– V ENCIC – CARAVAGGIO
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– V ENCIC – CARAVAGGIO
EDLEY REIS DE OLIVEIRA CAROLINE NOGUEIRA LOPES LUCIANO SIQUEIRA LEITE – V ENCIC – CARAVAGGIO NEC SPE... NEC METU... HUMILITAS OCCEDIT SUPERBIAM Sem Esperança... Sem Medo... A Humildade Conquista o Orgulho 2012 Banner Apresentado no V ENCIC CARAVAGGIO NEC SPE... NEC METU... HUMILITAS OCCEDIT SUPERBIAM Sem Esperança... Sem Medo... A Humildade Conquista o Orgulho Michelangelo Merisi Caravaggio revolucionou a arte do seu tempo com uso da técnica CHIAROSCURO, em que o emprego de luzes e sombra gera impressionante dramaticidade às cenas retratadas. Roma, em torno do ano 1600 era o centro da maior campanha de propaganda que o mundo cristão já viu. A Igreja Católica está sob assédio dos Protestantes da Europa do Norte que têm uma nova mensagem para aqueles que procuram a salvação. Diziam os Protestantes: "Confie apenas na Palavra", "O verdadeiro Evangelho em Preto e Branco”, "A Bíblia Impressa é o Guia dos Cristãos”, "As Pinturas nas Igrejas são uma Distração, Ídolos Obscenos, livrem-se deles”... Os Católicos contra-atacam: "E os milhões que não sabem ler, não merecem serem salvos?", "Os pobres não devem ter uma visão do sacrifício do Salvador, da vida da Virgem?”... Na guerra pelas almas da Igreja Católica as Pinturas não eram Objetos de Arte, elas eram Artilharia Pesada. Assim as igrejas são reformadas, outras construídas novamente, todas abundantemente Decoradas com Pinturas. As pinturas são responsáveis por defender a Fé Católica Caravaggio diz, "Não apenas olhe meus quadros, não apenas os observe, sinta-os". Ele não faz isso apenas pelo efeito. Ninguém mais que pintasse em Roma levava a mensagem do Cristianismo mais a sério do que este pecador. Cristo disse: "Os miseráveis da Terra podem ser salvos" É isso o que Caravaggio nos dá. O evangelho está acontecendo bem aqui e agora. Quando as pessoas vêm para a igreja e as vêem, elas ficam aturdidas. Suas vidas mudam, seus olhos se abrem, seus corações disparam. Na presença de dramas sacros tão vívidos, tão físicos, elas pensam poder estender a mão e tocá-los, o pecador mais insensível, o pior déspota acredita. Este era o pintor que a Igreja estava esperando. Era um trabalhador incansável, porém orgulhoso, teimoso e sempre disposto a participar em discussões e a envolver-se em brigas. Passou um tempo como Aprendiz em Milão mas quem tinha talento de verdade, iria para Roma... Caravaggio chegou em Roma em 1593 e logo lhe avisaram sobre o que deveria fazer, se quisesse tornar-se um grande artista: Primeiro Desenhe esculturas antigas; Segundo Aprenda com os velhos mestres; Seja humilde, copie e aprenda. No fim disso tudo você vai atingir a Essência da Arte, uma Idéia da Forma Perfeita e da Beleza Ideal. Se conseguir tornar aqueles Mistérios Celestiais visíveis, usando seus próprios pincéis, então estará pronto para imprimir aquela visão de perfeição onde realmente conta, na Guerra Pelas Almas, isto é, ser contratado pela Igreja. Mas Caravaggio não pensava assim. – Visões do Paraíso? – Quem diabos sabia disso? O que ele sabia estava bem diante do nariz. Aqui na Terra, no ateliê, o aqui e o agora, isso seriam o objetivo da sua arte. – Desenhar? Quem precisa disso? Caravaggio nunca desenhou em sua vida Ela olhava, observava fixamente e depois pintava. Praticamente todos os pintores, os grandes mestres, antes de desenvolverem uma pintura, havia os estudos, traçava-se as linhas imaginárias – faziam esboços – faziam rascunhos... Mas Caravaggio nunca fez um traço, nunca fez um esboço, nunca fez um desenho. Ia direto à tela e lá desenvolvia sua técnica e sua explosão de originalidade. Os modelos ou “manequins” à sua frente e ele desenvolve sua pintura. Viveu pouco na verdade, seus problemas literalmente o mataram. Mas teve diversos seguidores em todo o mundo, pois, ele como ninguém conseguiu trabalhar a luz. A luz, lembramos que a luz, o jeito de se trabalhar as cores e as composições é que nos dá a noção de profundidade e relevo em uma pintura e isso Caravaggio sabia como ninguém. Ora, os artistas do norte da Itália eram famosos por suas habilidades técnicas, suas naturezas mortas realistas. Mas Caravaggio nos dá a natureza com um viés. A beleza da arte não importa A palestra do Professor Doutor Luciano Migliaccio se dá praticamente contando a história de Caravaggio, o que foi bem desenvolvida no relatório de Visita à Exposição, e também fazendo comparações entre os vários artistas anteriores a ele. Assim vou neste relatório somente colocar as imagens uma ao lado da outra. E com o embasamento mostrado no trabalho citado acima podemos fazer uma comparação e deslumbramento entre as obras. Um ponto central de observação é que Caravaggio nunca faz um esboço de suas obras, ele as pinta diretamente na tela. E o pobre é sempre pobre, não havendo pompas e respeito pela trajetória do “pintado”, mas havendo sempre o ponto de vista de Caravaggio. Então mãos à massa... Baco (Michelangelo Buonarroti) Baco é uma estátua de Michelangelo Buonarroti efetuada entre 1496 e 1498 em mármore e apresenta 203 centímetros de altura. Representando o deus da mitologia romana, Baco, a escultura foi encomendada pelo banqueiro e colecionador Jacopo Galli para o seu jardim seguindo a tipologia da escultura da antiguidade clássica e transmitindo jovialidade e sensualidade. Baco segura na sua mão esquerda uma pele de leão e um cacho de uvas de onde se alimenta um fauno apresentando também um elevada atenção ao pormenor. Pequeno Baco Doente Bacchino Malato (1593-1594) - Galeria Borghese, Roma Lembre-se que Baco não era apenas o deus da bebedeira, era também o símbolo da juventude e da beleza, a inspiração da poesia, música e pintura. E é isso que Caravaggio faz. Ao invés da eterna juventude, ele nos dá algo que é exatamente o oposto, alguém que está realmente doente. A carne é esverdeada, os lábios são cinza, os olhos cansados, a boca torcida lascivamente. Ao invés de tomar a forma humana e endeusá-la, ele pega um deus e o faz humano. A pomposa criatura festeira numa ruína de ressaca. E veja as uvas, Elas têm a forma certa, mas já estão passadas e são oferecidas a quem olha a pintura, numa mão gordurosa com unhas sujas. Crucificação de São Pedro A recém-restaurada Capela Paulina, que fica dentro do Vaticano, guardava um segredo que vem encantando estudiosos e admiradores do pintor italiano Michelangelo. Trata-se de um auto-retrato em que o mestre renascentista aparece de turbante azul na cabeça, montado em um cavalo, a acompanhar a Crucificação de São Pedro. O pintor encontra-se ao lado esquerdo da cena, no alto da tela, como um dos três cavaleiros romanos. O auto-retrato faz parte da tradição de Michelangelo e neste caso, aparece de modo evidente o tormento que caracterizava o temperamento do artista, como em cada personagem e em sua obra Sua expressão é de sofrimento, tristeza, tensão, como se compreendesse a injustiça que estava sendo feita com a crucificação de São Pedro. As informações são da agência EFE Crucificação de São Pedro Na pintura de Caravaggio, São Pedro tolera sua porção de culpa covardemente, crucificado de cabeça para baixo, indigno, diz ele, de ser martirizado do mesmo modo que Cristo. A Deposição de Cristo – Rafael Rafael Sanzio (em italiano Raffaello Sanzio; Urbino, 6 de abril de 1483 — Roma, 6 de abril de 1520) Freqüentemente referido apenas como Rafael, foi um mestre da pintura e da arquitetura da escola de Florença durante o Renascimento italiano. Celebrado pela perfeição e suavidade de suas obras. Também é conhecido por Raffaello Sanzio, Raffaello Santi, Raffaello de Urbino ou Rafael Sanzio de Urbino. Junto com Michelangelo e Leonardo Da Vinci forma a tríade de grandes mestres do Alto Renascimento. A Deposição de Cristo – Caravaggio São João Batista no Deserto – Rafael Esta obra mostra a forte influência dos esquemas compositivos dos ignudi de Michelangelo na Capela Sistina, foi executada por volta de 1516 por encomenda de Adrien Gouffier, Cardeal de Boissy. São João Batista no Deserto – Caravaggio Decapitação de São João Batista O Pintor: Hans Memling foi um dos mais notáveis pintores flamengos. De origem alemã, este pintor foi ignorado pela historiografia de arte até meados do século XIX, quando o seu nome se tornou sinônimo de uma verdadeira lenda. No início da sua vida artística passou algum tempo na cidade de Colônia, na Alemanha, onde os especialistas crêem que Memling tenha estudado. Porém, em 1466, Memling viaja para Bruges, onde se tornou aluno de Rogier van der Weyden. A partir daqui, a influência, não só de Van der Weyden, como de outros artistas flamengos (como Dirck Bouts) tornou-se proeminente na obra de Hans Memling. Na sua obra predominam as composições religiosas e famosos retratos. Retratos estes, que só foram concebidos devido à posição cultural, social e económica de Memling na cidade onde se encontrava estabelecido. (Hans Memling - Seligenstadt, 1430/1440 — Bruges, 1494). Decapitação de São João Batista Caravaggio nos deu duas mortes: A morte de João Batista e a morte das nossas mais caras ilusões sobre a arte, a de que ela poderia nos tornar melhores, mais humanos. "Continuem sonhando", diz Caravaggio... Diante deste poder bárbaro, tudo o que podemos ser são espectadores impotentes, exatamente como aqueles prisioneiros na escuridão amarga, espichando seus pescoços para ver melhor. É esta impiedosa honestidade que faz dessa obra um trabalho moderno. Arte sem qualquer vislumbre de consolo ou redenção. É uma cena apavorante. É uma das afirmações mais poderosas que um artista poderia fazer sobre a condição humana. Sobre a brutalidade de um Estado assassino. Mas também é autobiográfica. Caravaggio assinou esta pintura, escrevendo seu nome no sangue de João Batista. A Morte de Maria Nossa Senhora, a Mãe de Deus, morreu da morte de seu Filho. A razão fundamental é que Ela não tinha senão uma mesma vida com Ele, e por isso não podia ter diferente morte. E seu Filho, de que morreu? Já vos direi. "O amor tem tanta força como a morte", exclama o Esposo no Cântico dos Cânticos. Morreu de amor o Salvador de nossas almas; nada pôde [contra Ele] a morte, tudo fez o amor, forte como ela. A Morte de Maria De acordo com a tradição Cristã, a morte de Maria não foi uma morte, mas um cochilo antes de ascender aos céus. Assim como a concepção e o nascimento de seu filho foram milagres imaculados, também sua morte fora uma partida incorpórea. Bem, Caravaggio não fazia o descarnado, fazia o carnal. E neste caso, carne morta. Foi a primeira coisa que as Irmãs Carmelitas da igreja repararam. Sua Maria estava morta. Sua pela estava verde, seu corpo inchado sob um berrante vestido vermelho. Depois que este choque pavoroso foi absorvido, rumores piores apareceram. Caravaggio usara uma prostituta afogada do necrotério para transformá-la na Madona... Esta pintura é a mais comovente já pintada desta cena. Os Apóstolos trazidos ao leito de morte, cabeças arqueadas em aflição, Maria Madalena dobrada em sofrimento. Ora, se a Virgem tirou apenas uma soneca antes de ascender ao Paraíso, por que todos estão tão aflitos? Mas aqui a gravidade da tristeza é medida pelo senso da morte real. É uma resposta não à imortalidade, mas à mortalidade. Aonde quer que Maria vá, ela está deixando nosso mundo, e isso é razão suficiente para o luto. Nem todos viram desta maneira, e depois de superar seu choque as Irmãs Carmelitas, que encomendaram a obra, a devolveram. Foi uma rejeição amarga, e marca uma importante virada. De agora em diante, Caravaggio estava mais sensível às ofensas e sua vida estava prestes a desabar numa série e encontros desastrosos que culminariam num ato pavorosamente sangrento. E Caravaggio que não era nenhum santo, ficou próximo do inferno... Davi e Golias - Ticiano A valiosa tela, considerada uma das mais importantes da história da arte e que foi restaurada há poucos anos, mostra Davi, que acaba de decapitar Golias, dirigindo a Deus uma oração de agradecimento. Davi e Golias É um auto-retrato diferente de tudo que já se pintou antes... Normalmente, quando os artistas se olhavam no espelho, gostavam do que viam, e o que viam eram homens, jovens ou velhos, cujas feições foram enobrecidas por sua profissão ao trazer virtude, beleza e graça para o mundo. Agora, observe Caravaggio. Uma cabeça decapitada, ele é Golias, um sanguinário grotesco, um Monstro. Na Decapitação de João Batista, o mal era feito por outra pessoa. Aqui é Caravaggio quem personifica a maldade. Nesta vitória da virtude sobre o mal, é Davi quem deveria ser o centro de atenção. Mas você já viu um vencedor menos triunfante? Em sua espada está escrito: "Humilitas Occedit Superbiam", "A Humildade Conquista o Orgulho" Uma batalha que vinha sendo travada dentro da cabeça de Caravaggio, entre os dois lados do pintor retratado aqui. Há o devoto, o corajoso Davi Caravaggio e o pecador criminoso, o Golias Caravaggio. "Eu sei quem eu fui..." Diz a patética cabeça, incapaz de nos olhar nos olhos... "Eu sei o que eu fiz..." É uma visão desolada oferecida a nós na escuridão absoluta. Nenhuma virtude, nenhuma graça, apenas a negra verdade de dentro da cabeça de Caravaggio, inundada com trágico auto-conhecimento. O poder de sua arte é o poder da verdade, não apenas sobre nós mesmos. Pois se tivermos a chance de alguma redenção, ela deve começar com um ato de reconhecimento de que em todos nós o Golias compete com o Davi. Em Julho de 1610, Caravaggio dobrou suas pinturas e saiu de Nápoles. Finalmente indo para casa. Navegando para o norte, seu barco parou no pequeno porto de Palo, na costa a oeste de Roma. Ali, o capitão local da guarda ainda não sabia do seu perdão ou confundiu-o com outro fugitivo. De qualquer forma, foi enjaulado.... Enjaulado... De Novo... Quando conseguiu pagar por sua saída, seu barco havia partido, junto com suas pinturas, sua oferta a Borghese. Desesperado por alcançar seu barco com sua preciosa carga, Caravaggio vai em direção ao norte para o Porto Ercole, 100 Km através de pântanos infestados de malária, o Maremma. Aqui, o desastre final o aguarda. Numa patética tentativa de avisar o navio, Caravaggio corre pela praia sob o sol escaldante de Julho, antes de desmaiar na areia. Agora ele sofre de uma febre feroz e é levado para um hospital monástico local. Ali, de acordo com relatórios contemporâneos, sem a ajuda de Deus ou do homem. Ele morre, tão miseravelmente como viveu... Só mais tarde o sobrinho do papa, Scipione Borghese, finalmente recebe as pinturas com as quais Caravaggio esperava ganhar seu perdão. O cardeal se encontra face a face com a imagem do pintor como Golias morto... O cardeal não estava acostumado com isso. Aos artistas foi dado o dom divino para trazer beleza ao nosso mundo, para colocar as criaturas mortais em contato com suas mais altas expectativas. É assim que deveria ser. Mas Caravaggio nunca fez as coisas como deveriam ser. "Aqui estou eu", diz a face morta, que parece ainda viva. É como se a pintura pudesse falar: "Disseram que quem trouxesse minha cabeça teria uma recompensa. Bem, eu estou entregando a mim mesmo, isso vale? Posso ter minha recompensa? Posso ter o meu perdão?" – "Me Desculpe", diz o Cardeal, "Sinto muito. Tarde demais" Referência Bibliográfica Schama, Simon – O poder da arte, tradução Hildegard Feist — São Paulo: Companhia das Letras, 2010 http://pt.wikipedia.org/wiki/Caravaggio acessado em 20/05/2012 http://www.pintoresonline.com.br/arq01c.html acessado em 20/05/2012 http://www.companhiadasletras.com.br/detalhe.php?codigo=12533 acessado em 21/05/2012 http://www.estadao.com.br/noticias/arteelazer,pintor-da-luz-e-das-trevas-daalma,794728,0.htm acessado em 21/05/2012 http://www.auladearte.com.br/historia_da_arte/caravaggio.htm acessado em 22/05/2012
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