Semeando conhecimento
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Semeando conhecimento
EM REVISTA PUBLICAÇÃO DA ESCOLA DE NEGÓCIOS UNIVERSIDADE POSITIVO Edição | 01 • Maio | 2008 R$12,00 Semeando conhecimento A importância de investir no principal ativo, hoje, de uma empresa: o conteúdo intelectual de cada colaborador. MAURíCIO BOTELHO Lições de como ser um verdadeiro líder. POLÊMICA Dois especialistas respondem por que o dólar começa a ser questionado como referência de moeda mundial. EDITORIAL A Escola de Negócios da Universidade Positivo já nasce de forma diferenciada. Ela integra fortes elementos teóricos da academia com competências empíricas bem-sucedidas de um grupo empresarial – Grupo Positivo – formado pelas Escolas Positivo, Centro de Línguas Positivo, Curso Positivo, Universidade Positivo, Positivo Informática, Editora Positivo e Gráfica Posigraf. Essa integração é fundamental, porque, para saber ensinar, é preciso saber fazer e ser referência no mercado de atuação. A Universidade Positivo cria a Escola de Negócios para consolidar o que muitos chamam de educação continuada, mas poucos realmente oferecem: graduação, pós-graduação, mestrado, doutorado, numerosos cursos de extensão com as empresas parceiras, pesquisa e produção científica de referência em business. A Revista da Escola de Negócios, Negócios em Revista, surge como um diferenciado veículo de comunicação com o mercado. Soma os relatos que ocorrem no cotidiano do mundo dos negócios sem, contudo, perder o senso crítico e as análises necessárias para compreender esse mesmo mundo. É uma revista de formação de opinião, direcionada para executivos, empresários, comunidade estudantil e todos os que se relacionam ou têm interesse sobre o contexto que envolve as organizações. A comunicação ocorre com uma linguagem próxima dos profissionais do mercado, o que torna a leitura agradável e interessante. Assim, a revista é uma forma de integração de saberes entre diversos profissionais da área e diversas temáticas. Nesta e nas próximas edições, os leitores encontrarão relatos, opiniões, análises e conteúdos específicos relacionados ao mercado de trabalho, às tendências de negócios, às novas oportunidades, à internacionalização de empresas, ou seja, a todos os temas relevantes e atuais que estejam associados à área de negócios. O compromisso da Revista da Escola de Negócios da Universidade Positivo é com a excelência das informações, com a pauta adequada e de interesse dos leitores, com as escolhas dos colunistas e com a qualidade geral da Revista. O compromisso dos leitores é fazer dela um ato de prazer e aprendizagem. Um momento especial de imergir no mundo dos negócios de forma consistente e agradável. Boa leitura! Professor Renato Casagrande Diretor da Escola de Negócios Universidade Positivo Expediente Negócios em Revista é uma publicação trimestral da Escola de Negócios Universidade Positivo, distribuída em todo o território nacional a líderes empresariais e representantes do setor corporativo. Sua reprodução integral ou parcial é permitida, desde que citada a fonte. Reitoria Reitor: Prof. Oriovisto Guimarães Vice-Reitor: Prof. José Pio Martins Pró-Reitor de Administração: Prof. Arno Gnoatto Pró-Reitor de Planejamento e Avaliação Institucional e Pró-Reitor Acadêmico: Prof. Renato Casagrande Pró-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa: Prof. Luiz Hamilton Berton Pró-Reitora de Extensão: Prof a. Fani Schiffer Durães Conselho Editorial Alexandre Daniel Rosa, Armando Rasoto, Gilmar Andrade, Márcia Oliveira, Ronaldo Hofmeister e Thereza Cristina Schiel. Equipe de Redação Jornalista responsável: Ana Paula Mira (MTb 3956) Edição: Ana Paula Mira Redação: Ana Paula Mira, Antonio Carlos Senkovski, Gabrielle Chamiço e Luísa Barwinski. Imagens: HSM Projeto Gráfico: Positivo Comunicação Gráfica Número de exemplares: 7.000 Universidade Positivo Rua Prof. Pedro Viriato Parigot de Souza, 5300, Campo Comprido Curitiba – PR – CEP 81280-330 Fone: (41) 3317-3000 – Fax: (41) 3317-3030 www.universidadepositivo.com.br Esta publicação é elaborada em parceria com o curso de Jornalismo da Universidade Positivo. Sua idéia Espaço reservado para todos os leitores que queiram dar sugestões de pauta, criticar ou elogiar o conteúdo da Negócios em Revista, ou simplesmente para aqueles que desejam expor sua opinião em relação a um dos temas abordados. Sua idéia, aqui, é conteúdo de primeira grandeza. Participe! [email protected] Maio 2008 Negócios em Revista 3 ÍNDICE TRAJETÓRIA Nos anos 70, uma empresa que, a bordo de um fusca, descobriu que o Brasil seria um ótimo país para investir Página 06 CURTAS Tata, blogs e problemas psicológicos no ambiente corporativo Página 08 06 POLÊMICA O sim e o não para uma pergunta que tem intrigado economistas: o dólar está perdendo sua referência como moeda mundial? Página 10 PERCEPÇÕES As artimanhas da linguagem no mundo corporativo. Por José Pio Martins Página 13 ESPAÇO HSM Uma conversa com Maurício Botelho, presidente do conselho da Embraer Página 14 PERFIL MATÉRIA de Capa Entenda por que na sociedade do conhecimento o trabalhador é peça fundamental para o sucesso de uma empresa A carreira de sucesso que levou o atual presidente do HSBC no Brasil a mudar de cargo e assumir o HSBC América Latina Página 20 14 ACONTECE A tecnologia que promete revolucionar a maneira de se comunicar Página 26 NA MIRA Google desponta como uma das empresas mais bem-sucedidas do mundo, mas todo seu conteúdo ainda é desconhecido Página 28 NOVIDADES Relógios preciosos, multicarregadores e um GPS que só falta levar pela mão Página 30 VÁRIAS Idéias Características e vida útil da governança corporativa. Por José Pachoal Rosseti Página 33 28 ÍNDICES Página 34 Página 22 TRAJETÓRIA Aventura de trabalho Antonio Carlos Senkovski 6 Negócios em Revista Maio 2008 A bordo de um fusca, na década de 70, despachadas por rodovias. Entretanto, ouvindo o típico barulho estridente e sentin- um dos principais aspectos da vinda para do aquele forte cheiro de gasolina. Este é o Paraná deveu-se pela proximidade do o cenário da aventura dos suecos Tage Porto de Paranaguá e dos fornecedores Karlsson e Anders Levin, que percorreram de autopeças em São Paulo. vários quilômetros pelas precárias rodovias Desde 1927, quando foi criada a empre- brasileiras em três semanas no ano de sa na Suécia, os fundadores Gustaf Larson 1972. Na avenida Presidente Dutra, podiam e Assar Gabrielson diziam: “veículos são ser vistos os dois jovens, sentados nos feitos para transportar pessoas. Por isso, amplos pára-lamas do fusquinha, contando o princípio básico para todo o trabalho, o número de caminhões que passavam por do desenvolvimento à produção, deve ali, registrando marcas, capacidade de ser sempre a segurança”. No Brasil, já na carga e o estado dos veículos. comemoração de 10 anos da chegada da Karlson fazia parte da área de planeja- Volvo, em 1987, a empresa lançou o “Pro- mento de produto e Levin trabalhava na grama Volvo de Segurança”, em vigor até área de caminhões da Volvo. A “aventura”, hoje com o nome de “Volvo de Segurança feita por aqueles que podem ser consi- no Trânsito”. O programa adotado no país derados os precursores da empresa Volvo propôs vários debates para reduzir os por aqui, permitiu que fossem levantados acidentes de trânsito e contribuiu de forma dados sobre a economia brasileira e o expressiva para a elaboração do Código estado da frota de veículos comerciais. O de Trânsito Brasileiro de 1997. trabalho resultou em um relatório detalhado A posição da empresa no que diz apresentado à matriz na Suécia. A partir respeito à preocupação com pessoas deste estudo, a avaliação do Brasil para a abrange também os funcionários. Em 1995, implantação de uma unidade de fabricação a multinacional sueca lançou o Vikingprev, pela empresa foi positiva. plano de aposentadoria suplementar, e foi O tempo era de ditadura militar, o que pioneira no Brasil ao implantar a redução não significava inviabilidade para a insta- da jornada de trabalho dos horistas para lação da fábrica no recém-criado bairro 40 horas semanais. CIC, em Curitiba. Os investimentos do Nas inovações criadas pela multina- governo na área de transportes durante o cional, a criação da Volvo Financial Ser- regime ditatorial, principalmente até 1973, vices Latin América é uma referência. A foram enormes, o que fazia da área de financeira existe desde 1993. Atualmente, transportes um mercado crescente. Em ela é responsável pelos financiamentos 1968, mais de 70% do total de cargas eram que resultam em 40% das vendas dos A inovação, sem dúvida, faz parte da política da empresa desde seu surgimento. caminhões, ônibus e equipamentos de que se constitui pelos setores de cami- bilizado pela financeira da montadora. construção da marca no País. nhões, ônibus, equipamentos de construção, Neste financiamento, o cliente não Uma novidade extremamente importante, motores marítimos e industriais, serviços adquire o caminhão, mas contrata e só que na área de segurança e criada mais financeiros, trem-de-força, área indus- paga por quilômetro rodado. recentemente, foi o lançamento dos ca- trial, desenvolvimento e planejamento de A inovação, sem dúvida, faz parte minhões equipados opcionalmente com o produto e compras, logística e peças. Seu da política da empresa desde seu alco-lock. O dispositivo, uma espécie de faturamento em 2006 foi de R$ 3 bilhões. surgimento. Até a maneira como a bafômetro instalado dentro da cabine do Em 2007, foi apontada como uma das Volvo chegou ao Brasil teve um tem- veículo, só permite que o motorista dê a 10 melhores empresas para trabalhar no pero especial: o cheiro de gasolina partida no caminhão depois de assoprar Brasil, em uma pesquisa realizada pelas trazendo o barulho pelos caminhos do no aparelho e ser aprovado no teste da revistas Exame e Você S/A. desenvolvimento da indústria. quantidade de álcool no sangue. A Volvo do Brasil forma um “minigrupo” Hoje, a grande novidade da Volvo é o serviço de leasing operacional, disponi- Maio 2008 Negócios em Revista 7 CURTAS Gabrielle Chamiço Economia cotidiana Freakonimics é um blog que trata de economia de uma forma não convencional, por meio de diferentes perspectivas. São publicados pequenos textos sobre os assuntos do cotidiano, escritos pelo jornalista Stephen J. Dubner e pelo economista Steven D. Levitt. Ambos escrevem para o "The New York Times" e por meio deste veículo fazem questionamentos que não são típicos de um economista, mas que também mostram para as pessoas que a economia é um estudo de incentivos. Uma das questões é como conseguir o que se quer, em especial quando outros querem a mesma coisa? Os próprios autores dizem que o propósito do site é descobrir o lado mais “escondido” das situações. O endereço do blog é http:// freakonomics.blogs.nytimes.com. Informações sobre os autores, notícias e a cena do freakonimics ao redor do mundo estão no site freakonomicsbook.com. VINTE DICAS DE SUCESSO, POR DONALD TRUMP Parceria promissora • Pense grande! Tata vem desenvolvendo uma parceria • Seja positivo. promissora com a italiana Fiat. O estilo • Siga sua paixão. parecido deve gerar um vínculo lucrativo • Aprenda algo novo todo dia. nos negócios. O design moderno dos in- • Confie em seus instintos. dianos aliado ao já consagrado estilo dos • Seja paciente. carros populares dos italianos pode chegar • Tenha um grande time por trás ao mercado por um preço mais acessível de você. e conquistar adeptos do carro popular. • Ponha beleza em tudo que faz. Novas pick-ups, produtos resultantes da • Aprenda a negociar, porque tudo parceria, serão produzidas na Argentina e que você precisa depende disso. devem ser lançadas ainda este ano, assim • Sempre parta para disputar a como o sedã “Linea”. maior vitória possível. 8 Negócios em Revista Maio 2008 Após o lançamento do Tata Nano, o carro mais barato do mundo, a empresa indiana Um dos setores de grande destaque na • Invista em imóveis, é o melhor economia brasileira no ano de 2008 será investimento possível. o automotivo. A Fiat é uma das empresas • Assuma riscos. que mais está investindo em inovações. • Seja audacioso e atraia a atenção A escolha pela Tata como parceira tem do público. como uma das causas o fato de Ratan • Seja sua própria marca. Tata ser dono de um império bilionário na • Goste de trabalhar sete dias por Índia. São 96 empresas divididas em sete semana e nas férias. setores: sistemas de comunicação, enge- • Diga não. nharia, materiais, serviços, energia, produ- • Saia da sua zona de conforto. tos químicos e para consumo. A Índia • Seja teimoso quando necessário. respira Tata e abusa do uso de seus • Sempre tenha um plano B. produtos. Ao que parece, o empresário • Nunca se conforme com pretende instalar esse modelo de vida em o segundo lugar. outros países, incluindo o Brasil. Momento certo Para este ano foram realizados in- Maior empresa imobiliária do mercado brasileiro, a Cyrela Brasil Realty repre- vestimentos na expansão de landbank senta a boa fase do mercado imobiliário e adquiridos 129 terrenos – somados do país, setor este que tende a ser ao banco de terrenos atuais, totalizam destaque no ano de 2008. Em 2007, a 8,8 milhões de m² – , que serão utilizados empresa lançou 77 empreendimentos e no desenvolvimento de novos projetos nos teve o melhor desempenho de todos os diversos segmentos em que a empresa tempos. Fechou o ano com presença em atua. A meta é atingir R$ 7 bilhões em 43 cidades e 13 estados do Brasil, o que lançamentos e R$ 5,5 bilhões em vendas soma R$ 5,4 bilhões em lançamentos e contratadas, além de avançar para outras R$ 4,4 bilhões em vendas contratadas, cidades. A Cyrela já atua em São Paulo, junto à joint ventures e parcerias. O Rio de Janeiro, Maranhão, Santa Catarina, lucro líquido chegou a R$ 422 milhões, Goiás, Bahia, Minas Gerais, Rio Grande do valor recorde. Sul e Espírito Santo. Pequeno problema, grande solução Problemas de relacionamento dentro de grandes empresas podem ocorrer. O que se torna um obstáculo é saber como lidar com situações delicadas que podem prejudicar o desenvolvimento empresarial e o ambiente de trabalho. A psicóloga e mestre em antropologia social, Jane Cherem, explica que a cultura de uma empresa tende a reproduzir as questões de relacionamento que acontecem no campo social. Isso gera discussão sobre legitimidade de O futuro do BRIC Está previsto que em 2050 um grupo de quatro países ultrapasse a economia do G6 poder. Não é raro ouvir situações em que o funcionário sabe mais do que o patrão. Nesse caso, a psicóloga afirma que não há um problema, pelo e seja a maior do mundo. Criado há aproximadamente 5 anos, pelos pesquisadores do contrário, é desejável, pois todas Goldman Sachs, o BRIC, grupo composto pelos países emergentes Brasil, Rússia, Índia as grandes empresas precisam, e China, continua com um bom desenvolvimento. Porém, tais previsões são complicadas em algumas áreas, de grandes diante de uma estagnação econômica que não existe para o grupo G6 por possuir o maior especialistas, que nem sempre são mercado interno. “A economia é um conjunto global de coisas. Você não pode crescer os chefes. uma e diminuir outra”, explica Artur da Silva Coelho, economista da Ambiens Sociedade Outra situação é saber lidar com as Cooperativa e professor de economia internacional da Universidade Positivo. Segundo ele, variadas personalidades. Dentro de todos os países do grupo cresceram bastante. A China principalmente, pois ela sofre um um grupo, sempre vai haver o mais processo de controle de capitais. tímido ou o que seja mais desenvolto. Silva ainda afirma que existe espaço tanto para o BRIC crescer quanto para o G6, mas Em certos momentos é preciso agir é importante ressaltar que o produto do G6 é mais agregado, conseqüentemente, o valor com cautela. “Quando nos deparamos da economia também. Quanto à crise dos Estados Unidos da América, não há como com a fragilidade humana, precisamos afirmar que ela afeta apenas os países emergentes. O reflexo está em toda a economia sempre jogar a favor do sujeito mais mundial e atinge os países de forma diferenciada. O economista exemplificou a relação “problemático”, portanto mais frágil dos países em questão: “A Rússia tem contratos perdoados com os norte-americanos, mas psiquicamente. Às vezes estamos no o poderio bélico ainda incomoda os Estados Unidos. Se a China estiver em crise forte, os limite das possibilidades do sujeito. EUA deixam de comprar ou não permitem a entrada dos produtos chineses. Na mesma É sempre melhor voltar à calma, num proporção afeta o Brasil”. O grupo dos países desenvolvidos tenta proteger alguns setores, outro momento voltar ao assunto, se for como dos produtos agrícolas, nos EUA e no Canadá. O que todos querem é a liberação necessário, e manter o olhar clínico ao total de produtos industriais e a dos países que ainda mantêm algumas barreiras no cha- invés do olhar administrativo para estes mado agronegócios. “A briga é quem vai liderar primeiro todas as barreiras industriais ou casos”, conclui Jane. agrícolas”, conclui Coelho. Maio 2008 Negócios em Revista 9 POLÊMICA SIM O dólar está perdendo sua moeda mundial? Crônica de uma realidade anunciada Hugo Eduardo Meza Pinto1 | Marianne Cabral Baggio 2 A análise econômica é, sem dúvida, como China (10%) e Índia (8%), absorveu possibilidade de recessão da economia um ato complexo ou fácil, depen- essa irrigação de dólares americanos no americana, o FED diminuiu 0,75% da taxa dendo do momento da percepção e mundo, amparando a emissão de moeda de juros. Este foi o sexto corte consecutivo observação. Falar sobre a desvalori- e o aumento dos gastos do governo Bush, nos juros americanos, que, no entanto, não zação do dólar, em tempos em que o como sua política de guerra. Depois de se impediu posteriores quedas dos índices mundo assiste a uma grande crise retirarem em 1971 do padrão ouro, esta- das bolsas de valores pelo mundo. Como financeira gerada no país que emite belecido no acordo de Bretton Woods, os se não bastasse a constatação de recessão essa moeda e é o responsável por americanos criaram o padrão dólar, tendo da economia americana, já admitida pelo 30% da produção desse planeta, é como único lastro para suas emissões de próprio presidente do FED, Ben Bernanke, desafiador. Primeiro, pelos impactos moeda a confiança que o mundo deposita a possibilidade de contágio da crise do que essa crise pode causar no restante na sua economia. subprime imobiliário ao restante do sistema dos países, especialmente nos emer- Atualmente, a abundância dessa moeda gentes, como o Brasil. Segundo, pela e a crise financeira desenvolvida no é latente. Nesse contexto de crise da principal voracidade dos capitais especulativos sistema financeiro americano colocam economia mundial, o mais recomendável e sua capacidade de desvendar/ em questionamento a possibilidade de para países como o Brasil, que ensaiam estourar uma bolha financeira mundial continuar usando o dólar como referência crescimentos significativos depois de anos ainda não dimensionada. A realidade de valor internacional. Entre agosto de de recessão econômica, é esperar que é que há uma série de motivos que se 2006 e 2007, Japão, China, Reino Unido, a grande economia americana faça um entrelaçam e deixam transparecer que grandes petroleiras e Brasil mostraram um pouso forçado que não abale as condições essa crise não é tão passageira assim e aumento tímido de 235 bilhões na compra do mercado mundial e, principalmente, que que de alguma forma abalará a moeda de dólares. As únicas grandes compras possa conduzir de forma menos dramática americana e sua referência econômica foram do Reino Unido (189,4 bilhões) e suas próprias políticas macroeconômicas. mundial. Brasil (63,6 bilhões), enquanto a China Nesse sentido, o debate das próximas Ao longo desses últimos anos, os aumentou seu investimento em apenas eleições americanas terá um cunho mais Estados Unidos financiaram seus 13 bilhões e o Japão diminuiu em 37,9 econômico do que geopolítico. déficits gêmeos (interno e externo) bilhões. Isso mostra a perda de interesse No que tange ao dólar, este dificilmente emitindo moeda, situação que, como dos maiores compradores da dívida norte- continuará, em longo prazo, sendo usado rezam os manuais de economia, só americana de continuarem os credores que como referência mundial. Por enquanto, o que nesse país não causa inflação por ser costumavam ser. sustenta sua utilização no comércio mundial o dólar a moeda de referência mundial, Outro fato que chama a atenção é a e nas transações financeiras internacionais pelo menos em curto e médio prazos. incapacidade do Banco Central Americano é a força hegemônica que os Estados Uni- Ao mesmo tempo, o crescimento (FED) de intervir de forma eficiente nessa dos ainda têm no mundo, assim como sua significativo de países emergentes, crise. Este mês, na tentativa de diminuir a relevância econômica e produtiva. 1 Doutor pela USP e professor da Escola de Negócios da Universidade Positivo. pela Universidade Positivo e estudante de Mestrado da University of the West of England. 2 Jornalista 10 Negócios em Revista Maio 2008 referência como Desde que o dólar começou a ter quedas no seu valor, uma pergunta tem assombrado economistas de plantão: o dólar vai perder seu status de referência mundial de moeda? A pergunta foi feita a dois especialistas da área e as respostas, que contemplam o sim e o não, trazem informações valiosas para quem ainda tem dúvidas sobre a moeda norte-americana. Não, não será a vez do Euro José Guilherme Silva Vieira Na história das economias monetárias, se deveu ao fato de que, irritado com o ecoou a preocupação de muitos de que as moedas e o poder de compra que elas privilégio norte-americano de financiar é preciso fazer algo para que o dólar representam sempre estiveram no foco seus déficits externos com a impressão pare de perder valor, mas é só isso. das discussões dos homens de negócios de dólares, o presidente francês Charles Ademais, o ativo mais seguro do e dos cidadãos no dia-a-dia. Isso porque De Gaulle afirmou que os Estados Unidos mundo em tempos de crise não é e uma das funções fundamentais da moeda, estavam comprando o mundo com dinheiro nunca foi uma moeda, mas sim o ouro. além de facilitar as trocas, é garantir a sem lastro. De lá para cá, o dólar nunca Nesse sentido, a valorização de quase preservação do valor, das riquezas de uma mais foi o mesmo. 20% do seu valor na BM&F em doze sociedade. A fraqueza do dólar hoje se deve basi- meses se mostra preocupante. Diante Durante boa parte do século XX e, camente ao gigantesco déficit comercial de uma crise final, não seria o euro o inclusive ainda agora, o dólar americano norte-americano com seus parceiros paradeiro da riqueza, mas sim esse cumpriu essa tarefa. Essa função de ser a comerciais, sobretudo com a China e os metal universalmente aceito como a moeda de referência para a unidade real países produtores de petróleo. É para- riqueza mais líquida. de valor da riqueza do mundo foi resultado doxal o fato de que vem a ser justamente Uma guinada em direção ao ouro do papel desempenhado pelos Estados esse imenso déficit que tem barateado ou ao euro como reserva de riquezas Unidos no pós-guerra. o crédito pelo mundo, incluindo o Brasil. substitutas só se faria à custa de Na condição de maior potência econômi- Assim, a medida ideal para fortalecer o enormes prejuízos para investidores ca mundial e uma das poucas economias dólar seria acabar com o déficit comercial internacionais e para os bancos cen- não devastadas pela Segunda Guerra dos EUA – o que prejudicaria a vida de chi- trais de diversos países. Seja através Mundial, os Estados Unidos lideraram neses, indianos, russos e brasileiros, além de uma mudança na política comercial um sistema monetário oriundo do acordo de europeus. americana, seja através de outro expe- Por outro lado, está em jogo a suprema- diente, algo será feito após as eleições estado de New Hampshire (EUA), basea- cia do dólar enquanto paradouro da norte-americanas para a presidência do na conversibilidade de sua moeda, o riqueza de investidores internacionais e da república, em novembro. Podem dólar, em ouro. também das reservas internacionais dos estar certos disso. A força do dólar derivava-se da imensa bancos centrais do mundo inteiro. Assim potencialidade econômica representada sendo, não interessa aos chineses essa pelos EUA e pela conversibilidade de sua desvalorização já que são donos das moeda em ouro na base de US$ 35 a maiores reservas internacionais do mundo onça troy (31,1 gramas), medida que foi em dólares, cerca de US$ 1,6 trilhão. cancelada em 1971 pelo presidente Nixon. NÃO firmado na cidade de Bretton Woods, O episódio vivido por Gisele Bündchen – O cancelamento da conversibilidade de que deu muito que falar, ao exigir que seus dólar para ouro, protagonizado por Nixon, cachês fossem pagos em euros –, apenas Maio 2008 Negócios em Revista 11 HSBC. A maior empresa do mundo. Eleita pelo ranking Forbes 2000 das maiores companhias mundiais. www.hsbc.com.br HSBC Bank Brasil S.A. - Banco Múltiplo PERCEPÇÕES Linguagem perigosa José Pio Martins Economista e Vice-Reitor da Universidade Positivo Segundo estrategistas maquiavélicos, na reforma tributária o IGF (Imposto sobre afora exceções explicáveis, uma idéia Grandes Fortunas). O argumento é que se errada repetida dezenas de vezes passa trata de um instrumento de justiça social, a ser percebida como verdadeira pelo pois tira dinheiro dos ricos para dar aos povo. No discurso oficial, afirmam eles, pobres. A repetição exaustiva desse tipo as palavras devem representar o que de argumento pode levar muitos entre os o governo deseja e não o que os fatos pobres à crença de que se trata de uma realmente significam. Um exemplo ilustra verdade. Entretanto, o argumento é falso. bem a questão: sempre que se referem Roberto Campos gostava de ironizar à “competição por investimentos” entre dizendo que aqueles que pregam a os Estados, os que são contrários dizem distribuição do bolo querem mesmo é o que existe uma “guerra fiscal” no país. A controle da faca, sobretudo para reservar tal guerra, neste caso, refere-se apenas uma boa fatia para si próprios. Ao término aos benefícios tributários que os Estados do governo Lula, o Brasil será um país oferecem para atrair os investidores. A criptossocialista, com o governo gastando palavra “guerra” é negativa, denota coisa em torno de 43% da renda nacional e tri- ruim e é usada com a intenção de criar a butando quase 40% dessa mesma renda. percepção popular de que a disputa entre Se a solução da pobreza dependesse da Estados prejudica a sociedade. quantia de dinheiro que o governo toma da Quando tentava aprovar a CPMF, o go- sociedade, o Brasil já teria saído da gafieira verno dizia que o Senado tinha que encer- subdesenvolvida e ingressado no luxo do rar a crise envolvendo o senador Renan Jockey Club. Calheiros, para dedicar-se a projetos de “Solidariedade social”, “interesse da interesse da sociedade. O governo tentou, sociedade”, “justiça fiscal”, todas essas por vários meios, difundir a crença de que são expressões da linguagem política, a CPMF era um bem para o povo e, so- usadas para revestirem de qualidades as bretudo, para os pobres, mas a conversa ameaças de confiscar mais renda de quem “não colou”. A mesma cantilena retorna, trabalha, sem a menor garantia de que a agora, com a proposta do PT de embutir vida do pobre será melhorada. Maio 2008 Negócios em Revista 13 ESPAÇO HSM Mudou a música José Salibi Neto CKO do Grupo HSM Em entrevista exclusiva, o chairman da Embraer, Maurício Botelho, explica como se tira uma empresa da falência para transformá-la em uma das quatro líderes mundiais de seu setor de atividade. Ao contrário do que muitos empresários pensam, não é preciso mudar as pessoas – os "músicos", como ele ensina poeticamente 14 Negócios em Revista Maio 2008 A indústria aeronáutica é um negócio logy formaliza o reconhecimento que o exigente. Requer elevado volume de capi- mundo tem do trabalho de Botelho no tal na operação, força de trabalho muito mercado aeronáutico mundial: ele recebe qualificada, variadas tecnologias de última em Washington um dos mais aclamados geração e tempo longo de maturação de prêmios do setor, por seu lifetime achieve- projetos. Isso a torna uma indústria de ment nesse negócio – ou seja, por todas risco particularmente alto, que tem der- as suas realizações. O vice-presidente rubado competidores tradicionais pelo de desenvolvimento tecnológico, Satoshi caminho, como a holandesa Fokker. Yokota, está também entre os finalistas O Brasil é o único país em desenvolvimento a ter uma fabricante de aviões entre para a premiação, na área de engenharia de propulsão. as quatro maiores – a Embraer é a terceira, Em abril de 2007, Botelho passou o bastão depois da Boeing e da Airbus e antes da executivo a Frederico Curado, sucessor que Bombardier. Isso se deve a uma visão de preparou, e manteve-se como presidente longo prazo do governo brasileiro – cujo do conselho de administração (chairman), início remonta à década de 1940 – e ao o que lhe possibilita continuar contribuindo trabalho fundamental do executivo na formulação da estratégia. Nesta inspirada Maurício Botelho, o presidente- entrevista a José Salibi Neto, chief-know- executivo (CEO) que resgatou ledge officer do Grupo HSM, ele conta que uma Embraer praticamente aprendeu na Amazônia a pôr as pessoas quebrada em 1995 e a trans- em primeiro lugar, explica o golpe de mestre formou em player global. da pulverização de capital, discorre sobre Agora em março, a revista planejamento e resume a mudança da norte-americana Aviation Embraer poeticamente: não mudaram as Week & Space Techno- pessoas; mudou a música. Maio 2008 Negócios em Revista 15 Em abril de 2007, você deixou a Antes do trabalho na Cia. Bozano, eu presidência executiva da Embraer, de- tinha sido engenheiro da Empresa Bra- pois de 11 anos no posto. Quero começar sileira de Engenharia (EBE), uma empresa nossa conversa com uma pergunta de montagem industrial, e essa atividade quase filosófica. O que essa experiência me deu algo incrível: permitiu que eu significou na sua vida? conhecesse o Brasil mais do que a média dos brasileiros. Eu, que nasci e morava Quando fui convidado a presidir a Em- em Ipanema, no Rio de Janeiro, fui passar braer recém-privatizada, e destroçada, o 6 anos na Amazônia como jovem enge- que se apresentava para mim era coisa nheiro de 26 anos, trabalhando no projeto totalmente diferente de tudo que eu havia de montagem de uma planta industrial vivido antes. Algumas pessoas até me na Ilha de Marajó. Foi um grande choque falaram: “Você é doido! Vai largar a dire- cultural, mas isso teve uma força enorme toria executiva da holding da Cia. Bozano na minha formação; pude ver as realidades [antiga Bozano, Simonsen] e assumir a tão distintas do País, os nossos desafios presidência de uma empresa que está como nação. Eu visitava as populações destroçada?”. Mas isso foi justamente o ribeirinhas e via que não tinham sentido que me atraiu – o desafio imenso. de futuro. Que futuro podiam ter? Elas Eu conseguia enxergar ali uma empresa não tinham nada, não aspiravam a nada, de tecnologia diferenciada, desenvolvida absolutamente marginalizadas dentro do no Brasil, de grande valor. O País tinha contexto socioeconômico do País. investido e acreditado muito nela. Aos 52 Isso, para mim, foi um chamado muito anos, percebi como seria bom terminar forte. Eu não conhecia o povo. Era um a carreira profissional sendo capaz de engenheiro formado por uma das melhores modificar e fazer reviver a Embraer. Eu escolas do Brasil que vivia num bairro de tinha uma motivação pessoal ao assumir o classe média alta. Conhecer o povo, suas cargo e também uma vontade de contribuir dificuldades, sua formação e as questões para o País. do seu valor intrínseco foi muito impor- E eu me sentia capacitado para isso, tante. Por causa disso, prolonguei minha porque tinha trabalhado numa subsidiária estada na Amazônia: fui implantar mais da Cia. Bozano dedicada a projetos indus- duas usinas termoelétricas na área de triais, ou seja, projetos inseridos no con- Manaus. Foi uma experiência formidável e texto da tecnologia e de empreendimentos uma fase muito feliz da minha vida. Eu era industriais, como era o caso da Embraer. recém-casado, vivendo num mundo novo, Cuidávamos da fase do financiamento à sem filhos, e, naquele tempo, Manaus tinha escolha de quem construiria e montaria toda uma aura de audácia, da aventura as plantas, passando pelo fornecimento de desenvolver o que era absolutamente dos equipamentos e pelo controle dos subdesenvolvido. processos. Eu tinha atuado até na área A vivência na Amazônia teve realmente de transporte, com controle de tráfego de um valor muito forte na minha formação. trens e metrôs. Por exemplo, lá na Ilha de Marajó, trabalhávamos para implantar a fábrica numa Você já teve outra experiência de tamanha ruptura quanto a da Embraer? clareira no meio da floresta, onde não existia nada. Lá implantou-se uma escola – com professores de Belém contratados. Foi 16 Negócios em Revista Maio 2008 uma emoção muito grande – e é até hoje, quando me lembro – ver aquelas crianças de 7 a 14 anos de idade remando em suas canoas para ir até lá, porque lá tinha escola. Isso mostra a força do que representa, para o indivíduo, a possibilidade de crescer. E esse talvez tenha sido um dos grandes fatos que se impregnaram em minha visão ao longo da vida. Ver que as pessoas buscam crescer. E que enxergam a educação como o caminho para isso. Mas, além da Amazônia, a minha formação em diferentes indústrias foi fundamental também. As pessoas, na época, devem ter se questionado sobre quem seria melhor para presidir a Embraer: alguém com experiência em setores de atividade variados, como você, ou um especialista em aviação, não? Exato! Na minha primeira entrevista coletiva, logo após minha posse como presidente da moribunda Embraer, uma jovem jornalista, uma dos únicos três que apareceram, olhou meu currículo e perguntou: “O sr. não acha que seria melhor para a empresa se o sr. entendesse alguma coisa de aviação?” [risos]. Eu falei: “A sra. tem razão. Eu sei algumas coisinhas que podem ajudar, mas talvez fosse bom também que eu conhecesse aviação”. Mas o fato era que eu estava bastante capacitado para enfrentar o desafio tecnológico de tornar aquela empresa viva novamente, além de ter uma visão da possibilidade de contribuição diferenciada ao País. As atividades diversificadas nos enriquecem muito: eu participei, pela EBE, da montagem da primeira usina nuclear do Brasil, em consórcio com a White Westinghouse: a usina de Angra I. Montamos novos sistemas, uma nova cultura de engenharia e talvez os primeiros manuais de garantia Maio 2008 Negócios em Revista 17 de qualidade desenvolvidos no País. Era que chegamos a abril de 1997 com 3,2 mil companhia, onde estão os pontos fortes e uma nova cultura, muito mais sofisticada, pessoas. Como você pode falar em futuro fracos de cada um. Os outros quatro pontos com métodos e processos bem mais quando se está dentro de um quadro ter- não adiantariam nada se não tivéssemos complexos do que aqueles que até então rível desses? clientes. se praticavam. Tudo isso com uma característica especial: sempre trabalhando por encomenda. Esses cinco pontos tinham de ser efiDeixe que eu faço essa pergunta: como? cazes, não havia uma segunda chance. Então, naturalmente se instalou um senso de prioridade na empresa que foi bem impor- VIRADA Em primeiro lugar, estabeleci a política tante. Prioridade é uma coisa muito séria. Imagino que você tenha encontrado da verdade e da transparência. Durante as Quando você fala que algo “é prioritário”, pessoas altamente desmotivadas na visitas que fiz a todas nossas instalações, significa que as pessoas vão abdicar de Embraer... no meu primeiro mês na Embraer, passei uma coisa que estão fazendo em prol de a todos os empregados a mesma men- outra que um terceiro precisa fazer. Isso é duro, mas assim foi feito na Embraer. A desmotivação era imensa mesmo, era sagem: “Aconteça o que acontecer, para um processo de quebra de confiança. Um o bem ou para o mal, há um responsável: dos fatores desmotivadores era a estrutura eu. O processo que vou implantar é um Qual o perfil das pessoas que devem hierarquizada, quase militar, e a comu- processo baseado na verdade, em uma ser escolhidas para a equipe que vai lidar nicação era vertical. Tudo estava contra. comunicação aberta, livre, espontânea, com uma situação adversa? Lembro que, logo que cheguei, um gerente verdadeira”. Deixei claro para todos que me falou, no corredor, sobre um assunto a não haveria “armação”, mas verdade. Se Eu acho que não podia ingressar sozinho respeito do qual eu não sabia. Eu disse: ela fosse boa, ótimo. Se fosse ruim, também num ambiente como aquele, totalmente “Vamos conversar na minha sala”. Ele se saberiam a verdade e nós trabalharíamos desconhecido para mim. Decidi levar três espantou, porque essa possibilidade não essas questões. pessoas do meu conhecimento: uma de existia. Como o presidente da empresa Depois, foquei cinco pontos para dar finanças, uma de relações estratégicas chamaria um gerente para discutir um uma levantada rápida na empresa e, as- e uma de desenvolvimento organiza- assunto que não estava em pauta, sem sim, levantar o moral geral. Eram cinco cional. Nós havíamos vivido e partilhado programação, sem nada, sem uma reunião prioridades. Primeira: trazer contratos as mesmas tecnologias de planejamento marcada, estruturada? para dentro de casa. Segunda: adequar estratégico inspiradas na TEO, a Tec- Havia um processo terrível de dete- custos à realidade da receita. Terceira: nologia Empresarial Odebrecht [veja HSM rioração nos quatro ou cinco anos ante- reestruturar a empresa financeiramente. Management no. 43, página 84], um instru- riores – um processo no qual havia total Quarta: reconstruir a relação dos emprega- mento de administração por objetivos que desconfiança dos empregados em relação dos com a administração. Quinta: dedicar pudemos expandir. De resto, usei a força à administração; um sindicato que tinha cada centavo de que pudéssemos dispor das equipes existentes, que eu conhecia aguerridamente se oposto à privatização. para o desenvolvimento do jato regional, porque, entre fevereiro e setembro de 1995, A situação econômica e financeira era o ERJ 145, que eu denominava Projeto acompanhei o que acontecia na Embraer caótica; a situação comercial, idem; a em- Redenção. representando a Cia. Bozano, Simonsen, presa estava sem crédito. Em dezembro de Todos os pontos foram fundamentais, uma das controladoras. 1994, ela tinha alcançado uma receita da mas quero ressaltar o primeiro, que mudou ordem de US$ 270 milhões e um prejuízo de radicalmente a visão da Embraer: produzir US$ 330 milhões, com um endividamento não para um mercado estatístico, e sim Há um cluster aeronáutico em São acima de US$ 400 milhões. para um mercado representado por pes- José dos Campos. Como você vê a criação de outros no Brasil? FUTURO DO BRASIL FUTURO DO BRASIL Pior ainda, a empresa tinha 6,4 mil soas. Eu dizia aos meus companheiros: funcionários dos 13 mil que existiam cinco quem tem cem clientes pelo mundo tem anos antes e continuava precisando reduzir de conhecê-los pelo nome, sobrenome e Nosso caso foi um projeto de longo prazo o quadro de pessoal drasticamente – tanto apelido, tem de conhecer como opera sua que só o Estado poderia assumir. Começou 18 Negócios em Revista Maio 2008 em 1946, ano em que se formou o CTA [Centro Técnico da Aeronáutica], mesmo ano em que se inaugurava a primeira indústria siderúrgica integrada do País, que é a base de qualquer processo industrial. Quatro anos depois, formou-se a universidade, moldada no MIT [Massachusetts Institute of Technology, de Boston, EUA], e, vinte anos depois, a Embraer. Acho difícil reproduzir isso na iniciativa privada. Então, o Estado não deveria fazer isso em outras áreas? O papel de indutor do Estado, numa economia como a nossa, é absolutamente determinante. O Estado fez isso também com o CPQD da Telebrás e devia continuar fazendo. A iniciativa privada gerencia melhor, mas em outra fase do processo. O governo sabe que deve induzir? Acho que não. Ele apóia a pesquisa no aspecto acadêmico, não para uso industrial, e crê que isso basta. Temos uma produção enorme de pesquisas, mas a transformação disso em patentes é mínima... SAIBA MAIS SOBRE MAURÍCIO BOTELHO Maurício Botelho pode ser descrito de diversas maneiras. Talvez como tetraneto de índios bororos, ascendência da qual muito se orgulha, e fã da Amazônia. Talvez como um “garoto de Ipanema”, com o perdão do trocadilho, um rapaz bem-nascido que se formou em engenharia mecânica pela excelente Escola Nacional de Engenharia Para finalizar, peço um conselho seu aos empresários brasileiros... da Universidade do Brasil e dividiu sua carreira em duas fases: a de engenheiro, montando plantas industriais, incluindo a usina nuclear Angra I, de Angra dos Reis; e a de gestor, que o levou, até os 52 anos de idade, a Esqueçam a arrogância. É a coisa mais destrutiva que existe. acompanhar os investimentos da Cia. Bozano (antiga Bozano, Simonsen) como seu diretor-executivo. Mas ele passará para a história mesmo como o presidente-executivo e presidente do conselho de administração que salvou a Embraer da falência e a transformou numa Você pode conferir a entrevista acima na íntegra, na Revista HSM Management No. 67 Ano 12 Ed. Março/Abril de 2008. A publicação na Negócios em Revista é fruto de uma parceria com a HSM, para levar até o leitor o das empresas líderes mundiais do setor. Uma façanha espetacular. Já o compararam ao executivo do século XX, Jack Welch. E faz sentido. Como Welch, Botelho teve de demitir muita gente. Como Welch, ele é focado nas pessoas. Como Welch, ele põe a franqueza acima de tudo. Como Welch, ele deu a sua empresa um desempenho inacreditável. Como Welch, é carismático. Uma revista de negócios descreveu que Botelho “diz o que pensa sem pestanejar e é capaz de desatar em uma gargalhada segundos depois de repreender alguém”. Lembra Welch? melhor das entrevistas da HSM nos últimos anos. Maio 2008 Negócios em Revista 19 20 Negócios em Revista Maio 2008 PERFIL Com a cara e a coragem Luísa Barwinski Ousadia e perseverança foram ingredientes decisivos para o sucesso de Emilson Alonso Crescer, ganhar dinheiro, dar mais Foi em 1986, com 24 anos e tempo de extensão dos horários de atendimento ao comodidade ao cliente e gerar em- sobra para retomar o mundo dos negócios, cliente nas agências, das 9 às 18 horas. pregos. Pode-se resumir assim, dessa que ele entrou no Citigroup pela segura- Com isso, o número de clientes é maior forma simples, a carreira de Emilson dora Argos, que hoje se chama Chubb. e, para dar conta dessa clientela toda, é Alonso. À primeira vista parece sim- Aos 25 anos, Emilson Alonso já era o diretor preciso ter mais gente do outro lado do ples, mas levar crédito e bancarizar financeiro da organização. Hoje, aos 52 balcão – com essa medida, em um ano, quem não tinha conta em banco não é anos, Alonso se prepara para assumir a 300 pessoas foram contratadas para reali- tão fácil quanto parece. Alonso iniciou presidência do HSBC na América Latina e zar as operações nos postos de caixa. No sua carreira na área financeira da já está se mudando para o México, de onde total, os números chegaram a 1,1mil novos farmacêutica Sandox, hoje Novartis. comandará a supervisão nos 14 países da funcionários, aumento da produtividade de Formado em engenharia civil e com região onde o banco está presente. Acima 10% para 15%. mestrado em administração, o atual de Alonso, só Michael Goghegan - o CEO CEO do HSBC da América Latina ar- mundial do HSBC. Com a promoção de Alonso, o HSBC Brasil volta para as mãos de um inglês, o riscou. Resolveu largar tudo para Assim como fez no Brasil, Alonso pre- "mister" Shaun Wallis, de 52 anos – 30 deles investir no agronegócio na época em tende levar o banco às pessoas que fazem trabalhando no HSBC. Wallis, também já que João Figueiredo foi presidente parte da população economicamente ativa passou pela Ásia, Oriente Médio e Europa. do Brasil. Mas como os inícios cos- que ainda não têm conta corrente. Sob Agora, cabe a Emilson Alonso o desafio de tumam ser um pouco complicados, a gestão de Emilson Alonso, o HSBC no gerenciar os bancos HSBC da América Alonso, que havia juntado dinheiro Brasil se tornou um banco que visa dar Latina, o que, para ele, será apenas mais próprio e de amigos para comprar uma ao cliente toda a comodidade de que um passo na sua carreira de sucesso. fazenda, quebrou. ele precisa. É dele a implementação da Maio 2008 Negócios em Revista 21 MATÉRIA de Capa Da diretoria ao chão da fábrica, todos os colaboradores de uma empresa detêm conhecimentos específicos, particulares e absolutamente imprescindíveis para o sucesso de uma organização 22 Negócios em Revista Maio 2008 Semeando conhecimento Ana Paula Mira Maio 2008 Negócios em Revista 23 Sociedade do conhecimento, capital lhador é fundamental para que se possa intelectual, gestão de bens intangíveis, implantar uma gestão baseada em bens gestão por competências. Esses são intangíveis. “Dentro das teorias estratégi- apenas alguns dos novos termos na “so- cas de gestão, está a teoria de recursos e ciedade do conhecimento”, expressão capacidade, segundo a qual o maior ativo cunhada por Peter Drucker, para con- é intangível, ou seja, não importa quantas ceituar uma revolução silenciosa que fábricas ou matrizes a empresa tem, acontece nas empresas de todo o mundo. mas sim o quanto a marca é conhecida; Nessa revolução, as mudanças atingem o ativo, dessa maneira, é baseado no a maneira de gerenciar uma empresa e, conhecimento”. A conseqüência imediata principalmente, a importância que cada desse novo pensamento é a valoriza- trabalhador tem dentro do ambiente ção maior de cada pessoa. Se antes empresarial. É de Drucker também outro o trabalhador era considerado mais termo importante para entender esse novo uma engrenagem nesse processo, cenário: trabalhador do conhecimento. E é agora ele é ponto fundamental. “O colabo- nele que estarão concentrados os esforços rador de uma empresa, desde a função predominantes para que esse novo tipo de mais simples até a mais sofisticada, tem gestão dê certo. que ter noção do conhecimento que pos- Para Carolina Sass de Haro, doutoranda sui e de que isso faz diferença”. O exem- em gestão do conhecimento e gerente plo que Carolina dá é de uma caixa de geral do Hotel Blue Tree, em Curitiba, é supermercado. Nessa função, o contato nesse mesmo trabalhador que também se com o cliente acontece no momento em concentram os maiores desafios. “Hoje, o que o usuário do serviço tem a sua per- trabalhador ainda não se percebe com um cepção de como foi atendido. “Ela sabe ativo da empresa, e essa tem sido a maior se o cliente encontrou o que queria, se dificuldade”. Ela também ressalta que a foi bem atendido; é esse funcionário que visão que a empresa tem desse traba- tem essa informação elaborada, nenhum outro funcionário detém esse conhecimento”. Nessa nova relação, o desafio é fazer com que o trabalhador perceba seu papel e que ele, acima de tudo, saiba como disseminar essa informação. “Existe ainda muito medo de compartilhar o conhecimento; acontece muito de a pessoa ficar na defensiva e não perceber que conhecimento é a única coisa que, quando compartilhado, faz a pessoa ganhar, e não perder”. Sem orientação, corre-se o risco de desperdiçar informações preciosas. “O colaborador de uma empresa, desde a função mais simples até a mais sofisticada, tem que ter noção do conhecimento que possui e de que ele faz diferença” Novo paradigma Apesar de ser o futuro das empresas, Nomes Thomas Stewart e Peter Drucker firma- a gestão do conhecimento tem sido ram no mundo corporativo conceitos impor- responsável por questionamentos em tantes dessa nova tendência. Stewart citou relação à área da administração. Bruno pela primeira vez o capital intelectual. O Fernandes, doutor em Administração de autor aponta como o conhecimento tornou- Empresas na área de Recursos Humanos, se um recurso econômico proeminente – chama atenção para o fato de que esse mais importante que a matéria-prima; mais novo tipo de gestão desafia o paradigma importante, muitas vezes, que o dinheiro. da administração, de que só é possível Considerados produtos econômicos, a gerenciar o que é possível medir. Para ele, informação e o conhecimento são mais im- isso gera vários impactos nos negócios, já portantes que automóveis, aço e qualquer que o mais importante é o conhecimento produto da era industrial. embutido em algum produto ou serviço. “Para dar conta de como lidar com esse desafio – de uma realidade mais vulnerável e abstrata – são necessárias práticas num cenário integrado”. Umas delas é implantar o balance score card, uma tentativa de avaliar resultados empresariais e medir resultados intangíveis. “É preciso criar um novo modelo de negócios que abranja isso”, diz Bruno. O professor diz que os próprios prêmios dirigidos a jovens empreendedores estão premiando projetos na área de gestão do conhecimento. IMPLANTAÇÃO Por essa e outras razões, a implantação de um projeto como esse dura, no mínimo, um ano. A dificuldade está não só na maneira como o colaborador se vê, mas também na cultura organizacional. “A empresa não pode punir novas idéias, por exemplo. Ela tem de estar ciente de que todos devem estar envolvidos, não pode ficar restrito a apenas um departamento”, diz Carolina. Outro ponto importante é saber reconhecer e premiar esse trabalhador. Normalmente, isso pode acontecer por meio de bonificações, auditorias ou remunerações. “É preciso premiar quando o trabalhador reconhece que tem esse conhecimento e sabe como utilizá-lo”. Algumas empresas já implantaram o processo com sucesso, como a Xerox e a Zara. “A Xerox passou a disponibilizar palmtops para os técnicos poderem se comunicar com mais rapidez e ter informações sobre quem, quando e como determinado cliente já foi atendido. Já a Zara, sempre que lança uma nova coleção, ajusta sua produção à quantidade de peças vendidas”, explica Carolina. Para elas, essas são algumas possibilidades de gerenciar conhecimento e beneficiar as empresas. ACONTECE Tecnologia 3G – a regra da exceção Antonio Carlos Senkovski 26 Negócios em Revista Maio 2008 É comum a mídia anunciar uma nova Um desses clientes é o empresário tecnologia e aparecerem comentários tanto Ariovaldo Costa da Rocha. Ele utiliza o do lado das empresas, divulgando seus serviço há cerca de 7 meses: “uso o ce- lançamentos, quanto dos clientes, dizendo lular na empresa, na chácara, em casa, que as novidades não são exatamente na praia e na região de Ponta Grossa – como as propagandas mostram. interior do Paraná. Em Curitiba funciona Mas as “regras” existem para serem melhor, mas nas outras regiões também superadas de acordo com as neces- conecta. Uso para abrir imagens e para sidades. E é o que vem acontecendo com outros serviços, tudo com mobilidade, a tecnologia 3G de celulares. No Brasil, ela pois posso estar andando pelas ruas de está em uma fase de adaptação, entretanto Curitiba enquanto acesso a internet sem já proporciona convicção à maioria dos perda de conexão”. seus usuários de que os publicitários não Até pouco tempo atrás, aproximada- exageram ao definir a nova tecnologia mente 1998, o celular era uma ferramenta como uma terceira geração de celulares. exclusiva de comunicação oral. Não existia o envio de mensagens, transferência de As empresas de telefonia móvel apre- O gerente de marketing da Tim es- dados ou qualquer outro serviço, somente sentarão um novo conceito de serviços nos clareceu que em telefonia móvel sempre a troca de palavras faladas. O primeiro próximos meses. Segundo José Doroteu se deve buscar as novas tecnologias. aparelho de telefonia móvel apareceu Fabro, gerente de marketing da Tim, testes “Hoje nós brincamos dizendo que o no mercado em 1983 e pesava cerca de em laboratório apontaram velocidades de aparelho de celular até fala. Nele você um quilo. O preço do DynaTAC 8000x transferência em até 7 Megabytes (MB) tem voz, internet, MP3, máquina fotográ- aproximava-se dos 4 mil dólares. por segundo. Não se pode esperar essa fica, armazenador de informações. Com A telefonia evoluiu de maneira expressiva velocidade em um primeiro momento, mas as inovações estamos ampliando as nas últimas duas décadas. Depois de 1998 o primeiro passo já foi dado. “O serviço possibilidades”. surgiu uma segunda geração de celulares possibilitará uma alta velocidade de E uma dessas possibilidades se volta com serviços totalmente inovadores: era comunicação sem fio. A ferramenta poderá para o acesso à educação. Em conse- o início da era digital. O identificador de ser usada em jogos on-line e fazer dois qüência da ampliação da cobertura 3G, chamada, o envio de mensagens de texto usuários disputarem um jogo de corrida, podem ocorrer avanços nos campos (SMS) e, um pouco depois, o envio de por exemplo, interativamente”, diz Fabro. mais variados. Isso pode envolver mate- dados estavam na lista das inovações. A Tim ainda não disponibilizou a nova rial produzido pelo celular ou até mesmo Porém, a velocidade desses serviços não tecnologia no mercado, mas tem previsão se compara com a de hoje. Arquivos de de lançamento para o segundo trimes- Além disso, os impactos graças à 3G músicas e imagens eram transferidos a tre deste ano. Primeiramente os novos não vão ocorrer somente nas grandes uma velocidade aproximada de 2,4Kb/s, serviços prestados pela empresa serão cidades. As regras de concessão, que o que significava a espera de quase 1h30 a videochamada, internet banda larga, foram compradas para dar direito às para o download de um arquivo de 10 MB TV digital, além da maior velocidade de operadoras de usar a nova faixa de (Megabyte), por exemplo. transferência de dados. Por enquanto a freqüência, têm como uma das con- Agora surge a terceira geração (3G) televisão estará disponível somente em São dições a instalação da telefonia celular de telefonia móvel no Brasil. Na verdade, Paulo, onde a tecnologia High-definition nos 1.800 municípios do Brasil que desde 2004, com o lançamento da tecno- television (HDTV) já está funcionando, mas ainda não dispõem do serviço: “Cada logia EV-DO, pela Vivo, a 3G está presente assim que estiver presente em outros locais empresa é responsável por 25% dos no país. Mas depois do leilão no qual as poderá ser acompanhada com toda a mo- municípios, mas não precisa ser em operadoras compraram as faixas para bilidade que os celulares propiciam. 3G”, esclarece Fabro. projetos de ensino à distância. transmitir em 3G, as possibilidades podem Os preços dos aparelhos em um primeiro Para os clientes de 2G não haverá ser ampliadas e também os índices de momento não serão os mesmos que as mudanças. Somente quem optar por velocidade. pessoas estão acostumadas a ver nas trocar seu aparelho terá acesso às novi- Até agora os serviços de internet móvel fartas promoções das lojas. Um aparelho dades do mercado. Já para os usuários da operadora Vivo – Vivo Zap e Vivo 3G da Tim estará disponível a partir dos de 3G, a rede de cobertura 2G será Flash – permitem acesso à internet com R$ 700. “Quando uma nova tecnologia é compatível com os novos aparelhos. uma velocidade média de 300 a 700 Kb/s, adotada, se tem um período denominado A evolução da tecnologia não tem fim. para o Zap, e 60 a 100 Kb/s, para o Flash. amadurecimento. Depois se abre um leque Sempre existirá um ponto onde começar Isso significa que o mesmo arquivo de 10 enorme”, revela Fabro. A tendência é de é possível. E é essa característica do MB, cujo download demorava 1h30, hoje que, depois que novos serviços sejam desenvolvimento tecnológico a principal demora de 1 a 5 minutos. Essa conexão colocados à venda, os que estão no causa da máxima de que em toda regra pode ser executada em todas as áreas de mercado hoje comecem um processo de existem as exceções. cobertura da Vivo (CDMA 1xRTT). popularização. Maio 2008 Negócios em Revista 27 NA MIRA Muito além do Google Gabrielle Chamiço 28 Negócios em Revista Maio 2008 Orkut, Youtube, Gmail, Google Talk e alunos. Para conectar o programa é o próprio site de buscas Google são os muito simples. Basta o usuário acessar produtos mais conhecidos e presentes no um endereço, que é criado no próprio cotidiano da maioria das pessoas. Pode-se software, e pesquisar pelo sistema de dizer que é impossível encontrar alguém busca. Outro produto é o Google Earth, que nunca tenha ouvido falar no nome da que o curso de Engenharia Civil utiliza empresa. O domínio do Google, no entanto, para geoprocessamento. O software vai muito além de comunicadores, sites de não é o profissional – que possibilita busca e relacionamento. a produção de vídeos mostrando um As grandes empresas hoje aderem deslocamento e ainda possui fotos com aos serviços de softwares oferecidos melhores resoluções – mas sim o gratui- pelo Google que não são tão conheci- to, suficiente para o uso acadêmico. dos. A abrangência no mercado é muito O Desktop também é gratuito. No vasta. Charles Dalla Costa, coordenador caso do Sketchup, apesar de ser pago, de suporte na Universidade Positivo, em acaba sendo mais rentável, pois ele Curitiba, mostra quais são os programas concorre com o Autocad, cuja licença utilizados por alguns cursos e os benefícios custa R$ 1.500,00, enquanto o produto que eles propiciam. “A Google tem dezenas do Google sai por 100 dólares. Focados de produtos; nós utilizamos alguns como em grupos empresariais, esses pro- o software de desenho em 3D, Sketchup, gramas, de um modo geral, facilitam no curso de design”, afirma. A instituição a busca de informações corporativas também utiliza o Google Desktop Search, e disponibilizam arquivos com muita que tem a função de indexar e procurar eficiência. Buscar essas ferramentas os arquivos locais e buscar dentro de de trabalho é um investimento valioso, uma base de dados teses de dissertação não só para um bom desempenho, de mestrados e artigos que a instituição como também para a agilidade nos possui, facilitando assim as pesquisas dos negócios. Maio 2008 Negócios em Revista 29 NOVIDADES Luísa Barwinski Tempo precioso A empresa suíça Vacheron Cons- é com outro slogan, seguindo o ditado tantin fabrica relógios desde o século do primeiro, que a Vacheron Constantin XVIII aliando bom gosto e inovação se refere à linha Contemporary Patrimony. já no primeiro minuto. Jean-Marc Va- “Pureza é uma questão de proporção, refi- cheron fundou-a em 1755 e em 1819 namento é uma questão de gosto.” Dados seu neto, Jacques-Barthélémy, firmou esses preceitos, os mestres relojoeiros parceria com François Constantin, da casa combinaram a simplicidade com alterando o nome da companhia para uma mecânica complexa ao oferecer dia e “Vacheron et Constantin”. No mesmo data no display da linha que foi premiada ano, Constantin envia uma carta para com o selo Poiçon de Genève, símbolo de Jacques-Barthélémy contendo uma perfeição horológica. Além disso, a linha frase que acabaria por criar o slogan Contemporary Patrimony possui peças em da empresa – “Façamos o melhor se ouro 22 quilates e 27 rubis e estojo em ouro possível; e isto é sempre possível”. E rosa 18 quilates. Como fazer a diferença Mais do que uma consultoria correta, Keith Merron faz um aprofundamento do que é preciso para ser um consultor consciente e não fazer apenas “um bom trabalho”. O livro de 232 páginas é obrigatório para quem deseja prosperar na carreira de consultor. "Dominando Consultoria: como se tornar um Consultor Master e densenvolver relacionamentos duradouros com seus clientes" traz pesquisas e entrevistas com 14 consultores master experientes, que auxiliam na compreensão dos princípios, habilidades, fatores comportamentais e técnicas que o autor identifica ao longo da leitura. Keith Merron ainda revela as características e qualidades que farão a diferença com o cliente. 30 Negócios em Revista Maio 2008 Carregue tudo Celulares, fones Bluetooth, videogames portáteis e uma infinidade de eletrônicos já fazem parte da vida de muita gente. Mas, apesar de facilitar e agilizar a maioria das tarefas profissionais e também aspectos da vida pessoal, os mobiles podem atrapalhar. Todos aqueles cabos e carregadores que precisam ser levados junto com o aparelho são incômodos. Criado pelos engenheiros da Callpod de Chigado, o Chargepod é uma solução para este problema. O multicarregador possui seis entradas para quase todo tipo de aparelho eletrônico e pode ser usado em casa, no carro e no escritório. Caminho fácil Colorido sem tinta Interativo e fácil de manusear. Estas Zero Ink, em inglês, significa “sem tinta”. são duas das principais características Sem tinta, fios ou conexões USB, a impres- que definem o GPS eTREX da Garmin. O sora portátil deve toda sua mágica ao seu aparelho é pequeno e de interface simples, papel especial – protegido por mais de 100 de forma que até quem não está familiari- patentes. Vários cristais ativados pelo calor zado com esse tipo de equipamento não da impressora fazem a foto aparecer no pa- deve encontrar maiores complicações. pel. As fotos reveladas pela ZINK são mais Com apenas cinco botões, o eTREX pode nítidas, duráveis e baratas. Além disso, a ser operado com apenas uma das mãos. impressora móvel revolucionou o mercado O GPS da Garmin ainda grava 500 pontos com o conceito de não se ligar a nada e de localização, basta inserir os dados e poder ser levada em qualquer pasta, bolsa seu ponto de chegada estará na memória ou mochila. E melhor, por não utilizar tinta, a do aparelho; e para voltar para casa, pode ZINK evita cartuchos e tonners, o que reduz contar com a opção TrackBack®, que o muito o número de resíduos lançados ao levará pelo melhor caminho. meio ambiente. Maio 2008 Negócios em Revista 31 8JAIJG6A 6<:C96 DOMINGO NO CÂMPUS A série de concertos "Domingo no Câmpus" traz a Curitiba grandes nomes da música erudita. Os concertos comentados garantem maior aproximação e envolvimento do público com o programa apresentado. • 11 de maio – Camerata Antiqua de Curitiba • 18 de maio – Quarteto Uirapuru: Fernando Pereira (violino) Dhyan Toffolo (violino) José Taboada (viola) Claudia Grosso (violoncelo) • 8 de junho – Ensemble Universidade Positivo: Quinteto de Sopros • 29 de junho – Solistas de Londrina Local: Teatro Positivo – Pequeno Auditório Horário: 11h CINE DEBATE EXPOSIÇÃO DE PINTURAS – UM OLHAR SOBRE A PAISAGEM DA UNIVERSIDADE POSITIVO A exposição apresentará obras de artistas plásticos paranaenses, com interpretações da paisagem da Universidade nas mais variadas técnicas. • Período: 18 a 31 de maio Local: Foyer – Prédio da Pós-Graduação e Extensão Horário: de segunda a sexta-feira, das 9h às 21h; sábados, das 9h às 16h Entrada gratuita EXPOSIÇÃO – UNIVERSIDADE MOSTRA ARTE O projeto Cine Debate consiste na exibição de filmes seguidos de discussões com professores e profissionais convidados. A produção artística de professores, alunos e colaboradores da Universidade Positivo estará em exposição, incluindo selecionadas obras, como esculturas, pinturas e fotografias. • 13 de maio – O Show de Truman • 14 de maio – Código 46 • Período: 28 de julho a 12 agosto Local: Teatro Positivo – Pequeno Auditório Horário: 8h e 19h30 Entrada gratuita Local: Sala de Eventos – Prédio da Pós-Graduação e Extensão Horário: de segunda a sexta-feira, das 9h às 21h; sábados, das 9h às 16h Entrada gratuita Mais informações pelo site http://extensao.up.edu.br ou pelo telefone (41)3317-3283. VÁRIAS Idéias Governança corporativa: um modismo a mais? Jose Paschoal Rossetti Robert Monks, estabelecendo conceitos, governança corporativa, pode-se dizer que relatando casos de desvios de conduta seu surgimento não se caracterizou como (expropriatórios dos interesses de um modismo a mais. No mundo todo o tema "acionistas distantes") na gestão das com- se enraizou. E por um número grande e panhias e assumindo postura ativista por bastante sólido de razões. melhores práticas, que envolvessem os Nos países de controle pulverizado, as acionistas, os conselhos de administração razões são a maior fiscalização e o moni- e as diretorias executivas das empresas. toramento de gestores não-proprietários No Brasil, onde a estrutura de capital, – em princípio propensos a confundir seus o controle e a gestão das empresas são próprios interesses com os dos acionistas bem diversos das do mundo anglo-saxão, – e maior segurança, qualidade e trans- o tema desembarcou "oficialmente" em parência de informações a investidores 1995, no mesmo ano do livro de Monks, individuais e institucionais que aderem com a criação do então Instituto Brasileiro maciçamente ao mercado de capitais. A expressão corporate governance de Conselheiros de Administração, que se Nos países, como o Brasil, de capital surgiu no início dos anos 90 nos Es- transformou no atual IBGC – Instituto Bra- concentrado e de decorrente sobreposição tados Unidos e logo migrou para o sileiro de Governança Corporativa. Outras da propriedade e da gestão, há razões Reino Unido e o Canadá, países com iniciativas de grande alcance só viriam no externas, vinculadas ao desenvolvimento características empresariais bastante final dos anos 90 e na virada para o século do mercado de capitais, e internas, rela- próximas das norte-americanas: mer- XXI. Destacamos três: a edição pela CVM cionadas ao bom direcionamento das com- cado de capitais forte, alta dispersão de cartilha recomendando padrões de panhias, através de conselhos de admi- do capital de controle das empresas, governança superiores aos exigidos em nistração de alta eficácia, aptos a orientar separação entre a propriedade e a lei; o interesse por boas práticas pelos com maior segurança o desenvolvimento gestão e forte presença de forças investidores institucionais, como a PREVI, de negócios e de modelos de gestão, em externas no monitoramento do mundo maior fundo de pensão do país, que editou um mundo de maior complexidade, cres- corporativo. Em 1992, surgiram nesses seu código de governança, aplicável nas centemente aberto e sujeito a movimento países os três primeiros códigos de boa empresas controladas por esta instituição de mudanças cada vez mais abrangentes, governança: respectivamente, o "Princi- ou nas que ela mantivesse participações velozes, profundos e impactantes. ples of Corporate Governance: Analysis expressivas; e a criação pela BOVESPA Enfim, um tema novo, mas que veio para and Recommendations", o "Cadbury dos novos segmentos do mercado de ficar. E, conseqüentemente, indispensável Report" e "The Toronto Report". capitais, para listagem de empresas com como uma das matérias fundamentais dos padrões diferenciados de governança. planos curriculares de escolas de negócios Três anos depois, em 1995, foi ditado o primeiro livro sobre o tema Apesar do ainda curto tempo de vida "Corporate Governance", do americano dos princípios, dos processos e práticas de que estejam sintonizadas com as grandes transformações do mundo corporativo. Maio 2008 Negócios em Revista 33 ÍNDICES Indicadores Sob controle Os principais índices de preços, IGPM e IPCA, trouxeram apreensão no trimestre final de 2007. No primeiro trimestre de 2008, a reversão da tendência ou a atenuação da pressão inflacionária se deveu em parte à queda do dólar que aumentou a importação e a concorrência interna. A queda do dólar ainda deve repercutir sobre as commodities nos próximos períodos, atenuando a inflação nos alimentos. Tendência a estabilizar a inflação em torno da meta anual do Banco Central. Oscilando com tendência de queda? A trajetória do dólar norte-americano segue com tendências de queda, oscilando nos momentos de crise. Os fundamentos da economia americana, com elevado déficit interno e comercial, não sustentam apostas de reversão desse padrão. Você sabia... Que o risco-país, medido pelo JP Morgan, é uma medida obtida a partir da diferença entre as taxas de juros dos certificados da dívida de um determinado país contra a taxa de juros dos títulos do Tesouro dos EUA? Assim, para cada 100 pontos de risco-país, estamos pagando juros 1% maiores que os EUA. 34 Negócios em Revista Maio 2008 Alta no risco-país, medido pelo JP Morgan (em pontos-base), ainda não é suficiente para causar pânico. ENVIE SEU ARTIGO ATRAVÉS DO SITE WWW.ANGRAD.ORG.BR/XIXENANGRAD PARA AS SEGUINTES ÁREAS TEMÁTICAS • GESTÃO DE OPERAÇÕES E LOGÍSTICA • ENSINO, PESQUISA E FORMAÇÃO DOCENTE • GESTÃO DE INFORMAÇÕES E TECNOLOGIA • TEORIA GERAL DA ADMINISTRAÇÃO • MARKETING • EMPREENDEDORISMO & GOVERNANÇA CORPORATIVA • GESTÃO DE PESSOAS E RELAÇÕES DE TRABALHO • FINANÇAS • QUALIDADE A ESCOLA DA DE PUC N EGÓCIOS - R IO A Positivo Informática recomenda o Windows Vista® Home Premium. Tão bonito que você nem lembra que usa para trabalhar. Notebook Positivo Z97 Processador Intel® CoreTM2 Duo T5450 Autêntico Windows Vista® Home Premium • HD 160 GB • Memória 2 GB RAM • Tela de 14,1” • Grava e lê CDs e DVDs • Webcam integrada de 1.3 megapixel • • Novos Notebooks Positivo Linha Z. Só a líder em vendas de notebooks no Brasil poderia trazer tanta novidade. Processadores mais potentes, acabamento Black Piano, mais memória e gravador de DVD em toda a linha. 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