Objetos misteriosos em nossos mares

Transcrição

Objetos misteriosos em nossos mares
OSNI s
Introdução
Objetos misteriosos
em nossos mares
A
partir dos anos 50, na Eagle, popularíssima história em quadrinhos semanal britânica para jovens, a capa colorida e a
segunda página eram invariavelmente dedicadas às aventuras
fantástico-tecnológicas de Dan Dare, piloto do futuro, personagem aeroespacial magistralmente desenhado por Frank
Hampson. Além de combater os guerreiros invasores venusianos Treen,
seres de pele esverdeada guiados pelo cruel cientista macrocéfalo Mekon
com seu sinistro Reino dos Robôs, o herói movia-se em sua astronave
Anastasia. Via de regra, o cenário era de viagens extraterrestres em torno
da Lua ou de Vênus dividido em dois hemisférios por um cinturão de
fogo equatorial, respectivamente habitados pelos humanos Theron e pelos
humanóides reptilianos Treen. Também como fundo cenográfico, havia
outros planetas de remotos sistemas solares, como Cryptos e Phantos, em
guerra entre si. Viam-se expedições extrassolares antecipando a tecnologia
de deslocamentos de velocidade de cruzeiro maiores do que a luz do norteamericano Star Trek, para Terra Nova e mais além.
Entre as várias aventuras do corajoso coronel e piloto da frota espacial Dan Dare, uma merece, indubitavelmente, ser lembrada pela notável originalidade: a frota fantasma, que narra a inesperada e imprevista
chegada ao nosso Sistema Solar de algumas naves espaciais alienígenas
15
Roberto Pinotti
colossais, estruturalmente evocativas da imagem do Atomium, de Bruxelas.
Depois da “amerissagem” dessas últimas nos vários oceanos terrestres e
seu fracionamento em miríades de esferas, a situação aparece em toda sua
clareza: as astronaves alienígenas são verdadeiras arcas cósmicas, tendo
em seu interior os poucos sobreviventes (os Cosmobes) de uma civilização extrassolar anfíbia altamente avançada. Constituída de diminutos
seres humanóides que mediam apenas algumas dezenas de centímetros,
os quais escaparam da destruição do seu planeta 1-Cos, quase inteiramente
coberto pelas águas, após a explosão de uma supernova. Eles pedem asilo
ao governo da Terra, além do direito de acesso aos nossos oceanos onde
possam se instalar pacificamente, usando-os como novo habitat.
Contudo, a situação não é tão simples, pois os pequenos e inócuos exilados alienígenas não estão realmente sozinhos. A poucos dias de
navegação das suas arcas cósmicas, uma frota inteira de invasão se move
em direção à Terra, com os Pescode a bordo, guerreiros expoentes de
outra espécie alienígena, originária do mesmo planeta distante destruído.
Uma raça aquática agressiva, violenta e determinada a fazer do desejado
planeta Terra – com três quartos da sua superfície coberta por água – sua
exclusiva e nova pátria. Suas naves colossais interestelares, de fato, arrasam
inicialmente as defesas da frota espacial terrestre com potentes jatos de gás
avermelhado altamente corrosivo – a terrível Morte Cremisi – que ataca os
metais, destruindo por descompressão explosiva, quase que imediatamente
ao contato, todo aparelho ou meio espacial. Não há, porém, necessidade de
dizer que, junto dessa imensa erupção vulcânica submarina, induzida pela
mesma Morte Cremisi na região de Krakatoa, a história terá, de qualquer
modo, um final feliz com a total e catastrófica destruição dos invasores
hostis e de suas naves. Todos os salmos acabam em glória...
Mais recentemente, com seu L’Universo Sul Fondo, o romancista
norte-americano de ficção científica Allen Steele, nos propôs um cenário com muitos aspectos parecidos: alienígenas anfíbios e aquáticos.
Uma perspectiva de ficção científica, para dizer pouco, sui generis.
Mas 30 anos depois, Hollywood produziu, por outro lado, um filme
de ficção conhecido pela trama muito particular, O Segredo do Abismo
[1989], no qual os protagonistas participam de uma perigosa missão
oceanográfica de resgate que os levará a uma descoberta absoluta16
OSNI s
mente inesperada. No fundo do oceano, eles se deparam com uma base
alienígena, uma grande instalação subaquática de seres extraterrestres
de origem extrassolar, escondida nas profundidades abissais. Só que
a ficção cinematográfica do diretor americano James Cameron pode,
junto com a supracitada história em quadrinhos inglesa de Dan Dare,
corresponder à realidade muito mais do que se possa pensar.
Inúmeras vezes os testemunhos de fenômenos ufológicos verificaram a aparente união dessas insólitas junções em cenários de tipo aquático
(oceanos, mares, lagos e rios), e cada estudioso do problema é bem consciente disso, entrevendo acima de tudo um componente preciso, típico
e recorrente em tais manifestações. Porém, como é sabido, desde 1947,
em todo o mundo se fala de objetos voadores não identificados, OVNIs
ou UFOs [Do inglês unidentified flying objects], e o fenômeno tem sido muitas
vezes associado também a ambientes da hidrosfera terrestre. Excetuandose o volume Invisible Residents [The World Publishing, 1970], do conhecido
biólogo norte-americano Ivan T. Sanderson, não se sabe que já se tenha
sido escrito um livro específico e dedicado em sua totalidade à temática
exclusiva dos assim chamados objetos submarinos não identificados, OSNIs ou
USOs [Do inglês unidentified submarine objects], veículos misteriosos cada vez
mais vistos no ambiente marinho e, provavelmente, ligados à atividade
ufológica. Portanto, o presente volume é caracterizado pela primazia de
ser uma obra, no momento, única em seu gênero.
De qualquer modo, exclusividade bibliográfica à parte, há duas
razões para termos nos empenhado na redação deste texto. Primeira,
para que não tivesse origem apenas no simples e comum fato de muitas vezes termos nos deparado com fenômenos semelhantes durante
nosso quase quarentenário trabalho de estudos e pesquisas no Centro
Ufológico Nazionale (CUN), a mais importante e acreditada organização
privada italiana do gênero, cujos arquivos consultamos também para
este livro. Segunda, uma original e inteligente sugestão dos responsáveis pelo setor de livros da Editoriale Olímpia, bem conscientes
do fato de que, no passado, diversos leitores de uma das publicações
líderes da casa editorial florentina, a histórica e difundida revista do
setor subaquático e marinho Mondo Sommerso, dirigida por Sabina Cupi,
haviam comunicado alguns episódios insólitos ligados a esta questão.
17
Roberto Pinotti
Tanto é que também a revista do CUN, Ufo Notiziario, dirigida por este
autor, sempre sob a visão daquela editora, não pôde ignorá-los.
Contudo, eram e são eventos relatados, mesmo através de fontes
extremamente seguras e respeitáveis, quase que exclusivamente a título
confidencial e anedótico. Às vezes por ouvir dizer e, raramente, através
dos meios de informação. Embora, em geral, havia e há muito mais
por trás deles. Sem dúvida, um episódio familiar. Como nos mostrou o
amigo e colega Cesare Calamandrei, pegamos, como exemplo, o caso de
pequena notícia, naturalmente não levada aos jornais e que aconteceu
na costa toscana, nos arredores de Punta Ala, no início dos distantes
anos 70. O evento refere-se à proprietária de um chalé da periferia, que,
naquele tempo, escondeu a notícia no fundo da memória e não lembra
mais o ano exato. Mas na verdade isto pouco importa.
Em uma magnífica noite límpida, no chalé, na encosta com ampla vista para o Mar Tirreno, os hóspedes se entretinham depois do
jantar em conversas no jardim. As luzes estavam apagadas para evitar as
incômodas incursões de mosquitos e apenas as pontas vermelhas dos
cigarros brilhavam na escuridão. Já se havia passado da meia-noite e, sob
céu nítido e sem Lua, as estrelas pareciam maiores, perdiam-se ao longe,
delimitando o horizonte do mar escuro e invisível. Em certo momento,
um dos hóspedes fez uma observação banal ao notar que, ancorado
muito longe, devia haver evidentemente um grande iate.
De fato, via-se no mar uma série de pequenas luzes dispostas em
fila e próximas entre si. Depois de alguns minutos de diversas considerações e suposições, a atenção geral sobre tal objeto se atenuou, mas, com
certeza, os olhos de todos os presentes se encontravam sempre naquelas luzes, as quais repentina e estranhamente se tornaram maiores. Em
seguida, ainda e cada vez maiores, como se a misteriosa embarcação se
deslocasse pela superfície já não de forma normal, isto é, não seguindo a
linha do horizonte, mas prosseguindo de lado em direção a terra, a fila de
luzes acelerou rapidamente e efetuou súbita conversão, de encontro aos
invisíveis observadores. Logo depois, elevando-se da massa escura do mar,
as luzes haviam assumido as mais respeitáveis dimensões semelhantes às
de um vagão ferroviário e, entre o estupor e o medo dos espectadores,
uma enorme mancha alongada escura e compacta apagou em seguida,
18
Rodrigo Queiroz Bezerra
OSNI s
Objetos submarinos não identificados têm sido registrados em mares e oceanos de todo o mundo, e às vezes também são vistos entrando e saindo de
lagoas, represas e até mesmo de rios, como os da Amazônia
19
Roberto Pinotti
escondendo-as, um pedaço inteiro de estrelas na abóbada celeste proeminente, desaparecendo, por fim, atrás da colina nos seus ombros.
Mas o que haviam observado os presentes? O que havia se elevado das vagas, majestosa e silenciosamente, sobrevoando-as sem dificuldades e indo embora em seguida para a terra firme? Depois de alguns
momentos da mais compreensível perplexidade, todos se lançaram em
conjecturas que alimentaram as posteriores conversas da noite, que
terminaram mais de uma hora depois.
Assim, houve quem necessariamente falou dos misteriosos UFOs
que, de maneira habitual, se notam no verão por causa das melhores condições meteorológicas e de visibilidade no céu, mas também houve quem
falasse dos novos meios militares mais ou menos secretos da Marinha italiana ou da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN). Contudo,
invocar a possível presença de algo de dimensões bem superiores às de um
avião do tipo inglês Harrier teria sido impensável na época. Por outro lado,
um veículo militar qualquer com decolagem vertical teria saído da ponte de
um navio e, certamente, não parou o céu junto com toda a frota naval de
suporte. Além disso, um show efetuado justamente nas proximidades da
costa de Punta Ala, cheia de casas de veraneio, de barcos e iates particulares
parecia muito pouco aceitável. É certo que a Marinha militar jamais efetua
manobras próximas de estruturas e embarcações civis. Por isso, todos foram
dormir desconcertados pelo evento do qual foram testemunhas.
Na manhã seguinte, finalmente, a dona da casa e alguns hóspedes
foram acordados por uma série de vozes e sons inusitados. Levantaramse e constataram surpresos que, no espelho d’água à frente, um navio da
Marinha havia ancorado e colocado em terra um grupo de marinheiros e
civis que, acompanhado por alguns policiais, parecia disposto a explorar
atentamente todo o trecho litorâneo da praia à extremidade da costa e
mais além. Uma parte dos presentes, porém, dirigiu perguntas a alguns
marinheiros ocupados na operação, sem obter qualquer resposta. Essa
gente estava ali evidentemente a serviço e por serviço, e o hermético
silêncio era prova disso. “Eram marinheiros e policiais, quase que certamente
assistidos por expoentes do serviço secreto a paisana. Mas estavam procurando as
pistas de que coisa?”, perguntou um dos presentes. “Se fosse coisa deles,
todas essas manobras de forças seriam inadequadas. Certamente, tratava-se de outra
20
OSNI s
coisa, algo desconhecido”. Seja como for, depois de algumas horas, todo o
grupo embarcou novamente na unidade militar no ancoradouro que
logo zarpou e esse caso específico encerrou-se ali.
Na verdade, não há nada para se espantar. Diferentemente do que
quando acontece em terra firme em noite iluminada e clareada por inúmeras fontes que, na maioria das vezes, não oferecem visibilidade suficiente
sobre qualquer corpo voador luminoso em movimento, as observações
noturnas realizadas no mar, na ausência de reflexos indesejados e com
escuridão absoluta, são caracterizadas por condições melhores de visibilidade. Eis porque, em geral, as observações efetuadas por marítimos e por
pessoal da Marinha militar em particular constituem, talvez, as melhores
sinalizações entre as tantas (além de 350, os dossiês oficiais dos atos até
hoje) que, desde 1979, cabem ao Segundo Departamento do Estado
Maior da Aeronáutica, hoje renomeado Departamento de Segurança
Geral, designado institucionalmente pelo governo italiano para acompanhar o Fenômeno UFO em nosso país, nem mais nem menos do que
têm feito autoridades competentes de outras nações, como o Ministério
da Defesa da Inglaterra, Estado Maior do Exército do Ar na Espanha,
do comando da Aeronáutica da Bélgica e do Serviço de Investigação dos
Fenômenos de Reentrada Atmosférica da França – esta última operante
desde 1977, próxima do Centro Espacial de Toulouse.
Muitas dessas sinalizações estão inseridas justamente no cenário
marinho. Por outro lado, não esqueçamos, a Itália é uma península
contornada por várias ilhas e banhada por cinco mares. Em 1980,
por exemplo, um objeto luminoso esbranquiçado transitou próximo
de Versilia, em Camaiore de Lucca, às 20h00 de 21 de março. Em 17
de novembro, porém, às 19h15, um corpo de cor branca brilhante
atravessou de norte a oeste o céu da ilha de San Paolo. E apenas cinco
minutos mais tarde, Grottaglie, em Taranto, foi alcançada por um fenômeno análogo. Os relatórios oficiais relativos, redigidos pelo pessoal
da nossa Marinha, foram enviados para o Departamento de Segurança
Geral pelo próprio estado-maior da Marinha.
“Em navegação”, disse-nos, em 1991, o comandante do navio de
cruzeiro Eugenio C, da Costa Armatori, “para os homens do mar, de fato, é
possível realmente observar de tudo nas melhores condições de visibilidade, nas trevas
21
Roberto Pinotti
noturnas entre o céu e o mar. Navios e embarcações de todo tipo, aeronaves e meios
aéreos em vôo, fenômenos óticos e elétricos da atmosfera, satélites em trânsito, fenômenos
astronômicos. E também manifestações extremamente insólitas que, de qualquer modo,
estão destinadas a permanecer inexplicáveis. Todavia, tudo isto fica no máximo nos
registros do livro de bordo. Muito dificilmente é filtrado para o exterior e tornado
domínio público. UFOs e OSNIs, portanto, se manifestam nos mares mais
do que se pensa? De fato, tudo nos leva a acreditar nisto.
22
OSNI s
Capítulo 01
Armas secretas ou
tecnologia alien?
D
esde 1947, os meios de informação começaram a relatar as
recorrentes sinalizações de misteriosos corpos voadores não
relacionados a qualquer evento conhecido. A partir de então,
presentes nos céus dos continentes e dos mares de todo o planeta, sem limites de espaço, tempo e língua, a questão sempre
foi notícia. Como se sabe, para dar explicação melhor para o fenômeno,
há quem recorra à teoria extraterrestre, segundo a qual tais objetos viriam
de outros mundos. Os céticos, fenômenos naturais mal interpretados e
mistificações à parte, pensaram, porém, em armas secretas de uma das
grandes potências vencedoras da Segunda Guerra Mundial.
Mas, fazem objeção os defensores da teoria extraterrestre, qual
arma secreta poderia permanecer misteriosa por seis décadas? A questão
já existia, exatamente como se apresenta hoje, antes de 1947, e um número
crescente de fontes históricas e jornalísticas parece documentá-la bastante.
Por outro lado, aumenta o partido dos que aceitam outras possibilidades,
quanto mais a pesquisa retrospectiva se desenvolve, mais novos e inesperados elementos emergem. Até na Itália. Vejamos alguns casos neste
e nos próximos capítulos, que nos mostram quão impressionante e ao
mesmo tempo alarmante é descobrir que a presença alienígena na Terra
pode se manifestar de tantas e tão impensadas formas.
23
Roberto Pinotti
Em Lucchesia, durante a Segunda Guerra Mundial
“No final de abril de 2000”, escreve Moreno Tambellini, presidente do
Gruppo Ricerche Ufologiche Shado di Lucca (GRUSL), “fomos contatados por um senhor, morador da nossa capital, que, por conhecer um episódio ocorrido nas proximidades
da cidade nos anos 40, queria nos falar sobre a história. Segundo ele, era sem dúvida
interessante. Desejando evitar comprometimentos públicos, pediu por expresso que sua
identidade não se tornasse conhecida, ainda que o fato em questão tivesse acontecido com
um conhecido seu: um confiável comerciante de Lucca, infelizmente já morto”.
Tambellini continua, dizendo que era uma tarde de verão ensolarada.
A violência do segundo conflito mundial, ainda no crepúsculo, dilacerava e
ensangüentava as regiões. Os homens, os poucos remanescentes das casas,
procuravam levar adiante a vida cotidiana, valendo-se de trabalhos úteis
para a comunidade. Naquele dia, era isso o que estava fazendo em Coselli,
pequena região nas proximidades de Guamo, a poucos quilômetros de
Lucca, um senhor que chamaremos de Antônio. Então, como era hábito
nos meses anteriores ao inverno, ele caminhava para o corte de lenha
num bosque próximo quando ouviu um agudíssimo sibilo produzido por
algo não conhecido. Deve-se pensar que, naquela época, especialmente
nessa região, o silêncio reinava soberano. O sibilo durou alguns minutos,
o suficiente para aborrecê-lo. Sem hesitação, encaminhou-se em direção
do curioso barulho, atravessando a vegetação espessa. Depois de alguns
passos, entreviu, pousado no chão em uma clareira, um objeto de aparência
metálica de forma elipsóide com diâmetro de aproximadamente 10 a 12
m e com cor de alumínio. Parecia muito luminoso, mas ele não relatou se
o efeito se devia ao próprio objeto ou se era reflexo do Sol.
E as surpresas ainda não haviam acabado, pois Antônio viu muito
bem dois indivíduos próximos ao objeto que, aparentemente, pareciam
dispostos a consertá-lo. Nesse momento, a distância que o separava dos
dois seres não era mais do que 50 a 60 m. Não viu se os personagens
saíram do disco, tendo-os observado já fora deste, atentos ao trabalho e,
de qualquer modo, não se espantou muito. Afinal, estavam em guerra e
logo pensou em um avião alemão ou aliado, de nova concepção, já que
na época falava-se muito de armas secretas, em especial no caso dos nazistas. Por outro lado, os dois seres vestiam macacão do tipo usado pelos
24
OSNI s
pilotos militares. Não usavam nenhum capacete ou boné. Suas formas
anatômicas eram praticamente iguais às nossas, pelo menos por aquilo
que Antônio podia ver. Pela lógica, podiam ser, portanto, justamente dois
pilotos militares, tanto de um lado como do outro.
Nesse ponto, Antônio concluiu que o objeto devia ser uma máquina secreta que, com certeza, estavam escondendo de civis. Procurando
não chamar a atenção, retornou lentamente, chegando de novo ao seu
lugar de trabalho. Nesse meio tempo, o sibilo se interrompeu. O homem
não viu o objeto levantar vôo, pois a mata era muito densa, nem voltou
ao lugar da aterrissagem nos dias seguintes. Pelo menos foi isso que relatou a testemunha aos familiares, o mesmo que informou a Tambellini.
É importante salientar que a cidade de Coselli foi palco de um insólito
encontro, em 1929, fato do qual encontramos pistas no volume UFO in
Itália, de diversos autores, publicado em 1974.
“Em seguida às informações colhidas verbalmente”, prosseguiu Tambellini,
“equipou-se um grupo para inspeção, cujo objetivo obviamente não era encontrar pistas
ou provas de qualquer natureza, mas fotografar o local para ilustração da exata
conformação do território, objeto da nossa investigação”. Reencontrar o lugar
não foi tarefa fácil para o grupo. Uma vez identificado, providenciou-se
a verificação das condições do território que, como disse um habitante
da região, não era muito diferente de quando ocorreu o episódio. A
região, de fato, se apresentava, e se apresenta ainda hoje, desprovida
de quaisquer habitações em um raio de vários quilômetros, inserida em
paisagem completamente selvagem, com a clareira em questão rodeada
por árvores do tipo pinheiro mediterrâneo e abetos.
Recentemente, ainda de acordo com observações de Tambellini,
verificaram-se alguns episódios dos quais emergiram fatos e circunstâncias
que remontam aos chamados arquivos fascistas, relativos aos UFOs dos
anos 30 e 40, e essa interessante documentação vai, obviamente, enriquecer
a já nutrida fileira de avistamentos obtidos dos anos 50 em diante. O caso
em questão entra na estatística do período bélico, mostrando características
que não divergem dos sucessivos casos ufológicos de contatos imediatos
de terceiro grau, a sexta e última categoria em ordem progressiva, segundo cânones da classificação de eventos ufológicos, elaborada pelo pai da
Ufologia, o saudoso astrônomo norte-americano Joseph Allen Hynek.
25
Roberto Pinotti
Agora, o caso é bastante conhecido e suas fases importantes são todas
respeitadas: a descoberta, o contato, a aparente indiferença da testemunha
e das próprias entidades, voltam de qualquer forma aos anais mais clássicos
da já histórica Ufologia, constituído desde avistamentos extremamente
concretos de objetos à inequívoca aparência das máquinas.
O que dizer em especial sobre esse caso específico? A maior aflição
é, obviamente, é a de não se ter podido falar com a testemunha direta, o
que não nos permite expressar qualquer parecer definitivo, pelo menos em
relação à fidedignidade da testemunha. De qualquer modo, fica o fato de
todas as pessoas que entrevistamos demonstrarem ser plenamente dignas
de fé, e o mesmo disseram elas, concordantemente, sobre o protagonista
falecido. “Devemos, portanto, arquivar esse caso como muito crível e seguramente como
uma peça complementar que, na ausência de eventuais outros elementos, há de somar-se
ao gigantesco quebra-cabeça da Ufologia”, conclui Tambellini, autor, entre outros,
do interessante livro Alieni in Itália [Edizioni Mediterranee, 1966], dedicado
aos contatos imediatos de terceiro grau na nossa península.
Os UFOs, antes mesmo da Segunda Guerra Mundial
Entre 1996 e 2000, o Centro Ufologico Nazionale (CUN) recebeu, a
mim endereçados, um conjunto de documentos originais enviados por
correspondente mantido anônimo, ligado a um dos componentes de certo
órgão secreto presidido pelo senador Guglielmo Marconi e constituído
pelo governo italiano nos anos 30: o Departamento RS-33, em que RS
significa Pesquisas Especiais, em italiano, e 33, o ano da sua constituição,
1933. Foi criado por vários estudiosos com o objetivo de examinar no
nível de retro-engenharia ou engenharia reversa, os vários avistamentos
de misteriosos objetos voadores discóides recolhidos na península italiana.
São relatórios reservados sobre aviões não convencionais que haviam
violado o espaço aéreo da Itália fascista. O regime de Mussolini, considerando-os novos revolucionários aviões espiões franceses ou ingleses,
pretendia copiar como tecnologia aeronáutica.
Os relatórios em questão, depois de análises e verificações feitas
por mim e pelo colega Alfredo Lissoni, foram objeto de específica
investigação técnica elaborada pelo perito do Tribunal de Como,
26
Archivos del Nazifascismo
OSNI s
Mussolini [Esquerda] e Hitler, ainda nas décadas de 30 e 40, sabiam positivamente da presença alienígena na Terra e perseguiam a possibilidade de abater
discos voadores para adquirir sua tecnologia para fins bélicos
doutor Antônio Garavaglia. Demonstraram-se genuínos e realmente da época, autenticando assim, por um lado, os avistamentos do
que depois seriam chamados discos voadores no céu de Mestre, em
1936, e, por outro, os inúmeros sobrevôos de máquinas voadoras não
identificadas entre 1933 e 1939, na Itália e na Albânia.
Os estudos conduzidos sobre uma forma de aviação superior pelo
Departamento RS-33 deviam, então, ser conhecidos do aliado alemão no
final da Segunda Guerra Mundial. Enquanto tais estudos permaneciam no
nível puramente teórico na Itália, o Terceiro Reich, que havia começado
a produzir as secretas Vergeltungswaffen nazistas, ou armas V – da V1 até
a V9 – na esperança de virar a sorte do conflito, tentou sem sucesso a
realização prática de alguns protótipos de asas rotatórias sobre projetos
de Miethe, Belluzzo, Schriever e outros.
De qualquer modo, o importante do ponto de vista histórico é
salientar o fato de que os modernos UFOs já eram conhecidos nos anos
27
Roberto Pinotti
30 na Itália, e que o governo fascista, antecipando em mais de 14 anos
os Estados Unidos, constituiu a primeira comissão de estudos sobre o
fenômeno no mundo, chamada Nihil Sub Sole Novi. Em todo caso, se os
UFOs estavam presentes antes do segundo conflito mundial, é possível
que outros avistamentos desse período venham à tona de um momento
para outro. E relacionado não apenas com o universo aéreo, mas também,
alcançamos assim o tema específico deste livro, o mundo da água.
A incrível história de um marinheiro de submarino
Em 1952, eu era um menino de oito anos muito precoce e – ainda
filho único – era levado periodicamente por meu pai à barbearia, na época
na Viale Don Mizoni, perto da nossa primeira casa florentina da Via Leonardo da Vinci. Naquele ano, depois de ter cortado meus cabelos, enquanto
lia Topolino, a revista do Mickey Mouse, esperando por meu pai, o barbeiro
e um cliente também à espera conversavam sobre lembranças comuns da
guerra. Começaram assim a discutir as épicas ações de sabotagem efetuadas pelos intrépidos invasores da nossa Marinha com os míticos meios
subaquáticos conduzidos por homens-rãs, os chamados porcos, carregados
com potente carga explosiva contra a frota britânica. Desta forma, forçavam
com sucesso os portos ingleses de Suda, Malta e Gibraltar.
Eram todas histórias de coragem e heroísmo, sem conotação política,
que não podiam despertar interesse em um menino como eu. Em especial,
a de um homem que havia estado nos submarinos que, num certo ponto,
passou a entoar nostalgicamente e em voz baixa La Canzone dei Sommergibili
[A canção dos Submarinos], um hino do corpo de marinheiros que eu, realmente, já conhecia por ter ouvido minha avó paterna Emma, que me era
muito próxima na época, cantarolar anteriormente:
Em italiano:
Sfiorando l’onde nere nella fitta oscuritá
Dalle torrette fiere ogni sguardo attento sta
Taciti ed invisibili partono i sommergibili
Cuori e motori d’assaltatori contro l’immensitá!
Andar pel vasto mar ridendo in faccia a Monna Morte ed al Destino
28
OSNI s
Colpir e seppellir ogni nemico che s’incontra sul cammino!
É cosí que vive il marinar nel profondo cuor del sonante mar
Del nemico e delle avversitá se ne infischia perché sa che vincerá.
Tradução:
Passando rente sobre as ondas negras na espessa escuridão
Pelas torres altivas cada olhar atento está
Calados e invisíveis partem os submarinos
Corações e motores de assaltantes contra a imensidão!
Ir pelo vasto mar rindo na cara da Dona Morte e do Destino.
Golpear e enterrar cada inimigo que se encontra no caminho!
É assim que vive o marinheiro no profundo coração do sonoro mar
Do inimigo e das adversidades ignora porque sabe que vencerá.
Assim que acabou a primeira estrofe, precedi-o, entoando eu, a
segunda estrofe, que reproduzo a seguir para enriquecer e dar corpo à
narrativa que ouvi em seguida, daquele interessante senhor:
Em italiano:
Una mattina grigia di foschia nell’albeggiar
Una torretta bigia spia la preda al suo passar
Dritto e sicuro parte il siluro, schianta e sconvolge il mar!
Andar per vasto mar ridendo in faccia a Monna Morte ed al Destino.
Tradução:
Uma manhã cinzenta de neblina no amanhecer
Uma torre cinzenta espreita a presa no seu passar
Direito e seguro parte o torpedo, rompe e agita o mar!
Ir pelo vasto mar rindo na cara da Dona Morte e do Destino.
Porém, fui interrompido de repente pelo homem que, com olhos
brilhantes e ar incrédulo, levantou-se da cadeira, abraçou-me e beijou
meu rosto, comovido. Eu não esperava mesmo. “Muito bem, menino”, disse,
fixando-me nos olhos, quase chorando. “Mas quem te ensinou?” Respondi:
“Minha avó e seu filho, isto é, meu tio, Piero, que foi marinheiro de submarino”.
29
Roberto Pinotti
Disse que vovó Emma me havia feito conhecer Julio Verne e, para estimular minha fantasia de menino, fizera a leitura do famoso Vinte Mil
Léguas Submarinas com as mirabolantes aventuras do Nautilus e do capitão
Nemo. Falei que meu tio havia embarcado e que meu pai também havia
prestado serviço militar na Marinha durante o conflito. Lógico, portanto,
que eu fosse profundamente apaixonado por submarinos. A partir de
então, um gostoso diálogo transcorreu.
“O senhor estava nos submarinos durante a guerra?”, perguntei. “Sim,
e poderei lhe contar histórias gloriosas e incríveis desse período”. E contou o
homem um fato realmente estranho que lhe marcou mais do que
qualquer outro durante o período do seu embarque. “Um dia, meu
submarino estava em missão de guerra. Estávamos no Atlântico à caça dos
comboios anglo-americanos exatamente como os U-Boote da Marinha alemã,
então nossa aliada. O Sol havia acabado de se pôr, o mar estava mais agitado e
o tempo era tudo, exceto bonito. Justamente por esse motivo, em vez de seguirmos
a cota periscópica, navegávamos havia vários minutos em emersão para distinguir
melhor, à distância, o navio inimigo no crepúsculo. Investigando as águas pelo
binóculo em certo ponto da torre, meu comandante, ao lado do qual eu estava de
sentinela, indicou-me algo no mar a bombordo. Olhei e vi no horizonte uma faixa
de mar bem definida que parecia estranhamente iluminada pelo fundo. De impulso,
pensei em um submarino adversário. ‘O inimigo’, disse imediatamente. ‘Damos o
alarme? ’ O comandante replicou que não sabia se seria o caso de ordenar o posto
de combate: ‘Olhe que não é navio nem submarino. Observe bem’.
E prosseguiu o homem: “Continuamos assim a seguir o estranho espetáculo, até que uma grande massa luminosa arredondada pareceu sair das vagas para,
em seguida, em saída vertical da superfície em direção ao céu, desaparecer nas nuvens
próximas, mergulhando e desaparecendo de vista”. Ao perguntar- lhe o que teria
sido aquilo, ele disse que era algo sólido, mas não um submarino. E parecia
menos ainda com um avião. No final, o comandante pensou que talvez
se tratasse de um fenômeno ótico, uma miragem, e disse que, de qualquer
maneira, não era o caso de se abalar. “Mas eu não via assim. Era algo mais do
que visão ou efeito ótico. Porém, no passar de um minuto, o espetáculo já havia acabado
e a superfície do Atlântico se tornara profundamente cinzenta e silenciosa, enquanto caía
a noite. Sem pista de nada. Mas, para mim, algo de concreto havia se elevado do mar e
realmente voado por entre as nuvens. E não era, claro, o Holandês Voador”.
30
Arquivo UFO
OSNI s
Os foo fighters já eram amplamente observados por toda a Europa, nos cenários
da Segunda Guerra Mundial, dando indicações claras de serem controlados por
inteligências avançadas e certamente não terrestres
Fiquei chocado com a narração, mas não fiz comentários. Alguns minutos depois, meu pai entrou na barbearia, cumprimentando a todos. Recebeu
do homem uma série de exagerados elogios sobre mim, pagou o corte de
cabelo e me levou para casa, onde lhe contei o acontecido. O episódio, que
não teve nenhuma seqüência, permaneceu, porém, vividamente impresso
em minha memória de menino, pois me lembro de que naquele mesmo dia
o jornal noturno da rádio RAI, Radiosera, deu a notícia de um disco voador e
seu suposto “piloto marciano” haverem sido fotografados numa geleira, em
Berna. Tratava-se do famoso Caso Monguzzi, do qual a imprensa ocupou-se
amplamente, logo destinado a ser indicado como falsidade fotográfica.
Na ocasião, perguntei a meu pai o que era um marciano. Ele me
explicou serenamente, com extrema consistência e sem julgamentos, que
se tratava do suposto habitante de Marte, um planeta provavelmente não
muito diferente da Terra, perdido no infinito céu estrelado como o nosso.
Um planeta de onde, talvez, viessem esses discos voadores dos quais, em
31
Roberto Pinotti
todo caso, os jornais haviam começado a falar com insistência há alguns
anos, como revolucionárias máquinas voadoras. Constatei isso com extrema
atenção e seriedade. E em minha mente não pude, portanto, fazer menos
do que ligar, de algum modo, os dois episódios. Contudo, minha intuição de
criança então devia, em seguida, demonstrar-se extremamente aguçada.
Mistério nas margens da batalha de Capo Matapan
Avistamentos misteriosos, de fato, sempre caracterizaram os
mares e os oceanos de todo o mundo. Voltando ao período da Segunda
Guerra Mundial, a conhecida e infeliz batalha de Capo Matapan foi,
para a Marinha italiana, um evento triste que provoca até hoje profunda
dor, mesmo passados tantos anos. Naquele longínquo 29 de março de
1941, no combate com a frota britânica, 2.308 marinheiros italianos
encontraram a morte e repousam no grande mar, ao sul do Peloponeso.
Foram perdidas cinco unidades navais italianas: os cruzadores Fiume,
Pola e Zara, e os contratorpedeiros Alfieri e Carducci.
Já se escreveu muito sobre a batalha. Muitos foram os livros, os
comentários, as reconstituições, as comemorações e as críticas. Mas esse
evento está e estará sempre presente nas mentes e nos corações dos italianos. Em tempos mais próximos, a revista Marinai d’Itália, no 55º aniversário
da batalha, comemorou o evento no número de março de 1996, publicando
dois fatos absolutamente singulares. O que se segue é a prestação de contas
de um dos dois episódios, publicado no jornal Tirreno, de 11 de fevereiro
de 1955, do almirante Aldo Cocchia, o qual foi informado do fato por
uma testemunha ocular: o marinheiro Giovanni Pinta.
Durante a última guerra, Pinta estava embarcado no cruzador Fiume,
quando este foi duramente atingido pelo fogo dos encouraçados britânicos
no decorrer da trágica batalha. Resultaram inúteis as tentativas de apagar os
incêndios ocorridos a bordo e o comandante deu a ordem de abandonar
o navio, se deixando, então, afundar com ele. Um grupo de sobreviventes,
vagando à deriva sobre uma jangada sem água e sem víveres, foi recolhido
depois de cinco dias. Mas no amanhecer do segundo dia...
“Foi um pouco antes que o Sol aparecesse”, relata Pinta ao almirante
Cocchia. “Mar, apenas mar, um mar calmo e oleoso. Não tínhamos nada
32
OSNI s
para beber nem para comer e alguns de nós já eram tomados pelo desespero, mas
o navio, todos nós o avistávamos a umas quatro ou cinco milhas. Despontava
do mar, primeiro os mastros, a chaminé, o torreão de comando. Qual de nós
não teria reconhecido o Fiume? Surgiu a ponte de comando, depois surgiram os
canhões. Surgiu quase até a ponte, mas com uma lentidão de matar. Alguém
gritou, mas naquele casco de navio surgido no mar havia algo que não dava
alegria, algo que aterrorizava em vez de alegrar”.
E prosseguiu a interessante narrativa: “Por um longo instante, nos
convencemos de que o Fiume se aproximaria, que viria nos pegar, que nos tiraria
da agonia em que vivíamos. O navio, porém, permaneceu parado ali durante um
tempo, sem fazer nada. Depois, pouco a pouco, quase friamente, desapareceu”. Esse
episódio, narrado por Pinta a seu superior, dava conta de alguns homens
perdidos no mar que reviam seu navio afundado duas noites antes. Um
episódio vivido, certamente, em um estado particular, de necessidade e
de angústia, mas confirmado por todos aqueles que, junto com Pinta,
foram os desafortunados protagonistas. Mas esse fenômeno do cruzador
Fiume não foi o único fora do comum verificado durante a tragédia de
Capo Matapan. No mesmo artigo do almirante Cocchia, foi relatado
outro fato inexplicável, ocorrido um pouco antes.
Durante a batalha, o primeiro a ser atingido foi o cruzador Pola,
que, tomado pelas chamas, ficou imobilizado no meio do mar. Em seu
socorro, moveram-se os cruzadores Fiume e Zara, escoltados por quatro
contratorpedeiros. Porém, os dois navios se disseram em socorro ao Pola
e ignoravam que estavam sendo percebidos imediatamente pelos radares
adversários, aparelhos que os italianos não tinham. Os ingleses, portanto,
perceberam os navios italianos e, em seguida, primeiro pelos radares e
depois diretamente, quase como batedor da formação italiana, delinearam
um cruzador tipo Colleoni na proa dos dois maiores: Fiume e Zara.
“Dos navios britânicos, todos o viram”, escreve Cocchia. “Viram-no e dispararam contra ele, que, incendiado, não se afastou do campo de batalha”. O avistamento
e a ação que se seguiu a isso foram anotados em relatório oficial pelo almirante Cunnigham, comandante da formação britânica. Mesmo os sobreviventes do Pola, que assistiram inertes ao combate, afirmaram que viram
um Colleoni abandonar o campo em chamas. Porém, das várias fontes
históricas que minuciosamente relataram tudo o que aconteceu durante a
33
batalha, resulta, com absoluta certeza, que naquela noite, naquelas
águas, nenhum outro navio esteve presente, além dos ingleses e
dos dois italianos que navegaram
em socorro ao Pola.
“Não só isso. O estranho é que
justamente naquelas águas do mar Egeu,
cerca de oito meses antes de Matapan,
o cruzador Colleoni foi afundado, combatendo, corajoso, o Sidney britânico”,
prosseguiu Cocchia. Logo, não
podia ser o Colleoni. Nenhuma
outra unidade naval italiana se encontrava naquelas águas. Então,
contra quem os ingleses dispararam? E o que se afastou deles, incólume, apesar das canhonadas recebidas?
Não sabemos. Mas, evidentemente, tratava-se de um corpo sólido e flutuante, das mais respeitáveis dimensões de um cruzador de batalha.
Episódios como esses lembram, por alguns aspectos, os relatados
por foo fighters, misteriosos caças inflamados observados durante a fase final
da última guerra no front europeu. Estes últimos, notadamente isolados ou
em formação, seguiam os aviões aliados sobre a Alemanha e Japão, mas
sem jamais atacá-los. Pensou-se, então, em novo tipo de aviões do Eixo
de Guerra. Contudo, depois, descobriu-se que os alemães e os japoneses
também os haviam visto, pensando por sua vez que fossem meios aéreos
norte-americanos ou britânicos de novíssima geração. É, de qualquer maneira, apenas nos anos 50 que, em paralelo às contínuas aparições de UFOs
nos céus de todo o mundo, começam também a ser vistos na hidrosfera
terrestre os OSNIs, versão aquática dos UFOs.
Repetidos incidentes do Estreito de Bass
No verão de 1942, um avião militar da Real Força Aérea Australiana [Royal Australian Air Force, RAAF] estava patrulhando o Estreito de
34
SUFOI
Roberto Pinotti
Arquivo UFO
OSNI s
O piloto australiano Frederich Valentich, uma das muitas vítimas de UFOs em
várias partes do mundo, que sumiu sem deixar rastros a bordo de seu avião
Cessna, como este acima, no Estreito de Bass, ao sul da Austrália
Bass, entre a Austrália e a Tasmânia, à procura de algumas provas sobre
estranhas luzes noturnas vistas por pescadores na região. Em pleno dia,
pouco antes das 18h00, o piloto se encontrou diante de um incrível objeto
voador oval de aparência metálica, compacto e com reflexos bronzeados,
com 50 m de comprimento e 15 m de largura, munido do que parecia
uma cúpula de acrílico. Por alguns momentos, o objeto se pôs ao lado
do avião, seguindo em vôo paralelo a este. Depois, fez uma repentina
conversão de rota e se dirigiu para a superfície do oceano, mergulhando
em grande velocidade e desaparecendo por entre as ondas.
Que não devia se tratar de um acidente foi demonstrado pelo
fato de que, segundo o relato do piloto, o intruso efetuou um splash
down suave, seguindo as normas aeronáuticas, mesmo em grande velocidade, mergulhando no mar sem qualquer impacto destrutivo. Nenhum fragmento emergiu na superfície. Foi como se um “submarino
voador” houvesse mergulhado no oceano.
35
Roberto Pinotti
Quase dois anos depois, na mesma região, em fevereiro de 1944, um
bombardeiro do tipo Beaufort da RAAF estava voando a 400 km/h na cota em
torno de 1.400 m quando foi ladeado à distância de 30 m por certa massa escura,
caracterizada por espécie de esteira aparentemente causada por seu sistema
propulsor. O objeto ficou emparelhado com o Beaufort durante 20 minutos,
não acelerando e, portanto, não se distanciando do avião a bordo do qual, por
toda a duração do encontro, o rádio e os sistemas de navegação pararam de
maneira inexplicável. Curiosamente, durante a Segunda Guerra Mundial, ainda
na região do Estreito de Bass, vários aviões em missão não deram mais notícias
e foram considerados perdidos, embora a atividade inimiga fosse totalmente
inexistente. O expansionismo japonês, de fato, havia se direcionado para a
Austrália, mas as limitadas ações de guerra nipônicas só haviam interessado à
Nova Guiné e às zonas de mar ao norte do continente austral.
Muitos anos depois, a mesma região do Estreito de Bass tornou-se,
porém, palco de um episódio aéreo, cuja dramaticidade logo rodou o mundo. 19h06 de 21 de outubro de 1978. O jovem piloto Frederich Valentich
se encontrava em vôo sobre a região no comando de um avião Cessna
182 quando, de repente, comunicou à torre de controle do aeroporto de
Melbourne que seu avião estava sendo seguido por um grande aparelho
munido de quatro luzes brilhantes. O objeto em questão não apresentava
asas, propulsor ou leme e tinha forma alongada. E depois de ter ladeado o
Cessna, começou a se exibir em uma espécie de brincadeira. Eis, momento
a momento e em transcrição integral, o texto do diálogo de seis minutos
pelo rádio entre o piloto e a torre de controle:
n 19h06
Valentich — Há algum tráfego conhecido abaixo de 1.600 m?
Torre — Negativo.
Valentich — Um grande avião está presente abaixo de 1.600 m.
Torre — Que espécie de avião?
Valentich — Não posso identificá-lo. Ele apresenta quatro luzes
brilhantes, como faróis de aterrissagem. Acabou de me ultrapassar a um
36
OSNI s
pouco mais de 300 m de distância...
Torre — Confirma a presença desse grande avião?
Valentich — Afirmativo. A julgar pela velocidade que segue, poderia se
considerar um meio militar. Ele aparece na faixa?
Torre — Negativo.
n 19h08
Valentich — Melbourne, ele está se aproximando de mim, vindo
pelo leste. Parece que brinca comigo. Está voando a uma velocidade que não
consigo estimar...
Torre — Qual é sua cota?
Valentich — 1.500 m.
Torre — Confirma que não pode identificar o avião?
Valentich — Afirmativo.
n 19h09
Valentich — Não é um avião. Está... (interrupção)
Torre — Pode descrevê-lo?
Valentich — Voa diante de mim. Sua forma é alongada. Não consigo
distinguir mais. Agora está vindo para mim. Parece imóvel. Estou girando
ao seu redor, mas ele também faz isso comigo, mantendo-me abaixo dele.
Externamente, tem um farol verde e uma luz metálica... Sumiu.
Torre — Confirma que desapareceu?
Valentich — Afirmativo. Souberam com que tipo de avião eu me
deparei? É militar?
Torre — Não existe nenhum tráfego militar na região.
A seis minutos do início do diálogo pelo rádio, a última comunicação
do piloto, em que informa que o objeto reapareceu e está voando sobre si:
37
Roberto Pinotti
n Hora 19h12
Valentich — Melbourne, o motor está no mínimo e engasga...
Torre — O que pretende fazer?
Valentich — Sigo para King Island. Agora o avião desconhecido segue
acima de mim...
Torre — Recebido.
Segue um prolongado barulho metálico e, enfim, o contato pelo
rádio se interrompe. De Frederich Valentich não se soube mais nada,
assim como do seu avião. Foram inúteis as buscas imediatas na região: os
meios aéreos e navais não encontraram a menor pista. Nada! O piloto foi
considerado missing, perdido. Mas também a idéia de colisão em vôo com
o misterioso avião desconhecido parece irreal, considerando que nenhum
destroço ou fragmento jamais foi encontrado pelos socorristas. “Sumiram
no nada”, comentaram os responsáveis pela operação de socorro.
Seja como for, o comunicado de Valentich é perfeitamente coerente
com as precisas descrições, na mesma região, feitas por pilotos militares da
RAAF em 1942 e em 1944, relativas ao encontro com aeronaves desconhecidas em condições de amerissar e seguir em incrível mergulho. Mas em
matéria de anomalias aéreas, o Estreito de Bass não tem exclusividade.
38

Documentos relacionados