TEMPORADA 2016 FORA DE SÉRIE

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TEMPORADA 2016 FORA DE SÉRIE
TEMPORADA 2016
FORA DE SÉRIE
SÁBADOS, 18H
apresentam
TEMPORADA 2016
FORA DE SÉRIE
Ministério da Cultura e Governo de Minas Gerais
Sábados, 18h
P. 5
P. 12
5 MARÇO
P. 21
Menino prodígio
2 ABRIL
CAROS AMIGOS E AMIGAS Fabio Mechetti
MOZART, um pouco da obra e do coração, con affetto
23 JULHO
MARCOS ARAKAKI, regente
ERIKA RIBEIRO, piano
20 AGOSTO
La finta semplice, K. 51: Abertura
Sinfonia nº 1 em Mi bemol maior, K. 16
Concerto para piano nº 1 em Fá maior, K. 37
Divertimento nº 1 em Mi bemol maior, K. 113
Cassação nº 1 em Sol maior, K. 63
P. 29
Concertos
MARCOS ARAKAKI, regente
ALMA MARIA LIEBRECHT, trompa
CATHERINE CARIGNAN, fagote
CÁSSIA LIMA, flauta
GISELLE BOETERS, harpa
Concerto para trompa nº 2 em Mi bemol maior, K. 417
Concerto para fagote em Si bemol maior, K. 191
Concerto para flauta e harpa em Dó maior, K. 299
14 MAIO
P. 38
Tudo em família
FABIO MECHETTI, regente
MARK JOHN MULLEY, trombone
CLÁUDIA AZEVEDO, soprano
CELINA SZRVINSK, piano
MIGUEL ROSSELINI, piano
— A viagem musical de trenó
leopold mozart — Concerto para trombone alto em Ré maior
leopold mozart — Sinfonia dos Brinquedos
Mia speranza adorata – Ah, non sai qual pena, K. 416
No, no, che non sei capace, K. 419
Concerto para dois pianos em Mi bemol maior, K. 365
leopold mozart
18 JUNHO
Sinfonias
P. 47
P. 53
Rivais e contemporâneos
O rapto do serralho, K. 384: Abertura
antonio salieri — Sinfonia em Ré maior, “Il giorno onomastico”
domenico cimarosa — Concerto para oboé em dó menor
Sinfonia nº 39 em Mi bemol maior, K. 543
P. 61
Ópera
FABIO MECHETTI, regente
MARINA MORA, diretora de cena
GABRIELLA PACE, Fiordiligi
LUISA FRANCESCONI, Dorabella
CARLA COTTINI, Despina
DAVID PORTILLO, Ferrando
LEONARDO NEIVA, Guglielmo
LICIO BRUNO, Don Alfonso
Così fan tutte, K. 588
1º OUTUBRO
P. 73
29 OUTUBRO
P. 79
10 DEZEMBRO
P. 85
FABIO MECHETTI, regente
Contradanças, K. 609
Idomeneo: Música de Balé, K. 367
Tamos, Rei do Egito, K. 345
Les Petits Riens, K. 299b
Música incidental
FABIO MECHETTI, regente
Uma brincadeira musical, K. 522
Serenata nº 6 em Ré maior, K. 239, “Noturna”
Serenata nº 9 em Ré maior, K. 320, “Posthorn”
Na corte
Último capítulo
FABIO MECHETTI, regente
MARCUS JULIUS LANDER, clarinete
MARIANA ORTIZ, soprano
LUISA FRANCESCONI, mezzo-soprano
LUCIANO BOTELHO, tenor
SAULO JAVAN, baixo
A Clemência de Tito, K. 621: Abertura
Concerto para clarinete em Lá maior, K. 622
FABIO MECHETTI, regente
Sinfonia nº 31 em Ré maior, K. 297, “Paris”
Sinfonia nº 34 em Dó maior, K. 338
Sinfonia nº 40 em sol menor, K. 550
TOBIAS VOLKMANN, regente convidado
ALEXANDRE BARROS, oboé
Requiem, K. 626
P. 94
P. 100
P. 101
PARA ASSISTIR, OUVIR E LER
FILARMÔNICA online
PARA APRECIAR um concerto
CAROS amigos e amigas
Uma das perguntas mais frequentes
Ao estudar uma obra de Mozart, fico embevecido
que recebo como maestro é sobre
com a absoluta perfeição técnica que ele imprime ao
quem é o meu compositor favorito.
que faz. A despeito disso, sua música soa absolutamente
Antes fosse assim tão fácil arriscar
fluente e natural, como se cada nota escrita não pudesse
uma resposta. As razões de um suposto
pertencer a qualquer outro lugar, mas somente àquele
favoritismo podem ser de natureza
onde foi colocada, perfeita, inevitável. Seja uma simples
estética, técnica, emocional, racional;
sonata para piano ou uma dupla fuga em uma de suas
até mesmo um “sei lá” é possível.
missas, Mozart nos mostra que a perfeição é possível
e, o que nos deixa ainda mais envergonhados e
Alguns compositores são sobre-
despeitados, simples e fácil.
humanos, outros nos tocam
profundamente por serem vulneráveis
Ao explorar a música de Mozart nesta temporada,
e, portanto, simplesmente humanos.
a Filarmônica visitará algumas de suas obras mais
Uns evocam a conquista e o otimismo,
famosas, como sua Sinfonia nº 40, vários de seus
outros, um pessimismo inexorável.
concertos e o Requiem, mostrando a diversidade de
Vários nos apresentam a controvérsia,
sua criação, o domínio absoluto que tinha das formas
muitos, a contemplação e o prazer. Mas
musicais tradicionais, assim como a maneira clara e
talvez só um, dentre os grandes gênios
eficiente com que trabalhou desde a mais tenra idade
da música ocidental, reúna todas essas
até sua morte precoce.
(e muitas outras) qualidades: Mozart.
Enfim, sua obra reflete o que há de mais sublime
Considerado unanimemente um dos
no espírito humano e, ao mesmo tempo que nos
maiores prodígios que já existiram,
entretém, nos eleva, pois sabemos que estamos
dotado de singular facilidade
diante de um ser que simboliza o que há de melhor
na arte de compor, dono de uma
na humanidade. Ninguém melhor do que outro gênio,
perfeição técnica e formal absoluta,
Einstein, para enxergar na música do grande compositor
mestre em qualquer forma e gênero,
austríaco a presença de uma beleza interna universal,
incrivelmente prolífico nos 35 anos
pronta para ser revelada.
que viveu, Johannes Chrysostomus
Wolfgangus Theophilus (Amadeus
É isso que pretendemos: desvendar a beleza e a verdade
em latim) Mozart deixou para nós
contidas em dezenas de obras que, como há mais de
uma obra única, capaz de, ao mesmo
duzentos anos, mostram sua relevância nos dias de hoje.
tempo, surpreender os mais exigentes
críticos e amantes da música, assim
como chegar diretamente aos
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corações dos ouvintes mais leigos.
FABIO MECHETTI
Diretor Artístico e Regente Titular
5
FOTO EUGÊNIO SÁVIO
FABIO
MECHETTI
Desde 2008, Fabio Mechetti é Diretor Artístico e
Fez sua estreia no Carnegie Hall de Nova York
No Brasil, foi convidado a dirigir a
Regente Titular da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais,
conduzindo a Orquestra Sinfônica de Nova Jersey e tem
Sinfônica Brasileira, a Estadual de
sendo responsável pela implementação de um dos projetos
dirigido inúmeras orquestras norte-americanas, como as
São Paulo, as orquestras de Porto Alegre
mais bem-sucedidos no cenário musical brasileiro. Com
de Seattle, Buffalo, Utah, Rochester, Phoenix, Columbus,
e Brasília e as municipais de São Paulo
diretor artístico e
regente titular
seu trabalho, Mechetti posicionou a orquestra mineira
entre outras. É convidado frequente dos festivais de
e do Rio de Janeiro. Trabalhou com
nos cenários nacional e internacional e conquistou
verão nos Estados Unidos, entre eles os de Grant Park
artistas como Alicia de Larrocha,
vários prêmios. Com ela, realizou turnês pelo Uruguai e
em Chicago e Chautauqua em Nova York.
Thomas Hampson, Frederica von Stade,
Argentina e realizou gravações para o selo Naxos.
Arnaldo Cohen, Nelson Freire, Emanuel
Realizou diversos concertos no México, Espanha e
Ax, Gil Shaham, Midori, Evelyn Glennie,
Natural de São Paulo, Fabio Mechetti serviu recentemente
Venezuela. No Japão dirigiu as orquestras sinfônicas de
Kathleen Battle, entre outros.
como Regente Principal da Orquestra Filarmônica da
Tóquio, Sapporo e Hiroshima. Regeu também a Orquestra
Malásia, tornando-se o primeiro regente brasileiro a ser
Sinfônica da BBC da Escócia, a Orquestra da Rádio e TV
Igualmente aclamado como regente
titular de uma orquestra asiática. Depois de quatorze anos
Espanhola em Madrid, a Filarmônica de Auckland, Nova
de ópera, estreou nos Estados Unidos
à frente da Orquestra Sinfônica de Jacksonville, Estados
Zelândia, e a Orquestra Sinfônica de Quebec, Canadá.
dirigindo a Ópera de Washington. No
Unidos, atualmente é seu Regente Titular Emérito. Foi
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seu repertório destacam-se produções
também Regente Titular da Sinfônica de Syracuse e da
Vencedor do Concurso Internacional de Regência
de Tosca, Turandot, Carmen, Don Giovanni,
Sinfônica de Spokane. Desta última é, agora, Regente Emérito.
Nicolai Malko, na Dinamarca, Mechetti dirige
Così fan tutte, La Bohème, Madame Butterfly,
regularmente na Escandinávia, particularmente a
O barbeiro de Sevilha, La Traviata e Otello.
Foi regente associado de Mstislav Rostropovich na
Orquestra da Rádio Dinamarquesa e a de Helsingborg,
Orquestra Sinfônica Nacional de Washington e com
Suécia. Recentemente fez sua estreia na Finlândia
Fabio Mechetti recebeu títulos
ela dirigiu concertos no Kennedy Center e no Capitólio
dirigindo a Filarmônica de Tampere e na Itália,
de mestrado em Regência e em
norte-americano. Da Orquestra Sinfônica de San Diego,
dirigindo a Orquestra Sinfônica de Roma. Em 2016 fará
Composição pela prestigiosa
foi Regente Residente.
sua estreia com a Filarmônica de Odense, na Dinamarca.
Juilliard School de Nova York.
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FOTO RAFAEL MOTTA
WOLFGANG AMADEUS MOZART
Salzburgo, 27 de janeiro de 1756 — Viena, 5 de dezembro de 1791
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Mozart
AMSTERDÃ (1766)
UM POUCO DA OBRA E
DO CORAÇÃO, con affetto
HAIA
LONDRES
(1764-65)
Roteiro de viagem
da família Mozart
às cortes da
Europa, entre
1763 e 1766.
UTRECHT
ROTERDÃ
ANTUÉRPIA
MALINAS
GANTE
LOVAINA
DUNQUERQUE
LILLE
BRUXELAS
LIÈGE
COLÔNIA
BONN
AACHEN
COBLENÇA
FRANKFURT
MAINZ
Wolfgang Amadeus Mozart,
e cotidiana do pai — bom músico
sempre tão amado, venerado pelos
e pedagogo —, os contatos que
maiores músicos de sua época, única
teve com a música e os músicos de
unanimidade na admiração dos
sua época e, principalmente, sua
grandes mestres que o sucederam,
própria intuição genial. Por esta
autor de mais de seiscentas obras
se explica a facilidade e alegria
conhecidas, morreu em Viena
com que Wolfgang se dispunha a
na miséria e no abandono, sem
escrever música quando solicitado,
completar 36 anos.
ou para seu próprio prazer, e a
WORMS
HEIDELBERG
MANNHEIM
1763-64
LUDWIGSBURGO
PARIS
176
1766
3
AUGSBURGO
ULM
1766
SCHAFFHAUSEN
MUNIQUE
SALZBURGO
WINTERTHUR
DIJON
BERNA
ZURIQUE
LAUSANNE
abordagem de todos os gêneros já na
Nunca serão demasiados os esforços
infância. Isso não impedia que, para
para restaurar-se a verdade a respeito
o instrumentista admirável que já
da pessoa do criador, distorcida
era, fosse insuportável apresentar-se
através do tempo, e para ampliar o
diante de pessoas que ele percebia
É bom lembrar que os trajetos, por
de ser chamado Bach de Londres, fora
conhecimento de sua imensa obra.
desinteressadas, que não sabiam
mais extenuantes e demorados que
o Bach de Milão — foi especialmente
apreciar a sua música.
fossem, eram apenas os entreatos de
afetuoso, além de fecundo pela
longas temporadas que, estas sim,
orientação que desse mestre recebeu.
Que Wolfgang, criança de
GENEBRA
LYON
precocidade genial e fascinante
As viagens — não raro
proporcionavam a Wolfgang o tempo
Dele teve as primeiras lições sobre a
personalidade, teria encontrado
decepcionantes do ponto de vista
de crescer aprendendo, de escutar
ópera italiana, mais especificamente
seu irreprimível caminho na música,
prático do pai e cansativas ao
novas músicas, de ter influências e
sobre a característica ópera buffa
mesmo sem a onipresença do pai
extremo para a criança — foram
encontros decisivos.
napolitana. Aliás, foi de Londres
na infância — é uma evidência.
acima de tudo essenciais para forjar
Desde muito cedo, a consciência
a largueza do espírito de Mozart
Iniciado em abril de 1764, e estando
"ele tem sempre uma ópera na
de seu destino de compositor era
e permitir sua aproximação de
Wolfgang com oito anos, o estágio
cabeça", uma demonstração de
claríssima para ele.
outras escolas, de modo especial
de dezesseis meses em Londres teve
que já aos oito anos se instalava
a música italiana e a escola
repercussões indeléveis. Wolfgang
no espírito de Wolfgang a paixão
No entanto, para que absorvesse
de Mannheim — influências
compôs ali suas primeiras sinfonias,
que viria a ser avassaladora — o
e praticasse todo o conhecimento
fundamentais na elaboração de
ouviu oratórios de Haendel e assistiu
teatro musical, o melodrama.
musical germânico, foram condições
sua obra —, preservando sempre,
a óperas italianas. Seu contato com
O que nos assombra hoje, mais que
determinantes a orientação metódica
contudo, os insumos da escola alemã.
Johann Christian Bach — que, antes
as habilidades da criança prodígio, é
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que Leopold escreveu a sua mulher:
13
a profundidade com que Wolfgang
ele crescia em graça e sabedoria,
processava vertiginosamente o
acumulando sem trégua experiências
seu desenvolvimento e quão reta e
extraordinárias, construindo
certeira foi a sua trajetória.
seu direcionamento estético,
confirmando sua vocação dramático-
A narrativa das viagens
musical, deixando que o coração
empreendidas por iniciativa de
guiasse as suas escolhas.
Leopold, contida em suas cartas e
nos bilhetes de Wolfgang e da irmã
Escutar e apreciar exemplos de
Nannerl, nos leva a conhecer o processo
suas músicas nas diferentes idades
de aprendizado musical — totalmente
nos deixa concluir que também
fora de qualquer padrão —, assim
o amadurecimento artístico de
como a formação da personalidade
Wolfgang foi espantosamente
e do coração de Mozart.
precoce e acelerado, como que
numa antevisão de quão curto
Surpreende-nos ainda hoje perceber
era o prazo que lhe seria dado.
que, irrigada por sua genialidade
e suas escolhas, sua obra imortal
A primeira viagem à Itália, que
estava germinando e florescendo,
se dá às vésperas de Wolfgang
sem desvio, desde os primeiros sons e
completar quatorze anos, é a
rabiscos da criança.
primeira que o menino empreende
em companhia apenas do pai.
Quando Leopold dizia que o menino
As experiências dessa temporada
A casa natal de
Mozart, ao fundo, à
esquerda, localizada
na Löchelplatz, em
Salzburgo. Museum
Carolino Augusteum,
Salzburgo.
"tinha a música inteiramente na
cabeça antes de escrevê-la", dizia-o
não com incredulidade, mas sem
compreender bem o que aquilo
significava. Sempre foi assim para
são numerosas e especiais, pelas
alegria do jovem de quatorze anos
encomendas que cumpriu e estreou
por essa estupenda oportunidade.
(incluindo a ópera Mitridate Re
Martini será sempre uma referência
di Ponto) e pelas ocasiões de mostrar
musical e afetiva para Mozart.
quão excelente músico ele já era.
Porém, mais significativos para
Acompanhar as vicissitudes da
Wolfgang. Ao final, faltou-lhe força
Wolfgang foram os contatos sérios
vida de Mozart e ao mesmo tempo
física para terminar o Requiem que
e proveitosos com músicos do quilate
seguir o desenvolvimento de sua
desde a data da encomenda trazia
do lendário Padre Giovanni Battista
obra é uma forma de desvendar o
acabado na cabeça.
Martini (1706-1784), de Bolonha.
seu coração e sua personalidade.
Para trabalhar intensivamente
Wolfgang, desde que entrara na
contraponto com Martini, de quem
adolescência, tinha o comportamento
já ouvira falar por Christian Bach,
de um músico profissional, e como
Wolfgang volta a Bolonha, "a Douta",
tal foi reconhecido na Itália. Ao
onde permanece por três meses.
mesmo tempo, com sua intuição
Pode-se imaginar o empenho e a
muito clara sobre o que queria
Aos olhos da aristocracia e da
burguesia europeias, Wolfgang
perdia, ao crescer, tanto o charme da
precocidade como a perspectiva de
celebridade futura. Mas, na verdade,
14
Nannerl Mozart.
Pintura atribuída
a Pietro Antonio
Lorenzoni, 1763c.
15
conhecer e aprender, não dissipava
entre as quais a surpreendente e
onde escreveu o Quarteto com oboé
as oportunidades. Adquiria o
dramática em lá menor e a Sonata em
K. 370, Wolfgang deixa Salzburgo
equilíbrio que sempre transpareceu
lá maior, célebre pelo rondó alla turca,
definitivamente. Rebelara-se em
em sua música. Era alegre e afetuoso,
e várias outras obras. Não é pouca
episódio recontado à exaustão, para
desbocado nas brincadeiras e na
coisa para cinco meses! Na volta a
acabar sendo o primeiro músico
correspondência, sempre disposto a
Salzburgo segue o mesmo trajeto e,
autônomo da história da música.
teatralizar, generoso, dedicado aos
no reencontro com Aloysia, a moça
amigos e, quanto à música, exigente
se mostra indiferente.
e responsável. Uma espiritualidade
Instala-se em 1781 em Viena e
decide casar-se com Constanze
sincera era perceptível em suas
Wolfgang, de novo em Salzburgo,
Weber, irmã de Aloysia, que será
atitudes, além de um senso ético
é ainda bem jovem. Começa o ano de
sua companheira até o fim.
profundo que transparece à medida
1779 compondo a Sonata para piano
que, na juventude, começa a reagir
Anna Maria Mozart.
Pintura de Rosa
Hagenauer-Barducci.
às fraquezas e às injustiças dos
ambientes nos quais convive. Um
e violino em si bemol e o Concerto para
Apenas dez anos para viver em
dois pianos em mi bemol. Em março
Viena, para realizar a sua obra!
escreve a Missa da Coroação, sinfonias
Viveu — nessa cidade tão alegre e tão
sinal, dentre muitos, de seu belo
sua personalidade musical
e cerca de cinquenta obras, a maior
triste, tão séria e tão inconsequente —
caráter e total falta de jactância
inconfundível bem estruturada.
parte delas longas e complexas,
dias de exaltação e de depressão.
evidenciando sua evolução técnica.
Teve dias de glória e de penúria.
é que a concessão do diploma
honorífico da Academia Filarmônica
Em 1777 partiu com destino a Paris
de Bolonha, após um exame de
acompanhado apenas de sua mãe,
Após um retorno a Munique, aonde
sua música as circunstâncias de
máximo rigor, jamais foi motivo
numa viagem muito atribulada,
foi para montar e estrear com
sua existência. Revelava, sim, a sua
de alarde ou vaidade por parte de
que se não foi particularmente
grande sucesso a ópera Idomeneo, e
alma. Já escrevera de Munique a seu
Wolfgang, que se negava a exibi-lo,
importante do ponto de vista da
assim como também recusava usar
carreira de Wolfgang, marcou-se
a insígnia de Cavaleiro da Ordem
por acontecimentos que o abalaram
da Espora de Ouro, que o Papa lhe
emocionalmente e que viriam a
concedera. Sua simplicidade não era
ter repercussão em seu futuro: o
isenta de firme senso de dignidade.
encontro com Aloysia Weber, linda
Apelava com energia a seu pai para
soprano de quinze anos por quem se
que não se rebaixasse ao tentar uma
enamora em Mannheim, sem poder
oportunidade em favor do filho.
dar continuidade ao romance, e a
Mas Mozart não expressava com
morte inesperada, em Paris, de sua
Wolfgang entrara para o serviço
mãe. Apesar de seu descontentamento
do Príncipe-Arcebispo aos treze
com a cidade, compôs algumas
anos, como organista sem salário.
músicas importantes, como uma
De 1773 até a viagem a Paris, quase
Sinfonia Concertante para Sopros, o
não se ausentou de Salzburgo e
belo Concerto para flauta e harpa,
compôs muita música, já com
Variações e Sonatas para piano —
16
Constanze Mozart.
Pintura de Joseph
Lange, 1782.
17
pai: "Ich bin vergnügt weil ich zu
Em mais de uma ocasião elevou a
komponieren habe, welche ist doch
voz para declarar: — Mozart é o
meine einzige Freude und Passion". —
maior compositor que já existiu!
Estou contente porque tenho o
Uma dessas vezes foi após a estreia
que compor, o que é mesmo a
de Don Giovanni.
O piano de Mozart.
Mozart Museum,
Internationale
Stiftung Mozarteum,
Salzburgo.
minha única alegria e paixão.
Melhor que ler sobre Mozart é escutar
Wolfgang compôs nessa década
sua música, buscar aquela que não
aproximadamente trezentas obras.
se ouviu ainda, descobrir a beleza
Podemos dizer sem receio que são
incomparável de suas melodias, deixar-
trezentas obras-primas. É impossível
se emocionar com a doçura, mas
deixar de citar Don Giovanni,
também com a pungência, com tudo o
Le nozze di Figaro, Così fan tutte,
que lhe ia na alma e que se traduz em
O rapto do serralho, A Flauta Mágica;
sua obra. Felizmente existem gravações
as mais belas e fantásticas sinfonias,
de, pelo menos, essas cerca de trezentas
numerosos concertos para piano,
obras dos últimos dez anos.
música religiosa, música maçônica,
inúmeros quartetos e quintetos...
Por ter vivido na segunda metade
O Requiem, obra que povoou o
do século XVIII, e por ser o
espírito de Mozart de lúgubres
menos sectário e o mais aberto
sensações e que ficou inacabada...
dos compositores, o conceito de
Tudo é insuficiente ou então
demasiado e desnecessário quando
se trata de falar ou escrever sobre
clássico é insuficiente para a sua
verdade humana das personagens
Mozart, tanto sobre a obra quanto
música, que, pelo elaboradíssimo
e o sentido do ritmo teatral.
sobre seu espírito. Sabemos como
uso do cromatismo como elemento
lhe foi reconfortante, sempre, a
expressivo, tem, sem qualquer
Wolfgang Amadeus Mozart é o
comovente amizade e o afeto que o
pretensão revolucionária, conotações
único grande mestre da música
uniram a Haydn; Mozart jovem, Haydn
românticas e trágicas que aproximam
verdadeiramente universal, por
já músico consumado e célebre — eles
Beethoven de sua obra. Alguns
ter criado obras-primas, com
tiveram alguns contatos de profunda
atributos sensíveis a tornam acessível.
a mesma grandeza e a mesma
compreensão e admiração mútua.
Na música instrumental, o primeiro,
dedicação, em absolutamente todos
Mozart se influenciou por Haydn
sem dúvida, é a beleza e a perfeição
os gêneros musicais.
na juventude e Haydn, mais tarde,
da melodia; outro é o equilíbrio
da forma, da instrumentação, a
se deixou conscientemente
influenciar por Mozart, o que ele
próprio declarava com simplicidade.
18
Joseph Haydn.
Pintura de
Thomas Hardy.
complexa estruturação das vozes.
BERENICE MENEGALE Pianista e diretora da
Na ópera, o que mais seduz é a
Fundação de Educação Artística.
19
MARCOS ARAKAKI, regente
ERIKA RIBEIRO, piano
PROGRAMA
1
5 DE MARÇO
LA FINTA SEMPLICE, K. 51: ABERTURA
SINFONIA Nº 1 EM MI BEMOL MAIOR, K. 16
Menino prodígio
• Allegro molto • Andante • Presto
CONCERTO PARA PIANO Nº 1 EM FÁ MAIOR, K. 37
Erika Ribeiro
• Allegro • Andante • Allegro
— INTERVALO —
DIVERTIMENTO Nº 1 EM MI BEMOL MAIOR, K. 113
• Allegro • Andante • Menuetto • Allegro
CASSAÇÃO Nº 1 EM SOL MAIOR, K. 63
• Marche • Allegro • Andante • Menuetto
• Adagio
20
• Menuetto • Finale: Allegro assai
21
FORA DE SÉRIE 5 DE MARÇO
Festival Internacional de Campos do Jordão em 2009,
Conhecida pela elegância, inteligência
Atuou à frente das orquestras Filarmônica de Gaia, Portugal,
ambos como primeiro colocado. Foi também semifinalista
e sutileza de suas interpretações, a
Filarmônica de Kalisz, Polônia, Orquestra Sinfônica Brasileira,
no 3º Concurso Internacional Eduardo Mata, realizado na
pianista Erika Ribeiro é considerada
Orquestra Experimental de Repertório, Orquestra Sinfônica
Cidade do México em 2007.
uma das artistas mais expressivas de
do Espírito Santo, entre outras, e realiza com frequência
sua geração. Sua musicalidade singular
parcerias ao lado de destacados maestros e músicos, como
Além da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais, Marcos Arakaki
e grande versatilidade combinam em
Emmanuele Baldini, Claudio Cruz, Daniel Guedes, Quinteto
tem dirigido outras importantes orquestras tanto no Brasil
sua carreira trabalhos como solista,
Villa-Lobos, Carlos Prazeres, Luis Leite e Tatiana Parra.
como no exterior. Estão entre elas as orquestras sinfônicas
recitalista e camerista.
Erika iniciou seus estudos musicais com a mãe aos quatro
FOTO RAFAEL MOTTA
Brasileira (OSB), do Estado de São Paulo (Osesp), do Teatro
MARCOS
ARAKAKI
Nacional Claudio Santoro, do Paraná, de Campinas, do
Vencedora de dez concursos nacionais
anos de idade. Cursou a Escola de Música de Piracicaba e a
Espírito Santo, da Paraíba, da Universidade de São Paulo,
de piano — entre eles o III Concurso
Universidade de São Paulo (USP), concluindo seu mestrado
a Filarmônica de Goiás, Petrobras Sinfônica, Orquestra
Nelson Freire — e premiada em
em Música sob orientação de Eduardo Monteiro. Estudou
Experimental de Repertório, orquestras de Câmara da Cidade
mais de vinte, Erika tem se
durante dois anos na tradicional Hochschule für Musik
Marcos Arakaki é Regente Associado
de Curitiba e da Osesp, Camerata Fukuda, dentre outras.
apresentado como solista na
Hanns Eisler, em Berlim, Alemanha, e participou de cursos
da Filarmônica de Minas Gerais e
No exterior, dirigiu as orquestras Filarmônica de Buenos
Sala São Paulo, Theatro Municipal
de aperfeiçoamento nos Estados Unidos, Suíça e França.
colabora com a Orquestra desde 2011.
Aires, Sinfônica de Xalapa, Filarmônica da Universidade
de São Paulo, Theatro São Pedro,
Atualmente leciona na Universidade Federal do Estado do
Bacharel em música pela Universidade
Autônoma do México, Kharkiv Philharmonic da Ucrânia e
Auditório Ibirapuera, Sala Cecília
Rio de Janeiro (Unirio), onde, em 2014, assumiu a cátedra
Estadual Paulista, na classe de violino
a Boshlav Martinu Philharmonic da República Tcheca.
Meireles e outros palcos.
de Música de Câmara e Recital.
do professor Ayrton Pinto, em 2004
concluiu o mestrado em Regência
Acompanhou importantes artistas do cenário erudito, como
Orquestral pela Universidade de
Gabriela Montero, Sergio Tiempo, Anna Vinnitskaya, Sofya
Massachusetts (EUA). Participou
Gulyak, Ricardo Castro, Rachel Barton-Pine, Chloë Hanslip,
do Aspen Music Festival and School
Luíz Filíp, entre outros.
David Zinman na American Academy
Ao longo dos últimos dez anos, Marcos Arakaki tem
of Conducting at Aspen, nos Estados
contribuído de forma decisiva na formação de novas
Unidos, além de masterclasses com
plateias, por meio de apresentações didáticas, bem como
os maestros Kurt Masur, Charles Dutoit
na difusão da música de concertos através de turnês a
e Sir Neville Marriner. Sua trajetória
mais de setenta cidades brasileiras. Atua, ainda, como
artística é marcada por prêmios como
coordenador pedagógico, professor e palestrante em diversos
o do 1º Concurso Nacional Eleazar
projetos culturais e em instituições como Casa do Saber do
de Carvalho para Jovens Regentes,
Rio de Janeiro, programa Jovens Talentos de Furnas, Música
promovido pela Orquestra Petrobras
na Estrada, Universidade Federal da Paraíba, Universidade
Sinfônica em 2001, e do Prêmio
Federal do Rio Grande do Norte, Universidade Federal
Camargo Guarnieri, concedido pelo
de Roraima e em vários conservatórios brasileiros.
22
FORA DE SÉRIE 5 DE MARÇO
FOTO ALINE MÜLLER
(2005), recebendo orientações de
ERIKA
RIBEIRO
23
FORA DE SÉRIE 5 DE MARÇO
LA FINTA SEMPLICE,
K. 51: ABERTURA
Viena, 1768 | 7 min
2 flautas, 2 oboés, 2 fagotes,
2 trompas, cordas.
SINFONIA Nº 1
EM MI BEMOL MAIOR, K. 16
O
que causa assombro ao observador da
se sustenta. Basta observar as obras
abriu os olhos do menino de sete anos
História da música diante da obra de
que virão: elas denotam a mesma
de idade para a função poética da
Mozart é menos o prodígio que nele se
linguagem, a mesma mestria, a mesma
música. Johann Christian Bach, por
revelou muito precocemente — e que seu
inventividade melódica, o mesmo
sua vez, colocou-o em contato com a
pai soube potencializar, desenvolver e explorar —, mas
senso de proporção, os mesmos traços
música contemporânea — sinfônica,
a coesão, o acabamento, a harmonia arquitetônica, o
arquitetônicos. Se Leopold Mozart
de câmara e vocal, principalmente a
magnífico senso de proporção e a pródiga inventividade
interferiu aqui ou ali na obra do filho,
ópera —, o que foi decisivo para definir
Provavelmente Salzburgo, 1767 | 17 min
melódica que, no conjunto de seu legado, são atemporais.
o gênio do jovem Mozart logrou
os traços fundamentais da linguagem
2 oboés, 2 trompas, cordas.
Em certos compositores, é possível observar, com relativa
suplantar e eclipsar quaisquer traços
mozartiana. Desse contato nasceu a
nitidez, modificações na linguagem, revelando mudanças de
que não os seus próprios.
Primeira Sinfonia, K. 16.
do homem, do artista e da personalidade. Para nos atermos
Nesse sentido, muito mais importantes
Em sua estada na Inglaterra, a família
apenas a um de seus contemporâneos, basta comparar
foram os contatos que ele travou com
Mozart, no verão de 1764, mudou-se
o Beethoven da primeira sonata para piano, op. 2 nº 1,
Johann Schobert, quando em Paris, em
temporariamente para Chelsea, porque
com o Beethoven das Bagatelas op. 126. Em Mozart,
1763, e com Johann Christian Bach,
Leopold Mozart havia contraído uma
tais distinções, quando há, se há, possuem traços muito
em Londres, no ano seguinte. Schobert
infecção de garganta. Ali foi composta
Londres, 1764/1765 | 12 min
2 oboés, 2 trompas, cordas.
CONCERTO PARA PIANO Nº 1
EM FÁ MAIOR, K. 37
DIVERTIMENTO Nº 1
EM MI BEMOL MAIOR, K. 113
Salzburgo, 1771 | 10 min
2 oboés, 2 cornes ingleses,
2 clarinetes, 2 fagotes,
2 trompas, cordas.
mentalidade e de comportamento, atestando o crescimento
sutis. Sua obra parece apresentar-se pronta, acabada,
CASSAÇÃO Nº 1
EM SOL MAIOR, K. 63
Salzburgo, 1769 | 23 min
2 oboés, 2 trompas, cordas.
polida e lustrada, desvelando de pronto seu gênio, desde o
primeiro minueto, K. 1, composto aos tenros cinco anos de
idade! É claro, porém, que não se podem comparar essas
pequenas obras com, por exemplo, o monumento que é
Don Giovanni, sem que se guardem as devidas proporções.
Mas, guardadas estas, estão em ambas as obras os
mesmos traços essenciais: o mesmo Mozart.
Há quem especule, não sem alguma razão, que se poderia
notar algo do dedo de seu pai, Leopold Mozart, nas primeiras
obras do filho. Leopold Mozart foi um respeitado violinista,
um teórico importante, um grande pedagogo, mas um
compositor medíocre. Era sério e meticuloso, empenhado em
desenvolver — e promover — o gênio de seu filho. Poder-seia abrir, com isso, o benefício da dúvida. O argumento não
24
FORA DE SÉRIE 5 DE MARÇO
Detalhe da pintura
de Heinrich
Lossow retrata
Mozart criança
tocando orgão.
25
FORA DE SÉRIE 5 DE MARÇO
a Primeira Sinfonia de W. A. Mozart,
K. 37: o primeiro movimento seria
Os divertimentos, como as óperas e
estreada em 21 de janeiro do ano
a adaptação de uma sonata para
as missas, perpassam quase toda a
seguinte. É claro que se podem notar
violino e piano de Hermann Friedrich
vida de Mozart. No primeiro deles,
traços da linguagem de Johann Christian
Raupach; o segundo movimento seria
K. 113, já se nota a atenção que
Bach nessa obra, sobretudo na confecção
do próprio Mozart; o terceiro seria
Mozart irá dedicar aos instrumentos
dos temas, dado o contato tão próximo
outra adaptação, a partir de uma obra
de sopro, nomeadamente ao clarinete,
que os dois compositores mantinham.
de Leontzi Honauer. Prática comum
pelo qual tinha predileção especial.
Mas é espantoso que uma criança tenha
nos séculos XVII e XVIII, esse tipo de
Os divertimentos, assim como as
conseguido elaborar com tamanha
apropriação não desmerece o trabalho
cassações, eram gêneros ligeiros
maturidade um plano musical tão bem
que norteia a obra.
de música que, no século XVIII,
aproximavam-se formalmente da
acabado, mesmo sob as asas de um
mestre. Composta em três movimentos,
A primeira ópera de Mozart, La finta
suíte de danças. O título já denota a
ela se assemelha formalmente aos
semplice, K. 51, foi composta por
sua função original: eram destinados
concertos para piano que em breve
um menino de doze anos em 1768
puramente ao prazer, seja no ambiente
viriam. Não é a Christian Bach que se
e estreada em maio do ano seguinte.
dos teatros, seja no dos salões.
escuta, mas ao próprio Mozart.
Embora composta em Viena, a
obra foi alvo de intrigas: músicos
Populares no século XVIII, as cassações
O primeiro concerto para piano, K. 37,
e compositores recusavam-se a
têm pouca diferença formal com os
se se pode dizer isso do compositor,
acreditar que um jovenzinho a havia
divertimentos. Sua principal distinção
ainda não é totalmente Mozart. No
composto e atribuíam-na a seu pai.
talvez esteja no ambiente a que eram
entanto, o trabalho pianístico e o
Por isso, ao invés de encenada em
primordialmente destinadas: as áreas
diálogo entre orquestra e solista
Viena, veio a público em Salzburgo,
externas. A Cassação K. 63 causa o
demonstram o modelo que se iria firmar
a pedido do Príncipe-Arcebispo.
assombro que acomete cada um que se
na Escola Vienense e que mais tarde se
Nela, desde sua abertura (ou
debruça sobre a obra de Mozart, e que
transformaria no grande padrão a ser
Sinfonia, como é intitulada), já
pode assim ser traduzido por Roland de
seguido ou transcendido. Seu segundo
ouvimos sem interferências o Mozart
Candé, quando a ele se refere: “o gênio
movimento apresenta uma capacidade
que todos conhecemos! Em nada
não se prova, ele se afirma em todos os
de criação melódica surpreendente.
esta obra deixa a desejar às outras
sentidos da palavra”.
No entanto, este concerto, bem como
que seguirão, exceto, talvez, no
os outros três que o seguiram (K. 39,
administrar das transições de um
40 e 41) são uma espécie de colagem.
episódio a outro, o que se pode
O musicólogo Alfred Einstein identificou
perceber nos claros contrastes da
professor da Universidade do Estado de Minas
três autores diferentes para o concerto
abertura, nitidamente tripartida.
Gerais e da Fundação de Educação Artística.
26
FORA DE SÉRIE 5 DE MARÇO
MOACYR LATERZA FILHO Pianista e cravista,
Doutor em Literaturas de Língua Portuguesa,
Apresentação da
família Mozart em
Paris. Aquarela
de Louis Carrogis
Carmontelle,
1763/1764.
27
FORA DE SÉRIE 5 DE MARÇO
MARCOS ARAKAKI, regente
ALMA MARIA LIEBRECHT, trompa
CATHERINE CARIGNAN, fagote
CÁSSIA LIMA, flauta
GISELLE BOETERS, harpa
PROGRAMA
2
2 DE ABRIL
CONCERTO PARA TROMPA Nº 2 EM MI BEMOL MAIOR, K. 417
• Allegro maestoso
Alma Maria
Liebrecht
• Andante
• Rondo
CONCERTO PARA FAGOTE EM SI BEMOL MAIOR, K. 191
• Allegro
Concertos
Catherine
Carignan
• Andante ma adagio
• Rondo: Tempo di menuetto
— INTERVALO —
CONCERTO PARA FLAUTA E HARPA EM DÓ MAIOR, K. 299
• Allegro
Cássia Lima
Giselle Boeters
• Andantino
• Rondo: Allegro
29
FORA DE SÉRIE 2 DE ABRIL
(conhecida como National Broadcast Orchestra desde 2009) e
participou do Aventa Ensemble, formação dedicada à música
contemporânea. Com Aventa, em fevereiro de 2008, estreou a
obra Dulcian Patterns, do compositor canadense Peter Hatch,
que descreve a peça como “não exatamente um concerto para
fagote em si, mas que frequentemente destaca seus timbres
e registros”. Como solista independente, encomendou a obra
para fagote e piano Three Conjoined Trifles, do compositor
ALMA MARIA
LIEBRECHT
comunitário através da música. Integrou-se à Orquestra
abril de 2008 com a pianista Allie Cortens. Meses depois,
Filarmônica de Minas Gerais como Trompa Principal em 2013.
foi aprovada em audição na Filarmônica de Minas Gerais,
Alma tem se apresentado como solista com a Orquestra
Filarmônica de Minas Gerais, New York Symphonic Arts
FOTO EUGÊNIO SÁVIO
FOTO CHRISTIAN PERONA
e dramaturgo canadense Alex Eddington, estreando-a em
CATHERINE
CARIGNAN
Ensemble, Ensemble 212 e o Curtis Chamber Ensemble.
tornando-se Fagote Principal da Orquestra.
No Brasil, Catherine vem desenvolvendo atividades de
performance, ensino e pesquisa paralelas à sua atuação na
O envolvimento de Alma com a
Tocando música de câmara, tem se apresentado no Festival
Natural do Québec, Canadá, Catherine
Filarmônica. Participou das duas primeiras edições do Encontro
música começou em seu estado natal,
Artes Vertentes e na Semana de Música de Câmara da
iniciou seus estudos de fagote aos doze
Internacional de Oboé e Fagote da Universidade Federal de
Maryland, nos Estados Unidos. Primeiro
Fundação de Educação Artística. Nos Estados Unidos,
anos. Entre 1998 e 2008, foi aluna de
Santa Maria, Rio Grande do Sul, como palestrante e recitalista;
através do violino, quando tinha seis
apresentou-se no Savannah Music Festival e com os grupos
Michel Bettez, Mathieu Lussier, Mathieu
foi professora substituta de fagote na Universidade Federal de
anos de idade, e depois com a trompa,
Chamber Music Society of Lincoln Center, New York Wind
Harel, Stéphane Lévesque, Nadina
Minas Gerais em 2013; orienta alunos de maneira independente
aos doze, sob orientação de Olivia Gutoff.
Soloists, Jupiter Chamber Players, North Country Chamber
Mackie Jackson e Fraser Jackson. Em
em Belo Horizonte desde 2008 e mantém uma colaboração
De 2002 a 2006, estudou com
Players, Sebastian Chamber Players, Music from Angel Fire,
2005, suspendeu seus estudos musicais
estreita com músicos brasileiros, desenvolvendo pesquisas
Jerome Ashby no Curtis Institute of
Argento New Music Project e Talea Ensemble. Também
para dedicar-se a um curso de tradução,
extra-acadêmicas sobre o fagote na música brasileira. Catherine
Music. De 2006 a 2008, estudou com
realizou concertos de música de câmara no Festival Wien
mas continuou tocando como convidada
tem participado de apresentações de choro com colegas da
William Purvis na Escola de Música da
Modern em Viena, Áustria, no Centro Niemeyer em Avilés,
em orquestras canadenses e organizando
Filarmônica e com o Clube do Choro de Belo Horizonte.
Universidade de Yale, completando em
Espanha, no Contempuls Festival em Praga, República
concertos de música de câmara na sua
2008 o mestrado em Música.
Tcheca, e, junto com músicos da Filarmônica de Viena,
cidade natal. Voltou para o Conservatoire
Esta é a quarta vez que Catherine se apresenta como solista
em Sapporo e Tokyo, no Japão.
em agosto de 2006, passou em dezembro
da Filarmônica. Em 2011, executou com o clarinetista
no concurso para segundo fagote da
Dominic Desautels o Duett-Concertino de Richard Strauss,
Nos verões de 2003 a 2005, participou
do Festival de Música do Pacífico, no
Enquanto vivia em Nova York, Alma manteve uma prolífica
Victoria Symphony Orchestra, na costa
sob regência do maestro Marcos Arakaki; em 2013, com o
Japão, onde estudou com Gunter Högner
carreira de freelancer, apresentando-se com a Orquestra de
oeste do Canadá, e concluiu bacharelado
violinista Rommel Fernandes, a violoncelista Elise Pittenger e
e Wolfgang Tomböck, ambos da
Câmara Orpheus, a Orquestra da Ópera da Cidade de Nova
em Música em maio de 2007.
o oboísta Alexandre Barros, apresentou a Sinfonia Concertante
Filarmônica de Viena. De 2008 a 2010,
York, as sinfônicas de Princeton, Delaware, Richmond e
Alma foi bolsista do Ensemble ACJW
Harrisburg, o Ballet de Pennsylvania, a Orquestra de Câmara
Entre 2006 e 2008, Catherine foi
maestro Fabio Mechetti; e em outubro de 2015, com os
do Carnegie Hall. Em 2010, ela ajudou
da Filadélfia e o Gotham Chamber Opera. Alma também
fagotista convidada da Winnipeg
colegas Marcus Julius Lander, Alexandre Barros e Alma
a fundar o grupo de câmara Decoda,
apresentou-se por seis semanas como Trompa Principal
Symphony Orchestra, da Canadian
Maria Liebrecht, tocou a Sinfonia Concertante para sopros,
coletivo dedicado ao engajamento
convidada junto à Sinfonietta de Hong Kong em 2011.
Broadcasting Company Radio Orchestra
de Mozart, com o regente convidado Christoph König.
30
FORA DE SÉRIE 2 DE ABRIL
em Si bemol maior de Joseph Haydn, sob regência do
31
FORA DE SÉRIE 2 DE ABRIL
Cássia venceu as principais competições no Brasil, tais como o
Jovens Solistas da Orquestra Experimental de Repertório, onde
atuou como solista, e ganhou primeiro lugar nos concursos
CÁSSIA
LIMA
Flautistas, promovido pela Associação Brasileira de Flautistas.
Em Nova York venceu o Mannes Concerto Competition,
onde novamente atuou como solista, e o Gregory Award,
FOTO RAFAEL MOTTA
FOTO ENK TE WINKEL
Jovens Talentos em Piracicaba e II Concurso Nacional Jovens
GISELLE
BOETERS
ganhou prêmios no Nederlands Harp Concours por melhor
interpretação das novas obras Quasi una Fantasia, de Daan
Manneke, e Secret Garden, de Peter van Onna.
por Excelência em Performance. Ainda nos Estados Unidos,
Mineira de Extrema, Cássia iniciou seus
foi bolsista do Tanglewood Music Center, onde atuou como
Natural da Holanda, Giselle Boeters
Como solista convidada, interpretou concertos para harpa
estudos com João Dias Carrasqueira
camerista e primeira flauta da orquestra do festival, sob
é Harpa Principal da Orquestra
com a Orquestra Sinfônica do Conservatório de Amsterdam,
e Grace Busch. Concluiu bacharelado
regência de James Levine, Kurt Masur, Seiji Ozawa e Rafael
Filarmônica de Minas Gerais desde
a Orquestra Nederlands Jeugd Strijkorkest, a Sinfônica
em Flauta pelo Instituto de Artes da
Frübehbeck. Em Minneapolis, fez parte do corpo docente
2012. Com esta orquestra Giselle
de Brandenburgo e a Orquestra Sinfônica de Taipei. Foi
Universidade Estadual Paulista (Unesp)
da Universidade de Minnesota e também foi flautista da
estreou, em maio de 2013, um novo
convidada para se apresentar no Simpósio de Harpa Europeu,
como aluna de Jean-Noel Saghaard. Em
Minnesota Orchestra, sob regência de Charles Dutoit.
concerto para harpa e orquestra escrito
em 2001, e no Congresso Mundial da Harpa, em 2008.
São Paulo, também foi aluna de Marcos
pelo compositor Daniel Binelli. Além
Kiehl. Participou dos principais festivais
De volta ao Brasil, Cássia Lima foi primeira flauta da
de suas atividades na Filarmônica,
Antes de se mudar para o Brasil, Giselle apresentou-se
de música do país, como Oficina de
Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (Osesp), onde
participa regularmente de projetos
regularmente com diversas orquestras na Holanda e na
Música de Curitiba, festivais de inverno
também atuou como solista. Participou da I Oferenda
nacionais e internacionais de música
Alemanha, entre elas a Radio Filharmonisch Orkest, a
de Campos do Jordão e Juiz de Fora.
Musical de São Paulo e foi professora da Oficina de Música
de câmara. Foi convidada para as duas
Orquestra Real de Concertgebouw, NDR Radiophilharmonie,
de Curitiba. Atualmente, atua como camerista do Quinteto
últimas edições do Festival Internacional
Sinfônica de Hamburgo, Orquestra Sinfônica Alemã, em
Foi bolsista da Fundação Vitae durante
de Sopros da Filarmônica de Minas Gerais e participa de
Sesc de Música em Pelotas, RS, como
Berlim, Deutsche Oper Berlin e Deutsche Staatsoper Berlin.
os anos de estudo na Mannes College
diversos grupos camerísticos. Cássia é Primeira Flauta
professora de harpa e solista.
of Music em Nova York, onde foi aluna
da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais desde 2009.
de Keith Underwood e concluiu os
Com a orquestra, apresentou-se como solista no Concerto
A musicista recebeu prêmios em
com a professora Erika Waardenburg e na Academia de Música
cursos de mestrado e Artist Diploma.
para flauta em Ré, K. 314, de W. A. Mozart, sob regência
várias competições de música na
Hanns Eisler de Berlim com a professora Maria Graf,
Participou de masterclasses com
de Fabio Mechetti; no Concerto para flauta e orquestra de
Holanda, incluindo o Prinses Christina
graduando-se com as mais altas distinções. Foi bolsista na
grandes nomes da flauta, como
Carl Nielsen, na primeira audição da obra em Belo Horizonte;
Concours, Nederlands Harp Concours
orquestra acadêmica da Staatskapelle de Berlim e com o grupo
Michael Parloff, Elisabeth Rowe,
e na Suíte Orquestral nº 2 em si menor, BWV 1067, de
e competições internacionais em
apresentou-se em Berlim e em turnês nacionais e internacionais
William Bennett, Judith Mendenhall,
Johann Sebastian Bach, sendo as duas últimas obras sob
Lausanne, Suíça, Bruxelas e Vresse-
sob a regência de renomados maestros, como Michael Gielen,
Jeffrey Khaner e Emmanuel Pahud.
regência de Marcos Arakaki.
sur-Semois, Bélgica. Giselle também
Andris Nelsons, Simon Rattle e Daniel Barenboim.
Giselle Boeters formou-se no Conservatório de Amsterdam
32
FORA DE SÉRIE 2 DE ABRIL
33
VEJA A BIOGRAFIA DE MARCOS ARAKAKI NA PÁGINA 22
FORA DE SÉRIE 2 DE ABRIL
CONCERTO PARA TROMPA
Nº 2 EM MI BEMOL MAIOR,
K. 417
Viena, 1783 | 14 min
2 oboés, 2 trompas, cordas.
CONCERTO PARA FAGOTE
EM SI BEMOL MAIOR, K. 191
Salzburgo, 1774 | 20 min
2 oboés, 2 trompas, cordas.
CONCERTO PARA FLAUTA
E HARPA EM DÓ MAIOR, K. 299
Paris, 1778 | 30 min
2 oboés, 2 trompas, cordas.
M
ozart escreveu muitos concertos para
galante, marcado por apelos típicos de
forma sonata; um segundo movimento
diversos instrumentos, além de outras
uma sociedade incapaz de assimilar
lento, expressivo, sonhador ou trágico;
obras concertantes com mais de um
inovações. Entretanto, mesmo com
e o final na tradição do Rondó com
solista. Incluídos entre as mais perfeitas
tais limitações, a forte personalidade
estrofes e refrão, alegre e virtuosístico.
realizações sinfônicas do século XVIII, eles constituem, tanto
do gênio impõe-se, afastando-o
Entretanto, a partir dos dezessete
quanto as óperas, a expressão mais natural e característica
da falta de tensão e do formalismo
anos, quando compõe seus primeiros
de sua personalidade artística. A aproximação com a
mecânico encontrados em obras de
concertos realmente originais, ele
ópera torna-se inevitável, pois os concertos demonstram
seus contemporâneos. Aos poucos e
criará, dentro dessa estrutura tripartida,
brilhantemente a inigualável capacidade mozartiana de
cada vez mais Mozart afastou-se do
uma solução formal particular a cada
realizar a representação dramática também na música
gosto imposto pela moda. Os concertos
concerto, distinguindo-o de todas as
instrumental. As melodias, de caráter essencialmente vocal,
(mais que as sinfonias) permitem
outras obras de seu tipo.
associam-se facilmente ao discurso teatral; o virtuosismo —
acompanhar a evolução do compositor.
típico do gênero concertante — submete-se à dramaturgia do
Que ele se tenha servido de um gênero
Entre essas primeiras peças notáveis,
compositor. Por outro lado, a força retórica das intervenções
tão popular para confidenciar seus
inclui-se o Concerto para fagote K. 191,
orquestrais e sua grande variedade nas configurações de
sentimentos mais íntimos e realizar
composto em Salzburgo. O Allegro inicial
acompanhamento deixam claro que Mozart concebe o
audaciosas inovações é curioso. E
possui um longo prelúdio orquestral que
concerto como integração / oposição, em pé de igualdade,
trágico, pois a incompreensão crescente
expõe os dois temas desse movimento.
do solista e da orquestra.
do público tornava-se mais dolorosa,
A complexidade de sua escritura recorre
comparada aos triunfos conquistados
ao contraponto e a uma orquestração
Os concertos para solistas eram muito apreciados no século
pelo artista quando criança. Lúcido em
bastante elaborada, atípicos para uma
XVIII. Nada mais natural que Mozart, desde criança um
sua verdade de criador, consciente de
peça do estilo galante. Trata-se
célebre virtuose, cedo cultivasse o gênero. Dos nove aos
sua superioridade como músico, Mozart
da primeira obra concertante de
onze anos já escrevera seus primeiros quatro concertos,
não retrocedeu — os últimos concertos
Mozart para instrumento de sopro, e o
baseando-se em movimentos de sonatas de músicos
possuem uma beleza transcendente,
virtuosismo do solista valoriza os recursos
contemporâneos. E continuou compondo concertos ao
obras-primas definitivas, ímpares e
contemporâneos do fagote — muito
longo de toda a sua carreira; na maioria das vezes, obras
profundamente humanas.
desenvolvidos ao longo do século XVIII,
circunstanciais, sob pressão de exigências impostas pelo
34
FORA DE SÉRIE 2 DE ABRIL
embora sem atingir ainda a forma do
mecenato aristocrático ou pela alta burguesia frequentadora
Mozart manteve, como regra geral, a
instrumento atual. No Andante ma adagio,
de teatros. Acostumado ao sucesso, Mozart procura agradar
tradicional estrutura tripartida em seus
uma bela melodia desdobra-se modulada,
ao público e muitas de suas criações adotam o estilo
concertos: o primeiro movimento em
com imaginação refinada e lirismo. O
35
FORA DE SÉRIE 2 DE ABRIL
Roteiro da viagem de
Mozart com a mãe,
entre 1776 e 1779.
MANNHEIM
PARIS
NANCY
ESTRASBURGO
AUGSBURGO
MUNIQUE
SALZBURGO
Rondó final tem como tema principal um
Encarregado de escrever um simples
minueto em duas partes. O virtuosismo
entretenimento social, Mozart (que abriu
controlado e discreto confere-lhe um
mão dos honorários) criou uma joia de
caráter de sobriedade e elegância.
capacidade de Mozart de adaptar-se
Viena, 27 de maio de 1783”.
às particularidades específicas de seus
O Allegro maestoso apresenta
intérpretes, cantores ou instrumentistas
modulações que lhe conferem o
grande encanto. O primeiro movimento,
é notória. Assim, as obras para trompa
caráter melancólico, inusitado para
Paris em gravura de
Jacques Rigaud.
Allegro, caracteriza-se pelo diálogo dos
compostas entre 1782 e 1791 e
um primeiro movimento. O breve tema
Em 23 de setembro de 1777 Mozart
solistas — verdadeira alternância de
dedicadas a Joseph Leutgeb, grande
lírico do Andante retorna por três
deixava Salzburgo para uma viagem a
personagens — com a orquestra.
amigo da família Mozart, respeitam
vezes, acompanhado principalmente
Paris, em mais uma tentativa de se livrar
Há evidente apelo virtuosístico nos
as limitações graduais que a idade
pelas cordas. No Rondó, o tema da
dos estreitos limites musicais de sua
trechos de grande velocidade. O
impôs ao trompista — nas últimas,
trompa anuncia uma caçada. Ele
cidade natal. O pai protetor permanecera
segundo movimento, Andantino, é um
as notas muito agudas são evitadas.
se alternará com três intermédios.
em Salzburgo e a mãe, que o acompanha
idílio sonhador e terno. No Rondó final,
A catalogação dos quatro concertos
O final, em andamento acelerado,
nessa viagem, morre em Paris, onde
o tema principal possui caráter de
para trompa não corresponde
evoca breve e animada cavalgada.
o filho ganha a vida precariamente,
dança, como alegre gavota, ao gosto
cronologicamente à sua criação.
compondo muito, realizando concertos
amável da aristocracia francesa.
e dando aulas para aristocratas. Entre
O Concerto para trompa nº 2, na
suas alunas, a filha do Duque de Guines
No Concerto para flauta e harpa Mozart
verdade, foi o primeiro composto
tornara-se uma excelente harpista.
utiliza notas graves impraticáveis
e traz no autógrafo vienense uma
Como o duque tocava flauta muito
para as flautas da época, já que o
divertida dedicatória a um velho amigo
bem, encomendou ao compositor
instrumento especial do conde de
trompista: “W. A. Mozart teve pena
um concerto para flauta e harpa.
Guines lhe permitia tocá-las. Essa
de Leutgeb, asno, besta e néscio, em
36
FORA DE SÉRIE 2 DE ABRIL
PAULO SÉRGIO MALHEIROS DOS SANTOS Pianista,
Doutor em Letras, professor na UEMG, autor
dos livros Músico, doce músico e O grão
perfumado – Mário de Andrade e a arte do
inacabado. Apresenta o programa semanal
Recitais Brasileiros, pela Rádio Inconfidência.
37
FORA DE SÉRIE 2 DE ABRIL
FABIO MECHETTI, regente
MARK JOHN MULLEY, trombone
CLÁUDIA AZEVEDO, soprano
CELINA SZRVINSK, piano
MIGUEL ROSSELINI, piano
PROGRAMA
3
14 DE MAIO
Tudo em família
Leopold Mozart
A VIAGEM MUSICAL DE TRENÓ
• Overture
• Die Verwirrung in den Stallen | a confusão no estábulo
Leopold Mozart
• Die Schlittenfahrt | o passeio de trenó
SINFONIA DOS BRINQUEDOS
• Das Schütteln der Pferde | a agitação do cavalo
• Allegro • Menuetto • Finale: Allegro
• Aufzug | interlúdio
• Festmusik | música festiva
— INTERVALO —
• Aufzug | interlúdio
• Die Schlittenfahrt | o passeio de trenó
• Das vor Kalte zitternde Frauenzimmer |
tremendo de frio no quarto das mulheres
Cláudia
Azevedo
Wolfgang Amadeus Mozart
MIA SPERANZA ADORATA – AH, NON SAI QUAL PENA, K. 416
• Des Balles Anfang | o início do baile
• Der Kehraus | a última dança
• Die Schlittenfahrt | o passeio de trenó
Cláudia
Azevedo
Leopold Mozart
Mark John
Mulley
38
FORA DE SÉRIE 14 DE MAIO
CONCERTO PARA TROMBONE ALTO EM RÉ MAIOR
• Allegro • Menuetto – Trio • Allegro
Wolfgang Amadeus Mozart
NO, NO, CHE NON SEI CAPACE, K. 419
Wolfgang Amadeus Mozart
Celina Szrvinsk
Miguel Rosselini
CONCERTO PARA DOIS PIANOS EM MI BEMOL MAIOR, K. 365
• Allegro • Andante • Rondo: Allegro
39
FORA DE SÉRIE 14 DE MAIO
Vencedora dos concursos Audiciones Jovenes Voces Liricas del
Philharmonia Orchestra, Hanover Band — tocando sackbut —
Teatro Colón 2008, Concurso Internacional de Canto Aldo Baldin
e a London Festival Orchestra, em várias apresentações e
2008 e Terceiro Prêmio no Concurso Internacional de Canto Bidu
gravações. Participou também da Orchestra of Nations em
Sayão 2005, Cláudia colabora regularmente com as principais
turnê pela Alemanha, gravando a Sinfonia nº 8 de Bruckner.
orquestras brasileiras. Apresentou-se em concertos e óperas com
No jazz, atuou na Glenn Miller Band, Andy Ross Big Band,
a Filarmônica de Minas Gerais, Amazonas Filarmônica, orquestras
All Jazz Quartet e em diversos festivais, como Ealing Jazz
Sinfônica Municipal de Campinas, de Porto Alegre, da Bahia, do
Festival e Soho Jazz Festival, tocando ao lado de West End
Paraná, de Câmara Sesi-Fundarte, Teatro São Pedro e Orquestra
com Carmen Jones. Também atuou como professor de música
Unisinos Anchieta. Foi intérprete em Carmina Burana de Orff;
no Richmond Adult College e na Brunel University, na Inglaterra.
Missa de Santa Cecília de José Maurício Nunes Garcia; A Criação
No Brasil, Mark participou de shows com o grupo musical
Rio Bossa Jazz no Santander Cultural, em Porto Alegre,
FOTO DEVON CASS
FOTO EUGÊNIO SÁVIO
MARK JOHN
MULLEY
Mark integrou a BBC Symphony Orchestra, a Wren Orchestra,
CLÁUDIA
AZEVEDO
com repertório composto por clássicos do jazz, blues e
e Missa in Tempore Belli de Haydn; Gloria de Vivaldi; Cantata
nº 51, Cantata do Café, Cantata nº 110 e Cantata nº 208 de Bach;
Nona Sinfonia e Fantasia Coral de Beethoven; Lobgesang de
Mendelssohn. Foi Micaela em Carmen de Bizet; Adina em L’elisir
Mark John Mulley nasceu na
bossa nova. Em 2005, tocou com a Orquestra Sinfônica de
Cláudia Azevedo realizou seu début
d’Amore de Donizetti; Silberklang em Der Schauspiledirektor
Inglaterra e iniciou seus estudos
Porto Alegre e foi professor de trombone em um workshop
europeu em 2006, a convite do
de Mozart; e Susana em Le nozze di Figaro de Mozart.
em música ainda criança. Começou
na Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), em
maestro italiano Alberto Zedda,
a tocar em brass bands até iniciar
São Leopoldo, RS. Nesse estado, na cidade de Rio Grande,
no Rossini Opera Festival de Pesaro,
Trabalhou sob regência de Fabio Mechetti, Luiz Fernando
seu trabalho com a Coldstream
apresentou dois shows com o Quarteto de Jazz e o pianista
Itália, no papel de Corinna em Il viaggio
Malheiro, José Miguel-Pérez Sierra, Alberto Zedda, Emil
Guards Band como assistente de chefe
norte-americano Cliff Korman, em 2006.
a Reims, com a Orchestra del Teatro
Tabakov, Karl Martin, Alessandro Sangiorgi, Antonio Borges
Comunale di Bologna. Primeira cantora
Cunha e Richard Cordova, entre outros.
de naipe de trombone, participando
de diversas cerimônias, gravações
Durante oito anos, trabalhou como professor de trombone
brasileira a participar do festival
e concertos. Depois formou-se
para a Orquestra Real Sinfônica em Muscate, Omã. Em
dedicado a Rossini, teve sua atuação
Graduada em Música pela Universidade Federal do Rio Grande
no London College of Music e fez
Muscate, Mark tocava jazz com seu próprio quarteto,
destacada pela revista espanhola
do Sul com especialização pelo Conservatorio Superior del
pós-graduação no Royal College of
Just Jazz, apresentando-se em vários hotéis e festivais.
Opera Actual. No mesmo ano estreia
Liceu de Barcelona, Espanha, como bolsista da Fundación
Music de Londres. Mark estudou
como Ännchen em Der Freischütz
Carolina-Madrid, Cláudia aperfeiçoou-se na Akademie Bel
com Anthony Parsons, da BBC
Desde o início da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais,
de Weber, em Valadoli, Espanha,
Canto do Rossini Opera Festival de Wildbad, Alemanha,
Symphony Orchestra; Arthur Wilson,
em 2008, Mark é Trombone Principal do grupo. Participou
e apresenta-se em recital com obras
estudou música de câmara com Dalton Baldwin e realizou
da Philharmonia Orchestra; Peter
de várias gravações com a orquestra e também de turnês
do bel canto e Mozart para os Amics
masterclasses com Marilyn Horne, Raúl Giménez, Viorica
Bassano, da Philharmonia Orchestra;
para as regiões Nordeste e Sul do Brasil, para o Uruguai e a
del Gran Teatro del Liceu, Barcelona.
Cortez, Eduard Giménez e Raquel Pierotti.
e Tom Winthorpe, da Royal Opera
Argentina. Convidado a ser solista com a Filarmônica, tocou
O ano de 2011 marca sua estreia em
House. Também participou de várias
o Concertino para Trombone de Ferdinand David. Também
Nova York como Ismene em Mitridate,
Recentemente debutou no Theatro Municipal do Rio de Janeiro
masterclasses de trombone, inclusive
participou como professor de trombone em workshop na
Re di Ponto, de Mozart, com enorme
como Fiorilla em Il Turco in Italia, de Rossini, regida por
com Ian Bousfield, da London
Universidade Federal de Minas Gerais, Universidade Estadual
sucesso junto ao público e à crítica
Yuval Zorn. E também no Theatro Municipal de São Paulo
Symphony Orchestra, e Ralph Sauer,
de Minas Gerais, Orquestra da Polícia Militar de Minas Gerais
especializada, inclusive no jornal
sob regência de John Neschling no papel de Musetta em
da Los Angeles Philharmonic.
e Festival de Metais no Conservatório de Tatuí, São Paulo.
The New York Times.
La Bohème, de Puccini.
40
FORA DE SÉRIE 14 DE MAIO
41
FORA DE SÉRIE 14 DE MAIO
Leopold Mozart
(Alemanha, 1719 – Áustria, 1787)
Em 1996, os artistas concluíram mestrado e doutorado
na Staatliche Hochschule für Musik Karlsruhe, Alemanha,
onde gravaram CD com obras de compositores brasileiros e
alemães. Um segundo CD foi citado, pelas revistas Diapason
e Continente, entre as melhores gravações brasileiras do ano.
A VIAGEM MUSICAL
DE TRENÓ
Salzburgo, 1755 | 21 min
2 oboés, 2 fagotes, 2 trompas,
4 trompetes, tímpanos,
percussão, cordas.
(...) “Uma das melhores é a seleção de peças a quatro mãos
patrocinada pela Fundep e pela Universidade Federal de
Minas Gerais. Nela, o duo mineiro Celina Szrvinsk e Miguel
Rosselini demonstra solidez técnica, diversidade estilística e
FOTO CLEU NACIF E LUIZ RITTER
muita fluência expressiva, ao abordar, seja autores franceses,
CELINA SZRVINSK
E MIGUEL ROSSELINI
seja compositores brasileiros.” (Diapason, março/2006).
Leopold Mozart
CONCERTO PARA TROMBONE
ALTO EM RÉ MAIOR
Salzburgo, em torno de 1760 | 13 min
“O CD Piano a 4 mãos merece ser mencionado como um
Formado em 1984, o duo pianístico
Escolha de repertório, qualidade de som e excelência de
Celina Szrvinsk e Miguel Rosselini
execução justificam essa execução. Celina Szrvinsk e Miguel
é reconhecido como um dos mais
Rosselini dedicam a mesma sensibilidade a compositores
destacados do país, com apresentações
nacionais e europeus... com a devida leitura de filigranas.”
nas principais séries e salas de
(Continente, outubro/2006).
concerto do Brasil. No exterior,
se instalou em Salzburgo para cursar a
Universidade Beneditina. Em sua cidade natal,
Augsburgo, estudara no Ginásio dos Jesuítas —
alemão, latim, grego, francês e italiano. Pensou em seguir a
carreira eclesiástica e só optou definitivamente pela música
2 oboés, 2 trompas, cordas.
registro ímpar na interpretação pianística brasileira a dois.
L
eopold Mozart tinha dezoito anos quando
aos vinte anos. No ano do nascimento de Mozart, Leopold
publicou um célebre tratado sobre o ensino do violino, depois
traduzido em várias línguas e frequentemente reimpresso.
A música de Leopold continua pouco conhecida e sem
cronologia definida. Ele compôs muito em seus primeiros
anos em Salzburgo, antes de dedicar-se à carreira dos filhos
Leopold Mozart
SINFONIA DOS BRINQUEDOS
Salzburgo, 1769 | 10 min
Cordas.
MIA SPERANZA ADORATA
– AH, NON SAI QUAL PENA,
K. 416
Maria Anna (Nannerl) e Wolfgang. Suas diversas missas e
outras peças sacras, obras de câmara, numerosos concertos
e 25 sinfonias mostram as características gerais do estilo
galante vienense, deliberadamente simples.
Entretanto, algumas particularidades constantes chamam
a atenção: peças como a Sinfonia dos Brinquedos e as
apresentou-se na Alemanha, Suíça,
Outros títulos gravados individualmente destacam-se na
Itália, Canadá, Rússia e Japão.
discografia de ambos.
Viena, 1783 | 9 min
de sua música sinfônica evidencia-se em A viagem musical
Como solistas, Celina e Miguel
Desde 1985, pertencem ao quadro docente da Escola de
2 oboés, 2 fagotes,
de trenó ou na Sinfonia da caça. Em ambos os casos, a busca
atuaram com as orquestras Sinfônica
Música da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG),
2 trompas, cordas.
do realismo sonoro exige grande quantidade de instrumentos
Estadual de São Paulo, Sinfônica
sendo muitos de seus alunos destacados musicistas e
de Minas Gerais, Filarmônica de
professores de universidades federais brasileiras. Os dois têm
Minas Gerais, Sinfônica de Campinas,
sido convidados a participar de importantes festivais de música
Filarmônica de Goiás, Sinfônica da USP,
e como jurados de concursos de piano no Brasil e no exterior.
Sinfônica Nacional, Filarmônica de
Câmara da Polônia, Filarmônica
Paralelamente às atividades artísticas e de ensino, Celina e
de Baden-Baden, Bach-Orchester
Miguel desenvolvem ainda intenso trabalho como produtores,
Herzogtum-Lauenburg, dentre outras.
sendo responsáveis pelo Festival de Maio e pelas séries
Em parceria com conceituados
Concertos Didáticos e Concertos Teatro Bradesco,
músicos, integram inúmeras outras
programações de proa em Belo Horizonte, dedicadas à música
formações camerísticas.
de câmara com renomados artistas nacionais e internacionais.
Bodas Camponesas denotam a predileção do autor pelos
divertimentos populares. O impacto programático-descritivo
raros ou brinquedos infantis — marimba, lira, gaita de
NO, NO, CHE NON
SEI CAPACE, K. 419
Viena, 1783 | 4 min
2 oboés, 2 trompas, 2 trompetes,
tímpanos, cordas.
CONCERTO PARA
DOIS PIANOS EM
MI BEMOL MAIOR, K. 365
foles, chocalhos, flauta doce, chicotes, campainhas, apitos,
pequenos trompetes — que se juntam à trama da orquestra
tradicional. Note-se ainda a valorização do registro agudo
dos instrumentos de metal, cujo florescimento na corte de
Salzburgo, por volta de 1765, resultou em pelo menos três
concertos conhecidos: dois de Michael Haydn para clarim e
o Concerto para trombone alto de Leopold Mozart.
A Sinfonia dos Brinquedos foi, por muito tempo, atribuída
a Joseph Haydn. Somente em 1951, o musicólogo Ernst F.
Salzburgo, 1779 | 25 min
2 oboés, 2 fagotes,
42
FORA DE SÉRIE 14 DE MAIO
2 trompas, cordas.
43
FORA DE SÉRIE 14 DE MAIO
Schmidt anunciou a descoberta, em
pianos K. 365, também destinado
e o profundo conhecimento de suas
Munique, de uma Cassation de Leopold
a Nannerl (o primeiro piano) e a ele
capacidades expressivas favorecia o
Mozart em sete movimentos, três dos quais
mesmo. Os solistas são tratados com
trabalho do compositor. Mia speranza
idênticos aos movimentos da Sinfonia. Quanto
igual importância e a influência da
adorata K. 416 foi composta para um
à Viagem musical de trenó, sabe-se que o
Escola de Mannheim, que Mozart
recital de Aloysia Weber, cunhada de
compositor enviou a partitura para músicos
conhecera recentemente, é notória.
Mozart, que interpretou Madame Herz
da Sociedade de Intérpretes de Augsburgo.
No Allegro inicial há um jogo fascinante
em Der Schauspieldirektor.
Eles a apresentaram no albergue Aos
de réplicas, ecos, adornos, alternância
Reis Magos, em janeiro de 1756, quinze
de protagonismo e acompanhamento
dias antes do nascimento de Wolfgang.
entre os dois pianistas. O Andante, em
Si bemol, apresenta um melancólico
Outras árias eram solicitadas para
Leopold Mozart.
Pintura de Pietro
Antonio Lorenzoni.
a inserção em óperas de outros
compositores, quando as originais se
mostrassem inadequadas ao conjunto
Leopold, muito religioso, sempre
tema nos violinos, logo respondido
acreditou que o filho era um dom que
pelos oboés. O segundo piano retoma
pouco conhecido da obra de Mozart.
da obra ou às possibilidades de algum
Deus lhe confiara com o dever de
o mesmo tema sobre os trinados
O compositor dedicou-se ao gênero
determinado intérprete. Mozart compôs
cultivá-lo. Dirigiu sua iniciação musical
do parceiro. Reunidos em terças e
desde a infância até o último ano de
árias isoladas para óperas de Cimarosa,
com inegável eficiência; escolheu seus
apoiando uma melodia dos oboés,
sua vida, deixando cerca de cinquenta
Anfossi, Martin y Soler, Paisiello e Bianchi.
mestres com perícia (Johann Christian
os dois chegam em arpejos até a
títulos. Quando criança, Mozart compôs
Na apresentação vienense de O curioso
Bach, em Londres; o padre Martini,
tonalidade de Mi bemol. Um novo
algumas árias (a primeira, aos oito anos,
indiscreto (1783) de Anfossi, Aloysia
na Itália); proporcionou-lhe o contato
tema, em dó menor, exposto pelo
em Londres) que lhe serviram de exercício
Weber interpretava o papel de Clorinda.
com ambientes musicais diferentes,
segundo piano, é retomado e variado
para se aperfeiçoar no ofício, adaptando
A cantora julgou as árias de Anfossi
técnicas e estilos variados. Mozart,
pelo primeiro solista. A conclusão
a música aos Affekte — amor, raiva,
aquém de seus recursos e solicitou ao
ainda adolescente, tornara-se o
é em pianíssimo. O Rondó, Allegro
ciúme — de um texto poético.
cunhado outras, que mostrassem todos
músico mais cosmopolita da época.
tem espírito bastante francês tanto
os seus recursos. Mozart admirava sua
pelo caráter de seu refrão quanto
As árias de concerto cumpriram funções
voz extensa e delicada, cujo agudo
Leopold planejou meticulosamente as
por seu intermédio central em tom
diversas ao longo do século XVIII.
ascendia até o mi 5. As três árias que
longas turnês em que Nannerl e
menor. Há uma rica passagem em
Frequentemente eram encomendadas
compôs — entre elas No, no, che non
Wolfgang conquistaram os grandes
que os dois pianos realizam uma série
para recitais de cantores profissionais
sei capace K. 419 — fizeram muito
centros musicais da Europa. As crianças
impressionante de modulações. No
ou amadores. Mozart ajustava sua
sucesso, independentemente do
tocavam individualmente, a quatro mãos
todo é uma peça brilhante, repleta de
escrita aos intérpretes, acentuando-lhes
fracasso da ópera.
ou em dois cravos. Em 1765, o pequeno
alegria. Mozart tinha especial carinho
as qualidades e considerando as
Mozart escreveu para o duo familiar sua
por esse concerto e tocou-o várias
limitações. Tornou-se famoso o conceito
primeira peça para essa formação, a
vezes depois que se fixou em Viena.
mozartiano de que “uma ária deve se
Sonata K. 19d.
adaptar ao cantor como um traje bem
PAULO SÉRGIO MALHEIROS DOS SANTOS Pianista,
Doutor em Letras, professor na UEMG, autor
dos livros Músico, doce músico e O grão
As árias de concerto para voz e
feito”. Muitos cantores agraciados com
No começo de 1779, aos 23 anos,
acompanhamento orquestral constituem
essas árias isoladas participaram de
inacabado. Apresenta o programa semanal
Mozart iniciou o Concerto para dois
um capítulo importante e especialmente
papéis importantes em suas óperas,
Recitais Brasileiros, pela Rádio Inconfidência.
44
FORA DE SÉRIE 14 DE MAIO
perfumado – Mário de Andrade e a arte do
45
FORA DE SÉRIE 14 DE MAIO
FABIO MECHETTI, regente
PROGRAMA
4
18 DE JUNHO
SINFONIA Nº 31 EM RÉ MAIOR, K. 297, “PARIS”
Sinfonias
• Allegro assai
• Andante
• Allegro
SINFONIA Nº 34 EM DÓ MAIOR, K. 338
• Allegro vivace
• Andante di molto
• Allegro molto
— INTERVALO —
SINFONIA Nº 40 EM SOL MENOR, K. 550
• Molto allegro
• Andante
• Menuetto
• Allegro assai
47
FORA DE SÉRIE 18 DE JUNHO
SINFONIA Nº 31 EM
RÉ MAIOR, K. 297, “PARIS”
Paris, 1778 | 20 min
2 flautas, 2 oboés, 2 clarinetes,
2 fagotes, 2 trompas, 2 trompetes,
tímpanos, cordas.
SINFONIA Nº 34
EM DÓ MAIOR, K. 338
Salzburgo, 1780 | 21 min
2 oboés, 2 fagotes, 2 trompas,
2 trompetes, tímpanos, cordas.
SINFONIA Nº 40
EM SOL MENOR, K. 550
Viena, 1788 | 28 min
P
ode-se dizer, sem muito exagero, que a
o movimento final; o emprego da
Tulherias. Fruto da segunda viagem de
sinfonia, tal como concebida em meados
forma sonata no primeiro movimento,
Mozart a Paris, o sucesso dessa obra
do século XVIII, seja a sonata transportada
com dois temas contrastantes; o
(executada várias vezes na mesma
para o universo sinfônico. É claro que esse
afastamento da escrita contrapontística;
série, nos dois anos seguintes) não
universo tem certas demandas específicas e, definido em
o abandono definitivo do baixo
corresponde à indiferença com que a
sua sonoridade pela escola de Mannheim, já havia elaborado
contínuo; a introdução do clarinete
sociedade parisiense o recebeu: já não
certos aspectos idiomáticos próprios. Mas, na forma e na
no naipe das madeiras.
interessava aos parisienses o jovem de
estrutura, não é demasiado generalizador afirmar que a
sinfonia clássica seja uma sonata executada pela orquestra
É esse modelo que Joseph Haydn
o prodígio que ali esteve entre 1763
sinfônica. Sob um olhar analítico mais cuidadoso, porém,
cristaliza. Mozart, por sua vez, o
e 1764. Talvez por isso Mozart tenha
há que se notar algumas questões.
assume definitivamente a partir
substituído, na récita das Tulherias, o
Flauta, 2 oboés, 2 clarinetes,
2 fagotes, 2 trompas, cordas.
vinte e dois anos, como lhes interessara
de 1773, com a sinfonia K. 201.
segundo movimento (trocando, por um
Em primeiro lugar, a sinfonia clássica tem pouquíssimo
De fato, as primeiras sinfonias de
andante, o andantino em seis por oito,
em comum com o gênero homônimo do Barroco. Ali, o termo
Mozart adotam o modelo tripartido
que não agradou aos primeiros ouvintes).
designava qualquer tipo de composição instrumental, em
das aberturas italianas e lembram,
Ambos os movimentos são aceitos hoje
particular os trechos instrumentais de obras vocais (prelúdios
formalmente, muito mais o concerto ou
e dependem da escolha do intérprete.
ou interlúdios). No Classicismo, entretanto, ela é embasada
as aberturas de suas primeiras óperas.
Note-se que, nessa obra, Mozart
nos dois tipos de aberturas de óperas que se constituem
48
FORA DE SÉRIE 18 DE JUNHO
ainda não inclui o minueto da sinfonia
no século XVII: a abertura francesa e a abertura italiana.
É, portanto, um sinfonista já maduro
clássica, atendo-se à forma tripartida.
A primeira, cujo paradigma é Lully, dá à orquestra de teatro
em suas escolhas que compõe, em
as dimensões e características fundamentais da orquestra
1778, a sinfonia K. 297. De fato, essa
A sinfonia K. 338 data de dois anos
sinfônica clássica. A segunda, que traz a assinatura de
obra foi composta para o maior grupo
depois, pertence à fase em que
Alessandro Scarlatti, dá ao gênero uma tripartição bem
orquestral de que dispôs Mozart em
Mozart ainda residia em Salzburgo
definida em movimentos distintos.
vida: na estreia, em Paris (12 de junho
e antecede duas obras-primas: a
de 1778, em uma récita privada, na
sinfonia K. 385 (Haffner) e K. 425
Deve-se aos filhos de Bach o uso da forma sonata nos
casa do conde von Sickingen), havia
(Linz). Mozart também aqui atém-se
primeiros movimentos. Mas é sobretudo a Johann Stamitz,
vinte e dois violinos, cinco violas,
a três movimentos, omitindo o minueto,
fundador da Escola de Mannheim, e a seu filho, Karl Stamitz,
oito violoncelos e cinco contrabaixos,
embora o musicólogo Alfred Einstein
que ali o sucedeu, que se devem as compleições definitivas
e é a primeira das sinfonias em que o
afirme que o minueto K. 409 foi
da sinfonia e da orquestra sinfônica. Os Stamitz não criaram
par de clarinetes aparece. Seis dias
composto posteriormente para ser
a sinfonia, mas organizaram sua prática e definiram seu
depois, ela foi executada em público
inserido nessa obra. Há poucos
caráter: a adoção de quatro movimentos, com a inserção
na série Concert Spirituel, na Salle
argumentos que comprovam essa
definitiva de minueto e trio entre o movimento lento e
des Cent Suisses, no Palácio das
afirmação, e alguns que o rejeitam,
49
FORA DE SÉRIE 18 DE JUNHO
a começar pela inclusão de duas flautas
ora a associam ao Sturm und Drang,
na orquestração do minueto, ausentes
ora a um sentimento trágico do
dos outros movimentos da sinfonia.
compositor em relação a si mesmo.
Note-se, antes, o trabalho com os
Alfred Einstein afirma que nem ela
sopros e a rítmica típica da fanfarra,
nem a que a seguiu (nº 41, K. 551,
no primeiro movimento, que lhe
“Júpiter”) teriam sido compostas
atribuem um caráter festivo, que
para ser executadas, mas que
contrasta com o segundo movimento.
seriam um “legado de Mozart à
Este desperta o Mozart da ópera e da
posteridade”. A afirmação é revestida
música vocal. O último movimento é
de polêmica: desde correspondências
uma dança, um tanto enérgica, bem
de contemporâneos do compositor
à maneira da tradição musical italiana.
até anúncios de concertos conduzidos
Não se sabe ao certo a data de estreia
por Salieri em Viena, assim como
dessa obra, mas pode-se supor que se
cópias de manuscritos revisados
deu na corte do Príncipe-Arcebispo de
pelo compositor atestam que ela
Salzburgo, antes de 1781.
foi executada quando Mozart ainda
vivia. O fato é que ela deve ter
A obra-prima que é a sinfonia em
sido estreada entre o ano de sua
sol menor, K. 550, composta em
composição e o ano da morte de
1788, porém, é de outra grandeza
Mozart. É fato também que as três
(se é que de Mozart se pode dizer
últimas sinfonias foram compostas em
isso!...). Penúltima obra do gênero
menos de seis semanas, no mesmo ano
do compositor, pertence à fase final
de 1788. Esta obra desvela o Mozart
de sua vida e mostra o modelo de
de sempre, mas, se é permitido dizê-lo,
música que Beethoven iria seguir
menos dramático e mais trágico:
ou transcender e com o qual todo
menos persona e mais pessoa...
o sinfonismo do século XIX se veria
ainda admiravelmente clássico,
mais ou menos em débito. Sobre ela
mas surpreendentemente além disso.
escreveram desde von Nissen, primeiro
biógrafo de Mozart (aristocrata que se
casou com a viúva do compositor),
MOACYR LATERZA FILHO Pianista e cravista,
Doutor em Literaturas de Língua Portuguesa,
a Hector Berlioz. Sobre ela ainda hoje
professor da Universidade do Estado de Minas
há os mais variados comentários, que
Gerais e da Fundação de Educação Artística.
50
FORA DE SÉRIE 18 DE JUNHO
Mozart. Pintura de
Joseph Lange, 1790c.
Mozart Museum,
Internationale Stiftung
Mozarteum, Salzburgo.
51
FORA DE SÉRIE 18 DE JUNHO
TOBIAS VOLKMANN, regente convidado
ALEXANDRE BARROS, oboé
PROGRAMA
5
23 DE JULHO
Wolfgang Amadeus Mozart
O RAPTO DO SERRALHO, K. 384: ABERTURA
Antonio Salieri
SINFONIA EM RÉ MAIOR, “IL GIORNO ONOMASTICO”
• Allegro, quasi presto • Larghetto • Minuetto
• Allegretto e sempre l’istesso tempo
Domenico Cimarosa / Adaptação de Arthur Benjamin
Alexandre
Barros
Rivais e contemporâneos
CONCERTO PARA OBOÉ EM DÓ MENOR
• Introduzione: Larghetto • Allegro • Siciliana • Allegro giusto
— INTERVALO —
Wolfgang Amadeus Mozart
SINFONIA Nº 39 EM MI BEMOL MAIOR, K. 543
• Adagio – Allegro • Andante con moto
• Menuetto: Allegretto • Finale: Allegro
52
53
FORA DE SÉRIE 23 DE JULHO
na célebre sala do Gewandhaus de Leipzig como convidado
(UFMG), recebeu o primeiro prêmio no V Concurso de Música
da temporada oficial do Coro e Orquestra da Rádio MDR.
de Câmara dessa instituição. Em 1996, integrando o
Compromissos futuros incluem as estreias como convidado
Trio Jovem de Palhetas, obteve menção honrosa no Concurso
da Orquestra Sinfônica Provincial de Santa Fé, Argentina, e
Jovens Solistas da Faculdade Santa Marcelina de São Paulo.
da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais.
No mesmo ano foi premiado no Concurso Jovens Solistas
da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (Osesp) e
Apresentou-se ainda em concertos com as orquestras
apresentou-se à frente da orquestra sob regência de Diogo
sinfônicas de Vaasa e Jyväskylä, Finlândia, Orquestra
Pacheco. Dois anos mais tarde conquistou o prêmio Eleazar
Lyatoshinsky de Kiev, Orquestra Sinfônica de Porto Alegre,
de Carvalho no Festival de Inverno de Campos do Jordão.
Sinfônica Municipal de Campinas e Orquestra Sinfônica da
Como solista atuou com diversas orquestras, como a Sinfônica
TOBIAS
VOLKMANN
nas temporadas da Orquestra Sinfônica Nacional-UFF e da
Orquestra Sinfônica da Universidade de Cuyo, Argentina.
FOTO RAFAEL MOTTA
FOTO DARYAN DORNELLES
Universidade Federal do Rio de Janeiro. É convidado frequente
ALEXANDRE
BARROS
de Minas Gerais, Orquestra de Câmara Sesiminas e Orquestra
Filarmônica Nova. Em 2010 foi solista à frente da Filarmônica
de Minas Gerais, sob regência de Rodolfo Fischer.
Entre 2012 e 2014 atuou como maestro assistente do
Theatro Municipal do Rio de Janeiro, onde esteve à frente dos
Nascido em uma família de músicos,
De 1996 a 1997 integrou o naipe de oboés da Osesp e com
da nova geração de regentes orquestrais
balés La Bayadère e Coppelia e do acompanhamento para os
Alexandre iniciou seus estudos musicais
a orquestra realizou turnê por diversas cidades da Europa.
do Brasil. Desde a conquista dos
filmes mudos Nosferatu de Murnau e O Garoto de Chaplin —
com o pai, Joaquim Inácio Barros.
A convite de Roberto Minczuk, atuou como primeiro oboé
principais prêmios concedidos no
espetáculos da série Música & Imagem. Atuou como maestro
Ainda criança, acompanhava seu pai
e foi solista da Orquestra Sinfônica de Ribeirão Preto, sob
Concurso Internacional de Regência
preparador em produções de ópera, destacando-se Billy Budd,
e irmãos em rodas de choro tocando
regência do maestro Minczuk. Regressando a Minas Gerais
Jorma Panula 2012, Finlândia, e do
Salomé, A Valquíria, Aída, Rigoletto, Carmen e Madame Butterfly.
flauta doce. Estudou flauta transversal
passou a integrar o naipe de oboés da Orquestra Sinfônica
Prêmio de Público no Festival Musical
Entre 2009 e 2011 foi regente assistente da Orquestra
e, aos dezessete anos, passou para
de Minas Gerais até 2008.
Olympus de São Petersburgo 2013,
Filarmônica Carnegie Mellon, nos Estados Unidos.
o oboé, seguindo seus estudos com
Tobias Volkmann é um dos destaques
Volkmann vem atraindo atenção para
orientação dos professores Afrânio
Atualmente, é Primeiro Oboé da Orquestra Filarmônica
uma carreira internacional em ascensão.
Tendo a versatilidade como grande qualidade artística,
Lacerda, Gustavo Napoli, Carlos Ernest
de Minas Gerais. Paralelamente, é professor do Curso de
Tobias Volkmann se mostra igualmente à vontade no repertório
Dias e Arcádio Minczuk. Frequentou
Formação e Aperfeiçoamento em Artes (Cefar). Foi convidado
Como regente convidado, já esteve à
sinfônico, coral, no teatro de ópera e balé e na música para
masterclasses com renomados
a lecionar em importantes festivais no Brasil, entre eles a
frente de grandes orquestras europeias
cinema. Com especial atenção à música contemporânea,
oboístas internacionais, dentre eles os
Semana de Música de Ouro Branco e o Festival Internacional
e sul-americanas, entre elas a
dirigiu estreias nos Estados Unidos, Rússia e Brasil.
professores Ingo Goritzki, Alex Klein,
Sesc de Música de Pelotas.
Orquestra Sinfônica do Porto Casa da
François Leleux e Maurizio Colasanti.
Música, Orquestra Sinfônica Estatal
Realizou sua formação com grandes nomes da regência em
do Museu Hermitage e Orquestra
Alexandre desenvolve intensa atividade camerística,
masterclasses internacionais ministradas por Kurt Masur,
Alexandre sempre mostrou facilidade
em diversas formações. Em 2011 gravou um CD com o
Sinfônica Estatal de São Petersburgo,
Jorma Panula, Ronald Zollman, Isaac Karabtchevsky e
e intimidade com o instrumento,
pianista Miguel Rosselini com importantes obras para
Orquestra Sinfônica do Chile e
Fabio Mechetti. Estudou canto e regência na Universidade
destacando-se rapidamente no cenário
oboé. Em duo com o pianista, apresentou-se em destacadas
Orquestra Petrobras Sinfônica. Em
Federal do Rio de Janeiro e concluiu mestrado em Regência
da música erudita no Brasil. Em 1993,
salas de concerto no Brasil, no Festival Rio Folle Journée,
2015 teve sua estreia alemã à frente da
Orquestral na Universidade Carnegie Mellon de Pittsburgh,
como membro do Quinteto de Sopros da
na Semana de Música de Ouro Branco e no Projeto
Orquestra Sinfônica de Brandemburgo
Estados Unidos, sob orientação de Ronald Zollman.
Universidade Federal de Minas Gerais
Quarta Erudita da Fundação Clóvis Salgado.
54
FORA DE SÉRIE 23 DE JULHO
55
FORA DE SÉRIE 23 DE JULHO
O RAPTO DO SERRALHO,
K. 384: ABERTURA
Viena, 1782 | 5 min
Piccolo, flauta, 2 oboés, 2 clarinetes,
2 fagotes, 2 trompas, 2 trompetes,
tímpanos, percussão, cordas.
SINFONIA Nº 39 EM
MI BEMOL MAIOR, K. 543
Viena, 1788 | 28 min
Flauta, 2 clarinetes, 2 fagotes,
2 trompas, 2 trompetes,
tímpanos, cordas.
E
m 1781 Mozart deixava Salzburgo após romper
pratos, bumbo), evocativa de um
julga-se que o próprio Mozart não
definitivamente com seu autoritário patrão,
Oriente de ópera. O poético Andante
chegou a ouvi-las. Talvez a publicação
o arcebispo Colloredo. Aos 25 anos, como
central, em tom menor, expressão do
das Sinfonias Parisienses de Haydn,
compositor e pianista autônomo, ele agora
amor de Belmonte por Constanze,
no ano anterior, tenha-lhe incentivado
dependia da renda de concertos, da venda de partituras,
não interrompe o clima de alegria
a criatividade; de fato, os dois
aulas particulares e, sobretudo, do público que determinava
que logo se reinstala, com seu ritmo
compositores, apesar da diferença
o êxito ou o insucesso de uma obra. A composição
desenfreado, contagiante até o final.
de idade, foram amigos constantes
e admiradores mútuos.
de O rapto do serralho coincidiu com o casamento de
Mozart e Constanze (nome da heroína da ópera) Weber
Seis anos após o sucesso da estreia
e o estabelecimento definitivo do compositor em Viena.
de O rapto do serralho, Mozart vivia,
As últimas sinfonias, com audácia
Sintomaticamente, ele optou por um Singspiel — gênero
em meados de 1788, um período
inaudita, exibem o gênio de Mozart
dramático-musical tipicamente germânico, alternando o
extremamente difícil, início da miséria
em plenitude e revelam o alcance
diálogo falado com o canto —, espetáculo de grande apelo
humilhante que marcaria o último
de seu legado incomparável para o
popular. Durante toda a vida de Mozart, O rapto do serralho
capítulo de sua vida. Um dia antes de
gênero: notável percepção do equilíbrio
foi seu maior sucesso operístico. Resistiu, inclusive, a
terminar a Sinfonia nº 39, escrevera
estrutural; um jogo fascinante das
inúmeras intrigas de rivais invejosos. Sobre a partitura,
ao amigo e credor Johann Puchberg
texturas orquestrais (sobretudo dos
o imperador Josef II fez seu famoso comentário: “Bela
solicitando mais um empréstimo;
instrumentos de sopro); a prodigiosa
demais para os nossos ouvidos, meu caro Mozart, e com
três dias depois, morria sua filha
riqueza harmônica; e o surpreendente
notas em demasia”. Ao que Mozart retrucou: “Exatamente
Tereza. Entretanto, em apenas seis
e rigoroso cultivo do estilo fugato
tantas quantas são necessárias, Majestade”.
semanas, Mozart concluiu mais duas
dos antigos mestres.
sinfonias (as de números 40 e 41),
56
FORA DE SÉRIE 23 DE JULHO
Em O rapto do serralho, a trama acontece na Turquia,
profundamente diferentes entre si
devido à moda contemporânea de temas orientais. A
e igualmente perfeitas. Fenômeno
Abertura se inicia sobre um Presto muito vivo, com ritmos
ainda mais intrigante, pois permanece
contrastantes, mas persistentes, enérgicos, vivos. O caráter
enigmático o motivo de tamanho
feérico deve-se muito ao uso espetacular dos instrumentos
empenho composicional — essas três
de sopro e ao arsenal típico das turqueries da época — toda
obras-primas incomparáveis foram
uma falange percussiva (tímpanos em dó e sol, triângulo,
criadas sem encomenda imediata e
PAULO SÉRGIO MALHEIROS DOS SANTOS Pianista,
Doutor em Letras, professor na UEMG, autor
dos livros Músico, doce músico e O grão
perfumado – Mário de Andrade e a arte do
inacabado. Apresenta o programa semanal
Recitais Brasileiros, pela Rádio Inconfidência.
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FORA DE SÉRIE 23 DE JULHO
Antonio Salieri
(Itália, 1750 – Áustria, 1825)
SINFONIA EM RÉ MAIOR,
“IL GIORNO ONOMASTICO”
1775 | 19 min
2 flautas, 2 oboés, fagote,
2 trompas, 2 trompetes, cordas.
Domenico Cimarosa
Antonio Salieri.
Pintura de Joseph
Willibrod Mähler.
(Itália, 1749 – 1801)
Adaptação de Arthur Benjamin
(1893-1960)
CONCERTO PARA OBOÉ
EM DÓ MENOR
1942 | 10 min
Cordas.
D
esde Amadeus, aquela deliciosa fita de
“Il giorno onomastico”. Embora o
Pergolesi, Galuppi e sobretudo Mozart,
Milos Forman, lançada em 1984, baseada
nome seja pomposo, seu significado
o apogeu de uma tradição musical que
na peça homônima de Peter Schaffer, Salieri
é bem simples: Salieri a compôs para
veria em Rossini o seu primeiro herdeiro.
entrou para o senso comum como o grande
comemorar seu próprio aniversário.
vilão da história da música. É bem que se diga, porém, que
Estruturada em quatro movimentos,
No entanto, o concerto para oboé é
a personagem de Schaffer não corresponde à figura histórica
já à maneira da sinfonia clássica, essa
uma obra moderna: em 1949 Arthur
a que ela remete. Salieri foi de importância inegável, tanto
obra apresenta citações de outras obras
Benjamin transcreveu, para oboé e
como compositor quanto como mestre. Basta dizer que ele
suas: as aberturas de La Scuola de’
orquestra de cordas, quatro sonatas
teve ascendência direta sobre a formação de Beethoven
Gelosi e de La Partenza Inaspettata.
para teclado, compostas entre 1787
e, mais tarde, de Liszt. Seu nome foi eclipsado pela
Ao ouvinte habituado a Haydn e Mozart,
e 1791, transformando essa colagem
importância crucial, estética e histórica que tiveram
essa obra há de ser a grata descoberta
em uma única obra. As sonatas de
os três integrantes da Primeira Escola de Viena.
de um Classicismo já sólido e elegante,
Cimarosa transcritas são (em ordem
mas ainda não centrado em si mesmo,
numérica, não como aparecem no
Entre Mozart e Salieri, quaisquer rivalidades não ultrapassaram
e mostra o ambiente musical vivo,
concerto) as de número 23, 24, 29 e
os limites do saudável ou da cordialidade. Depreende-se,
pulsante e rico em que cresceu a
31. É bom lembrar que esse sistema de
inclusive, da correspondência de Mozart, que este prezava
Primeira Escola de Viena.
colagens, apropriações e transcrições
muito as opiniões de Salieri, que, por sua vez, tinha grande
apreço e admiração pela obra de Mozart.
58
FORA DE SÉRIE 23 DE JULHO
não era estranho ao espírito e à prática
Igualmente pródiga é a obra de Cimarosa:
dos séculos XVII e XVIII. A despeito da
são cerca de setenta óperas, várias
intervenção moderna, essa obra mostra
O estilo de Salieri, no entanto, é um pouco diferente do estilo
obras sacras, trinta e duas sonatas para
o caráter vocal e dramático desse
de seus muitos compatriotas que moravam, então, em Viena:
teclado, em um movimento, à maneira
contemporâneo de Mozart, com quem
sua linguagem o aproxima muito mais da tradição germânica
de Domenico Scarlatti. Tendo construído
compartilha a mesma tradição.
(como a de Gluck), que da italiana. Compositor dramático
uma carreira sólida, em 1791 é nomeado
por excelência, deixou uma obra pródiga: são várias dezenas
Mestre de Capela de Leopoldo II, em
de óperas, um sem número de obras sacras, alguma música
Viena, sucedendo Salieri. Seu estilo,
de câmara e várias obras sinfônicas, dentre as quais seis
porém, é inegavelmente italiano. Sua
professor da Universidade do Estado de Minas
concertos e duas sinfonias completas: “La Veneziana” e
linguagem dramática assinala, com
Gerais e da Fundação de Educação Artística.
MOACYR LATERZA FILHO Pianista e cravista,
Doutor em Literaturas de Língua Portuguesa,
59
FORA DE SÉRIE 23 DE JULHO
FABIO MECHETTI, regente
MARINA MORA, diretora de cena
GABRIELLA PACE, Fiordiligi
LUISA FRANCESCONI, Dorabella
CARLA COTTINI, Despina
DAVID PORTILLO, Ferrando
LEONARDO NEIVA, Guglielmo
LICIO BRUNO, Don Alfonso
PROGRAMA
6
20 DE
AGOSTO
COSÌ FAN TUTTE, K. 588
Ato I
— INTERVALO —
Ópera
COSÌ FAN TUTTE, K. 588
Ato II
61
FORA DE SÉRIE 20 DE AGOSTO
produção artístico-técnica junto a P. Domingo, E. Sagi,
R. Oswald, H. De Ana, F. Sparvoli, E. Zanetti, M. Hampe,
A. Heller Lopes, M. Lombardero, P. Maritano, J. D. Inella, T.
Zvulun, J. L. Pichon, J. Martorell, P. Larraín, P. Nuñez e X.
B. Rawson, no Teatro Colón, Teatro Municipal de Santiago
do Chile, Teatro de La Plata, Teatro Calderón de Valladolid,
Teatro de La Zarzuela e no Auditório Nacional, México. Nesse
período, encenou O barbeiro de Sevilha, Retablo del Maese
FOTO DIVULGAÇÃO
MARINA
MORA
Pedro, O mestre de capela, Tristão e Isolda, Lady Macbeth
de Mtsensk, Turandot, Cavalleria Rusticana, Pagliacci, Alcina,
Rigoletto, Thais, Carmen, Ariadne auf naxos, Madame Butterfly,
Boris Godunov, Don Pasquale, Aida, Doña Francisquita,
Marina Mora nasceu em Buenos Aires,
O rapto do serralho, Eugene Onegin, Lucrezia Borgia,
Argentina, onde formou-se em
Jenufa, Anna Bolena, Don Giovanni, Katia Kabánova, Lakmé,
Pedagogia, Educação, Música,
I Puritani, A Flauta Mágica, Lady be good, Lua de mel no
Dança e Interpretação, realizando
Cairo, The Rake´s Progress, Il Turco en Italia, Norma e Rusalka.
posteriormente a licenciatura em
Artes Cênicas no Instituto
Foi diretora de cena da ópera Don Pasquale de Donizetti
Universitário Nacional de Arte.
no Teatro Espanhol da cidade de Azul, Argentina, através
do Instituto Superior de Arte del Teatro Colón. Também
Depois de várias experiências como atriz,
dirigiu seminários de artes cênicas na Universidade
no teatro e no cinema, incluindo um
San Alberto Hurtado, em Santiago do Chile, e ganhou
prêmio de Melhor interpretação com a
o prêmio Fondart 2010 para música com a montagem
obra La llave en el desván, de A. Casona,
do projeto A ópera em sua cidade.
Vencedora do Prêmio Carlos Gomes
de Mendelssohn, Requiem de Mozart, Stabat Mater de
2010 pela participação na ópera
Rossini e na Missa in Tempore Belli, A Criação e
A Menina das Nuvens, Gabriella Pace
As Estações de Haydn.
já cantou sob a regência de maestros
como Lorin Maazel, Isaac Karabtchevsky,
Desde 2005 faz parte do Trio Duetos e Canções, ao
John Neschling, Roberto Minczuk,
lado do pianista Gilberto Tinetti e da mezzo-soprano
Rodolfo Fischer, Luiz Fernando
Adriana Clis, apresentando-se em recitais de música
Malheiro, Fabio Mechetti,
de câmara por todo o país.
Sílvio Viegas e Abel Rocha.
Com o Quarteto Raga, Gabriella cantou o Quarteto
Foi Tytania em Sonho de uma Noite
op. 10, nº 2 de Schoenberg e, com a Orquestra
de Verão de Britten, Ilia em Idomeneo,
Sinfônica do Estado de São Paulo (Osesp), gravou
Eurídice em Orfeo ed Euridice,
o Requiem Ebraico de Zeisl.
Giulietta em I Capuleti e i Montecchi,
Susanna em As bodas de Fígaro,
Gabriella iniciou os estudos com o pai, Héctor Pace,
Ceci em Il Guarany, Pamina em
e foi aluna de Leilah Farah e Pier Miranda Ferraro.
A Flauta Mágica e Adina em O Elixir
do Amor, dentre muitas outras.
Foi solista na Quarta Sinfonia de
Mahler, Nona Sinfonia de Beethoven,
Carmina Burana de Orff, Lobgesang
de España, estuda direção teatral com
Marina foi diretora de cena da ópera Le nozze di Figaro para
C. Ianni e com R. Szuchmacher. Em
a Pontifícia Universidade Católica do Chile, apresentada no
seguida, ingressa no Instituto Superior
Teatro Cariola de Santiago, no Teatro Municipal de Chillán, no
de Arte do Teatro Colón para cursar
Teatro Diego de Rivera na cidade de Puerto Montt e no Teatro
direção cênica de ópera.
regional de Maule, em turnê muito bem acolhida pelo público.
Paralelamente, começa uma grande
Recentemente dirigiu La Serva Padrona para o Palácio
atividade como assistente de direção,
Legislativo da Nação Argentina, montagem que será
gerente de palco e coordenadora de
reapresentada em 2016 em Nova York para a Empire Opera.
62
FORA DE SÉRIE 20 DE AGOSTO
FOTO HENRIQUE PONTUAL
no 20º Certamen de Casas Regionales
GABRIELLA
PACE
63
FORA DE SÉRIE 20 DE AGOSTO
Em 2013 Carla interpretou Gretel no Palau de la Musica
de Valencia, na produção espanhola de Amparo Urieta. Foi
Zerlina no Theatro Municipal de São Paulo, na produção de
FOTO FERNANDO LOUZA
Don Giovanni dirigida por Pier Francesco Maestrini, ao lado
FOTO LINCOLN IFF
LUISA
FRANCESCONI
de artistas como Andrea Rost, Monica Bacelli e Nicola Uliveri.
CARLA
COTTINI
Em 2014, em Valencia, Espanha, interpretou a bruxa Armida
de Rinaldo no Auditorio de Ribarroja e debutou como Susanna
em Le nozze di Figaro, papel que interpretou também no
Luisa Francesconi tem excepcional
turnê da Cia. Brasileira de Ópera, em 2010, no papel de
Vencedora do Prêmio Revelação no
Theatro São Pedro, em São Paulo, sob a direção musical de
capacidade para a execução de
Rosina em O barbeiro de Sevilha de Rossini.
10º Concurso de Canto Maria Callas da
Luiz Fernando Malheiro e direção cênica de Livia Sabag.
coloratura, destacando-se no
cidade de Jacareí, em 2011, Carla Cottini
repertório rossiniano e mozartiano
Ela canta com frequência nos principais teatros brasileiros
tem se destacado por integrar em suas
Em 2015 estreou com grande sucesso como Norina em
ao interpretar papéis em óperas como
e italianos e tem se apresentado regularmente também em
performances apurada técnica, belo
Don Pasquale, no Teatro Sociale di Rovigo, Itália.
Il barbiere di Siviglia, L’Italiana in
Portugal. Interpretou o Stabat Mater de Pergolesi na famosa
timbre e marcante presença cênica.
Algeri, Così fan tutte e Don Giovanni.
igreja Ara Coeli, em Roma, e a Missa em Dó menor de
Mozart no Auditorium Verdi, em Milão.
A mezzo-soprano fez a sua estreia
Além de sua dedicação ao canto lírico, Cottini tem formação
Estreou no Teatro Municipal de
em artes cênicas, jazz dance e balé clássico na Casa de
São Paulo em dezembro de 2011
Artes OperAria. Antes de se dedicar à ópera, Carla Cottini
internacional no Teatro Argentina,
Seu repertório de concerto é vasto, com atuações marcantes
com grande sucesso como Ida em
participou, em São Paulo, das superproduções dos musicais
em Roma, no papel de Cherubino
em Rapsódia para Contralto e Missa em Si menor de Bach;
O Morcego e como Musetta em
My Fair Lady, em 2007, sob a direção de J. Takla; Esta é a
em Le nozze di Figaro, de Mozart.
Requiem e Missa da Coroação de Mozart; Nisi Dominus de
La Bohème, com a Orquestra Sinfônica
Nossa Canção, em 2009, sob a direção de Charles Randolph
Representa também com grande
Vivaldi; Messias de Haendel; Nona Sinfonia, Missa em
do Sergipe. Em 2012 cantou a primeira
Wright, e Cats, em 2010, sob a direção de Richard Staford,
sucesso outros papéis en travesti,
Dó maior e Fantasia Coral de Beethoven; Stabat Mater e
audição mundial da obra Fantasia
bem como de produções menores de musicais como
como Romeo em I Capuleti e
Petite Messe Solemnelle de Rossini; Sonho de uma Noite de
Gabriela de André Mehmari, escrita
West Side Story, Wicked e Chorus Line.
I Montecchi de V. Bellini, Orfeo
Verão de Mendelssohn; Te Deum de Bruckner; Les Nuits d’Été
por encomenda da Orquestra Sinfônica
em Orfeo ed Euridice de Gluck e
de Berlioz; Sinfonias números 2, 3 e 8 de Mahler; El Amor
da Bahia para as comemorações do
Carla Cottini terminou em setembro de 2014 seu mestrado
Idamante em Idomeneo de Mozart.
Brujo de Falla e Floresta do Amazonas de Villa-Lobos.
centenário de Jorge Amado. Nesse
em interpretação operística no Conservatório Superior
mesmo ano estreou no Palácio das Artes
de Música Joaquín Rodrigo de Valencia, Espanha, sob
Luisa interpretou Didone em
Luisa Francesconi gravou suas participações como solista
de Belo Horizonte como Valencienne
orientação de Ana Luisa Chova. Desde 2012 tem como
Les Troyens de Berlioz. Participou
na Nona Sinfonia de Beethoven e no Réquiem Hebraico de
na opereta A Viúva Alegre, sob direção
tutora a soprano Eliane Coelho. Seu preparador principal
com enorme sucesso da primeira
Erich Zeisl, lançadas em CD pelo selo Biscoito Fino.
de Jorge Takla.
de repertório é Rafael Andrade.
64
FORA DE SÉRIE 20 DE AGOSTO
65
FORA DE SÉRIE 20 DE AGOSTO
Na temporada anterior, David Portillo retornou ao Houston
Grand Opera como Tamino em A Flauta Mágica, conduzido
por Roberto Spano, e estreou na Washington National Opera
Nascido em Brasília, o conceituado barítono
Bizet. Apresentou-se no Teatro Nacional de São Carlos,
en-Provence como Pedrillo e à Arizona Opera como Tonio em
brasileiro Leonardo Neiva é conhecido por
em Lisboa, Portugal, em Carmina Burana de Orff;
La fille du régiment, representação já aclamada pela crítica.
sua desenvoltura cênica e versatilidade
no Théâtre du Capitole, em Toulouse, França, no papel
vocal. Foi revelado aos 23 anos no papel
de Cecco del Vecchio, em Rienzi de Wagner; na Opernwelt,
Seus compromissos com orquestras incluem O Messias de
de Figaro, em Il barbiere di Siviglia de
Alemanha, em Tristão e Isolda de Wagner. Também cantou
Haendel com a St. Paul Chamber Orchestra, Kansas City
Rossini. Desde então, é convidado por
em recitais e concertos na Itália, Espanha, Portugal,
Symphony e Richmond Symphony e Lélio de Berlioz com a
teatros do Brasil e do exterior.
Colômbia e Estados Unidos.
I Capuleti e i Montecchi, com a Washington Concert Opera,
Leonardo foi muito elogiado pela crítica
Em 2009, recebeu o XII Prêmio Carlos Gomes de melhor
e Gastone em La Traviata com a Los Angeles Philharmonic,
ao representar o papel de Ford, em
cantor do Brasil por suas atuações como Le Grand-Prêtre
no Hollywood Bowl. Apresentou-se no Requiem de Verdi e na
Falstaff de Verdi, na Sala São Paulo,
de Dagon, em Sansão e Dalila de Saint-Saëns, como Eneas
Nona Sinfonia de Beethoven com as sinfônicas de Phoenix e
junto à Orquestra Sinfônica do Estado
em Dido e Eneas de Purcell, bem como o Kullervo na obra
Elogiado pelo Opera News pela
Elmhurst e no Colorado Music Festival, onde também esteve
de São Paulo (Osesp). Obteve grande
de Jean Sibelius.
"facilidade com as notas altas, cantadas
com A Criação de Haydn.
êxito também ao se apresentar junto à
FOTO KRISTEN HOEBERMANN
como Don Ramiro em La Cenerentola. Voltou ao Festival d'Aix-
Dayton Philharmonic. Portillo também encenou Tebaldo em
DAVID
PORTILLO
com brilho e exuberância que seduzem
Cia. Brasileira de Ópera, no papel título
Leonardo Neiva gravou em 2010 o CD Clamores, com canções
de música contemporânea do compositor Jorge Antunes.
os ouvidos", o tenor norte-americano
Outros personagens vividos por Portillo são Trin, Renaud, Don
de Il barbiere di Siviglia, e no XV Festival
David Portillo se estabeleceu como um
Ottavio, Ferrando, Belmonte, Narciso e Gonzalve. Cantou na
Amazonas de Ópera, quando participou
dos principais artistas de sua geração.
Accademia Nazionale di Santa Cecilia, no Saito Kinen Festival,
da montagem de Tristão e Isolda de
Wiener Staatsoper, Salzburg Festival e Opera Angers-Nantes.
Wagner, interpretando Kurwenal.
no Metropolitan Opera como Conde
Aluno do Ryan Opera Center na Lyric Opera de Chicago,
Fora do Brasil, estreou no Teatro
Almaviva, em O barbeiro de Sevilha.
do Merola Opera Program na San Francisco Opera e da
Municipal de Santiago, Chile, como
Retornará à Lyric Opera de Chicago como
Wolf Trap Opera em Vienna, Virgínia, Portillo acrescentou
Zurga, em Les pêcheurs de perles de
Nesta temporada, ele faz sua estreia
Andres em Wozzeck, numa produção de
ao seu repertório o Chevalier de la Force em Dialogues of
David McVicar conduzida por Andrew Davis.
the Carmelites, Nadir em Les pêcheurs de perles, Fenton
E também à Palm Beach Opera estreando
em Falstaff, Alfredo em La Traviata, o papel principal em
no papel de Ernesto, em Don Pasquale.
Albert Herring e Sam Kaplan em Street Scene.
Élysées como Pedrillo, em O rapto do
Em 2009, David Portillo recebeu prêmios da Fundação
serralho, e como solista em Das Paradies
Sullivan, da Sociedade Americana de Ópera de Chicago
und die Peri de Schumann com a
e da Fundação Shoshana, além de vencer o concurso para
Netherlands Radio Orchestra. Retorna ao
uma bolsa de estudos da Fundação Bel Canto. Em 2008 foi
Festival Glyndebourne como David
agraciado com o prêmio maior da categoria masculina da
em Os mestres cantores de Nuremberg.
União da Liga dos Jovens de Chicago.
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FORA DE SÉRIE 20 DE AGOSTO
FOTO CASSIANO GRANDI
Na Europa, estreia no Théâtre des Champs-
LEONARDO
NEIVA
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FORA DE SÉRIE 20 DE AGOSTO
COSÌ FAN TUTTE,
OSSIA LA SCUOLA DEGLI
AMANTI, K. 588
Viena, 1790 | 180 min
O sucesso e amplitude da carreira
Foi dirigido por ícones do teatro brasileiro — Amir Haddad,
2 flautas, 2 oboés, 2 clarinetes,
de Licio Bruno são notáveis entre os
José Possi Netto, Jorge Takla, Gianni Rato, Sérgio Britto —
2 fagotes, 2 trompas, 2 trompetes,
cantores brasileiros por suas atuações
e estrangeiro — Werner Herzog, Hugo de Anna, Aidan Lang.
em ópera, música sinfônica, de câmara
Cantou com renomados maestros brasileiros e estrangeiros,
e teatro no Brasil e exterior.
entre os quais Lorin Maazel e Isaac Karabtchevsky, das paixões
C
de Bach até Beethoven, Kodály, Stravinsky e Britten, bem como
criatividade — oportunidades para criar música perfeita nos
ciclos de Schubert, Mahler, Ravel e Poulenc, entre outros.
menores detalhes e de grande variedade imaginativa.
Húngara e cantou na Itália, Espanha,
Licio Bruno é detentor de mais de dez primeiros prêmios em
Na breve Abertura, após uma introdução lenta, o andamento
Alemanha, Suíça, Colômbia e Argentina.
concursos nacionais e estrangeiros e recebeu, em 2004, o
rápido imprime o caráter feérico que dominará os dois atos
No Brasil, os teatros de ópera e salas
Prêmio Carlos Gomes de Melhor Cantor Erudito.
da ação cênica.
de cinquenta personagens em óperas
O artista celebrou, em 2013, seus 25 anos de carreira
Ato I
de diferentes autores, períodos e
dedicados à música com as óperas Aída, A Valquíria, A Serva
Dois oficiais, Ferrando e Guglielmo, são noivos de duas
estilos, Licio é, até hoje na história
Patroa, O Turco na Itália, Rigoletto e Falstaff. Também fez sua
irmãs, respectivamente Dorabella e Fiordiligi. Em um
da ópera brasileira, o único cantor a
estreia na Argentina, interpretando com grande sucesso de
café, eles discutem sobre a fidelidade. Desafiados pelo
ter enfrentado na totalidade o Wotan /
público e crítica o papel principal de O Navio Fantasma,
cético Don Alfonso, aceitam apostar na lealdade de suas
Wanderer da tetralogia wagneriana.
de Wagner, no Teatro Argentino de La Plata.
noivas, participando de um plano para prová-la. O terceto
Aperfeiçoou-se na Academia Franz Liszt,
tímpanos, cravo, cordas.
osì fan tutte é a última das três obras-primas
de Mozart com o libretista Lorenzo Da Ponte.
O elenco se reduz a seis personagens, agrupados
em três pares. Tal simetria é explorada no
libreto e fornece ao compositor — então no auge de sua
Budapeste, foi membro da Ópera Estatal
de concerto são sua casa. Com mais
Una bela serenata fecha a cena com a alegria dos oficiais,
certos da vitória.
Os clarinetes, em terças sobre as cordas, transportam a
cena à casa de Dorabella e Fiordiligi. As irmãs cantam os
méritos de seus apaixonados no dueto Ah, guarda sorella.
Don Alfonso dá início a seu plano, anunciando-lhes a falsa
notícia da recente convocação dos noivos para a guerra.
A ação desenvolve-se com formações musicais diversas:
quintetos, um dueto para os oficiais, trios e o coro militar.
Em Di scrivermi ogni giorno, sobre o fundo dos sarcásticos
comentários de Don Alfonso, os namorados se despedem.
Ferrando e Guglielmo partem. O fluido trio Soave sia il vento
68
FORA DE SÉRIE 20 DE AGOSTO
FOTO ARIANA ROSA
LICIO
BRUNO
deseja-lhes boa viagem. As noivas estão inconsoláveis.
Alfonso, porém, proclama um rancoroso discurso contra
a inconstância das mulheres: Quante smorfie!
69
FORA DE SÉRIE 20 DE AGOSTO
A criada Despina tenta consolar
tomando um suposto veneno. As noivas
Enquanto isso, Fiordiligi e Ferrando
Fra gli ampessi os dois celebram
as irmãs. Dorabella extravasa
se enternecem diante da triste sorte dos
continuam relutantes. Ele alterna
a felicidade da nova união.
seu sentimento de abandono em
agonizantes. O artifício dos disfarces
dúvida e confiança: Ah, lo veggio. E ela
Smanie implacabile, cujos efeitos
atinge grande comicidade quando
expressa seus confusos sentimentos no
Os três apostadores se encontram.
vocais parodiam as habituais árias
Despina, fazendo-se de médico,
grande rondó Per pietà, bem mio, cujas
Os rapazes estão revoltados com a
trágicas. Em contraste, no cômico solo
administra seu onipotente talismã
assombrosas dificuldades técnicas —
infidelidade das irmãs. Mas Alfonso
In uomini, in soldati, Despina propõe
curativo, a pedra de Mesmer.
é o morceau de bravoure da ópera —
intervém com seu solo — “nem
que as irmãs aproveitem a ausência
Recuperados, os pseudossuicidas
refletem os conflitos de sua alma.
melhores, nem piores que as outras”,
dos namorados... para namorar.
acordam no Olimpo e pedem beijos
Alfonso suborna Despina e apresenta-lhe
afirma. E obriga os oficiais a cantarem
consoladores às duas deusas. Enfurecidas,
Reunião dos dois amigos para avaliar a
as irmãs mandam os jovens às favas.
situação: Ferrando traz boas notícias —
Ferrando e Guglielmo disfarçados.
juntos Così fan tutte.
a fidelidade de Fiordiligi alegra-os.
Despina comunica o casamento das
patroas com os amigos. O brinde aos
As irmãs mostram-se indignadas com
Ato II
Mas ele se desespera quando o
a presença dos estranhos em sua casa.
A virtude das senhoras irrita
companheiro apresenta-lhe o medalhão
noivos E nel tuo, nel mio bichiero
Mas Alfonso intervém saudando-os
Despina, que resume sua opinião na
de Dorabella. Para consolar o amigo —
é um engenhoso cânone iniciado
como grandes amigos. Imediatamente
ária Una donna a quindici anni —
e também porque se sente culpado —,
por Fiordiligi e acrescido do aparte
os rapazes iniciam suas declarações
por que não se deixar cortejar? As
Guglielmo aconselha-o a não se
revoltado de Guglielmo. Despina faz
amorosas às noivas trocadas. Fiordiligi
irmãs concordam em conversar com
envolver tanto assim, pois as mulheres
o papel de tabelião, mas a cerimônia
declara sua inquebrantável fidelidade —
os pretendentes. Decisão tomada,
sempre maltratam o coração dos
é interrompida pela banda militar
Come scoglio. Trata-se de uma ária
cada uma escolhe seu parceiro no
homens. A sofisticada verve desta ária,
que anuncia a volta dos oficiais. Após
dificílima, que parece zombar da
dueto Prenderò quel brunettino —
Donne mie, la fate a tanti, lembra a
grande confusão, tudo se resolve com
virtuosidade, com largos intervalos,
Dorabella com Guglielmo; Fiordiligi
melhor música de câmara mozartiana.
o perdão mútuo. Os amantes estão
de um extremo a outro da tessitura
e Ferrando. Os apaixonados oferecem
Ferrando canta seu desespero na
novamente reunidos — não importa
de soprano. Guglielmo responde
uma serenata às amadas, Secondate,
sombria cavatina Tradito, schernito.
se da forma original ou se na segunda
com a suavidade de Non siate ritrosi.
aurette amiche, dueto de extasiante
Alfonso entra em cena e faz um
versão. O sexteto final celebra a alegria
Mas as noivas não se comovem e
melodia, com coro.
irônico balanço da situação.
e homenageia quem enfrenta as
dificuldades com bom-humor.
retiram-se. Diante de tal demonstração
de fidelidade, o romântico Ferrando
Acanhados, os rapazes e as irmãs ficam
Despina elogia a atitude decidida
canta a ária Un’alma amorosa.
sem assunto, falando do tempo. Porém,
que Dorabella apresenta. Fiordiligi,
Alfonso, que não se dá por vencido,
após alguma hesitação, Guglielmo
ao contrário, continua sofrendo com
pede a Despina um estratagema
oferece a Dorabella um medalhão em
a dubiedade dos sentimentos. Num
para reverter a situação.
forma de coração, trocando-o pelo
recurso derradeiro, ela toma a decisão
que ela trazia com o retrato do noivo
de se disfarçar para encontrar o noivo
Os acontecimentos se complicam e
Ferrando. No dueto Il coro vi dono a
Guglielmo no campo da guerra. Porém,
fornecem ao compositor um extenso
orquestra simula as palpitações de seus
Ferrando, ainda disfarçado, aparece e
finale. Os rapazes simulam suicídio,
corações apaixonados.
com a beleza avassaladora do dueto
70
FORA DE SÉRIE 20 DE AGOSTO
PAULO SÉRGIO MALHEIROS DOS SANTOS Pianista,
Doutor em Letras, professor na UEMG, autor
dos livros Músico, doce músico e O grão
perfumado – Mário de Andrade e a arte do
inacabado. Apresenta o programa semanal
Recitais Brasileiros, pela Rádio Inconfidência.
71
FORA DE SÉRIE 20 DE AGOSTO
FABIO MECHETTI, regente
PROGRAMA
7
1º DE
OUTUBRO
CONTRADANÇAS, K. 609
• Nº 1 em Dó maior • Nº 2 em Mi bemol maior
• Nº 3 em Ré maior • Nº 4 em Dó maior • Nº 5 em Sol maior
IDOMENEO: MÚSICA DE BALÉ, K. 367
• Nº 1a – Chaconne: Allegro • Nº 1b – Larghetto pour Madame Hartig
• Nº 1c – Chaconne, qui reprend: Allegro • Nº 2 – Pas seul
• Nº 3 – Passepied • Nº 4 – Gavotte • Nº 5 – Passacaille
— INTERVALO —
TAMOS, REI DO EGITO, K. 345
• Maestoso – Allegro • Andante • Allegro • Allegro vivace assai
LES PETITS RIENS, K. 299b
• Overture: Allegro • Largo • Gavotte • Andantino
• Allegro • Larghetto • Gavotte ( joyeuse): Allegro
Música incidental
• Adagio • Intermezzo • Gavotte gracieuse • Pantomine
• Passepied • Gavotte • Andante
73
FORA DE SÉRIE 1º DE OUTUBRO
CONTRADANÇAS,
K. 609
Viena, 1791 | 7 min
Flauta, percussão, cordas.
IDOMENEO:
MÚSICA DE BALÉ, K. 367
Munique, 1781 | 25 min
2 flautas, 2 oboés, 2 clarinetes,
2 fagotes, 2 trompas, 2 trompetes,
tímpanos, cordas.
TAMOS, REI DO EGITO,
K. 345
Salzburgo, 1773/1779 | 19 min
2 oboés, 2 fagotes, 2 trompas,
2 trompetes, tímpanos, cordas.
M
ozart compôs música de dança desde
Também era uma fantasia o título
os cinco anos, incluindo nove pequenos
de Kammermusicus oferecido a
minuetos transcritos pelo pai no álbum
Mozart em 1787 — na verdade,
de partituras de sua irmã Nannerl. Mas
o compositor recebia honorários
foi a partir dos treze anos que começou a escrever música
exclusivamente relativos às danças
para ser dançada — dedicada ao Carnaval em Salzburgo —,
do próximo Carnaval, geralmente
atividade que manteve durante toda a vida. Compôs cerca
compostas durante o dezembro anterior.
de duzentos títulos isolados, sem contar os minuetos e
Conforme o planejamento financeiro
outros movimentos de dança integrantes de suas sonatas,
da corte, tratava-se de um artifício
quartetos e sinfonias. Era ele próprio um entusiástico
para impedir que um músico tão
dançarino. Em uma carta do começo de 1783, conta ao pai
LES PETITS RIENS,
K. 299b
Paris, 1778 | 20 min
2 flautas, 2 oboés, 2 clarinetes,
2 fagotes, 2 trompas, 2 trompetes,
tímpanos, cordas.
famoso abandonasse Viena. Não lhe
como comemorou seu aniversário: “Dei um baile em casa;
encomendavam óperas ou sinfonias,
começamos às seis horas da tarde e terminamos às sete. O
e ficou célebre o comentário de Mozart
quê? Somente uma hora! Não, não... às sete da manhã”.
ao receber seu primeiro pagamento:
“Demasiado para o que faço;
demasiadamente pouco para o que
eu poderia fazer”. Entretanto, compor
danças nunca lhe pareceu ocupação
secundária; ele a encarava com
seriedade. Dedicou-se especialmente
a quatro gêneros: as Marchas
frequentemente tinham caráter militar.
O aristocrático Minueto, destinado a
morrer com o Antigo Regime, ainda
guardava muito do seu refinamento
e formalismo bicentenários. Mais
vigorosas, as Danças alemãs ou Ländler
dançavam-se aos pares, com maior
Para festas como essa, as danças eram apresentadas em
contato físico, saltos e batidas de pé.
sua habitual formação de câmara — o trio de cordas formado
As populares e antigas Contradanças —
por dois violinos e baixo. A orquestração posterior, com o
cujo compasso binário contrastava com
acréscimo dos instrumentos de sopro e percussão, mantinha
o ternário dos minuetos e das Ländler —
a seção das cordas sem as violas. As partes centrais
foram importadas da Inglaterra. O nome
frequentemente incluíam instrumentos exóticos como gaitas
se originou de Country dance, traduzido
de foles, cornetas de postilhão ou guizos de trenós.
contredanse para o francês (franglais)
do século XVII.
Na década de 1780, em Viena, a dança era um divertimento
social muito popular. Sob o reinado liberal de Josef II,
É interessante observar o uso
os bailes oficiais foram abertos a todas as camadas da
dessas danças nas três últimas
sociedade — iniciava-se, então, a longa associação de
Viena com a dança. Patrocinada pela corte, a temporada do
Carnaval acontecia de janeiro até a Quaresma. A Mascarada
constituía o ponto alto da estação, atraindo pessoas que
podiam se divertir incógnitas, sob o disfarce das fantasias.
74
FORA DE SÉRIE 1º DE OUTUBRO
Anton Raaff como
personagem título
de Idomeneo na
estreia da ópera de
mesmo nome. Autor
desconhecido.
sinfonias de Mozart. O movimento
Finale da Sinfonia nº 39 tem o
espírito de uma contradança,
enquanto o Minueto da mesma
sinfonia é uma dança alemã. Já o
75
FORA DE SÉRIE 1º DE OUTUBRO
Minueto da Sinfonia Júpiter é um
estava fora de moda no século da
verdadeiro minueto, enquanto o
Revolução Francesa. Apenas duas
da Sinfonia nº 40 foge a qualquer
composições de Mozart para balé são
convenção, com sua irregularidade
conhecidas integralmente: Les Petits
métrica e rica escrita contrapontística.
Riens e Idomeneo.
As cinco Contradanças K. 609
Quando residiu em Paris, Mozart
tradicionalmente se enquadram
planejou compor uma ópera em
no ano de 1791, entre as últimas
francês, Alexandre et Roxane, confiante
escritas por Mozart. Outros estudiosos
no apoio decisivo do célebre bailarino
sugerem 1787 e, nesse caso, seriam
e coreógrafo Jean Georges Noverre.
as primeiras do compositor como
Para esse grande reformador da
síntese muito particular de marcantes
final de 1773, foram retrabalhados em
Kammermusicus. A de nº 1, em Dó
dança Mozart escreveu, junto com
experiências: a ópera séria italiana, as
1779 por ocasião da reapresentação
Maior, traz o tema Ne più andrai de
outros compositores, Les Petits Riens,
conquistas orquestrais de Mannheim e
em Salzburgo. O exame comparativo
As bodas de Fígaro, muito conhecido
interlúdio a ser dançado em uma
a influência de Gluck, reminiscência da
das duas versões permite avaliar o
em Viena. A segunda dança é em
ópera de Piccinni. Com a música e a
estação parisiense. Apesar do sucesso
imenso progresso realizado entre
Mi bemol maior. Os tambores são muito
coreografia atribuídas a Noverre, o balé
da estreia, a obra passou por longo e
elas. Ciente da superioridade de sua
marcantes nas danças 3 e 4. A quarta,
obteve sucesso. Dos 21 números que
lamentável período de esquecimento.
música sobre o texto, Mozart procura
em compasso ternário, é realmente um
o compõem, apenas a Abertura e oito
Só após a Primeira Guerra, Richard
libertá-la da tendência estritamente
Ländler com três alternativos (trios),
peças são com certeza de Mozart. E
Strauss, quando dirigia a Ópera
programática. Assim, à parte os três
respectivamente em Dó, Fá e em lá
elas demonstram com que originalidade
de Viena, redescobriu por acaso a
magníficos coros, os quatro números
menor. A última da série, composta
ele conseguiu apropriar-se do estilo
partitura. Os cinco números dançantes
puramente instrumentais soam, em
anteriormente em Salzburgo, recebeu
galante francês.
encerram festivamente Idomeneo, com
sequência, como movimentos de uma
uma grande celebração popular.
pequena sinfonia.
o título de Les filles malicieuses e,
Viena. Desenho
de Carl Schütz.
reorquestrada, foi registrada como
Aos 25 anos, em Munique, o compositor
K. 610. Possui um curioso efeito de
escreveu outro balé, agora para uma
Ao contrário de sua intensa e
gaitas de foles na seção central.
criação própria, Idomeneo, sua terceira
constante dedicação à ópera, Mozart
e mais importante investida na opera
escreveu apenas uma música para
Ao contrário das danças para bailes,
seria, com enredo histórico ou mitológico.
teatro: Tamos, Rei do Egito. Os coros
o Grand Ballet — como cultivado
Idomeneo representou um grande
e números instrumentais para o drama
na corte francesa do século XVII —
impulso na produção mozartiana,
de Tobias von Gebler, compostos no
76
FORA DE SÉRIE 1º DE OUTUBRO
PAULO SÉRGIO MALHEIROS DOS SANTOS Pianista,
Doutor em Letras, professor na UEMG, autor
dos livros Músico, doce músico e O grão
perfumado – Mário de Andrade e a arte do
inacabado. Apresenta o programa semanal
Recitais Brasileiros, pela Rádio Inconfidência.
77
FORA DE SÉRIE 1º DE OUTUBRO
FABIO MECHETTI, regente
PROGRAMA
8
29 DE
OUTUBRO
UMA BRINCADEIRA MUSICAL, K. 522
• Allegro
• Menuetto: Maestoso
• Adagio cantabile
• Presto
SERENATA Nº 6 EM RÉ MAIOR, K. 239, “NOTURNA”
• Marcia: Maestoso
• Menuetto
• Rondo: Allegretto – Adagio – Allegro
— INTERVALO —
SERENATA Nº 9 EM RÉ MAIOR, K. 320, “POSTHORN”
Na corte
• Adagio maestoso – Allegro con spirito
• Menuetto: Allegretto
• Concertante: Andante grazioso
• Rondo: Allegro ma non troppo
• Andantino
• Menuetto
• Finale: Presto
79
FORA DE SÉRIE 29 DE OUTUBRO
UMA BRINCADEIRA
MUSICAL, K. 522
Viena, 1787 | 20 min
2 trompas, cordas.
SERENATA Nº 6 EM RÉ MAIOR,
K. 239, “NOTURNA”
Salzburgo, 1776 | 13 min
Tímpanos, cordas.
SERENATA Nº 9 EM RÉ MAIOR,
K. 320, “POSTHORN”
Salzburgo, 1779 | 42 min
Piccolo, 2 flautas, 2 oboés,
2 fagotes, 2 trompas, 2 trompetes,
posthorn, tímpanos, cordas.
N
o Classicismo, há diversos gêneros musicais
que se confundem em forma e estrutura. Eles
são uma espécie de válvula de escape da
etiqueta solene dos salões aristocráticos ou
dos esquemas já pré-definidos da música dramática, mas
ainda assim não se veem livres do formalismo que norteia
a mentalidade musical do século XVIII: a forma sonata
Palácio Imperial
de Viena por
Joseph Schütz.
ainda impera na maior parte das vezes, quando não há uma
aproximação com a suíte de danças; os procedimentos se
mantêm. Conserva-se, na maior parte dos casos, a estrutura
No conjunto da obra de Mozart, o mais
viola(s), violoncelo(s) e tímpanos.
formal do século XVIII, em quatro movimentos, como na
célebre deles é obviamente Eine Kleine
Das serenatas de Mozart, talvez essa
sonata, no quarteto de cordas ou na sinfonia. Ainda assim, a
Nachtmusik (uma musiquinha noturna...
seja a que se assemelhe mais com
funcionalidade dessa música a poderia perigosamente rotular
ou, como foi já traduzido, uma pequena
a suíte de danças, a despeito de sua
em música ligeira: divertimento, serenata, cassação, notturno,
serenata noturna). São cerca de duas
brevidade. Não obstante, seu caráter
Nachtmusik, ou, ainda no século XVII, Tafelmusik (“música
dezenas de divertimentos e mais
concertante lhe confere um aspecto
para a mesa”). Em Haydn, por exemplo, divertimento se
de uma dúzia de serenatas, à parte
arcaizante (no procedimento! Não no
confunde em nomenclatura com suas primeiras sonatas
algumas outras obras do gênero.
estilo ou na linguagem!) raro de se
para piano. O fato é que esse gênero de música difere dos
80
FORA DE SÉRIE 29 DE OUTUBRO
observar no Classicismo. Igualmente
demais, no Classicismo (excluam-se disso a ópera e a música
A Serenata K. 239 (Noturna) foi
raro é o nítido trabalho com o espaço: o
religiosa), apenas pela funcionalidade ou pelo ambiente a
composta em Salzburgo, em janeiro
diálogo entre dois grupos instrumentais,
que se destinam. Raramente em forma ou em estrutura. Os
de 1776. Uma curiosidade é que,
posto que já explorado desde pelo
ambientes externos, as diversões da aristocracia, os prazeres
no manuscrito, título e data estão
menos o século XVI, constitui uma clara
da mesa, tudo, nas altas rodas do século XVIII, era partilhado
grafados na caligrafia de Leopold
experiência com efeitos acústicos. Fato
com boa música. Entende-se, com isso, o porquê de Haendel
Mozart. Mas ela tem o diferencial de
importante é notar que o Rondó final
ter composto a Música para os Reais Fogos de Artifício...
(fato raro no século XVIII, mas não
insere (ou cita), claramente, algum
Entendem-se, igualmente, os vários divertimenti e serenatas
invulgar no Barroco) ter sido composta
tema de origem popular.
de Mozart, compostos para diversas formações instrumentais.
para dois grupos instrumentais: o
primeiro é formado por dois violinos
Encomendada para a cerimônia
Nesses gêneros, evita-se, via de regra, o uso da intrincada
solistas, primeira viola e contrabaixo;
de encerramento do ano letivo da
linguagem polifônica, e neles não é raro que se encontrem
o segundo é composto por primeiro(s)
Universidade de Salzburgo, a Serenata
citações de temas ou canções populares.
e segundo(s) violino(s), segunda(s)
em Ré maior K. 320 foi composta e
81
FORA DE SÉRIE 29 DE OUTUBRO
estreada em 1779, quando o compositor
(uma brincadeira musical), K. 522,
músicos possam ter se enganado em
desalinho com o contexto musical, tudo
ainda aí residia. Na sua instrumentação,
composta em junho de 1787, para duas
alguma passagem, ou que as trompas
isso constitui uma grande brincadeira.
que valoriza particularmente
trompas e quarteto de cordas. Mozart,
estejam desafinadas. Àquele que tenha
determinados instrumentos de sopro,
ao que parece, nunca teve a intenção
alguma formação musical, porém, o
E ainda assim essa brincadeira soa
Mozart elabora trechos relevantes
de satirizar ninguém com essa obra,
resultado dessa obra soa como um
profética. Os acordes do último
para a flauta e o oboé (como no
que, a despeito disso, tem algo de
paradoxo, aliás bem moderno: ao
movimento o comprovam! Já se disse
terceiro e quarto movimentos) e inclui
claramente irônico, tanto no tratamento
mesmo tempo elegante e grotesco,
que o presente é que elabora seus
inusitadamente partes para o flautim,
das trompas, quanto no caráter. Vinda
como se a maquilagem do século XVIII
precursores. Na Brincadeira Musical
no primeiro trio do segundo minueto e
de Mozart, essa ironia poderia soar,
estivesse borrada, revelando um rosto
K. 522, o passado se antecipou.
um solo para a trompa de posta. Em
hoje, ao ouvinte desatento, como uma
desgastado. Dissonâncias insólitas, a
uma época em que o e-mail sequer
ousadia profética. Não se trata de
representação irônica (no sentido teatral
era concebido e na qual a eletricidade
nada disso! Mozart era um compositor
do termo) de um frustrado contraponto
era curiosidade de circo, a chegada
de teatro, e sua música transpira,
imitativo, o relevo dado às trompas, que
professor da Universidade do Estado de Minas
e saída dos correios, único meio de
em cada poro, a arte dramática, seja
parecem ora perder o siso, ora estar em
Gerais e da Fundação de Educação Artística.
comunicação a distância, era um
em seu aspecto comovente, seja no
evento importante. Ele era anunciado,
trágico ou no burlesco.
MOACYR LATERZA FILHO Pianista e cravista,
Doutor em Literaturas de Língua Portuguesa,
dentre outras coisas, por um toque
de trompa. Da mesma forma que, em
Mozart brinca, aqui, com o próprio
nossas cidades históricas, cada tipo de
sistema tonal, com a quadratura da
badalada dos sinos das igrejas tem um
estrutura melódica clássica, com o
significado específico, o toque da trompa
estilo concertante, enfim, com todo
de posta era imediatamente reconhecível
o mundo musical que ele próprio
e distinto do toque da trompa de caça,
dominava e em que se inseria!...
usado obviamente para as caçadas.
Brinca, ainda, com a tradição
Ouve-se esse solo de trompa no
polifônica, em que tinha mestria:
segundo trio do segundo minueto,
basta ouvir suas missas... Ao ouvinte
o que conferiu o subtítulo à obra.
desatento, a primeira audição dessa
obra há de causar imediatamente um
“Satírica” foi como alguns críticos
estranhamento: não será demasiado
classificaram Ein Musikalischer Spass
vislumbrar alguém que imagine que os
82
FORA DE SÉRIE 29 DE OUTUBRO
O imperador Josef II
(à direita) e seu
irmão, arquiduque
Leopold. Pintura de
Pompeo Batoni.
83
FORA DE SÉRIE 29 DE OUTUBRO
FABIO MECHETTI, regente
MARCUS JULIUS LANDER, clarinete
MARIANA ORTIZ, soprano
LUISA FRANCESCONI, mezzo-soprano
LUCIANO BOTELHO, tenor
SAULO JAVAN, baixo
PROGRAMA
9
10 DE
DEZEMBRO
A CLEMÊNCIA DE TITO, K. 621: ABERTURA
Último capítulo
Marcus Julius
Lander
CONCERTO PARA CLARINETE EM LÁ MAIOR, K. 622
• Allegro • Adagio • Rondo: Allegro
— INTERVALO —
REQUIEM, K. 626
• Introitus – Requiem – Kyrie
Mariana
Ortiz
Luisa
Francesconi
Luciano
Botelho
Saulo
Javan
84
• Dies irae
Tuba mirum
Rex tremendae
Recordare
Confutatis
Lacrimosa
• Offertorium
Domine Jesu Christe
Hostias
• Sanctus
• Benedictus
• Agnus Dei
• Communio – Lux Aeterna
85
FORA DE SÉRIE 10 DE DEZEMBRO
Così fan tutte de Mozart; Salud, em La Vida Breve de Falla;
São Paulo e o Quarteto Paulista de Clarinetas. Foi também
Poppea, em L’Incoronazzione di Poppea de Monteverdi.
professor de clarinete e teoria musical no curso superior do
No gênero da Zarzuela interpretou Lota em La Corte del
Conservatório Dramático e Musical de São Paulo, professor
Faraón, Aurora em Las Leandras e a Duquesa Carolina em
assistente no projeto social Orquestra do Amanhã, oferecido
Luisa Fernanda, esta última em uma coprodução entre o
pelo Instituto Baccarelli na comunidade de Heliópolis,
Teatro Teresa Carreño, o Teatro Real de Madrid e a
São Paulo, e artista residente no II Festival de Verão
Maestro Eleazar de Carvalho, na cidade de Itu.
FOTO LUIS CORONA
FOTO MARIANA GARCIA
MARCUS JULIUS
LANDER
Integrou ainda a Orquestra Acadêmica da Cidade de
MARIANA
ORTIZ
Fundação SaludArte, sob direção de Pablo Mielgo.
Em seu repertório estão ainda A Criação de Haydn,
Carmina Burana de Orff, Requiem de Fauré, Sinfonia nº 2
Marcus foi bolsista de importantes festivais brasileiros,
como o Internacional de Campos do Jordão e o Música
Considerada uma das melhores vozes
de Mahler e a Nona Sinfonia de Beethoven. Interpretou
Universidade Estadual Paulista, na
nas Montanhas, em Poços de Caldas. Participou de
venezuelanas de sua geração, Mariana
também Canções Negras de Montsalvatge.
classe do professor Sérgio Burgani,
masterclasses com renomados clarinetistas internacionais,
Ortiz estudou canto no Conservatório de
Marcus Julius iniciou seus estudos em
como Paul Meyer, Michael Collins, Munfred Pries, François
Música do Estado de Aragua com Lola
Mariana Ortiz apresentou-se em importantes salas, como
1996 com Edmilson Nery na Escola
Benda, Donald Montanaro e Michael Norsworthy.
Linares. Fez licenciatura em Educação
o Teatro Teresa Carreño, em Caracas, Thèatre des Champs
Musical na Universidade de Carabobo
Elysées, Paris, Staatsoper, Berlim, Thèatre de la Monnaie,
Bacharel em Clarinete pela
Municipal de Música de São Paulo.
Foi também aluno de Luis Afonso
Vencedor do Prêmio Isolisti (Brasil), na categoria Música
e obteve um master degree em Canto
Bruxelas, Royal Danish Opera da Dinamarca, Palácio
“Montanha” no curso de difusão da
Instrumental Erudita, retornou ao Brasil em 2009 e fixou
no Koninklijk Conservatorium Brussel,
das Artes, Belo Horizonte, Hollywood Bowl, Los Angeles,
Escola de Comunicação e Artes da
residência em Belo Horizonte, onde integra a Orquestra
Bélgica. Estudos de aperfeiçoamento
cantando sob a batuta de reconhecidos maestros, como
Universidade de São Paulo em 2001.
Filarmônica de Minas Gerais. Na Filarmônica, inicialmente
foram feitos com os maestros Isabel
Gustavo Dudamel, Diego Matheuz, Christian Vásquez,
Agraciado com uma bolsa de estudos
atuou na função de Principal Assistente e em outubro de
Palacios (Venezuela), Mirella Freni e
Renè Jacobs, Simon Rattle, Lars Ulrik Mortensens,
por mérito no The Boston Conservatory,
2012 passou a Clarinete Principal.
Vittorio Terranova, entre outros.
Roberto Tibiriçá, Manuel Hernández Silva, Andrés Orozco
Estrada, José Luis Rodilla, Rafael Frühbeck de Burgos,
Estados Unidos, cursou parte de
seu mestrado na classe do professor
No âmbito internacional, Marcus participou de concursos e
Entre os papéis que interpretou estão
Jonathan Cohler no ano de 2008.
audições nos Estados Unidos e França. Em viagens à China,
Proserpina e Messagera em L’Orfeo
foi artista residente no 8º Festival Internacional de Clarinete
de Monteverdi; Mimi e Musette, em
Por sua interpretação de Manuela Saenz, na ópera
e Saxofone de Nan Ning em 2010, no Festival Internacional de
La Bohème de Puccini; Comtessa, em
Bolívar, de Darius Milhaud, recebeu excelente crítica da
Banda Sinfônica Jovem do Estado
Clarinetes de Pequim em 2014 — cujo Concerto de Gala se deu
As bodas de Fígaro de Mozart; Donna
revista francesa Opera Magazine: “A revelação é, no entanto,
de São Paulo e como chefe de naipe
no anfiteatro da Cidade Proibida — e, em 2015, foi professor
Anna, em Don Giovanni de Mozart;
o canto luminoso e frutado de Mariana Ortiz, capaz de
das orquestras Jovem de Guarulhos,
palestrante nos conservatórios de Shenyang e Tai-Yuan.
Micaela, em Carmen de Bizet; Violeta
pianíssimos encantadores e de amplos agudos, e que
Valery, em La Traviata de Verdi; Gilda,
empresta sua beleza e seu engajamento a Manuela,
em Rigoletto de Verdi; Fiordiligi em
última companheira do Libertador”.
O clarinetista atuou como spalla na
do Instituto Baccarelli e da Sinfônica
Jovem do Estado de São Paulo.
86
FORA DE SÉRIE 10 DE DEZEMBRO
Marcus Julius Lander é artista Gao Royal e D’addario Woodwinds.
Helmuth Rilling, Evelino Pidò.
87
FORA DE SÉRIE 10 DE DEZEMBRO
Florença de Rota, em São Paulo. Em 2007, representou
o Brasil no renomado concurso internacional de canto
BBC Cardiff Singer of the World Competition.
Durante os últimos anos, Luciano vem formando uma sólida
carreira internacional e, recentemente, interpretou Giacomo,
em La donna del Lago de Rossini, no Teatheran der Wien
e no Grand Theatre du Geneve. Também foi Elvino, em
de Gluck, em Stuttgart Staatstheatre. Conde Almaviva,
FOTO ROB MOORE
LUCIANO
BOTELHO
em O barbeiro de Sevilha de Rossini, no Royal Opera House,
Londres. Conde de Chalais, em Maria di Rohan de Donizetti,
no Caramoor Festival, em Nova York. Em Genebra e Nantes,
FOTO CASSIANO GRANDI
La Sonnambula de Bellini, e Orphée, em Orphée et Euridice
SAULO
JAVAN
cantou o papel título em Conde Ory de Rossini. Foi Ramiro
Luciano Botelho é graduado em Canto
em Glyndebourne, Nancy e Malmo. Nemorino, em L’elisir
pela Unirio e em Música Sacra pelo
d’Amore de Donizetti, em Dijon e na English National Opera.
Saulo Javan apresentou-se
Don Bartolo em O barbeiro de Sevilha. Dulcamara, em
STBSB. Obteve, em 2006, o mestrado
Giannetto, em La gazzaladra de Rossini, na Opera de Massy.
recentemente com a Orquestra
L’elisir d’Amore, ele interpretou no Teatro da Paz, em Belém,
em performance e o Curso de Ópera, na
Gennaro, em Lucrezia Borgia de Donizetti, em Varsóvia.
Sinfônica do Estado de São Paulo
no Theatro São Pedro, em São Paulo, e no Theatro Carlos
Guildhall School of Music and Drama,
Leicester, em Maria Stuarda de Donizetti, em Manheim.
(Osesp) e gravou com a orquestra,
Gomes de Vitória. Apresentou-se na estreia nacional da
como bolsista da Fundação Vitae,
Ferrando, em Così fan tutte de Mozart, no Festival de Verbier.
sob regência de Isaac Karabtchevsky,
ópera Dulcineia e Trancoso de Eli-Eri Gomes, no papel de
complementando seus estudos na
Percy, em Anna Bolena de Donizetti, com a English Touring
a Décima Sinfonia de Villa-Lobos.
Bozo, no XII Festival Virtuosi de Recife.
Cardiff International Academy of Voice.
Opera. E também foi Tonio, em La fille du regiment de
Interpretou Padre José na ópera
Donizetti, no Holland Park.
Magdalena de Villa-Lobos, no Theatro
Javan cantou na ópera Salomé de Richard Strauss com
Municipal de São Paulo, e integrou o
a Osesp e na Petite Messe Solennelle de Rossini, sob
O tenor fez sua estreia na cena lírica
interpretando o papel de Tamino, em
No Brasil, o tenor se apresentou nas principais casas de
elenco da Cia. Brasileira de Ópera,
a regência de Naomi Munakata, na Sala São Paulo.
A Flauta Mágica de Mozart, no
ópera, cantando Nadir, em Les pêcheurs des perles de Bizet;
sob direção de John Neschling, no
Foi solista do concerto inaugural da Orquestra do Theatro
V Festival Amazonas de Ópera.
Nemorino e Tamino, além de Tebaldo, em I Capuleti e
papel de D. Bartolo na ópera O barbeiro
São Pedro e nesse mesmo teatro interpretou Simone em
Em outras edições do mesmo festival
I Montecchi de Bellini, no Theatro Municipal do Rio de
de Sevilha de Rossini, em turnê por
Gianni Schicchi de Puccini.
também foi Don Ottavio em Don Giovanni
Janeiro. No Palácio das Artes, em Belo Horizonte, cantou
todo o Brasil. Interpretou também
de Mozart, Ramiro em La Cenerentola
Fenton, em Falstaff de Verdi. E no Teatro da Paz, em Belém,
Trulove, em The Rake's Progress de
Em apresentações anteriores, Javan interpretou Salieri na
de Rossini, e Conde Almaviva em
viveu Tamino. No Theatro Municipal de São Paulo destacam-
Stravinsky, no Theatro Municipal de
ópera Mozart e Salieri de Rimsky-Korsakov, O Franco-atirador
O barbeiro de Sevilha de Rossini.
se suas apresentações no papel título de Orfeo de Monteverdi,
São Paulo. Ramphis, em Aida de Verdi,
de Weber, Don Giovanni de Mozart e Alcina de Haendel em
Em 2003 foi aclamado pela crítica
Fadinard e Tybalt, em Romeu e Julieta de Gounod. Além disso,
em Aracaju, sob direção de Guilherme
estreia brasileira.
brasileira como “um dos maiores
Luciano participou de concertos com a Osesp, Orquestra
Mannis. No Theatro São Pedro, em
talentos do país” por sua interpretação
Petrobrás Sinfônica, Orquestra de Câmara do Amazonas,
São Paulo, viveu o papel título da
Saulo Javan foi o vencedor do XIX Concurso Nacional de
de Fadinard em O Chapéu de Palha de
Amazonas Filarmônica e Orquestra Sinfônica da USP.
ópera Don Pasquale de Donizetti e
Canto Heitor Villa-Lobos, em Araçatuba, SP, em 2002.
88
FORA DE SÉRIE 10 DE DEZEMBRO
89
VEJA A BIOGRAFIA DE LUISA FRANCESCONI NA PÁGINA 64
FORA DE SÉRIE 10 DE DEZEMBRO
A CLEMÊNCIA DE TITO,
K. 621: ABERTURA
Viena, 1791 | 5 min
2 flautas, 2 oboés, 2 clarinetes,
2 fagotes, 2 trompas, 2 trompetes,
tímpanos, cordas.
CONCERTO PARA CLARINETE
EM LÁ MAIOR, K. 622
Viena, 1791 | 29 min
2 flautas, 2 fagotes,
2 trompas, cordas.
REQUIEM, K. 626
Viena, 1791 | 48 min
É
curioso que a missa mais famosa de Mozart,
Depreende-se, de uma carta de
e uma das suas obras mais celebradas, não
Süssmayr aos editores Breitkopf &
tenha sido totalmente composta por ele. Hoje,
o mistério que a literatura (incluindo a História)
soube pintar com muita tinta sobre o Requiem K. 626 está
quase todo esclarecido. A história do Requiem, embora
Mozart em seus
últimos anos de vida.
Pintura de Johann
Georg Edlinger.
Härtel, datada de fevereiro de 1800,
até onde vão os originais de Mozart:
o Requiem e o Kyrie são integralmente
de Mozart; das cinco primeiras partes
romanesca, é simples: em julho de 1791, quando ainda
da Sequentia, Mozart compôs as
trabalhava n’A Flauta Mágica, Mozart recebeu a encomenda
partes vocais, deixou o baixo cifrado e
de compor uma missa de réquiem. Uma vez composta, a
algumas diretrizes para a orquestração.
2 fagotes, 2 trompetes, 3 trombones,
obra deveria ser entregue a um emissário. O compositor
As últimas partes da Sequentia também
2 corni di basseto, tímpanos, cordas.
estava livre para compô-la como bem entendesse, mas
são de Mozart, até o oitavo compasso,
não deveria jamais procurar saber o nome de quem a
onde se ouve “judicandus homo
encomendara. Após a morte de Mozart, soube-se que o autor
reus”; todo o resto é de Süssmayr.
da encomenda era o Conde de Walsegg sur Stuppach, que
Mozart esboçou as duas partes do
era um falsário: encomendava secretamente, pagando bom
Ofertório, mas a orquestração é toda de
preço, obras que fazia executar como suas.
Süssmayr. Sanctus, Benedictus e Agnus
Dei foram compostos por Süssmayr,
Antes de ir a Praga, para assistir ao doloroso fracasso da
que afirma ter repetido a fuga do Kyrie
première de A Clemência de Tito, Mozart já havia começado
na parte final para dar maior coesão
a compor o Requiem. Pode-se concluir, portanto, que ele
à obra. Sabe-se, porém, que essa
trabalhou nessa obra de forma intermitente, entre julho
repetição teria sido determinada
e novembro de 1791. Quando ele morreu, em cinco de
pelo próprio Mozart.
dezembro, a obra ainda estava incompleta. Dois meses
90
FORA DE SÉRIE 10 DE DEZEMBRO
depois da sua morte, Constanze, sua viúva, remeteu ao
A orquestração do Requiem é um
emissário do conde de Walsegg a partitura completa de
caso à parte: mesmo nos trechos
uma missa de réquiem. O fato é que, em dezembro de
orquestrados por Mozart, predominam
1791, ela havia pedido ao mestre de capela Joseph Eybler,
os timbres escuros: não há oboés,
por quem Mozart tinha grande consideração, o favor de
flautas ou trompas, e a indicação
completá-la. Após algumas tentativas, Eybler desistiu da
original na parte dos clarinetes é para
empresa. Aparentemente, Constanze recorreu a vários outros
um par de cors de basset, da família
compositores antes de finalmente conferir a tarefa a Franz
dos clarinetes, mas com timbre um
Xaver Süssmayr, discípulo de Mozart.
pouco mais grave.
91
FORA DE SÉRIE 10 DE DEZEMBRO
Litografia de Eduard
Friedrich Leybold,
sobre imagem de
Franz Schramms,
retrata os últimos
dias de Mozart.
A despeito da intervenção de
A Clemência de Tito é uma opera seria,
Süssmayr, nota-se, porém, na
com libretto de Catterino Mazzolà
estrutura da obra, uma organização
(baseado em outro libreto, de
claramente mozartiana: a divisão
Metastasio), que trata da vida de Tito,
musical do texto, principalmente na
imperador romano. A despeito do
Sequentia, com seus claros e grandes
fracasso que foi sua estreia em Praga,
contrastes, mostra, para abordar uma
a seis de setembro, alcançou grande
mínima parte, o aspecto dramático que
popularidade após a morte de Mozart.
Já é conhecida a predileção de Mozart
orquestral. É dispensável dizer que
permeia a música de Mozart, em cada
Sua Abertura segue alguns padrões
pelo clarinete, instrumento nascido no
Mozart explora, nessa obra, os recursos
uma de suas inflexões e em cada
consagrados pela ópera clássica, em
século XVIII. Para ele, Mozart fez duas
do instrumento. Mais importante
elemento constitutivo.
que os elementos temáticos que mais
obras definitivas: o quinteto, K. 581, e
seria ressaltar o lirismo do segundo
tarde tomarão lugar no drama já são
o concerto, K. 622.
movimento, em que Mozart faz cantar o
A partir de 1970 foram feitas várias
insinuados, e elaborados, de forma a
novas tentativas de se completarem os
introduzir o perfil dramático do enredo.
esboços do Requiem. A mais célebre,
clarinete como nunca antes e raramente
Desse concerto não nos chegou
depois! Para este concerto, Mozart
nenhum manuscrito. A única pista
não compôs as cadências. Isso não
porém, a mais executada e a mais
No entanto, há que se destacar a
de sua origem, além da sua primeira
era fato raro no século XVIII, mas, via
aceita é mesmo a versão de Süssmayr.
semelhança entre os materiais e os
edição, feita depois da morte de
de regra, os concertos eram executados
tratamentos temáticos desta Abertura
Mozart, é um fragmento, na caligrafia
pelos próprios compositores. Deixando
O ano da morte de Mozart foi um
e os da última sinfonia do compositor.
de Mozart (K. 584b / 621b), muito
a cargo de Stadler as cadências,
período de trabalho vário e árduo:
Coincidência ou não, o ouvinte
similar a um trecho do concerto para
Mozart revela não apenas a confiança
além do Requiem, são de 1791
familiarizado com a música de Mozart
clarinete propriamente dito.
que depunha no executante, mas,
A Flauta Mágica e A Clemência de
há de perceber claramente elementos do
Tito, o Concerto para clarinete, a
primeiro tema da Sinfonia nº 41, “Júpiter”
Composto para o notório clarinetista
mesmo no Classicismo, para as
cantata maçônica O Elogio da Amizade
K. 551 e certas modulações que aí são
Anton Stadler, que o estreou em
possibilidades de uma obra aberta.
K. 623, o moteto Ave Verum Corpus
aspecto característico. Além disso, na
Praga, em outubro de 1791, esse
K. 618, além de alguma música
forma, embora superficialmente ela se
concerto é a sua última obra puramente
ligeira. Essa capacidade de trabalho,
assemelhe muito a outras aberturas de
instrumental. Embora siga a forma
mesmo em meio à adversidade
Mozart, em profundidade nota-se uma
e a estrutura do concerto clássico,
pessoal e financeira, isso sim é
aproximação com a forma sonata, o que
é de se notar a delicadeza com que,
professor da Universidade do Estado de Minas
um assombroso mistério!
por si só é fato raro na música dramática.
aqui, o solista dialoga com o grupo
Gerais e da Fundação de Educação Artística.
92
FORA DE SÉRIE 10 DE DEZEMBRO
numa visão moderna, abre as portas,
MOACYR LATERZA FILHO Pianista e cravista,
Doutor em Literaturas de Língua Portuguesa,
93
para
ASSISTIR E OUVIR
1 — MENINO PRODÍGIO
La finta semplice
Orquestra de Câmara San Giorgio –
Andrea Fornaciari, regente.
Acesse: fil.mg/mfinta
CD Mozart – La Finta Semplice – Carl
Philipp Emmanuel Bach Kammerorchester –
Peter Schreier, regente – Phillips – 1991
Sinfonia nº 1
Orquestra Acadêmica de São Francisco –
Andrei Gorbatenko, regente.
Acesse: fil.mg/msinf1
CD Mozart – Complete Symphonies –
Academy of Saint Martin in the Fields –
Neville Marriner, regente – Phillips – 1996
Concerto para piano nº 1
Orquestra Sinfônica do Japão Shinsei –
Rudolf Barshai, regente – Sviatoslav Richter,
piano. Acesse: fil.mg/mpiano1
CD W. A. Mozart – The Piano Concertos –
English Chamber Orchestra – Jeffrey Tate,
regente – Mitsuko Uchida, piano – Philips –
2006 (8 CDs)
VINIL Mozart – The Complete Piano
Concertos – Academica Wien; Orquestra
Sinfônica de Londres – Eduard Melkus;
Alceo Galliera; Witold Rowicki; Colin Davis,
regentes – Ingrid Haebler, piano – Capella
Phillips – 1978
Divertimento nº 1
Orquestra de Câmara Carl Philipp
Emanuel Bach – Hartmut Haenchen, regente.
Acesse: fil.mg/mdivertimento1
94
CD Mozart – The complete Mozart
Divertimenti – New York Philomusica – NY
Philomusica – 2002
Cassação nº 1
Orquestra de Câmara de Stuttgart –
Wolfram Christ, regente.
Acesse: fil.mg/mcassacao1
CD Mozart – Cassations K. 63, 99 e
100 – Salzburg Chamber Orchestra – Harald
Nerat, regente – Naxos – 1994
2 — CONCERTOS
Concerto para trompa nº 2
Orquestra RTSI - Neville Marriner,
regente – Patrick Gallois, flauta – Fabrice
Pierre, harpa. Acesse: fil.mg/mflautaharpa
CD Mozart – Flute Concertos no. 1
and 2; Concerto for Flute and Harp –
Swedish Chamber Orchestra – Patrick
Gallois, regente / flauta – Fabrice Pune,
harpa – Naxos, Estados Unidos – 2004
3 — TUDO EM FAMÍLIA
A viagem musical de trenó
A viagem musical de trenó – Grupo
Eduard Melkus. Acesse: fil.mg/mtreno
Orquestra de Câmara de Mito – Seiji
Ozawa, regente – Radek Baborák, trompa.
Acesse fil.mg/mtrompa2a e fil.mg/mtrompa2b
Concerto para trombone
CD Mozart – Concertos para Trompa –
Orquestra Philharmonia de Londres – Herbert
von Karajan, regente – Dennis Brain, trompa –
EMI Records – 1953 (remasterização 1997,
Inglaterra)
CD Concerto Brasileiro – Leopold Mozart
– Concerto para Trombone e Orquestra –
Camerata Brasílica – Radegundis Feitosa,
trombone – CPC-UMES, São Paulo – 2002
Concerto para fagote
Orquestra da Suíça Romanda – Gilbert
Audin, fagote. Acesse: fil.mg/mfagote
CD Mozart – Concertos para clarinete,
oboé e fagote – Wiener Philharmoniker –
Karl Böhm, regente – Alfred Prinz, clarinete –
Gerhard Turetschek, oboé – Dietman Zeman,
fagote – Deutsche Grammophon Collection,
1975 – Ediciones Altaya, Barcelona, 1999 –
Edição Brasileira, Manaus, 1999
Concerto para flauta e harpa
CD W. A. Mozart – Airs de concert –
Orchestre de l’Opéra de Lyon – Theodor
Guschlbauer, regente – Natalie Dessay,
soprano – EMI Records Ltd, 2005 – EMI
Music França, 1995
No, no, che non sei capace
Les Ambassadeurs – Alexis Kossenko,
regente – Sabine Devieilhe, soprano.
Acesse: fil.mg/mcapace
Concerto para dois pianos
Daniel Barenboim, regente – Vladimir
Ashkenazy e Daniel Barenboim, pianos.
Acesse: fil.mg/mdoispianos
CD W. A. Mozart – Complete Piano
Concertos – vol. 10 – Concertus Hungaricus –
Mátyas Antal, regente – Jenö Jandó, piano –
Dénes Várjon, piano – Naxos, Alemanha – 1991
Ricardo Mollá, trombone.
Acesse: fil.mg/mtrombone
4 — SINFONIAS
CD Mozart – Complete Symphonies
Sinfonia dos Brinquedos
– Academy of Saint Martin in the Fields –
Neville Marriner, regente – Phillips – 1996
Denis Stevens, regente – Orquestra da
BBC de Londres. Acesse: fil.mg/mbrinquedos
Sinfonia nº 31
CD Leopold Mozart – Toy Symphony;
New Lambach and others symphonies –
Toronto Chamber Orchestra – Kevin Mallon,
regente – Naxos, Alemanha – 2008
Mia speranza adorata
Les Ambassadeurs – Alexis Kossenko,
regente – Sabine Devieilhe, soprano.
Acesse: fil.mg/msperanza
Filarmônica de Viena – Karl Böhm,
regente. Acesse: fil.mg/msinf31
Sinfonia nº 34
Filarmônica de Viena – Karl Böhm,
regente. Acesse: fil.mg/msinf34
Sinfonia nº 40
Orquestra do Século XVIII – Frans
Brüggen, regente. Acesse: fil.mg/msinf40
95
para
ASSISTIR E OUVIR
5 — RIVAIS E CONTEMPORÂNEOS
O rapto do serralho
DVD Mozart na Turquia: O Rapto no
Harém – Orquestra de Câmara Escocesa –
Charles Mackerras, regente – Paul Groves,
tenor – Yelda Kodalli, soprano – Magnus
Opus, Brasil – 2010 (Filmado no Palácio
de Topkapi, Turquia, 2000, Antelope Films)
Orquestra do Maggio Musicale de
Florença – Zubin Mehta, regente.
Acesse: fil.mg/mserralho
Il giorno onomastico
CD Antonio Salieri – Il Giorno
Onomastico; Sinfonia Veneziana; Variazione
Sull’aria La Follia di Spagna – Orquestra
Sinfônica de Londres – Zoltan Pesko,
regente – Columbia – 2005.
ÁUDIO Salieri – Il giorno onomastico
London Mozart Players – Matthias Bamert,
regente. Acesse: fil.mg/sonomastico
Concerto para oboé
Orquestra de Câmara da Cidade de
Hong-Kong – Jean Thorel, regente – François
Leleux, oboé. Acesse: fil.mg/coboe
CD The Oboe: Concertos by Bellini,
Cimarosa, Donizetti, Dittersdorf e Salieri –
Orquestra Sinfônica de Bamberg; Camerata
de Berna – Thomas Furi; Peter Maag,
regentes – Heinz Holliger, oboé –
Deutsche Grammophon – 2007
CD W. A. Mozart – Symphonies nos. 34,
35 (Haffner) and 39 – Capella Istropolitana,
Bratislava – Barry Wordsworth, regente –
Naxos, Alemanha – 1988
6 — ÓPERA
Così fan tutte
DVD Mozart – Così fan tutte – Wiener
Philharmoniker – Adam Fisher, regente
– Miah Persson, Isabel Leonard, Florian
Boesch, Topi Lehtipuu, Patricia Petibon,
Bo Skovhus, solistas – ORF, Áustria – 2010
Orquestra Estatal da Ópera de Viena –
Riccardo Muti, regente. Acesse: fil.mg/mcosi1
(Ato I) e fil.mg/mcosi2 (Ato II)
7 — MÚSICA INCIDENTAL
Contradanças
CD W. A. Mozart – The Dances &
Marches – Complete Mozart Edition, vol. 3 –
Wiener Mozart Ensemble – Willi Boskovsky,
regente – Philips – 2006
VINIL W. A. Mozart – Marcha KV. 335;
Cinco Contradanças KV. 609 – Orquestra
Pro-Arte de Munique – Kurt Redel, regente –
Erato – 1975
ÁUDIO Contradanças – Wiener Mozart
Ensemble – Willi Boskovsky, regente.
Acesse: fil.mg/mcontradancas
Sinfonia nº 39
Idomeneo
Orquestra de Câmara da Europa –
Nicolaus Harnoncourt, regente.
Acesse: fil.mg/msinf39
Orquestra Sinfônica da Rádio e Televisão
Espanhola – Ignacio García Vidal, regente.
Acesse: fil.mg/midomeneo
96
DVD W. A. Mozart – Idomeneo
Kv. 366 –The Metropolitan Orchestra
and Chorus – James Levine, regente –
Luciano Pavarotti, tenor – Hildegard
Behrens, soprano – Deutsche Grammophon,
Estados Unidos – 2006
Tamos, Rei do Egito
CD W. A. Mozart – Thamos, king of
Egypt – English Baroque Soloists; Monteverdi
Chorus – John Eliot Gardner, regente –
Polygram, Reino Unido – 2008
Serenata nº 9
Orquestra Sinfônica da Rádio da
Baviera – Colin Davis, regente.
Acesse: fil.mg/mserenata9
9 — ÚLTIMO CAPÍTULO
A Clemência de Tito
Orquestra da Ópera de Zurich – Franz
Welser-Möst, regente. Acesse: fil.mg/mtito
ÁUDIO Tamos, Rei do Egito – Orquestra
Sinfônica de Londres – Peter Maag, regente.
Acesse: fil.mg/mtamos
CD Wolfgang Amadeus Mozart –
La Clemenza di Tito – Orquestra e Coro da
Ópera de Zurique – Nikolaus Harnoncourt,
regente – Teldec – 1993
Les Petits Riens
Concerto para clarinete
Orquestra da Rádio e Televisão da
Suíça Italiana – Ricardo Correa, regente.
Acesse: fil.mg/mriens
Orquestra Filarmônica Tcheca – Manfred
Honeck, regente – Sharon Kam, clarinete.
Acesse: fil.mg/mclarinete
CD W. A. Mozart – Les Petits Riens;
German Dances; Marches; Minuets –
Symphony Nova Scotia – Georg Tintner,
regente – Naxos, Estados Unidos – 2004
CD Mozart, Weber & Spohr – Clarinet
Concertos – Orquestra Sinfônica de Londres –
Colin Davis; Peter Maag, regentes – Gervase
de Peyer, clarinete – London – 2005
8 — NA CORTE
CD Mozart – Serenades – Academy of
Saint Martin in the Fields – Neville Marriner,
regente – Phillips – 1995
Uma brincadeira musical
ÁUDIO Brincadeira – Intérpretes não
identificados. Acesse: fil.mg/mbrincadeira
Requiem
Sinfônica de Viena – Karl Böhm, regente.
Acesse: fil.mg/mrequiem
CD Wolfgang Amadeus Mozart –
Requiem – Orquestra Filarmônica de Viena
– Coro da Ópera Estatal de Viena –
Karl Böhm, regente – Edith Mathis, Julia
Hamari, Wieslaw Ochman, Karl Riederbusch,
solistas – Deutsche Grammophon – 1985
Serenata nº 6
Filarmônica de Viena – Karl Böhm,
regente. Acesse: fil.mg/mserenata6
97
para
VISITAR
Legendas das imagens
www.mozart.com
PÁGINAS 10 E 11
www.mozartproject.org
Primeira página do manuscrito
da Sinfonia Júpiter, K. 551.
PÁGINAS 13 E 37
para
Mapas das viagens de Mozart desenhados
a partir do livro de Jean-Victor Hocquard,
Mozart, Coleção Solfèges, vol. 8,
Éditions du Seuil, 1958.
LER
Muito se escreveu sobre Mozart. As indicações procuram contemplar os livros mais
recomendados, mesmo que alguns só estejam disponíveis em sebos ou bibliotecas.
PÁGINA 20
The boy Mozart. Autor anônimo,
possivelmente Pietro Antonio Lorenzoni.
PÁGINA 28
Mozart. Pintura de Burchard Dubeck.
C. M. Girdlestone – Mozart et ses Concertos
Henri Ghéon – Promenades avec Mozart –
pour piano – Desclée de Brouwer – 1953
Desclée de Brower – 1988
PÁGINA 39
Família Mozart. Pintura de
Johann Nepomuk della Croce.
Camille Bellaigue – Mozart – Coleção
Kurt Pahlen – Mozart, crônica de vida
Les Musiciens Célèbres – Henri Laurens
e obra – Dante Pignatari, tradução –
Éditeur – 1935
Ed. Melhoramentos – 1991
Cliff Eisen (org.) – Wolfgang Amadeus
Norbert Elias – Mozart, sociologia de um
Mozart: a life in letters – Versão inglesa de
gênio – Sérgio Goes de Paula, tradução –
Stewart Spencer – Penguin Classics – 2007
Jorge Zahar Ed. – 1994
François-René Tranchefort – Guia da Música
Olívio Tavares de Araújo – Procurar Mozart –
Sinfônica – Nova Fronteira – 1990
Métron/Editora Síntese – 1991
Cartaz da estreia de Così fan tutte no
Burgtheater, em Viena, em 1790.
H. C. Robbins Landon – 1791: o último ano
Richard Baker – Wolfgang Amadeus Mozart –
PÁGINA 72
de Mozart – Newton Goldman, tradução –
Marco Antônio Esteves da Rocha, tradução –
Mozart. Pintura de Barbara Krafft.
Nova Fronteira – 1990
Jorge Zahar Ed. – 1985
H. C. Robbins Landon (org.) – Mozart, um
Roland de Candé – História Universal da
compêndio. Guia completo da música e da
Música – Eduardo Brandão, tradução –
PÁGINA 84
vida de Wolfgang Amadeus Mozart – Mauro
Martins Fontes – 1994
Partitura do Requiem com entrada
do coro no início da obra.
Gama, Cláudia Martinelli Gama, tradução –
Jorge Zahar Ed. – 1996
Wolfgang Amadeus Mozart – Cartas Vienenses
– Gabor Aranyi, tradução –
Henri de Curzon – Vida de Mozart – Edite
Magarino Tôrres, tradução – Atena – 1959
98
Ed. Veredas – 2004
PÁGINA 46
Primeira página do manuscrito
da Sinfonia Paris, K. 297.
PÁGINA 52
Mozart. Autor desconhecido.
PÁGINA 60
PÁGINA 78
Mozart. Desenho de Doris Stock, 1789.
PÁGINA 99
Carta de Mozart a sua prima
Maria Anna Thekla, 1779.
99
Filarmônica online
WWW.FILARMONICA.ART.BR
Para apreciar
um concerto
CUMPRIMENTOS
APLAUSOS
Após o concerto, caso queira
Aplauda apenas no final das obras.
Bem-vindo(a) à Temporada 2016!
Nosso especial obrigado aos 114
cumprimentar os músicos e convidados,
Veja no programa o número de
Este ano, para ampliar sua
primeiros amigos da filarmônica.
dirija-se à Sala de Recepções.
movimentos de cada uma e fique de
experiência de concerto dentro e
Vocês tornaram possível a
fora da Sala Minas Gerais, propomos
arrecadação inicial, já depositada,
utilizar um meio mais ágil de
de R$ 138.548,11, muito importantes
ESTACIONAMENTO
comunicação entre nós: a área do
para o orçamento anual do
Para seu conforto e segurança, a
CONVERSA
assinante, a página de nosso site
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Sala Minas Gerais possui estacionamento,
A experiência do concerto inclui o encontro
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de R$ 15 para o período do concerto.
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que é dedicada a você. Ela está
olho na atitude e gestos do regente.
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longo do ano. Todos aqueles que
mas nunca converse ou faça comentários
assinaturas/area-do-assinante.
queiram participar são bem-vindos
durante a execução das obras. Lembre-se
Se preferir, você também pode
e imprescindíveis para a ampliação
PONTUALIDADE
continuar a entrar em contato com
da atuação de nossa Filarmônica.
Uma vez iniciado um concerto, qualquer
de que o silêncio é o espaço da música.
movimentação perturba a execução
a gente, de segunda a sexta, de 9h
a 18h, pelo telefone 3219-9009.
Seja como for, é sempre
um prazer atendê-lo.
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da obra. Seja pontual e respeite o
CRIANÇAS
e as formas de colaboração em
fechamento das portas após o terceiro
Caso esteja acompanhado por criança,
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sinal. Se tiver que trocar de lugar ou
escolha assentos próximos aos corredores.
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sair antes do final da apresentação,
Assim, você consegue sair rapidamente
aguarde o término de uma peça.
se ela se sentir desconfortável.
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e da plateia. Tente controlá-la com
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de concertos.
a ajuda de um lenço ou pastilha.
100
101
Orquestra
Filarmônica de
Minas Gerais
DIRETOR ARTÍSTICO E REGENTE TITULAR
GOVERNADOR DO ESTADO DE MINAS GERAIS
SECRETÁRIO DE ESTADO DE CULTURA DE MINAS GERAIS
Fabio Mechetti
Fernando Damata Pimentel
Angelo Oswaldo de Araújo Santos
REGENTE ASSOCIADO
VICE-GOVERNADOR DO ESTADO DE MINAS GERAIS
SECRETÁRIO ADJUNTO DE ESTADO DE CULTURA DE MINAS GERAIS
Marcos Arakaki
Antônio Andrade
João Batista Miguel
Instituto Cultural Filarmônica
(OSCIP – Organização da Sociedade Civil de Interesse Público – Lei 14.870 / Dez 2003)
PRIMEIROS VIOLINOS
Marcelo Nébias
FAGOTES
HARPA
Anthony Flint – Spalla
Nathan Medina
Catherine Carignan *
Giselle Boeters *
Rommel Fernandes – Spalla
Victor Morais ***
Associado
VIOLONCELOS
Andrew Huntriss
TECLADOS
Ara Harutyunyan – Spalla
Philip Hansen *
Francisco Silva
Ayumi Shigeta *
Assistente
Felix Drake ***
Ana Zivkovic
Camila Pacífico
TROMPAS
GERENTE
Arthur Vieira Terto
Camilla Ribeiro
Alma Maria Liebrecht *
Jussan Fernandes
Bojana Pantovic
Eduardo Swerts
Evgueni Gerassimov ***
Dante Bertolino
Emilia Neves
Gustavo Garcia Trindade
INSPETORA
Hyu-Kyung Jung
Eneko Aizpurua Pablo
José Francisco dos Santos
Karolina Lima
Joanna Bello
Lina Radovanovic
Lucas Filho
Matheus Braga
Robson Fonseca
Fabio Ogata
ASSISTENTE ADMINISTRATIVA
Roberta Arruda
Débora Vieira
Rodrigo Bustamante
CONTRABAIXOS
TROMPETES
Rodrigo M. Braga
Colin Chatfield *
Marlon Humphreys *
ARQUIVISTA
Rodrigo de Oliveira
Nilson Bellotto ***
Érico Fonseca **
Ana Lúcia Kobayashi
Marcelo Cunha
Daniel Leal ***
SEGUNDOS VIOLINOS
Marcos Lemes
Tássio Furtado
Frank Haemmer *
Pablo Guiñez
Leonidas Cáceres ***
Rossini Parucci
TROMBONES
Gideôni Loamir
Walace Mariano
Mark John Mulley *
Jovana Trifunovic
ASSISTENTES
Claudio Starlino
Jônatas Reis
Diego Ribeiro **
SUPERVISOR DE MONTAGEM
Rodrigo Castro
Luka Milanovic
FLAUTAS
Wagner Mayer ***
Martha de Moura Pacífico
Cássia Lima *
Renato Lisboa
Mateus Freire
Renata Xavier ***
Radmila Bocev
Alexandre Braga
TUBA
André Barbosa
Rodolfo Toffolo
Elena Suchkova
Eleilton Cruz *
Hélio Sardinha
MONTADORES
Tiago Ellwanger
Jeferson Silva
Valentina Gostilovitch
OBOÉS
TÍMPANOS
Klênio Carvalho
Alexandre Barros *
Patricio Hernández Pradenas *
Risbleiz Aguiar
VIOLAS
Ravi Shankar ***
João Carlos Ferreira *
Israel Muniz
PERCUSSÃO
Roberto Papi ***
Moisés Pena
Rafael Alberto *
Flávia Motta
Daniel Lemos ***
Gerry Varona
CLARINETES
Sérgio Aluotto
Gilberto Paganini
Marcus Julius Lander *
Werner Silveira
Juan Díaz
Jonatas Bueno ***
Katarzyna Druzd
Ney Franco
Luciano Gatelli
Alexandre Silva
Conselho
Administrativo
PRESIDENTE EMÉRITO
Jacques Schwartzman
PRESIDENTE
Roberto Mário Soares
CONSELHEIROS
Angela Gutierrez
Berenice Menegale
Bruno Volpini
Celina Szrvinsk
Fernando de Almeida
Ítalo Gaetani
Marco Antônio Pepino
Marcus Vinícius Salum
Mauricio Freire
Mauro Borges
Octávio Elísio
Paulo Brant
Sérgio Pena
Diretoria Executiva
DIRETOR PRESIDENTE
Diomar Silveira
DIRETOR ADMINISTRATIVOFINANCEIRO
Estêvão Fiuza
DIRETORA DE COMUNICAÇÃO
Jacqueline Guimarães Ferreira
DIRETORA DE MARKETING
E PROJETOS
DIRETOR DE OPERAÇÕES
ASSISTENTE DE MARKETING
AUXILIARES DE
Ivar Siewers
DE RELACIONAMENTO
SERVIÇOS GERAIS
Eularino Pereira
Ailda Conceição
Márcia Barbosa
DIRETOR DE PRODUÇÃO
MUSICAL
ASSISTENTE DE PRODUÇÃO
Kiko Ferreira
Rildo Lopez
Equipe Técnica
Equipe
Administrativa
GERENTE DE COMUNICAÇÃO
Merrina Godinho Delgado
Bruno Rodrigues
Serlon Souza
MENOR APRENDIZ
GERENTE ADMINISTRATIVOFINANCEIRA
GERENTE DE
MENSAGEIROS
Mirian Cibelle
Ana Lúcia Carvalho
Sala Minas Gerais
GERENTE DE
GERENTE DE
RECURSOS HUMANOS
INFRAESTRUTURA
Quézia Macedo Silva
Renato Bretas
ANALISTAS ADMINISTRATIVOS
GERENTE DE OPERAÇÕES
João Paulo de Oliveira
Jorge Correia
PRODUÇÃO MUSICAL
Claudia da Silva Guimarães
ASSESSORA DE
PROGRAMAÇÃO MUSICAL
Carolina Debrot
PRODUTORES
Paulo Baraldi
Luis Otávio Rezende
Narren Felipe
TÉCNICO DE
ANALISTA CONTÁBIL
ÁUDIO E ILUMINAÇÃO
Graziela Coelho
Mauro Rodrigues
Marciana Toledo (Publicidade)
SECRETÁRIA EXECUTIVA
TÉCNICO DE
Mariana Garcia (Multimídia)
Flaviana Mendes
ILUMINAÇÃO E ÁUDIO
ANALISTAS DE COMUNICAÇÃO
Renata Gibson (Design gráfico)
Renata Romeiro (Design gráfico)
Rafael Franca
ASSISTENTE ADMINISTRATIVA
Cristiane Reis
ASSISTENTE OPERACIONAL
Rodrigo Brandão
ANALISTA DE MARKETING
DE RELACIONAMENTO
ASSISTENTE DE
Mônica Moreira
RECURSOS HUMANOS
Vivian Figueiredo
FORA DE SÉRIE
ANALISTAS DE
MARKETING E PROJETOS
RECEPCIONISTA
Mozart 2016
Itamara Kelly
Lizonete Prates Siqueira
COORDENADORA
Mariana Theodorica
Zilka Caribé
DA EDIÇÃO Merrina
AUXILIAR ADMINISTRATIVO
Godinho Delgado
Pedro Almeida
EDIÇÃO DE TEXTO
Berenice Menegale
102
* PRINCIPAL
** PRINCIPAL ASSOCIADO
*** PRINCIPAL ASSISTENTE
**** PRINCIPAL / ASSISTENTE SUBSTITUTO
TIRAGEM DE 2.000 EXEMPLARES PRODUZIDA EM PAPEL IMUNE.
103
MANTENEDOR
APOIO CULTURAL
APOIO INSTITUCIONAL
DIVULGAÇÃO
REALIZAÇÃO
SALA MINAS GERAIS
Rua Tenente Brito Melo, 1.090 | Barro Preto | CEP 30.180-070 | Belo Horizonte - MG
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