precisamos nos educar financeiramente
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precisamos nos educar financeiramente
1 2 3 carta ao leitor tempo de renovação M ais um ano se inicia, e com ele, novas formas de encarar desafios. É com este espírito que a ANEFAC ingressa nesta nova jornada. O encerramento da gestão para o biênio 2013-2014 dá espaço à renovação para adicionar aos feitos já realizados outras visões e novos projetos, além de continuidade aos planejamentos já propostos. A gestão para o biênio 2015-2016 encontra um cenário de grandes perspectivas não somente no que diz respeito aos planos da ANEFAC, mas à direção tomada pelo mercado como um todo. Uma época marcada pela expectativa de mudanças na condução da política econômica para a retomada dos pilares macroeconômicos acrescenta ao início do novo biênio contornos ainda mais estimulantes. Assim como os desafios propostos pela constante evolução das normas e regulações que provocam movimentação no dia a dia dos profissionais das áreas financeiras, administrativa e contábil. Por isso, iniciamos o ano com enfoque em temas caros aos executivos, entre eles, fechamento das demonstrações financeiras, corrupção, variação salarial e cases de “O encerramento da gestão 2013-2014 dá espaço à renovação para adicionar aos feitos já realizados outras visões e novos projetos” sucesso de grandes empresas em diferentes abordagens para inspirar um ano de árduo trabalho e muito sucesso. É isso o que desejamos a você, caro leitor. Boa leitura! Amador Alonso Rodriguez, presidente da ANEFAC para o biênio 2013-2014 Antonio Carlos Machado, presidente da ANEFAC para o biênio 2015-2016 4 sumário 10 11 12 13 14 16 22 26 Homenagem 28 30 32 36 40 44 46 48 52 54 58 60 64 66 Inside 58 Giro Diretor Giro Anefac Giro do mercado Pesquisa de juros Evento ESPECIAL Panorama Ideias e Inteligência Finanças Administração Contabilidade 28 Carreira Perfil Jovem Executivo tecnologia 6 reuniões técnicas turismo de negócios ENTREVISTA Artigo Gil Castelo Branco, fundador e secretário-geral da Associação Contas Abertas, fala sobre corrupção e transparência Fazendo contas Ponto de vista Revista ANEFAC Uma publicação da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade Rua 7 de Abril, 125 - 4º andar - Cj. 405 CEP 01043-000 - Centro - São Paulo/SP Fone: 11 2808-3200 / Fax: 11 2808-3232 www.anefac.com.br [email protected] Presidente: Amador Alonso Rodriguez Conselho Editorial: Renato Zuccari (Diretor Responsável), Andrew F. Storfer, José Ronoel Piccin, Louis Frankenberg, João Carlos Castilho Garcia, Roberto Vertamatti e Roberto Müller Vertical de Finanças: Ailton Leite (Vice-Presidente) Vertical de Administração: Roberto Fragoso (Vice-Presidente) Vertical de Contabilidade: Edmir Lopes de Carvalho (Vice-Presidente) Eventos: Andréia Fernandez (Vice-Presidente) ANEFAC Campinas: Ari Torres (Vice-Presidente) ANEFAC Curitiba: Leandro Camilo (Vice-Presidente) ANEFAC Rio de Janeiro: René Martins (Vice-Presidente) ANEFAC Salvador: Leandro Ardito (Vice-Presidente) Administração e Finanças: Carlos Aragaki (Vice-Presidente) Relações Institucionais: Maria Helena Pettersson (Vice-Presidente) Associados e Parcerias Comerciais: Lívio Giosa (Vice-Presidente) Conselho de Administração: Gennaro Oddone (Presidente), Andrew F. Storfer, Carlos Roberto Matavelli, Charles Barnsley Holland, Clóvis Ailton Madeira, José Ronoel Piccin, Luis Cláudio Fontes, Pedro Lucio Siqueira Farah, João Carlos Castilho Garcia, Roberto Vertamatti e Rubens Lopes da Silva Jornalista responsável: Suzamara Bastos (Mtb 45.822) Sede: Superintendente: Carlos Ribeiro Associados: Luciana Lima Comercial: Talita Dias Comunicação: Suzamara Bastos Eventos: Juliana Spalding, Mayara Medeiro e Cibele Nunes Financeiro: Maria Penha Costa Web: Caio Henrique Design: Patricia Barboni Editora: Carolina Bridi Repórteres: Carlos Eduardo Batista e Jennifer Almeida Fotos: Jonathan Koiti Projeto gráfico: As opiniões expressas nos artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores. 5 KPMG “O corrupt entrevista 6 7 Em pleno início do segundo período do governo Dilma, com expectativas de mudanças significativas na condução da economia e maior rigor contra a corrupção, Gil Castelo Branco, fundador e secretáriogeral da organização não-governamental Associação Contas Abertas, fala sobre as consequências da interferência política nas empresas estatais. Explicando por que estas companhias são alvo preferencial de grandes esquemas envolvendo partidos políticos, o economista dá noções realistas sobre como esta relação prejudica o funcionamento das próprias companhias e da economia brasileira como um todo “ Revista ANEFAC: Como a interferência G.C.B.: De fato, as empresas estatais são política prejudica o funcionamento hoje figurinhas carimbadas no álbum da das estatais? corrupção. Ao meu ver, são três os fato- Gil Castelo Branco: As estatais se torna- res que atualmente tornam mais fácil o ram a Disneylândia dos políticos. Afinal, desvio de recursos nas empresas estatais parafraseando Milton Nascimento na do que nos órgãos da administração di- canção “Nos bailes da vida”, o corrupto reta. Em primeiro lugar, volume elevado vai onde o dinheiro está. O ex-deputado de recursos para investimentos. Para se e hoje condenado Roberto Jefferson, no ter uma ideia, em 2013, na União, se seu livro “Nervos de aço”, referindo-se aos considerarmos os investimentos de todos Correios, confessa: “... é evidente que as os ministérios, as obras do Judiciário e nomeações feitas pelo PTB se prendiam, as do Legislativo, os gastos somaram R$ sim, a uma estratégia de captação de 47 bilhões, enquanto nas estatais só os recursos eleitorais. Nunca neguei isso”. investimentos da Petrobras foram R$ 99,2 Essa lógica parece ser a mesma da bilhões. Considerando as estatais como camarilha infestada na Petrobras para um todo, excluindo as do sistema finan- intermediar negócios entre empreiteiras, ceiro (Banco do Brasil e Caixa Econômica, prestadoras de serviços e políticos. A entre outras), os investimentos chegam a cada contrato, 3% para a patota. Se as R$ 113 bilhões. O segundo fator é a in- devoluções de recursos admitidas pelos gerência política com pouca exposição. delatores da operação Lava Jato se Todos sabem quem são os ministros, mas aproximam de meio bilhão de reais, dá são desconhecidos os nomes, por exem- para imaginar o tamanho do rombo, que plo, do diretor de Serviços da Petrobras ou provavelmente tem vertentes nas demais do diretor financeiro da Eletrobras. Por fim, empresas estatais. pouca transparência, o principal antídoto contra a corrupção. R.A.: Estatais têm estado no foco de grandes escândalos de corrupção re- R.A.: Este é um fenômeno recente ou centes. Por que isso acontece? Ou seja, agora é que se está buscando maior quais são os fatores que favorecem a transparência e, com isso, desencobrin- existência de esquemas justamente do esquemas históricos? neste tipo de empresa? G.C.B.: Dizem que o primeiro “desvio” da to vai onde o dinheiro está” 8 entrevista tória do Brasil teve essa dimensão. Basta presa negou sob a alegação de que “a lembrar que o mensalão, segundo levan- informação não podia ser fornecida por tamento do Ministério Público, envolveu comprometer a competitividade, a go- R$ 145 milhões. Agora fala-se em R$ 10 vernança corporativa e/ou os interesses bilhões ou R$ 20 bilhões. Este volume dos acionistas minoritários”. O próprio por si só já mostra as proporções em re- governo federal enviou-nos os dados. lação a situações anteriores. Estudo da Na verdade, o que hoje compromete Fiesp (Federação das Indústrias do Esta- a governança das estatais é, justamente, do de São Paulo), de agosto de 2011, a falta de transparência. Os investimentos estimou que a corrupção anual no Brasil das estatais em novembro, por exemplo, estaria entre R$ 50,8 bilhões a R$ 84,5 só serão conhecidos no fim de janeiro bilhões, o que representaria de 1,4% a de 2015. Sequer existe um portal com 2,3% do PIB. Na melhor das hipóteses, informações atualizadas e detalhadas se a corrupção anual do Brasil fosse sobre esse segmento. história do Brasil foi o de Pedro Álvares de R$ 50,8 bilhões, corresponderia às Cabral, que ia para a Índia e acabou ações concluídas do PAC 1 (2007/2010). R.A.: Como garantir que a transpa- atracando na costa brasileira (risos). De lá Seria equivalente também à construção rência seja praticada pelas empre- para cá, os escândalos foram sucessivos. de 918 mil casas populares ou a 57.600 sas, especialmente as estatais, de Na década de 1980, já se cogitava no escolas do ensino fundamental. forma eficiente? G.C.B.: Está claro que é preciso rever os Congresso Nacional a realização da “CPI das Empreiteiras”, que nunca foi para R.A.: A transparência é um tema que controles das estatais, aumentando a frente. Irregularidades em obras públicas tem ganhado cada vez mais destaque transparência em relação à gestão e aos são descobertas quase que diariamente e importância, e sobre o qual muito se valores. No escândalo da Petrobras, cha- pelos órgãos de controle federais, estadu- evoluiu em questões normativas e de ma a atenção o fato de que estamos ais e municipais. A novidade neste caso é regulação. Em sua visão, esta evolu- falando de um crime sistematizado há a existência de uma estrutura sistematica- ção tem reflexo eficiente nas práticas aproximadamente dez anos ou mais. É mente organizada, com percentuais de e, principalmente, na consciência e impressionante que o fato tenha passado propina estipulados para cada diretoria proatividade das empresas, sejam elas despercebido pelos órgãos de controle da Petrobras, inclusive com regras para privadas ou estatais? interno da Petrobras, pelos órgãos de o “campeonato”, como se as empresas G.C.B.: As estatais fogem da transparên- auditoria externa, pelo Conselho Fiscal, fossem clubes de futebol. cia como o diabo da cruz. Incluídas na pelo Conselho de Administração, pela Lei de Acesso à Informação (Lei 12.527), CVM (Comissão de Valores Mobiliários), R.A.: O que este cenário representa para pressionaram o governo e foram pratica- pelo Dest (Departamento de Coordena- o país, especialmente diante da atual mente excluídas da obrigatoriedade de ção e Governança das Empresas Esta- economia e baixo crescimento do PIB? prestarem informações à sociedade pelo tais), pela CGU (Controladoria-Geral da G.C.B.: Sem dúvida, é o maior escândalo decreto 7.724. Algumas situações beiram União) e pelo TCU. Ainda que eles tenham de corrupção que o Brasil já teve. Além o ridículo. No primeiro dia da vigência da levantado – sobretudo o TCU (Tribunal de dos valores vultosos, este episódio envolve Lei, a Associação Contas Abertas solicitou Contas da União) – várias situações de as maiores empreiteiras do Brasil, as maio- à Petrobras o PDG (Programa de Dispên- irregularidade em obras específicas e res doadoras de campanha, três partidos dios Globais), conjunto de informações jamais havia sido mencionada a existên- da base governista e ainda dezenas de relacionado às receitas, dispêndios e cia de uma organização criminosa, de políticos citados. Até agora, nada na his- necessidades de financiamento. A em- um cartel atuando dentro da Petrobras. 9 A primeira conclusão é que vamos máquina. É muito mais fácil agir com ele precisar rever os sistemas de controle por- do que com alguém que caia de para- que até então as estatais se escondiam quedas sem conhecer o funcionamento atrás do mantra de que não poderiam da burocracia. Este, ao contrário, custa a ser mais transparentes porque isso iria se ambientar, até porque encontra certa prejudicar a atuação delas no mercado. resistência dos demais. Assim sendo, além No organograma da Petrobras não exis- das nomeações por mérito, é relevante tia diretoria dedicada à governança, o aprimorar os sistemas de controle e a que agora, depois da porta arrombada, transparência. O governo como acionista será criada. Desconheço qual órgão na majoritário tem essa obrigação. Petrobras fazia trabalho de inteligência, de prevenir a corrupção, de compliance, R.A.: Reforma política seria uma saída que é praticado internacionalmente. eficiente, ou seria suficiente apenas A Petrobras não tinha até o momento o cumprimento da lei de acesso à nenhum órgão que claramente tivesse informação, sem diferenciação entre 0,71% do Produto Interno Bruto (0,09% essa preocupação. privadas e estatais? para a Eletrobras e 0,68% para a Petro- G.C.B.: A reforma política dificilmente irá bras). Em conjunto, investiram 2,2% do R.A.: Se a interferência do governo nas resolver a questão da influência política PIB, mas tomaram 1,58% do mesmo estatais pode prejudicá-las, qual seria desmedida nas empresas estatais. Ape- em operações de crédito. Se fossem a solução para fugir deste cenário? sar do escândalo da Petrobras, políticos empresas privadas, quebrariam. “ G.C.B.: Curiosamente, enquanto continuam a ser cogitados para diretorias O cumprimento pleno da Lei de Acesso muitos falam que é preciso valorizar o de empresas estatais. Há tempos, pra- à Informação ampliaria a transparência quadro de funcionários da empresa ticamente todos os cargos de direção das empresas estatais. No entanto, o – com o que concordo - vemos que nas empresas estatais são ocupados Decreto que regulamentou a Lei pratica- esta não é a única solução. Nos últimos por indicações políticas. Essa prática mente excluiu a obrigação das estatais episódios de corrupção, casualmente ou politiza a atuação das empresas, muitas serem transparentes e, portanto, deveria não, como nos Correios que detonou o vezes fazendo com que haja desvios em ser alterado. Por falar em legislação, a escândalo do mensalão, o estopim foi relação aos compromissos estratégicos Petrobras tem um decreto próprio, de um funcionário de carreira, o (Maurício) e ao interesse público. Como consequência, 1998, que rege as suas licitações, com Marinho, flagrado em vídeo colocando a Petrobras e a Eletrobras apequenaram-se diversas brechas para as irregularidades. a mão no dinheiro. No caso do Visanet, como “autarquias” vinculadas ao Minis- Com base no decreto, mais de 60% das do Banco do Brasil, o diretor de Marketing tério da Fazenda, reféns da política eco- contratações de bens realizadas nos últi- era o (Henrique) Pizzolato, funcionário de nômica. Na Petrobras, a contenção dos mos quatro anos pela Petrobras foram sem carreira do Banco do Brasil. E agora, no preços dos combustíveis, para empurrar licitação, segundo o TCU. Tudo isso precisa caso da Petrobras, a ponta do iceberg foi a inflação com a barriga até depois das ser revisto. Ficou absolutamente clara a o Paulo Roberto Costa, que também era eleições, afetou o caixa e a rentabilidade falência dos sistemas de controle das em- funcionário de carreira. Isso leva a crer da empresa. As ações da Eletrobras vira- presas estatais. que para os partidos políticos talvez seja ram “mico” após o subsídio ao uso das mais conveniente cooptar os funcioná- usinas térmicas e a redução das tarifas rios de carreira, que muitas vezes já têm de energia. Em 2013, segundo cálculos ligações com os partidos. O funcionário do economista José Roberto Afonso, as “da casa” já conhece a engrenagem da duas estatais tiveram déficit primário de 10 homenagem Masayuki Nakagawa: “incansável aprendiz e realizador” N o ano de 2014 a contabilidade Era 1944 e ele voltou no dia seguinte para limpar o brasileira perdeu um de seus gran- chão. “Depois de três anos na empresa me passaram des colaboradores. Faleceu, aos 86 para a metalúrgica, estamparia, prensa de 100 tone- anos, o professor titular aposentado ladas, 200 toneladas, politriz de pano para dar brilho do Departamento de Contabilidade nas peças metálicas. E eles perceberam que eu era e Atuária da Universidade de São Paulo, Masayuki muito bom de cálculo”, contou em 2009 em projeto Nakagawa, reconhecido como um mestre por refe- de História Oral do Departamento de Contabilidade rências do universo acadêmico contábil e atuarial. da Universidade de São Paulo. Dono de uma biografia surpreendente, ingressou Quando ia prestar vestibular, ouviu do chefe que, na Contabilidade quase por acaso. Filho de japo- se estudasse contabilidade, teria um sucesso grande neses, o professor nasceu em São Paulo e lembrava na empresa. Como não sabia nada do assunto, da infância vivida em dias de guerra. Depois de só decidiu deixar a ideia da Engenharia de lado trabalhar em uma carvoaria e em uma perfumaria depois de testar a Contabilidade em um curso por entre os 13 e os 15 anos, bateu na porta de uma correspondência. Foi parar na primeira turma do empresa para pedir emprego: Curso de Ciências Contábeis e Atuariais da Fecap - Vim de uma carvoaria e de uma perfumaria. O que o senhor faz aqui? - Aqui é uma metalúrgica. - De metalúrgica não entendo nada, mas estou disposto a aprender. (Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado) e, para garantir que o curso não fecharia, insistiu que os colegas não desistissem, oferecendo um curso de matemática aos amigos em sua própria casa para ajudar a turma a acompanhar a complexidade das matérias. Não só conseguiu que o curso fosse mantido como formou-se com medalha de honra. Já na década de 1970, fez “Especialização em Mercado de Capitais” na FEA e depois de alguns anos tornou-se auditor independente. Mais tarde, 11 giro diretor convidado pelo então chefe do Departamento de Contabilidade e Atuária, professor Antonio Rodrigues Perez, para ser professor, relutou. Os convites se repetiram e só um ano depois aceitou experimentar a profissão que não abandonaria mais. Nakagawa acompanhou a evolução da Contabilidade no Brasil e colaborou para seu desenvolvimento com um perfil de “incansável aprendiz e realizador”, como definiram seus colegas em homenagem publicada no portal da FEA/USP em outubro de 2014. Nós, da ANEFAC, encerramos nossa homenagem compartilhando com o leitor a sua compreensão sobre Contabilidade e Controladoria - visão que procurou passar para seus alunos durante toda a vida docente: “Ciências Contábeis é contabilização; fazer o registro Acompanhe as atividades dos diretores da ANEFAC em representação à entidade A ndrew Frank Storfer e Roberto Vertamatti, membros do Conselho de Administração e diretores de Economia da ANEFAC, do que está acontecendo no mundo real dos negó- participaram como pales- cios. Tudo que acontece, ele registra, mas esse registro trante e moderador, respec- contábil, que é a contabilização, tem que ser fidedigno, tivamente, no painel “Econo- fiel aos fenômenos no mundo real. É uma questão de mia e Futuro”, durante o 2º semiótica, você tem que fazer essa representação bem feita, de forma que quem leia o balanço compreenda totalmente o que aconteceu. Isso é transparência. Outro Fórum de Desenvolvimento Econômico e Inovação de braço de Ciências Contábeis é a Contabilidade, que Atibaia, realizado no dia 21 é interpretar esses números, esses dados dentro de um de novembro. cenário do mundo real, colocar em nota explicativa, fazer os arranjos que o balanço precisa ter, os ajustes para uma boa comunicação do que aconteceu. Então Contabilidade é interpretação e comunicação, o resto é registro, é contabilização. A Controladoria gira no âmbito da interpretação desses N o dia 2 de dezembro, Ana Cristina França, dire- tora executiva de Avaliações da ANEFAC Rio de Janeiro, registros, dos lançamentos. O contador experiente come- representou a Associação no ça a enxergar através de inúmeros fenômenos do mundo evento de lançamento do real, da fabricação, das transações que ocorreram nas livro Brasil S/A - Guia de Aces- vendas, as compras. Então, esse contador experiente so ao Mercado de Capitais passa a criar uma metodologia para análise dos fenômenos que estão no mundo real. (...) A controladoria é o estudo de como tornar a empresa mais eficiente, para Companhias Brasileiras, produzido pela RR Donnelley portanto, mais lucrativa, mais competitiva no mercado em parceria com advoga- e mais propensa a atender realmente a expectativa do dos de vários dos principais consumidor do produto da empresa. Visa à sustentabi- escritórios de advocacia lidade e, ao longo do tempo, tornar-se cada vez mais do Brasil especializados em atrativa aos acionistas e ao mercado de capitais. Essa mercados de capitais. é a visão resumida da Controladoria.” (Nota da Redação: Conteúdo produzido com trechos extraídos de documento de 25 de agosto de 2009, parte do Projeto: História Oral do Departamento de Contabilidade da Universidade de São Paulo, disponível em http://bit.ly/1xVgzPD) 12 giro anefac MOMENTO ECONÔMICO E ntre novembro e dezembro de 2014, o programa “Momento Econômico”, produzido pela ANEFAC, vei- culado ao vivo na TV Geração Z e armazenado no Portal UOL, abordou assuntos de relevância para o dia a dia dos executivos de Finanças, Administração e Contabilidade. No dia 3 de novembro, Amador Alonso Rodriguez apresentou o programa, que contou com a presença do sócio de Tax da PwC, Edinilson Apolinário, para falar sobre Guerra Fiscal. No dia 10, Roberto Vertamatti entrevistou Reinaldo Domingos, presidente da DSPO Educação Financeira, sobre planejamento financeiro para 2015. O diretor de Controladoria da Localiza, Edmar Vidigal Paiva, falou, ANEFAC no dia 17, sobre o mercado de aluguel de carros no Brasil e a melhoria do negócio com a contabilidade gerencial. No dia 28 de novembro, governança e melhores práticas ANEFAC nas corporações foi o tema da entrevista com o diretor do Crowe Horwath, Francisco D’ Orto. ANEFAC Brasil Em dezembro, Ailton Leite abordou o mercado internacional e a legislação tributária brasileira em entrevista com o @Anefac_Brasil sócio da consultoria tributária da BDO, Hugo Amano, no dia 1º, e o desenvolvimento econômico de Sorocaba em conversa com o presidente do CMDES (Conselho Municipal de Desenvolvimento Econômico e Social de Sorocaba), Sidney Matos, no dia 8. Acompanhe o programa ao vivo toda segunda-feira, às 10h, em www. tvgeracaoz.com.br, ou assista as edições em www.tvuol. com.br e www.anefac.com.br. NA REDE A ANEFAC mantém contato com executivos de Finanças, Administração e Contabilidade, associados ou não, também nas redes sociais. No LinkedIn, o Grupo ANEFAC está com debates em AGENDA Confira a programação de eventos e reuniões Maio técnicas da ANEFAC para os próximos meses: 14 a 17 17º Congresso ANEFAC 2015, em Buenos Aires aberto: “Pensando em empreender?”; “Melhora dos resultados através da produtividade e crescimento das receitas - mais um exemplo de sucesso da Vale”; “Os empregos que você não vê”; “As desculpas que damos a nós mesmos”; “Pis Cofins: TRF 4ª Região mantém decisão do Carf”; entre outros. Acompanhe Agenda sujeita a alterações www.anefac.com.br a ANEFAC no LinkedIn, Facebook, Twitter e YouTube. 13 giro do mercado CONVÊNIO e Aplicação do Método de Equivalência Os bancos centrais do Brasil e do Uruguai Patrimonial; nº 730/14 que aprova a In- assinaram convênio para estabelecimen- terpretação Técnica ICPC 19 – Tributos; e to de SML (Sistema de Pagamentos em a nº 731/14 que aprova a Interpretação Moeda Local) visando facilitar e incre- Técnica ICPC 20 – Limite de Ativo de mentar o comércio de bens e serviços Benefício Definido, Requisitos de Custeio entre os dois países. Em operação desde (Funding) Mínimo e sua Interação. No dia o dia 1º de dezembro, o SML permite aos 10 de dezembro, editou a nº 732/14, que importadores e exportadores brasileiros e aprova a Orientação Técnica OCPC 08 - uruguaios a realização de pagamentos e Reconhecimento de Determinados Ativos requerimento mínimo de capital, das recebimentos em suas respectivas moe- ou Passivos nos relatórios Contábil-Finan- normas sobre auditoria e governança e das, dispensando contrato de câmbio. ceiros de Propósito Geral das Distribuidoras das condições para que as cooperativas de Energia Elétrica emitidos de acordo atuem como Sociedades Garantidoras de com as Normas Brasileiras e Internacionais Crédito para micro e pequenas empresas, A CVM (Comissão de Valores Mobiliários) de Contabilidade. E, por fim, no dia 23 de serão submetidas à audiência pública. editou no dia 12 de novembro a Delibe dezembro a Deliberação nº 733/2014, ração nº 727/14 , que aprova a Orientação que aprova o Documento de Revisão de EDITADAS Técnica OCPC 07 - Evidenciação na Divul- Pronunciamentos Técnicos nº 07. A CVM editou duas instruções no dia DELIBERAÇÕES CVM gação dos Relatórios Contábil-Financeiros 17 de dezembro. A primeira substitui a de Propósito Geral. No dia 27 de novem- COOPERATIVAS DE CR ÉDITO bro, foram editadas quatro deliberações: O CMN (Conselho Monetário Nacional) constituição, administração, funciona- nº 728/14 que aprova o Documento de e o Banco Central aprovaram normas e mento e divulgação de informações Revisão de Pronunciamentos Técnicos nº propostas de Resoluções que aprimoram dos fundos de investimento; e a segunda 06; nº 729/14 que aprova a Interpretação a regulamentação das cooperativas introduz o novo conceito de investidor Técnica ICPC 09 (R2) – Demonstrações de crédito. As medidas, que tratam da qualificado e de investidor profissional, Contábeis Individuais, Demonstrações Se- melhora das condições de acesso a que passam a estar previstos na Instrução paradas, Demonstrações Consolidadas fontes de financiamento, das regras sobre CVM nº 539/13. Instrução CVM nº 409/04, que trata da indicadores (Fonte: BM&FBOVESPA) Nota da Redação: As informações contidas nesta seção consideram dados divulgados pelo mercado até a data de fechamento da edição 14 pesquisa anefac Por Miguel Oliveira, sócio-diretor da Ribeiro de Oliveira Consultores Associados e diretor executivo de Estudos Financeiros da ANEFAC análise do crédito no Brasil em 2014 O por conta dos fatores listados abaixo dito no país contra 32% das instituições tivemos o pior desempenho desde 2003, privadas nacionais e 14% das instituições último ano que o crédito cresceu abaixo estrangeiras. ano de 2014 foi pautado de dois dígitos. Este cenário só não foi Hoje, o crédito representa 58% do PIB por maior seletividade e pior pela atuação mais forte dos bancos contra 56% em dezembro de 2013 e restrições das instituições públicos nas concessões de financia- 55,1% em novembro do mesmo ano. financeiras no crédito, o mento, apresentando um crescimento Entretanto, vale destacar que o volume que acabou provocan- de 14,1% no ano até novembro de 2014, total do crédito no país ainda é baixo do sua desaceleração. Vale destacar contra um crescimento de 3,8% nas quando comparado às principais eco- que o volume total de crédito do sistema instituições privadas nacionais e de 4,2% nomias, onde este número atinge mais financeiro vinha crescendo ao longo dos nas instituições estrangeiras, fazendo com de 100% do PIB. Isso demonstra que anos de forma consistente sempre acima que os bancos públicos tenham hoje um temos ainda um ambiente favorável à de dois dígitos, porém, no ano passado, volume de 54% do volume total de cré- expansão de crédito. • Retração econômica e expectativas de Taxas de juros Volume Total de Crédito • Geral A desaceleração do crédito se deu pelos seguintes motivos: baixo crescimento para 2015. As taxas de juros das operações de • Inflação maior e taxas de juros das ope- Diante de todos estes problemas, crédito e respectivos spreads bancários rações de crédito maiores na economia; aumenta consideravelmente o risco apresentaram piora no período, com • Elevações da taxa básica de juros de elevação dos índices de inadim- elevação de ambos. No caso dos spre- (Selic) promovida pelo Banco Central ao plência, uma vez que estes fatores ads, o crescimento se deu pelo fato das longo dos últimos meses, com elevação aumentam o endividamento das famí- taxas de juros das operações de crédito de 7,25% ao ano em abril de 2013 para lias, enquanto o ambiente econômico terem sido elevadas em percentual 11,75% ao ano em dezembro de 2014; mais restritivo aumenta igualmente o superior à elevação da Selic, motivado • Sinalizações do Banco Central de conti- risco de crescimento nos índices de pelo maior risco da inadimplência. Hoje, nuidade na elevação da taxa básica de desemprego, fazendo com que as tanto as taxas de juros das operações de juros para trazer a inflação para o centro instituições financeiras apertem o rigor crédito como os spreads são os maiores da meta; no crédito. desde 2012. 15 Projeções para 2015 Taxa de Juros Média • Geral Considerando expectativas de uma situação econômica mais difícil este ano do que a verificada em 2014, com inflação alta, elevação da Selic e das taxas de juros das operações de crédito, elevação nos índices de desemprego e inadimplência, além de crescimento econômico próximo de zero com possibilidade de retração dependendo das medidas fiscais e monetárias a serem implementadas pela nova equipe econômica, acredita-se que as Spread • Geral instituições financeiras continuarão muito seletivas e restritivas no crédito em 2015. Isso faz com que as projeções para este ano repitam o verificado no ano passado, ou seja, baixo crescimento no volume de crédito, maiores taxas de juros das operações de crédito, elevação dos spreads bancários, redução dos prazos de financiamento e aumento dos índices de inadimplência. Em resumo, esperamos para 2015 uma piora em todos os indicadores de crédito. Outro item que apresentou piora foi o prazo médio dos financiamentos, que Prazo Médio dos Financiamentos • Geral no ano apresentou uma redução de 1,2 meses. Já a inadimplência apresentou pequena elevação, passando de 4,7% em dezembro de 2013 para 4,9% em novembro de 2014. Vale destacar, entretanto, que por conta do cenário econômico atual, com inflação alta, elevação das taxas de juros e baixo crescimento econômico afetando a renda do consumidor, poderemos ter elevação nos índices de inadimplência, não obstante o fato de que tanto consumidores como bancos têm sido mais cautelosos na tomada e concessão de crédito. Assim sendo, a análise de todos estes indicadores demonstram que os cinco principais indicadores analisados apresentaram piora no ano de 2014 quando comparados ao período anterior. Inadimplência • Geral 16 evento São Paulo fechamento das demonstrações financeiras exige cada vez mais atenção 17 Da esq. para a dir., Evany Oliveira, ANEFAC e PwC; Ricardo Corrêa; Roberto Melo Franco Corrêa; e Nelson Alves, todos PwC “N Mudanças trazidas pela lei 12.973/14 e alterações nas normas IFRS, especialmente relacionadas aos aspectos tributários, são foco de atenção para exercício 2014 Por Jennifer Almeida unca se preci- ou não a antecipação da lei”, comentou. sou saber tanto Na visão de Ricardo Corrêa, sócio da de contabilidade área de Tax da PwC Brasil e palestrante para lidar com o no evento de Ribeirão Preto, as empresas imposto de renda, ainda precisam se preparar mais para principalmente a partir da lei 12.973/14”, se adequarem à lei, principalmente na enfatizou Evany Oliveira, diretora de questão tributária. “A Receita Federal Tributário da ANEFAC e diretora da área acabou adiando muito as alterações. de Consultoria Tributária da PwC Brasil, Algumas definições saíram na última hora durante o seminário “Temas críticos para e muito já se aplica em 2015”, observou, o fechamento das DFs 2014 e últimas reforçando a necessidade de rápida alterações tributárias relevantes”, reali- adequação das empresas para atender zado no dia 27 de novembro, em São todas as obrigações exigidas. Paulo. O evento aconteceu também em Roberto Melo Franco Corrêa, sócio de Campinas, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Tax da PwC Brasil e palestrante de Belo Ho- Curitiba, Salvador, Florianópolis, Ribeirão rizonte, sugeriu que as empresas façam um Preto e Belo Horizonte entre os dias 1 e 10 diagnóstico destes efeitos em cada uma de dezembro de 2014. das suas operações para dimensionar qual A lei 12.973/14 é um marco legal e foi é o real impacto da lei em suas operações. editada em maio de 2014, tendo revoga- Em sua visão, faz parte da cultura brasileira do o RTT (Regime Tributário de Transição) deixar tudo para a última hora. “Infelizmente e incorporado a legislação tributária às são poucas as empresas que se planeja- novas normas contábeis. Evany mencio- ram para fazer uma adequação da sua nou a Instrução Normativa IN 1515/14, operação à lei”, opinou. que disciplinou os artigos da lei que entra Nelson Alves, sócio da PwC Brasil e em vigor a partir de 2015. A lei permitia palestrante do evento em Campinas, a possibilidade dos contribuintes anteci- citou como tema importante de 2014 parem os efeitos da adoção para 2014, a oportunidade que as empresas tive- no entanto, a lei trouxe também uma ram para liquidar débitos com prejuízos regra de isenção para os dividendos em fiscais anteriores, o que, de acordo com excesso apurados e pagos até 2013, mas ele, causou intensa movimentação nos deixou de fora o ano de 2014. escritórios de consultoria para identificar “Se a empresa não antecipar os efeitos quais eram as vantagens de se fazer a da lei para 2014 e pagar dividendos em liquidação, visto que o prazo para as excesso, na visão da Receita Federal isso empresas decidirem foi bem curto. deveria ser tributado, o que tem sido leva- Do ponto de vista de Sergio Bento, do em conta pelas empresas para definir sócio da PwC Brasil e palestrante em São 18 evento Belo Horizonte Campinas Salvador Paulo e Belo Horizonte, a parte tributária Foco nas notas explicativas depende de critérios e da visão de um Na área contábil, o grande tema do ano identificar aquilo que é qualitativamente especialista, visto que há divergências de 2014 para Tadeu Cendón, sócio da importante. “É preciso divulgar as informa- de opiniões. “Sempre há divisão de con- área de Risco e Qualidade da PwC e pa- ções relevantes que são importantes para ceitos e opiniões sobre o mesmo tema e lestrante em São Paulo e Belo Horizonte, foi a demonstração financeira e eliminar as o que recomendo na parte tributária é o a campanha iniciada pelo CPC (Comitê menos importantes e que dificilmente enfoque de duas ou mais pessoas, o que de Pronunciamentos Contábeis) para levariam o investidor a uma tomada de sempre leva à melhor administração do enxugar as demonstrações financeiras e decisão diferente”, disse. risco ou ao melhor aproveitamento de deixá-las mais objetivas, o que resultou na Patrícia Agostineto, diretora da área oportunidades”, analisou. emissão da Orientação Técnica OCPC de Risco e Qualidade da PwC Brasil e A questão tributária e a implementação 07 – Evidenciação na Divulgação dos palestrante em São Paulo e Ribeirão da ECF (Escrituração Contábil Fiscal) exigi- Relatórios Contábil-Financeiros de Propó- Preto, ressaltou que, desde a ado- rá atenção redobrada, de acordo com sito Geral. O OCPC 07 trata das melhorias ção das normas internacionais de Samuel Rodrigues Guilger, coordenador das notas explicativas nas demonstrações contabilidade, os preparadores das contábil da Brasil Kirin. “Para o próximo ano, financeiras, o que coloca em debate a demonstrações adotaram o checklist serão necessários ajustes nos sistemas de questão da materialidade, um conceito e, muitas vezes, por medo de serem escrituração contábil das empresas com a subjetivo. Mas, para Cendón, mesmo questionadas pelo regulador, acabam finalidade de atender novas obrigações”, assim é possível aplicar alguns critérios divulgando informação em excesso. “É destacou. Para ele, as empresas devem objetivos para determinar materialidade preciso fazer uma avaliação criteriosa avaliar a diferença entre sua base atual e do ponto de vista quantitativo e, assim, qualitativa e incluir o que é realmente a base necessária, se preparar e realizar as eliminar informações irrelevantes. relevante para a tomada de decisão implementações necessárias para atender as exigências fiscais e contábeis. Em sua opinião, a administração deveria ter suficiente discernimento para do usuário da demonstração financeira”, salientou. 19 Florianópolis Porto Alegre Mudanças para os próximos anos Além de atentar para as mudanças com as normas que entram em vigor nos próximos anos, Myrian Buenos Aires Moutinho, sócia da PwC Brasil e palestrante em Belo Horizonte, alertou que as empresas devem solidificar todas as alterações de 2014 que já estão valendo. “Não temos tanta novidade na área contábil como na área fiscal, mas existem alguns conceitos de 2014 que estamos reforçando para que as empresas apliquem adequadamente e estejam atentas ao que será obrigatório em 2015”, informou. Acima, da esq. para a dir., Tadeu Cendón; Sérgio Bento; Patrícia Agostineto; e Myrian Buenos Aires Moutinho, todos PwC Adriano Machado, sócio de Assurance de mudar a forma de fazer negócio, da PwC Brasil e palestrante em Porto ou seja, mudar os contratos para evitar Alegre, lembra que algumas normas esses impactos”, concluiu. emitidas que ainda não estão vigentes Para Douglas Cardoso, gerente execu- já devem gerar algum tipo de impacto tivo e controller da Georadar, foi bastante nas demonstrações financeiras das em- oportuna a discussão sobre as mudanças presas. Uma delas é o IFRS 15 – Receita para os próximos anos, especialmente de contratos com clientes, que entra em as relativas ao IFRS 15. “Isso pode trazer vigor em 2017. Para ele, é importante profundas alterações no reconhecimen- que as empresas comecem a quantificar to de receita da minha empresa, que é os impactos da adoção, pois quando a uma empresa de serviços e adota o POC norma for obrigatória, os resultados dos úl- (Percentage of Completion), pois tem con- timos três anos deverão ser apresentados. tratos de longo prazo com características Ele aconselha verificação dos con- bastante distintas”, mencionou. tratos e da forma como as empresas Acyr Curty, supervisor de Contabilidade realizam suas operações para saber se da Embraer, comentou que o IFRS 15 e o a norma impactará de forma negativa IFRS 9 impactam bastante as atividades ou não o negócio. “A partir disso, é da empresa. “São pontos que considera- possível avaliar melhor a necessidade mos cruciais”, acrescentou. Segundo ele, Ao lado, Acyr Curty, Embraer; e Adriano Machado, PwC 20 evento Foto: Andre Telles Ribeirão Preto Rio de Janeiro mento do balanço, evitando conflito de interesses e erros no final do exercício. Fernando Matias, da Aché Laboratórios, acredita que a troca de experiências em eventos ajuda a aprimorar e melhorar os controles exigidos pelas normas. Ele Curitiba Recomendações dos especialistas contou que a empresa costuma fazer um diagnóstico de como as normas contábeis afetarão as operações da empresa, revisar antes de publicar o balanço, além de Christiano Santos, sócio da PwC e pales- contar com ajuda de uma auditoria para a estrutura contábil da Embraer é dividida trante no Rio de Janeiro, e Cáren Maco- avaliar quais são os impactos das normas no centro de serviços, onde ficam as hin, sócia da PwC na área de auditoria e para a empresa no futuro. “Meu conselho é operações contábeis e as elaborações palestrante em Curitiba, mencionaram sempre antecipar as discussões e consultar das notas explicativas; e na área cor- a preocupação dos participantes com os assuntos complexos ou com os quais porativa, responsável por analisar cada relação ao acompanhamento das mu- a companhia não esteja confortável”, norma e destrinchar como ela vai refletir danças do ambiente contábil e fiscal, concluiu Christiano Santos. na operação contábil. “Nosso preparo especialmente com o fim do RTT e a apre- começa bem antes do fechamento do sentação das demonstrações financeiras. exercício e já iniciamos trabalhando nas Atualização é o caminho sugerido pelos notas, num draft da demonstração finan- especialistas para evitar erros e cumprir ceira e no impacto com as mudanças todas as normas. Para isso, Cáren sugere legais”, contou. acompanhamento pelo site do CPC e Ainda na área contábil, Rodrigo Furlan, mídia especializada, além de participa- sócio de auditoria da PwC Brasil e pa- ção em eventos especializados. Marco lestrante em Ribeirão Preto, considerou Antonio Papini, da Map Auditoria, reforça como maior impacto a alteração trazida que as empresas precisam atentar para pelo IAS 41 e pelo IAS 16, respectivamente os impactos da lei 12.973/14 e dos novos os CPCs 29 – Ativo Biológico e Produto CPCs. De acordo com ele, as empresas Agrícola; e 27 – Ativo Imobilizado, que também podem utilizar a auditoria para alteram a norma de ativos biológicos. fazer uma consultoria e ajudar no fecha- Acima, Rodrigo Furlan, PwC. Ao lado, Fernando Matias, Aché 21 22 especial Prêmio ANEFAC Profissional E m três décadas do Prêmio ANE- Nilmar Sisto Foletto, Cristina Palmaka e Pedro Melo são reconhecidos por suas histórias de liderança, trabalho árduo e superação de desafios Por Jennifer Almeida FAC Profissional do Ano, mais de 60 profissionais foram premiados nas áreas de Finanças, Administração e Contabilidade pela significativa contribuição ao mercado e o desenvolvimento das empresas onde atuavam. Em 2014, ano em que a premiação completou 30 anos, Nilmar Sisto Foletto, diretor de Finanças de Fur- das, levando em conta que ser executivo nas; Cristina Palmaka, presidente da SAP dentro de uma economia tão adversa Brasil; e Pedro Melo, presidente da KPMG como a nossa não é fácil”, mencionou Brasil, receberam o Prêmio nas categorias Andréia Fernandez, vice-presidente de Finanças, Administração e Contabilidade, Eventos da ANEFAC e gerente corporati- respectivamente, durante cerimônia va da Serasa Experian. Ela lembrou que realizada no dia 25 de novembro, em 2014 foi um ano desafiador para o Brasil São Paulo. e cheio de incertezas, o que fez com que Amador Alonso Rodriguez, presidente o mercado se comportasse de maneira da ANEFAC, ressaltou a necessidade de peculiar. “A situação econômica do país destacar executivos que sirvam de exem- interfere diretamente nas decisões que plo para os profissionais mais jovens, prin- são tomadas nas empresas e em 2014 cipalmente aqueles em início de carreira foi necessário reforçar os aspectos de que estão em busca de boas referências. gestão para apresentar resultados satis- A escolha dos vencedores é feita por livre fatórios”, apontou. indicação dos associados da ANEFAC e Contar com profissionais diferenciados posteriores reuniões do Comitê do Prêmio. requer constante preparo e atualização “Quando temos a lista dos profissionais in- técnica, além de sintonia fina com o que dicados pelos associados, levamos para há de mais atual e moderno em termos o Comitê e difíceis decisões são toma- de gestão. Em 30 anos, o mercado de 23 do Ano celebra 30 anos 24 especial Da esq. para a dir., Zelda Melo; Cristina Palmaka, SAP Brasil; Pedro Melo, KPMG Brasil; e Flávio Eustáquio Ferreira Martins, Furnas Competências profissionais trabalho evoluiu e acompanhou os mo- determinantes para suas atuações. Finanças, Administração e Contabilidade. vimentos da economia, os profissionais A seriedade e a persistência são as “Essas três categorias profissionais são se adaptaram às novas exigências e de- características que mais chamam aten- extremamente importantes para que a senvolveram habilidades que antes não ção dos colegas de Nilmar Sisto Foletto, gestão administrativa e financeira das faziam parte de seu escopo. “A cada dia segundo Flávio Eustáquio Ferreira Martins, empresas seja referência”, destacou os profissionais precisam aprender a prio- diretor de Engenharia, Meio Ambiente, Amador Alonso Rodriguez. Para que a rizar assuntos críticos e importantes. Hoje Projeto e Implantação de Empreendi- gestão da empresa destaque-se no mer- o acesso à informação é muito grande, mentos de Furnas. “A seriedade com que cado, determinadas posturas profissionais consequentemente, os assuntos perdem ele encara os problemas e a persistência dos executivos são decisivas. Para Nilmar a validade rapidamente”, destacou Ama- em solucioná-los sempre o fizeram des- Sisto Foletto, o executivo de Finanças deve dor Alonso Rodriguez. pontar como um profissional extrema- pensar no longo prazo, desenvolver sua mente competente”, enfatizou. liderança, saber conduzir uma equipe, ter Para os profissionais se diferenciarem, ele sugere um pouco de previsibilidade Luciana Coen, diretora de Comunica- consciência do custo de capital, aplicar para evitar dedicação a questões que ção e Responsabilidade Social da SAP Bra- bem os recursos, focar nos problemas e não vão trazer resultado. Os vencedores sil, destacou a resiliência e a enorme visão ter sempre uma visão para resultados. do Prêmio ANEFAC Profissionais do Ano de governança de Cristina Palmaka como O executivo também acredita que o 2014 destacaram-se ao longo de suas características marcantes da premiada profissional de Finanças precisa ter, em vidas profissionais por buscar novos de- na categoria Administração. Enquanto primeiro lugar, formação técnica sólida, e safios, aprender com as experiências e Zelda Melo, esposa de Pedro Melo, citou então desenvolver tranquilidade e sereni- estabelecer uma constante conexão a determinação e a paixão pela profissão dade para não se atrapalhar nos momen- com o mercado. Mas também cultivaram como as características determinantes do tos em que os mercados ficam instáveis. paralelamente características pessoais premiado na categoria Contabilidade. “É preciso tomar medidas que protejam e Da esq. para a dir., Amador Alonso Rodriguez, ANEFAC; Nilmar Sisto Foletto, Furnas; e Andréia Fernandez, ANEFAC e Serasa Experian 25 Inspirações blindem a empresa”, acrescentou. Duas coisas inspiram Nilmar Sisto Foletto: Na visão de Cristina Palmaka, o profissio- primeiro, o dever de atuar e desem- nal de Administração deve estar conec- penhar bem sua função; e segundo, tado com o que acontece no mercado, as experiências e ensinamentos que especialmente nos dias de hoje, em que recebeu no passado das pessoas com o cenário é mais dinâmico. “Comecei quem trabalhou. “Os exemplos me a trabalhar há 30 anos. O mercado inspiraram a segui-los”, declarou. Em era outro, com outra velocidade. Saber sua visão, os profissionais sempre vão acompanhar as tendências e inovações aprender lições porque cada experi- e poder antecipar essas tendências é ência traz alguma coisa. “Se aprender muito bom não só para empresa, mas bem, isso vai formando um cabedal de também para os clientes”, sugere. experiências que proporciona o bom Para que um profissional de Administra- desempenho”, compartilhou. ção se destaque na área de Tecnologia, O legado é o que mais inspira Pedro Cristina diz que ele precisa agregar valor, Melo, que acredita no reconhecimento encontrar uma forma de ser mais pro- daqueles que, de alguma forma, planta- dutivo e gerar valor para seus clientes. ram uma semente em cada profissional. que consegue traduzir tecnologia e seus benefícios para seus clientes, sempre vai se destacar. Outro ponto ressaltado pela executiva é a capacidade de trabalhar em equipe e manter o que determinou como “equipes fantásticas”. “Durante a carreira você vai passando por várias fases, depende da maturidade. Atualmente estou na SAP, é um grande prazer e um desafio liderar uma empresa de tecnologia líder de mercado”, apontou Cristina. Para Pedro Melo, o profissional de Contabilidade evoluiu muito em seu escopo e hoje atua inclusive como presidente de empresa, bem como na área financeira. De acordo com ele, este profissional ampliou seu espectro ao participar de outras atividades dentro das organizações. “Diria que hoje ele não é mais o técnico restrito em sua área de atuação, mas tem uma amplitude muito maior. O contador evoluiu muito no seu portfólio de trabalho”, analisou. Ele mencionou ainda os momentos de perseverança da profissão contábil e de auditoria vivenciados ao longo de 2014, especialmente no engajamento com a lei anticorrupção (Lei 12.846/13). “ “Mas o que me apaixona na Contabilidade é o processo evolutivo. Por meio dela, entendemos melhor as organizações, como elas contribuem para a economia e o fortalecimento de um país”, refletiu. Há 15 anos atuando na área de Adoro trabalhar com pessoas. O que me dá prazer não é ver apenas o meu crescimento profissional, mas fico lisonjeada de ver que minha equipe está crescendo junto e que podemos desenvolver outros líderes que vão acabar levando este legado Tecnologia, Cristina Palmaka passou por Cristina Palmaka na jornada”, concluiu. “ Desta forma, ela afirma, o profissional empresas de renome, como Microsoft e HP, e acredita que a tecnologia é uma ferramenta que ajuda os negócios. Segundo ela, sua maior inspiração é montar equipes com grandes capacidades. “Adoro trabalhar com pessoas. O que me dá prazer não é ver apenas o meu crescimento profissional, mas fico lisonjeada de ver que minha equipe está crescendo junto e que podemos desenvolver outros líderes que vão acabar levando este legado”, disse. Cristina recomenda aos jovens executivos muito trabalho, “porque nada vem de graça”, e identificação daquilo que dá prazer profissional porque fazer melhor é consequência de trabalhar com o que faz brilhar os olhos. “Fazer o que se gosta e traduzir isso em benefício das empresas é o que proporciona sucesso 26 panorama Diretoria da gestão 2013-2014 gestão da ANEFAC encerra E xperiência acumulada em mais de 30 anos de carreira na Serasa Experian e a constante busca por melhorias e conhecimento foram características facilitado- ras para que Amador Alonso Rodrigues conduzisse a ANEFAC nos últimos dois anos. Sua diretoria encerrou, em dezembro de 2014, mandato de dois anos para o biênio 2013-2014. “Foi com extremo Diretoria comandada por Amador Alonso Rodriguez deu continuidade à missão de promover conteúdo técnico e networking Experian (Troféu Transparência), que reconhece as melhores demonstrações financeiras das empresas nas categorias Capital Fechado, Capital Aberto com faturamento até R$ 5 bilhões, e Capital Aberto com faturamento Acima de R$ 5 bilhões. Além de estimular a transparência das informações, inclusive na comunicação com o mercado, o prêmio é cada vez mais disputado, com novas empresas orgulho que presidi a ANEFAC nos últimos despontando na lista das mais transparen- dois anos. Dediquei-me muito em levar tes a cada ano. inovação e modernidade para enfrentar Nos meses de novembro de 2013 e os desafios da entidade nas diversas áreas 2014 aconteceram também as edições de atuação”, resume. do Prêmio ANEFAC Profissional do Ano, Outro fator que contribuiu na condução que reconhece profissionais de destaque da Associação foi a experiência acumula- e esclareceu dúvidas sobre questões crí- nas três categorias que a Associação da em mais de 20 anos de trabalho com ticas para o desenvolvimento do estado. congrega. Outro importante evento profissionais das áreas que se relacionam O evento de lançamento do framework aguardado pelos associados e seus fa- com executivos das categorias profissionais do Relato Integrado em português, ocor- miliares é o Congresso da ANEFAC, que congregadas e apoiadas pela ANEFAC. A rido em 22 de maio de 2014, em São prioriza atividades de conteúdo técnico diretoria se esforçou em fortalecer o nome Paulo, também marcou época. O evento enquanto agrega diversão e lazer sempre da Associação pela geração de conteúdo organizado pela ANEFAC em parceria em lugares agradáveis para associados e por meio de eventos, cursos, workshops, com a Febraban (Federação Brasileira seus familiares. Em 2013, o 15º Congresso seminários e reuniões técnicas, produção de Bancos) que trouxe Paul Druckman, ANEFAC aconteceu em abril, em Cama- de conteúdo para a imprensa, bem como diretor executivo do IIRC (International çari, na Bahia, sob o tema “Execução ampliar o networking entre seus associados Integrated Reporting Council), também Inteligente, Resultado Surpreendente: Do e com as entidades de mercado. marcou o início de uma nova fase para Planejamento à Ação”. Ano a ano a comis- Durante o período, ele destaca a reali- as empresas brasileiras, especialmente são organizadora do evento propõe-se a zação de eventos memoráveis, como o aquelas comprometidas em desenvolver promover atividades diferenciadas, como jantar com Geraldo Alckmin em abril de um olhar diferente sobre sua gestão. aconteceu em maio de 2014, em Atibaia, 2014, quando o governador de São Paulo Eventos consagrados ao longo dos anos na 16ª edição do Congresso, realizado conversou com empresários sobre cená- pela ANEFAC também destacaram-se. É com o tema “O Balanço do sucesso – vida rios e ações para o estado de São Paulo o caso do Prêmio ANEFAC-Fipecafi-Serasa profissional e pessoal”. 27 ciclo de trabalho 2013-2014 Ao dar continuidade no processo de ções estreitas com empresas e entidades entidade sempre foi de uma associação ampliação do alcance geográfico da parceiras de renomada competência de extrema confiabilidade e seriedade. Associação, foram inauguradas duas para garantir a qualidade de todas as “Estou certo de que foi uma experiência regionais. A de Salvador, liderada por ações da associação, tudo isso liderado ímpar e de grande responsabilidade Leandro Ardito, foi lançada em abril de por diretores e vice-presidentes engaja- quanto às decisões tomadas diariamente, 2013 durante o 15º Congresso ANEFAC, dos à causa da entidade”, comenta. pois envolvem o nome da Associação, realizado na Bahia. Já a regional de Curi- Antes de presidir a Associação, Amador uma reputação de 46 anos e um suporte tiba, com Leandro Camilo como diretor Alonso Rodriguez atuou por cerca de à gestão administrativa e financeira das executivo, foi inaugurada em junho de oito anos como diretor e vice-presidente empresas cujos executivos são associa- 2014, com a realização de evento sobre da ANEFAC, e conta que sua visão da dos”, conclui. as leis 12.973/14 (que colocou fim ao Regime Tributário de Transição) e 12.846/13 (anticorrupção). Há algum tempo, a Associação identificou a necessidade de expandir para outras regiões além do eixo Rio – São Paulo, considerando outros polos de desenvolvimento com a presença de um crescente número de executivos das áreas de Finanças, Administração e Contabilidade. “Todos os nossos comitês técnicos tiveram atuação destacada, com recordes de reuniões. Para concluir, definimos 12 frentes que resultarão em dezenas de ações a serem executadas nos próximos anos”, acrescenta Rodriguez. Em sua visão, uma entidade do porte da ANEFAC tem desafios em diversas frentes, desde gestão orçamentária, que garante a continuidades das ações em prol dos associados, até a estruturação de projetos com o objetivo de continuar diferenciando a associação no futuro. “Destaco a responsabilidade de ter rela- ANEFAC lança Relatório da Gestão 2013-2014 A Associação lançou em janeiro o Relatório da Gestão 2013-2014, material inédito que contempla as realizações, eventos, parcerias, estudos e crescimento durante o último biênio, comandado por Amador Alonso Rodriguez e toda a diretoria executiva. O Relatório Bienal da ANEFAC visa informar associados, profissionais e pesquisadores de Finanças, Administração e Contabilidade, imprensa e público geral sobre as conquistas da última gestão e a influência na conjuntura econômica do Brasil. A publicação também propõe que a entidade, junto aos associados, reflita sobre a economia do país, sempre buscando estimular a produção e compartilhamento do conhecimento financeiro. Durante os dois últimos anos, a entidade aumentou sua atuação junto aos executivos brasileiros, expandiu o número de regionais, promoveu encontros fundamentais para o networking e reiterou sua posição de referência em suas áreas de atuação por meio da divulgação de estudos inéditos e condizentes com a situação econômica do Brasil e do mundo. Para visualizar o relatório na íntegra e conhecer os detalhes da gestão 2013-2014, acesse relatoriobienal.anefac.com.br. 28 inside Sheraton Libertador Buenos Aires, onde será realizado o 17º Congresso ANEFAC Ao lado, Rubens Lopes da Silva, ANEFAC e M/Legate. Abaixo, Clóvis Ailton Madeira, ANEFAC e Grant Thornton 17º Congresso ANEFAC, em Buenos Aires, abordará desafio da América Latina para retomar crescimento e combater corrupção inovar para crescer, crescer para liderar A pesar de não ser exclu- de fundos públicos com objetivo de obter do estagnação, o que não é um bom sividade dos países em ganhos pessoais, segundo o presidente sinal. Para os países da América Latina, desenvolvimento, a corrup- da ONG Transparência Internacional, José a estagnação é resultado da falta de ção mina o crescimento Ugaz, durante lançamento da edição progresso no combate à corrupção e econômico destes países e 2014 do ranking mundial da corrupção. de grandes escândalos em países como os esforços para impedi-la desvanecem De acordo com o ranking, os países das Brasil e México. quando líderes ou funcionários de alto Américas não mostraram significativo “O que faz um país crescer é a econo- nível abusam do poder para se apropriar movimento quanto ao assunto, indican- mia, mas é preciso ter bons fundamentos 29 apoiando-a. Crescimento é um desafio “Temos muitos desafios econômicos para a América Latina e a corrupção e políticos, pois encerramos um ano tem muito a ver com este cenário, eleitoral no Brasil com muitas expecta- haja vista que ela é comum em quase tivas. Não podemos nos distanciar do todos os países da região”, destaca contexto mundial, ou não consegui- Clóvis Ailton Madeira, diretor executivo remos manter nossa liderança”, opina do Congresso ANEFAC e Sócio na Grant Andréia Fernandes, vice-presidente de Thornton, ao adiantar que o tema será Eventos da ANEFAC. Para as empresas explorar a cidade e seus atrativos”, revela debatido em um dos painéis da 17ª manterem a liderança, Rubens Lopes da Rubens Lopes da Silva. O hotel escolhido edição do evento, que será realizado de Silva, membro do Conseho de Adminis- fica localizado no coração de Buenos 14 a 17 de maio, no Sheraton Libertador, tração da ANEFAC e Sócio na M/Legate, Aires e próximo de várias atrações e pon- em Buenos Aires, Argentina. acredita que é preciso inovar e crescer tos turísticos da cidade. No primeiro dia, interna e externamente. após check-in e jantar, os participantes No Congresso ANEFAC será realizado um painel sobre corrupção, que vai Aprender com a experiência alheia, terão a noite livre. Na sexta-feira após as abordar as leis anticorrupção brasileira manter abertura para novas ideias e palestras, haverá city tour com duração (Lei nº 12.846/13) e norte-americana. No oportunidades são formas de identificar de quatro horas para visitar os principais mesmo painel, um professor argentino o que funciona ou não para determina- pontos turísticos de Buenos Aires, e a noite comentará como o tema está sendo do negócio. Por isso, uma das propostas também será livre. Aqueles que optarem tratado na Argentina. desta edição do Congresso é contar por não fazer o passeio terão também a Com o tema central “Inovar para cres- com um empresário da região onde será tarde livre. No sábado após as palestras, cer, crescer para liderar – O Desafio da realizado o evento para apresentar um o city tour será pelos famosos outlets, pelo América Latina”, o Congresso ANEFAC case de sucesso. bairro de Palermo e, à noite, um jantar contará com debates conduzidos por profissionais brasileiros e argentinos. No com show de tango em Puerto Madero. Com o domingo livre, a sugestão de painel “Projeto no Brasil e na Argentina: Tour por Buenos Aires Madeira é conhecer a famosa feira de Como é a gestão da inovação nas “O Congresso busca sempre inovar e San Telmo, localizada na Plaza Dorrego empresas?”, André Coutinho, diretor da quebrar paradigmas. Realizar o evento e conhecida pela venda de antigui- Symnetics, e Luis Dambra, da IAE Busi- fora do Brasil é algo que vinha sendo dades e curiosos artigos. Desde 1970 a ness School, apresentarão um modelo discutido há algum tempo”, conta Lopes. feira atrai cerca de dez mil pessoas todo de inovação que está sendo testado Segundo Madeira, os participantes dos domingo, onde também é possível ver a em empresas brasileiras e argentinas e, Congressos da ANEFAC têm se sensibili- performance de artistas de rua e shows em breve, será testado em empresas zado mais por eventos realizados fora de de tango. Nas ruas circundantes, muitas do México, Peru e Colômbia. O modelo São Paulo, como os que aconteceram opções de souvenirs, pinturas e retratos, é baseado em quatro elementos que em Angra dos Reis, Foz do Iguaçu e pulseiras, artesanatos e livros. Para quem interagem entre si: gestão, organização, Salvador. Do ponto de vista logístico, no desejar esticar a visita, o bairro de San processos e cultura da inovação. entanto, percebeu-se mais facilidade Telmo também abriga igrejas e museus. Produzido por meio de estudo de para promover o evento em Buenos Aires Um conceito experimentado na última campo com base nas melhores práticas do que em cidades como Natal, Recife edição do Congresso e que será mantido inovadoras, o modelo é fruto dos esforços ou Fortaleza. devido ao sucesso do formato é o de do Ciel (Centro de Estudos de Inovação e “Teremos alguns passeios, estamos tratamento a todos como congressistas, Estratégia para Latinoamérica), formado fechando algumas atividades para que evitando distinção entre participantes e pela Symnetics (Brasil), pela IAE Business todos possam desfrutar”, adianta Andréia acompanhantes. “As atividades são fei- School (Argentina), pela InterCement Brasil Fernandez. As atividades do Congres- tas para todos e não há diferença entre (Grupo Camargo Corrêa) e pelo Scotia- so serão diferentes das realizadas em os congressistas. Desta vez, ao ritmo de bank Group (Uruguai). edições anteriores. “Desta vez, vamos Buenos Aires”, encerra Andréia. 30 ideias e inteligência transformar dados em informações é desafio para área financeira para a empresa, na área de negócio e para a comunidade financeira. Para isso, eles valorizam o que chamam de três Ps: pessoas da organização; “prioritização”, U m dos principais desafios dos executivos financeiros, na visão de Marc Reguera, CFO mundial da Microsoft, é converter dados em informação, tarefa difícil nos dias de hoje devido ao volume de dados com que estes executivos trabalham diariamente. “No final do dia temos o importante trabalho de extrair o que é importante para o negócio com objetivo de tomar as decisões certas”, em termos de desenvolvimento de pro- Case Microsoft mostra como insights financeiros podem transformar a rotina diária dos executivos e otimizar a tomada de decisões Por Jennifer Almeida cessos; e parceria. “Eficiência não é somente pensar o que a pessoa pode fazer para entregar mais, mas pensar como a organização pode ser montada, como podemos fazer o processo de decisão e organização financeira mover-se de forma mais rápida e quantos níveis precisamos dentro da nossa pirâmide de funcionários”, exemplificou. Dentro da área de processos, segundo Garone, um dos focos da em- destacou durante o workshop “Reimagine presa é controle e compliance. “Nosso sua empresa com Insights Financeiros – objetivo é fazer com que eles sejam visí- case Microsoft”, realizado pela ANEFAC veis dentro da organização não só para no dia 18 de dezembro, em São Paulo. a área de Finanças, mas também para Reguera observou que o desafio torna-se as outras áreas de negócios”, esclareceu. ainda maior quando os dados não são de De acordo com ele, existe o compro- boa qualidade, ou seja, quando não fo- metimento entre os gerentes e líderes ram registrados de maneira exata. “Prova- financeiros de olhar os processos a cada velmente gastamos 80% do nosso tempo ano e descobrir maneiras de fazê-los mais limpando dados, mas se eles forem ruins, simples ou de forma automática. este trabalho é inútil”, acrescentou. Para No suporte para área de negócios (par- ele, é preciso investir na obtenção de cerias), uma das prioridades da Microsoft qualidade de dados e nas habilidades é garantir que as subsidiárias no mundo dos executivos de Finanças, como, por possam gerar recursos que proporcionem exemplo, a de sumarizar e interagir com crescimento da receita. “Temos uma o negócio com mais facilidade. disciplina muito grande com budget Wilson Garone, vice-presidente corpo- para cada subsidiária, mas flexibilizamos rativo e CFO de Sales, Marketing & Ser- para que eles possam investir acima do vices Group da Microsoft, enfatizou que budget se conseguirem dar um retorno o profissional financeiro da companhia para a empresa de dez vezes o valor do preocupa-se em como gerar impacto investimento”, explicou. 31 Incentivo à inovação “A Microsoft está sempre pensando em inovação, na tendência do futuro e onde podemos buscar crescimento através de outros produtos ou entrando em novos mercados”, destacou Wilson Garone. Para isso, a equipe financeira é peça-chave, inclusive ao conduzir as mudanças culturais dentro da organização, visto que algumas vezes há resistências dentro do próprio time. Para Roberto Palmaka, CFO da Microsoft Brazil, o desafio da inovação no país passa pela educação. “Neste momento, a grande aposta que estamos fazendo é na criação de centros de tecnologia”, De cima para baixo, da esq. para a dir., Roberto Palmaka; Gustavo Nascimento, ambos Microsoft Brazil; Wilson Garone; e Marc Reguera, ambos Microsoft conta. De acordo com ele, a Microsoft tem mais de 30 centros de tecnologia no Brasil em parceiras com universidades para fomentar a educação, considerada pela companhia a base da inovação. Já na área de negócio, o grande de- Profissional de Finanças em transformação safio em sua visão é o desenvolvimento de serviços de cloud computing, mer- Em muitas empresas é comum, ao atividades operacionais, diminuição de cado no qual a Microsoft ingressou. “As longo de sua existência, redirecionar ou riscos, entre outros. “Não existe impacto empresas estão caminhando para uma ajustar o rumo do negócio para garantir sem bons dados por trás e a parceria estratégia de TI ligada à nuvem e dentro a perenidade e abraçar novos mercados. com TI é fundamental”, enfatizou. Marc da Microsoft entendemos que o desafio Foi o que aconteceu com a Microsoft, Reguera mencionou que, até dois anos é justamente mostrar para as pessoas um que ampliou de seu negócio tradicional, atrás, a transformação de dados em in- bom local para armazenar seus dados”, de software, para serviços na nuvem ou formação representava uma dificuldade afirmou. Um dos exemplos é a parceria com devices. Segundo Garone, é preciso muito grande. “Utilizávamos muito as teclas entre Microsoft e o time de futebol Real focar em como o profissional financeiro copiar e colar para manusear e obter as Madrid. Utilizando a nuvem, 450 milhões entende a mudança de negócio. “O informações”, comentou ao mencionar a de fãs do clube ao redor do mundo esta- profissional que não entende o que está revolução proporcionada pelas ferramen- rão conectados através da informação. acontecendo no negócio dificilmente vai tas de BI (Business Inteligence). Dentro da “Queremos facilitar a conexão entre os agregar valor”, opinou. Microsoft, por exemplo, o uso da ferra- fãs ao construir uma plataforma digital Gustavo Nascimento, diretor de pla- menta Power BI, que possibilita acesso aos onde eles podem interagir com dados, nejamento financeiro da Microsoft Brazil, dados necessários para tomar decisões vídeos e visualizar informações do time revelou que o papel de Finanças na bem fundamentadas sem necessidade instantaneamente”, contou Marc Regue- companhia é gerar impacto, o que pode de dominar TI, foi uma solução que permi- ra, lembrando que o desafio de atingir significar gerar aumento de receita, re- tiu ao time investir mais tempo em análise novos mercados depende do suporte dução de custos e tempo gasto com as do que gerando relatórios. dos insights financeiros. 32 finanças N o início do capítulo quatro do livro “The Big Switch – Rewiring the World, from Edison to Google”, o autor Nicholas Carr transcreve trechos de um memorando que Bill Gates enviou para altos executivos e engenheiros da Microsoft em outubro de 2005. No memorando, ele chamava atenção para algo que ameaçaria ou até destrui- Utilização de serviços na nuvem gera eficiência, escalabilidade e economia, inclusive para pequenas e médias empresas é social”, destacou José Rubens Tocci, presidente da Tech Trends Soluções em Tecnologia, durante café da manhã “Melhor escolha nos investimentos em TI: Transformar despesas de capital em operacionais”, realizado pela ANEFAC em 13 de novembro, em São Paulo. De acordo com Tocci, uma das vantagens do cloud computing é proporcionar às empresas de pequeno e médio ria o seu negócio tradicional. “Esta nova porte os mesmos softwares que rodam onda será muito perturbadora”, avisava. em grandes empresas, visto que já é A onda a que Gates se referia era o cloud possível encontrar softwares de solução computing, que na época ainda não ti- empresarial na nuvem. Segundo ele, o nha essa denominação. “Realmente ela Gartner Group, empresa líder de pesqui- seria muito perturbadora, principalmente sa e consultoria em TI, afirma que SaaS porque a onda do cloud computing (Software as a Service) e cloud baseados 33 a eficiência operacional do cloud computing como serviço é o que tem maior pene- empresas é comum que os custos com tração, com 88% de utilização. Dentre infraestrutura e aluguel do espaço físico as soluções mais usadas pelas empresas sejam superiores ao de uma solução na está o e-mail, seguida por software para nuvem, segundo Tocci. “Algumas empre- planejamento de recursos empresariais sas gastam mais com aluguel e infraes- (ERP) e para gestão do relacionamento trutura da sala onde estão os servidores com o consumidor (CRM). do que com a solução em si”, revelou. O presidente da Tech Trends revelou Ações como desenvolver, compilar, que já é possível encontrar no mercado debugar, deploy e test em uma apli- em negócios são percebidos como uma soluções que oferecem infraestrutura cação passaram a ser executadas na alternativa para tornar a implementação computacional como um serviço, ge- nuvem por meio do conceito de PaaS mais fácil, além de gerar potencialmente ralmente em ambientes virtualizados. (Plataform as a Service). De acordo um menor custo. Este é o conceito de IaaS (Infrastructure com ele, a vantagem deste serviço é Tocci afirmou que a modalidade as a Service), que permite ao cliente a poupar custos, não alocar hardware SaaS proporciona economia de tempo, possibilidade de, ao invés de comprar desnecessariamente e escalar dados implementação mais rápida, custo sob servidores para uma determinada aplica- de forma simples, sem ter que lidar demanda, escalabilidade e a transforma- ção, contratar dentro de um data center com o ambiente físico diretamente. No ção de Capex (despesas de capital) em o serviço proporcional aos seus requisitos entanto, ela ainda tem apresentado o Opex (despesas operacionais). “SaaS é o de infraestrutura, tendo acesso completo menor número de adoção no mercado mesmo que alugar o uso”, explicou. De à plataforma e ao software. brasileiro, segundo o estudo da Frost & acordo com dados de estudo realizado Por meio das soluções de infraestrutura Sullivan. Apenas 31% das empresas que em 2012 pela Frost & Sullivan em parceira na nuvem é possível hospedar websites, adotaram alguma solução na nuvem com a SAP para analisar a maturidade da como já fazem 43% das empresas que utilizam PaaS, sendo ferramentas de adoção de computação em nuvem no o estudo analisou. É possível também colaboração, teste e desenvolvimento Brasil, entre as empresas que já adotaram fazer armazenamento, hospedagem de aplicações os serviços de PaaS mais alguma solução na nuvem, o software de intranet e e-commerce. Em muitas adotados pelas empresas brasileiras. 34 finanças Da esq. para a dir., Rejane Rapanelli; e Andrea Hosne, ambas Serasa Experian empresa no Brasil, visto que para este ano o grupo projeta superar a marca de mil lojas e faturamento de R$ 1 bilhão, 30% a mais do que o ano anterior. “Nosso plano de negócios para este ano prevê grande crescimento. Necessitávamos aprimorar a gestão, otimizando os processos padronizados e tornando-os o mais transparente possível para termos todo o suporte de back office necessário para a expansão da empresa. Optamos pelos benefícios do modelo SaaS”, conDa esq. para a dir., Luiz Carlos Zavata, Tech Trends; e José Rubens Tocci, Tech Trends Automatização dos processos do negócio tou o vice-presidente de finanças do Grupo CRM, Fernando Vichi. O controller da Tech Trends, Luiz Carlos O Grupo CRM, proprietário das marcas Zavata, aponta governança e investi- Kopenhagen, Chocolates Brasil Cacau e mento inicial como os benefícios da responsável pela operação das boutiques adoção do software empresarial na nu- de chocolate Lindt no Brasil, tomou a vem. “Quando se utiliza o ERP na nuvem, importante decisão para o negócio de consegue-se fazer com que as pessoas implementar o sistema de gestão empre- que trabalham nas áreas financeira e sarial SAP Business All-in-One, hospedado contábil deixem de fazer um trabalho em ambiente de cloud computing da operacional ou muito braçal para realizar IBM. A decisão possibilitará aprimorar e um trabalho mais analítico. Conseguimos automatizar todos os processos de ne- elevar o nível das pessoas, o que gera gócios, proporcionando a expansão da desenvolvimento humano”, avalia. 35 O papel da TI neste cenário “Não há funcionário na empresa que orbita por tantas áreas quanto o pessoal de TI”, enfatizou Tocci, destacando a importância do trabalho conjunto entre as áreas de TI e financeira. Para ele, as empresas brasileiras precisam investir mais na TI, visto que a média de investimento por ano na área no Brasil não chega a 2% do faturamento anual, enquanto o ideal sugerido pelo Gartner Group é de 6%. “Baixo investimento nesta área põe a empresa em risco”, argumentou Tocci. Para Rejane Rapanelli, gerente de projetos de TI da Serasa Experian, é preciso haver sinergia entre as áreas de TI e Finanças, pois ao trabalhar com as questões contábeis, certamente a área as empresas brasileiras precisam investir mais na TI, visto que a média de investimento por ano na área no Brasil não chega a 2% do faturamento anual de Finanças dependerá da TI. Andrea Hosne, especialista em risco da Serasa Experian, acredita que o profissional de TI terá que mudar sua postura, deixando de lado o olhar técnico vinculado somente a programação. Com esta mudança de paradigma, ela acredita que outras áreas da empresa passem a contar com o profissional de TI como apoio em soluções, ou seja, oferecendo melhorias no dia a dia, sempre com suporte de uma ferramenta eficiente. 36 administração empresas preparadas para mudar PADRONIZAÇÃO DA GESTÃO DE MUDANÇAS É CADA VEZ MAIS ADOTADA POR EMPRESAS E INSTITUIÇÕES Por Carlos Eduardo Batista E star preparado para mudan- zinhos. Hoje existem importantes estudos ças que surgem no ambiente na área de Gestão de Mudanças que externo é uma necessidade compartilham experiências sobre o tema de sobrevivência para em- e mostram resultados práticos e positivos presas e profissionais. Novos entre aqueles que optam por gerenciá-las concorrentes, novos mercados, novas a partir de uma metodologia. tecnologias, escassez de recursos Esse é um dos trabalhos desenvolvidos naturais são exemplos de fatores que pela ACMP (Association of Change Ma- ensejam mudanças internas. Entretanto, nagement Professionals – Brazil). Segun- implantá-las de forma eficiente não é do o presidente da entidade, Fabiano tarefa fácil e tem se mostrado um de- Sannino, durante palestra realizada pela safio para muitas organizações. ANEFAC no dia 2 de dezembro, em São Profissionais das áreas de recursos hu- Paulo, a ACMP é sediada nos Estados manos, tecnologia e PMO (Project Ma- Unidos e atualmente tem cerca de dois nagement Office), gerentes de projetos mil membros em mais de 50 países. No e de portfólios, contudo, não estão so- Brasil, a ACMP iniciou suas atividades em 37 Cases Itaú Unibanco O Itaú Unibanco é uma das maiores instituições financeiras no país. Seus números tornam realmente grandes os processos de mudanças pelos quais ele passa, como demonstrou Maria Efigênia Amoro2014. De acordo com Sannino, a criação dança de uma forma rápida também so, superintendente do escritório de pro- da Associação surgiu da necessidade de buscaram um padrão estruturado e jetos e PMO da área de tecnologia do desenvolver um padrão em Gestão de comprovado por benchmarks e experi- Itaú Unibanco, ao apresentar o case de Mudanças que pudesse, inclusive, certifi- ência de outras empresas”, afirmou. “A transferência do data center do banco, car profissionais. “A jornada da criação da Gestão de Mudança mostra um resulta- que atualmente fica na capital paulista, certificação nasceu com 28 voluntários do para o negócio”, completou. para Mogi Mirim. Para se ter uma ideia que retrataram dez anos de experiências De acordo com Sannino, a pesquisa da magnitude do projeto, o novo data de Gestão de Mudanças em diversas apurou que a Gestão de Mudanças ain- center terá o tamanho de 120 estádios empresas do mundo”, contou. da é uma atividade bastante terceiriza- de futebol, consumindo mais energia A partir de uma ampla pesquisa que da a consultores externos. Por outro lado, elétrica do que todas as cidades da re- explorou experiências em 20 áreas dife- há um aumento no número de pessoas gião. Com isso, terá 25 vezes mais ca- rentes, desde ONGs até empresas de ge- dentro das organizações com conhe- pacidade do que o sistema atual para ração de energia, a ACMP desenvolveu cimento na área. Outra característica alocação de dados. uma metodologia e um padrão próprio apontada pelo estudo é que 50% das Efigênia explicou que o PMO teve parti- de Gestão de Mudanças. A amplitude e organizações que aderiram à Gestão cipação ativa desde a definição do pro- a profundidade do levantamento, segun- de Mudança têm mais de dez mil fun- jeto, criando metas e indicadores para do Sannino, dão a certeza de que a me- cionários. “A Gestão de Mudança é mais garantir que as pessoas continuassem todologia e o padrão desenvolvidos pela utilizada nas empresas de grande porte. motivadas e engajadas ao desenvolver ACMP podem ser utilizados por qualquer Empresas de pequeno e médio porte o sentimento de pertencimento àquele empresa ou instituição, independente do ainda não têm a visão da necessidade projeto. “Desenvolver este sentimento é ramo ou de suas características organiza- do acompanhamento da mudança or- um dos maiores desafios em um projeto cionais, para a obtenção de maior suces- ganizacional”, observou. longo”, afirmou. Para cada um dos en- A pesquisa demonstra que diversos ti- volvidos, foi elaborada uma matriz entre O desenvolvimento do padrão possibi- pos de projetos utilizaram a Gestão de o que havia de “interesse” e o que ha- lita ainda o avanço da disciplina na Ges- Mudanças e que as maiores demandas via de “poder”, o que resultou em uma tão de Mudança, dando ao profissional decorreram de mudanças em processos estratégia de comunicação para levar um direcionamento único na área, com de RH, de tecnologia e organizacionais. a informação devidamente gerenciada benchmark, metodologia e visão inter- Segundo Sannino, no mercado brasileiro na periodicidade correta. nacional. “O padrão cria uma consistên- a maior parte das mudanças decorre de Algo semelhante ocorreu no processo cia no mercado. Você sabe que a sua processos tecnológicos que exigem pos- de migração para o interior, quando al- empresa, independente de usar uma teriores mudanças organizacionais. gumas pessoas tiveram que mudar de so em um processo de mudança. metodologia A ou B, estando dentro dos Reino Unido e Estados Unidos são os pa- cidade. Neste caso, houve uma divisão padrões ACMP Standart, consegue se- íses com maior número de praticantes da das pessoas envolvidas em quatro áreas guir as mesmas direções”, disse. Gestão de Mudanças, não só por serem – banco, área de tecnologia, migradores Sannino explicou que as dificuldades países onde se deu a origem dessa discus- e migrados (pessoas que de fato se mu- encontradas na implantação de mu- são, mas também pelo fato de ser uma daram) - e para cada um dos públicos danças anteriores foram responsáveis prática adotada pelos governos britânico era dado um tipo de documentação e por levar pessoas e empresas a busca- e norte-americano. O evento apresentou disponibilizado um nível de informação, rem um padrão de Gestão de Mudan- cases para mostrar a importância de tratar um nível de comprometimento, com a ças. “As pessoas que precisam de mu- estes processos com metodologia. periodicidade devida. “Estamos há 24 38 administração Case Caterpillar Até anos atrás, a Caterpillar não tinha conAo lado, Daniel Druwe Araujo, T2People. Abaixo, à esq., Pamela Rampazi, JSL; e Maria Efigenia Amoroso, Itau Unibanco correntes à sua altura na fabricação de maquinários de grande porte. Hoje, mais de dezenas de empresas disputam o mercado no país. Durante os anos 1990, a empresa quase encerrou as suas atividades no Brasil. Só não o fez porque adotou uma metodologia para gerenciar as suas mudanças internas e voltou a obter resultados positivos. Gyorgy Henyei Júnior é gerente de inovação e de sistema de produção da Caterpillar no Brasil, onde trabalha desde 1984. No evento, ele compartilhou um pouco da experiência da empresa após adotar a metodologia LaMarsh. De acordo com ele, o segredo para gerenciar mudanças é pensar de maneira simples. “Impactar primeiro as pessoas, depois a organização, e não deixar ninguém de fora”, ensinou. Segundo disse, o resultado de uma mudança pode ser medido pela qualidade da solução multiplicado pela sua aceitação. Na visão de Henyei, os cinco principais obstáculos para que uma mudança seja bem-sucedida são falta de efetividade Da esq. para a dir., Ricardo Motz Lubachescki, ANEFAC; Fabiano Sannino, ACMP; e Gyorgy Henyei Júnior, Caterpillar do responsável pela mudança; resistên- meses trabalhando na parte sistêmica e boas-vindas com objetivo de exercitar e quem vai ser o agente da mudança; e estamos todos bem”, disse, referindo-se o sentimento de pertencimento para re- resistência dos staffs. “O sponsor tem que inclusive à famílias impactadas pelo pro- ter os colaboradores com expertise. “A estar no processo de mudança o tempo cesso de mudança. ideia era demonstrar aos colaboradores todo. Ele é o dono da mudança”, disse, Outro case apresentado por Efigênia que eles estavam saindo de uma estru- explicando que sem a participação des- foi a compra da rede Credicard pelo Itaú tura conhecida para uma companhia te chefe, as mudanças não ocorrem. Unibanco, o que tornou o banco deten- muito mais revitalizada”, comentou. cia dos funcionários; recursos insuficientes; má divisão entre quem vai gerenciar Henyei explicou que, ao adotar a metodo- tor do maior market share de cartões de Em relação aos clientes, foram ado- logia LaMarsh, a Caterpillar desenvolveu seu crédito da América Latina. O projeto en- tadas medidas para que não houvesse CGCM (Caterpillar Global Change Manage- volveu escritórios no Brasil, Estados Unidos, qualquer sensação de quebra ou de ment). “Com uma metodologia consistente Índia, México e Cingapura. A diversidade impacto. “Trabalhamos com as áreas e a participação de todos é possível aumen- entre todos os envolvidos no projeto, com de marketing, tecnologia e de negócios tar a produtividade, acelerar o processo de hábitos, idiomas e horários diferentes foi para trazer um ‘Look and Feel’ que fos- mudança, fazer com que esse crescimento um dos desafios a serem superados. se amigável, para que a imagem não seja superior ao que teria sido obtido sem a tivesse quebra e para que fosse muito adoção da metodologia e, o mais importan- próximo do que já existia”, explicou. te, sustentar os resultados”, concluiu. Efigênia contou que, inicialmente, foi realizado um workshop com kit de 39 Subcomitê de Gestão de Mudanças um gerador de conteúdo e de informa- cias de empresas renomadas e vi que, de ção para o mercado”, afirmou. fato, não estamos sozinhos”, comentou. Nos últimos 15 anos, o número de falhas Para Pâmela Siqueira, da SAP, oportuni- Para Daniel Druwe Araujo, da T2Peo- na implantação de projetos vem dimi- dades de reunir grandes profissionais de ple, representante da LaMarsh Global nuindo devido à prática da Gestão de Change Management e abordar a ACMP nas Américas do Sul e Central, o que as Mudança. Seu uso vem crescendo e devem ter continuidade, proporcionando empresas precisam é de pessoas que hoje é um dos pontos principais de um difusão e integração do conhecimento tenham disposição, na condição de projeto, afirmou Ricardo Motz Lubaches- entre participantes, palestrantes e repre- chefes, a uma disciplina tática para to- cki, diretor executivo de Tecnologia da sentantes de diversas organizações, e mar aquilo que foi decidido na gestão ANEFAC, sobre a criação de um subco- explorando novos temas relacionados à estratégica da empresa e fazer aconte- mitê de Gestão de Mudanças. Gestão de Mudança organizacional. cer em todos os níveis da organização. “Quase todos os grandes projetos têm Pâmela Rampazi, da JSL, comentou “Queremos ter chefes nas diversas po- Gestão de Mudanças, mas muitas em- que a companhia vive atualmente a se- sições que entendam as mudanças a presas ainda não a utilizam. Nosso objeti- gunda onda de um projeto de mudança serem feitas, os níveis de desempenho a vo com a criação desse subcomitê den- do sistema operacional. “Vai haver um serem alcançados, que entendam seu tro da ANEFAC é justamente trabalhar na processo de mudança muito abrangen- papel na estrutura para obter isso dos elaboração de conteúdo para mostrar te. Diante disso, é fundamental ter uma seus funcionários e que consigam fazer o aos nossos executivos as vantagens da visão mais geral do que é a Gestão de coaching dessas diretrizes junto aos fun- Gestão de Mudança. Queremos montar Mudança. Aqui pude conhecer experiên- cionários”, disse. 40 contabilidade alta complexidade para adaptação às novas obrigações acessórias Implementação da ECF e do bloco “K” demanda integração de diversas áreas nas empresas O Brasil é o país com é a ECF (Escrituração Contábil Fiscal), um maior número de obri- dos mais novos projetos do Sped (Sistema gações acessórias a Público de Escrituração Digital) que subs- serem prestadas pelas tituirá a DIPJ (Declaração de Informações empresas aos órgãos Econômico-fiscais da Pessoa Jurídica). “É governamentais, o que tem aumentan- uma nova obrigação que vai revolucionar do a burocracia e tornado a rotina de o cotidiano das empresas no que diz trabalho das organizações cada vez mais respeito à compliance e controles. Ela re- complicada. Segundo estudo realizado quer preocupação com relação ao que pelo Banco Mundial em conjunto com a as companhias já vinham declarando PwC, as companhias gastam mais de 2,6 nas suas obrigações”, observou. mil horas por ano no cumprimento destas obrigações e com compliance. Apesar de substituir a DIPJ, a ECF não será igual à antiga Declaração, pois traz “Não há mais espaço para a Receita informações mais detalhadas, como a Federal aumentar a carga tributária no recuperação do plano de contas contá- Brasil, por isso ela vem trabalhando em bil e saldos de contas (Escrituração Con- melhoria e eficiência de controles, o que tábil Digital e ECF entregues no mesmo significa dizer que as obrigações aces- período); detalhamento das adições e sórias serão cada vez mais sofisticadas”, exclusões do lucro real (Lalur); registro de ressaltou Edinilson Apolinário, diretor exe- todos os valores a excluir, adicionar ou cutivo de Estudos Tributários da ANEFAC compensar em exercícios subsequentes, e sócio de Tax da PwC, durante café da inclusive prejuízos fiscais (parte B do Lalur), manhã “Guerra Fiscal, SPED Bloco ‘K’ e entre outras. ECF, Lei 12.973/14, Pis e Cofins: Cenário A entrega da ECF ocorrerá em julho atual e perspectivas para 2015”, realizado de 2015 (ano calendário 2014). Portanto, pela ANEFAC no dia 2 de dezembro, em antes deste prazo as empresas devem São Paulo. estar com todas as informações de es- Na definição de Raquel Ramos, gerente crituração contábil, imposto de renda, de Tax da PwC, o novo vilão das empresas contribuição social e demais obrigações 41 que a impactam em ordem. Até dezem- demais obrigações que teoricamente eles equiparados pela legislação federal bro de 2014, a Receita Federal ainda não impactariam na ECF, para então analisar e para os estabelecimentos atacadistas, havia liberado o manual definitivo, o que a qualidade da informação. “Assim, elas podendo, a critério do Fisco, ser exigida causa entrave ao trabalho das empresas entram em 2015 com as informações de estabelecimentos de outros setores. especializadas em oferecer soluções ERP ‘redondas’”, concluiu. “Com a inclusão do registro 0210, os (Enterprise Resource Planning), pois so- Outra obrigação acessória que tem contribuintes industriais (ou equiparados) mente com a versão final elas consegui- gerado preocupação é o Bloco “K” da devem informar o consumo específico rão adequar as ferramentas que auxiliam Escrituração Fiscal Digital (EFD – Sped padronizado e a perda normal percentual na importação das informações, “visto Fiscal), destinado à prestação de informa- de um insumo/componente para se pro- que a maioria das informações está em ções mensais da produção e respectivo duzir uma unidade de produto resultante”, formato txt”, acrescentou Raquel. consumo de insumos, bem como do apontou Dalcin. Estes dados deverão De acordo com ela, em dezembro estoque estruturado. Orlando Dalcin, ser informados segundo as técnicas de podia-se observar que as empresas já gerente de Tax da PwC, lembrou que foi produção de sua atividade referente estavam mexendo em controles. Em prorrogada para 1º de janeiro de 2016 a aos produtos que foram fabricados pelo seguida deveria-se revisitar o que decla- obrigatoriedade da entrega do Bloco “K” próprio estabelecimento ou por terceiro. raram em DIPJ e ECD, DCTF e todas as para os estabelecimentos industriais ou a “A empresa deverá ter o controle e acom- 42 contabilidade Fim da guerra fiscal “Cogita-se no mercado alguma modificação na norma do Pis (Programa de Integração Social) e Cofins (Contribuição para Financiamento da Seguridade Social) como um todo, podendo passar a ser um tributo e ter alguns efeitos um pouco diferentes com relação à tomada de débito e crédito. Possivelmente teremos alguma novidade em 2015 além da Lei 12.973/14, vigente a partir de 1º de janeiro”, declarou Eduardo Silva, diretor de Tax da PwC. De cima para baixo, da esq. para a dir., Carlos Alberto Silva, Cordeiro & Associados; Alessandra Mazzali, C&A; Orlando Dalcin, PwC; Edinilson Apolinário, ANEFAC e PwC; Raquel Ramos, PwC; e Eduardo Silva, PwC Sobre a Lei 12.973/14 e a tributação das contribuições para o Pis e a Cofins, Silva esclareceu que um dos efeitos da lei foi o alargamento da base de cálculo, principalmente para Pis e Cofins acumulativo. “O que as empresas podem esperar para panhar o processo produtivo de suas teio, etc) e a retomada das discussões esse ano é muito aperto porque temos terceirizadas no mesmo nível de detalhe acerca da inconstitucionalidade da um novo governo começando, prova- que o seu”, mencionou. apresentação ao Fisco dos dados sobre velmente com alguns ajustes fiscais”, De acordo com ele, os atacadistas não consumo específico padronizado com analisou. Carlos Alberto Silva, consultor da estão obrigados a apresentar esse registro a divulgação de fórmulas, o que seria Cordeiro & Associados, apontou o impac- e as informações só deverão ser prestadas segredo industrial, sendo as indústrias to do despreparo dos fiscais da Receita em relação aos produtos enquadrados farmacêuticas e de refrigerantes as Federal quanto ao funcionamento dos como “produto em processo” ou “produto mais impactadas. procedimentos, o que acaba gerando acabado”. Segundo Dalcin, para se ade- Para Alessandra Mazzalli, coordenado- quar às exigências do Bloco “K”, as áreas ra tributária da C&A, além da leitura da Para ele, isso ocorre por conta da for- de Contabilidade, Finanças, Tecnologia da legislação, é muito importante que os mação destes profissionais, a qual muitas Informação, Tributos, Supply Chain, Processo profissionais da área troquem experiência vezes não está ligada às áreas de Con- Produtivo e Terceiros serão impactadas. autuações para as empresas. e conhecimento para sanar as dúvidas tabilidade e Finanças. Segundo Eduardo Entre os pontos de atenção, ele apon- que surgem. “Precisamos trabalhar forte Silva, até dois anos atrás a realidade era tou dificuldade na geração das informa- na otimização dos processos e aperfei- de fiscais com formação muitas vezes ções exigidas (ambientes de cadastro çoar os mecanismos de apuração para não ligada às áreas de Contabilidade e de mercadorias, formalização de etapas atender toda essa demanda que vem Finanças. “Agora a Receita Federal está do processo produtivo, sistema de cus- pela frente”, destacou. investindo em treinamento e fornecendo 43 Há anos se discute o fim da guerra fiscal sem chegar a um acordo. No entanto, para este ano há boa chance de evoluir a discussão. “O STF (Superior Tribunal Federal) já sinalizou que, se os Estados e o Legislativo não se movimentarem, ele tratará o assunto via súmula vinculante 69”, apontou Edinilson Apolinário. De acordo com ele, a proposta da súmula diz que qualquer isenção, redução de alíquota ou base de cálculo, crédito presumido, dispensa de pagamento ou outro benefício fiscal relativo ao ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços) concedido “ “ informação para os fiscais”, considerou. Há anos se discute o fim da guerra fiscal sem chegar a um acordo. Para este anos há boa chance de evoluir a discussão sem prévia aprovação em convênio celebrado no âmbito do Confaz (Conselho Nacional de Política Fazendária) é inconstitucional. Apolinário mencionou o convênio ICMS n° 70/2014, no qual 20 Estados mais o Distrito Federal se comprometem a tomar medidas específicas visando acabar com a guerra fiscal. Dentre as medidas propostas pelo convênio, ele citou remissão e anistia de créditos, redução gradativa da alíquota do ICMS, plano de transição para a fruição dos benefícios existentes, plano de adesão aos incentivos pré-existentes e vedação à concessão de novos benefícios. 44 foto: Mathias Cramer carreira Ao lado, de cima para baixo, Edmar Paiva, Localiza; Fernando Sérgio Lopes Rosa, Furnas; e Francisco Deppermann Fortes, Gerdau. Acima, Marcela Esteves, Robert Half guia salarial aponta principais faixas de remuneração em 2015 P eríodos de desaceleração econômica podem despontar como oportunidade de destaque aos profissionais das áreas de Finanças, Administração e Contabilidade. Com novas demandas, em que a otimização de custos e processos são palavras de ordem, as empresas têm buscado profissionais integrados com outras áreas do negócio, flexíveis e com habilidade de trabalho em equipe, Busca por otimização de custos e processos aumentou a importância dos profissionais de Finanças e Contabilidade Por Jennifer Almeida Marcela Esteves, gerente de Divisão da Robert Half, aponta a valorização dos profissionais de Controladoria, Planejamento Financeiro e Custos, “uma vez que as empresas passarão a olhar mais essas áreas para otimizar os negócios”, afirma. O cargo de gerente de Tesouraria/Financeiro registrou um aumento de 14% e chegou à faixa salarial de R$ 8 mil a R$ 24 mil. “O cargo de gerente Contábil/Fiscal, por exemplo, teve aumento de 7% (R$ de 8 como identificou a 7ª edição do Guia mil a R$ 26 mil) e é uma área que com Salarial da Robert Half. Por conta deste certeza está demandando”, analisou. cenário, alguns cargos apresentaram jamento Financeiro e Controladoria – a O guia destaca a busca por profissio- aumento na faixa salarial projetada para remuneração desse profissional está en- nais que se destaquem não apenas pelo 2015. Um dos destaques de variação tre R$ 9 mil e R$ 27,5 mil, um incremento conhecimento técnico, mas que também salarial é o cargo de gerente de Plane- de 10,5% em relação a 2014. transitem bem por todas as áreas do 45 negócio, com facilidade de comunica- seu desenvolvimento profissional e cresci- transição, pois é raro encontrar mudan- ção, negociação e trabalho em equipe. mento na carreira”, indica Rosa. ças de emprego com drástico aumento O domínio do idioma inglês também é Na Gerdau, os profissionais também um diferencial importante. O guia da precisam ter sólida formação técnica e Para manter seus colaboradores mo- Robert Half sugere que as indústrias mais perfil alinhado à cultura empresarial e ao tivados e não perdê-los para a concor- aquecidas para a área de Finanças e modelo de competências da empresa, rência, é cada vez mais comum que as Contabilidade são a farmacêutica e a que leva em conta aspectos como empresas ofereçam benefícios atrativos de bens de consumo. orientação para os resultados, empre- e alinhados com as expectativas dos Marcela acredita que em um cenário endedorismo, colaboração e gestão profissionais, “como participação nos adverso como o atual, o comportamental de pessoas. “Além disso, os profissionais resultados, programas de stock options, é ainda mais valorizado. “O profissional das áreas de Finanças e Contabilidade, previdência privada e incentivos para que consegue fazer mais por menos mais especificamente, devem saber lidar pós-graduação”, enumera Paiva. e que se destacar perante os outros é com uma organização presente em 14 “Temos notado que os colaboradores aquele que vai ficar”, comenta. Para ela, países, com moedas, negócios diferentes têm valorizado os benefícios indiretos ofe- profissionais de destaque são aqueles e outras complexidades que impactam recidos pelas empresas, além do salário que demonstram potencial para abraçar a gestão financeira das operações”, e dos outros benefícios”, complementa mais tarefas, flexibilidade e capacidade explica Francisco Deppermann Fortes, Marcela. De acordo com ela, é cada vez de fazer além do que está sendo pedido. vice-presidente de Pessoas, Inovação e mais comum que os funcionários obser- “A melhor forma de se preparar para este Gestão da companhia. vem o clima e a cultura da organização na remuneração. momento é fazer uma autoavaliação de Edmar Paiva, diretor de Controladoria quanto se está disposto a enfrentar novos da Localiza, revela que a empresa va- Segundo Fortes, a Gerdau acredita que desafios, o que quer dizer colocar mais loriza profissionais com conhecimentos a reconhecida valorização dos profissio- a ‘mão na massa’ e contar com menos das normas contábeis internacionais nais e as oportunidades de desenvolvi- ajuda”, conclui. (IFRS) e de gestão de custos, orçamento mento na carreira têm grande impacto Apesar do destaque para característi- e tributos. Com relação às expectativas na atração e na retenção de talentos. cas comportamentais, as empresas não de atuação profissional, Paiva destaca a Por isso, a empresa busca criar constan- deixaram de valorizar a formação técni- antecipação em entender os reflexos de tes desafios e oferece possibilidades de ca dos profissionais, segundo Fernando normas específicas que afetem a com- crescimento e reconhecimento, além de Sérgio Lopes Rosa, superintendente de panhia. “É importante que o colaborador apostar fortemente no desenvolvimento Contabilidade de Furnas. Entre as carac- desta área esteja antenado para captar de seus profissionais de carreira técnica terísticas técnicas mais reconhecidas, qualquer sinal que possa gerar algum e gerencial. ele cita sólida formação profissional, es- reflexo na empresa”, acrescenta. pecialização na área de conhecimento e se ela oferece plano de carreira. Oferecer oportunidades de desenvolvimento profissional e técnico também é cia em empresas de porte semelhante. Empresas estão se reinventando Para se destacarem ainda mais, ele Segundo Marcela Esteves, para reter fun- nos e a retenção de profissionais de alta acredita que os profissionais devem ser cionários, especialmente os talentos de produtividade. Além disso, a empresa uti- dedicados, inovadores, flexíveis, proativos, Finanças e Contabilidade, as empresas liza uma grade de benefícios. “Atualmen- saber trabalhar em equipe e apresentar têm buscado se reinventar quando o te está em fase de desenvolvimento uma espírito colaborativo. “O profissional ideal assunto é contratação. Segundo infor- prática sistemática de reconhecimento e é aquele que trabalha com ética, trans- mações do guia salarial, os processos recompensa que busca envolver todos parência e dedicação, que responde à de seleção se alongaram, com a parti- os empregados nas ações da empresa altura aos desafios, adaptável a novas cipação de mais tomadores de decisão para recompensar os funcionários que situações e que contribui na busca de na escolha do candidato. Essa cautela tenham tido sucesso na implementação soluções. Também é imprescindível que revela-se também na concessão de de projetos de relevância”, conta Fernan- se mantenha atualizado, interessado em aumentos salariais para profissionais em do Sérgio Lopes Rosa. específico e preferencialmente experiên- uma estratégia em Furnas, com objetivo de otimizar a gestão dos recursos huma- 46 perfil carreira construída com escolhas certas E spírito de luta, perseverança, Paulista. Em 1984, quando cursava Ad- honestidade e princípios éticos. ministração de Empresas no Instituto de Para Cecilio Schiguematu, sócio Ensino Superior Senador Flaquer, ingres- líder da área de Impostos da sou como consultor tributário júnior na KPMG Brasil, estes valores que Peat Marwick Mitchell, atual KPMG, onde aprendeu com seus pais foram respon- construiu praticamente toda sua carreira. sáveis pela pessoa que é hoje. “Sempre Mais tarde, em 1988, formou-se também os admirei, pois vieram da lavoura para em Ciências Contábeis pelo Instituto de a cidade quando eu ainda era criança Ensino Superior Santo André. com objetivo de propiciar aos filhos a Entre 1986 e 1987, liderou o setor fiscal oportunidade de estudar e buscar um fu- na Prensas Schuler, onde teve a oportu- turo melhor”, conta. Talvez tenha sido esta nidade de praticar todo conhecimento experiência que o fez, desde muito cedo, adquirido até então. “Pude vivenciar incorporar o desejo de avançar nos estu- as dificuldades das empresas em lidar dos e se desenvolver profissionalmente. com as diversas normas e regulamentos Ainda adolescente, Schiguematu fiscais existentes”, recorda. Em janeiro de teve contato com temas relacionados 1988, o executivo retomou a carreira na às áreas administrativa, contábil e tribu- KPMG como consultor sênior e, em 1995, tária quando começou a trabalhar em foi convidado a integrar o quadro de um escritório de contabilidade no ABC sócios da empresa. 47 No ano de 2011 Schiguematu assumiu a liderança da área de impostos da KPMG no Brasil e, no ano seguinte, de toda a região latino-americana. Para ele, trabalhar com diferentes culturas e cenários político-econômicos mantendo consistência entre as diversas firmas-membro no que tange aos aspectos operacionais, abordagem de mercado e de qualidade tem sido um dos maiores desafios de sua carreira. “Tem sido uma experiência nova, desafiadora, de grande aprendizado e, acima de tudo, gratificante”, afirma. Schiguematu acredita que os profissionais mais bem-sucedidos têm algo em comum: paixão pelo que fazem, automotivação e interesse por buscar formas mais inteligentes de se fazer as coisas. Em sua opinião, para ter sucesso na área tributária é preciso “pensar fora da caixa” o tempo todo, principalmente no Brasil, onde há burocracia, alta carga tributária e normas tão complexas. Natural de Ibiúna, interior de São Paulo, Schiguematu sente-se plenamente rea- “ lizado não pelas conquistas em si, que foram muitas, mas por ter feito escolhas de carreira e empresa certas. “Ao longo de quase 30 anos na KPMG, tenho vivido novos e diferentes desafios todos os “ Família Cecilio Schiguematu com a esposa Graça e os filhos, Felipe e Julia, em Nova York Os profissionais mais bem-sucedidos têm algo em comum: paixão pelo que fazem, automotivação e interesse por buscar formas mais inteligentes de se fazer as coisas dias, onde tenho exercitado todo o meu conhecimento, experiência e competência”, observa. Foi na empresa que conheceu seus melhores amigos e a esposa, Graça, com quem tem dois filhos, Felipe e Julia, de 12 e 14 anos, respectivamente. Para manter a saúde em dia, apesar de nunca ter sido afeito a qualquer esporte, o executivo começou a praticar tênis aos 35 anos por recomendação médica e desde então nunca parou. “Encontrei no tênis uma maneira prazerosa de melhorar o meu condicionamento físico e descarregar o estresse do dia a dia”, conclui. 48 jovem executivo controller precisa ser especialista em relações interpessoais Vivência com diversas áreas da organização proporciona benefícios para o profissional U ma das visões da área de Controladoria de qualquer empresa é ser o parceiro preferencial das áreas de negócios ao oferecer insights para os processos decisórios com a precisão e pontualidade exigidos, superando os padrões de excelência em tituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras) no dia 18 de novembro, em São Paulo. seu respectivo setor de atuação. Esta visão, no entan- Severini ponderou que a visão de parceria prefe- to, não leva em conta problemas que podem surgir rencial faz muito sentido quando o controller trabalha neste relacionamento entre as áreas, muitas vezes em ambiente e cultura participativos, onde o corpo resultantes de especificidades de suas próprias fun- gerencial como um todo entende as limitações e obri- ções. Imagine, por exemplo, um controller tentando gações de cada uma das partes. Ele comentou que convencer um executivo para o qual precisou vetar o controller deve buscar interação harmoniosa com os determinado projeto por falta de orçamento ou outra diversos profissionais da empresa, lembrando-se sem- razão relacionada à sua função, de que pretende ser pre que cada profissional vive em um mundo com seu parceiro preferencial dentro da empresa. Esta é diferentes visões, pontos de vista e amplitudes. “Na uma das situações mencionadas por Marcus Severini, prática, esta convivência não é tão pacífica como diretor de Controladoria da Vale, durante o evento imaginamos que possa ser”, acrescentou. Para atingir “Controladoria – Qual é seu papel nesse universo?”, o equilíbrio, o caminho é longo. realizado pela ANEFAC e pela Fipecafi (Fundação Ins- Uma das funções do profissional de Controladoria 49 é atender públicos internos e externos da companhia questões sobre bonificações ou participações nos e, segundo Severini, relacionar-se com o primeiro resultados. Além disso, o controller precisa saber que público é mais complicado e demanda habilidade. atuar globalmente para definir normas, procedimen- Para atender o público externo (instituições financeiras, tos e controles para viabilizar a gestão é um processo governo, analistas e investidores) existem padrões e longo que requer boa formação. relatórios pré-definidos. Já com os públicos internos A Vale possui 322 empresas espalhadas pelo (alta administração, nível gerencial e funcionários), mundo, o que significa dizer que sua Controladoria Severini adverte que o controller deve trabalhar com precisa interagir harmoniosamente com diferentes três situações: abastecer a alta administração com pessoas, fusos horários, idiomas e culturas contá- informações sempre ciente de que ela está pensando beis. “Se compararmos a controladoria brasileira no longo prazo; aos colaboradores de nível gerencial com a americana ela está bem distante do ideal, é preciso ter em mente que eles desejarão saber se mas exemplos como o case da Vale mostram que o que estão fazendo perante a alta administração estamos indo no caminho certo”, avaliou Ronnie de está correto ou não; enquanto a interação com os Sousa, profissional de Contabilidade da TBE – Trans- outros funcionários, geralmente, demanda responder missão Brasileira de Energia. 50 jovem executivo Iran Siqueira Lima, Fipecafi; Marcus Severini, Vale; Carlos Ribeiro, ANEFAC; e Rubens Lopes da Silva, ANEFAC Acima, André Paulo Machado, Buscapé. Ao lado, Ronnie de Souza, TBE “Além de toda a formação técnica que precisam ter, devem começar a estudar diversos aspectos da vida empresarial, inclusive o relacionamento humano”, ensinou. O relacionamento interpessoal é, na visão do diretor de Controladoria da Vale, um aspecto primordial na formação do controller, visto que faz parte da rotina de trabalho conviver com todos os colaboradores da organização, desde altos executivos até colaboradores do chão de fábrica. Para o professor Iran Siqueira Lima, presidente da Recado para geração Y Fipecafi, é papel do controller também conversar “Os profissionais da geração Y costumam contar e motivar o time, pois os funcionários só se sentirão com boa formação, mas ainda pensam muito so- confortáveis e parte do time ao saberem que seu mente em débito e crédito e não conhecem a ope- superior é seu colega. “Nem todas as empresas têm ração contábil por trás”, salientou Marcus Severini, ao este tipo de pensamento, mas aquelas que têm se comentar sobre as carências que têm percebido nos desenvolvem bastante”, comentou. recém-formados e jovens profissionais. Segundo o Severini mencionou que a formação do controller executivo, a Vale resolve esta carência por meio da deve englobar conhecimentos em Contabilidade, provocação, ou seja, abrindo a mente dos profissio- Finanças, Economia, gestão, sistemas, entendi- nais para entenderem a origem das coisas. mento sobre a legislação tributária do país em 51 que se está atuando, além de conhecimento transformar os números em uma linguagem que os específico do negócio no qual a empresa opera donos da empresa e as outras áreas reconhecem. (produção, mercado consumidor, alavancagem Para ele, é importante saber quais informações são financeira, riscos operacionais, etc). Rubens Lopes válidas para a empresa, bem como aquilo que é da Silva, membro do Conselho de Administração fundamental para a organização, especialmente da ANEFAC, enfatizou que, ao entender o negócio, onde nascem as transações. o controller conseguirá compreender a lógica dos “Toda vez que entrarem em uma empresa, não resultados, assim como apresentá-los adequada- achem que a conhecem porque leram informa- mente. “Se ao longo da carreira o controller con- ções no seu website ou conversaram com algumas seguir conviver com todas as áreas da empresa e pessoas. Só se conhece bem uma organização absorver conhecimento de cada uma delas, ele convivendo com ela”, ensinou Severini. Ele sugeriu terá uma excelente formação”, observou. cuidado com os modismos, especialmente a cons- Do ponto de vista pessoal, o profissional deve ser tante mudança de emprego, tão comum nos dias curioso e humilde para reconhecer que não sabe de hoje. Para ele, a troca de emprego deve estar tudo, buscar o conhecimento e saber gerenciar a alinhada com os objetivos profissionais. “Cuidem ansiedade, tão característica desta geração. da carreira de maneira consciente e não pensem André Paulo Machado, gerente contábil do Buscapé, disse que ao conhecer bem o negócio é possível apenas no lado financeiro. Pensem no médio e longo prazo”, aconselhou. 52 tecnologia O poder transformador da TI nos negócios Inserir área de TI no desenho da estratégia do negócio é fundamental para perenidade das empresas “A s informações sobre um pacote são tão importantes quanto o pacote ras esta ainda não é uma realidade, visto em si”, disse Fred Smith, que alguns gestores não dão a devida fundador e chairman importância para a área. “Em um primeiro da FedEx. A crença de Smith sobre o momento, a TI é vista como suporte. Muitos poder do acesso às informações e dados acreditam que ela só deve oferecer a vem sendo seguida por muitas organiza- garantia de que o sistema vai funcionar”, ções. A revolução digital impôs um novo mencionou Sergio Lozinsky, fundador da ritmo na maneira de pensar a estratégia SLozinsky Consultoria de Negócios. do negócio e de tomar decisões. “Agora Taurion aponta um descompasso entre é tarde demais para se ter uma estraté- a visão que a área de TI tem sobre suas gia digital. O que você precisa é uma funções e atividades e as expectativas estratégia de negócios que inclui digital”, dos administradores. O executivo citou destacou Cezar Taurion, sócio-fundador e que uma pesquisa da IBM realizada CEO da Litteris Consulting, citando o IFTF há dois anos demonstrou que fatores (Institute For The Future) durante evento tecnológicos são considerados pelos sobre “Transformação digital: O impacto CEOs como os fatores externos que mais da internet nos negócios e na socieda- afetarão seus negócios nos próximos de”, realizado pela ANEFAC no dia 28 de anos. “TI está tendo que se reposicionar outubro, em São Paulo. completamente”, disse. Para ele, a TI O executivo focou na necessidade de do passado que apenas desenvolvia e traçar uma estratégia de negócio onde a entregava sistemas tende a desaparecer. TI esteja inserida e sugeriu que não se dese- Com objetivo de mapear a TI das mil nhe mais nenhuma estratégia de negócio maiores empresas brasileiras, Lozinsky e a isolada da TI. Em muitas empresas brasilei- IT Mídia realizam há quatro anos o estudo 53 Da esq. para a dir., Sérgio Lozinsky, SLozinsky Consultoria de Negócios; e Cezar Taurion, Litteris Consulting .tif nosticar problemas com profundidade o espaço estratégico ao qual seu papel e resolvê-los rapidamente; e profissionais no negócio se destina. capazes de monitorar o ambiente de Aline Alves de Aquino, gerente de Ensino processamento, identificar os sinais de Superior da DSOP Educação Financeira, problemas e agir preventivamente. e Del Ribeiro Borges, gestora corporativa É importante ainda ter um service desk da instituição, acreditam que é urgente a preparado para resolver a maior parte necessidade de destacar a importância dos chamados na primeira ligação. “A da área de TI dentro das empresas. “Mui- boa prática é de que 70% a 75% dos tas vezes ela passa despercebida, mas é chamados sejam resolvidos no primeiro uma área muito mais importante do que telefonema”, acrescentou. É preciso se imagina”, analisa Del Ribeiro. também ter especialistas em segurança Um dos obstáculos que o Brasil preci- de dados com visão técnica e visão estra- sa superar no médio e longo prazo é a tégica que contribuam para a educação conectividade, principalmente em áreas da empresa em relação ao assunto. rurais. Márcio Barion, gerente de Administração de Projetos da Baldan Implementos TI que contribui para o negócio Agrícolas, mostrou preocupação de que a falta de conectividade no campo atrase Grau de automação insuficiente, proces- o desenvolvimento e competitividade do sos dependentes de pessoas, integração agronegócio brasileiro. “Este é um dos inadequada dos sistemas, muitas planilhas grandes entraves para o desenvolvimento para dar conta das informações são indí- do país porque tem nos deixado aquém cios, segundo Lozinsky, de que a empresa de outros países”, analisou. De acordo está com problemas de arquitetura de com ele, a Baldan tem se questionado processos. Para ele, se a empresa preten- como será o desenho do negócio em de garantir uma arquitetura de sistemas 2028, ano do centenário da empresa. que agregue valor, a área de TI precisará “Será que continuaremos produzindo entender as estratégias de negócios e suas máquinas ou passaremos a oferecer solu- implicações em TI, ter visão de negócios ções para o homem do campo? Estamos “Antes da TI, a estratégia”. A edição de e processos, capacidade de relaciona- preocupados o quanto isso pode ser pre- 2014 detectou que as empresas brasileiras mento e de negociação interna e externa. judicado pela conectividade”, concluiu. À esq., Marcio Barion, Baldan Implementos Agricolas. Acima, Aline Alves de Aquino e Del Ribeiro Borges, ambas DSOP Educacao Financeira estão investindo no básico, ou seja, em A área de TI deverá também ser pro- Cezar Taurion concordou que a conec- desempenho, continuidade, segurança e ativa para pesquisar novas soluções, ter tividade no Brasil é ruim, cara e, em áreas contingência. Há quatro anos, mobilidade, entendimento dos conceitos de gover- rurais oferece ainda mais barreiras, como segurança da informação e sistemas de nança, apresentar ideias para melhorar os a ausência de rádio base e cabeamento, gestão; e backup de site, data center e negócios e processos, e ter capacidade o que exige tipos de conectividade mais contingências mantêm-se no topo da lista de posicionar a empresa como um target caras, como satélite. Ele acredita que a de investimentos das empresas. dos fornecedores de TI. conectividade deveria ser encarada pelos Uma das conclusões apontada por Outros componentes importante são governos como algo essencial. Ao consta- ele é que o básico nunca acaba. Isso maturidade dos serviços de TI, equipe tar que não há perspectiva de melhorias significa que sempre há novidades e um de TI interna e estendida, e governança nesta questão dentro dos próximos quatro volume enorme de ações a serem reali- de TI. O estudo detectou que mais da ou cinco anos, Taurion considera este um zadas dentro das atividades básicas da TI. metade das empresas precisa aumen- gargalo da economia brasileira, assim Lozinsky enfatizou o valor de contar com tar a maturidade de seus processos de como logística e infraestrutura. “É preciso perfis de profissionais especialistas em governança de TI e melhorar o perfil da agir rápido, pois o futuro se torna passado tecnologias diversas capazes de diag- área de tecnologia para que ela ocupe rapidamente”, encerrou. 54 reuniões técnicas CBAN Relacionamento entre avaliadores e auditores N as discussões para a preparação da Orientação Técnica OCBAN 03 sobre avaliação do valor justo, o CBAN (Comitê Brasileiro de Avaliadores de Negócios) da ANEFAC identificou duas dificuldades: tabular a parte de metodologia e tratar a questão do relacionamento dos avaliadores com os auditores. Com o objetivo de avançar nas discussões e finalizar o material, na reunião técnica do dia 13 de outubro, o grupo analisou documento lançado pelo IVSC (International Valuation Standards Council): A Guide to the audit process for professional valuers, que fornece orientação para o relacionamento entre auditores, avaliadores e gestores. O documento aponta que os preparadores das demonstrações financeiras, auditores ou avaliadores profissionais precisam, de igual modo, entender as exigências da contabilidade relacionadas à mensuração de avaliação para propósitos contábeis diferentes, incluindo as divulgações necessárias, e para dar consideração apropriada para a sua aplicação. “O guia do IVSC sugere que o avaliador deixe claro o escopo do trabalho, comprove sua experiência para realizar o trabalho e domine o padrão de valor exigido pelas demonstrações financeiras”, destacou Ana Cristina França, diretora executiva responsável. A partir do documento do IVSC, o CBAN vai preparar um roteiro mais simplificado e circular entre os participantes para que ele faça parte da Orientação OCBAN 03 – Mensuração do Valor Justo. NORMAS INTERNACIONAIS E CPC – RIO DE JANEIRO Preparação para o IFRS 15 D urante reunião técnica realizada no dia 26 de novembro, a diretoria de Normas Internacionais e CPC da ANEFAC Rio de Janeiro discutiu a importância de preparação para o IFRS 15 - Receitas de contratos com clientes, que passa a valer a partir de 1º de janeiro de 2017 e muda conceitualmente a maneira como se encara o reconhecimento de receita. Christiano Santos, diretor executivo responsável, destacou a importância de antecipar a preparação para adequação à norma principalmente devido às informações comparativas. “Muitas empresas acham que o prazo de adoção obrigatória ainda está longe, mas ao apresentarem as informações em 31 de dezembro de 2017, as empresas devem compará-las com as informações de 31 de dezembro de 2016”, enfatizou o palestrante Roberto Lembo, gerente sênior da PwC. O executivo suge- re que as empresas façam um diagnóstico dos impactos potenciais da norma e verifiquem os contratos comerciais para verificar se o IFRS 15 causará impacto na forma de reconhecer a receita. De acordo com ele, já existem algumas empresas no mundo que estão adotando o IFRS 15 antecipadamente. Com isso, logo será possível verificar quais são as principais dificuldades encontradas na adoção da norma. Avaliação do impairment: o que divulgar? A avaliação de impairmet ou teste de recuperabilidade ainda gera dúvidas entre administradores, acionistas, stakeholders e auditores, em especial sobre as exigências do regulador. Durante reunião técnica da diretoria de Normas Internacionais e CPC da ANEFAC Rio de Janeiro, realizada em 15 de outubro, Christiano Santos destacou que para maior efetividade do teste é preciso garantir que a informação seja consistente com as projeções e com o entendimento prospectivo dos negócios. “A administração deve confrontar as premissas internas com as externas”, comentou, reforçando que a empresa precisa racionalizar bem as expectativas da organização e alinhá-las com as do mercado. De acordo com Vera Elias, diretora de Normas Internacionais e CPC da ANEFAC Rio de Janeiro, as empresas não sabem exatamente sobre o que os reguladores estão questionando-as, o que gera erros ou falta de detalhamento de informações. Além disso, muitas vezes, a empresa considera confidencial a informação a ser prestada. “A divulgação de assuntos relacionados ao impairment envolve divulgar dados como projeção de crescimento, introdução de novos produtos, margens, dentre outros, o que, para muitos, é estratégico”, explicou Santos. “Mas no caso das companhias abertas deve haver um equilíbrio entre o que é estratégico e o compromisso com a governança corporativa assumido pela empresa”, destacou. 55 PROCESSOS E RISCOS Transformar dados em informação para tomada de decisões Cristiane salientou que a contabilidade deve ser vista como um instrumento que auxilia a administração na tomada de decisão. No entanto, sua opinião é de que a maioria das empresas não a percebem como essencial para o negócio. Erich Rodrigues de Castro, executivo da Improve-up, apresentou a ferramenta Gestão Financeira, que pode ser personalizada a todo tipo e porte de empresa “A boa contabilidade é aquela dezembro, em São Paulo, sobre gestão capaz de transformar dados de riscos mais eficaz por meio de ferra- em informações úteis para tomada menta de gestão financeira. Eduardo de decisões visando o crescimento Nunes de Carvalho, diretor executivo de da organização”, destacou Cristiane Processos e Riscos da ANEFAC, indicou Motta de Almeida, sócia-fundadora a dificuldade de comunicação entre as da Improve-up Serviços Institucionais e áreas operacionais e contábil devido à Contábeis, durante reunião técnica de existência de relatórios gerenciais des- Processos e Riscos realizada no dia 8 de centralizados. para atender as boas práticas de governança, possibilitando a implantação de um planejamento com monitoramento efetivo mensal do negócio. De acordo com ele, os benefícios de contar com uma ferramenta eficaz passam por alavancar os resultados da empresa, obter confiança, agilidade e eficiência nas informações, além de melhor governança corporativa a custo acessível PERÍCIAS CONTÁBEIS, ECONÔMICAS E ARBITRAGEM Efeitos da falência e recuperação judicial na arbitragem A reunião técnica realizada pela Dire- arbitral não perde a jurisdição. “O proce- elas, observar a estratégia da outra em- toria de Perícias Contábeis, Econô- dimento arbitral só pode ser suspenso se presa envolvida no processo; desviar das micas e Arbitragem da ANEFAC no dia 26 assim os árbitros determinarem”, afirmou. estratégicas conhecidas como “táticas de novembro, em São Paulo, coordenada Para evitar surpresas em meio ao de guerrilha”; ter atenção com as custas pela diretora responsável Glades Chuery processo, ele indica questões de ordem do processo e com o prazo para entrega Ferreira, abordou a interface entre a ar- prática que devem ser reforçadas. Entre de provas. bitragem e os institutos da falência e da recuperação judicial. O palestrante Gustavo Ramos, membro da ABEArb (Associação Brasileira de Estudantes de Arbitragem) e assistente jurídico do Marques Rosado, Toledo Cesar & Carmona Advogados, alertou para casos em que uma das partes solicita falência ou processo de recuperação no decorrer do processo de arbitragem. Mesmo se isso acontecer, ele destacou que o tribunal 56 reuniões técnicas NORMAS INTERNACIONAIS DE CONTABILIDADE - SALVADOR Mudanças trazidas pelo IFRS 15 de Normas Internacionais da ANEFAC de outras interpretações que tratavam de Salvador promovida no dia 31 de outubro. como reconhecer receita em programas partir de janeiro de 2017 entra em A norma foi publicada em conjunto de milhagem, programas de bonifica- A vigor mais uma norma IFRS sobre o pelo IASB (International Accounting Stan- reconhecimento de receitas. Esta norma dards Board) e FASB (Financial Accounting Segundo ele, a norma sai de um mo- substitui a maior parte da orientação Standards Board) e será aplicável a quase delo em que se reconhecia receita com detalhada sobre o reconhecimento de todas as empresas que preparam rela- base na transferência de riscos e bene- receita que existe atualmente em IFRS tórios em IFRS e US GAAP. Rego explicou fícios para um terceiro, passando a usar e US GAAP. “A norma muda conceitu- que no passado existia uma norma que o conceito de controle. “No momento almente a maneira como se encara o tratava do reconhecimento de receitas em que não se tem mais controle sobre reconhecimento de receita”, apontou de venda de produtos e prestação de o produto ou serviço, é quando se deve Vinícius Rego, diretor de Normas Interna- serviços e outra que reconhecia receitas reconhecer a receita”, descreveu. Dentre cionais da ANEFAC Salvador e sócio de no contexto de construção de ativos de os setores mais afetados pela norma, ele Auditoria da PwC, durante reunião técnica longo prazo. “Tinha também uma série apontou o de incorporação imobiliária. ções, dentre outros”, complementou. CONTROLADORIA Contabilidade gerencial negligenciada O IMA (The Association of Accountants and Financial Professional in Business) analisou como as empresas tratam suas informações e concluiu que empresas medianas gastam mais tempo coletando informações do que analisando-as, enquanto as empresas de classe mundial gastam mais tempo analisando-as do que coletando. Esta informação foi apresentada durante reunião técnica de Controladoria, realizada no dia 13 de novembro, em São Paulo. Isso acontece porque a contabilidade gerencial no Brasil vem sendo negligenciada pelas empresas e pelos profissionais da área. “As pessoas ainda não se deram conta de sua importância para o negócio”, afirmou Marcus Beszile, diretor executivo de Controladoria da ANEFAC. Management Accountant), oferecida tes para o negócio. Mas na maioria das Um fato que demonstra isso é a falta de pelo IMA. Em sua visão, é fundamental empresas, segundo ele, a falta de alinha- adesão brasileira à certificação destinada conscientizar profissionais e empresas mento entre as áreas é um obstáculo que aos contadores gerenciais, CMA (Certified sobre a relevância dos relatórios inteligen- gera ineficiência para o negócio. 57 CBAN Orientação técnica sobre Instrumentos Financeiros O CBAN (Comitê Brasileiro de Ava- uma discussão sobre macro hedge, mas a ser aplicado a todos os instrumentos liadores de Negócio) da ANEFAC com relação à Instrumentos Financeiros, financeiros, removendo uma fonte de produzirá uma orientação sobre instru- o IASB deu por finalizada a discussão”, complexidade associada com os requi- mentos financeiros, de acordo com Ana mencionou Amato. sitos contábeis anteriores. Cristina França, diretora executiva do Segundo ele, a norma introduz uma A demora no reconhecimento de per- CBAN e sócia-diretora da Apsis. Por isso, abordagem lógica para a classificação das de crédito era um dos pontos fracos na última reunião técnica realizada pelo dos ativos financeiros de acordo com suas da norma antiga. Segundo ele, o IFRS 9 Comitê em 2014, no dia 26 de novembro, características de fluxo de caixa e para introduz um modelo de impairment de Rodrigo Martins Amato, diretor do CBAN ativos classificados como “mantidos até perdas esperadas que deve se traduzir São Paulo e da Mark2Market, coordenou o vencimento”. “Ela substitui requisitos ba- em maiores provisões. Com a nova a discussão sobre IFRS 9 – Instrumentos Fi- seados em regras complexas e de difícil norma, espera-se que as práticas de nanceiros, que substitui o IAS 39 e foi divul- aplicação anteriormente”, comentou. De gestão de risco sejam melhor refletidas na gado pelo IASB (International Accounting acordo com ele, a nova norma resulta contabilidade, promovendo maior trans- Standards Board) em julho. “Ainda existe em um único modelo de impairment parência às demonstrações financeiras. CONTROLADORIA As novas formas de fazer negócio no mundo digital ntre 2008 e 2013 o acesso à internet E vez mais por novos clientes e ganho de informação ao dia a dia do cliente; o cresceu 143% no Brasil. Restou às em- escala. Dentre as principais tendências remarketing, utilização de cookies para presas adaptarem-se ao mundo digital, nesta área, ele citou o content marke- rastrear o potencial cliente; e o mobile especialmente ao observar que a nova ting, estratégia baseada na produção marketing, campanhas com suporte para geração, considerada nativa digital, é a de conteúdos que agregam valor e dispositivos móveis. que ditará as tendências de consumo daqui para frente. Por isso, a reunião técnica de Controladoria realizada no dia 9 de dezembro, em São Paulo, sob coordenação do diretor executivo Marcus Beszile, destacou o tema. Segundo o palestrante Stanlei Bellan, CEO da Money Guru, o Brasil é o 5º país mais conectado do mundo. Para ele, isso tem impactado de maneira positiva a forma como as empresas fazem negócio. Segundo Bellan, entre os motivos por que o setor financeiro deve investir em marketing digital, estão a existência de muitos produtos, diferentes públicos, novas necessidades e múltiplos canais. Além disso, as empresas estão brigando cada 58 turismo de negócios Escócia: sem independência, com mais autonomia R ecentemente, um plebiscito movimentou fortemente a população escocesa, que decidia pelo sim – continuar fazendo parte do Reino Unido, ou não – separar o país. Dias depois da decisão, Ailton Leite, vice-presidente de Finanças da ANEFAC e associado da BDO RCS Auditores Independente, chegou à Escócia e pôde sentir o clima de divisão que ainda pairava entre as gerações. Acima, Edimburgo, capital da Escócia; Ao lado, pôneis vestidos com malhas de lã para promover o turismo 59 De acordo com ele, o sentimento es- em abrir uma empresa com sócio local. competividade no mercado internacio- cocês, principalmente dos mais jovens, As reuniões e relatórios aconteceram na nal”, constata. estava voltado para a separação, uma capital inglesa e, segundo ele, a facilida- Sobre Edimburgo, capital da Escócia, vez que, na opinião deles, toda a riqueza de com que se analisa um negócio por Leite a define como uma cidade antiga do Reino Unido está localizada na Escó- lá é impressionante. “A burocracia para e moderna ao mesmo tempo. Combina cia, mas as diretrizes e comando tem abrir uma empresa é menos complicada edifícios centenários com construções sido tarefa dos ingleses há quase 300 e demanda um tempo extremamen- modernas e apresenta um turismo muito anos. “Prevaleceu o bom senso, onde a te menor se compararmos ao Brasil”, intenso, assim como o clima frio. “Re- insegurança do que poderia acontecer observa. Ele destacou ainda a taxa de comendo percorrer os castelos e fazer numa eventual separação deixou os juros definida pelo Banco Central da o ‘turismo dos fantasmas’, em que guias escoceses de faixa etária acima dos 50 Inglaterra, de 0,5% ao ano, enquanto a locais conduzem grupos a pé e sempre à anos decididos a continuar fazendo parte Selic é de 11,75% ao ano. “Já dá para noite por ruelas e casarões supostamente do Reino Unido”, constatou. perceber a expressiva diferença para as habitados por fantasmas”, conta. Os guias O executivo esteve no Reino Unido empresas captarem recursos no merca- fantasiados de fantasmas e o bom humor por 45 dias, a maior parte do tempo do financeiro”, destaca. A inflação anual tornam a experiência fabulosa, segundo em Londres em função de um business lá está abaixo de 2%, enquanto a brasi- ele. “Rever a história deles e perceber a plann que estava desenvolvendo para leira passa de 6%. “Combinando esses beleza das edificações impecavelmente dois investidores brasileiros interessados fatores de juros e inflação baixa, mais conservadas fica na lembrança para a certeza de uma politica econômica sempre”, complementa. Leite destacou firme e duradoura, sem intervenções do ainda o conforto, rapidez e praticidade governo na economia, pode-se com- do transporte através de trem, com esta- preender a enorme desvantagem das ções sempre limpas, práticas e de uma empresas brasileiras e a razão da pouca segurança impecável. Castelo Eilean Donan 60 artigo Dual Zone no veículo, reflexões sobre liderança Por Emerson Weslei Dias* L iderança Dual Zone. Que raios seria isso? Bom, mutável? Ele é flexível? Ele é Dual Zone? Ou você trata vou contar uma história que começa quando todos os problemas com a mesma solução? Cada eu adquiro um carro com ar-condicionado vez que muda de ambiente, leva o mesmo time de Dual Zone. Sinceramente, nunca fui muito sempre. Existe então a panaceia, podemos aplicar apreciador de tecnologia, então não sabia o mesmo estilo gerencial para qualquer cenário? da existência de mais essa. Mas usando o carro com Vamos avaliar. esse sistema, pude observar que, de fato, quando No cenário onde o clima está ruim, o que preva- você tem um ar-condicionado que pode ser regula- lece é a desunião, pessoas que não trabalham num do para obter de um lado do carro uma temperatura propósito comum. Talvez os resultados corroborem e, do outro, temperatura diferente, o ambiente fica com o clima e também estejam péssimos. Que muito mais tranquilo. tipo de líder precisaríamos? Um líder harmonizador Afinal de contas, homens e mulheres sentem de poderia ajudar? forma diferente a temperatura. Há que se lembrar Como nos mostrou Pitágoras, 500 a.C, a harmonia em qualquer reunião da sua empresa quem é que matemática e música é o que trás a beleza. Tudo reclama quando está frio na sala. Já viveu uma que é harmônico, é belo. E se estamos num ambien- situação assim no carro, no escritório, num teatro te totalmente harmonizado, onde as pessoas se en- num cinema? Pois bem, existe explicação fisiológica. tendem, se conhecem, têm muito companheirismo Pelos, gordura corporal, hormônios, inúmeros fatores - e talvez falta de críticas porque, afinal de contas, influenciam na sensação térmica. são todos muito amigos - , então que tipo de líder E o que isso tem a ver, então, com uma liderança? precisaríamos ter? Talvez um líder questionador? Afinal A liderança Dual Zone é aquela em que você de contas num ambiente muito harmônico, pode- aplica determinadas características para o geren- mos achar que o jogo está ganho, mas é sempre ciamento de uma situação e outras características, bom estar alerta: a crítica provoca e nos dá visões muitas vezes até opostas, para outras situações. diferentes, nos prepara para o mundo competitivo. “Ah, isso é simples. Todo mundo faz”. “Discordância construtiva e cortês produz criativida- Será mesmo? Será que seu estilo de liderança é de, progresso e produtividade”, disse Paul J. Meyer. 61 Harmonizador e questionador Segundo a teoria dos tipos psicológicos de Carl Liderança Dual Zone. Para cada lado, uma Jung, harmonizador e questionador estão em lados temperatura. Para cada lado, uma característica, opostos. O harmonizador está para aquele que toma andando no mesmo carro, indo para o mesmo decisões com base em valores, sentimentos, pesso- destino, caminhando juntos, porém, em graduações as, que customiza soluções individuais, faz exceções diferentes. Lidere a si para liderar os outros e, juntos, e concessões. O questionador está para aquele liderarem o negócio. Essa é a minha reflexão sobre que toma decisões com base na lógica dos fatos, liderança a partir da tecnologia do ar-condicionado na objetividade, com base na justiça – aquele que do meu carro. não customiza soluções, que diz que a lei é essa e ela vale para todos, sem exceção. Então, como é que você vai conseguir perceber e poder usar os dois estilos de liderança, um para cada situação? É mais ou menos como pensar entre um estilo general e um estilo messiânico, ou numa similaridade entre o Capitão Nascimento – o personagem do filme, e um monge tibetano. Conheci pessoalmente dois ex-capitães do Bope (Batalhão de Operações Especiais) que foram referência para a criação do personagem Capitão Nascimento, do filme Tropa de Elite. Também estive no Butão e Nepal, onde conheci monges tibetanos e líderes espirituais, e posso dizer que, logicamente, eles não têm nada em comum. São dois estilos de liderança completamente diferentes, mas que servem para os fins a que se propõem. A empresa não é um batalhão e nem um templo, mas, às vezes, parece ou poderia ser um ou outro. E como você vai conseguir trabalhar uma liderança Dual Zone? A partir do momento que você adquire autoconhecimento, quando você passa a se conhecer profundamente, reconhece onde estão os seus gaps e as suas forças, é muito mais fácil perceber os outros. Passa a ser mais tranquilo exercer um papel que talvez não seja o seu por essência, não seja a sua onda, a sua praia, mas conseguirá transitar por ele porque o momento e o ambiente assim necessitam. * Emerson Weslei Dias é coach, consultor e palestrante. Autor do livro “O inédito Viável”. artigo 62 63 um pequeno balanço dos últimos quatro anos de governo federal Por Andrew Frank Storfer* V ivemos um período de transição. Chega ao fim o primeiro período do governo Dilma e se inicia o segundo, para o qual boa parte da sociedade espera mudanças significativas na condução da economia. Espera-se também muito mais rigor contra a corrupção. Nestes quatro anos recentes, o país viu a degradação de pilares macroeconômicos que culminaram com inflação muito alta, crescimento muito baixo, desempenho muito ruim da balança comercial, uma crise fiscal sem precedentes, queda de produtividade, perda de confiança de empresários e investidores e, mais recentemente, também perda de confiança de consumidores. Enfim, desconten- a inflação; a uma intervenção no câmbio, com a tamento geral. Quase nada se salva quando se manutenção do real apreciado artificialmente; e a analisa os aspectos econômicos. Talvez o nível de uma certa aversão do governo ao capital privado. emprego, e mesmo assim há controvérsias, como Para completar o quadro, as denúncias de corrupção críticas à metodologia do cálculo e a controvérsia nas estatais atingiram níveis nunca antes vistos. Somam, do recorde de auxílio-desemprego. até o momento, dezenas ou talvez centenas de bilhões A crise fiscal resultou no descumprimento da lei de reais. Começamos o segundo período do governo orçamentária mesmo com todos os artifícios criativos, Dilma com falta de infraestrutura, falta de investimentos, forçando a um acordo no último mês de 2014 para estoques altos e falta de confiança generalizada. que o Congresso alterasse a lei. O culpado foi o Por mais que, publicamente, a cúpula do governo governo federal, que gasta muito e gasta mal, man- não admita a situação crítica do país, são evidentes tendo uma máquina cara e ineficiente, devolvendo os sinais de que percebem a crise. O mais evidente para a sociedade muito pouco quando comparado destes sinais é o fato de buscar novos ministros, com o que arrecada. Com os agravantes de que mais alinhados com o pensamento do mercado, investe quase nada e de que, com sua intervenção, para tentar resgatar credibilidade. Alinhados com o afasta o capital privado, além de drenar recursos da pensamento do mercado, neste caso, significa dar sociedade que poderiam ser investidos. uma guinada na condução econômica para o que O país assistiu durante estes anos a experiências efetivamente dá certo. com juros básicos, que desceram a níveis que o mercado considerou irrealmente baixos em determinados momentos; a uma complacência com * Andrew Frank Storfer é membro do Conselho de Administração e diretor de Economia da ANEFAC, e CEO da Interacta Participações. 64 fazendo contas A absoluta maioria dos brasileiros continua não se dando conta de que precisa cuidar melhor de suas finanças pessoais e familiares. Inúmeras razões concorrem para este meu alerta. A maioria dos erros cometidos ocorre por absoluta falta de planejamento prévio ou por expectativas demasiadamente otimistas quanto ao futuro. O conhecido psicólogo econômico Daniel Kahneman comprovou em suas pesquisas que temos predominante tendência em acreditar que nossos investimentos e empreendimentos serão sempre triunfantes, enquanto inúmeros estudos nacionais e internacionais revelam diametralmente o oposto. Façam um rápido retrospecto mental procurando relembrar quantos dos objetivos financeiros que colocaram ante si mesmos acabaram não sendo atingidos anos depois. É fácil encontrarmos razões para não atingirmos metas sonhadas. Algumas delas certamente não dependem da gente. Porém outras, talvez a maioria, sim! Por sermos seres humanos e bastante conscientes, geralmente procuramos colocar a culpa de nossos fracassos nos outros, invocando razões nem sempre realistas ou racionais. A seguir, alguns conselhos pertinentes que podem atenuar algumas de nossas frustrações em potencial: Tenha uma vida compatível com seu orçamento e não se deixe impressionar pela maneira como seus familiares, vizinhos ou companheiros de empresa consomem, gastam dinheiro em extravagâncias ou outras pavonices. (A psicologia usa o termo “comportamento de manada”.) precisamos nos educar financeiramente Em virtude do conselho anterior, obrigue-se a criar a conta “reservas” em seu orçamento mensal ou anual e a alimente régia e periodicamente. Esta medida pode se tornar a tábua de salvação de sua vida em período de grave desequilíbrio pelo qual geralmente passamos em algum momento. “Investimentos” designam a ampliação de nossas “reservas” e devem ter continuidade durante todo o período em que ainda estivermos ativos física ou mentalmente para tornarem-se fontes seguras de receitas alternativas suficientemente poderosas na época da aposentadoria. Interesses mesquinhos de algumas pessoas e empresas (creia, elas existem) que você, leitor, certamente irá encontrar no decorrer de sua vida, farão você se envolver fatalmente em negócios obscuros e fantasiosos que não lhe serão favoráveis. Em razão deste fato, sugiro muito cuidado com estes indivíduos (ou empresas), pois agem egoisticamente e de nenhuma maneira levarão em conta seu bem-estar e interesses. Em razão da experiência adquirida durante 40 anos atuando como consultor de finanças pessoais, posso afiançar com razoável grau de certeza a quem ainda está formando ou já possuí três, quatro ou cinco fontes de receita diferentes, de que existe boa probabilidade de que pelo Louis Frankenberg é diretor executivo de Finanças Pessoais da Anefac e diretor da Personal Financial Planning [email protected] • www.seufuturofinanceiro. blogspot.com menos uma delas não dê os frutos desejados ou quebre em algum momento. Apesar de esta afirmação ser temerária, acredito que você, leitor, deveria levá-la em consideração. Decorrente do conselho anterior, diversificação é um dos fatores mais importantes para a criação de fontes alternativas de renda para o dia de amanhã. Ela amplia o nível de segurança do conjunto de seus investimentos ou negócios e deve o quanto possível evitar a correlação entre os ativos. 65 66 ponto de vista V ez ou outra ouço alguém questionando uma matéria lida em algum lugar: “Os artigos desse cara são muito legais, muito bem escritos, mas não conseguem fazer ninguém mudar de comportamento”. Ouço, fico quieto, mas não deixo de pensar: Graças a Deus que assim é! Se isso fosse possível, quão fácil seria manipular as pessoas através de um simples texto... Talvez falte ao autor daquele comentário o conhecimento dos reais objetivos das matérias que lhe chegam às mãos. O que um artigo, um romance, filme ou espetáculo teatral se propõe é principalmente estimular o leitor ou espectador a fazer uma reflexão diante das tramas apresentadas. É essa reflexão, se profunda e sincera, que poderá desencadear em alguém o desejo de repensar suas crenças e conceitos e, a partir daí, decidir mudar de comportamento – até mesmo por uma questão de necessidade para ser mais feliz. De certa forma, é o mesmo trabalho que faz o psicoterapeuta. Não é ele, por mais competente que seja, que faz o cliente (ou paciente, como diriam os antigos) mudar. Ele apenas sugere outras opções de paradigmas, pensamentos e atitudes, mas, a todo momento, o livre arbítrio do cliente é que decidirá se mudanças efetivas ocorrerão. afinal, artigos mudam pessoas? O conhecimento intelectual e operacional torna as pessoas mais hábeis e competentes, mas o amadurecimento emocional advém das vivências e experiências individuais. São elas que tornam a pessoa mais estruturada, focada e dona do seu destino. Portanto, é a mensagem absorvida através de textos e espetáculos que Floriano Serra é psicólogo, palestrante, consultor e diretor-executivo da Somma4 Gestão de Pessoas. É autor de mais de 15 livros e de 300 artigos sobre o comportamento humano pode motivar o leitor ou espectador a conhecer ou pelo menos tentar outros comportamentos, estilos de vida e relacionamentos. Ou seja, não faz nenhum sentido culpar recursos externos pela inexistência de mudanças comportamentais, se a própria pessoa não tiver suficiente humildade para reconhecer que está dentro dela os muros e as correntes que a impedem de caminhar e crescer. 67 68
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