a construção do são joão de paz e amor em areia branca/se

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a construção do são joão de paz e amor em areia branca/se
III Seminário de Estudos Culturais, Identidades e Relações
Interétnicas
GT 4 - Espaços religiosos, formas de expressão, festa e poder.
A CONSTRUÇÃO DO SÃO JOÃO DE PAZ E AMOR EM AREIA
BRANCA/SE: FESTA E IDENTIDADE.
Liana Matos Araújo
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A CONSTRUÇÃO DO SÃO JOÃO DE PAZ E AMOR EM AREIA
BRANCA/SE: FESTA E IDENTIDADE.
Liana Matos Araújo
Universidade Federal de Sergipe
[email protected]
INTRODUÇÃO
As festas juninas são manifestações culturais do Nordeste. Destinam-se a
homenagear alguns santos católicos: Santo Antônio, dia 13 de junho, São João, dia 24, e
São Pedro, dia 29 do mesmo mês. Dentro da diversidade de festas existentes no Brasil, a
que será especialmente analisada, o São João de Paz e Amor, apresenta peculiaridades
tanto por sua estrutura e forma de participação, quanto pela ideia de tranquilidade,
aspectos fundamentais na construção da sua identidade.
Segundo a crença católica, Filho de Zacarias e Isabel, prima de Maria, a mãe de
Jesus, João Batista é o santo que introduziu a prática do batismo e preparou a chegada
do Messias. As comemorações em sua homenagem datam de muito tempo, sem se
conhecer um marco inicial. No ciclo de celebrações juninas, acordar São João é um
aspecto importante na história dos festejos da cidade de Areia Branca (SE), visto que ele
é seu patrono. A cidade tem 50 anos de emancipação e está localizada a
aproximadamente 36 km do centro da capital, Aracaju, na região do vale do cotinguiba
do Estado, e sua população é, aproximadamente, de 16.072 habitantes (censo de 2010 IBGE).
O objeto do presente estudo é a festa junina que aí acontece. Mesmo sendo um
município pequeno, tanto em extensão territorial quanto em atividades comerciais e
econômicas, realiza uma festa de grande dimensão voltada para o turismo regional. Uma
das festas mais ricas em usos e significados do Nordeste: o São João. “Vivida como
tradição, o São João é uma festa popular que revela, ano a ano, a dinâmica da vida
política, econômica e social da cidade” (CHIANCA, 2006, p.27).
O objetivo deste artigo é analisar a construção do São João denominado como
Paz e Amor a partir da apresentação dos diferentes modelos festivos implementados em
diferentes contextos e apresentar o surgimento da caracterização da ideia de Paz e
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Amor, na década de 90 e seu deslocamento, nos termos de Stuart Hall, nos primeiros
anos do século XXI. Para tal fim foi necessário recorrer ao discurso oficial, ou seja, ao
relato sobre a festa feito pela mídia impressa. Na cidade não há arquivo sobre a história
da festa. Existem somente alguns trabalhos na Biblioteca Pública Josefina Simões de
Araújo como, por exemplo, a monografia “O São João em Areia Branca e sua passagem
de cultura popular para indústria cultural”, de autoria da pedagoga Anaelma Alves
Ribeiro, apresentada à Faculdade Pio Décimo em 2002. E a monografia da jornalista
Alessandra Barros, intitulada “Areia Branca na tela: o resgate do São João de Paz e
Amor”, apresentada à Universidade Tiradentes em 2005.
A solução encontrada foi pesquisar na cidade de Aracaju em um lugar de
produção de significado – nos arquivos públicos: Arquivo Público Estadual, sem
encontrar qualquer documento que citasse a cidade de Areia Branca; Instituto Histórico
e Geográfico de Sergipe, com poucas informações recolhidas; Arquivo Público da
cidade de Aracaju, onde a quantidade de material jornalístico se fez mais presente e
possibilitou obter uma noção de como o São João de Areia Branca circulava na mídia.
Os jornais pesquisados foram o Jornal de Sergipe, a Gazeta de Sergipe e um pacotilho
com alguns jornais diversificados. No Apêndice 1, estão relacionados os dados da
pesquisa em jornais.
Esses artigos jornalísticos, entretanto, foram insuficientes. Muitos dados não foram
encontrados, e, com nova estratégia, voltou-se a campo para realização de novas
entrevistas. Dessa vez foram selecionadas pessoas que vivenciaram a festa e que
poderiam auxiliar na composição dos modelos festivos por quais o São João de Areia
Branca passou. No Apêndice 2, estão incluídos os nomes dos informantes com as datas
de entrevista. É importante ressaltar que nenhuma identidade pode existir fora de um
contexto, pois a análise do contexto social é fundamental.
1. O SÃO JOÃO EM AREIA BRANCA/SE
As celebrações em honra a São João geralmente aconteciam na véspera do seu
dia, 23 de junho, com preparação de fogueiras, mastros e fogos, com o propósito de
acordá-lo e avisá-lo de que seu dia estava chegando1. Entretanto, de acordo com a
1
Num passado recente, os preparativos e as celebrações características do ciclo junino concentravam-se
na véspera. Sobre a importância da véspera nesse ciclo, ver MORAES FILHO, 1999.
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tradição católica, o santo dorme profundamente durante o dia que lhe é consagrado, e
assim deve ser, caso contrário, atraído pelo clarão da fogueira e dos fogos, desceria do
céu e o mundo acabaria pelo fogo (CASCUDO, s/d, p.477). Uma vez que o santo deve
permanecer dormindo, o objetivo do ritual é, então, acordar os devotos para a festa
(AMORIM, 2002, p.126).
De acordo com os relatos dos moradores, em Areia Branca, as celebrações
iniciavam-se no dia 31 de maio à meia-noite em meados dos anos de 1950 a 1980. O
santo era saudado por meio de cantoria e louvor, que anunciavam a chegada de seu mês.
Nessa noite realizava-se o ritual festivo denominado Batalhão 1º de São João.
Predominava o caráter religioso, com novenas e procissões durante o mês. A festa
congregava a comunidade desde seus preparativos até sua efetivação no denominado
Batalhão 1º de São João.
Fig. 1: Batalhão 1º de São João
Foto: Acervo de Zé Dil, década de 50.
Nesse contexto, a festa de São João, enquanto festa do interior, conseguia
congregar a população local em torno de um símbolo religioso. No caso de Areia
Branca, acreditava-se que o ritual de acordar São João anualmente, na passagem do dia
31 de maio para o dia 1o de junho, garantia a proteção do padroeiro durante todo o ano.
A população acreditava na eficácia do rito.
Mais tarde, já no final dos anos 80 e início dos anos 90, a participação da
comunidade no Batalhão começa a decrescer. De acordo com Ascendino Sousa Filho,
em 1982, o então prefeito José do Prado Franco Sobrinho, Zé Franco, que fica no poder
até 1986, implementa um novo modelo festivo de caráter mais urbano, comercial e
massivo, o “São João de Paz e Amor”2 que passou a ser realizado entre os dias 23 e 29
de junho, ainda sem grandes repercussões, concentrada num único espaço. Para esse
empreendimento, ele contou com o auxílio do próprio Ascendino Sousa Filho, que se
2
A identidade Paz e Amor será discutida no próximo item do presente artigo.
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tornou, posteriormente, prefeito local, por meio da promoção da festa. Essa gestão
representou o processo de urbanização dos festejos juninos na cidade de Areia Branca.
Em 1990, foi criada a abertura dos festejos juninos no dia 31 de maio, exatamente no
mesmo dia em que acontecia num passado recente, o cortejo do Batalhão 1º de São
João. Tem início um complexo jogo de permanências e mudanças capitaneado pela
prefeitura da cidade em parceria com o governo do Estado.
A implantação do novo modelo festivo não foi ignorada pela população da
cidade: os antigos participantes do Batalhão 1º de São João questionavam as novas
iniciativas e os jovens que se deparavam com tamanha proporção do evento e não
ficavam alheios a essa manifestação. A administração pública passa a ver Areia Branca
e sua celebração ao padroeiro como uma fonte de lucro com um aproveitamento
político, econômico e turístico desses festejos. Esse aproveitamento turístico está
presente em outros estados nordestinos que tem a festa junina como foco no calendário
local.
Seguem-se os anos e a festa cresce. Ela ganha tamanha dimensão que desperta a
atenção de pesquisadores de outros estados nordestinos como, por exemplo, Elizabeth
Lima que cita a cidade de Areia Branca em seu livro A Fábrica de Sonhos. Aponta a
concorrência entre as cidades e a necessidade, que os administradores dos festejos
tiveram, de reinventar os festejos da cidade de Campina Grande em função do
crescimento de outras cidades nordestinas:
Cada cidade busca chamar a atenção do turista para o seu arraial e
ganha na audiência a cidade que melhor oferecer entretenimento com atrações
que despertam as fantasias da festa. Neste sentido, a competição entre as
cidades como Campina Grande, Caruaru, Estância, Areia Branca e São Luís, só
para citar algumas de maior destaque na construção do evento junino, é uma
constante. (LIMA, 2002, p.25).
Assim, a festa se moderniza e movimenta a economia local. Uma urbanização
festiva em que há valorização não somente dos símbolos característicos desta época do
ano como a fogueira, as comidas típicas, mas também de todo o aparato tecnológico
utilizado para que o evento se realize. Ou seja, uma mercantilização dos festejos juninos
começa se firmar em Areia Branca à medida que eles passam a combinar elementos
tradicionais junto a modernidade exigida pela indústria cultural como escreve Trigueiro
(s/d; p. 10):
Vivemos num mundo de coexistência entre as culturas tradicionais e
modernas. A modernização não vem para acabar com o folclore e a cultura
popular por ser até mesmo uma de suas estratégias. A incorporação de bens
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simbólicos modernos nas festas tradicionais não elimina a cultura folk mas, a
transforma e insere no mercado de consumo de massa e do turismo.
A organização da festa-espetáculo neste município envolveu a participação de
diversos setores: pequenos e médios comerciantes de bebidas e comidas, artistas,
cantores, trios pé-de-serra, profissionais da saúde, policiais civis e militares, governos
municipal e estadual, para citar alguns. De modo geral, todos “os participantes são
distribuídos dentro de uma determinada estrutura de produção e de consumo da festa, na
qual ocupam lugares distintos e específicos” (GUARINELLO, 2001, p. 971).
O que se tem, na realidade, é uma festa inventada, nos termos de Hobsbawm.
Trabalha-se com a hipótese de que a construção do novo modelo festivo que ficou
conhecido, na cidade e fora dela, como “São João de Paz e Amor”, preservou alguns
elementos do Batalhão 1º de São João e assumiu características de uma tradição
inventada.
Por “tradição inventada” entende-se um conjunto de práticas,
normalmente reguladas por regras tácita ou abertamente aceitas; tais práticas,
de natureza ritual ou simbólica, visam inculcar certos valores e normas de
comportamento através da repetição, o que implica, automaticamente, uma
continuidade em relação ao passado. Aliás, sempre que possível, tenta-se
estabelecer continuidade com um passado histórico apropriado.
(HOBBSBAWN, 2008, p.9)
Uma tradição que estabeleceu uma linha de continuidade com os elementos da
tradição local, tal como a abertura dos festejos no dia 31 de maio com o Batalhão. Desta
forma, a festa passa a ser realizada nessa e em outras datas do mês de junho, englobando
em sua programação vários shows musicais. A ênfase no caráter espetacular dos festejos
levou os novos organizadores a modernizá-los. Com o crescimento desse novo modelo,
a festa passa a ser um produto lucrativo no meio social e um dos eventos turísticos mais
importantes da cidade. Ela se transforma num produto que pode ser comercializado,
vendido.
Dessa forma, a festa junina torna-se objeto de consumo, mercadoria
como qualquer outro objeto existente no mundo das trocas. Como objeto
simbólico de consumo, é embalada, espetacularizada e comercializada. Como
partes desse processo de empacotamento de mercadoria, vinculam-se e
veiculam-se, no imaginário social, as significações e as construções
identitárias através do conteúdo ideológico, pilar do processo hegemônico de
grupos sociais que exercem a dominação local, gerando um sentimento de
pertença aos participantes da festa, fazendo-os crer e sentir-se pertencidos
imaginariamente a ela e ao seu lugar (MORIGI, 2007, p.41).
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Areia Branca se tornou destaque no calendário dos festejos juninos do Estado e
nacional nos anos 90. Nesse período a festa passa por várias etapas. Estas serão
apresentadas no item seguinte a partir do discurso oficial, os jornais, junto às entrevistas
com os moradores da cidade na fomentação de uma análise sociohistórica dos festejos e
da construção de sua identidade Paz e Amor.
No final da década de 90 e nos primeiros anos do século XXI, a capital do
Estado e outras cidades do interior passaram a investir com mais afinco na produção dos
festejos juninos, adotando o mesmo modelo comercial e midiático que se tornou
hegemônico em todo o Nordeste, disputando demandas turísticas internas e externas.
Assim, o São João de Paz e Amor começa a não ser mais destaque no cenário regional.
É notório que vários fatores contribuíram para o esvaziamento do São João de Paz e
Amor, desde a organização do evento, que vai perdendo seus símbolos e significados,
até o surgimento de novos focos na produção de uma festa junina.
Nas eleições do ano de 1999, Ascendino Sousa disputa a prefeitura com José
Nivaldo, conhecido por Zé da Serraria. José Nivaldo assume a prefeitura e modifica a
estrutura física da festa. Alguns elementos representativos, como o arraial dentro do
espaço festivo, foram substituídos por stands. A decoração da cidade é reduzida e a
programação inclui cantores que não têm como estilo musical o forró, o xote e o baião,
a exemplo de Zeca Baleiro, da música popular brasileira, e Zezé di Camargo e Luciano,
da música sertaneja.
Com o propósito de revitalização os governos municipal e estadual buscam
alternativas de organização do calendário junino. No ano de 2007 o discurso oficial
presente em mídias impressas se concentra no slogan “Tô de volta” para enfatizar que o
São João de Paz e Amor está mais uma vez em seu ápice e capitaneado por Ascendino
Souza depois de quatro anos fora da administração. Diversos jornais notificaram tal
propósito logo na semana seguinte à abertura dos festejos juninos. O Jornal Cinform
traz uma página inteira com o slogan da festa e sua programação. Já no Jornal do Dia
(02/07/2007), o discurso ocupa a primeira página, em destaque. Nas chamadas das
notícias, o título “Paz e Amor” está estampado no centro do periódico.
No ano de 2009 assume a prefeitura o senhor Agripino Andrelino Santos e a
festa toma novos rumos. O São João intitulado Paz e Amor ganha outra designação:
“São João de Pé no Chão”. Esse processo de continuidade e descontinuidade da
caracterização dos festejos será discutido no item que se segue com o propósito de
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entender como o cidadão areibranquense se posiciona em meio a essas mudanças tanto
políticas quanto culturais.
2. A IDENTIDADE PAZ E AMOR EM QUESTÃO
A festa junina é um evento que engrandece a cultura tanto local quanto nacional em
que as pessoas estabelecem redes de sociabilidades, se divertem e dançam o forró. Os
festejos juninos foram implementados pela prefeitura de Areia Branca em parceria com
o Governo do Estado nos anos 80 e 90 do século XX. À medida que isso ocorre foram
criados símbolos de referência a tal denominação.
Desta forma, busco analisar o São João de Paz e Amor da cidade de Areia Branca
como um arcabouço simbólico de identidade, ao notificar as mudanças ocorridas no seu
processo de urbanização, num empreendimento normativo bem como o seu processo de
construção da identidade festiva a partir de dois valores: “Paz e Amor”. Esses valores
foram amplamente utilizados como sinais diacríticos da festa pelos seus promotores
para assinalar a tranquilidade e as redes de sociabilidades produzidas pela mesma,
associando assim ao ambiente festivo de ideias-valores tais como paz, alegria e família,
como conceitos simbólicos de distinção com relação a outros formatos.
2.1 A festa na praça
2.1.1 De 1983 a 1989: período de experiência
Na década de oitenta, a festa começa a obter visibilidade ao ser divulgada na
imprensa aracajuana, em jornais de grande circulação, a exemplo do Jornal de Sergipe,
que destacou a sua programação como uma das melhores do Estado no ano de 1987. As
informações necessárias à construção deste item têm como base uma pesquisa em
jornais no Arquivo Público da Cidade de Aracaju, abrangendo o período que vai de
1983 a 1989. Tomando como base as ideias de Benedict Anderson em Comunidades
Imaginadas, quanto ao papel da imprensa não só de noticiar, mas criar necessidades e
legitimá-las.
Se você quiser prestigiar os festejos juninos de Areia Branca, não
vai se arrepender, a cidade é perto e lá a forrozada vai ser das melhores do
Estado. A programação tem início dia 23 com apresentação de quadrilhas,
concurso de forró, concurso de milho e apresentações de quadrilhas mirins e
adultas (Jornal de Sergipe, 21 e 22/06/87).
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Vários jornais passam a promover a cidade como um dos principais locais de
celebração junina do Estado, enfatizando seus principais sinais diacríticos, como
tranquilidade, segurança, alegria e ausência de fogos. Assim Areia Branca passou a ser
vendida nos jornais, nos comerciais, nos panfletos e em diversos meios de comunicação.
A festa, que acontecia na rua, é transferida para a praça do mercado no ano de
1990, quando se cria a abertura dos festejos juninos com shows musicais, além do
Batalhão, no dia 31 de maio. A praça do mercado se transformava e era ornamentada
com bandeirolas, balões, fogueiras artificiais. Havia toda uma estrutura, mesmo que
pequena nos anos iniciais da festa, para atender às necessidades do público como, por
exemplo, banheiros e estacionamento. E, dentro desse espaço, montava-se um arraial. O
espaço foi um dos elementos mais significativos na estruturação do ciclo festivo de
Areia Branca. Como afirma Cleodes Ribeiro (2002, p.43), as características e a tipologia
do espaço festivo determinam, em algum grau, as diferenças formais das festas que
ocorrem nos limites desse marco físico.
2.1.2 De 1990 a 1991: período de divulgação
Em 1989, Ascendino Sousa assume a organização dos festejos, agora na
condição de prefeito da cidade. Uma das suas primeiras medidas foi contratar o
jornalista Beneti Nascimento, ex-diretor da Emsetur (Empresa Sergipana de Turismo) e
ex-funcionário da TV Sergipe. Havia uma preocupação em suprimir o amadorismo em
prol de uma ação mais planejada e mais técnica. Como relata um dos principais
idealizadores dos festejos, Ascendino de Sousa Filho3:
Quando assumi a prefeitura em 1989, resolvi profissionalizar o
evento, contratamos uma pessoa de marketing, o Beneti Nascimento, exfuncionário da TV Sergipe, e Beneti vamos ver se a gente consegue
transformar isso aqui num evento de turismo.
Com esse objetivo, foi elaborado um projeto para atrair a iniciativa privada e
promover o São João daquele ano, que teve como slogan “O Mais Gostoso São João do
Brasil”. O ano de 1990 é o momento inicial de maior propaganda dos festejos juninos
na cidade. Nesse ano, Estados vizinhos tomam conhecimento da festa e a cidade se
torna pequena diante da proporção que o evento alcança. O fato se torna verídico nas
palavras de Beneti Nascimento, no livro São João é coisa nossa:
3
Entrevista realizada em 12 de agosto de 2009.
10
O prefeito Souza percebeu ainda que o São João de Areia Branca é
um grande negócio turístico: desde agosto de 1990 ele vem divulgando a
festa da cidade em promoções que envolvem agentes de viagens e operadoras
turísticas das principais capitais brasileiras.
A idéia é atrair – para o próximo ano – os turistas do sul, sudeste e
centro-oeste do País, quase sempre sem opções de viagens no meio do ano. A
EMBRATUR, por exemplo considerou a iniciativa da Prefeitura como um
exemplo que deve ser seguido por outras cidades do interior que possuem
festividades populares e que podem se transformar em pólos atrativos. O
atual presidente Ronaldo do Monte Rosa disse que a empresa vai apoiar
promoções como as de Areia Branca (NASCIMENTO, 1990, p.238).
Mesmo com o crescimento da festa, a cidade não avançava com o mesmo
progresso no que se refere à estrutura física. Uma contradição notável, pois uma cidade
pequena produz um espetáculo midiático de tamanha proporção e, no entanto, não
possui infraestrutura para receber o turista. A saída encontrada foi o aluguel de casas
dos moradores ou hospedagem em hotéis de Aracaju.
Areia Branca não dispõe de hotéis, mas quem já conhece o São João
daquela cidade não se importa com isso porque a festa não para e nem
oferece tempo para ninguém descansar, o forró ali rola 24 horas por dia para
garantir a condição que Areia Branca já ostenta de promover um dos
melhores festejos juninos de todo o Estado de Sergipe (Jornal de Sergipe,
20/06/90).
Areia Branca começa a ser considerada como a cidade que promove um dos
melhores festejos juninos do Estado. A hospitalidade da população, a segurança e
ausência de fogos passaram a ser evidenciados como os principais atrativos e fatores de
reconhecimento. A segurança englobava as ruas da cidade, as estradas de acesso ao
circuito festivo e a BR-235, que cruza a cidade. Esta era supervisionada pela Polícia
Rodoviária Federal, como ainda hoje acontece. Na cidade, a segurança ficava por conta
da Polícia Militar, que também assegurava a tranquilidade no espaço festivo e assim
predominavam a segurança e a tranquilidade no perímetro da festa, características que
se tornaram marcantes na sua construção identitária.
Assim, num mundo em constantes mudanças sociais, com o surgimento de
movimentos identitários em prol de algum fator social (etnia, religião) e o visível
progresso nos meios de comunicação e de interatividade, uma forma de analisar essa
identidade é elaborar uma abordagem construtivista dos processos identitátios em que
os atores sociais construiriam suas identidades com base em representações simbólicas e
na possibilidade de criação cultural. (Agier, 2000). Desta forma, a fomentação deste
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artigo é de suma importância para se conhecer a construção de um modelo festivo
predominante no Estado na década de 90 e sua transformação nos anos seguintes no
tocante a identidade e o sentimento de pertencimento.
Em 1991, Beneti Nascimento continua a capitanear os festejos ao lado do
prefeito Ascendino Sousa. Uma nova estratégia de marketing contribui para divulgar e
vender a festa com um novo slogan – “A Festa do Amor e da Paz”. Aspecto destacado
por Fernando Dórea no Jornal de Sergipe:
Com Paz e Amor estaremos em Areia Branca neste final de semana
brincando o São João sem fogo, mas, com certeza, com todo fogo que nos é
peculiar (Jornal de Sergipe, 20/06/91).
Fig. 4 - Artigo sobre a ausência de fogos
Foto: Jornal de Sergipe, junho de 1991
Percebe-se que, como uma comunidade nacional, a identidade Paz e Amor é
também imaginada, no sentido de Benedict Anderson, e construída simbolicamente
pelos veículos de comunicação por meio de uma produção simbólica, narrativa e
discursiva. O uso dos substantivos Paz e Amor para identificar a festa foi decisivo na
construção de uma nova identidade amplamente explorada no marketing em torno de
valores como segurança e tranquilidade. Uma das bases dessa tranquilidade é a tradição
local de não soltar fogos durante o período junino. Trata-se de uma lei consuetudinária,
ou seja, baseada no costume, e não uma lei escrita. A esse respeito esclarece Ascendino
Sousa:
Aí queríamos fazer um São João sem fogos, e as pessoas às vezes me
perguntam, qual é a lei que proíbe a queima de fogos no período junino em
Areia Branca? E aí a gente vai buscar no direito consuetudinário, ou seja, no
direito costumeiro, as pessoas criaram um costume de não queimar fogos
aqui. Uma lei mais forte que versa os costumes daquele povo, tanto que se as
pessoas soltassem fogos eram punidas judicialmente.
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Com o propósito de tornar a festa mais atrativa, trazer mais turistas, mantê-la sob
os holofotes da mídia e firmar a cidade como detentora das melhores comemorações
juninas do Estado de Sergipe, a prefeitura cria uma nova tradição, batizada por Beneti
Nascimento de “Comunhão do Forró”. Tratava-se de uma confraternização coletiva em
um grande café da manhã realizado no meio da praça. Seu objetivo era recepcionar os
forrozeiros no último dia dos festejos, na manhã do dia 30, por volta das oito horas.
Quando amanhecia, uma grande mesa era montada na praça sem que o show precisasse
ser interrompido. O primeiro café realizado utilizou as mesas dos bares forradas com
plástico. Um relato de José Aldemir descreve como a população participava:
Cada cidadão de Areia Branca fazia uma doação, tipo uma doação, um
cuscuz, um quilo de inhame, quem tinha sítio dava um saco, um saco de
inhame, um saco de milho, e em cima disso, a prefeitura paga as pessoas e os
voluntários também vão lá, cozinhavam, quem podia levar cozinhado levava
cozinhado, vinham pegavam em casa e levavam pela manhã. Cada
barraqueiro usava suas mesas que beberam a noite toda, pra servir o pessoal.
Fig. 6 - Primeiro café da manhã na praça do mercado (30/06/90)
Foto: Acervo de Acássia Maria Nascimento de Sousa
Com tal amplitude atingida pela festa, a praça do mercado não mais atendia ao
crescimento do São João de Paz e Amor. Assim, a prefeitura passa a discutir a
construção de um novo espaço. Em 1992, a prefeitura de Areia Branca e o Governo do
Estado de Sergipe, representados respectivamente pelo prefeito Ascendino de Sousa
Filho e pelo governador João Alves Filho, iniciam as obras do forródromo.
Assim, é perceptível que o São João de Areia Branca é uma tradição inventada e
de acordo com Hobbsbawn, apesar de romperem, em tese, com o passado histórico,
mantêm com ele uma continuidade artificial. É importante ressaltar que a construção de
uma identidade local, como a paz e amor, desenvolve-se num período muito longo, que
vai desde o Batalhão 1º de São João até os dias atuais. Mesmo que muitos informantes
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digam que essa nomenclatura surgiu na administração de Ascendino Sousa, o que de
fato aconteceu, suas raízes estão no passado da cidade.
Nesse sentido, elementos da tradição festiva local foram requisitados para a
construção simbólica do São João de Paz e Amor. O ritual do 1º de São João era tido
com uma manifestação de paz e amor visualizada na pessoa de Dona Filhinha4 e
também no caráter comunitário que caracterizava o cortejo. Esse aspecto parece ter sido
utilizado pelos promotores da festa para equilibrar os desejos e anseios da população
diante do conjunto de mudanças que foram implementadas.
2.1.3 De 1993 a 2004: ápice dos festejos e modernização.
No ano de 1993, a cidade tem como administrador o sobrinho de Sousa,
Clodoaldo Andrade Júnior. Sousa continua atuando na prefeitura, mas somente na
coordenação dos festejos juninos, à frente da organização da festividade. Clodoaldo
Júnior mantém as comemorações juninas e todo o esquema da festa. A comissão
organizadora é formada por Ascendino Sousa, Célia Andrade (irmã de Sousa e mãe do
prefeito), professor Wellington (responsável pelo planejamento da festa) e Nadja Winne
(responsável pela divulgação). Em entrevista ao jornal Gazeta de Sergipe, a mãe do
prefeito fala sobre a importância e o poder que a festa tem no Estado e em Estados
vizinhos:
É um modelo de São João que até outras cidades estão copiando as
decorações, os bonecos enormes, o café da manhã e deixando de soltar fogos.
O que é bom deve ser copiado, disse Célia, mas é preciso reconhecer quem é
o criador para que a identidade cultural de cada cidade seja mantida (Gazeta
de Sergipe, 17/06/94).
Depois da construção do forródromo, a cidade é elevada a um patamar turístico
que superou alguns anos anteriores. Essa visibilidade alcançada se reflete não só nos
meios de comunicação como jornais e revistas, mas também nas agências de viagem,
que receberam maiores pedidos sobre os festejos do Estado de Sergipe e,
principalmente, da então considerada capital sergipana do forró. Este título dado à
cidade proporciona uma comparação com a festa junina realizada nas cidades de
Caruaru/PE e Campina Grande/PB.
Passados os quatro anos de administração pública de Clodoaldo Júnior,
Ascendino de Sousa Filho retorna à prefeitura, reassume o comando da cidade e dos
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Uma senhora carismática e muito respeitada entre os participantes e simpatizantes do batalhão 1º de São
João, grande devota do santo padroeiro da cidade. O nome original dessa senhora não era conhecido dos
entrevistados, nem foi localizado em estudos sobre a região.
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festejos juninos. Em 1997 e 1998, Areia Branca permanece no auge dos festejos juninos
do Estado e do Nordeste. A programação dos festejos no ano de 1998 se concentra
numa mescla de cantores regionais, cantores nacionais e bandas que começam a se
destacar nos shows nordestinos. Em 2000, como citado anteriormente, Zé da Serraria
assume a prefeitura e moderniza o espaço festivo passando a organização da festa para o
empresário Fabiano Araújo.
Percebe-se aqui que essa mudança já começa a influenciar o esvaziamento dos
festejos de Areia Branca bem como outros fatores já mencionados. O fato é que a
população que se sentia parte da organização começa a ser distanciada da mesma e entra
em um momento diferente de transição e mudança.
2.1.4 De 2009 a 2013: O São João de Pé no chão
Em 2009 Agripino assume a prefeitura de Areia Branca. Como primeira medida
quanto a organização dos festejos, uma mudança significativa de análise: de Paz e Amor
a São de Pé no Chão. Um fato inusitado que causou questionamentos da população:
adesão de uns e repulsa de outros. Tornou-se claro que a mudança do nome influenciou
os discursos oficiais e os sentimentos de pertença dos entrevistados. Essa mudança se
deve ao fato de os administradores alegarem falta de recursos financeiros para
elaboração dos festejos. O São João de Pé no Chão é o São João sem recurso. Mas é
presente também a ideia de rompimento com uma tradição cultural e política que
associava o nascimento, auge e tentativa de resgate dos festejos a uma figura política
única.
A identidade cultural é construída socialmente por representações culturais, nos
termos de Hall, e ela distingue a sociedade moderna. Ela é importante na fomentação de
um sistema de representações simbólicas em que o sujeito passa a adquirir uma ideia de
pertencimento, de identificação. O que é perceptível nas comemorações ao Santo
Padroeiro em Areia Branca da década de 90.
Com a mudança na nomenclatura dos festejos e a globalização/modernização
dos mesmos no século XXI, essa identidade cultural se torna descentrada, deslocada,
fragmentada (Hall,2006). E como consequência dessa globalização novas identidades
vão sendo reinventadas pelos motivos mais diferenciados. Fica claro, a partir das
entrevistas, que o cidadão areiabranquense se sente deslocado nesse período de
transição. Quando acionado a falar sobre sua cidade, nos dias atuais, se refere à cidade
como a cidade do forró de paz e amor e poucas vezes como a cidade do São João de pé
15
no chão. Mas é perceptível que eles sentem a necessidade de explicar, no seu ponto de
vista, essa mudança tanto na nomenclatura quanto no sentimento de pertença social.
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
No decorrer da pesquisa, desde os primeiros contatos até a elaboração deste
artigo, foi possível perceber quanto a manifestação cultural de Areia Branca, o São João
de Paz e Amor, é importante não apenas para a comunidade local, senão também para a
história dos festejos juninos do Estado.
O resgate da memória coletiva do Batalhão 1º de São João possibilitou conhecer
um período dessa história em que as festas tinham caráter mais religioso e comunitário.
Além disso, pôde-se constatar o processo de folclorização do Batalhão à medida que um
novo modelo festivo ia sendo criado: um modelo mais moderno, urbano e comercial,
voltado para o turismo, que assume a forma de um grande espetáculo. Nesse contexto,
os órgãos públicos, a prefeitura municipal e o Governo do Estado investiram
maciçamente na estrutura dos festejos, transformando o forródromo no grande ícone
dessa forma de celebração.
Acompanhando essa transição de modelos festivos, verificou-se o sucesso do
São João de Paz e Amor, que se tornou na década de noventa, marco do processo de
modernização das celebrações juninas do Estado. Esse modelo acabou sendo adotado
por outros Estados e municípios sergipanos, inclusive pela capital, na segunda metade
da década de noventa, trazendo como consequência a descentralização dos festejos e a
perda da posição hegemônica de Areia Branca e de Estância no ciclo de comemorações
juninas do Estado. No caso específico de Areia Branca, ficou difícil competir com a
capital, que contava com um maior aporte de recursos e possuía melhor infraestrutura.
Os investimentos no São João de Paz e Amor passaram a oscilar de acordo com as
alianças políticas entre o município e o Governo do Estado, denotando a apropriação e
uso o político do evento para fins eleitorais.
É possível, portanto, concluir que o São João de Paz e Amor de Areia Branca faz
parte da história cultural do Estado de Sergipe. Sua linguagem, seus símbolos, suas
práticas são expressões de um modo de celebrar os santo e a vida. Apresentam aspectos
comuns a outras formas de celebração existentes em várias cidades e municípios da
região Nordeste, e também sinais diacríticos responsáveis pela afirmação de uma
identidade festiva amplamente conhecida como São João de Paz e Amor.
16
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Rio de Janeiro, out, 2001.
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& PEREIRA, Margarida M. de Souza (org). Festejos Juninos: uma tradição nordestina.
Recife: Editora Nova Presença, 2002.
ALENCAR, Aglaé D’Ávila Fontes de. São João é coisa nossa. Aracaju. FUNDESC/
Ed. J. Andrade, 1990. (Série Memória viva v.II).
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1988.
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Natal no século XX. Natal: EDUFRN, 2006.
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Iris (orgs.). Cultura e sociabilidade na América portuguesa. São Paulo: Edusp, 2001.
HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. Rio de janeiro: DP&A, 2006.
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urbano. João Pessoa: Ideia, 2002.
MORIGI, Valdir José. Narrativas do encantamento: o maior São João do mundo, mídia
e cultura regional. Porto Alegre: Armazém Digital, 2007.
RIBEIRO, Cleodes M. P. J. Festa e identidade: Como se faz a festa da uva. Caxias do
sul: Educs, 2002.
RIBEIRO, Anaelma Alves. O São João em Areia Branca e sua passagem de cultura
popular para indústria cultural. Monografia. Faculdade Pio X, Aracaju, SE, 2002.
WEBGRAFIA
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turismo: O caso concreto do São João de Campina Grande – Paraíba. Disponível on-line
via
www
no
URL:http://www.bocc.ubi.pt/pag/trigueiro-osvaldo-apropriacaofolclore.pdf
SITE PESQUISADO
http://www.ibge.gov.br
17
APÊNDICE 1: JORNAIS PESQUISADOS
JORNAIS PESQUISADOS NO ARQUIVO PÚBLICO DA CIDADE DE ARACAJU
Jornal de Sergipe - (21/06/1987 - 23/06/1992)
Referências, volumes e anos pesquisados.
-J8 volume 03 de 1978
-J8 volume 80 de 1986
-J8 volume 07 de 1979
-J8 volume 91 de 1987
-J8 volume 08 de 1979
-J8 volume 92 de 1987
-J8 volume 19 de 1980
-J8 volume 103 de 1988
-J8 volume 20 de 1980
-J8 volume 104 de 1988
-J8 volume 31 de 1981
-J8 volume 115 de 1989
-J8 volume 32 de 1981
-J8 volume 116 de 1989
-J8 volume 43 de 1982
-J8 volume 127 de 1990
-J8 volume 44 de 1982
-J8 volume 128 de 1990
-J8 volume 60 de 1984
-J8 volume 139 de 1991
-J8 volume 61 de 1984
-J8 volume 140 de 1991
-J8 volume 70 de 1985
-J8 volume 151 de 1992
-J8 volume 71 de 1985
-J8 volume 152 de 1992
-J8 volume 79 de 1986
-J8 volume 157 de 1993
Gazeta de Sergipe - (23/06/1991 - 30/06/1998)
Referências, volumes e anos pesquisados.
-J8 volume 67 de 1990
-J8 volume 97 de 1995
-J8 volume 73 de 1991
-J8 volume 103 de 1996
-J8 volume 79 de 1992
-J8 volume 109 de 1997
-J8 volume 85 de 1993
-J8 volume 115 de 1998
-J8 volume 91 de 1994
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APÊNDICE 2: QUADROS COM NOME DOS ENTREVISTADOS
ENTREVISTAS SOBRE A CONSTRUÇÃO DA FESTA DE PAZ E AMOR
Quadro representativo das pessoas entrevistadas sobre a construção da festa de paz e
amor.
Nome dos entrevistados
Data da entrevista
Aldaci Almeida Melo
17/05/09
Maria da Conceição Mendonça Costa
17/05/09
Zoraide Oliveira Mota
28/05/09
Everaldo José de Souza
04/06/09
Fernandes Santos de Andrade
06/06/09
Vicente Almeida Góes
06/06/09
José Ademilton de Almeida
06/06/09 e 13/06/13
Gicelma Dias
06/06/09
Luzimary Dias dos Santos
06/06/09 e 16/06/13
José Araújo dos Santos Filho
06/06/09 e 16/06/13
José Aldemir de Almeida
07/06/09
Maria Suzana dos Santos Sá
07/06/09
Otávio Santos Cunha
28/06/09
Ascendino de Sousa Filho
12/08/09

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