O LIVRO ELETRÔNICO NA PRÁTICA CIENTÍFICA
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O LIVRO ELETRÔNICO NA PRÁTICA CIENTÍFICA
VIII ENANCIB – Encontro Nacional de Pesquisa em Ciência da Informação 28 a 31 de outubro de 2007 • Salvador • Bahia • Brasil GT 7 – Produção e Comunicação da Informação em CT&I Pôster O LIVRO ELETRÔNICO NA PRÁTICA CIENTÍFICA: estratégia metodológica E-BOOK & SCIENTIFIC PRACTICE: METHODOLOGICAL STRATEGY Juliana Velasco (PPGCI/UFBA, [email protected]) Nanci Oddone (PPGCI/UFBA, [email protected]) Resumo: A informação digital constitui uma realidade como meio de registro e disseminação do conhecimento. Nesse contexto, diferentes suportes e produtos estão sendo criados para facilitar o acesso, a transferência e a circulação do saber. O artefato do conhecimento que se discute neste estudo é o livro eletrônico escrito e publicado como obra completa em suporte digital. Planeja-se averiguar as alterações que o uso dos livros eletrônicos vem impondo ao comportamento informacional dos pesquisadores que integram o corpo permanente dos programas de pós-graduação do país, credenciados pela CAPES. O estudo avalia o impacto desse objeto no ambiente e nas rotinas do trabalho científico. A metodologia empregada neste estudo é o survey e o instrumento de coleta de dados escolhido é o questionário. O presente texto aborda a atividade exploratória que antecedeu a definição da população, da amostra e dos critérios para o desenvolvimento da pesquisa. Concluiu-se que para esta análise a população deve ser imparcialmente equilibrada, incluindo todas as variáveis que caracterizam o universo: conceito da CAPES, programa novo ou consolidado, região, mestrado ou doutorado, programas grandes ou pequenos e todas as áreas do conhecimento. Palavras-chave: Livro eletrônico. Comportamento informacional. Amostra censitária. Pesquisadores brasileiros. Abstract: The digital information constitutes a reality as a means of registration and dissemination of knowledge. In this context, different supports and products are being created to facilitate access, transfer and circulation of knowledge. The artifact that is discussed here is the electronic book published as a complete work in digital support. This study plans to discover the changes that the use of the electronic books is imposing to the informational behavior that of the researchers the permanent faculty of programs Brazilian graduate, accredited by CAPES. The study evaluates the impact of e-book in the academic environment and in the routines of the scientific work. The methodology used in this study is the survey and the instrument of data collection is the questionnaire. The present text approaches the exploratory activity that preceded the definition of the population, the sample and the criteria for the development of the research. Results showed that for this analysis the population should be balanced, including all the variables that characterize the universe: CAPES, level of the programs, their stage, size, region and area of knowledge. Keywords: Electronic book. Information behavior. Census. Brazilian researchers. 1 Introdução A informação digital constitui uma realidade como meio de registro e disseminação do conhecimento. Nesse contexto, diferentes suportes e produtos estão sendo criados para facilitar o acesso, a transferência e a circulação do saber. Parece complicado orientar-se num momento como este, em que as tecnologias eletrônicas ameaçam substituir os antigos padrões do trabalho científico. Mas as dificuldades de adaptação ao novo são históricas. Invenções como o telefone, a ferrovia e a imprensa de Gutenberg são exemplos de inovações que incomodaram, alteraram comportamentos informacionais e, no final, se tornaram indispensáveis ao desenvolvimento da cultura e da ciência. Já é mais do que patente que os hábitos informacionais das comunidades acadêmicas continuam sendo alterados pelo uso do computador que, conectado à internet, introduz possibilidades ilimitadas. Lev Manovich (2001) afirma que o computador é um processador de mídias que atua como mediador da nova revolução. O surgimento da mídia impressa no século XV e a fotografia no século XIX, segundo ele, tiveram um impacto idêntico. Mas este autor avalia que os equipamentos eletrônicos atuais oferecem uma revolução provavelmente mais profunda do que as primeiras. A internet, por exemplo, rompe barreiras geográficas, abrigando novos produtos e serviços: as bibliotecas virtuais e o livro eletrônico. O tipo de registro do conhecimento que se discute neste estudo é o livro eletrônico escrito e publicado como obra completa sobre suporte digital. Esta pesquisa pretende analisar e discutir o livro eletrônico no meio acadêmico, avaliando seu impacto no ambiente e nas rotinas de trabalho dos docentes/pesquisadores que integram o corpo permanente dos programas de pós-graduação reconhecidos pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). Tal tema foi escolhido após verificar que não há muitas pesquisas sobre o assunto na literatura da área, embora essa literatura apresente um número crescente de estudos sobre mudanças no comportamento informacional provocadas pelas tecnologias eletrônicas (GOMES, 1999; GUEDES, 2002; VERGUEIRO; CARVALHO, 2003; CUENCA; TANACA, 2005; MARTÍNEZ-SILVEIRA, 2005; OLIVEIRA, 2005; REIS, 2005). 2 O livro eletrônico na sociedade contemporânea Gama Ramírez ressalta que as coleções digitais transformaram os serviços bibliotecários tradicionais. O livro eletrônico, segundo ele, faz parte desse novo cenário e possui um custo muito menor que o impresso. Assim, “[...] os bibliotecários e outros profissionais da informação devem redobrar esforços para conhecer melhor, refletir e avaliar as ferramentas disponíveis no mercado da indústria da informação como forma de aperfeiçoar a administração, o controle e o uso dos chamados livros eletrônicos” (GAMA RAMÍREZ, 2006, p. 64). Tal observação complementa o que afirma Lévy sobre o surgimento de novas maneiras de pensar e de conviver: “escrita, leitura, visão, audição, criação, aprendizagem estão sendo capturados por uma informática cada vez mais avançada” (LÉVY, 1993, p. 4). É impossível não refletir sobre essas mudanças que abrem a possibilidade de possuir uma vasta biblioteca pessoal, constituída por livros necessários ao estudo e à profissão ou de ter acesso a longas estantes de bibliotecas virtuais tão extensas quanto a Biblioteca de Alexandria. Inicialmente, porém, é preciso conceituar melhor esse objeto. O livro em formato eletrônico é aquele que, sob a forma de um arquivo digital, pode ser baixado via internet para o computador por meio de download. Alguns autores também atribuem essa denominação ao aparelho que permite a leitura deste arquivo longe do computador, um e-reader (leitor de livros eletrônicos). Ramírez traz uma definição de livro eletrônico como um complemento das obras impressas resguardadas no sistema bibliotecário: “[...] O livro eletrônico se refere a uma publicação digital não periódica, quer dizer, que se completa em um único volume ou em um número predeterminado de volumes e que pode conter textos, gráficos, imagens estáticas e em movimento, assim como sons. Também se nota que é uma obra expressa em várias mídias (multimídia: textos, sons e imagens) armazenadas em um sistema de computação. Em suma, o livro eletrônico se explica como uma coleção estruturada de bits que pode ser transportada e visualizada em diferentes dispositivos de computação” (GAMA RAMÍREZ, 2006, p. 12). O livro eletrônico oferece vantagens aos usuários que podem ter acesso às novas formas de transmissão da escrita, sobretudo em relação a recursos multimídia cujo uso seria impossível no meio impresso. A esse respeito, o historiador Roger Chartier afirma: “O texto eletrônico pode dar realidade aos sonhos, sempre inacabados, de totalização do saber que o precedeu. Tal como a biblioteca de Alexandria, ele promete a universal disponibilidade de todos os textos escritos, de todos os livros publicados. Como a prática de lugares comuns à Renascença, ele chama a colaboração do leitor que pode, a partir de agora, escrever no próprio livro, portanto, na biblioteca sem muro da escrita eletrônica” (CHARTIER, 2004, p. 3). Entretanto, a literatura mostra que há questionamentos sobre a ameaça que o livro eletrônico representa ao codex impresso. Roger Chartier descarta essa hipótese. Ele defende “a coexistência entre as duas formas do livro e os três modos de inscrição e de comunicação de textos: o manuscrito, o impresso e o eletrônico” (CHARTIER, 2004, p. 5). Como se depreende, portanto, o processo de ruptura/continuidade que envolve o futuro do livro não se esgota na sua portabilidade ou na forma de sua produção e organização. 3 Estratégia metodológica Para delinear os objetivos da pesquisa buscou-se descobrir na literatura relatos sobre as necessidades informacionais manifestadas por docentes/pesquisadores. Verificou-se que esta população anseia manter-se atualizada em relação ao desenvolvimento das publicações científicas e das tecnologias que as operacionalizam, embora existam dificuldades que acabam por impedi-los de atingir seus objetivos acadêmicos. Interessa saber, neste caso, se os sujeitos pesquisados são bem sucedidos em suas tentativas de acesso à informação científica; se utilizam as tecnologias eletrônicas para se manterem atualizados; se conhecem e fazem uso do livro eletrônico e, ainda, se este artefato auxilia ou dificulta os pesquisadores a se manterem informados. Sobre esse aspecto específico, espera-se analisar os hábitos de uso do livro eletrônico. Para atingir essas metas, foram estipulados os seguintes objetivos específicos: 1. Levantar o universo de doutores/pesquisadores que integram o corpo docente permanente dos programas de pós-graduação do país, credenciados pela CAPES; 2. Identificar os hábitos informacionais desses pesquisadores quanto às tarefas relacionadas à pesquisa acadêmica; 3. Avaliar o uso do livro eletrônico escrito e publicado em formato de obra completa em suporte digital nas atividades acadêmicas; 4. Definir hábitos de pesquisa relativos à aquisição de material bibliográfico. A metodologia a ser empregada é o survey e o instrumento de coleta de dados a ser adotado é o questionário. Construído como um formulário de quarenta questões relacionadas aos livros eletrônicos e aos hábitos dos usuários, o questionário deverá ser preenchido e devolvido por meio eletrônico, sem necessidade de fazer download do arquivo para o computador. Uma carta com todas as informações sobre a pesquisa, inclusive o link com o endereço onde o questionário estará hospedado, será enviada por correio eletrônico aos sujeitos da pesquisa. Planeja-se verificar as alterações que os livros eletrônicos vem impondo ao ciclo da comunicação científica e ao comportamento informacional dos docentes/pesquisadores brasileiros (BABBIE, 2005). Neste contexto, o que se pretende discutir no presente artigo é a atividade exploratória que antecedeu a definição da população a ser estudada e que ajudou a desenhar a estratégia metodológica que definiu a amostra, os critérios e as variáveis escolhidas para o desenvolvimento da pesquisa. Ao cabo do exercício de exploração aqui relatado optou-se por levantar o universo de doutores/pesquisadores que integram o corpo docente permanente dos programas de pós-graduação credenciados pela CAPES. A preferência pelo exame de uma população exclusivamente acadêmica decorreu de dois fatores principais: o primeiro é a crescente disponibilização de fontes de informação científica em meio eletrônico, em todas as áreas do conhecimento. O segundo é a facilidade que os docentes encontram de publicar livros no cenário da cultura digital, já que o ambiente acadêmico oferece indicadores de qualidade que são facilmente apropriados pela indústria editorial, tornando menores os custos relacionados à avaliação das obras e à edição (VILLAÇA, 2002; EARP; KORNIS, 2005). Quanto à sua caracterização, os sujeitos investigados possuem titulação de doutor ou pós-doutor, são responsáveis por ministrar disciplinas e estão qualificados como orientadores em cursos e programas de mestrado e doutorado, conduzem projetos de pesquisa e publicam resultados em veículos científicos qualificados. A alternativa de não considerar professores colaboradores ou visitantes deriva do fato de que em geral nessas duas categorias encontramse docentes classificados como permanentes em outros programas, o que acabaria resultando em duplicidade de dados. 4 Procedimentos, resultados e discussão Nesta seção descrevem-se as etapas da pesquisa exploratória realizada para definir a população e a amostra do estudo. O projeto inicial previa desenvolver a pesquisa apenas no âmbito da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Esperava-se fazer um estudo de caso como os já existentes na literatura da área (MAIA, 2005; REIS, 2005). Nesta intenção protocolou-se um ofício junto à Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação (PRPPPG) da UFBA solicitando a relação de nomes e endereços de correio eletrônico dos docentes/pesquisadores permanentes dos programas de pós-graduação da instituição, em todas as áreas do conhecimento. Só após muitas tentativas, contudo, obteve-se uma listagem desses docentes e a despeito do que se esperava era uma lista única de nomes, sem qualquer ordem aparente e sem menção aos endereços eletrônicos. Aqui surgiu o primeiro obstáculo, ao concluir que o levantamento teria que ser processado manualmente. Passou-se a analisar então qual seria o procedimento mais fácil e metodologicamente correto para a organização e o recorte de uma listagem daquela natureza, identificando docentes lotados nos programas de pós-graduação da UFBA. Havia uma alternativa já utilizada na literatura: a base do Currículo Lattes. A dificuldade cogitada em relação a usar os dados do Lattes decorria do tempo que se levaria para extraí-los. Esse raciocínio fez emergir um fator que começou a mostrar-se preocupante: a quantidade de sujeitos. A população da UFBA pode ser observada na Tabela 1. Tabela 1. Professores Doutores da UFBA Ano Doutores (DE) % DO TOTAL DE DOCENTES 1999 491 (???) 29,0 2000 552 (458) 32,8 2001 585 (484) 35,0 2002 700 (584) 41,3 2003 753 (627) 44,8 2004 845 (712) 50,0 2005 900 (765) 53,0 2006 952 (793) 55,7 Fonte: Superintendência de Pessoal (SPE) – Sistema Integrado de Pessoal (SIP) julho 2007, apud CONCEIÇÃO, 2007. Após essa constatação pensou-se na possibilidade de reduzir a amostra, porém isso traria outras dificuldades metodológicas. Assim, refletiu-se sobre recortar um segmento de população que reunisse somente alguns dos programas de pós-graduação da UFBA, de acordo com critérios pré-estabelecidos. Naquele momento vários fatores se mostraram importantes e possibilitaram análises interessantes. Por exemplo, quais seriam os melhores indicadores para escolher a população e a amostra? Os critérios poderiam ser os quesitos de avaliação da CAPES que determinam a qualidade dos cursos e programas brasileiros. Em vista da situação, buscou-se verificar os indicadores de avaliação dos docentes e dos programas, especialmente aqueles que receberam notas seis e sete. Quanto ao corpo docente, a CAPES analisa a formação, incluindo titulação, origem de formação, aprimoramento e experiência, além das atividades de ensino, pesquisa e orientação. Do ponto de vista da produção intelectual, a agência avalia o número de publicações qualificadas por docente permanente. No que concerne aos critérios para avaliação dos Programas com conceitos 6 e 7, a CAPES avalia diferenciais de qualificação e liderança em nível internacional, consolidação e liderança nacional e inserção do Programa na sociedade. Com base nesses diferentes critérios, confirmou-se a idéia inicial de que quanto maior a nota do Programa, melhores condições os atores teriam para responder às questões colocadas por este estudo e mais facilmente seus objetivos seriam alcançados. As tabelas apresentadas a seguir ilustram essas reflexões (Tabelas 2 e 3). Tabela 2. Programas Brasileiros com Conceito 7 Conceito: 7 Programas e Cursos de pós-graduação REGIÃO Centro-Oeste Nordeste Norte Totais de Cursos de pós-graduação Total M D F M/D Total M D F 1 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 1 0 2 2 0 1 1 0 1 1 0 0 0 0 Sudeste Sul BRASIL 56 4 62 0 0 0 0 0 0 0 0 0 56 4 62 112 8 124 M - Mestrado Acadêmico, D - Doutorado, F - Mestrado Profissional. A tabela acima apresenta dados atualizados em 8 de agosto de 2007. Fonte: CAPES. 56 4 62 56 4 62 0 0 0 Tabela 3. Programas Brasileiros com Conceito 6 REGIÃO Centro-Oeste Nordeste Norte Sudeste Sul BRASIL Conceito: 6 Programas e Cursos de pós-graduação Total M D F M/D 3 0 0 0 3 7 0 0 0 7 1 0 0 0 1 111 0 3 0 108 23 0 0 0 23 145 0 3 0 142 Totais de Cursos de pós-graduação Total 6 14 2 219 46 287 M 3 7 1 108 23 142 D 3 7 1 111 23 145 F 0 0 0 0 0 0 M - Mestrado Acadêmico, D - Doutorado, F - Mestrado Profissional. A tabela acima apresenta dados atualizados em 8 de agosto de 2007. Fonte: CAPES. Seguindo esta argumentação, procedeu-se à identificação dos Programas da UFBA que detinham conceitos 6 e 7. Dos sete programas de pós-graduação da região Nordeste que possuem conceito 6 na CAPES, apenas dois pertencem à UFBA, como mostra a Tabela 4. Os dados apresentados na Tabela 6, por sua vez, evidenciaram que a UFBA não abriga nenhum curso com nota 7. Contatou-se, portanto, que os dois cursos da instituição que possuem conceito 6 (Tabela 5) não poderiam ser considerados representativos para uma pesquisa como a que desejava desenvolver: a amostra resultaria muito pequena e pouco significativa, reduzida a duas áreas do conhecimento. Refletiu-se então na possibilidade de ampliar o recorte, definindo a amostra da população segundo dois critérios concomitantes: o conceito do Programa na CAPES e a região geográfica. Pensava-se em investigar os Programas com conceito 6 e 7 localizados no Nordeste. Tabela 4. Programas Nordestinos com Conceito 6 CONCEITO: 6 REGIÃO: Nordeste Programas e Cursos Totais de Cursos de de pós-graduação pós-graduação UF IES Total M D F M/D Total M D F BA Universidade Federal da Bahia – UFBA 2 0 0 0 2 4 2 2 0 CE Universidade Federal do Ceará – UFC 2 0 0 0 2 4 2 2 0 Universidade Federal de PB 1 0 0 0 1 2 1 1 0 Campina Grande – UFCG Universidade Federal PE 2 0 0 0 2 4 2 2 0 de Pernambuco – UFPE Nordeste 7 0 0 0 7 14 7 7 0 M - Mestrado Acadêmico, D- Doutorado, F - Mestrado Profissional. A tabela acima apresenta dados atualizados em 8 de agosto de 2007. Fonte: CAPES. Tabela 5. Programas da UFBA com Conceito 6 Conceito: 6 REGIÃO: Nordeste UFBA – UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA / BA PROGRAMA Artes Cênicas Saúde Coletiva ÁREA (ÁREA DE AVALIAÇÃO) Artes (artes / música) Saúde Coletiva (saúde coletiva) CONCEITO M D F 6 6 6 6 - M - Mestrado Acadêmico, D- Doutorado, F - Mestrado Profissional. A tabela acima apresenta dados atualizados em 8 de agosto de 2007. Fonte: CAPES. 7 Tabela 6. Programas Nordestinos com Conceito 7 CONCEITO: 7 REGIÃO: Nordeste UF Programas e Cursos de pós-graduação IES Total M PE Universidade Federal de Pernambuco – UFPE Nordeste D F Totais de Cursos de pós-graduação M/D Total M D F 1 0 0 0 1 2 1 1 0 1 0 0 0 1 2 1 1 0 M - Mestrado Acadêmico, D - Doutorado, F - Mestrado Profissional. A tabela acima apresenta dados atualizados em 8 de agosto de 2007. Fonte: CAPES. As Tabelas 4 e 6 sugerem, ainda mais uma vez, que esse novo duplo critério apresentava desvantagens: a) a pesquisa iria reduzir-se a oito programas de pós-graduação da região Nordeste, sendo apenas um com nota 7; b) considerando as disciplinas nas quais os oito programas pesquisam e produzem – Física (2), Psicologia Cognitiva, Engenharia Elétrica, Farmacologia, Química, Saúde Coletiva e Artes Cênicas – a experiência cognitiva dos atores, o vocabulário e o ambiente de trabalho seriam bem distintos, o que eventualmente poderia levar a inferências incorretas no momento de interpretar e comparar os dados; c) a taxa de retorno poderia ser baixíssima, invalidando a investigação. Logo, realizar a pesquisa apenas com os programas da região Nordeste já não parecia factível ou, por outro lado, parecia indicar um recorte restritivo: e por que só a região Nordeste? “[...] A taxa geral de resposta é um guia da representatividade dos respondentes na amostra. [...] Uma taxa de resposta de pelo menos 50% é geralmente considerada adequada para análise e relatório. Uma taxa de resposta de pelo menos 60% é considerada boa, e uma taxa de 70% ou mais é muito boa. Mas estas são regras rudimentares e sem base estatística, e uma falta de viés de resposta demonstrada é muito mais importante do que uma alta taxa de resposta” (BABBIE, 2005, p. 253). Diante desse cenário, pensou-se por fim em selecionar somente algumas áreas do conhecimento, ou seja, pesquisadores de alguma das disciplinas contidas em cada uma das cinco grandes áreas da UFBA: Exatas, Biológicas, Sociais, Humanas, Letras & Artes, que mantivessem conceitos quatro, cinco e seis. No caso dos cursos novos com nota quatro só entrariam aqueles que tivessem um triênio completo. Percebeu-se, porém, que isso ainda configuraria um estudo de caso com variáveis complexas. Além disso, a amostra não representaria a tendência de uso do livro eletrônico no meio acadêmico e científico brasileiro. Para culminar, esse recorte evidenciava um pensamento elitista e preconceituoso ao eliminar os programas de nota três. Que parâmetros seriam suficientemente rigorosos para afirmar que os pesquisadores dos cursos três não fazem uso do livro eletrônico? De repente, vislumbrouse que o conceito do Programa na CAPES poderia não ser o critério mais representativo para avaliar o uso do livro eletrônico. Nesse sentido seria mais equilibrado constituir uma amostra na qual estivessem presentes todos os tipos de conceito, do três ao sete. Desta forma, poderiam ser reunidos elementos diversificados e heterogêneos. Na verdade, cada uma das possibilidades de agrupamento analisadas até então levava a um estudo de caso diferente, sem possibilidade de obter resultados comparáveis e 8 generalizáveis. Após proceder a todas essas sondagens, o caminho que se apresentava como o mais acertado do ponto de vista metodológico era o de abranger os docentes/pesquisadores de todos os programas de pós-graduação brasileiros: uma amostra censitária. A alternativa parecia temerária. Não havia precedente para essa abordagem na literatura e, além disso, não existe, até onde se sabe, uma base de dados com a relação de e-mails dos docentes que atuam na pós-graduação. Esta base teria que ser construída e junto com ela toda a metodologia utilizada na coleta de dados. As Tabelas sete e oito delineiam a última opção: um total 2.452 Programas. Tabela 7. Programas Reconhecidos pela CAPES, por Conceito Conceito 3 4 5 6 7 Todos Detalhar por Área Região Área Região Área Região Área Região Área Região Área Região Programas e Cursos Totais de Cursos de pósde pós-graduação graduação Total M D F M/D Total M D F 1.061 861 5 123 72 1.141 941 77 123 725 135 22 44 524 1.222 632 546 44 459 7 8 34 410 889 437 418 34 145 0 3 0 142 287 142 145 0 62 0 0 0 62 123 61 62 0 2.452 1.003 38 201 1.210 3.662 2.213 1.248 201 M - Mestrado Acadêmico, D - Doutorado, F - Mestrado Profissional. A tabela acima apresenta dados atualizados em 8 de agosto de 2007. Fonte: CAPES. Tabela 8. Programas Reconhecidos pela CAPES, por Região REGIÃO Centro-Oeste Nordeste Norte Sudeste Sul Brasil: Programas e Cursos de pós-graduação Total M D F M/D 173 89 417 229 104 67 1.264 381 494 237 2.452 1.003 2 12 2 18 4 38 17 35 6 105 38 201 65 141 29 760 215 1.210 Totais de Cursos de pós-graduação Total M D 238 154 67 558 370 153 133 96 31 2.024 1.141 778 709 452 219 3.662 2.213 1.248 F 17 35 6 105 38 201 M - Mestrado Acadêmico, D - Doutorado, F - Mestrado Profissional. A tabela acima apresenta dados atualizados em 8 de agosto de 2007. Fonte: CAPES. 5 Conclusão Conclui-se que para que o estudo sobre o uso do livro eletrônico no âmbito acadêmico seja representativo é indispensável que a população estudada seja imparcialmente equilibrada, incluindo representantes de todos os possíveis segmentos que caracterizam esse universo: con9 ceito CAPES, programa consolidado ou novo, região, mestrado ou doutorado, programas grandes ou pequenos e de todas as áreas do conhecimento. Não há um recorte possível dessa população que ainda assim mantenha a integridade das variáveis discutidas no texto. A única forma é convidar toda comunidade científica nacional para responder ao formulário eletrônico e deixar que a amostra se defina por si mesma, em termos do ato voluntário de cada sujeito ao registrar seus dados. Assim, espera-se atender os melhores requisitos metodológicos em termos de imparcialidade e abrangência da amostra, acreditando que a taxa de retorno desta pesquisa fique dentro dos padrões aceitáveis pelo rigor científico. Referências BABBIE, Earl. Métodos de pesquisas de survey. 3.ed. Belo Horizonte: UFMG, 2005. 519 p. CHARTIER, Roger. A aventura do livro: do leitor ao navegador. São Paulo: UNESP, 2004. CONCEIÇÃO, Herbet. Pesquisa e pós-graduação na UFBA. Salvador, 2007. [Apresentado em reunião, agosto de 2007]. Arquivo em ppt com 42 slides. COORDENAÇÃO DE APERFEIÇOAMENTO DE PESSOAL DE NÍVEL SUPERIOR (CAPES). Relação dos cursos recomendados. 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