Steven Redant - WordPress.com
Transcrição
Steven Redant - WordPress.com
noite STEVEN REDANT O DJ que começou a carreira no maior clube do mundo e conquistou o público gay, inclusive o brasileiro Texto Leo Goulart Fotos Divulgação Residente da La Demence, em Bruxelas, há 14 anos, uma das maiores festas gays da Europa, Steven Redant é um nome cada vez mais ouvido nas festas brasileiras. Num papo descontraído no saguão de um hotel, conversa tão freneticamente como se estivesse no mesmo ritmo das faixas que colocam multidões para dançar mundo afora. Mostrando o mesmo entusiasmo, destaca seu excitamento em tocar nas pistas brasileiras e não esconde seu fascínio pelas 10 ACAPA AGOSTO festas do Brasil. “Uau! As pessoas lá sabem como celebrar”. Com o colega e amigo Phill Romano, prepara novos trabalhos que prometem balançar os clubes mundo afora, remixando músicas para Kylie Minogue, George Michael e Meital Dohan. Katy Perry e Nely Furtado são outros nomes conhecidos que também tiveram músicas remixadas por ele. A seguir o DJ conta alguns detalhes sobre sua carreira e revela o que faz um DJ gringo vir tocar no Brasil. Como você começou sua carreira? Comecei 15 anos ou mais. Estava trabalhando no escritório do clube Fuse, em Bruxelas. Um amigo, que tocava na La Demence, me disse: ‘Você deveria se tornar DJ. Você tem melhor gosto musical do que a maioria dos DJs que eu conheço’. Pensei, por que não? Daí, comecei a comprar gravações e trabalhar numa rádio local em Antuérpia, uma estação de música house. E depois, comecei a tocar em festas de amigos. Outro amigo me chamou para tocar em Ibiza. ‘Você quer tocar numa disco em Ibiza, três noites por semana? Paga-se pouco, mas você pode ficar lá no verão e ter dinheiro suficiente para pagar o aluguel’. E näo é que aquela disco era a Privilege, que é a maior discoteca do mundo. Oficialmente, segundo o Guiness. Eu aceitei e me diverti lá. Quando retornei, me tornei DJ residente da La Demence, toquei bastante em Paris… Assim que tudo começou. Qual foi o sentimento de começar com tamanha responsabilidade, já na maior disco do mundo? Eu estava somente tocando para amigos. Pensei, ok, vamos nos divertir. Desde quando é o DJ residente na La Demence? Há 14 anos. Toquei por dois anos na abertura da festa. Então, me moveram para o Closing Sets, que é entre 6 da manhã e meio-dia. Fiz isso durante 7 anos. Amei. Num after você tem liberdade para tocar. Daí, me disseram que eu deveria tocar mais na pista principal. Mas de vez em quando, eu volto lá em cima, como nostalgia. Eu amo. Junto com o outro DJ, nós criamos um estilo de som para aquela pista, o nosso som. Quando um outro DJ toca lá, ele tem de se adaptar ao nosso som. Em todos os lugares que você toca, você vai lá e, automaticamente, você tem de adaptar o trabalho. Você sempre toca as suas coisas, óbvio, mas você não vai querer perder as pessoas. Você se adapta um pouco e dá um pouco do que eles querem. Na La Demence é ao contrário, eu amo isso, é o poder do jogo. Quando você começou, você ia às lojas para comprar o material. Como é agora? Tudo mudou. Quando eu comecei a comprar música, você precisava conhecer o cara da loja de vinil, que guardva as melhores gravações para você na parte de trás da loja. Tinha de ir toda semana. Mas agora, a indústria mudou completamente. Todo mundo é DJ hoje, todo mundo pode comprar música ou copiá-la. Eles sabem onde achar. Mas você tem de tocar o que ninguém tem. Senão, não há sentido em me contratar, eles podem chamar qualquer um. É mais fácil e mais divertido? Não ficou muito mais fácil. Você precisa estar no topo o tempo todo. Antes, você ia a um lugar, a uma loja de discos, e sabia que ia encontrar algo que nem todo mundo tinha. Agora, assim que uma trilha é lançada, cerca de 500 pessoas já as têm. É diferente, você precisa dos seus contatos. Vem naturalmente, você toca com outras pessoas, nós conversamos entre nós. O circuito gay não é muito grande e não são muitos os DJs que estão viajando por aí. Acabamos nos mesmos festivais. Como está sua carreira no Brasil? Fantástica. Eu amo o Brasil. As pessoas são loucas. Estive em Floripa, São Paulo, Brasília, Belo Horizonte, Rio…. Quais são os próximos planos no país? Não tenho muitos. Eu acho que a The Week está olhando uma nova data para mim. Talvez ACAPA AGOSTO 11 noite Curitiba e Belo Horizonte também. Eu adoro, brasileiros sabem como fazer uma festa. O que faz um DJ deixar a Europa e tocar no Brasil, desconsiderando a parte financeira? Não é apenas sobre o Brasil. Ou dinheiro. É o fato de ser novo. Trabalhamos pela adrenalina. O dinheiro é parte do trabalho do agente. Ir ao Brasil é um novo território. Um novo país, nova cultura. Você quer saber como será. Eu quero voltar ao Brasil quantas vezes eu puder. Toda vez que eu vou, tenho o melhor tempo da minha vida. Eles fazem festa. Eles realmente fazem festa. Brasília foi uma grande surpresa. Não estava esperando aquela festa enorme. Esperava uma disco para 1.500 pessoas e cheguei naquele lugar para 4 mil pessoas. Novas cidades no Brasil estão descobrindo os DJs gringos? Brasil é maior do que a Europa. O que continua me surpreendendo é que em cada cidade há uma disco gigantesca. Na Europa há Londres e Madri, onde há festas enormes, mas elas já não têm clubes grandes. No Brasil ainda tem. Acho o máximo, esse é o espírito dos brasileiros, eles querem é festa. 12 ACAPA AGOSTO Você prefere os clubes pequenos ou os grandes? Eu necessito de ambos. Se eu toco muito em grandes discos, há uma tendência de eu tocar músicas mais pesadas. Se você tem de tocar nas pistas pequenas, estas batidas não funcionam. Nas salas pequenas, o público está mais perto de você, é mais pessoal. Você tem fins de semana livres para sair e ver outros DJs? Não gosto de ficar livre nos fins de semana. Eu tenho o melhor trabalho do mundo. Sou mais feliz quando estou trabalhando. Quando eu tenho um fim de semana livre, fico deprimido. No que você pensa quando toca? Não penso muito. Penso sobre a próxima faixa. Ou, onde está minha bebida? Ou, a pior de todas, eu preciso ir ao banheiro! Aí, eu tenho de procurar uma música mais longa. Por que se mudou para Barcelona? É mais quente, há praia e um aeroporto internacional. Não preciso mais do que isso.