Internacional de Administração e Marketing 16 VI Congresso de Administração da ESPM São Paulo, 14 e 15 de outubro de 2009 tema “sustentabilidade” não recebe nenhuma menção nas linhas de pesquisa identificadas na área, parece corroborar esta percepção. O risco de que o marketing perca relevância estratégica nas organizações que emergirão deste novo cenário aumenta na medida em que disciplinas como estratégia e logística, as quais têm forte interação com o campo do marketing, parecem já estar incorporando perspectivas verdes aos seus arcabouços analíticos. Logo, a questão colocada para a teoria e prática do marketing é entender se, a exemplo do que ocorreu quando o campo de marketing reivindicou para si a responsabilidade por garantir o foco no consumidor final nas novas configurações em redes de negócio que ganharam força com os impactos das TICs, caberá ao marketing algum papel de macro indutor e orientador de uma mudança substantiva em direção ao desenvolvimento sustentável. Se parece fazer sentido que o marketing como área de conhecimento possa liderar a discussão sobre sustentabilidade na medida em isto diz respeito à adaptação da firma a um mercado ecologicamente correto e sustentável (HEIFETZ, 1998), cabe examinar se o marketing pode ampliar seu foco no consumidor e passar responder aos anseios dos stakeholders. Isto posto, a primeira grande questão que a pesquisa futura de marketing deve responder diz respeito ao seu famoso princípio: Proposição 1: O Princípio de Marketing poderá ampliar seu foco original de defesa “intransigente” dos interesses do consumidor final, de modo a que as proposições de valor passem a considerar de forma equilibrada os interesses do conjunto dos stakeholders. Uma parte considerável das desconfianças que ainda hoje existem em relação ao marketing diz respeito às reais intenções das estratégias comerciais de uma firma. Na sua origem, o marketing era visto como instrumento de indução ao consumo voltado para a maximização do lucro. Os interesses da sociedade deveriam ser assegurados por outros mecanismos, fundamentalmente pela ação regulatória do governo. Por exemplo, uma empresa de telecomunicação que entendesse não haver viabilidade econômica na oferta de um serviço de Internet banda larga em uma região, provavelmente o serviço não seria oferecido, independente das conseqüências sociais desta decisão. Dentro de uma epistemologia de ecologia profunda, o marketing poderá precisar rever os fundamentos conceituais que o originaram, examinando a possibilidade de se fazer negócios motivados por objetivos mais substanciais. Surge assim a segunda questão que a pesquisa futura de marketing terá que examinar na visão dos autores deste ensaio: IV Simpósio Internacional de Administração e Marketing 17 VI Congresso de Administração da ESPM São Paulo, 14 e 15 de outubro de 2009 Proposição 2: O marketing poderá continuar a desempenhar um papel crítico nas estratégias de negócio desenhadas e implementadas em acordo com os princípios da ecologia profunda, particularmente no que diz respeito à identificação de produtos e oportunidades de negócio adequados a um mundo sustentável. A inserção dos princípios da ecologia profunda à gestão organizacional traria uma revisão dos valores organizacionais que hoje orientam as organizações empresariais. Nesta nova perspectiva, o sistema de marketing deverá desenvolver ferramentas que possam gerar orientação pública, mediante uma massa crítica de informações que defina claramente prioridades de consumo e poupança, hierarquia de diretrizes estratégicas, análise de custos e benefícios sociais, e exame do trade-off entre restrições e expansão econômica. A este conjunto atitudinal, George Fisk deu o nome de "Teoria do Consumo Responsável" (FISK, 1973). No entanto, a revisão da literatura revela uma posição vacilante nas estratégias de marketing quando o consumidor mostra-se indiferente - ou mesmo refratário - a reconhecer os esforços da firma com a sustentabilidade. Logo, surge a terceira questão que deverá ser investigada na pesquisa futura de marketing: Proposição proativamente 3: para As os estratégias esforços de de marketing eco-educação podem dos contribuir consumidores, independente dos resultados de curto prazo que elas acarretem. Conforme revelou a pesquisa aqui retratada, a resposta do marketing para a “agenda” verde é, em grande parte, reativa. Os estrategistas de marketing com visão reativa tendem a enfatizar o respeito à legislação e a resposta aos grupos de pressão, principalmente consumidores, e organizações de proteção ambiental. O que propomos neste ensaio é que se avalie se caberia ao líder de marketing assumir um papel mais ativo nesta mudança de paradigma. O estrategista de marketing pró-ativo tenderia a enfatizar a comunicação com os stakeholders, ficando à frente de mudanças na legislação e às pressões dos grupos de consumidores e principalmente, participando de debates sobre questões sociais e ambientais (PEATTIE e CHARTER, 2005). Coddington (apud PEATTIE e CHARTER, 2005, 2005) identifica as qualidades que os profissionais de marketing devem possuir, as quais em conjunto fariam com que eles fossem os candidatos naturais para o papel de liderança da mudança pretendida em direção ao desenvolvimento sustentável. São elas: IV Simpósio Internacional de Administração e Marketing 18 VI Congresso de Administração da ESPM São Paulo, 14 e 15 de outubro de 2009 9 São capazes de identificar e analisar as implicações corporativas das iniciativas eco-responsáveis. 9 Podem identificar novos produtos e oportunidades decorrentes da estratégia de negócio sustentáveis. 9 Desenvolvem seu trabalho de forma multidisciplinar, entre departamentos (planos de marketing envolvem vários departamentos diferentes, tais como P&D, recursos humanos, produção, relações públicas e vendas). 9 Podem trabalhar de forma a garantir que as implicações ecológicas sejam desenvolvidas e atendidas por todas as áreas da organização. 9 São comunicadores profissionais, podendo atuar no treinamento de ecoalfabetização. Segundo Senge, Heifetz e Torbert, (2000), “se é suposto que o líder tenha uma visão, então liderança é antes de tudo um problema de vendas, um problema de inspiração e marketing.” Embora se entenda que todo o líder organizacional tenha entre suas atribuições envolver-se com as mudanças organizacionais, pode se argumentar que parece fazer sentido que a liderança de marketing assuma esta posição quando isto envolver aspectos da adaptação da firma às transformações do mercado, incluindo aí a questão do desenvolvimento sustentável. Entretanto, observa-se o surgimento de áreas corporativas de sustentabilidade nas organizações contemporâneas, trazendo a possibilidade da liderança ali inserida assumir esta missão precípua, passando este executivo a ser responsável por algo como o “Princípio de Sustentabilidade”, que orientaria toda a organização nesta direção. Surge então a quarta e última proposição oferecida para investigação em pesquisas futuras: Proposição 4: Os executivos de marketing podem assumir um papel de liderança interna e externa da transformação da firma em direção aos princípios da ecologia profunda. 7 CONSIDERAÇÕES CONCLUSIVAS O objetivo deste ensaio teórico foi contribuir para avançar o entendimento do papel do marketing na construção de modelos de negócios sustentáveis em acordo com os princípios da IV Simpósio Internacional de Administração e Marketing 19 VI Congresso de Administração da ESPM São Paulo, 14 e 15 de outubro de 2009 ecologia profunda. Os autores deste estudo entendem que este objetivo foi em grande parte alcançado e destacam a seguir os principais argumentos que corroboram esta opinião. Em primeiro lugar, foram explicitados os princípios associados à Ecologia Profunda que podem trazer uma contribuição para o desenvolvimento de modelos de negócio sustentáveis em acordo com esta epistemologia. Em seguida, procurou-se descrever como se articulam no ambiente de negócio contemporâneo o campo de conhecimentos de sustentabilidade e de marketing, considerando também as áreas de conhecimentos como forte sobreposição ao marketing, tais como estratégia, comunicação empresarial e logística. Ainda que os estudos associados ao marketing social e ao marketing verde enderecem aspectos associados ao desenvolvimento sustentável, a investigação detalhada dos principais periódicos revelou que não há a disposição dos executivos de marketing arcabouços teóricos robustos que os auxiliassem a desenvolver e implantar estratégias de marketing alinhadas aos princípios da ecologia profunda. Entende-se que, dado os efeitos práticos sofríveis que estão sendo obtidos pelos modelos atuais de abordagem do tema da sustentabilidade no ambiente de negócios, o primeiro grande passo para auxiliar estes executivos será fazê-los compreender mais ampla, profunda e articuladamente o fenômeno da interação das várias formas de vida com o seu ambiente e o papel desta interação na evolução dos ecossistemas e das sociedades humanas. Os autores deste ensaio entendem que em um mundo eco-sustentável, o propósito da existência das organizações empresariais terá que sofrer profundas transformações em direção ao atendimento equilibrado de um conjunto de interesses que influenciam os resultados das organizações contemporâneas. À luz do conceito de autopoiese (MATURANA e VARELA, 1995), este propósito reforçaria a perspectiva da empresa interligada estruturalmente ao meio ambiente, cujo padrão de organização interna seria dado pelo papel de coesão dos valores nas funções e processos organizacionais, dentre os quais o “Princípio da Sustentabilidade” deverá ganhar destaque na mobilização dos atores organizacionais. Os modelos de negócio sustentáveis deverão reforçar a visão da organização como sistema social complexo, estruturados em redes interdependentes, cujas relações comerciais assumem configurações não lineares, com impactos que repercutem a curto, médio e longo prazo por todo o sistema econômico. Em clara contraposição aos objetivos puramente financeiros que mobilizam as firmas contemporâneas, seriam ressaltados os benefícios para a sociedade advindos de modelos de negócio que capturem os efeitos da flexibilidade e diversidade dos atores em atuando em redes sustentáveis. Nestes modelos, nenhuma organização teria a complacência da sociedade para conduzir processos de produção e IV Simpósio Internacional de Administração e Marketing 20 VI Congresso de Administração da ESPM São Paulo, 14 e 15 de outubro de 2009 comercialização apoiados em fontes de energia não renováveis e que gerassem resíduos sem reutilização no próprio sistema produtivo. A adequação dos sistemas econômicos, organizações e processos de produção e comercialização de bens e serviços aos princípios da ecologia profunda exigirá uma mudança paradigmática, que está apenas nos seus primórdios, o que demandará muitos anos de debate, forte mobilização da sociedade e um processo estruturado de eco-alfabetização das pessoas que conduzem as organizações empresariais. Parece fazer sentido esperar que os líderes organizacionais sejam convidados a participar deste debate. Neste ensaio, interessou investigar como os pesquisadores e gerentes de marketing se posicionarão nesta discussão. Os resultados do estudo evidenciaram o atraso relativo do marketing no que se refere ao papel de liderança das transformações que devem conduzir as organizações empresariais à adoção de modelos de negócio sustentáveis. Tendo por base as evidências obtidas, o estudo apresentou as limitações que, na opinião dos autores, o marketing deverá enfrentar para reassumir a condição de princípio orientador da criação de valor em acordo com as exigências do ambiente externo. Os autores entendem que as quatro proposições aqui levantadas, se respondidas em pesquisas futuras, endereçam as principais lacunas que hoje fortalecem a percepção de que o marketing mantém uma relação controversa com a questão da sustentabilidade. Esta claro que o objetivo acima descrito ainda está muito distante e não há certeza de que caminharemos nesta direção. No entanto, a relação simbiótica entre a evolução das sociedades humanas, da tecnologia e da cultura nos seus mais variados níveis demonstram que as sociedades mudam e evoluem (CASTELLS, 1999), e que a ciência tem um papel crítico ao influenciar a direção desta evolução (BRITO CRUZ, 2005). A convergência tecnológica, que resultará do desenvolvimento sinérgico das Nanotecnologia, Biotecnologia, TICs e Neurociência permitem antecipar profundas transformações nas sociedades humanas e nas características dos produtos e serviços, inclusive na maneira como eles serão produzidos e comercializados (CAVALHEIRO, 2007), abrindo espaço para que se repense o papel das organizações e do marketing na Nova Ciência que está emergindo da compreensão integrada dos fenômenos naturais e sociais. IV Simpósio Internacional de Administração e Marketing VI Congresso de Administração da ESPM São Paulo, 14 e 15 de outubro de 2009 21 IV Simpósio Internacional de Administração e Marketing 22 VI Congresso de Administração da ESPM São Paulo, 14 e 15 de outubro de 2009 MARKETING AND SUSTAINABILITY IS IT POSSIBLE TO ALIGN THESE CONCEPTS? ABSTRACT Although sustainability is gaining importance in different fields of knowledge, the theory and practice of marketing still shows a contradictory relationship with this theme. The challenge of redesigning the role of marketing in the next millennium, particularly regarding the understanding of the impact of stakeholders’ perceptions on firms’ value, drives the need to overcome possible doubts about the compatibility of marketing and sustainability. The objective of this theoretical article is to contribute to advance the comprehension of marketing role on building sustainable business models which are in accordance to deep ecology principles. The bibliographic research made in this study searched for evidences regarding the way that the fields of marketing and sustainability are been articulated in business environment. The study’s results demonstrates the relative delay of marketing in assuming the leadership role in the change process that could lead enterprise organizations to the adoption of sustainable business models adequate to the principles of deep ecology. Based on these evidences, the study presents the limitations that, in the authors of this article opinions, the field of marketing will have to face and resolve to reassume its condition of value creation orientation principle in accordance to external environment demands. The article also presents four propositions for future research that could help marketing managers and researchers in their efforts to overcome the limits identified in this study. Keywords: Sustainability. Marketing. Deep Ecology. Strategy. Stakeholders. 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