Qualidade das águas subterrâneas e superficial da comunidade de
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Qualidade das águas subterrâneas e superficial da comunidade de
Qualidade das águas subterrâneas e superficial da comunidade de Barro Vermelho, município de Aurora, Ceará, para fins de irrigação Thiago Alves Guedes, José Rêmulo Cruz dos Santos, Anny Kariny Feitosa1 e Dijauma Honório Nogueira 1 Instituto Federal do Ceará [email protected]) – IFCE, Campus Iguatu ([email protected]; [email protected]; [email protected]; Resumo - A utilização da irrigação é fundamental para a sobrevivência no homem, constituindo um papel essencial na produção de alimentos nos dias de hoje. Em regiões semiáridas como o Ceará, é de grande relevância o manejo e conservação de seus recursos hídricos. Com isso, o presente trabalho tem como objetivo avaliar a qualidade de águas subterrâneas e superficial para fins de irrigação da comunidade de Barro Vermelho, Aurora, Ceará. As análises foram conduzidas no Laboratório de Água, Solos e Tecidos Vegetais, do Instituto Federal do Ceará campus Iguatu, de acordo com a metodologia descrita por EMBRAPA (1997), cujos parâmetros analisados foram cálcio (Ca2+), magnésio (Mg2+), cloreto (Cl-), sódio (Na+), potássio (K+), carbonato (CO3), bicarbonato (HCO3 ), sulfúrico (SO4 ), potencial hidrogeniônico (pH), condutividade elétrica (CE), a relação de adsorção de sódio normal e corrigida (RAS, RAS°) proposta por Ayers e Westcot (1999). Utilizou-se o software Qualigraf para realizar a classificação das amostras através do diagrama de United States Department of Agricultural (USDA), University of California Commitee of Consultants (UCCC) e o de Piper. Palavras-chave: irrigação, qualidade de águas, manejo, semiárido. Quality of waters underground and surface of Barro Vermelho community, Aurora municipality, Ceará state, for irrigation purposes Abstract - The use of irrigation is essential for survival in man, being an essential role in food production today. In semi-arid regions such as Ceará state, is highly relevant management and conservation of water resources. Thus, this study had as objective to evaluate the quality of groundwater and surface water for irrigation of Barro Vermelho community, Aurora, Ceará state. Analyses were conducted in the Water Laboratory, Soil and Plant Tissue, the Federal Institute of Ceará campus Iguatu, according to the 2+ 2+ methodology described per EMBRAPA (1997), whose parameters analyzed were calcium (Ca ), magnesium (Mg ), chloride (Cl), sodium (Na +), potassium (K +), carbonate (CO 3), bicarbonate (HCO3-), sulfuric acid (SO4-), hydrogen potential (pH), electrical conductivity (EC), the normal and corrected relation of sodium adsorption (RAS, RAS °) proposed per Ayers and Westcot (1999). It was utilized the Qualigraf software to perform the classification of samples using the diagram of United States Department of Agricultural (USDA), University of California Commitee of Consultants (UCCC) and the of Piper. Keywords: irrigation, water quality, management, semiarid region. Introdução A técnica de irrigação desempenha um importante papel em algumas regiões do planeta, onde as precipitações são irregulares. Seu papel é ampliar a produção agrícola e a produção alimentícia. Devido o desenvolvimento sustentável com uso de recursos naturais há um grande aumento da demanda dos recursos hídricos já que as áreas irrigadas se expandiram ocasionando uma série de preocupações (Reis et al., 2011). As águas utilizadas para irrigação, mesmo quando apresenta baixos teores de sais, quando não manejado corretamente, pode ser um dos fatores importante no comprometimento do solo ocasionando impactos negativos na agricultura irrigada (Andrade et al.,2006). Segundo (Queiroz et al., 2010), é importante conhecer a qualidade dos recursos hídricos de uma bacia pois é uma ferramenta de suma importância possibilita conhecer as condições da bacia hidrográfica como um todo. Há dois processos que alteram a qualidade da água: processo natural que são os sais presentes no solo, caracterizado por ser lento e gradual, e o processo antropogênico, que quase sempre são induzidos rapidamente causados por diferentes fontes, tais como, fontes pontuais que os poluentes são lançados em pontos específicos dos corpos d’água de forma individualizada, e por meio de fontes difusas, que são aquelas que os poluentes atingem os corpos d´água de modo aleatório, tais como, efluentes domésticos, industriais ou originários das atividades agrícolas (Toledo & Nicolella, 2002; Marotta et al., 2008). De acordo com Mendonça e Leitão (2008), o problema da qualidade dos recursos hídricos é um dos mais graves da sociedade contemporânea. Tecnol. & Ciên. Agropec., João Pessoa, v.10, n.3, p.37-44, maio 2016 37 Ao avaliar a qualidade das águas superficiais, deve se empregar métodos de compreensão fácil para que a informação possa ser transmitida aos usuários deste recurso. O uso de índices de qualidade de água tem sido uma alternativa para acompanhar as alterações na qualidade de água ao longo de uma bacia hidrográfica ou do tempo, sejam elas de origem antrópica ou natural (Donadio; Galbiatti; Paula, 2005; Lopes et al., 2008). Portanto, o objetivo deste trabalho é avaliar a qualidade da água utilizada para fins de irrigação, proveniente de três poços tubulares e do rio Salgado na comunidade de Barro Vermelho, Aurora, Ceará. alteração química e/ou biológica. As análises foram realizadas no Laboratório de análises de Solos, Água e Tecidos Vegetais do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará – IFCE Campus Iguatu. Nesta pesquisa os seguintes atributos físicoquímicos foram avaliados: Ca2+ (mmolc L-1), Mg2+ (mmolc L-1), Na+ (mmolc L-1), K+ (mmolc L-1), Cl(mmolc L-1), CO3 2- (mmolc L-1), HCO3- (mmolc L-1), SO42- (mmolc L-1), CE (dS m-1), RAS e RASº proposta por Ayers e Westcot (1999) que foram calculadas utilizando as equações 1 e 2. Equação 1 Material e Métodos O presente trabalho foi efetuado na bacia do rio Salgado no estado do Ceará, latitude de 6° 56’ 33” Sul, longitude de 38° 58’ 03” Oeste e altitude de 283,0 m, pertencente ao município de Aurora, distando 358,0 km, em linha reta, da capital. O clima da região segundo a classificação de Köppen é o Aw Tropical Quente Semiárido, e temperatura média mensal entre 26° a 28°C. A precipitação media anual é de 884,9 mm, concentrada entre os meses de fevereiro a abril (IPECE, 2014). O solo da região é classificado como Litólicos e Podzólico VermelhoAmarelo, sua vegetação é Caatinga Arbustiva Densa, Caatinga Arbustiva Aberta e Floresta Caducifólia Espinhosa (IPECE, 2014). As coletas foram realizadas no dia 22 de março de 2015, em quatro pontos amostrais na comunidade de Barro Vermelho, Aurora, sendo eles três poços tubulares e um rio (P1, P2, P3 e R1), respectivamente. O primeiro ponto localizou-se em área irrigada por aspersão, com cultivo de pastagem, tendo com dimensão 2 ha. O segundo ponto localizou-se em área irrigada por aspersão, com cultivo de pastagem, numa área de 1 ha. O terceiro ponto localizou-se em área de irrigação por inundação, com cultivo de frutíferas, numa área de 0,5 ha. E o rio engloba toda a área irrigada, que tanto é utilizada para irrigação de pastagem como para irrigação de frutíferas. No ato da coleta, cada amostra recebeu um número de identificação e posteriormente, foram acondicionadas em garrafas plásticas de 1.000 mL. Antes de preencher os recipientes houve a tríplice lavagem com a própria água para evitar contaminação e erros viciosos. As mesmas ficaram mantidas em geladeira para evitar qualquer 38 Tecnol. & Ciên. Agropec., João Pessoa, v.10, n.3, p.37-44, maio 2016 Equação 2 onde: RAS e RAS° = Relação de adsorção de sódio; Na - Concentração de sódio na água, em mmolc L-1; Ca - Concentração de cálcio na água em mmolc L-1; Ca° - Concentração de cálcio na água, corrigida pela relação HCO3-/Ca (mmolc L-1) e CEa (dS.m-1); Mg - Concentração de magnésio na água, expressa em mmolc L-1. As determinações de cálcio + magnésio (Ca 2+ + Mg2+) e de cloreto (Cl-) foram obtidos por titulação com a solução padrão de EDTA a 0,01M e solução padrão de nitrato de prata (AgNO3) a 0,0141N, respectivamente. O sulfato (SO42-) foi determinado espectrofotometricamente, o sódio (Na+) e potássio (K+) solúveis foram determinados no fotômetro de emissão de chama. O bicarbonato (HCO3-) e carbonato (CO32-) foram obtidos por titulação com solução padrão de ácido sulfúrico (H2SO4) a 0,02 N e a condutividade elétrica (CE) foi obtida com um condutivímetro de bancada. Em seguida a classificação das águas para fins de irrigação foi obtida pelo diagrama de United States Department of Agricultural (USDA), University of California Commitee of Consultants (UCCC) e o de Piper através do SOFTWARE QUALIGRAF. Resultados e Discussão Os resultados de pH obtidos com as análises das amostras estiveram nos níveis de normalidade segundo Ayers e Wescot (1991), que apresentaram respectivamente a determinação do pH consiste na medida da atividade do íon H+ no meio, sendo expresso em uma escala que varia de 0 a 14 como mostra a Tabela 1. Nota-se que os valores de pH nos poços e rio não apresentaram diferença significativa. O poço 1 foi constatado o maior valor de pH (7,63) enquanto que o do rio foi constatado o menor valor (7,55). Os valores de pH analisados ficaram na faixa entre 7 e 8, o que caracteriza uma água neutra próxima à alcalina. De acordo com Libânio (2005), águas naturais de superfície apresentam pH entre 6,0 e 8,5, considerado por ele, um intervalo ótimo para a manutenção da vida aquática. Valores semelhantes foram encontrados por Leal et al. (2009) estudando as águas subterrâneas do município de Teresina, no estado do Piauí. Tabela 1. Indicadores químicos de qualidade de águas superficiais e subterrânea da comunidade de Barro Vermelho em Aurora no estado do Ceará. Ponto de Amostragem CE SDT µS.cm-1 mg.L-1 P1 P2 P3 R1 677 671 627 246 440,1 436,2 407,6 159,9 pH 7,63 7,57 7,56 7,55 Percebe-se que os valores da condutividade elétrica no P1 677 µS.cm-1, P2 671 µS.cm-1, P3 627 µS.cm-1 e R1 246 µS.cm-1apresentaram valores de baixa salinidade, segundo Ayers e Wescot (1999), sendo enquadradas com nenhum risco de salinização (C1 < 0,7 dS m-1). Entretanto, segundo Richard (1954), tanto o P1, P2 e P3 se enquadram na classe C2, media salinidade (valores entre 0,25 - 0,75 dS m1 ), já o R1 está classificado como C1, baixar salinidade (valores entre 0 – 0,25 dS m-1). Quando a relação RAS e CE apresentam teores baixos, pode provocar problemas de infiltração no solo, criando uma camada semipermeável logo abaixo da superfície. Segundo Barros et al. (2004) para realizar a recuperação de solos salinos é necessária a aplicação de gesso, sendo que as granulométricas mais finas (0,5-0,3 mm e < 0,3 mm), apresentaram melhor desempenho na lixiviação dos sais e na consequente redução na relação de adsorção de sódio (RAS) do extrato de saturação. Segundo a resolução do CONAMA (2005), impõe limite de Sólidos Dissolvidos Totais (SDT) de no máximo 500 mg/L. Nenhum valor ultrapassou esse padrão, indicando que as águas do rio e dos poços são águas doces (SDT < 500 mg/L). O maior valor obtido foi de 440,1 mg/L, no P1. Segundo Fonseca (2002), verifica-se uma relação entre a média dos valores da condutividade e a média de SDT. O acréscimo de um corresponde ao acréscimo de outro RAS 1,33 5,95 7,86 2,54 RASo 1,02 5,36 6,50 2,45 Classificação para Irrigação (USDA) (UCCC) C2 S1 C2 S1 C2 S2 C1 S1 C1 S2 C1 S2 C1 S2 C1 S2 e vice-versa, para o decréscimo. Desta forma, podese dizer que a condutividade é diretamente proporcional à concentração de SDT. Os íons Na+ e o Cl- apresentaram valores de P1 1,16 mmolc.L-1 e 0,65 mmolc.L-1, P2 4,76 mmolc.L-1 e 1,89 mmolc.L-1, P3 4,97 mmolc.L-1 e 2,11 mmolc.L-1 e R1 3,25 mmolc.L-1 e 2,48 mmolc.L-1 respectivamente como mostra a Tabela 2. O P1 não apresentou risco para irrigação segundo as recomendações de Ayers e Wescot (1999), já o P2, P3 e R1 apresentou os maiores teores de Na+, encontrados acima do limite estabelecido para uso na irrigação que é de 3 mmol c L-1, com moderado risco de toxidade às plantas. Para o íon HCO3 os valores apresentados foi de P1 0,74 mmolc L-1, P2 2,05 mmolc.L-1, P3 1,83 mmolc.L-1 e R1 1,66 mmolc.L-1. O P1 por sua vez, não é preocupante, pois, de acordo com Ayers e Westcot (1999), valores inferiores a 1,5 mmolc L-1 expressam águas com baixo grau de restrição para uso na agricultura irrigada. Já os resultados de P2, P3 e R1 apresentaram valores superiores ao limite máximo permitido. Ainda de acordo com Ayers e Westcot (1999), quando são utilizadas águas para irrigação com elevados teores de bicarbonatos pode ocorrer precipitação de cálcio, na forma de carbonato de cálcio, o que pode ocasionar incrustações em tubulações de irrigação (Arraes et al., 2009). Tecnol. & Ciên. Agropec., João Pessoa, v.10, n.3, p.37-44, maio 2016 39 Tabela 2. Indicadores químicos de qualidade de águas superficiais e subterrânea da comunidade de Barro Vermelho em Aurora no estado do Ceará. Ponto de Amostragem P1 P2 P3 R1 Limite para Irrigação Na+ Cl HCO3 SO4 Ca+2 + Mg+2 K+ mmolc L-1 1,16 4,76 4,97 3,25 0,65 1,89 2,11 2,48 0,74 2,05 1,83 1,66 0,05 0,05 0,13 0,04 1,52 1,28 0,80 3,28 0,22 0,08 0,11 0,22 >3 >3 >1,5 >10 >5 - O Ca+2 + Mg+2 apresentaram valores de P1 1,52 mmolc.L-1, P2 1,28 mmolc.L-1, P3 0,80 mmolc.L-1, e R1 3,28 mmolc.L-1, respectivamente inferiores ao limite para irrigação estabelecido por Ayres e Westcot (1999). A correlação de uma baixa concentração de cálcio mais magnésio em conjunto com uma elevada concentração de sódio pode acarretar problemas com relação à estruturação do solo, dificultando nos processos de infiltração (Mantovani et al, 2006). O valor de K+ obtido foi de 0,22 mmolc L-1 para o P1, 0,087 mmolc.L-1 para o P2, 0,11mmolc L-1 para o P3 e 0,22 mmolc L-1 para o R1. Os níveis de potássio normais nas águas de irrigação ficam entre 0 e 0,052mmolc.L-1, estando as águas acima dos padrões estipulados para irrigação. Os maiores níveis de K+ foram encontrados no P1 e R1 onde predominam as pastagens que são sempre adubadas no momento de sua implantação (adubação de fundação). Resultados semelhantes foram encontrados por Gonçalves et al (2005), estudando a qualidade da água do Arroio Lino. Poço 1 Poço 2 Poço 3 Rio Figura 1. Classificação das águas superficiais e subterrânea da comunidade de Barro Vermelho em Aurora no estado do Ceará de acordo com o diagrama proposto pelo United States Department of Agricultural – USDA (Richards, 1954). 40 Tecnol. & Ciên. Agropec., João Pessoa, v.10, n.3, p.37-44, maio 2016 De acordo com o diagrama de classificação de água para irrigação do USDA (Richards, 1954) como mostra na figura 2. Observa-se que o R1 está classificado como C1S1 (baixo risco de salinidade e sodicidade), isso significa que a água do rio esta habilitada para a irrigação de diversas culturas, com pouco risco de atingir níveis de salinidade e sodicidade trocável. Resultados semelhantes também foram observador por Figueredo Júnior et al. (2013) avaliando a qualidade das águas do Distrito de Irrigação Tabuleiros Litorâneos do Piauí – DITALPI. Já o P1e P2 está classificado como C2S1 (médio risco de salinidade e baixo risco de sodicidade), podendo ser usada para a irrigação, com pouca probabilidade do solo ter níveis perigosos de sodicidade. E o P3 como C2S2 (médio risco de salinidade e médio risco de sodicidade), disponível para a irrigação, no entanto as águas com médio risco de sodicidade e médio risco de salinidade devem-se ter precauções a mais com o solo para que não apresente risco de permeabilidade (GHEYI et al., 2010). Essa variação pode ser atribuída ao regime irregular das chuvas, característica muito comum no semiárido nordestino. A classificação das águas para irrigação de acordo o diagrama do UCCC (Ayers e Westcot, 1999) pode ser verificada na Figura 3. Conforme o diagrama de classificação de agua para irrigação, as águas superficiais e subterrâneas foram classificadas quanto ao risco de salinidade e sodicidade de acordo (Ayers e Westcot, 1999). De acordo com os riscos conjuntos de salinidade e sodicidade pela classificação do UCCC, as águas superficiais e subterrâneas foram classificadas como C1S2 (nenhum risco de salinidade e moderado risco de sodicidade), sendo disponível para irrigação, podendo apresentar problemas de infiltração no solo causado pelo efeito da sodicidade, pois todas as amostras de acordo com UCCC, estar classificada como moderado risco de sodicidade. Águas classificadas como nenhum risco de salinidade e moderado risco de sodicidade de acordo com Ayers e Westcot (1999) no Ceará também foram observadas por Vasconcelos et al. (2009) avaliando a qualidade da água utilizada para irrigação da bacia do baixo Acaraú, Ceará e por Barroso et al. (2011) avaliando a qualidade da água para irrigação na região Centro Sul no Estado do Ceará. Poço 1 Poço 2 Poço 3 Rio Figura 2. Classificação das águas superficiais e subterrânea da comunidade de Barro Vermelho em Aurora no estado do Ceará de acordo com o diagrama proposto pelo University of California Commitee of Consultants – UCCC (Ayers e Westcot, 1999). Tecnol. & Ciên. Agropec., João Pessoa, v.10, n.3, p.37-44, maio 2016 41 A Figura 3 apresenta o Diagrama de Piper para os parâmetros analisados. Quanto aos cátions, a maior parte das amostras se enquadra na classe de Águas Sódicas (P2, P3 e R1), enquanto que o P1 foi classificado como Água Mista. Com relação aos ânions, verifica-se que o P3 e R1 das águas se apresentam como Cloretadas, P1 e P2 como Bicarbonatadas. De acordo com a classificação geral o P1 está classificado como bicarbonatadas cálcicas ou magnesianas, P2 bicarbonatadas sódicas, P3 e R1 sulfatadas ou cloretadas sódicas, onde o sódio prevaleceu sobre os demais cátions enquanto que o cloreto e o bicarbonato mantiveram iguais sobre os demais ânions. Meireles (2007) estudando a dinâmica qualitativa das águas superficiais da bacia do Acaraú encontrou predomínio de águas sódicas em vários pontos ao longo de bacia do Acaraú. Contudo vale ressaltar que, de modo geral, as águas subterrâneas possuem mais restrições em relação às superficiais no que desrespeito a irrigação nas diversas culturas, devido à concentração de sais tender a ser mais elevada. Poço 1 Poço 2 Poço 3 Rio Figura 3. Diagrama de Piper para a classificação das águas superficiais e subterrâneas da comunidade de Barro Vermelho em Aurora no estado do Ceará. Conclusões 1. Quanto aos atributos químicos, não houve restrição para irrigação, com exceção dos íons Sódio (Na+) e Bicarbonato (HCO3-), pois ultrapassaram os limites estabelecidos. 2. Os resultados mostraram que de acordo com o diagrama do USDA as águas superficiais e subterrâneas foram classificadas como C1S1, C2S1 e C2S2, sendo que sua maioria está como C2S1. 42 Tecnol. & Ciên. Agropec., João Pessoa, v.10, n.3, p.37-44, maio 2016 Porém, de acordo com o UCCC, todos os pontos foram classificados como C1S2 apresentando nenhum risco de salinidade e moderado risco de sodicidade, podendo causar problemas de infiltração no solo por sodicidade; 3. De acordo com o diagrama de Piper, houve predominância da classe de águas cloretadas sódicas, mostrando a predominância do sódio em relação aos demais íons. Referencias ANDRADE, E.M.; BATISTA, T.M.; TEIXEIRA, A.S.; MEIRELES, M.; SOUZA, B.F.S. Mapa de vulnerabilidade da bacia do Acaraú, Ceará, à qualidade das águas de irrigação, pelo emprego do GIS. 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