voleme7, nº 2

Transcrição

voleme7, nº 2
ISSN 1679-5954
Revista da Associação Brasileira de Ensino Odontológico - volume 7 - número 2 - maio/agosto - 2007
REVISTA DA
ABENO
Associação Brasileira de Ensino Odontológico
ABENO
volume 7
número 2
maio/agosto
2007
Associação Brasileira de Ensino Odontológico
Estão faltando alunos nos seus
congressos e nos seus cursos?
Anuncie na Revista da ABENO:
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Fotos: Gözde Otman, Santiago Paulós / SXC. Arte: IC
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ABENO
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Catalogação-na-publicação
(Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo)
Revista da ABENO/Associação Brasileira de Ensino Odontológico. – Vol. 1, n. 1, (jan.-dez. 2001).
– São Paulo : ABENO, 2001Quadrimestral (a partir do Vol. 7, n. 1)
ISSN# 1679-5954
1. Odontologia (Periódicos) I. Associação Brasileira de Ensino Superior (São Paulo)
II. ABENO
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ABENO
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Ensino Odontológico
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EDITORIAL
A Revista da ABENO é uma
publicação oficial da
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Odontológico
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Vice-presidente:
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Editor Científico:
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Editores Adjuntos:
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Célio Percinoto (FOA-UNESP)
Cresus Vinícius Depes de Gouveia (UFF)
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Eduardo Dias de Andrade (UNICAMP)
Eduardo Gomes Seabra (UFRN)
Efigenia Ferreira e Ferreira (UFMG)
Elaine Bauer Veeck (PUC-RS)
Elen Marise de Oliveira Oleto (UFMG)
Gersinei Carlos de Freitas (UFG)
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Horácio Faig Leite (FOSJC-UNESP)
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João Humberto Antoniazzi (FO-USP)
José Carlos Pereira (FOB-USP)
José Luiz Lage-Marques (FO-USP)
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José Thadeu Pinheiro (UFPE)
Léo Kriger (PUC-PR)
Liliane Soares Yurgel (PUC-RS)
Lino João da Costa (UFPB)
Luiz Alberto Plácido Penna (UNIMES)
Luiz Clovis Cardoso Vieira (UFSC)
Manuel Damião de Sousa Neto (UNAERP)
Marco Antonio Campagnoni (FOAR-UNESP)
Maria Celeste Morita (UEL)
Maria da Gloria Chiarello Matos (FORP-USP)
Maria da Graça Kfouri Lopes (UnicenP)
Maria Ercília de Araújo (FO-USP)
Nilce Emy Tomita (FOB-USP)
Nilza Pereira da Costa (PUC-RS)
Omar Zina (UNIVAG)
Oscar Faciola Pessoa (UFPA)
Raphael Carlos Comelli Lia (FEB-SP)
Ricardo Prates Macedo (ULBRA-RS)
Rui Vicente Oppermann (UFRS)
Samuel Jorge Moyses (PUC-PR)
Sigmar de Melo Rode (FOSJC-UNESP)
Simone Tetu Moysés (UFPar)
Vanderlei Luís Gomes (UFU)
Vania Ditzel Westphallen (PUC-PR)
Indexação
A Revista da ABENO - Associação Brasileira de
Ensino Odontológico está indexada nas seguintes
bases de dados:
BBO - Bibliografia Brasileira de Odontologia;
LILACS - Literatura Latino-Americana e do Caribe
em Ciências da Saúde.
A Odontologia perde um de seus
maiores líderes
A
pós longa enfermidade, no dia 21 de janeiro passado, faleceu, no
Recife, aos 77 anos, o professor Edrízio Barbosa Pinto.
O eminente professor graduou-se em Odontologia, no ano de 1949,
pela Faculdade de Medicina e Escolas Anexas de Odontologia e Farmácia do Recife, tendo, quatro anos depois, conquistado o título de
Docente-Livre em Ortodontia e Odontopediatria em concurso prestado na Universidade Federal de Pernambuco.
Participou, por mais de meio século, decidida e obstinadamente,
de movimentos que objetivavam a melhoria do ensino odontológico e
o conseqüente progresso da profissão que abraçara.
Atuou na direção de entidades da categoria odontológica, de associações de ensino, de faculdades de Odontologia e integrando órgãos
e comissões vinculados ao Ministério da Educação, pugnando sempre
pela adoção de medidas que promovessem o aperfeiçoamento do ensino odontológico nos seus diversos níveis.
Em 1955, incorporou-se ao grupo que planejava a criação do segundo
Curso de Formação de Cirurgiões-Dentistas em Pernambuco. Sucedeu
o professor Nelson de Albuquerque Melo na direção dos trabalhos da
nascente Faculdade de Odontologia de Pernambuco, tendo dirigido essa
Instituição de Ensino até 1988. Obtendo a vinda de professores visitantes
de centros mais adiantados, possibilitou à FOP condições para se firmar
como o melhor centro de pós-graduação do Nordeste brasileiro.
Sentindo a necessidade de uma entidade que postulasse junto ao
Ministério da Educação os pleitos de docentes e das faculdades localizadas no Nordeste, convidou representantes dos cursos de Odontologia
dessa região, e fundou, em 1968, a Associação Nordestina de Ensino
Odontológico – ANENO. Posteriormente, em virtude de solicitação das
Faculdades do Pará e do Amazonas, a atuação da Entidade foi ampliada, tendo a denominação sido alterada para Associação Nordestina e
Nortista de Ensino Odontológico – ANNENO.
Exerceu a presidência da ANNENO até 1971, quando, em face de
haver assumido a direção da Associação Brasileira de Ensino Odontológico – ABENO promoveu a extinção da Entidade que congregava
docentes das instituições de ensino odontológico das regiões Norte e
Nordeste. Considerando que havia assumido a Presidência da ABENO
com o compromisso de vitalizá-la, era dispensável a existência de uma
associação de âmbito regional pugnando pelos mesmos objetivos.
Sua posse na direção da Associação Brasileira de Ensino Odontológico, sucedendo o professor Paulino Guimarães Junior, ocorreu em
1971, tendo permanecido à frente dessa Entidade por 23 anos. Duran-
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100
te esse período, a ABENO prestou inestimável colaboração ao progresso do ensino odontológico. Apesar da grande dificuldade financeira,
o professor Edrízio conseguiu promover as reuniões anuais da ABENO,
além de, valendo-se de convênios com órgãos governamentais e fundações internacionais, proporcionar condições para que a Associação
promovesse a ida de centenas de cirurgiões-dentistas para os mais avançados centros de ensino odontológico do País e do Exterior, a fim de
cumprirem estágios, cursos de mestrado e doutorado e visitas de observação.
No âmbito internacional, presidiu, até o seu falecimento, a Asociación Latinoamericana de Facultades de Odontología – ALAFO, realizando debates sobre ensino odontológico e intercâmbio de docentes
de escolas latino-americanas. Durante a sua gestão, além das capitais
brasileiras: Rio de Janeiro, São Paulo, Porto Alegre e Recife, a ALAFO
promoveu congressos e reuniões em Montevidéu, San Juan, Buenos
Aires, Lima, La Paz, Santiago, Tegucigalpa, Guadalajara e Bucaramanga.
Em órgãos integrantes do Ministério da Educação, teve profícua
atuação, destacando-se, entre outros: Conselho Técnico da CAPES,
CNPq e Comissão de Especialistas em Ensino de Odontologia da Secretaria do Ensino Superior.
Organizou e presidiu a Fundação Odontológica Presidente Castelo
Branco.
Concluindo suas realizações, aglutinou respeitável número de docentes em torno da idéia de criar mais um estabelecimento de formação
de cirurgiões-dentistas, tendo fundado a Faculdade de Odontologia do
Recife que, dentro em breve, entregará à comunidade pernambucana
a primeira turma de graduados em Odontologia.
Sua vida, integralmente voltada para promover ações voltadas para
o progresso da Odontologia, constitui um exemplo para os pósteros.
Com o desaparecimento desse idealista, que priorizava a educação,
a saúde e os valores éticos, a Odontologia perde um dos seus maiores
líderes.
Prof. José Dilson Vasconcelos de Menezes
Assessor do presidente da ABENO
Professor Emérito da Universidade
Federal do Ceará
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Associação Brasileira
de Ensino Odontológico
DIRETORIA (2006 a 2010)
Presidente
Alfredo Júlio Fernandes Neto
Vice-Presidente
Orlando Ayrton de Toledo
Secretário Geral
Odorico Coelho da Costa Neto
1º Secretário
Vanderlei Luis Gomes
Tesoureiro Geral
Ricardo Alves Prado
José Galba de Meneses Gomes
José Thadeu Pinheiro
Luiza Isabel Taveira da Rocha
Mario Uriarte Neto
Oscar Faciola Pessoa
Reinaldo Brito e Dias
Ricardo Prates Macedo
Comissão de Ensino
Elaine Bauer Veeck (Presidente)
Cresus Vinícius Depes de Gouveia
Efigenia Ferreira e Ferreira
Léo Kriger
Nilce Emy Tomita
Rui Vicente Oppermann
Comissão de Pós-Graduação
Eduardo Gomes Seabra (Presidente)
Luiz Alberto Plácido Penna
Maria da Glória Chiarello Matos
Omar Zina
Rita de Cássia Martins Moraes
Sigmar de Mello Rode (Presidente)
Adair Luis Stefanello Busato
Ana Cristina Barreto Bezerra
Antônio de Lisboa Lopes Costa
Célio Percinoto
Hilda Maria Montes R. de Souza
Isabela Almeida Pordeus
José Carlos Pereira
Lino João da Costa
Nilza Pereira da Costa
Samuel Jorge Moyses
Assessores do Presidente
Comissão de Comunicação
1º Tesoureiro
Sérgio de Freitas Pedrosa
Conselho Fiscal
Antonio Cesar Perri de Carvalho
Elen Marise de Oliveira Oleto
Horácio Faig Leite
José Dilson Vasconcelos de Menezes
Vera Lúcia Silva Resende (Presidente)
Ângelo Giuseppe Roncalli C. Oliveira
Cléo Nunes de Souza
Nelson Rubens Mendes Loretto
Sumário
v. 7, n. 2, maio/agosto - 2007
Artigos
Fluxograma para prescrição de exames imaginológicos
por acadêmicos de odontologia
Flow chart for the prescription of imaging examinations
by dental students
Pedro Luiz de Carvalho, João Marcelo Ferreira de Medeiros, Mônica
Cristina Camargo Antoniazzi, Rosana Giovanni Pires Clemente. . . . . . . . . 104
Eficácia do método geométrico no aprendizado da escultura dental
no curso de graduação em Odontologia
Evaluation of the effectiveness of the geometric method in the
learning of dental sculpture at a dental undergraduate course
Lucia Helena Vieira Diniz Bodi, Miriam Lacalle Turbino,
Glauco Fioranelli Vieira. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 112
Prevalência de indivíduos cor-deficientes entre alunos
de odontologia
Prevalence of color vision-deficient individuals among dental students
Angela de Caroli, Glauco Fioranelli Vieira, Carlos Alberto de
Bragança Pereira. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 117
Os sete saberes necessários à educação do futuro e o planejamento
das ações de saúde: algumas reflexões e confluências
The seven wisdoms necessary for an education of the future and for
the planning of health care actions: some reflections and confluences
Iris do Céu Clara Costa. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 122
Pesquisa qualitativa: um outro caminho para a produção
do conhecimento em odontologia
Qualitative research: another path towards knowledge production
in dentistry
Luiz Carlos Machado Miguel, Calvino Reibnitz Junior,
Marta Lenise do Prado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 130
Construir conhecimento, integrar vidas
Constructing knowledge, integrating lives
Luiz Roberto Augusto Noro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 135
A importância do ensino da notificação de doenças
The importance of teaching disease notification
Vera Lucia Silva Resende, Maria Elisa de Souza e Silva,
Raquel Conceição Ferreira, Allyson Nogueira Moreira,
Claudia Silami Magalhães. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 141
Anais da 42a Reunião Anual - 2007
Comissão Organizadora e Programação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 147
Trabalhos selecionados para apresentação
Seminários . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 149
Pôsteres. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 153
ApêndiceS
Índice de artigos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 188
Índice de resumos apresentados na 42ª Reunião Anual . . . . . . . . . . 189
Normas para apresentação de originais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 192
Revista da ABENO • 7(2):103
103
Fluxograma para prescrição de exames
imaginológicos por acadêmicos de
odontologia
Uma possibilidade para reduzir os erros na prescrição de exames
imaginológicos.
Pedro Luiz de Carvalho*, João Marcelo Ferreira de Medeiros**, Mônica Cristina Camargo
Antoniazzi***, Rosana Giovanni Pires Clemente****
* Professor Doutor da Disciplina de Imaginologia Dento-MaxiloFacial do Departamento de Odontologia da Universidade de
Taubaté. E-mail: [email protected].
** Professor Doutor da Disciplina de Endodontia do Departamento
de Odontologia da Universidade de Taubaté.
*** Professora Doutora da Disciplina de Imaginologia Dento-Maxilo-Facial
do Departamento de Odontologia da Universidade de Taubaté.
****Professora Mestra da Disciplina de Matemática Aplicada do
Departamento de Economia, Contabilidade e Administração da
Universidade de Taubaté.
RESUMO
O propósito deste trabalho foi apresentar um fluxograma que orientasse alunos de graduação do curso de Odontologia a prescrever exames imaginológicos, em situações específicas, iniciando-se pelos
exames mais simples e encerrando-se com os mais
sofisticados. O referido fluxograma é constituído pelos seguintes exames imaginológicos: periapical, interproximal, oclusal, métodos de localização, panorâmico, extrabucais, tomográfico convencional, e os
exames sofisticados, que compreendem a tomografia
computadorizada, a ressonância magnética nuclear,
a ultra-sonografia e os exames de medicina nuclear.
Para testar a validade do fluxograma, utilizamos 21
alunos do segundo ano, durante uma das avaliações
bimestrais no ano de 2005, do Departamento de
Odontologia da Universidade de Taubaté. Constatouse que o exame periapical foi o mais sugerido, 239
vezes, e o segundo mais indicado foi a radiografia
panorâmica, 120 vezes. O efeito dos exames no diagnóstico da condição clínica foi: 325 exames (59,52%)
produziram impacto positivo, 146 (26,74%) exames
só detectaram a condição clínica, mas não possibilitaram o diagnóstico desta, e 75 (13,74%) não forne104
ceram imagem da condição clínica. Com base na
metodologia aplicada e nos resultados obtidos, pôdese concluir que: o fluxograma apresentado auxilia o
acadêmico a prescrever exames imaginológicos, em
casos específicos na Odontologia; o fluxograma reduziu a possibilidade de erros na prescrição de exames;
e o fluxograma resultou em impacto positivo, ou seja,
auxiliou no registro das condições clínicas.
DESCRITORES
Educação em odontologia. Estudantes de odontologia. Radiografia. Radiografia dentária.
A
s solicitações de exames imaginológicos em
Odontologia, na maior parte das vezes, ocorrem
valendo-se do uso de fichas padronizadas; contudo,
em algumas situações específicas, não devem ser objeto de padronização, mas de descrição. Em tais solicitações deverão constar as descrições das condições
clínicas derivadas dos sinais, sintomas, das histórias
pregressa e atual do paciente, os quais auxiliarão na
realização dos exames radiográficos e posterior interpretação das imagens obtidas.3,23 Além disso, para que
se utilize corretamente a radiação X, há que se con-
Revista da ABENO • 7(2):104-11
Fluxograma para prescrição de exames imaginológicos por acadêmicos de odontologia • Carvalho PL, Medeiros JMF, Antoniazzi MCC,
Clemente RGP
siderar um reduzido número de solicitações de radiografias, a fim de evitar exposição desnecessária à radiação e, conseqüentemente, aumento do custo.
Por outro lado, o exame radiográfico deve ser individualizado para cada paciente,6 uma vez que o melhor exame para um paciente com um determinado
problema pode não ser o melhor para outro com o
mesmo problema.14 Após ter tomado a decisão de realizar um exame imaginológico, o cirurgião-dentista
terá de fazer uma opção entre os exames imaginológicos, de modo que o exame escolhido produza um resultado significante para o tratamento do paciente e o
exponha às menores doses possíveis de radiação.12
Autores como Stephens et al.24 (1992), Brooks et
5
al. (1997) e Farman7 (2002) são unânimes em declarar que se deve incentivar o uso de exames radiográficos periapicais; tal acontecimento deverá ser realizado após a obtenção dos sinais, dos sintomas e de
avaliada a história do paciente. Das técnicas intrabucais utilizadas rotineiramente em algumas especialidades destaca-se sem sombra de dúvida a técnica radiográfica periapical, técnica essa que pode ser
tomada por dois métodos distintos, a saber: o da bissetriz e do paralelismo. O cirurgião-dentista recomenda a radiografia periapical limitada a um determinado elemento dentário ou região de dentes, em razão
da probabilidade de essa radiografia resultar em achados na cavidade bucal, que permitiriam conduzir de
uma forma mais eficaz o tratamento odontológico do
paciente.
A pesquisa radiográfica não é indicada para a determinação de lesões ocultas, considerando que a
porcentagem de achados é mínima. A crença de que
os dentistas têm a responsabilidade de realizar triagem
de todos os seus pacientes, buscando informações de
lesões ocultas, não pode ser comprovada,15 além de
que realizar radiografia panorâmica como triagem é
injustificável na clínica odontológica geral.20
Com vistas a isso, propomo-nos a apresentar um
fluxograma que oriente os acadêmicos de Odontologia a prescrever exames imaginológicos, em situações
específicas.
MATERIAL E MÉTODOS
Idealizou-se um fluxograma para orientação e
prescrição de exames imaginológicos por alunos de
graduação iniciando-se pelos exames mais simples e
encerrando-se com os mais sofisticados. O referido
fluxograma é constituído pelos seguintes exames imaginológicos: periapical; interproximal; oclusal; mé­
todos de localização; panorâmico; extrabucais;
t­ omográfico convencional; e sofisticados, que compreendem a tomografia computadorizada, a ressonância magnética nuclear, a ultra-sonografia e os
exames de medicina nuclear (Figura 1).
Apesar de a presença dos pedidos padronizados
ser uma realidade, podemos obter êxito com o uso
desse fluxograma para o diagnóstico de desordens
com maior facilidade, rápido acesso e fácil execução.
Para testar a validade do fluxograma, utilizamos
21 alunos do segundo ano, durante uma das avaliações bimestrais no ano de 2005, do Departamento de
Odontologia da Universidade de Taubaté.
Calibração para uso do guia
Os alunos foram calibrados por exposição oral com
apresentação de alguns exemplos com diapositivos.
Assim, para um uso correto, deveriam iniciar pelo exame mais simples, procurando indicar até dois exames
para cada situação, quando então julgavam necessária
a complementação, considerando baixo custo e menor quantidade de radiação na obtenção da imagem.
A seguir, receberam um formulário com 20 condições clínicas preestabelecidas, para aplicação do
fluxograma. As informações foram obtidas considerando-se o número e o tipo de exame imaginológico
recomendado.
A avaliação das informações foi realizada por dois
docentes especialistas e doutores em Radiologia e a
tabulação desses dados, por outro docente. Realizouse a distribuição das freqüências, o que permitiu a
validação do fluxograma, e aplicou-se o teste descritivo para cada variável.
RESULTADOS
Informações fornecidas pelos
participantes
Vinte e um participantes contribuíram no processo de entrevista. A Tabela 1 apresenta as informações
que cada participante registrou a respeito da indicação de dois exames imaginológicos para cada situação. O exame periapical foi o mais sugerido, 239 vezes, e o segundo mais indicado foi a radiografia
panorâmica, 120 vezes.
Percebe-se que os participantes tiveram dificuldades
para diferenciar um reparo anatômico de uma periapicopatia e avaliar o comportamento da cortical óssea de
uma lesão, cujos exames mais indicados não evidenciaram o propósito, uma vez que o mais adequado para
cada condição clínica seria método de localização pelo
princípio da paralaxe (método de Clark), para a primeira, e exame radiográfico oclusal para a última.
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105
Fluxograma para prescrição de exames imaginológicos por acadêmicos de odontologia • Carvalho PL, Medeiros JMF, Antoniazzi MCC,
Clemente RGP
Paciente com hipótese de diagnóstico
Registro da imagem
sim
O exame radiográfico periapical foi suficiente?
não
Ausência e/ou imagem parcial,
ou carece de complementação.
Registro da imagem
sim
O exame radiográfico interproximal foi suficiente?
não
Ausência e/ou imagem parcial,
ou carece de complementação.
Registro da imagem
sim
O exame radiográfico oclusal foi suficiente?
não
Ausência e/ou imagem parcial,
ou carece de complementação.
Registro da imagem
sim
O método de localização foi suficiente?
não
Ausência e/ou imagem parcial,
ou carece de complementação.
Registro da imagem
sim
O exame radiográfico panorâmico foi suficiente?
não
Ausência e/ou imagem parcial,
ou carece de complementação.
Registro da imagem
sim
O exame tomográfico foi suficiente?
não
Ausência e/ou imagem parcial,
ou carece de complementação.
Registro da imagem
sim
Os exames sofisticados foram suficientes?
Figura 1 - Fluxograma para prescrição de exames imaginológicos.
Impacto dos exames imaginológicos na
avaliação da condição clínica
Esse fator foi avaliado por dois profissionais radiologistas, que minuciosamente avaliaram, em cada situação, se o exame indicado bastava para o diagnóstico da condição clínica ou o complementava, ou se
não fornecia imagem da condição clínica.
Cada exame pode influenciar na avaliação clínica
de três formas:
• positiva, quando um exame registra a imagem da
condição clínica, sem a necessidade de complementação;
• neutra, quando o exame fornece um registro duvidoso da condição clínica, ou carece de complementação;
• negativa, quando o exame não registra a imagem
da condição clínica.
O efeito dos exames no diagnóstico da condição
clínica é visto na Tabela 2: 325 exames (59,52%) produziram impacto positivo, 146 (26,74%) só detecta106
ram a condição clínica, mas não permitiram seu diagnóstico, e 75 (13,74%) não forneceram imagem da
condição clínica.
DISCUSSÃO
Embora esteja claro que os acadêmicos de Odontologia sabem solicitar exames imaginológicos, é de
fundamental importância levar em consideração os
riscos biológicos das radiações ionizantes e o custo no
momento da prescrição. Quando se solicita um exame radiográfico, muitas vezes existe uma suspeita,
pois nem sempre sabemos a condição patológica. E
mais, com freqüência quem solicita exames não tem
idéia da situação patológica presente, e às vezes o
processo de tratamento inicia-se com o exame imaginológico, mesmo com um laudo parcial.3,15,23
As solicitações de exames imaginológicos feitas, de
um modo geral, são efetivadas sem critérios de prescrição
radiográfica, considerando que os pacientes são diferentes e que, portanto, o exame radiográfico deve ser indi-
Revista da ABENO • 7(2):104-11
Fluxograma para prescrição de exames imaginológicos por acadêmicos de odontologia • Carvalho PL, Medeiros JMF, Antoniazzi MCC,
Clemente RGP
Detectar uma calcificação no assoalho bucal.
2
Avaliar uma sinusopatia.
4
Avaliar uma restauração em excesso.
15
Avaliar uma anomalia radicular no incisivo lateral.
21
Total
Exames
sofisticados
21
Tomografia
Avaliar um abscesso dentário.
Extrabucal
18
Panorâmica
13
Método de
localização
Interproximal
Avaliar cárie nos dentes posteriores.
Exames imaginológicos
Oclusal
Condição clínica
Periapical
Tabela 1 - Quantidade de indicações dos exames imaginológicos por acadêmicos (n = 21).
31
4
12
2
25
3
1
15
15
2
2
22
36
17
32
1
1
3
26
Avaliar uma fratura óssea na maxila.
9
11
5
1
2
28
Avaliar uma fratura óssea na mandíbula.
3
15
7
1
3
29
11
Avaliar agenesias dentárias.
14
2
Avaliar um cisto nasopalatino.
15
9
4
3
15
5
1
5
6
Localizar um canino superior incluso.
27
3
27
1
28
Diferenciar um reparo anatômico de uma periapicopatia.
13
Verificar a adaptação de uma restauração metálica.
11
Confirmar a existência de uma fratura radicular.
20
Avaliar o comportamento da cortical óssea de uma lesão.
15
Retorno semestral do paciente.
11
2
10
23
Avaliação periodontal (primeira vez).
18
8
1
27
Avaliação para tratamento de canal (primeira vez).
20
Realização de plano de tratamento (adulto - primeira vez).
12
Planejar instalação de implantes (primeira vez).
239
Tabela 2 - Impacto dos 546 exames imaginológicos no
diagnóstico das condições clínicas.
Impacto
Total
Positivo*
325
Neutro**
146
Negativo***
75
* exame registra a imagem da condição clínica, sem a necessidade de
complementação; **exame fornece um registro duvidoso da condição
clínica, ou carece de complementação; ***exame não registra a imagem
da condição clínica.
vidualizado.6,14,16,26 Ressalta-se que as radiografias panorâmicas são as mais solicitadas durante o atendimento
do paciente e de acordo com a necessidade, o que não
está em conformidade com outros autores.5,19,24
As informações relacionadas na Tabela 1, bem
como as sugestões dos 21 participantes para as 20
condições clínicas específicas, foram realizadas utilizando-se o fluxograma idealizado pelos autores. O
26
28
2
5
2
2
24
1
2
3
2
10
Total
1
17
23
15
2
64
47
28
25
29
14
2
2
120
32
7
30
9
546
fluxograma foi idealizado para orientar o acadêmico
no momento da prescrição, iniciando pelo exame
mais simples e de baixo custo. Nosso propósito com
esse fluxograma foi prescrever para o paciente uma
quantidade mínima de exames e, deste modo, evitar
que uma maior dose de radiação seja aplicada ao paciente, além de reduzir custos.
Com relação aos exames radiográficos periapicais,
cumpre aduzir que os referidos exames registram imagens do contorno, da posição e extensão mésio-distal dos
dentes e tecidos circunvizinhos. No exame radiográfico
periapical é essencial obter o comprimento total do dente e pelo menos 2 milímetros de osso periapical. O filme
radiográfico mais utilizado é o número 2 (tamanho 3 x
4 cm), que pode ser utilizado em pacientes pediátricos
com mais de 7 anos e todos os adultos. Esses exames são
detalhísticos, de simples execução e baixo custo, podendo ser realizados pelos princípios da bissetriz ou do paralelismo, e abranger somente as áreas de interesse ou
compreender uma série completa de radiografias.
Revista da ABENO • 7(2):104-11
107
Fluxograma para prescrição de exames imaginológicos por acadêmicos de odontologia • Carvalho PL, Medeiros JMF, Antoniazzi MCC,
Clemente RGP
Aliás, observando a Tabela 1, foi o exame periapical o mais sugerido pelos acadêmicos para as situações
clínicas apresentadas: cárie nos dentes posteriores,
abscesso dentário, restauração em excesso, anomalia
radicular, agenesias dentárias, cisto nasopalatino,
adaptação de restauração metálica, confirmar a existência de uma fratura radicular, retorno semestral do
paciente, avaliação periodontal, avaliação para tratamento de canal, realização de plano de tratamento e
planejamento para instalação de implantes. Sendo
assim, julgamos que as 239 sugestões foram graças ao
maior contato com o exame nas aulas práticas, na
Clínica de Ensino de Radiologia e Interpretação Radiográfica.
Stephens et al.24 (1992), Brooks et al.5 (1997) e
Farman7 (2002) estimulam o uso de radiografias periapicais depois de obtidos os sinais e os sintomas e
de avaliada a história do paciente.
No que se refere à radiografia interproximal, cumpre aclarar que tal recurso determina a obtenção de
uma imagem radiográfica das coroas dos dentes e
cristas alveolares de ambos os maxilares em um só
filme. Em nossas aulas orientamos os alunos a utilizarem essa técnica para os dentes posteriores, pois consideramos que o exame interproximal dos anteriores
seja desnecessário, desde que se faça um exame clínico acurado.
Para cárie nos dentes posteriores, restauração em
excesso e adaptação de restauração metálica, foi mais
sugerido pelos acadêmicos o exame interproximal.
Esse exame é pouco divulgado e sua obtenção pode
oferecer dificuldade quando não se utiliza o posicionador de filmes, além dos problemas no momento da
interpretação da imagem, na identificação do osso
maxilar ou mandibular. Além do mais existem outros
métodos que não usam radiação ionizante, como a
transiluminação por fibra óptica.17
Concernente ao emprego de radiografias oclusais, importa considerar que, em determinadas oportunidades, quando a técnica periapical não é suficiente para conter uma imagem ampla dos maxilares,
o profissional se vê obrigado a utilizar um filme de
maiores dimensões. Caracteriza-se, então, a técnica
radiográfica oclusal pelo emprego de filmes com dimensões de 5,7 x 7,6 cm colocados paralelamente ao
plano oclusal.
As radiografias oclusais estão indicadas para complementar uma série radiográfica periapical quando
esta não determinou a extensão de uma lesão ou fratura; exame de pacientes desdentados; localização de
corpos estranhos e dentes inclusos; pesquisa de cál108
culos nos ductos das glândulas salivares; estudo da
forma e do tamanho do arco dental; e para substituir
a técnica periapical nos casos de trismos e pacientes
com acentuado reflexo de vômito.
Os acadêmicos sugeriram esse exame 47 vezes, e
as situações mais indicadas foram: detectar uma calcificação no assoalho bucal, avaliar uma fratura óssea na
maxila e avaliar um cisto nasopalatino. Apesar de ser
um exame de fácil obtenção, o maior problema é a
divulgação do mesmo e o custo do filme radiográfico;
conseqüentemente o acadêmico acaba tendo pouco
contato com os resultados oferecidos pela técnica.
No que tange aos métodos radiográficos de localização, saliente-se que são métodos utilizados para
localizar a posição de um dente ou objeto nos maxilares. Para estruturas estranhas que estiverem próximas às raízes dos dentes, podemos nos valer dos métodos da dissociação das imagens (Clark) e da dupla
incidência em ângulo reto (Miller-Winter e Donovan), os quais fornecem informações complementares
àquelas de uma simples radiografia dental. Os outros
métodos consistem em modificações da técnica periapical com propósitos específicos: procedimentos de
Parma, Le Master e têmporo-tuberosidade.
A condição que mais recebeu a indicação dos métodos de localização radiográfica pelos acadêmicos,
15 indicações, foi a localização de um canino superior
incluso. O pouco desenvolvimento dos métodos e a
dificuldade de avaliar as imagens comparativas são
alguns fatores que contribuem para que esses métodos sejam pouco utilizados.
No que diz respeito ao exame radiográfico panorâmico, este se trata de um método de exame por
imagem que proporciona uma visualização de toda a
maxila e mandíbula num único filme. Apesar das limitações próprias das técnicas extrabucais convencionais, as radiografias panorâmicas extrabucais oferecem uma visão do complexo maxilo-mandibular com
uma simples incidência radiográfica. Porém, algumas
vezes, as radiografias panorâmicas são solicitadas erroneamente, já que não são indicadas para avaliar
situações nas quais se deseja fidelidade de imagem,
casos em que a técnica indicada é a periapical.13,20
No entanto, a radiografia panorâmica foi o segundo exame mais sugerido pelos acadêmicos de nossa
pesquisa: 120 indicações. O referido exame foi sugerido nas seguintes condições: sinusopatia, fratura óssea na maxila, fratura óssea na mandíbula, agenesias
dentárias, retorno semestral do paciente, realização
de plano de tratamento e planejamento para instalação de implantes. Tal ocorrência deve-se provavel-
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Fluxograma para prescrição de exames imaginológicos por acadêmicos de odontologia • Carvalho PL, Medeiros JMF, Antoniazzi MCC,
Clemente RGP
mente à simplicidade de realização do exame e ao
protocolo adotado pelo sistema de admissão dos pacientes nas várias Clínicas de Graduação.
Aliás, Sakakura et al.21 (2003) concluíram que muitos dentistas prescrevem radiografias panorâmicas
nas avaliações de implantes dentais baseando-se na
área que abrangem e no custo. Outros autores18,25
recomendam o exame panorâmico quando o objetivo é a redução da dose de radiação.
Já as radiografias extrabucais oferecem registros
radiográficos em três planos ou normas:
a.norma lateral, que proporciona um registro
radiográfico em um plano paralelo ao plano
sagital mediano cranial;
b.norma frontal, que registra radiograficamente
visões anteriores ou posteriores craniais, condicionadas ao posicionamento da face ou região
occipital da cabeça próxima ao filme;
c.norma axial, que apresenta um registro cranial em um plano horizontal, perpendicular ao
plano sagital mediano, similar às radiografias
oclusais intrabucais.
Muito embora um número reduzido de sugestões
tenha ocorrido (32), a condição mais indicada foi
sinusopatia, porquanto os acadêmicos ao longo do
curso possuem pouco contato com essas técnicas, seja
na Clínica ou na Interpretação Radiográfica. Mais
ainda, os alunos envolvidos nesta pesquisa ainda não
tiveram contato com as disciplinas de Cirurgia e Ortodontia, o que justifica o reduzido número de sugestões e recomendações a essas especialidades, que, sem
sombra de dúvida, destacam-se na indicação dessa
modalidade de exame.1,2
A tomografia convencional permite obter imagens de partes de um objeto, em cortes ou secções
livres de estruturas sobrepostas. Foram obtidas somente 7 sugestões deste exame pelos alunos, o que
se explica pelo pouco contato com esse exame, apenas no aprendizado teórico. Mais ainda, Sakakura et
al.21 (2003) avaliaram as prescrições radiográficas
para implantes dentais entre dentistas brasileiros.
Constataram que aproximadamente 7,2% dos dentistas solicitaram tomografia convencional, e concluíram que muitos dentistas prescrevem radiografias
panorâmicas nas avaliações de implantes dentais baseando-se na área que abrangem e no custo, e também
que os profissionais não seguem as recomendações
da Associação Americana de Radiologia Oral e Maxilofacial de considerar a imagem seccional.
Por último, em relação aos exames sofisticados,
que compreendem os exames de tomografia computadorizada, ressonância magnética nuclear, ultra-so-
nografia e medicina nuclear, apesar do conhecimento exclusivamente teórico sobre esses exames, os
acadêmicos os recomendaram 9 vezes.
Solicitar exames imaginológicos deve fazer parte
da vida do acadêmico que inicia essa prática; entretanto, essa virtude deve ser contínua ao longo do curso de graduação. As regras para prescrição de exames
imaginológicos fazem parte do plano de ensino da
nossa disciplina, facilitando assim o futuro profissional do aluno na sua vida extra-acadêmica.
Vale ressaltar que o fluxograma proposto facilitou
o momento da prescrição tanto para acadêmicos,
como para profissionais ou especialistas. Esse poderá
reduzir o número total de exames solicitados, da mesma forma que Atchison et al.1 (1992), em seu trabalho, conseguiram reduzir 36% do número total de
exames.
Finalizando, salientam Hollender11 (1992) e Bohay
et al.4 (1995) que os cursos de odontologia têm decisiva importância no ensino dos critérios para prescrição
radiográfica e na conduta dos dentistas em relação à
escolha do exame radiográfico. Foi observado que essa
conduta deve ser seguida e sugere-se que haja maior
controle dos cursos, principalmente pelos professores
de Radiologia, sobre as solicitações de exames radiográficos encaminhadas à clínica, avaliando-as criteriosamente antes de serem realizadas, para que o paciente se exponha à menor dose possível de radiação.9,12
Pelos resultados do impacto dos exames na avaliação das condições apresentadas, recomendamos o uso
do fluxograma sugerido. Os resultados apresentados
por esta pesquisa mostram a necessidade de se investir
na educação dos critérios de seleção radiográfica, em
concordância com o obtido por outros autores.8,10,22
CONCLUSÕES
Com base na metodologia aplicada e nos resultados obtidos, pôde-se concluir que:
• O fluxograma apresentado auxilia o acadêmico a
prescrever exames imaginológicos em casos específicos na Odontologia.
• O fluxograma reduziu a possibilidade de erros na
prescrição de exames.
• O fluxograma resultou em impacto positivo, ou
seja, auxiliou no registro das condições clínicas.
ABSTRACT
Flow chart for the prescription of imaging
examinations by dental students
The purpose of this work was to present a flow
chart that could guide undergraduate dental stu-
Revista da ABENO • 7(2):104-11
109
Fluxograma para prescrição de exames imaginológicos por acadêmicos de odontologia • Carvalho PL, Medeiros JMF, Antoniazzi MCC,
Clemente RGP
dents in prescribing imaging examinations for specific situations, beginning with the simpler examinations and then moving to the more complex ones.
The flow chart consists of the following imaging examinations: periapical, bite-wing, occlusal, localization technique, panoramic, extraoral, conventional
tomography, and the sophisticated ones, involving
computed tomography, magnetic resonance imaging, ultrasonography, and nuclear medicine examinations. In order to test the effectiveness of the flow
chart, we used 21 second-year students, during one
of the bimonthly evaluations in the year 2005, from
the Dentistry Department, University of Taubaté. It
was observed that periapical examinations were the
most suggested, 239 times, and the second most indicated was panoramic radiography, 120 times. The
effect of the examinations on diagnosing the clinical
condition was: 325 examinations (59.52%) produced a positive impact; 146 (26.74%) examinations
only detected the clinical condition, but did not allow the establishment of a diagnosis; and 75 (13.74%)
did not produce an image of the clinical condition.
Based on the applied methodology and on the obtained results, it could be concluded that: the presented flow chart helped students to prescribe imaging examinations in specific dental cases; the flow
chart reduced the possibility of errors while prescribing examinations; and the flow chart had a positive
impact, i.e., it aided in the recording of the clinical
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Recebido para publicação em 04/04/2006
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Aceito para publicação em 17/05/2006
A Revista da ABENO – Associação Brasileira de
Ensino Odontológico – tem como missão primordial:
• assegurar o contínuo
progresso da formação
profissional;
• produzir benefícios
diretamente voltados
para a coletividade;
• produzir junto aos
especialistas a reflexão e
análise crítica dos assuntos da
área em nível local, regional,
nacional e internacional.
Revista da ABENO • 7(2):104-11
9-5
ISSN 167
954
• contribuir para a obtenção de indicadores de
qualidade do ensino odontológico respeitando
os desejos de formação discente e
capacitação docente;
DA
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Odont
7
volume 1
número abril
janeiro/
2007
Associ
O
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Associ
111
Eficácia do método geométrico no
aprendizado da escultura dental no
curso de graduação em Odontologia
A disciplina de Escultura deve proporcionar ao aluno a
oportunidade de desenvolver a habilidade manual e de adquirir
visão espacial do dente, fundamental para o trabalho de restauração
e reintegração do dente ao sistema estomatognático.
Lucia Helena Vieira Diniz Bodi*, Miriam Lacalle Turbino**, Glauco Fioranelli Vieira**
*Cirurgiã-Dentista, Estagiária do Departamento de Dentística da
Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo.
E-mail: [email protected].
**Professores Associados do Departamento de Dentística Operatória
da Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo.
E-mail: [email protected] e [email protected].
Resumo
Um estudante de odontologia deve desenvolver
uma percepção estética e ser capaz de analisar a forma
e função dos dentes para que possa corrigir e restabelecer a fisiologia completa e beleza do sistema estomatognático em seus pacientes. A disciplina de escultura
dental visa a desenvolver e treinar a habilidade manual do aluno, preparando-o para as outras disciplinas
em que essa habilidade é necessária. O objetivo do
presente trabalho foi avaliar a eficácia do método geométrico de ensino de escultura dental entre iniciantes com diferentes graus iniciais de habilidade manual.
O método geométrico, como uma ferramenta auxiliar
no ensino da escultura dental, permitiu que se obtivessem melhores resultados, ajudando os alunos a aprender a técnica bem como a reproduzir a anatomia dental. Os resultados mostraram que, embora o método
tenha sido eficaz com todos os alunos, aqueles que
apresentaram uma maior facilidade no início do curso
puderam aproveitar melhor o método. Observou-se
uma melhora no treinamento manual, na percepção
dos detalhes da anatomia dental e na percepção da
proporção entre os diferentes elementos dentais.
Descritores
Escultura. Anatomia. Aprendizado.
112
A
prática odontológica exige conhecimentos técnico e científico, além de habilidade manual
para o desenvolvimento de trabalhos que envolvem
a aplicação prática desses conhecimentos.8,9 Durante a prova de seleção para o curso de Odontologia,
o candidato é avaliado quanto ao seu conhecimento
intelectual, mas não pela sua habilidade manual e,
no entanto, essa habilidade é exigida durante o curso, pois fará parte, na maioria das vezes, de sua vida
profissional.
A disciplina de Escultura Dental tem como objetivo o desenvolvimento e treinamento da habilidade
manual, preparando o aluno para as outras disciplinas que também exigem a sua aplicação.2 Para isso,
na Faculdade de Odontologia da Universidade de
São Paulo (FOUSP), aplica-se o método geométrico,
cuja primeira citação data de 1940, por Wheeler11, e
que foi aprimorado por outros autores no transcorrer dos anos.10
Esse método consiste na projeção das silhuetas
mesiais e vestibulares dos dentes em blocos retangulares de cera e, posteriormente, na definição das estruturas anatômicas mais evidentes, como inclinação
das faces, posição das bossas e cúspides. A forma dos
dentes pode ser de difícil percepção para o aluno e
o que se procura, dessa maneira, é associar cada den-
Revista da ABENO • 7(2):112-6
Eficácia do método geométrico no aprendizado da escultura dental no curso de graduação em Odontologia • Bodi LHVD, Turbino ML,
Vieira GF
te e suas estruturas com uma forma geométrica definida. Sabe-se que as formas geométricas são de conhecimento do aluno desde o início de seu
aprendizado nos bancos escolares.5
Alguns autores desenvolveram trabalhos para
melhorar o aprendizado de anatomia e escultura
dental, usando recursos de vídeo e programas digitais, observando também sucesso nessas propostas.6,11 Outros autores, em relação à escultura, observaram que o método progressivo e regressivo em
cera mostra-se um bom método de aprendizado de
conhecimentos de anatomia e desenvolvimento de
destreza manual.1,4,7
A proposta deste trabalho é avaliar a eficiência
do método geométrico de escultura dental em iniciantes de escultura com diferentes graus de habilidade manual.
Material e Métodos
Participaram deste trabalho 128 alunos de graduação da FOUSP, ingressantes na disciplina de Escultura Dental.
No primeiro dia de aula prática, antes de receberem informações sobre o método de escultura adotado na disciplina, os alunos, sem orientação e apenas
com o instrumental básico necessário, receberam,
cada um, um bloco de cera para a execução da escultura de um determinado dente (para um grupo foi
escolhido o segundo molar inferior esquerdo e, para
o outro grupo, o incisivo central superior esquerdo).
O bloco de cera tinha o tamanho de 48 mm de
altura, 22 mm de largura e 19 mm de profundidade.
Os alunos não podiam consultar nenhum livro, apostila, ou modelo para copiar. Além disso, eles recebiam
um questionário com os seguintes quesitos, cujas opções de respostas eram sim ou não:
01. Você já teve conhecimento de escultura?
02. Alguma vez já esculpiu um dente?
03. Já realizou alguma outra escultura?
04. Tem noções de desenho?
05. Sabe identificar detalhes de um dente (como:
bossa, vertente, arestas, linha de colo)?
06. Sabe identificar as faces proximais de um
dente?
Os alunos que responderam sim aos quesitos “1,
2, 3” foram descartados do trabalho. Observou-se também que os alunos, mesmo sabendo identificar os
detalhes anatômicos, não souberam como transportar esse conhecimento para a escultura.
Em relação ao quesito “6”, a maioria respondeu
não, demonstrando que falta conhecimento teórico-
prático para essa identificação.
Após um tempo eletivo de um mês e meio, tendo
duas aulas semanais (8 h/aula) teóricas e práticas,
que davam as informações e o treinamento sobre o
método, foi solicitada uma nova escultura dos mesmos dentes, para os mesmos alunos.
Essas esculturas (inicial e final) foram avaliadas
por três professores da disciplina, com auxílio de um
questionário com 15 questões, para que o processo
fosse o mais objetivo possível. As questões foram as
seguintes (com opções de respostas sim ou não):
01. Lembra o formato básico do dente?
02. Existe proporção entre altura e largura?
03. Consegue-se diferenciar a face vestibular da
lingual?
04. Consegue-se definir o lado do dente?
05. Está correta a altura da bossa vestibular?
06. Está correta a altura da bossa lingual?
07. Está correta a altura das bossas proximais?
08. Está correta a inclinação da face vestibular?
09. Está correta a inclinação da face lingual?
10. Está correto o formato da face mesial?
11. Está correto o formato da face distal?
No caso de dentes anteriores, perguntou-se ainda
sobre a face lingual destes:
12. Existem cristas marginais?
13. Estão corretas as cristas marginais?
14. Existe crista mediana?
15. Está correto o cíngulo?
No caso de dentes posteriores, perguntou-se ainda
sobre a face oclusal destes:
12. Está correto o formato?
13. Estão corretas as cristas marginais?
14. Existe sulco principal ?
15. Existe convergência lingual ou vestibular?
As respostas foram organizadas em valores 0 e 1,
para facilitar a montagem das tabelas, sendo atribuído valor 0 para as respostas negativas e 1 para as
afirmativas.
Resultados
Cada aluno foi avaliado nas quinze questões, tanto na primeira quanto na segunda escultura, recebendo uma nota correspondente ao total de itens afirmativos em cada momento (inicial e final). Com esses
dados foram efetuados os gráficos 1 e 2. As notas foram calculadas proporcionalmente, para que os valores variassem de zero a dez.
O Gráfico 1 apresenta o número de alunos correspondente às notas de zero a dez das esculturas iniciais
e finais. Pode-se notar que, na linha correspondente à
escultura inicial (antes), o número de alunos com nota
abaixo de 5 é maior, o que se inverte no segundo mo-
Revista da ABENO • 7(2):112-6
113
Eficácia do método geométrico no aprendizado da escultura dental no curso de graduação em Odontologia • Bodi LHVD, Turbino ML,
Vieira GF
45
10
8
35
30
6
25
Valor
Quantidade de alunos
40
20
4
15
antes
depois
10
G1
G2
G3
2
5
0
0
2
4
6
8
10
0
0%
Notas
20%
40%
60%
80%
100%
Nível
Gráfico 1 - Distribuição de alunos de acordo com as no-
Gráfico 2 - Percentis das notas finais dos 3 grupos de
tas atribuídas às suas esculturas antes e depois do aprendizado do método geométrico.
alunos avaliados. G1: alunos que tiveram as piores notas
iniciais; G2: alunos que tiveram notas iniciais intermediárias; G3: alunos que tiveram as melhores notas iniciais.
mento, com a escultura final (depois), quando o maior
número de alunos concentra-se em notas acima de 6.
Outro fator muito importante a ser avaliado é a
percentagem de evolução do aluno nesse curto espaço de tempo. Eles foram divididos em três grupos em
relação as suas notas iniciais. Assim, o Gráfico 2 mostra a evolução das notas dos três grupos, a saber: G1
(38 alunos), formado pelos que tiveram as piores notas (abaixo de 0,3833); G2 (48 alunos), formado pelos
que tiveram as notas intermediárias (entre 0,3833 e
1,3833); e G3 (42 alunos), formado pelos que tiveram
as melhores notas iniciais (acima de 1,3833).
Com base no Gráfico 2, nota-se que:
• os grupos G1 e G2 tiveram comportamentos muito semelhantes;
• o grupo G3 apresentou médias ligeiramente superiores às dos outros grupos.
Isto caracteriza que, apesar de o método ter sido
eficiente no aprendizado de todos os alunos, aqueles
que, por algum motivo, apresentavam melhor habilidade no início do curso, tiveram melhor aproveitamento no aprendizado do método.
prios alunos vão melhorando a avaliação dos seus
próprios trabalhos, na medida em que percebem que
associar formas geométricas aos detalhes anatômicos
do dente facilita sua escultura.
A principal observação em relação ao aprendizado oferecido pelo método geométrico é a melhora
marcante das esculturas apresentadas, visto que o
tempo entre a escultura inicial e a escultura final correspondeu a menos de 1/3 do tempo total dos créditos da disciplina. Constatou-se que, apesar de o método utilizado colaborar sensivelmente para o
desenvolvimento de bons trabalhos em um curto espaço de tempo, certos detalhes, como proporção entre altura e largura, altura de bossas, inclinação das
faces vestibular e lingual e convergências das faces,
continuam oferecendo certa dificuldade de evidenciação aos alunos e assim, exigem destes uma dedicação maior.
O fato de as notas iniciais terem maior concentração em valores menores do que cinco e as finais, maiores do que seis sugere que o método geométrico, assim como as orientações e os treinamentos oferecidos,
foram capazes de melhorar a qualidade das esculturas. No momento da escultura inicial, os alunos, supostamente, já tinham os conhecimentos referentes
à anatomia dental, mas demonstraram dificuldade
em reproduzi-los satisfatoriamente.
Também está evidente e era o esperado que, ao se
relacionarem as notas de cada aluno (inicial e final),
sempre houve melhora. Em relação aos grupos que
aparecem no Gráfico 2, constata-se que os alunos que
tinham maior habilidade desde a escultura inicial
conseguiram melhor aproveitamento do método, demonstrando que, apesar de o método geométrico
Discussão
Nas esculturas iniciais, fica evidente que, em vários
trabalhos nem sequer foi apresentada a forma grosseira do dente, como por exemplo o canino, cuja
forma deveria lembrar uma lança.
Outra falha muito comum foi a falta de proporção
entre altura (distância entre o limite cervical vestibular e o bordo incisal, nos dentes anteriores, ou a ponta de cúspide vestibular, nos dentes posteriores) e
largura (distância entre as bossas das faces mesial e
distal) desses dentes. Com o passar das aulas, os pró114
Revista da ABENO • 7(2):112-6
Eficácia do método geométrico no aprendizado da escultura dental no curso de graduação em Odontologia • Bodi LHVD, Turbino ML,
Vieira GF
A
B
C
Figura 1: A - Bloco de cera;
B - Escultura de um molar inferior
antes do aprendizado do método;
C - Escultura de um molar inferior
depois do aprendizado do método;
D - Escultura de um incisivo central
superior antes do aprendizado
do método;
E - Escultura de um incisivo central
superior após o aprendizado
do método.
D
E
facilitar a finalização da escultura, pessoas mais habilidosas conseguem resultados ainda melhores.
Acreditamos que, através das imagens, podemos
observar com maior facilidade a evolução que o aluno
conquista por esse método. Assim, foram selecionadas e fotografadas algumas esculturas efetuadas pelos
alunos. Na Figura 1, podem-se visualizar: bloco de
cera utilizado para a escultura (A); esculturas obtidas
no início do curso (sem treinamento prévio) de um
molar inferior e de um incisivo central superior (B e
D); esculturas dos mesmos dentes obtidas após o treinamento com o método geométrico (C e E).
Pode-se notar, nas esculturas finais, a maior proximidade com a forma anatômica dos referidos dentes.
Apesar de a habilidade manual ser natural aos
indivíduos, sabemos que ela pode ser desenvolvida
ou melhorada através de orientações e treinamentos.²
O aluno, ao cursar a disciplina de Escultura, tem uma
grande oportunidade de não só desenvolver sua habilidade manual mas também de adquirir visão espacial do dente, o que facilitará, posteriormente, seu
trabalho de restauração e integração do dente ao sistema estomatognático.3,8,12
Conclusões
• O método geométrico, como auxiliar no ensino
da escultura dental, possibilita melhores resultados, favorecendo o aprendizado da técnica, assim
Revista da ABENO • 7(2):112-6
115
Eficácia do método geométrico no aprendizado da escultura dental no curso de graduação em Odontologia • Bodi LHVD, Turbino ML,
Vieira GF
como a reprodução da anatomia dental.
• Alunos com maiores habilidades iniciais têm melhor aproveitamento do método, conseguindo
resultados finais superiores aos daqueles menos
habilidosos, porém, mesmo esses menos habilidosos conseguem atingir formas satisfatórias (acima
da média).
• Com o treinamento manual e a percepção de detalhes anatômicos dos dentes que é exigida dos
alunos, melhora-se a percepção de proporção entre esses elementos.
• Acredita-se que os conhecimentos e treinamentos
obtidos na disciplina, através do método geométrico, preparam o aluno para um desempenho
profissional mais consciente e eficiente, restabelecendo forma e função dos dentes, isolados ou
em grupos, obtendo uma boa fisiologia mastigatória, harmonia e estética entre as arcadas.8
method proved to be effective with all the students,
those who already had demonstrated a greater facility
at the beginning of the course were able to take fuller
advantage of the method. An improvement was observed in the manual training, in the perception of the
teeth’s anatomic details, and in the perception of proportion between the different dental elements.
Descriptors
Sculpture. Anatomy. Learning. §
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Agradecimentos
Somos gratos aos alunos de Odontologia, pela
oportunidade de desenvolvermos esta pesquisa em
que percebemos a satisfação de cada aluno ao observar sua rápida evolução nos seus trabalhos de escultura dental.
4. Ford TRP. Teaching tooth morphology to dental students. Br
Abstract
Evaluation of the effectiveness of the geometric
method in the learning of dental sculpture at a
dental undergraduate course
A dental student must develop an esthetic perception and be able to analyze the shape and function of
teeth in order to correct and reestablish the complete
physiology and beauty of the stomatognathic system in
his or her patients. The dental sculpture discipline aims
to develop and train the student’s manual ability, preparing him or her for other disciplines which also require this ability. The purpose of this project was to
evaluate the effectiveness of the geometric method for
dental sculpture teaching among beginners with different initial degrees of manual ability. The geometric
method as an auxiliary tool in dental sculpture teaching made better results possible, helping the students
to learn the technique as well as the reproduction of
dental anatomy. The result showed that, although the
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Revista da ABENO • 7(2):112-6
Recebido para publicação em 19/04/2006
Aceito para publicação em 04/07/2006
Prevalência de indivíduos cor-deficientes
entre alunos de odontologia
Existe um prejuízo das discromatopsias para a Odontologia, em
especial no processo de escolha da cor de um dente; se incorreta, o
profissional pode ser considerado incompetente.
Angela de Caroli*, Glauco Fioranelli Vieira**, Carlos Alberto de Bragança Pereira***
*Mestre em Dentística pela Faculdade de Odontologia da
Universidade de São Paulo. E-mail: [email protected].
**Professor Livre-Docente Associado de Dentística da Faculdade de
Odontologia da Universidade de São Paulo.
***Professor Titular do Departamento de Estatística do Instituto de
Matemática e Estatística da Universidade de São Paulo.
RESUMO
O objetivo deste estudo foi identificar indivíduos deficientes para visão de cores, testando a acuidade visual
dentre um grupo de estudantes de Odontologia, e comparar o resultado obtido com os resultados encontrados
na literatura, considerando o prejuízo das discromatopsias congênitas para a Odontologia, especialmente na
escolha da cor dental. Foram escolhidas seis cartas determinadas dentre as cartas da seqüência do Teste de Ishihara e essas foram apresentadas como seis “slides” para 308
indivíduos, alunos de Odontologia. Durante a apresentação, o indivíduo preenchia um formulário com suas
informações pessoais e a leitura da carta que estava vendo.
O Teste de Ishihara é um teste de leitura de placas pseudo-isocromáticas usado para identificar indivíduos com
discromatopsias congênitas; e é o mais usado dos testes
para esse fim. Trezentos e oito indivíduos foram avaliados.
Desses, 121 (39,3%) eram homens e 187 (60,7%) eram
mulheres, com idades entre 19 e 37 anos. Do total, 13
(4,2%) foram considerados indivíduos cor-deficientes: 8
(6,6%) homens e 5 (2,6%) mulheres. Após a análise estatística, pudemos afirmar que, com 95% de probabilidade, a proporção real de homens cor-deficientes está no
intervalo de 3,14% a 12,16%; e a proporção real de mulheres cor-deficientes está no intervalo de 0,96% a 5,68%.
Rejeitamos a hipótese de que a população feminina deste estudo está de acordo com a encontrada na literatura.
Por outro lado, a população masculina deste estudo parece estar de acordo com os achados da literatura.
Descritores
Cor. Educação em odontologia. Defeitos da visão
cromática.
A
Odontologia moderna tem sofrido uma grande
demanda pela estética dental nas últimas décadas. O conceito de adesividade dos materiais dentários, o aparecimento das restaurações em resina composta e os avanços da ciência sobre materiais estéticos
vêm responder a esse apelo estético crescente. Nessa
busca, é inegável que a cor de um dente seja uma das
características mais importantes.
Diversos autores discorrem sobre a necessidade de
se oferecerem conhecimentos básicos sobre o processo de percepção das cores nos cursos de Odontologia.2,8,12 Desde 1974, Sproull12 sugeria que o dentista
deveria ser educado e treinado para a tomada da cor
de um dente, opinião essa compartilhada por outros
autores.2,8 Embora essa seja uma necessidade real, poucas escolas têm em seu conteúdo programático noções
de colorimetria e o processo de visualização de cor.
Sabe-se que a cor é uma resposta psicológica a um
estímulo físico. Apesar de existir muito desconhecimento sobre a visão das cores, numerosas teorias e hipóteses
sobre o mecanismo visual foram apresentadas. A maior
parte das recentes investigações tem-se apoiado a uma
teoria tricromática ou teoria de Young, Helmholtz.
Existem poucos estudos sobre a relação entre
Odontologia e deficiência visual para as cores, cha-
Revista da ABENO • 7(2):117-21
117
Prevalência de indivíduos cor-deficientes entre alunos de odontologia • Caroli A, Vieira GF, Pereira CAB
MATERIAL E MÉTODOS
O teste de Ishihara é um teste de leitura de pranchas pseudo-isocromáticas, ou seja, um teste de confusão, para identificar indivíduos com deficiência
para a visualização de cores, chamada discromatopsia,
do tipo congênita. É o método mais conhecido e de
maior utilidade prática e consiste na apresentação ao
observador de figuras impressas com manchas coloridas sobre um fundo de manchas coloridas de forma
semelhante. As figuras estão propositadamente pintadas com cores que podem parecer semelhantes para
um indivíduo que é deficiente para cores.
O teste completo consiste na leitura de 25 cartas
sob determinadas condições de iluminação e posição.
Porém, o teste pode ser abreviado conforme sugere
o próprio autor.7 Para isso, foram escolhidas seis placas determinadas da seqüência de cartas contidas no
livro. Essa seqüência resumida foi apresentada aos
indivíduos testados sob a forma de “slide”. As cartas
foram escaneadas no aparelho Scan Jet, modelo 6300c
(c7670A), marca Hewlett-Packard, e essas foram agrupadas em um arquivo padrão Power Point e apresentadas em sala de aula aos alunos de graduação dos
cursos noturno e diurno (das turmas de 2003, 2002,
2001) sob a forma de seis “slides”. Durante a apresentação, o aluno respondia a um questionário contendo
seus dados, como nome, idade, raça e sexo, e então
registrava o número que por ele era visualizado em
cada carta apresentada.
Para cada carta existe uma resposta dita “correta”
quando o indivíduo tem visão normal para as cores e
118
uma resposta dita “incorreta” quando o mesmo apresenta algum grau de discromatopsia congênita para
o eixo vermelho-verde.
Ao todo foram testados 308 indivíduos, alunos do
curso de Odontologia da Faculdade de Odontologia
da Universidade de São Paulo, com idades entre 19
e 37 anos.
Todos os questionários foram analisados sob a
mesma padronização, seguindo a leitura do teste sugerida por Ishihara e os resultados estão apresentados
a seguir.
É importante salientar que a apresentação de apenas seis cartas de Ishihara não diagnostica precisamente o indivíduo deficiente para a visão de cores. O
autor pede que o indivíduo que tiver sua leitura alterada seja novamente avaliado, agora com a realização
do teste completo para o diagnóstico do tipo e grau
da deficiência vermelho-verde existente.
RESULTADOS
Os resultados obtidos na presente pesquisa são
apresentados a seguir e no Gráfico 1.
Foram avaliados 308 indivíduos, 121 (39,3%)
eram homens e 187 (60,7%) eram mulheres. Do total de indivíduos testados, 13 indivíduos (4,2%) realizaram uma leitura incorreta de uma ou mais cartas
em questão.
Dentre os homens testados, 8 (6,6%) foram considerados deficientes para a visão de cores, e dentre
as mulheres testadas, 5 (2,6%).
Análise estatística
A técnica estatística utilizada é baseada no ponto
de vista indutivo da estatística.9 A idéia fundamental
é construir uma distribuição de probabilidade para
Gráfico 1 - Verossimilhança para homens, mulheres e
população geral.
0,008
fm
caudas m
0,006
Plausibilidade
mada de discromatopsia. A literatura tem descrito a
existência de aproximadamente 7% a 8% dos homens
da população e 0,5% a 1% de mulheres deficientes
para a visão das cores,6,11 alcançando até 10% dos homens,14 ou ainda 14% de acordo com outros autores.2
Davison, Myslinski4 (1990) ainda acrescentam que os
testes de visão de cores deveriam ser indicados como
rotina nas escolas de Odontologia para que tornem
os estudantes atentos às suas próprias deficiências de
seleção de cor.13 Preocupamo-nos em saber se nossos
alunos estudam o processo de percepção da cor e se
o tema faz parte do ensino em Odontologia.
Tendo em vista o prejuízo das discromatopsias
congênitas para a Odontologia, especificamente para
a escolha de cor de um dente, a proposta deste estudo foi identificar indivíduos cor-deficientes, testando
a acuidade visual para cores de um grupo de estudantes de Odontologia, e comparar o resultado obtido
com a estatística fornecida pela literatura.
fh
caudas h
0,004
fg
caudas g
0,002
0
0
0,04
0,08
0,12
0,16
Taxa de Anormalidade
Verossimilhança e intervalos de 95% de credibilidade: Mulheres [0,96%;
5,68%], Homens [3,14%; 12,18%] e Geral [2,46%; 7,24%].
Revista da ABENO • 7(2):117-21
Prevalência de indivíduos cor-deficientes entre alunos de odontologia • Caroli A, Vieira GF, Pereira CAB
aquele parâmetro populacional para o qual pretendemos fazer afirmações. No nosso caso em particular,
o parâmetro populacional de interesse foi a proporção de indivíduos deficientes, p, na população.
DISCUSSÃO
Sabendo que as discromatopsias congênitas são
inconscientes para seu portador, essas têm uma implicação profissional por serem de descoberta tardia.3 Foi nesse ponto que nosso estudo foi orientado
para questionar se essa discromatopsia congênita de
caráter consciente ou inconsciente ao seu portador,
aqui estudantes de Odontologia, pode interferir na
tomada de cor de um dente na rotina clínica do consultório. Acreditamos que, no programa de ensino
das faculdades de Odontologia, deveria existir uma
avaliação para identificar indivíduos cor-deficientes,
concordando com alguns autores.12,14 O aluno desse
curso, futuro dentista, fazendo a tomada incorreta
de cor de um dente poderia ser considerado incompetente em seu trabalho por não ter consciência de
sua deficiência.
A teoria mais aceita e que oferece melhores explicações para a visualização das cores é a teoria tricromática. Tal teoria sugere que elementos vermelho, verde e azul estão presentes na retina. A
percepção da cor depende da relativa excitação de
cada um desses elementos. Excitação igual dos três
resulta na cor branca.3 Existe, em cada cone, três
espécies de fibras, cada uma delas excitadas por determinado comprimento de onda, e o impulso neural
é analisado no sistema nervoso central, dando origem à percepção das cores.1 O primeiro grupo dessas
fibrilas é sensível prioritariamente à ação das ondas
luminosas longas e produz a sensação a que damos
o nome de vermelho (567 a 780 nm). O segundo
grupo é sensível prioritariamente às ondas de comprimento médio, que produzem a sensação que denominamos verde (528 nm). Enfim, o terceiro grupo
é sensível prioritariamente ao violeta ou azul-violetado (448 nm). Quando os três grupos de fibrilas são
estimulados ao mesmo tempo com uma energia aproximada, produzem a sensação do branco. Quando
falta um ou mais desses elementos nervosos, a sensação cromática que lhe corresponde não existe; observa-se então cegueira para o vermelho, o verde ou
para o azul.1,3
Após o conhecimento do processo de percepção
da cor, podemos discorrer sobre as deficiências visuais
que afetam esse processo e que podem trazer conseqüências para a Odontologia.
As discromatopsias podem ser congênitas ou adquiridas, cada qual com suas características próprias.
As discromatopsias congênitas apresentam-se bilaterais, invariáveis ao curso do tempo, isoladas no
plano patológico, perfeitamente definidas sobre o
plano colorimétrico, incuráveis e inconscientes. Já
as discromatopsias adquiridas são defeitos da visão
de cores que podem ser causados por várias enfermidades e condições, incluindo toxinas, inflamações ou desprendimento de retina, retinopatias,
degeneração macular e determinadas doenças do
nervo óptico.
A ausência de um ou mais pigmentos que deveriam estar presentes nos cones (células fotossensíveis
presentes no olho e responsáveis pelo processo de
percepção de cores) determina a dificuldade e seu
grau para a visualização de cada cor.3,5
Indivíduos que são portadores de discromatopsias se
fazem presentes entre os estudantes de Odontologia,
colegas dentistas, técnicos de laboratórios e até entre
pacientes dos consultórios odontológicos. É importante
ressaltar que, mesmo nas escolas de Odontologia cujo
estudo de cor é parte integrante do programa didático,
não existe preocupação quanto à existência de indivíduos cor-deficientes. Assim, nossos alunos podem fazer
parte desse grupo de deficientes, ora com a consciência
de sua limitação, ora inconscientes a esse respeito.
A distribuição das discromatopsias congênitas,
também ditas hereditárias, é de interesse para este
estudo, pois seus portadores, em sua maioria, raramente têm consciência de sua anomalia. Por possuirem a acuidade visual normal, acreditam contemplar
seu mundo exterior de modo idêntico ao de qualquer
outro indivíduo, porém somente são capazes de identificar corretamente as cores quando conscientes de
seu defeito, por um processo de interpretação.3
A idade da descoberta das discromatopsias congênitas, relativamente tardia, pode ter uma implicação
profissional (Tabela 1). As circunstâncias da descoberta são variáveis: herança conhecida, erros na denominação ou utilização das cores pela criança (pintura, aprendizagem do cálculo, visão dos sinais
tricolores), exames sistemáticos realizados em serviços públicos, atividades de segurança ou atividades
que utilizem cores.
Existem na literatura correlacionada à Odontologia poucos trabalhos que discutem a interferência de
tal deficiência e seu prejuízo para nossa área. Barnna
et al.2 (1981), em seu estudo, identificaram 14% de
indivíduos deficientes para a visão de cores entre
membros da área odontológica. Davison, Myslinski4
Revista da ABENO • 7(2):117-21
119
Prevalência de indivíduos cor-deficientes entre alunos de odontologia • Caroli A, Vieira GF, Pereira CAB
Tabela 1 - Idade
de descoberta das
discromatopsias
congênitas em meio
hospitalar (Crépy,
Maille, 3 1977).
Idade média
da descoberta
Identificados
após os 20
anos de idade
Protanomalia (alteração no pigmento vermelho)
5 anos
36 anos
14 anos
Deuteranomalia (alteração no pigmento verde)
5 anos
72 anos
19,6 anos
30%
Protanopia (ausência do pigmento vermelho)
2 anos
50 anos
16 anos
28%
Deuteranopia (ausência do pigmento verde)
2 anos
59 anos
17,6 anos
34%
(1990) discutiram os achados da literatura da época
e fizeram uma contagem de 7,8% de indivíduos cordeficientes. E, em 1992, Wasson, Schuman14 encontraram que 9,3% dos homens de sua amostra eram
cor-deficientes.
Nesse ponto, todos os autores relataram que a literatura diz que cerca de 6 a 14% dos indivíduos do
sexo masculino e 0,4% dos do sexo feminino são cordeficientes. Mas será que os parâmetros de nossas populações concordam com esses números? A resposta
é que a população dos homens segue os padrões da
literatura, mas a das mulheres apresenta proporção
de deficientes superior ao valor descrito na literatura
(Gráfico 1). Com o que foi observado na amostra,
podemos afirmar que, com probabilidade 95%, a proporção de deficientes na nossa população feminina
está entre 0,96% e 5,68%. Note que 0,4% está abaixo
do limite inferior desse intervalo. Por outro lado, com
a nossa amostra masculina, podemos concluir que,
com 95% de probabilidade, a proporção de deficientes na nossa população de homens está entre 3,14% e
12,16%. Note que esse intervalo possui elementos em
comum com o que foi descrito na literatura e o subintervalo de intersecção é 6% a 12,16%.
Quase todos os trabalhos descritos pela literatura
foram realizados na América do Norte ou Europa,
mostrando-nos que as diferenças regionais deveriam
ser levadas em consideração. Esse fato é bem exemplificado pela comparação entre nosso estudo e o trabalho de Wasson, Schuman14 (1992), no qual os autores
relataram que a maioria dos dentistas é composta de
homens. Se acreditarmos que nossa amostra foi completamente casual, poderíamos pensar que a verdadeira proporção de mulheres na população estaria perto
do que encontramos em nossa amostra, 60,9%. Nossas
observações parecem estar condizentes com a tendência de hoje da profissão, em nosso país, que está cada
vez mais sendo procurada por mulheres.
O teste de Ishihara utilizado em nosso estudo mostrou-se viável para a identificação de indivíduos cor120
Idades limites da
descoberta
Tipo
7,4%
deficientes em ampla escala e possibilitou uma contagem dessa população dentro da área odontológica,
levando o conhecimento de tal deficiência a seu portador e ao maior número possível de pessoas envolvidas com a Odontologia, inclusive aos alunos desse
curso, visto que a deficiência altera por completo o
processo de visualização de cores.
Após detectarmos a deficiência, surge outra questão: “Como pode o dentista deficiente para visão de
cor atuar no processo de escolha de cor de um dente?” Inicialmente, nós acreditamos que um teste
como o utilizado em nosso estudo, pelas várias razões
já discutidas, possa ser utilizado nas faculdades de
Odontologia e cursos de áreas afins, como o de prótese dental, a fim de que o indivíduo portador da
deficiência tome consciência da mesma. Após tomar
ciência de sua condição, possa agora escolher melhor
sua orientação profissional, buscando alternativas
dentro de sua área.2,4,12,13
Existe uma uniformidade de pensamento entre
autores que concordam que uma equipe pode e deve
ser treinada em visualização de cor; que o assunto
pode e deve ser estudado e ensinado nas escolas e
que o indivíduo deficiente para o procedimento tenha ao seu lado essa equipe auxiliar treinada para
ampará-lo no momento da escolha da cor.1,8,10,12,14 Em
nossa opinião, o profissional que aplica maior conhecimento sobre cor na tomada de cor de um dente
tem maiores chances de sucesso e também pode identificar indivíduos deficientes para a visão de cores,
quer seja um paciente, ou uma auxiliar ou um técnico de prótese. Em sendo ele próprio portador consciente de sua deficiência, pode buscar alternativas
para sua limitação. Acreditamos que nosso estudo,
embora simples, seja representativo para mostrar a
importância do conhecimento das discromatopsias
e do processo de visualização de cor em Odontologia
e deixamos clara nossa preocupação, enquanto docentes, sobre o tema.
Revista da ABENO • 7(2):117-21
Prevalência de indivíduos cor-deficientes entre alunos de odontologia • Caroli A, Vieira GF, Pereira CAB
CONCLUSÕES
Com base nos resultados deste trabalho e nos dados encontrados na revisão de literatura, utilizando
a técnica de testes de significância, parece-nos lícito
concluir que:
• na população de mulheres, a evidência em favor
da hipótese de que a proporção de indivíduos cordeficientes é igual a 0,4% é de 0,12%;
• na população de homens, a evidência em favor da
hipótese de que a proporção de indivíduos cordeficientes está entre 6 e 14% é 100%.
Assim, rejeitamos a hipótese de que nossa população feminina está em concordância com a população da literatura. Por outro lado, nossa população
masculina parece estar condizente com o que está
descrito na literatura.
agrees with that found in literature. On the other
hand, our male population seems to agree with that
found in literature.
ABSTRACT
Prevalence of color vision-deficient individuals
among dental students
The aim of this study was to identify color visiondeficient individuals, testing visual acuity in a dental student group and comparing the obtained result with those found in literature, considering the
damage of congenital dyschromatopsia to Dentistry, specially to tooth color matching. Six determined plates were chosen from the plate sequence
of the Ishihara Test, and they were presented as six
slides to 308 dental students. During the presentation, the individuals filled out a form with their
personal information and the reading of the plate
they saw. The Ishihara Test is a reading test of pseudoisochromatic plates used to identify individuals
with congenital dyschromatopsia, and it is the most
widely used test for this purpose. Three hundred
and eight individuals were evaluated. From these,
121 (39.3%) were men and 187 (60.7%) were women, with ages between 19 and 37 years. From the
total, 13 (4.2%) were considered color vision-deficient; 8 (6.6%) were men and 5 (2.6%) were women. After statistical analysis, we could affirm that,
with 95% of probability, the real proportion of
color vision-deficient men ranges from 3.14% to
12.16%; and the real proportion of color visiondeficient women ranges from 0.96% to 5.68%. We
rejected the hypothesis that our female population
4. Davison SP, Myslinski NR. Shade selection by color vision-de-
Descriptors
Color. Education, dental. Color blindness. §
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Revista da ABENO • 7(2):117-21
Recebido para publicação em 13/03/2006
Aceito para publicação em 16/05/2006
121
Os sete saberes necessários à
educação do futuro e o planejamento
das ações de saúde: algumas reflexões
e confluências
Os profissionais da saúde, ao conseguirem suas habilitações e
ingressarem no mercado de trabalho, deparam-se com a exigência de
planejar suas atividades, mas como serão capazes disso se os cursos
de graduação não contemplam essa temática?
Iris do Céu Clara Costa*
*Professora Doutora do Departamento de Odontologia da
Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
E-mail: [email protected].
RESUMO
No sentido de entender as dificuldades de planejar ações de saúde, buscou-se identificar e compreender as correlações existentes entre as diretrizes curriculares dos cursos de graduação da área de saúde,
com todas as competências e habilidades que o aluno
deverá desenvolver, e os sete saberes necessários à
educação do futuro de Edgar Morin.8 Foi possível
estabelecer relações claras entre esses temas aparentemente distintos mas com tantas coisas em comum,
bem como identificar lacunas num e noutro tema e
caminhos para sua superação. Considerando que os
alunos são reflexos dos professores, foi possível concluir que é urgente a necessidade de se reformularem
currículos e, paralelamente, de se investir na capacitação dos professores, elementos-chave de qualquer
mudança, cuja formação defasada e às vezes divergente não permitirá uma reforma curricular plena.
DESCRITORES
Currículo. Diretrizes. Educação baseada em competências.
Entendendo a origem do
planejamento
Falar de planejamento exige a abordagem de inúmeras questões, das mais variadas nuanças: teórica,
122
metodológica, técnica e instrumental, que têm sido
colocadas como necessárias, considerando-se o contexto amplo que envolve o tema. Dessa forma, o planejamento deverá ser encarado como um espaço
aberto de reflexão e experimentação, levando-se em
conta, principalmente, a redefinição de demandas
acumuladas e entrecruzadas ao longo do tempo.
O planejamento em saúde surgiu na América Latina na década de 60, com o objetivo especial de gerenciar a escassez de recursos, de maneira que aqueles existentes fossem otimizados na realização de
ações mais efetivas e de maior cobertura. Nos serviços
públicos, o mesmo deverá ser feito, enfrentando-se os
desafios, reconhecendo-se os interesses divergentes,
buscando-se fundamentar na construção de consensos e contratos que viabilizam modificações no campo
da saúde bucal e especialmente na sociedade.3,9
Nas últimas décadas, especialmente em toda a
América Latina, inclusive no Brasil, surgiram várias
teorias que fundamentam o exercício do planejamento. Esse, por sua vez, pode representar, em uma sociedade democrática, o fruto dos diversos interesses,
como respostas às demandas surgidas entre grupos
sociais bem articulados.7
A crise no setor da saúde, oriunda da crise do Estado e da economia capitalista de âmbito internacional,
tem gerado demandas crescentes de necessidades a
serem resolvidas com recursos cada vez mais escassos.
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Os sete saberes necessários à educação do futuro e o planejamento das ações de saúde: algumas reflexões e confluências • Costa ICC
Assim, a busca de iniciativas de soluções a partir
de parcerias com organizações nacionais e internacionais tem gerado caminhos alternativos nos âmbitos
político, metodológico e organizativo. Várias correntes de pensamento na área de planejamento têm sido
trabalhadas, gerando reflexões sobre as perspectivas
da Saúde Coletiva neste momento de crise.
Por outro lado, os profissionais de saúde, incluindo o Cirurgião-Dentista, ao conseguirem suas habilitações e ingressarem no mercado de trabalho, deparam-se com a exigência por parte de alguns gestores
de terem que planejar suas atividades. Teoricamente,
eles deveriam ter aprendido isso no curso de graduação. Entretanto, essa temática nem sempre priorizada nos currículos acadêmicos passa a ter uma enorme
importância quando se inicia o exercício profissional,
seja no âmbito público ou privado, sem contar que,
em algumas situações, o próprio Cirurgião-Dentista
também pode ser um gestor.3
A influência das Diretrizes
Curriculares na formação do
Cirurgião-Dentista/Planejador
O Ministério da Educação e Cultura (MEC),1 por
ocasião da Reforma Universitária em 1970, estabeleceu alguns critérios que deveriam estar contidos no
perfil da habilitação de Cirurgião-Dentista, considerando a função social da profissão odontológica e a
necessidade desse conhecimento na formação universitária. São os seguintes:
• Ter mentalidade preventiva, priorizando procedimentos que evitem a instalação de agravos à saúde
bucal.
• Desenvolver a sensibilidade social para compreender os determinantes biopsicossociais das doenças
bucais, buscando beneficiar o maior número de
pessoas, considerando o princípio da eqüidade.
• Ser capaz de trabalhar em equipe, em funções de
coordenação e/ou supervisão das profissões auxiliares da Odontologia.
• Saber diagnosticar as patologias bucais e suas associações com doenças sistêmicas, discernindo os
graus de complexidade das lesões, para referenciar adequadamente a centros especializados.
• Ter competência para participar de todas as fases do
planejamento, do conhecimento da realidade até a
avaliação, a partir das características socioeconômicas e do perfil epidemiológico da população.2,5
Atualmente, a nova Lei de Diretrizes e Bases (LDB)
da Educação10 ampliou as proposições colocadas pelo
MEC1 em 1970 a partir da Reforma Universitária. Além
de todas as habilidades citadas, o Cirurgião-Dentista
deverá ter uma formação humanística, ética, científica
e técnica para se tornar não somente um profissional
habilitado, capaz de prevenir, tratar e manter a saúde
bucal, mas antes de tudo ser um promotor de saúde,
sensibilizado para uma prática odontológica interdisciplinar no âmbito coletivo. Isso pressupõe a formação
de um profissional que domine uma gama de conhecimentos e habilidades técnicas das áreas de saúde e
administração, com visão ampliada do contexto em que
está inserido, além de um forte compromisso social.
Por sua vez, as novas Diretrizes Curriculares dos
Cursos de Graduação2 da área de Saúde, incluindo a
Odontologia, elaboradas pelas Comissões de Especialistas de Ensino e encaminhadas pela SESu/MEC ao
Conselho Nacional de Educação e publicadas em
2002, apontam para algumas competências e habilidades, particularmente voltadas para o setor público,
as quais deverão fazer parte da formação do Cirurgião-Dentista como profissional de saúde. São elas:
• Atenção à saúde: os profissionais de saúde deverão
estar aptos a desenvolver ações de prevenção, promoção, proteção e reabilitação da saúde, tanto em
nível individual quanto coletivo, devendo assegurar que sua prática seja realizada de forma integrada e contínua com as demais instâncias do sistema
de saúde, sendo capaz de pensar criticamente, de
analisar os problemas da sociedade e de procurar
soluções para os mesmos. Deverão ainda desenvolver seu trabalho dentro do mais alto padrão de
qualidade e dos princípios da ética/bioética, considerando que a atenção à saúde não termina no
ato técnico, mas com a resolução do problema de
saúde, tanto em nível individual como coletivo.
• Tomada de decisões: o profissional de saúde deverá estar apto a tomar decisões visando o uso
apropriado, a eficácia e a relação custo-efetividade
da força de trabalho, dos medicamentos, equipamentos, procedimentos e das práticas. Para isso,
devem ter competências e habilidades para avaliar, sistematizar e decidir as condutas mais adequadas, baseadas em evidências científicas.
• Comunicação: o profissional de saúde deverá ser
acessível, mantendo a confidencialidade das informações confiadas a ele, no trato com outros
profissionais de saúde e com a população de uma
forma geral. Por comunicação entenda-se a comunicação verbal e não-verbal, além de habilidades
de escrita e leitura, domínio de pelo menos uma
língua estrangeira e de tecnologias de comunicação e informação.
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Os sete saberes necessários à educação do futuro e o planejamento das ações de saúde: algumas reflexões e confluências • Costa ICC
• Liderança: no trabalho em equipe multiprofissional, exigência cada vez mais freqüente no mercado de trabalho atual, esse profissional deverá estar
pronto a assumir posições de liderança, sempre
tendo em vista o bem-estar da comunidade. Isso
significa compromisso, responsabilidade, empatia, habilidade para tomada de decisões, comunicação e gerenciamento de forma efetiva e eficaz.
• Administração e gerenciamento: quanto a esse
aspecto, o profissional de saúde deverá ser capaz
de tomar iniciativa, fazer o gerenciamento e a administração tanto da força de trabalho quanto dos
recursos físicos e materiais e de informação, da
mesma forma que devem estar aptos a ser empreendedores, gestores, empregadores ou lideranças
na equipe de saúde.
• Educação permanente: as últimas competência e
habilidade apontadas dizem que o profissional
deverá aprender continuamente, tanto na sua formação, quanto na sua prática. Dessa forma, aprende a aprender, tendo responsabilidade e compromisso com sua educação e o treinamento/estágios
de outras gerações de profissionais. Isso quer dizer
que deverá estar aberto a participar de experiências que envolvam a integração docente assistencial, de tutoria e/ou supervisão de alunos, experiência mutuamente rica entre os futuros
profissionais e os profissionais dos serviços.2
Tais Diretrizes Curriculares têm como objetivos:
levar os alunos dos cursos de graduação em saúde a
aprender a aprender, que engloba aprender a ser,
aprender a fazer, aprender a viver juntos e aprender
a conhecer, garantindo a capacitação de profissionais
com autonomia e discernimento para assegurar a integralidade da atenção e a qualidade e humanização
do atendimento prestado aos indivíduos, às famílias
e comunidades.6
Falando-se de humanização do atendimento...
como seria possível transformar isso em realidade?
Como fazer um profissional que atende pessoas lembrar que o mundo dá muitas voltas e que amanhã ele
poderá passar de profissional a paciente?
Pois é... as competências mais gerais incluídas na
formação do profissional da saúde dão conta do saber
(que abrange os conhecimentos e conteúdos), ou seja,
tudo o que se refere à cognição do saber fazer (que
inclui a ação consciente, os procedimentos, as técnicas
e estratégias – competências que estão de certa forma
relacionadas com as habilidades psicomotoras), e do
saber ser, referente especialmente aos objetivos educacionais afetivos e englobando a conduta, as atitudes,
124
os sentimentos, os valores éticos e morais e as relações
humanas de modo geral. Essas competências (que são
os saberes profissionais) e habilidades inatas ou desenvolvidas ao longo da formação, como capacidades,
destrezas, aptidão e talento, deverão fazer parte do
perfil do profissional da saúde, para que ele possa estar preparado para o mercado de trabalho que o espera.4 Claro que há uma distância entre o que está
escrito nas diretrizes curriculares e no projeto políticopedagógico do curso e a formação prática do profissional, especialmente da saúde, em que os saberes
técnicos acabam sobrepujando os saberes éticos e humanos.
Este artigo pretende promover uma reflexão sobre essas questões, fazendo um paralelo entre as diretrizes curriculares do Curso de Odontologia, os sete
saberes necessários à educação do futuro e o planejamento das ações de saúde, destacando as confluências entre esses temas aparentemente distintos, mas
ao mesmo tempo com tantos pontos comuns.
Encontrando os pontos comuns
entre as diretrizes curriculares,
o planejamento e os sete saberes
Os sete saberes necessários à educação do futuro
não têm nenhum programa específico por grau de
escolaridade. Aliás, não estão concentrados no primeiro, segundo e nem no terceiro grau, mas abordam
problemas específicos que podem ser aplicados a
qualquer um desses níveis. Eles relatam os sete buracos negros da educação, completamente ignorados,
muitas vezes subestimados ou fragmentados nos programas educativos, programas esses que devem ser
colocados no centro das preocupações sobre a formação dos jovens, futuros cidadãos que enfrentarão um
mercado de trabalho cada vez mais exigente e competitivo. Terão mais chances de vencer aqueles que
estiverem mais bem preparados.8
O conhecimento
O primeiro buraco negro refere-se ao conhecimento. É claro que em qualquer nível o ensino fornece conhecimento, fornece saberes. Infelizmente,
apesar de ser essencialmente importante, nunca se
ensina de fato o que é o conhecimento, para que ele
serve. Afinal de contas, quem não já se perguntou:
para que serve tema X ou Y na minha formação? Para
que serviram alguns assuntos que estudei anos atrás,
desde o ensino fundamental? O que tem a ver isso ou
aquilo que já estudei com a profissão que escolhi? E
para vários assuntos, alguns até de nossa formação
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Os sete saberes necessários à educação do futuro e o planejamento das ações de saúde: algumas reflexões e confluências • Costa ICC
universitária, essas perguntas ficam sem respostas.
Depreende-se desse pressuposto que a Escola nem
sempre ensina aquilo que, de fato, precisamos para a
vida, para sermos gente, para sermos cidadãos, para
sermos humanos; preenche muitas vezes os espaços
vazios da estrutura curricular com assuntos também
vazios, isolados, sem conexão com a vida.
Ao examinarmos alguns ensinamentos que recebemos no passado, percebemos que a maioria contém
erros e ilusões. Mesmo quando pensamos em vinte
anos atrás, podemos constatar como erramos e nos
iludimos sobre o mundo e a realidade, como o conhecimento era repassado de forma tão passiva! E por que
essas reflexões são tão importantes? Porque o conhecimento nunca é um reflexo ou espelho da realidade.
Ele é sempre uma tradução, seguida de construções
e reconstruções.8 Daí a importância dos cursos de atualização, da educação continuada e permanente, que
permitem suprir as lacunas deixadas pela graduação
e vencer suas limitações, adquirindo conhecimentos
complementares que auxiliem o desempenho de suas
funções, especialmente quando se trata de gestão.
Conforme descrevem as diretrizes curriculares, e
sendo o saber dinâmico e renovável a cada dia, a cada
nova descoberta da Ciência, o profissional contemporâneo que o mercado exige precisa viver essa renovação e essa atualização dos seus saberes, permanentemente, para que possa acompanhar as tendências do
mercado de trabalho.
O conhecimento pertinente
O segundo buraco negro é que não nos são ensinadas as condições de um conhecimento pertinente,
ou seja, aquele conhecimento que não mutila o seu
objeto. Em primeiro lugar, isso ocorre porque todos
os níveis de conhecimento seguem uma estrutura de
ensino disciplinar. Lógico que as disciplinas de qualquer ordem ajudaram e ajudam o avanço do conhecimento e em alguns casos são insubstituíveis. Porém,
o que é trágico e até mesmo cômico para o ensino é
que os conteúdos das disciplinas são isolados e as conexões entre elas não existem. Cada disciplina é um
feudo particular dentro de uma estrutura também
particular. Não há a interdisciplinaridade necessária
para a contextualização dos fatos. É preciso dar ao
aluno uma visão capaz de situar o conjunto, de entender o todo. É importante dizer que não é a quantidade de informações, nem a sofisticação e o status dessa
ou daquela disciplina que podem dar sozinhas um
conhecimento pertinente, mas sim a capacidade de
colocar o conhecimento de todas as disciplinas apre-
endidas no seu contexto profissional e de vida.
Por exemplo: se o indivíduo não for capaz de contextualizar os conhecimentos históricos, geográficos,
econômicos e sociais, dentre outros, cada vez que
aparecer um acontecimento novo que o fizer descobrir uma região desconhecida, como o Tsunami na
Tailândia, a guerra do Oriente Médio, a seca na Amazônia ou no Rio Grande do Sul, ele não entenderá
nada e achará que aquilo, por estar distante do seu
pequeno mundo, nada tem a ver com ele.
Portanto, o ensino por disciplina, fragmentado e
dividido, impede essa capacidade natural que o espírito tem de contextualizar. E é essa capacidade que
deve ser desenvolvida pelo ensino, de tentar estimular
o aluno a ligar as partes ao todo e o todo às partes.
Na atualidade é importante que o conhecimento
se refira ao global. É o sujeito saber contextualizar que
os atos praticados por ele hoje (como o desperdício de
água, por exemplo) terão conseqüências amanhã, para
ele mesmo, para o meio ambiente e para a vida em
sociedade. É entender que os fenômenos locais têm
repercussão sobre o conjunto e as ações do conjunto
sobre os fenômenos locais. Isso pode ser comprovado
observando-se como exemplo a influência da guerra
do Iraque no preço do petróleo e, conseqüentemente,
na economia mundial, que por sua vez poderá afetar
os acordos financeiros entre países e a liberação de
recursos para os programas de governo. Mais um exemplo é o surgimento de fenômenos climáticos os mais
diversos após o Tsunami, e que, embora pareça tão
distante, poderá nos afetar indiretamente. Vejamos: as
mudanças climáticas recentes provocaram seca, por
exemplo, na região sul do Brasil, o que prejudicou
enormemente a safra de grãos (soja, trigo, arroz, etc.)
dessa região, obrigando o governo a renegociar dívidas
com os produtores, cujos recursos para sustentar essas
negociações deverão vir do próprio governo, que daí,
passa a cortar verbas ou remanejar recursos de outros
Ministérios (saúde, educação, etc.), o que poderá comprometer o planejamento de ações nos Estados e Municípios. Enfim, todos esses exemplos foram dados
para que, atentos ao conhecimento pertinente, possamos melhor desenvolver a habilidade interdisciplinar
relatada nas diretrizes e compreender a influência
biopsicossocial no aparecimento das doenças.
Do ponto de vista do planejamento, a interdisciplinaridade do conhecimento permanente e a religação de saberes permitirão que o Cirurgião-Dentista
no papel de planejador possa lançar mão de conhecimentos de várias áreas como a administração, a psicologia, o serviço social, dentre tantas outras, para
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Os sete saberes necessários à educação do futuro e o planejamento das ações de saúde: algumas reflexões e confluências • Costa ICC
delinear o seu plano de trabalho, compreendendo as
dificuldades da liberação de recursos financeiros por
causa de um novo acordo ainda não consolidado ou
um orçamento que ainda não foi votado. É ter esse
jogo de cintura de planejar/administrar na adversidade, inclusive de buscar parcerias para sair da crise.
A identidade humana
Quando pensamos em nossa identidade, devemos
lembrar que temos partículas que nasceram junto
com o universo. Possuímos átomos de carbono que
se formaram em sóis anteriores ao nosso, pela fusão
de três núcleos de hélio que se constituíram em moléculas e neuromoléculas desde a formação da terra.
Somos todos filhos do cosmos, embora tenhamos nos
transformado em estranhos através de nosso conhecimento e de nossa cultura.8
Por isso, é preciso ensinar aos nossos alunos que
somos indivíduos, mas ao mesmo tempo somos, cada
um, um fragmento da sociedade e da espécie Homo
sapiens, à qual pertencemos. E o importante é que somos
uma parte da sociedade, uma parte da espécie, seres
desenvolvidos sem os quais a sociedade não existe.8
Poderemos, então, compreender a complexidade
humana através da poesia, que nos ensina as coisas
boas e doces da vida. Não podemos deixar simplesmente a vida nos levar, mas devemos levar a vida com
entusiasmo, com paixão, não fazer as coisas apenas
por obrigação, fazer o melhor que pudermos no âmbito público ou privado pelo respeito à nossa identidade humana. Pelo respeito à condição comum de ser
humano que nós, profissional e paciente, temos, qualquer que seja o nível de atenção que atuamos. É essencial saber respeitar, como planejador, as opiniões
divergentes da sua, pois as pessoas, embora com opiniões contrárias, se completam numa equipe de trabalho, na qual cada um tem uma função que, isolada,
pode não ser importante, mas que na interdisciplinaridade das atribuições dão harmonia ao serviço.
Para que isso aconteça, devemos fazer convergir
todas as disciplinas curriculares para a identidade e
para a condição humana, ressaltando a noção de
Homo sapiens: o homem racional que vive num mundo
de paixões em que o amor pode permear a loucura
e a sabedoria e onde nada substitui o ser humano.
A compreensão humana
O quarto aspecto diz respeito à compreensão humana. Nunca nos é ensinado sobre como compreender uns aos outros, como compreender nossos amigos, nossos parentes, nossos pacientes, nossos pais.
126
Mas o que significa compreender?
A palavra compreender vem do latim compreendere,
que significa: colocar junto todos os elementos de explicação. Entretanto, a compreensão humana vai muito além disso, pois ela abrange noções de empatia e
identificação. Por exemplo, quando queremos compreender alguém que chora, não é analisando as lágrimas
no microscópio que vamos entender; somente sabendo
o significado da dor, da emoção do outro é que poderemos ajudá-lo a superar. Por isso a empatia, aquela
capacidade de se colocar no lugar do outro é infinitamente importante na formação do profissional da saúde para que ele possa aprender a ser, ou seja, aprender,
a partir das novas competências e habilidades, a desenvolver condutas, atitudes e sentimentos ao lidar com o
outro, muitas vezes ansioso, com medo e traumatizado
para enfrentar problemas ligados ao processo saúdedoença. Por isso, é preciso compreender a compaixão,
que significa sofrer junto. É isso que permite a verdadeira comunicação e compreensão humana.
A correlação da compreensão humana com o planejamento poderá ser observada, quando, na função
de gestor, o Cirurgião-Dentista puder entender as limitações das pessoas, compreender os motivos que as
levam a se ausentar eventualmente do trabalho, ter
capacidade para abonar erros, enfim... entender que
o seu funcionário é um ser humano com problemas,
anseios, angústias e falhas. É, como gestor, ter o discernimento de saber usar o sim e o não na hora certa
e da forma certa. É saber chamar a atenção quando
for preciso e saber elogiar quando for pertinente.
Por isso esse quarto ponto é importante na formação do planejador: compreender não só os outros
como si mesmo, a necessidade de se auto-examinar, se
auto-avaliar, ter autocrítica, pois o mundo está cada vez
mais devastado pela incompreensão, sentimento que
corrói o relacionamento entre os seres humanos.
A incerteza
O quinto aspecto tratado neste artigo é a incerteza. Apesar de nas escolas se ensinarem somente as
certezas, os acertos, as pesquisas que tiveram êxito,
que mostraram resultados dentro do padrão, felizmente a ciência, atualmente, começa a assimilar o
jogo entre certeza e incerteza, da microfísica às ciências humanas. É necessário mostrar, em todos os domínios, o surgimento do inesperado, dos insucessos,
para que possamos também aprender com eles.
Quando se trata de planejamento de ações de saúde, esse inesperado, essa incerteza deverão ser traduzidos pelos obstáculos que poderão surgir. Nesse mo-
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Os sete saberes necessários à educação do futuro e o planejamento das ações de saúde: algumas reflexões e confluências • Costa ICC
mento, o planejador deverá estar preparado para
vencer esses obstáculos criando alternativas ou modificando estratégias, de modo que os objetivos previamente traçados sejam alcançados. O importante é ter
no planejamento esse espaço de flexibilidade para superar o inesperado, que poderá ser um recurso que
não foi repassado, uma mudança de gestor, uma resistência por parte dos executores, ou uma situação emergencial, para a qual toda a atenção deverá estar voltada.
Enfim, lidar com o inesperado é um ponto importante na formação do planejador. Esse quinto saber (a
incerteza) tem relação, dentre as competências e habilidades citadas nas diretrizes curriculares, com a tomada de decisões, com a capacidade de liderança e
com a habilidade de administração e gerenciamento.
Por fim, essa incerteza, esse inesperado poderão
ser entendidos como uma incitação à coragem. É necessário que o profissional aprenda a tomar decisões
contando com o risco dos obstáculos, estabelecendo
estratégias que possam corrigir o processo da ação, a
partir dos imprevistos e das condições de que dispõe.
A condição planetária
O sexto aspecto ou sexto saber tratado nessa conexão de saberes é a condição planetária, especialmente na era da globalização, da informatização, na
qual a comunicação entre pessoas, países, continentes
acontece de forma dinâmica e avassaladora. Esse fenômeno que estamos vivendo hoje, em que tudo está
conectado de forma inegavelmente rápida, é um outro aspecto que o ensino ainda não tocou. Tudo acontece numa aceleração tão intensa, com uma enorme
quantidade de informação que nem sempre conseguimos processar e organizar.8
Conhecer o nosso planeta é uma tarefa aparentemente fácil, pelo volume de informação fartamente
disponível, e ao mesmo tempo difícil, pois as coisas
de todas as ordens – econômicas, ideológicas e sociais – estão de tal maneira interligadas e são tão complexas, que entendê-las plenamente é um verdadeiro
desafio para o conhecimento.
Entretanto, é necessário entender que não é possível reduzir a complexidade dos problemas importantes do planeta, como a demografia, a escassez de
alimentos, o acesso aos serviços de saúde, as doenças
parasitárias, a fome, a miséria, as doenças já extintas
que agora retornam, os recursos escassos para a saúde,
os desvios de recursos, o sucateamento da rede de
serviços públicos de saúde, a corrupção, a impunidade e até a ecologia, e tratá-los de forma banalizada.
Os problemas são muitos e estão todos interligados
uns aos outros. Não há como fugirmos deles.
Enfim, é necessário, dentro das novas competências e habilidades que o profissional da saúde deverá
possuir, que, como planejador, busque o entendimento integral e a interligação dos problemas individuais
ou coletivos, pensando criticamente e buscando soluções e parcerias, se necessário for, com instituições
as mais diversas como as do terceiro setor ou com
organismos internacionais, para consolidação da
atenção básica à saúde e solução dos problemas vitais
da comunidade a que ele assiste.
A antropo-ética
O último aspecto desta discussão é o antropo-ético. A esse respeito podemos dizer que a ética deverá
estar presente em todos os aspectos da nossa vida pessoal e profissional, visto que os valores éticos são essenciais na convivência humana e têm um lado social
agregado à democracia, pois esta permite uma relação indivíduo-sociedade, na qual o cidadão deve se
sentir solidário e responsável. A democracia permite
aos cidadãos exercerem suas responsabilidades através da sua participação na sociedade da qual fazem
parte. No caso específico da área de saúde, essa participação poderá se dar através dos conselhos municipais de saúde, espaços democráticos garantidos por
lei, os quais deverão ser utilizados de forma ética e
cidadã. O ser humano deverá desenvolver, simultaneamente, a ética e a autonomia pessoal (as nossas responsabilidades pessoais), além de desenvolver a participação social (as responsabilidades sociais), isto é,
a nossa participação como profissional é perpassada
pela nossa participação cidadã no nosso grupo social
de pertença, pois compartilhamos um destino comum, não há como separar um do outro.8
Agregadas a tudo isso, é indiscutível que a formação ética e a incorporação de valores éticos se dão na
família e têm sua consolidação na Escola, onde os
valores familiares se cristalizam por extensão. Daí a
responsabilidade dos organismos formadores, que
preparam cidadãos para o mercado de trabalho, para
o mundo e para a vida.
Os valores éticos profissionais gerados na formação acadêmica se refletirão nos serviços através da
assistência prestada. Assim é preciso que tudo esteja
integrado para possibilitar uma mudança de pensamento, para que se transforme a concepção fragmentada e dividida do mundo, que impede a visão
total da realidade, a visão das pessoas como seres
humanos indivisíveis que precisam de uma atenção
de qualidade.
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Os sete saberes necessários à educação do futuro e o planejamento das ações de saúde: algumas reflexões e confluências • Costa ICC
O planejador em saúde deverá ter essa competência:
ser ético e identificar profissionais éticos que pensem
criticamente suas práticas no sentido de oferecer uma
atenção à saúde dentro do mais alto padrão de qualidade e dos princípios éticos, bioéticos e antropo-éticos,
pois é disso que o usuário precisa e é isso que merece.
À guisa de conclusões
Considerando o planejamento como o processo
lógico através do qual se procura prever racionalmente o amanhã, esse deverá ser utilizado como fundamento lógico, tanto na geração de políticas públicas,
quanto no processo de gerenciamento das instituições. A riqueza do planejamento está em, uma vez
feito o diagnóstico correto da situação encontrada,
poder definir os objetivos que queremos alcançar de
uma forma clara e os passos que deveremos transcorrer para chegarmos lá.
Um ponto interessante a ser lembrado é que o
planejamento deve ser realizado pelos atores envolvidos e não somente pela figura do planejador, muitas
vezes distanciado da prática, do dia-a-dia das ações.
Este deverá participar como facilitador do processo,
otimizando cada uma das fases, abrindo caminhos,
fazendo contatos organizacionais e hierárquicos que
ajudem o desenvolvimento e a consolidação do processo em si, sem deixar que o jogo de forças, os interesses, as ideologias e as vaidades pessoais acabem por
vezes atrapalhando o fluxo dos acontecimentos, as
definições iniciais das metas e conseqüentemente as
fases subseqüentes do planejamento.
É importante termos em mente que planejar não
é apenas ter grandes sonhos. Requer ousadia de se
enxergar a perspectiva de um futuro melhor. Para que
esse futuro se concretize, algumas decisões têm de ser
tomadas e ações imediatas têm de acontecer. Para isso,
o planejamento não pode se limitar a boas intenções
e a uma lista de metas utópicas, inalcançáveis, registradas num papel. Para acontecer, exige maturidade na
seleção de ações concretas, passíveis de realização, ou
seja, precisam-se definir objetivos viáveis, concretos,
dentro da realidade existente; caso contrário, perderá
a credibilidade. Enfim, o processo de planejamento
requer sonhar acordado, mas com os pés no chão; o
profissional tem de aprender a ser, aprender a fazer,
aprender a viver em equipe e aprender a conhecer sua
realidade para poder planejar concretamente.
É disso que falam as diretrizes curriculares: da
competência que o Cirurgião-Dentista deverá ter para
participar de todas as fases do planejamento das ações
de saúde; e, na prática, é no não-cumprimento das
128
diretrizes que enxergamos a inter-relação do planejamento com a formação desse profissional e com os
saberes necessários à educação de qualquer profissional, os quais devem ser lembrados e buscados a todo
momento, para que as falhas possam ser supridas e
enfim desenvolvidas as habilidades e competências
fundamentais ao exercício profissional do CirurgiãoDentista/Planejador.
Existem lacunas incontestáveis entre o que está
escrito, tanto nas diretrizes quanto no projeto político-pedagógico do curso, e o produto final disso tudo,
que é o profissional, cujo perfil não bate com as propostas lá contidas. É preciso mudar, é preciso transformar e implantar novos currículos, incluir nos conteúdos programáticos das disciplinas, especialmente
aquelas que atendem pessoas, temas ligados ao acolhimento e à humanização, que despertem a sensibilidade social no aluno e possam ajudar a preencher
os “buracos” deixados por uma formação fortemente
centrada na técnica. Mais do que isso, é preciso investir fundamentalmente na formação dos professores,
os grandes e verdadeiros responsáveis por todas as
transformações e sem os quais nenhuma mudança
ocorrerá, ainda que se elaborem mil novas diretrizes
e mil novos projetos pedagógicos. Como os alunos
são reflexos dos professores, não adianta pensar nas
mudanças do perfil do aluno sem incluí-los. Portanto,
é tempo de mudar, é tempo de agir!
ABSTRACT
The seven wisdoms necessary for an education
of the future and for the planning of health care
actions: some reflections and confluences
Aiming at understanding the difficulties involved
in planning health care actions, the authors sought
to identify and understand the existing correlations
between the curricular guidelines for dental undergraduation courses in the health area, with all the
abilities and competencies that the student should
acquire, and the seven wisdoms necessary for an education of the future as stated by Edgar Morin.8 It was
possible to establish clear relations between these apparently distinct subjects, but with so many things in
common, as well as to identify the gaps in both subjects and ways to bridge them. Considering that students reflect their professors, it was possible to conclude that there is an urgent necessity to rewrite
curriculums and, at the same time, invest in the qualification of professors, key-elements of any change,
whose outdated and, at times, divergent training will
not allow a complete curricular reform.
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Os sete saberes necessários à educação do futuro e o planejamento das ações de saúde: algumas reflexões e confluências • Costa ICC
DESCRIPTORS
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Revista da ABENO • 7(2):122-9
Aceito para publicação em 18/05/2006
129
Pesquisa qualitativa: um outro
caminho para a produção do
conhecimento em odontologia
Um novo olhar para velhos problemas acumulados ao longo do
tempo que o tecnicismo não conseguiu resolver.
Luiz Carlos Machado Miguel*, Calvino Reibnitz Junior**, Marta Lenise do Prado***
*Doutorando em Odontologia em Saúde Coletiva da Universidade
Federal de Santa Catarina, Professor do Curso de Odontologia da
Universidade da Região de Joinville. E-mail: [email protected].
**Doutorando em Odontologia em Saúde Coletiva da Universidade
Federal de Santa Catarina, Professor do Curso de Odontologia da
Universidade Federal de Santa Catarina.
***Doutora em Enfermagem, Professora dos Programas de PósGraduação em Enfermagem e em Odontologia, área de
concentração Saúde Coletiva, da Universidade Federal de Santa
Catarina.
Resumo
O presente artigo consiste numa reflexão acerca
dos modos de produção do conhecimento em odontologia e seus reflexos na formação profissional, apontando a necessidade de uma revisão e, por conseguinte, de um novo caminho para tal. Argumenta a favor
da pesquisa qualitativa como um caminho para superar as limitações impostas pelo modelo hegemônico
do paradigma quantitativo. A partir de um levantamento em bases de dados, verificou-se que o número
de pesquisas qualitativas na odontologia ainda é muito pequeno, embora sejam ricas em diversidade.
Aponta a importância de uma reformulação no modelo de produção do conhecimento em odontologia,
até mesmo para dar atendimento às Diretrizes Curriculares Nacionais que requerem novos enfoques metodológicos e estruturas conceituais. Além disso, destaca que nos é requerido, como profissionais da área
da saúde, produzir conhecimento e não simplesmente incorporá-lo e consumi-lo.
Descritores
Odontologia. Educação. Pesquisa. Pesquisa qualitativa.
130
T
odo conhecimento produzido está condicionado
a um paradigma, entendido como um sistema
básico de crenças ou visão de mundo que guia o pesquisador, não somente na seleção dos métodos, mas
também em caminhos ontológica e epistemologicamente fundamentados. Ou, como diz Montero 8
(2002), um
“modelo ou modo de conhecer, que inclui tanto uma concepção de indivíduo ou sujeito cognoscente, como uma
concepção do mundo em que vive e das relações entre
ambos. Isso supõe um conjunto sistemático de idéias e de
práticas que regem as interpretações acerca da atividade
humana, de seus produtores”.
Produzir conhecimento implica em responder
três questões de natureza distinta, a saber:
• ontológica, diz respeito à natureza do conhecimento e responde a perguntas tais como: Qual é
a forma ou natureza da realidade e o que se pode
conhecer dela? Como se encontra sentido ao que
se conhece?;
• epistemológica, trata do estudo crítico da ciência,
do conhecimento, e faz perguntas acerca de: Qual
é a natureza da relação entre o que se quer conhe-
Revista da ABENO • 7(2):130-4
Pesquisa qualitativa: um outro caminho para a produção do conhecimento em odontologia • Miguel LCM, Reibnitz Junior C, Prado ML
cer e o que pode ser conhecido? Como se conhece o conhecido?;
• metodológica, trata dos modos de produção de
conhecimento, dos métodos. Nesta dimensão são
contestadas questões tais como: Quais são os caminhos para se aproximar da realidade? Como a
realidade pode ser conhecida?6
Montero8 (2002) sugere a inclusão de outras dimensões que não estão contempladas nas dimensões
anteriores: a ética e a política. A dimensão ética consiste em um juízo de apreciação aplicado à distinção
entre o bem e o mal. Diz respeito à concepção do
outro e seu lugar na produção e na ação do conhecimento. A dimensão política é relativa à vida organizada coletivamente, ao espaço público; referente aos
direitos e deveres civis e às relações de poder e sua
dinâmica, neste espaço.
Historicamente o conhecimento produzido no
campo da odontologia tem se fundamentado no paradigma positivista (ou quantitativo, ou explicativo).
O paradigma positivista tem sido hegemônico na
produção do conhecimento científico no último século e está fundado na capacidade de explicar a relação causa-efeito, estabelecendo leis universais gerais, capazes de explicar os fenômenos naturais e
sociais.
O relatório Gies,5 apud Cordon2 (1997), publicado
nos EUA no ano de 1926, preconizou um modelo que
serviu como exemplo de tecnicismo para a Odontologia durante o século passado. Esse modelo preconizava com maior ênfase a redução da doença à dimensão biológica, prevalecendo o processo cirúrgico
restaurador. A prática curativa que fragmentava o corpo humano, fazendo com que surgissem as superespecialidades, impulsionou cada vez mais o tecnicismo
do ato Odontológico.
Esse próprio ato Odontológico guarda em si o
imediatismo, com a utilização de materiais e técnicas
sofisticadas que se modificam rapidamente. A ênfase
é dada ao processo curativo, e tem levado a Odontologia nos últimos anos a uma prática com altos custos
e baixo poder resolutivo coletivo. Com uma preocupação imediatista, tentando ser resolutiva no próprio
ato que executa, a Odontologia incorporou modelos
que atualmente não mais encontram respaldo dentro
dos conceitos de atenção à saúde integral e promoção
de saúde coletiva.
O próprio caráter de ciência positivista da Odontologia sempre seguiu modelos quantitativos, tanto
no campo da pesquisa como no da prática curativa,
que não eram resolutivos quando analisamos a saúde
da população como um todo. O modelo cirúrgico
restaurador trouxe poucas respostas às necessidades
acumuladas da população em programas de assistência odontológica. Também o planejamento das ações
mediado por dados eminentemente quantitativos nas
avaliações do processo saúde-doença não respondeu
às necessidades das pessoas envolvidas.
Os modelos de pesquisa dentro da Odontologia
não poderiam seguir caminhos diferentes; a ênfase
no aspecto quantitativo deixa, muitas vezes, perguntas sem respostas ou ignora aquilo que não pode ser
mensurado. O planejamento das ações em saúde bucal coletiva deveria considerar também as pesquisas
qualitativas e não somente os dados epidemiológicos
quantitativos nos rumos de suas decisões. Esse planejamento poderia contribuir para a humanização das
ações trazendo uma resposta mais aderente à população-alvo.
“Portanto, incluindo os dados operacionalizáveis e junto
com o conhecimento técnico, qualquer ação de tratamento, de prevenção ou de planejamento deveria estar atenta
aos valores, às atitudes e crenças dos grupos a quem a ação
se dirige. É preciso entender que, ao ampliar suas bases
conceituais, as ciências sociais de saúde não se tornam
menos científicas, pelo contrário, elas se aproximam com
maior luminosidade dos contornos reais dos fenômenos
que abarcam.”7
É inegável o imenso avanço técnico-científico alcançado pela odontologia a partir desse paradigma,
embora tal avanço não se reflita na mesma proporção
na qualidade da saúde bucal da população mundial,
de modo geral, e da brasileira, de modo especial. Tais
fatos impõem um desafio aos profissionais da odontologia, no sentido de encontrar novos caminhos que
possam contribuir com um conhecimento capaz de
favorecer um avanço significativo na qualidade de
saúde da população.
Nesse sentido, as constantes transformações do
mundo e os efeitos imediatos da globalização vêm
estabelecendo novos conceitos em termos de construção do conhecimento. A queda de barreiras geográficas, com conseqüente pluralização da sociedade,
convive ao mesmo tempo com estilos de vida associados a uma individualização. Essas transformações vêm
exigindo cada vez mais o entendimento de novos contextos e perspectivas sociais, os quais requerem novos
modos de pesquisa nesse campo.
Revista da ABENO • 7(2):130-4
131
Pesquisa qualitativa: um outro caminho para a produção do conhecimento em odontologia • Miguel LCM, Reibnitz Junior C, Prado ML
A pesquisa qualitativa: nova
possibilidade para a construção
de um novo conhecimento em
odontologia
Os novos requerimentos na produção do conhecimento concentram-se menos em testar o que já é
bem conhecido (por exemplo, teorias já formuladas
antecipadamente) e mais em descobrir o novo e desenvolver teorias empiricamente embasadas.4 Dentro
dessa nova visão, encontra-se o paradigma qualitativo
(ou compreensivo ou naturalístico) de pesquisa.
No paradigma qualitativo (naturalístico) o objetivo é entender o significado da experiência ou explorar um fenômeno (estudar a realidade como um
todo). Na pesquisa qualitativa se estuda uma mostra
que representa o que está sucedendo. A pesquisa qualitativa tem origem na Antropologia, Sociologia, Educação e Psicologia e é utilizada quando:
a.pouco é o conhecimento sobre o fenômeno, todavia se deseja gerar compreensão do mesmo;
b.existe suficiente conhecimento, porém é necessário obter/identificar novas perspectivas.
O problema de pesquisa é um evento cotidiano,
sentimentos, situações; um processo repetitivo geral
(fenômeno que se repete com freqüência); ou motivos, significados, aspirações, crenças, valores, atitudes.
Na pesquisa qualitativa, a finalidade é a crítica e
transformação da realidade; compreensão e reconstrução. O critério para o avanço ao longo do tempo
é a capacidade de formular novas interpretações e
construções teóricas, com base em melhores informações. O conhecimento consiste em construções teóricas acerca das quais se pode ter um relativo consenso; múltiplos consensos podem coexistir; há mais de
uma verdade; distintos pontos de vista acerca de uma
mesma realidade, relativas aos múltiplos modos de
ver o mundo do pesquisador, cuja interpretação é
condicionada a fatores sociais, políticos, econômicos,
culturais, étnicos e de gênero. Toda construção é subjetiva e sujeita à revisão. Não há uma verdade única.
No paradigma qualitativo, o conhecimento não
pode ser acumulado de modo absoluto; ele cresce e
muda através de um processo dialético de revisão histórica, que é contínuo. A generalização (ou mecanismo de transferência) ocorre quando distintos pontos
de vista, em distintos contextos, têm similaridade ou
quando há distintos contextos, com circunstâncias
sociais, políticas, culturais, econômicas, éticas e de
gênero similares. Um mecanismo importante de
transferência do conhecimento é a provisão de várias
132
experiências, em contextos distintos, que chegam a
resultados similares, considerando a comunicação do
pesquisador com seu campo de trabalho e seus membros como parte explícita da produção de conhecimento. O contato direto, no campo de pesquisa ou
no planejamento das ações, deve apresentar sensibilidade e conhecimento científico que extrapolem as
explicações biomédicas.1 O material empírico deve
ser analisado por estratégias variadas e os dados levantados devem ser explorados através de várias perspectivas. O campo de pesquisa e a obtenção dos dados
muitas vezes têm influência sobre o pesquisador, que,
em alguns tipos de pesquisa, age de uma forma participativa, que afeta a análise final.
A validade da pesquisa qualitativa ainda é um problema argumentado para questionar sua legitimidade.
Flick4 (2004) aborda esse assunto sob várias perspectivas e condições de pesquisa. Por trabalhar com situações que se alteram, se modificam em situações diferentes de estudo, o autor sugere vários procedimentos
a serem tomados no decorrer do planejamento e da
execução da pesquisa. Concentra a discussão na confiabilidade e validade das pesquisas. A qualidade dos
registros e da documentação, a confiabilidade das notas de campo com a padronização das coletas de dados
com convenções de anotações e o treinamento de entrevistadores são sugestões que possibilitam um registro que pode ser avaliado por diferentes analistas.
“É preciso explanar a gênese dos dados de forma a possibilitar uma verificação, de um lado, daquilo que for o
enunciado do sujeito, e por outro, de onde começa a interpretação do pesquisador.”4
Desafios da pesquisa qualitativa na
odontologia
Segundo Moysés9 (2004),
“as contradições da odontologia brasileira, observadas sob a
perspectiva analítica da Sociologia das Profissões, refletem e
reproduzem os dilemas correntes de um modelo de formação
e prática odontológica imerso em completa transição”.
Essa transição, com reflexos na atuação profissional na sociedade, tem sua origem no modelo educacional. O enfoque do processo cirúrgico restaurador,
ainda adotado pela maioria das escolas de Odontologia do nosso país, constitui-se em uma visão limitada
da realidade e pouco contribui na melhoria do cenário social da saúde.
Revista da ABENO • 7(2):130-4
Pesquisa qualitativa: um outro caminho para a produção do conhecimento em odontologia • Miguel LCM, Reibnitz Junior C, Prado ML
A prática odontológica está intimamente ligada
aos projetos pedagógicos das escolas de ensino superior, que por sua vez encontram-se em um dilema
de identidade. Persiste-se no modelo tradicional,
positivista não-resolutivo de saúde, ou se modifica,
atuando dentro de uma visão integral de promoção
de saúde.
“A humanização de práticas pedagógicas pressupõe a criação de processos educativos socialmente relevantes e a
crítica ao modelo de formação mecanicista e de tecnificação da prática profissional, voltada exclusivamente às demandas de mercado”.10
A disciplina de Odontologia Coletiva (ou Odontologia em Saúde Coletiva), sempre vista como um
apêndice nas grades curriculares até bem pouco tempo, começa a ganhar contornos sociais efetivos. Começa a enxergar o ser humano e procura entender
o processo saúde/doença como via de duas mãos. As
ações de saúde não partem mais de uma só direção,
porém são, em um processo de trabalho coletivo, de
negociação consciente entre as partes envolvidas,
desenvolvidas na busca de estratégias que melhorem
os níveis de saúde da população dentro de seus estilos de vida.2
A saúde pensada dessa maneira começa a ganhar
um novo sentido, a ampliar suas bases conceituais,
com muitos significados uma vez que é no espaço de
sua atuação que são pensadas e dirigidas suas ações.
“Dificilmente era reconhecida a existência de uma prática
e de um saber populares, colocados geralmente na ilegalidade, no sistema informal ou empírico, porém, existente
e real. Contrários a isso, saber e prática formal legal dominam o fazer odontológico: o “establishment” odontológico, público e privado.”2
As Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de
Graduação em Odontologia implantadas a partir de
20013 procuram trazer uma prática mais humanizada
para a odontologia, inseri-la na área da saúde colocando o homem como centro do processo de sua
atuação. Nesse sentido, a pesquisa qualitativa começou a ganhar corpo a partir de 2002, avolumando-se
dentro da odontologia.
Em buscas realizadas em base de dados (http://
www.bireme.br/) e manualmente em periódicos da Associação Brasileira de Ensino Odontológico (ABENO), utilizando-se como descritores: pesquisa e/ou
análise qualitativa em odontologia e/ou saúde oral
e/ou bucal, foram encontrados 71 trabalhos abrangendo os anos de 1989 até 2005, sendo 3 teses, 40 artigos
e 28 dissertações. Esses trabalhos abordavam, exclusivamente ou em parte, a metodologia qualitativa.
Os trabalhos analisados se apresentavam dentro das
mais variadas vertentes da pesquisa qualitativa como
análise de conteúdo em entrevistas não-estruturadas,
representações sociais, discurso do sujeito coletivo, estudo de caso e análise de documentos. Nota-se na maioria dos estudos a preocupação com a saúde pública,
buscando-se a compreensão dos saberes e valores desses grupos sobre o processo saúde/doença bucal. Outra vertente importante notada nos estudos qualitativos
analisados é a preocupação com a docência.
Ainda que timidamente, porque inserida em uma
ciência tradicionalmente quantitativa, a pesquisa qualitativa começa a observar o que se esconde atrás do
ato odontológico em si. Pela via do questionamento
sistemático procura-se descobrir o que nele se esconde, o que está por trás do ato imediatista, suas conseqüências, sua imagem e suas mensagens. A pesquisa,
para refletir a realidade social, não pode ficar somente restrita ao referencial dos dados quantitativos.7
A análise dos fatos sociais, na tentativa de compreender e apreender o que não pode ser mensurado
dentro da odontologia, está sem dúvida ensaiando os
primeiros e tímidos passos, dentro da pesquisa qualitativa. Não se trata de uma substituição da hegemonia
da pesquisa quantitativa dentro da odontologia, mas
somente um novo olhar para velhos problemas acumulados ao longo do tempo que o tecnicismo não
conseguiu resolver.
Uma visão de ciência assim, em caráter de pós-modernidade, é aquela que tenta desestruturar estereótipos e estigmas construídos com base nos ideais de
modernidade e presos à razão instrumental, à extrema
objetividade, ao utilitarismo e à negação do sujeito.
Essa nova ciência desarma-se da racionalidade, valoriza a razão sensível e busca voltar-se ao reencantamento do mundo, em suas fecundas possibilidades.
Por fim, todo conhecimento está propenso a mudanças e revisão; cada solução de um problema sugere novas inquietudes e descobre problemas não resolvidos. Os problemas novos requerem, na maioria das
ocasiões, novos enfoques metodológicos e estruturas
conceituais; isso muda o padrão e a forma de conhecer. Nos é requerido, como profissionais da área da
saúde, produzir conhecimentos e não simplesmente
incorporá-los e consumi-los.
Revista da ABENO • 7(2):130-4
133
Pesquisa qualitativa: um outro caminho para a produção do conhecimento em odontologia • Miguel LCM, Reibnitz Junior C, Prado ML
ABSTRACT
Qualitative research: another path towards
knowledge production in dentistry
This article consists of a reflection on the modes
of knowledge production in dentistry and their reflections upon professional education. It points out a
necessity for revision, thus pointing out a new path to
knowledge production. This article argues in favor of
qualitative research as a means to surpass the limitations imposed by the hegemonic model of the quantitative paradigm. Based on a search of databases, it
was observed that the amount of qualitative research
in dentistry is still very small, although rich in diversity. This study points out the importance of reforming the knowledge production model in dentistry,
among other things to comply with the National Curricular Directives that require new methodological
approaches and conceptual structures. In addition,
this article stresses that, as health care professionals,
we are required to produce knowledge and not simply
to incorporate and consume it.
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Recebido para publicação em 06/03/2006
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Aceito para publicação em 19/05/2006
Para anunciar na Revista da
ABENO, envie um e-mail para
134
Revista da ABENO • 7(2):130-4
Construir conhecimento, integrar vidas
A interdisciplinaridade e a construção do conhecimento: elementos
essenciais na formação do novo cirurgião-dentista.
Luiz Roberto Augusto Noro*
*Mestre em Saúde Pública, Universidade Federal do Ceará.
E-mail: [email protected].
RESUMO
Durante seis anos, o Curso de Odontologia da
Universidade de Fortaleza discutiu, através das Oficinas do Projeto Pedagógico, uma nova concepção de
currículo que permitisse a integração dos conhecimentos e a utilização de metodologia ativa de aprendizagem, que considerasse o Sistema Único de Saúde
enquanto eixo estrutural das atividades desenvolvidas
na formação odontológica, que entendesse a relação
entre ensino, trabalho e comunidade, permitindo ao
aluno entendimento do contexto imposto pelo mercado de trabalho e da realidade social a ser futuramente vivenciada. A presente proposta, implantada
no primeiro semestre de 2005, configura-se como um
enorme desafio, pois a formação do professor ainda
tem como referencial a pós-graduação baseada em
áreas específicas. No momento em que o professor é
convidado a desempenhar um papel de orientador
de um clínico geral, há necessidade de uma flexibilidade que permita não simplesmente a orientação de
uma área específica, mas a integração de conteúdos.
Além disso, o aluno está pouco acostumado a aprender através de metodologias problematizadoras, o
que dificulta em alguns momentos o entendimento
da proposta. Há, por isso mesmo, necessidade de capacitação constante do corpo docente visando a plena utilização de metodologia pedagógica com base
na construção do conhecimento para se obterem todos os benefícios de um currículo integrado assim
como sua capacitação técnica para adquirir uma postura interdisciplinar. É necessária, também, uma
maior conscientização do aluno, permitindo que ele
possa efetivamente alcançar todos os benefícios da
presente proposta.
DESCRITORES
Educação em odontologia. Currículo. Conhecimento.
A
s Diretrizes Curriculares Nacionais dos Cursos
de Graduação em Odontologia prevêem a formação de um profissional generalista, humanista,
com visão crítica e reflexiva, com base no rigor científico e, pautado em princípios éticos, capaz de conhecer as situações de saúde-doença mais prevalentes e intervir sobre essas, identificando as dimensões
biopsicossociais dos seus determinantes com senso
de responsabilidade social e compromisso com a
cidadania.4
O desafio em buscar tal formação consiste no fato
de que o modelo predominante, ainda hoje, sustenta-se no pressuposto de que uma prática profissional
de excelência é obtida pelo domínio de uma sólida
base de conhecimentos teóricos,12 tendo como referência as disciplinas de áreas específicas. Atuando
dessa forma
“esta universidade não forma e não cria pensamento, despoja a linguagem de sentido, densidade e mistério, destrói
a curiosidade e a admiração que levam à descoberta do
novo, anula toda pretensão de transformação histórica
como ação consciente de seres humanos em condições
materiais determinadas”.3
Tal modelo distancia a universidade da missão de
ampliar sua relevância social, uma vez que seu modo
de produção de conhecimento e formação profissional está marcado pela especialização, pela fragmentação e pelos interesses econômicos hegemônicos.6
Assim, urgente se faz uma nova postura das instituições de ensino superior para que efetivamente
rompam esse modelo e possam exercer seu papel
gerador imprescindível frente ao desenvolvimento
humano, formando o cidadão capaz de intervir eticamente na sociedade e na economia, tendo como alavanca instrumental crucial o conhecimento inovador.5 Para isso é necessário que tanto professores
Revista da ABENO • 7(2):135-40
135
Construir conhecimento, integrar vidas • Noro LRA
quanto alunos participem de forma ativa no processo
de formação, ou no dizer de Paulo Freire,
“é preciso que, desde o começo do processo, vá ficando
cada vez mais claro que, embora diferentes entre si, quem
forma se forma e re-forma ao formar e quem é formado
se forma e forma ao ser formado”.7
Esses princípios procuram ser respeitados pelas
Diretrizes Curriculares Nacionais para os Cursos de
Odontologia uma vez que sinalizam para uma mudança paradigmática na formação de profissional crítico,
capaz de aprender a aprender, de trabalhar em equipe, levando em conta a realidade social em uma instituição formadora aberta às demandas sociais, capaz
de produzir conhecimento relevante e útil.2
Visando atingir esse perfil, o Curso de Odontologia da Universidade de Fortaleza discutiu, através das
Oficinas do Projeto Pedagógico, uma nova concepção de currículo que permitisse a integração dos conhecimentos e a utilização de metodologia ativa de
aprendizagem, que entendesse a relação entre ensino, trabalho e comunidade, permitindo ao aluno
entendimento do contexto imposto pelo mercado
de trabalho e da realidade social a ser futuramente
vivenciada.
METODOLOGIA
O Projeto Pedagógico do Curso de Odontologia
da Universidade de Fortaleza (UNIFOR) foi desenvolvido por meio de oficinas semanais das quais participavam, em especial, os professores. Essa participação era voluntária e aberta também para os alunos,
que compareciam em número relativamente reduzido e de forma pontual.
A primeira fase dessas Oficinas Pedagógicas semanais contou com a participação de professores da área
da pedagogia, configurando-se como momento estratégico para capacitação pedagógica do corpo docente, procurando complementar a “transformação” do
profissional marcadamente especialista em uma área
do conhecimento em um docente.
A partir do primeiro semestre de 1999, essas atividades eram organizadas pela Assessoria Pedagógica
da Coordenação do Curso de Odontologia que propunha a discussão de temas como objetivos do curso,
perfil do aluno a ser formado, habilidades desejáveis
dos futuros profissionais em saúde bucal, metodologias pedagógicas, diretrizes curriculares e avaliação
do processo ensino-aprendizagem.11
As reuniões eram previamente planejadas visan136
do propiciar a discussão desses aspectos, sempre partindo de uma primeira aproximação do assunto a ser
discutido, para identificar o conhecimento do grupo,
acompanhada do levantamento dos principais pontos-chave a serem debatidos, buscando-se formular
princípios gerais dos assuntos, sempre com material
didático para apoio às conclusões. O material resultante das discussões era sistematizado e remetido
para todos os professores do curso, através de informativo impresso.
Uma vez estabelecidos esses parâmetros, iniciouse a discussão do currículo integrado que teve como
grande objetivo eliminar a fragmentação proporcionada pelo desenvolvimento de disciplinas e o baixo
impacto das ações de saúde coletiva. Essa segunda
fase procurou inserir o referencial teórico preliminarmente discutido no contexto de um processo de
ensino-aprendizagem que permitisse efetiva integração dos conhecimentos, considerando-se o conhecimento prévio do aluno e a real articulação entre os
conhecimentos necessários para a formação de um
clínico geral.
Nessa fase das Oficinas, não havia uma sistematização prévia das atividades pois o grande desafio que
o grupo identificou foi refletir sobre qual seria o condutor do currículo para aprendizagem do aluno. Depois de várias propostas, tomou-se como referência o
perfil clínico do paciente do Curso de Odontologia,
em que conhecimentos, habilidades e atitudes necessários para o atendimento deste guiariam as atividades
clínicas e laboratoriais.11 Para viabilizar tal proposta,
os conteúdos antes previstos nas disciplinas específicas foram organizados pelos professores dessas áreas,
em núcleos de conhecimentos que ganhavam como
grande característica a interdisciplinaridade.
A proposta final procurou considerar as discussões realizadas no sentido de se configurarem enquanto elementos de avanço na formação de um
aluno realmente comprometido com a saúde bucal
de seu paciente, tendo como eixo a construção de um
trabalho que se configurou pela participação de todos
os interessados em permitir a idealização de um novo
modo de pensar e fazer Odontologia, com a grande
meta de formar “novos” cirurgiões-dentistas.
RESULTADOS
Apesar de a grande maioria dos professores desenvolver atividades clínicas, externas à Universidade,
pôde-se contar com a maioria deles nas discussões do
Projeto Pedagógico do Curso de Odontologia da UNIFOR. Nesse sentido, fator que merece destaque é o
Revista da ABENO • 7(2):135-40
Construir conhecimento, integrar vidas • Noro LRA
tempo utilizado para desenvolvimento da proposta, em
especial nas Oficinas realizadas com a participação dos
professores e alunos, conforme consta na Tabela 1.
Como pode ser observado na Tabela 1, o envolvimento do corpo docente foi grande o bastante para
viabilizar a construção da proposta, correspondendo
a um curso de curta duração. O grande destaque foi
a perspectiva da utilização da criatividade do grupo e
da reflexão sobre os principais pontos a constarem
da proposta final que resultou na nova es­trutura curricular do Curso de Odontologia da UNIFOR.
A definição dessa nova estrutura curricular foi realizada a partir das três áreas de conhecimento definidas nas Diretrizes Curriculares Nacionais, a saber:
Ciências Biológicas e da Saúde, Ciências Humanas e
Sociais, e Ciências Odontológicas.
A área das Ciências Biológicas e da Saúde trabalha tendo como referencial os conteúdos de bases
moleculares e celulares dos processos normais e alTabela 1 - Número de oficinas do Projeto Pedagógico do
Curso de Odontologia da UNIFOR e total de horas, por
semestre.
Ano e semestre
Número de
oficinas
Total de horas
1999.1
11
33
1999.2
8
24
2000.1
16
48
2000.2
10
30
2003.1
10
30
Total
55
165
terados (1º semestre), a estrutura e função dos tecidos, órgãos, sistemas e aparelhos (2º semestre) e a
aplicação dos conhecimentos das situações decorrentes do processo saúde-doença no desenvolvimento da prática assistencial (3º semestre). Não houve
possibilidade de uma articulação maior com as atividades clínicas, uma vez que a área de conhecimento
do ciclo básico é comum aos outros sete cursos da
Universidade de Fortaleza. A atual situação das disciplinas dessa área por semestre e carga horária encontra-se no Quadro 1.
O grande avanço nessa área foi a idéia de se partir
dos problemas, em especial na disciplina de Patologia, para que a partir daí fossem entendidas as estruturas normais, procurando manter a lógica da metodologia pedagógica.
Com relação à área das Ciências Humanas e Sociais, foram incluídos conteúdos referentes às diversas
dimensões da relação indivíduo-sociedade, contribuindo para a compreensão dos determinantes sociais, culturais, comportamentais, psicológicos e éticos, nos níveis individual e coletivo, do processo
saúde-doença, presentes em todos os semestres do
curso. O Quadro 2 identifica as disciplinas que compõem essa área.
As principais conquistas nessa área se deram na
lógica de se manterem disciplinas com esses conteúdos em todos os semestres do curso, permitindo um
crescimento contínuo de complexidade e de aplicação na realidade social. Deve-se ressaltar que essas
disciplinas não estão isoladas no currículo, mas se
articulam diretamente com as disciplinas da área de
Quadro 1 - Semestre, disciplina e número de créditos das
Quadro 2 - Semestre, disciplina e número de créditos das
disciplinas da área de Ciências Biológicas e da Saúde.
disciplinas da área de Ciências Humanas e Sociais.
Semestre
Créditos
Semestre
1
Patologia I
Disciplina
4
1
Ciências Sociais e Saúde I
1
Biologia Molecular
4
1
Introdução à Odontologia
2
Ciências Sociais e Saúde II
4
Disciplina
Créditos
4
1
Bioquímica
4
2
1
Microbiologia e Imunologia
4
3
Metodologia da Pesquisa Científica
4
Saúde Bucal Coletiva I
4
Saúde Bucal Coletiva II
4
2
Patologia II
4
4
2
Fisiologia
8
5
2
Farmacologia
4
5
Psicologia do Relacionamento I
2
6
Saúde Bucal Coletiva III
4
2
Anatomia Humana
4
2
Histologia e Embriologia
4
7
Saúde Bucal Coletiva IV
4
7
Psicologia do Relacionamento II
2
3
Anatomia Buco-facial
6
3
Histologia e Embriologia
Buco-faciais
4
Microbiologia e Imunologia Oral
4
3
8
Saúde Bucal Coletiva V
4
9
Estágio Extramural I
4
10
Estágio Extramural II
4
Revista da ABENO • 7(2):135-40
137
Construir conhecimento, integrar vidas • Noro LRA
Ciências Odontológicas. A característica mais importante dessas disciplinas é contribuir para a formação
do cirurgião-dentista tendo como referencial o Sistema Único de Saúde, através do desenvolvimento do
trabalho em equipe e considerando-se as diretrizes
previstas na Constituição Federal do Brasil de universalidade da atenção, descentralização e participação
popular.1
Por fim, a área na qual ocorreram as maiores alterações foi a de Ciências Odontológicas, uma vez que
as disciplinas tradicionais foram substituídas por áreas
de conhecimento compreendidas pela Propedêutica
Clínica (Patologia Bucal, Radiologia e Semiologia),
Pré-Clínica e Clínica Odontológica (todas as disciplinas profissionalizantes), Prótese Dentária e Clínica
Infantil. A distribuição dessas disciplinas pelos semestres encontra-se no Quadro 3.
A disciplina de Iniciação Clínica no 3º semestre
tem como objetivo aproximar o aluno de sua futura
profissão, através do conhecimento real das situações
de trabalho que irá vivenciar, sendo sua primeira parQuadro 3 - Semestre, disciplina e número de créditos das
disciplinas da área de Ciências Odontológicas.
Semestre
138
Disciplina
Créditos
3
Iniciação Clínica
4
3
Pré-Clínica I
6
4
Propedêutica Clínica I
6
4
Pré-Clínica II
10
4
Clínica Odontológica I
10
5
Propedêutica Clínica II
4
5
Pré-Clínica III
4
5
Clínica Odontológica II
10
5
Prótese Dentária I
6
6
Pré-Clínica IV
6
6
Clínica Odontológica III
10
6
Prótese Dentária II
6
6
Clínica Infantil I
6
7
Propedêutica Clínica III
4
7
Prótese Dentária III
6
7
Clínica Infantil II
6
7
Clínica Integrada I
10
8
Prótese Dentária IV
8
8
Clínica Infantil III
6
8
Implantodontia
2
8
Clínica Integrada II
10
9
Clínica Integrada III
20
10
Clínica Integrada IV
20
ticipação em atividades clínicas, visando aprofundamento de elementos como a biossegurança, a ergonomia, a bioética, entre outros.
Nas disciplinas de Propedêutica Clínica I, II e III,
espera-se que o aluno possa fazer relação do diagnóstico identificado no microscópio, na radiografia e no
exame bucal com as necessidades que o paciente apresenta para sua terapêutica.
As disciplinas de Pré-Clínica permitem que o aluno desenvolva em laboratório as atividades com as
quais ele irá se deparar no semestre seguinte nas disciplinas de Clínica Odontológica e Clínica Infantil.
Da mesma forma, as disciplinas de Prótese partem de
situações menos complexas para maior eficiência do
aprendizado do aluno. Para isso, foram definidos perfis dos pacientes a serem atendidos, permitindo melhor organização do setor de triagem. Os perfis propostos para os pacientes a serem atendidos nessas
disciplinas estão elencados no Quadro 4.
Com essa nova estrutura houve uma nova composição das equipes que passaram a compor as disciplinas. Assim, em cada nova disciplina estão inseridos
professores de diferentes áreas do conhecimento e
seu papel deixa de ser o de orientar disciplinas específicas (dentística, periodontia, cirurgia, endodontia
etc.) para ser o de facilitadores do processo ensinoaprendizagem na perspectiva de orientar um grupo
de alunos, não somente nos aspectos técnicos mas
também na real formação de profissionais de saúde.
DISCUSSÃO
O Projeto Pedagógico do Curso de Odontologia
da UNIFOR teve como grande objetivo definir uma
nova maneira de pensar a formação em Odontologia,
vislumbrando atingir as propostas presentes nas Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN). Tal proposta,
entretanto, apesar do referencial básico das DCN,
teve como grande virtude a participação do corpo
docente do Curso de Odontologia da UNIFOR.
O maior avanço da proposta pedagógica do Curso
de Odontologia da UNIFOR deu-se na possibilidade
de integração efetiva dos conteúdos, evitando-se a
fragmentação contida nas disciplinas específicas, procurando-se uma aproximação com a interdisciplinaridade. Com isso buscou-se garantir o cumprimento
das competências gerais e específicas contidas nas
Diretrizes Curriculares Nacionais4 em todas as áreas
do conhecimento.
Nessa perspectiva, concorda-se com a visão de
Moysés9 (2004) segundo o qual a avaliação curricular
deixará de ser um mecanismo de regulação externa
Revista da ABENO • 7(2):135-40
Construir conhecimento, integrar vidas • Noro LRA
Atividades/problemas
Disciplinas
Adequação do meio bucal, remoção de fatores retentivos de placa, gengivite Pré-Clínica I
e restaurações provisórias
Clínica Odontológica I
Perfil I: restaurações diretas, periodontite moderada, exodontia simples
Pré-Clínica II
Clínica Odontológica II
Perfil I + II: clareamento de dentes vitalizados ou desvitalizados,
restaurações complexas de dentes anteriores, facetas, periodontite
avançada, endodontia uni e birradicular
Pré-Clínica III
Clínica Odontológica III
Perfil I + II + III: restaurações complexas em dentes posteriores,
restaurações indiretas, Endodontia trirradicular, biópsia/citologia, aumento
de coroa clínica, cirurgia de dentes inclusos
Pré-Clínica IV
Clínica Integrada I
Perfil I + II + III + IV: restaurações indiretas, endodontia trirradicular e
retratamento uni e birradicular, disfunção craniomandibular leve, cirurgia oral
Clínica Integrada II
Prótese Total superior
Prótese Removível inferior
Prótese Dentária I
Prótese Dentária II
Prótese Removível + Prótese Fixa
Pré-Clínica IV
Prótese Dentária III
Prótese Removível + Prótese Fixa
Prótese Total bimaxilar
Prótese Dentária IV
Adequação do meio bucal, restaurações de cicatrículas, exodontia simples,
restaurações diretas, programa de controle e tratamento em ortodontia
preventiva e/ou interceptiva
Clínica Infantil I
Perfil 1: terapia pulpar (pulpotomia e pulpectomia), cirurgias (ulotomias,
ulectomias e frenectomias), restaurações indiretas, reabilitação de 1
elemento, programa de controle de espaço (supervisão de espaço)
Clínica Infantil II
Perfis 1 e 2: reabilitação de mais de 1 elemento, traumatismos, reimplantes
Clínica Infantil III
para passar a ser um processo participativo de construção de significados, única forma de fundar uma
verdadeira cultura colaborativa que vá ao encontro
dos novos desafios da Odontologia brasileira e das
demandas sociais por mais saúde bucal.9
Sem dúvida, a maior dificuldade no estágio atual
de desenvolvimento da proposta ainda está em se articular a formação com o Sistema Único de Saúde, não
somente pelas limitações dos professores, em especial
da área clínica, na sua maioria formados em programas de pós-graduação com forte embasamento em
produção científica destinada aos interesses externos,
como pela própria estrutura dos serviços públicos,
ainda pouco adequados à real necessidade de garantia
do direito da saúde assegurado pelo Estado.
Papel preponderante nessa transformação deverão desempenhar a Associação Brasileira de Ensino
Odontológico, em articulação com o Ministério da
Saúde, o Ministério da Educação e os gestores estaduais e municipais do SUS no desenvolvimento de
protocolos de cooperação sistemática8 visando estabelecer o Sistema Único de Saúde como o cenário de
aprendizagem ideal para o desenvolvimento do processo de ensino-aprendizagem em saúde.
Quadro 4 - Perfis
de atendimento
dos pacientes das
disciplinas de PréClínica I, II, III e IV,
Clínica Odontológica I,
II e III, Clínica
Integrada I, II, III e
IV, Prótese Dentária
I, II, III e IV e Clínica
Infantil I, II e III.
No momento em que o professor é convidado a
desempenhar um papel de orientador de um clínico
geral, há necessidade de uma flexibilidade que permita não simplesmente a orientação de uma área
específica, mas a integração de conteúdos. Foi possível observar que o docente do Curso de Odontologia
configurava-se, em geral, como um profissional bemsucedido em sua área de atuação clínica, mas que se
ressentia de uma formação pedagógica para pleno
desenvolvimento de sua carreira acadêmica,11 o que
foi plenamente satisfeito com o desenvolvimento das
Oficinas Pedagógicas.
Há, por isso mesmo, necessidade de capacitação
constante do corpo docente visando a plena utilização
de metodologia pedagógica com base na construção
do conhecimento para se obterem todos os benefícios
de um currículo integrado assim como sua capacitação
técnica para adquirir uma postura interdisciplinar. O
professor deve ser entendido como facilitador da aprendizagem do aluno, devendo utilizar a avaliação como
mecanismo de aperfeiçoamento constante do aluno.
Além disso, o aluno está pouco acostumado a
aprender através de metodologias problematizadoras,
o que dificulta em alguns momentos o entendimento
Revista da ABENO • 7(2):135-40
139
Construir conhecimento, integrar vidas • Noro LRA
da proposta. É de grande importância que o professor
conheça o processo de aprendizagem e esteja interessado no crescimento de seu aluno, desenvolvendo neste a capacidade de procurar dentro de si mesmo as
respostas para seus problemas, tornando-se responsável e, conseqüentemente, agente do seu processo de
aprendizagem.10 É, portanto, necessária uma maior
conscientização do aluno, permitindo que ele possa
efetivamente alcançar todos os benefícios da presente
proposta que terá como elemento principal o professor
efetivamente vinculado aos interesses da formação.
Do ponto de vista do serviço prestado ao paciente,
o currículo permite a conclusão do tratamento, na
maioria das vezes incompleto pelo atendimento realizado de forma pontual em cada disciplina, na qual
o paciente era mais um objeto de realização de atividades pontuais e específicas, servindo para ensino do
aluno. Isso provocava um número enorme de pacientes cadastrados no sistema, porém com baixa resolutividade. Progressivamente, o aluno vai se deparando
com pacientes com perfil clínico mais complexo, até
chegar aos dois últimos semestres em uma situação
na qual deve estar apto a resolver a totalidade dos
problemas bucais do paciente, assim como propor
atividades dentro de um referencial que utilize a epidemiologia e o planejamento.
fully understood. There is, thus, the need for constant
training of faculty members in order to achieve the
full use of a pedagogic methodology based on the
construction of knowledge, in order to take full advantage of the benefits of an integrated curriculum.
A technical training is also needed that might alow
the acquisition of an interdisciplinary approach. A
broader understanding by the student is required as
well so that he or she may reach all the benefits of the
present proposal.
DESCRIPTORS
Education, dental. Curriculum. Knowledge. §
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. Brasil. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília:
Senado Federal; 1988.
2. Carvalho ACP. Planejamento do curso de graduação de Odontologia. Revista da ABENO. 2004;4(1):7-13.
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ruínas na república dos professores. Petrópolis: Vozes; 1999.
4. Conselho Nacional de Educação/Câmara de Ensino Superior.
Resolução CNE/CES 03, de 19 de fevereiro de 2002. Institui
Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em
Odontologia. Diário Oficial da União n. 42, Brasília, 04 mar
2002, seção 1, p. 10-1.
5. Demo P. Educar pela pesquisa. 3ª ed. Campinas: Autores Asso-
ABSTRACT
Constructing knowledge, integrating lives
For six years, the Course of Dentistry, University
of Fortaleza, discussed, through Workshops of its
Pedagogic Project, a new conception of a curriculum
that could allow the integration of knowledge and the
use of an active learning methodology; that would
take into account the Unified Health System (SUS)
as the structural axis of the activities developed in its
dental education; that could understand the relationship between teaching, work and community, thus
allowing the student to understand the context
formed by the labor market and by the social reality
that he or she will experience in the future. The current proposal, implemented in the first semester of
2005, poses an enormous challenge as the teachers’
training is still based on graduate studies of specific
areas. When the teacher is invited to give orientation
to a general practitioner, flexibility is required so that
not only specific guidance is given but also an integration of the different contents. Furthermore, students
are little accustomed to a methodology based on problem analysis, which prevents the proposal from being
140
ciados; 1996. p. 55.
6. Feuerwerker LCM. Educação dos profissionais de saúde hoje
– problemas, desafios, perspectivas e as propostas do Ministério
da Saúde. Revista da ABENO. 2003;3(1):24-7.
7. Freire P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 31ª ed. São Paulo: Paz e Terra; 2005. p. 23.
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processo de ensino-aprendizagem. Rev Humanidades.
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11. Noro LRA, Nuto SAS, Moreira TP, Moura KS, Novaes PMR.
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Curso de Odontologia da UNIFOR: dez anos ensinando e aprendendo. Fortaleza: Universidade de Fortaleza; 2005. p. 19-39.
12. Ribeiro ECO, Lima VV. Competências profissionais e mudanças na formação. Olho Mágico. 2003;10(2):47-52.
Revista da ABENO • 7(2):135-40
Recebido para publicação em 28/10/2005
Aceito para publicação em 19/05/2006
A importância do ensino da
notificação de doenças
O profissional da Odontologia tem a obrigação de notificar as
doenças constantes na lista de doenças de notificação compulsória,
estando sujeito às penalidades da lei se não o fizer.
Vera Lucia Silva Resende*, Maria Elisa de Souza e Silva*, Raquel Conceição Ferreira**,
Allyson Nogueira Moreira*, Claudia Silami Magalhães*
*Professores de Clínica Integrada da Faculdade de Odontologia da
Universidade Federal de Minas Gerais.
E-mail: [email protected].
**Professora de Clínica Integrada do Curso de Odontologia da
Universidade Estadual de Montes Claros.
RESUMO
Notificação é a comunicação da ocorrência de
determinada doença ou agravo à saúde, feita à autoridade sanitária por profissionais de saúde ou
qualquer cidadão, desencadeando o processo de
informação-decisão-ação. A Notificação é o principal mecanismo através do qual o Ministério da Saúde recebe os dados epidemiológicos necessários
para a adoção de medidas de intervenção cabíveis.
No Brasil, são de notificação compulsória os casos
de doenças que podem implicar em medidas de
isolamento ou quarentenas, e aquelas que constam
de uma lista elaborada pelo Ministério da Saúde,
adaptada para cada Unidade da Federação e atualizada periodicamente. Apesar da importância e da
obrigatoriedade, a notificação tem sido precária,
sendo a subnotificação um problema para o sistema
de saúde. Existe pouca literatura sobre o assunto,
resumindo-se a publicações oficiais como leis, portarias etc. Faz-se necessária uma maior divulgação
do assunto em revistas de grande circulação, entre
os profissionais de saúde e os futuros profissionais,
e até para a população em geral, que é parte importante da informação sobre ocorrência de doenças. Este artigo tem como objetivo divulgar as doenças de notificação compulsória aos profissionais
de saúde, e refletir sobre a importância da conscientização do futuro profissional de Odontologia
sobre seu papel na manutenção do Sistema de Vigilância Epidemiológica.
Descritores
Notificação de doenças. Vigilância epidemiológica. Controle de doenças transmissíveis/legislação &
jurisprudência.
N
otificação é a comunicação da ocorrência de
determinada doença ou agravo à saúde, feita à
autoridade sanitária por profissionais de saúde ou
qualquer cidadão, para fins de adoção de medidas de
prevenção e intervenção pertinentes.3
Historicamente, a notificação de doenças tem sido
a principal fonte da vigilância epidemiológica a partir
da qual, na maioria das vezes, se desencadeia o processo informação-decisão-ação. A listagem nacional vigente das doenças de notificação compulsória está restrita
a alguns agravos e doenças de interesse sanitário para
o país e compõe o Sistema de Doenças de Notificação
Compulsória – SDNC. Entretanto, estados e municípios podem incluir novas patologias, desde que se definam com clareza o motivo e objetivo da notificação,
os instrumentos e o fluxo que a informação vai seguir
e as ações que devem ser postas em prática de acordo
com as análises realizadas. Existe pouca literatura sobre
o assunto, muitas vezes se limitando a publicações oficiais pouco consultadas pelos profissionais de saúde.
O profissional da Odontologia, como profissional
de saúde, tem a obrigação de notificar as doenças
constantes na lista de “Doenças de Notificação Compulsória” do país, e o desconhecimento da legislação
não o exime do erro de não cumprir sua obrigação.
Revista da ABENO • 7(2):141-6
141
A importância do ensino da notificação de doenças • Resende VLS, Silva MES, Ferreira RC, Moreira AN, Magalhães CS
O Exame Nacional de Cursos, antigo “Provão”, no
ano de 2003 apresentou questão sobre o assunto
(questão número 37), o que nos indica que é esperado que esse assunto esteja contemplado nos currículos dos cursos de Odontologia.
LEGISLAÇÃO VIGENTE E NORMAS DE
NOTIFICAÇÃO
Embora a Lei que instituiu o Sistema de Vigilância
Epidemiológica no Brasil não se restrinja às doenças
transmissíveis, o Sistema vem se limitando, ao longo
das últimas décadas, a essas enfermidades. Entretanto, desde 1968, a 21ª Assembléia Mundial de Saúde
promoveu uma ampla discussão técnica a respeito da
Vigilância Epidemiológica, destacando que a abrangência do seu conceito permite a sua aplicação a outros problemas de saúde pública, como malformações
congênitas, envenenamentos na infância, leucemia,
abortos, acidentes, doenças profissionais, comportamentos como fatores de risco, riscos ambientais, utilização de aditivos, dentre outros.3
Além da notificação compulsória, o Sistema de
Vigilância Epidemiológica pode definir doenças e
agravos como de simples notificação, ou seja, que não
têm a notificação obrigatória, como os casos de Teníase, Cisticercose e outros agravos, e sugere a realização de inquéritos periódicos em relação a alguns fatores e comportamentos de risco, como o caso da
diabetes e o uso do fumo.4
Segundo a Portaria nº 5,6 de 21 de fevereiro de
2006, assinado pelo Secretário de Vigilância em Saúde, Jarbas Barbosa da Silva Júnior, as doenças de notificação compulsória no Brasil são as seguintes:
• botulismo;
• carbúnculo ou antraz;
• cólera;
• coqueluche;
• dengue;
• difteria;
• doença de Chagas (casos agudos);
• doença de Creutzfeldt-Jacob;
• doenças meningocócicas e outras meningites;
• esquistossomose (área não-endêmica);
• eventos adversos pós-vacinação;
• febre amarela;
• febre do Nilo;
• febre maculosa;
• febre tifóide;
• hanseníase;
• hantaviroses;
• hepatites virais;
142
• infecção pelo vírus da imunodeficiência humana
(HIV) em gestantes e crianças expostas ao risco
de transmissão vertical;
• influenza humana por novo subtipo (pandêmico);
• leishmaniose tegumentar;
• leishmaniose visceral;
• leptospirose;
• malária;
• meningite por Haemophillus influenzae;
• peste;
• poliomielite;
• paralisia flácida aguda;
• raiva humana;
• rubéola;
• sarampo;
• sífilis congênita;
• sífilis em gestante;
• síndrome febril íctero-hemorrágica aguda;
• síndrome da rubéola congênita;
• síndrome respiratória aguda grave;
• tétano;
• tularemia;
• tuberculose;
• varíola.
Atualmente, com as profundas mudanças no perfil epidemiológico da população, observamos o declínio de mortalidade por doenças infecciosas e parasitárias. Em contrapartida, houve um aumento nas
mortes por enfermidades não-transmissíveis, colocando em risco importantes grupos populacionais.
Desse modo, tem-se discutido a necessidade de incorporar doenças e agravos não-transmissíveis às atividades da Vigilância Epidemiológica, abrindo-se a perspectiva de se ampliar o leque das doenças de
notificação compulsória.4
Alguns dos agravos acima mencionados, além da
notificação periódica semanal, devem ser comunicados imediatamente (prazo máximo de 24 horas) ao
Órgão de Vigilância Epidemiológica Estadual, e este
deve comunicá-los para o Centro Nacional de Epidemiologia (CENEPI), no ato da constatação da suspeita
ou do diagnóstico de caso ou surto, através de telefonema, fax ou e-mail, sem prejuízo de registro das notificações pelos procedimentos rotineiros do Sistema
de Informação de Agravos de Notificação (SINAN).
Esses agravos são:
• casos suspeitos ou confirmados de:
- botulismo,
- carbúnculo ou antraz,
- cólera (autóctone em área não-endêmica),
Revista da ABENO • 7(2):141-6
A importância do ensino da notificação de doenças • Resende VLS, Silva MES, Ferreira RC, Moreira AN, Magalhães CS
-
-
-
-
febre amarela,
febre do Nilo Ocidental,
hantaviroses,
influenza humana por novo subtipo
(pandêmico),
- peste,
- poliomielite,
- raiva humana,
- sarampo, em indivíduo com história de
viagem ao exterior nos últimos 30 dias ou de
contato, no mesmo período, com alguém que
viajou ao exterior,
- síndrome febril íctero-hemorrágica aguda,
- síndrome respiratória aguda grave,
- varíola,
- tularemia.
• caso confirmado de:
- tétano neonatal.
• surto ou agravação de casos ou agregação de óbitos por:
- agravos inusitados,
- difteria,
- doença de Chagas aguda,
- doenças meningocócicas,
- influenza humana.
• Epizootias e/ou morte de animais que podem
preceder a ocorrência de doenças em humanos:
- epizootias em primatas não humanos,
- outras epizootias de importância
epidemiológica.
A lei nº 6.259 de 30 de outubro de 1975,3 que dispõe sobre a organização das ações de Vigilância Epidemiológica, sobre o Programa Nacional de Imunizações e estabelece normas relativas à notificação
compulsória de doenças, diz em seu artigo 8º:
“É dever de todo cidadão comunicar à autoridade sanitária
local a ocorrência de fato, comprovado ou presumível, de
caso de doença transmissível, sendo obrigatória a outros
profissionais de saúde no exercício da profissão, bem como
aos responsáveis por organizações e estabelecimentos públicos e particulares de saúde e ensino, a notificação de
casos suspeitos ou confirmados das doenças relacionadas
em conformidade com o artigo 7º.”
Diz ainda a lei, no 14º artigo:
“A inobservância das obrigações estabelecidas nessa lei
constitui infração da legislação referente à saúde pública,
sujeitando o infrator às penalidades previstas no DecretoLei nº 785, de 25 de agosto de 1969, sem prejuízo das demais sanções penais cabíveis.”
O governo brasileiro vem firmando acordos com
os países membros da Organização Pan-Americana
da Saúde (OPAS) e Organização Mundial da Saúde
(OMS) que visam empreender esforços conjuntos
para o alcance de metas continentais ou até mundiais
de controle, eliminação ou erradicação de algumas
doenças. O exemplo mais expressivo é o do Programa
de Eliminação do Pólio Vírus Selvagem, que alcançou
a meta de erradicação das Américas. Dessa forma,
teoricamente, a poliomielite deveria ser excluída da
lista, no entanto esse programa preconiza sua manutenção e sugere ainda que se acrescentem as paralisias
flácidas agudas, visando a manutenção da vigilância
do vírus, para que se detecte sua introdução em países
indenes, visto que o mesmo continua circulando em
áreas fora do continente americano.
As doenças definidas como de notificação compulsória internacional são três: cólera, febre amarela
e peste, as quais estão obrigatoriamente incluídas na
lista de todos os países membros da OPAS/OMS.
A IMPORTÂNCIA DA NOTIFICAÇÃO NA
VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA
A notificação de surtos e epidemias faz parte do
fluxo de informações, dentro dos estados e municípios, que alimentam o Sistema de Vigilância Epidemiológica. Essa prática possibilita a constatação de
qualquer indício de elevação do número de casos de
uma patologia, ou da introdução de outras doenças
não-incidentes no local, e, conseqüentemente, o diagnóstico de uma situação epidêmica inicial para adoção imediata das medidas de controle. A informação
para a vigilância epidemiológica destina-se à tomada
de decisões e informações para ação. Esse princípio
deve reger as relações entre os responsáveis pela vigilância e as diversas fontes que podem ser utilizadas
para o fornecimento de dados.5
A notificação compulsória é realizada através do
Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), cujos objetivos são o registro e o processamento dos dados sobre agravos de notificação compulsória,
em todo território nacional, a fim de fornecer informações para a análise do perfil de morbidade vigente.
Esse sistema é operacionalizado a partir da unidade
de saúde, e a coleta dos dados é feita utilizando-se a
ficha de notificação ou ficha de investigação de casos,
fornecida por órgãos oficiais do governo, responsáveis
pelo gerenciamento da saúde do cidadão.9,10
O SINAN foi criado em 1990, para tentar sanar as
dificuldades do Sistema de Notificação Compulsória
de Doenças (SNCD) procurando racionalizar o pro-
Revista da ABENO • 7(2):141-6
143
A importância do ensino da notificação de doenças • Resende VLS, Silva MES, Ferreira RC, Moreira AN, Magalhães CS
cesso de coleta e transferência de dados relacionados
às doenças e aos agravos de notificação compulsória,
já tendo em vista o razoável grau de informatização
disponível no país.4,9
A implementação do SINAN, em 1993, significou um importante avanço, pois favoreceu a uniformização dos bancos de dados e as análises epidemiológicas no país de doenças como a AIDS, por
exemplo. O sistema propiciou ainda um avanço na
racionalidade e capacidade local de gerenciamento
dos dados de morbidade dessa doença, como também sugeriu algumas linhas de investigação no campo do conhecimento e da intervenção.9 Os problemas técnico-operacionais no gerenciamento desse
sistema são muitos, uma vez que ele foi criado para
dar conta do registro de agravos de notificação compulsória e da investigação epidemiológica de 41
tipos de agravos.4-6
Esse sistema de vigilância faz parte de processo
que tem como eixo a informação-decisão-ação, sendo importante no controle das epidemias e na necessidade de ampliação das ações de vigilância. Entretanto, existem algumas lacunas que impedem a
produção de informações fidedignas que sirvam,
verdadeiramente, para o aprimoramento de ações
assistenciais e preventivas das organizações governamentais e não-governamentais no monitoramento
dessas doenças.9
A notificação pode ser feita por qualquer indivíduo, ainda que seja uma obrigação médica e que mais
freqüentemente seja feita por profissional de saúde
não-médico. Toda informação que chegue à Unidade
de Saúde, qualquer que seja a fonte (colegas de escola,
trabalho, vizinhos, associação de moradores, imprensa, familiares), deve ser valorizada e investigada para
adoção de medidas de intervenção pertinentes. A notificação de uma situação anormal, como por exemplo
surtos de febres, diarréias, sempre deve ser feita, mesmo não sendo de doença ou agravo de notificação
compulsória, pois muitas vezes permite identificar novos agravos (doenças emergentes ou reemergentes) e
divulgar orientações importantes aos profissionais médicos, não-médicos e à população. Um exemplo foi a
hipertermia em idosos ocorrida no verão de 1998.
As informações de todas as cidades são consolidadas na Gerência da Vigilância Epidemiológica, que
tem por obrigação disponibilizá-las aos profissionais
de saúde e a toda a população. Em alguns casos, como
na vigilância das paralisias flácidas e do sarampo, é
necessário notificar a não-ocorrência da doença – Notificação Negativa.4,5
144
As estatísticas de saúde de uma cidade vão se tornando confiáveis na medida em que o Sistema de Vigilância Epidemiológica se torna conhecido e prestigiado
por todo segmento do setor saúde, seja ele público ou
privado. Mas apesar disso, a notificação é habitualmente realizada de modo precário, devido ao desconhecimento de sua importância, descrédito nos serviços de
saúde, à falta de acompanhamento e supervisão de rede
de serviços e, também, pela falta de retorno de dados
coletados e das ações que foram geradas pela análise.8
Esse parece ser um problema existente mundialmente.
Exemplos recentes foram a não-comunicação imediata
dos primeiros casos da Síndrome Respiratória Aguda
Grave (SARS) em 2002, na China, que resultou na dispersão da doença em 2003, colocando em risco o mundo todo,2 e da gripe do frango em 2005.7
Por outro lado, a resposta internacional ao aparecimento da SARS mostrou que o sistema pode ser eficaz para impedir que uma nova doença venha à tona,
evitando-se uma endemia e a disseminação de pessoa
para pessoa, de continente para continente.13 Nesse
sentido, é fundamental que trabalhos de sensibilização dos profissionais e das comunidades sejam sistematicamente realizados, visando a melhoria da obtenção dos dados no que diz respeito à sua quantidade e
qualidade, fortalecendo e ampliando a rede de notificação. Como, idealmente, o sistema deve cobrir toda
a população, considera-se que todas as unidades de
saúde (públicas, privadas e filantrópicas) devem compor a rede de notificação, como também todos os
profissionais de saúde e a comunidade em geral.
Para isso, é muito importante que os profissionais
de saúde, entre eles os cirurgiões-dentistas, recebam
durante sua formação informações sobre as doenças
de notificação compulsória e a maneira correta de
notificar os agravos, para que possam desenvolver
adequadamente seu papel na sociedade.
Segundo Ferreira, Portela10 (1999), as deficiências na abrangência e qualidade dos dados são devidas
aos erros de diagnóstico, ao descuido com a obrigatoriedade da notificação e/ou aos erros na coleta dos
dados, que acarretam um atraso no registro de casos
gerando uma discrepância entre o número de casos
notificados e o número real de casos.
Em geral, as unidades de saúde dispõem de formulários específicos para cada doença incluída no
sistema de vigilância, denominados “Ficha de Investigação Epidemiológica”. Esses formulários, importantes por facilitar a consolidação de dados, devem
ser preenchidos cuidadosamente, registrando-se todas as informações indicadas, para permitir a análise
Revista da ABENO • 7(2):141-6
A importância do ensino da notificação de doenças • Resende VLS, Silva MES, Ferreira RC, Moreira AN, Magalhães CS
e a comparação de dados. O investigador poderá
acrescentar novos itens que considere relevantes para
a investigação. Um espaço para observações deve sempre ser reservado, visando a anotação de informações
que possam ajudar o processo de investigação. Os
dados para preenchimento dessa ficha são coletados
a partir de informações obtidas do médico e/ou de
profissionais de saúde assistentes, prontuários, resultados de exames laboratoriais, perguntas dirigidas ao
próprio paciente e, dependendo do agravo, de indivíduos da comunidade.
Em virtude da diversidade de características clínico-epidemiológicas, as fichas de investigação devem
ser específicas para cada tipo de doença ou agravo.
O detalhamento das informações previstas depende
do estágio do programa de controle, devendo sempre
ser atualizado.
Discussão
As maiores dificuldades que existiam no SNCD
parecem continuar acontecendo ainda hoje com o
SINAN, e dizem respeito, especialmente, às subnotificações dos agravos.11 Como exemplo, tem-se o relato de Ferreira, Portela10 (1999), que disseram:
“A subnotificação de casos de AIDS no Rio de Janeiro pode
implicar em uma estimativa equivocada da magnitude e
do ônus da epidemia, acarretando uma subalocação de
ações e recursos para o seu enfrentamento.”
O retorno à população dos resultados de investigação e da análise desses dados é de fundamental importância para assegurar a credibilidade desse sistema,
uma vez que os profissionais e notificantes devem ser
mantidos informados. Além disso, a devolução de informações é peça importante na coleta de subsídios
para reformular os programas nos seus diversos níveis.
A notificação compulsória deve ser estimulada em todos os níveis, para que a devolução da informação seja
útil e tenha a finalidade desejada. Um dado que deve
ser levado em consideração é o caráter sigiloso dos
casos de doença de notificação compulsória.5,6
Várias são as fontes que podem fornecer dados,
quando se deseja analisar a ocorrência de um fenômeno do ponto de vista epidemiológico. Os registros
de dados e as investigações epidemiológicas constituem-se fontes regulares de coleta; no entanto, sempre que as condições exigirem, deve-se recorrer
­diretamente à população ou aos serviços, em determinado momento ou período, para obter dados adicionais ou mais representativos.
Muitas vezes, informações oriundas da população
e da imprensa são fontes eficientes de dados, devendo ser sempre consideradas, desde que se proceda a
investigação pertinente, para confirmação ou descarte de casos. Quando a vigilância de uma área não está
organizada ou é ineficiente, o primeiro alerta da
ocorrência de um agravo, principalmente quando se
trata de uma epidemia, pode ser a imprensa ou a
comunidade. A organização de boletins que contenham informações oriundas de jornais e de outros
meios de comunicação e seu envio aos dirigentes com
poder de decisão são importantes auxiliares da vigilância epidemiológica, para que se defina o aporte
de recursos necessários à investigação e ao controle
dos eventos sanitários.
O Sistema de Vigilância existe para o controle, a
eliminação ou erradicação de doenças, o controle de
surtos e epidemias e impedimento de óbitos e seqüelas e só se justifica se for capaz de servir para a adoção
de medidas que tenham impacto na redução da morbidade e mortalidade das doenças e dos agravos que
atingem a população.
O profissional da Odontologia, como profissional
da saúde, tem a obrigação de notificar as doenças constantes na lista de doenças de notificação compulsória,
estando sujeito às penalidades da lei se não o fizer.
Mas, será que os Cursos de Odontologia estão
fornecendo informações aos alunos para que tenham ao menos o conhecimento do seu papel dentro
desse Sistema?
Sendo a Universidade a grande formadora de recursos humanos, deve se preocupar em formar profissionais competentes, comprometidos com a ­transformação
da realidade em benefício da socie­dade.1,8,12,14 Por isso,
durante sua formação, o aluno tem o direito de receber
informações referentes à notificação de doenças para
que possa executar bem seu papel.
O desconhecimento das obrigações não exime
ninguém da culpa de não tê-las cumprido. Por isso,
todos os profissionais de saúde precisam ter conhecimento da lista de doenças de notificação compulsória
de seu município e da maneira de fazer a comunicação corretamente, cumprindo assim seu papel de
profissional e/ou cidadão.
Conclusão
Para que o Sistema de Vigilância Epidemiológica
funcione com eficiência e eficácia, é necessário que se
estabeleçam normas capazes de uniformizar procedimentos e viabilizar a comparabilidade de dados e informações, mas é de fundamental importância a partici-
Revista da ABENO • 7(2):141-6
145
A importância do ensino da notificação de doenças • Resende VLS, Silva MES, Ferreira RC, Moreira AN, Magalhães CS
pação da comunidade e, sobretudo, o conhecimento,
envolvimento e a participação do profissional de saúde
na comunicação dos fatos relevantes para o Sistema.
Para que o Sistema seja alimentado corretamente,
faz-se necessário o esclarecimento e a conscientização
da população e o envolvimento de todos os profissionais de saúde. Para isso, é de fundamental importância que as instituições formadoras de recursos humanos forneçam informações sobre as doenças de
notificação compulsória para que os profissionais de
saúde se sintam seguros em relação ao assunto e possam cumprir seu papel junto à sociedade.
2. Arita I, Nakane M, Kojima K, Yoshihara N, Nakano T, El-Goha-
ABSTRACT
The importance of teaching disease notification
To notify a disease is to communicate its occurrence
to the sanitary authorities. It can be done by health
professionals or by the common citizen, and it triggers
the information-decision-action process. Notification is
the principal mechanism through which the Ministry
of Health becomes aware of the epidemiological data
needed for the adoption of the applicable intervention
measures. In Brazil, the cases of diseases that might
entail isolation or quarantine measures are of compulsory notification, as are those cited on a list of diseases
issued by the Ministry of Health and adapted for each
state of the country, which is updated periodically. In
spite of its importance and compulsory character, notificaton has been precarious, and under-notification has
posed a problem for the national health system. The
literature on this issue is scarce, being almost exclusively restricted to laws and official directives issued by
the Ministry of Health. Thus, a broader publication of
the subject is needed in journals of wide circulation,
among health professionals, and to the population in
general, since common people also play an important
role in reporting such diseases. The purpose of this
article is to inform the diseases of compulsory notification to health professional, and to reflect on the importance of making future dental professionals aware of
their role in a system of epidemiological surveillance.
5. Brasil. Ministério da Saúde. Normas e Rotinas (Versão Preliminar).
ry A. Role of a sentinel surveillance system in the context of
global surveillance of infectious diseases. Lancet Infect Dis.
2004;4(3):171-7.
3. Brasil. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Lei nº 6.259, de 30 outubro de 1975. Dispõe sobre a organização das ações de Vigilância Epidemiológica sobre o Programa Nacional de Imunizações, estabelece normas relativas à
Notificação Compulsória de Doenças, e dá outras providências.
4. Brasil. Ministério da Saúde. Funasa. Vigilância Epidemiológica.
Guia de Vigilância Epidemiológica – Coleta de dados e informações. Notificação [acesso 19 jan 2006]. Disponível em: http://portalweb05.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/Guia_Vig_Epid_novo2.pdf.
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6. Brasil. Ministério da Saúde. Portaria nº 5, 21 de fevereiro de
2006. Disponível em: http://portal.saude.gov.br/portal/svs/visualizar_texto.cfm?idtxt=21141.
7. CDC – Centers for Disease Control and Prevention. Transmission of Influenza A Viruses Between Animals and People [accessed 2006 Feb 07]. Available from: http://www.cdc.gov/flu/
avian/gen-info/transmission.htm.
8. Conselho Nacional de Educação. Câmara de Educação Superior. Resolução CNE/CES 3, de 19 de fevereiro de 2002. Institui Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação
em Odontologia [acesso 26 dez 2005]. Disponível em: http://
portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/CES032002.pdf.
9. Cruz MM, Toledo LM, Santos EM. O sistema de informação de
AIDS do Município do Rio de Janeiro: suas limitações e potencialidades enquanto instrumento de vigilância epidemiológica. Cad Saúde Pública. 2003;19(1):81-9.
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casos de Aids no Município do Rio de Janeiro com base em
dados do sistema de informações hospitalares do Sistema Único de Saúde. Cad Saúde Pública. 1999;15(2):317-24.
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universidades na formação de profissionais na área de saúde.
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em curso de Odontologia. Revista da ABENO. 2003;4:48-56.
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em Odontologia. Revista da ABENO. 2002;2:31-4.
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Revista da ABENO • 7(2):141-6
Recebido para publicação em 09/02/2006
Aceito para publicação em 18/05/2006
42a Reunião Anual da Associação
Brasileira de Ensino Odontológico
Tema central: Projeto Pedagógico - construção alicerçada nas
Diretrizes Curriculares Nacionais
Salvador - BA - 25 a 28 de julho de 2007
COMISSÃO ORGANIZADORA LOCAL
Coordenadora:
Ana Isabel Fonseca Scavuzzi
Membros:
Ana Carla F. Carneiro Rios
Elizabeth Maria Costa Carvalho
Lydia de Brito Santos
Regina Cerqueira Wanderley Cruz
Susana Paim dos Santos
Urbino da Rocha Tunes
Vagner Mendes
Viviane Sarmento
PROGRAMAÇÃO geral
Dia 25 – QUARTA-FEIRA
• 08h30 às 17h00: Recepção e credenciamento.
• 15h00 às 18h30: Reunião das Comissões da ABENO.
• 14h30 às 19h00: Curso: “Avaliação no Processo Ensino-Aprendizagem” (inscrições limitadas).
Ministradora: Profa. Maria Mitsuko Okuda (GO)
• 20h30: Cerimônia de Abertura
Dia 26 – QUINTA-FEIRA
• 08h30 às 18h00: Oficina: “Construindo um Projeto Pedagógico”
Coordenação: Prof. Léo Kriger (PR) e Profa. Elaine Bauer Veeck (RS)
Grupo de Tutores:
Profa. Ana Cristina Barreto Bezerra (DF)
Prof. Antônio César Perri de Carvalho (DF)
Prof. Cresus Vinícius Depes de Gouveia (RJ)
Prof. Eduardo Gomes Seabra (RN)
Profa. Efigênia Ferreira e Ferreira (MG)
Profa. Hilda Maria Montes R. de Souza (RJ)
Profa. Isabela Almeida Pordeus (MG)
Prof. José Thadeu Pinheiro (PE)
Prof. Lino João da Costa (PB)
Profa. Maria Celeste Morita (PR)
Profa. Maria da Glória Chiarello Matos (RJ)
Profa. Maria Ercília Araújo (SP)
Profa. Nilce Emy Tomita (SP)
Prof. Orlando Ayrton de Toledo (DF)
Prof. Sigmar de Mello Rode (SP)
Grupo de Relatores:
Prof. Cresus Vinícius Depes de Gouveia (RJ)
Profa. Efigênia Ferreira e Ferreira (MG)
Profa. Nilce Emy Tomita (SP)
Revista da ABENO • 7(2):147-8
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Dia 26 – QUINTA-FEIRA (continuação)
Desenvolvimento da oficina:
• 08h30 às 08h45: Abertura dos trabalhos: Prof. Alfredo Júlio Fernandes Neto (MG)
• 08h45 às 09h30: “Humanização, cidadania e ética no projeto do curso de Odontologia”
Apresentadora: Profa. Mariângela Mattos (BA)
• 09h30 às 10h15: “Competências e habilidades na formação do cirurgião-dentista”
Apresentador: Prof. Samuel Jorge Moyses (PR)
• 10h15 às 12h30: Discussão em Grupo do Termo de Referência
• 12h30 às 14h00: Almoço.
• 14h00 às 14h40: “Estratégias para implementação do projeto pedagógico: vencendo os nós críticos”
Apresentador: Prof. Rui Vicente Oppermann (RS)
• 14h40 às 15h20: “DCN: elementos e dados para uma reflexão crítica”
Apresentador: Prof. Celso Zibolvicius (SP)
• 15h30 às 18h00: Discussão em Grupo do Termo de Referência
• 18h00 às 19h30: Reunião da Comissão de Relatórios e Relatores dos Grupos
Dia 27 – SEXTA-FEIRA
• 08h30 às 12h30: ENADE 2007
Apresentador: Prof Amir Limana - Representante do MEC/INEP/DAES.
• 12h30 às 14h00: Almoço
• 14h00 às 18h00: Seminário: “Ensinando e Aprendendo”
Coordenação:
Prof. Ângelo Giuseppe Roncalli C. Oliveira (RN)
Prof. Horácio Faig Leite (SP)
• 14h00 às 17h00: Apresentação dos Pôsteres
Coordenação:
Prof. Célio Percinoto (SP)
Prof. Luiz Alberto Plácido Penna (SP)
Profa. Ana Carla Rios (BA)
• Noite: Jantar de Confraternização – Restaurante Típico (mediante reserva prévia)
Dia 28 – SÁBADO
• 08h30: Reunião Plenária: apresentação e aprovação do documento final
Coordenação: Profa. Ana Isabel Fonseca Scavuzzi (BA)
• 09h30: Assembléia Geral Ordinária da Abeno
Pauta:
1. Premiação da 42a Reunião da ABENO
2. Apresentação e aprovação do local e tema da 43a Reunião da ABENO
3. Assuntos Gerais
• 12h00: Encerramento da 42ª Reunião da ABENO
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Trabalhos selecionados para
apresentação na 42ª Reunião Anual
da ABENO, 2007
Tema central: Projeto Pedagógico - construção alicerçada nas
Diretrizes Curriculares Nacionais
Salvador - BA - 25 a 28 de julho de 2007
SEMINÁRIO “Ensinando e aprendendo”
1. A utilização do portfólio como
método de aprimoramento avaliativo
em disciplinas clínicas do curso de
Odontologia da UNIFOR
Albuquerque SHC*, Nogueira CBP
A
avaliação carece urgentemente de um novo
olhar. O cotidiano de uma instituição de ensino
superior, por vezes, diminui de forma significante a
forma como discentes e docentes percebem a avaliação. O portfólio de ensino é um instrumento que
compreende a compilação dos trabalhos realizados
pelos estudantes durante um curso. Incluem-se nele
entre outros registros de visitas, resumos ou fichamentos de textos, projetos e relatórios de pesquisa e
inclui principalmente ensaios auto-reflexivos, que
permitem aos alunos a discussão de como a experiência no curso ou na disciplina contribuiu para o seu
cresimento. Este estudo pretende discutir, analisar e
refletir sobre a utilização do portfólio na disciplina
de Clínica Odontológica II do curso de Odontologia
da UNIFOR. Nos semestres 2006.1, 2006.2, 2007.1 um
grupo de cerca de 10 alunos em cada semestre foi
submetido a um processo de coleta de dados com a
utilização de um portfólio. Os alunos foram estimulados a reflexão sobre sua prática e registravam suas
percepções em planilhas próprias de acompanhamento da disciplina. Houve momentos de abordagem individual aos alunos e momentos em que a reflexão foi partilhada com o grupo. Todos os
momentos eram registrados e arquivados numa pasta
individual de cada aluno. A partir da identificação
das limitações e das habilidades de cada um, a orientadora direcionou as atividades que deveriam ser de-
senvolvidas. Ao final do processo foi estimulada uma
comparação das auto-reflexões iniciais e finais e os
alunos puderam verificar seu crescimento e seu ganho de confiança para o desenvolvimento das atividades clínicas.
O portfólio permitiu a identificação das limitações dos alunos de forma mais clara e célere o que facilitou a abordagem
na condução das atividades. A avaliação com o uso do
portfólio é um método viável de aplicação nas disciplinas
de natureza prática. O método permite ao aluno a visualização de seu progresso e a identificação de suas habilidades
e de suas limitações. O portfólio facilita a abordagem do
orientador na condução do processo ensino aprendizagem.
2. As práticas de ensino e a atenção
integral à saúde com grupos sociais
excluídos
Flores EMTL*, Pires FM, Ely HC, Cesa K, Patussi M
N
as relações em que as pessoas são vistas como
seres autônomos, as mudanças podem acontecer tanto no nível macro (política de saúde SUS),
micro (regulamentações, diretrizes dos processos de
formação) e molecular (cotidiano do processo de
formação e do cuidado) reconhecendo-se uma influência mútua entre todas. Esse reconhecimento
pressupõe a busca cotidiana de formação de uma
nova cultura pedagógica da instituição de ensino,
em que todos os envolvidos assumam o compromisso ético e político de trabalhar no sentido de pensar
um novo ensino, cujo objetivo central seja a compreensão crítica da realidade de saúde. A carência de
tecnologias e processos de trabalho apropriados à
política de saúde bucal e a realidade peculiar dos
Revista da ABENO • 7(2):149-87
149
Trabalhos selecionados para apresentação • 42ª Reunião Anual da Abeno, 2007
grupos sociais excluídos e marginalizados é o problema que responde ao Edital CNPQ-38/2004 pelo
processo 403701/2004 e que desenvolve pesquisa/
ação em acampamento do MST. O trabalho, iniciado
em 2004, tem como tema “Vigilância da Saúde: um
método de intervenção para aplicação na atenção à
saúde bucal em grupos socialmente excluídos” e foi
delineado com as características desse modelo de
atenção: territorialização e identificação de áreas,
ou grupos de risco; intervenção sobre problemas de
saúde com ênfase naqueles que requer atenção e
acompanhamento contínuo; planejamento para articulação de ações locais e intersetoriais; prevenção
e recuperação da saúde, entre outros. Foram realizadas visitas para levantamento epidemiológico, intervenções clínicas e educativo/preventivas no local,
entrevistas individuais e coletivas quanti/quali, grupos focais, oficinas com as crianças Sem-Terrinha,
em três municípios diferentes. Um curso de promotores de saúde de 40 h/aulas foi realizado pelos alunos de graduação UFRGS no Mercado Público POA
(V Semana de Saúde Bucal) para uma comunidade
indígena, quilombolas, agentes de saúde, líderes de
saúde integrantes dos acampamentos do MST. Professores e alunos da graduação da UFRGS, UNISINOS, PUC, alunos de curso de Especialização em
Saúde Coletiva, ABO e SOBRACURSOS e residentes
da Escola de Saúde Pública participaram desses encontros nos acampamentos “Unidos Venceremos”
em Arroio dos Ratos, Charqueadas e Nova Santa
Rita. Em 2007 o grupo integrou-se ao curso de Teatro do Oprimido no Assentamento Sepé Tiarajú
(Viamão) e ao curso de formação em saúde no Pedagógico ITERRA/MST (Veranópolis). O vídeo de
15 min de duração registra as imagens e áudio dessas
intervenções para contextualizar a formação dos
profissionais de saúde com orientação voltada para
a realidade social do país.
Intervenções em que professores e alunos vivenciam um processo cartográfico de conhecimento apontam para a importância da aproximação da Universidade com grupos sociais
excluídos e para a emergência de cuidados em saúde voltados para a integridade da população rural.
3. A disciplina de Bioética da FOUSP e
seu papel na implantação das Diretrizes
Curriculares
Junqueira CR*, Puplaksis NV, Ramos DLP
A
150
s Diretrizes Curriculares para os cursos de
Odontologia, propostas em 2002, têm dentre
seus objetivos o desenvolvimento da capacidade de
reflexão do graduando, a sua aproximação com a
realidade profissional e o seu exercício de acordo
com os princípios do SUS (universalidade, eqüidade
e integralidade). Na busca de atingir esses objetivos,
a disciplina de Bioética, inserida na grade curricular
dos cursos de graduação da FOUSP, diurno e noturno, em 2004, pode trazer contribuições. Com carga
horária de 45 horas, a disciplina é ministrada no
segundo semestre do curso. São ministradas aulas
teóricas para a apresentação dos conteúdos e são
realizadas aulas práticas com a leitura de textos em
pequenos grupos de alunos para favorecer a discussão sobre os temas abordados na aula teórica. O objetivo deste trabalho é apresentar os resultados já
obtidos com a implantação desta disciplina. Trata-se
de um estudo que se utilizou de metodologia qualitativa, denominado estudo de caso. O estudo de caso
é um estudo descritivo de um caso bem delimitado,
neste caso, a disciplina de Bioética dos cursos diurno
e noturno da FOUSP. Pretende-se com esta abordagem estudar algo singular, que tem um valor em si
mesmo. Descreve-se o fenômeno estudado na busca
dos seus significados e focaliza-se a realidade de forma complexa e contextualizada. A coleta dos dados
foi realizada por meio da observação participante.
Assim, uma das autoras, estagiária didática da disciplina, relatou (por meio de anotações) os efeitos das
discussões acerca dos diversos temas bioéticos (relacionamento profissional-paciente, ética em pesquisa, aborto, eutanásia, pesquisas com células-tronco,
reprodução assistida) propostas em sala de aula pelo
professor.
As principais conclusões são: 1 - a disciplina visa instrumentalizar os alunos em sua capacidade de reflexão acerca
dos grandes dilemas bioéticos e das relações interpessoais;
2 - em geral, os alunos partem inicialmente das informações
que obtêm na mídia e daquelas obtidas em virtude da influência do contexto social em que estão inseridos para justificarem suas posturas, contudo, depois das discussões
feitas em sala de aula, eles percebem a necessidade de adotarem uma postura de maior reflexão e esforçam-se para
capacitar-se em refletir; 3 - a disciplina favorece a compreensão da complexidade do ser humano para que o exercício
profissional seja pautado no respeito à dignidade humana
e assim se possa atingir a abordagem integral do processo
saúde-doença, uma das orientações das diretrizes curriculares.
Revista da ABENO • 7(2):149-87
Trabalhos selecionados para apresentação • 42ª Reunião Anual da Abeno, 2007
4. O SUS como espaço de aprendizagem:
oficina de educação em saúde bucal
realizada com os agentes comunitários
de saúde no município de Jequié - BA
Rodrigues AAAO*, Matos PES
A
s ações de promoção de saúde bucal estão inseridas em um conceito amplo de saúde que transcende a dimensão técnica do setor odontológico,
integrando a saúde bucal às demais práticas de saúde
coletiva. De acordo com as Políticas Nacionais de
Saúde Bucal, inclui trabalhar com abordagem sobre
os fatores de risco ou de proteção simultâneos tanto
para doenças da cavidade bucal, quanto para outros
agravos. A educação em saúde compreende ações
que visam a apropriação sobre o processo saúde-doença e possibilita ao usuário mudar hábitos, apoiando-o na conquista de sua autonomia. Os conteúdos
de Educação em Saúde Bucal devem ser pedagogicamente trabalhados, podendo ser desenvolvidos debates, oficinas, vídeos, palestras entre outras formas.
Nas Equipes de Saúde Bucal as atividades de promoção podem e devem ser realizadas pelo cirurgiãodentista, THD, ACD, ACS e demais membros do PSF,
as unidades de saúde constituindo-se em um novo
cenário de formação dos profissionais de saúde por
meio da educação permanente, devendo as universidades participarem da construção do SUS. Nesse
sentido, foi desenvolvida, como parte do conteúdo
das atividades práticas da disciplina Odontologia em
Saúde Coletiva I, do 4º semestre do curso de Odontologia da Universidade Estadual do Sudoeste da
Bahia, a I Oficina de Educação em Saúde Bucal, com
os temas doença cárie, doença periodontal e orientação de higiene bucal, tendo os Agentes Comunitários como público-alvo – elo entre a comunidade e
as unidades de saúde e co-responsáveis com o conhecimento sobre saúde bucal.
A oficina contou com cerca de 50 ACS, que participaram
de dinâmicas problematizadoras, possibilitando o desenvolvimento de conceitos teóricos e habilidades didáticas que
servirão de suporte para suas atividades na comunidade.
5. Atividades de extensão: otimizando
o processo ensino-aprendizagem ou
sanando deficiências?
Barros RMG*, Zafalon EJ, Pereira PZ
O
processo de evolução do ensino na Universidade mostra uma prática desvinculada das principais necessidades da sociedade, sendo necessário
se repensar e reinventar as formas como se lida com
o ensino e a aprendizagem na Universidade. A estratégia pode ser através da estruturação de atividades
que estabeleçam ou promovam situações que aprimorem o processo. As atividades de extensão constituem ações que contemplam esse requisito, visto
constituir atividades que aprimoram tanto a docência como a prática acadêmica. Além disso, representam a projeção que a instituição, de forma geral, e
os componentes desta, de forma individual, estabelecem com o meio social onde estão inseridos, instaurando um ciclo de retroalimentação, teoricamente positivo, que justificaria a existência da
Universidade na sociedade. O objetivo deste trabalho foi desenvolver análise descritiva, quali-quantitativa, sobre as atividades de extensão realizadas pela
Faculdade de Odontologia Prof. Albino Coimbra
Filho da Universidade Federal de Mato Grosso do
Sul, nos anos de 2006 e 2007. Verificou-se que nesse
período foram cadastradas 25 atividades de extensão, com carga horária total de 4.348 horas, beneficiando, em 2006, 731 pessoas; 80% das atividades
não requereram recursos financeiros da Instituição
e as linhas temáticas predominantes foram saúde e
educação. Constatou-se que as atividades acontecem, de forma predominante, concomitantemente
às atividades da graduação.
Concluiu-se que as atividades de extensão são significativas
no processo ensino-aprendizagem, porém, contribuem principalmente para sanear as deficiências de recursos humanos
da Faculdade, especialmente docentes.
6. Teleodontologia – homem virtual como
objeto de aprendizagem – técnica de
exodontia de primeiros molares decíduos
inferiores
Alencar CJF*, Sequeira E, Chao LW, Haddad AE
E
ste trabalho tem como objetivo mostrar a utilização do Homem Virtual, uma ferramenta da
Telemedicina na Odontologia, abordando os aspectos da teleducação interativa e telessaúde. O Homem
Virtual é um objeto de aprendizagem desenvolvido
pela Disciplina de Telemedicina da Faculdade de
Medicina da USP, que alia computação gráfica em
3D a conhecimento científico para representar o
corpo humano com fidelidade (anatomia e fisiologia). O Homem Virtual é eficiente para o ensino de
estudantes da área da saúde, inclusive a odontologia,
a orientação de pacientes e a educação para promoção de saúde. O programa tem aplicações em con-
Revista da ABENO • 7(2):149-87
151
Trabalhos selecionados para apresentação • 42ª Reunião Anual da Abeno, 2007
sultórios, salas de aula e na mídia com possibilidades
praticamente inesgotáveis. Atualmente cerca de
6.000 médicos brasileiros utilizam o Homem Virtual
em seu consultório para a orientação de pacientes,
ele melhora a relação médico-paciente, que passam
a entender melhor os processos da saúde humana.
Ele não substitui as aulas expositivas e as leituras de
um curso de Odontologia, mas é uma ferramenta de
apoio útil, que pode ser utilizada até no ensino a
distância. O programa pode ser útil para explicar à
população algumas funções e mazelas do corpo humano, dando às pessoas oportunidade de entender
melhor a própria saúde. Uma das grandes deficiências na formação brasileira é não ensinar sobre saúde sob o ponto de vista da cidadania. O homem
virtual pode ter aplicações não só nas faculdades de
Medicina e Odontologia, mas também nas escolas
de ensino médio. Para desenvolver o programa, “designers” gráficos se valeram de um recurso gráfico
bastante semelhante àquele utilizado para comerciais e desenhos em terceira dimensão. A “expertise”
de médicos e cirurgiões-dentistas especialistas e o
cuidado de estrategistas da educação em tornar o
produto didático para diferentes públicos-alvos foi
fundamental para conseguir um resultado eficiente.
Numa analogia, os médicos especialistas foram os
autores da obra, os profissionais da educação foram
diretores e roteiristas, e os “digital designers”, produtores e atores. A primeira etapa no desenvolvimento do homem virtual é a modelagem, onde se
dá a forma de um órgão, víscera, célula e afins. Depois, é a hora de “texturizar” a imagem, dando a ela
um aspecto que se aproxime do real. Por último, são
feitas a animação e a renderização (formação da
seqüência de quadros que resultará num filminho).
Numa parceria entre a Faculdade de Odontologia
da Universidade de São Paulo e a Faculdade de Medicina, foi desenvolvido imagens de alta qualidade
visual e didática do tópico de Exodontia de dentes
decíduos posteriores inferiores, desde a indicação,
técnica anestésica, técnica exodôntica, até a erupção
do sucessor permanente.
Este recurso educacional, como objeto de aprendizagem, proporciona a integração dos conhecimentos, desperta a curiosidade e aumenta a velocidade do aprendizado fazendo
parte de uma estrutura cognitiva moderna, onde se participa de forma consciente como sujeito do processo ensinoaprendizagem.
152
7. A utilização de dispositivos
didático-pedagógicos no ensino da
Radiologia Odontológica
Miguel LCM*, Cruz GV, Batalha WM, Schubert EW,
Àvila LFC
A
evolução dos métodos de diagnóstico e materiais
dentro da prática Odontológica vem cada vez
mais facilitando a prática da profissão. Especificamente na radiologia odontológica a evolução das radiografias digitais e ressonância magnética, além de aprimorarem a prática do diagnóstico, trazem a grande
vantagem de diminuírem drasticamente a exposição
coletiva aos Raios X. No entanto, no ensino de graduação, a disciplina de radiologia necessita, na introdução e desenvolvimento inicial das técnicas radiográficas, o uso de gerador de Raios X. A utilização
dessa radiação no Brasil é normatizada pelo Ministério da Saúde. Dosímetros de exposição aos Raios X
são utilizados por professores e técnicos do laboratório de radiologia de nossa universidade. No entanto,
a prática da disciplina de radiologia realizada pelos
alunos de graduação gera radiação, que deve ser controlada, pela própria situação de aprendizado. A utilização de fantomas ou manequins é recomendada
pelo Ministério da Saúde com intuito de diminuir a
dose de radiação proveniente de exposições deliberadas a seres humanos. A utilização deste recurso é
recomendada para diminuir os riscos de exposição à
radiação a que são submetidos professores, alunos e
pacientes no início do aprendizado da disciplina de
Radiologia Odontológica. No entanto, fantomas
odontológicos não eram encontrados no mercado
odontológico até recentemente, além do que, seu
custo é elevado. O presente trabalho mostra a construção de um dispositivo radiológico simplificado e
sua utilização no ensino. Sua finalidade é facilitar a
compreensão da técnica radiográfica interproximal.
O dispositivo possui demarcações angulares, que possibilitam ao aluno simular alterações no ângulo horizontal da técnica.
As imagens obtidas permitem relacionar as alterações angulares e as respectivas perdas ou ganhos no valor diagnóstico. Este dispositivo evita exposições desnecessárias de
pacientes em um momento em que os alunos estão aprendendo suas primeiras noções sobre este importante meio de
diagnóstico.
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8. Construindo um outro curso de
odontologia: a experiência da Faculdade
de Odontologia da UFG
Queiroz MG*, Leles CR, Rocha DG, Marcelo VC,
Ribeiro-Rotta RF
A
reorientação da formação na perspectiva das Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) do MEC
constitui um desafio na contemporaneidade. Nesse
contexto e integrando o Programa Pró-Saúde, a Faculdade de Odontologia da UFG estruturou uma Comissão de Ensino visando à criação de uma agenda
orientada para apoio, acompanhamento e avaliação
do processo de mudança curricular. A comissão tem
como um dos seus objetivos sensibilizar e qualificar
os docentes para o processo de mudança na formação
do cirurgião-dentista. No início do ano letivo de 2007
a Comissão realizou uma Oficina Pedagógica visando
a construção do Programa de Aprendizagem e do
Projeto Político Pedagógico da Faculdade de Odontologia da UFG. Um Programa de Aprendizagem tem
como fulcro o planejamento da aprendizagem do
aluno e nesse sentido é também um instrumento que
possibilita a integração das disciplinas em torno de
temas, problemas (objetos de aprendizagem), ações
ou eixos comuns, resultando em um projeto-compromisso do professor com os alunos e com o conjunto
da instituição de ensino superior. Este trabalho tem
como objetivo apresentar a experiência desenvolvida
por essa oficina de capacitação do docente da Facul-
dade de Odontologia da UFG. A oficina foi construída com o objetivo de favorecer um espaço para o
docente elaborar e discutir o Programa de Aprendizagem de sua disciplina/área/conteúdo de forma
articulada, focalizando-o no processo de aprendizagem do aluno e na consolidação da nova grade curricular do Curso de Odontologia da FO/UFG. Para
facilitar essa tarefa a Comissão de Ensino elaborou
um roteiro mínimo, explicativo dos itens que deveriam compor esse documento, que foi publicado na
página da FO/UFG. Em posse desse roteiro, os professores, dentro de suas áreas de atuação, elaboraram
os seus Programas de Aprendizagem que foram apresentados para o conjunto dos docentes. Foram convidadas duas professoras da área da pedagogia para
participar dessa apresentação com a finalidade de
avaliar a elaboração e a coerência dos mesmos a partir das mudanças propostas para o Curso de Odontologia da FO/UFG.
Essa experiência, além de ter os seus objetivos atingidos,
resultou na maior visibilidade da nova grade curricular
implantada em 2006 pelo conjunto dos professores, na revisão dos conteúdos a serem ministrados, na discussão e
construção coletiva de outras metodologias de ensino e avaliação da aprendizagem. Subsidiou a Comissão de Ensino
no processo de construção do Projeto Político da FO/UFG e
foi possível identificar as necessidades e as demandas dos
docentes visando a implementação e o gerenciamento do
processo de mudança da formação dos profissionais de saúde dentro da FO/UFG.
pôsteres
1. Possibilidades interacionais entre
Enfermagem e Odontologia no ensino
de graduação
Crivello-Junior O*, Fracolli RA, Escudero BT,
Stefani FM
O
dontologia e Enfermagem não possuem um histórico de atuarem em parceria, seja na vida profissional como na acadêmica. Tradicionalmente, a
Enfermagem atua em ações de cuidado ao paciente
e suas necessidades, tendo estabelecido com a Medicina uma parceria que resulta na otimização do atendimento do mesmo, seja no hospital ou em ambulatórios. Já a Odontologia, historicamente falando,
sempre atuou junto ao paciente de forma mais individual. A interação entre Enfermagem e Odontologia
ainda é muito incipiente, sendo realizada basicamen-
te no âmbito hospitalar, mais especificamente em
setores como pronto-atendimento e centro cirúrgico.
Se analisarmos com cuidado, há diferentes oportunidades onde a Enfermagem pode auxiliar a profissão
odontológica e influir decisivamente em sua evolução, pois trabalhando em parceria, trocam-se experiências, ampliam-se conhecimentos, favorecendo também o desenvolvimento de pesquisas para que haja
além do crescimento de tais profissionais, uma excelência de atendimento ao paciente odontológico. Nas
práticas de ensino, existem diferentes ocasiões onde
a Enfermagem pode atuar em conjunto com a Odontologia, contribuindo nas práticas de formação em
BLS (“basic life support”) ou ACLS (“advanced cardiac life support”) como parte da formação do graduando, bem como em práticas adequadas de administração de medicações IV ou IM em algumas
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disciplinas. Na observação e respeito às normas de
biossegurança, a enfermagem odontológica garante
a esterilização dos materiais para os alunos atuarem,
supervisiona a higienização adequada da clínica
odontológica, orienta os alunos em relação à prevenção da infecção cruzada, no preparo dos materiais a
serem esterilizados, no descarte adequado dos resíduos de serviços de saúde, realiza o primeiro atendimento às possíveis emergências que possam ocorrer
dentro da Clínica Odontológica.
Na Faculdade de Odontologia da USP, a partir da contratação de uma profissional graduada em enfermagem, todas
as possibilidades de interação estão sendo desenvolvidas e
otimizadas para que a formação voltada para o paciente
como um todo seja melhor enfatizada.
2. Educação em saúde bucal: uma
abordagem lúdica – UNISC
Marques BB*, Bohn D, Klein IV, Bergesch V,
Moraes RB
A
creditando que a educação é de suma importância para o desenvolvimento/manutenção de hábitos saudáveis, e cientes de que a prevenção é fundamental, o Curso de Odontologia da Universidade
de Santa Cruz do Sul (UNISC) desenvolve o Projeto
“Educação em Saúde Bucal: Uma Abordagem Lúdica”. Inicialmente o objetivo era beneficiar crianças de
até 10 anos, pois acredita-se que nesta faixa etária as
crianças estão aptas a receber e absorver os ensinamentos, assim como expressá-los na forma de hábitos,
e sendo estes corretos, a prevenção será alcançada.
Entretanto, no decorrer das atividades, outros grupos, como adultos e idosos foram incluídos no projeto. Inicialmente a inclusão de outras faixas etárias
representou um desafio, mas no desenvolvimento das
ações pôde-se perceber que o lúdico tem sua importância em qualquer etapa da vida. Assim, o diferencial
deste projeto é o uso de recursos lúdicos como fantoches, cartazes de orientação sobre a realização da
higiene bucal, quebra-cabeças, álbuns seriados, canções, macro-modelos, escovão, escovas e fios dentais,
bonecos e uma peça teatral. Os quais têm a função
de estimular o interesse dos beneficiados pelas informações sobre saúde bucal transmitidas, facilitar a sua
compreensão e estabelecer e/ou manter bons hábitos
de higiene e alimentares. Quando o trabalho é direcionado às crianças, se não estão sendo desenvolvidas
ações educativas relacionadas à saúde bucal na instituição, as atividades são divididas em etapas, através
de três encontros. O primeiro encontro é direcionado
154
a um diálogo com os beneficiados para debater temas
de saúde bucal (importância e forma correta da realização da higiene bucal, cárie dental, halitose, problemas periodontais, placa bacteriana, troca da dentição decídua para a permanente, traumatismo dental
e desestímulo aos hábitos como chupeta, sucção digital e mamadeira). Num segundo momento é realizada higiene bucal supervisionada. Para encerrar a
série de encontros é apresentada uma peça de teatro
que aborda os assuntos trabalhados de uma forma
descontraída e de fácil entendimento pelos beneficiados, onde há interação com os personagens no
decorrer da apresentação. Quando já são desenvolvidas atividades voltadas à educação em saúde bucal na
instituição, ou quando os beneficiados são adultos ou
idosos, é realizada apenas a apresentação da peça de
teatro. Neste caso, para os adultos/idosos, além dos
temas cárie dental e doença periodontal, são enfatizados os cuidados com o uso de próteses dentárias, e
especialmente a importância e como fazer o autoexame, visando o diagnóstico precoce de câncer bucal.
O projeto ganhou grande repercussão regional, sendo desenvolvido em vários municípios, e a cada atividade realizada,
surgem pedidos para a realização das mesmas em outros
locais. Os resultados do trabalho são obtidos através de questionários específicos aplicados aos participantes posteriormente à realização dos trabalhos.
3. Extensão no ensino: a aplicação do
conhecimento em cenários de prática
diversificados
Marques BB*, Gonçalves EMG, Grazziotin GB,
Reis MS, Moraes RB
A
realização de projetos de extensão no Curso de
Odontologia da UNISC (Universidade de Santa
Cruz do Sul) tem valorizado a recomendação do Ministério da Educação e Cultura, que por meio de suas
Diretrizes Curriculares Nacionais, em relação à formação profissional que é “... capacitar ao exercício
das atividades referentes à saúde bucal da população,
pautado em princípios éticos, legais e na compreensão da realidade social, cultural e econômica do seu
meio, dirigindo sua atuação para a transformação da
realidade em benefício da sociedade”. Também se
destaca que os projetos de extensão integram o conhecimento técnico-científico com a aplicação deste
em benefício da comunidade regional. Esses projetos
têm como objetivo proporcionar aos acadêmicos uma
visão ampliada da atuação do cirurgião-dentista, ofe-
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recendo oportunidades de ensinar aprendendo através do contato/integração com a sociedade. Os alunos optam pelo projeto que desejam participar, de
acordo com sua vontade. São oferecidas bolsas remuneradas e não remuneradas (voluntário). Atualmente o Curso desenvolve os seguintes projetos de extensão: Atenção à Saúde da Criança e do Adolescente;
Educação em Saúde Bucal: Uma Abordagem Lúdica;
Odontologia Hospitalar – adequação do meio bucal;
Escolares; Diagnóstico Bucal e Neoplasias; Reabilitação de Pacientes Oncológicos Submetidos à Quimioterapia e Radioterapia do Hospital Ana Nery (Santa
Cruz do Sul); Atenção em Saúde Bucal no Município
de Vera Cruz.
Através dos projetos de extensão o Curso de Odontologia da
UNISC oferece aos seus acadêmicos oportunidades de aproximação com a sociedade em diferentes situações e cenários
de prática: atuação em hospitais (setores da maternidade,
pediatria e adulto); escolas de educação infantil; escolas de
ensino fundamental; atendimento clínico para prevenção
de lesões de boca e diagnóstico precoce do câncer bucal; ações
de educação em saúde; prevenção, tratamento e acompanhamento de casos clínicos de traumatismo dentário; tratamento conservador da polpa dental; acompanhamento dos serviços da rede (postos de saúde e Programas de Saúde da
Família) e tratamento de pacientes oncológicos nas clínicas
da universidade.
4. Ensinando, pesquisando e realizando
extensão
Condeixa DC*, Lopes CMCF, Schubert EW
O
curso de Odontologia da UNIVILLE fundamentou o seu Projeto Político Pedagógico (1997)
nas novas diretrizes curriculares que estavam sendo
discutidas nas reuniões da ABENO. Nossos principais
objetivos de mudança eram: a menor fragmentação
possível do ensino e a criação de estágios que extrapolassem os muros da universidade. Na organização
da grade curricular, instituímos a disciplina de Atividades Extramuros onde os acadêmicos estagiariam
em oito campos: dois hospitais da rede pública, ambulatório do SUS, ancionato, unidade de atendimento a pacientes com necessidades especiais, centro de
atendimento a pacientes portadores de deformidades
lábiopalatais e unidade do PSF. Faltava uma comunidade carente onde os formandos pudessem relacionar a incidência das doenças bucais com o padrão
sócio-economico-cultural da população e prestar
atendimento. Para viabilizar este último campo de
estágio pensamos na criação de um programa de ex-
tensão permanente e implantamos o Programa de
Extensão “Sorria Vila da Glória” que, existindo há
quatro anos, tornou-se verdadeira prática do Art. 207
da Constituição, que diz “... as universidades obedecerão ao princípio de indissociabilidade entre ensino,
pesquisa e extensão”. Sobre esses três pilares muito
se tem teorizado, porém vivenciando experiências,
observamos estas ações totalmente dissociadas e pior,
disputando as atenções e verbas nas IES. Muitas servem a objetivos diferentes que não àquele que é a
razão do seu existir, a constante melhoria da capacitação ética e formativa dos acadêmicos. O ensino, a
pesquisa e a extensão existem, em algumas universidades, voltados cada um para si mesmo, mostrando
estatísticas de suas realizações, sem analisar o que
realmente concretizaram na formação do acadêmico.
Tentando encontrar uma nova compreensão da prática da integração destes pilares nos reportamos às
definições dessas três ações básicas e notamos que não
encontraremos dificuldade em entendermos o que
seja “ensino superior”, nem tampouco será difícil
compreendermos as ações da “pesquisa acadêmica”,
mas quando buscamos entender a “extensão universitária” encontramos diferentes conceitos. A extensão
universitária pode oportunizar a integração dos três
pilares da universidade e fechar o ciclo onde a pesquisa aprimora e produz novos conhecimentos, os
quais são difundidos pelo ensino e a extensão que por
sua vez produz pesquisa, aprendizagem através do
fazer e insere a comunidade como norteadora das
necessidades dos saberes para que estes revertam em
benefício do desenvolvimento de tudo e de todos. O
Programa “Sorria Vila da Glória”, atuando em várias
frentes de trabalho, oferece oportunidades de estágio
e bolsas de estudo aos acadêmicos, independente do
ano que estejam cursando, realizando verdadeira integração entre ensino, pesquisa e extensão universitária.
Um programa de extensão universitária bem planejado e
orientado proporciona um espaço ideal para o exercício do
ensino-aprendizagem atual da odontologia.
5. Proposta da FOP/UNICAMP para o
programa Pró-Saúde
Pereira AC*, Meneghim MC, Mialhe FL, Sousa MLR
O
Objetivo deste estudo é apresentar a proposta
da Faculdade de Odontologia de Piracicaba
(UNICAMP) para o Programa Nacional de Reorientação da Formação Profissional em Saúde - Pró-Saúde
(Portaria interministerial nº2101 – Art. 1º), projeto
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este contemplado em Dezembro de 2005. Apresentase, inicialmente, a situação atual da instituição frente
aos vetores: a) Orientação Teórica, b) Cenário de Prática e, finalmente, c) Orientação Pedagógica, além de
tecerem-se comentários sobre qual seria a situação
desejada e as estratégias de ensino que começarão a
ser implementadas a partir do ano de 2008. Descrevem-se as sugestões relativas à mudança curricular,
com ênfase na reestruturação de disciplinas com
maior interdisciplinaridade; criação de mecanismos
de participação de graduandos em atividades comunitárias com prática clínica em diversos cenários de
prática; e, finalmente, as formas de integração entre
a universidade e os gestores municipais de saúde, com
o objetivo de fortalecer o SUS. As formas de participação docente no projeto, bem como os programas
comunitários desenvolvidos pela Instituição e, conseqüentemente, as formas de participação discente nos
mesmos, serão apresentadas.
A implementação da proposta do projeto para o programa
Pró-Saúde poderá melhorar qualitativamente a questão do
ensino de graduação na FOP/UNICAMP, propiciando uma
aproximação dos princípios teóricos acadêmicos com a prática clínica comunitária desenvolvida nos seviços públicos
de saúde.
6. Variabilidade na detecção da lesão
cariosa e plano de tratamento para
superfícies oclusais realizados por
graduandos do último período de um
curso de odontologia
Mialhe FL*, Alves WF, Silva RP, Pereira AC,
Meneghim MC
A
s mudanças observadas no padrão de desenvolvimento da cárie dentária têm gerado maiores
dificuldades para os clínicos detectarem com precisão
a presença e extensão da lesão cariosa e também dúvidas em relação às decisões de tratamento. Apesar
da importância do tema, pouco se sabe desta problemática em alunos de cursos de odontologia. Desta
forma, o objetivo deste estudo foi avaliar a concordância interexaminador acerca da detecção da lesão
cariosa e decisão de tratamento para cárie oclusal
entre graduandos do último ano de um curso de
odontologia. Vinte dentes posteriores permanentes
sem cavitações aparentes foram montados em um
manequim odontológico e radiografados pela técnica
“bitewing”. Todos os acadêmicos (61) do último período de um curso de odontologia do interior do
estado de São Paulo avaliaram estas superfícies, por
156
meio de exame clínico-radiográfico, realizaram a detecção de cárie e sugeriram um plano de tratamento
para cada uma delas. A concordância interexaminador foi obtida a partir da estatística Kappa. Verificouse que a concordância interexaminador para a detecção de cárie (κ = 0,54), a determinação de sua
atividade (κ = 0,50) e para a tomada de decisão clínica (κ = 0,52), foi considerada moderada para os critérios avaliados. A modalidade de tratamento nãoinvasivo mais recomendada foi o selante resinoso
(35,31%), enquanto que restaurações com resina fotopolimerizável foi a estratégia invasiva mais recomendada (71,08%).
Portanto, os resultados evidenciam a necessidade de estratégias de ensino/aprendizagem baseadas em treinamentos/
calibrações constantes dos acadêmicos para minimizar estas
variações, contribuindo para a formação de um profissional
dentro da filosofia de promoção de saúde. Sugere-se a adoção
deste tipo de metodologia como instrumento para se avaliar
este tipo de problemática entre os graduandos.
7. O mercado de trabalho de
profissionais egressos do Curso
de Odontologia da Universidade
de Fortaleza
Noro LRA*, Nogueira AS
O
mercado de trabalho na área odontológica sofreu significativas alterações ao longo dos últimos anos. Em função disto, o presente estudo buscou
identificar como tem se dado a inserção dos egressos
do Curso de Odontologia da Universidade de Fortaleza neste mercado de trabalho. Para desenvolvimento desta pesquisa, de caráter quantitativo, foi utilizado
questionário estruturado respondido por ex-alunos
do Curso de Odontologia da Universidade de Fortaleza durante o II Congresso Internacional de Odontologia, em maio de 2006, na cidade de Fortaleza.
Visando composição adequada da amostra foram estabelecidos erro aceitável de 5%, nível de confiança
de 99,9% e prevalência de 25% dos eventos pesquisados. Considerando-se um total de 600 egressos, a
amostra foi composta de 58 egressos que compareceram ao “stand” da Universidade de Fortaleza, sendo
74,1% dos respondentes do sexo feminino. De acordo
com a análise dos dados, 53,4% dos entrevistados
apresentam vínculo com o serviço público e 72,4%
possuem consultório próprio. Daqueles que mantêm
relação com o serviço público 61,3% realizam suas
atividades no interior do Estado do Ceará enquanto,
dos que estão fora do serviço público, 85,2% têm suas
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atividades na capital. A satisfação com a profissão esteve presente nas respostas de mais de 65% dos entrevistados, independente da idade, gênero e tempo
de formado. Apenas 6,9% declaram-se insatisfeitos
com a profissão, apesar de 56,9% declararem que a
renda mensal é inferior ao esperado. Em relação à
média salarial 80% dos homens e 72,7% daqueles com
cinco a oito anos de formado apresentaram renda
salarial maior que R$ 2.000,00.
O Programa Saúde da Família, principal empregador do
serviço público de saúde, tem propiciado aos municípios do
interior do estado de Ceará um aporte maior de cirurgiõesdentistas, permitindo um maior acesso a esta população ao
tratamento odontológico e à prevenção de doenças bucais.
Os cirurgiões-dentistas do sexo masculino apresentaram no
presente estudo maior possibilidade de atingir uma renda
mais satisfatória, quando comparados com as mulheres. Da
mesma forma, quanto maior o tempo de formado, melhor a
perspectiva de se atingir uma melhor renda salarial. A satisfação com a profissão, identificada na maioria das respostas dos participantes da pesquisa, não está necessariamente ligada ao componente renda salarial mas a outros
elementos tais como fazer o bem ao próximo, resolver problemas de saúde e sentir-se importante para os pacientes.
8. Resultados preliminares da aplicação
do Teste do Progresso na FOUSP: o
ganho cognitivo do aluno ao progredir
no curso
Crivello-Junior O*, Maltagliati LA, Araujo ME
D
amos continuidade a apresentações de resultados preliminares conseguidos pelo Teste do Progresso realizado anualmente desde 2004. O Teste do
Progresso é uma forma de avaliação longitudinal, ou
de formação, do cognitivo e é assim chamado pelo
fato de se repetir ao longo do tempo (Rev. ABENO,
2005 e 2006). O modelo de avaliação aplicado anualmente é uma prova em forma de teste, com 80 questões com 5 alternativas sem a opção nenhuma das
anteriores. As questões foram elaboradas por professores das disciplinas e o conteúdo solicitado é de temas vitais para a formação generalista. A prova anual
foi aplicada aos alunos do primeiro ano em 2004; em
2005 para os alunos do primeiro e segundo ano; 2006
englobou os alunos do primeiro, segundo e terceiro
anos do curso integral. Ainda que os resultados preliminares indiquem que o ganho cognitivo dos alunos
é crescente já há algumas indicações de que os alunos
têm dificuldade em reter algum conhecimento adquirido no primeiro ano. Este fato pôde ser demonstra-
do pela análise específica de questões de Bioética e
Metodologia Científica, disciplinas do primeiro ano
do curso e que tomamos neste momento inicial de
análise como exemplos. O resultado relativo a essas
questões parece indicar que começa a haver uma falta de segurança do aluno em apontar conclusivamente a resposta correta. Para isso analisamos o quadro
relativo de como o aluno decidiu sua resposta com as
seguintes opções: resposta assinalada com certeza,
através da dedução e, como terceira opção, o chamado “chute”. Esse quadro é preenchido pelos alunos
paralelamente e no mesmo momento em que ele está
respondendo aos testes. Ao mesmo tempo poder-se-á
analisar a qualidade do teste elaborado e verificar com
esse cruzamento se esta perda de certeza se deve à
falta da retenção do que foi anteriormente aprendido
ou se deve à elaboração do teste.
O Teste do Progresso que é aplicado no curso de Odontologia
da FOUSP vem alcançando seus objetivos primários e mostrando que o aluno mantém seus conhecimentos cognitivos
ao longo do curso mesmo havendo uma certa separação
entre ciclo fundamental e clínico. Há indícios, porém, de
insegurança em algumas respostas analisadas de disciplinas que o aluno cursou em semestres anteriores. Trabalhar
esse ponto é um desafio que merecerá discussões e estudos
complementares.
9. Representações sociais dos
estudantes de graduação da Unimontes
sobre o mercado de trabalho em
Odontologia
Abreu MHNG*, Costa SM, Bonan PRF, Durães SJA
A
Odontologia vivencia mudanças no mercado de
trabalho. A crise no mercado e a escassez de estudos qualitativos sobre o tema justificaram esta pesquisa, que objetivou analisar as representações sociais dos
alunos da Universidade Estadual de Montes Claros,
Unimontes, em relação ao curso e o mercado de trabalho em Odontologia. Após aprovação pelo Comitê
de Ética, realizou-se um estudo piloto. Para o estudo
principal, a seleção da amostra foi a probabilística casual simples, estratificada, definida pelo critério da
reincidência dos dados. Estudantes de ambos os gêneros e de todos os períodos do curso participaram do
estudo. O método usado para coleta de dados, em
2006, foi a entrevista semi-estruturada. Através da técnica híbrida de análise de conteúdo, identificaram-se
categorias, cujas variáveis foram analisadas. Segundo
os discentes, o curso favorece inserção no mercado de
trabalho devido ao conceito obtido nas avaliações do
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MEC e a integração entre ensino e serviço. No entanto, a infra-estrutura do curso é apontada como uma
deficiência para a inserção no mercado. Quando se
compara o mercado de trabalho em Odontologia com
o de outras áreas da saúde, observa-se que a odontologia é percebida como aquela com maiores dificuldades
devido à relação oferta/procura, desvalorização da
profissão e “saturação” do mercado. Dentre os requisitos para se sobressair no mercado, os discentes comentam sobre a escolha da região de atuação profissional e a importância da inserção no setor público.
Concluiu-se que, para os alunos, o mercado de trabalho em
Odontologia apresenta maiores desafios do que em outras
profissões da saúde. Entretanto, a integração ensino-serviço
da universidade e a oferta de empregos no setor público são
percebidas como fatores facilitadores para inserção no mercado de trabalho atual para o cirurgião-dentista.
10. Protocolos de atendimento clínico
da disciplina de clínica odontológica
integrada – UNIARARAS
Braga LCC*, Bozzo RO, Scatolin GC, Bueno JC,
Zan FN
A
Disciplina de Clínica Odontológica Integrada é
responsável pela sistematização dos conhecimentos teóricos, laboratoriais e clínicos adquiridos
ao longo do curso de odontologia, sendo sua aplicação capaz de atender a todas as necessidades de atenção odontológica aos pacientes, nos modos de educação em saúde, prevenção, diagnóstico, emergências
e atendimentos domiciliares. Para que o profissional
em Odontologia consiga efetivar sua organização e
entendimento de todas as disciplinas pré-curriculares
alguns fatores tornam-se importantes na correlação
da obtenção de resultados satisfatórios. Os autores
têm por objetivo demonstrar a sistemática prévia para
o atendimento clínico, suas principais características
e implantação dos processos de triagem, avaliação de
exames complementares, prevenção, plano de tratamento geral e específico na busca dos recursos pedagógicos para a formação de um profissional generalista, com prática humanística e capaz de atuar em
nível comunitário, com eficácia e consciência.
Concluiu-se que o processo integrado de avaliação prévia
para início dos planos de tratamentos propostos faz-se necessário ao entendimento clínico para a formação acadêmica com a real necessidade de uma avaliação profunda dos
aspectos do ensino odontológico no Brasil e, à junção de
todos esses elementos, além de aumentar a produtividade,
cria o caráter de organização, sendo responsável pela me158
lhoria na qualidade de vida desses profissionais e pacientes
em todo o processo gerando um futuro profissional com vivência clínica a fim de que se possa diagnosticar, planejar
e avaliar os casos clínicos.
11. Clínica integrada odontológica:
perfil de atendimento versus expectativa
dos pacientes
Braga LCC*, Bozzo RO, Arebalo IR, Rocha MM,
Zan FN
A
s Instituições de ensino odontológico, bem como
de qualquer outra atividade profissional, surgiram em decorrência dos problemas e necessidades
vividos pela sociedade. O surgimento de uma profissão
regulamentada por leis que legitimam as pessoas ao
seu exercício, e apoiada em Códigos de Ética que resguardam a relação dos profissionais com os pacientes,
delimitados por direitos e deveres, promove a harmonia social. Quanto às decisões referentes à seleção e ao
tratamento dos pacientes dentro de uma instituição de
ensino, este é um tema que envolve muitas dificuldades
e questionamentos, correlacionando o ponto de vista
do ensino e da pesquisa com os aspectos éticos. Estas
decisões, ao serem tomadas, devem ter embasamento
científico e objetivar primordialmente o benefício do
paciente. As Instituições de Ensino Odontológico,
além do seu papel formador, são fonte geradora de
conhecimento científico e tecnológico para a humanidade, devendo acompanhar as mudanças tecnológicas
e desenvolver técnicas avançadas, sem desprezar o pioneirismo científico, adequando-o, entretanto, à realidade das necessidades sociais e do poder aquisitivo da
população e acompanhando as transformações econômico-sociais do país. O objetivo desta pesquisa é revelar
diferentes dimensões da relação acadêmico-paciente
na Clínica Odontológica Integrada, descrevendo: perfil sócio-econômico-cultural, noções de responsabilidade aos atendimentos, satisfação, organização e
aprendizado. A abordagem realizada foi qualitativa,
com técnica de entrevista entre os pacientes realizadas
por acadêmicos do 3º semestre nos atendimentos clínicos dos acadêmicos do 5º semestre.
Conclui-se que há uma diferença socioeconômica-cultural
entre os pacientes que necessitam de atendimento clínico. A
natureza da relação ainda é prioritariamente técnica, porém
incorporando valores éticos e humanísticos que podem ser
trabalhados dentro do ambiente clínico, tendo um abrangente reconhecimento no trabalho desenvolvido pelos acadêmicos na atenção à saúde e prevenção com elevada satisfação manifestada pelos pacientes em atendimento.
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Trabalhos selecionados para apresentação • 42ª Reunião Anual da Abeno, 2007
12. Caracterização do atual aluno
de Odontologia da Universidade de
São Paulo
Favoretto DT*, Crivello-Junior O, Araujo ME,
Lemos JBD
P
olíticas sociais de ingresso para a Universidade
de São Paulo foram introduzidas em 2007. Através dessa política a universidade pretende aumentar
o percentual de alunos originados das escolas públicas
em seus diferentes cursos. Visto que, atualmente, esse
perfil de alunos é a minoria nos cursos da USP. A
Odontologia se insere nesse contexto tendo recebido
alunos com este perfil no ano de 2007. A preocupação
que se impõe para o futuro agora é a manutenção
destes alunos no curso evitando-se que aumente a
evasão do curso de Odontologia que se mantém pequena há muitos anos. Com vistas a fornecer informações que servirão de subsídios para políticas universitárias propomos neste trabalho avaliar o perfil do
aluno da Odontologia da USP segundo os seguintes
fatores: origem e perfil escolar; procedência e tempo
de ingresso necessário para aprovação no vestibular
após o encerramento de seus estudos no ensino médio. Dessa forma, partir desses dados possibilita-se
uma discussão se esses alunos provenientes das políticas de inclusão estão realmente em condições de se
adequarem às necessidades do curso de odontologia.
Os dados foram obtidos através dos dados escolares
dos ingressantes na Odontologia da USP desde o ano
de 2003 até 2007, em um total de 750 alunos, fornecidos tanto pelos alunos à instituição como pela FUVEST. Alunos de intercâmbio foram excluídos do
levantamento de dados, visto que esses são selecionados por um processo peculiar do país de origem, não
passando pelos exames vestibulares da USP. Quanto
aos dados obtidos, nota-se a predominância de alunos
provenientes de escolas particulares e residentes em
áreas nobres da cidade de São Paulo. Quanto aos alunos de escolas públicas, pode-se notar que há um
maior tempo entre o término do ensino médio e o
ingresso na Universidade, conseqüentemente, iniciando o curso de odontologia com mais idade do que
os demais. Outro dado interessante é a quase inexistência de alunos oriundos de outras cidades e que
tenham cursado o ensino médio em escola pública.
As discussões sobre as políticas sociais de ingresso na Universidade ganham novos conteúdos e bases, mas deverão ser
alicerçadas sobre novos estudos para avaliação não somente do acesso mas da continuidade desses alunos na Faculdade de Odontologia.
13. As atividades de Estágio
Supervisionado em ambiente hospitalar:
experiência do curso de Odontologia do
Centro Universitário Newton Paiva
Mendonça SMS*, Abreu MHNG, Parreiras PM,
Pereira JAM, Aguiar FTR
O
estágio supervisionado nos cursos de Odontologia permite que o discente entre em contato
com o sistema de saúde, conhecendo seu contexto
profissional e atuando de forma interdisciplinar. Com
este propósito, o curso de Odontologia do Centro
Universitário Newton Paiva tem em sua dinâmica curricular o conteúdo de Estágio Supervisionado IV, oferecido aos discentes do nono período de graduação.
Sua carga horária totaliza 240 horas, das quais 160 são
destinadas às atividades práticas e 80 ao conteúdo
teórico. As atividades práticas acontecem nas modalidades rural e metropolitana. Este trabalho objetiva
relatar a experiência da disciplina de Estágio Supervisionado IV especificamente no Hospital São Bento,
em Belo Horizonte - MG. O Hospital São Bento é um
dos locais de prática da modalidade metropolitana.
Esse é um Hospital privado, conveniado com o SUS,
com 78 leitos e ênfase no tratamento ortopédico e de
traumatologia. Neste local, os alunos desenvolvem
algumas atividades de Odontologia Hospitalar em
atenção primária, atuando em conjunto com os demais profissionais. Os usuários internados no hospital, incluindo aqueles do CTI, recebem cuidados básicos em saúde, tais como exame clínico da cavidade
bucal, atividades educativas e atendimento clínico
emergencial. Esse trabalho visa melhorar a qualidade
de vida do indivíduo hospitalizado, bem como evitar
que problemas bucais interfiram em seu tratamento.
Tais cuidados também podem prevenir e tratar alterações bucais associadas às doenças preexistentes ou
decorrentes de uso de medicação. Paralelamente, os
discentes atuam como multiplicadores, informando
e capacitando a equipe de enfermagem deste Hospital para executar, da forma mais adequada, a limpeza
da cavidade bucal dos pacientes internados, respeitando-se o grau de incapacidade de cada um. Além
disso, é realizado o atendimento odontológico clínico, em atenção básica, aos funcionários do Hospital.
As atividades do conteúdo de Estágio Supervisionado
IV possibilitam que o discente enfrente a realidade
profissional, inserindo-o em programas de atendimento ao público, estimulando sua autoconfiança,
melhora de suas habilidades técnicas, capacidade
diagnóstica e planejamento clínico, procurando de-
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senvolver seu senso crítico e ético. A disciplina também visa contribuir para o crescimento pessoal dos
discentes, acompanhando-os e auxiliando-os no enfrentamento de situações de desafio e conflitos.
No caso da prática no Hospital, acredita-se que essa experiência possibilita que o futuro cirurgião-dentista seja preparado para atuar em ambiente hospitalar, colaborando para
uma atenção integral ao paciente, bem como para a diminuição de custos e média de permanência hospitalar.
14. Estágio Supervisionado IV: relato da
experiência do curso de Odontologia do
Centro Universitário Newton Paiva
Mendonça SMS*, Abreu MHNG, Brasileiro CB,
Zocratto KBF
O
curso de Odontologia do Centro Universitário
Newton Paiva tem como objetivo a formação de
um profissional com sólido embasamento técnicocientífico, ético e humanista. Seu programa de estágio
supervisionado proporciona a complementação do
ensino e da aprendizagem, ampliando a vivência dos
acadêmicos nas diversas áreas da Odontologia. Desenvolve-se de forma articulada e com complexidade
crescente ao longo do processo de formação, de acordo com as Diretrizes Curriculares Nacionais. Assim,
as disciplinas de estágio supervisionado estão distribuídas na estrutura curricular do curso desde o primeiro período. No último semestre de graduação, o
mencionado programa é finalizado com a disciplina
de Estágio Supervisionado IV, quando os acadêmicos
são inseridos no contexto profissional, saindo de práticas realizadas exclusivamente dentro do espaço físico formal para atividades extramuro. O Estágio IV é
realizado em duas modalidades. A primeira na forma
de internato rural em cidades localizadas no interior
do estado de Minas Gerais (Belo Vale, Congonhas,
Pequi) e a outra como estágio metropolitano, realizado em centros de atenção odontológica da região
metropolitana de Belo Horizonte, pertencentes às
entidades parceiras como a Paróquia Nossa Senhora
Rainha, Fundação CDL, Cidade dos Meninos São Vicente de Paulo e Hospital São Bento. Tem como objetivo geral permitir que o aluno atue atendendo à
população assistida pelas instituições parceiras, conhecendo sua realidade de vida e focando-se principalmente nas questões de saúde bucal. Isso permite
a troca de conhecimentos, experiências e serviços
entre alunos, população e serviço de saúde, estimulando o raciocínio crítico do discente na medida em
que o integra na comunidade. A carga horária do
160
conteúdo é de 240 horas, divididas em 80 horas de
atividades teóricas e 160 horas de atividades práticas.
Dentro das atividades teóricas são trabalhados os conteúdos de Políticas de saúde, SUS, legislação em saúde, promoção/educação em saúde bucal, relacionamento/conflitos interpessoais, diagnóstico pulpar e
condutas emergenciais. Como prática, são realizados
atendimentos clínicos em atenção básica e procedimentos coletivos de promoção/educação em saúde
bucal. Ao final das atividades, é realizado um grande
seminário onde os alunos dividem as experiências
vivenciadas, levantando pontos positivos e pontos de
alerta sobre o local de estágio, seu desempenho como
discente, a situação da saúde no Brasil, organização
de serviços, dentre outros. Neste momento, procuram apontar possibilidades inteligentes e reais para
solucionar grandes impasses da área da saúde.
Tem sido constatado que a disciplina proporciona um amadurecimento profissional e pessoal importante para os acadêmicos. Além disso, essa vivência possibilita o conhecimento dos serviços de saúde bucal e de habilidades e atitudes
que vão ao encontro das políticas nacionais de saúde bucal
e das diretrizes curriculares nacionais para os cursos de
odontologia.
15. A Avaliação dentro do processo de
ensino-aprendizagem nas Disciplinas
de Atividades Clínicas do curso de
graduação em Odontologia da Univille
tendo como referência as DCN
Miguel LCM*, Andrades KMR, Madeira L,
Barbosa MC, Ávila L
A
partir da elaboração e orientação das Diretrizes
Curriculares Nacionais (DCN) dos Cursos de
graduação em Odontologia novas propostas, inovações e mudanças têm ocorrido na formação destes
alunos. A criação do curso de Odontologia da UNIVILLE introduziu o conceito de clínicas integradas
por níveis de complexidade, com o objetivo de formar
um profissional cirurgião-dentista com o perfil tendo
como referência estas DCN. Procura-se dar ao egresso do Curso de odontologia da UNIVILLE um perfil
“generalista, com formação humanista, crítica e reflexiva, para atuar em todos os níveis de atenção à saúde,
com base no rigor técnico e científico, pautado na
ética e nos princípios legais, compreendendo a realidade socioeconômica do seu meio, de forma a atuar
transformando esta realidade em benefício da sociedade”. Dentro deste preceito, uma das maiores dificuldades do processo de ensino-aprendizagem den-
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tro das disciplinas de Atividades Clínicas é o conceito
da Avaliação do discente. Constitui-se um desafio pedagógico, dentro da quantidade de informações acumuladas ao longo dos cinco anos de curso, como
avaliar este aluno. Não podemos considerar mais cada
aluno como um depósito de informações, como possuindo um “disco rígido” com “gigabytes” de informações acumuladas em todas as disciplinas efetivamente desenvolvidas nas Atividades Clínicas em suas
várias complexidades. Esta avaliação deve levar em
conta o perfil estabelecido nas DCN, contemplando
também todos os aspectos relacionados ao aprendizado. Mais do que memorizar a quantidade de informações colocada a sua disposição no decorrer do
curso, o aluno deverá através da avaliação teórica, ter
a capacidade de saber como e onde buscar as informações que o ajude na resolução de seus problemas
clínicos. A avaliação individual deve compreender a
atuação do aluno no atendimento aos pacientes e
todos os aspectos relacionados a esta atividade. A avaliação qualitativa é determinada em conselhos de
classe, onde todos os professores orientadores manifestam aspectos como ética, acolhimento, responsabilidade com os horários e prontuários.
Assim todo o conjunto do processo de avaliação assegura
a formação do egresso com o perfil proposto. Esta abrangência qualitativa e quantitativa no processo de avaliação
confere uma visão mais completa do aluno, possibilitando
possíveis correções no aprendizado mais facilmente. O objetivo deste trabalho é apresentar o processo de avaliação
empregado nas disciplinas de Atividades Clínicas do curso
de graduação em Odontologia da UNIVILLE, tendo como
referência as DCN.
16. Mudança de paradigma: uma nova
classificação de cavidades inserida no
ensino da dentística restauradora
Miguel LCM*, Schein MT, Schubert EW, Cyrino L,
Madeira L
A
odontologia restauradora tem se baseado por
mais de um século na classificação de cavidades
proposta por G. V. Black. Com o passar dos anos e
principalmente a partir do final do século XX, a odontologia restauradora teve um grande desenvolvimento
na área de materiais e técnicas restauradoras. Aliado
a este desenvolvimento de materiais e técnicas restauradoras, um melhor entendimento do processo de
desmineralização e remineralização dental proporcionou que as cavidades se limitassem à remoção dos tecidos irreversivelmente desorganizados. Reflexo, pelo
menos em parte, dos limitados equipamentos e materiais daquela época, essa classificação apresenta limitações que, para o estágio atual da odontologia, estão
cada vez mais relevantes. Tornou-se possível, cada vez
mais, devolver forma, função e estética aos elementos
dentais com uma mínima invasão e perda dental. Nos
preparos atuais a forma da cavidade tende a ser limitada aos tecidos irreversivelmente desorganizados e
não passíveis de remineralização, não correspondendo a uma forma de preparo cavitário pré-estabelecida.
Atualmente, não há “preparo padrão”. Se antes se pensava em extensão para prevenção, hoje falamos em
prevenção de extensão. Com esta mudança de paradigma Mount e Hume, em 1997, propuseram um novo
sistema para classificar as lesões de cárie, que segundo
os autores está mais em sintonia com o estágio atual
da dentística restauradora. Mais conservadora, direcionada à mínima remoção tecidual e voltada à máxima
preservação dos tecidos dentais. Esta nova proposta de
classificação de cavidades demonstra a evolução da
filosofia preventiva dentro da odontologia restauradora em sintonia com os novos materiais que proporcionam uma redução acentuada do desgaste de estruturas
dentais nos modernos preparos cavitários.
Esta nova proposta de classificação de cavidades inserida
no ensino de dentística restauradora apresenta uma visão
moderna e atual frente aos conhecimentos adquiridos recentemente em relação ao processo de cárie e as decisões que
envolvem sua abordagem. A introdução, no ensino da dentística restauradora, desta nova classificação de cavidades
tem propiciado aos alunos uma visão mais conservadora
dos preparos cavitários. Possibilita a incorporação, pelo
aluno, de preparos menos invasivos e mais adequados aos
modernos procedimentos restauradores adesivos atuais.
17. A influência da mudança curricular
na percepção da cárie dentária pelos
egressos do curso de odontologia das
Faculdades São José
Hayassy A*, Costa PMC, Nacao MS, Freitas VV
O
estudo propõe uma reflexão sobre o quanto a
recente mudança curricular que valoriza a saúde
coletiva e a promoção de saúde pode influenciar a
visão dos profissionais que estão sendo inseridos no
mercado de trabalho. Busca-se entender como a percepção da cárie dentária refletiria a postura desses
profissionais frente à realidade da saúde bucal da população. Atuar promovendo saúde de fato, compreendendo todos os fatores determinantes no processo
de saúde-doença ou “esperar” que a doença prevale-
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ça, para apenas restaurar e “curar”? As atitudes, valores e orientações, por parte dos professores, constituem características fundamentais que permitem ao
aluno de hoje a construção do profissional de amanhã. “O papel central dos Recursos Humanos é reconhecido universalmente e reflete o que a prática
odontológica foi, é, e pode vir a ser”. Portanto, tornase estratégico identificar a percepção da cárie dentária dos profissionais que estão sendo inseridos no
mercado de trabalho, apresentar os principais fatores
determinantes que atribuem a esse processo e relacionar com o currículo adotado desde 2002 e ao perfil profissional almejado pelo MEC e pelo SUS. O
campo de investigação foi a Faculdade São José no
Rio de Janeiro. Os sujeitos foram 27 egressos em 2006,
pertencentes às duas primeiras turmas formadas a
partir da mudança do currículo. Os dados foram coletados através de um questionário aberto, analisados
a partir de uma abordagem qualitativa. Mais de 85%
dos egressos privilegiaram a determinação biológica
da cárie. Cerca de 50% a conceituaram somente como
resultado da ação de microorganismos e apenas 12%
como uma doença multifatorial. A escovação inadequada foi o principal fator atribuído ao processo de
cárie dentária. Os fatores educacionais e estilo de vida
foram citados apenas por 6% dos alunos.
Assim, percebemos que somente a mudança curricular não é
capaz de modificar a situação do ensino odontológico. O enfoque reducionista e fragmentado do objeto boca, que caracteriza até os dias atuais o saber acadêmico odontológico reforçou
a reprodução desses valores. Ainda parece um grande desafio
compreender a cárie dentária em uma visão integral, onde
temos que enxergar o ser humano “humanamente”, inserido
em um contexto social e produto da sua história de vida. Sem
essa percepção da totalidade a prática do profissional de saúde continuará fragmentada e falha. O papel dos recursos
humanos deve ser valorizado no processo de formação do aluno da graduação e reconhecido como um verdadeiro instrumento para desenvolver um novo perfil profissional consciente e crítico da sua realidade e capaz de exercer seu papel de
promotor e transformador da saúde bucal da população.
18. A importância dos conhecimentos
em bioética pelos alunos de graduação
de uma Faculdade de Odontologia
de São Paulo sobre a qualidade dos
atendimentos que realizam
Puplaksis NV*, Junqueira CR, Ramos DLP
O
atual modelo acadêmico não corresponde mais
de modo satisfatório às necessidades atuais, sen-
162
do carente em reflexões éticas e sobrecarregado em
desenvolvimento de procedimentos técnicos, o que é
muito preocupante para o processo de aprendizagem.
Além do prejuízo para o processo de formação do aluno, este modelo traz conseqüências ruins também para
os pacientes, como a redução de sua autonomia e o
reducionismo da pessoa em objeto. Este estudo teve
como objetivos: avaliar a importância do conhecimento ético pelos alunos de graduação, em uma Instituição
de Ensino de Odontologia de São Paulo, na qualidade
dos atendimentos que realizam e verificar a qualidade
do atendimento odontológico, na mesma Instituição,
por avaliação feita pelos pacientes em tratamento. Um
questionário semi-estruturado foi aplicado a 70 alunos
abordando o conhecimento sobre Bioética oferecido
pela Faculdade na qual estudam. Outro questionário
foi aplicado a 50 pacientes abordando a qualidade do
serviço odontológico oferecido pelos alunos de graduação. As respostas foram anotadas e avaliadas qualitativamente. Na apresentação dos resultados foi feita a
exposição das interpretações relativas às percepções
dos estudantes e dos pacientes, identificando possíveis
aproximações ou divergências nos relatos. A pesquisa
foi submetida e aprovada pelo CEP da FOUSP (Parecer
CEP nº 06/04) e recebeu bolsa de Iniciação Científica
pela FAPESP, processo 04/04486-6.
Concluiu-se que: 1) nem todos os pacientes estão sendo adequadamente informados sobre o tratamento odontológico pelo
qual estão passando, caracterizando uma comunicação desqualificada; 2) há um tipo de postura submissa encontrada
nos pacientes entrevistados que possui, provavelmente, raízes
culturais e/ou sociais, refletindo negativamente na qualidade do atendimento odontológico; 3) observou-se a presença de
atitudes paternalistas na conduta de professores e alunos com
relação ao atendimento de pacientes, que autoritariamente
impõem suas decisões, sem consultar o paciente, o que caracteriza uma forte influência do modelo hipocrático no processo
de aprendizagem dos alunos dessa Instituição de Ensino de
Odontologia de São Paulo; 4) as formas de obtenção de conhecimento sobre o relacionamento profissional/paciente não
incluem as aulas teóricas oferecidas na graduação; 5) a Bioética é algo desconhecido por quase todos os alunos entrevistados; 6) os alunos dessa Instituição de Ensino de Odontologia de São Paulo estão se desenvolvendo num meio que não
privilegia a ação de ouvir e compreender a pessoa doente e
que limita a autonomia do paciente; 7) a qualidade do atendimento pode ser considerada tolerável, com evidências de
que necessita ser melhorada sob alguns aspectos, principalmente no que se refere ao direito do paciente de ser informado
sobre seu quadro clínico e as hipóteses de tratamento, para se
obter um honesto e verdadeiro consentimento.
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19. Orientação de Trabalho de Conclusão
de Curso - TCC no Curso de Odontologia:
Relato de Experiência
Vale MJLC*
E
sse trabalho decorre de uma prática pedagógica
onde docentes e discentes do Curso de Odontologia da Faculdade Integral Diferencial - FACID, não
necessariamente Cirurgiões-Dentistas, construíram
uma estratégia de sorteio por linha de pesquisa dos
orientadores de Trabalhos de Conclusão de Curso TCC. Ao longo do curso observou-se que os alunos
do penúltimo período tendiam a escolher como
orientadores de TCCs os professores das disciplinas
clínicas (quatro últimos blocos) ficando os professores das disciplinas básicas sem orientá-los. Sentimos
que havia um rompimento entre as disciplinas básicas
e clínicas, um total esquecimento e na maioria das
vezes um descarte. Construímos as linhas de pesquisa
e solicitamos aos docentes e alunos para inscreveremse na(s) linha(s) que pretendiam trabalhar o TCC e,
após essa construção realizou-se o sorteio.
Os resultados obtidos foram surpreendentes, pois docentes
de disciplinas como Sociologia, Histologia e Anatomia conseguiram interagir com a Odontologia Clínica, tendo aluno
e professor um aprendizado significativo e diferenciado.
20. Avaliação de atividades extramuros
de educação em saúde bucal
Araujo SS*, Junqueira SR, Marques RAA,
Araujo ME
C
om a instituição das Diretrizes Curriculares Nacionais do curso de graduação em odontologia
em 2002, as instituições de ensino buscaram desenvolver ações além das salas de aula e das clínicas, como
as atividades extramuros, procurando se articular,
integrar e interagir com espaços sociais diversos e com
serviços de saúde. As atividades extramuros são concebidas com o propósito de contribuir para a formação de um profissional sensível às necessidades de
saúde da população e capaz de desenvolver ações de
promoção, prevenção e reabilitação em saúde bucal.
Um dos maiores desafios para os graduandos é aplicar
a teoria que permeia a promoção da saúde, pois ela
implica em práticas de educação. Para educar é necessário, dentre outros fatores, conhecer a realidade
em que se atua. As atividades extramuros introduzem
o graduando num contexto essencial à sua formação
ao trazer um pouco das ciências sociais às práticas
odontológicas e ao aperfeiçoar sua formação como
educador em saúde, tornando-o aprendiz no momento que necessita educar para modificar hábitos e promover saúde. Objetivou-se avaliar as atividades de
educação em saúde bucal desenvolvidas por graduandos de odontologia. Alunos do 3º ano da graduação
da FOUSP e do 4º ano da graduação da FO-UMESP,
cursando a disciplina de Odontologia em Saúde Coletiva, em 2007, serão acompanhados em suas atividades extramuros. A metodologia aplicada será qualitativa, pelo estudo de caso, em que um pesquisador, por
meio da observação, relatará a atividade de educação
em saúde bucal desenvolvida pelos graduandos. A
análise sistemática será embasada em teoria pedagógica aplicada à saúde. Espera-se saber como o conhecimento adquirido em sala de aula sobre educação
em saúde bucal foi posto em prática nas atividades
extramuros.
O adequado entendimento do tema permitirá que o aluno
de graduação torne-se um profissional apto a desenvolver
ações coletivas de promoção da saúde.
21. O ensino de Odontologia Social na
UEFS: experiência acadêmica nos 21
anos de Saúde Coletiva na microrregião
de Feira de Santana
Santos JG*, Saliba NA, Moimaz SAS, Alves TDB,
Barbosa MBBC
A
crescente demanda por profissionais de saúde
qualificados para atender às necessidades da
população, com qualidade e eficiência, atendimento
integral, suporte para as práticas de cuidado e curativas no ambiente do SUS, vem sendo a mola propulsora das mudanças curriculares nos cursos de Odontologia do Brasil. Este processo de integração entre
ensino e serviço não é fato novo, e várias experiências
vivenciadas por projetos inovadores espalharam-se
ao longo dos anos. Nesta perspectiva o curso de graduação em Odontologia da Universidade Estadual
de Feira de Santana – UEFS vem, ao longo destes 21
anos de experiência comunitária, quer no seu trabalho de campo - estágio curricular ou mesmo nas práticas de sua Extensão Universitária, LAC - Laboratório de Comunidade e PAPSB – Programa de Atenção
Primária em Saúde Bucal, capacitando seu profissional, dentista generalista, com ampla visão em Saúde
Coletiva. Este trabalho relata a prática da UEFS no
ensino da Odontologia Social, onde o conteúdo das
disciplinas que contemplam o sistema de saúde vigente no país proporcionam ao acadêmico de odontologia a vivência no ambiente do SUS – estratégia
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de saúde da ­família, tornando o egresso apto a interagir e transformar a realidade da comunidade onde
esteja inserido.
Considerando-se as dificuldades encontradas para se entronizar as mudanças curriculares exigidas para a formação
do profissional do Cirurgião-dentista, na atual conjuntura
do país, grande esforço está sendo feito pela Odontologia
Social, conjuntamente com as demais áreas de conhecimento, cada vez mais empenhadas na formação de um profissional com amplo conhecimento científico, tecnicamente
competente, com sensibilidade e compromisso social, para
capacitá-lo enquanto verdadeiros profissionais de saúde
atuando nos serviços públicos, clínicas privadas e, sobretudo no trabalho em equipe, prestando atenção humanizada
à comunidade.
22. Inovação curricular no Curso
de Odontologia da Universidade
Federal Fluminense: considerações
e contribuições para um processo
em construção
Rocha EC*, Ribeiro VMB
I
mpulsionados pelo movimento da Reforma Sanitária, diversos grupos vêm se mobilizando para alterar
conteúdos e métodos dos cursos da área da saúde, em
virtude da sua obsolescência e da inadequada abordagem que, historicamente, esses cursos vêm adotando.
O predomínio da ênfase nos níveis de atenção secundária e terciária, o modelo centrado no hospital, a
célebre separação entre ciclos básico e clínico, entre
outras, são, sem dúvida, uma espécie de contramão na
estrada das necessidades da maior parte da população
brasileira, no que diz respeito ao atendimento à saúde.
Paralelamente, o acelerado desenvolvimento científico-tecnológico vem sinalizando a defasagem do modelo escolar centrado na transmissão de um conhecimento cada vez mais renovável, especializado,
crescente e apontando a urgência de inovações, o que
levou, em 1996, à promulgação da nova Lei de Diretrizes e Bases (LDB) da Educação Nacional (Lei nº
9394/96) que, por sua vez, desencadeou o movimento das Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN). Neste
contexto, em 2002 foram homologadas as DCN para
os cursos de Odontologia. Os eventos científicos mais
próximos do campo da educação em saúde, tais como
os de saúde coletiva, de ciências sociais e saúde, de
associações de ensino na área da saúde, vêm progressivamente abrindo espaço para a discussão de intenções e experiências de mudança dos currículos. Se
elencadas as políticas públicas que propõem alavancar
164
a formação ajustada às necessidades de saúde da população, verifica-se um conjunto de medidas com pretensões de impulsionar estas mudanças. No entanto,
corre em paralelo uma intensa resistência às propostas
das DCN por diferentes razões, as quais são tratadas
neste trabalho. Apresenta-se aqui um estudo conceitual no campo da educação que tem por objetivo contribuir para a discussão da reforma curricular da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal
Fluminense. Abordando os conceitos de reforma, inovação, resistência e adesão por meio de revisão bibliográfica e uma análise do currículo ainda vigente, analisam-se as concepções dos estudantes sobre o
processo de reforma curricular e as disciplinas que
compõem o currículo atual e que mais se aproximam
das DCN propostas para os cursos de Odontologia.
Apresenta-se uma análise dos documentos produzidos
em função deste processo de reforma curricular da
UFF, incluindo-se atas das reuniões da comissão constituída para esta finalidade, atas das reuniões do colegiado do curso, ofícios e memorandos.
A tentativa de produzir inovações curriculares, a despeito
das resistências e obstáculos, certamente tem proporcionado
ao conjunto de docentes e discentes um crescimento, advindo da própria dinâmica deste tipo de processo. Entretanto,
cabe ao professor, em sua prática cotidiana na docência, em
última instância, o papel de ressignificar a legislação, o
novo Projeto Pedagógico do Curso, assim como o novo projeto curricular, influenciando diretamente na determinação
de seu sucesso ou de seu fracasso.
23. Odontologia hospitalar: o enfoque
preventivo dentro do Hospital
Universitário do Oeste do Paraná
Martins ACM*, Zution P, Pinto CEP, Berti M,
Webber AA
N
o Brasil, a odontologia praticada dentro da maioria dos hospitais se restringe às ações das especialidades de cirurgia buco-maxilo-facial e de atendimento a pacientes com necessidades especiais que
necessitam de anestesia geral. A mesma restrição está
presente no Código de Ética Odontológica, no capítulo das atribuições da Odontologia Hospitalar, quando habilita o cirurgião-dentista a apenas fazer internamentos. Por outro lado, observamos um número
crescente de estudos que mostram o agravamento ou
predisposição de doenças sistêmicas, pela existência
de focos de infecção bucal. Nos pacientes hospitalizados alguns estudos demonstram uma alta freqüência
de leveduras na mucosa bucal, sendo que o gênero
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Candida configura como o sexto patógeno responsável por infecções hospitalares em geral e o quarto mais
comum em infecções hospitalares da corrente sangüínea. Diante disso, observamos que a implantação de
atividades educativas e preventivas em saúde bucal em
âmbito hospitalar é uma necessidade eminente dentro da formação odontológica. O desenvolvimento de
atividades fora das clínicas odontológicas universitárias oportuniza aos acadêmicos a interação com outros profissionais da saúde e com outros ambientes,
favorecendo a sua formação humana e profissional,
uma vez que trabalha com saúde bucal, sem perder a
visão do paciente como um todo. Neste trabalho relatamos as atividades desenvolvidas no setor de neurologia do Hospital Universitário do Oeste do Paraná,
durante o estágio dos acadêmicos do curso de odontologia realizado no ano de 2006. Participaram do
estágio 38 acadêmicos, distribuídos em grupos com
até 5 integrantes. O estágio foi desenvolvido duas vezes por semana, totalizando 34 h/a para cada grupo.
O protocolo de atendimento utilizado incluía a realização de exame clínico, orientação de higienização e
encaminhamento ao serviço de referência. Todos os
dados coletados e procedimentos realizados foram
descritos no prontuário clínico do paciente. Todos os
pacientes que apresentavam necessidade de tratamento foram encaminhados para os serviços de referência que poderiam realizar o atendimento, como
as Unidades Básicas de Saúde - UBSs e os Centros de
Especialidades Odontológicas - CEOs.
Concluímos, com a finalização desse estágio, que a vivência
dentro do ambiente hospitalar favoreceu a discussão sobre a
importância da atuação do cirurgião-dentista na manutenção da saúde bucal dos pacientes hospitalizados. O enfoque
preventivo dado às atividades demonstrou a importância não
apenas da remoção dos focos de infecção, mas principalmente, das ações de motivação que devem ser desenvolvidas com
pacientes e seus acompanhantes e/ou cuidadores. Não podemos deixar de destacar que essa atividade foi extremamente
importante para exercitar no acadêmico a importância de se
valorizar todos os fatores que envolvem o paciente, sejam eles
econômicos, sociais, educacionais, entre outros, que influenciam a sua qualidade de vida e o seu estado de saúde.
24. Prática de ensino-aprendizagem com
base em cenários reais
Saliba NA*, Moimaz SAS, Saliba O, Zina LG,
Garbin CAS
O
processo de aprendizagem faz-se efetivo a partir
da problematização de situações práticas e in-
serção do aluno em cenários reais. O objetivo deste
trabalho foi apresentar a experiência de realização
de um projeto de pesquisa-ensino-extensão conduzido pelo Programa de Pós-Graduação em Odontologia
Preventiva e Social da Faculdade de Odontologia de
Araçatuba – UNESP, com municípios de pequeno
porte, como cenário de aprendizagem para acadêmicos e pós-graduandos. O projeto teve como proposta
realizar o diagnóstico situacional e o debate com os
gestores, trabalhadores e usuários do sistema de saúde local sobre as estratégias para a melhoria de gestão
em saúde e o fortalecimento do SUS. Foi desenvolvido durante 2003 e 2006, com a participação de docentes, alunos de pós-graduação e acadêmicos e técnicos da área da saúde, em parceria com prefeituras
municipais e financiado pela Fundação de Amparo à
Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP). Foram
contemplados 5 municípios de pequeno porte do
Noroeste Paulista - Gabriel Monteiro, Piacatu, Santópolis do Aguapeí, Bilac e Clementina. Várias vertentes
compuseram o projeto: o grau de satisfação dos usuários do SUS, o modelo de organização dos serviços
e a participação dos trabalhadores da saúde no planejamento e tomada de decisão, além da atuação dos
Conselhos Municipais de Saúde. Foram preparados
cursos de capacitação dos profissionais dos serviços
de saúde, reuniões e cursos de capacitação com os
Conselheiros Municipais de Saúde, além do trabalho
educativo com os usuários do SUS. Após a realização
das capacitações foram observadas mudanças nas leis
do regimento interno dos Conselhos Municipais de
Saúde em concordância com a legislação nacional,
colocando em prática o controle social. Ainda como
resultados, verificou-se a adequação dos serviços de
saúde por meio da reorganização da demanda e a
construção e atualização dos mapas territoriais das
áreas de abrangência do PSF. No que tange ao âmbito dos usuários evidenciou-se a falta de conhecimento dos mesmos em relação ao serviço de saúde, fato
que foi minimizado por meio de um trabalho educativo que incluiu a distribuição do Manual do Usuário,
confeccionado para este fim. Em todas as vertentes,
o acadêmico e pós-graduando foram atuantes, participando desde o planejamento, trabalho de campo
até a análise dos resultados.
A vivência destas atividades serviu como laboratório de
aprendizagem, permitindo aos alunos um conhecimento
mais fidedigno, e mais consciente, das ações de políticas
públicas. O projeto proporcionou o estreitamento do vínculo dos acadêmicos e pós-graduandos com os docentes, os
serviços de saúde e usuários do SUS, assim como contribuiu
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para uma formação profissional mais humanitária. Nesse
sentido, o projeto ganhou destaque ao promover a aprendizagem in loco, tornando o aluno ator social ativo no processo de fortalecimento e consolidação das políticas públicas
de saúde.
25. A disciplina de Odontologia
Preventiva e Social e o corpo docente
sob a ótica dos graduandos
Moimaz SAS*, Saliba O, Garbin CAS, Rocha NB,
Carmo MP
A
avaliação interna é atualmente muito importante para o autoconhecimento da instituição educacional, essencial para a melhoria do curso, sendo
ainda uma das etapas para o processo de avaliação da
educação superior pelo Sistema Nacional de Avaliação do Ensino Superior. A Unesp-Foa disponibiliza,
via eletrônica, um questionário para preenchimento
por todos os alunos, sobre as disciplinas já cursadas,
ao final de cada ano letivo. Este estudo objetivou analisar os resultados de cinco anos consecutivos sobre a
condução das disciplinas de Odontologia Preventiva
e Sanitária, o conteúdo programático e do seu corpo
docente. Foram analisados os resultados referentes a
392 questionários, respondidos pelos alunos matriculados na Faculdade de Odontologia de Araçatuba –
UNESP durante o período de 2001 a 2005. O questionário contém questões fechadas, sendo 13
relacionadas ao corpo docente e 7 à avaliação da condução da disciplina. Os resultados mostraram que a
carga-horária das aulas teóricas (73,21%) e práticas
(64,03%) foi considerada adequada pela maioria dos
alunos e em relação à ministração da disciplina,
55,36% dos alunos afirmaram que foi bem ministrada; 35,97% de maneira razoável; 6,38% ruim e 2,3%
não responderam. Grande parte dos alunos (83,67%)
responderam que o programa proposto inicialmente
foi cumprido de forma integral pela disciplina. A
maioria dos alunos (53%) relatou que o corpo docente sempre definia os objetivos das aulas; 41% relataram que apresentavam bem a matéria e que por 82,5%
destes as aulas dadas eram sempre bem planejadas.
Os alunos (35,5%) relataram sempre serem estimulados pelo interesse na matéria pelo corpo docente;
31% responderam serem sempre estimulados para a
participação das aulas e 27% afirmaram que sempre
era exigido deles o raciocínio durante o ensino.
Quando questionados sobre o acesso do aluno ao
professor, 74,5% relataram que o professor era sempre acessível; 19% ocasionalmente; 2% relataram que
166
era inacessível e 4,5% não responderam. Em relação
ao professor demonstrar preocupação pelo aprendizado dos alunos, a maioria (50%) achou que o corpo
docente sempre procurava saber se os alunos estavam
aprendendo.
A avaliação possibilitou a obtenção de dados sobre a percepção dos alunos com relação à disciplina e o seu corpo docente, proporcionado condições para um bom planejamento e
adequações necessárias. Os resultados mostraram que, na
ótica dos alunos, de uma forma geral, a disciplina de Odontologia Preventiva e Sanitária foi bem ministrada.
26. A Percepção do Aluno Formando
de Odontologia quanto ao Projeto
Pedagógico e à Estrutura Curricular
vigentes da FOA-Unesp
Saliba NA*, Moimaz SAS, Garbin CAS, Fadel CB,
Bino LS
A
s Diretrizes Curriculares Nacionais propõem
como perfil um profissional com visão generalista, formação técnico-científica, humanística e ética,
orientado para a promoção da saúde, com ênfase na
prevenção de doenças bucais. Enfatizam como capacidade do profissional formado, o exercício de compreensão da realidade social, cultural e econômica
do seu meio, dirigindo sua atuação para a transformação dessa realidade em benefício da sociedade,
contemplando assim as necessidades do sistema de
saúde do país. Considerando-se que o projeto pedagógico vigente do curso de graduação de Odontologia da FOA-Unesp foi formulado em 2001, ano anterior à Resolução CNE/CES 3, a qual institui as novas
Diretrizes Curriculares, objetivou-se nesse estudo avaliar a percepção do acadêmico formando, quanto ao
projeto pedagógico e à estrutura curricular inerentes
a seu curso de graduação, proporcionando informações para subsidiar as discussões sobre a reestruturação do projeto pedagógico na instituição. O instrumento utilizado para a coleta de informações
constituiu-se em um questionário semi-estruturado,
previamente testado e validado. Dos 66 formandos de
2007, 61 responderam ao questionário. Destes, 95%
não conheciam o documento referente ao projeto
pedagógico que estrutura o curso de graduação; 53%
consideraram insuficiente a integração entre as disciplinas ofertadas pelo curso; 66% apontaram que há
duplicação de conteúdos trabalhados; 41% disseram
que a relação interdisciplinar é insatisfatória e 67,2%
optariam pelo sistema modular, com clínicas integradas do início ao fim do curso, trabalhadas por grau
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de complexidade, no processo de reestruturação.
Quanto às competências e habilidades necessárias ao
exercício da profissão, as ações preventivo-curativas
e a disposição em aprender foram diversas vezes citadas. Já a capacidade para planejar, atuar em equipes
multiprofissionais e gerenciar serviços de saúde foi
poucas vezes apontada. A grande maioria (86,9%)
afirma ser capaz de aglomerar técnicas de prevenção
e tratamento e somente 29,5% sentiram-se capazes de
tomar decisões. A maioria (47,5%) considerou que
os pacientes que buscam atenção odontológica na
FOA estão insuficientemente tendo seus problemas
resolvidos, não obtendo atenção integral. Quanto ao
processo ensino-aprendizagem, a metodologia da
transmissão foi a mais citada (60,7%).
Esses dados evidenciam a urgente necessidade de reformulação curricular da FOA-Unesp, construída de forma participativa, centrada na figura do aluno e capaz de responder às expectativas e necessidades do sistema de saúde
vigente no Brasil.
27. Procedimentos clínicos e educativos
realizados na Clínica de Adequação do
Meio do Departamento de Odontologia
da Unimontes
Maia GCTP*, Santa-Rosa TTA, Freitas FO,
Rodrigues DC
A
Clínica de Adequação do Meio do Departamento de Odontologia da UNIMONTES é uma disciplina realizada no quarto período do curso de Graduação. A disciplina apresenta carga horária de 160
horas distribuídas entre atividades teóricas e práticas.
Conforme o Plano de Ensino da Clínica de Adequação do Meio, a disciplina objetiva “introduzir o aluno
na prática clínica centrada na transformação do usuário, dentro dos princípios da promoção de saúde,
respeitando as normas de biossegurança e ergonomia”. O conteúdo programático aborda: identificação do usuário dentro de seu contexto biopsicosociocultural, inter-relação demanda clínica e origem
contextual do usuário, cariologia e doença periodontal, instrução de higiene oral e avaliação de dieta;
estratégias de intervenção preventiva, como: avaliação de índice de placa, raspagem e polimento coronário, escariação e selamento provisório de cavidades,
polimento de restaurações, selamento de cicatrículas
e fissuras e fluorterapia. Esse estudo foi realizado com
o objetivo de conhecer e quantificar os procedimentos clínicos e educativos realizados na Clínica de Adequação do Meio. Para coletar os dados utilizaram-se
os prontuários odontológicos dos usuários atendidos
na referida Clínica nos anos de 2005 e 2006. O resultado dessa pesquisa mostrou que foram realizadas 151
evidenciações de placa; 129 instruções de higiene
oral; 150 aplicações tópicas de flúor; 221 selamentos
de cavidades com cimento de ionômero de vidro; 101
selantes ionoméricos; 57 selamentos de cavidades
com cimento de óxido de zinco e eugenol reforçado;
191 radiografias, polimento de 13 restaurações de
resina e 174 de amálgama; 05 selantes resinosos; fluorterapia em 114 dentes, 14 preenchimentos de ficha
semiológica; 71 entregas do diário dietético; 62 questionários de avaliação; 216 profilaxias, 140 raspagens
supragengivais (hemiarco) e 30 discussões do diário
dietético. Acredita-se que a incompatibilidade de alguns dos dados talvez deva-se ao preenchimento incorreto dos prontuários odontológicos.
A partir dos dados levantados e da literatura consultada,
pode-se concluir que os procedimentos educativos e clínicos
realizados na Clínica de Adequação do Meio estão de acordo com aqueles preconizados para a fase de adequação do
meio bucal.
28. Perfil dos usuários atendidos
na Clínica de Adequação do Meio
do Departamento de Odontologia
da Universidade Estadual de Montes
Claros nos anos de 2005 e 2006
Maia GCTP*, Santa-Rosa TTA, Freitas FO,
Rodrigues DC
A
saúde bucal é de extrema importância para a
saúde geral e bem-estar do indivíduo; dentro
deste contexto a adequação do meio objetiva a recuperação do equilíbrio biológico perdido. A Clínica de
Adequação do Meio do Departamento de Odontologia da UNIMONTES é uma disciplina realizada no
quarto período do curso de Graduação. A disciplina
apresenta carga horária de 160 horas distribuídas entre atividades teóricas e práticas e tem como objetivo
introduzir o aluno na prática clínica centrada na
transformação do usuário, dentro dos princípios de
promoção da saúde. A clientela atendida é composta
por indivíduos cujos tratamentos reabilitadores serão
realizados nas clínicas integradas e especializadas.
Esse estudo foi realizado com o objetivo de avaliar o
perfil dos usuários atendidos na Clínica de Adequação do Meio do Departamento de Odontologia da
Universidade Estadual de Montes Claros. A coleta de
dados foi realizada através dos prontuários odontológicos dos usuários atendidos em 2005 e 2006. Para
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caracterizar a população estudada utilizaram-se as
variáveis: idade, gênero e atividade profissional. Foram coletados dados referentes ao número de altas,
desistências e faltas aos atendimentos. Os dados foram analisados através de estatística descritiva. O resultado dessa pesquisa mostrou que a idade média
dos 125 usuários atendidos foi de 31,5 anos sendo
33% do sexo masculino e 67% do sexo feminino. Das
profissões relatadas 14,5% são estudantes; 13% “do
lar”; 6,5% estão desempregados; 8,9% trabalham em
serviços gerais; 10,5% são balconistas; 6,5% são domésticas; 1,6% são professores e 13,7% são profissionais liberais.
Diante do exposto conclui-se que, a maioria dos usuários
atendidos na Clínica de Adequação do Meio foi do sexo
feminino, tem idade média de 31,5 anos e atividade profissional variada, sendo que a maioria trabalha em atividades
que apresentam flexibilidade nos horários, o que permite que
se ausentem do serviço por 4 horas semanais para serem
atendidos na referida Clínica.
29. O papel da odontologia no
tratamento oncológico
Martins ACM*, Sawazaki I, Cunha Júnior AD,
Sanches CM, Soliva T
A
tualmente, doenças crônico-degenerativas como
o câncer, que apresentavam um significado de
sentença de morte, podem alcançar a cura ou proporcionar ao paciente uma sobrevida mais longa e
com qualidade. Dentro dessa perspectiva, o perfil do
paciente odontológico também mudou, e hoje é mais
frequënte o atendimento de pacientes em tratamento oncológico, do que pacientes que necessitem de
um diagnóstico de câncer bucal. Está claro que o sucesso do tratamento oncológico depende de vários
fatores, entre eles estão a ocorrência das complicações bucais. Desta forma, é de fundamental importância a prevenção, o controle e o tratamento das
complicações e das seqüelas bucais decorrentes da
terapia antineoplásica (quimioterapia, radioterapia e
cirurgia de cabeça e pescoço) para que os mesmos
possam conseguir uma qualidade de vida adequada.
Este trabalho objetiva mostrar a implantação e o desenvolvimento do estágio curricular da disciplina de
Odontologia em Saúde Coletiva IV, do curso de
Odontologia da Unioeste, no Hospital do Câncer da
União Oeste Paranaense de Estudos e Combate ao
Câncer-UOPECCAN. As atividades de acompanhamento tiveram início em 2002, como um Projeto de
Extensão, que tinha a finalidade de acompanhar os
168
pacientes do ambulatório de cirurgia de cabeça e pescoço. Este projeto foi desenvolvido até 2004, período
no qual os pacientes com necessidade de tratamento
odontológico eram encaminhados à Clínica Odontológica da Unioeste, através da disciplina de Estomatologia. Com o encerramento do projeto, observou-se
a necessidade de ser desenvolvido um trabalho permanente dentro do hospital, para que os acadêmicos
pudessem ampliar seus conhecimentos e os pacientes
tivessem acesso ao atendimento. Desta forma, em
2005 foi proposto o desenvolvimento da atividade
como parte do estágio curricular obrigatório, através
de convênio firmado entre o curso de Odontologia
da Unioeste e a Uopeccan. O estágio teve início em
2006 sendo desenvolvidas ações educativas nas enfermarias e ambulatórios do Hospital e na Casa de Apoio.
Após a instalação do consultório odontológico, iniciou-se o atendimento curativo e preventivo sendo
realizados procedimentos previstos dentro das competência da atenção básica do SUS (restaurações,
exodontias simples, terapia periodontal básica), sendo os procedimentos especializados encaminhados
para o Centro de Especialidades Odontológicas da
Unioeste. Todos os pacientes recebem orientações e
são acompanhados durante o tratamento, para evitar
o surgimento de complicações bucais.
O trabalho multiprofissional que vem sendo desenvolvido
a partir dessa parceria, entre a UOPECCAN e a Unioeste,
busca não apenas educar cientificamente o acadêmico de
odontologia, mas educá-lo socialmente, uma vez que consideramos que o atendimento de qualidade que é prestado
aos pacientes, mais do que melhora sua qualidade de vida
durante e após o tratamento oncológico, contribui para o
crescimento humano de todos os atores envolvidos neste
cenário.
30. Implementação de um projeto
político-pedagógico inovador: a
experiência da Universidade Severino
Sombra/Vassouras/RJ
Brum SC*, Gouvêa MV, Casotti E, Souza MCA,
Oliveira RS
O
curso de Odontologia da USS foi criado no ano
de 1999 com um modelo tradicional, dirigido
quase que exclusivamente à clínica particular e reproduzindo a lógica da maior parte dos cursos de Odontologia: programas centrados em um perfil de atenção curativa e individualizada. O movimento amplo
de revisão do ensino no país desencadeou a proposição de uma matriz curricular integralizada, que en-
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trou em exercício no 1º semestre do ano de 2004. O
estudo analisa os sete períodos decorridos desde o
processo de implementação deste Projeto PolíticoPedagógico (PPP). A análise partiu da perspectiva de
docentes, discentes, coordenador de curso, coletadas
através de registros das oficinas de trabalho realizadas
ao longo do período. Os resultados apontaram como
principais ameaças à manutenção do novo PPP: a)
construção não coletiva, b) insatisfação da comunidade acadêmica e, c) perda de sustentabilidade política. A análise possibilitou ajustes com intervenção
ativa antes que a mudança se limitasse à formalidade
e não representasse transformação favorável da prática. O processo evidenciou dificuldades dos envolvidos, em lidar com as mudanças, principalmente do
corpo docente onde a necessidade de ajustes foi mais
evidente e imperativa. Tal percepção possibilitou a
retomada da construção de cenário favorável à formação de profissionais capazes de lidar com a realidade da população brasileira e com as mudanças no
mercado de trabalho.
Os autores concluíram que a intervenção governamental
na sugestão de reorientação dos Projetos Político-Pedagógicos foi extremamente favorável, induzindo a mobilização
das Instituições de Ensino Superior, em todas as instâncias,
perceberam ainda que os objetivos ainda estão por serem
alcançados, mas já são percebidas atitudes diferenciadas
nos futuros egressos.
31. A inserção social do Curso de
Odontologia da Unioeste e a promoção
de saúde bucal
Martins ACM*, Webber AA, Berti M, Sawazaki I,
Scheffer RF
C
om a implantação das Diretrizes Curriculares
Nacionais no Curso de Odontologia da Unioeste
a partir de 2004, o curso de odontologia da Unioeste
vem trabalhando para formar profissionais com competências e habilidades para atuarem com qualidade
e resolutividade no sistema de saúde brasileiro. Dentre as capacidades que buscamos desenvolver, está a
de atuarem multiprofissionalmente, interdisciplinarmente e transdisciplinarmente, com extrema produtividade na promoção da saúde, e não esquecendo da
importância de seu papel na sociedade como cidadão
e profissional ético. A implantação de atividades educativas e preventivas em saúde bucal fora das clínicas
universitárias é fundamental para a formação acadêmica, tanto pela oportunidade de interação com outros profissionais da saúde, quanto pelo crescimento
individual e coletivo, favorecendo a formação humana juntamente com a formação profissional, pois nestes ambientes se trabalha com saúde bucal, sem perder
a visão do paciente como um todo. Com o objetivo de
ampliar os cenários de atuação da odontologia, foi
que propusemos a inclusão de novos campos de estágio, fora das clínicas odontológicas da Unioeste, para
o desenvolvimento da disciplina de Saúde Coletiva IV.
Neste trabalho iremos relatar as atividades desenvolvidas durante o ano de 2006, onde tivemos a inclusão
como campos de estágio o Hospital Universitário do
Oeste do Paraná - HUOP, o Hospital do Câncer da
União Oeste Paranaense de Estudo e Combate ao
Câncer -Uopeccan e a Penitenciária Industrial de Cascavel - PIC, onde foram desenvolvidas ações educativas, preventivas e curativas. O estágio foi oferecido aos
acadêmicos do último ano do curso, como disciplina
obrigatória e em forma de rodízio. Independente em
qual campo de estágio se encontrava o acadêmico,
buscamos enfatizar que a saúde bucal é parte integrante e inseparável da saúde geral do indivíduo, e por isso
deve ser considerada como um fator importante em
todos os ambientes assistenciais à saúde. Ao término
do estágio, a experiência vivenciada pelos acadêmicos
foi avaliada como gratificante e extremamente importante para o seu crescimento profissional, uma vez que
puderam quebrar conceitos preexistentes com relação a população prisional, oncológica e hospitalizada,
e desta forma identificar a importância da atuação
odontológica nestes espaços.
Concluímos que a inclusão do acadêmico dentro de novos
cenários de saúde, durante o seu processo de formação, é um
fator extremamente relevante para o seu aprendizado e seu
amadurecimento profissional e humano.
32. Planejamento em Prótese Parcial
Removível utilizando a metodologia
da problematização - Utilização do
Arco ProPlan
Salomão JR*
S
omente há algumas décadas, a reposição de dentes naturais perdidos, utilizando meios artificiais,
começou a ser feita de maneira científica, satisfazendo não só a estética, mas a função e o bem-estar do
paciente. Além de ter custo menor, a prótese parcial
removível é uma alternativa de boa retenção, tornando possível reabilitar dentes e tecidos circunvizinhos
de uma só vez sem comprometer as estruturas remanescentes, desde que seja realizado o planejamento
mais indicado. A PPR apresenta inúmeros planeja-
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mentos para o mesmo caso clínico, fazendo com que
o profissional fique inseguro em relação ao planejamento ideal, isto em função da complexidade de fatores que devem ser levados em consideração. Considerando os processos de mudança no ensino e a
demanda por novas formas de trabalhar com o conhecimento no ensino superior, discutem-se novos
métodos para o ensino na área da saúde, para que o
profissional aprenda aquilo que faz e seja o sujeito da
construção de seu próprio conhecimento. Pensando
em formar profissionais de saúde efetivamente comprometidos com a qualidade de vida da população, o
curso de Odontologia da Universidade de Fortaleza
(UNIFOR) desenvolveu uma nova proposta curricular tendo em sua concepção o desenvolvimento de
um currículo integrado. No cenário da implantação
de novas metodologias e estratégias de ensino vivenciado pelo corpo docente e discente envolvido nas
novas disciplinas de Prótese do currículo 36.3 do curso de Odontologia, surgiu a idéia de trabalhar os conceitos de planejamento em prótese parcial removível
de forma lúdica, incentivando a participação do alunos. Tendo em vista as reais necessidades apresentadas no momento do planejamento da PPR é que nós
propusemos um novo método de ensino a ser adotado baseando-se na metodologia da problematização.
Idealizamos o “ARCO PROPLAN”, simulando a distribuição dos dentes na arcada, para que desta forma,
os alunos tivessem uma visão espacial de planejamento e biomecânica, explorando melhor os conceitos e
facilitando o aprendizado.
Com essa metodologia incentivamos, nos alunos, a compreensão e raciocínio em cima do planejamento; Estimulamos
o interesse dos alunos na atividade prática e na busca de
embasamento teórico. Permitimos aos aluno uma aprendizagem no qual ele construa o seu próprio conhecimento,
através da vivência de experiências significativas; A comunicação interpessoal entre professores e alunos de Graduação
a respeito de planejamento em Prótese Parcial Removível foi
facilitada e melhor compreendida.
33. Percepção dos acadêmicos de
odontologia da UNISC ao conhecerem
os diferentes serviços de atenção à
saúde bucal - município de Santa Cruz
do Sul/RS
Marques BB*, Piazza CLS, Bender CFR,
Gonçalves EMG, Grazziotin GB
C
170
onhecer os serviços de saúde bucal é uma das
atividades previstas na Disciplina de Saúde Co-
letiva em Odontologia II. Os locais de atenção odontológica visitados são públicos e privados, localizados
no município de Santa Cruz do Sul: o Serviço Social
da Indústria e do Comércio (SESI), clínicas particulares, sindicatos, cooperativas odontológicas e postos
de saúde da rede básica municipal (alguns com Programa de Saúde da Família e Equipe de Saúde Bucal).
Estas visitas são promovidas com a finalidade de levar
os acadêmicos à reflexão sobre os diferentes modelos
de atenção inseridos na política nacional de saúde.
Entende-se que, ao deparar-se com a realidade dos
serviços na sua rotina diária, em relação ao estilo de
vida dos usuários, a organização da demanda, a forma
do vínculo empregatício, as condições tecnológicas e
de biossegurança, das relações interpessoais na equipe de trabalho, o egresso de um curso de odontologia
estará mais capacitado a enfrentar as diversidades do
mercado profissional. Ao serem perguntados sobre
as expectativas futuras, diante da observação de diversas situações profissionais de um cirurgião-dentista e
sua equipe, houve consenso quanto a competitividade do mercado, mas com expectativas positivas se
obtiverem uma boa formação técnica. Foi bastante
referenciada, pelos estudantes, a questão da desvalorização financeira, assim como o interesse de ingressarem no serviço público como opção segura para
posterior ou concomitantemente iniciarem as atividades em seu consultório particular.
O desenvolvimento de uma consciência crítica e reflexiva
quanto à vida profissional faz-se indispensável na formação
acadêmica atual e, de acordo com a percepção manifestada
pelos acadêmicos, este objetivo foi alcançado.
34. Projeto pedagógico do curso de
odontologia: reflexões para implantação
de novas mudanças e a interação
com o SUS
Colaço TMJM*, Lima MS, Nascimento JS,
Lucas RSCC, Nascimento SR
R
eferenciado na nova Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Brasileira nº 9394/96 e nas Diretrizes
Curriculares Nacionais/DCN (CNE/CES 3/2002)
para os Cursos de Odontologia, o presente trabalho
relata a experiência vivenciada durante a elaboração
e implantação do Projeto Pedagógico do Curso de
Odontologia da UEPB, em 1999. O relato discorre
sobre os problemas detectados na operacionalização
do referido Projeto, após quatro anos de sua implantação, através da abertura a uma discussão ampla e
compartilhada, realizada com a comunidade acadê-
Revista da ABENO • 7(2):149-87
Trabalhos selecionados para apresentação • 42ª Reunião Anual da Abeno, 2007
mica. Como resultado, foi apontada a necessidade de
implementação de novas mudanças. Em seguida,
apresenta as propostas de intervenção que propiciem
a realização efetiva do processo de mudança no Projeto Político Pedagógico do Curso, com vistas a formação de profissionais comprometidos, que priorizem a produção social da saúde com ênfase na
qualidade de vida dos cidadãos brasileiros, no âmbito
do Sistema Único de Saúde.
Implementar mudanças no Projeto Pedagógico do Curso de
Odontologia da UEPB implica em executar ações que proporcionem a realização efetiva do processo de mudança na
formação dos profissionais de saúde, oportunizando a formação do profissional de forma contextualizada e transformadora, com vistas à interação com o Sistema Único de
Saúde vigente no país.
35. Ligas acadêmicas como forma
extracurricular de ensino. A experiência
na FOUSP
Lemos JBD*, Crivello Junior O, Correia FAS,
Sayuri K, Favoretto DT
A
existência das Ligas Acadêmicas nas Escolas de
Saúde é uma realidade incontestável e altamente positiva em nossos dias. As Ligas são entidades fundadas, formadas e geridas por um grupo de acadêmicos com a orientação e acolhimento dos diversos
departamentos, apresentando uma faceta de desenvolvimento técnico e científico importante para todos
os que delas participam, além de constituírem um
excelente meio de atividade pedagógica extracurricular e aprimoramento dos alunos. É um modelo
acadêmico fundamentado na produção científica, no
desenvolvimento psicomotor e comportamental, com
aproximação do meio acadêmico à sociedade. Realizam atividades nos ramos acadêmico, assistencial e
científico assumindo um papel de agente de transformação social. Permitem um aprimoramento do ensino e do atendimento à sociedade, possibilitando ao
aluno um contato precoce com as diversas áreas do
saber. No ano de 2004, por iniciativa de alguns alunos
da FOUSP, foi criada a Liga de Cirurgia Oral, MaxiloFacial e Traumatologia Maxilo-Facial (LICOMF), caracterizada como uma “entidade estudantil sem fins
lucrativos; formada por alunos da graduação da Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo, com o intuito de abordar os temas relevantes em
Cirurgia Oral e Maxilo Facial e Traumatologia Maxilo-Facial em âmbito didático, científico e de extensão
universitária”. É ligada ao CA “XXV de Janeiro” da
Faculdade de Odontologia da Universidade de São
Paulo e é vinculada ao Departamento de Cirurgia,
Prótese e Traumatologia Maxilo-Faciais. Os próprios
alunos criaram os critérios para inclusão de novos
membros, com os pré-requisitos devidos, as atividades
que os mesmos podem exercer, de acordo com sua
progressão no curso de Graduação, e elaboram o cronograma das atividades da Liga, supervisionadas diretamente pelos docentes do Departamento de Cirurgia, Prótese e Traumatologia Maxilo-Faciais, a quem
cabe a responsabilidade sobre os pacientes atendidos
e a preceptoria aos alunos. A LICOMF desenvolve
atividades clínicas, no ambulatório da Disciplina de
Traumatologia Maxilo-Facial, com a orientação dos
seus professores além de ministrar aos seus integrantes curso teórico regular sobre temas pertinentes à
especialidade. Participam ativamente do Congresso
Universitário Brasileiro de Odontologia (CUBO), na
FOUSP todos os anos, em cursos pré-CUBO e em
atividades do próprio Congresso.
A LICOMF tem se mostrado, na área de cirurgia, como uma
entidade de reconhecida relevância na participação da educação em cirurgia no meio acadêmico. É de significativa
atividade pedagógica extracurricular e estabelece aos alunos
e ao Departamento uma interface promissora.
36. Grupo de estudos em Odontologia: a
interdisciplinaridade em foco
Brasileiro CB*, Zocratto KBF, Salles V
O
grupo de estudos em odontologia é um momento ímpar de interlocução de conhecimentos
entre alunos de graduação e o corpo docente do
curso de Odontologia do Centro Universitário
Newton Paiva. De acordo com a Associação Brasileira de Ensino Odontológico, práticas pedagógicas
inovadoras que estimulem a busca por novos saberes
são fundamentais para a efetivação do processo ensino-aprendizagem. O grupo de estudos representa
uma ação pedagógica embasada nas Diretrizes Curriculares Nacionais do curso de graduação em Odontologia, propondo uma ruptura da estrutura curricular fragmentada, exaltando a interdisciplinaridade
entre as diversas áreas. A integração de conteúdos
das áreas básicas e específicas permite que os discentes desenvolvam uma postura crítica e reflexiva perante o planejamento integral do atendimento em
saúde. Além disso, este projeto representa a aplicação
de uma nova estratégia de ensino no curso de Odontologia, expondo situações e problemas reais da prática profissional ao acadêmico, tendo o docente
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como facilitador e norteador do processo ensinoaprendizagem e não como única fonte de conhecimento. Todos os alunos, de primeiro ao nono períodos, e professores do curso de Odontologia são
convidados a participar do grupo de discussão que
ocorre mensalmente. Um número limite de trinta
vagas para cada grupo de estudo é previamente estipulado e a inscrição é realizada por ordem de chegada, com a entrega de um quilo de alimento não
perecível. Estes alimentos são posteriormente doados ao Núcleo de Apoio à Família (NAF) que os distribui às famílias carentes do Morro das Pedras, comunidade assistida pelos acadêmicos nas clínicas e
estágios do curso de odontologia. No momento da
inscrição, os acadêmicos recebem o roteiro do tema
que será abordado no encontro para que possam
levantar, previamente, na literatura científica, respostas, soluções e dúvidas sobre o problema proposto
para um melhor aproveitamento durante o grupo de
estudos. Os professores envolvidos na discussão fazem uma abordagem instigante do tema com os alunos, objetivando estimular a reflexão e evidenciar os
pontos-chave que funcionam como elo na articulação entre os conteúdos das áreas básica e específica.
Neste sentido, a participação de todos os alunos é
oportunizada e a valorização de seu conhecimento é
evidenciada na solução do problema proposto.
Desta forma, o grupo de estudos em odontologia é um instrumento de ensino que facilita a abordagem vertical e horizontal dos conteúdos necessários para a formação integral
do acadêmico.
37. A inserção do aluno em prática
clínica odontológica no início do curso:
uma experiência do Centro Universitário
Newton Paiva
Brasileiro CB*, Zocratto KBF
A
s práticas educativas norteadas por princípios
éticos, humanísticos e que facilitam a inserção
precoce do aluno junto à prática odontológica proporcionam o desenvolvimento de habilidades e motivam na superação de desafios. O curso de odontologia do Centro Universitário Newton Paiva, em
concordância com as Diretrizes Curriculares Nacionais apresenta-se munido de propostas que facilitam
este processo, sendo uma delas a inserção do aluno
junto à prática odontológica, em ambiente clínico,
no segundo período do curso, no conteúdo de Estágio Supervisionado II. No início deste estágio, o discente tem contato com a realidade social através de
172
práticas extramuros, onde vivencia diversas abordagens de educação em saúde e participa de levantamento epidemiológico em saúde bucal, munindo-se
de informações para a elaboração de um programa
de saúde, que é atividade curricular do semestre subseqüente. No segundo momento, o aluno é preparado para sua inserção em ambiente clínico, recebendo
orientações básicas sobre a relação professor-alunopaciente, sobre as questões éticas e legais de um prontuário odontológico e sobre o controle de infecção
na clínica odontológica. Após esta etapa de preparação, o aluno se depara com a prática odontológica
articulada, uma vez que as ações desenvolvidas por
ele estão em sintonia com o atendimento clínico realizado no conteúdo de Ciências Odontológicas Articuladas VIII (COA VIII), no nono período do curso. Desta forma, no estágio supervisionado II, os
alunos realizam diversas ações que envolvem práticas
de educação em saúde e de mensuração da higiene
oral do paciente através do índice de higiene oral
simplificado (IHOS) e do diário alimentar com posterior avaliação de risco através da combinação dos
valores individuais. De acordo com o risco, o paciente é agendado para retornar em uma periodicidade
de um, três ou seis meses para o controle de higiene
oral. Após o atendimento no estágio supervisionado
II, o paciente é encaminhado, no mesmo dia, para o
atendimento clínico da COA VIII. Neste momento,
realiza-se uma avaliação clínica criteriosa com o levantamento de necessidades e realização de intervenções necessárias.
Desta forma, o estágio supervisionado apresenta-se como
instrumento facilitador do processo ensino-aprendizagem,
uma vez que proporciona ao aluno, desde o início do curso,
um contato com a prática clínica odontológica e oportuniza
ao mesmo uma visão global de sua formação acadêmica e
da importância de articulação de conteúdos.
38. Percepção e utilização dos
conteúdos de saúde coletiva por
cirurgiões-dentistas egressos da
Universidade Federal de Goiás
Marcelo VC*, Badan DEC
O
mundo contemporâneo, dinâmico, onde situações e tendências diversas se apresentam exigindo dos profissionais o desafio de adaptarem-se a
elas, não é diferente para o profissional cirurgiãodentista. As mudanças requerem o desafio de rever
o conceito de assistência à saúde, indo além do tratamento ou prevenção de doenças. As Diretrizes Cur-
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riculares Nacionais para cursos da área de saúde sugerem mudanças na graduação destes profissionais
de acordo com a necessidade indicada pelo Ministério da Saúde de incentivar mudanças no sentido da
consolidação do SUS. Dentro desta perspectiva, o
objetivo deste estudo é conhecer a percepção e utilização dos conteúdos de saúde coletiva na prática
dos egressos do curso de odontologia da Universidade Federal de Goiás, graduados nos anos de 2000 a
2002. Este é um estudo quanti-qualitativo, utilizando
a metodologia da triangulação de técnicas com três
estratégias: revisão de literatura, análise documental
e aplicação de questionário via e-mail. Os resultados
mostraram que a maioria dos graduados (83,3%) está
trabalhando como cirurgião-dentista; destes 70,7%
atuam na capital, predominantemente em clínicas
privadas (44,4%). Um número significativo destes
egressos continuou os estudos cursando pós-graduações, com destaque para as especializações (68,1%),
sendo que ortodontia foi citada como a especialização mais cursada (38,5%) entre os pesquisados. O
egresso tem dúvidas sobre o que sejam as ações em
saúde coletiva, embora as pratique, indicando que
ainda não são claras as terminologias das ações associadas à saúde coletiva entre os pesquisados. A atuação no serviço público determinou realizações de
mais práticas caracterizadas como saúde coletiva pelos profissionais. Dentre os principais entraves ao
desenvolvimento de ações em saúde coletiva destacase a falta de recursos materiais complementares, a
dificuldade de valorização destas ações pela população, a falta de tempo e a infra-estrutura precária das
unidades de saúde. Com relação aos conteúdos recordados como tendo sido ministrados, a promoção
da saúde foi recordada por 100% dos egressos; com
relação aos conteúdos utilizados, prevenção em saúde foi o mais citado, sendo ainda educação em saúde,
promoção da saúde e ergonomia os conteúdos relatados como sendo utilizados nas práticas cotidianas
por mais de 60% dos egressos. As práticas de estágio
extramuros foram muito valorizadas entre os profissionais participantes.
Conclui-se haver uma necessidade de maior clareza sobre o
que sejam as práticas em saúde coletiva para os egressos,
pois estes as praticam, mas não têm consciência disso. A
atuação no serviço público é um fator determinante para o
desenvolvimento de ações coletivas, mostrando a necessidade de um currículo de graduação, construído e trabalhado
de forma integrada internamente e com os serviços. É ainda
baixa a valorização dessas ações.
39. Perfil dos acadêmicos ingressantes
no curso de Odontologia da Universidade
Paranaense
Bremm LL*, Miura CSN, Pensin NR,
Albuquerque SC, Hoeppner MG
A
formação de um profissional adequado à realidade do País é uma das principais metas dos
cursos de odontologia e é de fundamental importância para os gestores conhecer a procedência, os motivos da escolha e as expectativas dos acadêmicos ingressantes. O conhecimento do perfil destes
acadêmicos proporciona ainda a construção do projeto político pedagógico centrado também no histórico pregresso dos alunos ingressantes, seu perfil e
expectativas. Assim, o objetivo deste estudo foi avaliar
o perfil dos acadêmicos ingressos no curso de Odontologia de uma universidade particular e outra pública do município de Cascavel-PR. A coleta de dados
ocorreu entre os meses de março e abril de 2007. Um
questionário foi usado como ferramenta da pesquisa
e foi respondido por 76 acadêmicos, 43 da universidade particular (Universidade Paranaense – UNIPAR) e 33 da pública (Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE), sendo a média de idade
21,9 anos (17 – 28) e 19,8 anos (17 – 23), respectivamente.
A maioria dos alunos de ambas as universidades cursou o
ensino médio em escolas particulares e os 5 principais motivos para a escolha do curso de odontologia, em ordem decrescente, foram: profissão autônoma, trabalhar com pessoas, ajudar pessoas, possuir dentista na família e influência
do próprio dentista. É importante identificar o perfil dos
acadêmicos ingressantes para que a dinâmica do curso consiga unir as expectativas aos princípios de promoção, proteção e recuperação da saúde formando, desta maneira,
profissionais generalistas, sintonizados com a realidade social e epidemiológica de cada região.
40. Ensino da gestão e gerência em
saúde na graduação em odontologia
Marcelo VC*, Rocha DG
A
s Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) dos
cursos de graduação na área da saúde estão em
processo de implementação no Brasil. Isso demanda
novas habilidades e competências dos egressos. Para
tal, é requerida a superação do modelo biomédico
hegemônico, uma vez que, mesmo quando existem
oportunidades de estágios práticos, estes são centrados em atenção curativa, com ênfase nos processos
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clínicos. Fato que perpetua a formação tradicional
voltada para uma prática profissional descontextualizada e acrítica. O desafio posto é o de ampliar os cenários de práticas, possibilitando o ensino das competências e habilidades necessárias a um gestor e/ou
gerente do SUS, funções cada vez mais demandadas
dos profissionais da saúde. Este trabalho tem por objetivo apresentar e discutir a experiência de implementação de estágio supervisionado junto aos níveis
central e distrital da Secretaria Municipal de Saúde
(SMS) de Goiânia, no período de 2000 a 2006. A disciplina Odontologia Social da FO/UFG, considerando a proposta do SUS, a legislação vigente e as DCN,
oportuniza aos alunos uma atuação nos três níveis de
intervenção do Cirurgião-Dentista (CD) nos serviços
públicos: local, distrital e central. Grupos de 4 componentes atuam durante três meses em cada nível sob
a supervisão de um preceptor - CD do serviço e orientação de um professor. A partir dessa atividade, os
acadêmicos percebem a complexidade do exercício
da função de gestor frente aos mecanismos burocráticos e cultura institucional nas diferentes esferas e
começam a se familiarizar com a legislação, linguagem, termos, siglas e caminhos do SUS. Passam a valorizar mais os trabalhadores que exercem essas funções. O reconhecimento da fragmentação das diversas
áreas e o isolamento de cada uma através da análise
da área de saúde bucal permitem um melhor preparo
para o trabalho multi e transdisciplinar. A compreensão das atribuições da gerência constrói uma visão das
dimensões administrativa, técnica e político-estratégica no cotidiano dos serviços.
As atividades propostas permitem aos acadêmicos se familiarizarem com os mecanismos de gestão e gerência no SUS
e desenvolver as habilidades e competências requeridas.
Pode-se verificar desconhecimento de gestores e gerentes sobre
sistemas de informação e suas possibilidades de uso, indicadores pactuados na Atenção Básica e outros que extrapolam as especificidades do desempenho de suas funções rotineiras. Assim, além da aprendizagem dos acadêmicos, há
um expressivo fortalecimento da parceria ensino-serviçoscontrole social na perspectiva da educação permanente, pois
puderam ser mapeadas necessidades de aprendizagem também dos trabalhadores.
41. A relevância do prontuário clínico em
Prótese Buco-Maxilo-Facial
Reis RC*, Dias RB
U
174
m prontuário clínico minucioso e completo é
fundamental nos protocolos de tratamento clí-
nico de todas as especialidades. A Prótese Buco-Maxilo-Facial, como especialidade odontológica e por
suas particularidades, atua no tratamento reabilitador facial intra e extra-oral, decorrente de variadas
etiologias, realizado em âmbito hospitalar ou ambulatorial em pacientes com extensa histórica clínica e
simultâneo tratamento médico, tornando imprescindível a integração e comunicação entre os profissionais envolvidos. Este aspecto multidisciplinar, a complexidade e longevidade do tratamento requerem
um prontuário clínico devidamente preenchido,
que possibilite a sua continuidade e correto entendimento. A base do prontuário clínico segue as recomendações e orientações preconizadas pelo CFO
com as adequações inerentes à especialidade. É importante banco de dados para trabalhos científicos
e análises estatísticas.
O prontuário clínico é instrumento imprescindível para o
controle, orientação, continuidade e conseqüente êxito do
tratamento reabilitador. A obrigatoriedade no âmbito jurídico de um completo prontuário clínico não deve ser a razão
principal, mas sim, uma conduta profissional que norteie
com correção as diferentes etapas deste tratamento, praticando os conhecimentos profissionais e, sobretudo, realizando
um ato pleno de cidadania.
42. O processo de legitimação das
mudanças no ensino odontológico
no Brasil
Queiroz MG*, Dourado LF
E
ste trabalho faz parte da tese: O ensino da odontologia no Brasil: concepções e agentes, desenvolvida no Programa de Pós-Graduação em Educação
FE/UFG, linha de pesquisa “Estado e Políticas Educacionais”. Visa discutir a contribuição das agências
internacionais: OPAS e Fundação W.K. Kellogg na
constituição do ensino da odontologia no Brasil a
partir da década de 1960. Fez-se pesquisa documental,
exploratória, cujas fontes foram: a legislação do ensino superior e da saúde no Brasil, pesquisas na área
da História da Educação Superior, documentos e recomendações elaborados pela OPAS, Fundação
Kellogg, ABENO, Ministério da Saúde e da Educação,
acerca da formação de recursos humanos em odontologia. Período caracteriza-se pela implantação da
LDB de 1961 a qual deu respostas a alguns problemas
evidenciados no ensino da odontologia no Brasil
como a padronização das matérias ministradas e posteriormente da carga horária de duração dos cursos.
Alterações se efetivaram na educação superior no
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Brasil no período, tendo por base a suposta proposta
de modernização desse nível de ensino, referendada
pela Reforma Universitária de 1968, fortemente influenciada pelo modelo norte-americano. Várias
ações de formação profissional foram implementadas, a fim de adequar os cursos à realidade nacional
e, ao mesmo tempo, avançar no sentido de garantir
a consolidação da odontologia na área da saúde. Ressalta-se a importância das discussões acerca do ensino
da odontologia construídas a partir das recomendações do Seminário de Viña del Mar - 1955, divulgadas
pela OPAS e pela Fundação Kellogg e assumidas pela
ABENO, atualizadas pelos estudos e pesquisas desenvolvidos pela área. Outro momento de mobilização
importante foi o espaço aberto pelos Seminários Latino-americanos sobre o ensino da odontologia e posteriormente as parcerias entre a OPAS, Fundação
Kellogg, Ministério da Educação e já no final da década 1970 e início da de 1980 com o Ministério da
Saúde. A par da influência, principalmente em função do financiamento para as iniciativas de mudança
no ensino da odontologia exercida pelas agências
internacionais em estudo, essas resultaram de uma
construção nacional coletiva, cujos atores se posicionaram estrategicamente, preparando-se teoricamente para a defesa de um serviço de saúde pública de
qualidade e uma formação profissional compatível
com essa possibilidade de atuação.
Nesse movimento de consolidação de um novo padrão de
formação situam-se as DCNO. Elas foram construídas a
partir dos mais diversos embates, revelando a tensão entre
diferentes atores e concepções, nem sempre compreendidos
pelos profissionais da área. Tal constatação enseja a necessidade de maior clareza por parte dos profissionais, no que
concerne às concepções e propostas político-pedagógicas
para a área; a necessidade de que a categoria profissional
assuma a autoria e a construção de uma proposta de formação profissional que pressuponha o fortalecimento da
Reforma Sanitária.
43. Capacitando o acadêmico de
odontologia a trabalhar no processo
de diagnóstico e intervenção junto
à população
Queiroz MG*, Moura SM, Rocha DG, Marcelo VC,
Freire MCM
A
Saúde Coletiva tem como objetivo desenvolver
ações que visem a promoção, a prevenção, a recuperação e a manutenção da saúde coletiva e individual. Para que estas ações tenham resolutividade é
necessário que as mesmas sejam adequadamente escolhidas para aquela situação específica. Portanto,
compreender a realidade cultural, ambiental, social
e de saúde na qual as pessoas vivem constitui uma
estratégia para qualificar o planejamento em saúde.
São várias as técnicas utilizadas para a compreensão
da realidade na qual os profissionais de saúde irão
atuar, visando a modificação e implantação de melhorias em determinada população. Dentre essas técnicas, a Coordenação da Disciplina de Odontologia
Social I da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Goiás escolheu a Técnica da Estimativa
Rápida (TER) como ferramenta a ser utilizada pelos
acadêmicos matriculados nessa disciplina para o diagnóstico de uma micro-área de atuação das Equipes de
Saúde Bucal da Estratégia de Saúde da Família da
Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia. A TER
baseia-se em detectar um conjunto de problemas de
uma determinada população em um curto período
de tempo e sem grandes gastos, utilizando-se da percepção da própria população. Identifica os problemas, mas não tem como objetivo informar quantas
pessoas são afetadas por eles. Os dados obtidos por
esse método são coletados a partir de três fontes principais: registros escritos preexistentes; entrevistas
com informantes chaves, utilização de roteiros ou
questionários estruturados; e na observação sistemática da área e instituições investigadas. A partir dessa
estratégia de diagnóstico a Disciplina elaborou um
Roteiro para a consolidação dos dados do diagnóstico
sócio-ambiental. Este trabalho tem como objetivo
apresentar esse roteiro produzido pela disciplina,
bem como as experiências desenvolvidas pelos acadêmicos de Odontologia a partir da intervenção na comunidade guiados pelos diagnósticos oriundos desse
instrumento.
Essa experiência foi considerada viável e satisfatória pelos
acadêmicos, pois permitiu identificar as necessidades gerais
da comunidade e propor soluções. Além disso, conciliou o
conhecimento teórico com a experiência prática, facilitando
o desenvolvimento das atividades acadêmicas e a atuação
junto às equipes de saúde da família agregando a elas um
conhecimento novo e factível. A atuação dos acadêmicos a
partir desse novo olhar proporcionou uma forma ativa de
atuação junto à própria comunidade que recebeu e avaliou
o trabalho. Assim, a adoção dessa estratégia possibilitou
desenvolver as competências de tomada de decisão, comunicação e liderança, além da construção de diversas habilidades específicas propostas nas Diretrizes Curriculares Nacionais para os cursos de Graduação em Odontologia.
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44. Conhecimento e condutas de
docentes do curso de Odontologia da
Universidade do Vale do Itajaí sobre
biossegurança: estudo exploratório
sobre o pensar-fazer
Uriarte Neto M*, Costa APL, Imianowski S,
Bottan ER
Q
ualquer ambiente que trabalhe com saúde prestando serviço à população não poderá em hipótese alguma ser um carreador de microorganismos
para o cliente atendido. Assim a odontologia, na condição de ciência e profissão da saúde, deve atuar com
um olhar voltado às questões pertinentes à adoção de
condutas de prevenção e proteção contra riscos ocupacionais que podem ocorrer, prejudicando profissional, auxiliares e inclusive o próprio cliente atendido. É necessário que os cirurgiões-dentistas sejam
conhecedores dos riscos biológicos existentes e da
dimensão de alcance da transmissão de agentes infecciosos, dentro de um ambiente de consultório, e adotem as medidas de prevenção/proteção como prática
diária. Este processo de conhecimento e responsabilidade deve ser iniciado quando da formação do futuro profissional. Neste sentido, os cursos de Odontologia, em geral, oferecem conhecimento teórico
necessário para o entendimento dos mecanismos de
controle de infecções, mas a maioria não disponibiliza treinamento e estrutura suficientes para a realização desta prática, o que resulta na desvalorização da
teoria. É necessária, portanto, a mobilização de todo
o conjunto universitário (alunos, professores e funcionários). É fundamental que o discurso do professor esteja relacionado com a sua prática, para que a
relação teoria/prática não seja sufocada. Frente ao
exposto, o presente estudo verificou, através de uma
pesquisa descritiva, o conhecimento e as condutas de
docentes do curso de Odontologia da UNIVALI, com
atuação em 2006, sobre biossegurança. A amostra do
tipo não probabilístico foi constituída por 34 docentes, sem discriminação de disciplinas e/ou formação,
atuantes no segundo semestre de 2006, que, voluntariamente, aceitaram participar da pesquisa. Foi aplicado um questionário com quatro perguntas abertas.
A análise foi efetuada com base na teoria de análise
de conteúdo proposta por Bardin. Os resultados demonstraram que 50,7% dos docentes entrevistados
identificam por biossegurança as medidas de controle de infecções; quando questionados sobre a aplicação dos princípios de biossegurança, 27% das respostas se referiam à utilização dos EPIs; e 26,9% acreditam
176
que a melhor maneira para a aplicação dos princípios
é o exemplo do cumprimento das normas de biossegurança; e 25,6% dos docentes afirmam propor a
utilização dos EPIs em sua disciplina.
Concluiu-se que não há uma uniformidade nos conceitos
sobre biossegurança apresentados pelos docentes pesquisados; muitos ainda não conhecem seu amplo significado; os
conhecimentos e aplicações são realizados de forma fragmentada e não como um conjunto de princípios, medidas e atitudes como propõe o próprio termo biossegurança. Assim, o
conhecimento gerado a partir desta pesquisa permitirá subsidiar discussões sobre a necessidade da implantação de um
protocolo de medidas de precaução-padrão aplicáveis ao
cotidiano da academia e na vida do egresso.
45. A doença periodontal e o papel
do cirurgião-dentista no processo
de motivação do paciente: análise
do processo de formação do futuro
profissional
Uriarte Neto M*, Odebrecht CMR, Ramos FK,
Zanatta GB, Bottan ER
A
doença periodontal é um dos grandes problemas
de saúde pública até mesmo nos países desenvolvidos. É a doença crônica mais prevalente que afeta
a dentição humana. A placa bacteriana é o principal
fator etiológico responsável pela doença periodontal
e sua remoção, ou desorganização, está intimamente
relacionada com a prevenção e o sucesso do tratamento periodontal. Sendo assim, é imprescindível que o
paciente se conscientize quanto à importância de modificar seu comportamento, quando este é incorreto,
esforçando-se por desenvolver hábitos que propiciem
a manutenção de sua saúde bucal. O sucesso no tratamento da doença periodontal depende de uma
intervenção correta e, também, da constante motivação do paciente para um bom controle da placa. Considerando-se o papel do cirurgião-dentista no repasse
de conhecimento aos seus pacientes como um fator
fundamental para a prevenção da doença periodontal, definiu-se a problemática desta investigação, ou
seja: os acadêmicos do curso de Odontologia da UNIVALI, quando em atividades clínicas, na disciplina de
Periodontia, repassam orientações/informações suficientes aos pacientes para motivá-los a manter uma
adequada higienização bucal? Foi, então, desenvolvida uma pesquisa do tipo exploratória-descritiva com
os pacientes em tratamento nas Clínicas de Periodontia I e II, no decorrer do ano de 2006. Foi constituída
uma amostra não probabilística, obtida por conveni-
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ência, ou seja, com todos os pacientes que iniciariam
o atendimento nas Clínicas de Periodontia e que aceitaram, por livre e espontânea vontade, responder ao
questionário. O grupo foi composto por 63 pacientes,
sendo 23 homens e 40 mulheres, variando o sexo
masculino de 21 a 70 anos e o sexo feminino de 12 a
78 anos. O instrumento para coleta de dados foi um
questionário com questões do tipo fechado aplicado
pelos alunos, durante a anamnese (primeira sessão
de tratamento) e na última sessão do tratamento. O
questionário foi apresentado através de leitura conjunta, sem que o aluno interferisse nas respostas, fazendo apenas o papel de anotador para o paciente.
Os resultados indicaram que houve melhora geral no
nível de conhecimento dos pacientes, sendo que o
grupo das mulheres apresentou melhores índices de
acerto. Apesar de se ter constatado uma melhora no
nível de informação dos pacientes, ficou evidente que
grande parte dos pacientes continua com um grau de
informação relativamente baixo no que diz respeito
aos fatores de risco às Doenças Periodontais, às Doenças Periodontais propriamente ditas e suas características clínicas.
Estes resultados sugerem a necessidade de se rever os procedimentos de ensino-aprendizagem adotados pela disciplina
de Periodontia quanto aos conteúdos relacionados à motivação e ao repasse de informações aos pacientes, com vistas
à formação de um profissional comprometido com as questões
de promoção da saúde.
46. Paradigma da pedagogia e
da educação
Pinto RLS*, Cruz RCW, Lamberti P
A
o longo da história, as práticas pedagógicas evoluíram, o conhecimento se tornou um meio
para ampliar competências para fazer com que alunos e professores sejam capazes de continuar aprendendo pelo resto da vida, onde o caminho de acesso
deve encontrar suporte em metodologias que busquem constantemente experimentar inovações didáticas, sem perder de vista o objetivo fundamental da
ação educativa, tornando-a mais produtiva. A disciplina de Radiologia Clínica da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal da Bahia, atenta às
atuais concepções pedagógicas que possibilitam a
apropriação dos instrumentos da produção e manifestação da cultura e da metodologia de desenvolvimento de ferramentas que experimentem a expansão de competências necessárias para atuar neste
cenário, redefiniu sua atuação adotando novas estra-
tégias de ensino a partir do melhor entendimento
sobre a complexidade do próprio processo de aprendizagem, e da compreensão de sua importante função na construção do saber odontológico. Diante do
exposto, nosso objetivo é apresentar um novo Paradigma da Pedagogia e Educação para interpretação
de imagens em Radiologia Odontológica fundamentado na construção de experiências significativas de
aprendizagem relacionando teoria e prática, configurando desta maneira o espaço educacional como
um local onde o processo de aprendizagem seja fascinante. Os passos detalhados deste processo são:
1 - realização inicial de uma avaliação diagnóstica
através de oficina de trabalho no intuito de coletar
dados sobre o conhecimento preexistente. 2 - comunicação do tema curricular, em grupos pequenos, o
qual é trabalhado de forma articulada usando desenhos, fotografias e radiografias. 3 - ordenação do
conhecimento a partir dos saberes adquiridos. 4 imediata aplicação em tarefas práticas.
Após alguns anos desenvolvendo esta técnica, concluímos
que a aprendizagem não é um processo passivo, é preciso
buscar meios de despertar o interesse dos alunos e dar a eles
um papel mais ativo. Para tal fato, é importante compreender o modo como as pessoas aprendem, as condições necessárias para acontecer a aprendizagem, bem como identificar
o papel do professor neste processo.
47. Inserção do egresso do curso de
Odontologia da Universidade Estadual de
Montes Claros - UNIMONTES no mercado
de trabalho. Estudo descritivo
Brito-Júnior M*, Barbosa DR, Siqueira FS,
Ferreira ST, Martelli-Júnior H
A
tendência à especialização do trabalho pode ser
encontrada tanto nas áreas tecnológicas quanto
nas atividades práticas dos profissionais, sendo que na
área da saúde, principalmente a odontologia e a medicina, verifica-se número crescente de especialidades.
Como conseqüência há maior valorização dos procedimentos técnicos, de forma muitas vezes apartada das
necessidades epidemiológicas e da realidade social da
população brasileira. Para gerar as grandes transformações requeridas para melhoria da atuação da odontologia os currículos das instituições formadoras de
cirurgiões-dentistas têm buscado a mudança do modelo de ação curativa para a formação de profissionais
voltados para saúde pública e coletiva. Neste contexto,
na concepção do projeto político pedagógico do Curso de Odontologia da Universidade Estadual de Mon-
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tes Claros - Unimontes buscou-se uma estreita adequação curricular às realidades epidemiológicas e culturais
da população norte-mineira. O Curso baseia-se na lógica da necessidade de saúde bucal, centrado no trabalho multidisciplinar e com garantia de participação
dos usuários. Foi importante ainda na concepção curricular a oferta de oportunidades de aproximação à
rede hierarquizada regional de serviços de saúde do
Sistema Único de Saúde – SUS. O presente estudo teve
por objetivo avaliar a inserção do egresso do Curso de
Odontologia da Unimontes no mercado de trabalho
sob a perspectiva de verificar a consonância das diretrizes do projeto político pedagógico com a atuação
profissional dos seus egressos. Foi desenvolvido questionário semi-estruturado para compreender a distribuição e atuação dos cirurgiões-dentistas desde a primeira turma (julho-2002) até a turma formada em
dezembro de 2005. A partir do envio dos questionários
obteve-se repostas de 54 profissionais correspondendo
a 52% da população selecionada. Os resultados mostraram que as atividades profissionais dos egressos são
exercidas em clínicas e consultórios particulares
(33,3%), exclusivamente nos serviços públicos de saúde (27%) e em consultório e serviço público de saúde
(27%), predominantemente nas cidades do Norte de
Minas Gerais (80%). Apenas 33,3% da população estudada fez ou estava fazendo cursos de especialização,
principalmente nas áreas de saúde da família (13%),
prótese dentária (7,4%) e endodontia (5,6%). Em
relação à remuneração salarial na profissão, 27,8%
responderam até 5 salários mínimos; 59,3%, 5 a 10
salários mínimos e 11,1%, acima de 10 salários mínimos. Para a pergunta “Você está satisfeito com sua
inserção profissional?” houve a resposta “sim” em
66,7% e “não” em 31,5% dos casos.
Dessa forma, percebe-se que a atuação profissional dos egressos estudados reflete a formação acadêmica proposta pelo
Curso de Odontologia da Unimontes, com valorização da
prática generalista voltada para realidade regional. Tal
situação, majoritariamente, remete em satisfação da inserção profissional no mercado de trabalho.
48. Uso da metodologia 5W2H no
planejamento estratégico dos cursos de
Odontologia da UNIPAR campus Cascavel
e Umuarama - relato de experiências
Miura CSN*, Bremm LL, Miura MN, Pensin NR,
Hoeppner MG
T
178
odo curso superior necessita de um planejamento anual ou bianual buscando novas metas em
direção à melhoria no curso. Planejamento é o ato
de estabelecer objetivos (metas), diretrizes (princípios orientadores) e procedimentos (metodologias)
para uma unidade de trabalho. No entanto, freqüentemente, assegurar-se de que as metas serão atingidas e acompanhar todo o processo de desenvolvimento sobrecarregam o papel do coordenador do
curso. A ferramenta 5W2H permite a participação
coletiva de professores, acadêmicos e funcionários
técnicos administrativos no processo da decisão de
quais são os pontos prioritários a serem abordados,
para quais itens os esforços serão direcionados, e
quais serão os principais atores envolvidos no processo, visando a obtenção de excelência no processo
ensino/aprendizagem. Incluir a participação do
corpo docente aumenta a sensação de pertinência
no grupo, melhorando a adesão às decisões tomadas.
A metodologia utilizada é de extrema importância
e tem como objetivo planejar e distribuir afazeres
do curso. A utilização do método possui como principal vantagem a definição clara e objetiva de todos
os itens que compõem um planejamento. A metodologia 5W2H é derivativa da língua inglesa, sendo
5 delas iniciadas com “W” e 2 iniciadas com “H”.
What (O quê), Who (Quem), When (Quando),
Where (Onde), Why (Porquê), How (Como), How
much (Quanto/Quanto custa). Inicialmente é necessário o levantamento dos problemas que devem
envolver a participação do maior número possível
de integrantes da organização. Isto pode ser feito
através da metodologia de “Brainstorming” com levantamento de todos os problemas vislumbrados
pelo grupo. Os problemas levantados são então triados para avaliar aquilo que realmente precisa ser
discutido e resolvido. O método 5W2H é então aplicado em 3 etapas na solução de problemas: 1º) Investigação do problema ou processo visando aumentar o nível de informações e buscar rapidamente
onde está a falha; 2º) Plano de ação: estabelecer as
ações visando eliminar o problema; e 3º) Padronização dos procedimentos que devem ser seguidos
como modelo para prevenir o reaparecimento do
problema.
A utilização desta metodologia proporcionou melhor organização acadêmica e pedagógica do curso e proporciona
melhores índices de satisfação de todos os segmentos da comunidade acadêmica.
Revista da ABENO • 7(2):149-87
Trabalhos selecionados para apresentação • 42ª Reunião Anual da Abeno, 2007
49. Recursos alternativos no
ensino-aprendizagem do conteúdo
de escultura dental
Oliveira RS*, Ferraz CA, Brum SC, Coelho SM,
Massa VTDM
O
avanço tecnológico e científico vem acontecendo
atualmente de maneira e velocidade extremamente aceleradas, devemos lançar mão de todos os
recursos disponíveis no desempenho da função de instrumentalizar seres humanos para exercerem em plenitude a profissão de cirugião-dentista. Nesse contexto
todos os aspectos da formação devem receber atenção
especial focando sempre o atendimento das necessidades de manutenção e recuperação da Saúde da comunidade. Para que possamos formar profissionais completos, não podemos negligenciar as habilidades
inerentes ao exercício da odontologia, entre elas a capacidade manual de reproduzir elementos dentários
parcial ou totalmente na recuperação de sua anatomia
para devolvermos forma e função. Nesse contexto é
que procuramos trabalhar com o que há de recursos
de elevado grau de sofisticação técnica sem, entretanto, desprezarmos a inserção de recursos simplificados,
que apresentam elevado grau de eficácia. O objetivo
deste trabalho foi evidenciar a eficácia da utilização de
desenhos pontilhados e massa de modelar no aumentos da capacidade de visualização espacial e reprodução fiel na escultura dental. Mobilizados pelo fato de
que as atividades de contato com o elemento dental,
anatomia e estruturas acontecem precocemente no
primeiro período acadêmico, foi proposto como estratégia de ensino aprendizagem o preenchimento de
desenhos de contornos dos dentes em visões vestibulares, linguais/palatinas, proximais e oclusais. O alunos recebem uma sequência de desenhos onde cada
face aparece com pontilhados que ficam menos definidos a cada figura em número de quatro para que seja
efetuada uma ligação entre os pontos e ao final deve
executar o desenho sem o auxílio dos pontilhados. A
massa de modelar é utilizada na reconstrução dos dentes, com a utilização de macromodelos sendo as cores
diferenciadas por estrutura reconstruída. Tal atividade
tem sido alvo de críticas favoráveis por parte dos alunos,
tendo também demonstrado sensível elevação da capacidade de orientação espacial dos acadêmicos.
Os autores concluíram que a utilização dos desenhos pontilhados e reconstrução dental com massa de modelar são
recursos úteis e eficazes e que proporcionam aos acadêmicos
maior favorecimento na apropriação da habilidade de esculpir em odontologia.
50. Participação de docentes do curso
de Odontologia da Universidade Estadual
de Montes Claros – UNIMONTES em
atividades de pesquisa e extensão:
estudo retrospectivo
Brito-Júnior M*, Camilo CC, Costa SM,
Martelli-Júnior H
A
s instituições de ensino superior no Brasil, apesar
dos problemas e dificuldades, têm desempenhado papel fundamental na formação científica, cultural e ética de importante parcela da população. A
universidade ancorada na tríade ensino-pesquisa-extensão tem sido a grande propulsora do desenvolvimento do processo educativo em seus diferentes aspectos, desde as investigações científicas e
aprimoramento tecnológico até a formação profissionalizante. A indissociabilidade das práticas de ensino,
pesquisa e extensão favorece a aproximação entre
teoria e prática, fator essencial para a conquista de
objetivos educacionais. Essas práticas conduzidas e
estimuladas pelos professores permitem participação
coletiva, que alavanca o processo ensino-aprendizagem, ao desencadear a relevância dos aspectos curriculares delineados, bem como possibilitam a aproximação dos alunos do perfil educacional almejado.
Este estudo retrospectivo avaliou a participação de
docentes do Curso de Odontologia da Universidade
Estadual de Montes Claros - Unimontes, em atividades de pesquisa e extensão nos anos de 2005 e 2006.
Os dados foram coletados a partir de documentos
gerados pela Diretoria de Recursos Humanos da Unimontes para a “Avaliação Especial de Desempenho
de Docentes”. A análise estatística descritiva foi realizada no programa SPSS® 11.0, bem como o teste de
“Likelihood Ratio” (p < 0,05). Participaram 21 docentes, sendo a maioria (61,5%) do gênero feminino,
distribuídos nas áreas de Clínicas Integradas (5), Endodontia (3), Estomatologia/Patologia Bucal (3),
Odontopediatria (2), Periodontia (2), Prótese (2) e
Saúde Coletiva (4). No tocante à atuação simultânea
em pesquisa e extensão, nos anos de 2005 e 2006, foi
observada uma participação de 33% e 47% respectivamente, sem diferenças significativas (p > 0,05) entre os anos. Os professores das disciplinas de Odontopediatria (100%), Saúde Coletiva (75%), Clínicas
Integradas (60%) e Endodontia (33%) realizaram
ações conjuntas de pesquisa e extensão. Já os docentes de Periodontia, Estomatologia/Patologia Bucal e
Prótese não participaram simultaneamente de atividades de pesquisa e extensão, no entanto, todos os
Revista da ABENO • 7(2):149-87
179
Trabalhos selecionados para apresentação • 42ª Reunião Anual da Abeno, 2007
professores de Estomatologia/Patologia Bucal exerceram atividades de pesquisa. Assim, foram encontradas diferenças significativas (p < 0,05) quando comparadas as disciplinas de atuação dos docentes e
práticas de pesquisa e/ou extensão.
Concluiu-se que importante parcela do grupo avaliado desempenhou atividades de pesquisa e/ou extensão, mas a
prática das ações mencionadas pode ser incrementada.
51. Construção dos projetos políticopedagógicos nos cursos de Odontologia
do Paraná
Rezende LR*, Almeida MJ, Turin B, Alves L,
Nicolleto S
A
publicação das Diretrizes Curriculares Nacionais - DCN entre 2001 a 2004 para os cursos universitários da área de saúde é um fator decisivo para
que as Instituições de Ensino Superior-IES movimentassem para mudanças e readequações dos Projetos
Políticos Pedagógicos – PPPs dos cursos de saúde em
todo o país. Este trabalho é parte de uma pesquisa
que objetivou aprofundar o conhecimento sobre o
estágio de implantação das DCN dos cursos de graduação em Medicina, Enfermagem, Farmácia, Fisioterapia e Odontologia do estado do Paraná. Para o
momento será apresentada uma análise dos PPPs dos
cursos de Odontologia do Paraná na perspectivas das
DCN. Foram identificados quatorze cursos, sete responderam o questionário e foram obtidos seis PPPs.
A análise de conteúdo dos documentos revela que os
cursos seguem as recomendações preconizadas pelas
DCN, sendo a metade de forma significativa e a outra
metade de forma discreta.
Foi constatado um movimento para a implementação das
DCN, porém é indicado novas pesquisas, pois no momento
da coleta dos PPPs alguns cursos poderiam estar no processo de elaboração dos respectivos projetos.
52. Ética e bioética no proceso de
ensino-aprendizagem nos cursos de
Odontologia do Paraná
Rezende LR*, Almeida MJ, Turin B, Alves L,
Campos J
O
processo de ensino-aprendizado é elemento
primordial para a formação de cidadãos reflexivos, éticos e humanizados, assim sua discussão entre os educadores vem ao longo das décadas ganhado
importância crescente. Um dos marcos para a transformação do ensino superior, principalmente para
180
os profissionais de saúde, foi a criação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação – LDB em 1996, que
elimina o currículo mínimo dando lugar às diretrizes
curriculares, que indicam os conteúdos que devem
apresentar os cursos de graduação. A partir desse
momento as Instituições de Ensino Superior - IES
passam a dar mais atenção e a buscar metodologias
diferenciadas que possibilitem ao estudante participar de forma ativa na construção do seu conhecimento. Entre 2001 a 2004 inicia-se outro momento de
suma importância para a mudança no processo de
educação superior dos profissionais de saúde, a elaboração das Diretrizes Curriculares Nacionais – DCN
que passa a ser a base de fundamentação para que as
escolas de ensino superior elaborem seus Projetos
Político Pedagógicos - PPP. As DCN caracterizam um
processo maior do que uma reformulação curricular,
pois contemplam o perfil profissional, a utilização de
metodologias ativas de ensino-aprendizagem, o fortalecimento da articulação entre teoria e prática, a
caracterização de competências gerais e específicas.
A ética é elemento fundamental para o desenvolvimento da educação para a cidadania e é através da
bioética que se encontram ferramentas para a discussão dos dilemas éticos tão comuns nos dias atuais em
especial aos profissionais de saúde. Neste contexto o
estudo tem por objetivo analisar como o ensino da
ética e da bioética foi abordado nesse movimento de
transformação do processo ensino-aprendizagem
nos cursos de Odontologia do Paraná. O primeiro
momento do estudo foi o mapeamento dos cursos
de Odontologia no Paraná, coleta dos PPPs junto às
respectivas escolas, análise das DCN e dos PPPs obtidos e finalizado com entrevistas dos professores de
Odontologia Legal e Deontologia e Bioética. Os resultados revelam que a ética/bioética foi contemplada nas DCN nos artigos referentes a competências e
habilidades gerais e específicas. A grande maioria dos
cursos já implantaram novos PPPs, onde o ensino da
ética e da bioética está inserido na disciplina de
Odontologia Legal, Deontologia e Orientação profissional, porém é discreto o uso de metodologias
ativas ou diferenciadas para o seu ensino, quando
ocorre é através da metodologia da problematização.
Também é discreta a integração do ensino da ética e
bioética com as demais disciplinas, não existindo momento para discussão das questões éticas e bioéticas
decorrentes das atividades clínicas com os pacientes
entre os alunos como também não há desenvolvimento de atividades de iniciação científica abordando os temas.
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Conclui-se que o ensino da ética e bioética está sendo abordado nos PPSs mas há necessidade ampliar o uso de metodologias ativas.
53. Avaliação da aprendizagem no
ensino da prática radiográfica - um
estudo exploratório
Pinto RLS*, Cruz RCW, Lamberti P, Oliveira C,
Matos JLF
A
valiar é, por essência, o ato de valorar, de atribuir
valor a algo, de perceber as várias dimensões de
qualidade acerca de uma pessoa, de um objeto, de
um fenômeno ou situação. A avaliação é parte integrante do processo ensino-aprendizagem, requer
preparo técnico e capacidade de observação dos profissionais envolvidos. Sua principal função é diagnóstica por permitir detectar os pontos de conflitos geradores do insucesso da aprendizagem. Possui
também função classificatória, que visa à promoção
do educando num determinado momento, quando
este é submetido a testes, provas e exames. A avaliação
feita ao longo do processo de ensino e aprendizagem
pretende informar se os objetivos foram alcançados,
fornecendo dados para o aperfeiçoamento do mesmo, possibilitando criar condições para que o aluno
retome os aspectos ainda não aprendidos, e localizando as dificuldades deste para auxiliá-lo a encontrar
processos que lhe permitam crescer na aprendizagem. Busca também a percepção do funcionamento
cognitivo por parte do aluno diante das atividades
propostas, e verificar se a relação professor/aluno
está ocorrendo de maneira a favorecer a aprendizagem ou se necessita de alterações. Em face dos resultados encontrados em diferentes análises sobre o
significado e efetividade do processo de avaliação da
aprendizagem no ensino superior, nosso intuito é
relatar um estudo exploratório na maneira de avaliar
na disciplina de Radiologia da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal da Bahia. A avaliação
de aprendizagem é entendida por nós como um processo contínuo, sistemático e integral de acompanhamento no alcance dos objetivos desejados na formação do discente. A metodologia utilizada inclui
questões onde são projetadas duas radiografias iguais,
onde em apenas uma são demarcadas com linhas,
pontos ou áreas coloridas, estruturas ou alterações
facilitando o entendimento do que se solicita. Para a
garantia do “feedback” mútuo e maior objetividade
possível, são registrados a evolução e o desenvolvimento gradual do aluno, com a finalidade de subsi-
diar o acompanhamento da sua aprendizagem possibilitando interferência imediata no caso da
identificação de defasagem.
Entendendo a avaliação como um componente essencial do
ensino, da aprendizagem e do processo curricular, e por
melhores que sejam refletirão sempre valores de pessoas, e,
em face dos resultados obtidos deste estudo, concluímos: 1
- testes objetivos de múltipla escolha ou de resposta breve são
inadequados como indicadores de qualidade; 2 - questões
bem elaboradas que solicitem menos memorização melhoram
o desempenho; 3 - a qualidade da instrução aumenta quando a avaliação é vista como um instrumento de ensino,
sendo feita na forma de observações contínuas durante a
interpretação radiográfica.
54. O processo de capacitação de
recursos humanos no Programa de
Saúde da Família
Costa FOC*, Fadel MAV, Regis Filho GI
N
o contexto atual, a alta competitividade da força
de trabalho atual exige que os profissionais estejam cada vez mais aptos para a criação, resolução e
tomada de decisões frente às dificuldades e obstáculos
enfrentados no dia-a-dia. Para tanto, faz-se necessário
o desenvolvimento de programas de capacitação de
recursos humanos, que visem à melhoria da qualidade da assistência, promovendo a oportunidade de
ensino, mediante o desenvolvimento profissional. O
principal objetivo desses processos é o estabelecimento de condições e a oferta de oportunidades para a
contínua formação profissional, abordando temas
atuais e, conseqüentemente aguçando o pensamento
crítico dos profissionais. Para que os objetivos do Programa Saúde da Família sejam alcançados, faz-se necessário que as ações e serviços de saúde sejam desenvolvidos por profissionais capacitados, que possam
assumir novas competências. A capacitação desses
profissionais deve ser um processo contínuo e apresentar um conjunto de atividades capazes de contribuir para o atendimento das necessidades existentes,
bem como garantir a continuidade da formação profissional para o aprimoramento e melhoria da capacidade resolutiva das equipes de saúde. Indica-se que
o processo de capacitação seja dividido em três etapas:
1) treinamento introdutório, 2) treinamento específico, 3) integração da equipe e 4) educação continuada. Durante todo o processo de trabalho, as atividades a serem desenvolvidas devem ser adaptadas com
a realidade local, tanto no que tange o perfil epidemiológico quanto a formação dos profissionais da
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181
Trabalhos selecionados para apresentação • 42ª Reunião Anual da Abeno, 2007
região. A realização do trabalho deve se dar de forma
contínua, atendendo às necessidades diagnosticadas
pelas equipes, além de possibilitar o aperfeiçoamento profissional.
Existe a necessidade de discussão em torno da formação de
recursos humanos para o SUS, buscando encontrar as melhores alternativas para enfrentar a situação dos profissionais já inseridos no sistema, minimizando os efeitos da
formação inadequada desses profissionais. Além disso, é
essencial a reorganização do serviço, para a obtenção de um
melhor resultado nos processos de capacitação realizados, e
o apoio dos gestores de saúde para a realização de programas
de educação continuada.
55. Diretrizes Curriculares Nacionais –
Os Desafios da Integralidade e da
Transdisciplinaridade
Costa FOC*, Fadel MAV, Regis Filho GI
A
integralidade e a transdisciplinaridade na atenção à saúde requerem mudanças profundas e
imprescindíveis na formação dos cirurgiões-dentistas.
Dentre os desafios enfrentados estão a superação de
limites da formação e das práticas clínicas tradicionais, a integralidade da atenção e a transdisciplinaridade. As mudanças necessárias na formação dos futuros profissionais da Odontologia passam pela
atenção à saúde universal e com qualidade com ênfase na promoção da saúde e prevenção de doenças
e agravos, deslocando o eixo central do ensino da
idéia exclusiva da enfermidade, incorporando noção
integralizadora do processo saúde/doença. As universidades devem ter abertura às demandas sociais e
estar aptas a produzir conhecimento útil e relevante;
além de adotar metodologias pedagógicas ativas e
centradas nos estudantes a fim de capacitá-los a serem
profissionais críticos, capazes de aprender a aprender
constantemente, de trabalhar em equipes e de levar
em conta a realidade social. As Diretrizes Curriculares
Nacionais corroboram a necessidade de mercado profissional com visão generalista e humanista, tendo
como pano de fundo a diversificação e ampliação dos
cenários de ensino-aprendizagem.
Existe a necessidade de criar-se um vínculo maior e mais
forte com os serviços públicos de Odontologia, tais como
Unidades Básicas de Saúde, Programa de Saúde da Família, Centros de Especialidades de Odontologia e/ou ambientes hospitalares, para propiciar maior aproximação com a
realidade social, auxiliando no seu entendimento e envolvimento.
182
56. A utilização de metodologia ativa
de aprendizagem em laboratório
de Dentística
Albuquerque SHC*, Ramos ACB, Cruz PHAB
U
ma dificuldade comumente encontrada entre
os alunos dos semestres iniciais que são introduzidos no atendimento a pacientes é a seleção adequada dos instrumentos rotatórios para a realização de
restaurações, pois há uma dificuldade em perceber o
formato da cavidade deixado pelo instrumento. Com
o objetivo de estimular a inteligência espacial do aluno para que ele possa associar adequadamente o instrumento rotatório com o formato final da cavidade,
foi elaborada uma atividade desenvolvida em laboratório utilizando metodologia ativa de aprendizagem:
Fase 1 – Identificação do Problema - nesta etapa os
alunos trabalharam com instrumentos em formatos
maiores confeccionados com gesso reproduzindo a
forma das principais brocas usadas na clínica. Eles
manipularam os instrumentos e faziam impressão em
argila para identificar as principais formas geométricas utilizadas no preparo cavitário e verificar o formato da cavidade deixado pelo instrumento. Identificaram o que é corte e desgaste a partir da utilização de
lixas e ralos e bolinhas e onde se produz mais calor e
associaram este ato com a vitalidade pulpar. Todas as
percepções foram registradas. Fase 2 – Extraindo a
essência - A partir das observações foi realizada uma
série de questionamentos que levavam o aluno a refletir sobre as razões da escolha dos intrumentos rotatórios. Fase 3: A busca do referencial teórico - Foi
distribuído um capítulo de livro para leitura e aprofundamento do conhecimento. Fase 4: Construindo
a solução – Foi solicitado que os alunos categorizassem as brocas e pontas agupando-as por semelhança.
Projetaram-se as brocas, pontas e preparos cavitários
para identificação de detalhes e qual instrumento foi
utilizado. Fase 5: Transformando a realidade – Durante o desenvolvimento do procedimento no paciente
o aluno pode selecionar adequadamente os instrumentos a utilizar sabendo porque está fazendo suas
escolhas.
O aluno apresenta um posicionamento mais crítico durante o atendimento selecionando com segurança o instrumento de trabalho para a confecção da cavidade. Apresenta
ainda maior autonomia para conduzir o atendimento pois
não depende exclusivamente da indicação do professor para
seleção e utilização do instrumento de trabalho.
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57. O ensino da área temática da Saúde
Bucal Coletiva e sua produção científica
no contexto da reformulação curricular
Bastos FA*, Warmling CM, Emídio A, Moura FR,
Vechia GD
A
saúde bucal coletiva como novo modelo de atenção em saúde bucal pressupõe uma readequação
dos saberes e práticas bucais. É consenso que para
isso deva haver uma valorização das ciências sociais e
humanas. As políticas públicas nacionais tanto da área
da educação como da saúde têm se aproximado e,
através de suas diretrizes maiores (a Lei de Diretrizes
e Bases da Educação e as Leis Orgânicas da Saúde),
proposto reformas em seus sistemas. Nesse contexto
o curso de Odontologia da Universidade Luterana do
Brasil Campus Cachoeira do Sul está implantando sua
reformulação curricular. Durante o percurso de quatro anos dessa implantação (2003 a 2006) foram realizados pelos docentes e discentes dos diversos eixos
temáticos curriculares pertencentes a área da saúde
bucal coletiva uma gama de pesquisas que foram apresentadas em debates, seminários, jornadas acadêmicas ou encontros na própria universidade ou região.
Os trabalhos possuem como cenário central o Sistema
Único de Saúde do município e região em que se
insere o curso de Odontologia, porém principalmente a denominada Unidade de Ensino-Saúde do Bairro
Promorar do município de Cachoeira do Sul. O curso tem estabelecido com esta comunidade seu principal vínculo de responsabilização e atuação, funcionando como eixo orientador de suas ações e reflexões
teórico-práticas desde o início até o fim do percurso
curricular do aluno. Diante disso, o objetivo principal
desse trabalho foi descrever e avaliar através da sua
produção científica no período, o processo de implantação curricular da área da saúde bucal coletiva
desenvolvida pelo curso. As principais áreas temáticas
dos trabalhos analisados foram: avaliação de satisfação de usuários, saúde bucal e fragilidade social e
humana em famílias de pacientes especiais, perfil sócio-demográfico de idosos, planejamento, territorialização, uso do genograma, integração ensino-serviço, história da odontologia, interdisciplinaridade,
acesso aos serviços, condições de vida e de saúde,
epidemiologia, clínica, perda dentária, SUS e PSF.
Concluiu-se que a discussão sobre a produção de pesquisa
científica da área permitiu uma análise crítica do percurso
de sua implantação curricular, identificando-se com isso
como têm sido trabalhados conceitos pertinentes ao campo.
58. Levantamento de páginas
eletrônicas, assuntos e forma de obter
artigos mais utilizados por alunos
do curso de Odontologia da ULBRA,
Cachoeira do Sul
Bastos FA*, Malmann P, Bisacotti P,
Coelho-de-Souza FH, Klein-Júnior CA
N
os dias atuais, acadêmicos acessam diferentes
páginas eletrônicas a fim de obterem informações, artigos ou resumos para diversas áreas do conhecimento, bem como utilizam diferentes formas
de adquiri-los. O objetivo deste estudo foi fazer um
levantamento, baseado em análise descritiva, das páginas eletrônicas mais acessadas, dos assuntos mais
pesquisados e das formas de obter os artigos científicos. Um questionário foi distribuído aos alunos do
segundo ao nono semestre do curso de odontologia
da ULBRA, Cachoeira do Sul. Este questionário continha três perguntas, sendo a primeira pergunta sobre
os endereços eletrônicos mais acessados, na qual o
acadêmico tinha nove alternativas em ordem alfabética (Aonde, BBO, Bireme, Cadê, EBSCO, Google,
Medline, Pubmed, Scielo) e necessitava marcar os
quatro endereços mais acessados, em ordem de acesso; a segunda pergunta era sobre as áreas de interesse mais pesquisadas na internet, as quais estavam em
ordem alfabética, necessitando enumerar as quatro
mais pesquisadas (cirurgia, dentística, endodontia,
odontogeriatria, odontologia e sociedade, odontologia fitoterápica, odontologia legal, odontopediatria,
ortodontia, ortopedia funcional do maxilares, periodontia, prótese, radiologia e imaginologia, semiologia); a terceira pergunta era sobre o meio de obter
artigos científicos, necessitando o acadêmico marcar
apenas um item, sendo as opções: fotocópia de periódicos da biblioteca, COMUT, SCAD, acessa endereços de bilbiotecas virtuais, assina periódico, solicita
permuta bibliográfica. Foram entrevistados 127 alunos, entre o segundo e nono semestre do curso. A
análise descritiva dos dados mostrou que as páginas
eletrônicas mais acessadas em ordem de pontuação
são: 54% Google, seguido pelas páginas: 31% Scielo,
8% Cadê e 7% Medline. Dentre os assuntos mais pesquisados em ordem de pontuação, os quatro mais
pesquisados foram: 44% odontologia e sociedade,
seguido por 26% Cirurgia, 24% Dentística e 6% endodontia. Entre as formas de se obter artigos, o meio
de COMUT é o mais utilizado.
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Utilizando-se esta metodologia é possível concluir que a página do Google é a mais acessada; a área de interesse mais
pesquisada é odontologia e sociedade e o COMUT é a forma
mais utilizada para obtenção de artigos científicos.
59. O portfólio como um possível
cenário de aprendizado ético na
Saúde Bucal Coletiva
Bastos FA*, Warmling CM, Pedroso M, Emídio A,
Vechia GD
E
ste trabalho busca tecer considerações a respeito
do desafio teórico-metodológico que se impõe
ao docente em seu trabalho com o campo da Saúde
Bucal Coletiva nos cursos de graduação em Odontologia. Utiliza-se como vetor desta discussão a experiência do uso de portfólios produzidos no percurso
do aluno nos eixos temáticos que compõem o campo
curricular da Saúde Bucal Coletiva do Curso de Odontologia na ULBRA – Campus Cachoeira do Sul. Com
esta experiência pôde-se vivenciar o portfólio como
um espaço de aprendizado tanto do docente como
do discente. Este espaço, em conjunto com as outras
atividades desenvolvidas nos eixos temáticos visa uma
apropriação do “eu” em sua relação com os outros e
com o mundo propiciando assim oportunidades de
construção de racionalidades éticas. Entendendo neste cenário a autonomia como certa medida de possibilidades de ação e que está ligada à noção que se
adquire de si e de suas possibilidades de escolha, e
responsabilidade como algo que se assume gradativamente em virtude da apropriação de sua parte nos
acontecimentos. Assim, o desafio docente-discente,
que poderia ser apresentado como apenas teóricometodológico torna-se um desafio ético na medida
em que os espaços de aprendizado permitem a reflexão sobre as escolhas dos sujeitos no campo da saúde
bucal coletiva. O uso do portfólio pôde ainda permitir uma avaliação processual do envolvimento do professor e do aluno, pois exige que se busque, além do
espaço de sala de aula, temas referentes aos assuntos
discutidos. Pôde com isso permitir que se criasse, a
partir destes temas, outras idéias compartilhadas com
o grupo de colegas, docentes e discentes, sistematicamente. Essa busca expande o espaço da sala de aula
tornando o portfólio, a partir da identificação de materiais relacionados aos temas, obra particular do aluno. Esse jogo de constituição de autoria permite também ao docente se identificar com as possibilidades
e dificuldades do percurso ético, teórico e metodológico travado pelo aluno. É a tentativa de uma subje184
tivação diferente muito necessária ao campo curricular da saúde bucal coletiva. Permitir a composição de
cartografias onde existam outras possibilidades de
olhares e análises. Trabalhar com a confecção de portfólios não é fácil para o professor, pois quanto mais
esta técnica pedagógica é bem sucedida mais autoria
possui o aluno exigindo assim um processo intenso
de possibilidades de discussão com o professor e com
o grupo. A quantidade de material elencado e a qualidade de sua análise aumentam gradativamente gerando uma riqueza de conteúdos que pode dificultar
a apreciação, exigindo tempo e concentração na análise das obras.
Cabe reconhecer que o que extravasa ao controle, enfim, a
possibilidade de ir além do exigido e de surpreender é que
possibilita aos alunos a gestão do seu processo de aprendizado. A reflexão ética com esta proposta compõe um cenário
onde são permitidos que os elementos identitários e de alteridade se encontrem e negociem entre si.
60. Oficina de planejamento clínico
integrado - visão interdisciplinar precoce
em alunos de 2ª série no curso de
Odontologia da UNIPAR do campus de
Cascavel e Umuarama
Miura CSN*, Bremm LL, Miura MN,
Hoeppner MG, Ceranto DCFB
A
partir do currículo interdisciplinar implantado
no Curso de Odontologia da UNIPAR – Campus
de Cascavel e Umuarama, foi criado o projeto intitulado “Oficinas de Planejamento Clínico-Integrado”.
O objetivo dessa experiência é o envolvimento das
disciplinas do currículo sobre um único objeto de
estudo: o paciente. Esta abordagem de resolução de
problemas e estudo independente fundamenta-se na
metodologia baseada em problemas. Inicialmente
são utilizados recursos audiovisuais através da projeção de casos clínicos reais para o treinamento do
exercício do planejamento clínico integrado. Fotografias intrabucais frontais, laterais, oclusais e de outros pontos de relevância clínica ao caso, bem como
exames radiográficos e modelos de estudo também
são projetados. Após a projeção e descrição das necessidades de tratamento, realiza-se o levantamento
de termos desconhecidos, que passaram a ser as palavras-chaves a serem pesquisadas. Nesta fase inicia-se
o aprofundamento teórico interdisciplinar do caso
do paciente. Ao final desta fase, os alunos concluem
o diagnóstico, planejamento e estudo interdisciplinar
de um paciente real em recursos audiovisuais, discu-
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tidos no grupo. Através da projeção dos casos, exercita-se o raciocínio para a elaboração de outras alternativas de tratamento, juntamente com o estudo
direcionado das condições bucais em metodologia
baseada em problemas. Após este treinamento e discussão, os acadêmicos realizam o atendimento clínico
para o planejamento, onde são coletados dados e a
documentação completa do paciente. Segue-se uma
nova seqüência de preparo da apresentação, estudo
das palavras-chaves, apresentação e discussão dos planos de tratamento.
Dentre os pontos positivos da metodologia encontramos a
inserção precoce do aluno, ainda na segunda série, ao planejamento clínico-integrado, da visão do todo, e de estudo
interdisciplinar tendo como foco a resolução dos problemas
do paciente. Esta metodologia permite também que o aluno
exercite o planejamento de inúmeros casos, não somente limitado ao número de pacientes que serão por ele tratados
na graduação.
61. Reabilitação interdisciplinar com
odontologia e equoterapia
Uemura ST*, Alkmin YT, Poletti S, Souza PC,
Campagnha L
N
o atendimento odontológico a pacientes com
necessidades especiais da Fundação Hermínio
Ometto – Uniararas, realizado pelos alunos de graduação, há a possibilidade de interação disciplinar com
a equoterapia, para o qual são encaminhados pacientes com distúrbios comportamentais e neuromotores.
A equoterapia foi reconhecida como terapia médica,
pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), em Sessão
Plenária de 09 de abril de 1997, que a aprovou no
Parecer 06/97. A equoterapia é um método terapêutico e educacional que utiliza o cavalo dentro de uma
abordagem interdisciplinar, nas áreas de saúde, educação e equitação, buscando o desenvolvimento biopsicossocial de pessoas com necessidades especiais. Ela
emprega o cavalo como agente promotor de ganhos
físicos, psicológicos e educacionais. Esta atividade exige a participação do corpo inteiro, contribuindo, assim, para o desenvolvimento da força, tônus muscular,
flexibilidade, relaxamento, conscientização do próprio corpo e aperfeiçoamento da coordenação motora e do equilíbrio. A interação com o cavalo, incluindo
os primeiros contatos, o ato de montar e o manuseio
final, desenvolve novas formas de socialização, autoconfiança e auto-estima. A prática da equoterapia é
realizada por equipe multiprofissional que atua de
forma interdisciplinar, que deve ser a mais ampla pos-
sível, composta por profissionais das áreas de saúde,
educação e equitação, especializados na reabilitação
e/ou educação de pessoas com necessidades especiais,
tais como: fisioterapeuta, terapeuta ocupacional, psicólogo, professor de educação física, pedagogo, fonoaudiólogo, assistente social e cirurgiões-dentistas e
outros. Na prática da equoterapia os alunos podem
orientar o paciente a escovar os dentes do cavalo usando-o como meio de ilustração para ensinarem técnicas
de escovação, verificando junto ao fisioterapeuta a necessidade de individualização da escova dental e necessidade de ajustes de movimento para auxílio da
coordenação motora e tônus muscular. Os demais progressos que ajudam o atendimento odontológico vêm
naturalmente no decorrer da prática terapêutica.
Com isso o tratamento odontológico tem um ganho considerável quando o assunto é a reabilitação, pois os pacientes
com distúrbio de comportamento e neuromotores conseguem
através do aumento de tônus muscular e coordenação motora realizar a higiene bucal com mais eficácia, e com o
desenvolvimento biopsicossocial aceitar e colaborar com o
tratamento odontológico. Além de oferecer ao aluno de odontologia uma nova possibilidade de trabalho e o conhecimento de uma outra prática terapêutica para auxiliá-lo no
tratamento odontológico.
62. Percepção de estudantes de
odontologia sobre o ensino de políticas
de saúde
Tomita NE*
A
análise do discurso de estudantes do sétimo semestre de graduação em odontologia de instituição de ensino superior (IES) pública é realizada mediante a leitura de formulários de avaliação de
disciplinas aplicados no âmbito da universidade. São
utilizadas ferramentas de análise qualitativa, tendo
como pressuposto teórico que o contexto da formação
influencia de maneira importante a percepção de estudantes sobre o conteúdo, o método de ensino e a
capacidade docente no desenvolvimento de uma proposta de reflexão de políticas de saúde no interior de
uma disciplina formal de graduação. A pesquisa que
serve de base a este trabalho tem como matéria-prima
38 fichas processadas pela comissão de graduação da
IES com os comentários transcritos de forma confidencial. No trabalho empírico, a leitura do material
impresso propiciou a criação de três categorias explicativas: conteúdo, pedagogia e processo de trabalho.
Alguns extratos de discursos são citados entre aspas.
A percepção do estudante quanto ao conteúdo indica
Revista da ABENO • 7(2):149-87
185
Trabalhos selecionados para apresentação • 42ª Reunião Anual da Abeno, 2007
que “essa disciplina não serviu para nada, muitas aulas
eram de alta inutilidade, não veio a acrescentar nada
no currículo”. Há também uma percepção de caráter
pragmático, que considera “um conteúdo super importante, que é interessante para a maioria dos alunos
que vão prestar concurso público”. Na categoria pedagogia, a avaliação dos métodos de ensino pelo estudante indica uma percepção de que “o modo de apresentação da aula não é adequado para aprendizagem.
Quase não tive aula teórica. Muitas aulas apenas os
alunos falam, expondo seminários”. A reflexão propiciada pela análise da categoria processo de trabalho
mostra que, na avaliação do trabalho docente, ao pautar-se pelo modelo de aulas expositivas, os estudantes
referem que (o docente) só “enrola e não dá aula
adequadamente. Não ensina e as aulas são apenas perguntas aos alunos, que estão aqui para aprender e não
para ensinar o docente, que deveria se preocupar mais
com os alunos, mostrar slides mais elaborados”.
A formação de especialistas que apresentam dificuldades em
lidar com as totalidades ou com realidades complexas necessita um novo olhar e um novo fazer, visando à superação
do problema observado, mediante uma nova racionalidade
capaz de incorporar a diversidade, as contradições e as tensões que constroem o cotidiano nas instituições de ensino
superior.
63. O atendimento odontológico
domiciliar
Uemura ST*, Souza PC, Alkmin YT, Bozzo RO,
Mendes ER
O
ensino odontológico nos últimos anos tem priorizado que além das habilidades clínicas, os alunos também tenham um conhecimento e interação
social mais amplos em relação à sociedade onde vivem. Sendo assim no decorrer da formação odontológica pela Fundação Hermínio Ometto - Uniararas
é oferecida ao aluno de graduação a possibilidade de
trabalhar com o atendimento domiciliar a pacientes
com necessidades especiais. No atendimento domiciliar, o aluno pode aprimorar as técnicas clínicas, como
também presenciar as condições da casa quanto ao
saneamento, higiene, estrutura, e quanto aos moradores com relação à rotina diária, hábitos alimentares, higiene pessoal, condições sociais, etc.
Sendo assim a formação do aluno se torna mais completa,
pois além do ensino clínico há também a interação social e
conscientização da realidade pessoal de cada paciente e familiares, fazendo com que ele se adeqüe à possibilidade de
cada paciente e moradia.
186
64. A metodologia da problematização
no ensino de Clínica Odontológica
Albuquerque SHC*, Cruz PHAB
A
s Diretrizes curriculares para o ensino da Odontologia colocam aos docentes o desafio de formação de um profissional crítico, reflexivo, humanista,
capacitado para atuar em todos os níveis de atenção
à saúde, com base no rigor técnico e científico, dirigindo sua atuação para a transformação da realidade;
parece-nos, portanto, que a pedagogia mais adequada
para forjar tal profissional seja a Pedagogia da Problematização. O desafio que se apresenta é imenso já que
um grande número de docentes não possui qualificação formal na área de pedagogia. Por apresentar um
caráter muito prático em seu fazer, a prática não-reflexiva do processo ensino-aprendizagem facilmente
pode conduzir o docente à adoção freqüente da pedagogia do Condicionamento que enfatiza a demonstração – repetição – recompensa, o que pode tornar
o aluno um excelente técnico mas com um limitado
poder de transformação da realidade e com dificuldade de adaptação às mudanças. A carga horária dos
cursos de graduação em Odontologia é generosa para
os momentos de prática clínica; faz-se urgente incluir
esses momentos dentro de uma proposta problematizadora, como é proposto na disciplina de Clínica
Odontológica II da Universidade de Fortaleza. Com
o início de uma mudança curricular que enfoca a integralidade do conhecimento e das necessidades do
paciente a construção de um novo modelo de ensinoaprendizagem também está aos poucos sendo incorporada pelos docentes através do Médodo do Arco
proposto por Charles Maguerez: Observação da realidade – nesta fase o aluno realiza a anamnese, exame
físico e odontograma do paciente, não esquecendo
de também incluir a percepção do paciente através da
referência à queixa principal. Identificação dos pontos chaves – o aluno é levado a identificar dentre todos
os seus registros quais são realmente significativos e
necessários à cura do paciente através da conferência
dos achados clínicos como PSR e odontograma. A
elaboração do plano de tratamento desenvolve a capacidade de priorização dos problemas para procurar
limitar o dano que a doença causou ao paciente para
em seguida argumentar com seu orientador as razões
que o fizeram a adotar aquela seqüência de tratamento. Teorização – para a fundamentação teórica do que
será realizado a partir do plano de tratamento, o aluno é estimulado a pesquisar sobre o procedimento
que irá realizar, assim, o orientador solicita que ele
Revista da ABENO • 7(2):149-87
Trabalhos selecionados para apresentação • 42ª Reunião Anual da Abeno, 2007
realize pesquisas individuais e em grupo, apresentando relatório sobre suas conclusões. Hipóteses de solução – diante das possibilidades de solução que seu
estudo apontou, o aluno seleciona com o orientador
aquela que mais se adequa à necessidade do paciente.
Aplicação à realidade – nesta última etapa o aluno
executa com segurança o procedimento indicado com
uma mínima intervenção do professor.
A pedagogia da problematização aplicada à Clínica Odontológica permite a formação de um aluno ativo, capaz de
expressar percepções e opiniões, analítico, crítico e agente
transformador da realidade.
65. Avaliação das fichas de atendimento
de urgência da FO/uFmG
Rocha ES*, Pedroso MAG, Resende VLS,
Drumond MM
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A
urgência odontológica é definida como os procedimentos para a pronta resolução da dor, perda
da função e da estética. Está incluída nos cuidados de
atenção básica à saúde e representa oportunidades e
desafios para a vida profissional dos cirurgiões-dentistas. Na Faculdade de Odontologia da Universidade
Federal de Minas Gerais (FO-UFMG) o atendimento
às urgências odontológicas aos usuários do SUS é parte integrante da disciplina Clínica Integrada de Atenção Primária (CIAP), ofertada aos alunos do 7º período de graduação. O preenchimento completo e
cuidadoso das fichas clínicas é fundamental, não só na
dimensão pedagógica do atendimento, mas também
por ser imprescindível para a abordagem adequada
do paciente, para o estabelecimento do diagnóstico,
decisão de tratamento e exigências legais do exercício
profissional. No entanto a necessidade do pronto atendimento de urgência pode levar o profissional a negli-
genciar a realização do adequado preenchimento da
ficha clínica. O presente estudo teve como objetivo
avaliar o preenchimento das fichas pelos alunos da
referida disciplina que atenderam pacientes de urgência durante o ano de 2006. A amostra consistiu de 354
fichas de urgência obtidas nos arquivos da FO-UFMG.
Os resultados foram expressos em freqüência simples
e porcentagem. Em relação à anamnese observou-se
que 97,45% dos alunos preencheram o campo referente à Queixa Principal, 89,26% preencheram a História da Doença Atual, 30,80% preencheram a História
Pregressa e 25,71% registraram a Pressão Arterial. Setenta e quatro por cento dos alunos preencheram a
conduta imediata a ser tomada, 62,71% preencheram
o tratamento definitivo indicado para o caso e 90,67%
preencheram o tratamento que foi realizado. Observou-se que 69,20% das fichas clínicas não tinham sido
preenchidas com o diagnóstico de emergência e que
30,69% destas fichas foram preenchidos o tratamento
sem ter sido realizado o diagnóstico. Quanto aos aspectos legais representados pelas assinaturas nos prontuários, observou-se que 26,55% das fichas não foram
assinadas pelos professores e 17,23% das fichas não
foram assinadas pelos pacientes.
Concluiu-se que as fichas clínicas nos atendimentos de urgência do curso de graduação da FO-UFMG não são adequadamente preenchidas, principalmente com relação à
abordagem da condição sistêmica do paciente, ao estabelecimento do diagnóstico e não podem ser consideradas como
documentação legal. Tais dados demonstram que o “fazer”
se reveste de maior importância para o aluno do que o raciocínio clínico que gerou sua ação. Estes resultados apontam para a necessidade de se dar maior atenção e valorização ao preenchimento desses prontuários com reflexos na
formação do aluno e na qualidade do atendimento prestado
à população atendida.
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Revista da ABENO • 7(2):149-87
187
Índice de artigos
v. 7, n. 2, maio/agosto - 2007
Autores
Antoniazzi, Mônica Cristina
Camargo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 104
Ferreira, Raquel Conceição. . . . . . . . . . 141
Pereira, Carlos Alberto de Bragança . . 117
Magalhães, Claudia Silami. . . . . . . . . . . 141
Prado, Marta Lenise do. . . . . . . . . . . . . 130
Bodi, Lucia Helena Vieira Diniz. . . . . . 112
Medeiros, João Marcelo
Ferreira de. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 104
Reibnitz Junior, Calvino. . . . . . . . . . . . . 130
Caroli, Angela de. . . . . . . . . . . . . . . . . . 117
Carvalho, Pedro Luiz de. . . . . . . . . . . . 104
Miguel, Luiz Carlos Machado. . . . . . . . 130
Silva, Maria Elisa de Souza e. . . . . . . . . 141
Clemente, Rosana Giovanni Pires. . . . . 104
Moreira, Allyson Nogueira . . . . . . . . . . 141
Turbino, Miriam Lacalle. . . . . . . . . . . . 112
Costa, Iris do Céu Clara. . . . . . . . . . . . . 122
Noro, Luiz Roberto Augusto. . . . . . . . . 135
Vieira, Glauco Fioranelli. . . . . . . . 112, 117
Anatomia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 112
Defeitos da visão cromática. . . . . . . . . . 117
Notificação de doenças. . . . . . . . . . . . . 141
Aprendizado. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 112
Diretrizes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 122
Odontologia. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 130
Conhecimento. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 135
Educação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 130
Pesquisa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 130
Controle de doenças transmissíveis/
legislação & jurisprudência. . . . . . . . 141
Educação baseada em competências. . 122
Pesquisa qualitativa . . . . . . . . . . . . . . . . 130
Educação em odontologia. . . 104, 117, 135
Radiografia. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 104
Cor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 117
Escultura. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 112
Radiografia dentária . . . . . . . . . . . . . . . 104
Currículo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 122, 135
Estudantes de odontologia. . . . . . . . . . 104
Vigilância epidemiológica. . . . . . . . . . . 141
Anatomy. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 112
Dentistry. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 130
Learning. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 112
Color. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 117
Disease notification. . . . . . . . . . . . . . . . 141
Qualitative research. . . . . . . . . . . . . . . . 130
Color blindness . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 117
Education. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 130
Radiography. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 104
Communicable disease control/
legislation & jurisprudence. . . . . . . . 141
Education, dental. . . . . . . . . . 104, 117, 135
Radiography, dental. . . . . . . . . . . . . . . . 104
Epidemiologic surveillance. . . . . . . . . . 141
Research. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 130
Competency-based education. . . . . . . . 122
Guidelines . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 122
Sculpture . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 112
Curriculum. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 122, 135
Knowledge. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 135
Students, dental. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 104
Resende, Vera Lucia Silva. . . . . . . . . . . 141
Descritores
Descriptors
188
Revista da ABENO • 7(2):188
Índice de resumos apresentados na
42ª Reunião Anual
v. 7, n. 2, maio/agosto - 2007
Autores
A
Bastos FA. . . . . . . . . . . . . . . . . . P57 (p. 183)
Campagnha L. . . . . . . . . . . . . . P61 (p. 185)
Bastos FA. . . . . . . . . . . . . . . . . . P58 (p. 183)
Campos J. . . . . . . . . . . . . . . . . . P52 (p. 180)
Bastos FA. . . . . . . . . . . . . . . . . . P59 (p. 184)
Carmo MP . . . . . . . . . . . . . . . . P25 (p. 166)
Batalha WM . . . . . . . . . . . . . . . . S7 (p. 152)
Casotti E. . . . . . . . . . . . . . . . . . P30 (p. 168)
Bender CFR. . . . . . . . . . . . . . . P33 (p. 170)
Ceranto DCFB. . . . . . . . . . . . . P60 (p. 184)
Bergesch V. . . . . . . . . . . . . . . . . P2 (p. 154)
Cesa K. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . S2 (p. 149)
Berti M. . . . . . . . . . . . . . . . . . . P23 (p. 164)
Chao LW. . . . . . . . . . . . . . . . . . . S6 (p. 151)
Berti M. . . . . . . . . . . . . . . . . . . P31 (p. 169)
Coelho SM. . . . . . . . . . . . . . . . P49 (p. 179)
Bino LS. . . . . . . . . . . . . . . . . . . P26 (p. 166)
Coelho-de-Souza FH . . . . . . . . P58 (p. 183)
Bisacotti P. . . . . . . . . . . . . . . . . P58 (p. 183)
Colaço TMJM. . . . . . . . . . . . . . P34 (p. 170)
Bohn D. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . P2 (p. 154)
Condeixa DC. . . . . . . . . . . . . . . P4 (p. 155)
Alkmin YT. . . . . . . . . . . . . . . . . P63 (p. 186)
Bonan PRF. . . . . . . . . . . . . . . . . P9 (p. 157)
Correia FAS . . . . . . . . . . . . . . . P35 (p. 171)
Almeida MJ. . . . . . . . . . . . . . . . P51 (p. 180)
Bottan ER. . . . . . . . . . . . . . . . . P44 (p. 176)
Costa APL. . . . . . . . . . . . . . . . . P44 (p. 176)
Almeida MJ. . . . . . . . . . . . . . . . P52 (p. 180)
Bottan ER. . . . . . . . . . . . . . . . . P45 (p. 176)
Costa FOC . . . . . . . . . . . . . . . . P54 (p. 181)
Alves L. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . P51 (p. 180)
Bozzo RO. . . . . . . . . . . . . . . . . P10 (p. 158)
Costa FOC . . . . . . . . . . . . . . . . P55 (p. 182)
Alves L. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . P52 (p. 180)
Bozzo RO. . . . . . . . . . . . . . . . . P11 (p. 158)
Costa PMC . . . . . . . . . . . . . . . . P17 (p. 161)
Alves TDB. . . . . . . . . . . . . . . . . P21 (p. 163)
Bozzo RO. . . . . . . . . . . . . . . . . P63 (p. 186)
Costa SM. . . . . . . . . . . . . . . . . . . P9 (p. 157)
Alves WF. . . . . . . . . . . . . . . . . . . P6 (p. 156)
Braga LCC . . . . . . . . . . . . . . . . P10 (p. 158)
Costa SM. . . . . . . . . . . . . . . . . . P50 (p. 179)
Andrades KMR. . . . . . . . . . . . . P15 (p. 160)
Braga LCC . . . . . . . . . . . . . . . . P11 (p. 158)
Crivello-Junior O. . . . . . . . . . . . P1 (p. 153)
Araujo ME . . . . . . . . . . . . . . . . . P8 (p. 157)
Brasileiro CB . . . . . . . . . . . . . . P14 (p. 160)
Crivello-Junior O. . . . . . . . . . . . P8 (p. 157)
Araujo ME . . . . . . . . . . . . . . . . P12 (p. 159)
Brasileiro CB . . . . . . . . . . . . . . P36 (p. 171)
Crivello-Junior O. . . . . . . . . . . P12 (p. 159)
Araujo ME . . . . . . . . . . . . . . . . P20 (p. 163)
Brasileiro CB . . . . . . . . . . . . . . P37 (p. 172)
Crivello Junior O. . . . . . . . . . . P35 (p. 171)
Araujo SS . . . . . . . . . . . . . . . . . P20 (p. 163)
Bremm LL . . . . . . . . . . . . . . . . P39 (p. 173)
Cruz GV . . . . . . . . . . . . . . . . . . . S7 (p. 152)
Arebalo IR . . . . . . . . . . . . . . . . P11 (p. 158)
Bremm LL . . . . . . . . . . . . . . . . P48 (p. 178)
Cruz PHAB. . . . . . . . . . . . . . . . P56 (p. 182)
Ávila L. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . P15 (p. 160)
Bremm LL . . . . . . . . . . . . . . . . P60 (p. 184)
Cruz PHAB. . . . . . . . . . . . . . . . P64 (p. 186)
Àvila LFC . . . . . . . . . . . . . . . . . . S7 (p. 152)
Brito-Júnior M . . . . . . . . . . . . . P47 (p. 177)
Cruz RCW. . . . . . . . . . . . . . . . . P46 (p. 177)
Brito-Júnior M . . . . . . . . . . . . . P50 (p. 179)
Cruz RCW. . . . . . . . . . . . . . . . . P53 (p. 181)
Brum SC. . . . . . . . . . . . . . . . . . P30 (p. 168)
Cunha Júnior AD. . . . . . . . . . . P29 (p. 168)
Brum SC. . . . . . . . . . . . . . . . . . P49 (p. 179)
Cyrino L. . . . . . . . . . . . . . . . . . P16 (p. 161)
Abreu MHNG. . . . . . . . . . . . . . . P9 (p. 157)
Abreu MHNG. . . . . . . . . . . . . . P13 (p. 159)
Abreu MHNG. . . . . . . . . . . . . . P14 (p. 160)
Aguiar FTR. . . . . . . . . . . . . . . . P13 (p. 159)
Albuquerque SC. . . . . . . . . . . . P39 (p. 173)
Albuquerque SHC. . . . . . . . . . . S1 (p. 149)
Albuquerque SHC. . . . . . . . . . P56 (p. 182)
Albuquerque SHC. . . . . . . . . . P64 (p. 186)
Alencar CJF. . . . . . . . . . . . . . . . S6 (p. 151)
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Fadel MAV . . . . . . . . . . . . . . . . P54 (p. 181)
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Miguel LCM. . . . . . . . . . . . . . . P15 (p. 160)
L
Miguel LCM. . . . . . . . . . . . . . . P16 (p. 161)
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Favoretto DT . . . . . . . . . . . . . . P35 (p. 171)
Lamberti P. . . . . . . . . . . . . . . . P53 (p. 181)
Ferraz CA. . . . . . . . . . . . . . . . . P49 (p. 179)
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G
Madeira L. . . . . . . . . . . . . . . . . P15 (p. 160)
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Garbin CAS. . . . . . . . . . . . . . . P25 (p. 166)
Maia GCTP. . . . . . . . . . . . . . . . P28 (p. 167)
Garbin CAS. . . . . . . . . . . . . . . P26 (p. 166)
Malmann P. . . . . . . . . . . . . . . . P58 (p. 183)
Gonçalves EMG . . . . . . . . . . . . . P3 (p. 154)
Maltagliati LA. . . . . . . . . . . . . . . P8 (p. 157)
Gouvêa MV. . . . . . . . . . . . . . . . P30 (p. 168)
Grazziotin GB. . . . . . . . . . . . . . . P3 (p. 154)
Grazziotin GB. . . . . . . . . . . . . . P33 (p. 170)
Miura CSN. . . . . . . . . . . . . . . . P48 (p. 178)
Miura CSN. . . . . . . . . . . . . . . . P60 (p. 184)
Miura MN. . . . . . . . . . . . . . . . . P48 (p. 178)
Miura MN. . . . . . . . . . . . . . . . . P60 (p. 184)
Moimaz SAS. . . . . . . . . . . . . . . P21 (p. 163)
Moimaz SAS. . . . . . . . . . . . . . . P24 (p. 165)
Moimaz SAS. . . . . . . . . . . . . . . P25 (p. 166)
Moraes RB . . . . . . . . . . . . . . . . . P2 (p. 154)
M
Garbin CAS. . . . . . . . . . . . . . . P24 (p. 165)
Gonçalves EMG . . . . . . . . . . . . P33 (p. 170)
Miura CSN. . . . . . . . . . . . . . . . P39 (p. 173)
Moimaz SAS. . . . . . . . . . . . . . . P26 (p. 166)
Freitas FO. . . . . . . . . . . . . . . . . P28 (p. 167)
Freitas VV. . . . . . . . . . . . . . . . . P17 (p. 161)
Matos JLF. . . . . . . . . . . . . . . . . P53 (p. 181)
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Escudero BT. . . . . . . . . . . . . . . . P1 (p. 153)
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Massa VTDM . . . . . . . . . . . . . . P49 (p. 179)
Marcelo VC. . . . . . . . . . . . . . . . . S8 (p. 153)
Marcelo VC. . . . . . . . . . . . . . . . P38 (p. 172)
Marcelo VC. . . . . . . . . . . . . . . . P40 (p. 173)
Marcelo VC. . . . . . . . . . . . . . . . P43 (p. 175)
Marques BB . . . . . . . . . . . . . . . . P2 (p. 154)
Moraes RB . . . . . . . . . . . . . . . . . P3 (p. 154)
Moura FR. . . . . . . . . . . . . . . . . P57 (p. 183)
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Nacao MS. . . . . . . . . . . . . . . . . P17 (p. 161)
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Hayassy A . . . . . . . . . . . . . . . . . P17 (p. 161)
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Rocha MM . . . . . . . . . . . . . . . . P11 (p. 158)
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Uemura ST. . . . . . . . . . . . . . . . P61 (p. 185)
Pinto CEP. . . . . . . . . . . . . . . . . P23 (p. 164)
Pinto RLS. . . . . . . . . . . . . . . . . P46 (p. 177)
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Uriarte Neto M. . . . . . . . . . . . . P44 (p. 176)
Saliba NA . . . . . . . . . . . . . . . . . P24 (p. 165)
Pires FM. . . . . . . . . . . . . . . . . . . S2 (p. 149)
Uriarte Neto M. . . . . . . . . . . . . P45 (p. 176)
Saliba NA . . . . . . . . . . . . . . . . . P26 (p. 166)
Poletti S. . . . . . . . . . . . . . . . . . . P61 (p. 185)
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Saliba O . . . . . . . . . . . . . . . . . . P25 (p. 166)
Puplaksis NV. . . . . . . . . . . . . . . P18 (p. 162)
Salles V. . . . . . . . . . . . . . . . . . . P36 (p. 171)
Piazza CLS . . . . . . . . . . . . . . . . P33 (p. 170)
Q
Uemura ST. . . . . . . . . . . . . . . . P63 (p. 186)
Salomão JR. . . . . . . . . . . . . . . . P32 (p. 169)
Sanches CM . . . . . . . . . . . . . . . P29 (p. 168)
V
Vale MJLC. . . . . . . . . . . . . . . . . P19 (p. 163)
Vechia GD. . . . . . . . . . . . . . . . . P57 (p. 183)
Vechia GD. . . . . . . . . . . . . . . . . P59 (p. 184)
Queiroz MG. . . . . . . . . . . . . . . . S8 (p. 153)
Santa-Rosa TTA . . . . . . . . . . . . P27 (p. 167)
Queiroz MG. . . . . . . . . . . . . . . P42 (p. 174)
Santa-Rosa TTA . . . . . . . . . . . . P28 (p. 167)
Queiroz MG. . . . . . . . . . . . . . . P43 (p. 175)
Santos JG . . . . . . . . . . . . . . . . . P21 (p. 163)
Warmling CM. . . . . . . . . . . . . . P57 (p. 183)
Sawazaki I. . . . . . . . . . . . . . . . . P29 (p. 168)
Warmling CM. . . . . . . . . . . . . . P59 (p. 184)
R
Sawazaki I. . . . . . . . . . . . . . . . . P31 (p. 169)
Webber AA. . . . . . . . . . . . . . . . P23 (p. 164)
Ramos ACB. . . . . . . . . . . . . . . . P56 (p. 182)
Sayuri K. . . . . . . . . . . . . . . . . . . P35 (p. 171)
Webber AA. . . . . . . . . . . . . . . . P31 (p. 169)
Ramos DLP. . . . . . . . . . . . . . . . . S3 (p. 150)
Scatolin GC. . . . . . . . . . . . . . . . P10 (p. 158)
Ramos DLP. . . . . . . . . . . . . . . . P18 (p. 162)
Scheffer RF. . . . . . . . . . . . . . . . P31 (p. 169)
Z
Ramos FK. . . . . . . . . . . . . . . . . P45 (p. 176)
Schein MT . . . . . . . . . . . . . . . . P16 (p. 161)
Zafalon EJ. . . . . . . . . . . . . . . . . . S5 (p. 151)
Regis Filho GI. . . . . . . . . . . . . . P54 (p. 181)
Schubert EW. . . . . . . . . . . . . . . S7 (p. 152)
Zan FN . . . . . . . . . . . . . . . . . . . P10 (p. 158)
Regis Filho GI. . . . . . . . . . . . . . P55 (p. 182)
Schubert EW. . . . . . . . . . . . . . . P4 (p. 155)
Zan FN . . . . . . . . . . . . . . . . . . . P11 (p. 158)
Reis MS. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . P3 (p. 154)
Schubert EW. . . . . . . . . . . . . . P16 (p. 161)
Zanatta GB. . . . . . . . . . . . . . . . P45 (p. 176)
Reis RC. . . . . . . . . . . . . . . . . . . P41 (p. 174)
Sequeira E . . . . . . . . . . . . . . . . . S6 (p. 151)
Zina LG. . . . . . . . . . . . . . . . . . . P24 (p. 165)
Resende VLS . . . . . . . . . . . . . . P65 (p. 187)
Silva RP. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . P6 (p. 156)
Zocratto KBF . . . . . . . . . . . . . . P14 (p. 160)
Rezende LR . . . . . . . . . . . . . . . P51 (p. 180)
Siqueira FS. . . . . . . . . . . . . . . . P47 (p. 177)
Zocratto KBF . . . . . . . . . . . . . . P36 (p. 171)
Rezende LR . . . . . . . . . . . . . . . P52 (p. 180)
Soliva T. . . . . . . . . . . . . . . . . . . P29 (p. 168)
Zocratto KBF . . . . . . . . . . . . . . P37 (p. 172)
Ribeiro VMB. . . . . . . . . . . . . . . P22 (p. 164)
Sousa MLR. . . . . . . . . . . . . . . . . P5 (p. 155)
Zution P . . . . . . . . . . . . . . . . . . P23 (p. 164)
W
S = Seminários. P = Pôsteres.
Revista da ABENO • 7(2):189-91
191
Normas para apresentação
de originais
I.Missão - A Revista da ABENO - Associação Brasileira
de Ensino Odontológico é uma publicação quadrimestral que
tem como missão primordial contribuir para a obtenção de
indicadores de qualidade do ensino Odontológico, respeitando
os desejos de formação discente e capacitação docente, com
vistas a assegurar o contínuo progresso da formação profissional
e produzir benefícios diretamente voltados para a coletividade.
Visa também produzir junto aos especialistas a reflexão e análise
crítica dos assuntos da área em nível local, regional, nacional e
internacional.
II. Originais - Os originais deverão ser redigidos em
português ou inglês e digitados na fonte Arial tamanho 12, em
página tamanho A4, com espaço 1,5 e margem de 3 cm de cada
um dos lados, perfazendo o total de no máximo 17 páginas,
incluindo quadros, tabelas e ilustrações (gráficos, desenhos,
esquemas, fotografias etc.) ou no máximo 25.000 caracteres
contando os espaços.
III.Ilustrações - As ilustrações (gráficos, desenhos,
esquemas, fotografias etc.) deverão ser limitadas ao mínimo
indispensável, apresentadas em páginas separadas e numeradas
consecutivamente em algarismos arábicos. As respectivas
legendas deverão ser concisas e localizadas abaixo e precedidas
da numeração correspondente. Nas tabelas e nos quadros a
legenda deverá ser colocada na parte superior. As fotografias
deverão ser fornecidas em mídia digital, em formato tif ou jpg,
tamanho 10 x 15 cm, em no mínimo 300 dpi. Não serão aceitas
fotografias em Word ou Power Point. Deverão ser indicados os
locais no texto para inserção das ilustrações e de suas citações.
IV.Encaminhamento de originais - Solicita-se o
encaminhamento dos originais de acordo com as especificações
descritas no item II para o endereço eletrônico www.abeno.
org.br. A submissão “on-line” é simples e segura pelo padrão
informatizado disponível no site, no ícone “Revista Online”.
Somente opte pelo encaminhamento pelo correio diante da
necessidade de publicação de ilustrações em formato tif/jpg
e alta resolução (veja especificações no item III). Endereço:
REVISTA DA ABENO - Associação Brasileira de Ensino
Odontológico - Universidade Católica de Brasília - Curso de
Odontologia - Nova Sede QS 07 Lote 01 - Bairro Águas Claras CEP: 72030-170 - Brasília - DF.
V. A estrutura do original
1. Cabeçalho: Quando os artigos forem em português,
colocar título e subtítulo em português e inglês; quando
os artigos forem em inglês, colocar título e subtítulo em
inglês e português. O título deve ser breve e indicativo
da exata finalidade do trabalho e o subtítulo deve
contemplar um aspecto importante do trabalho.
2. Autores: Indicação de apenas um título universitário
e/ou uma vinculação à instituição de ensino ou pesquisa
que indique a sua autoridade em relação ao assunto.
3. Resumo: Representa a condensação do conteúdo,
expondo metodologia, resultados e conclusões, não
excedendo 250 palavras e em um único parágrafo.
4. Descritores: Palavras ou expressões que identifiquem
o conteúdo do artigo. Para sua determinação, consultar
a lista de “Descritores em Ciências da Saúde - DeCS”
(http://decs.bvs.br) (no máximo 5).
192
5. Texto: Deverá seguir, dentro do possível, a seguinte
estrutura:
a)Introdução: deve apresentar com clareza o objetivo do
trabalho e sua relação com os outros trabalhos na mesma
linha ou área. Extensas revisões de literatura devem ser
evitadas e quando possível substituídas por referências
aos trabalhos bibliográficos mais recentes, onde certos
aspectos e revisões já tenham sido apresentados.
Lembre-se que trabalhos e resumos de teses devem
sofrer modificações de forma a se apresentarem
adequadamente para a publicação na Revista, seguindose rigorosamente as normas aqui publicadas.
b)Material e métodos: a descrição dos métodos usados
deve ser suficientemente clara para possibilitar a
perfeita compreensão e repetição do trabalho, não
sendo extensa. Técnicas já publicadas, a menos que
tenham sido modificadas, devem ser apenas citadas
(obrigatoriamente).
c)Resultados: deverão ser apresentados com o mínimo
possível de discussão ou interpretação pessoal,
acompanhados de tabelas e/ou material ilustrativo
adequado, quando necessário. Dados estatísticos devem
ser submetidos a análises apropriadas.
d)Discussão: deve ser restrita ao significado dos
dados obtidos, resultados alcançados, relação do
conhecimento já existente, sendo evitadas hipóteses
não fundamentadas nos resultados.
e)Conclusões: devem estar baseadas no próprio texto.
f)Agradecimentos (quando houver).
6. Abstract: Resumo do texto em inglês. Sua redação
deve ser paralela à do resumo em português.
7. Descriptors: Versão dos descritores para o inglês.
Para sua determinação, consultar a lista de “Descritores
em Ciências da Saúde - DeCS” (http://decs.bvs.br) (no
máximo 5).
8. Referências bibliográficas: Devem ser ordenadas
alfabeticamente, numeradas e normatizadas de acordo
com o Estilo Vancouver, conforme orientações publicadas
no site da “National Library of Medicine” (http://www.
nlm.nih.gov/bsd/uniform_requirements.html). Para as
citações no corpo do texto deve-se utilizar o sistema
numérico, no qual são indicados no texto somente os
números-índices na forma sobrescrita. A citação de
nomes de autores só é permitida quando estritamente
necessária e deve ser acompanhada de número-índice
e ano de publicação entre parênteses. Todas as citações
devem ser acompanhadas de sua referência bibliográfica
completa e todas as referências devem estar citadas no
corpo do texto. As abreviaturas dos títulos dos periódicos
deverão estar de acordo com o “List of Journals Indexed
in Index Medicus” (http://www.ncbi.nlm.nih.gov/entrez/
query.fcgi?db=journals). A exatidão das referências
bibliográficas é de responsabilidade dos autores.
VI. Endereço - E-mail, telefone e fax de todos os autores.
Obs.: Qualquer alteração de endereço, telefone ou e-mail deve
ser imediatamente comunicada à Revista. §
Revista da ABENO • 7(2):192
Criação e fotoilustração
: IC
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