Da Necessidade de Superação dos Limites da

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Da Necessidade de Superação dos Limites da
Da Necessidade de Superação dos Limites... Luna
Da Necessidade de Superação dos Limites da Análise
Semiótica em Literatura
Necessity of Overcoming Limitations of Semiotic Analysis in
Literature
Prof. Dr. Jayro Luna (Jairo Nogueira Luna) - UPE
Resumo: Neste artigo buscamos analisar as relações atuais
entre o método semiótico e a literatura de modo a compreender
as dificuldades de aplicação na análise de obras literárias e de
como o método parece estar ainda em desenvolvimento,
exigindo do estudioso uma postura criativa no sentido da
descoberta de categorias semióticas aplicáveis.
Palavras-chave: Semiótica, Interpretação, Crítica Literária.
Abstract: In this article we analyze the current relationship
between the semiotic method and literature in order to
understand the difficulties of applying the analysis of literary
works and the method seems to be still under development,
requiring the reader a creative attitude towards the discovery
of semiotic categories applicable.
Keywords: Semiotics, Interpretation, Literary Criticism.
1. Semiótica e Literatura
A Semiótica de que tratamos neste artigo é notadamente
a peirceana, fundamentada nos trabalhos de C. S. Peirce1 e com
1
PEIRCE, C.S. Collected Papers. Cambridge, Harvard University Press, 4
vols., 1960 Em português há um livro com um substrato da obra: Semiótica,
série Estudos, Ed. Perspectiva, 1979
DIÁLOGOS – Revista de Estudos Culturais e da
Contemporaneidade – N.° 9 – Maio/Junho - 2013
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desenvolvimentos em autores contemporâneos entre os quais,
citamos, Umberto Eco 2 , Lúcia Santaella 3 , Décio Pignatari 4 e
Elisabeth Walter-Bense 5 . Não nos deteremos, senão
circunstancialmente em aspectos ligados à Semiologia de base
Saussureana ou à Semiótica Greimasiana. Nosso propósito é
tomar por base a teoria geral dos signos conforme a delineada
por Peirce e os desenvolvimentos como os que fez Umberto
Eco no que tange aos conceitos de diagramas, desenhos,
emblemas e sinais.
Ao estudioso que busca entender o método semiótico
aplicado à análise literária talvez começasse seu percurso de
aprendiz ou sua iniciação pela leitura de uma obra cujo título
talvez vá direto à questão que é Semiótica e Literatura, de
Décio Pignatari. Primeiramente editada em 1974, apresenta-nos
algumas interessantes comparações. Ao estudar o processo de
Paul Valéry para a análise literária, Pignatari observa que:
“Pensamento que se aprofunda é
pensamento que se aproxima de seu
objeto – este é o fundamento do
pensamento metodológico de Valéry (e
é extraordinário como essa idéia se
acopla tão coerentemente à Semiótica
de Peirce, para quem toda criação,
2
ECO, Umberto. Os Limites da Interpretação. São Paulo, Perspectiva,
1999. As Formas do Conteúdo. São Paulo Perspectiva, 1974. Tratado Geral
de Semiótica. São Paulo, Perspectiva, 1975.
3
SANTAELLA, Lúcia & NÖTH, Winfried. Imagem: Cognição, Semiótica,
Mídia. São Paulo, Iluminuras, 2008. SANTAELLA, Lúcia. A Assinatura
das Coisas: Peirce e a Literatura. Rio de Janeiro, Imago, 1992. Cultura das
Mídias. São Paulo, Paullus, 2003. O que é Semiótica. São Paulo,
Brasiliense, 1983.
4
PIGNATARI, Décio. Semiótica e Literatura. São Paulo, Perspectiva,
1974. Signagem da Televisão. São Paulo, Brasiliense, 1984.
5
WALTER-BENSE, Elisabeth. Teoria Geral dos Signos. São Paulo,
Perspectiva, 2000.
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científica ou artística, resulta num
ícone).” (PIGNATARI, 1974, p. 29)
Esta colocação, algo aparentemente circunstancial, feita
por Pignatari disfarça uma ousadia comparativa. Quando
considera válida a afirmação de que toda criação (científica ou
artística) resulta num ícone, deixa-nos no entretexto a ideia da
concretude e também da busca da simbiose entre palavra e
objeto, ou dito de outra forma, a eliminação da palavra,
enquanto símbolo na acepção peircena pela imagem do objeto
que representa, este sim o ícone referido. Por essa afirmação,
Pignatari como que sutilmente coloca a ideia de que a criação
artística – e nos referimos aqui, preferencialmente a ela – mais
do que utilizar a linguagem como elemento constituinte e
básico de si mesma, apresenta também a superação ou a
transubstanciação dessa fisicalidade da linguagem em uma
imagem mental que faz por tornar rarefeita esta mesma
linguagem, restando ali as ligações abstratas.
Mais adiante, Pignatari vai explicando ao leitor as
noções básicas da teoria dos signos de Peirce, mas em alguns
momentos vai pontuando os parágrafos com afirmações mais
complexas aqui e ali. Em determinado momento nos diz que
“As sugestões associativas são inferências, segundo Peirce, e
as inferências podem ser de dois tipos: por Contigüidade
(Contiguity) e por Semelhança (Resemblance)” 6 . Observemos
que a ideia de que existem dois tipos – contigüidade e
semelhança – de inferências associativas permite-nos a
confrontação com os conceitos de metáfora e metonímia, bem
como com os conceitos de eixos paradigmáticos e
sintagmáticos. Ao nosso ver, a metáfora se compõe no eixo
sintagmático uma vez que dois elementos são comparados com
vistas à determinação de suas características semelhantes, ao
passo que, a metonímia se compõe num processo ligado ao
6
Op.Cit., pg. 62.
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eixo paradigmático em que características contíguas de um
elemento ou objeto são destacadas num processo de
substituição.
Na questão da criação artística e literária, a obra
analisada demonstraria a utilização de uma arquitetura da
linguagem em que esses dois tipos de inferências seriam o pano
de fundo a servir de elementos estruturantes da composição da
obra em seus aspectos microestéticos, porém, tal visão, não
eliminaria a possibilidade de organização macroestética da
obra. Não é, pois, por outro motivo que Pignatari faz
observações em Proust, notadamente no episódio das
madeleines 7 , ao conto de Edgar Alan Poe, The Fall of the
House of the Usher (O Mal da Casa de Usher) e em Machado
de Assis, Memórias Póstumas de Brás Cubas. Nestas obras,
Pignatari busca nos apresentar como estes dois tipos de
inferências compõem capítulos específicos das obras e de como
tais capítulos são centrais na composição do enredo. As
lembranças que traz o degustar das madeleines, os rabiscos de
Brás Cubas no papel em busca do nome de Virgília, de como a
casa de Usher contém os pronomes pessoais (she, he, us, her) e
como house os possui em parte anagramaticamente.
Porém, ao término da leitura da Semiótica e Literatura,
o leitor que queira ter um instrumental de análise encontrar-seá instigado às descobertas, mas por outro lado, perceberá que é
ele quem tem que construir ou descobrir as possíveis
inferências de contigüidade e de semelhança, as relações
abstratas de caráter metafórico e metonímico, mas não tem
claro que isto seja o objetivo da análise, ou que tais descobertas
o ajudarão de fato a ter uma leitura da obra que seja parte de
um processo crítico substancial.
Já em A Assinatura das Coisas, de Lúcia Santaella, que
tem o subtítulo de “Peirce e a Literatura” na verdade, tem como
grande propósito a explanação do modo como o filósofo
7
PROUST, Marcel. Em Busca do Tempo Perdido. Rio de Janeiro, Ediouro,
3 vols, 2009. O episódio em questão encontra-se em No Caminho de Swann.
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americano compreendia a classificação das ciências (com
destaque para o capítulo “Cartografia das Ciências) e de como
leitores de Peirce escreveram obras que buscam determinar
características de categorias semióticas, como é o caso da
Abdução. De fato, a autora não parte para uma aproximação
metodológica entre a Semiótica, conquanto método, e a
Literatura, como objeto. Somente no capítulo final “A
Semiose Literária” a autora busca essa aproximação, mas sem
uma especificação própria para o trato do objeto literário:
“Para se compreender as possibilidades
de utilização dos meandros da definição
de signo (identificadora dos elementos
que fazem o signo agir e se
movimentar) como um mapeamento ou
guia, como um conjunto de sinalizações
para a observação, descrição, análise e
interpretação de semioses concretas
(tais como estão em atividade no
mundo: uma obra literária, por
exemplo, um paciente em tratamento
psicanalítico, o modo de vida de uma
pessoa, as peças de teatro de um
dramaturgo, uma matéria de jornal,
uma exposição de videopoemas, etc.)
algumas questões têm de ser levadas
em conta.” (SANTAELLA, 1992, p.
198)
Podemos perceber como a análise literária nesta
colocação não difere muito de análises da linguagem em
situações concretas de comunicação, como a fala do paciente
em tratamento psicanalítico ou uma matéria de jornal. Nesse
âmbito, o método semiótico aplicado à análise literária não
privilegia as particularidades da obra literária de modo a que
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devam merecer um conjunto particular ou próprio de
procedimentos de análise semiótica para compreensão do
processo de criação literária, o que ao nosso ver, incorre-se
num generalismo uma vez que uma matéria de jornal ou o
discurso do paciente não têm na mesma medida nem no mesmo
contexto o aspecto da criação por meio do trabalho com a
linguagem. Assim, justifica-se o parágrafo colocado na página
26 do livro de Santaella que começa por dizer que “Em vista
disso, o objetivo prioritário deste livro é o de contextualizar a
Semiótica peirceana dentro do corpo mais amplo de sua
arquitetura filosófica, inserindo essa arquitetura no diagrama
mais vasto da classificação das ciências”(p.26)
Um pouco mais adiante, Santaella relaciona a questão
da criatividade com o conceito de Abdução em Peirce, onde diz
que “(...) ‘o caráter semiótico do reconhecimento icônico’, ‘a
iconicidade abdutora da metáfora’ etc. que se ampliam até as
considerações acerca de uma Estética peirceana.” (p.40)
utilizando citações do livro de Angel Herrero, Semiótica y
Creatividad – La Lógica Abductiva (1988). E voltamos assim
ao ponto citado de Décio Pignatari acerca da iconicidade da
imagem literária.
2. Os Limites do Método
I.M. Lotman escrevendo acerca da semiótica russa
observa que um sistema de relações sígnicas interpretativo da
obra não pode se prender ao caráter estático, sendo preferível
um sistema múltiplo que comporte diferentes processos de
leitura e interpretação e é nas relações interprocessuais que
surgiria a leitura semiótica:
“Ao colocar diante de si a finalidade
consciente da construção de modelos
dinâmicos da obra artística, é
indispensável rejeitar sua contraposição
categórica aos modelos estáticos e,
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mais ainda, negar-se a considerar esses
dois tipos de modelização do texto
artístico
como
metódica
e
metodologicamente hostis. Bem mais
correta será sua interpretação como
duas etapas da aproximação científica à
compreensão do mecanismo de
funcionamento social da obra. Um
mesmo texto pode ser descrito de
algumas maneiras diferentes. Sendo
assim, se cada uma dessas descrições
for tomada isoladamente, isto só será
possível na qualidade de sistema
estático, e então a estrutura dinâmica
surgirá nas relações”. (LOTMAN,
1979, p.132)
Notemos a terminologia utilizada: modelos, por este
termo subtende-se que a leitura crítica de uma obra comporta a
utilização de modelos de caráter analítico e processual para
estudo das obras. A Semiótica não fornece um modelo
específico, embora apresente um conjunto de categorias
classificatórias sígnicas e um sistema de análise do processo de
apreensão sígnica. Sistema dinâmico, por esta expressão
entendemos que o modelo, se utilizado, deva não ser estático,
seu contraditório, mas sim aberto a novos acréscimos e
modificações estruturais no próprio sistema. Estrutura
dinâmica, as novas leituras e os novos acréscimos formariam
um conjunto complexo de relações interpretativas, sejam
complementares, ou mesmo até contraditórias, mas de cujo
confronto surgiria uma visão macrosistêmica do todo.
Julia Kristeva chama-nos a atenção para o caráter
específico da linguagem poética em contraposição a linguagem
não poética (falada, cotidiana, referencial, etc.). No texto
poético existe uma impossibilidade de comutabilidade das
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palavras, ao passo que na linguagem não poética a alteração da
ordem de termos não necessariamente altera o significado do
texto e ainda mais, essa possibilidade de alteração, por sua vez,
implica na dispensabilidade do caráter estético da mensagem.
Por outro lado, a linguagem poética se sustenta não num
código específico, mas sim na interrelação de mais de um
código, como por exemplo, o código da arte poética e o código
lingüístico:
“Nesta perspectiva, claro é que o
significado poético não pode ser
considerado como dependente de um
único código. Ele é ponto de
cruzamento de vários códigos (pelo
menos dois), que se encontram em
relação de negação um com os outros.”
(KRISTEVA, 1969, p.174)
Porém, argumentamos, não deixando de validar as
colocações de Lotman e de Kristeva dentro dos contextos e
momentos em que foram escritos, que a leitura semiótica da
obra literária parece, ainda aos dias de hoje – já na segunda
década do século XXI – carecer de um processo que sustente a
estrutura dinâmica ou o sistema dinâmico e que demonstre
inequivocamente que o cruzamento de vários códigos é uma
característica constitutiva e construtiva da obra literária em
termos de categorias semióticas. Na maior parte das vezes, as
leituras
semióticas
complementam
outras
leituras
(socioliterárias,
históricas,
estrutural-formalistas,
desconstrutivistas, projectuais...) em termos de terminologias
categóricas, mas cujas categorias não fazem efetivamente
emergir uma nova leitura além do uso desta nova terminologia
ou quando não, fazem por reforçar os aspectos significantes e
composicionais do texto, equiparando leituras de caráter
microestético com as leituras sócio-literárias em um nível de
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troca de similaridades, e nesse caso lembremos de Décio
Pignatari ao considerar os grafismos de Brás Cubas como
ponto articulador da tomada de consciência da personagem
acerca do seu sentimento amoroso. E embora esta proposição
se sustente na análise microestética da obra, ela não garante
que a estrutura da obra tenha se articulado a partir deste ponto,
podendo o mesmo ter sido apenas um acréscimo ornamentativo
do estilo do autor.
Num brilhante trabalho acerca da obra poética do
heterônimo pessoano Alberto Caeiro, intitulado O Guardador
de Signos, um trocadilho bem colocado com relação ao mais
conhecido poema do heterônimo, Rinaldo Gama busca
constantemente a apreensão do processo pelo qual Caeiro tenta
eliminar o pensamento em favor das sensações como elementos
constitutivos de seu ser e estar no mundo:
“Isto não quer dizer que a expressão do
real se dê sem a intermediação sígnica.
É preciso não confundir o signo da
Primeiridade, o ícone por excelência –
se pensarmos na relação S-O do
triângulo básico dos processos de
significação – com esta categoria
cenopitagórica. Refletindo a respeito de
‘questões sobre certas faculdades
reivindicadas para o homem’, Peirce
responde à possibilidade de se pensar
sem signos: ‘É uma questão familiar,
mas até agora a melhor resposta que lhe
deram consiste em dizer que o
pensamento precede o signo.’ A
experiência da Primeiridade é sempre
original, trata-se, como foi dito antes,
de sensação pura, qualidade de
sensação.” (GAMA, 1995, p. 54)
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A Primeiridade, categoria peircena, está determinada
pelas sensações. Conquanto sejam sensações sua duração no
tempo é o tempo de sua percepção. A partir do momento em
que se traduz em signo na memória fica-se o registro traduzido
em outro signo de outra categoria que pode ser um índice ou
um símbolo, conforme o mesmo processo de tradução ou de
apreensão.
Alberto Caeiro, que sempre na busca de esquecer o
modo de lembrar: “Procuro esquecer-me do modo de lembrar
que me ensinaram, / E raspar a tinta com que me pintaram os
sentidos, / Desencaixotar as minhas emoções verdadeiras, /
Desembrulhar-me e ser eu, não Alberto Caeiro.” (PESSOA,
1977, p. 225-226), apresenta-nos um drama da consciência
humana que é nosso modo de nos relacionarmos com a
realidade, ou com o que definimos por realidade via este
mesmo modo e o presente, este por sua vez, outro elemento
inapreensível em sua fisicalidade plena, uma vez que o registro
do instante presente na memória já o torna passado e o próprio
modo físico de chegada da percepção pelos sentidos necessita
de um tempo pra transcorrer, configurando o presente como no
máximo um passado próximo.
Um físico pós Einstein, David Bohm coloca de modo
interessante o modo como apreendemos as sensações e
formamos nossa interpretação do que seja o real: “Este é o
ponto em que quero chegar: o pensamento está afetando o que
você vê. A representação entra na percepção.” (BOHM, 2007,
p.101). Bohm, o criador dos conceitos de Ordem Implícita e
Ordem Explícita acerca da configuração do universo no tempo
e no espaço parece se aproximar do modo como a própria
Semiótica compreende o que vemos e entendemos do Mundo.
Rinaldo Gama teve o mérito de analisar um poeta cuja
produção se apresente exatamente neste interstício entre o que
vemos e/ou sentimos e o que pensamos, mas esta precisão de
leitura se perde se escolhemos outras obras literárias em que o
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autor não tem esta preocupação ou construção, mas sim que
constrói sua obra utilizando o processo como meio,
especificamente, e não como mensagem, para contrariar um
pouco Marshall Mcluhan, mas não muito, só o suficiente para
que contextualizemos sua famosa afirmação: “the medium is
the message / mass age”.
Citando Max Bense, a semioticista Elizabeth WalterBense busca argumentar na validade da aplicação de um
método semiótico para análise das obras de arte e por
conseguinte, da obra literária:
“Recentemente, Bense (Paper 9)
ampliou suas elaborações de uma
estética semiótica por meio de
observações sobre a origem semiótica
da arte, que ele contrapõe ao interesse
pelo objeto, isto é, à origem objetiva da
arte. Tendo em vista que toda
representação
artística
é
uma
representação icônica, indexicálica ou
simbólica e que por representação se
entende uma relação de um meio com o
objeto, o interesse principal do artista
não é o objeto como tal, mas a
representação com os meios da arte.
Bense apóia essa concepção nas
maneiras fundamentais de relação do
homem com o seu ambiente, que ele
determina mediante a ‘adaptação’
icônica, a ‘aproximação’ indexicálica e
a ‘escolha’ simbólica, e que deve ser
entendida não apenas geneticamente
mas, de modo geral, como essencial
para o comportamento humano.”
(WALTER-BENSE, 2000, p. 89)
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Max Bense em sua Pequena Estética 8 desenvolve uma
fórmula matemática para medição da qualidade estética dos
objetos: Ee = O/C, na qual “Ee” é o estado estético da obra que
se obtém pela relação matemática de divisão entre um valor
dado ao nível de Ordem (O) da obra e um valor dado de
complexidade de sua estrutura (C). Esta fórmula, Bense obtém
a partir da leitura de George D. Birkhoff acerca da medida da
informação.
A relação entre ordem e complexidade é um bom
artifício para obtenção de um valor construtivo ou
composicional. Bense supõe que este valor seja condição para
o prazer estético, o que parece ser verdadeiro, uma vez que a
obra desordenada em seus elementos constitutivos e cuja
simplicidade seja resultado de uma pobreza desses mesmos
elementos não parece ser capaz de gerar agradabilidade por
parte do receptor. De outro modo e numa linguagem menos
técnica, Aristóteles já observava esta questão ao enunciar que
“Além disso, o belo, em um ser vivente ou num objeto
composto de partes, deve não só apresentar
ordem em suas partes como também comportar certas
dimensões. Com efeito, o belo tem por condições uma certa
grandeza e a ordem.”(ARISTÓTELES, c. VII, 8).
Notemos que a definição quantitativa do estado estético
de uma é em Max Bense bem aplicável aos objetos em que
elementos de complexidade são definidos por coisas como
simetria, tamanho, volume, cores, etc. No caso da obra literária
a aplicação de tal fórmula implicaria num cem número de
possibilidades de medição da ordem e da complexidade que
levaria a um paradigma sem fim de possibilidades semânticas,
semióticas e estruturais. A colocação de que Max Bense em
escrito posterior à Pequena Estética de que “toda representação
artística é uma representação icônica, indexicálica ou
8
BENSE, Max. Pequena Estética. São Paulo, Perspectiva, col. Debates, 2.ª
ed., 1975
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simbólica” não vai além do óbvio a partir das colocações de
Peirce, uma vez que a tríade ícone-índice-símbolo para Peirce
dá conta de todas as possibilidades de signo no âmbito da
relação S-O (Signo para com seu Objeto). O que faz da análise
do texto ou de uma intenção de operação no texto em que se
descortinem os efeitos de adaptação, aproximação e escolha
como uma mera atividade classificatória segundo um novo
parâmetro, mas que não opera efetivamente no sentido da
exploração semiótica do texto.
Para Umberto Eco a questão da intenção de operação
do/no texto é um elemento definidor das condições de
interpretação, uma vez que duas ações podem determinar isto:
o uso e a interpretação. O uso é uma ação pragmática que não
necessariamente leva à interpretação, que é de caráter teórico:
“Uso e interpretação são, certamente,
dois modelos abstratos. Toda leitura
resulta sempre de uma comistão dessas
duas atitudes. Às vezes acontece que
um jogo iniciado como uso acabe
produzindo
lúcida
e
criativa
interpretação – ou vice-versa. Às vezes,
mal-interpretar um texto significa
desencrustá-lo de muitas interpretações
canônicas precedentes, dele revelar
novos aspectos, e, nesse processo, o
texto passa a ser muito melhor e mais
produtivamente interpretado segundo
sua intentio operis, que as inúmeras
intentiones
lectoris
precedentes,
camufladas de descobertas da intentio
auctoris,
haviam
atenuado
e
obscurecido.” (ECO, 1999, p.18)
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Da Necessidade de Superação dos Limites... Luna
Neste sentido, mesmo a tentativa algo malograda de
aplicação dos conceitos estético-matemáticos de Max Bense e
Birkhoff para compreensão de um texto literário no que se
refere à sua forma podem ser úteis no sentido dessa
desencrustação. Lembro do trabalho de Jean Roche, Jorge Bem
Mal Amado, em que faz uso de um extenso levantamento
estatístico de vocabulário, construções sintáticas, expressões
idiomáticas para descobrir uma alteração no uso da linguagem
em obras anteriores e posteriores ao seu retorno após exílio no
exterior, redefinindo a partir dessa constatação quantitativa o
conceito de literatura engajada 9 . Mas é sempre um alto risco
esta operação do/no texto sem que se tenha um propósito
definido de onde se pretende chegar, podendo o jogo iniciado
terminar num vazio infinito ao qual as várias relações
levantadas em tabelas e gráficos não ir além de apontar um
conjunto de aspectos micro e macro-estéticos que no mais das
vezes mais complicam do que interpretam o texto. Não é raro
encontrar no auge da vigência do estruturalismo como método
crítico a existência de trabalhos dessa ordem.
3. Para além...
A Semiótica parece ser herdeira dessa pecha creditada
ao Estruturalismo, uma vez que as análises semióticas da
literatura têm encontrado uma barreira interpretativa que só
parece ser superada quando se opera com elementos não
propriamente advindos da teoria semiótica, mas adaptados de
9
“Outro elemento que possui o mesmo tipo de evolução, de Capitães a
Tocaia grande, é a frequência das orações subordinadas. Quanto aos outros
aspectos da sintaxe e dos processos expressivos, começam depois de
Capitães os movimentos em “dentes de serra”, ou seja, para as subordinadas
nucleares, as adverbiais principalmente, os índices de variedade, de
liberdade, a frequência das frases nominais, a inversão do sujeito, a
proporção de inversão do adjunto adverbial em relação ao total de utilização
deste complemento, a pontuação marcada, movimentos, esses, que se
estendem até Tocaia grande.” (ROCHE, Jean. Jorge Bem/Mal Amado. São
Paulo, Cultrix, 1987, p.157-158)
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outras formulações como os aspectos histórico-sociais
delineados desde a Sociologia da Literatura com as homologias
de Goldmann 10 ou da Hermenêutica em Heidegger ou Hans
Gadamer 11 ou, ainda, da Estética da Recepção em Jauss 12 ou
em Iser 13 . Ou quando não se intenta esta superação a leitura
fica no âmbito de encontrar na classificação de signos
peirceana um conjunto de definições que se articulem com os
aspectos composicionais do texto.
Greimas parece querer superar essa barreira quando
apresenta o conceito de isotopia, ou seja a proposição de que
existem níveis de leitura ou “um conjunto redundante de
categorias semânticas que tornam possível uma leitura
uniforme do texto, tal como provém de leituras parciais dos
enunciados e da resolução de suas ambigüidades, que é guiada
pela busca de uma leitura única” (GREIMAS, 1970, p. 188).
Ou dito de outro modo, um texto literário pode permitir
diversas leituras, mas não infinitas leituras. O limite de leituras
decorre da natureza própria dos aspectos semânticos da obra e
por extensão, dos aspectos sócio-culturais, o que inclui seu
contexto. Mônica Rector a este respeito, observa que as
diferentes leituras, quando colocadas em confronto, produzem
uma pluri-isotopia:
“Isto não quer dizer que haja uma
infinidade de leituras possíveis. As
leituras podem ser várias, mas em
número finito, as variações provêm do
leitor que ‘destrói’ ou ‘desestrutura’ o
10
GOLDMANN, Lucien. Sociologia do Romance. Rio de de Janeiro, Paz e
Terra, 1967.
11
GADAMER, Hans-Georg. Hermenêutica da Obra de Arte. São Paulo,
Martins Fontes, 2010.
12
JAUSS, Hans Robert. História da Literatura como provocação à Ciência
Literária. São Paulo, Ática, 1994.
13
ISER, Wolfgang. Literatura e O Leitor. São Paulo, Paz e Terra, 2011.
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texto. O importante é fixar-se na
passagem de uma isotopia a outra, e das
relações de profundidade entre as várias
leituras possíveis. As leituras, ao
contrário do que possa parecer, não são
independentes,
mas
estabelecem
relações determináveis entre si.”
(RECTOR, 1978, p. 75).
Neste sentido, parece-nos que o conceito de pluriisotopia muito se aproxima do de sistema dinâmico do qual
falamos quando da citação de I.M. Lotman. O que nos parece
abrir uma nova possibilidade é no que se refere acerca das
“relações de profundidade entre as várias leituras possíveis”.
Neste sentido, o conjunto finito de possibilidades encontra a
abertura para leituras que não sejam centralizadas no
formalismo, ou no estruturalismo, ou na semiótica, ou na
hermenêutica, ou na estética da recepção e etc., qualquer
método provê o sistema pluri-isotópico de uma nova leitura
possível, desde que fundamentada – e aí está sua profundidade
– em um conjunto coeso e coerente de proposições acerca do
modo de leitura da obra que permite a interpretação desta nas
diferentes isotopias.
No nosso entendimento se articularia sobremaneira a
necessidade de ressignificação constante da obra em função das
várias leituras possíveis. A ressignificação, conquanto o termo
seja utilizado também na neurolinguística, no sentido de que
ressignificar é o ato de atribuir novo significado a
acontecimentos através da mudança de visão de mundo, nos
parece, que tal uso neurolinguístico tem suas bases em Carl
Jung, ainda que alguns neurolinguistas objetem quanto a isto.
No âmbito da semiótica o termo comparece, por exemplo, ao se
tratar dos desdobramentos do processo de intersemiose ou de
tradução intersemiótica. Curioso é que não são poucos os
trabalhos acadêmicos que fazem uso do termo sem lhe dar o
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Da Necessidade de Superação dos Limites... Luna
devido significado 14 . Mesmo nós em dois artigos utilizamos o
termo sem uma definição específica 15 . O termo carece de
definição precisa na semiótica, embora se encontre seu uso em
vários autores, seu significado parece ser genérico, no entanto,
muito profícuo a confusões. O termo pode ser entrevisto na
teoria peirceana quando se considera o fato de que um signo
pode gera outro signo ad infinitum e por outro lado, o conceito
de sinequismo peirceano que considera “‘O sinequismo é a
tendência do pensamento filosófico que insiste na ideia de
continuidade como tendo importância primordial em filosofia
e, em particular, na necessidade de hipóteses envolvendo a
verdadeira continuidade.”(PEIRCE, Collected Papers, 6.168).
A continuidade da tradução de um signo em outro signo é,
pois, um efeito análogo ao sinequismo.
14
Para fins de exemplificação citamos: ROCHA, Patrício. “Montagem e
‘ressignificação’: a utilização de imagens de arquivo de televisão no
documentário brasileiro”. In: Revista Temática, ano 8, n.° 8, agosto de 2012
(www.insite.pro.br). NAKAGAWA, Regiane M. O. “A ressignificação do
meio e da mídia revista pela publicidade de imprensa; o caso do anúncio
Visa”
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Dissertação de mestrado, orientação: prof.dr. Jean Cristus Portella.
Araraquara, Unesp, 2011. Interessante observar que o termo aparece no
resumo da dissertação e em mais três momentos no corpo do texto sem, no
entanto, uma definição.
15
LUNA, Jayro. “ Hermenêutica do Neo-estruturalismo Semiótico” in:
Genes: Boletim do Grupo de Estudos Neo-estruturalistas Semióticos, v. 3,
p. 9-15, 2007. “ Estética da Recepção e o Neo-estruturalismo Semiótico” in:
Genes: Boletim do Grupo de Estudos Neo-estruturalistas Semióticos, v. 2,
p. 8-14, 2006.
54
Da Necessidade de Superação dos Limites... Luna
O signo que é um ícone pode ser traduzido num índice e
posteriormente num símbolo, e vice-versa; ou ainda, um
símbolo pode gerar outros símbolos e cada tipo de signo gerar
outros signos continuamente. Neste sentido, a ressignificação
seria uma característica do signo em geral se entendermos que
ressignificar significa dar novo significado ao signo, o que em
verdade, é criar um novo signo a partir de um primeiro e não
propriamente dar um novo significado ao signo, o que, em
termos precisos da determinação peirceana seria incoerente.
Porém, tomemos o termo já de uso genérico e o adotemos
como significado esta possibilidade dar novo significado ao
signo, o que, reiteramos, é criar novo signo a partir de outro.
No âmbito da relação da obra literária com seu contexto
social, cultural e histórico pode-se pensar na possibilidade de
se encontrar estruturalmente na mesma obra elementos que a
atualizam em função do tempo e do espaço. Neste sentido, a
obra em questão não envelheceria e não são poucos os casos de
obras que continuam sendo lidas e reinterpretadas
continuamente através dos tempos. A Bíblia seria um exemplo
típico, mas podemos pensar em Shakespeare, Fernando Pessoa,
Homero, enfim, uma gama de autores considerados
fundamentais em suas literaturas nacionais.
Essas relações no tempo e no espaço provocariam
leituras que poderíamos classificar como isotopias e pluriisotopias, no termo de Greimas ou num sistema dinâmico,
Lotman, e que, ao final das contas, ressignificam a obra como
um todo. Porém, descobrir que ligações permitem essas
releituras da obra nas suas diferentes contextualizações de
tempo e espaço abrem um novo leque, qual seja o descobrir
signos que são símbolos utilizados na obra e que geram novos
símbolos ao contato com novos contextos. Este é ao nosso ver,
uma das tônicas do que denomino de Neo-estruturalismo
Semiótico.
Neste sentido é que se pode ler um romance como
Eurico, o Presbítero, de Alexandre Herculano, que parece
55
Da Necessidade de Superação dos Limites... Luna
preso ao ideal romântico nacionalista do século XIX e
descobrir que as narrativas das batalhas ali apresentadas e que
compõem parte considerável do próprio texto são análogas a
estrutura do jogo de xadrez 16 , tendo por base que o jogo de
xadrez é a representação de uma batalha medieval, e nos
surpreendermos que o número de personagens envolvidos nas
descrições das batalhas é equivalente em número e posição às
peças dos jogo de xadrez. Ou ainda, que a árvore da vida da
Cabala possui correlação com a disposição das personagens
principais do Fausto de Goethe 17 ou que o “Sonetilho do Falso
Fernando Pessoa”, de Drummond (Claro Enigma) tem um
conjunto de semelhanças de figuras sonoras e de estrutura com
“Ulysses” de Fernando Pessoa (Mensagem) 18 .
Deste modo, a leitura semiótica da obra literária ainda
encontra limites que devem ser superados com vistas à
formulação de um método mais consistente com as
possibilidades de leitura e interpretação das obras. O Neoestruturalismo Semiótico tem a seu favor o fato de propor uma
busca de pluri-isotopias para compor um sistema dinâmico, na
qual as relações entre a obra e o seu contexto histórico, social e
cultural permitem a descoberta de elementos que ressignificam
não apenas a leitura da obra, mas o signo exterior – inscrito no
âmbito do imaginário social – que passa a ter uma ligação com
a obra.
REFERÊNCIAS
16
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Presbítero: Anotações esparsas para uma análise formalista” in: Caderno de
Anotações. São Paulo, Opportuno, 2003. p. 27-36
17
LUNA, Jayro. “A Árvore da Vida entre Deus e o Diabo em Milton,
Goethe e Saramago” em: Teoria do Neo-estruturalismo Semiótico. São
Paulo, Vila Rica, 2006. p. 101-153.
18
MARQUES, Cristina F.L. “Uma Leitura de Pessoa Por Drummond:
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