TCC – 2 – ORIENTAÇÃO COMPLEMENTAR O preparo de um

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TCC – 2 – ORIENTAÇÃO COMPLEMENTAR O preparo de um
TCC – 2 – ORIENTAÇÃO COMPLEMENTAR
O preparo de um sermão expositivo começa com a escolha de um texto. Embora
todas as passagens das Escrituras sejam inspiradas por Deus, há diferenças entre elas.
Algumas possuem ideias muito pequenas, que poderíamos chamar de secundárias,
terciárias ou quaternárias, enquanto que outras são de primeira grandeza, possuem
ideias primárias, com um conteúdo bastante relevante. São estes os textos que devemos
escolher [quando estamos preparando um sermão isolado, que não é parte de uma série,
como é o caso]. O texto escolhido deve ser tão rico em conteúdo e possibilidade de
aplicações que não precisamos usar outros textos que acrescentem ideias a este sermão.
A leitura de comentários bíblicos sobre este texto que estamos considerando nos
ajudará a compreendê-lo melhor e a definir se este é mesmo o texto que vamos usar
como base de nosso sermão.
PASSOS
Tendo definido qual será o texto base, você deve dar os seguintes passos no
preparo do sermão (exemplificados, em vermelho, com o sermão completo colocado
como modelo na pasta TCC-EXEMPLO DE SERMÃO – que tem como texto base Cl
1:13-23):
1. Decomponha o texto. A decomposição do texto consiste em preparar uma lista
com as ideias que estão no texto de modo que em cada linha haja apenas uma ideia
[Esta lista é provisória e é utilizada até o momento em que o esboço fica pronto. Depois,
pode ser descartada].
- Deus tem um Filho
- Deus ama Seu Filho
- Seu Filho tem um reino
- Há um império das trevas
- Deus nos libertou do império das trevas
- Deus nos transportou para outro reino, o de seu Filho
- No Filho temos a redenção
- No Filho temos a remissão dos pecados
- Este Filho é a imagem do Deus invisível
- Este Filho é o primogênito de toda a criação
- Etc.
[Agora, analisando apenas a lista que você preparou, continue dando os próximos
passos]
2. Descubra qual é o tema do texto.
A PRIMAZIA DE CRISTO
3. Encontre quais são as duas, três ou quatro divisões principais (gavetas).
I. CRISTO TEM A PRIMAZIA PORQUE É DEUS
II. CRISTO TEM A PRIMAZIA SOBRE O UNIVERSO
III. CRISTO TEM A PRIMAZIA SOBRE A IGREJA
IV. A PRIMAZIA DE CRISTO REQUER NOSSA PERSEVERANÇA
4. Encontre quais serão as subdivisões dentro de cada divisão.
I. CRISTO TEM A PRIMAZIA PORQUE É DEUS
(1) Cristo é o Filho de Deus.
(2) Cristo é a imagem de Deus.
(3) Cristo é Deus em plenitude.
(4) Cristo é Rei.
II. CRISTO TEM A PRIMAZIA SOBRE O UNIVERSO
(1) Cristo é o primogênito da criação.
(2) Cristo é o Criador de Tudo.
(3) Cristo é o Senhor da criação.
(4) Cristo é antes de tudo.
(5) Cristo é o mantenedor de tudo.
III. CRISTO TEM A PRIMAZIA SOBRE A IGREJA
(1) Cristo é o cabeça da Igreja.
(2) Cristo é o primogênito dos mortos.
(3) Cristo nos libertou do império das trevas.
(4) Cristo nos transportou para o seu reino.
(5) Cristo é o Redentor.
(6) Cristo deu-nos perdão.
(7) Cristo é o Reconciliador.
IV. A PRIMAZIA DE CRISTO REQUER NOSSA PERSEVERANÇA
(1) Perseverança na fé.
(2) Perseverança na esperança do Evangelho.
5. Agora que o esboço (divisões + subdivisões) está pronto, coloque os
comentários, ilustrações, definições, etc. no lugar correspondente.
[Ver o sermão completo colocado como exemplo na pasta TCC - 3 - EXEMPLO
DE SERMÃO EXPOSITIVO]
Se você não der os passos acima, seu sermão poderá até ser um bom sermão e ser
uma grande bênção para seus ouvintes, mas não será um sermão expositivo.
ERROS COMUNS
Ao examinar os sermões que tem sido entregues percebem-se os seguintes erros,
que são os mais frequentes:
1. O sermão não é expositivo, mas textual. Usa um texto como base e se vale de
outros textos para desenvolver o assunto.
2. O sermão não é expositivo, mas temático. Não possui um texto base e emprega
vários textos para desenvolver o assunto.
3. O sermão não é expositivo e nem sequer bíblico. O desenvolvimento segue
ideias do próprio autor ou consistem num apanhado de citações de Ellen White.
Pode até usar dois ou três versos, todavia estes não são a base do que está
sendo exposto e servem apenas para mascarar o sermão, de modo que pareça
bíblico.
4. O sermão não segue a forma apresentada como modelo. Alguns não seguem
nada e outros seguem apenas parcialmente.
5. A linguagem empregada para os tópicos (divisões, subdivisões, etc.) não é
linguagem homilética, mas exegética (ver exemplos abaixo).
6. A linguagem empregada para os tópicos (divisões, subdivisões, etc.) consiste
num roteiro de história e não em um desenvolvimento claro da mensagem que
o texto contém (ver exemplos abaixo).
7. A seção “objetivos”, que faz parte da introdução, não contém pelo menos um
objetivo claro no sentido de levar os ouvintes a uma ação. Aparecem as
expressões: “mostrar...”, “demonstrar...”, “explicar...”, “enfatizar...” e outras
semelhantes, mas falta “levar o ouvinte a... [fazer tal coisa]” ou “persuadir o
ouvinte a...”
8. Na conclusão, há declarações que recapitulam o que foi estudado, mas falta
uma linguagem de convite aos ouvintes para fazerem algo, do tipo: “vamos
fazer tal coisa”.
9. Confundir um simples roteiro de história com esboço de sermão expositivo.
Observe o exemplo que segue:
EXEMPLO DE ESBOÇO INCORRETO.
Texto: Mc 5:24-34.
I. CERTA MULHER VINHA SOFRENDO DE HEMORRAGIA
1. A mulher padeceu à mão de vários médicos
2. Ela despendeu tudo quanto possuía
3. Ela ia de mal a pior
II. ELA OUVIU A FAMA DE JESUS
1. Ela tocou-lhe as vestes
2. Se lhe estancou a hemorragia
3. A mulher sente estar curada
III. JESUS PERGUNTA QUEM LHE TOCOU
1. Os discípulos dizem-lhe que a multidão o aperta
2. Jesus olha para ver quem o tocou
3. A mulher com medo declara ter sido ela
4. Jesus disse que sua fé a salvou e que ela deve ir em paz
Este parece ser um esboço de sermão, mas não é. Não passa de um roteiro de
história. Nele há pelo menos quatro erros básicos: (1) usa a linguagem do texto
(exegética) e não a linguagem homilética (de aplicação), (2) consiste num roteiro de
história e não em um desenvolvimento claro da mensagem espiritual que o texto
contém, (3) não possui harmonia de conteúdo e palavras entre as divisões e (4) não
possui harmonia de conteúdo e palavras entre as subdivisões dentro de uma mesma
divisão.
Observe, na sequência, outro esboço do mesmo texto, agora sem estes erros.
EXEMPLO DE ESBOÇO CORRETO.
Texto: Mc 5:24-34.
I. O HOMEM NECESSITA DE CRISTO
1. Ele está sob a ação do mal
2. Ele se encontra numa situação em que nenhum homem o pode salvar
3. Ele vai de mal a pior
II. O HOMEM PRECISA BUSCAR A CRISTO
1. Ele precisa ouvir falar de Jesus
2. Ele precisa crer em Cristo
3. Ele precisa se aproximar de Cristo
III. O HOMEM SERÁ ABENÇOADO POR CRISTO
1. Ele receberá a salvação
2. Ele receberá a paz de Jesus
OUTRAS CONFUSÕES
Além disso, nem todo sermão baseado em um só texto bíblico é expositivo.
Uma homilia também é baseada num texto longo, mas não exige uma pesquisa
profunda, nem possui uma estrutura (divisões e subdivisões). Consiste em
comentários fáceis (frequentemente óbvios) sobre o texto, intercalados por
ilustrações pertinentes.
Um sermão indutivo igualmente é baseado em um único texto longo que
consiste em uma história. Pode ser até bem pesquisado e possuir excelente
conteúdo, mas não possui estrutura (divisões e subdivisões). O pregador apenas
elege algumas verdades que ele irá destacar no momento adequado. Se o texto
fosse Mc 5:24-34, os destaques poderiam ser:
 A terrível condição do homem sob o pecado
 A importância de se falar de Jesus para os outros
 A necessidade que o pecador tem de crer em Cristo
 A bênção que desfrutamos quando vamos a Jesus
Quando se quer pregar com base em uma história bíblica, geralmente é melhor
usar o sermão indutivo e não o expositivo.
BIBLIOGRAFIA
Se você precisar de mais orientação sobre o que é um sermão expositivo e como
prepará-lo procure em uma das obras abaixo relacionadas:
Braga, James. Como preparar mensagens bíblicas. Venda Nova, MG: Betânia:
Vida, 1991.
Crane, J. D. O Sermão eficaz. Rio de Janeiro: JUERP, 1988.
Key, Stanley Key. O preparo e a pregação do sermão. Rio de Janeiro: JUERP,
2001.
Reis, Emilson dos. Como preparar e apresentar sermões. 2ª ed. Tatuí, SP: Casa
Publicadora Brasileira, 2010.
Robinson, H. W. A pregação bíblica. São Paulo: Vida Nova, 1990.

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