Ensinando Para Transformar Vidas

Transcrição

Ensinando Para Transformar Vidas
INTRODUÇÃO
À DIDÁTICA
Pr. Kenneth Eagleton
Escola Teológica Batista Livre
(ETBL)
Campinas, SP
2007
2
Introdução à Didática
Nota: Esta matéria é baseada no livro Ensinando Para Transformar Vidas, de Howard
Hendricks, publicado pela Editora Betânia.
1ª Aula – O Professor
Em uma situação de ensino/aprendizagem, existem dois personagens: o professor e os alunos.
Esta primeira aula é focada no professor.
Usamos o termo “professor”, mas não estamos falando exclusivamente de uma sala de aula
(como EBD), inclui também situações de discipulado, grupos pequenos, devocionais, etc.
Qualificações do Professor:
1 – Caráter – tem que ser um modelo, um exemplo
2 – Vida transformada
3 – Tem que ser um estudante, um estudioso. (usar figuras das pg. 20 e 21: direção da nossa
energia mental, indagações, e sonhos para o amanhã)
 Tem que ter humildade para aprender, inclusive com seus próprios alunos. Um
estudante ensinando outros estudantes.
 Não pode ter atitude de “sabe tudo”.
 Crescimento contínuo: “Quem pára de “crescer” hoje, pára de ensinar amanhã.”
 “Não podemos passar a outros aquilo que não possuímos.”
4 – Fiel aos compromissos
5 – Interesse real pelos alunos
Crescimento: Uma Visão Mais Ampla – 2 Pe. 3:18; Lc. 2:52
 O Aspecto Intelectual
1. Manter um disciplinado programa de leitura e estudo (pg. 26)
2. Fazer cursos de atualização (pg. 27)
3. Conhecer bem os alunos
 O Aspecto Físico
Existe alguma área de sua vida física sobre a qual você não exerce pleno controle?
1. Seu dinheiro está sob controle?
2. E os bens materiais?
3. Emprego do tempo?
4. Vida sexual?
5. Vida mental? O que estamos colocando em nossa mente?
6. Forma de nos alimentar?
7. Exercício físico?
8. Descanso?
 O Aspecto Social
1. Tem amizades com pessoas não crentes?
2. Tem amizades com pessoas de outra faixa etária?
A Responsabilidade do Ensino:
 O professor tem um poder de influência sobre a vida de seus alunos. Esta influência
deve ser bem usada. Não usá-la seria uma omissão.
 A quem muito foi dado, muito será exigido; a quem muito foi confiado, muito mais
será pedido Lc 12:48. Seremos julgados com mais rigor. Tg. 3:1
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Vida submetida a provas. (pg. 34)
“...uma vida que não é submetida a provas, não vale a pena ser vivida.”
“O que nos aprimora é a experiência que submetemos a avaliações.”
“A maior ameaça ao desempenho de um bom professor é estar satisfeito com seu trabalho;”
Tarefa para próxima aula:
Como levar as pessoas a mudarem? O que induz as pessoas a fazer uma mudança?
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2ª Aula – O Ensino
“A maneira como os alunos aprendem deve determinar a maneira como ensinamos.”
“...não basta dominarmos o conteúdo a ser ministrado; precisamos conhecer também aqueles
a quem ensinamos”.
“Nosso interesse principal... influenciá-los”.
Ensinando para obter mudança de vida
 Porque ensinamos? Porque temos EBD, EBF, discipulado, estudos bíblicos, reunião
de jovens, etc.?
 Não ensinamos somente para transmitir informações
 Ensinamos para obter mudança de vida.
 A Bíblia é um livro que transforma as pessoas. Ela tem ensinamentos que nos levam a
uma transformação da mente (Rm. 12:1-2), do coração (motivações, desejos) e do
comportamento. Isto é santificação.
 O professor tem que conquistar a confiança do aluno. Como é que um professor
conquista a confiança do aluno?
o Confiança no seu caráter (o que ele/ela diz, é o que faz),
o Confiança no seu relacionamento (sabe que o professor não vai envergonhar o
aluno, professor é justo, honesto e aberto)
o Confiança nas palavras do professor.
 O aluno deve sentir uma necessidade de mudança.
 O aluno deve entender como pode mudar.
 O professor deve desafiar o aluno para fazer uma mudança.
O mestre é um estimulador, motivador. O aprendiz é um investigador, o que age.
“Não se avalia a eficiência de um professor pelo que ele faz, mas com base no que seus
alunos fazem”.
A Tensão
Os quatro níveis básicos do aprendizado de Abraham Maslow:
 Ignorância inconsciente: não sabemos, e não sabemos que não sabemos;
 Ignorância consciente: sabemos que não sabemos;
 Conhecimento consciente: temos sempre em mente um conhecimento adquirido;
 Conhecimento inconsciente: o conhecimento passa a ser automático (como aprender a
andar de bicicleta ou dirigir um carro).
Quando ensinamos precisamos levar o aluno a passar de um patamar para o outro.
A tensão é necessária para nos fazer passar de um patamar ao outro. “A tensão é um requisito
indispensável ao processo.”
Deve ser dosada: nem excessiva, nem fraca. Pouca tensão gera desinteresse. Muita tensão
gera desânimo e frustração.
Três Metas Básicas
1. Ensinar os outros a pensar. Modificar só a conduta do aluno não é suficiente, não é
permanente. Modificações permanentes exigem modificação na maneira de pensar.
Ensinar outra pessoa a pensar pressupõe que o professor sabe pensar.
2. Ensinar os outros a aprender. Formar aprendizes que reproduzirão o processo de
aprender pelo resto da vida. Aprender é um processo contínuo. Devemos direcionar o
aluno para que ele aprenda pela própria descoberta. Tudo que ele aprender por si
mesmo terá mais valor e se tornará parte de si mesmo.
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3. Ensinar os outros a trabalhar. Nossa tarefa é levar as pessoas a pensar por si mesmas,
a ser disciplinadas e a agir com deliberação própria. “Devemos nos empenhar mais
em questionar respostas do que em responder perguntas.” “É melhor que os alunos
saiam da classe coçando a cabeça, cheios de perguntas sobre as quais tenham que
pensar e conversar”.
Habilidades Básicas
 Ler – a leitura nos abre novos horizontes, nos dá experiências que não poderíamos
adquirir de outra forma.
 Escrever – devemos dar a oportunidade aos nossos alunos de se expressarem por
escrito
 Ouvir – o bom professor é aquele que antes de tudo é um bom ouvinte
 Falar – é falando que se aprende a falar.
Um Alicerce Chamado Insucesso
O insucesso é um fator obrigatório do processo de aprendizado.
Aprendemos lições importantes com o nosso insucesso. Não devemos desistir.
Os discípulos:
 Foram mandados 2 a 2 exercitarem o que estavam aprendendo com Jesus (Mc 6:7,
12, 13).
 Voltaram e estavam eufóricos com os resultados (v. 30). Mas depois se depararam
com um caso que não conseguiram resolver (menino endemoninhado que o jogava no
fogo – Mt. 17:15, 16).
 Foi uma oportunidade para aprenderem mais uma lição (alguns casos só se resolve
com jejum e oração – v.19-21).
Tarefa para próxima aula:
Para cada um dos sentidos (audição, visão, tato, paladar e olfato), faça uma lista de métodos
de ensino que podem ser usados na sala de aula.
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3ª Aula – A Atividade
“Quanto maior o nível de envolvimento no processo de
aprendizagem, maior o volume de conteúdo apreendido.”
Nossa tarefa: não é deslumbrar, é causar impacto; não é convencê-los, é transformá-los.
Envolvimento máximo – máxima aprendizagem:
Se ensinar fosse somente dizer tudo que alguém precisa saber, o ensino seria relativamente
fácil.
Como pais, temos a experiência de falar as coisas para nossos filhos, sem que eles ajam de
acordo. Muitas vezes lhes repetimos com freqüência as mesmas coisas.
“...quanto maior o nível de envolvimento no processo de aprendizagem, maior o volume do
conteúdo apreendido.”
“Aprende mais quem participa mais.”
“Nunca percamos de vista nosso objetivo. É ele que irá determinar o produto final.”
Estilos de Aprendizado
 Podemos reter até 10% do que ouvimos (esta porcentagem só é potencial).
 Ouvir + ver = retemos até 50%.
 Ouvir + ver + fazer = retemos até 90%.
 Existem diferentes maneiras de se aprender alguma coisa. Nem todas as pessoas
aprendem da mesma maneira.
 Aprendizado auditivo – aprendendo através da audição (palestra, rádio, fita K-7 ou CD).
 Aprendizado visual – aprendendo através da vista (figuras, fotos, gráficos, tabelas, filme).
 Aprendizado cinestético – aprendizado através do movimento (se envolve fisicamente
com o que está sendo aprendido, participando, criando com as mãos, movimentação,
tocando nas coisas, etc.)
 Uma destas maneiras é geralmente predominante nas pessoas.
 Qual é a implicação disto para a nossa maneira de ensinar?
 É necessário usarmos uma variedade de instrumentos para atendermos a todos os alunos.
 Quais são os métodos de ensino que podemos usar na sala de aula para aumentar a
retenção dos nossos alunos?
Envolver todos os sentidos: Audição | Visão | Tato | Gosto | Olfato
 Palestra
 Figuras, ilustrações, fotos, transparências, gráficos, tabelas, projeções de filme ou
video-projetor (datashow)
 Objetos
 Contar estórias
 Discussões em grupos pequenos
 Discussão em classe
 Teatro
 Deixar o aluno dar alguma aula ou parte dela (exercício, estágio, aprendizado
prático)
 Pesquisa e trabalhos escritos
 Leituras
 Aluno relata experiências
 Trabalhos manuais
 Música
 Recitação em grupo
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Jesus disse: “Quem tem ouvidos para ouvir, ouça!”.
O que Jesus quis dizer com isto?
Toda vez que vemos a palavra ouvir no NT, podemos ligar a ela a palavra fazer.
“E todo aquele que ouve estas minhas palavras e não as pratica...” – Mt. 7:26
“Por que me chamais Senhor, Senhor, e não fazeis o que vos mando?” – Lc. 6:46
Ou parem de me chamar Senhor, ou façam o que eu vos mando!
“...em educação cristã, o fator principal não é ter conhecimento, é obedecer agindo.”
Atividade Significativa
Para se obter o máximo de aprendizagem é preciso o máximo de envolvimento.
Portanto, precisamos envolver o aluno, fazê-lo participar.
Tipos de atividades que podem fazer sentido para o aluno:
1. Atividades que forneçam orientação, sem imposição.
 Atividades que dêem ao aluno uma certa liberdade de criatividade,
espontaneidade, de seguir os seus interesses, de desenvolver a sua curiosidade.
 Às vezes precisamos deixar que os alunos cometam erros ou se atrapalhem. É
uma forma de aprender.
2. Atividades que dêem ênfase à função e à aplicação na prática.
 Atividades nas quais o aluno utiliza na prática o que acabou de aprender.
 Aprende, põe em prática; aprende mais um pouco e põe em prática – em
incrementos.
 Isto é diferente de despejar toda matéria de uma só vez.
 Jesus agiu assim no seu ensino. Ele nem chegou a dar tudo aos discípulos de uma
só vez.
 “Tenho ainda muito que vos dizer, mas vós não o podeis suportar agora; quando
vier, porém, o Espírito da verdade, ele vos guiará a toda a verdade;” Jo. 16:1213a.
3. Atividades com objetivo definido.
 Nada de atividade só pela atividade.
 Nada se simples entretenimento ou “encher linguiça”.
4. Atividades que além de estarem relacionadas com o produto final estejam
relacionadas também com o processo. Os alunos não devem saber apenas em que
crêem, mas por que o crêem.
 Devem aprender a pensar; não serem somente robôs.
 Qual é o raciocínio, ou as razões, que nos levam a fazer o que fazemos ou não
fazer o que proibimos.
5. Atividades associadas a situações em que se vejam obrigadas a solucionar problemas.
 É necessário que as atividades estejam relacionadas com o dia-a-dia do aluno.
A aprendizagem é um processo.
Os discípulos passaram por um processo na sua aprendizagem.
Temos que aprender certas lições e colocá-las em prática antes de estarmos prontos para
enfrentar outras situações.
A multiplicação do que aprendemos é também importante.
Tarefa para próxima aula:
Quais são os fatores que mais contribuem para que você se identifique com um professor,
pregador
ou
orador?
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4ª Aula – A Comunicação
“Para que haja comunicação é necessário que se estabeleçam pontes
de comunicação entre o comunicador e o receptor.”
Estabelecer Pontes de Ligação
“Para que possamos comunicar algo a alguém precisamos antes estabelecer pontos em
comum com ele. E quanto maior for o número de pontos comuns, maior também será a
probabilidade de uma boa comunicação”.
Em falando com a mulher samaritana, Jesus derrubou todas as barreiras existentes – racial,
religiosa, sexual, social e moral – com a finalidade de criar uma base para comunicar-se com
ela.
E essa é também a nossa tarefa. É o processo de estabelecer pontes de ligação entre nós e
outros.
O Uso de Aberturas (anzol)
A abertura é um plano para atrair a atenção do aluno, facilitar a sua cooperação, criar um
desejo de saber mais e apresentar o assunto da lição. Pode ser:
 Um objeto;
 Uma pergunta tipo: “você concorda com a afirmação...?”;
 Uma estória (experiência) pessoal ou de outra pessoa;
 Uma ilustração / foto;
 Um artigo de jornal ou revista;
 Um esquete;
 Um vídeo clip;
 Qualquer coisa que chame atenção (e seja de bom gosto).
Mas tem que ter relação direta com a lição.
Pensamento, Sentimento, Ação
Toda comunicação possui três componentes básicos: intelecto, emoção e vontade; em outras
palavras, pensamento, sentimento e ação.
Então tudo que eu quiser comunicar a outrem gira em torno de algo que conheço, algo que
sinto, algo que pratico.
É como se eu fosse um vendedor; a diferença é que estou vendendo idéias, conceitos, e não
mercadorias, objetos.
A maioria dos crentes se limita a transmitir a mensagem apenas intelectualmente.
A comunicação eficiente sempre deve ter um ingrediente emocional – o fator sentimento, o
entusiasmo. Mas é uma emoção controlada. Emocionalismo é emoção descontrolada, e deve
ser temido. Na comunicação, este emocionalismo leva a uma manipulação emocional.
Estamos ensinando a verdade mais fascinante do mundo – a verdade eterna – mas ao paladar
do ouvinte é como se estivéssemos lhe dando “comida de hospital”. Outra atitude que
teremos também, se sentirmos profundamente a mensagem que transmitimos, será sorrir vez
por outra.
Também deixamos que a verdade modifique a nossa conduta. Lemos em 2 Cor. 5:17 que
quem está em Cristo é nova criatura. Entendemos que isso significa o início de um novo
processo de crescimento. Áreas de modificação: lar, vida profissional, etc.
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Aquilo que somos é muito mais importante do que o que dizemos ou fazemos. Parece que
Deus sempre opera por meio da encarnação. Ele gosta de apresentar suas verdades
personificadas.
Devemos responder às seguintes perguntas: O que é que sei e desejo que esses alunos saibam
também? O que sinto, e desejo que eles sintam também? O que estou fazendo e quero que
eles façam?
Colocando em Palavras
Traduzir em palavras esse pensamento-sentimento-ação.
A comunicação deve ser:
 verbal (oral ou escrita), e
 não-verbal (os atos e a linguagem corporal).
Temos que mostrar coerência nas duas formas. É como um avião, nenhuma das 2 asas é mais
importante que a outra.
Para se ensinar é preciso buscar um equilíbrio entre o conteúdo e sua comunicação, entre os
fatos e a forma, entre o que ensinamos e a maneira como o ensinamos.
Aprimorando a Comunicação
1. A preparação é o mais importante passo que damos para assegurar o sucesso de nossa
comunicação.
 Primeiramente, preparar a introdução: deve ser interessante e ir direto ao ponto.
 É preciso também saber concluir. Infelizmente, a conclusão da mensagem é o que
menos se prepara. É preciso incluir uma aplicação.
 Devemos introduzir no corpo da mensagem, muitas ilustrações (e recursos visuais
também, que devem ser utilizados sempre que possível). Temos que criá-las nós
mesmos, com base na experiência de vida de nossos ouvintes ou alunos.
Precisamos relacionar nosso ensino à vida deles.
 Um bom comunicador deve estar sempre atento para captar o que outros querem
comunicar-lhe. Expressam-se com a linguagem que usam naturalmente.
2. Apresentação.
 Enunciar, isto é, falar com clareza.
 Volume da voz. É bom falar alto, principalmente no início de cada aula.
 Devemos variar o tom e o andamento.
Fatores Responsáveis Pela Distração
 Fatores internos – não podemos controlar: falta de sono, preocupações, etc.
 Fatores externos – temperatura do ambiente, material não arrumado, etc.
“Feedback” ou “Retorno” da Classe
Vamos buscar a resposta, isto é, procurar saber o que os alunos aprenderam, como estão se
sentindo, o que estão fazendo. Estão entendendo? Pedir-lhes que expliquem com suas
próprias palavras como podem aplicar a lição aprendida em sua esfera de vida. “Alguém tem
alguma pergunta?”
Tarefa para próxima aula:
As atitudes, emoções e disposição de ânimo dos alunos afetam a maneira de ensinar do
professor? De que forma?
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5ª Aula – Ensinando com o Coração
“O ensino que realmente causa impacto em quem o recebe não é
o que passa de uma mente para outra, mas de um coração para
outro.”
Dt. 6:4-6 – A palavra “coração” para os Hebreus englobava a totalidade do ser: intelecto,
emoção e vontade.
A transferência de conhecimento de intelecto para intelecto é relativamente fácil. Mais difícil
é fazer o trajeto coração  coração, mas mais compensador.
A essência da comunicação, segundo Sócrates, se resume em caráter, o modo em que o
professor desperta emoções e sentimentos, e o conteúdo programático.
Caráter:
 O nosso jeito de ser é mais importante do que o que dizemos ou fazemos já que
determina o que dizemos ou fazemos.
 É necessário que confiem em nós.
 A credibilidade é o maior atributo que o professor possui para sua comunicação.
Tome cuidado para não perdê-la. Depois de perdida, é difícil de reconquistar.
Nossa afetividade:
 O modo como o professor desperta as emoções e sentimentos de seus alunos.
 São as emoções que afinal determinam o rumo de nossos atos.
 Isso é a chave para a motivação.
 Quando o aluno sente que o professor o ama, dispõe-se a fazer tudo que ele quiser
que faça.
 Jesus demonstrou amor e compaixão; por isso seus discípulos o seguiam.
Conteúdo programático:
 Professores e oradores precisam de um conteúdo programático.
 Deus personificou sua mensagem através da encarnação.
 É exatamente isso que temos de fazer.
O Processo Ensino – Aprendizagem
Ensinar é levar alguém a aprender.
O processo ensino-aprendizagem: algo conjugado, ligado por hífen. Os dois termos são
inseparáveis. Se o aluno não aprende, isso significa que nós não ensinamos.
A eficiência de nosso ensino não se avalia com base naquilo que o professor faz, mas no que
o aluno faz, em decorrência de nossa prática didática.
Aprender é modificar-se.
O processo de transformação é mais do que exterior, mas interior: “pela renovação da vossa
mente”.
É interessante notar como pessoas que se dizem crentes absorveram toda a filosofia do
mundo.
Esse contato constante com a mentalidade mundana acaba por nos comprimir dentro dos
moldes dela. Exemplo da gelatina tomando a forma do molde.
Raramente vemos o conhecimento ser associado à responsabilidade.
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Onde Começa a Aprendizagem
Toda aprendizagem começa ao nível da emoção.
 Atitudes positivas e negativas dos alunos;
 É preciso mostrar interesse nos alunos;
 É preciso estabelecer com os alunos um relacionamento genuíno, uma comunicação
de alma para alma, para que possam “entrar” plenamente no assunto que estamos
lecionando. Isto só se consegue com o “coração”.
Não Esquecer os Fatos
 Alguns dizem: “Aquilo em que a gente crê não tem muita importância. O importante
mesmo é o modo como se crê”.
 Isto não é verdade, pois o conteúdo da nossa fé vai determinar o modo em que vamos
agir.
 “O Senhor está mais interessado em que nós compreendamos a sua Palavra do que
nós mesmos.” Por isso precisamos estudá-la.
 1 Coríntios 15 nos aponta para 4 fatos essenciais: Cristo morreu, foi sepultado,
ressuscitou, e depois apareceu a alguns discípulos.
Só ocorre o aprendizado, e, portanto, só ocorre o ensino depois que houver mudanças na
mente, na emoção e na vontade do indivíduo.
Causemos Impacto
Como aplicar na prática, na sala de aula:
1. Conhecer bem os alunos;
2. Conquistar o direito de ser ouvido – ter credibilidade;
3. Se dispor a nos mostrar vulneráveis perante nossos alunos.
Tarefa para próxima aula:
O que é que motiva você a aprender alguma coisa? (Não estou falando em fazer um curso
por ser obrigatório – isto seria motivação para fazer o curso, mas não para aprender).
O Uso de Perguntas:
 Por que devemos usar perguntas durante a aula?
 O uso de perguntas estimula a participação dos alunos;
 Quando o aluno descobre a resposta por si mesmo, ele se lembra melhor
(retêm melhor).
 Quando o aluno descobre a resposta por si mesmo, aumenta a sua confiança e
auto-estima.

 Que tipo de perguntas devemos fazer?
 Perguntas de observação – não faça perguntas que visam detalhes sem
importância. Concentre-se em buscar respostas que contém dados importantes.
 Perguntas de interpretação (porque...? o que significa...? como...?) – perguntas
que visam saber se o aluno entendeu o significado ou a importância da lição.
 Perguntas de aplicação (Existe algum paralelo com os nossos dias? Como
podemos colocar isto em prática hoje? O que você pode fazer?).
 Reforce as respostas corretas.
 Não critique as respostas erradas; isto pode desencorajar o aluno a participar da
próxima vez. Se a resposta for errada, pergunte novamente de outra forma ou
pergunte à classe se alguém tem outra resposta.
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6ª Aula – A Motivação
“O ensino será mais eficiente quando o aluno se encontrar
adequadamente motivado.”
Levar uma “caixa dos segredos da motivação” – conteúdo: diploma da faculdade, foto de
aeromodelismo, ponto-cruz, brinco que um dos meninos fez, pedras, etc.
Promover a motivação está relacionado com curiosidade, senso de propriedade, de utilidade,
de atender a necessidades, desafios, reconhecimento social e aceitação por parte de outros.
O maior problema que ocorre hoje em educação é a falta de motivação para os alunos, de
algo que os desperte e os estimule à ação.
O QM (quociente de motivação) é bem mais importante que seu QI.
Existem alunos inteligentes que não encontram nada que os atraia, nada em que queiram
aplicar suas energias e habilidades.
Não se sentem motivados a se dedicar à coisa alguma.
“O ensino será mais eficiente quando o aluno se encontrar adequadamente motivado.”
Motivações inadequadas:
 Oferecer prêmios.
o Fazer uma coisa certa não garante necessariamente que os resultados serão
bons.
o É possível que as tarefas executadas não dêem os resultados objetivados.
o Tudo é determinado pelas razões que produzem a motivação.
 O sentimento de culpa. Motivação negativa.
 O uso da mentira (intencional ou não).
o Vamos parar de ficar prometendo aquilo que o cristianismo não promete, que
a Bíblia não promete (riqueza, prosperidade, saúde perfeita, ausência de
problemas e desafios na vida).
Para se Motivar: Ter Consciência das Próprias Deficiências
Motivação em 2 níveis:
 Extrínseca (externa) – nosso objetivo quando aplicamos a extrínseca é ativar a
intrínseca.
 Intrínseca (motivação interior – mais importante) – Rm. 12:1 – com base nas
misericórdias de Deus, devemos apresentar os nossos corpos como sacrifício vivo. Só
depois que entendemos o que Cristo fez por nós é que podemos nos entregar
completamente a ele.
Muitos pais e professores pensam que sua meta primordial é formar bem a criança, tornandoa bem educada.
Mas na verdade sua missão é formar um bom homem ou mulher, isto é, fazer do seu filho ou
aluno, um adulto automotivado, interiormente capacitado para a vida.
Precisamos levar os alunos a se tornarem automotivados, isto é, a fazerem o que têm de fazer
não porque recebem ordem para isso, ou porque alguém os obriga, mas porque querem.
Um dos melhores modos de despertar isso no aluno é torná-lo ciente de suas dificuldades e
lacunas.
Uma das principais preocupações que devemos ter no ensino é expor os alunos a situações
práticas da vida.
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A Boa Aprendizagem
Uma forma de motivar os alunos é estruturar corretamente a experiência de aprendizagem. A
aprendizagem se dá em 4 etapas:
1. exposição – quanto mais exposição, melhor a compreensão;
2. demonstração – apresentando exemplos práticos;
3. prática – situação controlada;
4. prática – sem supervisão;
Outro bom método de ensino é dar tarefa que contém uma responsabilidade.
O Interesse Pessoal
Os únicos que se interessam pela leitura de um testamento são aqueles que são
potencialmente beneficiários do testamento.
Quando o aluno consegue enxergar-se dentro daquilo que ensinamos, quando ele sente que é
beneficiário do testamento bíblico, que tudo diz respeito a ele, seu nível de motivação será
bem mais elevado.
Nem todos serão motivados ao mesmo tempo, nem da mesma forma, e nem com o mesmo
professor.
O momento certo é de importância crucial para a motivação e o aprendizado.
É por isso que temos que aproveitar as perguntas e a demonstração de interesse do aluno.
Nem todo mundo irá aprender conosco. Por isso a importância do corpo de Cristo.
Motivação Criativa: Deus usa diversos métodos para motivar os homens.
Nós também precisamos ser criativos e variar as técnicas empregadas.
Precisamos também permitir que os nossos alunos sejam criativos.
Quem está motivado se torna um agente de mudanças em outros.
Tarefa para próxima aula:
Quais tipos de tarefa para casa você gosta, e quais você não gosta?
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O Uso de Estórias
Porque contar estórias?
 O uso de estórias prende a atenção dos alunos.
 O uso de estórias facilita a retenção do conteúdo – a estória será uma das coisas mais
lembradas da aula.
 O uso de estórias envolve a parte emocional do aluno além do intelectual.
As partes de uma história:
 Introdução (lugar, personagens, o ambiente, etc.).
 O enredo da história (use muita ação e suspense, humor, obstáculos a serem
conquistados, escolhas a serem feitas).
 O clímax (o ponto mais crítico da estória, o acontecimento ou a decisão que muda o
destino da estória).
 A conclusão (dar uma conclusão a cada um dos personagens principais, mostrar a
verdade ou qualidade que está sendo ilustrada).
Como usar histórias:
 Pode-se usar estórias da Bíblia, estórias da vida real (suas ou de outras pessoas), ou
estórias inventadas.
 Pode-se usar estórias bíblicas como o objeto principal do estudo.
 Pode-se usar estórias como anzol para chamar atenção.
 Pode-se usar estórias como ilustração.
O que não se deve fazer:
 Não use voz monótona, sem entusiasmo, de volume muito baixo;
 Não fique gaguejando, recomeçando a estória;
 Não demonstre despreparo;
 Não fique olhando para o chão ou para o teto;
 Não conte estórias muito compridas ou muito complicadas.
O que se deve fazer:
 Preparar o cenário da estória descrevendo todos os sentidos possíveis: visual, sons,
cheiros, tato, gosto. Quanto mais sentidos estiverem envolvidos, mais os alunos se
colocam dentro da estória.
 Fazer pausa em momentos oportunos para criar suspense;
 Mude frequentemente o tom de voz de acordo com o andamento da estória;
 Comunique interesse por expressões corporais;
 Coloque-se no lugar do personagem da estória; use linguagem na primeira pessoa;
 Olhe nos olhos dos alunos enquanto conta a estória;
 Adapte a sua estória à idade dos alunos (linguagem, comprimento, etc.).
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0 anos. Canticos, estórias simples (de
uma sentença) usando os dedos
Sugestão de estórias
bíblicas
Jesus abençoando as
crianças
1 ano. Figuras do que ela reconhece;
estórias com capítulos curtinhos e intervalo
O menino Jesus; Moisés
quando bebê
2 anos. Conversas sobre observações:
estrelas, trovão, o escuro, as flôres, etc.
O menino Samuel
3 anos. Respondendo perguntas com
estórias; repetição do vocabulário
A ovelha perdida
Faixa etária
Características da estória
0-3 anos
Pré-escolar: 4-5
anos
Estórias com ritmo, rima e repetição. Falar
de objetos e lugares conhecidos: animais
de estimação, brinquedos, objetos, herois.
Linguagem concreta (não abstrata),
enredo simples sem muitos personagens.
Usar os nomes dos animais e seus sons (a
vaca faz "muuuu")
Primário: 6-8
anos
Usar fatos, lendas, folclore e fantasia. Usar A Travessia do Mar Vermelho;
os milagres da Bíblia. Usar histórias onde
A Cura de Naamã; O
uma pessoa ajudou a outra. Usar histórias
Casamento de Caná;
de pessoas de outras culturas. Animais Alimentação dos 5.000; O
falar do meio onde vivem e seus hábitos.
Resgate de Pedro
Junior (préadolescente): 911 anos
Usar histórias de heroismo, ação,
aventura, perigo, coragem. Falar de
pessoas reais que conquistaram coisas
concretas. Usar cronologia, biografia e
geografia. Animais - falar dos cuidados
com eles e de sua procriação.
Introdução à Didática
Maio/Junho 2007
Peregrinação no Deserto; O
Tabernáculo; A Vida de Daví,
Daniel, Sansão, Ester, Rute;
As Viagens do Apóstolo
Paulo.
Prof.: Pr. Kenneth Eagleton
16
7ª Aula – A Preparação Prévia
“O processo ensino-aprendizagem é mais eficiente se tanto o
professor como o aluno estiverem previamente bem preparados.”
Quando os alunos chegam para a aula sem se preparar, eles chegam “frios”.
O despertar do interesse dos alunos tem que ser antecipado para que quando chegarem à sala
de aula já venham com a mente em ação.
Quando a aula terminar, deverão se sentir motivados a continuar estudando o texto, ou
sozinhos, ou em companhia de outros.
Tarefas Proveitosas
A lei da preparação prévia constitui a base para se dar tarefas para casa.
Muitas vezes o professor chega para a sala de aula preparado e entusiasmado, mas os alunos
chegam sem nada.
O valor da tarefa para casa – três vantagens:
1. A tarefa coloca o pensamento em movimento. É uma espécie de “aquecimento mental”.
2. O aluno passa a ter um ponto de partida. É a base sobre a qual o professor pode “edificar” a lição.
O aluno já percebe as dificuldades, formula questões e vê como ela se aplica em sua vida.
3. O aluno aprende a estudar a Bíblia independentemente. O aluno cria o hábito de não
apenas ouvir o ensino da Palavra mas de estudá-la ele mesmo.
Características de uma tarefa bem elaborada:
1. Bastante criativa e com um objetivo definido (isto leva tempo).
2. Leva o aluno a pensar – contém mais questionamentos do que respostas.
3. Tarefas plausíveis. Não adianta dar tarefa acima da capacidade do aluno.
Estudos têm demonstrado um fato muito interessante: existe uma relação inversamente
proporcional entre a previsibilidade de nossos atos e o impacto que podemos causar. Quanto
maior for essa previsibilidade, menor o impacto que causamos.
Lutando Contra o Silêncio
Quanto aos alunos que têm receio de participar da aula, temos que fazer duas coisas:
1. Insistir para que participem;
2. assim que o fizerem, demonstrar satisfação pela participação deles.
A única pergunta “boba” é aquela que não é feita.
Perguntas não são motivo de riso ou de gozação, mas de serem levados a sério.
Perguntas Difíceis
O professor precisa admitir que não tem uma resposta, mas que irá procurá-la.
Como Controlar os Monopolizadores
Três etapas:
1. Manifestar apreço pela contribuição da pessoa.
2. Pedir ao aluno que ajude a envolver os outros na discussão.
3. Dirigir uma pergunta a esta pessoa. Pode ser a primeira vez que alguém tenha lhe
dirigido uma pergunta.
A Importância de Fazer Anotações
Anotações ajudam na participação da pessoa – ela se envolve.
Proporciona uma oportunidade para a pessoa fazer revisão dos conceitos.
Introdução à Didática
Maio/Junho 2007
Prof.: Pr. Kenneth Eagleton

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