Less is more
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Less is more
newsletter APOGESD «Less is more» Este mês vamos retomar a temática iniciada no número de Outubro: a simplicidade gráfica. Como vimos na fotografia de Tono Stano (muito apropriadamente intitulada «Sense»), uma imagem extremamente depurada visualmente pode apelar eficazmente à visão e à imaginação. Uma pergunta se justifica neste ponto: para quê simplificar? O chinês Laos disse: «Sabendo tecer, não desperdices fio. Sabendo falar, não desperdices as palavras». Com as imagens sucede exactamente o mesmo. Como podemos ver na imagem abaixo, que é um anúncio de imprensa de 2003 da marca de equipamento desportivo Nike, “less is more”. Ou seja, centrando a nossa atenção no mínimo de elementos possível, a mensagem visual atinge a sua maior eficácia. E porque é que isto sucede assim? Porque estamos completamente saturados de estímulos visuais à nossa volta. O que resulta em que estejamos habituados a ver muito sem que tenhamos aprendido verdadeiramente a observar: apesar de todos nós termos visto já muitas imagens, assimilámos pouco delas. Daí que, se queremos fazer passar a nossa mensagem visual, temos de usar o número certo de argumentos: poucos, bem escolhidos e certeiros. O que significa recorrer a um mínimo de elementos gráficos para obter um máximo de impacto visual. 11.03 Sentir Pode evidentemente argumentar-se que há áreas que reclamam uma grande profusão de imagens para que possam apelar ao seu público. A área desportiva é tradicionalmente uma delas, estando habituada a comunicar visualmente com grande acumulação de estímulos visuais, os quais são habitualmente alvo de um tratamento visual muito denso. Mas, numa era em que os métodos de treino são apurados microscopicamente e na qual as actividades de recreação e fitness possuem já uma enorme base teórica e conceptual, penso que o gestor desportivo contemporâneo deve gradualmente tornar-se motor de inovação no campo da comunicação visual que gera. Quanto mais não seja porque o público requer cada vez mais e cada vez melhor. E o gestor tem de assumir uma atitude pró-activa, e não reactiva. Não vale de muito descrever este anúncio da Nike, uma vez que ele fala por si: a síntese de elementos visuais é tão grande que não há uma mensagem fechada capaz de nos passar um sentido excessivamente concreto. É por isso que não é necessário descrever este anúncio. Tal como não é preciso descrever uma sessão de hidroginástica para quem tem problemas ósseos ou uma tarde de actividades radicais para quem atravessa fases depressivas. Sente-se, é só. É o poder da simplicidade. cultura visual Armando Vilas Boas www.avbdesign.com 6