judeus no rio REJ - Congregação Judaica do Brasil
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JUDEUS CARIOCAS NO RIO DOS OITOCENTOS Reginaldo Jonas Heller * Resumo: Esta comunicação tem o propósito de adicionar “um ponto ao conto” na história dos judeus no Rio de Janeiro, sugerindo caminhos para uma pesquisa mais substantiva, enfocando sua presença na capital do Império e nos primeiros anos da República sob o prisma do estudo das migrações e suas conseqüências nas transformações identitárias. Neste mesmo período, os judeus imigraram também para outras regiões do País, mormente para a Amazônia, onde construíram a primeira comunidade judaica organizada no Brasil. Um tema que tratei em monografia específica sobre “Os judeus do Eldorado” (HELLER, 2006). Palavras-chave: judeus cariocas, Rio Imperial, imigração e identidade. A presença de judeus na cidade do Rio de Janeiro durante o século XIX é, ainda, um capítulo de nossa história a ser mais bem escarafunchado. A capital do Império e da República, nos seus primeiros anos, nada tinha que lembrasse os tempos coloniais ou da modernidade urbana implantada pelo Prefeito Pereira Passos. Um de seus maiores cronistas, o jornalista Luiz Edmundo, assim definiu a cidade naquela época: “O Rio de Janeiro do começo do século, com menos de 600 mil habitantes, já não lembra mais, em 1901, a ‘Cafraria Lusitana’ dos primeiros decênios da centúria anterior.” E, sem se referir diretamente aos judeus, retratava a cidade de uma forma tal que a presença deles deveria ser, de alguma forma, marcante, especialmente os do Norte da África, então a maioria: Quando muito lembrará certas cidades do sententrião africano, as da orla do Mediterrâneo, Tanger, Alexandria ou Ora, com a sua população descalça e mal vestida, as suas toscas lojas de comércio, de toldozinho esgarçado à frente e o homem de feição árabe, ao fundo, vendendo a mercadoria. (LUIZ EDMUNDO, 1938/1984: 1). Sobre essas gentes, prossegue o cronista: “para os moradores, os portugueses são os abacaxis ou os galegos; chamam-se carcamanos ou malachetas aos italianos. Os alemães são chucrutas, os sírios, turcos, ... É uma babel enorme!” (idem.:134). 1 E resumindo a impressão que um estrangeiro teria ao aportar na cidade, completa: “O Rio da época ainda é um miserável povoado, sem grandes hotéis de luxo, sem numerosas carruagens e, sobretudo, sem conforto e sem chique”. (idem: 295). Talvez, a diferença esteja, exatamente, na formação social da cidade: nos setecentos colonial, fechada; nos oitocentos, aberta à imigração. Assim, se o Rio de Janeiro já, antes, em meados do século XVIII, havia sido cenário para a existência de uma comunidade de cristãos-novos, geralmente vindos de Portugal, e de tal modo encorpada que chamou a atenção dos familiares da Inquisição à época, no final do século seguinte a presença de judeus era proporcionalmente irrisória. Mas, certamente, em melhores condições para se organizar e criar instituições comunitárias, jamais imaginadas por seus antecessores “de nação”. A “comunidade cristã-nova”, (sic), vivendo no Rio de Janeiro em torno de 1750, representava no mínimo 6% da população total e 24% da população branca de aproximadamente 20 mil pessoas (GORENSTEIN E CALAÇA, 2002:101). Livres da discriminação pela “mancha de sangue”, praticamente desapareceram, como as “dez tribos”, num processo praticamente irreversível de assimilação. Mais de um século depois, a incipiente comunidade judaica que, então, se organizava no Rio de Janeiro, somava apenas alguns poucos milhares, representando um percentual mínimo em relação a população total da cidade. Mas, ao contrário de antes, esses judeus imigrados buscaram no seu novo habitat uma nova forma de ser judeu. Os números estimados para a população judaica na Província são contraditórios: o The American Israelite, um jornal judaico publicado em Cincinatti, Estados Unidos, contava, em 1890, apenas 200 judeus no Rio de Janeiro. Uma outra estimativa dá conta de uma imigração de 500 judeus entre os anos 1840 e 1880. Ambos os cálculos parecem não corresponder à documentação existente. Já o Allgemeine Zeitung des Judenthums, editado na Alemanha, afirmava existir, em 1903, três mil judeus (AZJ, 16-1-1903 IN WOLFF,1979; 30). João do Rio, como era conhecido o jornalista Paulo Barreto, que, como Luiz Edmundo, tanto se notabilizou por sua crônica da cidade, escreveu no jornal Gazeta de Notícias em 1904, mais tarde transformado no livro “As Religiões do Rio” que “o Rio 2 tem uma vasta colônia semita ligada à nossa vida econômica... cerca de quatro mil famílias... dez mil judeus... Há judeus franceses, quase todos da Alsácia e Lorena, marroquinos, ingleses, turcos, árabes...” (WOLFF, 1979: 31). Naquela mesma época, a população do Rio de Janeiro passara de 520 mil, em 1890, para 810 mil em 1906. Ou seja, a participação dos judeus não passava de 1,3%, na melhor das hipóteses (BENCHIMOL, 1985: 601). Na verdade, os números da publicação alemã e do jornalista brasileiro parecem mais coerentes com os levantamentos feitos pelo casal Egon e Frieda Wolff através dos processos de naturalização de judeus no século XIX, bem como dos diferentes registros de trânsito e imigração, casamentos e óbitos, testamentos, notícias e anúncios saídos na imprensa. Desde o início da imigração de judeus para o Brasil Independente, a cidade do Rio de Janeiro foi uma das duas principais portas de entrada. A outra foi Belém. Antes de 1808, essa hipótese era impossível, uma vez que era vedada a presença de judeus em todo o Império Português. Apenas, após o Tratado de Amizade com a Inglaterra, em 1808, chegam à então sede do reino os primeiros comerciantes judeus a quem foram estendidos os mesmos privilégios inicialmente destinados aos cristãos não católicos. Os súditos de Sua Majestade podiam, assim, entrar no Brasil, fossem quais fossem suas opções religiosas. Além destes, há registros de viajantes, a maioria a negócios, que transitaram pela capital do Império ainda antes da Independência. O mais antigo registro da presença de um judeu no Brasil, ainda antes da Independência, é o de Leon Cohn, inglês, que aqui se estabeleceu definitivamente. Seu filho, Francisco Leão é citado, em 1849, como coronel da Guarda Nacional. John Samuel, também inglês, teria sido o segundo, aqui aportando em 1816. Mas já em 1810 funcionava no Rio a firma judeu-inglesa Samuel & Philips (WOLFF, 1999). E nessa leva vieram representantes comerciais, ingleses, franceses e alemães. Aqui ficaram uns; outros retornaram aos países de origem e, alguns poucos seguiram para outros destinos na América do Sul ou do Norte. Eram judeus sefarditas ingleses ou franceses e ashquenazitas alemães ou russos. 3 JUDEUS SEFARDITAS E ASHQUENAZITAS Mas se nas primeiras décadas do Brasil Independente, a predominância entre os imigrantes judeus era de sefarditas ingleses e franceses, geralmente, homens de negócios e representantes de firmas comerciais européias, já a partir de meados do século, aqui chegaram, em maior número, os imigrantes asquenazitas e marroquinos. Assim, considerando o levantamento feito com base nos processos de naturalização, esta primeira leva de imigrantes que se arrastou por mais de três décadas a partir da Independência, ou seja, até meados da década de 1850, teve, inicialmente, uma predominância sefardita, sucedida por uma crescente imigração de asquenazitas. Do total de 267 processos relativos a residentes na cidade do Rio de Janeiro durante todo o século XIX, apenas 30 ocorreram antes de 1880, o que indica a presença de muitos outros judeus residentes na cidade embora cidadãos de outros países. E daquele total, os judeus ingleses, franceses, alemães, russos, romenos e húngaros somaram, em conjunto 66 processos de naturalização. Os demais processos de naturalização são relativos em sua esmagadora maioria a judeus que emigraram do Magreb (norte da África, especialmente do Marrocos) cuja presença maior passa a ser mais intensamente registrada ao longo das três últimas décadas do século XIX. Daqueles mesmos 267 processos, 163 referem-se a estes sefarditas marroquinos, aqui aportados neste período. Um movimento semelhante ocorreu no Norte, para onde se dirigiram os judeus marroquinos em busca do Eldorado. Os demais 33 processos analisados não indicam o país de origem ou fazem-no com imprecisão. Ainda, daquele total de processos levantados e analisados, quase 45% (118) foram apreciados na última década do século XIX; 32% (85), na década anterior. Esses números servem unicamente como amostragem estatística para a análise do perfil da comunidade judaica do Rio de Janeiro nas últimas décadas do século XIX. Não podem ser considerados como números indicativos do quantitativo efetivo desta mesma comunidade. Isto porque muitos judeus que para cá vieram não se naturalizaram; constituíram famílias com filhos e esposas nascidos no Brasil e, portanto, não necessitavam de naturalização; ou seguiram para outros estados, especialmente, São Paulo, Rio Grande do Sul, Bahia e Pernambuco onde foram registrados. Abraham Roth, 4 que veio em 1857, acabou se estabelecendo em Alegrete no Rio Grande do Sul, ou Isaac Amzalak que chegou em 1828 e Jomtob Serfaty no Rio, em 1845, que logo foram para a Bahia. Há o caso de Isaac Benlisha, no Rio em 1846 que reemigrou para Valparaíso no Chile (WOLFF, 1987). Da mesma forma, não estão incluídos os muitos judeus oriundos do Marrocos que emigraram para Belém, lá se naturalizaram e depois vieram, eles próprios ou seus descendentes, ou outros que por lá entraram no país, para o Rio de Janeiro. Entre eles, José Sicsú e alguns de seus filhos, que já ao final do século estavam no Rio. Mas, afinal, quem eram esses judeus que por aqui aportaram ao longo do século XIX. Por que saíram de seus países? Por que vieram para o Brasil e especificamente para o Rio de Janeiro? Que faziam? Enfim, qual o perfil desta comunidade? Tem sido muito comum a um observador leigo – e essa tem sido uma das mais trágicas estereotipações da história das sociedades – homogeneizar os grupos sociais como se houvesse tipos étnicos padronizados. Ao se reduzir a escala da observação, pode-se constatar uma diversidade de tipos dentro de um mesmo grupo social. São os subgrupos, caracterizados pela diferença de status, de pertinência (sub-grupal, nas várias redes de afinidade – econômicas familiares ou cultural), sem falar nos muitos casos que não chegam a se enquadrar em nenhum dos padrões sociais por mais restrito que seja. Dessa forma, por exemplo, superpõe-se à já consagrada classificação dos judeus entre ashquenazitas (originários da Alemanha e do leste europeu) e sefarditas (originários da Península Ibérica), a diferenciação entre judeus ricos e pobres, dando origem à diversidade profissional e à diferença de status na sociedade maior; ou de judeus religiosos e não religiosos, os quais incorporam as tradicionais forças sempre presentes na judeidade ocidental, constituídas pelas tendências centrífugas/ assimilacionistas e centrípetas/ conservadoras. Ilustrativo dessa associação de status com origem é o fato de as principais casas comerciais de propriedade de judeus no Rio pertenceram, à época, aos judeus sefarditas ingleses e franceses e a ashquenazitas, principalmente alemães e austríacos. Esses dois grupos constituíam a elite econômica da comunidade. Eram corretores de fundos públicos, altos funcionários de empresas estrangeiras, comerciantes por atacado, importadores de produtos finos e manufaturados e exportadores de produtos tropicais (café, em especial). Eram comerciantes estabelecidos nas principais ruas da cidade, com 5 joalherias, magazines e algumas indústrias leves. Entre algumas destas famílias de maior destaque estavam os Hime, os Bloch (franceses), os Dreyfus, Ornstein e muitos outros listados em detalhes pelo casal Wolff. Em 1855, certamente já havia a possibilidade de reunir um “minian” (grupo de 10 judeus, número mínimo necessário para a realização de um serviço religioso completo). Muitos deles acumulavam duas nacionalidades tão logo tiveram seus processos de naturalização aprovados. Elkim Hime, Isey Levy, George Hudson, Sigmund Jacobson, a maioria inglesa, descendia de antigas famílias sefarditas que saíram de Portugal ou da Espanha e foram para Inglaterra fugindo da Inquisição. Os judeus ingleses e holandeses que no início da Idade Moderna integraram-se no nascente mercantilismo e um insinuante pré-capitalismo, especialmente no que se passou a chamar Sistema Atlântico, perceberam, no início do século XIX, as novas oportunidades de negócios que se ofereciam no rastro do Tratado de 1808. Entre algumas destas firmas estavam Ornstein & C.; J. Dreyfus & C.; LEVY Frères & C.; Samuel Irmãos & C. Elkim Hime era corretor de gêneros alimentícios desde antes de 1843; Isey Levy chegou em 1838 e era editor. Samuel Keller, por exemplo, e Joseph Levy, este um boticário que aqui vivia em 1837, voltaram para Inglaterra. As áreas residenciais, também, eram mais afastadas do centro nervoso e, à época, insalubre do centro da cidade. A preferência era por Laranjeiras, Catete e Botafogo, na zona sul, ou Engenho Velho, Engenho Novo e São Cristóvão, na então zona norte da cidade. Devemos lembrar que até a Reforma Pereira Passos, o quadrilátero localizado entre a Praça da Aclamação (hoje, Praça da República), até o Paço Imperial, ou da Saúde até a Lapa, era tido como foco das principais epidemias na cidade. E os judeus não estavam imunes a esse risco. Levantamento de óbitos entre judeus no período que vai de 1892 e 1906 revela que dos 180 casos considerados, 20, ou 11% eram decorrentes de febre amarela ou tifóide (WOLFF, 1979: 373). A maioria dos judeus sefarditas marroquinos ou do Magreb residia nestes bairros mais pobres do centro da cidade. Essa imigração, numa escala bem maior do que aquela dos ingleses, alemães e franceses não se deu no rastro da expansão comercial européia. 6 Eles foram expelidos por guerras e perseguições em seus países de origem. Também, buscavam a “fortuna” no novo mundo e para isto aceitavam a grande barganha que se lhes oferecia. Para eles, no dizer de Bernardo Sorj, “a modernidade implicou numa barganha na qual recebia a igualdade de direitos e abria mão de suas instituições jurídicas e de vida comunitária diferenciada” e autônoma (SORJ, Bernardo IN SORJ, Bila: 1997; 19). Uma negociação encetada, primeiramente, na Holanda e Inglaterra e consagrada na França pós-Revolução. E, de fato, apesar de algumas restrições, como as limitações para estabelecimento de “casas de oração” e criação de cemitérios próprios, o cotidiano desses imigrantes não era afetado pelo fato de professarem uma religião diferente daquela oficial de Estado, ou carregarem consigo os traços de uma outra etnia. Ao contrário do que aconteceu algumas vezes no Norte, onde ocorreram manifestações violentas contra os comerciantes judeus, a convivência na sociedade local carioca era mais pacífica. O clima de tolerância era evidente até na postura oficial, salvo exceções ocasionais. É notório, hoje, o interesse que o Imperador nutria pelas coisas hebraicas. Os alsacianos e os de Lorena vieram, em grande número, após a guerra francoprussiana (1870) em que aqueles dois territórios franceses foram perdidos para a Alemanha. Os judeus franceses que lá viviam emigraram em massa. Muitos marroquinos vieram “expelidos” pela guerra hispano-marroquina de 1869/70, embora ainda antes muitos deles buscassem no Novo Mundo novas oportunidades econômicas e uma condição civil alternativa àquela de “dimmi” prevalecente no mundo islâmico. Ao contrário dos demais países do Magreb, dominados pela França, foi o Marrocos espanhol que experimentou um fluxo de emigração mais acentuado. Esse processo foi bem explicado por Sarah Leibovici: “É sabido que, entre os judeus marroquinos, emigraram, sobretudo, os do norte – o que será zona de protetorado espanhol – movimento que chegou a ser hemorragia na última década do século XIX, particularmente em Tetuan... Buscar a fortuna no Novo Mundo foi, então, o sonho de muitos. Não poucos realizaram, apesar das dificuldades e perigos em vários países da América do Sul”. (LEIBOVICI, 1992:241). 7 Assim, a grande maioria dos judeus que imigraram para o Brasil – e, também, para a Argentina e Venezuela – no último quarto do século XIX tinham origem no Marrocos, especialmente, nas áreas sob protetorado espanhol. Antes, alguns judeus ainda guardando na memória uma identidade portuguesa chegaram ao Brasil recém independente, como o já citado Isaac Amzalak ou Arão Benjamim, nascido em 1793, negociante nos Açores em 1825, e que emigrou para o Brasil em 1835 com mulher e três filhos. Seu irmão, José, chegou logo depois, em 1838. Portanto, muitos imigrantes que vieram na primeira metade do século XIX eram marroquinos portadores de passaportes portugueses ou espanhóis o que, de certa forma, acabou gerando algumas distorções nos estudos sobre a imigração no período. Gladys Ribeiro, por exemplo, afirma que foram 5.439 imigrantes de outras nacionalidades, quando é bem possível que o número seja bem maior. (RIBEIRO, 2002). A GRANDE BARGANHA IDENTITÁRIA Alguns cronistas enfatizam o papel da Aliança Israelita Universal na promoção da emigração de judeus marroquinos. Isso é fato, mas não especificamente em relação à América do Sul. Aquela entidade, criada por judeus franceses para difundir os novos ideais liberais entre as comunidades judaicas dos países periféricos, produziu uma efetiva ocidentalização da judeidade magrebiana no século XIX e induziu muitos a emigrarem para as regiões sob domínio francês, como Oran, Tunis e Argélia, e até para a própria França. Mas a análise daquela amostragem aqui já referida revela que um grande número destes imigrantes chegados na segunda metade do século XIX não passou pelos bancos escolares da AIU. Eram analfabetos nas línguas latinas – apenas sabiam escrever em hebraico ou, eventualmente, em árabe, como foi o caso de Mordejai Hamram que como muitos outros, assinavam seus pedidos por rogo a terceiros – e através do perfil profissional da mesma amostragem percebe-se o baixo nível educacional da maioria. A esmagadora maioria era constituída de mascates, vendedores ambulantes, empregados do comércio e pequenos comerciantes. Ainda não tinham sido “ocidentalizados” e, já, o processo de mutação identitária começava antes do embarque em um dos portos de emigração, seja em Tetuan, 8 Gibraltar, ou outro qualquer. “A partida de um jovem judeu, vestindo à moda judeumarroquina, com um caftan sobre o solidéu e levando ao ombro um grande fardo, foi a imagem familiar para os moradores da judiaria... Antes de embarcar, compravam um terno flamengo, inquiriam informações sobre a viagem...” e o país de destino, o solidéu, abaixo do chapéu (LEIBOVICI, 1992:224). Iriam aprender o português na prática diária, embora a dificuldade fosse amenizada pelo conhecimento prévio do ladino, um dialeto judeu-espanhol do século XV – que conservavam de seus ancestrais saídos da Península Ibérica com a expulsão. Alguns, de origem portuguesa, voltaram a Portugal antes de vir para o Brasil. De certa forma, a imigração destes judeus marroquinos para a América do Sul – e no nosso caso, para o Brasil – seguiu padrões muito semelhantes aos verificados nas demais correntes imigratórias de diferentes etnias. Especialmente, em relação aos próprios portugueses que vieram para o Brasil no período colonial. Liberdade religiosa, direitos civis e, sobretudo, a busca de fortuna eram os principais motores da emigração. A descrição feita por Sheila de Castro Faria para o período colonial, se encaixa perfeitamente neste caso: “Podemos imaginar que um dos principais motivos que levaram homens comuns europeus a abandonar suas famílias e terras de origem foi a busca de fortuna na América (...) a decisão de abandonar o lugar de origem e de escolher determinada região no século XVIII, se dava, pelo que se pode perceber, por estarem ali pessoas conhecidas. Em séculos anteriores, provavelmente, a aventura do desconhecido era maior, mas, mesmo assim, informações prévias e algum conhecimento precediam a decisão de migrar e a opção por determinada área... De maneira geral, a tentativa de enriquecimento era o motivo que levava à imigração” (FARIA, 1998:163). Deve-se destacar, também, uma particularidade desta corrente imigratória durante o século XIX: ao contrário de outras registradas no período, a imigração de judeus foi, como expresso por Sheila de Castro Faria, uma jornada individual ou familiar, nem organizada , nem mulada pelo governo imperial. A grande maioria daqueles imigrantes, ossem eles sefarditas do norte da África, ou ashquenazitas europeus, era constituída de jovens. Dos 267 casos de naturalização estudados, 124 ou 46,5% se situava na faixa etária entre 21 e 30 anos; 65 casos, ou 24,5%, entre 31 e 40 anos; e 24, entre 41 e 50 anos. Eram raros os casos de pessoas 9 mais velhas emigrarem na tentativa de um recomeço de vida. E certamente, a idade no momento da imigração era ainda menor, posto que, conforme a legislação em vigor, apenas aqueles que já se encontravam no País há algum tempo, variável de dois a quatro anos, poderiam dar entrada nos processo de naturalização. Assim, no caso dos marroquinos, muitos aproveitavam a oportunidade para se evadirem do serviço militar no Marrocos, buscar fortuna e, de maneira concreta, transmudar sua identidade tradicional para uma outra, mais cosmopolita sob a bandeira de uma nova cidadania. Sob este aspecto, a influência da AIU poderá ter sido decisiva, mas devemos considerar, também, uma nova mentalidade que surgia nos domínios coloniais franceses no norte da África em relação à noção de cidadania que aflorara com os ventos revolucionários. De qualquer forma, a modalidade de deslocamento pouco diferia dos padrões existentes para a imigração de outras etnias. “Vinham recomendados a parentes ‘brasileiros’, dedicando-se aos negócios, ou seja, à rede de distribuição comercial de retalhos: caixeiros e pequenos comerciantes” (SERRÃO, Joel IN: RIBEIRO, 2002). De fato, mal desembarcavam no porto do Rio de Janeiro, sem falar a língua, eram recebidos por parentes que aqui já estavam instalados, amigos ou recomendados que os abrigavam nas pensões e estalagens/ hospedarias onde se concentravam os imigrantes marroquinos. As mais conhecidas nas últimas décadas daquele século eram a estalagem da Rua do Lavradio 17/27, ou do hotel na mesma rua nº. 98, a estalagem da Rua Visconde do Rio Branco 46, Senado 35/36, Inválidos, Senador Pompeu, Núncio 3/13, Hospício, além de quartos alugados em casas nos muitos endereços do centro da cidade. Todos próximos uns dos outros, de forma que poderiam formar uma comunidade informal e que, de resto, seria a origem daquela outra que, no século seguinte, se concentraria nas imediações da Praça 11, Cruz Vermelha e Santana. A grande maioria vinha ainda solteira. Muitos se casavam por aqui, outros mandavam vir sua noiva do Marrocos. Do total de casos estudados, 118 declararam-se solteiros e 85, casados. Entretanto, a não referência ao estado civil em 25 casos pressupõe serem estes de solteiros, posto que a naturalização era mais facilmente concedida aos casados. 10 BABEL SOCIAL: ENTRE A TRADIÇÃO E A ASSIMILAÇÃO Se a esmagadora maioria destes jovens trabalhava como mascates, volantes e ambulantes, havia entre os imigrantes judeus, tanto ashquenazitas como entre os marroquinos, alguns poucos mais qualificados. Henrich Baruch, no Rio desde 1881, se apresentava como “artista” embora estivesse empregado na fábrica Rink. Ou Isaac Aligua, natural de Tanger, que entrou por Recife e que, também se dizia artista. Moritz Janca Agramont, com passaporte francês, chegou ao Rio naquele mesmo ano e era professor de música. O já citado Isaac Amzalak, comerciante na Bahia, proveniente de Portugal, voltou ao Rio onde dirigia os serviços religiosos sem, contudo, exercer formalmente sua formação rabínica. Havia os intérpretes, como Rosa Kornman, de Odessa (Rússia), 27 anos, no Brasil desde 1867, mãe solteira de dois filhos ou Jacob Aligua, que chegou ao Brasil aos 16 anos e era intérprete no cruzador Niterói, da Armada Nacional. O boticário já referido antes e o coronel da Guarda Nacional, filho de Leão Cohn, ão outros dois exemplos. Na área militar havia, ainda, Elias Liverman, com passaporte turco, mas de origem não identificada, que aos 24 anos era foguista do couraçado Solimões. Há, ainda, o inusitado caso de um combatente na Guerra do Paraguai, Jayme Bassi, que, aos 70 anos, foi aceito na Armada Nacional. Entre as mulheres, a maioria era doméstica, mas existiam, também, mulheres solteiras ou mães solteiras que trabalhavam para fora. Além da já citada Rosa Kornman, Sarah Attila (ou Atela), no Brasil desde 1878 (ou 1882, pois há divergências em seus documentos) sobrevivia como lavadeira e engomadeira. Havia, ainda as filhas de rabinos como Hahia Levy, filha do rabino Eliezer Dabella; Rachel, filha do rabino Baruch de Keltz; ou Sarah, filha do rabino Mordechai, todas tidas como personalidades femininas daquela incipiente comunidade. Uns poucos já se dedicavam, nas últimas duas décadas do século XIX à deprimente atividade de tráfico e exploração de mulheres. Eram indivíduos isolados que, de certa forma, anteciparam em algumas décadas à formação de organizações clandestinas judaicas destinadas ao tráfico de mulheres que atuavam na Europa, Brasil e Argentina, como a Zwi Migdal (LARGMAN: 1993; KUSHNIR: 1999). Menajem Cajji (Cagi), de 43 anos, marroquino, era conhecido pela Polícia por sua atividade, motivo pelo qual viajava sucessivas vezes ao Marrocos. Salamão Azerrad, de 50 anos, teve seu 11 pedido de naturalização indeferido pelos mesmos motivos. Apesar das boas referências do chefe de Polícia, no seu processo consta o parecer do chefe da 1ª seção do Interior, no qual afirma “ter sido demonstrado que grande número de súditos de Marrocos, sob pretexto de mascatear, entrega-se a degradante comércio e a baixas especulações” (WOLFF, 1987). Não eram apenas alguns marroquinos que se dedicavam a estas “baixas especulações”. São acusados em seus respectivos processos os ashquenazitas Natan Blum, Aron Topelberg, Melich Cahem ou Karmeling e o inglês Maximilian Geier, este último, inclusive, estabelecido com uma relojoaria e ourivesaria na Rua da Carioca 75. Também foram fichadas na Polícia suas parceiras, como Paulina Kupper, da Rússia, Leontine Spiegel, austro-húngara, a marroquina Lola Abitbol, oficialmente “modista”, todas pelo meretrício ou cafetinagem. É bem possível que tais casos tivessem dado origem à portaria reservada contrária à naturalização de marroquinos: “sendo o suplicante filho de marroquino naturalizado brasileiro, consulto se a ele se estende ou não a medida tomada pelo governo de não conceder naturalização a marroquinos”, diz o oficial da imigração em despacho a seu superior, tendo por base “o aviso cercado e reservado” de 8-11-1886, recomendando-se que não naturalizassem marroquinos “por não serem reputados como brasileiros que vão a país de seu nascimento”. Outros documentos estendem a recomendação a todos os “hebraicos” (WOLFF, 1987). Alguns poucos judeus tão bem se aclimataram aos novos trópicos que logo se familiarizaram com os padrões sociais dominantes: uns adquiram escravos, outros se assimilaram inteiramente, casando-se com famílias cristãs da elite. Samuel Levy, no Brasil desde 1856, era comerciante e dono de escravos em Cachoeiro de Itapemirim. Em seu testamento não escondeu sua condição étnica, mas deixou sua herança às duas escravas e os dois filhos que teve com elas. Também Adelaide Marks, que enviuvou de Salomão Marks, em 1883, recebeu no inventário dois escravos. Ao contrário dos judeus que imigraram para a Amazônia, não há registro no Rio de Janeiro de judeus que tenham se dedicado a terra, como agricultores ou donos de fazendas de gado e engenhos de açúcar. 12 O caso de Henrique Nathan é típico do “emergente” da época. Inglês, em 1850 casou-se com a rica viúva Dª. Preciosa Perpetua Vieira de Albernaz, moradora no Engenho Velho, em cerimônia oficiada pelo padre João Alves Caetano Fernandes Pinheiro. O noivo era filho de José e Esther Nathan, típicos nomes judeus. Um dos problemas mais graves para essa população judia no Rio de Janeiro era a falta de instituições comunitárias, especialmente, um cemitério próprio. Afinal, as duas principais condições para o estabelecimento de uma comunidade judaica minimamente organizada sempre foram o direito a um local para realizar os serviços religiosos e um local para enterrar seus mortos. De resto, ficou famosa a petição do rabino Menashe Ben Israel ao Lorde Protetor Cromwell para que aceitasse o retorno dos judeus à Inglaterra, mediante a autorização para a criação daqueles dois espaços. Apesar do virtual monopólio da Santa Casa de Misericórdia e de algumas poucas outras ordens religiosas, ainda, não está muito claro, e este seria objeto de estudo mais aprofundado, as razões para a inexistência de cemitérios no Rio de Janeiro até a virada do século. Pois, em Belém, já em 1848, um primeiro judeu, que também aqui chegara com a Independência, inaugurava o cemitério comunitário, “da Soledade” em terreno anexo ao cemitério católico. Queremos crer que a comunidade de Belém desde muito antes era mais bem organizada do que a do Rio de Janeiro. E a ausência de instituições formais organizadas impedia a constituição de um cemitério diferenciado. Um dos aspectos mais difíceis da vida cotidiana dos judeus no Brasil do século XIX era a morte. (...) A dificuldade maior estava no fato de os cemitérios públicos, constituídos a partir da década de 1850, serem de uso exclusivo dos católicos. Os seguidores de “culto diverso do da religião do Estado” até podiam ter cemitérios particulares, desde que autorizados pelo governo. Só que, para que esses cemitérios particulares fossem constituídos, era preciso que houvesse uma comunidade responsável tanto por sua criação quanto por sua constituição. Em meados do século XIX, não havia comunidades judaicas suficientemente estabelecidas no Brasil que fossem capazes de gerir sozinhas, seus cemitérios. Resultado: os judeus não tinham onde ser enterrados. (GRINBERG, 2005: 209). Ficou famoso na crônica dos judeus cariocas do século XIX, o caso de Benjamim Benatar, finalmente enterrado num espaço diferenciado dentro do cemitério da Santa Casa de Misericórdia na cidade de Vassouras onde morreu. Daquele levantamento de óbitos entre 1892 e 1906, a esmagadora maioria dos mortos foi enterrada no cemitério São Francisco Xavier, na ala dedicada aos protestantes. Uns 13 poucos, no novo cemitério São João Batista e a elite sefardita e ashquenazita no cemitério inglês na Gamboa. Entre estes estão Elkin Hime, Ethel Hime, Francês Hime, Charles e Frank Steinberg e May Irene Wertheimer. Na década de 1870 foi criada a União Israelita do Brasil destinada fundamentalmente às atividades sociais de amparo e proteção, especialmente aos novos imigrantes, mas, também, aos carentes, liderada, nos primeiros tempos, pelos judeus ashquenazitas. Até então não havia qualquer instituição, nem a comunidade era suprida de qualquer serviço seja funeral, dietético (kashrut) ou rabínico. Os “hazanim” (oficiantes) nos serviços improvisados eram escolhidos entre os mais dotados dos participantes. Aparentemente, como já mencionado acima, a comunidade judaica do Rio de Janeiro ainda apresentava, em meados do século XIX, uma organização improvisada. Como afirma Keila Grinberg, no Rio de Janeiro, capital do Império, “não existiam condições consideradas mínimas para o exercício da religião, como a presença de um recitador de preces (hazan)... de um rabino e de um (shochet) responsável pelo abate de animais segundo a tradição judaica” (GRINBERG, 2005:210). Isey Levy, um judeu inglês que vivia na cidade já há algum tempo, solicitou, em 1839, autorização para oficiar o casamento de sua irmã, Frances, com o também inglês Elkin Hime, uma vez que inexistia na cidade um rabino para tanto. Na carta que enviou ao rabino-chefe de Londres, Solomon Herschell, ele relata as carências da comunidade local e nela afirma que “os poucos yehudim (judeus) no Rio de Janeiro não estão ainda em condições de formar uma congregação”. (WOLFF, 1999:220). A União Israelita Shel Guemilut Hassadim, criada majoritariamente por sefarditas marroquinos, além da efêmera Sociedade Israelita do Rio Português, surgiram, também, em meados do século, sendo a data da fundação da primeira está, até hoje, sujeita a alguma polêmica. Em todas essas instituições que acabaram se tornando sinagogas, os registros históricos ainda são nebulosos, tendo o casal Wolff feito a melhor apreciação de suas fundações. Mesmo antes da inauguração das sinagogas, os serviços religiosos das grandes festas – Rosh Hashanah (Ano Novo) e Iom Kipur (Dia do Perdão) – eram realizados em 14 salões improvisados, alugados no centro da cidade, como, por exemplo, na Rua do Hospício (hoje Buenos Aires) ou Alfândega e Primeiro de Março. Apenas na primeira metade do século seguinte com a construção do Grande Templo, Rua Tenente Possolo (Cruz Vermelha), essas sinagogas de comunidades de origem viriam a se estabelecer em suas cercanias. CONCLUSÃO Dissemos, antes, que o principal motivo para a imigração era a promessa de enriquecimento. No norte, a busca do Eldorado. No sul, a fortuna rápida no Novo Mundo. E, de fato, Izaque Joseph Pinto, de 30 anos, lisboeta, chegou em 1827 ao Rio, declarando explicitamente para a Policia que viera “fazer fortuna”. Mas, nem todos os casos tinham essa idéia exclusiva. Aliás, é desta época a imigração de muitos judeus portugueses, alguns aqui citados, como uma espécie de prolongamento do fluxo de cristãos novos da época colonial. Apesar dos documentos de naturalização serem escritos numa linguagem padrão, fica evidente aquela barganha de que fala Bernardo Sorj. Por exemplo: “convencido de quanto se empenha o Governo de V.M.I. em chamar ao país os cidadãos de outras nações que ao aumento da população reúnam o maior número de indústria e artes nesse Império, não hesita um momento em esperar que VMI lhe mande passar a sua carta.”. Ou ainda: “tendo firme intenção de continuar a residir no Império e adotá-lo por sua pátria”; e, no caso da República, o texto reflete aquela negociação: “desejando gozar de todas as prerrogativas de cidadão que lhe concedem as leis aqueles que acompanharam a brilhante proclamação de 15 de novembro de 1889, tanto que não foi fazer declaração alguma por ter adotado esta República como sua pátria”; ou ainda: “desejando adotar a República dos Estados Unidos do Brasil por sua pátria”. Ou como Moritz Abraham, um alemão, estabelecido na Rua da Carioca, em 1881, que, explicitamente, afirmou: “fixando desde logo residência nesta corte tem aí tido filhos que são brasileiros e por isso quer o suplicante adotar por sua a pátria deles”. (WOLFF, 1987). A imigração, portanto, embutia um duplo objetivo: a fortuna, agora viável num mundo cada vez mais interligado e, que, hoje, chamamos “globalizado” – e uma nova 15 forma de ser judeu e que se expressava na condição cidadã. Para tanto, a transformação da identidade era inevitável. Ela foi barganhada, tanto com a cidadania, como com a fortuna; tanto com o Estado Nacional, como com o cosmopolitismo capitalista que se expandia avassaladoramente. A constituição de organizações comunitárias será um sintoma evidente das forças centrípetas que sempre atuaram dentro da judeidade. Mas, por outro lado, as tendências assimilacionistas tornaram-se mais poderosas com a modernidade. Neste caso, os exemplos de casamentos mistos induzidos pelo fascínio do novo “status” social e econômico marcaram, também, os novos tempos. É o caso de Henrique Nathan já mencionado acima. O espaço reservado é limitado e partilhado e, dessa forma, impossível aprofundar o tema. Fica essa comunicação como uma indicação de roteiro para uma pesquisa mais detalhada onde se possa compreender melhor a forma pela qual a mentalidade e os novos valores surgidos com a modernidade atuaram sobre as decisões de emigrar, alem, é óbvio, dos fatores concretos e materiais de expulsão e atração. Na monografia em que tratei da imigração para a Amazônia, tentei perceber como as novas condições de vida do imigrante influenciam a transformação de sua imagem e sua identidade. Tanto lá, como no Rio de Janeiro, fica evidente a tentativa de escamotear fronteiras étnicas antes muito visíveis, seja pela naturalização de nomes e vestuário, pela língua e apropriações culturais, sem que se sentissem despojados de sua memória e identidade tradicional. Essa é uma questão que, estou certo, ainda será desenvolvida nos estudos que virão por aí. Como se dá o processo de adaptação daquela identidade e seus elementos constitutivos (memória, língua, religião e costumes) face à nova realidade e à presença de um novo “outro”. Como, frente à ação deste, o sujeito reage e interage. Nesse processo de negociação propiciado pelas novas condições políticas e econômicas, alternam-se as tradicionais tendências centrífuga e centrípeta, ora propiciando uma troca ou um hibridismo, ora conduzindo a uma total aculturação ou assimilação. 16 BIBLIOGRAFIA BENCHIMOL, Jaime Larry. A modernização do Rio de Janeiro. IN: BRENNA, Giovanna Rosso del (org.). O Rio de Janeiro de Pereira Passos: uma cidade em questão II. Rio de Janeiro, Index, 1985. CASCUDO, Luís da Câmara. Três presenças no Brasil. Rio de Janeiro, Letras e Artes, 1967. EDMUNDO, Luiz. O Rio de Janeiro do meu tempo. Rio de Janeiro. Redição Especial por BNH/ABCECIP e Ed. Semente. 1984. FARIA, Sheila de Castro. A colônia em movimento: Fortuna e família no cotidiano colonial. São Paulo, Nova Fronteira, 1998. GORENSTEIN, Lina & CALAÇA, Carlos Eduardo. Na cidade e nos Estaus: cristãos-novos do Rio de Janeiro (séculos XVII-XVIII). IN: GORENSTEIN, Lina & CARNEIRO, Maria Luiza Tucci (orgs.) Ensaios sobre a intolerância – Inquisição, marranismo e anti-semitismo. São Paulo, LEI/ USP – FFLCH-USP e Fapesp, 2002. GRINBERG, Keila. Judeus, judaísmo e cidadania no Brasil Imperial. In: GRINBERG, Keila (org.) Os Judeus no Brasil: inquisição, imigração e identidade. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 2005. HELLER, Reginaldo Jonas. Os judeus do Eldorado. Niterói, monografia/ UFF, 2003. 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