Das Loucuras de Um Fidalgo à Ilusão de Um Povo

Transcrição

Das Loucuras de Um Fidalgo à Ilusão de Um Povo
S.E.S.V. Pavão de Osasco
Das Loucuras de Um Fidalgo à Ilusão de Um Povo, a Pavão Apresenta... Dom Quixote de La Mancha
S.E.S.V. Pavão de Osasco – Sinopse de 2006
Das Loucuras de Um Fidalgo à Ilusão de Um Povo, a
Pavão Apresenta... Dom Quixote de La Mancha
Autor:
João Marcos
Justificativa
Há 400 anos, Miguel de Cervantes escreveu um dos livros mais importantes da
história: “O Engenhoso Fidalgo D. Quixote de la Mancha”. Este personagem marcou
de tal forma a literatura mundial, que todos aqueles movidos por sonhos loucos,
por um ideal romântico, etc., diz-se ter sido tomado pelo “vírus do quixotismo”... E
nenhum povo se enquadra nesse perfil tanto como o brasileiro!
Eis que surge o cavaleiro...
Depois de ler inúmeras novelas de cavalaria, um ilustre fidalgo enlouquece e passa
a si ver como um cavaleiro andante. Montado em seu cavalo Rocinante e
acompanhado de Sancho Pança, seu fiel escudeiro, parte pelo mundo em busca de
aventuras, motivado pelo amor de Dulcineia - na verdade, uma rude camponesa de
Toboso – a quem dedica seus atos de heroísmo.
Ah, o amor! Tão doce e tão traiçoeiro! Capaz de inspirar corações. Donzelas de
formosura inimaginável, tão lindas e cruéis quanto Marcela, que desprezou o pobre
Crisóstomo, cujo destino foi morrer de amor. Dom Quixote também poderia morrer
de amor por sua amada. Sofre como todos os cavaleiros andantes, suspira ao
imaginar seu rosto... mas tem de continuar exercendo seu nobre ofício.
Lá vai Dom Quixote... movido por um sonho romântico, pela fidelidade, pelo
idealismo, pela coragem que o faz enfrentar fantasmas (criados pela sua
imaginação para explicar a dissonância entre o real e o imaginário), gigantes (na
verdade, moinhos de vento), exércitos (rebanhos de carneiros)... e ele persiste em
seus ideais.
Defensor dos fracos, chega, inclusive, a libertar bandidos condenados pela Santa
Igreja, pensando serem indefesas vítimas de injustos senhores. Aceita ajudar a
princesa Micomicona (uma donzela que tenta ajudar os familiares do fidalgo a leválo de volta para a casa) a libertar seu país dos Monstros (odres de vinho) que
roubaram seu reinado.
Quixote faz tudo isso pela honra. Sancho Pança, no entanto, só pensa na sua
recompensa, na ilha prometida, onde seria o dono e soberano. Por isso, um é
cavaleiro e o outro, escudeiro. A pureza de Dom Quixote e sua honradez o tornam
nobre. Sancho Pança só o alcança em valor quando delira juntamente com seu
amo.
Ele tem esperança, luta e fracassa. Por fim, perde a derradeira batalha, contra o
Cavaleiro da Lua Cheia, na verdade, apenas mais um jovem apaixonado, visando
libertar o fidalgo de sua loucura e conquistar o coração da sobrinha do lunático.
Entretanto, ao voltar para casa apenas, seu destino é apenas encontrar a morte,
companheira da realidade.
Eis que surge o país...
Brasil... fruto de doidos aventureiros, imigrantes vindos do Velho Mundo que aqui
chegaram para fazer de nossa terra seu paraíso. A realidade, entretanto, quase
sempre é amarga e cruel - o Brasil não é dos brasileiros. É a terra da desigualdade
e da injustiça.
Por isso, o quixotismo teve de aflorar neste povo. Primeiro, para conseguir sua
independência. O primeiro Quixote foi Tiradentes. O vitorioso, no entanto, foi D.
Carnaval 2006
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Das Loucuras de Um Fidalgo à Ilusão de Um Povo, a Pavão Apresenta... Dom Quixote de La Mancha
Pedro I, que montado em seu “Rocinante”, declarou a independência às margens
do Ipiranga. Depois veio a luta pela abolição da escravidão, pelo Fim da Ditadura,
pelas Diretas Já, pelo impeachment de Collor... Realidade ou ilusão?
Enfim, a luta nunca irá acabar. E que nunca acabe. O brasileiro nasceu para lutar mas sem perder a ternura jamais! E só um país tão maravilhoso pode celebrar a
falta de juízo – não é a toa que o carnaval é uma verdadeira instituição nacional.
Por isso, a PAVÃO convoca todos os foliões a enlouquecer, cair no samba e abraçar
este nosso imenso “Paraíso da Loucura”.
Orientação aos compositores: A escola pretende apresentar um samba
interpretativo. A história de D. Quixote deve ser contada em linhas gerais, na
primeira parte do samba. A segunda deve ser sobre o quixotismo do povo
brasileiro. Evite a utilização do termo quixotismo. A ênfase deve ser a questão do
real e do imaginário, os sonhos ingênuos e românticos, a importância de lutar...
Enfim, contamine-se pelo vírus do “quixotismo” você também!
Comissão de Carnaval da S.E.S.V. Pavão de Osasco.
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