voleme7, nº 2
Transcrição
voleme7, nº 2
ISSN 1679-5954 Revista da Associação Brasileira de Ensino Odontológico - volume 7 - número 2 - maio/agosto - 2007 REVISTA DA ABENO Associação Brasileira de Ensino Odontológico ABENO volume 7 número 2 maio/agosto 2007 Associação Brasileira de Ensino Odontológico Estão faltando alunos nos seus congressos e nos seus cursos? Anuncie na Revista da ABENO: [email protected] Fotos: Gözde Otman, Santiago Paulós / SXC. Arte: IC Não fique parado! ABENO Associação Brasileira de Ensino Odontológico Copyright © Associação Brasileira de Ensino Odontológico, 2005 Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução no todo ou em parte, por qualquer meio, sem autorização da ABENO. Catalogação-na-publicação (Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo) Revista da ABENO/Associação Brasileira de Ensino Odontológico. – Vol. 1, n. 1, (jan.-dez. 2001). – São Paulo : ABENO, 2001Quadrimestral (a partir do Vol. 7, n. 1) ISSN# 1679-5954 1. Odontologia (Periódicos) I. Associação Brasileira de Ensino Superior (São Paulo) II. ABENO CDD 617.6 BLACK D05 ABENO Associação Brasileira de Ensino Odontológico Presidente Alfredo Júlio Fernandes Neto E-mail: [email protected] Site: www.abeno.org.br IC - Imprensa Científica Editora Ltda. Rua Alice Macuco Alves, 148, cj. 2 - CEP 05453-010 São Paulo - SP Tel.: (11) 3021-0163 Fax: (11) 3023-3165 www.ic.com.br Produção editorial Ricardo Borges Costa Apoio para esta edição: Centro de Pesquisas Odontológicas São Leopoldo Mandic EDITORIAL A Revista da ABENO é uma publicação oficial da Associação Brasileira de Ensino Odontológico Presidente: Alfredo Júlio Fernandes Neto Vice-presidente: Orlando Ayrton de Toledo Editor Científico: Vera Lúcia Silva Resende (UFMG) ([email protected]) Editores Adjuntos: Ângelo Guiseppe Roncalli C. Oliveira (UFRN) Kátia Regina Hostilio Cervantes Dias (UFRJ/UERJ) Luísa Isabel Taveira Rocha (UFG) Nelson Rubens Mendes Loretto (UPE) Conselho Editorial: Adair Luis Stefanello Busato (ULBRA-RS) Ana Christina Claro Neves (UNITAU) Ana Cristina Barreto Bezerra (UCB) Ana Isabel Fonseca Scavuzzi (UNIME/UEFS) Antonio César Perri de Carvalho Antônio de Lisboa Lopes Costa (UFRN) Arnaldo de França Caldas Júnior (UPE) Carlos de Paula Eduardo (FO-USP) Carlos Estrela (UFG) Célio Jesus do Prado (UFU) Célio Percinoto (FOA-UNESP) Cresus Vinícius Depes de Gouveia (UFF) Eduardo Batista Franco (FOB-USP) Eduardo Dias de Andrade (UNICAMP) Eduardo Gomes Seabra (UFRN) Efigenia Ferreira e Ferreira (UFMG) Elaine Bauer Veeck (PUC-RS) Elen Marise de Oliveira Oleto (UFMG) Gersinei Carlos de Freitas (UFG) Hilda Maria Montes Ribeiro de Souza (UERJ) Horácio Faig Leite (FOSJC-UNESP) Isabela Almeida Pordeus (UFMG) Jesus Djalma Pécora (FORP-USP) João Humberto Antoniazzi (FO-USP) José Carlos Pereira (FOB-USP) José Luiz Lage-Marques (FO-USP) José Ranali (UNICAMP) José Thadeu Pinheiro (UFPE) Léo Kriger (PUC-PR) Liliane Soares Yurgel (PUC-RS) Lino João da Costa (UFPB) Luiz Alberto Plácido Penna (UNIMES) Luiz Clovis Cardoso Vieira (UFSC) Manuel Damião de Sousa Neto (UNAERP) Marco Antonio Campagnoni (FOAR-UNESP) Maria Celeste Morita (UEL) Maria da Gloria Chiarello Matos (FORP-USP) Maria da Graça Kfouri Lopes (UnicenP) Maria Ercília de Araújo (FO-USP) Nilce Emy Tomita (FOB-USP) Nilza Pereira da Costa (PUC-RS) Omar Zina (UNIVAG) Oscar Faciola Pessoa (UFPA) Raphael Carlos Comelli Lia (FEB-SP) Ricardo Prates Macedo (ULBRA-RS) Rui Vicente Oppermann (UFRS) Samuel Jorge Moyses (PUC-PR) Sigmar de Melo Rode (FOSJC-UNESP) Simone Tetu Moysés (UFPar) Vanderlei Luís Gomes (UFU) Vania Ditzel Westphallen (PUC-PR) Indexação A Revista da ABENO - Associação Brasileira de Ensino Odontológico está indexada nas seguintes bases de dados: BBO - Bibliografia Brasileira de Odontologia; LILACS - Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde. A Odontologia perde um de seus maiores líderes A pós longa enfermidade, no dia 21 de janeiro passado, faleceu, no Recife, aos 77 anos, o professor Edrízio Barbosa Pinto. O eminente professor graduou-se em Odontologia, no ano de 1949, pela Faculdade de Medicina e Escolas Anexas de Odontologia e Farmácia do Recife, tendo, quatro anos depois, conquistado o título de Docente-Livre em Ortodontia e Odontopediatria em concurso prestado na Universidade Federal de Pernambuco. Participou, por mais de meio século, decidida e obstinadamente, de movimentos que objetivavam a melhoria do ensino odontológico e o conseqüente progresso da profissão que abraçara. Atuou na direção de entidades da categoria odontológica, de associações de ensino, de faculdades de Odontologia e integrando órgãos e comissões vinculados ao Ministério da Educação, pugnando sempre pela adoção de medidas que promovessem o aperfeiçoamento do ensino odontológico nos seus diversos níveis. Em 1955, incorporou-se ao grupo que planejava a criação do segundo Curso de Formação de Cirurgiões-Dentistas em Pernambuco. Sucedeu o professor Nelson de Albuquerque Melo na direção dos trabalhos da nascente Faculdade de Odontologia de Pernambuco, tendo dirigido essa Instituição de Ensino até 1988. Obtendo a vinda de professores visitantes de centros mais adiantados, possibilitou à FOP condições para se firmar como o melhor centro de pós-graduação do Nordeste brasileiro. Sentindo a necessidade de uma entidade que postulasse junto ao Ministério da Educação os pleitos de docentes e das faculdades localizadas no Nordeste, convidou representantes dos cursos de Odontologia dessa região, e fundou, em 1968, a Associação Nordestina de Ensino Odontológico – ANENO. Posteriormente, em virtude de solicitação das Faculdades do Pará e do Amazonas, a atuação da Entidade foi ampliada, tendo a denominação sido alterada para Associação Nordestina e Nortista de Ensino Odontológico – ANNENO. Exerceu a presidência da ANNENO até 1971, quando, em face de haver assumido a direção da Associação Brasileira de Ensino Odontológico – ABENO promoveu a extinção da Entidade que congregava docentes das instituições de ensino odontológico das regiões Norte e Nordeste. Considerando que havia assumido a Presidência da ABENO com o compromisso de vitalizá-la, era dispensável a existência de uma associação de âmbito regional pugnando pelos mesmos objetivos. Sua posse na direção da Associação Brasileira de Ensino Odontológico, sucedendo o professor Paulino Guimarães Junior, ocorreu em 1971, tendo permanecido à frente dessa Entidade por 23 anos. Duran- Revista da ABENO • 7(2):99-100 99 o cinq n e b üentenária A a ç e Conh j a e r t t ó r a i a da a d ot 100 te esse período, a ABENO prestou inestimável colaboração ao progresso do ensino odontológico. Apesar da grande dificuldade financeira, o professor Edrízio conseguiu promover as reuniões anuais da ABENO, além de, valendo-se de convênios com órgãos governamentais e fundações internacionais, proporcionar condições para que a Associação promovesse a ida de centenas de cirurgiões-dentistas para os mais avançados centros de ensino odontológico do País e do Exterior, a fim de cumprirem estágios, cursos de mestrado e doutorado e visitas de observação. No âmbito internacional, presidiu, até o seu falecimento, a Asociación Latinoamericana de Facultades de Odontología – ALAFO, realizando debates sobre ensino odontológico e intercâmbio de docentes de escolas latino-americanas. Durante a sua gestão, além das capitais brasileiras: Rio de Janeiro, São Paulo, Porto Alegre e Recife, a ALAFO promoveu congressos e reuniões em Montevidéu, San Juan, Buenos Aires, Lima, La Paz, Santiago, Tegucigalpa, Guadalajara e Bucaramanga. Em órgãos integrantes do Ministério da Educação, teve profícua atuação, destacando-se, entre outros: Conselho Técnico da CAPES, CNPq e Comissão de Especialistas em Ensino de Odontologia da Secretaria do Ensino Superior. Organizou e presidiu a Fundação Odontológica Presidente Castelo Branco. Concluindo suas realizações, aglutinou respeitável número de docentes em torno da idéia de criar mais um estabelecimento de formação de cirurgiões-dentistas, tendo fundado a Faculdade de Odontologia do Recife que, dentro em breve, entregará à comunidade pernambucana a primeira turma de graduados em Odontologia. Sua vida, integralmente voltada para promover ações voltadas para o progresso da Odontologia, constitui um exemplo para os pósteros. Com o desaparecimento desse idealista, que priorizava a educação, a saúde e os valores éticos, a Odontologia perde um dos seus maiores líderes. Prof. José Dilson Vasconcelos de Menezes Assessor do presidente da ABENO Professor Emérito da Universidade Federal do Ceará Revista da ABENO • 7(2):99-100 Associação Brasileira de Ensino Odontológico DIRETORIA (2006 a 2010) Presidente Alfredo Júlio Fernandes Neto Vice-Presidente Orlando Ayrton de Toledo Secretário Geral Odorico Coelho da Costa Neto 1º Secretário Vanderlei Luis Gomes Tesoureiro Geral Ricardo Alves Prado José Galba de Meneses Gomes José Thadeu Pinheiro Luiza Isabel Taveira da Rocha Mario Uriarte Neto Oscar Faciola Pessoa Reinaldo Brito e Dias Ricardo Prates Macedo Comissão de Ensino Elaine Bauer Veeck (Presidente) Cresus Vinícius Depes de Gouveia Efigenia Ferreira e Ferreira Léo Kriger Nilce Emy Tomita Rui Vicente Oppermann Comissão de Pós-Graduação Eduardo Gomes Seabra (Presidente) Luiz Alberto Plácido Penna Maria da Glória Chiarello Matos Omar Zina Rita de Cássia Martins Moraes Sigmar de Mello Rode (Presidente) Adair Luis Stefanello Busato Ana Cristina Barreto Bezerra Antônio de Lisboa Lopes Costa Célio Percinoto Hilda Maria Montes R. de Souza Isabela Almeida Pordeus José Carlos Pereira Lino João da Costa Nilza Pereira da Costa Samuel Jorge Moyses Assessores do Presidente Comissão de Comunicação 1º Tesoureiro Sérgio de Freitas Pedrosa Conselho Fiscal Antonio Cesar Perri de Carvalho Elen Marise de Oliveira Oleto Horácio Faig Leite José Dilson Vasconcelos de Menezes Vera Lúcia Silva Resende (Presidente) Ângelo Giuseppe Roncalli C. Oliveira Cléo Nunes de Souza Nelson Rubens Mendes Loretto Sumário v. 7, n. 2, maio/agosto - 2007 Artigos Fluxograma para prescrição de exames imaginológicos por acadêmicos de odontologia Flow chart for the prescription of imaging examinations by dental students Pedro Luiz de Carvalho, João Marcelo Ferreira de Medeiros, Mônica Cristina Camargo Antoniazzi, Rosana Giovanni Pires Clemente. . . . . . . . . 104 Eficácia do método geométrico no aprendizado da escultura dental no curso de graduação em Odontologia Evaluation of the effectiveness of the geometric method in the learning of dental sculpture at a dental undergraduate course Lucia Helena Vieira Diniz Bodi, Miriam Lacalle Turbino, Glauco Fioranelli Vieira. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 112 Prevalência de indivíduos cor-deficientes entre alunos de odontologia Prevalence of color vision-deficient individuals among dental students Angela de Caroli, Glauco Fioranelli Vieira, Carlos Alberto de Bragança Pereira. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 117 Os sete saberes necessários à educação do futuro e o planejamento das ações de saúde: algumas reflexões e confluências The seven wisdoms necessary for an education of the future and for the planning of health care actions: some reflections and confluences Iris do Céu Clara Costa. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 122 Pesquisa qualitativa: um outro caminho para a produção do conhecimento em odontologia Qualitative research: another path towards knowledge production in dentistry Luiz Carlos Machado Miguel, Calvino Reibnitz Junior, Marta Lenise do Prado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 130 Construir conhecimento, integrar vidas Constructing knowledge, integrating lives Luiz Roberto Augusto Noro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 135 A importância do ensino da notificação de doenças The importance of teaching disease notification Vera Lucia Silva Resende, Maria Elisa de Souza e Silva, Raquel Conceição Ferreira, Allyson Nogueira Moreira, Claudia Silami Magalhães. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 141 Anais da 42a Reunião Anual - 2007 Comissão Organizadora e Programação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 147 Trabalhos selecionados para apresentação Seminários . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 149 Pôsteres. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 153 ApêndiceS Índice de artigos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 188 Índice de resumos apresentados na 42ª Reunião Anual . . . . . . . . . . 189 Normas para apresentação de originais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 192 Revista da ABENO • 7(2):103 103 Fluxograma para prescrição de exames imaginológicos por acadêmicos de odontologia Uma possibilidade para reduzir os erros na prescrição de exames imaginológicos. Pedro Luiz de Carvalho*, João Marcelo Ferreira de Medeiros**, Mônica Cristina Camargo Antoniazzi***, Rosana Giovanni Pires Clemente**** * Professor Doutor da Disciplina de Imaginologia Dento-MaxiloFacial do Departamento de Odontologia da Universidade de Taubaté. E-mail: [email protected]. ** Professor Doutor da Disciplina de Endodontia do Departamento de Odontologia da Universidade de Taubaté. *** Professora Doutora da Disciplina de Imaginologia Dento-Maxilo-Facial do Departamento de Odontologia da Universidade de Taubaté. ****Professora Mestra da Disciplina de Matemática Aplicada do Departamento de Economia, Contabilidade e Administração da Universidade de Taubaté. RESUMO O propósito deste trabalho foi apresentar um fluxograma que orientasse alunos de graduação do curso de Odontologia a prescrever exames imaginológicos, em situações específicas, iniciando-se pelos exames mais simples e encerrando-se com os mais sofisticados. O referido fluxograma é constituído pelos seguintes exames imaginológicos: periapical, interproximal, oclusal, métodos de localização, panorâmico, extrabucais, tomográfico convencional, e os exames sofisticados, que compreendem a tomografia computadorizada, a ressonância magnética nuclear, a ultra-sonografia e os exames de medicina nuclear. Para testar a validade do fluxograma, utilizamos 21 alunos do segundo ano, durante uma das avaliações bimestrais no ano de 2005, do Departamento de Odontologia da Universidade de Taubaté. Constatouse que o exame periapical foi o mais sugerido, 239 vezes, e o segundo mais indicado foi a radiografia panorâmica, 120 vezes. O efeito dos exames no diagnóstico da condição clínica foi: 325 exames (59,52%) produziram impacto positivo, 146 (26,74%) exames só detectaram a condição clínica, mas não possibilitaram o diagnóstico desta, e 75 (13,74%) não forne104 ceram imagem da condição clínica. Com base na metodologia aplicada e nos resultados obtidos, pôdese concluir que: o fluxograma apresentado auxilia o acadêmico a prescrever exames imaginológicos, em casos específicos na Odontologia; o fluxograma reduziu a possibilidade de erros na prescrição de exames; e o fluxograma resultou em impacto positivo, ou seja, auxiliou no registro das condições clínicas. DESCRITORES Educação em odontologia. Estudantes de odontologia. Radiografia. Radiografia dentária. A s solicitações de exames imaginológicos em Odontologia, na maior parte das vezes, ocorrem valendo-se do uso de fichas padronizadas; contudo, em algumas situações específicas, não devem ser objeto de padronização, mas de descrição. Em tais solicitações deverão constar as descrições das condições clínicas derivadas dos sinais, sintomas, das histórias pregressa e atual do paciente, os quais auxiliarão na realização dos exames radiográficos e posterior interpretação das imagens obtidas.3,23 Além disso, para que se utilize corretamente a radiação X, há que se con- Revista da ABENO • 7(2):104-11 Fluxograma para prescrição de exames imaginológicos por acadêmicos de odontologia • Carvalho PL, Medeiros JMF, Antoniazzi MCC, Clemente RGP siderar um reduzido número de solicitações de radiografias, a fim de evitar exposição desnecessária à radiação e, conseqüentemente, aumento do custo. Por outro lado, o exame radiográfico deve ser individualizado para cada paciente,6 uma vez que o melhor exame para um paciente com um determinado problema pode não ser o melhor para outro com o mesmo problema.14 Após ter tomado a decisão de realizar um exame imaginológico, o cirurgião-dentista terá de fazer uma opção entre os exames imaginológicos, de modo que o exame escolhido produza um resultado significante para o tratamento do paciente e o exponha às menores doses possíveis de radiação.12 Autores como Stephens et al.24 (1992), Brooks et 5 al. (1997) e Farman7 (2002) são unânimes em declarar que se deve incentivar o uso de exames radiográficos periapicais; tal acontecimento deverá ser realizado após a obtenção dos sinais, dos sintomas e de avaliada a história do paciente. Das técnicas intrabucais utilizadas rotineiramente em algumas especialidades destaca-se sem sombra de dúvida a técnica radiográfica periapical, técnica essa que pode ser tomada por dois métodos distintos, a saber: o da bissetriz e do paralelismo. O cirurgião-dentista recomenda a radiografia periapical limitada a um determinado elemento dentário ou região de dentes, em razão da probabilidade de essa radiografia resultar em achados na cavidade bucal, que permitiriam conduzir de uma forma mais eficaz o tratamento odontológico do paciente. A pesquisa radiográfica não é indicada para a determinação de lesões ocultas, considerando que a porcentagem de achados é mínima. A crença de que os dentistas têm a responsabilidade de realizar triagem de todos os seus pacientes, buscando informações de lesões ocultas, não pode ser comprovada,15 além de que realizar radiografia panorâmica como triagem é injustificável na clínica odontológica geral.20 Com vistas a isso, propomo-nos a apresentar um fluxograma que oriente os acadêmicos de Odontologia a prescrever exames imaginológicos, em situações específicas. MATERIAL E MÉTODOS Idealizou-se um fluxograma para orientação e prescrição de exames imaginológicos por alunos de graduação iniciando-se pelos exames mais simples e encerrando-se com os mais sofisticados. O referido fluxograma é constituído pelos seguintes exames imaginológicos: periapical; interproximal; oclusal; mé todos de localização; panorâmico; extrabucais; t omográfico convencional; e sofisticados, que compreendem a tomografia computadorizada, a ressonância magnética nuclear, a ultra-sonografia e os exames de medicina nuclear (Figura 1). Apesar de a presença dos pedidos padronizados ser uma realidade, podemos obter êxito com o uso desse fluxograma para o diagnóstico de desordens com maior facilidade, rápido acesso e fácil execução. Para testar a validade do fluxograma, utilizamos 21 alunos do segundo ano, durante uma das avaliações bimestrais no ano de 2005, do Departamento de Odontologia da Universidade de Taubaté. Calibração para uso do guia Os alunos foram calibrados por exposição oral com apresentação de alguns exemplos com diapositivos. Assim, para um uso correto, deveriam iniciar pelo exame mais simples, procurando indicar até dois exames para cada situação, quando então julgavam necessária a complementação, considerando baixo custo e menor quantidade de radiação na obtenção da imagem. A seguir, receberam um formulário com 20 condições clínicas preestabelecidas, para aplicação do fluxograma. As informações foram obtidas considerando-se o número e o tipo de exame imaginológico recomendado. A avaliação das informações foi realizada por dois docentes especialistas e doutores em Radiologia e a tabulação desses dados, por outro docente. Realizouse a distribuição das freqüências, o que permitiu a validação do fluxograma, e aplicou-se o teste descritivo para cada variável. RESULTADOS Informações fornecidas pelos participantes Vinte e um participantes contribuíram no processo de entrevista. A Tabela 1 apresenta as informações que cada participante registrou a respeito da indicação de dois exames imaginológicos para cada situação. O exame periapical foi o mais sugerido, 239 vezes, e o segundo mais indicado foi a radiografia panorâmica, 120 vezes. Percebe-se que os participantes tiveram dificuldades para diferenciar um reparo anatômico de uma periapicopatia e avaliar o comportamento da cortical óssea de uma lesão, cujos exames mais indicados não evidenciaram o propósito, uma vez que o mais adequado para cada condição clínica seria método de localização pelo princípio da paralaxe (método de Clark), para a primeira, e exame radiográfico oclusal para a última. Revista da ABENO • 7(2):104-11 105 Fluxograma para prescrição de exames imaginológicos por acadêmicos de odontologia • Carvalho PL, Medeiros JMF, Antoniazzi MCC, Clemente RGP Paciente com hipótese de diagnóstico Registro da imagem sim O exame radiográfico periapical foi suficiente? não Ausência e/ou imagem parcial, ou carece de complementação. Registro da imagem sim O exame radiográfico interproximal foi suficiente? não Ausência e/ou imagem parcial, ou carece de complementação. Registro da imagem sim O exame radiográfico oclusal foi suficiente? não Ausência e/ou imagem parcial, ou carece de complementação. Registro da imagem sim O método de localização foi suficiente? não Ausência e/ou imagem parcial, ou carece de complementação. Registro da imagem sim O exame radiográfico panorâmico foi suficiente? não Ausência e/ou imagem parcial, ou carece de complementação. Registro da imagem sim O exame tomográfico foi suficiente? não Ausência e/ou imagem parcial, ou carece de complementação. Registro da imagem sim Os exames sofisticados foram suficientes? Figura 1 - Fluxograma para prescrição de exames imaginológicos. Impacto dos exames imaginológicos na avaliação da condição clínica Esse fator foi avaliado por dois profissionais radiologistas, que minuciosamente avaliaram, em cada situação, se o exame indicado bastava para o diagnóstico da condição clínica ou o complementava, ou se não fornecia imagem da condição clínica. Cada exame pode influenciar na avaliação clínica de três formas: • positiva, quando um exame registra a imagem da condição clínica, sem a necessidade de complementação; • neutra, quando o exame fornece um registro duvidoso da condição clínica, ou carece de complementação; • negativa, quando o exame não registra a imagem da condição clínica. O efeito dos exames no diagnóstico da condição clínica é visto na Tabela 2: 325 exames (59,52%) produziram impacto positivo, 146 (26,74%) só detecta106 ram a condição clínica, mas não permitiram seu diagnóstico, e 75 (13,74%) não forneceram imagem da condição clínica. DISCUSSÃO Embora esteja claro que os acadêmicos de Odontologia sabem solicitar exames imaginológicos, é de fundamental importância levar em consideração os riscos biológicos das radiações ionizantes e o custo no momento da prescrição. Quando se solicita um exame radiográfico, muitas vezes existe uma suspeita, pois nem sempre sabemos a condição patológica. E mais, com freqüência quem solicita exames não tem idéia da situação patológica presente, e às vezes o processo de tratamento inicia-se com o exame imaginológico, mesmo com um laudo parcial.3,15,23 As solicitações de exames imaginológicos feitas, de um modo geral, são efetivadas sem critérios de prescrição radiográfica, considerando que os pacientes são diferentes e que, portanto, o exame radiográfico deve ser indi- Revista da ABENO • 7(2):104-11 Fluxograma para prescrição de exames imaginológicos por acadêmicos de odontologia • Carvalho PL, Medeiros JMF, Antoniazzi MCC, Clemente RGP Detectar uma calcificação no assoalho bucal. 2 Avaliar uma sinusopatia. 4 Avaliar uma restauração em excesso. 15 Avaliar uma anomalia radicular no incisivo lateral. 21 Total Exames sofisticados 21 Tomografia Avaliar um abscesso dentário. Extrabucal 18 Panorâmica 13 Método de localização Interproximal Avaliar cárie nos dentes posteriores. Exames imaginológicos Oclusal Condição clínica Periapical Tabela 1 - Quantidade de indicações dos exames imaginológicos por acadêmicos (n = 21). 31 4 12 2 25 3 1 15 15 2 2 22 36 17 32 1 1 3 26 Avaliar uma fratura óssea na maxila. 9 11 5 1 2 28 Avaliar uma fratura óssea na mandíbula. 3 15 7 1 3 29 11 Avaliar agenesias dentárias. 14 2 Avaliar um cisto nasopalatino. 15 9 4 3 15 5 1 5 6 Localizar um canino superior incluso. 27 3 27 1 28 Diferenciar um reparo anatômico de uma periapicopatia. 13 Verificar a adaptação de uma restauração metálica. 11 Confirmar a existência de uma fratura radicular. 20 Avaliar o comportamento da cortical óssea de uma lesão. 15 Retorno semestral do paciente. 11 2 10 23 Avaliação periodontal (primeira vez). 18 8 1 27 Avaliação para tratamento de canal (primeira vez). 20 Realização de plano de tratamento (adulto - primeira vez). 12 Planejar instalação de implantes (primeira vez). 239 Tabela 2 - Impacto dos 546 exames imaginológicos no diagnóstico das condições clínicas. Impacto Total Positivo* 325 Neutro** 146 Negativo*** 75 * exame registra a imagem da condição clínica, sem a necessidade de complementação; **exame fornece um registro duvidoso da condição clínica, ou carece de complementação; ***exame não registra a imagem da condição clínica. vidualizado.6,14,16,26 Ressalta-se que as radiografias panorâmicas são as mais solicitadas durante o atendimento do paciente e de acordo com a necessidade, o que não está em conformidade com outros autores.5,19,24 As informações relacionadas na Tabela 1, bem como as sugestões dos 21 participantes para as 20 condições clínicas específicas, foram realizadas utilizando-se o fluxograma idealizado pelos autores. O 26 28 2 5 2 2 24 1 2 3 2 10 Total 1 17 23 15 2 64 47 28 25 29 14 2 2 120 32 7 30 9 546 fluxograma foi idealizado para orientar o acadêmico no momento da prescrição, iniciando pelo exame mais simples e de baixo custo. Nosso propósito com esse fluxograma foi prescrever para o paciente uma quantidade mínima de exames e, deste modo, evitar que uma maior dose de radiação seja aplicada ao paciente, além de reduzir custos. Com relação aos exames radiográficos periapicais, cumpre aduzir que os referidos exames registram imagens do contorno, da posição e extensão mésio-distal dos dentes e tecidos circunvizinhos. No exame radiográfico periapical é essencial obter o comprimento total do dente e pelo menos 2 milímetros de osso periapical. O filme radiográfico mais utilizado é o número 2 (tamanho 3 x 4 cm), que pode ser utilizado em pacientes pediátricos com mais de 7 anos e todos os adultos. Esses exames são detalhísticos, de simples execução e baixo custo, podendo ser realizados pelos princípios da bissetriz ou do paralelismo, e abranger somente as áreas de interesse ou compreender uma série completa de radiografias. Revista da ABENO • 7(2):104-11 107 Fluxograma para prescrição de exames imaginológicos por acadêmicos de odontologia • Carvalho PL, Medeiros JMF, Antoniazzi MCC, Clemente RGP Aliás, observando a Tabela 1, foi o exame periapical o mais sugerido pelos acadêmicos para as situações clínicas apresentadas: cárie nos dentes posteriores, abscesso dentário, restauração em excesso, anomalia radicular, agenesias dentárias, cisto nasopalatino, adaptação de restauração metálica, confirmar a existência de uma fratura radicular, retorno semestral do paciente, avaliação periodontal, avaliação para tratamento de canal, realização de plano de tratamento e planejamento para instalação de implantes. Sendo assim, julgamos que as 239 sugestões foram graças ao maior contato com o exame nas aulas práticas, na Clínica de Ensino de Radiologia e Interpretação Radiográfica. Stephens et al.24 (1992), Brooks et al.5 (1997) e Farman7 (2002) estimulam o uso de radiografias periapicais depois de obtidos os sinais e os sintomas e de avaliada a história do paciente. No que se refere à radiografia interproximal, cumpre aclarar que tal recurso determina a obtenção de uma imagem radiográfica das coroas dos dentes e cristas alveolares de ambos os maxilares em um só filme. Em nossas aulas orientamos os alunos a utilizarem essa técnica para os dentes posteriores, pois consideramos que o exame interproximal dos anteriores seja desnecessário, desde que se faça um exame clínico acurado. Para cárie nos dentes posteriores, restauração em excesso e adaptação de restauração metálica, foi mais sugerido pelos acadêmicos o exame interproximal. Esse exame é pouco divulgado e sua obtenção pode oferecer dificuldade quando não se utiliza o posicionador de filmes, além dos problemas no momento da interpretação da imagem, na identificação do osso maxilar ou mandibular. Além do mais existem outros métodos que não usam radiação ionizante, como a transiluminação por fibra óptica.17 Concernente ao emprego de radiografias oclusais, importa considerar que, em determinadas oportunidades, quando a técnica periapical não é suficiente para conter uma imagem ampla dos maxilares, o profissional se vê obrigado a utilizar um filme de maiores dimensões. Caracteriza-se, então, a técnica radiográfica oclusal pelo emprego de filmes com dimensões de 5,7 x 7,6 cm colocados paralelamente ao plano oclusal. As radiografias oclusais estão indicadas para complementar uma série radiográfica periapical quando esta não determinou a extensão de uma lesão ou fratura; exame de pacientes desdentados; localização de corpos estranhos e dentes inclusos; pesquisa de cál108 culos nos ductos das glândulas salivares; estudo da forma e do tamanho do arco dental; e para substituir a técnica periapical nos casos de trismos e pacientes com acentuado reflexo de vômito. Os acadêmicos sugeriram esse exame 47 vezes, e as situações mais indicadas foram: detectar uma calcificação no assoalho bucal, avaliar uma fratura óssea na maxila e avaliar um cisto nasopalatino. Apesar de ser um exame de fácil obtenção, o maior problema é a divulgação do mesmo e o custo do filme radiográfico; conseqüentemente o acadêmico acaba tendo pouco contato com os resultados oferecidos pela técnica. No que tange aos métodos radiográficos de localização, saliente-se que são métodos utilizados para localizar a posição de um dente ou objeto nos maxilares. Para estruturas estranhas que estiverem próximas às raízes dos dentes, podemos nos valer dos métodos da dissociação das imagens (Clark) e da dupla incidência em ângulo reto (Miller-Winter e Donovan), os quais fornecem informações complementares àquelas de uma simples radiografia dental. Os outros métodos consistem em modificações da técnica periapical com propósitos específicos: procedimentos de Parma, Le Master e têmporo-tuberosidade. A condição que mais recebeu a indicação dos métodos de localização radiográfica pelos acadêmicos, 15 indicações, foi a localização de um canino superior incluso. O pouco desenvolvimento dos métodos e a dificuldade de avaliar as imagens comparativas são alguns fatores que contribuem para que esses métodos sejam pouco utilizados. No que diz respeito ao exame radiográfico panorâmico, este se trata de um método de exame por imagem que proporciona uma visualização de toda a maxila e mandíbula num único filme. Apesar das limitações próprias das técnicas extrabucais convencionais, as radiografias panorâmicas extrabucais oferecem uma visão do complexo maxilo-mandibular com uma simples incidência radiográfica. Porém, algumas vezes, as radiografias panorâmicas são solicitadas erroneamente, já que não são indicadas para avaliar situações nas quais se deseja fidelidade de imagem, casos em que a técnica indicada é a periapical.13,20 No entanto, a radiografia panorâmica foi o segundo exame mais sugerido pelos acadêmicos de nossa pesquisa: 120 indicações. O referido exame foi sugerido nas seguintes condições: sinusopatia, fratura óssea na maxila, fratura óssea na mandíbula, agenesias dentárias, retorno semestral do paciente, realização de plano de tratamento e planejamento para instalação de implantes. Tal ocorrência deve-se provavel- Revista da ABENO • 7(2):104-11 Fluxograma para prescrição de exames imaginológicos por acadêmicos de odontologia • Carvalho PL, Medeiros JMF, Antoniazzi MCC, Clemente RGP mente à simplicidade de realização do exame e ao protocolo adotado pelo sistema de admissão dos pacientes nas várias Clínicas de Graduação. Aliás, Sakakura et al.21 (2003) concluíram que muitos dentistas prescrevem radiografias panorâmicas nas avaliações de implantes dentais baseando-se na área que abrangem e no custo. Outros autores18,25 recomendam o exame panorâmico quando o objetivo é a redução da dose de radiação. Já as radiografias extrabucais oferecem registros radiográficos em três planos ou normas: a.norma lateral, que proporciona um registro radiográfico em um plano paralelo ao plano sagital mediano cranial; b.norma frontal, que registra radiograficamente visões anteriores ou posteriores craniais, condicionadas ao posicionamento da face ou região occipital da cabeça próxima ao filme; c.norma axial, que apresenta um registro cranial em um plano horizontal, perpendicular ao plano sagital mediano, similar às radiografias oclusais intrabucais. Muito embora um número reduzido de sugestões tenha ocorrido (32), a condição mais indicada foi sinusopatia, porquanto os acadêmicos ao longo do curso possuem pouco contato com essas técnicas, seja na Clínica ou na Interpretação Radiográfica. Mais ainda, os alunos envolvidos nesta pesquisa ainda não tiveram contato com as disciplinas de Cirurgia e Ortodontia, o que justifica o reduzido número de sugestões e recomendações a essas especialidades, que, sem sombra de dúvida, destacam-se na indicação dessa modalidade de exame.1,2 A tomografia convencional permite obter imagens de partes de um objeto, em cortes ou secções livres de estruturas sobrepostas. Foram obtidas somente 7 sugestões deste exame pelos alunos, o que se explica pelo pouco contato com esse exame, apenas no aprendizado teórico. Mais ainda, Sakakura et al.21 (2003) avaliaram as prescrições radiográficas para implantes dentais entre dentistas brasileiros. Constataram que aproximadamente 7,2% dos dentistas solicitaram tomografia convencional, e concluíram que muitos dentistas prescrevem radiografias panorâmicas nas avaliações de implantes dentais baseando-se na área que abrangem e no custo, e também que os profissionais não seguem as recomendações da Associação Americana de Radiologia Oral e Maxilofacial de considerar a imagem seccional. Por último, em relação aos exames sofisticados, que compreendem os exames de tomografia computadorizada, ressonância magnética nuclear, ultra-so- nografia e medicina nuclear, apesar do conhecimento exclusivamente teórico sobre esses exames, os acadêmicos os recomendaram 9 vezes. Solicitar exames imaginológicos deve fazer parte da vida do acadêmico que inicia essa prática; entretanto, essa virtude deve ser contínua ao longo do curso de graduação. As regras para prescrição de exames imaginológicos fazem parte do plano de ensino da nossa disciplina, facilitando assim o futuro profissional do aluno na sua vida extra-acadêmica. Vale ressaltar que o fluxograma proposto facilitou o momento da prescrição tanto para acadêmicos, como para profissionais ou especialistas. Esse poderá reduzir o número total de exames solicitados, da mesma forma que Atchison et al.1 (1992), em seu trabalho, conseguiram reduzir 36% do número total de exames. Finalizando, salientam Hollender11 (1992) e Bohay et al.4 (1995) que os cursos de odontologia têm decisiva importância no ensino dos critérios para prescrição radiográfica e na conduta dos dentistas em relação à escolha do exame radiográfico. Foi observado que essa conduta deve ser seguida e sugere-se que haja maior controle dos cursos, principalmente pelos professores de Radiologia, sobre as solicitações de exames radiográficos encaminhadas à clínica, avaliando-as criteriosamente antes de serem realizadas, para que o paciente se exponha à menor dose possível de radiação.9,12 Pelos resultados do impacto dos exames na avaliação das condições apresentadas, recomendamos o uso do fluxograma sugerido. Os resultados apresentados por esta pesquisa mostram a necessidade de se investir na educação dos critérios de seleção radiográfica, em concordância com o obtido por outros autores.8,10,22 CONCLUSÕES Com base na metodologia aplicada e nos resultados obtidos, pôde-se concluir que: • O fluxograma apresentado auxilia o acadêmico a prescrever exames imaginológicos em casos específicos na Odontologia. • O fluxograma reduziu a possibilidade de erros na prescrição de exames. • O fluxograma resultou em impacto positivo, ou seja, auxiliou no registro das condições clínicas. ABSTRACT Flow chart for the prescription of imaging examinations by dental students The purpose of this work was to present a flow chart that could guide undergraduate dental stu- Revista da ABENO • 7(2):104-11 109 Fluxograma para prescrição de exames imaginológicos por acadêmicos de odontologia • Carvalho PL, Medeiros JMF, Antoniazzi MCC, Clemente RGP dents in prescribing imaging examinations for specific situations, beginning with the simpler examinations and then moving to the more complex ones. The flow chart consists of the following imaging examinations: periapical, bite-wing, occlusal, localization technique, panoramic, extraoral, conventional tomography, and the sophisticated ones, involving computed tomography, magnetic resonance imaging, ultrasonography, and nuclear medicine examinations. In order to test the effectiveness of the flow chart, we used 21 second-year students, during one of the bimonthly evaluations in the year 2005, from the Dentistry Department, University of Taubaté. It was observed that periapical examinations were the most suggested, 239 times, and the second most indicated was panoramic radiography, 120 times. The effect of the examinations on diagnosing the clinical condition was: 325 examinations (59.52%) produced a positive impact; 146 (26.74%) examinations only detected the clinical condition, but did not allow the establishment of a diagnosis; and 75 (13.74%) did not produce an image of the clinical condition. Based on the applied methodology and on the obtained results, it could be concluded that: the presented flow chart helped students to prescribe imaging examinations in specific dental cases; the flow chart reduced the possibility of errors while prescribing examinations; and the flow chart had a positive impact, i.e., it aided in the recording of the clinical conditions. 6. Council on Dental Materials, Instruments, and Equipment. Recommendations in radiographic practices: an update, 1988. J Am Dent Assoc. 1989;118(1):115-7. 7. Farman AG. There are good reasons for selecting panoramic radiography to replace the intraoral full-mouth series. Oral Surg Oral Med Oral Pathol Oral Radiol Endod. 2002;94(6):653-4. 8. Flack VF, Atchison KA, Hewlett ER, White SC. Relationships between clinician variability and radiographic guidelines. J Dent Res. 1996;75(2):775-82. 9. Geist JR, Katz JO. Radiation dose-reduction techniques in North American dental schools. Oral Surg Oral Med Oral Pathol Oral Radiol Endod. 2002;93(4):496-505. 10. Gonçalves A, Gonçalves M, Bóscolo FN. Avaliação das solicitações de radiografias recebidas por clínica de radiologia odontológica. Rev Fac Odont Passo Fundo. 2003;8(1):55-61. 11. Hollender L. Decision making in radiographic imaging. J Dent Educ. 1992:56(12):834-43. 12. Horner K. Review article: radiation protection in dental radiology. Br J Radiol. 1994:67(803):1041-9. 13. Jenkins WM, Brocklebank LM, Winning SM, Wylupek M, Donaldson A, Strang RM. A comparison of two radiographic assessment protocols for patients with periodontal disease. Br Dent J. 2005;198(9):565-9. 14. Kantor ML. Trends in the prescription of radiographs for comprehensive care patients in U.S. and Canadian dental schools. J Dent Educ. 1993;57(11):794-7. 15. Matteson SR, Joseph LP, Bottomley W, Finger HW, Frommer HH, Koch RW et al. The report of the Panel to develop radiographic selection criteria for dental patients. Gen Dent. 1991;39(4):264-70. 16. Mileman PA, van den Hout WB. Preferences for oral health DESCRIPTORS Education, dental. Students, dental. Radiography. Radiography, dental. § states: effect on prescribing periapical radiographs. Dentomaxillofac Radiol. 2003;32(6):401-7. 17. Pitts NB, Kidd EA. Some of the factors to be considered in the prescription and timing of bitewing radiography in the diagno- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS sis and management of dental caries. J Dent. 1992:20(2):74-84. 1. Atchison KA, Luke LS, White SC. An algorithm for ordering pretreatment orthodontic radiographs. Am J Orthod Dentofac 18. Rushton VE, Horner K. The use of panoramic radiology in dental practice. J Dent. 1996;24(3):185-201. 19. Rushton VE, Horner K, Worthington HV. Routine panoramic Orthop. 1992;102(1):29-44. 2. Atchison KA, Luke LS, White SC. Contribution of pretreatment radiography of new adult patients in general dental practice: radiographs to orthodontists’ decision making. Oral Surg Oral relevance of diagnostic yield to treatment and identification Med Oral Pathol. 1991;71(2):238-45. of radiographic selection criteria. Oral Surg Oral Med Oral 3. Atchison KA, White SC, Flack VF, Hewlett ER. Assessing the FDA guidelines for ordering dental radiographs. J Am Dent oramic radiography of adults in general dental practice: radio- Assoc. 1995;126:1372-83. 4. Bohay RN, Stephens RG, Kogon SL. Survey of radiographic practices of general dentists for the dentate adult patient. Oral Surg Oral Med Oral Pathol Oral Radio Endod. 1995; 79(4):526-31. 5. Brooks SL. Guidelines for radiologic examinations: do we have all the answers yet? Oral Surg Oral Med Oral Pathol Oral Radiol Endod. 1997;83(5):523-4. 110 Pathol Oral Radiol Endod. 2002;93(4):488-95. 20. Rushton VE, Horner K, Workthington HV. Screening panlogical findings. Br Dent J. 2001;90(9):495-501. 21. Sakakura CE, Morais JA, Loffredo LC, Scaf G. A survey of radiographic prescription in dental implant assessment. Dentomaxillofac Radiol. 2003;32(6):397-400. 22. Salti L, Whaites EJ. Survey of dental radiographic services in private dental clinics in Damascus, Syria. Dentomaxillofac Ra- Revista da ABENO • 7(2):104-11 Fluxograma para prescrição de exames imaginológicos por acadêmicos de odontologia • Carvalho PL, Medeiros JMF, Antoniazzi MCC, Clemente RGP diol. 2002;31(2):100-5. Afr Med J. 1993;70(5):297-301. 23. Stephens RG, Kogon SL. New U.S. guidelines for prescribing 26. White SC, Atchison KA, Hewlett ER, Flack VF. Efficacy of FDA dental radiographs: a critical review. J Can Dent Assoc. guidelines for prescribing radiographs to detect dental and 1990;56(11):1019-24. intraosseous conditions. Oral Surg Oral Med Oral Pathol Oral 24. Stephens RG, Kogon SL, Speechley MR, Dunn WJ. A critical Radiol Endod. 1995;80(1):108-14. view of the rationale for routine, initial and periodic radiographic surveys. J Can Dent Assoc. 1992;58(10):825-37. 25. Tole NM, Guthua SW, Imalingat B. Radiation dose as a factor Recebido para publicação em 04/04/2006 in the choice of routine pre-operative dental radiographs. East Aceito para publicação em 17/05/2006 A Revista da ABENO – Associação Brasileira de Ensino Odontológico – tem como missão primordial: • assegurar o contínuo progresso da formação profissional; • produzir benefícios diretamente voltados para a coletividade; • produzir junto aos especialistas a reflexão e análise crítica dos assuntos da área em nível local, regional, nacional e internacional. Revista da ABENO • 7(2):104-11 9-5 ISSN 167 954 • contribuir para a obtenção de indicadores de qualidade do ensino odontológico respeitando os desejos de formação discente e capacitação docente; DA O ABEN REVISTA ira de rasile ação B Ensino o ológic Odont 7 volume 1 número abril janeiro/ 2007 Associ O o ABirEa deNEnsino Odontológic asile ação Br Associ 111 Eficácia do método geométrico no aprendizado da escultura dental no curso de graduação em Odontologia A disciplina de Escultura deve proporcionar ao aluno a oportunidade de desenvolver a habilidade manual e de adquirir visão espacial do dente, fundamental para o trabalho de restauração e reintegração do dente ao sistema estomatognático. Lucia Helena Vieira Diniz Bodi*, Miriam Lacalle Turbino**, Glauco Fioranelli Vieira** *Cirurgiã-Dentista, Estagiária do Departamento de Dentística da Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo. E-mail: [email protected]. **Professores Associados do Departamento de Dentística Operatória da Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo. E-mail: [email protected] e [email protected]. Resumo Um estudante de odontologia deve desenvolver uma percepção estética e ser capaz de analisar a forma e função dos dentes para que possa corrigir e restabelecer a fisiologia completa e beleza do sistema estomatognático em seus pacientes. A disciplina de escultura dental visa a desenvolver e treinar a habilidade manual do aluno, preparando-o para as outras disciplinas em que essa habilidade é necessária. O objetivo do presente trabalho foi avaliar a eficácia do método geométrico de ensino de escultura dental entre iniciantes com diferentes graus iniciais de habilidade manual. O método geométrico, como uma ferramenta auxiliar no ensino da escultura dental, permitiu que se obtivessem melhores resultados, ajudando os alunos a aprender a técnica bem como a reproduzir a anatomia dental. Os resultados mostraram que, embora o método tenha sido eficaz com todos os alunos, aqueles que apresentaram uma maior facilidade no início do curso puderam aproveitar melhor o método. Observou-se uma melhora no treinamento manual, na percepção dos detalhes da anatomia dental e na percepção da proporção entre os diferentes elementos dentais. Descritores Escultura. Anatomia. Aprendizado. 112 A prática odontológica exige conhecimentos técnico e científico, além de habilidade manual para o desenvolvimento de trabalhos que envolvem a aplicação prática desses conhecimentos.8,9 Durante a prova de seleção para o curso de Odontologia, o candidato é avaliado quanto ao seu conhecimento intelectual, mas não pela sua habilidade manual e, no entanto, essa habilidade é exigida durante o curso, pois fará parte, na maioria das vezes, de sua vida profissional. A disciplina de Escultura Dental tem como objetivo o desenvolvimento e treinamento da habilidade manual, preparando o aluno para as outras disciplinas que também exigem a sua aplicação.2 Para isso, na Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo (FOUSP), aplica-se o método geométrico, cuja primeira citação data de 1940, por Wheeler11, e que foi aprimorado por outros autores no transcorrer dos anos.10 Esse método consiste na projeção das silhuetas mesiais e vestibulares dos dentes em blocos retangulares de cera e, posteriormente, na definição das estruturas anatômicas mais evidentes, como inclinação das faces, posição das bossas e cúspides. A forma dos dentes pode ser de difícil percepção para o aluno e o que se procura, dessa maneira, é associar cada den- Revista da ABENO • 7(2):112-6 Eficácia do método geométrico no aprendizado da escultura dental no curso de graduação em Odontologia • Bodi LHVD, Turbino ML, Vieira GF te e suas estruturas com uma forma geométrica definida. Sabe-se que as formas geométricas são de conhecimento do aluno desde o início de seu aprendizado nos bancos escolares.5 Alguns autores desenvolveram trabalhos para melhorar o aprendizado de anatomia e escultura dental, usando recursos de vídeo e programas digitais, observando também sucesso nessas propostas.6,11 Outros autores, em relação à escultura, observaram que o método progressivo e regressivo em cera mostra-se um bom método de aprendizado de conhecimentos de anatomia e desenvolvimento de destreza manual.1,4,7 A proposta deste trabalho é avaliar a eficiência do método geométrico de escultura dental em iniciantes de escultura com diferentes graus de habilidade manual. Material e Métodos Participaram deste trabalho 128 alunos de graduação da FOUSP, ingressantes na disciplina de Escultura Dental. No primeiro dia de aula prática, antes de receberem informações sobre o método de escultura adotado na disciplina, os alunos, sem orientação e apenas com o instrumental básico necessário, receberam, cada um, um bloco de cera para a execução da escultura de um determinado dente (para um grupo foi escolhido o segundo molar inferior esquerdo e, para o outro grupo, o incisivo central superior esquerdo). O bloco de cera tinha o tamanho de 48 mm de altura, 22 mm de largura e 19 mm de profundidade. Os alunos não podiam consultar nenhum livro, apostila, ou modelo para copiar. Além disso, eles recebiam um questionário com os seguintes quesitos, cujas opções de respostas eram sim ou não: 01. Você já teve conhecimento de escultura? 02. Alguma vez já esculpiu um dente? 03. Já realizou alguma outra escultura? 04. Tem noções de desenho? 05. Sabe identificar detalhes de um dente (como: bossa, vertente, arestas, linha de colo)? 06. Sabe identificar as faces proximais de um dente? Os alunos que responderam sim aos quesitos “1, 2, 3” foram descartados do trabalho. Observou-se também que os alunos, mesmo sabendo identificar os detalhes anatômicos, não souberam como transportar esse conhecimento para a escultura. Em relação ao quesito “6”, a maioria respondeu não, demonstrando que falta conhecimento teórico- prático para essa identificação. Após um tempo eletivo de um mês e meio, tendo duas aulas semanais (8 h/aula) teóricas e práticas, que davam as informações e o treinamento sobre o método, foi solicitada uma nova escultura dos mesmos dentes, para os mesmos alunos. Essas esculturas (inicial e final) foram avaliadas por três professores da disciplina, com auxílio de um questionário com 15 questões, para que o processo fosse o mais objetivo possível. As questões foram as seguintes (com opções de respostas sim ou não): 01. Lembra o formato básico do dente? 02. Existe proporção entre altura e largura? 03. Consegue-se diferenciar a face vestibular da lingual? 04. Consegue-se definir o lado do dente? 05. Está correta a altura da bossa vestibular? 06. Está correta a altura da bossa lingual? 07. Está correta a altura das bossas proximais? 08. Está correta a inclinação da face vestibular? 09. Está correta a inclinação da face lingual? 10. Está correto o formato da face mesial? 11. Está correto o formato da face distal? No caso de dentes anteriores, perguntou-se ainda sobre a face lingual destes: 12. Existem cristas marginais? 13. Estão corretas as cristas marginais? 14. Existe crista mediana? 15. Está correto o cíngulo? No caso de dentes posteriores, perguntou-se ainda sobre a face oclusal destes: 12. Está correto o formato? 13. Estão corretas as cristas marginais? 14. Existe sulco principal ? 15. Existe convergência lingual ou vestibular? As respostas foram organizadas em valores 0 e 1, para facilitar a montagem das tabelas, sendo atribuído valor 0 para as respostas negativas e 1 para as afirmativas. Resultados Cada aluno foi avaliado nas quinze questões, tanto na primeira quanto na segunda escultura, recebendo uma nota correspondente ao total de itens afirmativos em cada momento (inicial e final). Com esses dados foram efetuados os gráficos 1 e 2. As notas foram calculadas proporcionalmente, para que os valores variassem de zero a dez. O Gráfico 1 apresenta o número de alunos correspondente às notas de zero a dez das esculturas iniciais e finais. Pode-se notar que, na linha correspondente à escultura inicial (antes), o número de alunos com nota abaixo de 5 é maior, o que se inverte no segundo mo- Revista da ABENO • 7(2):112-6 113 Eficácia do método geométrico no aprendizado da escultura dental no curso de graduação em Odontologia • Bodi LHVD, Turbino ML, Vieira GF 45 10 8 35 30 6 25 Valor Quantidade de alunos 40 20 4 15 antes depois 10 G1 G2 G3 2 5 0 0 2 4 6 8 10 0 0% Notas 20% 40% 60% 80% 100% Nível Gráfico 1 - Distribuição de alunos de acordo com as no- Gráfico 2 - Percentis das notas finais dos 3 grupos de tas atribuídas às suas esculturas antes e depois do aprendizado do método geométrico. alunos avaliados. G1: alunos que tiveram as piores notas iniciais; G2: alunos que tiveram notas iniciais intermediárias; G3: alunos que tiveram as melhores notas iniciais. mento, com a escultura final (depois), quando o maior número de alunos concentra-se em notas acima de 6. Outro fator muito importante a ser avaliado é a percentagem de evolução do aluno nesse curto espaço de tempo. Eles foram divididos em três grupos em relação as suas notas iniciais. Assim, o Gráfico 2 mostra a evolução das notas dos três grupos, a saber: G1 (38 alunos), formado pelos que tiveram as piores notas (abaixo de 0,3833); G2 (48 alunos), formado pelos que tiveram as notas intermediárias (entre 0,3833 e 1,3833); e G3 (42 alunos), formado pelos que tiveram as melhores notas iniciais (acima de 1,3833). Com base no Gráfico 2, nota-se que: • os grupos G1 e G2 tiveram comportamentos muito semelhantes; • o grupo G3 apresentou médias ligeiramente superiores às dos outros grupos. Isto caracteriza que, apesar de o método ter sido eficiente no aprendizado de todos os alunos, aqueles que, por algum motivo, apresentavam melhor habilidade no início do curso, tiveram melhor aproveitamento no aprendizado do método. prios alunos vão melhorando a avaliação dos seus próprios trabalhos, na medida em que percebem que associar formas geométricas aos detalhes anatômicos do dente facilita sua escultura. A principal observação em relação ao aprendizado oferecido pelo método geométrico é a melhora marcante das esculturas apresentadas, visto que o tempo entre a escultura inicial e a escultura final correspondeu a menos de 1/3 do tempo total dos créditos da disciplina. Constatou-se que, apesar de o método utilizado colaborar sensivelmente para o desenvolvimento de bons trabalhos em um curto espaço de tempo, certos detalhes, como proporção entre altura e largura, altura de bossas, inclinação das faces vestibular e lingual e convergências das faces, continuam oferecendo certa dificuldade de evidenciação aos alunos e assim, exigem destes uma dedicação maior. O fato de as notas iniciais terem maior concentração em valores menores do que cinco e as finais, maiores do que seis sugere que o método geométrico, assim como as orientações e os treinamentos oferecidos, foram capazes de melhorar a qualidade das esculturas. No momento da escultura inicial, os alunos, supostamente, já tinham os conhecimentos referentes à anatomia dental, mas demonstraram dificuldade em reproduzi-los satisfatoriamente. Também está evidente e era o esperado que, ao se relacionarem as notas de cada aluno (inicial e final), sempre houve melhora. Em relação aos grupos que aparecem no Gráfico 2, constata-se que os alunos que tinham maior habilidade desde a escultura inicial conseguiram melhor aproveitamento do método, demonstrando que, apesar de o método geométrico Discussão Nas esculturas iniciais, fica evidente que, em vários trabalhos nem sequer foi apresentada a forma grosseira do dente, como por exemplo o canino, cuja forma deveria lembrar uma lança. Outra falha muito comum foi a falta de proporção entre altura (distância entre o limite cervical vestibular e o bordo incisal, nos dentes anteriores, ou a ponta de cúspide vestibular, nos dentes posteriores) e largura (distância entre as bossas das faces mesial e distal) desses dentes. Com o passar das aulas, os pró114 Revista da ABENO • 7(2):112-6 Eficácia do método geométrico no aprendizado da escultura dental no curso de graduação em Odontologia • Bodi LHVD, Turbino ML, Vieira GF A B C Figura 1: A - Bloco de cera; B - Escultura de um molar inferior antes do aprendizado do método; C - Escultura de um molar inferior depois do aprendizado do método; D - Escultura de um incisivo central superior antes do aprendizado do método; E - Escultura de um incisivo central superior após o aprendizado do método. D E facilitar a finalização da escultura, pessoas mais habilidosas conseguem resultados ainda melhores. Acreditamos que, através das imagens, podemos observar com maior facilidade a evolução que o aluno conquista por esse método. Assim, foram selecionadas e fotografadas algumas esculturas efetuadas pelos alunos. Na Figura 1, podem-se visualizar: bloco de cera utilizado para a escultura (A); esculturas obtidas no início do curso (sem treinamento prévio) de um molar inferior e de um incisivo central superior (B e D); esculturas dos mesmos dentes obtidas após o treinamento com o método geométrico (C e E). Pode-se notar, nas esculturas finais, a maior proximidade com a forma anatômica dos referidos dentes. Apesar de a habilidade manual ser natural aos indivíduos, sabemos que ela pode ser desenvolvida ou melhorada através de orientações e treinamentos.² O aluno, ao cursar a disciplina de Escultura, tem uma grande oportunidade de não só desenvolver sua habilidade manual mas também de adquirir visão espacial do dente, o que facilitará, posteriormente, seu trabalho de restauração e integração do dente ao sistema estomatognático.3,8,12 Conclusões • O método geométrico, como auxiliar no ensino da escultura dental, possibilita melhores resultados, favorecendo o aprendizado da técnica, assim Revista da ABENO • 7(2):112-6 115 Eficácia do método geométrico no aprendizado da escultura dental no curso de graduação em Odontologia • Bodi LHVD, Turbino ML, Vieira GF como a reprodução da anatomia dental. • Alunos com maiores habilidades iniciais têm melhor aproveitamento do método, conseguindo resultados finais superiores aos daqueles menos habilidosos, porém, mesmo esses menos habilidosos conseguem atingir formas satisfatórias (acima da média). • Com o treinamento manual e a percepção de detalhes anatômicos dos dentes que é exigida dos alunos, melhora-se a percepção de proporção entre esses elementos. • Acredita-se que os conhecimentos e treinamentos obtidos na disciplina, através do método geométrico, preparam o aluno para um desempenho profissional mais consciente e eficiente, restabelecendo forma e função dos dentes, isolados ou em grupos, obtendo uma boa fisiologia mastigatória, harmonia e estética entre as arcadas.8 method proved to be effective with all the students, those who already had demonstrated a greater facility at the beginning of the course were able to take fuller advantage of the method. An improvement was observed in the manual training, in the perception of the teeth’s anatomic details, and in the perception of proportion between the different dental elements. Descriptors Sculpture. Anatomy. Learning. § Referências Bibliográficas 1. Bogacki RE, Best A, Abbey LM. Equivalence Study of a Dental Anatomy Computer-Assisted Learning Program. J Dent Educ. 2004;68(8):867-71. 2. Cantisano W, Palhares RW, Santos HJ. Anatomia Dental e Escultura. 3ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 1987. 3. Della Serra O. Anatomia dental. 2ª ed. Rio de Janeiro: Científica; 1995. Agradecimentos Somos gratos aos alunos de Odontologia, pela oportunidade de desenvolvermos esta pesquisa em que percebemos a satisfação de cada aluno ao observar sua rápida evolução nos seus trabalhos de escultura dental. 4. Ford TRP. Teaching tooth morphology to dental students. Br Abstract Evaluation of the effectiveness of the geometric method in the learning of dental sculpture at a dental undergraduate course A dental student must develop an esthetic perception and be able to analyze the shape and function of teeth in order to correct and reestablish the complete physiology and beauty of the stomatognathic system in his or her patients. The dental sculpture discipline aims to develop and train the student’s manual ability, preparing him or her for other disciplines which also require this ability. The purpose of this project was to evaluate the effectiveness of the geometric method for dental sculpture teaching among beginners with different initial degrees of manual ability. The geometric method as an auxiliary tool in dental sculpture teaching made better results possible, helping the students to learn the technique as well as the reproduction of dental anatomy. The result showed that, although the 7. Romerowski J, Bresson G. Changing the teaching of dental Dent J. 1974;132:169-73. 5. Lorenzato S. Por que não ensinar Geometria? Revista da SBEM. 1995;4:3-13. 6. Pao YC, Reinhardt RA, Krejci RF, Taylor DT. Computer-graphics aided instruction of three-dimension dental anatomy. J Dent Educ. 1984;48(6):315-7. 116 anatomy to change the mental habits of dental practitioners. Int J Periodontics Restorative Dent. 1985;5(2):52-67. 8. Santos Júnior J, Fichman DM. Escultura e modelagem dental. 6ª ed. São Paulo: Santos; 2000. 9. Steagall L, Santos Jr J, Wajngarten I, Guido D. Desenho e Escultura Dental. São Paulo: Faculdade de Odontologia da USP; 1966. 10. Vieira GF, De Caroli A, Garófalo JC, Matson E. Escultura Dental com auxílio do método geométrico (revisão anatômica). 3ª ed. São Paulo: Gnatus; 2002. 11. Wheeler RC. A manual: Tooth Form Drawing and Carving. Philadelphia: WB Sanders Company; 1940. 12. Whittaker DK, Marshall RJ, Evan RW. The use of videotapes in teaching tooth morphology. J Dent Educ. 1989:53(10):581-3. Revista da ABENO • 7(2):112-6 Recebido para publicação em 19/04/2006 Aceito para publicação em 04/07/2006 Prevalência de indivíduos cor-deficientes entre alunos de odontologia Existe um prejuízo das discromatopsias para a Odontologia, em especial no processo de escolha da cor de um dente; se incorreta, o profissional pode ser considerado incompetente. Angela de Caroli*, Glauco Fioranelli Vieira**, Carlos Alberto de Bragança Pereira*** *Mestre em Dentística pela Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo. E-mail: [email protected]. **Professor Livre-Docente Associado de Dentística da Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo. ***Professor Titular do Departamento de Estatística do Instituto de Matemática e Estatística da Universidade de São Paulo. RESUMO O objetivo deste estudo foi identificar indivíduos deficientes para visão de cores, testando a acuidade visual dentre um grupo de estudantes de Odontologia, e comparar o resultado obtido com os resultados encontrados na literatura, considerando o prejuízo das discromatopsias congênitas para a Odontologia, especialmente na escolha da cor dental. Foram escolhidas seis cartas determinadas dentre as cartas da seqüência do Teste de Ishihara e essas foram apresentadas como seis “slides” para 308 indivíduos, alunos de Odontologia. Durante a apresentação, o indivíduo preenchia um formulário com suas informações pessoais e a leitura da carta que estava vendo. O Teste de Ishihara é um teste de leitura de placas pseudo-isocromáticas usado para identificar indivíduos com discromatopsias congênitas; e é o mais usado dos testes para esse fim. Trezentos e oito indivíduos foram avaliados. Desses, 121 (39,3%) eram homens e 187 (60,7%) eram mulheres, com idades entre 19 e 37 anos. Do total, 13 (4,2%) foram considerados indivíduos cor-deficientes: 8 (6,6%) homens e 5 (2,6%) mulheres. Após a análise estatística, pudemos afirmar que, com 95% de probabilidade, a proporção real de homens cor-deficientes está no intervalo de 3,14% a 12,16%; e a proporção real de mulheres cor-deficientes está no intervalo de 0,96% a 5,68%. Rejeitamos a hipótese de que a população feminina deste estudo está de acordo com a encontrada na literatura. Por outro lado, a população masculina deste estudo parece estar de acordo com os achados da literatura. Descritores Cor. Educação em odontologia. Defeitos da visão cromática. A Odontologia moderna tem sofrido uma grande demanda pela estética dental nas últimas décadas. O conceito de adesividade dos materiais dentários, o aparecimento das restaurações em resina composta e os avanços da ciência sobre materiais estéticos vêm responder a esse apelo estético crescente. Nessa busca, é inegável que a cor de um dente seja uma das características mais importantes. Diversos autores discorrem sobre a necessidade de se oferecerem conhecimentos básicos sobre o processo de percepção das cores nos cursos de Odontologia.2,8,12 Desde 1974, Sproull12 sugeria que o dentista deveria ser educado e treinado para a tomada da cor de um dente, opinião essa compartilhada por outros autores.2,8 Embora essa seja uma necessidade real, poucas escolas têm em seu conteúdo programático noções de colorimetria e o processo de visualização de cor. Sabe-se que a cor é uma resposta psicológica a um estímulo físico. Apesar de existir muito desconhecimento sobre a visão das cores, numerosas teorias e hipóteses sobre o mecanismo visual foram apresentadas. A maior parte das recentes investigações tem-se apoiado a uma teoria tricromática ou teoria de Young, Helmholtz. Existem poucos estudos sobre a relação entre Odontologia e deficiência visual para as cores, cha- Revista da ABENO • 7(2):117-21 117 Prevalência de indivíduos cor-deficientes entre alunos de odontologia • Caroli A, Vieira GF, Pereira CAB MATERIAL E MÉTODOS O teste de Ishihara é um teste de leitura de pranchas pseudo-isocromáticas, ou seja, um teste de confusão, para identificar indivíduos com deficiência para a visualização de cores, chamada discromatopsia, do tipo congênita. É o método mais conhecido e de maior utilidade prática e consiste na apresentação ao observador de figuras impressas com manchas coloridas sobre um fundo de manchas coloridas de forma semelhante. As figuras estão propositadamente pintadas com cores que podem parecer semelhantes para um indivíduo que é deficiente para cores. O teste completo consiste na leitura de 25 cartas sob determinadas condições de iluminação e posição. Porém, o teste pode ser abreviado conforme sugere o próprio autor.7 Para isso, foram escolhidas seis placas determinadas da seqüência de cartas contidas no livro. Essa seqüência resumida foi apresentada aos indivíduos testados sob a forma de “slide”. As cartas foram escaneadas no aparelho Scan Jet, modelo 6300c (c7670A), marca Hewlett-Packard, e essas foram agrupadas em um arquivo padrão Power Point e apresentadas em sala de aula aos alunos de graduação dos cursos noturno e diurno (das turmas de 2003, 2002, 2001) sob a forma de seis “slides”. Durante a apresentação, o aluno respondia a um questionário contendo seus dados, como nome, idade, raça e sexo, e então registrava o número que por ele era visualizado em cada carta apresentada. Para cada carta existe uma resposta dita “correta” quando o indivíduo tem visão normal para as cores e 118 uma resposta dita “incorreta” quando o mesmo apresenta algum grau de discromatopsia congênita para o eixo vermelho-verde. Ao todo foram testados 308 indivíduos, alunos do curso de Odontologia da Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo, com idades entre 19 e 37 anos. Todos os questionários foram analisados sob a mesma padronização, seguindo a leitura do teste sugerida por Ishihara e os resultados estão apresentados a seguir. É importante salientar que a apresentação de apenas seis cartas de Ishihara não diagnostica precisamente o indivíduo deficiente para a visão de cores. O autor pede que o indivíduo que tiver sua leitura alterada seja novamente avaliado, agora com a realização do teste completo para o diagnóstico do tipo e grau da deficiência vermelho-verde existente. RESULTADOS Os resultados obtidos na presente pesquisa são apresentados a seguir e no Gráfico 1. Foram avaliados 308 indivíduos, 121 (39,3%) eram homens e 187 (60,7%) eram mulheres. Do total de indivíduos testados, 13 indivíduos (4,2%) realizaram uma leitura incorreta de uma ou mais cartas em questão. Dentre os homens testados, 8 (6,6%) foram considerados deficientes para a visão de cores, e dentre as mulheres testadas, 5 (2,6%). Análise estatística A técnica estatística utilizada é baseada no ponto de vista indutivo da estatística.9 A idéia fundamental é construir uma distribuição de probabilidade para Gráfico 1 - Verossimilhança para homens, mulheres e população geral. 0,008 fm caudas m 0,006 Plausibilidade mada de discromatopsia. A literatura tem descrito a existência de aproximadamente 7% a 8% dos homens da população e 0,5% a 1% de mulheres deficientes para a visão das cores,6,11 alcançando até 10% dos homens,14 ou ainda 14% de acordo com outros autores.2 Davison, Myslinski4 (1990) ainda acrescentam que os testes de visão de cores deveriam ser indicados como rotina nas escolas de Odontologia para que tornem os estudantes atentos às suas próprias deficiências de seleção de cor.13 Preocupamo-nos em saber se nossos alunos estudam o processo de percepção da cor e se o tema faz parte do ensino em Odontologia. Tendo em vista o prejuízo das discromatopsias congênitas para a Odontologia, especificamente para a escolha de cor de um dente, a proposta deste estudo foi identificar indivíduos cor-deficientes, testando a acuidade visual para cores de um grupo de estudantes de Odontologia, e comparar o resultado obtido com a estatística fornecida pela literatura. fh caudas h 0,004 fg caudas g 0,002 0 0 0,04 0,08 0,12 0,16 Taxa de Anormalidade Verossimilhança e intervalos de 95% de credibilidade: Mulheres [0,96%; 5,68%], Homens [3,14%; 12,18%] e Geral [2,46%; 7,24%]. Revista da ABENO • 7(2):117-21 Prevalência de indivíduos cor-deficientes entre alunos de odontologia • Caroli A, Vieira GF, Pereira CAB aquele parâmetro populacional para o qual pretendemos fazer afirmações. No nosso caso em particular, o parâmetro populacional de interesse foi a proporção de indivíduos deficientes, p, na população. DISCUSSÃO Sabendo que as discromatopsias congênitas são inconscientes para seu portador, essas têm uma implicação profissional por serem de descoberta tardia.3 Foi nesse ponto que nosso estudo foi orientado para questionar se essa discromatopsia congênita de caráter consciente ou inconsciente ao seu portador, aqui estudantes de Odontologia, pode interferir na tomada de cor de um dente na rotina clínica do consultório. Acreditamos que, no programa de ensino das faculdades de Odontologia, deveria existir uma avaliação para identificar indivíduos cor-deficientes, concordando com alguns autores.12,14 O aluno desse curso, futuro dentista, fazendo a tomada incorreta de cor de um dente poderia ser considerado incompetente em seu trabalho por não ter consciência de sua deficiência. A teoria mais aceita e que oferece melhores explicações para a visualização das cores é a teoria tricromática. Tal teoria sugere que elementos vermelho, verde e azul estão presentes na retina. A percepção da cor depende da relativa excitação de cada um desses elementos. Excitação igual dos três resulta na cor branca.3 Existe, em cada cone, três espécies de fibras, cada uma delas excitadas por determinado comprimento de onda, e o impulso neural é analisado no sistema nervoso central, dando origem à percepção das cores.1 O primeiro grupo dessas fibrilas é sensível prioritariamente à ação das ondas luminosas longas e produz a sensação a que damos o nome de vermelho (567 a 780 nm). O segundo grupo é sensível prioritariamente às ondas de comprimento médio, que produzem a sensação que denominamos verde (528 nm). Enfim, o terceiro grupo é sensível prioritariamente ao violeta ou azul-violetado (448 nm). Quando os três grupos de fibrilas são estimulados ao mesmo tempo com uma energia aproximada, produzem a sensação do branco. Quando falta um ou mais desses elementos nervosos, a sensação cromática que lhe corresponde não existe; observa-se então cegueira para o vermelho, o verde ou para o azul.1,3 Após o conhecimento do processo de percepção da cor, podemos discorrer sobre as deficiências visuais que afetam esse processo e que podem trazer conseqüências para a Odontologia. As discromatopsias podem ser congênitas ou adquiridas, cada qual com suas características próprias. As discromatopsias congênitas apresentam-se bilaterais, invariáveis ao curso do tempo, isoladas no plano patológico, perfeitamente definidas sobre o plano colorimétrico, incuráveis e inconscientes. Já as discromatopsias adquiridas são defeitos da visão de cores que podem ser causados por várias enfermidades e condições, incluindo toxinas, inflamações ou desprendimento de retina, retinopatias, degeneração macular e determinadas doenças do nervo óptico. A ausência de um ou mais pigmentos que deveriam estar presentes nos cones (células fotossensíveis presentes no olho e responsáveis pelo processo de percepção de cores) determina a dificuldade e seu grau para a visualização de cada cor.3,5 Indivíduos que são portadores de discromatopsias se fazem presentes entre os estudantes de Odontologia, colegas dentistas, técnicos de laboratórios e até entre pacientes dos consultórios odontológicos. É importante ressaltar que, mesmo nas escolas de Odontologia cujo estudo de cor é parte integrante do programa didático, não existe preocupação quanto à existência de indivíduos cor-deficientes. Assim, nossos alunos podem fazer parte desse grupo de deficientes, ora com a consciência de sua limitação, ora inconscientes a esse respeito. A distribuição das discromatopsias congênitas, também ditas hereditárias, é de interesse para este estudo, pois seus portadores, em sua maioria, raramente têm consciência de sua anomalia. Por possuirem a acuidade visual normal, acreditam contemplar seu mundo exterior de modo idêntico ao de qualquer outro indivíduo, porém somente são capazes de identificar corretamente as cores quando conscientes de seu defeito, por um processo de interpretação.3 A idade da descoberta das discromatopsias congênitas, relativamente tardia, pode ter uma implicação profissional (Tabela 1). As circunstâncias da descoberta são variáveis: herança conhecida, erros na denominação ou utilização das cores pela criança (pintura, aprendizagem do cálculo, visão dos sinais tricolores), exames sistemáticos realizados em serviços públicos, atividades de segurança ou atividades que utilizem cores. Existem na literatura correlacionada à Odontologia poucos trabalhos que discutem a interferência de tal deficiência e seu prejuízo para nossa área. Barnna et al.2 (1981), em seu estudo, identificaram 14% de indivíduos deficientes para a visão de cores entre membros da área odontológica. Davison, Myslinski4 Revista da ABENO • 7(2):117-21 119 Prevalência de indivíduos cor-deficientes entre alunos de odontologia • Caroli A, Vieira GF, Pereira CAB Tabela 1 - Idade de descoberta das discromatopsias congênitas em meio hospitalar (Crépy, Maille, 3 1977). Idade média da descoberta Identificados após os 20 anos de idade Protanomalia (alteração no pigmento vermelho) 5 anos 36 anos 14 anos Deuteranomalia (alteração no pigmento verde) 5 anos 72 anos 19,6 anos 30% Protanopia (ausência do pigmento vermelho) 2 anos 50 anos 16 anos 28% Deuteranopia (ausência do pigmento verde) 2 anos 59 anos 17,6 anos 34% (1990) discutiram os achados da literatura da época e fizeram uma contagem de 7,8% de indivíduos cordeficientes. E, em 1992, Wasson, Schuman14 encontraram que 9,3% dos homens de sua amostra eram cor-deficientes. Nesse ponto, todos os autores relataram que a literatura diz que cerca de 6 a 14% dos indivíduos do sexo masculino e 0,4% dos do sexo feminino são cordeficientes. Mas será que os parâmetros de nossas populações concordam com esses números? A resposta é que a população dos homens segue os padrões da literatura, mas a das mulheres apresenta proporção de deficientes superior ao valor descrito na literatura (Gráfico 1). Com o que foi observado na amostra, podemos afirmar que, com probabilidade 95%, a proporção de deficientes na nossa população feminina está entre 0,96% e 5,68%. Note que 0,4% está abaixo do limite inferior desse intervalo. Por outro lado, com a nossa amostra masculina, podemos concluir que, com 95% de probabilidade, a proporção de deficientes na nossa população de homens está entre 3,14% e 12,16%. Note que esse intervalo possui elementos em comum com o que foi descrito na literatura e o subintervalo de intersecção é 6% a 12,16%. Quase todos os trabalhos descritos pela literatura foram realizados na América do Norte ou Europa, mostrando-nos que as diferenças regionais deveriam ser levadas em consideração. Esse fato é bem exemplificado pela comparação entre nosso estudo e o trabalho de Wasson, Schuman14 (1992), no qual os autores relataram que a maioria dos dentistas é composta de homens. Se acreditarmos que nossa amostra foi completamente casual, poderíamos pensar que a verdadeira proporção de mulheres na população estaria perto do que encontramos em nossa amostra, 60,9%. Nossas observações parecem estar condizentes com a tendência de hoje da profissão, em nosso país, que está cada vez mais sendo procurada por mulheres. O teste de Ishihara utilizado em nosso estudo mostrou-se viável para a identificação de indivíduos cor120 Idades limites da descoberta Tipo 7,4% deficientes em ampla escala e possibilitou uma contagem dessa população dentro da área odontológica, levando o conhecimento de tal deficiência a seu portador e ao maior número possível de pessoas envolvidas com a Odontologia, inclusive aos alunos desse curso, visto que a deficiência altera por completo o processo de visualização de cores. Após detectarmos a deficiência, surge outra questão: “Como pode o dentista deficiente para visão de cor atuar no processo de escolha de cor de um dente?” Inicialmente, nós acreditamos que um teste como o utilizado em nosso estudo, pelas várias razões já discutidas, possa ser utilizado nas faculdades de Odontologia e cursos de áreas afins, como o de prótese dental, a fim de que o indivíduo portador da deficiência tome consciência da mesma. Após tomar ciência de sua condição, possa agora escolher melhor sua orientação profissional, buscando alternativas dentro de sua área.2,4,12,13 Existe uma uniformidade de pensamento entre autores que concordam que uma equipe pode e deve ser treinada em visualização de cor; que o assunto pode e deve ser estudado e ensinado nas escolas e que o indivíduo deficiente para o procedimento tenha ao seu lado essa equipe auxiliar treinada para ampará-lo no momento da escolha da cor.1,8,10,12,14 Em nossa opinião, o profissional que aplica maior conhecimento sobre cor na tomada de cor de um dente tem maiores chances de sucesso e também pode identificar indivíduos deficientes para a visão de cores, quer seja um paciente, ou uma auxiliar ou um técnico de prótese. Em sendo ele próprio portador consciente de sua deficiência, pode buscar alternativas para sua limitação. Acreditamos que nosso estudo, embora simples, seja representativo para mostrar a importância do conhecimento das discromatopsias e do processo de visualização de cor em Odontologia e deixamos clara nossa preocupação, enquanto docentes, sobre o tema. Revista da ABENO • 7(2):117-21 Prevalência de indivíduos cor-deficientes entre alunos de odontologia • Caroli A, Vieira GF, Pereira CAB CONCLUSÕES Com base nos resultados deste trabalho e nos dados encontrados na revisão de literatura, utilizando a técnica de testes de significância, parece-nos lícito concluir que: • na população de mulheres, a evidência em favor da hipótese de que a proporção de indivíduos cordeficientes é igual a 0,4% é de 0,12%; • na população de homens, a evidência em favor da hipótese de que a proporção de indivíduos cordeficientes está entre 6 e 14% é 100%. Assim, rejeitamos a hipótese de que nossa população feminina está em concordância com a população da literatura. Por outro lado, nossa população masculina parece estar condizente com o que está descrito na literatura. agrees with that found in literature. On the other hand, our male population seems to agree with that found in literature. ABSTRACT Prevalence of color vision-deficient individuals among dental students The aim of this study was to identify color visiondeficient individuals, testing visual acuity in a dental student group and comparing the obtained result with those found in literature, considering the damage of congenital dyschromatopsia to Dentistry, specially to tooth color matching. Six determined plates were chosen from the plate sequence of the Ishihara Test, and they were presented as six slides to 308 dental students. During the presentation, the individuals filled out a form with their personal information and the reading of the plate they saw. The Ishihara Test is a reading test of pseudoisochromatic plates used to identify individuals with congenital dyschromatopsia, and it is the most widely used test for this purpose. Three hundred and eight individuals were evaluated. From these, 121 (39.3%) were men and 187 (60.7%) were women, with ages between 19 and 37 years. From the total, 13 (4.2%) were considered color vision-deficient; 8 (6.6%) were men and 5 (2.6%) were women. After statistical analysis, we could affirm that, with 95% of probability, the real proportion of color vision-deficient men ranges from 3.14% to 12.16%; and the real proportion of color visiondeficient women ranges from 0.96% to 5.68%. We rejected the hypothesis that our female population 4. Davison SP, Myslinski NR. Shade selection by color vision-de- Descriptors Color. Education, dental. Color blindness. § REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. Alves AA, Alves LA. Discromatopsias. In: Alves AA. Refração. 3a ed. Rio de Janeiro: Cultura Médica - Biblioteca Brasileira de Oftalmologia; 1999. p. 427-39. 2. Barnna GJ, Taylor JW, King GE, Pelleu Jr GB. The influence of selected light intensities on color perception within the color range of natural teeth. J Prosthet Dent. 1981;46(4):450-3. 3. Crépy P, Maille M. Physiologie, examen clinique et pathologie de la vision des couleurs. In: Encyclopédie médico-chirurgicale. Paris: [s.n.]; 1977. p. 21-030-B-10. fective dental personnel. J Prosthet Dent. 1990;63(1):97-101. 5. Ganong WF. Manual de fisiología médica. México: El Manual Moderno; 1966. 6. Hegenbarth EA. Sistema prático de seleção de cores em cerâmica. Trad. de Sérgio Lian B. Martins. São Paulo: Quintessence; 1992. 7. Ishihara S. The series of plates designed as a test for colourblindness. Tokyo: Kanehara Shuppan; 1960. 8. Lolato MTMO, Bonfante G. Seleção de cor em porcelana. Rev Cien Odontol. 1998;1(1):81-7. 9. Madruga MR, Pereira CAB, Stern JM. Bayeseian evidence test for precise hypotheses. J Stat Plan Inference. 2003;117:185-98. 10. Mc Maugh DR. A comparative analysis of the colour matching ability of dentists, dental students, and ceramic technicians. Aust Dent J. 1977;3:165-7. 11. Saleski CG. Color, light, and shade matching. J Prosthet Dent. 1972;27(3):263-8. 12. Sproull RC. Color matching in dentistry. Part III. Color control. J Prosthet Dent. 1974;31(2):146-54. 13. Touati B, Miara P, Nathanson D. Transmissão de luz e cor. In: Touati B. Odontologia estética e restaurações cerâmicas. Trad. de Sérgio Lian B. Martins. São Paulo: Santos; 2000. p. 39-60. 14. Wasson W, Schuman N. Color vision and dentistry. Quintessence Int. 1992;23(5):349-53. Revista da ABENO • 7(2):117-21 Recebido para publicação em 13/03/2006 Aceito para publicação em 16/05/2006 121 Os sete saberes necessários à educação do futuro e o planejamento das ações de saúde: algumas reflexões e confluências Os profissionais da saúde, ao conseguirem suas habilitações e ingressarem no mercado de trabalho, deparam-se com a exigência de planejar suas atividades, mas como serão capazes disso se os cursos de graduação não contemplam essa temática? Iris do Céu Clara Costa* *Professora Doutora do Departamento de Odontologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. E-mail: [email protected]. RESUMO No sentido de entender as dificuldades de planejar ações de saúde, buscou-se identificar e compreender as correlações existentes entre as diretrizes curriculares dos cursos de graduação da área de saúde, com todas as competências e habilidades que o aluno deverá desenvolver, e os sete saberes necessários à educação do futuro de Edgar Morin.8 Foi possível estabelecer relações claras entre esses temas aparentemente distintos mas com tantas coisas em comum, bem como identificar lacunas num e noutro tema e caminhos para sua superação. Considerando que os alunos são reflexos dos professores, foi possível concluir que é urgente a necessidade de se reformularem currículos e, paralelamente, de se investir na capacitação dos professores, elementos-chave de qualquer mudança, cuja formação defasada e às vezes divergente não permitirá uma reforma curricular plena. DESCRITORES Currículo. Diretrizes. Educação baseada em competências. Entendendo a origem do planejamento Falar de planejamento exige a abordagem de inúmeras questões, das mais variadas nuanças: teórica, 122 metodológica, técnica e instrumental, que têm sido colocadas como necessárias, considerando-se o contexto amplo que envolve o tema. Dessa forma, o planejamento deverá ser encarado como um espaço aberto de reflexão e experimentação, levando-se em conta, principalmente, a redefinição de demandas acumuladas e entrecruzadas ao longo do tempo. O planejamento em saúde surgiu na América Latina na década de 60, com o objetivo especial de gerenciar a escassez de recursos, de maneira que aqueles existentes fossem otimizados na realização de ações mais efetivas e de maior cobertura. Nos serviços públicos, o mesmo deverá ser feito, enfrentando-se os desafios, reconhecendo-se os interesses divergentes, buscando-se fundamentar na construção de consensos e contratos que viabilizam modificações no campo da saúde bucal e especialmente na sociedade.3,9 Nas últimas décadas, especialmente em toda a América Latina, inclusive no Brasil, surgiram várias teorias que fundamentam o exercício do planejamento. Esse, por sua vez, pode representar, em uma sociedade democrática, o fruto dos diversos interesses, como respostas às demandas surgidas entre grupos sociais bem articulados.7 A crise no setor da saúde, oriunda da crise do Estado e da economia capitalista de âmbito internacional, tem gerado demandas crescentes de necessidades a serem resolvidas com recursos cada vez mais escassos. Revista da ABENO • 7(2):122-9 Os sete saberes necessários à educação do futuro e o planejamento das ações de saúde: algumas reflexões e confluências • Costa ICC Assim, a busca de iniciativas de soluções a partir de parcerias com organizações nacionais e internacionais tem gerado caminhos alternativos nos âmbitos político, metodológico e organizativo. Várias correntes de pensamento na área de planejamento têm sido trabalhadas, gerando reflexões sobre as perspectivas da Saúde Coletiva neste momento de crise. Por outro lado, os profissionais de saúde, incluindo o Cirurgião-Dentista, ao conseguirem suas habilitações e ingressarem no mercado de trabalho, deparam-se com a exigência por parte de alguns gestores de terem que planejar suas atividades. Teoricamente, eles deveriam ter aprendido isso no curso de graduação. Entretanto, essa temática nem sempre priorizada nos currículos acadêmicos passa a ter uma enorme importância quando se inicia o exercício profissional, seja no âmbito público ou privado, sem contar que, em algumas situações, o próprio Cirurgião-Dentista também pode ser um gestor.3 A influência das Diretrizes Curriculares na formação do Cirurgião-Dentista/Planejador O Ministério da Educação e Cultura (MEC),1 por ocasião da Reforma Universitária em 1970, estabeleceu alguns critérios que deveriam estar contidos no perfil da habilitação de Cirurgião-Dentista, considerando a função social da profissão odontológica e a necessidade desse conhecimento na formação universitária. São os seguintes: • Ter mentalidade preventiva, priorizando procedimentos que evitem a instalação de agravos à saúde bucal. • Desenvolver a sensibilidade social para compreender os determinantes biopsicossociais das doenças bucais, buscando beneficiar o maior número de pessoas, considerando o princípio da eqüidade. • Ser capaz de trabalhar em equipe, em funções de coordenação e/ou supervisão das profissões auxiliares da Odontologia. • Saber diagnosticar as patologias bucais e suas associações com doenças sistêmicas, discernindo os graus de complexidade das lesões, para referenciar adequadamente a centros especializados. • Ter competência para participar de todas as fases do planejamento, do conhecimento da realidade até a avaliação, a partir das características socioeconômicas e do perfil epidemiológico da população.2,5 Atualmente, a nova Lei de Diretrizes e Bases (LDB) da Educação10 ampliou as proposições colocadas pelo MEC1 em 1970 a partir da Reforma Universitária. Além de todas as habilidades citadas, o Cirurgião-Dentista deverá ter uma formação humanística, ética, científica e técnica para se tornar não somente um profissional habilitado, capaz de prevenir, tratar e manter a saúde bucal, mas antes de tudo ser um promotor de saúde, sensibilizado para uma prática odontológica interdisciplinar no âmbito coletivo. Isso pressupõe a formação de um profissional que domine uma gama de conhecimentos e habilidades técnicas das áreas de saúde e administração, com visão ampliada do contexto em que está inserido, além de um forte compromisso social. Por sua vez, as novas Diretrizes Curriculares dos Cursos de Graduação2 da área de Saúde, incluindo a Odontologia, elaboradas pelas Comissões de Especialistas de Ensino e encaminhadas pela SESu/MEC ao Conselho Nacional de Educação e publicadas em 2002, apontam para algumas competências e habilidades, particularmente voltadas para o setor público, as quais deverão fazer parte da formação do Cirurgião-Dentista como profissional de saúde. São elas: • Atenção à saúde: os profissionais de saúde deverão estar aptos a desenvolver ações de prevenção, promoção, proteção e reabilitação da saúde, tanto em nível individual quanto coletivo, devendo assegurar que sua prática seja realizada de forma integrada e contínua com as demais instâncias do sistema de saúde, sendo capaz de pensar criticamente, de analisar os problemas da sociedade e de procurar soluções para os mesmos. Deverão ainda desenvolver seu trabalho dentro do mais alto padrão de qualidade e dos princípios da ética/bioética, considerando que a atenção à saúde não termina no ato técnico, mas com a resolução do problema de saúde, tanto em nível individual como coletivo. • Tomada de decisões: o profissional de saúde deverá estar apto a tomar decisões visando o uso apropriado, a eficácia e a relação custo-efetividade da força de trabalho, dos medicamentos, equipamentos, procedimentos e das práticas. Para isso, devem ter competências e habilidades para avaliar, sistematizar e decidir as condutas mais adequadas, baseadas em evidências científicas. • Comunicação: o profissional de saúde deverá ser acessível, mantendo a confidencialidade das informações confiadas a ele, no trato com outros profissionais de saúde e com a população de uma forma geral. Por comunicação entenda-se a comunicação verbal e não-verbal, além de habilidades de escrita e leitura, domínio de pelo menos uma língua estrangeira e de tecnologias de comunicação e informação. Revista da ABENO • 7(2):122-9 123 Os sete saberes necessários à educação do futuro e o planejamento das ações de saúde: algumas reflexões e confluências • Costa ICC • Liderança: no trabalho em equipe multiprofissional, exigência cada vez mais freqüente no mercado de trabalho atual, esse profissional deverá estar pronto a assumir posições de liderança, sempre tendo em vista o bem-estar da comunidade. Isso significa compromisso, responsabilidade, empatia, habilidade para tomada de decisões, comunicação e gerenciamento de forma efetiva e eficaz. • Administração e gerenciamento: quanto a esse aspecto, o profissional de saúde deverá ser capaz de tomar iniciativa, fazer o gerenciamento e a administração tanto da força de trabalho quanto dos recursos físicos e materiais e de informação, da mesma forma que devem estar aptos a ser empreendedores, gestores, empregadores ou lideranças na equipe de saúde. • Educação permanente: as últimas competência e habilidade apontadas dizem que o profissional deverá aprender continuamente, tanto na sua formação, quanto na sua prática. Dessa forma, aprende a aprender, tendo responsabilidade e compromisso com sua educação e o treinamento/estágios de outras gerações de profissionais. Isso quer dizer que deverá estar aberto a participar de experiências que envolvam a integração docente assistencial, de tutoria e/ou supervisão de alunos, experiência mutuamente rica entre os futuros profissionais e os profissionais dos serviços.2 Tais Diretrizes Curriculares têm como objetivos: levar os alunos dos cursos de graduação em saúde a aprender a aprender, que engloba aprender a ser, aprender a fazer, aprender a viver juntos e aprender a conhecer, garantindo a capacitação de profissionais com autonomia e discernimento para assegurar a integralidade da atenção e a qualidade e humanização do atendimento prestado aos indivíduos, às famílias e comunidades.6 Falando-se de humanização do atendimento... como seria possível transformar isso em realidade? Como fazer um profissional que atende pessoas lembrar que o mundo dá muitas voltas e que amanhã ele poderá passar de profissional a paciente? Pois é... as competências mais gerais incluídas na formação do profissional da saúde dão conta do saber (que abrange os conhecimentos e conteúdos), ou seja, tudo o que se refere à cognição do saber fazer (que inclui a ação consciente, os procedimentos, as técnicas e estratégias – competências que estão de certa forma relacionadas com as habilidades psicomotoras), e do saber ser, referente especialmente aos objetivos educacionais afetivos e englobando a conduta, as atitudes, 124 os sentimentos, os valores éticos e morais e as relações humanas de modo geral. Essas competências (que são os saberes profissionais) e habilidades inatas ou desenvolvidas ao longo da formação, como capacidades, destrezas, aptidão e talento, deverão fazer parte do perfil do profissional da saúde, para que ele possa estar preparado para o mercado de trabalho que o espera.4 Claro que há uma distância entre o que está escrito nas diretrizes curriculares e no projeto políticopedagógico do curso e a formação prática do profissional, especialmente da saúde, em que os saberes técnicos acabam sobrepujando os saberes éticos e humanos. Este artigo pretende promover uma reflexão sobre essas questões, fazendo um paralelo entre as diretrizes curriculares do Curso de Odontologia, os sete saberes necessários à educação do futuro e o planejamento das ações de saúde, destacando as confluências entre esses temas aparentemente distintos, mas ao mesmo tempo com tantos pontos comuns. Encontrando os pontos comuns entre as diretrizes curriculares, o planejamento e os sete saberes Os sete saberes necessários à educação do futuro não têm nenhum programa específico por grau de escolaridade. Aliás, não estão concentrados no primeiro, segundo e nem no terceiro grau, mas abordam problemas específicos que podem ser aplicados a qualquer um desses níveis. Eles relatam os sete buracos negros da educação, completamente ignorados, muitas vezes subestimados ou fragmentados nos programas educativos, programas esses que devem ser colocados no centro das preocupações sobre a formação dos jovens, futuros cidadãos que enfrentarão um mercado de trabalho cada vez mais exigente e competitivo. Terão mais chances de vencer aqueles que estiverem mais bem preparados.8 O conhecimento O primeiro buraco negro refere-se ao conhecimento. É claro que em qualquer nível o ensino fornece conhecimento, fornece saberes. Infelizmente, apesar de ser essencialmente importante, nunca se ensina de fato o que é o conhecimento, para que ele serve. Afinal de contas, quem não já se perguntou: para que serve tema X ou Y na minha formação? Para que serviram alguns assuntos que estudei anos atrás, desde o ensino fundamental? O que tem a ver isso ou aquilo que já estudei com a profissão que escolhi? E para vários assuntos, alguns até de nossa formação Revista da ABENO • 7(2):122-9 Os sete saberes necessários à educação do futuro e o planejamento das ações de saúde: algumas reflexões e confluências • Costa ICC universitária, essas perguntas ficam sem respostas. Depreende-se desse pressuposto que a Escola nem sempre ensina aquilo que, de fato, precisamos para a vida, para sermos gente, para sermos cidadãos, para sermos humanos; preenche muitas vezes os espaços vazios da estrutura curricular com assuntos também vazios, isolados, sem conexão com a vida. Ao examinarmos alguns ensinamentos que recebemos no passado, percebemos que a maioria contém erros e ilusões. Mesmo quando pensamos em vinte anos atrás, podemos constatar como erramos e nos iludimos sobre o mundo e a realidade, como o conhecimento era repassado de forma tão passiva! E por que essas reflexões são tão importantes? Porque o conhecimento nunca é um reflexo ou espelho da realidade. Ele é sempre uma tradução, seguida de construções e reconstruções.8 Daí a importância dos cursos de atualização, da educação continuada e permanente, que permitem suprir as lacunas deixadas pela graduação e vencer suas limitações, adquirindo conhecimentos complementares que auxiliem o desempenho de suas funções, especialmente quando se trata de gestão. Conforme descrevem as diretrizes curriculares, e sendo o saber dinâmico e renovável a cada dia, a cada nova descoberta da Ciência, o profissional contemporâneo que o mercado exige precisa viver essa renovação e essa atualização dos seus saberes, permanentemente, para que possa acompanhar as tendências do mercado de trabalho. O conhecimento pertinente O segundo buraco negro é que não nos são ensinadas as condições de um conhecimento pertinente, ou seja, aquele conhecimento que não mutila o seu objeto. Em primeiro lugar, isso ocorre porque todos os níveis de conhecimento seguem uma estrutura de ensino disciplinar. Lógico que as disciplinas de qualquer ordem ajudaram e ajudam o avanço do conhecimento e em alguns casos são insubstituíveis. Porém, o que é trágico e até mesmo cômico para o ensino é que os conteúdos das disciplinas são isolados e as conexões entre elas não existem. Cada disciplina é um feudo particular dentro de uma estrutura também particular. Não há a interdisciplinaridade necessária para a contextualização dos fatos. É preciso dar ao aluno uma visão capaz de situar o conjunto, de entender o todo. É importante dizer que não é a quantidade de informações, nem a sofisticação e o status dessa ou daquela disciplina que podem dar sozinhas um conhecimento pertinente, mas sim a capacidade de colocar o conhecimento de todas as disciplinas apre- endidas no seu contexto profissional e de vida. Por exemplo: se o indivíduo não for capaz de contextualizar os conhecimentos históricos, geográficos, econômicos e sociais, dentre outros, cada vez que aparecer um acontecimento novo que o fizer descobrir uma região desconhecida, como o Tsunami na Tailândia, a guerra do Oriente Médio, a seca na Amazônia ou no Rio Grande do Sul, ele não entenderá nada e achará que aquilo, por estar distante do seu pequeno mundo, nada tem a ver com ele. Portanto, o ensino por disciplina, fragmentado e dividido, impede essa capacidade natural que o espírito tem de contextualizar. E é essa capacidade que deve ser desenvolvida pelo ensino, de tentar estimular o aluno a ligar as partes ao todo e o todo às partes. Na atualidade é importante que o conhecimento se refira ao global. É o sujeito saber contextualizar que os atos praticados por ele hoje (como o desperdício de água, por exemplo) terão conseqüências amanhã, para ele mesmo, para o meio ambiente e para a vida em sociedade. É entender que os fenômenos locais têm repercussão sobre o conjunto e as ações do conjunto sobre os fenômenos locais. Isso pode ser comprovado observando-se como exemplo a influência da guerra do Iraque no preço do petróleo e, conseqüentemente, na economia mundial, que por sua vez poderá afetar os acordos financeiros entre países e a liberação de recursos para os programas de governo. Mais um exemplo é o surgimento de fenômenos climáticos os mais diversos após o Tsunami, e que, embora pareça tão distante, poderá nos afetar indiretamente. Vejamos: as mudanças climáticas recentes provocaram seca, por exemplo, na região sul do Brasil, o que prejudicou enormemente a safra de grãos (soja, trigo, arroz, etc.) dessa região, obrigando o governo a renegociar dívidas com os produtores, cujos recursos para sustentar essas negociações deverão vir do próprio governo, que daí, passa a cortar verbas ou remanejar recursos de outros Ministérios (saúde, educação, etc.), o que poderá comprometer o planejamento de ações nos Estados e Municípios. Enfim, todos esses exemplos foram dados para que, atentos ao conhecimento pertinente, possamos melhor desenvolver a habilidade interdisciplinar relatada nas diretrizes e compreender a influência biopsicossocial no aparecimento das doenças. Do ponto de vista do planejamento, a interdisciplinaridade do conhecimento permanente e a religação de saberes permitirão que o Cirurgião-Dentista no papel de planejador possa lançar mão de conhecimentos de várias áreas como a administração, a psicologia, o serviço social, dentre tantas outras, para Revista da ABENO • 7(2):122-9 125 Os sete saberes necessários à educação do futuro e o planejamento das ações de saúde: algumas reflexões e confluências • Costa ICC delinear o seu plano de trabalho, compreendendo as dificuldades da liberação de recursos financeiros por causa de um novo acordo ainda não consolidado ou um orçamento que ainda não foi votado. É ter esse jogo de cintura de planejar/administrar na adversidade, inclusive de buscar parcerias para sair da crise. A identidade humana Quando pensamos em nossa identidade, devemos lembrar que temos partículas que nasceram junto com o universo. Possuímos átomos de carbono que se formaram em sóis anteriores ao nosso, pela fusão de três núcleos de hélio que se constituíram em moléculas e neuromoléculas desde a formação da terra. Somos todos filhos do cosmos, embora tenhamos nos transformado em estranhos através de nosso conhecimento e de nossa cultura.8 Por isso, é preciso ensinar aos nossos alunos que somos indivíduos, mas ao mesmo tempo somos, cada um, um fragmento da sociedade e da espécie Homo sapiens, à qual pertencemos. E o importante é que somos uma parte da sociedade, uma parte da espécie, seres desenvolvidos sem os quais a sociedade não existe.8 Poderemos, então, compreender a complexidade humana através da poesia, que nos ensina as coisas boas e doces da vida. Não podemos deixar simplesmente a vida nos levar, mas devemos levar a vida com entusiasmo, com paixão, não fazer as coisas apenas por obrigação, fazer o melhor que pudermos no âmbito público ou privado pelo respeito à nossa identidade humana. Pelo respeito à condição comum de ser humano que nós, profissional e paciente, temos, qualquer que seja o nível de atenção que atuamos. É essencial saber respeitar, como planejador, as opiniões divergentes da sua, pois as pessoas, embora com opiniões contrárias, se completam numa equipe de trabalho, na qual cada um tem uma função que, isolada, pode não ser importante, mas que na interdisciplinaridade das atribuições dão harmonia ao serviço. Para que isso aconteça, devemos fazer convergir todas as disciplinas curriculares para a identidade e para a condição humana, ressaltando a noção de Homo sapiens: o homem racional que vive num mundo de paixões em que o amor pode permear a loucura e a sabedoria e onde nada substitui o ser humano. A compreensão humana O quarto aspecto diz respeito à compreensão humana. Nunca nos é ensinado sobre como compreender uns aos outros, como compreender nossos amigos, nossos parentes, nossos pacientes, nossos pais. 126 Mas o que significa compreender? A palavra compreender vem do latim compreendere, que significa: colocar junto todos os elementos de explicação. Entretanto, a compreensão humana vai muito além disso, pois ela abrange noções de empatia e identificação. Por exemplo, quando queremos compreender alguém que chora, não é analisando as lágrimas no microscópio que vamos entender; somente sabendo o significado da dor, da emoção do outro é que poderemos ajudá-lo a superar. Por isso a empatia, aquela capacidade de se colocar no lugar do outro é infinitamente importante na formação do profissional da saúde para que ele possa aprender a ser, ou seja, aprender, a partir das novas competências e habilidades, a desenvolver condutas, atitudes e sentimentos ao lidar com o outro, muitas vezes ansioso, com medo e traumatizado para enfrentar problemas ligados ao processo saúdedoença. Por isso, é preciso compreender a compaixão, que significa sofrer junto. É isso que permite a verdadeira comunicação e compreensão humana. A correlação da compreensão humana com o planejamento poderá ser observada, quando, na função de gestor, o Cirurgião-Dentista puder entender as limitações das pessoas, compreender os motivos que as levam a se ausentar eventualmente do trabalho, ter capacidade para abonar erros, enfim... entender que o seu funcionário é um ser humano com problemas, anseios, angústias e falhas. É, como gestor, ter o discernimento de saber usar o sim e o não na hora certa e da forma certa. É saber chamar a atenção quando for preciso e saber elogiar quando for pertinente. Por isso esse quarto ponto é importante na formação do planejador: compreender não só os outros como si mesmo, a necessidade de se auto-examinar, se auto-avaliar, ter autocrítica, pois o mundo está cada vez mais devastado pela incompreensão, sentimento que corrói o relacionamento entre os seres humanos. A incerteza O quinto aspecto tratado neste artigo é a incerteza. Apesar de nas escolas se ensinarem somente as certezas, os acertos, as pesquisas que tiveram êxito, que mostraram resultados dentro do padrão, felizmente a ciência, atualmente, começa a assimilar o jogo entre certeza e incerteza, da microfísica às ciências humanas. É necessário mostrar, em todos os domínios, o surgimento do inesperado, dos insucessos, para que possamos também aprender com eles. Quando se trata de planejamento de ações de saúde, esse inesperado, essa incerteza deverão ser traduzidos pelos obstáculos que poderão surgir. Nesse mo- Revista da ABENO • 7(2):122-9 Os sete saberes necessários à educação do futuro e o planejamento das ações de saúde: algumas reflexões e confluências • Costa ICC mento, o planejador deverá estar preparado para vencer esses obstáculos criando alternativas ou modificando estratégias, de modo que os objetivos previamente traçados sejam alcançados. O importante é ter no planejamento esse espaço de flexibilidade para superar o inesperado, que poderá ser um recurso que não foi repassado, uma mudança de gestor, uma resistência por parte dos executores, ou uma situação emergencial, para a qual toda a atenção deverá estar voltada. Enfim, lidar com o inesperado é um ponto importante na formação do planejador. Esse quinto saber (a incerteza) tem relação, dentre as competências e habilidades citadas nas diretrizes curriculares, com a tomada de decisões, com a capacidade de liderança e com a habilidade de administração e gerenciamento. Por fim, essa incerteza, esse inesperado poderão ser entendidos como uma incitação à coragem. É necessário que o profissional aprenda a tomar decisões contando com o risco dos obstáculos, estabelecendo estratégias que possam corrigir o processo da ação, a partir dos imprevistos e das condições de que dispõe. A condição planetária O sexto aspecto ou sexto saber tratado nessa conexão de saberes é a condição planetária, especialmente na era da globalização, da informatização, na qual a comunicação entre pessoas, países, continentes acontece de forma dinâmica e avassaladora. Esse fenômeno que estamos vivendo hoje, em que tudo está conectado de forma inegavelmente rápida, é um outro aspecto que o ensino ainda não tocou. Tudo acontece numa aceleração tão intensa, com uma enorme quantidade de informação que nem sempre conseguimos processar e organizar.8 Conhecer o nosso planeta é uma tarefa aparentemente fácil, pelo volume de informação fartamente disponível, e ao mesmo tempo difícil, pois as coisas de todas as ordens – econômicas, ideológicas e sociais – estão de tal maneira interligadas e são tão complexas, que entendê-las plenamente é um verdadeiro desafio para o conhecimento. Entretanto, é necessário entender que não é possível reduzir a complexidade dos problemas importantes do planeta, como a demografia, a escassez de alimentos, o acesso aos serviços de saúde, as doenças parasitárias, a fome, a miséria, as doenças já extintas que agora retornam, os recursos escassos para a saúde, os desvios de recursos, o sucateamento da rede de serviços públicos de saúde, a corrupção, a impunidade e até a ecologia, e tratá-los de forma banalizada. Os problemas são muitos e estão todos interligados uns aos outros. Não há como fugirmos deles. Enfim, é necessário, dentro das novas competências e habilidades que o profissional da saúde deverá possuir, que, como planejador, busque o entendimento integral e a interligação dos problemas individuais ou coletivos, pensando criticamente e buscando soluções e parcerias, se necessário for, com instituições as mais diversas como as do terceiro setor ou com organismos internacionais, para consolidação da atenção básica à saúde e solução dos problemas vitais da comunidade a que ele assiste. A antropo-ética O último aspecto desta discussão é o antropo-ético. A esse respeito podemos dizer que a ética deverá estar presente em todos os aspectos da nossa vida pessoal e profissional, visto que os valores éticos são essenciais na convivência humana e têm um lado social agregado à democracia, pois esta permite uma relação indivíduo-sociedade, na qual o cidadão deve se sentir solidário e responsável. A democracia permite aos cidadãos exercerem suas responsabilidades através da sua participação na sociedade da qual fazem parte. No caso específico da área de saúde, essa participação poderá se dar através dos conselhos municipais de saúde, espaços democráticos garantidos por lei, os quais deverão ser utilizados de forma ética e cidadã. O ser humano deverá desenvolver, simultaneamente, a ética e a autonomia pessoal (as nossas responsabilidades pessoais), além de desenvolver a participação social (as responsabilidades sociais), isto é, a nossa participação como profissional é perpassada pela nossa participação cidadã no nosso grupo social de pertença, pois compartilhamos um destino comum, não há como separar um do outro.8 Agregadas a tudo isso, é indiscutível que a formação ética e a incorporação de valores éticos se dão na família e têm sua consolidação na Escola, onde os valores familiares se cristalizam por extensão. Daí a responsabilidade dos organismos formadores, que preparam cidadãos para o mercado de trabalho, para o mundo e para a vida. Os valores éticos profissionais gerados na formação acadêmica se refletirão nos serviços através da assistência prestada. Assim é preciso que tudo esteja integrado para possibilitar uma mudança de pensamento, para que se transforme a concepção fragmentada e dividida do mundo, que impede a visão total da realidade, a visão das pessoas como seres humanos indivisíveis que precisam de uma atenção de qualidade. Revista da ABENO • 7(2):122-9 127 Os sete saberes necessários à educação do futuro e o planejamento das ações de saúde: algumas reflexões e confluências • Costa ICC O planejador em saúde deverá ter essa competência: ser ético e identificar profissionais éticos que pensem criticamente suas práticas no sentido de oferecer uma atenção à saúde dentro do mais alto padrão de qualidade e dos princípios éticos, bioéticos e antropo-éticos, pois é disso que o usuário precisa e é isso que merece. À guisa de conclusões Considerando o planejamento como o processo lógico através do qual se procura prever racionalmente o amanhã, esse deverá ser utilizado como fundamento lógico, tanto na geração de políticas públicas, quanto no processo de gerenciamento das instituições. A riqueza do planejamento está em, uma vez feito o diagnóstico correto da situação encontrada, poder definir os objetivos que queremos alcançar de uma forma clara e os passos que deveremos transcorrer para chegarmos lá. Um ponto interessante a ser lembrado é que o planejamento deve ser realizado pelos atores envolvidos e não somente pela figura do planejador, muitas vezes distanciado da prática, do dia-a-dia das ações. Este deverá participar como facilitador do processo, otimizando cada uma das fases, abrindo caminhos, fazendo contatos organizacionais e hierárquicos que ajudem o desenvolvimento e a consolidação do processo em si, sem deixar que o jogo de forças, os interesses, as ideologias e as vaidades pessoais acabem por vezes atrapalhando o fluxo dos acontecimentos, as definições iniciais das metas e conseqüentemente as fases subseqüentes do planejamento. É importante termos em mente que planejar não é apenas ter grandes sonhos. Requer ousadia de se enxergar a perspectiva de um futuro melhor. Para que esse futuro se concretize, algumas decisões têm de ser tomadas e ações imediatas têm de acontecer. Para isso, o planejamento não pode se limitar a boas intenções e a uma lista de metas utópicas, inalcançáveis, registradas num papel. Para acontecer, exige maturidade na seleção de ações concretas, passíveis de realização, ou seja, precisam-se definir objetivos viáveis, concretos, dentro da realidade existente; caso contrário, perderá a credibilidade. Enfim, o processo de planejamento requer sonhar acordado, mas com os pés no chão; o profissional tem de aprender a ser, aprender a fazer, aprender a viver em equipe e aprender a conhecer sua realidade para poder planejar concretamente. É disso que falam as diretrizes curriculares: da competência que o Cirurgião-Dentista deverá ter para participar de todas as fases do planejamento das ações de saúde; e, na prática, é no não-cumprimento das 128 diretrizes que enxergamos a inter-relação do planejamento com a formação desse profissional e com os saberes necessários à educação de qualquer profissional, os quais devem ser lembrados e buscados a todo momento, para que as falhas possam ser supridas e enfim desenvolvidas as habilidades e competências fundamentais ao exercício profissional do CirurgiãoDentista/Planejador. Existem lacunas incontestáveis entre o que está escrito, tanto nas diretrizes quanto no projeto político-pedagógico do curso, e o produto final disso tudo, que é o profissional, cujo perfil não bate com as propostas lá contidas. É preciso mudar, é preciso transformar e implantar novos currículos, incluir nos conteúdos programáticos das disciplinas, especialmente aquelas que atendem pessoas, temas ligados ao acolhimento e à humanização, que despertem a sensibilidade social no aluno e possam ajudar a preencher os “buracos” deixados por uma formação fortemente centrada na técnica. Mais do que isso, é preciso investir fundamentalmente na formação dos professores, os grandes e verdadeiros responsáveis por todas as transformações e sem os quais nenhuma mudança ocorrerá, ainda que se elaborem mil novas diretrizes e mil novos projetos pedagógicos. Como os alunos são reflexos dos professores, não adianta pensar nas mudanças do perfil do aluno sem incluí-los. Portanto, é tempo de mudar, é tempo de agir! ABSTRACT The seven wisdoms necessary for an education of the future and for the planning of health care actions: some reflections and confluences Aiming at understanding the difficulties involved in planning health care actions, the authors sought to identify and understand the existing correlations between the curricular guidelines for dental undergraduation courses in the health area, with all the abilities and competencies that the student should acquire, and the seven wisdoms necessary for an education of the future as stated by Edgar Morin.8 It was possible to establish clear relations between these apparently distinct subjects, but with so many things in common, as well as to identify the gaps in both subjects and ways to bridge them. Considering that students reflect their professors, it was possible to conclude that there is an urgent necessity to rewrite curriculums and, at the same time, invest in the qualification of professors, key-elements of any change, whose outdated and, at times, divergent training will not allow a complete curricular reform. Revista da ABENO • 7(2):122-9 Os sete saberes necessários à educação do futuro e o planejamento das ações de saúde: algumas reflexões e confluências • Costa ICC DESCRIPTORS Curriculum. Guidelines. Competency-based education. § sos de graduação em Odontologia no Brasil: algumas reflexões. Revista da ABENO. 2005;5(1):80-5. 7. Manfredini MA. Abrindo a boca: reflexões sobre bocas, corações e mentes. In: Campos FCB, Henriques CMP, org. Contra Referências Bibliográficas a maré à beira-mar: a experiência do SUS em Santos. São Pau- 1. Brasil. Ministério da Educação. A Reforma Universitária e as lo: Hucitec; 1997. p. 72-89. reformas curriculares [mimeo]. Oficina Pedagógica da PróReitoria de Graduação - PROGRAD/UFRN; 1970. 8. Morin E. Os sete saberes necessários à educação do futuro. 3ª ed. São Paulo: Cortez; 2001. 2. Brasil. Ministério da Educação. Diretrizes Curriculares Nacio- 9. Tancredi FB, Barrios SRL, Ferreira JHG. Planejamento em nais dos Cursos de Graduação em Farmácia e Odontologia. saúde v. 2. São Paulo: Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo; 1998. Brasília: Conselho Nacional de Educação; 2002. 3. Costa ICC. Planejamento das ações de saúde. In: Ferreira MA, 10. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Lei de Diretri- Roncalli AG, Lima KC, org. Saúde Bucal Coletiva: conhecer zes e Bases da Educação Nacional. Estatuto e Regimento Geral para atuar. Natal: EDUFRN; 2004. p. 287-300. da UFRN/Ministério da Educação e do Desporto. Natal: EDU- 4. Demo P. Saber pensar. Revista da ABENO. 2005;5(1):75-9. FRN; 1998. 5. Garbin CAS, Saliba NA, Moimaz SAS, Santos KT. O papel das universidades na formação de profissionais na área de saúde. Recebido para publicação em 17/03/2006 Revista da ABENO. 2006;6(1):6-10. 6. Lemos CLS. A implantação das diretrizes curriculares dos cur- Revista da ABENO • 7(2):122-9 Aceito para publicação em 18/05/2006 129 Pesquisa qualitativa: um outro caminho para a produção do conhecimento em odontologia Um novo olhar para velhos problemas acumulados ao longo do tempo que o tecnicismo não conseguiu resolver. Luiz Carlos Machado Miguel*, Calvino Reibnitz Junior**, Marta Lenise do Prado*** *Doutorando em Odontologia em Saúde Coletiva da Universidade Federal de Santa Catarina, Professor do Curso de Odontologia da Universidade da Região de Joinville. E-mail: [email protected]. **Doutorando em Odontologia em Saúde Coletiva da Universidade Federal de Santa Catarina, Professor do Curso de Odontologia da Universidade Federal de Santa Catarina. ***Doutora em Enfermagem, Professora dos Programas de PósGraduação em Enfermagem e em Odontologia, área de concentração Saúde Coletiva, da Universidade Federal de Santa Catarina. Resumo O presente artigo consiste numa reflexão acerca dos modos de produção do conhecimento em odontologia e seus reflexos na formação profissional, apontando a necessidade de uma revisão e, por conseguinte, de um novo caminho para tal. Argumenta a favor da pesquisa qualitativa como um caminho para superar as limitações impostas pelo modelo hegemônico do paradigma quantitativo. A partir de um levantamento em bases de dados, verificou-se que o número de pesquisas qualitativas na odontologia ainda é muito pequeno, embora sejam ricas em diversidade. Aponta a importância de uma reformulação no modelo de produção do conhecimento em odontologia, até mesmo para dar atendimento às Diretrizes Curriculares Nacionais que requerem novos enfoques metodológicos e estruturas conceituais. Além disso, destaca que nos é requerido, como profissionais da área da saúde, produzir conhecimento e não simplesmente incorporá-lo e consumi-lo. Descritores Odontologia. Educação. Pesquisa. Pesquisa qualitativa. 130 T odo conhecimento produzido está condicionado a um paradigma, entendido como um sistema básico de crenças ou visão de mundo que guia o pesquisador, não somente na seleção dos métodos, mas também em caminhos ontológica e epistemologicamente fundamentados. Ou, como diz Montero 8 (2002), um “modelo ou modo de conhecer, que inclui tanto uma concepção de indivíduo ou sujeito cognoscente, como uma concepção do mundo em que vive e das relações entre ambos. Isso supõe um conjunto sistemático de idéias e de práticas que regem as interpretações acerca da atividade humana, de seus produtores”. Produzir conhecimento implica em responder três questões de natureza distinta, a saber: • ontológica, diz respeito à natureza do conhecimento e responde a perguntas tais como: Qual é a forma ou natureza da realidade e o que se pode conhecer dela? Como se encontra sentido ao que se conhece?; • epistemológica, trata do estudo crítico da ciência, do conhecimento, e faz perguntas acerca de: Qual é a natureza da relação entre o que se quer conhe- Revista da ABENO • 7(2):130-4 Pesquisa qualitativa: um outro caminho para a produção do conhecimento em odontologia • Miguel LCM, Reibnitz Junior C, Prado ML cer e o que pode ser conhecido? Como se conhece o conhecido?; • metodológica, trata dos modos de produção de conhecimento, dos métodos. Nesta dimensão são contestadas questões tais como: Quais são os caminhos para se aproximar da realidade? Como a realidade pode ser conhecida?6 Montero8 (2002) sugere a inclusão de outras dimensões que não estão contempladas nas dimensões anteriores: a ética e a política. A dimensão ética consiste em um juízo de apreciação aplicado à distinção entre o bem e o mal. Diz respeito à concepção do outro e seu lugar na produção e na ação do conhecimento. A dimensão política é relativa à vida organizada coletivamente, ao espaço público; referente aos direitos e deveres civis e às relações de poder e sua dinâmica, neste espaço. Historicamente o conhecimento produzido no campo da odontologia tem se fundamentado no paradigma positivista (ou quantitativo, ou explicativo). O paradigma positivista tem sido hegemônico na produção do conhecimento científico no último século e está fundado na capacidade de explicar a relação causa-efeito, estabelecendo leis universais gerais, capazes de explicar os fenômenos naturais e sociais. O relatório Gies,5 apud Cordon2 (1997), publicado nos EUA no ano de 1926, preconizou um modelo que serviu como exemplo de tecnicismo para a Odontologia durante o século passado. Esse modelo preconizava com maior ênfase a redução da doença à dimensão biológica, prevalecendo o processo cirúrgico restaurador. A prática curativa que fragmentava o corpo humano, fazendo com que surgissem as superespecialidades, impulsionou cada vez mais o tecnicismo do ato Odontológico. Esse próprio ato Odontológico guarda em si o imediatismo, com a utilização de materiais e técnicas sofisticadas que se modificam rapidamente. A ênfase é dada ao processo curativo, e tem levado a Odontologia nos últimos anos a uma prática com altos custos e baixo poder resolutivo coletivo. Com uma preocupação imediatista, tentando ser resolutiva no próprio ato que executa, a Odontologia incorporou modelos que atualmente não mais encontram respaldo dentro dos conceitos de atenção à saúde integral e promoção de saúde coletiva. O próprio caráter de ciência positivista da Odontologia sempre seguiu modelos quantitativos, tanto no campo da pesquisa como no da prática curativa, que não eram resolutivos quando analisamos a saúde da população como um todo. O modelo cirúrgico restaurador trouxe poucas respostas às necessidades acumuladas da população em programas de assistência odontológica. Também o planejamento das ações mediado por dados eminentemente quantitativos nas avaliações do processo saúde-doença não respondeu às necessidades das pessoas envolvidas. Os modelos de pesquisa dentro da Odontologia não poderiam seguir caminhos diferentes; a ênfase no aspecto quantitativo deixa, muitas vezes, perguntas sem respostas ou ignora aquilo que não pode ser mensurado. O planejamento das ações em saúde bucal coletiva deveria considerar também as pesquisas qualitativas e não somente os dados epidemiológicos quantitativos nos rumos de suas decisões. Esse planejamento poderia contribuir para a humanização das ações trazendo uma resposta mais aderente à população-alvo. “Portanto, incluindo os dados operacionalizáveis e junto com o conhecimento técnico, qualquer ação de tratamento, de prevenção ou de planejamento deveria estar atenta aos valores, às atitudes e crenças dos grupos a quem a ação se dirige. É preciso entender que, ao ampliar suas bases conceituais, as ciências sociais de saúde não se tornam menos científicas, pelo contrário, elas se aproximam com maior luminosidade dos contornos reais dos fenômenos que abarcam.”7 É inegável o imenso avanço técnico-científico alcançado pela odontologia a partir desse paradigma, embora tal avanço não se reflita na mesma proporção na qualidade da saúde bucal da população mundial, de modo geral, e da brasileira, de modo especial. Tais fatos impõem um desafio aos profissionais da odontologia, no sentido de encontrar novos caminhos que possam contribuir com um conhecimento capaz de favorecer um avanço significativo na qualidade de saúde da população. Nesse sentido, as constantes transformações do mundo e os efeitos imediatos da globalização vêm estabelecendo novos conceitos em termos de construção do conhecimento. A queda de barreiras geográficas, com conseqüente pluralização da sociedade, convive ao mesmo tempo com estilos de vida associados a uma individualização. Essas transformações vêm exigindo cada vez mais o entendimento de novos contextos e perspectivas sociais, os quais requerem novos modos de pesquisa nesse campo. Revista da ABENO • 7(2):130-4 131 Pesquisa qualitativa: um outro caminho para a produção do conhecimento em odontologia • Miguel LCM, Reibnitz Junior C, Prado ML A pesquisa qualitativa: nova possibilidade para a construção de um novo conhecimento em odontologia Os novos requerimentos na produção do conhecimento concentram-se menos em testar o que já é bem conhecido (por exemplo, teorias já formuladas antecipadamente) e mais em descobrir o novo e desenvolver teorias empiricamente embasadas.4 Dentro dessa nova visão, encontra-se o paradigma qualitativo (ou compreensivo ou naturalístico) de pesquisa. No paradigma qualitativo (naturalístico) o objetivo é entender o significado da experiência ou explorar um fenômeno (estudar a realidade como um todo). Na pesquisa qualitativa se estuda uma mostra que representa o que está sucedendo. A pesquisa qualitativa tem origem na Antropologia, Sociologia, Educação e Psicologia e é utilizada quando: a.pouco é o conhecimento sobre o fenômeno, todavia se deseja gerar compreensão do mesmo; b.existe suficiente conhecimento, porém é necessário obter/identificar novas perspectivas. O problema de pesquisa é um evento cotidiano, sentimentos, situações; um processo repetitivo geral (fenômeno que se repete com freqüência); ou motivos, significados, aspirações, crenças, valores, atitudes. Na pesquisa qualitativa, a finalidade é a crítica e transformação da realidade; compreensão e reconstrução. O critério para o avanço ao longo do tempo é a capacidade de formular novas interpretações e construções teóricas, com base em melhores informações. O conhecimento consiste em construções teóricas acerca das quais se pode ter um relativo consenso; múltiplos consensos podem coexistir; há mais de uma verdade; distintos pontos de vista acerca de uma mesma realidade, relativas aos múltiplos modos de ver o mundo do pesquisador, cuja interpretação é condicionada a fatores sociais, políticos, econômicos, culturais, étnicos e de gênero. Toda construção é subjetiva e sujeita à revisão. Não há uma verdade única. No paradigma qualitativo, o conhecimento não pode ser acumulado de modo absoluto; ele cresce e muda através de um processo dialético de revisão histórica, que é contínuo. A generalização (ou mecanismo de transferência) ocorre quando distintos pontos de vista, em distintos contextos, têm similaridade ou quando há distintos contextos, com circunstâncias sociais, políticas, culturais, econômicas, éticas e de gênero similares. Um mecanismo importante de transferência do conhecimento é a provisão de várias 132 experiências, em contextos distintos, que chegam a resultados similares, considerando a comunicação do pesquisador com seu campo de trabalho e seus membros como parte explícita da produção de conhecimento. O contato direto, no campo de pesquisa ou no planejamento das ações, deve apresentar sensibilidade e conhecimento científico que extrapolem as explicações biomédicas.1 O material empírico deve ser analisado por estratégias variadas e os dados levantados devem ser explorados através de várias perspectivas. O campo de pesquisa e a obtenção dos dados muitas vezes têm influência sobre o pesquisador, que, em alguns tipos de pesquisa, age de uma forma participativa, que afeta a análise final. A validade da pesquisa qualitativa ainda é um problema argumentado para questionar sua legitimidade. Flick4 (2004) aborda esse assunto sob várias perspectivas e condições de pesquisa. Por trabalhar com situações que se alteram, se modificam em situações diferentes de estudo, o autor sugere vários procedimentos a serem tomados no decorrer do planejamento e da execução da pesquisa. Concentra a discussão na confiabilidade e validade das pesquisas. A qualidade dos registros e da documentação, a confiabilidade das notas de campo com a padronização das coletas de dados com convenções de anotações e o treinamento de entrevistadores são sugestões que possibilitam um registro que pode ser avaliado por diferentes analistas. “É preciso explanar a gênese dos dados de forma a possibilitar uma verificação, de um lado, daquilo que for o enunciado do sujeito, e por outro, de onde começa a interpretação do pesquisador.”4 Desafios da pesquisa qualitativa na odontologia Segundo Moysés9 (2004), “as contradições da odontologia brasileira, observadas sob a perspectiva analítica da Sociologia das Profissões, refletem e reproduzem os dilemas correntes de um modelo de formação e prática odontológica imerso em completa transição”. Essa transição, com reflexos na atuação profissional na sociedade, tem sua origem no modelo educacional. O enfoque do processo cirúrgico restaurador, ainda adotado pela maioria das escolas de Odontologia do nosso país, constitui-se em uma visão limitada da realidade e pouco contribui na melhoria do cenário social da saúde. Revista da ABENO • 7(2):130-4 Pesquisa qualitativa: um outro caminho para a produção do conhecimento em odontologia • Miguel LCM, Reibnitz Junior C, Prado ML A prática odontológica está intimamente ligada aos projetos pedagógicos das escolas de ensino superior, que por sua vez encontram-se em um dilema de identidade. Persiste-se no modelo tradicional, positivista não-resolutivo de saúde, ou se modifica, atuando dentro de uma visão integral de promoção de saúde. “A humanização de práticas pedagógicas pressupõe a criação de processos educativos socialmente relevantes e a crítica ao modelo de formação mecanicista e de tecnificação da prática profissional, voltada exclusivamente às demandas de mercado”.10 A disciplina de Odontologia Coletiva (ou Odontologia em Saúde Coletiva), sempre vista como um apêndice nas grades curriculares até bem pouco tempo, começa a ganhar contornos sociais efetivos. Começa a enxergar o ser humano e procura entender o processo saúde/doença como via de duas mãos. As ações de saúde não partem mais de uma só direção, porém são, em um processo de trabalho coletivo, de negociação consciente entre as partes envolvidas, desenvolvidas na busca de estratégias que melhorem os níveis de saúde da população dentro de seus estilos de vida.2 A saúde pensada dessa maneira começa a ganhar um novo sentido, a ampliar suas bases conceituais, com muitos significados uma vez que é no espaço de sua atuação que são pensadas e dirigidas suas ações. “Dificilmente era reconhecida a existência de uma prática e de um saber populares, colocados geralmente na ilegalidade, no sistema informal ou empírico, porém, existente e real. Contrários a isso, saber e prática formal legal dominam o fazer odontológico: o “establishment” odontológico, público e privado.”2 As Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Odontologia implantadas a partir de 20013 procuram trazer uma prática mais humanizada para a odontologia, inseri-la na área da saúde colocando o homem como centro do processo de sua atuação. Nesse sentido, a pesquisa qualitativa começou a ganhar corpo a partir de 2002, avolumando-se dentro da odontologia. Em buscas realizadas em base de dados (http:// www.bireme.br/) e manualmente em periódicos da Associação Brasileira de Ensino Odontológico (ABENO), utilizando-se como descritores: pesquisa e/ou análise qualitativa em odontologia e/ou saúde oral e/ou bucal, foram encontrados 71 trabalhos abrangendo os anos de 1989 até 2005, sendo 3 teses, 40 artigos e 28 dissertações. Esses trabalhos abordavam, exclusivamente ou em parte, a metodologia qualitativa. Os trabalhos analisados se apresentavam dentro das mais variadas vertentes da pesquisa qualitativa como análise de conteúdo em entrevistas não-estruturadas, representações sociais, discurso do sujeito coletivo, estudo de caso e análise de documentos. Nota-se na maioria dos estudos a preocupação com a saúde pública, buscando-se a compreensão dos saberes e valores desses grupos sobre o processo saúde/doença bucal. Outra vertente importante notada nos estudos qualitativos analisados é a preocupação com a docência. Ainda que timidamente, porque inserida em uma ciência tradicionalmente quantitativa, a pesquisa qualitativa começa a observar o que se esconde atrás do ato odontológico em si. Pela via do questionamento sistemático procura-se descobrir o que nele se esconde, o que está por trás do ato imediatista, suas conseqüências, sua imagem e suas mensagens. A pesquisa, para refletir a realidade social, não pode ficar somente restrita ao referencial dos dados quantitativos.7 A análise dos fatos sociais, na tentativa de compreender e apreender o que não pode ser mensurado dentro da odontologia, está sem dúvida ensaiando os primeiros e tímidos passos, dentro da pesquisa qualitativa. Não se trata de uma substituição da hegemonia da pesquisa quantitativa dentro da odontologia, mas somente um novo olhar para velhos problemas acumulados ao longo do tempo que o tecnicismo não conseguiu resolver. Uma visão de ciência assim, em caráter de pós-modernidade, é aquela que tenta desestruturar estereótipos e estigmas construídos com base nos ideais de modernidade e presos à razão instrumental, à extrema objetividade, ao utilitarismo e à negação do sujeito. Essa nova ciência desarma-se da racionalidade, valoriza a razão sensível e busca voltar-se ao reencantamento do mundo, em suas fecundas possibilidades. Por fim, todo conhecimento está propenso a mudanças e revisão; cada solução de um problema sugere novas inquietudes e descobre problemas não resolvidos. Os problemas novos requerem, na maioria das ocasiões, novos enfoques metodológicos e estruturas conceituais; isso muda o padrão e a forma de conhecer. Nos é requerido, como profissionais da área da saúde, produzir conhecimentos e não simplesmente incorporá-los e consumi-los. Revista da ABENO • 7(2):130-4 133 Pesquisa qualitativa: um outro caminho para a produção do conhecimento em odontologia • Miguel LCM, Reibnitz Junior C, Prado ML ABSTRACT Qualitative research: another path towards knowledge production in dentistry This article consists of a reflection on the modes of knowledge production in dentistry and their reflections upon professional education. It points out a necessity for revision, thus pointing out a new path to knowledge production. This article argues in favor of qualitative research as a means to surpass the limitations imposed by the hegemonic model of the quantitative paradigm. Based on a search of databases, it was observed that the amount of qualitative research in dentistry is still very small, although rich in diversity. This study points out the importance of reforming the knowledge production model in dentistry, among other things to comply with the National Curricular Directives that require new methodological approaches and conceptual structures. In addition, this article stresses that, as health care professionals, we are required to produce knowledge and not simply to incorporate and consume it. ciais de saúde bucal entre mães no meio rural de Itaúna (MG), 2002. Ciênc Saúde Coletiva. 2005;10(1):245-59. 2. Cordon J. A construção de uma nova agenda para a saúde bucal coletiva. Cad Saúde Pública. 1997;13(3):557-63. 3. Diretrizes Curriculares Nacionais para os Cursos de Graduação em Odontologia. Revista da ABENO. 2002;2(1):31-4. 4. Flick U. Uma Introdução à Pesquisa Qualitativa. São Paulo: Artmed; 2004. 5. Gies WJ. The status of dentistry (1926) apud Cordon J. A construção de uma nova agenda para a saúde bucal coletiva. Cad Saúde Pública. 1997;13(3):557-63. 6. Guba EG, Lincoln YS. Competing Paradigms in Qualitative Research. In: Denzin NK, Lincoln YS. Handbook of Qualitative Research. 2nd ed. Thousand Oaks: Sage; 2000. p. 105-17. 7. Minayo MCS. O Desafio do conhecimento. Pesquisa Qualitativa em Saúde. 8ª ed. São Paulo: Hucitec; 2004. 8. Montero M. Sobre la noción de paradigma. In: Mercado FJ, Gastaldo D, Calderón C. Paradigmas y diseños de la investigación cualitativa en salud: una antología iberoamericana. Guadalajara: Universidad de Guadalajara; 2002. p. 233-48. 9. Moysés SJ. Políticas de Saúde e Formação de Recursos Humanos em Odontologia. Revista da ABENO. 2004;4(1):30-7. DESCRIPTORS Dentistry. Education. Research. Qualitative research. § 10. Moysés ST, Moysés SJ, Kriger L, Schmitt EJ. Humanizando a Educação em Odontologia. Revista da ABENO. 2003;3(1):58-64. REFERênCIAS BIBLIOGRáFICAS Recebido para publicação em 06/03/2006 1. Abreu MHNG, Pordeus IA, Modena CM. Representações so- Aceito para publicação em 19/05/2006 Para anunciar na Revista da ABENO, envie um e-mail para 134 Revista da ABENO • 7(2):130-4 Construir conhecimento, integrar vidas A interdisciplinaridade e a construção do conhecimento: elementos essenciais na formação do novo cirurgião-dentista. Luiz Roberto Augusto Noro* *Mestre em Saúde Pública, Universidade Federal do Ceará. E-mail: [email protected]. RESUMO Durante seis anos, o Curso de Odontologia da Universidade de Fortaleza discutiu, através das Oficinas do Projeto Pedagógico, uma nova concepção de currículo que permitisse a integração dos conhecimentos e a utilização de metodologia ativa de aprendizagem, que considerasse o Sistema Único de Saúde enquanto eixo estrutural das atividades desenvolvidas na formação odontológica, que entendesse a relação entre ensino, trabalho e comunidade, permitindo ao aluno entendimento do contexto imposto pelo mercado de trabalho e da realidade social a ser futuramente vivenciada. A presente proposta, implantada no primeiro semestre de 2005, configura-se como um enorme desafio, pois a formação do professor ainda tem como referencial a pós-graduação baseada em áreas específicas. No momento em que o professor é convidado a desempenhar um papel de orientador de um clínico geral, há necessidade de uma flexibilidade que permita não simplesmente a orientação de uma área específica, mas a integração de conteúdos. Além disso, o aluno está pouco acostumado a aprender através de metodologias problematizadoras, o que dificulta em alguns momentos o entendimento da proposta. Há, por isso mesmo, necessidade de capacitação constante do corpo docente visando a plena utilização de metodologia pedagógica com base na construção do conhecimento para se obterem todos os benefícios de um currículo integrado assim como sua capacitação técnica para adquirir uma postura interdisciplinar. É necessária, também, uma maior conscientização do aluno, permitindo que ele possa efetivamente alcançar todos os benefícios da presente proposta. DESCRITORES Educação em odontologia. Currículo. Conhecimento. A s Diretrizes Curriculares Nacionais dos Cursos de Graduação em Odontologia prevêem a formação de um profissional generalista, humanista, com visão crítica e reflexiva, com base no rigor científico e, pautado em princípios éticos, capaz de conhecer as situações de saúde-doença mais prevalentes e intervir sobre essas, identificando as dimensões biopsicossociais dos seus determinantes com senso de responsabilidade social e compromisso com a cidadania.4 O desafio em buscar tal formação consiste no fato de que o modelo predominante, ainda hoje, sustenta-se no pressuposto de que uma prática profissional de excelência é obtida pelo domínio de uma sólida base de conhecimentos teóricos,12 tendo como referência as disciplinas de áreas específicas. Atuando dessa forma “esta universidade não forma e não cria pensamento, despoja a linguagem de sentido, densidade e mistério, destrói a curiosidade e a admiração que levam à descoberta do novo, anula toda pretensão de transformação histórica como ação consciente de seres humanos em condições materiais determinadas”.3 Tal modelo distancia a universidade da missão de ampliar sua relevância social, uma vez que seu modo de produção de conhecimento e formação profissional está marcado pela especialização, pela fragmentação e pelos interesses econômicos hegemônicos.6 Assim, urgente se faz uma nova postura das instituições de ensino superior para que efetivamente rompam esse modelo e possam exercer seu papel gerador imprescindível frente ao desenvolvimento humano, formando o cidadão capaz de intervir eticamente na sociedade e na economia, tendo como alavanca instrumental crucial o conhecimento inovador.5 Para isso é necessário que tanto professores Revista da ABENO • 7(2):135-40 135 Construir conhecimento, integrar vidas • Noro LRA quanto alunos participem de forma ativa no processo de formação, ou no dizer de Paulo Freire, “é preciso que, desde o começo do processo, vá ficando cada vez mais claro que, embora diferentes entre si, quem forma se forma e re-forma ao formar e quem é formado se forma e forma ao ser formado”.7 Esses princípios procuram ser respeitados pelas Diretrizes Curriculares Nacionais para os Cursos de Odontologia uma vez que sinalizam para uma mudança paradigmática na formação de profissional crítico, capaz de aprender a aprender, de trabalhar em equipe, levando em conta a realidade social em uma instituição formadora aberta às demandas sociais, capaz de produzir conhecimento relevante e útil.2 Visando atingir esse perfil, o Curso de Odontologia da Universidade de Fortaleza discutiu, através das Oficinas do Projeto Pedagógico, uma nova concepção de currículo que permitisse a integração dos conhecimentos e a utilização de metodologia ativa de aprendizagem, que entendesse a relação entre ensino, trabalho e comunidade, permitindo ao aluno entendimento do contexto imposto pelo mercado de trabalho e da realidade social a ser futuramente vivenciada. METODOLOGIA O Projeto Pedagógico do Curso de Odontologia da Universidade de Fortaleza (UNIFOR) foi desenvolvido por meio de oficinas semanais das quais participavam, em especial, os professores. Essa participação era voluntária e aberta também para os alunos, que compareciam em número relativamente reduzido e de forma pontual. A primeira fase dessas Oficinas Pedagógicas semanais contou com a participação de professores da área da pedagogia, configurando-se como momento estratégico para capacitação pedagógica do corpo docente, procurando complementar a “transformação” do profissional marcadamente especialista em uma área do conhecimento em um docente. A partir do primeiro semestre de 1999, essas atividades eram organizadas pela Assessoria Pedagógica da Coordenação do Curso de Odontologia que propunha a discussão de temas como objetivos do curso, perfil do aluno a ser formado, habilidades desejáveis dos futuros profissionais em saúde bucal, metodologias pedagógicas, diretrizes curriculares e avaliação do processo ensino-aprendizagem.11 As reuniões eram previamente planejadas visan136 do propiciar a discussão desses aspectos, sempre partindo de uma primeira aproximação do assunto a ser discutido, para identificar o conhecimento do grupo, acompanhada do levantamento dos principais pontos-chave a serem debatidos, buscando-se formular princípios gerais dos assuntos, sempre com material didático para apoio às conclusões. O material resultante das discussões era sistematizado e remetido para todos os professores do curso, através de informativo impresso. Uma vez estabelecidos esses parâmetros, iniciouse a discussão do currículo integrado que teve como grande objetivo eliminar a fragmentação proporcionada pelo desenvolvimento de disciplinas e o baixo impacto das ações de saúde coletiva. Essa segunda fase procurou inserir o referencial teórico preliminarmente discutido no contexto de um processo de ensino-aprendizagem que permitisse efetiva integração dos conhecimentos, considerando-se o conhecimento prévio do aluno e a real articulação entre os conhecimentos necessários para a formação de um clínico geral. Nessa fase das Oficinas, não havia uma sistematização prévia das atividades pois o grande desafio que o grupo identificou foi refletir sobre qual seria o condutor do currículo para aprendizagem do aluno. Depois de várias propostas, tomou-se como referência o perfil clínico do paciente do Curso de Odontologia, em que conhecimentos, habilidades e atitudes necessários para o atendimento deste guiariam as atividades clínicas e laboratoriais.11 Para viabilizar tal proposta, os conteúdos antes previstos nas disciplinas específicas foram organizados pelos professores dessas áreas, em núcleos de conhecimentos que ganhavam como grande característica a interdisciplinaridade. A proposta final procurou considerar as discussões realizadas no sentido de se configurarem enquanto elementos de avanço na formação de um aluno realmente comprometido com a saúde bucal de seu paciente, tendo como eixo a construção de um trabalho que se configurou pela participação de todos os interessados em permitir a idealização de um novo modo de pensar e fazer Odontologia, com a grande meta de formar “novos” cirurgiões-dentistas. RESULTADOS Apesar de a grande maioria dos professores desenvolver atividades clínicas, externas à Universidade, pôde-se contar com a maioria deles nas discussões do Projeto Pedagógico do Curso de Odontologia da UNIFOR. Nesse sentido, fator que merece destaque é o Revista da ABENO • 7(2):135-40 Construir conhecimento, integrar vidas • Noro LRA tempo utilizado para desenvolvimento da proposta, em especial nas Oficinas realizadas com a participação dos professores e alunos, conforme consta na Tabela 1. Como pode ser observado na Tabela 1, o envolvimento do corpo docente foi grande o bastante para viabilizar a construção da proposta, correspondendo a um curso de curta duração. O grande destaque foi a perspectiva da utilização da criatividade do grupo e da reflexão sobre os principais pontos a constarem da proposta final que resultou na nova estrutura curricular do Curso de Odontologia da UNIFOR. A definição dessa nova estrutura curricular foi realizada a partir das três áreas de conhecimento definidas nas Diretrizes Curriculares Nacionais, a saber: Ciências Biológicas e da Saúde, Ciências Humanas e Sociais, e Ciências Odontológicas. A área das Ciências Biológicas e da Saúde trabalha tendo como referencial os conteúdos de bases moleculares e celulares dos processos normais e alTabela 1 - Número de oficinas do Projeto Pedagógico do Curso de Odontologia da UNIFOR e total de horas, por semestre. Ano e semestre Número de oficinas Total de horas 1999.1 11 33 1999.2 8 24 2000.1 16 48 2000.2 10 30 2003.1 10 30 Total 55 165 terados (1º semestre), a estrutura e função dos tecidos, órgãos, sistemas e aparelhos (2º semestre) e a aplicação dos conhecimentos das situações decorrentes do processo saúde-doença no desenvolvimento da prática assistencial (3º semestre). Não houve possibilidade de uma articulação maior com as atividades clínicas, uma vez que a área de conhecimento do ciclo básico é comum aos outros sete cursos da Universidade de Fortaleza. A atual situação das disciplinas dessa área por semestre e carga horária encontra-se no Quadro 1. O grande avanço nessa área foi a idéia de se partir dos problemas, em especial na disciplina de Patologia, para que a partir daí fossem entendidas as estruturas normais, procurando manter a lógica da metodologia pedagógica. Com relação à área das Ciências Humanas e Sociais, foram incluídos conteúdos referentes às diversas dimensões da relação indivíduo-sociedade, contribuindo para a compreensão dos determinantes sociais, culturais, comportamentais, psicológicos e éticos, nos níveis individual e coletivo, do processo saúde-doença, presentes em todos os semestres do curso. O Quadro 2 identifica as disciplinas que compõem essa área. As principais conquistas nessa área se deram na lógica de se manterem disciplinas com esses conteúdos em todos os semestres do curso, permitindo um crescimento contínuo de complexidade e de aplicação na realidade social. Deve-se ressaltar que essas disciplinas não estão isoladas no currículo, mas se articulam diretamente com as disciplinas da área de Quadro 1 - Semestre, disciplina e número de créditos das Quadro 2 - Semestre, disciplina e número de créditos das disciplinas da área de Ciências Biológicas e da Saúde. disciplinas da área de Ciências Humanas e Sociais. Semestre Créditos Semestre 1 Patologia I Disciplina 4 1 Ciências Sociais e Saúde I 1 Biologia Molecular 4 1 Introdução à Odontologia 2 Ciências Sociais e Saúde II 4 Disciplina Créditos 4 1 Bioquímica 4 2 1 Microbiologia e Imunologia 4 3 Metodologia da Pesquisa Científica 4 Saúde Bucal Coletiva I 4 Saúde Bucal Coletiva II 4 2 Patologia II 4 4 2 Fisiologia 8 5 2 Farmacologia 4 5 Psicologia do Relacionamento I 2 6 Saúde Bucal Coletiva III 4 2 Anatomia Humana 4 2 Histologia e Embriologia 4 7 Saúde Bucal Coletiva IV 4 7 Psicologia do Relacionamento II 2 3 Anatomia Buco-facial 6 3 Histologia e Embriologia Buco-faciais 4 Microbiologia e Imunologia Oral 4 3 8 Saúde Bucal Coletiva V 4 9 Estágio Extramural I 4 10 Estágio Extramural II 4 Revista da ABENO • 7(2):135-40 137 Construir conhecimento, integrar vidas • Noro LRA Ciências Odontológicas. A característica mais importante dessas disciplinas é contribuir para a formação do cirurgião-dentista tendo como referencial o Sistema Único de Saúde, através do desenvolvimento do trabalho em equipe e considerando-se as diretrizes previstas na Constituição Federal do Brasil de universalidade da atenção, descentralização e participação popular.1 Por fim, a área na qual ocorreram as maiores alterações foi a de Ciências Odontológicas, uma vez que as disciplinas tradicionais foram substituídas por áreas de conhecimento compreendidas pela Propedêutica Clínica (Patologia Bucal, Radiologia e Semiologia), Pré-Clínica e Clínica Odontológica (todas as disciplinas profissionalizantes), Prótese Dentária e Clínica Infantil. A distribuição dessas disciplinas pelos semestres encontra-se no Quadro 3. A disciplina de Iniciação Clínica no 3º semestre tem como objetivo aproximar o aluno de sua futura profissão, através do conhecimento real das situações de trabalho que irá vivenciar, sendo sua primeira parQuadro 3 - Semestre, disciplina e número de créditos das disciplinas da área de Ciências Odontológicas. Semestre 138 Disciplina Créditos 3 Iniciação Clínica 4 3 Pré-Clínica I 6 4 Propedêutica Clínica I 6 4 Pré-Clínica II 10 4 Clínica Odontológica I 10 5 Propedêutica Clínica II 4 5 Pré-Clínica III 4 5 Clínica Odontológica II 10 5 Prótese Dentária I 6 6 Pré-Clínica IV 6 6 Clínica Odontológica III 10 6 Prótese Dentária II 6 6 Clínica Infantil I 6 7 Propedêutica Clínica III 4 7 Prótese Dentária III 6 7 Clínica Infantil II 6 7 Clínica Integrada I 10 8 Prótese Dentária IV 8 8 Clínica Infantil III 6 8 Implantodontia 2 8 Clínica Integrada II 10 9 Clínica Integrada III 20 10 Clínica Integrada IV 20 ticipação em atividades clínicas, visando aprofundamento de elementos como a biossegurança, a ergonomia, a bioética, entre outros. Nas disciplinas de Propedêutica Clínica I, II e III, espera-se que o aluno possa fazer relação do diagnóstico identificado no microscópio, na radiografia e no exame bucal com as necessidades que o paciente apresenta para sua terapêutica. As disciplinas de Pré-Clínica permitem que o aluno desenvolva em laboratório as atividades com as quais ele irá se deparar no semestre seguinte nas disciplinas de Clínica Odontológica e Clínica Infantil. Da mesma forma, as disciplinas de Prótese partem de situações menos complexas para maior eficiência do aprendizado do aluno. Para isso, foram definidos perfis dos pacientes a serem atendidos, permitindo melhor organização do setor de triagem. Os perfis propostos para os pacientes a serem atendidos nessas disciplinas estão elencados no Quadro 4. Com essa nova estrutura houve uma nova composição das equipes que passaram a compor as disciplinas. Assim, em cada nova disciplina estão inseridos professores de diferentes áreas do conhecimento e seu papel deixa de ser o de orientar disciplinas específicas (dentística, periodontia, cirurgia, endodontia etc.) para ser o de facilitadores do processo ensinoaprendizagem na perspectiva de orientar um grupo de alunos, não somente nos aspectos técnicos mas também na real formação de profissionais de saúde. DISCUSSÃO O Projeto Pedagógico do Curso de Odontologia da UNIFOR teve como grande objetivo definir uma nova maneira de pensar a formação em Odontologia, vislumbrando atingir as propostas presentes nas Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN). Tal proposta, entretanto, apesar do referencial básico das DCN, teve como grande virtude a participação do corpo docente do Curso de Odontologia da UNIFOR. O maior avanço da proposta pedagógica do Curso de Odontologia da UNIFOR deu-se na possibilidade de integração efetiva dos conteúdos, evitando-se a fragmentação contida nas disciplinas específicas, procurando-se uma aproximação com a interdisciplinaridade. Com isso buscou-se garantir o cumprimento das competências gerais e específicas contidas nas Diretrizes Curriculares Nacionais4 em todas as áreas do conhecimento. Nessa perspectiva, concorda-se com a visão de Moysés9 (2004) segundo o qual a avaliação curricular deixará de ser um mecanismo de regulação externa Revista da ABENO • 7(2):135-40 Construir conhecimento, integrar vidas • Noro LRA Atividades/problemas Disciplinas Adequação do meio bucal, remoção de fatores retentivos de placa, gengivite Pré-Clínica I e restaurações provisórias Clínica Odontológica I Perfil I: restaurações diretas, periodontite moderada, exodontia simples Pré-Clínica II Clínica Odontológica II Perfil I + II: clareamento de dentes vitalizados ou desvitalizados, restaurações complexas de dentes anteriores, facetas, periodontite avançada, endodontia uni e birradicular Pré-Clínica III Clínica Odontológica III Perfil I + II + III: restaurações complexas em dentes posteriores, restaurações indiretas, Endodontia trirradicular, biópsia/citologia, aumento de coroa clínica, cirurgia de dentes inclusos Pré-Clínica IV Clínica Integrada I Perfil I + II + III + IV: restaurações indiretas, endodontia trirradicular e retratamento uni e birradicular, disfunção craniomandibular leve, cirurgia oral Clínica Integrada II Prótese Total superior Prótese Removível inferior Prótese Dentária I Prótese Dentária II Prótese Removível + Prótese Fixa Pré-Clínica IV Prótese Dentária III Prótese Removível + Prótese Fixa Prótese Total bimaxilar Prótese Dentária IV Adequação do meio bucal, restaurações de cicatrículas, exodontia simples, restaurações diretas, programa de controle e tratamento em ortodontia preventiva e/ou interceptiva Clínica Infantil I Perfil 1: terapia pulpar (pulpotomia e pulpectomia), cirurgias (ulotomias, ulectomias e frenectomias), restaurações indiretas, reabilitação de 1 elemento, programa de controle de espaço (supervisão de espaço) Clínica Infantil II Perfis 1 e 2: reabilitação de mais de 1 elemento, traumatismos, reimplantes Clínica Infantil III para passar a ser um processo participativo de construção de significados, única forma de fundar uma verdadeira cultura colaborativa que vá ao encontro dos novos desafios da Odontologia brasileira e das demandas sociais por mais saúde bucal.9 Sem dúvida, a maior dificuldade no estágio atual de desenvolvimento da proposta ainda está em se articular a formação com o Sistema Único de Saúde, não somente pelas limitações dos professores, em especial da área clínica, na sua maioria formados em programas de pós-graduação com forte embasamento em produção científica destinada aos interesses externos, como pela própria estrutura dos serviços públicos, ainda pouco adequados à real necessidade de garantia do direito da saúde assegurado pelo Estado. Papel preponderante nessa transformação deverão desempenhar a Associação Brasileira de Ensino Odontológico, em articulação com o Ministério da Saúde, o Ministério da Educação e os gestores estaduais e municipais do SUS no desenvolvimento de protocolos de cooperação sistemática8 visando estabelecer o Sistema Único de Saúde como o cenário de aprendizagem ideal para o desenvolvimento do processo de ensino-aprendizagem em saúde. Quadro 4 - Perfis de atendimento dos pacientes das disciplinas de PréClínica I, II, III e IV, Clínica Odontológica I, II e III, Clínica Integrada I, II, III e IV, Prótese Dentária I, II, III e IV e Clínica Infantil I, II e III. No momento em que o professor é convidado a desempenhar um papel de orientador de um clínico geral, há necessidade de uma flexibilidade que permita não simplesmente a orientação de uma área específica, mas a integração de conteúdos. Foi possível observar que o docente do Curso de Odontologia configurava-se, em geral, como um profissional bemsucedido em sua área de atuação clínica, mas que se ressentia de uma formação pedagógica para pleno desenvolvimento de sua carreira acadêmica,11 o que foi plenamente satisfeito com o desenvolvimento das Oficinas Pedagógicas. Há, por isso mesmo, necessidade de capacitação constante do corpo docente visando a plena utilização de metodologia pedagógica com base na construção do conhecimento para se obterem todos os benefícios de um currículo integrado assim como sua capacitação técnica para adquirir uma postura interdisciplinar. O professor deve ser entendido como facilitador da aprendizagem do aluno, devendo utilizar a avaliação como mecanismo de aperfeiçoamento constante do aluno. Além disso, o aluno está pouco acostumado a aprender através de metodologias problematizadoras, o que dificulta em alguns momentos o entendimento Revista da ABENO • 7(2):135-40 139 Construir conhecimento, integrar vidas • Noro LRA da proposta. É de grande importância que o professor conheça o processo de aprendizagem e esteja interessado no crescimento de seu aluno, desenvolvendo neste a capacidade de procurar dentro de si mesmo as respostas para seus problemas, tornando-se responsável e, conseqüentemente, agente do seu processo de aprendizagem.10 É, portanto, necessária uma maior conscientização do aluno, permitindo que ele possa efetivamente alcançar todos os benefícios da presente proposta que terá como elemento principal o professor efetivamente vinculado aos interesses da formação. Do ponto de vista do serviço prestado ao paciente, o currículo permite a conclusão do tratamento, na maioria das vezes incompleto pelo atendimento realizado de forma pontual em cada disciplina, na qual o paciente era mais um objeto de realização de atividades pontuais e específicas, servindo para ensino do aluno. Isso provocava um número enorme de pacientes cadastrados no sistema, porém com baixa resolutividade. Progressivamente, o aluno vai se deparando com pacientes com perfil clínico mais complexo, até chegar aos dois últimos semestres em uma situação na qual deve estar apto a resolver a totalidade dos problemas bucais do paciente, assim como propor atividades dentro de um referencial que utilize a epidemiologia e o planejamento. fully understood. There is, thus, the need for constant training of faculty members in order to achieve the full use of a pedagogic methodology based on the construction of knowledge, in order to take full advantage of the benefits of an integrated curriculum. A technical training is also needed that might alow the acquisition of an interdisciplinary approach. A broader understanding by the student is required as well so that he or she may reach all the benefits of the present proposal. DESCRIPTORS Education, dental. Curriculum. Knowledge. § REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. Brasil. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Senado Federal; 1988. 2. Carvalho ACP. Planejamento do curso de graduação de Odontologia. Revista da ABENO. 2004;4(1):7-13. 3. Chauí MA. A universidade em ruínas. In: A universidade em ruínas na república dos professores. Petrópolis: Vozes; 1999. 4. Conselho Nacional de Educação/Câmara de Ensino Superior. Resolução CNE/CES 03, de 19 de fevereiro de 2002. Institui Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Odontologia. Diário Oficial da União n. 42, Brasília, 04 mar 2002, seção 1, p. 10-1. 5. Demo P. Educar pela pesquisa. 3ª ed. Campinas: Autores Asso- ABSTRACT Constructing knowledge, integrating lives For six years, the Course of Dentistry, University of Fortaleza, discussed, through Workshops of its Pedagogic Project, a new conception of a curriculum that could allow the integration of knowledge and the use of an active learning methodology; that would take into account the Unified Health System (SUS) as the structural axis of the activities developed in its dental education; that could understand the relationship between teaching, work and community, thus allowing the student to understand the context formed by the labor market and by the social reality that he or she will experience in the future. The current proposal, implemented in the first semester of 2005, poses an enormous challenge as the teachers’ training is still based on graduate studies of specific areas. When the teacher is invited to give orientation to a general practitioner, flexibility is required so that not only specific guidance is given but also an integration of the different contents. Furthermore, students are little accustomed to a methodology based on problem analysis, which prevents the proposal from being 140 ciados; 1996. p. 55. 6. Feuerwerker LCM. Educação dos profissionais de saúde hoje – problemas, desafios, perspectivas e as propostas do Ministério da Saúde. Revista da ABENO. 2003;3(1):24-7. 7. Freire P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 31ª ed. São Paulo: Paz e Terra; 2005. p. 23. 8. Morita MC, Kriger L. Mudanças nos cursos de Odontologia e a interação com o SUS. Revista da ABENO. 2004;4(1):17-21. 9. Moysés SJ. Políticas de saúde e formação de recursos humanos em Odontologia. Revista da ABENO. 2004;4(1):30-7. 10. Noro EMS, Noro LRA. A auto-estima como facilitadora do processo de ensino-aprendizagem. Rev Humanidades. 2002;17(2):113-9. 11. Noro LRA, Nuto SAS, Moreira TP, Moura KS, Novaes PMR. Projeto pedagógico: a construção coletiva. In: Noro LRA (org.). Curso de Odontologia da UNIFOR: dez anos ensinando e aprendendo. Fortaleza: Universidade de Fortaleza; 2005. p. 19-39. 12. Ribeiro ECO, Lima VV. Competências profissionais e mudanças na formação. Olho Mágico. 2003;10(2):47-52. Revista da ABENO • 7(2):135-40 Recebido para publicação em 28/10/2005 Aceito para publicação em 19/05/2006 A importância do ensino da notificação de doenças O profissional da Odontologia tem a obrigação de notificar as doenças constantes na lista de doenças de notificação compulsória, estando sujeito às penalidades da lei se não o fizer. Vera Lucia Silva Resende*, Maria Elisa de Souza e Silva*, Raquel Conceição Ferreira**, Allyson Nogueira Moreira*, Claudia Silami Magalhães* *Professores de Clínica Integrada da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Minas Gerais. E-mail: [email protected]. **Professora de Clínica Integrada do Curso de Odontologia da Universidade Estadual de Montes Claros. RESUMO Notificação é a comunicação da ocorrência de determinada doença ou agravo à saúde, feita à autoridade sanitária por profissionais de saúde ou qualquer cidadão, desencadeando o processo de informação-decisão-ação. A Notificação é o principal mecanismo através do qual o Ministério da Saúde recebe os dados epidemiológicos necessários para a adoção de medidas de intervenção cabíveis. No Brasil, são de notificação compulsória os casos de doenças que podem implicar em medidas de isolamento ou quarentenas, e aquelas que constam de uma lista elaborada pelo Ministério da Saúde, adaptada para cada Unidade da Federação e atualizada periodicamente. Apesar da importância e da obrigatoriedade, a notificação tem sido precária, sendo a subnotificação um problema para o sistema de saúde. Existe pouca literatura sobre o assunto, resumindo-se a publicações oficiais como leis, portarias etc. Faz-se necessária uma maior divulgação do assunto em revistas de grande circulação, entre os profissionais de saúde e os futuros profissionais, e até para a população em geral, que é parte importante da informação sobre ocorrência de doenças. Este artigo tem como objetivo divulgar as doenças de notificação compulsória aos profissionais de saúde, e refletir sobre a importância da conscientização do futuro profissional de Odontologia sobre seu papel na manutenção do Sistema de Vigilância Epidemiológica. Descritores Notificação de doenças. Vigilância epidemiológica. Controle de doenças transmissíveis/legislação & jurisprudência. N otificação é a comunicação da ocorrência de determinada doença ou agravo à saúde, feita à autoridade sanitária por profissionais de saúde ou qualquer cidadão, para fins de adoção de medidas de prevenção e intervenção pertinentes.3 Historicamente, a notificação de doenças tem sido a principal fonte da vigilância epidemiológica a partir da qual, na maioria das vezes, se desencadeia o processo informação-decisão-ação. A listagem nacional vigente das doenças de notificação compulsória está restrita a alguns agravos e doenças de interesse sanitário para o país e compõe o Sistema de Doenças de Notificação Compulsória – SDNC. Entretanto, estados e municípios podem incluir novas patologias, desde que se definam com clareza o motivo e objetivo da notificação, os instrumentos e o fluxo que a informação vai seguir e as ações que devem ser postas em prática de acordo com as análises realizadas. Existe pouca literatura sobre o assunto, muitas vezes se limitando a publicações oficiais pouco consultadas pelos profissionais de saúde. O profissional da Odontologia, como profissional de saúde, tem a obrigação de notificar as doenças constantes na lista de “Doenças de Notificação Compulsória” do país, e o desconhecimento da legislação não o exime do erro de não cumprir sua obrigação. Revista da ABENO • 7(2):141-6 141 A importância do ensino da notificação de doenças • Resende VLS, Silva MES, Ferreira RC, Moreira AN, Magalhães CS O Exame Nacional de Cursos, antigo “Provão”, no ano de 2003 apresentou questão sobre o assunto (questão número 37), o que nos indica que é esperado que esse assunto esteja contemplado nos currículos dos cursos de Odontologia. LEGISLAÇÃO VIGENTE E NORMAS DE NOTIFICAÇÃO Embora a Lei que instituiu o Sistema de Vigilância Epidemiológica no Brasil não se restrinja às doenças transmissíveis, o Sistema vem se limitando, ao longo das últimas décadas, a essas enfermidades. Entretanto, desde 1968, a 21ª Assembléia Mundial de Saúde promoveu uma ampla discussão técnica a respeito da Vigilância Epidemiológica, destacando que a abrangência do seu conceito permite a sua aplicação a outros problemas de saúde pública, como malformações congênitas, envenenamentos na infância, leucemia, abortos, acidentes, doenças profissionais, comportamentos como fatores de risco, riscos ambientais, utilização de aditivos, dentre outros.3 Além da notificação compulsória, o Sistema de Vigilância Epidemiológica pode definir doenças e agravos como de simples notificação, ou seja, que não têm a notificação obrigatória, como os casos de Teníase, Cisticercose e outros agravos, e sugere a realização de inquéritos periódicos em relação a alguns fatores e comportamentos de risco, como o caso da diabetes e o uso do fumo.4 Segundo a Portaria nº 5,6 de 21 de fevereiro de 2006, assinado pelo Secretário de Vigilância em Saúde, Jarbas Barbosa da Silva Júnior, as doenças de notificação compulsória no Brasil são as seguintes: • botulismo; • carbúnculo ou antraz; • cólera; • coqueluche; • dengue; • difteria; • doença de Chagas (casos agudos); • doença de Creutzfeldt-Jacob; • doenças meningocócicas e outras meningites; • esquistossomose (área não-endêmica); • eventos adversos pós-vacinação; • febre amarela; • febre do Nilo; • febre maculosa; • febre tifóide; • hanseníase; • hantaviroses; • hepatites virais; 142 • infecção pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV) em gestantes e crianças expostas ao risco de transmissão vertical; • influenza humana por novo subtipo (pandêmico); • leishmaniose tegumentar; • leishmaniose visceral; • leptospirose; • malária; • meningite por Haemophillus influenzae; • peste; • poliomielite; • paralisia flácida aguda; • raiva humana; • rubéola; • sarampo; • sífilis congênita; • sífilis em gestante; • síndrome febril íctero-hemorrágica aguda; • síndrome da rubéola congênita; • síndrome respiratória aguda grave; • tétano; • tularemia; • tuberculose; • varíola. Atualmente, com as profundas mudanças no perfil epidemiológico da população, observamos o declínio de mortalidade por doenças infecciosas e parasitárias. Em contrapartida, houve um aumento nas mortes por enfermidades não-transmissíveis, colocando em risco importantes grupos populacionais. Desse modo, tem-se discutido a necessidade de incorporar doenças e agravos não-transmissíveis às atividades da Vigilância Epidemiológica, abrindo-se a perspectiva de se ampliar o leque das doenças de notificação compulsória.4 Alguns dos agravos acima mencionados, além da notificação periódica semanal, devem ser comunicados imediatamente (prazo máximo de 24 horas) ao Órgão de Vigilância Epidemiológica Estadual, e este deve comunicá-los para o Centro Nacional de Epidemiologia (CENEPI), no ato da constatação da suspeita ou do diagnóstico de caso ou surto, através de telefonema, fax ou e-mail, sem prejuízo de registro das notificações pelos procedimentos rotineiros do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN). Esses agravos são: • casos suspeitos ou confirmados de: - botulismo, - carbúnculo ou antraz, - cólera (autóctone em área não-endêmica), Revista da ABENO • 7(2):141-6 A importância do ensino da notificação de doenças • Resende VLS, Silva MES, Ferreira RC, Moreira AN, Magalhães CS - - - - febre amarela, febre do Nilo Ocidental, hantaviroses, influenza humana por novo subtipo (pandêmico), - peste, - poliomielite, - raiva humana, - sarampo, em indivíduo com história de viagem ao exterior nos últimos 30 dias ou de contato, no mesmo período, com alguém que viajou ao exterior, - síndrome febril íctero-hemorrágica aguda, - síndrome respiratória aguda grave, - varíola, - tularemia. • caso confirmado de: - tétano neonatal. • surto ou agravação de casos ou agregação de óbitos por: - agravos inusitados, - difteria, - doença de Chagas aguda, - doenças meningocócicas, - influenza humana. • Epizootias e/ou morte de animais que podem preceder a ocorrência de doenças em humanos: - epizootias em primatas não humanos, - outras epizootias de importância epidemiológica. A lei nº 6.259 de 30 de outubro de 1975,3 que dispõe sobre a organização das ações de Vigilância Epidemiológica, sobre o Programa Nacional de Imunizações e estabelece normas relativas à notificação compulsória de doenças, diz em seu artigo 8º: “É dever de todo cidadão comunicar à autoridade sanitária local a ocorrência de fato, comprovado ou presumível, de caso de doença transmissível, sendo obrigatória a outros profissionais de saúde no exercício da profissão, bem como aos responsáveis por organizações e estabelecimentos públicos e particulares de saúde e ensino, a notificação de casos suspeitos ou confirmados das doenças relacionadas em conformidade com o artigo 7º.” Diz ainda a lei, no 14º artigo: “A inobservância das obrigações estabelecidas nessa lei constitui infração da legislação referente à saúde pública, sujeitando o infrator às penalidades previstas no DecretoLei nº 785, de 25 de agosto de 1969, sem prejuízo das demais sanções penais cabíveis.” O governo brasileiro vem firmando acordos com os países membros da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) e Organização Mundial da Saúde (OMS) que visam empreender esforços conjuntos para o alcance de metas continentais ou até mundiais de controle, eliminação ou erradicação de algumas doenças. O exemplo mais expressivo é o do Programa de Eliminação do Pólio Vírus Selvagem, que alcançou a meta de erradicação das Américas. Dessa forma, teoricamente, a poliomielite deveria ser excluída da lista, no entanto esse programa preconiza sua manutenção e sugere ainda que se acrescentem as paralisias flácidas agudas, visando a manutenção da vigilância do vírus, para que se detecte sua introdução em países indenes, visto que o mesmo continua circulando em áreas fora do continente americano. As doenças definidas como de notificação compulsória internacional são três: cólera, febre amarela e peste, as quais estão obrigatoriamente incluídas na lista de todos os países membros da OPAS/OMS. A IMPORTÂNCIA DA NOTIFICAÇÃO NA VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA A notificação de surtos e epidemias faz parte do fluxo de informações, dentro dos estados e municípios, que alimentam o Sistema de Vigilância Epidemiológica. Essa prática possibilita a constatação de qualquer indício de elevação do número de casos de uma patologia, ou da introdução de outras doenças não-incidentes no local, e, conseqüentemente, o diagnóstico de uma situação epidêmica inicial para adoção imediata das medidas de controle. A informação para a vigilância epidemiológica destina-se à tomada de decisões e informações para ação. Esse princípio deve reger as relações entre os responsáveis pela vigilância e as diversas fontes que podem ser utilizadas para o fornecimento de dados.5 A notificação compulsória é realizada através do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), cujos objetivos são o registro e o processamento dos dados sobre agravos de notificação compulsória, em todo território nacional, a fim de fornecer informações para a análise do perfil de morbidade vigente. Esse sistema é operacionalizado a partir da unidade de saúde, e a coleta dos dados é feita utilizando-se a ficha de notificação ou ficha de investigação de casos, fornecida por órgãos oficiais do governo, responsáveis pelo gerenciamento da saúde do cidadão.9,10 O SINAN foi criado em 1990, para tentar sanar as dificuldades do Sistema de Notificação Compulsória de Doenças (SNCD) procurando racionalizar o pro- Revista da ABENO • 7(2):141-6 143 A importância do ensino da notificação de doenças • Resende VLS, Silva MES, Ferreira RC, Moreira AN, Magalhães CS cesso de coleta e transferência de dados relacionados às doenças e aos agravos de notificação compulsória, já tendo em vista o razoável grau de informatização disponível no país.4,9 A implementação do SINAN, em 1993, significou um importante avanço, pois favoreceu a uniformização dos bancos de dados e as análises epidemiológicas no país de doenças como a AIDS, por exemplo. O sistema propiciou ainda um avanço na racionalidade e capacidade local de gerenciamento dos dados de morbidade dessa doença, como também sugeriu algumas linhas de investigação no campo do conhecimento e da intervenção.9 Os problemas técnico-operacionais no gerenciamento desse sistema são muitos, uma vez que ele foi criado para dar conta do registro de agravos de notificação compulsória e da investigação epidemiológica de 41 tipos de agravos.4-6 Esse sistema de vigilância faz parte de processo que tem como eixo a informação-decisão-ação, sendo importante no controle das epidemias e na necessidade de ampliação das ações de vigilância. Entretanto, existem algumas lacunas que impedem a produção de informações fidedignas que sirvam, verdadeiramente, para o aprimoramento de ações assistenciais e preventivas das organizações governamentais e não-governamentais no monitoramento dessas doenças.9 A notificação pode ser feita por qualquer indivíduo, ainda que seja uma obrigação médica e que mais freqüentemente seja feita por profissional de saúde não-médico. Toda informação que chegue à Unidade de Saúde, qualquer que seja a fonte (colegas de escola, trabalho, vizinhos, associação de moradores, imprensa, familiares), deve ser valorizada e investigada para adoção de medidas de intervenção pertinentes. A notificação de uma situação anormal, como por exemplo surtos de febres, diarréias, sempre deve ser feita, mesmo não sendo de doença ou agravo de notificação compulsória, pois muitas vezes permite identificar novos agravos (doenças emergentes ou reemergentes) e divulgar orientações importantes aos profissionais médicos, não-médicos e à população. Um exemplo foi a hipertermia em idosos ocorrida no verão de 1998. As informações de todas as cidades são consolidadas na Gerência da Vigilância Epidemiológica, que tem por obrigação disponibilizá-las aos profissionais de saúde e a toda a população. Em alguns casos, como na vigilância das paralisias flácidas e do sarampo, é necessário notificar a não-ocorrência da doença – Notificação Negativa.4,5 144 As estatísticas de saúde de uma cidade vão se tornando confiáveis na medida em que o Sistema de Vigilância Epidemiológica se torna conhecido e prestigiado por todo segmento do setor saúde, seja ele público ou privado. Mas apesar disso, a notificação é habitualmente realizada de modo precário, devido ao desconhecimento de sua importância, descrédito nos serviços de saúde, à falta de acompanhamento e supervisão de rede de serviços e, também, pela falta de retorno de dados coletados e das ações que foram geradas pela análise.8 Esse parece ser um problema existente mundialmente. Exemplos recentes foram a não-comunicação imediata dos primeiros casos da Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS) em 2002, na China, que resultou na dispersão da doença em 2003, colocando em risco o mundo todo,2 e da gripe do frango em 2005.7 Por outro lado, a resposta internacional ao aparecimento da SARS mostrou que o sistema pode ser eficaz para impedir que uma nova doença venha à tona, evitando-se uma endemia e a disseminação de pessoa para pessoa, de continente para continente.13 Nesse sentido, é fundamental que trabalhos de sensibilização dos profissionais e das comunidades sejam sistematicamente realizados, visando a melhoria da obtenção dos dados no que diz respeito à sua quantidade e qualidade, fortalecendo e ampliando a rede de notificação. Como, idealmente, o sistema deve cobrir toda a população, considera-se que todas as unidades de saúde (públicas, privadas e filantrópicas) devem compor a rede de notificação, como também todos os profissionais de saúde e a comunidade em geral. Para isso, é muito importante que os profissionais de saúde, entre eles os cirurgiões-dentistas, recebam durante sua formação informações sobre as doenças de notificação compulsória e a maneira correta de notificar os agravos, para que possam desenvolver adequadamente seu papel na sociedade. Segundo Ferreira, Portela10 (1999), as deficiências na abrangência e qualidade dos dados são devidas aos erros de diagnóstico, ao descuido com a obrigatoriedade da notificação e/ou aos erros na coleta dos dados, que acarretam um atraso no registro de casos gerando uma discrepância entre o número de casos notificados e o número real de casos. Em geral, as unidades de saúde dispõem de formulários específicos para cada doença incluída no sistema de vigilância, denominados “Ficha de Investigação Epidemiológica”. Esses formulários, importantes por facilitar a consolidação de dados, devem ser preenchidos cuidadosamente, registrando-se todas as informações indicadas, para permitir a análise Revista da ABENO • 7(2):141-6 A importância do ensino da notificação de doenças • Resende VLS, Silva MES, Ferreira RC, Moreira AN, Magalhães CS e a comparação de dados. O investigador poderá acrescentar novos itens que considere relevantes para a investigação. Um espaço para observações deve sempre ser reservado, visando a anotação de informações que possam ajudar o processo de investigação. Os dados para preenchimento dessa ficha são coletados a partir de informações obtidas do médico e/ou de profissionais de saúde assistentes, prontuários, resultados de exames laboratoriais, perguntas dirigidas ao próprio paciente e, dependendo do agravo, de indivíduos da comunidade. Em virtude da diversidade de características clínico-epidemiológicas, as fichas de investigação devem ser específicas para cada tipo de doença ou agravo. O detalhamento das informações previstas depende do estágio do programa de controle, devendo sempre ser atualizado. Discussão As maiores dificuldades que existiam no SNCD parecem continuar acontecendo ainda hoje com o SINAN, e dizem respeito, especialmente, às subnotificações dos agravos.11 Como exemplo, tem-se o relato de Ferreira, Portela10 (1999), que disseram: “A subnotificação de casos de AIDS no Rio de Janeiro pode implicar em uma estimativa equivocada da magnitude e do ônus da epidemia, acarretando uma subalocação de ações e recursos para o seu enfrentamento.” O retorno à população dos resultados de investigação e da análise desses dados é de fundamental importância para assegurar a credibilidade desse sistema, uma vez que os profissionais e notificantes devem ser mantidos informados. Além disso, a devolução de informações é peça importante na coleta de subsídios para reformular os programas nos seus diversos níveis. A notificação compulsória deve ser estimulada em todos os níveis, para que a devolução da informação seja útil e tenha a finalidade desejada. Um dado que deve ser levado em consideração é o caráter sigiloso dos casos de doença de notificação compulsória.5,6 Várias são as fontes que podem fornecer dados, quando se deseja analisar a ocorrência de um fenômeno do ponto de vista epidemiológico. Os registros de dados e as investigações epidemiológicas constituem-se fontes regulares de coleta; no entanto, sempre que as condições exigirem, deve-se recorrer diretamente à população ou aos serviços, em determinado momento ou período, para obter dados adicionais ou mais representativos. Muitas vezes, informações oriundas da população e da imprensa são fontes eficientes de dados, devendo ser sempre consideradas, desde que se proceda a investigação pertinente, para confirmação ou descarte de casos. Quando a vigilância de uma área não está organizada ou é ineficiente, o primeiro alerta da ocorrência de um agravo, principalmente quando se trata de uma epidemia, pode ser a imprensa ou a comunidade. A organização de boletins que contenham informações oriundas de jornais e de outros meios de comunicação e seu envio aos dirigentes com poder de decisão são importantes auxiliares da vigilância epidemiológica, para que se defina o aporte de recursos necessários à investigação e ao controle dos eventos sanitários. O Sistema de Vigilância existe para o controle, a eliminação ou erradicação de doenças, o controle de surtos e epidemias e impedimento de óbitos e seqüelas e só se justifica se for capaz de servir para a adoção de medidas que tenham impacto na redução da morbidade e mortalidade das doenças e dos agravos que atingem a população. O profissional da Odontologia, como profissional da saúde, tem a obrigação de notificar as doenças constantes na lista de doenças de notificação compulsória, estando sujeito às penalidades da lei se não o fizer. Mas, será que os Cursos de Odontologia estão fornecendo informações aos alunos para que tenham ao menos o conhecimento do seu papel dentro desse Sistema? Sendo a Universidade a grande formadora de recursos humanos, deve se preocupar em formar profissionais competentes, comprometidos com a transformação da realidade em benefício da sociedade.1,8,12,14 Por isso, durante sua formação, o aluno tem o direito de receber informações referentes à notificação de doenças para que possa executar bem seu papel. O desconhecimento das obrigações não exime ninguém da culpa de não tê-las cumprido. Por isso, todos os profissionais de saúde precisam ter conhecimento da lista de doenças de notificação compulsória de seu município e da maneira de fazer a comunicação corretamente, cumprindo assim seu papel de profissional e/ou cidadão. Conclusão Para que o Sistema de Vigilância Epidemiológica funcione com eficiência e eficácia, é necessário que se estabeleçam normas capazes de uniformizar procedimentos e viabilizar a comparabilidade de dados e informações, mas é de fundamental importância a partici- Revista da ABENO • 7(2):141-6 145 A importância do ensino da notificação de doenças • Resende VLS, Silva MES, Ferreira RC, Moreira AN, Magalhães CS pação da comunidade e, sobretudo, o conhecimento, envolvimento e a participação do profissional de saúde na comunicação dos fatos relevantes para o Sistema. Para que o Sistema seja alimentado corretamente, faz-se necessário o esclarecimento e a conscientização da população e o envolvimento de todos os profissionais de saúde. Para isso, é de fundamental importância que as instituições formadoras de recursos humanos forneçam informações sobre as doenças de notificação compulsória para que os profissionais de saúde se sintam seguros em relação ao assunto e possam cumprir seu papel junto à sociedade. 2. Arita I, Nakane M, Kojima K, Yoshihara N, Nakano T, El-Goha- ABSTRACT The importance of teaching disease notification To notify a disease is to communicate its occurrence to the sanitary authorities. It can be done by health professionals or by the common citizen, and it triggers the information-decision-action process. Notification is the principal mechanism through which the Ministry of Health becomes aware of the epidemiological data needed for the adoption of the applicable intervention measures. In Brazil, the cases of diseases that might entail isolation or quarantine measures are of compulsory notification, as are those cited on a list of diseases issued by the Ministry of Health and adapted for each state of the country, which is updated periodically. In spite of its importance and compulsory character, notificaton has been precarious, and under-notification has posed a problem for the national health system. The literature on this issue is scarce, being almost exclusively restricted to laws and official directives issued by the Ministry of Health. Thus, a broader publication of the subject is needed in journals of wide circulation, among health professionals, and to the population in general, since common people also play an important role in reporting such diseases. The purpose of this article is to inform the diseases of compulsory notification to health professional, and to reflect on the importance of making future dental professionals aware of their role in a system of epidemiological surveillance. 5. Brasil. Ministério da Saúde. Normas e Rotinas (Versão Preliminar). ry A. Role of a sentinel surveillance system in the context of global surveillance of infectious diseases. Lancet Infect Dis. 2004;4(3):171-7. 3. Brasil. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Lei nº 6.259, de 30 outubro de 1975. Dispõe sobre a organização das ações de Vigilância Epidemiológica sobre o Programa Nacional de Imunizações, estabelece normas relativas à Notificação Compulsória de Doenças, e dá outras providências. 4. Brasil. Ministério da Saúde. Funasa. Vigilância Epidemiológica. Guia de Vigilância Epidemiológica – Coleta de dados e informações. Notificação [acesso 19 jan 2006]. Disponível em: http://portalweb05.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/Guia_Vig_Epid_novo2.pdf. Sistema Nacional de Agravos de Notificação. Janeiro de 2002. 6. Brasil. Ministério da Saúde. Portaria nº 5, 21 de fevereiro de 2006. Disponível em: http://portal.saude.gov.br/portal/svs/visualizar_texto.cfm?idtxt=21141. 7. CDC – Centers for Disease Control and Prevention. Transmission of Influenza A Viruses Between Animals and People [accessed 2006 Feb 07]. Available from: http://www.cdc.gov/flu/ avian/gen-info/transmission.htm. 8. Conselho Nacional de Educação. Câmara de Educação Superior. Resolução CNE/CES 3, de 19 de fevereiro de 2002. Institui Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Odontologia [acesso 26 dez 2005]. Disponível em: http:// portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/CES032002.pdf. 9. Cruz MM, Toledo LM, Santos EM. O sistema de informação de AIDS do Município do Rio de Janeiro: suas limitações e potencialidades enquanto instrumento de vigilância epidemiológica. Cad Saúde Pública. 2003;19(1):81-9. 10. Ferreira VMB, Portela MC. Avaliação da sub-notificação de casos de Aids no Município do Rio de Janeiro com base em dados do sistema de informações hospitalares do Sistema Único de Saúde. Cad Saúde Pública. 1999;15(2):317-24. 11. Ferreira VMB, Portela MC, Vasconcellos MTL. Fatores associados à sub-notificação de pacientes com Aids, no Rio de Janeiro, RJ, 1996. Rev Saúde Pública. 2000;34(2):1-12. 12. Garbin CAS, Saliba NA, Moimaz SAS, Santos KT. O papel das universidades na formação de profissionais na área de saúde. Revista da ABENO. 2006;6(1):6-10. 13. Heymann DL, Rodier G. Global Surveillance, National Surveil- Descriptors Disease notification. Epidemiologic surveillance. Communicable disease control/legislation & jurisprudence. § lance, and SARS [serial online]. Emerg Infect Dis. 2003 Feb [accessed 2006 Jan 27]. Available from: http://www.cdc.gov/ ncidod/EID/vol10no2/03-1038.htm. 14. Masetto MT, Prado AS. Processo de avaliação da aprendizagem em curso de Odontologia. Revista da ABENO. 2003;4:48-56. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. ABENO – Associação Brasileira de Ensino Odontológico. Diretrizes Curriculares Nacionais para os Cursos de Graduação em Odontologia. Revista da ABENO. 2002;2:31-4. 146 Revista da ABENO • 7(2):141-6 Recebido para publicação em 09/02/2006 Aceito para publicação em 18/05/2006 42a Reunião Anual da Associação Brasileira de Ensino Odontológico Tema central: Projeto Pedagógico - construção alicerçada nas Diretrizes Curriculares Nacionais Salvador - BA - 25 a 28 de julho de 2007 COMISSÃO ORGANIZADORA LOCAL Coordenadora: Ana Isabel Fonseca Scavuzzi Membros: Ana Carla F. Carneiro Rios Elizabeth Maria Costa Carvalho Lydia de Brito Santos Regina Cerqueira Wanderley Cruz Susana Paim dos Santos Urbino da Rocha Tunes Vagner Mendes Viviane Sarmento PROGRAMAÇÃO geral Dia 25 – QUARTA-FEIRA • 08h30 às 17h00: Recepção e credenciamento. • 15h00 às 18h30: Reunião das Comissões da ABENO. • 14h30 às 19h00: Curso: “Avaliação no Processo Ensino-Aprendizagem” (inscrições limitadas). Ministradora: Profa. Maria Mitsuko Okuda (GO) • 20h30: Cerimônia de Abertura Dia 26 – QUINTA-FEIRA • 08h30 às 18h00: Oficina: “Construindo um Projeto Pedagógico” Coordenação: Prof. Léo Kriger (PR) e Profa. Elaine Bauer Veeck (RS) Grupo de Tutores: Profa. Ana Cristina Barreto Bezerra (DF) Prof. Antônio César Perri de Carvalho (DF) Prof. Cresus Vinícius Depes de Gouveia (RJ) Prof. Eduardo Gomes Seabra (RN) Profa. Efigênia Ferreira e Ferreira (MG) Profa. Hilda Maria Montes R. de Souza (RJ) Profa. Isabela Almeida Pordeus (MG) Prof. José Thadeu Pinheiro (PE) Prof. Lino João da Costa (PB) Profa. Maria Celeste Morita (PR) Profa. Maria da Glória Chiarello Matos (RJ) Profa. Maria Ercília Araújo (SP) Profa. Nilce Emy Tomita (SP) Prof. Orlando Ayrton de Toledo (DF) Prof. Sigmar de Mello Rode (SP) Grupo de Relatores: Prof. Cresus Vinícius Depes de Gouveia (RJ) Profa. Efigênia Ferreira e Ferreira (MG) Profa. Nilce Emy Tomita (SP) Revista da ABENO • 7(2):147-8 147 Dia 26 – QUINTA-FEIRA (continuação) Desenvolvimento da oficina: • 08h30 às 08h45: Abertura dos trabalhos: Prof. Alfredo Júlio Fernandes Neto (MG) • 08h45 às 09h30: “Humanização, cidadania e ética no projeto do curso de Odontologia” Apresentadora: Profa. Mariângela Mattos (BA) • 09h30 às 10h15: “Competências e habilidades na formação do cirurgião-dentista” Apresentador: Prof. Samuel Jorge Moyses (PR) • 10h15 às 12h30: Discussão em Grupo do Termo de Referência • 12h30 às 14h00: Almoço. • 14h00 às 14h40: “Estratégias para implementação do projeto pedagógico: vencendo os nós críticos” Apresentador: Prof. Rui Vicente Oppermann (RS) • 14h40 às 15h20: “DCN: elementos e dados para uma reflexão crítica” Apresentador: Prof. Celso Zibolvicius (SP) • 15h30 às 18h00: Discussão em Grupo do Termo de Referência • 18h00 às 19h30: Reunião da Comissão de Relatórios e Relatores dos Grupos Dia 27 – SEXTA-FEIRA • 08h30 às 12h30: ENADE 2007 Apresentador: Prof Amir Limana - Representante do MEC/INEP/DAES. • 12h30 às 14h00: Almoço • 14h00 às 18h00: Seminário: “Ensinando e Aprendendo” Coordenação: Prof. Ângelo Giuseppe Roncalli C. Oliveira (RN) Prof. Horácio Faig Leite (SP) • 14h00 às 17h00: Apresentação dos Pôsteres Coordenação: Prof. Célio Percinoto (SP) Prof. Luiz Alberto Plácido Penna (SP) Profa. Ana Carla Rios (BA) • Noite: Jantar de Confraternização – Restaurante Típico (mediante reserva prévia) Dia 28 – SÁBADO • 08h30: Reunião Plenária: apresentação e aprovação do documento final Coordenação: Profa. Ana Isabel Fonseca Scavuzzi (BA) • 09h30: Assembléia Geral Ordinária da Abeno Pauta: 1. Premiação da 42a Reunião da ABENO 2. Apresentação e aprovação do local e tema da 43a Reunião da ABENO 3. Assuntos Gerais • 12h00: Encerramento da 42ª Reunião da ABENO 148 Revista da ABENO • 7(2):147-8 Trabalhos selecionados para apresentação na 42ª Reunião Anual da ABENO, 2007 Tema central: Projeto Pedagógico - construção alicerçada nas Diretrizes Curriculares Nacionais Salvador - BA - 25 a 28 de julho de 2007 SEMINÁRIO “Ensinando e aprendendo” 1. A utilização do portfólio como método de aprimoramento avaliativo em disciplinas clínicas do curso de Odontologia da UNIFOR Albuquerque SHC*, Nogueira CBP A avaliação carece urgentemente de um novo olhar. O cotidiano de uma instituição de ensino superior, por vezes, diminui de forma significante a forma como discentes e docentes percebem a avaliação. O portfólio de ensino é um instrumento que compreende a compilação dos trabalhos realizados pelos estudantes durante um curso. Incluem-se nele entre outros registros de visitas, resumos ou fichamentos de textos, projetos e relatórios de pesquisa e inclui principalmente ensaios auto-reflexivos, que permitem aos alunos a discussão de como a experiência no curso ou na disciplina contribuiu para o seu cresimento. Este estudo pretende discutir, analisar e refletir sobre a utilização do portfólio na disciplina de Clínica Odontológica II do curso de Odontologia da UNIFOR. Nos semestres 2006.1, 2006.2, 2007.1 um grupo de cerca de 10 alunos em cada semestre foi submetido a um processo de coleta de dados com a utilização de um portfólio. Os alunos foram estimulados a reflexão sobre sua prática e registravam suas percepções em planilhas próprias de acompanhamento da disciplina. Houve momentos de abordagem individual aos alunos e momentos em que a reflexão foi partilhada com o grupo. Todos os momentos eram registrados e arquivados numa pasta individual de cada aluno. A partir da identificação das limitações e das habilidades de cada um, a orientadora direcionou as atividades que deveriam ser de- senvolvidas. Ao final do processo foi estimulada uma comparação das auto-reflexões iniciais e finais e os alunos puderam verificar seu crescimento e seu ganho de confiança para o desenvolvimento das atividades clínicas. O portfólio permitiu a identificação das limitações dos alunos de forma mais clara e célere o que facilitou a abordagem na condução das atividades. A avaliação com o uso do portfólio é um método viável de aplicação nas disciplinas de natureza prática. O método permite ao aluno a visualização de seu progresso e a identificação de suas habilidades e de suas limitações. O portfólio facilita a abordagem do orientador na condução do processo ensino aprendizagem. 2. As práticas de ensino e a atenção integral à saúde com grupos sociais excluídos Flores EMTL*, Pires FM, Ely HC, Cesa K, Patussi M N as relações em que as pessoas são vistas como seres autônomos, as mudanças podem acontecer tanto no nível macro (política de saúde SUS), micro (regulamentações, diretrizes dos processos de formação) e molecular (cotidiano do processo de formação e do cuidado) reconhecendo-se uma influência mútua entre todas. Esse reconhecimento pressupõe a busca cotidiana de formação de uma nova cultura pedagógica da instituição de ensino, em que todos os envolvidos assumam o compromisso ético e político de trabalhar no sentido de pensar um novo ensino, cujo objetivo central seja a compreensão crítica da realidade de saúde. A carência de tecnologias e processos de trabalho apropriados à política de saúde bucal e a realidade peculiar dos Revista da ABENO • 7(2):149-87 149 Trabalhos selecionados para apresentação • 42ª Reunião Anual da Abeno, 2007 grupos sociais excluídos e marginalizados é o problema que responde ao Edital CNPQ-38/2004 pelo processo 403701/2004 e que desenvolve pesquisa/ ação em acampamento do MST. O trabalho, iniciado em 2004, tem como tema “Vigilância da Saúde: um método de intervenção para aplicação na atenção à saúde bucal em grupos socialmente excluídos” e foi delineado com as características desse modelo de atenção: territorialização e identificação de áreas, ou grupos de risco; intervenção sobre problemas de saúde com ênfase naqueles que requer atenção e acompanhamento contínuo; planejamento para articulação de ações locais e intersetoriais; prevenção e recuperação da saúde, entre outros. Foram realizadas visitas para levantamento epidemiológico, intervenções clínicas e educativo/preventivas no local, entrevistas individuais e coletivas quanti/quali, grupos focais, oficinas com as crianças Sem-Terrinha, em três municípios diferentes. Um curso de promotores de saúde de 40 h/aulas foi realizado pelos alunos de graduação UFRGS no Mercado Público POA (V Semana de Saúde Bucal) para uma comunidade indígena, quilombolas, agentes de saúde, líderes de saúde integrantes dos acampamentos do MST. Professores e alunos da graduação da UFRGS, UNISINOS, PUC, alunos de curso de Especialização em Saúde Coletiva, ABO e SOBRACURSOS e residentes da Escola de Saúde Pública participaram desses encontros nos acampamentos “Unidos Venceremos” em Arroio dos Ratos, Charqueadas e Nova Santa Rita. Em 2007 o grupo integrou-se ao curso de Teatro do Oprimido no Assentamento Sepé Tiarajú (Viamão) e ao curso de formação em saúde no Pedagógico ITERRA/MST (Veranópolis). O vídeo de 15 min de duração registra as imagens e áudio dessas intervenções para contextualizar a formação dos profissionais de saúde com orientação voltada para a realidade social do país. Intervenções em que professores e alunos vivenciam um processo cartográfico de conhecimento apontam para a importância da aproximação da Universidade com grupos sociais excluídos e para a emergência de cuidados em saúde voltados para a integridade da população rural. 3. A disciplina de Bioética da FOUSP e seu papel na implantação das Diretrizes Curriculares Junqueira CR*, Puplaksis NV, Ramos DLP A 150 s Diretrizes Curriculares para os cursos de Odontologia, propostas em 2002, têm dentre seus objetivos o desenvolvimento da capacidade de reflexão do graduando, a sua aproximação com a realidade profissional e o seu exercício de acordo com os princípios do SUS (universalidade, eqüidade e integralidade). Na busca de atingir esses objetivos, a disciplina de Bioética, inserida na grade curricular dos cursos de graduação da FOUSP, diurno e noturno, em 2004, pode trazer contribuições. Com carga horária de 45 horas, a disciplina é ministrada no segundo semestre do curso. São ministradas aulas teóricas para a apresentação dos conteúdos e são realizadas aulas práticas com a leitura de textos em pequenos grupos de alunos para favorecer a discussão sobre os temas abordados na aula teórica. O objetivo deste trabalho é apresentar os resultados já obtidos com a implantação desta disciplina. Trata-se de um estudo que se utilizou de metodologia qualitativa, denominado estudo de caso. O estudo de caso é um estudo descritivo de um caso bem delimitado, neste caso, a disciplina de Bioética dos cursos diurno e noturno da FOUSP. Pretende-se com esta abordagem estudar algo singular, que tem um valor em si mesmo. Descreve-se o fenômeno estudado na busca dos seus significados e focaliza-se a realidade de forma complexa e contextualizada. A coleta dos dados foi realizada por meio da observação participante. Assim, uma das autoras, estagiária didática da disciplina, relatou (por meio de anotações) os efeitos das discussões acerca dos diversos temas bioéticos (relacionamento profissional-paciente, ética em pesquisa, aborto, eutanásia, pesquisas com células-tronco, reprodução assistida) propostas em sala de aula pelo professor. As principais conclusões são: 1 - a disciplina visa instrumentalizar os alunos em sua capacidade de reflexão acerca dos grandes dilemas bioéticos e das relações interpessoais; 2 - em geral, os alunos partem inicialmente das informações que obtêm na mídia e daquelas obtidas em virtude da influência do contexto social em que estão inseridos para justificarem suas posturas, contudo, depois das discussões feitas em sala de aula, eles percebem a necessidade de adotarem uma postura de maior reflexão e esforçam-se para capacitar-se em refletir; 3 - a disciplina favorece a compreensão da complexidade do ser humano para que o exercício profissional seja pautado no respeito à dignidade humana e assim se possa atingir a abordagem integral do processo saúde-doença, uma das orientações das diretrizes curriculares. Revista da ABENO • 7(2):149-87 Trabalhos selecionados para apresentação • 42ª Reunião Anual da Abeno, 2007 4. O SUS como espaço de aprendizagem: oficina de educação em saúde bucal realizada com os agentes comunitários de saúde no município de Jequié - BA Rodrigues AAAO*, Matos PES A s ações de promoção de saúde bucal estão inseridas em um conceito amplo de saúde que transcende a dimensão técnica do setor odontológico, integrando a saúde bucal às demais práticas de saúde coletiva. De acordo com as Políticas Nacionais de Saúde Bucal, inclui trabalhar com abordagem sobre os fatores de risco ou de proteção simultâneos tanto para doenças da cavidade bucal, quanto para outros agravos. A educação em saúde compreende ações que visam a apropriação sobre o processo saúde-doença e possibilita ao usuário mudar hábitos, apoiando-o na conquista de sua autonomia. Os conteúdos de Educação em Saúde Bucal devem ser pedagogicamente trabalhados, podendo ser desenvolvidos debates, oficinas, vídeos, palestras entre outras formas. Nas Equipes de Saúde Bucal as atividades de promoção podem e devem ser realizadas pelo cirurgiãodentista, THD, ACD, ACS e demais membros do PSF, as unidades de saúde constituindo-se em um novo cenário de formação dos profissionais de saúde por meio da educação permanente, devendo as universidades participarem da construção do SUS. Nesse sentido, foi desenvolvida, como parte do conteúdo das atividades práticas da disciplina Odontologia em Saúde Coletiva I, do 4º semestre do curso de Odontologia da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, a I Oficina de Educação em Saúde Bucal, com os temas doença cárie, doença periodontal e orientação de higiene bucal, tendo os Agentes Comunitários como público-alvo – elo entre a comunidade e as unidades de saúde e co-responsáveis com o conhecimento sobre saúde bucal. A oficina contou com cerca de 50 ACS, que participaram de dinâmicas problematizadoras, possibilitando o desenvolvimento de conceitos teóricos e habilidades didáticas que servirão de suporte para suas atividades na comunidade. 5. Atividades de extensão: otimizando o processo ensino-aprendizagem ou sanando deficiências? Barros RMG*, Zafalon EJ, Pereira PZ O processo de evolução do ensino na Universidade mostra uma prática desvinculada das principais necessidades da sociedade, sendo necessário se repensar e reinventar as formas como se lida com o ensino e a aprendizagem na Universidade. A estratégia pode ser através da estruturação de atividades que estabeleçam ou promovam situações que aprimorem o processo. As atividades de extensão constituem ações que contemplam esse requisito, visto constituir atividades que aprimoram tanto a docência como a prática acadêmica. Além disso, representam a projeção que a instituição, de forma geral, e os componentes desta, de forma individual, estabelecem com o meio social onde estão inseridos, instaurando um ciclo de retroalimentação, teoricamente positivo, que justificaria a existência da Universidade na sociedade. O objetivo deste trabalho foi desenvolver análise descritiva, quali-quantitativa, sobre as atividades de extensão realizadas pela Faculdade de Odontologia Prof. Albino Coimbra Filho da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, nos anos de 2006 e 2007. Verificou-se que nesse período foram cadastradas 25 atividades de extensão, com carga horária total de 4.348 horas, beneficiando, em 2006, 731 pessoas; 80% das atividades não requereram recursos financeiros da Instituição e as linhas temáticas predominantes foram saúde e educação. Constatou-se que as atividades acontecem, de forma predominante, concomitantemente às atividades da graduação. Concluiu-se que as atividades de extensão são significativas no processo ensino-aprendizagem, porém, contribuem principalmente para sanear as deficiências de recursos humanos da Faculdade, especialmente docentes. 6. Teleodontologia – homem virtual como objeto de aprendizagem – técnica de exodontia de primeiros molares decíduos inferiores Alencar CJF*, Sequeira E, Chao LW, Haddad AE E ste trabalho tem como objetivo mostrar a utilização do Homem Virtual, uma ferramenta da Telemedicina na Odontologia, abordando os aspectos da teleducação interativa e telessaúde. O Homem Virtual é um objeto de aprendizagem desenvolvido pela Disciplina de Telemedicina da Faculdade de Medicina da USP, que alia computação gráfica em 3D a conhecimento científico para representar o corpo humano com fidelidade (anatomia e fisiologia). O Homem Virtual é eficiente para o ensino de estudantes da área da saúde, inclusive a odontologia, a orientação de pacientes e a educação para promoção de saúde. O programa tem aplicações em con- Revista da ABENO • 7(2):149-87 151 Trabalhos selecionados para apresentação • 42ª Reunião Anual da Abeno, 2007 sultórios, salas de aula e na mídia com possibilidades praticamente inesgotáveis. Atualmente cerca de 6.000 médicos brasileiros utilizam o Homem Virtual em seu consultório para a orientação de pacientes, ele melhora a relação médico-paciente, que passam a entender melhor os processos da saúde humana. Ele não substitui as aulas expositivas e as leituras de um curso de Odontologia, mas é uma ferramenta de apoio útil, que pode ser utilizada até no ensino a distância. O programa pode ser útil para explicar à população algumas funções e mazelas do corpo humano, dando às pessoas oportunidade de entender melhor a própria saúde. Uma das grandes deficiências na formação brasileira é não ensinar sobre saúde sob o ponto de vista da cidadania. O homem virtual pode ter aplicações não só nas faculdades de Medicina e Odontologia, mas também nas escolas de ensino médio. Para desenvolver o programa, “designers” gráficos se valeram de um recurso gráfico bastante semelhante àquele utilizado para comerciais e desenhos em terceira dimensão. A “expertise” de médicos e cirurgiões-dentistas especialistas e o cuidado de estrategistas da educação em tornar o produto didático para diferentes públicos-alvos foi fundamental para conseguir um resultado eficiente. Numa analogia, os médicos especialistas foram os autores da obra, os profissionais da educação foram diretores e roteiristas, e os “digital designers”, produtores e atores. A primeira etapa no desenvolvimento do homem virtual é a modelagem, onde se dá a forma de um órgão, víscera, célula e afins. Depois, é a hora de “texturizar” a imagem, dando a ela um aspecto que se aproxime do real. Por último, são feitas a animação e a renderização (formação da seqüência de quadros que resultará num filminho). Numa parceria entre a Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo e a Faculdade de Medicina, foi desenvolvido imagens de alta qualidade visual e didática do tópico de Exodontia de dentes decíduos posteriores inferiores, desde a indicação, técnica anestésica, técnica exodôntica, até a erupção do sucessor permanente. Este recurso educacional, como objeto de aprendizagem, proporciona a integração dos conhecimentos, desperta a curiosidade e aumenta a velocidade do aprendizado fazendo parte de uma estrutura cognitiva moderna, onde se participa de forma consciente como sujeito do processo ensinoaprendizagem. 152 7. A utilização de dispositivos didático-pedagógicos no ensino da Radiologia Odontológica Miguel LCM*, Cruz GV, Batalha WM, Schubert EW, Àvila LFC A evolução dos métodos de diagnóstico e materiais dentro da prática Odontológica vem cada vez mais facilitando a prática da profissão. Especificamente na radiologia odontológica a evolução das radiografias digitais e ressonância magnética, além de aprimorarem a prática do diagnóstico, trazem a grande vantagem de diminuírem drasticamente a exposição coletiva aos Raios X. No entanto, no ensino de graduação, a disciplina de radiologia necessita, na introdução e desenvolvimento inicial das técnicas radiográficas, o uso de gerador de Raios X. A utilização dessa radiação no Brasil é normatizada pelo Ministério da Saúde. Dosímetros de exposição aos Raios X são utilizados por professores e técnicos do laboratório de radiologia de nossa universidade. No entanto, a prática da disciplina de radiologia realizada pelos alunos de graduação gera radiação, que deve ser controlada, pela própria situação de aprendizado. A utilização de fantomas ou manequins é recomendada pelo Ministério da Saúde com intuito de diminuir a dose de radiação proveniente de exposições deliberadas a seres humanos. A utilização deste recurso é recomendada para diminuir os riscos de exposição à radiação a que são submetidos professores, alunos e pacientes no início do aprendizado da disciplina de Radiologia Odontológica. No entanto, fantomas odontológicos não eram encontrados no mercado odontológico até recentemente, além do que, seu custo é elevado. O presente trabalho mostra a construção de um dispositivo radiológico simplificado e sua utilização no ensino. Sua finalidade é facilitar a compreensão da técnica radiográfica interproximal. O dispositivo possui demarcações angulares, que possibilitam ao aluno simular alterações no ângulo horizontal da técnica. As imagens obtidas permitem relacionar as alterações angulares e as respectivas perdas ou ganhos no valor diagnóstico. Este dispositivo evita exposições desnecessárias de pacientes em um momento em que os alunos estão aprendendo suas primeiras noções sobre este importante meio de diagnóstico. Revista da ABENO • 7(2):149-87 Trabalhos selecionados para apresentação • 42ª Reunião Anual da Abeno, 2007 8. Construindo um outro curso de odontologia: a experiência da Faculdade de Odontologia da UFG Queiroz MG*, Leles CR, Rocha DG, Marcelo VC, Ribeiro-Rotta RF A reorientação da formação na perspectiva das Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) do MEC constitui um desafio na contemporaneidade. Nesse contexto e integrando o Programa Pró-Saúde, a Faculdade de Odontologia da UFG estruturou uma Comissão de Ensino visando à criação de uma agenda orientada para apoio, acompanhamento e avaliação do processo de mudança curricular. A comissão tem como um dos seus objetivos sensibilizar e qualificar os docentes para o processo de mudança na formação do cirurgião-dentista. No início do ano letivo de 2007 a Comissão realizou uma Oficina Pedagógica visando a construção do Programa de Aprendizagem e do Projeto Político Pedagógico da Faculdade de Odontologia da UFG. Um Programa de Aprendizagem tem como fulcro o planejamento da aprendizagem do aluno e nesse sentido é também um instrumento que possibilita a integração das disciplinas em torno de temas, problemas (objetos de aprendizagem), ações ou eixos comuns, resultando em um projeto-compromisso do professor com os alunos e com o conjunto da instituição de ensino superior. Este trabalho tem como objetivo apresentar a experiência desenvolvida por essa oficina de capacitação do docente da Facul- dade de Odontologia da UFG. A oficina foi construída com o objetivo de favorecer um espaço para o docente elaborar e discutir o Programa de Aprendizagem de sua disciplina/área/conteúdo de forma articulada, focalizando-o no processo de aprendizagem do aluno e na consolidação da nova grade curricular do Curso de Odontologia da FO/UFG. Para facilitar essa tarefa a Comissão de Ensino elaborou um roteiro mínimo, explicativo dos itens que deveriam compor esse documento, que foi publicado na página da FO/UFG. Em posse desse roteiro, os professores, dentro de suas áreas de atuação, elaboraram os seus Programas de Aprendizagem que foram apresentados para o conjunto dos docentes. Foram convidadas duas professoras da área da pedagogia para participar dessa apresentação com a finalidade de avaliar a elaboração e a coerência dos mesmos a partir das mudanças propostas para o Curso de Odontologia da FO/UFG. Essa experiência, além de ter os seus objetivos atingidos, resultou na maior visibilidade da nova grade curricular implantada em 2006 pelo conjunto dos professores, na revisão dos conteúdos a serem ministrados, na discussão e construção coletiva de outras metodologias de ensino e avaliação da aprendizagem. Subsidiou a Comissão de Ensino no processo de construção do Projeto Político da FO/UFG e foi possível identificar as necessidades e as demandas dos docentes visando a implementação e o gerenciamento do processo de mudança da formação dos profissionais de saúde dentro da FO/UFG. pôsteres 1. Possibilidades interacionais entre Enfermagem e Odontologia no ensino de graduação Crivello-Junior O*, Fracolli RA, Escudero BT, Stefani FM O dontologia e Enfermagem não possuem um histórico de atuarem em parceria, seja na vida profissional como na acadêmica. Tradicionalmente, a Enfermagem atua em ações de cuidado ao paciente e suas necessidades, tendo estabelecido com a Medicina uma parceria que resulta na otimização do atendimento do mesmo, seja no hospital ou em ambulatórios. Já a Odontologia, historicamente falando, sempre atuou junto ao paciente de forma mais individual. A interação entre Enfermagem e Odontologia ainda é muito incipiente, sendo realizada basicamen- te no âmbito hospitalar, mais especificamente em setores como pronto-atendimento e centro cirúrgico. Se analisarmos com cuidado, há diferentes oportunidades onde a Enfermagem pode auxiliar a profissão odontológica e influir decisivamente em sua evolução, pois trabalhando em parceria, trocam-se experiências, ampliam-se conhecimentos, favorecendo também o desenvolvimento de pesquisas para que haja além do crescimento de tais profissionais, uma excelência de atendimento ao paciente odontológico. Nas práticas de ensino, existem diferentes ocasiões onde a Enfermagem pode atuar em conjunto com a Odontologia, contribuindo nas práticas de formação em BLS (“basic life support”) ou ACLS (“advanced cardiac life support”) como parte da formação do graduando, bem como em práticas adequadas de administração de medicações IV ou IM em algumas Revista da ABENO • 7(2):149-87 153 Trabalhos selecionados para apresentação • 42ª Reunião Anual da Abeno, 2007 disciplinas. Na observação e respeito às normas de biossegurança, a enfermagem odontológica garante a esterilização dos materiais para os alunos atuarem, supervisiona a higienização adequada da clínica odontológica, orienta os alunos em relação à prevenção da infecção cruzada, no preparo dos materiais a serem esterilizados, no descarte adequado dos resíduos de serviços de saúde, realiza o primeiro atendimento às possíveis emergências que possam ocorrer dentro da Clínica Odontológica. Na Faculdade de Odontologia da USP, a partir da contratação de uma profissional graduada em enfermagem, todas as possibilidades de interação estão sendo desenvolvidas e otimizadas para que a formação voltada para o paciente como um todo seja melhor enfatizada. 2. Educação em saúde bucal: uma abordagem lúdica – UNISC Marques BB*, Bohn D, Klein IV, Bergesch V, Moraes RB A creditando que a educação é de suma importância para o desenvolvimento/manutenção de hábitos saudáveis, e cientes de que a prevenção é fundamental, o Curso de Odontologia da Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC) desenvolve o Projeto “Educação em Saúde Bucal: Uma Abordagem Lúdica”. Inicialmente o objetivo era beneficiar crianças de até 10 anos, pois acredita-se que nesta faixa etária as crianças estão aptas a receber e absorver os ensinamentos, assim como expressá-los na forma de hábitos, e sendo estes corretos, a prevenção será alcançada. Entretanto, no decorrer das atividades, outros grupos, como adultos e idosos foram incluídos no projeto. Inicialmente a inclusão de outras faixas etárias representou um desafio, mas no desenvolvimento das ações pôde-se perceber que o lúdico tem sua importância em qualquer etapa da vida. Assim, o diferencial deste projeto é o uso de recursos lúdicos como fantoches, cartazes de orientação sobre a realização da higiene bucal, quebra-cabeças, álbuns seriados, canções, macro-modelos, escovão, escovas e fios dentais, bonecos e uma peça teatral. Os quais têm a função de estimular o interesse dos beneficiados pelas informações sobre saúde bucal transmitidas, facilitar a sua compreensão e estabelecer e/ou manter bons hábitos de higiene e alimentares. Quando o trabalho é direcionado às crianças, se não estão sendo desenvolvidas ações educativas relacionadas à saúde bucal na instituição, as atividades são divididas em etapas, através de três encontros. O primeiro encontro é direcionado 154 a um diálogo com os beneficiados para debater temas de saúde bucal (importância e forma correta da realização da higiene bucal, cárie dental, halitose, problemas periodontais, placa bacteriana, troca da dentição decídua para a permanente, traumatismo dental e desestímulo aos hábitos como chupeta, sucção digital e mamadeira). Num segundo momento é realizada higiene bucal supervisionada. Para encerrar a série de encontros é apresentada uma peça de teatro que aborda os assuntos trabalhados de uma forma descontraída e de fácil entendimento pelos beneficiados, onde há interação com os personagens no decorrer da apresentação. Quando já são desenvolvidas atividades voltadas à educação em saúde bucal na instituição, ou quando os beneficiados são adultos ou idosos, é realizada apenas a apresentação da peça de teatro. Neste caso, para os adultos/idosos, além dos temas cárie dental e doença periodontal, são enfatizados os cuidados com o uso de próteses dentárias, e especialmente a importância e como fazer o autoexame, visando o diagnóstico precoce de câncer bucal. O projeto ganhou grande repercussão regional, sendo desenvolvido em vários municípios, e a cada atividade realizada, surgem pedidos para a realização das mesmas em outros locais. Os resultados do trabalho são obtidos através de questionários específicos aplicados aos participantes posteriormente à realização dos trabalhos. 3. Extensão no ensino: a aplicação do conhecimento em cenários de prática diversificados Marques BB*, Gonçalves EMG, Grazziotin GB, Reis MS, Moraes RB A realização de projetos de extensão no Curso de Odontologia da UNISC (Universidade de Santa Cruz do Sul) tem valorizado a recomendação do Ministério da Educação e Cultura, que por meio de suas Diretrizes Curriculares Nacionais, em relação à formação profissional que é “... capacitar ao exercício das atividades referentes à saúde bucal da população, pautado em princípios éticos, legais e na compreensão da realidade social, cultural e econômica do seu meio, dirigindo sua atuação para a transformação da realidade em benefício da sociedade”. Também se destaca que os projetos de extensão integram o conhecimento técnico-científico com a aplicação deste em benefício da comunidade regional. Esses projetos têm como objetivo proporcionar aos acadêmicos uma visão ampliada da atuação do cirurgião-dentista, ofe- Revista da ABENO • 7(2):149-87 Trabalhos selecionados para apresentação • 42ª Reunião Anual da Abeno, 2007 recendo oportunidades de ensinar aprendendo através do contato/integração com a sociedade. Os alunos optam pelo projeto que desejam participar, de acordo com sua vontade. São oferecidas bolsas remuneradas e não remuneradas (voluntário). Atualmente o Curso desenvolve os seguintes projetos de extensão: Atenção à Saúde da Criança e do Adolescente; Educação em Saúde Bucal: Uma Abordagem Lúdica; Odontologia Hospitalar – adequação do meio bucal; Escolares; Diagnóstico Bucal e Neoplasias; Reabilitação de Pacientes Oncológicos Submetidos à Quimioterapia e Radioterapia do Hospital Ana Nery (Santa Cruz do Sul); Atenção em Saúde Bucal no Município de Vera Cruz. Através dos projetos de extensão o Curso de Odontologia da UNISC oferece aos seus acadêmicos oportunidades de aproximação com a sociedade em diferentes situações e cenários de prática: atuação em hospitais (setores da maternidade, pediatria e adulto); escolas de educação infantil; escolas de ensino fundamental; atendimento clínico para prevenção de lesões de boca e diagnóstico precoce do câncer bucal; ações de educação em saúde; prevenção, tratamento e acompanhamento de casos clínicos de traumatismo dentário; tratamento conservador da polpa dental; acompanhamento dos serviços da rede (postos de saúde e Programas de Saúde da Família) e tratamento de pacientes oncológicos nas clínicas da universidade. 4. Ensinando, pesquisando e realizando extensão Condeixa DC*, Lopes CMCF, Schubert EW O curso de Odontologia da UNIVILLE fundamentou o seu Projeto Político Pedagógico (1997) nas novas diretrizes curriculares que estavam sendo discutidas nas reuniões da ABENO. Nossos principais objetivos de mudança eram: a menor fragmentação possível do ensino e a criação de estágios que extrapolassem os muros da universidade. Na organização da grade curricular, instituímos a disciplina de Atividades Extramuros onde os acadêmicos estagiariam em oito campos: dois hospitais da rede pública, ambulatório do SUS, ancionato, unidade de atendimento a pacientes com necessidades especiais, centro de atendimento a pacientes portadores de deformidades lábiopalatais e unidade do PSF. Faltava uma comunidade carente onde os formandos pudessem relacionar a incidência das doenças bucais com o padrão sócio-economico-cultural da população e prestar atendimento. Para viabilizar este último campo de estágio pensamos na criação de um programa de ex- tensão permanente e implantamos o Programa de Extensão “Sorria Vila da Glória” que, existindo há quatro anos, tornou-se verdadeira prática do Art. 207 da Constituição, que diz “... as universidades obedecerão ao princípio de indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão”. Sobre esses três pilares muito se tem teorizado, porém vivenciando experiências, observamos estas ações totalmente dissociadas e pior, disputando as atenções e verbas nas IES. Muitas servem a objetivos diferentes que não àquele que é a razão do seu existir, a constante melhoria da capacitação ética e formativa dos acadêmicos. O ensino, a pesquisa e a extensão existem, em algumas universidades, voltados cada um para si mesmo, mostrando estatísticas de suas realizações, sem analisar o que realmente concretizaram na formação do acadêmico. Tentando encontrar uma nova compreensão da prática da integração destes pilares nos reportamos às definições dessas três ações básicas e notamos que não encontraremos dificuldade em entendermos o que seja “ensino superior”, nem tampouco será difícil compreendermos as ações da “pesquisa acadêmica”, mas quando buscamos entender a “extensão universitária” encontramos diferentes conceitos. A extensão universitária pode oportunizar a integração dos três pilares da universidade e fechar o ciclo onde a pesquisa aprimora e produz novos conhecimentos, os quais são difundidos pelo ensino e a extensão que por sua vez produz pesquisa, aprendizagem através do fazer e insere a comunidade como norteadora das necessidades dos saberes para que estes revertam em benefício do desenvolvimento de tudo e de todos. O Programa “Sorria Vila da Glória”, atuando em várias frentes de trabalho, oferece oportunidades de estágio e bolsas de estudo aos acadêmicos, independente do ano que estejam cursando, realizando verdadeira integração entre ensino, pesquisa e extensão universitária. Um programa de extensão universitária bem planejado e orientado proporciona um espaço ideal para o exercício do ensino-aprendizagem atual da odontologia. 5. Proposta da FOP/UNICAMP para o programa Pró-Saúde Pereira AC*, Meneghim MC, Mialhe FL, Sousa MLR O Objetivo deste estudo é apresentar a proposta da Faculdade de Odontologia de Piracicaba (UNICAMP) para o Programa Nacional de Reorientação da Formação Profissional em Saúde - Pró-Saúde (Portaria interministerial nº2101 – Art. 1º), projeto Revista da ABENO • 7(2):149-87 155 Trabalhos selecionados para apresentação • 42ª Reunião Anual da Abeno, 2007 este contemplado em Dezembro de 2005. Apresentase, inicialmente, a situação atual da instituição frente aos vetores: a) Orientação Teórica, b) Cenário de Prática e, finalmente, c) Orientação Pedagógica, além de tecerem-se comentários sobre qual seria a situação desejada e as estratégias de ensino que começarão a ser implementadas a partir do ano de 2008. Descrevem-se as sugestões relativas à mudança curricular, com ênfase na reestruturação de disciplinas com maior interdisciplinaridade; criação de mecanismos de participação de graduandos em atividades comunitárias com prática clínica em diversos cenários de prática; e, finalmente, as formas de integração entre a universidade e os gestores municipais de saúde, com o objetivo de fortalecer o SUS. As formas de participação docente no projeto, bem como os programas comunitários desenvolvidos pela Instituição e, conseqüentemente, as formas de participação discente nos mesmos, serão apresentadas. A implementação da proposta do projeto para o programa Pró-Saúde poderá melhorar qualitativamente a questão do ensino de graduação na FOP/UNICAMP, propiciando uma aproximação dos princípios teóricos acadêmicos com a prática clínica comunitária desenvolvida nos seviços públicos de saúde. 6. Variabilidade na detecção da lesão cariosa e plano de tratamento para superfícies oclusais realizados por graduandos do último período de um curso de odontologia Mialhe FL*, Alves WF, Silva RP, Pereira AC, Meneghim MC A s mudanças observadas no padrão de desenvolvimento da cárie dentária têm gerado maiores dificuldades para os clínicos detectarem com precisão a presença e extensão da lesão cariosa e também dúvidas em relação às decisões de tratamento. Apesar da importância do tema, pouco se sabe desta problemática em alunos de cursos de odontologia. Desta forma, o objetivo deste estudo foi avaliar a concordância interexaminador acerca da detecção da lesão cariosa e decisão de tratamento para cárie oclusal entre graduandos do último ano de um curso de odontologia. Vinte dentes posteriores permanentes sem cavitações aparentes foram montados em um manequim odontológico e radiografados pela técnica “bitewing”. Todos os acadêmicos (61) do último período de um curso de odontologia do interior do estado de São Paulo avaliaram estas superfícies, por 156 meio de exame clínico-radiográfico, realizaram a detecção de cárie e sugeriram um plano de tratamento para cada uma delas. A concordância interexaminador foi obtida a partir da estatística Kappa. Verificouse que a concordância interexaminador para a detecção de cárie (κ = 0,54), a determinação de sua atividade (κ = 0,50) e para a tomada de decisão clínica (κ = 0,52), foi considerada moderada para os critérios avaliados. A modalidade de tratamento nãoinvasivo mais recomendada foi o selante resinoso (35,31%), enquanto que restaurações com resina fotopolimerizável foi a estratégia invasiva mais recomendada (71,08%). Portanto, os resultados evidenciam a necessidade de estratégias de ensino/aprendizagem baseadas em treinamentos/ calibrações constantes dos acadêmicos para minimizar estas variações, contribuindo para a formação de um profissional dentro da filosofia de promoção de saúde. Sugere-se a adoção deste tipo de metodologia como instrumento para se avaliar este tipo de problemática entre os graduandos. 7. O mercado de trabalho de profissionais egressos do Curso de Odontologia da Universidade de Fortaleza Noro LRA*, Nogueira AS O mercado de trabalho na área odontológica sofreu significativas alterações ao longo dos últimos anos. Em função disto, o presente estudo buscou identificar como tem se dado a inserção dos egressos do Curso de Odontologia da Universidade de Fortaleza neste mercado de trabalho. Para desenvolvimento desta pesquisa, de caráter quantitativo, foi utilizado questionário estruturado respondido por ex-alunos do Curso de Odontologia da Universidade de Fortaleza durante o II Congresso Internacional de Odontologia, em maio de 2006, na cidade de Fortaleza. Visando composição adequada da amostra foram estabelecidos erro aceitável de 5%, nível de confiança de 99,9% e prevalência de 25% dos eventos pesquisados. Considerando-se um total de 600 egressos, a amostra foi composta de 58 egressos que compareceram ao “stand” da Universidade de Fortaleza, sendo 74,1% dos respondentes do sexo feminino. De acordo com a análise dos dados, 53,4% dos entrevistados apresentam vínculo com o serviço público e 72,4% possuem consultório próprio. Daqueles que mantêm relação com o serviço público 61,3% realizam suas atividades no interior do Estado do Ceará enquanto, dos que estão fora do serviço público, 85,2% têm suas Revista da ABENO • 7(2):149-87 Trabalhos selecionados para apresentação • 42ª Reunião Anual da Abeno, 2007 atividades na capital. A satisfação com a profissão esteve presente nas respostas de mais de 65% dos entrevistados, independente da idade, gênero e tempo de formado. Apenas 6,9% declaram-se insatisfeitos com a profissão, apesar de 56,9% declararem que a renda mensal é inferior ao esperado. Em relação à média salarial 80% dos homens e 72,7% daqueles com cinco a oito anos de formado apresentaram renda salarial maior que R$ 2.000,00. O Programa Saúde da Família, principal empregador do serviço público de saúde, tem propiciado aos municípios do interior do estado de Ceará um aporte maior de cirurgiõesdentistas, permitindo um maior acesso a esta população ao tratamento odontológico e à prevenção de doenças bucais. Os cirurgiões-dentistas do sexo masculino apresentaram no presente estudo maior possibilidade de atingir uma renda mais satisfatória, quando comparados com as mulheres. Da mesma forma, quanto maior o tempo de formado, melhor a perspectiva de se atingir uma melhor renda salarial. A satisfação com a profissão, identificada na maioria das respostas dos participantes da pesquisa, não está necessariamente ligada ao componente renda salarial mas a outros elementos tais como fazer o bem ao próximo, resolver problemas de saúde e sentir-se importante para os pacientes. 8. Resultados preliminares da aplicação do Teste do Progresso na FOUSP: o ganho cognitivo do aluno ao progredir no curso Crivello-Junior O*, Maltagliati LA, Araujo ME D amos continuidade a apresentações de resultados preliminares conseguidos pelo Teste do Progresso realizado anualmente desde 2004. O Teste do Progresso é uma forma de avaliação longitudinal, ou de formação, do cognitivo e é assim chamado pelo fato de se repetir ao longo do tempo (Rev. ABENO, 2005 e 2006). O modelo de avaliação aplicado anualmente é uma prova em forma de teste, com 80 questões com 5 alternativas sem a opção nenhuma das anteriores. As questões foram elaboradas por professores das disciplinas e o conteúdo solicitado é de temas vitais para a formação generalista. A prova anual foi aplicada aos alunos do primeiro ano em 2004; em 2005 para os alunos do primeiro e segundo ano; 2006 englobou os alunos do primeiro, segundo e terceiro anos do curso integral. Ainda que os resultados preliminares indiquem que o ganho cognitivo dos alunos é crescente já há algumas indicações de que os alunos têm dificuldade em reter algum conhecimento adquirido no primeiro ano. Este fato pôde ser demonstra- do pela análise específica de questões de Bioética e Metodologia Científica, disciplinas do primeiro ano do curso e que tomamos neste momento inicial de análise como exemplos. O resultado relativo a essas questões parece indicar que começa a haver uma falta de segurança do aluno em apontar conclusivamente a resposta correta. Para isso analisamos o quadro relativo de como o aluno decidiu sua resposta com as seguintes opções: resposta assinalada com certeza, através da dedução e, como terceira opção, o chamado “chute”. Esse quadro é preenchido pelos alunos paralelamente e no mesmo momento em que ele está respondendo aos testes. Ao mesmo tempo poder-se-á analisar a qualidade do teste elaborado e verificar com esse cruzamento se esta perda de certeza se deve à falta da retenção do que foi anteriormente aprendido ou se deve à elaboração do teste. O Teste do Progresso que é aplicado no curso de Odontologia da FOUSP vem alcançando seus objetivos primários e mostrando que o aluno mantém seus conhecimentos cognitivos ao longo do curso mesmo havendo uma certa separação entre ciclo fundamental e clínico. Há indícios, porém, de insegurança em algumas respostas analisadas de disciplinas que o aluno cursou em semestres anteriores. Trabalhar esse ponto é um desafio que merecerá discussões e estudos complementares. 9. Representações sociais dos estudantes de graduação da Unimontes sobre o mercado de trabalho em Odontologia Abreu MHNG*, Costa SM, Bonan PRF, Durães SJA A Odontologia vivencia mudanças no mercado de trabalho. A crise no mercado e a escassez de estudos qualitativos sobre o tema justificaram esta pesquisa, que objetivou analisar as representações sociais dos alunos da Universidade Estadual de Montes Claros, Unimontes, em relação ao curso e o mercado de trabalho em Odontologia. Após aprovação pelo Comitê de Ética, realizou-se um estudo piloto. Para o estudo principal, a seleção da amostra foi a probabilística casual simples, estratificada, definida pelo critério da reincidência dos dados. Estudantes de ambos os gêneros e de todos os períodos do curso participaram do estudo. O método usado para coleta de dados, em 2006, foi a entrevista semi-estruturada. Através da técnica híbrida de análise de conteúdo, identificaram-se categorias, cujas variáveis foram analisadas. Segundo os discentes, o curso favorece inserção no mercado de trabalho devido ao conceito obtido nas avaliações do Revista da ABENO • 7(2):149-87 157 Trabalhos selecionados para apresentação • 42ª Reunião Anual da Abeno, 2007 MEC e a integração entre ensino e serviço. No entanto, a infra-estrutura do curso é apontada como uma deficiência para a inserção no mercado. Quando se compara o mercado de trabalho em Odontologia com o de outras áreas da saúde, observa-se que a odontologia é percebida como aquela com maiores dificuldades devido à relação oferta/procura, desvalorização da profissão e “saturação” do mercado. Dentre os requisitos para se sobressair no mercado, os discentes comentam sobre a escolha da região de atuação profissional e a importância da inserção no setor público. Concluiu-se que, para os alunos, o mercado de trabalho em Odontologia apresenta maiores desafios do que em outras profissões da saúde. Entretanto, a integração ensino-serviço da universidade e a oferta de empregos no setor público são percebidas como fatores facilitadores para inserção no mercado de trabalho atual para o cirurgião-dentista. 10. Protocolos de atendimento clínico da disciplina de clínica odontológica integrada – UNIARARAS Braga LCC*, Bozzo RO, Scatolin GC, Bueno JC, Zan FN A Disciplina de Clínica Odontológica Integrada é responsável pela sistematização dos conhecimentos teóricos, laboratoriais e clínicos adquiridos ao longo do curso de odontologia, sendo sua aplicação capaz de atender a todas as necessidades de atenção odontológica aos pacientes, nos modos de educação em saúde, prevenção, diagnóstico, emergências e atendimentos domiciliares. Para que o profissional em Odontologia consiga efetivar sua organização e entendimento de todas as disciplinas pré-curriculares alguns fatores tornam-se importantes na correlação da obtenção de resultados satisfatórios. Os autores têm por objetivo demonstrar a sistemática prévia para o atendimento clínico, suas principais características e implantação dos processos de triagem, avaliação de exames complementares, prevenção, plano de tratamento geral e específico na busca dos recursos pedagógicos para a formação de um profissional generalista, com prática humanística e capaz de atuar em nível comunitário, com eficácia e consciência. Concluiu-se que o processo integrado de avaliação prévia para início dos planos de tratamentos propostos faz-se necessário ao entendimento clínico para a formação acadêmica com a real necessidade de uma avaliação profunda dos aspectos do ensino odontológico no Brasil e, à junção de todos esses elementos, além de aumentar a produtividade, cria o caráter de organização, sendo responsável pela me158 lhoria na qualidade de vida desses profissionais e pacientes em todo o processo gerando um futuro profissional com vivência clínica a fim de que se possa diagnosticar, planejar e avaliar os casos clínicos. 11. Clínica integrada odontológica: perfil de atendimento versus expectativa dos pacientes Braga LCC*, Bozzo RO, Arebalo IR, Rocha MM, Zan FN A s Instituições de ensino odontológico, bem como de qualquer outra atividade profissional, surgiram em decorrência dos problemas e necessidades vividos pela sociedade. O surgimento de uma profissão regulamentada por leis que legitimam as pessoas ao seu exercício, e apoiada em Códigos de Ética que resguardam a relação dos profissionais com os pacientes, delimitados por direitos e deveres, promove a harmonia social. Quanto às decisões referentes à seleção e ao tratamento dos pacientes dentro de uma instituição de ensino, este é um tema que envolve muitas dificuldades e questionamentos, correlacionando o ponto de vista do ensino e da pesquisa com os aspectos éticos. Estas decisões, ao serem tomadas, devem ter embasamento científico e objetivar primordialmente o benefício do paciente. As Instituições de Ensino Odontológico, além do seu papel formador, são fonte geradora de conhecimento científico e tecnológico para a humanidade, devendo acompanhar as mudanças tecnológicas e desenvolver técnicas avançadas, sem desprezar o pioneirismo científico, adequando-o, entretanto, à realidade das necessidades sociais e do poder aquisitivo da população e acompanhando as transformações econômico-sociais do país. O objetivo desta pesquisa é revelar diferentes dimensões da relação acadêmico-paciente na Clínica Odontológica Integrada, descrevendo: perfil sócio-econômico-cultural, noções de responsabilidade aos atendimentos, satisfação, organização e aprendizado. A abordagem realizada foi qualitativa, com técnica de entrevista entre os pacientes realizadas por acadêmicos do 3º semestre nos atendimentos clínicos dos acadêmicos do 5º semestre. Conclui-se que há uma diferença socioeconômica-cultural entre os pacientes que necessitam de atendimento clínico. A natureza da relação ainda é prioritariamente técnica, porém incorporando valores éticos e humanísticos que podem ser trabalhados dentro do ambiente clínico, tendo um abrangente reconhecimento no trabalho desenvolvido pelos acadêmicos na atenção à saúde e prevenção com elevada satisfação manifestada pelos pacientes em atendimento. Revista da ABENO • 7(2):149-87 Trabalhos selecionados para apresentação • 42ª Reunião Anual da Abeno, 2007 12. Caracterização do atual aluno de Odontologia da Universidade de São Paulo Favoretto DT*, Crivello-Junior O, Araujo ME, Lemos JBD P olíticas sociais de ingresso para a Universidade de São Paulo foram introduzidas em 2007. Através dessa política a universidade pretende aumentar o percentual de alunos originados das escolas públicas em seus diferentes cursos. Visto que, atualmente, esse perfil de alunos é a minoria nos cursos da USP. A Odontologia se insere nesse contexto tendo recebido alunos com este perfil no ano de 2007. A preocupação que se impõe para o futuro agora é a manutenção destes alunos no curso evitando-se que aumente a evasão do curso de Odontologia que se mantém pequena há muitos anos. Com vistas a fornecer informações que servirão de subsídios para políticas universitárias propomos neste trabalho avaliar o perfil do aluno da Odontologia da USP segundo os seguintes fatores: origem e perfil escolar; procedência e tempo de ingresso necessário para aprovação no vestibular após o encerramento de seus estudos no ensino médio. Dessa forma, partir desses dados possibilita-se uma discussão se esses alunos provenientes das políticas de inclusão estão realmente em condições de se adequarem às necessidades do curso de odontologia. Os dados foram obtidos através dos dados escolares dos ingressantes na Odontologia da USP desde o ano de 2003 até 2007, em um total de 750 alunos, fornecidos tanto pelos alunos à instituição como pela FUVEST. Alunos de intercâmbio foram excluídos do levantamento de dados, visto que esses são selecionados por um processo peculiar do país de origem, não passando pelos exames vestibulares da USP. Quanto aos dados obtidos, nota-se a predominância de alunos provenientes de escolas particulares e residentes em áreas nobres da cidade de São Paulo. Quanto aos alunos de escolas públicas, pode-se notar que há um maior tempo entre o término do ensino médio e o ingresso na Universidade, conseqüentemente, iniciando o curso de odontologia com mais idade do que os demais. Outro dado interessante é a quase inexistência de alunos oriundos de outras cidades e que tenham cursado o ensino médio em escola pública. As discussões sobre as políticas sociais de ingresso na Universidade ganham novos conteúdos e bases, mas deverão ser alicerçadas sobre novos estudos para avaliação não somente do acesso mas da continuidade desses alunos na Faculdade de Odontologia. 13. As atividades de Estágio Supervisionado em ambiente hospitalar: experiência do curso de Odontologia do Centro Universitário Newton Paiva Mendonça SMS*, Abreu MHNG, Parreiras PM, Pereira JAM, Aguiar FTR O estágio supervisionado nos cursos de Odontologia permite que o discente entre em contato com o sistema de saúde, conhecendo seu contexto profissional e atuando de forma interdisciplinar. Com este propósito, o curso de Odontologia do Centro Universitário Newton Paiva tem em sua dinâmica curricular o conteúdo de Estágio Supervisionado IV, oferecido aos discentes do nono período de graduação. Sua carga horária totaliza 240 horas, das quais 160 são destinadas às atividades práticas e 80 ao conteúdo teórico. As atividades práticas acontecem nas modalidades rural e metropolitana. Este trabalho objetiva relatar a experiência da disciplina de Estágio Supervisionado IV especificamente no Hospital São Bento, em Belo Horizonte - MG. O Hospital São Bento é um dos locais de prática da modalidade metropolitana. Esse é um Hospital privado, conveniado com o SUS, com 78 leitos e ênfase no tratamento ortopédico e de traumatologia. Neste local, os alunos desenvolvem algumas atividades de Odontologia Hospitalar em atenção primária, atuando em conjunto com os demais profissionais. Os usuários internados no hospital, incluindo aqueles do CTI, recebem cuidados básicos em saúde, tais como exame clínico da cavidade bucal, atividades educativas e atendimento clínico emergencial. Esse trabalho visa melhorar a qualidade de vida do indivíduo hospitalizado, bem como evitar que problemas bucais interfiram em seu tratamento. Tais cuidados também podem prevenir e tratar alterações bucais associadas às doenças preexistentes ou decorrentes de uso de medicação. Paralelamente, os discentes atuam como multiplicadores, informando e capacitando a equipe de enfermagem deste Hospital para executar, da forma mais adequada, a limpeza da cavidade bucal dos pacientes internados, respeitando-se o grau de incapacidade de cada um. Além disso, é realizado o atendimento odontológico clínico, em atenção básica, aos funcionários do Hospital. As atividades do conteúdo de Estágio Supervisionado IV possibilitam que o discente enfrente a realidade profissional, inserindo-o em programas de atendimento ao público, estimulando sua autoconfiança, melhora de suas habilidades técnicas, capacidade diagnóstica e planejamento clínico, procurando de- Revista da ABENO • 7(2):149-87 159 Trabalhos selecionados para apresentação • 42ª Reunião Anual da Abeno, 2007 senvolver seu senso crítico e ético. A disciplina também visa contribuir para o crescimento pessoal dos discentes, acompanhando-os e auxiliando-os no enfrentamento de situações de desafio e conflitos. No caso da prática no Hospital, acredita-se que essa experiência possibilita que o futuro cirurgião-dentista seja preparado para atuar em ambiente hospitalar, colaborando para uma atenção integral ao paciente, bem como para a diminuição de custos e média de permanência hospitalar. 14. Estágio Supervisionado IV: relato da experiência do curso de Odontologia do Centro Universitário Newton Paiva Mendonça SMS*, Abreu MHNG, Brasileiro CB, Zocratto KBF O curso de Odontologia do Centro Universitário Newton Paiva tem como objetivo a formação de um profissional com sólido embasamento técnicocientífico, ético e humanista. Seu programa de estágio supervisionado proporciona a complementação do ensino e da aprendizagem, ampliando a vivência dos acadêmicos nas diversas áreas da Odontologia. Desenvolve-se de forma articulada e com complexidade crescente ao longo do processo de formação, de acordo com as Diretrizes Curriculares Nacionais. Assim, as disciplinas de estágio supervisionado estão distribuídas na estrutura curricular do curso desde o primeiro período. No último semestre de graduação, o mencionado programa é finalizado com a disciplina de Estágio Supervisionado IV, quando os acadêmicos são inseridos no contexto profissional, saindo de práticas realizadas exclusivamente dentro do espaço físico formal para atividades extramuro. O Estágio IV é realizado em duas modalidades. A primeira na forma de internato rural em cidades localizadas no interior do estado de Minas Gerais (Belo Vale, Congonhas, Pequi) e a outra como estágio metropolitano, realizado em centros de atenção odontológica da região metropolitana de Belo Horizonte, pertencentes às entidades parceiras como a Paróquia Nossa Senhora Rainha, Fundação CDL, Cidade dos Meninos São Vicente de Paulo e Hospital São Bento. Tem como objetivo geral permitir que o aluno atue atendendo à população assistida pelas instituições parceiras, conhecendo sua realidade de vida e focando-se principalmente nas questões de saúde bucal. Isso permite a troca de conhecimentos, experiências e serviços entre alunos, população e serviço de saúde, estimulando o raciocínio crítico do discente na medida em que o integra na comunidade. A carga horária do 160 conteúdo é de 240 horas, divididas em 80 horas de atividades teóricas e 160 horas de atividades práticas. Dentro das atividades teóricas são trabalhados os conteúdos de Políticas de saúde, SUS, legislação em saúde, promoção/educação em saúde bucal, relacionamento/conflitos interpessoais, diagnóstico pulpar e condutas emergenciais. Como prática, são realizados atendimentos clínicos em atenção básica e procedimentos coletivos de promoção/educação em saúde bucal. Ao final das atividades, é realizado um grande seminário onde os alunos dividem as experiências vivenciadas, levantando pontos positivos e pontos de alerta sobre o local de estágio, seu desempenho como discente, a situação da saúde no Brasil, organização de serviços, dentre outros. Neste momento, procuram apontar possibilidades inteligentes e reais para solucionar grandes impasses da área da saúde. Tem sido constatado que a disciplina proporciona um amadurecimento profissional e pessoal importante para os acadêmicos. Além disso, essa vivência possibilita o conhecimento dos serviços de saúde bucal e de habilidades e atitudes que vão ao encontro das políticas nacionais de saúde bucal e das diretrizes curriculares nacionais para os cursos de odontologia. 15. A Avaliação dentro do processo de ensino-aprendizagem nas Disciplinas de Atividades Clínicas do curso de graduação em Odontologia da Univille tendo como referência as DCN Miguel LCM*, Andrades KMR, Madeira L, Barbosa MC, Ávila L A partir da elaboração e orientação das Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) dos Cursos de graduação em Odontologia novas propostas, inovações e mudanças têm ocorrido na formação destes alunos. A criação do curso de Odontologia da UNIVILLE introduziu o conceito de clínicas integradas por níveis de complexidade, com o objetivo de formar um profissional cirurgião-dentista com o perfil tendo como referência estas DCN. Procura-se dar ao egresso do Curso de odontologia da UNIVILLE um perfil “generalista, com formação humanista, crítica e reflexiva, para atuar em todos os níveis de atenção à saúde, com base no rigor técnico e científico, pautado na ética e nos princípios legais, compreendendo a realidade socioeconômica do seu meio, de forma a atuar transformando esta realidade em benefício da sociedade”. Dentro deste preceito, uma das maiores dificuldades do processo de ensino-aprendizagem den- Revista da ABENO • 7(2):149-87 Trabalhos selecionados para apresentação • 42ª Reunião Anual da Abeno, 2007 tro das disciplinas de Atividades Clínicas é o conceito da Avaliação do discente. Constitui-se um desafio pedagógico, dentro da quantidade de informações acumuladas ao longo dos cinco anos de curso, como avaliar este aluno. Não podemos considerar mais cada aluno como um depósito de informações, como possuindo um “disco rígido” com “gigabytes” de informações acumuladas em todas as disciplinas efetivamente desenvolvidas nas Atividades Clínicas em suas várias complexidades. Esta avaliação deve levar em conta o perfil estabelecido nas DCN, contemplando também todos os aspectos relacionados ao aprendizado. Mais do que memorizar a quantidade de informações colocada a sua disposição no decorrer do curso, o aluno deverá através da avaliação teórica, ter a capacidade de saber como e onde buscar as informações que o ajude na resolução de seus problemas clínicos. A avaliação individual deve compreender a atuação do aluno no atendimento aos pacientes e todos os aspectos relacionados a esta atividade. A avaliação qualitativa é determinada em conselhos de classe, onde todos os professores orientadores manifestam aspectos como ética, acolhimento, responsabilidade com os horários e prontuários. Assim todo o conjunto do processo de avaliação assegura a formação do egresso com o perfil proposto. Esta abrangência qualitativa e quantitativa no processo de avaliação confere uma visão mais completa do aluno, possibilitando possíveis correções no aprendizado mais facilmente. O objetivo deste trabalho é apresentar o processo de avaliação empregado nas disciplinas de Atividades Clínicas do curso de graduação em Odontologia da UNIVILLE, tendo como referência as DCN. 16. Mudança de paradigma: uma nova classificação de cavidades inserida no ensino da dentística restauradora Miguel LCM*, Schein MT, Schubert EW, Cyrino L, Madeira L A odontologia restauradora tem se baseado por mais de um século na classificação de cavidades proposta por G. V. Black. Com o passar dos anos e principalmente a partir do final do século XX, a odontologia restauradora teve um grande desenvolvimento na área de materiais e técnicas restauradoras. Aliado a este desenvolvimento de materiais e técnicas restauradoras, um melhor entendimento do processo de desmineralização e remineralização dental proporcionou que as cavidades se limitassem à remoção dos tecidos irreversivelmente desorganizados. Reflexo, pelo menos em parte, dos limitados equipamentos e materiais daquela época, essa classificação apresenta limitações que, para o estágio atual da odontologia, estão cada vez mais relevantes. Tornou-se possível, cada vez mais, devolver forma, função e estética aos elementos dentais com uma mínima invasão e perda dental. Nos preparos atuais a forma da cavidade tende a ser limitada aos tecidos irreversivelmente desorganizados e não passíveis de remineralização, não correspondendo a uma forma de preparo cavitário pré-estabelecida. Atualmente, não há “preparo padrão”. Se antes se pensava em extensão para prevenção, hoje falamos em prevenção de extensão. Com esta mudança de paradigma Mount e Hume, em 1997, propuseram um novo sistema para classificar as lesões de cárie, que segundo os autores está mais em sintonia com o estágio atual da dentística restauradora. Mais conservadora, direcionada à mínima remoção tecidual e voltada à máxima preservação dos tecidos dentais. Esta nova proposta de classificação de cavidades demonstra a evolução da filosofia preventiva dentro da odontologia restauradora em sintonia com os novos materiais que proporcionam uma redução acentuada do desgaste de estruturas dentais nos modernos preparos cavitários. Esta nova proposta de classificação de cavidades inserida no ensino de dentística restauradora apresenta uma visão moderna e atual frente aos conhecimentos adquiridos recentemente em relação ao processo de cárie e as decisões que envolvem sua abordagem. A introdução, no ensino da dentística restauradora, desta nova classificação de cavidades tem propiciado aos alunos uma visão mais conservadora dos preparos cavitários. Possibilita a incorporação, pelo aluno, de preparos menos invasivos e mais adequados aos modernos procedimentos restauradores adesivos atuais. 17. A influência da mudança curricular na percepção da cárie dentária pelos egressos do curso de odontologia das Faculdades São José Hayassy A*, Costa PMC, Nacao MS, Freitas VV O estudo propõe uma reflexão sobre o quanto a recente mudança curricular que valoriza a saúde coletiva e a promoção de saúde pode influenciar a visão dos profissionais que estão sendo inseridos no mercado de trabalho. Busca-se entender como a percepção da cárie dentária refletiria a postura desses profissionais frente à realidade da saúde bucal da população. Atuar promovendo saúde de fato, compreendendo todos os fatores determinantes no processo de saúde-doença ou “esperar” que a doença prevale- Revista da ABENO • 7(2):149-87 161 Trabalhos selecionados para apresentação • 42ª Reunião Anual da Abeno, 2007 ça, para apenas restaurar e “curar”? As atitudes, valores e orientações, por parte dos professores, constituem características fundamentais que permitem ao aluno de hoje a construção do profissional de amanhã. “O papel central dos Recursos Humanos é reconhecido universalmente e reflete o que a prática odontológica foi, é, e pode vir a ser”. Portanto, tornase estratégico identificar a percepção da cárie dentária dos profissionais que estão sendo inseridos no mercado de trabalho, apresentar os principais fatores determinantes que atribuem a esse processo e relacionar com o currículo adotado desde 2002 e ao perfil profissional almejado pelo MEC e pelo SUS. O campo de investigação foi a Faculdade São José no Rio de Janeiro. Os sujeitos foram 27 egressos em 2006, pertencentes às duas primeiras turmas formadas a partir da mudança do currículo. Os dados foram coletados através de um questionário aberto, analisados a partir de uma abordagem qualitativa. Mais de 85% dos egressos privilegiaram a determinação biológica da cárie. Cerca de 50% a conceituaram somente como resultado da ação de microorganismos e apenas 12% como uma doença multifatorial. A escovação inadequada foi o principal fator atribuído ao processo de cárie dentária. Os fatores educacionais e estilo de vida foram citados apenas por 6% dos alunos. Assim, percebemos que somente a mudança curricular não é capaz de modificar a situação do ensino odontológico. O enfoque reducionista e fragmentado do objeto boca, que caracteriza até os dias atuais o saber acadêmico odontológico reforçou a reprodução desses valores. Ainda parece um grande desafio compreender a cárie dentária em uma visão integral, onde temos que enxergar o ser humano “humanamente”, inserido em um contexto social e produto da sua história de vida. Sem essa percepção da totalidade a prática do profissional de saúde continuará fragmentada e falha. O papel dos recursos humanos deve ser valorizado no processo de formação do aluno da graduação e reconhecido como um verdadeiro instrumento para desenvolver um novo perfil profissional consciente e crítico da sua realidade e capaz de exercer seu papel de promotor e transformador da saúde bucal da população. 18. A importância dos conhecimentos em bioética pelos alunos de graduação de uma Faculdade de Odontologia de São Paulo sobre a qualidade dos atendimentos que realizam Puplaksis NV*, Junqueira CR, Ramos DLP O atual modelo acadêmico não corresponde mais de modo satisfatório às necessidades atuais, sen- 162 do carente em reflexões éticas e sobrecarregado em desenvolvimento de procedimentos técnicos, o que é muito preocupante para o processo de aprendizagem. Além do prejuízo para o processo de formação do aluno, este modelo traz conseqüências ruins também para os pacientes, como a redução de sua autonomia e o reducionismo da pessoa em objeto. Este estudo teve como objetivos: avaliar a importância do conhecimento ético pelos alunos de graduação, em uma Instituição de Ensino de Odontologia de São Paulo, na qualidade dos atendimentos que realizam e verificar a qualidade do atendimento odontológico, na mesma Instituição, por avaliação feita pelos pacientes em tratamento. Um questionário semi-estruturado foi aplicado a 70 alunos abordando o conhecimento sobre Bioética oferecido pela Faculdade na qual estudam. Outro questionário foi aplicado a 50 pacientes abordando a qualidade do serviço odontológico oferecido pelos alunos de graduação. As respostas foram anotadas e avaliadas qualitativamente. Na apresentação dos resultados foi feita a exposição das interpretações relativas às percepções dos estudantes e dos pacientes, identificando possíveis aproximações ou divergências nos relatos. A pesquisa foi submetida e aprovada pelo CEP da FOUSP (Parecer CEP nº 06/04) e recebeu bolsa de Iniciação Científica pela FAPESP, processo 04/04486-6. Concluiu-se que: 1) nem todos os pacientes estão sendo adequadamente informados sobre o tratamento odontológico pelo qual estão passando, caracterizando uma comunicação desqualificada; 2) há um tipo de postura submissa encontrada nos pacientes entrevistados que possui, provavelmente, raízes culturais e/ou sociais, refletindo negativamente na qualidade do atendimento odontológico; 3) observou-se a presença de atitudes paternalistas na conduta de professores e alunos com relação ao atendimento de pacientes, que autoritariamente impõem suas decisões, sem consultar o paciente, o que caracteriza uma forte influência do modelo hipocrático no processo de aprendizagem dos alunos dessa Instituição de Ensino de Odontologia de São Paulo; 4) as formas de obtenção de conhecimento sobre o relacionamento profissional/paciente não incluem as aulas teóricas oferecidas na graduação; 5) a Bioética é algo desconhecido por quase todos os alunos entrevistados; 6) os alunos dessa Instituição de Ensino de Odontologia de São Paulo estão se desenvolvendo num meio que não privilegia a ação de ouvir e compreender a pessoa doente e que limita a autonomia do paciente; 7) a qualidade do atendimento pode ser considerada tolerável, com evidências de que necessita ser melhorada sob alguns aspectos, principalmente no que se refere ao direito do paciente de ser informado sobre seu quadro clínico e as hipóteses de tratamento, para se obter um honesto e verdadeiro consentimento. Revista da ABENO • 7(2):149-87 Trabalhos selecionados para apresentação • 42ª Reunião Anual da Abeno, 2007 19. Orientação de Trabalho de Conclusão de Curso - TCC no Curso de Odontologia: Relato de Experiência Vale MJLC* E sse trabalho decorre de uma prática pedagógica onde docentes e discentes do Curso de Odontologia da Faculdade Integral Diferencial - FACID, não necessariamente Cirurgiões-Dentistas, construíram uma estratégia de sorteio por linha de pesquisa dos orientadores de Trabalhos de Conclusão de Curso TCC. Ao longo do curso observou-se que os alunos do penúltimo período tendiam a escolher como orientadores de TCCs os professores das disciplinas clínicas (quatro últimos blocos) ficando os professores das disciplinas básicas sem orientá-los. Sentimos que havia um rompimento entre as disciplinas básicas e clínicas, um total esquecimento e na maioria das vezes um descarte. Construímos as linhas de pesquisa e solicitamos aos docentes e alunos para inscreveremse na(s) linha(s) que pretendiam trabalhar o TCC e, após essa construção realizou-se o sorteio. Os resultados obtidos foram surpreendentes, pois docentes de disciplinas como Sociologia, Histologia e Anatomia conseguiram interagir com a Odontologia Clínica, tendo aluno e professor um aprendizado significativo e diferenciado. 20. Avaliação de atividades extramuros de educação em saúde bucal Araujo SS*, Junqueira SR, Marques RAA, Araujo ME C om a instituição das Diretrizes Curriculares Nacionais do curso de graduação em odontologia em 2002, as instituições de ensino buscaram desenvolver ações além das salas de aula e das clínicas, como as atividades extramuros, procurando se articular, integrar e interagir com espaços sociais diversos e com serviços de saúde. As atividades extramuros são concebidas com o propósito de contribuir para a formação de um profissional sensível às necessidades de saúde da população e capaz de desenvolver ações de promoção, prevenção e reabilitação em saúde bucal. Um dos maiores desafios para os graduandos é aplicar a teoria que permeia a promoção da saúde, pois ela implica em práticas de educação. Para educar é necessário, dentre outros fatores, conhecer a realidade em que se atua. As atividades extramuros introduzem o graduando num contexto essencial à sua formação ao trazer um pouco das ciências sociais às práticas odontológicas e ao aperfeiçoar sua formação como educador em saúde, tornando-o aprendiz no momento que necessita educar para modificar hábitos e promover saúde. Objetivou-se avaliar as atividades de educação em saúde bucal desenvolvidas por graduandos de odontologia. Alunos do 3º ano da graduação da FOUSP e do 4º ano da graduação da FO-UMESP, cursando a disciplina de Odontologia em Saúde Coletiva, em 2007, serão acompanhados em suas atividades extramuros. A metodologia aplicada será qualitativa, pelo estudo de caso, em que um pesquisador, por meio da observação, relatará a atividade de educação em saúde bucal desenvolvida pelos graduandos. A análise sistemática será embasada em teoria pedagógica aplicada à saúde. Espera-se saber como o conhecimento adquirido em sala de aula sobre educação em saúde bucal foi posto em prática nas atividades extramuros. O adequado entendimento do tema permitirá que o aluno de graduação torne-se um profissional apto a desenvolver ações coletivas de promoção da saúde. 21. O ensino de Odontologia Social na UEFS: experiência acadêmica nos 21 anos de Saúde Coletiva na microrregião de Feira de Santana Santos JG*, Saliba NA, Moimaz SAS, Alves TDB, Barbosa MBBC A crescente demanda por profissionais de saúde qualificados para atender às necessidades da população, com qualidade e eficiência, atendimento integral, suporte para as práticas de cuidado e curativas no ambiente do SUS, vem sendo a mola propulsora das mudanças curriculares nos cursos de Odontologia do Brasil. Este processo de integração entre ensino e serviço não é fato novo, e várias experiências vivenciadas por projetos inovadores espalharam-se ao longo dos anos. Nesta perspectiva o curso de graduação em Odontologia da Universidade Estadual de Feira de Santana – UEFS vem, ao longo destes 21 anos de experiência comunitária, quer no seu trabalho de campo - estágio curricular ou mesmo nas práticas de sua Extensão Universitária, LAC - Laboratório de Comunidade e PAPSB – Programa de Atenção Primária em Saúde Bucal, capacitando seu profissional, dentista generalista, com ampla visão em Saúde Coletiva. Este trabalho relata a prática da UEFS no ensino da Odontologia Social, onde o conteúdo das disciplinas que contemplam o sistema de saúde vigente no país proporcionam ao acadêmico de odontologia a vivência no ambiente do SUS – estratégia Revista da ABENO • 7(2):149-87 163 Trabalhos selecionados para apresentação • 42ª Reunião Anual da Abeno, 2007 de saúde da família, tornando o egresso apto a interagir e transformar a realidade da comunidade onde esteja inserido. Considerando-se as dificuldades encontradas para se entronizar as mudanças curriculares exigidas para a formação do profissional do Cirurgião-dentista, na atual conjuntura do país, grande esforço está sendo feito pela Odontologia Social, conjuntamente com as demais áreas de conhecimento, cada vez mais empenhadas na formação de um profissional com amplo conhecimento científico, tecnicamente competente, com sensibilidade e compromisso social, para capacitá-lo enquanto verdadeiros profissionais de saúde atuando nos serviços públicos, clínicas privadas e, sobretudo no trabalho em equipe, prestando atenção humanizada à comunidade. 22. Inovação curricular no Curso de Odontologia da Universidade Federal Fluminense: considerações e contribuições para um processo em construção Rocha EC*, Ribeiro VMB I mpulsionados pelo movimento da Reforma Sanitária, diversos grupos vêm se mobilizando para alterar conteúdos e métodos dos cursos da área da saúde, em virtude da sua obsolescência e da inadequada abordagem que, historicamente, esses cursos vêm adotando. O predomínio da ênfase nos níveis de atenção secundária e terciária, o modelo centrado no hospital, a célebre separação entre ciclos básico e clínico, entre outras, são, sem dúvida, uma espécie de contramão na estrada das necessidades da maior parte da população brasileira, no que diz respeito ao atendimento à saúde. Paralelamente, o acelerado desenvolvimento científico-tecnológico vem sinalizando a defasagem do modelo escolar centrado na transmissão de um conhecimento cada vez mais renovável, especializado, crescente e apontando a urgência de inovações, o que levou, em 1996, à promulgação da nova Lei de Diretrizes e Bases (LDB) da Educação Nacional (Lei nº 9394/96) que, por sua vez, desencadeou o movimento das Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN). Neste contexto, em 2002 foram homologadas as DCN para os cursos de Odontologia. Os eventos científicos mais próximos do campo da educação em saúde, tais como os de saúde coletiva, de ciências sociais e saúde, de associações de ensino na área da saúde, vêm progressivamente abrindo espaço para a discussão de intenções e experiências de mudança dos currículos. Se elencadas as políticas públicas que propõem alavancar 164 a formação ajustada às necessidades de saúde da população, verifica-se um conjunto de medidas com pretensões de impulsionar estas mudanças. No entanto, corre em paralelo uma intensa resistência às propostas das DCN por diferentes razões, as quais são tratadas neste trabalho. Apresenta-se aqui um estudo conceitual no campo da educação que tem por objetivo contribuir para a discussão da reforma curricular da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal Fluminense. Abordando os conceitos de reforma, inovação, resistência e adesão por meio de revisão bibliográfica e uma análise do currículo ainda vigente, analisam-se as concepções dos estudantes sobre o processo de reforma curricular e as disciplinas que compõem o currículo atual e que mais se aproximam das DCN propostas para os cursos de Odontologia. Apresenta-se uma análise dos documentos produzidos em função deste processo de reforma curricular da UFF, incluindo-se atas das reuniões da comissão constituída para esta finalidade, atas das reuniões do colegiado do curso, ofícios e memorandos. A tentativa de produzir inovações curriculares, a despeito das resistências e obstáculos, certamente tem proporcionado ao conjunto de docentes e discentes um crescimento, advindo da própria dinâmica deste tipo de processo. Entretanto, cabe ao professor, em sua prática cotidiana na docência, em última instância, o papel de ressignificar a legislação, o novo Projeto Pedagógico do Curso, assim como o novo projeto curricular, influenciando diretamente na determinação de seu sucesso ou de seu fracasso. 23. Odontologia hospitalar: o enfoque preventivo dentro do Hospital Universitário do Oeste do Paraná Martins ACM*, Zution P, Pinto CEP, Berti M, Webber AA N o Brasil, a odontologia praticada dentro da maioria dos hospitais se restringe às ações das especialidades de cirurgia buco-maxilo-facial e de atendimento a pacientes com necessidades especiais que necessitam de anestesia geral. A mesma restrição está presente no Código de Ética Odontológica, no capítulo das atribuições da Odontologia Hospitalar, quando habilita o cirurgião-dentista a apenas fazer internamentos. Por outro lado, observamos um número crescente de estudos que mostram o agravamento ou predisposição de doenças sistêmicas, pela existência de focos de infecção bucal. Nos pacientes hospitalizados alguns estudos demonstram uma alta freqüência de leveduras na mucosa bucal, sendo que o gênero Revista da ABENO • 7(2):149-87 Trabalhos selecionados para apresentação • 42ª Reunião Anual da Abeno, 2007 Candida configura como o sexto patógeno responsável por infecções hospitalares em geral e o quarto mais comum em infecções hospitalares da corrente sangüínea. Diante disso, observamos que a implantação de atividades educativas e preventivas em saúde bucal em âmbito hospitalar é uma necessidade eminente dentro da formação odontológica. O desenvolvimento de atividades fora das clínicas odontológicas universitárias oportuniza aos acadêmicos a interação com outros profissionais da saúde e com outros ambientes, favorecendo a sua formação humana e profissional, uma vez que trabalha com saúde bucal, sem perder a visão do paciente como um todo. Neste trabalho relatamos as atividades desenvolvidas no setor de neurologia do Hospital Universitário do Oeste do Paraná, durante o estágio dos acadêmicos do curso de odontologia realizado no ano de 2006. Participaram do estágio 38 acadêmicos, distribuídos em grupos com até 5 integrantes. O estágio foi desenvolvido duas vezes por semana, totalizando 34 h/a para cada grupo. O protocolo de atendimento utilizado incluía a realização de exame clínico, orientação de higienização e encaminhamento ao serviço de referência. Todos os dados coletados e procedimentos realizados foram descritos no prontuário clínico do paciente. Todos os pacientes que apresentavam necessidade de tratamento foram encaminhados para os serviços de referência que poderiam realizar o atendimento, como as Unidades Básicas de Saúde - UBSs e os Centros de Especialidades Odontológicas - CEOs. Concluímos, com a finalização desse estágio, que a vivência dentro do ambiente hospitalar favoreceu a discussão sobre a importância da atuação do cirurgião-dentista na manutenção da saúde bucal dos pacientes hospitalizados. O enfoque preventivo dado às atividades demonstrou a importância não apenas da remoção dos focos de infecção, mas principalmente, das ações de motivação que devem ser desenvolvidas com pacientes e seus acompanhantes e/ou cuidadores. Não podemos deixar de destacar que essa atividade foi extremamente importante para exercitar no acadêmico a importância de se valorizar todos os fatores que envolvem o paciente, sejam eles econômicos, sociais, educacionais, entre outros, que influenciam a sua qualidade de vida e o seu estado de saúde. 24. Prática de ensino-aprendizagem com base em cenários reais Saliba NA*, Moimaz SAS, Saliba O, Zina LG, Garbin CAS O processo de aprendizagem faz-se efetivo a partir da problematização de situações práticas e in- serção do aluno em cenários reais. O objetivo deste trabalho foi apresentar a experiência de realização de um projeto de pesquisa-ensino-extensão conduzido pelo Programa de Pós-Graduação em Odontologia Preventiva e Social da Faculdade de Odontologia de Araçatuba – UNESP, com municípios de pequeno porte, como cenário de aprendizagem para acadêmicos e pós-graduandos. O projeto teve como proposta realizar o diagnóstico situacional e o debate com os gestores, trabalhadores e usuários do sistema de saúde local sobre as estratégias para a melhoria de gestão em saúde e o fortalecimento do SUS. Foi desenvolvido durante 2003 e 2006, com a participação de docentes, alunos de pós-graduação e acadêmicos e técnicos da área da saúde, em parceria com prefeituras municipais e financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP). Foram contemplados 5 municípios de pequeno porte do Noroeste Paulista - Gabriel Monteiro, Piacatu, Santópolis do Aguapeí, Bilac e Clementina. Várias vertentes compuseram o projeto: o grau de satisfação dos usuários do SUS, o modelo de organização dos serviços e a participação dos trabalhadores da saúde no planejamento e tomada de decisão, além da atuação dos Conselhos Municipais de Saúde. Foram preparados cursos de capacitação dos profissionais dos serviços de saúde, reuniões e cursos de capacitação com os Conselheiros Municipais de Saúde, além do trabalho educativo com os usuários do SUS. Após a realização das capacitações foram observadas mudanças nas leis do regimento interno dos Conselhos Municipais de Saúde em concordância com a legislação nacional, colocando em prática o controle social. Ainda como resultados, verificou-se a adequação dos serviços de saúde por meio da reorganização da demanda e a construção e atualização dos mapas territoriais das áreas de abrangência do PSF. No que tange ao âmbito dos usuários evidenciou-se a falta de conhecimento dos mesmos em relação ao serviço de saúde, fato que foi minimizado por meio de um trabalho educativo que incluiu a distribuição do Manual do Usuário, confeccionado para este fim. Em todas as vertentes, o acadêmico e pós-graduando foram atuantes, participando desde o planejamento, trabalho de campo até a análise dos resultados. A vivência destas atividades serviu como laboratório de aprendizagem, permitindo aos alunos um conhecimento mais fidedigno, e mais consciente, das ações de políticas públicas. O projeto proporcionou o estreitamento do vínculo dos acadêmicos e pós-graduandos com os docentes, os serviços de saúde e usuários do SUS, assim como contribuiu Revista da ABENO • 7(2):149-87 165 Trabalhos selecionados para apresentação • 42ª Reunião Anual da Abeno, 2007 para uma formação profissional mais humanitária. Nesse sentido, o projeto ganhou destaque ao promover a aprendizagem in loco, tornando o aluno ator social ativo no processo de fortalecimento e consolidação das políticas públicas de saúde. 25. A disciplina de Odontologia Preventiva e Social e o corpo docente sob a ótica dos graduandos Moimaz SAS*, Saliba O, Garbin CAS, Rocha NB, Carmo MP A avaliação interna é atualmente muito importante para o autoconhecimento da instituição educacional, essencial para a melhoria do curso, sendo ainda uma das etapas para o processo de avaliação da educação superior pelo Sistema Nacional de Avaliação do Ensino Superior. A Unesp-Foa disponibiliza, via eletrônica, um questionário para preenchimento por todos os alunos, sobre as disciplinas já cursadas, ao final de cada ano letivo. Este estudo objetivou analisar os resultados de cinco anos consecutivos sobre a condução das disciplinas de Odontologia Preventiva e Sanitária, o conteúdo programático e do seu corpo docente. Foram analisados os resultados referentes a 392 questionários, respondidos pelos alunos matriculados na Faculdade de Odontologia de Araçatuba – UNESP durante o período de 2001 a 2005. O questionário contém questões fechadas, sendo 13 relacionadas ao corpo docente e 7 à avaliação da condução da disciplina. Os resultados mostraram que a carga-horária das aulas teóricas (73,21%) e práticas (64,03%) foi considerada adequada pela maioria dos alunos e em relação à ministração da disciplina, 55,36% dos alunos afirmaram que foi bem ministrada; 35,97% de maneira razoável; 6,38% ruim e 2,3% não responderam. Grande parte dos alunos (83,67%) responderam que o programa proposto inicialmente foi cumprido de forma integral pela disciplina. A maioria dos alunos (53%) relatou que o corpo docente sempre definia os objetivos das aulas; 41% relataram que apresentavam bem a matéria e que por 82,5% destes as aulas dadas eram sempre bem planejadas. Os alunos (35,5%) relataram sempre serem estimulados pelo interesse na matéria pelo corpo docente; 31% responderam serem sempre estimulados para a participação das aulas e 27% afirmaram que sempre era exigido deles o raciocínio durante o ensino. Quando questionados sobre o acesso do aluno ao professor, 74,5% relataram que o professor era sempre acessível; 19% ocasionalmente; 2% relataram que 166 era inacessível e 4,5% não responderam. Em relação ao professor demonstrar preocupação pelo aprendizado dos alunos, a maioria (50%) achou que o corpo docente sempre procurava saber se os alunos estavam aprendendo. A avaliação possibilitou a obtenção de dados sobre a percepção dos alunos com relação à disciplina e o seu corpo docente, proporcionado condições para um bom planejamento e adequações necessárias. Os resultados mostraram que, na ótica dos alunos, de uma forma geral, a disciplina de Odontologia Preventiva e Sanitária foi bem ministrada. 26. A Percepção do Aluno Formando de Odontologia quanto ao Projeto Pedagógico e à Estrutura Curricular vigentes da FOA-Unesp Saliba NA*, Moimaz SAS, Garbin CAS, Fadel CB, Bino LS A s Diretrizes Curriculares Nacionais propõem como perfil um profissional com visão generalista, formação técnico-científica, humanística e ética, orientado para a promoção da saúde, com ênfase na prevenção de doenças bucais. Enfatizam como capacidade do profissional formado, o exercício de compreensão da realidade social, cultural e econômica do seu meio, dirigindo sua atuação para a transformação dessa realidade em benefício da sociedade, contemplando assim as necessidades do sistema de saúde do país. Considerando-se que o projeto pedagógico vigente do curso de graduação de Odontologia da FOA-Unesp foi formulado em 2001, ano anterior à Resolução CNE/CES 3, a qual institui as novas Diretrizes Curriculares, objetivou-se nesse estudo avaliar a percepção do acadêmico formando, quanto ao projeto pedagógico e à estrutura curricular inerentes a seu curso de graduação, proporcionando informações para subsidiar as discussões sobre a reestruturação do projeto pedagógico na instituição. O instrumento utilizado para a coleta de informações constituiu-se em um questionário semi-estruturado, previamente testado e validado. Dos 66 formandos de 2007, 61 responderam ao questionário. Destes, 95% não conheciam o documento referente ao projeto pedagógico que estrutura o curso de graduação; 53% consideraram insuficiente a integração entre as disciplinas ofertadas pelo curso; 66% apontaram que há duplicação de conteúdos trabalhados; 41% disseram que a relação interdisciplinar é insatisfatória e 67,2% optariam pelo sistema modular, com clínicas integradas do início ao fim do curso, trabalhadas por grau Revista da ABENO • 7(2):149-87 Trabalhos selecionados para apresentação • 42ª Reunião Anual da Abeno, 2007 de complexidade, no processo de reestruturação. Quanto às competências e habilidades necessárias ao exercício da profissão, as ações preventivo-curativas e a disposição em aprender foram diversas vezes citadas. Já a capacidade para planejar, atuar em equipes multiprofissionais e gerenciar serviços de saúde foi poucas vezes apontada. A grande maioria (86,9%) afirma ser capaz de aglomerar técnicas de prevenção e tratamento e somente 29,5% sentiram-se capazes de tomar decisões. A maioria (47,5%) considerou que os pacientes que buscam atenção odontológica na FOA estão insuficientemente tendo seus problemas resolvidos, não obtendo atenção integral. Quanto ao processo ensino-aprendizagem, a metodologia da transmissão foi a mais citada (60,7%). Esses dados evidenciam a urgente necessidade de reformulação curricular da FOA-Unesp, construída de forma participativa, centrada na figura do aluno e capaz de responder às expectativas e necessidades do sistema de saúde vigente no Brasil. 27. Procedimentos clínicos e educativos realizados na Clínica de Adequação do Meio do Departamento de Odontologia da Unimontes Maia GCTP*, Santa-Rosa TTA, Freitas FO, Rodrigues DC A Clínica de Adequação do Meio do Departamento de Odontologia da UNIMONTES é uma disciplina realizada no quarto período do curso de Graduação. A disciplina apresenta carga horária de 160 horas distribuídas entre atividades teóricas e práticas. Conforme o Plano de Ensino da Clínica de Adequação do Meio, a disciplina objetiva “introduzir o aluno na prática clínica centrada na transformação do usuário, dentro dos princípios da promoção de saúde, respeitando as normas de biossegurança e ergonomia”. O conteúdo programático aborda: identificação do usuário dentro de seu contexto biopsicosociocultural, inter-relação demanda clínica e origem contextual do usuário, cariologia e doença periodontal, instrução de higiene oral e avaliação de dieta; estratégias de intervenção preventiva, como: avaliação de índice de placa, raspagem e polimento coronário, escariação e selamento provisório de cavidades, polimento de restaurações, selamento de cicatrículas e fissuras e fluorterapia. Esse estudo foi realizado com o objetivo de conhecer e quantificar os procedimentos clínicos e educativos realizados na Clínica de Adequação do Meio. Para coletar os dados utilizaram-se os prontuários odontológicos dos usuários atendidos na referida Clínica nos anos de 2005 e 2006. O resultado dessa pesquisa mostrou que foram realizadas 151 evidenciações de placa; 129 instruções de higiene oral; 150 aplicações tópicas de flúor; 221 selamentos de cavidades com cimento de ionômero de vidro; 101 selantes ionoméricos; 57 selamentos de cavidades com cimento de óxido de zinco e eugenol reforçado; 191 radiografias, polimento de 13 restaurações de resina e 174 de amálgama; 05 selantes resinosos; fluorterapia em 114 dentes, 14 preenchimentos de ficha semiológica; 71 entregas do diário dietético; 62 questionários de avaliação; 216 profilaxias, 140 raspagens supragengivais (hemiarco) e 30 discussões do diário dietético. Acredita-se que a incompatibilidade de alguns dos dados talvez deva-se ao preenchimento incorreto dos prontuários odontológicos. A partir dos dados levantados e da literatura consultada, pode-se concluir que os procedimentos educativos e clínicos realizados na Clínica de Adequação do Meio estão de acordo com aqueles preconizados para a fase de adequação do meio bucal. 28. Perfil dos usuários atendidos na Clínica de Adequação do Meio do Departamento de Odontologia da Universidade Estadual de Montes Claros nos anos de 2005 e 2006 Maia GCTP*, Santa-Rosa TTA, Freitas FO, Rodrigues DC A saúde bucal é de extrema importância para a saúde geral e bem-estar do indivíduo; dentro deste contexto a adequação do meio objetiva a recuperação do equilíbrio biológico perdido. A Clínica de Adequação do Meio do Departamento de Odontologia da UNIMONTES é uma disciplina realizada no quarto período do curso de Graduação. A disciplina apresenta carga horária de 160 horas distribuídas entre atividades teóricas e práticas e tem como objetivo introduzir o aluno na prática clínica centrada na transformação do usuário, dentro dos princípios de promoção da saúde. A clientela atendida é composta por indivíduos cujos tratamentos reabilitadores serão realizados nas clínicas integradas e especializadas. Esse estudo foi realizado com o objetivo de avaliar o perfil dos usuários atendidos na Clínica de Adequação do Meio do Departamento de Odontologia da Universidade Estadual de Montes Claros. A coleta de dados foi realizada através dos prontuários odontológicos dos usuários atendidos em 2005 e 2006. Para Revista da ABENO • 7(2):149-87 167 Trabalhos selecionados para apresentação • 42ª Reunião Anual da Abeno, 2007 caracterizar a população estudada utilizaram-se as variáveis: idade, gênero e atividade profissional. Foram coletados dados referentes ao número de altas, desistências e faltas aos atendimentos. Os dados foram analisados através de estatística descritiva. O resultado dessa pesquisa mostrou que a idade média dos 125 usuários atendidos foi de 31,5 anos sendo 33% do sexo masculino e 67% do sexo feminino. Das profissões relatadas 14,5% são estudantes; 13% “do lar”; 6,5% estão desempregados; 8,9% trabalham em serviços gerais; 10,5% são balconistas; 6,5% são domésticas; 1,6% são professores e 13,7% são profissionais liberais. Diante do exposto conclui-se que, a maioria dos usuários atendidos na Clínica de Adequação do Meio foi do sexo feminino, tem idade média de 31,5 anos e atividade profissional variada, sendo que a maioria trabalha em atividades que apresentam flexibilidade nos horários, o que permite que se ausentem do serviço por 4 horas semanais para serem atendidos na referida Clínica. 29. O papel da odontologia no tratamento oncológico Martins ACM*, Sawazaki I, Cunha Júnior AD, Sanches CM, Soliva T A tualmente, doenças crônico-degenerativas como o câncer, que apresentavam um significado de sentença de morte, podem alcançar a cura ou proporcionar ao paciente uma sobrevida mais longa e com qualidade. Dentro dessa perspectiva, o perfil do paciente odontológico também mudou, e hoje é mais frequënte o atendimento de pacientes em tratamento oncológico, do que pacientes que necessitem de um diagnóstico de câncer bucal. Está claro que o sucesso do tratamento oncológico depende de vários fatores, entre eles estão a ocorrência das complicações bucais. Desta forma, é de fundamental importância a prevenção, o controle e o tratamento das complicações e das seqüelas bucais decorrentes da terapia antineoplásica (quimioterapia, radioterapia e cirurgia de cabeça e pescoço) para que os mesmos possam conseguir uma qualidade de vida adequada. Este trabalho objetiva mostrar a implantação e o desenvolvimento do estágio curricular da disciplina de Odontologia em Saúde Coletiva IV, do curso de Odontologia da Unioeste, no Hospital do Câncer da União Oeste Paranaense de Estudos e Combate ao Câncer-UOPECCAN. As atividades de acompanhamento tiveram início em 2002, como um Projeto de Extensão, que tinha a finalidade de acompanhar os 168 pacientes do ambulatório de cirurgia de cabeça e pescoço. Este projeto foi desenvolvido até 2004, período no qual os pacientes com necessidade de tratamento odontológico eram encaminhados à Clínica Odontológica da Unioeste, através da disciplina de Estomatologia. Com o encerramento do projeto, observou-se a necessidade de ser desenvolvido um trabalho permanente dentro do hospital, para que os acadêmicos pudessem ampliar seus conhecimentos e os pacientes tivessem acesso ao atendimento. Desta forma, em 2005 foi proposto o desenvolvimento da atividade como parte do estágio curricular obrigatório, através de convênio firmado entre o curso de Odontologia da Unioeste e a Uopeccan. O estágio teve início em 2006 sendo desenvolvidas ações educativas nas enfermarias e ambulatórios do Hospital e na Casa de Apoio. Após a instalação do consultório odontológico, iniciou-se o atendimento curativo e preventivo sendo realizados procedimentos previstos dentro das competência da atenção básica do SUS (restaurações, exodontias simples, terapia periodontal básica), sendo os procedimentos especializados encaminhados para o Centro de Especialidades Odontológicas da Unioeste. Todos os pacientes recebem orientações e são acompanhados durante o tratamento, para evitar o surgimento de complicações bucais. O trabalho multiprofissional que vem sendo desenvolvido a partir dessa parceria, entre a UOPECCAN e a Unioeste, busca não apenas educar cientificamente o acadêmico de odontologia, mas educá-lo socialmente, uma vez que consideramos que o atendimento de qualidade que é prestado aos pacientes, mais do que melhora sua qualidade de vida durante e após o tratamento oncológico, contribui para o crescimento humano de todos os atores envolvidos neste cenário. 30. Implementação de um projeto político-pedagógico inovador: a experiência da Universidade Severino Sombra/Vassouras/RJ Brum SC*, Gouvêa MV, Casotti E, Souza MCA, Oliveira RS O curso de Odontologia da USS foi criado no ano de 1999 com um modelo tradicional, dirigido quase que exclusivamente à clínica particular e reproduzindo a lógica da maior parte dos cursos de Odontologia: programas centrados em um perfil de atenção curativa e individualizada. O movimento amplo de revisão do ensino no país desencadeou a proposição de uma matriz curricular integralizada, que en- Revista da ABENO • 7(2):149-87 Trabalhos selecionados para apresentação • 42ª Reunião Anual da Abeno, 2007 trou em exercício no 1º semestre do ano de 2004. O estudo analisa os sete períodos decorridos desde o processo de implementação deste Projeto PolíticoPedagógico (PPP). A análise partiu da perspectiva de docentes, discentes, coordenador de curso, coletadas através de registros das oficinas de trabalho realizadas ao longo do período. Os resultados apontaram como principais ameaças à manutenção do novo PPP: a) construção não coletiva, b) insatisfação da comunidade acadêmica e, c) perda de sustentabilidade política. A análise possibilitou ajustes com intervenção ativa antes que a mudança se limitasse à formalidade e não representasse transformação favorável da prática. O processo evidenciou dificuldades dos envolvidos, em lidar com as mudanças, principalmente do corpo docente onde a necessidade de ajustes foi mais evidente e imperativa. Tal percepção possibilitou a retomada da construção de cenário favorável à formação de profissionais capazes de lidar com a realidade da população brasileira e com as mudanças no mercado de trabalho. Os autores concluíram que a intervenção governamental na sugestão de reorientação dos Projetos Político-Pedagógicos foi extremamente favorável, induzindo a mobilização das Instituições de Ensino Superior, em todas as instâncias, perceberam ainda que os objetivos ainda estão por serem alcançados, mas já são percebidas atitudes diferenciadas nos futuros egressos. 31. A inserção social do Curso de Odontologia da Unioeste e a promoção de saúde bucal Martins ACM*, Webber AA, Berti M, Sawazaki I, Scheffer RF C om a implantação das Diretrizes Curriculares Nacionais no Curso de Odontologia da Unioeste a partir de 2004, o curso de odontologia da Unioeste vem trabalhando para formar profissionais com competências e habilidades para atuarem com qualidade e resolutividade no sistema de saúde brasileiro. Dentre as capacidades que buscamos desenvolver, está a de atuarem multiprofissionalmente, interdisciplinarmente e transdisciplinarmente, com extrema produtividade na promoção da saúde, e não esquecendo da importância de seu papel na sociedade como cidadão e profissional ético. A implantação de atividades educativas e preventivas em saúde bucal fora das clínicas universitárias é fundamental para a formação acadêmica, tanto pela oportunidade de interação com outros profissionais da saúde, quanto pelo crescimento individual e coletivo, favorecendo a formação humana juntamente com a formação profissional, pois nestes ambientes se trabalha com saúde bucal, sem perder a visão do paciente como um todo. Com o objetivo de ampliar os cenários de atuação da odontologia, foi que propusemos a inclusão de novos campos de estágio, fora das clínicas odontológicas da Unioeste, para o desenvolvimento da disciplina de Saúde Coletiva IV. Neste trabalho iremos relatar as atividades desenvolvidas durante o ano de 2006, onde tivemos a inclusão como campos de estágio o Hospital Universitário do Oeste do Paraná - HUOP, o Hospital do Câncer da União Oeste Paranaense de Estudo e Combate ao Câncer -Uopeccan e a Penitenciária Industrial de Cascavel - PIC, onde foram desenvolvidas ações educativas, preventivas e curativas. O estágio foi oferecido aos acadêmicos do último ano do curso, como disciplina obrigatória e em forma de rodízio. Independente em qual campo de estágio se encontrava o acadêmico, buscamos enfatizar que a saúde bucal é parte integrante e inseparável da saúde geral do indivíduo, e por isso deve ser considerada como um fator importante em todos os ambientes assistenciais à saúde. Ao término do estágio, a experiência vivenciada pelos acadêmicos foi avaliada como gratificante e extremamente importante para o seu crescimento profissional, uma vez que puderam quebrar conceitos preexistentes com relação a população prisional, oncológica e hospitalizada, e desta forma identificar a importância da atuação odontológica nestes espaços. Concluímos que a inclusão do acadêmico dentro de novos cenários de saúde, durante o seu processo de formação, é um fator extremamente relevante para o seu aprendizado e seu amadurecimento profissional e humano. 32. Planejamento em Prótese Parcial Removível utilizando a metodologia da problematização - Utilização do Arco ProPlan Salomão JR* S omente há algumas décadas, a reposição de dentes naturais perdidos, utilizando meios artificiais, começou a ser feita de maneira científica, satisfazendo não só a estética, mas a função e o bem-estar do paciente. Além de ter custo menor, a prótese parcial removível é uma alternativa de boa retenção, tornando possível reabilitar dentes e tecidos circunvizinhos de uma só vez sem comprometer as estruturas remanescentes, desde que seja realizado o planejamento mais indicado. A PPR apresenta inúmeros planeja- Revista da ABENO • 7(2):149-87 169 Trabalhos selecionados para apresentação • 42ª Reunião Anual da Abeno, 2007 mentos para o mesmo caso clínico, fazendo com que o profissional fique inseguro em relação ao planejamento ideal, isto em função da complexidade de fatores que devem ser levados em consideração. Considerando os processos de mudança no ensino e a demanda por novas formas de trabalhar com o conhecimento no ensino superior, discutem-se novos métodos para o ensino na área da saúde, para que o profissional aprenda aquilo que faz e seja o sujeito da construção de seu próprio conhecimento. Pensando em formar profissionais de saúde efetivamente comprometidos com a qualidade de vida da população, o curso de Odontologia da Universidade de Fortaleza (UNIFOR) desenvolveu uma nova proposta curricular tendo em sua concepção o desenvolvimento de um currículo integrado. No cenário da implantação de novas metodologias e estratégias de ensino vivenciado pelo corpo docente e discente envolvido nas novas disciplinas de Prótese do currículo 36.3 do curso de Odontologia, surgiu a idéia de trabalhar os conceitos de planejamento em prótese parcial removível de forma lúdica, incentivando a participação do alunos. Tendo em vista as reais necessidades apresentadas no momento do planejamento da PPR é que nós propusemos um novo método de ensino a ser adotado baseando-se na metodologia da problematização. Idealizamos o “ARCO PROPLAN”, simulando a distribuição dos dentes na arcada, para que desta forma, os alunos tivessem uma visão espacial de planejamento e biomecânica, explorando melhor os conceitos e facilitando o aprendizado. Com essa metodologia incentivamos, nos alunos, a compreensão e raciocínio em cima do planejamento; Estimulamos o interesse dos alunos na atividade prática e na busca de embasamento teórico. Permitimos aos aluno uma aprendizagem no qual ele construa o seu próprio conhecimento, através da vivência de experiências significativas; A comunicação interpessoal entre professores e alunos de Graduação a respeito de planejamento em Prótese Parcial Removível foi facilitada e melhor compreendida. 33. Percepção dos acadêmicos de odontologia da UNISC ao conhecerem os diferentes serviços de atenção à saúde bucal - município de Santa Cruz do Sul/RS Marques BB*, Piazza CLS, Bender CFR, Gonçalves EMG, Grazziotin GB C 170 onhecer os serviços de saúde bucal é uma das atividades previstas na Disciplina de Saúde Co- letiva em Odontologia II. Os locais de atenção odontológica visitados são públicos e privados, localizados no município de Santa Cruz do Sul: o Serviço Social da Indústria e do Comércio (SESI), clínicas particulares, sindicatos, cooperativas odontológicas e postos de saúde da rede básica municipal (alguns com Programa de Saúde da Família e Equipe de Saúde Bucal). Estas visitas são promovidas com a finalidade de levar os acadêmicos à reflexão sobre os diferentes modelos de atenção inseridos na política nacional de saúde. Entende-se que, ao deparar-se com a realidade dos serviços na sua rotina diária, em relação ao estilo de vida dos usuários, a organização da demanda, a forma do vínculo empregatício, as condições tecnológicas e de biossegurança, das relações interpessoais na equipe de trabalho, o egresso de um curso de odontologia estará mais capacitado a enfrentar as diversidades do mercado profissional. Ao serem perguntados sobre as expectativas futuras, diante da observação de diversas situações profissionais de um cirurgião-dentista e sua equipe, houve consenso quanto a competitividade do mercado, mas com expectativas positivas se obtiverem uma boa formação técnica. Foi bastante referenciada, pelos estudantes, a questão da desvalorização financeira, assim como o interesse de ingressarem no serviço público como opção segura para posterior ou concomitantemente iniciarem as atividades em seu consultório particular. O desenvolvimento de uma consciência crítica e reflexiva quanto à vida profissional faz-se indispensável na formação acadêmica atual e, de acordo com a percepção manifestada pelos acadêmicos, este objetivo foi alcançado. 34. Projeto pedagógico do curso de odontologia: reflexões para implantação de novas mudanças e a interação com o SUS Colaço TMJM*, Lima MS, Nascimento JS, Lucas RSCC, Nascimento SR R eferenciado na nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira nº 9394/96 e nas Diretrizes Curriculares Nacionais/DCN (CNE/CES 3/2002) para os Cursos de Odontologia, o presente trabalho relata a experiência vivenciada durante a elaboração e implantação do Projeto Pedagógico do Curso de Odontologia da UEPB, em 1999. O relato discorre sobre os problemas detectados na operacionalização do referido Projeto, após quatro anos de sua implantação, através da abertura a uma discussão ampla e compartilhada, realizada com a comunidade acadê- Revista da ABENO • 7(2):149-87 Trabalhos selecionados para apresentação • 42ª Reunião Anual da Abeno, 2007 mica. Como resultado, foi apontada a necessidade de implementação de novas mudanças. Em seguida, apresenta as propostas de intervenção que propiciem a realização efetiva do processo de mudança no Projeto Político Pedagógico do Curso, com vistas a formação de profissionais comprometidos, que priorizem a produção social da saúde com ênfase na qualidade de vida dos cidadãos brasileiros, no âmbito do Sistema Único de Saúde. Implementar mudanças no Projeto Pedagógico do Curso de Odontologia da UEPB implica em executar ações que proporcionem a realização efetiva do processo de mudança na formação dos profissionais de saúde, oportunizando a formação do profissional de forma contextualizada e transformadora, com vistas à interação com o Sistema Único de Saúde vigente no país. 35. Ligas acadêmicas como forma extracurricular de ensino. A experiência na FOUSP Lemos JBD*, Crivello Junior O, Correia FAS, Sayuri K, Favoretto DT A existência das Ligas Acadêmicas nas Escolas de Saúde é uma realidade incontestável e altamente positiva em nossos dias. As Ligas são entidades fundadas, formadas e geridas por um grupo de acadêmicos com a orientação e acolhimento dos diversos departamentos, apresentando uma faceta de desenvolvimento técnico e científico importante para todos os que delas participam, além de constituírem um excelente meio de atividade pedagógica extracurricular e aprimoramento dos alunos. É um modelo acadêmico fundamentado na produção científica, no desenvolvimento psicomotor e comportamental, com aproximação do meio acadêmico à sociedade. Realizam atividades nos ramos acadêmico, assistencial e científico assumindo um papel de agente de transformação social. Permitem um aprimoramento do ensino e do atendimento à sociedade, possibilitando ao aluno um contato precoce com as diversas áreas do saber. No ano de 2004, por iniciativa de alguns alunos da FOUSP, foi criada a Liga de Cirurgia Oral, MaxiloFacial e Traumatologia Maxilo-Facial (LICOMF), caracterizada como uma “entidade estudantil sem fins lucrativos; formada por alunos da graduação da Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo, com o intuito de abordar os temas relevantes em Cirurgia Oral e Maxilo Facial e Traumatologia Maxilo-Facial em âmbito didático, científico e de extensão universitária”. É ligada ao CA “XXV de Janeiro” da Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo e é vinculada ao Departamento de Cirurgia, Prótese e Traumatologia Maxilo-Faciais. Os próprios alunos criaram os critérios para inclusão de novos membros, com os pré-requisitos devidos, as atividades que os mesmos podem exercer, de acordo com sua progressão no curso de Graduação, e elaboram o cronograma das atividades da Liga, supervisionadas diretamente pelos docentes do Departamento de Cirurgia, Prótese e Traumatologia Maxilo-Faciais, a quem cabe a responsabilidade sobre os pacientes atendidos e a preceptoria aos alunos. A LICOMF desenvolve atividades clínicas, no ambulatório da Disciplina de Traumatologia Maxilo-Facial, com a orientação dos seus professores além de ministrar aos seus integrantes curso teórico regular sobre temas pertinentes à especialidade. Participam ativamente do Congresso Universitário Brasileiro de Odontologia (CUBO), na FOUSP todos os anos, em cursos pré-CUBO e em atividades do próprio Congresso. A LICOMF tem se mostrado, na área de cirurgia, como uma entidade de reconhecida relevância na participação da educação em cirurgia no meio acadêmico. É de significativa atividade pedagógica extracurricular e estabelece aos alunos e ao Departamento uma interface promissora. 36. Grupo de estudos em Odontologia: a interdisciplinaridade em foco Brasileiro CB*, Zocratto KBF, Salles V O grupo de estudos em odontologia é um momento ímpar de interlocução de conhecimentos entre alunos de graduação e o corpo docente do curso de Odontologia do Centro Universitário Newton Paiva. De acordo com a Associação Brasileira de Ensino Odontológico, práticas pedagógicas inovadoras que estimulem a busca por novos saberes são fundamentais para a efetivação do processo ensino-aprendizagem. O grupo de estudos representa uma ação pedagógica embasada nas Diretrizes Curriculares Nacionais do curso de graduação em Odontologia, propondo uma ruptura da estrutura curricular fragmentada, exaltando a interdisciplinaridade entre as diversas áreas. A integração de conteúdos das áreas básicas e específicas permite que os discentes desenvolvam uma postura crítica e reflexiva perante o planejamento integral do atendimento em saúde. Além disso, este projeto representa a aplicação de uma nova estratégia de ensino no curso de Odontologia, expondo situações e problemas reais da prática profissional ao acadêmico, tendo o docente Revista da ABENO • 7(2):149-87 171 Trabalhos selecionados para apresentação • 42ª Reunião Anual da Abeno, 2007 como facilitador e norteador do processo ensinoaprendizagem e não como única fonte de conhecimento. Todos os alunos, de primeiro ao nono períodos, e professores do curso de Odontologia são convidados a participar do grupo de discussão que ocorre mensalmente. Um número limite de trinta vagas para cada grupo de estudo é previamente estipulado e a inscrição é realizada por ordem de chegada, com a entrega de um quilo de alimento não perecível. Estes alimentos são posteriormente doados ao Núcleo de Apoio à Família (NAF) que os distribui às famílias carentes do Morro das Pedras, comunidade assistida pelos acadêmicos nas clínicas e estágios do curso de odontologia. No momento da inscrição, os acadêmicos recebem o roteiro do tema que será abordado no encontro para que possam levantar, previamente, na literatura científica, respostas, soluções e dúvidas sobre o problema proposto para um melhor aproveitamento durante o grupo de estudos. Os professores envolvidos na discussão fazem uma abordagem instigante do tema com os alunos, objetivando estimular a reflexão e evidenciar os pontos-chave que funcionam como elo na articulação entre os conteúdos das áreas básica e específica. Neste sentido, a participação de todos os alunos é oportunizada e a valorização de seu conhecimento é evidenciada na solução do problema proposto. Desta forma, o grupo de estudos em odontologia é um instrumento de ensino que facilita a abordagem vertical e horizontal dos conteúdos necessários para a formação integral do acadêmico. 37. A inserção do aluno em prática clínica odontológica no início do curso: uma experiência do Centro Universitário Newton Paiva Brasileiro CB*, Zocratto KBF A s práticas educativas norteadas por princípios éticos, humanísticos e que facilitam a inserção precoce do aluno junto à prática odontológica proporcionam o desenvolvimento de habilidades e motivam na superação de desafios. O curso de odontologia do Centro Universitário Newton Paiva, em concordância com as Diretrizes Curriculares Nacionais apresenta-se munido de propostas que facilitam este processo, sendo uma delas a inserção do aluno junto à prática odontológica, em ambiente clínico, no segundo período do curso, no conteúdo de Estágio Supervisionado II. No início deste estágio, o discente tem contato com a realidade social através de 172 práticas extramuros, onde vivencia diversas abordagens de educação em saúde e participa de levantamento epidemiológico em saúde bucal, munindo-se de informações para a elaboração de um programa de saúde, que é atividade curricular do semestre subseqüente. No segundo momento, o aluno é preparado para sua inserção em ambiente clínico, recebendo orientações básicas sobre a relação professor-alunopaciente, sobre as questões éticas e legais de um prontuário odontológico e sobre o controle de infecção na clínica odontológica. Após esta etapa de preparação, o aluno se depara com a prática odontológica articulada, uma vez que as ações desenvolvidas por ele estão em sintonia com o atendimento clínico realizado no conteúdo de Ciências Odontológicas Articuladas VIII (COA VIII), no nono período do curso. Desta forma, no estágio supervisionado II, os alunos realizam diversas ações que envolvem práticas de educação em saúde e de mensuração da higiene oral do paciente através do índice de higiene oral simplificado (IHOS) e do diário alimentar com posterior avaliação de risco através da combinação dos valores individuais. De acordo com o risco, o paciente é agendado para retornar em uma periodicidade de um, três ou seis meses para o controle de higiene oral. Após o atendimento no estágio supervisionado II, o paciente é encaminhado, no mesmo dia, para o atendimento clínico da COA VIII. Neste momento, realiza-se uma avaliação clínica criteriosa com o levantamento de necessidades e realização de intervenções necessárias. Desta forma, o estágio supervisionado apresenta-se como instrumento facilitador do processo ensino-aprendizagem, uma vez que proporciona ao aluno, desde o início do curso, um contato com a prática clínica odontológica e oportuniza ao mesmo uma visão global de sua formação acadêmica e da importância de articulação de conteúdos. 38. Percepção e utilização dos conteúdos de saúde coletiva por cirurgiões-dentistas egressos da Universidade Federal de Goiás Marcelo VC*, Badan DEC O mundo contemporâneo, dinâmico, onde situações e tendências diversas se apresentam exigindo dos profissionais o desafio de adaptarem-se a elas, não é diferente para o profissional cirurgiãodentista. As mudanças requerem o desafio de rever o conceito de assistência à saúde, indo além do tratamento ou prevenção de doenças. As Diretrizes Cur- Revista da ABENO • 7(2):149-87 Trabalhos selecionados para apresentação • 42ª Reunião Anual da Abeno, 2007 riculares Nacionais para cursos da área de saúde sugerem mudanças na graduação destes profissionais de acordo com a necessidade indicada pelo Ministério da Saúde de incentivar mudanças no sentido da consolidação do SUS. Dentro desta perspectiva, o objetivo deste estudo é conhecer a percepção e utilização dos conteúdos de saúde coletiva na prática dos egressos do curso de odontologia da Universidade Federal de Goiás, graduados nos anos de 2000 a 2002. Este é um estudo quanti-qualitativo, utilizando a metodologia da triangulação de técnicas com três estratégias: revisão de literatura, análise documental e aplicação de questionário via e-mail. Os resultados mostraram que a maioria dos graduados (83,3%) está trabalhando como cirurgião-dentista; destes 70,7% atuam na capital, predominantemente em clínicas privadas (44,4%). Um número significativo destes egressos continuou os estudos cursando pós-graduações, com destaque para as especializações (68,1%), sendo que ortodontia foi citada como a especialização mais cursada (38,5%) entre os pesquisados. O egresso tem dúvidas sobre o que sejam as ações em saúde coletiva, embora as pratique, indicando que ainda não são claras as terminologias das ações associadas à saúde coletiva entre os pesquisados. A atuação no serviço público determinou realizações de mais práticas caracterizadas como saúde coletiva pelos profissionais. Dentre os principais entraves ao desenvolvimento de ações em saúde coletiva destacase a falta de recursos materiais complementares, a dificuldade de valorização destas ações pela população, a falta de tempo e a infra-estrutura precária das unidades de saúde. Com relação aos conteúdos recordados como tendo sido ministrados, a promoção da saúde foi recordada por 100% dos egressos; com relação aos conteúdos utilizados, prevenção em saúde foi o mais citado, sendo ainda educação em saúde, promoção da saúde e ergonomia os conteúdos relatados como sendo utilizados nas práticas cotidianas por mais de 60% dos egressos. As práticas de estágio extramuros foram muito valorizadas entre os profissionais participantes. Conclui-se haver uma necessidade de maior clareza sobre o que sejam as práticas em saúde coletiva para os egressos, pois estes as praticam, mas não têm consciência disso. A atuação no serviço público é um fator determinante para o desenvolvimento de ações coletivas, mostrando a necessidade de um currículo de graduação, construído e trabalhado de forma integrada internamente e com os serviços. É ainda baixa a valorização dessas ações. 39. Perfil dos acadêmicos ingressantes no curso de Odontologia da Universidade Paranaense Bremm LL*, Miura CSN, Pensin NR, Albuquerque SC, Hoeppner MG A formação de um profissional adequado à realidade do País é uma das principais metas dos cursos de odontologia e é de fundamental importância para os gestores conhecer a procedência, os motivos da escolha e as expectativas dos acadêmicos ingressantes. O conhecimento do perfil destes acadêmicos proporciona ainda a construção do projeto político pedagógico centrado também no histórico pregresso dos alunos ingressantes, seu perfil e expectativas. Assim, o objetivo deste estudo foi avaliar o perfil dos acadêmicos ingressos no curso de Odontologia de uma universidade particular e outra pública do município de Cascavel-PR. A coleta de dados ocorreu entre os meses de março e abril de 2007. Um questionário foi usado como ferramenta da pesquisa e foi respondido por 76 acadêmicos, 43 da universidade particular (Universidade Paranaense – UNIPAR) e 33 da pública (Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE), sendo a média de idade 21,9 anos (17 – 28) e 19,8 anos (17 – 23), respectivamente. A maioria dos alunos de ambas as universidades cursou o ensino médio em escolas particulares e os 5 principais motivos para a escolha do curso de odontologia, em ordem decrescente, foram: profissão autônoma, trabalhar com pessoas, ajudar pessoas, possuir dentista na família e influência do próprio dentista. É importante identificar o perfil dos acadêmicos ingressantes para que a dinâmica do curso consiga unir as expectativas aos princípios de promoção, proteção e recuperação da saúde formando, desta maneira, profissionais generalistas, sintonizados com a realidade social e epidemiológica de cada região. 40. Ensino da gestão e gerência em saúde na graduação em odontologia Marcelo VC*, Rocha DG A s Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) dos cursos de graduação na área da saúde estão em processo de implementação no Brasil. Isso demanda novas habilidades e competências dos egressos. Para tal, é requerida a superação do modelo biomédico hegemônico, uma vez que, mesmo quando existem oportunidades de estágios práticos, estes são centrados em atenção curativa, com ênfase nos processos Revista da ABENO • 7(2):149-87 173 Trabalhos selecionados para apresentação • 42ª Reunião Anual da Abeno, 2007 clínicos. Fato que perpetua a formação tradicional voltada para uma prática profissional descontextualizada e acrítica. O desafio posto é o de ampliar os cenários de práticas, possibilitando o ensino das competências e habilidades necessárias a um gestor e/ou gerente do SUS, funções cada vez mais demandadas dos profissionais da saúde. Este trabalho tem por objetivo apresentar e discutir a experiência de implementação de estágio supervisionado junto aos níveis central e distrital da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Goiânia, no período de 2000 a 2006. A disciplina Odontologia Social da FO/UFG, considerando a proposta do SUS, a legislação vigente e as DCN, oportuniza aos alunos uma atuação nos três níveis de intervenção do Cirurgião-Dentista (CD) nos serviços públicos: local, distrital e central. Grupos de 4 componentes atuam durante três meses em cada nível sob a supervisão de um preceptor - CD do serviço e orientação de um professor. A partir dessa atividade, os acadêmicos percebem a complexidade do exercício da função de gestor frente aos mecanismos burocráticos e cultura institucional nas diferentes esferas e começam a se familiarizar com a legislação, linguagem, termos, siglas e caminhos do SUS. Passam a valorizar mais os trabalhadores que exercem essas funções. O reconhecimento da fragmentação das diversas áreas e o isolamento de cada uma através da análise da área de saúde bucal permitem um melhor preparo para o trabalho multi e transdisciplinar. A compreensão das atribuições da gerência constrói uma visão das dimensões administrativa, técnica e político-estratégica no cotidiano dos serviços. As atividades propostas permitem aos acadêmicos se familiarizarem com os mecanismos de gestão e gerência no SUS e desenvolver as habilidades e competências requeridas. Pode-se verificar desconhecimento de gestores e gerentes sobre sistemas de informação e suas possibilidades de uso, indicadores pactuados na Atenção Básica e outros que extrapolam as especificidades do desempenho de suas funções rotineiras. Assim, além da aprendizagem dos acadêmicos, há um expressivo fortalecimento da parceria ensino-serviçoscontrole social na perspectiva da educação permanente, pois puderam ser mapeadas necessidades de aprendizagem também dos trabalhadores. 41. A relevância do prontuário clínico em Prótese Buco-Maxilo-Facial Reis RC*, Dias RB U 174 m prontuário clínico minucioso e completo é fundamental nos protocolos de tratamento clí- nico de todas as especialidades. A Prótese Buco-Maxilo-Facial, como especialidade odontológica e por suas particularidades, atua no tratamento reabilitador facial intra e extra-oral, decorrente de variadas etiologias, realizado em âmbito hospitalar ou ambulatorial em pacientes com extensa histórica clínica e simultâneo tratamento médico, tornando imprescindível a integração e comunicação entre os profissionais envolvidos. Este aspecto multidisciplinar, a complexidade e longevidade do tratamento requerem um prontuário clínico devidamente preenchido, que possibilite a sua continuidade e correto entendimento. A base do prontuário clínico segue as recomendações e orientações preconizadas pelo CFO com as adequações inerentes à especialidade. É importante banco de dados para trabalhos científicos e análises estatísticas. O prontuário clínico é instrumento imprescindível para o controle, orientação, continuidade e conseqüente êxito do tratamento reabilitador. A obrigatoriedade no âmbito jurídico de um completo prontuário clínico não deve ser a razão principal, mas sim, uma conduta profissional que norteie com correção as diferentes etapas deste tratamento, praticando os conhecimentos profissionais e, sobretudo, realizando um ato pleno de cidadania. 42. O processo de legitimação das mudanças no ensino odontológico no Brasil Queiroz MG*, Dourado LF E ste trabalho faz parte da tese: O ensino da odontologia no Brasil: concepções e agentes, desenvolvida no Programa de Pós-Graduação em Educação FE/UFG, linha de pesquisa “Estado e Políticas Educacionais”. Visa discutir a contribuição das agências internacionais: OPAS e Fundação W.K. Kellogg na constituição do ensino da odontologia no Brasil a partir da década de 1960. Fez-se pesquisa documental, exploratória, cujas fontes foram: a legislação do ensino superior e da saúde no Brasil, pesquisas na área da História da Educação Superior, documentos e recomendações elaborados pela OPAS, Fundação Kellogg, ABENO, Ministério da Saúde e da Educação, acerca da formação de recursos humanos em odontologia. Período caracteriza-se pela implantação da LDB de 1961 a qual deu respostas a alguns problemas evidenciados no ensino da odontologia no Brasil como a padronização das matérias ministradas e posteriormente da carga horária de duração dos cursos. Alterações se efetivaram na educação superior no Revista da ABENO • 7(2):149-87 Trabalhos selecionados para apresentação • 42ª Reunião Anual da Abeno, 2007 Brasil no período, tendo por base a suposta proposta de modernização desse nível de ensino, referendada pela Reforma Universitária de 1968, fortemente influenciada pelo modelo norte-americano. Várias ações de formação profissional foram implementadas, a fim de adequar os cursos à realidade nacional e, ao mesmo tempo, avançar no sentido de garantir a consolidação da odontologia na área da saúde. Ressalta-se a importância das discussões acerca do ensino da odontologia construídas a partir das recomendações do Seminário de Viña del Mar - 1955, divulgadas pela OPAS e pela Fundação Kellogg e assumidas pela ABENO, atualizadas pelos estudos e pesquisas desenvolvidos pela área. Outro momento de mobilização importante foi o espaço aberto pelos Seminários Latino-americanos sobre o ensino da odontologia e posteriormente as parcerias entre a OPAS, Fundação Kellogg, Ministério da Educação e já no final da década 1970 e início da de 1980 com o Ministério da Saúde. A par da influência, principalmente em função do financiamento para as iniciativas de mudança no ensino da odontologia exercida pelas agências internacionais em estudo, essas resultaram de uma construção nacional coletiva, cujos atores se posicionaram estrategicamente, preparando-se teoricamente para a defesa de um serviço de saúde pública de qualidade e uma formação profissional compatível com essa possibilidade de atuação. Nesse movimento de consolidação de um novo padrão de formação situam-se as DCNO. Elas foram construídas a partir dos mais diversos embates, revelando a tensão entre diferentes atores e concepções, nem sempre compreendidos pelos profissionais da área. Tal constatação enseja a necessidade de maior clareza por parte dos profissionais, no que concerne às concepções e propostas político-pedagógicas para a área; a necessidade de que a categoria profissional assuma a autoria e a construção de uma proposta de formação profissional que pressuponha o fortalecimento da Reforma Sanitária. 43. Capacitando o acadêmico de odontologia a trabalhar no processo de diagnóstico e intervenção junto à população Queiroz MG*, Moura SM, Rocha DG, Marcelo VC, Freire MCM A Saúde Coletiva tem como objetivo desenvolver ações que visem a promoção, a prevenção, a recuperação e a manutenção da saúde coletiva e individual. Para que estas ações tenham resolutividade é necessário que as mesmas sejam adequadamente escolhidas para aquela situação específica. Portanto, compreender a realidade cultural, ambiental, social e de saúde na qual as pessoas vivem constitui uma estratégia para qualificar o planejamento em saúde. São várias as técnicas utilizadas para a compreensão da realidade na qual os profissionais de saúde irão atuar, visando a modificação e implantação de melhorias em determinada população. Dentre essas técnicas, a Coordenação da Disciplina de Odontologia Social I da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Goiás escolheu a Técnica da Estimativa Rápida (TER) como ferramenta a ser utilizada pelos acadêmicos matriculados nessa disciplina para o diagnóstico de uma micro-área de atuação das Equipes de Saúde Bucal da Estratégia de Saúde da Família da Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia. A TER baseia-se em detectar um conjunto de problemas de uma determinada população em um curto período de tempo e sem grandes gastos, utilizando-se da percepção da própria população. Identifica os problemas, mas não tem como objetivo informar quantas pessoas são afetadas por eles. Os dados obtidos por esse método são coletados a partir de três fontes principais: registros escritos preexistentes; entrevistas com informantes chaves, utilização de roteiros ou questionários estruturados; e na observação sistemática da área e instituições investigadas. A partir dessa estratégia de diagnóstico a Disciplina elaborou um Roteiro para a consolidação dos dados do diagnóstico sócio-ambiental. Este trabalho tem como objetivo apresentar esse roteiro produzido pela disciplina, bem como as experiências desenvolvidas pelos acadêmicos de Odontologia a partir da intervenção na comunidade guiados pelos diagnósticos oriundos desse instrumento. Essa experiência foi considerada viável e satisfatória pelos acadêmicos, pois permitiu identificar as necessidades gerais da comunidade e propor soluções. Além disso, conciliou o conhecimento teórico com a experiência prática, facilitando o desenvolvimento das atividades acadêmicas e a atuação junto às equipes de saúde da família agregando a elas um conhecimento novo e factível. A atuação dos acadêmicos a partir desse novo olhar proporcionou uma forma ativa de atuação junto à própria comunidade que recebeu e avaliou o trabalho. Assim, a adoção dessa estratégia possibilitou desenvolver as competências de tomada de decisão, comunicação e liderança, além da construção de diversas habilidades específicas propostas nas Diretrizes Curriculares Nacionais para os cursos de Graduação em Odontologia. Revista da ABENO • 7(2):149-87 175 Trabalhos selecionados para apresentação • 42ª Reunião Anual da Abeno, 2007 44. Conhecimento e condutas de docentes do curso de Odontologia da Universidade do Vale do Itajaí sobre biossegurança: estudo exploratório sobre o pensar-fazer Uriarte Neto M*, Costa APL, Imianowski S, Bottan ER Q ualquer ambiente que trabalhe com saúde prestando serviço à população não poderá em hipótese alguma ser um carreador de microorganismos para o cliente atendido. Assim a odontologia, na condição de ciência e profissão da saúde, deve atuar com um olhar voltado às questões pertinentes à adoção de condutas de prevenção e proteção contra riscos ocupacionais que podem ocorrer, prejudicando profissional, auxiliares e inclusive o próprio cliente atendido. É necessário que os cirurgiões-dentistas sejam conhecedores dos riscos biológicos existentes e da dimensão de alcance da transmissão de agentes infecciosos, dentro de um ambiente de consultório, e adotem as medidas de prevenção/proteção como prática diária. Este processo de conhecimento e responsabilidade deve ser iniciado quando da formação do futuro profissional. Neste sentido, os cursos de Odontologia, em geral, oferecem conhecimento teórico necessário para o entendimento dos mecanismos de controle de infecções, mas a maioria não disponibiliza treinamento e estrutura suficientes para a realização desta prática, o que resulta na desvalorização da teoria. É necessária, portanto, a mobilização de todo o conjunto universitário (alunos, professores e funcionários). É fundamental que o discurso do professor esteja relacionado com a sua prática, para que a relação teoria/prática não seja sufocada. Frente ao exposto, o presente estudo verificou, através de uma pesquisa descritiva, o conhecimento e as condutas de docentes do curso de Odontologia da UNIVALI, com atuação em 2006, sobre biossegurança. A amostra do tipo não probabilístico foi constituída por 34 docentes, sem discriminação de disciplinas e/ou formação, atuantes no segundo semestre de 2006, que, voluntariamente, aceitaram participar da pesquisa. Foi aplicado um questionário com quatro perguntas abertas. A análise foi efetuada com base na teoria de análise de conteúdo proposta por Bardin. Os resultados demonstraram que 50,7% dos docentes entrevistados identificam por biossegurança as medidas de controle de infecções; quando questionados sobre a aplicação dos princípios de biossegurança, 27% das respostas se referiam à utilização dos EPIs; e 26,9% acreditam 176 que a melhor maneira para a aplicação dos princípios é o exemplo do cumprimento das normas de biossegurança; e 25,6% dos docentes afirmam propor a utilização dos EPIs em sua disciplina. Concluiu-se que não há uma uniformidade nos conceitos sobre biossegurança apresentados pelos docentes pesquisados; muitos ainda não conhecem seu amplo significado; os conhecimentos e aplicações são realizados de forma fragmentada e não como um conjunto de princípios, medidas e atitudes como propõe o próprio termo biossegurança. Assim, o conhecimento gerado a partir desta pesquisa permitirá subsidiar discussões sobre a necessidade da implantação de um protocolo de medidas de precaução-padrão aplicáveis ao cotidiano da academia e na vida do egresso. 45. A doença periodontal e o papel do cirurgião-dentista no processo de motivação do paciente: análise do processo de formação do futuro profissional Uriarte Neto M*, Odebrecht CMR, Ramos FK, Zanatta GB, Bottan ER A doença periodontal é um dos grandes problemas de saúde pública até mesmo nos países desenvolvidos. É a doença crônica mais prevalente que afeta a dentição humana. A placa bacteriana é o principal fator etiológico responsável pela doença periodontal e sua remoção, ou desorganização, está intimamente relacionada com a prevenção e o sucesso do tratamento periodontal. Sendo assim, é imprescindível que o paciente se conscientize quanto à importância de modificar seu comportamento, quando este é incorreto, esforçando-se por desenvolver hábitos que propiciem a manutenção de sua saúde bucal. O sucesso no tratamento da doença periodontal depende de uma intervenção correta e, também, da constante motivação do paciente para um bom controle da placa. Considerando-se o papel do cirurgião-dentista no repasse de conhecimento aos seus pacientes como um fator fundamental para a prevenção da doença periodontal, definiu-se a problemática desta investigação, ou seja: os acadêmicos do curso de Odontologia da UNIVALI, quando em atividades clínicas, na disciplina de Periodontia, repassam orientações/informações suficientes aos pacientes para motivá-los a manter uma adequada higienização bucal? Foi, então, desenvolvida uma pesquisa do tipo exploratória-descritiva com os pacientes em tratamento nas Clínicas de Periodontia I e II, no decorrer do ano de 2006. Foi constituída uma amostra não probabilística, obtida por conveni- Revista da ABENO • 7(2):149-87 Trabalhos selecionados para apresentação • 42ª Reunião Anual da Abeno, 2007 ência, ou seja, com todos os pacientes que iniciariam o atendimento nas Clínicas de Periodontia e que aceitaram, por livre e espontânea vontade, responder ao questionário. O grupo foi composto por 63 pacientes, sendo 23 homens e 40 mulheres, variando o sexo masculino de 21 a 70 anos e o sexo feminino de 12 a 78 anos. O instrumento para coleta de dados foi um questionário com questões do tipo fechado aplicado pelos alunos, durante a anamnese (primeira sessão de tratamento) e na última sessão do tratamento. O questionário foi apresentado através de leitura conjunta, sem que o aluno interferisse nas respostas, fazendo apenas o papel de anotador para o paciente. Os resultados indicaram que houve melhora geral no nível de conhecimento dos pacientes, sendo que o grupo das mulheres apresentou melhores índices de acerto. Apesar de se ter constatado uma melhora no nível de informação dos pacientes, ficou evidente que grande parte dos pacientes continua com um grau de informação relativamente baixo no que diz respeito aos fatores de risco às Doenças Periodontais, às Doenças Periodontais propriamente ditas e suas características clínicas. Estes resultados sugerem a necessidade de se rever os procedimentos de ensino-aprendizagem adotados pela disciplina de Periodontia quanto aos conteúdos relacionados à motivação e ao repasse de informações aos pacientes, com vistas à formação de um profissional comprometido com as questões de promoção da saúde. 46. Paradigma da pedagogia e da educação Pinto RLS*, Cruz RCW, Lamberti P A o longo da história, as práticas pedagógicas evoluíram, o conhecimento se tornou um meio para ampliar competências para fazer com que alunos e professores sejam capazes de continuar aprendendo pelo resto da vida, onde o caminho de acesso deve encontrar suporte em metodologias que busquem constantemente experimentar inovações didáticas, sem perder de vista o objetivo fundamental da ação educativa, tornando-a mais produtiva. A disciplina de Radiologia Clínica da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal da Bahia, atenta às atuais concepções pedagógicas que possibilitam a apropriação dos instrumentos da produção e manifestação da cultura e da metodologia de desenvolvimento de ferramentas que experimentem a expansão de competências necessárias para atuar neste cenário, redefiniu sua atuação adotando novas estra- tégias de ensino a partir do melhor entendimento sobre a complexidade do próprio processo de aprendizagem, e da compreensão de sua importante função na construção do saber odontológico. Diante do exposto, nosso objetivo é apresentar um novo Paradigma da Pedagogia e Educação para interpretação de imagens em Radiologia Odontológica fundamentado na construção de experiências significativas de aprendizagem relacionando teoria e prática, configurando desta maneira o espaço educacional como um local onde o processo de aprendizagem seja fascinante. Os passos detalhados deste processo são: 1 - realização inicial de uma avaliação diagnóstica através de oficina de trabalho no intuito de coletar dados sobre o conhecimento preexistente. 2 - comunicação do tema curricular, em grupos pequenos, o qual é trabalhado de forma articulada usando desenhos, fotografias e radiografias. 3 - ordenação do conhecimento a partir dos saberes adquiridos. 4 imediata aplicação em tarefas práticas. Após alguns anos desenvolvendo esta técnica, concluímos que a aprendizagem não é um processo passivo, é preciso buscar meios de despertar o interesse dos alunos e dar a eles um papel mais ativo. Para tal fato, é importante compreender o modo como as pessoas aprendem, as condições necessárias para acontecer a aprendizagem, bem como identificar o papel do professor neste processo. 47. Inserção do egresso do curso de Odontologia da Universidade Estadual de Montes Claros - UNIMONTES no mercado de trabalho. Estudo descritivo Brito-Júnior M*, Barbosa DR, Siqueira FS, Ferreira ST, Martelli-Júnior H A tendência à especialização do trabalho pode ser encontrada tanto nas áreas tecnológicas quanto nas atividades práticas dos profissionais, sendo que na área da saúde, principalmente a odontologia e a medicina, verifica-se número crescente de especialidades. Como conseqüência há maior valorização dos procedimentos técnicos, de forma muitas vezes apartada das necessidades epidemiológicas e da realidade social da população brasileira. Para gerar as grandes transformações requeridas para melhoria da atuação da odontologia os currículos das instituições formadoras de cirurgiões-dentistas têm buscado a mudança do modelo de ação curativa para a formação de profissionais voltados para saúde pública e coletiva. Neste contexto, na concepção do projeto político pedagógico do Curso de Odontologia da Universidade Estadual de Mon- Revista da ABENO • 7(2):149-87 177 Trabalhos selecionados para apresentação • 42ª Reunião Anual da Abeno, 2007 tes Claros - Unimontes buscou-se uma estreita adequação curricular às realidades epidemiológicas e culturais da população norte-mineira. O Curso baseia-se na lógica da necessidade de saúde bucal, centrado no trabalho multidisciplinar e com garantia de participação dos usuários. Foi importante ainda na concepção curricular a oferta de oportunidades de aproximação à rede hierarquizada regional de serviços de saúde do Sistema Único de Saúde – SUS. O presente estudo teve por objetivo avaliar a inserção do egresso do Curso de Odontologia da Unimontes no mercado de trabalho sob a perspectiva de verificar a consonância das diretrizes do projeto político pedagógico com a atuação profissional dos seus egressos. Foi desenvolvido questionário semi-estruturado para compreender a distribuição e atuação dos cirurgiões-dentistas desde a primeira turma (julho-2002) até a turma formada em dezembro de 2005. A partir do envio dos questionários obteve-se repostas de 54 profissionais correspondendo a 52% da população selecionada. Os resultados mostraram que as atividades profissionais dos egressos são exercidas em clínicas e consultórios particulares (33,3%), exclusivamente nos serviços públicos de saúde (27%) e em consultório e serviço público de saúde (27%), predominantemente nas cidades do Norte de Minas Gerais (80%). Apenas 33,3% da população estudada fez ou estava fazendo cursos de especialização, principalmente nas áreas de saúde da família (13%), prótese dentária (7,4%) e endodontia (5,6%). Em relação à remuneração salarial na profissão, 27,8% responderam até 5 salários mínimos; 59,3%, 5 a 10 salários mínimos e 11,1%, acima de 10 salários mínimos. Para a pergunta “Você está satisfeito com sua inserção profissional?” houve a resposta “sim” em 66,7% e “não” em 31,5% dos casos. Dessa forma, percebe-se que a atuação profissional dos egressos estudados reflete a formação acadêmica proposta pelo Curso de Odontologia da Unimontes, com valorização da prática generalista voltada para realidade regional. Tal situação, majoritariamente, remete em satisfação da inserção profissional no mercado de trabalho. 48. Uso da metodologia 5W2H no planejamento estratégico dos cursos de Odontologia da UNIPAR campus Cascavel e Umuarama - relato de experiências Miura CSN*, Bremm LL, Miura MN, Pensin NR, Hoeppner MG T 178 odo curso superior necessita de um planejamento anual ou bianual buscando novas metas em direção à melhoria no curso. Planejamento é o ato de estabelecer objetivos (metas), diretrizes (princípios orientadores) e procedimentos (metodologias) para uma unidade de trabalho. No entanto, freqüentemente, assegurar-se de que as metas serão atingidas e acompanhar todo o processo de desenvolvimento sobrecarregam o papel do coordenador do curso. A ferramenta 5W2H permite a participação coletiva de professores, acadêmicos e funcionários técnicos administrativos no processo da decisão de quais são os pontos prioritários a serem abordados, para quais itens os esforços serão direcionados, e quais serão os principais atores envolvidos no processo, visando a obtenção de excelência no processo ensino/aprendizagem. Incluir a participação do corpo docente aumenta a sensação de pertinência no grupo, melhorando a adesão às decisões tomadas. A metodologia utilizada é de extrema importância e tem como objetivo planejar e distribuir afazeres do curso. A utilização do método possui como principal vantagem a definição clara e objetiva de todos os itens que compõem um planejamento. A metodologia 5W2H é derivativa da língua inglesa, sendo 5 delas iniciadas com “W” e 2 iniciadas com “H”. What (O quê), Who (Quem), When (Quando), Where (Onde), Why (Porquê), How (Como), How much (Quanto/Quanto custa). Inicialmente é necessário o levantamento dos problemas que devem envolver a participação do maior número possível de integrantes da organização. Isto pode ser feito através da metodologia de “Brainstorming” com levantamento de todos os problemas vislumbrados pelo grupo. Os problemas levantados são então triados para avaliar aquilo que realmente precisa ser discutido e resolvido. O método 5W2H é então aplicado em 3 etapas na solução de problemas: 1º) Investigação do problema ou processo visando aumentar o nível de informações e buscar rapidamente onde está a falha; 2º) Plano de ação: estabelecer as ações visando eliminar o problema; e 3º) Padronização dos procedimentos que devem ser seguidos como modelo para prevenir o reaparecimento do problema. A utilização desta metodologia proporcionou melhor organização acadêmica e pedagógica do curso e proporciona melhores índices de satisfação de todos os segmentos da comunidade acadêmica. Revista da ABENO • 7(2):149-87 Trabalhos selecionados para apresentação • 42ª Reunião Anual da Abeno, 2007 49. Recursos alternativos no ensino-aprendizagem do conteúdo de escultura dental Oliveira RS*, Ferraz CA, Brum SC, Coelho SM, Massa VTDM O avanço tecnológico e científico vem acontecendo atualmente de maneira e velocidade extremamente aceleradas, devemos lançar mão de todos os recursos disponíveis no desempenho da função de instrumentalizar seres humanos para exercerem em plenitude a profissão de cirugião-dentista. Nesse contexto todos os aspectos da formação devem receber atenção especial focando sempre o atendimento das necessidades de manutenção e recuperação da Saúde da comunidade. Para que possamos formar profissionais completos, não podemos negligenciar as habilidades inerentes ao exercício da odontologia, entre elas a capacidade manual de reproduzir elementos dentários parcial ou totalmente na recuperação de sua anatomia para devolvermos forma e função. Nesse contexto é que procuramos trabalhar com o que há de recursos de elevado grau de sofisticação técnica sem, entretanto, desprezarmos a inserção de recursos simplificados, que apresentam elevado grau de eficácia. O objetivo deste trabalho foi evidenciar a eficácia da utilização de desenhos pontilhados e massa de modelar no aumentos da capacidade de visualização espacial e reprodução fiel na escultura dental. Mobilizados pelo fato de que as atividades de contato com o elemento dental, anatomia e estruturas acontecem precocemente no primeiro período acadêmico, foi proposto como estratégia de ensino aprendizagem o preenchimento de desenhos de contornos dos dentes em visões vestibulares, linguais/palatinas, proximais e oclusais. O alunos recebem uma sequência de desenhos onde cada face aparece com pontilhados que ficam menos definidos a cada figura em número de quatro para que seja efetuada uma ligação entre os pontos e ao final deve executar o desenho sem o auxílio dos pontilhados. A massa de modelar é utilizada na reconstrução dos dentes, com a utilização de macromodelos sendo as cores diferenciadas por estrutura reconstruída. Tal atividade tem sido alvo de críticas favoráveis por parte dos alunos, tendo também demonstrado sensível elevação da capacidade de orientação espacial dos acadêmicos. Os autores concluíram que a utilização dos desenhos pontilhados e reconstrução dental com massa de modelar são recursos úteis e eficazes e que proporcionam aos acadêmicos maior favorecimento na apropriação da habilidade de esculpir em odontologia. 50. Participação de docentes do curso de Odontologia da Universidade Estadual de Montes Claros – UNIMONTES em atividades de pesquisa e extensão: estudo retrospectivo Brito-Júnior M*, Camilo CC, Costa SM, Martelli-Júnior H A s instituições de ensino superior no Brasil, apesar dos problemas e dificuldades, têm desempenhado papel fundamental na formação científica, cultural e ética de importante parcela da população. A universidade ancorada na tríade ensino-pesquisa-extensão tem sido a grande propulsora do desenvolvimento do processo educativo em seus diferentes aspectos, desde as investigações científicas e aprimoramento tecnológico até a formação profissionalizante. A indissociabilidade das práticas de ensino, pesquisa e extensão favorece a aproximação entre teoria e prática, fator essencial para a conquista de objetivos educacionais. Essas práticas conduzidas e estimuladas pelos professores permitem participação coletiva, que alavanca o processo ensino-aprendizagem, ao desencadear a relevância dos aspectos curriculares delineados, bem como possibilitam a aproximação dos alunos do perfil educacional almejado. Este estudo retrospectivo avaliou a participação de docentes do Curso de Odontologia da Universidade Estadual de Montes Claros - Unimontes, em atividades de pesquisa e extensão nos anos de 2005 e 2006. Os dados foram coletados a partir de documentos gerados pela Diretoria de Recursos Humanos da Unimontes para a “Avaliação Especial de Desempenho de Docentes”. A análise estatística descritiva foi realizada no programa SPSS® 11.0, bem como o teste de “Likelihood Ratio” (p < 0,05). Participaram 21 docentes, sendo a maioria (61,5%) do gênero feminino, distribuídos nas áreas de Clínicas Integradas (5), Endodontia (3), Estomatologia/Patologia Bucal (3), Odontopediatria (2), Periodontia (2), Prótese (2) e Saúde Coletiva (4). No tocante à atuação simultânea em pesquisa e extensão, nos anos de 2005 e 2006, foi observada uma participação de 33% e 47% respectivamente, sem diferenças significativas (p > 0,05) entre os anos. Os professores das disciplinas de Odontopediatria (100%), Saúde Coletiva (75%), Clínicas Integradas (60%) e Endodontia (33%) realizaram ações conjuntas de pesquisa e extensão. Já os docentes de Periodontia, Estomatologia/Patologia Bucal e Prótese não participaram simultaneamente de atividades de pesquisa e extensão, no entanto, todos os Revista da ABENO • 7(2):149-87 179 Trabalhos selecionados para apresentação • 42ª Reunião Anual da Abeno, 2007 professores de Estomatologia/Patologia Bucal exerceram atividades de pesquisa. Assim, foram encontradas diferenças significativas (p < 0,05) quando comparadas as disciplinas de atuação dos docentes e práticas de pesquisa e/ou extensão. Concluiu-se que importante parcela do grupo avaliado desempenhou atividades de pesquisa e/ou extensão, mas a prática das ações mencionadas pode ser incrementada. 51. Construção dos projetos políticopedagógicos nos cursos de Odontologia do Paraná Rezende LR*, Almeida MJ, Turin B, Alves L, Nicolleto S A publicação das Diretrizes Curriculares Nacionais - DCN entre 2001 a 2004 para os cursos universitários da área de saúde é um fator decisivo para que as Instituições de Ensino Superior-IES movimentassem para mudanças e readequações dos Projetos Políticos Pedagógicos – PPPs dos cursos de saúde em todo o país. Este trabalho é parte de uma pesquisa que objetivou aprofundar o conhecimento sobre o estágio de implantação das DCN dos cursos de graduação em Medicina, Enfermagem, Farmácia, Fisioterapia e Odontologia do estado do Paraná. Para o momento será apresentada uma análise dos PPPs dos cursos de Odontologia do Paraná na perspectivas das DCN. Foram identificados quatorze cursos, sete responderam o questionário e foram obtidos seis PPPs. A análise de conteúdo dos documentos revela que os cursos seguem as recomendações preconizadas pelas DCN, sendo a metade de forma significativa e a outra metade de forma discreta. Foi constatado um movimento para a implementação das DCN, porém é indicado novas pesquisas, pois no momento da coleta dos PPPs alguns cursos poderiam estar no processo de elaboração dos respectivos projetos. 52. Ética e bioética no proceso de ensino-aprendizagem nos cursos de Odontologia do Paraná Rezende LR*, Almeida MJ, Turin B, Alves L, Campos J O processo de ensino-aprendizado é elemento primordial para a formação de cidadãos reflexivos, éticos e humanizados, assim sua discussão entre os educadores vem ao longo das décadas ganhado importância crescente. Um dos marcos para a transformação do ensino superior, principalmente para 180 os profissionais de saúde, foi a criação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação – LDB em 1996, que elimina o currículo mínimo dando lugar às diretrizes curriculares, que indicam os conteúdos que devem apresentar os cursos de graduação. A partir desse momento as Instituições de Ensino Superior - IES passam a dar mais atenção e a buscar metodologias diferenciadas que possibilitem ao estudante participar de forma ativa na construção do seu conhecimento. Entre 2001 a 2004 inicia-se outro momento de suma importância para a mudança no processo de educação superior dos profissionais de saúde, a elaboração das Diretrizes Curriculares Nacionais – DCN que passa a ser a base de fundamentação para que as escolas de ensino superior elaborem seus Projetos Político Pedagógicos - PPP. As DCN caracterizam um processo maior do que uma reformulação curricular, pois contemplam o perfil profissional, a utilização de metodologias ativas de ensino-aprendizagem, o fortalecimento da articulação entre teoria e prática, a caracterização de competências gerais e específicas. A ética é elemento fundamental para o desenvolvimento da educação para a cidadania e é através da bioética que se encontram ferramentas para a discussão dos dilemas éticos tão comuns nos dias atuais em especial aos profissionais de saúde. Neste contexto o estudo tem por objetivo analisar como o ensino da ética e da bioética foi abordado nesse movimento de transformação do processo ensino-aprendizagem nos cursos de Odontologia do Paraná. O primeiro momento do estudo foi o mapeamento dos cursos de Odontologia no Paraná, coleta dos PPPs junto às respectivas escolas, análise das DCN e dos PPPs obtidos e finalizado com entrevistas dos professores de Odontologia Legal e Deontologia e Bioética. Os resultados revelam que a ética/bioética foi contemplada nas DCN nos artigos referentes a competências e habilidades gerais e específicas. A grande maioria dos cursos já implantaram novos PPPs, onde o ensino da ética e da bioética está inserido na disciplina de Odontologia Legal, Deontologia e Orientação profissional, porém é discreto o uso de metodologias ativas ou diferenciadas para o seu ensino, quando ocorre é através da metodologia da problematização. Também é discreta a integração do ensino da ética e bioética com as demais disciplinas, não existindo momento para discussão das questões éticas e bioéticas decorrentes das atividades clínicas com os pacientes entre os alunos como também não há desenvolvimento de atividades de iniciação científica abordando os temas. Revista da ABENO • 7(2):149-87 Trabalhos selecionados para apresentação • 42ª Reunião Anual da Abeno, 2007 Conclui-se que o ensino da ética e bioética está sendo abordado nos PPSs mas há necessidade ampliar o uso de metodologias ativas. 53. Avaliação da aprendizagem no ensino da prática radiográfica - um estudo exploratório Pinto RLS*, Cruz RCW, Lamberti P, Oliveira C, Matos JLF A valiar é, por essência, o ato de valorar, de atribuir valor a algo, de perceber as várias dimensões de qualidade acerca de uma pessoa, de um objeto, de um fenômeno ou situação. A avaliação é parte integrante do processo ensino-aprendizagem, requer preparo técnico e capacidade de observação dos profissionais envolvidos. Sua principal função é diagnóstica por permitir detectar os pontos de conflitos geradores do insucesso da aprendizagem. Possui também função classificatória, que visa à promoção do educando num determinado momento, quando este é submetido a testes, provas e exames. A avaliação feita ao longo do processo de ensino e aprendizagem pretende informar se os objetivos foram alcançados, fornecendo dados para o aperfeiçoamento do mesmo, possibilitando criar condições para que o aluno retome os aspectos ainda não aprendidos, e localizando as dificuldades deste para auxiliá-lo a encontrar processos que lhe permitam crescer na aprendizagem. Busca também a percepção do funcionamento cognitivo por parte do aluno diante das atividades propostas, e verificar se a relação professor/aluno está ocorrendo de maneira a favorecer a aprendizagem ou se necessita de alterações. Em face dos resultados encontrados em diferentes análises sobre o significado e efetividade do processo de avaliação da aprendizagem no ensino superior, nosso intuito é relatar um estudo exploratório na maneira de avaliar na disciplina de Radiologia da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal da Bahia. A avaliação de aprendizagem é entendida por nós como um processo contínuo, sistemático e integral de acompanhamento no alcance dos objetivos desejados na formação do discente. A metodologia utilizada inclui questões onde são projetadas duas radiografias iguais, onde em apenas uma são demarcadas com linhas, pontos ou áreas coloridas, estruturas ou alterações facilitando o entendimento do que se solicita. Para a garantia do “feedback” mútuo e maior objetividade possível, são registrados a evolução e o desenvolvimento gradual do aluno, com a finalidade de subsi- diar o acompanhamento da sua aprendizagem possibilitando interferência imediata no caso da identificação de defasagem. Entendendo a avaliação como um componente essencial do ensino, da aprendizagem e do processo curricular, e por melhores que sejam refletirão sempre valores de pessoas, e, em face dos resultados obtidos deste estudo, concluímos: 1 - testes objetivos de múltipla escolha ou de resposta breve são inadequados como indicadores de qualidade; 2 - questões bem elaboradas que solicitem menos memorização melhoram o desempenho; 3 - a qualidade da instrução aumenta quando a avaliação é vista como um instrumento de ensino, sendo feita na forma de observações contínuas durante a interpretação radiográfica. 54. O processo de capacitação de recursos humanos no Programa de Saúde da Família Costa FOC*, Fadel MAV, Regis Filho GI N o contexto atual, a alta competitividade da força de trabalho atual exige que os profissionais estejam cada vez mais aptos para a criação, resolução e tomada de decisões frente às dificuldades e obstáculos enfrentados no dia-a-dia. Para tanto, faz-se necessário o desenvolvimento de programas de capacitação de recursos humanos, que visem à melhoria da qualidade da assistência, promovendo a oportunidade de ensino, mediante o desenvolvimento profissional. O principal objetivo desses processos é o estabelecimento de condições e a oferta de oportunidades para a contínua formação profissional, abordando temas atuais e, conseqüentemente aguçando o pensamento crítico dos profissionais. Para que os objetivos do Programa Saúde da Família sejam alcançados, faz-se necessário que as ações e serviços de saúde sejam desenvolvidos por profissionais capacitados, que possam assumir novas competências. A capacitação desses profissionais deve ser um processo contínuo e apresentar um conjunto de atividades capazes de contribuir para o atendimento das necessidades existentes, bem como garantir a continuidade da formação profissional para o aprimoramento e melhoria da capacidade resolutiva das equipes de saúde. Indica-se que o processo de capacitação seja dividido em três etapas: 1) treinamento introdutório, 2) treinamento específico, 3) integração da equipe e 4) educação continuada. Durante todo o processo de trabalho, as atividades a serem desenvolvidas devem ser adaptadas com a realidade local, tanto no que tange o perfil epidemiológico quanto a formação dos profissionais da Revista da ABENO • 7(2):149-87 181 Trabalhos selecionados para apresentação • 42ª Reunião Anual da Abeno, 2007 região. A realização do trabalho deve se dar de forma contínua, atendendo às necessidades diagnosticadas pelas equipes, além de possibilitar o aperfeiçoamento profissional. Existe a necessidade de discussão em torno da formação de recursos humanos para o SUS, buscando encontrar as melhores alternativas para enfrentar a situação dos profissionais já inseridos no sistema, minimizando os efeitos da formação inadequada desses profissionais. Além disso, é essencial a reorganização do serviço, para a obtenção de um melhor resultado nos processos de capacitação realizados, e o apoio dos gestores de saúde para a realização de programas de educação continuada. 55. Diretrizes Curriculares Nacionais – Os Desafios da Integralidade e da Transdisciplinaridade Costa FOC*, Fadel MAV, Regis Filho GI A integralidade e a transdisciplinaridade na atenção à saúde requerem mudanças profundas e imprescindíveis na formação dos cirurgiões-dentistas. Dentre os desafios enfrentados estão a superação de limites da formação e das práticas clínicas tradicionais, a integralidade da atenção e a transdisciplinaridade. As mudanças necessárias na formação dos futuros profissionais da Odontologia passam pela atenção à saúde universal e com qualidade com ênfase na promoção da saúde e prevenção de doenças e agravos, deslocando o eixo central do ensino da idéia exclusiva da enfermidade, incorporando noção integralizadora do processo saúde/doença. As universidades devem ter abertura às demandas sociais e estar aptas a produzir conhecimento útil e relevante; além de adotar metodologias pedagógicas ativas e centradas nos estudantes a fim de capacitá-los a serem profissionais críticos, capazes de aprender a aprender constantemente, de trabalhar em equipes e de levar em conta a realidade social. As Diretrizes Curriculares Nacionais corroboram a necessidade de mercado profissional com visão generalista e humanista, tendo como pano de fundo a diversificação e ampliação dos cenários de ensino-aprendizagem. Existe a necessidade de criar-se um vínculo maior e mais forte com os serviços públicos de Odontologia, tais como Unidades Básicas de Saúde, Programa de Saúde da Família, Centros de Especialidades de Odontologia e/ou ambientes hospitalares, para propiciar maior aproximação com a realidade social, auxiliando no seu entendimento e envolvimento. 182 56. A utilização de metodologia ativa de aprendizagem em laboratório de Dentística Albuquerque SHC*, Ramos ACB, Cruz PHAB U ma dificuldade comumente encontrada entre os alunos dos semestres iniciais que são introduzidos no atendimento a pacientes é a seleção adequada dos instrumentos rotatórios para a realização de restaurações, pois há uma dificuldade em perceber o formato da cavidade deixado pelo instrumento. Com o objetivo de estimular a inteligência espacial do aluno para que ele possa associar adequadamente o instrumento rotatório com o formato final da cavidade, foi elaborada uma atividade desenvolvida em laboratório utilizando metodologia ativa de aprendizagem: Fase 1 – Identificação do Problema - nesta etapa os alunos trabalharam com instrumentos em formatos maiores confeccionados com gesso reproduzindo a forma das principais brocas usadas na clínica. Eles manipularam os instrumentos e faziam impressão em argila para identificar as principais formas geométricas utilizadas no preparo cavitário e verificar o formato da cavidade deixado pelo instrumento. Identificaram o que é corte e desgaste a partir da utilização de lixas e ralos e bolinhas e onde se produz mais calor e associaram este ato com a vitalidade pulpar. Todas as percepções foram registradas. Fase 2 – Extraindo a essência - A partir das observações foi realizada uma série de questionamentos que levavam o aluno a refletir sobre as razões da escolha dos intrumentos rotatórios. Fase 3: A busca do referencial teórico - Foi distribuído um capítulo de livro para leitura e aprofundamento do conhecimento. Fase 4: Construindo a solução – Foi solicitado que os alunos categorizassem as brocas e pontas agupando-as por semelhança. Projetaram-se as brocas, pontas e preparos cavitários para identificação de detalhes e qual instrumento foi utilizado. Fase 5: Transformando a realidade – Durante o desenvolvimento do procedimento no paciente o aluno pode selecionar adequadamente os instrumentos a utilizar sabendo porque está fazendo suas escolhas. O aluno apresenta um posicionamento mais crítico durante o atendimento selecionando com segurança o instrumento de trabalho para a confecção da cavidade. Apresenta ainda maior autonomia para conduzir o atendimento pois não depende exclusivamente da indicação do professor para seleção e utilização do instrumento de trabalho. Revista da ABENO • 7(2):149-87 Trabalhos selecionados para apresentação • 42ª Reunião Anual da Abeno, 2007 57. O ensino da área temática da Saúde Bucal Coletiva e sua produção científica no contexto da reformulação curricular Bastos FA*, Warmling CM, Emídio A, Moura FR, Vechia GD A saúde bucal coletiva como novo modelo de atenção em saúde bucal pressupõe uma readequação dos saberes e práticas bucais. É consenso que para isso deva haver uma valorização das ciências sociais e humanas. As políticas públicas nacionais tanto da área da educação como da saúde têm se aproximado e, através de suas diretrizes maiores (a Lei de Diretrizes e Bases da Educação e as Leis Orgânicas da Saúde), proposto reformas em seus sistemas. Nesse contexto o curso de Odontologia da Universidade Luterana do Brasil Campus Cachoeira do Sul está implantando sua reformulação curricular. Durante o percurso de quatro anos dessa implantação (2003 a 2006) foram realizados pelos docentes e discentes dos diversos eixos temáticos curriculares pertencentes a área da saúde bucal coletiva uma gama de pesquisas que foram apresentadas em debates, seminários, jornadas acadêmicas ou encontros na própria universidade ou região. Os trabalhos possuem como cenário central o Sistema Único de Saúde do município e região em que se insere o curso de Odontologia, porém principalmente a denominada Unidade de Ensino-Saúde do Bairro Promorar do município de Cachoeira do Sul. O curso tem estabelecido com esta comunidade seu principal vínculo de responsabilização e atuação, funcionando como eixo orientador de suas ações e reflexões teórico-práticas desde o início até o fim do percurso curricular do aluno. Diante disso, o objetivo principal desse trabalho foi descrever e avaliar através da sua produção científica no período, o processo de implantação curricular da área da saúde bucal coletiva desenvolvida pelo curso. As principais áreas temáticas dos trabalhos analisados foram: avaliação de satisfação de usuários, saúde bucal e fragilidade social e humana em famílias de pacientes especiais, perfil sócio-demográfico de idosos, planejamento, territorialização, uso do genograma, integração ensino-serviço, história da odontologia, interdisciplinaridade, acesso aos serviços, condições de vida e de saúde, epidemiologia, clínica, perda dentária, SUS e PSF. Concluiu-se que a discussão sobre a produção de pesquisa científica da área permitiu uma análise crítica do percurso de sua implantação curricular, identificando-se com isso como têm sido trabalhados conceitos pertinentes ao campo. 58. Levantamento de páginas eletrônicas, assuntos e forma de obter artigos mais utilizados por alunos do curso de Odontologia da ULBRA, Cachoeira do Sul Bastos FA*, Malmann P, Bisacotti P, Coelho-de-Souza FH, Klein-Júnior CA N os dias atuais, acadêmicos acessam diferentes páginas eletrônicas a fim de obterem informações, artigos ou resumos para diversas áreas do conhecimento, bem como utilizam diferentes formas de adquiri-los. O objetivo deste estudo foi fazer um levantamento, baseado em análise descritiva, das páginas eletrônicas mais acessadas, dos assuntos mais pesquisados e das formas de obter os artigos científicos. Um questionário foi distribuído aos alunos do segundo ao nono semestre do curso de odontologia da ULBRA, Cachoeira do Sul. Este questionário continha três perguntas, sendo a primeira pergunta sobre os endereços eletrônicos mais acessados, na qual o acadêmico tinha nove alternativas em ordem alfabética (Aonde, BBO, Bireme, Cadê, EBSCO, Google, Medline, Pubmed, Scielo) e necessitava marcar os quatro endereços mais acessados, em ordem de acesso; a segunda pergunta era sobre as áreas de interesse mais pesquisadas na internet, as quais estavam em ordem alfabética, necessitando enumerar as quatro mais pesquisadas (cirurgia, dentística, endodontia, odontogeriatria, odontologia e sociedade, odontologia fitoterápica, odontologia legal, odontopediatria, ortodontia, ortopedia funcional do maxilares, periodontia, prótese, radiologia e imaginologia, semiologia); a terceira pergunta era sobre o meio de obter artigos científicos, necessitando o acadêmico marcar apenas um item, sendo as opções: fotocópia de periódicos da biblioteca, COMUT, SCAD, acessa endereços de bilbiotecas virtuais, assina periódico, solicita permuta bibliográfica. Foram entrevistados 127 alunos, entre o segundo e nono semestre do curso. A análise descritiva dos dados mostrou que as páginas eletrônicas mais acessadas em ordem de pontuação são: 54% Google, seguido pelas páginas: 31% Scielo, 8% Cadê e 7% Medline. Dentre os assuntos mais pesquisados em ordem de pontuação, os quatro mais pesquisados foram: 44% odontologia e sociedade, seguido por 26% Cirurgia, 24% Dentística e 6% endodontia. Entre as formas de se obter artigos, o meio de COMUT é o mais utilizado. Revista da ABENO • 7(2):149-87 183 Trabalhos selecionados para apresentação • 42ª Reunião Anual da Abeno, 2007 Utilizando-se esta metodologia é possível concluir que a página do Google é a mais acessada; a área de interesse mais pesquisada é odontologia e sociedade e o COMUT é a forma mais utilizada para obtenção de artigos científicos. 59. O portfólio como um possível cenário de aprendizado ético na Saúde Bucal Coletiva Bastos FA*, Warmling CM, Pedroso M, Emídio A, Vechia GD E ste trabalho busca tecer considerações a respeito do desafio teórico-metodológico que se impõe ao docente em seu trabalho com o campo da Saúde Bucal Coletiva nos cursos de graduação em Odontologia. Utiliza-se como vetor desta discussão a experiência do uso de portfólios produzidos no percurso do aluno nos eixos temáticos que compõem o campo curricular da Saúde Bucal Coletiva do Curso de Odontologia na ULBRA – Campus Cachoeira do Sul. Com esta experiência pôde-se vivenciar o portfólio como um espaço de aprendizado tanto do docente como do discente. Este espaço, em conjunto com as outras atividades desenvolvidas nos eixos temáticos visa uma apropriação do “eu” em sua relação com os outros e com o mundo propiciando assim oportunidades de construção de racionalidades éticas. Entendendo neste cenário a autonomia como certa medida de possibilidades de ação e que está ligada à noção que se adquire de si e de suas possibilidades de escolha, e responsabilidade como algo que se assume gradativamente em virtude da apropriação de sua parte nos acontecimentos. Assim, o desafio docente-discente, que poderia ser apresentado como apenas teóricometodológico torna-se um desafio ético na medida em que os espaços de aprendizado permitem a reflexão sobre as escolhas dos sujeitos no campo da saúde bucal coletiva. O uso do portfólio pôde ainda permitir uma avaliação processual do envolvimento do professor e do aluno, pois exige que se busque, além do espaço de sala de aula, temas referentes aos assuntos discutidos. Pôde com isso permitir que se criasse, a partir destes temas, outras idéias compartilhadas com o grupo de colegas, docentes e discentes, sistematicamente. Essa busca expande o espaço da sala de aula tornando o portfólio, a partir da identificação de materiais relacionados aos temas, obra particular do aluno. Esse jogo de constituição de autoria permite também ao docente se identificar com as possibilidades e dificuldades do percurso ético, teórico e metodológico travado pelo aluno. É a tentativa de uma subje184 tivação diferente muito necessária ao campo curricular da saúde bucal coletiva. Permitir a composição de cartografias onde existam outras possibilidades de olhares e análises. Trabalhar com a confecção de portfólios não é fácil para o professor, pois quanto mais esta técnica pedagógica é bem sucedida mais autoria possui o aluno exigindo assim um processo intenso de possibilidades de discussão com o professor e com o grupo. A quantidade de material elencado e a qualidade de sua análise aumentam gradativamente gerando uma riqueza de conteúdos que pode dificultar a apreciação, exigindo tempo e concentração na análise das obras. Cabe reconhecer que o que extravasa ao controle, enfim, a possibilidade de ir além do exigido e de surpreender é que possibilita aos alunos a gestão do seu processo de aprendizado. A reflexão ética com esta proposta compõe um cenário onde são permitidos que os elementos identitários e de alteridade se encontrem e negociem entre si. 60. Oficina de planejamento clínico integrado - visão interdisciplinar precoce em alunos de 2ª série no curso de Odontologia da UNIPAR do campus de Cascavel e Umuarama Miura CSN*, Bremm LL, Miura MN, Hoeppner MG, Ceranto DCFB A partir do currículo interdisciplinar implantado no Curso de Odontologia da UNIPAR – Campus de Cascavel e Umuarama, foi criado o projeto intitulado “Oficinas de Planejamento Clínico-Integrado”. O objetivo dessa experiência é o envolvimento das disciplinas do currículo sobre um único objeto de estudo: o paciente. Esta abordagem de resolução de problemas e estudo independente fundamenta-se na metodologia baseada em problemas. Inicialmente são utilizados recursos audiovisuais através da projeção de casos clínicos reais para o treinamento do exercício do planejamento clínico integrado. Fotografias intrabucais frontais, laterais, oclusais e de outros pontos de relevância clínica ao caso, bem como exames radiográficos e modelos de estudo também são projetados. Após a projeção e descrição das necessidades de tratamento, realiza-se o levantamento de termos desconhecidos, que passaram a ser as palavras-chaves a serem pesquisadas. Nesta fase inicia-se o aprofundamento teórico interdisciplinar do caso do paciente. Ao final desta fase, os alunos concluem o diagnóstico, planejamento e estudo interdisciplinar de um paciente real em recursos audiovisuais, discu- Revista da ABENO • 7(2):149-87 Trabalhos selecionados para apresentação • 42ª Reunião Anual da Abeno, 2007 tidos no grupo. Através da projeção dos casos, exercita-se o raciocínio para a elaboração de outras alternativas de tratamento, juntamente com o estudo direcionado das condições bucais em metodologia baseada em problemas. Após este treinamento e discussão, os acadêmicos realizam o atendimento clínico para o planejamento, onde são coletados dados e a documentação completa do paciente. Segue-se uma nova seqüência de preparo da apresentação, estudo das palavras-chaves, apresentação e discussão dos planos de tratamento. Dentre os pontos positivos da metodologia encontramos a inserção precoce do aluno, ainda na segunda série, ao planejamento clínico-integrado, da visão do todo, e de estudo interdisciplinar tendo como foco a resolução dos problemas do paciente. Esta metodologia permite também que o aluno exercite o planejamento de inúmeros casos, não somente limitado ao número de pacientes que serão por ele tratados na graduação. 61. Reabilitação interdisciplinar com odontologia e equoterapia Uemura ST*, Alkmin YT, Poletti S, Souza PC, Campagnha L N o atendimento odontológico a pacientes com necessidades especiais da Fundação Hermínio Ometto – Uniararas, realizado pelos alunos de graduação, há a possibilidade de interação disciplinar com a equoterapia, para o qual são encaminhados pacientes com distúrbios comportamentais e neuromotores. A equoterapia foi reconhecida como terapia médica, pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), em Sessão Plenária de 09 de abril de 1997, que a aprovou no Parecer 06/97. A equoterapia é um método terapêutico e educacional que utiliza o cavalo dentro de uma abordagem interdisciplinar, nas áreas de saúde, educação e equitação, buscando o desenvolvimento biopsicossocial de pessoas com necessidades especiais. Ela emprega o cavalo como agente promotor de ganhos físicos, psicológicos e educacionais. Esta atividade exige a participação do corpo inteiro, contribuindo, assim, para o desenvolvimento da força, tônus muscular, flexibilidade, relaxamento, conscientização do próprio corpo e aperfeiçoamento da coordenação motora e do equilíbrio. A interação com o cavalo, incluindo os primeiros contatos, o ato de montar e o manuseio final, desenvolve novas formas de socialização, autoconfiança e auto-estima. A prática da equoterapia é realizada por equipe multiprofissional que atua de forma interdisciplinar, que deve ser a mais ampla pos- sível, composta por profissionais das áreas de saúde, educação e equitação, especializados na reabilitação e/ou educação de pessoas com necessidades especiais, tais como: fisioterapeuta, terapeuta ocupacional, psicólogo, professor de educação física, pedagogo, fonoaudiólogo, assistente social e cirurgiões-dentistas e outros. Na prática da equoterapia os alunos podem orientar o paciente a escovar os dentes do cavalo usando-o como meio de ilustração para ensinarem técnicas de escovação, verificando junto ao fisioterapeuta a necessidade de individualização da escova dental e necessidade de ajustes de movimento para auxílio da coordenação motora e tônus muscular. Os demais progressos que ajudam o atendimento odontológico vêm naturalmente no decorrer da prática terapêutica. Com isso o tratamento odontológico tem um ganho considerável quando o assunto é a reabilitação, pois os pacientes com distúrbio de comportamento e neuromotores conseguem através do aumento de tônus muscular e coordenação motora realizar a higiene bucal com mais eficácia, e com o desenvolvimento biopsicossocial aceitar e colaborar com o tratamento odontológico. Além de oferecer ao aluno de odontologia uma nova possibilidade de trabalho e o conhecimento de uma outra prática terapêutica para auxiliá-lo no tratamento odontológico. 62. Percepção de estudantes de odontologia sobre o ensino de políticas de saúde Tomita NE* A análise do discurso de estudantes do sétimo semestre de graduação em odontologia de instituição de ensino superior (IES) pública é realizada mediante a leitura de formulários de avaliação de disciplinas aplicados no âmbito da universidade. São utilizadas ferramentas de análise qualitativa, tendo como pressuposto teórico que o contexto da formação influencia de maneira importante a percepção de estudantes sobre o conteúdo, o método de ensino e a capacidade docente no desenvolvimento de uma proposta de reflexão de políticas de saúde no interior de uma disciplina formal de graduação. A pesquisa que serve de base a este trabalho tem como matéria-prima 38 fichas processadas pela comissão de graduação da IES com os comentários transcritos de forma confidencial. No trabalho empírico, a leitura do material impresso propiciou a criação de três categorias explicativas: conteúdo, pedagogia e processo de trabalho. Alguns extratos de discursos são citados entre aspas. A percepção do estudante quanto ao conteúdo indica Revista da ABENO • 7(2):149-87 185 Trabalhos selecionados para apresentação • 42ª Reunião Anual da Abeno, 2007 que “essa disciplina não serviu para nada, muitas aulas eram de alta inutilidade, não veio a acrescentar nada no currículo”. Há também uma percepção de caráter pragmático, que considera “um conteúdo super importante, que é interessante para a maioria dos alunos que vão prestar concurso público”. Na categoria pedagogia, a avaliação dos métodos de ensino pelo estudante indica uma percepção de que “o modo de apresentação da aula não é adequado para aprendizagem. Quase não tive aula teórica. Muitas aulas apenas os alunos falam, expondo seminários”. A reflexão propiciada pela análise da categoria processo de trabalho mostra que, na avaliação do trabalho docente, ao pautar-se pelo modelo de aulas expositivas, os estudantes referem que (o docente) só “enrola e não dá aula adequadamente. Não ensina e as aulas são apenas perguntas aos alunos, que estão aqui para aprender e não para ensinar o docente, que deveria se preocupar mais com os alunos, mostrar slides mais elaborados”. A formação de especialistas que apresentam dificuldades em lidar com as totalidades ou com realidades complexas necessita um novo olhar e um novo fazer, visando à superação do problema observado, mediante uma nova racionalidade capaz de incorporar a diversidade, as contradições e as tensões que constroem o cotidiano nas instituições de ensino superior. 63. O atendimento odontológico domiciliar Uemura ST*, Souza PC, Alkmin YT, Bozzo RO, Mendes ER O ensino odontológico nos últimos anos tem priorizado que além das habilidades clínicas, os alunos também tenham um conhecimento e interação social mais amplos em relação à sociedade onde vivem. Sendo assim no decorrer da formação odontológica pela Fundação Hermínio Ometto - Uniararas é oferecida ao aluno de graduação a possibilidade de trabalhar com o atendimento domiciliar a pacientes com necessidades especiais. No atendimento domiciliar, o aluno pode aprimorar as técnicas clínicas, como também presenciar as condições da casa quanto ao saneamento, higiene, estrutura, e quanto aos moradores com relação à rotina diária, hábitos alimentares, higiene pessoal, condições sociais, etc. Sendo assim a formação do aluno se torna mais completa, pois além do ensino clínico há também a interação social e conscientização da realidade pessoal de cada paciente e familiares, fazendo com que ele se adeqüe à possibilidade de cada paciente e moradia. 186 64. A metodologia da problematização no ensino de Clínica Odontológica Albuquerque SHC*, Cruz PHAB A s Diretrizes curriculares para o ensino da Odontologia colocam aos docentes o desafio de formação de um profissional crítico, reflexivo, humanista, capacitado para atuar em todos os níveis de atenção à saúde, com base no rigor técnico e científico, dirigindo sua atuação para a transformação da realidade; parece-nos, portanto, que a pedagogia mais adequada para forjar tal profissional seja a Pedagogia da Problematização. O desafio que se apresenta é imenso já que um grande número de docentes não possui qualificação formal na área de pedagogia. Por apresentar um caráter muito prático em seu fazer, a prática não-reflexiva do processo ensino-aprendizagem facilmente pode conduzir o docente à adoção freqüente da pedagogia do Condicionamento que enfatiza a demonstração – repetição – recompensa, o que pode tornar o aluno um excelente técnico mas com um limitado poder de transformação da realidade e com dificuldade de adaptação às mudanças. A carga horária dos cursos de graduação em Odontologia é generosa para os momentos de prática clínica; faz-se urgente incluir esses momentos dentro de uma proposta problematizadora, como é proposto na disciplina de Clínica Odontológica II da Universidade de Fortaleza. Com o início de uma mudança curricular que enfoca a integralidade do conhecimento e das necessidades do paciente a construção de um novo modelo de ensinoaprendizagem também está aos poucos sendo incorporada pelos docentes através do Médodo do Arco proposto por Charles Maguerez: Observação da realidade – nesta fase o aluno realiza a anamnese, exame físico e odontograma do paciente, não esquecendo de também incluir a percepção do paciente através da referência à queixa principal. Identificação dos pontos chaves – o aluno é levado a identificar dentre todos os seus registros quais são realmente significativos e necessários à cura do paciente através da conferência dos achados clínicos como PSR e odontograma. A elaboração do plano de tratamento desenvolve a capacidade de priorização dos problemas para procurar limitar o dano que a doença causou ao paciente para em seguida argumentar com seu orientador as razões que o fizeram a adotar aquela seqüência de tratamento. Teorização – para a fundamentação teórica do que será realizado a partir do plano de tratamento, o aluno é estimulado a pesquisar sobre o procedimento que irá realizar, assim, o orientador solicita que ele Revista da ABENO • 7(2):149-87 Trabalhos selecionados para apresentação • 42ª Reunião Anual da Abeno, 2007 realize pesquisas individuais e em grupo, apresentando relatório sobre suas conclusões. Hipóteses de solução – diante das possibilidades de solução que seu estudo apontou, o aluno seleciona com o orientador aquela que mais se adequa à necessidade do paciente. Aplicação à realidade – nesta última etapa o aluno executa com segurança o procedimento indicado com uma mínima intervenção do professor. A pedagogia da problematização aplicada à Clínica Odontológica permite a formação de um aluno ativo, capaz de expressar percepções e opiniões, analítico, crítico e agente transformador da realidade. 65. Avaliação das fichas de atendimento de urgência da FO/uFmG Rocha ES*, Pedroso MAG, Resende VLS, Drumond MM Submeta seu artigo à Revista da ABENO através de nosso site! nt leira de En tológ ógico 200 o Od o/d 2 ezembr 7 o 1679-5 4 -595 ISSN 4 1679 -595 volume 6 núme volu ro 2 julho volme núm /deze 6 ume ero mbro núm 200julh 27 6julh o/dero ezem2 200 o/d bro ezemb 6 2007 ro 1679 ontol asi AssAssocia Associaociaçã ção o BrBrasi ção Bra asileir sile ira lei arade de deEnEn Ens ino sinsin Od o oOd ont Od oló ont gico onoló vol tol gic núm ume 7 ógico o julh ero 4 o Od on vol núm um jul ero e 7 20 ho/de 2 07 zem br Ensin -595 a de ISSN Br sin ológ ico asileir 4 Odo 54 o iação Br ISSN sin ção -59 En Assoc cia ico 1679 de N ira 1679 Asso ile -595 as ISSN Br vol núm ume julh ero 7 20 o/deze2 07 mb ro o 1679 o ISSN çã TAT T ABIES T A D A AAA DAAAD AD A NO BBBEEEN N NO O O R ABE V I S T A D A EN O cia 954 R E RV EIRSVEIVSI S REV ABR E V IS T A D A EN O As so ISS A urgência odontológica é definida como os procedimentos para a pronta resolução da dor, perda da função e da estética. Está incluída nos cuidados de atenção básica à saúde e representa oportunidades e desafios para a vida profissional dos cirurgiões-dentistas. Na Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Minas Gerais (FO-UFMG) o atendimento às urgências odontológicas aos usuários do SUS é parte integrante da disciplina Clínica Integrada de Atenção Primária (CIAP), ofertada aos alunos do 7º período de graduação. O preenchimento completo e cuidadoso das fichas clínicas é fundamental, não só na dimensão pedagógica do atendimento, mas também por ser imprescindível para a abordagem adequada do paciente, para o estabelecimento do diagnóstico, decisão de tratamento e exigências legais do exercício profissional. No entanto a necessidade do pronto atendimento de urgência pode levar o profissional a negli- genciar a realização do adequado preenchimento da ficha clínica. O presente estudo teve como objetivo avaliar o preenchimento das fichas pelos alunos da referida disciplina que atenderam pacientes de urgência durante o ano de 2006. A amostra consistiu de 354 fichas de urgência obtidas nos arquivos da FO-UFMG. Os resultados foram expressos em freqüência simples e porcentagem. Em relação à anamnese observou-se que 97,45% dos alunos preencheram o campo referente à Queixa Principal, 89,26% preencheram a História da Doença Atual, 30,80% preencheram a História Pregressa e 25,71% registraram a Pressão Arterial. Setenta e quatro por cento dos alunos preencheram a conduta imediata a ser tomada, 62,71% preencheram o tratamento definitivo indicado para o caso e 90,67% preencheram o tratamento que foi realizado. Observou-se que 69,20% das fichas clínicas não tinham sido preenchidas com o diagnóstico de emergência e que 30,69% destas fichas foram preenchidos o tratamento sem ter sido realizado o diagnóstico. Quanto aos aspectos legais representados pelas assinaturas nos prontuários, observou-se que 26,55% das fichas não foram assinadas pelos professores e 17,23% das fichas não foram assinadas pelos pacientes. Concluiu-se que as fichas clínicas nos atendimentos de urgência do curso de graduação da FO-UFMG não são adequadamente preenchidas, principalmente com relação à abordagem da condição sistêmica do paciente, ao estabelecimento do diagnóstico e não podem ser consideradas como documentação legal. Tais dados demonstram que o “fazer” se reveste de maior importância para o aluno do que o raciocínio clínico que gerou sua ação. Estes resultados apontam para a necessidade de se dar maior atenção e valorização ao preenchimento desses prontuários com reflexos na formação do aluno e na qualidade do atendimento prestado à população atendida. As soc iaç ão Br asi AB E a de N O leir En sin o Od on Ass tol óg ico oci açã o Br AB E a de NO En sin Ass asi leir ociaçã o Bra ABE N ira de Ens O sile o Od ont ino oló gic o Od ont oló gico AABBE AB ENNO EN OO Ass ociaçã Ass ociaçã o AssoBr asileir o Bra ciaç ãosile aira Bra desilei Enra de sin Ensode Ensi ino OdOdno Odo ontont ntol oló oló gicogico ógico www.abeno.org.br/revista/trabalho Revista da ABENO • 7(2):149-87 187 Índice de artigos v. 7, n. 2, maio/agosto - 2007 Autores Antoniazzi, Mônica Cristina Camargo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 104 Ferreira, Raquel Conceição. . . . . . . . . . 141 Pereira, Carlos Alberto de Bragança . . 117 Magalhães, Claudia Silami. . . . . . . . . . . 141 Prado, Marta Lenise do. . . . . . . . . . . . . 130 Bodi, Lucia Helena Vieira Diniz. . . . . . 112 Medeiros, João Marcelo Ferreira de. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 104 Reibnitz Junior, Calvino. . . . . . . . . . . . . 130 Caroli, Angela de. . . . . . . . . . . . . . . . . . 117 Carvalho, Pedro Luiz de. . . . . . . . . . . . 104 Miguel, Luiz Carlos Machado. . . . . . . . 130 Silva, Maria Elisa de Souza e. . . . . . . . . 141 Clemente, Rosana Giovanni Pires. . . . . 104 Moreira, Allyson Nogueira . . . . . . . . . . 141 Turbino, Miriam Lacalle. . . . . . . . . . . . 112 Costa, Iris do Céu Clara. . . . . . . . . . . . . 122 Noro, Luiz Roberto Augusto. . . . . . . . . 135 Vieira, Glauco Fioranelli. . . . . . . . 112, 117 Anatomia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 112 Defeitos da visão cromática. . . . . . . . . . 117 Notificação de doenças. . . . . . . . . . . . . 141 Aprendizado. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 112 Diretrizes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 122 Odontologia. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 130 Conhecimento. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 135 Educação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 130 Pesquisa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 130 Controle de doenças transmissíveis/ legislação & jurisprudência. . . . . . . . 141 Educação baseada em competências. . 122 Pesquisa qualitativa . . . . . . . . . . . . . . . . 130 Educação em odontologia. . . 104, 117, 135 Radiografia. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 104 Cor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 117 Escultura. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 112 Radiografia dentária . . . . . . . . . . . . . . . 104 Currículo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 122, 135 Estudantes de odontologia. . . . . . . . . . 104 Vigilância epidemiológica. . . . . . . . . . . 141 Anatomy. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 112 Dentistry. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 130 Learning. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 112 Color. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 117 Disease notification. . . . . . . . . . . . . . . . 141 Qualitative research. . . . . . . . . . . . . . . . 130 Color blindness . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 117 Education. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 130 Radiography. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 104 Communicable disease control/ legislation & jurisprudence. . . . . . . . 141 Education, dental. . . . . . . . . . 104, 117, 135 Radiography, dental. . . . . . . . . . . . . . . . 104 Epidemiologic surveillance. . . . . . . . . . 141 Research. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 130 Competency-based education. . . . . . . . 122 Guidelines . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 122 Sculpture . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 112 Curriculum. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 122, 135 Knowledge. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 135 Students, dental. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 104 Resende, Vera Lucia Silva. . . . . . . . . . . 141 Descritores Descriptors 188 Revista da ABENO • 7(2):188 Índice de resumos apresentados na 42ª Reunião Anual v. 7, n. 2, maio/agosto - 2007 Autores A Bastos FA. . . . . . . . . . . . . . . . . . P57 (p. 183) Campagnha L. . . . . . . . . . . . . . P61 (p. 185) Bastos FA. . . . . . . . . . . . . . . . . . P58 (p. 183) Campos J. . . . . . . . . . . . . . . . . . P52 (p. 180) Bastos FA. . . . . . . . . . . . . . . . . . P59 (p. 184) Carmo MP . . . . . . . . . . . . . . . . P25 (p. 166) Batalha WM . . . . . . . . . . . . . . . . S7 (p. 152) Casotti E. . . . . . . . . . . . . . . . . . P30 (p. 168) Bender CFR. . . . . . . . . . . . . . . P33 (p. 170) Ceranto DCFB. . . . . . . . . . . . . P60 (p. 184) Bergesch V. . . . . . . . . . . . . . . . . P2 (p. 154) Cesa K. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . S2 (p. 149) Berti M. . . . . . . . . . . . . . . . . . . P23 (p. 164) Chao LW. . . . . . . . . . . . . . . . . . . S6 (p. 151) Berti M. . . . . . . . . . . . . . . . . . . P31 (p. 169) Coelho SM. . . . . . . . . . . . . . . . P49 (p. 179) Bino LS. . . . . . . . . . . . . . . . . . . P26 (p. 166) Coelho-de-Souza FH . . . . . . . . P58 (p. 183) Bisacotti P. . . . . . . . . . . . . . . . . P58 (p. 183) Colaço TMJM. . . . . . . . . . . . . . P34 (p. 170) Bohn D. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . P2 (p. 154) Condeixa DC. . . . . . . . . . . . . . . P4 (p. 155) Alkmin YT. . . . . . . . . . . . . . . . . P63 (p. 186) Bonan PRF. . . . . . . . . . . . . . . . . P9 (p. 157) Correia FAS . . . . . . . . . . . . . . . P35 (p. 171) Almeida MJ. . . . . . . . . . . . . . . . P51 (p. 180) Bottan ER. . . . . . . . . . . . . . . . . P44 (p. 176) Costa APL. . . . . . . . . . . . . . . . . P44 (p. 176) Almeida MJ. . . . . . . . . . . . . . . . P52 (p. 180) Bottan ER. . . . . . . . . . . . . . . . . P45 (p. 176) Costa FOC . . . . . . . . . . . . . . . . P54 (p. 181) Alves L. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . P51 (p. 180) Bozzo RO. . . . . . . . . . . . . . . . . P10 (p. 158) Costa FOC . . . . . . . . . . . . . . . . P55 (p. 182) Alves L. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . P52 (p. 180) Bozzo RO. . . . . . . . . . . . . . . . . P11 (p. 158) Costa PMC . . . . . . . . . . . . . . . . P17 (p. 161) Alves TDB. . . . . . . . . . . . . . . . . P21 (p. 163) Bozzo RO. . . . . . . . . . . . . . . . . P63 (p. 186) Costa SM. . . . . . . . . . . . . . . . . . . P9 (p. 157) Alves WF. . . . . . . . . . . . . . . . . . . P6 (p. 156) Braga LCC . . . . . . . . . . . . . . . . P10 (p. 158) Costa SM. . . . . . . . . . . . . . . . . . P50 (p. 179) Andrades KMR. . . . . . . . . . . . . P15 (p. 160) Braga LCC . . . . . . . . . . . . . . . . P11 (p. 158) Crivello-Junior O. . . . . . . . . . . . P1 (p. 153) Araujo ME . . . . . . . . . . . . . . . . . P8 (p. 157) Brasileiro CB . . . . . . . . . . . . . . P14 (p. 160) Crivello-Junior O. . . . . . . . . . . . P8 (p. 157) Araujo ME . . . . . . . . . . . . . . . . P12 (p. 159) Brasileiro CB . . . . . . . . . . . . . . P36 (p. 171) Crivello-Junior O. . . . . . . . . . . P12 (p. 159) Araujo ME . . . . . . . . . . . . . . . . P20 (p. 163) Brasileiro CB . . . . . . . . . . . . . . P37 (p. 172) Crivello Junior O. . . . . . . . . . . P35 (p. 171) Araujo SS . . . . . . . . . . . . . . . . . P20 (p. 163) Bremm LL . . . . . . . . . . . . . . . . P39 (p. 173) Cruz GV . . . . . . . . . . . . . . . . . . . S7 (p. 152) Arebalo IR . . . . . . . . . . . . . . . . P11 (p. 158) Bremm LL . . . . . . . . . . . . . . . . P48 (p. 178) Cruz PHAB. . . . . . . . . . . . . . . . P56 (p. 182) Ávila L. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . P15 (p. 160) Bremm LL . . . . . . . . . . . . . . . . P60 (p. 184) Cruz PHAB. . . . . . . . . . . . . . . . P64 (p. 186) Àvila LFC . . . . . . . . . . . . . . . . . . S7 (p. 152) Brito-Júnior M . . . . . . . . . . . . . P47 (p. 177) Cruz RCW. . . . . . . . . . . . . . . . . P46 (p. 177) Brito-Júnior M . . . . . . . . . . . . . P50 (p. 179) Cruz RCW. . . . . . . . . . . . . . . . . P53 (p. 181) Brum SC. . . . . . . . . . . . . . . . . . P30 (p. 168) Cunha Júnior AD. . . . . . . . . . . P29 (p. 168) Brum SC. . . . . . . . . . . . . . . . . . P49 (p. 179) Cyrino L. . . . . . . . . . . . . . . . . . P16 (p. 161) Abreu MHNG. . . . . . . . . . . . . . . P9 (p. 157) Abreu MHNG. . . . . . . . . . . . . . P13 (p. 159) Abreu MHNG. . . . . . . . . . . . . . P14 (p. 160) Aguiar FTR. . . . . . . . . . . . . . . . P13 (p. 159) Albuquerque SC. . . . . . . . . . . . P39 (p. 173) Albuquerque SHC. . . . . . . . . . . S1 (p. 149) Albuquerque SHC. . . . . . . . . . P56 (p. 182) Albuquerque SHC. . . . . . . . . . P64 (p. 186) Alencar CJF. . . . . . . . . . . . . . . . S6 (p. 151) Alkmin YT. . . . . . . . . . . . . . . . . P61 (p. 185) B Badan DEC. . . . . . . . . . . . . . . . P38 (p. 172) Barbosa DR. . . . . . . . . . . . . . . . P47 (p. 177) Barbosa MBBC. . . . . . . . . . . . . P21 (p. 163) Bueno JC. . . . . . . . . . . . . . . . . P10 (p. 158) D Barbosa MC . . . . . . . . . . . . . . . P15 (p. 160) C Barros RMG. . . . . . . . . . . . . . . . S5 (p. 151) Camilo CC . . . . . . . . . . . . . . . . P50 (p. 179) Dias RB. . . . . . . . . . . . . . . . . . . P41 (p. 174) Dourado LF . . . . . . . . . . . . . . . P42 (p. 174) S = Seminários. P = Pôsteres. Revista da ABENO • 7(2):189-91 189 Drumond MM . . . . . . . . . . . . . P65 (p. 187) Durães SJA. . . . . . . . . . . . . . . . . P9 (p. 157) E Ely HC. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . S2 (p. 149) Emídio A. . . . . . . . . . . . . . . . . . P57 (p. 183) Emídio A. . . . . . . . . . . . . . . . . . P59 (p. 184) I Martins ACM . . . . . . . . . . . . . . P31 (p. 169) Imianowski S. . . . . . . . . . . . . . P44 (p. 176) Fadel CB. . . . . . . . . . . . . . . . . . P26 (p. 166) Matos PES. . . . . . . . . . . . . . . . . . S4 (p. 151) Junqueira CR. . . . . . . . . . . . . . . S3 (p. 150) Mendonça SMS . . . . . . . . . . . . P13 (p. 159) Junqueira CR. . . . . . . . . . . . . . P18 (p. 162) Mendonça SMS . . . . . . . . . . . . P14 (p. 160) Junqueira SR . . . . . . . . . . . . . . P20 (p. 163) Meneghim MC. . . . . . . . . . . . . . P5 (p. 155) Mendes ER. . . . . . . . . . . . . . . . P63 (p. 186) Meneghim MC. . . . . . . . . . . . . . P6 (p. 156) K Mialhe FL. . . . . . . . . . . . . . . . . . P5 (p. 155) Klein IV. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . P2 (p. 154) Mialhe FL. . . . . . . . . . . . . . . . . . P6 (p. 156) Klein-Júnior CA. . . . . . . . . . . . P58 (p. 183) Miguel LCM. . . . . . . . . . . . . . . . S7 (p. 152) Fadel MAV . . . . . . . . . . . . . . . . P54 (p. 181) Fadel MAV . . . . . . . . . . . . . . . . P55 (p. 182) Favoretto DT . . . . . . . . . . . . . . P12 (p. 159) Miguel LCM. . . . . . . . . . . . . . . P15 (p. 160) L Miguel LCM. . . . . . . . . . . . . . . P16 (p. 161) Lamberti P. . . . . . . . . . . . . . . . P46 (p. 177) Favoretto DT . . . . . . . . . . . . . . P35 (p. 171) Lamberti P. . . . . . . . . . . . . . . . P53 (p. 181) Ferraz CA. . . . . . . . . . . . . . . . . P49 (p. 179) Leles CR. . . . . . . . . . . . . . . . . . . S8 (p. 153) Ferreira ST. . . . . . . . . . . . . . . . P47 (p. 177) Lemos JBD. . . . . . . . . . . . . . . . P12 (p. 159) Flores EMTL. . . . . . . . . . . . . . . . S2 (p. 149) Lemos JBD. . . . . . . . . . . . . . . . P35 (p. 171) Fracolli RA. . . . . . . . . . . . . . . . . P1 (p. 153) Lima MS. . . . . . . . . . . . . . . . . . P34 (p. 170) Freire MCM . . . . . . . . . . . . . . . P43 (p. 175) Lopes CMCF. . . . . . . . . . . . . . . . P4 (p. 155) Freitas FO. . . . . . . . . . . . . . . . . P27 (p. 167) Lucas RSCC . . . . . . . . . . . . . . . P34 (p. 170) G Madeira L. . . . . . . . . . . . . . . . . P15 (p. 160) Madeira L. . . . . . . . . . . . . . . . . P16 (p. 161) Maia GCTP. . . . . . . . . . . . . . . . P27 (p. 167) Garbin CAS. . . . . . . . . . . . . . . P25 (p. 166) Maia GCTP. . . . . . . . . . . . . . . . P28 (p. 167) Garbin CAS. . . . . . . . . . . . . . . P26 (p. 166) Malmann P. . . . . . . . . . . . . . . . P58 (p. 183) Gonçalves EMG . . . . . . . . . . . . . P3 (p. 154) Maltagliati LA. . . . . . . . . . . . . . . P8 (p. 157) Gouvêa MV. . . . . . . . . . . . . . . . P30 (p. 168) Grazziotin GB. . . . . . . . . . . . . . . P3 (p. 154) Grazziotin GB. . . . . . . . . . . . . . P33 (p. 170) Miura CSN. . . . . . . . . . . . . . . . P48 (p. 178) Miura CSN. . . . . . . . . . . . . . . . P60 (p. 184) Miura MN. . . . . . . . . . . . . . . . . P48 (p. 178) Miura MN. . . . . . . . . . . . . . . . . P60 (p. 184) Moimaz SAS. . . . . . . . . . . . . . . P21 (p. 163) Moimaz SAS. . . . . . . . . . . . . . . P24 (p. 165) Moimaz SAS. . . . . . . . . . . . . . . P25 (p. 166) Moraes RB . . . . . . . . . . . . . . . . . P2 (p. 154) M Garbin CAS. . . . . . . . . . . . . . . P24 (p. 165) Gonçalves EMG . . . . . . . . . . . . P33 (p. 170) Miura CSN. . . . . . . . . . . . . . . . P39 (p. 173) Moimaz SAS. . . . . . . . . . . . . . . P26 (p. 166) Freitas FO. . . . . . . . . . . . . . . . . P28 (p. 167) Freitas VV. . . . . . . . . . . . . . . . . P17 (p. 161) Matos JLF. . . . . . . . . . . . . . . . . P53 (p. 181) J Escudero BT. . . . . . . . . . . . . . . . P1 (p. 153) F Massa VTDM . . . . . . . . . . . . . . P49 (p. 179) Marcelo VC. . . . . . . . . . . . . . . . . S8 (p. 153) Marcelo VC. . . . . . . . . . . . . . . . P38 (p. 172) Marcelo VC. . . . . . . . . . . . . . . . P40 (p. 173) Marcelo VC. . . . . . . . . . . . . . . . P43 (p. 175) Marques BB . . . . . . . . . . . . . . . . P2 (p. 154) Moraes RB . . . . . . . . . . . . . . . . . P3 (p. 154) Moura FR. . . . . . . . . . . . . . . . . P57 (p. 183) Moura SM. . . . . . . . . . . . . . . . . P43 (p. 175) N Nacao MS. . . . . . . . . . . . . . . . . P17 (p. 161) Nascimento JS . . . . . . . . . . . . . P34 (p. 170) Nascimento SR. . . . . . . . . . . . . P34 (p. 170) Nicolleto S . . . . . . . . . . . . . . . . P51 (p. 180) Nogueira AS. . . . . . . . . . . . . . . . P7 (p. 156) Nogueira CBP. . . . . . . . . . . . . . S1 (p. 149) Noro LRA. . . . . . . . . . . . . . . . . . P7 (p. 156) H Marques BB . . . . . . . . . . . . . . . . P3 (p. 154) Haddad AE. . . . . . . . . . . . . . . . . S6 (p. 151) Marques RAA. . . . . . . . . . . . . . P20 (p. 163) O Hayassy A . . . . . . . . . . . . . . . . . P17 (p. 161) Martelli-Júnior H. . . . . . . . . . . P47 (p. 177) Odebrecht CMR. . . . . . . . . . . . P45 (p. 176) Hoeppner MG. . . . . . . . . . . . . P39 (p. 173) Martelli-Júnior H. . . . . . . . . . . P50 (p. 179) Oliveira C. . . . . . . . . . . . . . . . . P53 (p. 181) Hoeppner MG. . . . . . . . . . . . . P48 (p. 178) Martins ACM . . . . . . . . . . . . . . P23 (p. 164) Oliveira RS. . . . . . . . . . . . . . . . P30 (p. 168) Hoeppner MG. . . . . . . . . . . . . P60 (p. 184) Martins ACM . . . . . . . . . . . . . . P29 (p. 168) Oliveira RS. . . . . . . . . . . . . . . . P49 (p. 179) Marques BB . . . . . . . . . . . . . . . P33 (p. 170) S = Seminários. P = Pôsteres. 190 Revista da ABENO • 7(2):189-91 P Parreiras PM. . . . . . . . . . . . . . . P13 (p. 159) Patussi M. . . . . . . . . . . . . . . . . . . S2 (p. 149) Pedroso M. . . . . . . . . . . . . . . . P59 (p. 184) Pedroso MAG. . . . . . . . . . . . . . P65 (p. 187) Pensin NR. . . . . . . . . . . . . . . . . P39 (p. 173) Pensin NR. . . . . . . . . . . . . . . . . P48 (p. 178) Pereira AC . . . . . . . . . . . . . . . . . P5 (p. 155) Pereira AC . . . . . . . . . . . . . . . . . P6 (p. 156) Ribeiro-Rotta RF. . . . . . . . . . . . S8 (p. 153) Souza MCA. . . . . . . . . . . . . . . . P30 (p. 168) Rocha DG. . . . . . . . . . . . . . . . . . S8 (p. 153) Souza PC. . . . . . . . . . . . . . . . . . P61 (p. 185) Rocha DG. . . . . . . . . . . . . . . . . P40 (p. 173) Souza PC. . . . . . . . . . . . . . . . . . P63 (p. 186) Rocha DG. . . . . . . . . . . . . . . . . P43 (p. 175) Stefani FM . . . . . . . . . . . . . . . . . P1 (p. 153) Rocha EC. . . . . . . . . . . . . . . . . P22 (p. 164) Rocha ES. . . . . . . . . . . . . . . . . P65 (p. 187) T Rocha MM . . . . . . . . . . . . . . . . P11 (p. 158) Tomita NE . . . . . . . . . . . . . . . . P62 (p. 185) Rocha NB. . . . . . . . . . . . . . . . . P25 (p. 166) Turin B. . . . . . . . . . . . . . . . . . . P51 (p. 180) Rodrigues AAAO. . . . . . . . . . . . S4 (p. 151) Turin B. . . . . . . . . . . . . . . . . . . P52 (p. 180) Pereira JAM . . . . . . . . . . . . . . . P13 (p. 159) Rodrigues DC. . . . . . . . . . . . . . P27 (p. 167) Pereira PZ. . . . . . . . . . . . . . . . . . S5 (p. 151) Rodrigues DC. . . . . . . . . . . . . . P28 (p. 167) U S Uemura ST. . . . . . . . . . . . . . . . P61 (p. 185) Pinto CEP. . . . . . . . . . . . . . . . . P23 (p. 164) Pinto RLS. . . . . . . . . . . . . . . . . P46 (p. 177) Saliba NA . . . . . . . . . . . . . . . . . P21 (p. 163) Pinto RLS. . . . . . . . . . . . . . . . . P53 (p. 181) Uriarte Neto M. . . . . . . . . . . . . P44 (p. 176) Saliba NA . . . . . . . . . . . . . . . . . P24 (p. 165) Pires FM. . . . . . . . . . . . . . . . . . . S2 (p. 149) Uriarte Neto M. . . . . . . . . . . . . P45 (p. 176) Saliba NA . . . . . . . . . . . . . . . . . P26 (p. 166) Poletti S. . . . . . . . . . . . . . . . . . . P61 (p. 185) Saliba O . . . . . . . . . . . . . . . . . . P24 (p. 165) Puplaksis NV. . . . . . . . . . . . . . . . S3 (p. 150) Saliba O . . . . . . . . . . . . . . . . . . P25 (p. 166) Puplaksis NV. . . . . . . . . . . . . . . P18 (p. 162) Salles V. . . . . . . . . . . . . . . . . . . P36 (p. 171) Piazza CLS . . . . . . . . . . . . . . . . P33 (p. 170) Q Uemura ST. . . . . . . . . . . . . . . . P63 (p. 186) Salomão JR. . . . . . . . . . . . . . . . P32 (p. 169) Sanches CM . . . . . . . . . . . . . . . P29 (p. 168) V Vale MJLC. . . . . . . . . . . . . . . . . P19 (p. 163) Vechia GD. . . . . . . . . . . . . . . . . P57 (p. 183) Vechia GD. . . . . . . . . . . . . . . . . P59 (p. 184) Queiroz MG. . . . . . . . . . . . . . . . S8 (p. 153) Santa-Rosa TTA . . . . . . . . . . . . P27 (p. 167) Queiroz MG. . . . . . . . . . . . . . . P42 (p. 174) Santa-Rosa TTA . . . . . . . . . . . . P28 (p. 167) Queiroz MG. . . . . . . . . . . . . . . P43 (p. 175) Santos JG . . . . . . . . . . . . . . . . . P21 (p. 163) Warmling CM. . . . . . . . . . . . . . P57 (p. 183) Sawazaki I. . . . . . . . . . . . . . . . . P29 (p. 168) Warmling CM. . . . . . . . . . . . . . P59 (p. 184) R Sawazaki I. . . . . . . . . . . . . . . . . P31 (p. 169) Webber AA. . . . . . . . . . . . . . . . P23 (p. 164) Ramos ACB. . . . . . . . . . . . . . . . P56 (p. 182) Sayuri K. . . . . . . . . . . . . . . . . . . P35 (p. 171) Webber AA. . . . . . . . . . . . . . . . P31 (p. 169) Ramos DLP. . . . . . . . . . . . . . . . . S3 (p. 150) Scatolin GC. . . . . . . . . . . . . . . . P10 (p. 158) Ramos DLP. . . . . . . . . . . . . . . . P18 (p. 162) Scheffer RF. . . . . . . . . . . . . . . . P31 (p. 169) Z Ramos FK. . . . . . . . . . . . . . . . . P45 (p. 176) Schein MT . . . . . . . . . . . . . . . . P16 (p. 161) Zafalon EJ. . . . . . . . . . . . . . . . . . S5 (p. 151) Regis Filho GI. . . . . . . . . . . . . . P54 (p. 181) Schubert EW. . . . . . . . . . . . . . . S7 (p. 152) Zan FN . . . . . . . . . . . . . . . . . . . P10 (p. 158) Regis Filho GI. . . . . . . . . . . . . . P55 (p. 182) Schubert EW. . . . . . . . . . . . . . . P4 (p. 155) Zan FN . . . . . . . . . . . . . . . . . . . P11 (p. 158) Reis MS. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . P3 (p. 154) Schubert EW. . . . . . . . . . . . . . P16 (p. 161) Zanatta GB. . . . . . . . . . . . . . . . P45 (p. 176) Reis RC. . . . . . . . . . . . . . . . . . . P41 (p. 174) Sequeira E . . . . . . . . . . . . . . . . . S6 (p. 151) Zina LG. . . . . . . . . . . . . . . . . . . P24 (p. 165) Resende VLS . . . . . . . . . . . . . . P65 (p. 187) Silva RP. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . P6 (p. 156) Zocratto KBF . . . . . . . . . . . . . . P14 (p. 160) Rezende LR . . . . . . . . . . . . . . . P51 (p. 180) Siqueira FS. . . . . . . . . . . . . . . . P47 (p. 177) Zocratto KBF . . . . . . . . . . . . . . P36 (p. 171) Rezende LR . . . . . . . . . . . . . . . P52 (p. 180) Soliva T. . . . . . . . . . . . . . . . . . . P29 (p. 168) Zocratto KBF . . . . . . . . . . . . . . P37 (p. 172) Ribeiro VMB. . . . . . . . . . . . . . . P22 (p. 164) Sousa MLR. . . . . . . . . . . . . . . . . P5 (p. 155) Zution P . . . . . . . . . . . . . . . . . . P23 (p. 164) W S = Seminários. P = Pôsteres. Revista da ABENO • 7(2):189-91 191 Normas para apresentação de originais I.Missão - A Revista da ABENO - Associação Brasileira de Ensino Odontológico é uma publicação quadrimestral que tem como missão primordial contribuir para a obtenção de indicadores de qualidade do ensino Odontológico, respeitando os desejos de formação discente e capacitação docente, com vistas a assegurar o contínuo progresso da formação profissional e produzir benefícios diretamente voltados para a coletividade. Visa também produzir junto aos especialistas a reflexão e análise crítica dos assuntos da área em nível local, regional, nacional e internacional. II. Originais - Os originais deverão ser redigidos em português ou inglês e digitados na fonte Arial tamanho 12, em página tamanho A4, com espaço 1,5 e margem de 3 cm de cada um dos lados, perfazendo o total de no máximo 17 páginas, incluindo quadros, tabelas e ilustrações (gráficos, desenhos, esquemas, fotografias etc.) ou no máximo 25.000 caracteres contando os espaços. III.Ilustrações - As ilustrações (gráficos, desenhos, esquemas, fotografias etc.) deverão ser limitadas ao mínimo indispensável, apresentadas em páginas separadas e numeradas consecutivamente em algarismos arábicos. As respectivas legendas deverão ser concisas e localizadas abaixo e precedidas da numeração correspondente. Nas tabelas e nos quadros a legenda deverá ser colocada na parte superior. As fotografias deverão ser fornecidas em mídia digital, em formato tif ou jpg, tamanho 10 x 15 cm, em no mínimo 300 dpi. Não serão aceitas fotografias em Word ou Power Point. Deverão ser indicados os locais no texto para inserção das ilustrações e de suas citações. IV.Encaminhamento de originais - Solicita-se o encaminhamento dos originais de acordo com as especificações descritas no item II para o endereço eletrônico www.abeno. org.br. A submissão “on-line” é simples e segura pelo padrão informatizado disponível no site, no ícone “Revista Online”. Somente opte pelo encaminhamento pelo correio diante da necessidade de publicação de ilustrações em formato tif/jpg e alta resolução (veja especificações no item III). Endereço: REVISTA DA ABENO - Associação Brasileira de Ensino Odontológico - Universidade Católica de Brasília - Curso de Odontologia - Nova Sede QS 07 Lote 01 - Bairro Águas Claras CEP: 72030-170 - Brasília - DF. V. A estrutura do original 1. Cabeçalho: Quando os artigos forem em português, colocar título e subtítulo em português e inglês; quando os artigos forem em inglês, colocar título e subtítulo em inglês e português. O título deve ser breve e indicativo da exata finalidade do trabalho e o subtítulo deve contemplar um aspecto importante do trabalho. 2. Autores: Indicação de apenas um título universitário e/ou uma vinculação à instituição de ensino ou pesquisa que indique a sua autoridade em relação ao assunto. 3. Resumo: Representa a condensação do conteúdo, expondo metodologia, resultados e conclusões, não excedendo 250 palavras e em um único parágrafo. 4. Descritores: Palavras ou expressões que identifiquem o conteúdo do artigo. Para sua determinação, consultar a lista de “Descritores em Ciências da Saúde - DeCS” (http://decs.bvs.br) (no máximo 5). 192 5. Texto: Deverá seguir, dentro do possível, a seguinte estrutura: a)Introdução: deve apresentar com clareza o objetivo do trabalho e sua relação com os outros trabalhos na mesma linha ou área. Extensas revisões de literatura devem ser evitadas e quando possível substituídas por referências aos trabalhos bibliográficos mais recentes, onde certos aspectos e revisões já tenham sido apresentados. Lembre-se que trabalhos e resumos de teses devem sofrer modificações de forma a se apresentarem adequadamente para a publicação na Revista, seguindose rigorosamente as normas aqui publicadas. b)Material e métodos: a descrição dos métodos usados deve ser suficientemente clara para possibilitar a perfeita compreensão e repetição do trabalho, não sendo extensa. Técnicas já publicadas, a menos que tenham sido modificadas, devem ser apenas citadas (obrigatoriamente). c)Resultados: deverão ser apresentados com o mínimo possível de discussão ou interpretação pessoal, acompanhados de tabelas e/ou material ilustrativo adequado, quando necessário. Dados estatísticos devem ser submetidos a análises apropriadas. d)Discussão: deve ser restrita ao significado dos dados obtidos, resultados alcançados, relação do conhecimento já existente, sendo evitadas hipóteses não fundamentadas nos resultados. e)Conclusões: devem estar baseadas no próprio texto. f)Agradecimentos (quando houver). 6. Abstract: Resumo do texto em inglês. Sua redação deve ser paralela à do resumo em português. 7. Descriptors: Versão dos descritores para o inglês. Para sua determinação, consultar a lista de “Descritores em Ciências da Saúde - DeCS” (http://decs.bvs.br) (no máximo 5). 8. Referências bibliográficas: Devem ser ordenadas alfabeticamente, numeradas e normatizadas de acordo com o Estilo Vancouver, conforme orientações publicadas no site da “National Library of Medicine” (http://www. nlm.nih.gov/bsd/uniform_requirements.html). Para as citações no corpo do texto deve-se utilizar o sistema numérico, no qual são indicados no texto somente os números-índices na forma sobrescrita. A citação de nomes de autores só é permitida quando estritamente necessária e deve ser acompanhada de número-índice e ano de publicação entre parênteses. Todas as citações devem ser acompanhadas de sua referência bibliográfica completa e todas as referências devem estar citadas no corpo do texto. As abreviaturas dos títulos dos periódicos deverão estar de acordo com o “List of Journals Indexed in Index Medicus” (http://www.ncbi.nlm.nih.gov/entrez/ query.fcgi?db=journals). A exatidão das referências bibliográficas é de responsabilidade dos autores. VI. Endereço - E-mail, telefone e fax de todos os autores. Obs.: Qualquer alteração de endereço, telefone ou e-mail deve ser imediatamente comunicada à Revista. § Revista da ABENO • 7(2):192 Criação e fotoilustração : IC Anuncie na Revista da ABEnO! A gora você já pode anunciar no veículo mais importante e mais lido da área de ensino odontológico. São 50 anos de tradição! • Fale diretamente com os principais formadores de opinião na área odontológica! • Divulgue seus cursos! • Fortaleça a imagem institucional de sua empresa! • Participe do desenvolvimento do ensino odontológico! Para mais informações, envie e-mail para [email protected]