Lance Desportivo 690
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Lance Desportivo 690
CYANMAGENTAYELOWBLACK Lance Desportivo 2 Vence quase todas as provas de atletismo que disputa desde 1993 em Santo Antão e sempre alcança os primeiros lugares nas competições nacionais em que participa. Aos 38 anos, Celestino Sousa continua a destacar-se não só pelos bons resultados e dedicação ao atletismo, mas também pela sua persistência e capacidade de motivar os colegas. E graças a esse empenho, Sousa foi convidado pelo alemão Hanno Rheineck a liderar um grupo de seis atletas santantonenses que devem deslocar-se à Alemanha para treinar e competir em Março do próximo ano. CELESTINO, um atleta de corpo e alma POR: - O que é que te motiva a treinar e a competir aos 38 anos de idade, apesar da falta de condições? - Em primeiro lugar, devo dizer que corro desde criança. Só que para entrar em competição foi um bocado difícil, pois, só em 1993, aos 27 anos, participei na primeira prova a convite de um sindicalista que veio de S. Vicente para trabalhar aqui em Santo Antão. Nessa prova, na qual estava presente a nata do atletismo de Cabo Verde, classifiquei-me no terceiro lugar e Toyconsiderado o melhor atleta cabo-verdiano nessa altura - disseme que, se eu continuasse, alcançaria bons resultados. E a partir daquele momento comecei a participar em algumas provas na ilha São Vicente, ainda que arcando com os custos da deslocação sozinho. - Nesse percurso, nunca tiveste um treinador para te ajudar a aumentar a capacidade competitiva? - Só quando fui à cidade da Praia preparar-me para duas competições internacionais: a meia-maratona de Lisboa e os jogos da Francofonia em Madagáscar. Nessa altura, tive uma orientação técnica de dois a três meses. Fora isso, treino sozi- nho com a ajuda de leituras que faço em documentos fornecidos por amigos. - Se não me engano, essas foram as tuas únicas experiências internacionais? - Sim e ambas foram em 1997. Antes de ir a Madagáscar, porém, estive a treinar na Guiné-Bissau para melhorar níveis competitivos. Depois, em 1999, estivemos a preparar-nos para ir aos EUA e a Cuba mas, não sei por que motivo, a viagem não saiu. - E as classificações nessas provas? - Tenho em mente a de Lisboa na qual fiquei no 52º lugar, numa competição em que participaram mais de 18 mil pessoas. De resto, éramos três atletas caboverdianos presentes nessa prova - eu e dois colegas de São Vicente - e fui eu quem obteve a melhor classificação. - Em Santo Antão, treinas sozinho. Costumas fazer o trajecto R.ª Grande/ P. Novo (36 km), não é? - Sim, faço tal distância de vez em quando para manter a forma. - Treinas todos os dias? - Quotidianamente faço o meu treino aqui na Ribeira Grande. - Mas em qual distância mais gostas de competir? - Gosto dos 10 km pois é nessa distância que tenho os melhores desempenhos. - Já tiveste boas classificações, inclusive, nas provas nacionais? - Exacto. Conquistei o segundo lugar nas São Silvestre de 1997 e de 1998, provas essas que contam normalmente com os melhores atletas cabo-verdianos. Já venci outras provas em São Vicente e no Sal, e ganho quase todas as competições disputadas em Santo Antão. - Até ao momento continuas a adquirir equipamentos com os próprios meios ou, alguma vez, já conseguiste algum patrocínio? - Em 98, uma empresa prometeu apoiar-nos (nós, os três primeiros classificados da São Silvestre daquele ano) durante um ano. Mas depois houve um problema dentro daquela empresa e depois informaram-nos que o projecto não podia avançar. Assim, nunca tive nenhum patrocínio. Adquiro os meus equipamentos com os montantes dos prémios que ganho em Santo Antão e noutras ilhas de Cabo Verde. De resto, a Câmara da Ribeira Grande concedia-me alguns apoios mas muito esporadicamente. Por vezes, até o vereador da área do desporto recebia-me mal porque ele pensava que eu solicitava o apoio para outros fins. A CAMINHO DA ALEMANHA - No entanto, és um dos atletas apoiados pelo alemão Hanno Rheineck? - Claro. Hanno esteve recentemente na Ribeira da Torre e convidou-me a seleccionar seis JOÃO ALMEIDA MEDINA atletas que devem deslocar-se à Alemanha no próximo mês de Março. Para isso estou a tentar reunir os registos actuais dos colegas, de modo a que este projecto possa avançar porque é preciso que estejamos aptos para treinar e competir. - Isso já está bem encaminhado? - Já falei com os meus colegas e espero que na prova de São Silvestre deste ano possamos conseguir registos próximos aos 28 minutos nos 10 km. Se alcançarmos tal marca, estaremos em condições de deslocarmo-nos à Alemanha para treinar e aprender com atletas europeus. - E S. Antão tem seis atletas com capacidade para atingir esse registo? - Podemos encontrar seis atletas santantonenses capazes de atingir esse tempo, sim. Só que alguns deles estão em São Vicente por causa dos estudos ou do trabalho, mas penso que conseguirei mobilizá-los tendo em conta a importância deste projecto. - Mas neste percurso, com poucos apoios, nunca pensaste em parar de competir ou de praticar o atletismo? - De facto, por causa de algumas coisas que vêm acontecendo, nomeadamente falta de apoios, já pensei em abandonar. No entanto, sempre que eu digo que não vou competir no ano seguinte, alguém me incentiva, realçando que mesmo sem preparar convenientemente nunca deixo de subir ao pódio. Deste modo, ainda não decidi quando vou parar, apesar já ter 38 anos de idade. - De todas as provas em que já participaste, em qual delas achas que tiveste melhor desempenho? - Bom, para além daquelas três provas nacionais - uma no Sal e duas em São Vicente - em que alcancei o 2º lugar, a competição que mais tenho na memória é a do aniversário de “Super-Som”. É que, apesar de ser uma das mais competitivas em que já disputei, consegui superar os meus adversários e conquistei o primeiro lugar. - Sem qualquer patrocínio para te dedicares ao atletismo a tempo inteiro, tens de trabalhar em outra área para viver. - Trabalho em marcenaria e desta profissão retiro o meu sustento, porque os montantes que ganho em prémios guardoos para comprar equipamentos adequados ou custear as deslocações para as outras ilhas. - E nunca sonhaste em participar nos Jogos Olímpicos? - Sonhar todos os atletas sonham com isso, mas é difícil conseguir os mínimos nas condições em que treinamos aqui em Cabo Verde. Lance Desportivo 3 BASQUETEBOL EM SÃO VICENTE O torneio de abertura da época basquetebolística mindelense 2004/2005 está a pautar-se por um acentuado desnível entre as oito equipas que disputam a prova. Os resultados dos embates das duas primeiras jornadas confirmam o favoritismo e a tarimba dos clubes mais experientes, Académica do Mindelo e Cruzeiros do Norte. “Abertura” evidencia desnível entre equipas Amanhã, sábado, inicia-se a terceira jornada do torneio de abertura, cujo término está agendado para 19 de Dezembro. Em campo estarão as equipas de Bela Vista x Derby e Cruzeiros x Fonte Francês. No domingo, 5, a Selecção Jr enfrenta os rapazes de Vila Nova e a Académica do Mindelo bate-se com a Ribeira Bote. Entretanto, as jornadas anteriores produziram resultados diferenciados: Ribeira Bote venceu Bela Vista por 80-19, Cruzeiros contabilizou 104 pontos contra 39 de Vila Nova e a Selecção Jr levou de vencida a equipa de Fonte Francês por escassos sete pontos, 60 contra 53. Na segunda jornada, o Derby derrotou a Ribeira Bote por falta de comparência, Cruzeiros do Norte conquistou pontos sobre a Selecção Jr (82x35), Fonte Francês triunfou sobre Vila Nova por 76x63 e Académica do Mindelo cilindrou Bela Vista com o score de 105-13. Números que, segundo o presidente da Associação Regional de Basquetebol de São Vicente, atestam um forte desnível entre as equipas que disputam a “Abertura”. Mas nada de anormal porque a prova marca a estreia de alguns clubes em torneios oficiais da ARBSV. “Temos o caso da equipa da Bela Vista que par- ticipa pela primeira vez no campeonato. É uma equipa jovem, sem um espaço para treinar, mas com jogadores interessados em dar seu contributo para o basquetebol”, afirma Odair Ferreira. Um outro problema que tem atrapalhado o início de época em S. Vicente é a falta de árbitros qualificados. Sobre este aspecto, esse responsável admite que o torneio de abertura arrancou com poucos árbitros, inclusive em alguns jogos tiveram de socorrer-se de jogadores de outras equipas para dirigir os jogos. Mas esta é uma situação que a ARBSV espera ultrapassar com a formação de 15 novos árbi- tros, em parceria com a Federação Cabo-Verdiana da modalidade. “A formação acontece nos próximos três dias sábado, domingo e segunda-feira. Vamos privilegiar pessoas que não pertencem aos clubes, sejam eles dirigentes, técnicos ou jogadores. A nossa ideia é apostar em pessoas de fora que possam trazer uma mais-valia para o basquetebol de São Vicente”. Constânça de Pina Andebol arranca em São Vicente Vários prémios serão atribuídos esta época pela Associação de Andebol de S. Vicente para estimular a prestação dos atletas, clubes, árbitros e dirigentes nos campos desportivo e disciplinar durante as provas oficiais. Esta é uma das grandes novidades incluídas na modalidade de andebol, cuja fase competitiva começa este final de semana no polidesportivo de Monte Sossego, com o início do Torneio de Abertura. Como reza o calendário, o referido torneio, que vai envolver cinco equipas masculinas e cinco femininas, terá o seu arranque no sábado com os jogos Cruzeiros - Desportivo, em feminino, e Cru- zeiros - Corinthians, em masculino. A primeira jornada será encerrada no domingo com a realização das partidas Batuque - Académica, no escalão feminino, e Batuque - Desportivo, em masculino. Como anteriormente anunciado por LANCE, algumas formações voltaram a desaparecer do figurino competitivo mindelense, como são os casos das equipas do Derby e da Ribeira Bote. Entretanto, a formação masculina da Académica vai ficar também fora do campeonato - fracassou a tentativa do treinador Jean Pierre em reunir os jogadores da Micá e participar na disputa do troféu regional. Aliás, o cenário apontava para a eventualidade de alguns atletas regressarem à base o que poderia enfraquecer o poder atacante dos corinthianos. Mas, pelos vistos, o Corinthians surge reforçado esta época com a aquisição de seis jogadores, que estiveram nas fileiras do Cruzeiros e do ex-Derby. Confiantes nos reforços, alguns adeptos do clube verde-e-branco já estão a prever uma época em cheio, falam mesmo no Ano do Corinthians. Recorde-se que o Corinthians foi o vencedor do torneio em comemoração ao dia do desporto cabo-verdiano e o Batuque, campeão em título, encontra-se desfalcado do atirador Tony e, provavelmente, do estratega Didi. Pelas contas da AASV, o Torneio de Abertura sofrerá um interregno para permitir a disputa da Taça de S. Vicente, no mês de Janeiro. A referida prova decorre de 4 de Dezembro até o dia 20 de KzB Março do próximo ano. Lance Desportivo 4 FUTEBOL Boa Vista A meio do torneio de Demissão de membros da associação atrasa época futebolística abertura em São Vicente, a Académica do Mindelo lidera a competição ainda invicta. Em quatro jogos disputados os campeões regionais do ano passado já venceram três e empataram um com os arqui-rivais do Mindelense, demonstrando força suficiente para arrecadar mais um título. Académico promotor de um torneio no Sal Micá soma e segue O Castilho foi a última vítima dos “estudantes” no passado Domingo, num jogo em que a Micá marcou três golos e sofreu apenas um. Uma vitória que permitiu à Académica manter na liderança do torneio de abertura, contabilizando 10 pontos em quatro jornadas. A Académica soma, no entanto, apenas mais um ponto do que os axadrezados do Batuque. Esta equipa venceu as três últimas partidas, após uma derrota na primeira jornada frente ao Mindelense por uma bola a zero. No derradeiro confronto do Domingo passado, o Batuque ganhou o Amarante por 2-1. A terceira colocada da prova é o Mindelense que, após sofrer a sua primeira derrota na semana transacta ante o Derby (0-2), se redimiu nesse fim-de-semana ganhando os Falcões do Norte por duas bolas sem resposta. Assim sendo, os encarnados somam agora sete pontos, menos três do que o líder Académica. Quem continua irregular na prova é os derbianos. É que depois de conseguirem uma boa vitória frente ao Mindelense, esse passado fim-de-semana foram surpreendidos por Ribeira Bote (0-2), dando sinal que a equipa ainda não está estabilizada. Seja como for, está ainda tudo em aberto na disputa dos primeiros lugares do torneio, que segue amanhã com os jogos Derby contra Académica e Falcões versus Batuque. No Domingo, Ribeira Bote defronta o Castilho e Mindelense bateu-se com o Amarante. No Sal e em São Nicolau também se joga Na ilha do Sal joga-se este fim-de-semana a fase final do “torneio do Académico”, com as quatro equipas classificadas da semana transacta. Amanhã, a Académica, que venceu o Santa Maria (1-0), joga contra o Palmeira, equipa que se classificou graças ao empate conseguido ante o Verdun (1-1). Duas horas mais tarde, Juventude, que ganhou o Académico (4-3) na rodada anterior, defronta o Verdun. No domingo, Juventude confronta-se com o Palmeira e Académica enfrenta o Verdun. Quem somar mais pontos nessas partidas, sagrar-se-á vencedor do “torneio Académico”. Enquanto isso, em São Nicolau preparase o “Torneio do Município”, que será disputado por três equipas de São Nicolau — Ultramarina, Atlético e Ribeira Brava — e a convidada Académica do Mindelo. O quadrangular será jogado nos dias 5 e 6 de Dezembro. JAM Apesar de estar atrasada em relação às outras ilhas, a época futebolística na Boa Vista não deverá demorar a acontecer. Para isso, a associação de futebol da ilha reúne-se hoje, 3, para entre outros pontos em agenda eleger novos órgãos sociais e marcar o calendário para a nova época. Ilha detentora do título de campeã nacional, Boa Vista é uma excepção onde a bola ainda não rola nos pelados. E é querendo mudar esta realidade que a associação de futebol da ilha vai reunir-se esta sexta-feira para apresentar as contas, reorganizar a estrutura, fazer o balanço da época transacta, eleger novos órgãos sociais e, finalmente, marcar a data para o arranque da nova época futebolística. Este atraso verificado na ilha das dunas deve-se, de acordo com o presidente da associação, Jorge Tomar, ao pedido de demissão de alguns elementos da associação. Situação que deixou alguns órgãos sociais ao Deus-dará. “Só agora as equipas deram feedback e colocaram novos elementos na associação”, justifica aquele dirigente. Entretanto, esta demora não irá prejudicar os atletas boavistenses, ainda segundo a mesma fonte. É que “a ilha só tem sete equipas, com 21 jogos e o campeonato tem a duração de três meses. Isso vai permitir que o campeão da Boa Vista participe no campeonato nacional”, diz o presidente da associação de futebol da Boa Vista, Jorge Tomar. EPIF GOLEIA MADEIRENSE POR DEZ A ZERO LIÇÃO DE FUTEBOLIM As meninas da Escola Epif deram um show de bola e uma lição de futebolim às adversárias do Madeirense, sábado passado, no jogo da final do torneio organizado pelo grupo Amigos do Andebol. A formação treinada por Lycas venceu a partida com uma goleada de dez bolas a zero, redimindo-se desta forma de uma derrota sofrida frente ao Madeirense numa competição anterior. A equipa liderada por Ariana mostrou superioridade técnica e mais confiança frente a uma adversária que tem potencialidades para travar uma luta em pé de igualdade com a Escola Epif. Só que, nessa partida, nenhum sector soube desempenhar a sua tarefa, permitindo trocas de bola entre as atacantes da Epif, que conseguiram marcar quatro tentos no primeiro tempo e seis no período CMYB complementar. Comprovando-se a fase da maré-alta do futebolim em S. Vicente, um outro torneio arranca na próxima segunda-feira no polivalente de Chã de Alecrim, com a participação 16 equipas masculinas: Ferro, Madrugada, R. Funda, Malta Relax, Lima, Greme, Parti Club, Vila Nova, Parma, Relax, Che Guevara, Boys Lima, Celtic, Moto Gang, Malta Pesca e Madeiralzinho. Esta prova visa a angariação de fundos que serão depois utilizados no embelezamento da chamada Rua da Verdade, na referida localidade, por altura do Natal. Os promotores querem vencer, novamente, o prémio da rua mais ornamentada, atribuído pela edilidade mindelense. As equipas estão subdivididas em quatro grupo e, segundo o calendário, os dois primeiros encontros vão colocar em confronto as formações Ferro - Madrugada e R. Funda - Malta Relax. A final da prova está marcada para o dia 23 de Dezembro no polivalente de Chã de Alecrim. KzB