A Cooperação com os Países de Língua Portuguesa
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A Cooperação com os Países de Língua Portuguesa
ViaABC Publicação da Agência Brasileira de Cooperação | Outubro 2005 A Cooperação com os Países de Língua Portuguesa A língua portuguesa conta com mais de 200 milhões de falantes nativos espalhados por quatro continentes. Entre as línguas latinas, é a segunda mais falada no mundo, atrás apenas do espanhol. São cerca de 187 milhões de falantes na América do Sul, 16 milhões na África, 12 milhões na Europa, 2 milhões na América do Norte e 330 mil na Ásia. Sete países, além do Brasil, têm a língua portuguesa como idioma oficial: Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste. A cooperação técnica brasileira com esses sete países tem por objetivo promover o estreitamento dos laços políticos, econômicos e culturais, seja no âmbito da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa – CPLP, seja no contexto das relações bilaterais (cooperação horizontal). A CPLP foi criada em 17 de julho de 1996, por ocasião da I Conferência de Chefes de Estado e de Governo em Lisboa, com o objetivo “de consolidar a realidade cultural que confere identidade própria aos países de língua portuguesa, promover a concertação político-diplomática e estimular a cooperação, conjugando iniciativas para a promoção do desenvolvimento econômico e social dos povos comunitários (Declaração Constitutiva)”. Em julho de 2000, na III Reunião de Cúpula da CPLP, realizada em Maputo, foi aprovada a “Declaração sobre Cooperação, Desenvolvimento e Democracia na Era da Globalização”, que reafirmou o compromisso dos países membros com os valores democráticos, a erradicação da pobreza e a promoção do desenvolvimento sustentável. O Timor-Leste, que desde 1998 vinha participando na qualidade de membro observador convidado, incorporou-se em definitivo à Comunidade em 31 de julho de 2002. A cooperação em geral constitui um dos elementos essenciais das atividades da CPLP, cabendo à cooperação técnica a grande maioria dos projetos comunitários. Se a língua, a convergência de interesses, os elementos históricos e culturais comuns ditaram a criação da Comunidade, a cooperação representa um dos pilares da integração comunitária, com potencial para reforçar e multiplicar os laços que unem os países de língua portuguesa. A cooperação www.abc.mre.gov.br desenvolvida sob a égide da CPLP, embora possa parecer residual quando comparada em volume com a cooperação bilateral entre os Estados membros, tende a ampliar-se e consolidar-se cada vez mais em espaço próprio, o que a torna crescentemente reconhecida e necessária. Os Estados membros da CPLP vêm empreendendo esforços crescentes no sentido de atender eficazmente às necessidades identificadas entre os países comunitários. O Brasil tem tido papel de relevância nessa empreitada. Nesse contexto, a Reunião dos Pontos Focais de Cooperação – órgão que congrega as unidades responsáveis, nos Estados membros, pela coordenação da cooperação – assume um papel cada vez mais importante na identificação, no lançamento e no acompanhamento de projetos multilaterais, sobretudo nas seguintes áreas prioritárias: saúde, educação, administração pública, desenvolvimento empresarial, telecomunicações, desenvolvimento social no âmbito das questões relacionadas com gênero, apoio ao desenvolvimento da Guiné-Bissau e relações com organismos internacionais e a sociedade civil. 2 ViaABC publicação da agência brasileira de cooperação | outubro 2005 O Brasil na CPLP Como já mencionado anteriormente, os projetos implementados no âmbito da CPLP são, em sua grande maioria, de cooperação técnica. Assim sendo, a Agência Brasileira de Cooperação (ABC), como parte integrante do Itamaraty e Ponto Focal brasileiro de Cooperação junto à CPLP, atua como principal instrumento da política externa brasileira junto a essa Comunidade. Entre as principais iniciativas do Governo brasileiro para a prestação de cooperação técnica aos países da CPLP, os seguintes projetos merecem destaque: Centros Regionais de Excelência A proposta para a criação de dois centros regionais de excelência, um na área de desenvolvimento empresarial e outro na de administração pública, surgiu durante o seminário “Fortalecimento da Capacidade Institucional dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP)”, realizado em 1998, na Bahia. Os centros teriam por finalidade acelerar o processo de capacitação dos PALOP para a reforma na organização do Estado e para a promoção do empreendedorismo como agente de desenvolvimento. Ou seja, a iniciativa pretendia propiciar crescente autonomia dos PALOP na capacitação do funcionalismo na formação profissional para a iniciativa privada. A criação dos Centros de Excelência foi aprovada na reunião do Conselho de Ministros da CPLP, em Maputo, em julho de 2000. Decidiu-se, na ocasião, que o Centro de Excelência em Desenvolvimento Empresarial seria implantado em Luanda, Angola, enquanto que o Centro de Excelência em Administração Pública seria construído em Maputo, Moçambique. Centro de Excelência em Desenvolvimento Empresarial, Luanda, Angola. O Centro Regional de Excelência em Desenvolvimento Empresarial foi inaugurado, em Luanda, no dia 20 de julho de 2005, por ocasião da X Reunião Ordinária do Conselho de Ministros da CPLP. O projeto se encontra, atualmente, na etapa de recrutamento, seleção e contratação de equipe-base. O centro deverá oferecer, entre outros, os seguintes cursos: • Formação de multiplicadores para elaboração de estudos básicos referentes à integração e desenvolvimento de cadeias produtivas” - Elaboração de diagnósticos setoriais; dinâmicas de relacionamento entre elos das cadeias produtivas; análise de oportunidades. • Formação de Empreendedores de Micros e Pequenas Empresas - Capacitação de multiplicadores para apoiar e orientar a formação de novos empreendedores em pequenos negócios. Estudos simplificados de mercado; análise de oportunidades; viabilidade econômico-financeira de pequenos empreendimentos; gestão da micro empresa. • Gestão de Projetos Educacionais - Metodologia de identificação de necessidades de formação profissional; metodologias de formação profissional; planejamento de ensino; recursos didáticos e psicologia aplicada; planejamento e produção de material didático. Centro de Excelência em Administração Pública, Maputo, Moçambique. O Centro Regional de Excelência em Administração Pública, a ser construído em Maputo, Moçambique, encontra-se ainda em fase de projeto. As obras para a sua construção estão com início previsto para o primeiro bimestre de 2006. Durante missão conjunta ABC/Secretariado Executivo da CPLP a Maputo, em abril último, ficou acordado com as autoridades moçambicanas que o centro se localizará em área pertencente ao Instituto de Formação em Administração Pública e Autárquica de Maputo, no munícipio de Matola, localidade de Machava. Centro de Excelência em Desenvolvimento Empresarial em Luanda, Angola. www.abc.mre.gov.br publicação da agência brasileira de cooperação | outubro 2005 ViaABC 3 Recursos Humanos em Saúde Pública nos PALOP e Timor-Leste Programa de Apoio à Guiné-Bissau Cooperação Técnica em Telecomunicações Este projeto prevê o apoio da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) aos PALOP (países africanos de língua portuguesa) e Timor-Leste nas áreas de gestão de saúde pública, vigilância epidemiológica e administração hospitalar. Os principais eixos norteadores do projeto são: formar agentes multiplicadores em áreas específicas da saúde pública e apoiar a implementação de “Escolas de Saúde Pública” por meio da qualificação docente-pedagógica. Nesse sentido, foram realizadas oficinas pedagógicas em Luanda e Maputo, quando foram instalados os respectivos Núcleos de Apoio à Formação em Saúde Pública. Com vistas a superar a difícil conjuntura sócio-econômica que a Guiné-Bissau atravessa atualmente, a CPLP aprovou dois projetos de cooperação técnica nas áreas de produção de arroz, formação de inspetores e delegados regionais da Inspeção Geral do Trabalho e Segurança Social, e uma ação pontual para o aparelhamento da Faculdade de Direito de Bissau. Paralelamente às iniciativas anteriores, os países da CPLP efetuaram contribuição para a Assistência Emergencial de apoio à Guiné-Bissau no âmbito do Emergency Economic Management Plan do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). Este projeto tem por fim apoiar os organismos governamentais de telecomunicações dos PALOP na melhoria de suas estruturas regulatórias e possibilitar a troca de experiências relativas à privatização e à introdução da competitividade no setor. Foram realizados três encontros regionais no âmbito deste projeto, com a participação de todos os Estados membros da CPLP. Durante os mesmos, foram diagnosticadas as carências e prioridades de cada país que serão levadas em conta nas próximas fases de implementação. Na mais recente Reunião de Pontos Focais da CPLP, em julho último, o Brasil se comprometeu a contribuir com o montante necessário para se dar continuidade ao projeto. Ministro angolano da área social, Antonio Pitra Neto (à esquerda), na cerimônia de inauguração do Centro de Excelência em Desenvolvimento Empresarial, em Luanda. X Reunião Ordinária do Conselho de Ministros, em Luanda, de 19 a 20 de julho de 2005. XI Reunião dos Pontos Focais de Cooperação da CPLP, em Luanda, de 15 e 16 de julho de 2005. www.abc.mre.gov.br 4 ViaABC publicação da agência brasileira de cooperação | outubro 2005 Programa de Treinamento em Cooperação Técnica Internacional (ProCTI) Projeto 1 Concepção e Elaboração de Projetos para o Desenvolvimento O ProCTI tem como objetivo aperfeiçoar e elevar o nível de conhecimento do pessoal técnico dos países membros da CPLP no tocante à metodologia relativa ao processo da cooperação para o desenvolvimento. O Programa é composto de três projetos: os dois primeiros já foram realizados, proporcionando o treinamento de 286 representantes de países membros da CPLP; e o terceiro está previsto para ter início ainda neste ano. Os “Estudos Lusitanistas na Biblioteca Nacional de Lisboa” constituem outro importante projeto para a integração dos PALOP e Timor-Leste. O projeto, que conta com o apoio de Portugal e Brasil, prevê o apoio para acadêmicos daqueles países destinadas à realização de estudos em história, ciências sociais, direito, literatura, língua portuguesa, entre outras áreas. Desses estudos deverão resultar publicações destinadas a instituições culturais e de ensino da língua portuguesa. Os cursos foram realizados em Praia, Maputo, Luanda e Díli, possibilitando a formação de 103 especialistas, atuantes em cooperação internacional, dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (Palop) e de Timor-Leste. I Encontro de Especialistas da CPLP sobre Malária Projeto 2 Além das cidades já contempladas no primeiro projeto, esta etapa do ProCTI incluiu ainda as cidades de São Tomé e Bissau. Esta etapa possibilitou a formação de 180 técnicos. Projeto 3 Os temas a serem tratados nesta última etapa visam a tirar o máximo proveito das oportunidades da cooperação recebida. Nesse sentido, enfatizam o planejamento e controle das ações de cooperação, o quadro institucional e os aspectos operacionais de sua implementação nos PALOP e Timor-Leste. Análise e enquadramento de projetos de CTI Gerenciamento de Projetos de CTI Estudos Lusitanistas na Biblioteca Nacional de Lisboa A realização do I Encontro de Especialistas da CPLP sobre Malária, em São Tomé, em março de 2004, permitiu a definição de linhas de ação para o combate a essa endemia e a elaboração de recomendações quanto ao encaminhamento que a Comunidade pode dar ao assunto. Nesse sentido, foi aprovada proposta de Acordo de Cooperação entre os Estados membros sobre a matéria no âmbito da IX Reunião dos Pontos Focais de Cooperação. A proposta foi firmada na V Reunião do Conselho de Ministros, em São Tomé e Príncipe. Fortalecimento do Secretariado Executivo da CPLP O projeto “Fortalecimento do Secretariado Executivo da CPLP”, além dos benefícios de ordem administrativa que deverá gerar, adquire ainda importante significado político na medida em que reflete a disposição dos Estados membros de fortalecer a Comunidade, dotando-a de instrumentos mais eficazes para a implementação de suas ações. O projeto concentra esforços na reestruturação do sistema de informática, na complementação dos serviços de comunicação social e na organização do sistema de arquivos do Secretariado Executivo. O Ministro das Relações Exteriores, Embaixador Celso Amorim, na cerimônia de lançamento do Telecentro, parte integrante do Centro de Excelência em Desenvolvimento Empresarial, Luanda, Angola. www.abc.mre.gov.br publicação da agência brasileira de cooperação | outubro 2005 ViaABC 5 A cooperação técnica bilateral com os países de língua portuguesa: cooperação horizontal A cooperação horizontal vem ocupando, cada vez mais, lugar de destaque na agenda diplomática brasileira. Este fato pode ser comprovado pelo crescente número de projetos e atividades desenvolvidos em países da América Latina, Caribe, Ásia e, particularmente, da África. Enquanto no período 1998-2003, o Brasil implementou em todo o mundo, por meio da cooperação prestada, um total de 119 projetos e atividades, no ano de 2005, somente na África, 54 projetos brasileiros encontram-se em fase de implementação. Dentre estes, 35 referem-se a países de língua portuguesa. Acrescentando-se a esse número os 5 projetos em andamento no Timor-Leste, ter-se-á uma idéia da presença marcante do Brasil no mundo lusófono. Formação Profissional Uma das iniciativas mais bem-sucedidas na cooperação horizontal com Angola foi o projeto “Centro de Formação Profissional Brasil-Angola”, em Cazenga (Luanda), com capacidade para formar até 1500 profissionais por ano em diversas áreas. Implantado há mais de 6 anos, o centro encontra-se atualmente em pleno funcionamento, contribuindo, de forma inequívoca, para a reinserção social e a reconstrução do país por meio da formação e reciclagem de mão-deobra desmobilizada. Conforme previsto no projeto original, o Governo brasileiro transferiu, recentemente, com sucesso, a gestão do centro para o Governo angolano. buir para a modernização das instituições públicas nos países em desenvolvimento, o Governo brasileiro assinou, em maio último, Protocolo de Intenções sobre Cooperação Técnica na Área de Administração Pública, visando à formação e capacitação de servidores públicos em Angola nas áreas de gestão e finanças públicas. Foram ainda definidos, na ocasião, como temas de interesse para a cooperação entre os dois países, o desenvolvimento de pesquisas e o intercâmbio de publicações. Angola Almanaque Abril 2005 O ponto de partida da cooperação entre Brasil e Angola foi a assinatura do Acordo de Cooperação Econômica, Científica e Técnica, no dia 11 de junho de 1980. Várias iniciativas no campo da cooperação técnica marcaram as relações bilaterais com Angola desde então, particularmente nas áreas de formação profissional, administração pública, agricultura, meio ambiente e esporte. A visita do Presidente Lula, em novembro de 2003, também merece destaque, uma vez que na ocasião foram assinados diversos acordos que se encontram em fase de implementação. Administração Pública Coerentemente com sua política de contri- Centro de Formação Profissional Brasil-Angola em Cazenga, Luanda. www.abc.mre.gov.br Agricultura Na área de agricultura, o Governo brasileiro está desenvolvendo duas importantes iniciativas em Angola. São elas os projetos “Reorganização, Fortalecimento Institucional e Inovação Metodológica da Extensão 6 ViaABC Rural como Estratégia de Desenvolvimento Rural Sustentável em Angola” e “Fortalecimento Institucional dos Institutos de Investigação Agronômica e Veterinária de Angola”, com o objetivo de contribuir, respectivamente, para a inovação metodológica das atividades de extensão rural como um instrumento de desenvolvimento sustentável e para a capacitação de recursos humanos no setor agropecuário. publicação da agência brasileira de cooperação | outubro 2005 Cabo Verde A cooperação Brasil-Cabo Verde teve início em abril de 1977 com a assinatura do Acordo Básico de Cooperação Técnica e Científica. A partir de 2003, as relações entre os dois países se intensificaram, tendo sido assinados diversos documentos visando à implementação de projetos nas áreas de formação profissional, educação, tecnologias de informação, meio ambiente e saúde (combate ao HIV/AIDS). Meio Ambiente Na área do meio ambiente, existe um importante projeto brasileiro em fase de elaboração. Trata-se do “Fortalecimento da Educação Ambiental em Angola”, destinado a capacitar técnicos angolanos que possam retransmitir os conhecimentos adquiridos, atuando como agentes multiplicadores para as questões inerentes à educação ambiental. O projeto também deverá apoiar a elaboração do Programa Nacional de Educação Ambiental de Angola, contribuindo desse modo para a melhoria da qualidade de vida, equidade social e conservação ambiental. Esporte Outra importante iniciativa do Governo brasileiro na cooperação técnica prestada a Angola é o projeto “Inserção Social pela Prática Esportiva”, ainda em fase de implementação. O projeto visa apoiar a implantação de um programa de complementação educacional nas escolas angolanas, por meio da transferência de metodologia de desenvolvimento da prática esportiva ao ambiente escolar. Tendo em vista que Angola não conta com unidade industrial para produção de bolas, o projeto prevê a instalação de uma fábrica de material esportivo em uma penitenciária angolana, de modo a permitir a participação dos reclusos no processo de produção do país. Alunos do Centro de Formação Profissional de Angola. Futuras instalações do Centro de Formação Profissional em Praia, Cabo Verde. Formação Profissional A formação profissional é tida como prioridade e atividade estratégica pelo Governo de Cabo Verde, que busca o aperfeiçoamento da força de trabalho nacional e a inclusão social de jovens e adultos na economia formal. O Governo caboverdiano espera, com isso, propiciar a elevação da renda da população e a melhoria da qualidade de vida do trabalhador. Nesse contexto, o Governo brasileiro assinou, em setembro de 2004, o importante projeto “Fortalecimento e Capacitação Técnica de Recursos Humanos para o Sistema de Formação Profissional” em Cabo Verde. O local da construção do centro já foi definido e as obras têm início previsto ainda para este ano. Educação No ano de 2002, os Governos do Brasil e de Cabo Verde iniciaram a implantação do projeto “Alfabetização Solidária em Cabo Verde”, que, em sua fase-piloto, promoveu a instalação de 15 salas de alfabetização e a capacitação dos coordenadores e professores envolvidos nessa primeira etapa. Posteriormente, o número de salas foi expandido para 100 e foram capacitados 120 profes- www.abc.mre.gov.br sores e 12 coordenadores locais. Após missão realizada em 2004, em decorrência da avaliação positiva dos resultados pelas partes envolvidas no projeto, decidiu-se pela continuidade do mesmo. A terceira fase deverá consolidar a formação dos professores já atuantes, bem como apoiar a adaptação do material didático cabo-verdiano às novas necessidades e promover o fortalecimento dos conhecimentos técnicos da equipe de gestão do projeto. Outra iniciativa brasileira importante na área de educação é a referente ao Programa de Trabalho em Matéria de Educação Superior e Ciência, que tem por objetivo final apoiar a criação da Universidade de Cabo Verde. O programa será desenvolvido por meio de projetos de cooperação técnica e cursos de pós-graduação e pesquisa nas áreas de Estruturação do Sistema de Ensino Superior, Formação de Professores Gestores, Ciência e Tecnologia e Educação à Distância. Tecnologias de Informação O Governo brasileiro assinou, em 2004, Protocolo de Intenções para prestação de cooperação técnica a Cabo Verde no domínio das tecnologias de informação e comunicação, particularmente nas seguintes publicação da agência brasileira de cooperação | outubro 2005 ViaABC 7 Almanaque Abril 2005 Guiné-Bissau Embora o Acordo Básico de Cooperação Técnica e Científica Brasil-Guiné-Bissau, que dá amparo legal a todas as ações de cooperação técnica entre os dois países, tenha sido assinado em maio de 1975, a Guiné-Bissau vem atraindo cada vez mais a atenção do Brasil, em face da difícil situação em que se encontra atualmente o país africano. O Brasil tem-lhe prestado cooperação técnica principalmente nas áreas formação profissional, agricultura e saúde. áreas: governo eletrônico e sociedade de informação; elaboração de portais para a prestação eletrônica de serviços ao cidadão; reforço das TIC (Tecnologia da Informação e Comunicação) no sistema educativo e de formação profissional; instalação técnica e institucional de um sistema de autenticação e certificação digital; e inclusão digital, com a doação de onze computadores para a instalação de um telecentro, que se já se encontra em funcionamento. Agricultura Importante iniciativa brasileira nessa área foi a realização do “Projeto Cultivo de Arroz Irrigado na Guiné-Bissau”, no período de outubro de 2002 a setembro de 2003. O projeto teve como objetivo principal aprimorar os métodos de cultivo de arroz e aumentar a produtividade, por intermédio da capacitação de técnicos e de experimentos utilizando novas técnicas de plantio. A execução do projeto resultou na capacitação de três técnicos guineenses no Brasil, em atividades de extensão rural na área de produção de arroz irrigado, e de um técnico de nível superior também no Brasil, em técnicas de análise de solos, de análise de sementes e conhecimentos básicos para montagem de laboratório. A idéia é que os referidos técnicos atuem como agentes multiplicadores em seu país dos conhecimentos adquiridos no Brasil. Saúde Outra iniciativa digna de nota do Governo brasileiro é o Projeto “Ações de Prevenção e Controle do Vírus da Imunodeficiência Humana e a Síndrome de Imunodeficiência Adquirida (HIV/Aids)” na Guiné-Bissau, que se encontra em fase de elaboração pelo Ministério da Saúde do Brasil. O projeto visa a fortalecer a capacidade de resposta nacional do programa de Guiné-Bissau ante a grave epidemia de HIV/Aids que assola o continente africano, particularmente por meio do tratamento universal com terapia anti-retroviral de primeira linha e a prevenção da transmissão materno-infantil. Almanaque Abril 2005 Meio Ambiente Cabo Verde ressente-se de escassez hídrica de uma forma bem mais acentuada que o Polígono das Secas no Brasil. As chuvas são raras e mal repartidas no espaço e no tempo, além de concentradas em curto período. No país não há rios perenes, ocorrendo torrentes ocasionais. No que se refere aos recursos hídricos subterrâneos, sobretudo nas zonas costeiras, os recursos exploráveis estão em avançado processo de salinização devido às intrusões marinhas. Atualmente, trabalha-se localmente com a purificação da água do mar com tecnologia que consome muita energia e torna mais elevado o custo da água para a maioria da população Diante desse quadro, o Brasil está empenhado em cooperar com as autoridades caboverdianas mediante a transferência de tecnologia de dessalinização da água de poços com a participação da comunidade local. A experiência do Estado da Bahia, no Brasil, é extremamente oportuna tanto no que se refere a sistemas de dessalinização de poços em áreas rurais, quanto na participação direta dos usuários na operação e manutenção dos sistemas de baixo custo. O “Projeto Piloto de Dessalinização em Ribeira da Barca” está sendo redesenhado para entrar na fase de implementação em 2006. Formação Profissional Como se sabe, a Guiné-Bissau foi palco, recentemente, de grave conflito político e militar. A crise afetou sensivelmente o incipiente dispositivo de formação profissional do país, ocasionando inclusive a perda do Centro de Formação Industrial (CENFI) e do Instituto Nacional de Formação Profissional (INAFOR), instituições responsáveis, até então, pelo atendimento à demanda de preparação profissional e promoção de empregos. Desta forma, reveste-se de especial importância a cooperação técnica direcionada a essa área. Nesse sentido, o Projeto “Centro de Formação Profissional e Promoção Social em Bissau”, em fase de negociação, prevê, além da construção do centro, o desenvolvimento de programas de qualificação profissional voltados para jovens e adultos. www.abc.mre.gov.br 8 ViaABC publicação da agência brasileira de cooperação | outubro 2005 Moçambique Almanaque Abril 2005 raty (ABC) em parceria com os Ministérios da Educação do Brasil e de Moçambique, e a ONG Alfasol. A partir da experiência do programa brasileiro de Alfabetização Solidária, pretende-se implantar turmas de alfabetização e capacitar alfabetizadores em Moçambique e auxiliar na elaboração de material didático. Um dos PALOP mais comprometidos com a idéia da cooperação prestada brasileira é Moçambique, que, com a assinatura do Acordo Geral de Cooperação entre os Governos brasileiro e moçambicano em 15 de setembro de 1981, passou a desenvolver parcerias nas mais diversas áreas, dentre as quais se destacam educação, agricultura, saúde e esporte. Educação Para reverter os altos índices de analfabetismo e evasão escolar em Moçambique, o Governo brasileiro propôs, em 2002, a implementação da metodologia do Programa Bolsa Escola, desenvolvida com sucesso no Brasil. O projeto “Bolsa-Escola em Moçambique” tem apresentado resultados positivos. O pagamento de 100 bolsas-auxílio a famílias carentes moçambicanas, no valor individual de US$ 20, garantiu a assiduidade das crianças às escolas e, também, a melhoria da qualidade de vida das famílias atendidas. Revisado e reformulado neste ano, o projeto foi prorrogado até novembro, com atualização do valor da bolsa-auxílio, que passará a US$25. Também merece destaque o “Programa de Alfabetização de Jovens e Adultos em Moçambique”, formulado pelo Itama- Agricultura A agricultura e pecuária, praticadas por mais de 80% da população de Moçambique, são caracterizadas por baixo nível de utilização de insumos, baixa produtividade e falta de orientação do produto para o mercado, sendo este essencialmente utilizado para a subsistência familiar. Há no país uma capacidade limitada de geração de novos conhecimentos e tecnologia. O “Projeto de Apoio ao Desenvolvimento e Fortalecimento do Setor de Pesquisa Agropecuária da República de Moçambique”, que está sendo executado pela EMBRAPA, visa ao estabelecimento institucional e operacional do Instituto de Investigação Agrária de Moçambique – IIAM, que terá por objetivo buscar soluções sustentáveis para o agronegócio moçambicano. O Instituto deverá proporcionar a melhoria da segurança alimentar e da renda dos agricultores, a redução dos índices de desnutrição e a manutenção da população rural mediante a elevação dos índices sociais e a diminuição dos desníveis regionais. Saúde Na área de saúde, o combate à AIDS constitui ação prioritária da cooperação técnica prestada pelo Brasil a Moçambique, que já deu origem a dois importantes projetos. O projeto “PCI-Ntwanano”, concluído em 2004, propiciou o tratamento de 100 pacientes moçambicanos com medicamentos doados pelo Brasil, além da capacitação de médicos e da implantação do sistema logístico para o referido tratamento. O projeto “Estudo de Viabilidade para a Instalação de Fábrica de Anti-Retrovirais”, assinado em maio de 2005, encontra-se em fase de execução. O projeto tem como objetivo analisar a possibilidade de produção de medicamentos destinados ao tratamento de DST/AIDS e outras doenças epidêmicas, com vistas ao fortalecimento da indústria farmacêutica moçambicana. www.abc.mre.gov.br Esporte O Ministério do Esporte do Brasil elaborou o projeto “Inserção Social pela Prática Esportiva”, que será complementado por dois programas. O “Programa Segundo Tempo” deverá transferir metodologia de desenvolvimento da prática esportiva integrada ao ambiente escolar, atendendo a 1.000 jovens e adolescentes entre 7 e 17 anos, nas áreas de maior carência econômico-social, e treinando cerca de 40 multiplicadores que serão responsáveis pela implementação do programa. O segundo programa complementar, “Pintando a Liberdade”, tem um importante papel de reinserção social em Moçambique. O programa prevê a instalação de uma fábrica de bolas no Centro Juvenil de Artesanato Mozart, onde membros da comunidade, que cumprem penas alternativas impostas pela Justiça moçambicana, poderão trabalhar de forma remunerada. A produção estimada é de 7.500 bolas, em diversas modalidades esportivas, devendo atingir cerca de 150.000 mil jovens em vários pontos do país. Família beneficiada pelo Programa Bolsa Escola. Programa de Alfabetização de Jovens e Adultos. ViaABC publicação da agência brasileira de cooperação | outubro 2005 9 São Tomé e Príncipe Educação Nos últimos anos, o setor educacional em São Tomé e Príncipe vinha enfrentando dificuldades com a escassez de salas de aula, professores insuficientemente treinados e níveis inadequados de materiais escolares e livros. O programa de alfabetização de adultos havia sido suspenso, havia carência de planejamento e o financiamento para a educação dependia de ajuda externa. Nesse contexto, em 2002, iniciou-se o projeto de cooperação “Alfabetização Solidária em São Tomé e Príncipe”. O Governo brasileiro, em parceria com a ONG Alfabetização Solidária, auxiliou o Governo de São Tomé e Príncipe em ações emergenciais de alfabetização de adultos, implantando 110 salas, e atendendo aproximadamente 2.750 pessoas, em duas fases distintas: um projeto piloto com 10 turmas e uma fase de expansão de 100 turmas. A terceira fase do projeto, iniciada neste ano, implantará 100 novas salas de aula, com o intuito de ampliar e fortalecer os grupos envolvidos com o trabalho de alfabetização. Outro importante projeto em execução na área de educação é o “Bolsa-Escola em São Tomé e Príncipe”, que tem por objetivo aumentar a taxa de escolarização das crianças santomenses. Apesar de já ser bastante elevada, esta taxa pode melhorar com o apoio às famílias que vivem em condições de pobreza. Segundo o relatório de desenvolvimento humano de São Tomé e Príncipe de 1998 (PNUD), as principais razões apresentadas para justificar o abandono escolar referem-se às dificuldades econômicas e à necessidade de entrar no mundo Almanaque Abril 2005 Desde a assinatura do Acordo Básico de Cooperação Científica e Técnica entre Brasil e São Tomé e Príncipe, em 26 de junho de 1984, várias iniciativas de cooperação entre os dois países foram implementadas, tanto por demandas apresentadas por aquele país como por missões realizadas pela ABC àquele país. As perspectivas da cooperação técnica brasileira-santomense são promissoras, especialmente mediante a continuidade dos projetos existentes na área de educação, que já lograram ampliar significativamente os índices de alfabetização e freqüência à rede escolar em São Tomé e Príncipe. de trabalho. Na primeira fase serão contempladas 400 famílias santomenses. Agricultura O setor agrícola continua a ser prioritário em São Tomé e Príncipe, em termos de utilização de mão-de-obra e da produção alimentar destinada sobretudo ao consumo interno. Um dos desafios do Governo local é garantir a alimentação mínima à população crescente, mediante a duplicação da produção atual nos próximos 20 anos. Nesse sentido, o Governo brasileiro desenvolveu com o Governo santomense o projeto de “Apoio ao Desenvolvimento da Área Agrícola de São Tomé e Príncipe”, que deverá dar suporte ao desenvolvimento sustentável do setor, compreendendo as culturas do milho e mandioca, com melhoria da segurança alimentar, redução dos índices de desnutrição e aumento da renda dos agricultores. Outra importante iniciativa da cooperação técnica bilateral nessa área é o projeto “Construção Institucional e Metodológica da Extensão Rural como Instrumento Atividade do Programa Alfabetização Solidária. www.abc.mre.gov.br de Desenvolvimento Sustentável em São Tomé e Príncipe”, que se encontra em fase de implantação. Ele tem por objetivo otimizar a organização da extensão rural e capacitar recursos humanos para a esfera institucional. Para tanto, serão realizados cursos para técnicos de órgãos governamentais de apoio ao setor agropecuário em diversas áreas, incluindo desenvolvimento institucional, desenvolvimento sustentável e interação institucional. Além disso, quatro técnicos santomenses receberão capacitação no Brasil nas áreas de organização institucional, metodologia da extensão rural e plano de retorno elaborado. Saúde O combate à epidemia de HIV/SIDA em São Tomé e Príncipe constitui, atualmente, um dos principais problemas de saúde pública e uma prioridade nacional em termos de políticas públicas. Apenas no ano de 2003 foram diagnosticados 124 casos de AIDS. Há, ainda, um contingente de casos “ignorados” que não permite a conclusão sobre formas de transmissão. Para se fazer face a essa situação, o Governo brasileiro levou a São Tomé e Príncipe o “Programa de Cooperação Internacional em HIV/AIDS”. O programa prevê a capacitação de recursos humanos em manejo clínico, a doação de medicamentos anti-retrovirais e a logística para sua distribuição. Propõe, ainda, apoiar o fortalecimento de organizações da sociedade civil no sentido de uma participação mais ativa no combate à epidemia. A prorrogação do programa vem sendo negociada pelas partes, estando inclusive prevista a ampliação do número de pacientes a serem tratados. 10 ViaABC publicação da agência brasileira de cooperação | outubro 2005 Timor-Leste Almanaque Abril 2005 A primeira missão brasileira ao Timor-Leste aconteceu em 1999, logo após o plebiscito que determinou a independência do país. Na ocasião, foram definidas as áreas com potencial para a prestação de cooperação técnica pelo Brasil. Em julho de 2000, dois anos antes da própria constituição da República Democrática de Timor-Leste, o Governo brasileiro já assinava protocolo de cooperação técnica com a administração transitória das Nações Unidas, a fim de oferecer toda ajuda possível ao novo país em formação. Recentemente, em janeiro de 2005, foi promulgado o Acordo Básico de Cooperação Técnica entre o Brasil e a República Democrática de Timor, que dá atualmente sustentação aos projetos de cooperação bilateral. Primeira missão brasileira ao Timor-Leste, em 1999. Formação Profissional O primeiro projeto de cooperação brasileira iniciado em Timor-Leste foi a criação do “Centro de Promoção Social, Formação Profissional e Desenvolvimento Empresarial de Becora”, com o objetivo maior de contribuir para a reconstrução do país. O centro, que se encontra em pleno funcionamento, dedica-se à formação de mão-deobra nas áreas de construção civil, marcenaria, costura industrial, hidráulica, eletricidade, panificação e informática. Aproximadamente 700 alunos já se beneficiaram dos cursos de formação oferecidos. O projeto encontra-se atualmente em sua segunda fase, cujos objetivos são a consolidação do apoio gerencial ao corpo diretivo do centro, o reforço pedagógico das diversas áreas de ensino e a introdução da área de pequenos negócios. Justiça O desenvolvimento do setor de Justiça de Timor-Leste é considerado elemento essencial à formação do novo Estado, especialmente no momento em que se consolidam as bases da estrutura social e institucional. Com vistas a contribuir para os esforços de consolidação do Estado democrático timorense, o Governo brasileiro desenvolveu o projeto “Apoio ao Fortalecimento do Setor da Justiça de Timor-Leste”. O projeto visa à execução de um grupo de atividades consideradas fundamentais para a criação da base institucional necessária ao funcionamento do Poder Judiciário em Timor-Leste. As seguintes atividades integram o projeto brasileiro: treinamento de defensores públicos, promotores de justiça e juízes, além de elaboração e divulgação de material didático sobre noções de cidadania. Educação Em termos gerais, a população timorense encontra grande dificuldade para ter acesso à educação. Essa situação é agravada ainda mais pela formação insuficiente de professores para a rede de ensino do país. Existem em Timor-Leste cerca de 900 escolas, das quais mais de 80% são primárias, atendendo do 1º ao 6º ano. Todas funcionam em condições extremamente precárias no tocante a recursos humanos e materiais. Aproximadamente 185.000 alunos estão matriculados nas escolas primárias, com www.abc.mre.gov.br Centro de Promoção Social, Formação Profissional e Desenvolvimento Empresarial de Becora, em Díli. um corpo docente em número insuficiente e sem habilitação adequada para o exercício do magistério. O projeto de “Formação de Professores em Exercício na Escola Primária de TimorLeste”, em fase de execução, tem como ponto de partida a experiência brasileira com o Programa de Formação de Professores (PROFORMAÇÃO). O projeto privilegia o domínio dos conteúdos do ensino médio (equivalente à escola secundária em TimorLeste) e a formação pedagógica com vistas à melhoria da qualidade de ensino e à prática docente. Deverá oferecer, de início, certificação literária secundária a 100 (cem) professores da escola primária timorense. No Brasil, essa certificação eqüivale ao ensino médio com habilitação em magistério. Além disso, o projeto prevê a formação de uma equipe de especialistas brasileiros, selecionados e formados no Brasil nas áreas de língua portuguesa, história, geografia, química, biologia, física, matemática, pedagogia e psicologia, para o desenvolvimento das seis áreas temáticas que compõem o PROFORMAÇÃO. Os profissionais brasileiros trabalharão em conjunto com uma equipe de professores timorenses que deverá ficar responsável pela multiplicação e continuidade das ações do projeto em Timor-Leste. Além disso, 12 tutores serão preparados para acompanhar sistematicamente um grupo de professores cursistas, oferecendo apoio técnico, orientação pedagógica e desenvolvendo diversas atividades de avaliação. publicação da agência brasileira de cooperação | outubro 2005 ViaABC 11 Missão à Africa Dando continuidade à política externa do Governo Lula de intensificar a cooperação prestada aos países de língua portuguesa, o Ministro de Estado, Embaixador Celso Amorim, esteve em visita a Luanda (Angola), na última quinzena de julho, para participar da X Reunião Ordinária do Conselho de Ministros da CPLP, acompanhado do Subsecretário-geral de Cooperação e Comunidades Brasileiras no Exterior do Itamaraty, Embaixador Ruy Nogueira, e do Diretor da ABC, Embaixador Lauro Moreira. Foi apresentado, no âmbito da reunião, o Conselho Deliberativo do recém-inaugurado Centro Regional de Excelência em Desenvolvimento Empresarial. Antencedendo a reunião dos Ministros de Estado, teve lugar, também em Luanda, a XI Reunião Ordinária dos Pontos Focais de Cooperação da CPLP, da qual participou missão da ABC che- fiada pelo seu diretor. O principal item da agenda dessa reunião foi a avaliação do quadro geral da cooperação no seio da Comunidade durante o período de julho de 2004 a julho deste ano. Os resultados alcançados foram avaliados pelos países-membros como positivos, com destaque para a implementação dos Centros Regionais de Excelência de Maputo e Luanda. No decorrer do capacidade para formar até 1500 profissionais por ano em diversas áreas, foi o resultado de um projeto da cooperação técnica que vem sendo prestada pelo Brasil a países em desenvolvimento (cooperação horizontal). A transferência da gestão do centro constituiu a última etapa do bem-sucedido projeto. A missão chefiada pelo Embaixador Lauro Moreira visitou ainda Cabo Ver- referido período foi disponibilizado o montante de US$ 1.635.735,42 dos recursos do Fundo Especial da CPLP para a implementação de projetos e ações pontuais. A missão da ABC também proporcionou avanços no âmbito da cooperação bilateral. Em cerimônia realizada no dia 21 de julho, ainda em Luanda, foi efetuada a transferência da gestão do Centro de Formação Profissional do Cazenga para o Governo angolano. O centro, inaugurado em 1999, com de, com o objetivo de discutir com as autoridades caboverdianas detalhes técnico-operacionais relativos à instalação do Centro de Formação Profissional de Praia, fruto também da cooperação prestada pelo Brasil a países africanos. Uma vez que a construção do centro já foi concluída, definiu-se na ocasião o perfil dos capacitandos e os cursos a serem por ele ministrados. As autoridades locais aguardam com expectativa o início das atividades do centro previsto para outubro deste ano. O Ministro de Estado das Relações Exteriores, Embaixador Celso Amorim, na inauguração do Centro de Excelência em Desenvolvimento Empresarial em Luanda, Angola. Da esquerda para a direita, Secretário Carlos Cuenca, Embaixador Lauro Moreira (Diretor da ABC), Embaixador Ruy Nogueira (Subsecretário-Geral de Cooperação e Comunidades Brasileiras no Exterior) e Ministro João Inácio Padilha (Chefe da Divisão da África II). www.abc.mre.gov.br 12 ViaABC publicação da agência brasileira de cooperação | outubro 2005 Juíza brasileira empossada em Tribunal de Recurso do Timor-Leste Notícias Brasil presta cooperação a São Tomé e Príncipe na área do desenvolvimento urbano A ABC e a Caixa Econômica Federal (CEF) realizaram missão a São Tomé e Príncipe, em setembro, para negociar e definir ações bilaterais de cooperação para a transferência de conhecimentos técnicos e o treinamento de recursos humanos no campo do desenvolvimento urbano. Durante os encontros, puderam ser identificadas e detalhadas as bases para o desenvolvimento das atividades previstas em projeto bilateral, destacando-se as seguintes linhas de ação: (a) elaboração do Programa Nacional do Ordenamento do Território e Urbanismo; (b) formulação de políticas de habitação para população de baixa renda; (c) transferência de metodologias de construção não-convencionais que se adeqüem à realidade santomense; e (d) formulação de um projeto-piloto na área de gerenciamento de resíduos sólidos e saneamento básico. [Mais informações pesquise em notícias no sítio www.abc.mre.gov.br] Brasil propõe cooperação com Suíça para manejo sustentável na Mata Atlântica Estiveram reunidos no Itamaraty, recentemente, representantes da Embaixada da Suíça, da Confederação Nacional de Cooperativas da Reforma Agrária do Brasil (CONCRAB) e do Ministério das Relações Exteriores, com o intuito de examinar as grandes linhas do projeto da CONCRAB para o manejo sustentável do maciço florestal da Fazenda de Araupel, no Paraná. O projeto consiste no assentamento de cerca de 1.100 famílias na fazenda paranaense, que possui 9 mil hectares plantados de pinheiros e araucárias, 2 mil hectares de eucalipto e 5 mil hectares remanescentes de Mata Atlântica. Além da importante atividade de manejo florestal, o assentamento desenvolverá também atividades relacionadas à agricultura familiar e à produção de leite orgânico em áreas adjacentes às reservas florestais. No Brasil, o projeto da CONCRAB conta principalmente com apoio do Ministério do Desenvolvimento Agrário, do Meio Ambiente e do IBAMA, fundamentado-se em duas vertentes básicas: (a) a criação da Escola da Madeira (em parceria com várias entidades nacionais), que oferecerá cursos técnicos para os assentados e seus filhos; e (b) a criação de uma empresa associativa entre os assentados com vistas a promover o uso coletivo da área reflorestada, a fim de permitir o manejo mais sustentável da floresta. Paralelamente, busca proporcionar uma alternativa de renda para os assentados por meio da adição de valor agregado à exploração da madeira. A Embaixada da Suíça demonstrou interesse no projeto, sugerindo algumas linhas de ação à parte brasileira. A Juíza brasileira Dora Aparecida Martins Moraes tomou posse, em seis de setembro, no Tribunal de Recurso do Timor Leste. A magistrada integra equipe de quatro cooperantes da Justiça Brasileira enviados ao país asiático com a missão de fortalecer o sistema judiciário local, no âmbito de programa de cooperação técnica prestada pelo Brasil. Além da Dra. Dora Moraes, integram a equipe brasileira o Promotor Público Antonio Carlos Osório Nunes e os Defensores Públicos Orlando Viana Jr. e Vânia Renault Bechara Gomes. A missão terá duração de um ano e os brasileiros atuarão também na formação de recursos humanos locais. [Mais informações pesquise em notícias no sítio www.abc.mre.gov.br] Cerimônia de posse da Juíza Dora Aparecida Martins Moraes. Errata Foi informado no ViaABC de julho de 2005 que a Coordenação-geral de Cooperação Recebida Bilateral, nos últimos 12 anos, recebeu cerca de 1,2 bilhões destinados a 162 projetos e 179 atividades. Este montante, na realidade, foi destinado a 972 projetos e 1059 atividades. Os números anteriormente publicados eram referentes à carteira da CTRB apenas no ano de 2004. [Mais informações pesquise em notícias no sítio www.abc.mre.gov.br] ViaABC ViaABC é uma publicação produzida e editada pela Coordenação Geral de Comunicação e Informação - CGCI / ABC / MRE Agência Brasileira de Cooperação - ABC Esplanada dos Ministérios, Bloco H, Anexo 1, 8º andar, Cep.: 70170-900 Tel.: [061] 3411.6045 / Fax.: [061] 3411.6894 / E-mail: [email protected] www.abc.mre.gov.br