Tapada Nacional de Mafra
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Tapada Nacional de Mafra
Mamíferos na Tapada Nacional de Mafra VEADO (Cervus elaphus) De porte superior ao seu parente Gamo, esta espécie prima pela sua imponência. Os veados machos possuem hastes ramificadas e pontiagudas, cuja formação é igual à descrita para o gamo. Aliás esta espécie possui um ciclo de vida e comportamento semelhante aos descritos para o gamo. A brama desta espécie é mais sonora até porque os machos adultos defendem territórios de grandes dimensões. Possui comportamento mais esqui- vo e, normalmente, é mais activo no crepúsculo e mesmo durante a noite. Habita zonas pouco frequentadas da Tapada, com boas áreas de refúgio, excepto na altura da reprodução (Outono) em que se torna mais despreocupado com a presença humana. A Tapada Nacional de Mafra possui uma população selvagem de cerca de 50 exemplares. É herbívoro, alimentando-se assim de frutos, erva e rebentos de árvores e arbustos. O veado raramente utiliza os comedouros isto porque são muito pouco sociáveis com o ser humano. As crias, 1 por fêmea, nascem normalmente primeiro que as dos gamos (Maio/Junho) após também cerca de 7 meses de gestação. Exibem uma pelagem mosqueada que desaparece por volta dos 3-4 meses de vida. A pelagem dos juvenis e adultos é sempre homogénea de tons castanhos, independentemente da altura do ano. Raposa Geneta Saca-rabos A raposa é um canídeo que abunda em liberdade pela Tapada Nacional de Mafra, embora de efectivo populacional desconhecido. É um animal territorial que delimita a sua área através de dejectos (colocados em cima de tufos de erva ou de pedras), urina e outras secreções. Nesse território, escava a sua rede de tocas. A reprodução ocorre de Dezembro a Janeiro e, após cerca de 50 dias, nascem as crias em número de 4 a 5. Tem sobretudo hábitos nocturnos ou crepusculares, tornando-se mais diurna no Verão onde os alimentos são mais escassos. Nesta época, é frequente ingerir frutos. As observações directas são escassas mas pode-se encontrar inúmeros vestígios tais como pegadas, excrementos ou mesmo o odor corporal. As visitas nocturnas e do amanhecer são as mais aconselháveis para quem as quer observar. Parecida com um gato de pequeno tamanho, esta espécie tem hábitos nocturnos e comportamento esquivo, sendo, por isso, de difícil observação. É uma espécie carnívora que se alimenta de roedores, aves e mesmo répteis. Tem grandes capacidades trepadoras. Devido ao facto de depositar os seus excrementos sempre nos mesmos locais- latrinas-, a sua presença é de fácil identificação. A reprodução ocorre em meados de Fevereiro/Março ou Julho/Agosto e, após 11 semanas, nascem as crias, em número de 1-4, num ninho construído num tronco ou buraco entre rochas. Possui as glândulas odoríferas situadas junto à cauda, bastante desenvolvidas o que em situações de ameaça, liberta um odor muito forte e incomodativo. De corpo alongado e de patas curtas, esta espécie tem hábitos diurnos mas é de comportamento esquivo o que a torna de difícil observação. Apoia-se apenas nas patas posteriores para melhor observar o que o rodeia. É uma espécie carnívora que se alimenta basicamente de coelhos, roedores, aves, ovos e répteis. Vive em grupos familiares formados pela progenitora, crias e juvenis. A época de reprodução ocorre em Fevereiro/Março e após cerca de 84 dias, nascem as crias em número de 4 a 6. Tal como os seus parentes africanos, o saca-rabos é resistente ao veneno das cobras. O saca-rabos apresenta a pupila horizontal, caso raro nos mamíferos. Na Tapada Nacional de Mafra podem ocasionalmente ser observados na zona da Tojeira pois trata-se de uma zona aberta com bastantes coelhos e répteis. (Vulpes vulpes) (Genetta genetta) (Herpestes ichneumon) GAMO (Cervus dama) O Gamo, Cervus dama, é o Cervídeo mais abundante na Tapad nacional de Mafra (ultrapassa os 300 indivíduos) e também o mais sociável com o ser humano. Tal como a maioria dos Cervídeos, só os machos possuem hastes que nesta espécie são espalmadas. As hastes são estruturas ósseas de crescimento descontínuo, que caem anualmente na Primavera, crescendo de imediato umas novas, que atingem o seu tamanho máximo em finais do mês de Julho. Durante o Outono, os machos adultos lutam entre si pela posse das fêmeas. Durante esta altura, emitem roncos aos quais se chama brama. A brama tem como objectivo despertar a atenção das fêmeas e dissuadir machos concorrentes. As crias, normalmente 1 por fêmea, nascem em meados de Maio/Junho, após cerca de 7 meses de gestação. Possui duas pelagens ao longo do ano: a de Inverno de tons escuros e homogénea e a de Verão de tons mais claros e mosqueada. É uma espécie herbívora que se alimenta essencialmente de erva, frutos, rebentos de árvores e de arbustos. Durante a época de Verão são colocados suplementos alimentares em estruturas próprias - comedouros. Doninha Toirão Texugo Representante da família dos mustelídeos de pequeno tamanho (machos: 202-314 m; fêmeas: 173-181 mm). Esta espécie está activa tanto de dia como de noite, alternando períodos de actividade com períodos de descanso. A reprodução ocorre em meados de Abril/Maio e em Julho/ Agosto, e após cerca de 34-37 dias, nascem as crias em número de 4 a 6. Os cuidados parentais são só da responsabilidade da fêmea. É uma espécie carnívora que se alimenta essencialmente de roedores pois é suficientemente pequena para os perseguir dentro das próprias tocas. São animais solitários. O toirão também pertence à família dos Mustelídeos mas é de tamanho superior ao da doninha (macho: 30-46 cm; fêmea: 29-35 cm). Esta espécie tem hábitos nocturnos, sendo os machos solitários e as fêmeas vivem com os juvenis. São carnívoros, alimentando-se de roedores, insectos, aves e minhocas, alimentos esses que armazena. A reprodução ocorre entre Março e Junho e após 42 dias nascem as crias em número de 2-12. A forma domesticada é designada por Furão que era no passado utilizado pelos caçadores para tirar os coelhos da toca. O Texugo é um dos representantes da família dos Mustelídeos existente na Tapada. Tem hábitos nocturnos e comportamento muito esquivo sendo, porisso, de difícil observação. No entanto, um olhar atento para o chão, muitas vezes encontra as pegadas, facilmente identificadas por apresentar as marcas das 5 almofadas e 5 unhas. Entra em letargia de Novembro a Fevereiro e vive em grupos sociais. A reprodução ocorre sobretudo entre Fevereiro e Maio, nascendo 1-5 crias por ninhada (gestação efectiva de 7 semanas). É um animal omnívoro, ingerindo minhocas, insectos, roedores, toupeiras, coelhos, frutos e bolbos. (Mustela nivalis) (Mustela putorius) (Meles meles) Javali (Sus scrofa) Representando a família dos Suídeos, esta espécie de hábitos essencialmente crepusculares e nocturnos, abunda e circula por toda a Tapada Nacional de Mafra. Os machos são mais corpulentos que as fêmeas e possuem os dentes caninos mais salientes (sobressaem na beiçada as navalhas. Dependendo da idade, os javalis possuem vários tipos de pelagem: nascem com listas escuras longitudinais sendo assim designados por “listados”. A partir dos 6 meses, vão perdendo progressivamente as listas ficando acastanhados. Por volta de 1 ano de vida, ficam mais escuros, de tons cinzentos a pretos. São animais omnívoros que remexem o solo à procura de sementes, frutos, raízes, tubérculos e pequenos invertebrados. Também são oportunistas podendo caçar coelhos, répteis, roedores e alimentarem-se mesmo de cadáveres (mais comum na época de verão em que os outros alimentos escasseiam). As crias, em número de 1-10, nascem no final do Inverno, início da Primavera, após cerca de 4 meses de gestação. Os nascimentos ocorrem em abrigos especiais que as progenitoras constroem- “fojos de parto”. Coelho-bravo (Oryctolagus cuniculus) Toupeira comum (Talpa occidentalis) A toupeira-comum pertence à família dos Talpídeos. Esta espécie está activa tanto de dia como de noite, passando a maior parte da sua vida no interior de uma rede de túneis, escavados com as suas patas anteriores com a forma de pás. Alimentam-se quase exclusivamente de minhocas, mas podem também ingerir insectos e lesmas. Os acasalamentos têm lugar sobretudo durante o mês de Abril e, apóscerca de 28 dias, nascem 3-4 crias por ninhada. É facilmente detectada pelos montinhos de terra à superfície dos túneis. O coelho-bravo pertence à família dos Leporídeos, da qual faz parte a lebre. Vivem em colónias e os seus vários elementos depositam os excrementos em locais certos - latrinas. Dentro da colónia existe uma forte hierarquia social, onde os dominantes têm direito a ocupar os melhores ninhos. As latrinas encontram-se em abundância no interior das áreas vedadas como é o caso da vedação da Boavista (passagem do pedestre amarelo). É uma espécie herbívora que ingere erva, raízes e folhas. O seu máximo de actividade ocorre de noite e ao crepúsculo. Os acasalamentos ocorrem durante todo o ano, com a maior parte das ninhadas a nascerem entre Abril e Junho. O tempo de gestação é de 2833 dias, após o qual nascem 3-12 crias. Poderão ocorrer entre 3-7 ninhadas por ano. As crias nascem cegas, surdas e sem pêlo. Ouriço-caixeiro (Erinaceus europaeus) O ouriço-cacheiro pertence à família dos Erinacídeos. Possui o corpo coberto por espinhos que vão sendo substituídos de modo irregular Tem comportamento nocturno, sendo bastante esquivo. É uma espécie omnívora que ingere minhocas, insectos, aranhas, lesmas, anfíbios, juvenis de roedores, frutos e cogumelos. São animais solitários e não territoriais. A reprodução ocorre na primavera, após a hibernação. Após 31-35 dias, nascem as crias, em número de 4-6. Mais uma vez os excrementos são facilmente encontrados e identificados, pois têm a forma de pequenos c e neles se vê os elitros dos insectos. Microtus arvalis Rato Comum Crocidura russula Musaranho-de-dentes-brancos Rattus rattus Ratazana-preta Micro-mamíferos Os pequenos mamíferos da Tapada Várias são as espécies de micro-mamíferos existentes na Tapada Nacional de Mafra, embora não haja nenhum inventário actualizado nem dados sobre o seu efectivo populacional. As observações efectuadas indicam que estão presentes na Floresta Encantada micro-mamíferos representantes das famílias Soricidae e Muridae. Soricídeos: Sorex sp. - Musaranho Crocidura russula - Musaranho - de-dentes -brancos Murídeos: Apodemus sylvaticus Ratinho-do-campo Rattus rattus - Ratazana-preta Mus sp. - Rato-caseiro Microtus sp. - Rato-cego Microtus arvalis - Rato Comum Apodemus sylvaticus Ratinho-do-campo © The Darwin Initiative Centre for Bat Research Morcego -rabudo Tadarida teniotis (410mm) Morcego-arboricola-grande Morcego Lanudo Myotis emarginatus (220-285mm) Nyctalus noctula (320-400mm) Morcego de ferradura Rhinolopus hipposideros (192-254mm) MORCEGOS Os Quirópteros Os Morcegos, pequenos mamíferos mal compreendidos, mas que fazem parte do imaginário colectivo associados a medos e a histórias da noite. São os únicos mamíferos com capacidade de voo à noite e com uma habilidade de voo que desperta a curiosidade até dos mais cépticos. Em Portugal são conhecidas 27 espécies de morcegos, todos eles insectívoros. Muito está ainda por descobrir sobre os hábitos destas espécies. Sabe-se sim que são um dos grupos mais ameaçados da nossa fauna, pela sua sensibilidade à perturbação dos abrigos em épocas criticas, os efeitos negativos do uso de pesticidas e pela sua baixa natalidade com uma cria por ano, os morcegos são espécies vulneráveis estando algumas destas criticamente em perigo de extinção Na Tapada Nacional de Mafra a descoberta do número de espécies é crescente pois as grandes árvores são abrigos favoráveis ao crescimento de colónias dos morcegos arborícolas. Dentro deste grande grupo de destacar o Morcego de Bechstein — Myotis bechsteini com cerca de 250300mm de envergadura, esta espécie está considerada pela IUCN, International Union for Conservation of Na- ture “Em Perigo” o que significa que corre um elevado risco de extinção. As poucas habitações, as minas de água são também abrigos para algumas espécies de morcegos cavernícolas como a colónia de Morcego de ferradura — Rhinolopus hipposideros com cerca de 192-254mm de envergadura que aproveitou uma das muitas minas de água existentes pela Tapada. Muitas são as espécies de Morcegos que não se possui informação suficiente para se poder concretizar o seu estatuto de ameaça, o que significa que ainda há muito para se compreender e se estudar sobre estes magníficos mamíferos. Ainda assim o conhecimento das suas características tem sido utilizadas no desenvolvimento tecnológico de sonares, comunicações, ecografias e medidores de velocidade, assim como na medicina com tratamentos de complicações cardiovasculares a partir da saliva anticoagulante dos morcegos hematófagos da América do Sul. Um aspecto sobejamente conhecido é a importância dos morcegos no equilíbrio dos ecossistemas pois o facto de se alimentarem de bastantes insectos por noite permite controlar e evitar pragas nocivas para a agricultura. © Emiliano Mori da Tapada Nacional de Mafra Morcego arborícola–pequeno Nyctalus leisleri (60mm) Morcego-hortelão-escuro Eptesicus serotinus (315-380mm) Morcego anão Morcego pigmeu Morcego Rato Pequeno Morcego Rato Grande Pipistrellus pipistrellus (210-240mm) Myotis blythii (350-400mm) Morcego de Franja Myotis escaleri (245-300mm) Morcegode Bechstein Myotis bechsteini (250-300mm) Pipistrelus pygmaeus (210-240mm Myotis myotis (350/450mm) Morcego Orelhudo- castanho Plecotus auritus (240-285mm) Mamíferos na Tapada Nacional de Mafra PATRIMÓNIO NATURAL COM HISTÓRIA.
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