Carta IEDI n. 564

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Carta IEDI n. 564
Carta IEDI n. 564 - A Indústria de Transformação por Intensidade Tecnológica em
2012: Ainda não Temos uma Política de Demanda Efetiva
Publicado em 22/03/2013
Sumário
Em 2012, a produção física da indústria de transformação sofreu retração de 2,8%. O
desempenho é ainda pior caso se confronte os meses de dezembro último e o de 2011:
recuo de 3,9%. Na comparação entre dezembro e novembro últimos (dados
dessazonalizados), a indústria de transformação ficou estável, porém depois de três
meses seguidos de queda.
Tomando-se a classificação por intensidade tecnológica da indústria de transformação,
alguns pontos podem ser salientados:

Nenhuma das quatro faixas de intensidade – alta; média-alta; médiabaixa; e baixa – escapou, produziram menos em 2012 do que em 2011.

O segmento de média-alta intensidade, que engloba a fabricação de
material de transporte terrestre, produtos químicos (exceto
farmacêuticos) e de bens de capital, além de outros equipamentos,
registrou o maior baque: queda de 5,8%. Mesmo dezembro concorreu
para tanto, pois no mês produziu-se 9,6% menos do que no mesmo mês
do ano anterior. A balança comercial dos bens tipicamente fabricados
por esta faixa teve déficit recorde.

Já a faixa de alta intensidade – complexo eletrônico, indústria
aeronáutica e indústria farmacêutica – viu sua produção diminuir em
1,5% no ano de 2012. Na comparação entre meses de dezembro, a taxa
foi de -2,6%.

O conjunto das indústrias de média-baixa intensidade percebeu a menor
retração dentre as quatro faixas, variação de -0,4% em 2012. O saldo
comercial de seus produtos experimentou déficit elevado no ano, ainda
que cadente frente a 2011. Por ironia, a fabricação de produtos de
petróleo refinado, combustíveis e afins tanto contribuiu para reduzir o
déficit quanto para mitigar a queda na produção física, com expansão de
4,1% no ano. Porém é a magnitude do déficit destes produtos que
provoca o resultado negativo para toda a faixa de média-baixa
intensidade. Já a fabricação de produtos metálicos, a seu turno, produziu
3,1% menos em 2012. São bens por ela produzidos aqueles que mitigam
o déficit de toda a faixa.

O segmento de baixa intensidade tecnológica teve uma produção 2,3%
menor em 2012 do que no ano anterior. Tal faixa se caracteriza pelos
vultosos superávits comerciais, sendo que o superávit e as exportações
recuaram em 2012. A indústria de alimentos, bebidas e fumo, principal
responsável por este superávit, viu sua produção cair 1,8% no ano
passado. Já as indústrias têxtil, de vestuário, calçados e couro
experimentaram retração de 5,8%.
A retração industrial de 2012 ocorreu com o comércio varejista crescendo 8,9%, em
termos de volume de vendas, no acumulado de janeiro a novembro de 2012 frente a
igual período de 2011 (ainda não há dados para dezembro de 2012). Tal ponto
assevera a insuficiência dos esforços governamentais e de coordenação de suas
iniciativas em prol da produção e investimento industriais. A insuficiência, aliás,
decorre mais da falta de uma coordenação mais efetiva do que propriamente de
dedicação ao tema por parte das autoridades condutoras da política econômica.
Com os países centrais ainda em dificuldades para a sua retomada e as limitações com
as quais começam a se deparar medidas de estímulo via demanda interna, o desafio
reside na premência da política econômica calcada em gastos contemplar sua etapa
mais essencial: os gastos com formação bruta de capital fixo. A política econômica
voltada para o crescimento escudada na demanda só é completa se repercutir de fato
e positivamente no investimento fixo. Assim medidas de caráter estrutural, incluindo e
destacando as mais recentes voltadas ao investimento público e às concessões e
participação privada em obras de infraestrutura, são sinalizações essenciais.
Mais: simplificar o sistema tributário, fortalecer a oferta de serviços especializados,
aprimorar o sistema de ciência, tecnologia e inovação devem ser encarados, sim, como
atuações do lado da demanda, à medida que afetem positivamente as expectativas de
investimento. Tais passos são cruciais e sem estes, incorre-se no risco da política ser
apenas de consumo, não uma política de governo de demanda efetiva. Os esforços das
autoridades econômicas são notáveis, mas falta completar a política em curso.
Uma Visão Geral da Indústria de Transformação. Conforme o IBGE, a produção física
da indústria de transformação declinou 3,9% na comparação entre meses de
dezembro. Já 2012 vis-à-vis 2011, a retração não foi tão acentuada, ficando em -2,8%,
uma queda expressiva. Aliás, no confronto entre acumulado em 12 meses ante igual
acumulado anterior, houve um declínio contínuo da taxa de novembro de 2010 até
setembro último, passando a ser negativa desde janeiro de 2012. As variações, embora
negativas, melhoraram em outubro, -2,8%, e novembro de 2012, -2,6%, na base de
comparação em questão. Mas tal movimento parou no mês derradeiro de 2012.
Quanto à comparação mês contra mês imediatamente anterior pela série livre de
influências sazonais, a produção da indústria de transformação ficou estável em
dezembro, após três meses de recuo.
Há de se observar que, em paralelo a tanto, a balança comercial dos bens tipicamente
oriundos da indústria de transformação experimentou déficit ainda maior em 2012 do
que no ano anterior, atingindo déficit de US$ 50,6 bilhões. Um saldo negativo maior
por conta do próprio recuo das exportações.
A retração industrial de 2012 ocorreu com o comércio varejista crescendo 8,9%, em
termos de volume de vendas, no acumulado de janeiro a novembro de 2012 frente a
igual período de 2011 (ainda não há dados para dezembro do ano passado). Este ponto
assevera a insuficiência dos esforços governamentais e de coordenação de suas
iniciativas em prol da produção e investimento industriais. Aliás, a dita insuficiência
decorre mais de falta de uma coordenação mais efetiva do que propriamente de
dedicação das autoridades condutoras da política econômica sobre o tema.
Com os países centrais ainda em dificuldades para a sua retomada e as limitações com
as quais começam a se deparar medidas de estímulo via demanda interna, o desafio
reside em que a política econômica calcada em gastos contemple sua etapa mais
essencial: os gastos com formação bruta de capital fixo. A política econômica voltada
para o crescimento escudada na demanda só é completa se repercutir de fato e
positivamente no investimento fixo. Assim medidas de caráter estrutural, incluindo e
destacando as mais recentes voltadas ao investimento público e às concessões e
participação privada em obras de infraestrutura, são sinalizações essenciais.
Mais: simplificar o sistema tributário, fortalecer a oferta de serviços especializados,
aprimorar o sistema de ciência, tecnologia e inovação devem ser encarados, sim, como
atuações do lado da demanda, à medida que afetem positivamente as expectativas de
investimento. Tais passos são cruciais e sem estes, incorre-se no risco de não tornar
completa a política de governo calcada na demanda efetiva. Os esforços das
autoridades econômicas são notáveis, mas o percurso não está completo.
Um Panorama da Indústria de Transformação por Intensidade Tecnológica.Um modo
de sistematizar a análise da produção física da indústria de transformação consiste em
decompô-la por intensidade tecnológica. Para tanto, parte-se da classificação da OCDE,
que segmenta a indústria de transformação em quatro faixas: de alta, média-alta,
média-baixa e baixa intensidade tecnológica.
Considerando as quatro faixas na comparação 2012 e 2011, a indústria de média-alta
intensidade foi a que mais se retraiu, com variação de -5,8%. Contrapondo os meses
de dezembro, sua produção recuou 9,6%. Ressalte-se que o saldo dos bens
tipicamente produzidos por esta faixa registrou déficit recorde no ano passado.
O segmento mais intensivo em tecnologia, a seu turno, sofreu retração de 2,8% em
2012, o que foi acompanhado por um saldo negativo de US$ 29,3 bilhões. Ressalte-se
que por concentrarem bens duráveis e bens de capital, os segmentos de alta
intensidade e de média-alta enfrentam, de um lado, os limites de medidas calcadas na
força do mercado doméstico e, de outro, questões de ordem mais estrutural.
Estas últimas salientam a maior sensibilidade das atividades de ambas as faixas à falta
de recursos humanos especializados, bem como aos efeitos da apreciação cambial de
anos anteriores, que dificultaram a inserção internacional e mesmo sua
competitividade dentro das fronteiras nacionais. Todavia isto evidencia também a
premência em se melhor dotar o País de infraestrutura: a maior oferta desta e a de
recursos humanos especializados os tornariam mais baratos. Desta forma, abria-se
espaço para ampliação da produtividade empresarial a partir das condições
engendradas pelo País.
Como as demais, as atividades menos intensivas em tecnologia também produziram
menos em 2012. A faixa de indústrias de média-baixa intensidade viu sua produção
física cair 0,4%. Os produtos típicos deste segmento presenciaram déficit comercial
pela terceira vez seguida. Por sinal, foram os três únicos anos da série com início em
1989 a experimentar déficit.
Passando para o segmento baixa intensidade tecnológica, este produziu 2,3% menos
no ano passado. Os bens típicos das atividades de baixa intensidade, mesmo
conseguindo superávit comercial significativo em 2012, como tem sido a tônica,
registraram recuo no resultado.
Alta Intensidade Tecnológica. O grupo de atividades de alta intensidade tecnológica
tem sido caracterizado pelo incremento (ou queda) da produção física acompanhado
de aumento (ou recuo) na balança comercial. Até então tal padrão só não vigorou em
2003, quando a produção declinou, mas o saldo se deteriorou. Tal comportamento,
observado em praticamente todo o período coberto, manteve-se em 2012: a produção
física caiu 1,5%, enquanto o saldo comercial aumentou (houve declínio no déficit).
Excetuando-se a indústria farmacêutica, as atividades da presente faixa de intensidade
tecnológica produzem, sobretudo, bens montados ou complexos, como aviões,
equipamentos médico-hospitalares, relógios, computadores, equipamentos de
escritório, aparelhos de áudio & vídeo (aparelhos de TV, de som, DVD-players etc.),
equipamentos de comunicação, celulares, equipamentos receptores e transmissores
de radiodifusão, dentre outros. Produtos montados ou complexos são mais afeitos à
decomposição internacional dos processos produtivos.
A indústria aeronáutica brasileira cresceu 18,1% no ano. Ao se compararem meses de
dezembro de 2012 e de 2011, o aumento chegou a 19,2%. Parte considerável do que é
fabricado por este ramo é vendida para o exterior. Daí ter sido o único grupo de
produtos da faixa de alta intensidade a lograr superávit, de US$ 765 milhões.
Distinguindo-se da indústria aeronáutica, a produção das atividades do complexo
eletrônico é preponderantemente voltada ao mercado interno. Das três atividades
ligadas a este complexo, duas se retraíram em 2012: tanto a fabricação de
equipamentos de áudio & vídeo, telecomunicações e componentes eletrônicos,
quanto a produção de material de informática e de escritório, sofreram recuo de
13,5%. Também perceberam recuo significativo no confronto entre meses de
dezembro, com taxas de -12,6% e de -23,0%, respectivamente. Na comparação entre
dezembro frente a novembro pela série dessazonalizada, a fabricação de áudio &
vídeo e telequipamentos cresceu 2,7%, após três meses consecutivos de declínio. A
fabricação de material de informática e escritório, a seu turno, retrocedeu 13,1%, após
ter crescido 7,9% em novembro. Os produtos da atividade de fabricação de áudio,
vídeo, equipamentos de telefonia e componentes eletrônicos detêm a maior parte do
déficit do segmento de alta intensidade, respondendo por US$ 18,0 bilhões de déficit
de 2012.
Ainda dentro do complexo eletrônico, a fabricação de instrumentos e aparelhos
médico-hospitalares e de precisão se distingue pelo dinamismo, produzindo 1,4% a
mais em 2012 do que no ano precedente. Mas sofreu retração de monta no
contraponto entre meses de dezembro, recuo de 24,6%, assim como apresentou
queda de 8,0% na passagem de novembro a dezembro (dados livres de sazonalidade).
Ademais, ao longo da série iniciada em 1989, a balança comercial das mercadorias
típicas deste ramo tem registrado déficit, alcançando nível recorde em 2012.
Quanto à indústria farmacêutica, sua produção física cresceu 0,5% em 2012. Em
dezembro, comparado ao mesmo mês do ano anterior, a produção cresceu 7,4%. Pela
série livre de efeitos sazonais, a atividade cresceu 3,7% (comparação entre mês e mês
imediatamente anterior), após dois meses seguidos com variações negativas. O
comércio internacional de produtos farmacêuticos alcançou déficit de US$ 5,9 bilhões,
magnitude inferior àquela dos déficits de 2010 e de 2011.
Média-alta Intensidade Tecnológica. De 2003 a 2005, a produção física cresceu ano a
ano com melhoria do intercâmbio comercial dos bens típicos indústrias de média-alta
intensidade tecnológica. Em 2005, o ano fechou inclusive com superávit. Todavia este
comportamento não se estendeu. A partir de 2006 até 2011, quando houve aumento
da produção física, o saldo se deteriorou, quando a produção se retraiu – em 2009 – o
resultado melhorou (houve recuo no déficit). Em 2012, porém, a produção retrocedeu,
mas com piora na balança, atingindo o maior déficit de sua história.
Para tratar do segmento de média-alta intensidade, é conveniente em três grupos de
atividades. A indústria química (exclusive farmacêutica), que comporta vários bens
intermediários, é um deles. O segundo é formado por ramos produtores de material
de transporte, que montam e exportam predominantemente bens finais. Por fim, há o
aquele constituído por duas atividades cujo destaque é a fabricação de bens de capital.
A indústria química (exceto farmacêutica) ampliou sua produção em 3,4% em 2012,
constituindo-se no único ramo desta faixa de intensidade a se expandir no ano. No
entanto, o comparativo entre dezembro do ano passado e igual mês de 2011registrou
retrocesso de 1,0%. Pela comparação entre mês e mês imediatamente anterior (série
dessazonalizada), a produção de sabões, bens de higiene recuou 1,3%, após dois
meses de crescimento. Já a fabricação de outros químicos ficou praticamente estável,
com taxa de 0,1%, tendo crescido também em novembro. O intercâmbio dos produtos
químicos registrou seu maior déficit em 2012. Isto mesmo com o Brasil vendendo US$
10,6 bilhões para outros países, o segundo maior montante exportado.
A produção física da indústria automobilística caiu 13,5% em 2012. Na comparação
mês contra mesmo mês do ano anterior, dezembro/2012 apresentou queda de 16,4%
Na comparação mês contra mês imediatamente anterior (série dessazonalizada), o
recuo foi de 1,0%, sendo que já havia experimentado recuo em novembro. As
exportações de veículos e afins declinaram, concorrendo para o déficit recorde no ano
passado. Quanto à produção de equipamentos ferroviários e de outros de transporte –
motocicletas etc. – declinou 20,3% em 2012. No contraponto entre meses de
dezembro, o recuo foi de 36,9%. A balança comercial apresentou déficit de US$ 1,3
bilhão, quase o patamar recorde registrado em 2011. As exportações dos bens
produzidos pela indústria de equipamentos ferroviários e de outros de transporte
declinaram em 2012.
Quanto às indústrias de máquinas e equipamentos, as duas atividades que lhes
compõem também tiveram queda na produção física em 2012. A fabricação de
máquinas e equipamentos elétricos sofreu retração de 5,1% em 2012 vis-à-vis2011.
Apresentou também declínio no contraponto entre meses de dezembro, variação de 1,9%. Ao menos, pelos dados dessazonalizados, o segmento cresceu 4,6% frente a
novembro. Já a produção de máquinas e equipamentos não especificados noutras
atividades, ao se compararem os anos de 2012 e de 2011, a queda atingiu 3,6%. Recuo
mais agudo se registrou no contraponto entre meses de dezembro, queda de 10,8%.
Pela série livre de influências sazonais, de novembro a dezembro, a produção
decresceu 4,5%, o segundo declínio seguido. Vale salientar que as exportações dos
bens típicos de ambos os ramos industriais cresceram em 2012, mas tal acréscimo não
foi o suficiente para dirmir os déficits superlativos (recorde em se tratando de
máquinas e equipamentos mecânicos e não especificados em outras atividades).
Média-baixa Intensidade Tecnológica. O segmento de média-baixa intensidade
tecnológica também sofreu retração em 2012, de 0,4%. Foi a menor das retrações
dentre as quatro faixas de intensidade tecnológica. A menor produção ocorreu junto a
um déficit de US$ 7,8 bilhões, menor do que o observado em 2011 e 2010. Entretanto
vale lembrar que até 2009, o saldo dos bens tipicamente produzidos por segmentos de
média-baixa intensidade tecnológica era superavitário.
Por causa da participação na estrutura produtiva do Brasil, tal segmento apresenta um
comportamento, quer em termos de produção física, quer de comércio internacional,
ditado pela fabricação de bens metálicos (siderurgia básica e fabricação de produtos
de metal) e pela produção de bens de petróleo refinado, álcool e afins.
A produção de produtos de petróleo refinado, de outros combustíveis e afins
aumentou 4,1% em 2012 frente a 2011. Na comparação entre meses de dezembro, o
Brasil produziu 6,6% a mais. No contraponto mês contra mês imediatamente anterior
(série dessazonalizada), ficou estável, com pequeniníssimo decréscimo. Porém foi o
terceiro mês de taxa negativo por essa base de comparação. Ainda assim, a atividade
em pauta vem mitigado a retração do segmento de média-alta intensidade. Ademais, o
recuo do déficit dos produtos derivados de petróleo refinado e afins também
concorreu para reduzir o saldo negativo. Todavia são justamente tais produtos que
explicam o déficit da faixa de média-baixa intensidade.
Já a produção de bens metálicos, sofreu retração de 3,1% em 2012. Na comparação
entre meses de dezembro, o decréscimo foi ainda maior, com variação de -5,7%. Pelos
dados dessazonalizados, tanto a metalurgia básica quanto a fabricação de outros
produtos de metal também recuaram na passagem de novembro para dezembro: a
metalurgia básica produziu 1,9% a menos após recuo de 4,1% no mês anterior,
enquanto a de produtos de metal se retraiu em 1,1%, a terceira queda seguida.
Registre-se que tanto as exportações quanto o superávit de produtos metálicos
recuaram em 2012. Mesmo com isso, o superávit das mercadorias em questão
continua expressivo, mas sem que sua grandeza consiga contrabalançar o déficit de
derivados de petróleo refinado e afins.
A fabricação de produtos de minerais não-metálicos, a seu turno, recuou 0,7% no ano
passado frente 2011. No confronto entre meses de dezembro, a produção cresceu
1,0%. Na comparação mês contra mês imediatamente anterior pela série
dessazonalizada, o incremento chegou a 2,2%, após recuo no mês precedente. O
comércio externo dos produtos em questão presenciou déficit em 2012. Foi a segunda
vez – e seguida – desde 1989 que este conjunto de bens registrou resultado comercial
negativo.
Passando para a produção de borracha e plásticos, esta recuou 1,6% em 2012. Já a
construção naval logrou o melhor desempenho dentre as atividades de média-baixa
intensidade tecnológica nesta base de comparação: 11,8%.
Baixa Intensidade Tecnológica. O grupo de atividades de baixa intensidade
tecnológica também produziu menos em 2012: declínio de 2,3%. Na comparação entre
meses de dezembro, a produção declinou 2,1%. Esta faixa de intensidade abrange a
produção de bens de expressão na pauta exportadora do Brasil. Caracteriza-se em boa
medida pelo incremento da produção física pari passu de melhora na balança
comercial dos bens tipicamente produzidos por tais atividades. Deste modo, o
superávit recuou em 2012, ficando em US$ 38,2 bilhões, alinhado com a queda da
produção
brasileira.
A faixa em questão comporta ramos industriais com distinções relevantes. As
indústrias de alimentos, bebidas e fumo, particularmente a de alimentos, vem ditando
o comportamento do segmento menos intensiva em tecnologia devido a seu peso na
composição produtiva brasileira. Sua produção declinou 1,8% no ano passado frente a
2011. Ao serem contrapostos os meses de dezembro de 2012 e de 2011, a retração
atingiu -3,2%. No confronto mês a mês conforme a série dessazonalizada, a produção
física de alimentos diminuiu 0,3%, depois de ter crescido em outubro e em novembro.
A fabricação de bebidas teve retração ainda maior, taxa de -2,5%. As exportações de
alimentos, bebidas e fumo declinaram em 2012, concorrendo para a redução do
superávit, embora permaneça como o conjunto de bens com o maior superávit dentro
todos os típicos da indústria de transformação. Por si só, o saldo dos alimentos
alimentícios industrializados, bebidas e fumo atingiu per se US$ 38,2 bilhões.
Quanto às indústrias de produtos madeireiros, de mobiliário, papel, celulose e
impressão, registraram uma produção menor em 0,6% ante ao ano anterior.
Confrontando os meses de dezembro, ficou praticamente estável com taxa de 0,1%. As
exportações dos bens típicos destas atividades também declinaram na compração com
o ano anterior, apresentando superávit de US$ 6,0 bilhões.
As atividades expostas nos parágrafos logo acima se notabilizam por serem intensivas
em recursos naturais. O que as destoam dos demais agrupamentos dentro da faixa de
baixa intensidade. O conjunto das indústrias de produtos têxteis, de vestuário, couro e
calçados e a fabricação de bens manufaturados não constante das demais atividades
(mobiliário, instrumentos musicais, brinquedos etc.), são mais intensivos em mão-deobra. A produção dos demais manufaturados sofreu forte diminuição em 2012, com
recuo de 12,0%. Na comparação entre meses de dezembro, o declínio foi ainda mais
agudo: taxa de -17,6%. O intercâmbio externo dos bens em questão percebeu déficit
de US$ 968 milhões em 2012, déficit recorde para a série com início em 1989.
Quanto às indústrias têxteis, de vestuário, calçados e couro, em 2012, sua produção
caiu 5,7%. Na comparação entre meses de dezembro, ficou estável. Pela série
dessazonalizada, na passagem de novembro a dezembro, a produção de têxteis
declinou 1,1%, sendo o quarto mês seguido com taxa negativa. A de vestuário cresceu
10,0%, segunda alta seguida. A produção de artigos de couro e calçados declinou 4,3%,
significando o terceiro mês consecutivo de retração. A balança comercial dos produtos
têxteis, de vestuário, couro e calçados registraram seu terceiro – e seguido – maior
déficit, tomando desde 1989. Desde 2005, o saldo comercial tem se deteriorado na
comparação com o ano anterior.

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