Funcionamento da Zona Costeira
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Funcionamento da Zona Costeira
MUDANÇAS CLIMÁTICAS E OS IMPACTOS NA ZONA COSTEIRA Dra. Celia Regina de Gouveia Souza Pesquisadora Científica VI Instituto Geológico-SMA/SP Profa. Convidada do Programa de Pós-Graduação em Geografia Física da FFLCH-USP ([email protected]) 1 Mudanças Climáticas: O Que São? Os termos Mudanças do Clima, Alterações climáticas ou Mudanças Climáticas (globais) referem-se à variação do clima em escala global ou dos climas regionais da Terra ao longo do tempo (décadas até milhões de anos). Estas variações dizem respeito a mudanças de temperatura, precipitação, nebulosidade e outros fenômenos climáticos (concentrações de gases na atmosfera) em relação às médias históricas. Clima no Mundo 2 Mudanças Climáticas: Por Que? As mudanças climáticas são causadas por vários mecanismos: Forças externas: variações na atividade solar Forças internas: - variações na órbita da Terra (Ciclos de Milankovitch – eras glaciais) - atividades vulcânicas intensas e grandes eventos tectônicos (Tectônica de Placas e formação de cadeias montanhosas) Resultado da atividade humana Alteram correntes marinhas e atmosféricas, geleiras, glaciares 3 O Sol normalmente passa por ciclos de atividade de 11 anos. Em seu pico, ele tem uma atmosfera efervescente que lança chamas e "pedaços" gasosos super quentes do tamanho de pequenos planetas. Depois deste pico - período de calmaria (com ausência de manchas em sua superfície e diminuição de intensidade das labaredas e das tempestades solares). Em 2008 esperava-se que o sol voltasse a esquentar, depois de uma temporada de calmaria. Entretanto, em setembro/2009 a pressão do vento solar (a corrente de partículas carregadas que atinge a atmosfera terrestre e impulsiona os raios cósmicos em direção aos limites do sistema planetário) chegou ao seu nível mais baixo em 50 anos (caiu 20% desde meados da década de 1990), as emissões radiológicas são as mais baixas dos últimos 55 anos e as atividades de manchas solares são as mais baixas dos últimos 100 anos. Atividade Solar Em meados do século 17, um desses períodos de calmaria durou 70 anos - a “pequena idade ou era do gelo”. Por isso, alguns especialistas sugerem que um esfriamento semelhante do sol poderia compensar os efeitos das mudanças climáticas. 4 Mudanças Climáticas – Pequena Idade do Gelo (1450-1890) 5 Tectônica de Placas 6 Atividades Vulcânicas (Gases de Efeito Estufa) Ciclos de Milankovitch (Glaciações Quaternárias) • Variações na excentricidade da órbita da Terra à volta do Sol (100 mil anos). • Alterações na inclinação da Terra – obliquidade (ângulo formado pelo eixo com o plano da órbita terrestre) (21,8-24,4º a cada 40 mil anos). • Flutuação do eixo da Terra - precessão dos equinócios (21 mil anos - + frio). 7 Atividades Humanas 8 CO2 e os Gases de Efeito Estufa No século XIX o físico Arrhenius demonstrou que o gás carbônico (CO2) possui a propriedade de capturar e armazenar calor. A concentração atmosférica dos Gases de Efeito Estufa (não são poluentes!) - dióxido de carbono (CO2), metano (CH4) e óxido nitroso (N2O), associados ao vapor d' água condicionam o Balanço de Energia Planetária. Poluentes (Aerossóis): CO, SO2, O3, HC, N2O, material particulado 9 Efeito Estufa Efeito Estufa Natural - cobertor térmico impedindo o esfriamento da terra O aumento das concentrações antrópicas dos Gases de Efeito Estufa e dos Aerossóis na atmosfera provoca o Efeito Estufa Antrópico 10 CO2 em Números Várias mudanças climáticas globais ocorreram ao longo da história evolutiva planetária, estando intimamente associadas ao ciclo do carbono. Atualmente, os níveis dos gases de efeito estufa, presentes na atmosfera são os maiores dos últimos 42.000 anos. 80% do aquecimento global atual é devido a este gás. 33% mais CO2 existem hoje na atmosfera terrestre do que na época da revolução industrial (em 1850 a quantidade era de 270 ppm; hoje é de ~ 360 ppm). Período de residência na atmosfera é de até 200 anos 11 Gases de Estufa Principais Fontes Combustão de combustíveis fósseis: petróleo, gás natural, carvão, desflorestação (libertam CO2 quando queimadas ou cortadas). Dióxido de Carbono O CO2 é responsável por cerca de 64% do efeito estufa. (CO2) Anualmente são enviados cerca de 6 bilhões de toneladas de CO2 para a atmosfera. Tem um tempo de duração de 50 a 200 anos. Clorofluorcarbono (CFC) Metano (CH4) São usados em sprays, motores de aviões, plásticos e solventes utilizados na indústria electrónica. Responsável pela destruição da camada de ozônio. Também é responsável por cerca de 10% do efeito estufa. O tempo de duração é de 50 a 1700 anos. Produzido por campos de arroz, pelo gado e pelas lixeiras. É responsável por cerca de 19 % do efeito estufa. Tem um tempo de duração de 15 anos. Produzido pela combustão da madeira e de combustíveis Ácido nítrico (HNO3) fósseis, pela decomposição de fertilizantes químicos e por micróbios. É responsável por cerca de 6% do efeito estufa. Ozônio (O3) É originado através da poluição dos solos provocada pelas fábricas, refinarias de petróleo e veículos automóveis 12 Mudanças Climáticas no Passado Geológico 13 Mudanças Climáticas no Passado Geológico Terra: 4,5 bilhões de anos... Várias mudanças climáticas radicais. Longos períodos de clima estável foram sucedidos por Glaciações e estas, por períodos mais quentes e até sob Efeito-Estufa. Os períodos quentes ocasionaram até desertificações de amplas áreas continentais. Conseqüências biológicas das mudanças climáticas: extinção de muitas espécies e favorecimento de outras. 14 Tempo Geológico 15 Mudanças Climáticas no Passado Geológico 16 Mudanças Climáticas no Passado Geológico Glaciação Arqueana (há 2,7 bilhões de anos atrás) África do Sul (dúvidas em relação à origem glacial de rochas): não foram relacionadas às geleiras extensas. Glaciações Paleoproterozóicas (há 2,3 bilhões de anos atrás) América do Norte, Finlândia e Rússia (terrenos que se situavam próximos uns dos outros). Glaciações Neoproterozóicas: do “Planeta Bola-de-Neve” ao Efeito-Estufa Cambriano (há 1000 a 540 milhões de anos atrás) - Mais severa glaciação da história da Terra - Glaciação Varangeriana (Noruega - 650 a 600 milhões de anos). Vestígios: Antártida, África do Norte, China, Rússia, Suécia, Escócia, Svalbard, Namíbia, Argentina, Uruguai, Brasil, América do Norte e Austrália. - Quatro glaciações em regiões dispersas em continentes diferentes. - 17 Mudanças Climáticas do Passado Geológico Glaciações Paleozóicas (há 400 a 200 milhões de anos atrás) - Várias glaciações afetaram os continentes do hemisfério sul durante o Paleozóico (grandes eventos tectônicos – Supercontinente). Glaciações Quaternárias (há 2,5 milhões de anos a 10.000 anos atrás) • Glaciação de Günz - 700 mil anos A.P. • Glaciação Mindel - 500 mil anos A.P. • Glaciação Riss - 300 mil anos A.P. • Glaciação Würm - há cerca de 150 mil - 18 mil anos A.P. Consequentemente: períodos muito frios (glaciações) intercalados por períodos mais quentes (interglaciais ou pósglaciais), como o que estamos vivendo agora. A evolução do homem ocorreu durante estas mudanças climáticas quaternárias e a distribuição das espécies foi fortemente influenciada por elas. 18 Última Glaciação (18 mil anos AP) Glaciares Coberturas Atuais 19 Mudanças Climáticas nos Últimos Séculos (IPCC) 20 Mudanças Climáticas nos Últimos Séculos (IPCC) Aumento na Concentração de Gases de Efeito Estufa Aumento da Temperatura média do planeta (1850-2005): 0,76°C (a década de 90 foi a mais quente do século XX, talvez do milênio, sendo o ano de 1988 o que apresentou o maior pico de temperaturas globais) Aumento do NM médio - Século XX: 0,18m (1961-2003: 0,18m; 1993-2003: 0,31m) Diminuição da Cobertura de Gelo do Hemisfério Norte: 3% desde 1978 Aumento da freqüência dos Eventos de Precipitação Intensa (mais curtos) Aumento da freqüência de dias com Temperaturas Extremas nos últimos 50 anos (dias e noites mais quentes; ondas de calor) Aumento da intensidade de atividade de Ciclones Tropicais e Extratropicais desde 1970 21 Gases de Efeito Estufa (últimos 10 mil anos) 22 Mudanças Climáticas – Variações da T (900-1900) Pequena Idade do Gelo (1450-1890) 23 Variações T e NM (planeta), Coberturas de Gelo no Hemisfério Norte (1850-2000) 24 T (19002000) Continentes, Oceanos, Global (IPCC-2007) 25 Causas da Elevação do NM (1961-2003) (IPCC-2007) 26 Projeções Cenários para o Século 21 (IPCC) 27 Projeções Cenários T (Século 21) (IPCC-2007) 28 Projeções - Cenários T (2020-2029) (IPCC-2007) 29 Projeções Cenários Elevação do NM (Século 21) (NRC NRC,, 1987; IPCCIPCC-1990) 30 Projeções – T e NM (Século 21) (IPCC--2007) (IPCC ?? Pesquisadores britânicos: elevação do NM de até 1,5 m ! 31 Mudanças Climáticas Passado Geológico e Projeções Futuras?? T: ↑3-5o C NM: ↑4-10 m NM: ↓130 m 32 Projeções – Precipitação (2090-2099) (IPCC-2007) 33 Elevação do NM e os Reservatórios de Água Cientistas calcularam o volume de água represado artificialmente desde 1900, em quase 30 mil reservatórios com capacidade nominal conhecida é de 10,8 mil quilômetros cúbicos, suficientes para reduzir a magnitude do nível global do mar em 3 centímetros (0,03m). Nos últimos 50 anos a diminuição no nível global do mar devido aos reservatórios de água seria em média de 0,55 milímetro por ano. A conclusão é simples: se os reservatórios baixaram o nível do mar, a elevação promovida pelo derretimento de gelo no planeta foi maior do que se imaginava! Ou seja, o impacto do aquecimento global tem uma relevância ainda maior. 34 Projeções – Efeitos Inerciais IPCC (2001) 35 Aumentos de CO2 e T: Causas Antrópicas e Projeções Futuras (Folha São Paulo, 31/10/06) 36 Impactos das Mudanças Climáticas na Zona Costeira 37 Definição de Zona Costeira 38 Definição de Zona Costeira É o “espaço” ou zona de transição no qual os ambientes terrestres são afetados e influenciam os marinhos e vice-versa, sendo a interface entre mar/terra/ar (vários autores). Ecossistemas são altamente dinâmicos e controlados por variáveis e processos físicos, químicos, biológicos, climáticos e antrópicos, que interagem entre si de maneira complexa, estabelecendo um equilíbrio dinâmico (Souza, 1991). Processos oceanográficos, atmosféricos e terrestres são mais intensos e acelerados e acentuados (Walker, 1978 e outros). Sistemas costeiros dependem de uma variação de escalas de tempo (curtas flutuações: diárias, semanais e mensais; longo período: até milhares de anos), sendo os mais mutáveis ambientes da superfície do planeta. 39 Definição de Zona Costeira Incluem os seguintes ambientes (antigos/inativos e recentes/ativos): Praias Ambientes Transicionais (influência das marés): deltas, estuários, lagunas, manguezais, pântanos salgados, marismas, costões rochosos Planícies Costeiras Áreas Continentais influenciadas pelo Oceano: dunas, sistemas fluviais (distais), contrafortes da Serra do Mar, morros isolados Ambientes Marinhos: plataforma continental interna, recifes Ilhas e Parcéis 40 Definição/Funcionamento da Zona Costeira: Processos Físicos, Químicos, Biológicos (escalas local, regional e global) (LOICZ, 2006) 41 Funcionamento da Zona Costeira: Ciclo da Água e Água Subterrânea 42 Funcionamento da Zona Costeira: Ciclos do Oxigênio, Carbono, Nitrogênio, Fósforo 43 Funcionamento da Zona Costeira: Clima no Planeta – processos mais intensos e dinâmicos 44 Funcionamento da Zona Costeira: Circulação Atmosférica Global 45 Funcionamento da Zona Costeira: Correntes Oceânicas (T) 46 Funcionamento da Zona Costeira: Correntes Oceânicas (S) – Termohalina/Termoclina 47 Funcionamento da Zona Costeira: Correntes Oceânicas - Brasil 48 Funcionamento da Zona Costeira: Correntes Oceânicas – Ressurgência e Desertos Tropicais 49 Indonésia Peru Funcionamento da Zona Costeira: El Niño Fenômeno atmosférico-oceânico caracterizado pelo aquecimento anormal das águas superficiais do Oceano Pacífico Tropical, devido ao enfraquecimento dos ventos alísios e o aumento da temperatura da superfície do mar no Oceano Pacífico Equatorial Leste. Como conseqüência, ocorre uma diminuição das águas mais frias que afloram próximo à costa oeste da América do Sul (ressurgência). Afeta o clima regional e global, mudando os padrões de vento e os regimes de chuva em regiões tropicais e de médias latitudes. 50 Funcionamento da Zona Costeira: El Niño 51 Funcionamento da Zona Costeira: La Niña La Niña representa um fenômeno oceânico-atmosférico com características opostas ao El Niño. Caracteriza-se por um esfriamento anormal nas águas superficiais do Oceano Pacífico Equatorial Leste, causado pela intensificação dos ventos alísios. As águas adjacentes à costa oeste da América do Sul tornamse ainda mais frias devido à intensificação do movimento de ressurgência. Alguns dos impactos de La Niña tendem a ser opostos aos de El Niño, mas nem sempre uma região afetada pelo El Niño apresenta impactos significativos no tempo e clima devido à La Niña. 52 Funcionamento da Zona Costeira: El Niño – Modificações na Dinâmica de Circulação Costeira 53 Funcionamento da Zona Costeira: Praias - Dinâmica de Circulação Costeira (Ondas) 54 Funcionamento da Zona Costeira: Brisa Marítima/Terrestre 55 Funcionamento da Zona Costeira: Marés (elevações do NM de curto período) Quadratura sol Sizígia Sizígia Atração Lunar Atração Solar Quadratura Sizígia Quadratura Sizígia 56 Funcionamento da Zona Costeira: Regimes de Marés 57 Funcionamento da Zona Costeira: Costas dominadas por Ondas 58 Funcionamento da Zona Costeira: Clima no Mundo 59 Funcionamento da Zona Costeira: Circulação Atmosférica – Ciclones Tropicais/Furacões 60 Funcionamento da Zona Costeira: As Frentes Quando duas massas de ar se encontram, elas não se misturam: uma empurra a outra, de tal forma que aquela que avança com mais intensidade faz com que a outra retroceda, impondo a ela suas características, o seu tipo de tempo. A zona de contato entre duas massas de ar diferentes recebe o nome de Frente ou Superfície Frontal. FRENTES FRIAS Massa de ar frio avança, fazendo o ar quente recuar, Como a massa de ar frio é mais densa, ela obriga o ar quente a subir, provocando a formação de nuvens. As frentes frias rápidas provocam precipitação do tipo pancadas, enquanto as frentes frias lentas provocam precipitação de caráter contínuo. 61 Funcionamento da Zona Costeira: Vegetação 62 Funcionamento da Zona Costeira: Vegetação (Biomas) 63 Funcionamento da Zona Costeira: Manguezais 64 Funcionamento da Zona Costeira: Recifes de Corais 65 Funcionamento da Zona Costeira: Clorofila (CO2 em O2) 66 Funcionamento da Zona Costeira: Pressões Antrópicas 67 Funcionamento da Zona Costeira: Pressões Antrópicas Apropriação dos recursos naturais vivos marinhos e terrestres (flora e fauna) Apropriação dos recursos naturais não vivos renováveis (água doce, sais, nódulos de manganês, pérolas e similares, materiais para construção civil, energia etc.) e não renováveis (petróleo, turfa e carvão, materiais para construção civil, energia etc.) Uso e Ocupação de Ecossistemas Costeiros para Atividades Diversas: turismo e lazer, esportes, indústria, portos e retroportos, agropecuária etc.; implantação de obras de engenharia civil etc. Vulnerabilidade de pessoas e bens aos desastres naturais 68 Funcionamento da Zona Costeira: Pressões Antrópicas E os Impactos das Mudanças Climáticas? Uma em cada três pessoas (cerca de 2 bilhões) vive hoje a 100 km de um litoral no mundo. Treze das 19 mega-cidades mundiais (com mais de 10 milhões de habitantes) se localizam em áreas costeiras. No Brasil: 17 estados costeiros (+ de 400 municípios), 25% da população brasileira ou ~ 36,5 milhões de pessoas (censo de 2000), densidade média de 121 hab./km² (6x superior à média nacional - 20 hab./km²) . Os efeitos projetados do aquecimento global, como eventos climáticos mais extremos e a elevação do nível do mar, intensificarão os desastres naturais, aumentarão as vulnerabilidades e multiplicarão as perdas potenciais. 69 Já estamos sofrendo os efeitos!! (LOICZ, 2006) 70 Pressão → Mudança → Impacto → Resposta (Modelo P-M-I-R) Pressões SócioEconômicas Mudanças Climáticas; Variações de Nível do Mar Pressões Ambientais Respostas (Ambientais e Políticas Públicas) Mudanças Ambientais (Estado) Impactos Modelo de GIZC (Souza & Suguio, 2003, modificado de Turner et al., 1998). 71 Impactos das Mudanças Climáticas na Zona Costeira 1. Aquecimento Global e Aumento da Concentração dos Gases de Efeito Estufa: Pressões e Impactos 2. Aumento dos Perigos Naturais: Mudanças e Impactos 3. Modificações nos Ecossistemas Naturais e Antrópicos: Impactos e Respostas 72 Impactos das Mudanças Climáticas na Zona Costeira 1. Aquecimento Global e Aumento dos Gases de Efeito Estufa Elevação do NM (derretimento das geleiras e expansão termal dos oceanos). Aumento generalizado temperatura do ar e da superfície do mar – maior evaporação (geleiras aprisionam menos água). Ondas de calor e de frio (intensos). Consequentemente, os ciclos hidrológicos se aceleram e levam a extremos climáticos, acarretando aumento da freqüência, intensidade e duração de eventos atmosféricos anômalos (eventos extremos): chuvas mais intensas/curtas, frentes frias, ressacas (marés meteorológicas e ondas de tempestade), furacões, El Niño/La Ninã. Acidificação dos oceanos por acumulação de CO2 (redução do PH): branqueamento de corais; problemas com organismos de carapaças calcárias). Aquecimento das águas doces, mixohalinas e halinas. Modificações nos processos físicos, químicos e biológicos: muitas conseqüências para os ecossistemas. 73 Impactos das Mudanças Climáticas na Zona Costeira 2. Aumento dos Perigos Naturais (em decorrência dos anteriores) Erosão Costeira Inundações, Enchentes e Alagamentos Movimentos de Massa Intrusão da Cunha Salina (águas superficiais e subterrâneas) e Elevação do Nível do Lençol Freático (esgotamento sanitário) Modificações no Balanço Sedimentar (rede de drenagem) Assoreamento e Eutrofização de Corpos d’Água (qualidade da água e estoque pesqueiro) Aumento da Turbidez da Água (qualidade da água e pesca) 74 Impactos das Mudanças Climáticas na Zona Costeira 3. Modificações nos Ecossistemas Naturais e Antrópicos (em decorrência dos anteriores) Perda de terrenos naturais e de ecossistemas (praias, dunas, manguezais, marismas, brejos, florestas de “restinga”, costões rochosos, recifes, ilhas). Inundações periódicas em terrenos anteriormente secos (águas doces, mixohalinas e halinas): modificações paulatinas nos processos biogeoquímicos e na vegetação. Migração vertical e até desaparecimento de espécies. Diminuição de recursos pesqueiros. Perda de propriedades e bens, redução de espaços habitáveis. Problemas com atividades portuárias/retroportuárias, turismo, salinas. Desconforto térmico e aumento de doenças (patógenos; taxa de incidência, transmissão; cardiovasculares; câncer de pele). Problemas com rede de esgotos, fornecimento de água potável. 75 Elevação do NM de Curto Período: Ondas de Tempestade, Marés Meteorológicas/ Ressacas 76 Elevação do NM de Longo Período (secular) 77 Erosão Costeira (causas naturais e antrópicas) 78 Erosão Costeira: Consequências (Souza, 2009) Redução na largura da praia Desaparecimento de zonas da praia ou até da praia Perda e desequilíbrio de hábitats naturais (destruição de dunas, manguezais, florestas de restinga) Desaparecimento de espécies, migração de espécies Perda de bens e propriedades Perda do valor imobiliário Destruição de estruturas urbanas e obras de engenharia costeira Aumento na freqüência e intensidade das inundações costeiras causadas por eventos anômalos (frentes frias e ressacas) Aumento da intrusão da cunha salina (aqüíferos e corpos d’água) Perda do valor paisagístico Perda do potencial turístico Prejuízo nas atividades sócio-econômicas da ZC Gastos astronômicos na recuperação de propriedades públicas e privadas e de ecossistemas Eventos Meteorológicos Extremos: O Furacão Catarina Os ciclones se devem ao fato da terra girar, e dos pólos receberem menos energia do sol que regiões equatoriais. O ciclone vem acompanhado de tempestades e ventos circulando no sentido anti-horário no hemisfério norte, e horário no sul. Junto aos ciclones extratropicais estão as frentes frias. Os ciclones extratropicais são centros de baixa pressão; quanto mais baixa for a pressão, mais intenso é considerado o ciclone, e mais fortes serão os ventos de superfície. Furacão Catarina: Ciclone muito próximo do litoral catarinense, ventos muito fortes (170 km/h – Categoria 2) voltados para o litoral, lua cheia, fortes ressacas. A escala Saffir-Simpson : Tempestade Tropical: Ventos de 3463 kt (1kt =1 nó ~= 2km/h) - Furacão Categoria 1: Ventos de 6482 kt (danos pequenos em marinas) - Furacão Categoria 2: Ventos de 8395 kt (pequenos barcos em marinas desprotegidas podem ter as amarras rompidas) - Furacão Categoria 3: Ventos de 96113 kt (inundações próximas à costa causam destruição) - Furacão Categoria 4: Ventos de 114-135 kt (alguns telhados completamente destruídos. Erosões importantes na costa) - Furacão Categoria 5: Ventos acima de 135kt (completa destruição de telhados em muitos prédios. Evacuação em massa) 80 Ondas associadas ao Catarina 81 Ondas associadas ao Catarina 82 Movimentos de Massa 83 Inundações/Enchentes 84 Assoreamento 85 Modificações no Sistema de Drenagem: Afogamento de Corpos d’Água e Ecossistemas 86 Modificações no Sistema de Drenagem ↓ Assoreamento de Corpos d’Água / Afogamento de Terrenos ↓ Sucessão Aquática 87 Eutrofização 88 Intrusão da Cunha Salina e Elevação do Lençol Freático 89 Perda e Destruição de Ecossistemas Costeiros 90 Respostas... Atividades Antrópicas Impactos por Problemas Costeiros Impactos econômicos em atividades antrópicas na ZC de São Paulo, gerados por processos e problemas geoambientais (modificado de Souza, 2002). $$ = maiores impactos; $ = menores impactos; N$ = impactos de difícil avaliação; N = sem impacto direto PROBLEMAS E PROCESSOS GEOAMBIENTAIS INSTALADOS ATIVIDADES Erosão Costeira Movimentos de Massa Inundações e Enchentes Intrusão da Cunha Salina Assoreamento Poluição (Balneabilidade e Eutrofização) Elevação do NM., Mudanças Climáticas Turismo e Lazer $$ $$ $$ N$ $$ $$ $$, N$ Suprimento de Água Doce N $$ $ $, N$ $$ $$ N$ Pesca e Aqüicultura $$ $$ $$ $$ $$ $$ $$, N$ Residências Costeiras $$ $$ $$ N N$ N$ $$ Comércio, Serviços, Porto e Indústrias $$ $$ $$ N$ $$ $$ $$, N$ Agricultura e Pecuária N $ $$ $$ $$ $$ $$ Saúde Pública N $ $$ $ N$ $$ N$ Conservação de Ecossistemas Costeiros $$ $$ $$ $$ $$, N$ $$ $$, N$ ANTRÓPICAS IMPACTADAS 91 Respostas... ADAPTAÇÃO!! ♫♫ “Nada do que foi será de novo do jeito que já foi um dia Tudo passa, tudo sempre passará... A vida vem em ondas como mar do infinito ao finito Tudo o que se vê não é igual ao que a gente viu há um segundo Tudo muda o tempo todo no mundo Não adianta fugir, nem mentir a si mesmo...” Como uma onda no mar... ♫ ♫ (Lulu Santos/Nelson Motta) 92