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ABRIL / 2014
PÁGINA 11
A RAZÃO
Artigo
forno e fogão
comentário internacional
MARIA TEREZA GOMES
CLECY RIBEIRO
Secretária da Casa-Chefe
Jornalista, professora das Faculdades Integradas Hélio Alonso, RJ
Torta de aipim
com camarão
Tão atual quanto há 400 anos
Ingredientes
150 g de ricota esfarelada
Um ovo
Uma colher (sopa) de
margarina
150g de mandioca cozida
e amassada
Uma xícara (chá) e três
colheres (sopa) de farinha de
trigo
Duas colheres (sopa) de
azeite
Uma cebola pequena picada
Um dente de alho picado
300g de camarão pequeno e limpo
Dois tomates sem pele e
sem sementes cortados em
cubos
Meia xícara (chá) de
azeitonas verdes picadas
Quatro colheres (sopa)
de vinho branco
Uma xícara (chá) de
leite
Sal, salsa e pimenta
Modo de preparar
Em um recipiente, misture a ricota, uma clara, a
margarina, a mandioca e o
sal.
Acrescente, aos poucos,
uma xícara (chá) de farinha
de trigo e trabalhe a massa
até
ficar
homogênea.
Reserve.
Prepare o recheio: aqueça o forno a 180 ºC.
Em uma panela, aqueça
o azeite, doure a cebola, o
alho e refogue o camarão.
Junte o tomate, a
azeitona, o vinho, o sal, a pimenta, a salsa e refogue por
dez minutos.
Polvilhe o restante da
farinha de trigo, ponha aos
poucos o leite e mexa até
engrossar.
Retire do fogo e deixe
esfriar completamente.
Abra dois terços da massa e forre o fundo e as la terais de uma forma de
23cm de diâmetro untada
com margarina.
Ponha o recheio e cubra
com o restante da massa.
Pincele uma gema e leve
ao forno por 30 minutos ou
até a torta ficar dourada.
Se preferir, substitua o
camarão por pescada branca
cortada em pedaços.
Salada de frutas
com creme especial
Ingredientes
Uma lata de leite condensado
Três colheres (sopa) de
suco de limão
200ml (copo) de iogurte
natural
Uma colher (chá) de raspas de casca de limão
Frutas de sua preferência
picadas.
de abril de 1564 e
23 de abril de
1616. Nascimento
e morte de William Shakespeare, poeta e dramaturgo
nascido na Inglaterra e como
tal conhecido em seu país, em
fins do século XVII. Mas foi
preciso esperar sua sagração,
no século das luzes, para que
conquistasse o resto da Europa. E, logo, o mundo.
O que mais dizer de
Shakespeare que ainda não foi
dito? A pergunta vara os tempos. Por mais bizarro que seja,
Shakespeare jamais contemplou a posteridade, salvo
talvez por seus poemas. Não
via senão o presente; queria
adquirir bens – terras, imóveis.
Escrever peças e nelas atuar
foi o meio de ganhar dinheiro
para isso, e para o casamento
e filhos. O objetivo mesmo era
ser um fidalgo e não um
artista. O que o apaixonava
era a sala de teatro, ressaltam
seus biógrafos.
A obra transcende. Vive
uma lembrança viva, palpável, na atmosfera das peças
encenadas, então como hoje,
no teatro Globe, em Londres,
no mais perfeito estilo elizabetano: à luz do dia, à chuva
e ao vento, com liberdade
para comer, beber e passear.
Um céu shakespeariano, na
imagem do cenógrafo Peter
Brook. Peças apresentadas
como planetas gravitando em
torno a um astro, que seria
o nosso presente, a nossa
sensibilidade.
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Fama sem medida, popularidade, genialidade. De onde
vem tanta influência, mais de
400 anos depois? Parte do segredo estaria na experiência
humana, com um toque de
criatividade – linguagem, expressões comuns. Livros sobre
a história do idioma inglês
lembram muitas citações, faladas na ignorância das origens: isso pra mim é grego;
ficar com a língua presa;
franzir as sobrancelhas; ver
dias melhores; o diabo encarnado; bem morto; dormir sem
piscar; o jogo acabou; ser ou
não ser, eis a questão; alguma
coisa está podre no reino da
Dinamarca...
Hoje como dantes, os
personagens de Shakespeare
se fazem presentes.
E perenes. Um espelho
do homem e sua natureza.
Atribui-se a Shakespeare
uma notória capacidade de expor a gama das emoções humanas em verso simples, em
contar estórias com maestria.
Marchette Chute (“Stories
from Shakespeare”) diz que
ele foi o maior contador de estórias que o mundo conheceu.
Se Sófocles e Tolstoi contaram
tragédias, se Mark Twain contou estórias cômicas e Dickens
as melodramáticas, se Plutarco
contou apenas a história e
Christian Andersen contos de
fada, Shakespeare contou todo
Modo de preparar
No liquidificador, bata o
leite condensado com o suco
de limão durante três minutos ou até ficar encorpado.
Acrescente o iogurte, as
raspas de limão e bata até
incorporar ao creme.
Distribua as frutas em
taças e cubra com o creme.
Leve para gelar.
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pulsão da morte, angústia, desespero. Em editorial, a revista
L’Histoire (‘Nosso Contemporâneo’, fevereiro 2013) louva
o dramaturgo: “Shakespeare é
a Inglaterra – e reciprocamente... Muito além da encenação de monarcas e príncipes, também o povo como
um todo: pequeno-burguês,
artesão, comerciante, marujo,
o mundo da rua, aquele que,
por um penny, assistia às representações do teatro Globe,
não longe dos aristocratas”.
Uma dramaturgia que afronta,
diz o consenso, a mais antiga
das paixões – as relações do
homem com o poder. E também com o amor, do qual foi
um perplexo pranteador.
Como atingiu Shakespeare
esse discernimento, sem paralelo, da natureza humana?
Para os estudiosos da obra, ele
foi agraciado com a dádiva da
observação e uma capacidade
incomparável de sintetizar o
que vivenciava, e dar-lhe forma artístico-literária.
É como se os personagens
deixassem o cenário para nos
destruir, já que o poder aflora
em crescendo, na prática e na
memória dos povos. Desculpável, assim, minha presunção em escrever sobre Shakespeare. Até porque deságua
na ideia de preito e incentivo
à leitura de sua obra: aprender
a “invenção do humano”, nas
palavras de Harold Bloom, ou
de como captar a alma humana e o ambiente vicioso
que a circunda.
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tipo de estória: comédia, tragédia, história, melodrama, aventura, amor, contos de fada. E
todas tão bem que as imortalizou. Pois adaptam-se como
luva ao mundo moderno de
vilões e heróis-vilões, das ditaduras totalitárias do século
XX, das molas psicológicas da
embriaguez do poder.
São precisamente esses
grandes vilões que se entrelaçam na universalidade da
obra. Amanda Mabillard (Top
Shakespeare Villains. Shakespeare online, 20 de agosto
2000”) faz uma escolha seleta.
Tal a gana, Iago abocanha o
título máximo. É um rival de
Satã, descrente de tudo e todos, sem quaisquer princípios
morais, maquiavélico no ódio
e orgulho, ao derrotar Otelo.
Já o que move Ricardo III é
uma ambição assustadora, a
maldade e o sadomasoquismo
que o fazem matar o irmão e
duas crianças, supostos obstáculos à sua vontade.
Cornwall, em O Rei Lear, infinitamente cruel e ganancioso, deleita-se com a tortura. E Edmundo, o maior vilão
da peça, joga com o ressentimento que endurece sua natureza má. Filho bastardo, só
pensa em matar o irmão e o
pai para apoderar-se de seus
bens, antes de destruir o rei e
sua filha, para governar a
Britânia.
Jogo no qual os meios justificam os fins. Paixões humanas abolindo fronteiras:
amor, ciúme, inveja, mentira,
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