Lição: 11 - Eli - Convenção Batista Fluminense
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Lição: 11 - Eli - Convenção Batista Fluminense
CONVENÇÃO BATISTA FLUMINENSE Revista Palavra e Vida Sugestões Didáticas - 3º Trimestre/2013 ENSINAR É... Quem se nega a castigar seu filho não o ama; quem o ama não hesita em discipliná-lo. (13.24) Não evite disciplinar a criança; se você a castigar com a vara, ela não morrerá. (23.13). Discipline seu filho, e este lhe dará paz; trará grande prazer à sua alma. (29.17). A insensatez está ligada ao coração da criança, mas a vara da disciplina a livrará dela. (22.15). LIÇÃO 11 UM LÍDER REPROVADO POR DEUS Base Bíblica: 1 Samuel 1 a 4 Objetivos: - Identificar na vida de Eli as características marcantes que o levaram a ser um líder reprovado por Deus. - Discutir a respeito da tradição familiar, formação espiritual dos filhos e da vida do líder em casa para contribuição de um legado espiritual forte. Recursos Materiais: - Bíblia - Revista - Retroprojetor - Reportagens 1 - Boas Vindas (Valorizando o aprendiz interativo) Pergunta chave: Por que estudo esta lição? Por que preciso saber isto? - Iniciar a aula orando e pedindo direção de Deus para o assunto de hoje. - Apresentar o resultado de uma pesquisa sobre o afastamento de crentes do caminho do Senhor. (Leia na íntegra a reportagem na sessão de Anexos) 1 Segundo o levantamento, 59% das pessoas decidiram abandonar a casa de Deus por causa da mudança de situação de vida (transferência de cidade, divórcio, nascimento de filhos, morte na família etc.). O desencantamento com os membros e pastores foi apontado por 37% dos entrevistados. A pesquisa também revelou que 19% estavam ocupados demais para participar das atividades da igreja; já 17% disseram que as responsabilidades da casa e família contribuíram para o afastamento. O comportamento dos próprios membros representou 17% dos ouvidos. E outros 12% revelaram dificuldades de envolvimento como maior empecilho. - Perguntar à classe: Que motivos têm levado tantos cristãos a se desviarem do Evangelho? 2 – Lição (Valorizando o aprendiz analítico) Pergunta chave: O que preciso saber? - Apresentar um resumo dos capítulos que são textos base da lição de hoje. 1Samuel 1 - História familiar de Samuel (Situação vivida por Ana e Elcana). - Nascimento e consagração de Samuel. 1Samuel 2 - O cântico de gratidão de Ana. - A situação dos filhos de Eli X A mocidade de Samuel. - A repreensão de Eli à seus filhos. 1Samuel 3 - Deus fala com Samuel. - A visão contra os filhos de Eli. 1Samuel 4 - A derrota dos Israelitas pelos Filisteus. - A morte dos filhos de Eli e a perda da arca da Aliança. - A morte de Eli - Leia o comentário ao lado para enriquecimento de sua aula. Se durante a apresentação do resumo você desejar, compartilhar algumas dessas informações. 2 Durante o período dos juízes, a nação era uma teocracia. O Senhor era seu único rei e autoridade. As tribos não tinham uma autoridade central que as governasse e eram mantidas unidas pelo compromisso comum da aliança do Senhor. Com o estabelecimento do reinado, Deus expressaria seu governo de um novo modo, por meio do rei por ele escolhido. A escolha divina de um líder piedoso é central. Samuel é enaltecido, em oposição a Eli e seus filhos, Finéias e Hofni. Eles foram rejeitados por Deus por causa de sua perversidade (2.12-36). Sob a liderança deles, os filisteus capturaram a arca da aliança na batalha de Afeca; mas, sob Samuel, Israel derrotou os filiteus em MIspa (7.1-17). Contudo, os filhos de Samuel também foram incapazes . Assim, o Senhor permitiu que o povo tivesse um rei. O rei Saul, porém, rejeitou a palavra profética de Samuel por questões de conveniência política. Deus, que Vê o coração, escolheu Davi como servo ungido para governar Israel. - Apresentar o personagem Bíblico de hoje (Eli) . Pedir para os alunos pesquisarem as características dos filhos de Eli, a partir de 1 Samuel 2 e 3 3 - Aplicações da Lição (Valorizando o aprendiz pragmático) Pergunta chave: Como uso o que sei? Como fazer funcionar na minha vida diária o que tenho aprendido? - Apresentar, as lições para a família a partir da s experiências familiares de Eli. Dividir a classe em 3 grupos para que discutam a respeito dos tópicos dados pelo professor. Grupo 1 Discutir sobre a tradição familiar. Na concepção do grupo qual foi O livro de Samuel demonstra que Deus é Senhor da história. Seu domínio é exercido pela ascensão e queda de personagens importantes, bem como sobre nações inteiras. o maior erro cometido por Eli? DOCKERY, David S. Manual Bíblico Vida Nova. São Paulo: Vida Nova, 2001. P.258259 aprovação de Deus? Que outros textos na Bíblia apontam para o erro de pensar na tradição familiar (ambiente eclesiástico) como exclusiva da . Grupo 2 Discutir em grupo os textos apresentados em Jó 1 e Deuteronômio6.7 quanto a criação dos filhos na instrução do Senhor. O que a igreja pode fazer para conscientizar a família da responsabilidade que ela tem de guiar os filhos até Deus? Grupo 3 Discutir sobre a realidade apresentada pelo autor da lição: “Fora de casa um homem bem-sucedido. Dentro de casa um pai rejeitado, omisso e incapaz de colocar as coisas no seu devido lugar”. 3 - Concluir a aula apresentando em retroprojetor as características do legado espiritual forte e fraco. Autora: Patrícia C. Grion Soares [email protected] ANEXOS - Textos para pesquisa e reflexão: http://www.revistaenfoque.com.br/index.php?edicao=81&materia=1027 Por que há tantos afastados de Deus? Uma igreja desviada Uilians Santos Faz quatro anos que os domingos do eletricista aposentado José Boaventura Boas, 56 anos, não são mais os mesmos. No primeiro dia da semana, ele gosta de ficar no bar com os amigos, jogar dominó, discutir os resultados da rodada, observar as mulheres, beber e freqüentar bailes. Até pouco tempo, ele vivia uma outra realidade. Tinha uma rotina tão agitada que mal conseguia parar para almoçar no dia em que normalmente as famílias se reúnem. Durante os 25 anos que liderou, implantou e pastoreou igrejas de três denominações da Assembléia de Deus, os domingos de Boaventura começavam cedo com as aulas da escola dominical. Na seqüência, visitava casas de irmãos, doentes nos hospitais e ainda liderava evangelismos nas ruas de Praia Grande (SP). À tarde, quando conseguia um tempo livre, ele usava para preparar a mensagem que ministraria no culto da noite. “O envolvimento com a obra de Deus era um marco em minha vida.” Entretanto, por causa de desavenças, uma história iniciada em 1º de dezembro de 1979 foi interrompida. Intrigas, mentiras, calúnias e acusações, jamais comprovadas, mas proferidas por seus líderes, o fizeram tomar uma decisão radical: abandonar a casa de Deus. Boaventura integra uma categoria de crentes que não pára de crescer: os desviados. Estima-se que, atualmente, existam entre 30 e 40 milhões em todo o país. Comparando-se com os dados do último censo populacional, que revelou a existência de cerca de 27,2 milhões de evangélicos, a quantidade de “ovelhas perdidas” é maior do que a igreja oficial. Se esses exirmãos que foram evangelizados, discipulados e participaram de cultos permanecessem, a igreja brasileira seria de aproximadamente 70 milhões de crentes, ou seja, quase a metade da população, que é de 180 milhões. Antes de ser vista como uma “ameaça”, a existência desse enorme contingente deve ser compreendida por líderes de todo o Brasil – como um sinal de alerta de que algo não vai bem. Além disso, a realidade mostra que é preciso rever conceitos e práticas para que esse jogo possa ser revertido. 4 Pastor Sinfrônio Jardim Neto, presidente do Ministério Jesus Não Desistiu de Você, que há 14 anos atua na recuperação de afastados, acredita que a idéia dominante em muitas congregações, que prioriza templos lotados sem se importar com os que saem, é um dos ingredientes que colaboram para o problema acontecer. “Infelizmente, 90% das igrejas não estão preocupadas com aqueles que saíram. Porém, sabemos que buscar a ovelha perdida é uma visão que está no coração de Deus.” Referência no assunto, com livros publicados e vários seminários e palestras ministrados no Brasil e exterior, ele explica que a reconquista é uma visão que a igreja perdeu ao longo dos anos, mas que atualmente se faz necessária para que os que saíram retornem. “Se a igreja não for atrás dos desviados, a maioria permanecerá no pecado e morrerá sem Deus. Para ser motivada nessa reconquista, a igreja precisa enxergar os soldados feridos com os olhos de compaixão do Senhor Jesus.” Este, porém, não é um problema exclusivamente brasileiro. Basta lembrar que um dos motivos do enfraquecimento do Evangelho em muitas nações se deu basicamente porque as pessoas deixaram de ir à igreja e passaram a se ocupar com outras coisas. A grande diferença é que, no Brasil, ao mesmo tempo em que saem muitos, outro tanto acaba entrando, o que no final gera um equilíbrio. Para descobrir os motivos da evasão, a Life Way Research (www.lifeway.com) realizou um estudo nos Estados Unidos e percebeu que vários fatores influenciam-na. Boaventura já foi pastor e não consegue perdoar as pessoas que o levaram a se desviar Segundo o levantamento, 59% das pessoas decidiram abandonar a casa de Deus por causa da mudança de situação de vida (transferência de cidade, divórcio, nascimento de filhos, morte na família etc.). O desencantamento com os membros e pastores foi apontado por 37% dos entrevistados. A pesquisa também revelou que 19% estavam ocupados demais para participar das atividades da igreja; já 17% disseram que as responsabilidades da casa e família contribuíram para o afastamento. O comportamento dos próprios membros representou 17% dos ouvidos. E outros 12% revelaram dificuldades de envolvimento como maior empecilho. Foi justamente para descobrir as causas que levam as ovelhas a se perderem que em outubro do ano passado a Faculdade Teológica Sul-Americana (FTSA), em Londrina (PR), promoveu sua V Semana de Estudos com o título “Decepcionados com a Igreja”. O evento, que contou com a participação de acadêmicos, integrantes da comunidade e a presença do pastor Caio Fábio, tentou encontrar respostas plausíveis para questões como: Por que as pessoas se decepcionam com suas igrejas? Quais são os motivos de suas frustrações e desilusões? Que principais motivos levam as pessoas a abandoná-las? “Um pastorado que não busca refletir e entender os motivos que as pessoas possuem para sair da igreja é um pastorado sem a perspectiva do cuidado. Cuidar é se importar”, alerta Jorge Henrique Barro, professor de Teologia Prática da FTSA. “O que deve nos motivar a refletir sobre este assunto é o exemplo de Jesus, que pergunta: ‘Qual de vocês que, possuindo cem ovelhas, e perdendo uma, não deixa as noventa e nove no campo e vai atrás da ovelha perdida, até encontrá-la? E quando a encontra, coloca-a alegremente nos ombros e vai para casa. Ao chegar, reúne seus amigos e vizinhos e diz: Alegrem-se comigo, pois encontrei minha ovelha perdida’”, frisa, citando Lucas 15.4-6. LONGE DE CASA Brigas internas, legalismos, decepções com a liderança, sensação de abandono, falsas profecias e promessas de prosperidade não concretizadas são os principais motivos, de uma lista imensa, que levam, cada vez mais, à não-permanência na igreja. Entretanto, é preciso deixar claro que nem todos os afastamentos são motivados por problemas eclesiásticos. Em muitos casos, eles acontecem devido a questões pessoais. 5 O morador de rua Fábio Paixão França, 37 anos, tem consciência de que seus próprios erros o afastaram do convívio da igreja. Com passagem em três congregações (Cristo é a Vitória, Bola de Neve e Cristo é a Resposta) e uma casa evangélica de recuperação de dependentes químicos, ele roga por uma nova chance: “Eu peço que Deus derrame mais uma gota de seu sangue para que possa ter vergonha e voltar a servi-lo da maneira correta”. Longe da igreja, os desviados acabam adquirindo características e práticas parecidas. Normalmente, tornam-se arrogantes, frios e indiferentes. Embora estejam vivendo no pecado, ao mesmo tempo, alguns nutrem uma “fagulha de Deus acesa no coração”. O contato com pessoas que vivem longe do Senhor fizeram com que Jardim Neto descobrisse que alguns afastados sentem saudade de Cristo, temem o inferno, possuem a convicção do pecado e até desejam retornar. “Muitos, por acharem que estão livres de Deus, fazem coisas horríveis. Mas ainda existem aqueles que conservam parte do temor de Deus e se esforçam para não se entregarem completamente ao pecado.” Na internet é possível encontrar páginas, comunidades e salas de discussões que reúnem afastados de várias idades e regiões do planeta. Nesses pontos de encontros virtuais, os membros conversam sobre vários assuntos, mas que geralmente estão relacionados à decisão que tomaram. Muitas vezes, utilizando-se do recurso do anonimato, integrantes abrem o coração e mostram-se arrependidos, como se vê neste depoimento postado na comunidade Desviados que Ainda Amam a Jesus, uma das maiores sobre o tema no Orkut: “Pra mim, foi o fim. Fiquei sem chão, mas depois percebi que teria de procurar um modo secundário de felicidade que nem se comparava à plenitude que eu havia provado ao lado de Cristo”. Criada na Congregação Cristã do Brasil em Itapira (SP), Karina Felix, 20 anos, também integra uma dessas comunidades virtuais. Há cinco anos, decidiu que sairia da igreja quando descobriu o valor de “usar brinco e vestir calça jeans”. Algo que as rígidas normas da igreja não admitem. Depois de experimentar muitas coisas, namorar, curtir baladas, ela garante que adquiriu uma nova percepção do cristianismo e descobriu que pode alimentar sua fé mesmo fora da doutrina. “Deus está em todos os lugares e cuida de todos os seus filhos. Ele nunca me deixou e eu nunca perdi a fé nEle. Igreja é feita de tijolo e cimento, coisas materiais”, declara. Embora sinta falta de cantar os hinos junto com a orquestra, ela acredita que se sentiria envergonhada se voltasse como se nada tivesse acontecido. “Acredito que eu não volto mais, não tenho forças. Se a volta estiver nos planos de Deus, Ele vai dar um jeitinho, o que é dEle ninguém leva.” COMO AJUDAR Reginaldo von Zuben, professor de Teologia Sistemática da Faculdade Teológica Sul-Americana, explica que três pontos precisam ser priorizados pela igreja para que o número de desviados pare de crescer. O primeiro é acentuar a teologia da graça. É necessário que ocorra um rompimento com a lógica mercantilista-individualista baseada na troca com Deus. “O critério para nos relacionarmos com Deus, assim como recebermos Suas bênçãos, se dá tão somente pela Sua graça, amor e benevolência.” A manifestação ou o testemunho da graça no dia-a-dia da igreja é o segundo aspecto que deve ser ressaltado. O que dignifica e valoriza as pessoas, apesar da condição de pecadoras e sofredoras em que se encontram. “Esse ponto se torna um desafio imenso para a igreja, porque ela terá que abandonar preconceitos, moralismos, 6 tradicionalismos e a prioridade em ser rica, grande e vistosa”, diz. O terceiro é a preocupação com o cuidado que as pessoas devem ter em suas fragilidades e problemas. “Muitos abandonam a igreja por não se sentirem acolhidos, seguros e assistidos. A teologia do cuidado é fundamental hoje em dia em toda e qualquer forma de missão, discipulado, grupos pequenos, culto e atendimento pastoral.” LAR AFETADO José Wanderley Vieira Gomes não lê mais a Bíblia e não consegue orar há quase um ano. O “esfriamento” começou quando problemas conjugais surgiram em seu casamento de 22 anos. A crise levou José e a esposa à separação. Além do fim do matrimônio, toda a família de evangélicos – o casal e cinco filhos – deixou a igreja. No mesmo período, o patrimônio familiar praticamente desapareceu. Wanderley vendeu duas casas e perdeu um carro num negócio onde o comprador levou e não pagou. Hoje, ele vive endividado e distante da casa de Deus, mas prefere ser otimista: “Tudo o que o inimigo me tirou, Deus vai me dar de volta”. A presença da igreja na vida de Wanderley é tão marcante que, no trabalho, os companheiros o chamam de “abençoado”. O apelido foi dado por seu chefe que, após anos de convívio, percebeu que muitas das vezes em que o irmão orava, os pedidos se concretizavam. Numa das ocasiões, um roubo que geraria muitos prejuízos à empresa foi solucionado depois que ele clamou ao Senhor. “Tudo aquilo que pedia prosperava”, recorda. O ex-evangelista, dizimista e colaborador fiel da Assembléia de Deus Ministério de Santos sabe que precisa retornar à igreja para que as bênçãos voltem a fazer parte de sua história. “Um dia eu volto, e acredito que Deus fará muitos milagres em minha vida.” Os reflexos das modificações ocorridas nos últimos anos na família Boas podem ser constatados observando a casa onde moram. Depois que Boaventura deixou suas atividades na congregação, a alegria deu lugar a um sentimento de tristeza. A Bíblia, que era o livro que regia as decisões de toda a família, foi esquecida num canto. Dos cinco integrantes, apenas Maria da Luz Norberto Boas, a mãe, continuou na caminhada com Cristo. Mas nem sempre foi assim. Nos tempos em que Boaventura estava ativo, o sobrado onde residia – uma área construída de 320 metros quadrados, no bairro Quietude, em Praia Grande – era tão freqüentado pelos irmãos que era considerado uma extensão da igreja. Além da presença constante dos crentes, o local abrigou a rádio Novas de Paz FM, que além de ser um instrumento de propagação do Evangelho, conseguiu um feito: a regularização junto ao Ministério das Comunicações. Há 14 anos, o pastor Sinfrônio Jardim Neto realiza seminários e publica livros que despertam a igreja para o problema Com sete quartos, era o porto seguro de missionários, evangelistas, pastores e irmãos que visitavam a cidade para cumprir o “ide” de Jesus e onde sempre encontravam abrigo. Olhando para tudo o que aconteceu, Maria da Luz sente saudades dos momentos alegres e ora pelo retorno do marido para continuar a boa obra: “Eu creio no meu Senhor. Um dia Ele vai me dar vitória e trazer os meus para a casa dEle. Criei os meus filhos na igreja, que nasceram num berço evangélico; não os entreguei ao mundo, mas ao Senhor. A Palavra de Deus diz que quanto maior a luta, maior a vitória”. Boaventura tem certeza de que abandonar a igreja, onde vivenciou “momentos de sublime alegria”, não foi a melhor decisão que poderia ter tomado. No entanto, os anos de afastamento não foram suficientes para que esquecesse os muitos ensinamentos aprendidos na 7 época em que a Bíblia foi a sua fiel companheira. Ele recorda, por exemplo, que saber perdoar é uma atitude que faz diferença na vida de qualquer cristão. Infelizmente, isso é algo que ele não consegue mais praticar. “Por tudo o que fizeram comigo, eu que sou o errado. Deus não mandou eu me desviar da igreja, não mandou eu sair da frente do trabalho. Os homens me expulsaram. Mas, para a nossa felicidade, temos, em cada esquina, uma igreja aberta. Se alguém quiser morar no céu, tem que ter o dom do perdão. O maduro em Deus sabe perdoar o inimigo, aquele que fez o mal. Isso é a coisa mais importante, a essência do Evangelho, mas é aí que estou me perdendo”, desabafa, emocionado. “Foi muito mais fácil eu sair do samba, do envolvimento com mulheres alheias, da cachaça, da maconha e aceitar a Jesus, por quem eu chorava de alegria quando estava na igreja, do que, agora, voltar.” AÇÕES ISOLADAS Apesar de ser um problema estarrecedor, ainda são poucas as igrejas que se preocupam em recuperar irmãos desviados. Uma que concentra esforços para ajudar ovelhas a encontrarem novamente o caminho é a Assembléia de Deus em Augusto Vasconcelos, no Rio de Janeiro. Desde 1997, o ministério realiza, anualmente, a Cruzada de Restauração Jesus Não Desistiu de Você, a partir dos métodos do pastor Jardim Neto. Nesse período, as cruzadas têm conseguido resultados significativos. Em média, cerca de 100 ex-evangélicos retornam à igreja por ano. Durante a cruzada são realizados cultos e quem recebeu três visitas é convidado para o evento. Para conseguir esse resultado e reconquistar as almas feridas, pessoas da igreja são treinadas. Uns recepcionam os afastados e outros recebem orientações para atuarem na visitação. O pastor João Neres de Oliveira Neto, vice-presidente da igreja e responsável pelo ministério de resgate dos afastados, explica que a luta espiritual é intensa: “Geralmente, as pessoas desviadas estão feridas e nem querem ouvir falar de igreja. Na última cruzada, um visitante colocou uma faca em cima da mesa para intimidar os irmãos. Porém, com algumas palavras e o agir do Espírito, ele se acalmou”. FILHO PRÓDIGO Entre os 18 e 19 anos, Ari Rodrigues Cabral levava uma típica vida de crente. Membro da Igreja Universal, na Lapa (bairro situado na capital paulista), participava dos cultos, das atividades, dizimava, e logo viu a bênção de Deus se concretizar. “Vivia uma vida sem preocupações”, recorda. Entrando em plena juventude, acabou seduzido pelas luzes do mundo e aos poucos foi se afastando do convívio da igreja, até se desviar completamente. Nesse período vivenciou muitas coisas marcantes. Com uma antiga namorada, foi pai de duas meninas. Com novas amizades, tornou-se usuário de drogas, entrou para a criminalidade e acabou cumprindo pena de seis anos de reclusão por roubo e homicídio. “Na época, Deus nem passava pela minha cabeça, eu só queria curtir.” As iniciativas que auxiliam na recuperação de desviados só obtêm êxito se a pessoa der o primeiro passo em direção a Deus. Embora reconheça que ainda não esteja livre dos vícios adquiridos nos anos que passou nas ruas e na prisão, Ari quer esquecer tudo o que vivenciou. A fim de retomar uma história interrompida pelas ofertas mundanas, antes mesmo de completar uma semana de liberdade ele passou a freqüentar uma igreja evangélica na cidade de Santos. Buscando mudança profunda, fez uma promessa que pretende cumprir: “Eu e minha esposa iremos à igreja pelo menos duas vezes por semana”. Seja bem-vindo, irmão, pois Jesus Cristo o espera de braços abertos. 8 http://www.prazerdapalavra.com.br/colunistas/luiz-sayao/2793-a-sindrome-dos-filhos-de-eliluiz-sayao.html A SÍNDROME DOS FILHOS DE ELI (Luiz Sayão) 9 A igreja evangélica brasileira tem sido marcada por forte tendência evangelística. Seu crescimento numérico é inquestionável. Todavia, em meio a tão grande sucesso mensurável, um problema manifesta-se de modo incômodo nos ambientes evangélicos: muitos são os traumatizados com sua experiência evangélica. Tais pessoas ou afastam-se da igreja ou acabam mantendo um vínculo meramente formal com uma comunidade cristã, sem verdadeiro interesse na igreja e nas coisas espirituais. Diante desse quadro, um fenômeno chama a atenção. Entre os “traumatizados da fé” destaca-se um número significativo de filhos de pastores. Como entender que até filhos de ministros evangélicos mostram-se decepcionados e frustrados com a igreja. Existe até o comentário popular nos bastidores de “síndrome de filho de pastor”. Será que o problema é novidade? Como entender a situação? O que está acontecendo? Em primeiro lugar, é necessário ressaltar o fato de que o problema está presente nas Escrituras. O caso mais nítido é o dos filhos de Eli, descrito em 1Samuel. Vamos ao texto: Os filhos de Eli eram ímpios; não se importavam com o Senhor nem cumpriam os deveres de sacerdotes para com o povo; sempre que alguém oferecia um sacrifício, o auxiliar do sacerdote vinha com um garfo de três dentes, e, enquanto a carne estava cozinhando, ele enfiava o garfo na panela, ou travessa, ou caldeirão, ou caçarola, e o sacerdote pegava para si tudo o que vinha no garfo. Assim faziam com todos os israelitas que iam a Siló. Mas, antes mesmo de queimarem a gordura, vinha o auxiliar do sacerdote e dizia ao homem que estava oferecendo o sacrifício: “Dê um pedaço desta carne para o sacerdote assar; ele não aceitará de você carne cozida, somente crua”. Se o homem lhe dissesse: “Deixe primeiro a gordura se queimar e então pegue o que quiser”, o auxiliar respondia: “Não. Entregue a carne agora. Se não, eu a tomarei à força”. O pecado desses jovens era muito grande à vista do Senhor, pois eles estavam tratando com desprezo a oferta do Senhor. (1Sm 2.12-17). Quando lemos mais adiante, verificamos que repúdio divino e seu julgamento sobre os filhos perversos de Eli são contundentes: Por que vocês zombam de meu sacrifício e da oferta que determinei para a minha habitação? Por que você honra seus filhos mais do que a mim, deixandoos engordar com as melhores partes de todas as ofertas feitas por Israel, o meu povo?’ ... É chegada a hora em que eliminarei a sua força e a força da família de seu pai, e não haverá mais nenhum idoso na sua família, e você verá aflição na minha habitação. (1Sm 2.29,31-32) O que nos assusta é que Eli não está sozinho. Muitos outros casos de pais que conheciam a Deus e que tiveram filhos execráveis e perversos estão presentes nas Escrituras. Podemos citar o exemplo de Adão (Caim), Isaque (Esaú), Samuel (seus filhos – 1Sm 8.3), Davi (Absalão) e Ezequias (Manassés). A pergunta que precisa ser feita é por que isso acontece? Como entender que pessoas que desde crianças são ensinadas nas verdades de Deus tornam-se absolutamente refratárias à Palavra divina? Exemplos da história recente mais estarrecedores de “filhos apóstatas” foram o filósofo Friedrich Nietzsche, neto de pastor, e o escritor Herman Hesse, filho de missionários. Aqui vão algumas possíveis explicações da razão de tal fenômeno. Espero que sejam úteis à grande comunidade cristã de nossas igrejas cristãs. 1. Muitos pais falham em não ensinar a Palavra divina. 10 Muita gente imagina que a responsabilidade do ensino bíblico e da igreja e da escola dominical. A idéia das Escrituras é diferente. Timóteo aprendeu com a mãe (2Tm 1.5, 3.15). O livro de Provérbios enfatiza o ensino dado aos filhos desde pequenos (1.8; 6.20; 23.22). O ensino bíblico precisa ser dado pessoalmente, no nível do olho-no-olho. Não pode ser mera abstração distanciada. Além disso, ensinar é viver. Se nosso procedimento mostrar que nossos valores são outros, estaremos levando os fihos na direção equivocada. Em casa, a vida fala mais alto do que as palavras. A negligência dos princípios cristãos e o secularismo presente são responsáveis por muito do enfraquecimento da fé de muitos. 2. Muitos pais rejeitam a verdade de que filhos precisam de limites. Provalvemente motivados pelo narcisismo, muitos pais acham que seus filhos são tão maravilhosos, que acabam rejeitando a responsabilidade de disciplinálos. Isso provoca um sentimento de “ausência de lei” e de desrespeito à autoridade. A falta de amor em aplicar disciplina aos filhos é uma fuga da responsabilidade (medo de sentir-se culpado) que provoca danos sérios à formação do ego e da personalidade da criança. Este foi o grande erro de Eli: Pois eu lhe disse que julgaria sua família para sempre, por causa do pecado dos seus filhos, do qual ele tinha consciência; seus filhos se fizeram desprezíveis, e ele não os puniu. (1Sm 3.13). Escutemos as sábias palavras de Provérbios: Quem se nega a castigar seu filho não o ama; quem o ama não hesita em discipliná-lo. (13.24) Não evite disciplinar a criança; se você a castigar com a vara, ela não morrerá. (23.13). Discipline seu filho, e este lhe dará paz; trará grande prazer à sua alma. (29.17). A insensatez está ligada ao coração da criança, mas a vara da disciplina a livrará dela. (22.15). Deve ficar bem claro que disciplina não pode ser confundida com violência nem com descontrole emocional. A disciplina deve partir de regras claras e ser aplicada com coerência, mostrando preocupação com o benefício da criança. 3. Quando o pai e a mãe não se entendem, os filhos são afetados. 4. O mais importante ensino que se dá a uma criança é o relacionamento entre pai e mãe. Aquilo em que de fato cremos aparece em nossa convivência. Se ensinamos ao filho que é necessário submeter-se a Deus e à sua palavra, mas em casa, o pai não ama e respeita a mãe, e a mãe, por sua vez, não ouve o marido e o confronta, não há muito o que ensinar por conceitos abstratos (Ef 5.21-25). O ambiente no qual os filhos são criados é fundamental para a saúde espiritual e emocional de sua formação. O confronto entre pai e mãe sugerirá aos filhos que o evangelho não tem poder nenhum de restauração. A maioria dos pais precisa pegar leve! 11 Alguns pais, motivados pelo zelo religioso, acabam cobrando demais de seus filhos e apenas exigindo o tempo todo. Falta afeto, falta atenção real, conversa pessoal, etc. Essa é a preocupação da frase “não irritem seus filhos” (Cl 3.21; Ef 6.4). A idéia do texto original é agir de modo a fazer o filho perder a coragem e a vontade de prosseguir. Talvez essa seja uma das maiores dificuldades dos pais muito “espirituais”, que enfatizam a lei e os mandamentos, mas que não expressam graça e amor, a essência do evangelho. Na minha opinião, aqui está o principal motivo dos problemas dos “filhos de pastores”. Eles são obrigados a serem “pastorezinhos”, são cobrados em toda a parte, os pais ficam temerosos com seu testemunho. Muitos simplesmente não aguentam o processo e acabam ficando frustrados e traumatizados. 5. Os pais precisam lembrar que família é prioridade! É importante destacar que muitos pais “consagrados” fazem de tudo na igreja e na fé, e deixam seus filhos em segundo plano. A idéia é que Deus irá cobrar a fidelidade na obra do Senhor. Motivados pela culpa e pelo ativismo, caem num processo de envolvimento exagerado com atividades da igreja e abandonam a família. Essa atitude é errada e perigosa e pode provocar problemas muito sérios. O líder da igreja deve cuidar primeiro da família (1Tm 3.4), e quem não faz isso é “pior do que um descrente” (1Tm 5.8). A família vem antes da igreja nas prioridades de Deus. Todavia, apesar dos possíveis erros paternos e maternos, deve ficar claro que cada um de nós é livre para tomar suas decisões. Os dois melhores reis de Judá tiveram pais muito perversos e maus. Ezequias era filho de Acaz, e Josias, filho de Amom. Eles não se entregaram à herança familiar problemática. De igual modo, cada filho deve reagir, encarando sua própria responsabilidade. Não adianta culpar a igreja, os pais e a Deus. É preciso tomar a atitude correta. Diante da terrível “síndrome dos filhos de Eli”, pais e filhos devem ouvir a Palavra divina e corrigir o rumo de sua direção. 12