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economia criativa Um caminho de desenvolvimento para o país através da moda e do design Adélia Borges | Eduardo Rath Fingerl | Flavio Goldman | Gabriel Felzenszwalb | Graça Cabral | Hugo Barreto | Lala Deheinzelin Lídia Goldenstein | Lino Villaventura | Marco Aurélio Lobo | Marcos Mueller Schlemm Maria Arlete Gonçalves | Maria Laura Ullmann Mauro Munhoz | Otavio Dias | Paulo Rabello de Castro | Sidnei Basile | Oskar Metsavaht Pedro Cabral | Pedro Herz | Ricardo Guimarães | Rosa Alegria | Sérgio Motta Mello 03 economia criativa EXPEDIENTE 04 apresentação 08 12 14 17 18 21 22 24 25 Interdependência ou morte | Ricardo Guimarães Injeção de desejo e futuro | Rosa Alegria Ensinar valores éticos e transformar saber em objeto do desejo | Oskar Metsavaht Universidades não geram saber | Pedro Herz Conectividade é distribuição de renda | Pedro Cabral Patrimônio que prima pela diversidade e sustentabilidade | Adélia Borges Economia Criativa e educação – afinal, o que se passa? | Marcos Mueller Schlemm Identidade das cidades e o indivíduo | Flavio Goldman Reinvenção em todos os níveis é desafio atual | Sérgio Motta Mello 28 31 32 36 38 43 Ações que tangibilizam patrimônios imateriais brasileiros | Hugo Barreto Aproveitando a crise | Maria Laura Ullmann A ciência da criação de valor | Paulo Rabello de Castro Economia Criativa é cultura de experimentação e de risco | Gabriel Felzenszwalb Identidade, reiteração, distribuição e valores democráticos | Sidnei Basile Promovendo a criatividade brasileira no exterior | Marco Aurélio Lobo 46 49 52 56 60 Pensar diferente, compartilhar e criar futuros | Maria Arlete Gonçalves Ser verdadeiro para criar uma história única | Lino Villaventura Revitalização urbana, literatura e futebol | Mauro Munhoz BNDES se renova para estimular o empreendedorismo e a inovação | Eduardo Rath Fingerl Publicidade, engajamento e colaboração | Otavio Dias Projeto editorial Bell Kranz Edição Bell Kranz e Liliana Frazão Fotos Agência Fotosite Cenas da edição do SPFW de janeiro de 2009 Direção de arte Luciano Schinke Uma publicação do IN-MOD (Instituto Nacional de Moda e Design), braço institucional do SPFW (São Paulo Fashion Week) IN-MOD Alameda Joaquim Eugênio de Lima, 61 CEP 01403.001, São Paulo, SP Tel. (11) 3149.3330 janeiro DE 2009 impressão IBEP Gráfica economia 02criativa 03 economia criativa Este caderno reúne as reflexões, as experiências, propostas e cases de Economia Criativa apresentados e discutidos por 23 lideranças das áreas da indústria, comunicação, economia, moda, universidade, do poder público, entre outros. Os encontros, promovidos pelo Instituto Nacional de Moda e Design (IN-MOD), braço institucional do São Paulo Fashion Week (SPFW), aconteceram nos dias 21, 22 e 23 de janeiro de 2009, no prédio da Bienal, em São Paulo. esde 2007, duas vezes ao ano, reunimos lideranças empresariais e governamentais durante a semana de desfiles do social, ambiental e cultural. mais nova estratégia de Assessora internacional Economista, consultora e diretora de relações em Economia Criativa e e membro do Conselho corporativas do SPFW Desenvolvimento e membro do In-Mod do Conselho do In-Mod Economia Criativa, realizado na semana de desfiles para o país: a Economia de janeiro de 2009. Muitos ainda se surpreendem Criativa. Não há dúvidas com o fato de o SPFW realizar este tipo de reflexão, sobre a força do desempenho econômico desse setor, que, segundo a Organização das Nações Unidas, já responde por 10% do PIB mundial e cresce em média 8,7% economia criativa reunindo empresários, presidentes de empresas e de bancos, criadores, pensadores, estrategistas, economistas e autoridades públicas. Surpreendem-se porque sempre pensam no SPFW apenas como uma plataforma de moda e de lançamento de coleções. Mas o próprio SPFW é um caso de referência de e quatro vezes mais do que na indústria, gerando Economia Criativa, um “hub” que reúne diversas por volta de US$ 8 trilhões por ano. redes criativas, uma verdadeira plataforma de criação, difusão e interação dos mais diferentes setores, da indústria às artes, cultura e marketing. Assumindo e avançando neste papel, o SPFW, detém em abundância. O que falta ao país, tanto através dos nossos encontros, busca contaminar por parte do poder público como das empresas, é os mais diferentes setores, grupos e pessoas, o reconhecimento do funcionamento desse setor, levando-os a refletir e interagir para contribuir de sua importância para o desenvolvimento com o “caldo de cultura” do qual a Economia sustentável e para uma inserção internacional Criativa se alimenta. Contribuir para a construção numa economia globalizada. de um futuro no qual, estamos convencidos, Métricas específicas, ação convergente entre setores e criação de políticas públicas voltadas novos modelos e processos pautados pela Economia Criativa assumirão a liderança. para a Economia Criativa são algumas das Nossos encontros têm sido ambiciosos, maiores urgências para que se viabilize um muito ambiciosos. Pensar estratégias novas ambiente favorável ao seu desenvolvimento. de desenvolvimento que façam da Economia Se antes da crise já era clara a importância 4 Esta publicação é resultado do quarto encontro de desenvolvimento econômico conhecimento e cultura – recursos que o Brasil Vice-presidente do In-Mod inovação necessária, pois pode alavancar avanços, (SPFW) para discutir a intangível e consiste no tripé criatividade, Lídia Goldenstein modelo e a Economia Criativa tem o potencial de simultaneamente, nas dimensões do econômico, A sua matéria prima se diferencia por ser Lala Deheinzelin mundo. Momentos de crise pedem mudança de São Paulo Fashion Week ao ano, o dobro do registrado nas manufaturas Graça Cabral e ampliar a capacidade competitiva do país no Criativa um epicentro, um fator de liderança, das economias criativas para uma sobrevivência um fator de dinamismo da economia e sociedade. positiva da economia brasileira num mundo Aproximar os Brasis: o Brasil da inovação e da cada vez mais globalizado, no mundo pós-crise, tecnologia do Brasil da diversidade e da tradição. no qual a concorrência promete ser muito mais Fazer com que a Economia Criativa, os setores cruel, o seu papel cresce ainda mais. Não apenas que a compõem – todos aqueles ligados às novas como força geradora de empregos, mas pela sua tecnologias, à criatividade, à produção intelectual capacidade de promover mudanças na economia, – transbordem para a economia como um todo e transformando setores tradicionais em modernos, desta para as demais dimensões promotoras de com o dinamismo necessário para sobreviver desenvolvimento. economia criativa 5 janeirode de Pedro Cabral Ricardo Guimarães Adélia Borges Rosa Alegria Marcos Mueller Schlemm Oskar Metsavaht Flavio Goldman Pedro Herz Sérgio Motta Mello Interdependência ou morte ivemos hoje dois de um Fusca 68, mas dentro gerenciamos a vida obedecendo fenômenos. Um de um carro de Fórmula 1 a às leis do sistema – sistema de sucesso, que é o 300 quilômetros por hora. O nervoso, respiratório, digestivo, painel de controle, portanto, endócrino... Nós somos sistemas. mostrando uma realidade que E sabemos entender como o nosso não é exatamente a que se está sistema está sempre buscando nos levou à crise financeira vivendo. Nós estávamos com uma o equilíbrio e como a nossa internacional. Acredito que a ficção datada do ponto de vista de cabeça, no comando, está sempre leitura da dinâmica da sociedade. querendo fazer o contrário. Quer Obama [Barack Obama, presidente norte-americano], e outro de fracasso, que origem de ambos, do sucesso e do fracasso, é a mesma. Sobre a crise mundial, o 08 dizer, o nosso sistema tem uma decadência da sociedade industrial característica do self-organizing G20 [grupo das 20 maiores e dá início à sociedade do system. Ele busca o equilíbrio economias do mundo] publicou conhecimento – ou sociedade em naturalmente, inexoravelmente. um diagnóstico com várias rede? É justamente a tecnologia. Até que a pessoa, no controle, premissas. A primeira delas A tecnologia de informação exaure este equilíbrio e, no final de é riscos mal-dimensionados. e comunicação acelera de tal um dia, o sistema fala: “Olha, me O que isso significa? Significa maneira a nossa realidade, as entrega o controle, vai descansar e não saber exatamente como a nossas relações, que cria uma eu vou reequilibrar você de novo”. economia está funcionando ou nova realidade, e é aí que mora um estar mal-informado sobre o seu palavrão, mas sobre o qual é uma expectativa de um controle, funcionamento, não conseguindo, delícia falar: o risco sistêmico. de um sistema com uma grupo Santander Brasil] tem uma dinâmica própria. Ao não nós somos mestres em gestão assim, dimensionar a realidade. Ricardo Guimarães Qual a novidade que promove a Em termos bem práticos, é O que é risco sistêmico? Todos A economia estava na mostraram ineficazes. E o que isso tangibilidade, que não é material, – Independência ou morte! O tem a ver com Economia Criativa? concreto, é onde moram o perigo nacionalismo ou soberanismo e também a oportunidade. são a expressão mais ampla de O Fabio Barbosa [presidente do O Fundo Monetário uma busca individual, de não expressão ótima sobre sistema Internacional está sendo precisar do outro, de ter medo reconhecer essa dinâmica, os e empresa. Ele diz: “O problema redesenhado: de fundo de socorro de depender do outro. E essa Fundador e presidente como se estivéssemos com um de risco sistêmico, porque cada nossos instrumentos de gestão não está nas áreas, está entre as para economias em riscos, é uma visão infantil, eu diria, da Thymus Branding painel de controle da economia indivíduo é um sistema vivo. Nós do sistema, as políticas, se áreas”. Quando você conversa ele passa a ser um fórum de da interdependência, porque a com cada uma, percebe que todas interação das economias, para interdependência é poder contar estão fazendo tudo certo, mas o negociar preventivamente o risco com o outro e, assim, formar a sistema não funciona. É porque que as decisões de uma economia rede. Se não houver essa postura existe um “entre”, que é intangível podem provocar nas outras. É de cultivar a interdependência e não há ninguém responsável uma leitura nova da realidade como algo positivo, como uma por ele. O “entre” é o que nos sistêmica, que reconhece a evolução, não teremos condição liga. É como o hífen da teoria de interdependência, inspirando o de fazer a gestão deste intangível. Martin Buber [filósofo e teólogo redesenho de uma ferramenta É justamente da conexão de austríaco], aquilo que nos liga para gerenciá-la. economia criativa uma pessoa com a outra que se e nos separa. E todo o risco que O desafio maior está na produz algo sustentável. Toda nós estamos vivendo é devido à nossa cabeça, porque a nossa vez que você produz algo em falta de gestão do “entre”. Ele nos educação e a nossa segurança que o outro está excluído, esse revela a interdependência entre estão apoiadas na possibilidade outro passa a ser uma ameaça as diversas áreas da economia de termos o controle, o que e provavelmente vai criar um de um país, entre as diversas inspira a independência. Até hoje custo que, com o tempo, fica áreas de uma organização. E a temos como valor equivalente insuportável manter. Então dificuldade em ver o que não tem ao sucesso a independência a perspectiva inclusiva, de Enquanto estivermos, em casa e nas escolas, ensinando com orgulho independência ou morte, estaremos indo na contramão da história economia criativa 9 integração, de cooperação e senador americano]. As doações divertida, mais criativa e da qual realidade sistêmica, e para eles de gestão desse “entre”, o “e”, o individuais do Obama foram de a Economia Criativa faz parte. isso não é um conceito, é a vida hífen, é realmente uma revolução US$ 250 milhões, sendo que cada Trata-se da sociedade em rede, como ela é. Em resumo: essa cultural profunda. pessoa podia doar, no máximo, da sociedade do conhecimento, geração tem outra linguagem, US$ 200. MacCain conseguiu US$ do indivíduo comum poderoso, e a linguagem de rede. ensinam a interdependência como 50 milhões, arredondando os não uma instituição corporativa um estado bom, mas ensinam a números. Quer dizer, o apelo do com o poder – esta está destruída, para destruir a curiosidade de independência como um estado Obama tem a contemporaneidade cada vez com menos força, seja uma pessoa do que alguém que de orgulho e de conquista. de uma biografia, de uma governo, seja igreja. sabe. Na cabeça da pessoa que Enquanto estivermos, em casa identidade que fala com o e nas escolas, ensinando com indivíduo. Ele mobilizou a rede. construído e o mais grave é sei, vou te ensinar”, não ha mais orgulho independência ou morte, Não mobilizou as pirâmides que não estamos entendendo pergunta. E esse gap, quando estaremos indo na contramão corporativas com doações a linguagem do jovem. Existe transportado para a empresa, é da história. Temos de ensinar corporativas em troca de favores um estudo muito interessante interessantíssimo. interdependência ou morte. de governo. do canadense Don Tapscott, As nossas escolas ainda não A vida reside na Uma pessoa de 24 anos publicado no livro “Grown Up vai ensinar para a empresa a orgulhosa de ter militado pelo Digital”, sobre os jovens entre linguagem que essa geração está primeiro sistema que se manifesta Obama. Foram essas pessoas 10 e 24 anos, a geração da web falando. É preciso perguntar na interdependência é o natural, o que o elegeram, e não o Partido 2.0, da interação, do trabalho a ela sobre “Dom Casmurro”, clima, e o segundo, mais dramático Democrata com a verba do colaborativo. Para eles, a escola claro, mas também saber que hoje, é o sistema financeiro governo. Tanto é que ele quis é uma instituição falida. E, de esse jovem que não sabe quem internacional. São dois sistemas. montar uma interação via fato, é falida, com uma estrutura é “Dom Casmurro” talvez saiba A nossa incompetência começa Internet com representantes piramidal em que o professor coisas fantásticas que a empresa com o nosso modelo mental, que da população para encontrar controla o conhecimento. desconhece, porque ela está não reconhece a interdependência soluções e foi impedido. Nos É dificílimo levar para as sendo regida por um modelo entre o sistema natural e o sistema Estados Unidos, o presidente é escolas um conhecimento mental tradicional segundo o qual financeiro internacional. Com proibido de entrar em contato compartilhado, colaborativo, a escola é quem vai ensinar. Mas é isso, somos incompetentes para direto com o eleitor. Senão, porque a estrutura mental, a vida que ensina, e a vida hoje é gerenciá-los e, conseqüentemente, você faz bypass na estrutura baseada em comando e controle, a rede. Então, sob alguns ângulos, gerenciar a crise. hierárquica de comando e dá segurança ao professor. o futuro está sendo construído controle. Ele, então, criou uma E os jovens sabem buscar o e não estamos usufruindo dele. Obama. Todo mundo ficou ONG, que ficou com o mailing dele, conhecimento quando querem; Ao contrário, estamos sendo surpreso por um negro virar para interagir com a população só precisam ter curiosidade. ameaçados por ele. presidente dos Estados Unidos a em busca de soluções a serem despeito da estrutura corporativa implantadas pelo governo. do país. O Obama não é um economia criativa diz “deixa que eu respondo, eu interdependência. Tanto é que o Já o caso de sucesso é o 10 Na posse, você via a molecada O futuro já está sendo Não há nada mais eficiente Nesse caso, referi-me a Eles são gamer generation, Sobre sustentabilidade, a trabalham com incompletude ideia é que ela vire commodity. e complexidade, não com Sustentabilidade só é diferencial produto corporativo. O produto uma lei que está segurando o linearidade. Trabalham com para quem começa. Se deu certo, corporativo é Hillary [Hillary desenvolvimento da sociedade, complexidade e com o caos com todo mundo vai copiar, Clinton, secretária de Estado dos de uma realidade que está muito um conforto extraordinário. se Deus quiser. Vai sair da moda EUA), MacCain [John MacCain, mais dinâmica, muito mais Falamos de complexidade, de e virar default. economia criativa 11 Injeção de desejo e futuro enho de explicar o que remendar sua economia precisam não olhar tanto para o passado, eu faço para algumas se perguntar: “Eu preciso crescer? principalmente o jornalismo, que pessoas, porque ainda Sim, preciso. Mas será que eu ainda se pauta muito nas mazelas, existe uma distorção preciso crescer materialmente nos problemas, e no que passou. sobre a atividade de um ou preciso crescer de forma Estudos sociológicos mostram futurista. A primeira ideia que vem desmaterializada?”. Apresentei que sociedades que pereceram é a de adivinhação, previsão. Eu esta ideia de crescimento na história foram as que tiveram não faço isso. desmaterializado – o Brasil visões negativas, que não tiveram exporta criatividade e também a capacidade de sonhar. Em primeiro lugar, esse trabalho é uma diversão, eu me pode importar, por exemplo, divirto à beça sabendo de coisas processos de educação. novas que estão acontecendo. Em ou talvez reinventar este conceito de riqueza É imperativo que todos que Nós temos de criar novas formas de medir o que chamamos de riqueza – ou talvez reinventar este conceito de riqueza. Está sendo muito falado hoje algo que existe no Butão, um país escondidinho no Himalaia, que é a FIB – Felicidade Interna lidam com comunicação injetem da produção. É uma era mágica, Bruta. Não tem nada a ver com o futuro para que as pessoas um neorrenascimento. As religiosidade, com meditação – até se mobilizem. A sociedade pessoas não querem mais se tem também, porque o Butão é facilitar processos de mudanças, luz lá fora. Temos muito para planetária como um todo está ver projetadas. Elas querem se um país budista. A metodologia mostrar para as pessoas o que mostrar e também muito para precisando urgentemente de uma colocar, se ver. Mas não podemos da FIB é científica, criada por está mudando e fazer com que trazer, no sentido de oxigenar visão de futuro global, coletiva, minimizar a grave situação pesquisadores de Oxford. Ela tem estas mudanças se antecipem. as mentalidades enferrujadas, algo que contagie e impulsione o educacional do Brasil. O país nove eixos. Um deles é qualidade especialmente agora, com a crise, andar para a frente nesta virada está entre as piores colocações do tempo – como você vive viagens para mim. Fui falar que parece ter paralisado as do século XXI, a Era Obama. No no ranking de aprendizado de criativamente, como você gasta o de futuro em muitos países, pessoas. Não há ninguém com a discurso de posse, o presidente disciplinas como ciências e seu tempo... O outro é vitalidade mas queria pontuar um evento capacidade de pensar lá na frente. americano falou das duas matemática. comunitária – o tempo que você No Brasil, nós vivemos três gerações à frente. Ele disse: “Olha, Agora, o grande desafio está usa com o outro. São vários futuristas europeus em Lucerna, séculos ao mesmo tempo. nós temos de fazer um mundo ligado à questão dos valores. O indicadores contemporâneos. Vice-presidente no na Suíça, em que representei Vivemos um pouco com o para que os filhos de nossos filhos que fazer com uma geração que Acho que nós temos de Núcleo de Estudos o Brasil. Ouvi a Rússia falar, pezinho no XIX, com a questão olhem para trás e vejam aquilo produz conteúdo próprio, na começar a nos reinventar e dar ouvi a China e a Índia, e da desigualdade, da injustiça que foi feito”. era da multicolaboração, se não sentido à vida. A vida do jeito que todos mostravam ainda um social. Vivemos no século XX, existe um trabalho voltado para está não tem mais sentido: gastar pensamento antigo. Era um muro com a tremenda urbanização, e mágico. A Economia Criativa os valores? Então, a questão da três horas para atravessar uma de lamentações. Quando chegou no século XXI também, porque tem de contaminar as pessoas educação para mim é básica. distância de cinco quilômetros, a minha vez, eu disse: “Vou falamos de sustentabilidade, de com vontade de sonhar, tem de Eu gostaria de trazer duas não conseguir administrar contribuir aqui com um pouco Economia Criativa e temos hoje facilitar ambientes para que as ideias. Nós medimos a economia a informação e ficar doente, de brasilidade”. E passei a propor empresas globais fantásticas, pessoas imaginem os mundos que de uma forma destrutiva. com estresse causado pelos novos paradigmas. como a Embraer, por exemplo. elas querem criar e também fazer Métricas como o PIB, por exemplo, excessos, e viver uma economia com que essas imaginações não tem nada a ver com o atual de obsolescência e destruição. É se coletivizem. momento de exaustão dos preciso reescrever esta forma de recursos. Pelo PIB, mais vale medir o que está acontecendo na do Futuro da PUC-SP Acho que não há mais economia criativa chamamos de riqueza – está morto, e não o que está vivo. que o Brasil é um ponto de específico, um encontro de 12 formas de medir o que árvore viva. O PIB mede o que segundo, o trabalho consiste em Este foi um ano de muitas Rosa Alegria Nesse encontro, eu descobri Nós temos de criar novas Sobre a comunicação e o Acho que este é um momento espaço no mundo para crescer futuro, acho que está na hora materialmente, não tem mais de mudarmos a lente com a buraco para se colocar tanto lixo. qual nós traduzimos e lemos a 2.0. Estamos nos apropriando das uma árvore cortada numa mesa, economia para sermos felizes – no Os países que estão tentando realidade. Mudar a lente significa ferramentas da comunicação e para ser exportada, do que uma mais científico sentido da palavra. Nós estamos na época da web economia criativa 13 Ensinar valores éticos e transformar saber em objeto do desejo mundo se encontra num podem sofrer esse downgrade. Ao nesse país, cujo desenvolvimento momento de reflexão. Nós contrário, tem de ser para cima progressista é interessante. não temos nenhuma direção, não temos um para dizer: “Ó, não vem falar que econômica, na área negro nos Estados Unidos. Mas nós só copiamos, nós criamos”. de sustentabilidade, não é. Temos de admirar esse Os chineses apresentaram tudo o de artes, ciências ou país porque, estrategicamente, é que criaram até hoje e mostraram design. Nós estamos um país que se transforma. Os sua força de organização. Estão reflexivos, num Estados Unidos sempre tiveram levando vários designers do mundo na manga um presidente negro, inteiro, prontos para dar a virada. como tiveram um Bush para ser Com isso, os americanos tiveram usado, com aquela personalidade, de vir com essa força toda. É ótimo, aquele projeto, quando precisavam porque dá uma equalizada no fazer uma interferência no mundo âmbito das potências. Esta crise financeira é muito ruim economicamente para o mundo, mas, em termos Osklen e fundador do Instituto E Olímpicos [de 2008], a China veio ou inesperado um presidente aos valores básicos. Diretor de criação e estilo da Fala-se que é surpreendente Na abertura dos Jogos novo caminho na área momento de retorno Oskar Metsavaht em otimismo e sofisticação. de reflexão, foi a melhor coisa da forma contundente como que aconteceu para a sociedade. foi. Agora, para recuperarem o Uma é o que eu chamo de brazilian O excesso de dinheiro estava estrago feito, só podia vir uma soul, que é a nossa criatividade, a levando a exorbitâncias no personalidade como a do Obama. nossa sensualidade, a nossa forma âmbito do luxo, em moda e É um simbolismo maravilhoso alegre de ser. E quem conseguir, design. Para simbolizar essa volta para o globo inteiro, uma transição através de design, produtos e aos valores básicos, eu escolhi ampla. Mas é uma estratégia e que serviços, interpretar isso de a nossa bossa nova é? Um jazz, um Brasil contemporâneo. Mas ao mesmo tempo, contar com a como peça para essa coleção o vai resgatar, todos esperamos, não uma forma universal, como a só que tem uma bossa, tem um o país não tem espaços assim indústria e a universidade para moleton. Mas a criatividade e a hegemonia americana, mas os nossa bossa nova conseguiu, vai brazilian soul. lá fora, onde você vê um Brasil o desenvolvimento? Somos nós. o conhecimento científico não valores que estavam se perdendo conquistar lá fora. Afinal, o que de qualidade estética, com um Usando tecnologias de fora, com [escola que estabeleceu os produto bem-feito, coerente e com capitais de fora também, mas a conceitos do design funcionalista]. criatividade e originalidade. propriedade é unicamente nossa. E O Brasil possui duas vertentes. Niemeyer? Ele é um Bauhaus São estéticas universais, economia criativa estamos deixando perder de mão. porém embebidas nessa nossa do planeta que é fundamental, espiritualidade, nesse nosso a única que ainda possui uma esta é a missão do Instituto E, brazilian soul, que conseguiram terra fértil, não poluída, com promover o desenvolvimento conquistar o mundo e que uma enorme biodiversidade e sustentável do Brasil para o permanecem até hoje. muito ainda para ser descoberto. Brasil e para o mundo. Tenho Temos o maior lençol freático do um catálogo de vários projetos do que atrai as pessoas. Tenho planeta, os novos combustíveis maravilhosos, os quais fomos loja em Tóquio, Roma, Milão, e também conhecimento pesquisando ao longo dos anos. Lisboa, espaços abertos durante indígena, primitivo ainda. Somos Tivemos muito fomento desde 365 dias do ano – não se trata riquíssimos. Temos a propriedade a Eco-92 [Conferência das de uma temporada de show intangível disto. Quem mais Nações Unidas sobre Ambiente ou uma participação de cinco vai entender de terra, poder e Desenvolvimento realizada no dias em uma feira. Nas lojas, as botar a mão na terra, aprender Rio em 1992], com projetos que se pessoas entram e experimentam com o índio, com o caboclo e, desenvolveram muito bem, mas a Eu tenho muito o feedback 14 Nós vivemos numa região O Brasil tem de criar. Inclusive, economia criativa 15 Criou-se muito, de artesanato a novos cosméticos, porém não foi comunicado à sociedade que esses produtos de origem sustentável são cool, são legais, como a moda que nós fazemos gestão do negócio foi esquecida. uso de projetos educacionais cho o tema economias criativas 30% efetivam a compra via on- Criou-se muito, de artesanato maravilhosos, porque nós os fascinante. Concordo com a line; os outros 70% chegam na a novos cosméticos, porém não temos, e de capital para investir, maioria do que foi dito aqui e sou livraria com o nome do livro foi comunicado à sociedade não vamos conseguir nenhuma partidário do Kiss – Keep it simple impresso na folha de papel e que esses produtos de origem mudança se não transformarmos sustentável são cool, são legais, stupid [mantenha as coisas fazem a compra. Então, a internet o saber, o conhecer, o aprender, simples, idiota]. Eu tento serve como fonte de informação. como a moda que nós fazemos, em objeto de desejo dos jovens. manter a coisa simples. Vocês sabem qual é a nossa o luxo que apresentamos e tudo Se a sociedade não incluir essa O lema “por que fazer maior dificuldade no crescimento? o que vendemos. Não foi criado o meta no projeto educacional desejo. Então esses produtos são do Brasil, jovens vão continuar vendidos em feira do Ministério achando mais legal aquele do Desenvolvimento Agrário, que está no tráfico, que está feirinha não sei da onde... Nós de bacana, que tem o seu é elogiado por saber nenhum, não gera nada. até compramos esses produtos dinheirinho, pode ter o seu todo mundo. E Não se ensina a pensar. Por isso porque somos pessoas nobres, tênis, aquela história toda que por quê? Porque exportamos commodities. sabemos que estamos ajudando, nós sabemos. Nós temos de nós inspiramos mas não por desejo. Portanto, transformar o saber, a educação, confiança. A palavra credibilidade em duas áreas: recursos esqueceu-se de melhorar a estética em objeto de desejo dos jovens. desapareceu do universo, humanos e tecnologia. Eu vide o que aconteceu com o tenho de buscar gente boa e funciona?” não é o que eu gosto de pregar. O nosso trabalho Encontrar gente. Não consigo universitários capacitados para trabalhar. A nossa universidade transmite saber e não gera Na empresa, nós investimos As escolas têm de ensinar os contemporâneas e desejáveis. valores éticos, em vez de mandar mercado financeiro. As empresas disponibilizar boas ferramentas fazer deveres de casa com estão se esquecendo disso e, para estas pessoas. do desenvolvimento sustentável. tabelas para decorar e coisas que consequentemente, o governo. Mas não temos um plano não têm mais sentido e afastam estratégico de posicionamento no o aluno. Com valores éticos, os Diretor-presidente exterior. Não podemos competir jovens vão saber separar o que da livraria Cultura com a Itália, por exemplo, e a presta do que não presta na imagem que ela conquistou internet, por exemplo. É preciso extremamente positiva sob social se interrompermos do produto de qualidade e ensinar o pensar, o imaginar, um aspecto, ela nos obriga a a exclusão. Ninguém tem luxuoso. Nem com a força de que é uma forma de linguagem. olhar para o umbigo, para o que coragem de abordar isso, porque estamos fazendo. E deixo uma provavelmente vai passar por posicionamento dos Estados Einstein era disléxico, que é Pedro Herz Falou-se aqui em inclusão Quem acredita no que o político social – palavrinhas da moda –, diz? Onde está a credibilidade e ninguém tem a coragem, digo dos governos? coragem e vou repetir, coragem Acho que esta crise é de dizer que só faremos a inclusão Unidos nas comunicações, com uma outra forma de linguagem, pergunta no ar: o nosso pensar um assunto censurado, que é o seu cinema de Hollywood, ou com uma outra forma mental de está de acordo com o nosso agir? controle da natalidade. Tenhamos a China e os seus preços. pensar. Quem inventou a escrita Mesmo que o país faça economia criativa fácil se difícil também dessas criações para torná-las Para o mundo, o Brasil é o país 16 Universidades não geram saber arábica não era disléxico. Sobre o mercado eletrônico de livros, olha que loucura: apenas coragem para termos uma Economia Criativa. economia criativa 17 Conectividade é distribuição de renda uando eu nasci, a minha mãe achava que eu seria astronauta e que esse era o futuro. E o futuro ficou velho. Não tecnologia ajudou a vida das Eu fico pensando que muitas coisas me preocupa: é importante que em como isso impacta no seu dia, está ligada ao trânsito. Grande pessoas nos últimos dez anos. ainda terão de ser inventadas. ela aconteça, que também seja quando ela bota o pé fora de casa. parte dos assaltos, dos sequestros, Vamos usar como exemplo a vida tangível. Começamos a pensar um pouco das brigas, dos tiroteios acontecem de um biscateiro que morava na holisticamente este assunto. nos deslocamentos das pessoas. periferia de São Paulo dez anos Mas precisamos lidar com os problemas do nosso dia a dia de Nós construímos comunidades, Isso aqui também está um na quantidade que ela coerente, ética e criativa. E muitas percebemos que essa questão horror, vivemos numa cidade cidade há um grande problema a Praça da Árvore, dentro de um imaginava. O futuro vezes não abordamos essas parece meio distante. Você está lá que está esgotando todos os de mobilidade e que você precisa ônibus ou um trem, durante uma é muito diferente, questões. Eu tenho estado muito preocupado com o aquecimento seus recursos em função de um resolvê-lo. Na verdade, você hora e tanto. Chegava ao destino às vezes, do que envolvido nos últimos anos com o global, e no entanto é o seu filho crescimento maluco, alucinado. deteriorou de tal forma o recurso e ficava esperando o empreiteiro, tema sustentabilidade, até porque que está sendo sequestrado aqui, Até um tempo atrás, falava- viário que transformou a cidade que passava trabalho para ele. Aí isso ganhou importância no você está sendo assaltado na se muito que “São Paulo é a num inferno, não construiu o trabalho era lá não sei aonde, discurso das grandes empresas. rua ou está no trânsito há duas locomotiva do Brasil”; “São Paulo uma lógica de locomoção, saiu e ele precisava se deslocar mais Vivemos numa sociedade horas, estressado. Você mora em não pode parar”; “se São Paulo fazendo as coisas de uma maneira uma hora e tanto. Chegava no transparente, cada vez mais São Paulo e a cidade está a 700 parar, o Brasil para”. Entrou alucinada e criou uma sociedade serviço, pintava a casa, depois transparente, e os consumidores metros acima do nível do mar. até em discurso político. E São inviável. É um belo exemplo de tinha de dividir com o empreiteiro emprego, vão estão cada vez mais preocupados Quando o mar encher, em razão Paulo parou, São Paulo travou. como destruir o ambiente, de como o dinheiro que ganhava e por fim empreender. com o tipo de contrapartida que do aquecimento global, vai chegar É uma cidade que o trânsito destruir o planeta. passava três horas se deslocando Eu me formei as empresas que lhes oferecem na cidade e quando? Quer dizer, para, as pessoas não conseguem em engenharia os produtos estão devolvendo temos de pensar no todo, mas a se deslocar, e mais de 80% da empregabilidade mudou completamente. Às vezes, as pessoas não vão nem ter de sistemas, fiz mestrado em CEO da Agência Click violência que acontece na cidade dialogamos com as pessoas e O padrão da para a América Latina e pessoa também está preocupada uma maneira absolutamente mais complexo. Presidente da Isobar para o ambiente. Mas uma coisa existem astronautas imaginamos. É muito Pedro Cabral talvez você tenha que inventá-la”. Você conclui, então, que na Agora um aspecto positivo, o da conectividade e como a atrás. Ele se deslocava de lá para para casa, com o risco de ser assaltado. Assim fazia um tostão. Hoje ele tem um celular pré- outra área, doutorado em outra e pago. No primeiro trabalho que trabalho com marketing. Minha pega, já deixa um cartãozinho com filha vai fazer vestibular no ano a madame, pede que o recomende que vem e eu digo: “Calma, não para outros e dá a garantia do precisa se preocupar com isso, serviço feito. Se ele se comunicar você vai trabalhar com algo bem, da próxima vez é chamado completamente diferente do que diretamente pelo cliente, não vai estudar; talvez não tenham precisa ir para a Praça da Árvore inventado ainda a sua profissão, esperar o empreiteiro. Multiplica a renda dele por 10, por 20, por 30, 18 economia criativa economia criativa 19 Hoje há 65 milhões de pessoas usando a internet no Brasil. O brasileiro é um heavy user da internet simplesmente por estar conectado dessas agências, fico orgulhoso ma palavra que me parece estratégia para conseguirmos trabalhar e fazer uma boa comunicação. de poder dizer que nós temos a chave, que foi usada pelo melhor a questão da Economia Criativa. Conectividade portanto é melhor agência do grupo. Existem Obama ontem [no discurso distribuição de renda, porque agências com excelência criativa de posse de Barack Obama, no São Paulo, que é a diversidade cultural e permite economizar o tempo de em várias áreas, mas, do ponto de dia 20 de janeiro], é imaginação. a forma como ela se amalgama. Porque deslocamento. Conectividade e vista do trabalho como um todo, Nós temos essa capacidade de também, relembrando o Obama do também informação são fatores do conceito completo, que vai da formar imagens e, com ela, início, que disse uma coisa muito linda de aceleração de distribuição de estratégia até o final do processo, projetar um futuro, um futuro ligado à conciliação, nós precisamos nos renda, que é o problema mais temos um modelo muito peculiar, em harmonia com a natureza. reconciliar. Nós somos conciliação. Mas sério na sociedade brasileira para desenvolvido por nós, um trabalho Isso a gente tem a aprender o que falta é capitalizar, direcionar, dar pobres e também para ricos, que que aborda todas as disciplinas com os nossos ancestrais índios visibilidade a isso. têm de sobreviver à violência. e que foi muito necessário no e isso está na chave do que Hoje, os ricos sobrevivem de uma maneira mais burra, economia criativa podemos traçar nestas nossas mercado brasileiro. Hoje há 65 milhões de Temos um patrimônio incrível em Eu fiz um projeto para a Prefeitura de São Paulo de criação do Pavilhão das conversas transversais. Culturas Brasileiras, que vai ocupar o prédio Estamos falando muito da da Prodam [Companhia de Processamento que é construindo condomínios pessoas usando a internet no com muros enormes e Brasil. O brasileiro é um heavy questão da educação, mas nem nós, de Dados do Município de São Paulo], no carros blindados, em vez de user da internet. Outro dado nem os governantes públicos, nem seus Parque Ibirapuera. Fiz um levantamento transformar a sociedade numa pouco conhecido: a classe C programas, nem seus prefeitos, não só de grupos de hip-hop, grupos de funk sociedade mais harmônica. em peso está usando a rede. E estamos falando de cultura. E cultura e também de etnias indígenas. Foi uma não só ela. Eu faço um quadro caminha junto com educação. surpresa. Pensei que houvessem duas, mas Sobre a Agência Click, ela 20 Patrimônio que prima pela diversidade e sustentabilidade é a maior agência digital do no programa “Reclame”, no Temos também de repensar as políticas Brasil em termos de receita Multishow, e entrevistei uma e de número de profissionais família de Paraisópolis em que Adélia Borges trabalhando na área. Ela o marido é porteiro e a esposa Jornalista e curadora faz parte hoje de uma rede vende Natura, Avon, DeMillus especializada em design internacional, na qual é, para toda a comunidade de individualmente, a maior Paraisópolis, e todos os contatos agência. Passei a fazer parte do são pela internet. Se ela faz uma estratégia para evitar que, na Sustentabilidade é um bom termo porque board mundial desta rede – são todos os contatos pela rede hora da crise, o governo dê incentivo é um termo que não nos reduz às nossas mais de 50 agências no mundo é porque Paraisópolis inteira fiscal para o carro, para o transporte próprias fronteiras. E aí o Brasil pode dar e 104 escritórios – como um dos está conectada. E é aquilo individual, pensando de forma uma resposta para o mundo, o que eu acho seus quatro membros. Depois que eu digo: conectividade é individualista, segundo um estilo de vida muito interessante. Falar com o mundo, não de dois anos visitando a maioria distribuição de renda. antissustentável. Enfim, pensar numa podemos pensar pequeno. públicas para a cultura. Não há nenhum governo brasileiro que invista mais do que há 42 etnias indígenas vivendo em São Paulo. Imagine a riqueza que temos. Precisamos valorizar o patrimônio 1% do seu orçamento na área. E, quando cultural material e imaterial do povo falamos em cultura, falamos diretamente brasileiro, que prima também pela de Economia Criativa. sustentabilidade. Antes de a palavra Deveríamos pensar em traçar juntos ecologia existir, o brasileiro já era ecológico. economia criativa 21 Economia Criativa e educação – afinal, o que se passa? em algo acontecendo comunidade ou economia? está perdendo a cada dia sua nos bastidores. Aliás, Como saber? Será que importa relevância para o individuo que sempre teve. De saber? Viveriam estes milhares busca formas de compreender alguma forma as de sujeitos, fazendo, produzindo, sua existência e o domínio dos máquinas de pesquisa sobrevivendo, construindo, sem meios para sobreviver. Nem se da academia não reconhecem estes esclarecimentos? Pela fala aqui do estrelato. A fórmula os movimentos que natural história da humanidade até aqui, para a transformação em e espontaneamente ocorrem sim. Vive a academia sem registrar celebridade já não pede maiores no interior da trama social. isso de forma sistemática e em conhecimentos. Uma pitada de Quando o fazem, o fazem como conformidade com os padrões ousadia, irreverência e maus algo a ser pesquisado para aceitos pelas comunidades modos geralmente bastam para fins de atender a motivações científicas? Dúvidas. A história tanto. Os demais, a maioria, ritualísticas nem sempre claras revela que tudo aquilo que de segue silenciosa, laborando, erudição necessária para o ocultismo que prevalecia em justo. Tarefa árdua e nem sempre no seu propósito ou relevância. alguma forma não comprova ou criando formas novas de produzir pleno domínio do entendimento épocas anteriores ao início da compreendida. As iniciativas nas O fato é que centenas, se não comprovou sua relevância para e compartilhar o que produzem. transdisciplinar de um fenômeno contagem destes 300 e poucos áreas da educação e da inovação milhares, de pessoinhas estão o viver tenderam ao acaso ou Pode ser conhecimento, pode natural ou social. As verdades anos. Anos que deram forma e social e tecnológica sendo laborando, inter-relacionando, obliteração pura e simples. ser um produto ou serviço estabelecidas em pouco mais estrutura ao modernismo e a propulsionadas ali deverão servir útil ao desenvolvimento de 300 anos insistem em seguir quase tudo o que é considerado de inspiração para outros. Esta é a intercomunicando, criando, Do que estamos tentando construindo, inovando, falar aqui afinal? Estamos social e humano, pode ser um como conquistas em definitivo vanguarda. Outros, conscientes expectativa e esta é a esperança. empreendendo, aprendendo. procurando trazer para dentro entretenimento ou algo que gere da iluminação humana. da tarefa pela frente, usam Um mundo novo, onde o fazer O mapeamento disso tudo, a dos muros da academia o que emprego e renda. Novas arquiteturas às vezes da cautela na fundamentação social passa a ser a primeira análise crítica, as hipóteses e John Lennon tão bem expressou só encontram espaços quando e divulgação do que estão motivação, e não o sucesso a recomendações para futuras tempos atrás. Vida é o que tempo, geralmente off-Broadway, implodidos os edifícios existentes. elaborando ou praticando. A qualquer custo ou preço, só virá Assessor da presidência do pesquisas seguramente irão acontece em algum outro lugar da necessidade de se efetivar Eventualmente, esperamos, estas busca da legitimidade junto de novas formas de pensar e Sistema Fiep (Federação das surgir daqui a pouco. Depois enquanto estamos entretidos mudanças na forma como formas obsoletas e pouco efetivas às comunidades de referência de fazer o pensado. Cocriando, do fato social posto e em aqui planejando. A educação, na concebemos e praticamos a na educação de uma comunidade impede, em muitos casos, a confabulando, coordenando, dinâmica evolução: Por que forma como foi sendo concebida construção e transmissão do global terão de ceder espaço às ousadia e a ruptura com o que já sintonizando, coinspirando, acontece? Como acontece? O e praticada, do aprendizado conhecimento. Seja ele de formas nem tão novas, mas que não funciona ou nunca funcionou. coempreendendo. que representa? Qual o papel? É um a um ao ensino em massa, conteúdo prático de aplicação se aproximam mais da dinâmica bom ou é ruim para as pessoas, metrificado e padronizado, rápida ao cotidiano, seja a Marcos Mueller Schlemm Indústrias do Estado do Paraná) Comenta-se, já há algum No Paraná, sob inspiração Nesse sentido, o modelo social e da prática cotidiana. da direção da Federação das de educação predominante Temos, se a catástrofe climática Indústrias daquele Estado, a Fiep, que acentua conteúdos e sua e exaustão dos recursos não podemos constatar a tentativa de memorização, menosprezando impedirem a festa, pelo menos ruptura, a provocação e a busca o como fazer o que se faz, mais 300 anos para isso. de soluções que contribuam para continuará seu caminho isolado o esclarecimento e mobilização da vida como os comuns a que buscam romper, avançar, das pessoas para a ação, para conhecem. Precisamos, de forma contestar o convencionalmente o aprender-fazendo, para novos urgente, a polinização de outro aceito, inovar e compartilhar, modelos regidos por um novo olhar. Desta outra forma de começam a surgir e tomar corpo. paradigma. O paradigma do todo crescer como indivíduos, cidadãos Ainda de forma tímida na maioria sendo apreciado pelas partes e e seres históricos que somos. dos casos. Muitos com o receio compreendendo sua parte neste Aprender é o desafio. Desaprender de serem confundidos com o todo. Para o ser ereto, consciente e também. Ensinar não mais. Neste meio tempo, iniciativas 22 economia criativa As verdades estabelecidas em pouco mais de 300 anos insistem em seguir como conquistas em definitivo da iluminação humana economia criativa 23 Reinvenção em todos os níveis é desafio atual Identidade das cidades e o indivíduo ós nos propusemos política que vai facilitar, permitir omos um grupo de comunicação são todos os seus stakeholders – público a pensar políticas que indivíduos possam desenvolver com quase 500 pessoas interno, formadores de opinião, governo, públicas na cidade suas vocações, por exemplo? trabalhando em 6 agências: uma área institucional, investidores. de São Paulo que Secretário-adjunto de Relações Internacionais do Município de São Paulo 24 economia criativa uma de vídeo, uma de eventos, Para falar de maneira eficaz com possam contribuir para um papel para as cidades. As desenvolver economias cidades têm identidades e é criativas. Já houve importante que valorizem suas iniciativas específicas no identidades. Também vale a setor de design, levadas pena introduzir um elemento a cabo pela nossa crítico nessa globalização, que é essa lógica da colaboração, da secretaria, mas nós assimétrica. É verdade que nós transparência, da segmentação, A “Agenda do Futuro” é o resultado sentimos a necessidade estamos rumando para uma de transformar o intangível em da nossa evolução enquanto empresa, de ampliar. interplanetariedade, mas é uma Saio deste debate Flavio Goldman de propaganda, uma de internet, Eu tendo a achar que existe uma área de conteúdo editorial e uma área de relações públicas. E a lógica da internet, que está na gênese do conceito de Economia Criativa, soluções eficazes, está no eixo todas estas áreas, é preciso ter uma matriz conceitual de comunicação única e forte e também as ferramentas para distribuir de uma maneira segmentada. Este é o novo mundo da comunicação e, cada vez mais, o seu futuro. de perceber que cada vez mais temos interplanetariedade com certas estratégico do nosso grupo. que estar sintonizados. No ano passado, com muito mais dúvidas características. Todo mundo vê Fizemos uma pesquisa [“Agenda durante seis meses, nós lançamos várias do que respostas, o “Seinfeld”. Mas pouquíssimas do Futuro”, realizada em maio de 2008] perguntas sobre o futuro do negócio de que mostrou que foi um debate pessoas veem os seriados com 60 grandes empresas, todas com comunicação. Este ano, começamos a produtivo. Temos a clareza de produzidos no Brasil. Herdamos mais de mil funcionários, para descobrir respondê-las. Publicamos no nosso site que as políticas terão de ser uma carga muito grande da as competências mais importantes para um vídeo toda semana e um texto no transversais, envolver várias metrópole, a qual acaba sendo a comunicação do futuro. Chegamos a “Meio & Mensagem”, na seção “Bastidores”, áreas – educação, por exemplo, assimilada como um bem, mas cinco competências básicas: interatividade, que são respostas às perguntas que hoje é óbvio, será uma área muito que não necessariamente vai integração, branding, mensuração de estão na cabeça de todos: para onde vai a presente. Mas eu gostaria corresponder aos interesses. resultados e tecnologia. comunicação do futuro? justamente de aproveitar este Não falo interesse no sentido Sérgio Motta Mello Jornalista e presidente da TV1 No cenário cada vez mais competitivo, Nós estamos vivendo, quando se debate muito rico, que envolveu mesquinho e individual, mas a você precisa ser eficaz inclusive na fala em Economia Criativa, o grande vários conceitos, para que se necessidade que cada povo tem de comunicação. Os públicos mudaram, você desafio da reinvenção em todos os níveis, pensasse um pouco sobre que manter a sua própria identidade, precisa de ferramentas diferentes. Os como indivíduos, enquanto empresas, políticas uma cidade pode adotar pensar e resgatar a sua própria clientes sabem que essa lógica digital veio instituições, família, sociedade. O Oskar para se projetar no exterior. cultura e de também desejar ver para ficar, que a comunicação está cada [Metsavaht] falou sobre algo interessante, a Primeira pergunta: isso faz sua cultura refletida num espelho vez mais segmentada, que é importante questão dos valores. Precisamos reinventá- sentido? Eu ouvi aqui o Ricardo global, o qual, no momento, reflete integrar e ter ganhos, não apenas de los também em novas plataformas, [Guimarães] comentar que nós determinadas imagens à exaustão. escala, mas ganhos conceituais na em novos nexos, em novas conexões. comunicação, e que o caminho do futuro Este é o desafio da Economia Criativa. estamos num momento centrado A Secretaria de Relações no indivíduo. Talvez as fronteiras Internacionais e as diferentes da comunicação passa por essas cinco de geografia, países, nações, instâncias da prefeitura que competências básicas. não façam tanto sentido assim. começam agora, nesse início de Portanto, faz sentido uma política nova gestão, a pensar em política durante muito tempo foi sinônimo de Acho que, assim como o São Paulo municipal voltada a projetar a pública, estão à disposição de todos assessoria de imprensa. Hoje, cada vez Fashion Week, Economia Criativa cidade ou faz mais sentido uma para trocas de ideias e sugestões. mais, ela volta ao seu foco original, que tem de virar um conceito pop. A comunicação corporativa no Brasil É preciso estratégia para tangibilizar o conceito, que tem um potencial muito grande de desdobramento, de evolução. economia criativa 25 janeirode de Hugo Barreto Gabriel Felzenszwalb Maria Laura Ullmann Sidnei Basile Paulo Rabello de Castro Marco Aurélio Lobo Ações que tangibilizam patrimônios imateriais brasileiros Fundação Roberto Marinho existe está ligado à nossa herança transformá-lo em um produto de chave do sucesso do Museu da há quase 30 anos e é ligada a branca, portuguesa, em geral consumo cultural. Língua. Ele remete a uma visita característica brasileira, mas de ser restaurado, e eu perguntei um grupo grande de mídia que católica. Cuidar das igrejas Acho que o exemplo mais a um bom planetário. Costumo ainda não é percebida como tal o que tinha dentro. Não tinha mineiras é um exemplo. Existe visível ou mais evidente disso é dizer que o Museu da Língua é pelos formuladores de políticas nada, só paredes semidestruídas, um pensamento preservacionista o Museu da Língua Portuguesa, um “linguetário”, que faz a pessoa públicas na área de cultura e, pintadas de branco com cal. O no Brasil que vem desde a criação o museu mais visitado do Brasil transitar no universo da língua e especialmente, na definição grande desafio, então, era fazer do Iphan [Instituto do Patrimônio hoje. Em cerca de dois anos, talvez pensar sobre as palavras, de prioridades e de agendas de algo vivo, e a chave foi entender por mudanças. Acho que Histórico e Artístico Nacional], recebeu aproximadamente 1,5 os significados, os elementos planejamento macroeconômico. aquela comunidade e seu a semente foi a Casa da num momento importante de milhão de visitantes. Por que esse culturais que nos fazem iguais Falta, no Brasil, perceber as patrimônio intangível. construção do pensamento sucesso, esse interesse? Acho que de alguma maneira, falando nossas tipicidades intangíveis cultural educacional do brasileiro. é exatamente o vínculo com uma a mesma língua e, ao mesmo como valor e como objeto de preserva e se vê. Uma memória Isso é muito importante, mas questão que diz respeito à própria tempo, tão diferentes. planejamento estratégico. permanece por uma tradição da Língua é algo que está ligado a bens, a identidade, além do formato, que Portuguesa construções finitas, ao que está oferece para o visitante opinião, talvez seja a síntese com essa visão quando fomos fazeres, os artesãos, a cachaça e o Museu edificado e ligado a um passado. uma experiência. da discussão sobre Economia chamados para fazer a Casa de que é produzida, todos os Criativa: como tangibilizar algo Cultura de Paraty, que retrata artesanatos, todas as técnicas – e talvez esteja no mainstream da indústria criativa. Nossa abordagem na área de patrimônio tem passado Cultura de Paraty. Esse processo recentemente gerou o Museu do Futebol, Aquela comunidade se de oralidade. Os saberes, os reflexão para tentar buscar mundo – museus de acervo, de que era apenas um produto uma sociedade que se desenvolveu há técnicas muito interessantes está trabalhando nas bordas, uma outra agenda que fosse quadros –, que oferecem uma acadêmico, de reflexão acadêmica, e se perpetuou a partir de por lá – existem a partir de uma na periferia desse mainstream, vinculada essencialmente a uma relação de fruição que o visitante e oferecê-lo para consumo de uma economia bandoleira passagem de pai para filho, por tentando romper com alguns ação de tangibilizar patrimônios estabelece como quer. O Museu massa. Fazer essa ponte é uma com os corsários, os piratas, as tradição oral. A Casa da Cultura limites que a própria concepção imateriais brasileiros. Algo da Língua Portuguesa oferece inovação brasileira. Nenhum país prostitutas, os execrados que de Paraty começou a existir a de indústria e de Economia que pudesse ter um valor de uma experiência, quase uma do mundo usa o termo museu foram parar lá e ficaram, o que partir de uma representação Hugo Barreto Criativa acaba estabelecendo. experiência para o visitante do cosmologia nova em relação à para lugares que têm como objeto aconteceu também com alguns daquele universo social, de um Secretário geral da Trabalhar com patrimônio, museu, um valor cultural, um própria identidade, a possibilidade a própria língua e a abordam outsiders hippies das décadas de 60 registro de todas as pessoas tentar dar um significado ao valor econômico. Caracterizar de o visitante transitar pela sua de forma popular, fazendo uma e 70. Na Casa de Cultura, há toda relevantes nas diferentes áreas patrimônio edificado brasileiro esse bem intangível e própria alma. Talvez seja essa a aproximação e uma celebração. uma história de saberes e fazeres. contando e descrevendo as Marinho economia criativa Há vários tipos de museus no Começamos a nos envolver Fomos ver o sobrado que tinha em São Paulo. Nossa equipe Fundação Roberto 28 Na Fundação, fizemos uma Essa abordagem, na minha Acho que isso também é uma economia criativa 29 Dar sentido para aquilo que aparentemente não faz sentido é, na minha opinião, o processo de gerar valor e transformar algo numa perspectiva de produção cultural técnicas e os aspectos que forjaram aquela do significado do local como eixo de ão nos damos conta de comunidade. E isso tudo emoldurado desenvolvimento e de centralidade de que estamos na Economia num suporte audiovisual de tecnologia qualquer projeto de desenvolvimento. Criativa. As empresas de ponta. É quase uma representação, a As transformações estão mais ligadas mais podem fazer isso neste momento. Também acredito que precisamos, como latino-americanos, trabalhar mais estão tratando desse tema, em conjunto, como os europeus, que se própria comunidade se expondo para si à nossa própria construção cultural e mas não com esse nome. Na organizaram muito melhor do que nós. Se mesma e para o visitante. Também virou muito menos à ideia distante e utópica HSM, falamos que a crise que ficarmos nessa sala, porém, não vamos um enorme sucesso. A Unesco fez um de do não-lugar, que foi a própria origem da está acontecendo na economia ter energia para chegar aos empresários. seus encontros anuais lá, com dirigentes palavra utopia. No seu livro “Utopia”, o de alto nível é uma grande Sobretudo com a bagunça econômica de vários países, e eles saíram surpresos. britânico Thomas Morus cria uma ilha oportunidade para voltarmos mundial, lamentavelmente vai demorar chamada Utopos, em grego, que era o não- às bases. Quando tudo está muito tempo para cair a ficha. imaginado que aquilo tivesse tal valor. lugar, porque o objeto a ser transformado indo bem, não percebemos Podemos acelerar esse processo, Hoje, a Casa da Cultura de Paraty é parecia impossível de existir fisicamente. a importância dos valores depende de nós. O momento de crise é gerida por uma associação da qual Acho que, cada vez mais, o processo que configuram a Economia propício para fazer isso – se reagirmos participam mais de 60 outras associações revolucionário se dá no processo de Criativa, que movimentam os com agilidade. Todo mundo está meio comunitárias e possui vários outros construção. Não se muda por decreto. Este países latino-americanos. devagar, vamos correr. Michael Porter, parceiros. Dar sentido para aquilo que país já quis muito mudar por decreto na Estou no Brasil há sete especialista em estratégia competitiva, aparentemente não faz sentido é, na área econômica, na área política, mas não anos. Aqui há muita oportunidade. esteve no Brasil e disse: “Se todo mundo minha opinião, o processo de gerar valor se muda. A cultura se constrói no processo, Hoje, no meio da crise, percebemos para, a melhor estratégia é acelerar, é o e transformar algo numa perspectiva de nas revoluções, nas transformações. que o Brasil, principalmente dentro momento de acelerar fundo”. Até uma da América Latina, tem uma grande nova crise acontecer, não teremos essa levar para o amanhã. Estamos discutindo oportunidade de mostrar a riqueza que chance de ganhar tanto espaço num fantástica que é a produção de tecnologias a ideia de futuro, que parece sempre tem em conhecimento, que é absurda. período de tempo menor. sociais, de tecnologias de transformação algo inexistente, imaterial, intangível Maria Laura Ullmann do nosso cenário social, mas essas – portanto, não temos nada a ver com Diretora de marketing tecnologias ainda são percebidas isto. Na verdade, temos cada vez mais a pelos gestores públicos como cenários ver com esse futuro. Karl Valentim, um alternativos de desenvolvimento, e não comediante, autor e produtor alemão que você aprende e acho que o Brasil está no mundo empresarial, no mundo como eixos centrais de abordagem num é considerado o pai do besteirol, dizia num momento em que tem, sim, de do conhecimento, tem a ver com momento em que o mundo se transforma. que o futuro era melhor no passado. Para acreditar que pode ganhar com a Economia Criativa. Nós somos filhos O sociólogo espanhol Manuel Castells não corroborarmos essa tese, temos de Economia Criativa. Temos todas as do rigor; só repetindo, só batendo escreveu um livro chamado “O Poder construir o futuro cotidianamente, sem condições e acredito que os países da a cabeça contra a parede vamos da Identidade”, que fala exatamente achar que não temos nada com isso. América Latina, o Brasil, são os que absorver isso. A própria comunidade nunca tinha produção cultural. No Brasil, temos uma característica 30 Aproveitando a crise economia criativa A revolução do processo pode nos da HSM Brasil Temos, porém, também uma limitação: Temos também de analisar a o número de pessoas que realmente sustentabilidade dos projetos, fazer acessam esse conhecimento. outras coisas. Insistir. Acho que Ninguém pode tirar de você o que tudo o que acontece hoje em dia economia criativa 31 A ciência da criação de valor omo transformar aquilo uma grande empresa, a Vale, que se achava objeto em que muito nos orgulha; no consumir quantidades crescentes sujeito do verbo? Como entanto, ela tem sempre um desse bem, como conhecimento inserir o feio dentro do grande desafio diante de si: propriamente, cinema... O bonito? Como fazer isso como valorizar aquilo que consumidor está limitado pesa tanto. Demora tanto para basicamente pelo tempo, mas tirar e transportar e, no final, agora já descobriram como fazer são toneladas e toneladas de várias coisas ao mesmo tempo. muito pouco valor. A Economia Com um iPod, a pessoa pode Criativa abreviaria esse ouvir música ou ver um filme. As qualquer coisa, de um espaço difícil de transitar, pessoas estão ficando cada vez museu a um foguete. de uma subeconomia, de um mais polivalentes. Se não tiver alguém subdesenvolvimento, para para ir lá, se não tiver um estágio avançado de bem- mas meus professores diziam o homem para botar a estar. Os meios da Economia que a economia é a ciência da Criativa são capazes de acelerar escassez. Hoje eu não daria essa inversa, na qual o que é escasso coisa disso. O desafio é como e a democracia política. Quanto inútil, ou seja, as valorizações a produção de valor e, portanto, aula, nós saímos da economia não faz parte da economia: a transformar tudo isso em valor mais torcermos para que ocorrem dentro da humanidade. são bens. Os economistas da escassez. Nosso problema água, o ar, por exemplo, que antes econômico, como colocar a fenômenos como Barack Obama Isso parece meio poético, vago, chamariam de bens de demanda não é mais esse, a não ser em eram abundantes. economia da retransformação no ocorram, mais chance nós temos; mas é extremamente técnico. mais elástica. Os bens elásticos áreas como boa parte da África centro do palco. O design explica se isso não puder florescer em são aqueles que, embora não em que a escassez pode ser economia de criação de valor, a muito isso, é a cadeira que você outros países, pelo menos que que nos encontramos, os bens sejam uma necessidade – não ainda reveladora do estágio economia da inteligência é a que mesmo desenhou, e não a que a preservemos no nosso. Se existe Paulo Rabello de Castro e serviços estão cada vez mais gosto desse termo, necessidade econômico. Hoje a economia é a junta os fatores que já estão à fábrica desenhou. A customização um lado político com o qual a Economista, vice-presidente para serviços do que para bens, é tudo que precisamos, inclusive ciência da criação de valor e de disposição. e a aproximação dos processos Economia Criativa deve estar do Instituto Atlântico no sentido de mercadorias. droga quando se está habituado –, valor econômico. A escassez é ocorrem em todos os níveis, mas casada é com a liberdade – a e chairman da SR Rating Sempre nos lembramos são consumidos quase exatamente o antônimo do valor. mudou bastante. Não é mais existem algumas premissas e liberdade pessoal, a liberdade de ilimitadamente. Hoje estamos numa situação a economia da transformação também um como agir. expressão. de forma que o resultado final seja positivo, não negativo? Não existe de fato nada fora do homem e muito menos nada além dele. Isso vale para mão no foguete, tudo é No estágio de produção em do minério de ferro. Temos É um maná, porque se pode Não sou tão velho assim, O que é a economia hoje? A A configuração da produção industrial, por falta de um economia criativa Em segundo lugar, vem termo melhor. Seria uma fundamentais, é importantíssimo a questão do acesso, que é a economia de retransformação que as pessoas saibam que existe premissa social básica. Vou ou de bitransformação, porque também uma filosofia por trás dar um exemplo. Temos levado os produtos industriais já são disso. E depois, um como agir, o computadores usados para uma a transformação. Estamos lado mais prático. Oscip [Organização da Sociedade sentados neles, usando o que 32 São três premissas As três premissas filosóficas Civil de Interesse Público] numa já foi transformado. Neste são no campo político, social e área popular de Cuiabá, no Mato encontro, se estamos dizendo operacional. O campo político, eu Grosso. Em pouco tempo, com um alguma coisa valiosa, já estamos diria que fica, senão inexistente, único computador para dar aula retransformando. Como o muito debilitado e fragilizado de segunda a sábado, formamos evento está sendo transmitido na ausência da liberdade. Não 3.000 alunos. É extraordinário. pela internet, estamos também é nenhuma conversa para boi Esse é outro aspecto da Economia tomando o tempo de mais gente dormir, é um fundamento da Criativa: é possível fazer muito que está tentando tirar alguma Economia Criativa: a liberdade com muito pouco. A escassez está economia criativa 33 A configuração da produção mudou bastante. Não é mais a economia da transformação industrial, por falta de um termo melhor. Seria uma economia de retransformação ou de bitransformação, porque os produtos industriais já são a transformação deveríamos batalhar por um Criativa, exatamente por ser tratamento fiscal diferenciado. criativa, é uma economia de As empresas do setor criativo risco. O risco é natural. poderiam ser isentas de qualquer no fato de usar poucos fatores para economia criativa São conceitos novos: valor, retransformação, liberdade, acesso mais rápido e o mais imposto de renda, por exemplo. conceito de risco, começa-se a universal possível... Precisamos Usar uma tributação parecida entender tudo o que ocorre na lançar a rede sobre 100% dessa com o lucro presumido que já Economia Criativa. Não é uma geração, se possível. Dando existe, mas o lucro presumido área, por exemplo, em que se acesso, 60% responderão abrindo mais avançado, por assim pode destinar milhões para o acesso, uns outros 30% farão dizer. Se pesquisarmos, é capaz uma pessoa só, seja ela quem alguma coisa com isso, e 5% cada funcionário. Para a de encontrarmos ainda um for, por mais genial que seja a terão excelentes ideias. Só gerar muita produção; o trigger, o A premissa operacional é Economia Criativa, isso é uma famigerado IPI incidindo sobre ideia. É uma área em que se pode isso já cria um valor imenso. detonador, é exatamente a massa muito associada a esse acesso. catástrofe. No mais das vezes, algumas mercadorias da Economia picotar o investimento, dar um Se tivermos duas pessoas que cinzenta que está por trás. É a comunicação, o networking ela é puro estágio. São todos Criativa. Isso é o fim do mundo. pouco para cada um, o que é inventem algo como o Google e que é fundamental em estagiários, estão por pouco muito democrático. O fomento mais alguma outra coisa, todo social é fundamental. Eu vejo qualquer Economia Criativa. A tempo, não precariamente, financiamento, a palavra-chave é nessa área, portanto, tem este trabalho já estará pago. É esse milagre acontecer. Há pouco retroalimentação é fundamental mas provisoriamente. A CLT taxa de juros adequada. Estamos suas características especiais. a visão do economista: no final, tempo, numa das formaturas na Economia Criativa, muito mais [Consolidação das Leis do num país com uma das maiores Investidores em Economia temos de pagar. Se não pagarmos, dessa Oscip, uma jornalista foi do que nos processos tecnológicos Trabalho] não tem nada a ver taxas de juros do mundo. Só se faz Criativa provavelmente usam estaremos simplesmente me entrevistar e disse que já convencionais. Na Economia com a Economia Criativa, tem a coisas mais arriscadas quando o a ideia de portfólio; é essencial arrumando emprego para alguém conhecia o trabalho, porque tinha Criativa, não existe o inventar ver com uma economia do setor custo de fazer é baixo, isso é até diversificar por causa do risco, nos publicar. sido nossa aluna. Isso é incrível. sozinho, ele existe porque ele industrial, manufatureiro, aquela intuitivo. Se, além do risco, ainda porque necessariamente a Este trabalho começou em 2000 interagiu com alguém. do relógio de ponto do passado, temos um custo de fazer elevado, maioria dos projetos não será do grande sociólogo espanhol e teve uma pequena interrupção, Do ponto de vista que, mesmo na indústria nova, tenta-se menos, tenta-se pouco, bem-sucedida. Manuel Castells. A coleção “A também não existe mais. eventualmente tenta-se nada. Acesso do ponto de vista 34 internet, entrar no canal Futura... Quando se introjeta o que se abra a percepção. mas em sete anos já temos meia organizacional, como organizar geração de pessoas que seriam a sociedade ou as leis para outras. Quando falo em acesso, fazer andar mais rápido o conquistas sociais que estão estou falando de educação. Evito carro da Economia Criativa? essa palavra, porque nós nos Em outra grande área, que é o Finalmente, temos a área Isso, porém, não tem a Vale a pena estimular a leitura Era da Informação: Economia, mínima importância. O caminho Sociedade e Cultura” possui três do fomento, que tem a ver com se faz caminhando. O estilista volumes, em que ele fala do poder na constituição, a Economia o risco, uma área de pesquisa malsucedido na coleção de da identidade, do poder das nações Algumas coisas podem estar Criativa tem de batalhar constante para mim. Poderia inverno pode arrebentar na e da economia de rede. Acho que tapeamos com esta palavra; funcionando como freio de para encontrar uma maneira falar bastante sobre isso, mas próxima. Muitas vezes, o é uma leitura obrigatória para se prometemos educação e estamos mão puxado. Por exemplo, simpática de dizer ao público que vou dizer apenas que Economia sofrimento do insucesso faz com entender Economia Criativa. cada vez menos educados. Então, nossa legislação trabalhista, precisamos dar uma relaxada que se dê canais de internet que já é desatualizada, dada a na CLT. Pelo menos tirar as para a juventude. O Lula está sua rigidez, dado o fato de que áreas criativas: nesses campos tentando, mas acho que não vai realmente não foi reposicionada as empresas não precisam conseguir até 2010; se ele tivesse no campo da Economia Criativa. contratar pela CLT, desde que levado a ferro e fogo realmente Como empresário, posso dizer provem que fazem um seguro de universalizar o acesso digital pelo que é pura catástrofe. saúde básico para o funcionário Sem destituir o brasileiro das menos aos jovens de 15 anos para No final do ano passado, baixo, daríamos um salto na nossa aprovaram uma lei antiestágio: coisa sucedânea à CLT. Só isso Economia Criativa. Sem fazer a empresa só pode ter, no seria uma revolução. nada, só deixando o pessoal usar a máximo, um estagiário para ou para o estagiário. Alguma Desconfio também que economia criativa 35 Economia Criativa é cultura de experimentação e de risco origem do capital da InBrands precisavam diversificar o capital é o Pactual Capital Partners, não só no Brasil como em outros um fundo constituído pelos Ela foi federalizada pelo governo medida que foram deixando de últimos quatro grandes e depois releiloada para nós trabalhar no Pactual, eles foram em construção. Quando sou países e outros mercados além investimentos que o fundo fez. e para a GP Investimentos. A vendendo suas ações para os entrevistado, já começo dizendo do financeiro. Criou-se uma A imobiliária PDG Realty é um Cemar passou dos piores ativos executivos que trabalhavam. que não vou saber responder à Criado nos anos 80, este banco prática de investimento de capital portfólio de pequenas e médias do setor elétrico para uma das A liderança do banco hoje tem maioria das perguntas, porque sempre adotou uma cultura proprietário em diferentes setores. construtoras que, hoje, formam empresas mais rentáveis do setor. pouco menos de 40 anos de idade. estamos realmente construindo Como o capital era proprietário, a quarta maior construtora Outro investimento é no setor em que os detentores do não era um capital de clientes do país. A Equatorial Energia agrícola, que também é cheio proprietária e é adotada por outros capital eram também ou de investidores funcionais, entrou em setores regulados, de oportunidades, e o quarto é a grupos financeiros brasileiros e diferenças, é diferente de investir sempre se optou por setores em onde normalmente reinam os InBrands. do exterior também, foi, ao meu em energia elétrica. Na moda, acho que a execução, o trabalho e o suor players muito tradicionais, como ver, trabalhada pela Economia que falta o interruptor. Não dá faziam mais diferença do que a empreiteiras e multinacionais para a Economia Criativa é a Criativa. É uma cultura de para ligar e desligar, é necessário sempre foi de injeção lenta de capital ou a adoção que vinham aplicando fórmulas própria experiência do banco de experimentação e de recompensa sempre motivar as pessoas, fazer um processo de outras fórmulas mais comuns, que não estavam dando certo. A investimentos. A principal razão conforme o resultado alcançado, com que todo mundo viva o sonho, de colaboração, porque haviam outras fontes de Cemar [Companhia Energética do sucesso do banco Pactual foi não conforme as horas gastas. e, ao mesmo tempo, imprimir de caos, e de capital que adotavam essas práticas do Maranhão], distribuidora a cultura de meritocracia e de Não importa tanto o capital ou uma cultura de performance, de execução, muito mais do que e estavam dispostas a pagar um de energia do Maranhão, por tomada de risco, que incentiva a as horas que foram investidas, custos, de responsabilidade, uma de planejamento. No mercado pouco mais caro pelos ativos do exemplo, foi um dos investimentos experimentação, o erro. É uma mas, sim, o que se consegue fazer cultura muito forte de execução, financeiro, com sua volatilidade, que esses sócios estavam. Eles que nós fizemos, junto com a GP cultura de discussão informal; com esse tempo, com esse capital, que as pessoas do setor já vivem. não se consegue enxergar muito optaram por procurar ativos mais Investimentos. É um monopólio, muitas vezes, chamamos de com esse esforço. É essa visão que Elas já viram noite para preparar para a frente, então o importante desarbitrados, ou seja, ativos onde o basta ligar o interruptor para ditadura do argumento: manda queremos trazer para o setor de um desfile, não precisam ser é ter todas as bases sólidas e valor não está todo representado no o contador começar a girar, mais quem tem a melhor ideia, e consumo, para o setor de moda. convencidas de que é necessário garantir uma execução eficaz. preço: “Vamos procurar coisas que mas essa empresa conseguiu não quem está na alta hierarquia. É Nos fundadores da Ellus, deem trabalho, coisas das quais as quebrar duas vezes na mão de uma cultura que premia o talento, encontramos uma visão muito dar certo. Essas pessoas são pessoas normalmente fogem”. uma multinacional americana. a dedicação e o resultado, muito parecida. Era um grupo de experimentadoras por excelência, mais do que a senioridade ou o pessoas que estava disposto vivem para errar, vivem para tempo. É uma cultura muito jovem. a passar para outra fase, a se tomar riscos e, se conseguirmos aposentar e a partir para outra, criar essa cultura de erro e risco do banco não são os fundadores mas que foi seduzida por essa também nas áreas de suporte para dos anos 80. A filosofia dos visão que apresentamos e já esses talentos criativos, vamos fundadores é que não há sócios implantamos em outros setores e chegar muito longe no projeto de que não trabalham, por isso, à decidiu continuar. expansão da moda brasileira. ex-sócios do Banco Pactual. meritocrática e de sociedade, quem trabalhavam, eram os colaboradores. A visão do banco Gabriel Felzenszwalb CEO da InBrands Isso é demonstrado nos Com o passar do tempo, os sócios do banco perceberam que O principal que temos a trazer Hoje, os principais executivos Essa cultura, que não é A InBrands é um projeto tudo. Enxergamos sensibilidades e dar o sangue para um projeto Não importa tanto o capital ou as horas que foram investidas, mas, sim, o que se consegue fazer com esse tempo, com esse capital, com esse esforço. É essa visão que queremos trazer para o setor de consumo, para o setor de moda 36 economia criativa economia criativa 37 Identidade, reiteração, distribuição e valores democráticos ste nosso encontro me faz à Secretaria Geral foi: “Sim, existe. nas costas brasileiras ao longo de Como nós somos preciosos nessa vigência do regime democrático lembrar uma das aulas de Esta sociedade existe e é o Brasil”. 350 anos. Para que os escravos nova ordem ou desordem das e poucos cidadãos de poucos antropologia na filosofia Os cientistas acrescentaram se entendessem e para que coisas. Esses fatores que nos países poderão dizer que são tão da USP [Universidade que as circunstâncias pelas entendessem as ordens tinham identificam como brasileiros, livres quanto nós somos. O que de São Paulo]. Falamos quais a sociedade brasileira foi de aprender português, porque decorrentes desse processo longo, me aflige, o que me angustia sobre uma iniciativa da ONU urdida e criada e que permitiram o feitor era português. Depois dolorido, original e único que muito é que, do ponto de vista das [Organização das Nações Unidas] uma sociedade miscigenada do vieram os imigrantes – japoneses, nós temos, resultam no quê? instituições, é uma tragédia, uma há pouco mais de 60 anos, depois jeito que é eram irreproduzíveis. alemães, italianos, árabes, Numa língua que, fora do Brasil, é confusão. Temos um executivo da Segunda Guerra Mundial. A Levou o tempo da história de vida judeus... Não nos damos conta praticamente uma língua morta, que legisla por meio de medidas ONU tinha acabado de ser criada dos brasileiros e as desgraças dessa preciosidade. Talvez seja que nos perdoem os portugueses. provisórias e não conseguimos e a Secretaria Geral e misérias que eles tiveram o único lugar do mundo em Resultam num sentimento de ser nos livrar disso. Temos um encomendou a um grupo que arrostar, seus próprios que árabes em geral, incluindo brasileiro e numa musicalidade legislativo que, na percepção da de cientistas, coordenado genocídios. Ao mesmo tempo, palestinos, e judeus convivem que essa convivência nos trouxe. opinião pública, julga por meio de por Claude Lévi-Strauss, alguns valores de algumas harmonicamente. E coreanos, Curiosamente, são fatores assim, CPIs [comissões parlamentares uma investigação, que instituições iam surgindo. chineses da China nacionalista e não os fatores formais de inquérito] e um judiciário e da China continental, da convivência coletiva, que trabalha essencialmente vietnamitas... que nos identificam. por decisões liminares, não por modernamente seria Por exemplo, os indígenas. chamada de benchmarketing, Estima-se que, ao todo, deveria para saber se haveria, na haver etnias que falavam 800 ou experiência concreta, na história 900 línguas diferentes. Imagine fantástico e não nos damos as pessoas se identificam pelo leva muitos e muitos e muitos da humanidade, algum exemplo o que era colocar essa gente toda conta de como isso é bom. Não respeito e pela submissão anos para se resolver. de convivência social humana numa senzala para produzir cana- valorizamos isso em um mundo às mesmas leis. Aqui, a lei étnica que evitasse os conflitos de-açúcar em Pernambuco. Com cada vez mais dividido pelo atrapalha nossa vida. Atrapalha trabalhar com revistas é, que tinham produzido os horrores os negros, a mesma coisa: outro ódio racial, pelas etnias, pelos ilegitimamente quando impõe nada mais nada menos, do Vice-presidente de relações da Segunda Guerra Mundial. A milhar de línguas e dialetos de antagonismos que não são apenas tantas limitações à atividade que o esforço de identificar institucionais do Grupo Abril resposta que essa comissão levou etnias negras que desembarcaram necessariamente econômicos. econômica. É curioso que não é o comunidades para fazer com que império da lei que nos une, não é elas se expressem – isso muito o princípio da igualdade que nos antes da internet. A empresa une. Sofremos terrivelmente com em que trabalho há dez anos, a os achaques da desigualdade, é Abril, tem algo como 250 títulos. uma das nações mais desiguais Dizemos “algo como” porque do mundo. Não é ideia da ninguém sabe direito. Estamos igualdade de todos perante sempre lançando títulos, tirando a lei que nos une. Acho que títulos, é um processo tão esse sentir-se brasileiro é um volátil quanto a vida, porque a patrimônio único, valiosíssimo comunidade se faz e se desfaz a em um mundo tão conturbado. todo momento. Sidnei Basile Herdamos um patrimônio Nos países democráticos, Se, de um lado, temos essa 38 economia criativa mérito, porque o mérito, no Brasil, Costumamos dizer que Por que tantos títulos? grande vantagem, do outro lado Porque a vida é absolutamente temos a imensa desvantagem riquíssima e criativa. Um casal se de não termos a convivência encontra e marca um encontro. cotidiana sob o princípio da Pelo menos duas revistas podem lei. Estamos há 24 anos sob a falar das estratégias para isso, economia criativa 39 O que a nossa experiência de mídia traz para isso é que, para que uma comunidade se consolide, é preciso que haja, em primeiro lugar, identidade e, em segundo, reiteração. Sem reiteração, você não vai a lugar algum a “Playboy” e a “Nova”. Essas a cabo, vai para o celular. O que estava acontecendo. Era um pessoas decidem ir para um que está acontecendo é o que, valor atribuído à imprensa a exatamente por ser restaurante – há 30 guias de em jornalismo, chamamos de capacidade de escolha do editor extremamente criativo, audacioso restaurantes e cidades. O namoro absoluta fragmentação dos meios a respeito do que seria publicado, e poroso, também é anárquico, engrena firme, elas resolvem de comunicação. então editar um jornal era, caótico. Como bem disseram nada mais nada menos, do que os professores Bill Kovach e casar – tem revista sobre a moda do casamento, a festa do absoluta de tudo. Junto com levantar a cancela para uma Tom Rosenstiel, do Centro de casamento, onde passar a lua-de- a fragmentação dos meios de notícia e dizer: isso é relevante, Excelência em Jornalismo da mel, a casa em que vão morar, a comunicação, fragmentam-se os então vamos publicar e o público Universidade de Columbia mobília que vão colocar lá dentro. valores que nos acompanham. Os saberá. Ou isso é irrelevante, (EUA), o curioso é que, há dez A mulher engravida e pensa valores democráticos da imprensa não vai passar. anos, todos nós depositávamos no que ela deve fazer e usar na republicana são valores que gravidez – cada item desses é correm o risco de desaparecer convencional, continua digitalização das informações e na uma revista. O bebê nasce – e junto com a fragmentação que levantando e baixando cancela democratização das informações há revistas sobre como criar e estamos sofrendo. Por quê? Se todo dia, toda semana, todo e, hoje, nós nos confrontamos cuidar do bebê, sobre educar uma é verdade que a sociedade criou mês. O que mudou na vida da com o mundo do tiroteio dos criança e torná-la um cidadão meios segundo os quais qualquer humanidade é que a sociedade blogs, das irresponsabilidades, da responsável... E o casal tem cidadão passa a ser protagonista encontrou infinitas outras licenciosidade perfeita, a ponto computador, tem automóvel – social e self-publisher – pode ter seu maneiras de se comunicar: de se tornar um debate relevante, e tem mais meia dúzia de site, seu grupo de discussão etc. Orkut, Youtube, MSN, celular por exemplo, se a pedofilia deve revistas. É um universo –, também é verdade que aqueles e tudo mais. ou não ser combatida dentro absolutamente riquíssimo. princípios que faziam todos nós economia criativa A imprensa clássica, Está portanto decretada a uma esperança enorme na do Google. É um tempo de Quando surgiu a internet, sermos orientados pelos mesmos obsolescência da imprensa, neutralidade ética absoluta. mesmo com toda a força e a paradigmas democráticos foram ela não tem mais chance de Tudo isso é inexorável, já inexorabilidade desse surgimento, para o espaço, acabaram. sobreviver? Acho que não e aconteceu. A mídia não tem a acredito que temos um futuro menor chance de sobrevivência para nós, do ponto de vista de 40 Na verdade, é a fragmentação O novo mundo digital, Por isso acho que estamos trabalhar com comunidades, no grande nó da comunicação. promissor, brilhante. Nós, dos se brigar com o público. As era pouca mudança. Entre Durante minha vida inteira grandes meios de comunicação – pessoas prezam esses novos internet e revistas, há um – e sou um jornalista e editor Abril, Globo, “Folha de S. Paulo”, canais de comunicação, essa nova grande paralelismo no jeito de que conviveu com o período “Estado de S. Paulo”, “New York maneira de convivência já está identificar comunidades e fazer da ditadura –, o que se dizia Times”, “Wall Street Journal”, estabelecida. No entanto, tenho com que elas se movam em uma a respeito da imprensa é que CNN, “Financial Times”, temos impressão de que não vamos a direção. Já do ponto de vista da ela era uma espécie de cancela um desafio de criatividade lugar nenhum se não atentarmos possibilidade de distribuição de da sociedade. Nós éramos no nosso modelo de negócios. para o fato de que, para conviver informação, era muita mudança. a instituição que criava as Temos de nos reorganizar como de verdade, precisamos construir Hoje, a informação não vai só condições para que a sociedade cancela dentro dos valores as instituições da democracia. para a internet, vai para a TV soubesse – ou não soubesse – o políticos que prezamos. Nesses encontros sobre economia criativa 41 Promovendo a criatividade brasileira no exterior Economia Criativa, temos um grupo que, nossa história foi feita do jeito que foi feita, Apex é uma agência autônoma vinculada setores do sistema de moda brasileiro já há algum tempo, busca uma identidade tão original, tão rica, mas tão singular e ao governo federal. Ela teve origem no para Milão. Ficamos uma semana de players, de valores para a criação de tão preciosa, somos muito melhores em Sebrae [Serviço Brasileiro de Apoio às apresentando nossos setores para os uma comunidade de pessoas e interesses originar boas ideias do que em distribuí-las. na área. O que a nossa experiência de Somos ruins de distribuição. mídia traz para isso é que, para que uma grito de independência em 2003. É uma agência que busca apostar no risco, Quando falo nisso, penso, por exemplo, italianos da Politécnica de Milão, grande representante da academia brasileira em design e moda. Eles ficaram comunidade se consolide, é preciso que na música popular brasileira, na bossa na ousadia. No grupo de moda, haja, em primeiro lugar, identidade e, em nova, que é tão fantástica e foi tão mal trabalhamos com sete setores segundo, reiteração. Sem reiteração, você “marqueteada” por nós. Ou o futebol não vai a lugar algum. Se você não faz brasileiro; nossos craques são distribuídos uma revista mensal sobre moda, você por outros times; outras nações acham não articula os interesses das pessoas que um jeito de faturar economicamente com acreditamos na criatividade estão ligadas à moda. Se você não faz uma o nosso futebol de uma forma muito mais brasileira e queremos coisas novas. Brasília é uma ilha; se não revista mensal de automóveis, você não eficaz do que a nossa. A capacidade de colocá-la lá fora. começar a criar esses furos de inovação, articula os interesses da cadeia produtiva distribuição é absolutamente crítica para dos automóveis. o sucesso, para o avanço da Economia Ainda no aspecto da reiteração, é industriais. Apoiamos esses setores por meios de ações de promoção comercial internacional, porque A agência acredita na diferenciação e no risco, de boca aberta. Como gestor da Apex, estou aprendendo. Sou designer por formação e isso acaba sendo um diferencial dentro do governo. São só economistas e administradores e nós somos os loucos que apostam em vai parar no tempo. Infelizmente, não posso influir em tanto que hoje apoiamos o São Paulo Fashion questões tributárias ou em juros. Estamos Finalmente, em quarto lugar, acho Week. Temos um projeto que foi iniciado na na Esplanada dos Ministérios, mas alemão Hegel dizia que o salto qualitativo que a questão dos valores é fundamental. edição de janeiro de 2009 e vai até 2010. São ninguém nos conhece, ninguém conversa nada mais é do que a acumulação de Pode parecer coisa de um coroa de 62 R$ 6 milhões em dois anos de apoio. conosco. Não conseguimos dialogar com quantidade que, num determinado anos, mas esquecemos, às vezes, que momento, muda de qualidade. A água, estamos impregnados da possibilidade de por exemplo. A 30 graus, ela permanece democracia no ar que nos cerca. Podemos no estado líquido; a 100 graus vira outra sentar e conversar sobre qualquer tema, até Gestor de projetos da Apex-Brasil coisa, vai para o estado gasoso. Acho que falar gostosamente mal do governo mesmo o que o InMod está fazendo com essas sendo do governo. Isso nos parece tão discussões sobre Economia Criativa é aquecer a água. É angustiante, pois sequer necessário dar o salto qualitativo. O filósofo sabemos que fogo é esse, mas o processo Criativa brasileira. Ao fazer um projeto, a Apex busca os órgãos governamentais sobre questões resultados. Nossos projetos têm metas, tributárias, por exemplo. A própria Apex, temos um rigoroso sistema de gestão para ao fazer eventos internacionais, paga verificar se estamos obtendo resultados. impostos; a Secex [Secretaria de Comércio (Agência Brasileira de Promoção Começamos a trabalhar com moda em Exterior] nos cobra como agência. No de Exportações e Investimentos) 2001. Hoje, atendemos 4.200 empresas ano passado, completamos dez anos de absolutamente natural e, no entanto, é uma com promoção comercial e internacional existência numa briga incrível, porque conquista tão absurda. e, de 2001 para cá, o crescimento nas acreditamos no produto, na criatividade exportações das empresas que estão brasileira, apesar dos altos e baixos. Tenho a impressão de que, se há um Marco Aurélio Lobo está acontecendo. O mérito está em passo importante a ser dado na discussão conosco foi algo em torno de 35% – reiterar, em insistir. Uma vez identificada a sobre Economia Criativa, esse passo é o mesmo com a crise. Isso é incrível. Desenvolvimento] declarou que o governo comunidade, não deixe de reiterar. de produzir, depois de obter a identidade A moda brasileira tem uma vai criar um conselho de moda e a Apex, Em terceiro lugar, vem a articulação 42 Micro e Pequenas Empresas] e deu seu O ministro Miguel Jorge [do e a reiteração, a adequada distribuição grande janela de oportunidade nessa como agência, gritou: o que o governo tem adequada da capacidade de produção. desse conceito sob a égide dos valores crise, porque as pessoas vão buscar a ver com isso? É um setor industrial, é a Nesse ponto, a Economia Criativa tem democráticos. Assim, tenho certeza de que marcas novas, coisas novas. Em 2008, iniciativa privada que tem de pensar sobre uma barreira cultural para vencer. Porque o ovo de Colombo ficará em pé. conseguimos levar todos os sete isso, não o governo. economia criativa economia criativa 43 janeirode de Mauro Munhoz Maria Arlete Gonçalves Eduardo Rath Fingerl Lino Villaventura Otavio Dias Pensar diferente, compartilhar e criar futuros ou uma pessoa dos anos deve ter com o mundo. Como pessoas, de tecnologias. Hoje 70 e estava pensando diz o educador e antropólogo temos tecnologia e a tecnologia no grande privilégio Tião Rocha, criar projetos transporta o pensamento que é para todos nós pensando nos tataranetos, humano, acelera, faz com que assistir este momento pensando no mundo em que não haja barreiras de tempo e nossos descendentes vão viver. espaço. Tudo o que acontece do Conceitos dos anos 70 e 80, como outro lado do mundo entra em a filosofia de paz e amor, a busca nossa casa, em nossa intimidade, de conhecimento e o discurso nos incomoda, influencia nossa do mundo, resultado dos verdes, que antes eram vida. É uma coisa do nosso tempo, de uma evolução sem meio ridicularizados estão hoje do século 21: tudo é ao mesmo revolução. Acredito incorporados no discurso dos tempo. E a convergência permite que o que está economistas, porque o mundo que várias linguagens aconteçam. está vivendo uma situação em Desde o seu início, no final de do mundo. A eleição de Barack Obama é um acontecimento histórico sem precedentes na história acontecendo no mundo hoje é uma evolução de consciência. Recentemente, em um encontro de balanço social das empresas de telecomunicações na Maria Arlete Gonçalves Diretora de cultura da Oi Futuro que é preciso se repensar e é 2001, o Instituto Oi Futuro escolheu transformação social e aceleração designer francês, o Alain Le educacional convencional. Na preciso agir. Acho que o grande a convergência como sua forma de de desenvolvimento e usamos a Quernec, que vem fazendo um Nave, os jovens aprendem a salto é realmente a criatividade expressão. Ele já vinha pensando tecnologia para impulsionar isso. trabalho nas periferias de Londres desenvolver games, que é outro e a reflexão. neste mundo. Nós nos chamamos Todos os projetos que realizamos e Paris. Ele fez uma oficina com mercado contemporâneo. Os Oi Futuro exatamente porque têm esse viés: educação, cultura os jovens da Oi Kabum! que games já são uma realidade, A Economia Criativa, a cultura Fundação Getúlio Vargas, tive um como fator de transformação temos sempre um olhar daqui para e tecnologia como fatores de rendeu outdoor e material urbano; mas há poucos profissionais que prazer enorme em ver um diretor social e como aceleração de a frente: o que podemos fazer hoje desenvolvimento. o Rio de Janeiro foi tomado pelos trabalham com isso no Brasil, da FGV falar algumas coisas que desenvolvimento humano, para tornar o mundo melhor daqui Fazemos isso com as cartazes produzidos pelos jovens então os alunos da Nave têm um eram ditas nos anos 70. Falou hoje está em toda parte. Hoje, a pouco e daqui a mais um pouco populações com menor IDH junto com o Alain Le Quernec e mercado enorme. É uma escola sobre essa nova consciência, o caminho é a convergência: e daqui a um pouco mais longe. [Índice de Desenvolvimento essa exposição foi para Buenos de ensino médio e, durante essa responsabilidade que se convergência de ideias, de Elegemos a cultura como fator de Humano do Brasil] por meio de Aires, para Barcelona, para um os três anos do curso, eles projetos que mantemos, como dos maiores congressos de design desenvolvem esses softwares, que a Oi Kabum!, que trabalha com que acontece no México, ou seja, são extremamente sofisticados. jovens de comunidades das está correndo o mundo. Se você É isso que tentamos fazer: ver grandes cidades em situação dá a oportunidade, se você dá a o mundo, ver as oportunidades de risco social. Nessa escola, os ferramenta, as coisas acontecem. de criatividade para inserir os jovens recebem capacitação para Por isso o projeto chama-se jovens nisso. trabalhar na área de imagens e Kabum!, que é o som de uma de tratamento de imagens: vídeo, explosão. É o que achamos que tem trazido é uma mudança nas foto, design gráfico, webdesign, se consegue fazer com cultura, empresas. As empresas da área de computação gráfica. A ideia é educação e ferramentas corretas: telecomunicações não são mais dar o máximo para quem tem o explosão de talentos. as mesmas. A própria Oi caminha mínimo, então eles têm acesso 46 economia criativa Também temos uma escola Outra coisa que a tecnologia hoje para ser uma empresa de a tecnologia de ponta. Isso tem chamada Nave, um núcleo conteúdo. Não é só uma empresa dado resultados incríveis em de ensino avançado, no Rio de telefonia, porque hoje não termos de inserção no mercado de de Janeiro. A ideia é criar existe isso. Há uma espécie de trabalho. Recentemente, tivemos experiências na área de educação pluralização da frase do Marshall a visita de um importante e espalhar para o sistema McLuhan. Não é mais o meio é economia criativa 47 Ser verdadeiro para criar uma história única Se você dá a oportunidade, se você dá a ferramenta, as coisas acontecem. Por isso o projeto chama-se Kabum!, que é o som de uma explosão, explosão de talentos 48 economia criativa a mensagem. Hoje, os meios são um aluno que já não era mais todas as mensagens. A Oi tem aluno. Ele o abraçou e disse: telefonia celular, internet, está “Professor, quero lhe agradecer. entrando no canal a cabo, em Eu sou aquele aluno que saiu engenharia civil, mas em dia isso mudou, mas antes telefonia fixa. Com isso, cresce o da sua sala no primeiro dia de queria arquitetura. existia um preconceito muito espaço para a criatividade, para a aula. Quando o senhor falou para Meu pai queria que eu grande com uma marca que não Economia Criativa. buscarmos nossa vocação de fosse para o Rio e tinha era de uma dessas duas cidades. contador de histórias, abandonei conseguido minha Mas eu sempre pensei no tema Festival de Cinema de Brasília o a universidade e fui desenvolver transferência para da mão de obra do Ceará, muito Cel.U.Cine, que é um festival de os meus roteiros. Hoje estou arquitetura, mas eu não própria do meu trabalho. Por que cinema para celular. Estamos milionário, graças ao senhor”. com essa experiência também Acho que é isso que estamos na mostra de Tiradentes. A tela vendo nessa convergência toda. é a chamada quarta tela. Isso é Existe um campo enorme para uma oportunidade incrível de ser percorrido. Estamos lançando no mercado. É micrometragem, algo uando cheguei no Ceará, não pensava em trabalhar com ou para o Rio, porque realmente moda. Fui estudar. Fazia ficaria mais fácil. Não sei se hoje quis ir porque estava gostando de morar só. Fui fazer moda para ganhar um dinheiro extra e isso se transformou em profissão. Consegui driblar várias Na minha opinião, o Eu ia migrar para São Paulo eu teria de sair de lá? Por que mudar tudo? Não mudei, continuo com minha fábrica lá e tenho também uma vida em São Paulo, fico só mudando de cenário. Pode ser pretensioso, mas recente. É recente, mas o avanço importante é: pense diferente. dificuldades. sempre pensei que, para o meu é muito rápido. Não se acostume; pense diferente, Fazer uma trabalho ficar equiparado à compartilhe, crie e faça. Crie modelagem, moda de São Paulo, ele tem de um congresso de museólogos oportunidades e crie futuros. por exemplo. ser melhor. Eu tenho de ter um no São Paulo Futebol Clube. No “Crie Futuros”, surgiram Eu não sabia o que era. Tudo foi trabalho maravilhoso para poder Eles queriam criar o museu algumas ideias e uma das que muito intuitivo e muito corajoso. me equiparar aos profissionais do São Paulo e trouxeram um eu, particularmente, gosto mais Eu me sentia muito seguro no que estão aqui. Não sei se professor multimídia de uma é a do centro de treinamento que eu fazia, porque inventava consegui, mas consegui impor universidade americana para para descondicionamento do uma maneira de fazer. Aproveitei uma marca, um trabalho, um fazer uma palestra. Ele contou consumo. Nesta época de crise a mão de obra local, que é muito estilo da maneira que eu sempre que quando foi dar a primeira econômica, acho perfeito as habilidosa, para fazer bordados quis, da maneira que eu sei fazer. aula no curso de multimídia pessoas irem para um lugar onde e outras coisas. A empresa foi Você tem de ser verdadeiro no que disse para a turma: “Eu vou elas possam se descondicionar do crescendo e as pessoas foram faz para você poder criar uma ensinar para vocês técnica, mas consumo compulsivo. O Museu conhecendo o trabalho. No história única, sua. Da sua marca, vocês têm que ter histórias para dos Valores Humanos também início dos anos 80, comecei a do seu trabalho, seja lá do que for. contar. O profissional do futuro é é uma boa ideia, está na hora de fazer trabalhos no Rio e em Você tem de criar uma identidade. o contador de histórias. É quem nós lembrarmos algumas coisas, São Paulo, as pessoas ficaram Foi isso o que eu fiz. tem conteúdo, quem quer dizer como a palavra, a generosidade, impressionadas e começaram Acho que também tem de alguma coisa. Então, vocês que a solidariedade, para que as a comprar minhas roupas. Em pensar em ser grande ou não não desenvolveram isso vão à gerações futuras saibam que 1989, fui convidado para fazer um ser grande. São duas opções e luta. Pensem se é isso mesmo que houve um tempo em que isso desfile em Osaka, no Japão. Foi um eu fiz escolhas na minha vida. vocês querem, porque técnica é valia a pena. Eu acho que ainda sucesso e passamos a exportar Vou fazer isso para ficar rico e fácil, o difícil mesmo é conteúdo”. vale a pena e que está na hora de para lá e para os Estados Unidos. milionário ou fazer isso para O tempo passou e ele encontrou trazer essas coisas de volta. Por volta de 1999, 2000, houve Lino Villaventura Estilista viver bem e ter reconhecimento economia criativa 49 Sempre achei que era possível fazer uma moda brasileira. Nunca fui de me submeter ao que vem pronto, a algo que me mandam ou que vi em algum lugar e satisfação pessoal? Minha ideia moda a vida inteira. Obviamente, e, principalmente, existe mais de grandiosidade no trabalho é a conheço a história da moda, sou criatividade no aproveitamento de segunda opção, a que escolhi. Se uma pessoa bem informada. Tenho não, teria feito algo muito popular interferir nisso. Posso usar o que por quem está contratando, mas Paulo Fashion Week, havia colares elas estão fazendo, mas, se eu também pela sociedade. materiais. Tenho uma facilidade e pulseiras feitas por elas. Tudo é quiser fazer diferente, elas já me de estar sempre bem informado e uma dificuldade muito grandes. desenvolvido com a minha equipe, disseram que não vão fazer. ou mudado de ramo. Moda é sobre o que se passa no mundo. A facilidade é que, lá, existe essa até as joias. Não faço sapatos, mas negócio, não resta dúvida. Não Acompanhar o comportamento, habilidade natural das pessoas elas bordam. Eu gosto que façam quem tem confecção, no Brasil durante todo o tempo em que foi tenho outra fonte de renda a não a maneira como estamos vivendo para o trabalho, mas também tudo, gosto de acompanhar. inteiro, é encontrar costureira. governador. O governo do Lúcio ser meu trabalho. Então tenho e como queremos viver, o que tem uma falta de profissionalismo Não existe mais. As filhas das Alcântara também me apoiou. de vender para viver, tenho de estamos assistindo no teatro, no muito grande. Por isso tenho de algumas coisas com comunidades costureiras não querem ser Apresentei um projeto e eles ter retorno, mas, para mim, é cinema... Tenho de ler, estudar fazer um treinamento muito do Ceará. Já tentei uma vez, costureiras. A mãe se mata na perceberam que era importante. essencial a satisfação pessoal com da minha maneira, mas não vou forte com as pessoas quando elas com a Secretaria de Ação Social máquina e a filha não quer ter a Além da qualificação da mão de o meu trabalho, o orgulho. E cada pegar revista de moda para saber começam a trabalhar comigo. do governo Tasso Jereissati. mesma vida. Elas fazem curso de obra, é importante para a imagem vez mais há demonstrações de que o que foi feito ontem, porque já é Acho que isso é muito bom, porque A secretaria chamou várias informática, vão atrás de qualquer do Ceará, da confecção cearense. estou indo pelo caminho certo. passado. Nos anos 80, as revistas melhora a mão de obra e cria uma bordadeiras para falarem comigo curso de secretariado, fazem No ano passado, fiquei sem esse Sinto isso pelo que as pessoas me de moda mandavam pauta para escola de qualidade de acabamento. e eu idealizei novidades para faculdade... Como vai ser o futuro apoio e estava muito chateado, dizem, pelos e-mails que recebo, mim: “Olhe o vestido estampado Todo mundo gosta desse desafio o trabalho delas. Elas ficaram da confecção no Brasil? Robotizar, mas agora nossa parceria voltou. pela admiração que elas têm pelo que está na página 190 da revista de trabalhar com a comunidade revoltadíssimas, disseram que eu informatizar tudo? meu trabalho, que seduz e faz com ‘Vogue’ francesa; gostaríamos que local, de convencer a bordadeira... era louco. “Se eu for fazer o que que as pessoas se sintam curiosas você fizesse um igual”. Eu ficava Mas não é fácil. São pessoas muito você está dizendo, vou demorar com que uma boa costureira em conseguir algum tipo de para ver de perto. Por quê? Porque ofendido, chocado com isso e não simples, que não têm estudo, com três dias e não vou conseguir ganhe bem, melhor do que a financiamento, sempre exigiram ele é verdadeiro, é pessoal. aceitava. Para que copiar fulano de uma vivência dentro de um certo fazer dinheiro, mas posso fazer filha que vai trabalhar com muitas garantias. Por isso nunca tal? Não faço isso, tenho de fazer limite, mas elas gostam disso. Sou outra coisa em um dia, vender na informática. Mas não é só isso. A fiz empréstimo para nada. Fábrica, meu trabalho do jeito que é para ser. centralizador, com certeza, muito feira e ganhar algum dinheiro”, sociedade criou um preconceito loja de Fortaleza, loja de São Paulo, exigente, mas deixo algumas diziam. E tinham razão, eu estava contra esse tipo de trabalho. tudo foi com recurso próprio, que Sempre achei que era possível fazer uma moda brasileira. Nunca fui de me submeter ao que vem 50 economia criativa No desfile desta edição do São O Ceará tem um polo de Sempre quis terceirizar Hoje, a grande dificuldade de É preciso dar incentivos, fazer Tenho apoio do governo do Ceará. O primeiro que me deu apoio foi o Tasso Jereissati, Mesmo com apoio, sempre encontrei muita dificuldade pronto, a algo que me mandam confecção muito grande, mas com coisas para que elas sintam que interferindo na renda delas, no Costureira é uma coisa menor. é complicado. Você raspa o tacho e ou que vi em algum lugar. Eu pouca qualidade. Hoje em dia, as podem fazer sozinhas. Algumas desenho que elas fazem e que a Um serviço especializado desse fica apavorado, trabalhando para me recusei a comprar revista de pessoas já têm uma noção melhor são muito habilidosas. bisavó delas já fazia. Não posso tipo devia ser valorizado não só conseguir repor alguma coisa. economia criativa 51 Revitalização urbana, literatura e futebol araty tem uma para Paraty, que sofre com a futuras e se articulando. Comecei Percebemos que Paraty era erosão da serra e o assoreamento a perceber então que revitalização na rua, conversando. Quando um laboratório interessante para do porto. A serra avança sobre o urbana tem ciclos de 20 anos. Paraty do centro estava se discutindo, em 2000, que experimentar novos paradigmas, mar meio metro por ano. O estudo Como dar conta dessas travessias histórico é a valores justificariam a candidatura novas ideias. Começamos com a custaria R$ 320 mil e seria feito de 20 anos? Decidi usar a sugestão Paraty do café. de Paraty a patrimônio da proposta de fazer a revitalização pelo IPT [Instituto de Pesquisas desse consultor e criar outro humanidade, defendemos esse dos espaços de uso coletivo da Tecnológicas], com patrocínio projeto, que tem um ciclo anual. patrimônio imaterial, o patrimônio borda da água, que estão em da Eletronuclear, mas o prefeito vivo das pessoas de Paraty. contato com as águas dos rios e do não assinou o “de acordo”. Ele musical algumas oitavas acima; mar. Esse caminho abriu portas, queria a verba da Eletronuclear uma reverbera na outra. A festa cultura muito singular. A Na época dos escravos, todo o café do Vale do Paraíba escoava por Diretor-presidente da Casa Azul 52 economia criativa casa abertas e ficavam sentados Nosso projeto em Paraty se pensava assim. É como se fosse a mesma nota Paraty – um caminho por mar, em começou em 1994. Estamos mais o Iphan [Instituto do Patrimônio para asfaltar algumas ruas, literária dá visibilidade, mantém águas abrigadas, até Mangaratiba ou menos no meio do percurso, Histórico e Artístico Nacional] e contrariando a legislação do Iphan, uma equipe funcionando o ano e, de lá, por mar aberto ou por porque o projeto caminha para o a Secretaria Especial de Rios e e ganhar voto. Hoje até brinco que inteiro, dá sustentabilidade para terra até o Rio de Janeiro. Em futuro. Amyr Klink nos convidou Lagoas do Rio de Janeiro foram deveríamos fazer uma estátua um processo. A revitalização 1855, construíram a estrada de para fazer um projeto de uma muito receptivos. O prefeito se desse prefeito, porque, se não urbana dá densidade, significado, ferro Dom Pedro II e as fazendas escola de navegação e, a partir interessou. Criou-se uma rede. fosse ele, não haveria Flip [Festa enraizamento de uma rede capilar ganharam um caminho direto, por disso, surgiu um projeto de Foi interessante até percebermos Literária Internacional de Paraty]. de relações que conseguimos trem, para levar o café até o Rio. revitalização urbana. os obstáculos reais. Esse tipo Da abertura da estrada de ferro Mauro Munhoz moradores deixavam as portas de Em arquitetura e urbanismo, Conheci um consultor da construir em Paraty por meio de iniciativa é difícil de ser Global Harmony Foundation, de um programa educativo até a construção da estrada Rio- acho que em qualquer área, só dá implantada por vários fatores. uma ONG suíça de educação e nas escolas, da formação de Santos, em 1974, ou seja, por 119 para fazer coisas interessantes Existe uma distância entre o plano meio ambiente fundada pelo bibliotecas. A festa literária só anos Paraty ficou fora dos eixos se você conseguir articular as das instituições, das empresas ator Peter Ustinov. Ele foi para pôde ser feita porque tínhamos econômicos, desconectada. questões do plano individual com e do governo e as relações reais Paraty a convite da SOS Mata esse trabalho de longo prazo. Os o plano coletivo; é uma coisa muito estabelecidas no dia a dia, a Atlântica para fazer capacitação projetos criaram uma sinergia e os um tipo de sociabilidade muito simples. Agora estão descobrindo vida das pessoas. É muito difícil de lideranças locais, conheceu nós estão sendo desfeitos. singular. Chegar lá era uma que é mais interessante e mais conectar esses dois planos. nosso projeto e me deu uma dica: aventura. Na época da ditadura, eficiente do ponto de vista algumas pessoas com repertório Paraty preservou uma cultura, Estamos propondo um Foram muitos baldes de água “Seu projeto é contemporâneo, processo difícil de infra- econômico valorizar um imóvel fria. Conseguimos, por exemplo, moderno, correto; você precisa estrutura urbana, que é de longo cultural muito diversificado investindo de maneira coletiva aprovar pela Lei Rouanet um transformá-lo em uma bola de prazo, mas conseguimos realizar redescobriram Paraty. Artistas, na calçada do que fazendo uma estudo de dinâmica sedimentar tênis que a comunidade de Paraty essas experiências práticas. As diretores de cinema descobriram fachada, colocando muro, grades, da bacia hidrográfica da baía da possa conter na mão, jogar no crianças estão sendo capacitadas aquela espécie de paraíso, onde os segurança. Em 1994, porém, não Ilha Grande. Isso é fundamental chão e ver que pula”. Quer dizer, a usar a palavra e observam na fazer alguma coisa que tenha a família o impacto econômico que mesma filosofia e a mesma visão a Flip traz para a cidade. Elas de mundo do projeto original e começam a relacionar: palavra, que transforme a vida das pessoas literatura, o emprego do meu para desencadear um processo. pai... Na Flip, colocamos o Amos Estudei o caso de Barcelona, por Oz na tenda das crianças e elas exemplo, que sediou as Olimpíadas veem até onde a ferramenta da em 1982. Havia um grupo de palavra pode levar uma pessoa. pessoas lá que, 20 anos antes, São processos extremamente estava formulando possibilidades ricos e interessantes. economia criativa 53 Em arquitetura e urbanismo, acho que em qualquer área, só dá para fazer coisas interessantes se você conseguir articular as questões do plano individual com o plano coletivo O turismo é interessante também. No primeiro governo Lula, foi criado o Ministério do Sugeri: por que não contratar o Joseph Chias para fazer o profissional muito capacitado plano estratégico para Paraty se para fazer planejamento tornar uma referência de turismo estratégico, o espanhol Joseph cultural? O ministério falou que Chias. Ele era um dos oito era impossível por ser muito caro, intelectuais que estavam em mas, com o charme de Paraty e Barcelona 20 anos antes da a história da Flip, conseguimos oportunidade das Olimpíadas, que a empresa dele fizesse o pensando a cidade. Enquanto projeto por um preço competitivo. ele estava fazendo o diagnóstico Acabamos de entregar esse dos destinos turísticos, passou O Pacaembu é um lugar sobrado residencial de um jeito é a Praça Charles Miller, com 30 extremamente interessante porque absolutamente extraordinário. km2. A praça é do tamanho da área instrumento de planejamento, tem uma história atípica. Na Acho que uma das razões do urbanizada do Anhangabaú, é da por Paraty. Nós estávamos na que é uma coisa rara e difícil no virada do século, em 1907, 1910, paulistano ter uma relação afetiva escala da marquise do Ibirapuera, segunda festa literária e ele Brasil. São 142 ações tecnicamente Joseph Bouvard, um urbanista muito legal com o Pacaembu é essa mas ninguém tem noção dessa escreveu sobre o evento. No articuladíssimas para Paraty poder francês, percebeu que São sensação de ele pertencer a esse dimensão porque ela estava segundo governo Lula, a equipe avançar no futuro. Paulo ia passar por uma grande sítio natural. totalmente subutilizada. Era um Queríamos fazer um trabalho transformação. Ele trabalhava para O segundo momento de lugar muito bem resolvido do o Ministério do Turismo não com bastante competência a prefeitura e percebeu que o lugar sorte desse lugar foi o projeto de ponto de vista da implantação, não tem, por enquanto, capacidade técnica e, ao mesmo tempo, onde hoje é o Pacaembu tinha edificação feito pelo escritório do é uma área de passagem de carro, de gestão e recurso para fazer com humildade para ouvir as uma topografia muito singular. Severo Villares, que aproveitou é silencioso, mas faltava uma uma implantação ampla de um comunidades. Para isso, criamos Chamou o urbanista inglês Barry essas características e implantou coisa: ter atividade nos limites da novo modelo de turismo no um grupo gestor, eleito por 41 Parker, que tinha conceituado o conjunto esportivo de uma própria praça. país. Joseph Chias recomendou representações governamentais as Cidades Jardins, fundaram a maneira muito bacana: o único então que se concentrasse e não governamentais, que Cia. City e fizeram um desenho trecho do estádio que aparece e descobrimos aquelas duas esse trabalho em dez cidades acompanhou os oito meses de de cidade que, pela primeira para a cidade, que é a fachada do catedrais que eram espaços diferentes, por segmento – uma trabalho do plano de turismo vez, levava em consideração as Pacaembu, tem tratamento de subterrâneos. Um deles ainda não de turismo de negócios, outra de estratégico e cultural de Paraty. características naturais do sítio. edifício urbano. está utilizado, o outro virou a Sala turismo de sol e praia etc. Para Experimentamos fazer a ponte Esse foi o primeiro movimento. Em o turismo cultural, o ministério entre o mundo das instituições e seguida, Bouvard, já identificando conseguirmos argumentar, num museográfica muito interessante, escolheu Paraty e sugeriu que a a vida real das pessoas e foi uma naquele vale a proporção para um grupo grande, que o Pacaembu porque o visitante tem a sensação Casa Azul, a Oscip [organização experiência muito interessante. estádio, encomendou um projeto era o lugar certo para ser o Museu de estar no meio das torcidas. A para Parker. do Futebol e, sendo no Pacaembu, conexão da passarela dá para os não deveria ser embaixo do tobogã visitantes uma visão da praça da sociedade civil de interesse economia criativa esse trabalho. Turismo, e eles chamaram um do Joseph Chias deu um conselho: 54 a proposta de a Casa Azul fazer A experiência do Museu do As partes externas dos O terceiro momento foi Estudamos toda a geometria da Exaltação, uma experiência público] que criamos para esse Futebol, em São Paulo, também trabalho, fosse parceira do foi muito interessante. Se a estádios são sempre coisas – uma arquibancada construída totalmente nova e quem está na ministério como braço executor literatura pode servir a Paraty, o estranhas, meio malresolvidas. onde antes era a concha acústica praça vê os visitantes na metade em Paraty. Foi um processo bem futebol, que é uma manifestação O Pacaembu é o único estádio –, como era a ideia inicial. da experiência museográfica, interessante. O ministério jogou cultural tão importante e que não tem avesso. O avesso da Uma instituição cultural para o que cria uma relação entre o essa ideia e esperou para ver se tão especial por ser muito arquibancada é o perfil natural representar o futebol brasileiro edifício e a praça. São maneiras a sociedade civil organizada de democrática, podia servir ao do terreno, uma estrutura de 25 tinha de ser aproveitada para de criar permeabilidade, conexão, Paraty também concordava com espaço público. metros de altura convive com um revitalizar o espaço coletivo, que e de dar vida. economia criativa 55 BNDES se renova para estimular o empreendedorismo e a inovação Eduardo Rath Fingerl Diretor do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) stamos trabalhando uma com eles e eles contribuem especificamente a pequenas e desenvolvimento não trabalha com como compartilhar, como grande mudança dentro do conosco, caso contrário todo médias empresas inovadoras. risco, a sua relevância passa a ser transmitir esse conhecimento BNDES. Nós participamos o sistema falha. Temos de saber Por quê? Porque é impossível questionada. Depois que fui para para pessoas novas e inquietas? de um grupo, o Novo Clube o que cada um está fazendo trabalhar da mesma forma com a área de mercado de capitais, isso de Paris, que inclui bancos para podermos aproveitar. uma empresa grande como a virou uma bandeira obrigatória: “Que competências estratégicas de desenvolvimento, e uma das Não estamos na liderança, mas Vale do Rio Doce e uma empresa observar o futuro e ter mecanismos são necessárias para um banco discussões que promovemos, nos numa coliderança, trabalhando pequena. É completamente financeiros adequados para que de desenvolvimento?”. É uma dois encontros anuais, é sobre o em conjunto. diferente, é outra mentalidade. as empresas pequenas tenham pergunta dificílima de responder. Como superintendente dessa oportunidade. Essa é uma diretriz Temos de trabalhar observando da Diretoria do Banco. indicadores de responsabilidade papel desse tipo de instituição Antigamente, quando no apoio ao capital intelectual, avaliávamos um projeto ou área, nomeamos um dos técnicos à inovação. Estive uma empresa, fazíamos isso mais experientes do banco. O Criatec é um fundo de recentemente no KFW, o setorialmente. Hoje, é impossível Ou seja, colocamos a pessoa capital semente, para empresas exemplo, dedicam sua vida a isso e banco de desenvolvimento fazer uma avaliação apenas mais experiente para cuidar nascentes, mesmo, empresas são fundamentais – e indicadores da Alemanha, e sinto que setorial. Temos de observar das empresas inexperientes. incubadas, que nem existem econômicos e financeiros, todos estão inquietos sobre o desenvolvimento local e E, para cuidar das empresas ainda. Isso era impensável no incluindo gestão de risco. Bancos o papel das agências de regional, a responsabilidade mais maduras, nomeamos um banco há alguns anos. O Criatec de investimento têm de fazer fomento em um mundo avesso a socioambiental, a inovação. A superintendente mais jovem, mas foi fundado em 2008 e já apoiamos isso muito bem. Os indicadores riscos. Essas agências têm de se quantidade de temas transversais extremamente qualificado. 13 empresas, com R$ 15 milhões, de inovação também precisam mostrar cada vez mais firmes. em uma avaliação é cada vez além das que são apoiadas ser analisados, não só pela Finep Tenho orgulho de dizer que o maior. Essa mudança, que é apoio do BNDES a empresas via Fundo de Ventura Capital. [Financiadora de Estudos e BNDES certamente faz parte do bastante grande, vem acontecendo nascentes, pequenas e médias Se compararmos os recursos Projetos] e pelo CNPq [Conselho grupo dos mais avançados. nos últimos seis meses e já temos cresceu exponencialmente. Nesse alocados nessas empresas com o Nacional de Desenvolvimento alguns resultados. período, apoiamos diretamente orçamento do BNDES, é a quarta Científico e Tecnológico], mas 34 empresas, contra 8 em 2006. casa decimal, mas é uma enorme também pelo BNDES. O problema O que é bom nesse grupo é que um apoia o outro. O BNDES não Criamos uma área de capital De dois anos para cá, o economia criativa socioambiental – as ONGs, por concorre com o KFW ou com o empreendedor, que é uma área Logicamente existe um alto risco diferença dentro do banco. do banco é que ele precisa Banco Mundial. Nós contribuímos de mercado de capitais dedicada embutido, mas, se um banco de Estamos tentando estabelecer as misturar tudo isso e ter um vetor bases para o empreendedorismo resultante em que tudo tem de ser brasileiro e evitar a evasão de adequadamente endereçado, o que cérebros. Queremos apoiar o é muito complexo. empreendedor brasileiro para que 56 Ontem me perguntaram: Volto à questão da essa criatividade extrapole e seja transversalidade: é impossível global. Isso é obrigatório para uma observar uma empresa sem instituição de desenvolvimento. observar isso tudo. E em meio O banco também está à alta volatilidade do mercado passando por uma mudança internacional e à transição de enorme de gerações. Eu, pessoal que está acontecendo por exemplo, terei direito à – muita gente nova tendo de aposentadoria no ano que vem. entender rapidamente um De 2007 a 2009, 500 pessoas, de trabalho que só se aprende ali, um quadro de 2.300 funcionários, fazendo. Uma pessoa que só se se aposentarão. A gestão de preocupa com a responsabilidade conhecimento tornou-se essencial: socioambiental ou só com economia criativa 57 Para acompanhar este mundo, temos de treinar essa garotada espetacular que está chegando no banco, mas evitar que ela reproduza, replique, uma filosofia, uma forma de atuação muito mais ligada ao tangível, à garantia indicadores econômicos ou só que ela reproduza, replique, uma com inovação não vai conseguir filosofia, uma forma de atuação de 2009], duas turmas, de 25 trabalhar no BNDES. Tem de muito mais ligada ao tangível, à alunos cada uma, começarão trabalhar com tudo isso ao mesmo garantia. Essa é a importância de a ser treinadas na metodologia em quatro empresas e depois em é investimento na veia, mas a tempo, o que é muito difícil. termos o capital de risco como dos intangíveis. Os participantes mais 37, o que dá um total de 41 contabilidade não registra isso. Já ferramenta principal. Não temos dessas duas turmas serão os empresas. Depois, aprimoramos outras empresas de grande porte, o que fizemos recentemente garantia. O BNDES, como acionista irradiadores. Até o final do ano, essa metodologia. Gostaria de como por exemplo a Suzano, têm foi criar uma área de recursos minoritário, corre o risco desse o banco inteiro terá sido treinado dizer hoje que essa metodologia relatórios de intangíveis. Essas humanos. Antes, a atividade empreendimento; afinal, se der para isso. Eu espero que dê certo! está totalmente implementada empresas mostram o que elas existia dentro da área certo, estaremos criando novos É uma mudança de cultura. O no banco, mas percebemos que fazem de diferente, mostrando os administrativa. Há dois meses, Linux, novas Microsofts no Brasil. que temos de observar em uma era pouco. A visão ambiental, de hífens que usam, elas conseguem separamos a área de recursos Temos de continuar trabalhando empresa de tal forma que ela mundo, de fatores externos estava reputação e, entre outras coisas, humanos, que tem como um exatamente dessa forma para que tenha capacidade de competição pouco presente, então criamos um do ponto de vista financeiro, um dos objetivos principais fazer o a própria instituição seja mais no futuro? Quem tem essa visão novo módulo com a Universidade custo de capital mais barato. mapeamento das competências, empreendedora. de inovação, de governança? Para Federal do Rio de Janeiro. isso, temos de treinar e capacitar Agora, acreditamos que Para a gestão do conhecimento, ver quem são os conhecedores antigos e quem são os novos que um departamento que terá receberão esse conhecimento e três focos: políticas ambientais, serão seus transmissores. É um desenvolvimento local e regional e desafio enorme. capacitação, participação em absolutamente esquematizado. feiras internacionais, processos Fizemos uma prototipagem internos, como investimento. Isso Para a Economia Criativa, acho que duas coisas são fundamentais. Uma é incluir esses trabalhando junto com as empresas, conceitos pelo menos no currículo dou uma palestra dentro do fazendo com que elas mostrem das universidades. Os cursos inovação. Criaremos brevemente banco, fico deprimido, porque para nós o que elas já fazem. São de economia, administração, uma área dedicada totalmente às me sinto o Matusalém. Rodrigo, diversas métricas, não apenas engenharia não têm uma linha também desenvolvendo a avaliação questões ambientais. O BNDES está meu assessor, tem 28 anos. E indicadores financeiros, mas metas sobre Economia Criativa. de intangíveis: o que temos de fazer mudando muito em um momento eu só vejo “Rodrigos” na minha de natureza ambiental, gerencial, para olhar para a frente, olhar de crise mundial. É um desafio frente. Estou sendo expulso, de responsabilidade socioambiental, BNDES está tentando fazer. para o futuro? Não precisamos um banco de desenvolvimento mas, enquanto estiver lá, terei de inovação. Como trabalhamos Dada a necessidade de ser fatalistas – se o passado foi lidar com um enxugamento de um grande entusiasmo de fazer com muitas empresas e essa mudança de cultura, é preciso ruim, o futuro vai ser ruim; se o liquidez enorme, com grandes isso, de saber que, até o final do metodologia será implementada estabelecer instrumentos passado foi bom, então o futuro operações e, ao mesmo tempo, ano, todos os “Rodrigos” do banco rapidamente, acreditamos que financeiros adequados para que será bom. O papel do analista é propiciar mecanismos para que serão treinados. Eles têm muito vamos espalhar essa filosofia. empreendedores e criadores observar justamente as transições, o empreendedor brasileiro tenha mais capacidade do que os mais as modificações, as rupturas. No canais de apoio cada vez mais velhos de absorver essa filosofia. uma empresa de grande no sentido mais amplo – mundo do conhecimento e da adequados. Precisamos enfrentar esse desafio, porte de capital aberto, financiamento, participação essa oportunidade. É um plano observei que ela não colocava acionária e outros mecanismos. criatividade, os recursos não são Outro caminho do banco no mais finitos, eles se multiplicam criativo é o cinema. Nos últimos exponencialmente, e isso muda 13 anos, apoiamos mais de 300 tudo. Muda a forma de observar, filmes, o que é impressionante. as perguntas, os fatores que geram Dentro da lei Rouanet, destinamos valor dentro das empresas. também mais de R$ 100 milhões Para acompanhar este economia criativa os novos funcionários. ambicioso, mas que já está tudo estaremos mais preparados, mas Dentro do banco, estamos 58 O banco está desenvolvendo Até o final deste mês [janeiro É um banco novo. Hoje, quando Há pouco tempo, visitando A segunda é algo que o possam ter acesso a crédito em mais de cem projetos de mundo, temos de treinar essa restauro de patrimônio histórico e garotada espetacular que está artístico e manutenção de acervos chegando no banco, mas evitar de bibliotecas e museus. economia criativa 59 Publicidade, engajamento e colaboração omecei minha vida Nike, de revitalização urbana de na comunicação? São três muito tempo, as empresas e as marca? O que eu posso fazer profissional em uma um bairro de Buenos Aires. A pontos principais. O primeiro é a celebridades tinham vergonha pela sociedade que tem sinergia agência de marketing empresa queria se engajar com a consciência da importância que de falar sobre suas atividades com o meu posicionamento e, de relacionamento comunidade local e, ao invés de as novas mídias adquiriram na sociais, achando que isso poderia por consequência, vai contribuir de Curitiba, em 1992, fazer uma campanha publicitária, vida das pessoas. O resultado que ser errado: “Vou me promover em também para a minha imagem de contribuiu com a revitalização um comercial de 30 segundos cima desse assunto? Isso pode uma forma saudável e interessante? de marketing de relacionamento. dessa área abandonada, onde nos dava há dez anos não é o pegar mal, parecer que estou Essa agência cresceu, foi para as pessoas tinham vergonha de mesmo, simplesmente porque gastando mais com a propaganda No passado, as agências eram o Rio, para São Paulo e depois morar e que virou um bairro as pessoas não estão mais do meu trabalho socioambiental conhecidas pela sua arrogância, foi comprada por um diferente, turístico. Isso mexeu sentadas na frente da televisão do que com um projeto em si”. porque tinham grandes criativos grupo internacional comigo. Pensei: “Isso também é como estavam dez anos atrás. Isso mudou, pelo simples fato com grandes sacadas. Isso mudou. chamado Grey, que está relacionamento e é um jeito bem Hoje, elas estão na internet, de que o consumidor cobra isso Hoje não existe uma grande presente no mundo todo. mais bacana de trabalhar com conectadas aos seus celulares, das marcas. Mais do que nunca, sacada de um grande criativo, Em 2005, eu era sócio comunicação”. se movimentando e muito mais é importante que as empresas e sim o verdadeiro trabalho ligadas no autoconhecimento falem para a sociedade o que elas colaborativo, pelo simples fato me desligar do grupo e começar – uma coisa que, algum tempo estão fazendo. E terão de fazer de que não dominamos, não sentir incomodado, aquilo não me tudo do zero. Eu tive a felicidade atrás, era motivo de deboche, de isso cada vez com mais solidez, conhecemos metade do que está fazia mais feliz por “n” motivos. de, nesse momento, encontrar quem fazia ioga, meditação. Hoje, coerência, não só fazer por fazer. acontecendo. Ninguém conhece. Tinha uma questão muito pessoal pessoas – os “hífens” – que o “careta” é você não trabalhar Um dos nossos clientes, por Como uma empresa pode falar de autoconhecimento. O que pensavam de uma forma muito seu autoconhecimento, é não exemplo, é a Xuxa Meneghel. da marca por meio de um game? eu, publicitário, que trabalho parecida com a minha, que estar preocupado com a sociedade A Fundação Xuxa Meneghel, Como aproveitar os inúmeros blogs, com comunicação, marketing, comungavam o mesmo desejo. e com o meio ambiente. Quando no Rio, faz um trabalho social redes sociais e comunidades? Isso é Otavio Dias estimulando o consumo, o que Uma amiga publicitária, a Patrícia falamos de novas mídias e de um de primeira linha, fantástico, muito novo, ninguém sabe. Acabou Presidente da Repense de fato eu estava fazendo pela Vaz, que na época estava na novo pensamento, agregamos há 11 anos. Ela sempre teve a era das agências de comunicação sociedade como pessoa física McCann, me ajudou a desenhar esses dois aspectos. vergonha... Não, ela sempre teve que se dizem autossuficientes. e jurídica? Eu trabalhava bem, a filosofia da agência. Conheci cuidado de não mostrar para A crença em um trabalho ganhava bem, mas que significado também Ana Carla Fonseca, só escuta, é comunicação as pessoas para não parecer colaborativo é fundamental para tudo isso tinha para a minha vida? especialista em Economia Criativa. intrusiva. Queremos migrar que estava se autopromovendo. conseguirmos inovar. Quando ela conheceu minhas para uma comunicação que Estamos desenhando um ser jurado do festival de Cannes, ideias, ela disse: “Isso tem tudo a chamamos de inclusiva: o projeto com ela para que outras criamos uma rede de parceiros a principal premiação na área ver, vai dar muito certo; acredite consumidor relaciona-se comigo pessoas, outros empresários que chamamos de repensadores. de propaganda, e tive contato na sua filosofia e vá em frente”. porque quer, porque deseja, e também os fãs possam Quando colocamos uma ideia na porque eu realmente tenho algo contribuir para esse trabalho. cabeça de verdade, de coração, quando ninguém falava daquela agência, um executivo, e comecei a me Comunicação Em 2006, fui convidado para com muitas outras agências A partir desse pensamento, recomeçar. A primeira coisa que bom para oferecer, seja conteúdo, É isso o que as pessoas querem: as coisas começam a acontecer. foram premiados naquele ano, eu fiz foi conversar com meus seja entretenimento, seja uma fazer diferença para o mundo. Conhecemos os projetos desses de agências que começavam a clientes: Oi, Banco Itaú, clientes contribuição para a sociedade, Acho que esse é o principal pensar de uma forma diferente. que trabalhavam comigo na outra porque as pessoas também estão turnover: não basta a marca ser Schwartz, economista que cuida Cases que tinham não só a sacada agência, compartilhando a minha buscando isso. conhecida, bem posicionada, da Cidade do Conhecimento da criativa, mas a preocupação com filosofia. Tive a sorte de ter o ela tem de fazer a diferença USP, e começamos a tentar fazer a comunidade. Um deles, muito apoio de muitos deles. consequência, o engajamento para a sociedade. Esse é o nosso a ponte entre cada uma dessas socioambiental das marcas, segundo pilar. Fazer o quê? O que arenas e o trabalho que fazemos que é muito interessante. Por tem a ver com o DNA da minha para nossos clientes. Em vez de “Bairro Bonito”. Era um case da economia criativa Recomeçar é sempre Quando eu falo e o consumidor de fora e conheci cases que premiado, me marcou muito: 60 Voltei para o Brasil decidido a O terceiro pilar é a colaboração. Onde está a filosofia, os pilares desse pensamento repensado O segundo pilar é, por repensadores, como o Gilson economia criativa 61 Hoje não existe uma grande sacada de um grande criativo, e sim o verdadeiro trabalho colaborativo, pelo simples fato de que não dominamos, não conhecemos metade do que está acontecendo. Ninguém conhece chegar com uma campanha, eu enxergar a Repense como uma chego com um projeto. Muitas agência diferenciada, que quer vezes, são projetos que vão fazer fazer algo mais pelas pessoas. diferenças verdadeiras para a sociedade e para as comunidades poucos países são, mas sinto com as quais se relacionam. falta de algo, na visão do “como”, Fazemos a revista “Think fazer a ponte entre pessoas o que as marcas estão fazendo que, juntas, vão conseguir pela sociedade. Contar histórias concretizar algum projeto de projetos, de comunidades independentemente do apoio carentes, muitas vezes ligadas público, ou por meio da iniciativa à Economia Criativa, que privada ou pelos seus esforços não possuem patrocinador, conjuntos. Não sei, mas acho apoiadores financeiros, para que que pode ser uma rede social, tanto a iniciativa pública como alguma forma de trazer pessoas a privada possam colaborar com que pensem a Economia Criativa esses trabalhos, viabilizá-los e e que, com seu conhecimento, fazê-los crescer. façam a ponte com quem pode “Think and Love”, que criar um viabilizar os trabalhos. Recentemente, assisti a uma novo projeto socioambiental palestra de um empresário é conhecer e apoiar os que já norte-americano de uma agência existem, porque há muita coisa chamada Department of Doing – boa acontecendo, mas as pessoas Departamento do Fazer. Acho que não conhecem. As marcas isso é tudo para o pensamento poderiam contribuir muito mais empreendedor em Economia do que estão contribuindo hoje. Criativa. Não adianta ter uma Até pelas leis de incentivo, que já ótima ideia se você não consegue existem e, muitas vezes, são mal- concretizá-la. Precisamos aproveitadas pelas empresas. fazer com que essa discussão Temos dois anos só de economia criativa que viabilize os “hífens”: como and Love”, cuja missão é contar Gostamos de dizer, na 62 O Brasil é criativo, como seja mais democratizada, que vida e já temos quase cem outras pessoas conheçam. Acho funcionários, uma sede no Rio e que a Economia Criativa é um outra em São Paulo. Vários dos pensamento ainda um pouco nossos clientes vieram da outra elitizado no Brasil. Está aqui, agência e possuem um trabalho mas não o vejo impregnado em mais cartesiano, em cima de camadas que possam, juntas, comunicação tradicional; outros, fazer a diferença e movimentar a como a Oi Futuro, já começam a execução efetiva dos projetos. e c economia 02criativa