Baixar essa Seção do Catálogo this Catalog Section

Transcrição

Baixar essa Seção do Catálogo this Catalog Section
panorama
histórico
historical
panorama
Kaneto Shindo
em seis filmes
Por Sérgio Alpendre
Kaneto Shindo in six films
By Sergio Alpendre
Filhos de Hiroshima
Children of Hiroshima/Gembaku no Ko
Among the Japanese directors
called by Audie Bock as “postwar
humanistic” - a group formed,
according to the historian, by
directors Akira Kurosawa, Keisuke
Kinoshita, Masaki Kobayashi
and Kon Ichikawa –, the unjustly
overlooked Kaneto Shindo (I
include him on the list myself) is
the one which best represents the
bridge between classical cinema
and the Japanese Nouvelle Vague
Dos diretores japoneses chamados por Audie Bock de “humanistas
do pós-guerra”, grupo a que pertencem, segundo a historiadora, Akira
Kurosawa, Keisuke Kinoshita, Kon
Ichikawa e Masaki Kobayashi, o injustamente esquecido Kaneto Shindo
(que coloco na lista por conta própria)
é o que melhor representa a ponte
entre o cinema clássico e a Nouvelle
Vague japonesa (Nuberu Bagu).
Isto porque seu cinema comporta uma série
de experimentações que antecipam as dos jovens
diretores do final dos anos 1950, notadamente
Nagisa Oshima e Shohei Imamura. Ao mesmo
tempo, conserva marcas do estilo dos mestres do
chamado cinema clássico japonês. Seus primeiros filmes deixam evidentes tanto a filiação aos
clássicos quanto a antecipação da Nuberu Bagu.
Os mais famosos, Filhos de Hiroshima (1952), A
Ilha Nua (1960), Onibaba – A Mulher Demônio
(1964), Instinto (1966 – não tão conhecido
panorama histórico
historical panorama
113
quanto os demais por uma tremenda injustiça) (Nuberu Bagu). This is so because
e O Gato Preto (1968), antecipam (no caso do his body of work contemplates
primeiro) ou refletem (no caso dos demais) as a great deal of experimentation
principais preocupações estéticas e temáticas do that anticipates similar attempts
cinema japonês nos anos 1960. Não à toa Shindo by the young directors of the late
escreveu roteiros para Yasuzo Masumura, Seijun 1950s - notably Nagisa Oshima
Suzuki e outros diretores mais ou menos ligados and Shohei Imamura. At the same
à Nuberu Bagu. E também não é por acaso que a time, it keeps the style hallmarks
produtora independente que criou com o diretor of the masters of the so-called
Kozaburo Yoshimura em 1950 (e que possibili- Classical Japanese Cinema. His
tou que ele estreasse na direção no ano seguinte) first films show evident affiliation
chamava-se Sociedade do Cinema Moderno.
both to classical film and the
Donald Richie chama atenção para a reação anticipation of the Nuberu Bagu.
padrão aos filmes de Shindo durante quase toda His most famous titles, Children
sua carreira, começando pelo primeiro filme, of Hiroshima (1952), The Naked
A História de uma Esposa Amada (1951)1: “elo- Island (1960), Onibaba (1964),
giado por sua crítica social e amaldiçoado pelo Instinct (1966 – not as well known
as the others by a tremendous
injustice) and The Black Cat (1968)
anticipate (in the first case) or
reflect (in all the others) the major
aesthetic and thematic concerns
of Japanese cinema in the 1960s.
It’s no wonder Shindo wrote
screenplays for Yasuzo Masumura,
Seijun Suzuki and other directors
more or less linked to the Nuberu
Bagu. And it is also not by chance
that the independent production
company created by him alongside
director Kozaburo Yoshimura
Além de ser o primeiro
in 1950 (and which enabled him
to make his directing debut the
filme a abordar o tema no
following year) was called Modern
Japão, Filhos de Hiroshima
Film Society.
Donald Richie draws attention to
ainda antecipa em três
the standard reaction to Shindo’s
anos o tom histórico e
films for almost his entire career,
beginning with his first film, Story
incisivo de Noite e Neblina,
of a Beloved Wife (1951)1: “praised
de Alain Resnais.
for its social criticism and cursed
1 Richie escreveu essa afirmação em 1971, sem saber como seria a continuação da carreira
do diretor, que duraria até 2010, com o filme Postcard.
Richie wrote this statement in 1971, without knowing how the director’s career, which
lasted until 2010’s Postcard, would turn out.
sentimentalismo em quase igual medida” (em
Japanese Cinema – Film style and national character, p.167). Isso acontece por causa da filiação de
Shindo ao melodrama de Mizoguchi, sobretudo
por ter sido seu assistente na juventude e por ter
escrito (com Yoshikata Yoda, parceiro constante
de Mizoguchi) Chama do Meu Amor (1949), um
dos melodramas mais fortes do cinema japonês.
Mas se Mizoguchi procurava esconder os rompantes de emoção de suas mulheres afastando
a câmera ou colocando um objeto entre a lente
e os rostos cheios de lágrimas, Shindo não é tão
cauteloso. Suas críticas ou seus exercícios de
gênero querem também sensibilizar o espectador pelo drama humano, sem necessidade de
atenuar a maneira como vemos sofrimentos e
traumas. Junta-se a isso o tradicional preconceito
em relação ao melodrama, sobretudo nos politizados anos 1960, e temos então a reação padrão
descrita por Richie. O autor acrescenta ainda
que somente em Filhos de Hiroshima Shindo
encontraria um “assunto amplo o suficiente
para conter o sentimentalismo excessivo”, e só
com Esgoto (1954) “sua crítica ao Japão contemporâneo torna-se sutil o bastante para ser eficaz”.
Trabalhando geralmente com uma equipe de
fiéis seguidores – a atriz e esposa Nobuko Otowa,
os atores Kei Sato e Taiji Tonoyama (entre
outros), o compositor Hikaru Hayashi, o diretor
de fotografia Kiyomi Kuroda – Shindo tornou-se
indubitavelmente um dos diretores mais consistentes e mal vistos do cinema japonês (à exceção
de Filhos de Hiroshima e A Ilha Nua, seus únicos
filmes que escapam a um gueto de cinefilia).
Filhos de Hiroshima Children of Hiroshima
for its sentimentality in almost
equal measure” (in Japanese
Cinema - Film style and national
character, p.167). This happens
because of Shindo’s affiliation
with Mizoguchi’s melodrama,
a result especially of being his
assistant in youth and of writing
(with Yoshikata Yoda, Mizoguchi’s
frequent partner) Flame of My Love
(1949), one of the most powerful
melodramas in Japanese cinema.
But if Mizoguchi tried to hide his
women’s bursts of emotion by
moving the camera away or by
placing an object between the lens
and the tearful faces, Shindo is
not as cautious. His criticisms and
his genre exercises also want to
sensitize the viewer through human
drama, so there’s no need to
soften the way we see suffering and
trauma. Add to this the traditional
prejudice against the melodrama,
especially in the politicized 60s,
and we have the standard reaction
described by Richie. The author
also adds that only in Children of
Hiroshima does Shindo find “a
subject broad enough to hold
excessive sentimentality”, and
that only with Sewage (1954) “his
critique of contemporary Japan
becomes subtle enough to be
effective”. Usually working with a
team of loyal followers - actress
and wife Nobuko Otowa, actors
Kei Sato and Taiji Tonoyama
(among others), composer Hikaru
Hayashi, director of photography
Kiyomi Kuroda - Shindo has
become undoubtedly one of the
most consistent and frowned
upon directors in Japanese cinema
(except for Children of Hiroshima
and The Naked Island, his only films
to escape the cinephilia ghetto).
panorama histórico
historical panorama
115
A bomba
Filhos de Hiroshima, terceiro longa de Shindo,
alterna ficção e documentário para mostrar o
horror da bomba em Hiroshima. Além de ser
o primeiro filme a abordar o tema no Japão,
ainda antecipa em três anos o tom histórico e
incisivo de Noite e Neblina, de Alain Resnais. A
professora Takako Ishikawa (Nobuko Otowa)
decide, após quatro anos de ausência, visitar o
lugar onde nasceu, e encontra sua Hiroshima
ainda devastada pela bomba, apesar de algumas
reconstruções em curso. Ao visitar os lugares
por onde passava, lembra-se do fatídico 6 de
agosto de 1945. Mas a encenação da tragédia
se alterna entre o tom documental e o onírico:
bebês e mulheres de seios à mostra se fundem
a terra, homens são vaporizados, testemunhas
observam a explosão catatônicos.
O filme foi considerado um melodrama
barato por aqueles que o encomendaram.
Queriam uma obra política, antiamericana, não
um filme sensível e tocante, sem deixar, ainda
assim, de ser antiamericano. A despeito desse
desajuste, os momentos de antologia são muitos, a começar pela encenação da explosão mencionada acima. O primeiro encontro de Takako,
por exemplo, é com um antigo funcionário de
seu pai, agora cego e mendigo. A reação desse
velho amigo é tipicamente nipônica. Ele se
envergonha de não ter mais o status social de
outrora. A conversa entre eles à beira do rio é
Besides being the first film to tackle
the subject in Japan, Children of
Hiroshima also anticipates by three
years the historical and incisive tone
of Alain Resnais’s Night and Fog.
The bomb
Children of Hiroshima, Shindo’s
third feature, alternates fiction
and documentary to portray the
horror of the Hiroshima bombing.
Besides being the first film to
tackle the subject in Japan, it also
anticipates by three years the
historical and incisive tone of Alain
Resnais’s Night and Fog. Teacher
Takako Ishikawa (Nobuko Otowa)
decides, after four years of absence,
to visit the place where she was
born, and finds her Hiroshima still
devastated by the bomb, despite
some ongoing reconstructions.
While visiting the places where she
used to pass by, she remembers
the fateful August 6, 1945. But the
staging of the tragedy alternates
between documentary and a
dreamlike tone: babies and exposed
women’s breasts fuse with the
earth, men are vaporized, catatonic
witnesses observe the explosion.
The film was considered a
cheap melodrama by those who
comissioned it. They expected a
political and anti-American piece,
not a sensitive and touching, yet
still unamerican, movie. Despite
this mismatch, anthological
moments abund, starting with
the enactment of the explosion
mentioned above. Takako’s first
encounter, for example, is with a
former employee of her father, now
a blind beggar. This old friend’s
reaction is typically Nipponese.
He is ashamed of not having his
previous social status anymore.
Their riverside conversation is
one of those moments that prove
the excellence of a director. Born
in Hiroshima, like his partner
Yoshimura, Shindo works here
with a material that is very close
A Ilha Nua The Naked Island
um desses momentos que comprovam a excelência de um diretor. Nascido, como seu sócio
Yoshimura, em Hiroshima, Shindo trabalha
aqui com um material que lhe é muito próximo.
Como herdeiro de Mizoguchi, não teria como
abandonar totalmente o melodrama.
Tadao Sato lembra, em seu livro Currents in
Japanese Cinema, que Shindo introduziu pela
primeira vez a questão da responsabilidade
do Japão no abandono das vítimas da bomba.
Essa situação é reiterada em uma série de
cenas, notadamente aquela em que o avô aceita
deixar que o menino Taro se vá com a professora por não ver um possível futuro para ele em
Hiroshima. O final é um esplendor: voltando
com Taro para a ilha onde escolheu viver após
o desastre da bomba, Takako observa sua terra
natal do barco. As montanhas que a cercam, o
céu coberto de radiação, a natureza ultrajada
pelo homem e pelo poder. A partir de Filhos
de Hiroshima, a associação de Kaneto Shindo
com a natureza e os problemas ambientais
seria marcante em uma série de filmes, numa
alternância (e muitas vezes acumulação) com o
tema da mulher sofredora que ele herdou do
mestre Mizoguchi.
Shindo faria ainda outro filme sobre a bomba
atômica (subtema que voltaria, mais ou menos
sutilmente, em momentos de vários outros filmes). Dragão Felizardo No5 (1959) não fala diretamente das tragédias de Hiroshima e Nagasaki,
mas alerta para o perigo nuclear. O filme mostra
to him. As Mizoguchi’s inheritor,
there would be no way for him to
abandon melodrama entirely.
In his book Currents in Japanese
Cinema, Tadao Sato recalls that
Shindo was the one who first
introduced the issue of Japan’s
liability for abandoning of the
victims of the bombing. This
situation is repeated in a series
of scenes, notably one where the
grandfather agrees to let the boy
Taro go with the teacher on account
of not seeing a possible future for
him in Hiroshima. The finale is a
splendor: returning with Taro to
the island where she chose to live
after the nuclear disaster, Takako
observes her homeland from the
boat. The mountains that surround
it, the sky overcast with radiation,
nature outraged by man and power.
From Children of Hiroshima on, the
Kaneto Shindo’s connection with
nature and environmental issues
would be remarkable in a number
of films, alternating (and often
accumulating) with the suffering
woman theme he inherited from
the master Mizoguchi.
Shindo come to make another
film about the atomic bomb (a
subtheme that would return, more
or less subtly, in several moments
in other films). Lucky Dragon
No. 5 (1959) does not speak
directly about the Hiroshima and
Nagasaki tragedies, but warns
against nuclear danger. The film
portrays a group of fishermen that
are contaminated by radiation
at the Bikini Atoll, where many
nuclear tests were conducted in
the 1950s. The real fishermen’s
episode happened in 1954, and
raised a series of examinations
by specialists in contamination
panorama histórico
historical panorama
117
um grupo de pescadores que se contaminam
com a radiação no atol de Bikini, onde foram
realizados diversos testes nucleares na década
de 1950. O episódio real dos pescadores aconteceu em 1954, e suscitou uma série de exames
de especialistas em contaminação por radiação e
alguns protestos da imprensa nipônica. O filme
se veste assim com o tom de denúncia ecológica. A natureza mais uma vez é ultrajada pelo
militarismo, e a família japonesa é novamente
vítima de uma demonstração da força militar
americana. Tudo isso é mostrado de forma predominantemente documental, abrindo-se ao
melodrama apenas nos minutos finais.
Documentário e fábula
No ano seguinte, Shindo faria aquele que
se tornaria seu trabalho mais conhecido e celebrado: A Ilha Nua (1960). Construído sem
diálogos, mesclando música melodiosa com
silêncios brutais, o filme flagra, também de
Dragão Felizardo No5 mostra
um grupo de pescadores que
se contaminam com a radiação
no atol de Bikini, onde foram
realizados diversos testes
nucleares na década de 1950.
by radiation, as well as some
protests by the Japanese media.
The film dresses itself in a tone of
ecological complaint. Nature is
once again outraged by militarism,
and the Japanese family is once
again a victim of a demonstration
of American military force.
All of this is predominantly shown
in documentary form, which
opens up to melodrama only in
the final minutes.
Documentary and fable
In the following year, Shindo
would make that which would
become his most famous and
celebrated work: The Naked Island
(1960). Built with no dialogues,
mixing melodious music with
brutal silence, the film captures,
also in documentary fashion, a
family of farmers who live on a
small island in the Setonaikai
archipelago. Man and woman
work hard, bringing water from
a neighboring island to their
plantation, while the two children
enjoy the natural wonders of
the region. In a few moments,
we realize that the absence of
speech makes no sense. That’s
because Shindo pursues here, in
parallel, a fable tone in contrast
with the documentary approach.
The relationship between the
husband (Taiji Tonoyama) and his
wife (Nobuko Otowa) is mostly
ceremonial, and culminates with
an emotional outburst from
the woman after the death of
one of their sons. At that point,
the husband looks at her with
compassion and understanding,
painfully observing her destructive
actions of plucking pieces of the
plantation and throwing them
roughly to the ground (at the
maneira documental, uma família de fazendeiros que mora numa pequena ilha no arquipélago de Setonaikai. Homem e mulher
trabalham duro, levando água de uma ilha vizinha a suas plantações, enquanto as duas crianças se deliciam com as maravilhas naturais da
região. Em alguns momentos, percebe-se que
não há sentido algum na ausência de falas.
Isso porque Shindo persegue aqui, paralelamente, um tom de fábula, em contraponto ao
tom documental. A relação entre marido (Taiji
Tonoyama) e esposa (Nobuko Otowa) é quase
sempre protocolar, e culmina com a explosão
emocional da mulher após a morte de um de
seus filhos. Nesse momento, o marido a olha
com piedade e compreensão, observando condoído os gestos destrutivos dela, que arranca
pedaços da plantação e joga-os com força no
solo (no início do filme o marido tinha sido bastante rude na repreensão a um pequeno descuido da parte dela). Essa explosão emocional
da mulher rompe o silêncio (e o tom fabular) de
forma marcante, antes de um retorno ao cotidiano. O trabalho na lavoura os torna prisioneiros, limitados à rotina de pequenos fazendeiros.
Aqui não se trata da natureza ultrajada. Antes, é
da natureza que oprime, e cobra um alto valor
pelo seu uso. Com A Ilha Nua, Shindo passa
a ser respeitado também como diretor, não só
como roteirista.
Novamente o mar, pessoas isoladas com a
natureza, a necessidade de sobreviver em situações penosas (e Nobuko Otowa mostrando toda
sua versatilidade) são elementos de um filme
pouco conhecido, mas de nobre envergadura.
O Homem (1962) mostra quatro tripulantes de
Lucky Dragon No5 portrays a group of
fishermen that are contaminated by
radiation at the Bikini Atoll, where many
nuclear tests were conducted in the 1950’s.
beginning of the film, her husband
is quite rude in reprehending
her for being a little careless in
her gestures). This emotional
outburst from the woman
remarkably interrupts the silence
(and the fable-like tone) in a most
remarkable way, before returning
then to everyday life. Work in the
harvest makes them prisoners,
limited to a small farmers’ routine.
Outraged nature is not what it
is about. It is rather nature’s
oppression, which charges a
high price. With The Naked Island,
Shindo becomes respected as a
director, not only as a writer.
Once again the sea, people
isolated in nature, the need for
survival in difficult situations
(and Nobuko Otowa in all her
versatility) are elements of a
little-known movie, but one of
noble wingspan. Human (1962)
shows the four-person crew of a
small boat that goes adrift after
a violent storm. In this situation,
the terribly human dimension
of their personalities is revealed.
Characters here are not confined
to a small island, nor subjected
to radiation. They are truly adrift,
without food and without knowing
what awaits them. They become
selfish, competitive, desperate.
They reach unimaginable
extremes (as in Buñuel’s The
Exterminating Angel, which
curiously came out the same
year). Shindo is less interested
in the possibility of overcoming
than in the ability a person has to
become a savage. The title refers
to captain Kamegoro, played by
Taiji Tonoyama. He is the only
character to end the film with
immaculate dignity.
panorama histórico
historical panorama
119
um pequeno barco que fica à deriva após uma The soundtrack contrasts
violenta tempestade. Com a situação, revelam a urban jazz with the boat’s
dimensão terrivelmente humana de suas perso- movement. This differs it from
nalidades. Os personagens aqui não estão con- the one used in The Naked Island.
finados numa pequena ilha, nem submetidos à In the 1960 film, the melody
radiação. Estão verdadeiramente à deriva, sem reflects nature, its seasons
mantimentos e sem saber o que lhes espera. and its tender complacency. In
Tornam-se egoístas, competitivos, desespera- Human, nature harms, as if in
dos. Chegam a extremos inimagináveis (como revenge for being mistreated. The
em O Anjo Exterminador, de Buñuel, que curio- soundtrack therefore is noisier,
samente é do mesmo ano). Shindo está menos with experimental raptures and
interessado na possibilidade de superação do minimalist excerpts. But it is so
que na capacidade que uma pessoa tem de se even before the first storm, as if
tornar selvagem. O homem do título é o capi- it intends to already demonstrate
tão Kamegoro, vivido por Taiji Tonoyama. É o the depths of human nature. The
único personagem que termina sem a digni- cinematography allows both the
dade maculada.
burst of light in overexposure,
A trilha sonora contrapõe um jazz urbano as well as the predominance of
com os movimentos do barco. Nisso ela é dife- shadows which move according
rente daquela usada em A Ilha Nua. No filme de to the swing of the boat. The film
1960, a melodia espelha a natureza, suas esta- is even more distressing than The
ções e sua terna complacência. Em O Homem, a Naked Island, but at the same time
natureza agride, como que a vingar-se dos maus it is more palatable, less radical in
tratos sofridos. A trilha, por isso, é mais ruidosa, its aesthetic proposal. The music
com arroubos experimentais e trechos minima- is its most dissonant factor, one
listas. Mas é assim antes mesmo da primeira that brings to the comical into the
tempestade, como se quisesse demonstrar já as tragic, or terror into the prosaic.
profundezas da natureza humana. A fotografia
permite tanto o estouro da luz quanto o predomí- New change of course
nio das sombras, que se movem de acordo com Mother and Onibaba, the films
o balançar do barco. O filme é até
mais aflitivo que A Ilha Nua, mas Shindo está menos
ao mesmo tempo é mais palatável,
interessado na possibilidade
menos radical em sua proposta estética. A música é mesmo seu fator de superação do que na
mais dissonante, aquele que leva
capacidade que uma pessoa
para o cômico dentro do trágico, ou
tem de se tornar selvagem.
para o terror dentro do prosaico.
Shindo is less interested in the possibility
of overcoming than in the ability a
person has to become a savage.
Nova mudança de curso
A Mãe e Onibaba – A Mulher Demônio, os
filmes que se seguiram a O Homem, sinalizam
uma mudança na concepção dramatúrgica de
Kaneto Shindo. A crítica social continua existindo, no subsolo, dando espaço ao que realmente passa a predominar em seus filmes:
o erotismo. Essa tendência chega ao auge
com Instinto, que mostra a impotência de um
homem de meia idade (consequência de contaminação por radiação – novamente: a bomba) e
os traumas psicológicos decorrentes dessa deficiência. É com um drama sobre uma criança
doente, contudo, que Shindo realiza a transição
entre suas raízes melodramáticas para o erotismo representado como força motriz do Japão
moderno (lembrando que foi durante os anos
1960 que se deu a popularização do Pinku Eiga,
gênero erótico de muito sucesso por lá).
Da imensidão da natureza em A Ilha Nua e O
Homem para o drama entre quatro paredes de A
Mãe parece que temos outro diretor. O erotismo
ainda é discreto se comparado ao de Onibaba, o
filme seguinte. Mas sentimos sua pulsação sobretudo no suor que escorre pelo rosto e pelo corpo
de Nobuko Otowa, obrigada a deitar-se com um
homem que não ama, mas que lhe dá o sustento
necessário para ao menos uma vida simples; ou
na luxúria de seu irmão, que percorre prostíbulos em busca de sexo livre de amarras. O longa
começa com a protagonista (Otowa) observando
algo por trás de uma janela. O contracampo nos
mostra um casal, com o homem deitado na cama
e a mulher o beijando de forma muito sensual.
A mãe é enquadrada com reflexos de nuvem
emoldurando seu rosto. Ela tem o ar melancólico, as nuvens reforçam o estado sonhador, distante dos problemas cotidianos. A mulher que
beijava o marido percebe sua presença e fecha
that followed Human, signaled a
change in Kaneto Shindo’s concept
of dramaturgy. Social criticism is
still present, in the underground,
granting space to what really
begins to dominate his films:
eroticism. This trend reaches its
peak with Instinct, which presents
a middle-aged man’s impotence
(as a result of contamination by
radiation – again: the bomb) and
the psychological trauma resulting
from this deficiency. It is with a
drama about a sick child, however,
that Shindo makes the transition
between his melodramatic roots and
eroticism depicted as a driving force
in modern Japan (mind you that it
was during the 1960s that Pinku
Eiga, an erotic genre very successful
in the country, became popular).
From the immensity of nature in
The Naked Island and in Human
to the drama-within-four-walls
in Mother, it appears we have
another director. Eroticism is
still discrete when compared to
Onibaba, his next film, but we feel
its pulse especially in the sweat
that drips down Nobuko Otowa’s
face and body, forced to lie down
with a man she doesn’t love
but who gives her the necessary
maintenance to live a simple
life; or in the lust of her brother,
who wanders around brothels
in a search of non-committed
sex. The feature begins with its
protagonist (Otowa) watching
something from behind a window.
The reverse shot shows us a
couple, the man lying in bed and
the woman kissing him in a very
sensual way. The mother’s face is
framed with cloud reflections. She
has a melancholic demeanor, the
clouds reinforce her dreamy state,
panorama histórico
historical panorama
121
distant from everyday problems.
The woman kissing her husband
realizes her presence and shuts
the drapes, preparing the room for
something we were not invited to
witness. Soon after, a nurse calls
the mother, which turns her eyes
to the hospital corridor. Cut to the
boy, who turns his face
a cortina, preparando Em A Mãe e Onibaba
towards his mother.
o quarto para algo que
Back again to the
não fomos convidados – A Mulher Demônio a nurse, who calls her
a testemunhar. Logo crítica social continua
insistently. There’s no
em seguida, uma
need for much more
enfermeira chama a existindo, no subsolo,
than that to indicate
mãe, que volta seu dando espaço ao que
that Kaneto Shindo is
olhar para o corredor
great at two things at
do hospital. Corta para realmente passa a
least:
o garoto, que vira o predominar em seus
a) presenting
rosto em direção à mãe.
characters and
Volta novamente para a filmes: o erotismo.
situations (a mother
enfermeira, que insiste
taking her son to
no chamado. Não é preciso muito mais que isso the hospital); b) establishing a
para mostrar que Kaneto Shindo é grande em relationship between people and
pelo menos duas coisas: a) na apresentação de space (the clouds that frame the
personagens e situações (mãe levando o filho ao daytime reverie, the corridor that
hospital); b) no estabelecimento de uma relação translates the cold reality).
entre as pessoas e o espaço (as nuvens que emol- Otowa’s face, before wild and
duram o devaneio diurno, o corredor que traduz frantic in Human, here shows
a fria realidade).
its opposite side. A sweet and
O rosto de Otowa, antes selvagem e des- suffering woman. Not a Mizoguchivairada em O Homem, aqui mostra seu lado like victim of male brutality, but in
oposto. Uma mulher meiga e sofredora. Não ao Shindo’s own fashion, suffering for
modo Mizoguchi, vítima da brutalidade mas- her son’s fatal illness. A mention,
culina, mas ao modo Shindo, sofredora pela in the final half of the film, to
doença fatal do filho. Uma menção, na metade the Hiroshima bomb leads us to
final do filme, à bomba de Hiroshima, nos leva think of the child as a victim of
a pensar na criança como mais uma vítima da radiation, of the outraged nature.
radiação, da natureza ultrajada. Nada disso é None of this is put directly. In
colocado de modo direto. No cinema de Shindo, Shindo’s cinema, the viewer is
o espectador é convidado a completar as lacu- invited to complete the gaps in
nas de informação. O filme alterna brilhante- information. The film brilliantly
mente momentos de profunda tristeza com alternates moments of deep
momentos mais leves e bem-humorados. Por sadness with lighter and more
esse motivo, A Mãe pode ser considerado uma humorous moments. For this
versão mais carnal e trágica de Mamãe (1952), reason, Mother can be considered
clássico de Mikio Naruse.
a more carnal and tragic version of
Chegamos então a 1964, quando dois filmes
de horror, dirigidos por dois dos “humanistas
do pós-guerra”, arrebatam o ocidente. Kwaidan,
de Masaki Kobayashi, é mais ambicioso, com
suas quatro histórias de fantasmas em cores.
Onibaba – A Mulher Demônio, de Kaneto
Shindo, retoma o jidaigeki (filmes históricos),
ambiência preferida de seu mestre Mizoguchi,
e acrescenta uma dose de horror e muito erotismo2. Na história, uma mãe cujo nome não
nos é revelado (Otowa, envelhecida e ameaçadora) aguarda com a nora, igualmente sem
nome (Jitsuko Yoshimura, atriz principal de
Todos Porcos, de Shohei Imamura), a chegada
de Kichi, seu filho que está na guerra (e a certa
altura é tido como morto). Juntas, elas matam
samurais para vender seus ornamentos e, assim,
ter o que comer (os samurais, informa-nos
Tadao Sato, geralmente são retratados como
pessoas de mau caráter nos filmes de Kaneto
Shindo). Hashi, um velho amigo de Kichi, reaparece como um anjo caído e se coloca entre
the homonymous Mother (1952), a
Mikio Naruse classic.
We now arrive at 1964, when two
horror films, directed by two of
the “postwar humanists”, sweep
the western world away. Ghost
Stories, by Masaki Kobayashi, is
more ambitious, with its four ghost
stories in color. Kaneto Shindo’s
Onibaba recuperates jidaigeki
(historical films), his master
Mizoguchi’s favorite medium, and
adds a dose of horror and a lot of
eroticism2. In the story, a mother
whose name is not revealed
(Otowa, aged and menacing) waits
alongside her daughter-in-law, also
unnamed (Jitsuko Yoshimura, the
leading lady in Shohei Imamura’s
Pigs and Battleships), for the arrival
of Kichi, her son who is at war (and
who is considered dead from a
certain point on). Together they kill
samurais to sell their ornaments
and thus have something to
eat (the samurais, Tadao Sato
informs us, are usually portrayed
as bad people in Kaneto Shindo’s
movies). Hashi, an old friend
of Kichi’s, reappears as a fallen
angel standing between the two
women. Employing a strong erotic
element that the filmmaker would
explore more frequently in his
upcoming films, and again making
an excellent initial presentation of
characters and situations, Onibaba
could very well be called Clamor do
2 Em O Gato Preto, realizado em 1968, Shindo novamente faz um filme de horror com
ambientação histórica, e uma clara ligação com Contos da Lua Vaga, de Mizoguchi. No
filme, uma situação se repete. Um filho está na guerra, sua mãe e sua esposa o esperam.
Aqui, ele volta e as encontra como fantasmas. Em Onibaba, o filho não retorna.
In O Gato Preto (The Black Cat), from 1968, Shindo makes again a horror film in an
historical ambience, and with a clear connection with Contos da Lua Vaga (Tales of Moonlight), from Mizoguchi. In this movie there is a repeated situation: a son is in the war and
his mother and wife are waiting for him. Here he cams back and mett them as ghosts. In
Onibaba, the son does not return.
panorama histórico
historical panorama
123
O Homem The Man
as duas mulheres. Com um forte erotismo, elemento que o cineasta iria explorar com maior
frequência nos próximos filmes, e de novo uma
excelente apresentação inicial de personagens e
situações, Onibaba poderia muito bem se chamar Clamor do Sexo, remetendo ao título brasileiro para Splendor in the Grass, filme de Elia
Kazan. Em dado momento, mãe e nora matam
um cachorro para saciar a fome. Enquanto
saboreiam a carne, Hashi, sedento por sexo,
uiva do lado de fora da cabana como um cão no
cio. Desejo carnal, instinto animal, pendor para
o sexo. É dessa maneira que Onibaba, mais do
que com Kwaidan, se relaciona perfeitamente
com outro filme de 1964: Desejo Assassino, de
Shohei Imamura. Nesta obra-prima do cinema
moderno, uma mulher desprezada pelo marido
recebe a visita de um ladrão, que, não satisfeito
em levar algumas peças de valor, a estupra. O
ladrão retorna, e eles acabam desenvolvendo
uma relação conturbada e movida a sexo. Em
Onibaba, o vento, a lua, o matagal que cerca a
cabana, o calor, o suor, tudo parece convidar
ao sexo. A natureza não está mais ultrajada.
Onibaba – A Mulher Demônio Onibaba
Sexo (Clamor for Sex), referring to
the Brazilian title for Elia Kazan’s
Splendor in the Grass. At a certain
point, mother and daughter-in-law
kill a dog to satisfy their hunger.
While savoring the flesh, a sexthirsty Hashi howls outside the
shack like a dog in heat. Carnal
desire, animal instinct, inclination
towards sex. This is how Onibaba,
more than Ghost Stories, fits
perfectly with another 1964 film:
Shohei Imamura’s Intentions of
Murder. In this modern cinema
masterpiece, a woman scorned by
her husband is visited by a thief,
who, unsatisfied by taking a few
valuable items, rapes her. The thief
returns and they end up developing
a troubled and sex-driven
relationship. In Onibaba, the wind,
the moon, the bushes around
the shack, the heat, the sweat,
everything seems like an invitation
In Mother and Onibaba, social criticism is still
present, in the underground, granting space to what
really begins to dominate his films: eroticism.
Pelo contrário, ela obriga as pessoas a se aproximarem ou se repelirem sendo mais instintivas. Para Kaneto Shindo, assim como para
Imamura, o homem é, antes de tudo, um animal, um ser que responde aos impulsos e caprichos da natureza.
for sex. Nature is not outraged
anymore. On the contrary, it forces
people together or apart by being
more instinctive. For Kaneto
Shindo, as well as for Imamura,
man is an animal above all, a being
who responds to nature’s impulses
and urges.
Sérgio Alpendre é crítico de cinema, professor,
pesquisador e jornalista, bem como mestre em Meios e
Processos Audiovisuais pela ECA-USP. É colaborador
da Folha de São Paulo desde 2008, e coordena o Núcleo
de História e Crítica da Escola Inspiratorium. Participa
como oficineiro do programa Pontos MIS, e edita a
revista Interlúdio e o blog Chip Hazard. Foi curador das
mostras Retrospectiva do Cinema Brasileiro e Tarkovski
e seus Herdeiros, editando também os catálogos de
tais eventos. Participa de comitês de seleção e júris em
festivais de cinema, além de ministrar cursos de história
do cinema e oficinas de crítica por todo o Brasil.
Sérgio Alpendre is a film critic,
teacher, researcher and journalist, as well
as a master in Media and Audiovisual
Processes at ECA - USP. He has been a
contributor for newspaper Folha de São
Paulo since 2008, and coordinates the
History and Film Criticism Department
at the Inspiratorium free school. He gives
workshops at the Pontos MIS program,
and is the editor of Interlúdio Magazine
and the Chip Hazard blog. He was a curator for Retrospectiva do Cinema Paulista (a retrospective dedicated to films
made in São Paulo) and of the Tarkovsky
and his Heirs festival, also working as a
catalogue editor for both events. Alpendre
takes part in selection committees and
juries in film festivals, in addition to
teaching film history and giving criticism
workshops throughout Brazil.
panorama histórico
historical panorama
125
Filhos de
Hiroshima
Children of Hiroshima/
Gembaku no Ko
Japão, 1952, 100’
DIREÇÃO DIRECTION
Kaneto Shindo
PRODUÇÃO PRODUCTION
Kôzaburô Yoshimura
ROTEIRO WRITER
Hiroshima pós-guerra: Já se passaram quatro anos des- Kaneto Shindo
de a última vez que ela visitou sua cidade natal. Takako FOTOGRAFIA CINEMATOGRAPHER
enfrenta os efeitos da bomba atômica quando viaja ao Takeo Itô
redor da cidade para visitar velhos amigos. EDIÇÃO EDITOR
Zenju Imaizumi
Post war Hiroshima: It’s been four years since the last time ELENCO CAST
she visited her hometown. Takako faces the after effects of the Nobuko Otowa, Osamu
A-bomb when she travels around the city to call on old friends. Takizawa e Miwa Saito
DIREÇÃO DIRECTION
Kaneto Shindo
PRODUÇÃO PRODUCTION
Dragão
Felizardo Nº5
Lucky Dragon No 5 /
Daigo Fukuryu Maru
Toshio Itoya,
Setsuo Noto e Japão, 1959, 110’
Tengo Yamada
ROTEIRO WRITER
Em 1954, logo após os testes nucleares dos
Kaneto Shindo e EUA no Atol de Bikini, a tripulação de
Yasutarô Yagi um navio pesqueiro sofre com a
FOTOGRAFIA CINEMATOGRAPHER
contaminação radioativa.
Eikichi Uematsu
ELENCO CAST
In 1954, in the aftermath of US nuclear tests
Jukichi Uno e on Bikini Atoll, a crew of tuna fisherman
Nobuko Otowa suffers from radioactive contamination.
panorama histórico
historical panorama
127
A Ilha Nua
The Naked Island/
Hadaka no Shima
DIREÇÃO DIRECTION
Kaneto Shindo
PRODUÇÃO PRODUCTION
DIREÇÃO DIRECTION
Japão, 1960, 95’ Kaneto Shindo
PRODUÇÃO PRODUCTION
O filme lida com a vida insuportavelmente difícil de uma Eisaku Matsuura e
família de quatro pessoas, os únicos habitantes de uma Kaneto Shindo
pequena ilha japonesa no arquipélago Setonaikai. Várias ROTEIRO WRITER
vezes por dia eles remam até a ilha vizinha para buscar Kaneto Shindo
água para os seus campos miseráveis. FOTOGRAFIA CINEMATOGRAPHER
O Homem
Human / Ningen
Japão, 1962, 117’
Setsuo Noto
ROTEIRO WRITER
O barco Netuno fica à deriva após uma violenta tem-
Kaneto Shindo pestade. O desespero dos quatro tripulantes aumenta
FOTOGRAFIA CINEMATOGRAPHER
quando a comida e a água terminam.
Kiyomi Kuroda
ELENCO CAST
The Kaijin Maru ship is left adrift after losing all means of
Taiji Tonoyama, Nobuko Otowa, navigation in a storm. The four people on the ship become
Kei Satô e Kei Yamamoto increasingly desperate as food and water run out.
Kiyomi Kuroda
The film deals with the intolerably hard life of a family of EDIÇÃO EDITOR
four, the only inhabitants of a very small Japanese island Toshio Enoki
in the Setonaikai archipelago. Several times a day they ELENCO CAST
row over to the neighboring island to fetch water for their Nobuko Otowa e
miserable fields. Taiji Tonoyama
panorama histórico
historical panorama
129
A Mãe
Mother / Haha
Onibaba
A Mulher Demônio
DIREÇÃO DIRECTION
Japão, 1963, 100’ Kaneto Shindo
Onibaba / Onibaba
PRODUÇÃO PRODUCTION
Tamiko é mãe solteira. Seu filho está ficando cego. O
diagnóstico é tumor cerebral. Não há dinheiro para a
cirurgia. Ela pede auxílio à mãe, Yoshie. A ajuda financeira
é negada, mas Yoshie arranja um casamento para Tamiko,
a fim de que o novo marido pague pela urgente cirurgia.
Toshio Itoya,
Eisaku Matsuura,
Tamotsu Minato
e Setsuo Noto
ROTEIRO WRITER
Kaneto Shindo
Tamiko is a single mother. Her son Toshio is going blind. He FOTOGRAFIA CINEMATOGRAPHER
is diagnosed with a brain tumour. She does not have the Kiyomi Kuroda
money for surgery. She asks her mother Yoshie for money. ELENCO CAST
Yoshie refuses but arranges a marriage with another single Nobuko Otowa e
parent, so that the new groom pays for the urgent surgery. Haruko Sugimura
Japão, 1964, 100’
DIREÇÃO DIRECTION
Kaneto Shindo Século 14, Japão. Esperando o filho que está na guer-
PRODUÇÃO PRODUCTION
ra, uma mulher e sua nora sobrevivem em uma aldeia
Hisao Itoya, Tamotsu Minato através de tocaias que armam para alguns soldados,
e Setsuo Noto matando-os e vendendo seus pertences. Com a morte
ROTEIRO WRITER
do filho, a mãe põe em prática um plano diabólico para
Kaneto Shindo manter a companhia de sua nora.
FOTOGRAFIA CINEMATOGRAPHER
Kiyomi Kuroda In a 14th century Japan, waiting for the son who is at war,
EDIÇÃO EDITOR
a woman and her daughter-in-law survive in a village by
Toshio Enoki ambushing some soldiers, killing them and selling their
ELENCO CAST
belongings. With the death of her son, the mother puts
Nobuko Otowa e into practice a diabolical plan to keep the company of her
Jitsuko Yoshimura daughter-in-law.
panorama histórico
historical panorama
131

Documentos relacionados