Artigo SBPJor – anais – teste
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Artigo SBPJor – anais – teste
SBPJor – Associação Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo 11º Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo Brasília – Universidade de Brasília – Novembro de 2013 :::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::: O espaço valorativo da opinião formal e impressa. Uma análise reflexiva sobre a experiência do jornal alemão Die Zeit Geder Parzianello 1 Resumo: Justamente num momento de fechamento de muitos jornais impressos em várias partes do mundo, mesmo na Alemanha onde recentemente o jornal Frankfurter Rundschau encerrou sua edição em papel e o Financial Times encerrou suas atividades com um irônico pedido de desculpas aos leitores, o Die Zeit, o maior jornal alemão dá respostas contrárias à tendência de migração definitiva de seu conteúdo para formatos digitais, aposta na coluna opinativa e nos editoriais, no texto de crítica fundamentada. Seria este o caminho para outros jornais impressos na Alemanha e fora dela? Estaria o leitor alemão, talvez, mais interessado na leitura de textos opinativos que o leitor brasileiro? Que caminhos, afinal, seguiremos para a construção de leitores? Palavras-chave: Jornalismo Impresso; Opinião; Alemanha. 1. O exemplo do jornal alemão Die Zeit O jornal alemão Die Zeit é o maior jornal em circulação e o maior em número de páginas diárias da Alemanha. São mais de dois milhões de leitores, segundo dados oficiais, fornecidos pela direção do jornal em janeiro de 2013 e mais de 90 páginas impressas que chegam às mãos de cada leitor diariamente, em tamanho tabloide. Para o jornal Die Zeit não parece haver crise que justifique temor diante do futuro do jornal impresso. E pode haver uma boa razão para isso: o jornal encontrou sua identidade e tem buscado revisar permanentemente seu valor e utilidade para o leitor. 1 Professor Adjunto IV da Universidade Federal do Pampa, com doutorado em Comunicação e pósdoutorado (CAPES) em Teorias de Mídia pela Unversität Paderborn, Alemanha. 1 SBPJor – Associação Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo 11º Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo Brasília – Universidade de Brasília – Novembro de 2013 :::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::: Comparativamente, suas edições diárias impressas são três vezes maiores que os dois maiores jornais do Brasil, O Estado de São Paulo e a Folha de São Paulo, com média de 90 páginas em tamanho standard, pelo menos nove grandes editorias e uma dezena de suplementos internos, além de algumas características muito singulares: as publicidades aparecem, com frequência, cercadas e dispostas no espaço da coluna do jornal e no meio dos textos, os cadernos de veiculação publicitária encartados chegam a ocupar o mesmo volume do restante da edição e, além disso, e o mais revelador: o espaço opinativo é de destaque, ocupa a capa de muitas edições e tem papel central na política editorial do veículo. O chefe de redação do Die Zeit Giovanni di Lorenzo, por meio de uma campanha institucional no começo de 2013 que visava a promover a imagem do jornal junto a seus leitores se afirmava como um profissional preocupado com o que pensa o leitor sobre o jornal e que por isso mesmo coordenou uma pesquisa (Fragebogen) junto aos consumidores e assinantes. “Interesso-me pelo que pensam os que leem o Die Zeit mesmo aqueles que o leem não regularmente”, dizia ele, textualmente, na campanha veiculada pelo jornal ao longo do primeiro semestre deste ano. Di Lorenzo admite que o jornal tem se redescoberto nos últimos anos e que isso faz toda a diferença para explicar a posição firme que o impresso ocupa como o maior jornal alemão. Parte desta redescoberta figura-se na revalorização que o jornal Die Zeit deu ao texto de profundidade, argumentativo, reflexivo e de informação complementar ao texto da notícia. Mas mesmo com as transformações, diz ele, o jornal sempre manteve os princípios mais importantes desde sua criação, que são “a credibilidade e a independência”. Segundo Di Lorenzo, estes são os dois valores mais caros ao jornalismo impresso e que devem ser perseguidos pelas empresas do setor a qualquer custo. No Brasil, ainda que os jornais admitam a importância central desses valores, haja vista os recorrentes apontamentos da Associação Nacional de Jornais (ANJ) nas duas últimas décadas2, o fato é que na prática de gestão, segundo constatação minimamente empírica, as decisões editoriais e comer- 2 O site da ANJ traz frequentes debates e pesquisas sobre o crescimento e tendências do jornalismo impresso, repercute os debates dos congressos nacionais e mundiais sobre jornalismo impresso e apresenta indicadores sobre a leitura de jornais no Brasil e no Mundo. Veja: http://www.anj.org.br e http://jornalanj.digitalpages.com.br/home.aspx 2 SBPJor – Associação Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo 11º Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo Brasília – Universidade de Brasília – Novembro de 2013 :::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::: ciais, todavia, costumam colocar interesses na ordem inversa da valorização de princípios como estes. Os jornais brasileiros, em geral, cedem a interesses de anunciantes, mercantilizam a informação jornalística e comprometem sua credibilidade e independência de formas recorrentes. A afirmação pode parecer inconsequente ou generalizadora, mas o fato é que as empresas que administram no país jornais impressos não têm dado sinais muito concretos de que conheçam de fato o que querem seus leitores e estão praticando políticas mercadológicas de concessão de brindes e repaginação de seus produtos sem a devida atenção à qualidade de seus conteúdos. A evidência é de que os jornais brasileiros estão dando menor atenção aos textos, reduzindo a extensão e a profundidade deles, cuidando apenas de aspectos visuais e estéticos, sob a égide da informação abreviada, numa sociedade da cultura da imagem e com leitores cada vez com menos tempo e dedicação à leitura. Desde nosso ponto de vista, os jornais brasileiros podem aprender muito com o exemplo do maior jornal alemão. Para tanto, será preciso, no entanto, primeiro entender o que essa independência da redação em relação ao comercial e a valorização do espaço criticioso nos impressos representam na cultura da produção jornalística editorial do maior jornal alemão e como um jornal mantém sua credibilidade sem que isso afete os interesses comerciais e a necessária sobrevida do meio. Ainda que seja bem verdade que os jornais impressos, como qualquer meio ou empresa, necessitam de recursos financeiros para sobreviver, também é verdade que há jornais que estão conseguindo garantir isso sem que para tanto tenham que deixar de lado os valores e princípios que os fizeram chegar até onde estão. O Die Zeit parece ser um exemplo inspirador nesse sentido. A primeira evidência da pesquisa de opinião realizada pelo maior jornal alemão é a de que a redação do Die Zeit possui uma autonomia em relação ao setor comercial, e este é um ponto muito importante, o qual deveria ocupar a agenda da análise de gestores de mídia bem mais frequentemente do que em geral ocorre no Brasil. Essa autonomia reconhecida da redação do Die Zeit foi conquistada, segundo discurso institucionalizado pela direção da empresa e veiculado nas edições impressas diárias, “por anos de um trabalho de apuração” e confirmada na pesquisa na percepção dos leitores na Alemanha, 3 SBPJor – Associação Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo 11º Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo Brasília – Universidade de Brasília – Novembro de 2013 :::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::: que declararam perceber a independência do jornalismo praticado e uma “clara separação entre a inserção publicitária e o tratamento da informação noticiosa”. A direção do jornal Die Zeit parece reconhecer através da opinião de seus leitores que se essa credibilidade estiver ameaçada, a receita publicitária do jornal também cairá, o que justifica a escolha por trabalhar uma redação sem interferências dos interesses de quem anuncia no veículo. Na perspectiva de jornais como o Die Zeit, a ideia firme é de que sempre que um leitor percebe a vinculação forçosa da notícia com os interesses comerciais, todo o resto do trabalho do jornal começa a sofrer a interferência da desconfiança do leitor. E, em tese, este é o começo do fim. O que o jornal Die Zeit também dá sinais de que acredita é que o seu potencial de inserção na comunidade fale mais alto aos anunciantes que o conteúdo informativo ou opinativo de suas edições diárias. Nesse sentido, é incentivada a liberdade de crítica e são valorizadas as opiniões de confronto, pela compreensão de que o leitor busca o impresso porque quer a informação com análise em profundidade. Para o leitor alemão, com efeito, a noção de tempo e a relação contratual de leitura diária são muito diferentes em nossa percepção daquela que se faz sentir entre leitores brasileiros. O valor dado ao comercial é ainda assim central e tão central quanto a informação em profundidade e a crítica opinativa. Ocorre que o jornal as trata separadamente, ainda que com mesmo peso de importância, haja vista a inserção de anunciantes em cada edição, praticamente idêntica ao número de páginas de informação noticiosa. Há edições, quase toda semana, nas quais os textos editoriais ou opinativos são diagramados na capa do jornal, ocupando praticamente 50% do espaço da mesma. O aspecto mais significativo que pudemos observar através do acesso a essa pesquisa de opinião é que o jornal Die Zeit desfruta no senso comum entre leitores alemães de impressos dos conceitos mais distintivos de qualidade da informação jornalística e de credibilidade, haja vista a narrativa das matérias invariavelmente permitir segundo eles mesmo conferem, diferentes interpretações dos fatos e versões, evitar concluir entendimentos e favorecer a que o leitor construa sentidos sobre a realidade descrita, confrontando pontos de vista. Nas palavras do próprio editor do Die Zeit, inclusive, o maior 4 SBPJor – Associação Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo 11º Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo Brasília – Universidade de Brasília – Novembro de 2013 :::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::: patrimônio de um jornal é justamente esta credibilidade que se leva anos para construir e que pode ser ameaçada se o leitor se sentir enganado ou induzido. Os jornais alemães seguem uma tendência muito crescente nos Estados Unidos, onde os jornais impressos se autodeclaram abertamente em suas posições políticas e ideológicas, em meio às quais não há lugar para falsos apegos de neutralidade e imparcialidade, conscientes que estão do vínculo da linguagem com as motivações dos sujeitos e do papel efetivo dos jornais quanto à transparência e à formação de opinião em suas comunidades. De modo muito particular para a cultura do impresso na Alemanha, a terra do inventor da prensa, a invocação da razão e da reflexão em profundidade sempre foi uma característica distintiva dos jornais de excelência. Os leitores alemães possuem elevada escolaridade, perfeitamente associável a uma mais alta capacidade reflexiva e ao consequente domínio do código da escrita, o que permite sem dúvida maior facilidade de interpretação e contato facilitado com a leitura. Segundo o editor, o que o jornal Die Zeit procurou nestes anos todos foi “manter viva a consciência em torno dessas características de seus leitores e poder oferecer a eles um produto em qualidade e profundidade na medida do que esperavam”. Pelo menos este é o discurso corporativo que chega aos leitores, de diferentes formas. O fato é que os leitores confirmaram a absorção destes valores no vínculo que estabelecem com o jornal, reafirmando desta forma o contrato de leitura com o impresso. Justamente num momento de fechamento de muitos jornais impressos em várias partes do mundo, mesmo na Alemanha onde recentemente o jornal Frankfurter Rundschau encerrou sua edição em papel, e o Financial Times encerrou suas atividades com um irônico pedido de desculpas aos leitores, com seus funcionários posando para uma foto em que se curvavam em irônica postura de respeito e desculpas aos leitores, o maior jornal alemão dá respostas contrárias à tendência de migração definitiva de seu conteúdo para formatos digitais; aposta na coluna opinativa e nos editoriais, no texto de crítica fundamentada em economia, política, cultura e conhecimento (que inclui ciência, lazer, história, mercado profissional e variedades). 5 SBPJor – Associação Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo 11º Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo Brasília – Universidade de Brasília – Novembro de 2013 :::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::: Estaria o leitor alemão mais interessado em opiniões que o leitor brasileiro? O jornal impresso alemão teria encontrado, afinal, a materialidade do gosto estético dos seus leitores que preferem ler textos opinativos em suas páginas impressas que em formatos digitais? Que caminhos temos a seguir então, para a construção de leitores? Estas e outras questões se colocam de modo permanente abertas para quem faz, estuda, e consome informação jornalística. Enquanto as previsões mais otimistas sobre o fim do jornal no meio papel apontam para uma realidade que só vai se confirmar em pelo menos quatro décadas, o que temos que considerar é um mercado efetivo de trabalho e uma economia real que vem com os jornais impressos, que emprega seis em cada dez dos jornalistas profissionais em nosso país segundo pesquisa recente da FENAJ (2013) e cuja fatia de arrecadação publicitária só é menor que aquela que circula na tevê aberta, conforme pesquisa da Interactive Advertising Bureau (IAB Brasil) 3. 2. O espaço valorativo da opinião formal e impressa Uma assinatura trimestral do Die Zeit com entrega diária custa atualmente 32,50 Euros, pouco menos de 100 reais, garantindo 40% de desconto ao leitor assinante em comparação ao consumidor em banca de jornais, já que o preço de cada exemplar é de 4,20 Euros. Há assinaturas digitais a preços bem menores, claro, mas ainda pouco rentáveis para as empresas do setor, mesmo na Alemanha. Este valor da assinatura em edição papel representa pouco mais de 10 Euros por mês, ou o equivalente a menos de 30 reais, com os quais o consumidor do Die Zeit recebe informação de conteúdo privilegiado, cujo enfoque central é a crítica em profundidade, a análise das notícias, a reflexão de diferentes pontos de vista sobre questões diversas que afetam o desenvolvimento do país. O jornal Die Zeit não se detém na difusão da informação noticiosa resumida; sua preocu- 3 Disponível em: <http://agence.com.br/noticias/internet-ja-e-segunda-midia-em-receita-publicitaria-nobrasil-504> Acesso em: 6 de Jun. 2013. 6 SBPJor – Associação Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo 11º Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo Brasília – Universidade de Brasília – Novembro de 2013 :::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::: pação editorial é com a interpretação da notícia, assim como fazem grandes jornais europeus, a exemplo do The Guardian, do Le Monde e do El País. Comparativamente ao poder aquisitivo dos brasileiros, os alemães pagam relativamente o mesmo por uma edição de jornal. A decisão sobre consumir ou não o jornal impresso nem sempre é, em nosso país e mesmo na Alemanha, uma decisão unicamente financeira. Existe uma questão ai relativa à concepção do tempo do leitor e à cultura da informação qualificada4. Com efeito, a faixa etária da população de leitores interfere decisivamente nessa cultura do consumidor com o impresso, de modo que os jornais estão perdendo espaço vertiginoso entre as novas gerações, onde a brevidade do tempo e a percepção de mundo pela leitura se dão de forma muito diversa das gerações precedentes e cuja ênfase está no que puder ser feito com menos [palavras] em menor tempo possível e no menor espaço, por um menor esforço [intelectual]. A equação descrita acima é preocupante e exige dos jornais que se articulem na busca por novos leitores, mas não apenas isso. É também indicativo de que estamos abdicando do espaço da crítica elaborada em nossa cultura midiática. É por esta perspectiva que chamam à atenção as propostas realmente vanguardistas e arriscadas de jornais como o Die Zeit, capazes de apostar na contramão desta tendência, antevendo que há um público consumidor que vem sendo desassistido por parte da mídia impressa, e que quer sim textos mais longos, que está em busca de uma leitura de profundidade e de argumentos. São consumidores cujo perfil encampa a necessidade reflexiva justamente porque suas necessidades básicas parecem atendidas (as necessidades básicas geradas pela vida cotidiana) e querem mais do contato e leitura de seus jornais, buscam algo que em geral não conseguem em redes de relacionamento, na audiência do rádio ou em grande parte dos programas de televisão. Este público é menos numérico, mas tem poder de consumo. Os jornais que souberam identificar, reconhecer e atender a este público, compreendendo que não apenas eles teriam que segmentar, mas que seus públicos também são um segmento por sua vez da audiência de mídia; estes jornais estão conseguindo inverter a tendência de queda no número de leitores. Não seria este, então, o caminho para os jor4 A este respeito ver nossa pesquisa, publicada com apoio do CNPq: PARZIANELLO, Geder. A retórica no jornalismo impresso. Os desafios ao jornalismo contemporâneo. Rio: Publit, 2011. 7 SBPJor – Associação Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo 11º Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo Brasília – Universidade de Brasília – Novembro de 2013 :::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::: nais impressos? Tal como a cultura do livro que encontrou seus leitores não obstante o mercado digital e segue vendendo em escala crescente os livros impressos em papel. Como dito antes, a questão da faixa etária do público é sempre uma variável determinante e o leitor mais exigente é, em geral, o leitor de mais idade, cujas inferências e historicidades são também maiores: ele não se contenta com descrições situacionais e ou análises descoladas de diferentes abordagens causais. Este aspecto parece bastante relevante, - relativamente à questão da faixa etária- e não só de quem consome, mas, também, de quem produz informação, já que enquanto no Brasil praticamente a metade dos jornalistas que atuam no setor tem até 30 anos de idade (veja pesquisa UFSC/FENAJ 2013), na Alemanha, considerando-se que a população não é tão jovem como no Brasil, estima-se que a média dos profissionais que atuam no setor esteja bem acima dessa faixa etária. Parece bastante evidente que os leitores esperem dos textos que leem uma maturidade igual ou superior às deles mesmos, e nesse sentido, redatores, articulistas e editores com mais idade parecem levar vantagem, pois associam experiência de vida com experiência profissional. Se o modelo de mundo de quem trabalha no jornalismo impresso não for de sintonia com este “auditório universal” dos jornais, as iniciativas de conquistar estes leitores também serão inválidas. Mas o que os jornais brasileiros sabem sobre seus leitores já que tão poucas pesquisas empresariais são dirigidas a seus públicos? Quem são de fato aqueles que os leem, mas, sobretudo, aqueles que consomem os jornais impressos, os que pagam por suas edições em banca e ou que pagam pela assinatura desses jornais? O que significaria para eles efetivamente um bom jornal? O leitor percebe, assim, experiências de bom jornalismo nos jornais impressos que consome? Faltam pesquisas de dentro das empresas para responder a estas questões. Algumas alternativas explicativas com base em coleta de dados de pesquisa de campo, organizamos em 2011 e em 2012, através de um livro individual 8 SBPJor – Associação Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo 11º Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo Brasília – Universidade de Brasília – Novembro de 2013 :::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::: resultado de uma pesquisa de dois anos com apoio do CNPq e também um ano depois, por meio de uma publicação conjunta com outros pesquisadores5. Daquelas análises sobre dados empíricos reconhecemos pelo menos quatro grandes causas da crise que atinge o jornalismo impresso. A maior delas, no nosso ponto de vista é que os jornais estão sendo redigidos imitando a narrativa de outras mídias e com isso eles não conquistaram novos leitores e também estão perdendo os leitores convencionais, que buscavam neles justamente o diferencial que o meio poderia oferecer: uma informação não apenas baseada em dados, mas, com reflexão efetiva e com sérias marcas de credibilidade próprias do meio. Um jornalismo onde o entretenimento não ocupe o lugar da crítica formadora de opinião. 3. No rastro de concepções teóricas Garcia (2004) entrevista a pesquisadora em Comunicação Social Christa Berger, no Rio Grande do Sul, para quem “o Brasil não tem uma experiência jornalística de referência no mundo como tem em outros setores”. O Brasil é bom em fazer televisão, diz a pesquisadora, “e cinema”. Mas em fazer jornalismo, não temos nenhuma experiência que segundo Berger possa ser posta em relação ao mundo e dizer “Oh, isso é um bom jornal”. Na avaliação que fez sobre a realidade dos impressos no Brasil, a pesquisadora dizia que estamos tentando fazer um jornalismo não analítico, em que apenas lidamos com os dados. “É uma imprensa que não sabe fazer uma discussão política como poderia e deveria fazer”, sentencia. Christa Berger comparava os jornais brasileiros com a experiência como leitora do jornal El País, mostrando que um jornal pode ser muito crítico com seus governos, ter a informação factual, cotidiana, mas também a reflexiva. “De alguma forma, nós, a uni- 5 DORNELLES, Beatriz e GERBASE, Carlos. Papel e Película queimam depressa. Como o Cinema e o Jornalismo Impresso tentam escapar da fogueira midiática do novo século. Porto Alegre: PUCRS, 2012. Disponível em : <http://ebooks.pucrs.br/edipucrs/Ebooks/Pdf/978-85-397-0143-8.pdf> 9 SBPJor – Associação Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo 11º Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo Brasília – Universidade de Brasília – Novembro de 2013 :::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::: versidade, os intelectuais gaúchos, temos de algum modo a responsabilidade por esse jornalismo ter se mantido tão tímido”, declarou Berger. E emenda: “A gente podia dizer antes, lembro bem disso, eu quero fazer jornalismo porque eu adoro escrever, ler. Hoje, alguém que diga –eu adoro escrever- não faz jornalismo, ele vai para Letras”. Passou-se uma década e praticamente muito pouca coisa mudou neste cenário e os jornais continuaram insistindo em jornalismo factual, em que pesem as tentativas de inclusão da reflexão em algumas redações ser mais fortemente sentida que na média da profissão. É preciso considerar historicamente também este fato: o jornalismo enquanto atividade remunerada desenvolveu-se durante o século XIX, na sequência de um processo complexo de industrialização da sociedade, da escolarização, da urbanização, de avanços tecnológicos e da implantação de regimes políticos (TRAQUINA, 2000, p.24). Essa remuneração da atividade ocupou boa parte do espaço boêmio da atividade jornalística, criando uma categoria de proletariado dos jornais, cuja finalidade nem sempre foi aquela das gerações de jornalistas realmente afinados com a reflexão intelectual e movidos por ideologias e utopias de mundo. Os jornais foram, assim, se parecendo cada vez mais com quem trabalhava neles, viraram prestadores de serviço e num processo vertiginoso de falência do modelo adotado, assim, viram cair seus níveis de credibilidade. Com efeito, não se faz crítica sem credibilidade. Os jornais foram se parecendo com os jornalistas servidores funcionais em sua relação meramente trabalhista e os leitores foram perdendo a identificação com eles, com o produto jornal e com o que ele oferecia. O fato é que a credibilidade é proporcional à confiança que temos. E confiamos em quem se parece conosco (TRAQUINA, 2004, p.145). A mesma tese foi construída ainda nos anos 50 pelas pesquisas em psicologia comportamental desenvolvidas por Leon Festinger (1957), quando este identificou que as pessoas em geral tendem a aderir a pontos de vista e visões de mundo que se assemelhem as que elas já possuem, sendo os sujeitos propensos a concordar sempre com o que intimamente se pareça com eles, com o que eles estejam predispostos a concordar. 10 SBPJor – Associação Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo 11º Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo Brasília – Universidade de Brasília – Novembro de 2013 :::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::: As previsões mais catastróficas sobre o jornalismo impresso parecem prematuras e talvez erradas. Prematuras porque mesmo entre os mais céticos devemos ter pela frente pelo menos uns 40 anos de vida útil ainda do meio impresso em papel, a julgar-se pela previsão de Murdoch, o magnata australiano da mídia. E erradas talvez porque estas mesmas previsões anteveem o fim do suporte do meio em quatro décadas e não o fim do produto jornal, de sorte que assim como se deu na cultura das demais mídias que antecederam às já existentes, sempre haverá uma informação como jornalismo sendo entregue em mãos aos leitores, numa materialidade diferente da opção digital, como acontece com o livro e a revista. Ainda que tenhamos que ler jornais impressos em superfícies e materiais as quais nossa ciência ainda investiga e elabora, em substituição futura ao papel, o fato é que a prática diferenciada da leitura de jornais, como produto que nos chega às mãos e cujo transporte e manuseio são característicos, não deve desaparecer de nossa cultura. Os jornais e as revistas continuarão existindo. Importa que reconheçamos experiências de êxito e façamos a reflexão necessária sobre quais modelos de jornalismo impresso representariam uma atividade viável também no Brasil. Para que os impressos, todavia, logrem o êxito dessa sintonia tão desejada com seus leitores, será preciso fundamentalmente que o que sai publicado nos jornais não seja unicamente como uma mercadoria (PEDRO SOUSA, 2001). O jornalismo impresso tem como possibilidade de sobrevida a oferta do espaço da análise crítica, da reflexão, da opinião. Mas ainda estamos insistindo numa opinião estigmatizada, recortada da notícia, lotada nos espaços editoriais ou de coluna, entre editores e articulistas. Mas não, o que precisa alimentar nosso jornalismo é a controvérsia, o enfrentamento, a prática do diálogo com fundamento e causas, a construção da notícia apoiada em evidências, mas também reforçada pela análise de diferentes pontos de vista e ocupando espaços nobres e diversos dos jornais, compondo seu conteúdo integralmente, tal como pratica o jornal alemão Die Zeit. Tal diversidade de conteúdo opinativo, em regra, o leitor brasileiro só pode encontrar confrontando diferentes mídias, mas o jornal impresso poderia organizar 11 SBPJor – Associação Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo 11º Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo Brasília – Universidade de Brasília – Novembro de 2013 :::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::: estas sínteses e se ater a dar espaços para a diversidade opinativa numa mesma edição e produto. O jornalista e editor do jornal Le Monde Diplomatique no Brasil, Silvio Caccia Bava defendeu que não estamos próximos ao fim do jornal impresso. Caccia Bava participou do debate sobre ‘O Papel da imprensa na formação da identidade metropolitana’, no III Fórum de Autoridades Locais de Periferia, em Canoas-RS, no começo de 2013. Para ele, o momento de transformação do modelo de comunicação pode proporcionar o surgimento de um jornalismo necessário para a sociedade. A imprensa que noticia o fato tende a diminuir porque já temos o fato acessível na internet e a imprensa mais analítica, que traz referências para se pensar os fatos, tende a crescer, na avaliação daquele editor. Para o pesquisador Fausto Neto (1999, p. 40): “funcionando como uma espécie de analistas, os jornalistas [...] são acionados a publicizar, por exemplo, as distorções que são apresentadas no manejo linguístico daqueles que a eles falam e prestam informações.” [...] terapeutas mapeadores de sintomas, a serviço de uma interpretação cujo lugar analítico nada mais produz que o próprio fortalecimento do seu ego, na medida em que, como dissemos, sua tarefa clínica se constitui num certo tipo de autoreforço e um suposto gozo com o discurso do outro”. (FAUSTO NETO, 1999, p. 40) Maques de Mello (2006, p. 55) reviu a dinâmica do jornalismo pela perspectiva ideológica e fez o seguinte questionamento: quando um cidadão demonstra preferência por um jornal e o lê regularmente, essa opção decorre de uma opção ideológica? Para Marques de Melo “discutir a questão da leitura de jornais e revistas no Brasil, tomando como variável determinante a ideologia, significa repensar o papel desempenhado pela linha editorial dos veículos de comunicação impressa na sua relação com o público”. Os pesquisadores norte-americanos Hindman e Thomas (2013) descrevem a tensão entre mídias convencionais e novas mídias, chamando a atenção de que a definição de jornalismo também vem se tornando cada vez mais difusa, sendo necessário ser repensada. 12 SBPJor – Associação Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo 11º Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo Brasília – Universidade de Brasília – Novembro de 2013 :::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::: Um jornalismo mais analítico passa pelo que Katherine Fink e Michael Schudson (2013) chamam de “jornalismo contextual” e que consideram um complemento ideal para o tratamento noticioso das notícias convencionais. Professores da Universidade de Columbia, eles realizaram um estudo envolvendo edições de diferentes anos e décadas dos jornais NY Times, Washington Post e Milwaukee Journal Sentinel e que resultou na publicação The rise of contextual journalism, em fevereiro deste ano, e que aponta o crescimento do complemento de profundidade da informação noticiosa e a tendência deste estilo entre jornais norte-americanos. Para além das inovações tecnológicas, a divisão das audiências é uma tendência que precisa ser observada, pois, elas estão causando “o colapso do modelo tradicional de negócios no jornalismo” (FRANKLIN, 2012, p.663). Para Bob Franklin, a questão perpassa o domínio da semântica, com os jornalistas tendo que lidar com novos sentidos e novos vocábulos, a exemplo de maneiras sempre novas de dizer o que querem expressar por meio da linguagem verbal nos impressos. O espaço declaradamente opinativo nos jornais se torna, assim, espaço de experimentação com a linguagem e de busca de auditórios os mais diversos. Juremir Machado (2013) diz que a pergunta tradicional continua: “os jornais impressos vão acabar?” Vários jornais norte-americanos, ele lembra, que tinham transformado suas edições em online voltaram a publicar em formato papel6. No programa Argumento e Contra Argumento, Juremir Machado abre espaço para mediar Marcelo Träsel e Tibério Vargas Ramos, professores da PUCRS, sobre as perspectivas do meio impresso. Há aspectos que são fragilidades do meio mais que consequências das tecnologias digitais, por isso mesmo existem muitas variáveis a se considerar: a tipologia dos públicos, a tirania do tempo no fechamento das edições, os custos de apuração da notícia, etc. 6 Disponível em : < http://www.correiodopovo.com.br/blogs/juremirmachado/?p=4374> Acesso em 20 Jul.2013. 13 SBPJor – Associação Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo 11º Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo Brasília – Universidade de Brasília – Novembro de 2013 :::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::: Quando jornais como o Die Zeit apostam na coluna opinativa e nos editoriais, no texto de crítica fundamentada em economia, política, cultura e conhecimento (que inclui ciência, lazer, história, mercado profissional e variedades), cumpre perguntarmo-nos se este não seria o caminho para outros jornais impressos na Alemanha e fora dela e se não estaria o leitor alemão, talvez, mais interessado na leitura de textos opinativos que o leitor brasileiro, o que parece talvez favorecer a sobrevida da cultura do impresso nas sociedades mais intimamente relacionadas com a leitura e a escrita. Obviamente, há aspectos que servem à cultura do jornalismo impresso alemão e que não teriam ressonância no Brasil, como a aposta no nível atual de exigência dos leitores ou a noção cultural de tempo, lazer e trabalho que compartilham os alemães, diferentemente dos brasileiros. Os alemães, em média, leem concentrados e dedicados à interpretação minuciosa dos textos, tomam isso como tarefa indispensável e cotidiana. Os jornais perceberam características como essas e apostaram na generosa dimensão do espaço de opinião nas páginas impressas. A opinião foi para a capa do jornal e não ficou apenas na coluna, no artigo, mas acompanhou a narrativa da notícia. O leitor brasileiro é outro, evidentemente. Mas o papel do jornalismo impresso se quiser enfrentar os desafios do universo virtual e tecnológico será outro também que aquele que tradicionalmente desempenharam os impressos. Como mudar os jornais se os leitores brasileiros não estariam, talvez, preparados para uma imprensa mais reflexiva, para competências e desempenhos de leitura mais altos, que exigissem a reflexão demorada por parte dos leitores? Estariam nossos profissionais de jornalismo preparados para o desafio de uma prática profissional neste nível? Que caminhos, afinal, seguirá a imprensa para a construção de leitores com as características que temos no Brasil? Se por um lado os jornais precisam oferecer o que querem seus leitores, não é menos verdade que não podem oferecer a eles o que encontrariam de modo mais facilitado em outras mídias. Senão qual seria a função do jornal impresso? Seja como for, parece evidente que teremos como historicamente se sabe desde o surgimento do livro, sempre um universo elitista de leitores, de sujeitos efetivamente identificados com a escrita e com a 14 SBPJor – Associação Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo 11º Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo Brasília – Universidade de Brasília – Novembro de 2013 :::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::: reflexão crítica. O livro e a leitura, tampouco o jornal, nunca foram massivos. Talvez os jornais sejam uma mídia não massiva, mas, tenhamos pensado a sua inserção nas massas como que forçosamente, por um desejo de democratização dos meios. Democratizar os meios não significa tornar o acesso comum a todos os sujeitos, senão que se possa dotá-los de concretas condições de uso desses meios. Assim como hoje se sabe que a internet por si só não garantiu a democratização da informação, também os jornais e as revistas, tanto quanto os livros, não serão media de todo e qualquer cidadão pelo mero fato de tê-los em mãos. Se existe alfabetização midiática no domínio das mídias digitais, que dizer da educação para as mídias que tanto fez falta a gerações sucessivas de leitores, sabidamente distanciados em suas histórias de vida do código da escrita? Importam mais as perguntas que as respostas. O maior erro dos gestores em Jornalismo em nosso país foi ter deixado de fazê-las. Ou pior: foi presumir de forma presunçosa que sabiam as respostas. Um espaço de interlocução como este, da SBPJor, é sempre uma oportunidade de voltar a este tema, de apontar possíveis novas explicações e percursos, de arriscar caminhos, mas também, e principalmente, de ousar romper tendências. Quem pensa que este debate já se esgotou diante da firme inserção de novas mídias está equivocado. 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