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Atualidades Prof.:Cassio Albernaz Atualidades BNDES Prof. Cássio Albernaz [email protected] http://www.facebook.com/cassioalbernaz VEJA O MEU BLOG!!! http://saberatualidades.blogspot.com/ CONCURSO BNDES Conhecimentos Gerais: Política, Economia, Educação, Tecnologia, Energia, Relações Internacionais, Ecologia e Cidadania. O que é uma prova de Atualidades? Corriqueiramente, concurseiros dos mais diversos níveis se deparam com essa pergunta e a resposta não é tão óbvia quanto parece ser. A origem dessa confusão começa no conteúdo dos próprios programas de provas das diferentes instituições organizadoras. As bancas organizadoras possuem diferentes compreensões sobre o que vem a ser uma prova de Atualidades. Portanto, a aprovação na prova de Atualidades começa por uma leitura atenta do edital de prova e do seu conteúdo programático. Apesar das dificuldades e das desconfianças que se possa ter com relação a este conteúdo existem alguns terrenos seguros nos quais podemos nos debruçar. Para desvendar esses “nós” devemos definir algumas prioridades. Inicialmente, é possível entender atualidades como o domínio global de tópicos atuais e relevantes. Nesse sentido, domínio global significa saber situar e se situar frente aos temas, algo diferente de “colecionar” e “decorar” fatos da atualidade. A relevância de tais tópicos se dá em função da “agenda” de debates do momento e do conteúdo programático do concurso que se vai realizar. Ou seja, nem tudo interessa para uma prova de Atualidades. Numa prova séria e bem feita de Atualidades (e pasmem elas existem!), o mundo das celebridades, o vai e vem do mercado futebolístico, o cotidiano do noticiário policial, etc., têm pouco valor como conteúdo de prova. Assim, os fatos só passam a ser conteúdos de prova quando possuem valor histórico, sociológico, e político para compreensão da realidade presente e dos seus principais desafios. Prof. Fernando Aprato Página 1 Atualidades BNDES Dessa forma, o conteúdo de prova refere-se as “atualidades” e seus fatos através de um desencadeamento global de conhecimentos e noções que se relacionam ao contexto nacional e ao internacional. Portanto, tal conteúdo tem como característica fundamental a interpretação do fenômeno histórico político e social a partir de seus diferentes tópicos: política econômica; política ambiental; política internacional; política educacional; política tecnológica; políticas públicas; política energética; política governamental; aspectos da sociedade; bem como o desencadeamento de relações entre esses conteúdos e os fatos da atualidade. Desde já, chama-se a atenção para o fato de que o conteúdo de Atualidades é muito diferente de outros conteúdos. Não existem fórmulas, macetes, atalhos, “musiquinhas”, ou qualquer outro estratagema capaz de preparar um aluno para tal empreitada. O que existe é interesse e leitura. O que esse material oferece então é o direcionamento para a prova. As chaves de interpretação, modos de pensar e de relacionar os conteúdos serão fornecidos em aula. Assim, colocamos à disposição textos e comentários para informação e reflexão prévia sobre os principais tópicos de Atualidades. Por que estudar Atualidades? Para além da resposta óbvia: - para passar no concurso! - o conteúdo de atualidades é hoje um diferencial em tempos de concursos tão disputados, pois as médias de acertos são elevadas nas matérias mais tradicionais, como Português, Direitos, etc., os acertos no conteúdo de Atualidades podem lançar o candidato muitas posições à frente. Esse argumento ganha maior peso porque a maioria dos concurseiros não sabe o que estudar e nem como estudar. Para além desse fato, saber refletir sobre Atualidades é um ato de conscientização política e social, engajamento, e cidadania, por isso muitos concursos públicos exigem esse conhecimento de forma orientada. Dessa forma, pergunto aos concursandos: Por que não estudar Atualidades? Bons estudos! Cássio Albernaz Prof. Fernando Aprato Página 2 Atualidades BNDES Clipping de Notícias: Os textos aqui apresentados são referências de temas atuais que podem ser abordados para a prova de Atualidades e/ou conhecimentos gerais Política LEI DA FICHA LIMPA PASSA NO SUPREMO E JÁ VALE NESTE ANO FICHA LIMPA É CONSTITUCIONAL E VALE PARA ELEIÇÕES DESTE ANO, DIZ SUPREMO Autor(es): FELIPE RECONDO, MARIÂNGELA GALLUCCI O Estado de S. Paulo - 17/02/2012 Depois de quase dois anos e 11 sessões de julgamento, a Lei da Ficha Limpa foi considerada constitucional pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e será aplicada integralmente já nas eleições deste ano. Pela decisão, a lei de iniciativa popular atingirá também atos e crimes praticados antes da sanção da norma, em 2010. A partir das eleições de 2012, não poderão se candidatar políticos condenados por órgãos judiciais colegiados por crimes como lavagem de dinheiro, formação de quadrilha e contra o patrimônio público, improbidade administrativa, corrupção eleitoral ou compra de voto, entre outros, mesmo que ainda possam recorrer da condenação. Também estarão impedidos de disputar as eleições aqueles que renunciaram aos mandatos para fugir de processos de cassação por quebra de decoro, como fizeram, por exemplo, Joaquim Roriz (PSC-DF), Paulo Rocha (PT-PA), Jader Barbalho (PMDB-PA) e Valdemar Costa Neto (PR-SP). Detentores de cargos na administração pública condenados por órgão colegiado em processos de abuso de poder político ou econômico, ou que tiverem suas contas rejeitadas, também serão barrados. Prof. Fernando Aprato Página 3 Atualidades BNDES Pelo texto da lei aprovado pelo Congresso e mantido pelo STF, aqueles que forem condenados por órgãos colegiados permanecem inelegíveis a partir dessa condenação até oito anos depois do cumprimento da pena. Esse prazo, conforme os ministros, pode superar em vários anos o que está previsto na lei. Se um político for condenado a cinco anos de prisão por órgão colegiado, por exemplo, já estará imediatamente inelegível e continuará assim mesmo se recorrer da sentença em liberdade, até a decisão em última instância. Se o Superior Tribunal de Justiça (STJ) confirmar a pena de cinco anos, o político ficará inelegível durante o período de reclusão. Quando deixar a cadeia, terá início o prazo de oito anos de inelegibilidade previsto pela Ficha Limpa. Depurado. "Uma pessoa que desfila pela passarela quase inteira do Código Penal, ou da Lei de Improbidade Administrativa, pode se apresentar como candidato?", indagou o ministro Carlos Ayres Britto. Ele explicou que a palavra candidato significa depurado, limpo. O ministro disse que a Constituição tinha de ser dura no combate à improbidade porque o Brasil não tem uma história boa nesse campo. "A nossa tradição é péssima em matéria de respeito ao erário", disse Ayres Britto. "Essa lei é fruto do cansaço, da saturação do povo com os maus tratos infligidos à coisa pública." Por terem de analisar todos os artigos da lei, o julgamento teve diversos placares. Por 6 votos a 5, os ministros julgaram que a Ficha Limpa vale para fatos ocorridos antes da sanção da lei, em 2010. De acordo com Gilmar Mendes, julgar constitucional a lei para atingir casos já ocorridos seria abrir uma porta para que o Congresso aprove legislações casuísticas para atingir pessoas determinadas com base no que fizeram no passado. "Não há limites para esse modelo. Isso é um convite para mais ações arbitrárias", afirmou. Além dele, votaram contra a retroatividade os ministros Celso de Mello, Marco Aurélio Mello e Cezar Peluso. Por 7 votos a 4, o Supremo julgou constitucional barrar candidatos condenados por órgãos colegiados. Gilmar Mendes, Celso de Mello, Dias Toffoli e Cezar Peluso consideram que, nesses pontos, a Ficha Limpa viola o princípio da presunção da inocência, segundo o qual ninguém será considerado culpado antes de condenação definitiva. Por 6 votos a 5, os ministros julgaram não ser exagerado o prazo fixado na lei para que permaneça inelegível o político condenado por órgão colegiado - oito anos a contar do fim do cumprimento da pena. Cinco ministros defendiam que o prazo começasse a contar da condenação pelo órgão colegiado. Assim, quando a pena fosse cumprida, o político poderia se candidatar. Prof. Fernando Aprato Página 4 Atualidades BNDES Desde 2010, o STF tentava concluir o julgamento da aplicação e da constitucionalidade da Lei da Ficha Limpa. Em 2011, com a posse de Luiz Fux, foi decidido que a norma só valeria a partir das eleições de 2012. A chegada de Rosa Weber no fim do ano passado deixou o STF novamente com 11 ministros e, assim, permitiu a conclusão do julgamento de constitucionalidade da lei. SUPREMO CONDENA DIRCEU POR FORMAÇÃO DE QUADRILHA MAIORIA DO SUPREMO CONDENA DIRCEU COMO "CHEFE DE QUADRILHA" DO MENSALÃO Autor(es): Felipe Recondo, Mariângéla Gallucci, Eduardo Bresciani e Ricardo Brito O Estado de S. Paulo - 23/10/2012 Os ministros também consideraram culpados José Genoino, Delúbio Soares e Marcos Valério • Votação apertada (6 a 4) dá direito a recurso • Tribunal encerrou o julgamento do mensalão com 25 réus condenados O STF concluiu ontem a votação sobre os crimes do mensalão. confirmando a denúncia da Procuradoria-Geral da República, apresentada em 2006, segundo a qual o ex-ministro José Dirceu era "chefe de quadrilha" montada para comprar apoio político no primeiro mandato do ex-presidente Lula. Dirceu, José Genoino e Delúbio Soares foram condenados pelo crime de formação de quadrilha por seis votos a quatro. A margem apertada do placar dá direito aos condenados de utilizar o recurso do embargo infringente. Se aceito, o Supremo terá de fazer uma nova avaliação do caso. Com a conclusão da fase de votação, 25 réus foram condenados e o STF julgou que o governo Lula comprou votos no Congresso para a aprovação de projetos de seu interesse. O Supremo Tribunal Federal concluiu ontem a votação dos crimes do mensalão confirmando a denúncia da Procuradoria-Geral da República, apresentada em 2006, segundo a qual o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu era "chefe de quadrilha" montada para comprar apoio político no primeiro mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Dirceu, o ex-presidente do PT José Genoino e o ex-tesoureiro do partido Delúbio Soares foram condenados pelo crime de formação de quadrilha por seis votos a quatro. A margem apertada do placar dá direito aos condenados de utilizar um recurso chamado embargo infringente. Se aceito, o Supremo terá de fazer uma nova avaliação do crime. Com a conclusão da fase de votação ontem, 25 réus foram apontados culpados de integrar o esquema de pagamento de parlamentares entre os anos de 2003 e 2005. Nas Prof. Fernando Aprato Página 5 Atualidades BNDES palavras do ministro Celso de Mello, decano do tribunal, "um dos episódios mais vergonhosos da história política do País" operado por "homens que desconhecem a República, pessoas que ultrajaram as suas instituições e que, atraídos por uma perversa atração do controle criminoso do poder, vilipendiaram os signos do Estado democrático de direito e desonraram com seus gestos ilícitos e ações marginais a ideia que consignam o republicanismo na nossa Constituição". Agora, os ministros do Supremo vão discutir as penas dos condenados - elas devem ser definidas até o fim da semana. Após quase três meses de julgamento, os ministros concluíram que houve uso de dinheiro público para pagar parlamentares, que houve empréstimos fraudulentos para abastecer esses pagamentos, que o dinheiro serviu para comprar apoio político e que tudo foi comandado por Dirceu num esquema de quadrilha. "Tenho para mim que, neste perfil, reside a verdadeira natureza dos membros dessa quadrilha, que em certo momento histórico de nosso processo político, ambicionou tomar o poder, a constituição e as leis do País em suas próprias mãos. E isso não pode ser tolerado", disse Celso de Mello. "No caso houve a formação de uma quadrilha das mais complexas, envolvendo, na situação concreta, o núcleo dito político, o núcleo financeiro e o núcleo operacional", afirmou o ministro Marco Aurélio Mello. "Havia um projeto delinquencial de natureza política", afirmou o ministro Luiz Fux. Quatro integrantes da Corte não julgaram que o grupo constituiu uma quadrilha. Para esses ministros, entre eles Rosa Weber e Cármen Lúcia, os réus não se juntaram com o fim de integrar um grupo destinado à prática indeterminada de crimes. Agora, na chamada dosimetria das penas, o relator do processo, Joaquim Barbosa, deve ser mais rigoroso com quem estava no topo da cadeia de comando do esquema. Dirceu deve ser um dos a primeiros a ter sua pena anunciada pelos crimes de corrupção ativa e quadrilha. BARBOSA CRÍTICA ‘ASILO’ A CONDENADOS NO MENSALÃO BARBOSA DIZ QUE ABRIGAR CONDENADOS NA CÂMARA É VIOLAÇÃO DA CONSTITUIÇÃO O Estado de S. Paulo - 21/12/2012 A possibilidade de a Câmara dar abrigo a deputados condenados no mensalão para evitar prisões foi classificada ontem como “uma violação das mais graves à Constituição” pelo presidente do STF e relator do processo, Joaquim Barbosa. Mais cedo, o presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), não descartou a hipótese de acolher os deputados condenados - como a Polícia Federal, que executa as prisões, não tem autorização para entrar no Parlamento, eles estariam “a salvo” da cadeia no fim de ano. Barbosa fez ainda outras críticas ao Legislativo, onde, para ele, há uma “tirania inconsequente, ignorante, sem noção, como se diz por aí”. Hoje Barbosa decidirá sobre o pedido do procurador-geral Prof. Fernando Aprato Página 6 Atualidades BNDES da República, Roberto Gurgel, para a prisão imediata dos condenados. Ele emitiu sinais contraditórios sobre qual posição vai adotar A possibilidade de a Câmara dos Deputados dar abrigo a parlamentares condenados no processo do mensalão para evitar prisões foi classificada ontem como "uma violação das mais graves à Constituição" pelo presidente do Supremo Tribunal Federal e relator da ação, Joaquim Barbosa. A declaração foi dada após o presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), dizer que não descarta a hipótese de acolher os deputados condenados, para protegê-los (leia abaixo). Barbosa fez outras críticas ao Legislativo, no qual haveria a "tirania do grande número", uma "tirania inconsequente, ignorante, sem noção, como se diz por aí". O ministro afirmou que os ataques feitos às decisões do Supremo decorrem de falta de compreensão do sistema jurídico e de "falta de leitura". O presidente do STF afirmou que não cabe a uma "autoridade política" decidir sobre prisão. "A proposição de uma medida dessa natureza, de acolher condenados pela Justiça no plenário de uma das Casas do Congresso, é uma violação das mais graves à Constituição brasileira." Desde que o Suprgmo decidiu pela perda de mandato dos deputados condenados no processo, Judiciário e Legislativo trocam rusgas pela imprensa. As divergências se agravaram após liminar do ministro Luiz Fux impedir a derrubada do veto presidencial na lei dos royalties do petróleo antes de outros 3 mil vetos serem apreciados pelo Congresso. Para rebater outra declaração de Maia - a de que é o Congresso quem nomeia e cassa ministros do STF -, Barbosa classificou-a como fruto de "desconhecimento puro das instituições". Disse que jamais poderia se cogitar crime de responsabilidade - hipótese em que o mandato pode ser retirado - quando um ministro do STF cumpre sua função. Barbosa observou que a República brasileira é constituída pela separação de poderes e defendeu o sistema como melhor do que um modelo que privilegiasse o Legislativo. "Não há tirania maior do que a do grande número, e essa tirania do grande número, em geral, se estabelece no Par- " lamento, uma tirania inconsequente, ignorante, sem noção, como se diz por aí." Prerrogativas» O ministro refutou acusações de que o STF tenha tomado prerrogativas do Legislativo. "As pessoas são eleitas para gozarem de privilégios que não são extensivos ao cidadão comum? Inclusive privilégios de natureza penal, privilégios consistentes em atacar o patrimônio público e violar de maneira grave todo sistema de normas do país. Será que a Constituição confere esse tipo de privilégio?", questionou. "Isso é falta de compreensão do nosso sistema jurídico constitucional, falta de leitura, de conhecimento do próprio País, da Constituição do País." Barbosa confirmou que vai ser o responsável pela execução penal do processo do mensalão, definindo onde os condenados pagarão suas penas. O presidente do STF afirmou que cada ministro tem de estar preparado para a repercussão das decisões que toma e disse estar "lisonjeado" com pesquisas de intenção devoto para a Presidência da República que apontam até 10% para seu nome. "Mas isso, evidentemente, não muda em nada aquilo que sempre fui, um ser absolutamente alheio a partidos políticos7", disse. Questionado sobre as críticas de condenados a sua atuação, foi irônico: "Não discuto com réus meus", afirmou, encerrando a entrevista. Prof. Fernando Aprato Página 7 Atualidades BNDES Presidente do STF nega prisão imediata de condenados do mensalão 21/12/2012 Alex Rodrigues Repórter da Agência Brasil O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, acaba de negar o pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR) para que os condenados à prisão no julgamento da Ação Penal 470, o processo do mensalão, sejam presos imediatamente. Barbosa considerou injustificáveis os argumentos apresentados pela PGR. O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, solicitou na última quarta-feira (19) que as sentenças do STF fossem executadas o quanto antes. Gurgel argumentava que as decisões tinham que cumpridas tão logo proclamadas já que não há outra instância a quem os condenados possam recorrer além do próprio STF. Ao contrário dos advogados de defesa de vários condenados, que sustentavam que a sentença não poderia ser executada enquanto não fossem esgotados todos os recursos jurídicos a que os condenados têm direito. “Não podemos ficar aguardando a sucessão de embargos declaratórios [tipo de recurso], haverá certamente a tentativa dos incabíveis embargos infringentes [outra forma de recurso]. E o certo é que o tempo irá passando sem que a decisão tenha a necessária efetividade”, justificou o procurador-geral. Edição: Carolina Pimentel PMDB, PSDB e PT conquistam o maior número de prefeituras 29/10/2012 Ivan Richard e Marcos Chagas* Repórteres da Agência Brasil O PMDB, partido do vice-presidente da República, Michel Temer, foi a sigla que conquistou o maior número de prefeituras – 1.041 – entre os 5.568 municípios onde houve disputa eleitoral. O PSDB ficou em segundo lugar, com 718 municípios, seguido pelo PT, que venceu em 566, de acordo com levantamento feito pela Empresa Brasil de Comunicação (EBC), com base em dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Em quatro cidades o resultado das eleições poderá ser mudado devido a decisões judiciais. Criado no ano passado e disputando sua primeira eleição, o PSD saiu vitorioso da disputa pelo Executivo municipal em 502 cidades, ficando em quarto lugar, seguido pelo PP (472), PSB (428), PDT (319), PTB (297), DEM (278), PR (277) e PPS (126). Entre as 26 capitais, o PSB, do governador de Pernambuco, Eduardo Campos, foi a legenda mais vitoriosa, com cinco conquistas - Recife, Fortaleza, Cuiabá, Porto Velho e Belo Horizonte-, seguido pelo PT, partido da presidenta Dilma Rousseff, e do PSDB, do senador Aécio Neves (MG), que venceram em quatro cada. O PT ganhou em São Paulo, Rio Branco, João Pessoa e Goiânia. Já o PSDB saiu vitorioso em Teresina, Manaus, Belém e Maceió. Prof. Fernando Aprato Página 8 Atualidades BNDES O PDT, do ex-ministro Carlos Lupi, ficou em quarto lugar em número de capitais conquistadas – Porto Alegre, Curitiba e Natal –, seguido pelo PP, PMDB e DEM, com duas cada. O PP, do deputado federal Paulo Maluf, ganhou em Palmas e Campo Grande, o PMDB, no Rio de Janeiro e em Boa Vista, e o DEM em Aracaju e Salvador. Pela primeira vez em sua história, o PSOL ganhou uma disputa pelo Executivo municipal ao conquistar a prefeitura de Macapá. O PTC, PSD e o PPS também venceram a disputa em uma capital cada: São Luís, Florianópolis e Vitória, respectivamente. Levando em conta a votação do primeiro turno, o PT foi o partido que recebeu o maior número de votos em todo o país, com 17.188.748, à frente do PMDB, que obteve 16.665.662 votos, conforme levantamento do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), com base em dados do TSE. O PSDB ficou em terceiro lugar em número de votos, com 13.842.265, seguido pelo PSB (8.600.892), PDT (6.248.481) e PSD (5.813.451). O PT conseguiu o melhor resultado, considerando o número de votos, porque obteve votações expressivas em grandes centros, como São Paulo, maior colégio eleitoral do país, Salvador, Belo Horizonte e Fortaleza. *Colaborou Iolando Lourenço Edição: Graça Adjuto PT leva tombo, mas segue como o maior partido nas cidades grandes Publicado em Carta Capital O segundo turno das eleições municipais pelo País confirmou uma tendência verificada ainda no primeiro turno. Embora tenha conquistado São Paulo, a maior cidade brasileira, o PT sofreu um grande tombo em vários dos municípios mais populosos. Ainda assim, continua com o maior número de prefeituras nas 186 cidades com mais de 100 mil eleitores. O partido é seguido pelo PSDB, que teve uma expressiva alta, pelo PMDB, que caiu, e pelo PSB, sigla que deixou as urnas com motivos para comemorar. Somados os números de eleitores, o PT é hoje a legenda que governa para mais pessoas no Brasil. Antes das eleições, o Partido dos Trabalhadores comandava 46 das 186 maiores cidades do país. A partir de 2013, o partido terá 32 prefeitos. A queda maior ocorreu nos municípios com um número de eleitores entre 150 mil e 200 mil. Nas 36 cidades deste recorte, o partido tinha 13 prefeituras e conquistou apenas cinco. Nos 83 municípios com mais de 200 eleitores, o PT caiu de 21 para 16 prefeitos. Mesmo com a perda de 14 cidades entre as 186 maiores, o PT continuará governando um grande número de eleitores. São 17,5 milhões de um total de 64,1 milhões, o equivalente a 27% do total. Além de São Paulo (que faz a diferença, com seus 8,6 milhões de eleitores), o PT ganhou nas outras quatro maiores cidades da Grande São Paulo – Guarulhos (825 mil eleitores), São Bernardo do Campo (574 mil), Santo André (553 mil) e Osasco (543 mil) – e em outros grandes municípios, como Goiânia (850 mil), João Pessoa (480 mil), São José dos Campos (455 mil) e Uberlândia (444 mil). Prof. Fernando Aprato Página 9 Atualidades BNDES PSDB e PSB crescem O PSDB teve o maior ganho entre todos os partidos nas cidades com mais de 100 mil eleitores, passando de 19 prefeituras antes das eleições para 31 em 2013, tornando-se o segundo maior partido neste recorte, com um município a menos que o PT. Os tucanos ganharam seis cidades a mais entre as 83 maiores (foram de 9 para 15), com destaque para as capitais Manaus (1,1 milhão de eleitores) e Belém (1 milhão). Outros municípios importantes nas mãos do PSDB são Teresina (531 mil eleitores), Maceió (500 mil), Sorocaba (427 mil), no interior paulista, e Jaboatão dos Guararapes (416 mil), região metropolitana de Recife. No total de eleitores governados nos 100 maiores municípios, o PSDB aparece em terceiro lugar, com 8,8 milhões. O quarto colocado neste quesito é o PSB, com 8,7 milhões de eleitores. Os socialistas tinham nove das 186 maiores cidades e agora têm 18. O PSB conseguiu se destacar nos maiores municípios. Além de ganhar cinco capitais (Belo Horizonte, Fortaleza, Recife, Cuiabá e Porto velho), o partido conquistou cidades importantes, como Campinas (785 mil eleitores) e Duque de Caxias (602 mil), respectivamente os terceiros maiores colégios eleitorais de São Paulo e Rio de Janeiro. PMDB tem o segundo maior eleitorado Assim como ocorreu com o PT, o PMDB sofreu uma queda expressiva (perdeu sete prefeituras no universo das 186 maiores), mas continua com força. A legenda tem 29 municípios sob controle, com uma quantidade de eleitores de 10,1 milhões. As maiores cidades com prefeitos do PMDB são Rio de Janeiro (4,7 milhões de eleitores), Nova Iguaçu (561 mil), Juiz de Fora (386 mil) e Joinville (369 mil). Os dez partidos com mais prefeituras nos 186 maiores municípios PT - 32 municípios, com 17,5 milhões de eleitores PSDB - 31 municípios, com 8,8 milhões de eleitores PMDB - 29 municípios, com 10,1 milhões de eleitores PSB - 18 municípios, com 8,7 milhões de eleitores PSD - 12 municípios, com 2,3 milhões de eleitores PDT - 11 municípios, com 4,2 milhões de eleitores PP - 11 municípios, com 2 milhões de eleitores DEM - 8 municípios, com 3,6 milhões de eleitores PPS - 7 municípios, com 1,2 milhão de eleitores PCdoB - 6 municípios, com 1,5 milhão de eleitores Quem tem mais municípios no geral? Na totalidade dos mais de 5,5 mil municípios brasileiros, o segundo turno confirmou que o PMDB ainda é o maior partido. A sigla, entretanto, está em queda. Neste ano, segundo levantamento do portal G1, o PMDB elegeu 1.031 prefeitos, contra 1.201 de em 2008, queda de 14,15%. O PSDB aparece em segundo lugar, com 702 municípios, 11,12% a menos que os 791 de 2008. O PT aparece em terceiro lugar, com 636 municípios. O partido é, junto com o PSB, um dos poucos que cresceu. Em 2002, o PT elegeu 558 prefeitos, 13,98% a menos que neste ano. Prof. Fernando Aprato Página 10 Atualidades BNDES Em quarto lugar aparece o PSD, com 497 municípios. Não é possível medir o crescimento da sigla, já que ela foi criada depois das eleições de 2008. O quinto maior partido é o PP, com 467 municípios 15,25% menos que os 551 de 2008. O PSB é o sexto partido, com 443 prefeituras, 42,9% a mais que os 310 de 2008. A lista dos dez maiores partidos em todo o Brasil PMDB - 1.031 prefeituras, com 23,1 milhões de eleitores PSDB - 702 prefeituras, com 16,5 milhões de eleitores PT - 636 prefeituras, com 27 milhões de eleitores PSD - 497 prefeituras, com 8,65 milhões de eleitores PP - 467 prefeituras, com 7,2 milhões de eleitores PSB - 443 prefeituras, com 15,3 milhões de eleitores PDT - 311 prefeituras, com 9,05 milhões de eleitores PTB - 294 prefeituras, com 4 milhões de eleitores DEM - 277 prefeituras, com 6,7 milhões de eleitores PR - 273 prefeituras, com 4,18 milhões de eleitores Economia G-20: Posição da Grécia no cenário de crise expõe divisão e vulnerabilidade da União Europeia Ao abrir-se a reunião do G-20, em Cannes, sob a presidência da França, os países da zona do euro e da UE (União Europeia) apresentam-se divididos e vulneráveis às pressões dos Estados Unidos e dos Brics – grupo que reúne Brasil, Rússia, Índia e China. Vulnerabilidade que decorre, em grande parte, da posição da Grécia no cenário de crise. Obtido na madrugada do dia 27 de outubro, depois de muitas reuniões técnicas e de intervenções diretas da chanceler alemã, Angela Merkel, e do presidente francês, Nicolas Sarkozy, o acordo sobre a zona euro e a dívida grega foi saudado como uma etapa importante da construção europeia. Apenas alguns dias depois, tudo parece rolar por água abaixo com a decisão de George Papandreou, o primeiro ministro socialista grego, de submeter o acordo a um referendo nacional. Sem data certa – a imprensa grega diz que o voto popular será provavelmente realizado em janeiro –, o anúncio do referendo já provocou uma queda nas bolsas e gerou novas tensões na UE. Segundo este acordo, em troca de severas restrições orçamentárias controladas pela UE, o FMI (Fundo Monetário Internacional) e o Banco Central Europeu, a Grécia obteria um abatimento de 50% em sua dívida com os bancos europeus e novos empréstimos da União Europeia. Alvo de protestos em seu país, Papandreou resolveu transferir para o Prof. Fernando Aprato Página 11 Atualidades BNDES eleitorado grego a responsabilidade pelo acordo que endossou em Bruxelas na quinta feira passada. Questionada por deputados de sua própria legenda, a atitude do primeiro-ministro ameaça novamente a moeda única europeia. A notícia surpreendeu e irritou os outros governos europeus, já que nada levava a crer que Papandreou fizesse esta altíssima aposta política. De fato, uma sondagem recente indicou que 60% dos gregos desaprovam o acordo de Bruxelas. O primeiro-ministro grego pensa que poderá virar o jogo eleitoral e obter uma maioria favorável ao acordo no referendo do mês de janeiro. Mas os especialistas observam que a Grécia tem pouca experiência em referendos e que, num escrutínio de um só turno que exige maioria absoluta, a vitória de Papandreou não será fácil. Como declarou ao “Financial Times” uma alta fonte da UE, o anúncio do referendo foi “como um raio num céu azul”. No meio tempo, interveio a notícia da falência da corretora americana MF Global, causada por seus investimentos nos títulos das dívidas da Bélgica, Itália, Irlanda e Portugal. Mencionada de maneira discreta, a hipótese de uma exclusão da Grécia da zona euro é agora tema de discussão entre as lideranças europeias. Depois de o presidente Sarkozy declarar que o acordo europeu para a adesão de Atenas ao euro, realizado no final dos anos 1990, havia sido “um erro”, um editorial do jornal Le Monde afirma que o anúncio do referendo grego “leva a questionar a presença da Grécia na zona euro”. Nestas circunstâncias, as dissensões entre os países membros da zona euro aparecem à luz dia. Não se restringindo à Grécia. Numa conferência de imprensa no fim de semana, ao ser interrogado sobre a credibilidade do plano italiano de contenção de despesas públicas, o presidente Sarkozy sorriu ironicamente. Foi o que bastou para surgir uma crise política entre Paris e Roma, com o ministro italiano dos negócios estrangeiros, Franco Frattini, acusando a França de atiçar “um ataque dos especuladores” contra a Itália. Cidadania Brasil fica em 84ª em ranking de desenvolvimento humano Brasil ocupa a 84ª posição no ranking do IDH 2011 (Índice de Desenvolvimento Humano), em uma lista que traz 187 países. O Brasil avançou uma posição em relação ao ano passado e tem desenvolvimento humano considerado alto, segundo o relatório divulgado nesta quarta-feira pelo Pnud (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento). O IDH considera basicamente três aspectos: saúde, educação e renda. Para o Brasil, foram levados em conta os seguintes dados: 7,2 anos médios de estudo, 13,8 anos esperados de escolaridade, além de expectativa de vida de 73,5 anos. Em relação ao Prof. Fernando Aprato Página 12 Atualidades BNDES rendimento, foi registrada uma Renda Nacional Bruta per capita de US$ 10.162 (ajustados pelo poder de compra). O IDH varia de 0 a 1 --quanto mais próximo a 1, melhor a posição do país no índice. Considerando a evolução do Brasil ao longo do tempo, o valor passou de 0,549 (em 1980) para 0,665 (em 2000), chegando neste ano ao patamar de 0,718. Tuca Vieira/Folhapress Embora se enquadre na categoria de país com desenvolvimento humano elevado, o Brasil fica atrás de dez países da América Latina. Na região, apenas Chile e Argentina têm desenvolvimento humano considerado muito elevado. TOPO DO RANKING No ranking deste ano, a Noruega voltou a ocupar a 1ª posição da lista, seguida por Austrália e Holanda. Os Estados Unidos ficaram em 4º lugar. Todos esses países têm desenvolvimento humano considerado muito elevado, de acordo com o relatório apresentado pelo Pnud. Na Noruega, por exemplo, a média de escolaridade é de 12,6 anos, enquanto no Brasil essa taxa fica em 7,2 anos. Todos os dez últimos colocados no ranking estão na África. A República Democrática do Congo ocupa a última posição (187ª), com o menor índice de desenvolvimento humano, seguida por Niger e Burundi. Nos últimos anos, cerca de 3 milhões de pessoas morreram vítimas da guerra na República Democrática do Congo, onde a esperança de vida ao nascer é de apenas 48,4 anos, segundo o relatório do Pnud. AJUSTE Desde o ano passado, o Pnud divulga também o IDH-D (o IDH ajustado à desigualdade). Esse índice contabiliza a desigualdade na distribuição de renda, educação e saúde. Alguns países têm pontos "descontados", como é o caso do Brasil. O IDH do Brasil neste ano é 0,718, enquanto o índice ajustado à desigualdade fica em 0,519. Outro índice divulgado pelo relatório é o IDG (Índice de Desigualdade de Gênero), que se baseia em três pilares (saúde reprodutiva, autonomia e atividade econômica). No cálculo, Prof. Fernando Aprato Página 13 Atualidades BNDES são considerados dados como a mortalidade materna e a taxa de participação no mercado de trabalho. Numa lista de 146 países, o Brasil ficou com a 80ª posição do IDG. Um dos aspectos que pesou foi o fato de o Brasil, segundo o relatório, ter apenas 9,6% dos assentos parlamentares ocupados por mulheres. Classe C passou a ser maioria da população brasileira em 2011, mostra pesquisa 22/03/2012 Marli Moreira Repórter da Agência Brasil No ano passado, 2,7 milhões de brasileiros mudaram o perfil de renda, deixando as classes D e E para fazer parte da classe C. Além disso, 230 mil pessoas saíram da classe C e entraram para as classes mais ricas (A e B). A maior da parte da população (54%) fazia parte da classe C em 2011, uma mudança em relação ao verificado em 2005, quando a maioria (51%) estava na classe D/E. Um total de 22% dos brasileiros está no perfil da classe A/B, o que também representa um aumento em comparação ao constatado em 2005, quando a taxa era 15%. É o que mostra a sétima edição da pesquisa Observador Brasil 2012, feita pela empresa Cetelem BGN, do Grupo BNP Paribas, em parceria com o instituto Ipsos Publics Affairs. O levantamento indica ainda que a capacidade de consumo do brasileiro aumentou. A renda disponível, ou o montante de sobra dos ganhos, descontando-se as despesas, subiu de R$ 368, em 2010, para R$ 449, em 2011, uma alta de pouco mais de 20%. Na classe C, houve um aumento de 50% (de R$ 243 para R$ 363). Enquanto a renda média familiar das classes A/B e D/E ficaram estáveis, na classe C cresceu quase 8%. Mas a pesquisa mostra que em todas as classes houve um aumento da renda disponível, que ultrapassou R$ 1 mil, entre os mais ricos. “O aumento da renda disponível em todas as classes sociais indica que houve maior contenção de gastos”, destaca a equipe técnica responsável pela pesquisa. Prof. Fernando Aprato Página 14 Atualidades BNDES Censo 2010: Síntese dos principais resultados O Censo 2010 detectou, ainda, que, embora muitos indicadores tenham melhorado em dez anos, as maiores desigualdades permanecem entre as áreas urbanas e rurais. O rendimento médio mensal das pessoas de 10 anos ou mais de idade, com rendimento1, ficou em R$ 1.202. Na área rural, o valor representou menos da metade (R$ 596) daquele da zona urbana (R$ 1.294). O rendimento das mulheres (R$ 983) alcançou cerca de 71% do valor dos homens (R$ 1.392), percentual que variou entre as regiões. A taxa de analfabetismo, que foi de 9,6% para as pessoas de 15 anos ou mais de idade, caiu em relação a 2000 (13,6%). A maior redução ocorreu na faixa de 10 a 14 anos, mas ainda havia, em 2010, 671 mil crianças desse grupo não alfabetizadas (3,9% contra 7,3% em 2000). Entre as pessoas de 10 anos ou mais de idade sem rendimento ou com rendimento mensal domiciliar per capita de até ¼ do salário mínimo, a taxa de analfabetismo atingiu 17,5%, ao passo que na classe que vivia com 5 ou mais salários mínimos foi de apenas 0,3%. Apesar de a infraestrutura de saneamento básico ter apresentado melhorias entre 2000 e 2010, mesmo nas regiões menos desenvolvidas, estas não foram suficientes para diminuir as desigualdades regionais no acesso às condições adequadas. A região Sudeste se destacou na cobertura dos três serviços (abastecimento de água, esgotamento sanitário e coleta de lixo), ao passo que o Norte e o Nordeste, apesar dos avanços, estão distantes dos patamares da primeira. Um exemplo é o abastecimento de água por rede geral, que atingiu 90,3% dos domicílios do Sudeste, bem acima dos 54,5% na região Norte.O Censo 2010 detectou também mudanças na composição por cor ou raça declarada. Dos 191 milhões de brasileiros em 2010, 91 milhões se classificaram como brancos, 15 milhões como pretos, 82 milhões como pardos, 2 milhões como amarelos e 817 mil indígenas. Registrou-se uma redução da proporção brancos, de 53,7% em 2000 para 47,7% em 2010, e um crescimento de pretos pardos e amarelos. Foi a primeira vez que um Censo Demográfico registrou uma população branca inferior a 50%. Ao investigar a possibilidade de haver mais de uma pessoa considerada responsável pelo domicílio, observou-se que cerca de 1/3 deles tinha mais de um responsável. Nos demais, o homem foi apontado como único responsável em 61,3% das unidades domésticas. A mulher mostrou-se mais representativa como cônjuge ou companheira (29,7%), enquanto apenas 9,2% dos homens aparecem nessa condição. Além destes, os resultados do Universo do Censo Demográfico 2010 apresentam dados sobre crescimento e composição da população, unidades domésticas, óbitos, registro de nascimento, entre outros. As informações, coletadas em todos os 57.324.167 domicílios, estão disponíveis para todos os níveis territoriais, inclusive os bairros de todos os municípios do país. A exceção fica por conta das informações sobre rendimento que, por serem ainda preliminares, não estão sendo divulgadas para níveis geográficos mais desagregados. Prof. Fernando Aprato Página 15 Atualidades BNDES Brasileiros residem em 193 países estrangeiros O número estimado de brasileiros residentes no exterior chegou a 491.645 mil em 193 países do mundo em 2010, sendo 264.743 mulheres (53,8%) e 226.743 homens (46,1%); 60% dos emigrantes tinham entre 20 e 34 anos de idade em 2010. Este resultado não inclui os domicílios em que todas as pessoas podem ter emigrado e aqueles em que os familiares residentes no Brasil podem ter falecido. O principal destino era os Estados Unidos (23,8%), seguido de Portugal (13,4%), Espanha (9,4%), Japão (7,4%), Itália (7,0%) e Inglaterra (6,2%), que, juntos, receberam 70,0% dos emigrantes brasileiros. A origem de 49% deles é a região Sudeste, especialmente São Paulo (21,6%) e Minas Gerais (16,8%), respectivamente primeiro e segundo estados do país de onde saíram mais pessoas (106.099 e 82.749, respectivamente). Os EUA foram o principal destino da população oriunda de todos os estados, especialmente de Minas Gerais (43,2%), Rio de Janeiro (30,6%), Goiás (22,6%), São Paulo (20,1%) e Paraná (16,6%). O Japão é o segundo país que mais recebe os emigrantes de São Paulo e Paraná, respectivamente 20,1% e 15,3%. Portugal surge como segunda opção da emigração originada no Rio de Janeiro (9,1%) e em Minas Gerais (20,9%). As pessoas que partiram de Goiás elegeram a Espanha como o segundo lugar preferencial de destino, o que representou 19,9% da emigração. Esse país aparece como segunda ou terceira opção de uma série de outras unidades da federação, o que permite inferir que a proximidade do idioma estaria entre as motivações da escolha. Goiás foi o estado de origem da maior proporção de emigrantes (5,92 pessoas para cada mil habitantes), seguido de Rondônia (4,98 por mil), Espírito Santo (4,71 por mil) e Paraná (4,39 por mil). Sobrália, São Geraldo da Piedade e Fernandes Tourinho, todas em Minas Gerais, foram as cidades brasileiras com maiores proporções de emigrantes (88,85 emigrantes por mil habitantes; 67,67 por mil; e 64,69 por mil, respectivamente). Entre as capitais, Rio Branco (AC) destaca-se com uma proporção de 12,82 emigrantes por mil habitantes, estando em 42º lugar no ranking nacional. Em seguida, Macapá (AP), com 4,30 por mil (37ª posição), Boa Vista, com 3,42 por mil (38ª posição), e Brasília, com 2,89 por mil (41ª posição). Censo contabiliza 133,4 mortes de homens para cada 100 óbitos de mulheres Em 2010, o Censo também introduziu a investigação sobre a ocorrência de óbitos de pessoas que haviam residido como moradores do domicílio. Entre agosto de 2009 e julho de 2010 foram contabilizados 1.034.418 óbitos, sendo 591.252 homens (57,2%) e 443.166 mulheres (42,8%). O maior número de óbitos masculinos resultou numa razão de sexo de 133,4 mortes de homens para cada grupo de 100 óbitos do sexo feminino. A maior sobremortalidade masculina foi em Rondônia, 165,7 óbitos de homens para 100 mortes de mulheres, fruto de dois fatores: uma maior participação masculina na população total (razão de sexo para a população total de 103,4 homens para cada grupo de 100 mulheres, a segunda mais elevada do país) e uma maior mortalidade da população masculina em relação à feminina. Já a menor razão de óbitos pertenceu ao Rio de Janeiro, 116,7 falecimentos masculinos para cada grupo de 100 femininos. Esse fato pode ser explicado por ser o estado com a menor participação de homens na população total, 47,7%. Prof. Fernando Aprato Página 16 Atualidades BNDES A sobremortalidade masculina ocorre em quase todos os grupos de idade, principalmente entre 20 a 24 anos de idade, 420 óbitos de homens para cada 100 de mulheres. Neste grupo, 80,8% do total de óbitos (32.008) pertenceram à população masculina. A partir desta faixa etária, este indicador começa a declinar até atingir no grupo de 100 anos ou mais, o valor mais baixo, 43,3 óbitos de homens para cada 100 óbitos de mulheres. Aos 81 anos o número de óbitos da população feminina já começa a superar o da masculina, em função de um maior contingente de mulheres. Valores elevados também foram encontrados nos grupos de 15 a 19 anos (350 homens para cada 100 mulheres) e de 25 a 29 anos (348 homens para cada 100 mulheres). Isso se deve ao alto número de óbitos por causas externas ou violentas, como homicídios e acidentes de trânsito, que atingem mais a população masculina. Na faixa de 20 a 24 anos, o menor valor pertence ao Amapá, 260 óbitos masculinos para cada grupo de 100 mortes da população feminina. No outro extremo, Alagoas apresenta a relação de 798 óbitos de homens para cada 100 mulheres mortas. Com exceção de Maranhão (397,7 homens para cada 100 mulheres) e Piauí (391,7 homens para cada 100 mulheres), todos os demais estados da região Nordeste estavam acima da média nacional (419,6 homens para cada 100 mulheres). Na região Centro-Oeste, somente Goiás (421,7 homens para cada 100 mulheres) se encontrava acima dessa média. Na Sudeste, os estados do Rio de Janeiro (476,7 homens para cada 100 mulheres) e Espírito Santo (466,9 homens para cada 100 mulheres) apresentaram razões acima da encontrada para o Brasil. 3,4% dos óbitos são de crianças menores de um ano e 43,9% são de idosos No Brasil, 3,4% dos óbitos ocorreram antes do primeiro ano de vida. Esse valor, segundo as Estatísticas do Registro Civil de 1980, era de 23,3%, um declínio de 85,4% em 30 anos. A menor participação foi encontrada no Rio Grande do Sul (2,1%), seguido do Rio de Janeiro (2,3%), Minas Gerais (2,7%), São Paulo (2,7%) e Santa Catarina (2,8%). No outro extremo, Amazonas (8,5%), Amapá (7,9%), Maranhão (7,1%) e Acre (7,0%). Todos os estados das regiões Sudeste e Sul estão abaixo da média nacional, além de Paraíba (3,2%), Rio Grande do Norte (3,3%), Pernambuco (3,3%) e Goiás (3,4%). O grupo de 70 anos ou mais de idade, que representava 2,3% da população em 1980, passou em 2010 para 4,8% do total. A consequência desse processo de envelhecimento populacional é o aumento da participação dos óbitos desse grupo no total de mortes. Para o Brasil, a participação dos óbitos da população de 70 anos ou mais de idade foi de 43,9%. Roraima possui a mais baixa participação, 30,4%, seguido do Amapá (31,9%) e Pará (34,3%). As maiores participações foram encontradas no Rio Grande do Norte (50,2%), Paraíba (48,8%) e Rio Grande do Sul (48,4%). Participação nos óbitos na faixa de 1 a 4 anos é 118,9% maior na área rural Os padrões de mortalidade das áreas urbana e rural são próximos. As maiores diferenças são observadas até os 15 anos. Enquanto na área urbana o grupo de menores de 1 ano concentra 3,1% do total de óbitos, na área rural este percentual é de 5,4%. A maior diferença foi encontrada no grupo de 1 a 4 anos, onde o percentual da área rural (1,6%) foi mais que o dobro do da área urbana (0,7%). Em contraste com a área urbana, a participação dos óbitos de menores de 1 ano em relação à população total, na área rural, Prof. Fernando Aprato Página 17 Atualidades BNDES assume valores bem significativos no Amazonas (16,0%), Amapá (15,0%), Acre (12,6%), Pará (11,1%) e Maranhão (10,2), os únicos que apresentaram percentuais acima de 10%. Idade média é de 31,3 anos para homens e 32,9 para mulheres Em 2010, a idade média da população foi de 32,1 anos, sendo 31,3 anos para os homens e 32,9 para as mulheres. A maior diferença foi no Rio de Janeiro, 2,5 anos em favor das mulheres. As idades médias mais altas estavam nas regiões Sul (33,7 anos) e Sudeste (33,6), seguidas do Centro-Oeste (31,0), Nordeste (30,7) e Norte (27,5). Sete estados possuíam idade média acima da nacional: Rio Grande do Sul (34,9 anos), Rio de Janeiro (34,5), São Paulo (33,6), Minas Gerais (33,3), Santa Catarina (33,0), Paraná (32,9) e Espírito Santo (32,4). A menor encontrava-se no Amapá, 25,9 anos. A idade média da população urbana era de 27,1 anos em 1991, atingindo 32,3 anos em 2010, um acréscimo de 5,2 anos. Na área rural, este valor, que era de 24,8 anos em 1991, alcançou 30,6 anos em 2010. Os diferenciais das idades médias segundo a situação do domicílio diminuíram de 2,3 anos em favor da área urbana para 1,7 ano em 2010. O maior aumento entre 1991 e 2010 se deu na área rural da região Sul: 7,5 anos, onde a idade média passou de 27,4 para 34,9 anos. O Rio Grande do Sul apresentou a maior idade média da população rural, 37,2 anos, o Amazonas teve a menor, 24,0 anos. Goiás apresentou o maior incremento na idade média na área rural entre 1991 e 2010, passando de 25,7 anos para 33,6 anos (7,8 anos). Diminui pela primeira vez o número de pessoas que se declararam brancas Dos cerca de 191 milhões de brasileiros em 2010, 91 milhões se classificaram como brancos, 15 milhões como pretos, 82 milhões como pardos, 2 milhões como amarelos e 817 mil indígenas. Registrou-se uma redução da proporção brancos de 53,7% em 2000 para 47,7% em 2010, e um crescimento de pretos (de 6,2% para 7,6%) e pardos (de 38,5% para 43,1%). Cerca de 30% da população indígena de até 10 anos não tem registro de nascimento O Censo 2010 mostra que 98,1% das crianças com até 10 anos eram registradas em cartório. Dentre os menores de 1 ano de idade, a cobertura do registro civil de nascimento foi de 93,8%, elevando-se para 97,1% para as pessoas com 1 ano completo e aumentando, consecutivamente, para as demais idades. A pesquisa considerou a existência de registro público feito em cartório, a Declaração de Nascido Vivo (DNV) ou o Registro Administrativo de Nascimento Indígena (RANI). A região Norte foi a que teve as menores proporções de pessoas com o registro de nascimento por grupo etário. Entre os menores de 1 ano, 82,4% tinham registro civil de nascimento, número inferior ao da região Nordeste (91,2%). Em ambas, o percentual ficou abaixo do observado em todo o país (93,8%). A região Sul teve o melhor resultado, com 98,1%. Nessa faixa etária, as menores proporções foram no Acre (83,1%), Maranhão (83,0%), Pará (80,6%), Roraima (80,2%) e Amazonas (79,0%). No Amazonas (87,9%) e em Roraima (85,5%), mesmo entre as crianças com 1 ano completo, o percentual das que tinham registro civil foi significativamente inferior à média do país (97,1%). Prof. Fernando Aprato Página 18 Atualidades BNDES Era menor a proporção de registro civil de nascimento para a população indígena em relação às demais categorias de cor ou raça. Enquanto brancos, pretos, amarelos e pardos tiveram percentuais iguais ou superiores a 98,0%, a proporção entre os indígenas foi de 67,8%. Para os menores de 1 ano, as proporções nas regiões Centro-Oeste (41,5%) e Norte (50,4%) são inferiores aos demais grupos, todos acima de 80%. Taxa de analfabetismo das pessoas de 15 anos ou mais cai de 13,6% para 9,6% entre 2000 e 2010 A taxa de analfabetismo das pessoas de 15 anos ou mais de idade foi de 9,6% em 2010, uma redução de 4 pontos percentuais em relação a 2000 (13,6%). O indicador diminuiu de 10,2% para 7,3%, na área urbana, e de 29,8% para 23,2%, na rural. Entre os homens, declinou de 13,8% para 9,9%, e de 13,5% para 9,3%, entre as mulheres. Regionalmente, as maiores quedas em pontos percentuais se deram no Norte (de 16,3% em 2000 para 11,2% em 2010) e Nordeste (de 26,2% para 19,1%), mas também ocorreram reduções nas regiões Sul (de 7,7% para 5,1%), Sudeste (de 8,1% para 5,4%) e Centro-Oeste (de 10,8% para 7,2%). A menor taxa encontrada foi no Distrito Federal (3,5%), e a maior foi de 24,3%, em Alagoas. No contingente de pessoas de 10 anos ou mais de idade com rendimento mensal domiciliar per capita de até ¼ do salário mínimo, a taxa de analfabetismo atingiu 17,5%. Nas classes de mais de ¼ a ½ e de ½ a 1 salário mínimo domiciliar per capita, a taxa caía de patamar, atingindo 12,2% e 10,0%, respectivamente, mas ainda bastante acima daquela da classe de 1 a 2 salários mínimos (3,5%). Nas faixas seguintes, a taxa de analfabetismo prosseguiu em queda, passando de 1,2%, na classe de 2 a 3 salários mínimos, a 0,3%, na de 5 salários mínimos ou mais. 3,9% das crianças de 10 a 14 anos ainda não estavam alfabetizadas em 2010 Na faixa de 10 a 14 anos, havia, em 2010, 671 mil crianças não alfabetizadas (3,9%). Em 2000, este contingente atingia 1,258 milhão, o que representava 7,3% do total. No período intercensitário, a proporção diminuiu de 9,1% para 5,0%, no segmento masculino, e de 5,3% para 2,7%, no feminino. A proporção baixou de 4,6% para 2,9%, na área urbana, e de 16,6% para 8,4%, na rural. Na faixa entre 15 e 19 anos, a taxa de analfabetismo atingiu 2,2% em 2010, mostrando uma redução significativa em relação a 2000, quando era de 5%. Por outro lado, no contingente de pessoas de 65 anos ou mais, este indicador ainda é elevado, alcançando 29,4% em 2010. Distribuição de rendimento permanece desigual Em 2010, o rendimento médio mensal das pessoas de 10 anos ou mais de idade com rendimento foi R$ 1.202. Na área rural, representou 46,1% (R$ 596) daquele da zona urbana (R$ 1.294). O rendimento médio mensal das mulheres (R$ 983) representou 70,6% dos homens (R$ 1.392), sendo que esse percentual variou de 70,3% na região Sul (R$ 1.045 para as mulheres e R$ 1.486 para os homens) a 75,5% na região Norte (R$ 809 das mulheres contra R$ 1.072 dos homens). Prof. Fernando Aprato Página 19 Atualidades BNDES Em termos regionais, Centro-Oeste (R$ 1.422) e Sudeste (R$ 1.396) tiveram os rendimentos mais elevados, vindo em seguida o Sul (R$ 1.282). A região Nordeste teve o menor rendimento (R$ 806), 56,7% do verificado no Centro-Oeste, enquanto o segundo mais baixo foi o da Norte (R$ 957,00), que representou 67,3% do valor do Centro-Oeste. A parcela dos 10% com os maiores rendimentos ganhava 44,5% do total e a dos 10% com os mais baixos, 1,1%. Já o contingente formado pelos 50% com os menores rendimentos concentrava 17,7% do total. O Índice de Gini, que mede o grau de concentração dos rendimentos, ficou em 0,526. Ele varia de zero, a igualdade perfeita, a um, o grau máximo de desigualdade. Nas regiões, o mais baixo foi o da Sul (0,481) e o mais alto, da Centro-Oeste (0,544). O Índice de Gini da área urbana (0,521) foi mais elevado que o da rural (0,453). A distribuição das pessoas de 10 anos ou mais por classes de rendimento mostrou que, na área rural, os percentuais de pessoas nas classes sem rendimento (45,4%) e até um salário mínimo (15,2%) foram maiores que os da urbana (35,6% e 4,8%, respectivamente). Já a parcela que ganhava mais de cinco salários mínimos mensais ficou em 1,0% na área rural e 6,0% na urbana. Os percentuais da parcela feminina foram maiores que os da masculina nas classes sem rendimento (43,1% e 30,8%), até ½ salário mínimo (8,0% e 4,6%) e até 1 salário mínimo (21,5% e 20,8%). O percentual de pessoas sem rendimento na população de 10 anos ou mais de idade foi mais elevado nas regiões Norte (45,4%) e Nordeste (42,3%) e mais baixo na Sul (29,9%), ficando próximos os da Sudeste (35,1%) e Centro-Oeste (34,8%). Quanto ao contingente que recebia mais de cinco salários mínimos mensais, os percentuais das regiões Nordeste (2,6%) e Norte (3,1%) ficaram em patamar nitidamente inferior ao das demais. O indicador alcançou 6,1%, na região Sul; 6,7%, na Sudeste; e 7,3%, na Centro-Oeste. Média de moradores por domicílio diminui conforme a renda aumenta O rendimento nominal médio mensal dos domicílios particulares permanentes com rendimento foi de R$ 2.222, alcançando R$ 2.407, na área urbana, e R$ 1.051 na rural. Entre as regiões, os mais altos foram os do Centro-Oeste (R$ 2.616) e Sudeste (R$ 2.592), seguidos da Sul (R$ 2.441). Em patamares mais baixos ficaram as regiões Nordeste (R$ 1.452) e Norte (R$ 1.765). O maior distanciamento entre os rendimentos médios domiciliares das áreas urbana e rural foi o da região Nordeste (R$ 2.018 contra R$ 910) e o menor, da Sul (R$ 2.577 contra R$ 1.622). Entre as unidades da federação, o rendimento médio mensal dos domicílios com rendimento do Distrito Federal foi destacadamente o mais elevado (R$ 4.635), seguido pelo de São Paulo (R$ 2.853). No outro extremo, ficaram Maranhão (R$ 1.274) e Piauí (R$ 1.354). Do conjunto dos domicílios particulares permanentes com rendimento domiciliar, os 10% com os rendimentos mais altos detiveram 42,8% do total, e os 10% com os menores, 1,3%. Os 50% com os menores rendimentos ficaram com 16,0% do total. O rendimento médio mensal domiciliar dos 10% com os maiores rendimentos foi R$ 9.501 e dos 10% com os menores, R$ 295. O Índice de Gini da distribuição do rendimento mensal dos domicílios com rendimento domiciliar foi de 0,536. Ele foi mais baixo na região Sul (0,480) e mais alto no Nordeste Prof. Fernando Aprato Página 20 Atualidades BNDES (0,555). Em todas as regiões, o Índice de Gini da área urbana foi sensivelmente mais alto que o da rural. A comparação das distribuições dos domicílios por classes de rendimento mensal domiciliar per capita mostrou que a concentração dos domicílios rurais nas classes sem rendimento (7,2%), até 1/8 do salário mínimo (13,1%), até ¼ do salário mínimo (14,5%) e até ½ salário mínimo (24,0%) foi substancialmente maior que a dos urbanos (3,8%, 2,1%, 5,5% e 16,1%, respectivamente). No agregado destas classes, encontravam-se 27,6% dos domicílios urbanos e 58,8% dos rurais. Por outro lado, 11,8% dos domicílios urbanos tinham rendimento domiciliar per capita de mais de três salários mínimos, enquanto que para os rurais esse percentual ficou em 1,7%. O número médio de moradores em domicílios particulares permanentes ficou em 3,3. Nos domicílios com rendimento, esta média mostrou declínio com o aumento do rendimento domiciliar per capita. Na classe de até 1/8 do salário mínimo, o número médio de moradores foi de 4,9 e na de mais de 10 salários mínimos atingiu 2,1. Este comportamento foi observado em todas as regiões, tanto nas áreas urbanas como nas rurais. 38,7% dos responsáveis pelas unidades domésticas são mulheres Segundo o Censo 2010, havia no Brasil cerca de 57 milhões de unidades domésticas, com um número médio de 3,3 moradores cada uma. Do total de indivíduos investigados, 30,2% eram responsáveis pela unidade doméstica. Desses, 61,3% eram homens (35 milhões) e 38,7%, mulheres (22 milhões). A maioria dos responsáveis (62,4%) tinha acima de 40 anos de idade. A distribuição do total de unidades domésticas pelos diferentes tipos de constituição mostra que, em 2010, 65,3% eram formadas por responsável e cônjuge ou companheiro(a) de sexo diferente (37,5 milhões de unidades). O Censo 2010 abriu a possibilidade de registro de cônjuge ou companheiro de mesmo sexo do responsável, o que se verificou em algo em torno de 60.000 unidades domésticas no país, 0,1% do total. Entre as unidades domésticas compostas por responsável e cônjuge, em 68,3% havia pelo menos um filho do responsável e do cônjuge (44,6% do total de unidades domésticas). Já os tipos constituídos por pelo menos um filho somente do responsável ou ao menos um filho somente do cônjuge (enteado do responsável) corresponderam, respectivamente, a 4,8% e 3,6% do total de unidades domésticas. Na distribuição das pessoas residentes, destaca-se a importância dos netos (4,7%), um contingente mais expressivo que o de outros parentes ou conviventes, revelando a existência de uma convivência intergeracional no interior das unidades domésticas. O Censo 2010 também investigou a possibilidade de haver mais de uma pessoa responsável pela unidade doméstica. Em caso afirmativo, foi solicitado que se elegesse uma delas para o preenchimento dos dados de relação de parentesco dos demais membros da unidade doméstica. No Brasil, cerca de 1/3 das unidades domésticas tinha mais de um responsável. Ao se segmentar por sexo, o homem aparece de forma mais recorrente como a pessoa responsável pela unidade doméstica (37,7%). A mulher, por sua vez, é mais representativa como cônjuge ou companheira (29,7%), enquanto apenas 9,2% dos homens aparecem nessa condição. Prof. Fernando Aprato Página 21 Atualidades BNDES Domicílios próprios predominam nas áreas urbana e rural O Censo 2010 mostra um Brasil com predomínio de domicílios particulares permanentes (99,8%) do tipo casa (86,9%) e apartamento (10,7%). Dependendo da localização, há distinções marcantes na sua forma de ocupação. Entre os urbanos, predominam os próprios (72,6%) e os alugados (20,9%). Nas áreas rurais, apesar de a maioria dos domicílios serem próprios (77,6%), há um percentual significativo de cedidos (18,7%). Rede geral de abastecimento de água avança mais na zona rural No Brasil, 82,9% dos domicílios eram atendidos por rede geral de abastecimento de água em 2010, um incremento de 5,1 pontos percentuais em relação a 2000. Na área urbana, o percentual passou de 89,8% para 91,9%, ao passo que na rural, subiu de 18,1% para 27,8%. Este avanço ocorreu em todas as regiões, embora de forma desigual. Sudeste e Sul continuaram sendo, em 2010, as regiões que tinham os maiores percentuais de domicílios ligados à rede geral de abastecimento de água (90,3% e 85,5%, respectivamente), em contraste com o Norte (54,5%) e Nordeste (76,6%) que, apesar dos avanços, continuaram com os percentuais mais baixos. A expansão da rede geral de abastecimento de água se deu de forma significativa em direção às áreas rurais. No Sul, a proporção de domicílios rurais com abastecimento por rede passou de 18,2% em 2000 para 30,4% em 2010. No Nordeste, o crescimento foi ainda maior (18,7% e 34,9%, respectivamente). A região Norte, com a menor proporção (54,5%), teve um aumento proporcional mais acelerado na área rural do que na urbana: no rural foi um aumento de 7,9 pontos percentuais e de 3,7 pontos percentuais no urbano. Esgotamento sanitário adequado cai na região Norte Entre 2000 e 2010, a proporção de domicílios cobertos por rede geral de esgoto ou fossa séptica (consideradas alternativas adequadas e esgotamento sanitário) passou de 62,2% para 67,1% em todo o país. O mesmo se deu em quatro das cinco regiões, com exceção da Norte, onde o aumento de 2,0 pontos percentuais na área rural (de 6,4% em 2000 para 8,4% em 2010) não foi suficiente para compensar a queda de 6,1 pontos percentuais ocorrida nas áreas urbanas (de 46,7% para 40,6%). O Sudeste continuou sendo a região com as melhores condições, passando de uma cobertura de 82,3% dos domicílios, em 2000, para 86,5%, em 2010. Segue-se a região Sul, que passou de 63,8% para 71,5%. A região Centro-Oeste apresentou o maior crescimento de domicílios com rede geral ou fossa séptica no período, acima de 10%. A despeito da melhoria das condições de esgotamento sanitário, o Centro-Oeste tinha pouco mais da metade de seus domicílios com saneamento adequado (51,5%) e o Norte (32,8%) e Nordeste (45,2%) apresentaram patamares ainda mais baixos. Nessas regiões, as fossas rudimentares eram a solução de esgotamento tanto para domicílios urbanos quanto rurais. Prof. Fernando Aprato Página 22 Atualidades BNDES Lixo é queimado em 58% dos domicílios rurais Como os demais serviços de saneamento, a coleta de lixo aumentou no período entre os Censos, passando de 79,0% em 2000 para 87,4% em 2010, em todo o país. A cobertura mais abrangente se encontrava no Sudeste (95%), seguida do Sul (91,6%) e do CentroOeste (89,7%). Norte (74,3%) e Nordeste (75,0%%), que tinham menores coberturas (57,7% e 60,6%), apresentaram os maiores crescimentos em dez anos, de 16,6 e 14,4 pontos percentuais respectivamente. Nas áreas urbanas o serviço de coleta de lixo dos domicílios estava acima de 90%, variando de 93,6% no Norte a 99,3% no Sul. Nas áreas rurais, o serviço se ampliou na comparação com 2000, passando de 13,3% para 26,0%, em média. Em relação às demais formas de destino do lixo, há melhoras em 2010, principalmente nas áreas rurais, porém, a dificuldade e o alto custo da coleta do lixo rural tornam a opção de queimá-lo a mais adotada pelos moradores dessas regiões. Essa alternativa cresceu em torno de 10 pontos percentuais, passando de 48,2% em 2000 para 58,1% em 2010. A solução de jogar o lixo em terreno baldio, que em 2000 era adotada por moradores de 20,8% dos domicílios rurais, reduziu para 9,1% em 2010. Energia elétrica chega a 97,8% dos domicílios Em 2010, dos serviços prestados aos domicílios, a energia elétrica foi a que apresentou a maior cobertura (97,8%), principalmente nas áreas urbanas (99,1%), mas também com forte presença no Brasil rural (89,7%). Com exceção das áreas rurais da região Norte, onde apenas 61,5% dos domicílios tinham energia elétrica fornecida por companhias de distribuição, as demais regiões apresentaram uma cobertura acima de 90%, variando de 90,5% no Centro-Oeste rural a 99,5% nas áreas urbanas da região Sul. Em 2010 havia 1,3% de domicílios sem energia elétrica, com maior incidência nas áreas rurais do país (7,4%). A situação extrema era a da região Norte, onde 24,1% dos domicílios rurais não possuíam energia elétrica, seguida das áreas rurais do Nordeste (7,4%) e do Centro-Oeste (6,8%). _______________ 1 Os dados utilizados para gerar os resultados de rendimento são preliminares, pois ainda não foram submetidos a todos os processos de crítica e imputação previstos para a apuração do Censo Demográfico 2010 Prof. Fernando Aprato Página 23 Atualidades BNDES País tem legião de ‘pobres invisíveis’ Fora do radar do governo, País tem 700 mil famílias em ‘extrema pobreza’ Autor(es): Roldão Arruda O Estado de S. Paulo - 28/05/2012 Há um ano o governo federal começou a mapear os brasileiros miseráveis que não estão sob o abrigo de programas sociais. Esperava encontrar 800 mil famílias até 2013. Só no primeiro ano de busca já achou 700 mil. Pente-fino promovido pelo ministério mostra que estatísticas oficiais ignoravam legião de miseráveis, que ficaram descobertas até pelos programas sociais incrementados na gestão do ex-presidente Lula Um ano atrás, o governo federal pôs em andamento uma operação para localizar os chamados miseráveis invisíveis do Brasil - aquelas famílias que, embora extremamente pobres, não estão sob o abrigo de programas sociais e de transferência de renda, como o Bolsa Família. Na época, baseado em dados do IBGE, o Ministério do Desenvolvimento Social estabeleceu como meta encontrar e cadastrar 800 mil famílias até 2013. Na semana passada, porém, chegou à mesa da ministra Tereza Campello, em Brasília, um número bem acima do esperado: só no primeiro ano de busca foram localizadas 700 mil famílias em situação de extrema pobreza e invisíveis. Veja também: TV ESTADÃO: ex-pintor não sabia que poderia ter acesso ao Bolsa Família Considerando apenas o chefe da família, isso corresponde à população de João Pessoa (PB). Se for levada em conta toda a família, com a média de quatro pessoas, é uma Salvador inteira que estava fora dos programas. O resultado da operação, conhecida como busca ativa, também surpreende pelas características dessa população: 40% das famílias invisíveis estão em cidades com mais de 100 mil habitantes. Com o desdobramento e a análise das estatísticas, é provável que se constate que a maioria dos miseráveis invisíveis não estão nos grotões das regiões Norte e Nordeste, como quase sempre se imagina, mas na periferia dos centros urbanos. "Estamos falando de famílias extremamente pobres que até agora não faziam parte do cadastro único do governo federal e por isso não eram vistas na sua integridade, de acordo com suas necessidades e carências", observa a ministra Tereza Campelo. "Podiam Prof. Fernando Aprato Página 24 Atualidades BNDES ter filhos na escola, mas não tinham acesso ao básico dos programas sociais, como o Bolsa Família, a tarifa social de energia elétrica e outras ações." Para chegar a essas pessoas o ministério partiu do princípio de que, por algum motivo, elas não conseguiam chegar aos serviços de assistência social das prefeituras e pedir a inscrição no cadastro único. "Era preciso sair dos escritórios. Mobilizamos prefeituras, agentes de saúde, empresas de distribuição de energia elétrica", conta Tereza. "As prefeituras estão sendo remuneradas por esse trabalho." Acidentado. Em Franco da Rocha, na região metropolitana de São Paulo, a assistente social Marisa Lima foi uma dessas agentes mobilizadas para caçar os invisíveis. Em janeiro deste ano ela estava trabalhando na Unidade Básica de Saúde Municipal do Centro, na Avenida dos Coqueiros, quando apareceu por lá Raimundo Marques Ferreira, pintor de paredes, de 52 anos. Buscava remédios e assistência médica, rotina que segue desde 2007 quando sofreu um acidente de trabalho. Caiu num fosso de elevador e teve os movimentos motores do lado esquerdo do corpo comprometidos. Como não era registrado e a empresa fechou as portas após o acidente, ficou sem nenhum tipo de cobertura. Os laudos médicos, que guarda presos com um elástico, indicam que também sofre com depressão e problemas neurológicos. Separado, Ferreira mora com quatro filhos num cômodo de pouco mais de 30 metros quadrados, no fundo de um quintal, na Vila Zazu, bairro pobre de Franco da Rocha. É uma casa limpa, mas úmida e escura, erguida rente a um barranco ameaçador. Na época das chuvas, Ferreira sempre é visitado pela Defesa Civil, que insiste para que abandone o lugar. "Sair para onde?", indaga. "Aqui eu não pago aluguel." Não sabia como fazer. No centro de saúde, abordado pela assistente social, o pintor contou que "já tinha ouvido falar" do Bolsa Família, mas não sabia se tinha direito, nem como se inscrever. Hoje recebe R$ 102 por mês, que usa sobretudo para pagar as contas de água e luz e comprar alguma comida. Dois de seus filhos, com 16 e 13 anos, foram inscritos no Ação Jovem, do governo estadual, que garante R$ 80 por mês, desde que frequentem a escola. Agora a assistência social orienta Ferreira para que obtenha uma aposentadoria por invalidez, no valor de um salário mínimo, no INSS. Se conseguir, ele quer ampliar a casa onde mora e investir em cursos de informática para os filhos menores. Ele tem o olhar triste e fala em voz baixa, com modos tão humildes que dá a impressão de assustar-se com o mundo à sua volta. Prof. Fernando Aprato Página 25 Atualidades BNDES Mapa da Violência coloca Brasil entre os quatro países com maiores taxas de homicídio de jovens 18/07/2012 Gilberto Costa e Guilherme Jeronymo Repórteres da Agência Brasil A nova edição do Mapa da Violência, elaborado pelo sociólogo Julio Jacobo Waiselfisz e editado pela Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso) e o Centro Brasileiro de Estudos Latino-americanos (Cebela), traz grave alerta sobre o que chama de “epidemia” da violência no Brasil contra crianças e adolescentes. Em um ranking de 92 países do mundo, apenas El Salvador, Venezuela e Guatemala apresentam taxas de homicídio maiores que a do Brasil (44,2 casos em 100 mil jovens de 15 a 19 anos). Todos os três países têm economia menor que a brasileira, atualmente a 6ª maior do mundo (segundo o Produto Interno Bruto), não dispõem de um sistema de proteção legalizado como o Estatuto da Criança e do Adolescente (com 22 anos de existência) nem programas sociais com o número de beneficiários como o Bolsa Família (que entre outras contrapartidas orienta o acompanhamento da família matriculando os filhos na escola e mantendo em dia a vacinação). Na semana passada, durante a abertura da 9ª Conferência Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente, a presidenta Dilma Rousseff destacou que “uma grande nação tem que ser medida por aquilo que faz por suas crianças e adolescentes, e não pelo PIB”. As elevadas taxas de homicídio, segundo o coordenador do estudo, o pesquisador argentino Julio Jacobo Waiselfiz, mostram uma triste realidade: o Brasil e os países da América Latina são sociedades violentas. Segundo o pesquisador, o crescimento dos dados guarda ao menos uma boa notícia: a melhora da cobertura médica legal. “Dados da OMS [Organização Mundial da Saúde] dão conta de que tínhamos, até os anos 90, algo em torno de 20% de óbitos que não eram registrados. Os corpos desapareciam, algumas vezes em cemitérios clandestinos. Hoje a estimativa é de um recuo neste índice, para 10%”, afirmou. Ele destaca ainda que as mortes no trânsito poderiam ser diminuídas. “Faltam melhorias na infraestrutura. Quando analisamos os dados, percebemos que os países com mais mortes no trânsito têm também piores estradas. São mortes evitáveis”, destaca, afirmando que as autoridades públicas têm, elas próprias, participação nessas mortes, ao se omitirem. O pesquisador destaca que essas autoridades também têm culpa em um processo delicado, que funciona como um dos motores da perpetuação da violência, a culpabilização das vítimas. “Mulheres, crianças e adolescentes são muitas vezes culpados pelas autoridades por estarem expostos a situações de violência. Quando o Estado o faz demonstra ser tolerante a essas situações”, explica. Os dados apresentados também confirmam um diagnóstico feito recentemente pela Anistia Internacional. Segundo Atila Roque, diretor executivo da ONG no país, “o Brasil convive, tragicamente, com uma espécie de 'epidemia de indiferença', quase cumplicidade de grande parcela da sociedade, com uma situação que deveria estar sendo tratada como uma verdadeira calamidade social. Isso ocorre devido a certa naturalização da violência e a um grau assustador de complacência do estado em relação a essa tragédia”, resume, Prof. Fernando Aprato Página 26 Atualidades BNDES em trecho citado no Mapa da Violência. Segundo o relatório de Júlio Jacobo, foram registrados em 2011 no Brasil 7.155 casos de estupro entre 10,4 mil casos de violência sexual (que incluem assédio e atentado violento ao pudor), a maioria praticada pelos próprios pais (além de padrastos) contra as filhas de 10 a 14 anos; ou por conhecidos próximos (como amigo ou vizinho) no caso de meninas de 15 a 19 anos. O abuso sexual agrava os riscos de violência doméstica. Segundo dados do Ministério da Saúde, analisados pelo Mapa da Violência, a residência é o principal local de agressão declarado no socorro das vítimas de até 19 anos pela rede pública. Mais de 63% dos casos de violência ocorreram na residência e cerca de 18% acontecem na via pública. Os dados analisados (relativos a 2010) também verificaram que a violência não se distribui de maneira uniforme pelo país. O etado de Alagoas, com a maior taxa de homicídios (34,8 homicídios para cada 100 mil crianças e adolescentes), é dez vezes mais violento que o Piauí (3,6 casos). Maceió é capital mais violenta (com 79,8 homicídios). As estatísticas indicam ainda a concentração da violência em 23% dos municípios brasileiros (quase 1,3 mil cidades). De acordo com o Mapa da Violência, 4.723 municípios não registraram nenhum assassinato de criança e adolescente em 2010. Entre outras causas “externas” de morte (diferentes das mortes naturais causadas por problemas de saúde), o relatório chama a atenção também para as mortes no trânsito. Entre 2000 e 2010, a taxa de mortalidade de jovens de 15 a 19 anos no trânsito cresceu 376,3% (de 3,7 para 17,5 casos em 100 mil). Haitianos aguardam no Peru decisão sobre vistos para o Brasil 29/03/2012 Da BBC Brasil Ao menos 273 haitianos que tentam migrar para o Brasil estão acampadados desde janeiro na cidade peruana de Iñapari, que tem cerca de 1.500 habitantes e faz fronteira com o município de Assis Brasil, no Acre. A espera já dura 77 dias. Eles estavam a caminho do Brasil quando, no dia 12 de janeiro, o governo anunciou que o fluxo de haitianos ao país seria regularizado. Pela resolução nº 97/2012, do Conselho Nacional de Imigração (CNIg), ficou definido que a Embaixada do Brasil no Haiti passaria a conceder 100 vistos de trabalho ao mês para haitianos que quisessem morar no país. Paralelamente, a Polícia Federal passou a impedir a entrada de haitianos sem vistos. Como saíram do seu país sem a permissão e viajam sem o visto, os 273 haitianos passaram a viver na cidade de Iñapari. Para chegar à fronteira, o grupo enfrentou uma viagem que passou pela República Dominicana, pelo Panamá e pelo Equador. "Não sabia que a fronteira estava fechada, achei que a cruzaria no mesmo dia”, disse Saint Germain Guerbem, de 24 anos. "Gastei todo o meu dinheiro na viagem e, mesmo que quisesse, não teria condições de voltar ao Haiti". Guerbem, que queria chegar a São Prof. Fernando Aprato Página 27 Atualidades BNDES Paulo, tem dormido no coreto da praça central de Iñapari com dezenas de compatriotas, em sua grande maioria homens. No grupo há também mulheres e crianças, que foram alojadas por moradores locais em suas casas ou em armazéns. Os restantes dormem espalhados pela cidade, sob qualquer cobertura que os proteja das frequentes chuvas, que inundaram Iñapari há duas semanas. "Peço que os brasileiros nos ajudem a entrar, porque não podemos aguentar mais", disse o pedreiro haitiano Facius Etienne, que foi escolhido líder do grupo. Segundo ele, as autoridades peruanas prometeram interceder ao governo brasileiro. De acordo com Etienne, o grupo é formado por profissionais qualificados, como carpinteiros, eletricistas e torneiros mecânicos. Na expectativa de entrar, muitos estão fazendo aulas de português com uma professora voluntária de Assis Brasil. A Embaixada do Brasil em Porto Príncipe informou que a procura de haitianos interessados em obter o visto é grande, mas exigências burocráticas barram uma maior concessão de permissões. Para se candidatar à permissão, o interessado deve ter passaporte em dia, ser residente no Haiti (o que deve ser comprovado por atestado de residência) e apresentar atestado de bons antecedentes. Com todos os documentos em mãos, deve ainda pagar US$ 200 para a emissão do visto. Dilma sanciona Lei de Cotas e veta apenas artigo que criava mecanismo de seleção 29/08/2012 Luana Lourenço Repórter da Agência Brasil A presidenta Dilma Rousseff sancionou hoje (29) a lei que institui o sistema de cotas raciais e sociais para universidades federais de todo o país. A lei prevê que as universidades públicas federais e os institutos técnicos federais reservem, no mínimo, 50% das vagas para estudantes que tenham cursado todo o ensino médio em escolas da rede pública, com distribuição das vagas entre negros, pardos ou indígenas. De acordo com o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, ao assinar a lei, a presidenta disse que o mecanismo precisa associar inclusão e qualidade do ensino superior público. “Ela falou que temos dois grandes desafios: um é o da inclusão, para permitir que um maior número de estudantes possa acessar a universidades. O outro é a meritocracia, a excelência das universidades. Os dois critérios têm que estar presentes na implantação dessa política”, ressaltou o ministro. Dilma vetou apenas um ponto do texto aprovado pelo Congresso Nacional, o Artigo 2º, que criava um coeficiente para selecionar os estudantes que poderiam ingressar nas vagas destinadas às cotas. Com o veto a esse trecho, o governo decidiu que o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) será a ferramenta para definir o preenchimento das vagas Prof. Fernando Aprato Página 28 Atualidades BNDES reservadas. Segundo Mercadante, as universidades poderão adotar mecanismos complementares. As universidades e institutos federais terão quatro anos para implantar progressivamente o percentual de reserva de vagas estabelecido pela lei, mesmo as que já adotam algum tipo de sistema afirmativo na seleção de estudantes. As regras e o cronograma para a transição serão estabelecidos pela regulamentação da lei, que deve sair ainda este ano, a tempo de garantir a entrada da lei em vigor no ano que vem. “O Enem 2012 já servirá como um dos parâmetros para o novo sistema. Ao longo deste ano, faremos a regulamentação complementar necessária. Estamos construindo isso junto com os reitores”, disse Mercadante. A regulamentação deverá criar, entre outros mecanismos, medidas para compensar eventuais diferenças entre alunos que ingressaram pelas cotas e os egressos do sistema universal. “Teremos que ter uma política das universidades para acolher esses estudantes. Muitas universidades federais já fazem isso, já temos experiências de tutoria – professores que acompanham esses alunos – e de nivelamento, para que aqueles que tenham alguma deficiência possam se preparar para os desafios do curso que em que vão ingressar”, adiantou p ministro. Edição: Nádia Franco Haitianos devem receber até sexta-feira protocolos para obter documentos no Brasil 19/09/2012 Marcos Chagas Repórter da Agência Brasil A Polícia Federal entregará até sexta-feira (21) um protocolo para que os 215 haitianos que estão irregulares em Brasileia, no Acre, possam legalizar a situação no país. O documento servirá para que eles possam obter o Cadastro Pessoa Física (CPF) e a Carteira de Trabalho. O protocolo autoriza o imigrante haitiano a conseguir os documentos por prazo inicial de 180 dias, que pode ser prorrogado. Passado um ano e estando devidamente empregados, eles poderão requerer residência fixa no Brasil. O problema, segundo o representante do governo do Acre que trata da questão, Damião Borges, é que não param de chegar haitianos em situação irregular pela fronteira com Cobija, na Bolívia. “Ontem (18) à noite entraram em Brasileia mais cinco haitianos e vai chegar mais. O governo federal deveria tomar uma providência: ou controla a fronteira ou [os] manda de volta ao Haiti”, ressaltou o representante do governo acriano. Damião Borges disse que, mais uma vez, terá problemas com a alimentação aos imigrantes ilegais. Ele frisou que os atuais fornecedores deverão cortar o envio de comida aos haitianos. Empresas de Goiás, Minas Gerais, Santa Catarina e do Rio de Janeiro já fizeram contatos com o governo estadual para a contratação dessa leva de haitianos que terão seus Prof. Fernando Aprato Página 29 Atualidades BNDES documentos de entrada legalizados. Segundo Damião Borges, outros devem seguir para Porto Velho onde têm parentes já empregados. Edição: Talita Cavalcante Um em cada cinco domicílios tem computador com internet, indica pesquisa 21/09/2012 Isabela Vieira Repórter da Agência Brasil Na hora de comprar um eletrodoméstico novo, os brasileiros têm preferido computador com acesso à internet. No auge dos 90 anos da primeira transmissão radiofônica no Brasil, o rádio, que já esteve em cerca de 90% das casas, tem ficado de lado. É o que revela a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), divulgada hoje (21) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O computador com internet foi identificado em 22% dos domicílios em 2011, ano da pesquisa, ante 16%, em 2009, quando o estudo foi feito pela última vez. Segundo o IBGE, a presença do aparelho registrou o mais elevado percentual de crescimento (39,8%) entre os bens duráveis identificados nas casas brasileiras. Em seguida, está o crescimento dos computadores sem conexão à rede (29,7%). Os telefones celulares também continuam ganhando espaço. Em quase metade das casas brasileiras (49%), pelo menos um morador tinha apenas o aparelho, contra 41% em 2009. Entre as regiões do país, nos últimos dois anos, o uso cresceu mais no Norte e no Nordeste, onde os celulares estão em mais da metade das residências: 63% e 61%, respectivamente. Em geral, as casas brasileiras ainda têm mais televisão (59,4%) que geladeira (58,7%). O fogão aparece em 60% dos domicílios. Com a melhoria de renda da população, a máquina de lavar ganha espaço, principalmente nas casas que já dispõem de outros bens. O salto entre 2009 e 2011 foi 20,3% - um dos mais altos entre os bens duráveis. A empregada doméstica Meire Pacheco Leal, de 47 anos, diz que os preços baixaram nos últimos anos facilitando a compra do eletrodoméstico. “Primeiro, troquei meu fogão de quatro bocas por um de seis. Depois, comprei uma geladeira com degelo automático. Aí, chegou a vez da máquina, que é bem mais prática para a gente que trabalha fora”, contou Meire, mãe de três filhas. Já o rádio - que na última década era encontrado em 88% dos domicílios (dados em 2008) - está perdendo espaço. Na pesquisa de 2011, 0,6% a menos de casas têm o aparelho. Edição: Carolina Pimentel Prof. Fernando Aprato Página 30 Atualidades BNDES Ecologia Dilma veta partes do Código Florestal que favorecem desmatamento Lilian Ferreira* Do UOL, em São Paulo Após intensa pressão social, a presidente Dilma Rousseff vetou 12 artigos e fez 32 alterações em trechos do novo Código Florestal que promoviam o desmatamento. O projeto de lei, aprovado no Congresso no final de abril, representou uma derrota do Governo ao perdoar desmatadores ilegais e permitir uso de área de vegetação nativa. As alterações serão feitas por medida provisória a ser enviada ao Congresso na segunda-feira (28). "Dentre as alterações, 14 recuperam o texto do Senado, cinco são dispositivos novos e 13 são ajustes ou adequações de conteúdo", resumiu o ministro Luis Inácio Adams, da Advocacia Geral da União. "Vamos recompor o texto do Senado, respeitar o Congresso e os acordos feitos", disse a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira. "A decisão do governo federal é não anistiar desmatador e garantir que todos devem cumprir recuperação ambiental". A ministra disse que aspectos do texto resgatados na proposta do governo são: só vai ter acesso a crédito rural que se cadastrar e regularizar em cinco anos. Governo volta com 50 metros de proteção nas veredas. Longo caminho A legislação sobre o uso de florestas em propriedades privadas do país ainda está longe de ser finalizada. No texto sancionado pela presidente, sobraram poucas novidades. As principais disputas entre ruralistas e ambientalistas ficaram sem definição, como a área a ser recuperada em margens de rios com mais de 10 metros de largura. Os representantes do agronegócio querem que a lei amplie a área de produção (de agricultura e pecuária, entre outros) e não obrigue os proprietários a pagarem pelo reflorestamento ou multas. Eles afirmam que as alterações podem diminuir a quantidade de alimentos disponível no país. Já os ecologistas defendem a necessidade de uma maior proteção ao ambiente e à biodiversidade, além de cumprimento de multas já estabelecidas pela lei anterior. Prof. Fernando Aprato Página 31 Atualidades BNDES Além dos ambientalistas, os pequenos proprietários de terra também se mostraram contrários ao texto aprovado no Congresso, por "tratar como iguais" os latifundiários e pequenos. Esta distinção deve ser mais um ponto a ser definido posteriormente. Para preencher as lacunas, o governo envia uma MP ao Congresso. A MP têm força de lei desde a edição e vigoram por 60 dias, podendo ser prorrogadas uma vez por igual período, mas se não forem aprovadas no Congresso, expiram. Veto As partes do texto que foram vetadas devem ser comunicadas em 48h para o presidente do Senado, com os motivos do veto. Ele será, então, apreciado em sessão conjunta do Congresso, dentro de 30 dias a contar de seu recebimento. Se o prazo de deliberação for esgotado, o veto será colocado na ordem do dia da sessão imediata, para votação final. Para derrubá-lo, é necessária a maioria absoluta. Seria preciso o apoio de 257 deputados e 42 senadores. A votação é feita conjuntamente, mas a apuração é feita de forma separada. Começa-se a apurar pela Câmara e, se conseguirem o número mínimo necessário, tem início a apuração do Senado. Se o veto das partes do texto for derrubado, o presidente do Congresso deve comunicar o fato à presidente e enviar o texto aprovado no Congresso, para que seja promulgado e publicado. Por outro lado, se o veto parcial não for derrubado, o que foi rejeitado pelo veto somente poderá estar em novo projeto, na mesma sessão legislativa, mediante proposta da maioria absoluta dos membros de qualquer das Casas do Congresso Nacional. Prof. Fernando Aprato Página 32 Atualidades BNDES Meio Ambiente Entenda a polêmica envolvendo o novo Código Florestal O Congresso chegou a um impasse na votação do projeto de lei que altera o Código Florestal brasileiro. Os ruralistas defendem as alterações propostas pelo governo, que irão beneficiar os pequenos agricultores, enquanto os ambientalistas temem o risco de prejuízos ao meio ambiente. O Projeto de Lei no 1.876/99, elaborado pelo deputado federal Aldo Rebelo (PCdoB), tramita há 12 anos na Câmara dos Deputados, em Brasília. Ele foi aprovado em julho do ano passado por uma comissão especial e colocado em pauta para ser votado no último dia 12 de maio. Porém, prevendo uma derrota, a bancada governista retirou o projeto de pauta, que agora não tem prazo definido para voltar ao plenário. O Código Florestal reúne um conjunto de leis que visam à preservação de florestas, como limites para exploração da vegetação nativa e a definição da chamada Amazônia Legal (área que compreende nove Estados brasileiros). O primeiro código data de 1934 e o atual (Lei no 4.771), de 1965. O documento adquiriu maior importância nos últimos anos por conta das questões ambientais. Ao mesmo tempo, precisa ser atualizado para se adequar à realidade socioeconômica do Brasil. Estima-se que 90% dos produtores rurais estejam em situação irregular no país, pois não seguiram as especificações do código de 1965. Eles plantam e desmatam em locais proibidos pela legislação. É o caso, por exemplo, de plantações de uvas e café nas encostas de morros e de arroz em várzeas, em diversas regiões do país. Para regularizar a condição dessas famílias, o novo Código Florestal propõe, entre outras mudanças, a flexibilização das regras de plantio à margem de rios e de reflorestamento. Os ambientalistas, no entanto, contestam o projeto. Segundo eles, haverá incentivo ao desmatamento e impactos no ecossistema. O desafio será equacionar a necessidade de aumentar a produtividade agrícola no país e, ao mesmo tempo, garantir a preservação ambiental. Prof. Fernando Aprato Página 33 Atualidades BNDES Pontos de discórdia Entre os principais pontos polêmicos do novo Código Florestal estão os referentes às APPs (Áreas de Preservação Permanente), à Reserva Legal (RL) e à "anistia" para produtores rurais. Áreas de Preservação Permanente são aquelas de vegetação nativa que protege rios da erosão, como matas ciliares e a encosta de morros. O Código Florestal de 1965 determina duas faixas mínimas de 30 metros de vegetação à margem de rios e córregos de até 10 metros de largura. A reforma estabelece uma faixa menor, de 15 metros, para cursos d'água de 5 metros de largura, e exclui as APPs de morros para alguns cultivos. Entidades ambientalistas reclamam que a mudança, caso aprovada, aumentará o perigo de assoreamento e afetará a fauna local (peixes e anfíbios), além de incentivar a ocupação irregular dos morros, inclusive em áreas urbanas. Já os ruralistas acreditam que a alteração vai ajudar pequenos produtores, que terão mais espaço para a lavoura. Um segundo ponto diz respeito à Reserva Legal, que são trechos de mata situados dentro de propriedades rurais que não podem ser desmatados. Cerca de 83 milhões de hectares estão irregulares no Brasil, segundo a SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência). A lei determina que todo dono de terreno na zona rural deve manter a vegetação nativa em proporções que variam de acordo com o bioma de cada região. Na Amazônia é de 80%, no cerrado, 35%, e nas demais regiões, 20%. Anistia O projeto exclui a obrigatoriedade para pequenos proprietários (donos de terras com até quatro módulos fiscais, ou, aproximadamente, de 20 a 400 hectares) de recuperarem áreas que foram desmatadas para plantio ou criação de gado. Para os médios e grandes proprietários são mantidos os porcentuais, com a diferença de que eles poderão escolher a área da RL a ser preservada. O dono de uma fazenda em Mato Grosso, por exemplo, poderia comprar terras com vegetação natural em Minas para atender aos requisitos da lei. Para a oposição, há pelo menos dois problemas. Fazendeiros podem dividir suas propriedades em lotes menores, registrados em nome de familiares, para ficarem isentos da obrigação de reflorestamento. E, caso possam comprar reservas em terrenos sem Prof. Fernando Aprato Página 34 Atualidades BNDES interesse para a agricultura, poderão criar "bolsões" de terras áridas. A bancada ruralista, ao contrário, acredita que a medida vai favorecer produtores que não têm condições de fazer reflorestamento. O terceiro ponto de discórdia diz respeito à anistia para quem desmatou, tanto em Áreas de Preservação Permanente quanto em Reserva Legal. O Código Florestal prevê que serão multados proprietários que desmataram em qualquer época. O texto em debate isenta os produtores de multas aplicadas até 22 de julho de 2008 - data em que entrou em vigor o decreto regulamentando a Lei de Crimes Ambientais. Os contrários à proposta acham que a anistia criará precedente que irá estimular a exploração predatória das florestas. Código Florestal: Os detalhes dos vetos de Dilma Lupa no Código Florestal Autor(es): JULIANA BRAGA Correio Braziliense - 28/05/2012 Sociedade fica de olho nos vetos e modificações que Dilma publica hoje no Diário Oficial Apesar do evento realizado para o anúncio, na última sexta-feira, somente hoje serão divulgados na íntegra os 12 vetos e as 32 modificações que a presidente Dilma Rousseff fez ao Código Florestal. Mesmo revelando alguns pontos, Dilma preferiu que a sua decisão só fosse totalmente conhecida pela população ao mesmo tempo em que o Congresso Nacional recebesse o texto, em sinal de respeito à Casa. Especialistas, entretanto, acreditam que o anúncio em conta-gotas foi uma estratégia para destacar os pontos em que a presidente atendeu aos apelos da sociedade civil, deixando os mais espinhosos apenas para o Diário Oficial. Para o advogado Raul do Valle, do Instituto Socioambiental, anunciar aos poucos foi uma estratégia para chamar a atenção aos pontos caros à sociedade civil e com potencial de fazer o Brasil ter uma imagem positiva na Rio+20. A anistia a pequenos desmatadores, por exemplo, só foi revelada na sexta-feira porque foi feita uma pergunta à ministra Izabella Teixeira, mas não fazia parte da apresentação montada pelo governo para o evento. Um dos pontos que ainda preocupa ambientalistas é a definição das polêmicas áreas consolidadas. Tanto no texto do Senado quanto no da Câmara, são assim denominados os imóveis rurais com ocupação humana anterior a 22 de julho de 2008, quando foi sancionada a Lei de Crimes Ambientais, e que tenham benfeitorias ou atividades de agropecuária, silviculturas ou pastoris. A definição de área consolidada é importante porque dela depende, por exemplo, quais áreas desmatadas precisam ser recompostas ou não. "É sempre uma dúvida o que isso significa na prática. Se pegar ao pé da letra, teremos que ver o que, na área que está sendo usada, será recomposto ou mantido", justifica o professor de Gestão em Agronegócio da Universidade de Brasília (UnB), Sérgio Sauer. Outra preocupação é a definição da regra de pousio, área em que atividades agrícolas, Prof. Fernando Aprato Página 35 Atualidades BNDES pecuárias ou silviculturais são interrompidas para que a terra possa se recompor. O texto do Senado define um prazo limite — cinco anos — enquanto o da Câmara deixa em aberto. Para o professor, dessa forma, os produtores podem se eximir da obrigação de dar um uso para a terra, e abre a brecha para que não haja desapropriação para a reforma agrária. Serão publicados hoje no Diário Oficial os vetos e a medida provisória que vão regulamentar os pontos suprimidos. A grande preocupação mesmo é se as alterações serão mantidas ou não pelo Congresso Nacional, já que tanto os vetos quanto a medida provisória que será editada precisam ser ratificados pela Casa. O governo se mostrou otimista, mas o Código aprovado pelos parlamentares não agradou o Executivo. As mudanças Confira o que já foi anunciado: » Pequenos produtores rurais, com terras de até quatro módulos fiscais, unidade de medida agrária que varia de município a município, ficam livres de reflorestar a reserva legal, área que deve permanecer intacta para a preservação do meio ambiente. » Todos os agricultores terão de recompor as margens de rios, a depender da largura do leito de água e do tamanho da propriedade. A faixa que deve ser replantada varia entre 5m e 100m e, no caso de pequenos produtores, não pode passar de 10% da propriedade. No texto da Câmara, somente os rios com até 10m precisavam ter as margens recompostas e em pelo menos 15 metros. » O dispositivo que previa os princípios que orientam o Código foi retomado no texto do Senado. Este, que é o primeiro artigo, afirma o compromisso do Brasil na preservação de suas florestas e matas nativas e os classifica como bens de interesse comum a toda a sociedade. » A legislação atual para áreas de reserva legal foi mantida. Os proprietários continuarão tendo de preservar de 20% a 80% do terreno, dependendo do bioma. » Os proprietários que não se adequarem em até cinco anos ficarão proibidos de contrair crédito rural. É esse o prazo para que atualizem o Cadastro Ambiental Rural (CAR) e apresentem um plano de reflorestamento. » As multas ambientais, para os que desmataram ilegalmente, ficam suspensas até que o produtor conclua o seu plano de reflorestamento. Se em cinco anos o proprietário não tiver atualizado o CAR, a multa volta a ser cobrada. Prof. Fernando Aprato Página 36 Atualidades BNDES RISCO DE O BRASIL RACIONAR ENERGIA É CADA VEZ MAIOR RACIONAMENTO DE ENERGIA À VISTA Autor(es): SÍLVIO RIBAS Correio Braziliense - 08/01/2013 Nas hidrelétricas do Sudeste e do Centro-Oeste, responsáveis por 70% da produção de energia no país, os reservatórios iniciaram 2013 no menor nível dos últimos 12 anos para o mês de janeiro. Operam, em média, com apenas 28,9% da capacidade, abaixo do registrado em igual período de 2001, ano em que os brasileiros enfrentaram racionamento. O governo nega haver risco de o Brasil ter de fazer economia forçada de luz. Mas empresários e investidores do setor afirmam que o perigo é grande. A onda de desconfiança derrubou ações das principais empresas do sistema elétrico na Bovespa. Com os níveis dos reservatórios muito baixos e o consumo em alta, risco de desabastecimento aumenta. Redução na conta de luz será menor O risco de o Brasil decretar um racionamento no consumo de energia elétrica neste ano, repetindo o desabastecimento de 2001, está cada vez maior. Apesar de o governo negar qualquer possibilidade de a medida ser anunciada, empresários e investidores alardearam ontem que, diante dos baixos níveis dos reservatórios das hidrelétricas e do consumo elevado em dias de alta temperatura, a capacidade de fornecimento de luz às residências e às fábricas está no limite. Com a onda de desconfiança varrendo o país, as ações das principais empresas do setor elétrico derreteram na Bolsa de Valores de São Paulo (BM&FBovespa), que caiu 0,94%. Os papéis preferenciais (PN) da Eletrobras recuaram 4,72%, e os da Cesp e da Cemig, 3,4% e 3,3%, respectivamente. O temor foi agravado com a informação de que a fatura da energia gerada por termelétricas (mais cara), somada ao abastecimento vindo das hidrelétricas, já se aproxima de R$ 1 bilhão por mês. Ou seja, a tendência é de a conta de luz ficar mais cara em vez baratear, como prometeu a presidente Dilma Rousseff. "As previsões de chuvas para janeiro apontam volume 30% menor do que o considerado normal para o mês. Se considerar que as precipitações são ainda localizadas, fora dos locais ideais para as principais bacias de rios, a geração hidrelétrica está ameaçada neste ano", disse Reginaldo Medeiros, presidente da Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia (Abraceel). Sendo assim, é provável que as usinas térmicas, que deveriam ser ligadas apenas em momentos de emergência, fiquem acionadas por todo o ano. Nesse Prof. Fernando Aprato Página 37 Atualidades BNDES sentido, Medeiros apontou como preocupação ainda maior outro fator inesperado: dos 20 gigawatts (GW) de potência térmica que deveriam ser entregues em 2013, só 13 GW vingaram. Essa diferença representa as usinas contratadas em leilões de 2008 e não concluídas pelos empreendedores. Flávio Neiva, presidente da Associação Brasileira de Empresas Geradoras de Energia Elétrica (Abrage), ressaltou que, caso as chuvas de janeiro não venham no nível considerado normal, os fornecedores serão forçados a "acender o sinal amarelo" perante o risco de racionamento, informado pelo Correio na edição de 24 de novembro de 2012. No entender dele, se o Sudeste — onde estão os maiores consumidores e o calor tem sido implacável — apresentar volume nos reservatórios das usinas abaixo do recomendável, será necessária a adoção, pelo governo, de medidas adicionais de segurança, como a adoção de térmicas de geração ainda mais caras. Segundo Neiva, o primeiro trimestre concentra as chuvas, o que pode até fazer as térmicas voltarem ao seu emprego mínimo a partir de abril, na melhor da hipóteses. Mas nada garante que isso ocorrerá. "A sorte do país é que a economia não está crescendo ao ritmo de 4%, como apostava o Ministério da Fazenda. Se considerar que a demanda de eletricidade avança a um ritmo uma vez e meia maior que o PIB, uma expansão mais forte da atividade nos deixaria às escuras", assinalou Walter Fróes, presidente da comercializadora de energia CMU. Para o professor da Universidade de São Paulo (USP) Célio Bermann, mais do que o apagão clássico, o maior risco para o abastecimento continua sendo a fragilidade das redes de transmissão do país, que carecem de investimentos e manutenção. "O que a presidente Dilma Rousseff chama de falha humana é o sucateamento de redes", ressaltou. Aperto no bolso O consenso dos agentes é de que o elevado custo da geração térmica, cinco vezes e meia ao da hidrelétrica, deverá esvaziar a promessa do governo de reduzir o valor das contas de luz a partir de fevereiro, em 20,2%, em média. Enquanto a indústria que compra energia no mercado livre já sente os efeitos da disparada dos preços, o mercado cativo dos consumidores residenciais perceberá o impacto no bolso ao longo do ano, à medida que as revisões tarifárias forem aprovadas. No caso de Brasília, o preço mais alto chegará em agosto. Segundo Neiva, da Abrage, o uso intensivo das usinas térmicas já conspirou contra os planos da presidente. Nem mesmo a ajuda do Tesouro, estimada em até R$ 7 bilhões, para arcar com as diferenças das empresas que não aderiram ao plano de redução das tarifas será suficiente para o agrado aos consumidores. O diretor executivo da Associação Brasileira das Grandes Empresas de Transmissão de Energia Elétrica (Abrate), César de Barros Pinto, também não vê condições conjunturais para garantir a redução da conta de luz no patamar prometido, em razão do uso intensivo de uma energia mais cara, a térmica. O nível dos reservatórios das hidrelétricas no Sudeste e do Centro-Oeste, responsáveis por Prof. Fernando Aprato Página 38 Atualidades BNDES 70% da capacidade de produção de energia no país, é o mais baixo dos últimos 12 anos para janeiro: 28,9% do armazenado nos lagos artificiais. O índice está um pouco abaixo do verificado em igual mês de 2001, ano em que o então presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) decretou racionamento. No Sul e no Nordeste, o quadro é ainda pior, sem perspectivas de ficar acima do mínimo razoável, de 30%. Neste momento, só resta ao Palácio do Planalto rezar para São Pedro evitar o desabastecimento. Reunião de emergência Para mostrar que está agindo, a presidente Dilma Rousseff convocou uma reunião para as 14h30 de amanhã com todo o comando do Ministério de Minas e Energia. O Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) contará ainda integrantes do Operador Nacional do Sistema (ONS), da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), da Agência Nacional do Petróleo (ANP), da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), da Câmara de Compensação de Energia Elétrica (CCEE), Agência Nacional de Águas (ANA) e do Centro de Pesquisa de Energia Elétrica (Cepel). O ministro Edison Lobão ressaltou, por meio de nota, que a reunião do CMSE não foi convocada diretamente pela presidente Dilma e nem tem caráter emergencial, pois estava prevista no calendário anual do comitê. Analistas ouvidos pelo Correio discordaram e garantiram que uma reunião da Câmara de Compensação de Energia Elétrica, marcada para o mesmo dia, precisou ser adiada em uma semana. Eles lembraram ainda que a questão do racionamento gera particular ansiedade ao Planalto, pois a chamada crise do apagão, ocorrida de 1º de julho de 2001 a 27 de setembro de 2002, foi usada em favor do PT nas campanhas eleitorais. Além disso, racionamento é a única situação em que a presidente Dilma admite o termo apagão, fenômeno que afirma ter sepultado com o modelo implantado por ela há 10 anos, quando era ministra de Minas e Energia. Prof. Fernando Aprato Página 39 Atualidades BNDES Educação Greve de professores atinge 95% das instituições federais Paralisação já dura mais de 40 dias e prejudica atividades em 56 das 59 universidades federais. Docentes protestam em Brasília A greve dos professores já atinge 95% das universidades e institutos federais de ensino superior, segundo balanço divulgado pelo Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes). Nesta quinta-feira, professores realizam protestos em frente a unidades do Banco do Brasil pelo país. A paralisação, que já dura 42 dias, prejudica as atividades em 56 das 59 universidades federais, além de dois centros de educação tecnológica e 14 unidades do Colégio Pedro II, localizadas no Rio de Janeiro. Dos 38 institutos federais, 34 têm professores parados. Nesta semana, a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e a Universidade Federal de Pelotas (UFPel) também aderiram à greve. A principal reivindicação dos docentes é a reestruturação da carreira, com a inclusão de 13 níveis de remuneração (atualmente são 17), variação salarial de 5% entre eles e piso de 2.329,35 reais para 20 horas semanais de trabalho. Hoje, o valor é de 1.597,92 reais. Os professores pedem ainda melhores condições de trabalho e infraestrutura e criticam a processo de "precarização" vivido pelas universidades como consequência, principalmente, do Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni) – criado pelo governo federal em 2007. O Andes, o Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica (Sinasefe) e a Federação dos Sindicatos dos Trabalhadores das Universidades Públicas Brasileiras (Fasubra) divulgaram, no último dia 20, na Câmara dos Deputados, um manifesto em conjunto. “Crescem a degradação das condições de trabalho e de ensino e a deterioração da infraestrutura oferecida nas universidades. Os professores, técnicos e estudantes defendem sim uma expansão, desde que exista qualidade. Não adianta criar novas instituições sem oferecer as condições satisfatórias para que elas funcionem”, diz o documento. O professor Luiz Henrique Schuch, vice-presidente do Andes, alega que a pauta de reivindicações da categoria é a mesma desde 2010, mas não houve avanços. “Por mais que se propagandeie a crise financeira, a única que não se resolve é a crise de políticas públicas. É um desgaste para todos”, diz. Prof. Fernando Aprato Página 40 Atualidades BNDES Uma reunião entre o representantes do Ministério do Planejamento, responsável pelas negociações, e dos docentes estava marcada para o dia 19 de junho, mas foi adiada e nenhuma outra data foi agendada. A última proposta feita pelo governo, no dia 13 de junho, foi reestruturar a carreira docente tomando como referência de remuneração a carreira de servidores do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. O ministro Aloizio Mercadante afirma que considera a greve “precipitada e sem razão de ser”. Energia E Tecnologia Breve Histórico do Royalties do Petróleo O debate em torno dos royalties da produção de petróleo se dá em torno das disputas entre os estados e o governo federal, principalmente o Rio de Janeiro e o Espírito Santo. O lucro da produção de petróleo é divide entre o governo federal, os estados, e os municípios produtores ou com instalações de refino e de auxílio à produção. As empresas petrolíferas pagam 10% do valor de cada barril extraído pelo direito de explorar o produto. Hoje em dia, esses 10% dos royalties do petróleo são divididos da seguinte forma: - Estados produtores: 22,5% - Municípios produtores: 30% - União: 47,5% No entanto, alegando que o petróleo é uma riqueza nacional, uma Proposta de Lei do Deputado Federal Ibsen Pinheiro (PMDB-RS), que acabou vetada pelo presidente Lula, determinava uma nova divisão dos royalties do petróleo. A distribuição ficaria assim determinada: - Todos os estados: 30% - Todos os municípios: 30% - União: 40% Essa nova divisão dos royalties tinha por objetivo, além da camada pré-sal (cuja produção em larga escala está prevista para 2020), as jazidas e campos já licitados e explorados, como, por exemplo, a Bacia de Campos. A “Emenda Ibsen”, de autoria dos deputados, Prof. Fernando Aprato Página 41 Atualidades BNDES Ibsen Pinheiro (PMDB-RS) e Humberto Souto (PPS-MG), foi aprovada na Câmara dos Deputados com 329 votos a favor e 72 contra. No entanto, para que essa emenda passasse a vigorar, ela teria que ser aprovada pelo Senado, e foi, e pelo Presidente da República, que vetou. Caso fosse aprovada, o Rio de Janeiro, maior produtor nacional de petróleo (83% da produção nacional), deixaria de receber aproximadamente 7,3 bilhões de reais por ano em royalties. O Espírito Santo seria outro estado bastante prejudicado. A “Emenda Ibsen” tinha como proposta que a União paguesse o montante que os estados e municípios deixassem de receber, em decorrência da nova lei de divisão dos royalties. Projeto cria nova regra para distribuição de royalties do petróleo A Câmara analisa o Projeto de Lei 2565/11, do Senado, que redistribui os royalties do petróleo para beneficiar estados e municípios não produtores. A redistribuição alcança tanto as áreas da camada pré-sal quanto as do pós-sal, que já foram licitadas. O atual texto que tramita na Câmara foi elaborado pelo senador Vital do Rêgo (PMDBPB), após meses de negociações em torno da proposta apresentada pelo senador Wellington Dias (PT-PI), da qual foi relator. O projeto, que enfrenta forte oposição dos principais estados produtores (Rio de Janeiro e Espírito Santo), determina a redução de 50% para 42% da parcela da União na chamada participação especial – tributo pago pelas empresas pela exploração de grandes campos de petróleo, principalmente os recém-descobertos na camada pré-sal. A participação especial não inclui os royalties – valores que a União, estados e municípios recebem das empresas pela exploração do petróleo. Os repasses variam de acordo com a quantidade explorada. Em relação aos royalties, o relatório traz uma redução de 30% para 20% na fatia destinada ao governo. Para compensar o governo, o relator propôs que, a partir de 2013, a União receba uma compensação na participação especial de 1% por ano, até chegar a 46% em 2016. O relatório também traz perdas para os estados produtores, que terão a sua parcela de royalties reduzida de 26,25% para 20%. A participação especial destinada aos estados produtores, segundo o relatório, cai de 40% para 20%. Vital do Rêgo disse ter definido os percentuais de forma a garantir uma receita de R$ 11,1 bilhões em 2012 aos estados produtores. Em 2010, eles receberam R$ 7 bilhões. Os estados não produtores, que receberam R$ 160 milhões em 2010, receberão R$ 4 bilhões em 2012, se o projeto for aprovado como está. Prof. Fernando Aprato Página 42 Atualidades BNDES Partilha A proposta altera duas leis que tratam do assunto. Uma delas é a 12351/10, que deve sofrer mudança na parte sobre a partilha dos royalties. Serão criados os regimes de concessão e partilha, e será definido o índice de 15% do valor da produção para fazer a compensação financeira pela exploração de petróleo e gás natural aos municípios, estados e União. O texto determina, por exemplo, que os critérios para os valores dos royalties sejam definidos em ato do Poder Executivo, em função dos preços de mercado, das especificações do produto e da localização do campo onde for feita a exploração. Um dos artigos mais polêmicos determina que, sob o regime de partilha de produção, os royalties serão pagos da seguinte forma: estados e municípios produtores receberão 20% e 10% respectivamente; 5% irão para as cidades afetadas por operações de embarque e desembarque dos produtos; 25% para constituir um fundo dos estados e do DF; 25% para um fundo dos municípios; e 15% para um fundo social. Esses percentuais serão pagos quando a produção ocorrer em terra, lagos e rios. Caso a exploração do petróleo ocorra em mar territorial — uma faixa de águas costeiras que alcança 22 quilômetros do litoral —, os estados e municípios produtores receberão 22% e 5% respectivamente; os dois fundos criados para beneficiar estados e municípios ficarão com 24,5% cada; e a União receberá 22% para aplicar num fundo social. Outros 2% ficarão para os municípios afetados pela exploração do petróleo. A outra norma a ser alterada é a Lei 9478/97, sobre a política energética nacional e o monopólio do petróleo. A mudança é para revogar dispositivos que definem percentuais de divisão dos royalties somente entres os estados e municípios produtores e a União. Tramitação A proposta, que tramita em regime de prioridade, será analisada por uma comissão especial, que ainda precisa ser constituída. Depois, será votada pelo Plenário da Câmara. Relator diz que estados produtores não perderão receitas de royalties O relator do projeto sobre a partilha dos royalties do petróleo (PL 2565/11, do Senado), deputado Carlos Zarattini (PT-SP), afirmou nesta terça-feira (20) que os estados e municípios produtores não terão perda de receitas oriundas da exploração de petróleo. Prof. Fernando Aprato Página 43 Atualidades BNDES Segundo o deputado, esse é o único consenso já obtido entre os integrantes do grupo de trabalho que analisa a proposta. "A ideia é que os estados produtores não tenham redução na receita de royalties. Esta é uma questão fundamental para que possamos ter um acordo entre todos os estados”, disse Zarattini. Leonardo Prado Reunião para discutir sobre os Royalties do Petróleo - dep. Carlos Zarattini (PT-SP) Zarattini: grupo de trabalho tem consenso para manter receita de estados produtores. O grupo realizou sua primeira reunião nesta terça e voltará a se reunir no próximo dia 27. Até lá, os deputados vão tentar avançar em possível acordo que envolva os governadores e os prefeitos. A previsão é que o projeto sobre royalties seja votado pelo Plenário da Câmara em abril. O grupo de trabalho é formado pelo mesmo número de deputados de estados produtores e não produtores de petróleo. Divergências Zarattini afirmou que, entre as divergências sobre o projeto, está o ano que servirá de parâmetro para o cálculo da receita de royalties. O texto do Senado prevê o ano de 2010, mas alguns deputados discordam dessa data. O texto aprovado pelo Senado prevê a distribuição equânime dos royalties para todos os estados brasileiros. O deputado Anthony Garotinho (PR-RJ) propôs, no entanto, que essa distribuição seja feita apenas a partir do excedente que ocorrer em decorrência do aumento da produção de petróleo. O deputado disse que essa medida preservará a receita dos estados produtores. A sugestão de Garotinho também prevê que a receita dos estados produtores seja corrigida anualmente. “Eu propus o IGP-M [Índice Geral de Preços do Mercado]. O deputado Marcelo Castro [PMDB-PI] propôs outro índice. O que importa é que não podemos suprimir a arrecadação de nenhuma cidade nem de nenhum estado.” Segundo Garotinho, não foi confirmada a previsão feita no Senado de que os estados produtores não teriam perdas com a aprovação do projeto. “Hoje, na tabela apresentada pelo deputado Zarattini, demonstrou-se uma perda enorme. Para o conjunto dos estados e municípios [produtores] era algo em torno de R$ 2,5 bilhões." Prof. Fernando Aprato Página 44 Atualidades BNDES Leonardo Prado Reunião para discutir sobre os Royalties do Petróleo - dep. Anthony Garotinho (PR-RJ) Garotinho: "Não podemos suprimir a arrecadação de nenhuma cidade ou estado.” Segundo os deputados, as tabelas apresentam valores divergentes porque foram calculadas com base em variáveis instáveis, como o volume de produção, o preço do barril e o valor do dólar. "Tudo isso influencia, então não podemos fazer uma previsão exata”, disse Zarattini. Estados não produtores Os estados não produtores querem que as novas regras dos royalties e da participação especial do petróleo incidam não só sobre o pré-sal como também sobre os atuais contratos. “As regras valerão para o que é extraído do mar, seja pré, seja pós, seja já contratado, seja a contratar”, afirmou o deputado Esperidião Amin (PP-SC). O deputado Alessandro Molon (PT-RJ) defendeu, por sua vez, a incidência do acordo apenas sobre o pré-sal, preservando o que já foi contratado e licitado. "Mexer no que já foi contratado viola a segurança jurídica e é um erro grave para o País", disse. Ele sugeriu também a criação de um fundo para a correção de eventuais efeitos de acidentes na exploração petrolífera. Molon afirmou que o novo vazamento de óleo na bacia de Campos, no litoral norte do Rio de Janeiro, pode ajudar a vencer a resistência dos estados não produtores. “Esse acidente mostra a razão de ser dos royalties. Afinal de contas, quando um acidente ocorre, o estado que fica poluído é aquele onde se dá a exploração”, disse. Fonte: site da Câmara dos Deputados. Prof. Fernando Aprato Página 45 Atualidades BNDES INTERVENÇÃO DA ANATEL EM CELULARES SURPREENDE SETOR ANATEL SUSPENDE VENDAS DE TELES Autor(es): Por Juliana Colombo, Rafael Bitencourt, Fernando Exman e Gustavo Brigatto | De São Paulo e Brasília Valor Econômico - 19/07/2012 A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) fez ontem sua maior intervenção no mercado desde a privatização do setor, em 1998. De uma só vez, ela suspendeu as vendas de serviços de celular e internet de três das quatro maiores operadoras do Brasil. A mais atingida foi a TIM, que terá de interromper as vendas em 19 Estados. A Claro teve seus negócios afetados em três Estados e a Oi, em outros cinco. A Vivo não foi afetada. A proibição começa na segunda-feira e as empresas terão 30 dias para apresentar plano de melhoria do serviço. A ação da Anatel surpreendeu o mercado. "A agência tem uma série de outros mecanismos administrativos que poderiam ser usados nesses casos. A suspensão é uma medida muito severa", disse o advogado Rodrigo Pinto de Campos, especialista em direito regulatório e infraestrutura no Aidar SBZ Advogados. As ações do setor tiveram as maiores quedas do dia na Bovespa. As ações preferenciais da Oi recuaram 4,5% e as da TIM, 2,8%. A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) fez, ontem, o que é considerado por muitos a maior interferência no mercado de telefonia móvel no país desde sua origem, em 1998. De uma só vez, suspendeu as vendas de serviços de celular e internet de três das quatro maiores operadoras do Brasil. A mais atingida foi a TIM, que terá de suspender as vendas em 19 Estados. A Claro teve seus negócios afetados em 3 Estados e a Oi, em 5. Só a Vivo ficou fora. A proibição começa na segunda-feira e as empresas terão 30 dias para apresentar um plano de melhoria do serviço. Segundo auxiliares da presidente Dilma Rousseff, a decisão da Anatel de punir as empresas de telecomunicações passou ao largo do Palácio do Planalto. A avaliação de autoridades do Executivo é que o recado de que o governo vinha monitorando de perto a qualidade dos serviços prestados foi dado pelo ministro das Comunicações, Paulo Bernardo. Na semana passada, em entrevista a jornalistas, o ministro afirmou que a TIM teria um prazo para melhorar a qualidade de seus serviços, sob a pena de ter proibidas novas vendas. Prof. Fernando Aprato Página 46 Atualidades BNDES Bernardo já vinha falando há algum tempo da necessidade de as operadoras melhorarem o serviço, mas o recado nunca havia sido tão duro. Em aparições públicas, o ministro cobrou várias vezes a ampliação dos investimentos em rede pelas teles. A sugestão era que o patamar anual de R$ 20 bilhões subisse para R$ 25 bilhões. A Anatel decidiu punir a pior operadora em cada Estado do país com base em um levantamento feito nos últimos 18 meses, sob critérios variados. Além das quatro grandes teles, foram avaliadas a CBTC - que opera sobretudo em Minas Gerais - e a Sercomtel, com atuação exclusiva na cidade de Londrina (PR). Nenhuma das duas sofreu sanções, embora ambas tenham de apresentar um plano de investimento, assim como a Vivo. A Nextel não foi avaliada por não ter uma licença do Serviço Móvel Pessoal (SMP) e atuar especificamente no mercado empresarial. Antes das medidas anunciadas ontem, a maior intervenção da Anatel havia sido a proibição das vendas do serviço de banda larga da Telefônica, o Speedy, em 2009. As reclamações do público quanto aos serviços móveis vinham se avolumando nos últimos tempos: só em março foram registradas quase 90 mil queixas na Anatel. Órgãos regionais também já vinham se movimentando. Nesta semana, o Procon de Porto Alegre suspendeu a venda de novos serviços por todas as operadoras na cidade. Mesmo assim, a proibição da Anatel foi considerada dura demais por muitos analistas do setor. "A agência tem uma série de mecanismos administrativos que poderiam ser usados. A suspensão é uma medida muito severa", disse o advogado Rodrigo Pinto de Campos, especialista em direito regulatório e infraestrutura no escritório Aidar SBZ Advogados. Na avaliação de um analista, que prefere não se identificar, a medida foi uma forma de a agência "mostrar serviço" frente ao crescente número de reclamações. "Claramente, a agência se sentiu pressionada e teve que vir com alguma coisa", avaliou o analista. Na BMF&Bovespa, a notícia fez com que as ações do setor fechassem entre as maiores quedas. Os papéis da Oi terminaram cotados a R$ 9,17, com queda de 4,5%, a maior do Ibovespa. A TIM teve queda de 2,8%, para R$ 9,46. A Claro não negocia ações em bolsa. Já os papéis da Telefônica/Vivo fecharam próximos à estabilidade, com avanço de 0,2%, em R$ 48,71. As teles podem voltar a vender seus serviços antes do prazo de 30 dias se anteciparem a entrega dos planos à Anatel. Os projetos devem incluir tópicos como cronograma de ampliação da rede, número de antenas a ser instaladas e contratação de pessoal para efetivar as medidas, entre outros itens. "Caso a Anatel não aprove os planos, os serviços seguirão suspensos", disse ontem, em entrevista, o superintendente de serviços privados da Anatel, Bruno Ramos. Se desobedecerem à proibição, as teles receberão multas de R$ 200 mil por dia. Prof. Fernando Aprato Página 47 Atualidades BNDES Os problemas de qualidade refletem o rápido crescimento da base de celulares no país, que não foi acompanhado do aumento necessário da infraestrutura, segundo a Anatel. Só no mês passado, a base no país chegou a 256 milhões de linhas em serviço, mais que uma linha por habitante. "Tivemos de tomar uma medida extrema como essa pois as empresas continuavam vendendo sem ampliar os investimentos na qualidade da rede", afirmou o presidente da Anatel, João Rezende. A TIM, em nota, afirmou que a ação foi "extrema e anticompetitiva". A Oi afirmou que, "embora a medida não reflita os investimentos realizados em melhorias de rede, manterá o diálogo com Anatel". A Telefônica/Vivo disse que "realiza constantes avaliações sobre o impacto que seus planos de serviço têm no aumento de tráfego da rede antes de serem lançados". A Claro disse estar empenhada em apresentar o plano à Anatel. Hoje, informou a Anatel, haverá uma reunião com as teles para traçar do assunto. A agência já declarou que o aumento dos investimentos não poderá ser repassado às tarifas dos serviços. A questão dos royalties do petróleo Publicado em Carta Capital Paulo Daniel Com a descoberta de reservas de petróleo na costa brasileira a aproximadamente 7.000 metros de profundidade no total de 40 bilhões a 80 bilhões barris, a tendência é que ocorra uma abundância de dólares na economia brasileira com grande tendência de valorização do real perante o dólar. O governo brasileiro já aprovou leis importantes para o controle das reservas petroleiras, bem como, medidas para conter a possível valorização da moeda local. Entretanto, o mais polêmico dos projetos de lei enviados ao Congresso Nacional, diz respeito à partilha dos royalties petroleiros, pois altera concede novas conformações e participações especiais na exploração dos blocos do pré-sal. Fazendo com que os estados e municípios, sejam contribuídos de uma forma mais igualitária. As conturbações politicas ocorreram e estão ocorrendo, graças ao modo de como é distribuído os royalties nas explorações dos outros campos e bacias de petróleo. O Rio de Janeiro, por exemplo, é creditado em aproximadamente 70% de toda a distribuição de royalties do país. Por mais que esses royalties sejam concedidos como uma forma de externalidade negativa, e que os maiores campos de exploração de petróleo se encontram, até o momento, no estado do Rio de Janeiro, os valores recebidos são astronômicos e a falta de controle abre as portas para corrupção, desvios e péssimos investimentos. Com toda a certeza, a dependência do estado do Rio de Janeiro em relação aos royalties petroleiros deriva do não desenvolvimento de novas tecnologias, principalmente as Prof. Fernando Aprato Página 48 Atualidades BNDES atreladas a indústria, e com sua economia focada em serviços e na extração de petróleo, o que de certa maneira, desenvolveu e ampliou a chamada doença holandesa. A teoria da doença holandesa tem sido utilizada para tratar problemas típicos das economias primário-exportadoras. Seu nome remonta ao comportamento que a economia holandesa teve nos anos sessenta, logo após a descoberta de grandes reservas de gás natural no país, a partir de quando ocorreu aumento concomitante da população nacional de gás natural e dos preços internacionais do produto. Durante o período de “bonança gasífera”, a Holanda recebeu uma grande quantidade de moeda estrangeira e o imediato aumento de superávit comercial fez a moeda nacional se sobrevalorizar. No momento seguinte, a produção industrial do país passou a enfrentar problemas, decorrentes da apreciação da moeda nacional, para concorrer com os produtos de outros países tanto no mercado interno quanto no externo. A baixa competitividade da indústria nacional levou a um aumento das importações, principalmente de produtos industrializados, e a uma diminuição significativa das exportações de outros produtos que não o gás natural. Em pouco tempo, a abundante entrada de moeda estrangeira para a compra de gás natural levou a Holanda a um processo de desindustrialização e de perda de competitividade internacional, algo que, resguardada as devidas proporções acontece com o Rio de Janeiro. A “bonança petroleira” precisa ser muito bem aproveitada, ou seja, despender ou investir em educação devem ser acompanhadas de metas. Por exemplo, em quatro anos o Brasil será território livre do analfabetismo, pois não basta educar-se com o objetivo de galgar um emprego melhor, ou, até quem sabe, uma renda maior; mas sim, e, também, na descoberta de novas éticas, no desenvolvimento da solidariedade e na construção de uma sociedade mais respeitosa e ampla. Portanto, precisa-se repensar o sistema educacional brasileiro. Outro ponto que passa distante de qualquer discussão, é o controle público desse dinheiro. Se o petróleo realmente é nosso, é mais do que prudente decidirmos a destinação dos recursos, para que não se crie formas caudilhescas e de controle das massas populares, o que é bastante peculiar em países petroleiros. Teremos um período de mais de meio século para o Brasil poder implementar políticas econômicas e sociais com o objetivo de elevar o grau de crescimento e desenvolvimento econômico e social; as chances de errarmos e acertamos são praticamente iguais, o nível de mobilização popular e a sensibilidade dos governos é o que definirá os rumos que tomaremos para o presente e o futuro das próximas gerações. Prof. Fernando Aprato Página 49 Atualidades BNDES Relações Internacionais Para Israel, adesão da Palestina à Unesco afasta chances de acordo de paz; Brasil apoia decisão A admissão da Palestina à Unesco ( Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura) como Estado membro afasta as perspectivas de um acordo de paz, afirmou nesta segunda-feira o governo israelense, ao condenar "a manobra unilateral" palestina. "Israel rejeita a decisão da Assembleia Geral da Unesco (...) aceitando a Palestina como Estado membro da organização", indica um comunicado do ministério das Relações Exteriores, ao estimar que "se trata de uma manobra palestina unilateral que não mudará nada no terreno, mas que afasta a possibilidade de um acordo de paz". Após a adesão da Palestina, Israel declarou que irá mudar sua política de cooperação com a Unesco. "Após esta decisão, o Estado de Israel considerará seus próximos passos sobre a cooperação com a organização", adverte ainda a nota. O ministério diz que a posição israelense é em prol do diálogo como a única via para conquistar a paz, e que ele deve acontecer sem condições preliminares, incluindo a exigência palestina de suspender o crescimento das colônias de judeus em seu território. "A estratégia palestina na Unesco e os passos similares em outros organismos da ONU supõe uma rejeição dos esforços da comunidade internacional para avançar no processo de paz", diz a nota, que agradece aos países que se opuseram ao pedido palestino. Israel também declarou sua decepção pelo fato de que a União Europeia não conseguiu alcançar uma posição unificada nesta questão. Os países que votaram sim "adotaram uma versão de ficção científica da realidade ao admitirem um Estado que não existe nesta organização encarregada da ciência... A Unesco deve se preocupar com a ciência e não com a ficção científica", disse o embaixador israelense, Nimrod Barkan. A admissão da Palestina como membro número 195 da Unesco o foi ovacionada pelos participantes da Conferência Geral da Unesco. Foram registrados 107 votos a favor, 14 contra e 52 abstenções. Prof. Fernando Aprato Página 50 Atualidades BNDES Votaram a favor do ingresso, entre outros, Brasil, Índia, China, Espanha e França, enquanto Estados Unidos, Alemanha, Canadá e Israel rejeitaram e se abstiveram o Reino Unido, Colômbia, Japão e México. Governo brasileiros parabeniza Palestina O governo do Brasil parabenizou o Estado da Palestina por sua admissão como membro da Unesco. Em nota divulgada pelo Ministério das Relações Exteriores, o governo destaca a primeira vitória obtida pelos palestinos em um órgão ligado à ONU. “O governo brasileiro felicita a Palestina por sua admissão como membro pleno da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura [Unesco]”, diz o comunicado. “Com o resultado, a Palestina torna-se o 195º Estado-Membro da Unesco – primeira agência especializada do sistema das Nações Unidas a admitir a Palestina como membro pleno." Em setembro, na 66ª sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova York, o presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, obteve a principal sinalização da comunidade internacional em favor do reconhecimento do Estado da Palestina. Vários líderes mundiais, inclusive a presidente Dilma Rousseff, defenderam o direito de os palestinos terem seu país. Primavera árabe Egípcios vão às urnas, mas repressão continua na Síria Quase um ano após o início dos protestos no Oriente Médio, o Egito realiza as primeiras eleições livres de sua história. Porém, enquanto os egípcios dão o primeiro passo rumo à democracia, as revoltas continuam em países como a Síria, onde a repressão fez milhares de vítimas, segundo a ONU (Organização das Nações Unidas). Até agora, a “primavera árabe” derrubou três ditadores, na Tunísia, no Egito e na Líbia. Em outros países, como Jordânia, Bahrein, Iêmen e Síria, manifestações populares levaram ao anúncio de reformas ou violentas reações do Estado. Nações árabes, tradicionalmente, são governadas por monarquias absolutistas, ditaduras militares ou teocracias, que controlam algumas das maiores reservas de petróleo do planeta. Os protestos pró-democracia se espalharam pelo Norte da África e Oriente Médio, em razão da alta do preço dos alimentos, do desemprego e da insatisfação de uma geração jovem com a falta de liberdade. Prof. Fernando Aprato Página 51 Atualidades BNDES A primeira queda de um ditador aconteceu na Tunísia, em 14 de janeiro. O presidente Zine El Abidine Ben Ali renunciou depois de 23 anos no cargo. Em 23 de outubro foi eleita a Assembleia Nacional Constituinte, na primeira eleição livre ocorrida no país. Na Líbia, Muammar Gaddafi foi expulso do Palácio por forças rebeldes em agosto, ao final de seis meses de guerra civil. Dois meses mais tarde, foi capturado e morto pelos revoltosos. Entre os líderes árabes, era o que estava há mais tempo no poder – 41 anos. O Conselho Nacional de Transição (CNT), que assumiu o controle da Líbia, prometeu realizar eleições no prazo de oito meses. Egito No Egito, mais influente e populoso país árabe (82 milhões de habitantes), o presidente Hosni Mubarak renunciou em 11 de fevereiro, encerrando três décadas de ditadura. Mesmo assim, os protestos recomeçaram em 19 de novembro, desta vez contra a junta militar que constituiu o governo provisório. Os manifestantes exigem a transição para um governo civil. Na tentativa de conter os levantes, que já mataram 42 pessoas nas últimas semanas, as eleições parlamentares foram antecipadas. A votação começou em 28 de novembro e o processo terminará em 11 de janeiro. Serão eleitos 498 deputados para a Assembleia do Povo ou Câmara Baixa do Parlamento. Um terço dos cargos será preenchido pelos candidatos mais votados, e o restante, eleito pelo sistema proporcional (por exemplo, se um partido tiver 10% dos votos, terá direito a ocupar 10% das cadeiras). A despeito da precariedade política – os partidos de oposição eram proibidos durante a ditadura – a população compareceu às urnas para escolher entre 10 mil candidatos e 40 partidos diferentes. Dados preliminares apontam vitória da Irmandade Muçulmana, do recém-fundado Partido Liberdade e Justiça (PLJ). Se isso se confirmar, grupos fundamentalistas islâmicos, que venceram também as eleições na Tunísia e no Marrocos, serão a principal força no cenário político pós-ditatorial no Oriente. O sucesso eleitoral desses partidos religiosos preocupa sobretudo Israel, devido ao seu conflito histórico com o mundo islâmico. Massacre Em outros países, revoltas e reformas estão em curso. O caso mais dramático ocorre na Síria, onde a repressão do governo de Bashar al-Assad (há 11 anos na Presidência) estaria promovendo o maior massacre contra opositores do regime desde o começo da “primavera árabe”. Prof. Fernando Aprato Página 52 Atualidades BNDES Segundo um relatório da ONU, divulgado no dia 28 de novembro, 3,5 mil pessoas foram assassinadas, incluindo 256 crianças, e mais de 20 mil foram presas. A violência afetaria 3 milhões de pessoas na Síria, que possui 22,5 milhões de habitantes. O governo estaria impedindo a população de fugir do país, colocando minas terrestres e soldados armados nas fronteiras. O relatório conclui que a Síria cometeu crimes contra a humanidade durante a repressão aos manifestantes, desde março deste ano. No começo do mês, o governo sírio firmou um acordo com a Liga Árabe para o término da repressão, a libertação de presos políticos e a promoção de reformas políticas. As medidas, contudo, não entraram em vigor, e aumentaram a pressão internacional e as sanções contra o governo de al-Assad. No Iêmen, uma das nações mais pobres do mundo árabe, o ditador Ali Abdullah Saleh assinou um acordo, em 23 de novembro, que prevê sua renúncia e eleições livres. Saleh, que escapou ferido de um atentado em junho, governa há 33 anos. A pressão popular também resultou em reformas na Jordânia, anunciadas pelo rei Abdullah 2º. Já no Bahrein, o rei sunita Hamad al Khalifa resiste com violência aos opositores da monarquia. Rússia e China vetam na ONU resolução sobre a Síria 04/02/2012 DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS DA FRANCE PRESSE, EM NOVA YORK A Rússia e a China vetaram neste sábado pela segunda vez no Conselho de Segurança da ONU um projeto de resolução que condena a repressão na Síria. O plano era apoiado pelos demais países do principal organismo de decisão das Nações Unidas. Treze nações votaram a favor do projeto proposto pelos países árabes e europeus, que apoiam um plano da Liga Árabe para assegurar uma transição à democracia na Síria. Mas Rússia e China (que ocupam duas das cinco vagas permanentes com direito a veto no conselho) voltaram a votar contra o texto, como haviam feito em 5 de outubro. A Rússia é o principal aliado da Síria no órgão da ONU, e já afirmou repetidas vezes que vai vetar qualquer resolução que exija a renúncia do ditador Bashar Assad. Prof. Fernando Aprato Página 53 Atualidades BNDES O novo projeto de resolução, que substitui outro mais duro e que foi descartado de imediato pela Rússia, não pedia explicitamente que o Assad deixasse o poder. No entanto, as concessões incluídas continuaram sendo insuficientes para a Rússia e seu chanceler, Serguei Lavrov, havia afirmado antes da reunião em Nova York que submetê-lo à votação provocaria um "escândalo". O objetivo do plano é fazer cessar a violenta repressão a oposicionistas, que matou mais de 5.400 na Síria desde março de 2011, segundo estima a própria ONU. 10 anos de Brics A força dos emergentes Há dez anos o economista inglês Jim O’Neill cunhou o acrônimo Bric para se referir a quatro países de economias em desenvolvimento – Brasil, Rússia, Índia e China – que desempenhariam, nos próximos anos, um papel central na geopolítica e nos negócios internacionais. O acrônimo ganhou uso corrente entre economistas e se tornou um dos maiores símbolos da nova economia globalizada. Neste quadro, os países emergentes ganharam maior projeção política e econômica, desafiando a hegemonia do grupo de nações industrializadas, o G7 (formado por Estados Unidos, Canadá, Reino Unido, França, Alemanha, Itália e Japão). Desde 2009, os líderes dos países membros do Bric realizam conferências anuais. Em abril do ano passado, a África do Sul foi admitida no grupo, adicionando-se um “s” ao acrônimo, que passou a ser Brics. No grupo estão 42% da população e 30% do território mundiais. Nos últimos dez anos, os países do Bric apresentaram crescimento além da média mundial. Estima-se que, em 2015, o PIB (Produto Interno Bruto) do Brics corresponda a 22% do PIB mundial; e que, em 2027, ultrapasse as economias do G7. A China é o “gigante” do grupo. A abertura da economia chinesa, mediante um conjunto de reformas, tornou o país a segunda maior economia do planeta, atrás somente dos Estados Unidos e ultrapassando Japão e países da Europa. A economia chinesa é maior do que a soma de todas as outras quatro que compõem o grupo. O PIB chinês, em 2010, foi de US$ 5,8 trilhões, superior aos US$ 5,5 da soma de Prof. Fernando Aprato Página 54 Atualidades BNDES todas as outras – Brasil (US$ 2 trilhões), Rússia (US$ 1,5), Índia (US$ 1,6) e África do Sul (US$ 364 bilhões). Mas os chineses enfrentam hoje desafios em áreas como meio ambiente e política, alvos da pressão internacional. Brasil A inclusão do Brasil no Brics trouxe uma projeção internacional positiva, que dificilmente seria alcançada de outro modo e em um curto período. Como resultado, o país tem hoje representação nas principais cúpulas internacionais, como o Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) e o G20. O Brasil entrou no grupo em razão do crescimento econômico, ocorrido principalmente a partir de 2005. Esse crescimento foi possível por causa do controle da inflação, com a implantação do Plano Real, em 1994, e o aumento das exportações para países como China, principal parceiro comercial, a partir de 2001. Com a estabilidade econômica, veio a confiança do mercado e o aumento do crédito para empresas e consumidores. O setor privado contratou mais gente, gerando mais empregos, e houve aumento de salários, fazendo que, entre 2005 e 2006, 30 milhões de brasileiros migrassem das classes D e E para a C, a classe média. Contribuíam também, para isso, programas sociais como o Bolsa Família. Assim, mais pessoas passaram a consumir, aquecendo o mercado de varejo. Desigualdade Os programas do governo Lula também tiveram reflexos no âmbito da justiça social. Na última década e meia, o país foi o único entre os Brics a reduzir a desigualdade, de acordo com a OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico). Porém, mesmo assim, a distância entre ricos e pobres no Brasil ainda é a maior entre os países emergentes. A desigualdade é medida pelo índice Gini, que caiu de 0,61 para 0,55 entre 1993 e 2008 (quanto menor o valor, melhor o índice). Nos demais países do Brics, houve aumento. Mesmo assim, o Gini do Brasil é o maior entre eles e o dobro da média dos países ricos: no Brasil, 10% dos mais ricos ganham 50 vezes mais do que os 10% mais pobres. Outro desafio para o país é fazer ajustes na política econômica. A divulgação do resultado do PIB do terceiro trimestre deste ano, que registrou uma variação zero em relação ao trimestre anterior, apontou a desaceleração da economia. Para sair da estagnação, o governo terá que fazer reformas, inclusive no sistema de tributação, para estimular o investimento por parte do setor privado. Prof. Fernando Aprato Página 55 Atualidades BNDES Países do Mercosul decidem suspender Paraguai do bloco 28/06/2012 Da BBC Brasil Brasília - Os países do Mercosul decidiram suspender o Paraguai do bloco, mas sem a aplicação de sanções econômicas, disse hoje (28) o ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota. O ministro declarou ainda que o prazo de suspensão será definido pelos presidentes dos países do Mercosul na reunião marcada para amanhã, na cidade argentina de Mendoza. Diplomatas envolvidos nas discussões sobre o Paraguai disseram que existe a possibilidade de que o Paraguai seja suspenso até as próximas eleições presidenciais, que devem ocorrer em abril do ano que vem. Na prática, o Paraguai não participaria também da próxima reunião do Mercosul que será em dezembro no Brasil, país que assume amanhã a presidência temporária do bloco, atualmente com a Argentina. "O entendimento é com base no Protocolo de Ushuaia. No Artigo 5º existe uma primeira frase que fala na suspensão das participações nas reuniões e uma segunda que fale de direitos e obrigações. A decisão foi de nos mantermos na primeira frase, da suspensão", disse Patriota. As declarações do ministro foram dadas durante um intervalo da reunião do Mercosul que contou com a participação dos ministros das Relações Exteriores do Brasil, da Argentina, do Uruguai e da Venezuela. O Paraguai já havia sido excluído desse encontro, como havia sido anunciado logo após os questionamentos do bloco sobre o impeachment relâmpago do presidente Fernando Lugo. "Lamentamos muito essa situação [de suspensão do Paraguai]. Tivemos 11 chanceleres [da Unasul] no Paraguai e destacamos que havia dúvidas sobre o processo [de destituição], com a falta de defesa do presidente Lugo. Isso levou a uma constatação de que não existe uma plena vigência democrática [no Paraguai]". Segundo Patriota, os ministros do Mercosul entendem que o Paraguai não respeitou o chamado Protocolo de Ushuaia, assinado na década de 1990, pelos quatro países do bloco, incluindo o Paraguai, além do Chile e da Bolívia. "O protocolo preconiza que a plena vigência democrática é uma condição essencial para o processo de integração. Então foi nesse sentido que se tomou a decisão de domingo Prof. Fernando Aprato Página 56 Atualidades BNDES passado [suspensão do Paraguai da reunião do Mercosul] e que se deverá se tomar a decisão amanhã [sobre o prazo de suspensão do país]", disse. Patriota declarou ainda que, além da questão do Paraguai, os países do Mercosul deverão tratar da intensificação das relações com a China. Os presidentes devem aprovar declarações para fazer acordos com o país asiático. Segundo o ministro, a questão sobre a maior aproximação com a China foi discutida entre autoridades das pastas de Relações Exteriores do Mercosul, da Bolívia, do Chile, além da Guiana, do Suriname e México. Na última segunda-feira (25), o primeiro-ministro da China, Wen Jiabao, participou de reunião – por teleconferência de Buenos Aires e ao lado da presidenta Cristina Kirchner, da Argentina – com a presidenta Dilma Rousseff e o presidente José Mujica, do Uruguai. "Há interesse em se retomar diálogo mais frequente e uma cooperação mais intensa [com a China]", disse Patriota. Mercosul isola Paraguai e abre brecha para Venezuela Brasil e aliados articulam ingresso de Caracas e castigo a Paraguai O Estado de S. Paulo - 28/06/2012 Brasil, Argentina e Uruguai articulavam ontem, em reunião do Mercosul em Mendoza (Argentina), uma punição "branda" contra o Paraguai como conseqüência da destituição do presidente Fernando Lugo. A medida deve abrir brecha para a entrada da Venezuela como sócia plena - possibilidade a que o Congresso do Paraguai se opõe Reunião deve resultar na suspensão do governo paraguaio das instâncias deliberativas do Mercosul Brasil, Argentina e Uruguai articulavam ontem, no primeiro dia de reunião técnica do Mercosul em Mendoza, a punição do quarto membro fundador do bloco do Cone Sul, o Paraguai, e uma oportuna manobra para incluir a Venezuela como sócia plena do organismo. A punição aos paraguaios – último entrave para o ingresso de Caracas no Mercosul – deriva do processo de impeachment que destituiu, na semana passada, o então presidente Fernando Lugo. Amanhã, a presidente brasileira, Dilma Rousseff, a argentina, Cristina Kirchner, e o uruguaio, José Mujica, tendem a decidir num café da manhã no Hotel Intercontinental de Mendoza o futuro do Paraguai – que está suspenso das reuniões do bloco desde o fim de Prof. Fernando Aprato Página 57 Atualidades BNDES semana – no Mercosul. Na avaliação dos três países, a destituição de Lugo e a posse de seu vice, Federico Franco, não deu ao primeiro tempo suficiente para que se defendesse de várias acusações, incluindo a de "má gestão". Sem o obstáculo de Assunção, cujo Senado era o único que vinha obstruindo a entrada da Venezuela no Mercosul – solicitada por Hugo Chávez em 2004 –, Caracas deve ganhar sinal verde para o ingresso. "A Venezuela poderia entrar como membro pleno. É uma possibilidade. As normas são meio ambíguas. Tudo depende da interpretação jurídica. Mas isso tudo será definido na reunião trilateral", explicou uma fonte diplomática ao Estado. Segundo vários diplomatas, quando a suspensão do Paraguai for levantada, após a eleição prevista para abril de 2013, a entrada da Venezuela será um fato consumado. A Argentina é o país que mais defende que o bloco tome esta atitude agora. Nas conversas preliminares, o entendimento é que este "é o momento mais apropriado" para se tomar tal decisão. A medida criaria um constrangimento político ao Paraguai, já que o Congresso paraguaio é contrário à entrada da Venezuela no bloco. Em contrapartida, Dilma, Cristina e Mujica, indicaram ao Estado fontes dos países envolvidos, devem aplicar "punições brandas" ao Paraguai. A carta de fundação do Mercosul prevê sanções a países-membros que rompam a ordem democrática. Assunção se defende afirmando que o rito do processo de impeachment – que no caso de Lugo não passou de 30 horas – é definido, segundo a Constituição, pelo Senado. Desde o início da semana, Brasília tenta convencer o venezuelano Hugo Chávez para que reverta a suspensão da venda de combustível ao país (mais informações nesta página). Nas conversas que autoridades brasileiras têm mantido com Chávez, a ideia é evitar que ele radicalize com o Paraguai. "Temos de ter cuidado e delicadeza no caso do Paraguai", disse um veterano diplomata argentino sobre as iminentes medidas. "Os paraguaios podem encarar decisões mais fortes do Mercosul como uma reedição da Tríplice Aliança", explicou, em referência à coalizão militar de Brasil, Argentina e Uruguai que infligiu pesada derrota ao Paraguai durante a guerra de 1864 a 1870. As alternativas que estão sendo avaliadas pelos três países consistem na proibição do Paraguai de participar das reuniões ordinárias do Mercosul e das cúpulas de ministros e presidentes. Mas a punição não deve chegar à expulsão do país do bloco ou a sanções econômicas. O país ficaria excluído temporariamente das deliberações políticas e comerciais do Mercosul, mas seria obrigado a cumprir as determinações dos sócios. Prof. Fernando Aprato Página 58 Atualidades BNDES "As restrições seriam temporárias. Até que o Paraguai tenhas as eleições presidenciais e parlamentares em abril. Ou, antes, caso decidam antecipá-las", explicou uma fonte diplomática brasileira. A posição favorável à manobra para incluir a Venezuela no bloco deve ganhar força hoje com a chegada de representantes de Estados associados do Mercosul, como o presidente boliviano, Evo Morales. Além de participar da cúpula presidencial, Evo será a estrela da "cúpula dos povos", ou "cúpula social", que reunirá num estádio de futebol de Mendoza representantes de ONGs de esquerda da América do Sul. MERCOSUL AFASTA PARAGUAI DE REUNIÃO DE CÚPULA E VÊ RUPTURA MERCOSUL RETIRA PARAGUAI DE REUNIÃO DE CÚPULA E LUGO FAZ DENÚNCIA DE GOLPE O Estado de S. Paulo - 25/06/2012 Bloco expressa enérgica condenação" ao impeachment de Lugo, que denunciou "golpe"; Franco defende medida O Mercosul suspendeu o Paraguai da cúpula prevista para esta semana em Mendoza, na Argentina. A decisão foi tomada por consenso dos nove integrantes e observadores do bloco regional em razão da "ruptura da ordem democrática", segundo nota divulgada pela chancelaria argentina. A decisão veio no momento em que o novo presidente, Federico Franco, e o deposto, Fernando Lugo, falavam que participariam da reunião. Ontem, na primeira entrevista após a saída, Lugo qualificou de "golpe" seu afastamento e disse haver acatado a decisão do Legislativo para evitar um "banho de sangue". O Itamaraty informou que todos os acordos comerciais estão mantidos. O Paraguai está suspenso da cúpula desta semana do Mercosul, em Mendoza, anunciou ontem a chancelaria da Argentina, a anfitriã do encontro. Tomada em consenso pelos nove integrantes e observadores do bloco, a decisão é uma resposta à "ruptura da ordem democrática" em Assunção, diante do impeachment relâmpago do presidente Fernando Lugo, na sexta-feira. O comunicado da diplomacia argentina afirma ainda que os países do Mercosul "expressam sua mais enérgica condenação" à deposição de Lugo. "Medidas adicionais" Prof. Fernando Aprato Página 59 Atualidades BNDES contra o governo de Federico Franco, que assumiu o poder, serão discutidas pelos chefes de Estado da região, na reunião de sexta-feira. Os integrantes do bloco afirmam que, com a destituição de Lugo, o Paraguai violou o chamado Protocolo de Ushuaia, mecanismo que condiciona a participação de um país no Mercosul à "plena vigência das instituições democráticas". Ao longo do dia de ontem, declarações dos lados que disputam o poder em Assunção indicavam que "dois Paraguais" estavam a caminho de Mendoza. Tanto Lugo quanto Franco haviam confirmado presença na cúpula. Falando a jornalistas diante de sua casa, o líder deposto voltou a qualificar de "golpe" a manobra que culminou na sua destituição. Questionado sobre por que reconheceu a derrota no Legislativo e deixou o governo, Lugo disse que quis "evitar um banho de sangue". O presidente deposto afirmou que não reconhece a legitimidade do governo Franco e avisou: "Nós vamos estar esta semana no Mercosul". O Paraguai ocupa a presidência rotativa da Unasul e Lugo disse ter conversado com o presidente do Peru, Ollanta Humala - o próximo da fila a assumir o cargo -, para que a transmissão do poder fosse antecipada para esta semana. No prédio da chancelaria paraguaia, o recém-indicado ministro das Relações Exteriores, José Felix Fernández, também dizia ontem à tarde que o governo Franco "estará em Mendoza". "Vamos solucionar nossas diferenças conversando com nossos vizinhos e amigos." Partidários de Lugo ocupavam ontem a sede da TV estatal, que se tornou o principal foco de resistência ao novo governo. Mercosul suspende participação do Paraguai da próxima cúpula do bloco O bloco comercial Mercosul suspendeu neste domingo (24) a participação do Paraguai na próxima cúpula regional que o grupo realizará nesta semana, informou a chancelaria argentina. Em comunicado, a chancelaria argentina informou que os países-membros do Mercosul e os Estados associados expressaram "sua mais enérgica condenação à ruptura da ordem democrática na República do Paraguai, por não ter sido respeitado o devido processo". Por isso, decidiram "suspender o Paraguai de forma imediata e, por este ato, do direito de participar da Reunião do Conselho do Mercado Comum e da cúpula de presidentes do Prof. Fernando Aprato Página 60 Atualidades BNDES Mercosul". Os encontros serão realizados na cidade argentina de Mendoza, entre os dias 25 e 29 de junho. Segundo a agência de notícias Reuters, o Paraguai deve ser suspenso do Mercosul e da União de Nações Sul-Americanas (Unasul) após o impeachment do então presidente do país, Fernando Lugo, disse uma fonte de alto escalão do governo brasileiro à Reuters neste domingo. "O ponto é transformar este novo governo (paraguaio) em um pária", disse a fonte à Reuters. Na sexta-feira o Senado do Paraguai decidiu por ampla maioria aprovar o impeachment de Lugo, sob acusação de não ter cumprido suas funções adequadamente no episódio em que 17 sem-terras foram mortos num confronto com a polícia. No mesmo dia o então vice-presidente, Federico Franco, assumiu como novo chefe de Estado. Em nota divulgada na noite de sábado (23), o Itamaraty condenou o que chamou de "ruptura da ordem democrática" no país vizinho e avaliou que Lugo não teve garantido amplo direito de defesa, já que o processo de julgamento político havia sido aberto na quinta-feira. Segundo a fonte do governo brasileiro, o embaixador do país em Assunção, chamado de volta para consultas, não deve retornar ao Paraguai. Essa autoridade disse ainda que o Brasil não pretende romper completamente suas relações com o Paraguai por conta de interesses brasileiros no país, como a usina hidrelétrica binacional de Itaipu. A fonte disse ainda que o governo brasileiro não manterá contatos com Franco e manterá sua tradição de atuar no caso por meio de organismos multilaterais. Essa estratégia, segundo essa autoridade, tem o objetivo de abrir um precedente que deixe claro a gravidade das consequências de fatos como o ocorrido no Paraguai. Especificamente, a meta é garantir que nada parecido aconteça em outros países, como Bolívia e o Peru. "Essa é uma reação institucional que mostrará aos outros as consequências negativas de uma medida agressiva como essa", completou a fonte. * Com informações da Reuters e agências internacionais Prof. Fernando Aprato Página 61 Atualidades BNDES As reações internacionais à derrubada de Lugo no Paraguai Publicado em Carta Capital Na sexta-feira 22, o Congresso do Paraguai confirmou o impeachment do presidente Fernando Lugo, que estava no cargo desde 2008. Lugo foi tirado do poder em um processo sumário, o que provocou indignação da comunidade internacional e manifestações de que todo o processo se tratou de um golpe de Estado. A presidenta Dilma Rousseff não usou este termo, mas ameaçou o Paraguai com sanções. Em entrevista coletiva durante a Rio+20, Dilma afirmou que Mercosul e União de Nações Sul-Americanas (Unasul) possuem em seus estatutos cláusulas que exigem o respeito às regras democráticas e que “há previsão de sanção”. Dilma afirmou que os países que não cumprirem essas exigências devem ser penalizados com a não participação nos blocos. No limite, a fala da presidenta indica que o Paraguai poderia ser expulso do Mercosul e da Unasul. Argentina A presidente da Argentina, Cristina Kirchner, afirmou que seu país não vai “validar” o governo de Federico Franco. “O que ocorreu no Paraguai é algo inaceitável para uma região que havia superado definitivamente este tipo de situações antidemocráticas e contra as instituições”, disse. Para Cristina, o processo que levou ao fim do mandato de Lugo foi uma paródia. “Acaba de se consumar um golpe de Estado, foi uma intenção consumada porque tivemos outras tentativas como as que sofreram Evo Morales, Rafael Correa e, claro, Manuel Zelaya, em Honduras”. Bolívia Evo Morales afirmou que por trás da derrubada de Lugo “se move a mão de neoliberais internos e externos” e disse que a saída do colega paraguaio é “uma ação do imperialismo e da direita internacional” Chile O ministro do Exterior do Chile, Alfredo Moreno, disse que seu país vai esperar alguns dias para se pronunciar formalmente. Ele afirmou em entrevista ao canal de tevê TVN que o Congresso do Paraguai “desgraçadamente, apesar de todas os esforços que fizemos” persistiu na decisão de tirar o presidente. “Claramente isto não cumpriu os padrões mínimos do devido processo que merece qualquer pessoa”, disse. Colômbia O presidente Juan Manuel Santos fez um apelo para que não haja violência após a queda de Lugo. “Formalmente não houve ruptura da democracia, foi um procedimento dentro das instituições democráticas, isto na teoria, porque na prática só deram algumas horas ao presidente Lugo para sua defesa, o que vai contra a lógica. Era a história de uma remoção anunciada”, disse. Equador O presidente Rafael Correa classificou como um “golpe ilegítimo” a destituição de Lugo e confirmou que não vai reconhecer o governo Franco. “Independentemente da decisão de Fernando, da resolução da Unasul, a decisão do governo equatoriano é não reconhecer nenhum presidente paraguaio que não seja o presidente legitimamente eleito, Fernando Lugo Méndez”, afirmou. “A democracia não se fundamenta apenas em formalismos legais, Prof. Fernando Aprato Página 62 Atualidades BNDES mas também em legitimidade”. Estados Unidos Um porta-voz do Departamento de Estado dos EUA afirmou à BBC Brasil que o governo americano está “acompanhando de perto” o desenrolar da crise e endossa a liderança de “atores regionais”, como o Brasil, na questão. “Pedimos aos paraguaios que ajam de forma pacífica, com calma e responsabilidade, dentro do espírito dos princípios democráticos do Paraguai”, disse o porta-voz. Peru O presidente peruano, Ollanta Humala, classificou a destituição de Lugo como “um revés ao processo democrático na região que obriga nossos países a se manter vigilantes”. Em uma mensagem dirigida ao povo paraguaio na noite de sexta-feira, o presidente manifestou sua “preocupação e pesar” por esta medida, informou a agência oficial Andina. Após expressar sua solidariedade com o povo paraguaio, Humala defendeu a unidade dos países integrantes da União de Nações Sul-Americanas (Unasul), “não descartando a adoção de medidas neste âmbito institucional”, disse a agência. México O governo do México considerou que o processo de destituição não foi justo, ao não conceder a Lugo espaço para sua defesa, afirmou a chancelaria em um comunicado. “Embora o processo de julgamento político tenha se desenrolado seguindo o procedimento estabelecido no texto constitucional paraguaio, o México considera que este procedimento não concedeu ao ex-presidente Lugo os espaços e tempos para a devida defesa”, expressou a chancelaria do México. Uruguai O governo de Jose Mujica ainda não se pronunciou oficialmente. Mujica espera reunião com seu ministro do Exterior, Luis Almagro. Venezuela Hugo Chávez afirmou que Lugo foi “defenestrado de maneira totalmente ilegítima”, comparou o golpe ao que houve em Honduras em 2009 e disse que “o governo venezuelano, o Estado venezuelano, não reconhecem esse nulo, ilegal e ilegítimo governo que se instalou em Assunção.” Com informações da AFP Prof. Fernando Aprato Página 63 Atualidades BNDES Decisão do tribunal do Mercosul sobre suspensão do Paraguai é final, afirmam negociadores 23/07/2012 Renata Giraldi Repórter da Agência Brasil A decisão do Tribunal Permanente de Revisão do Mercosul de rejeitar o recurso apresentado pelos paraguaios para anular a suspensão do país do bloco é definitiva, segundo os negociadores brasileiros que acompanham o tema. Na tentativa de reverter a medida, os paraguaios prometem recorrer a outras instâncias do bloco. Porém, a tendência, de acordo com os negociadores, é ser mantida a suspensão até abril de 2013, quando haverá eleições gerais no Paraguai. No sábado (21), o tribunal considerou-se impedido de analisar o pedido e rejeitou a ação encaminhada pelo Paraguai. No recurso, os paraguaios também apelavam para a anulação da incorporação da Venezuela como membro permamente do Mercosul, pedido que também foi recusado. Em 17 páginas, o tribunal informou que os cinco magistrados que compõem a Corte rejeitaram a apelação. O texto detalha o encaminhamento do recurso apresentado pelo governo do Paraguai e esclarece que “não estão presentes os requisitos para a admissibilidade” do processo. A conclusão é expressa em seis itens. O Paraguai foi suspenso do Mercosul, por decisão unânime dos presidentes do Brasil, Dilma Rousseff, da Argentina, Cristina Kirchner, e do Uruguai, José Pepe Mujica, logo depois do processo de impeachment que destituiu o presidente Fernando Lugo. Para os líderes políticos sul-americanos, houve ruptura da ordem democrática no Paraguai e, por isso, foi decidida a suspensão do país do bloco. No entanto, o governo do presidente Federico Franco, que sucedeu Lugo, nega ameaças à ordem e à democracia. O esforço da equipe de Franco é retomar o diálogo na região e evitar o isolamento. Na semana passada, os paraguaios apelaram à Corte do Mercosul. A ação foi analisada durante três dias e anunciada no sábado. O recurso apresentado pelo Paraguai foi analisado pelos cinco titulares do órgão – o presidente, que é o brasileiro Jorge Fontoura, os argentinos Welber Barral e Carlos Correa, além do uruguaio José Gamio e do paraguaio Roberto Ruiz Diaz. Prof. Fernando Aprato Página 64 Atualidades BNDES Em texto divulgado pelo Ministério das Relações Exteriores, as autoridades do do Paraguai indicam que têm esperança na reversão da suspensão do país das reuniões do Mercosul. Porém, não há informações referentes às instâncias às quais o país apelará no esforço de mudar o quadro político atual. CHINA E RÚSSIA VETAM SANÇÕES A ASSAD E ÊXODO CRESCE NA SÍRIA CHINA E RÚSSIA VETAM SANÇÃO À SÍRIA O Estado de S. Paulo - 20/07/2012 A Rússia e a China vetaram ontem uma resolução que abriria o caminho para sanções ao regime de Bashar Assad. A proposta tinha o apoio dos EUA e seus aliados europeus no Conselho de Segurança da ONU. Foi a terceira vez que Moscou e Pequim usaram seu poder de veto no órgão decisório máximo das Nações Unidas. A moção recebeu 11 votos a favor, além de abstenções de Paquistão e África do Sul. Representantes dos EUA, Grã-Bretanha, França, Alemanha e outros países consideraram lamentável a decisão russa e chinesa - num sinal claro de que, mesmo após um ano e meio de levantes na Síria e ao menos 17 mil mortos, segundo os rebeldes, a comunidade internacional continua dividida. Caso não seja votada até hoje uma resolução de emergência para pelo menos prorrogar a missão dos observadores da ONU na Síria, que começou há 90 dias, os 300 integrantes precisarão se retirar do país amanhã e não haverá mais monitores independentes para acompanhar o conflito. "Os dois primeiros vetos da Rússia e da China foram muito destrutivos, mas o veto de agora foi ainda mais perigoso e deplorável", disse a embaixadora dos EUA na ONU, Susan Rice. A diplomata ainda qualificou de "paranoico" o argumento de que a resolução autorizaria uma intervenção militar. "São apenas ameaças de sanções", afirmou. O representante britânico na ONU, Mark Grant, também adotou um duro discurso ao acusar chineses e russos de "colocarem seus interesses nacionais acima da vida de milhões de sírios". "O efeito de suas ações é a proteção de um regime brutal." O texto previa a prorrogação da missão observadora da ONU e a implementação de um plano de transição política proposto pelo ex-secretário-geral da entidade e mediador do conflito, Kofi Annan, com a inclusão do Artigo 41 do Capítulo 7 da Carta das Nações Unidas, que prevê as sanções. Elas seriam aplicadas caso o governo sírio não cumprisse as determinações da resolução. Prof. Fernando Aprato Página 65 Atualidades BNDES A Rússia e a China concordam com a primeira parte, mas discordam das ameaças ao regime. Na avaliação de Moscou e Pequim, o Ocidente não quer apenas ameaçar com sanções. O objetivo seria, segundo os dois países, abrir espaço para o Artigo 42, que permite intervenção militar, no futuro, como aconteceu na Líbia no ano passado. Além disso, os dois países também acham que a oposição deveria ser responsabilizada pela violência. "Nós não podemos aceitar um documento que abre caminho para uma pressão por um maior envolvimento militar externo em assuntos domésticos sírios", disse o embaixador da Rússia na ONU, Vitali Churkin. A China acrescentou que a resolução basicamente adotava "o lado da oposição em um conflito descrito como guerra civil por entidades como a Cruz Vermelha". No texto, apenas o regime seria alvo de sanções. Não há menção aos opositores nessa proposta. De acordo com a resolução, "se as autoridades sírias não cumprirem o Parágrafo 5 (implementando as determinações do plano Annan aprovadas nas resoluções 2.042 e 2.043, que passaram por unanimidade neste ano) nos próximos dez dias, então será necessário impor imediatamente medidas do Artigo 41 da Carta da ONU (sanções)". Para os EUA e os europeus, Assad descumpriu as resoluções anteriores, que não continham ameaças justamente pela oposição de Moscou e Pequim. Dessa forma, um texto novamente sem as pressões seria ineficaz para forçar o regime sírio a adotar as determinações do Conselho de Segurança. A Rússia propôs uma resolução para prorrogar a missão de observadores por 30 dias, mas não houve o apoio de nove países necessários para ser colocada para votação. Se não houver um acordo hoje, os observadores terão de se retirar. Um novo texto elaborado pelos britânicos poderia ser aprovado em caráter emergencial hoje para evitar um colapso total das negociações na ONU. Susan Rice, dos EUA, indicou que talvez seja melhor esquecer o conselho. Outros diplomatas ocidentais eram menos céticos e achavam que o cenário poderia mudar, citando o apoio da Índia à resolução. Em iniciativas anteriores, os indianos optaram pela abstenção, posicionando-se com a China e a Rússia. Prof. Fernando Aprato Página 66 Atualidades BNDES Crise na Síria expõe a fraqueza da comunidade internacional José Antônio Lima Publicado em Carta Capital Os governos de oito países anunciaram nesta terça-feira 29 a expulsão dos embaixadores e outros diplomatas da Síria, num movimento coordenado de represália contra o chamado massacre de Houla, que deixou pelo menos 90 pessoas mortas na sexta-feira passada, 32 delas crianças. A expulsão dos embaixadores, se por um lado revela o desejo do Ocidente de se contrapor ao ditador Bashar al-Assad, por outro expõe a incapacidade da comunidade internacional como um todo de buscar alternativas viáveis para estancar a violência na Síria. Na prática, a expulsão dos embaixadores tem pouco significado. Os diálogos entre os países ocidentais e o governo da Síria estavam suspensos já há muito tempo. Estados Unidos, França e Reino Unido, os três membros do Conselho de Segurança das Nações Unidas que pressionam por sanções contra o governo Assad, comandaram a expulsão. Outros cinco governos alinhados a este trio, Alemanha, Austrália, Canadá, Espanha e Itália, fizeram o mesmo. Na Rússia e na China, aliadas ao governo Assad, as representações diplomáticas sírias continuam funcionando normalmente. Enquanto este impasse persistir, a comunidade internacional continuará apegada a iniciativas cosméticas, como o “processo de paz” liderado pelo ex-secretário-geral da ONU Kofi Annan. Enviado especial para a Síria, Annan esteve nesta terça-feira em Damasco. Em conversa com Assad, Annan classificou o massacre de “horrendo” e afirmou que seu plano de paz só vai funcionar se Assad “tomar atitudes corajosas para acabar com a violência e libertar prisioneiros”. A missão de Annan é quixotesca. Hoje, Assad não tem motivos para encerrar a campanha violenta contra seus opositores que mantém desde março do ano passado. Por três motivos. Em primeiro lugar, porque boa parte da sociedade síria continua apoiando seu governo, por medo de quem pode substituí-lo. Em segundo lugar, porque o apoio diplomático da Rússia e da China serve como encorajamento na luta contra os grupos opositores classificados por Assad como “terroristas”. Em terceiro lugar, porque a comunidade internacional já atua de forma clandestina na Síria. Como mostrou CartaCapital há duas semanas, países como a Arábia Saudita e os Estados Unidos dão apoio aos rebeldes rivais de Assad. Ao mesmo tempo, o Irã segue apoiando o regime sírio, seu maior aliado na região. Na segunda-feira 28, o chefe da Força Quds, uma tropa de elite da Força Revolucionária do Irã, admitiu que agentes iranianos estão atuando dentro da Síria. Diante desta divisão diplomática, da importância geopolítica da Síria e do acentuado sectarismo religioso no país, a opção de uma ação armada unilateral, semelhante à que ocorreu na Líbia, segue descartada. Os países ocidentais têm várias preocupações reais quanto a uma intervenção. A primeira é entrar num conflito que, em pouco tempo, pode transformar a Síria num novo Iraque pós-invasão norte-americana de 2003. A segunda é espalhar o conflito para outros países. Mesmo sem intervenção, entretanto, essas duas consequências podem se tornar realidade. Dentro da Síria, a violência sectária está cada Prof. Fernando Aprato Página 67 Atualidades BNDES vez mais inflamada. No Líbano, país vizinho, os temores de uma retomada da guerra civil são cada vez maiores. Outro temor é que um conflito na Síria se torne um confronto aberto entre as potências ocidentais e o Irã e, no limite, a Rússia, uma batalha cujas consequências são imprevisíveis. Hoje, a alternativa mais factível para um desfecho aceitável da crise é Assad aceitar um plano de transição incluindo sua saída da presidência da Síria. Para viabilizar essa proposta, semelhante à aplicada no Iêmen, os Estados Unidos estão tentando obter o apoio da Rússia para a iniciativa. Mesmo se este consenso for obtido, há dúvidas quanto à aceitação do plano por parte de aliados de Assad e dos setores da sociedade síria que apoiam o ditador. Como se vê, a Síria se tornou um desafio colossal para a forma como as decisões são tomadas na comunidade internacional. Mesmo diante de um massacre, que incluiu segundo a ONU execuções sumárias de crianças, os políticos do mundo seguem em estado de paralisia. CIVIS SÃO MASSACRADOS NA PALESTINA VÍTIMAS DO HORROR Autor(es): RODRIGO CRAVEIRO Correio Braziliense - 19/11/2012 Os conflitos entre militares israelenses e militantes palestinos voltaram a vitimar inocentes: ontem, ataque das forças de Israel na Faixa de Gaza matou uma família inteira de uma só vez. Foram dois homens, seis mulheres e quatro crianças. No total, sobe para 75 (três judeus) o número de vítimas desde o início da ofensiva, há seis dias. Presidente Dilma Rousseff, que está em Madri, telefonou ao secretário-geral da ONU e pediu esforço pelo cessar-fogo. Israel bombardeia casa na Faixa de Gaza e mata 12 pessoas da mesma família. Hamas lança chuva de foguetes "As crianças eram engraçadas e falantes. Eu adorava conversar com elas e jogar cartas." O ativista palestino Majed Abusalama se referia a Ranin, 5 anos, Jamal (7) e Yousef (10). Além deles, o irmão Ibrahim (1 ano); o pai, Mohammed; o avô Jamal e outros seis parentes morreram ontem quando um míssil disparado por um caça F-16 israelense caiu sobre a residência da família Al-Dalou, na Rua Al-Nasser, no bairro de Sheikh Redwan, região oeste da Cidade de Gaza. O ataque, ocorrido por volta das 15h10 (11h10 em Brasília), tinha como alvo Yehiya Rabiah, chefe da unidade de lançamentos de foguetes do movimento islâmico Hamas. Prof. Fernando Aprato Página 68 Atualidades BNDES A explosão atingiu a casa vizinha, matando 12 pessoas da mesma família — seis mulheres, quatro crianças e dois homens. Yehiya sobreviveu. "Famy Al-Dalou, meu amigo, vivia lá e ficou bastante ferido. Suas irmãs morreram", lamentou Majed, em entrevista ao Correio. Até as 23h de ontem, 71 palestinos tinham sido mortos desde quarta-feira, 28 nos bombardeios de ontem. Foguetes do Hamas também mataram três israelenses, na quintafeira. No fim da noite, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, pediu a palestinos e a judeus um cessar-fogo "imediato". "Isto deve parar", avisou, por meio de um comunicado no qual lamentou as mortes na família Al-Dalou. O jornalista palestino Samy Elajramy foi até o local da casa dos Al-Dalou e relatou à reportagem ter ficado chocado. "As pessoas daqui estão falando sobre o massacre mais horrível que já ocorreu desde quarta-feira. Nada sobrou da residência. Todas as casas ao redor estão danificadas", disse, também por telefone. "Outros integrantes da família choravam, querendo saber quem estava lá. Foi algo comovente", admitiu. "Israel, o que as crianças e os recém-nascidos fizeram?", perguntava, entre lágrimas, Khalil Al-Dalou. As Brigadas Ezzedine Al-Qasam — braço armado do Hamas, cujo líder, Ahmed Jabari, foi morto na quarta-feira — prometeram que "o massacre não ficará impune". O premiê israelense, Benjamin Netanyahu, anunciou ao seu gabinete ministerial que Israel está preparado para "expandir de forma significativa" a Operação Pilar de Defesa. Durante a madrugada de ontem, um escritório da rede estatal de tevê russa Russia Today ficou destruído, depois que a aviação israelense atacou o centro de imprensa Al-Shawa. O escritório ficava no 11º andar de um prédio e dividia espaço com outros meios de comunicação, como a Sky News, a ITV e agências de notícia palestinas. Khader El-Zahar, cinegrafista da rede de tevê Al-Quds, teve a perna direita arrancada pela explosão. Outros cinco jornalistas ficaram feridos. O edifício Al-Shorouk, de 16 andares, também foi bombardeado. Os estúdios da tevê Al-Aqsa foram atingidos. "Israel quer esconder a verdade", acusou a jornalista Mousheera Jammal, moradora da Cidade de Gaza, em entrevista pela internet. Samy tem a mesma opinião. "Os israelenses exigiram que todos deixassem os prédios. Foi um claro ataque a jornalistas. Querem nos silenciar", desabafou. O Hamas lançou 120 foguetes contra o sul de Israel (40 a mais do que na véspera) — desde o início do confronto, na quarta-feira, foram 980. As sirenes antiaéreas soam a cada sete minutos. Dois artefatos foram interceptados pelo sistema Domo de Ferro, antes que caíssem em Tel Aviv. A britânica Beverly Jamil mora há 30 anos em Ashkelon, a 21km de Gaza. "Viver aqui tem sido muito assustador. A cada sirene, você pula. Hoje, as sirenes tocaram oito vezes. Começou às 8h30", relatou ao Correio, por telefone. Questionada se crê em trégua, ela responde com uma pergunta. "Se você tivesse pessoas disparando foguetes a todo o momento, não gostaria que alguém o salvasse? Minhas crianças e as crianças palestinas querem crescer em paz." Prof. Fernando Aprato Página 69 Atualidades BNDES A 18km dali, Ashdod teve uma tarde apavorante. Pelo menos 15 foguetes foram lançados pelo Hamas contra a cidade em um intervalo de apenas cinco minutos. O israelense Yaniv Cackon, 31 anos, disse que a comunidade é unida e tenta manter a calma. "Nós queremos ter uma vizinhança (Gaza) vivendo em um paz", comentou. Diplomacia Por enquanto, o acerto de um cessar-fogo parece improvável. Izat Al-Rishak, integrante do birô político do Hamas, expôs as condições do grupo fundamentalista para a trégua. "Nós insistimos que a agressão e os assassinatos devem parar, e o bloqueio injustificável a Gaza tem que ser removido", declarou. O presidente dos EUA, Barack Obama, considerou que os ataques com foguetes precipitaram a guerra. "Nós estamos trabalhando ativamente com todas as partes da região para ver se podemos pôr fim ao disparo desses mísseis, sem que haja a escalada de violência", afirmou, depois de conversar com Netanyahu, com o colega egípcio, Mohamed Morsy, e com o premiê turco, Tayyip Erdogan. Obama alertou para os perigos de uma ofensiva terrestre. "Se as tropas entrarem em Gaza, haverá um risco maior de baixas", disse. No início da noite de ontem, na capital espanhola, a presidente Dilma Rousseff ligou para Ban Ki-moon para pedir empenho do Conselho de Segurança da ONU nos conflitos no Oriente Médio. Na prática, Dilma se disse preocupada com o uso desproporcional da força e considerou que o conselho deve assumir as responsabilidades em buscar um acordo de trégua na região. Horas antes, Dilma recebeu uma ligação do presidente egípcio, que considerou a influência do Brasil na ONU. "Morsy ficou satisfeito (com a conversa) e vamos acompanhar a situação", disse o assessor especial para assuntos internacionais da Presidência, Marco Aurélio Garcia, que criticou o Quarteto para o Oriente Médio — EUA, Rússia, União Europeia e ONU. ""Enquanto continuar essa política intransigente e esta desídia das grandes potências em relação ao conflito, esses fenômenos vão se multiplicar", disse Garcia. Colaborou Leonardo Cavalcanti, enviado especial a Madri Prof. Fernando Aprato Página 70 Atualidades BNDES Para pressionar Israel, Palestina busca reconhecimento na ONU Publicado em Carta Capital José Antônio Lima Riyad Mansour, embaixador palestino da ONU, dá entrevista coletiva na quarta-feira 27, em Nova York. A missão diplomática palestina tenta conseguir apoio de diversos países europeus na votação. Foto: John Moore/Getty Images/AFP A Organização para a Libertação da Palestina (OLP) apresenta nesta quinta-feira 29, na Assembleia-Geral das Nações Unidas, um pedido para que a Palestina seja reconhecida como “Estado observador não-membro” da ONU. A expectativa da liderança palestina é usar o novo status, que deve receber aprovação maciça da comunidade internacional, para forçar o governo de Israel a retomar as negociações de paz. Há dúvidas, no entanto, a respeito da eficácia da ação. Esta é a segunda iniciativa diplomática de grande monta dos palestinos em dois anos. Em 2011, a OLP cogitou pedir à ONU o reconhecimento da Palestina como membro pleno (hoje desfrutado por 193 países), mas desistiu diante da firme oposição dos Estados Unidos – o governo de Washington, o maior aliado de Israel, prometia bloquear a ação no Conselho de Segurança. Assim, a alternativa da OLP é tentar evoluir seu status atual, de “entidade observadora”, para “Estado observador não-membro”, um avanço que não exige aprovação do Conselho de Segurança. O reconhecimento pode ter efeitos simbólicos e práticos. Hoje, os palestinos da Cisjordânia, da Faixa de Gaza e os refugiados não têm um Estado próprio. Se a “entidade” se tornar um “Estado não-membro”, ao menos no papel o país chamado Palestina passará a existir. Isso servirá para reforçar a chamada “solução de dois Estados”, por meio da qual dois países diferentes, um para os judeus e outro para os palestinos, devem existir. Na prática, o novo status palestino permitirá que a OLP busque admissão em outras Prof. Fernando Aprato Página 71 Atualidades BNDES organizações internacionais, como o Tribunal Penal Internacional. Um avanço deste tipo preocupa muito o governo de Israel, que teme ver alguns de líderes políticos acusados e transformados em réus nesta corte. Uma indicação de que a OLP tem esta intenção foi dada por Tawfiq Tirawi, investigador da Autoridade Palestina responsável pela análise da exumação do corpo de Yasser Arafat, ex-líder da OLP morto em 2004. Caso sejam encontradas evidências de assassinato, disse Tirawi, os palestinos vão aos tribunais internacionais contra o governo israelense. Com todos esses avanços simbólicos e práticos, os palestinos imaginam que serão capazes de fazer Israel voltar à mesa de negociações. Não é certo, no entanto, que este seja o resultado da votação na ONU. O governo de Israel é atualmente dominado por políticos de direita e extrema-direita. Em maior ou menor medida, eles se opõem ao Estado palestino e, diante da nova iniciativa, devem bloquear de forma ainda mais intensa qualquer passo em direção a uma negociação. Segundo o jornal Israel Hayom, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, e seu ministro das Relações Exteriores, Avigdor Lieberman, planejavam um resposta feroz aos palestinos, mas decidiram reagir com moderação. O governo de Israel conta, no campo diplomático, com o apoio dos Estados Unidos, que já anunciaram voto contrário ao pedido palestino. Para os EUA, a Palestina só pode ser criada por meio de diálogos com Israel. Ocorre que o governo norte-americano nada faz para que esses diálogos sejam retomados. A Venezuela e o Mercosul Renata Giraldi e Mariana Tokarnia - Repórteres da Agência Brasil Os chanceleres do Mercosul conseguiram hoje (6) fechar uma série de negociações para garantir que, em 5 de abril de 2013, a Venezuela terá atendido às principais exigências para ser integrada de forma plena ao bloco. Até lá, um terço dos produtos venezuelanos estarão dentro da nomenclatura e das normas do Mercosul. Os ministros anunciaram também que, paralelamente, o Mercosul buscará o chamado fortalecimento produtivo, para incentivar o desenvolvimento do comércio e da economia na região. Segundo o ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, o fortalecimento produtivo se refere a incrementar a capacidade tecnológica e adotar medidas que incentivem a competitividade industrial e leve ao desenvolvimento do comércio estratégico. “A reunião foi muito produtiva e estamos avançando de forma acelerada”, disse ele. Prof. Fernando Aprato Página 72 Atualidades BNDES Patriota acrescentou ainda que, durante as discussões que ocorreram hoje, no Conselho do Mercado Comum (CMC), foi definido o Sistema Integrado do Mercosul (SIM) que se refere à implementação de ações que incentivem o intercâmbio de estudantes em nível superior – graduação e pós-graduação na região. Também foram discutidas a ampliação do Programa Ciência sem Fronteiras, a aproximação do setor privado com os órgãos públicos, a rede de agricultura familiar e a realização da Cúpula Social. As reuniões do CMC foram divididas em duas etapas – pela manhã, com chanceleres e embaixadores, e à tarde, com os ministros da Economia e presidentes de bancos centrais da região. Os chanceleres adiaram a retomada da reunião, na parte da tarde, para irem ao velório do arquiteto Oscar Niemeyer, de 104 anos, que foi homenageado pelo grupo na primeira etapa de reuniões. Os ministros e embaixadores saíram juntos do Palácio Itamaraty em direção ao Palácio do Planalto – onde o arquiteto está sendo velado. Edição: Davi Oliveira publicado em: 07/12/2012 Prorrogado Protocolo de Quioto Da BBC Brasil Delegados de quase 200 países reunidos em Doha, no Catar, na 18ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática (COP18) concordaram hoje (8) em estender o Protocolo de Quioto até 2020, evitando um grande retrocesso na luta contra as mudanças climáticas. O acordo mantém o protocolo como o único plano legal obrigatório para o combate ao aquecimento global. Porém, determina metas obrigatórias apenas para os países em desenvolvimento, cuja parcela de responsabilidade pela emissão de gases de efeito estufa é menos de 15%. Os Estados Unidos – atualmente o segundo maior emissor de gases do mundo, atrás somente da China – nunca ratificaram o protocolo original, de 1997, cujo primeiro período de compromisso expira no fim deste ano. O encontro de 12 dias em Doha tentava um acordo para um tratado mais amplo a partir de 2015. O eventual novo tratado seria aplicado a todos os países e substituiria o Protocolo de Quioto. Prof. Fernando Aprato Página 73 Atualidades BNDES Morsi dá poderes policiais ao Exército até o referendo sobre a Constituição Publicado em Carta Capital O presidente egípcio, Mohamed Morsi, concedeu nesta segunda-feira poderes policiais ao Exército até o anúncio do resultado de um referendo, previsto para sábado, sobre o projeto de nova Constituição, um texto polêmico que divide o país. “As Forças Armadas apoiam os serviços de polícia em total cooperação para manter a segurança e proteger as instalações vitais do Estado por um período temporário, até o anúncio do resultado do referendo sobre a Constituição”, afirma um decreto publicado nesta segunda-feira no Diário Oficial. O decreto, publicado no Diário Oficial com o nome de “Lei 107″, é uma consequência dos confrontos e das grandes manifestações dos últimos dias no Cairo entre partidários e opositores de Morsi, muitos deles da Irmandade Muçulmana, a organização a qual pertence o presidente. O Exército, que comandou o Egito da queda de Hosni Mubarak, em fevereiro de 2011, até as eleições presidenciais de junho, quer permanecer neutro na crise das últimas semanas e fez um pedido de diálogo a todas as partes. As autoridades militares afirmaram na semana passada que “não tolerariam” a degradação da situação. Desde quinta-feira da semana passada, os tanques e as forças militares estão mobilizadas nas proximidades do palácio presidencial no Cairo, mas até o momento não executaram nenhuma ação contra os milhares de manifestantes na área. A oposição, formada majoritariamente por grupos seculares, liberais e de esquerda, considera que o projeto da nova Constituição não garante liberdades fundamentais como a liberdade religiosa ou os direitos das mulheres e reduz a independência do Poder Judiciário. Apesar dos protestos, Morsi decidiu seguir adiante com o referendo, que, segundo o presidente, é a garantia para prosseguir com a transição política após os 30 anos de regime autocrático de Mubarak. O presidente fez uma concessão no sábado e aceitou anular um decreto, promulgado no mês passado, que ampliava e blindava seus poderes, algo que a oposição considera insuficiente. No domingo, o principal grupo de oposição, a Frente de Salvação Nacional (FSN), convocou novas manifestações no Cairo para rejeitar o referendo de 15 de dezembro. “Não reconhecemos o rascunho de Constituição porque não reconhece o povo egípcio”, afirmou um porta-voz da FSN, Sameh Ashur. “Seguir adiante com este referendo, nesta situação explosiva, com a ameaça das milícias da Irmandade Muçulmana, significa que o regime abandona suas responsabilidades”, completou o porta-voz. Nos últimos dias, os manifestantes exigiram a anulação do decreto e do referendo, assim como a renúncia do presidente. A Irmandade Muçulmana convocou uma nova manifestação na terça-feira no Cairo para apoiar o referendo e Morsi. Prof. Fernando Aprato Página 74 Atualidades BNDES “Convocamos uma manifestação na terça-feira com o lema ‘Sim à legitimidade’” disse à AFP o porta-voz da organização, Mahmud Ghozlan, que considera que o povo deve decidir se aprova ou não o projeto de Constituição. Se o texto for rejeitado, Morsi promete um novo rascunho elaborado por 100 pessoas que seriam eleitas diretamente pelo povo, e não entre os membros do Parlamento, dominado pelos islamitas. Abbas ameaça recorrer ao Tribunal Penal Internacional se Israel mantiver assentamentos 12/12/2012 Renata Giraldi* Repórter da Agência Brasil O presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, disse que pode recorrer ao Tribunal Penal Internacional (TPI) contra Israel, se as autoridades do país insistirem na construção de casas em Jerusalém Oriental. O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, anunciou a construção de 3 mil habitações para colonos judeus na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental. Se o projeto do governo israelense for levado adiante, além do isolamento dos palestinos na região de Jerusalém, também considerada sagrada para os muçulmanos, a Cisjordânia será dividida em duas partes, comprometendo a viabilidade de um futuro Estado palestino. O projeto israelense é condenado por vários países, inclusive o Brasil. Ontem (11), Abbas se reuniu com o presidente da Turquia, Abdullah Gul, e anunciou a disposição de recorrer a Haia. No encontro, o presidente turco “denunciou vigorosamente” o projeto de construção israelense e apelou para Israel “não brincar com fogo”. De Ancara, na Turquia, Abbas segue para Lisboa, em Portugal, para uma visita de dois dias. Em Portugal, ele tem reuniões com o primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, o presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, o ministro das Relações Exteriores, Paulo Portas, e com a presidenta da Assembleia da República, Assunção Esteves. *Com informações da agência pública de notícias de Portugal, Lusa. Edição: Graça Adjuto ONU condena lançamento de mísseis pela Coreia do Norte 12/12/2012 Renata Giraldi* Repórter da Agência Brasil A Organização das Nações Unidas (ONU) condenou hoje (12) o lançamento, pela Coreia do Norte, de mísseis de longo alcance. Para o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, a ação foi uma “clara violação” das resoluções das Nações Unidas, o que “desafia” a comunidade internacional. A reação de Ban Ki-moon foi manifestada em nota oficial. Prof. Fernando Aprato Página 75 Atualidades BNDES “É ainda mais lamentável porque desafia o forte e unânime apelo da comunidade internacional. É uma clara violação da Resolução 1.874 [de 2009], ao abrigo da qual o Conselho de Segurança pede que a Coreia do Norte não leve a cabo lançamentos usando tecnologia de mísseis balísticos”, disse . A Coreia do Norte lançou hoje foguete de longo alcance, durante uma operação considerada exitosa pelo governo. Em comunicado, divulgado na internet, o secretáriogeral da ONU pede às autoridades do país que busquem uma relação de confiança com os vizinhos. Ban Ki-moon, que se mantém em “estreito contacto com os governos afetados”, está preocupado com as consequências que o ato, qualificado de “provocatório” por vários países, poderá ter para a paz e estabilidade na região. Pela segunda vez, a Coreia do Norte promove o lançamento de foguete, após o fracasso de idêntica operação em abril. Na ocasião, o projétil se desfragmentou poucos segundos depois da decolagem e caiu no Mar Amarelo. *Com informações da agência pública de notícias de Portugal, Lusa. Edição: Graça Adjuto CAMPANHA ANTIARMAS PRESSIONA OBAMA OBAMA SOB PRESSÃO Autor(es): RODRIGO CRAVEIRO Correio Braziliense - 17/12/2012 Dois dias após o massacre na Escola Primária Sandy Hook, com 20 crianças e seis adultos assassinados, aumenta a pressão sobre Barack Obama para liderar uma mobilização contra armas nos EUA. Em visita à cidade de Newtown, o presidente manifestou solidariedade às famílias e citou uma a uma as vítimas do atentado . Obama disse que o país “ não pode mais tolerar” tragédias desse porte e prometeu, sem detalhar , ações concretas Presidente viaja até Newtown, se reúne em privado com familiares das vítimas e participa de celebração ecumênica. Prefeito de Nova York e senadora exigem rígido controle das armas. Polícia confirma Adam Lanza como o atirador e divulga mais detalhes sobre a matança Sob forte coação política dentro do próprio partido, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, desembarcou, às 17h15 (20h15 em Brasília) de ontem em Newtown (Connecticut), para prestar condolências aos familiares das vítimas do segundo pior massacre da história dos Estados Unidos. Depois de reunir a portas fechadas, por cerca de 1 hora, com os pais das 20 crianças assassinadas na Escola Primária Sandy Hook, com socorristas e com policiais, ele participou de uma cerimônia ecumênica em memória dos mortos, no auditório da Newtown High School e fez um mea-culpa. Prof. Fernando Aprato Página 76 Atualidades BNDES “A missão mais importante é cuidar de nossas crianças. Isso é como a sociedade será julgada. Como nação, cumpriremos com nossa obrigação, mas não estamos fazendo o bastante e temos que mudar”, declarou Obama. Ele prometeu que, nas próximas semanas, trabalhará com a Justiça para impedir mais matanças. “Não podemos tolerar mais isso. Essa tragédia tem que acabar”, disse, sem conter o choro. No entanto, Obama lembrou que nenhuma lei pode eliminar o mal. Minutos antes do memorial — que contou com um pastor, um padre e um rabino —, os primeiros policiais que chegaram à cena do crime foram aplaudidos de pé. Muitos deles choraram. Na última sexta-feira, horas depois da matança, Obama fez uma declaração emocionada e, ao limpar as lágrimas, prometeu tomar uma medida para evitar mais tragédias. “Como país, já passamos demais por coisas assim”, declarou, na ocasião. O prefeito de Nova York, Michael Bloomberg, foi incisivo ontem, ao cobrar uma posição de Obama sobre o tema. “É hora de o presidente se levantar e liderar. Isso deveria ser o seu número 1 na agenda. Ele é o presidente dos Estados Unidos. E se nada fizer durante seu segundo mandato, algo como 48 mil americanos serão mortos com armas ilegais no próximo ano”, advertiu. Ex-republicano que tornou-se independente, Bloomberg disse à rede de tevê NBC que o líder democrata “tem que traduzir suas visões em ações”. A senadora democrata Dianne Feinstein prometeu apresentar um projeto de lei, assim que o novo Congresso tomar posse em janeiro, para proibir as armas de assalto. Para que ele avance em um Capitólio dividido, será preciso que as lideranças dos dois partidos — tanto na Câmara dos Representantes quanto no Senado — avalizem o texto. Uma proibição federal para as armas de assalto expirou em 2004 e, desde então, as tentativas de reinstaurar a lei fracassaram. Em entrevista ao Correio, por e-mail, Dewey Cornell — professor de psicologia escolar e clínica da Universidade da Virgínia e diretor do Projeto de Violência Juvenil — mostrou-se cético em relação a uma mudança na legislação. “Há um forte lobby contra qualquer regulação de armas nos Estados Unidos. Os pedidos de mudança que Obama fizer encontrarão resistência no Congresso”, admitiu. Ele acha contraditório o fato de todos os passageiros de aviões serem obrigados a tirar os sapatos nos aeroportos, enquanto fuzis de assalto estão disponíveis para qualquer um nas lojas. Cornell considerou significativa a visita do presidente a Newtown, mas disse esperar uma pressão maior. “Precisamos mais do que controle ao acesso de armas, de qualquer modo. Necessitamos de serviços de saúde mental mais eficientes e acessíveis.” Detalhes A polícia de Newtown e o FBI divulgaram ontem novas informações sobre o crime. As autoridades confirmaram Adam Lanza como o assassino. O rapaz de 20 anos carregava um fuzil de assalto Bushmaster calibre .223 e centenas de balas quando entrou atirando na Escola Primária Sandy Hook, às 9h30 (12h30 em Brasília). Também levava consigo duas pistolas — uma Sig Sauer 9mm e uma Glock 10mm —, mas apenas uma teria sido usada para disparar contra a própria cabeça. Todos os 20 alunos, a diretora e os cinco funcionários foram mortos com o fuzil. Outra Prof. Fernando Aprato Página 77 Atualidades BNDES arma do mesmo tipo foi encontrada no porta-malas do carro. Com Adam, havia vários pentes capazes de armazenar 30 balas, cada. O tenente J. Paul Vance, porta-voz da polícia, também confirmou que o atirador executou a mãe com vários tiros no rosto, antes de partir para a matança na escola. Os agentes analisam pistas coletadas na escola e na casa, incluindo armas de fogo. “Nós estamos traçando a história delas, desde a montagem”, declarou. Governo venezuelano adia posse de Chávez Governo da Venezuela adia posse de Chávez O Estado de S. Paulo - 09/01/2013 O governo da Venezuela anunciou oficialmente ontem que Hugo Chávez não vai à posse prevista pela Constituição para amanhã. Também pediu à Assembleia Nacional que permita o adiamento da cerimônia, que seria feita diante do Tribunal Supremo de Justiça. A informação foi transmitida numa carta enviada pelo vice-presidente Nicolas Maduro ao presidente da Assembléia Nacional Diosdado Cabello. A carta lida por Cabelo faz menção aos dois argumentos levantados pelos chavistas que permitiriam a continuidade do presidente em suas funções apesar da ausência na posse: a licença de 90 dias concedida pelo Legislativo e a “razão de força maior” que permitiria a Chávez fazer o juramento ante o TSJ, em data não estabelecida. O líder da oposição no país, Henrique Capriles, pediu que a Suprema Corte se manifeste e disse que vai recorrer à OEA caso a Constituição seja desrespeitada O governo venezuelano anunciou ontem que o presidente Hugo Chávez não comparecerá à posse prevista pela Constituição para amanhã e pediu à Assembleia Nacional que permita o adiamento da cerimônia, que seria feita diante do Tribunal Supremo de Justiça. A informação foi transmitida numa carta enviada pelo vice- presidente Nicolás Maduro ao presidente da Assembleia Nacional, Diosdado Cabello. Na mensagem, Maduro afirma que Chávez agradeceu aos deputados pela autorização emitida em dezembro para que ele se submetesse à cirurgia em Cuba e lamentou que, "por motivo de força maior", não poderá comparecer à cerimônia de posse. A carta lida por Cabello faz menção aos dois argumentos levantados pelos chavistas que permitiriam a continuidade do presidente em suas funções apesar da ausência na posse: a licença de 90 dias concedida pelo Legislativo e a "razão de força maior" que permitiria - na visão de seus partidários - a Chávez fazer o juramento ante o Tribunal Supremo de Justiça (TSJ), em data não estabelecida. Para alguns analistas venezuelanos, a carta enviada por Maduro se trataria de um passo formal para acionar a Sala Constitucional do TSJ, encarregada de dirimir dúvidas sobre a Carta. O órgão máximo do Judiciário venezuelano é controlado pelo chavismo e não será surpresa se a câmara der aval à interpretação que favorece o atual governo. Comunicado prolixo. Detalhes do real estado de saúde de Chávez, operado no dia 11 de Prof. Fernando Aprato Página 78 Atualidades BNDES dezembro pela quarta vez como parte do tratamento de um câncer na região pélvica, continuam desconhecidos. Por meio de um curto comunicado, aparentemente redigido com a finalidade de atenuar seu conteúdo, o ministro de Comunicação da Venezuela, Ernesto Villegas, informou na segunda-feira à noite que Chávez ainda apresenta quadro de infecção respiratória. Num sinal mais positivo, Villegas anunciou também que o líder tem reagido ao tratamento em Cuba. "O presidente se encontra em uma situação estacionária em relação à descrita no boletim médico mais recente (de quinta-feira), quando foi informada a insu- ficiência respiratória enfrentada pelo comandante Chávez como consequência de uma infecção pulmonar sobrevinda no curso do pós-operatório", disse Villegas. "O tratamento vem sendo aplicado, de forma permanente e rigorosa, e o paciente o está assimilando", acrescentou o ministro, afirmando que o Executivo venezuelano tem mantido constante contato com a equipe médica que trata de Chávez, em Havana, e com parentes do presidente. Em cadeia nacional de rádio e TV, Villegas também pediu à pulação que não dê ouvidos aos rumores motivados pela "guerra psicológica" que a oposição estaria promovendo contra Chávez. O uso do termo "estacionário" - em lugar de "estável" e "estabilizado" usados de forma mais comum nos comunicados anteriores - causou estranheza para alguns jornalistas e diplomatas que vivem em Caracas. "Não acredito nas teorias conspiratórias que circulam nas redes sociais nas últimas semanas"", disse ao Estado um diplomata sul-americano sob condição de anonimato. "Mas esse foi um boletim, pelo menos, diferente." "A ausência de informações confiáveis nos leva de volta aos tempos dos "kremlinistas" dos anos 70, quando se procuravam sinais e linguagens cifradas que pudessem darpistas sobre o estado de saúde de líderes políticos", escreveu sobre o tema o jornalista Ewald Scharfenberg. Prof. Fernando Aprato Página 79